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S U M Á R I OFicha Técnica

Ano 22 – N.º 71 – Setembro 2006

PROPRIEDADE:

Centro Editor Livreiro da Ordemdos Médicos, Sociedade Unipessoal, Lda.

SEDE: Av. Almirante Gago Coutinho, 1511749-084 Lisboa • Tel.: 218 427 100

Redacção, Produçãoe Serviços de Publicidade:

Av. Almirante Reis, 242 - 2.º Esq.º1000-057 LISBOA

E-mail: [email protected].: 218 437 750 – Fax: 218 437 751

Director:Pedro Nunes

Directores-Adjuntos:José Moreira da Silva

José Manuel SilvaIsabel Caixeiro

Directora Executiva:Paula Fortunato

E-mail: [email protected]

Redactores Principais:Miguel Guimarães, José Ávila Costa,

João de Deus e Paula Fortunato

Secretariado:Miguel Reis

Dep. Comercial:Helena Pereira

Dep. Financeiro:Maria João Pacheco

Dep. Gráfico:CELOM

Impressão: SOGAPAL, Sociedade Gráfica da Paiã, S. A.Av.ª dos Cavaleiros 35-35A – Carnaxide

Depósito Legal: 7421/85Preço Avulso: 1,6 EurosPeriodicidade: Mensal

Tiragem: 32.000 exemplares(11 números anuais)

Ficha Técnica

MédicosREV

IST

A

Ordem dos

Nota da redacção: Os artigos de opinião e outros artigos assinados são da inteira responsabilidade dosautores, não representando qualquer tomada de posição por parte da Revista da Ordem dos Médicos.

4 EDITEDITEDITEDITEDITORIALORIALORIALORIALORIAL

8 ORDEM DEFENDEORDEM DEFENDEORDEM DEFENDEORDEM DEFENDEORDEM DEFENDEOS MÉDICOSOS MÉDICOSOS MÉDICOSOS MÉDICOSOS MÉDICOS

OM oferece seguro deresponsabilidade civil aosmédicos

10 Ordem oferece a todos osmédicos seguro de danospróprios em caso deviolência

12 INFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃO

Comunicado do ConselhoNacional Executivo

12 Proposta de Programa deFormação emNeurofisiologia Clínica

14 Comunicado - EntidadeReguladora da Saúde

14 Candidatura àCompetência em Avaliaçãodo Dano Corporal

15 Critérios de admissão àCompetência em Medicinada Dor

24 Regulamento de Inscriçãona Ordem dos Médicos

30 Parecer homologado emCNE de 28 de Agosto etornado extensível a todasas especialidades

30 Critérios de admissão àcompetência emAcupunctura Médica

34 Council of Europe -Committee of Ministers

36 AAAAACTUCTUCTUCTUCTUALIDALIDALIDALIDALIDADEADEADEADEADE

Primeira visita de umbastonário a várias ilhasdos Açores

58 OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

Carta aberta a um alunosobre Ensino Clínico naFaculdade de Medicinapor F. M. Fonseca Ferreira

62 A propósito da investigaçãoem cuidados paliativos,algumas reflexõespor Isabel Galriça Neto

64 O extermínio do InternatoGeralpor Nuno Nogueira Martins

66 Serviços Públicos - Oulucubrações dum Médiconuma tarde de Verãopor Carlos Costa Almeida

68 CONTCONTCONTCONTCONTOSOSOSOSOS

Um dia diferentepor Pedro Abranches

70 CULCULCULCULCULTURATURATURATURATURA

73 AAAAAGENDGENDGENDGENDGENDAAAAA

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4 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006

E D I T O R I A L

Defender os Médicos

Uns meses antes das últimas eleições calhou afirmar numa reunião que a função da Ordem não seriadefender os médicos mas sim os interesses dos doentes, da qualidade da medicina e da formação dosmédicos.

Como seria de esperar esta afirmação foi retirada do contexto, utilizada insidiosamente por alguns que se meopunham e tentada a sua interpretação como se me fosse indiferente os interesses dos médicos. Na alturarespondi genericamente que tal absurdo não merecia qualquer resposta e que gostava de ter visto os agoragrandes defensores quando era difícil, à época de Leonor Beleza, a tomarem posição nos sindicatos.

Verdade se diga que tais discussões são típicas de fases eleitorais em que para muitos se trata de apelar àemoção tudo valendo para conquistar mais um votito. Recusei-me e continuo a recusar entrar nesses jogos emuito menos alinhar comportamentos por pragmatismos eleitoralistas. Os médicos e os seus interessesmerecem-me demasiado respeito para utilizar truques, que considero o lado menos nobre da política. Paraganhar de certas formas é preferível perder. Tanto mais que ganhar dessas formas antecipa uma inexorável perdacolectiva a curto ou médio prazo.

Decorrido mais de metade do mandato e tendo tido o apoio de uma substancial maioria dos dirigentes daOrdem para que esta fosse conduzida da forma correcta pode fazer-se uma reflexão sobre resultados. Esperoque ninguém tenha dúvida que a postura da Ordem neste último ano e meio não foi fruto de circunstância ouacaso mas, pelo contrário, fruto de uma intenção deliberada de alterar processos e metodologias.

Foi particularmente fácil fazê-lo, já que os actuais dirigentes não têm quaisquer ambições na esfera política,carreiras partidárias a defender ou qualquer agenda escondida de interesses particulares ou de pequeninogrupo. Move-nos unicamente o interesse colectivo dos médicos e este radica essencialmente no seu prestígiopúblico como classe.

Este ano, pela primeira vez em vários anos, os médicos voltam a ser a profissão identificada como de maiorcredibilidade e prestígio entre todas em Portugal. Evidentemente que tal se deve à postura de cada médico nasua vida diária, mas seguramente também contou com a percepção pelos portugueses da postura da Ordem quea todos representa.

Não são eficazes ou credíveis votos pios de defesa dos interesses dos doentes se no dia seguinte os mesmosdirigentes da mesma Instituição aparecerem na comunicação social a defenderem interesses directos, financeirosou outros, dos seus associados.

Os médicos necessitam, obviamente, de ter quem os defenda nos seus legítimos interesses. Na sociedade actuala competição é de regra e a justiça um conceito relativo. Se alguém se esquecer de se defender, outros competirãopelos retornos que lhes seria de direito. Acredito firmemente, como acreditava quando, interno do internatogeral, me juntei a colegas mais velhos para fundar um Sindicato, que a Ordem não é a Instituição adequada paradefender tais interesses.Os médicos têm, felizmente, dois Sindicatos que os defendem, com quem a Ordem dialoga em estrita igualdadee com quem a Ordem define intervenções no respeito mútuo de esferas de actuação. Não cabe à Ordemsubstituir-se aos Sindicatos ou paternalizá-los, definindo-lhes estratégias de actuação. Se alguém julga que tal éútil ou possível deve rapidamente desenganar-se antes que os mesmos lho chamem à atenção num inútil exercíciopúblico de divergência entre médicos.

Pedro Nunes

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006 5

Pedro NunesE D I T O R I A L

Igualmente é desejável que se desenvolvam e fortaleçam Associações representativas dos interesses laborais eeconómicos dos médicos enquanto empresários ou trabalhadores por conta própria. À medida que o sectorliberal e convencionado se desenvolver, e creio que tal será inexorável no futuro, estas Associações tornar-se-ãoimprescindíveis. A Ordem não deixará de apoiar o seu nascimento e fortalecimento.

Perante estas afirmações perguntar-se-á qual o papel que cabe à Ordem. Seguramente um papel incontornável:

- Cabe-lhe exercer os poderes públicos que lhe foram delegados pelo Estado (note-se que não pelo Governo);

- Cabe-lhe definir os padrões técnicos em que assenta a prática médica não permitindo que qualquer Governo,ao sabor de interesses económicos circunstanciais, nomeie grupos de peritos ou Comissões que respaldemnuma aparência técnica o que são meros interesses políticos;

- Cabe-lhe julgar os casos de alegada má-prática, não permitindo que outros, sem os necessários conhecimentos,o façam, sonegando aos médicos uma análise justa dos seus actos;

- Cabe-lhe organizar, definir e balizar toda a formação médica garantindo que esta se continua a pautar porcritérios de qualidade mantendo o prestígio da Medicina e dos Médicos Portugueses (neste âmbito, a nível dosmais jovens, foram introduzidas profundas modificações e reforçadíssimo o papel da Ordem dos Médicos);

- Cabe-lhe representar internacionalmente Portugal nas organizações médicas, contribuindo para que, nas tomadasde decisão da União Europeia ou nas recomendações da Organização Mundial de Saúde, a voz dos MédicosPortugueses seja ouvida e respeitada;

- Cabe-lhe representar os Médicos perante os Portugueses, intervindo em todos os aspectos da vida pública emque seja importante fazer-se ouvir;

- Cabe-lhe contribuir para que as tomadas de decisão política sejam as mais adequadas aos interesses dosPortugueses e dos Médicos, a um exercício de Medicina de elevada qualidade e a uma Saúde entendida como umbem Constitucionalmente protegido a que todos têm direito em condições de equidade, universalidade e deforma tendencialmente gratuita;

- Cabe-lhe intervir no âmbito da protecção social dos Médicos, negociando em seu nome condições preferenciaisde acesso a bens de consumo ou relevantes para a sua vida pessoal e profissional.

Sendo este o entendimento que perfilhamos da Ordem, não é de estranhar que nos recusemos a substituir-nosaos partidos ou a imiscuir-nos na pequenina política partidária promovendo personalidades, derrubando ministros(até porque os sucessores não costumam ser melhores que os antecessores…) ou fazendo lobby por amigos.Não nos verão a negociar titulares de cargos ou administradores – Quem não protege amiguismos está totalmentelivre para criticar seja quem for.

Neste número da ROM verão um comunicado duríssimo perante umas declarações infelizes do Sr. Ministro daSaúde e em defesa da honra de tantos Colegas que tão esforçado desempenho têm tido nos SAP. Igualmenteverão as consequências de negociações com seguradoras que permitem oferecer aos médicos um seguro deacidentes pessoais quando vítimas de violência e um valioso seguro de responsabilidade civil que garante, para

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E D I T O R I A L

além de um capital indemnizatório, um montante razoável para fazer facea despesas com advogados e custas judiciais. No âmbito desse seguro,contratado com uma mutualidade de profissionais de Saúde de Espanha,os médicos terão igualmente à sua disposição o apoio necessário paraprocessar administradores ou decisores responsáveis pelas degradadascondições de exercício ou quem os tenha acusado com fins difamatórios.

É certo que muitos médicos já constituíram ao longo da vida meios dedefesa. Penso ser reconfortante para quem começa ou para quem sedistraiu saber que a sua Casa Comum se preocupa em protegê-lo. Talvezisto exemplifique o que entendemos por defender os médicos.

Igualmente esperamos em breve dar-lhes nota de importantes acçõesdesenvolvidas pela Ordem no sentido de dar apoio aos médicos na fasemais madura da vida quando, por vezes, a falta da presença da família pedeque os Colegas e amigos velem por eles.

Estou certo, e com esta opinião comunga a maioria dos actuais dirigentesda Ordem, que este é o caminho do futuro. Trilhar esse caminho implicaigualmente uma total firmeza na defesa da profissão e dos actos própriosdo saber dos médicos. Porque estamos seguros não sentimos a necessidade,própria dos fracos, de hostilizar as profissões que connosco partilham oespaço comum de defesa da Saúde dos Portugueses. A não hostilização erelações cordiais de respeito mútuo permitirão, como até aqui, impedirquaisquer dislates. Foi publicado o Estatuto do Medicamento que garanteas condições de inviolabilidade da receita médica e permitirá em breve aemissão de um novo modelo sem a extravagância absurda das “cruzinhas”…

Pedro Nunes

PS. – Um colega nosso, potencial candidato a futuras eleições, escreveu uma carta a milhares de médicos alegandofazê-lo por não poder publicar as suas opiniões na ROM. Tal carta levanta questões de natureza material e legalque serão tratadas em sede própria. No entanto, e para que não restasse qualquer dúvida, decidiu o ConselhoNacional Executivo inquirir o Colega de quando teria sido solicitada a publicação de qualquer texto e tal lhe tersido negado. Foi esclarecido pelo Colega nunca tal ter solicitado, apenas entendendo justificar-se a alegação e,consequentemente, a decisão de enviar a carta por... “não possuir jurisdição sobre a ROM” (sic).O Conselho Nacional Executivo gostaria de apelar ao bom senso de deixar o combate eleitoral para o períodoadequado e garante aos Colegas que todos os documentos relevantes estarão disponíveis nas sedes das SecçõesRegionais onde poderão ser consultados. Quanto à publicação na ROM manter-se-ão os critérios em vigor detotal liberdade, com o único condicionamento do que puder afectar o bom nome e prestígio dos médicos...

