agroecologia aplicada

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  • Governo do Estado do Rio Grande do Sul

    Secretaria da Agricultura e Abastecimento

    EMATER/RS

    Agroecologia Aplicada:

    Prticas e Mtodospara uma Agricultura de

    Base Ecolgica

    Gervsio Paulus (Coord.)Andr Michel Mller

    Luiz Antnio Rocha Barcellos

    Porto Alegre/RS

    Dezembro de 2000

  • Srie AGROECOLOGIA

    Montagem e ilustraes: Wilmar Marques

    Capa: Srgio Batsow

    EMATER/RS - Rua Botafogo, 1051 - 90150-053 - Porto Alegre - RS -Brasil

    fone (0XX51) 233-3144 / fax (0XX51) 233-9598http://www.emater.tche.br

    tiragem: 5.000 exemplares

    P985g PAULUS, G.; MULLER, A.M.; BARCELLOS, L.A.R.Agroecologia aplicada: praticas e mtodos para umaagricultura de base ecolgica. Porto Alegre: EMATER/RS,2000. p. 86

    CDU 631.588.9

    NDICEAPRESENTAO

    1 UM POUCO DE HISTRIA

    2 FUNDAMENTOS PARA UMA AGRICULTURA DE BASE ECOLGICA 2.1 Enfoque de sistema

    2.2 Solo como um organismo vivo e dinmico

    2.3 Manejo ecolgico de parasitas e doenas

    2.4 Manter e aumentar a biodiversidade

  • 2.5 Sucesso natural e plantas indicadoras

    2.6 Observao da natureza e aprendizado permanente de suas lies

    3. SOLO

    3.1 A importncia da matria orgnica no solo

    3.2 Efeito da matria orgnica no solo

    3.3 Acidez do solo

    4 PLANTAS RECUPERADORAS DE SOLO

    4.1 Vantagens do uso das plantas recuperadoras de solo

    4.2 Principais espcies de adubos verdes usados

    4.3 Consrcios de espcies no inverno

    4.4 Caractersticas das principais adubos verdes de vero utilizados4.4.1 Mucuna cinza

    4.4.2 Mucuna preta

    4.4.3 Mucuna an

    4.4.4 Crotalria juncea

    4.4.5 Crotalaria spectabilis

    4.4.6 Guandu ano

    4.4.7 Feijo de porco

    4.4.8 Feijo mido ou caupi

    4.5 Uso dos adubos verdes de vero4.5.1 .Recuperao de reas degradadas

    4.5.2 Consrcios com culturas de vero

    4.5.3 Cultivos intercalares com pomares

    4.6 Manejo das plantas recuperadoras de solo

    5 ADUBOS MINERAIS

    6 ADUBOS ORGNICOS 6.1 Tipos de fertilizantes orgnicos usados na forma slida6.1.1 Compostoorgnico

    6.1.2 VermicompostoMateriais mais utilizados para a vermicompostagem

    Instalaes mais utilizadas para o processo da vermicompostagem

    Enriquecimento do vermicomposto

    Fatores que influenciam na vermicompostagem

  • Ponto de maturao do vermicomposto

    Outras informaes importantes

    6.1.3 Esterco de avesAplicao no solo

    6.1.4. Esterco lquido de sunos e bovinos

    6.2 Sistemas de armazenamento de dejetos de animais na forma lquida6.2.1 Modelos deesterqueiras

    Esterqueira com cmara de fermentao

    Esterqueira sem cmara de fermentao

    6.3 Uso de estercos slidos ou biofertilizantes no solo

    7 ROTAO DE CULTURAS 7.1 Importncia da rotao de culturas

    7.2 Vantagens da rotao de culturas

    7.3 Escolha das culturas para a rotao

    7.4 Planejamento da rotao de culturas

    8 PROTEO DAS PLANTAS

    8.1 Por que ocorrem parasitas e doenas

    8.2 Biofertilizantes foliares

    8.3 Outras alternativas no controle de parasitas8.3.1 Calda Bordalesa

    8.3.2 Enxofre e Calda Sulfoclcica

    8.3.3 Leite ou soro de leite

    8.3.4 Placas e bacias coloridas

    8.3.5 Produtos biolgicos

    8.3.6 Urina de vaca

    8.3.7 Macerados de plantas

    9 Produo animal ecolgica

    9.1 Instalaes e manejo dos rebanhos

    9.2 Preveno de doenas e cura de enfermidades

  • 9.3 Produo de carne e leite a pasto9.3.1 Vantagens do Pastoreio Rotativo

    9.3.2 Tipo de pastagens

    9.3.3 Escolha da rea

    9.3.4 Manejo

    9.4 Produo de frango colonial9.4.1 Vantagens

    9.4.2 Manejo

    9.5 Produo de sunos a campo9.5.1 Vantagens do SISCAL

    9.5.2 rea necessria por suno

    9.5.3 Local para instalao

    10 PARA ALM DA PORTEIRA

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    APRESENTAO

    A EMATER/RS-ASCAR vem dedicando um enorme esforo no sentido de implementar, de formacoerente e participativa, a MISSO que foi estabelecida em seu Planejamento Estratgico e aprovadapelo Conselho de Administrao. Neste sentido, a atual gesto da empresa est totalmente empenhadaem assegurar as condies para que, juntamente com nossos parceiros de trabalho, possamos alcanarpatamares crescentes de sustentabilidade ambiental, adotando como base os princpios cientficos daAgroecologia.

    A Agroecologia no apenas a aplicao de um conjunto de tcnicas menos agressivas ao meioambiente, nem apenas a produo de alimentos mais limpos ou livres de agrotxicos. A Agroecologiatambm no sinnimo de agricultura ecolgica, agricultura orgnica, agricultura biolgica ou dequalquer outro estilo de produo que se oponha ao modelo tcnico convencional, mas sim um campode conhecimentos de carter multidisciplinar que nos oferece princpios e conceitos ecolgicos para omanejo e desenho de agroecossistemas sustentveis. Por esta e outras razes, nosso trabalho se tornamais desafiante e muito mais gratificante, pois vamos alm, propondo e atuando num processo detransio agroecolgica que exige a realizao de aes capazes de incidir de forma harmnica sobrevrias dimenses da sustentabilidade: ambiental, econmica, social, cultural, poltica e tica.

    Assim sendo, uma atuao com base nos princpios da Agroecologia exige a construo de processosque fortaleam a organizao social dos beneficirios e sua articulao entre si e com os consumidoresurbanos. Exige, tambm, um papel diferenciado dos extensionistas, como facilitadores e animadoresdestes processos, e no, simplesmente, como transferidores de "outras" tecnologias. Alm disso, requerhabilidades para atuar de forma participativa e educativa, de modo a garantir que os atores envolvidospossam influir sobre os rumos dos processos de desenvolvimento rural que vierem a eleger como gruposocial autnomo. Assim, mais que transferir tecnologias (ainda que esta continue sendo uma tarefaimportante), a ao extensionista deve contribuir para a realizao de snteses entre os conhecimentos

  • cientficos e populares que emergem quando se estabelecem plataformas de negociaes prpriasdestes processos participativos.

    Ademais, atuar com base nos princpios da Agroecologia requer a compreenso de que osagroecossistemas e os elementos que conformam as culturas dos atores locais co-evoluem, influindo umsobre o outro, e que, portanto, no se pode falar em uma agricultura de "pacotes" (mesmo que sejampacotes biolgicos), mas em estilos de agricultura de base ecolgica, compreendendo que a agricultura, antes de tudo, o resultado de uma "construo social".

    Dito isto, ao apresentar este documento, gostaramos de salientar que no estamos propondo "receitas",muito menos "pacotes". O esforo realizado por alguns colegas para elaborar este texto esteve sempreorientado pela idia de construir um instrumental de referncia que possa servir como auxlio paratcnicos e agricultores(as) que desejam aliar-se na difcil tarefa de realizar a transio de uma agriculturabaseada em pacotes agroqumicos para estilos de agricultura de base ecolgica e compatveis com osprincpios da Agroecologia.

    Desejamos, pois, que este documento possa ser uma boa fonte para subsidiar trabalhos que caminhamna perspectiva da transio agroecolgica.

    Francisco Roberto Caporal

    Diretor Tcnico da EMATER/RS-ASCAR

    1 UM POUCO DE HISTRIA

    A agricultura vem sendo praticada, possivelmente, h 10 mil anos. Apesar de nesse perodo ter havidograndes transformaes, ela foi praticada de forma muito parecida com a que os ndios praticam hoje oucom a que faziam os colonos at bem pouco tempo. A esse tipo de agricultura costumamos chamar deMODELO TRADICIONAL de produo, o qual baseado, basicamente, em:

    - Uso do fogo

    - Uso de mo-de-obra e trao animal

    - Rodzio de terras

    - Domesticao e melhoramento de espcies e variedades

    - Integrao com a natureza e, por isso, poucos problemas de parasitas

    Esse modelo pde se perpetuar por muito tempo, enquanto no se esgotassem os recursos naturais,principalmente a disposio de reas novas para cultivo. Ele tinha algumas desvantagens, como o

    esgotamento de fertilidade e a eroso do solo pelas queimadas. Mas tinha, tambm, algumas vantagens,especialmente um maior controle da produo pelo agricultor (no precisava adquirir insumos e obtinha

    preos que lhe garantia a sobrevivncia com alguma dignidade) e a produo de um alimento semcontaminaes com resduos industriais.

  • Bem recentemente, de uns 50 anos para c, o modelo tradicional foi sendo suplantado por outro. Iniciou-se um processo de "modernizao conservadora", com a disponibilizao de tecnologias ditas modernaspara o agricultor. Esse modelo de agricultura foi implantado a partir da convenincia de interessespolticos e comerciais e muito pouco das necessidades do agricultor e ficou conhecido por MODELOCONVENCIONAL. Hoje, ele est presente na maioria das propriedades, mas a sua adoo deu-se aospoucos at que, quando foi condicionado obteno de crdito, se massificou. Assim, os agricultoresforam "convidados" a usar tratores e implementos, adubos qumicos, sementes e raas animais de altaresposta a insumos, agrotxicos e criar animais com rao industrial. Era necessrio considerarultrapassado o uso de trao animal, dos adubos orgnicos, das tcnicas antigas de controle deparasitas, das sementes e raas crioulas pois o importante era entrar no avanado, no "moderno". Tal"modernismo", trouxe algumas poucas vantagens e uma srie de desvantagens.

    O que temos hoje na agricultura fruto desse modelo: aumentou a eroso, o agricultor perdeu o controleda produo, precisa comprar insumos cada vez mais caros e vender seus produtos a preos cada vezmenores, a mo-de-obra reduziu, sobrando gente no campo, o conflito por terras piorou, muita genteimigrou para a cidade ou para outros Estados, a natureza foi saqueada de forma nunca vista antes, onmero de pragas aumentou muito e os alimentos esto envenenados. O aumento da produo queocorreu deveu-se mais expanso da rea agrcola do que ao aumento da produtividade e a fome nomundo continua cevando vidas como antes. At porque, sabemos, fome no um problema tcnico esim poltico.

  • E agora, tch?!

