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São João del-Rei I. HISTÓRIA II. DISTÂNCIA DE SÃO JOÃO DEL-REI A OUTRAS CIDADES III. SÃO JOÃO DEL-REI, A TERRA ONDE OS SINOS FALAM IV. CURIOSIDADES SOBRE SÃO JOÃO DEL-REI V. LENDAS SÃO-JOANENSES VI. MONUMENTOS RELIGIOSOS EM SÃO JOÃO DEL-REI VII. MONUMENTOS CIVIS EM SÃO JOÃO DEL-REI VIII. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI I. HISTÓRIA O antigo Arraial Novo do Rio das Mortes deu origem á cidade de São João del-Rei. Os primeiros sinais de ocupação do arraial remontam a 1704, quando o paulista Lourenço Costa descobre ouro no ribeirão de São Francisco Xavier, ao norte da encosta da Serra do Lenheiro. Nessa época, Lourenço Costa trabalhava com escrivão no Porto Real da Passagem, local onde Antônio Garcia da Cunha, genro e sucessor de Tomé Portes del-Rei, explorava a travessia do rio das Mortes. Com a descoberta, as terras são distribuídas a várias pessoas que começam a explorar as margens do ribeirão. Pouco tempo depois, o português Manoel José de Barcelos encontra mais ouro na encosta sul da Serra do Lenheiro, num local chamado Tejuco. Aí se fixa o primeiro núcleo de povoamento que daria origem ao Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, mais tarde Arraial Novo do Rio das Mortes. Como outros arraiais mineradores, o povoado surge a partir de uma capela erguida em devoção à Nossa Senhora do Pilar, ao redor da qual vão se ficando bandeirantes e aventureiros que chegam à região atraídos pelo ouro. A cada dia mais uma casa de taipa é levantada e, aos poucos, novas capelas e moradias vão formando outros aglomerados urbanos. As rivalidades e a disputa pela posse de datas auríferas geram conflitos permanentes que culminam na Guerra dos Emboabas. Eram chamados emboabas os que não haviam nascido na capitania de São Vicente, hoje São Paulo, e que, para os paulistas, não deviam receber terras em Minas Gerais. O conflito teve como causas principais a exploração do ouro e o direito de posse dos novos territórios conquistados. Assim, entre 1707 e 1709 paulistas revoltam-se contra os forasteiros, em sua maioria portugueses, que, liderados pelo comerciante Manuel Nunes Viana, saem vitoriosos do movimento. Já bastante próspera, em 1713 a localidade é elevada a vila e recebe o nome de São João del- Rei, em homenagem a Dom João V, rei de Portugal. No ano seguinte é nomeada sede da Comarca do Rio das Mortes. Desde os tempos de sua formação, desenvolve-se aí uma vasta produção mercantil e de gêneros alimentícios, resultantes tanto da atividade agrícola quanto da pecuária. Essa faceta vai possibilitar o contínuo crescimento da localidade, que não sofre

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São João del-Rei

I. HISTÓRIA

II. DISTÂNCIA DE SÃO JOÃO DEL-REI A OUTRAS CIDADES

III. SÃO JOÃO DEL-REI, A TERRA ONDE OS SINOS FALAM IV. CURIOSIDADES SOBRE SÃO JOÃO DEL-REI V. LENDAS SÃO-JOANENSES

VI. MONUMENTOS RELIGIOSOS EM SÃO JOÃO DEL-REI

VII. MONUMENTOS CIVIS EM SÃO JOÃO DEL-REI

VIII. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

I. HISTÓRIA

O antigo Arraial Novo do Rio das Mortes deu origem á cidade de São João del-Rei. Os primeiros

sinais de ocupação do arraial remontam a 1704, quando o paulista Lourenço Costa descobre

ouro no ribeirão de São Francisco Xavier, ao norte da encosta da Serra do Lenheiro. Nessa

época, Lourenço Costa trabalhava com escrivão no Porto Real da Passagem, local onde

Antônio Garcia da Cunha, genro e sucessor de Tomé Portes del-Rei, explorava a travessia do

rio das Mortes.

Com a descoberta, as terras são distribuídas a várias pessoas que começam a explorar as

margens do ribeirão. Pouco tempo depois, o português Manoel José de Barcelos encontra mais

ouro na encosta sul da Serra do Lenheiro, num local chamado Tejuco. Aí se fixa o primeiro

núcleo de povoamento que daria origem ao Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, mais

tarde Arraial Novo do Rio das Mortes.

Como outros arraiais mineradores, o povoado surge a partir de uma capela erguida em

devoção à Nossa Senhora do Pilar, ao redor da qual vão se ficando bandeirantes e aventureiros

que chegam à região atraídos pelo ouro. A cada dia mais uma casa de taipa é levantada e, aos

poucos, novas capelas e moradias vão formando outros aglomerados urbanos.

As rivalidades e a disputa pela posse de datas auríferas geram conflitos permanentes que

culminam na Guerra dos Emboabas. Eram chamados emboabas os que não haviam nascido na

capitania de São Vicente, hoje São Paulo, e que, para os paulistas, não deviam receber terras

em Minas Gerais. O conflito teve como causas principais a exploração do ouro e o direito de

posse dos novos territórios conquistados. Assim, entre 1707 e 1709 paulistas revoltam-se

contra os forasteiros, em sua maioria portugueses, que, liderados pelo comerciante Manuel

Nunes Viana, saem vitoriosos do movimento.

Já bastante próspera, em 1713 a localidade é elevada a vila e recebe o nome de São João del-

Rei, em homenagem a Dom João V, rei de Portugal. No ano seguinte é nomeada sede da

Comarca do Rio das Mortes. Desde os tempos de sua formação, desenvolve-se aí uma vasta

produção mercantil e de gêneros alimentícios, resultantes tanto da atividade agrícola quanto

da pecuária. Essa faceta vai possibilitar o contínuo crescimento da localidade, que não sofre

grandes perdas com o declínio da atividade aurífera, verificado em toda a Capitania das Minas

Gerais a partir de 1750.