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8 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006

OM oferece seguro deresponsabilidade civil aos médicos

ORDEM DEFENDE OS MÉDICOS

Houve da parte da Ordem um particular cuidado de ter uma apólice anexa a esta

que garante o apoio total aos médicos no que se refere a despesas com advogados e

custas judiciais quando os mesmos decidam, e a OM concorde, pôr uma acção

indemnizatória a administrações hospitalares, responsáveis políticos ou até mesmo

doentes que se tenham queixado com fins essencialmente difamatórios.

Com o objectivo de proteger médicos e doentes em even-tuais situações de conflito, e reconhecendo que a AMA -Agrupación Mutual Aseguradora é uma companhia de se-guros com longa tradição de trabalho com profissionais desaúde, a Ordem dos Médicos acaba de contratualizar comesta companhia um seguro de responsabilidade civil queirá oferecer a todos os seus associados. Com a oferta desteseguro a Ordem dos Médicos pretende essencialmente pro-porcionar meios de defesa jurídica aos profissionais quepossam ser injustamente acusados. Por outro lado, em ca-sos em que se verifique que houve de facto má prática, aexistência desta apólice assegura a possibilidade de ressar-cir os doentes.

A partir de 1 de Janeiro de 2007 to-dos os médicos terão um seguro deresponsabilidade civil oferecido pelaOrdem dos Médicos. O seguro de va-lores indemnizatórios não muito ele-vados, como foi explicado por PedroNunes, bastonário da Ordem dos Mé-dicos, na conferência de imprensa quese seguiu à assinatura do protocolo,será com certeza muito útil para osmédicos que, ou por estarem em iní-cio de carreira ou porque exercemespecialidades menos rentáveis, nãotêm a possibilidade de efectuar essetipo de apólice. O seguro cobre trêsvertentes: custas judiciais (15.000 eu-ros), apoio jurídico (15.000 euros) e

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indemnização (15.000 euros). Trata-sede valores por sinistro e o total anualé de 30.000 euros. Os valores do se-guro poderão, naturalmente, ser su-pletivamente aumentados, pelos mé-dicos que o desejem e de acordo comtabelas já negociadas.Os médicos que já tinham seguros deresponsabilidade civil poderão mantê--los pois são valores cumuláveis. Talcomo referiu Diego Murillo Carrasco,presidente da AMA, «cada médico de-verá ter em conta o risco inerente àsua especialidade para determinar senecessita ou não de aumentar o valordo seu seguro de responsabilidade ci-vil».Questionado pelos jornalistas sobre ointuito de estabelecer este tipo de se-guros, Pedro Nunes explicou que oprincipal objectivo é dar a possibilida-de aos médicos de se defenderem ju-ridicamente em caso de acusações in-justas, nomeadamende a possibilidadede agirem judicialmente sobre as admi-nistrações quando a origem do pro-blema são erros/falhas organizacionais,sendo ao mesmo tempo um mecanis-mo que assegura o ressarcimento dosdoentes em caso de efectiva má práti-ca médica.«Existe uma linha muito ténue entreracionalização e racionamento. Racio-nalização é encontrar a melhor ma-neira de prestar os mesmos serviços,com a mesma qualidade, mas gastan-do menos recursos. Os médicos e asua Ordem estão tão empenhados naracionalização quanto o Ministério daSaúde. Mas para o racionamento –redução de despesas à custa dos do-entes e de uma diminuição da presta-ção de cuidados – não contem con-nosco.» Foi com esta breve masesclarecedora explicação que PedroNunes explicitou uma das vertentespossíveis de um seguro que, como re-feriu, tem ‘incidência social’: nos casosem que os doentes tenham razão, se-rão ressarcidos por este seguro. «To-dos os médicos estão protegidos poreste seguro, bem como todos os do-entes.» Explicando que a contratuali-zação deste seguro não é de todo umareacção contra qualquer medida go-

ORDEM DEFENDE OS MÉDICOS

vernamental mas sim uma acção a fa-vor dos médicos, o presidente da OMexplicou que, ainda assim, é natural ejusto que, caso existam excessos dezelo por parte de administrações, nãosejam os médicos a ser responsabili-zados mas sim quem de facto origi-nou o problema. «O que não faz sen-tido é que um médico seja acusado enão tenha como se defender quandoum doente sofre um dano devido auma falha organizacional, como porexemplo a falta de um equipamentoou de um medicamento essenciais.Assim como não é justo que um do-ente não seja ressarcido pelo dano quelhe seja causado, não é igualmente acei-tável que um médico pague por umerro que outra pessoa cometeu. Sóquando um médico não age de acor-do com a legis artis é que deve serresponsabilizado».

tes e uma percentagem muito mais ele-vada de casos que chegam a tribunal.Perante a insistência dos jornalistaspresentes na conferência quanto aeventuais objectivos deste seguro, Pe-dro Nunes foi peremptório: «A Or-dem dos Médicos não é um parceirodo jogo político. Não nos compete cri-ticar ou defender nenhum governonem nenhum ministro. Compete-nosdefender a medicina e os doentes. Esteseguro é o resultado de mais de oitomeses de negociação entre a OM e aAMA, não é resposta a nenhuma me-dida governamental, mas sim o cum-primento de uma das nossas funções:a defesa dos médicos, especialmentedos mais jovens».A assinatura do protocolo entre aAgrupación Mutual Aseguradora e aOrdem dos Médicos teve lugar no dia28 de Setembro na sede da OM apósoito meses de negociação entre asduas entidades. Pela OM estiverampresentes Pedro Nunes e Isabel Cai-xeiro, presidente da OM e presidentedo Conselho Regional do Sul, respec-tivamente, pela seguradora estiverampresentes Diego Murillo Carrasco,presidente da AMA, e Rafael Redondo,Director Geral.

OM oferecegratuitamente a todosos médicos seguro deresponsabilidade civil

Sendo certo que a maior parte doscasos que originam queixas dos doen-tes não se devem a negligência médicamas antes a deficiências organizacio-nais, este seguro também contempla ahipótese de apoiar a realização de es-tudos de desenvolvimento organizaci-onal precisamente para ajudar a en-contrar formas de colmatar essas fa-lhas. «Se houver uma organização mui-to ciente da contenção de despesas éum ambiente propício a excessos dezelo. Se esses excessos de zelo foremcometidos por médicos deverão osmesmos ser responsabilizados, casocontrário naturalmente que terá quese encontrar os verdadeiros respon-sáveis».Este tipo de seguro existe em diver-sos países, nomeadamente em Espanhaonde, tal como foi referido por DiegoMurillo Carrasco, presidente da AMA,existem muito mais queixas de doen-

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10 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006

A Ordem dos Médicos e a AXAPortugal renovaram, no passadodia 26 de Setembro, o protocolode seguros que mantêm há maisde 25 anos. O novo protocoloamplia e melhora a oferta de se-guros com a introdução de novosprodutos, mais coberturas, maiorflexibilidade na escolha, maiscompetitividade…

O protocolo entre a Ordem dos Mé-dicos e a AXA Portugal foi assinadono dia 26 de Setembro na sede da OM.Estiveram presentes nesse acto sole-

Ordem dos Médicos renovaprotocolo de seguros com a AXA

ne, Pedro Nunes, bastonário da OM,Isabel Caixeiro, presidente do Conse-lho Regional do Sul da OM, João Le-andro, Administrador Delegado daAXA Portugal, e Carlos Branco, direc-tor do departamento de protocolos egrupos de afinidade da AXA.As inovações introduzidas ao proto-colo OM/AXA têm como objectivoresponder, com mais e melhor quali-dade, à evolução das exigências e ne-cessidades específicas dos médicos noâmbito da sua vida privada e profissi-onal. Em seguida destacamos algunsdesses aspectos.

O seguro Vida Grupo que, com condi-ções especiais para médicos e seusfamiliares, permite minimizar as con-sequências económicas que um impre-visto pode causar, indemnizando aoMédico e à sua família sob a forma derenda ou capital, em caso de morteou de invalidez resultantes de doençaou acidente.O Multi-riscos Habitação proporcio-na ao médico a capacidade de se pro-teger economicamente dos danos cau-sados na sua habitação em consequên-cia de incêndio, danos de águas, furtoou roubo e outros imprevistos (inclu-

ORDEM DEFENDE OS MÉDICOS

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006 11

indo cobertura de protecção jurídica,riscos eléctricos, cobertura de equi-pamentos informáticos, actualizaçãoautomática de capitais e inclusão deuma percentagem significativa de ob-jectos especiais sem agravamento deprémio).O seguro de Acidentes de Trabalho porConta de Outrem – Empregados Do-mésticos transfere para a seguradoraem condições muito favoráveis de pre-ço a responsabilidade legal do médico,como empregador, pelas consequên-cias dos acidentes de trabalho queocorram aos empregados domésticosque se encontrem ao seu serviço, as-segurando ainda uma garantia suple-mentar de acidentes pessoais.O seguro de Acidentes Pessoais ga-rante o pagamento de um capital emcaso de morte ou invalidez permanen-te e, em caso de incapacidade tempo-rária absoluta por internamento hos-pitalar, um subsídio diário. O novo pro-duto amplia o número de coberturas,introduzindo, entre outras, a aceitaçãoautomática das coberturas da práticade desportos de Inverno, a utilizaçãode veículos de duas rodas, a bagagempessoal e a responsabilidade civil vidaprivada.A garantia de assistência pessoal emviagem apoia o Médico nas suas des-locações profissionais ou de lazer, pro-porcionando um conjunto de compar-ticipações e serviços que permitemviajar descontraidamente, em qualquerparte do mundo.O protocolo de seguros Ordem dosMédicos - AXA coloca à disposição dosmédicos o Multi-Riscos Estabelecimen-tos de Saúde e o Equipamento Elec-trónico que visam proteger os bens eequipamentos do médico dos danoscausados em consequência de incên-dio, tempestades, inundações, riscoseléctricos, garantir indemnizações emcaso de furto ou roubo e assumir aresponsabilidade civil como proprie-tário ou inquilino.Com as suas 19 coberturas, incluindogreves e tumultos, valor em novo, per-das e danos verificados em equipamen-tos móveis e portáteis e responsabili-dade civil extracontratual, o novo se-

guro de Bens em Leasing responde deforma completa, eficaz e competitivaàs exigências das instituições de cré-dito.No que diz respeito aos Acidentes deTrabalho, para os empregados dos es-tabelecimentos de saúde, as novas con-dições apresentam um significativa re-dução no preço, mantendo as anteri-ores vantagens, ou seja, assegura as co-berturas legalmente exigidas e refor-ça as indemnizações com uma cober-tura adicional de acidentes pessoais.

ORDEM DEFENDE OS MÉDICOS

Ordem oferece atodos os médicosseguro de danos

próprios em caso deviolência

No âmbito desta relação preferencialcom a AXA é possível à Ordem ofe-recer a todos os médicos um seguro(gratuito para o médico) de danos pró-prios em situação de violência exercidasobre o médico no seu local de traba-lho.A AXA igualmente apoia aSanoseguros, mediador participadopela OM, garantindo a presença detécnicos de seguros nas Sedes da Or-dem de Lisboa, Porto e Coimbra, paraaopiar os médicos em todas as maté-rias de seguros.

A protecção do Médico em caso deacidente de trabalho é assegurada peloseguro de Acidentes de Trabalho ContaPrópria, podendo optar-se, para alémda cobertura legalmente exigida, peloreforço de garantias, nomeadamente:o salário integral, a protecção jurídica,os acidentes pessoais nos perímetrosextra-profissional e profissional, osdanos no vestuário...

