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Saúde na Região Norte
Medir para Mudar
Centro Regional de Saúde Pública do Norte
Dezembro 2005
Ministério da Saúde Administração Regional de Saúde
do Norte Centro Regional de Saúde
Pública do Norte
Autores
Ana Maria Correia
Delfina Antunes
Elisabete Ramos
José Rocha Nogueira
Luís Castro
Margarida Azevedo
Maria Assunção Frutuoso
Maria Neto
Revisão
Laurinda Queirós
Capa Margarida Azevedo
Edição
Centro Regional de Saúde Pública do Norte Rua Anselmo Braamcamp, 144 4000 - 078 Porto Tel: 225103480 Fax: 225101618
e-mail: [email protected] Impressão e acabamento Papelmunde, SMG, Lda
Depósito legal 245536/06
Saúde na Região NorteMedir para Mudar
Agradecemos a possibilidade de aceder a dados não publicados dos sistemas de informação indicados no documento.
vii
Índice Índice de Figuras…………………………………………………………………………. xi
Índice de Quadros………………………………………………………………………. xix
1. Introdução…………………………………………………………………………… 1
2. Material e Métodos………………………………………………………………..... 5
3. População e Indicadores Demográficos…………………………………………. 15
4. Natalidade e Mortalidade Infantil…………………………………………………. 27
5. Mortalidade e Morbilidade Geral………………………………………………….. 41
5.1. Introdução………………………………………………………………………. 43
5.2. Mortalidade e Morbilidade Geral…………………………………………….. 44
Causas Externas……………………………………………………………….. 46
Diabetes mellitus……………………………………………………………….. 49
Doenças do Aparelho Circulatório……………………………………………. 50
Doenças do Aparelho Respiratório…………………………………………… 55
Doenças do Aparelho Digestivo………………………………………………. 56
Doença Crónica do Fígado e Cirrose………………………………………… 57
Total de Tumores Malignos…………………………………………………… 58
5.3. Anos Potenciais de Vida Perdidos…………………………………………… 60 5.4.1. Mortalidade por Doenças Oncológicas……………………………………. 63
Tumores do Aparelho Digestivo………………………………………………. 63
Tumores do Aparelho Respiratório…………………………………………… 67
Tumores do Tecido Linfático e Órgãos Hematopoiéticos………………….. 68
Tumores da Mama – mulheres……………………………………………….. 69
Tumores da Próstata…………………………………………………………… 70
Tumores de Outras Localizações…………………………………………….. 71
5.4.2. Anos Potenciais de Vida Perdidos por Doenças Oncológicas…………. 73
6. Doenças Infecciosas……………………………………………………………….. 75
6.1. Introdução………………………………………………………………………. 77
6.2. Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória……………………… 77
6.3. Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana………………………… 91
6.4. Tuberculose…………………………………………………………………... 104
6.5. Coberturas Vacinais - Programa Nacional de Vacinação……………….. 115
7. Morbilidade Profissional………………………………………………………….. 117
8. Determinantes da Saúde………………………………………………………… 127
8.1. Introdução…………………………………………………………………….. 129
8.2. Hábitos Tabágicos…………………………………………………………… 131
8.3. Consumo de Bebidas Alcoólicas…………………………………………… 137
viii
8.4. Ingestão Alimentar…………………………………………………………… 141
8.5. Excesso de Peso e Obesidade…………………………………………….. 147
8.6. Actividade Física/Tempos Livres…………………………………………… 149
8.7. Despesas Médias Anuais dos Agregados Familiares……………………. 152
8.8. Drogas Ilícitas………………………………………………………………… 154
9. Considerações Finais…………………………………………………………….. 159
10. Referências Bibliográficas……………………………………………………….. 165
ix
Lista de Siglas
APVP - Anos potenciais de vida perdidos
ARS-Norte - Administração Regional de Saúde do Norte
BCG – Bacilo de Calmette e Guerain
CAE - Classificação Portuguesa de Actividades Económicas
CID 10 - Classificação Internacional das Doenças - 10ª revisão
CID 9 - Classificação Internacional das Doenças - 9ª revisão
CNPDP - Centro Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais
CRS - Complexos Relacionados com SIDA
CRSPN - Centro Regional de Saúde Pública do Norte
CVEDT - Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis
DALYs - Anos de Vida Perdidos Ajustados para a Incapacidade
DDO - Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória
DGS - Direcção Geral da Saúde
DOTS - Directly Observed Therapy Short-course
DSIA - Direcção de Serviços de Informação e Análise
DTP - Vacina da Difteria, Tétano, Pertussis
Hab – Habitantes
Hib - Vacina do Haemophilus influenza
IDI - Índice de Dependência de Idosos
IDJ - Índice de Dependência de Jovens
IDT - Instituto da Droga e da Toxicodependência
IGIF - Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde
IMC - Índice de Massa Corporal
INE - Instituto Nacional de Estatística
INS - Inquérito Nacional de Saúde
ISAE - Inquérito de Saúde dos Adolescentes na Escola
NUT - Nomenclatura de Unidade Territorial
OMS - Organização Mundial de Saúde
PA - Portadores Assintomáticos
PALOP - Países Africanos de Língua Portuguesa
PNT - Programa Nacional de Luta Contra a Tuberculose
PNV - Programa Nacional de Vacinação
RN - região Norte (considera os 68 concelhos que integram a ARS-Norte)
SIDA - Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
x
SVIG-TB - Sistema de Informação Intrínseco do Programa Nacional de Luta contra a
Tuberculose
TB – Tuberculose
Td - Vacina do Tétano, Difteria
TOD - Toma Observada Directamente
VAP - Vacina Viva da Poliomielite
VASPR - Vacina do Sarampo, Parotidite, Rubéola
VHB – Vacina da Hepatite B
VIH - Vírus da Imunodeficiência Humana
xi
Índice de Figuras página Figura 1 - População residente nos 68 concelhos que integram a Região de Saúde
do Norte, resultados do censo de 1991 e do censo de 2001
17
Figura 2 - Pirâmide etária da população residente estimada para 2004 no Norte 18 Figura 3 - Distribuição da população residente estimada para o ano 2004 pelos
distritos que integram a Região de Saúde do Norte
19
Figura 4 - Distribuição da população residente estimada para 2004 nos concelhos
que integram a Região de Saúde do Norte
19
Figura 5 - Índice de envelhecimento (%), por concelhos, considerando apenas os
concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
21
Figura 6 - Índice de dependência de jovens (%), por concelhos, considerando apenas
os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
22
Figura 7 - Índice de dependência de idosos (%), por concelhos, considerando apenas
os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
22
Figura 8 - Número de estrangeiros com estatuto legal de residente em Portugal,
segundo a nacionalidade
23
Figura 9 - Número de solicitações de estatuto de residente em 2002, por NUTII-Norte 24 Figura 10 - Número de solicitações de estatuto de residente em 2002 no Norte, por
NUTs III
24
Figura 11 - Taxa de variação percentual 2000-2050 da população jovem, Portugal e
NUTS II
25
Figura 12 - Taxa de variação percentual 2000-2050 da população idosa, Portugal e
NUTSII
26
Figura 13 - Índice de envelhecimento, Portugal e NUTSII, estimativas para o período
2000-2050
26
Figura 14 - Evolução da taxa de natalidade (/1000 habitantes) entre 1999 e 2003,
total Nacional, região Norte e por distrito da região Norte
29
Figura 15 - Evolução da proporção de nados vivos (%) entre 1997 e 2002, segundo a
idade da mãe em Portugal
31
Figura 16 - Proporção (%) de nados vivos de gravidez na adolescência (idade<20
anos) e gravidez tardia (idade>39 anos)
31
Figura 17 - Evolução da taxa de mortalidade infantil (/1000 nados vivos) entre 1999 e
2003, Total Nacional e Região Norte
33
Figura 18 - Evolução da taxa de mortalidade pós-neonatal (/1000 nados vivos) entre
1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
34
Figura 19 - Evolução da taxa de mortalidade neonatal (/1000 nados vivos) entre 1999
e 2003, Total Nacional e Região Norte
35
xii
página Figura 20 - Evolução da taxa de mortalidade neonatal precoce (/1000 nados vivos)
entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
36
Figura 21 - Evolução da taxa de mortalidade perinatal (/1000 nados vivos+fetos
mortos de 28 e mais semanas) entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
37
Figura 22 - Evolução da taxa de mortalidade fetal tardia (/1000 nados vivos+fetos
mortos de 28 e mais semanas) entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
38
Figura 23 - Proporção (%) e número de óbitos com menos de 1 ano, por causa de
morte, 2003
39
Figura 24 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por sintomas, sinais e afecções mal
definidas (CID 9: 46 ou CID 10: R00-R99), padronizadas pela idade, na região Norte
e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
44
Figura 25 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por todas as causas de morte,
padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no
período de 2000 a 2002
45
Figura 26 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por causas externas (CID 9: E47-
E56 ou CID 10: V, W, X, Y), padronizadas pela idade, em ambos os sexos, na região
Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002
46
Figura 27 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por acidentes de trânsito com
veículos a motor (CID 9: E471 ou CID 10: V02-V04, V09, V12-V14, V19-V79, V86-
V89) e acidentes de transporte (CID 9: E47 ou CID 10: V01-V99), padronizadas pela
idade, na região Norte e o global nacional, em homens, no período de 2000 a 2002
47
Figura 28 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por acidentes de trânsito com
veículos a motor (CID 9: E471 ou CID 10: V02-V04, V09, V12-V14, V19-V79, V86-
V89) e acidentes de transporte (CID 9: E47 ou CID 10: V01-V99), padronizadas pela
idade, na região Norte e o global nacional, em mulheres, no período de 2000 a 2002
48
Figura 29 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por diabetes mellitus (CID 9:181 ou
CID 10:E10-14), padronizadas pela idade, em ambos os sexos, na região Norte e o
global nacional, no período de 2000 a 2002
49
Figura 30 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por doenças do aparelho circulatório
(CID 9:25-30 ou CID 10: 100-199), doença isquémica do coração (CID 9:27 ou CID
10:120-125) e doenças cerebrovasculares (CID 9:29 ou CID 10:160-169),
padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no
período de 2000 a 2002
50
Figura 31 - Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por
doenças isquémicas cardiacas, por sexo, no período de 2000 a 2004
51
Figura 32 - Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por
doenças isquémicas cardiacas, por grupo etário, no período de 2000 a 2004
52
Figura 33 - Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por
enfarte agudo do miocárdio, por sexo, no período de 2000 a 2004
52
xiii
página Figura 34 - Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por
enfarte agudo do miocárdio, por grupo etário, no período de 2000 a 2004
53
Figura 35 - Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por
doenças cerebrovasculares, por sexo, no período de 2000 a 2004
53
Figura 36 - Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por
doenças cerebrovasculares, por grupo etário, no período de 2000 a 2004
54
Figura 37 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por doença do aparelho respiratório
(CID 9: 31-32 ou CID 10: J00-J99), pneumonia (CID 9: 321 ou CID 10: J12-J18),
bronquite crónica não especificada, enfisema e asma (CID 9: 323 ou CID 10: J40-43,
J45, J46), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos
os sexos, no período de 2000 a 2002
55
Figura 38 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por doenças do aparelho digestivo
(CID 9: 33-34 ou CID 10: K00-K93), padronizadas pela idade, na região Norte e o
global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
57
Figura 39 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por doença crónica do fígado e
cirrose (CID 9: 347 ou CID 10: K70 e K73-K74), padronizadas pela idade, na região
Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
58
Figura 40 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores malignos (CID-9:08-14
ou CID 10: C00-C99), padronizadas pela idade, em ambos os sexos, na região Norte
e o global nacional, no período de 2000 a 2002
59
Figura 41 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por
causa de morte, na população da região Norte, ambos os sexos
60
Figura 42 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por
causa de morte, na população da região Norte, homens
61
Figura 43 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por
causa de morte, na população da região Norte, mulheres
61
Figura 44 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por localização do tumor,
padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em 2002, em ambos os
sexos
63
Figura 45 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumor do estômago (CID 9:091
ou CID 10: C16) e tumor do cólon (CID 9:093 ou CID 10: C18), padronizadas pela
idade, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002, em ambos os
sexos
64
Figura 46 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumor do estômago (CID 9:091
ou CID 10: C16) e tumor do cólon (CID 9:093 ou CID 10: C18), padronizadas pela
idade, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002, em homens
64
Figura 47 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumor do estômago (CID 9:091
ou CID 10: C16) e tumor do cólon (CID-9:093 ou CID 10: C18), padronizadas pela
idade, na região Norte e o global nacional, o período de 2000 a 2002, em mulheres
65
xiv
página Figura 48 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores do aparelho respiratório
(CID 9: 10 ou CID 10: C30-C39), padronizadas pela idade, na região Norte e o global
nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
67
Figura 49 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores da traqueia, brônquios e
pulmão (CID 9: 101 ou CID 10: C33-C34), padronizadas pela idade, na região Norte e
o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
67
Figura 50 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores do tecido linfático e
órgãos hematopoiéticos (CID 9: 14 ou CID 10: C81-C96), padronizadas pela idade,
na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
69
Figura 51 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores da mama em mulheres
(CID 9: 50 ou CID 10: C50), padronizadas pela idade, na região Norte e o global
nacional, no período de 2000 a 2002
70
Figura 52 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores da próstata (CID-9: 124
ou CID 10: C61), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, no
período de 2000 a 2002
71
Figura 53 - Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores de outras localizações
(CID 9: 13 ou CID 10: C69-C80), padronizadas pela idade, na região Norte e o global
nacional, no período de 2000 a 2002
72
Figura 54 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por
localização do tumor, na população da região Norte, em homens
73
Figura 55 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por
localização do tumor, na população da região Norte, em mulheres
73
Figura 56 - Razão entre as taxas de incidência (quinquénio 2000-2004) de algumas
Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória da região Norte de Portugal e do
resto do País
81
Figura 57 - Diferença entre as taxas de incidência (quinquénio 2000-2004) de
algumas Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória da região Norte de
Portugal e do resto do País
82
Figura 58 - Taxa de incidência (/100000 pessoas ano) de casos de brucelose (CID10
A23) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por
concelho
83
Figura 59 - Distribuição do número de casos de brucelose (CID10 A23) declarados
na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por grupo etário e sexo
83
Figura 60 - Taxa de incidência (/100000 pessoas ano) de casos de febre escaro-
nodular (CID10 A77.1) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 –
2004, por concelho de residência
84
Figura 61 - Número acumulado de casos de Tétano (CID10 A35) declarados na
região Norte de Portugal, por concelho de residência. 2000 – 2004
85
xv
página Figura 62 - Distribuição dos indivíduos com resultado positivo (concentração de
anticorpos IgG ≥ 0,1 UI/mL) para a toxina do tétano, por grupo etário
86
Figura 63 - Número acumulado de casos de tosse convulsa (CID10 - A37)
declarados na região Norte de Portugal, por concelho de residência. 2000 – 2004
87
Figura 64 - Casos de tosse convulsa (CID10 - A37) declarados na região Norte de
Portugal de 2000 a 2004, por mês de idade e ano de notificação
87
Figura 65 - Número anual de casos de hepatite aguda por vírus B (CID10 – B16)
declarados em Portugal, no resto do País e na região Norte, 1993–2004 com
indicação do ano de introdução no PNV da vacina da hepatite B
88
Figura 66 - Distribuição do número de casos de hepatite aguda por vírus C (CID10 -
B17.1) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por grupo
etário e sexo
89
Figura 67 - Evolução do número de casos de Portadores Assintomáticos (PA),
Complexos Relacionados com SIDA (CRS), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
(SIDA) e total, por ano de diagnóstico. Região Norte. 1981-2003 (casos declarados
até 30/06/2005)
92
Figura 68 - Evolução da taxa de incidência (/1000000) de SIDA em Portugal e na
região Norte, 1987-2003
93
Figura 69 - Taxa de incidência (/1000000) da infecção VIH nos distritos da região
Norte, entre 1995 e 1999
94
Figura 70 - Distribuição do número de casos de Portadores Assintomáticos (PA) e de
SIDA declarados até 30/06/2005 na região Norte, por grupo etário
95
Figura 71 - Número de casos acumulados de infecção VIH por grupo etário
declarados na região Norte até 31/12/2002 e até 30/06/2005
95
Figura 72 - Percentagem de casos de portadores assintomáticos (PA) declarados na
região Norte até 31/12/2001 por categoria de transmissão
97
Figura 73 - Percentagem de casos de portadores assintomáticos (PA) declarados na
região Norte até 30/06/2005 por categoria de transmissão
97
Figura 74 - Percentagem de casos de SIDA declarados na região Norte até
31/12/2001 por categoria de transmissão
98
Figura 75 - Percentagem de casos de SIDA declarados na região Norte até
30/06/2005 por categoria de transmissão
99
Figura 76 - Evolução do número de casos de SIDA por ano de diagnóstico e do
número de óbitos por SIDA por ano de ocorrência, na região Norte, 1990-2002
100
Figura 77 - Evolução do número de casos de SIDA por ano de diagnóstico e do
número de óbitos por SIDA por ano de ocorrência. Portugal 1987-2001
100
Figura 78 - Evolução da taxa de mortalidade (/1 000 000) por SIDA em Portugal e na
região Norte, entre 1988 e 2003
101
xvi
página Figura 79 - Evolução do número de óbitos por SIDA e por sexo na região Norte, entre
1990 e 2003
102
Figura 80 - Evolução do número de óbitos por SIDA segundo o grupo etário, na
região Norte, entre 1990 e 2001
102
Figura 81 - Evolução da taxa de incidência (/100000) de tuberculose em Portugal, no
período de 1972 a 2002
105
Figura 82 - Distribuição geográfica da incidência média anual (/100000) de casos de
tuberculose notificados entre 2000-2004
105
Figura 83 - Número de novos casos de tuberculose declarados no Norte de Portugal,
entre 1987 e 2004
106
Figura 84 - Evolução do total de casos e casos novos de tuberculose notificados na
região Norte, entre 2000 e 2004
106
Figura 85 - Taxa de incidência de tuberculose (/100000) na região Norte por grupos
etários, total e por sexo, em 2003
107
Figura 86 - Evolução do número de casos de tuberculose disseminada e de
tuberculose do sistema nervoso central notificados na região Norte, 2000-2004
108
Figura 87 - Evolução do número de casos de tuberculose em dependentes do álcool,
drogas intravenosas e outras drogas, na região Norte, 2000-2004
109
Figura 88 - Evolução do número de casos de tuberculose/SIDA notificados na região
Norte em toxicodependentes e noutros grupos, 2000-2004
110
Figura 89 - Taxa de incidência de tuberculose (/100000) nos distritos da região Norte,
2004
112
Figura 90 - Distribuição da morbilidade profissional por sexo 120 Figura 91 - Distribuição da morbilidade profissional por grupos de doenças
profissionais
121
Figura 92 - Distribuição das doenças do aparelho respiratório por diagnóstico 122 Figura 93 - Distribuição das doenças cutâneas por diagnóstico 122 Figura 94 - Distribuição das doenças por agentes biológicos, por diagnóstico 123 Figura 95 - Distribuição das doenças por agentes físicos, por diagnóstico 123 Figura 96 - Distribuição das doenças músculo-esqueléticas por diagnóstico 124 Figura 97 - Proporção dos grupos de doenças profissionais por grupos etários 124 Figura 98 - Distribuição das doenças profissionais por actividade exercida 125 Figura 99 - Número de óbitos em 2000 por factores de risco, mundial 129 Figura 100 - Hábitos tabágicos em adolescentes de 13 anos do Porto 136 Figura 101 - Consumo de bebidas alcoólicas em adolescentes de 13 anos do Porto,
2004
141
Figura 102 - Ingestão média diária de leite e derivados em adolescentes de 13 anos
do Porto
143
xvii
página Figura 103 - Consumo diário de fruta e legumes (g/dia), em adolescentes de 13 anos
do Porto
145
Figura 104 - Frequência de consumo de produtos de pastelaria (%) em adolescentes
de 13 anos do Porto, por sexo
146
Figura 105 - Ingestão média diária de refrigerantes em adolescentes de 13 anos do
Porto, por sexo
146
Figura 106 - Frequência da prática de actividades desportivas extra-escola, em
adolescentes de 13 anos do Porto
151
Figura 107 - Proporção (%) de despesas médias anuais dos agregados familiares, por
classe de despesa da classificação do consumo individual por objectivo
152
Figura 108 - Despesa média anual nacional em tabaco por agregado familiar com
despesas em tabaco, segundo o nível de instrução do representante do agregado
153
Figura 109 - Evolução do número de utentes em primeiras consultas, 1995-2003 154 Figura 110 - Distribuição do número de utentes em primeiras consultas por grupos
etários
155
xix
Índice de Quadros página Quadro 1 – Concelhos da Unidade Territorial Norte não integrados na Região de
Saúde do Norte
9
Quadro 2 – Estrutura e composição da população-padrão europeia (IARC, Lyon
1976)
14
Quadro 3 - População estimada para o ano 2004, por distrito e por grupo etário,
considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
20
Quadro 4 - Número de nados vivos por local de residência da mãe, nacional, região
Norte e distritos da região Norte
30
Quadro 5 – Taxa de natalidade (/1000 habitantes) por local de residência da mãe,
nacional, região Norte e distritos da região Norte
30
Quadro 6 - Número de nados vivos segundo a idade da mãe, no período de 2000 a
2002, em Portugal e na região Norte
32
Quadro 7 - Número de óbitos e taxa de mortalidade infantil, nacional e na região
Norte, por distrito de residência da mãe (/1000 nados vivos)
33
Quadro 8 - Número de óbitos e taxa de mortalidade pós-neonatal por residência da
mãe (/1000 nados vivos)
34
Quadro 9 - Número de óbitos e taxa de mortalidade neonatal por residência da mãe
(/1000 nados vivos)
35
Quadro 10 - Número de óbitos e taxa de mortalidade neonatal precoce por residência
da mãe (/1000 nados vivos)
36
Quadro 11 - Número de óbitos perinatais e taxa de mortalidade perinatal, por
residência da mãe (/1000 nados vivos + fetos mortos de 28 e mais semanas)
37
Quadro 12 - Número de fetos-mortos e taxa de mortalidade fetal tardia, por
residência da mãe (/1000 nados vivos+ fetos mortos de 28 e mais semanas)
38
Quadro 13 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por sintomas, sinais e
afecções mal definidas (CID 9: 46 ou CID 10: R00-R99), na região Norte, no período
de 2000 a 2002, por sexo
44
Quadro 14 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por todas as causas
de morte, na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo
45
Quadro 15 - Óbitos e Taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por causas externas
(CID 9: E47-E56 ou CID 10: V, W, X, Y), na região Norte, no período de 2000 a 2002,
por sexo
47
Quadro 16 - Óbitos e Taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por acidentes de
trânsito com veículos a motor (CID 9:E471 ou CID 10:V02-V04, V09, V12-V14, V19-
V79, V86-V89) e acidentes de transporte (CID 9:E47 ou CID 10: V01-V99), na região
Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo
48
xx
página Quadro 17 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por diabetes mellitus
(CID 9:181 ou CID 10:E10-14), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo
49
Quadro 18 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por doença do
aparelho circulatório (CID 9:25-30 ou CID 10: 100-199), doença isquémica do
coração (CID 9:27 ou CID 10: 120-125) e doenças cerebrovasculares (CID 9:29 ou
CID 10: 160-169), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo
51
Quadro 19 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por doença do
aparelho respiratório (CID 9:31-32 ou CID 10:J00-J99), pneumonia (CID 9:321 ou CID
10:J12-J18), bronquite crónica não especificada, enfisema e asma (CID 9:323 ou CID
10: J40-43, J45, J46), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo
56
Quadro 20 - Óbitos e taxas de mortalidade (/100000 hab) por doenças do aparelho
digestivo (CID 9:33-34 ou CID 10:K00-K93), na região Norte, no período de 2000 a
2002, por sexo
57
Quadro 21 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por doença crónica
do fígado e cirrose (CID 9:347 ou CID 10:K70 e K73-K74) na região Norte, no período
de 2000 a 2002, por sexo
58
Quadro 22 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores malignos
(CID-9:08-14 ou CID 10:C00-C99), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por
sexo
59
Quadro 23 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores do
aparelho digestivo e peritoneu (CID-9:09), tumor do estômago (CID 9:091 ou CID
10:C16) e tumor do cólon (CID-9:093 ou CID 10:C18), na região Norte, no período de
2000 a 2002, por sexo
65
Quadro 24 - Razão padronizada de mortalidade, para tumores do aparelho digestivo
e peritoneu (CID-9:09), tumor do estômago (CID 9:091 ou CID 10:C16) e tumor do
cólon (CID-9:093 ou CID 10:C18) por distrito da Região de Saúde do Norte, em 2002
66
Quadro 25 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores do
aparelho respiratório (CID 9:10 ou CID 10:C30-C39), e traqueia, brônquios e pulmão
(CID 9:101 ou CID 10:C33-C34), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por
sexo
68
Quadro 26 - Razão padronizada de mortalidade para tumores do aparelho
respiratório (CID 9:10 ou CID 10:C30-C39), e traqueia, brônquios e pulmão (CID
9:101ou CID 10:C33-C34), por distrito da Região de Saúde do Norte, em 2002
68
Quadro 27 - Óbitos e taxa de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores do tecido
linfático e órgãos hematopoiéticos (CID 9: 14 ou CID 10: C81-C96), na região Norte,
no período de 2000 a 2002, por sexo
69
Quadro 28 - Óbitos e taxa de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores da mama
em mulheres (CID-9: 50 ou CID 10: C50), na região Norte, no período de 2000 a
2002
70
xxi
página Quadro 29 - Óbitos e taxa de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores da
próstata (CID-9: 124 ou CID 10: C61), na região Norte, no período de 2000 a 2002
71
Quadro 30 - Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores de
outras localizações (CID 9: 13 ou CID 10: C69-C80), na região Norte, no período de
2000 a 2002, por sexo
72
Quadro 31 - Casos de doenças transmissíveis de declaração obrigatória notificados
na região Norte de Portugal por ano (2000 – 2004) e taxa de incidência (/100000
pessoas ano) para o quinquénio 2000-2004
79
Quadro 32 - Distribuição das notificações de infecção VIH por ano de diagnóstico e
por tipo de infecção na região Norte (declarados ao CVEDT até 30 de Junho de 2005)
91
Quadro 33 - Distribuição do número de casos de infecção VIH por distrito e da
população residente, região Norte
93
Quadro 34 - Distribuição da categoria de transmissão nos casos de infecção VIH
declarados na região Norte até 30 de Junho de 2005
96
Quadro 35 - Número de casos de PA declarados na região Norte por categoria de
transmissão. 2001-2003
96
Quadro 36 - Número de casos de SIDA declarados na região Norte por categoria de
transmissão, 2001-2003
98
Quadro 37 - Número e percentagem de casos de SIDA em que a Tuberculose foi
doença indicadora (SIDA/TB) na Região Norte, de Janeiro de 2001 a Junho de 2005
99
Quadro 38 - Evolução do número de casos de tuberculose em profissionais de saúde
da região Norte, 2000-2004
108
Quadro 39 - Evolução do meio de detecção dos casos de tuberculose notificados
com informação sobre o meio de detecção, na região Norte, 2000-2004
110
Quadro 40 - Evolução do número total de casos de tuberculose pulmonar e de
coabitantes dos casos seleccionados e rastreados, na região Norte, 2000-2004
111
Quadro 41 - Proporção de casos de tuberculose pulmonar em regime de Toma
Observada Directamente na região Norte, 2000-2004
111
Quadro 42 - Evolução do sucesso terapêutico no total de casos de tuberculose e nos
casos de tuberculose pulmonar bacilífera declarados na região Norte, 2000-2003
112
Quadro 43 - Perfil da tuberculose nos distritos da região Norte, na região Norte e em
Portugal Continental, 2004
113
Quadro 44 - Cobertura vacinal (%) aos dois anos de idade, por vacina e por coorte
de nascimento, de 1999 a 2002
115
Quadro 45 - Cobertura vacinal (%) aos seis anos de idade, por vacina e por coorte
de nascimento, de 1995 a 1998
116
Quadro 46 - Cobertura vacinal (%) aos 14 anos de idade, por vacina e por coorte de
nascimento, de 1987 a 1990
116
xxii
página Quadro 47 - Evolução do número de casos das principais doenças profissionais
notificados entre 2000 e 2004
120
Quadro 48 - Número e prevalência de fumadores na região Norte, por grupos etários 131 Quadro 49 - Consumo médio de cigarros/dia na região Norte, por grupos etários 132 Quadro 50 - Número de indivíduos que fumavam na região Norte, por grupos etários 133 Quadro 51 - Consumo médio de cigarros/dia na região Norte, por grupos etários 133 Quadro 52 - Prevalência de consumo de tabaco na região Norte, por grupo etário e
sexo
135
Quadro 53 - Proporção de fumadores na região Norte por categoria de número de
cigarros fumado por dia, por grupo etário e sexo
135
Quadro 54 - Prevalência de consumo de bebidas alcoólicas na região Norte, por
idade e sexo, INS 95/96
138
Quadro 55 - Prevalência de consumo de bebidas alcoólicas na região Norte, por
idade e sexo, INS 98/99
139
Quadro 56 - Consumo de bebidas alcoólicas em adolescentes da região Norte, por
tipo de bebida, 2002
140
Quadro 57 - Proporção de indivíduos na região Norte que consumiram o alimento,
por grupo etário, INS 95/96
141
Quadro 58 - Proporção de indivíduos na região Norte que consumiram o alimento,
por grupo etário, INS 98/99
142
Quadro 59 - Consumo de leite na região Norte, por grupo etário, INS 95/96 142 Quadro 60 - Consumo de leite na região Norte, por grupo etário, INS 98/99 142 Quadro 61 - Frequência de ingestão dos alimentos avaliados no estudo “A Saúde
dos Adolescentes Portugueses” em 1998 e 2002, total nacional
144
Quadro 62 - Frequência de ingestão dos alimentos avaliados no estudo “A Saúde
dos Adolescentes Portugueses” em 2002, região Norte
144
Quadro 63 - Prevalência de categorias de Índice de Massa Corporal (IMC) por
grupos etários, região Norte, INS 98/99
148
Quadro 64 - Prevalência de excesso de peso incluindo obesidade 148 Quadro 65 - Desportos mais praticados pelos jovens da região Norte 150 Quadro 66 - Prevalência de diferentes actividades de lazer, em adolescentes da
região Norte
151
Quadro 67 - Prevalência da prática de actividade física em adolescentes 152 Quadro 68 - Idade da primeira experiência com drogas, nacional 1998 155 Quadro 69 - Tipo de droga experimentada, comparação de resultados nacionais de
1998 e 2002
156
Quadro 70 - Proporção de adolescentes da região Norte que já experimentou drogas,
por tipo de droga experimentada
156
1. INTRODUÇÃO
3
O sistema nacional de saúde ao longo dos anos deu cumprimento ao princípio
da universalidade da cobertura geográfica da prestação de cuidados, nomeadamente
através do Serviço Nacional de Saúde. Este desenvolveu-se com a preocupação da
acessibilidade aos serviços, da rede de referenciação, da qualidade, e da
implementação de programas prioritários que melhor respondessem aos grupos de
risco, entre outras.
O planeamento em saúde não pode ser conduzido apenas com base na
prestação de cuidados, mas sim articulado com o planeamento de base populacional.