Nessa época a crise do sistema colonial agrava-se. A exploração do ouro entra em franca

decadência e a Coroa Portuguesa continua a exigir pesados impostos da população. Essa

situação conflitante faz crescer o nível de consciência de setores intermediários da sociedade,

levando padres, militares, estudantes, intelectuais e funcionários das principais vilas mineiras,

como São João del-Rei, Tiradentes e Vila Rica, a conspirar contra a metrópole.

Em poucos anos o movimento, conhecido com Inconfidência Mineira, toma corpo e ganha

adeptos em cada arraial e vila da Capitania das Minas Gerais. Grandes planos são traçados

tendo em vista a produção de bens de consumo aliada à liberdade comercial, o que descartaria

a política monopolizadora da metrópole. A Vila de São João del-Rei é escolhida para abrigar a

nova capital. Porém, em 1789, o movimento é frustrado pela denúncia do coronel Joaquim

Silvério dos Reis, devedor de somas altíssimas à Fazenda Real.

Graças à vocação comercial de São João del-Rei, a sua feição colonial não é a mesma das

demais vilas mineradoras da época. Já em princípios do século XIX, ela se mostra amadurecida

comercialmente: lojas instaladas em elegantes casarões oferecem todo tipo de mercadoria,

desde as produzidas na comarca até as importadas. O movimento de passantes, caixeiros-

viajantes, mulheres e crianças circulando pelas ruas confere-lhe uma aspecto alegre e colorido.

Também é precoce o surgimento da imprensa, assinalado pela fundação, em 1827, do “Astro

de Minas”, o segundo jornal de Minas Gerais na época.

Em 1838ª progressista Vila de São João del-Rei torna-se cidade. Nessa época possuía cerca de

1.600 casas, distribuídas em 24 ruas e 10 praças. Ainda no século XIX contava com casa

bancária, hospital, biblioteca, teatro, cemitério público construído fora do núcleo urbano, além

de serviços de correio e iluminação pública a querosene.

Desenvolve-se, ainda mais, com a inauguração, em 1881, da primeira seção da Estrada de

Ferro Oeste-Minas, que liga as cidades da região a outros importantes ramais da Estrada de

Ferro Central do Brasil. Em 1893 a instalação da Companhia Industrial São Joanense de Fiação

e Tecelagem traz novo impulso à economia local, a tal ponto que a cidade é novamente

indicada para sediar a capital de Minas Gerais. Em junho do mesmo ano o Congresso Mineiro

Constituinte aprova, em primeira discussão, a mudança da capital para a região da Várzea do

Marçal, subúrbio de São João del-Rei. Mas, numa segunda discussão, o projeto inclui

Barbacena e também Belo Horizonte, um planalto localizado no Vale do Rio das Velhas, onde

existia o antigo Arraial do Curral del-Rei.

Com a escolha da região do Curral del-Rei, em dezembro de 1893, a importância econômica de

São João del-Rei diminui gradativamente. Mas a cidade não perde seu charme colonial, sendo

motivo de atenção dos modernistas brasileiros, que a visitam em 1924. Ela é registrada na

obra de algumas das figuras mais representativas do movimento, como a pintora Tarsila do

Amaral e o escritor Oswald de Andrade. Em 1943 seu acervo arquitetônico e artístico,

composto por importantes edificações civis e religiosas, é tombado pelo Serviço do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional – Sphan.

A formação peculiar da cidade, que evoluiu de arraial minerador para importante pólo

comercial da região do Campo das Vertentes, é responsável por sua característica mais

interessante: uma mescla de estilos arquitetônicos quem tem origem na arte barroca, passa

pelo ecletismo e alcança o moderno. Em São João del-Rei é possível apreciar a evolução

urbana de uma vila colonial mineira, cujo núcleo histórico permanece bastante preservado, em

harmonia com as construções ecléticas do século XIX e as mudanças ocorridas no século XX.

Referência: http://www.sjdr.com.br/ Acessado em 18/05/2015

II. DISTÂNCIA DE SÃO JOÃO DEL-REI A OUTRAS CIDADES

Distâncias em Km

Belo Horizonte 197

Congonhas 106

Ouro Preto 235

Mariana 247

Tiradentes 14

Diamantina 489

Juiz de Fora 164

Brasília 913

Rio de Janeiro 350

São Paulo 473

Referência: http://www.carlosraposo.com.br/sitesjdr/html/historia.html Acessado em

18/05/2015

III. SÃO JOÃO DEL-REI, A TERRA ONDE OS SINOS FALAM

Típico Sino são-joanense

Não é à toa que São João del-Rei é chamada de "Terra onde os sinos falam" pois é a única cidade no Brasil onde os sinos ainda são ouvidos de dia e de noite com tantas variedades de toques. Muitos desses toques vieram de Portugal, trazidos pelos colonos. Em 1740 foi trazido um toque do vaticano criado pelo Papa Bento XIV e colocado em vigor pelo Bispo de Mariana em 1757, o toque que relembra a morte do Senhor, toque ainda executado nos dias de hoje. Muitos outros toques foram criados pelos próprios sineiros, uma tradição passada de pai para filho. É certo que a falta de rádio, televisão, telefone e outros sistemas de comunicação rápida foram os principais elementos para a criação da linguagem dos sinos de São João del-Rei e de todas as outras cidades do mundo que usaram ou ainda usam este "meio de comunicação".

Cada sino tem um nome, uma história, um som. Existem variadas modalidades de toques: Dobre Simples ocorre quando o sino cai pelo lado em que está encostado o badalo, ocasionando uma só pancada em cada movimento; Dobre Duplo quando o sino cai pelo lado contrário ao que está encostado o badalo provocando duas pancadas em cada

movimento; Repiques são o movimento feito somente pelo bater dos badalos, com o sino parado.

A Linguagem dos Sinos

A seguir são apresentados alguns acontecimentos e os respectivos toques de sino.

