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S3C2T1 Fl. 3.197 1 3.196 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16095.720137/201688 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201004.699 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de janeiro de 2019 Matéria PIS_COFINS CUMULATIVO Recorrente LABORATORIOS STIEFEL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2011 a 31/12/2012 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ABUSIVO E ILEGAL. INTERPOSIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA INTERDEPENDENTE. PRÁTICA DE ATO FRAUDULENTO. REDUÇÃO ARTIFICIAL DA BASE DE CÁLCULO. A introdução de pessoa jurídica, na condição de comercialatacadista exclusiva, interdependente de uma outra fabricante de produtos sujeitos à incidência concentrada das Contribuições para o PIS e Cofins, para que se interponha entre o fabricantevendedor e o cliente, que se revela desnecessária, prescindível e sem comprovação de redução de custos e despesas na etapa de fabricaçãovenda, com redução artificIal da receita bruta da industrial, mediante a prática de simulação e subfaturamento, revela planejamento tributário abusivo e ilícito cuja finalidade é a redução fraudulenta da base de cálculo dos tributos devidos. RECURSO VOLUNTÁRIO. MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE DOLO. Não é viável a qualificação da multa de ofício quando inexistir dolo por parte do contribuinte, mas mera divergência quanto à interpretação da legislação tributária. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS ADMINISTRADORES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DO DOLO. Não basta para caracterizar a responsabilidade tributária solidária dos sócios, que estes meramente estejam exercendo função sócioadministrativa na pessoa jurídica autuada. A conduta dolosa deve ser evidenciada e identificado quem a praticou para que tal seja responsabilizado solidariamente. ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 16095.720137/2016-88 Fl. 3197 DF CARF MF

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Page 1: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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S3shyC2T1 MINISTEacuteRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SECcedilAtildeO DE JULGAMENTO

Processo nordm 160957201372016shy88

Recurso nordm Voluntaacuterio

Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699 ndash 2ordf Cacircmara 1ordf Turma Ordinaacuteria Sessatildeo de 29 de janeiro de 2019

Mateacuteria PIS_COFINS shy CUMULATIVO

Recorrente LABORATORIOS STIEFEL LTDA

Recorrida FAZENDA NACIONAL

ASSUNTO CONTRIBUICcedilAtildeO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL shy COFINS Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL INTERPOSICcedilAtildeO DE PESSOA JURIacuteDICA INTERDEPENDENTE PRAacuteTICA DE ATO FRAUDULENTO REDUCcedilAtildeO ARTIFICIAL DA BASE DE CAacuteLCULO

A introduccedilatildeo de pessoa juriacutedica na condiccedilatildeo de comercialshyatacadista exclusiva interdependente de uma outra fabricante de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins para que se interponha entre o fabricanteshyvendedor e o cliente que se revela desnecessaacuteria prescindiacutevel e sem comprovaccedilatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na etapa de fabricaccedilatildeoshyvenda com reduccedilatildeo artificIal da receita bruta da industrial mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento revela planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito cuja finalidade eacute a reduccedilatildeo fraudulenta da base de caacutelculo dos tributos devidos

RECURSO VOLUNTAacuteRIO MULTA QUALIFICADA INEXISTEcircNCIA DE DOLO

Natildeo eacute viaacutevel a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio quando inexistir dolo por parte do contribuinte mas mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

RESPONSABILIDADE TRIBUTAacuteRIA PASSIVA SOLIDAacuteRIA SOacuteCIOS ADMINISTRADORES AUSEcircNCIA DE COMPROVACcedilAtildeO E INDIVIDUALIZACcedilAtildeO DO DOLO

Natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada A conduta dolosa deve ser evidenciada e identificado quem a praticou para que tal seja responsabilizado solidariamente

ACOacuteRDAtildeO GERADO N

O PGD-CARF PROCESSO 160957201372016-88

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DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO

Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando seu objeto consubstanciashyse elemento de prova cujo ocircnus eacute do contribuinte que natildeo o exerceu em momento regularmente previsto (arts 12 a 17 do Decreto nordm 7023572) mormente quando intimado pela autoridade fiscal e manteveshyse inerte

ASSUNTO CONTRIBUICcedilAtildeO PARA O PISPASEP Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PIS LANCcedilAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATEacuteRIA FAacuteTICA

Aplicashyse ao lanccedilamento da Contribuiccedilatildeo para o PISPasep o decidido em relaccedilatildeo agrave COFINS lanccedilada a partir da mesma mateacuteria faacutetica

Vistos relatados e discutidos os presentes autos

Acordam os membros do colegiado em dar provimento parcial ao Recurso Voluntaacuterio nos termos seguintes a) Por maioria de votos negoushyse a realizaccedilatildeo de diligecircncia suscitada pelo conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima acompanhado pelo conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade b) Por unanimidade de votos afastoushyse a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas e c) Por maioria de votos reduziushyse a multa de ofiacutecio aplicada para o percentual de 75 Vencidos no ponto os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira relator Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza que mantinham a multa no percentual lanccedilado Designada para redigir o voto vencedor quanto a esta mateacuteria a conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade que lhe deram provimento ao Recurso Voluntaacuterio Manifestaram intenccedilatildeo de apresentar declaraccedilatildeo de voto os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

(assinado digitalmente)

Charles Mayer de Castro Souza shy Presidente

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira shy Relator

(assinado digitalmente)

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Participaram da sessatildeo de julgamento os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza Marcelo Giovani Vieira Tatiana Josefovicz Belisario Paulo Roberto Duarte Moreira Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Leonardo Correia Lima Macedo Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior

Relatoacuterio

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O interessado acima identificado recorre a este Conselho de decisatildeo proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre RS

Para bem relatar os fatos transcreveshyse o relatoacuterio da decisatildeo proferida pela autoridade a quo

Tratashyse de impugnaccedilatildeo contra os Autos de Infraccedilatildeo (fls 2490 a 2546) 1 relativos agraves contribuiccedilotildees de PIS (lanccedilamento de R$ 1498554861) e de Cofins (lanccedilamento de R$ 7020826697) totalizando um creacutedito tributaacuterio de R$ 8519381558 com multa e juros 2 Os periacuteodos abrangidos foram de dezembro de 2011 a dezembro de 2012 A fiscalizaccedilatildeo comeccedilou em 25032014 atraveacutes do Termo de Iniacutecio de Procedimento Fiscal das fls 2 a 3

De acordo com os autos o impugnante foi intimado pela fiscalizaccedilatildeo a apresentar vasta documentaccedilatildeo contaacutebil e fiscal a seguir discriminada contrato social e alteraccedilotildees memoacuteria de caacutelculo para demonstrar os deacutebitos apurados nos DACONs receitas auferidas no mercado interno e externo balancetes mensais e demonstrativos para todas as receitas apuradas nos DACONs relaccedilatildeo de todos os produtos fabricados pelo estabelecimento contendo coacutedigo da mercadoria descriccedilatildeo classificaccedilatildeo fiscal e aliacutequota demonstrativo identificando todos os produtos vendidos e os respectivos adquirentes a utilizaccedilatildeo de serviccedilos de armazenagem e logiacutestica consultas realizadas junto agrave RFB accedilotildees judiciais envolvendo IPI PIS e Cofins nome do responsaacutevel da empresa para o presente procedimento fiscal justificativas e comprovaccedilotildees pela utilizaccedilatildeo de preccedilos unitaacuterios de venda diferentes e inferiores para a empresa GLAXOSMITHKLNE (GSK) em relaccedilatildeo aos demais clientes apresentar planilha demonstrando para cada produto produzido a composiccedilatildeo dos preccedilos unitaacuterios de venda segregando os custos de fabricaccedilatildeo e financeiros relaccedilatildeo de medicamentos lista de preccedilos de medicamentos informaccedilatildeo do criteacuterio utilizado para a composiccedilatildeo dos preccedilos de venda de produtos a GSK entre outros

Foram juntados aos autos os seguintes documentos planilha com os preccedilos praticados para GSK (fls 31 a 39) planilha com os preccedilos praticados para os demais clientes (fls 40 a 46) contratos entre a Stiefel e a GSK (fls 47 a 62) forma como os pedidos de compra da GSK satildeo recebidos pela Stiefel (fls 63 a 65) pedidos da GSK (fls 66 a 69) DACONs (fls 118 a 546) Termo de Declaraccedilatildeo da GSK (fls 550 a 552) contrato sobre aquisiccedilatildeo da Stiefel pela GSK (fls 566 a 589) contrato de comodato de imoacutevel (fls 590 a 600) instrumentos particulares com alteraccedilotildees contratuais fornecimentos e distribuiccedilotildees (fls 601 a 790) notas fiscais de serviccedilo (fls 791 a 824) listagem de pagamentos da GSK para a Stiefel (fls 825 a 836) relaccedilatildeo de funcionaacuterios da GSK (fls 837 a 842) fotos da Stiefel e GSK (fl 843) notas fiscais de remessa da Stiefel para GSK (fls 844 a 849) notas fiscais de retorno de mercadoria do depoacutesito fechado

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da GSK (fls 850 a 902) planilha de vendas da Stiefel (fls 903 a 986) planilha de vendas GSK ndash Stiefel (fls 987 a 999) notas fiscais de vendas de produtos monofaacutesicos (fls 1000 a 2396) comparativo de vendas da Stiefel para com a GSK e para com terceiros (fls 2397 a 2400) valores meacutedios de vendas da Stiefel para outras empresas natildeo ligadas (fls 2401 a 2402) valores meacutedios de vendas feitas pela GSK (fls 2403 a 2424) demonstrativo de apuraccedilatildeo de diferenccedilas de PIS e de Cofins (fls 2472 a 2489) entre outros

Com base nessa relaccedilatildeo de informaccedilotildees prestadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo teria detectado irregularidades fiscais as quais foram consignadas no Termo de Verificaccedilatildeo e Constataccedilatildeo de Irregularidades Fiscais das fls 2425 a 2471

De acordo com esse Relatoacuterio Fiscal natildeo teriam restado duacutevidas de uma arquitetura de operaccedilotildees implementada pelo Grupo StiefelGSK (vendas de produtos industrializados pela Stiefel por valores subfaturados a GSK) configurando ato iliacutecito por ser abusivo e ilegal Essa praacutetica de fraude estaria reduzindo indevidamente as bases de caacutelculo das contribuiccedilotildees

A tributaccedilatildeo monofaacutesica concentraria por seu proacuteprio conceito a tributaccedilatildeo de toda a fase produtiva sendo que atraveacutes de praacuteticas de simulaccedilatildeo estabelecidas por esse grupo econocircmico fraudoushyse esse sistema atraveacutes dos referidos subfaturamentos

Foi lavrado Termo de Sujeiccedilatildeo Passiva Solidaacuteria entre os Laboratoacuterios Stiefel Ltda e a Glaxosmithkline do Brasil Ltda (GSK) conforme fls 2549 a 2554

Foram tambeacutem considerados sujeitos passivos solidaacuterios a) Artur Pedro Lemos da Fonseca (fls 2557 a 2562) o qual atuava como Diretor Financeiro da GSK b) Ceacutesar Martin Rengifo Dussan o qual era DiretorshyPresidente da GSK (fls 2566 a 2572) c) Gilberto Francisco Ugalde Chacon o qual era Diretor ViceshyPresidente da Unidade de Consumo da GSK (fls 2574 a 2580) d) Joatildeo Maacutercio Alves Ferreira o qual era Diretor de Recursos Humanos e Administrativo da GSK (fls 2582 a 2588) e) Milton de Oliveira o qual era Diretor Industrial da GSK (fls 2590 a 2596) f) Waldir Allan Kardec Bonetti o qual era Diretor Industrial da Laboratoacuterios Stiefel (fls 2599 a 2605)

As ciecircncias para todos os sujeitos passivos solidaacuterios se encontram juntadas aos autos atraveacutes dos Avisos de Recebimentos do Correio

Apensoushyse a esses autos o processo de nordm 160957201422016shy91 em 13012017 o qual trata da Representaccedilatildeo Fiscal para Fins Penais de todos os envolvidos (fl 2608) Cabe esclarecer que diante da gravidade das

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irregularidades constatadas aplicoushyse a multa qualificada de 150 para os periacuteodos lanccedilados

O contribuinte e todos os sujeitos passivos solidaacuterios arrolados apresentaram a impugnaccedilatildeo conjuntamente das fls 2611 a 2660 em 23012017 (conforme Termo de Solicitaccedilatildeo de Juntada da fl 2610) fazendo em siacutentese as seguintes ponderaccedilotildees

shy QUE os lanccedilamentos de ofiacutecio se basearam na alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade da Stiefel Brasil e GSK as quais comporiam um grupo econocircmico pela praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob tributaccedilatildeo monofaacutesica

shy QUE seriam necessaacuterios alguns esclarecimentos iniciais sobre o procedimento de aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e de sua organizaccedilatildeo de atividades no Brasil A GSK adquiriu a totalidade do capital da Stiefel em 22072009 Eacute feito um longo detalhamento do processo de integraccedilatildeo dessas atividades Em que pese a aquisiccedilatildeo da totalidade da empresa eacute informado que teria ocorrido a opccedilatildeo apenas pela integraccedilatildeo das atividades comerciais

shy QUE sobre a presunccedilatildeo de subfaturamento natildeo tem fundamento nas provas apresentadas nem existem iliacutecitos a ensejar a tributaccedilatildeo da forma pretendida na autuaccedilatildeo visto que a autoridade fiscal natildeo cumpriu seu ocircnus de comprova efetivamente a ocorrecircncia de tal subfaturamento

shy QUE a comparaccedilatildeo de vendas feitas pela GSK com vendas feitas pra terceiros seria impraticaacutevel pois essas vendas seriam distintas em suas funccedilotildees e riscos Aleacutem disso no periacuteodo objeto da autuaccedilatildeo fiscal a Stieffel natildeo teria vendido um mesmo produto para a GSK e terceiros ao mesmo tempo

shy QUE a comparaccedilatildeo feita com os preccedilos praticados pela GSK na revenda para terceiros natildeo pode ser considerada pois as atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilotildees foram concentradas na GSK

shy QUE a reduccedilatildeo ocorrida na receita bruta da Stieffel decorreu da atividade que a Stiefel passou a desenvolver o que implicou na sua reduccedilatildeo de despesas Cita decisotildees do CARF

shy QUE houve insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal ou seja natildeo teria ocorrido o devido enquadramento legal Menciona o princiacutepio da legalidade tributaacuteria especiacutefica Diz que para a autoridade administrativa desconsiderar atos ou negoacutecios juridicamente vaacutelidos e eficazes sob alegaccedilatildeo de alteraccedilatildeo ou dissimulaccedilatildeo teria que observar procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria Ateacute o presente

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momento o referido dispositivo legal natildeo teria sido devidamente regulamentado pelo poder legislativo Diz que natildeo poderia ser utilizado o art 116 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional Da mesma forma natildeo poderia se fundamentar no art 187 do Coacutedigo Civil pois os mesmos natildeo seriam suficientes para caracterizar o suposto iliacutecito O fiscal teria cometido um erro material inescusaacutevel ao afirmar que haveria um desequiliacutebrio na livre concorrecircncia desse setor econocircmico Deve ser cancelada a autuaccedilatildeo no tocante agrave alegaccedilatildeo de existecircncia de planejamento tributaacuterio ilegal por completa insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal

shy QUE se observa inexistecircncia de ato contraacuterio a lei tendo em vista que natildeo existe exigecircncia de um preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas Cita acoacuterdatildeos do CARF Complementa a defesa que as margens de lucro praticadas pela Stiefel satildeo equivalentes ou ateacute mesmo superiores a outras empresas (apresenta um relatoacuterio de auditoria da KPMG)

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE ocorreu ausecircncia e erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo visto a inexistecircncia de dispositivo legal que autorize a utilizaccedilatildeo da base de caacutelculo adotada pelo fiscal Isso porque o fiscal autuante tomo como base de caacutelculo o preccedilo bruto meacutedio de venda dos produtos praticados pela GSK Brasil Diz que a Stiefel apresentou toda a documentaccedilatildeo fiscal e contaacutebil natildeo autorizando a teacutecnica do arbitramento E ainda assim deveria praticar como criteacuterio de arbitramento o preccedilo praticado pelas empresas manufatureiras para as distribuidoras e natildeo destas para o consumidor final Natildeo teria sido considerada a deduccedilatildeo dos descontos incondicionais vendas canceladas IPI e ICMSshyST ao se considerar o preccedilo bruto meacutedio de venda Tambeacutem natildeo teriam sido considerados produtos que natildeo teriam a incidecircncia concentradamonofaacutesica sob a alegaccedilatildeo de que o intuito da operaccedilatildeo era apenas reduzir a carga tributaacuteria Cita produtos que natildeo poderiam ser objeto da presente autuaccedilatildeo (fl 2638) Diz ainda que natildeo teriam sido considerado no preccedilo efetivo cobrado as amostras que industrializa e vende para a GSK visto que essas sequer satildeo vendidas pela empresa ao puacuteblico

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shy QUE houve presenccedila de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico sendo que em nenhum momento o fiscal teria questionado a composiccedilatildeo dos preccedilos praticados pela Stiefel com a GSK O fiscal teria simplesmente feito uma relaccedilatildeo entre a queda draacutestica no lucro liacutequido e na receita liacutequida Diz que ele teria ignorado que a Stiefel mudara o seu escopo deixando de ser uma empresa que atuava da fabricaccedilatildeo ateacute a venda final de seus produtos no mercado em geral As atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilatildeo foram transferidas para a GSK Brasil A Stiefel teria tido uma sensiacutevel reduccedilatildeo da sua matriz de riscos migrada para a GSK Como parte dessa integraccedilatildeo 187 funcionaacuterios da Stiefel foram transferidos para a GSK Mesmo apoacutes a alteraccedilatildeo de escopo a Stiefel teria mantido uma margem de lucro absolutamente compatiacutevel com as demais empresas Ressalta que a Stiefel atuaria apenas na industrializaccedilatildeo por encomenda para diversas empresas com margem de lucro inferior ao com a GSK

shy QUE as alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK natildeo traz elementos probatoacuterios que suportem as acusaccedilotildees feitas pela fiscalizaccedilatildeo A filial da GSK natildeo teve nenhuma acusaccedilatildeo do fiscal de que seria uma empresa ldquofantasmardquo ou que inexistisse de fato O fato da Stiefel e a GSK funcionarem no mesmo endereccedilo natildeo significa ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas comuns ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico Cita acoacuterdatildeo do CARF A diligecircncia fiscal realizada tambeacutem natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais

shy QUE se verifica a inexistecircncia de fraude penal afastandoshyse a multa agravada devendo ser afastado a agravamento para 150 Isso porque natildeo foi comprovada a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo Repete os motivos jaacute narrados da inexistecircncia de subfaturamento Comenta que a mera discordacircncia da autoridade fiscal em relaccedilatildeo ao modelo adotado pelo contribuinte natildeo eacute razatildeo por si soacute suficiente para justificar a apontada fraude Cita jurisprudecircncia administrativa

shy QUE deve ser afastada a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores pessoas fiacutesicas pelas razotildees comentadas anteriormente e tambeacutem pelo afastamento da responsabilizaccedilatildeo tratada no art 135 do CTN Nesse ponto o Auto de Infraccedilatildeo eacute completamente geneacuterico responsabilizando as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo das empresas agrave eacutepoca dos fatos geradores A responsabilizaccedilatildeo dos diretores exige a vinculaccedilatildeo direta e a participaccedilatildeo efetiva nos atos natildeo podendo se responsabilizar pela suposta ausecircncia de recolhimento de tributos Cita a Suacutemula nordm 430 do STJ Diz que caberia agrave fiscalizaccedilatildeo o ocircnus de provar que os atos dos representante se enquadrariam nas hipoacuteteses do art 135 Menciona julgamento do art 13 da Lei nordm 862093 Aponta que o STF teria interpretado que o representante da empresa somente responderia por diacutevidas tributaacuterias decorrentes de descumprimentos de obrigaccedilotildees proacuteprias suas Defende que o atingimento do patrimocircnio de pessoas fiacutesicas em decorrecircncia de diacutevidas empresariais fere a

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legislaccedilatildeo ordinaacuteria inibe a atividade empresarial e afronta a Constituiccedilatildeo que estabelece o livre exerciacutecio da profissatildeo e da atividade econocircmica

Por fim entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuaccedilatildeo natildeo se sustenta seja pelos viacutecios preliminares que evidenciam a nulidade material do lanccedilamento seja pelo proacuteprio meacuterito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusaccedilotildees da fiscalizaccedilatildeo natildeo correspondem agrave verdade dos fatos

Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusatildeo dos administradores do polo passivo da presente autuaccedilatildeo em face da inexistecircncia de comprovaccedilatildeo de forma especiacutefica e pormenorizada de que estes atuaram com infraccedilatildeo agrave lei ao estatuto contrato social ou excesso de poderes como exige o art 135 do CTN tratandoshyse a acusaccedilatildeo fiscal de verdadeira situaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo objetiva dos diretores por suposta ausecircncia de recolhimento de tributos o que eacute rechaccedilado pelo entendimento do STJ do STF e tambeacutem do CARF

Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infraccedilatildeo objeto do processo em epiacutegrafe ou caso assim natildeo se entenda que seja reconhecida a improcedecircncia integral da autuaccedilatildeo em face da ausecircncia de comprovaccedilatildeo bem como da inexistecircncia do apontado subfaturamento assim como do alegado planejamento tributaacuterio abusivo ou ilegal cancelandoshyse a exigecircncia em sua totalidade

Caso natildeo acolhido o pedido antecedente requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistecircncia de fraude agrave lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituiacutedos os viacutenculos de responsabilidade dos diretores pessoas fiacutesicas em virtude da ausecircncia de comprovaccedilatildeo das situaccedilotildees descritas no artigo 135 do CTN

