santa cruz aos pÉs de santa rita

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NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010 / NOVO JORNAL / 9 Cidades Editor Moura Neto E-mail [email protected] Fones 84 3201.2443 / 3221.3438 SANTA CRUZ A OS PÉS DE / TURISMO / INAUGURAÇÃO DO SANTUÁRIO VAI EXIGIR INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA PARA QUE O MUNICÍPIO POSSA RECEBER MAIOR DEMANDA DE ROMEIROS PROJETADA PELO ARQUITETO- ESCULTOR Alexandre Azedo, a imagem de concreto de Santa Rita de Cássia se transformou num símbolo que ajuda a in- flar a fé da população da região do Trairí, em especial do muni- cípio de Santa Cruz, a 115 KM de Natal, onde está localizada. No entanto, para que o com- plexo turístico-religioso cum- pra o objetivo de captar cerca de mil turistas por mês, confor- me previsão dos gestores, a pa- droeira da cidade materializa- da em obra de arte vai ter que iluminar as mentes dos repre- sentantes do povo e da inicia- tiva privada para que a cidade receba investimento e seja do- tada de infraestrutura suficien- te para acolher a nova deman- da de visitantes. Apesar da inauguração do Santuário de Rita de Cás- sia ter acontecido nesse final de semana, as autoridades re- conhecem que ainda precisa preparar a cidade para receber a quantidade de romeiros que se espera. Segundo o secretário de Turismo e vice-prefeito Joca Ferreira, foram criadas cinco novas pousadas no ano pas- sado, o que significa mais 140 leitos na estrutura turística do município. Ao final desse ano, o secretário espera contar com mais 60 leitos na cidade. A Pousada Nova Aliança, localizada no centro de San- ta Cruz, entra na contagem de novos meios de hospedagem da cidade. Inaugurada no dia 15 de maio, na semana da festa da padroeira, a Nova Aliança possui 18 apartamentos espa- lhados pelo prédio de dois pa- vimentos. Algumas das unida- des conseguem hospedar até três pessoas por vez. O hóspe- de tem acesso à internet sem fio e a TV de plasma na sua UH. Por enquanto os serviços são básicos, como lavanderia e café da manhã. O proprietário do estabele- cimento, Ildemar Brandão de Azevedo Júnior, 24, pensou em investir nessa área exatamente em função do complexo turísti- co-religioso de Santa Cruz. “Es- tamos com projetos de inaugu- rar uma nova pousada e am- pliar as instalações dessa”, dis- se. Ele espera que essa etapa do crescimento da sua rede es- teja concluída na festa da pa- droeira do próximo ano. No momento, a pousada tem três funcionários. Equipamentos turísticos com essas características ain- da são minoria na cidade. Pró- ximo ao terminal rodoviário está situada a Pousada Panela Quente, com nove apartamen- to. “Vontade de aumentar eu tenho, mas, por enquanto, o di- nheiro não dá”, explicou o pro- prietário José Rodrigues de Oli- veira, 62. A Panela Quente serve café da manhã, tem unidades com banheiro e aparelho de TV. Boa parte de sua clientela ainda é de representantes co- merciais. Porém, ele recebeu algumas pessoas que foram visitar o monumento duran- te a sua construção. Pequenos empreendedores como Olivei- ra, que precisam do auxílio da máquina governamental para melhor se preparar para a ati- vidade turística, constituem a maioria dos donos de pousa- das em Santa Cruz. LIMITAÇÕES Dificuldades como encon- trar estacionamento para o carro no centro da cidade, pró- ximo da Igreja Matriz, ou mes- mo um restaurante para servir refeição após 21 horas, como verificou a equipe do NOVO na noite do último sábado, podem de fato espantar os turistas. O antigo pároco da cida- de e atual reitor do Santuário de Santa Rita de Cássia, padre Aerton Sales, admite que a in- fraestrutura da cidade ainda não consegue abarcar o cresci- mento do número de romeiros nos últimos dois anos. Calcula- se, por exemplo, que 60 mil pes- soas passaram por Santa Cruz durante as comemorações da padroeira em maio passado (o dobro da população da cidade). “O crescimento da cidade não acompanhou o crescimento de turistas nesses dois anos”, ob- servou o sacerdote. Por outro lado, a cidade tem a cobertura de quase 98% de saneamento básico e 60% de drenagem, ser- viços importantes quando se tem perspectiva de crescimen- to populacional. A dona de casa Zefinha de Lima, 60, conseguiu vencer sába- do passado quatro quilômetros de procissão da Igreja Matriz até o alto do Monte Carmelo, onde está localizado o Santuário de Santa Rita. “Tenho as pernas ruins, mas até agora não cansei”, falou a devo- ta de Santa Rita, que estava vestida de preto, cor do hábito de freira ho- menageada. Para Zefinha de Lima, a sua fé não se limita a estátua de concreto. “O povo fala que ela é fei- ta de cimento e que não tem valor. Mas eu não faço negócio com essa daí; é com a do céu”, argumentou. As irmãs Maria Virgínia Pereira da Silva, 66, e Josefa Pereira da Sil- va, 77, também venceram os qua- tro quilômetros da procissão - qua- se dois só de subida ao Monte Car- melo. Embora não tenham grandes pedidos para fazer, elas subiram até o santuário para contemplar a ima- gem. “A gente veio aqui na sexta-fei- ra santa, mas ainda estava fecha- do”, disse Maria da Silva. Os políticos presentes na pro- gramação de inauguração não se constrangeram em jogar confetes uns nos outros, mesmo com a es- trutura do Santuário de Santa Rita de Cássia ainda incompleta. A ilu- minação, por exemplo, ainda não está pronta. O feixe de luz dos ho- lofotes temporários não consegue iluminar a face da imagem, além de não realçar a formas da está- tua à noite. O acesso de automó- veis ainda é feito por uma estrada de terra batida. O estacionamen- to para três mil veículos não possui sinalização horizontal (a delimita- ção das vagas), muito menos ilu- minação própria. “A ela ergui o meu olhar na cer- teza que ela não iria me abando- nar”, disse o governador Iberê Fer- reira de Souza em seu discurso, re- ferindo-se ao papel de Santa Rita no processo de cura da sua recen- te doença. O prefeito Péricles Farias (PSDB) admitiu o que é quase uma regra quando se trata de obra pú- blica: ultrapassar o orçamento pre- visto. “Como não podia ser diferen- te, os orçamentos estouraram”, re- conheceu. A sua gestão propôs o acréscimo dos três objetos metáli- cos que compõem a estátua. O valor total da obra chegou a R$ 6 milhões, que foram divididos entre a União, o Governo do Estado e o município. A SANTA Rita de Cássia recebeu o título de santa pelo Vaticano em 1900. Com o nome de Rita Lotti, ela nasceu na Itália em 1381. Foi casada com Paolo Ferdinando. Depois de mais de 20 anos de casamento, seu marido foi assassinado e logo em seguida seus filhos gêmeos foram acometidos por uma forte doença. Nesse momento de sua vida, decidiu entrar para o convento das irmãs agostinas, mas elas não permitiram, pois Rita de Cássia fora uma mãe de família. Segundo a Igreja Católica, em uma noite, enquanto dormia, Rita ouviu um chamado. Quando abriu a porta de sua casa, Rita se deparou com Santo Agostinho, São Nicolau de Tolentino e São João Batista. Milagrosamente, o trio a conduziu até as instalações internas do convento. As freiras, quando viram que Rita de Cássia havia conseguido entrar sem abrir os portões, de pronto aceitaram a serva de Deus. Depois da sua beatificação em 1627 e do processo de investigação de milagres póstumos, de responsabilidade da Igreja Católica, Rita de Cássia foi consagrada Santa em 1900 pelo papa Leão XIII. Assim como Santo Expedito e mais uma leva de santos católicos, Rita de Cássia é conhecida como santo das causas urgentes. ESTRUTURA DO COMPLEXO AINDA NÃO ESTÁ CONCLUÍDA Inauguração do complexo turístico-religioso de Santa Rita de Cássia, no último final de semana, levou muitos devotos ao município de Santa Cruz, a 115 KM de Natal, que precisa investir em infraestrutura para atender aos visitantes MARCELO LIMA ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ Aerton Sales, reitor do santuário: “Cidade não acompanha crescimento” Zefinha de Lima, dona de casa: caminhada de quatro quilômetros Multidão comparece à inauguração da obra Raimunda Ferreira, agricultora: fé na procissão José Rodrigues, empresário: “Dinheiro não dá para aumentar a pousada” Josefa Virginia e Maria Virginia, devotas: procissão ao Monte Carmelo Ildemar Brandão, empresário: “Projeto de ampliar a pousada” Pericles Rocha, prefeito de Santa Cruz: orçamento da obra estourado CONTINUA NA PÁGINA 10 NEY DOUGLAS / NJ NEY DOUGLAS / NJ HUMBERTO SALES / NJ HUMBERTO SALES / NJ HUMBERTO SALES / NJ HUMBERTO SALES / NJ HUMBERTO SALES / NJ HUMBERTO SALES / NJ HUMBERTO SALES / NJ NEY DOUGLAS / NJ SANTA RITA

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Novo Jornal/RN

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Page 1: SANTA CRUZ AOS PÉS DE SANTA RITA

NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010 / NOVO JORNAL / 9

Cidades Editor Moura Neto

[email protected]

Fones84 3201.2443 / 3221.3438

SANTA CRUZ AOS PÉS DE

/ TURISMO / INAUGURAÇÃO DO SANTUÁRIO VAI EXIGIR INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA PARA QUE O MUNICÍPIO POSSA RECEBER MAIOR DEMANDA DE ROMEIROS

PROJETADA PELO ARQUITETO-ESCULTOR Alexandre Azedo, a imagem de concreto de Santa Rita de Cássia se transformou num símbolo que ajuda a in-fl ar a fé da população da região do Trairí, em especial do muni-cípio de Santa Cruz, a 115 KM de Natal, onde está localizada. No entanto, para que o com-plexo turístico-religioso cum-pra o objetivo de captar cerca de mil turistas por mês, confor-me previsão dos gestores, a pa-droeira da cidade materializa-da em obra de arte vai ter que iluminar as mentes dos repre-sentantes do povo e da inicia-tiva privada para que a cidade receba investimento e seja do-tada de infraestrutura sufi cien-te para acolher a nova deman-da de visitantes.

Apesar da inauguração do Santuário de Rita de Cás-sia ter acontecido nesse fi nal de semana, as autoridades re-conhecem que ainda precisa preparar a cidade para receber a quantidade de romeiros que se espera. Segundo o secretário de Turismo e vice-prefeito Joca Ferreira, foram criadas cinco novas pousadas no ano pas-sado, o que signifi ca mais 140 leitos na estrutura turística do município. Ao fi nal desse ano, o secretário espera contar com mais 60 leitos na cidade.

A Pousada Nova Aliança, localizada no centro de San-ta Cruz, entra na contagem de novos meios de hospedagem da cidade. Inaugurada no dia 15 de maio, na semana da festa da padroeira, a Nova Aliança possui 18 apartamentos espa-lhados pelo prédio de dois pa-vimentos. Algumas das unida-des conseguem hospedar até três pessoas por vez. O hóspe-de tem acesso à internet sem fi o e a TV de plasma na sua UH. Por enquanto os serviços são básicos, como lavanderia e café da manhã.

O proprietário do estabele-cimento, Ildemar Brandão de Azevedo Júnior, 24, pensou em investir nessa área exatamente em função do complexo turísti-co-religioso de Santa Cruz. “Es-tamos com projetos de inaugu-rar uma nova pousada e am-

pliar as instalações dessa”, dis-se. Ele espera que essa etapa do crescimento da sua rede es-teja concluída na festa da pa-droeira do próximo ano. No momento, a pousada tem três funcionários.