Esta opção torna imprescindível identificar os determinantes de saúde, nomeadamente
os susceptíveis de modificação. Sabendo que nem sempre as necessidades
expressas na procura de serviços de saúde são sobreponíveis às necessidades
sentidas pela população e aos seus principais problemas de saúde, o planeamento
pretende identificar prioridades, melhorar os indicadores de saúde na óptica da
rentabilização dos recursos existentes.
Este documento faz a análise da informação disponível relativa à região Norte,
nas áreas da demografia, da mortalidade e da morbilidade. Inclui capítulos específicos
sobre as doenças infecciosas, das quais se destacam a infecção pelo VIH e a
tuberculose, as doenças profissionais e determinantes da saúde, que correspondem a
áreas privilegiadas de intervenção em saúde pública no momento actual. Pretende
este documento ser um instrumento de apoio ao planeamento em saúde. Não
ambiciona fazer o completo diagnóstico da situação da população desta região, sendo
apenas um contributo para o início de um processo que se pretende contínuo e
dinâmico.
Parafraseando o Prof. Correia de Campos (1), a saúde tem um custo de um
valor sem preço, devemos verificar se há proporcionalidade na correspondência entre
os custos e os ganhos em saúde para as populações, pelo que urge medir para mudar.
2. MATERIAL E MÉTODOS
7
2.1. Organização do Documento
A decisão sobre a estrutura e organização deste documento teve em consideração
os constrangimentos decorrentes dos dados disponíveis e a necessidade de conferir
um sentido e uma sequência lógicos aos problemas a abordar.
Os indicadores de saúde que se utilizaram abordam a Saúde na sua perspectiva
negativa, pelo facto de não se encontrarem disponíveis indicadores de bem-estar.
Optámos por iniciar o documento com um capítulo sobre indicadores demográficos
para que fosse possível aos leitores contextualizar-se na dimensão geodemográfica da
região. Recorremos, em seguida, a uma descrição e análise de indicadores de
mortalidade, nos seus componentes de mortalidade geral e mortalidade infantil. No
capítulo da mortalidade e morbilidade e dada a escassez de dados de morbilidade,
apresentam-se, sobretudo dados de mortalidade. Dentro da mortalidade, analisam-se
as taxas de mortalidade específicas, dando-se um particular relevo às doenças
oncológicas. No capítulo das doenças infecciosas incluímos um sub-capítulo sobre
Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória e, pela importância que assumem
tanto a nível nacional como regional, dois sub-capítulos sobre infecção pelo Vírus da
Imunodeficiência Humana e sobre tuberculose. Optámos por incluir neste capítulo os
resultados da aplicação do Programa Nacional de Vacinação na região pelo impacto
que sabemos terem sobre as doenças infecciosas preveníveis pela vacinação. Pela
importância que o ambiente de trabalho assume no padrão de morbilidade, são
também apresentados, em capítulo próprio, os dados relativos às doenças
profissionais. A necessidade de conhecer a distribuição de alguns factores
determinantes da saúde, passíveis de intervenção, justificou a inclusão de alguns
dados disponíveis em capítulo próprio. Procurámos integrar o conjunto da informação
apresentada ao longo do documento num capítulo que designámos “Comentários
finais”, no qual não se pretende tirar conclusões mas apenas destacar os aspectos
mais importantes.
Este documento não esgota o diagnóstico da situação de saúde da população da
região, é apenas o início de um processo que se pretende dinâmico.
8
2. 2. Origem dos Dados As fontes utilizadas para a elaboração deste documento foram diferentes
consoante os problemas abordados.
Os dados cuja fonte foi o Instituto Nacional de Estatística (INE) foram obtidos
através da consulta do seu sítio na internet (http://www.ine.pt/).
Os dados sobre óbitos cuja fonte foi a Direcção-Geral da Saúde (DGS) foram
obtidos por consulta das seguintes publicações: Risco de Morrer em Portugal 2000 (2),
Risco de Morrer em Portugal 2001 (3), Risco de Morrer em Portugal 2002 (4, 5),
Natalidade, Mortalidade Infantil, Fetal e Perinatal 1999/2003 (6).
Os dados sobre internamentos hospitalares foram cedidos pelo Gabinete de
Estatística e Planeamento da Administração Regional de Saúde do Norte.
Os dados sobre Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória (DDO)
tiveram como origem os dados estatísticos do sistema de informação da Direcção de
Serviços de Informação e Análise da Direcção-Geral da Saúde.
O diagnóstico da situação relativo à infecção pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana (VIH) foi elaborado com base nos dados fornecidos pelo Centro de Vigilância
Epidemiológica das Doenças Transmissíveis (CVEDT) do Instituto Nacional de Saúde
Dr. Ricardo Jorge.
Os dados sobre tuberculose tiveram como origem o Sistema de Informação
Intrínseco do Programa Nacional de Luta contra a Tuberculose (SVIG-TB), da
Direcção-Geral da Saúde.
Para a avaliação do Programa Nacional de Vacinação (PNV) foram utilizados
os dados das fichas individuais de vacinação dos inscritos em todas as unidades de
saúde de cada uma das sub-regiões, e analisados no Centro Regional de Saúde
Pública do Norte (CRSPN).
A informação sobre doenças profissionais foi obtida através das comunicações
relativas aos casos confirmados de doenças profissionais e enviadas para o Centro
Regional de Saúde Pública do Norte pelo Centro Nacional de Protecção contra os
Riscos Profissionais.
Também se recorreu à pesquisa de trabalhos realizados em grupos específicos
da população, particularmente aos dados do Inquérito Nacional de Saúde (INS) (7, 8),
para obter informação sobre dados que não são recolhidos de forma sistemática por
rotina.
9
2. 3. Definição de Conceitos
A unidade geográfica Norte tal como é definida pelo INE (NUT) difere da
Região de Saúde do Norte. Esta última não inclui 18 concelhos que estão integrados
no NUT-Norte (quadro 1).
Quadro 1 – Concelhos da Unidade Territorial Norte não integrados na Região de Saúde do Norte NUT III
Concelhos não integrados na
Região de Saúde do Norte Grande Porto
Espinho Tâmega
Castelo de Paiva Cinfães
Resende Entre Douro e Vouga
Arouca Santa Maria da Feira Oliveira de Azeméis
São João da Madeira Vale de Cambra
Douro Armamar Lamego
Moimenta da Beira Penedono
São João da Pesqueira Sernancelhe
Tabuaço Tarouca
Vila Nova de Foz Côa Nota: Todos os concelhos das NUT III Minho Lima, Cávado e Ave estão integrados na Região
de Saúde do Norte.
Esta diferença dificulta a análise dos resultados que o INE disponibiliza sem
desagregação por concelho, não permitindo o cálculo dos resultados para a Região de
Saúde do Norte. No entanto, os dados referentes à Unidade Territorial, na sua
generalidade, poderão ser considerados bons indicadores para a Região de Saúde do
Norte.
Neste trabalho, para facilitar a compreensão dos resultados apresentados,
utilizamos a denominação “Região Norte” sempre que os resultados forem referentes
aos concelhos que integram a Região de Saúde do Norte. Quando os dados se
referem a uma área diferente da definida a mesma será especificada.
10
Saldo fisiológico ou Saldo natural ou Excedente de vidas Diferença entre o número de nados vivos e o número de óbitos, num dado
período de tempo.
Formula: SN(0,t) = NV(0,t) - Ob(0,t);
NV(0,t) - Nados vivos entre os momentos 0 e t;
Ob(0,t) - Óbitos entre os momentos 0 e t
Variação populacional ou Crescimento efectivo da população Diferença entre os efectivos populacionais em dois momentos do tempo
(habitualmente dois fins de ano consecutivos). A variação populacional pode ser
calculada pela soma algébrica do saldo natural e do saldo migratório.
Formula: VP = P(t)-P(0)
P(t) - População no momento t;
P(0) - População no momento 0.
População estrangeira com estatuto legal de residente Os dados referem-se, na generalidade, aos pedidos e não às concessões,
devido ao facto de os dados sobre pedidos estarem mais actualizados do que os
referentes às concessões. O movimento do ano refere-se apenas às pessoas que
solicitaram, pela 1ª vez, uma autorização ou título de residência.
Índice de dependência de idosos (IDI) Relação entre a população idosa e a população em idade activa, definida como
o quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas
com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos.
Formula: IDI = [(P(65,+) / P(15,64))] * 10^ n;
P(65,+) - População com 65 ou mais anos;
P(15,64) - População com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos.
Índice de dependência de jovens (IDJ) Relação entre a população jovem e a população em idade activa, definida
como o quociente entre o número de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e
os 14 anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64
anos.
Formula: IDJ = [P(0,14) / P(15,64)] * 10^ n ;
P(0,14) - População com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos;
P(15,64) - População com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos.
11
Índice de dependência total (IDT) Relação entre a população jovem e idosa e a população em idade activa,
definida como o quociente entre o número de pessoas com idades compreendidas
entre os 0 e os 14 anos conjuntamente com as pessoas com 65 ou mais anos e o
número de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos.
Formula: IDT = [[P(0,14) + P(65,+)] / P(15,64)] * 10^ n ;
Índice de envelhecimento (IE) Relação entre a população idosa e a população jovem, definida como o
quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas
com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos.
Formula: IE = [(P(65,+) / P(0,14)] * 10^n ;
P(65,+) - População com 65 ou mais anos;
P(0,14) - População com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos.
Gravidez na adolescência e Gravidez tardia Segundo a idade da mãe à data do parto, definiu-se gravidez na adolescência
quando a idade era menor ou igual a 19 anos e gravidez tardia quando a idade era
superior aos 39 anos.
Nado vivo Produto da fecundação que após a expulsão ou extracção completa do corpo
materno, independentemente da duração da gravidez, do corte do cordão umbilical e
da retenção da placenta, respira ou manifesta sinais de vida, tais como pulsações do
coração ou do cordão umbilical ou contracções efectivas de qualquer músculo sujeito
à acção da vontade.
Taxa de natalidade Número de nados vivos ocorridos durante um ano civil, referido à população
média desse período (expressa em número de nados vivos por 1000 habitantes).
Formula:
TN = [NV(0,t) / [(P(0) + P(t))/2]] * 10^n ;
NV(0,t) - Nados-vivos entre os momentos 0 e t;
P(0) - População no momento 0;
P(t) - População no momento t.
12
Taxas de mortalidade específicas As taxas de mortalidade específica por cada uma das causas de morte (c), por
região (d), por sexo (s) e idade (i).
Formula:
TAXcdsi = Obcdsi / Pdsi
Obcdsi - número de óbitos ocasionados pela causa (c), na região (d), no sexo (s) e no
grupo etário (i).
Pdsi - estimativa da população residente em 30 de Junho do ano a que se refere a
taxa, na região (d), no sexo (s) e no grupo etário (i.)
Taxa de mortalidade infantil Número de óbitos de crianças com menos de 1 ano de idade observado
durante um ano civil, referido ao número de nados vivos do mesmo período (expressa
em número de óbitos de crianças com menos de 1 ano por 1000 nados vivos).
Taxa de mortalidade perinatal Número de óbitos fetais de 28 ou mais semanas de gestação e óbitos de nados
vivos com menos de 7 dias de idade observado durante um ano civil, referido ao
número de nados vivos e fetos mortos de 28 ou mais semanas do mesmo período
(expressa em número de óbitos fetais de 28 ou mais semanas e óbitos de nados vivos
com menos de 7 dias de idade por 1000 nados vivos e fetos mortos de 28 ou mais
semanas).
Taxa de mortalidade fetal tardia Número de fetos mortos de 28 ou mais semanas observado durante um ano
civil, referido ao número de nados vivos e fetos mortos de 28 ou mais semanas do
mesmo período (expressa em número de fetos mortos de 28 ou mais semanas por
1000 nados vivos e fetos mortos de 28 ou mais semanas).
Taxa de mortalidade neonatal Número de óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade observado
durante um ano civil, referido ao número de nados vivos do mesmo período (expressa
em número de óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade por 1000 nados
vivos).
13
Taxa de mortalidade neonatal precoce Número de óbitos de crianças com menos de 7 dias de idade observado
durante um ano civil, referido ao número de nados vivos do mesmo período (expressa
em número de óbitos de crianças com menos de 7 dias de idade por 1000 nados
vivos).
Taxa de mortalidade pós-neonatal Número de óbitos de crianças com mais de 27 dias e menos de um ano de
idade observado durante um ano civil, referido ao número de nados vivos do mesmo
período (expressa em número de óbitos de crianças com mais de 27 dias e menos de
um ano de idade por 1000 nados vivos).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade
Método directo de padronização Aplicação das taxas específicas de mortalidade por idades, de cada uma das
regiões, a uma população padrão, cuja composição etária é fixa, distribuindo-se pelos
mesmos grupos etários das taxas específicas.
Formulas:
CESPdsi = TAXdsi × PPi
CESPdsi - número de óbitos esperados na região (d), no sexo (s) e no grupo etário (i).
TAXdsi - como definido atrás
PPi - efectivo da população-padrão no grupo etário (i), no sexo (s).
A taxa de mortalidade padronizada obtém-se:
TAXPds = Σ CESPdsi / Σ PPi i i
TAXPds - taxa de mortalidade padronizada na região (d) e no sexo (s) Σ CESPdsi - número de óbitos esperados na região (d) e no sexo (s) i Σ PPi - número de indivíduos da população-padrão i
Para o cálculo das taxas de mortalidade padronizadas utiliza-se uma
população-padrão artificial com o objectivo de eliminar o efeito da idade, servem,
exclusivamente, para fazer comparações entre regiões. Escolheu-se a população-
padrão europeia (IARC, Lyon 1976).
14
Quadro 2 – Estrutura e composição da população-padrão europeia (IARC, Lyon 1976) Grupos etário (anos)
Número de Indivíduos
Grupos etário (anos)
Número de Indivíduos
<01 1600 35-44 14000 01-04 6400 45-54 14000 05-14 14000 55-64 11000 15-24 14000 65-74 7000 25-34 14000 >=75 4000
Total = 100.000
Razões padronizadas de mortalidade (RPM) As razões padronizadas de mortalidade foram calculadas utilizando o método
indirecto de padronização.
Formula:
RPM = O/E O - óbitos observados
E - óbitos esperados
Os óbitos esperados são calculados aplicando a taxa de mortalidade
específicas por grupo etário da população portuguesa, à população de cada região,
também distribuída pelos mesmos grupos etários. O número de óbitos esperados para
cada região obtém-se pelo somatório dos óbitos esperados em cada grupo etário.
Anos potenciais de vida perdidos (APVP) Através do cálculo do número de anos potenciais de vida perdidos pretende-se
fazer a análise de mortalidade precoce ou prematura. O cálculo foi realizado até aos
70 anos de idade e sem se lhes retirar os acontecidos no primeiro ano de vida.
Formula:
AVPP = Σ Oi × Ai
i Oi - número de óbitos no grupo etário (i)
Ai - número de anos de vida entre a idade média do grupo etário em que ocorreu o
óbito e os 70 anos.
3. POPULAÇÃO E INDICADORES DEMOGRÁFICOS
17
3.1. Introdução
Para a interpretação dos dados de saúde, quer de morbilidade quer de
mortalidade, e nomeadamente para, com base nesses dados, se fazer o planeamento
de recursos de modo a melhor servir a população que deles necessita, é essencial o
conhecimento da população e de indicadores demográficos que a possam descrever.
3.2. Comparação dos Censos de 1991 e de 2001
De acordo com resultados do censo realizado em 2001, a população residente
no Norte (NUT II) é de cerca de 3.680 milhares de indivíduos, traduzindo um
crescimento efectivo de aproximadamente 6,0% face ao recenseamento de 1991.
Cerca de três quintos deste acréscimo populacional é explicado pelo saldo natural
acumulado no período entre os dois censos, cabendo ao saldo migratório a
responsabilidade pelos restantes dois quintos da expansão demográfica desta região.
O resultado do último censo traduz uma aceleração do crescimento
demográfico no Norte do país, uma vez que entre 1981 e 1991 a variação populacional
observada havia sido de apenas 1,8%. Analisando a evolução da população nas sub-
regiões do Norte verifica-se que houve diferenças entre elas. A parte ocidental da
região continuou a destacar-se pelo seu maior dinamismo populacional. O Douro e o
Alto Trás-os-Montes continuaram a perder população durante a última década, o que
já se tinha observado entre 1981 e 1991, mas a um ritmo mais atenuado. O mesmo se
verifica quando consideramos apenas o que acontece na população dos 68 concelhos
integrados na Região de Saúde do Norte (Figura 1).
Fonte: INE
Figura 1 – População residente nos 68 concelhos que integram a Região de Saúde do Norte, resultados do censo de 1991 e do censo de 2001
18
A repartição geográfica da população residente evidencia uma litoralização da
população. Também se verificou um reforço da importância demográfica dos pólos
urbanos nas sub-regiões caracterizadas por menor dinamismo demográfico,
traduzindo assim um processo crescente de urbanização no interior da Região Norte.
3.3. População Residente Estimada para 2004
A pirâmide etária da população residente estimada para o ano de 2004 no
Norte (Figura 2) mostra, em ambos os sexos, uma base estreita e a área mais larga
nos grupos etários dos 20 aos 49 anos. No sexo feminino, como resultado da maior
esperança de vida, verifica-se um maior número de indivíduos do que do sexo
masculino, sendo praticamente o dobro no grupo etário de 85 ou mais anos.
Fonte: INE
Figura 2 – Pirâmide etária da população residente estimada para 2004 no Norte
Na Unidade Territorial (NUT) Norte definida pelo INE há 18 concelhos que não
integram a Região de Saúde do Norte. Considerando apenas os 68 concelhos que a
integram, a estimativa da população residente para o ano 2004 é de 3.274.993
residentes.
O distrito do Porto constitui a sub-região mais populosa (55,0%), segue-se o
distrito de Braga com 26,0% da população. Os restantes 19,0% de residentes
19
distribuem-se por Viana do Castelo (8,0%), Vila Real (6,8%) e Bragança (4,5%)
(Figura 3).
Braga
Bragança
Porto
Viana do Castelo
Vila Real
Fonte: INE
Figura 3 – Distribuição da população residente estimada para o ano 2004 pelos distritos que integram a Região de Saúde do Norte
A distribuição da população pelos concelhos que integram a Região de Saúde
do Norte mostra que prossegue a litoralização da população, já evidenciada na década
anterior (Figura 4).
Fonte: INE
Figura 4 – Distribuição da população residente estimada para 2004 nos concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
20
Além da litoralização, ao observar as estimativas de população residente por
grupo etário, verifica-se uma desigualdade na proporção dos diferentes grupos etários,
sendo os distritos do litoral os que apresentam uma população mais jovem (Quadro 3).
Quadro 3 - População estimada para o ano 2004, por distrito e por grupo etário, considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
Grupos etários
(anos)
Total 0-14 15-24 25-64 65 + Braga (26,0%) H 414.879 79.639 63.495 227.491 44.254 M 436.458 74.943 61.586 237.794 62.135Bragança (4,5%) H 70.602 8848 9426 36582 15746 M 74.884 8595 9183 36961 20145Porto (55,0%) H 871.865 158.051 119.891 495.440 98.483 M 896.297 150.891 116.239 523.634 142.386Viana do Castelo (8,0%) H 118.331 18.257 17.160 62.256 20.658 M 133.606 17.180 16.430 68.779 31.217Vila Real (6,8%) H 107.386 15635 15668 57125 18958 M 113.832 14886 14874 58053 26019 Total H 1.583.063 280430 225640 878894 198099 M 1.655.077 266495 218312 925221 281902
Fonte: INE
Como consequência desta distribuição etária, os distritos do interior, Vila Real e
Bragança, apresentam índices de envelhecimento muito superiores aos dos distritos
do litoral (Figura 5).
21
Fonte: INE
Figura 5 – Índice de envelhecimento (%), por concelhos, considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
Os índices de dependência de jovens e idosos também mostram assimetrias
dentro da região Norte. O índice de dependência de jovens é superior nos distritos do
litoral (Figura 6). Os distritos do interior, e como resultado de um índice de
envelhecimento superior, apresentam maiores índices de dependência de idosos
(Figura 7).
22
Fonte: INE
Figura 6 – Índice de dependência de jovens (%), por concelhos, considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
Fonte: INE
Figura 7 – Índice de dependência de idosos (%), por concelhos, considerando apenas os concelhos que integram a Região de Saúde do Norte
23
3.4. População Estrangeira com Estatuto Legal de Residente
O total de estrangeiros residentes em Portugal cresceu de 175.263 em 1997
para 239.113 no ano 2002. Ao longo dos anos a proporção de residentes com
nacionalidade dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) foi similar e de
aproximadamente 45% do total, constituindo o maior grupo de estrangeiros residentes
em Portugal. Das restantes nacionalidades, verificamos que a proporção maior é de
indivíduos de nacionalidade brasileira, embora o seu contributo apresente uma
tendência decrescente, devido ao aumento da proporção de residentes de outras
nacionalidades, o número absoluto aumentou entre 1997 e 2002. Os residentes com
nacionalidade europeia que não Alemanha, Espanha, França e Reino Unido,
representam o terceiro maior grupo e apresentou o maior crescimento, de 7,9% em
1997 para 9,0% em 2002, provavelmente à custa de estrangeiros provenientes dos
países da Europa de Leste que não aparecem discriminados nos dados
disponibilizados pelo INE (Figura 8). Os residentes de nacionalidade asiática e de
países africanos que não os PALOP, embora tenham uma proporção pequena, cerca
de 4% os países asiáticos e 2% os países africanos, apresentam uma tendência
crescente.
População estrangeira com estatuto legal de residente
0
20 000
40 000
60 000
80 000
100 000
120 000
1997 1998 1999 2000 2001 2002
PALOP - ACPOL BrasilEuropa*
Fonte: INE
Figura 8 - Número de estrangeiros com estatuto legal de residente em Portugal, segundo a nacionalidade (*outros que não Alemanha, Espanha, França e Reino Unido)
Considerando a informação disponível pelo INE para o ano de 2002, verifica-se
que a nível nacional existe uma assimetria no que se refere ao número de solicitações
24
de estatuto de residente. O maior número de solicitações é proveniente da região de
Lisboa, o Norte representa apenas 10% do total de solicitações (Figura 9).
População estrangeira que solicitou estatuto de residente em 2002
0
2 000
4 000
6 000
8 000
10 000
12 000
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve R. A. Açores R. A. Madeira Fonte: INE
Figura 9 – Número de solicitações de estatuto de residente em 2002, por NUTII-Norte
No Norte, também se encontram assimetrias, sendo as regiões do Tâmega,
Douro e Alto Trás-os-Montes as que apresentaram menor número de solicitações
(Figura 10). Este facto poderá também contribuir para o envelhecimento das regiões
do interior, uma vez que os estrangeiros que solicitam estatuto de residente são na
sua maioria indivíduos que vão contribuir para o aumento da população activa da
região onde residem.
População estrangeira que solicitou estatuto de residente em 2002,
por NUT III
0
200
400
600
800
1 000
1 200
Minho-Lima Cávado Ave Grande Porto Tâmega Entre Douro eVouga
Douro Alto Trás-os-Montes
Fonte: INE
Figura 10 – Número de solicitações de estatuto de residente em 2002 no Norte, por NUTs III
25
3.5. Projecções de População Residente, Portugal, 2000-2050
De acordo com as projecções de população residente do Instituto Nacional de
Estatística (INE), a população residente em Portugal, que em 2004 é de
aproximadamente 10,5 milhões, diminuirá em 2050. As estimativas oscilam entre os
7,5 milhões, no cenário mais pessimista, e os 10,0 milhões, no cenário mais optimista,
situando-se nos 9,3 milhões de indivíduos no cenário mais provável. Considerando o
cenário mais provável, também no Norte se estima uma diminuição da população para
cerca de 2,79 milhões de residentes.
Em qualquer dos cenários considerados, Portugal terá, entre 2000 e 2050 uma
redução da população jovem (dos 0 aos 14 anos de idade). O Norte do País também
irá acompanhar este decréscimo (Figura 11).
Figura 11 – Taxa de variação percentual 2000-2050 da população jovem, Portugal e NUTS II (retirado de: Destaque de 31 de Março de 2004, editado pelo INE, disponível em: http://www.ine.pt/)
Considerando estas previsões, apesar do decréscimo da população residente,
estima-se um acréscimo da população idosa (65 ou mais anos de idade) em todas as
regiões do país (Figura 12).
26
Figura 12 – Taxa de variação percentual 2000-2050 da população idosa, Portugal e NUTS II (retirado de: Destaque de 31 de Março de 2004, editado pelo INE, disponível em: http://www.ine.pt/)
Como resultado destas estimativas e qualquer que seja o cenário escolhido,
até 2050 a população de todas as regiões envelhecerá, podendo o Índice de
Envelhecimento situar-se nos 398 idosos por cada 100 jovens no cenário mais
pessimista. No cenário mais provável, o valor será de 243 idosos por cada 100 jovens.
Em qualquer dos cenários analisados, o ritmo de envelhecimento será particularmente
acentuado na região Norte, podendo atingir os 405 idosos por cada 100 jovens se
considerarmos o cenário mais pessimista (Figura 13).
Figura 13 – Índice de envelhecimento, Portugal e NUTS II, estimativas para o período 2000-2050 (retirado de: Destaque de 31 de Março de 2004, editado pelo INE, disponível em: http://www.ine.pt/)
4. NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL
29
4.1. Introdução
A taxa de natalidade e a taxa de mortalidade infantil são indicadores
frequentemente utilizados na caracterização da população. O estudo da taxa de
natalidade, a qual representa a relação entre nados vivos e a população residente,
permite obter uma perspectiva sobre a forma como a população está a evoluir. A
mortalidade infantil é geralmente analisada em função de duas componentes: a
mortalidade neonatal, que se refere aos óbitos de crianças com menos de 28 dias de
idade, e a mortalidade pós-neonatal, relativa aos óbitos entre os 28 dias e o primeiro
ano de vida. A análise destas duas componentes permite separar a mortalidade mais
associada às malformações da criança ou a complicações da gravidez e do parto
(mortalidade neonatal), e a mortalidade mais associada às condições de vida,
deficiências sanitárias e causas externas (mortalidade pós-neonatal).
4.2. Taxa de Natalidade Os distritos da região Norte que, no seu conjunto, no final da década de 90
apresentavam taxas de natalidade superiores ao total nacional, apresentaram no
período entre 1999 e 2003 um decréscimo acentuado da natalidade, e em 2003 a taxa
de natalidade atingiu um valor semelhante ao do total nacional (Figura 14).
Natalidade por residência da mãe (/1000 habitantes)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1999 2000 2001 2002 2003
TOTALREGIÃO NORTEBRAGABRAGANÇAPORTOVIANA DO CASTELOVILA REAL
Fonte: DGS
Figura 14 – Evolução da taxa de natalidade (/1000 habitantes) entre 1999 e 2003, total Nacional, região Norte e por distrito da região Norte
30
O decréscimo no número de nados vivos e consequentemente na taxa de
natalidade observada na região Norte ocorreu essencialmente à custa do decréscimo
nos distritos de Braga e Porto, que são as regiões onde a taxa de natalidade é maior
(Quadros 4 e 5).
Quadro 4 - Número de nados vivos por local de residência da mãe, nacional, região Norte e distritos da região Norte 1999
2000 2001 2002 2003
Nacional 116038 120071 112825 114529 112589 Região Norte 38639 39235 36600 36888 35207 Braga 10761 10941 10353 10147 9598 Bragança 1160 1172 1112 1085 1073 Porto 22288 22516 20922 21416 20264 Viana do Castelo 2386 2455 2288 2277 2215 Vila Real 2044 2151 1925 1963 2057
Fonte: DGS
Quadro 5 – Taxa de natalidade (/1000 habitantes) por local de residência da mãe, nacional, região Norte e distritos da região Norte 1999
2000 2001 2002 2003
Nacional 11,4 11,7 11,0 11,0 10,8 Região Norte 12,3 12,5 11,4 11,4 10,5 Braga 13,5 13,7 12,5 12,1 11,4 Bragança 7,9 7,9 7,6 7,4 7,3 Porto 13,0 13,1 11,8 12,0 10,8 Viana do Castelo 9,5 9,8 9,3 9,1 8,8 Vila Real 8,9 9,4 8,7 8,9 9,3
Fonte: DGS
4.3. Nados-Vivos Segundo a Idade da Mãe
Considerando o total de nados vivos em Portugal no período de 1997 a 2002,
verificou-se uma diminuição da proporção de nados vivos de mães com idade
compreendida entre os 20 e os 24 anos, e, pelo contrário, um acentuado aumento
dessa proporção nas mães com idade compreendida entre os 30 os 39 anos (Figura
15).
31
Proporção de nados vivos, segundo idade da mãe (/1000 nados-vivos) Portugal
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1997 1998 1999 2000 2001
Prop
orçã
o de
nad
os v
ivos
(%)
menos 19 anosDe 20 a 24 anos De 25 a 29 anos De 30 a 34 anos De 35 a 39 anos 40 anos ou mais
Fonte: INE
Figura 15 – Evolução da proporção de nados vivos (%) entre 1997 e 2002, segundo a idade da mãe em Portugal
Na região Norte também se verificou uma tendência na diminuição da
proporção de nados vivos de mães adolescentes, mas o aumento da proporção de
nados vivos de mulheres com idade superior aos 39 anos, que no país apresenta uma
tendência crescente, não foi observada na região Norte (Figura 16).
Proporção do total de nados vivos segundo a idade da mãe
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Portugal 2000 Portugal 2001 Portugal 2002 Região Norte 2000 Região Norte 2001 Região Norte 2002
prop
orçã
o de
nad
os v
ivos
(%)
< 20 anos> 39 anos
Fonte: INE
Figura 16 – Proporção (%) de nados vivos de gravidez na adolescência (idade<20 anos) e gravidez tardia (idade>39 anos)
Apesar da tendência de redução da proporção de nados vivos de mães
adolescentes, o peso relativo é três vezes superior ao das mães com idade superior
32
aos 39 anos, e o número total é ainda muito elevado (n=2026 em 2002) (Quadro 6).
Embora algumas gravidezes na adolescência sejam resultado de atitudes planeadas e
não possam ser consideradas gravidezes indesejadas, pelas consequências que têm
no desenvolvimento do recém-nascido e no projecto de vida das mães adolescentes, é
de enorme importância criar e desenvolver condições que permitam a redução destes
números.
Quadro 6 - Número de nados vivos segundo a idade da mãe, no período de 2000 a 2002, em Portugal e na região Norte
Idade da Mãe (anos) Total -15 15-19 20-29 30-39 40-44 45+ Ignorada
Portugal 2000 120.008 116 7.373 64.737 45.206 2.392 173 11 2001 112.774 90 6.783 59.296 44.009 2.441 149 6 2002 114.383 92 6.638 58.818 46.087 2.578 160 10 Região Norte 2000 34.882 28 2.246 21.732 14.464 726 39 0 2001 30.437 20 2.031 19.782 14.018 710 39 0 2002 36.888 18 2008 19.500 14.567 755 40 0
Fonte: INE
33
4.4. Óbitos e Mortalidade Infantil 4.4.1. Óbitos e mortalidade infantil entre 1999 e 2003
A taxa de mortalidade infantil decresceu entre 1999 e 2003, de 5,6 para
4,2/1000 nados vivos a nível nacional. Na região Norte este decréscimo foi ainda mais
acentuado, em 1999 a taxa de mortalidade infantil era superior ao nacional, tendo em
2003 atingido um valor semelhante (Figura 17 e Quadro 7).
