conselho administrativo de recursos fiscais · acórdão nº3801001.869, proferido pela 1º turma...

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CSRFT3 Fl. 1.161 1 1.160 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13982.001088/201001 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303005.845 – 3ª Turma Sessão de 17 de outubro de 2017 Matéria PIS COFINS Recorrente COMERCIO ATACADISTA E VAREJISTA PROGRESSO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO:NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/12/2004, 31/01/2005, 30/04/2005, 31/08/2005, 30/09/2005, 30/11/2005, 31/12/2005, 31/01/2006, 28/02/2006, 31/03/2006, 30/09/2006, 30/11/2006, 31/12/2006, 28/02/2007, 30/04/2007, 30/06/2007, 31/07/2007, 31/10/2007 PROVA EMPRESTADA. INFORMAÇÃO FORNECIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL PARA INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE No presente caso, o Fisco Federal obteve apenas informações sobre supostas fraudes cometidas pela Contribuinte com base em informações coletadas pelo Ministério Público Estadual, a partir das informações iniciouse o procedimento de fiscalização, preservados os princípios constitucionais do devido processo legal e do contraditório. Os órgãos da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal, bem como entidades autárquicas, paraestatais e de economia mista são obrigados a auxiliar a fiscalização, prestando informações e esclarecimentos que lhe forem solicitados, cumprindo ou fazendo cumprir as disposições de regência, conforme o previsto no artigo 125 do Decretolei nº 5.844, de 1943 e artigo 2º do Decretolei nº 1.718, de 1979. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 13982.001088/2010-01 Fl. 1161 DF CARF MF

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    1.160

    CSRFT3 MINISTRIODAFAZENDACONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISCMARASUPERIORDERECURSOSFISCAIS

    Processon 13982.001088/201001

    Recurson EspecialdoContribuinte

    Acrdon 9303005.8453TurmaSessode 17deoutubrode2017

    Matria PISCOFINS

    Recorrente COMERCIOATACADISTAEVAREJISTAPROGRESSOLTDA

    Interessado FAZENDANACIONAL

    ASSUNTO:NORMASGERAISDEDIREITOTRIBUTRIOData do fato gerador: 31/12/2004, 31/01/2005, 30/04/2005, 31/08/2005,30/09/2005, 30/11/2005, 31/12/2005, 31/01/2006, 28/02/2006, 31/03/2006,30/09/2006, 30/11/2006, 31/12/2006, 28/02/2007, 30/04/2007, 30/06/2007,31/07/2007,31/10/2007

    PROVA EMPRESTADA. INFORMAO FORNECIDA PELOMINISTRIO PBLICO ESTADUAL PARA INSTAURAO DEPROCEDIMENTODEFISCALIZAO.POSSIBILIDADE

    Nopresentecaso,oFiscoFederalobteveapenasinformaessobresupostasfraudescometidaspelaContribuintecombaseeminformaescoletadaspeloMinistrio Pblico Estadual, a partir das informaes iniciouse oprocedimento de fiscalizao, preservados os princpios constitucionais dodevidoprocessolegaledocontraditrio.

    Os rgos da Administrao Pblica Federal, Estadual e Municipal, bemcomoentidadesautrquicas,paraestataisedeeconomiamistasoobrigadosaauxiliar a fiscalizao, prestando informaes e esclarecimentos que lheforemsolicitados,cumprindooufazendocumprirasdisposiesderegncia,conformeoprevistonoartigo125doDecretolein5.844,de1943eartigo2doDecretolein1.718,de1979.

    Vistos,relatadosediscutidosospresentesautos.

    Acordamosmembrosdocolegiado,porunanimidadedevotos,emconhecerdoRecursoEspeciale,nomrito,pormaioriadevotos,emnegarlheprovimento,vencidasasconselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deramprovimento. Manifestou inteno de apresentar declarao de voto a conselheira TatianaMidoriMigiyama.

