sabão com óleo de fritura e sabonete líquido

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SABÃO COM ÓLEO DE FRITURA E SABONETE LÍQUIDO NOMES: Guilherme Cardoso da Silva, Maria Luiza Andrade Aquino e Mariana Gabriela de Oliveira TURMA: Química 3A – T2 DISCIPLINA: Laboratório de Processos Industriais

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Page 1: Sabão com óleo de fritura e sabonete líquido

SABÃO COM ÓLEO DE FRITURA

E SABONETE LÍQUIDO

NOMES: Guilherme Cardoso da Silva, Maria Luiza Andrade Aquino e Mariana Gabriela de Oliveira

TURMA: Química 3A – T2

DISCIPLINA: Laboratório de Processos Industriais

BELO HORIZONTE

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31 de março e 14 de abril de 2011

SABÃO COM ÓLEO DE FRITURA E SABONETE LÍQUIDO

Relatório apresentado para avaliação na disciplina de

Laboratório de Processo Industriais, do Curso Técnico de

Química do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas

Gerais, ministrado sob orientação da professora Patrícia

Procópio.

BELO HORIZONTE

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31 de março e 14 de abril de 2011

I. Introdução

I.1 Sabão

Os sabões são grandes agentes tensoativos, usados em conjunto com a água para lavar e limpar

os materiais e apresentam-se de formas variadas, desde barras sólidas até líquidos viscosos.

Quimicamente, os sabões são sais de ácidos graxos, obtidos, tradicionalmente, via reação entre

triglicerídeos (provindos de óleos e gorduras vegetais e animais) e álcalis (hidróxido de sódio ou

potássio lixiviados das cinzas de madeira de lei). Tal reação é chamada reação de saponificação.

A palavra “sabão” provém do latim sapo, que é cognato à forma sebum, “sebo”, e aparece pela

primeira na enciclopédia de Plínio, o Velho, Naturalis Historia, o qual discute a produção de sabão

a partir de sebo e cinzas.

A produção de sabão é um dos processos mais antigos da história. Tem-se vestígios da produção

de materiais semelhantes ao sabão que datam de cerca de 2800 a.C., na antiga Babilônia.

Conhece-se, também, uma tábua de argila datada de 2200 a.C. na qual foi escrita uma fórmula de

sabão contendo água, álcali e óleo de canela-da-china (Cinnamomum aromaticum). Segundo, O

Papiro de Ebers (Egito, 1550 a.C, antigos egípcios se banhavam regularmente e utilizabam uma

combinação de óleos animais e vegetais com sais alcalinos para criar uma substância semelhante

ao sabão.

Na era moderna, o uso do sabão generalizou-se em países industrializados, graças à difusão da

ideia de higiene para redução dos agentes patogênicos. As primeiras barras manufaturadas de

sabão surgiram no final do século XIX, quando campanhas publicitárias nos Estados Unidos da

América e na Europa conscientizaram a população para a relação entre limpeza e saúde.

Atualmente, diversas técnicas para síntese e diversificação do sabão surgiram, aperfeiçoando o

produto e garantindo-lhe maior poder de limpeza, com uma produção em escala industrial,

principalmente, apesar de ainda haver grande produção artesanal em diversas partes.

As grandes discussões acerca da preservação ambiental e reciclagem, presentes atualmente,

encontraram na produção de sabão uma solução para a o descarte do óleo de cozinha. Segundo

o professor do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexandre D’Avignon, “a decomposição do óleo

de cozinha emite metano na atmosfera, um dos principais gases causadores do efeito estufa,

que contribui para o aquecimento da terra. O óleo de cozinha que vai para o ralo da pia chega

ao oceano pelas redes de esgoto. Em contato com água do mar, esse resíduo líquido passa por

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reações químicas que resultam em emissão de metano.” Tal medida de reciclagem faz com que

os óleos de cozinha, grandes contaminates para o meio ambiente, quando quimicamente

transformados, possam ser utilizados para fins de limpeza.

I.2 Sabonete Líquido

Os sabonetes líquidos, assim como os sabões são agentes tensoativos que, em conjunto com a

água, promovem a limpeza dos materiais. Porém, estes sabonetes apresentam-se para uso,

principalmente, na higiene pessoal. Dessa forma, o controle de viscosidade, pH, textura, odor e

indução do ressecamento da pele deve ser mais rigoroso.