Taxa de mortalidade infantil por residência da mãe (/1000 nados vivos)
0
1
2
3
4
5
6
7
1999 2000 2001 2002 2003
TotalRegião Norte
Fonte: DGS
Figura 17 – Evolução da taxa de mortalidade infantil (/1000 nados vivos) entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
Quadro 7 – Número de óbitos e taxa de mortalidade infantil, nacional e na região Norte, por distrito de residência da mãe (/1000 nados vivos) 1999 2000 2001 2002 2003 n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa Total 653 5,6 665 5,5 571 5,1 580 5,1 470 4,2 Região Norte 247 6,4 238 6,1 218 6,0 208 5,6 153 4,3 Braga 86 8,0 69 6,3 52 5,0 53 5,2 32 3,3 Bragança 9 7,8 5 4,3 10 9,0 5 4,6 8 7,5 Porto 128 5,7 133 5,9 127 6,1 129 6,0 92 4,5 Viana do Castelo
11 4,6 14 5,7 16 7,0 12 5,3 10 4,5
Vila Real 13 6,4 17 7,9 13 6,8 9 4,6 11 5,3 Fonte: DGS
A mortalidade pós-neonatal está mais associada às condições de vida,
deficiências sanitárias e causas externas e, por isso mesmo, mais permeável a
34
intervenções que permitam melhorar este indicador. Verificamos que no período em
análise houve uma redução, quer nacional quer na Região Norte, situando-se em 2003
em 1,5/1000 nados vivos (Figura 18 e Quadro 8).
Taxa de mortalidade pós-neonatal por residência da mãe (/1000 nados vivos)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
1999 2000 2001 2002 2003
TotalRegião Norte
Fonte: DGS
Figura 18 – Evolução da taxa de mortalidade pós-neonatal (/1000 nados vivos) entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
Quadro 8 – Número de óbitos e taxa de mortalidade pós-neonatal por residência da mãe (/1000 nados vivos) 1999 2000 2001 2002 2003 n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa Total 236 2,0 255 2,1 238 2,1 187 1,6 165 1,5 Região Norte 94 2,4 91 2,3 86 2,3 63 1,7 53 1,5 Braga 35 3,3 26 2,4 21 2,0 20 2,0 9 0,9 Bragança 4 3,4 1 0,9 2 1,8 2 1,8 3 2,8 Porto 45 2,0 48 2,1 49 2,3 34 1,6 29 1,4 Viana do Castelo 4 1,7 5 2,0 8 3,5 5 2,2 7 3,2 Vila Real 6 2,9 11 5,1 6 3,1 2 1,0 5 2,4
Fonte: DGS
A mortalidade neonatal (óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade)
está habitualmente associada a anomalias congénitas da criança ou a complicações
da gravidez ou/e do parto. Na região Norte, o valor que em 1999 era muito superior ao
nacional (4,7 vs. 3,6/1000 nados vivos), convergiu até 2001 para valores semelhantes
aos nacionais, mantendo depois uma tendência análoga ao nacional (Figura 19 e
Quadro 9).
35
Taxa de mortalidade neonatal por residência da mãe (/1000 nados vivos)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1999 2000 2001 2002 2003
TotalRegião Norte
Fonte: DGS
Figura 19 – Evolução da taxa de mortalidade neonatal (/1000 nados vivos) entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
Quadro 9 – Número de óbitos e taxa de mortalidade neonatal por residência da mãe (/1000 nados vivos)
1999 2000 2001 2002 2003 n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa Total 417 3,6 410 3,4 333 3,0 393 3,4 305 2,7 Região Norte 153 4,7 147 3,9 132 3,0 145 3,3 100 2,4 Braga 51 4,3 43 3,4 31 7,2 33 2,8 23 4,7 Bragança 5 3,7 4 3,8 8 3,7 3 4,4 5 3,1 Porto 83 2,9 85 3,7 78 3,5 95 3,1 63 1,4 Viana do Castelo 7 3,4 9 2,8 8 3,6 7 3,6 3 2,9 Vila Real 7 3,8 6 3,0 7 2,1 7 2,3 6 2,1
Fonte: DGS
A taxa de mortalidade neonatal pode ainda ser decomposta em neonatal
precoce (óbitos de crianças com menos de 7 dias de vida). Verifica-se que na região
Norte os valores foram superiores ao nacional, mas em 2003 foram semelhantes
(Figura 20, Quadro 10). No entanto, deve ter-se em atenção que a análise anual pode
estar sujeita a grandes variações devido ao número reduzido de óbitos que ocorre
nesta idade.
36
Taxa de mortalidade neonatal precoce por residência da mãe (/1000 nados vivos)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
1999 2000 2001 2002 2003
TotalRegião Norte
Fonte: DGS
Figura 20 – Evolução da taxa de mortalidade neonatal precoce (/1000 nados vivos) entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
Quadro 10 – Número de óbitos e taxa de mortalidade neonatal precoce por residência da mãe (/1000 nados vivos) 1999 2000 2001 2002 2003 n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa Total 311 2,7 302 2,5 241 2,1 299 2,6 233 2,1 Região Norte 111 2,9 118 3,0 104 2,8 117 3,2 75 2,1 Braga 39 3,6 37 3,4 27 2,6 25 2,5 17 1,8 Bragança 1 0,9 4 3,4 6 5,4 3 2,8 5 4,7 Porto 61 2,7 65 2,9 60 2,9 76 3,5 46 2,3 Viana do Castelo 5 2,1 8 3,3 7 3,1 6 2,6 3 1,4 Vila Real 5 2,4 4 1,9 4 2,1 7 3,6 4 1,9
Fonte: DGS
Na taxa de mortalidade perinatal, verifica-se um decréscimo durante o período
analisado, mais acentuado nos últimos anos, na Região Norte essa diminuição foi
ainda maior que a do global nacional (Figura 21, Quadro 11), sobretudo pela redução
na taxa mortalidade fetal tardia (Figura 22, Quadro 12), o que pode reflectir uma
melhoria nos cuidados assistenciais à mulher grávida.
37
Taxa de mortalidade perinatal por residência da mãe por 1000 (nados-vivos + fetos mortos de 28 e + semanas)
0
1
2
3
4
5
6
7
1999 2000 2001 2002 2003
TotalRegião Norte
Fonte: DGS
Figura 21 – Evolução da taxa de mortalidade perinatal (/1000 nados vivos+fetos mortos de 28 e mais semanas) entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
Quadro 11 – Número de óbitos perinatais e taxa de mortalidade perinatal, por residência da mãe (/1000 nados vivos + fetos mortos de 28 e mais semanas)
1999 2000 2001 2002 2003 n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa Total 748 6,4 747 6,2 631 5,6 682 6,0 584 5,2 Região Norte 245 6,3 239 6,1 216 5,9 223 6,0 150 4,3 Braga 77 7,1 73 6,7 50 4,8 48 4,7 30 3,1 Bragança 7 6,0 8 6,8 7 6,3 5 4,6 9 8,4 Porto 135 6,0 129 5,7 132 6,3 139 6,5 97 4,8 Viana do Castelo 16 6,7 14 5,7 14 6,1 18 7,9 8 3,6 Vila Real 10 4,9 15 6,9 13 6,7 13 6,6 6 2,9
Fonte: DGS
38
Taxa de mortalidade fetal tardia por residência da mãe (por 1000 nados-vivos + fetos mortos de 28 e mais semanas)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
1999 2000 2001 2002 2003
TotalRegião Norte
Fonte: DGS
Figura 22 – Evolução da taxa de mortalidade fetal tardia (/1000 nados vivos+fetos mortos de 28 e mais semanas) entre 1999 e 2003, Total Nacional e Região Norte
Quadro 12 – Número de fetos-mortos e taxa de mortalidade fetal tardia, por residência da mãe (/1000 nados vivos+ fetos mortos de 28 e mais semanas) 1999 2000 2001 2002 2003 n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa n Taxa Total 437 3,8 445 3,7 392 3,5 383 3,3 351 3,1 Região Norte 134 3,5 121 3,1 112 3,1 106 2,9 75 2,1 Braga 38 3,5 36 3,3 23 2,2 23 2,3 13 1,4 Bragança 6 5,1 4 3,4 1 0,9 2 1,8 4 3,7 Porto 74 3,3 64 2,8 72 3,4 63 2,9 51 2,5 Viana do Castelo 11 4,6 6 2,4 7 3,1 12 5,2 5 2,3 Vila Real 5 2,4 11 5,1 9 4,7 6 3,0 2 1,0
Fonte: DGS
39
4.4.2. Óbitos no primeiro ano de vida em 2003
Para avaliar o peso relativo de cada causa de morte na mortalidade infantil
recorremos aos dados do ano 2003 (Figura 23). Devido à impossibilidade de obter os
dados sobre as causas de morte no primeiro ano de vida desagregados por concelho,
apresentamos o número de óbitos ocorridos no Norte (NUT II). Verificamos que em
2003 houve 167 óbitos, a distribuição pelas diferentes causas consideradas implica um
número reduzido de óbitos em algumas causas. Por este motivo a distribuição pelas
diferentes causas de óbito poderá apresentar uma grande variabilidade relativamente
a anos anteriores.
Proporção (%) e número de óbitos de menos de 1 ano de idade
por causa de morte, 2003
0
5
10
15
20
25
30
%
Doenças infecciosas e parasitáriasTumores malignosRestante de doenças do sistema nervosoAfecções respiratórias do recém-nascidoTranstornos hemorrágicos e hematológicos do feto ou do recém-nascido Factores maternos e complicações da gravidez, do trabalho de parto e do partoRestante de afecções perinataisMalformações congénitasOutras sintomas, sinais e resultados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parteTodas as outras doençasCausas externas
Fonte: INE Figura 23 – Proporção (%) e número de óbitos com menos de 1 ano, por causa de morte, 2003
No ano referido, a maior proporção de óbitos ocorreu por malformações
congénitas (27,2%), o que torna difícil a implementação de medidas para a melhoria
deste indicador.
4
29
1
16
46
4
10 10
33
11
3
40
As afecções respiratórias do recém-nascido são responsáveis por 17,2% dos
óbitos, particularmente o desconforto (angústia) respiratório(a) do recém-nascido
(8,3%) e a hipóxia intra-uterina e asfixia ao nascer (3,6%). A existência de casos de
hipoxia intra-uterina, aqui referida como causa de morte, poderá indicar que a
detecção precoce de sofrimento fetal poderá melhorar a intervenção atempada de
cuidado de saúde, que além de reduzir a mortalidade pode prevenir as lesões
irreversíveis resultantes da anoxia cerebral.
Há ainda a realçar que 9,4% dos óbitos ocorrem por doenças infecciosas e
parasitárias, das quais metade, são por septicemia bacteriana do recém-nascido.
A segunda causa de morte neste grupo etário foram os “Factores maternos e
por complicações da gravidez, do trabalho de parto e do parto”, que na sua maioria
(15% dos 19%) estão classificados como “Transtornos relacionados com a duração da
gravidez e com o crescimento fetal”. Esta classificação demasiado vaga e que não
permite a identificação da provável causa de morte, indispensável ao planeamento de
medidas que permitissem a melhoria deste indicador, poderá ser consequência do
facto de o médico assistente ter de estabelecer uma causa de morte sem ter havido
uma pesquisa aprofundada da causa, nomeadamente, uma autopsia anatomo-
patológica, ou revelar a existência de dificuldades no preenchimento do certificado de
óbito.
5. MORTALIDADE E MORBILIDADE GERAL
43
5.1. Introdução
A criação de sistemas de informação que permitam a recolha sistemática de
dados de morbilidade e mortalidade é indispensável para o estudo e vigilância da
saúde das populações. Embora os dados de mortalidade estejam sujeitos a erros
decorrentes do preenchimento dos certificados de óbito, e não sejam um indicador
directo de incidência, são uma ferramenta extremamente útil para analisar a evolução
temporal e o peso relativo de diferentes doenças/situações, identificar prioridades e
podem contribuir de forma decisiva no planeamento. Assim, e face à limitada
disponibilidade de estatísticas de morbilidade, na sua maioria iremos analisar dados
de mortalidade. Na generalidade, os dados aqui apresentados foram obtidos dos
quadros publicados pela Direcção Geral de Saúde (DGS) (2-5). A causa de óbito foi
classificada de acordo com a Classificação Internacional das Doenças - 9ª revisão
(CID 9) para os anos 2000 e 2001 e na Classificação Internacional das Doenças - 10ª
revisão (CID 10) para 2002.
A utilização dos dados de mortalidade está dependente da qualidade da
informação que fornecem. Uma forma indirecta de medir a qualidade desta informação
é através da proporção de óbitos cuja causa não é identificada. É possível verificar
que houve, entre 2000 e 2002, uma redução acentuada da taxa de mortalidade
padronizada para a idade de situações sem a identificação da causa do óbito. Na
região Norte este era um problema com uma dimensão maior do que no global
nacional, no entanto, nos três anos em análise houve uma redução que permitiu que o
valor da taxa padronizada para a idade, em 2002, se aproximasse ao nacional
(68,8/100000 hab. na região Norte e 62,5/100000 hab. no País) (Figura 24), esta
redução na taxa de mortalidade padronizada resulta de uma redução do número de
óbitos incluídos nesta categoria (Quadro 13).
44
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Sintomas, sinais e afecções mal definidas
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
2000 2001 2002
Total Ger al - HM
Nor te - HM
Total Ger al - H
Nor te - H
Total Ger al - M
Nor te - M
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 24 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por sintomas, sinais e afecções mal definidas (CID 9: 46 ou CID 10: R00-R99), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
Quadro 13 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por sintomas, sinais e afecções mal definidas (CID 9: 46 ou CID 10: R00-R99), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Sintomas, sinais e afecções mal definidas Homens Mulheres
2353 2090
153,7 127,8
1932 1879
125,0 113,6
1346 1622
86,3 97,2
Fonte: Risco de Morrer, DGS
5.2. Mortalidade e Morbilidade Geral
No período de 2000 a 2002 a evolução da taxa de mortalidade por todas as
causas padronizada para a idade seguiu, na região Norte o mesmo comportamento
que o total nacional. Em ambos os sexos a taxa de mortalidade padronizada para a
idade foi sempre inferior aos valores nacionais (Figura 25).
45
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Todas as causas de morte
0
200
400
600
800
1000
1200
2000 2001 2002
Total Geral (HM)
Norte (HM)
Total Geral (H)
Norte (H)
Total Geral (M)
Norte (M)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 25 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por todas as causas de morte, padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
Embora a taxa de mortalidade padronizada para a idade tenha diminuído entre
2000 e 2002, o número de óbitos aumentou. A taxa de mortalidade bruta na região
Norte manteve-se semelhante nos três anos analisados: 868,8/100000 habitantes no
ano 2000, 871,8 em 2001, e em 2002 862,0/100000 habitantes. Ambos os sexos
apresentaram uma evolução semelhante (Quadro 14).
Quadro 14 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por todas as causas de morte, na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Todas as causas de morte Homens Mulheres
14361 13142
938,1 803,8
14580 13319
943,4 804,9
14579 13236
935,2 793,6
Fonte: Risco de Morrer, DGS
46
Causas Externas A taxa de mortalidade por causas externas foi muito superior no sexo
masculino. A taxa padronizada para a idade é inferior na região Norte do que o valor
global nacional (Figura 26).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Causas externas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
2000 2001 2002
Total Ger al - HM
Nor te - HM
Total Ger al - H
Nor te - H
Total Ger al - M
Nor te - M
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 26 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por causas externas (CID 9: E47-E56 ou CID 10: V, W, X, Y), padronizadas pela idade, em ambos os sexos, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002
Quando observamos os dados referentes a taxas de mortalidade padronizadas
para a idade, verifica-se que a diferença entre a região Norte e o total geral é maior em
2000 e atenua-se ao longo do período em análise. Não podemos excluir a
possibilidade de que a diferença inicial possa ser parcialmente explicada pela
diferença existente nos óbitos cuja causa de morte foi classificada como “sintomas,
sinais e afecções mal definidas” que no ano 2000 foi superior na região Norte.
Na região Norte, verificou-se, em ambos os sexos, um aumento da taxa de
mortalidade bruta no período de 2000 a 2002 (Quadro 15).
47
Quadro 15 – Óbitos e Taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por causas externas (CID 9: E47-E56 ou CID 10: V, W, X, Y), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Causas externas Homens Mulheres
624 260
40,8 15,9
842 326
54,5 19,7
1014 409
65,0 24,5
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Considerando apenas as taxas de mortalidade, padronizadas para a idade, por
acidentes de transporte e acidentes de trânsito com veículos a motor, apresentaram
um crescimento neste período em ambos os sexos (Figuras 27 e 28).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Acidentes de transporte e Acidentes de trânsito com veículos a motor - Homens
0
5
10
15
20
25
30
35
2000 2001 2002
Acidentes de Tr anspor te - Total Ger al
Acidentes de Tr anspor te - Nor te
Acidentes de Tr ânsi to com Veículos a Motor - TotalGer al
Acidentes de Tr ânsi to com Veículos a Motor - Nor te
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 27 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por acidentes de trânsito com veículos a motor (CID 9: E471 ou CID 10: V02-V04, V09, V12-V14, V19-V79, V86-V89) e acidentes de transporte (CID 9: E47 ou CID 10: V01-V99), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em homens, no período de 2000 a 2002
48
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Acidentes de transporte e Acidentes de trânsito com veículos a motor - Mulheres
0
5
10
15
20
25
30
35
2000 2001 2002
Acidentes de Tr anspor te - Total Ger al
Acidentes de Tr anspor te - Nor te
Acidentes de Tr ânsi to com Veículos a Motor - Total Ger al
Acidentes de Tr ânsi to com Veículos a Motor - Nor te
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 28 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por acidentes de trânsito com veículos a motor (CID 9: E471 ou CID 10: V02-V04, V09, V12-V14, V19-V79, V86-V89) e acidentes de transporte (CID 9: E47 ou CID 10: V01-V99), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em mulheres, no período de 2000 a 2002
Os óbitos por acidentes de transporte são quase na totalidade óbitos por
acidentes de trânsito com veículos a motor. Na região Norte, nos três anos
apresentados, a taxa de mortalidade bruta por acidentes de transporte aumentou
cerce de 2,5 vezes nos homens, enquanto nas mulheres quadruplicou (Quadro 16).
Quadro 16 – Óbitos e Taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por acidentes de trânsito com veículos a motor (CID 9: E471 ou CID 10: V02-V04, V09, V12-V14, V19-V79, V86-V89) e acidentes de transporte (CID 9: E47 ou CID 10: V01-V99), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002 Causa de Morte
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Acidentes de trânsito com veículos a motor Homens Mulheres
164 32
10,7 2,0
318 98
20,6 5,9
409 132
26,2 7,9
Acidentes de transporte Homens Mulheres
169 32
11,0 2,0
324 99
21,0 6,0
425 140
27,3 8,4
Fonte: Risco de Morrer, DGS
49
Diabetes mellitus
No período em análise a taxa de mortalidade por Diabetes mellitus padronizada
para a idade aumentou, quer a nível nacional quer na região Norte. As taxas de
mortalidade padronizadas, total e por sexo, na região Norte são inferiores às nacionais
(Figura 29).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Diabetes mellitus
0
5
10
15
20
25
30
35
2000 2001 2002
Total Geral (HM)
Norte (HM)
Total Geral (H)
Norte (H)
Total Geral (M)
Norte (M)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 29 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por diabetes mellitus (CID 9:181 ou CID 10: E10-14), padronizadas pela idade, em ambos os sexos, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002
Na região Norte, a taxa de mortalidade bruta por diabetes mellitus aumentou de
24,5/100000 habitantes em 2000, para 29,2 em 2001 e ainda foi superior em 2002
(35,2/100000 habitantes). Durante todo o período o número de óbitos e a taxa de
mortalidade foi superior no sexo feminino (Quadro 17).
Quadro 17 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por diabetes mellitus (CID 9:181 ou CID 10:E10-14), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002 Causa de Morte
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Diabetes mellitus Homens Mulheres
290 487
18,9 29,8
388 546
25,1 33,0
469 667
30,1 40,0
Fonte: Risco de Morrer, DGS
50
Doenças do Aparelho Circulatório
A taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório, padronizada para a
idade, apresenta uma tendência decrescente ao longo dos três anos analisados. O
mesmo se verifica quando avaliada isoladamente a taxa de mortalidade por doenças
cerebrovasculares, enquanto que a taxa de mortalidade por doença isquémica do
coração, padronizada para a idade, se manteve estável (Figura 30).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab)
Doença do aparelho circulatório, doença isquémica do coração e doenças cerebrovasculares
0
50
100
150
200
250
300
2000 2001 2002
Aparelho Circulatório - Total Geral
Aparelho Circulatório - Norte
Doença Isquémica do Coração - Total Geral
Doença Isquémica do Coração - Norte
Cerebrovasculares - Total Geral
Cerebrovasculares - Norte
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 30 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por doenças do aparelho circulatório (CID 9:25-30 ou CID 10:100-199), doença isquémica do coração (CID 9:27 ou CID 10: 120-125) e doenças cerebrovasculares (CID 9:29 ou CID 10: 160-169), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
Na região de Saúde do Norte a taxa de mortalidade bruta por doenças do
aparelho circulatório foi de 310,3 /100000 habitantes no ano 2000, 312,8 em 2001 e
desceu para 303,7 em 2002. Neste contexto as doenças cerebrovasculares
representam a maior fatia, sendo a taxa de mortalidade bruta mais do dobro da taxa
de mortalidade por doença isquémica do coração (158,2 vs. 58,5 /100000 habitantes,
em 2002). Nas mulheres, a taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares é
quase cinco vezes superior à taxa de mortalidade por doença isquémica do coração
(Quadro 18).
51
Quadro 18 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por doença do aparelho circulatório (CID 9:25-30 ou CID 10:100-199), doença isquémica do coração (CID 9:27 ou CID 10:120-125) e doenças cerebrovasculares (CID 9:29 ou CID 10:160-169), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002 Causa de Morte
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Doença do aparelho circulatório Homens Mulheres
4385 5437
286,4 332,6
4502 5508
291,3 332,9
4487 5313
287,8 318,5
Doença isquémica do coração Homens Mulheres
969 712
63,3 43,5
1032 762
66,8 46,1
1106 783
71,0 46,9
Doenças Cerebrovasculares Homens Mulheres
2421 3245
158,1 198,5
2375 3172
153,6 191,7
2228 2878
142,9 172,6
Fonte: Risco de Morrer, DGS
A redução da mortalidade observada pode resultar de melhores cuidados de
saúde e a existência actualmente de meios e técnicas que permitem a sobrevida, e
não reflectirem uma redução na incidência. Para avaliar esta hipótese foi possível
obter dados referentes a internamentos em unidades hospitalares por doenças
isquémicas cardiacas (Figuras 31 e 32), enfarte agudo do miocárdio (Figuras 33 e 34)
e doenças cerebrovasculares (Figuras 35 e 36).
Doenças Isquemicas Cardíacas análise por sexo
0
2000
4000
6000
8000
2000 2001 2002 2003 2004
HomensMulheresTotal
Fonte: IGIF
Figura 31 – Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por doenças isquémicas cardiacas, por sexo, no período de 2000 a 2004
52
Doenças Isquemicas Cardíacas análise por grupo etário
0500
10001500200025003000
2000 2001 2002 2003 2004
65 a 74>=7555 a 6445 a 5435 a 44
Fonte: IGIF
Figura 32 – Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por doenças isquémicas cardiacas, por grupo etário, no período de 2000 a 2004
O número total de internamentos por doenças isquemicas cardiacas, no
período de 2000 a 2002 (período do qual se apresentam dados de mortalidade),
apresentou apenas uma ligeira subida nos indivíduos com idade igual ou superior a 75
anos, em todos os outros grupos etários houve um decréscimo. De 2002 a 2003 o
número diminuiu, mas em 2004 voltou a aumentar mantendo valores próximos dos
estabelecidos em 2000.
Enfarte Agudo de Miocardio análise por sexo
010002000300040005000
2000 2001 2002 2003 2004
HomensMulheresTotal
Fonte: IGIF
Figura 33 – Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por enfarte agudo do miocárdio, por sexo, no período de 2000 a 2004
53
Enfarte Agudo de Miocardio análise por grupo etário
0
500
1000
1500
2000 2001 2002 2003 2004
65 a 74>=7555 a 6445 a 5435 a 44
Fonte: IGIF
Figura 34 – Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por enfarte agudo do miocárdio, por grupo etário, no período de 2000 a 2004
A análise referente ao enfarte agudo do miocárdio mostra que para ambos os
sexos, e para todas as classes de idade, no período de 2000 a 2003 houve um
aumento do número de internamentos por esta patologia. Entre 2003 e 2004 a
tendência foi decrescente (Figuras 33 e 34).
Internamentos por Doenças Cerebrovasculares análise por sexo
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
2000 2001 2002 2003 2004
HomensMulheresTotal
Fonte: IGIF
Figura 35 – Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por doenças cerebrovasculares, por sexo, no período de 2000 a 2004
Embora a mortalidade por doenças cerebrovasculares apresente uma
tendência decrescente, considerando as informações até 2004 sobre o número de
internamentos em unidades hospitalares por doenças cerebrovasculares, verificamos
que o número se manteve aproximadamente estável ao longo dos anos (Figura 35).
Ao analisar por classe etária, é possível verificar que no grupo de 75 ou mais anos
houve um ligeiro aumento (Figura 36).
54
Internamentos por Doenças Cerebrovasculares análise por grupo etário
010002000300040005000
2000 2001 2002 2003 2004
65 a 74>=7555 a 6445 a 5435 a 44
Fonte: IGIF
Figura 36 – Número de internamentos em unidades hospitalares da região Norte por doenças cerebrovasculares, por grupo etário, no período de 2000 a 2004
Do conjunto destes resultados podemos admitir a hipótese que a redução da
taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório observada no período de
2000 a 2002, se deva à melhoria de condições de tratamento e não a uma redução da
incidência. Fica por esclarecer, nomeadamente no que se refere às doenças
cerebrovasculares, se esta redução na mortalidade mantendo-se a incidência, implica
um aumento de sobreviventes com lesões que vão necessitar de cuidados especiais.
Há ainda a considerar a necessidade de controlar a hipertensão arterial, um
factor de risco reconhecido quer para as doenças cerebrovasculares quer para as
doenças isquémicas cardíacas. Num estudo de âmbito nacional (5023 adultos), a
prevalência de hipertensão foi de 42,1%, dos classificados como hipertensos apenas
46,1% tinha conhecimento desta situação, 39,0% tinha terapia farmacológica. Dos que
estavam em terapia farmacológica apenas 11,2% estava controlado (< 140/90 mmHg)
(9). Uma avaliação realizada a uma amostra representativa da população da cidade do
Porto (estudo EPIPorto) (10), verificou que em indivíduos com idade superior a 39
anos a prevalência de hipertensão arterial (pressão arterial sistólica ≥ 140 mm Hg e/ou
pressão arterial diastólica ≥ 90 mm Hg e/ou com terapêutica farmacológica) foi de
58,9%, dos quais 64,1% tinham conhecimento desta sua condição. A proporção dos
hipertensos sob tratamento farmacológico era de 46,9%, destes apenas cerca de 14%
estavam controlados.
55
Doenças do Aparelho Respiratório
A evolução da taxa de mortalidade por doenças do aparelho respiratório,
padronizada para a idade, na região Norte é semelhante à nacional. No entanto, o
decréscimo que ocorreu entre 2000 e 2001 não foi tão acentuado como o nacional,
pelo que em 2002 apresentava valores superiores aos nacionais (Figura 37).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Doença do aparelho respiratório, pneumonia bronquite crónica não especificada,
enfisema e asma
0
10
20
30
40
50
60
70
80
2000 2001 2002
Aparelho Respiratório - Total Geral
Aparelho Respiratório - Norte
Pneumonia - Total Geral
Pneumonia - Norte
Bronq Cron, Enfisema e Asma - Total Geral
Bronq Cron, Enfisema e Asma - Norte
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 37 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por doença do aparelho respiratório (CID 9: 31-32 ou CID 10: J00-J99), pneumonia (CID 9: 321 ou CID 10: J12-J18), bronquite crónica não especificada, enfisema e asma (CID 9: 323 ou CID 10: J40-43, J45, J46), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
A taxa de mortalidade bruta por doença do aparelho respiratório é superior nos
homens, particularmente por bronquite crónica não especificada, enfisema e asma. As
taxas de mortalidade por pneumonia são semelhantes em ambos os sexos (Quadro
19).
56
Quadro 19 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por doença do aparelho respiratório (CID 9: 31-32 ou CID 10: J00-J99), pneumonia (CID 9: 321 ou CID 10: J12-J18), bronquite crónica não especificada, enfisema e asma (CID 9: 323 ou CID 10: J40-43, J45, J46), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002 Causa de Morte
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Aparelho Respiratório Homens Mulheres
1493 1266
97,5 77,4
1500 1147
97,1 69,3
1560 1213
100,1 72,7
Pneumonia Homens Mulheres
596 600
38,9 36,7
576 536
37,3 32,4
524 498
33,6 29,9
Bronq. Cron. não Esp., Enfisema e Asma Homens Mulheres
131 95
8,6 5,8
142 85
9,2 5,1
139 94
8,9 5,6
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Doenças do Aparelho Digestivo
A taxa de mortalidade por doenças do aparelho digestivo, padronizada para a
idade, nas mulheres apresenta valores ligeiramente superiores na região Norte do que
o nacional em todos os anos avaliados (Figura 38). A taxa de mortalidade bruta, na
região Norte, aumentou de 35,7/100000 habitantes em 2000 para 40,3/100000
habitantes em 2002 e, tal como a nacional, é superior nos homens (Quadro 20).
57
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab)
Doenças do aparelho digestivo
0
10
20
30
40
50
60
2000 2001 2002
Total Geral - HM
Norte - HM
Total Geral - H
Norte - H
Total Geral - M
Norte - M
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 38 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por doenças do aparelho digestivo (CID 9: 33-34 ou CID 10: K00-K93), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
Quadro 20 – Óbitos e taxas de mortalidade (/100000 hab) por doenças do aparelho digestivo (CID 9: 33-34 ou CID 10: K00-K93), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Doenças do aparelho digestivo Homens Mulheres
687 442
44,9 27,0
738 501
47,8 30,3
784 517
50,3 31,0
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Doença Crónica do Fígado e Cirrose A taxa de mortalidade por doença crónica do fígado e cirrose, padronizada para
a idade, na região Norte é maior do que a nacional, particularmente no sexo feminino
(Figura 39). A taxa de mortalidade bruta, para ambos os sexos, foi de 18,0/100000
habitantes em 2000, 19,2 em 2001, e 17,3 em 2002. Nos homens, a taxa de
mortalidade bruta é ligeiramente superior ao dobro da observada nas mulheres
(Quadro 21).
58
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Doença crónica do fígado e cirrose
0
5
10
15
20
25
30
2000 2001 2002
Total Geral - HM
Norte - HM
Total Geral - H
Norte - H
Total Geral - M
Norte - M
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 39 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por doença crónica do fígado e cirrose (CID 9: 347 ou CID 10: K70 e K73-K74), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
Quadro 21 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por doença crónica do fígado e cirrose (CID 9: 347 ou CID 10: K70 e K73-K74) na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Doença crónica do fígado e cirrose Homens Mulheres
388 182
25,3 11,1
411 202
26,6 12,2
379 179
24,3 10,7
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Total de Tumores Malignos
A taxa de mortalidade por tumores malignos, padronizada para a idade, na
região Norte é semelhante à nacional (Figura 40). A taxa de mortalidade bruta, é
aproximadamente 1,5 vezes superior nos homens (Quadro 22).