    Chegamos ao sculo 21. Com tantos problemas, so muitos os que vem nos trazer solues. E elas vmda mesma forma como vieram as tecnologias do modelo convencional: muitas promessas, crdito e,acima de tudo, coisas para comprar. Assim, para tudo tem insumos para serem comprados. Se oproblema eroso, temos mquinas e herbicidas potentes para fazer o cultivo sem mexer na terra; se oproblema so parasitas, temos novos venenos; se excesso de veneno, ento temos venenos que nointoxicam tanto o agricultor ou produtos biolgicos; temos, ainda, novas variedades de plantas, queprecisam de menos veneno; se falta de terra, podemos cultivar na gua... E muito mais. Podemoscomprar terra ensacada, smen, ferro para leites, embries, maravalha, bactrias para silagem, aduboorgnico, plsticos, sementes que geram gros estreis, pintos, leites, nutrientes para hidroponia,equipamentos de fertilizao por irrigao, enfim, uma parafernlia de "modernidades". Esse novomodelo se gesta em cima da total dependncia do agricultor a umas poucas empresas gigantes quefornecero os insumos e, ainda, controlaro a compra da produo. Por isso, esse modelo tem sidochamado de "ALTERNATIVA CONSERVADORA". S que o agricultor sabe que, a continuar assim, ospoucos que sobraram na roa, ainda vo acabar se indo tambm...

    Frente a isso, temos que propor uma alternativa. Essa alternativa ainda no est pronta. Mas, uma coisa certa: no podemos deixar que os outros venham nos trazer a sada; ns que temos que cri-la.Muitos agricultores j iniciaram esse processo e trouxeram pequisadores, tcnicos e outros agentes paraajudar a construir um novo modelo. E esse novo modelo est sendo chamado de MODELOAGROECOLGICO. E sobre ele que tratamos no presente livro.

    FONTE: FAO, 1993 (adaptao).

    ndice

  • 2 FUNDAMENTOS PARA UMA AGRICULTURA DE BASE ECOLGICA

    A atividade da agricultura quase sempre significa empobrecer os sistemas ecolgicos naturais (porexemplo: um banhado, um campo ou uma floresta), do ponto de vista da biodiversidade, isto , daquantidade de formas de vida que ali esto presentes. Quanto maior o nmero de espcies, sejamanimais ou vegetais, maior ser a biodiversidade. Esses sistemas naturais, quando manejados pelo serhumano, com o objetivo de produzir alimentos (gros, frutas, carnes, etc), ou matrias-primas (comomadeira e fibras para tecidos) so chamados de agroecossistemas. A forma de fazer isso geralmente vaino sentido contrrio da estratgia que a natureza usa para evoluir. Assim, o grande desafio que secoloca para uma agricultura de base ecolgica o de produzir sem comprometer a preservao ou arenovao dos recursos naturais ao longo do tempo. Para atingir este propsito, alguns fundamentosdevem ser considerados, os quais veremos a seguir.

    2.1 Enfoque de sistema

    A agricultura moderna leva os sistemas de produo a uma especializao cada vez maior. Osespecialistas costumam analisar o processo de produo em aspectos isolados. Assim, os problemasque surgem so enfocados sob o ponto de vista restrito do problema em si. Na agricultura ecolgicabusca-se a sua relao entre os demais fatores. A viso sistmica permite analisar e entender apropriedade como um todo, de forma dinmica, onde esto presentes e se relacionam componentesfsicos, qumicos e biolgicos. Da mesma forma, esta propriedade parte de algo maior (comunidade ouregio), que por sua vez faz parte do ecossistema de todo o planeta. Isso nos faz lembrar aquela frasede que necessrio "pensar globalmente e agir localmente".

    Dentro dessa viso, existe a preocupao com a autossuficincia na propriedade, buscando produzir omximo possvel de insumos utilizados no processo produtivo dentro da prpria propriedade e, com isso,uma entrada mnima de insumos de fora. Alm disso, a anlise das vantagens e desvantagens no feita considerando-se apenas um produto ou atividade isolados, mas sim sistemas de produo, que soentendidos como uma combinao de diferentes cultivos ou criaes. Na prtica, esses cultivos oucriaes se complementam entre si dentro da propriedade, seja na produo ou no consumo. Porexemplo: a produo de milho que destinado, em sua maioria, para o consumo animal (sunos, aves,etc.) criados na prpria propriedade.

    Outro aspecto importante que dentro desse enfoque de sistema, um problema qualquer de parasitasem animais ou plantas no pode ser visto e atacado de forma isolada, e sim entendido em sua relaocom as demais condies em volta, isto , do meio ambiente e do manejo, uma vez que a soluo nose restringe apenas a eliminar os sintomas de doena de uma planta ou um animal, por exemplo, e sim aresolver as causas que a provocaram.

    2.2 Solo como um organismo vivo e dinmico

    da vida que existe dentro do solo que depende toda a vida que existe sobre o solo, ou seja, o solo abase da produo, tanto vegetal quanto animal. uma fantstica fbrica onde trabalham dia e noitemilhes de organismos vivos. A principal fonte de energia para estes organismos a matria orgnica,que pode ser considerada como a "alma" do solo. A matria orgnica contribui para a diversificao dasespcies que existem no solo, proporcionando uma relao mais equilibrada entre as populaes decada espcie dificultando a ocorrncia de "pragas" ou molstias para as plantas.

  • A agricultura de base ecolgica coloca nfase no uso de fertilizantes obtidos atravs de resduos animais(estercos), e da adubao verde, seja de inverno (ex.: aveia preta, ervilhaca, chcharo, gorga ouesprgula, colza, fava, tremoo, nabo forrageiro); ou de vero (ex.: mucunas, crotalrias, guandus, lab-lab, feijo de porco). Quanto adubao mineral, a prioridade dada para o uso de adubos mineraisobtidos diretamente das rochas modas, como os fosfatos naturais, que apesar de solubilidade lenta,garantem um efeito mais prolongado da adubao. Esses aspectos sero vistos em detalhe um poucoadiante.

    2.3 Manejo ecolgico de parasitas e doenas:

    Existem vrios nomes para os produtos qumicos que so usados para combater parasitas, doenas ouinos. A indstria chama de defensivos, dando a entender que eles no prejudicam a gente e s

    protegem as plantas. Na realidade eles so ofensivos, principalmente para a sade das pessoas. Outroschamam de agrotxicos, indicando que tais produtos tm um efeito txico. Seja qual for o nome usado,

    uma coisa certa: trata-se de venenos, e como tal devem ser tratados. Vejamos o que acontece quandocomeamos a usar agrotxicos em um pomar ou plantao:

    Ou seja: como um "saco sem fundos" ou uma rosca-sem-fim, quanto mais usamos, mais problemasaparecem e mais temos que aplicar. Vamos ver um exemplo. Nos primeiros anos quando se plantavasoja quase no se usava veneno. O maior problema era a lagarta da soja e o tal de percevejo. Depoiscomeou a aparecer o bicudo-da-soja, tambm conhecido como raspador. Nos ltimos anos vriosagricultores aplicaram fungicida para controlar o mldio. E tem tambm o tal de fogo selvagem que deixaas folhas como se tivessem sido queimadas. E o nematide do cisto, e assim por diante. Isso sem falarnos herbicidas para os inos. A verdade que quanto mais veneno usamos, mais problemas apareceme mais temos que usar. Isso acontece porque j se criou um desequilbrio no ambiente, favorecendo osurgimento de espcies consideradas "pragas" e, tambm, em funo da prpria aplicao deagrotxicos e de alguns tipos de adubos, que desequilibram a planta. por isso que se diz que osagrotxicos ajudam a resolver um problema que eles mesmos criaram, e que continuam criando, porqueno resolvem a causa, mas atacam as conseqncias.

    Para colocar em prtica o manejo ecolgico de parasitas importante considerar alguns princpiosbsicos, tais como (segundo Ambrosano, 1999):

    a) Todo parasita tem pelo menos um inimigo natural;

  • b) Toda planta suporta um determinado nvel de ataque de parasita ou doena;

    c) Todo agroecossistema pode atingir equilbrio na natureza;

    d) Todo controle pode ser seletivo;

    e) Toda planta com nutrio sadia e equilibrada dificilmente atacada por parasitas;

    2.4 Manter e aumentar a biodiversidade

    A biodiversidade o conjunto de formas de vida que existem, seja no solo, num pomar, numa horta,lavoura, pastagem ou numa floresta. Isto inclui tambm os microorganismos que existem no solo.Quanto mais diversificado for o nosso agroecossistema (que um sistema ecolgico transformado peloser humano para fazer agricultura), mais equilibrado ele vai ser, e maior ser o nmero de espcies queajudam a controlar aquelas que ns chamamos de "pragas".

    2.5 Sucesso natural e plantas indicadoras

    Na natureza, os seres vivos esto em constante evoluo. Sempre h necessidade de se adaptar anovas realidades, a mudanas. Assim, sobre as rochas surgem musgos e lquens, que so adaptados aessa condio. Porm, o prprio trabalho desses seres, ajudam a formar o solo e, em solos ainda rasos

    e compactados, eles daro lugar a outras espcies mais adaptadas, como a tiririca. Essa, com o seudesenvolvimento, ajuda a desenvolver um pouco mais o solo e acabar dando lugar a uma outra planta,

    como a grama branca e, assim, sucessivamente, como ilustra o esquema a seguir.

  • Quando queremos implantar uma cultura, normalmente enxergamos os inos como um empecilho etratamos de elimin-los, seja com uma enxada, ou, com venenos (herbicidas). Agindo assim, sem quereracabamos invertendo a sucesso natural. Eliminando a serralha e o pico, estamos contribuindo paracompactar um pouco o solo e dando condies para o desenvolvimento do caruru e da lngua-de-vaca.Depois, vem o papu, a milh e daqui a pouco nosso solo est to compactado que aparecem aguanxuma, a grama branca, a tiririca...

    Isso explica porque em determinados campos ou roas predomina um tipo de planta e no outro e porque em uma roa to fcil controlar os inos e em outra to difcil. A palavra-chave nesse sentido APTIDO. Ao longo de milhares de anos, as plantas foram se adaptando a determinados tipos de solo,clima e interaes com o ambiente. Assim, quando temos um solo cido, por exemplo, plantas quedesenvolveram uma aptido natural de desenvolvimento radicular que suporta a acidez, crescemnormalmente, enquanto que outras tero dificuldades em se desenvolver, perdendo na competio,vindo a desaparecer. Assim, as plantas com essaaptido natural podem ser "indicadoras" de soloscidos, quando so predominantes em um ambiente.

    Muito h para ser descoberto nessa rea. Algumas plantas so bem conhecidas como indicadoras;outras, esto em fase de observao. Enquanto isso, o agricultor ecologista vai conhecendo as plantasespontneas de sua roa, e descobrindo o que indicam.

    Normalmente as plantas cultivadas so adaptadas a solos frteis e arejados e no conseguem competircom as plantas nativas, que so adaptadas ao solo que utilizamos. Porm, com o melhoramento do solo,as plantas cultivadas se "sentem em casa" e se desenvolvem to bem que muitos agricultores no vemproblemas em deixar os inos crescerem junto com a cultura. Geralmente, os inos que ali aparecem soindicadores de solos frteis e arejados, como a serralha.

    Mas bom lembrar: assim como os inos, nem todas as culturas so adaptadas a solos frteis. Muitasculturas so adaptadas a solos cidos e pouco frteis, como a erva mate, a mandioca, o eucalipto e opinus.

    2.6 Observao da natureza e aprendizado permanente de suas lies

    A natureza o modelo mais evoludo que se conhece. As plantas e os animais que ocorremnaturalmente em uma regio tm a seu favor milhes de anos de adaptao. Ao longo da histria, osagricultores tambm foram evoluindo e se adaptando, aprendendo com as lies da natureza.

  • Infelizmente, isso est bastante esquecido, com a introduo da agricultura convencional. Mas o fato que, quanto mais o nosso jeito de produzir imitar o que acontece no ecossistema que predomina no lugarou na regio, maior ser a biodiversidade e mais chances vamos ter de produzir sem a necessidade deusar agrotxicos e com o mnimo de insumos que vm de fora da propriedade, como os adubos.

    ndice

    3 SOLO

    3.1 A importncia da matria orgnica no solo

    Um dos principais indicadores de qualidade do solo a matria orgnica. Solos com teores satisfatriosde matria orgnica so mais aptos para o cultivo de plantas, devido as melhores caractersticas fsicas,qumicas e biolgicas.