Equipamentos turísticos com essas características ain-da são minoria na cidade. Pró-ximo ao terminal rodoviário está situada a Pousada Panela Quente, com nove apartamen-to. “Vontade de aumentar eu tenho, mas, por enquanto, o di-nheiro não dá”, explicou o pro-prietário José Rodrigues de Oli-veira, 62. A Panela Quente serve café da manhã, tem unidades com banheiro e aparelho de TV.

Boa parte de sua clientela ainda é de representantes co-merciais. Porém, ele recebeu algumas pessoas que foram visitar o monumento duran-te a sua construção. Pequenos empreendedores como Olivei-ra, que precisam do auxílio da máquina governamental para melhor se preparar para a ati-vidade turística, constituem a maioria dos donos de pousa-das em Santa Cruz.

LIMITAÇÕESDifi culdades como encon-

trar estacionamento para o carro no centro da cidade, pró-ximo da Igreja Matriz, ou mes-mo um restaurante para servir refeição após 21 horas, como verifi cou a equipe do NOVO na noite do último sábado, podem de fato espantar os turistas.

O antigo pároco da cida-de e atual reitor do Santuário de Santa Rita de Cássia, padre Aerton Sales, admite que a in-fraestrutura da cidade ainda não consegue abarcar o cresci-mento do número de romeiros nos últimos dois anos. Calcula-se, por exemplo, que 60 mil pes-soas passaram por Santa Cruz durante as comemorações da padroeira em maio passado (o dobro da população da cidade). “O crescimento da cidade não acompanhou o crescimento de turistas nesses dois anos”, ob-servou o sacerdote. Por outro lado, a cidade tem a cobertura de quase 98% de saneamento básico e 60% de drenagem, ser-viços importantes quando se tem perspectiva de crescimen-to populacional.

A dona de casa Zefi nha de Lima, 60, conseguiu vencer sába-do passado quatro quilômetros de procissão da Igreja Matriz até o alto do Monte Carmelo, onde está localizado o Santuário de Santa Rita. “Tenho as pernas ruins, mas até agora não cansei”, falou a devo-ta de Santa Rita, que estava vestida de preto, cor do hábito de freira ho-menageada. Para Zefi nha de Lima, a sua fé não se limita a estátua de concreto. “O povo fala que ela é fei-ta de cimento e que não tem valor.

Mas eu não faço negócio com essa daí; é com a do céu”, argumentou.

As irmãs Maria Virgínia Pereira da Silva, 66, e Josefa Pereira da Sil-va, 77, também venceram os qua-tro quilômetros da procissão - qua-se dois só de subida ao Monte Car-melo. Embora não tenham grandes pedidos para fazer, elas subiram até o santuário para contemplar a ima-gem. “A gente veio aqui na sexta-fei-ra santa, mas ainda estava fecha-do”, disse Maria da Silva.

Os políticos presentes na pro-

gramação de inauguração não se constrangeram em jogar confetes uns nos outros, mesmo com a es-trutura do Santuário de Santa Rita de Cássia ainda incompleta. A ilu-minação, por exemplo, ainda não está pronta. O feixe de luz dos ho-lofotes temporários não consegue iluminar a face da imagem, além de não realçar a formas da está-tua à noite. O acesso de automó-veis ainda é feito por uma estrada de terra batida. O estacionamen-to para três mil veículos não possui sinalização horizontal (a delimita-ção das vagas), muito menos ilu-minação própria.

“A ela ergui o meu olhar na cer-teza que ela não iria me abando-

nar”, disse o governador Iberê Fer-reira de Souza em seu discurso, re-ferindo-se ao papel de Santa Ritano processo de cura da sua recen-te doença. O prefeito Péricles Farias (PSDB) admitiu o que é quase umaregra quando se trata de obra pú-blica: ultrapassar o orçamento pre-visto. “Como não podia ser diferen-te, os orçamentos estouraram”, re-conheceu. A sua gestão propôs o acréscimo dos três objetos metáli-cos que compõem a estátua. O valor total da obra chegou a R$ 6 milhões, que foram divididos entre a União, o Governo do Estado e o município.

A SANTA

Rita de Cássia recebeu o

título de santa pelo Vaticano

em 1900. Com o nome de Rita

Lotti, ela nasceu na Itália em

1381. Foi casada com Paolo

Ferdinando. Depois de mais

de 20 anos de casamento, seu

marido foi assassinado e logo

em seguida seus fi lhos gêmeos

foram acometidos por uma forte

doença. Nesse momento de

sua vida, decidiu entrar para o

convento das irmãs agostinas,

mas elas não permitiram, pois

Rita de Cássia fora uma mãe de

família. Segundo a Igreja Católica,

em uma noite, enquanto dormia,

Rita ouviu um chamado. Quando

abriu a porta de sua casa, Rita se

deparou com Santo Agostinho,

São Nicolau de Tolentino e São

João Batista. Milagrosamente, o

trio a conduziu até as instalações

internas do convento. As freiras,

quando viram que Rita de

Cássia havia conseguido entrar

sem abrir os portões, de pronto

aceitaram a serva de Deus.

Depois da sua beatifi cação

em 1627 e do processo de

investigação de milagres

póstumos, de responsabilidade

da Igreja Católica, Rita de Cássia

foi consagrada Santa em 1900

pelo papa Leão XIII. Assim como

Santo Expedito e mais uma

leva de santos católicos, Rita de

Cássia é conhecida como santo

das causas urgentes.

ESTRUTURA DO COMPLEXO AINDA NÃO ESTÁ CONCLUÍDA

▶ Inauguração do complexo turístico-religioso de Santa Rita de Cássia, no último fi nal de semana, levou muitos devotos ao município de Santa Cruz, a 115 KM de Natal, que precisa investir em infraestrutura para atender aos visitantes

MARCELO LIMAENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ

▶ Aerton Sales, reitor do santuário: “Cidade não acompanha crescimento”

▶ Zefi nha de Lima, dona de casa: caminhada de quatro quilômetros

▶ Multidão comparece à inauguração da obra ▶ Raimunda Ferreira, agricultora: fé na procissão

▶ José Rodrigues, empresário: “Dinheiro não dá para aumentar a pousada”

▶ Josefa Virginia e Maria Virginia, devotas: procissão ao Monte Carmelo

▶ Ildemar Brandão, empresário: “Projeto de ampliar a pousada”

▶ Pericles Rocha, prefeito de Santa Cruz: orçamento da obra estourado

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NEY DOUGLAS / NJ

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HUMBERTO SALES / NJ

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SANTA RITA

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▶ CIDADES ◀10 / NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010

A subvenção do Governo do Estado à construção do Santu-ário de Santa Rita de Cássia não fere o princípio constitucional que veda o patrocínio do erário a atividades religiosas. O enten-dimento, conforme o jurispru-dente em Direito Administrativo e professor dos cursos de Direito da Farn e UFRN, Paulo Renato Be-zerra, é de que, “havendo interes-se público, é legal o Estado inves-tir nessas atividades”.

Nesse caso, conforme ressal-va a Constituição Federal, não há ilegalidade na contrapartida da União (R$ 2,8 milhões) e do Estado (R$ 1,4 milhão), uma vez que o pórtico religioso fomenta-rá o desenvolvimento da cidade de Santa Cruz através do turismo religioso.

Em uníssono, a Arquidio-ce de Natal e o Governo do Esta-do rechaçaram a hipótese de fa-vorecimento vinculada a cren-ças religiosas. “O governo investiu como um monumento turístico. E as perspectivas são as melhores porque o turismo religioso está se desenvolvendo muito no Nordes-te”, declarou o governador Iberê Ferreira.

Dom Matias Patrício, arce-bispo da Arquidiocese de Natal, foi mais além na defesa: “Eu não tenho culpa se somos maioria. Certamente se outra modalida-de religiosa tivesse a proporção que temos, também seria aten-dida”, disse ao esclarecer que a construção do santuário foi a pe-dido da Arquidiocese. (Dinarte Assunção)

Com 56 metros de altura, a imagem de Santa Rita de Cássia é equivalente a um prédio de 19 andares, superando inclusive o Cristo Redentor (RJ), que mede 38 metros de altura. A imagem da padroeira de Santa Cruz também tem quatro metros a mais que a Estatua de Liberdade de Nova Iorque. Alexandre Azedo de La-cerda é o arquiteto escultor res-ponsável pelo desenho da obra. “Me chamaram para essa obra porque descobriram que eu tinha executado a escultura de Frei Da-mião, em Guarabira, na Paraíba”, comentou.

E a vocação para as imagens santas é um traço de família. “Foi o meu pai que fez o Padre Cícero de Juazeiro do Norte. De tanto vê-lo trabalhando nisso, acabou por despertar essa vontade em mim. Ele foi muito premiado em salões de arte em Recife”, frisou. Ago-ra o seu foco está concentrado na construção de uma imagem gi-gante de Santo Antônio no muni-cípio potiguar de Marcelino Vieira, na região do Alto Oeste. A estátua vai ter 31 metros. (Vale lembrar aqui que a China ostenta a maior imagem religiosa do mundo. A es-tátua dourada de Buda tem 128

metros. Com os dois pedestais atinge a altura de 153 metros).

Alexandre também foi res-ponsável pela imagem do Cris-to Rei de Itaporanga, também na Paraíba, com 35 metros de altura. O artista é pernambucano, mas atualmente mora em João Pes-soa. Conforme o arquiteto, cada parte da Santa era feita a cada cinco metros, com vários moldes. “Primeiro eu faço a escultura em argila e madeira por dentro, para ela se sustentar”, explicou. Tudo isso é em tamanho real. Depois dessa etapa, o molde é fi nalmen-te preenchido de concreto.

A Santa Rita de concreto tam-bém possui três itens de metal: um resplendor na cabeça, uma palma e um crucifi xo. “Quando fi zemos a mão e a cabeça nós dei-xamos um espaço para encaixar e chumbar essas outras partes de metal”, informou o arquiteto. Ainda segundo ele, os três ador-nos metálicos foram fabricados por uma metalúrgica de Natal.

Argemiro Brito Franca foi o engenheiro calculista da obra. “É realmente um trabalho desa-fi ador, que envolve profi ssionais de várias áreas. Nós tivemos sor-te também porque nada deu er-rado. Algumas vezes, os números podem não ser compatíveis com a estrutura na realidade”, avaliou.

ESCULTOR É O MESMO QUE PROJETOU A IMAGEM DE FREI DAMIÃO EM GUARABIRA

NÃO HOUVE IRREGULARIDADES NAS SUBVENÇÕES DO ESTADO E DA UNIÃO, DIZ ESPECIALISTA

▶ Alexandre Azedo de Lacerda, arquiteto e escultor: dom herdado do pai

▶ Alessandra do Nascimento Silva, mãe do bebê assassinado: “Meu Deus, diga que meu fi lho não morreu”

▶ Governador Iberê Ferreira: “investimento em monumento histórico”

▶ Nova sede da creche, na rua Moura Rabelo, Candelária: falta reforma

CLAMOR POR JUSTIÇA/ PONTA NEGRA / COMUNIDADE EXIGE PRISÃO DE BANDIDOS QUE ABRIRAM FOGO NUMA FESTA DE ANIVERSÁRIO, FERINDO CINCO PESSOAS E MATANDO BEBÊ DE SETE MESES

CONTINUAÇÃODA PÁGINA 9 ▶

EMBORA A PROMESSA feita aos pais dos cerca de 250 alunos matricu-lados na Creche Kátia Fagundes Garcia era de que as aulas retor-nariam em 21 de junho, até agora não há previsão ofi cial para o reco-meço do período letivo depois que a creche, localizada no Centro Ad-ministrativo, em Lagoa Nova, foi demolida. O Ministério Público Estadual vai exigir explicações do Movimento de Integração e Orien-tação Social (Meios), órgão que administrava a unidade.