59
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab)
Tumores Malignos
0
50
100
150
200
250
2000 2001 2002
Total Ger al - HM
Nor te - HM
Total Ger al - H
Nor te - H
Total Ger al - M
Nor te - M
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 40 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores malignos (CID-9:08-14 ou CID 10: C00-C99), padronizadas pela idade, em ambos os sexos, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002 Quadro 22 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores malignos (CID-9:08-14 ou CID 10: C00-C99), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Tumores Malignos Homens Mulheres
3426 2288
223,8 139,9
3496 2446
226,2 147,8
3614 2397
231,8 143,7
Fonte: Risco de Morrer, DGS
60
5.3. Anos Potenciais de Vida Perdidos
Tomando como referência a informação disponível para o ano 2002, e para
perceber algum do impacto na população das causas de morte atrás descritas,
apresenta-se o potencial de vida perdido considerando como limite superior os 70
anos. A utilização deste limiar, claramente inferior à actual esperança de vida à
nascença para a população portuguesa (80,98 para as mulheres e 74,53 para os
homens), embora possa existir erro na estimativa do número absoluto de anos
perdidos, permite estabelecer a ordem pela qual as diferentes causas de morte
contribuem para esta perda.
Anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos na população da região Norte ambos os sexos (/100000 hab), 2002
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
TODOS OS TUMORES
LESOES INTENCIONAIS
ACIDENTES VEICULOS MOTOR
ACIDENTES TRANSPORTE
CAUSAS EXTERNAS
SINAIS E SINTOMAS MAL DEFINIDOS
FIGADO E CIRROSE
AP DIGESTIVO
BRONQUITE E ENFISEMA
PNEUMONIA
DOENÇA AP RESPIRATORIO
DOENÇA ISQUEMICA CORAÇÃO
AP CIRCULATORIO
DIABETES
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 41 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por causa de morte, na população da região Norte, ambos os sexos
A causa de morte que implicou maior número de potenciais anos de vida
perdida foi o conjunto de doenças oncológicas. Seguem-se as causas externas, nas
quais se incluem os acidentes com veículos a motor, representando uma elevada
perda de potenciais anos de vida. As doenças do aparelho circulatório, que são a
principal causa de morte, aparecem em terceiro lugar como causa potencial de anos
de vida perdidos (Figura 41).
61
Anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos (/100000 hab) Homens, 2002
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
TODOS OS TUMORES
LESOES INTENCIONAIS
ACIDENTES VEICULOS MOTOR
ACIDENTES TRANSPORTE
CAUSAS EXTERNAS
SINAIS E SINTOMAS MALDEFINIDOSFIGADO E CIRROSE
AP DIGESTIVO
BRONQUITE E ENFISEMA
PNEUMONIA
DOENÇA AP RESPIRATORIO
DOENÇA ISQUEMICA CORAÇÃO
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 42 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por causa de morte, na população da região Norte, homens
Anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos (/100000 hab) Mulheres, 2002
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
TODOS OS TUMORES
LESOES INTENCIONAIS
ACIDENTES VEICULOS MOTOR
ACIDENTES TRANSPORTE
CAUSAS EXTERNAS
SINAIS E SINTOMAS MALDEFINIDOSFIGADO E CIRROSE
AP DIGESTIVO
BRONQUITE E ENFISEMA
PNEUMONIA
DOENÇA AP RESPIRATORIO
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 43 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por causa de morte, na população da região Norte, mulheres
O papel relativo das causas de morte na perda de anos potenciais de vida é
diferente em homens e mulheres. Enquanto nos homens a causa responsável por
62
maior potencial de anos de vida perdidos foram as causas externas, e só depois as
doenças oncológicas, nas mulheres, são as doenças oncológicas as que provocaram
maior perda de potenciais anos de vida. Destaca-se ainda o papel das doenças do
aparelho respiratório como a segunda causa de anos potenciais de vida perdidos nas
mulheres, e responsável por maior número de anos de vida perdidos nas mulheres do
que nos homens. Nas mulheres as causas externas e as doenças do aparelho
circulatório apresentam valores semelhantes, as doenças do aparelho circulatório por
terem uma elevada taxa de mortalidade, embora em indivíduos mais velhos, e a
mortalidade por causas externas por incidir em indivíduos jovens (Figuras 42 e 43).
63
5.4.1. Mortalidade por Doenças Oncológicas
Pela relevância que as doenças oncológicas têm como causa de morte e anos
potencias de vida perdidos, assim como pela diversidade de tumores, com as suas
especificações no diagnóstico, tratamento e história natural, que são englobadas nesta
classificação, apresenta-se uma descrição da mortalidade de tumores em localizações
anatómicas específicas.
Taxas de mortalidade padronizadas para a idade, 2002
0
10
20
30
40
50
60
70
APAR. DIGESTIVO EPERITONEU (CID
10:C15-C26)
AP. RESPIRATÓRIO(CID 10:C30-C39)
OSSOS, TEC.CONJUNTIVO, PELE
E MAMA (CID10:C40-C41 e C43-
C44 e C50)
MAMA FEMININA(CID 10:C50)
COLO DO UTERO(CID-10: C53)
ORGÃOSGENITURINÁRIOS(CID 10:C51-C58 e
C60-C68)
PRÓSTATA (CID10:C61)
TEC. LINFÁTICO EO.
HEMATOPOIÉTICOS(CID 10:C81-C96)
NorteTotal
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 44 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por localização do tumor, padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em 2002, em ambos os sexos
Embora as taxas de mortalidade por todos os tumores região Norte e nacional
sejam semelhantes, existem algumas variações quando observamos os resultados por
localização do tumor. A região Norte apresenta valores superiores aos nacionais na
mortalidade por tumores do aparelho digestivo e peritoneu e por tumores do aparelho
respiratório (Figura 44). Como não é de esperar uma diferença na prestação de
cuidados de saúde entre regiões que justifique as diferenças observadas, estes
resultados podem ser interpretados como diferenças na incidência da doença.
Tumores do Aparelho Digestivo
Dos tumores do aparelho digestivo, as localizações que têm maior taxa de
mortalidade são os do estômago e do cólon. Ao comparar as taxas de mortalidade
64
após padronização pela idade da região Norte com o nacional, verifica-se que as taxas
de mortalidade por cancro do estômago são superiores na região Norte (Figura 45).
Em ambos os sexos se verifica esta relação (Figuras 46 e 47).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab)
Tumor do estômago e Tumor do cólon
0
5
10
15
20
25
30
35
40
2000 2001 2002
Estômago - Total Geral (HM)
Estômago - Norte (HM)
Cólon - Total Geral (HM)
Cólon - Norte (HM)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 45 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumor do estômago (CID 9:091 ou CID 10: C16) e tumor do cólon (CID 9:093 ou CID 10: C18), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002, em ambos os sexos
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Tumor do estômago e Tumor do cólon - Homens
0
5
10
15
20
25
30
35
40
2000 2001 2002
Estômago - Total Geral (H)
Estômago - Norte (H)
Cólon - Total Geral (H)
Cólon - Norte (H)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 46 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumor do estômago (CID 9:091 ou CID 10: C16) e tumor do cólon (CID 9:093 ou CID 10: C18), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002, em homens
65
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Tumor do estômago e Tumor do cólon - Mulheres
0
5
10
15
20
25
30
35
40
2000 2001 2002
Estômago - Total Geral (M)Estômago - Norte (M)Cólon - Total Geral (M)Cólon - Norte (M)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 47 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumor do estômago (CID 9:091 ou CID 10: C16) e tumor do cólon (CID-9:093 ou CID 10: C18), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, o período de 2000 a 2002, em mulheres
Na região Norte, verifica-se que a taxa bruta de mortalidade é superior no sexo
masculino, quer a localização seja no estômago quer no cólon. Em ambos os sexos a
taxa de mortalidade por tumor do estômago é maior, no entanto é de realçar que a
taxa de mortalidade por tumor do estômago está a decrescer, mas a taxa de
mortalidade por tumor do cólon não apresenta a mesma tendência (Quadro 23).
Quadro 23 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores do aparelho digestivo e peritoneu (CID-9: 09), tumor do estômago (CID 9:091 ou CID 10: C16) e tumor do cólon (CID-9:093 ou CID 10: C18), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa Aparelho digestivo e peritoneu Homens Mulheres
1365 989
89,2 60,5
1443 1064
102,9 66,7
1445 1016
92,7 60,9
Estômago Homens Mulheres
555 370
36,0 22,4
571 386
36,9 23,3
527 355
33,8 21,3
Cólon Homens Mulheres
261 218
16,9 13,2
298 252
19,3 15,2
305 237
19,6 14,2
Fonte: Risco de Morrer, DGS
66
Através do recurso à padronização indirecta, e utilizando os dados referentes
ao ano 2002, foi calculada a razão padronizada de mortalidade para cada distrito que
integra a Região de Saúde do Norte. Quando consideramos o conjunto de tumores do
aparelho digestivo, a razão de mortalidade padronizada é inferior a 1 em Bragança e
próxima de 1 no Porto e Braga, os distritos que apresentaram um valor superior são
Viana do Castelo e Vila Real. Considerando apenas os tumores do estômago, todos
os distritos apresentam razões padronizadas de mortalidade superiores a 1, o que
indica uma mortalidade superior à esperada de acordo com a taxa de mortalidade do
país. Os valores mais altos são agora os de Braga e Viana do Castelo, depois Porto,
Bragança, e Vila Real. As razões de mortalidade padronizada referentes aos tumores
do cólon mostram que apenas o distrito de Vila Real apresenta uma mortalidade
superior ao esperado (Quadro 24).
Quadro 24 - Razão padronizada de mortalidade, para tumores do aparelho digestivo e peritoneu (CID-9: 09), tumor do estômago (CID 9:091 ou CID 10: C16) e tumor do cólon (CID-9:093 ou CID 10: C18) por distrito da Região de Saúde do Norte, em 2002
Aparelho digestivo
e peritoneu Estômago
Cólon
Braga 1,08 1,41 0,77 Bragança 0,96 1,13 0,76 Porto 1,10 1,24 0,92 Viana do Castelo 1,13 1,39 0,95 Vila Real 1,15 1,15 1,21
O decréscimo na taxa de mortalidade por tumores do estômago foi observado
internacionalmente e atribuído à melhoria das condições sociais e económicas.
Contudo o decréscimo nos países do sul da Europa foi menos acentuado. Em
Portugal, no período entre 1984 e 1999 a taxa de mortalidade decresceu 2,0% nos
homens e 2,2% nas mulheres, mas a variação foi diferente entre regiões e estava
associada com indicadores sociais e económicos, pelo que será de esperar que a
evolução acompanhe os países desenvolvidos e continue a decrescer (11). Pelo
contrário, é de esperar ainda um aumento da taxa de mortalidade por tumores do
cólon até à sua estabilização, como aconteceu em outros países da Europa (12).
67
Tumores do Aparelho Respiratório As taxas de mortalidade por tumores do aparelho respiratório resultam
essencialmente das taxas de mortalidade por tumores da traqueia, brônquios e
pulmão. Verifica-se que no sexo feminino a mortalidade após padronização é
semelhante ao global nacional, no entanto no sexo masculino os valores da região
Norte são superiores aos nacionais (Figuras 48 e 49).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Tumores do aparelho respiratório
0
10
20
30
40
50
60
70
2000 2001 2002
Total Geral (HM)Norte (HM)Total Geral (H)Norte (H)Total Geral (M)Norte (M)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 48 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores do aparelho respiratório (CID 9: 10 ou CID 10: C30-C39), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Tumores da traqueia, brônquios e pulmão
0
10
20
30
40
50
60
70
2000 2001 2002
Total Geral (HM)Norte (HM)Total Geral (H)Norte (H)Total Geral (M)Norte (M)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 49 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores da traqueia, brônquios e pulmão (CID 9:101 ou CID 10:C33-C34), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
68
Considerando os dados da região Norte, e como se tinha observado a nível
nacional, a taxa de mortalidade no sexo masculino é muito superior à do sexo
feminino, aproximadamente cinco vezes superior (Quadro 25).
Quadro 25 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores do aparelho respiratório (CID 9: 10 ou CID 10: C30-C39), e traqueia, brônquios e pulmão (CID 9: 101 ou CID 10: C33-C34), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Aparelho respiratório Homens Mulheres
882 178
57,6 10,9
843 160
54,5 9,7
913 195
58,6 11,7
Traqueia, brônquios e pulmão Homens Mulheres
770 168
49,9 10,2
720 148
46,6 8,9
787 174
50,5 10,4
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Através da razão padronizada de mortalidade por tumores do aparelho
respiratório, verifica-se que os distritos do Porto e Viana do Castelo são os que
apresentam valores mais elevados e Bragança apresenta o valor mais baixo.
Considerando apenas os tumores da traqueia, brônquios e pulmão, Porto a Braga têm
os valores mais elevados (Quadro 26).
Quadro 26 - Razão padronizada de mortalidade para tumores do aparelho respiratório (CID 9: 10 ou CID 10: C30-C39), e traqueia, brônquios e pulmão (CID 9: 101 ou CID 10: C33-C34), por distrito da Região de Saúde do Norte, em 2002
Aparelho respiratório Traqueia, brônquios e pulmãoBraga 1,09 0,70 Bragança 0,71 1,08 Porto 1,25 1,30 Viana do Castelo 1,15 0,94 Vila Real 0,94 0,93
Tumores do Tecido Linfático e Órgãos Hematopoiéticos
As taxas de mortalidade por tumores do tecido linfático e órgãos
hematopoiéticos, padronizada pela idade, apresentam uma evolução crescente (Figura
50). Na região Norte a taxa de mortalidade bruta foi de 11,9/100000 habitantes em
69
2000, 12,9 em 2001 e 13,7 em 2002, este crescimento representa essencialmente o
crescimento que se observou no sexo feminino (Quadro 27).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab)
Tecido linfático e órgãos hematopoiéticos
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
2000 2001 2002
Total Geral (HM)Norte (HM)Total Geral (H)Norte (H)Total Geral (M)Norte (M)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 50 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores do tecido linfático e órgãos hematopoiéticos (CID 9:14 ou CID 10:C81-C96), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, em ambos os sexos, no período de 2000 a 2002
Quadro 27 – Óbitos e taxa de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores do tecido linfático e órgãos hematopoiéticos (CID 9:14 ou CID 10:C81-C96), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Tec. linfático e O. hematopoiéticos Homens Mulheres
203 173
13,3 10,6
222 190
14,4 11,5
217 226
13,9 13,6
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Tumores da Mama - mulheres
A taxa de mortalidade por tumores da mama, nas mulheres, padronizada pela
idade, foi menor na região Norte do que o nacional. Na região Norte observou-se um
decréscimo particularmente acentuado entre 2001 (19,8/100000 habitantes) e 2002
(16,2/100000 habitantes) (Figura 51). Considerando os valores da taxa de mortalidade
70
bruta o decréscimo foi de 21,9/100000 habitantes em 2000, para 19,8/100000
habitantes em 2002 (Quadro 28).
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Mama - mulheres
0
5
10
15
20
25
2000 2001 2002
Total Geral (M)Norte (M)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 51 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores da mama em mulheres (CID 9: 50 ou CID 10: C50), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002 Quadro 28 – Óbitos e taxa de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores da mama em mulheres (CID-9: 50 ou CID 10: C50), na região Norte, no período de 2000 a 2002 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Mama Mulheres
362
21,9
390
23,6
330
19,8
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Tumores da Próstata
A taxa de mortalidade por tumores da próstata, padronizada pela idade, foi
menor na região Norte do que os valores nacionais. Ambas decresceram entre 2000 e
2002, mas o decréscimo foi mais acentuado nos valores nacionais entre 2000 e 2001
(Figura 52). A taxa de mortalidade bruta na região Norte manteve-se próxima dos
24/100000 habitantes durante este período (Quadro 29).
71
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab)
Próstata
0
5
10
15
20
25
30
35
2000 2001 2002
Total Geral (H)Norte (H)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 52 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores da próstata (CID-9: 124 ou CID 10: C61), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002
Quadro 29 – Óbitos e taxa de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores da próstata (CID-9: 124 ou CID 10: C61), na região Norte, no período de 2000 a 2002 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Próstata Homens
373
24,2
381
24,6
374
24,0
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Tumores de Outras Localizações
A taxa de mortalidade por tumores de outras localizações, padronizada pela
idade, manteve-se estável no global nacional, mas decresceu na região Norte. Este
decréscimo poderá parcialmente ser devido a um melhor registo da informação no
certificado de óbito que permita a identificação do local do tumor (Figura 53).
72
Taxas de mortalidade padronizadas pela idade (/100000 hab) Outras localizações
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
2000 2001 2002
Total Geral (HM)Norte (HM)Total Geral (H)Norte (H)Total Geral (M)Norte (M)
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 53 – Taxas de mortalidade (/100000 hab) por tumores de outras localizações (CID 9: 13 ou CID 10: C69-C80), padronizadas pela idade, na região Norte e o global nacional, no período de 2000 a 2002
Na região Norte o valor da taxa de mortalidade bruta por tumores de outra
localização manteve-se estável (14,5/100000 habitantes em 2000, 14,9 em 2001 e
14,3 em 2002) (Quadro 30).
Quadro 30 – Óbitos e taxas de mortalidade bruta (/100000 hab) por tumores de outras localizações (CID 9: 13 ou CID 10: C69-C80), na região Norte, no período de 2000 a 2002, por sexo 2000 2001 2002
óbitos
taxa
óbitos
taxa
óbitos
taxa
Outras localizações Homens Mulheres
255 205
16,7 12,5
245 232
15,9 14,0
244 217
15,7 13,0
Fonte: Risco de Morrer, DGS
73
5.4.2. Anos Potenciais de Vida Perdidos por Doenças Oncológicas
A incidência e mortalidade dos tumores de diferentes localizações está
dependente da idade, apresenta-se o potencial de anos de vida perdidos considerando
como limite superior os 70 anos e tomando como referência a informação disponível
para o ano 2002. A informação sobre os anos potenciais de vida perdidos é um
indicador do impacto que as doenças oncológicas têm na população, e poderá ser um
instrumento para a definição de prioridades pois complementa a informação sobre a
mortalidade.
Anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos (/100000 hab) Homens, 2002
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
PROSTATA
AP. GENITURINARIO
TECIDO LINFATICO E ORGAOSHEMATOPOIETICOSOSSO, TECIDO CONJUNTIVO, PELE E MAMA
TRAQUEIA, BRONQUIOS E PULMAO
AP. RESPIRATORIO
COLON
ESTOMAGO
DIGESTIVO E PERITONEU
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 54 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por localização do tumor, na população da região Norte, em homens
Anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos (/100000 hab) Mulheres, 2002
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
COLO DO UTERO
MAMA FEMININA
AP. GENITURINARIO
TECIDO LINFATICO E ORGAOSHEMATOPOIETICOSOSSO, TECIDO CONJUNTIVO, PELE EMAMATRAQUEIA, BRONQUIOS E PULMAO
AP. RESPIRATORIO
COLON
ESTOMAGO
DIGESTIVO E PERITONEU
Fonte: Risco de Morrer, DGS
Figura 55 - Total de anos potenciais de vida perdidos até aos 70 anos, em 2002, por localização do tumor, na população da região Norte, em mulheres
74
Em ambos os sexos, os tumores do aparelho digestivo, nomeadamente do
estômago, são os que contribuem com maior perda de anos potenciais de vida. Nos
homens os tumores do aparelho respiratório são os segundos na perda de potenciais
anos de vida e existe uma enorme diferença para os restantes (Figura 54).
Nas mulheres a distribuição de anos potenciais de vida perdidos pelas
diferentes localizações não apresenta diferenças tão acentuadas. O tumor da mama é
o responsável por maior número de anos potenciais de vida perdidos (a mama é
apresentada quer no grupo “osso, tecido conjuntivo, pele e mama” quer
separadamente em “mama feminina”). O aparelho respiratório, que no sexo masculino
apresenta uma elevada perda de anos potenciais de vida, nas mulheres aparece
apenas depois dos tumores do aparelho geniturinario e dos tumores de tecidos
linfáticos e órgãos hematopoieticos, no entanto tendo em conta a evolução já
observada na taxa de mortalidade é de esperar que no futuro esta localização venha a
apresentar um maior impacto (Figura 55).
6. DOENÇAS INFECCIOSAS
77
6.1. Introdução
As doenças infecciosas têm vindo a reassumir relevância crescente a nível
europeu e mundial. O aparecimento de novas doenças transmissíveis e a re-
emergência de outras que se supunham controladas representa um desafio para a
saúde pública.
Um dos principais sistemas de vigilância epidemiológica de doenças
infecciosas é o sistema de Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória. É um
instrumento usado pelos serviços de saúde pública para monitorizar tendências,
dimensionar problemas e tomar decisões sobre estratégias de intervenção.
No contexto nacional e regional a Tuberculose e a infecção pelo VIH são
programas prioritários pelo que recorrendo aos sistemas de informação disponíveis, se
apresenta a análise da situação epidemiológica dessas doenças de modo a tornar a
intervenção mais efectiva.
6.2. Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória
6.2.1. Introdução
O Sistema de Declaração Obrigatória de Doenças Transmissíveis (DDO) é um
sistema de informação para a vigilância de um conjunto de doenças infecciosas que
teve o seu início em 1949 e cuja listagem tem sofrido alterações ao longo do tempo. A
última alteração foi feita em Janeiro de 1999 (Portaria n.º 1072 de 31 de Dezembro de
1998), sendo a listagem actualmente em vigor composta por 45 doenças. Como todos
os sistemas de registo de morbilidade, o sistema DDO tem problemas de sub-
notificação, variável de doença para doença, no entanto, a sua implantação no terreno
desde há longos anos garante a possibilidade de proceder a uma análise da
distribuição temporal das doenças.
Para elaborar o diagnóstico da situação das DDO na região Norte (RN)
analisou-se a informação estatística da Direcção-Geral da Saúde relativa ao
quinquénio 2000-2004, período durante o qual não ocorreram alterações na lista das
doenças sob notificação. Para além de uma análise geral das doenças, comparando a
região Norte com o resto do País, procurou-se analisar com mais detalhe algumas
outras doenças. Dentro destas, realçaram-se as zoonoses com especificidades de
78
distribuição no espaço geográfico da região e algumas doenças evitáveis pela
vacinação, ou porque traduzem a intervenção dos serviços de saúde na sua
prevenção ou porque a sua ocorrência apresenta particularidades que merecem uma
reflexão mais aturada.
6.2.2. Casos declarados no quinquénio 2000-2004
Durante o quinquénio 2000-2004 foram declarados na região Norte um valor
mínimo de 1786 casos de DDO em 2003 e um valor máximo de 3929 casos no ano
2000 (Quadro 31). Como se pode constatar pela observação dos dados do Quadro 31,
a tuberculose é a doença mais expressiva, dada a importância que assume como
problema de saúde pública é tratada em capítulo próprio.
A diminuição do total de notificações que se observa durante o último
quinquénio é essencialmente explicada pela descida no número de casos declarados
de parotidite e de brucelose. Relativamente à tosse convulsa observa-se um aumento
no número de casos declarados em 2004. As notificações de doenças virais
exantemáticas, sarampo e rubéola, sofreram um decréscimo ao longo dos últimos
cinco anos. De realçar ainda que nos últimos dois anos se observa uma diminuição
acentuada no número de casos declarados de doença meningocócica (meningite e
infecção meningocócica). As infecções de transmissão sexual também têm vindo a
diminuir nos últimos anos. O mesmo padrão se observa na evolução do número de
notificações de hepatites víricas transmitidas por via parentérica (hepatite aguda por
vírus B e C), sendo mais consistente no caso da hepatite B.
79
Quadro 31 – Casos de doenças transmissíveis de declaração obrigatória notificados na região Norte de Portugal por ano (2000 – 2004) e taxa de incidência (/100000 pessoas ano) para o quinquénio 2000-2004
CID-10 Designação 2000 2001 2002 2003 2004 Taxa de incidência
A00 - A09 Doenças infecciosas intestinais A00 Cólera 0 0 0 0 0 0,00A01 Febres tifóide e paratifoide 32 25 16 25 18 0,72A02 Outras Salmoneloses 87 246 114 196 216 5,35A03 Shigelose 1 1 0 1 1 0,02A051 Botulismo 15 0 4 6 8 0,21
A15 - A19 Tuberculose A15, A16 Tuberculose Respiratória 1246 1164 1154 1064 1042 35,32A17 Tuberculose do SNC 24 23 22 16 11 0,60A19 Tuberculose miliar (disseminada) 45 43 34 37 38 1,23
A20 - A28 Doenças bacterianas zoonóticas A20 Peste 0 0 0 0 0 0,00A22 Carbúnculo 0 0 0 0 0 0,00A23 Brucelose 188 136 55 31 20 2,68A27 Leptospirose 5 3 6 6 7 0,17
A30 - A49 Outras doenças bacterianas A30 Doença de Hansen (lepra) 2 2 0 1 0 0,03A33 Tétano neonatal 0 0 0 0 0 0,00A35 Tétano (exclui tétano neonatal, A33) 8 3 6 1 3 0,13A36 Difteria 0 0 0 0 0 0,00A37 Tosse Convulsa 4 1 1 0 26 0,20A39 Infecção meningocócica (exclui meningite meningocócica, A39.0) 40 41 52 18 13 1,02A390 Meningite Meningocócica 75 54 75 38 36 1,73A481 Doença dos Legionários 21 6 9 34 17 0,54A492 Infecção por Haemophilus influenza (exclui meningite por Haemophilus influenza, G00.0) 0 0 2 1 3 0,04
A50 - A64 Infecções de transmissão sexual A50 Sífilis Congénita* 14 23 12 6 6 0,33A51 Sífilis Precoce 49 50 43 24 33 1,24A54 Infecções Gonocócicas 7 5 6 4 1 0,14
A65 - A69 Outras doenças por espiroquetas A692 Doença de Lyme 12 2 1 0 1 0,10
A75 - A79 Rickettsioses A771 Febre Escaro-Nodular 104 102 113 104 92 3,21A78 Febre Q 0 1 0 0 1 0,01
A80 - A89 Infecções virais do SNC A80 Poliomielite aguda 0 0 0 0 0 0,00A810 Doença de Creutzfeldt-Jakob (encefalopatia espongiforme subaguda) 4 5 1 2 6 0,11A82 Raiva 0 0 0 0 0 0,00
A90 - A99 Febres por arbovírus e febres hemorrágicas virais A95 Febre-amarela 0 0 0 0 0 0,00
B00 - B09 Infecções virais com lesões da pele e mucosas B05 Sarampo 12 7 1 4 1 0,16B06 Rubéola 18 10 10 3 6 0,29
B15 - B19 Hepatite viral B15 Hepatite Aguda por vírus A 22 8 23 13 12 0,49B16 Hepatite Aguda por vírus B 96 62 51 35 27 1,69B171 Hepatite Aguda por vírus C 85 72 56 17 41 1,69B17 Hepatite por outros vírus especificados (exclui hepatite C, B17.1) 1 3 0 1 1 0,04B19 Hepatite por vírus não especificados 0 0 0 1 1 0,01
B25 - B34 Outras doenças por vírus B26 Parotidite Epidémica 1699 336 109 81 83 14,38
B50 - B64 Doenças devidas a protozoários B50 a B54 Malária** 10 8 18 11 12 0,37B55 Leishmaníase Visceral 1 2 2 2 2 0,06
B65 - B83 Helmintíases B67 Equinococose 2 0 1 0 3 0,04B75 Triquiníase 0 0 0 0 0 0,00
Meningites bacterianas não classificadas em outra parte G00.0 Meningite por Haemophilus influenzae 0 4 3 3 0 0,06
Infecções especificadas do período perinatal P35.0 Rubéola congénita 0 0 0 0 0 0,00
Total DDO 3929 2448 2000 1786 1788 * por 1000 nados vivos ano Fonte: DGS ** casos importados
80
6.2.3. Comparação entre a região Norte e o resto do País
De forma a comparar a situação epidemiológica das DDO entre a região Norte
e o resto do País, calcularam-se razões entre taxas de incidência durante o quinquénio
2000-2004, por doença, cujos valores se podem observar na Figura 56. Se apenas
valorizarmos as doenças em que o risco relativo foi igual ou superior a 2, será de
realçar a doença de Creutzfeldt-Jakob, a doença de Lyme, a doença dos Legionários e
o botulismo. As diferenças entre a região Norte e o resto do País em relação àquelas
doenças, cuja característica comum poderá ser a sua potencial gravidade, podem
traduzir diferenças na sua incidência. No entanto, no caso da doença de Creutzfeldt-
Jakob estamos a falar de um risco relativo de cerca de 2 e num número de casos
muito pequeno. Para a doença de Lyme, o valor elevado pode ser explicado pelo facto
de no ano 2000 no distrito de Braga terem sido declarados 11 casos cujo ano de
diagnóstico não foi apenas em 2000, mas sim no período entre 1995 e 2000, pelo que
este valor não corresponde aos casos diagnosticados no período em estudo. Em
relação à doença dos Legionários o valor encontrado reflecte a ocorrência de um surto
no ano 2000 no concelho de Vizela, e um aumento no número de casos esporádicos
declarados no distrito do Porto em 2003. Os dados referentes ao botulismo reflectem a
ocorrência de surtos no ano 2000, no concelho de Paredes e Ponte de Lima, e de um
surto que ocorreu em 2004 no concelho de Paços de Ferreira. Os dados relativos ao
botulismo e outras salmoneloses poderão reflectir os resultados do Programa de
Vigilância das Toxinfecções Alimentares Colectivas, em vigor na região Norte desde o
ano de 2000, e incluídos em relatórios específicos (13, 14, 15).
81
-1,00 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00
Febres tifo ide e paratifo ide
Outras Salmoneloses
Shigelose
Botulismo
Tuberculose Respiratória
Tuberculose do SNC
Tuberculose miliar (disseminada)
Carbúnculo
Brucelose
Leptospirose
Doença de Hansen (lepra)
Tétano (exclui tétano neonatal, A33)
Tosse Convulsa
Infecção meningocócica
M eningite M eningocócica
Doença dos Legionários
Infecção por Haemophilus influenza
Sífilis Congénita*
Sífilis Precoce
Infecções Gonocócicas
Doença de Lyme
Febre Escaro-Nodular
Febre Q
Doença de Creutzfeldt-Jakob
Sarampo
Rubéola
Hepatite Aguda por vírus A
Hepatite Aguda por vírus B
Hepatite Aguda por vírus C
Hepatite por outros vírus especificados
Hepatite por vírus não especificados
Parotidite Epidémica
M alária**
Leishmaníase Visceral
Equinococose
M eningite por Haemophilus influenzae
Doe
nça
Razão de taxas de incidência
* por 1000 nados vivos ano ** casos importados
Fonte: DGS Figura 56 – Razão entre as taxas de incidência (quinquénio 2000-2004) de algumas Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória da região Norte de Portugal e do resto do País
Calcularam-se também as diferenças entre a taxa de incidência na região Norte
e no resto do País, cujos valores podem observar-se na Figura 56. As duas doenças
82
em relação às quais a diferença entre a região Norte e o resto do País foi maior, foram
a tuberculose respiratória (analisada em capítulo próprio) e outras salmoneloses.