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12 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006

Numa entrevista ao JN de 6 de Agosto, Sua Excelênciao Senhor Ministro da Saúde terá feito um conjunto deafirmações, entre as quais se destacam a que foi cha-mada para título e que se transcreve: “Nunca vou a umS.A.P. nem nunca irei”. Descontado que tem que ser aépoca jornalística em curso, adequadamente chamadade “silly season”, em que a ausência de notícias e o paísa banhos obrigam a uma hipertrofia por vezes enviesadado que se disse ou se pretendeu dizer, não pode a Or-dem dos Médicos, tomando como rigorosas, objectivase voluntárias, as afirmações atribuídas a Sua Excelênciao Senhor Ministro da Saúde, deixar de reagir. A ser to-talmente exacto o que terá sido afirmado pelo maisalto responsável da saúde em Portugal, não poderá aOrdem dos Médicos deixar de classificar as suas pala-vras como ignorantes, infelizes, incultas, despesistas, dis-traídas e ofensivas para profissionais da saúde e doen-tes. O Senhor Ministro fala com o soberbo palanfróriode quem paira acima dos limitados recursos da genera-lidade dos portugueses. São palavras ignorantes por-que o Senhor Ministro ignora que há SAPs que funcio-nam como verdadeiras urgências hospitalares, com re-cursos para efectuar alguns exames complementaresessenciais, e com dois Médicos, e outros profissionaisde saúde, em presença física permanente. São palavrasinfelizes porque incentivam o sistema hospitalocêntricode Portugal, quando devia ser exactamente ao contrá-rio! Quando se pretende tirar doentes das urgênciashospitalares, quase todas sobrecarregadas e a traba-lhar no limite, algumas sem condições de país civilizado,inacreditavelmente o Senhor Ministro vem dizer aos por-tugueses que as entupam ainda mais!

São palavras incultas porque o Senhor Ministro não tema mínima noção de que um Médico, até sem estetoscó-pio, pode salvar uma vida! Que o simples acto de colo-car um soro pode evitar um choque hipovolémico irre-versível num politraumatizado! Que duas ampolas deFurosemida podem permitir que um doente com edemaagudo do pulmão chegue vivo a um centro com maisrecursos! Que a adrenalina subcutânea pode salvar um

Ordem dos MédicosConselho Nacional Executivo

COMUNICADOdoente em choque anafilático! Que o acto de tossirpode reverter uma taquicardia supraventricular paro-xística! Que colocar um tubo endotraqueal pode ser adiferença entre a vida e a morte! Que, numa verdadei-ra urgência, demorar mais meia hora até ser assistidopor um Médico pode significar, inexoravelmente, a mor-te!... São palavras despesistas porque traduzem que umdoente nunca deve acreditar num Médico que não lhefaça uma bateria de exames complementares. Os doen-tes devem passar a exigir, portanto, Ministro dixit, to-dos os mais sofisticados exames complementares quan-do apresentam um qualquer transtorno de saúde, maisou menos agudo, por mais simples que seja. Segundo oMinistro da Saúde, um Médico com estetoscópio não éde confiança! Palavras distraídas porque o Senhor Mi-nistro esquece-se que é exactamente o Ministro daSaúde e, por consequência, o principal responsável pelaausência de melhores condições em tantos níveis doSistema de Saúde português, incluindo os SAPs! Espan-toso! Palavras ofensivas para os doentes que não vivemna cidade grande e que têm nos SAPs o único recursoverdadeiramente acessível para situações agudas. Pala-vras ofensivas para os Médicos que, sem a infalibilidadeque não é apanágio de nenhum Médico ou ser humanomas com a máxima dedicação, competência e preocu-pação, dão o seu melhor aos doentes que observamnos SAPs, resolvendo-lhes a esmagadora maioria dosproblemas, evitando deslocações desnecessárias às ur-gências hospitalares e, seguramente, salvando muitas vi-das! Não havia necessidade!... Enfim, em duas palavras,as respostas do Senhor Ministro da Saúde às questõescolocadas pelo JN foram profundamente deploráveis,mas verdadeiramente reveladoras. Preparem-se os por-tugueses para o que aí vem.

De facto, o Senhor Ministro pretende encerrar todosos SAPs de Portugal, ainda antes de uma verdadeira eglobal reforma dos Centros de Saúde, orientada paraos ganhos em saúde e não apenas para o cumprimentoexclusivo do orçamento do Ministério. Já o começou afazer, no Centro do país, mas ainda ninguém conhece a

I N F O R M A Ç Ã O

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006 13

prometida rede de Unidades Básicas de Urgência, nemos respectivos critérios de localização e equipamento,muito menos o que significam exactamente e o regula-mento das ditas “Consultas Abertas”, que serão criadasem substituição. Na realidade, o Senhor Ministroprepara-se para fechar todos os SAPs, que funciona-vam durante as 24h do dia (admitimos que alguns nãose justificaria continuarem abertos), e abrir as “Con-sultas Abertas”, apenas durante o dia. Como serão so-mente “Consultas Abertas”, irão ter ainda menos re-cursos técnicos e humanos que os SAPs, se bem que,no terreno, irão desempenhar precisamente as mes-mas funções… Será que, no futuro, numa qualquer en-

Tendo a Neurofisiologia Clínica (NFC)sido aprovada pelo Conselho Nacio-nal Executivo como Subespecialidade,e ao abrigo do Regulamento Geral daOrdem dos Médicos estabelece-se oactual Regimento das condições míni-mas de formação em NEUROFISIO-LOGIA.

1 - A formação em NEUROFISIOLO-GIA CLÍNICA podem candidatar-se osmédicos especialistas com um Curri-culum mínimo de 12 meses de forma-ção Neurológica em Serviço Hospita-lar Idóneo, ficando com isso habilita-dos à realização e interpretação deestudos neurofiosiológicos.Entendem-se por estudos neurofiosi-ológicos todos os tipos de estudosfuncionais que avaliam a estruturaanátomo-funcional do Sistema Nervo-so Central, Periférico Somático e Au-tonómico.

2 - A formação em NFC é obtida du-rante um período mínimo de dois anos(não considerando os estágios parce-lares de NFC, realizados durante oInternato) devendo a distribuição des-te tempo de formação obedecer aos

Proposta de Programa de Formaçãoem Neurofisiologia Clínica

seguintes princípios:2.1 - Estágio de formação sequenciale continuada, tutelado em regime detempo completo.2.2 - Período de 6 meses de formaçãogeral em Neurofisiologia e TécnicasNeurofisiológicas.2.3 - Período de 18 meses de forma-ção específica sendo obrigatório a fre-quência de 12 meses numa das áreasde diferenciação.2.4 - A formação destina-se à aprendi-zagem e utilização de técnicas e mé-todos de estudo neurofisiológico dafunção nervosa, interpretação de re-sultados e correlação clínica.2.5 - Os candidatos enviarão à Ordemdos Médicos um relatório anual refe-rente à sua formação.2.6 - A avaliação será curricular, teóri-ca e prática quantificada.2.7 - O Júri será constituído por 5 ele-mentos, 3 designados pelo Colégio daSubespecialidade de Neurofisiologia e2 pela Instituição de Formação, um dosquais presidirá.3 - A titulação obtida pelo Ciclo deEstudos Especiais nas condições atrásreferidas dá automaticamente atitulação pela Ordem dos Médicos e

inscrição no Colégio respectivo.4 - Com esta titulação ficam os médi-cos habilitados a exercer a sua activi-dade clínica na área específica para aqual obtiveram idoneidade. No casodo candidato pretender idoneidade emoutra área específica deverá realizarmais um período de 12 meses de for-mação nessa área.5 - As titulações da NeurofisiologiaClínica obtidas e certificadas por as-sociações específicas/profissionais es-trangeiras serão analisadas caso a casoe tendo em conta o Regulamento daOrdem dos Médicos.

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trevista, o Senhor Ministro também irá desaconselhar osportugueses de recorrerem às “Consultas Abertas”?...Percebe-se que o Senhor Ministro diga mal dos SAPs. Fazparte da sua estratégia para os encerrar. É mais uma re-forma pseudo-economicista feita à custa da saúde doscidadãos. Desgraçadamente, falta alguma perspicácia aoMinistério da Saúde para melhor gerir os recursos exis-tentes sem prejudicar a qualidade e a quantidade dos ser-viços básicos prestados aos portugueses e sem destruiro Serviço Nacional de Saúde. Os prejudicados serão osdoentes.

Coimbra, 14 de Agosto de 2006

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Em deliberação de 20 de Junho de 2006, o CNE definiu osCritérios de admissão por consenso para atribuição daCompetência em Avaliação do Dano Corporal. Foi delibe-rado nessa reunião do CNE de 20 de Junho, que se pode-rão candidatar à competência em Avaliação do Dano Cor-poral os médicos que reúnam os seguintes requisitos:a) Médicos especialistas da carreira médica de medicinalegal;b) Médicos especialistas que sejam detentores de Cursode Pós-Graduação em Avaliação do Dano Corporal minis-

trado por Escolas Médicas das Universidades Públicas emcolaboração com o Instituto Nacional de Medicina Legal,envolvendo estágio prático neste Instituto, e que compro-vem o exercício de actividade continuada num dos domíni-os da avaliação do dano corporal durante pelo menos trêsanos, mediante avaliação curricular.

As candidaturas deverão ser enviadas para a sede adminis-trativa da Secção Regional onde o candidato está inscri-to, até 30 de Abril de 2007.»

Candidatura à Competência em Avaliaçãodo Dano Corporal - Prazo limite e critérios

Tem a Ordem dos Médicos sidocontactada por diversos médicos paraprestar esclarecimentos sobre qual amelhor atitude a tomar perante as car-tas recebidas da Entidade Reguladorada Saúde a exigir a liquidação da taxade inscrição, sob pena do pagamentode uma multa de 5.000,00 Euros a co-brar por via de execução fiscal.

Estas situações estão relacionadas comaqueles pedidos de registo que, por umaou por outra razão (a maior por faltade informação da ERS), os médicos er-radamente apresentaram e que, umavez constatado o erro, ficaram sem pa-gamento, dado ser essa a única formade “cancelar” o dito pedido.

Certo é que as cartas de cobrança con-tinuam a ser enviadas aos médicos.

Diz o nº 4 do art. 4º da Portaria nº 38/2006, que ”Não sendo processado o pa-gamento no acto da inscrição, o registoé considerado como inexistente, sendo osdados eliminados do sistema”.

Ou seja, porquanto resulta desta nor-ma, todos os pedidos de registo cujopagamento não foi efectuado no mo-mento da sua formulação, não existemou não deveriam existir no sistema in-formático da ERS.

Se assim é, então não faz qualquer sen-tido nem é jurídica e legalmente cor-recta a actuação da ERS de mandarcobrar (executar) o valor não pago.

Contudo, segundo as regras legais vi-gentes, os médicos visados só poderão“reclamar” desta situação quando fo-

ComunicadoEntidade Reguladora da Saúde

rem citados pelos serviços de finanças,no âmbito do processo de execuçãofiscal, para procederem ao pagamentoda dívida.

Em face destes acontecimentos e umavez analisada a legislação vigente, en-tendeu o Conselho Nacional Executi-vo alertar todos os médicos para estailegalidade, para que possam reagir aospedidos de pagamento vindos da ERS.

A Ordem dos Médicos irá desde jácontactar a Entidade Reguladora daSaúde e o Exmo. Senhor Provedor deJustiça para que seja reposta a legalida-de.

Lisboa, 11 de Outubro de 2006O Presidente

Pedro M. H. Nunes

Ordem dos Médicos

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006 15

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Ordem dos MédicosCOLÉGIO DA ESPECIALIDADE DE PEDIATRIA

Critérios de admissão àCompetência em Medicina da Dor

Aprovado em Conselho NacionalExecutivo de 19 de Setembro.