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    13982.001088/2010-01 9303-005.845 CMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Especial do Contribuinte Acrdo 3 Turma 17/10/2017 PIS COFINS COMERCIO ATACADISTA E VAREJISTA PROGRESSO LTDA FAZENDA NACIONAL Recurso Especial do Contribuinte Negado Crdito Tributrio Mantido CARF Relator 2.0.4 93030058452017CARF9303ACC Assunto: Normas Gerais de Direito Tributrio Data do fato gerador: 31/12/2004, 31/01/2005, 30/04/2005, 31/08/2005, 30/09/2005, 30/11/2005, 31/12/2005, 31/01/2006, 28/02/2006, 31/03/2006, 30/09/2006, 30/11/2006, 31/12/2006, 28/02/2007, 30/04/2007, 30/06/2007, 31/07/2007, 31/10/2007 PROVA EMPRESTADA. INFORMAO FORNECIDA PELO MINISTRIO PBLICO ESTADUAL PARA INSTAURAO DE PROCEDIMENTO DE FISCALIZAO. POSSIBILIDADE No presente caso, o Fisco Federal obteve apenas informaes sobre supostas fraudes cometidas pela Contribuinte com base em informaes coletadas pelo Ministrio Pblico Estadual, a partir das informaes iniciou-se o procedimento de fiscalizao, preservados os princpios constitucionais do devido processo legal e do contraditrio. Os rgos da Administrao Pblica Federal, Estadual e Municipal, bem como entidades autrquicas, paraestatais e de economia mista so obrigados a auxiliar a fiscalizao, prestando informaes e esclarecimentos que lhe forem solicitados, cumprindo ou fazendo cumprir as disposies de regncia, conforme o previsto no artigo 125 do Decreto-lei n 5.844, de 1943 e artigo 2 do Decreto-lei n 1.718, de 1979. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mrito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestou inteno de apresentar declarao de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pssas - Presidente em Exerccio (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sesso de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pssas, Andrada Mrcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Trata-se de Recurso Especial de divergncia interposto pela Contribuinte com fundamento no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, contra acrdo n3801-001.869, proferido pela 1 Turma Especial Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que possui a seguinte ementa:"ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIO Data do fato gerador: 31/12/2004, 31/01/2005, 30/04/2005, 31/08/2005, 30/09/2005, 30/11/2005, 31/12/2005, 31/01/2006, 28/02/2006, 31/03/2006, 30/09/2006, 30/11/2006, 31/12/2006, 28/02/2007, 30/04/2007, 30/06/2007, 31/07/2007, 31/10/2007PIS. COFINS. PRAZO DE DECADNCIA. DOLO.Nos casos em que comprovada a ocorrncia de dolo, fraude ou simulao, o prazo decadencial desloca-se daquele previsto no art.150 para as regras estabelecidas no art.173 (ambos do CTN), onde ficou constatado que, sob as regras deste ltimo, no ocorreu a decadncia para os fatos geradores supra indicados.NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRNCIA.O direito ao contraditrio e ampla defesa exercido aps a instaurao da fase litigiosa do processo administrativo fiscal, com a impugnao ao lanamento, no cabendo cogitar-se de cerceamento do direito de defesa no curso da ao fiscal. MULTA DE OFCIO QUALIFICADA. DUPLICAO DO PERCENTUAL DA MULTA DE OFCIO. LEGITIMIDADE. Constatado que na conduta da fiscalizada existem as condies previstas nos arts.71, 72 e 73 da Lei n 4.502, de 1964, cabvel a duplicao do percentual da multa de que trata o inciso I do art.44 da Lei n 9.430/96.ESCRITURAO CONTBIL. FORA PROBANTE.Escriturao da contabilidade da empresa somente faz prova a seu favor nos casos em que, alm de observadas as disposies legais, os fatos nela registrados estejam comprovados por documentos hbeis e idneos.NOTA FISCAL. PRESUNO DE VERACIDADE AFASTADA. Afastada a presuno de veracidade das notas fiscais apresentadas como provas das operaes comerciais da empresa, a esta cabe fornecer outros documentos, hbeis e idneos, a fim de comprovlas. NOTAS FISCAIS INIDNEAS. GLOSA DE CRDITOS DA NO CUMULATIVIDADE Cabe contribuinte apresentar fiscalizao a documentao, hbil e idnea, apta a comprovar o pagamento das aquisies de mercadorias, e que o dispndio corresponde contrapartida de algo recebido, e em assim no o fazendo, de se concluir, aliado a outras evidncias, que as supostas aquisies no foram efetivamente recebidas/adquiridas. Assim, correto o procedimento fiscal em glosar de crditos da no cumulatividade, relativos s citadas aquisies, contabilizadas pelo contribuinte.Recurso Voluntrio NegadoTranscrevo, inicialmente, excerto do relatrio da deciso de primeiro grau:Em consulta Descrio dos Fatos e Enquadramento(s) Legal (is) e ao Termo de Verificao Fiscal, verifica-se que as autuaes se deram em razo da constatao da falta/insuficincia de recolhimento da contribuio para o PIS e da Cofins, que ocorreu devido a glosa de crditos da no cumulatividade aproveitados pela contribuinte, nos perodos fiscalizados. Foram glosados os crditos relativos as aquisies da empresa Tozzo e Cia Ltda, que no foram efetivamente recebidas/adquiridas pela interessada.Relata a Autoridade Fiscal que a empresa autuada logrou proveito de esquema fraudulento engendrado pela empresa Tozzo e Cia Ltda, ao utilizar-se de notas fiscais graciosas (notas referentes) emitidas por esta empresa. Assim descreve .a motivao da ao fiscal e como o tal esquema era realizado: Por meio do Oficio n 0180901217192000001( fls. 167), de 16 de outubro de 2009, a D. Juiza Substituta Dra. Lizandra Pinto de Souza disponibilizou para a Receita Federal do Brasil os dados obtidos quando da busca e apreenso na empresa Tozzo & Cia Ltda os quais se encontravam sob custdia da ForaTarefa do Ministrio Pblico de Santa Catarina. Da mesma forma foram encaminhados cpia da deciso de busca e apreenso (dos autos n 018.09.0187900, dos termos de apreenso e exibio e do pedido de compartilhamento de dados(fls. 169/182/199/218).O Ministrio Pblico de Santa Catarina descreveu para a Receita Federal do Brasil as ocorrncias do dia 17 de setembro de 2009,na cidade de Chapec (SC), quando grupo de Fora Tarefa integrado por agentes do Ministrio Pblico de Santa Catarina e da Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina apoiados pelos rgos de segurana (Policias Civil, Militar e Rodoviria Federal), deram cumprimento a mandados de busca e apreenso relativos a chamada "Operao Nota Referente ATZO", tendo como alvo a empresa Tozzo & Cia Ltda.Os documentos apreendidos pelo Ministrio Pblico de Santa Catarina revelam que os responsveis pela empresa Tozzo & Cia Ltda organizaram esquema de vendas sem notas fiscais com a conseqente emisso de notas fiscais e duplicatas simuladas para outros destinatrios.O esquema fraudulento de vendas operava-se da seguinte forma: Parte das mercadorias vendidas pela empresa Tozzo & Cia Ltda eram entregues por motoristas funcionrios, utilizando caminhes prprios, a destinatrios que no desejavam receber nota fiscal (com intuito de revender as mercadorias tambm sem nota fiscal, sonegando os tributos e permitindo a permanncia em regimes de tributao favorecidos como o caso do SIMPLES).Estas entregas sem nota fiscal eram acompanhadas de um documento paralelo denominado de "Pedido ATZO".Por outro lado. para manter a regularidade do estoque de mercadorias e para beneficiar interessados em registrar crditos de ICMS, os responsveis pela empresa Tozzo & Cia Ltda simulavam a venda de mercadorias com a emisso de notas fiscais para destinatrios que no correspondiam aos verdadeiros adquirentes/recebedores das mercadorias. Tais notas fiscais eram denominadas pelos envolvidos de "Nota Referente", pois correspondia (ou se "referiam') a uma entrega de mercadoria sem nota fiscal, ou seja, referia-se a um "Pedido ATZO". Sendo assim, as vendas sem nota fiscal (Pedido ATZO) geravam uma nota fiscal ideologicamente falsa (Nota Referente) contendo um destinatrio.A fim de manter o controle financeiro do esquema fraudulento, a Tozzo & Cia Ltda, simulava a emisso de duplicatas que eram registradas e quitadas via Caixa, dando uma aparncia de regularidade para todas as operaes.O esquema fraudulento acima mencionado pode ser comprovado pela leitura dos depoimentos prestados ao Ministrio Pblico de SC por pessoas ligadas (funcionrios e prestadores de servio) a empresa Tozzo & Cia Ltda, conforme excertos dos autos do processo judicial n 018.09.0217192. (Fls. 238 a 258).Ainda nesta senda, o Ministrio Pblico de SC, por meio do Oficio 942/09/CIE/MP, (fls. 165), encaminhou Receita Federal do Brasil cpia do oficio n 3708/09 do Instituto de Criminalstica, (fls. 168), contendo informaes apreendidas durante a operao realizada no dia 17 de setembro de 2009 na cidade de Chapec.Da anlise dos documentos recebidos, constatou-se que a empresa PROGRESSO logrou proveito do esquema fraudulento j multicitado, visto que aquela (PROGRESSO) foi beneficiria de notas fiscais graciosas (notas referentes) emitidas pela empresa Tozzo & Cia Ltda.A concluso de que a empresa PROGRESSO se beneficiou do esquema acima relatado, qual seja, a de receber notas fiscais graciosas (notas referentes) o fato de que o relatrio resultante do exame em mdia de armazenamento computacional, e que est adunado s fls. 0319 a 339, discrimina a existncia de vendas da empresa Tozzo & Cia que tiveram desconto de 0,01 % (parmetro apontado nos depoimentos acima citados) e que apresentavam como adquirente (destinatrio) da mercadoria a empresa PROGRESSO.Em relao ao procedimento fiscal, relata a Autoridade Fiscal:Ao amparo do Mandado de Procedimento Fiscal Diligncia n 09203002010001615 (fls. 124) foi efetuada diligncia junto empresa PROGRESSO a fim de obter em meio magntico os seguintes elementos: arquivos de registros contbeis; notas fiscais de entrada; livro registro de entradas relativos ao perodo de 2004 at 2008. O contribuinte atendeu o requestado de forma regular, conforme documento a fls. 128 a 164.Constatada utilizao de notas fiscais "graciosas", props-se inicio de ao fiscal a fim de verificar as irregularidades na apurao de recolhimento de tributos administrados peia Receita Federal do Brasil.Identificadas pela fiscalizao as notas fiscais que teriam sido utilizadas indevidamente pela empresa fiscalizada (as com destaque do desconto de 0,01%), a mesma foi regularmente intimada para comprovar com documentao hbil e idnea o recebimento das mercadorias e o efetivo pagamento das mesmas (fls. 029 a 073).Em resposta, a empresa afirmou que no tinha como comprovar documentalmente a efetiva quitao das operaes representadas por estas notas. Diz a Autoridade Fiscal que essa alegao da empresa confirma os indcios apurados durante a operao de busca e apreenso realizada pelo Ministrio Pblico de Santa Catarina e pela Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina. E conclui que, em sendo assim, a empresa "no logrou xito na comprovao da efetiva aquisio/recebimento das mercadorias supostamente vendidas pela Tozzo e Cia Ltda." que foram listadas no anexo ao termo fiscal.Em relao ao motivo do agravamento da multa de oficio, diz: A fiscalizada utilizou-se de notas fiscais cujo destinatrio foi simulado pelo emitente afim de beneficiar-se do creditamento dos tributos inerentes operao, bem como para aumentar o custo dos bens vendidos, reduzindo desta forma o lucro liquido que serve de base de clculo do imposto de renda e para a contribuio social, bem como do PIS e da COFINS a pagar. (neste caso por meio do aproveitamento de crditos indevidos)".Inconformada com tal deciso, a Contribuinte interpe o presente Recurso, requerendo que se digne em determinar a reforma necessria do acrdo recorrido, a fim de se declarar a nulidade do lanamento com o seu conseqente cancelamento.Para respaldar a dissonncia jurisprudencial, a Contribuinte aponta como paradigmas os acrdos ns CSRF/01-05.978 e 3401-01.794 (Prova emprestada). Em seguida, o Recurso teve seguimento parcial, especialmente quanto a possibilidade ou no de utilizao de prova emprestada tributria. A Fazenda Nacional, apresentou contrarrazes, requerendo que seja negado provimento ao Recurso Especial da Contribuinte. o relatrio. Conselheiro Demes Brito - Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A matria divergente posta a esta E.Cmara Superior, diz respeito especialmente quanto a possibilidade ou no de utilizao de prova emprestada tributria. Com efeito, o Ministrio Pblico de Santa Catarina descreveu para a Receita Federal do Brasil as ocorrncias do dia 17 de setembro de 2009, na cidade de Chapec ( SC), quando grupo de fora-tarefa integrado por agentes do Ministrio Pblico de Santa Catarina e da Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina apoiados pelos rgos de segurana (Policias Civil, Militar e Rodoviria Federal), deram cumprimento a mandados de busca e apreenso relativos a chamada "Operao Nota Referente ATZO", tendo como alvo a empresa Tozzo & Cia Ltda.Os documentos apreendidos pelo Ministrio Pblico de Santa Catarina revelam que os responsveis pela empresa Tozzo & Cia Ltda organizaram esquema de vendas sem notas fiscais com a conseqente emisso de notas fiscais e duplicatas simuladas para outros destinatrios.Ao amparo do Mandado de Procedimento Fiscal Diligncia n 09203002010001615 (fls. 124) foi efetuada diligncia junto empresa PROGRESSO a fim de obter em meio magntico os seguintes elementos: arquivos de registros contbeis; notas fiscais de entrada; livro registro de entradas relativos ao perodo de 2004 at 2008. O contribuinte atendeu o requestado de forma regular, conforme documento a fls. 128 a 164. Constatada utilizao de notas fiscais "graciosas", props-se o inicio de ao fiscal a fim de verificar as irregularidades na apurao de recolhimento de tributos administrados peia Receita Federal do Brasil.Identificadas pela fiscalizao as notas fiscais que teriam sido utilizadas indevidamente pela empresa fiscalizada (as com destaque do desconto de 0,01%), a mesma foi regularmente intimada para comprovar com documentao hbil e idnea o recebimento das mercadorias e o efetivo pagamento das mesmasA Contribuinte devidamente cientificada, lavrou-se auto de infrao aps a constatao da falta/insuficincia de recolhimento da contribuio para o PIS e da Cofins, que ocorreu devido a glosa de crditos da no cumulatividade aproveitados pela Contribuinte, nos perodos fiscalizados. Foram glosados os crditos relativos as aquisies da empresa Tozzo e Cia Ltda, que no foram efetivamente recebidas/adquiridas pela interessada.Sem maiores digresses, quanto a divergncia posta a esta E. Cmara Superior, sobre a utilizao de prova emprestada no processo tributrio, tanto o Superior Tribunal de Justia - STJ, quanto o Supremo Tribunal Federal - STT, entendem ser plenamente validas, desde que seja exercido o direito ao contraditrio e ampla defesa. Nesta direo, o prprio Cdigo de Processo Civil, tornou usual a prova emprestada, conforme preceitua o art. 372: O juiz poder admitir a utilizao de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditrio. No caso em espcie, chama ateno a construo dos argumentos expendidos no voto vencido, apesar de ser vencido, merece ressalvas e reparos. Transcrevo fragmentos do voto vencido. In verbis:"Veja-se, por conseguinte, que para se preservar inclume o princpio do contraditrio, indispensvel que a parte do segundo processo tenha participado em contraditrio do processo em que se produziu a prova que se visa aproveitar para fundamentar o direito pretendido. Em outras palavras, essencial que a parte contra a qual a prova ser utilizada tenha sido parte do processo onde a prova foi produzida.No caso sob anlise, tem-se que o Recorrente no participou do processo original, no qual foram produzidas as provas emprestadas. Inexistiu o contraditrio. Veja-se que o agente fiscal assumiu como fato oponvel ao Recorrente toda uma cadeia de provas, depoimentos e investigaes havidas em processo de terceiro, estranho Recorrente. Ao assim proceder, deixou de assegurar a participao da Recorrente na atividade probatria destinada formao do convencimento do julgador.E, o que mais grave: toda a autuao fiscal foi embasada to somente nas provas emprestadas de processo de terceiro. A documentao contbil e fiscal da Recorrente foi totalmente desconsiderada, e o agente fiscal no empenhou esforos para demonstrar, especificamente e particularmente no que tange Recorrente, de que esta, de fato, era copartcipe da fraude deflagrada no processo investigatrio envolvendo a empresa Tozzo & Cia. Ltda.Quanto assertiva da Relatora do voto vencido de que: "A documentao contbil e fiscal da Recorrente foi totalmente desconsiderada, e o agente fiscal no empenhou esforos para demonstrar, especificamente e particularmente no que tange Recorrente".Se faz necessrio, corrigir este argumento baseado em falsa premissa, consta junto aos autos, fls.122/2007, todas as notas e documentos que comprovam a fraude perpetuada. Ora, o fisco deveria considerar notas inidneas? J se demonstra uma contradio do voto vencido, assim como, argumentos da Contribuinte, que sustentam que no houve ampla defesa, considerando que a prova emprestada violou o devido processo legal, princpio do contraditrio e do direito ampla defesa. Prossegue: [...]"Entendo no ser necessrio, aqui, enveredar na discusso em torno da deficincia do depoimento testemunhal como meio probatrio no mbito tributrio. At porque, a prova testemunhal pode ser deveras importante para certificar determinados acontecimentos. Porm, embasar um auto de infrao em prova testemunhal emprestada de processo em que a Recorrente sequer foi intimada como parte interessada, e mais, em situao que poderia ser solucionada pela anlise de documentos financeiros e provas periciais, pode ser mesmo temerrio, alm de no coadunar com o devido processo legal".De fato, h uma impropriedade desvirtuada em tal concluso, o Auto de Infrao no foi motivado por testemunhas, todo procedimento, foi amparado pelo Mandado de Procedimento Fiscal Diligncia n 09203002010001615. Todo contraditrio, ampla defesa, procedimento de instaurao de fiscalizao, tudo foi ampara na estrita legalidade do devido processo legal, no h o que se falar em ilegalidade ou nulidade de prova emprestas. Sem reparos a deciso recorrida.No que tange o argumento de que a prova emprestada foi colhida sem o devido processo legal, no coaduna com a realidade dos fatos, a operao conjunta com o Ministrio Pblico e demais autoridades, foram arquitetadas dos ditames de lei. Em nenhum momento, do modo aodado a Fazenda Nacional solicitaria documentos, e com base em informaes de uma operao, lavraria um auto de infrao com fundamento de dados fornecidos por terceiros.Houve comprovadamente, um procedimento legal, a Autoridade Fiscal, por meio do Mandado de Procedimento Fiscal - Diligncia n 09203002010001615, requisitou informaes acerca da contabilidade e escrita fiscal da Contribuinte, o que em via reflexa, proporcionou total ampla defesa.Para validar minha convico de que no houve qualquer ilegalidade quanto ao lanamento, verifico s fls.212, junto ao TERMO DE INTIMAO FISCAL SAFIS/DRF/JOA-SC N 141/2010, o seguinte: "No exerccio das atribuies do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, com base no que dispem os arts. 911, 927 e 928 do Decreto n 3.000 de 26/03/1999 c/c art. 11 da Lei 8.218/1991, INTIMAMOS o contribuinte acima identificado a apresentar, no prazo de 20 (vinte) dias contados do recebimento desta Intimao, os documentos a seguir especificados, todos referentes ao perodo de janeiro/2004 a dezembro/2008:1. Arquivos de Registros Contbeis, em meio magntico, na forma prevista no item 4.1 do Anexo nico do ADE COFIS n 15, de 23/10/2001, validados pelo programa SINCO - ARQUIVOS CONTBEIS; 2. Notas Fiscais de Entrada, em meio magntico, formatadas e validadas pelo programa SINCO - NOTAS FISCAIS, respeitando o disposto no Ato Declaratrio Exeutivo Cofis n 15 de 23 de outubro de 2001; 3. Notas Fiscais de Entrada, em meio magntico, no formato SINTEGRA; 4. Arquivos eletrnicos pontendo a imagem de impresso".Portanto, no h o que se invalidar ou anular o auto de infrao, com o fundamento de que no houve ampla defesa.Quanto a utilizao de prova emprestada em matria tributaria, o Superior Tribunal de Justia - STJ, nos autos do REsp n 81.094 - MG (1995/0063138-5) entendeu que no h qualquer ilegalidade no lanamento efetuado, ainda mais se a autuao realizada pelo Fisco Federal obedeceu s formalidades legais, dando direito de ampla defesa ao contribuinte. In verbis:"TRIBUTRIO. IR. LANAMENTO. AUXLIO E PROVA EMPRESTADA. ART. 199, DO CTN.1. Todos os rgos da Administrao Federal, Estadual, Municipal e Autrquica esto obrigados prestao mtua de assistncia e cooperao na fiscalizao dos tributos respectivos.2. No lanamento do Imposto de Renda pode o Fisco Federal valer-se de documentos, informaes, laudos, autos de infrao etc..., levados a efeito pela fiscalizao estadual.3. Cabe autora provar os fatos constitutivos de seu direito alegados na inicial, que podero ser contestados pelo ru em juzo.4. Apelo improvido" (fl. 164).Aponta divergncia jurisprudencial com acrdo proferido pelo extinto Tribunal Federal de Recursos, em que foi adotado o entendimento de no ser vlido o auto de infrao lavrado pelo Fisco Federal, relativo ao imposto de renda, baseado em prova emprestada de lanamento efetuado pelo Fisco Estadual.Cinge-se a controvrsia possibilidade do Fisco Federal constituir o crdito tributrio, pelo auto de infrao, a ttulo de Imposto de Renda, tendo como suporte lanamento efetuado pelo Fisco Estadual.O artigo 199 do Cdigo Tributrio Nacional prev a mtua assistncia entre as entidades da Federao em matria de fiscalizao de tributos, in verbis : Art. 199. A Fazenda Pblica da Unio e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios prestar-se-o mutuamente assistncia para a fiscalizao dos tributos respectivos e permuta de informaes, na forma estabelecida, em carter geral ou especfico, por lei ou convnio.Como se v, a lei preconiza a assistncia mtua entre as entidades tributantes e estabelece que a utilizao de informaes e o aproveitamento de atos de fiscalizao entre as pessoas jurdicas de direito pblico deva ser realizado atravs de lei ou de convnio. Tal requisito se manifesta por meio do artigo 658 do Regulamento do Imposto de Renda - Decreto n 85.450/80 - atualmente art. 936 do Decreto n 3.000/99 - que dispunha:"Art. 658. So obrigados a auxiliar a fiscalizao, prestando informaes e esclarecimentos que lhe forem solicitados, cumprindo ou fazendo cumprir as disposies deste Regulamento e permitindo aos fiscais de tributos federais colher quaisquer elementos necessrios repartio, todos os rgos da Administrao Federal, Estadual e Municipal, bem como as entidades autrquicas, paraestatais e de economia mista (Decreto-lei n 5.844/43, artigo 125, e Decreto-lei n 1.718/79, artigo 2)".Com pequenas alteraes redacionais, a regra foi mantida no RIR ora em vigor, que assim preconiza:"Art. 936. Todos os rgos da Administrao Pblica Federal, Estadual e Municipal, bem como as entidades autrquicas, paraestatais e de economia mista so obrigados a auxiliar a fiscalizao, prestando informaes e esclarecimentos que lhes forem solicitados, cumprindo ou fazendo cumprir as disposies deste Decreto e permitindo aos Auditores Fiscais da Receita Federal colher quaisquer elementos necessrios repartio (Decreto-lei n 5.844, de 1943, art. 125, e Decreto-lei n 1.718, de 1979, art. 2)".Assim, no h qualquer ilegalidade no lanamento efetuado, ainda mais se a autuao realizada pelo Fisco Federal obedeceu s formalidades legais, dando direito de ampla defesa ao contribuinte. Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, no se pode negar valor probante prova emprestada coligida mediante a garantia do contraditrio (RTJ 559/265).No caso, a faculdade de cooperao entre os fiscos federal, estadual e municipal no resultou em prejuzo da autonomia dos respectivos lanamentos fiscais, pois efetivada em face da legislao do imposto de renda e sua disciplina. Destaco ainda que o artigo 7 do Cdigo Tributrio Nacional fixa a indelegabilidade da competncia tributria, vez que esta atribuio constitucional. Admite o dispositivo, entretanto, que as funes de arrecadar e fiscalizar tributos sejam transferidas de uma pessoa de Direito Pblico para outra. O tributarista Hugo de Brito Machado, depois de acentuar que o dispositivo estava em harmonia com o disposto no 3 do art. 18 da CF de 1946, assim escreve: "Tal ressalva, a rigor, tem a finalidade de afastar qualquer dvida sobre a possibilidade de atribuio, pelo titular da competncia tributria, de funes da Administrao Tributria. Delegando as funes de arrecadar e fiscalizar tributos, no estar o ente pblico delegando competncia tributria, mas simples funes administrativas" (Comentrios ao Cdigo Tributrio Nacional, vol. I, Ed. Atlas S/A, S. Paulo, 2003, p. 154). Conclui-se, portanto, que tal dispositivo no bice para a utilizao da prova emprestada, ou seja, elementos coligidos pelo Fisco Estadual utilizados pelo Fisco Federal. Cabe ao contribuinte, no momento apropriado, no processo administrativo fiscal, apresentar a sua defesa, com os devidos esclarecimentos sobre os fatos. Assim, estaro sendo preservados os princpios constitucionais do devido processo legal e do contraditrio.Ademais, no h dvidas de que os entes estatais devem organizar-se para otimizar a fiscalizao tributria no intuito de aprimorar a arrecadao. A utilidade do dispositivo do Cdigo Tributrio Nacional inquestionvel, pois representa simplificao da atuao fiscalizatria, evitando repetio de diligncias, economia de recursos e tempo.Ante o exposto, conheo apenas em parte do recurso especial e, neste particular, nego-lhe provimento".