    A matria orgnica so todos os resduos de vegetais (talos, folhas, razes), estercos de animais emicrbios, em diferentes estgios de decomposio, at chegar forma de hmus, que uma partebastante estvel de materiais decompostos.

    3.2 Efeito da matria orgnica no solo

    O solo funciona como um organismo vivo: em 1 grama de solo saudvel vive uma comunidade biolgicade aproximadamente 10.000 espcies diferentes, como minhocas, larvas, besouros, colmbolos, caros,algas,bactrias e fungos. Estes organismos necessitam de alimentos para viver, principalmente carbonoe nitrognio que esto presentes na palhada das culturas e no esterco de animais. Em funo disso, importante que o solo tenha um determinado teor de matria orgnica para fornecer os alimentos eenergia que os micrbios precisam para viver.

    Se o solo tiver bastante vida, a populao microbiana (como as bactrias e fungos benficos) vai ajudaras plantas na absoro e bombeamento ou reciclagem de nutrientes que esto "soltos" no solo,tornando-se assim disponveis para as plantas como alimentos. Alguns tipos de organismos produzemcidos a partir da decomposio dos resduos orgnicos, auxiliando na solubilizao do fsforo usadocomo adubo.

    A manuteno da microvida permite que os microorganismos bons desenvolvam o seu papel ecolgicoem relao ao solo e as plantas, como as micorrizas, por exemplo, que so fungos que "laam" aspartculas do solo, ajudando a formar agregados ou pequenos torres que so "colados" por substnciascimentantes produzidas pelas bactrias. Os agregados ajudam a estruturar a terra especialmente aquelaque foi cultivada durante muitos anos com o uso excessivo de arado e grade, tem efeito direto na maioraerao, abertura dos poros, reteno e infiltrao de gua influenciando na melhoria da capacidadeprodutiva do solo e, em conseqncia, no rendimento das culturas. Assim, a matria orgnica tem umagrande importncia na manuteno da microvida, e isto pode ser feito atravs da no incorporao dosresduos vegetais que, preferencialmente, devem ser deixados na superfcie do solo, atravs da tcnicado plantio direto ou cultivo mnimo.

    A matria orgnica tambm uma fonte de nutrientes para as culturas, especialmente nitrognio,fsforo, enxofre e micronutrientes. Alm disso, tem a capacidade de "prender" micronutrientes e algunselementos txicos para as plantas como o alumnio, por exemplo. Os micronutrientes depois de presos

  • so liberados lentamente no solo onde so gradativamente aproveitados pelas plantas.

    3.3 Acidez do solo

    A acidez que ocorre em muitos solos, devido a ao da chuva, vento, temperatura e organismos. Agua da chuva provoca lavagem ou lixiviao de nutrientes e, gradativamente, favorece o aumento daquantidade de alumnio e mangans que, em determinadas concentraes, so txicos para as plantas.

    A acidez da terra tem grande importncia, pois afeta o rendimento das plantas, pela influncia queexerce sobre a fertilidade do solo, influenciando no rendimento das plantas, disponibilidade e assimilaodos nutrientes pelas plantas e eficincia da adubao. importante saber o pH do solo, j que asplantas necessitam de um "ponto" adequado de acidez ou alcalinidade. O pH representado por umauma escala de valores que podem variar de 3,0 a 5,5 para solos cidos, de 5,5 a 6,0 para solos neutrose acima de 7,0 para solos alcalinos.

    Como corrigir a acidez dos solos ?

    A principal prtica para a correo de acidez a calagem, que a utilizao de calcrio antecedendo aoplantio das culturas. O produto mais utilizado no Rio Grande Sul o calcrio dolomtico, que formadopor clcio e magnsio.

    Vantagens da calagem:

    fornece clcio e Magnsio para as plantas;

    aumenta o pH do solo, favorecendo o desenvolvimento das culturas;

    diminui os teores de alumnio no solo, impedindo que o mesmo cause toxidez as plantas. A toxidez dealumnio prejudica o crescimento das razes dos vegetais e a absoro de nutrientes dos mesmos;

    aumenta a disponibilidade do fsforo no solo, favorecendo o aproveitamento do mesmo pelas culturas; aumenta a populao de bactrias fixadoras de nitrognio do solo, facilitando o desenvolvimento dasculturas, principalmente as leguminosas.

    Aplicao do calcrio no solo

    O calcrio preferencialmente deve ser aplicado na superfcie do solo, principalmente nas reascultivadas com plantio direto. Alguns resultados de pesquisa indicam que as dosagens de (uma quartaparte) a (metade) das quantidades normalmente recomendadas pela anlise de solo so suficientespara resolverem os problemas da acidez nos solos e, conseqentemente, no prejudicar o rendimento

  • das culturas. De maneira geral, recomenda-se aplicar o calcrio de trs a seis meses antes do plantio ereaplicar a cada cinco anos.

    ndice

    4 PLANTAS RECUPERADORAS DE SOLO

    O uso de prticas pouco adequadas na agricultura, como queima de restevas, plantio em reasdescobertas e excesso de preparo do solo ao longo dos anos, causaram degradao fsica, qumica ebiolgica dos solos, reduzindo o rendimento das culturas.

    Uma das alternativas para reduzir a eroso, aumentar a matria orgnica e recuperar a vida, estrutura efertilidade dos solos o uso de plantas recuperadoras ou adubos verdes de inverno e vero.

    As plantas recuperadoras de inverno so utilizadas antes do plantio dos cultivos de vero em plantiodireto ou cultivo mnimo enquanto que os adubos verdes de vero, que so muito rsticos so

    recomendados para a recuperao de reas degradadas, pobres com baixos teores de matria orgnica.

    Fonte: Monegat, 1991 (adaptao).

  • 4.1 Vantagens do uso das plantas recuperadoras de solo

    maior proteo do solo contra a eroso;

    fixao de nitrognio;

    reciclagem ou bombeamento de nutrientes das camadas mais profundas do solo para a parte areadas plantas;

    melhoria da estrutura e aerao do solo;

    descompactao do solo;

    fonte de nutrientes para a microvida do solo;

    maior conservao de umidade do solo;

    maior infiltrao da gua;

    menor variao da temperatura do solo.

    4.2 Principais espcies de adubos verdes utilizados

    Quadro 1 - Espcies mais utilizadas para adubao verde

    4.3 Consrcios de espcies no inverno

    O consrcio de leguminosas e gramneas no inverno uma alternativa utilizada antes dos cultivos devero, especialmente milho e sorgo, que so exigentes em nitrognio. As leguminosas fixam ou puxam o

  • nitrognio do ar, atravs de bactrias presentes nas razes, substituindo ou reduzindo o uso da uria. Jas gramneas como aveia, azevm, centeio e triticale, cobrem o solo com bastante rapidez, diminuindo aeroso provocada pelas chuvas. O nabo forrageiro mesmo no sendo uma leguminosa reciclador denitrognio e descompactador de solos, em funo disso pode ser consorciado com gramneas eleguminosas.

    Quadro 2 _ Consrcios mais utilizados, quantidades de sementes, pocas de plantio e culturas de veropreferenciais para o plantio em sucesso.

    No quadro a seguir so apresentadas vrias informaes sobre o uso de espcies de invernoisoladas ou antecedendo a culturas de vero.

    Quadro 3 - Espcies de inverno mais utilizadas, quantidades de sementes, pocas de plantio e culturasde vero preferenciais para o plantio em sucesso.

  • Vantagens do consrcio de plantas:

    melhor aproveitamento da luz solar;

    aumento do rendimento das culturas consorciadas, sem elevao dos custos;

    maior eficincia do uso da terra e da mo de obra;

    diminuio dos riscos de perdas das culturas consorciadas em funo do clima;

    aumento da diversificao da renda.

    4.4 Caractersticas das principais adubos verdes de vero utilizados

    4.4.1 Mucuna cinza:

    poca de plantio: setembro a dezembro

    Quantidade de sementes e espaamento:

    a lano (60 a 90 kg/ha)

  • em linhas _ 6 a 8 sementes/metro

    covas _ 40 cm entre covas com 2 e 3 sementes por cova.

    Produo de sementes:

    Recomenda-se o plantio de 3 a 4 sementes/metro com espaamento de 1 metro entre linhas (15 a30kg/ha de sementes)

    .

    4.4.2 Mucuna preta:

    poca de plantio: setembro _ outubro

    Quantidade de sementes e espaamento:

    a lano: (70 a 90 kg/ha)

    covas: (0,40 m 2 a 3 sementes por cova)

    linhas: espaamento de 50 cm e 6 a 8 sementes por metro - (60 a 80 kg/ha)

    4.4.3 Mucuna an:

    poca de plantio: setembro _ outubro

    Quantidade de sementes e espaamento:

    em linhas : 50 cm entre linhas com 6 a 8 sementes por metro (80-100 kg/ha)

    em covas: 40 cm entre covas com 2 a 3 sementes por cova

    a lano: 90 a 120 kg/ha

    Produo de sementes:

    Em reas para a produo de sementes, utilizar 6 a 8 sementes por metro com espaamento de 50 cmentre linhas.

    O rendimento varia de 800 a 1500 kg/ha

    4.4.4 Crotalria juncea:

    poca de plantio: setembro a dezembro

    Semeadura em linhas: 25 cm entre linhas com 20 sementes por metro linear

    Quantidade de sementes: 30 a 40 kg/ha tanto a lano como em linhas.

    A Crotalria jncea pode ser utilizada para silagem em consrcio com o sorgo, utilizando-se as sementesmisturadas na caixa semeadura.

    Produo de sementes:

    A quantidade de sementes pode ser de 20 a 30 kg/ha e o espaamento de 40 a 50 cm entre linhas.

  • 4.4.5 Crotalaria spectabilis:

    poca de plantio: setembro a dezembro

    Quantidade de sementes:

    a lano: 15 a 30 kg/ha

    em linhas: 25 cm entre linhas, com 20 sementes por metro

    Esta espcie no pode ser utilizada para a alimentao dos animais, no entanto indicada para ocontrole de nematides nas reas que foram cultivadas com soja.

    4.4.6 Guandu ano:

    usado na alimentao animal porque possui um alto teor de protena e normalmente cortado efornecido aos animais no cocho. Tambm pode ser utilizado para pastejo isolado ou consorciado commilheto.

    poca de plantio: setembro a dezembro

    Quantidade de sementes e espaamento:

    em linhas: usado com espaamento de 50 cm com 18 sementes/metro, em quantidade de 50kg/ha.

    em covas: 20 cm entre covas e 2 a 3 sementes por cova.

    a lano: 40 a 50 kg/ha.

    Produo de sementes: em reas para a produo de sementes utilizar o espaamento de 1 a 1,5m entre linhas com 10 a 15 sementes por metro.

    4.4.7 Feijo de porco:

    poca de plantio: setembro a dezembro

    Semeadura a lano: 120 a 150 kg/ha

    Semeadura em linhas ou covas: 50 cm entre linhas com 5 a 6 sementes por metro.

    No plantio em covas usar 2 sementes por cova distanciadas 40 cm.

    4.4.8 Feijo miudo ou caupi:

    poca de plantio: setembro a janeiro

    Quantidade de sementes e espaamento: Semeadura em linhas e covas: 40 cm entre linhas e 20sementes por metro (60 a 70 kg/ha). Se a semeadura for em covas o espaamento ser de 40 cm entrecovas com 2 a 3 sementes por cova.

