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SABRINA DE VARGAS MUNIZ
ACOLHIMENTO DO USUÁRIO DE SALA DE VACINAS DO SUS NA ÓTICA DO
TÉCNICO DE ENFERMAGEM DE UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE DA
REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE-RS
CANOAS, 2011.
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SABRINA DE VARGAS MUNIZ
ACOLHIMENTO DO USUÁRIO DE SALA DE VACINAS DO SUS NA ÓTICA DO
TÉCNICO DE ENFERMAGEM DE UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE DA
REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE-RS
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Enfermagem do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem.
Orientação: Prof. Me. Fabiano Silva da Silva
CANOAS, 2011.
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SABRINA DE VARGAS MUNIZ
ACOLHIMENTO DO USUÁRIO DE SALA DE VACINAS DO SUS NA ÓTICA DO
TÉCNICO DE ENFERMAGEM DE UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE DA
REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE-RS
Trabalho de conclusão aprovado com requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle.
Aprovado Pelo Avaliador em 17 de junho 2011.
Avaliador:
________________________________________ Professor Me. Fabiano Silva da Silva
UNILASALLE
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu Orientador Professor Me. Fabiano Silva da Silva pela
dedicação, pelos ensinamentos, e por me tranquilizar nos momentos de ansiedade;
A todos os professores do Centro Universitário La Salle que transmitiram suas
experiências e conhecimentos ao longo do curso;
Aos meus colegas de academia que compartilharam comigo momentos de
alegrias durante cinco anos; assim como aos colegas de trabalho;
E a minha estimada família, pai e mãe, sogro e sogra, minha irmã e cunhada, guri,
meu amor o Edson, e o nosso filho que está para chegar o Gabriel, pelo apoio,
incentivo e carinho.
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"Duvidar de tudo ou em tudo crer são duas soluções igualmente
cômodas, que
nos, dispensam, ambas, de refletir".
(Jules Henri Poincaré)
5
RESUMO
O presente estudo objetiva identificar como o técnico de enfermagem aplica a técnica
de acolhimento proposta pelo SUS junto aos usuários de sala de vacina em um
município de pequeno porte da Região Metropolitana de Porto Alegre. Foi utilizada a
abordagem qualitativa descritiva, através de entrevistas abertas com os técnicos e/ou
auxiliares de enfermagem das Unidades Básicas de Saúde de um município de
pequeno porte da Região Metropolitana de Porto Alegre, sendo gravadas em mp3 e,
posteriormente, transcritas para fins de análise de conteúdo de Moraes (2003). Foi
identificado que o técnico e/ou auxiliar de enfermagem deixa de aplicar técnicas de
acolhimento proposta pelo SUS junto aos usuários de sala de vacina. A deficiência na
capacitação para este fim se mostrou como sendo o principal motivo do não uso das
técnicas de acolhimento, sendo a abordagem do usuário de sala de vacina pelo
profissional de enfermagem direcionado pela leitura da caderneta vacinal, apontando
para uma abordagem meramente técnica, ou seja, com base nos conhecimentos
técnicos em relação aos imunobiológicos (técnica de aplicação, aprazamentos,
possíveis reações adversas), assim como as suas respostas e postura frente aos
questionamentos dos responsáveis legais que acompanham crianças a sala de vacinas.
Palavras-chave: Acolhimento, sala de vacina, enfermagem, saúde coletiva.
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ABSTRACT
This study aims to identify how the technical nursing applies host technique proposed by
SUS together users of vaccine in a room of small businesses in the metropolitan region
of Porto Alegre. The qualitative research has been used descriptive, through open
interviews with practitioner and/or nurse of basic health units, a small town in the
metropolitan region of the Porto Alegre, being recorded in mp3, and later transcribed for
analysis of content of Moraes (2003). It was identified that the technical and/or auxiliary
nursing ceases to apply host techniques proposed by SUS along users room vaccine.
Disability training for this purpose proved to be the main reason for not using the
techniques of reception, the approach of user room professional nursing vaccine by
directed by reading the vaccination booklet, pointing to a purely technical approach, i.e.
on the basis of expertise in relation to the application technique (immunobylogical,
scheduling, possible adverse reactions), as well as their responses and posture to
questions of legal guardians accompanying children the vaccines.
Keywords: Reception room, vaccine, nursing, public health.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
2 OBJETIVO ........................................ .......................................................................... 12
2.1 Objetivo geral ................................ ......................................................................... 12
2.2 Objetivos específicos......................... ................................................................... 12
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................... ........................................................... 13
3.1 Sistema Único de Saúde – SUS .................. .......................................................... 13
3.2 Imunizações ................................... ......................................................................... 18
3.3 Capacitação dos profissionais da saúde para atu ar em sala de vacina............ 23
3.4 Acolhimento em sala de vacina ................ ........................................................... 27
4 METODOLOGIA ..................................... .................................................................... 31
4.1 Tipo de estudo ................................ ........................................................................ 31
4.2 Questões norteadoras ......................... ................................................................. 31
4.3 Cenário de Estudo ............................. ..................................................................... 31
4.4 Sujeitos Participantes ........................ .................................................................... 32
4.3.2 Critérios de Inclusão .............................................................................................. 32
4.3.3 Critérios de Exclusão............................................................................................. 32
4.5 Coleta de Dados ............................... ...................................................................... 33
4.6 Método de Análise ............................. ..................................................................... 33
4.7 Preceitos Éticos .............................. ....................................................................... 34
5 ANALISE DOS DADOS ............................... ............................................................... 36
5.1 Capacitação para técnicas de acolhimento em sal a de vacina .......................... 36
5.2 Abordagem do usuário de sala de vacina pelo pro fissional de enfermage ...... 38
5.3 A leitura do técnico de enfermagem sobre a cade rneta de vacinaçã ................ 40
5.4 A resposta do técnico de enfermagem frente aos questionamentos dos
responsáveis legais que acompanham crianças a sala de vacinas ........................ 41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ............................................................ 45
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 48
8
APENDICE A - Termo de consentimento livre e esclare cido termo de
consentimento livre e esclarecido – TCLE........... ...................................................... 51
APENDICE B – Instrumento de coleta de dados ....... ................................................ 53
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1 INTRODUÇÃO
A maior conquista da saúde pública mundial foi à erradicação da varíola o que
despertou os sanitaristas para a possibilidade de controlar e erradicar outras doenças
imunopreviníveis, nesse rastro a Organização Mundial de Saúde (OMS), criou o
Programa Ampliado de Imunização (PAI), expandindo as atividades de imunização para
outras doenças (HOMMA, 2009).
No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, também
vem neste rastro do sucesso da erradicação da varíola, tendo obtido resultados
expressivos no controle de doenças imunopreviníveis (HOMMA, 2009). Nas últimas
décadas desenvolveu estratégias específicas como a implementação dos dias
nacionais de vacinação e como rotinas dentro das UBSs (Unidades Básicas de Saúde)
em todos os municípios brasileiros. Sendo estas rotinas melhor estruturadas e
organizadas partir da criação do SUS (Sistema Único de Saúde) em novembro de 1988,
com a descentralização político-administrativa; tendo como alguns dos princípios
básicos: universalidade, integralidade, equidade e participação popular (MORETTO,
2001).
Segundo Risi Jr. (2003) o sistema de saúde brasileiro passou por profundas
transformações com a implantação do SUS que introduziu novos elementos na
prestação de serviços de imunização, como o fortalecimento da gestão municipal,
financiamento da atenção básica e a pactuação de ações nas esferas nacional, em
instâncias permanentes. Essa experiência fez amadurecer o entendimento sobre
processos comuns de trabalho, enquanto alguns objetivos e estratégias nacionais,
como o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e os dias nacionais de vacinação.
Nenhuma ação em saúde é tão efetiva e eficiente quanto vacinar crianças contra
as principais doenças preveníveis por imunização. A cobertura vacinal - definida como o
percentual de uma população-alvo que foi vacinada - nos chamados "países em
desenvolvimento" ainda está aquém da esperada (MIRANDA, 1995). Chama-se
cobertura de vacinação a percentagem da população que foi vacinada num
determinado tempo (mês, trimestre, semestre, ano). A cobertura pode ser calculada
para cada vacina, para cada dose, para o número de doses completadas (terceiras
10
doses de DTP, hepatite B, contra poliomielite e Haemophilus Influenzae b), bem como
por grupo de idade e áreas geográficas (BRASIL, 2001). Para atingir uma cobertura
vacinal adequada é preciso fundamentalmente ações institucionais conjugadas e
organizadas pelo setor público em diversos níveis (MIRANDA, 1995).
Com os dados de cobertura pode-se concluir, entre outros aspectos, sobre o
acesso da população ao serviço, o grau de aceitação da comunidade ao programa de
vacinação e sobre a sua efetividade. Além disso, esses resultados permitem dirigir as
ações de imunizações para grupos mais suscetíveis, revisar as estratégias, acelerar as
atividades para cobrir a população-alvo ou, ainda, assegurar o apoio da comunidade
(BRASIL, 2001).
A enfermagem tem papel primordial neste contexto. É de responsabilidade da
equipe de enfermagem, a capacitação do profissional da sala de vacina no que diz
respeito ao acolhimento da criança desde a vacina a ser administrada, as suas
condições de uso (mantidas na temperatura de +2ºc a +8ºc), a administração dessa
vacina realizada dentro das normas e técnicas preconizadas pelo PNI (Programa
Nacional de Imunizações) e as orientações pertinentes a possíveis contraindicações e
reações adversas (PEREIRA, 2007).
É relevante a atuação do enfermeiro em todas as ações de uma sala de vacina,
sendo de sua responsabilidade a conservação das vacinas, manutenção do estoque,
administração das vacinas, capacitação do profissional e elaboração do arquivo de
cartão espelho, o qual tem o controle das doses administradas na rotina diária,
garantindo assim a eficácia do processo de imunização da população (PEREIRA,
2007).
Também é de competência do enfermeiro através do seu conhecimento científico
capacitar os profissionais de nível técnico para a vacinação e destacar que não serão
só aplicadores de vacinas, mas sim profissionais conscientes de que estão cuidando da
saúde, da população de uma forma integral. De posse destas constatações,
compreenderemos como se dá o processo de acolhimento do usuário de sala de vacina
pelo técnico de enfermagem; levando em conta não só técnicas de aplicação, mas
também a abordagem educativa, preventiva e de criação de vínculo destes usuários.