    Neste sentido, as informaes fornecidas pelo Ministrio Pblico Catarinense transferidas para o fisco, foram no sentido de noticiar as supostas fraudes, com essas informaes, a Fazenda Nacional de modo legal iniciou o procedimento fiscalizatrio. At porque os rgos da Administrao Pblica Federal, Estadual e Municipal, bem como entidades autrquicas, paraestatais e de economia mista so obrigados a auxiliar a fiscalizao, prestando informaes e esclarecimentos que lhe forem solicitados, cumprindo ou fazendo cumprir as disposies de regncia, conforme o previsto no artigo 125 do Decreto-lei n 5.844, de 1943 e artigo 2 do Decreto-lei n 1.718, de 1979. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Contribuinte. como voto. (assinado digitalmente)Demes Brito

    Conselheira Tatiana Midori MigiyamaConsiderando que essa Conselheira havia pedido vista para melhor analisar os autos do processo, peo vnia ao ilustre Conselheiro Demes Brito para apresentar meu entendimento acerca da lide posta em Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo.Recorda-se que a autuao acusou a falta de recolhimento do PIS e da Cofins pelo sujeito passivo, eis que a autoridade fiscal havia glosado os crditos das contribuies aproveitados pelo sujeito passivo. V-se que foram glosados os crditos relativos as aquisies de mercadorias de empresa terceira - Tozzo e Cia Ltda, sendo presumido, para tanto, que o sujeito passivo autuado logrou proveito de esquema fraudulento engendrado por terceiro Tozzo e Cia Ltda, ao utilizar-se de notas fiscais supostamente graciosas. Cabe lembrar que a motivao da autuao foi decorrente de Oficio n 0180901217192000001 expondo a disponibilizao para a Receita Federal do Brasil de dados obtidos de busca e apreenso na empresa Tozzo & Cia Ltda, os quais se encontravam sob custdia da Fora Tarefa do Ministrio Pblico de Santa Catarina. Ademais, insurjo que o Ministrio Pblico de Santa Catarina descreveu ainda para a Receita Federal do Brasil as ocorrncias do dia 17 de setembro de 2009, na cidade de Chapec (SC), quando grupo de Fora Tarefa integrado por agentes do Ministrio Pblico de Santa Catarina e da Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina apoiados pelos rgos de segurana (Policias Civil, Militar e Rodoviria Federal), deram cumprimento a mandados de busca e apreenso relativos a chamada "Operao Nota Referente ATZO", tendo como alvo a empresa Tozzo & Cia Ltda.Aps essas breves consideraes, passo a discorrer sobre o cerne da lide qual seja, sobre a possibilidade ou no de utilizao de prova emprestada para esse caso. Depreendendo-se da anlise dos autos, v-se que a autoridade fiscal traz como motivao para a lavratura do auto de infrao os documentos originrios dos autos 018.09.018790-0 que AINDA tramita perante a 2 Vara Criminal da Comarca de Chapec especialmente depoimentos colhidos na fase de inqurito policial. Cabe trazer somente com esses documentos que se pode presumir que o sujeito passivo se envolveu espontaneamente na operao supostamente fraudulenta, MAS tambm poder-se-ia EXTRAIR que TAIS DOCUMENTOS no eram de conhecimento do sujeito passivo at a lavratura do auto de infrao e envolve conduta de terceiro. Tal como implora o sujeito passivo.Inegvel ainda que os documentos considerados como suportes ao auto de infrao foram produzidos em fase de inqurito policial. E, nessa fase, de se lembrar aos operadores de direito que no , a rigor, oportunizado o exerccio do contraditrio e da ampla defesa nessa fase.Ventiladas essas consideraes, pela anlise dos autos, tenho que resta claro para essa Conselheira que as informaes fornecidas pelo Ministrio Pblico Catarinense transferidas ao fisco, no serviram somente para noticiar as supostas fraudes e iniciar o procedimento fiscalizatrio, mas para trat-las como verdadeiras, eis que todas as documentaes contbeis e fiscais fornecidas pelo sujeito passivo foram desconsideradas e no analisadas.Inegvel, assim, que no ocorreu o respeito ao contraditrio e ampla defesa, que tambm merece o sujeito passivo. Lembrando que nem havia sido objeto de investigao.Ademais, toda a prova colhida no procedimento investigatrio foi fornecida a autoridade fiscal com base somente em declaraes e depoimentos prestados, e no provas documentais. Lembrando que o processo penal se encontra em tramitao no judicirio e envolve terceiro, e no o sujeito passivo. Como pode ter havido o contraditrio nesse caso se os documentos de investigao no envolviam o sujeito passivo?Com a devida vnia ao relator, entendo que o fisco no poderia de pronto e de forma definitiva considerar as notas emitidas como inidneas, sem nem ao menos, analisar as documentaes contbeis e fiscais fornecidas pelo sujeito passivo.Com efeito, constata-se que o sujeito passivo foi condenado, sem ter sido oportunizado o direito ao contraditrio e ampla defesa e ainda com documentaes decorrentes de investigao NO ENVOLVENDO propriamente o sujeito passivo, MAS SIM terceiro.Sendo assim, entendo que no h como se admitir a prova emprestada nesse caso, eis que tais provas ENVOLVEM diretamente terceiro, e no o sujeito passivo. E ainda, em todas as fases em que o sujeito passivo obteve a oportunidade de demonstrar documentos que atestavam o crdito ora combatido nesse processo administrativo, foi ignorado por nem terem sidos os documentos analisados.Cabe ainda recordar o art. 372 do Cdigo de Processo Civil:Art. 372. O juiz poder admitir a utilizao de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditrio.Tal dispositivo refora a importncia de se observar o contraditrio para que o juiz possa admitir a utilizao de prova produzida em outro processo.No demais trazer que esse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais posiciona que a utilizao em um processo administrativo federal, de prova produzida em outro processo, aceita at como homenagem economia processual, ao no se repetir atos e procedimentos. NO ENTANTO, entende que o emprego dessa prova emprestada deve respeitar algumas condies, conforme consignado em ementa (Grifos meus):Acrdo 3402-004.290:PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA EMPRESTADA. REQUISITOS. ADMISSIBILIDADE.Conceitua-se prova emprestada como aquela prova produzida no mbito de outra relao jurdica processual, sendo apresentada para formar a convico do julgador quanto veracidade do fato que se pretende provar.Tal forma de prova tradicionalmente aceita mbito do processo administrativo. Contudo, para resguardar os direitos fundamentais dos contribuintes, somente admitida a prova emprestada para basear auto de infrao se cumpridos dois requisitos de admissibilidade cumulativamente, quais sejam: i) que a prova tenha sido originalmente produzida sob o crivo do contraditrio; e i) que o sujeito passivo da obrigao tributria, cujos interesses so postos em anlise pela prova emprestada no processo administrativo, tenha participado do referido contraditrio original, ou seja, seja do parte no processo do qual a prova foi transladada.Ora, no caso vertente, resta claro que a prova emprestada no foi produzida sob o crivo do contraditrio, eis que foram construdas em processo de investigao e fica por bvio mais evidente que a prova emprestada no envolvia diretamente o sujeito passivo, mas sim terceiro. O que, por conseguinte, cabe afastar a admisso da prova emprestada no presente processo.V-se ainda que, em outro julgado, destacou-se a impossibilidade de utilizao direta da concluso da prova emprestada em outro processo, devendo servir somente para fins de instruo, conforme consignado em ementa abaixo:Acrdo 3301-003.630:PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA EMPRESTADA. CONCLUSES OBTIDAS DO PROCEDIMENTO ESPECIAL DE FISCALIZAO. OBRIGATORIEDADE DE SUA DEMONSTRAO PARA EFEITO DE IMPOSIO DE PENALIDADE.Com relao ao uso de provas emprestadas para instruo do lanamento fiscal, o que se admite o uso de documentos e provas colhidos em outro regular procedimento fiscal, e no o emprstimo, unicamente, das concluses daquele procedimento.Dessa forma, ainda que os autos tivessem sido instrudos com as provas citadas, haveria a fiscalizao que analis-las e demonstrar a caracterizao das irregularidades que determinou o cometimento da infrao e consequente imposio da penalidade lanada.Ora, no caso em comento, de se perceber que a autoridade fiscal no somente instruiu os autos com as informaes da prova emprestada, mas as considerou como verdadeira. Eis que no analisaram os documentos fornecidos pelo sujeito passivo que, a seu ver, atestavam a liquidez do crdito glosado.Nos termos do art. 2 da Lei 9.784/99, tem-se que a administrao pblica dever observar, dentre outros, os princpios da ampla defesa e contraditrio. O que, nesse caso, no ocorreu. de se insurgir ainda as lies do Prof. Nelson Nery (in Princpios do Processo Civil na Constituio Federal) que prova emprestada aquela que, embora produzida em outro processo, se pretende produza efeitos no processo em questo. Sua validade como documento e meio de prova, desde que reconhecida sua existncia por sentena transitada em julgado, admitida pelo sistema brasileiro.