1 - Aviso de Missas Meia hora antes da hora marcada para a celebração e quinze minutos também, é dado o toque no sino pequeno, em pancadas seguidas (18 ou mais). No final do toque de entrada, as pancadas espaçadas indicam quem será o celebrante:

3 pancadas - o coadjutor 4 pancadas - o vigário 5 pancadas - o bispo 7 pancadas - o arcebispo

metropolitano

Todo sino tem seu nome

fundido

Se a missa for festiva, repique depois da entrada e, no final, a indicação do celebrante. Se houver sermão em missa cantada, há dobre do sino grande. - na hora da Consagração, uma pancada em cada sino. - na hora da elevação, depois da Consagração, repique ligeiro - no final da missa, repique - havendo Bênção do Santíssimo, em qualquer situação, haverá repique no meio do "Tantum-Ergo" e reique ligeiro e baixo durante a bênção.

2 - Novenas e Mês de Maio Repiques às 12:00 h, 15:00 h e 18:00 h. Terminado o ato, repique e depois o toque de "Almas" no sino grande (9 pancadas espaçadas).

3 - Chamadas de Irmãos Para enterros ou procissões: 18 pancadas ou mais no sino grande - para eleições ou definitórios: 9 pancadas no sino grande, 1 hora, 30 minutos e 15 minutos antes do horário estabelecido.

4 - Festa em Homenagem aos Santos Na véspera da festa de um santo que vai ser homenageado repique às 20:00 horas, no sino grande, com dobre na igreja onde vai ser realizada a festa.

5 - Finados Na véspera de "finados", às 12:00 e 20:00 horas, dobre de defuntos (1 pancada em todos os sinos) - no dia de "finados", dobre de duas pancadas na hora da celebração da Missa - às 12:00, 15:00 e 18:00 horas dobres em todas as igrejas - nas vésperas de aniversários dos mortos de cada Ordem ou Irmandade, haverá dobre de defuntos (2 pancadas) às 20:00 horas. - na hora da Missa e do Liberta-me, haverá dobre.

6 - Enterro de Irmãos

homens: 3 dobres e 1 pancada mulheres: 2 dobres e 1 pancada crianças (menos de 7 anos): repique festivo na hora do enterro se o homem foi mesário, dobre na hora em que se tomou conhecimento do

falecimento e na hora do enterro (3 dobres e 2 pancadas) se a mulher foi mesária, dobre na hora em que ser tomou conhecimento do

falecimento e na hora do enterro (2 dobres e 2 pancadas) se o irmão prestou grandes serviços à Ordem ou Irmandade, dobres até de hora em

hora, a critério da Mesa falecimento do Papa: dobre de hora em hora em todas as igrejas falecimento do Bispo: dobre de 3 em 3 horas falecimento do Vigário: dobre de 4 em 4 horas falecimento do Padre: 5 dobres

NOTA: os dobres de Papa, Bispo, Vigário e Padre são feitos em sentido contrário, ou seja, começam pelo sino grande, seguem pelo médio e terminam no pequeno.

7 - Agonia No sino da Ordem ou Irmandade onde o moribundo é irmão 9 pancadas no sino médio, bem espaçadas, de 15 em 15 minutos (não se usa mais este toque hoje em dia).

8 - Incêndio Rebate-pancadas no sino grande, seguido do médio, ligeiras com pequenos intervalos.

9 - Natal Dia 24, às 22:00 h, dobres. Às 23:00 e 23:30, "Entrada" Finda a Missa, repique.

10 - Passagem de Ano Havendo missa, obedece às mesmas disposições do dia de Natal.

11 - Quaresma Na igreja onde houver "via-sacra", dobre às 15:00 e 18:00 horas, 1 pancada no sino médio - durante a "via-sacra", uma pancada no sino médio cada vez que mudar de estação - na décima estação, três dobres, indicando a morte de Cristo.

12 - Semana Santa Na quinta feira santa, depois do Glória da Missa de Instituição da Eucaristia até o Glória da Ressurreição, nenhum sino toca, seja qual for o motivo. Na Ressurreição tocam todos os sinos de todas as igrejas (toques festivos).

Referência: http://www.sjdr.com.br/ Acessado em 18/05/2015

IV. CURIOSIDADES SOBRE SÃO JOÃO DEL-REI

Como toda cidade, principalmente as mais antigas, o que mais existe são as curiosidades. São João del-Rei se encaixa neste grupo de cidades cheias de curiosidades.

Abaixo estão algumas curiosidades:

Toda cidade antiga tem suas lendas e São João del-Rei não foge desta regra, mas são tantas lendas, que foi preciso escrever um livro para contá-las. Lincoln de Souza escreveu o livro "Contam que...", onde ele conta 12 lendas, as mais famosas de São João del-Rei.

Todos os sinos têm nome e em 1930 o "Jerônimo", um sino, foi preso e condenado à

fundição porque matou o sineiro com uma pancada. De seu bronze nasceu o "Francisco", que badala naIgreja de São Francisco de Assis.

São João del-Rei é a única cidade do mundo onde ainda existem locomotivas Baldwin em operação.

São João del-Rei era o maior vendedor de sal da província de Minas Gerais. Ele era trazido e refinado, vinha do Rio de Janeiro em bestas, dentro de bruacas e só passou a vir dentro de vagões fechados pela EEFOM - Estrada de Ferro Oeste de Minas depois de 1881, quando a rede ferroviária aqui se instalou.

Com suas doze janelas, doze portas e três balcões de ferro, o sobrado onde nasceu Tancredo Neves (ex-presidente do Brasil), e serviu de cenário para a sua infância, ficava à esquina da rua Getúlio Vargas e Artur Bernardes, hoje só restam as cinzas, pois um incêndio destruiu-o completamente no ano de 1995.

Em 1817, o cientista austríaco Johann E. Pahb considerou a vila "uma das mais limpas e hospitaleiras que conheceu no Brasil". No mesmo ano, Saint Hilaire louvou sua localização e aspecto agradável.

Foi São João del-Rei a 4ª Vila do Ouro de Minas Gerais

A 2ª Cadeia Pública de São João del-Rei foi constuída em 1737 onde atualmente é o Museu de Arte Sacra. Em frente fica a Capela da Piedade, construída para que os presos pudessem assistir às missas aos domingos de uma das 5 janelas da cadeia.

No Museu de Arte Sacra está a capela onde Tiradentes foi batizado.