-4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00
Febres tifo ide e paratifo ide
Outras Salmoneloses
Shigelose
Botulismo
Tuberculose Respiratória
Tuberculose do SNC
Tuberculose miliar (disseminada)
Carbúnculo
Brucelose
Leptospirose
Doença de Hansen (lepra)
Tétano (exclui tétano neonatal, A33)
Tosse Convulsa
Infecção meningocócica
M eningite M eningocócica
Doença dos Legionários
Infecção por Haemophilus influenza
Sífilis Congénita*
Sífilis Precoce
Infecções Gonocócicas
Doença de Lyme
Febre Escaro-Nodular
Febre Q
Doença de Creutzfeldt-Jakob
Sarampo
Rubéola
Hepatite Aguda por vírus A
Hepatite Aguda por vírus B
Hepatite Aguda por vírus C
Hepatite por outros vírus especificados
Hepatite por vírus não especificados
Parotidite Epidémica
M alária**
Leishmaníase Visceral
Equinococose
M eningite por Haemophilus influenzae
Doe
nça
Diferença entre taxas de incidência
* por 1000 nados vivos ano; ** casos importados Fonte: DGS
Figura 57 – Diferença entre as taxas de incidência (quinquénio 2000-2004) de algumas Doenças Transmissíveis de Declaração Obrigatória da região Norte de Portugal e do resto do País
83
6.2.4. Zoonoses
6.2.4.1. Brucelose
A incidência de brucelose foi particularmente elevada em concelhos dos
distritos de Bragança e Vila Real (Figura 58).
Fonte: DGS
Figura 58 – Taxa de incidência (/100000 pessoas ano) de casos de brucelose (CID10 A23) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por concelho
A distribuição por sexo e grupo etário evidencia que em cada três casos, dois
são do sexo masculino, e que dois terços dos casos têm idades compreendidas entre
os 15 e os 64 anos (Figura 59).
0
10
20
30
40
50
Gr upo e t á r i o
M
H
Fonte: DGS
Figura 59 – Distribuição do número de casos de brucelose (CID10 A23) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por grupo etário e sexo
84
6.2.4.2. Febre escaro-nodular
A distribuição geográfica da incidência da febre escaro-nodular apresenta um
padrão mais disperso do que a da brucelose. No entanto, observam-se também
valores mais altos de incidência em grande parte dos concelhos do distrito de
Bragança e nos concelhos do sul do distrito de Vila real (Figura 60).
Fonte: DGS
Figura 60 – Taxa de incidência (/100000 pessoas ano) de casos de febre escaro-nodular (CID10 A77.1) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por concelho de residência
Não se observou um predomínio de género na incidência de febre escaro-
nodular. A maioria dos casos declarados (55%) tinha menos de 15 anos de idade.
85
6.2.5. Doenças evitáveis pela vacinação
Dentro do grupo das doenças evitáveis pela vacinação, decidiu-se destacar o
tétano pela eficácia da vacina na sua prevenção e a tosse convulsa pela sua
reemergência no ano de 2004.
6.2.5.1. Tétano (CID 10 – A35)
Durante o quinquénio 2000-2004 foram notificados vinte e um casos de tétano
na região Norte. Neste período não ocorreram casos de tétano neonatal. O que
corresponde a uma redução de casos relativamente aos dois quinquénios anteriores,
65 no quinquénio 1990-1994 e 51 no quinquénio 1995-1999. A distribuição geográfica
dos 21 casos notificados no quinquénio 2000-2004 pode ser observada na Figura 61.
Um estudo relativo aos casos de tétano notificados na região Norte entre 1993
e 2002 (16), revelou que 88% dos 91 casos pertenciam ao grupo etário entre 50 e 84
anos, e que 73,7% dos casos de idade igual ou superior a 65 anos eram do sexo
feminino. Nesta série de casos, a letalidade foi de 11,8%. O mesmo estudo revelou
que nenhum doente estava adequadamente vacinado e que quase todos tinham
recorrido a serviços de saúde (por motivos vários) nos 10 anos anteriores à ocorrência
da doença, traduzindo repetidas oportunidades perdidas de vacinação.
Fonte: DGS
Figura 61 – Número acumulado de casos de Tétano (CID10 A35) declarados na região Norte de Portugal, por concelho de residência. 2000 – 2004
86
A população portuguesa apresenta um elevado grau de imunização contra o
tétano, conforme dados da Avaliação do Programa Nacional de Vacinação – 2º
Inquérito Serológico Nacional – Portugal Continental 2001-2002 (Figura 62). No
entanto, só se elimina esta doença garantindo uma cobertura vacinal de 100% da
população.
Fonte: DGS
Figura 62 – Distribuição dos indivíduos com resultado positivo (concentração de anticorpos IgG ≥ 0,1 UI/mL) para a toxina do tétano, por grupo etário (fonte: Avaliação do PNV - 2º Inquérito Serológico Nacional - Portugal Continental 2001-2002)
6.2.5.2. Tosse convulsa (CID10 – A37)
Durante o quinquénio 2000-2004 foram notificados trinta e dois casos de tosse
convulsa (Quadro I). Contrariando a tendência descendente que vinha sendo
observada nos anos anteriores, em 2004 foram notificados vinte e seis casos.
O maior número de casos declarados observou-se em residentes nos
concelhos limítrofes do concelho do Porto (Vila Nova de Gaia – 9 casos, Maia – 5
casos, Gondomar – 3 casos) e nos concelhos de Póvoa de Varzim, Vila Nova de
Famalicão e Guimarães (3 casos em cada concelho) (Figura 63).
87
Fonte: DGS
Figura 63 – Número acumulado de casos de tosse convulsa (CID10 - A37) declarados na região Norte de Portugal, por concelho de residência. 2000 – 2004
A grande maioria dos casos notificados, isto é 29 em 32 (90,6%) ocorreu em
crianças de idade inferior a seis meses, não tendo portanto idade para terem
completado a primovacinação com DTP. Destes, 18 tinham idade inferior a dois meses
e não podiam ter sido vacinados. Todos os casos notificados em crianças com menos
de dois meses de idade ocorreram em 2004. Dos três casos com mais de seis meses
de idade, dois estavam vacinados (um com quatro doses e outro com cinco doses).
0
5
10
15
20
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 >12
Mês de idade
N.º
de c
asos
2004
2003
2002
2001
2000
Fonte: DGS
Figura 64 – Casos de tosse convulsa (CID10 - A37) declarados na região Norte de Portugal de 2000 a 2004, por mês de idade e ano de notificação
88
6.2.6. Hepatites víricas transmitidas por via parentérica
6.2.6.1. Hepatite aguda por vírus B (CID10 - B16)
O número de casos declarados de hepatite aguda por vírus B apresentou um
acentuado decréscimo na última década em todo o país (Figura 65).
Durante o quinquénio 2000-2004 foram notificados 271 casos de hepatite
aguda por vírus B na região Norte. A taxa bruta de incidência foi idêntica na região
Norte e no resto do País (Figuras 56 e 57). No entanto a taxa de incidência específica
no grupo etário de idade inferior a 15 anos foi menor na região Norte do que no resto
do País (respectivamente, 0,72 e 0,86 casos novos por 100.000 pessoas ano; p
<0,001).
A distribuição dos casos notificados por idade e sexo revela que 66,4%
estavam incluídos no grupo etário dos 15 aos 44 anos de idade e que 68,6% dos
casos eram indivíduos do sexo masculino. No entanto, a razão da masculinidade
aumentou com a idade, sendo no grupo etário menor do que 15 anos de 1,0, no grupo
etário 15 a 44 anos de 2,2 e no grupo etário igual ou superior a 45 anos de 2,7.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Ano
N.º
de c
asos
Portugal
Resto do País
R. Norte
Font e: DGSServiço de Epidemiologia CRSPN
Vacinação (adolescentes)
Vacinação (Recém-nascidos)
Fonte: DGS
Figura 65 – Número anual de casos de hepatite aguda por vírus B (CID10 – B16) declarados em Portugal, no resto do País e na região Norte, 1993–2004 com indicação do ano de introdução no PNV da vacina da hepatite B
Em 161 dos 271 casos notificados, foi referida a não existência de actividade
de risco para a doença. Em 68 casos, essa informação era omissa. Em apenas 42
89
casos foi referida existência de actividade de risco, tendo sido identificada a
toxicodependência em 78,6% destes casos.
A distribuição proporcional da origem provável da infecção, dos 98 casos em
que essa informação estava disponível, foi a seguinte: a via parentérica e a via sexual,
cada uma com 35,7% dos casos, foram as mais frequentes; as vias de transmissão
horizontal e vertical foram responsabilizadas por 4,1% dos casos, cada; nos restantes
20,4%, foram referidas outras origens.
6.2.6.2. Hepatite aguda por vírus C (CID10 - B17.1)
Durante o quinquénio 2000-2004 foram notificados 271 casos de hepatite
aguda por vírus C. A taxa bruta de incidência foi idêntica na região Norte e no resto do
País (Figuras 56 e 57. Da distribuição por grupo etário e sexo (Figura 66), realçam-se
os factos de 84,5% dos casos declarados na região Norte terem correspondido a
indivíduos do sexo masculino e de 87,5% dos casos estarem incluídos no grupo etário
dos 20 aos 44 anos de idade.
0
20
40
60
80
100
Grupo Etário (anos)
N.º
de c
asos
M
H
Fonte: DGS
Figura 66 – Distribuição do número de casos de hepatite aguda por vírus C (CID10 - B17.1) declarados na região Norte de Portugal no quinquénio 2000 – 2004, por grupo etário e sexo
90
Em 94,4% dos 213 casos em que foi referida existência de actividade de risco,
a actividade descrita foi a toxicodependência; a reclusão e toxicodependência
associadas e a reclusão isolada foram responsáveis por 1,4% dos casos, cada; a
prostituição foi referida em 1,9% dos casos.
A origem provável da infecção, descrita em 228 casos, distribuiu-se da seguinte
forma: via parentérica, em 92,5% dos casos; via sexual, em 3,9% dos casos, outras
origens, em 3,5% dos casos.
6.2.7. Conclusões
A distribuição preferencial das zoonoses (brucelose e febre escaro-nodular)
nos distritos do interior (Bragança e Vila Real) justifica o planeamento de acções
integradas específicas desses distritos e envolvendo os Serviços de Veterinária.
Dada a gravidade clínica do tétano, os elevados custos associados ao
tratamento e a elevada eficácia da vacina anti tetânica, deverá ser consolidado o
aumento da cobertura vacinal em adultos, especialmente nos de idade superior a 50
anos, aproveitando todas as oportunidades de vacinação.
O aumento do número de casos de tosse convulsa declarados em 2004,
relativamente aos anos anteriores, bem como a sua distribuição etária, leva-nos a
admitir a hipótese da diminuição dos níveis de anticorpos maternos protectores, como
explicação dos casos notificados com idades inferiores à do início da vacinação com a
DTP.
Dadas as elevadas coberturas vacinais da vacina contra a hepatite B é de
esperar que a curva epidémica continue a apresentar uma tendência descendente.
A situação epidemiológica da hepatite C, expressa pelas DDO, não parece ser
diferente da observada no resto do País. Esta doença tem impacto sobretudo na
população activa do sexo masculino. Os custos associados ao tratamento são
elevados e constituem mais uma razão para se investir em programas de prevenção
primária.
91
6.3. Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana
6.3.1. Introdução O diagnóstico da situação relativo à infecção pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana (VIH) na região Norte (RN) foi elaborado com base nos dados fornecidos pelo
Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis (CVEDT) do Instituto
Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge no que se refere à morbilidade e, com base nos
dados fornecidos pela Direcção de Serviços de Informação e Análise (DSIA) da
Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Estatística (INE) no que se
refere à mortalidade.
6.3.2. Morbilidade Até 30 de Junho de 2005 foram declarados ao CVEDT 6850 casos de infecção
pelo VIH em residentes na região Norte, correspondendo a cerca de 25% do total de
casos declarados em Portugal (27031) (Quadro 32).
Quadro 32 – Distribuição das notificações de infecção VIH por ano de diagnóstico e por tipo de infecção na região Norte (declarados ao CVEDT até 30 de Junho de 2005)
Ano PA* CRS** SIDA*** Total 1981 0 0 0 0 1982 0 0 0 0 1983 0 0 0 0 1984 0 0 1 1 1985 1 0 3 4 1986 2 4 6 12 1987 8 5 13 26 1988 9 6 19 34 1989 13 10 29 52 1990 30 15 33 78 1991 42 30 51 123 1992 93 29 82 204 1993 102 41 83 226 1994 114 32 131 277 1995 201 34 182 417 1996 288 41 204 533 1997 357 44 251 652 1998 292 45 247 584 1999 261 35 316 612 2000 571 48 306 925 2001 183 31 342 556 2002 217 43 322 582 2003 247 42 300 589 2004 145 23 183 351
*PA - Portadores Assintomáticos **CRS – Complexos Relacionados com SIDA ***SIDA – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Fonte: CVEDT
92
No Quadro 32 e Figura 67 observa-se a distribuição das notificações relativas à
região Norte por tipo de infecção e por ano de diagnóstico. Dado o atraso que se
observa na notificação, apenas se consideraram as infecções diagnosticadas até
2004.
Evolução do número de casos de PA, CRS, SIDA e total, por ano de diagnóstico.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
19 8 1 19 8 3 19 8 5 19 8 7 19 8 9 19 9 1 19 9 3 19 9 5 19 9 7 19 9 9 2 0 0 1 2 0 0 3
PACRSSIDATotal
Fonte: CVEDT
Figura 67 - Evolução do número de casos de Portadores Assintomáticos (PA), Complexos Relacionados com SIDA (CRS), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e total, por ano de diagnóstico. Região Norte. 1981-2003 (casos declarados até 30/06/2005)
A evolução temporal do total de casos de infecção VIH diagnosticados mostra
um paralelismo de configuração com a curva respeitante aos diagnósticos de
Portadores Assintomáticos (PA), com valores máximos atingidos nos anos de 1997 e
2000. De realçar ainda que, após o pico observado no ano 2000 e subsequente
descida, nos anos posteriores o número total de casos diagnosticados sofreu um
ligeiro crescimento entre 2001 e 2003. Dado o atraso na notificação, é prematuro
valorizar a evolução observada em 2004. O número de casos de SIDA aumentou até
ao ano de 2001, para em seguida se observar uma ligeira descida, a valorizar quando
dispusermos de dados mais actualizados.
A comparação da taxa de incidência de SIDA entre Portugal e a região Norte
indica que, até ao ano 2000, os valores observados em Portugal foram sempre
superiores aos da região, sendo que a partir desse ano a região Norte passou a
apresentar valores superiores aos do País (Figura 68).
93
Evolução da taxa de incidência (/1 000 000) de SIDA
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003
P o rtugalN o rte
Fonte: CVEDT
Figura 68 - Evolução da taxa de incidência (/1000000) de SIDA em Portugal e na região Norte, 1987-2003
Nos diferentes distritos da região Norte, o distrito do Porto contribui com 84%
para o total de casos acumulados, seguindo-se-lhe o distrito de Braga, Viana do
Castelo, Vila Real e Bragança (Quadro 33). Esta distribuição proporcional apresenta
grandes diferenças em relação à distribuição percentual dos efectivos populacionais
por distrito.
Quadro 33 - Distribuição do número de casos de infecção VIH por distrito e da população residente, região Norte
Distrito Casos infecção VIH (%) População residente (%) Estimativa INE 2004
Braga 671 (10%) 851 337 (26,0%) Bragança 100 (1,5%) 145 486 (4,5%) Porto 5681 (84,2%) 1 768 162 (55,0%) Viana do Castelo 178 (2,6%) 251 937 (8,0%) Vila Real 115 (1,7%) 221 218 (6,8%) Total 6745 (100%) 3 274 993 (100%)
A taxa de incidência da infecção VIH observada na região Norte no quinquénio
1995/1999 foi de 179,1/1000000 pessoas-ano, variando o valor observado nos
diferentes distritos entre 288,3 no distrito do Porto e 22,6 no distrito de Bragança
(Figura 69).
94
Legenda: Incidência por 1000000 pessoas-ano 0 – 39
40 - 99
>=100
Fonte: CVEDT Figura 69 – Taxa de incidência (/1000000) da infecção VIH nos distritos da região Norte, entre 1995 e 1999
A distribuição dos casos declarados de infecção VIH por sexo indica um claro
predomínio da infecção em indivíduos do sexo masculino: do total de 6846 casos
declarados até 30 de Junho de 2005 cujo sexo é conhecido, 19% são do sexo
feminino e 81% do sexo masculino.
Considerando os estádios extremos da infecção VIH, observa-se que a maior
parte dos casos de Portadores Assintomáticos (PA) têm idades compreendidas entre
os 25 e os 29 anos, enquanto que a maior parte dos casos de SIDA pertencem à
classe etária dos 30-34 anos (Figura 70). Nos grupos etários mais avançados o
número de casos de SIDA é superior ao número de casos de PA. A frequência
acumulada dos casos de infecção VIH por sexo indica que as mulheres infectadas têm
idades genericamente mais baixas do que os homens.
Taxa de incidência (/1000000) da infecção VIH
95
Distribuição do número de casos de PA e de SIDA na Região Norte por grupo etário
0100200300400500
600700800900
1000
<1ano
5-9anos
15-19anos
25-29
anos
35-39
anos
45-49
anos
55-59
anos
65+anos
PA
SIDA
Fonte: CVEDT
Figura 70 - Distribuição do número de casos de Portadores Assintomáticos (PA) e de SIDA declarados até 30/06/2005 na região Norte, por grupo etário
A comparação entre número de casos de infecção VIH declarados até
Dezembro de 2002 e o número de casos declarados até Junho de 2005 por grupo
etário, indica que nestes últimos anos a maior parte das notificações de casos ocorreu
nos grupos etários 25-29 e 30-34 anos (Figura 71).
Número de casos acumulados de infecção VIH por grupo etário
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
<1 ano 1-4anos
5-9anos
10-14anos
15-19anos
20-24anos
25-29anos
30-34anos
35-39anos
40-44anos
45-49anos
50-54anos
55-59anos
60-64anos
65+anos
Jun-05
Dez-02
Fonte: CVEDT
Figura 71 - Número de casos acumulados de infecção VIH por grupo etário declarados na região Norte até 31/12/2002 e até 30/06/2005
96
Do total de 6850 casos de infecção VIH declarados até 30 de Junho de 2005,
em 6733 foi possível identificar a categoria de transmissão (Quadro 34), pertencendo
66% dos casos à categoria “Toxicodependente”, 25% à categoria “Heterossexual” e
7% à categoria “Homo/Bissexual”.
Quadro 34 – Distribuição da categoria de transmissão nos casos de infecção VIH declarados na região Norte até 30 de Junho de 2005
Categoria nº de casos Percentagem Hemofílico 32 0,5 Heterossexual 1691 25,1 Homo/bissexual 440 6,5 Homo/Toxicodependente 37 0,5 Mãe/filho 41 0,6 Toxicodependente 4437 65,9 Transfusionado 55 0,8 Total 6733 100
Fonte: CVEDT
A evolução do número de Portadores Assintomáticos (PA) declarados durante
os últimos anos por categoria de transmissão (Quadro 35), mostra: um aumento do
número de casos de PA nas categorias “Heterossexual” e “Homo/bissexual”, após um
aumento no número de casos de PA na categoria “Toxicodependente” entre 2002 e
2003, uma eventual estabilização do fenómeno.
Quadro 35 – Número de casos de PA declarados na região Norte por categoria de transmissão. 2001-2003
Categoria de transmissão 2001 2002 2003 Heterossexual 21 38 80 Homo/bissexual 6 11 15 Mãe/filho 4 5 2 Toxicodependente 43 23 65 Outras 0 0 1 Total (variação em relação ao ano anterior)
74
77 (+4%)
163 (+112%)
Fonte: CVEDT
Na Figura 72 observamos a importância relativa das principais categorias de
transmissão para o total de casos de PA declarados até 31 de Dezembro de 2001,
sendo de realçar que naquela data, cerca de 3 em cada 4 casos declarados
pertenciam à categoria “Toxicodependente”. Durante os últimos anos (Figura 73) a
importância relativa dos novos casos de PA declarados na região sofreu as seguintes
alterações: ligeiro aumento da proporção de casos declarados na categoria
97
“Homo/bissexual”, aumento da proporção de casos declarados na categoria
“Heterossexual” e diminuição na categoria “Toxicodependente”.
Percentagem de casos de PA declarados, por categoria de transmissão, até 31/12/2001
19%
5%
74%
2%
HeterossexualHomo/bissexualToxicodependenteOutras
Fonte: CVEDT
Figura 72 - Percentagem de casos de portadores assintomáticos (PA) declarados na região Norte até 31/12/2001 por categoria de transmissão
Percentagem de casos de PA, por categoria de transmissão, até 30/06/2005
25%
6%
67%
2%
HeterossexualHomo/bissexualToxicodependenteOutras
Fonte: CVEDT
Figura 73 - Percentagem de casos de portadores assintomáticos (PA) declarados na região Norte até 30/06/2005 por categoria de transmissão
98
A evolução do número de casos de SIDA declarados na região por categoria de
transmissão (Quadro 36) indica um aumento, entre 2002 e 2003, no número de casos
na categoria “Heterossexual”. Na categoria “Homo/bissexual”, após uma diminuição do
número de casos entre 2002 e 2003, um crescimento durante o último ano e meio. Na
categoria “Toxicodependente” houve uma diminuição do número de casos entre 2001
e 2002, um ligeiro crescimento em 2003 e, a manter-se a evolução no último ano e
meio, poderá haver uma diminuição ou estabilização no número de casos.
Quadro 36 – Número de casos de SIDA declarados na região Norte por categoria de transmissão, 2001-2003
Categoria de transmissão 2001 2002 2003 Heterossexual 70 72 115 Homo/bissexual 7 13 6 Mãe/filho 0 0 1 Toxicodependente 243 172 191 Outras 4 6 2 Total (variação em relação ao ano anterior) 324 263 (-19%)
315 (+20%)
Fonte: CVEDT
A evolução da importância relativa das principais categorias de transmissão
para o total de casos de SIDA declarados na região (Figuras 74 e 75), indica um
aumento da importância relativa da categoria “Heterossexual” em detrimento da
categoria “Toxicodependente”.
Percentagem de casos de SIDA por categoria de transmissão, até 31/12/2001
22%
8%
67%
3%
HeterossexualHomo/bissexualToxicodependenteOutras
Fonte: CVEDT
Figura 74 - Percentagem de casos de SIDA declarados na região Norte até 31/12/2001 por categoria de transmissão
99
Percentagem de casos de SIDA por categoria de transmissão, até 30/06/2005
26%
7%
64%
3%
HeterossexualHomo/bissexualToxicodependenteOutras
Fonte: CVEDT
Figura 75 - Percentagem de casos de SIDA declarados na região Norte até 30/06/2005 por categoria de transmissão A Tuberculose foi a doença indicadora de SIDA em 1730 dos 3121 casos
declarados na região até 30 de Junho de 2005, representando 55% do total de casos
de SIDA. Em Portugal, a Tuberculose representou, para o mesmo período de tempo,
49% (5987/12210) do total de casos declarados de SIDA. Nestes últimos anos, o
contributo da Tuberculose enquanto doença indicadora para o total de casos de SIDA
declarados anualmente tem variado entre um máximo de 62% em 2001 e um valor
mínimo de 51% durante 2004 e o primeiro semestre de 2005 (Quadro 37).
Quadro 37 – Número e percentagem de casos de SIDA em que a Tuberculose foi doença indicadora (SIDA/TB) na região Norte, de Janeiro de 2001 a Junho de 2005
Ano SIDA/TB SIDA Percentagem2001 203 327 62%2002 156 264 59%2003 173 316 55%2004 e até Junho 05 208 405 51%
Fonte: CVEDT
6.3.3. Mortalidade
Na região Norte, o número de casos de SIDA por ano de diagnóstico cresceu
até 2001, mostrando uma tendência para o decréscimo a partir desse ano, o número
de mortes por SIDA cresceu até 2002, tendo diminuído em 2003 (figura 76).
100
Número de casos de SIDA e óbitos por SIDA por ano de diagnóstico
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002
ÓbitosCasos
Fonte: CVEDT/DSIA/INE
Figura 76 - Evolução do número de casos de SIDA por ano de diagnóstico e do número de óbitos por SIDA por ano de ocorrência, na região Norte, 1990-2002
Em Portugal, a evolução, tanto do número de casos de SIDA como do número
de óbitos por SIDA, depois de ter aumentado até 1999, parece ter estabilizado após
essa data (Figura 77).
Número de casos de SIDA por ano de diagnóstico e número de óbitos por SIDA por ano de ocorrência.
Portugal 1987-2001.
0
200
400
600
800
1000
1200
1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003
N.casosN.óbitos
Fonte: CVEDT/DSIA/INE
Figura 77 - Evolução do número de casos de SIDA por ano de diagnóstico e do número de óbitos por SIDA por ano de ocorrência. Portugal 1987-2001
101
Na grande maioria dos países da Europa Ocidental, a evolução do número de
casos de SIDA e de mortes por SIDA sofreu um crescimento até ao fim da primeira
metade dos anos 90 e uma descida a partir de então, sendo que nos últimos anos
ambos os fenómenos parecem ter sofrido alguma estabilização (17). Este padrão,
observado em todos os países à excepção de Portugal, tem sido interpretado como
sendo o resultado da adopção de esquemas de terapêutica anti-retrovírica de alta
eficácia.
A comparação entre o risco de morrer por SIDA em Portugal e na região Norte
indica que, para além do fenómeno ter uma evolução diferente, os valores observados
na região têm sido sempre inferiores aos do País (figura 78).
Evolução da taxa de mortalidade (/1 000 000) por SIDA em Portugal e na região Norte. 1988-2003.
0 , 0 0
2 0 , 0 0
4 0 , 0 0
6 0 , 0 0
8 0 , 0 0
10 0 , 0 0
12 0 , 0 0
19 8 8 19 9 0 19 9 2 19 9 4 19 9 6 19 9 8 2 0 0 0 2 0 0 2
P or t uga l - M or t
Nor t e - M or t
Fonte: DSIA/INE
Figura 78 - Evolução da taxa de mortalidade (/1 000 000) por SIDA em Portugal e na região Norte, entre 1988 e 2003
O número de mortes por SIDA não tem evoluído, na região, da mesma forma
no sexo masculino e feminino (Figura 79): no sexo masculino, após um aumento
observável até 2002, houve um decréscimo em 2003, no sexo feminino observa-se um
crescimento lento e gradual no número de óbitos.
102
Evolução do número de óbitos por SIDA e por sexo 1990-2003
0
50
100
150
200
250
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002
Masculino
Feminino
Fonte: DSIA/INE
Figura 79 - Evolução do número de óbitos por SIDA e por sexo na região Norte, entre 1990 e 2003
O grupo etário em que se observou um maior número de mortes por SIDA na
região Norte foi o de idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos (Figura 80), no
entanto, observou-se uma diminuição do número de óbitos naquele grupo em 2001. O
número de mortes por SIDA no grupo etário 35-44 anos tem vindo a crescer desde
1990, sendo o crescimento mais evidente a partir de 1997.
Evolução do número de óbitos por SIDA, por grupo etário.
Região Norte - 1990/2001
0
20
40
60
80
100
120
140
<15 anos
15- 24 anos
25- 34 anos
35- 44 anos
45- 54 anos
55+ anos
Fonte: DSIA
Figura 80 - Evolução do número de óbitos por SIDA segundo o grupo etário, na região Norte, entre 1990 e 2001
103
6.3.4. Conclusões As conclusões que se podem retirar dos dados apresentados enfermam das
limitações que decorrem da validade e robustez do sistema de onde se retirou a
informação utilizada.
O risco de contrair SIDA na região Norte tem continuado a subir, tendo já
ultrapassado os valores observados em Portugal. Este facto leva-nos a ponderar a
necessidade de estudar mais detalhadamente as razões deste fenómeno, tanto que,
com o acesso a terapêuticas antiretrovíricas de alta eficácia, seria de esperar que
tanto a incidência de SIDA como a mortalidade já tivessem sofrido o decréscimo
observado nos restantes países da Europa Ocidental.
Em 2003, tanto o número de casos de PA como de SIDA declarados na região
Norte aumentou, sendo esse aumento mais evidente nos PA. Não sabemos se a
abertura dos Centros de Rastreio Anónimo terá contribuído para diminuir o sub-
diagnóstico, ou se haverá, de facto, aumento da incidência.
As formas de transmissão da infecção VIH sofreram, nestes últimos anos,
alterações que convém sublinhar. Se considerarmos que os PA declarados
correspondem a infecções mais recentes, o risco de contrair a infecção por via sexual
(hetero ou homossexual) aumentou. Um outro facto nos pareceu muito preocupante: o
crescimento do número de casos de PA por transmissão vertical ocorridos na região
no último ano e meio. A inclusão do rastreio VIH nos exames analíticos de vigilância
de gravidez e a eficácia da prevenção da transmissão vertical deveriam ter contribuído
para uma diminuição do risco. Consideramos de primordial importância um estudo
mais detalhado desta situação. Em relação à SIDA também se observou um aumento
do risco de transmissão por via sexual (hetero e homossexual), neste caso reflexo de
comportamentos ocorridos em épocas anteriores.
A tuberculose é a principal doença indicadora de SIDA na região Norte,
assumindo uma importância superior ao País. Este facto eventualmente reflecte o
elevado nível endémico de tuberculose que se observa na região, consubstanciando a
necessidade premente de estratégias integradas de luta contra aqueles problemas de
saúde.
No que se refere ao risco de morrer por SIDA, os dados da região apontam
para uma eventual estabilização, o que, conjugado com o aumento de incidência,
obriga a considerar a subida da prevalência da SIDA no planeamento dos serviços de
saúde. Finalmente, dois factos importantes em relação à mortalidade por SIDA: o
aumento dos óbitos no grupo etário 35-44 anos e a subida, mesmo que de pequena
dimensão, observada no sexo feminino.
104
6.4. TUBERCULOSE
6.4.1. Introdução
No Plano Nacional de Saúde 2004-2010, a Tuberculose (TB) é uma das
prioridades identificadas, sendo referido que a estratégia a desenvolver, inserida no
Programa Nacional de Luta Contra a Tuberculose (PNT) que data de 1995, passa pela
implementação e expansão da estratégia DOTS (Directly Observed Therapy Short-
course) da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os princípios organizacionais que
concorrem para aquela estratégia são (18):
- Disponibilidade de uma rede de estruturas descentralizadas para diagnóstico e
tratamento dos casos, baseada nos serviços de saúde existentes e integrada na rede
dos Cuidados de Saúde Primários;
- Boa gestão do programa de tuberculose, baseada na responsabilização e na
supervisão dos profissionais de saúde;
- Implementação de um sistema de avaliação da detecção de novos casos e das
recidivas e análise por coortes dos resultados do tratamento.
O diagnóstico da situação epidemiológica da tuberculose na região Norte (RN) foi
feito com base nos dados do Sistema de Informação do PNT (SVIG-TB).
6.4.2. Morbilidade A TB é um problema de saúde pública que assume em Portugal uma dimensão
preocupante no contexto da região Europeia: em 2003, a taxa de incidência de
tuberculose em Portugal foi de 38/100 000, valor apenas inferior ao observado nos
países Bálticos. Nos últimos 30 anos a incidência de tuberculose em Portugal tem
vindo a descer de forma lenta, no entanto, entre 1972 e 2002 observou-se uma
redução de 57% na taxa de incidência (Figura 81).