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Já que, a noção de vínculo nos faz refletir sobre a responsabilidade e o
compromisso. Assim sendo, ela está em consonância com um dos sentidos de
integralidade. Afirma o autor: “criar vínculos implica ter relações tão próximas e tão
claras, que nos sensibilizamos com todo o sofrimento daquele outro, sentindo-se
responsável pela vida e morte do paciente, possibilitando uma intervenção nem
burocrática e nem impessoal.” (MERHY, 1994,p.138 apud GOMES, 2005).
Desta forma, o acolhimento nos remete a uma reorganização dos serviços de
saúde, aponta para uma lógica da organização e de funcionamento do serviço de saúde
indicando que a assistência prestada ao usuário no momento da vacinação começa no
momento em que esta se definindo o primeiro contato com o familiar ou tutor legal que
acompanha a criança a sala de vacinação. Antes de propor qualquer mudança, talvez
seja necessário interrogar processos intercessores que constroem relações nas práticas
de saúde, buscando a produção da responsabilização clínica e sanitária e a intervenção
resolutiva, reconhecendo que, sem acolher e vincular, não há produção dessa
responsabilização (GOMES, 2005).
O presente projeto tem por objetivo identificar como o técnico de enfermagem
aplica a técnica de acolhimento proposta pelo SUS junto aos usuários de sala de vacina
em um município de pequeno porte da região metropolitana de Porto Alegre.
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2 OBJETIVO
Neste capítulo serão expostos os objetivos que nortearão o presente estudo.
2.1 Objetivo geral
Identificar como o técnico de enfermagem aplica a técnica de acolhimento
proposta pelo SUS junto aos usuários de sala de vacina em um município de pequeno
porte da Região Metropolitana de Porto Alegre.
2.2 Objetivos específicos
- Descrever qual a forma de capacitação para técnicas de acolhimento em sala de
vacina o profissional foi submetido.
- Descrever como é feita a abordagem do usuário de sala de vacina pelo profissional de
enfermagem.
- Identificar qual a leitura do técnico de enfermagem sobre a caderneta de vacinação.
- Descrever qual a resposta do técnico de enfermagem frente aos questionamentos dos
responsáveis legais que acompanham crianças a sala de vacinas.
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3 REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo serão colocados aspectos conceituais, estatísticos e conjecturais
que embasarão a futura discussão do tema proposto por este estudo.
3.1 Sistema Único de Saúde – SUS
A atual conformação do sistema público de saúde, universal, íntegro e gratuito,
começou a ser construído com o processo de redemocratização do país e antes de sua
criação pela Constituição de 1988. O evento mais marcante dessa construção foi a 8.ª
Conferência Nacional de Saúde, realizada de 17 a 21 de março de 1986. Essa
promoção, precedida por uma série de conferências prévias estaduais e municipais,
contou com expressiva participação da sociedade, e a conclusão tornou-se referência
para os integrantes, balizando as mudanças que se seguiram. A criação do Sistema
Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), ainda comandada pelo Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), no período
imediatamente anterior a promulgação da Constituição, intensificou as iniciativas de
descentralização e universalização e preparou a introdução do Sistema Único de Saúde
(BRASIL, 2002).
Durante mais da metade do século XX, o acesso à saúde esteve vinculado ao
trabalho, sendo garantido apenas para manter e restaurar a força de trabalho. Nesta
lógica e por ação da lei Eloy Chaves foi criada as Caixas de Aposentadorias e Pensões
(CAPs) em 1923, as quais não tinham intervenção estatal e eram organizadas por
empresas específicas, sendo sustentadas por recursos advindos de contribuições das
empresas e do proletariado. Somente tinham direitos a seus benefícios àqueles que
trabalhavam sob-registro e contribuíam para as CAPs (PIRES, 2004).
Com o gradual crescimento das CAPs, o Estado passou a contribuir com os
fundos de aposentadorias e pensões, e começa a gerenciar seus recursos. Em 1930,
criam-se os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) organizados por profissão. A
partir da década de 1950 se dá a criação da Assistência Individual de Saúde (AIS) que
tem seus serviços originados principalmente no setor privado de saúde e são
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comprados pelo Estado com os recursos provindos da Previdência Social, disponíveis
apenas da classe trabalhadora formal. A saúde atrelada a previdência social adquire
importância tamanha para o Estado que, no final da década de 1950, os IAPs são
unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) (PIRES, 2004).
A criação do INPS consolidou o modelo brasileiro de seguro social e de prestação
de serviços médicos. O direito a assistência à saúde não era uma condição de
cidadania, mas uma prerrogativa dos trabalhadores que tinham carteira assinada e,
portanto, contribuíam com a previdência (OLIVEIRA; SOUZA, 1998 apud PIRES, 2004).
No final da década de 1970, o modelo assistencial de saúde atravessou uma crise de
esgotamento. Diversos fatores são apontados para a consecução desse quadro:
econômicos, envelhecimento da população, pois na medida em que aumentava a
população a receber benefícios, diminuía gradativamente a população de contribuintes.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde implementou políticas de atendimento em
saúde para a parcela pobre da população mundial. A abertura política no início da
década de 1980 também influenciou nesta conjuntura e o Estado foi obrigado a abrir
debate sobre novos modelos para a assistência em saúde (PIRES, 2004).
E com isso, o Movimento de Reforma Sanitária, contrário ao modelo de saúde
considerado desestatizante, curante e centralizador, surge nos anos 80, congregando
acadêmicos ligados à Saúde Pública, profissionais da saúde e setores da sociedade. A
Constituição incorpora sua visão de saúde como direito social e dever do Estado.
(TEMPORÃO, 2003). Diz o Artigo 196. Da Constituição Federal que “A saúde é direito
de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
São definidas pelo texto constitucional as principais características do SUS:
universalidade; gratuidade; integridade; organização descentralizada com direção única
em cada esfera de governo; prioridade das atividades preventivas e sem prejuízo das
atividades de assistência; participação da comunidade; financiamento público das três
esferas de governo e participação da iniciativa lucrativa e filantrópica de modo auxiliar
(LUCCHESE, 1996; ANDRADE, PONTES e MARTINS JÚNIOR, 2000 e ANDRADE,
2001).
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Deste modo, o Sistema Único de Saúde (SUS) é fruto dos ideais e das lutas do
Movimento da Reforma Sanitária dos anos 70/80, que resultaram na Lei 8.080 de 1990.
Esta lei define o Sistema Único de Saúde como sendo um conjunto de ações e
serviços, prestados por órgãos e instituições públicas, federais, estaduais e municipais,
da administração direta e indireta e fundações mantidas pelo Poder Público, procurando
unificar todas as instituições e serviços de saúde num único sistema. Tem como
objetivo tentar resolver a dicotomia existente entre a assistência preventiva e curativa,
oferecendo uma atenção integral à saúde (MEDEIROS, 2000).
Nesta mesma lei encontramos os princípios e diretrizes do SUS: I - universalidade
de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; Segundo Pires
(2004), A Saúde é um direito fundamental independente de qualquer quesito. Conforme
a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948): “todo homem tem direito a
um padrão de vida capaz de assegurar, a si e a sua família, saúde e bem-estar,
inclusive alimentação, vestuário, habitação, lazer, os serviços sociais indispensáveis
[...]”. Neste sentido, o direito ao atendimento deve ser garantido a todos os cidadãos,
por cada uma das três esferas de governo. II - integralidade de assistência, entendida
como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do
sistema; Segundo Fontoura (2006), O atendimento integral refere-se ao atendimento
das necessidades dos indivíduos de uma maneira ampliada, sendo um eixo importante
na construção do SUS e constituindo-se como um desafio na caminhada de construção
do sistema. A Integralidade é o próprio caminho que vai transformando as pessoas e
construindo algo melhor. Busca uma assistência ampliada, transformadora, centrada no
indivíduo e não aceita a redução do mesmo nem à doença nem ao aspecto biológico.
Além do atendimento integral, envolve a valorização do cuidado e o acolhimento.
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e
moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de
qualquer espécie; Segundo Pires (2004), igualdade se traduz em equidade, ou seja,
todo cidadão é igual perante o SUS e deverá ser atendido conforme suas
necessidades. As ações em saúde devem ser realizadas conforme a peculiaridade e a
necessidade. As pessoas devem ser abordadas conforme heranças biológicas e
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características próprias, como as realidades geográficas, culturais e sociais. Deve haver
ações de saúde desiguais para pessoas desiguais e iguais para os iguais, oferecendo
mais a quem precisa mais, reduzindo as desigualdades. V - direito à informação, às
pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao
potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da
epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a
orientação programática; VIII - participação da comunidade; Segundo Pires (2004),
Além da decisão dos profissionais, a população deve apresentar certo controle do
planejamento e execução de serviços do SUS. A forma para se efetivar o controle social
são as conferências de saúde e os conselhos de saúde. O Controle Social existe nas
três esferas de governo através do Conselho Nacional de Saúde, dos Conselhos
Estaduais e Municipais de Saúde.
IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de
governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b)
regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; Segundo Pires (2004),
apesar da Direção ser única em cada esfera de governo, deve haver a redistribuição
das responsabilidades de ações e serviços, pelo simples princípio de que quanto mais
perto do problema estiver a decisão tomada, maior chance de acerto. Assim, os
Estados e a União devem ter a responsabilidade técnica e financeira, enquanto os
Municípios executam as ações e serviços de saúde, apresentando poder de decisão.
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e
saneamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e
humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de
serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos
serviços em todos os níveis de assistência; Segundo Pires (2004) resolutividade refere-
se à cobertura de todos os problemas de saúde das diversas regiões, não devendo
haver procedimentos desnecessários, desperdício de recursos, para que o Indivíduo, ao
buscar o atendimento, o encontre. Quanto aos problemas de impacto coletivo, devem
existir serviços capacitados para enfrentar e resolver todos os níveis de sua
complexidade. E XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade
de meios para fins idênticos.
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A forma de atendimento do SUS engloba os três níveis, primário, secundário e
terciário, ou seja, desde o serviço ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo
acesso integral, universal, igualitário e gratuito para toda a população do país. Além
dos atendimentos clássicos tais como, consultas, exames e internações, o Sistema
também promove campanhas de vacinação e ações de prevenção e de vigilância
sanitária – como fiscalização de alimentos e registro de medicamentos –, atingindo,
assim, a vida de cada um dos brasileiros (BRASIL, 2010).