Na formulação dos sabonetes líquidos encontra-se, em sua maioria, tensoativos aniônicos, como

o lauril sulfato de sódio; amida 90 e cloreto de sódio, que agem como estabilizadores da

viscosidade; conservantes, a fim de manter as características de limpeza e inibir o crescimento de

micro-organismos, contaminando o sabonete e podendo significar um risco à pele humana; ácido

cítrico, para controle do pH, entre 6,5 e 7,0; agente perolizante, constituído por uma associação de

tensoativos aniônico e não-iônico e de ésteres glicólicos, proporcionando brilho perolado ao

produto.

Os sabonetes líquidos, também como os sabões, são produzidos em escala industrial e de forma

artesanal.

II. Objetivos

Aprender as técnicas de preparo de sabão em barra a partir do óleo de fritura e do sabonete

líquido.

III.Materiais e equipamentos

- 2 Recipientes de plástico 2L e 5L

- Balança semi-analítica

- Béquer de plástico

- Espátula de metal

- Espátula de plástico

- Frascos de plástico com tampa, limpos e secos

- Pipetas de Pasteur

- Proveta de 10 mL

- Proveta de 1L

- Proveta de 50 mL

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IV. Reagentes

IV. 1 Sabão

- 500 mL de óleo de fritura filtrado

- 80g de Soda Cáustica

- 100mL de água

- Corante

- Aromatizante (Essência)

IV. 2 Sabonete Líquido

- 350mL de Laurilsulfato de sódio

- 40mL de Amida 90

- Cloreto de sódio

- Ácido cítrico

- 30mL de agente perolizante

- Corante

- Essência

- 550mL de água

V. Procedimentos

V.1 Sabão

- Dissolver a soda cáustica na água, usando um béquer de plástico resistente, pois a reação libera

muito calor;

- Adicionar a solução de soda cáustica ao óleo de fritura sob agitação constante;

- Agitar por cerca de 30 minutos ou até a mistura tornar-se mais espessa, com aspecto cremoso;

- Adicionar o corante e o aromatizante;

- Transferir para as formas e deixar endurecer;

V.2 Sabonete Líquido

- Misturar o laurilsulfato de sódio na água;

- Adicionar a amida e homogeneizar;

- Adicionar o agente perolizante;

- Medir o pH e, se necessário, adicionar o ácido cítrico para corrigir o pH;

- Solubilizar o NaCl em água e adicioná-lo à mistura até que se atinja a viscosidade desejada;

- Adicionar o corante e a essência;

- Transferir para um frasco.

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V. Discussão

V.1 Sabão com óleo de fritura

Óleos e gorduras são glicerídeos e podem sofrer reação de hidrólise ácida ou básica. A hidrólise

ácida produz somente o glicerol e os ácidos graxos constituintes. Já a hidrólise básica (fig. 01)

produz o glicerol e os sais desses ácidos graxos.

Nessa prática, o sabão foi produzido com hidróxido de sódio. Dessa forma, a soda atacou os

ésteres de glicídio, deslocando a glicerina e formando, com os radicais ácidos assim liberados,

sais sódicos. Para que isso aconteça, é necessário que o meio esteja aquecido. Assim, utilizou-se

o calor liberado pela dissociação da base em água. Esses sais são os sabões, que depois de

passar por processos de purificação e adição de ingredientes, transformam-se em produtos

comerciais. A reação de hidrólise básica pode, também, ser chamada de saponificação.

Figura 01. Reação de saponificação

As características do sabão podem variar de acordo com a composição e segundo o método de

fabricação. Pode-se adicionar álcool durante o processo de fabricação para torná-lo transparente;

pode-se incorporar ar por agitação fornecendo-lhe a propriedade de flutuar; podem-se adicionar

essências, corantes e germicidas. Mas, quimicamente, o sabão permanece exatamente o mesmo,

com o mesmo mecanismo de atuação.

Uma molécula de sabão tem uma extremidade polar, -COO-Na+, e uma parte não polar,

constituída por uma longa cadeia alquílica, normalmente com 12 a 18 carbonos. A extremidade

polar é hidrófila, solúvel em água e a parte apolar é hidrofóbica, insolúvel em água, mas solúvel

em solventes apolares. Sendo assim, é um composto anfipático.

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Na limpeza, a parte apolar interage com a sujeira e a extremidade polar interage com a água.