105
Fonte: SVIG-TB
Figura 81 – Evolução da taxa de incidência (/100000) de tuberculose em Portugal, no período de 1972 a 2002
Existe uma grande variabilidade na incidência de tuberculose ao nível das
diferentes unidades geográficas, com grande concentração de risco nos distritos do
Porto, Lisboa e Setúbal (Figura 82).
Fonte: SVIG-TB
Figura 82 – Distribuição geográfica da incidência média anual (/100000) de casos de tuberculose notificados entre 2000-2004
0-10 10-20 20-40 >40
106
No ano de 2004, a taxa de incidência de tuberculose em Portugal foi de
33,7/105 enquanto que na região Norte foi de 42,8.
Na região Norte, entre 1987 e 2004, o número de novos casos de tuberculose
decresceu 45% (Figura 83), sendo que o decréscimo médio anual durante aquele
período de tempo foi de 3,7%.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003
Fonte: SVIG-TB
Figura 83 – Número de novos casos de tuberculose declarados no Norte de Portugal, entre 1987 e 2004
Durante o último quinquénio, o número total de casos de tuberculose
notificados na região Norte atingiu o máximo em 2002, tendo decrescido a partir desse
ano (Figura 84). Em relação aos casos novos observa-se o mesmo tipo de evolução.
Fonte: SVIG-TB
Figura 84 - Evolução do total de casos e casos novos de tuberculose notificados na região Norte, entre 2000 e 2004
Evolução do total de casos e casos novos de tuberculose 2000-2004
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2000 2001 2002 2003 2004
Total casosCasos novos
107
A distribuição da incidência de tuberculose por grupo etário na região Norte
mostra que aumenta com a idade até ao grupo etário dos 35 aos 44 anos, diminui até
ao grupo 55-64 anos, para voltar a subir nos idosos (Figura 85). A incidência de
tuberculose no sexo masculino é superior à incidência no sexo feminino, sendo essa
diferença particularmente notória no grupo etário dos 35-44 anos. No sexo feminino o
pico de incidência ocorre em idades mais jovens do que no sexo masculino.
Taxa de incidência de tuberculose (/100 000) por grupos etários e por sexo, 2003
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
00-04 05-14 15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 >=75
Taxa M
Taxa F
Taxa MF
Fonte: SVIG-TB
Figura 85 - Taxa de incidência de tuberculose (/100000) na região Norte por grupos etários, total e por sexo, em 2003
A maioria dos casos de tuberculose tem localização pulmonar, quer exclusiva
quer associada a outras localizações, sendo que a proporção de casos com
localização pulmonar tem variado no último quinquénio entre 73 e 75%. As formas
graves de doença tuberculosa, disseminada e do Sistema Nervoso Central, têm
sofrido, nos últimos cinco anos, um decréscimo (Figura 86), mais consistente na
tuberculose disseminada.
108
Número de casos de tuberculose disseminada e do Sistema Nervoso Central - Região Norte, 2000-2004
0
10
20
30
40
50
60
2000 2001 2002 2003 2004
DisseminadaSNC
Fonte: SVIG-TB
Figura 86 - Evolução do número de casos de tuberculose disseminada e de tuberculose do sistema nervoso central notificados na região Norte, 2000-2004
A incidência de tuberculose em alguns grupos específicos merece uma
atenção especial. A evolução da tuberculose em profissionais de saúde, integrados ou
não no Serviço Nacional de Saúde, tem aumentado nos últimos três anos (Quadro 38),
apesar do número total de casos ter sofrido um decréscimo.
Quadro 38 – Evolução do número de casos de tuberculose em profissionais de saúde da região Norte, 2000-2004
Ano
Total casos declarados
Casos em profissionais de saúde
2000 1718 24 2001 1688 26 2002 1710 65 2003 1594 60 2004 1500 65
Fonte: SVIG-TB
O número de casos de tuberculose em indivíduos estrangeiros oscilou, nestes
últimos anos, entre um valor mínimo de 29 casos em 2004 e um máximo de 53 casos
em 2000 e 2001, oscilando entre 1,9% e 3,1% do total de casos declarados.
Em cada três casos de tuberculose notificados na região Norte ao longo do último
quinquénio, um é dependente do álcool ou de outras drogas (Figura 87). As oscilações
109
que os números têm sofrido ao longo dos últimos anos não apontam uma tendência
definida.
Evolução do número de casos de tuberculose em dependentes do álcool e outras drogas
0
100
200
300
400
500
600
2000 2001 2002 2003 2004
outras
drogas iv
Álcool
Fonte: SVIG-TB
Figura 87 - Evolução do número de casos de tuberculose em dependentes do álcool, drogas intravenosas e outras drogas, na região Norte, 2000-2004
A incidência de tuberculose em reclusos tem variado, na região Norte, entre um
valor mínimo de 8 casos em 2003 e um máximo de 16 casos em 2002. O número de
casos de tuberculose em indivíduos sem-abrigo variou entre 12 casos em 2001 e 36
casos em 2004.
O número de casos de tuberculose notificados em indivíduos seropositivos
para o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) na região Norte sofreu um ligeiro
crescimento até 2003, tendo diminuído em 2004 (Figura 88). De realçar que, no
contexto da co-infecção TB/VIH, a importância dos toxicodependentes tem vindo a
diminuir nos dois últimos anos. Os casos de co-infecção TB/SIDA têm representado,
ao longo dos últimos cinco anos, entre 13% (2004) e 15% (2003) do total de casos de
tuberculose declarados na região Norte.
110
Evolução do número de casos de tuberculose/SIDA em toxicodependentes e noutros grupos, 2000-2004
0
50
100
150
200
250
300
2000 2001 2002 2003 2004
Outros
Toxico
Fonte: SVIG-TB
Figura 88 - Evolução do número de casos de tuberculose/SIDA notificados na região Norte em toxicodependentes e noutros grupos, 2000-2004
6.4.3. Indicadores de Progresso 6.4.3.1. Meio de detecção O principal meio de detecção dos casos de tuberculose notificados na região
Norte durante o quinquénio 2000-2004 foi o rastreio passivo, variando entre 90,6% dos
casos em 2004 até 93,9% em 2001 (Quadro 39). O rastreio de contactos permitiu
identificar entre 2,9% dos casos em 2001 e 5,3% dos casos em 2004.
Quadro 39 – Evolução do meio de detecção dos casos de tuberculose notificados com informação sobre o meio de detecção, na região Norte, 2000-2004
Ano (nº de casos)
Rastreio passivo
Rastreio contactos
Outros Rastreio
2000 (n=1698) 1540 53 105 2001 (n=1683) 1581 48 54 2002 (n=1654) 1540 65 49 2003 (n=1395) 1293 57 45 2004 (n=1310) 1187 70 53
Fonte: SVIG-TB
6.4.3.1a. Rastreio de coabitantes A cobertura do rastreio dos coabitantes seleccionados tem vindo a descer ao
longo dos últimos anos, tendo sido rastreados em 2004 apenas 36% dos coabitantes
111
seleccionados para rastreio (Quadro 40). O número médio de coabitantes rastreados
por caso de tuberculose pulmonar variou entre 1/caso em 2004 e 2,2 em 2002.
Quadro 40 – Evolução do número total de casos de tuberculose pulmonar e de coabitantes dos casos seleccionados e rastreados, na região Norte, 2000-2004
Ano
Seleccionados
Rastreados
Total casos
2000 3042 2107 (69%) 1264
2001 3632 2524 (70%) 1233
2002 3779 2835 (75%) 1289
2003 3130 1668 (53%) 1180
2004 3223 1159 (36%) 1130 Fonte: SVIG-TB
6.4.3.2. Toma Observada Directamente A evolução da proporção de doentes com tuberculose pulmonar em regime de
Toma Observada Directamente (TOD) revela que foi em 2000 que se atingiu o valor
mais elevado (85,8%). Aquele valor desceu até 2002, voltando a subir nos anos
subsequentes (Quadro 41).
Quadro 41 – Proporção de casos de tuberculose pulmonar em regime de Toma Observada Directamente na região Norte, 2000-2004
Ano Proporção em TOD*
2000 85,8%2001 77,8%2002 71,3%2003 75,8%2004 79,2%
*Toma Observada Directamente; Fonte: SVIG-TB
6.4.3.2. Sucesso terapêutico
Durante os anos de 2000 a 2003, o sucesso terapêutico nos casos de
tuberculose declarados na região Norte variou entre 80,5% em 2001 e 84,4% em 2003
(Quadro 42). De realçar que o sucesso nos casos de tuberculose pulmonar com
baciloscopia positiva foi semelhante ao sucesso obtido no total de casos. Em nenhum
dos anos foi atingida a taxa de sucesso necessária para assegurar uma descida do
nível endémico da tuberculose.
112
Quadro 42 – Evolução do sucesso terapêutico no total de casos de tuberculose e nos casos de tuberculose pulmonar bacilífera declarados na região Norte, 2000-2003
Ano Sucesso(total de casos)
Sucesso(em bacilíferos)
2000 84,3% 84,4%2001 80,5% 80,8%2002 82,9% 83,6%2003 84,4% 84,0%
Fonte: SVIG-TB
6.4.4. Letalidade
A letalidade por tuberculose, calculada como a percentagem de casos falecidos
durante o tratamento, variou, na região Norte entre 6,3% dos casos declarados em 2000
e 4,7% dos casos declarados em 2004.
6.4.4.1. Perfis distritais A dimensão e o risco de tuberculose nos cinco distritos da região Norte
assumem valores muito díspares (Figura 89), justificando a apresentação dos perfis de
cada distrito e comparando-os com os valores observados na região Norte e em
Portugal Continental (Quadro 43).
Fonte: SVIG-TB
Figura 89 – Taxa de incidência de tuberculose (/100000) nos distritos da região Norte, 2004
113
Cerca de 70% dos casos novos de tuberculose declarados na região Norte em
2004 residem no distrito do Porto. O risco de contrair tuberculose na região Norte
variou, em 2004, entre 24,0/100 000 para os residentes em Bragança, e 54,1 para os
residentes no distrito do Porto, risco bastante superior ao observado em Portugal
Continental. O distrito do Porto tem apresentado os valores de taxa de incidência de
tuberculose mais elevados do país.
Quadro 43 – Perfil da tuberculose nos distritos da região Norte, na região Norte e em Portugal Continental, 2004
Indicadores
Braga
Bragança
Porto
Viana C.
Vila Real
RN*
Continente
Casos novos (Taxa/105)
258 (30,5)
35 (24,0)
971 (54,1)
72 (28,7)
59 (26,6)
1395 (42,8)
3524 (35,3)
Recidivas
11 0 62 5 7 85 201
Estrangeiros**
10 (3,6%)
4 (11,1%)
10 (1,0%)
2 (2,5%)
3 (4,3%)
29 (1,9%)
448 (11,8%)
TB/SIDA
16 (5,8%)
0 162 (15,6%)
8 (10%)
3 (4,3%)
189 (12,6%)
601 (15,8%)
Microscopia +
137 (50%)
17 (47%)
612 (59%)
43 (54%)
42 (60%)
851 (57%)
2044 (54%)
Cultura +
156 (57%)
22 (61%)
466 (45%)
56 (70%)
48 (69%)
748 (50%)
2055 (54%)
Sucesso (2003)
83,5% 90,0% 83,6% 88,3% 94,2% 84,4% 82,4%
Resistência 1ª H
18 (17,6%)
0 14 (7%)
5 (12,8)
2 (8%)
39 (10,5%)
84 (7,5%)
Multirresistência 1ª 1 (1%) 0 2 (1%) 3 (7,7%) 0 6 (1,6%) 16 (1,4%) *RN: região norte; **número e % dos casos com informação Fonte: SVIG-TB
A importância relativa dos estrangeiros para o total de casos de tuberculose
apresenta um valor mais elevado no distrito de Bragança, sendo, no entanto, inferior
ao valor observado em Portugal Continental. Em alguns países da Europa Ocidental
cerca de metade dos casos de tuberculose surgem em estrangeiros, situação para a
qual deverá haver uma atenção redobrada em Portugal dada a entrada de muitos
estrangeiros no nosso país nos últimos anos.
A importância da co-infecção TB/SIDA para o total de casos de tuberculose
assumiu, em 2004, na região Norte um valor inferior ao de Portugal Continental, no
entanto, foi no distrito do Porto que se observou o valor mais elevado da região.
O sucesso terapêutico, indicador por excelência da efectividade do programa
de luta contra a tuberculose, não atingiu, em 2004, na região Norte o valor
preconizado pela OMS, sendo nos distritos de Braga e Porto que se observaram os
valores mais baixos da região.
Os indicadores de resistência aos anti-bacilares, nomeadamente a resistência
primária à Isoniazida, revelam nos distritos de Braga, Viana do castelo e Vila Real,
114
valores mais elevados do que os observados em Portugal Continental. Em 2004, na
região Norte, a proporção de isolados com perfil de multiresistência foi superior à de
Portugal Continental, sendo que o valor mais elevado foi observado no distrito de
Viana do Castelo. Deve ser realçado, no entanto, que a cobertura de testes de
sensibilidade aos anti-bacilares em casos de tuberculose pulmonar atingiu, durante os
anos 2000-2004 valores que oscilaram entre 45% (2000) e 57,1% (2002 e 2004), pelo
que a interpretação dos dados deve levar isso em consideração.
6.4.5. Conclusões Pela análise dos dados apresentados podemos concluir o seguinte:
A região Norte e, dentro desta, o distrito do Porto, apresenta valores de
incidência de tuberculose superiores ao País;
O decréscimo médio anual da incidência da tuberculose não tem atingido os
valores necessários à consolidação da descida do nível endémico da doença;
A tuberculose atinge preferencialmente o sexo masculino e, neste grupo, as
idades compreendidas entre os 35 e os 44 anos de idade;
As mulheres, menos atingidas, adoecem, no entanto, mais cedo do que os
homens;
As formas graves de tuberculose têm vindo a diminuir;
O número de casos de tuberculose em profissionais de saúde tem aumentado
nos últimos anos;
Existe uma forte ligação entre a tuberculose e as toxicodependências
consideradas na sua globalidade (álcool, drogas por via endovenosa e outras);
O grupo dos toxicodependentes tem vindo a dar um contributo decrescente
para o total de casos com co-infecção TB/SIDA;
O rastreio de contactos apenas contribui com uma pequena proporção para o
total de casos de tuberculose diagnosticados anualmente. Tem havido, nos últimos
anos, um desinvestimento crescente e preocupante dos serviços no rastreio dos
coabitantes dos casos de tuberculose pulmonar;
As taxas de sucesso terapêutico atingidas na região nos casos de tuberculose
pulmonar com microscopia positiva revelam alguma fragilidade da efectividade dos
serviços envolvidos na luta contra a tuberculose.
115
6.5. Coberturas Vacinais - Programa Nacional de Vacinação
6.5.1. Coberturas vacinais
O Centro Regional de Saúde Pública do Norte é responsável pela coordenação
do Programa Nacional de Vacinação na região de Saúde do Norte.
Nos Quadro 44, 45 e 46 apresentamos os resultados das avaliações da
cobertura vacinal por vacina e por coorte de nascimento avaliada. Tendo em conta o
esquema vacinal recomendado para a idade, as avaliações foram feitas aos 2, aos 6 e
aos 14 anos de idade pela consulta do universo das fichas contidas nos ficheiros de
vacinação de todas as unidades de saúde dos centros de saúde da região de Saúde
do Norte.
Os resultados do estudo de avaliação da cobertura vacinal de cada uma das
vacinas do esquema cronológico recomendado para a idade, nas coortes de
nascimento de 1999 a 2002, aos dois anos de idade, são apresentados no Quadro 44.
Quadro 44 – Cobertura vacinal (%) aos dois anos de idade, por vacina e por coorte de nascimento, de 1999 a 2002
Coortes de nascimento Vacinas / Doses 1999 2000 2001 2002
BCG *(n.a.) 99,0 99,5 98,2
DTP 3 98,4 98,7 99,2 98,9
Hib 3 96,9 98,7 99,1 98,9
VAP 3 98,3 98,7 99,2 99,1
VHB 3 93,3 98,7 99,1 99,1
VASPR 97,6 97,4 97,7 98,4 *(n.a.) Não avaliado
Os valores da cobertura vacinal avaliados nessas coortes aos dois anos de
idade são elevados para todas as vacinas consideradas.
Os resultados do estudo de avaliação da cobertura vacinal de cada uma das
vacinas do esquema cronológico recomendado para a idade, nas coortes de
nascimento de 1995 a 1998, aos seis anos de idade, são apresentados no Quadro 45.
116
Quadro 45 – Cobertura vacinal (%) aos seis anos de idade, por vacina e por coorte de nascimento, de 1995 a 1998
Coortes de nascimento Vacinas 1995 1996 1997 1998
DTP 94,6 94,1 95,5 96,4
VAP 94,7 94,1 95,9 98,2
VASPR 94,6 93,3 94,6 95,0
Os valores da cobertura vacinal avaliados nessas coortes aos seis anos de
idade são elevados para todas as vacinas consideradas.
Os resultados do estudo de avaliação da cobertura vacinal de cada uma das
vacinas do esquema cronológico recomendado para a idade, nas coortes de
nascimento de 1987 a 1990, aos 14 anos de idade, são apresentados no Quadro 46.
Quadro 46 – Cobertura vacinal (%) aos 14 anos de idade, por vacina e por coorte de nascimento, de 1987 a 1990
Coortes de nascimento Vacinas / Doses 1987 1988 1989 1990
Td 95,5 96,4 96,7 96,7
VASPR II 93,4 94,5 94,2 99,0
VHB 3 92,5 91,6 92,6 95,6
Os valores da cobertura vacinal avaliados nessas coortes aos catorze anos de
idade são elevados para todas as vacinas consideradas.
Não estão disponíveis dados de avaliação das coberturas vacinais em adultos
pela vacina anti-tetânica que desde 2000 é administrada como vacina combinada
contra o tétano e a difteria, no entanto, os dados do 2.º Inquérito Serológico Nacional
(19) permitem uma avaliação baseada na proporção de indivíduos com resultado
positivo para anticorpos IgG contra o toxóide tetânico, por distrito da região Norte.
Observou-se que nos distritos de Braga e Viana do Castelo a proporção de indivíduos
imunizados contra o tétano é superior à proporção dos indivíduos imunizados a nível
nacional enquanto nos distritos de Bragança, Vila Real e Porto essa proporção é
inferior.
Os dados epidemiológicos disponíveis indicam que o Programa Nacional de
Vacinação é um programa de sucesso, com grande impacto sobre a incidência de
doenças preveníveis pela vacinação.
7. MORBILIDADE PROFISSIONAL
119
7.1. Introdução
Em Portugal, existe um sistema de vigilância epidemiológica de doenças
profissionais, de base populacional, baseado na notificação obrigatória dessas
patologias, sejam casos confirmados ou suspeitos. Os casos notificados são sujeitos a
verificação por parte do Centro Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais
(CNPDP), o qual, após confirmação, dá conhecimento de todos os casos confirmados
aos serviços de saúde pública, para que possam ser desencadeadas medidas
preventivas.
Os dados a seguir apresentados referem-se aos casos de doença profissional
confirmados entre Janeiro de 2000 e Setembro de 2005 para o distrito do Porto.
Apenas foi considerado este distrito, uma vez que os casos correspondentes aos
restantes distritos da região Norte constituem um número muito diminuto (cerca de 80
a 100 casos confirmados por ano).
Os casos constantes na base de dados do Centro Regional de Saúde Pública
do Norte estão codificados por doença profissional e de acordo com a Classificação
Internacional de Doenças – Décima Revisão (CID10).
7.2. Morbilidade Ocupacional no Distrito do Porto, 2000-2005
O número de doenças profissionais no período considerado foi de 2576 (o que
equivale a uma incidência média de 430,8 novos casos por ano). É de referir que, de
acordo com o documento da Organização Mundial de Saúde – Global Strategy on
Occupational Health for All – The Way to Health at Work (20), apenas um número
limitado de casos de doença profissional são objecto de notificação, o que implica que
sejam necessários esforços adicionais para uma melhoria deste sistema de vigilância
epidemiológica.
A morbilidade no sexo masculino (1680 casos – 65% do total) foi cerca de duas
vezes superior ao sexo feminino (905 casos – 35% do total) (Figura 90).
120
MORBILIDADE PROFISSIONAL POR SEXO
65%
35%
Feminino Masculino
Figura 90 – Distribuição da morbilidade profissional por sexo
No quadro 47 é apresentado o número de casos notificados e confirmados
entre Janeiro de 2000 e nos primeiros nove meses de 2005.
Quadro 47 – Evolução do número de casos das principais doenças profissionais notificados entre 2000 e 2005
Número de casos notificados Doenças profissionais (Classificação CID-10) 2000 2001 2002 2003 2004 2005
(Jan-Set)Intoxicações*
Cancro profissional (C00-C97) - 1 - 2 - - Efeitos tóxicos de substâncias de origem não-medicinal (T51-T65)
2 3 1 3 3 2
Doenças do aparelho respiratório* Asma profissional (J45.0) 1 32 8 24 19 7 Asbestose (J61.0) 1 2 5 2 - Silicose (J62.8) 39 159 75 186 112 43 Outras doenças pulmonares devidas a agentes externos (J60-J70)**
- 3 - 3 1 2
Doenças cutâneas* Doenças da pele e do tecido subcutâneo (L00-L99)
9 52 48 36 18 18
Devidas a agentes biológicos* Doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99)
- 4 - 6 2 -
Devidas a agentes físicos* Transtornos dos nervos, das raízes e dos plexos nervosos (G50-G59)
8 48 97 89 41 1
Surdez profissional (H83.3) 26 73 126 167 70 54 Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00-M99)
29 134 203 255 189 27
Outras doenças 1 5 1 0 3 - TOTAL 114 512 561 776 459 154
* Grupos definidos de acordo com o Decreto Regulamentar nº6/2001 de 5 de Maio; **Excepto J45.0 e J62.8
121
As actividades com maior número de registos de doença profissional foram as
de indústrias extractivas e da construção. Mais de 60% dos casos correspondeu a
doenças devidas a agentes físicos (tais como ruído e vibrações); cerca de um quarto
correspondeu a doenças do aparelho respiratório e menos de 1% foram doenças
devidas a agentes biológicos (Figura 91).
DISTRIBUIÇÃO POR GRUPOS DE DOENÇAS PROFISSIONAIS
0,4%
7,1%63,6%
28,2%
0,7% Intoxicações
Doenças do aparelho respiratório
Doenças cutâneas
Doenças devidas a agentes físicos
Doenças devidas a agentes biológicos
Figura 91 – Distribuição da morbilidade profissional por grupos de doenças
profissionais
Os cancros devidos à ocupação – os quais estão integrados no grupo das
“Intoxicações” – correspondem a uma proporção muito reduzida. Apenas 3 casos
(cerca de 0,1%) foram notificados no período em análise: 2 cancros da bexiga,
relacionados com a indústria têxtil e do couro e 1 cancro das glândulas salivares,
relacionado com a indústria da borracha e de matérias plásticas. Os três em indivíduos
do sexo masculino, grupo etário 45-64.
Este valor é muito inferior ao notificado em outros países, por exemplo, em
França, no ano 2003, foram reconhecidos 1281 casos de cancro profissional, o que
correspondeu a 3,7% do total de doenças profissionais naquele ano (21). Estes
resultados apoiam a hipótese de que em Portugal existe uma sub-notificação de
casos.
Das doenças do aparelho respiratório declaradas, 85% correspondiam a
silicose e 13% tinham o diagnóstico de asma ocupacional (Figura 92).
122
DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO (N=725)
13%
85%
1%1%
Asma ocupacionalSilicoseAsbestoseOutras pneumoconioses
Figura 92 – Distribuição das doenças do aparelho respiratório por diagnóstico
A elevada proporção de casos de silicose declarados poderá corresponder a
uma falta de adopção de medidas preventivas nos locais de trabalho silicogénicos ou a
uma maior notificação por parte dos médicos como resultado de uma maior tradição
na associação desta patologia a actividades profissionais.
Cerca de dois terços das doenças cutâneas eram dermites alérgicas e 29%
dermites irritativas (Figura 93).
DOENÇAS CUTÂNEAS (N=183)
28,9%
5,6%
65,6%
Dermites alérgicasDermites irritativasDermites n.e.
Figura 93 – Distribuição das doenças cutâneas por diagnóstico
Das doenças por agentes biológicos, a mais frequente foi a tuberculose (6
casos – 50%) (Figura 94). De notar que 50% das doenças infecciosas e parasitárias se
verificou em pessoal de enfermagem.
123
DOENÇAS POR AGENTES BIOLÓGICOS (N=12)
50,0%
8,3%8,3%8,3%
8,3%8,3% 8,3%
TuberculoseBrucelosePsitacoseHepatite BHepatite CVaricelaCandidíase cutânea
Figura 94 – Distribuição das doenças por agentes biológicos, por diagnóstico
Mais de metade (54,3%) das doenças devidas a agentes físicos
corresponderam a doenças músculo-esqueléticas, associadas aos seguintes factores:
vibrações;
pressão sobre bolsas sinoviais devida à posição ou atitude de trabalho;
sobrecarga sobre bainhas tendinosas, tecidos peritendinosos, inserções
tendinosas ou musculares, devida ao ritmo dos movimentos e à posição ou
atitude de trabalho;
pressão sobre a cartilagem intra-articular do joelho devida à posição de
trabalho.
As patologias causadas por pressão sobre nervos ou plexos nervosos devidas
à posição ou atitude de trabalho corresponderam a 22% do total. A surdez profissional
representou cerca de 24% das doenças provocadas por agentes físicos notificadas
(Figura 95).
DOENÇAS POR AGENTES FÍSICOS (N=1638)
0,2% 23,9%
54,3%
21,6% Doenças por radiações UV
Surdez profissional
Doenças músculo-esqueléticas
Doenças por pressão sobre nervos ouplexos nervosos
Figura 95 – Distribuição das doenças por agentes físicos, por diagnóstico
124
Das doenças músculos-esqueléticas, 43,8% tiveram como diagnóstico
entesopatia, correspondendo as patologias devidas a efeitos de pressão sobre os
tecidos moles a 23,6% (Figura 96).
DOENÇAS MÚSCULO-ESQUELÉTICAS (N=843)
0,9%
43,8%
14,0%
23,6%
17,7%Artrose
Entesopatia
Sinovites
Efeitos da pressão sobre tecidos moles
Outras doenças músculo-esqueléticas
Figura 96 – Distribuição das doenças músculo-esqueléticas por diagnóstico
Os grupos etários com maior número de casos notificados foram o dos 45-54
anos (874 casos – 33,8%) e o dos 55-64 anos (778 casos – 30,1%).
Verificou-se que as doenças profissionais tiveram uma distribuição diferente de
acordo com os grupos etários, havendo uma maior proporção de doenças do aparelho
respiratório nos trabalhadores com idade superior a 44 anos – o que estará associado
à necessidade de um maior tempo de exposição para desenvolvimento de doença –,
enquanto nos mais jovens foram as doenças por agentes biológicos que apresentaram
uma maior proporção (Figura 97).
0%
20%
40%
60%
80%
100%%
18 - 24
25 - 34
35 - 44
45 - 54
55 - 64 > 6
5
DOENÇAS PROFISSIONAIS E GRUPOS ETÁRIOS
Doenças por agentes biológicos
Doenças por agentes físicos
Doenças dermatológicas
Pneumatoses
Intoxicações
Figura 97 – Proporção dos grupos de doenças profissionais por grupos etários
125
Os sectores de actividade com registos mais elevados de doença profissional
foram as indústrias extractivas (Secção C da Classificação Portuguesa de Actividades
Económicas – CAE) e a construção (Secção F da CAE), com respectivamente 14% e
11% das 2564 empresas com actividade identificada pelo CNPDP.
Como seria de esperar, a distribuição de casos pelos grupos de doenças
profissionais foi diferente de acordo com a actividade exercida (Figura 98).
0%
20%
40%
60%
80%
100%%
7.1 7.2 7.3 7.4 8.1 8.2 9.3
DOENÇAS PROFISSIONAIS POR ACTIVIDADE
Doenças por agentes biológicosDoenças por agentes físicosDoenças cutâneasDoenças do aparelho respiratórioIntoxicações
Figura 98 – Distribuição das doenças profissionais por actividade exercida
7.1 - Operários, Artífices e Trabalhadores Similares das Indústrias Extractivas e da Construção Civil 7.2 - Trabalhadores da Metalurgia e da Metalomecânica e Trabalhadores Similares 7.3 - Mecânicos de Precisão, Oleiros e Vidreiros, Artesãos, Trabalhadores das Artes Gráficas e Trabalhadores Similares 7.4 - Outros Operários, Artífices e Trabalhadores Similares 8.1 - Operadores de Instalações Fixas e Similares 8.2 - Operadores de Máquinas e Trabalhadores da Montagem 9.3 - Trabalhadores Não qualificados das Minas, da Construção e Obras Públicas, da Indústria Transformadora e dos Transportes
126
7.3. Conclusões
Os resultados apresentados reflectem uma provável sub-notificação de
doenças profissionais, particularmente de cancros e de doenças causadas por agentes
biológicos. Isto pode traduzir a dificuldade em reconhecer a actividade profissional
como determinante major da doença (por falta de colheita da história profissional,
ausência de notificação, dificuldades em identificar exposições profissionais passadas,
entre outras causas), e/ou que apesar de reconhecida não é notificada.
Independentemente do motivo, a sub-notificação impede a quantificação do problema
e limita a adopção de medidas preventivas, perpetuando-o.
Dos casos notificados no período em estudo verificou-se:
• Maior morbilidade no sexo masculino, no grupo etário dos 45 - 54 anos e
em trabalhadores das indústrias extractivas e da construção;
• A patologia mais notificada foi a silicose,
• Cerca de 2/3 das doenças profissionais foram devidas a agentes físicos
(em especial doenças músculo-esqueléticas e surdez profissional);
• O reduzido número de casos de cancro profissional notificados pode estar
em relação com o facto de os clínicos não pesquisarem a possível relação com
as exposições profissionais, particularmente nas patologias em que a
exposição ocorreu muitos anos antes em relação ao diagnóstico da doença.
8. DETERMINANTES DA SAÚDE
129
8.1. Introdução
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as doenças crónicas não
transmissíveis constituem hoje a principal causa de morbilidade e mortalidade
calculando-se, que em 2001 tenham contribuído com cerca de 75% da doença no
contexto europeu. A incidência terá tendência a aumentar, estimando-se que em 2020
contribuam com cerca de 80% do total de doença expresso em DALYs (anos de vida
perdidos ajustados para a incapacidade).
Estas doenças são potencialmente preveníveis através de abordagens
direccionadas para os factores modificáveis que as determinam, relacionados com
estilos de vida, como o consumo de tabaco e álcool, os hábitos alimentares e o
sedentarismo. Factores que são responsáveis por um elevado número de óbitos a
nível mundial (Figura 99).
Fonte: OMS, 2003
Figura 99 – Número de óbitos em 2000 por factores de risco, mundial
Nos países desenvolvidos os dez principais factores de risco, em percentagem
do peso da doença expresso em DALYs, são: tabaco (12,2%), hipertensão (10,9%),
bebidas alcoólicas (9,2%), valores elevados de colesterol (7,6%), excesso de peso
(7,4%), baixa ingestão de vegetais (3,9%), sedentarismo (3,3%), drogas ilícitas (1,8%),
sexo sem protecção (0,8%) e deficiência em ferro (0,8%) (22).