Tancredo Neves foi: Sineiro, Advogado, Promotor, Pós Graduado em Economia, Vereador, Presidente da Câmara Municipal, Prefeito Interino, Constituinte em Minas Gerais, Deputado Estadual, Deputado Federal, Ministro do Interior e da Justiça, Primeiro Ministro, Senador, Governador de Minas Gerais e Presidente da República.

Em 6 de janeiro de 1918 a empresa Faleiro inaugurou um novo Pavilhão aos fundos do Teatro Municipal, no local onde esta mesma firma manteve um ringue de patinação, algo que não se vê mais nem nos dias de hoje.

Durante a Quaresma, a Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos vive os sofrimentos de Jesus Cristo, antecipando, portanto, parte da Semana Santa em São João del-Rei. Um caso único em toda a igreja católica.

O filme Uma professora muito maluquinha foi gravado em São João del-Rei.

Trailer https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=erhExn_nYVc Referência: http://www.sjdr.com.br/ Acessado em 18/05/2015

V. LENDAS SÃO-JOANENSES

1. CRIANÇA DESAPARECIDA

Em vão, durante todo o dia, aquele bando de escravos varava campos e matas, em todas as direções, à procura do filho mais novo dos senhores, que desde cedo desaparecera.

Durante a tarde inteira brincara com os irmãos, no pátio da fazenda - dizia-se - depois se afastara para os lados da senzala e, daquele momento em diante, ninguém mais lhe soube o paradeiro.

A noite, após baldada busca, em intervalos mais ou menos longos, de hora em hora assomava à velha porteira da fazenda um escravo cansado, faminto, coberto de pó, julgando que outro companheiro mais feliz já houvesse encontrado e conduzido a casa o pequeno fugitivo. Era, porém, grande a surpresa quando iam ficando a par da triste realidade.

E todos foram voltando, todos - até o último... Desceram ao fundo dos precipícios, galgaram serras, percorreram capoeiras e selvas, foram até a pirambeira perto da lavoura de café, sondaram todos os fundões do córrego, indagaram dos lavradores da redondeza, dos tropeiros da estrada: tudo inútil. Ninguém o encontrara, ninguém o vira, ninguém!

A agonia da pobre mãe, mais do que a do pai, era indescritível. Soluçava, rezava, alucinada. Queria o filho, vivo ou morto, fosse como fosse - queria-o! "Procuras-em-no mais, toda a vida, sempre!..." - exclamava num pranto lancinante. Não, não era possível, Deus, aquele pequenino anjo de três anos, perdido na noite imensa, na mata imensa, povoada de felinos sanguinários! ... E, quando, com infinita dificuldade, a impediam de sair, como uma louca, para talvez lançar-se no despenhadeiro da divisa, eis que ouviram, lá fora, uma voz débil, quase imperceptível, de criança. Era ele! Era ele que voltava, assim mesmo como pela manhã, lindo, limpo, cabeceando de sono e pedindo à mãe que o fizesse dormir.

Em vão, crivaram-no de perguntas.

- Foi uma moça, mãe... - e não sabia dizer mais nada.

No domingo seguinte, toda a família dirigiu-se ao arraial para, como de costume, ouvir missa. Penetraram no modesto templo rural. Desta vez cem mais fervor, porque iam dar também graças a Deus pelo verdadeiro milagre, que fora a reconquista do ente querido já dado como morto.

Na igreja, os olhinhos espertos do garoto passeavam distraídos pelos anjos dourados das paredes, pelos painéis apocalípticos do fôrro, pelos ornamentos fulgurantes dos nichos... Eis senão quando, cheios de infantil surpresa, viram lá longe, lá longe...

-Mãe!... - e puxou-lhe de leve o vestido de cassa. - Olha: está lá a moça que me levou para casa!

- Onde, meu filho? Onde? E levantou depressa a vista do rosário, na ânsia de conhecer a criatura que, de tão nobre, nem lhe quisera aparecer para o abraço comovido de gratidão.

- Está lá, mãe... lá em cima... Olha!...

E o pequenino indicador do inocente, com assombro de todos, apontou, no altar-mor, a imagem de Nossa Senhora das Graças que, no seu nicho todo azul, banhada na luz pálida dos círios, envolta em seu manto de estrelas, parecia sorrir...

2. O SEGREDO

No pequeno sobrado em que funcionou, há tempos, um departamento do Ministério da Agricultura, situado atrás da igreja de São Gonçalo Garcia, residia outrora um opulento capitalista, de nome Rogério, casado com uma senhora cuja perversidade era o terror da mísera escravaria às suas ordens.

Entre os escravos havia uma jovem mulata chamada Julieta, cuja beleza e juventude alvoroçaram, logo que chegou, os sentidos do senhor, homem forte, másculo e ainda relativamente moço.

A maneira branda por que, desde o primeiro dia, começou a tratar a nova escrava, despertou incontinente os ciúmes da esposa, dona Jacinta, que exigiu o mais depressa possível a venda da rapariga, com o que não concordou Rogério, visto as razões secretas que tinha para conservá-la em seu poder.

Suspeitando do esposo, pôs-se dona Jacinta a espioná-lo, habilmente, e foi sem grande dificuldade que ficou sabendo que Julieta era algo mais do que simples escrava...

Não deu a menor demonstração do que acabava de verificar. Tornou-se até mais carinhosa para com o marido, a quem, dali por diante, deixou de falar na venda de Julieta.

Um mês depois, Rogério fazia anos. A mulher quis, ela própria, fazer o jantar. Aliás, não foi um jantar apenas melhorado que dona Jacinta apresentou no dia, mas um verdadeiro banquete. Era grande a variedade de pratos que enchiam a mesa, mas, entre todos, aquele de que mais gostou Rogério foi um de picadinho de coração, muito de seu agrado e de que só ele comeu e repetiu mais de uma vez, deliciado.

Findo o repasto, horas depois, precisou de Julieta. Chamou-a em voz alta. Não teve resposta. Estaria no quintal? Gritou da varanda, com mais força. A rapariga não respondia. Mandou que a procurassem. Ninguém a encontrou. Desconfiado de que a mulher a tivesse vendido à sua revelia, interpelou-a ardilosamente:

- Será que a mandaste a alguma parte, Jacinta?