No decorrer dos anos após a implantação do SUS ocorreu uma ampla
descentralização dos recursos e das responsabilidades de gestão sobre os serviços de
saúde (TEIXEIRA, 2005). E a Saúde da Família se configurou como a principal
estratégia impulsionadora da reorganização do modelo de atenção à saúde no âmbito
do SUS, pautada na descentralização do poder, sendo a Estratégia de Saúde da
Família a porta de entrada para um sistema hierarquizado (SOLLA, 2005). É a
PORTARIA Nº 648/GM DE 28 DE MARÇO DE 2006 que aprova a Política Nacional de
Atenção Básica, e estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da
Atenção Básica para a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e o Programa Agentes
Comunitários de Saúde (PACS) (BRASIL, 2011).
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito
individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É
desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e
participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios
bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a
dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias
de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de
saúde de maior freqüência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos
usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da
acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da
integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação
social (BRASIL, 2011).
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Desta forma o desafio básico para o SUS é atender as necessidades reais da
população brasileira. Ele deve buscar equilíbrios dinâmicos entre interesses coletivos e
individuais, entre os diferentes atores sociais de um sistema de atenção, entre a
equidade e a eficiência e entre os controles e liberdades dos profissionais (CAMELO,
2000).
3.2 Imunizações
O processo imunológico pelo qual se desenvolve a proteção conferida pelas
vacinas compreende o conjunto de mecanismos através dos quais o organismo
humano reconhece uma substância como estranha, para, em seguida, metabolizá-la,
neutralizá-la e/ou eliminá-la. A resposta imune do organismo às vacinas depende
basicamente de dois tipos de fatores: os inerentes às vacinas e os relacionados com o
próprio organismo (BRASIL, 2001)1.
A vacina é o imunobiológico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina
isolada ou combinada) sob diversas formas: bactérias ou vírus vivos atenuados, vírus
inativados, bactérias mortas e componentes de agentes infecciosos purificados e/ou
modificados quimicamente ou geneticamente; a vacinação proveniente das salas de
vacina e campanhas é a administração de imunobiológicos para estimulação da
resposta imune do hospedeiro (BRASIL, 2001).
Com o sucesso da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) fortaleceu dentro
do Ministério da Saúde, uma corrente que defendia maiores investimentos no controle
de doenças infecciosas preveníveis por imunização. Algumas iniciativas importantes
ocorridas no período, que se estende de 1973 a 1980, permitem perceber a construção
de uma base técnica, política e institucional que apenas nas décadas seguintes iria
consolidar-se como importante ferramenta do Estado no controle efetivo de algumas
doenças na nosologia prevalente no país. E a conclusão do programa de erradicação
da varíola no Brasil, com a certificação pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em
1973, foi um marco fundamental no início e trajetória do Programa Nacional de
1 Base conceitual utilizada atualmente nos documentos e serviços de capacitação em sala de vacinas.
19
Imunizações (PAI) no país (TEMPORÃO, 2003).Inicialmente o PNI estava
funcionalmente vinculado a Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística de Saúde
(DNEES) (TEMPORÃO, 2003).
O PNI, em seu documento conceitual, refere como exigências programáticas que
seria preciso estender as vacinações às áreas rurais, aperfeiçoar a vigilância
epidemiológica em todo o território nacional, capacitar laboratórios oficiais para a
respaldarem com diagnóstico, instituir pelo menos um laboratório nacional de referência
para o controle de qualidade das vacinas, racionalizar sua aquisição e distribuição e
uniformizar as técnicas de administração além de promover a educação em saúde para
aumentar a receptividade da população aos programas de vacinação (BENCHIMOL,
2001, p. 320).
Porém o PNI se desenvolveu em meio a conflitos; de um lado encontravam-se as
concepções “campanhistas” e de outro as propostas de reforma setorial. Como
podemos perceber com a interpretação da lei 5026 de 1966, denominada Lei Orgânica
das Campanhas Sanitárias, tinha como objetivo coordenar nacionalmente as atividades
públicas e particulares de prevenção e combate de doenças de alcance coletivo. O
texto da lei já reforçava a idéia de campanhas conjunturais para enfrentar epidemias
com a colaboração de instituições privadas, sem dar ênfase à permanência das
atividades de prevenção (BENCHIMOL, 2001). De fato, desde as intervenções
implementadas por Oswaldo Cruz no início do século XX, a estratégia “campanhista”
sempre esteve presente como instrumento de controle de doenças de massa
(TEMPORÃO, 2003). No plano internacional, predominavam os princípios aprovados na
Conferência de Alma-Ata. A varíola foi declarada erradicada do mundo em 1979, e a
OPAS/OMS instituiu o Programa Ampliado de Imunizações (PAI), alinhado com os
princípios de Alma-Ata e voltado para o fortalecimento da vacinação na rede de
serviços. A influência dos organismos internacionais, sobretudo da OMS, foi decisiva no
processo de erradicação da varíola. A experiência desenvolvida neste processo
propiciou a formação de uma massa crítica na área de vigilância epidemiológica e de
imunizações que permitisse construir um modelo próprio de intervenção (TEMPORÃO,
2003).
20
Entretanto, a influência dos organismos internacionais na estruturação e
desenvolvimento do PNI deve ser relativizada. Segundo Quadros (2001), o intercâmbio
entre técnicos do PNI e da OPAS era intenso. O principal esforço desse organismo
internacional era no sentido de capacitar os países da região, estimulando-os a
organizar programas de âmbito nacional, aperfeiçoar a vigilância epidemiológica e os
aspectos gerenciais e logísticos envolvidos, além de capacitar os quadros técnicos
locais. Neste caso, o Brasil apoiou mais do que recebeu apoio. Foi o único país da
América Latina que realmente buscou estruturar um programa de âmbito nacional
(TEMPORÃO, 2003).
Em análise retrospectiva, o PNI seguiu um curso próprio, ou seja, diferenciado dos
ideais dos outros países representado pela Alma-Ata, pois nos dias de hoje
encontramos os dois modelos, os das campanhas (dias nacionais de vacinação) e
como rotina dos serviços básicos de saúde. Segundo Risi Jr (2003), “minha percepção
pessoal é de que o processo desenvolvido, com êxito, na área de imunização, seguiu
no Brasil um curso próprio, diferenciado de outras ações de atenção básica à saúde.
Isso se deveu a características muito peculiares da área de imunização, e ao
desenvolvimento de um modelo operacional capaz de superar desigualdades regionais
muito acentuadas, fazendo-se uso apropriado do forte poder indutor do governo federal.
Apesar dos avanços recentes na descentralização do sistema nacional de saúde, há
um longo caminho a percorrer até que os sistemas locais de saúde assumam
integralmente, e de forma homogênea, a plenitude das ações do programa. Por muito
tempo ainda, deverão coexistir as duas abordagens que, entretanto, são conciliáveis e
podem potencializar-se mutuamente”.
Desta forma, as campanhas de vacinas constituem em uma estratégia cujo
objetivo é o controle de uma doença de forma intensiva ou a ampliação da cobertura
vacinal para complementar trabalho de rotina (BRASIL, 2001); ou seja, campanha é
uma ação que tem um fim determinado e específico. É uma estratégia com abrangência
limitada no tempo, que visa, sobretudo, a vacinação em massa de uma determinada
população, com uma ou mais vacinas (ARANDA, 2001). Tem como característica a
intensa mobilização da comunidade, principalmente por meio dos veículos de
comunicação de massa, e, também, a ampliação do número de postos, faz com que a
21
população fique mais próxima da vacina, possibilitando o alcance de maiores
contingentes e a obtenção de altos índices de cobertura (ARANDA, 2001).
E a outra abordagem é a que se destina a administração de imunobiológicos
proveniente das rotinas em serviços de saúde da rede básica, ou seja, proveniente das
salas de vacinas; local destinado à administração dos imunobiológicos, sendo
importante que todos os procedimentos desenvolvidos garantam a máxima segurança,
prevenindo infecções nas crianças e adultos atendidos, pois nos serviços de saúde, em
função da sua finalidade e das atividades ali desenvolvidas, encontram-se os
hospedeiros mais suscetíveis (crianças, idosos, pacientes imunodeprimidos e outros),
bem como os microorganismos mais resistentes (bactérias, vírus, fungos e outros).
Esses agentes contaminam todo o ambiente, materiais e artigos usados no
atendimento, podendo provocar infecções, às vezes graves, o que exige condições e
procedimentos que reduzam o risco de contaminação. Para isso, as instalações devem
levar em conta um mínimo de condições: as paredes e o piso devem ser laváveis; deve
ter pia com torneira; deve ter interruptor exclusivo para cada equipamento elétrico; deve
ser arejado e ter iluminação adequada, evitando a incidência de luz solar direta; e deve
ter entrada e saída independentes, se possível. Além disso, a sala de vacinação deve
ser mantida em condições de higiene e limpeza e ser exclusiva para a administração
dos imunobiológicos (ARANDA, 2001).
As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas por equipe de enfermagem,
com treinamento específico no manuseio, conservação e administração dos
imunobiológicos. A equipe é composta, preferencialmente, por dois técnicos ou
auxiliares de enfermagem, para cada turno de trabalho. A supervisão e o treinamento
em serviço são realizados por um enfermeiro. E a equipe pode ser ampliada,
dependendo da demanda ao serviço de saúde (ARANDA, 2001).
O esquema de vacinação deve seguir o Calendário Vacinal preconizado pela
Sociedade Brasileira de Pediatria, estabelecido pelo departamento de infectologia. Este
calendário é dinâmico, pois freqüentemente é atualizado adaptando-se as
peculiaridades individuais e epidemiológicas da região de acordo com o momento
(TERTULIANO, 2007). Sendo de responsabilidade do Ministério da Saúde definir as
vacinas de caráter obrigatório em todo o território nacional ou em determinadas regiões
22
do país, de acordo com o comportamento epidemiológico das doenças preveníveis por
vacinação (artigo 26, do Decreto n0 78.231, de 12/08/1976) (ARANDA, 2001).
Desta forma o Programa Nacional de Imunizações (PNI), é quem organiza e
disciplinam as ações de vacinação, executadas em todo o território nacional; estabelece
como prioritária a administração, no primeiro ano de vida, dos seguintes
imunobiológicos: vacina oral contra a poliomielite; tríplice bacteriana (DTP) – contra a
difteria, o tétano e a coqueluche; sarampo; tuberculose (BCG-ID); hepatite B;
haemophilus influenzae tipo b; e febre amarela. É também prioridade do Programa: a
administração da vacina tríplice viral (contra rubéola, caxumba e sarampo) em crianças
a partir dos 12 meses de idade, preferencialmente aos 15 meses; e a administração da
vacina contra a rubéola imediatamente após o parto e após o aborto, bem como em
todas as mulheres em idade fértil, ou seja, mulheres que têm idade entre 12 e 49 anos.