Ademais pugnam pela realizaccedilatildeo de todas as diligecircncias necessaacuterias agrave comprovaccedilatildeo das suas razotildees de defesa

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS por intermeacutedio da 2ordf Turma no Acoacuterdatildeo nordm 10shy058954 sessatildeo de 2505201 indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de periacutecia e julgou improcedente a impugnaccedilatildeo mantendo o creacutedito tributaacuterio lanccedilado e a responsabilidade solidaacuteria dos arrolados nos Termos de Sujeiccedilatildeo Passiva A decisatildeo foi assim ementada

Assunto Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

Fl 3218DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 2: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO

Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando seu objeto consubstanciashyse elemento de prova cujo ocircnus eacute do contribuinte que natildeo o exerceu em momento regularmente previsto (arts 12 a 17 do Decreto nordm 7023572) mormente quando intimado pela autoridade fiscal e manteveshyse inerte

ASSUNTO CONTRIBUICcedilAtildeO PARA O PISPASEP Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PIS LANCcedilAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATEacuteRIA FAacuteTICA

Aplicashyse ao lanccedilamento da Contribuiccedilatildeo para o PISPasep o decidido em relaccedilatildeo agrave COFINS lanccedilada a partir da mesma mateacuteria faacutetica

Vistos relatados e discutidos os presentes autos

Acordam os membros do colegiado em dar provimento parcial ao Recurso Voluntaacuterio nos termos seguintes a) Por maioria de votos negoushyse a realizaccedilatildeo de diligecircncia suscitada pelo conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima acompanhado pelo conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade b) Por unanimidade de votos afastoushyse a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas e c) Por maioria de votos reduziushyse a multa de ofiacutecio aplicada para o percentual de 75 Vencidos no ponto os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira relator Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza que mantinham a multa no percentual lanccedilado Designada para redigir o voto vencedor quanto a esta mateacuteria a conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade que lhe deram provimento ao Recurso Voluntaacuterio Manifestaram intenccedilatildeo de apresentar declaraccedilatildeo de voto os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

(assinado digitalmente)

Charles Mayer de Castro Souza shy Presidente

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira shy Relator

(assinado digitalmente)

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Participaram da sessatildeo de julgamento os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza Marcelo Giovani Vieira Tatiana Josefovicz Belisario Paulo Roberto Duarte Moreira Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Leonardo Correia Lima Macedo Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior

Relatoacuterio

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O interessado acima identificado recorre a este Conselho de decisatildeo proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre RS

Para bem relatar os fatos transcreveshyse o relatoacuterio da decisatildeo proferida pela autoridade a quo

Tratashyse de impugnaccedilatildeo contra os Autos de Infraccedilatildeo (fls 2490 a 2546) 1 relativos agraves contribuiccedilotildees de PIS (lanccedilamento de R$ 1498554861) e de Cofins (lanccedilamento de R$ 7020826697) totalizando um creacutedito tributaacuterio de R$ 8519381558 com multa e juros 2 Os periacuteodos abrangidos foram de dezembro de 2011 a dezembro de 2012 A fiscalizaccedilatildeo comeccedilou em 25032014 atraveacutes do Termo de Iniacutecio de Procedimento Fiscal das fls 2 a 3

De acordo com os autos o impugnante foi intimado pela fiscalizaccedilatildeo a apresentar vasta documentaccedilatildeo contaacutebil e fiscal a seguir discriminada contrato social e alteraccedilotildees memoacuteria de caacutelculo para demonstrar os deacutebitos apurados nos DACONs receitas auferidas no mercado interno e externo balancetes mensais e demonstrativos para todas as receitas apuradas nos DACONs relaccedilatildeo de todos os produtos fabricados pelo estabelecimento contendo coacutedigo da mercadoria descriccedilatildeo classificaccedilatildeo fiscal e aliacutequota demonstrativo identificando todos os produtos vendidos e os respectivos adquirentes a utilizaccedilatildeo de serviccedilos de armazenagem e logiacutestica consultas realizadas junto agrave RFB accedilotildees judiciais envolvendo IPI PIS e Cofins nome do responsaacutevel da empresa para o presente procedimento fiscal justificativas e comprovaccedilotildees pela utilizaccedilatildeo de preccedilos unitaacuterios de venda diferentes e inferiores para a empresa GLAXOSMITHKLNE (GSK) em relaccedilatildeo aos demais clientes apresentar planilha demonstrando para cada produto produzido a composiccedilatildeo dos preccedilos unitaacuterios de venda segregando os custos de fabricaccedilatildeo e financeiros relaccedilatildeo de medicamentos lista de preccedilos de medicamentos informaccedilatildeo do criteacuterio utilizado para a composiccedilatildeo dos preccedilos de venda de produtos a GSK entre outros

Foram juntados aos autos os seguintes documentos planilha com os preccedilos praticados para GSK (fls 31 a 39) planilha com os preccedilos praticados para os demais clientes (fls 40 a 46) contratos entre a Stiefel e a GSK (fls 47 a 62) forma como os pedidos de compra da GSK satildeo recebidos pela Stiefel (fls 63 a 65) pedidos da GSK (fls 66 a 69) DACONs (fls 118 a 546) Termo de Declaraccedilatildeo da GSK (fls 550 a 552) contrato sobre aquisiccedilatildeo da Stiefel pela GSK (fls 566 a 589) contrato de comodato de imoacutevel (fls 590 a 600) instrumentos particulares com alteraccedilotildees contratuais fornecimentos e distribuiccedilotildees (fls 601 a 790) notas fiscais de serviccedilo (fls 791 a 824) listagem de pagamentos da GSK para a Stiefel (fls 825 a 836) relaccedilatildeo de funcionaacuterios da GSK (fls 837 a 842) fotos da Stiefel e GSK (fl 843) notas fiscais de remessa da Stiefel para GSK (fls 844 a 849) notas fiscais de retorno de mercadoria do depoacutesito fechado

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da GSK (fls 850 a 902) planilha de vendas da Stiefel (fls 903 a 986) planilha de vendas GSK ndash Stiefel (fls 987 a 999) notas fiscais de vendas de produtos monofaacutesicos (fls 1000 a 2396) comparativo de vendas da Stiefel para com a GSK e para com terceiros (fls 2397 a 2400) valores meacutedios de vendas da Stiefel para outras empresas natildeo ligadas (fls 2401 a 2402) valores meacutedios de vendas feitas pela GSK (fls 2403 a 2424) demonstrativo de apuraccedilatildeo de diferenccedilas de PIS e de Cofins (fls 2472 a 2489) entre outros

Com base nessa relaccedilatildeo de informaccedilotildees prestadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo teria detectado irregularidades fiscais as quais foram consignadas no Termo de Verificaccedilatildeo e Constataccedilatildeo de Irregularidades Fiscais das fls 2425 a 2471

De acordo com esse Relatoacuterio Fiscal natildeo teriam restado duacutevidas de uma arquitetura de operaccedilotildees implementada pelo Grupo StiefelGSK (vendas de produtos industrializados pela Stiefel por valores subfaturados a GSK) configurando ato iliacutecito por ser abusivo e ilegal Essa praacutetica de fraude estaria reduzindo indevidamente as bases de caacutelculo das contribuiccedilotildees

A tributaccedilatildeo monofaacutesica concentraria por seu proacuteprio conceito a tributaccedilatildeo de toda a fase produtiva sendo que atraveacutes de praacuteticas de simulaccedilatildeo estabelecidas por esse grupo econocircmico fraudoushyse esse sistema atraveacutes dos referidos subfaturamentos

Foi lavrado Termo de Sujeiccedilatildeo Passiva Solidaacuteria entre os Laboratoacuterios Stiefel Ltda e a Glaxosmithkline do Brasil Ltda (GSK) conforme fls 2549 a 2554

Foram tambeacutem considerados sujeitos passivos solidaacuterios a) Artur Pedro Lemos da Fonseca (fls 2557 a 2562) o qual atuava como Diretor Financeiro da GSK b) Ceacutesar Martin Rengifo Dussan o qual era DiretorshyPresidente da GSK (fls 2566 a 2572) c) Gilberto Francisco Ugalde Chacon o qual era Diretor ViceshyPresidente da Unidade de Consumo da GSK (fls 2574 a 2580) d) Joatildeo Maacutercio Alves Ferreira o qual era Diretor de Recursos Humanos e Administrativo da GSK (fls 2582 a 2588) e) Milton de Oliveira o qual era Diretor Industrial da GSK (fls 2590 a 2596) f) Waldir Allan Kardec Bonetti o qual era Diretor Industrial da Laboratoacuterios Stiefel (fls 2599 a 2605)

As ciecircncias para todos os sujeitos passivos solidaacuterios se encontram juntadas aos autos atraveacutes dos Avisos de Recebimentos do Correio

Apensoushyse a esses autos o processo de nordm 160957201422016shy91 em 13012017 o qual trata da Representaccedilatildeo Fiscal para Fins Penais de todos os envolvidos (fl 2608) Cabe esclarecer que diante da gravidade das

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irregularidades constatadas aplicoushyse a multa qualificada de 150 para os periacuteodos lanccedilados

O contribuinte e todos os sujeitos passivos solidaacuterios arrolados apresentaram a impugnaccedilatildeo conjuntamente das fls 2611 a 2660 em 23012017 (conforme Termo de Solicitaccedilatildeo de Juntada da fl 2610) fazendo em siacutentese as seguintes ponderaccedilotildees

shy QUE os lanccedilamentos de ofiacutecio se basearam na alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade da Stiefel Brasil e GSK as quais comporiam um grupo econocircmico pela praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob tributaccedilatildeo monofaacutesica

shy QUE seriam necessaacuterios alguns esclarecimentos iniciais sobre o procedimento de aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e de sua organizaccedilatildeo de atividades no Brasil A GSK adquiriu a totalidade do capital da Stiefel em 22072009 Eacute feito um longo detalhamento do processo de integraccedilatildeo dessas atividades Em que pese a aquisiccedilatildeo da totalidade da empresa eacute informado que teria ocorrido a opccedilatildeo apenas pela integraccedilatildeo das atividades comerciais

shy QUE sobre a presunccedilatildeo de subfaturamento natildeo tem fundamento nas provas apresentadas nem existem iliacutecitos a ensejar a tributaccedilatildeo da forma pretendida na autuaccedilatildeo visto que a autoridade fiscal natildeo cumpriu seu ocircnus de comprova efetivamente a ocorrecircncia de tal subfaturamento

shy QUE a comparaccedilatildeo de vendas feitas pela GSK com vendas feitas pra terceiros seria impraticaacutevel pois essas vendas seriam distintas em suas funccedilotildees e riscos Aleacutem disso no periacuteodo objeto da autuaccedilatildeo fiscal a Stieffel natildeo teria vendido um mesmo produto para a GSK e terceiros ao mesmo tempo

shy QUE a comparaccedilatildeo feita com os preccedilos praticados pela GSK na revenda para terceiros natildeo pode ser considerada pois as atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilotildees foram concentradas na GSK

shy QUE a reduccedilatildeo ocorrida na receita bruta da Stieffel decorreu da atividade que a Stiefel passou a desenvolver o que implicou na sua reduccedilatildeo de despesas Cita decisotildees do CARF

shy QUE houve insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal ou seja natildeo teria ocorrido o devido enquadramento legal Menciona o princiacutepio da legalidade tributaacuteria especiacutefica Diz que para a autoridade administrativa desconsiderar atos ou negoacutecios juridicamente vaacutelidos e eficazes sob alegaccedilatildeo de alteraccedilatildeo ou dissimulaccedilatildeo teria que observar procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria Ateacute o presente

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momento o referido dispositivo legal natildeo teria sido devidamente regulamentado pelo poder legislativo Diz que natildeo poderia ser utilizado o art 116 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional Da mesma forma natildeo poderia se fundamentar no art 187 do Coacutedigo Civil pois os mesmos natildeo seriam suficientes para caracterizar o suposto iliacutecito O fiscal teria cometido um erro material inescusaacutevel ao afirmar que haveria um desequiliacutebrio na livre concorrecircncia desse setor econocircmico Deve ser cancelada a autuaccedilatildeo no tocante agrave alegaccedilatildeo de existecircncia de planejamento tributaacuterio ilegal por completa insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal

shy QUE se observa inexistecircncia de ato contraacuterio a lei tendo em vista que natildeo existe exigecircncia de um preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas Cita acoacuterdatildeos do CARF Complementa a defesa que as margens de lucro praticadas pela Stiefel satildeo equivalentes ou ateacute mesmo superiores a outras empresas (apresenta um relatoacuterio de auditoria da KPMG)

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE ocorreu ausecircncia e erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo visto a inexistecircncia de dispositivo legal que autorize a utilizaccedilatildeo da base de caacutelculo adotada pelo fiscal Isso porque o fiscal autuante tomo como base de caacutelculo o preccedilo bruto meacutedio de venda dos produtos praticados pela GSK Brasil Diz que a Stiefel apresentou toda a documentaccedilatildeo fiscal e contaacutebil natildeo autorizando a teacutecnica do arbitramento E ainda assim deveria praticar como criteacuterio de arbitramento o preccedilo praticado pelas empresas manufatureiras para as distribuidoras e natildeo destas para o consumidor final Natildeo teria sido considerada a deduccedilatildeo dos descontos incondicionais vendas canceladas IPI e ICMSshyST ao se considerar o preccedilo bruto meacutedio de venda Tambeacutem natildeo teriam sido considerados produtos que natildeo teriam a incidecircncia concentradamonofaacutesica sob a alegaccedilatildeo de que o intuito da operaccedilatildeo era apenas reduzir a carga tributaacuteria Cita produtos que natildeo poderiam ser objeto da presente autuaccedilatildeo (fl 2638) Diz ainda que natildeo teriam sido considerado no preccedilo efetivo cobrado as amostras que industrializa e vende para a GSK visto que essas sequer satildeo vendidas pela empresa ao puacuteblico

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shy QUE houve presenccedila de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico sendo que em nenhum momento o fiscal teria questionado a composiccedilatildeo dos preccedilos praticados pela Stiefel com a GSK O fiscal teria simplesmente feito uma relaccedilatildeo entre a queda draacutestica no lucro liacutequido e na receita liacutequida Diz que ele teria ignorado que a Stiefel mudara o seu escopo deixando de ser uma empresa que atuava da fabricaccedilatildeo ateacute a venda final de seus produtos no mercado em geral As atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilatildeo foram transferidas para a GSK Brasil A Stiefel teria tido uma sensiacutevel reduccedilatildeo da sua matriz de riscos migrada para a GSK Como parte dessa integraccedilatildeo 187 funcionaacuterios da Stiefel foram transferidos para a GSK Mesmo apoacutes a alteraccedilatildeo de escopo a Stiefel teria mantido uma margem de lucro absolutamente compatiacutevel com as demais empresas Ressalta que a Stiefel atuaria apenas na industrializaccedilatildeo por encomenda para diversas empresas com margem de lucro inferior ao com a GSK

shy QUE as alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK natildeo traz elementos probatoacuterios que suportem as acusaccedilotildees feitas pela fiscalizaccedilatildeo A filial da GSK natildeo teve nenhuma acusaccedilatildeo do fiscal de que seria uma empresa ldquofantasmardquo ou que inexistisse de fato O fato da Stiefel e a GSK funcionarem no mesmo endereccedilo natildeo significa ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas comuns ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico Cita acoacuterdatildeo do CARF A diligecircncia fiscal realizada tambeacutem natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais

shy QUE se verifica a inexistecircncia de fraude penal afastandoshyse a multa agravada devendo ser afastado a agravamento para 150 Isso porque natildeo foi comprovada a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo Repete os motivos jaacute narrados da inexistecircncia de subfaturamento Comenta que a mera discordacircncia da autoridade fiscal em relaccedilatildeo ao modelo adotado pelo contribuinte natildeo eacute razatildeo por si soacute suficiente para justificar a apontada fraude Cita jurisprudecircncia administrativa

shy QUE deve ser afastada a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores pessoas fiacutesicas pelas razotildees comentadas anteriormente e tambeacutem pelo afastamento da responsabilizaccedilatildeo tratada no art 135 do CTN Nesse ponto o Auto de Infraccedilatildeo eacute completamente geneacuterico responsabilizando as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo das empresas agrave eacutepoca dos fatos geradores A responsabilizaccedilatildeo dos diretores exige a vinculaccedilatildeo direta e a participaccedilatildeo efetiva nos atos natildeo podendo se responsabilizar pela suposta ausecircncia de recolhimento de tributos Cita a Suacutemula nordm 430 do STJ Diz que caberia agrave fiscalizaccedilatildeo o ocircnus de provar que os atos dos representante se enquadrariam nas hipoacuteteses do art 135 Menciona julgamento do art 13 da Lei nordm 862093 Aponta que o STF teria interpretado que o representante da empresa somente responderia por diacutevidas tributaacuterias decorrentes de descumprimentos de obrigaccedilotildees proacuteprias suas Defende que o atingimento do patrimocircnio de pessoas fiacutesicas em decorrecircncia de diacutevidas empresariais fere a

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legislaccedilatildeo ordinaacuteria inibe a atividade empresarial e afronta a Constituiccedilatildeo que estabelece o livre exerciacutecio da profissatildeo e da atividade econocircmica

Por fim entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuaccedilatildeo natildeo se sustenta seja pelos viacutecios preliminares que evidenciam a nulidade material do lanccedilamento seja pelo proacuteprio meacuterito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusaccedilotildees da fiscalizaccedilatildeo natildeo correspondem agrave verdade dos fatos

Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusatildeo dos administradores do polo passivo da presente autuaccedilatildeo em face da inexistecircncia de comprovaccedilatildeo de forma especiacutefica e pormenorizada de que estes atuaram com infraccedilatildeo agrave lei ao estatuto contrato social ou excesso de poderes como exige o art 135 do CTN tratandoshyse a acusaccedilatildeo fiscal de verdadeira situaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo objetiva dos diretores por suposta ausecircncia de recolhimento de tributos o que eacute rechaccedilado pelo entendimento do STJ do STF e tambeacutem do CARF

Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infraccedilatildeo objeto do processo em epiacutegrafe ou caso assim natildeo se entenda que seja reconhecida a improcedecircncia integral da autuaccedilatildeo em face da ausecircncia de comprovaccedilatildeo bem como da inexistecircncia do apontado subfaturamento assim como do alegado planejamento tributaacuterio abusivo ou ilegal cancelandoshyse a exigecircncia em sua totalidade

Caso natildeo acolhido o pedido antecedente requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistecircncia de fraude agrave lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituiacutedos os viacutenculos de responsabilidade dos diretores pessoas fiacutesicas em virtude da ausecircncia de comprovaccedilatildeo das situaccedilotildees descritas no artigo 135 do CTN

Ademais pugnam pela realizaccedilatildeo de todas as diligecircncias necessaacuterias agrave comprovaccedilatildeo das suas razotildees de defesa

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS por intermeacutedio da 2ordf Turma no Acoacuterdatildeo nordm 10shy058954 sessatildeo de 2505201 indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de periacutecia e julgou improcedente a impugnaccedilatildeo mantendo o creacutedito tributaacuterio lanccedilado e a responsabilidade solidaacuteria dos arrolados nos Termos de Sujeiccedilatildeo Passiva A decisatildeo foi assim ementada

Assunto Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

Fl 3225DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3226

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

Fl 3226DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3227

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 3: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3199

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O interessado acima identificado recorre a este Conselho de decisatildeo proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre RS

Para bem relatar os fatos transcreveshyse o relatoacuterio da decisatildeo proferida pela autoridade a quo

Tratashyse de impugnaccedilatildeo contra os Autos de Infraccedilatildeo (fls 2490 a 2546) 1 relativos agraves contribuiccedilotildees de PIS (lanccedilamento de R$ 1498554861) e de Cofins (lanccedilamento de R$ 7020826697) totalizando um creacutedito tributaacuterio de R$ 8519381558 com multa e juros 2 Os periacuteodos abrangidos foram de dezembro de 2011 a dezembro de 2012 A fiscalizaccedilatildeo comeccedilou em 25032014 atraveacutes do Termo de Iniacutecio de Procedimento Fiscal das fls 2 a 3

De acordo com os autos o impugnante foi intimado pela fiscalizaccedilatildeo a apresentar vasta documentaccedilatildeo contaacutebil e fiscal a seguir discriminada contrato social e alteraccedilotildees memoacuteria de caacutelculo para demonstrar os deacutebitos apurados nos DACONs receitas auferidas no mercado interno e externo balancetes mensais e demonstrativos para todas as receitas apuradas nos DACONs relaccedilatildeo de todos os produtos fabricados pelo estabelecimento contendo coacutedigo da mercadoria descriccedilatildeo classificaccedilatildeo fiscal e aliacutequota demonstrativo identificando todos os produtos vendidos e os respectivos adquirentes a utilizaccedilatildeo de serviccedilos de armazenagem e logiacutestica consultas realizadas junto agrave RFB accedilotildees judiciais envolvendo IPI PIS e Cofins nome do responsaacutevel da empresa para o presente procedimento fiscal justificativas e comprovaccedilotildees pela utilizaccedilatildeo de preccedilos unitaacuterios de venda diferentes e inferiores para a empresa GLAXOSMITHKLNE (GSK) em relaccedilatildeo aos demais clientes apresentar planilha demonstrando para cada produto produzido a composiccedilatildeo dos preccedilos unitaacuterios de venda segregando os custos de fabricaccedilatildeo e financeiros relaccedilatildeo de medicamentos lista de preccedilos de medicamentos informaccedilatildeo do criteacuterio utilizado para a composiccedilatildeo dos preccedilos de venda de produtos a GSK entre outros