    O ilustre professor enfatiza que sua validade deve ser reconhecida por sentena transitada em julgado. Recordo que o caso vertente trata de prova envolvendo terceiro e que ainda tramita no judicirio.Alm do posicionamento desse Conselho, de se frisar ainda o entendimento do STF pela rejeio da prova emprestada quando no h observncia do contraditrio e da ampla defesa (Grifos meus):A prova emprestada utilizada sem o devido contraditrio, encartada nos acrdos que deram origem condenao do extraditando na Itlia, no af de agravar a sua situao jurdica, vedada pelo art. 5, LV e LVI, da Constituio, na medida em que, alm de estar a matria abrangida pela precluso, isto importaria verdadeira utilizao de prova emprestada sem a observncia do contraditrio, traduzindo-se em prova ilcita". (STF, Rcl n. 11243, Rel. Min. Gilmar Mendes, 08.06.2011, Tribunal Pleno). Em vista de todo o exposto e forte nessas argumentaes, voto por dar provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo. o meu voto.(Assinado digitalmente)Tatiana Midori Migiyama

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    (assinadodigitalmente)

    RodrigodaCostaPssasPresidenteemExerccio

    (assinadodigitalmente)

    DemesBritoRelator

    Participaram da sesso de julgamento os conselheiros:Rodrigo da CostaPssas,AndradaMrcioCanutoNatal, TatianaMidoriMigiyama, CharlesMayer deCastroSouza,DemesBrito,JorgeOlmiroLockFreire,ValcirGasseneVanessaMariniCecconello.

    Relatrio

    TratasedeRecursoEspecialdedivergnciainterpostopelaContribuintecomfundamentono artigo67doAnexo II doRegimento InternodoConselhoAdministrativodeRecursos Fiscais CARF, aprovado pela PortariaMF 256, de 22 de junho de 2009, contraacrdo n3801001.869, proferido pela 1 Turma Especial Conselho Administrativo deRecursosFiscais,quepossuiaseguinteementa:

    "ASSUNTO: NORMASGERAIS DEDIREITO TRIBUTRIOData do fatogerador: 31/12/2004, 31/01/2005, 30/04/2005, 31/08/2005, 30/09/2005,30/11/2005, 31/12/2005, 31/01/2006, 28/02/2006, 31/03/2006, 30/09/2006,30/11/2006, 31/12/2006, 28/02/2007, 30/04/2007, 30/06/2007, 31/07/2007,31/10/2007

    PIS.COFINS.PRAZODEDECADNCIA.DOLO.

    Noscasosemquecomprovadaaocorrnciadedolo,fraudeousimulao,oprazo decadencial deslocase daquele previsto no art.150 para as regrasestabelecidasnoart.173(ambosdoCTN),ondeficouconstatadoque,sobasregrasdesteltimo,noocorreuadecadnciaparaosfatosgeradoressupraindicados.

    NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.INOCORRNCIA.

    Odireitoaocontraditrioeampladefesaexercidoapsainstauraodafase litigiosa do processo administrativo fiscal, com a impugnao aolanamento,nocabendocogitarsedecerceamentododireitodedefesanocursodaaofiscal.

    MULTA DE OFCIO QUALIFICADA. DUPLICAODO PERCENTUALDAMULTADEOFCIO.LEGITIMIDADE.Constatadoquenacondutadafiscalizada existem as condies previstas nos arts.71, 72 e 73 da Lei n4.502,de1964,cabveladuplicaodopercentualdamultadequetrataoincisoIdoart.44daLein9.430/96.

    ESCRITURAOCONTBIL.FORAPROBANTE.

    Fl. 1162DF CARF MF

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    Escrituraodacontabilidadedaempresasomentefazprovaaseufavornoscasos em que, alm de observadas as disposies legais, os fatos nelaregistradosestejamcomprovadospordocumentoshbeiseidneos.

    NOTAFISCAL. PRESUNODEVERACIDADEAFASTADA. Afastada apresuno de veracidade das notas fiscais apresentadas como provas dasoperaescomerciaisdaempresa,aestacabeforneceroutrosdocumentos,hbeiseidneos,afimdecomprovlas.

    NOTAS FISCAIS INIDNEAS. GLOSA DE CRDITOS DA NOCUMULATIVIDADE

    Cabe contribuinte apresentar fiscalizao a documentao, hbil eidnea,aptaacomprovaropagamentodasaquisiesdemercadorias,equeodispndiocorrespondecontrapartidadealgorecebido,eemassimnoofazendo, de se concluir, aliado a outras evidncias, que as supostasaquisies no foram efetivamente recebidas/adquiridas. Assim, correto oprocedimento fiscalemglosardecrditosdanocumulatividade, relativosscitadasaquisies,contabilizadaspelocontribuinte.

    RecursoVoluntrioNegado

    Transcrevo,inicialmente,excertodorelatriodadecisodeprimeirograu:

    Em consulta Descrio dos Fatos e Enquadramento(s) Legal (is) e aoTermodeVerificaoFiscal,verificasequeasautuaessederamemrazodaconstataodafalta/insuficinciaderecolhimentodacontribuioparaoPIS e da Cofins, que ocorreu devido a glosa de crditos da nocumulatividade aproveitados pela contribuinte, nos perodos fiscalizados.ForamglosadososcrditosrelativosasaquisiesdaempresaTozzoeCiaLtda,quenoforamefetivamenterecebidas/adquiridaspelainteressada.

    Relata a Autoridade Fiscal que a empresa autuada logrou proveito deesquemafraudulentoengendradopelaempresaTozzoeCiaLtda,aoutilizarsedenotasfiscaisgraciosas(notasreferentes)emitidasporestaempresa.

    Assim descreve .a motivao da ao fiscal e como o tal esquema erarealizado:PormeiodoOficion0180901217192000001(fls.167),de16deoutubro de 2009, a D. Juiza Substituta Dra. Lizandra Pinto de SouzadisponibilizouparaaReceitaFederaldoBrasilosdadosobtidosquandodabuscaeapreensonaempresaTozzo&CiaLtdaosquais se encontravamsobcustdiadaForaTarefadoMinistrioPblicodeSantaCatarina.Damesma forma foramencaminhados cpiadadecisodebuscaeapreenso(dos autos n 018.09.0187900, dos termos de apreenso e exibio e dopedidodecompartilhamentodedados(fls.169/182/199/218).

    OMinistrioPblicodeSantaCatarinadescreveuparaaReceitaFederaldoBrasilasocorrnciasdodia17desetembrode2009,nacidadedeChapec(SC), quando grupo de Fora Tarefa integrado por agentes doMinistrioPblicodeSantaCatarinaedaSecretariadeEstadodaFazendadeSantaCatarina apoiados pelos rgos de segurana (Policias Civil, Militar e

    Fl. 1163DF CARF MF

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    RodoviriaFederal),deramcumprimentoamandadosdebuscaeapreensorelativosachamada"OperaoNotaReferenteATZO", tendocomoalvoaempresaTozzo&CiaLtda.

    Os documentos apreendidos pelo Ministrio Pblico de Santa Catarinarevelamque os responsveis pela empresaTozzo&CiaLtda organizaramesquema de vendas sem notas fiscais coma conseqente emisso de notasfiscaiseduplicatassimuladasparaoutrosdestinatrios.

    Oesquemafraudulentodevendasoperavasedaseguinte forma:Partedasmercadorias vendidaspela empresaTozzo&CiaLtdaeram entregues pormotoristas funcionrios,utilizandocaminhesprprios,adestinatriosquenodesejavamrecebernotafiscal(comintuitoderevenderasmercadoriastambmsemnotafiscal,sonegandoostributosepermitindoapermannciaemregimesdetributaofavorecidoscomoocasodoSIMPLES).

    Estas entregas sem nota fiscal eram acompanhadas de um documentoparalelodenominadode"PedidoATZO".

    Por outro lado. paramanter a regularidade do estoque demercadorias eparabeneficiarinteressadosemregistrarcrditosdeICMS,osresponsveispelaempresaTozzo&CiaLtdasimulavamavendademercadoriascomaemisso de notas fiscais para destinatrios que no correspondiam aosverdadeiros adquirentes/recebedores das mercadorias. Tais notas fiscaiseramdenominadaspelosenvolvidosde"NotaReferente",poiscorrespondia(ou se "referiam') a uma entrega de mercadoria sem nota fiscal, ou seja,referiase a um "Pedido ATZO". Sendo assim, as vendas sem nota fiscal(Pedido ATZO) geravam uma nota fiscal ideologicamente falsa (NotaReferente)contendoumdestinatrio.

    A fimdemanter o controle financeiro do esquema fraudulento, aTozzo&CiaLtda,simulavaaemissodeduplicatasqueeramregistradasequitadasviaCaixa,dandoumaaparnciaderegularidadeparatodasasoperaes.

    OesquemafraudulentoacimamencionadopodesercomprovadopelaleituradosdepoimentosprestadosaoMinistrioPblicodeSCporpessoasligadas(funcionrios e prestadores de servio) a empresa Tozzo & Cia Ltda,conformeexcertos dos autos do processo judicial n 018.09.0217192. (Fls.238a258).

    Ainda nesta senda, o Ministrio Pblico de SC, por meio do Oficio942/09/CIE/MP,(fls.165),encaminhouReceitaFederaldoBrasilcpiadooficio n 3708/09 do Instituto de Criminalstica, (fls. 168), contendoinformaes apreendidas durante a operao realizada no dia 17 desetembrode2009nacidadedeChapec.

    Da anlise dos documentos recebidos, constatouse que a empresaPROGRESSO logrouproveitodo esquema fraudulento jmulticitado, vistoqueaquela(PROGRESSO)foibeneficiriadenotasfiscaisgraciosas(notasreferentes)emitidaspelaempresaTozzo&CiaLtda.

    Fl. 1164DF CARF MF

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    A concluso de que a empresa PROGRESSO se beneficiou do esquemaacima relatado, qual seja, a de receber notas fiscais graciosas (notasreferentes) o fato de que o relatrio resultante do exame em mdia dearmazenamento computacional, e que est adunado s fls. 0319 a 339,discrimina a existncia de vendas da empresa Tozzo & Cia que tiveramdescontode0,01%(parmetroapontadonosdepoimentosacimacitados)equeapresentavamcomoadquirente(destinatrio)damercadoriaaempresaPROGRESSO.