    O feijo mido, alm de adubo verde, pode ser utilizado na alimentao animal atravs de pastejo entre60 a 90 dias, isolado ou consorciado com milheto.

  • Cultivo intercalar (azevm + aveia + ervilhaca) em parreiral. Ibarama/RS

    Cultivo intercalar: Soja perene em pomar de pessegueiro. Ibarama/RS

  • Cultivointercalar: crotalria juncea com citros - So Pedro do Sul/RS

    Consrcio sorgo + crotalria juncea (para produo de silagem). So Pedro do Sul

  • Consrcio: cana-de-acar e feijo-de-porco (produo de sementes).Formigueiro/RS

    Manejo do nabo forrageiro com rolo-faca, trao animal. Novo Cabrais/RS

  • Manejo de aveia+ervilhaca com trao motorizada (chassis de caminho e tora de madeira).SilveiraMartins/RS

    4.5 Uso dos adubos verdes de vero

    4.5.1 Recuperao de reas degradadas

    Nas reas onde o solo est muito desgastado, isto , lavado e desestruturado,

    recomendado o plantio de adubos verdes de vero, tais como mucunas, crotalrias, guandus, feijo deporco, feijo mido e lab-lab. Estas leguminosas so pouco exigentes em nutrientes, por isso podem sersemeadas sem fertilizantes e ficam nas reas a serem recuperadas at o perodo de outono quando sosemeados os adubos verdes de inverno.

    4.5.2 Consrcios com culturas de vero

    Como exemplos temos vrios consrcios que podem ser feitos a partir da primavera-vero, conformesegue:

    milho x mucuna

    milho x feijo de porco

    milho x feijo mido

    mandioca x feijo de porco

  • cana-de-accar x feijo de porco

    crotalria juncea x milheto

    crotalria juncea x sorgo (silagem)

    guandu ano x sorgo (silagem)

    4.5.3 Cultivos intercalares com pomares

    Os adubos verdes so semeados no primeiro ano de implantao do pomar, na primavera, logo aps oplantio das mudas defrutferas. Alm de melhorar o solo ainda podem ser usados para produzirsementes reduzindo os custos de implantao e manuteno dos pomares.

    Exemplos de cultivos intercalares:

    Frutferas x guandu

    Frutferas x crotalrias

    Frutferas x feijo de porco

    Frutferas x soja perene

    Frutferas x feijo mido

    4.6 Manejo das plantas recuperadoras de solo

    O manejo das espcies de inverno e vero pode ser feito de trs maneiras:

    a) Incorporao total das plantas no solo:

    A massa verde enterrada no solo no perodo da plena florao, atravs de arado ou grade. Estesistema no o mais indicado porque o revolvimento do solo ir destruir a matria orgnica edesestruturar o mesmo. Alm disso, a fermentao resultante no benfica.

    b) Semi-incorporao ou incorporao parcial das plantas

    a operao chamada cultivo mnimo, onde so feitos sulcos, para a semeadura da cultura principal,como por exemplo, milho aps ervilhaca ou soja aps aveia. No restante da rea, nas entrelinhas o solopermanece protegido.

    Principais perodos da realizao do cultivo mnimo

    1) Antes e durante a florao:

    feito um pr-sulcamento quando o solo estiver com 100 % de cobertura vegetal para evitar oembuchamento da mquina no plantio. A operao repetida em definitivo na florao dos adubosverdes. O sistema de manejo indicado para reas cultivadas com espcies que produzam grandesquantidades de massa verde como ervilhaca comum e peluda, chcharo e aveia preta.

    2) Aps colheita de espcies de inverno (em caso de produo de sementes).

    3) Aps acamamento dos adubos verdes

  • O cultivo mnimo pode ser feito aps o acamamento das plantas recuperadoras com mtodos mecnicostais como rolo-faca, roadeira e grade destravada. Como exemplo temos a ervilhaca acamada naflorao antecedendo o milho.

    4) Manejo da massa verde sem incorporao ao solo (antecedendo ao plantio direto).

    Os adubos verdes so manejados atravs de rolo faca, roadeira, rolo-disco e grade destravadaantecedendo ao plantio da cultura principal, que feito com matraca ou semeadoras especiais paraplantio direto que abrem um pequeno sulco, o qual suficiente para a semente ficar em contato com osolo.

    possvel realizar o plantio direto sem o uso de herbicidas. Para isso, interessante saber as pocas demanejo mecnico dos principais adubos verdes para planejar o plantio das culturas de vero conforme oquadro 4. Aps o manejo das espcies possvel realizar o plantio direto sem o uso de herbicidasdessecantes, bastando que no solo fique uma quantidade de palha seca de, aproximadamente, 4 a 6t/hae a rea no esteja muito inada. Quanto mais palha tiver no solo no decorrer dos anos, menor ser aincidncia de inos nas lavouras.

    Quadro 4 - Plantio direto sem herbicidas, perodos de manejo das espcies de inverno (com rolo-faca ougrade destravada) antecedendo as culturas de vero.

    ndice

    5 ADUBOS MINERAIS

    Os solos podem ter limitaes naturais de fertilidade. Algumas plantas indicadoras nos dizem isso. Mas,se um solo fraco em um nutriente, a pastagem, a vaca e o seu esterco tambm vo ser deficientesnesse nutriente. E, se s o esterco dessa vaca for usado como adubo, no haver melhoria na presenado nutriente em questo no solo. Como sair dessa situao?

    Nesses casos talvez tenhamos que recorrer a outras fontes de nutrientes. Normalmente usamosminerais que no se dissolvem totalmente na gua do solo, para no serem perdidos para o subsolo. Natabela, podemos ver algumas fontes de nutrientes.

  • Quadro 5 - Alguns tipos de nutrientes e adubos minerais que os contm.

    Esses minerais podem ser adicionados ao sistema de trs formas:

    a) Adubando o solo: espalhar esses adubos diretamente na terra;

    b) Adubando a planta: usar esses adubos na formulao de fertilizantes foliares, especialmentebiofertilizantes enriquecidos;

    c) Adubando o animal: mineralizar o gado, atravs de frmulas de sal mineral caseiro a base de cinzas eoutros componentes.

    c) Adubando o animal: mineralizar o gado, atravs de frmulas de sal mineral caseiro a base de cinzas eoutros componentes.

    ndice

    6 ADUBOS ORGNICOS

    Os adubos orgnicos so os resduos de origem animal (tais como esterco e urina proveniente deestbulos, pocilgas e avirios) ou vegetal (palhas e outros), que podem ser usados na forma lquida ouslida. Os adubos orgnicos contm nutrientes, como nitrognio, fsforo, potssio, clcio, magnsio e

  • micronutrientes, especialmente cobre e zinco. Os resduos orgnicos, alm de fertilizarem o solo, soativadores da microvida, melhoram a estrutura , aerao, aumentam a matria orgnica e a infiltrao dagua das chuvas.

    6.1 Tipos de fertilizantes orgnicos usados na forma slida

    Os adubos orgnicos de origem animal mais utilizados na forma slida so o composto orgnico,vermicomposto, esterco de galinha (poedeiras) e cama de avirio. Todos estes tipos de fertilizantesorgnicos passam por um processo de fermentao, durante alguns dias ou meses at ficar bemmaduros para ser aproveitados pelas plantas.

    6.1.1 Composto orgnico

    O composto orgnico formado por camadas superpostas de esterco de animais, especialmente debovinos, e palha de culturas. Normalmente, so feitos montes ou leiras de aproximadamente 1 a 2

    metros de altura por 3 metros de largura, com comprimento varivel de acordo com o espao disponvelna propriedade rural (figuras 1 e 2).

    Figura 1 Composto orgnico em arco.

    Figura 2 - Composto orgnico coberto com palha (Fonte: Indrio,1980).

    A pilha formada por uma parte de esterco, trs de palha e, preferencialmente deve ser revirada a cada30 dias para aumentar a entrada de ar, facilitando o trabalho dos organismos aerbicos, isto , queprecisam de ar para decompor os resduos orgnicos em hmus.

    necessrio periodicamente regar o monte, deixando o mesmo sempre com um teor de umidade nafaixa de 50 a 60%.

    Como saber os teores de umidade ?

    Pegar um punhado do composto na mo, apertar o material entre os dedos e observar o seguinte:

    1) se escorrer gua, o composto orgnico est com excesso deumidade causando prejuzos para osmicrbios que decompem o material, porque os mesmos precisam de ar. As regas devem sersuspensas temporariamente at a umidade voltar ao normal;

  • 2) se no escorrer gua entre os dedos e o composto estiver mido a umidadeestar correta para otrabalho dos micrbios aerbicos, isto , que precisam de ar para transformar os resduos orgnicos emhmus.

    Temperatura do composto orgnico

    A temperatura da pilha ou monte no deve passar de 70 graus centgrados. Para isso, importanterevirar o material para a entrada de ar, facilitando o trabalho dos micrbios. Para saber como est atemperatura basta pegar um pedao de ferro ou bambu e colocar at mais ou menos a metade da pilha,esperar 2 a 3 minutos e retir-lo. Se o ferro estiver muito quente que no d para segur-lo, sinal que atemperatura do composto est muito alta, ento o material tem que ser revirado.

    Quando revirar o composto orgnico ?

    - Primeira revirada: 2 semanas aps o incio da compostagem.

    - Segunda revirada: 7 a 10 dias aps a primeira revirada.

    As outras reviradas podero serem feitas uma a duas vezes por ms.

    Maturao do composto orgnico

    O composto estar semicurado com 30 a 60 dias e curado com 90 a 120 dias. Nestas condies, podeser utilizado tanto no pr-plantio como em cobertura nas culturas.

    6.1.2 Vermicomposto

    O vermicomposto a mistura de resduos orgnicos de origem animal e vegetal, que decomposto emhmus atravs do trabalho das minhocas especialmente as californianas. As mesmas tem a capacidadede digerir produtos como o esterco de animais, restos de frutas e verduras, cinza, casca de ovos, erva-mate, serragem e parte da casca de arroz. O processo de transformao dos resduosem hmus sechama vermicompostagem. O esterco de aves e de sunos preferencialmentedevem ser utilizadosmisturados com outros materiais porque se forem usados isolados podem provocar excesso de gsamnia, que txico para as minhocas.

    Materiais mais utilizados para a vermicompostagem

    esterco de animais: bovinos, sunos, esterco de galinha, cama de frangos e esterco de ovinos. umafonte de nitrognio que ajuda as minhocas na decomposio do material orgnico, principalmentequando houver resduos de vegetais como palhadas. O tipo de esterco preferido pelas minhocas o debovinos, mesmo fresco. Os outros tipos de estercos, principalmente os de aves e de sunos, quandousados, devem ser de preferncia misturados com o de bovinos, para evitar que o nitrognio na forma degs amnia seja txico para as minhocas.

    resduos de vegetais: palha de gramneas (aveia, milho, grama), bagao de cana, sabugo triturado epalha de leguminosas (feijo, guand, Crotalrias), casca de arroz, serragem e erva-mate. interessante que a serragem e a casca de arroz no sejam usadas em grandes quantidades novermicomposto porque a decomposio do material seria muito lenta, atrasando a fabricao do hmus.Com relao ao uso da palhada no composto, interessante que seja usada triturada ou picada,facilitando assim a decomposio do material.

    restos de frutas e verduras: melancia, abacate, melo, mamo, laranja, cascas de frutas, restos dehortalias como folhosas (alface, rcula). O uso de restos de frutas e verduras auxiliam a multiplicaodas minhocas e mantm o composto orgnico com mais umidade.

  • cinza: pode ser utilizada como fonte de potssio, porm no deve ser utilizada a produzida nachurrasqueira, em funo do excesso de sal. O volume a ser usado de no mximo 1 a 2% em relaoao peso do vermicomposto.

    outros materiais: casca de ovos triturados e filtro de papel com borra de caf.