Foram juntados aos autos os seguintes documentos planilha com os preccedilos praticados para GSK (fls 31 a 39) planilha com os preccedilos praticados para os demais clientes (fls 40 a 46) contratos entre a Stiefel e a GSK (fls 47 a 62) forma como os pedidos de compra da GSK satildeo recebidos pela Stiefel (fls 63 a 65) pedidos da GSK (fls 66 a 69) DACONs (fls 118 a 546) Termo de Declaraccedilatildeo da GSK (fls 550 a 552) contrato sobre aquisiccedilatildeo da Stiefel pela GSK (fls 566 a 589) contrato de comodato de imoacutevel (fls 590 a 600) instrumentos particulares com alteraccedilotildees contratuais fornecimentos e distribuiccedilotildees (fls 601 a 790) notas fiscais de serviccedilo (fls 791 a 824) listagem de pagamentos da GSK para a Stiefel (fls 825 a 836) relaccedilatildeo de funcionaacuterios da GSK (fls 837 a 842) fotos da Stiefel e GSK (fl 843) notas fiscais de remessa da Stiefel para GSK (fls 844 a 849) notas fiscais de retorno de mercadoria do depoacutesito fechado

Fl 3199DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3200

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da GSK (fls 850 a 902) planilha de vendas da Stiefel (fls 903 a 986) planilha de vendas GSK ndash Stiefel (fls 987 a 999) notas fiscais de vendas de produtos monofaacutesicos (fls 1000 a 2396) comparativo de vendas da Stiefel para com a GSK e para com terceiros (fls 2397 a 2400) valores meacutedios de vendas da Stiefel para outras empresas natildeo ligadas (fls 2401 a 2402) valores meacutedios de vendas feitas pela GSK (fls 2403 a 2424) demonstrativo de apuraccedilatildeo de diferenccedilas de PIS e de Cofins (fls 2472 a 2489) entre outros

Com base nessa relaccedilatildeo de informaccedilotildees prestadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo teria detectado irregularidades fiscais as quais foram consignadas no Termo de Verificaccedilatildeo e Constataccedilatildeo de Irregularidades Fiscais das fls 2425 a 2471

De acordo com esse Relatoacuterio Fiscal natildeo teriam restado duacutevidas de uma arquitetura de operaccedilotildees implementada pelo Grupo StiefelGSK (vendas de produtos industrializados pela Stiefel por valores subfaturados a GSK) configurando ato iliacutecito por ser abusivo e ilegal Essa praacutetica de fraude estaria reduzindo indevidamente as bases de caacutelculo das contribuiccedilotildees

A tributaccedilatildeo monofaacutesica concentraria por seu proacuteprio conceito a tributaccedilatildeo de toda a fase produtiva sendo que atraveacutes de praacuteticas de simulaccedilatildeo estabelecidas por esse grupo econocircmico fraudoushyse esse sistema atraveacutes dos referidos subfaturamentos

Foi lavrado Termo de Sujeiccedilatildeo Passiva Solidaacuteria entre os Laboratoacuterios Stiefel Ltda e a Glaxosmithkline do Brasil Ltda (GSK) conforme fls 2549 a 2554

Foram tambeacutem considerados sujeitos passivos solidaacuterios a) Artur Pedro Lemos da Fonseca (fls 2557 a 2562) o qual atuava como Diretor Financeiro da GSK b) Ceacutesar Martin Rengifo Dussan o qual era DiretorshyPresidente da GSK (fls 2566 a 2572) c) Gilberto Francisco Ugalde Chacon o qual era Diretor ViceshyPresidente da Unidade de Consumo da GSK (fls 2574 a 2580) d) Joatildeo Maacutercio Alves Ferreira o qual era Diretor de Recursos Humanos e Administrativo da GSK (fls 2582 a 2588) e) Milton de Oliveira o qual era Diretor Industrial da GSK (fls 2590 a 2596) f) Waldir Allan Kardec Bonetti o qual era Diretor Industrial da Laboratoacuterios Stiefel (fls 2599 a 2605)

As ciecircncias para todos os sujeitos passivos solidaacuterios se encontram juntadas aos autos atraveacutes dos Avisos de Recebimentos do Correio

Apensoushyse a esses autos o processo de nordm 160957201422016shy91 em 13012017 o qual trata da Representaccedilatildeo Fiscal para Fins Penais de todos os envolvidos (fl 2608) Cabe esclarecer que diante da gravidade das

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irregularidades constatadas aplicoushyse a multa qualificada de 150 para os periacuteodos lanccedilados

O contribuinte e todos os sujeitos passivos solidaacuterios arrolados apresentaram a impugnaccedilatildeo conjuntamente das fls 2611 a 2660 em 23012017 (conforme Termo de Solicitaccedilatildeo de Juntada da fl 2610) fazendo em siacutentese as seguintes ponderaccedilotildees

shy QUE os lanccedilamentos de ofiacutecio se basearam na alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade da Stiefel Brasil e GSK as quais comporiam um grupo econocircmico pela praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob tributaccedilatildeo monofaacutesica

shy QUE seriam necessaacuterios alguns esclarecimentos iniciais sobre o procedimento de aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e de sua organizaccedilatildeo de atividades no Brasil A GSK adquiriu a totalidade do capital da Stiefel em 22072009 Eacute feito um longo detalhamento do processo de integraccedilatildeo dessas atividades Em que pese a aquisiccedilatildeo da totalidade da empresa eacute informado que teria ocorrido a opccedilatildeo apenas pela integraccedilatildeo das atividades comerciais

shy QUE sobre a presunccedilatildeo de subfaturamento natildeo tem fundamento nas provas apresentadas nem existem iliacutecitos a ensejar a tributaccedilatildeo da forma pretendida na autuaccedilatildeo visto que a autoridade fiscal natildeo cumpriu seu ocircnus de comprova efetivamente a ocorrecircncia de tal subfaturamento

shy QUE a comparaccedilatildeo de vendas feitas pela GSK com vendas feitas pra terceiros seria impraticaacutevel pois essas vendas seriam distintas em suas funccedilotildees e riscos Aleacutem disso no periacuteodo objeto da autuaccedilatildeo fiscal a Stieffel natildeo teria vendido um mesmo produto para a GSK e terceiros ao mesmo tempo

shy QUE a comparaccedilatildeo feita com os preccedilos praticados pela GSK na revenda para terceiros natildeo pode ser considerada pois as atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilotildees foram concentradas na GSK

shy QUE a reduccedilatildeo ocorrida na receita bruta da Stieffel decorreu da atividade que a Stiefel passou a desenvolver o que implicou na sua reduccedilatildeo de despesas Cita decisotildees do CARF

shy QUE houve insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal ou seja natildeo teria ocorrido o devido enquadramento legal Menciona o princiacutepio da legalidade tributaacuteria especiacutefica Diz que para a autoridade administrativa desconsiderar atos ou negoacutecios juridicamente vaacutelidos e eficazes sob alegaccedilatildeo de alteraccedilatildeo ou dissimulaccedilatildeo teria que observar procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria Ateacute o presente

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momento o referido dispositivo legal natildeo teria sido devidamente regulamentado pelo poder legislativo Diz que natildeo poderia ser utilizado o art 116 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional Da mesma forma natildeo poderia se fundamentar no art 187 do Coacutedigo Civil pois os mesmos natildeo seriam suficientes para caracterizar o suposto iliacutecito O fiscal teria cometido um erro material inescusaacutevel ao afirmar que haveria um desequiliacutebrio na livre concorrecircncia desse setor econocircmico Deve ser cancelada a autuaccedilatildeo no tocante agrave alegaccedilatildeo de existecircncia de planejamento tributaacuterio ilegal por completa insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal

shy QUE se observa inexistecircncia de ato contraacuterio a lei tendo em vista que natildeo existe exigecircncia de um preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas Cita acoacuterdatildeos do CARF Complementa a defesa que as margens de lucro praticadas pela Stiefel satildeo equivalentes ou ateacute mesmo superiores a outras empresas (apresenta um relatoacuterio de auditoria da KPMG)

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE ocorreu ausecircncia e erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo visto a inexistecircncia de dispositivo legal que autorize a utilizaccedilatildeo da base de caacutelculo adotada pelo fiscal Isso porque o fiscal autuante tomo como base de caacutelculo o preccedilo bruto meacutedio de venda dos produtos praticados pela GSK Brasil Diz que a Stiefel apresentou toda a documentaccedilatildeo fiscal e contaacutebil natildeo autorizando a teacutecnica do arbitramento E ainda assim deveria praticar como criteacuterio de arbitramento o preccedilo praticado pelas empresas manufatureiras para as distribuidoras e natildeo destas para o consumidor final Natildeo teria sido considerada a deduccedilatildeo dos descontos incondicionais vendas canceladas IPI e ICMSshyST ao se considerar o preccedilo bruto meacutedio de venda Tambeacutem natildeo teriam sido considerados produtos que natildeo teriam a incidecircncia concentradamonofaacutesica sob a alegaccedilatildeo de que o intuito da operaccedilatildeo era apenas reduzir a carga tributaacuteria Cita produtos que natildeo poderiam ser objeto da presente autuaccedilatildeo (fl 2638) Diz ainda que natildeo teriam sido considerado no preccedilo efetivo cobrado as amostras que industrializa e vende para a GSK visto que essas sequer satildeo vendidas pela empresa ao puacuteblico

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shy QUE houve presenccedila de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico sendo que em nenhum momento o fiscal teria questionado a composiccedilatildeo dos preccedilos praticados pela Stiefel com a GSK O fiscal teria simplesmente feito uma relaccedilatildeo entre a queda draacutestica no lucro liacutequido e na receita liacutequida Diz que ele teria ignorado que a Stiefel mudara o seu escopo deixando de ser uma empresa que atuava da fabricaccedilatildeo ateacute a venda final de seus produtos no mercado em geral As atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilatildeo foram transferidas para a GSK Brasil A Stiefel teria tido uma sensiacutevel reduccedilatildeo da sua matriz de riscos migrada para a GSK Como parte dessa integraccedilatildeo 187 funcionaacuterios da Stiefel foram transferidos para a GSK Mesmo apoacutes a alteraccedilatildeo de escopo a Stiefel teria mantido uma margem de lucro absolutamente compatiacutevel com as demais empresas Ressalta que a Stiefel atuaria apenas na industrializaccedilatildeo por encomenda para diversas empresas com margem de lucro inferior ao com a GSK

shy QUE as alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK natildeo traz elementos probatoacuterios que suportem as acusaccedilotildees feitas pela fiscalizaccedilatildeo A filial da GSK natildeo teve nenhuma acusaccedilatildeo do fiscal de que seria uma empresa ldquofantasmardquo ou que inexistisse de fato O fato da Stiefel e a GSK funcionarem no mesmo endereccedilo natildeo significa ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas comuns ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico Cita acoacuterdatildeo do CARF A diligecircncia fiscal realizada tambeacutem natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais

shy QUE se verifica a inexistecircncia de fraude penal afastandoshyse a multa agravada devendo ser afastado a agravamento para 150 Isso porque natildeo foi comprovada a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo Repete os motivos jaacute narrados da inexistecircncia de subfaturamento Comenta que a mera discordacircncia da autoridade fiscal em relaccedilatildeo ao modelo adotado pelo contribuinte natildeo eacute razatildeo por si soacute suficiente para justificar a apontada fraude Cita jurisprudecircncia administrativa

shy QUE deve ser afastada a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores pessoas fiacutesicas pelas razotildees comentadas anteriormente e tambeacutem pelo afastamento da responsabilizaccedilatildeo tratada no art 135 do CTN Nesse ponto o Auto de Infraccedilatildeo eacute completamente geneacuterico responsabilizando as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo das empresas agrave eacutepoca dos fatos geradores A responsabilizaccedilatildeo dos diretores exige a vinculaccedilatildeo direta e a participaccedilatildeo efetiva nos atos natildeo podendo se responsabilizar pela suposta ausecircncia de recolhimento de tributos Cita a Suacutemula nordm 430 do STJ Diz que caberia agrave fiscalizaccedilatildeo o ocircnus de provar que os atos dos representante se enquadrariam nas hipoacuteteses do art 135 Menciona julgamento do art 13 da Lei nordm 862093 Aponta que o STF teria interpretado que o representante da empresa somente responderia por diacutevidas tributaacuterias decorrentes de descumprimentos de obrigaccedilotildees proacuteprias suas Defende que o atingimento do patrimocircnio de pessoas fiacutesicas em decorrecircncia de diacutevidas empresariais fere a

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legislaccedilatildeo ordinaacuteria inibe a atividade empresarial e afronta a Constituiccedilatildeo que estabelece o livre exerciacutecio da profissatildeo e da atividade econocircmica

Por fim entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuaccedilatildeo natildeo se sustenta seja pelos viacutecios preliminares que evidenciam a nulidade material do lanccedilamento seja pelo proacuteprio meacuterito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusaccedilotildees da fiscalizaccedilatildeo natildeo correspondem agrave verdade dos fatos

Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusatildeo dos administradores do polo passivo da presente autuaccedilatildeo em face da inexistecircncia de comprovaccedilatildeo de forma especiacutefica e pormenorizada de que estes atuaram com infraccedilatildeo agrave lei ao estatuto contrato social ou excesso de poderes como exige o art 135 do CTN tratandoshyse a acusaccedilatildeo fiscal de verdadeira situaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo objetiva dos diretores por suposta ausecircncia de recolhimento de tributos o que eacute rechaccedilado pelo entendimento do STJ do STF e tambeacutem do CARF

Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infraccedilatildeo objeto do processo em epiacutegrafe ou caso assim natildeo se entenda que seja reconhecida a improcedecircncia integral da autuaccedilatildeo em face da ausecircncia de comprovaccedilatildeo bem como da inexistecircncia do apontado subfaturamento assim como do alegado planejamento tributaacuterio abusivo ou ilegal cancelandoshyse a exigecircncia em sua totalidade

Caso natildeo acolhido o pedido antecedente requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistecircncia de fraude agrave lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituiacutedos os viacutenculos de responsabilidade dos diretores pessoas fiacutesicas em virtude da ausecircncia de comprovaccedilatildeo das situaccedilotildees descritas no artigo 135 do CTN

Ademais pugnam pela realizaccedilatildeo de todas as diligecircncias necessaacuterias agrave comprovaccedilatildeo das suas razotildees de defesa

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS por intermeacutedio da 2ordf Turma no Acoacuterdatildeo nordm 10shy058954 sessatildeo de 2505201 indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de periacutecia e julgou improcedente a impugnaccedilatildeo mantendo o creacutedito tributaacuterio lanccedilado e a responsabilidade solidaacuteria dos arrolados nos Termos de Sujeiccedilatildeo Passiva A decisatildeo foi assim ementada

Assunto Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

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687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

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82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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da GSK (fls 850 a 902) planilha de vendas da Stiefel (fls 903 a 986) planilha de vendas GSK ndash Stiefel (fls 987 a 999) notas fiscais de vendas de produtos monofaacutesicos (fls 1000 a 2396) comparativo de vendas da Stiefel para com a GSK e para com terceiros (fls 2397 a 2400) valores meacutedios de vendas da Stiefel para outras empresas natildeo ligadas (fls 2401 a 2402) valores meacutedios de vendas feitas pela GSK (fls 2403 a 2424) demonstrativo de apuraccedilatildeo de diferenccedilas de PIS e de Cofins (fls 2472 a 2489) entre outros

Com base nessa relaccedilatildeo de informaccedilotildees prestadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo teria detectado irregularidades fiscais as quais foram consignadas no Termo de Verificaccedilatildeo e Constataccedilatildeo de Irregularidades Fiscais das fls 2425 a 2471

De acordo com esse Relatoacuterio Fiscal natildeo teriam restado duacutevidas de uma arquitetura de operaccedilotildees implementada pelo Grupo StiefelGSK (vendas de produtos industrializados pela Stiefel por valores subfaturados a GSK) configurando ato iliacutecito por ser abusivo e ilegal Essa praacutetica de fraude estaria reduzindo indevidamente as bases de caacutelculo das contribuiccedilotildees

A tributaccedilatildeo monofaacutesica concentraria por seu proacuteprio conceito a tributaccedilatildeo de toda a fase produtiva sendo que atraveacutes de praacuteticas de simulaccedilatildeo estabelecidas por esse grupo econocircmico fraudoushyse esse sistema atraveacutes dos referidos subfaturamentos

Foi lavrado Termo de Sujeiccedilatildeo Passiva Solidaacuteria entre os Laboratoacuterios Stiefel Ltda e a Glaxosmithkline do Brasil Ltda (GSK) conforme fls 2549 a 2554

Foram tambeacutem considerados sujeitos passivos solidaacuterios a) Artur Pedro Lemos da Fonseca (fls 2557 a 2562) o qual atuava como Diretor Financeiro da GSK b) Ceacutesar Martin Rengifo Dussan o qual era DiretorshyPresidente da GSK (fls 2566 a 2572) c) Gilberto Francisco Ugalde Chacon o qual era Diretor ViceshyPresidente da Unidade de Consumo da GSK (fls 2574 a 2580) d) Joatildeo Maacutercio Alves Ferreira o qual era Diretor de Recursos Humanos e Administrativo da GSK (fls 2582 a 2588) e) Milton de Oliveira o qual era Diretor Industrial da GSK (fls 2590 a 2596) f) Waldir Allan Kardec Bonetti o qual era Diretor Industrial da Laboratoacuterios Stiefel (fls 2599 a 2605)

As ciecircncias para todos os sujeitos passivos solidaacuterios se encontram juntadas aos autos atraveacutes dos Avisos de Recebimentos do Correio

Apensoushyse a esses autos o processo de nordm 160957201422016shy91 em 13012017 o qual trata da Representaccedilatildeo Fiscal para Fins Penais de todos os envolvidos (fl 2608) Cabe esclarecer que diante da gravidade das

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irregularidades constatadas aplicoushyse a multa qualificada de 150 para os periacuteodos lanccedilados

O contribuinte e todos os sujeitos passivos solidaacuterios arrolados apresentaram a impugnaccedilatildeo conjuntamente das fls 2611 a 2660 em 23012017 (conforme Termo de Solicitaccedilatildeo de Juntada da fl 2610) fazendo em siacutentese as seguintes ponderaccedilotildees

shy QUE os lanccedilamentos de ofiacutecio se basearam na alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade da Stiefel Brasil e GSK as quais comporiam um grupo econocircmico pela praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob tributaccedilatildeo monofaacutesica

shy QUE seriam necessaacuterios alguns esclarecimentos iniciais sobre o procedimento de aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e de sua organizaccedilatildeo de atividades no Brasil A GSK adquiriu a totalidade do capital da Stiefel em 22072009 Eacute feito um longo detalhamento do processo de integraccedilatildeo dessas atividades Em que pese a aquisiccedilatildeo da totalidade da empresa eacute informado que teria ocorrido a opccedilatildeo apenas pela integraccedilatildeo das atividades comerciais

shy QUE sobre a presunccedilatildeo de subfaturamento natildeo tem fundamento nas provas apresentadas nem existem iliacutecitos a ensejar a tributaccedilatildeo da forma pretendida na autuaccedilatildeo visto que a autoridade fiscal natildeo cumpriu seu ocircnus de comprova efetivamente a ocorrecircncia de tal subfaturamento

shy QUE a comparaccedilatildeo de vendas feitas pela GSK com vendas feitas pra terceiros seria impraticaacutevel pois essas vendas seriam distintas em suas funccedilotildees e riscos Aleacutem disso no periacuteodo objeto da autuaccedilatildeo fiscal a Stieffel natildeo teria vendido um mesmo produto para a GSK e terceiros ao mesmo tempo

shy QUE a comparaccedilatildeo feita com os preccedilos praticados pela GSK na revenda para terceiros natildeo pode ser considerada pois as atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilotildees foram concentradas na GSK

shy QUE a reduccedilatildeo ocorrida na receita bruta da Stieffel decorreu da atividade que a Stiefel passou a desenvolver o que implicou na sua reduccedilatildeo de despesas Cita decisotildees do CARF

shy QUE houve insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal ou seja natildeo teria ocorrido o devido enquadramento legal Menciona o princiacutepio da legalidade tributaacuteria especiacutefica Diz que para a autoridade administrativa desconsiderar atos ou negoacutecios juridicamente vaacutelidos e eficazes sob alegaccedilatildeo de alteraccedilatildeo ou dissimulaccedilatildeo teria que observar procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria Ateacute o presente

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momento o referido dispositivo legal natildeo teria sido devidamente regulamentado pelo poder legislativo Diz que natildeo poderia ser utilizado o art 116 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional Da mesma forma natildeo poderia se fundamentar no art 187 do Coacutedigo Civil pois os mesmos natildeo seriam suficientes para caracterizar o suposto iliacutecito O fiscal teria cometido um erro material inescusaacutevel ao afirmar que haveria um desequiliacutebrio na livre concorrecircncia desse setor econocircmico Deve ser cancelada a autuaccedilatildeo no tocante agrave alegaccedilatildeo de existecircncia de planejamento tributaacuterio ilegal por completa insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal

shy QUE se observa inexistecircncia de ato contraacuterio a lei tendo em vista que natildeo existe exigecircncia de um preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas Cita acoacuterdatildeos do CARF Complementa a defesa que as margens de lucro praticadas pela Stiefel satildeo equivalentes ou ateacute mesmo superiores a outras empresas (apresenta um relatoacuterio de auditoria da KPMG)