A promotora de justiça da Educação, Zenilde Alves, decidiu entrar com o processo depois de receber reclamações de pais. “Fiz vários questionamentos para o Meios”, disse. O inquérito foi pu-blicado no Diário Ofi cial do Esta-do no dia 24 e a entidade tem cin-co dias úteis para prestar contas.

De acordo com o inquérito, o Meios deve responder sobre o mo-tivo da demolição do prédio da Cre-che Kátia Fagundes Garcia sem que antes tenha providenciado a devi-da transferência para outro prédio e qual a data exata do retorno das aulas, entre outras questões.

A presidente da comissão de transição das creches do Meios para para Secretaria Mumunici-

pal de Educação, Jussara Querino da Cunha, revela, pórém, que des-de 4 de junho a creche Kátia Gar-cia está sob responsabilidade da administração municipal. No ano passado, segundo disse, foram re-passadas oito creches do Meios para a SME e em dezembro se-rão repassadas outras 15. Segun-do Jussara, o contrato com o lo-catário foi fi rmado na última sex-ta-feira. O imóvel alugado fi ca na Rua Professor Moura Rabelo, nú-mero 1940, Candelária. O preço do aluguel é de R$4 mil. A equipe do NOVO JORNAL foi até o local na manhã de ontem e constatou

um prédio ainda necessitando de reparos. Cartazes de protestos es-tavam fi xados nas portas da nova sede contra a demolição da antiga creche. “Os pais estão revoltados com o que o Meios e a Prefeitura fi zeram com as nossas crianças! Descaso!”, dizia uma das placas.

A presidente da comissão afi r-ma ainda que a equipe de enge-nharia da SME fez uma análise na residência para que ela esteja ha-bilitada a receber as crianças. “O prédio atende aos critérios”, dis-se. As modifi cações se resumem à construção de rampas para aces-sibilidade e à adaptações nos ba-

nheiros. O órgão municipal irá for-necer equipamentos e pessoal à creche. O Meios fará um levanta-mento para ceder material – porexemplo, mesas, armários e mate-rial pedagógico – à nova sede.

“Dependendo dos trâmites, as aulas na creche começarão, nomáximo, na terceira semana de ju-lho. Mas a previsão é para o dia 12”,alegou. A SME tentará coincidir a volta da creche Kátia Fagundes Garcia com o calendário de outras instituições de ensino. “Ainda esta-mos no prazo”, complementou.

O Meios foi procurado on-tem pela manhã para se pronun-ciar sobre o assunto. Entretan-to, devido ao jogo da seleção bra-sileira não houve expediente na repartição.

MPE pressiona para garantir retomada das aulas da creche

/ KÁTIA GARCIA /

DEZENAS DE MORADORES da Vila de Ponta Negra, na Zona Sul da cida-de, saíram de suas casas, deixaram seus afazeres e ganharam às ruas na manhã de ontem. Eles empu-nharam faixas e saíram em passe-ata para protestar contra a falta de segurança no bairro e, aos gritos, cobraram justiça contra um cri-me bárbaro. Foi por volta das 9h, quando uma multidão parou em frente ao 15º DP e exigiram do de-legado Luiz Gonzaga de Lucena a prisão imediata dos cinco bandi-dos que, na noite deste último sá-bado, fi zeram disparos numa festa de aniversário. Cinco pessoas fi ca-ram feridas e um bebê de sete me-ses morreu na hora.

Mais de trinta pessoas, a maio-ria mulheres, crianças e idosos, participavam de uma festinha de aniversário para comemorar o pri-meiro aniversário de uma meni-na. Todos estavam na calçada de uma casa na Rua Morro do Care-ca quando os bandidos chegaram. Por volta das 22h30 do sábado, os cinco acusados estacionaram um Gol de cor branca no outro lado da rua, baixaram uma das janelas do veículo e abriram fogo. Resultado: cinco pessoas fi caram feridas, sen-do que uma delas, uma adolescen-te de 14 anos, corre sério risco de fi car tetraplégica. A estudante Fa-bíola Figueiroa tem uma bala alo-jada na coluna cervical e perma-nece internada no Hospital Wal-

fredo Gurgel em estado grave. Os outros feridos foram o ser-

vente de pedreiro Ricardo da Silva Nascimento, 38, que sofreu dois ti-ros nas costas; a esposa de Ricar-do, a dona de casa Anira Lucas Ca-valcante, 28, alvejada com dois ti-ros nas pernas; Luana Darley Nas-cimento da Silva, 19, que sofreu um disparo nas nádegas; e katiane Sales Gomes, 15, que estava com o bebê no colo. A bala transfi xou o corpo da criança e pegou de ras-pão na cintura da garota.

Os acusados, embora já te-nham sido identifi cados pela po-lícia, continuam foragidos. Os no-mes não foram divulgados para não atrapalhar as investigações.

No entanto, a reportagem apurou que o cabeça do grupo é mais co-nhecido como ‘Pretinho’. No local do crime a polícia encontrou cáp-sulas de pistola 9 milímetros e de calibre 380. Também foram efetu-ados disparos de revólver 38.

BEBÊO fato mais lamentável desta

triste história foi mesmo a mor-te do bebê. Rafael Alexandro, que justamente ontem completaria sete meses de vida, foi alvejado na barriga e não resistiu ao ferimento. Morreu na hora.

“Quando eles começaram a ati-rar, todo mundo saiu correndo. Eu ainda pensei em me jogar no chão

com a criança, mas não deu tem-po”, contou katiane Sales Gomes,que estava com o bebê no colo quando ambos foram atingidos.

“Meu Deus, diga que é menti-ra. Diga que meu fi lho não mor-reu”, gritava a mãe de Rafael, total-mente inconsolada. “Eu quero jus-tiça. Esses monstros têm que pa-gar pelo que fi zeram”, esbravejavaa auxiliar de enfermagem Alessan-dra do Nascimento Silva, 21, ao vero corpo do fi lho ser sepultado noCemitério Público de Ponta Negra.Ela, que é mãe de outra criança de cinco anos, estava trabalhando e não foi à festa. Só soube que seu fi -lho estava morto quando chegouem casa.

A reportagem estava na de-legacia de Ponta Negra quando o protesto chegou à DP. O mani-festo seguia o cortejo fúnebre da criança e parou em frente ao pré-dio para cobrar justiça. Ao ouvir o clamor da população, o delegado Luiz Gonzaga de Lucena não te-meu qualquer represália e pesso-almente procurou as vítimas no

meio da rua. “Vocês podem confi ar no nos-

so trabalho. Vamos prender es-ses cachorros. São bandidos chin-frins”, disse ele. Visivelmente co-movido com o desespero das pessoas, Lucena tinha os olhos marejados. “Bandido que é bandi-do, quando quer matar outro ban-dido, vai e mata. Se não conseguir,

não tira a vida de inocentes”, de-clarou. “Isso só revolta a polícia e a população. Agora eles vão pagar caro pelo que fi zeram”, concluiu o delegado.

À frente da passeata, havia um carro de funerária. Dentro do veí-culo, um pequeno caixão. Lá esta-va o corpo do pequeno Rafael Ale-xandro. A criança, infelizmente, tornou-se a mais nova vítima das disputas constantes pelo contro-le de pontos de tráfi co de drogas na região.

“O que pudemos afi rmar até

agora é isso. São marginais que fo-ram até essa festa para matar umrapaz. Esse jovem, marcado paramorrer, inclusive, matou três pes-soas quando era menor de idade. Por isso eu acredito em acerto decontas”, revelou o delegado LuizLucena.

“Quando prendermos es-ses bandidos a imprensa fi ca-rá sabendo e poderemos divulgarpara a sociedade. Estamos traba-lhando para pegá-los e colocá-losatrás das grades o quanto antes”,prometeu.

“SÃO BANDIDOS CHINFRINS, UNS CACHORROS”

ANDERSON BARBOSADO NOVO JORNAL

R$ 4 MIL

É o valor do aluguel da nova sede da

Creche Kátia Garcia

TIAGO LIMA / NJ

HUMBERTO SALES / NJ

HUMBERTO SALES / NJ

HUMBERTO SALES / NJ

Page 3: SANTA CRUZ AOS PÉS DE SANTA RITA

NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010 / NOVO JORNAL / 11

Cultura Editor Franklin Jorge

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Fones84 3201.2443 / 3221.3438

LUA NOVA – 12 anos. Cinemark: 21h (DUB).

MARMADUKE – Livre. Moviecom: 15h30 – 17h20 (DUB). Cinemark: 11h05 - 13h00 (DUB).

PLANO B - 12 anos. Moviecom: 14h40 – 16h45 – 19h15 – 21h25 (LEG). Cine-mark: 11h40 - 16h25 - 19h10 - 21h50 - 00h30 (LEG).

ECLIPSE –12 anos. Cinemark: 23h55 (DUB) 23h55 (LEG).

CREPÚSCULO – 12 anos. Cinemark: 18h (DUB).

EM TEU NOME – Moviecom: 16h00 – 19h15 – 21h15 (NAC).

TOY STORY 3 3D – Livre. Cinemark: 11h00 - 13h30- 16h10 - 18h50 (DUB). 21h30 - 00h10 (LEG).

CINEMA

MÚSICA

[email protected]

Moviecom: 14h55 – 17h00 – 19h20 – 21h25 (LEG) 19h20. Cinemark: 15h00 - 17h25 - 19h45 - 22h10 - 00h35 (LEG).

ESQUADRÃO CLASSE A – 12 anos. Moviecom: 19h10 – 21h35 (LEG). Ci-nemark: 13h50 - 19h05 - 00h25 (LEG).

TOY STORY 3 – Livre. Cinemark: 12h30 - 15h10 - 17h50 - 20h30 - 23h10 (DUB). Moviecom: 12h50 – 15h05 – 17h20 – 19h35 – 21h50 – 14h20 – 16h35 – 18h50 – 21h05.

À MODA DA CASA – 14 anos. Cine-mark: 14h00.

CARTAS PARA JULIETA – 10 anos.

PRÍNCIPE DA PÉRSIA - AS AREIAS DO TEMPO – 12 anos. Moviecom: 14h20 – 16h40 – 19h00 – 21h20 (DUB). 14h50 – 17h10 – 19h30 – 21h50 (LEG). Cinemark: 12h35 - 15h15 - 17h55 - 20h35 - 23h25 (DUB). 11h15 - 16h30 - 21h45 (LEG).

A Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte apresenta mais um concerto da temporada 2010 no Teatro Alberto Maranhão a partir das 20 horas.

O grupo Roda de Bambas apresenta clássicos do samba no Taverna Pub. Os clássicos vão desde composições de Noel Rosa a Paulinho da Viola a partir das 23 horas.

A cantora Khrystal solta a voz mais uma vez no Praia Shopping no projeto Música do São Brasileiro no Praia Shopping a partir das 20 horas.

“SEM MÚSICA A vida seria um erro”. A frase do fi lósofo alemão Friedrich Nietzsche retrata bem o sentimento de Valéria Oli-veira. “A música é minha vida, e, diariamente, o sentimento se renova”, conta. Esta potiguar, com 20 anos de carreira e 7 discos lançados, sempre antenada com os sons que giram ao seu redor, conta um pouco da sua história ao NOVO JORNAL, algo que pode ser resumido em uma palavra: renovação.

Desde o momento em que passou a tocar profi ssional-mente, entre os anos de 1990 e 1991, o sentimento de incon-formismo tomou conta da alma de artista. “Minha família é ligada à música, desde a infância ela fazia parte do meu uni-verso. Na adolescência comecei a participar de festivais e al-gumas apresentações em bares e em casas de familiares ou amigos, tudo começou daí”, conta.

Como diversos outros músicos, ela se formou, como artis-ta fazendo apresentações em bares noturnos. “A noite é uma escola. Nestes shows tomei consciência do ser artista; com a prática, a repetição e o retorno do público, eu obtive um gran-de aprendizado”, explica.