    Em relaoao procedimento fiscal, relata aAutoridadeFiscal:AoamparodoMandadodeProcedimentoFiscalDiligncian09203002010001615(fls.124)foiefetuadadilignciajuntoempresaPROGRESSOafimdeobteremmeio magntico os seguintes elementos: arquivos de registros contbeisnotas fiscais deentrada livro registrode entradas relativosaoperodode2004 at 2008. O contribuinte atendeu o requestado de forma regular,conformedocumentoafls.128a164.

    Constatadautilizaodenotasfiscais"graciosas",propsseiniciodeaofiscalafimdeverificarasirregularidadesnaapuraoderecolhimentodetributosadministradospeiaReceitaFederaldoBrasil.

    Identificadas pela fiscalizao as notas fiscais que teriam sido utilizadasindevidamente pela empresa fiscalizada (as com destaque do desconto de0,01%), a mesma foi regularmente intimada para comprovar comdocumentao hbil e idnea o recebimento das mercadorias e o efetivopagamentodasmesmas(fls.029a073).

    Em resposta, a empresa afirmou que no tinha como comprovardocumentalmentea efetivaquitaodasoperaes representadaspor estasnotas.Diz aAutoridadeFiscal que essa alegaoda empresa confirmaosindciosapuradosduranteaoperaodebuscaeapreensorealizadapeloMinistrio Pblico de Santa Catarina e pela Secretaria de Estado daFazendadeSantaCatarina.Econcluique,emsendoassim,aempresa"nologrou xito na comprovao da efetiva aquisio/recebimento dasmercadorias supostamente vendidas pela Tozzo e Cia Ltda." que foramlistadasnoanexoaotermofiscal.

    Emrelaoaomotivodoagravamentodamultadeoficio,diz:Afiscalizadautilizousedenotasfiscaiscujodestinatriofoisimuladopeloemitenteafimde beneficiarse do creditamento dos tributos inerentes operao, bemcomo para aumentar o custo dos bens vendidos, reduzindo desta forma olucro liquido que serve de base de clculo do imposto de renda e para acontribuiosocial,bemcomodoPISedaCOFINSapagar.(nestecasopormeiodoaproveitamentodecrditosindevidos)".

    Inconformada com tal deciso, aContribuinte interpe o presenteRecurso,requerendoquesedigneemdeterminarareformanecessriadoacrdorecorrido,afimdesedeclararanulidadedolanamentocomoseuconseqentecancelamento.

    Para respaldar a dissonncia jurisprudencial, a Contribuinte aponta comoparadigmasosacrdosnsCSRF/0105.978e340101.794(Provaemprestada).Emseguida,

    Fl. 1165DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.166

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    oRecursoteveseguimentoparcial,especialmentequantoapossibilidadeounodeutilizaodeprovaemprestadatributria.

    AFazendaNacional, apresentoucontrarrazes, requerendoque sejanegadoprovimentoaoRecursoEspecialdaContribuinte.

    orelatrio.

    Voto

    ConselheiroDemesBritoRelator

    ORecursofoitempestivamenteapresentadoeatendeosdemaisrequisitosdeadmissibilidade,portanto,deletomoconhecimento.

    A matria divergente posta a esta E.Cmara Superior, diz respeitoespecialmentequantoapossibilidadeounodeutilizaodeprovaemprestadatributria.

    Comefeito,oMinistrioPblicodeSantaCatarinadescreveuparaaReceitaFederaldoBrasilasocorrnciasdodia17desetembrode2009,nacidadedeChapec(SC),quandogrupodeforatarefaintegradoporagentesdoMinistrioPblicodeSantaCatarinaeda Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina apoiados pelos rgos de segurana(Policias Civil, Militar e Rodoviria Federal), deram cumprimento a mandados de busca eapreensorelativosachamada"OperaoNotaReferenteATZO",tendocomoalvoaempresaTozzo&CiaLtda.

    Os documentos apreendidos pelo Ministrio Pblico de Santa CatarinarevelamqueosresponsveispelaempresaTozzo&CiaLtdaorganizaramesquemadevendassem notas fiscais com a conseqente emisso de notas fiscais e duplicatas simuladas paraoutrosdestinatrios.

    Ao amparo do Mandado de Procedimento Fiscal Diligncia n09203002010001615(fls.124)foiefetuadadilignciajuntoempresaPROGRESSOafimdeobteremmeiomagnticoosseguinteselementos:arquivosderegistroscontbeisnotasfiscaisde entrada livro registro de entradas relativos ao perodo de 2004 at 2008.O contribuinteatendeu o requestado de forma regular, conforme documento a fls. 128 a 164. Constatadautilizaodenotas fiscais "graciosas",propsseo iniciodeao fiscala fimdeverificarasirregularidadesnaapuraoderecolhimentodetributosadministradospeiaReceitaFederaldoBrasil.

    Identificadas pela fiscalizao as notas fiscais que teriam sido utilizadasindevidamentepelaempresafiscalizada(ascomdestaquedodescontode0,01%),amesmafoiregularmente intimadapara comprovar comdocumentaohbil e idneao recebimentodasmercadoriaseoefetivopagamentodasmesmas

    AContribuinte devidamente cientificada, lavrouse auto de infrao aps aconstataodafalta/insuficinciaderecolhimentodacontribuioparaoPISedaCofins,queocorreudevidoaglosadecrditosdanocumulatividadeaproveitadospelaContribuinte,nosperodosfiscalizados.ForamglosadososcrditosrelativosasaquisiesdaempresaTozzoeCiaLtda,quenoforamefetivamenterecebidas/adquiridaspelainteressada.

    Fl. 1166DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.167

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    Sem maiores digresses, quanto a divergncia posta a esta E. CmaraSuperior, sobre a utilizao de prova emprestada no processo tributrio, tanto o SuperiorTribunaldeJustiaSTJ,quantooSupremoTribunalFederalSTT,entendemserplenamentevalidas,desdequesejaexercidoodireitoaocontraditrioeampladefesa.

    Nesta direo, o prprio Cdigo de Processo Civil, tornou usual a provaemprestada, conforme preceitua o art. 372: O juiz poder admitir a utilizao de provaproduzidaemoutroprocesso,atribuindolheo valor queconsideraradequado,observadoocontraditrio.

    Nocasoemespcie,chamaatenoaconstruodosargumentosexpendidosnovotovencido,apesardeservencido,mereceressalvasereparos.

    Transcrevofragmentosdovotovencido.Inverbis:

    "Vejase, por conseguinte, que para se preservar inclume o princpio docontraditrio, indispensvel que a parte do segundo processo tenhaparticipadoemcontraditriodoprocessoemqueseproduziuaprovaquesevisaaproveitarparafundamentarodireitopretendido.Emoutraspalavras,essencialqueapartecontraaqualaprovaserutilizadatenhasidopartedoprocessoondeaprovafoiproduzida.

    No caso sob anlise, temse que o Recorrente no participou do processooriginal, no qual foram produzidas as provas emprestadas. Inexistiu ocontraditrio. Vejase que o agente fiscal assumiu como fato oponvel aoRecorrentetodaumacadeiadeprovas,depoimentoseinvestigaeshavidasemprocessodeterceiro,estranhoRecorrente.Aoassimproceder,deixoudeasseguraraparticipaodaRecorrentenaatividadeprobatriadestinadaformaodoconvencimentodojulgador.

    E,oquemaisgrave:todaaautuaofiscalfoiembasadatosomentenasprovas emprestadas de processo de terceiro. A documentao contbil efiscal daRecorrente foi totalmente desconsiderada, e o agente fiscal noempenhouesforosparademonstrar,especificamenteeparticularmentenoque tange Recorrente, de que esta, de fato, era copartcipe da fraudedeflagradanoprocessoinvestigatrioenvolvendoaempresaTozzo&Cia.Ltda.

    Quanto assertiva da Relatora do voto vencido de que: "A documentaocontbilefiscaldaRecorrentefoitotalmentedesconsiderada,eoagentefiscalnoempenhouesforosparademonstrar,especificamenteeparticularmentenoquetangeRecorrente".

    Sefaznecessrio,corrigiresteargumentobaseadoemfalsapremissa,constajunto aos autos, fls.122/2007, todas as notas e documentos que comprovam a fraudeperpetuada.

    Ora,ofiscodeveriaconsiderarnotasinidneas?

    Jsedemonstraumacontradiodovotovencido,assimcomo,argumentosda Contribuinte, que sustentam que no houve ampla defesa, considerando que a prova

    Fl. 1167DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.168

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    emprestada violou o devido processo legal, princpio do contraditrio e do direito ampladefesa.

    Prossegue:

    [...]

    "Entendo no ser necessrio, aqui, enveredar na discusso em torno dadeficincia do depoimento testemunhal como meio probatrio no mbitotributrio. At porque, a prova testemunhal pode ser deveras importantepara certificar determinados acontecimentos.Porm, embasar um auto deinfrao em prova testemunhal emprestada de processo em que aRecorrentesequerfoiintimadacomoparteinteressada,emais,emsituaoque poderia ser solucionada pela anlise de documentos financeiros eprovaspericiais,podesermesmotemerrio,almdenocoadunarcomodevidoprocessolegal".

    De fato, h uma impropriedade desvirtuada em tal concluso, o Auto deInfraonofoimotivadoportestemunhas,todoprocedimento,foiamparadopeloMandadodeProcedimento Fiscal Diligncia n 09203002010001615. Todo contraditrio, ampla defesa,procedimentode instauraode fiscalizao, tudo foiamparanaestrita legalidadedodevidoprocessolegal,nohoquesefalaremilegalidadeounulidadedeprovaemprestas.

    Semreparosadecisorecorrida.

    No que tange o argumento de que a prova emprestada foi colhida sem odevido processo legal, no coaduna com a realidade dos fatos, a operao conjunta com oMinistrioPblico edemais autoridades, foramarquitetadasdosditamesde lei.Emnenhummomento, do modo aodado a Fazenda Nacional solicitaria documentos, e com base eminformaes de uma operao, lavraria um auto de infrao com fundamento de dadosfornecidosporterceiros.