Assim, é formada a micela, uma gotícula microscópica de gordura envolvida por moléculas de

sabão, orientadas com a cadeia apolar direcionada para dentro (interagindo com óleo) e a

extremidade polar para fora (interagindo com a água).

Assim, a micela é dispersa na água, devido à repulsão entre as cargas de mesmo sinal das

respectivas superfícies, e levada por ela, o que torna fácil remover, com auxílio do sabão,

sujeiras apolares.

Figura 02. Micela

Podemos, então, chamar o sabão de emulsificante, tendo a propriedade de fazer com que o óleo

se disperse na água em forma de micelas.

Em grande parte dos municípios brasileiros o lixo residencial, no momento de seu descarte, segue

o caminho dos mananciais aquáticos ou aterros e o óleo é constituinte desse lixo.

Quando jogado em aterros ele impermeabiliza o solo, já que possui baixa interação com água

impedindo que a renovação dos lençóis freáticos e mananciais aquáticos que dependem do ciclo

da água. Além disso, pode sofrer decomposição emitir metano na atmosfera, um dos causadores

do efeito estufa.

Muitas residências e estabelecimentos comerciais jogam o óleo comestível usado na rede de

esgoto. Isso gera graves problemas de higiene e mau cheiro, além de causar o entupimento da

mesma, dificultando seu funcionamento. Para retirar o óleo são empregados produtos químicos, o

que acaba comprometendo a qualidade da água mesmo após ter sido feito um tratamento de

esgoto. Tendo que um litro de óleo pode contaminar um milhão de litros de água, exigindo

recursos financeiros consideráveis no momento de separá-los.

Page 8: Sabão com óleo de fritura e sabonete líquido

Pode, também, gerar problemas em contato com mananciais. “O óleo mais leve que a água, fica

na superfície, criando uma barreira que dificulta a entrada de luz e a oxigenação da água,

comprometendo assim, a base da cadeia alimentar aquática, os fitoplânctons.” (PONTES &

ALBERCINI, 2004)

Para resolver os problemas gerados pelo descarte indevido do óleo, pode-se apontar locais de

coleta de óleo comestível usado, porém não é muito eficiente já que “o preço pago pelo óleo de

cozinha usado pelas indústrias de reciclagem (não mais que R$ 0,04 o quilo) não é atraente e a

armazenagem do líquido significa um trabalho a mais para o empresário e para a dona de casa”

(PONTES & ALBERCINI, 2004)

Dessa forma, a produção de sabão artesanal com óleo de fritura ajuda a evitar danos ao meio

ambiente e pode ser considerada uma forma fácil de reaproveitamento, já que requer poucos

reagentes e é de fácil realização.

Em relação aos subprodutos, a glicerina pode ser aproveitada de várias formas. Por esse motivo

toda fábrica de sabão também pode vender glicerina. Ela é adicionada aos cremes de beleza e

sabonetes, pois é um bom umectante, isto é, mantém a umidade da pele. Em produtos

alimentícios ela também é adicionada com a finalidade de manter a umidade do produto. Outra

aplicação é na fabricação do explosivo conhecido como nitroglicerina.

V.2 Sabonete líquido

Na preparação do sabonete líquido utilizou-se o lauril éter sulfato de sódio (LESS). É obtido

através da reação de álcoois graxos etoxilados (álcool graxo + óxido de eteno) com agentes

sulfatantes como o SO3. O lauril éter sulfato de sódio (Fig. 03) apresenta uma baixa capacidade

de remoção da gordura de constituição da pele, sendo por isso menos agressivo no uso

humano.

É um tensoativo aniônico com alto poder espumógeno, ótima detergência, média irritabilidade

aos olhos, ótimo comportamento em termos de incremento de viscosidade, boa compatibilidade

com a pele. Sendo de origem agrícola as suas principais matérias-primas, os derivados do lauril

éter sulfato atendem aos requisitos de desenvolvimento sustentável e por serem, também

facilmente biodegradáveis, atende aos conceitos de qualidade ambiental.