Bases Curriculares para Obtenção daCompetência em Medicina da DorBaseadas no Core Curriculum forProfessional Education in Pain - 3rdedition (editor - J. Edmond Charlton),IASP Press, Seattle, 2005.(também disponível em www.iasp-- p a i n . o r g /CoreCurriculumThirdEdition.htm)1) Anatomia e fisiologia da dora) Nociceptores - tipos, mecanismos deactivação e sensibilizaçãob) Medula espinhal- Laminação; Tiposde neurónios; Sensibilização central;Modulação segmentar e descendente;Vias espinhofugais ascendentesc) Cérebro - Áreas corticais e subcor-ticais activadas pelos estímulos nocicep-tivos; Zonas modulatórias do tronco ce-rebral; Interacção com sistema nervo-so vegetativo; Aferências e eferênciastalâmicas e modulação local da trans-missão dos impulsos nociceptivos; In-fluência da atenção, expectativa, hipno-se e efeito placebo na percepção da dor2) Farmacologia da transmissão e mo-dulação da dora) Mecanismos periféricos - Mediado-res químicos inflamatórios; Factoresneurotróficos; Receptores dos nocicep-tores; Nociceptores silenciosos; Fárma-cos anti-inflamatórios; Anestésicos lo-cais; Antiepilépticos; Papel do sistemanervoso simpático

b) Medula espinhal - Neurotransmis-sores dos nociceptores: aminoácidos eneuropeptídeos; Receptores dos neu-rónios espinhais; Neurotransmissoresexcitatórios e inibitórios dos neuróni-os espinhais: aminoácidos eneuropeptídeos; Prostaglandinas, óxidonítrico.i) Sensibilização central - Wind-up,potenciação a longo prazo ehiperalgesia central; Papel dos recep-tores NMDAii) Modulação inibitória - Opióides, ca-tecolaminas e respectivos receptores;mecanismos de tolerânciac) Cérebro - Neurotransmissores en-volvidos na modulação descendente3) Desenhar, relatar e interpretar es-tudos de investigação clinica sobre dor-medicina baseada na evldinciaa) Bases, vantagens e limitações da me-dicina baseada na evidênciab) Ensaios clínicos “randomizados”,meta-análises e revisões sitemáticasc) Estudos epidemiológicosd) Características particulares dos es-tudos sobre dor (subjectividade da dor,múltiplos componentes da dor, instru-mentos de medida da dor, factores queafectam a dor, determinação do efeitoclinicamente relevante, efeito placebo,etc.)4) Modelos animais de dor e ética daexperimentação animala) Justificação para o uso de modelosanimaisb) Diferença entre dor e nocicepção

c) Critérios para a validação dos mo-delos animaisd) Tipos de modelos animaise) Medidas de nocicepção em animais -reflexos e comportamentosf) Regras/regulamentos éticos para ouso de animais de experiência em es-tudos sobre dor5) Padrões éticos na Investigação e tra-tamento da dora) Legislação e regras básicas sobre ospadrões éticos na investigação e trata-mento da dorb) Diferenciação entre dor e sofrimen-toc) Direito dos doentes a beneficiaremde um tratamento adequado da dord) Dever dos profissionais de saúde emnão causar dore) Dever dos profissionais de saúde emaliviar a dorf) Aspectos éticos da investigação clíni-cag) Consentimento informado6) Medição da dora) Distinção entre dor e nocicepção;aspecto multidimensional da dorb) Conceitos básicos da medição da dorenquanto fenómeno subjectivoc) Conceitos de validade, fiabilidade,sensibilidade, especificidade e padroni-zaçãod) Escalas unidimensionais deautoavaliação da dore) Questionários multidimensionais deautoavaliação da dorf) Métodos de avaliação da dor em

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recém-nascidos, crianças e doentes comdéfices cognitivos ou incapazes deverbalizarg) Métodos de medição do impacto dador na actividade, funcionalidade, quali-dade de vida do indivíduo e custos eco-nómicosh) Importância e significado da medi-ção da dor nos resultados dos estudosclínicos7) Dor e placeboa) Definição de placebob) Componentes dos mecanismos doefeito placeboi) Expectativa, desejoii) Aprendizagem, reflexo condicionadoiii) Modulação cognitivaiv) Alterações dos neurotransmissoresv) Mecanismos contextuaisvi) Reacções mais apropriadas do or-ganismo para encontrar alívio da dorc) Interpretação do efeito placebod) O placebo como instrumentometodológico nos ensaios clínicos “ran-domizados”, suas implicações éticas ealternativase) Utilização terapêutica do placebo f)O médico como placebo8) Neurofisiologia clínica e imagiologiaa) Estimulação nervosa periférica - me-canismos, indicações e limitaçõesb) Potenciais evocados por laser - me-canismos, indicações e limitaçõesc) Testes sensoriais quantitativos - tes-tes para fibras finas e grossas; mecanis-mos,indicações e limitaçõesd) Biópsias cutâneas - indicação, infor-mação que se obtéme) Ressonância magnética nuclear - me-canismo, vantagens e limitesf) Tomografia por emissão de positrões- mecanismo, vantagens e limitesg) Electro e magnetoencefalografia -mecanismo, vantagens e limitesh) Principais conclusões dos estudosimagiológicos sobre dor9) Epidemiologiaa) Métodos de estudo de prevalência eincidênciab) Dados sobre a prevalência e a inci-dência dos principais tipos de dorc) Métodos de estudo da etiologia dador, incluindo factores de riscod) Dados sobre os principais factores

de risco dos síndromes dolorosos maiscomunse) Determinação da história natural eidentificação dos factores de prognós-ticof) Utilização dos dados epidemiológi-cos para definição de intervenções epolíticas de saúde10) Aspectos psicossociais e cultu-rais da dora) A dor como experiência biopsicos-socialb) Principais consequências psicológi-cas e comportamentais da dor aguda,dor associada a uma doença progressi-va, dor crónica não progressiva e dorassociada a doença termina!c) Aspectos psicossociais associados àavaliação e tratamento da dord) Testes psicológicos validados e pa-dronizados para o estudo de doentescom dore) Diferenças individuaisi) Processos afectivosii) Processos cognitivosiii) Processos comportamentaisiv) Modelo psicofisiológicof) Copíngg) Aspectos psicossociais e culturais queinfluenciam a expectativa, acesso e ade-rência à terapêuticah) Influência dos aspectossocioculturais, económicos e raciais nadori) A dor e a famíliaj) Problemas emocionais e alteraçõespsiquiátricas provocadas pela dork) Dor e depressão11) Opióidesa) Opióides endógenosb) Tipos de receptores opióides - ca-racterísticas funcionais e localizaçãoc) Mecanismos de tolerância e depen-dência físicad) Redução da eficácia dos opióides pormecanismos diferentes da tolerânciae) Opióides exógenos utilizados na prá-tica clínicai) Agonistas totais dos receptores mðii) Agonistas parciais dos receptores mðiii) Agonistas-antagonistas mistosiv) Antagonistas dos receptores mðf) Farmacologia clínica dos opióidesi) Eficácia máxima e relativa, potência epotência relativa, efeito tecto

ii) Variabilidade individual da farmacoci-nética e farmacodinâmicaiii) Vias de administraçãoiv) Disponibilidade, metabolização e eli-minação/excreção; conceito de semi--vidav) Efeitos aditivosg) Factores clínicos que determinam aescolha de um opióide e sua via de ad-ministraçãoh) Tabelas de equivalência analgésica erotação de opióidesi) Efeitos secundários e toxicidade dosopióidesj) Diferença entre tolerância, dependên-cia física, dependência psíquica e adi-ção. Sindrome de abstinênciak) Guidelines para o uso de opióides12) Analgésicos anti-inflamatóriosnão-esteróides e antipiréticosa) Grupos de fármacosb) Mecanismo de acçãoc) Farmacocinéticad) Interacções, efeitos secundários etoxicidadee) Principais indicações13) Antidepressivos e Antiepilép-ticosa) Antidepressivosb) Antiepilépticosi) Indicações na terapêutica da dorii) Mecanismo de acçãoiii) Posologiaiv) Contra-indicações, interacções me-dicamentosas e efeitos secundários14) Outros fármacosIndicações, mecanismos de acção,posologia, contra-indicações e efeitossecundários de:a) Neurolépticosb) Antihistamínicosc) Analépticosd) Corticosteroidese) Relaxantes musculares e antiespás-ticosf) Antagonistas dos receptores NMDA;g) Anestésicos locaish) Agentes simpaticolíticosi) Agentes neurolíticosj) Baclofenok) CanabinóidesI) Triptanos e outros agentes seroto-nérgicosm) Agonistas aα2 adrenérgicosn) Fármacos de aplicação tópica -

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lidocaína e capsaicina15) Psicoterapia em dora) Bases de diagnóstico da comorbili-dade psiquiátrica associada à dor cró-nica: depressão, ansiedade (tal comoperturbação de pânico e de estressepós-traumático), perturbações somato-formes, fármaco-dependência e pertur-bação bipolarb) Indicações, contra-indicações, eficá-cia, interacções medicamentosas e efei-tos secundários dos medicamentos an-tidepressivos, estabilizadores do humore anxiolíticos utilizados na terapêuticadas alterações do humor e da ansieda-de associadas à dorc) Principais técnicas de intervençãopsicoterapêutica na dori) Técnicas de relaxamentoii) Terapia cognitivo-comportamentaliii) Terapia operanteiv) Técnicas de exposição gradualv) Técnicas de biofeedbackvi) Técnicas de hipnoanalgesiavii) Terapia de grupod) Valorização das queixas somáticasdos doentes com personalidades ansi-osas (hipocondria) e com personalida-des melodramáticas/histriónicas (con-versão). Importância da intervençãopsicoterapêutica e reduzido papel dasintervenções somáticase) Influência da história individual, fa-miliar e social nas queixas de dorf) Perturbações do sono: característi-cas, avaliação e tratamentog) Avaliação do potencial risco de suicí-dioh) Avaliação da qualidade de vida relati-va à saúde (estado de saúde subjecti-vo)16) Terapêuticas invasivasa) Anatomia do Sistema Nervoso Cen-tral e Periférico relacionada com a exe-cução das técnicasb) Fármacos utilizados na realização dasterapêuticas invasivasc) Mecanismos de acção, indicações clí-nicas, eficácia, complicações e seu tra-tamento e limitações das terapêuticasinvasivas, nomeadamente:i) Injecção de pontos “trigger”ii) Bloqueios nervosos periféricosiii) Bloqueios simpáticosiv) Bloqueios dos plexos celíaco e

hipogástricov) Administração de fármacos por viaepiduralvi) Administração de fármacos por viaintratecalvii) Bloqueios neurolíticos intratecais eepiduraisviii) Crioneuróliseix) Radiofrequência17) Técnicas cirúrgicasa) Indicações, contra-indicações, prin-cípios técnicos, complicações e resul-tados esperados das seguintes técnicascirúrgicas: i) Neurolise e Neurectomiaperiféricaii) Simpaticectomiaiii) Rizotomia dorsaliv) Cordotomia anterolateral/tractoto-mia espinotalêmicav) DREZotomiavi) Mielotomia comissuralvii) Rizólise facetáriaviii) Intervenções sobre os nervoscraneanos (V, IX e X)ix) Técnicas destrutivas do cérebro etronco cerebralx) Técnicas de neurostimulação:(1) Estimulação medular(2) Estimulação cerebral profunda(3) Estimulação corticalxi) Técnicas de Radiofrequênciab) Implantação de dispositivos para in-fusão de fármacos por via epidural, in-tratecal ou intraventricular18) Medicina física e de reabilita-çãoIndicações, contra-indicações, mecanis-mos e resultados esperados das seguin-tes modalidades terapêuticas:a) Calor superficial e profundob) Frioc) Ultra-sonsd) Manipulação, tracção e massageme) Exercício físico (passivo, activo assis-tido, contra resistência, de alongamen-to)19) Taxonomia dos síndromes do-lorosos crónicosClassificação dos principais síndromesdolorosos de acordo com:a) Classificação taxonómica da Inter-national Association for the Study ofPainb) International Classification ofDiseases (ICD) 10

20) Dor aguda e pós-operatóriaa) Epidemiologiab) Efeitos e consequências fisiológicasda dor aguda e sua manipulação pelastécnicas anestésicas/analgésicas:c) Fármacos mais utilizados na dor agu-da (indicações, contra-indicações, viasde administração, efeitos secundários):d) Conceitos de analgesia preventiva ebalanceada ou combinadae) Analgesia por via epidural e intrate-cal - indicações, contra-indicações.f) Analgesia controlada pelo doente -fundamentos, indicações, contra-indica-çõesg) Modelos de organização da analgesiano pós-operatórioh) Controlo da dor aguda não-cirúrgi-ca associada a:i) traumatismosii) queimadurasiii) lombalgiasiv) infecção pelo herpes zoosterv) isquemia do miocárdiovi) isquemia periféricavii) cancroviii) HIV/SIDAix) patologia hematológica (hemofília,anemia falciforme)x) patologia abdominal e pélvica não ci-rúrgica (dismenorreia, cólicas renais ebiliares, cólon irritável, etc.)xi) patologia orofacial (sinusite, ulcera-ções orais, etc.)xii) cefaleiasxiii) patologia músculo-esquelética21) Dor oncológicaa) Princípios gerais - incidência, preva-lência, conceito de dor total, doroncológica no âmbito dos cuidados pa-liativos e da qualidade de vida.b) Integração da dor oncológica no âm-bito da doença oncológica e das suasprincipais armas terapêuticas.c) Conceito de estadiamento emOncologia d) Avaliaçãoi) Mecanismos fisiopatológicos da doroncológica relacionados com o tumore suas metástases, bem como das tera-pêuticas oncológicas.ii) Caracterização dos vários tipos dedor e dos quadros álgicos de origemoncológicaiii) Agudizações e dor irruptivaiv) Importância dos factores psicológi-