É preconizado, além disso, para as gestantes e mulheres em idade fértil, a
administração da vacina dupla tipo adulto (dT), com a finalidade principal de controlar o
tétano neonatal. Esta vacina está indicada, também, para outros grupos de risco
(escolares, trabalhadores rurais, da construção civil, agricultores, aposentados e
outros), objetivando o controle do tétano acidental e da difteria (ARANDA, 2001).
A situação epidemiológica de outras doenças preveníveis pela vacinação, ou a
existência de regiões geográficas e de grupos populacionais de risco, exigem a
definição de normas e procedimentos relacionados à imunobiológicos específicos para
essas situações, como é o caso das vacinas contra os meningococos A/C e B/C, bem
como da vacina dupla infantil (DT). Da mesma forma, a disponibilidade de outros
imunobiológicos requer a definição de procedimentos para o uso, por exemplo, da
vacina contra a febre tifóide e dos produtos utilizados em situações especiais e em
grupos de risco (ARANDA, 2001).
Desde que foi criado, em 1973, o PNI teve um crescimento contínuo, sobretudo na
última década. A conjugação de vários fatores positivos—como o de ser um programa
que previne doenças e mortes; que oferece eqüidade e universalidade, pois atende a
toda a população indistintamente; a existência da oferta de vacinas de alta qualidade de
forma contínua e permanente no País inteiro, com atendimento de alta qualidade —
permitiu ao PNI obter resultados extraordinários, como a erradicação da poliomielite por
23
vírus selvagem e o menor número de casos notificados de doenças imunopreveníveis
na história da Saúde Pública brasileira. O significado desses resultados é intangível:
milhões de crianças não tiveram doenças que teriam causado sofrimento, seqüelas e
muitas mortes (HOMMA, 2003).
“Completados mais de 30 anos de existência, o Programa Nacional de
Imunizações se consolidou como uma experiência exitosa e singular na história da
saúde pública brasileira. A relevância social do Programa se expressa no sentimento
comum de que a vacinação foi definitivamente incorporada às práticas individuais de
proteção da saúde. Os resultados finalísticos do PNI são incontestes e incluem feitos
tão notáveis como a eliminação da poliomielite e do sarampo, doenças que até
recentemente cobravam pesado tributo, em sofrimento e vidas humanas, sobretudo às
famílias mais carentes. O reconhecimento público do PNI reflete uma sinergia de
esforços entre o governo e a sociedade, raramente experimentada no Brasil”. (RISI JR,
2003).
Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Organização
Mundial de Saúde (OMS), o PNI brasileiro é citado como referência mundial. Por sua
excelência comprovada, o nosso PNI organizou duas campanhas de vacinação no
Timor Leste, ajudou nos programas de imunizações na Palestina, na Cisjordânia e na
Faixa de Gaza. Nós, os brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos no Suriname,
recebemos técnicos de Angola para serem capacitados aqui. Estabelecemos
cooperação técnica com Estados Unidos, México, Guiana Francesa, Argentina,
Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas.
Fizemos doações para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina
(BRASIL, 2003).
3.3 Capacitação dos profissionais da saúde para atu ar em sala de vacina
O ponto de partida para o planejamento da vacinação, em nível municipal, é a
elaboração de um diagnóstico da situação de saúde local. Isto servirá de base para a
definição de metas, estratégias e necessidades de recursos humanos, materiais e
financeiros. O diagnóstico deve conter as características da população e seu perfil
24
epidemiológico. É indispensável, também, conhecer a situação socioeconômica da
população, suas formas de organização, bem como os programas e atividades que
estão sendo desenvolvidos, a quantidade e qualidade dos recursos humanos e
materiais existentes (BRASIL, 2001).
O levantamento dos recursos humanos existentes e disponíveis é essencial para o
planejamento e a decisão sobre admissão, redistribuição, treinamento e reciclagem.
Deve-se identificar a quantidade de profissionais segundo a formação básica, funções,
atividades que desenvolvem, faixa salarial, vínculo empregatício, carga horária,
qualificação, etc (BRASIL, 2001).
Contudo, são especialmente importantes as capacitações dos profissionais, não
só em rede de frio, mas em sala de vacina, vigilância de eventos pós-vacinais, sistema
de informação. Por isso há que se fazerem cursos permanentemente — como o de
epidemiologia, entre outros. O vacinador deve estar preparado para orientar a mãe
sobre as reações possíveis às vacinas. Se acontecer algum problema, primeiro a mãe
deverá procurar o vacinador, antes mesmo de procurar o médico, porque se espera a
criação entre eles de um vínculo de confiança (BRASIL, 2003).
Erros na técnica de aplicação podem causar sérios eventos adversos. Por isso, o
vacinador tem de ter no mínimo o curso técnico ou auxiliar de enfermagem e precisa ser
valorizado. Não depende apenas de dedicação, mas de formação técnica. A aplicação
de uma vacina não é totalmente inócua. Pode provocar febre, abscesso, se for mal
aplicada e tiver contaminação. E quando isso acontece quem a mãe deve procurar? Ela
deverá procurar em primeiro lugar o vacinador; e por isso ele tem de estar preparado.
Hoje, o vacinador precisa estar apto a decidir se aplica quatro vacinas ao mesmo tempo
ou se opta por dar apenas duas e pedir à mãe que retorne outro dia. Em muitos casos,
entretanto, a mãe não volta, e aí se perde a oportunidade da vacinação. Por isso é
preciso investimento na capacitação do vacinador, para ele estar em condição de
discernir e decidir em cada ocasião (BRASIL, 2003).
É de competência do Ministério da Saúde, como das secretarias estaduais e
municipais a capacitação, atualização e aperfeiçoamento dos trabalhadores em sala de
vacina, além do treinamento em vigilância epidemiológica e de outros instrumentais e
25
estratégias disponíveis em imunizações e vigilância epidemiológica. Promovendo a
educação continuada em sala de vacina (ARANDA, 2001).
No lado de quem é vacinado, nota-se que o brasileiro está começando a entender
que tem direito de questionar, de exigir, de correr atrás de qualidade. Isso vem
acontecendo em várias áreas e o Programa Nacional de Imunizações participa desse
processo. É gradativa a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, hoje, contando
com o processo de descentralização pelo qual o Brasil passa. O gestor municipal se
torna responsável por gerir seus recursos e fortalecer a presença do cidadão no
controle social. Muito ainda se tem a fazer, mas existe um caminhar nesse sentido, e o
PNI ganhará com isso. Hoje quase não se encontram filas, quando se vai vacinar —
exceto nos dias de campanha, o que já é esperado. Por outro lado, é preciso estar
atento porque a falta de filas pode ser sinal de que muitas pessoas estão ficando sem
vacinação. Ou seja: o vacinador não pode ficar sentado, esperando. Ele tem de ser
proativo (BRASIL, 2003).
Lembrando que cada município tem uma meta vacinal a atingir, e o vacinador tem
papel primordial neste contexto. As definições de metas, ou seja, a quantificação dos
objetivos e prioridades concretiza as intenções explicitadas no plano ou programação,
facilitando o processo de acompanhamento e avaliação (ARANDA, 2001). E a forma de
avaliar se as metas estão sendo atingidas é pela avaliação da cobertura vacinal.
Chama-se cobertura de vacinação a percentagem da população que foi vacinada num
determinado tempo (mês, trimestre, semestre, ano). A cobertura pode ser calculada
para cada vacina, para cada dose, para o número de doses completadas (terceiras
doses de DTP, hepatite B, contra poliomielite e Haemophilus Influenzae b), bem como
por grupo de idade e áreas geográficas (BRASIL, 2001).
Os percentuais de cobertura precisam ser alcançados e mantidos de forma
homogênea dentro de cada unidade geográfica: os bairros dentro do município, os
municípios dentro do estado e os estados dentro do país. Para a quebra da cadeia
epidemiológica, considerando a população-alvo a ser vacinada (ARANDA, 2001); ou
seja, com os dados de cobertura pode-se concluir, entre outros aspectos, sobre o
acesso da população ao serviço, o grau de aceitação da comunidade ao programa de
vacinação e sobre a sua efetividade. Além disso, esses resultados permitem dirigir as
26
ações de imunizações para grupos mais suscetíveis, revisar as estratégias, acelerar as
atividades para cobrir a população-alvo ou, ainda, assegurar o apoio da comunidade
(BRASIL, 2001).
O vacinador deve entender que a vacinação compreende atividades de
treinamento e motivação da equipe para identificar crianças não vacinadas e vaciná-las,
atividades comunitárias para sensibilizar a população da relevância do problema,
vacinação casa a casa nas épocas de campanhas governamentais, vacinação
sistemática de usuários, busca ativa de casos, avaliação mensal da cobertura vacinal
por método administrativo (obtida com base no número de crianças vacinadas no mês e
no número estimado de crianças na comunidade) e busca domiciliar a faltosos
(MIRANDA, 1995).
Sabemos que a vacinação de rotina consiste no atendimento da população no dia-
a-dia do serviço de saúde. O trabalho rotineiro proporciona o acompanhamento
contínuo e programado das metas previstas, facilitando o monitoramento sistemático
(mensal ou trimestral), de forma a identificar em tempo hábil se as metas estão sendo
alcançadas. Quando são detectadas coberturas vacinais abaixo dos percentuais
estabelecidos, é necessário identificar mecanismos para superação dos problemas. Um
desses mecanismos é a chamada “intensificação da rotina” que consiste em trabalhar o
dia-a-dia de forma mais dinâmica, tornando a vacinação mais acessível à população
suscetível, o que inclui, certamente, a vacinação extramuros. A vacinação extramuros,
quando bem programada, em termos de recursos humanos e materiais, e realizada de
forma sistemática, apresenta resultados proveitosos para a cobertura dessas
populações (ARANDA, 2001).