Page 9: Sabão com óleo de fritura e sabonete líquido

Figura 03 - Lauril éter sulfato de sódio

A amida 90 (Fig. 04) é um tensoativo não aniônico. Pode também ser chamada de dietanolamida

de ácido graxo de coco. É uma boa formadora e estabilizadora de espuma, possui alta

solubilidade em meio alcalino ou ácido, alta tolerância a eletrólitos, têm boa capa-cidade

umectante e aumentam a viscosidade de outros tensoativos. Também é responsável pela

solubilização de óleos e essências. Além disso, é um composto facilmente biodegradável. Dessa

forma, é largamente usada em formulações na indústria farmacêutica e cosmética.

Figura 04. Amida 90

O cloreto de sódio foi utilizado espessante. Ele é largamente utilizado na indústria devido a seu

baixo custo. Ele proporciona o aumento de viscosidade na formulação.

A viscosidade do sabonete líquido é um dos principais apelos de marketing, visto que o

consumidor entende que, quanto mais viscoso for o detergente, maior é sua “concentração” e

conseqüentemente maior o seu rendimento, proporcionando uma maior economia do produto.

Os conservantes são utilizados como um componente bacteriostático. Na verdade ele não

elimina as bactérias, apenas inibe sua reprodução. O metilparabeno (Fig. 05) é o conservante

mais utilizado, devido a sua efetividade e baixo custo.

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Figura 05. Metilparabeno

Os controladores de pH são empregados para manter o pH dentro da faixa esperada, o ácido

cítrico é o controlador de pH mais utilizado. Sempre que se desejar abaixar o pH acrescenta-se

um pouco de solução de ácido cítrico. Caso queira aumentar o pH utiliza-se mais amida. É

importante que o pH esteja o mais próximo do neutro possível para que não haja irritabilidade na

pele.

A Base Perolada é um agente perolizante a frio, composto pela associação de tensoativos

aniônico e não-iônico e de ésteres glicólicos. Ela proporciona brilho perolado às formulações de

xampus, detergentes líquidos para lavagem manual de louças e sabonetes líquidos para lavagem

de mãos, melhorando o aspecto final destes produtos. É facilmente adicionado às mais diversas

formulações e é compatível com todos os seus componentes, especialmente com os tensoativos

lauril éter sulfato de sódio, dietanolamida de ácido graxo de coco. Sua adição à formulação não

requer aquecimento, o que proporciona economia de processo.

Entre as vantagens de se produzir sabonetes líquidos sintéticos podem-se citar o controle do pH,

já que permite fácil controle do seu pH para que fique próximo ao da pele humana, neutro ou

mesmo básico; viscosidade, podendo-se obter sabonetes bastante líquidos, densos ou na forma

de gel; os aditivos, como extratos glicólicos, essências e corantes, entre outros, são facilmente

incorporados; o custo, já a matéria prima para a fabricação de sabonetes líquidos sintéticos são

relativamente baratos e o preparo, já que o processo de produção dos sabonetes líquidos

sintéticos é fácil e rápido.

VI. Conclusão

Pode-se concluir que ambos agentes de limpeza (sabões) são fabricados segundo o mesmo

princípio, apesar de possuírem aplicações e matérias-prima distintas. Ambos são de fácil síntese,

sendo produzidos em escala industrial e artesanal.

IX. Referências bibliográficas

Sintepon EG. Disponível em: http://www.biosintese.com.br/sinteponeg Acessado em:

21/04/2011

Produtos. Disponível em: http://www.dipaquimica.com.br/produtos/prod94.htm Acessado em:

21/04/2011

Page 11: Sabão com óleo de fritura e sabonete líquido

Sabonetes líquidos. Disponível em:

http://projetos.unioeste.br/projetos/gerart/apostilas/apostila8.pdf Acessado em: 21/04/2011

Sabões. Disponível em: http://alkimia.tripod.com/curiosidades/saboes.htm Acessado em:

12/04/2011

Propriedades do Sabão. Disponível em:

http://www.cdcc.sc.usp.br/quimica/experimentos/sabao.html Acessado em: 12/04/2011

PERUZZO, F. M. e CANTO, E.L. Química na abordagem do cotidiano. Sabões e Detergentes,

disponível online. Moderna, 2003.

AZEVEDO, O. A. (et al). FABRICAÇÃO DE SABÃO A PARTIR DO ÓLEO COMESTÍVEL

RESIDUAL: CONSCIENTIZAÇÃO E EDUCAÇÃO CIENTÍFICA. XVIII Simpósio Nacional de

Ensino de Física, SNEF 2009: Vitória, ES.