    Relao Carbono/Nitrognio

    A qualidade do hmus depende muito da qualidade dos

    alimentos fornecidos as minhocas. Se os alimentos no forem ricos em nutrientes o hmusproduzido tambm ser pobre

    A relao carbono/nitrognio (C/N) ideal para a decomposio do composto pelas minhocas e micrbios de 30 partes de carbono e 1 de nitrognio, isto 30. Portanto deve haver um cuidado especial naescolha das quantidades de palha e esterco na formao da pilha. A serragem, a palha de milho e acasca de arroz, por exemplo, possuem uma relao C/N elevada entre 600 a 800, conforme mostra oquadro 6. importante mistur-las com outros tipos de palha com relao C/N menor, provenientes deculturas como feijo, guandu, soja, aveia e resduos de gramados. Para iniciar o composto a proporomais recomendada so 3 partes de palha e 1 de esterco, complementada com restos de frutas ouverduras. Outros compostos so feitos somente com esterco de bovino puro ou 50% de esterco fresco +50% de composto fermentado ou 50 % de palha + 50% de esterco fresco. Os resduos ou sobras do lixodomstico so adicionados aos poucos ao vermicomposto em qualquer uma das situaes atravs damistura na pilha.

    A relao C/N do hmus estabilizado, pronto para ser utilizado nas culturas, deve ser menor do que 18,isto , quando a granulometria estiver semelhante ao p de caf.

    Quadro 6 - Relao C/N de resduos orgnicos de animais e vegetais

    Fonte: Antoniolli, 1996.

    Instalaes mais utilizadas para o processo da vermicompostagem

  • a) Canteiros: os canteiros podem ser de alvenaria, sem reboco ou de madeira com 1,00 a 1,20m delargura por 0,20 a 0,30m de altura til (fig. 3, 4 e 5). Esta altura impede que o composto chegue a altastemperaturas, o que dificultaria o desenvolvimento das minhocas. O comprimento varivel e vaidepender da quantidade de material disponvel para a maturao. muito importante que os canteirossejam cobertos para evitar a entrada de gua das chuvas.

    Os canteiros podem ter divisrias com orifcios para as minhocas se deslocarem entre oscompartimentos (fig. 5) em funo dos alimentos disponveis de acordo com o perodo de planejamentopara a maturao do composto. Quanto ao piso, preferencialmente deve ser revestido com alvenaria ouplstico para evitar a perda de nutrientes e contaminao lenis de guas superficiais.

    Nas reas com gado de leite em pequena escala a prpria canaleta do estbulo muitas vezes pode seraproveitada substituindo o canteiro para a decomposio do composto. Em galpes com piso de cimentoe fechados lateralmente com tela possvel aproveitar as instalaes, fazendo o enleiramento dosresduos orgnicos na rea do piso (fig. 6).

    Figura 3 e 4: Canteiros com taquaras e tbuas (Fonte: Antonioli etal, 1996). Figura 5: Canteiros de alvenaria.

    Figura 6: Minhocrio em galpo.

    Enriquecimento do vermicomposto

    O vermicomposto tem composio qumica muito variada, em funo da diversidade dos alimentosfornecidos s minhocas. Se fornecermos alimentos com baixo valor nutricional, as minhocas apenas votransform-los em hmus, porm a qualidade ser pouco alterada. Portanto, para termos umvermicomposto com a maior qualidade possvel fundamental fornecermos alimentos ricos emnutrientes. Se isso no for possvel, uma alternativa enriquecer o material a ser fermentado com outrasfontes, conforme segue:

  • a) Fontes de nitrognio: utilizar resduos de fcil decomposio, tais como urina, esterco e palhas deleguminosas (guandu, feijo mido, mucuna, feijo-de-porco e Crotalrias). O uso de 1 a 2 litros/m deesterco lquido de bovino ou suno provenientes de esterqueiras com valores de pH entre 6 a 7,distribudo quinzenalmente na superfcie do vermicomposto, uma alternativa que pode serrecomendada como fonte de nitrognio na forma de pequenas irrigaes.

    Observao: No utilizar sulfato de amnio para enriquecer o vermicomposto, pois o mesmo pode sertxico para as minhocas e alguns microorganismos;

    b) calcrio: pode ser utilizado entre 1 a 2% do peso dos resduos orgnicos, como fonte de clcio emagnsio;

    c) cinza: pode ser utilizada como fonte de potssio em pequenas quantidades (1-2% do peso dosresduos orgnicos). A quantidade fornecida de potssio vai variar em funo da cinza da madeirautilizada;

    d) fsforo: o uso do fsforo na forma de fosfato de clcio acelera a taxa de decomposio dos resduos,no entanto no deve ser usado em concentraes superiores a 2 % porque inibe a decomposio domaterial orgnico. As fontes mais usadas so os fosfatos naturais;

    e) terra: pode ser misturada aos resduos orgnicos em at 1% e serve como fonte de nutrientes,regulador trmico e inoculador de microorganismos. Dar preferncia para terra de mato ou locais deparadouros de animais fazendo uma retirada superficial no solo sem causar eroso;

    importante que o vermicomposto fique coberto permanentemente com palha seca, jornal oupapelo para facilitar o trabalho das minhocas na superfcie, pois as mesmas no toleram

    ambientes com incidncia de luz.

    Fatores que influenciam na vermicompostagem

    a) pH: aps a maturao completa do composto, o pH deve ser aproximadamente 7. Isso um indicadorde que o hmus est bem estabilizado e pronto para ser utilizado nas culturas. Para a determinao deleituras do pH a campo, pode-se utilizar o papel tornassol ou pHmetro.

    b) aerao: importante principalmente na fase inicial da fermentao do composto. feita para diminuira temperatura do material orgnico que no deve ultrapassar 40 a 45 graus centgrados, facilitando acolocao das minhocas. A aerao do composto geralmente feita com garfo de pontas finasarrendondadas ou atravs de pedaos de bambu que so colocados verticalmente na leira e retiradosposteriormente, deixando tneis que facilitam a entrada e sada de ar.

    c) umidade: a umidade ideal para o desenvolvimento das minhocas californianas de 60 a 70%. importante que o composto se mantenha mido porque o organismo das minhocas contm 80% degua.

    Para saber os teores de umidade no vermicomposto, faz-se o mesmo procedimento j descritoanteriormente para o composto.

    Ponto de maturao do vermicomposto

    O composto orgnico estar pronto para ser utilizado pelas plantas quando apresentar as seguintescaractersticas:

    colorao escura uniforme;

  • ausncia de cheiro;

    textura semelhante ao p de caf;

    ausncia de acidez.

    Outras informaes importantes

    Em 1 metro quadrado de canteiro (0,30 m altura x 1 a 1,20 largura) a produo aproximada de hmus de 300 a 350 kg;

    A quantidade de minhocas por metro quadrado de canteiro preferencialmente deve ser der de 5 a 6 mil, assim o composto estar pronto em 45 dias.

    Para a retirada do hmus utiliza-se, 3 a 4 dias antes de retirar o material, como isca para as minhocas,pequenos sacos de rfia onde so colocados esterco fresco puro ou misturado com cascas de frutas (fig.7). Isto permite a reutilizao das minhocas para para a fabricao de hmus.

    Figura 7: iscas para a coleta de minhocas.

    6.1.3 Esterco de aves

    O esterco de aves pode ser utilizado com cama (maravalha) de 4 a 6 lotes de frangos ou puro,proveniente de galinhas poedeiras. Deve-se ter o cuidado para saber a procedncia da cama utilizada noavirio, porque se a mesma for proveniente de madeira tratada com com produtos qumicos pode causarproblemas de toxidez para as plantas e o homem.

    Aplicao no solo

    O esterco de aves deve ser utilizado bem curtido para evitar que o excesso de amnia na forma de gs,cause toxidez para as plantas, principalmente se as mesmas forem semeadas logo aps a distribuiodo material do solo.

    A cama de aves muitas vezes vendida ensacada e o material que esta no interior dos sacos, aumentade temperatura durante o transporte, indicando que o produto ainda necessitaria de um maior tempo defermentao Assim, por segurana interessante quando aplicar o adubo orgnico no pr-plantio dasculturas, esperar pelo menos 7 dias para realizar a semeadura das mesmas.

    6.1.4 Esterco lquido de sunos e bovinos

    Nas propriedades rurais onde predomina a suinocultura e bovinocultura de leite, a maioria dosagricultores utilizam a gua para a limpeza dos estbulos e pocilgas. Isso faz com que o materialorgnico seja manejado na forma lquida para as esterqueiras ou lagoas, onde armazenado eposteriormente utilizado como adubo orgnico nas culturas.

  • 6.2 Sistemas de armazenamento dos dejetos de animais na forma lquida (esterqueiras revestidas)

    A mistura esterco + gua + urina colocada nos tanques onde fica armazenada de 30 a 120 dias,dependendo do planejamento da distribuio do esterco no solo, em funo da rea a ser cultivada comculturas. importante que as esterqueiras sejam bem revestidas para evitar a poluio das guassuperficiais, utilizadas para consumo domstico. Quanto maior o tempo de fermentao dos dejetos deanimais nas esterqueiras, melhor a qualidade do produto orgnico e menor a incidncia demicroorganismos malficos para a sade do homem e dos animais.

    6.2.1 Modelos de esterqueiras

    Esterqueira com cmara de fermentao

    Essa esterqueira formada por dois compartimentos. No primeiro, os dejetos compostos pela misturaesterco + urina + gua ficam retidos pelo menos por 30 dias. medida que o material entra naesterqueira, passa automaticamente para o segundo compartimento, onde fica retido por mais 30 a 60dias. O material mais indicado para ser usado nas culturas o do segundo compartimento porque temmais tempo de fermentao, podendo ser usado tanto no pr-plantio como em cobertura das culturas.

    Esterqueira sem cmara de fermentao

    um tanque nico redondo ou retangular, em que os dejetos so armazenados por 30, 60 e at 120dias. O tempo de fermentao vai depender do planejamento da distribuio do adubo orgnico no sololevando-se em considerao as reas disponveis para a aplicao do biofertilizante. Neste sistema oesterco levado para a lavoura com vrias idades, inclusive parte com apenas 1 dia, o que causa umapreocupao em relao existncia de organismos patognicos, que causam mal sade do homem edos animais. A aplicao do produto em cobertura nas culturas neste caso, requer um cuidado especialporque o pH ainda pode estar cido, especialmente se for esterco de sunos.

    6.3 Uso dos estercos slidos ou biofertilizantes no solo

  • Pr-plantio: o esterco na forma lquida ou slida pode ser utilizado antes do plantio das culturas, semi-incorporado ao solo com grade destravada ou pode ser apenas distribudo uniformemente sobre o solosem incorporao. Neste caso, as perdas de nitrognio sero maiores.

    Cobertura: o esterco lquido pode ser usado em cobertura nas plantas. O biofertilizante deve estar bemfermentado epreferencialmente deve ser aplicado nas horas de pouca insolao como, por exemplo,entre 8 e 10 horas da manh e 16 e 18 horas da tarde, especialmente no vero, diminuindo, assim, asperdas de nitrognio. Para hortalias, no indicado a aplicao do esterco em cobertura nas folhosasque so consumidas na alimentao humana, como alface, rcula e radiche porque algunsmicroorganismos provenientes do esterco podem prejudicar a sade das pessoas. Em funo disso,deve-se esperar pelo menos 15 dias para colocar os animais nas pastagens, logo aps a aplicao dobiofertilizante em cobertura no pasto.