Durante um bom tempo, ela aliou a música aos cálculos – ela é formada em engenharia civil. Entre shows em bares e participações no Projeto Seis e Meia, Valéria tinha conciliar a arte com os trabalhos de plantas prediais. Em 1997 – primeira renovação – o lançamento do disco “Impressões”. Nesta épo-ca decide que o futuro estaria ligado à música. “Foi o que sem-pre gostei, é o meu sonho, destino, toda a minha vida está li-gada à música, não poderia seguir um caminho diferente”.

Em 2000 – segunda renovação –, Valéria parte para uma aventura nipônica. A convite da produtora musical, Ivete Fa-rias, viaja para o Japão para uma série de apresentações. Por dois meses, ela percorreu algumas cidades japonesas: com

shows, vendas de discos e fazendo contatos com músicos lo-cais. Numa dessas apresentações conheceu o produtor e mú-sico Kazuo Yoshida.

Da admiração entre o produtor e a música de Valéria, sur-giram os primeiros contatos para gravações. Através de Ka-zuo, conheceu grandes artistas nipônicos, entre eles o baixis-ta Testuo Sakurai, um dos mais importantes músicos do Ja-pão e ex-integrante do grupo Casiopeia, um dos mais infl uen-tes grupos de jazz-fusion.

O produtor Kazuo foi responsável pela gravação três de discos: Valéria (2001); Canto Livre (2002); e Imbalança (2004). Os primeiros com gravações feitas no Japão e o terceiro gra-vado no Rio de Janeiro.

“Os resultados foram incríveis. O Japão é um país que con-some música do mundo todo. Todos são curiosos e absorvem o que ouvem. Há grupos de samba e chorinho formados, ex-clusivamente, por japoneses”, ressalta Valéria, Além disso, ela exalta o respeito do público japonês à música. Nos shows, a platéia se mantém silenciosa e atenta a tudo. “Eram tão ca-lados durante o show, que não sabia o quanto estavam gos-tando”, brincou.

Da Feira da Música de 2009, ocorrida em Fortaleza (Ce-ará), surgiu o convite para o festival South By Southwest (SXSW). “Através do contato com o diretor do evento (Brent Gulke), eu consegui que meus discos participassem para a se-leção do evento. Acabei sendo escolhida e, com a minha ban-da, fi z dois shows no festival; uma verdadeira vitória” exalta.

A participação no SXSW 2009 contou com o apoio do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura que selecionou a artista, através de um edital, que concedeu as o transporte.

“Além de promover meu trabalho, fui para contatos, para aprender e para participar da programação do evento”, contou.

TECNOLOGIAA democratização da arte,

por meio das tecnologias digitais, é um assunto que chama a atenção de Valéria. “O mercado não está dançando conforme música”. Para a artista, a indústria fonográfi ca não conseguiu acompanhar o processo de mudança. A digitalização dos arquivos de música trouxe consigo uma diversifi cação em massa do conteúdo cultural. “Atualmente, cabe ao artista o papel de ponte entre o produto e o consumidor”, alega.

Mesmo assim, ela afi rma que o produto físico, seja em CD ou vinil, ainda é o cartão de visita do músico. “A imagem fala muito da qualidade do produto. O “No ar” (2009) foi gravado em vinil. Até pensei em permanecer apenas neste formato. No fi m das contas, o foco foi para o trabalho junto à crítica de música e imprensa”, explica. Para ela, o artista deve saber utilizar todas as tecnologias disponíveis para democratizar a produção.

CENA POTIGUAR

A música potiguar, de acordo com Valéria, está passando por um momento de afi rmação. Vários músicos e bandas estão lutando por seu lugar ao sol. “Temos Khrystal, Rosa de Pedra, os projetos do Foca (Anderson Foca, produtor e músico) e outros artistas que estão buscando seu espaço. Todos que batalham estãofazendo shows fora do estado, o RN não está mais silencioso”. Ela destaca que os artistas não devem esperar apenas por patrocínios e eventos esporádicos, “temos de nos mobilizar para alcançar visibilidade”.

Os programas e editais culturais do governo, bem como as leis de incentivo à cultura, são essenciais para o sustento da produção musical. “Em tudo eu vejo um processo”, conta Valéria ao reclamar da pouca atenção do setor privado à música. “Poucas empresas tratam corretamente o artista. As leis de incentivo são ferramentas desconhecidas dos empresários. A cultura também é benéfi ca para eles, uma pena que não tomem consciência disso”, constata. Todos os discos gravados e editados por Valéria no Brasil foram feitos por leis de incentivo.

COMPOSITORA

Em 2005, outra renovação. Valéria realiza, em duas sessões, no Espaço Cultural Casa da Ribeira, o show “Anúncio de antiquário”. O show surpreende o público ao divulgar o lado compositor da cantora. “Quero que minhas músicas cheguem aos ouvintes. Quero que as pessoas cheguem ao show sabendo das músicas”. Da experimentação surgem dois discos calcados em composições próprias: “Só leve as pedras” (2007) e “No ar” (2009).

Outro momento marcante pelo lado compositor de Valéria foi a participação no Projeto Retrovisor. O projeto foi uma união de músicos potiguares para estimular a música autoral refl etida nas infl uências musicais de cada um de seus integrantes: Luiz Gadelha, Valéria Oliveira, Ângela Castro, Simona Talma e Khrystal. “Chegou o momento em que tinha de mostrar minhas músicas. E o Retrovisor foi importante nesse processo”.

INFLUÊNCIASDe personalidade forte como suas maiores infl uên-

cias, Elis Regina e Clara Nunes, ela explica que a músi-ca que a encanta é a que possui força, vida e sentimento. “Não me interesso por músicas que seguem regras. A mu-sicalidade deve ser algo que mistura referências, brinca

com referências e seja ousada”. Ela ainda se refere aos novos músicos que a chamam à

atenção. “Eu estou ouvindo muito a Cibelle (cantora bra-sileira radicada em Londres) e a Regina Spektor (cantora e compositora russa naturalizada americana), além de Le-nine, Vanessa da Matta e Los Hermanos”.

ROTINAOs trabalhos em parceria

com artistas de diferentes estilos, com uma grande diversidade de informação, deram impulso ao processo de criação de Valéria. “Uma coisa que me fascina é estar gravando, testando, brincando com a música, os timbres são lúdicos. Eu passo o dia todo no estúdio”, conta. A criação é um dever semanal. Em sua casa há um pequeno estúdio em que grava suas novas composições.

A próxima mudança na carreira de Valéria está próxima. Ela está planejando uma série de shows para promover o disco “No ar”. Alguns shows já estão agendados para o segundo semestre deste ano. E em 2011 planeja gravar seu primeiro DVD. “Idéias não faltam. Tenho muitos sonhos, desejos e, acima de tudo, paciência para que tudo ocorra”, fi nalizou.

A ESCOLADA NOITE

/ PERFIL / DEPOIS DE 20 ANOS DE CARREIRA, A CANTORA VALÉRIA

OLIVEIRA CONTINUA SE RENOVANDO E CONTRIBUINDO PARA A CULTURA MUSICAL

JALMIR OLIVEIRADO NOVO JORNAL

ARGEMIRO LIMA / NJ

Page 4: SANTA CRUZ AOS PÉS DE SANTA RITA

12 / NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010

Social Editor Franklin Jorge

[email protected]

Fones84 3201.2443 / 3221.3438

MarcosSadepaula

[email protected]

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,qualquer um tem o direito de fazer mudanças, recomeçar,e, fazer um novo fi m”Legrand

EditoFrank

Feijoada em homenagem aos profi ssionais de mídia, promovida pelo NOVO JORNAL, no Saideira Lounge

FOTOS: D'LUCA / NJ

▶ Andréia Rocha, Adriana Freitas e Bel Alvi (NJ) ▶ Marlene Silveira, Cynthia Costa e Angélica Gonzaga

▶ Isadora, Mara Figueredo e Wanderlei Moreira ▶ Marcelo Robson e Gilvan Araújo ▶ Mayron Cachina e Janinne Pinheiro ▶ Thaize Marinho, Max Camilo e Katherine Gomes (NJ)

▶ Simone e Newton Barcellos

▶ A arquiteta

Adriana Azevedo,

comandando a

torcida pelo Brasil

n’A Saideira Lounge

▶ Giyane

Matsunae da Noz

Comunicação

e Jean Felipe,

namorando entre

um caldinho

de camarão e a

feijoada no sábado

passado

▶ O tenente e

jornalista do

Exército Tiago

Medeiros com a sua

namorada Gabriela

Duarte brindando

à vitória do Brasil

contra Portugal

▶ Renata Tavares, tirando a

atenção dos marmanjos dos telões

espalhados n’A Saideira Lounge

durante os jogos do Brasil

▶ Aklégia Araújo

aniversariando em

pleno jogo do Brasil

contra Portugal,

paparicada pelo

marido Flávio Araújo

▶ Pablo Gurgel e sua mãe Ritinha, da Garra, prestigiando a feijoada

do mídia oferecida pelo Novo no Saideira Lounge

D`LUCA / NJ

D`LUCA / NJ

D`LUCA / NJ

D`LUCA / NJ

D`LUCA / NJ

D`LUCA / NJ

O Circuito Nacional Cineclubista desembarca em Natal hoje no auditório da Siciliano do Midway Mall. O Cineclube Natal promove a partir das 18h30, a exibição dos documentários “Câncer – Sem Medo da Palavra”, dirigido por Luiz Alberto Cassol, e “Sweet Karolynne”, de Ana Bárbara Ramos, com entrada gratuita. Após a exibição, acontecerá um debate sobre documentários, com as presenças da psicanalista Jaira Nunes, da delegação do RN da Escola Brasileira de Psicanálise e professora do Departamento de Psicologia da UFRN; do cinéfi lo Gianfranco Marchi, representante do Cineclube Natal e bacharel em Direito, além do professor Nelson Marques, representando o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros.

Onde deixar ascrianças?

Desde ontem até 9 de julho, das13 às 17h30, o Clube de Férias

do NEC/Pinguinho de Genteoferece uma opção para os

pais deixarem seus fi lhos. Com o tema Copa do Mundo, vai

homenagear diversas culturas dos países participantes do

torneio: brincadeiras africanas, culinária e arte italiana,

dobraduras japonesas, culinária e cinema americanos, passeios

culturais, torneio de futebol emuito mais.

O Clube de Férias é aberto ao público e possui uma equipe

capacitada formada por psicólogos e pedagogos para

atender bem aos participantes. As turmas são divididas em

três categorias, cada uma com uma programação diferenciada e adequada a cada faixa etária:Baby Clube (2 e 3 anos), Clube

I (4 a 6 anos) ou Clube II (7 a 10 anos). Informações no

3211-1316.

Mobilidadelimpa

Às 6 da manhã, Haroldo Mota partiu com a sua bike elétrica

do Nordestão de CidadeJardim rumo à Fortaleza, para

participar do All About Energy 2010 – um dos maiores eventos

sobre energias renováveis da América Latina, que

será realizado no Centro deConvenções Edson Queiroz,

de amanhã até quarta. A OnGBaobá, com o objetivo de

divulgar a mobilidade limpa, vai percorrer 540 km de bicicleta

elétrica, modelo EVT 350 Way, do fabricante evetech.com.

br, de Natal até Fortaleza,pelo uso da energia elétrica

no transporte rodoviário sustentável.

Arraiá da Petit A empresária paulista Cintia Camargo e a economista Claudiana Oliveira entram no clima das festas juninas e recebem hoje para o arraiá da Petit, no segundo piso do Midway Mall. Regado com delícias típicas da época, a ideia é reunir clientes e jornalistas a partir das 18h para comemorar o sucesso nas vendas bem no estilo das tradições nordestinas. Desde 1985, a grife é referência em produtos infantis de 0 a 10 anos.