    Houvecomprovadamente, umprocedimento legal, aAutoridadeFiscal, pormeio do Mandado de Procedimento Fiscal Diligncia n 09203002010001615, requisitouinformaes acerca da contabilidade e escrita fiscal da Contribuinte, o que em via reflexa,proporcionoutotalampladefesa.

    Paravalidarminhaconvicodequenohouvequalquerilegalidadequantoao lanamento, verifico s fls.212, junto ao TERMO DE INTIMAO FISCALSAFIS/DRF/JOASCN141/2010,oseguinte:

    "NoexercciodasatribuiesdocargodeAuditorFiscaldaReceitaFederaldoBrasil,combasenoquedispemosarts.911,927e928doDecreton3.000 de 26/03/1999 c/c art. 11 da Lei 8.218/1991, INTIMAMOS ocontribuinte acima identificado a apresentar, no prazo de 20 (vinte) diascontados do recebimento desta Intimao, os documentos a seguirespecificados,todosreferentesaoperododejaneiro/2004adezembro/2008:

    1.ArquivosdeRegistrosContbeis, emmeiomagntico, na formaprevistanoitem4.1doAnexonicodoADECOFISn15,de23/10/2001,validadospelo programa SINCO ARQUIVOS CONTBEIS 2. Notas Fiscais de

    Fl. 1168DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.169

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    Entrada,emmeiomagntico,formatadasevalidadaspeloprogramaSINCO NOTAS FISCAIS, respeitando o disposto no Ato Declaratrio ExeutivoCofisn15de23deoutubrode20013.NotasFiscaisdeEntrada,emmeiomagntico, no formato SINTEGRA 4. Arquivos eletrnicos pontendo aimagemdeimpresso".

    Portanto, no h o que se invalidar ou anular o auto de infrao, com ofundamentodequenohouveampladefesa.

    Quanto a utilizao de prova emprestada emmatria tributaria, o SuperiorTribunaldeJustiaSTJ,nosautosdoREspn81.094MG(1995/00631385)entendeuquenohqualquer ilegalidadeno lanamentoefetuado,aindamaisseaautuaorealizadapeloFiscoFederalobedeceusformalidadeslegais,dandodireitodeampladefesaaocontribuinte.Inverbis:

    "TRIBUTRIO. IR. LANAMENTO. AUXLIO E PROVAEMPRESTADA.ART.199,DOCTN.

    1. Todos os rgos da Administrao Federal, Estadual, Municipal eAutrquicaestoobrigadosprestaomtuadeassistnciaecooperaonafiscalizaodostributosrespectivos.

    2.No lanamentodoImpostodeRendapodeoFiscoFederalvalersededocumentos,informaes,laudos,autosdeinfraoetc..., levadosaefeitopelafiscalizaoestadual.

    3.Cabe autora provar os fatos constitutivos de seu direito alegados nainicial,quepoderosercontestadospeloruemjuzo.

    4.Apeloimprovido"(fl.164).

    Aponta divergncia jurisprudencial com acrdo proferido pelo extintoTribunalFederaldeRecursos,emquefoiadotadooentendimentodenoservlidooautodeinfraolavradopeloFiscoFederal,relativoaoimpostoderenda, baseado em prova emprestada de lanamento efetuado pelo FiscoEstadual.

    CingeseacontrovrsiapossibilidadedoFiscoFederalconstituirocrditotributrio,peloautodeinfrao,attulodeImpostodeRenda, tendocomosuportelanamentoefetuadopeloFiscoEstadual.

    Oartigo199doCdigoTributrioNacionalprevamtuaassistnciaentreasentidadesdaFederaoemmatriadefiscalizaodetributos,inverbis:

    Art.199.AFazendaPblicadaUnioeasdosEstados,doDistritoFederale dosMunicpios prestarseomutuamenteassistncia para a fiscalizaodos tributos respectivos e permuta de informaes, na forma estabelecida,emcartergeralouespecfico,porleiouconvnio.

    Como se v, a lei preconiza a assistncia mtua entre as entidadestributanteseestabelecequeautilizaodeinformaeseoaproveitamento

    Fl. 1169DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.170

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    deatosdefiscalizaoentreaspessoasjurdicasdedireitopblicodevaserrealizadoatravsdeleioudeconvnio.Talrequisitosemanifestapormeiodoartigo658doRegulamentodoImpostodeRendaDecreton85.450/80atualmenteart.936doDecreton3.000/99quedispunha:

    "Art.658.Soobrigadosaauxiliarafiscalizao,prestandoinformaeseesclarecimentosquelheforemsolicitados,cumprindooufazendocumprirasdisposiesdesteRegulamentoepermitindoaos fiscaisde tributos federaiscolher quaisquer elementos necessrios repartio, todos os rgos daAdministrao Federal, Estadual e Municipal, bem como as entidadesautrquicas, paraestatais e de economia mista (Decretolei n 5.844/43,artigo125,eDecretolein1.718/79,artigo2)".

    Compequenas alteraes redacionais, a regra foimantida noRIRora emvigor,queassimpreconiza:

    "Art. 936. Todos os rgos da Administrao Pblica Federal, Estadual eMunicipal,bemcomoasentidadesautrquicas,paraestataisedeeconomiamista so obrigados a auxiliar a fiscalizao, prestando informaes eesclarecimentos que lhes forem solicitados, cumprindo ou fazendo cumprirasdisposiesdesteDecretoepermitindoaosAuditoresFiscaisdaReceitaFederalcolherquaisquerelementosnecessriosrepartio(Decretolein5.844,de1943,art.125,eDecretolein1.718,de1979,art.2)".

    Assim,nohqualquerilegalidadenolanamentoefetuado,aindamaisseaautuao realizada pelo Fisco Federal obedeceu s formalidades legais,dandodireitodeampladefesaaocontribuinte.ConsoanteentendimentodoSupremo Tribunal Federal, no se pode negar valor probante provaemprestadacoligidamedianteagarantiadocontraditrio(RTJ559/265).

    No caso, a faculdade de cooperao entre os fiscos federal, estadual emunicipal no resultou em prejuzo da autonomia dos respectivoslanamentos fiscais, pois efetivada em face da legislao do imposto derendaesuadisciplina.Destacoaindaqueoartigo7doCdigoTributrioNacional fixa a indelegabilidade da competncia tributria, vez que esta atribuioconstitucional.Admiteodispositivo,entretanto,queasfunesdearrecadare fiscalizar tributossejamtransferidasdeumapessoadeDireitoPblicoparaoutra.

    OtributaristaHugodeBritoMachado,depoisdeacentuarqueodispositivoestavaemharmoniacomodispostono3doart.18daCFde1946,assimescreve:"Talressalva,arigor,temafinalidadedeafastarqualquerdvidasobreapossibilidadedeatribuio,pelo titularda competncia tributria,defunesdaAdministraoTributria.Delegandoasfunesdearrecadare fiscalizar tributos, no estar o ente pblico delegando competnciatributria, mas simples funes administrativas" (Comentrios ao CdigoTributrioNacional,vol.I,Ed.AtlasS/A,S.Paulo,2003,p.154).Concluise, portanto, que tal dispositivo no bice para a utilizao da provaemprestada,ouseja,elementoscoligidospeloFiscoEstadualutilizadospeloFiscoFederal.Cabeaocontribuinte,nomomentoapropriado,noprocessoadministrativo fiscal, apresentar a sua defesa, com os devidos

    Fl. 1170DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.171

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    esclarecimentos sobre os fatos. Assim, estaro sendo preservados osprincpiosconstitucionaisdodevidoprocessolegaledocontraditrio.

    Ademais,nohdvidasdequeos entesestataisdevemorganizarseparaotimizara fiscalizao tributriano intuitodeaprimoraraarrecadao.AutilidadedodispositivodoCdigoTributrioNacionalinquestionvel,poisrepresenta simplificao da atuao fiscalizatria, evitando repetio dediligncias,economiaderecursosetempo.

    Ante o exposto, conheo apenas em parte do recurso especial e, nesteparticular,negolheprovimento".

    Nestesentido,asinformaesfornecidaspeloMinistrioPblicoCatarinensetransferidas para o fisco, foram no sentido de noticiar as supostas fraudes, com essasinformaes, a Fazenda Nacional de modo legal iniciou o procedimento fiscalizatrio. Atporque os rgos da Administrao Pblica Federal, Estadual e Municipal, bem comoentidadesautrquicas,paraestataisedeeconomiamistasoobrigadosaauxiliarafiscalizao,prestando informaes e esclarecimentos que lhe forem solicitados, cumprindo ou fazendocumprirasdisposiesderegncia,conformeoprevistonoartigo125doDecretolein5.844,de1943eartigo2doDecretolein1.718,de1979.

    Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento aoRecursodaContribuinte.

    comovoto.

    (assinadodigitalmente)

    DemesBrito

    Fl. 1171DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.172

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    DeclaraodeVoto

    ConselheiraTatianaMidoriMigiyama

    ConsiderandoqueessaConselheirahaviapedidovistaparamelhoranalisar

    os autos do processo, peo vnia ao ilustre Conselheiro Demes Brito para apresentar meu

    entendimentoacercadalidepostaemRecursoEspecialinterpostopelosujeitopassivo.

    RecordasequeaautuaoacusouafaltaderecolhimentodoPISedaCofins

    pelo sujeito passivo, eis que a autoridade fiscal havia glosado os crditos das contribuies

    aproveitadospelosujeitopassivo.

    Vsequeforamglosadososcrditosrelativosasaquisiesdemercadorias

    deempresaterceiraTozzoeCiaLtda,sendopresumido,paratanto,queosujeitopassivo

    autuadologrouproveitodeesquemafraudulentoengendradoporterceiroTozzoeCiaLtda,

    aoutilizarsedenotasfiscaissupostamentegraciosas.