- A Julieta?

- Sim, a Julieta! - exclamou Rogério, já de mau humor.

- Bem, o coração tu o jantaste... O resto não sei... pergunta ao Bento...

* Tudo fora feito em segredo: o assassínio, a abertura do peito, a retirada do coração, com a desgraçada ainda viva, fortemente amarrada e com a boca entupida de pano, para que não se ouvissem seus gritos. Em seguida, o enterro ali mesmo, onde se consumara o hediondo crime.

Os escravos sabiam que Julieta tinha ido, durante o dia, com a senhora e o Bento - escravo mau, que aplicava os castigos - para uma capoeira próxima da cisterna. Depois disso, nunca

mais a viram. Curiosos, perguntaram ao odiado companheiro e algoz o que tinham ido fazer os três no lugar de onde não mais voltara a bonita mulatinha.

- Ali há um segredo. . Não posso dizer... Pagaria com a vida...

E o local da tragédia ficou sendo, para os escravos, O Segredo, - denominação esta que, mais tarde, se estendeu aos arredores e até hoje se conserva.

3. A CASA DA PEDRA

Era naqueles velhos tempos coloniais em que paulistas e portugueses - estes apelidados emboabas, uns ao norte e outros ao sul, rasgavam a extensa província das Minas Gerais, à cata do ouro.

Em São João del-Rei, emboabas e paulistas, cada qual de seu lado e por sua conta, se entregavam à mineração aurífera, sendo capitão-mor, na época, Diogo Mendes que, em companhia da filha e de Fernando, seu sobrinho e secretário, residia no local que é hoje o arraial de Matosinhos.

Entre os paulistas - segundo conta Bernardo Guimarães em seu livro "Maurício ou os Paulistas em São João del-Rei" - havia um, de nome Gil, rapaz antes trabalhador, mas desprotegido da fortuna, que passou a enriquecer a olhos vistos, depois que foram para sua companhia um bugre, por ele salvo da morte após um sério conflito entre paulistas e aborígines, chamado Irabuçu, e Judaíba, sua filha.

Propalava-se que Irabuçu sabia de uma fabulosa mina onde, diariamente, apanhava ouro aos punhados, para levar ao seu salvador. Um dos portugueses pelos patrícios apelidado Minhoto, que votava a Gil ódio tremendo, entendeu de deitar as mãos ao velho índio, auferindo com isso dois proveitos: - ficar senhor da mina, aonde o selvagem o conduziria sob ameaça de morte, e fazer mal ao inimigo, estancando-lhe a fonte de riqueza.

Sem demora, tratou de pôr em execução o plano que havia traçado. Aliciou patrícios, que

sitiaram o índio, quando uma tarde partia para a mina, mas este desapareceu como por encanto sob uma moita, de onde saiu, numa carreira fantástica, um enorme gato do mato, que pôs os portugueses em debandada, julgando o índio transformado em animal. Outras ciladas lhe preparou o Minhoto, mas em vão. Irabuçu, cercado no campo, sem possibilidade de escapar, quando todos o imaginavam seguro, desaparecia misteriosamente. Ninguém mais, então, queria saber de capturá-lo, julgando-o pactuar com o demônio. À vista disso, o Minhoto foi à casa do capitão-mor, a fim de, com a gente deste, destemida e bem municiada, aprisionar Irabuçu, repartindo entre ele, o capitão-mor e o secretário o ouro recolhido da mina.

Recebeu-o Fernando, o qual, depois de o ouvir com interesse, fê-lo ciente de que o ouro da mina seria todo de el-rei, não cabendo a ele Minhoto, um grão sequer. E sem reparar no desespero do patrício, que se julgava miseravelmente roubado, deu ordens para que lhe trouxessem Irabuçu, a fim de que este revelasse local da mina de onde saia o ouro, sem que a el-rei fosse ter o devido quinto.

Preso Irabuçu e levado à presença do capitão-mor e sua gente, negou-se ele a fazer qualquer declaração a respeito, muito menos a levá-los à mina. Ameaçaram-no de suplícios horríveis e, por fim, de morte. Nada o demovia de sua firme decisão. Foi só ante a ameaça de torturarem sua filha Judaíba que Irabuçu aquiesceu...

Amarrado como uma fera, lá foi ele, o pobre velho, escoltado por seis portugueses, armados até os dentes, em direção ao fabuloso Sésamo.

Depois de penosa caminhada de léguas e léguas, feita com o propósito de despistá-los,porquanto a mina distava da povoação apenas alguns quilômetros, chegaram, por fim, ao cair da noite, em frente a uma grande furna muito alta, cujo interior...

Cedamos, porém, a pena a Bernardo Guimarães, que vai, no seu estilo vigoroso, descrevê-la e narrar a trágica aventura dos portugueses e do índio no interior dessa furna, conhecida hoje por Casa da Pedra:

"Irabuçu acendeu na fogueira o seu archote e foi entrando pela caverna. Os emboabas o acompanharam de perto, benzendo-se e rezando quanta oração sabiam.

Para fora da lapa nada mais se via; a escuridão da noite, que começava a descer, e a fumaça da fogueira tudo escondiam. Estavam segregados completamente da luz do céu, e franqueavam os lôbregos umbrais do reino das trevas.

Acompanhemo-los e vamos também admirar, à luz do archote de Irabuçu, as maravilhas dessa imensa e misteriosa gruta.

O pavimento é plano, liso, coberto de areia e de folhiço, como um solo de aluvião; os emboabas penetram com facilidade pela gruta a dentro. Logo à entrada, entre os brancos pilares da arcada imensa, que serve de pórtico aos outros, observa-se um curioso e estupendo fenômeno, Um enorme rochedo está como pendurado da abóbada, à semelhança de lustre colossal, colocado à entrada daquele templo subterrâneo. Mas o monstruoso lustre está envolto em crepe pardacento, suas luzes estão extintas, e é mister brandir o archote em volta dele para admirar-lhe as dimensões titânicas, e ver como se acha preso à cúpula por um ligamento proporcionalmente tão delgado, que faz estremecer. Está ali como a espada de Dâmocles, suspensa por um fio, aquela massa enorme de milhares de quintais, como ameaçando esmagar, pulverizar com sua queda os imprudentes mortais que ousarem passar-lhe por baixo, para devassarem os mistérios daqueles áditos tenebrosos.