CineclubeNatal

Mais uma de loiraEla vai almoçar num restaurante e na saída o manobrista lhe diz:- O Celta preto?A loira:- Tá sim... e acho que vai chover!

Haja fôlego

Khrystal está hoje a partir das 20h no Praia Shopping Musicalapresentando o seu show erm

homenagem a São Pedro.

Ensaio AbertoO Ballet de Roosevelt Pimenta, da Funcarte, apresentará amanhã a IV edição do Ensaio Aberto, programação da Escola do Ballet Municipal que tem como objetivo apresentar as produções coreográfi cas produzidas durante o ano e, consequentemente, aproximar os bailarinos, principalmente os novatos, do público. No programa, vários trechos de trabalhos já apresentados ou inéditos, entre eles, exibição de coreografi as que serão levadas para o “Passo de Arte”, um dos maiores festivais de dança do país, que este ano será realizado entre os dias 7 e 17 de julho, em Idaiatuba/SP. O evento acontece na Capitania das Artes às 18h e a entrada é um 1kg de alimento não perecível ou um produto de higiene pessoal.

Pitts BarInaugura hoje às 19h30, o Pitts Bar, novo empreendimento do empresário Kleber Carvalho dono da marca Pittsburg há 26 anos. O local funciona na Prudente de Morais, onde antes existia o espaço infantil dedicado ao Pittspark. O bar ganhou projeto de ambientação da arquiteta Giordana Calado, que acomoda sentadas cerca de 360 pessoas em dois ambientes (externo e climatizado) e vai funcionar de segunda a segunda, a partir das 17h, com música ao vivo, da MPB ao pop rock. A inauguração hoje é restrita apenas a convidados.

Page 5: SANTA CRUZ AOS PÉS DE SANTA RITA

NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010 / NOVO JORNAL / 13

Esportes Editor Marcos Bezerra

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Fones84 3201.2443 / 3221.3438

Brasil 3 a 0; cravei 3 a 1 e perdi mais um bolão. A quem

pergunta sobre o que achei do desempenho da seleção contra o

Chile: muito bom.

Jogamos o sufi ciente para ganhar bem e, se alguém prestar

atenção, sem contar com o futebol ofensivo de Daniel Alves e

Maicon.

Cheguei quase a rezar para os chilenos acertarem a bola na

direção do gol só para ver o goleiro Júlio César mostrar porque

é considerado o melhor do mundo. Na verdade, nenhuma vez

fomos ameaçados na África do Sul.

A polêmica aqui na redação do NOVO JORNAL fi cou conta

de em qual canal assistir. Ver e ouvir os urubus do ESPN, botando

defeito em tudo, ou a Globo com o “Babão Bueno”? Ficamos com

a segunda opção, afi nal, também somos torcedores.

Mas aí, além de não narrar o jogo, o homem vai cuspindo,

com a ajuda do resto da equipe global, uma corrente de

obviedades e coincidências durante o jogo.

Ficamos sabendo, por exemplo, que todas as vezes que Luis

Fabiano, Kaká e Robinho começaram jogando, o Brasil venceu a

partida; que todas as vezes que um jogador do Santos marcou

numa Copa do Mundo o Brasil foi campeão e mais uma penca de

inutilidades que, infelizmente, não tomei a iniciativa de anotar –

vou guardar para Brasil e Holanda.

E os Boleiros, o que viram no jogo?

Participe do Boleiros enviando sua opinião para [email protected]

AO CORRERDA PENA

Essa copa é paraguaia: parece uma cúpula de elite, mas não é. É um fake. O inchaço promovido pelos negócios da Fifa rebaixou o nível técnico. Vide a possibilidade real de a World Cup virar America Cup, com Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai nas semifi nais. O nivelamento por baixo explica a presença de seleções como a chilena nas oitavas. Tem apenas um jogador (Valdivia) acima da média – e o jogo estiloso não o faz menos fake. Falta-lhe poder decisório para ir além do simulacro de craque. A mediocridade globalizou-se. Não há inovações táticas. Há a monomania do marcar-e-contra-atacar. As escolas tradicionais vivem crise de identidade. As européias pararam de revelar grupos de jogadores diferenciados; contam no máximo com um ou dois expoentes, o que veda a formação de bons times.A escola argentina salva-se com as loucuras experimentais de Maradona, capaz de convocar 11 atacantes e meias e nenhum lateral. Como toda loucura, tem desfecho imprevisível.A crise brasileira refl ete as características dos jogadores selecionados e do selecionador. Os primeiros têm os pés na Europa; o segundo tem a cabeça. A camisa e as vitórias ainda parecem ser as da escola clássica. Mas o escrete já exibe nos olhos a alma de Capitulina: oblíqua, dissimulada. Fake. Como um Brasil paraguaio.

ADRIANO DE SOUSABoleiro machadiano

D’LUCA / NJ SÓ PRA CONTRARIAR

Cosme chegou à espelunca disfarçado de vendedor do gás. Camisa azul, bateu um papo reto com o proprietário do estabelecimento. Saiu e voltou com a mulher. Veio à mesa e desabafou: - Nasci em Corumbá, Mato Grosso do Sul, fronteira com a Bolívia e o Paraguai. É tudo Argentina. Sempre me chamaram de macaco. Não dá, não dá!O jogo da Seleção não tinha nem começado ainda e Cosme, um negão gente boa que trabalha na Cidade Alta só pensava no time do Maradona: - Paulinho, você vai engolir tudo isso! Você é brasileiro, cara! Verdade seja dita: ninguém respeitou o Chile no jogo de ontem. A começar pelo técnico deles, El loco Bielsa. Deixar Valdívia no banco no início do jogo foi a atitude mais covarde da Copa do Mundo. No primeiro jogo do Mundial onde era matar ou morrer? Preferi a histeria de Cosme que quebrou um copo americano no primeiro gol do Juan: - Paulinho, pega pra tu! Quero ver agora, argentino de merda! Cosme torcia, mas a cabeça estava no possível confronto com a Argentina, a fi nal dos deuses. Paulinho, ao contrário do que possa parecer, não é argentino, mas incorporou o ódio à Dunga. Quer criar uma colônia hermana no Beco da Lama. O Brasil fez dois, mais um. Cosme continuou impossível. Cerveja atrás de cerveja, levava puxões na manga da camisa da mulher desesperada. No fi nal, ele já às quedas, seguro pela patroa, perguntei de quem seria o gol na fi nalíssima contra a turma de Messi. A resposta veio quase em tom de comemoração:- Gol do Zeca Pagodinho, cara, “Só pra contrariar”.

RAFAEL DUARTEEmbaixador da Repúblicade Nazaré

ARGEMIRO LIMA / NJ

RAMIRES,O SUPIMPA

O Brasil agradece penhoradamente a bordoada do luso-brasileiro Pepe no nosso insosso Felipe Melo sexta-feira passada. Gesto tão nobre permitiu a Dunga fazer o que todos esperavam: botar em campo alguém mais leve que soubesse trocar passe, fazer uma tabela e, quando preciso, chegar ao ataque, sem prejuízo de guardar a posição mais atrás.O escolhido foi Ramires. A arrancada dele no terceiro gol contra o Chile foi o tipo de jogada que não consta do manual de Felipe Melo. Dunga, o sortudo, ainda pôde colocar em campo o cara mais gente boa do Brasil, o Kleberson. Só assim, sendo muito bacana, pode-se entender que um jogador que passou o ano inteiro no banco de seu time possa ser convocado para uma Copa do Mundo. Kleberson, o supimpa.Ramires não é o melhor jogador do mundo, mas sua presença provou o que todos diziam: uma meiúca mais leve, pela qual a bola possa passar de pé em pé até chegar aos atacantes é muito mais efi ciente do que aquela, plantada na cabeça da área esperando o adversário e distribuindo sopapo.Kaká, Robinho e Luis Fabiano se mexeram mais porque no Chile (aquilo sim, não a torcida do Corinthians) tem um bando de louco e os espaços eram oferecidos a granel. Bastaram dois bons passadores, Ramires e Daniel Alves, para o Brasil mudar de cara.

CARLOS MAGNO ARAÚJOMeia leve feito vinho chileno

CEDIDA

QUE VENHAA HOLANDA!

Esse Chile do Bielsa não é o mesmo dos tempos do Neruda, do Allende e do Ivan Bambam Zamorano. Aqueles sim é que eram craques! Então passarei direto para a Holanda, a Laranja Mecânica, do Cruyff , do Bergkamp e, se eu não me engano, do Bob Marley. Eu conheço, todos os segredos da Holanda. Sou assíduo de um bar em Ponta Negra, frequentado apenas por europeus e putas. A partir daí, aprendi tudo o que se pode saber sobre aquele membro mais ilustre dos países baixos, apesar de saber que seus habitantes gostam sempre de fi car meio altos. A Holanda é conhecida como o Carrossel Holandês porque seus jogadores costumam ver tudo girando depois do efeito de alguns estimulantes legalizados no país. Eles apostam forte no jogo pelas pontas, seus beques são mundialmente cultuados e costumam deixar os adversários envolvidos... ou simplesmente chapados mesmo. Porém, acredito que isso não será problema para os nossos garotos, bem educados, religiosos, mais tementes a Deus que o Edir Macêdo e o Adriano de Sousa juntos. Nossos caretas atletas seguirão em frente sem tragar nem fumar nada. Por fi m, gostaria de deixar aqui o meu protesto pela não convocação do goleiro Bruno, ideal pra essa fase de mata-mata.

CARLOS FIALHOCamisa 5 do Bola Seca Futebol Arte

CEDIDA

MARCOS BEZERRAEditor de Esportes

KAMILO MARINHO/NJ

QUARTAS NA SEXTA

exibe nos olhoss a alma de Capitulina: ooblíqua,dissimulada. Faake.Como um Brasssssssssssssssiil paraguaio.

um bando de louco e os espaços eram oferecidosa granel. Bastaram dois bons passadores, Ramires e Daniel Alves, para o Brasil mudar de cara.

Participe do Boleiros enviando sua opinião para [email protected]

na fi nalíssima contrassima contra a turma de Messi. A e Messi Aresresposta veio quase ema veio quase emtom m de comemoração:com- Gol dl do Zeca Pagodinho,Zeca Pagodinho,cara, “SóSó pra contrariar”.ó ra contrariar”

Bruno, ideal pra essa fase de mata-mata.

BOLEIROSdo Novo Jornaldo Novo Jornal

Page 6: SANTA CRUZ AOS PÉS DE SANTA RITA

▶ ESPORTES ◀14 / NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010

A ÁREA DE lazer do conjunto Pa-natis, na Zona Norte de Natal, transformou-se num imenso sa-lão de festa. A vitória da sele-ção brasileira sobre o Chile, on-tem, infl ou a alegria das duas mil pessoas que transformaram o local num imenso mar verde e amarelo. Para torcer, os nata-lenses usaram os mais diversos subterfúgios: uns pintavam o rosto, outros colocavam peru-cas, vestiam o pavilhão nacio-nal ou colocavam algum adere-ço para exaltar a paixão pela se-leção nacional.

Quando ocorreu o pontapé inicial, a área de lazer ainda esta-va quase vazia. Muitos deixaram para chegar em cima da hora, e até os 10 primeiros minutos, ape-nas 200 pessoas se posicionavam à frente do telão de LED que exi-bia as imagens da partida. Tudo era festa, até o início do jogo. As

pessoas que dançavam, canta-vam e torciam, passaram a ex-pressar um pouco de apreensão e ansiedade.

Com os primeiros chutes da seleção, a angústia desapareceu e deu lugar à espera pelo primei-ro gol.

E enquanto a bola rolava, o pú-blico ia crescendo no local. Quan-do Juan marcou o primeiro gol, se-guida de uma explosão de fogos de artifício, como que por mági-ca o espaço fi cou completamente tomado pela multidão. “O trânsito foi o grande responsável pelo atra-so, ainda bem que vi o gol”, dis-se Francisco Canindé, já um tan-to afetado pelo álcool, enquanto dançava em frente ao telão.