E a capacitação em sala de vacina oferece mecanismos para que o trabalhador
dessa área consiga ser proativo, pois ele terá o conhecimento dos mecanismos para
avaliar a cobertura vacinal de sua unidade, e com isso criar estratégias para buscar os
faltosos, através da busca ativa. A busca deve ser feita semanalmente, ou
quinzenalmente, de acordo com as possibilidades da equipe de saúde. Poderá ser feita:
indo à casa do faltoso (visita domiciliar), enviando carta ou aerograma, fazendo
chamamentos por alto-falantes volantes ou fixos (em feiras, por exemplo), programas
de rádio, igrejas, escolas, grupos e organizações da comunidade. Pode-se, também,
27
colocar listagens de faltosos na porta do serviço de saúde ou em locais de movimento
na comunidade. A equipe de saúde pode identificar e criar outros meios e mecanismos
para convocar os faltosos à vacinação (BRASIL, 2001).
É indicado realizar os treinamentos no próprio local de trabalho, no entanto, a
participação de profissionais de outros municípios, da instância regional ou estadual,
possibilita o intercâmbio e a atualização de conhecimentos. A metodologia utilizada
deve enfocar a prática e a experiência dos treinandos, evitando formas tradicionais,
baseadas na simples transferência de conhecimentos, habilidades e destrezas. O
Ministério da Saúde dispõe de alguns instrumentos de capacitação para os profissionais
envolvidos diretamente com atividades de vacinação, tais como o treinamento em sala
de vacina, de gerenciamento em rede de frio, em sistema de informação e vigilância de
eventos adversos. As capacitações devem favorecer a aquisição de habilidades
técnicas e o desenvolvimento de atitudes (ARANDA, 2001).
3.4 Acolhimento em sala de vacina
A sala de vacina é o local destinado à administração dos imunobiológicos; as
atividades da sala de vacinação são desenvolvidas por equipe de enfermagem, com
treinamento específico no manuseio, conservação e administração dos
imunobiológicos; e o funcionamento da sala de vacinação envolve as seguintes
atividades: o início do trabalho diário; a triagem da clientela; a orientação específica
inerente a cada vacina; a administração dos imunobiológicos conforme técnica
específica; e o encerramento do trabalho diário (fechamento do boletim diário de doses
aplicadas) e do trabalho mensal (repasse de dados colhidos) (ARANDA, 2001).
A enfermagem exerce papel fundamental em todas as ações de execução do
Programa Nacional de Imunizações, sendo de sua responsabilidade orientar e prestar
assistência à clientela com segurança, responsabilidade e respeito, prover
periodicamente as necessidades de material e imunobiológicos, manter as condições
ideais de conservação de imunobiológicos, manter os equipamentos em boas
condições de funcionamento, acompanhar as doses de vacinas administradas de
acordo com a meta, buscar faltosos, avaliação e acompanhamento sistemático das
28
coberturas vacinais e buscar periodicamente atualização técnico-científica (PEREIRA,
2007).
O vacinador para ser resolutivo, deve manter uma postura proativa; a capacitação
é primordial para esse fim, ele deve ser capaz de criar vínculo com a clientela e a
postura que deve adotar é de um atendimento acolhedor. Acolher é dar acolhida,
admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a, agasalhar, receber, atender, admitir
(FERREIRA, 2004).
O acolhimento como ato ou efeito de acolher expressa, em suas várias definições,
uma ação de aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude
de inclusão. Essa atitude implica, por sua vez, estar em relação com algo ou alguém. É
exatamente nesse sentido, de ação de “estar com” ou “estar perto de”, que queremos
afirmar o acolhimento como uma das diretrizes de maior relevância
ética/estética/política da Política Nacional de Humanização do SUS: ética no que se
refere ao compromisso com o reconhecimento do outro, na atitude de acolhê-lo em
suas diferenças, suas dores, suas alegrias, seus modos de viver, sentir e estar na vida;
estética porque traz para as relações e os encontros do dia-a-dia a invenção de
estratégias que contribuem para a dignificação da vida e do viver e, assim, para a
construção de nossa própria humanidade; política porque implica o compromisso
coletivo de envolver-se neste “estar com”, potencializando protagonismos e vida nos
diferentes encontros (BRASIL, 2006).
O acolhimento é um dos dispositivos que contribui para a efetivação do SUS,
sendo também o mecanismo que o vacinador deve dominar para que sua atuação em
sala de vacina seja eficiente; pois o acolhimento no campo da saúde deve ser
entendido, como modo constitutivo de se produzir saúde e ferramenta tecnológica de
intervenção na qualificação de escuta, construção de vínculo, garantia do acesso com
responsabilização e resolutividade nos serviços (BRASIL, 2006).
Como diretriz, o acolhimento é compreendido como uma tecnologia do encontro,
um regime de afabilidade construído a cada encontro e mediante os encontros, portanto
como construção de redes de conversações afirmadoras de relações de potência nos
processos de produção de saúde (BRASIL, 2006).
29
O acolhimento como ação técnico-assistencial possibilita que se analise o
processo de trabalho em saúde com foco nas relações e pressupõe a mudança da
relação profissional/usuário e sua rede social, profissional/profissional, mediante
parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade, levando ao
reconhecimento do usuário como sujeito e participante ativo no processo de produção
da saúde (BRASIL, 2006).
Sabe-se que a Política de Humanização, deseja traduzir os princípios do SUS em
modos de operar dos diferentes equipamentos e sujeitos da rede de saúde (BRASIL,
2006); Conforme determina a Lei Orgânica de Saúde 8.080/90, que institui o SUS,
integralidade é a integração de atos preventivos, curativos, individuais e coletivos. Ela é
uma temática com várias concepções e sentidos, porém, seu alicerce está na qualidade
do atendimento prestado ao usuário, envolvendo questões como: cuidado, acolhimento,
visão ampliada entre outros. Considerada um termo plural, ético e democrático com
diferentes sentidos e usos. É a base que norteia o acolhimento nas práticas de
produção em saúde. Assim, os profissionais devem refletir sobre os alcances e limites
da integralidade bem como, acerca da necessidade da efetivação real deste princípio
no cotidiano dos serviços como tarefa fundamental para a saúde coletiva e para a
eficiência e eficácia do Sistema Único de Saúde (FONTOURA, 2006).
Desta forma, integralidade existe em ato e pode ser demandada na organização
de serviços e renovação das práticas de saúde, sendo reconhecida nas práticas que
valorizam o cuidado e que têm em suas concepções a idéia força de considerar o
usuário como sujeito a ser atendido e respeitado em suas demandas e necessidades
(GOMES, 2005).
Sem acolher e vincular não se concretiza a responsabilização e, tampouco, a
otimização tecnológica das resolubilidades que efetivamente impactam os processos
sociais de produção da saúde e da doença (FRACOLLI, 2004). Sendo assim o
vacinador que não mantém uma postura acolhedora não conseguirá criar o vínculo tão
esperado, e com isso não conseguirá atingir as metas pré-estabelecidas; ou seja, não
atingirá a cobertura vacinal esperada para sua unidade. O enfermeiro neste contexto
tem papel primordial, pois é ele com seu conhecimento técnico-científico, que
conseguirá sensibilizar por meio de capacitações e educação continuada os
30
trabalhadores da sala de vacina nas técnicas de acolhimento preconizadas pela política
de humanização do SUS, e com isso alcançando os objetivos propostos pela OMS e
pelo próprio PNI (PEREIRA, 2007).
O acolhimento deve ser entendido mais do que um fenômeno linguístico, do
discurso verbal, deve traduzir-se em intencionalidade de ações. Ele possibilitará a
captação das necessidades de saúde manifestadas pelo usuário e disparará
imediatamente na instituição um processo de trabalho concretizado em ações que
responderão a necessidades captadas (FRACOLLI, 2004).
31
4 METODOLOGIA
Neste capítulo foram definidos os delineamentos, instrumentos e aspectos éticos
que nortearam esta pesquisa.
4.1 Tipo de estudo
Estudo descritivo com abordagem qualitativa. Moraes (2003) refere que
pesquisas qualitativas vêm sendo utilizadas cada vez mais em análises textuais, por
apresentar o objetivo de aprofundar a compreensão dos fenômenos que investiga,
utilizando uma análise criteriosa e rigorosa desse tipo de informação, isto é, não
pretende comprovar hipóteses ou refutá-las ao final da pesquisa, mas compreendê-la.
O enfoque do estudo é baseado no método de análise textual discursiva de Roque de
Moraes (2003) que propõe a análise em três etapas: a unitarização, a categorização e a
elaboração do meta-texto.
4.2 Questões norteadoras
- Qual a forma de capacitação para técnicas de acolhimento em sala de vacina o
profissional foi submetido.
- Como é feita a abordagem do usuário de sala de vacina pelo profissional de
enfermagem.
- Qual a leitura do técnico de enfermagem sobre a caderneta de vacinação.
- Qual a resposta do técnico de enfermagem frente aos questionamentos dos
responsáveis legais que acompanham crianças a sala de vacinas.
4.3 Cenário de Estudo
Salas de vacina de duas Unidade Básica de Saúde (UBS), vinculadas a Secretaria
Municipal de Saúde (SMS) de um município de pequeno porte da Região Metropolitana
de Porto Alegre-RS. As duas salas de vacinas possuem mobiliário conforme
preconizado pelo PNI (bancada para preparo dos imunobiológicos; refrigerador para
32
conservação dos imunobiológicos; fichário e arquivo; mesa tipo escrivaninha com
gavetas; três Cadeiras; suporte para papel toalha; armário com porta para guarda de
material; ar condicionado), uma não possui janela para o meio externo a outra possui
mantendo o ambiente arejado, as paredes e pisos de ambas são laváveis apresentando
pia com torneira e iluminação adequadas (evitando a incidência de luz solar direta).
As salas possuem dois turnos de trabalho, sendo que, cada turno, é formado por
um técnico de enfermagem, e um enfermeiro responsável.
Nestas salas de vacinas são administrados os imunubiológicos preconizados pelo
PNI. Seguindo o calendário vacinal de acordo com a faixa etária. Uma sala de vacina
tem como média mensal de administração de imunobiológicos 525 doses/mês e a outra
276 doses/mês (BANCO DE DADOS DA SMS, 2011).
4.4 Sujeitos Participantes
Os participantes da pesquisa foram os vacinadores (auxiliares ou técnicos de
enfermagem) que atuam em sala de vacina.
4.3.2 Critérios de Inclusão
- Profissionais de ambos os sexos;
- Auxiliar ou técnicos de enfermagem que atuam nas salas de vacina em um período
mínimo de seis meses;
- Estar disposto a participar do estudo;
- Auxiliares ou técnicos de enfermagem que assinaram o termo de consentimento livre
esclarecido.