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cos, espirituais e sociais envolvidosv) O valor dos meios auxiliares de dia-gnóstico e) Tratamento farmacológicoi) Analgésicos opióides e não opióidesmais utilizados na dor oncológicaii) Conceito de escada analgésica,“around the clock” e “rescue”iii) Substâncias adjuvantes, vantagens, in-dicações e contra-indicaçõesiv) Vias de administração de opióides,invasivas e não invasivas, vantagens, in-dicações, contra-indicações, custo-be-nefíciov) Importância dos “guide-lines” e oconceito de individualizaçãovi) Os mitos na utilização de opióidesf) Tratamento invasivoi) Bloqueios anestésicos (diagnósticos,prognósticos, terapêuticos eneurolíticos), indicações, limitações econtra-indicaçõesii) Técnicas anestésicas como forma deadministração de medicamentosiii) Técnicas neurocirúrgicas, radiológi-cas e de neuro-estimulação, indicações,limitações e contra-indicaçõesg) Terapêuticas não farmacológicas (fí-sicas, estimulação transcutânea,acupunctura), indicações, limitações econtra-indicaçõesh) Apoio psico-terapêuticoi) Técnicas cognitivo-comportamentaisii) Relaxamento e bio-feed-backiii) Conceito de distressi) Populações especiaisi) A criança - avaliação, ajustes terapêu-ticas, envolvimento emocional. Papel doscuidadores e da famíliaii) O velho - avaliação, co-morbilidade,ajuste terapêutico. Apoio socialiii) Toxicodependentesiv) Diferentes culturasj) Princípios éticosi) O doente em fim de vida, definição,característicasji) Conceitos de eutanásia, distanásia,ortotanásia e suicídio assistidoiii) Doutrina do duplo efeito e o con-ceito de intenção22) Dor radiculara) Anatomia regionalb) Dor radicular, radiculopatia e outrasdores somáticas:i) Prevalênciaii) Causas

iii) Mecanismosiv) Factores de risco e prognósticov) Factores psicológicos e ocupacionaisvi) Exame objectivo, incluindo exameneurológicovii) Indicações e limitações dos examescomplementares de diagnósticoviii) Terapêuticas conservadoras,invasivas e cirúrgicas: indicações, con-tra-indicações, limitações e complica-ções23) Dor músculo-esqueléticaa) Epidemiologiab) Anatomia e fisiologia do sistemamúsculo-esqueléticoc) Mediadores da inflamação. Imunida-de celular (HLA, células T). Eixoneuroendócrinod) Aspectos psicológicos e sociais e)Avaliação clínica e laboratorialf) Classificação e características clíni-cas das doenças músculo-esqueléticasi) Doenças inflamatórias osteo-articu-laresii) Doenças inflamatórias dos múscu-los, ligamentos e tendõesiii) Doenças não inflamatórias (traumá-ticas, osteoporose)g) Tratamento e reabilitação da dormúsculo-esqueléticai) Analgésicos simplesii) Anti-inflamatórios não esteróides (in-cluindo COX-2)iii) Corticoesteróidesiv) Substâncias específicas (imunosu-pressores, bloqueadores do TNF-α ,etc.)v) Agentes psicotrópicos e psicotera-piavi) Papel dos opióidesvii) Importância da medicina fisica e dereabilitaçãoviii) Medicinas alternativas/complemen-tares24) Dor muscular e miofasciala) Definição e dados epidemiológicosb) Anatomo-fisiologia e mecanismospatológicosi) Nociceptores e ergo receptoresii) Pontos “trigger”iii) Factores ergonómicos e mecânicos(postura, trauma)iv) Factores psicológicosc) Diagnóstico diferenciali) Fibromialgia

ii) Mitocondropatiasiii) Espasticidaded) Tratamentoi) Infiltração de pontos “trigger”ii) TENSiii) Medidas educacionais25) Dor viscerala) Características clínicas da dor visceralb) Mecanismos fisiopatológicos perifé-ricos e centraisc) Principais síndromes viscerais dolo-rosos26) Dor na gravidez e no partoa) Causas mais frequentes de dor du-rante a gravidez e seu tratamento:i) Cefaleiasii) Lombalgiasiii) “entrapment” nervosoiv) dor abdominalb) Alterações neuroendócrinas ineren-tes à gravidezc) Alterações farmacocinéticas efarmacodinâmicas durante a gravidezd) Transferência placentária de fárma-cose) Dor do trabalho de parto: mecanis-mos, características e consequênciasf) Tratamento da dor do trabalho departoi) Métodos não farmacológicosii) Analgesia sistémica (parentérica einalatória)iii) Analgesia regional (bloqueio de ner-vos periféricos e técnicas no neuro--eixo)27) Cefaleiasa) Anatomofisiologia das estruturas sen-sitivas da cabeçab) Principais mecanismos fisiopatológi-cos das cefaleiasc) Importância da história clínica e doexame físico para o diagnóstico dascefaleiasd) Factores físicos, psicológicos e soci-ais associados às cefaleiase) Classificação internacional dascefaleias (ICHD-2, InternationalHeadache Society 2004)f) Diagnóstico e terapêutica específicadas principais cefaleias:i) Enxaquecaii) Cefaleias de tensãoiii) Cefaleias em salvasiv) Cefaleia crónica pós-traumáticav) Cefaleia por utilização abusiva de anal-

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006 21

gésicosvi) Nevralgia do trigémio28) Dor orofaciala) Anatomofisiologia das estruturasorofaciaisb) Epidemiologia, possíveis etiologias, dia-gnóstico, e terapêutica da dor associadaa:i) Dentes e estruturas adjacentesii) Articulação temporomandibulariii) Músculosiv) Mucosasv) Seiosvi) Ossosvii) Glândulas salivaresviii) Nevralgiasix) Cefaleias29) Dor neuropáticaa) Definição, epidemiologia e etiologiab) Mecanismos fisiopatológicos perifé-ricos e centraisc) Características clínicas, métodos deinvestigação e diagnóstico e suas indica-ções e limitaçõesd) Principais síndromes neuropáticos:i) Neuropatias focais dolorosasii) Polineuropatias dolorosasiii) Nevralgia pós-herpéticaIv) Nevralgia do trigémio e outrasnevralgias craneanasv) Dor do membro fantasmavi) Avulsão do plexo braquialvii) Dor central (isquémica, tumoral, trau-mática e degenerativa)viii) Dor neuropática associada ao can-cro ou à sua terapêuticaix) Síndrome doloroso regional comple-xoe) Tratamento da dor neuropática (indi-cações, contra-indicações, técnicas, efei-tos secundários e/ou complicações):i) Farmacológicoii) Bloqueios simpáticosiii) Cirúrgicoiv) Neurostimulação periférica e centralv) Reabilitaçãovi) Abordagem comportamental e psi-cológica30) Síndromes dolorosos regionaiscomplexosa) Definição e relação com tipo de trau-matismoi) CRPS I (distrofia simpática reflexa)ii) CRPS II (causalgia)b) Mecanismos fisiopatológicos perifé-

ricos e centraisc) Características clínicas e diagnósticoi) Sinais sensitivos e sintomasii) Alterações autonómicasiii) Alterações tróficasiv) Alterações motorasv) Envolvimento do sistema nervoso sim-páticovi) Exames complementaresd) Tratamento (indicações, contra-indi-cações, técnicas, efeitos secundários e/ou complicações):i) Principais orientações terapêuticasii) Terapêutica farmacológicaiii) Técnicas invasivasiv) Técnicas de neurostimulaçãov) Terapêuticas psicológicas e psiquiátri-casvi) Terapêutica física e reabilitação31) Dor em pediatriaa) Desenvolvimento do sistema nocicep-tivo e dos comportamentos de dorb) Importância dos factores individuaissituacionais (cognitivos, comportamen-tais e emocionais) e ambientais na per-cepção e comportamento de dorc) Especificidade da avaliação da dor nacriança - escalas de autoavaliação eheteroavaliaçãod) Tratamento da dor na criançai) Terapêutica farmacológica - especifici-dade da utilização dos vários fármacosnas diferentes faixas etáriasii) Métodos cognitivos e comportamen-taisiii) Terapias físicas e de reabilitaçãoiv) Terapêuticas neurocirúrgicasv) Outras terapêuticas (massagem,acupunctura, biofeedback, hipnose, etc.)vi) Programas multidisciplinares parapatologias especificase) Particularidades e especificidades dotratamento da dor aguda e da dor cró-nica nas criançasf) Tratamento da dor no âmbito doscuidados paliativos na criança32) Dor no idosoa) Epidemiologia da dor no idosob) Alterações do sistema nociceptivo epsicológicas associadas com a idadec) Particularidades da avaliação da dornos idosos e da sua apresentação clíni-cad) Síndromes dolorosos mais comunsnos idosos. Problemas de comorbilida-

dee) Características particulares do trata-mento da dor nos idosos33) Dor em indivíduos com dificul-dades de comunicaçãoa) Reconhecer a prevalência de dor emvárias situações clínicas com incapacida-de de comunicar (demência, doençasneurológicas com compromisso cogni-tivo e motor, autismo, etc.)b) Avaliar os factores de risco que po-dem aumentar a prevalência de dor i)co-morbilidadesii) procedimentos médicosiii) injúrias acidentais ou intencionaisc) Evitar que a dor seja sub-avaliada esub-tratadad) Utilizar métodos indirectos de avalia-ção da dor nestes doentes (expressãofacial, comportamentos)e) Identificar problemas psíquicos e so-ciais associadosf) Utilizar meios de tratamento anti--álgico ajustados a cada situação especí-ficag) Reconhecer a importância doscuidadores e do apoio social neste tipode doentes34) Terapêutica da dor em toxico-dependentesa) Definição de adicçãob) Substâncias capazes de produziradicção, incluindo o álcoolc) Interacção entre adicção e estadosálgicos (sintomas comuns associados)d) Diferença entre adicção, dependên-cia fisica/síndroma de abstinência e to-lerânciae) Conhecer e despistar sinais, manifes-tações e sequelas de abuso de drogasf) Conhecer os princípios no alivio dador aguda, evitando síndromes de absti-nência ou intoxicaçãoe) Conhecer os princípios no tratamen-to da dor crónica, maligna e não malignaf) Esperar o desenvolvimento de tole-rância e alterações no farmacodinâmicae farmacocinética dos opióidesg) Conhecer as várias formas de admi-nistração dos opióides e antagonistas esuas implicações no adictoh) Ter particular atenção nas grávidas,infectados com HIV, co-morbilidadesassociadas, presosi) Aspectos éticos e legais

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Justificação• A dor é um sintoma que acompanha a maioria dos qua-dros patológicos, No entanto, quando persiste para alémda cura da lesão que lhe deu origem poderá ser considera-da como uma doença por si só, tal como foi reconhecidona declaração da European Federation of IASP Chapters,apresentada no Parlamento Europeu em Outubro de 2002,e subscrita por diversos ministros europeus, incluindo oMinistro da Saúde Português.• Segundo dados epidemiológicos, a dor crónica atinge 30a 40% da população, números que tendem a aumentar como aumento da esperança média de vida e o aparecimentode novas patologias. Trata-se pois de um grave problema deSaúde Pública, como foi igualmente reconhecido na decla-ração acima citada.• A abordagem de um doente com dor crónica deve sermultifactorial, de acordo com o modelo biopsicossocial pre-conizado pela International Association for the Study ofPain e aceite universalmente como a estratégia mais ade-quada para a obtenção de uma elevada taxa de sucessoterapêutico. Esta condição obriga os Clínicos à aquisição eestruturação de um vasto conjunto de conhecimentos, bemcomo à adopção de uma atitude adequada.• É também importante o controlo eficaz da dor aguda e

pós-operatória, bem como da dor em obstetrícia, comouma condição essencial à prestação de cuidados de saúdediferenciados de qualidade, Isto requer o conhecimento di-ferenciado dos mecanismos envolvidos e das técnicas tera-pêuticas mais adequadas a cada situação.• Em Portugal existem já dezenas de médicos que se dedi-cam especificamente ao estudo e terapêutica da dor, sendoimperioso e o reconhecimento oficial dos médicos que têmessa competência específica.Deste modo, e ao abrigo do artigo 1.°, n.° 3 do Regulamen-to Geral dos Colégios de Especialidade da Ordem dos Mé-dicos, foi criada a competência em Medicina da Dor.DefiniçãoA Medicina da Dor deve ser entendida como uma activida-de médica reportada a situações de dor como doença, queutiliza uma abordagem multifactorial segundo o modelo bi-opsicossocial da dor, incluindo técnicas e metodologias es-pecíficas.AtribuiçãoOs médicos possuidores de um título de especialista reco-nhecido pela Ordem dos Médicos, poderão requerer a atri-buição da Competência em Medicina da Dor desde quepossuam um currículo específico, de que conste, cumulati-vamente, o seguinte:• Formação teórica: Frequência com aproveitamento de ac-ções de formação organizadas e específicas, de acordo comas bases curriculares em anexo, com um mínimo de 120horas• Formação prática: equivalente a 12h semana durante 2 anosem Unidades Multidisciplinares de Dor em que pelo menosum dos médicos possua a Competência em Medicina da Dor• Publicações/apresentações: publicação ou apresentaçãoem reunião científica de âmbito nacional ou internacional,de pelo menos 3 trabalhos na área da dor• Investigação: participação em pelo menos I trabalho deinvestigação clínica ou básica no âmbito da dor.Disposições transitóriasAté 31 de Março de 2007, a Competência em Medicina daDor poderá ser atribuída por consenso aos médicos pos-suidores de um título de especialista atribuído pela Ordemdos Médicos que demonstrem ter exercido, de uma formacontinuada durante pelo menos 5 anos, actividade específi-ca e relevante no campo da Medicina da Dor, entendidacomo uma actividade médica reportada a situações de dorcomo doença, que utiliza uma abordagem multifactorialsegundo o modelo biopsicossocial da dor, incluindo técni-cas e metodologias específicas.O requerimento individual dos médicos deverá vir acom-panhado de um resumo curricular que no máximo poderáser de duas páginas formato A4.