    Quantidades de esterco a aplicar no solo

    Um dos grandes problemas do uso de esterco na forma lquida o excesso de gua utilizada para alavagem dos estbulos ou pocilgas . A proporo ideal de uma parte de esterco para uma parte degua. Quanto mais lquido for o material mais diluido estaro os nutrientes e maior o custo dedistribuio do material no campo. Um biofertilizante de boa qualidade deve ter o mnimo de gua e serproveniente de animais bem alimentados, como o caso, na maioria das vezes, dos materiais orgnicosprovenientes da suinocultura e bovinocultura de leite.

    A quantidade de esterco a aplicar depende diretamente dos teores de matria seca do biofertilizante, isto, a parte slida. Nesta parte onde esto concentrados os nutrientes como nitrognio, fsforo, potssio,clcio, magnsio e micronutrientes. Para sabermos a massa seca do esterco podemos utilizar umdensmetro e uma tabela a campo. Aps realizarmos a leitura das densidades, podemos estimar comdeterminada preciso os teores de massa seca e at de nutrientes como nitrognio, fsforo e potssio.Assim, no necessrio levar amostras de esterco para os laboratrios, para fazer a anlise qumica. Oprprio agricultor, juntamente com o tcnico, tem condies de identificar a qualidade do biofertilizanteproduzido na propriedade. Depois de determinadas as leituras de massa seca e nutrientes, pode-secalcular que quantidade de biofertilizante possvel usar nas culturas, seja isolado ou associado comoutros fertilizantes e adubos verdes. As faixas de aplicaes mais usadas so de 20.000 a 40.000 litrospor hectare/ano, levando-se em considerao a matria orgnica do solo, fertilidade e a estrutura domesmo.

    No caso de esterco na forma slida como composto orgnico ou vermicomposto, a quantidade a aplicarpode ser de aproximadamente 10 a 15 t/ha enquanto que a cama de aves 4 a 6 t/ha.

    ndice

    7 ROTAO DE CULTURAS

    7.1 Importncia da rotao de culturas

    O cultivo intensivo e repetido de uma cultura na mesma rea durante anos chama-se MONOCULTURA.A medida que uma planta cultivada sempre no mesmo lugar ocorre uma queda no rendimento damesma e um aumento gradativo de parasitas e inos que competem por luz e nutrientes. Para diminuir

  • estes problemas, muito importante utilizar a rotao de culturas que o cultivo alternado e regular deplantas em uma mesma rea ao longo do tempo.

    7.2 Vantagens da rotao de culturas

    A rotao de culturas tem uma srie de vantagens para o solo, planta e meio ambiente tais como:

    aumento da matria orgnica;

    proteo do solo durante todo o ano;

    diminuio das parasitas das culturas;

    manuteno da umidade do solo;

    transporte dos nutrientes das camadas mais profundas para a superfcie (reciclagem de nutrientes);

    diminuio das plantas inos;

    melhor aproveitamento da mo de obra e mquinas no decorrer do ano;

    maior rendimento das culturas.

    7.3 Escolha das culturas para a rotao

    As culturas devem ser escolhidas em funo das necessidades da propriedade e de alguns fatores quetornam o sistema de produo mais sustentvel.

    Fatores tcnicos a serem considerados:

    mercado: importante que as culturas escolhidas tenham mercado para aumentar a fonte de renda dasfamlias rurais;

    adequao aos tipos de solo e condies de clima de cada regio;

    as culturas escolhidas devem ser adaptveis aos equipamentos agrcolas existentes nosestabelecimentos agrcolas;

    sistema radicular: deve ser agressivo para reciclar nutrientes e realizar a subsolagem cultural,reduzindo assim a descompactao do solo, aumentando a aerao e infiltrao de gua no mesmo;

    no deve ser hospedeira de parasitas das plantas cultivadas.

    7.4 Planejamento da rotao de culturas

    A rotao de culturas pode ser planejada por gleba ou rea, onde uma mesma planta no cultivadamais que dois anos no mesmo lugar. Os quadros a seguir mostram alguns exemplos possveis derotao de culturas.

    Quadro 7 - Planejamento da rotao de culturas por gleba

    Sistema de cultivo: soja

  • Quadro 8 - Planejamento da rotao de culturas por gleba

    Sistema de cultivo: Fumo/milho/feijo

    Quadro 9 - Planejamento da rotao de culturas por gleba

    Sistema de cultivo: feijo

    Quadro 10 - Planejamento da rotao de culturas por gleba

    Sistema de cultivo: milho

    Quadro 11 - Planejamento da rotao de culturas em 2 glebas

    Sistema de cultivo: 50% feijo e 50% milho

    Quadro 12 - Planejamento da rotao de culturas em 3 glebas

    Sistema de cultivo: 75% soja e 25% milho

  • Quadro 13 - Planejamento da rotao de culturas em 3 glebas com integrao lavoura/pecuria

    Sistema de cultivo: 75% soja e 25% milho

    Quadro 14 - Planejamento da rotao de culturas por gleba

    Sistema de cultivo: olericultura geral

    ndice

    8 PROTEO DAS PLANTAS

    8.1 Por que ocorrem os parasitas?

    Como foi que alguns insetos tornaram-se pragas to terrveis para ns? Se os parasitas so to ruins,por que eles no devoram tudo o que existe de vida sobre a terra? Alguma coisa os impede. Essa coisachama-se EQUILBRIO NATURAL e o que garante que a vida continue existindo.

  • Por esse motivo que evitamos de falar em "pragas" e "molstias". Insetos s sero "pragas" emicroorganismos "molstias" pela prpria ao do ser humano, desequilibrando o ambiente.Aqui, preferimos usar o termo "parasita", uma vez que a maioria desses seres vivos tem essa

    forma de relao ecolgica com as culturas.

    O equilbrio natural se d de vrias formas:

    a) Atravs do clima e posio geogrfica, que possibilita o desenvolvimento de umas espcies e no deoutras;

    b) Atravs do controle biolgico, isto , da presena de inimigos naturais dos parasitas. Exemplo: aformiga no dizimou toda a vegetao porque existiam tatus, tamandus, aves, lagartos e outros bichosque dela se alimentam, alm de microorganismos que impedem o desenvolvimento do fungo que lheserve de alimento;

    c) Atravs da resistncia natural das espcies. Exemplo: nem todas as plantas de uma espcie soatacadas por formigas, porque algumas tem resistncia a esses insetos.

    Para fazermos uma agricultura ecolgica, precisamos aprender com a natureza e chegarmos o maisprximo possvel desse equilbrio natural.

    AMBIENTE EQUILIBRADO, GARANTIA DE INIMIGOS NATURAIS.

    No adianta s falarmos na importncia dos inimigos naturais dos parasitas. Temos que promover a suaexistncia! Conseguiremos isso quando agirmos para manter um equilbrio no ambiente. Precisamos dereas com vegetao natural perto de nossos cultivos, desde mato at faixas de plantas espontneasintercaladas s culturas. No usar venenos e evitar outros produtos txicos. Precisamos acabar com acaa e o fogo. E, quando pudermos, sempre facilitar o trabalho silencioso desses nossos aliados.

  • PLANTA SADIA RESISTE AOS PARASITAS: A TEORIA DA TROFOBIOSE.

    "Insetos e microorganismos s sobrevivem onde existe alimento para eles; assim, uma planta que sedeixa devorar por insetos ou que atacada por doenas uma fonte de alimento para seus parasitas".Com essa frase podemos resumir a teoria da "trofobiose". Francis Chaboussou, um pesquisador francs,estudou essa relao e props a teoria da trofobiose (trofos significa alimentao e bios significa vida).Trofobiose quer dizer "para que haja vida deve haver comida". Assim, um parasita ser incapaz de sealimentar de uma planta se ela no oferecer alimento para ele. Mas, o mais importante a segundaparte da teoria, que diz: "uma planta bem nutrida e sem estresses no oferece alimento para parasitas eportanto no atacada". A defesa da planta seu bom desenvolvimento e o seu equilbrio nutricional.

    Chaboussou demonstrou que, a rigor, no existem pragas. Existem, isso sim, plantas doentes por teremsido submetidas a estresses causados por nutrio ou manejo incorretos, induzindo ao desequilbrio doseu desenvolvimento. Por causa desse desequilbrio, a planta vai acumulando substncias mais simplesque so fonte de alimento para os parasitas, como acares e aminocidos. Em plantas equilibradas, osaminocidos se unem formando protenas, e os acares formam celulose e outras substncias que noservem de alimento aos parasitas, e assim tornam-se a defesa natural das plantas.

    Dessa forma, pode haver relao direta entre a presena de parasitas com a forma de adubao e o usode agrotxicos nas plantas. O uso de agrotxicos pode induzir ao desequilbrio favorecendo osurgimento de outros parasitas. Isso ocorre porque os venenos so feitos para atuar sobre os parasitas(a conseqncia) e no sobre as causas que provocaram o seu crescimento descontrolado. Ento, osagrotxicos, mesmo no provocando queimaduras ou toxidez aparente, podem reduzir a resistncia dasplantas a seus agressores, sejam insetos, fungos, bactrias ou mesmo vrus. Da mesma forma ocorrecom os adubos solveis, especialmente os nitrogenados que provocam o crescimento das plantas (ex.:uria).

    Por outro lado, algumas prticas podem levar ao aumento da resistncia das plantas. Vejamos oexemplo da calda bordalesa. Mesmo usada por produtores durante mais de cem anos contra diversasdoenas, especialmente na videira, a calda bordalesa no perdeu a eficcia. Ela fornece nutrientes comocobre, enxofre e clcio, influenciando no processo de formao de protenas da planta e reduzindo a

  • presena de compostos nitrogenados solveis na seiva (que so alimentos para fungos). Agindo assim,a calda bordalesa aumenta a resistncia da videira, o que explica sua eficcia.

    A seguir, veremos outros fatores capazes de agir sobre o equilbrio das plantas e, portanto, sobre a suaresistncia:

    a. Fatores especficos da planta

    - Espcie e variedade.

    - Idade dos rgos ou da planta: normalmente partes jovens ou bem velhas tendem a ser mais atacadas.

    b. Fatores climticos: energia solar, temperatura, ventos, umidade, regime de chuvas podem quebrar aresistncia quando no so os mesmos tolerados pela cultura.

    c. Fatores tcnicos:

    - Solo: super aquecimento, encharcamento, acidez, desagregao e eroso.

    - Fertilizao: excesso ou falta de nutrientes; adubao nitrogenada (uria, por exemplo).

    - Enxertia: pode impedir a passagem de nutrientes das razes para a parte area.

    - Tratamentos com agrotxicos (como j foi mencionado).

    O princpio bsico , portanto, o estmulo formao de protenas na planta, que no servem dealimento para os parasitas,sendo a sua principal forma de proteo. Podemos conseguir issoprincipalmente atravs de:

    - reduo ou eliminao dos fatores climticos que provocam estresse (por exemplo, o uso de quebra-ventos em um pomar);

    - correo de carncias minerais, atravs de uma adubao equilibrada, com o uso de micronutrientes eadubos orgnicos,de origem animal ou vegetal;

    - adubao foliar em rvores enxertadas;

    - eliminao progressiva de agrotxicos e adubos solveis.

    8.2 Biofertilizantes foliares

    Uma das principais prticas que vem sendo adotada na agricultura de base ecolgica para auxiliar nocontrole de parasitas o uso de biofertilizantes foliares. Osresultados tem sido excelentes em quasetodas as culturas. Isso porque os bifertilizantes apresentam uma ao mltipla:

    a) Fornecendo nutrientes para as plantas;

    b) Fornecendo microorganismos vivos ou substncias orgnicas que podem atuar como controladoresde parasitas;

    c) Fornecendo outras substncias orgnicas que atuam na planta, como promotores de crescimento,hormnios vegetais e fortificantes.