4.3.3 Critérios de Exclusão - Enfermeiros que atuam em sala de vacina
33
- Profissionais de enfermagem de nível médio que estejam cursando e/ou concluído a
graduação em enfermagem
- Auxiliares ou técnicos que se negaram a assinar o termo de consentimento livre
esclarecido.
4.5 Coleta de Dados
A coleta de dados se deu através da proposição de questões colocadas de forma
aberta e clara, num ambiente tranqüilo e já conhecido, ou seja, na própria sala de
vacina. Houve um contato direto com os coordenadores das Unidades Básicas de
Saúde afim de que tenham ciência da natureza do estudo. A seleção se deu através
dos critérios de inclusão e exclusão definidos anteriormente.
Selecionados os sujeitos, o contato com os auxiliares ou técnicos foram realizados
durante o período de trabalho em visita previamente agendada com a coordenação das
Unidades. A cada participante foi apresentado o Termo de Consentimento Livre
Esclarecido, (Apêndice A) em duas vias, na qual uma ficou de posse do entrevistado e
outra do pesquisador. O instrumento de coleta de dados foi o Roteiro de Entrevista
apresentado no Apêndice B, sendo comum a todos e a entrevista gravada em
dispositivo de mídia MP3. O estudo proposto foi realizado nas salas de vacina de duas
UBSs do município base.
4.6 Método de Análise
Após a realização das entrevistas, as informações coletadas e transcritas foram
submetidas à análise textual discursiva descrita por Moraes (2003).
Os desafios da análise textual não se resume apenas na redação do meta-texto,
mas na forma como o trajeto de análise foi realizado que revelará a sua eficácia.
Visando analisar o contexto, conforme os pressupostos de Moraes (2003):
É importante considerar que um mesmo texto permite a retirada de diferentes sentidos, dependendo, por exemplo, das intenções do pesquisador e das referências teóricas que estão sendo empregadas na análise. Isso representa dizer que o quão amplo for o embasamento teórico no assunto e o quanto mais
34
próximo a uma postura fenomenológica, ou seja, que suspenda o juízo, estiver o pesquisador, maiores serão as chances de que este compreenda e, assim, consiga comunicar aquilo que compreendeu.
O processo de análise textual discursiva apresentada por Moraes (2003) divide-se
em três etapas principais: a unitarização, a categorização e a elaboração do meta-texto.
a) Unitarização: a descontrução do “corpus”
Implica examinar os materiais em seus detalhes, fragmentando-os no sentido de
atingir unidades constituintes e enunciados referentes aos fenômenos estudados, ou
seja, implica colocar o foco nos detalhes e nas partes componentes e com essa
fragmentação ou desconstrução dos textos, pretende-se conseguir perceber os
sentidos dos textos em diferentes limites de seus pormenores. É o próprio pesquisador
que decide em que medida fragmentará seus textos, podendo daí resultar unidades de
análise de maior ou menor amplitude. Para a identificação destas unidades de análise o
pesquisador utilizará códigos que indicarão a origem de cada unidade.
b) Categorização
Implica na construção de relações entre as unidades de base, combinando-as
classificando-as no sentido de compreender como esses elementos unitários podem ser
reunidos na formação de conjuntos mais complexos, as categorias. A categorização é
uma das etapas mais criativas da análise de conteúdo.
c) Elaboração do meta-texto
O meta-texto representa um esforço em explicitar a compreensão que se
apresenta como produto de uma nova combinação dos elementos construídos ao longo
dos passos anteriores. Moraes (2003) relata que a “pretensão não é o retorno aos
textos originais, mas a construção de um novo texto”. Portanto se busca criar novos
significados que podem ser desde os mais superficiais até as mais profundas dos
discursos.
4.7 Preceitos Éticos
A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa do Unilasalle, Cada
contato foi previamente combinado com a coordenação, entre as pessoas apontadas
dentro dos critérios de inclusão e exclusão. Foi oferecido um termo de consentimento,
35
devidamente explicado e esclarecido e livre, garantindo a autonomia dos participantes,
respeitando seu direito de se retirar da pesquisa em qualquer época, por espontânea
vontade. A pesquisa tratou-os em sua dignidade, respeito, comprometendo-se em
oferecer o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos. Dando garantia de que
danos previsíveis foram evitados. Será mantido o sigilo dos entrevistados, sendo suas
falas identificadas pelas letras “A” de auxiliar de enfermagem, “T” de técnico de
enfermagem, algarismos arábicos iniciando por “1”, seguidas da letra “U” (unidade de
significado) acompanhada pela numeração arábica.
36
5 ANALISE DOS DADOS
Neste capítulo serão apresentados os dados que após recortados em unidades de
significado e agrupados, geraram quatro categorias conforme os objetivos específicos
do proposto estudo.
5.1 Capacitação para técnicas de acolhimento em sal a de vacina
A capacitação em técnicas de vacina foi mencionada pelos entrevistados como
sendo apenas uma questão técnica e no início das atividades profissionais, pois, “Bem!
Assim ó! Eu fiz quando entrei no centro de saúde de Canoas. Assim, capacitação nas
vacinas, BCG” (AE1U1); “Aliás, a única capacitação que eu recebi foi a da vacina BCG”
(TE2U2); “Bom, eu tive uma capacitação na 1º Coordenadoria de Saúde sobre vacinas
e a da BCG, nesta capacitação foi explicado às rotinas, como funciona a sala de
vacina” (TE3U1) Tal apontamento vai de encontro como o que preconiza o Ministério da
Saúde que afirma serem especialmente importantes às capacitações dos profissionais,
não só em rede de frio, mas em sala de vacina, vigilância de eventos pós-vacinais,
sistema de informação, que afirma também ser importante que estes cursos sejam
realizados de forma permanentemente (BRASIL, 2003).
As capacitações foram descritas de maneira técnica em detrimento as formas de
acolhimento visto que quando questionados os entrevistados afirmaram que:
No acolhimento não.(AE1U2) E treinamento e/ou capacitação nas técnicas de acolhimento em sala de vacina também não tive nenhuma, aliás, desconheço tais técnicas. (TE1U3) Eu desconheço as técnicas de acolhimento em sala de vacina por meio de capacitação, e muito menos por informes da minha chefia imediata. (TE2U3) Mas deixa eu te perguntar o acolhimento é assim à maneira das vacinas nas geladeiras, quando chega,... de guardar as vacinas e da aplicação, não é isso aí? (AE1U5)
O vacinador para ser resolutivo, deve manter uma postura proativa; a capacitação
é primordial para esse fim, ele deve ser capaz de criar vínculo com a clientela e a
postura que deve adotar é de um atendimento acolhedor. Acolher é dar acolhida,
37
admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a, agasalhar, receber, atender, admitir
(FERREIRA, 2004).
E quando houve capacitação está se mostrou deficiente nas técnicas de
acolhimento, “E em relação ao acolhimento do usuário foi explanado pouca coisa, foi
bem sucinto seria como tu vai chegar à mãe, conversar com a mãe, quais as
explicações e orientações que tu vai dar pra mãe” (TE3U2). Ou ocasionando confusão
em relação às técnicas de acolhimento com busca ativa, “Mas muito pouco como tu
deve acolher melhor a mãe, foi mais sobre busca ativa, em como buscar” (TE3U3). A
capacitação em sala de vacina oferece mecanismos para que o trabalhador dessa área
consiga ser proativo, pois ele terá o conhecimento dos mecanismos para avaliar a
cobertura vacinal de sua unidade, e com isso criar estratégias para buscar os faltosos,
através da busca ativa. A busca deve ser feita semanalmente, ou quinzenalmente, de
acordo com as possibilidades da equipe de saúde (BRASIL, 2001).
Em contra partida o acolhimento é um dos dispositivos que contribui para a
efetivação do SUS, sendo também o mecanismo que o vacinador deve dominar para
que sua atuação em sala de vacina seja eficiente; pois o acolhimento no campo da
saúde deve ser entendido, como modo constitutivo de se produzir saúde e ferramenta
tecnológica de intervenção na qualificação de escuta, construção de vínculo, garantia
do acesso com responsabilização e resolutividade nos serviços (BRASIL, 2006).
Outra questão observada foi a não capacitação em sala de vacina, ou seja, foi
mencionado um treinamento de forma informal, “O treinamento foi meio que “cair de
paraquedas” tipo assim, eu fui treinada ou auxiliada pelas colegas que já trabalhavam
na sala de vacina que já tinham conhecimento” (TE1U1); “Mas quando vem vacina
nova, a [...] me passa a norma técnica, pra administrar a vacina” (AEU3). Essa conduta
vai contra ao que preconiza o Ministério da Saúde, pois, é de competência das
secretarias estaduais e municipais a capacitação, atualização e aperfeiçoamento dos
trabalhadores em sala de vacina, além do treinamento em vigilância epidemiológica e
de outros instrumentais e estratégias disponíveis em imunizações e vigilância
epidemiológica. Promovendo a educação continuada em sala de vacina (ARANDA,
2001).
38
Diante desta perspectiva de não capacitação formal observa-se um déficit de
educação continuada em sala de vacina, como se evidencia nesta resposta: “O
treinamento na verdade não teve nenhum, nem da 1º Coordenadoria de Saúde nem da
minha chefia imediata” (TE1U2); “E as outras vacinas foi quando eu entrei” (AE1U4).
Segundo Aranda (2001) é indicado realizar os treinamentos no próprio local de trabalho,
no entanto, a participação de profissionais de outros municípios, da instância regional
ou estadual, possibilita o intercâmbio e a atualização de conhecimentos. A metodologia
utilizada deve enfocar a prática e a experiência dos treinandos, evitando formas
tradicionais, baseadas na simples transferência de conhecimentos, habilidades e
destrezas.
5.2 Abordagem do usuário de sala de vacina pelo pro fissional de enfermagem
A abordagem do usuário pelo profissional segue algumas etapas, mas em um
primeiro momento a abordagem questionada, foi confundida com técnicas de
acondicionamento de vacinas, “Bom! É assim, quando chega à vacina a gente guarda
ela nas prateleiras da geladeira, assim oh, viral com viral em cima e bacteriana com
bacterianas as de baixo; e a geladeira de estoque”(AE1U6), contudo todas as
abordagens na sua grande maioria estão pautadas em primeira instância pela
caderneta de vacinação como podemos observar nos diálogos a seguir:
É assim a criança chega, tem a carteirinha de vacina aí tu vê a idade (AE1U7); Eu pergunto qual a vacina que ele veio fazer e aí avalio a carteirinha de vacina (TE2U4); Eu chego na mãe e pergunto qual a vacina que a criança veio fazer (TE3U4);
Apurou-se que apenas um entrevistado(a) aborda o usuário com pergunta sobre
sua saúde, aprofundando informações sobre o mesmo; “se a criança está bem de
saúde, se não está em uso de ATB, de corticoide essas são as perguntas que eu faço
normalmente” (TE3U5). Vale a ressalve que o acolhimento como diretriz, é
compreendido como uma tecnologia do encontro, um regime de afabilidade construído
a cada encontro e mediante os encontros, portanto como construção de redes de
conversações afirmadoras de relações de potência nos processos de produção de
39
saúde (BRASIL, 2006). Desta forma a arte da conversação é base fundamental para o
acolhimento.