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE ocorreu ausecircncia e erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo visto a inexistecircncia de dispositivo legal que autorize a utilizaccedilatildeo da base de caacutelculo adotada pelo fiscal Isso porque o fiscal autuante tomo como base de caacutelculo o preccedilo bruto meacutedio de venda dos produtos praticados pela GSK Brasil Diz que a Stiefel apresentou toda a documentaccedilatildeo fiscal e contaacutebil natildeo autorizando a teacutecnica do arbitramento E ainda assim deveria praticar como criteacuterio de arbitramento o preccedilo praticado pelas empresas manufatureiras para as distribuidoras e natildeo destas para o consumidor final Natildeo teria sido considerada a deduccedilatildeo dos descontos incondicionais vendas canceladas IPI e ICMSshyST ao se considerar o preccedilo bruto meacutedio de venda Tambeacutem natildeo teriam sido considerados produtos que natildeo teriam a incidecircncia concentradamonofaacutesica sob a alegaccedilatildeo de que o intuito da operaccedilatildeo era apenas reduzir a carga tributaacuteria Cita produtos que natildeo poderiam ser objeto da presente autuaccedilatildeo (fl 2638) Diz ainda que natildeo teriam sido considerado no preccedilo efetivo cobrado as amostras que industrializa e vende para a GSK visto que essas sequer satildeo vendidas pela empresa ao puacuteblico

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shy QUE houve presenccedila de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico sendo que em nenhum momento o fiscal teria questionado a composiccedilatildeo dos preccedilos praticados pela Stiefel com a GSK O fiscal teria simplesmente feito uma relaccedilatildeo entre a queda draacutestica no lucro liacutequido e na receita liacutequida Diz que ele teria ignorado que a Stiefel mudara o seu escopo deixando de ser uma empresa que atuava da fabricaccedilatildeo ateacute a venda final de seus produtos no mercado em geral As atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilatildeo foram transferidas para a GSK Brasil A Stiefel teria tido uma sensiacutevel reduccedilatildeo da sua matriz de riscos migrada para a GSK Como parte dessa integraccedilatildeo 187 funcionaacuterios da Stiefel foram transferidos para a GSK Mesmo apoacutes a alteraccedilatildeo de escopo a Stiefel teria mantido uma margem de lucro absolutamente compatiacutevel com as demais empresas Ressalta que a Stiefel atuaria apenas na industrializaccedilatildeo por encomenda para diversas empresas com margem de lucro inferior ao com a GSK

shy QUE as alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK natildeo traz elementos probatoacuterios que suportem as acusaccedilotildees feitas pela fiscalizaccedilatildeo A filial da GSK natildeo teve nenhuma acusaccedilatildeo do fiscal de que seria uma empresa ldquofantasmardquo ou que inexistisse de fato O fato da Stiefel e a GSK funcionarem no mesmo endereccedilo natildeo significa ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas comuns ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico Cita acoacuterdatildeo do CARF A diligecircncia fiscal realizada tambeacutem natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais

shy QUE se verifica a inexistecircncia de fraude penal afastandoshyse a multa agravada devendo ser afastado a agravamento para 150 Isso porque natildeo foi comprovada a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo Repete os motivos jaacute narrados da inexistecircncia de subfaturamento Comenta que a mera discordacircncia da autoridade fiscal em relaccedilatildeo ao modelo adotado pelo contribuinte natildeo eacute razatildeo por si soacute suficiente para justificar a apontada fraude Cita jurisprudecircncia administrativa

shy QUE deve ser afastada a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores pessoas fiacutesicas pelas razotildees comentadas anteriormente e tambeacutem pelo afastamento da responsabilizaccedilatildeo tratada no art 135 do CTN Nesse ponto o Auto de Infraccedilatildeo eacute completamente geneacuterico responsabilizando as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo das empresas agrave eacutepoca dos fatos geradores A responsabilizaccedilatildeo dos diretores exige a vinculaccedilatildeo direta e a participaccedilatildeo efetiva nos atos natildeo podendo se responsabilizar pela suposta ausecircncia de recolhimento de tributos Cita a Suacutemula nordm 430 do STJ Diz que caberia agrave fiscalizaccedilatildeo o ocircnus de provar que os atos dos representante se enquadrariam nas hipoacuteteses do art 135 Menciona julgamento do art 13 da Lei nordm 862093 Aponta que o STF teria interpretado que o representante da empresa somente responderia por diacutevidas tributaacuterias decorrentes de descumprimentos de obrigaccedilotildees proacuteprias suas Defende que o atingimento do patrimocircnio de pessoas fiacutesicas em decorrecircncia de diacutevidas empresariais fere a

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legislaccedilatildeo ordinaacuteria inibe a atividade empresarial e afronta a Constituiccedilatildeo que estabelece o livre exerciacutecio da profissatildeo e da atividade econocircmica

Por fim entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuaccedilatildeo natildeo se sustenta seja pelos viacutecios preliminares que evidenciam a nulidade material do lanccedilamento seja pelo proacuteprio meacuterito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusaccedilotildees da fiscalizaccedilatildeo natildeo correspondem agrave verdade dos fatos

Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusatildeo dos administradores do polo passivo da presente autuaccedilatildeo em face da inexistecircncia de comprovaccedilatildeo de forma especiacutefica e pormenorizada de que estes atuaram com infraccedilatildeo agrave lei ao estatuto contrato social ou excesso de poderes como exige o art 135 do CTN tratandoshyse a acusaccedilatildeo fiscal de verdadeira situaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo objetiva dos diretores por suposta ausecircncia de recolhimento de tributos o que eacute rechaccedilado pelo entendimento do STJ do STF e tambeacutem do CARF

Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infraccedilatildeo objeto do processo em epiacutegrafe ou caso assim natildeo se entenda que seja reconhecida a improcedecircncia integral da autuaccedilatildeo em face da ausecircncia de comprovaccedilatildeo bem como da inexistecircncia do apontado subfaturamento assim como do alegado planejamento tributaacuterio abusivo ou ilegal cancelandoshyse a exigecircncia em sua totalidade

Caso natildeo acolhido o pedido antecedente requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistecircncia de fraude agrave lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituiacutedos os viacutenculos de responsabilidade dos diretores pessoas fiacutesicas em virtude da ausecircncia de comprovaccedilatildeo das situaccedilotildees descritas no artigo 135 do CTN

Ademais pugnam pela realizaccedilatildeo de todas as diligecircncias necessaacuterias agrave comprovaccedilatildeo das suas razotildees de defesa

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS por intermeacutedio da 2ordf Turma no Acoacuterdatildeo nordm 10shy058954 sessatildeo de 2505201 indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de periacutecia e julgou improcedente a impugnaccedilatildeo mantendo o creacutedito tributaacuterio lanccedilado e a responsabilidade solidaacuteria dos arrolados nos Termos de Sujeiccedilatildeo Passiva A decisatildeo foi assim ementada

Assunto Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 5: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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irregularidades constatadas aplicoushyse a multa qualificada de 150 para os periacuteodos lanccedilados

O contribuinte e todos os sujeitos passivos solidaacuterios arrolados apresentaram a impugnaccedilatildeo conjuntamente das fls 2611 a 2660 em 23012017 (conforme Termo de Solicitaccedilatildeo de Juntada da fl 2610) fazendo em siacutentese as seguintes ponderaccedilotildees

shy QUE os lanccedilamentos de ofiacutecio se basearam na alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade da Stiefel Brasil e GSK as quais comporiam um grupo econocircmico pela praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob tributaccedilatildeo monofaacutesica

shy QUE seriam necessaacuterios alguns esclarecimentos iniciais sobre o procedimento de aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e de sua organizaccedilatildeo de atividades no Brasil A GSK adquiriu a totalidade do capital da Stiefel em 22072009 Eacute feito um longo detalhamento do processo de integraccedilatildeo dessas atividades Em que pese a aquisiccedilatildeo da totalidade da empresa eacute informado que teria ocorrido a opccedilatildeo apenas pela integraccedilatildeo das atividades comerciais

shy QUE sobre a presunccedilatildeo de subfaturamento natildeo tem fundamento nas provas apresentadas nem existem iliacutecitos a ensejar a tributaccedilatildeo da forma pretendida na autuaccedilatildeo visto que a autoridade fiscal natildeo cumpriu seu ocircnus de comprova efetivamente a ocorrecircncia de tal subfaturamento

shy QUE a comparaccedilatildeo de vendas feitas pela GSK com vendas feitas pra terceiros seria impraticaacutevel pois essas vendas seriam distintas em suas funccedilotildees e riscos Aleacutem disso no periacuteodo objeto da autuaccedilatildeo fiscal a Stieffel natildeo teria vendido um mesmo produto para a GSK e terceiros ao mesmo tempo

shy QUE a comparaccedilatildeo feita com os preccedilos praticados pela GSK na revenda para terceiros natildeo pode ser considerada pois as atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilotildees foram concentradas na GSK

shy QUE a reduccedilatildeo ocorrida na receita bruta da Stieffel decorreu da atividade que a Stiefel passou a desenvolver o que implicou na sua reduccedilatildeo de despesas Cita decisotildees do CARF

shy QUE houve insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal ou seja natildeo teria ocorrido o devido enquadramento legal Menciona o princiacutepio da legalidade tributaacuteria especiacutefica Diz que para a autoridade administrativa desconsiderar atos ou negoacutecios juridicamente vaacutelidos e eficazes sob alegaccedilatildeo de alteraccedilatildeo ou dissimulaccedilatildeo teria que observar procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria Ateacute o presente

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momento o referido dispositivo legal natildeo teria sido devidamente regulamentado pelo poder legislativo Diz que natildeo poderia ser utilizado o art 116 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional Da mesma forma natildeo poderia se fundamentar no art 187 do Coacutedigo Civil pois os mesmos natildeo seriam suficientes para caracterizar o suposto iliacutecito O fiscal teria cometido um erro material inescusaacutevel ao afirmar que haveria um desequiliacutebrio na livre concorrecircncia desse setor econocircmico Deve ser cancelada a autuaccedilatildeo no tocante agrave alegaccedilatildeo de existecircncia de planejamento tributaacuterio ilegal por completa insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal

shy QUE se observa inexistecircncia de ato contraacuterio a lei tendo em vista que natildeo existe exigecircncia de um preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas Cita acoacuterdatildeos do CARF Complementa a defesa que as margens de lucro praticadas pela Stiefel satildeo equivalentes ou ateacute mesmo superiores a outras empresas (apresenta um relatoacuterio de auditoria da KPMG)

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE ocorreu ausecircncia e erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo visto a inexistecircncia de dispositivo legal que autorize a utilizaccedilatildeo da base de caacutelculo adotada pelo fiscal Isso porque o fiscal autuante tomo como base de caacutelculo o preccedilo bruto meacutedio de venda dos produtos praticados pela GSK Brasil Diz que a Stiefel apresentou toda a documentaccedilatildeo fiscal e contaacutebil natildeo autorizando a teacutecnica do arbitramento E ainda assim deveria praticar como criteacuterio de arbitramento o preccedilo praticado pelas empresas manufatureiras para as distribuidoras e natildeo destas para o consumidor final Natildeo teria sido considerada a deduccedilatildeo dos descontos incondicionais vendas canceladas IPI e ICMSshyST ao se considerar o preccedilo bruto meacutedio de venda Tambeacutem natildeo teriam sido considerados produtos que natildeo teriam a incidecircncia concentradamonofaacutesica sob a alegaccedilatildeo de que o intuito da operaccedilatildeo era apenas reduzir a carga tributaacuteria Cita produtos que natildeo poderiam ser objeto da presente autuaccedilatildeo (fl 2638) Diz ainda que natildeo teriam sido considerado no preccedilo efetivo cobrado as amostras que industrializa e vende para a GSK visto que essas sequer satildeo vendidas pela empresa ao puacuteblico

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shy QUE houve presenccedila de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico sendo que em nenhum momento o fiscal teria questionado a composiccedilatildeo dos preccedilos praticados pela Stiefel com a GSK O fiscal teria simplesmente feito uma relaccedilatildeo entre a queda draacutestica no lucro liacutequido e na receita liacutequida Diz que ele teria ignorado que a Stiefel mudara o seu escopo deixando de ser uma empresa que atuava da fabricaccedilatildeo ateacute a venda final de seus produtos no mercado em geral As atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilatildeo foram transferidas para a GSK Brasil A Stiefel teria tido uma sensiacutevel reduccedilatildeo da sua matriz de riscos migrada para a GSK Como parte dessa integraccedilatildeo 187 funcionaacuterios da Stiefel foram transferidos para a GSK Mesmo apoacutes a alteraccedilatildeo de escopo a Stiefel teria mantido uma margem de lucro absolutamente compatiacutevel com as demais empresas Ressalta que a Stiefel atuaria apenas na industrializaccedilatildeo por encomenda para diversas empresas com margem de lucro inferior ao com a GSK

shy QUE as alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK natildeo traz elementos probatoacuterios que suportem as acusaccedilotildees feitas pela fiscalizaccedilatildeo A filial da GSK natildeo teve nenhuma acusaccedilatildeo do fiscal de que seria uma empresa ldquofantasmardquo ou que inexistisse de fato O fato da Stiefel e a GSK funcionarem no mesmo endereccedilo natildeo significa ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas comuns ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico Cita acoacuterdatildeo do CARF A diligecircncia fiscal realizada tambeacutem natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais

shy QUE se verifica a inexistecircncia de fraude penal afastandoshyse a multa agravada devendo ser afastado a agravamento para 150 Isso porque natildeo foi comprovada a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo Repete os motivos jaacute narrados da inexistecircncia de subfaturamento Comenta que a mera discordacircncia da autoridade fiscal em relaccedilatildeo ao modelo adotado pelo contribuinte natildeo eacute razatildeo por si soacute suficiente para justificar a apontada fraude Cita jurisprudecircncia administrativa

shy QUE deve ser afastada a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores pessoas fiacutesicas pelas razotildees comentadas anteriormente e tambeacutem pelo afastamento da responsabilizaccedilatildeo tratada no art 135 do CTN Nesse ponto o Auto de Infraccedilatildeo eacute completamente geneacuterico responsabilizando as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo das empresas agrave eacutepoca dos fatos geradores A responsabilizaccedilatildeo dos diretores exige a vinculaccedilatildeo direta e a participaccedilatildeo efetiva nos atos natildeo podendo se responsabilizar pela suposta ausecircncia de recolhimento de tributos Cita a Suacutemula nordm 430 do STJ Diz que caberia agrave fiscalizaccedilatildeo o ocircnus de provar que os atos dos representante se enquadrariam nas hipoacuteteses do art 135 Menciona julgamento do art 13 da Lei nordm 862093 Aponta que o STF teria interpretado que o representante da empresa somente responderia por diacutevidas tributaacuterias decorrentes de descumprimentos de obrigaccedilotildees proacuteprias suas Defende que o atingimento do patrimocircnio de pessoas fiacutesicas em decorrecircncia de diacutevidas empresariais fere a

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legislaccedilatildeo ordinaacuteria inibe a atividade empresarial e afronta a Constituiccedilatildeo que estabelece o livre exerciacutecio da profissatildeo e da atividade econocircmica

Por fim entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuaccedilatildeo natildeo se sustenta seja pelos viacutecios preliminares que evidenciam a nulidade material do lanccedilamento seja pelo proacuteprio meacuterito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusaccedilotildees da fiscalizaccedilatildeo natildeo correspondem agrave verdade dos fatos

Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusatildeo dos administradores do polo passivo da presente autuaccedilatildeo em face da inexistecircncia de comprovaccedilatildeo de forma especiacutefica e pormenorizada de que estes atuaram com infraccedilatildeo agrave lei ao estatuto contrato social ou excesso de poderes como exige o art 135 do CTN tratandoshyse a acusaccedilatildeo fiscal de verdadeira situaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo objetiva dos diretores por suposta ausecircncia de recolhimento de tributos o que eacute rechaccedilado pelo entendimento do STJ do STF e tambeacutem do CARF

Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infraccedilatildeo objeto do processo em epiacutegrafe ou caso assim natildeo se entenda que seja reconhecida a improcedecircncia integral da autuaccedilatildeo em face da ausecircncia de comprovaccedilatildeo bem como da inexistecircncia do apontado subfaturamento assim como do alegado planejamento tributaacuterio abusivo ou ilegal cancelandoshyse a exigecircncia em sua totalidade

Caso natildeo acolhido o pedido antecedente requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistecircncia de fraude agrave lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituiacutedos os viacutenculos de responsabilidade dos diretores pessoas fiacutesicas em virtude da ausecircncia de comprovaccedilatildeo das situaccedilotildees descritas no artigo 135 do CTN

Ademais pugnam pela realizaccedilatildeo de todas as diligecircncias necessaacuterias agrave comprovaccedilatildeo das suas razotildees de defesa

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS por intermeacutedio da 2ordf Turma no Acoacuterdatildeo nordm 10shy058954 sessatildeo de 2505201 indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de periacutecia e julgou improcedente a impugnaccedilatildeo mantendo o creacutedito tributaacuterio lanccedilado e a responsabilidade solidaacuteria dos arrolados nos Termos de Sujeiccedilatildeo Passiva A decisatildeo foi assim ementada

Assunto Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

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687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

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82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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momento o referido dispositivo legal natildeo teria sido devidamente regulamentado pelo poder legislativo Diz que natildeo poderia ser utilizado o art 116 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional Da mesma forma natildeo poderia se fundamentar no art 187 do Coacutedigo Civil pois os mesmos natildeo seriam suficientes para caracterizar o suposto iliacutecito O fiscal teria cometido um erro material inescusaacutevel ao afirmar que haveria um desequiliacutebrio na livre concorrecircncia desse setor econocircmico Deve ser cancelada a autuaccedilatildeo no tocante agrave alegaccedilatildeo de existecircncia de planejamento tributaacuterio ilegal por completa insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal

shy QUE se observa inexistecircncia de ato contraacuterio a lei tendo em vista que natildeo existe exigecircncia de um preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas Cita acoacuterdatildeos do CARF Complementa a defesa que as margens de lucro praticadas pela Stiefel satildeo equivalentes ou ateacute mesmo superiores a outras empresas (apresenta um relatoacuterio de auditoria da KPMG)

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE natildeo se pode considerar existente planejamento tributaacuterio ilegal quando a GSK apoacutes uma aquisiccedilatildeo mundial do maior laboratoacuterio privado de produtos dermatoloacutegicos decidiu implementar um modelo gradual de uniatildeo de atividades Aleacutem disso a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK natildeo existiram de fato

shy QUE ocorreu ausecircncia e erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo visto a inexistecircncia de dispositivo legal que autorize a utilizaccedilatildeo da base de caacutelculo adotada pelo fiscal Isso porque o fiscal autuante tomo como base de caacutelculo o preccedilo bruto meacutedio de venda dos produtos praticados pela GSK Brasil Diz que a Stiefel apresentou toda a documentaccedilatildeo fiscal e contaacutebil natildeo autorizando a teacutecnica do arbitramento E ainda assim deveria praticar como criteacuterio de arbitramento o preccedilo praticado pelas empresas manufatureiras para as distribuidoras e natildeo destas para o consumidor final Natildeo teria sido considerada a deduccedilatildeo dos descontos incondicionais vendas canceladas IPI e ICMSshyST ao se considerar o preccedilo bruto meacutedio de venda Tambeacutem natildeo teriam sido considerados produtos que natildeo teriam a incidecircncia concentradamonofaacutesica sob a alegaccedilatildeo de que o intuito da operaccedilatildeo era apenas reduzir a carga tributaacuteria Cita produtos que natildeo poderiam ser objeto da presente autuaccedilatildeo (fl 2638) Diz ainda que natildeo teriam sido considerado no preccedilo efetivo cobrado as amostras que industrializa e vende para a GSK visto que essas sequer satildeo vendidas pela empresa ao puacuteblico

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shy QUE houve presenccedila de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico sendo que em nenhum momento o fiscal teria questionado a composiccedilatildeo dos preccedilos praticados pela Stiefel com a GSK O fiscal teria simplesmente feito uma relaccedilatildeo entre a queda draacutestica no lucro liacutequido e na receita liacutequida Diz que ele teria ignorado que a Stiefel mudara o seu escopo deixando de ser uma empresa que atuava da fabricaccedilatildeo ateacute a venda final de seus produtos no mercado em geral As atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilatildeo foram transferidas para a GSK Brasil A Stiefel teria tido uma sensiacutevel reduccedilatildeo da sua matriz de riscos migrada para a GSK Como parte dessa integraccedilatildeo 187 funcionaacuterios da Stiefel foram transferidos para a GSK Mesmo apoacutes a alteraccedilatildeo de escopo a Stiefel teria mantido uma margem de lucro absolutamente compatiacutevel com as demais empresas Ressalta que a Stiefel atuaria apenas na industrializaccedilatildeo por encomenda para diversas empresas com margem de lucro inferior ao com a GSK

shy QUE as alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK natildeo traz elementos probatoacuterios que suportem as acusaccedilotildees feitas pela fiscalizaccedilatildeo A filial da GSK natildeo teve nenhuma acusaccedilatildeo do fiscal de que seria uma empresa ldquofantasmardquo ou que inexistisse de fato O fato da Stiefel e a GSK funcionarem no mesmo endereccedilo natildeo significa ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas comuns ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico Cita acoacuterdatildeo do CARF A diligecircncia fiscal realizada tambeacutem natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais

shy QUE se verifica a inexistecircncia de fraude penal afastandoshyse a multa agravada devendo ser afastado a agravamento para 150 Isso porque natildeo foi comprovada a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo Repete os motivos jaacute narrados da inexistecircncia de subfaturamento Comenta que a mera discordacircncia da autoridade fiscal em relaccedilatildeo ao modelo adotado pelo contribuinte natildeo eacute razatildeo por si soacute suficiente para justificar a apontada fraude Cita jurisprudecircncia administrativa

shy QUE deve ser afastada a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores pessoas fiacutesicas pelas razotildees comentadas anteriormente e tambeacutem pelo afastamento da responsabilizaccedilatildeo tratada no art 135 do CTN Nesse ponto o Auto de Infraccedilatildeo eacute completamente geneacuterico responsabilizando as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo das empresas agrave eacutepoca dos fatos geradores A responsabilizaccedilatildeo dos diretores exige a vinculaccedilatildeo direta e a participaccedilatildeo efetiva nos atos natildeo podendo se responsabilizar pela suposta ausecircncia de recolhimento de tributos Cita a Suacutemula nordm 430 do STJ Diz que caberia agrave fiscalizaccedilatildeo o ocircnus de provar que os atos dos representante se enquadrariam nas hipoacuteteses do art 135 Menciona julgamento do art 13 da Lei nordm 862093 Aponta que o STF teria interpretado que o representante da empresa somente responderia por diacutevidas tributaacuterias decorrentes de descumprimentos de obrigaccedilotildees proacuteprias suas Defende que o atingimento do patrimocircnio de pessoas fiacutesicas em decorrecircncia de diacutevidas empresariais fere a