    O biofertilizante um material orgnico dissolvido em gua que passou por um processo defermentao. Sabemos que o biofertilizante est fermentando quando aparecem bolhas na superfcie. A

  • fermentao pode ser feita com ou sem a presena de ar. O biofertilizante descrito no quadro a seguir, produzido com total ausncia da ar.

    Biofertilizantes que so feitos apenas com gua e material orgnico (estercos animais ou plantas), sochamados de naturais. Os biofertilizantes enriquecidos so aqueles em que se adicionam minerais paramelhorar sua constituio. Assim, podemos acrescentar cinzas, ps de rochas ou substncias solveis. importante lembrar que essas substncias devem ser transformadas em compostos orgnicos pelaao dos microorganismos do biofertilizante. Da a importncia da fermentao. Um biofertilizante de boaqualidade um produto bem fermentado que no apresenta mau cheiro. Um dos biofertilizantesenriquecidos mais conhecido o "super magro".

    EXEMPLO DE UM BIOFERTILIZANTE ANAERBICO:

    Mistura de 50 % de esterco fresco de vaca leiteira e 50 % de gua, durante 30 dias (pode-se adicionar 3kg de melao ou 10 litros de caldo de cana).

    A presena de ar evitada atravs da colocao de um respiro mergulhado em uma lmina de gua.Aps a fermentao, coar e diluir em gua em concentrao varivel. No aplicar na abertura das flores.

    Possui efeitos nutricional, inibidor de parasitas e estimulador das funes vitais dos vegetais(enraizamento, crescimento, etc).

    8.3 Outras alternativas no controle de parasitas

    Enquanto no tivermos um ambiente equilibrado a ocorrncia de parasitas ser comum. O agricultorecologista poder, ento, lanar mo a algumas alternativas de controle que so aceitas para esseperodo de transio. Primeiramente, o agricultor deve sempre lembrar dos recursos que dispe napropriedade. Assim, em muitos casos uma catao manual, o uso de gua quente, sabo, cinza e

    outros, resolve o problema. Devem ser empregadas alternativas de pequeno impacto ambiental e debaixssimo risco ao agricultor que aplica e ao consumidor. Existem muitas alternativas base de

    minerais, produtos biolgicos, plantas, animais e armadilhas. Vamos citar as principais.

    8.3.1 Calda Bordalesa:

    A formulao a seguir para o preparo de 10 litros; para fazer outras medidas, s manter aspropores entre os ingredientes.

    a) Dissoluo do sulfato de cobre:

    No dia anterior ou quatro horas antes do preparo da calda, devemos dissolver o sulfato de cobre.Colocamos 100 g de sulfato de cobre dentro de um pano de algodo, amarramos e mergulhamos em umvasilhame plstico com 1 litro de gua morna;

    b) gua de cal:

  • Colocamos 100 g de cal em um balde com capacidade para 10 litros. Em seguida, adicionamos 9 litrosde gua, aos poucos.

    c) Mistura dos dois ingredientes:

    Adicionamos, aos poucos e mexendo sempre, o litro da soluo de sulfato de cobre dentro do balde dagua de cal.

    d) Teste da faca:

    Para ver se a calda no ficou cida, fazemos um teste, mergulhando uma faca de ao comum bemlimpa, por 3 minutos, na calda. Se a faca sujar de marrom, a calda est cida, e adicionamos mais cal namistura. Se no sujar, a calda est pronta para o uso.

    Usos da calda bordalesa:

    - A calda bordalesa usada no controle de doenas de plantas. Na diluio que preparamos, a 1 %,usamos para plantas adultas. Assim, usamos para o mldio e alternaria da couve e do repolho, alternariado chuchu, antracnose do feijoeiro, pinta preta e queima do tomate, murchadeira da batata, queima dasfolhas da cenoura, etc. Tambm usamos a 1 % em frutferas, como figueira, parreira, macieira, etc.

    - Em mudas pequenas e em brotaes devemos aplicar essa calda misturada com mais gua: uma partede calda bordalesa para uma parte de gua. Tambm na alface, para o controle do mldio.

    - Para mofos da cebola e do alho e mancha da folha da beterraba (cercosporiose), usamos outradiluio: 3 partes de calda bordalesa para uma parte de gua.

    Cuidados: A calda bordalesa perde a fora com o tempo, por isso deve ser usada at, no mximo, trsdias depois de pronta. No aplicar em pocas muito frias, sujeito a ocorrncia de geadas.

    Mistura com biofertilizantes foliares: A calda bordalesa pode ser misturada com biofertilizantes. Nessecaso, usamos a mesma concentrao de biofertilizante usado nas aplicaes foliares. Exemplo: o "supermagro" em tomate usado a 3 %; ento, para 20 litros de calda bordalesa pronta para uso, adicionamos600 ml de "super magro".

    8.3.2 Enxofre e Calda Sulfoclcica:

    O Enxofre um produto natural que tem poder de frear doenas fngicas. Pode ser usado puro ou,ento, atravs da calda sulfoclcica. Evitar o uso no vero.

    USO DE ENXOFRE PURO: Misturar, a seco, 800 g de enxofre e 200 g de farinha de milho bem fina.Diluir 34 g em 20 litros de gua e aplicar sobre as plantas.

    CALDA SULFOCLCICA: Requer um preparo que deve ser feito, de prefernica, com equipamentosde proteo para evitar acidentes. Convm usar culos, chapu e luvas ou proteger as mos com umagordura.

    Colocamos 25 litros de gua limpa em um tonel para aquecer ao fogo. Ento, retiramos um balde degua morna e misturamos 5 kg enxofre peneirado. Para facilitar a mistura, colocamos um pouco (meiocopo) do "espalhante adesivo": farinha de milho, cachaa ou leite.

    Em outro tonel, colocamos 4 kg de cal virgem e queimamos com 2 a 3 litros de gua morna, retirada doprimeiro tonel. Quando a cal comear a queimar, misturamos o enxofre mexendo sempre com o bastode madeira. Aps, adicionamos o restante da gua quente, marcando a altura que a mistura alcanou.

  • Fervemos a mistura durante uma hora com fogo no muito forte, mexendo com o basto e repondo agua evaporada na altura da marca.

    Aps uma hora, deixamos o fogo apagar e esfriar a calda. Retiramos a calda do tonel e coamos com oauxlio de um pano. Guardamos a calda em vasilhas de vidro, madeira ou plstico bem fechadas. Apspreparada, medimos sua concentrao em graus Baum ( B), com o auxlio de um aermetro. Suaaplicao feita diluda em gua, visando atingir uma concentrao predeterminada (ver quadro aseguir).

    Quadro 15 - Aplicao de calda sulfoclcica para controle de doenas em culturas.

    Obs: Em frutferas, aplicar no inverno. Controla tambm musgos, lquens, caros e cochonilhas.

    (1) Para os citros aplicar quando no houver ramos novos.

    (2) No caso de aplicao em figo, evitar altas temperaturas.

    No deixar a calda envelhecer, usar a calda sulfoclcica at um ms depois de pronta.

    Para obter-se a concentrao desejada, usamos o quadro a seguir:

    Quadro 16 - Diluio da calda sulfoclcica para ajustar concentrao desejada.

  • Exemplo: Para preparar uma calda de 4 B, partindo de uma calda de 32 B: no quadro acima,procuramos o encontro da coluna 4 B e a linha 32 B. O nmero encontrado (9,0) a quantidade delitros de gua para cada litro da calda original.

    OBSERVAES:

    ->> A calda aplicada somente com gua e espalhaste adesivo.

    --> Esperar, pelo menos, trs semanas nas aplicaes entre calda sulfoclcica e emulses oleosas.

    --> Usar pulverizadores de lato ou estanhados interiormente para aplicao, pois a calda ataca o cobre.Caso necessrio, lav-lo muito bem aps ser usado.

    8.3.3 Leite ou soro de leite:

    O leite tem efeito positivo sobre o desenvolvimento das plantas, de reduo de doenas e eliminao decaros. Misturar em gua na proporo de 1 litro de leite para 10 litros de gua. J o soro deve ser sema presena de sal e pode ser usado desde puro at misturado com gua a 50 %.

    8.3.4 Placas e bacias coloridas:

    Colocar placas pintadas de amarelo-ouro e azul logo acima da cultura, embebidas em leo de crternovo. Manter sempre umedecida. Outra opo: bacias de cor amarela ou azul intensa, contendo umamistura de gua e detergente. Mosca minadora, mosca branca, pulgo, vaquinha e cigarrinha soatradas pela cor amarela, enquanto o trips, pela cor azul. Pousam e grudam nas placas ou se afogamnas bacias.

    8.3.5 Produtos biolgicos:

    Na natureza, o controle biolgico ocorre naturalmente e durante o tempo todo. Mas enquanto notivermos um ambiente equilibrado, podemos utilizar algumas formas de controle biolgico com algumasespcies que podem ser multiplicadas em grande quantidade e depois ser espalhados na lavoura, hortaou pomar. Existem diversas formas de controle biolgico, por exemplo a vespinha para o pulgo do trigo,

  • o baculovrus para a lagarta da soja, baculovrus para a lagarta do cartucho do milho, alm de vriasespcies de predadores, chamados de inimigos naturais.

    H, no mercado, alguns produtos feitos com micrbios (bactrias, fungos, vrus). Eles tm a vantagem deser especficos, isto , de controlar somente o parasita, mas no os seus predadores. Por outro lado, tema desvantagem do custo e da dependncia em relao aos fornecedores. Um exemplo o Bacillusthurinigiensis. Esse inseticida age s sobre lagartas, como o curucur da couve, broca grande e pequenado tomate, broca do pepino e melo, larva minadora dos citrus, lagartas da soja, etc. um produtoencontrado no comrcio. Para que faa efeito, deve ser adicionado um espalhante adesivo que pode sergelatina (10 g de gelatina sem sabor dissolvida em 200 ml de gua quente para 20 litros de preparado)ou farinha de trigo (200 g para cada 10 litros de calda).

    8.3.6 Urina de vaca:

    Tem sido usado como fungicida. A urina de vaca prenhe coletada, armazenada em local fresco por 7 a10 dias e, ento, pulverizada sobre plantas diluda em gua a 1 % (1 litro de urina para 100 litros degua).

    8.3.7 Macerados de plantas:

    Fumo, arruda, cinamomo, urtiga, cip e outras plantas tem efeito inseticida. Coletar as folhas, picar,misturar com lcool deixar em repouso por 48 horas, coar e diluir em gua at, no mximo, 10 %. Comoatrativo da diabrotica (vaquinha ou cascudinho verde-amarelo), pode-se espalhar iscas com cip tayuy.

    ndice

    9 PRODUO ANIMAL ECOLGICA

    Para manter e aumentar a fertilidade a atividade biolgica do solo, alm das prticas de manejo ecobertura, muito importante que exista uma integrao entre a produo vegetal e a produo animal.

    Os alimentos para os animais devem ser produzidos, de preferncia, na propriedade, de forma integradaentre a produo vegetal e a animal. Dessa maneira, possvel reduzir custos, agregar valor produovegetal e reduzir a dependncia de insumos de fora da propriedade.

    9.1 Instalaes e Manejo dos Rebanhos:

    Busca-se o conforto dos animais (instalaes quentes no inverno e frescas no vero), e o fcil manejopara quem vai lidar com os animais. Os materiais para as construes, assim como para a manuteno,devem ser de baixo custo e sempre que possvel, obtidos na propriedade .

    As instalaes dos rebanhos devem ser feitas de maneira a permitir que os animais possam ter:

    a) suficiente movimentao livre;

    b) ar fresco e luz diurna natural;

    c) proteo contra temperaturas extremas, umidade e vento;

  • d) rea para repouso;

    e) amplo acesso a gua fresca e alimentos (Avancini, 1994).

    muito importante ter rvores para sombra e abrigo dos animais, na rea da pastagem ou em localprximo.