    Cabe lembrar que a motivao da autuao foi decorrente de Oficio n

    0180901217192000001expondoadisponibilizaoparaaReceitaFederaldoBrasildedados

    obtidos de busca e apreenso na empresa Tozzo& Cia Ltda, os quais se encontravam sob

    custdiadaForaTarefadoMinistrioPblicodeSantaCatarina.

    Ademais,insurjoqueoMinistrioPblicodeSantaCatarinadescreveuainda

    paraaReceitaFederaldoBrasilasocorrnciasdodia17desetembrode2009,nacidadede

    Chapec(SC),quandogrupodeForaTarefaintegradoporagentesdoMinistrioPblicode

    SantaCatarinaedaSecretariadeEstadodaFazendadeSantaCatarinaapoiadospelosrgos

    desegurana(PoliciasCivil,MilitareRodoviriaFederal),deramcumprimentoamandadosde

    buscaeapreensorelativosachamada"OperaoNotaReferenteATZO",tendocomoalvoa

    empresaTozzo&CiaLtda.

    Aps essas breves consideraes, passo a discorrer sobre o cerne da lide

    qualseja,sobreapossibilidadeounodeutilizaodeprovaemprestadaparaessecaso.

    Depreendendose da anlise dos autos, vse que a autoridade fiscal traz

    como motivao para a lavratura do auto de infrao os documentos originrios dos autos

    Fl. 1172DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.173

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    018.09.0187900queAINDAtramitaperantea2VaraCriminaldaComarcadeChapec

    especialmentedepoimentoscolhidosnafasedeinquritopolicial.

    Cabe trazer somente com esses documentos que se pode presumir que o

    sujeitopassivo se envolveuespontaneamentenaoperao supostamente fraudulenta,MAS

    tambm poderseia EXTRAIR que TAIS DOCUMENTOS no eram de conhecimento do

    sujeito passivo at a lavratura do auto de infrao e envolve conduta de terceiro. Tal como

    imploraosujeitopassivo.

    Inegvel ainda que os documentos considerados como suportes ao auto de

    infrao foram produzidos em fase de inqurito policial. E, nessa fase, de se lembrar aos

    operadoresdedireitoqueno,arigor,oportunizadooexercciodocontraditrioedaampla

    defesanessafase.

    Ventiladasessasconsideraes,pelaanlisedosautos,tenhoquerestaclaro

    para essa Conselheira que as informaes fornecidas pelo Ministrio Pblico Catarinense

    transferidas ao fisco, no serviram somente para noticiar as supostas fraudes e iniciar o

    procedimento fiscalizatrio, mas para tratlas como verdadeiras, eis que todas as

    documentaescontbeisefiscaisfornecidaspelosujeitopassivoforamdesconsideradaseno

    analisadas.

    Inegvel,assim,quenoocorreuorespeitoaocontraditrioeampladefesa,

    quetambmmereceosujeitopassivo.Lembrandoquenemhaviasidoobjetodeinvestigao.

    Ademais,todaaprovacolhidanoprocedimentoinvestigatriofoifornecidaa

    autoridade fiscal com base somente em declaraes e depoimentos prestados, e no provas

    documentais. Lembrando que o processo penal se encontra em tramitao no judicirio e

    envolveterceiro,enoosujeitopassivo.Comopodeterhavidoocontraditrionessecasoseos

    documentosdeinvestigaonoenvolviamosujeitopassivo?

    Comadevidavniaaorelator,entendoqueofisconopoderiadeprontoe

    de forma definitiva considerar as notas emitidas como inidneas, sem nem ao menos,

    analisarasdocumentaescontbeisefiscaisfornecidaspelosujeitopassivo.

    Com efeito, constatase que o sujeito passivo foi condenado, sem ter sido

    oportunizado o direito ao contraditrio e ampla defesa e ainda com documentaes

    decorrentesdeinvestigaoNOENVOLVENDOpropriamenteosujeitopassivo,MASSIM

    terceiro.

    Fl. 1173DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.174

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    Sendoassim,entendoquenohcomoseadmitiraprovaemprestadanesse

    caso,eisquetaisprovasENVOLVEMdiretamenteterceiro,enoosujeitopassivo.Eainda,

    emtodasasfasesemqueosujeitopassivoobteveaoportunidadededemonstrardocumentos

    queatestavamocrditooracombatidonesseprocessoadministrativo,foiignoradopornem

    teremsidososdocumentosanalisados.

    Cabeaindarecordaroart.372doCdigodeProcessoCivil:

    Art. 372.O juiz poderadmitirautilizaodeprovaproduzidaemoutro

    processo, atribuindolhe o valor que considerar adequado, observado o

    contraditrio.

    Taldispositivoreforaaimportnciadeseobservarocontraditrioparaque

    ojuizpossaadmitirautilizaodeprovaproduzidaemoutroprocesso.

    Nodemais trazerqueesseConselhoAdministrativodeRecursosFiscais

    posicionaqueautilizaoemumprocessoadministrativofederal,deprovaproduzidaemoutro

    processo, aceita at como homenagem economia processual, ao no se repetir atos e

    procedimentos.NOENTANTO,entendequeoempregodessaprovaemprestadadeverespeitar

    algumascondies,conformeconsignadoemementa(Grifosmeus):

    Acrdo3402004.290:

    PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA EMPRESTADA.

    REQUISITOS.ADMISSIBILIDADE.

    Conceituaseprovaemprestadacomoaquelaprovaproduzidanombitode

    outra relao jurdica processual, sendo apresentada para formar a

    convicodojulgadorquantoveracidadedofatoquesepretendeprovar.

    Tal forma de prova tradicionalmente aceita mbito do processo

    administrativo. Contudo, para resguardar os direitos fundamentais dos

    contribuintes,somenteadmitidaaprovaemprestadaparabasearautode

    infraosecumpridosdoisrequisitosdeadmissibilidadecumulativamente,

    quaissejam:i)queaprovatenhasidooriginalmenteproduzidasobocrivo

    do contraditrio e i) que o sujeito passivo da obrigao tributria, cujos

    interesses so postos em anlise pela prova emprestada no processo

    administrativo, tenha participado do referido contraditrio original, ou

    seja,sejadopartenoprocessodoqualaprovafoitransladada.

    Fl. 1174DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.175

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    Ora,nocasovertente,restaclaroqueaprovaemprestadanofoiproduzida

    sobocrivodocontraditrio,eisqueforamconstrudasemprocessodeinvestigaoeficapor

    bviomaisevidentequeaprovaemprestadanoenvolviadiretamenteosujeitopassivo,mas

    simterceiro.Oque,porconseguinte,cabeafastaraadmissodaprovaemprestadanopresente

    processo.

    Vse ainda que, em outro julgado, destacouse a impossibilidade de

    utilizao direta da concluso da prova emprestada emoutro processo, devendo servir

    somenteparafinsdeinstruo,conformeconsignadoemementaabaixo:

    Acrdo3301003.630:

    PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA EMPRESTADA.

    CONCLUSES OBTIDAS DO PROCEDIMENTO ESPECIAL DE

    FISCALIZAO.OBRIGATORIEDADEDESUADEMONSTRAOPARA

    EFEITODEIMPOSIODEPENALIDADE.

    Com relaoao uso de provas emprestadas para instruodo lanamento

    fiscal, o que se admite o uso dedocumentos e provas colhidos emoutro

    regularprocedimentofiscal,enooemprstimo,unicamente,dasconcluses

    daqueleprocedimento.

    Dessa forma, ainda que os autos tivessem sido instrudos com as provas

    citadas, haveria a fiscalizao que analislas e demonstrar a

    caracterizao das irregularidades que determinou o cometimento da

    infraoeconsequenteimposiodapenalidadelanada.

    Ora, no caso em comento, de se perceber que a autoridade fiscal no

    somenteinstruiuosautoscomasinformaesdaprovaemprestada,masasconsideroucomo

    verdadeira.Eisquenoanalisaramosdocumentosfornecidospelosujeitopassivoque,aseu

    ver,atestavamaliquidezdocrditoglosado.

    Nos termos do art. 2 daLei 9.784/99, temse que a administrao pblica

    dever observar, dentre outros, os princpios da ampla defesa e contraditrio. O que, nesse

    caso,noocorreu.

    de se insurgir ainda as lies do Prof. Nelson Nery (in Princpios do

    Processo Civil na Constituio Federal) que prova emprestada aquela que, embora

    produzida em outro processo, se pretende produza efeitos no processo em questo. Sua

    Fl. 1175DF CARF MF

  • Processon13982.001088/201001Acrdon.9303005.845

    CSRFT3Fl.1.176

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    validadecomodocumentoemeiodeprova,desdequereconhecidasuaexistnciaporsentena

    transitadaemjulgado,admitidapelosistemabrasileiro.

    O ilustre professor enfatiza que sua validade deve ser reconhecida por

    sentena transitada em julgado. Recordo que o caso vertente trata de prova envolvendo

    terceiroequeaindatramitanojudicirio.

    AlmdoposicionamentodesseConselho,desefrisaraindaoentendimento

    doSTFpela rejeio da prova emprestadaquandono h observnciado contraditrio e da

    ampladefesa(Grifosmeus):

    A prova emprestada utilizada sem o devido contraditrio, encartada nos

    acrdosquederamorigemcondenaodoextraditandonaItlia,noaf

    de agravar a sua situao jurdica, vedada pelo art. 5, LV e LVI, da

    Constituio, na medida em que, alm de estar a matria abrangida pela

    precluso,istoimportariaverdadeirautilizaodeprovaemprestadasema

    observnciadocontraditrio,traduzindoseemprovailcita".(STF,Rcln.

    11243,Rel.Min.GilmarMendes,08.06.2011,TribunalPleno).

    Em vista de todo o exposto e forte nessas argumentaes, voto por dar

    provimentoaorecursoespecialinterpostopelosujeitopassivo.

    omeuvoto.

    (Assinadodigitalmente)

    TatianaMidoriMigiyama

    Fl. 1176DF CARF MF