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legislaccedilatildeo ordinaacuteria inibe a atividade empresarial e afronta a Constituiccedilatildeo que estabelece o livre exerciacutecio da profissatildeo e da atividade econocircmica

Por fim entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuaccedilatildeo natildeo se sustenta seja pelos viacutecios preliminares que evidenciam a nulidade material do lanccedilamento seja pelo proacuteprio meacuterito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusaccedilotildees da fiscalizaccedilatildeo natildeo correspondem agrave verdade dos fatos

Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusatildeo dos administradores do polo passivo da presente autuaccedilatildeo em face da inexistecircncia de comprovaccedilatildeo de forma especiacutefica e pormenorizada de que estes atuaram com infraccedilatildeo agrave lei ao estatuto contrato social ou excesso de poderes como exige o art 135 do CTN tratandoshyse a acusaccedilatildeo fiscal de verdadeira situaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo objetiva dos diretores por suposta ausecircncia de recolhimento de tributos o que eacute rechaccedilado pelo entendimento do STJ do STF e tambeacutem do CARF

Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infraccedilatildeo objeto do processo em epiacutegrafe ou caso assim natildeo se entenda que seja reconhecida a improcedecircncia integral da autuaccedilatildeo em face da ausecircncia de comprovaccedilatildeo bem como da inexistecircncia do apontado subfaturamento assim como do alegado planejamento tributaacuterio abusivo ou ilegal cancelandoshyse a exigecircncia em sua totalidade

Caso natildeo acolhido o pedido antecedente requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistecircncia de fraude agrave lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituiacutedos os viacutenculos de responsabilidade dos diretores pessoas fiacutesicas em virtude da ausecircncia de comprovaccedilatildeo das situaccedilotildees descritas no artigo 135 do CTN

Ademais pugnam pela realizaccedilatildeo de todas as diligecircncias necessaacuterias agrave comprovaccedilatildeo das suas razotildees de defesa

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS por intermeacutedio da 2ordf Turma no Acoacuterdatildeo nordm 10shy058954 sessatildeo de 2505201 indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de periacutecia e julgou improcedente a impugnaccedilatildeo mantendo o creacutedito tributaacuterio lanccedilado e a responsabilidade solidaacuteria dos arrolados nos Termos de Sujeiccedilatildeo Passiva A decisatildeo foi assim ementada

Assunto Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

Fl 3225DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3226

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

Fl 3226DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3227

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 7: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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shy QUE houve presenccedila de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico sendo que em nenhum momento o fiscal teria questionado a composiccedilatildeo dos preccedilos praticados pela Stiefel com a GSK O fiscal teria simplesmente feito uma relaccedilatildeo entre a queda draacutestica no lucro liacutequido e na receita liacutequida Diz que ele teria ignorado que a Stiefel mudara o seu escopo deixando de ser uma empresa que atuava da fabricaccedilatildeo ateacute a venda final de seus produtos no mercado em geral As atividades comerciais de promoccedilatildeo venda e distribuiccedilatildeo foram transferidas para a GSK Brasil A Stiefel teria tido uma sensiacutevel reduccedilatildeo da sua matriz de riscos migrada para a GSK Como parte dessa integraccedilatildeo 187 funcionaacuterios da Stiefel foram transferidos para a GSK Mesmo apoacutes a alteraccedilatildeo de escopo a Stiefel teria mantido uma margem de lucro absolutamente compatiacutevel com as demais empresas Ressalta que a Stiefel atuaria apenas na industrializaccedilatildeo por encomenda para diversas empresas com margem de lucro inferior ao com a GSK

shy QUE as alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK natildeo traz elementos probatoacuterios que suportem as acusaccedilotildees feitas pela fiscalizaccedilatildeo A filial da GSK natildeo teve nenhuma acusaccedilatildeo do fiscal de que seria uma empresa ldquofantasmardquo ou que inexistisse de fato O fato da Stiefel e a GSK funcionarem no mesmo endereccedilo natildeo significa ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas comuns ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico Cita acoacuterdatildeo do CARF A diligecircncia fiscal realizada tambeacutem natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais

shy QUE se verifica a inexistecircncia de fraude penal afastandoshyse a multa agravada devendo ser afastado a agravamento para 150 Isso porque natildeo foi comprovada a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo Repete os motivos jaacute narrados da inexistecircncia de subfaturamento Comenta que a mera discordacircncia da autoridade fiscal em relaccedilatildeo ao modelo adotado pelo contribuinte natildeo eacute razatildeo por si soacute suficiente para justificar a apontada fraude Cita jurisprudecircncia administrativa

shy QUE deve ser afastada a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores pessoas fiacutesicas pelas razotildees comentadas anteriormente e tambeacutem pelo afastamento da responsabilizaccedilatildeo tratada no art 135 do CTN Nesse ponto o Auto de Infraccedilatildeo eacute completamente geneacuterico responsabilizando as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo das empresas agrave eacutepoca dos fatos geradores A responsabilizaccedilatildeo dos diretores exige a vinculaccedilatildeo direta e a participaccedilatildeo efetiva nos atos natildeo podendo se responsabilizar pela suposta ausecircncia de recolhimento de tributos Cita a Suacutemula nordm 430 do STJ Diz que caberia agrave fiscalizaccedilatildeo o ocircnus de provar que os atos dos representante se enquadrariam nas hipoacuteteses do art 135 Menciona julgamento do art 13 da Lei nordm 862093 Aponta que o STF teria interpretado que o representante da empresa somente responderia por diacutevidas tributaacuterias decorrentes de descumprimentos de obrigaccedilotildees proacuteprias suas Defende que o atingimento do patrimocircnio de pessoas fiacutesicas em decorrecircncia de diacutevidas empresariais fere a

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legislaccedilatildeo ordinaacuteria inibe a atividade empresarial e afronta a Constituiccedilatildeo que estabelece o livre exerciacutecio da profissatildeo e da atividade econocircmica

Por fim entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuaccedilatildeo natildeo se sustenta seja pelos viacutecios preliminares que evidenciam a nulidade material do lanccedilamento seja pelo proacuteprio meacuterito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusaccedilotildees da fiscalizaccedilatildeo natildeo correspondem agrave verdade dos fatos

Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusatildeo dos administradores do polo passivo da presente autuaccedilatildeo em face da inexistecircncia de comprovaccedilatildeo de forma especiacutefica e pormenorizada de que estes atuaram com infraccedilatildeo agrave lei ao estatuto contrato social ou excesso de poderes como exige o art 135 do CTN tratandoshyse a acusaccedilatildeo fiscal de verdadeira situaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo objetiva dos diretores por suposta ausecircncia de recolhimento de tributos o que eacute rechaccedilado pelo entendimento do STJ do STF e tambeacutem do CARF

Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infraccedilatildeo objeto do processo em epiacutegrafe ou caso assim natildeo se entenda que seja reconhecida a improcedecircncia integral da autuaccedilatildeo em face da ausecircncia de comprovaccedilatildeo bem como da inexistecircncia do apontado subfaturamento assim como do alegado planejamento tributaacuterio abusivo ou ilegal cancelandoshyse a exigecircncia em sua totalidade

Caso natildeo acolhido o pedido antecedente requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistecircncia de fraude agrave lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituiacutedos os viacutenculos de responsabilidade dos diretores pessoas fiacutesicas em virtude da ausecircncia de comprovaccedilatildeo das situaccedilotildees descritas no artigo 135 do CTN

Ademais pugnam pela realizaccedilatildeo de todas as diligecircncias necessaacuterias agrave comprovaccedilatildeo das suas razotildees de defesa

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS por intermeacutedio da 2ordf Turma no Acoacuterdatildeo nordm 10shy058954 sessatildeo de 2505201 indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de periacutecia e julgou improcedente a impugnaccedilatildeo mantendo o creacutedito tributaacuterio lanccedilado e a responsabilidade solidaacuteria dos arrolados nos Termos de Sujeiccedilatildeo Passiva A decisatildeo foi assim ementada

Assunto Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

Fl 3218DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

Fl 3227DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 8: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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S3shyC2T1 Fl 3204

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legislaccedilatildeo ordinaacuteria inibe a atividade empresarial e afronta a Constituiccedilatildeo que estabelece o livre exerciacutecio da profissatildeo e da atividade econocircmica

Por fim entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuaccedilatildeo natildeo se sustenta seja pelos viacutecios preliminares que evidenciam a nulidade material do lanccedilamento seja pelo proacuteprio meacuterito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusaccedilotildees da fiscalizaccedilatildeo natildeo correspondem agrave verdade dos fatos

Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusatildeo dos administradores do polo passivo da presente autuaccedilatildeo em face da inexistecircncia de comprovaccedilatildeo de forma especiacutefica e pormenorizada de que estes atuaram com infraccedilatildeo agrave lei ao estatuto contrato social ou excesso de poderes como exige o art 135 do CTN tratandoshyse a acusaccedilatildeo fiscal de verdadeira situaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo objetiva dos diretores por suposta ausecircncia de recolhimento de tributos o que eacute rechaccedilado pelo entendimento do STJ do STF e tambeacutem do CARF

Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infraccedilatildeo objeto do processo em epiacutegrafe ou caso assim natildeo se entenda que seja reconhecida a improcedecircncia integral da autuaccedilatildeo em face da ausecircncia de comprovaccedilatildeo bem como da inexistecircncia do apontado subfaturamento assim como do alegado planejamento tributaacuterio abusivo ou ilegal cancelandoshyse a exigecircncia em sua totalidade

Caso natildeo acolhido o pedido antecedente requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistecircncia de fraude agrave lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituiacutedos os viacutenculos de responsabilidade dos diretores pessoas fiacutesicas em virtude da ausecircncia de comprovaccedilatildeo das situaccedilotildees descritas no artigo 135 do CTN

Ademais pugnam pela realizaccedilatildeo de todas as diligecircncias necessaacuterias agrave comprovaccedilatildeo das suas razotildees de defesa

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS por intermeacutedio da 2ordf Turma no Acoacuterdatildeo nordm 10shy058954 sessatildeo de 2505201 indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de periacutecia e julgou improcedente a impugnaccedilatildeo mantendo o creacutedito tributaacuterio lanccedilado e a responsabilidade solidaacuteria dos arrolados nos Termos de Sujeiccedilatildeo Passiva A decisatildeo foi assim ementada

Assunto Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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S3shyC2T1 Fl 3223

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 9: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Assunto Contribuiccedilatildeo para o PISPasep

Periacuteodo de apuraccedilatildeo 01122011 a 31122012

PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E ILEGAL AUSEcircNCIA DE PROPOacuteSITO NEGOCIAL SUBFATURAMENTO Para se aferir o limite para as operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio eacute preciso indagar se existe motivo extrashytributaacuterio para a realizaccedilatildeo do ato ou negoacutecio juriacutedico ou seja se haacute propoacutesito negocial Constatashyse aqui a ausecircncia de propoacutesito negocial sendo o objetivo uacutenico a reduccedilatildeo consideraacutevel da tributaccedilatildeo de PIS e de Cofins mediante venda simulada subfaturada pela induacutestria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econocircmico visando reduzir apenas a base de caacutelculo sujeita agrave incidecircncia monofaacutesica daquelas contribuiccedilotildees

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICACcedilAtildeO FRAUDE O planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal praticado pelo grupo econocircmico evidencia a conduta dolosa de impedir o

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

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687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

Fl 3225DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3226

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

Fl 3226DF CARF MF

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 10: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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S3shyC2T1 Fl 3206

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conhecimento da real base de caacutelculo dos tributos ensejando pois a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio aplicada

DILIGEcircNCIA PEDIDO INDEFERIDO Indefereshyse o pedido de diligecircncia quando as informaccedilotildees necessaacuterias se encontram nos autos e natildeo eacute demonstrada sua real necessidade para a soluccedilatildeo do litiacutegio visto o pedido ser feito de forma geneacuterica Ainda mais quando o lanccedilamento do creacutedito tributaacuterio estaacute todo baseado em documentaccedilatildeo do proacuteprio contribuinte

ADMINISTRADORES RESPONSABILIZACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA Os administradores da empresa ndash diretores gerentes ou representantes que praticam de forma comissiva ou omissiva conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts 71 a 73 da Lei ndeg 450264 respondem pelo creacutedito tributaacuterio de forma solidaacuteria nos termos do art 124 combinado com o art 135 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional

Impugnaccedilatildeo Improcedente

Creacutedito Tributaacuterio Mantido

Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntaacuterio reiterando as mesmas mateacuterias versadas em impugnaccedilatildeo para reforma da decisatildeo recorrida no sentido de em preliminar anular o auto de infraccedilatildeo e no meacuterito pugna pelo cancelamento do creacutedito tributaacuterio exigido

Eacute o relatoacuterio

Voto Vencido

Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator

O Recurso Voluntaacuterio que foi interposto empeccedila uacutenica em nome do contribuinte e demais pessoas que compotildeem o polo passivo na condiccedilatildeo de responsaacuteveis solidaacuterios atende aos requisitos de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento

O cerne do litiacutegio eacute o inconformismo dos autuados em face do lanccedilamento de ofiacutecio baseado na acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo no processo de integraccedilatildeo de atividade do Laboratoacuterio Stiefel shy STIEFEL e a Glaxosmithkline do Brasil shy GSK as quais comporiam um mesmo grupo econocircmico tendo a fiscalizaccedilatildeo afirmado ter constatado a praacutetica de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra produtos esses sob o sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesica (Lei nordm 101472000)

As mateacuterias suscitas na preliminar Presunccedilatildeo de Subfaturamento Insuficiecircncia de Fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal e Inexistecircncia de ato contraacuterio a Lei como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e natildeo descumprimento dos requisitos de que tratam os arts 10 e 59 do Decreto nordm 7023572

Essas mateacuterias confundemshyse com o proacuteprio meacuterito do recurso assim seratildeo enfrentadas em toacutepicos proacuteprios

Fl 3206DF CARF MF

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 11: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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1 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS A incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios das pessoas juriacutedicas desse ramo de atividade

Eacute recorrente neste Conselho julgamentos de mateacuteria anaacuteloga ao presente litiacutegio e que merece consideraccedilotildees iniciais para a perfeita elucidaccedilatildeo e enfrentamento do contencioso no presente processo

A receita bruta das pessoas juriacutedicas estava sujeita agrave incidecircncia das contribuiccedilotildees sociais para o PISPasep e para a Cofins a teor do art 3ordm da Lei nordm 9718 de 27111998 natildeo havendo qualquer limitaccedilatildeo da tributaccedilatildeo quanto agraves etapas da cadeia econocircmica (produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo)

A Lei nordm 101472000 de 21122000 com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 010520011 instituiu em seu art 1ordm2 a incidecircncia monofaacutesica na tributaccedilatildeo de PIS e Cofins para a pessoa juriacutedica que industrializa ou importa determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal com aliacutequotas substancialmente superiores (202 para o PIS e 103 para a Cofins) agrave tributaccedilatildeo normal do regime natildeoshycumulativo

Para essa gama de produtos determinou o art 2ordm dessa mesma Lei 3 que a incidecircncia sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica industrialimportadora eacute uacutenica (concentrada) e expressamente reduziu a zero as aliacutequotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas juriacutedicas adquirentes do fabricanteimportador

Em siacutentese ateacute 30042001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacecircuticos de perfumaria de toucador ou de higiene pessoal alcanccedilavam todas as pessoas juriacutedicas A partir de 01052001 essas contribuiccedilotildees passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa juriacutedica fabricante ou importadora de referidos produtos A etapa de revenda deixou de ser tributada (aliacutequota zero) pelas Contribuiccedilotildees

Como consequecircncia da novel tributaccedilatildeo no setor grupos econocircmicos passaram a reestruturar seus negoacutecios de forma que o padratildeo de operaccedilatildeo tradicional que

1 Art 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo produzindo efeitos em relaccedilatildeo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ordm de maio de 2001 ressalvado o disposto no art 4o (Redaccedilatildeo dada pela Medida Provisoacuteria nordm 2158shy35 de 2001) 2 Art 1ordm A contribuiccedilatildeo para os Programas de Integraccedilatildeo Social e de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico shy PISPasep e a Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social shy Cofins devidas pelas pessoas juriacutedicas que procedam agrave industrializaccedilatildeo ou agrave importaccedilatildeo dos produtos classificados nas posiccedilotildees 3001 3003 exceto no coacutedigo 30039056 3004 exceto no coacutedigo 30049046 e 330300 a 3307 nos itens 3002101 3002102 3002103 3002201 3002202 3006301 e 3006302 e nos coacutedigos 30029020 30029092 30029099 30051010 30066000 34011190 34012010 e 96032100 todos da Tabela de Incidecircncia do Imposto sobre Produtos Industrializados shy TIPI aprovada pelo Decreto nordm 4070 de 28 de dezembro de 2001 seratildeo calculadas respectivamente com base nas seguintes aliacutequotas [] 3 Art 2o Satildeo reduzidas a zero as aliacutequotas da contribuiccedilatildeo para o PISPasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art 1o pelas pessoas juriacutedicas natildeo enquadradas na condiccedilatildeo de industrial ou de importador

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

Fl 3213DF CARF MF

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

Fl 3218DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3219

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

Fl 3227DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 12: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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compreendia a industrializaccedilatildeo e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes foi substancialmente modificado

A partir de entatildeo pessoa juriacutedica do mesmo grupo econocircmico (jaacute existente receacutem constituiacuteda ou com alteraccedilatildeo substancial de seu instrumento social com adequaccedilatildeo para o fim proposto com a peculiaridade de ser desprovida de depoacutesitos de armazenagem proacuteprios e compartilhar as mesmas instalaccedilotildees e serviccedilos do fabricante) passa a exercer com exclusividade a atividade de comercialshyatacadista ou simplesmente revendedora na aquisiccedilatildeo e revenda dos produtos monofaacutesicos da induacutestria aos mesmo clientes desta

Assim o fabricante natildeo mais efetua venda direta de sua produccedilatildeo a clientes (terceiros natildeo vinculados) mas eacute impelido (contratualmente) a fazecircshyla agrave pessoa juriacutedica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante por preccedilos que se aproxima daqueles praticados quando da venda induacutestriashycliente

O efeito imediato desse modelo de negoacutecio foi a reduccedilatildeo expressiva na receita bruta da industrial e a consequente reduccedilatildeo dos tributos que incidem na operaccedilatildeo shy PISPasep Cofins e IPI aleacutem do efeito no IRPJ e CSLL Por outro lado na revenda da comercialshyatacadista para o cliente em que a receita bruta eacute expressivamente maior em relaccedilatildeo agrave da industrial natildeo haacute incidecircncia de PISPasep e de Cofins a teor do mencionado art 2ordm da Lei nordm 101472000

Eacute de se presumir que a introduccedilatildeo de uma etapa de operaccedilatildeo de revenda realizada por uma pessoa juriacutedica que ateacute entatildeo natildeo participava da operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeoshyvenda direta a clientes natildeo traz ganhos operacionais ou econocircmicos ou reduccedilatildeo de custos pelo simples fato desse acreacutescimo implicar novos gastos antes inexistentes tais como financeiros operacionais trabalhistas administrativos armazenamento e logiacutesticos e outros tantos mais

As fiscalizaccedilotildees setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluiacutedo amiuacutede que a citada reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios de grupos econocircmicos que se dedicam agraves atividades empresariais com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada consubstanciamshyse em planejamento tributaacuterio por vezes abusivos eou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam agrave sonegaccedilatildeo fiscal mediante simulaccedilatildeo e o subfaturamento de preccedilos praticados nas operaccedilotildees de vendas da induacutestria para a comercialshyatacadista pertencentes ao grupo

A acusaccedilatildeo fiscal de simulaccedilatildeo e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatoacuterio de ausecircncia de fundamento econocircmico e financeiro do acreacutescimo da etapa realizada pela comercialshyatacadista sem ganho econocircmico no qual a finalidade via de regra eacute exclusivamente a reduccedilatildeo do tributo na cadeia de comercializaccedilatildeo de produtos de incidecircncia concentrada e a reduccedilatildeo artificial de preccedilos shy o subfaturamento shy na operaccedilatildeo intragrupo (venda da industrial para a comercial) ao passo que o preccedilo praticado na operaccedilatildeo de revenda da comercialshyatacadista para o cliente manteacutem na mesma faixa que antes era praticado pela industrial

Apresentado o panorama geral das operaccedilotildees de comercializaccedilatildeo de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo estabelecida pela Lei nordm 101472000 realizadas antes e apoacutes os efeitos de sua vigecircncia e as adaptaccedilotildees de cunho organizacional de grupos econocircmicos sujeitos a essa modalidade de tributaccedilatildeo da qual resultou em diminuiccedilatildeo da receita bruta na etapa industrial e

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

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687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 13: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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consequente reduccedilatildeo de PISPasep e Cofins mantendoshyse a lucratividade na venda a terceiros cumpre analisar os fatos que permeiam a situaccedilatildeo dos autos