Mas Irabuçu e seus companheiros não estão ali para admirar semelhantes maravilhas; passam por debaixo do imenso candelabro sem prestar-lhe atenção, internam-se mais alguns passos, e acham-se no recinto de um vasto salão, amplo e circular, à maneira da nave de magnífica rotunda. Curvava-se sobre suas cabeças uma abóbada de pasmosa elevação, e, de profunda que era, mal seria apercebida ao fraco clarão do archote, se não fora o cintilar das pedras úmidas, polidas e ponteagudas, de que estavam crivados o teto e as paredes da gruta.

A luz daquele archote demasiado escassa para alumiar tão vasto recinto, o interior da lapa, já de si mesmo curioso e surpreendente, tomava um aspecto solene e fantástico, que inspirava, a um tempo, pavor e assombro. Os muros e a abóbada pareciam cobertos de ornatos e esculturas caprichosas, de frisos, relevos, cornijas, colunas, nichos e volutas em desordenada profusão. Aqui via-se um altar mutilado; ali cavava-se no muro um trono em ruínas; além ressaltava da parede um magnífico púlpito; mais além um renque de colunas decepadas se estendiam a perder-se na escuridão. E tudo isso se revestia de brilhantes e variadas cores

reverberando à luz do facho com reflexos de ouro e rubis, de esmeralda e safira, de topázio e ametista.

Era uma gruta de estalactites, curioso brinco, em que a natureza parece comprazer-se dando as mais singulares e caprichosas figuras a essas rochas formadas no côncavo das cavernas pela congelação de gotas de águas infiltradas durante séculos através das fendas dos rochedos.

Além de tudo isso, uma multidão de cordas de grossura enorme descendo perpendicularmente da abóbada, em uma altura talvez de mais de vinte braças, vinham embeber-se no chão. Dir-se-iam cordões, que suspendiam imensas cortinas destinadas a velar os mistérios daquele estupendo e maravilhoso santuário. Eram raízes de árvores seculares, que, cravando-se pelas fendas da abóbada e achando em baixo o espaço vazio, alongavam-se até o solo, onde vinham beber a seiva, para alimentar a robusta e vicejante selva, que cobrindo o corixeu da gruta, balanceava lá em cima - a mais de cinqüenta braças de altura - a coma verde-negra às auras livres do céu. Em tudo se parecia aquele antro com o interior de um templo ciclópico, por onde roçara a asa estragadora dos séculos, ou passara a mão vandálica do bárbaro, destroçando e mutilando tudo.

A luz avermelhada do archote batendo nas miríades de pontas de estalactites, que incrustavam toda a abóbada, reverberando em chispas cintilantes, produzia o mais deslumbrante efeito. Os portugueses não puderam conter um grito de surpresa e assombro, e estacaram por instantes diante de tamanha maravilha.

- Que é isto, santo Deus!... - exclamavam uns. Tudo isso é ouro e pedraria!... é aqui!... estamos enfim na mina...

Outros, porém, pensavam estar em um palácio de fadas, e acreditando que o bugre não era mais do que um formidável encantador, começaram a tremer por sua sorte, receando ali ficarem encantados por todo o sempre.

Para se moverem foi mister que Irabuçu os acordasse daquela estupefação. Já dois fachos se tinham consumido, e não havia um minuto a perder.

O índio avançou contornando o vasto salão, como procurando entrada a outros aposentos. Viam-se, com efeito, em torno aqui e acolá, grande número de fendas e arcadas de várias dimensões corredores que se perdiam na escuridão, e pareciam dar entrada a novos e vastíssimos compartimentos. O bugre penetrou pelo mais espaçoso desses corredores, seguido de perto pelos portugueses. Via-se de um lado, suspenso na muralha, um púlpito quase perfeito, de linda e grandiosa estrutura. Os emboabas cuidaram ver dentro dele um monge de joelhos e debruçado, com a fronte envolta em seu capuz. Já se ajoelhavam e persignavam, quando subitamente troou-lhes aos ouvidos uma voz horrível, antes um pavoroso mugido.

- Tupassumunga! - bradara Irabuçu com toda a força de seus pulmões. Os ecos das profundas cavidades reproduziram por largo tempo o grito estranho, em surdos e temerosos rugidos.

Imediatamente dois sanhudos e truculentos canguçus, rompendo das grutas interiores, passaram velozes como o raio por entre os portugueses, e desapareceram de novo na escuridão.

De susto ou abalroados, quase todos caíram por terra, e trêmulos, cobertos de suor gélido, não pensaram senão em encomendar a alma a Deus.

- Não tenham medo, meus brancos! - disse Irabuçu, com um sorriso calmo e satânico; estes bichos moram aqui; são uns gatinhos que vigiam o ouro de Tupan; foi para tocá-los para fora que Irabuçu gritou.

Estas palavras, proferidas em tom de diabólica ironia, não eram muito próprias para tranqüilizar os emboabas.

- Se temos de morrer sem falta, - murmurou um, com voz desfalecida - é melhor morrermos aqui mesmo; daqui não dou nem mais um passo para diante.

- Se temos de morrer - replicou outro, um pouco mais animado - tanto faz morrer aqui como acolá; vamos, companheiros!... pelo que vejo, já estamos no inferno em corpo e alma, e tão inferno é aqui como lá mais adiante.

O terror, tendo tocado ao seu cúmulo, converteu-se em coragem, como sói acontecer, nessa coragem dos que se julgam irremissivelmente perdidos, e que se chama coragem do desespero.

Guiados pelo índio, os emboabas avançaram resolutamente através de um dédalo de furnas, corredores, escaninhos irregulares, em que se achava dividida a gruta, à maneira de alvéolos de uma colméia gigantesca. Esses diversos compartimentos eram separados entre si por grossas massas de estalactites, que pendendo do teto vinham quase tocar ao chão, como feixes de colunas carcomidas pela base, ou como os canudos de um órgáo emborcado, e também por grandes camadas de estalagmites, que se erguiam do solo como restos de pilastras derruídas, ou de muros arruinados

Já o terceiro facho estava prestes a extinguir-se, ainda eles não haviam chegado ao tão suspirado alvo de tamanhas fadigas e perigos.