Competência em Medicina da Dor

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ASSEMBLEIA GERAL DO COLÉGIO DA ESPECIALIDADEDE ORTOPEDIA DA ORDEM DOS MÉDICOS

CONVOCATÓRIATendo o Conselho Directivo do Colégio da Especialidade de Ortopedia daOrdem dos Médicos tomado posse em 19 de Julho de 2006, e conformeestatutariamente definido no Regulamento Geral dos Colégios de Especia-lidades nos parágrafos 4 e 5 alínea a) do Artigo 7.º, vem este ConselhoDirectivo convocar os Membros do Colégio da Especialidade de Ortopediapara uma Assembleia Geral deste Colégio. A realizar durante o CongressoNacional de Ortopedia no dia 20 de Outubro p.f., pelas 17.30 Horas*,no Centro de Congressos e Exposições Alfândega do Porto - SalaInfante, sito naquela cidade, com a seguinte:

ORDEM DE TRABALHOS1. Características da nomeação e constituição do Conselho Directivo doColégio de Especialidade de Ortopedia;2. Ponto da situação das actividades em curso da competência da Direc-ção do Colégio de Ortopedia. Projectos em desenvolvimento e a desenvol-ver;3. Cooperação com a SPOT e outras Instituições representativas dos Or-topedistas portugueses;4. Outros assuntos.*Se à hora marcada não houver quorum, a Assembleia reunirá 30 minu-tos depois.Agradecendo desde já a V. presença, aproveito a oportunidade para lheenviar os melhores cumprimentos,

O Presidente do Conselho Directivo do Colégio de OrtopediaDr. Roxo Neves

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ARTIGO 1.ºINSCRIÇÃO E EXERCÍCIO DA

MEDICINA1 – Para o exercício da Medicina éobrigatória a inscrição na Ordem dosMédicos.2 - Só podem inscrever-se na Ordemdos Médicos:a) os portugueses e estrangeiros licen-ciados em Medicina por escola supe-rior portuguesa;b) os portugueses e estrangeiros li-cenciados em Medicina por escola su-perior estrangeira, desde que vejamreconhecidos os seus títulos;c) os portugueses e estrangeiros licen-ciados em Medicina por escola supe-rior estrangeira que tenham obtidoequivalência oficial de curso devida-mente reconhecida pela Ordem dosMédicos.

ARTIGO 2.ºREQUERIMENTO DE

INSCRIÇÃO1 – A inscrição é requerida pelo inte-ressado ou seu procurador ao Con-selho Regional da área de residência,mediante o preenchimento do impres-so de inscrição e entrega da documen-tação inerente.2 – O requerimento será entreguepessoalmente ou pelo correio em qual-quer das instalações da Ordem dosMédicos.3 – Quando entregue ou remetido aum órgão incompetente, deverá o re-querimento ser enviado, pelos servi-ços da Ordem e no prazo de uma se-mana, ao órgão competente para co-nhecer o pedido.

ARTIGO 3.ºDILIGÊNCIAS INSTRUTÓRIAS1 – Os serviços administrativos com-petentes deverão proceder à verifica-ção da documentação exigida ao re-

querente, remetendo o processo,quando devidamente instruído, aoConselho Regional competente paraa decisão final.2 – Sem prejuízo do disposto no nú-mero anterior, podem ser solicitadosesclarecimentos ao requerente, bemcomo a apresentação de qualquer do-cumento em falta ou a certificação daautenticidade dos documentos juntos.3 – A Ordem poderá realizar e reque-rer todas as diligências que entendanecessárias e adequadas à comprova-ção da veracidade dos factos relata-dos nos documentos, sem prejuízo dodisposto nas normas comunitárias einternacionais.4 – Se o processo estiver parado porfacto imputável ao requerente por umperíodo superior a 6 meses, será ointeressado notificado para praticar oacto em falta no prazo de 10 dias, coma cominação de, não o fazendo, o pe-dido ser arquivado.5 – Passado o prazo referido no nú-mero anterior e pretendendo o re-querente reiniciar o processo, deveráo interessado proceder à revalidaçãode todos os documentos entreguescujo prazo de validade tenha expira-do.

ARTIGO 4.ºIMPRESSO DE INSCRIÇÃO

1 – É obrigatório o preenchimento deum impresso de modelo aprovado parainscrição na Ordem dos Médicos.2 – O preenchimento do impresso éda exclusiva responsabilidade do re-querente, que afiançará a veracidadedos factos nele relatados.3 – Do impresso deverão constar, obri-gatoriamente, as seguintes informa-ções:a) Nome completo;b) Sexo;c) Estado civil;

d) Nacionalidade, naturalidade e filia-ção;e) Número de bilhete de identidadeou de outro documento de identifica-ção;f) Número de identificação fiscal;g) Data da licenciatura e estabeleci-mento de ensino frequentado;h) Nome profissional pretendido;i) Residência;j) Domicílio profissional, quando co-nhecido;l) Morada escolhida para efeitos decomunicações e notificações por par-te da Ordem.

ARTIGO 5.ºNOME PROFISSIONAL

1 – Na indicação do nome profissio-nal, não poderá o interessado usarnome igual ou confundível com o deoutro médico já inscrito.2 – Havendo igualdade ou confusãode nomes, deverá o interessado sernotificado para proceder à sua altera-ção ou obter autorização do médicojá registado para usar o mesmo nome.3 – Caso se verifique que, por lapsoou por qualquer outro motivo, foramregistados nomes profissionais idên-ticos ou confundíveis, aplicar-se-á aregra da prioridade do registo, deven-do o médico cujo registo é mais re-cente ser notificado para que proce-da à sua modificação.4 – O médico visado dispõe do pra-zo máximo de 15 dias para apresen-tar requerimento com novo nomeprofissional que pretenda ver regis-tado5 – Caso o médico não apresentenovo nome profissional no prazo de15 dias ou autorização prevista no n.º2, caberá ao Conselho Regional deci-dir, ponderadas as circunstâncias, au-torizando ou não o uso de nome con-fundível.

Regulamento de Inscriçãona Ordem dos Médicos

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006 25

ARTIGO 6.ºDOCUMENTOS A

APRESENTAR PORLICENCIADOS EM

PORTUGALO requerimento de inscrição apresen-tado por licenciados em Portugal deveser acompanhado dos seguintes do-cumentos:a) Bilhete de Identidade, Passaporte ouAutorização de Residência, ou fotocó-pia autenticada ou conferida pelos ser-viços da Ordem dos Médicos;b) Certidão de licenciatura ou foto-cópia autenticada;c) Certificado do registo criminal,emitido há menos de 3 meses;d) Cartão de contribuinte fiscal oufotocópia autenticada ou conferidapelos serviços da Ordem dos Médi-cos;e) Três (3) fotografias originais, tipopasse.

ARTIGO 7.ºDOCUMENTOS A

APRESENTAR PORCIDADÃOS COMUNITÁRIOS

LICENCIADOS NA UNIÃOEUROPEIA

1 - O requerimento de inscrição apre-sentado por cidadãos comunitários, li-cenciados na União Europeia, deve seracompanhado dos seguintes documen-tos:a) Bilhete de Identidade, Passaporte ouAutorização de Residência, ou fotocó-pia autenticada ou conferida pelos ser-viços da Ordem dos Médicos;b) Título de médico emitido nos ter-mos da legislação comunitária aplicá-vel;c) Certificado do registo criminal,emitido há menos de 3 meses;d) Cartão de contribuinte fiscal oufotocópia autenticada ou conferidapelos serviços da Ordem dos Médi-cos;e) Três (3) fotografias originais, tipo

passe;f) Prova da honorabilidade profissio-nal, emitida pela entidade competentepara o registo e controlo disciplinardos médicos do país de origem ouproveniência, que ateste que o inte-ressado se encontra em condições le-gais de exercer a profissão sem res-trições e que não existem processosdisciplinares pendentes ou sançõesdisciplinares;g) Certificado de nacionalidade.2 – Sempre que o título referido naalínea b) do número anterior não cor-responder ao previsto nas normascomunitárias, será o interessado noti-ficado para proceder à apresentaçãodo documento adequado ou de umcertificado emitido pelas autoridadescompetentes que ateste que o títuloexibido corresponde ao exigido pelalegislação comunitária.3 – Salvo deliberação do ConselhoRegional em contrário, o interessadoque nunca tenha estado inscrito naassociação profissional que regula aprofissão médica no seu país de ori-gem ou proveniência, deverá, em subs-tituição do documento referido na alí-nea f) do número anterior, juntar cer-tidão que confirme esse facto.

ARTIGO 8.ºDOCUMENTOS A

APRESENTAR PORCIDADÃOS COMUNITÁRIOS

LICENCIADOS FORA DAUNIÃO EUROPEIA

1 - O requerimento de inscrição apre-sentado por cidadãos comunitários, li-cenciados fora da União Europeia, deveser acompanhado dos seguintes do-cumentos:a) Bilhete de Identidade, Passaporte ouAutorização de Residência, ou fotocó-pia autenticada ou conferida pelos ser-viços da Ordem dos Médicos;b) Certidão de licenciatura ou foto-cópia autenticada;

c) Certificado de equivalência, emiti-do por estabelecimento de ensino su-perior português;d) Certificado do registo criminal,emitido há menos de 3 meses;e) Cartão de contribuinte fiscal oufotocópia autenticada ou conferidapelos serviços da Ordem dos Médi-cos;f) Três (3) fotografias originais, tipopasse.g) Prova da honorabilidade profissio-nal, emitida pela entidade competentepara o registo e controlo disciplinardos médicos do país de origem ouproveniência, que ateste que o inte-ressado se encontra em condições le-gais de exercer a profissão sem res-trições e que não existem processosdisciplinares pendentes ou sançõesdisciplinares;h) Curriculum Vitae elaborado e ins-truído de forma a comprovar o exer-cício profissional lícito e efectivo daprofissão médica;

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i) Certificado de nacionalidade;j) Atestado médico comprovativo deque não sofre de doença incapacitantepara o exercício da Medicina, emitidopor médico inscrito na Ordem dosMédicos.2 – Para determinar se é viável o exer-cício autónomo da profissão, deverãoos interessados juntar prova da expe-riência profissional adquirida durantedois anos consecutivos nos últimoscinco, a qual será submetida à aprecia-ção da Ordem dos Médicos.3 - Salvo deliberação do ConselhoRegional competente em contrário, ointeressado que nunca tenha estadoinscrito na associação profissional queregula a profissão médica no seu paísde origem ou proveniência, deverá, emsubstituição do documento referido naalínea g) do número anterior, juntarcertidão que confirme esse facto.4 – Sempre que o interessado nãodemonstre preencher as condições aque se refere o n.º 2 deste artigo, mascumpra todos os demais requisitos,apenas poderá ser inscrito para o exer-cício da profissão sem autonomia.5 – Caso o diploma extra-comunitá-rio tenha sido reconhecido por Esta-do-membro da União Europeia, oConselho Regional competente pro-cederá à avaliação desse diploma e daformação e/ou experiência profissio-nal adquiridas nesse Estado, de formaa apurar se são equivalentes aos exi-gidos em Portugal.6 – Para efeitos do previsto no núme-ro anterior, o interessado deverá jun-

tar, além dos referidos no n.º 1, os se-guintes documentos:a) Certificado de equivalência, emiti-do por entidade comunitária compe-tente;b) Documentos comprovativos doexercício profissional realizado no Es-tado-membro;c) Documentos respeitantes à forma-ção complementar/contínua obtidanesse Estado-membro.