Entendo ser indiscutiacutevel que a mateacuteria central posta em julgamento eacute faacutetica e natildeo de direito Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitashyse agrave tributaccedilatildeo de que trata a Lei nordm 101472000

O Fisco acusou o grupo que compotildee a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negoacutecio da primeira que passou a se dedicar agrave industrializaccedilatildeo de medicamentos eou produtos farmacecircuticos e sua venda com exclusividade a GSK com a reduccedilatildeo artificial de preccedilo caracterizandoshyse o subfaturamento por meio de um planejamento tributaacuterio abusivo mediante a simulaccedilatildeo da operaccedilatildeo de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL sendo que a verdadeira operaccedilatildeo permaneceu como anteriormente shy da STIEFEL a seus clientes

Assim as mateacuterias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemshyse agrave comprovaccedilatildeo da (i) existecircncia de um planejamento tributaacuterio abusivo (ii) mediante a simulaccedilatildeo de operaccedilotildees de venda entre SIETEL e GKS (iii) cujos preccedilos satildeo subfaturados cujo efeito foi a reduccedilatildeo ilegal da base de caacutelculo das contribuiccedilotildees

2 PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO E SIMULACcedilAtildeO

Antes de passar aos subtoacutepicos pontuais da mateacuteria analisamshyse as consideraccedilotildees gerais da fiscalizaccedilatildeo para afastar o planejamento tributaacuterio no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestaccedilotildees dos recorrentes

A autoridade fiscal asseverou que o ldquoplanejamento tributaacuteriordquo realizado teve como razatildeo uacutenica a diminuiccedilatildeo do ocircnus dos tributos e contribuiccedilotildees incidentes nas operaccedilotildees do grupo econocircmico sendo certo que natildeo houve propoacutesito negocial ou razotildees econocircmicas que justificassem a venda para a GSK de produtos a preccedilos subfaturados

Expotildee entendimentos doutrinaacuterio e jurisprudencial no tocante aos limites do poder de autoshyorganizarshyse assentados no princiacutepio de que a essecircncia deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito quanto ao modo do seu exerciacutecio cuja finalidade uacutenica foi de pagar menos tributo e afronta aos princiacutepios constitucionais da boashyfeacute dos bons costumes e do fim econocircmico e social

Dessa forma diante das ilicitude constatadas o Fisco recusou os efeitos da reorganizaccedilatildeo das atividades do Grupo STIEFELGSK no acircmbito tributaacuterio tratando a situaccedilatildeo concreta como planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado insereshyse no modelo de negoacutecio efetivado apoacutes a aquisiccedilatildeo mundial da STIEFEL pela GSK natildeo podendo ser considerado abusivo e ilegal Haacute evidente propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico na reorganizaccedilatildeo das pessoas juriacutedicas e de suas atividades

Passo a enfrentar as situaccedilotildees faacuteticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordacircncias em sustentar suas posiccedilotildees Satildeo elas (i) aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades (ii) alteraccedilotildees

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

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687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 14: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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contratuais da Stiefel e GSK (iii) ausecircncia de propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico e (iv) simulaccedilatildeo O subfaturamento enquanto elemento essencial do planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito seraacute enfrentado em toacutepico proacuteprio

21 Aquisiccedilatildeo global dos Laboratoacuterios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organizaccedilatildeo de atividades

A narrativa fiscal daacute conta de que embora a aquisiccedilatildeo da STIEFEL pelo Grupo GSK as operaccedilotildees no Brasil limitaramshyse agrave integraccedilatildeo das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK a teor do contrato de prestaccedilatildeo de serviccedilos compartilhados datado de 30042010

Esse fato caminha no sentido de ser indiacutecio de que a finalidade da reorganizaccedilatildeo foi o de planejar a interrupccedilatildeo da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operaccedilatildeo O efeito como explanado alhures foi a reduccedilatildeo da receita bruta apenas da Sitefel que fora transferida para a GSK para que esta natildeo se submetesse agrave tributaccedilatildeo das Contribuiccedilotildees e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensiacutevel reduccedilatildeo

22 As alteraccedilotildees contratuais da Stiefel e GSK

Alegam os recorrentes que as alteraccedilotildees contratuais entre a Stiefel e a GSK natildeo trariam elementos probatoacuterios que dessem suporte agraves acusaccedilotildees feitas pelo Fisco visto que as empresas existiam de fato O mesmo endereccedilo da Stiefel e da GSK natildeo significaria ilegalidade pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas ainda mais quando do mesmo grupo econocircmico De outro lado a diligecircncia realizada natildeo teria sido suficiente para comprovar as acusaccedilotildees fiscais Cita acoacuterdatildeo do CARF

O modelo de negoacutecio praticado apoacutes a transferecircncia da atividade comercial da STIEFEL para a GSK estaacute amparado em documentos formalmente regulares Certamente revela uma estrutura de negoacutecios que fora meticulosamente reorganizada para se alcanccedilar o objetivo de reduccedilatildeo da tributaccedilatildeo por intermeacutedio de planejamento tributaacuterio abusivo que todavia natildeo coincide com a realidade faacutetica revelada na autuaccedilatildeo fiscal shy o planejamento abusivoilegal e o subfaturamento de preccedilos que se demonstraraacute a frente

Dessa forma o compartilhamento da localizaccedilatildeo fiacutesica e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK ambas interdependentes eacute apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produccedilatildeo e venda a clientes de produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada com a finalidade preciacutepua de reduccedilatildeo iliacutecita de tributos

A existecircncia fiacutesica e juriacutedica de ambas natildeo afasta a realidade da incompatibilidade entre o negoacutecio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal shy eis que parte da simulaccedilatildeo shy que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributaacuterio empreendido pela contribuinte

23 Propoacutesito negocial regulatoacuterio e econocircmico

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

Fl 3211DF CARF MF

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

Fl 3212DF CARF MF

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

Fl 3213DF CARF MF

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

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687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

Fl 3218DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3219

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

Fl 3227DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 15: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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S3shyC2T1 Fl 3211

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Na mateacuteria insurgemshyse os recorrente quanto agrave acusaccedilatildeo fiscal de inexistecircncia de propoacutesito negocial no modelo de negoacutecio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFELGSK Rebatem as acusaccedilotildees com a afirmaccedilatildeo de quer a STIEFEL transferiu funcionaacuterios agrave GSK e ainda manteve margem de lucro compatiacutevel em relaccedilatildeo agraves demais empresas

A contribuinte justifica a reduccedilatildeo da margem de lucro da Stiefel na diminuiccedilatildeo de suas despesas que foram transferidas para a GSK Essa reduccedilatildeo de despesas natildeo fora demonstrada nem comprovada

A decisatildeo recorrida discorreu acerca das constataccedilotildees da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausecircncia de propoacutesito negocial no novo modelo de negoacutecio do Grupo

Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econocircmicos e financeiros que excederiam a mera reduccedilatildeo da carga tributaacuteria de modo a justificar o novo modelo de negoacutecio que trouxe reduccedilatildeo da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro

Entendo que a justificativa para tal reduccedilatildeo natildeo se encontra na diminuiccedilatildeo das despesas pois que matematicamente a reduccedilatildeo simultacircnea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro liacutequido a menos que a reduccedilatildeo da receita bruta seja extremamente superior agrave reduccedilatildeo das despesas para resultar em reduccedilatildeo da lucratividade na ordem de 7183 para 3257 comparandoshyse os anos de 2011 (vendas Sitefelshyclientes) e 2012 (vendas StiefelshyGSK)

Ao meu ver os fatos apontam para sensiacutevel reduccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL decorrente da reduccedilatildeo dos preccedilos praticados entre esta e a comercialshyatacadista interdependentes que natildeo foi proporcionalmente afetada pela reduccedilatildeo de custos e despesas Tratashyse em verdade de arranjo que visa natildeo a prolatada eficiecircncia econocircmicashyfinanceira mas sobretudo economia tributaacuteria que no presente caso resultou de praacutetica de atos considerados fraudulento por meio de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Natildeo eacute criacutevel que a inserccedilatildeo de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo SitefelGSK

Vislumbrashyse que o negoacutecio eacute extremamente lucrativo para o Grupo natildeo pela reduccedilatildeo de custos de intermediaccedilatildeo da GSK mas sim pela sensiacutevel alteraccedilatildeo da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial com reduccedilatildeo expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda cuja explicaccedilatildeo reside no planejamento abusivo simulado fraudulento e no subfaturamento de preccedilos para reduzir ilicitamente a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees

Desnecessaacuteria maior expertise em negoacutecio e financcedilas para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferecircncia para GSK e desta para o cliente Satildeo custos e despesas com pessoal instalaccedilotildees ativos logiacutestica e outras mais que certamente incorrerem em ambas Contudo eacute exatamente a inclusatildeo dessa etapa ao meu ver injustificaacutevel que permite a venda majorada em cerca de ateacute 5 vezes em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

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Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 16: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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Eis ai o despropoacutesito da venda intermediaacuteria da STIEF para GSK

O resultado da operaccedilatildeo com produtos de incidecircncia concentrada eacute que a STIEFEL reduz sua receita e tributaccedilatildeo de PIS e Cofins a GSK nada paga dessas Contribuiccedilotildees e ainda pratica os mesmos preccedilos na venda aos clientes da STIEFEL

24 A simulaccedilatildeo

Eacute indiscutiacutevel a liberalidade de empresas realizarem reorganizaccedilotildees de negoacutecio com fins ao desmembramento de atividades econocircmicas pois respaldada em princiacutepios constitucionais como o da livre iniciativa Todavia a legislaccedilatildeo paacutetria natildeo ampara negoacutecios realizados artificialmente mediante fraude simulaccedilatildeo e sonegaccedilatildeo fiscal

Plaacutecido e Silva conceitua simulaccedilatildeo como ldquoo artifiacutecio ou o fingimento na praacutetica ou na execuccedilatildeo de um ato ou contrato com a intenccedilatildeo de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro ou lhe dando aparecircncia que natildeo possui () No sentido juriacutedico sem fugir ao sentido normal eacute o ato juriacutedico aparentado enganosamente ou com fingimento para esconder a real intenccedilatildeo ou para subversatildeo da verdade Na simulaccedilatildeo pois visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuiacutezo de terceirosrdquo (Silva De Plaacutecido e Vocabulaacuterio Juriacutedico Ed Forense 1990)

Luciano Amaro complementa que ldquoa simulaccedilatildeo seria reconhecida pela falta de correspondecircncia entre o negoacutecio que as partes realmente estatildeo praticando e aquele que elas formalizamrdquo (Amaro Luciano Direito Tributaacuterio Brasileiro 13ordf Ed Ed Saraiva 2007 p 231)

Simulaccedilatildeo corresponde portanto a realizaccedilatildeo de atos ou negoacutecios juriacutedicos atraveacutes de forma prescrita ou natildeo defesa em lei mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relaccedilatildeo juriacutedica O ato existe apenas aparentemente eacute um ato fictiacutecio uma declaraccedilatildeo enganosa da vontade visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado

Em geral devido a sua proacutepria natureza a simulaccedilatildeo eacute de difiacutecil comprovaccedilatildeo documental Haacute a presenccedila de dois atos o ato simulado do qual haacute documento ostensivo e o ato dissimulado que eacute o que se intenta esconder Assim visto que sua accedilatildeo eacute dissimulada sob forma diversa fica muito difiacutecil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrecircncia pois esconder o ato dissimulado eacute da proacutepria natureza da simulaccedilatildeo sendo assim se faz necessaacuterio perquirirshyse a real intenccedilatildeo dos agentes no momento da praacutetica do ato Para sua demonstraccedilatildeo deveshyse lanccedilar matildeo de provas indiciaacuterias e presuntivas

No discorrer de seu relatoacuterio fiscalizaccedilatildeo trilhou este caminho ao descrever os indiacutecios que apontavam para formas de operaccedilatildeo e rearranjo societaacuterio que no somatoacuterio e conjunccedilatildeo das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negoacutecios que conferiam certa aparecircncia que entretanto natildeo correspondiam agrave realidade

No Relatoacuterio Fiscal a autoridade relata a aparecircncia formal dos atos praticados pela STIEFELGSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inuacutemeras alteraccedilotildees sociais promovidas em estabelecimento da GSK que estrategicamente fora inserido nas instalaccedilotildees fiacutesicas da STIEFEL e dela se utilizou de depoacutesitos de matildeoshydeshyobra e de outros

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3218

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 17: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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elementos de infraestrutura proacuteprios de uma pessoa juriacutedica que se dedica ao comeacutercio atacadista

Com a adequaccedilatildeo formal ao modelo de negoacutecio proposto no dia 29122011 os estoques de mercadorias da STIEFEL foram transferidos para os depoacutesitos da GSK4 conforme afirmativa expressa do proacuteprio contribuinte em seu recurso voluntaacuterio (fl 3010) Portanto natildeo houve venda mas sim uma mera transferecircncia de produtos acabados cujo preccedilo unitaacuterio consignado em notas fiscais foram em cerca de 2694 do efetivo preccedilo meacutedio de venda praticado no periacuteodo (fl 2449)

A partir de entatildeo a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes em razatildeo da obrigaccedilatildeo contratual de fornecer toda a sua produccedilatildeo agrave GSK sendo remunerada pelo custo de fabricaccedilatildeo acrescido dos tributos e markup que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidecircncia concentrada de PIS e Cofins de um total de 78 negociados no periacuteodo (como se veraacute no toacutepico 3 Subfaturamento desde voto)

A economia tributaacuteria por intermeacutedio de transaccedilotildees simuladas reveloushyse a real motivaccedilatildeo da cisatildeo de uma uacutenica operaccedilatildeo de industrializaccedilatildeo e venda de produtos (STIEFELshycliente) para outro formato de negoacutecio com a inserccedilatildeo de uma etapa de revenda (GSKshycliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo Todavia mediante a reduccedilatildeo artificiosa dos preccedilos na etapa de (re)venda do produto industrializado realizada entre empresas interdependentes proporcionoushyse a reduccedilatildeo dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidecircncia concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e reduccedilatildeo a zero nas etapas de comercializaccedilatildeo posteriores

Assim demonstrada a simulaccedilatildeo nas alteraccedilotildees societaacuterias da GSK com a adequaccedilatildeo necessaacuteria para interporshyse entre a induacutestria e clientes do Grupo com o propoacutesito de reduccedilatildeo da carga tributaacuteria na venda de produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada de PIS e Cofins

A simulaccedilatildeo eacute o elemento fundamental no planejamento tributaacuterio abusivo e no subfaturamento dos preccedilos para a evasatildeo tributaacuteria aqui comprovada pelo Fisco

Conclusotildees do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal com a praacutetica de atos simulados

A comprovaccedilatildeo do planejamento abusivo mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento pode ser extraiacuteda do proacuteprio recurso voluntaacuterio quando afirma que a STIEFEL natildeo vendeu apenas transferiu seus estoques para a GSK que apoacutes todo o rearranjo passou ser revendedora exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta sem o pagamento de PIS e Cofins no tocante agrave incidecircncia concentrada

Ora se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizoushyse transferecircncia de estoques com a peculiaridade de que a GSK natildeo dispunha de local proacuteprio para armazenagem 4 Operaccedilatildeo que natildeo demandou qualquer logiacutestica complexa uma vez que o depoacutesito da GSK conforme revelado em diligecircncia fiscal resumeshyse apenas a espaccedilo fiacutesico dentro do depoacutesito da STIEFEL separado unicamente por grades

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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S3shyC2T1 Fl 3230

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 18: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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S3shyC2T1 Fl 3214

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pois compartilhava de espaccedilo do depoacutesito fechado da STIEFEL a saiacuteda desses estoques promovida apenas no ano de 2012 em operaccedilatildeo de venda a clientes natildeo pode ser atribuiacuteda agrave GSK uma vez que natildeo era sua propriedade mas tatildeoshysoacute da STIEFEL

A anaacutelise mais detalhada dos contratos celebrados (fls 738 e ss) entre as pessoas juriacutedicas do Grupo permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preccedilo por si definido

Constam das claacuteusulas 26 e 51 do contrato a obrigaccedilatildeo da STIEFEL fornecer agrave ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos Ora tal disposiccedilatildeo natildeo se coaduna com a liberdade em seus negoacutecios mormente quando a realidade dos preccedilos praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferecircncias de estoque em dezembro2011 em 69 dos produtos (54 de um total de 78) conforme demonstra no toacutepico de subfaturamento

Dessarte confirmashyse a conclusatildeo fiscal pois que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo shy desnecessaacuteria e prescindiacutevel shy no seio de um grupo econocircmico com a praacutetica simultacircnea de reduccedilatildeo artificial de preccedilos nessa operaccedilatildeo intragrupo

3 SUBFATURAMENTO

Defendemshyse os recorrentes que a autoridade fiscal natildeo comprovou o alegado subfaturamento dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros pois de natureza distintas

Alega a inexistecircncia de vendas simultacircneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros Sustenta que um dos componentes da reduccedilatildeo da receita na industria foi a correspondente reduccedilatildeo de despesas

A DRJ afirma a existecircncia de um conjunto probatoacuterio contundente da existecircncia do subfaturamento

Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELshyGSK satildeo subfaturadas

Primeiramente o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operaccedilotildees de comeacutercio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada cujo contrato de cacircmbio e sua efetiva liquidaccedilatildeo expressam exatamente esse mesmo valor contudo outro pagamento agrave margem das declaraccedilotildees formais aos oacutergatildeos de controle eacute efetuado (por meios legais ou natildeo) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes

O subfaturamento no comeacutercio exterior natildeo exige a interdependecircncia entre exportador e importador e se revela por uma simples omissatildeo do preccedilo efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

Fl 3225DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3226

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

Fl 3226DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3227

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 19: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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S3shyC2T1 Fl 3215

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No presente autos tratashyse de outro tipo de subfaturamento que soacute tem em comum com o descrito acima a intenccedilatildeo de reduzir tributo a forma e os meios de se alcanccedilar tal objetivo divergem substancialmente

A acusaccedilatildeo fiscal foi de que havendo a deliberaccedilatildeo da pessoa juriacutedica de reduzir a tributaccedilatildeo de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins fezshyse necessaacuterio um planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito para que por meio de simulaccedilatildeo de uma operaccedilatildeo entre empresas do mesmo grupo econocircmico e simultaneamente uma reduccedilatildeo artificial de preccedilos praticados shy o subfaturamento shy a venda do produto fabricado aos seus clientes natildeo mais fosse realizado pela pessoa juriacutedica industrial mas doravante pela comercial atacadista antes inexistente ou com arranjo societaacuterio para tal fim

De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalizaccedilatildeo implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais e esta natildeo foi a acusaccedilatildeo

De outra banda tambeacutem o subfaturamento no novo modelo de negoacutecio shy a introduccedilatildeo de uma operaccedilatildeo de venda entre STIEFEL e GSK antes da venda ao cliente do Grupo shy natildeo teve por fundamento a reduccedilatildeo da margem de lucro da STIEFEL Esta diminuiccedilatildeo foi consequecircncia da reduccedilatildeo artificial de preccedilo na venda da STIFELshyGSK em comparaccedilatildeo com a venda STIEFELshycliente

Pois bem no Termo de Verificaccedilatildeo (fls 24492451) encontrashyse o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco a saber as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos Entendo que a expressatildeo mercado aqui utilizada eacute com referecircncia agraves vendas aos clientes da STIEFEL pois a autoridade fiscal ressalta a desproporccedilatildeo entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mecircs de dezembro2011 sintetizado agrave folha 24495

Em seguida para o ano de 2012 o Relatoacuterio Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemaacutetica de preccedilos vendas STIEFELshyGSK equivalem em meacutedia cerca de 22 do valor na venda GSKshyclientes

Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteraccedilatildeo dos negoacutecios porquanto ateacute esse mecircs a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e simultaneamente iniciou as vendas para GSK que a partir de janeiro2012 revelaramshyse exclusivas

Eacute exatamente o comparativo dos preccedilos de vendas deste periacuteodo que revela o subfaturamento atraveacutes do artifiacutecio de reduzir os preccedilos dos produtos destinados agrave GSK em meacutedia para 2694 daquele praticado na venda para clientes natildeo interdependentes

A defesa traz suas alegaccedilotildees tambeacutem para refutar que a evidente diminuiccedilatildeo dos preccedilos de venda da fabricante tem outras explicaccedilotildees que natildeo o subfaturamento

5 Ou seja apuramos que o preccedilo dos produtos vendidos agrave GSK em 122011 equivale agrave cerca de 26 (VINTE E SEIS POR CENTO) do preccedilo praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel) Portanto as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados Portanto o valor que a STIEFEL pratica em relaccedilatildeo a terceiros eacute cerca de 370 (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK

Fl 3215DF CARF MF

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 20: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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A indicaccedilatildeo do art 187 do Coacutedigo Civil natildeo foi fundamento para caracterizar o subfaturamento mas para circunscrever a praacutetica fraudulenta do planejamento tributaacuterio abusivo a simulaccedilatildeo e o subfaturamento como atos iliacutecitos Aleacutem do mais as condutas iliacutecitas narradas nesses autos estatildeo todas descritas na legislaccedilatildeo do PIS e Cofins no Coacutedigo Tributaacuterio Nacional e demais legislaccedilatildeo federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevecirc a observacircncia obrigatoacuterio de seus regramentos e as sanccedilotildees em face de descumprimento

Nos autos natildeo se encontram quaisquer demonstraccedilatildeo de que as operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK em comparaccedilatildeo com terceiros encontra justificativa de extrema diferenccedila de preccedilos na distinccedilotildees de funccedilotildees e riscos Na verdade quando se trata de industrializaccedilatildeo por encomenda de terceiros com inexpressiva participaccedilatildeo na receita bruta da STIEFEL temshyse uma operaccedilatildeo cuja natureza eacute de prestaccedilatildeo de serviccedilo e natildeo de venda e estatildeo segregadas daquelas que originou a autuaccedilatildeo segundo o coacutedigo de operaccedilatildeo fiscal (CFOP)