E não foram apenas os nata-lenses que escolheram a área de lazer para ver o jogo. A carioca Cledina Silva e a maranhense Ta-tiana Lima estavam lá para torcer

pela vitória da seleção. De férias as duas aproveitaram o jogo para co-nhecer um pouco mais da cidade. Vestidas com camisas da seleção e empunhando uma bandeira, a du-pla era só alegria: “muito bom es-tar aqui. Os potiguares são mui-to animados e estamos muito feli-zes de participar desta festa”, con-tou Cledina.

Bem em frente ao telão, o ta-xista Francisco da Silva se posi-cionou junto ao fi lho. Com o ros-to pintado e empunhando a ban-deira brasileira, ele era só conten-tamento. “Deixei o serviço e estou torcendo. Este é um jogo fácil, o Brasil já está nas quartas”, pressa-giava. Ele saiu da praça Gentil Fer-reira, Alecrim – local em que tra-balha há 10 anos – direto para o jogo, mas antes passou numa loja de produtos para festa e comprou a bandeira e a tinta. “Eu quero é me divertir”, extravasava.

BRUNO ARAÚJODO NOVO JORNAL

VANDERSON RECEBE E parte em di-reção à meta. Cercado, ele se li-vra com habilidade dos obstácu-los e com velocidade alcança seu objetivo: entregar um dos inúme-ros pedidos que recebe durante os jogos da Copa do Mundo. Na vitó-ria do Brasil sobre o Chile, por 3 a 0, pelas oitavas de fi nal, o time dos garçons do bar Saideira Lounge, assim como o escrete verde ama-relo jogou duro, mas acabou sain-do com o resultado positivo, como tem ocorrido desde o início da competição.

Apesar de estar rodeado por telas de LCD transmitindo o jogo, assim como os demais, o jovem pouco tem tempo para olhar para o lado. A todo instante, uma mão se ergue clamando por sua aten-ção e o garçom, de pouco mais de um ano de profi ssão, precisa se desdobrar para anotar o novo pedido, sem deixar de lado os de-mais. “De instante em instan-te chega gente e é preciso aten-der o cliente com atenção”, afi rma ele enquanto mais uma vez corre para atender outra mesa.

Perguntado se em algum mo-mento consegue assistir ao jogo, ele não pestaneja na resposta: “Não dá! É complicado demais. A gente precisa ouvir e prestar aten-ção em tudo. No jogo, se dá no má-ximo uma espiadinha” responde o garçom, que na corrida entre as mesas, mas parece um atacante se livrando dos adversários numa ar-rancada em direção ao gol.

Vanderson conta que em ape-nas uma partida conseguiu assis-tir parte da apresentação do time brasileiro em campo. “No primei-

ro jogo (Brasil 2 a 1 Coreia do Nor-te) foi um pouco mais tranqüilo o movimento, então deu para as-sistir um pouco mais”, contou ele que, antes do início da partida, apostava numa vitória por 2 a 0.

Quem pôde assistir ao jogo com um pouco mais de calma fo-ram os integrantes da banda de pop-rock, Marihzé. Contratados para animar os visitantes após a partida, viram com tranqüilidade a classifi cação para as quartas de fi nal.

“A seleção brasileira tá bem. É fi nal de temporada e, mesmo as-sim, acho que tão jogando bem. Nesse jogo, o Chile vai atacar e o Brasil vai ‘matar’ no contra-ata-que”, previu o baterista da banda, Joveson Ribeiro, que acertou o rit-mo e o placar: 3 a 0. O guitarris-ta Denis Lopes não acertou o pla-car (2 a 0) que apostou no bolão do trabalho, mas comemorou bas-tante a vitória Canarinha. “O Bra-sil tem um time razoável e como

as outras seleções estão no mes-mo nível, podemos ser campeões”, espera.

As amigas Tays Ribeiro e Su-sie Soares estão entre aquelas que trocaram a tranqüilidade do sofá de casa pela mesa de bar. “A gente costuma assistir em casa, é mais confortável e se alguém passa na frente da TV a gente grita”, brinca Tays sobre o trânsito de garçons e clientes para, em seguida, des-tacar o clima do barzinho: “aqui é mais legal. Pessoal junto torcendo, descarrega a tensão.”

Assim como Tays, Susie disse ter gostado do clima do bar e an-tes do início da partida também cravou a vitória brasileira por 3 a 0. “O pessoal vai detonar. Luís Fa-biano, Robinho e Kaká vão fa-zer para o Brasil”, palpitou. Exce-to por apontar o camisa 10 brasi-leiro como autor de um dos gols, se tivesse participado do bolão da empresa de Dênis, Susie teria sido a campeã.

Alguns passos à frente, o som de uma buzina ecoava e chamava a atenção de todos. Acionada por Alan Macêdo – do alto dos seus 70 anos – que não escondia a alegria de estar ali. Acompanhado por seu irmão, Jameson Macêdo, 71 anos, Alan vibrava, gritava, torcia e pedia: “Dunga, tira o Robinho, ele mata todas as jogadas”.

Os irmãos que nasceram no Recife, há 50 anos moram em Na-tal trabalhando no comércio. Eles saíram do bairro de Tirol, zona sul de Natal, para torcer. “É incrível, espero que o Brasil ganhe para que

esta festa ocorra novamente”, con-tava Jameson, enquanto o irmão brincava com a sua buzina.

Durante o jogo, não havia di-ferenças: todos eram iguais. Ho-

mens, mulheres, crianças e adul-tos, juntos, torcendo pela vitória da seleção canarinho. “Vai, Robi-nho! Vai, Robinho!”, gritava o su-pervisor de restaurante João Má-

rio Soares. Ele trabalhou durante a madrugada para poder acompa-nhar o jogo. “Fiz sacrifício, mas foi válido. A festa está boa”, contou., mostrando uma vistosa peruca

negra. Ao seu lado, o primo, Alan Soares, 12 anos, fi cava sobre os pés para ver os lances no telão. “Tem muita gente, não dá para ver qua-se nada”, reclamava, enquanto pe-

dia para subir nos ombros do pri-mo mais velho.

Algo se destaca no meio damultidão. Ornado com uma vas-ta cabeleira, o guia Wilson José aparece vestido numa manta ver-de e amarela, ele exalta a alegria do povo brasileiro: “a gente que é brasileiro tem que se divertir. Tem de pintar a cara, vestir a bandeira eusar um cabelo igual ao meu”.

Como muitos natelenses, Nei-de Cabral foi para área de lazercom a família. Junto ao marido, o fi lho e a irmã, ela profetizava: “O jogo será 3x0. Com gols de Luís Fa-biano e Robinho” – só não previu ogol de Juan.

Não foi apenas o jogo que atraiu o público, como destacou acomerciante Veruska Araújo, “Eu vim para o Grafi th”, confessou.

FIGURAS DA ZONA NORTE/ FESTA / MILHARES DE PESSOAS FORAM À ÁREA DE LAZER DO PANATIS PARA ACOMPANHAR BRASIL E CHILE NO TELÃO INSTALADO PELA PREFEITURA DE NATAL; APELO DE SHOWS POPULARES, COMO O DA BANDA GRAFITH, TAMBÉM AJUDAM A EXPLICAR O SUCESSO DO EVENTO

▶ A área de lazer do conjunto Panatis fi cou tomada pelos torcedores: futebol e shows populares

FOTOS: MAGNUS NASCIMENTO / NJ

TORCIDASEM IDADE

Driblando no trabalho/ BARZINHO /

▶ Torcida alia animação e conforto em bar do Tirol

ARGEMIRO LIMA / NJ

▶ Alan e Jameson Macêdo saíram da zona sul para torcer pelo Brasil ▶ Neide Cabral acertou os 3 a 0 ▶ Garoto mostra o espírito da festa

DEPOIS DE MAIS um resultado ruim jogando em casa, 0 a 0 contra a fraca equipe do Santa Cruz/PE, o América viaja na noite de hoje para João Pessoa, onde amanhã enfrenta o Botafogo/PB, no estádio Amigão, em Campina Grande. O jogo é válido pela sétima rodada do Campeonato do Nordeste.

Na partida do domingo passado, o elenco americano mostrou mais uma vez que a torcida e o técnico Lula Pereira precisarão de muita paciência para esperar uma futura evolução da equipe. A partida foi marcada por muitos passes errados e conclusões equivocadas por parte dos dois times. O melhor lance do alvirrubro aconteceu apenas aos 18 minutos do segundo tempo, quando Adalberto deu um belo chute de fora da área, para grande defesa do goleiro pernambucano. No fi nal da partida, os 1508 torcedores que estiveram presentes no Machadão, cobraram da diretoria a contratação de jogadores com mais qualidade técnica.

Mesmo sem conquistar um resultado positivo nos últimos jogos, o América ocupa atualmente a nona posição, com oito pontos e está a apenas dois do Vitória/BA, quarto colocado e que fi caria com a última vaga para a próxima fase da competição.

HOJE O ABC está completando 95 anos de existência. O clube foi criado em Natal, no dia 29 de ju-nho de 1915, por alguns jovens praticantes de remo. O nome foi dado em homenagem ao pac-to de amizade fraternal, fi rma-do em 1903 por Argentina, Brasil e Chile. O primeiro jogo do time potiguar foi realizado em 20 de setembro de 1915, contra o Natal Esporte Clube, o alvinegro ven-ceu por 13 a 1.

Para o atual presidente do clube, Rubens Guilherme, o maior presente para todos seria o acesso para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. “O que vier de positivo é lucro, mas to-das as nossas forças estão volta-das para a conquista da promo-ção para a série B, estamos foca-dos nisso”, falou o presidente.

Como principal marca em seu currículo, o Mais Querido pode se vangloriar de ser o time com mais títulos estaduais no país, são 51 no total.

Dando continuidade a uma extensa programação, que teve início no último dia 21, em uma sessão solene na Câmara Munici-pal com o lançamento de um selo comemorativo, a direção abece-dista, em parceria com a torci-da, realiza hoje a “Hora do ABC”, uma grande queima de fogos em frente ao Frasqueirão, às 8h.

NORDESTEPensando no jogo de ama-

nhã, contra o CRB/AL, no Fras-queirão, pela sétima rodada do Campeonato do Nordeste, o time retomou os treinamentos na tarde de ontem. À noite, após foi realizada a primeira atividade da semana.

No domingo passado (28), o alvinegro foi derrotado por 3 a 1 pelo Treze/PB, no estádio Ami-gão, em Campina Grande. O time potiguar até saiu na frente no marcador, com gol do lateral Ed-son, aos oito minutos do primei-ro tempo, mas acabou sofrendo a virada da equipe da casa. Aos 34, Vavá empatou a partida. No segundo tempo, nos minutos 16 e 28, Felipe Blau e Vavá, respecti-vamente, defi niram o placar.

Em declaração ao site ofi cial do clube, o treinador Leandro Campos mostrou-se esperanço-so com a recuperação da equi-pe. “Estamos procurando apren-der com as lições que a competi-ção nos dá. Estamos averiguan-do, analisando, corrigindo os erros e acertando algumas ares-tas para que já no próximo jogo possamos vencer e compensar este mal resultado de hoje”, disse.

O ABC, que até a rodada pas-sada era o primeiro colocado, caiu para a segunda posição. A liderança agora pertence exata-mente ao Treze, que depois da vitória chegou aos 12 pontos, um a mais que o alvinegro potiguar.

ALVORADA PARA COMEMORAR 95 ANOS

/ ABC /

LULA QUER TIRAR O PREJUÍZO FORA

/ AMÉRICA /

▶ Rubens Guilherme: orgulho

HUMBERTO SALES / NJ

Page 7: SANTA CRUZ AOS PÉS DE SANTA RITA

▶ ESPORTES ◀ NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010 / NOVO JORNAL / 15

Estilo DungaO primeiro contra-ataque surgiu aos 4min e, para quem tinha

dúvidas se seria imprudência o Chile atacar o Brasil, fi cou a certe-za: era imprudente mesmo.