130
Num estudo caso-controlo de enfarte agudo do miocárdio, efectuado na cidade
do Porto (23), estimou-se a percentagem de risco atribuível para alguns factores de
risco. Verificou-se para o sexo masculino e feminino, respectivamente, que a
distribuição da gordura corporal (relação cintura anca) contribuiu com 75,8% e 87,8%,
o índice de massa corporal com 43,3% e 28,2%, a actividade física com 37,7% e
37,8% e o consumo de tabaco com 45,8% e 8,8%.
É de esperar que, se forem instituídas medidas efectivas para o controlo e
prevenção destes factores de risco, poderá ser minimizada ou mesmo invertida a
tendência crescente de algumas doenças crónicas.
As informações sobre os determinantes de saúde apresentadas neste
documento tiveram como fonte o Inquérito Nacional de Saúde (INS) (7, 8) e diversos
trabalhos desenhados com diversos objectivos. A população a que se referem pode
não coincidir com a população da Região de Saúde do Norte. A amostra do INS é
representativa para os NUT II definidos pelo INE. O Norte relativo ao estudo “A Saúde
dos Adolescentes” (24, 25), embora englobe algumas escolas da Região de Saúde do
Centro, é na sua maioria composto por escolas da Região de Saúde do Norte. Apesar
destas diferenças, em ambos os estudos a maioria da população está integrada na
Região de Saúde do Norte, pelo que será utilizada a denominação “região Norte”
sempre que se apresentarem resultados da população do Norte por eles definido. Nos
resultados de estudos que se referem a grupos populacionais mais específicos dentro
da região Norte, a amostra a que se refere é descrita no início dos resultados.
131
8.2. Hábitos Tabágicos
De acordo com o INS 1995/96 (7), e tendo considerado apenas a informação
sobre o consumo de cigarros porque o consumo dos restantes tipos de tabaco foi
muito pequeno, nos adultos da região Norte, a prevalência de fumadores foi 16,9%
(2,3% ocasionais e 14,6% fumadores diários). O número de fumadores foi superior no
sexo masculino (76,6% dos fumadores ocasionais e 85,7% dos fumadores diários).
Nos jovens com idade inferior a 18 anos a prevalência de fumadores diários e
ocasionais era semelhante, respectivamente, 1,6% e 1,5%, e tal como nos adultos,
maior no sexo masculino (Quadro 48). No entanto, será de considerar a possibilidade
de estes valores poderem estar subestimados devido à metodologia de recolha de
informação, que é efectuada através de um questionário à família, o que pode
condicionar alguns adolescentes fumadores a não referirem o consumo de tabaco.
Quadro 48 – Número e prevalência de fumadores na região Norte, por grupos etários
Ocasionalmente Diariamente Idade (anos) Homens Mulheres Total
n (%) Homens Mulheres Total n (%)
10 - 14 (n=1123) 1 1 2 (0,2) 1 1 2 (0,2)
15 - 17 (n=753*) 21 5 26 (3,5) 19 9 28 (3,7)
18 – 19 (n=518) 7 6 13 (2,5) 56 6 62 (12,0)
20 – 24 (n=1136) 25 10 35 (3,1) 201 43 244 (21,5)
25 – 34 (n=1904) 57 21 78 (4,1) 423 108 531 (27,9)
35 – 44 (n=1960) 48 17 65 (3,3) 386 73 459 (23,4)
45 – 54 (n=1732) 25 5 30 (1,7) 269 26 295 (17,0)
55 – 64 (n=1713) 26 3 29 (1,7) 158 3 161 (9,4)
65 – 74 (n=1276) 15 3 18 (1,4) 87 1 88 (6,9)
≥ 75 (n=855)
7 ____ 7 (0,8) 22 ___ 22 (2,6)
* um elemento não tem informação para esta variável Fonte: INS 95/96
Relativamente ao consumo médio de cigarros por dia por grupo etário, foi maior
no grupo dos 45-54 anos (23,5 cigarros), seguida pelos indivíduos com idades
compreendidas entre os 35-44 anos e os 55-64 anos, respectivamente, 22,2 e 22,5.
Os homens foram os que referiram maior consumo diário de cigarros (Quadro 49).
132
Quadro 49 - Consumo médio de cigarros/dia na região Norte, por grupos etários
Idade (anos)
Homens Mulheres Total
10 - 14 (n=1123)
5 4 4,5
15 - 17 (n=754)
13,3 10,3 12,4
18 - 19 (n=518)
15,1 9,5 14,5
20 - 24 (n=1136)
17,3 13,9 16,7
25 - 34 (n=1904)
20,5 13,4 19,1
35 - 44 (n=1960)
23,7 14,8 22,2
45 - 54 (n=1732)
24,2 16,3 23,5
55 - 64 (n=1713)
22,6 16,7 22,5
65 - 74 (n=1276)
18,8 20,0 18,8
≥ 75 (n=855)
14,4 ----- 14,4
Fonte: INS 95/96
O Inquérito Nacional de Saúde (INS) foi de novo realizado em 1998/99 (8), o
que permite avaliar a evolução dos hábitos tabágicos. No Norte, a prevalência de
fumadores foi de 17,9% (30,2% nos homens e 6,8% nas mulheres). Relativamente aos
dados de 95/96 a prevalência de fumadores ocasionais diminuiu de 2,3% para 2,0%,
tendo aumentado a prevalência de fumadores diários de 14,6% para 15,9%. O grupo
etário dos 25-34 anos foi o que apresentou a maior prevalência de fumadores diários
em ambos os inquéritos.
Contudo o INS 95/96 e 98/99 não apresentam os mesmos critérios para a
definição de grupos etários. Por este motivo, não podemos comparar os dados dos
adolescentes, só sendo possível agrupar os adultos a partir dos 24 anos. Assim, a
prevalência de fumadores ocasionais e diários nos indivíduos com idade igual ou
superior a 25 anos foi semelhante em ambos os inquéritos, 18,9% em 1995-96 e
19,4% em 1998-99, mas aumentou ligeiramente nos indivíduos com idade inferior a 25
anos, de 11,7% para 13,2% (Quadro 50).
133
Quadro 50 - Número de indivíduos que fumavam na região Norte, por grupos etários
Ocasionalmente Diariamente Idade (anos) Homens Mulheres Total
n (%) Homens Mulheres Total n (%)
10 – 14 (n=986) 1 __ 1 (0,1) __ 1 1 (0,1)
15 – 24 (n=2274) 44 24 68 (3,0) 272 88 360 (15,8)
25 – 34 (n=2121) 40 19 59 (2,8) 483 153 636 (30,0)
35 – 44 (n=2056) 37 21 58 (2,8) 423 99 522 (25,4)
45 – 54 (n=1935) 29 12 41 (2,1) 270 39 309 (16,0)
55 – 64 (n=1634) 18 4 22 (1,3) 151 11 162 (9,9)
65 – 74 (n=1364) 9 1 10 (0,7) 94 3 97 (7,1)
≥ 75 (n=950) 8 3 11 (1,2) 24 1 25 (2,6)
Fonte: INS 98/99
Na região Norte, o consumo de tabaco foi semelhante nos dois INS. O
consumo médio de cigarros por dia foi 20,2 (14,0 nas mulheres e 21,2 nos homens)
em 95/96 e 19,3 (13,8 nas mulheres e 20,6 nos homens) em 98/99. O consumo foi
superior no sexo masculino em todos os grupos etários exceptuando o grupo etário
dos 65-74 anos, 20,0 no sexo feminino e 18,8 no sexo masculino em 95/96, estes
valores foram respectivamente 21,3 e 18,5 em 98/99 (Quadro 51).
Quadro 51 - Consumo médio de cigarros/dia na região Norte, por grupos etários
Idade (anos) Homens Mulheres Total
10 – 14 (n=986) --- 2,0 2,0
15 - 24 (n=2274) 15,1 11,5 14,2
25 - 34 (n=2121) 20 13,5 18,4
35 - 44 (n=2056) 23 15,6 21,6
45 - 54 (n=1935) 24,6 15,1 23,4
55 - 64 (n=1634) 20,8 13,2 20,3
65 - 74 (n=1364) 18,5 21,3 18,6
>74 (n=950) 25,5 20,0 22,7
Fonte: INS 98/99
134
Segundo o estudo realizado em 1999/2000, à população da cidade do Porto
(EPIPorto) com idade superior a 17 anos, a prevalência de fumadores no sexo
masculino foi de 35,0% e no sexo feminino de 18,0%. O número médio de cigarros
fumados por dia foi de 21,2 nos homens e 19,6 nas mulheres (26).
O estudo “A Saúde dos Adolescentes Portugueses”, da Faculdade de
Motricidade Humana avaliou as atitudes e comportamentos de saúde dos jovens
portugueses, em idade escolar. Este estudo foi realizado em 1998 (24) e em 2002
(25), e foram inquiridos alunos dos 6º, 8º e 10º anos de escolaridade de escolas
públicas de Portugal Continental. Em 1998 foram inquiridos 6903 alunos e 6131 em
2002.
De acordo com o estudo realizado em 1998, a proporção de jovens que já
experimentaram tabaco foi no total nacional de 30,9% (28,6% nas raparigas e 33,6%
nos rapazes). Os alunos da região Norte, comparados com os das outras regiões,
referem mais frequentemente que nunca experimentaram fumar ou fumam menos.
Verificou-se ser superior a proporção de indivíduos que escolheram a opção “não
fumo” e menor a proporção que escolheu a opção “todos os dias”. Segundo os dados
do mesmo estudo realizado em 2002, a proporção de jovens que já experimentaram
tabaco a nível nacional aumentou para 37,1%, (36,4% nas raparigas e 37,8% nos
rapazes). Na região Norte a proporção de jovens que já experimentaram fumar tabaco
foi 36,2% e referiram que não fumavam habitualmente 80,4% dos jovens.
O “Inquérito de Saúde dos Adolescentes na Escola” (ISAE) (27) foi promovido
pelos Ministérios da Educação e da Saúde em 2002, com o objectivo de conhecer
alguns determinantes fundamentais para a saúde nomeadamente, atitudes,
comportamentos, ambientes e estilos de vida de jovens de Portugal Continental, entre
os 11 e os 19 anos. Foi recolhida informação através de questionários auto-
administrados a aproximadamente 9500 alunos que frequentavam os 7º, 9º e 12º anos
de escolas públicas, sendo 2695 alunos da região Norte.
Nesta avaliação a prevalência de fumadores a nível nacional foi de 18,9% e na
região Norte foi de 21,1%, superior no sexo masculino (22,3% vs.19,9%). O número de
cigarros fumado por dia foi superior no sexo masculino, 13,4% fumavam menos de 5
cigarros por dia; 43,3% entre 5 e 10; 34,1% entre 11 e 20 e 9,1% mais de 20 cigarros
por dia. Nas raparigas estes valores foram respectivamente 26,5%, 43,4%, 25,9% e
4,2%. Como seria de esperar a prevalência de fumadores aumenta com a idade,
particularmente no consumo diário e no sexo masculino (Quadro 52).
135
Quadro 52 – Prevalência de consumo de tabaco na região Norte, por grupo etário e sexo
Não
Às vezes
Diariamente
Idade (anos)
Rapazes n (%)
Raparigasn (%)
Rapazes n (%)
Raparigasn (%)
Rapazes n (%)
Raparigasn (%)
11 a 13 326 (93,1) 313 (94,3) 13 (3,7) 13 (3,9) 11 (3,1) 6 (1,8)
14 a 16 418 (78,0) 439 (77,3) 58 (10,8) 55 (9,7) 60 (11,2) 74 (13,0)
17 a 19 255 (64,2) 366 (73,8) 50 (12,6) 45 (9,1) 92 (23,2) 86 (17,3)
Fonte: ISAE 2002
Nos alunos com idade superior a 13 anos verificou-se que a proporção de
alunos nas categorias de maior consumo (>10 cigarros diários) era maior nos rapazes
(Quadro 53).
Quadro 53 – Proporção de fumadores na região Norte por categoria de número de cigarros fumado por dia, por grupo etário e sexo
Idade (anos) Nº de Cigarros
Rapazes
n (%)
Raparigas
n (%)
Total n (%)
<5 0 (0) 2 (33,3) 2 (12,5) 5 a 10 5 (50,0) 0 (0) 5 (31,3)
11 a 20 4 (40,0) 3 (50,0) 7 (43,8) 11 a 13
>20 1 (10,0) 1 (16,7) 2 (12,5) <5 9 (15,0) 23 (31,1) 32 (23,9)
5 a 10 30 (50,0) 29 (39,2) 59 (44,0) 11 a 20 16 (26,7) 17 (23,0) 33 (24,6)
14 a 16
>20 5 (8,3) 5 (6,7) 10 (7,5) <5 13 (13,8) 19 (22,1) 32 (17,8)
5 a 10 36 (38,3) 43 (50,0) 79 (43,9) 11 a 20 36 (38,3) 23 (26,7) 59 (32,8)
17 a 19
>20 9 (9,6) 1 (1,2) 10 (5,5) Fonte: ISAE 2002
Em 2000, em 732 alunos do 9º ao 12º ano de escolaridade matriculados em
escolas do Porto, a prevalência de fumadores regulares foi de 20,9%. Fumavam entre
6 e 10 cigarros por dia 8,7% dos alunos e 5,6% fumava mais de 10 (28).
Dados de 1996/97 referentes a alunos do 7º, 8º e 9º ano de escolaridade, cuja
média (desvio padrão) de idades era 13,9 (1,1) anos, que frequentavam escolas do
136
concelho de Vila Real apresentam uma prevalência de 12,3%, maior nos rapazes
(15,5%) do que nas raparigas (9,1%) (29).
O estudo EPITeen (30), realizado pelo Serviço de Higiene e Epidemiologia da
Faculdade de Medicina do Porto, avaliou 2161 adolescentes de 13 anos (nascidos no
ano de 1990 e que no ano lectivo 2003/2004 estavam matriculados em escolas
públicas e privadas da cidade do Porto). Dos alunos avaliados já experimentaram
fumar cerca de 20%, sendo a proporção mais elevada nas raparigas do que nos
rapazes (22,4% e 17,1%) (Figura 100).
Hábitos Tabágicos
2,0% 2,0%1,5%
22,4%
0,4%
17,1%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
já experimentoumas não fumaregularmente
fuma mas não todosos dias
fuma pelo menos 1cigarro/dia
FemininoMasculino
Fonte: EPITeen 2004
Figura 100 - Hábitos tabágicos em adolescentes de 13 anos do Porto
Neste estudo, foram as raparigas que referiram fumar com maior frequência:
fumavam mas não todos os dias 2,0% vs. 1,5% dos rapazes e 1,3% das raparigas
fumavam pelo menos um cigarro por dia, enquanto nos rapazes eram apenas 0,4%. A
média (desvio padrão) de idade com que os adolescentes iniciaram o hábito foi de
12,1 (0,8) anos para as raparigas e de 11,4 (1,7) anos para os rapazes.
Pelos resultados descritos nestes trabalhos, embora não comparáveis
directamente, verifica-se que a prevalência de fumadores, especialmente no sexo
feminino, tende a aumentar. Para definição da intervenção no âmbito da promoção da
saúde, nomeadamente para o combate a este crescente da prevalência de fumadores,
é essencial o conhecimento das razões que levam ao consumo de tabaco. No estudo
EPITeen a razão mais referida para experimentar fumar foi a curiosidade (45,6% nos
137
rapazes e 48,4% nas raparigas), ter amigos que fumam foi referida por 13,6% dos
alunos. O estudo ISAE avalia a razão para fumar entre os fumadores diários, e as
razões mais referidas foram o hábito (20,4%) e ser viciado (16,4%), tendo ainda 16,4%
referido fazê-lo por prazer.
8.3. Consumo de Bebidas Alcoólicas
O Inquérito Nacional de Saúde avalia o consumo de bebidas alcoólicas nos 12
meses que antecederam a avaliação. Das bebidas avaliadas o vinho e a cerveja
representam a maior fatia do consumo, por isso optou-se por apresentar apenas estes
consumos discriminados por grupos etários. As classes escolhidas para apresentação
dos resultados do inquérito não permitem obter informações pormenorizadas sobre a
quantificação do consumo, pois a categoria de frequência mais elevada é “várias
vezes por semana”, por isso optou-se por apresentar apenas os dados sobre a
prevalência do consumo.
Na região Norte, de acordo com os dados do INS em 1995-96, a prevalência de
indivíduos que consumia bebidas alcoólicas foi superior nos homens (66,9% vs.
46,9%). Considerando apenas a população adulta a prevalência foi 85,1% nos homens
e 72,3% nas mulheres. Nos adolescentes (<18 anos) a diferença na prevalência de
consumidores de bebidas alcoólicas entre sexos não foi tão acentuada (11,7% nos
rapazes e 9,4% nas raparigas). A bebida mais consumida foi o vinho, embora no grupo
etário dos 15-17 anos a prevalência de indivíduos que consumia vinho foi semelhante
à de indivíduos que referiram consumir cerveja. Em oposição a cerveja foi pouco
consumida no grupo etário com idade igual ou superior a 65 anos representando o
vinho o maior consumo (Quadro 54).
138
Quadro 54 – Prevalência de consumo de bebidas alcoólicas na região Norte, por idade e sexo, INS 95/96
Idade Alguma bebida alcoólica Vinho Cerveja
<15 anos Homens (n=1356)
Mulheres (n=1307)
Homens (n=1356)
Mulheres (n=1307)
Homens (n=1356)
Mulheres (n=1307)
Bebeu 6,0% 6,0% 5,5% 5,5% 1,5% 1,3%
15 - 17 anos (n=354) (n=400) (n=354) (n=400) (n=354) (n=400)
Bebeu 33,6% 20,7% 24,0% 14,7% 25,7% 10,0%
18 - 64 anos (n=4287) (n=4675) (n=4287) (n=4675) (n=4287) (n=4675)
Bebeu 85,7% 59,3% 79,1% 55,6% 66,2% 19,7%
≥ 65 anos (n=910) (n=1220) (n=910) (n=1220) (n=910) (n=1221)
Bebeu 81,7% 51,6% 81,0% 51,2% 33,9% 4,4%
Fonte: INS 95/96
Na região Norte em 1998-99 (INS), a prevalência de indivíduos que consumia
bebidas alcoólicas foi 53,9% (65,4% nos homens e 43,5% nas mulheres), valores
semelhantes aos encontrados em 95-96. Das cinco regiões avaliadas a prevalência na
região Norte foi a mais elevada, particularmente nas mulheres. No grupo com idade
inferior aos 25 anos, a prevalência foi de 23,9% nos homens e 11,5% nas mulheres.
A bebida mais consumida foi o vinho, embora a magnitude da diferença em
relação às outras bebidas alcoólicas, seja menor do que a observada em 95-96. No
grupo dos 15 aos 24 anos verifica-se que a prevalência de consumidores de cerveja
foi superior à dos consumidores de vinho (26,5% vs. 21,8%). No grupo etário dos 25
aos 34 anos também se verifica maior proporção de consumidores de cerveja, mas
apenas nos homens (Quadro 55).
139
Quadro 55 – Prevalência de consumo de bebidas alcoólicas na região Norte, por idade e sexo, INS 98/99
Idade (anos) Alguma bebida alcoólica Vinho Cerveja
<15 anos Homens (n=1252)
Mulheres (n=1232)
Homens (n=1252)
Mulheres (n=1232)
Homens (n=1252)
Mulheres (n=1232)
Bebeu 1,7% 1,1% 1,3% 1,0% 0,6% 0,3%
15 - 24 anos (n=1170) (n=1114) (n=1170) (n=1113) (n=1162) (n=1113)
Bebeu 47,5% 22,8% 27,9% 15,2% 40,7% 11,7%
25 - 64 anos (n=3668) (n=4076) (n=3667) (n=4075) (n=3662) (n=4075)
Bebeu 88,9% 59,7% 83,3% 56,3% 69,8% 17,6%
≥ 65 anos (n=960) (n=1354) (n=960) (n=1354) (n=960) (n=1354)
Bebeu 80,0% 49,9% 78,8% 49,1% 35,2% 3,7%
Fonte: INS 98/99
De acordo com o estudo “A Saúde dos Adolescentes Portugueses” de 1998
(24), no total nacional, referiram ter experimentado bebidas alcoólicas 71,0% dos
inquiridos (74,6% rapazes e 67,8% raparigas). A proporção foi aproximadamente o
dobro aos 16 anos (88,6%) do que aos 11 anos (47,6%). Na região Norte, os alunos
referiram beber mais frequentemente vinho, e consumiam significativamente menos
cerveja e bebidas espirituosas. Também referiram menos frequentemente que já se
embriagaram.
Considerando as informações para o total nacional deste estudo realizado em
2002 (25), referiram ter experimentado bebidas alcoólicas 51,9% dos inquiridos (55,6%
rapazes e 48,8% raparigas). Verifica-se que entre 1998 e 2002 a frequência de
consumo “todos os dias” aumentou de 0,4% para 1,0% e a “todas as semanas/meses”
aumentou de 9,6% para 11,3%.
De acordo com os dados de 2002 para a região Norte, 44% dos jovens
inquiridos responderam consumir ocasionalmente álcool e 7,1% responderam
consumir regularmente. Referiram nunca ter ficado embriagados 77,1% dos
adolescentes, 19,1% respondeu que esta situação já tinha ocorrido 1 a 3 vezes e 3,8%
4 ou mais vezes.
É de realçar que as bebidas com elevado teor alcoólico (bebidas espirituosas e
bebidas brancas), são as que apresentaram maior frequência de consumo (Quadro
56).
140
Quadro 56 - Consumo de bebidas alcoólicas em adolescentes da região Norte, por tipo de bebida, 2002
Bebida Todos os dias Todas as
semanas/meses Raramente/Nunca
Cerveja (n=2548 alunos)
0,5% 6,2% 93,3%
Vinho (n=2532 alunos)
0,8% 2,6% 96,5%
Bebidas espirituosas (n=2575 alunos)
0,7% 9,5% 89,8%
Fonte: A Saúde dos Adolescentes Portugueses 2002
Em alunos com média (desvio padrão) de idades de 13,9 (1,1) anos, que
frequentavam escolas do concelho de Vila Real em 1996/97, o consumo de bebidas
alcoólicas foi referido por 27,2% (19,8% nas raparigas e 34,7% nos rapazes) (29). No
Porto, em 2000, em alunos de 16 anos (desvio padrão=1,4), a prevalência de
consumo de bebidas alcoólicas foi de 59,8% (28).
De acordo com o estudo EPITeen (30) que em 2003/2004 avaliou adolescentes
de 13 anos de escolas da cidade do Porto, 49,2% responderam já ter experimentado
bebidas alcoólicas. A proporção de indivíduos que já experimentaram bebidas
alcoólicas foi semelhante em ambos os sexos (Figura 101). A média de idade em que
experimentaram bebidas alcoólicas foi de 10,8 anos.
O local referido como o mais frequente para beber foi a própria casa, (63,2%
dos adolescentes que alguma vez beberam bebidas alcoólicas), ao contrário do que
acontece com o tabaco em que a própria casa foi referida apenas por cerca de 15%
dos alunos que referiram já alguma vez ter fumado. Esta informação vai de encontro
ao facto de culturalmente o consumo de bebidas alcoólicas ser aceite na população
portuguesa o que dificulta a percepção dos riscos associados a este comportamento e
o torna uma prioridade no planeamento da prevenção.
141
Consumo de Bebidas Alcoólicas
50,0
3,5 1,2
45,1
5,51,1
0
10
20
30
40
50
60
só experimentou bebe menos de 1copo/semana
bebe pelo menos 1copo/semana
%FemininoMasculino
Fonte: EPITeen 2004
Figura 101 - Consumo de bebidas alcoólicas em adolescentes de 13 anos do Porto, 2004
8.4. Ingestão Alimentar
No âmbito do Inquérito Nacional de Saúde (INS), de 1995-96 (7) e de 1998-99
(8), foi inquirido o consumo de um conjunto de alimentos relativamente ao dia que
antecedeu a entrevista. Estes resultados, embora com limitações pela metodologia de
recolha da informação, permitem verificar o maior consumo de carne do que de peixe,
e uma redução na proporção de indivíduos que referiu o consumo de fruta, vegetais e
sopa. Esta última foi mais consumida pelas crianças e pelos adultos com mais de 64
anos (Quadros 57 e 58).
Quadro 57 – Proporção de indivíduos na região Norte que consumiram o alimento, por grupo etário, INS 95/96
Alimentos 0 - 4 anos
(n=662) 5 - 14 anos
(n=2001) 15 - 17 anos
(n=754) 18 - 64 anos
(n=8945) ≥ 65 anos (n=2127)
Sopa 77,1% 67,4% 60,0% 65,2% 82,8%
Peixe 45,1% 53,8% 55,8% 55,1% 52,2%
Carne 75,2% 87,4% 86,6% 85,0% 61,7%
Legumes/hortaliça 71,6% 85,4% 94,6% 86,9% 84,9%
Fruta 86,5% 93,9% 97,8% 89,8% 85,8%
Fonte: INS 95/96
142
Quadro 58 – Proporção de indivíduos na região Norte que consumiram o alimento, por grupo etário, INS 98/99
Alimentos 0 - 4 anos
(n=674) 5 - 14 anos
(n=1810) 15 - 24 anos
(n=2286) 25 - 64 anos
(n=7748) ≥ 65 anos (n=2314)
Sopa 77,2% 62,4% 52,8% 62,7% 78,9%
Peixe 42,0% 45,8% 46,3% 51,2% 50,6%
Carne 76,5% 88,5% 87,1% 83,5% 71,7%
Legumes/hortaliça 75,3% 80,9% 80,8% 85,4% 87,2%
Fruta 82,4% 88,5% 85,3% 83,3% 79,7%
Fonte: INS 98/99
Os produtos lácteos são essenciais, nomeadamente por serem uma fonte
privilegiada de cálcio, que é imprescindível para a construção da massa óssea.
O consumo de leite foi questionado nos INS, referindo-se ao consumo durante
a semana que antecedeu a entrevista. Podemos verificar que a frequência de
consumo semanal de leite, se manteve nos dois inquéritos, a maioria dos inquiridos
beberam entre 6 a 7 dias por semana, mas a proporção decresce com a idade em
ambas as avaliações (Quadros 59 e 60).
Quadro 59 – Consumo de leite na região Norte, por grupo etário, INS 95/96
nº de dias da semana
0 - 4 anos (n=662)
5 - 14 anos (n=2001)
15 - 17 anos (n=754)
18 - 64 anos (n=8960)
> 64 anos (n=2131)
0 dias 5,7% 11,9% 21,0% 35,1% 38,9%
1 a 5 dias 4,0% 5,6% 6,1% 7,1% 6,5%
6 a 7 dias 90,1% 82,3% 71,6% 57,6% 54,5%
Fonte: INS 95/96
Quadro 60 – Consumo de leite na região Norte, por grupo etário, INS 98/99
nº de dias da semana
0 - 4 anos (n=674)
5 - 14 anos (n=1810)
15 - 24 anos (n=2286)
25 - 64 anos (n=7748)
> 64 anos (n=2314)
0 dias 6,6% 6,9% 20,9% 34,1% 33,7%
1 a 5 dias 2,5% 4,8% 8,2% 8,2% 7,0%
6 a 7 dias 90,7% 88,1% 70,7% 57,5% 59,2%
Fonte: INS 98/99
143
No estudo EPITeen (30), o consumo de alimentos foi avaliado através de um
questionário semi-quantitativo de frequência alimentar. Neste estudo verificou-se que
14% das raparigas e 10% dos rapazes referiram que não ingerem leite habitualmente.
Estes valores são mais elevados do que os descritos para a região Norte pelos
inquéritos nacionais de saúde para o grupo etário dos 5 aos 14 anos. Em relação aos
derivados do leite, 17% das raparigas e 15% dos rapazes não consumiam iogurte, e o
queijo não era consumido por 32% das raparigas e 27% dos rapazes. O consumo do
médio diário de leite e derivados é apresentado na Figura 102.
Consumo de Produtos Lácteos
331
89
12
368
98
130
100
200
300
400
Leite (ml/dia) Iogurte (g/dia) Queijo (g/dia)
Feminino
Masculino
Fonte: EPITeen 2004
Figura 102 - Ingestão média diária de leite e derivados em adolescentes de 13 anos do Porto
Do estudo “A Saúde dos Adolescentes Portugueses”, de 1998, no total
nacional, verifica-se que cerca de um quinto dos jovens inquiridos referiu ingerir
diariamente, café, colas ou outros refrigerantes, e cerca de metade comer doces e
bolos ou pastelaria. Os doces, bolos ou pastelaria eram mais consumidos pelos
rapazes do que pelas raparigas. Os hambúrgueres, cachorros ou salsichas eram
consumidos diariamente por 10% dos adolescentes, mais pelas raparigas.
Aproximadamente 92% dos adolescentes, mais frequentemente as raparigas,
consumiam todos os dias fruta e 61% vegetais, no entanto esta avaliação não permite
quantificar o total ingerido, pelo que não é possível estabelecer se o total ingerido se
aproxima do recomendado.
Comparando os resultados nacionais de 1998 com os de 2002, verifica-se que
diminuiu a frequência de adolescentes que comia doces/chocolates e refrigerantes
todos os dias, mas o consumo diário de fruta diminuiu de forma muito mais acentuada,
de 91,9% para 49,9% (Quadro 61).
144
Quadro 61 – Frequência de ingestão dos alimentos avaliados no estudo “A Saúde dos Adolescentes Portugueses” em 1998 e 2002, total nacional
Alimentos 1998 (%)
2002 (%)
Fruta Raramente/Nunca
Pelo menos 1 vez/semana Pelo menos 1 vez/dia
5,0 3,2 91,9
5,7 45,3 49,9
Doces/Chocolates Raramente/Nunca
Pelo menos 1 vez/semana Pelo menos 1 vez/dia
22,8 19,8 57,4
16,1 60,7 23,2
Colas ou outros refrigerantes Raramente/Nunca
Pelo menos 1 vez/semana Pelo menos 1 vez/dia
24,9 26,0 49,1
20,0 45,4 34,6
Hambúrgueres, cachorros, salsichas Raramente/Nunca
Pelo menos 1 vez/semana Pelo menos 1 vez/dia
38,1 51,9 10,0
43,4 46,6 10,0
Fonte: A Saúde dos Adolescentes Portugueses
Relativamente aos dados de 2002, a ingestão destes alimentos pelos jovens da
região Norte é semelhante aos valores do global nacional. Verifica-se uma baixa
proporção de adolescentes com consumo diário de fruta (51,3%) e uma elevada
proporção de adolescentes com ingestão diária de doces (21,2%) e refrigerantes
(29,3%) (Quadro 62).
Quadro 62 – Frequência de ingestão dos alimentos avaliados no estudo “A Saúde dos Adolescentes Portugueses” em 2002, região Norte
Alimentos Nº de alunos Raramente/ Nunca
Pelo menos 1 vez/semana
Pelo menos 1 vez/dia
Fruta 2622 4.4% 44.4% 51.3%
Doces/Chocolates 2619 16% 62.8% 21.2%
Colas ou outros refrigerantes
2616 23.8% 46.9% 29.3%
Hambúrgueres, cachorros, salsichas
2566 48.3% 43.3% 8.4%
Fonte: A Saúde dos Adolescentes 2002
No estudo EPITeen é possível estimar a quantidade ingerida porque o
consumo de alimentos foi avaliado através de um questionário semi-quantitativo de
frequência alimentar. Verifica-se que a fruta era mais ingerida que os vegetais e
145
legumes (Figura 103). A sopa de legumes poderia ser uma fonte adicional de produtos
hortícolas, porém os resultados revelam que o consumo de sopa de legumes foi baixo,
aproximadamente 9% dos adolescentes nunca comiam sopa de legumes e só 37% a
consumiam diariamente.