- Ainda estará muito longe essa maldita mina? - bugre endiabrado!... - bradou um dos emboabas. - Olha, não vá nos faltar o lume!.. se ficarmos às escuras não sei como daqui nos havemos de safar...

- Ficaremos sepultados em vida debaixo destas catacumbas, - acrescentou outro. -Voltemos, meus caros; isto não vai bem...

- É ali!... é ali!... - exclamou Irabuçu, apontando para uma solapa estreita, que se divisava a alguns passos de distáncia, na base de um enorme congesto de estalagmites, e pela qual mal poderia entrar um homem agachado.

- Ali!... naquele buraco! Deus me defenda de lá entrar!... ali só lagarto ou cobra...

Apenas um dos emboabas acabava de proferir estas palavras, desprega-se da abóbada e cai no meio deles uma jibóia enorme, de mais de braça de comprida e grossa como a perna de um homem, fazendo um ruído surdo como corda que despenca do alto de um mastaréu, e desdobrando-se rapidamente correu a esconder-se nas trevas, entre as anfratuosidades dos rochedos. O medonho réptil acordara sobressaltado pelo eco

daquelas vozes estranhas e, deslumbrado pela luz, querendo fugir, se precipitara de uma alta cornija, onde estava a dormir tranqüilamente. Os portugueses murmuravam a tremer a oração de São Bento, advogado contra animais venenosos, e perderam de novo o ânimo de avançar.

- Meu Deus! meu Deus!... que será de nós!...	 exclamavam, quase a chorar de medo.	Se essa mina está lá nas profundezas dos infernos, guardada por tigres e serpentes, escusado é procurarmos lá ir. - Voltemos, meus amigos!... isso não está nada bom! -Voltemos quanto antes! - Irabuçu, meu velho, por piedade, tira-nos daqui para fora; deixemos isto para amanhã... livra-nos deste inferno!

- Essa cobra não tem veneno - respondeu tranqüilamente Irabuçu; - aqui há muita; é bom dar um tiro; elas fogem espantadas e não incomodam mais a gente.

- Pois vá! - disse um deles; e, sem refletir, trêmulo de impaciência, de frenesi e de terror, com mão convulsa engatilhou a escopeta e disparou o tiro.

O eco refrangido de gruta em gruta reboou como uma descarga atroadora; o ar agitou-se convulsionado; a chama do facho oscilou violentamente, e as sombras, que ali estavam, dançaram pelas paredes como um grupo de duendes. Uma nuvem de morcegos e corujas surdindo de todos os cantos revoaram em turbilhões, açoitando com as asas as faces daqueles hóspedes imprudentes, e acabaram por apagar completamente o facho, que ardia na mão de Irabuçu... Acharam-se todos subitamente mergulhados na mais completa e profunda escuridão!...

Os ecos do tiro, prolongando-se anda largo tempo em lúgubres mugidos pelas abóbadas soturnas, pareciam estar entoando um fúnebre de profundis sobre aqueles infelizes ainda vivos e já envoltos na escuridão dos túmulos.

- Acode-nos Irabuçu!... só tu nos podes salvar!... vem dar-nos a mão!... por piedade, vem livrar-nos deste inferno!... Estas e outras exclamações faziam os míseros emboabas com voz tão suplicante e lastimosa, que cortaria o coração de outro qualquer que não fosse Irabuçu.

- Irabuçu aqui vai!... acompanhem!... respondeu uma voz sepulcral, que parecia romper das entranhas da terra.

- Irabuçu! Irabuçu! - bradavam ainda míseros, estorcendo-se nas ânsias do desespero.

Mas só lhes respondiam os ecos das cavernas subterrâneas remurmurando uns sons confusos e medonhos."

E dizem que, mais tarde, um sábio dinamarquês procedia a estudos mineralógicos no interior da Casa da Pedra, quando foi dar, numa sala estreita, profundamente escura, que a luz de um archote mal iluminava, com as ossadas muito brancas dos sete desgraçados sobre as quais enormes serpentes deslizavam de manso...

Referência: http://www.sjdr.com.br/ Acessado em 18/05/2015

VI. MONUMENTOS RELIGIOSOS EM SÃO JOÃO DEL-REI

1. Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar

A Igreja da Matriz, atual Catedral-Basílica, erguida sob a invocação e auspícios de Nossa

Senhora do Pilar, é um grande edifício quadrilátero, 364 metros quadrados de área,

correspondentes a 35 metros de comprimento por 10,40 metros de largura, na grande nave, e

a 11 por 7 metros na pequena. Obra de alvenaria de pedra enriquecida de esmerada moldura

e cantaria. Na fachada destacam-se, no pavimento térreo cinco amplas portas de ombreira e

lintéis de polida pedra azul, como são as das sacadas que sobre estas se rasgam.

Localização: Rua Getúlio Vargas – Centro

(Imagem retirada de www.sjdr.com.br)

2. Igreja de Santo Antônio

Com data de construção em 1774, a igreja de Santo Antônio destaca-se pela simplicidade,

principalmente se comparada com os grandes monumentos espalhados pela cidade. O

interior, apesar de pequeno, é dividido por uma grade de jacarandá trabalhada.

Localização: Rua Santo Antônio – Centro

(Imagem retirada de http://www.carlosraposo.com.br/sitesjdr/html/monumentos.html)

(Imagem retirada de http://www.fotografodigital.com.br/fotografia/sao-joao-delrei-capela-

santo-antonio-64446.html)

3. Museu de Arte Sacra

Antiga cadeia pública da vila de São João del-Rei, em 1983 foi adquirido pela Companhia de

Cigarros Souza Cruz, para implantação do museu.

O museu mostra peças sacras, paramentos, imagens e prataria cedidos pelas irmandades

religiosas locais.