A abordagem muitas vezes, apareceu na fala dos entrevistados como sendo feita
apenas com base na técnica, na verdade, explicando a técnica de aplicação da vacina:
E agora tem a pneumococo né! É nova, aí tu explica pra ela as vacinas, se são duas picadas ou uma, se é gota, que são as de dois, quatro e seis meses (AEU8); Falo quantas picadas à criança irá fazer já falo do aprazamento da seguinte dose (TE1U5); E vamos a aplicação posicionar a criança da melhor maneira, pra não ter problema e é isso (TE1U6);
Explicando possíveis efeitos adversos e terapêuticos:
E depois eu explico a vacina que ela irá tomar, qual é, como age, e para que ela é importante (TE3U6); E aí explica que aquilo vai dar uma reação vai doer, febre, dor no local e que pode fazer compressa no banho e se tiver dor ou febre ela pode medicar, com o remedinho que tá acostumada a tomar (AEU9); Bom! Primeiro eu oriento a mãe sobre a vacina que vai ser feita as reações, as mais comuns (TE1U4);
E nos aprazamentos e registros da sala de vacina:
Vejo o que ele fez e o que ele precisa fazer e o que ele irá fazer depois (TE2U5); E vejo se não há nenhuma atrasada e tento dar prioridade, na verdade as prioridades das vacinas, qual que deverá fazer primeiro (TE3U7);
Segundo Aranda (2001), a sala de vacina é o local destinado à administração dos
imunobiológicos; as atividades da sala de vacinação são desenvolvidas por equipe de
enfermagem, com treinamento específico no manuseio, conservação e administração
dos imunobiológicos; e o funcionamento da sala de vacinação envolve as seguintes
atividades: o início do trabalho diário; a triagem da clientela; a orientação específica
inerente a cada vacina; a administração dos imunobiológicos conforme técnica
específica. Mas o profissional de sala de vacina deve estar preparado para orientar a
mãe sobre as reações possíveis às vacinas; e se acontecer algum problema, primeiro a
mãe deverá procurar o vacinador, antes mesmo de procurar o médico, porque se
espera a criação entre eles de um vínculo de confiança (BRASIL, 2003). Sendo o
40
acolhimento à base para criação do vínculo que preconiza o Ministério da Saúde, como
forma de atendimento humanizado.
5.3 A leitura do técnico de enfermagem sobre a cade rneta de vacinação
A leitura em um primeiro momento é feita pela idade das crianças e pelos
aprazamentos vacinais encontrados nas cadernetas de vacinação; “Assim tu vai ver a
idade os meses” (AE1U10); “Através das idades” (TE2U6); “Tipo assim, se é sabin é
dois meses, se é rota vírus é de dois e quatro meses, depois tem a tetravalente que é
de dois, quatro e seis meses depois tem reforço com quatro anos, é assim conforme o
calendário” (AE1U11); “ Das datas e o que já fez”(TE2U7). Porém tem como base
primordial o calendário vacinal preconizado pelo Ministério da Saúde, como se nota
nestas respostas:
Pelo calendário vacinal, o que tá na tabela as informações, o que tem na sala de vacina (TE1U7); Sempre pelo calendário vacinal (TE1U10); Através do calendário vacinal infantil e adulto também (TE2U8); Na verdade é pelo calendário nacional de vacinação (TE3U9); Faço a leitura de acordo com aquilo que aprendi na capacitação,na sala de vacina existe um manual, onde a gente busca certas informações e por ali nos orientamos. (TE3U8)
Segundo Tertuliano (2007), o esquema de vacinação deve seguir o Calendário
Vacinal preconizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, estabelecido pelo
departamento de infectologia. Este calendário é dinâmico, pois frequentemente é
atualizado adaptando-se as peculiaridades individuais e epidemiológicas da região de
acordo com o momento.
Porém há leituras sendo feitas com base em capacitações informais: “porque
quando entra uma vacina nova vem uma norma técnica, aí a gente lê e segue o que ela
diz” (TE1U9); “Conforme ela vai mudando a gente se aprimora para colocar em prática
as mudanças” (TE3U10); Cabe aqui o lembrete de que é responsabilidade do Ministério
da Saúde definir as vacinas de caráter obrigatório em todo o território nacional ou em
determinadas regiões do país, de acordo com o comportamento epidemiológico das
doenças preveníveis por vacinação (artigo 26, do Decreto n0 78.231, de 12/08/1976)
41
(ARANDA, 2001). Sendo de competência do mesmo, como das secretarias estaduais e
municipais a capacitação, atualização e aperfeiçoamento dos trabalhadores em sala de
vacina (ARANDA, 2001).
Ficou evidenciado que há uma busca de conhecimento pelo profissional de sala
de vacina, que procura se atualizar, ou seja, ele busca saber e entender as
modificações ocorridas no calendário; “e pelo nosso conhecimento sempre tentando se
atualizar” (TE1U8). Sabemos que a supervisão e o treinamento em serviço de
vacinação são realizados por um enfermeiro(a) (ARANDA, 2001). Sendo também, de
sua responsabilidade repassar os últimos informes do calendário vacinal, promovendo
desta forma a educação continuada em sala de vacina (ARANDA, 2001).
Outro ponto encontrado na leitura do técnico sobre a caderneta de vacinação é
através de prioridades em atraso; “E quando tá atrasada a vacina tu vai fazer aquela
que não tem nenhuma dose, a atrasada”. “É aquela de um ano”. É isso! (AE1U12); o
Programa Nacional de Imunizações (PNI) é quem organiza e disciplinam as ações de
vacinação, executadas em todo o território nacional ele estabelece como prioritária a
administração, no primeiro ano de vida as vacinas que compõe o calendário vacinal
(ARANDA, 2001).
5.4 A resposta do técnico de enfermagem frente aos questionamentos dos
responsáveis legais que acompanham crianças a sala de vacinas
As respostas dos técnicos de enfermagem frente aos questionamentos dos
responsáveis legais foram de cunho técnico, ou seja, as respostas se basearam em
conhecimentos técnicos sobre vacinação, como se percebe nestes diálogos;
Assim tu tens que explicar o tipo de vacina que tu vai tá fazendo; o que pode dar assim oh! Dor, febre. Orientação, assim orientar! As reações! (AE1U13); Eu explico qual é a vacina e a patologia que ela previne (TE2U8); Eu tento explicar a necessidade de cada vacina e explicar para os pais a importância dela (TE3U10);
42
A enfermagem exerce papel fundamental em todas as ações de execução do
Programa Nacional de Imunizações, sendo de sua responsabilidade orientar e prestar
assistência à clientela com segurança, responsabilidade e respeito (PEREIRA, 2007).
Diante dos questionamentos dos tutores legais os entrevistados afirmam
manterem uma postura e conduta técnica, ou seja, a de orientações em relação à
vacinação;
Postura de esclarecimento (TE1U13); Independente de ele me questionar ou não, pra que serve e qual a patologia que previne e quando deve voltar (TE2U9); Eu sempre argumento a importância da vacina (TE2U10); Porque nem todos os pais tem esta consciência da importância, alguns fazem porque virou rotina ou porque o médico mandou desta forma sempre tento explicar a importância (TE3U11); Por exemplo, a rota vírus que tem tempo determinado e prazo para tomar tu tem que explicar a importância pra mãe, pra ela não atrasar (TE3U14);
No lado de quem é vacinado, nota-se que o brasileiro está começando a entender
que tem direito de questionar, de exigir, de correr atrás de qualidade. Isso vem
acontecendo em várias áreas e o Programa Nacional de Imunizações participa desse
processo. Sendo o gestor municipal o responsável por gerir seus recursos humanos
capacitando-os para melhor atender e fortalecer a presença do cidadão no controle
social (BRASIL, 2003).
Com isso constata-se que um dos entrevistados compreende o sentido de
promoção em saúde, pois não se portam apenas como replicadores de técnicas de
administração de imunobiológicos; mantendo uma postura educativa no contexto da
vacinação rotineira; “Eu vejo isso muito com as gestantes elas não compreendem o
porquê é importante à vacina do tétano, que vai prevenir o tétano neonatal” (TE3U12);
“E com a mãe da criança também, eu sempre pergunto pra elas se elas entendem as
vacinas que vão fazer e se elas tem dúvidas em relação às outras e tento explicar a
importância, e também pra elas entenderem as vacinas que elas estão tomando”
(TE3U13). Em contra partida entendemos que um dos entrevistados necessita ir atrás
do conhecimento; reflexo de uma capacitação de cunho informal: “eu também tento
estar sempre procurando saber pra conseguir esclarecer da melhor forma possível, os
aprazamentos essas coisas assim” (TE1U12). A supervisão e o treinamento em
43
serviços de vacinação são realizados pela enfermagem, ou seja, o enfermeiro(a)
desempenhará este papel, juntamente com os outros gestores das outras esferas
administrativas (ARANDA, 2001).
Outra postura frente aos questionamentos dos tutores legais foi à persuasão dos
mesmos, quando estes se mostravam resistentes às administrações das vacinas;
“Quando eu encontro mães resistentes a não fazer as vacinas, eu lembro a mãe que a
vacinação do seu filho é uma obrigação dela para com ele e um direito dele” (TE3U15).
Ou uma conduta persuasiva frente ao sentimento de pesar, como podemos perceber
neste diálogo: “E a maioria não quer dar a vacina por causa da picada né! Elas têm dó,
aí explico que agora é só uma picadinha, mas se ficarem doentes serão várias, pois
muitas vezes vão ser hospitalizados, e que podem vir a óbito, aí quando tu diz isso elas
se preocupam e acabam fazendo as doses das vacinas” (TE3U16).Esta postura de
persuasão não vai de encontro as Políticas de Humanização do SUS; pois o que se
espera deste profissional é uma postura acolhedora, ou seja, como ato ou efeito;
acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de aproximação, um “estar
com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão. Essa atitude implica, por
sua vez, estar em relação com algo ou alguém. É exatamente nesse sentido, de ação
de “estar com” ou “estar perto de”, que afirmamos o acolhimento como uma das
diretrizes de maior relevância ética/estética/política desta atual diretriz (BRASIL, 2006).