ARTIGO 9.ºDOCUMENTOS A

APRESENTAR PORCIDADÃOS

EXTRA-COMUNITÁRIOS1 – O requerimento de inscrição apre-sentado por cidadãos extra-comuni-tários deve ser acompanhado dos se-guintes documentos:a) Passaporte ou Autorização de Re-sidência, ou fotocópia autenticada ouconferida pelos serviços da Ordem dosMédicos;b) Diploma de licenciatura ou fotocó-pia autenticada;c) Certificado de equivalência conce-dido por instituição de ensino supe-rior em Portugal;d) Certificado do registo criminal,emitido há menos de 3 meses pelasautoridades do país de origem ou pro-veniência;e) Cartão de contribuinte fiscal oufotocópia autenticada ou conferidapelos serviços da Ordem dos Médi-cos;f) Prova da honorabilidade profissio-

nal, emitida pela entidade competentepara o registo e controlo disciplinardos médicos do país de origem ouproveniência, que ateste que o inte-ressado se encontra em condições le-gais de exercer a profissão sem res-trições e que não existem processosdisciplinares pendentes ou sançõesdisciplinares;g) Certificado de reciprocidade;h) Certificado de nacionalidade;i) Três (3) fotografias originais, tipopasse;j) Atestado médico, emitido por médi-co inscrito na Ordem dos Médicosportuguesa.2 – Salvo deliberação do ConselhoRegional competente em contrário, ointeressado que nunca tenha estadoinscrito na associação profissional queregula a profissão médica no seu paísde origem ou proveniência, deverá, emsubstituição do documento referido naalínea f) do número anterior, juntarcertidão que confirme esse facto.3 – Para determinar se é viável o exer-cício autónomo da profissão, deverãoos interessados juntar prova da expe-riência profissional adquirida durantedois anos consecutivos nos últimoscinco, a qual será submetida à aprecia-ção da Ordem dos Médicos.4 – Aos cidadãos referidos no núme-ro 1 poderá ser exigida a aprovaçãonuma prova de comunicação médica,a definir em regulamento próprio.5 – A prova referida no número ante-rior pode ser substituída por docu-mento idóneo que ateste os necessá-

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Homenagem ao Professor Cândido de Oliveira

A SOPEAM (Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos) e a Liga dos Amigos deLisboa, vão levar a efeito uma homenagem ao Professor Cândido de Oliveira, no centenário doseu nascimento.

A cerimónia terá lugar na Biblioteca da Ordem dos Médicos, às 16 horas do próximo dia 25 deNovembro, e não a 25 de Outubro como, erradamente, consta no último boletim da Sociedade.

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rios conhecimentos linguísticos do in-teressado para o exercício da profis-são em Portugal.

ARTIGO 10.ºDOCUMENTOS A

APRESENTAR PORCIDADÃOS LICENCIADOS

EM PORTUGAL COMFORMAÇÃO OU

EXPERIÊNCIAPROFISSIONAL ADQUIRIDAS

FORA DO TERRITÓRIONACIONAL

1 – O pedido de inscrição apresenta-do por cidadão licenciado em Portu-gal, que nunca se inscreveu na OM,mas que completou a sua formaçãoou exerceu a actividade fora do ter-ritório nacional, deverá ser instruídocom os seguintes elementos:a) Bilhete de Identidade, Passaporteou Autorização de Residência, ou fo-tocópia autenticada ou conferida pe-los serviços da Ordem dos Médicos;b) Certidão de licenciatura ou foto-cópia autenticada;c) Certificado do registo criminal,emitido há menos de 3 meses;d) Cartão de contribuinte fiscal oufotocópia autenticada ou conferidapelos serviços da Ordem dos Médi-cos;e) Três (3) fotografias originais, tipopasse.2 – Para determinar se é viável o exer-cício autónomo da profissão, deverãoos interessados juntar prova da ex-periência profissional adquirida du-rante dois anos consecutivos nos úl-timos cinco, a qual será submetida àapreciação da Ordem dos Médicos.

ARTIGO 11.ºFORMALIDADES

1 - Os documentos emitidos por en-tidades estrangeiras deverão ser le-galizados, mediante o reconhecimen-to de assinaturas efectuado por enti-dade consular ou diplomática portu-guesa competente no país de emis-são ou por colocação de apostilha, nostermos definidos na Convenção deHaia, de 5 de Outubro de 1961, salvose existir norma que dispense a lega-

lização.2 – Os documentos redigidos em lín-gua estrangeira deverão ser acompa-nhados de tradução para português,devidamente certificada ou autentica-da.3 – Salvo indicação em contrário equando não sejam extraídas ouconferidas pelos funcionários da OM,as fotocópias dos documentos origi-nais deverão ser certificadas.

ARTIGO 12.ºRECUSA DE INSCRIÇÃO

1 – A inscrição será recusada sempreque o interessado não demonstrepossuir os requisitos exigidos pela leie pelo presente regulamento.2 – Após análise do processo, caso oConselho Regional competente deli-bere dever ser recusado o pedido deinscrição, deverá notificar o requeren-te, comunicando-lhe essa intenção econcedendo-lhe um prazo não infe-rior a 10 dias úteis para se pronunci-ar.3 – Após a audiência do interessadoe se o Conselho Regional competen-te mantiver a intenção de recusar ainscrição, a deliberação, devidamentefundamentada deverá ser comunica-da ao interessado.4 – Da deliberação do Conselho Re-gional que recuse a inscrição cabe re-curso para o Conselho Nacional Exe-cutivo e para os Tribunais Adminis-trativos, nos termos gerais.

ARTIGO 13.ºINSCRIÇÃO DEFINITIVA

1 – O Conselho Regional competen-te, depois de ter verificado que o re-querimento para a inscrição está de-vidamente documentado e que nadaobsta à inscrição, delibera a inscriçãodefinitiva, que será registada.2 – A cédula profissional, devidamen-te preenchida, será entregue ao re-querente.

ARTIGO 14.ºJÓIA DE INSCRIÇÃO

1 – O pedido de inscrição na Ordemdos Médicos implica o pagamento deuma jóia e demais emolumentos, cu-

jos montantes são fixados por delibe-ração, nos termos do Estatuto.2 – A obrigação referida no númeroanterior impende igualmente sobre areinscrição na Ordem dos Médicos.

ARTIGO 15.ºDATA DE INSCRIÇÃO

1 – É considerada como data da ins-crição a da deliberação tomada peloConselho Regional competente, nostermos deste regulamento.2 – A data de inscrição é a única rele-vante para efeitos de exercício legíti-mo da actividade profissional.

ARTIGO 16.ºCÉDULA PROFISSIONAL

1 – A cédula profissional, emitida peloConselho Regional competente, cons-titui prova de inscrição.2 – As cédulas profissionais têm umperíodo de validade de 5 anos.3 – No caso de perda, extravio ouinutilização da cédula, o interessadodeverá requerer a sua reemissão, en-tregando uma fotografia e uma decla-ração sob compromisso de honra, nostermos do modelo constante do ane-xo 1. A emissão de nova cédula deveráficar registada no processo de inscri-ção e obriga ao pagamento de emolu-mentos a fixar nos termos estatutári-os.4 – Em caso de reinscrição, haverá lu-gar à emissão de uma nova cédula.5 – No período em que o médico exerça medicina sem autonomiaser-lhe-á emitida uma cédula com amenção “Não reconhecido o exercí-cio autónomo da medicina”.

ARTIGO 17.ºENTRADA EM VIGOR

1 - O presente regulamento entra emvigor no dia 15 de Outubro de 2006,após publicação na Revista da Ordemdos Médicos e terá imediata aplicaçãoaos pedidos de inscrição em curso,salvo o disposto no número seguinte.2 – O disposto no Artigo 5.º desteRegulamento apenas será aplicável aospedidos de inscrição entrados a par-tir de 1 de Novembro de 2006.

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30 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Setembro 2006

Em reunião do Conselho Nacional Executivo de 16 de Maiode 2006 foram precisados os critérios de admissão à com-petência de Acupunctura Médica, os quais publicamos deseguida. Eis a deliberação tomada em CNE de 16/05:«Os candidatos à obtenção da Competência em Acupunc-tura Médica, devem enviar ao Conselho Nacional Executi-vo um Curriculum seguindo os critérios aprovados peloConselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos, pu-blicado na revista da OM de Julho/Agosto e Setembro de2002.A avaliação Curricular apropriada baseia-se no nº. 3 do ar-tigo 1º. do Regulamento Geral dos Colégios de Especialida-de.Os candidatos deverão apresentar formação efectuada emUniversidades ou outras entidades ou serviços, reconheci-dos pelos Ministérios da Educação e da Saúde, ou em Insti-

Critérios de admissão à competênciaem Acupunctura Médica

tuições estrangeiras com reconhecimento ou equivalênciaem Portugal. O conteúdo programático do Curso de For-mação deverá obedecer ao aprovado pelo Conselho Na-cional Executivo da Ordem dos Médicos.Tratando-se de formação médica, toda a actividade forma-tiva deve ser organizada e ministrada somente por profissi-onais médicos.Os cursos de formação, a actividade clínica, as actividadescientificas e de docência serão valorizados.É obrigatória a apresentação de relatórios de cursos já efec-tuados (referindo a entidade organizadora, a qualificaçãodos formadores, as habilitações literárias dos formandos, oprograma do curso e a classificação obtida).A idoneidade das entidades ou serviços formativos e osseus cursos ficará sujeita a peritagens determinadas pelaOrdem dos Médicos.»

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O recurso a entidades privadas. nomeadamente agênciasprofissionais empregadoras de médicos para assegurar ser-viços de urgência hospitalares tem sido equacionado e mes-mo aplicado em algumas instituições. É de prever que talsistema possa vir a ser considerado ou implementado nou-tros Hospitais. O mecanismo contratual que tal prestaçãoenvolve pode ter profundas implicações na qualidade e con-trolo do exercício clínico por parte dos hospitais onde ocor-ra, bem como na formação de internos. Se bem que talproblemática atravesse todas as especialidades de formasemelhante. o facto de ter sido recentemente introduzidonum Serviço de Urgência Pediátrico justifica que a Direc-ção do Colégio de Pediatria emita recomendações sobreeste tipo de relação profissional.1. O “outsourcing” de trabalho médico não diferenciadoem serviço de urgência pediátrico não pode alhear o Hos-pital da qualidade dos cuidados prestados e um sistema deapertada monitorização de resultados deve ser implemen-tado em simultâneo. com introdução de medidas correctorassempre que necessário.2. Os médicos recrutados para exercício de serviço de ur-gência pediátrico devem ter recebido treino pediátrico ou

ParecerHomologado em CNE de 28 de Agosto e tornado extensível a todas as especialidades

exercido clínica pediátrica durante período suficiente paraidentificar a maioria das situações de risco e que necessi-tem de avaliação especializada.3. Deve haver permanentemente um pediatra disponívelpara observar no SU todas as crianças por solicitação dosmédicos de 1.ª linha.4. A presença de internos complementares no Serviço deUrgência é vital para a sua própria formação. mas devemter obrigatoriamente supervisão técnica de Especialistas dePediatria.5. Deve haver uma clara definição do nível de responsabili-dade hierárquica nas decisões clínicas e de gestão de recur-sos no SU de Pediatria.Estas considerações têm âmbito geral de enunciação deprincípios e não correspondem a acusação específica a qual-quer instituição.A Direcção do Colégio de Pediatria promoverá, sempreque entenda adequado. visitas e pedidos de informação aosDirectores dos Serviços de Pediatria abrangidos por estetipo de contratualização.

28 de Agosto de 2006

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I N F O R M A Ç Ã O

A criação da COMPETÊNCIAem Acupunctura, resulta da re-flexão da Sociedade Portugue-sa Médica de Acupunctura - S.P. M. e da sua aprovação peloConselho Nacional Executivo,da Ordem dos Médicos em 14--05-02.

Numa altura em que se prevê gran-de crescimento do número de Mé-dicos a praticar a Acupunctura, tor-nou-se urgente definir regras e cri-térios para a Creditação dos médi-cos para a referida prática.

São objectivos desta Competência,o reconhecimento das habilitaçõestécnico-profissionais consideradasnecessárias para o exercício destaactividade médica.