Localização: Praça Embaixador Gastão da Cunha (Largo do Rosário) – Centro

(Imagem retirada de http://www.carlosraposo.com.br/sitesjdr/html/monumentos.html)

4. Igreja de São Francisco de Assis

O templo dedicado a São Francisco de Assis é notável, não só pelo trabalho em pedra e

madeira como por seu risco original, em linhas curvas, formando um conjunto harmonioso.

Sua localização, em ampla praça ajardinada e terreno elevado, contribui para realçar seu

conjunto majestoso e artístico.

Localização: Praça Frei Orlando – Centro

(Imagem retirada de www.sjdr.com.br)

5. Igreja de Nossa Senhora do Carmo

A primeira capela de Nossa Senhora do Carmo foi benta no dia 20 de dezembro de 1734, pelo

Pe. Dr. Antônio Pereira Corrêa. Sua construção teve início nos primeiros dias de 1733. A

autorização concedida à Irmandade de Nossa Senhora do Carmo para a construção de sua

capela, por Dom Frei Antônio de Guadalupe, bispo do Rio de Janeiro, é datada de 10 de

dezembro de 1732.

Localização: Largo do Carmo - Centro

(Imgem retirada de

http://www.trilhadosinconfidentescvb.com.br/institucional.php?id_cat=72&id_noticia=112)

6. Igreja de Nossa Senhora das Mercês

Uma igreja pequena com fachada elegante, construída em 1853, que “alterou a forma

primitiva da igreja”, tendo, à sua esquerda, a torre separada e um pouco afastada do

alinhamento.

Localização: Praça D. Pedro II (Largo das Mercês) – Centro

(Imagem retirada de www.sjdr.com.br)

7. Igreja de Nossa Senhora do Rosário

Entre os mais antigos templos da cidade se encontra a Igreja do Rosário, cujo primitivo edifício

foi bento pelo Vigário da Vara Dr. Manuel Cabral Carmelo em 1719, onze anos depois de haver

sido instituída a Confraria de Nossa Senhora do Rosário.

Localização: Praça Embaixador Gastão da Cunha (Largo do Rosário) - Centro

(Imagem retirada de www.sjdr.com.br)

VII. MONUMENTOS CIVIS EM SÃO JOÃO DEL-REI

1. Chafariz da Legalidade

É o último remanescente chafariz público da cidade, em pedra. Foi construído em 1834, para

lembrar o triunfo da legalidade em 1833, como também lembrar que São João del-Rei, no

período de 5 de abril a 22 maio de 1833, foi capital de Minas Gerais. Esse chafariz foi chamado

“Chafariz dos Arcos”, por as águas que o abasteciam vinham sobre arcadas de tijolos e pedras,

desde a ponte do Rosário até em frente ao Beco da Romeira.

Localização: Jardim e Praça dos Expedicionários na Rua Dr. Balbino da Cunha.

(Imagem retirada de www.sjdr.com.br)

2. Museu da FEB

O museu dos Ex-Combatentes foi inaugurado em 12 de abril de 1986. Está instalado no prédio

do Círculo Militar, entrada pela Avenida Tiradentes. Guarda em suas salas objetos históricos da

Segunda Guerra Mundial.

Localização: Avenida Hermílio Alves (Círculo Militar)

(Imagem retirada de http://www.carlosraposo.com.br/sitesjdr/html/monumentos.html)

3. Solar dos Neves

No Largo do Rosário está o imponente solar onde viveu o ex-presidente do Brasil, Tancredo

Neves, natural de São João del-Rei. Pertence à família Neves.

(Imagem retirada de http://www.connhecer.tur.br/pontos/ponto.php?id=157)

4. Ponte da Cadeia

Construção de 1798. Diz a história que a ordem para a construção da ponte da Cadeia foi dada depois que a ponte de madeira existente no mesmo local ruiu, quando por ela passava uma pequena procissão. Em estilo romano, foi construída com pedras rejuntadas com óleo de baleia e inicialmente era chamada de ponte nova ou de ponte que vai para a Independência (A Real Intendência do ouro funcionava onde hoje é a Escola Municipal Maria Teresa. Era o local onde se pesava e se "quintava" o ouro. Junto da casa da Intendência funcionava a casa de fundição). Com a construção do prédio da prefeitura para ser sede do Senado da Câmara (andar superior) e da cadeia da cidade (andar inferior), passou a ser conhecida pela denominação atual. (Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo de São João del-Rei)

(Imagem retirada de http://viajeaqui.abril.com.br/cidades/br-mg-sao-joao-del-rei/fotos#15)

5. Ponte do Rosário

A ponte do Rosário fica localizada no início da rua da Prata, hoje Rua Padre José Maria Xavier,

logo depois do Largo do Rosário. É toda em pedra, com três arcos plenos. Foi construída em

1800.

(Imagem retirada de

https://frags.wiki/index.php?title=As_Pontes_de_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_del-Rei)

VIII. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

A Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) foi instalada em 21 de abril de 1987 como

Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei (FUNREI). No ano de 2002 foi transformada

em Universidade. Hoje a UFSJ está presente em 5 municípios. Seus cursos estão distribuídos

em 6 unidades educacionais:

1. Campus Alto Paraopeba (CAP): localizado na divisa dos municípios de Ouro Branco e

Congonhas

2. Campus Centro-Oeste "Dona Lindu" (CCO): localizado em Divinópolis

3. Campus Dom Bosco (CDB): localizado em São João del-Rei

4. Campus Santo Antônio (CSA): localizado em São João del-Rei

5. Campus Sete Lagoas (CSL): localizado em Sete Lagoas

6. Campus Tancredo Neves (CTAn): localizado em São João del-Rei

UFSJ - Campus Santo Antônio

(Imagem retirada de http://www.ufsj.edu.br/)

Referências:

http://www.sjdr.com.br/ Acessado em 18/05/2015

http://www.carlosraposo.com.br/sitesjdr/html/monumentos.html Acessado em 18/05/2015

www.ufsj.edu.br Acessado em 18/05/2015

http://www.institutoestradareal.com.br/planeje-sua-viagem/atrativos/ponte-da-cadeia

Acessado em 19/05/2015

Vídeo sobre São João del-Rei

https://www.youtube.com/watch?v=BdTyl9A7iVA&noredirect=1