Fonte: EPITeen 2004
Figura 103 - Consumo diário de fruta e legumes (g/dia), em adolescentes de 13 anos do Porto
No seguimento dos resultados do inquérito nacional de saúde e do estudo “A
Saúde dos Adolescentes Portugueses”, que permitem estimar um decréscimo no
consumo de fruta, é de esperar que os legumes e hortaliças também estejam a ser
menos consumidos. Assim, a ingestão será seguramente inferior ao recomendado
(pelo menos 5 porções diárias) numa grande proporção de adolescentes.
A diminuição do consumo de fruta e vegetais, que os dados disponíveis
permitem estimar, poderão condicionar um aumento na incidência de algumas
patologias. De acordo com o relatório da OMS (22), o consumo reduzido destes
produtos é responsável por cerca de 19% dos cancros gastrointestinais, 31% de
doença cardiovascular isquémica e 11% de enfartes do miocárdio. Cerca de 2,7
milhões de mortes poderiam ser evitadas se cada pessoa consumisse porções
adequadas de frutos e vegetais.
Segundo o estudo EPITeen, em relação aos produtos de pastelaria e
confeitaria (bolos, bolicao®,...), a ingestão foi elevada, mais de 10% dos adolescentes
consumiam pelo menos 1 por dia (Figura 104). Estes valores não incluem a ingestão
Ingestão de Fruta e Legumes
4670
37
303
4367
37
273
0
5 0
10 0
15 0
2 0 0
2 5 0
3 0 0
3 5 0
P . Hor t í c ol a s Le gume s Le gumi nosa s Fr ut os
g/di
a
F eminino M asculino
146
de chocolates, bolachas e outros doces como gomas e rebuçados. Estes resultados
são aparentemente inferiores aos descritos pelo estudo “A Saúde dos Adolescentes
Portugueses”, no entanto não são directamente comparáveis por as categorias não
incluírem os mesmos alimentos.
Fonte: EPITeen 2004
Figura 104 - Frequência de consumo de produtos de pastelaria (%) em adolescentes de 13 anos do Porto, por sexo
O consumo de refrigerantes, uma fonte adicional de açúcar, é apresentado na
Figura 105, a ingestão média diária de refrigerantes foi de 290 ml por dia e o consumo
foi semelhante em rapazes e raparigas. Referiram consumir refrigerantes diariamente
32,1% dos adolescentes. Estes resultados são ligeiramente superiores aos descritos
no estudo “A Saúde dos Adolescentes Portugueses” de 2002.
Fonte: EPITeen 2004
Figura 105 - Ingestão média diária de refrigerantes em adolescentes de 13 anos do Porto, por sexo
Ingestão de Produtos de Pastelaria
35,1
29,627,2 25,8
21,3
29,1
4,9 5,6
10,88,9
0,8 0,90
5
10
1520
25
30
35
40
Feminino Masculino
%
<1/sem 1/sem 2-4/sem 5-6/sem 1/dia >=2/dia
Consumo de Refrigerantes (ml/dia)
050
100150200250300350
Colas Ice Tea OutrosRefrigerantes
TOTAL
Feminino Masculino
147
No estudo EPITeen foi possível quantificar a ingestão de nutrientes. Destaca-
se que a percentagem do total de energia fornecida pela gordura foi superior ao valor
máximo recomendado (35% do total calórico) em 28% das raparigas e em 26% dos
rapazes.
Um aspecto importante na alimentação da população portuguesa compreende
a ingestão de sal. A dificuldade de quantificar este consumo justifica a escassez de
estudos com um elevado número de participantes. Um estudo realizado pela
Universidade Fernando Pessoa no Porto, mostrou que na população hipertensa o
consumo médio diário foi de 12,4 g, em operários fabris foi de 12,9 g e em estudantes
universitários foi de 11,1 g. Em todos os grupos os valores excediam o recomendado
pelo Organização Mundial de Saúde (Cloreto de sódio <5 g/dia) (31).
8.5. Excesso de Peso e Obesidade
Estima-se que, na União Europeia, a obesidade seja responsável por cerca de
7% dos custos dos cuidados de saúde, percentagem que irá aumentar dada a
tendência crescente na sua prevalência (32).
Em Portugal, o Inquérito Nacional de Saúde (INS) permite monitorizar alguns
aspectos relacionados com a saúde, nomeadamente o excesso de peso e a
obesidade. A comparação entre os resultados do inquérito realizado em 1995/96 e os
dados de 1998/99 permite observar a nível nacional um aumento da prevalência neste
período. Nos homens a prevalência de excesso de peso foi de 39,9% em 1995/96 e
42,5% em 1998/99, nas mulheres estes valores foram 32,2% e 32,3%,
respectivamente. A prevalência de obesidade aumentou em ambos os sexos, de
10,3% para 11,5%, nos homens e de 12,7% para 14,2%, nas mulheres.
Segundo o INS de 1998/99, da região Norte embora a maioria da população
inquirida, em todos os grupos etários, apresente um IMC entre 20,0 e 24,9 (kg/m2), a
proporção de indivíduos com excesso de peso (IMC>24,9 kg/m2) foi elevada,
particularmente na população com idade superior a 44 anos (Quadro 63). Embora sem
dados da região em 95/96 que permitam avaliar a evolução, é de esperar que tenha
sido no mesmo sentido da encontrada a nível nacional.
148
Quadro 63 – Prevalência de categorias de índice de massa corporal (IMC) por grupos etários, região Norte, INS 98/99
Fonte: INS 98/99
Além dos dados do INS existem alguns trabalhos realizados na região Norte,
embora com menores tamanhos amostrais, que avaliaram grupos etários diferentes e
de locais diferentes. No quadro 64 são apresentados valores relativos à prevalência de
excesso de peso/obesidade, segundo alguns estudos efectuados na região Norte.
Podemos verificar que na maior parte dos estudos os valores são superiores a 20%,
qualquer que seja a idade considerada.
Quadro 64 – Prevalência de excesso de peso incluindo obesidade
Idade (anos) IMC kg/m2 18-24
(n=1588) 25-34
(n=2087) 35-44
(n=2025) 45-54
(n=1900) 55-64
(n=1602) >64
(n=2221)
<18,0 2,8% 2,0% 0,4% 0,5% 0,7% 1.6%
18,0-19,9 13,0% 6,3% 3,5% 2,3% 2,2% 4,0%
20,0-24,9 65,0% 54,5% 45,0% 36,3% 34,3% 38,0%
25,0-26,9 10,5% 16,7% 20,3% 18,9% 21,0% 17,5%
27,0-29,9 6,1% 13,7% 19,6% 24,1% 24,0% 23,0%
≥30,0 2,0% 6,5% 11,0% 17,6% 17,5% 15,0%
Sexo Autor Ano Local Idade
F M Total
Queirós L (33) 1999 Distrito Porto 10 - 19 anos 21% ___ ___
Afonso C. (34) 2002 Grande Porto >14 anos ___ ___ 34,0%
Santos AC, Barros H (35) 2002 Cidade Porto >17 anos 26,1% 13,9% 21,3%
Matos, M et al (25) 2002 Região Norte Alunos 6º, 8º, 10º anos de escolaridade
___ ___ 16,3%
Carracedo MA (36) 2003 Concelho Braga 10 - 18 anos 24,8% 21,1% 22,8%
Projecto EPITeen (37) 2004 Cidade Porto 13 anos ___ ___ 26,7%
149
8.6. Actividade Física/Tempos Livres
As informações disponíveis sobre a actividade física são reduzidas e de difícil
comparabilidade por serem recolhidas de forma dispersa e não sistematizada, com
suportes de informação e definições diferentes.
Segundo os dados da região Norte do Inquérito Nacional de Saúde (INS) de
95/96 (7) a proporção de indivíduos com idade superior a 17 anos que referiu
habitualmente estar sentado ou andar pouco foi de 31,9% (27,5% nos homens e
35,8% nas mulheres), nos adolescentes (idade entre 15 e 17 anos) estes valores
foram 46,7% (37,4% nos rapazes e 55,0% nas raparigas). Dos adultos 5,7% referiram
praticar exercício físico regular (8,2% nos homens e 3,4% nas mulheres), nos
adolescentes estes valores foram 26,8% (34,0% nos rapazes e 20,3% nas raparigas).
Também na avaliação da população adulta (>17 anos) da cidade do Porto
(EPIPorto), se verifica que as mulheres têm actividades mais sedentárias. Das
mulheres avaliadas 86% eram sedentárias e 79% dos homens. Considerando apenas
as actividades de lazer, 84% dos indivíduos foram classificados como sedentários
(38). Num estudo realizado a nível nacional verificou-se que 70,0% das mulheres não
praticavam actividade física, esta proporção era de 49,5% nos homens. No mesmo
estudo a proporção de indivíduos do grande Porto que não praticavam exercício físico
era de 53,6% (o global nacional foi de 60,0%). Foram também evidenciadas diferenças
regionais, na região Norte e Centro litoral 66,2% não praticavam nenhuma actividade
física, na região Norte e centro interior a proporção foi de 58,8% (34).
Apesar de haver uma grande proporção de indivíduos que não praticava
exercício físico, os dados nacionais mostram que 21,4% referiram que a prática de
exercício físico serve para se manter mais saudável e 17,6% para aliviarem a
tensão/relaxar (34).
De acordo com o estudo “A Saúde dos Adolescentes Portugueses”, de 1998
(24), considerando o total nacional, 48,2% dos jovens praticava actividade física fora
da escola 1 a 3 dias por semana. Só 38,3% responderam fazê-lo 4 a 7 dias e 13,5%
responderam praticar actividade física uma vez por mês ou menos. Relativamente ao
tempo dispendido diariamente a ver televisão, 71,6% responderam menos de 3 horas
e 28,4% responderam mais de 4 horas. Ainda segundo este estudo, relativamente ao
número de horas de prática de actividade física, os jovens do Norte distinguem-se por
referir uma maior proporção de adolescentes que assinalaram a opção “uma a três
horas” por semana.
150
Nos dados do estudo “A Saúde dos Adolescentes Portugueses” de 2002 (25),
ouvir música foi a actividade de tempos livres mais referida pelos jovens da região
Norte (98%). Quanto à prática de actividade física 36,8% referiu que pratica 4 a 7 dias
por semana, 47,5% um a três dias por semana e 15,7 uma vez ou menos por mês.
Os cinco desportos mais referidos no total nacional foram futebol, ginástica,
natação, basquetebol e ciclismo/BTT, sendo o futebol o desporto mais praticado (49%)
pelos jovens do norte (Quadro 65).
Quadro 65 – Desportos mais praticados pelos jovens da região Norte
Desporto Sim
Futebol 49,0%
Ginástica 18,1%
Natação 17,4%
Basquetebol 16,8%
Ciclismo/BTT 13,6% Fonte: A Saúde dos Adolescentes Portugueses 2002
Dos dados recolhidos na região Norte no âmbito do Inquérito de Saúde dos
Adolescentes na Escola (ISAE) em 2002/03, podemos verificar que a prática de
actividade física é menor no sexo feminino. Referiram praticar actividades leves (1 ou
2 dias por semana – 54,7% nas raparigas e 42,4% nos rapazes; 3-5 dias por semana
– 25,2% nas raparigas e 32,4% nos rapazes e ≥ 6 dias 9,1% nas raparigas e 16,8%
nos rapazes) e exercício físico regular (1 ou 2 dias por semana – 50,0% vs. 38,0%; 3-5
dias – 17,7% vs. 37,7% e ≥ 6 dias 4,5% vs. 12,3%, respectivamente para raparigas e
rapazes).
Dos adolescentes inquiridos, 42% dos jovens dedicavam cerca de 6 ou mais
vezes por semana a actividades sedentárias, e 44% praticavam exercício físico regular
1 a 2 vezes por semana. Nunca praticaram exercício físico regular 20% dos inquiridos
e 10% nunca praticaram actividades leves (Quadro 66).
151
Quadro 66 – Prevalência de diferentes actividades de lazer, em adolescentes da região Norte
Actividades Nunca 1 a 2 vezes 3 a 5 vezes ≥ 6 vezes
Actividades sedentárias (ler, ver TV, jogar computador, etc.)
5,3% 23,6% 29,1% 42,0%
Actividades leves (passear, andar de bicicleta,etc.)
9,8% 48,8% 28,6% 12,8%
Exercício físico regular 20,3% 44,2 27,2% 8,2%
Fonte: ISAE 2002
Os resultados do estudo EPITeen apresentaram a mesma tendência, em que
as raparigas praticavam com menor frequência actividade desportiva extra-escolar,
60,6% das raparigas refere que nunca praticavam nenhuma actividade desportiva,
enquanto nos rapazes esta proporção foi de 39,3% (Figura 106).
Actividade Desportiva
60,6%
2,2%
11,7%
18,3%
2,8% 4,4%
39,3%
2,5%
10,6%
29,3%
8,3% 10,0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Nunca Menos de 1vez/semana
1 vez por semana 2 a 3 vezes porsemana
4 a 6 vezes porsemana
Quase todos os dias
feminino
masculino
Fonte: EPITeen 2004
Figura 106 – Frequência da prática de actividades desportivas extra-escola, em adolescentes de 13 anos do Porto
A elevada proporção de adolescentes que não praticam exercício físico foi
também descrita em outros dois estudos realizados em adolescentes de diferentes
locais da região Norte (Quadro 67). Podemos verificar que em ambos menos de 5% da
população inquirida referiu praticar actividade física mais de cinco vezes por semana.
152
Quadro 67 – Prevalência da prática de actividade física em adolescentes
Autor Ano Local Idade (anos)
<3 vezes/sem
3 a 5 vezes/sem
≥ 6 vezes/sem
Queirós L. (33) 1999 Distrito do Porto 10 - 19 49,0% 47,0% 4,0%
Carracedo MA* (36) 2003 Concelho de Braga 10 - 18 29,8% 22,3% 3,2%
* os restantes (44,7%) não responderam ou assinalaram que não sabiam
8.7. Despesas Médias Anuais dos Agregados Familiares
A informação disponibilizada pelo Inquérito aos Orçamentos Familiares
realizado pelo INE em 2000 permite relacionar o peso de alguns destes determinantes
no orçamento familiar. No Norte verificou-se que se gasta uma proporção maior das
despesas médias anuais do agregado familiar em bebidas alcoólicas e tabaco, e em
oposição gasta-se uma proporção menor que a média nacional em saúde, ensino,
lazer, distracção e cultura (Figura 107).
Fonte: INE, Inquérito aos Orçamentos Familiares 2000
0
5
10
15
20
25
Transp
ortes
Ensino
Portugal
Norte
153
Figura 107 - Proporção (%) de despesas médias anuais dos agregados familiares, por classe de despesa da classificação do consumo individual por objectivo
Embora seja possível que as diferenças sejam parcialmente explicadas por
diferenças nos preços, estas diferenças reflectem assimetrias reais na distribuição do
dinheiro disponível pelo agregado familiar. No Norte as escolhas privilegiam hábitos
nocivos para a saúde – tabaco e bebidas alcoólicas – em detrimento do ensino que
poderia fornecer conhecimentos importantes para apreender e compreender
mensagens relacionadas com a saúde.
Esta questão torna-se ainda mais relevante quando se verifica, no total
nacional, que embora os indivíduos com nível de instrução mais alto tenham valores
superiores de despesa total, na despesa relacionada com o consumo de tabaco a
relação é inversa, quer em valor absoluto quer considerando a proporção do total de
despesas do agregado (Figura 108).
Fonte: INE, Inquérito aos Orçamentos Familiares 2000
Figura 108 - Despesa média anual nacional em tabaco por agregado familiar com despesas em tabaco, segundo o nível de instrução do representante do agregado
A despesa em tabaco efectuada pelos agregados cujo representante
completou ensino superior (621€) foi aproximadamente 76% do valor observado nos
agregados cujo representante não completou qualquer nível de instrução (816€),
sendo que, para estas famílias, o tabaco foi especialmente expressivo no total da sua
despesa (7,5%). Embora estes sejam resultados nacionais, será de esperar que a
região Norte apresente o mesmo comportamento.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Nenhum Até 1º ciclo 2º ou 3ºciclo
Secundário Superior0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
Despesa emtabaco (€)% de despesaem tabaco
154
8.8. Drogas Ilícitas
De acordo com o relatório anual de 2003 do Instituto da Droga e da
Toxicodependência (IDT) podemos verificar que o número de utentes em primeiras
consultas, na região Norte entre 1996 e 2000 foi semelhante e a partir de 2001
verifica-se uma diminuição acentuada (Figura 109).
Fonte: IDT 2003
Figura 109 - Evolução do número de utentes em primeiras consultas, 1995-2003
Existe uma maior proporção de utentes do sexo masculino (88,6%). Os grupos
dos 25-29 anos e dos 30-34 anos apresentaram um maior número de utentes (45%)
(Figura 110).
Utentes em Primeiras Consultas, segundo o ano, na Delegação Regional do Norte
1995-2003
2.102
2.7552.550 2.578 2.725
2.5292.198
1.945
1.479
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
155
Font
e: IDT 2003
Figura 110 - Distribuição do número de utentes em primeiras consultas por grupos etários
De acordo com os dados nacionais do estudo A Saúde dos Adolescentes de
1998 (24), 5,2% dos jovens referiram que consumiam drogas (7,6% dos rapazes e
3,1% das raparigas), em 2002 estes valores praticamente duplicaram, 10,3% (13,9%
dos rapazes e 6,9% das raparigas). O grupo etário mais referido como sendo o da
primeira experiência com drogas foi o dos 13 aos 15 anos (Quadro 68).
Quadro 68 – Idade da primeira experiência com drogas, nacional 1998
6-9 anos
10-12 anos
13-15 anos
16-18 anos
6,4% 18,1% 66,0% 9,5%
Fonte: A Saúde dos Adolescentes 1998
Ainda segundo este estudo, os jovens da região Norte em 1998, referiram
menos que o global nacional que já experimentaram drogas. Quando confrontados
com afirmações sobre as razões para as pessoas se drogarem, os alunos do Norte
escolhem menos a opção que refere o gostar dos efeitos da droga e sentirem-se bem.
Quanto às razões para não se drogarem, os jovens do Norte escolhem menos o não
querer e mais o nunca terem pensado nisso.
Utentes em Primeiras Consultas, segundo o grupo etário, na Delegação Regional do Norte
2003
1555
190
304363
245
14662
99
050
100150200250300350400
≤ 14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 ≥ 45 Desc.
Nº Total de Utentes = 1479 1,0% 3,7% 12,8% 20,5% 24,5% 16,5% 9,8% 4,1% 6,7%
156
A nível nacional, a proporção de indivíduos que consome cocaína/heroína, e
estimulantes manteve-se semelhante nos dois anos avaliados, mas a proporção de
consumidores de haxixe/erva praticamente triplicou (Quadro 69).
Quadro 69 – Tipo de droga experimentada, comparação de resultados nacionais de 1998 e 2002
Droga 1998 2002
Cocaína/heroína 1,3% 1,8%
Haxixe/erva 3,8% 9,2%
Estimulantes 2,7% 3,5%
Fonte: A Saúde dos Adolescentes Portugueses
Em 2002, nas questões sobre experimentação de drogas, 10,8% dos alunos da
região Norte, responderam já ter experimentado. Quanto ao tipo de droga
experimentada, a cocaína/heroína foi a menos referida (2,0%) e o haxixe/erva a que
foi referida por uma proporção maior (9,2%) (Quadro 70).
Quadro 70 – Proporção de adolescentes da região Norte que já experimentou drogas, por tipo de droga experimentada
Tipo de Droga % que já experimentou
Cocaína/heroína (n=2509) 2,0%
Haxixe/erva (n=2558) 9,2%
Usadas como medicamento (n=2420) 3,7%
Estimulantes (n=2536) 3,6%
Fonte: A Saúde dos Adolescentes Portugueses 2002
Numa avaliação de alunos do Porto com idade média semelhante à do estudo
A Saúde dos Adolescentes, em 2000, a prevalência de consumo de haxixe foi de
17,7%, 4,1% de tranquilizantes, 2,1% de estimulantes e 2,9% de substâncias inalantes
(28). Este trabalho verificou também que estes comportamentos se agregam e é muito
frequente a utilização simultânea de duas ou mais substâncias, por exemplo, 87,6%
dos fumadores também consomem bebidas alcoólicas e 55,6% haxixe.
157
Comentários Finais
Após caracterização dos determinantes descritos neste trabalho, concluímos
que há necessidade de intervenção nestes determinantes, através de medidas
populacionais e individuais, prevenção e controlo do consumo de tabaco e álcool,
definição de estratégias para reduzir a obesidade e o excesso de peso, aumento do
consumo de fruta e vegetais, e promoção da actividade física, particularmente no sexo
feminino.
A idade em que os jovens iniciam o consumo de tabaco ou de drogas ilícitas,
na sua maioria entre os 13 e os 15 anos, indica que as medidas preventivas e de
informação devem começar antes desta idade para poderem evitar o início do
consumo.
Verifica-se que as raparigas e as mulheres apresentam hábitos mais
sedentários. Deve ter-se em conta que o investimento no incentivo da prática de
exercício físico em crianças e adolescentes irá promover adultos mais activos. Há
ainda a considerar se os desportos disponíveis são atractivos para as raparigas.
Assim, esta situação não se deve reger pela lei da procura e da oferta, mas sim criar
propostas que possam ter melhor adesão entre o sexo feminino mesmo que isso
implique a sua subutilização inicial.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
161
A ausência de uma cultura que valorize a recolha sistemática de dados dificulta
a obtenção de informação pertinente para o planeamento dos serviços de saúde.
Como exemplo, podemos analisar o que acontece com a informação sobre as causas
de morte que são registadas no certificado de óbito, apesar de se assistir a uma
redução no número de óbitos classificados como “Sintomas, Sinais e Afecções mal
Definidas”, o número ainda é demasiado elevado. Assim, é emergente a necessidade
de investir na formação sobre a importância da recolha de dados sobre saúde, não só
sobre os óbitos, mas também sobre os restantes acontecimentos de saúde (ex:
doenças de declaração obrigatória, doenças profissionais). Neste âmbito, e com o
objectivo de rentabilizar a informação e o tempo que os profissionais utilizam no
preenchimento dos suportes para a sua recolha, é fundamental a uniformização
desses suportes.
O envelhecimento da população, associado à melhoria dos cuidados de saúde,
permite a sobrevivência de indivíduos que após episódios de doença, nomeadamente
no acidente vascular cerebral, passam a ter necessidades especiais. A sobrevivência
mais prolongada está frequentemente associada a incapacidade e dependência em
grau variável, em particular entre os idosos. Isto tem determinado a carência de
serviços de saúde especializados (ex. unidades de retaguarda, cuidados continuados,
apoio domiciliário), e de recursos humanos, nomeadamente de equipas multi-
profissionais (ex. médicos, enfermeiros, fisioterapeutas) responsáveis pela prestação
dos cuidados no domicílio para assegurar a estes utentes melhor qualidade de vida.
Com a previsível evolução da população, esta situação tende a agravar-se.
O protelar da decisão de procriar, que se observa actualmente na população
em idade fértil, implica necessidades acrescidas no âmbito dos cuidados de saúde
materno-infantil, pois vai condicionar um incremento no número de gravidezes de
risco. Este fenómeno, conjugado com o facto de a principal causa de mortalidade
infantil serem as malformações congénitas, poderá dificultar a melhoria deste indicador
de saúde. No entanto, há ainda um vasto leque de causas mal definidas, que devem
ser esclarecidas, e de causas externas, que podem ser alvo de eventuais medidas
para as minimizar.
O aumento da prevalência de fumadoras em idade fértil, esperado de acordo
com os resultados das avaliações realizadas em adolescentes, poderá condicionar,
além de diminuição da fertilidade, o prognóstico da gravidez. Estes factores poderão
contribuir também para um aumento das necessidades no âmbito dos cuidados pré e
162
peri-natais. A promoção da adesão às consultas pré-concepcionais tem de ser
dinamizada.
Atendendo à maior mobilidade de pessoas entre países, e tendo em conta o
número crescente de estrangeiros residentes em Portugal (aproximadamente 45%
provenientes dos PALOP e a aumentar os de países do leste da Europa), é necessário
preparar os Serviços para a possibilidade do aumento da incidência de doenças que
há já algum tempo não aparecem na população Portuguesa ou que são muito raras
(ex. malária crónica). Por outro lado os residentes de outras nacionalidades podem
necessitar de apoio específico, nomeadamente por doenças mentais consequentes à
necessidade de adaptação a uma nova cultura. O aumento de residentes provenientes
de outros países representa também um desafio para se manterem, e quando
possível, melhorarem as coberturas vacinais, pois só assim será possível garantir a
manutenção da imunidade de grupo, mesmo com a entrada de novos residentes não
vacinados.
As doenças oncológicas são um ónus muito grande, quer em termos humanos,
para os doentes oncológicos e as respectivas famílias, quer em termos de recursos
consumidos no diagnóstico, tratamento e prestação de cuidados. Na região Norte a
taxa de mortalidade por tumores do aparelho respiratório e digestivo foi superior ao
global nacional. Dos tumores do aparelho digestivo, a taxa de mortalidade por tumor
do estômago foi a maior, no entanto esta taxa está a decrescer enquanto a taxa de
mortalidade por tumor do cólon apresenta uma evolução crescente. Por outro lado,
verificaram-se diferenças entre distritos. Nos distritos de Braga e Viana do Castelo os
tumores do estômago apresentam especial relevância, enquanto no distrito de Vila
Real são os do cólon que apresentam maior razão padronizada de mortalidade. O
tumor do estômago foi o responsável por maior número de anos potenciais de vida
perdidos pelo que deverá dar-se prioridade à intervenção nos determinantes destes
tumores e à sua detecção precoce.
Nas mulheres, o cancro da mama é o terceiro cancro em anos potenciais de
vida perdidos. O rastreio, utilizando o método da mamografia, permite a detecção de
cancros em fase precoce, e a eficácia do tratamento permite o aumento da esperança
de vida das doentes em muitos desses casos. O cancro do colo do útero também pode
ser rastreado de modo a minimizar as suas consequências; o teste de Papanicolau é o
método utilizado no rastreio. Os benefícios dos programas de rastreio só podem ser
alcançados se a cobertura for elevada em todos os grupos alvo definidos, assim a
163
utilização esporádica dos métodos indicados para o rastreio não permite alcançar a
efectividade desejada.
Relativamente às doenças infecciosas, das quais destacamos a infecção pelo
Vírus da Imunodeficiência Humana e a tuberculose, verifica-se que a incidência de
SIDA na região Norte tem continuado a subir, tendo ultrapassado o nível nacional em
2001, assumindo a transmissão por via sexual (hetero e homo) e a transmissão
vertical uma grande importância. Em face do aumento da incidência e da diminuição
da mortalidade, os serviços de saúde (cuidados diferenciados e continuados) devem
preparar-se para um aumento da prevalência e consequente aumento da necessidade
de cuidados de saúde. Paralelamente deverá ser feito um investimento na promoção
de conhecimentos e na mudança de comportamentos. Os resultados do estudo “A
Saúde dos Adolescentes Portugueses” realizado em 1998 e 2002 revelam que os
adolescentes da região Norte estavam menos informados relativamente às formas de
contágio, e apresentavam uma atitude menos tolerante para com as pessoas
portadoras do VIH que a manter-se, poderão contribuir para o aumento da incidência.
No que se refere à tuberculose, a incidência na região Norte é muito elevada,
particularmente no distrito do Porto. Sendo necessário investir na identificação e
tratamento precoce dos casos, no acompanhamento do cumprimento dos tratamentos
prescritos e no rastreio dos contactos. Os dados revelam a necessidade de uma
abordagem integrada da tuberculose e da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana, em conjunto com outros problemas de saúde (ex. toxicodependências) e de
uma abordagem que envolva todos os sectores da saúde e os diferentes níveis de
cuidados.
As causas de mortalidade mais relevantes em Portugal têm como principais
determinantes comportamentos passíveis de intervenção, como o consumo de tabaco,
o abuso do álcool, dietas pouco saudáveis, a condução rodoviária de risco,
toxicodependência e a inactividade física. Os indicadores relativos aos determinantes
de saúde apontam para a importância de valorizar estratégias activas de promoção da
saúde e de prevenção da doença.
O aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade que os dados
recolhidos permitem estimar, indicam que o aumento da mortalidade por diabetes
mellitus que se verificou entre 2000 e 2002, na região Norte, como a nível nacional,
pode vir a acentuar-se. Dado que a mortalidade é a consequência extrema, o
incremento observado na mortalidade, permite supor que a morbilidade associada a
esta patologia está também em crescendo, implicando aumento dos custos em saúde
164
e uma redução da qualidade de vida dos pacientes. Esta hipótese é extensível a
outras patologias crónicas, nomeadamente às doenças cardiovasculares, para as
quais a obesidade é um factor de risco reconhecido.
Dos dados apresentados sobre a ingestão alimentar verifica-se que o consumo
de fruta, hortaliças e legumes parece estar a decrescer e é inferior ao recomendado.
Por outro lado, os adolescentes apresentam consumos elevados de refrigerantes,
doces e produtos de pastelaria. Estes dados em conjunto com a falta de hábitos
regulares da prática de exercício físico, particularmente no sexo feminino, podem
condicionar o aumento das doenças crónicas, nomeadamente as cardiovasculares e
oncológicas. Assim, é essencial que se criem incentivos a uma alimentação mais
saudável e à prática de exercício físico, de modo a obterem-se mudanças de
comportamento que possam contribuir para a redução da obesidade nesta população.
Também a intervenção para redução do número de fumadores e de novos fumadores
é essencial para melhorar os indicadores de saúde. Apesar do relevo dado a estes
factores, a promoção da saúde deve ser abordada de modo a integrar os vários
determinantes de saúde.
Verifica-se que na região Norte alguns indicadores melhoraram, no entanto,
existe ainda um largo campo de acção. O desenvolvimento de intervenções
preventivas, baseadas na evidência científica, e aplicáveis na região Norte, podem
diminuir uma parte importante da morbilidade e mortalidade observadas.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
167
Referências Bibliográficas
1 - Correia de Campos A. Saúde o custo de um valor sem preço. Lisboa: Editora
Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos. 1983.
2 - Direcção de Serviços de Informação e Análise, Divisão de Epidemiologia. Risco de
Morrer em Portugal, 2000. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde; 2001. Disponível em:
http://www.dgsaude.pt/upload/membro.id/ficheiros/i005965.pdf
3 - Direcção de Serviços de Informação e Análise, Divisão de Epidemiologia. Risco de
Morrer em Portugal, 2001. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde; 2002. Disponível em:
http://www.dgsaude.pt/upload/membro.id/ficheiros/i005964.pdf
4 - Direcção de Serviços de Informação e Análise, Divisão de Epidemiologia. Risco de
Morrer em Portugal, 2002. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde; 2004. Volume I.
Disponível em: http://www.dgsaude.pt/upload/membro.id/ficheiros/i007015.pdf
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