Mas Bielsa lançou Isla e Sánchez no setor de Michel Bastos, que deu conta do recado. Marcou por pressão, e Ramires, junto com Gilberto Silva, fi zeram a preocupação com a saída de bola pa-recer susto de torcedor. De tão preciso, o passe na defesa chegava a Kaká e a Robinho. Virava contra-ataque.

Luis Fabiano desperdiçou aos 4min, mas eles continuaram aparecendo. O primeiro tempo teve saídas em velocidade para to-dos os gostos. Pela esquerda, com Kaká em largas arrancadas de que só ele é capaz.

O passe cioso na defesa era um pouco afoito no ataque. Pois da defesa Ramires abriu o jogo para Maicon cruzar, e a bola, desviada, resultou em um escanteio. Não importa que as bolas paradas se-jam responsáveis por apenas 22% dos gols do time de Dunga. Juan escorou de cabeça o cruza-mento de Maicon e marcou seu sétimo gol pela seleção, o quarto contra os chilenos.

Era a senha para atrair um pouco mais a equipe de Bielsa, colocar ainda mais velocidade no jogo.

Quando, aos 37min, o contra-ataque nasceu de novo para o Brasil, Biel-sa deu um salto à frente de seu banco de reservas. Sal-tou mais alto do que fazia Dunga a cada passe errado contra Portugal. Bielsa sabia que as ar-rancadas do Brasil muitas vezes acabam em gol. Kaká deu o últi-mo toque para Luis Fabiano e se tornou o líder de assistências da Copa, com três, ao lado do alemão Th omas Müller.

E o contra-ataque voltou a ser o item que mais gols dá à sele-ção quando Ramires roubou a bola e a entregou para Robinho fa-zer seu primeiro gol em Copas do Mundo. São 125 gols com Dun-ga. São 41 contra-atacando.

POSIÇÕES A maioria dos contra-ataques de Kaká foi pela esquerda. De-

ram certo demais as inversões entre Robinho, Daniel Alves e Kaká. A saída de bola foi precisa com Ramires, Gilberto Silva e Michel Bastos.

A HOLANDA Com mais posse de bola que o Brasil, vai oferecer a mesma ve-

locidade que o Chile deu. É difícil parar o Brasil em alta velocida-de, mas Robben e Sneijder preocupam.

PVC escreve nesta coluna diariamente

RICHARD HEATHCOTE / GETTY IMAGES

PauloVinícius Coelho▶ [email protected]

BIELSA SABIA QUE

AS ARRANCADAS

DO BRASIL MUITAS

VEZES ACABAM

EM GOL

▶ Gilberto Silva, Michel Bastos e Ramires: ligação direta com o ataque

FOLHAPRESS

A HOLANDA QUE vai enfrentar o Brasil não fez uma apresentação de gala, mas venceu a Eslováquia por 2 a 1.

Mostrou-se mais uma vez burocrática, mas já acumu-la invencibilidade de 23 parti-das. Não é favorita ao título ain-da, mas continua com 100% de aproveitamento.

O time do técnico Bert van Marwijk contou ontem pela pri-meira vez com Robben como ti-tular, e o atacante do Bayern de Munique correspondeu às expectativas.

E explicou por que os holan-deses esperaram tanto por ele nesta Copa. Robben sofreu le-são muscular no último amisto-so do time, mas se recuperou em 15 dias.

Robben foi eleito o melhor do jogo, e muito disso deve-se ao gol que fez aos 18min. Na primei-ra bola que recebeu em boa con-dição e pôde partir para cima da defesa adversária, abriu o marcador.

Bem ao seu estilo, aberto pela direita, cortou para o meio, li-vrou-se de Zabavnik e Durica e bateu seco, rasteiro, no canto es-querdo baixo de Mucha, que não alcançou.

Até então, a partida tinha sido um festival de chutes de lon-ga distância. Jendrisek, Sneijder, Hamsik, Kuyt, Kucka... Todos tes-

taram a Jabulani em meio ao for-te vento que até balançou o ban-co de reservas da Eslováquia.

Van Persie, centroavante da Holanda, teve chance de cabe-ça, mas falhou. Em outra jogada, serviu Sneijder, e ele tocou fraco, no meio do gol, para a defesa de Mucha. O primeiro tempo não ofereceu sustos ao time laranja.

Na etapa fi nal, Robben fez quase a mesma jogada do gol, mas dessa vez Mucha fez boa de-fesa. Depois, o atacante arrancou pela esquerda e serviu o zagueiro

Mathijsen, que obrigou o goleiro eslovaco a fazer boa intervenção.

A Eslováquia não forçava no ataque, mesmo com a Holanda em vantagem no placar e recua-da. Porém o goleiro Stekelenburg fez duas grandes defesas, uma em jogada individual de Stoch, que bateu da entrada da área, e outra em fi nalização à queima-roupa de Vittek.

O gol que selou a vitória ho-landesa foi marcado por Sneijder. Kuyt recebeu livre quando a defe-sa eslovaca estava adiantada, dri-

blou Mucha e serviu o meia namarca do pênalti. Ele nem tinhagoleiro na frente e fez 2 a 0.

REAÇÃO TARDIA Nos acréscimos, o árbitro deu

pênalti de Stekelenburg em Vit-tek. O atacante driblou o goleiro holandês, que tentou encolher o braço e impedir o choque. O pró-prio Vittek bateu e descontou.Foi o quarto gol dele na Copa - éum dos artilheiros. Mas não deunem tempo de a bola ir para o meio. O jogo acabou.

23 JOGOS SEMSER ESPREMIDA/ LARANJA / SELEÇÃO DA HOLANDA VENCEU A ESLOVÁQUIA POR 2 A 1 E ENCARA O BRASIL NAS QUARTAS DE FINAL ANIMADA COM O RETORNO E O BOM FUTEBOL DO ATACANTE ROBBEN

▶ Robben e sua jogada mortal no primeiro gol holandês: corte e chute com a perna esquerda

THOMAS COEX / AFP / GETTY IMAGES / DIVULGAÇÃO ADIDAS

FOLHAPRESS

ESPANHA E PORTUGAL fazem hoje, na Cidade do Cabo, às 15h30, o jogo mais importante da longa história de confrontos entre os países ibéricos. E esta é a melhor fase de ambos para um duelo.

Espanhóis e portugueses ocu-pam, respectivamente, a segunda e a terceira posições no ranking da Fifa, que tem o Brasil como lí-der. Os vizinhos estão separados por um considerável número de pontos (1.565 a 1.249), e as esta-tísticas na Copa mostram de fato que a Espanha merece ligeiro fa-voritismo hoje.

A Fúria é a equipe que, em média por partida na fase de gru-pos, mais deu passes (490), mais driblou (22,7), mais cruzou (35,7) e menos recebeu cartões na Copa (nenhum). Portugal, nesses itens, surge com 341 passes, 8,3 dribles, 19,7 cruzamentos e sete cartões amarelos.

A atual campeã europeia aproveita mais passes (91,6% são certos, contra 81,5% dos lusita-nos) e fi naliza mais (17 arrema-

tes por jogo contra 14,7 dos por-tugueses, em média), o que suge-re uma partida aberta.

Com certa difi culdade, Espa-nha venceu seu grupo com dois triunfos. Os lusos fi caram atrás do Brasil em sua chave, bem mais difícil - só venceram a Coreia.

Na retrospectiva do confron-to ibérico, a vantagem é da Espa-nha, que venceu 15 partidas, con-tra apenas cinco dos portugueses.

“Portugal é uma grande equi-

pe, não é só o Cristiano Ronaldo. Os portugueses ainda não sofre-ram gols no Mundial, é a única seleção que conseguiu isso. Mos-tra que têm um time sólido e não apenas individualidades. É um jogo muito difícil’’, declarou Vi-cente del Bosque, o treinador da Espanha.

Os dois times possuem joga-dores de boa técnica e não costu-mam apelar para faltas, embora, contra o Brasil, Portugal tenha fei-

to jogo ríspido. Os espanhóis fazem 10,3 fal-

tas por jogo na Copa, sendo oterceiro time que menos bate. JáPortugal comete, em média, 14faltas por partida.

“Estamos preparados paraqualquer adversário. Já tivemos jogos críticos na outra fase. Ago-ra temos um jogo em que é tudo para o ganhador e nada para operdedor. Estamos prontos paradeixar tudo dentro de campo. Omelhor Portugal ainda está paravir’’, afi rmou Carlos Queiroz, o técnico de Portugal.

O vencedor do duelo irá en-trar como favorito na fase seguin-te, contra Paraguai ou Japão.

Lusos fi cam à vontade na ci-dade do cabo

Portugal marcou sete golsnesta Copa, todos contra a Co-reia do Norte, no estádio Gre-en Point, palco do jogo de hoje.Na cidade, os lusos foram visitar o monumento que presta home-nagem ao compatriota Bartolo-meu Dias, que foi o primeiro eu-ropeu a ter dobrado o cabo daBoa Esperança.

FOLHAPRESS

O VENCEDOR DO duelo de hoje en-tre Paraguai e Japão, no estádio Loftus Versfeld, em Pretória, pelas oitavas de fi nal da Copa do Mun-do, conquistará um feito históri-co. As duas seleções jamais pas-saram desta fase da competição.

Em sete participações ante-riores, os paraguaios foram além da fase de grupos em três. Os ja-poneses chegaram ao mata-ma-

ta apenas em 2002, quando sedia-ram a competição ao lado da Co-reia do Sul.

Após campanhas decepcio-nantes no Mundial de 2006, na Alemanha, sul-americanos e asi-áticos desembarcaram na África do Sul como coadjuvantes, mas surpreenderam. Os paraguaios terminaram a primeira fase na liderança do Grupo F, desban-cando a favorita Itália. Aponta-dos como os azarões do Grupo

E, os japoneses fi caram na segun-da colocação da chave, deixando para trás Dinamarca e Camarões.

O técnico Takeshi Okada cre-dita a boa campanha à aplica-ção tática e à união dos jogado-res, no entanto, reconhece que sua equipe ainda tem muito a evoluir. “Nós ainda estamos um pouco abaixo do alto nível inter-nacional. Conhecemos os nossos limites. Mas temos qualidades”, completou.

O técnico do Paraguai, Ge-rardo Martino não poderá con-tar com o volante Victor Cáce-res, que cumprirá suspensão pelo o segundo cartão amarelo na par-tida contra a Nova Zelândia. Comisso, Ortigoza deverá ganhar umachance entre os titulares. Por ou-tro lado, o treinador terá a sua dis-posição jogadores que se recupe-raram de contusões, como o vo-lante Santana, o zagueiro Alcaraz e o atacante Valdez.

Seleções fazem duelo ibérico/ 2º E 3º /

▶ Xavi: meia é um dos destaques da Espanha no confronto histórico

MARTIN BERNETTI / AFP / GETTY IMAGES / DIVULGAÇÃO ADIDAS

Paraguai e Japão buscam classifi cação inédita/ 11H /

Page 8: SANTA CRUZ AOS PÉS DE SANTA RITA

▶ ESPORTES ◀16 / NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2010

Como era previstoAntes de a bola rolar, vejo no telão do estádio os jogadores no

túnel se preparando para entrar em campo. O que sente um atleta nesse momento decisivo e importan-

te de sua carreira? Medo, principalmente. Medo de dar errado. Por causa da ansiedade, aumenta a transpiração, o batimento cardía-co, o rosto se contrai, e o jogador vai várias vezes ao banheiro para urinar de medo.

Antes de entrar em campo, como os jogadores dos dois times estão lado a lado, alguns não resistem e olham para os adversários, em uma mistura de curiosidade e apreensão.