Conquanto tratado em toacutepico anterior a contestaccedilatildeo quanto agrave inexistecircncia de venda simultacircnea para clientes e GSK no mecircs de dezembro2011 sob a expressa afirmaccedilatildeo no recurso voluntaacuterio que em verdade o que houve foi uma transferecircncia de estoque ao final o mecircs (fl 3010) natildeo macula nem desnatura as conclusotildees fiscais pois a comparaccedilatildeo foi plenamente possibilitada com a identificaccedilatildeo de produto comum a essas duas operaccedilotildees de venda (STIEFELshyclientes e STIEFELshyGSK) e a constataccedilatildeo de draacutestica reduccedilatildeo dos preccedilos (tema desenvolvido no Relatoacuterio Fiscal shy fls 24512456 shy e demonstrada na planilha comparativa shy fls 23972399)

Em outro ponto do recurso haacute menccedilatildeo agrave reduccedilatildeo de despesas riscos e funccedilotildees desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em reduccedilatildeo da receita bruta As alegaccedilotildees natildeo vieram acompanhada de prova da reduccedilatildeo de despesas que implicou consequente reduccedilatildeo na receita bruta Seraacute verificado em toacutepico deste voto que o resultado foi a severa reduccedilatildeo de margem de lucro da induacutestria do Grupo o que eacute incompatiacutevel com reduccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e despesas

A recorrente colaciona excertos do Acoacuterdatildeo nordm 3401shy003266 de 29092016 e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco natildeo efetuou qualquer verificaccedilatildeo individualizada da praacutetica de preccedilos diferenciados e a demonstraccedilatildeo de proximidade entre preccedilo de custo e de produccedilatildeo Segue o trecho transcrito

[]

Natildeo foi feita qualquer verificaccedilatildeo individualizada por produtos da praacutetica de preccedilos diferenciados ou por comparaccedilatildeo de preccedilos ao menos apontando indiacutecios mais robustos por meio de histoacuterico de transaccedilotildees e cotaccedilotildees nos mercados ou ainda demonstrando a proximidade entre o preccedilo de venda e o custo de produccedilatildeo

[]

As afirmativas e conclusotildees naquele processo natildeo se aplicam aqui a uma o Fisco fez anaacutelise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preccedilo individualizado praticados antes e apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente a duas em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

Fl 3219DF CARF MF

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

Fl 3220DF CARF MF

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

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Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 21: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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composiccedilatildeo do preccedilo de custo de seus produtos a trecircs natildeo constam dos autos o atendimento agraves intimaccedilotildees ou mesmo em fase recursal a demonstraccedilatildeo desses custos e sequer da propalada reduccedilatildeo de despesas

A seguir a imagem do item do Termo de Intimaccedilatildeo (fls 2728) em que eacute solicitado a demonstraccedilatildeo individualizada da composiccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos

A contribuinte natildeo apresentou o que lhe fora solicitado apenas a planilha do preccedilo de venda apontando os valores dos tributos devidos na operaccedilatildeo

A anaacutelise fiscal quanto ao subfaturamento embora sucinta eacute contundente ao expor as diferenccedilas de preccedilos praticadas pela STIEFEL antes e apoacutes a inserccedilatildeo da GSK nas operaccedilotildees com clientes Os demonstrativos apresentados satildeo objetivos e diretos ao desnudar a praacutetica do subfaturamento

Cumpre tambeacutem asseverar ser irrelevante a comparaccedilatildeo de preccedilos de venda de mesmos produtos sujeitos agrave incidecircncia concentrada das Contribuiccedilotildees em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e agrave GSK Basta ter o conhecimento do preccedilo praticado entre STIEFELshycliente em dezembro2011 e STIEFELshyGSK no ano de 2012 e comparaacuteshylo apenas considerando por forccedila de contrato um markup sobre o preccedilo de custo na venda STIEFELshyGSK e que essas vendas somente satildeo reajustadas a cada 12 meses

A seguir apresento o quadro em maior extensatildeo ao exibido no Relatoacuterio Fiscal (fls 2449 2450 e 2451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalizaccedilatildeo (fls 23972399) onde se comparam os preccedilos nas operaccedilotildees STIEFELshyclientes STIEFELshyGSK e GSKshyclientes em dezembro2011 e no decorrer de 2012 considerando apenas os produtos de incidecircncia concentrada comercializado em ambos os periacuteodos

dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

6B132328500 AcneshyAid Wash 60g 1983 516 525 2442 17 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 1424 372 316 1724 shy151 A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 4619 1212 1190 5283 shy18 A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 4375 1530 849 4700 shy445

302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 4970 1323 1196 5765 shy96 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 4624 1229 1062 5354 shy136

302572 BABIX SAB 100G 1227 330 302 1478 shy85 A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 2518 654 348 3039 shy468 970A130628500 Clariderm Clear OR 2784 705 806 4528 143 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 3749 974 974 3685 00 3A126328500 CLINAGEL 45G 2949 766 551 2909 shy281 516C159328500 Clindoxyl 30g 2948 766 653 2924 shy148

Fl 3217DF CARF MF

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

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Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 22: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

687A370928500 DermaVite comp cf 30 5426 1410 1377 5359 shy23 5A152028500 Duofilm 15ml 1970 513 476 1944 shy72 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 2998 780 625 2966 shy199 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 3672 947 922 5272 shy26

304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 5528 1437 1651 8371 149 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 3258 841 815 4471 shy31

477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 2967 774 885 4484 143 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 3639 940 1001 5326 65 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 4416 1158 1281 6674 106

304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 3605 922 852 4677 shy76 A41A122327400 Hidrafil AntishyAging 30g 2743 691 665 4325 shy38

304211 HIDRAFIL CR ANTIshyAGING PI MAOS 50G OR 1549 517 410 2363 shy207 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 2738 691 991 4262 434 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 2690 704 704 3064 00 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 4698 1259 1131 5372 shy102 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 2534 666 666 2807 00 8C113928500 Hidrafil sab 100g 1475 384 357 1763 shy70

304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 1270 328 397 1622 210 304224 HIDRAFIL TOacuteNICO HIDRATANTE 200ML OR 1441 362 381 2217 52

409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 2363 613 649 2333 59 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 8380 2152 3015 13734 401

49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 3833 1001 1321 5688 320 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 1234 321 321 1229 00 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 1365 356 356 1397 00 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 2370 616 590 2360 shy42 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO PBANHO 200ML 2510 634 634 3321 00 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 951 245 313 1107 278 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 2480 619 671 3314 84 41A113932800 OILATUM SAB 100G 1140 303 295 1379 shy26 53A145728500 Panoxyl 10 45g 1634 424 424 1633 00 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 1563 406 406 1564 00 10A151728500 POLYTAR SH120ML 1915 493 493 2160 00 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 2806 719 719 3242 00 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 2379 581 510 3299 shy122

302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPshyPRT 7208 2408 1281 10542 shy468 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPshyPRT 8074 2740 1711 1209 shy376 301378 Revaleskin Day Cream 7797 2942 3215 11115 93 301185 Revaleskin Facial Cleanser 3950 2371 2371 4888 00

35A145732800 SOLUGEL 4 45G 3707 963 807 3657 shy162 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 4041 1050 999 3989 shy49

305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 3178 829 909 3479 97 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 2455 662 608 2779 shy82 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 2776 731 694 3052 shy51 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRAshyCLARO OP 3164 836 823 3655 shy16 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 3167 836 762 3656 shy89

966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 3205 836 738 3653 shy117 302968 SPECTRABAN T COMPACTA shy BEGE MEDIO OR 4833 1256 1144 5681 shy89

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 23: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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dez2011 2012 Coacutedigo (1)

Descriccedilatildeo (2)

Stiefel shy cliente (3)

Stiefel shy GSK (4)

Stiefel shy GSK (5)

GSK shy Cliente (6)

SietelshyGSK 2012 dezshy11

(7)

82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 2187 566 566 2213 00 80A122328500 Stiefcortil cr 1 30g 1538 400 376 1517 shy60 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1 30G 1694 440 440 1668 00 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2 60G 1753 456 432 1728 shy53 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2 120ML 2012 521 521 1986 00

305364 STIPROXAL SH 120ML 3928 1028 970 4564 shy56 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 2663 735 714 3200 shy29

302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 4046 1083 947 4875 shy126 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 4141 1083 936 4862 shy136

484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 4319 1176 1024 5081 shy129 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 4729 1249 1328 5442 63 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 2964 766 802 3327 47 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 4339 1176 1053 5075 shy105

818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gelcr 4218 1102 887 4766 shy195 303307 UREMOL CREME OR 1633 403 494 2380 226 303300 UREMOL FLUID OR 1901 477 579 2706 214

390A423228500 WARTEC CREAM 5G 7000 1820 2155 7227 184 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 2728 710 599 3298 shy156 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 3832 1004 836 4665 shy167

coluna 1 coacutedigo do produto fabricado utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK

coluna 2 descriccedilatildeo do produto

coluna 3 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para clientes

coluna 4 preccedilo meacutedio no mecircs 122011 na venda da STIEFEL para GSK em que em recurso voluntaacuterio afirmou tratarshyse de transferecircncia de estoques

coluna 5 preccedilo meacutedio no ano de 2012 de venda da STIEFEL para a GSK

coluna 6 preccedilo meacutedio no de 2012 de venda da GSK para clientes

coluna 7 variaccedilatildeo percentual nos preccedilos de venda da STIEFEL para GSK em 2012 (coluna 5) em comparaccedilatildeo com os preccedilos de vendatransferecircncia de estoque da STIEFEL para GSK em 122011 (coluna 4)

Os valores da coluna 7 expressam o comportamento do preccedilo de venda STIEFELshyGSK comparandoshyos no ano de 2012 e em dezembro2011 ou seja aponta se houve coerecircncia na variaccedilatildeo de preccedilos em razatildeo de reduccedilatildeo de custos e despesas na STIEFEL conforme afirmado pelos recorrentes se esses preccedilos tiveram o mesmo iacutendice percentual de variaccedilatildeo e ainda se a variaccedilatildeo foi no mesmo sentido aumento ou diminuiccedilatildeo ou sem alteraccedilatildeo

Antecipashyse que os valores de venda da STIEFEL para a GSK a partir de 2012 deveria refletir um mesmo padratildeo de variaccedilatildeo para todos os produtos pois que no

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

Fl 3225DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3226

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

Fl 3226DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3227

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

Fl 3227DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

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S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 24: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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contrato celebrado entre ambas o valor de venda seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos acrescido dos tributos e remuneraccedilatildeo expresso nas claacuteusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuiccedilatildeo (fls 745751)

Natildeo eacute o que se constatou conforme se demonstra a seguir da anaacutelise sobre a variaccedilatildeo dos preccedilos

Em dezembro2011 na vendatransferecircncia de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e portanto era conhecido seus custos dessa forma o preccedilo da 4ordf coluna reflete o preccedilo da referida vendatransferecircncia

Comparando o preccedilo do produto vendidotransferido em dezembro2011 com o preccedilo do mesmo periacuteodo no ano de 2012 constatashyse de um total de 78 produtos

a 21 deles tiveram aumento de preccedilo em ateacute 434 ou seja foi acrescentado margem de lucro agrave STIEFEL em apenas 27 dos produtos

b 13 deles natildeo tiveram qualquer alteraccedilatildeo de preccedilo ou seja natildeo foi acrescentada nenhuma margem de lucro agrave STIEFEL e

c 44 deles tiveram reduccedilatildeo de preccedilos em ateacute 468 ou seja a STIEFEL vendeu com prejuiacutezo em 56 dos produtos

Esses nuacutemeros revelam total incompatibilidade com a referida claacuteusula do contrato pois no periacuteodo de 12 meses em que os preccedilos natildeo seriam reajustados e os tributos natildeo se alteraram o markup apresentou uma variaccedilatildeo entre um extremo negativo de shy468 (prejuiacutezo) e o outro extremo positivo 434 (lucro) contrariando todos os argumentos de que o modelo de negoacutecio permitiu a ambas pessoas juriacutedicas apropriados niacuteveis de lucratividade

Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo em uma visatildeo isolada para cada uma das empresas denota enorme desvantagem financeira agrave STIEFEL ao passo que na etapa de venda GSK aos clientes dos 78 produtos analisados em 61 deles os preccedilos aumentarem em ateacute 639 (na venda do produto KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) em relaccedilatildeo agraves vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro2011

Outro dado notaacutevel eacute que na categoria de alguns produtos natildeo se observa nenhuma coerecircncia no padratildeo de comportamento de preccedilos pois se constata expressivos aumentos e diminuiccedilotildees em itens de uma mesma categoria Satildeo eles Fisiogel Hidrafil Spectraban Stiefcortil Stiemycin e Sunmax

A conclusatildeo eacute que o planejamento fiscal engendrado impocircs reduccedilatildeo na receita bruta e lucratividade agrave STIEFEL permitindoshylhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidecircncia concentrada e concedeu consideraacutevel aumento na receita bruta e lucratividade agrave GSK na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins eacute exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos

Assim o planejamento fiscal objetivado mediante a praacutetica dolosa e fraudulenta de simulaccedilatildeo e subfaturamento proporcionou ao Grupo STIEFELGSK reduzir seus tributos e simultaneamente aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL contudo vendido pela GSK

Fl 3220DF CARF MF

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

Fl 3221DF CARF MF

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 25: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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Por fim destacashyse que em momento algum no toacutepico do subfaturamento a fiscalizaccedilatildeo menciona as alteraccedilotildees na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova As consideraccedilotildees acerca da reduccedilatildeo da margem de lucro somente satildeo apresentadas no toacutepico em que o Fisco assevera a ausecircncia de propoacutesito negocial (fls 24572458) ali sim referida reduccedilatildeo eacute a demonstrada como distorccedilatildeo na obtenccedilatildeo de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012

Vejashyse com clareza o que consignou o Relatoacuterio (fls 2457 e 2461)

Jaacute relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta no ano de 2012

[]

Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido Deveriam ser semelhantes de um ano para outro em razatildeo de estruturas de custos parecidas Todavia verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL para a GSK no ano de 2012 distorceu completamente a margem bruta caindo de 7183 para 3257

Ou seja eacute notoacuteria a reduccedilatildeo da margem bruta da STIEFEL consequumlecircncia da venda de produtos por valores subfaturados

Portanto natildeo haacute propoacutesito negocial nas operaccedilotildees entre a STIEFEL e a GSK pois estas transaccedilotildees natildeo seguem os padrotildees e criteacuterios de mercado mormente no tocante agrave obtenccedilatildeo de lucros (grifei)

A diminuiccedilatildeo simultacircnea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razatildeo de menor riscos natildeo poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta eacute resultado da razatildeo receita brutacustos O contribuinte natildeo coligiu nenhuma demonstraccedilatildeo ou comprovaccedilatildeo da reduccedilatildeo de despesas assim a expressiva diminuiccedilatildeo da lucratividade somente pode ser atribuiacuteda conforme demonstrado pelo Fisco agrave tambeacutem expressiva queda de receita bruta o que mostra incompatiacutevel com o objetivo de qualquer pessoa juriacutedica empresarial a menos que a tal reduccedilatildeo tenha finalidade outra shy a evasatildeo fiscal como revelada no presente caso

Por tudo que se constatou e demonstrou entendo irrefutaacutevel a comprovaccedilatildeo do subfaturamento dos preccedilos das vendas dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados

4 Da acusaccedilatildeo de erro de mateacuteria inescusaacutevel e insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal no tocante agrave alegaccedilatildeo do planejamento tributaacuterio abusivo e ilegal

Das vaacuterias acusaccedilotildees e alegaccedilotildees dos recorrentes haacute de se rechaccedilar que atribui erro de mateacuteria inescusaacutevel por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequiliacutebrio

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 26: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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econocircmico em relaccedilatildeo a concorrecircncia Natildeo se trata de erro mas de uma consequecircncia decorrente da conduta da pessoa juriacutedica em reduzir indevidamente os tributos pois assim procedendo fica em situaccedilatildeo privilegiada em relaccedilatildeo a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos

Natildeo haacute insuficiecircncia de fundamentaccedilatildeo legal do planejamento abusivo que insereshyse na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidecircncia concentrada trilhou o caminho da simulaccedilatildeo da fraude e do subfaturamento para conferir aparecircncia de novo modelo de negoacutecio inserindo artificiosamente operaccedilotildees praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees Assim entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nordm 101472000 e nos arts 71 72 e 73 da Lei nordm 450264 Todos os demais dispositivos de Lei (art 187 do CC arts 3ordm 5ordm 145 146shyA 150 173 da CF88) apontados na decisatildeo recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasatildeo de tributos

5 Da alegaccedilatildeo de inexistecircncia de atos contraacuterios a lei

Na mateacuteria o arrazoado do contribuinte quanto a inexistecircncia de praacutetica de atos contraacuterios agrave lei aborda a ausecircncia de exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado entre empresas interligadas e de comprovaccedilatildeo pela fiscalizaccedilatildeo de que as pessoas juriacutedicas envolvidas satildeo existentes de fato

O contribuinte argumenta que apresentou relatoacuterio de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preccedilos que se equiparam aos seus Afastamshyse os argumentos pois de nenhuma valia a comparaccedilatildeo de preccedilos entre produtos que se mostraram diferentes A comparaccedilatildeo entre empresas do setor recai no planejamento tributaacuterio adotado por muitas delas e que igualmente submeteramshyse a procedimentos de fiscalizaccedilatildeo como mesmo escopo deste

A fiscalizaccedilatildeo natildeo fundamentou a autuaccedilatildeo na exigecircncia de preccedilo miacutenimo a ser praticado nas operaccedilotildees da STIEFEL para com a GSK conceito legal adstrito agrave legislaccedilatildeo do IPI e natildeo foi aplicada na apuraccedilatildeo da receita bruta De fato o Fisco rechaccedilou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazecircshylo adotou os preccedilos da verdadeira operaccedilatildeo de venda que fora simulada a saber o preccedilos de venda da GSK para os clientes da STIEFELGSK

Dessa forma hiacutegido o lanccedilamento e a decisatildeo recorrida nas mateacuterias aqui arguidas pelos recorrentes

6 Da alegaccedilatildeo de ausecircncia de erro na quantificaccedilatildeo das bases de caacutelculo

Os recorrentes sustentam a correta apuraccedilatildeo da base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees isto eacute defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequecircncia o arbitramento de preccedilo foi indevido

A anaacutelise da questatildeo natildeo se realiza sob o aspecto formal do conteuacutedo dos documentos e escrituraccedilatildeo do contribuinte

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 27: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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Nesse ponto considerashyse irrefutaacutevel o conjunto probatoacuterio de que o planejamento tributaacuterio foi abusivo com o fim especiacutefico de reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo do PIS e Cofins mediante simulaccedilatildeo de operaccedilotildees factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preccedilos efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados o que caracteriza a fraude

Desnecessaacuterio delongarshyse nos motivos que conduziram a fiscalizaccedilatildeo a rechaccedilar o preccedilo de venda declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a proacutepria operaccedilatildeo Basta rever linhas acima as constataccedilotildees e fatos que desnudaram o planejamento tributaacuterio abusivo e a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiecircncia econocircmica e financeira mediante a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Entendo que fora evidenciado a desconsideraccedilatildeo da operaccedilatildeo simulada qual seja a da venda de produtos sujeitos agrave sistemaacutetica de tributaccedilatildeo concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK

A decisatildeo recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situaccedilotildees faacuteticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e iliacutecito com a praacutetica de simulaccedilatildeo e subfaturamento

Diante de fatos desnudados a fiscalizaccedilatildeo desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK tomando por verdadeira apenas como transferecircncia documental da industrial para a comercialshyatacadista no qual os produtos permanecia em depoacutesito da STIEFEL (compartilhado com a GSK) e somente davam saiacutedas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo Assim a efetiva operaccedilatildeo de venda manteveshyse como anteriormente praticada entre a STIEFEL e clientes sem a interposiccedilatildeo formal da GSK

Friseshyse que os recorrentes no recurso voluntaacuterio afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferecircncia de estoques fato que impotildee a conclusatildeo de que a natureza da operaccedilatildeo da saiacuteda desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL e natildeo da GSK Aleacutem disso a margem de lucro nas venda aos cliente seja pela STIEFEL (ateacute 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram iacutendices expressivos expressiva sem que os recorrentes comprovassem as reduccedilotildees de custos e despesas na empresa industrial

Desse modo desconsideroushyse tambeacutem os preccedilos consignados nas NFs de venda da STIEFEL para a GSK que se revelou simulada pois exsurgiu como verdadeiro negoacutecio da induacutestria a venda da GSK para aos clientes com os preccedilos informados nessas operaccedilotildees

Agrave vista do relatado temshyse que natildeo se tratou os autos de desconsideraccedilatildeo de personalidade juriacutedica da STIEFEL ou da GSK mas repisashyse desconsideroushyse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK pois apenas formal fictiacutecia simulada e subfaturada

Assim inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente e por conseguinte o preccedilo dos produtos do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de caacutelculo das contribuiccedilotildees para o PIS e Cofins eacute o consignado nas NFs de venda GSKshyclientes

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

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Page 28: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

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Destarte eacute de se concluir a inexistecircncia de uma arbitramento de preccedilo como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora

Arbitramento eacute procedimento extremo quando natildeo eacute conhecido ou natildeo se tem em exatidatildeo os valores de determinada base de caacutelculo a ser oferecida agrave tributaccedilatildeo o que natildeo eacute o caso dos autos pois aos valores da verdadeira operaccedilatildeo de venda shy GSKshycliente shy eacute plenamente conhecido e corresponde exatamente agravequele consignado nas NFs que respaldam tais operaccedilotildees