Outra postura encontrada foi uma conduta equivocada e/ou negligência por parte
do entrevistado, em relação aos questionamentos dos responsáveis legais: “E quando a
mãe é resistente e a criança tem duas ou três vacinas atrasada eu pergunto se ela quer
fazer as três e se ela não quer fazer eu não insisto, porque depois a gente sabe que dá
reação mesmo né!” (AE1U14); “Mas ela vai sempre achar que foi tua culpa, que foi a
técnica de enfermagem aí eu não faço porque ela não vai voltar mais. E se eu insistir e
der qualquer complicação às mães vão dizer que a culpa é da técnica de enfermagem
que insistiu. Eu particularmente não faço as três doses atrasadas, porque depois fica na
consciência da pessoa, né! Na tua!” (AE1U15). Hoje, o vacinador precisa estar apto a
decidir se aplica quatro vacinas ao mesmo tempo ou se opta por dar apenas duas e
pedir à mãe que retorne outro dia. Em muitos casos, entretanto, a mãe não volta, e aí
se perde a oportunidade da vacinação (BRASIL, 2003).
44
Por isso é preciso investimento na capacitação do vacinador, para ele estar em
condição de discernir e decidir em cada ocasião. Erros na técnica de aplicação podem
causar sérios eventos adversos. Por isso, o vacinador tem de ter no mínimo o curso
técnico ou auxiliar de enfermagem e precisa ser valorizado. Não depende apenas de
dedicação, mas de formação técnica. Da mesma forma que a aplicação de uma vacina
não é totalmente inócua. Pode provocar febre, abscesso, e se for mal aplicada poderá
haver contaminação. E se isso acontecer à mãe deverá procurar o vacinador em
primeiro lugar, pois entendemos que este deverá manter um posicionamento de
respeito e confiabilidade em relação ao usuário de sala de vacina; devendo estar
preparado para toda e qualquer intercorrência em relação à vacinação de rotina
(BRASIL, 2003).
45
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O vacinador é um dos profissionais do SUS responsáveis pela eficiência e eficácia
do PNI, pois de nada adianta uma rede de vacinação bem estruturada e harmoniosa se
na linha de frente o profissional não for proativo, resolutivo, responsável, comunicativo e
capaz de criar vínculo com usuário; e para isso entende-se que o acolhimento como
tecnologia permitirá que se analise o processo de trabalho em saúde com foco nas
relações, possibilitando mudanças quando se fazem necessárias em relação ao
profissional/usuário. Pois o acolhimento é compreendido como uma tecnologia do
encontro, ou seja, um método que nos permite interagir com outras pessoas, um modo
de nos relacionarmos com o nosso cliente e/ou usuário, nos permitindo a construção de
um relacionamento profissional respeitoso, de confiabilidade mutua.
A capacitação para técnicas de acolhimento em sala de vacina não foi
reconhecida pelos entrevistados e, quando ela foi mencionada, foi confundida com
busca ativa do usuário de sala de vacina. Na verdade, percebe-se um déficit de
capacitação em alguns sentidos, pois os profissionais apontaram para a falta de
capacitações formais para atuarem como vacinadores. Os que tiveram capacitação
técnica definiam-na como formação para replicadores de técnicas de aplicação em
imunobiológicos.
A abordagem do usuário de sala de vacina pelo profissional de enfermagem se dá
através das cadernetas de vacinação, ou seja, com base técnica, pois se baseia nas
idades, explicando a técnica de aplicação dos imunobiológicos, os possíveis efeitos
adversos e terapêuticos e nos aprazamentos e registros da sala de vacina.
No que se refere à leitura que o técnico de enfermagem faz sobre a caderneta de
vacinação em um primeiro momento são pelas idades dos usuários de sala de vacina e
após pelo calendário de vacinação vigente, sendo esta resposta encontrada em todos
os entrevistados. Mas há também leituras sendo feitas com base em capacitações
informais, onde profissionais acabam por utilizar informações de buscas próprias,
baseando-se na dinamicidade do calendário vacinal, valendo a ressalve que este deve
mudar conforme o perfil epidemiológico da região. Outro ponto encontrado na leitura do
técnico sobre a caderneta de vacinação é através de prioridades em atraso, ele deixa
46
claro que sempre fará a em atraso primeiro, mesmo quando o calendário vacinal mostra
que deveria realizar outra vacina concomitante com aquela em atraso.
No que diz respeito às respostas dos técnicos de enfermagem frente aos
questionamentos dos responsáveis legais que acompanham crianças a sala de vacinas,
as respostas encontram-se sendo realizadas de maneira técnica, ou seja, as respostas
se basearam em conhecimentos técnicos sobre vacinação; os mesmos nos afirmam
que a postura que adotam em relação aos questionamentos dos responsáveis legais é
de esclarecimento, na verdade, explicando quanto à importância da vacinação.
Percebe-se que um dos entrevistados compreende o sentido de promoção em
saúde, pois mantem uma postura educativa no contexto da vacinação rotineira; e outro
ainda necessita ir atrás do conhecimento para conseguir responder aos
questionamentos. Outra postura usada por um dos entrevistados é a de persuasão
frente à recusa do tutor legal em relação a não vacinação e uma postura de conduta
equivocada e/ou negligência de outro entrevistado frente à mesma situação.
O acolhimento é um dos dispositivos que o vacinador deve dominar para que sua
atuação em sala de vacina seja eficiente; pois esta ferramenta no campo da saúde
deve ser entendida como modo constitutivo de se produzir saúde e ferramenta
tecnológica de intervenção na qualificação de escuta. Ele é um meio para se chegar a
um fim com eficiência, ou seja, sem acolhimento não há a criação de vínculo tão
esperada entre usuário e profissional (vacinador), e com isso não se mantém um
relacionamento de confiabilidade; lembrando que o usuário de sala de vacina não está
em “condição de doença”, ele busca “a não doença”, está em uma condição preventiva.
E para que as coberturas vacinais estejam dentro das metas previstas o acolhimento se
faz necessário como tecnologia da criação de vínculo entre usuário e profissional
garantindo um acesso com responsabilização e resolutividade nos serviços de
imunização.
No presente estudo fica o indicativo para a revisão e continuidade da capacitação
dos profissionais desta área, na verdade o vacinador ainda é visto e compreendido pelo
administrador/gestor imediato como apenas replicador de doses de vacina. Neste
sentido, sugere-se que possa haver rediscussões no que tange as ações de
47
acolhimento em sala de vacina, para qualificar ainda mais o trabalho que já esta em
prática.
A enfermagem tem papel primordial no contexto das imunizações, ou seja, em
todas as ações de execução do Programa Nacional de Imunizações (PNI), desde sua
implantação na atenção primária, como também a manutenção e administração das
rotinas da sala de vacinação. Novamente vale afirmar, que é de competência do
enfermeiro a avaliação dos serviços como também a educação do corpo técnico deste
setor. Desta forma, a capacitação para as técnicas de acolhimento assim como outros;
dos colaboradores deste setor, torna-se a base para o bom funcionamento.
Promovendo um atendimento eficiente e eficaz que atingirá as metas previstas e que irá
ao encontro com o que preconiza as políticas de humanização do SUS.
48
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APENDICE A - Termo de consentimento livre e esclare cido termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE
Sou Profº. Me. Fabiano Silva da Silva do curso de enfermagem do Unilasalle-Canoas/RS e juntamente com a acadêmica de enfermagem da mesma universidade Sabrina de Vargas Muniz. Gostaríamos de lhe convidar para participar da pesquisa que estamos realizando sobre acolhimento em sala de vacina. O objetivo desta pesquisa é compreender a sua percepção sobre o acolhimento em sala de vacina. Pois o acolhimento é uma estratégia fundamental, que consiste na reorganização do processo de trabalho de maneira a atender a todos que procuram os serviços de saúde, fortalecendo o princípio da universalidade e a busca da integralidade e da equidade; sendo esses uns dos princípios do SUS. 1. A sua participação na pesquisa iniciará após a leitura, o esclarecimento de possíveis dúvidas e do seu consentimento livre esclarecido. 2. O método para avaliação será através da coleta de dados da por meio de questões colocadas de forma aberta e clara, gravadas em mídia mp3. 3. Todo e qualquer esclarecimento sobre quaisquer aspectos da pesquisa antes e durante o seu desenvolvimento serão fornecidos pelo pesquisador. 4. As informações coletadas serão utilizadas exclusivamente para compor este trabalho de pesquisa e serão apresentados sem vincular seus dados a sua identidade, pois o pesquisador garante o sigilo dos dados de identificação dos sujeitos da pesquisa. 5. Lembro que o pesquisado tem a liberdade de optar pela sua participação ou não da pesquisa e que tem o direito de retirar seu consentimento a qualquer momento. 6. Afirmo que o pesquisador se responsabiliza diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa. 7. Você não terá nenhum gasto e ganho financeiro por participar na pesquisa. 8. Informo de que o TCLE apresentado será emitido em duas vias: uma delas será retida pelo sujeito da pesquisa e outra a ser arquivada pelo pesquisador. Contatos: Fone: (51) 8418437; E-mail: [email protected] Fone; (51) 98484605 – e-mail: [email protected] Nome do Participante da Pesquisa: __________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa: Nome do Pesquisador: Ac Enf. Sabrina de Vargas Muniz Assinatura do Pesquisador: _______________________ Nome do Pesquisador Responsável: Profº Me. Fabiano Silva e Silva Assinatura do Pesquisador Responsável: _____________________
Canoas, _____ de __________de 2011.
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APENDICE B – Instrumento de coleta de dados Nome:_____________________________________________________________ Tempo de atuação no setor:____________________________________________ Formação profissional:________________________________________________
1. Qual a forma de capacitação para técnicas de acolhimento em sala de vacina o
que você foi submetido?
2. Como é feita a abordagem do usuário de sala de vacina por você?
3. Como você faz a leitura da caderneta de vacinação?
4. Quais são as condutas e a postura que você usa frente aos questionamentos
dos responsáveis legais que acompanham as crianças usuárias da sala de
vacina?