É famosa a cena do fi lme da Copa de 1994, com Roberto Ba-ggio olhando para Romário. Baggio deve ter pensado: ‘Como joga esse baixinho’.

Gosto de assistir à partida em silêncio. De vez em quando, anoto alguma coisa. No fi nal do jogo, tento explicar o inexplicável. Nenhum texto é sufi ciente para compreender a partida.

Como na vida, o jogo de futebol tem muitos acasos, mistérios e estranhezas. Além disso, como dizia o fi lósofo Gar-rincha, o problema é que nada foi combinado com o adversário.

Tudo o que ocorreu no jogo era o mais esperado. Foi uma repetição das duas vitórias anteriores do Brasil sobre o Chile.

O time chileno foi para o ataque, como era previsto, e o Brasil, como também era previsto, em dois belos lan-ces de contra-ataque e em uma jogada pelo alto, de es-canteio, defi niu a partida. O goleiro do Chile tem apenas 1,83m, e o outro mais alto mede 1,81m. É uma equipe muito baixa para en-frentar os grandalhões da seleção brasileira.

Nesta partida, o Brasil mostrou suas três grandes virtudes: o con-tra-ataque, a grande qualidade de seus defensores e a jogada aérea.

Todos atuaram bem, principalmente Lúcio e Juan, dois mons-tros, como disse Paulo Cobos. Daniel Alves, que tinha jogado mal contra Portugal, mostrou, ao lado de Kaká e Robinho, que tem mais talento que Elano. Ramires também jogou bem, mas está suspenso no próximo jogo.

Brasil e Holanda farão um jogo igual. Qualquer resultado é normal.

A vantagem do Brasil é ter mais tradição. Isso aumenta a pres-são para vencer. É positivo. Se o Brasil perder, será uma tragédia para o torcedor brasileiro. Se a Holanda perder, no máximo, vai di-minuir o consumo da cerveja.

Tostão escreve nesta coluna diariamente

Tostão

▶ Na hora de entrar em campo, jogadores sentem medo de errar

PAUL GILHAM / FIFA / GETTY IMAGES

NOS CONTRA-

ATAQUES E NA

JOGADA AÉREA, A

SELEÇÃO BRASILEIRA

DEFINIU A PARTIDA

CONTRA O CHILE

FOLHAPRESS

O BRASIL NÃO teve difi culdades para vencer o Chile por 3 a 0, on-tem, no estádio Ellis Park, em Jo-hannesburgo, e avançou às quar-tas de fi nal da Copa do Mundo de 2010.

Agora, o time de Dunga enca-ra na próxima fase a Holanda, que ontem bateu a Eslováquia por 2 a 1. O duelo está marcado para a próxima sexta-feira, às 11h (horá-rio de Brasília).

Brasil e Holanda revivem as-sim alguns duelos decisivos em Copas do Mundo. Em 1974, o time laranja bateu a equipe bra-sileira, então comandada por Za-gallo, por 2 a 0, nas semifi nais.

Em 94, o Brasil deu o troco e venceu por 3 a 2, nas quartas de fi nal. Na Copa seguinte, em 98, a equipe brasileira venceu as semi-fi nais, nos pênaltis, após empate por 1 a 1 no tempo regulamentar e na prorrogação.

O Brasil não contou ontem com dois titulares, os meio-cam-pistas Felipe Melo e Elano, que não se recuperaram de lesões. O primeiro tem uma torção no tor-nozelo direito, e o segundo, no esquerdo.

No jogo de ontem, Robinho anotou seu primeiro gol pela se-leção brasileira na Copa, assim como Juan - o outro foi marcado por Luis Fabiano, que tem três no total.

O JOGO O Chile atuou como em seus

últimos jogos: no ataque. Expert em aproveitar contra-ataques, o time de Dunga soube, mais uma vez, aproveitar esse cenário para criar boas chances.

Logo aos 4min, o Brasil apro-veitou contra-ataque, a bola foi lançada para Luis Fabiano, que invadiu a área e chutou para fora. Depois disso, o time arriscou al-guns chutes de fora, como com Gilberto Silva, aos 8min, e Rami-

res, aos 14min. Ambos foram de-fendidos por Claudio Bravo.

O Brasil seguiu dominando o jogo até usar outra de suas ar-mas para abrir o placar: a jogada aérea. Aos 35min, após cobrança de escanteio, Juan subiu sozinho e mandou para o gol.

Apenas três minutos depois, novo gol, agora de contra-ataque. Kaká recebeu bola da esquerda e deu lindo toque, de primeira, para Luis Fabiano. O camisa 9 driblou o goleiro e marcou seu terceiro gol na Copa.

Na segunda etapa, o Chile apostou na entrada de Valdivia na vaga de Mark González. Mais exposto ainda, o time do técnico Marcelo Bielsa voltou a sofrer um gol de contra-ataque. Aos 14min, Ramires puxou contra-ataque de trás, carregou a bola e deixou para Robinho, na entrada área, bater colocado: 3 a 0.

O Chile ainda chegou a assus-tar, obrigando Julio César a fazer uma boa intervenção após giro de Suazo.

O médico da seleção brasi-leira, José Luiz Runco, garantiua presença do meio-campista Elano no jogo contra a Holan-da, na sexta-feira, mas disse que o volante Felipe Melo di-fi cilmente estará em campo.Além disso, Dunga não terá Ra-mires, suspenso, e verá quatrojogadores entrarem pendura-dos com um cartão amarelo.

Elano e Felipe Melo desfal-caram o Brasil na vitória des-ta segunda-feira por 3 a 0 sobreo Chile e no empate sem golscontra Portugal por uma tor-ção no tornozelo direito. FelipeMelo fi cou de fora ontem poruma torção no tornozelo es-querdo e só jogou até o fi nal doprimeiro tempo contra os por-tugueses, após receber uma en-trada dura do zagueiro Pepe.

Outro que não deve jogar na sexta é o meio-campista Julio Baptista, que ainda se recuperade uma torção no joelho direito. “O Elano está muito bem, trei-nou bem, era só questão de se-gurança [por não atuar ontem] de dividir bola e não vejo pro-blemas para a partida de sexta”,disse Runco. “O Felipe e o Júlioainda vamos aguardar para ver se eles têm condições e se libe-ramos para sexta. Hoje eu diria que a chance é de] uns 40% em relação a poderem jogar.

1, 2, 3...

/ BRASIL / DEPOIS DE GOLEAR O CHILE, EM SUA MELHOR APRESENTAÇÃO NA COPA DO MUNDOSELEÇÃO SE PREPARA PARA ENFRENTAR A HOLANDA DE ROBBEN NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA

Eleito pelos internautas do site da Fifa o melhor jogador da partida contra o Chile, o atacan-te Robinho disse que poderia ter atuado melhor ontem na vitória por 3 a 0 sobre o adversário, pe-las oitavas de fi nal da Copa do Mundo. Robinho marcou on-tem seu primeiro gol na Copa. “Estou feliz pelo gol e pela vitó-ria da equipe, mas sei que pode-ria ter jogado melhor. Sei que te-nho que melhorar, a tendência é essa”, falou o atacante do Santos.

Robinho comentou ainda a partida contra a Holanda, ad-versária das quartas de fi nal, na próxima sexta-feira, às 11h (ho-rário de Brasília). “É uma deci-são e temos que melhorar. Espe-ramos superar mais um objeti-vo. Vamos colocar o coração na ponta da chuteira”, fi nalizou.

Autor do segundo gol da vi-

tória da seleção brasileira sobre o Chile, o atacante Luis Fabiano afi rmou que o Brasil está evo-luindo no momento certo. “[A equipe] teve uma evolução, cria-mos várias jogadas. Consegui-mos armar os contra-ataques do jeito que a gente gosta de jo-gar. Passo a passo vamos chegar ao nosso objetivo. Estamos evo-luindo na hora certa”, declarou Luis Fabiano, artilheiro da equi-pe na competição, com três gols.

“Tenho essa responsabilida-de de fazer os gols e estou aqui para isso. Pude fazer um gol muito bonito, driblando o go-leiro. Foi uma vitória impor-tantíssima, que ainda dá mais uma confi ança”, acrescentou o camisa 9 da seleção brasilei-ra. Luis Fabiano também co-mentou sobre a Holanda, ad-versário das quartas de fi nal da Copa do Mundo. “Vamos enca-rar uma seleção forte, que tem muitos jogadores de qualidade”, completou.

▶ Primeiro gol do Brasil, aos 35 minutos do primeiro tempo: Juan, de cabeça, manda a bola para as redes

MICHAEL STEELE / GETTY IMAGES / DIVULGAÇÃO ADIDAS

Presente em campo como jogador nas duas vitórias sobre a Holanda, em 94 e 98, o técni-co da seleção brasileira, Dunga, afi rmou que a partida entre as duas seleções, na próxima sex-ta-feira, será bem diferente. Ele era o capitão nas duas Copas..

“É uma situação totalmen-te diferente. A Holanda mantém uma tradição de formar boas se-leções, de jogar bem, temos que ter o cuidado redobrado. Não é uma seleção que só marca e joga com bolas longas. É uma seleção que é muito parecida com as se-leções sul-americanas. É uma seleção que tem uma boa quali-dade técnica”, disse o treinador.

“É uma equipe boa, qualifi -cada. É um equipe sólida e tem diversos jogadores de qualida-de”, continuou.

Escolhido para substituir

Felipe Melo, machucado, na vi-tória por 3 a 0 sobre o Chile, o meia Ramires vai desfalcar a se-leção brasileira diante dos euro-peus. O jogador do Benfi ca rece-beu ontem seu segundo cartãoamarelo na competição e terá que cumprir suspensão na par-tida que defi nirá um dos semifi -nalistas do Mundial.

O Brasil vai para o jogo com quatro jogadores pendurados.Juan, Felipe Melo, Luis Fabianoe Kaká já têm um amarelo naconta e serão suspensos se rece-berem mais um nas quartas defi nal.

As punições só serão zera-das após a próxima fase. A de-cisão, que começa a valer nes-te Mundial, tem o objetivo deevitar um esvaziamento da fi -nal, como ocorreu em outros torneios.

“TEMOS QUE TER CUIDADO REDOBRADO”, DIZ DUNGA

▶ Robinho comemora gol com Luis Fabiano: time crescendo na hora certa

RICHARD HEATHCOTE / GETTY IMAGES / DIVULGAÇÃO ADIDAS

ROBINHO ELEITO O MELHOR DO JOGO

ELANO DEVE SER LIBERADO; FELIPE MELO NÃO

BIELSA ADMITE QUE O BRASIL JOGOU MELHOR

Não seria exagero dizer que a comunicação entre o banco de reservas e os jogadores do Chile na derrota para a seleção brasileira ontem foi uma coisa de louco. Explica-se: apelidado de El Loco, o técnico Marcelo Bielsa se posicionava de cóco-ras e não era o único a ter chili-ques na beira do campo a cada lance do jogo, disputado em Johannesburgo.

Seus dois auxiliares, os também argentinos Pablo Qui-roga e Eduardo Berisso, fi ca-vam assim como ele na bei-ra do gramado gritando com os jogadores chilenos. Quase sempre os três tentavam pas-sar instruções ao mesmo tem-po, aparentemente sem hierar-quia alguma - Berisso algumas vezes parecia até mandar mais do que o treinador Bielsa.

Na obrigatória entrevis-ta coletiva para os técnicos após os jogos da Copa, o qua-se sempre agitado Bielsa fi cou o tempo todo com a cabeça baixa, mas esbanjou elegância e “fair play’’ nas respostas aos jornalistas.

“O resultado foi justo, assim como nossa eliminação. Talvez o placar pudesse ter sido me-nor, mas não podemos negar a superioridade do Brasil’’, fa-lou Bielsa,

CHILE É FREGUÊS