A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrada eacute portanto aquela informada pela GSK nas venda aos clientes mediante a utilizaccedilatildeo do preccedilo meacutedio de venda dos produtos praticado no mercado interno

Incabiacutevel pois a acusaccedilatildeo de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservacircncia dos disposto nos arts 142 e 148 do CTN ou na Lei nordm 101472001

Afirma ainda no recurso que natildeo se considerou os vaacuterios descontos ou parcelas admitidas na deduccedilatildeo da receita bruta aleacutem de incluir produtos natildeo sujeitos agrave tributaccedilatildeo concentrado e desconsiderar as amostras que apenas satildeo remetidas para a GSK que natildeo as revende

Essas afirmaccedilotildees foram enfrentadas na decisatildeo recorrida e ali restou consignado cujos fundamentos acolho que a apuraccedilatildeo da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituraccedilatildeo Digital) o qual eacute informado pelo proacuteprio contribuinte Portanto os valores que existiam nessa escrituraccedilatildeo digital levaram em conta descontos condicionais vendas canceladas IPI ICMSshyST produtos sem incidecircncia monofaacutesica e amostras de acordo com a proacutepria contabilidade do contribuinte (fl 2429) Ademais os produtos sujeitos agrave tributaccedilatildeo monofaacutesica satildeo identificados com o coacutedigo de operaccedilatildeo CFOP 5401 e 6401 conforme constou do Relatoacuterio Fiscal (fl 2448)

Concluo pela regularidade da apuraccedilatildeo da base de caacutelculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operaccedilatildeo de venda a ser tributada shy aquela entre a GSK e seus clientes

7 MULTA QUALIFICADA

A multa de ofiacutecio nos caso de lanccedilamento de ofiacutecio seraacute aplicada no percentual de 150 quando constatada situaccedilotildees caracterizadoras de sonegaccedilatildeo fraude e conluio a teor do sect 1ordm do art 44 da Lei nordm 9430966

A fiscalizaccedilatildeo demonstrou a ocorrecircncia de fraude nos atos praticados apoacutes a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo STIEFELGSK mediante a simulaccedilatildeo e subfaturamento 6 Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no 4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

Fl 3226DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3227

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

Fl 3227DF CARF MF

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3230

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 29: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3225

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de preccedilos evidenciando a accedilatildeo dolosa de reduccedilatildeo artificial a base de caacutelculo das Contribuiccedilotildees para o PIS e para Cofins o que configura o iliacutecito previsto no art 72 da Lei nordm 450264

Art 72 Fraude eacute toda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento

Natildeo eacute demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal como bem resumiu a decisatildeo recorrida o que como razatildeo para fundamentar a comprovaccedilatildeo a fraude

A constataccedilatildeo da ocorrecircncia de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatoacuterios mesmo grupo econocircmico mesmo endereccedilo dos interessados serviccedilos utilizados de forma compartilhada contrato de comodato a tiacutetulo gratuito mesmo depoacutesito de armazenamento diligecircncia constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econocircmico funcionaacuterios de uma empresa prestando serviccedilos para a outra empresa nas mais diversas funccedilotildees entrada das empresas e portaria compartilhada inclusive com os mesmos funcionaacuterios responsaacuteveis compartilhamento das aacutereas de portaria refeitoacuterio seguranccedila patrimonial seguranccedila do trabalho limpeza e manutenccedilatildeo burla do sistema de tributaccedilatildeo monofaacutesico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a aliacutequota zero preccedilos de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011 valores de vendas para terceiros 370 maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos demonstrativo realizado pela fiscalizaccedilatildeo apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econocircmico com o objetivo de fraudar a fiscalizaccedilatildeo passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebraccedilatildeo de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK cobranccedila com preccedilos de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 45892 maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK mesmo com toda a produccedilatildeo e industrializaccedilatildeo permanecendo a cargo da Stiefel e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes jaacute existentes sem a necessidade de divulgaccedilatildeo e publicidade seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel falta de propoacutesito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK pois teve todos os seus iacutendices econocircmicos e financeiros decaindo queda vertiginosa do Lucro Bruto da Receita Liacutequida e da Margem Liacutequida da Stiefel planejamento abusivo deixando de recolher milhotildees aos cofres puacuteblicos realizaccedilatildeo de operaccedilotildees anormais que destoavam das demais padrotildees do mercado afronta aos princiacutepios da capacidade contributiva solidariedade livre concorrecircncia e da neutralidade da tributaccedilatildeo ocorrecircncia da chamada elusatildeo ou seja situaccedilatildeo que procurava dar uma aparecircncia de legal mas que violava as normas juriacutedicas e abuso de direito consignado no art 187 do Coacutedigo Civil

Destarte comprovado a praacutetica de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PISPasep e Cofins devido eacute de se manter a multa qualificada por expressa previsatildeo legal

8 SOLIDARIEDADE

Fl 3225DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3226

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

Fl 3226DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

Fl 3227DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3230

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 30: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3226

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A autoridade fiscal incluiu como responsaacuteveis solidaacuterios pelo creacutedito tributaacuterio apurado a pessoa juriacutedica GSK e as fiacutesicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK responsabilizandoshyas pela praacutetica de todos os atos necessaacuterios ou convenientes agrave administraccedilatildeo dos negoacutecios da companhia O fundamento legal para as responsabilizaccedilotildees foram os arts 124 I do CTN quanto agrave pessoa juriacutedica e 135 III do CTN em relaccedilatildeo aos administradores pessoas fiacutesicas

Os recorrentes afirmam que o Auto de Infraccedilatildeo na mateacuteria eacute completamente geneacuterico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem agrave eacutepoca dos fatos geradores as pessoas responsaacuteveis pela administraccedilatildeo

Sustentam que a responsabilizaccedilatildeo tributaacuteria dos diretores das pessoas juriacutedicas exige a comprovaccedilatildeo natildeo apenas de um iliacutecito penal como tambeacutem a vinculaccedilatildeo direta e participaccedilatildeo efetiva da pessoa supostamente envolvida com descriccedilatildeo detalhada e comprovaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo

E por fim apontam para a Suacutemula STJ nordm 4307 pois entendem que a responsabilizaccedilatildeo objetiva dos soacutecios e administradores decorrente de simples natildeo recolhimento de tributos

Primeiramente pontuashyse que a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria das pessoas arroladas natildeo decorre da ausecircncia de pagamento de tributo lanccedilado em auto de infraccedilatildeo e formalizado no presente processo mas segundo a fiscalizaccedilatildeo da efetiva praacutetica de atos de gestatildeo que se revelaram fraudulento mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento

Quanto agrave responsabilidade solidaacuteria da GSK entendo restar patente pois que a acusaccedilatildeo de planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito a simulaccedilatildeo e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participaccedilatildeo da GSK na condiccedilatildeo de pessoa juriacutedica interdependente no novel modelo de negoacutecio que resultou na reduccedilatildeo indevida das Contribuiccedilotildees sujeitas agrave incidecircncia concentrada

Eacute de ressaltar que o periacuteodo de autuaccedilatildeo coincide com a vigecircncia do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL shy a GSK antes de dezembro2011 natildeo haacute nos autos relato de operaccedilotildees fraudulenta cometida sem a GSK como soacutecia nos quadro social da STIEFEL

Portanto no tocante agrave GSK manteacutemshyse a responsabilizaccedilatildeo solidaacuteria pois teve participaccedilatildeo efetiva nos atos eivados de fraude mediante simulaccedilatildeo e subfaturamento que resultaram no planejamento tributaacuterio abusivo e iliacutecito que culminou em reduccedilatildeo artificial da base de caacutelculo de PIS e Cofins nas operaccedilotildees da induacutestria do Grupo STIEFELshyGSK

Em relaccedilatildeo agrave responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas administradoras da STIEFELGSK pelo creacutedito tributaacuterio haacute razatildeo aos recorrentes

A fiscalizaccedilatildeo arrolou tais pessoas no polo passivo da autuaccedilatildeo pelo simples fato de exercerem a administraccedilatildeo sem que em relaccedilatildeo a cada um desses administradoresdiretores reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participaccedilatildeo individual nos atos de infraccedilatildeo ou contrato social

7 Suacutemula nordm 430STJ shy O inadimplemento da obrigaccedilatildeo tributaacuteria pela sociedade natildeo gera por si soacute a responsabilidade solidaacuteria do soacutecioshygerente

Fl 3226DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3227

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

Fl 3227DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3230

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 31: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3227

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Contudo entendo que natildeo basta para caracterizar a responsabilidade tributaacuteria solidaacuteria dos soacutecios que estes meramente estejam exercendo funccedilatildeo soacutecioshyadministrativa na pessoa juriacutedica autuada O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilizaccedilatildeo surta efeitos justos

Eacute certo que a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio permite inferir o dolo do sujeito passivo praticado sempre por um agente pessoa fiacutesica todavia a solidariedade somente eacute aplicada quando restar demonstrada individualizada e atribuiacuteda a conduta a determinada pessoa fiacutesica (isto eacute quem fez o que) e salvo melhor juiacutezo neste caso isto natildeo aconteceu

Do exposto eacute de se afastar a responsabilidade das pessoas fiacutesicas neste caso concreto

9 PEDIDO DE DILIGEcircNCIA

Os recorrentes encerram a peccedila de defesa com o pedido de diligecircncia para que sejam apurados os custos envolvidos na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos produtos em questatildeo

Acertadamente a decisatildeo recorrida indeferiu o pedido

Demonstrado nos autos que a fiscalizaccedilatildeo intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligecircncia os custo e despesas de fabricaccedilatildeo apoacutes a interposiccedilatildeo da GSK entre a STIEFEL e seus clientes

Causa estranheza o pedido pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios do Grupo proporcionou reduccedilatildeo de custos e despesas sem prejudicar a lucratividade das pessoas juriacutedicas

Ora os demonstrativos dos custos e despesas que os recorrentes admitem inexistentes poderiam ser a prova do contribuinte de que a reduccedilatildeo da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganizaccedilatildeo dos negoacutecios

Neste momento o pedido revelashyse protelatoacuterio e a apresentaccedilatildeo de provas preclusa conforme regramento do PAF devendo o julgamento realizarshyse com os elementos coligidos nos autos

Negashyse o pedido de diligecircncia

Conclusatildeo

Por todo o exposto voto para dar parcial provimento ao recurso voluntaacuterio apenas para afastar a responsabilidade solidaacuteria das pessoas fiacutesicas

(assinado digitalmente)

Paulo Roberto Duarte Moreira

Fl 3227DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3230

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 32: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3228

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Voto Vencedor

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio shy Redatora Designada

Em que pese o bem fundamentado voto do d Relator manifesto discordacircncia parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificaccedilatildeo de multa de ofiacutecio aplicada prevista no sect1ordm do art 44 da Lei nordm 943096

Art 44 Nos casos de lanccedilamento de ofiacutecio seratildeo aplicadas as seguintes multas(Vide Lei nordm 10892 de 2004) (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

I shy de 75 (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferenccedila de imposto ou contribuiccedilatildeo nos casos de falta de pagamento ou recolhimento de falta de declaraccedilatildeo e nos de declaraccedilatildeo inexata(Vide Lei nordm 10892 de 2004)(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

sect 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo seraacute duplicado nos casos previstos nos arts 71 72 e 73 da Lei no4502 de 30 de novembro de 1964 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabiacuteveis(Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11488 de 2007)

Com efeito entendo que assiste razatildeo ao Contribuinte Entendo natildeo ter ocorrido a necessaacuteria tipificaccedilatildeo das condutas exigidas quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts 71 72 e 73 da Lei no450264

Art 71 Sonegaccedilatildeo eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente o conhecimento por parte da autoridade fazendaacuteria

I shy da ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal sua natureza ou circunstacircncias materiais

II shy das condiccedilotildees pessoais de contribuinte suscetiacuteveis de afetar a obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou o creacutedito tributaacuterio correspondente

Art 72 Fraude eacute tocircda accedilatildeo ou omissatildeo dolosa tendente a impedir ou retardar total ou parcialmente a ocorrecircncia do fato gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria principal ou a excluir ou modificar as suas caracteriacutesticas essenciais de modo a reduzir o montante do impocircsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento

Art 73 Conluio eacute o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou juriacutedicas visando qualquer dos efeitos referidos nos arts 71 e 72

Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte ou seja a vontade deliberada de cometer o iliacutecito

Fl 3228DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3229

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Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3230

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

36

Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 33: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3229

33

Notashyse contudo que todas as operaccedilotildees autuadas foram devidamente registradas contabilizadas e declaradas agrave Fiscalizaccedilatildeo Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declaraccedilotildees O Recorrente atuou com boashyfeacute durante toda a fiscalizaccedilatildeo apresentando ampla documentaccedilatildeo e diversos esclarecimentos durante todo o curso da accedilatildeo fiscal O que fez a Fiscalizaccedilatildeo foi refutar a forma aplicaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria pelas Contribuintes

Ademais o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas consoante a regra legal aplicada Ainda que a Fiscalizaccedilatildeo pretenda questionar as operaccedilotildees realizadas shy e a conclusatildeo obtida venha a prevalecer shy o proacuteprio fato de existirem diversas decisotildees deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida agrave unanimidade demonstra se tratar de efetiva divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria

Nesse sentido cito jurisprudecircncia da Cacircmara Superior de Recursos Fiscais no acordatildeo ndeg 9101shy003365 de 18012018

MULTA QUALIFICADA

A acusaccedilatildeo de artificialismo de uma operaccedilatildeo baseada na ausecircncia de seu propoacutesito negocial revelada pela geraccedilatildeo de aacutegio interno e com uso de empresa veiacuteculo sem a demonstraccedilatildeo cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo com a devida subsunccedilatildeo aos artigos 71 72 e 73 da Lei n 450264 natildeo autoriza a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio independentemente do posicionamento que se tenha quanto agrave dedutibilidade do aacutegio na questatildeo

E tambeacutem o acoacuterdatildeo ndeg 9101shy01404 de 17072012

MULTA DE OFIacuteCIO QUALIFICADA INAPLICABILIDADE INOCORREcircNCIA DE FRAUDE Nos lanccedilamentos de ofiacutecio para constituiccedilatildeo de diferenccedilas de tributos devidos natildeo pagos ou natildeo declarados via de regra eacute aplicada a multa proporcional de 75 nos termos do art 44 inciso I da Lei 94301996 A qualificaccedilatildeo da multa para aplicaccedilatildeo do percentual de 150 depende natildeo soacute da intenccedilatildeo do agente como tambeacutem da prova fiscal da ocorrecircncia da fraude ou do evidente intuito desta caracterizada pela praacutetica de accedilatildeo ou omissatildeo dolosa com esse fim Na situaccedilatildeo versada nos autos natildeo restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributaacuterio logo incabiacutevel a aplicaccedilatildeo da multa qualificada

Pelo exposto por entender natildeo restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte tratandoshyse de tiacutepica hipoacutetese de mera divergecircncia quanto agrave interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria deve ser afastada a multa qualificada

Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Declaraccedilatildeo de Voto

Fl 3229DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3230

34

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3231

35

(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 34: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3230

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Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

A presente Declaraccedilatildeo de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente agrave anaacutelise dos fatos ensejadores da desqualificaccedilatildeo fiscal bem como do conjunto probatoacuterio apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a praacutetica adotada

Em se tratando de operaccedilotildees de planejamento tributaacuterio por vezes eacute tecircnue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma que deve ser rechaccedilado Desse modo a instruccedilatildeo probatoacuteria tanto a acusatoacuteria como a defensiva deve ser robusta

Eacute certo que a pretensatildeo de reduccedilatildeo de despesas fiscais natildeo eacute em absoluto praacutetica reprovaacutevel Eacute imperioso agrave boa governanccedila que o administrador empresarial otimize seus custos e busque sim a ampliaccedilatildeo de receitas e lucro Desse modo o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especializaccedilatildeo de atividades por exemplo jamais poderatildeo ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de propoacutesito negocial

Pois bem Na hipoacutetese dos autos eacute incontroverso que apoacutes a unificaccedilatildeo das empresas fornecedora e adquirente com o iniacutecio da exclusividade nas operaccedilotildees de compra e venda houve expressiva reduccedilatildeo do preccedilo de venda por parte da industrial Satildeo fatos expostos nos autos que independem de qualquer interpretaccedilatildeo Eacute tambeacutem certo que em razatildeo da sistemaacutetica de apuraccedilatildeo do PIS e COFINS monofaacutesicos tal alteraccedilatildeo acarreta significativa reduccedilatildeo da base de caacutelculo dos tributos

A Recorrente em sua defesa apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a reduccedilatildeo de preccedilos pelo industrial Contudo natildeo o faz de modo a demonstrar de que forma compotildee o seu preccedilo de venda (custos industriais gerenciais administrativos etc) mas alega que tais preccedilos seriam compatiacuteveis com aqueles praticados por seus concorrentes

Pois bem Ao se examinar os dados apresentados aos autos constatashyse que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraiacutedos ou praticados no mercado internacional especialmente europeu e norteshyamericano (EUA) Com a devida vecircnia natildeo vejo como admitir tais dados como comprobatoacuterios de que os valores praticados no Brasil satildeo compatiacuteveis como o efetivo custo de industrializaccedilatildeo dos bens (base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos) Com efeito natildeo haacute como se pretender equiparar preccedilos de mercado praticados em paiacuteses diferentes com sistemas tributaacuterios absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais comerciais natildeo possuem qualquer paralelo entre si

Assim em que pese o esforccedilo probatoacuterio empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerecircncia econocircmica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial tal prova natildeo eacute capaz de afastar a demonstraccedilatildeo fiscal no sentido de que natildeo haacute causa faacutetica ou juriacutedica a justificar a brusca reduccedilatildeo de preccedilos que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reuniatildeo empresarial ao estabelecimento comercial Ainda no que se refere ao aspecto probatoacuterio eacute preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte durante o processo fiscalizatoacuterio que este apresentasse a forma de composiccedilatildeo do preccedilo de venda praticado pelo industrial Esta demonstraccedilatildeo de forma objetiva seria suficiente para comprovar que a base de caacutelculo do PIS e COFINS monofaacutesicos

Fl 3230DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 35: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3231

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(faturamento da pessoa juriacutedica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte

Assim aderindo nesse ponto ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator acrescento as presentes razotildees de me meu convencimento

(assinado digitalmente)

Conselheira Tatiana Josefovicz Belisaacuterio

Conselheiro shy Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator mas neste caso em concreto venho por meio desta breve declaraccedilatildeo de voto apresentar entendimento divergente com relaccedilatildeo agrave necessidade de busca agrave verdade material e tambeacutem com relaccedilatildeo ao meacuterito

A livre iniciativa a partir do Art 170 da CF 88 e disposiccedilotildees infra constitucionais decorrentes permite que as atividades de induacutestria e comeacutercio sejam segregadas

Na mesma linha natildeo haacute qualquer legislaccedilatildeo que proiacuteba a segregaccedilatildeo de atividades industriais e comerciais Inclusive esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho como nos seguintes 301002921 e 3302003138 por exemplo

A consequumlecircncia das segregaccedilotildees de atividades pode ser a reduccedilatildeo de alguns fatos geradores de tributos o que natildeo implica em sonegaccedilatildeo

Se o contribuinte pagou menos tributo isto natildeo significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar

Pagar menos tributo natildeo eacute crime tributaacuterio quando isto eacute decorrecircncia de um mero e legal planejamento tributaacuterio

Para a desconstituiccedilatildeo da legalidade do planejamento tributaacuterio conforme previsto no Art 116 do CTN para verificar se o planejamento tributaacuterio foi abusivo ou natildeo o lanccedilamento deveria ter comprovado a disparidade com os preccedilos de mercado tanto da induacutestria para o cliente final quanto da induacutestria para a empresa comerciante e no presente lanccedilamento esse procedimento natildeo foi realizado

Conforme disposto no Art 142 do CTN e no Decreto 7023572 (PAF) e inuacutemeros precedentes neste conselho o ocircnus da prova eacute da fiscalizaccedilatildeo nos casos de lanccedilamento

Logicamente durante a fiscalizaccedilatildeo a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstraccedilatildeo dos preccedilos praticados no mercado de modo mais especifico para busca da verdade material (de importacircncia pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 7023572)

Fl 3231DF CARF MF

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF

Page 36: S3C2T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS · s3c2t1 fl. 3.197 1 3.196 s3c2t1 ministÉrio da fazenda conselho administrativo de recursos fiscais terceira seÇÃo de julgamento

Processo nordm 160957201372016shy88 Acoacuterdatildeo nordm 3201shy004699

S3shyC2T1 Fl 3232

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Eacute a partir desta constataccedilatildeo que verificashyse que nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo a busca da verdade material foi prestigiada neste caso

No miacutenimo uma diligecircncia eacute necessaacuteria para a averiguaccedilatildeo dos preccedilos praticados

O setor em que o contribuinte atua possui caacutelculos especiacuteficos e complexos que devem ser considerados

Por isso se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preccedilo 2 ou 4 vezes maior isso pode natildeo configurar subfaturamento se para este setor em especiacutefico tais proporccedilotildees forem razoaacuteveis

Cada setor tem um markup especiacutefico que no presente processo natildeo foi considerado

Natildeo eacute fraude segregar atividade e pagar menos tributo

Se a empresa obteve lucro alto inclusive natildeo haacute como considerar que houve subfaturamento

Diante do exposto votashyse para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntaacuterios

Declaraccedilatildeo de voto proferida

(assinado digitalmente)

Pedro Rinaldi de Oliveira Lima

Fl 3232DF CARF MF