    Deve-se evitar a estabulao permanente, assim como o confinamento prolongado e a imobilizao deanimais em espaos reduzidos. Sempre que possvel evitar mutilaes como corte da cauda, dosdentes, da orelha ou bico, entre outras.

    O sistema de criao mais adequado o semi-extensivo, isto , que permite um espao mnimo para osanimais se locomover a campo permitindo, ao mesmo tempo, o bem-estar dos animais, aliado a um bomaproveitamento da rea. Um outro aspecto importante o recolhimento do esterco do local onde osanimais passam a noite, seja para produo de composto ou vermicomposto ou para utilizao diretacomo adubo orgnico, depois de estar devidamente fermentado.

    Em resumo, o importante a destacar que o sistema de produo, envolvendo o bem-estar animal, ahigiene no manejo e a forma de alimentao tm uma forte relao com a resistncia dos animais adoenas. Isso porque um animal que vive confinado, junto com uma grande concentrao de outrosanimais, fica mais perturbado, sujeito a estresse e com o sistema de defesas naturais de seu organismoenfraquecido. A essas condies rene-se uma presena elevada de parasitas ou causadores dedoenas, o que leva ao alto uso de insumos veterinrios (banhos carrapaticidas, vermfugos,desinfetantes sintticos e outros), com riscos de intoxicao para animais, ambiente e o prprio homem.

    9.2 Preveno de doenas e cura de enfermidades:

    J vimos que a sade animal depende, em grande parte, das condies de manejo e do ambiente emque os animais so criados. Mas importante estar sempre preparado para o surgimento de doenas.Algumas maneiras de fazer isso so:

    1) Evitar a ocorrncia das doenas

    a) No ambiente: Atravs de medidas de higiene (por exemplo: lavar bem as mos e o material deordenha, para evitar mamite); boa ventilao e, se possvel, entrada de sol nas instalaes, pois esteatua como um desinfetante natural;

    b) No corpo do animal: atravs de uma alimentao equilibrada e de vacinas.

    2) Interromper ciclos da doena

    a) No ambiente: Por exemplo, atravs da compostagem do esterco e da cama dos animais, e dadesinfeo dos locais contaminados ( preciso lembrar que a doena no est s nos animais, mas queos parasitas que a transmitem podem estar nas instalaes ou nos materiais de ordenha utilizados,quando no devidamente desinfetados).

    b) No corpo do animal: aqui preciso ter um certo conhecimento das doenas que podem surgir e daspossibilidades de controle. Hoje os tcnicos que seguem a linha da homeopatia veterinria tmconseguido resultados satisfatrios para vrios casos, como o controle da mosca-do-chifre, a mamite,carrapato e aumento da produo.

    A seguir, vamos falar um pouco sobre diferentes criaes que podem ser produzidas na propriedade, deforma ecolgica.

  • 9.3 Produo de carne e leite a pasto

    A maneira mais adequada de criar bovinos, seja para produzir leite ou para carne, com base no pastejodireto a campo. E, nesse caso, o melhor sistema o de Pastoreio Rotativo.

    9.3.1 Vantagens do Pastoreio Rotativo:

    a) Menor rea necessria por animal;

    b) Facilita o controle de parasitas: o carrapato e os vermes tm uma fase de vida na superfcie do solo,no caso no pasto. Trabalhos de pesquisa mostram que com o uso do Pastoreio Rotativo, ocorre umareduo em mais de 90 % dos vermes gastrointestinais nos bovinos, e que mesmo os terneiros mantm-se num nvel de contaminao abaixo do qual se recomendaria algum controle. De forma semelhante,ainfestao de carrapatos tambm fica reduzida a nveis mnimos. Nesse caso, a fmea do carrapato (quenormalmente se desenvolve no cho e sobe nas plantas presentes na pastagem para se agarrar aoanimal), no encontra o bovino no pasto, pois este j passou para outro piquete;

    c) Aumento da quantidade e da qualidade das forrageiras, evitando a sua degradao.

    9.3.2 Tipo de pastagens

    Pode-se usar todos os tipos de pastagens para o pastoreio rotativo, mas deve-se dar preferncia sespcies perenes, pelo menor custo. As espcies a ser usadas devem ter uma boa adaptao local, serrsticas e de fcil e rpida multiplicao. Entre elas, as mais usadas so: gramas Tifton 85, Tifton 68,Capim Tanznia, Hemrtria, Capim Flora Kirk, Capim Elefante, Trevos (Branco, Vesiculoso e Vermelho),Aveia, Azevm e Cornicho.

    9.3.3 Escolha da rea:

    A rea a ser escolhida para a implantao do sistema de Pastoreio Rotativo deve:

    - Ter boa fertilidade;

    - Localizar-se prximo da sala de ordenha (no caso da produo de leite);

    - Permitir fcil acesso a sombra e gua;

    - De preferncia, estar livre de inos.

    9.3.4 Manejo:

    a) rea mnima necessria por animal: varia de acordo com os fatores de produo de pasto (tipo efertilidade do solo, espcie de pastagem, quantidade, etc.), que vo determinar a quantidade de massaverde disponvel para pastejo. De uma maneira geral, para pastagens cultivadas e usando o pastoreiorotativo, a rea mnima por animal adulto varia de 40 a 60 metros quadrados por hectare, como ponto departida. medida que o sistema for sendo implantado, o tamanho do piquete deve ser ajustado com adisponibilidade diria de pastagem;

    b) nmero de piquetes: deve ser de, pelo menos, 30 piquetes, permitindo assim a recuperao do pastoe do solo no perodo de intervalo. Os mesmos podem ser feitos com cerca eltrica, usando arame liso;

    c) Iniciar o pastoreio quando a pastagem estiver na altura de 20 a 25 cm (para gramas) ou de 1,0 m paracapim elefante;

  • d) Tempo de permanncia dos animais em cada piquete: 01 dia, para permitir o consumo do pasto nomelhor ponto e evitar o pastoreio do rebrote. Recomenda-se que os animais permaneam noite nopiquete para aumentar a quantidade de esterco e urina no pasto;

    e) Manter a fertilidade com adubos orgnicos, fosfatos naturais e sulfato de potssio;

    f) Permitir o acesso fcil dos animais a gua, sombra e sal mineral.

    IMPORTANTE:

    v Algumas espcies, como o besouro conhecido como "vira-bosta", so extremamente sensveis aosagrotxicos ou medicamentos, morrendo ou afastando-se quando estes so utilizados. Ocorre que essesbesouros tm um papel muito til para a decomposio dos pequenos montes de esterco fresco que osanimais espalham ao longo da pastagem, fazendo-os desaparecer rapidamente. Isso ajuda a reduzir aocorrncia da mosca-do-chifre e de vermes gastrointestinais. Sem essa decomposio, acabamcrescendo pequenas "ilhas" de pasto que fica pr trs no pastejo, pois o gado no come o capimenquanto o esterco no tiver sido decomposto.

    9.4 Produo de frango colonial

    9.4.1 Vantagens

    O que a galinha procura quando bica? Essa pergunta vrios pesquisadores j se fizeram, mas no sesabe exatamente a resposta. Ofato que galinhas criadas soltas ou semi-confinadas, produzem ovosmais nutritivos que os "de granja" e uma carne mais "firme" e saborosa. Tambm no existe necessidadede usar uma srie de antibiticos que so usados na rao para aves confinadas. O custo dasinstalaes bem mais baixo do que em avirios confinados.

    9.4.2 Manejo

    Nesse sistema, a criao pode ser dividida em duas partes, sendo uma para cria e outra paraterminao. A primeira fase comea com o recebimento dos pintos e termina em torno dos 28 a 30 diasde idade. Nessa fase os procedimentos so parecidos com os dispensados aos demais tipos de frangosem sua fase inicial, devendo os pintos ter procedncia conhecida, vacinados e receber aquecimento nosprimeiros dias. A segunda fase tem incio aos 28 dias e vai at o abate das aves, por volta dos 85 diasde idade. Nessa fase podero ser oferecidos grostriturados ou inteiros, sementes, batata e mandiocapicados, restos de hortalias e frutas (Fonte: EMBRAPA,1999. Folder).

    A rea deve ser cercada (com tela ou taquara), com um espao de 10 metros quadrados por ave adulta. importante que no local tenha uma boa quantidade de grama ou outra pastagem (quicuio, bermuda,etc). De preferncia, o poleiro deve ser mvel, para poder trocar de lugar de tempos em tempos(aproximadamente a cada dois meses), para permitir a recuperao do solo e da pastagem.

    As galinhas poedeiras tambm devem ter acesso a pastagens, com sistemas de rodzio e com abrigos.

  • Fonte: EMBRAPA, 1999. Folder

    9.5 Produo de sunos a campo:

    A melhor maneira de produzir sunos a campo atravs do chamado SISCAL _ Sistema Intensivo deSunos Criados ao Ar Livre. Este sistema tem a principal vantagem de exigir um menor custo cominstalaes para a produo de sunos. Os sunos so mantidos em piquetes nas fases de reproduo,maternidade e creche, cercados com fios ou telas de arame eletrificados com corrente alternada. Asfases de crescimento e terminao (aproximadamente dos 25 aos 100 kg de peso vivo) ocorrem emsistema confinado.

    9.5.1 Vantagens do SISCAL

    --> Baixo custo com:

    implantao (45 % do valor gasto no sistema confinado);

    Manuteno

    Produo

    Medicamentos

    --> Facilidade de:

    Implantao

    Ampliao

    --> ndices tcnicos semelhantes aos obtidos no sistema confinado. (EMBRAPA Sunos e Aves, s/d.Folder).

    9.5.2 rea necessria por suno:

    Matrizes e reprodutores: 900 m de rea por animal (subdvidida em 4 a 6 piquetes);

    Leites: 50 m de rea por leito, subdividida em dois ou mais piquetes.

  • Cabanas e comedouros:

    Devem ser leves, resistentes e mveis. (Fonte: EMBRAPA Sunos e Aves, s/d. Folder).

    9.5.3 Local para instalao:

    A rea para instalao do SISCAL deve ter uma baixa declividade (existem recomendaes de at 20%,mas o ideal que no seja superior a 5 %) Os solos devem ter boa capacidade de drenagem e estarcobertos com forrageiras resistentes ao pisoteio dos sunos (por exemplo: bermuda, hemartria,pensacola e grama de jardim) muito importante observar estas condies, para evitar problemas dedegradao e eroso do solo.

    Os bebedouros devem ser instalados na parte mais alta dos piquetes, fixos e protegidos dos raiossolares.

    Importante:

    O agricultor interessado em instalar uma criao de sunos ao ar livre deve antes buscarorientao tcnica e, de preferncia, visitar antes um sistema semelhante que j esteja emfuncionamento. Lembre-se: o SISCAL exige um bom planejamento antes da implantao e ummanejo adequado durante a execuo. Do contrrio, os riscos de degradao ambiental (solos,rvores, etc.) so altos e podem inviabilizar o projeto. No planejamento, importante implantar apastagem com bastante antecedncia, de modo a garantir uma boa cobertura e enraizamento dapastagem anteriormente colocao dos animais na rea.

    A CAMA SOBREPOSTA COMO OPO

    NA CRIAO DE SUNOS

    Ao invs de se trabalhar com o esterco lquido, existem maneiras de manej-lo seco. Uma forma, a cama sobreposta que consiste na criao de sunos sobre camas de material absorvente, queno permitem o escoamento de dejetos para fora do galpo, semelhana de como feito comaves. Podem ser usados resduos agrcolas,