A atribuição da COMPETÊNCIA éfundamentada em critérios científi-cos resultantes do estudo de dife-rentes curricula de diversas Univer-sidades europeias e suas conexõescom Universidades Chinesas. Istointegra-se no espírito de consensusda deliberação do National lnstituteof Health (U.S.A.) de 03-11-97, queestabelece as situações clínicas emque a Acupunctura passou a ser con-siderada e utilizada como Terapêu-tica Médica.

Em 1998, a Organização Mundial deSaúde - O.M.S - na pessoa do seuPresidente Prof. Nakashyama, apelaà comunidade médica que se inte-resse e utilize esta prática terapêu-tica.

Admissão à obtenção de competênciasem Acupunctura Médica

Admissão por consenso

ADMISSÃO À OBTENÇÃODA COMPETÊNCIA EM

ACUPUNCTURA MÉDICA

Terminado o período de admissãopor consenso, o Curso de Gradua-ção em Acupunctura, deverá obede-cer ao conteúdo programático pre-conizado pela Sociedade Portugue-sa Médica de Acupunctura - S. P. M.- programa aprovado pelo C. N. E.da Ordem dos Médicos aquando dacriação da Competência em Acu-punctura.

A formação pode ser efectuada emUniversidades, ou outras entidadesou serviços, reconhecidos pelos Mi-nistérios da Educação e da Saúde,ou em Instituições estrangeiras comreconhecimento ou equivalência emPortugal.

Tratando-se de “formação médica”,toda a actividade formativa deve serorganizada e ministrada somentepor profissionais médicos.

É obrigatório a apresentação de re-latórios dos cursos já efectuados oua fazer (referindo organização, for-madores, formandos, programas eavaliações e classificações).

A idoneidade das entidades ou ser-viços formativos e os seus cursosficará sujeita a peritagens determi-nadas pela Ordem dos Médicos.

CRITÉRIOS DE ADMISSÃOPOR CONSENSO ÀCOMPETÊNCIA EM

ACUPUNCTURA MÉDICA

a) Médicos que exerceram fun-ções de uma forma continuada eregular em Acupunctura, duranteum período mínimo de 3 anos ecom curriculum considerado ade-quado.b) Apresentar os seguintes docu-mentos:1 - Requerimento de admissão di-rigido ao C. N. E. da Ordem dosMédicos.2 - Documento comprovativo dainscrição na Ordem dos Médicose que se encontra no pleno gozodos seus direitos estatutários.3 - Curriculum Vitae em que cons-te:Nome, n.° da cédula profissional,data de nascimento, ano de licen-ciatura, serviço(s) idóneo(s) pelaformação, local de trabalho, con-cursos e outros elementos biográ-ficos considerados importantespelo candidato até ao máximo detrês páginas.

O júri de avaliação pode solicita,se assim o julgar conveniente e ounecessário, documentos ou escla-recimentos sobre itens atrás re-feridos.

A admissão por consenso terá aduração de 12 meses a partir dadata da publicação da Ordem dosMédicos.

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Recommendation Rec(2006)7of the Committee of Ministers to member stateson management of patient safety and preventionof adverse events in health care

(Adopted by the Committee of Ministers on 24 May 2006at the 965th meeting of the Ministers’ Deputies)

The Committee of Ministers, under the terms of Article 15.bof the Statute of the Council of Europe,Considering that the aim of the Council of Europe is toachieve a greater unity between its members and thatthis aim may be pursued in particular by the adoption ofcommon rules in the health field;Considering that access to safe health care is the basicright of every citizen in all member states;Recognising that although error is inherent in all fieldsof human activity, it is however possible to learn frommistakes and to prevent their reoccurrence and thathealth-care providers and organisations that haveachieved a high level of safety have the capacity to ac-knowledge errors and learn from them;Considering that patients should participate in decisionsabout their health care, and recognising that those work-ing in health-care systems should provide them with ad-equate and clear information about potential risks andtheir consequences, in order to obtain their informedconsent to treatment;Recalling that Article 2 of the Council of Europe’s Con-vention on Human Rights and Biomedicine (ETS No. 164)establishes the primacy of the human being over the soleinterest of society or science, and recalling its Article 3on the equitable access to health care of appropriatequality;Considering that the methodology for the developmentand implementation of patient-safety policies crosses na-tional boundaries and that their evaluation requires sub-stantial resources and expertise and should be shared;Recalling its Recommendations Nos. R (97) 5 on the pro-tection of medical data, R (97) 17 on the developmentand implementation of quality improvement systems

COUNCIL OF EUROPECOMMITTEE OF MINISTERS

(QIS) in health care, and R (2000) 5 on the developmentof structures for citizen and patient participation in thedecision-making process affecting health care, and itsResolution ResAP(2001)2 concerning the pharmacist’srole in the framework of health security, which explicitlysuggests working in partnership with other health pro-fessionals;Noting the relevance of the World Health Organisation(WHO) “Health for All” targets for the European Re-gion (target 2) and of its policy documents on improvinghealth and quality of life and having regard to its HealthAssembly Resolution 55.18 (2002) on “Quality of care:patient safety”, which recognises the need to promotepatient safety as a fundamental principle of all health sys-tems;Considering that patient safety is the underpinning phi-losophy of quality improvement and that all possible meas-ures should therefore be taken to organise and promotepatient-safety education and quality of health-care edu-cation;Considering that the same principles of patient safetyapply equally to primary, secondary and tertiary care andto all health professions as well as to health promotion,prevention, diagnosis, treatment, rehabilitation, and otheraspects of health care;Recognising the need to promote open co-ordination ofnational and international regulations concerning researchon patient safety,Recommends that governments of member states, ac-cording to their competencies:i. ensure that patient safety is the cornerstone of all rel-evant health policies, in particular policies to improvequality;ii. develop a coherent and comprehensive patient-safetypolicy framework which:a. promotes a culture of safety at all levels of health care;b. takes a proactive and preventive approach in designinghealth systems for patient safety;c. makes patient safety a leadership and management pri-ority;d. emphasises the importance of learning from patient-

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-safety incidents;iii. promote the development of a reporting system forpatient-safety incidents in order to enhance patient safetyby learning from such incidents; this system should:a. be non-punitive and fair in purpose;b. be independent of other regulatory processes;c . be designed in such a way as to encourage health--care providers and health-care personnel to reportsafety incidents (for instance, wherever possible, report-ing should be voluntary, anonymous and confidential);d. set out a system for collecting and analysing reportsof adverse events locally and, when the need arises, ag-gregated at a regional or national level, with the aim ofimproving patient safety; for this purpose, resourcesmust be specifically allocated;e. involve both private and public sectors;f. facilitate the involvement of patients, their relativesand all other informal caregivers in all aspects of activi-ties relating to patient safety, including reporting ofpatient-safety incidents;iv. review the role of other existing data sources, suchas patient complaints and compensation systems, clini-cal databases and monitoring systems as a complemen-tary source of information on patient safety;v. promote the development of educational programmesfor all relevant health-care personnel, including manag-ers, to improve the understanding of clinical decisionmaking, safety, risk management and appropriate ap-proaches in the case of a patient-safety incident;vi. develop reliable and valid indicators of patient safetyfor various health-care settings that can be used to iden-tify safety problems, evaluate the effectiveness of inter-ventions aimed at improving safety, and facilitate inter-national comparisons;vii. co-operate internationally to build a platform for

the mutual exchange of experience and knowledge ofall aspects of health-care safety, including:a. the proactive design of safe health-care systems;b. the reporting of patient-safety incidents, and learn-ing from the incidents and from the reporting;c . methods to standardise health-care processes;d. methods of risk identification and management;e. the development of standardised patient-safety indi-cators;f. the development of a standard nomenclature/tax-onomy for patient safety and safety of care processes;g. methods of involving patients and caregivers in orderto improve safety;h. the content of training programmes and methods toimplement a safety culture to influence people’s atti-tudes (both patients and personnel);viii. promote research on patient safety;ix. produce regular reports on actions taken nationallyto improve patient safety;x. to this end, whenever feasible, carry out the meas-ures presented in the appendix to this recommenda-tion;xi. translate this document and develop adequate localimplementation strategies; health-care organisations,professional bodies and educational institutions shouldbe made aware of the existence of this recommenda-tion and be encouraged to follow the methods suggestedso that the key elements can be put into everyday prac-tice.

* * *

Nota: a versão integral desta recomendação, incluindoos anexos que aqui não se reproduzem pode serconsultada em: www.ordemdosmedicos.pt.

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Primeira visita de um bastonárioa várias ilhas dos AçoresEntre o dia 3 e 8 de Julho, o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, e o

Conselho Regional do Sul, visitaram o arquipélago dos Açores. Nesta edição

trazemos a continuação da reportagem desta visita, nomeadamente dos

encontros com os Colegas do Hospital e do Centro de Saúde do Faial, dos três

centros de saúde que servem a população da Ilha do Pico e do Hospital de Santo

Espírito e dos dois Centros de Saúde da Terceira. A visita foi acompanhada por

Eduardo Pacheco, Aida Paiva, José António Sousa e Rego Costa, representantes

do Conselho Médico da Região Autónoma dos Açores.

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O Hospital da Horta, no Faial, tem vinte e oito médicose quatro internos, muitos dos quais estavam presentesao longo do encontro com Pedro Nunes, bastonário daOM e os representantes da delegação da Secção Regi-onal do Sul da OM composta por Isabel Caixeiro, pre-sidente do Conselho Regional do Sul (CRS), João deDeus, vice-presidente do CRS, Manuela Santos, tesou-reira do CRS, Eduardo Santana, vogal do CRS e RicardoMexia, secretário adjunto do CRS.

Um dos primeiros problemas referidos pelos médicosdeste hospital foi o facto de a idoneidade formativa tersido retirada a esta instituição há uns anos apesar dascondições terem melhorado. A questão da idoneidadenão afecta todo o arquipélago de igual forma pois exis-tem serviços e instituições que têm idoneidade forma-tiva. «Ter médicos internos é uma mais valia para o hos-pital e para os próprios internos pois como há poucostêm a possibilidade de lidar com mais casuística», refe-riu um dos profissionais presentes e acrescentou: «con-sidero que se dá uma melhor formação e que é a me-lhor forma do hospital tentar fixar os mais jovens».Perante a interpelação do Colega, Pedro Nunesexplicitou que as regras de idoneidade mais restritasque foram criadas pelos Colégios da Especialidade aca-baram por fazer com que só os grandes serviços doshospitais centrais tivessem possibilidade de ver conce-dida a idoneidade. No entanto, tal como foi realçadopelo Bastonário da OM, «esta questão vai ter que seralterada pois é um problema que se coloca em todo opaís e com o aumento do número de médicos a sair dasfaculdades tem que haver uma boa distribuição dos in-ternos. Mas, mesmo sendo atribuída a idoneidade, estehospital poderá não ter internos visto que a aberturadas vagas é uma questão política». Pedro Nunes con-cordou que se trata de um problema cuja resolução éfundamental para o país, «todo o território tem queter uma cobertura de cuidados médicos de qualidade»,especialmente se se tiver em conta que depois de feita

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EntrevistaKiranCumar é o único cardiologista no Hospital do Faial desde1990. Anteriormente trabalhava em Lisboa mas quis mudar de vidae procurar um sítio pequeno onde pudesse estar mais próximo dafamília. Mudou com a esposa para o Faial e começou a gostar deestar nessa ilha.A propósito do serviço de cardiologia explica-nos que é muito bomem termos de técnicas não invasivas e que a organização é excelente,«todo o serviço de imagiologia está completamente digitalizado, nãohá chapas, a informação circula em circuito interno e é possível man-dar exames para outros hospitais de forma rápida e eficaz». Apesardos condicionalismos insulares KiranCumar não sente neste momen-to muitas dificuldades no desempenho da sua profissão: «adaptei-meclaramente à realidade local. A minha relação com as outras institui-ções de referência é excelente e mantemos contacto regular. Consigome sentir tranquilo devido à muita experiência que tenho acumuladoao longo destes anos. Neste momento temos um interno geral a fazerformação fora mas esperamos que volte ao Hospital da Horta».O maior constrangimento citado é o isolamento, tanto dos profis-sionais como da própria ilha: «semdúvida que por estarmos sozinhostemos que ser nós a saber comoexplicar as condições e necessida-des de transferência, as razões pe-las quais pode não ser possível efec-tuar a transferência, etc.. Não exis-te transporte medicalizado para ocontinente e por vezes é uma ques-tão muito delicada explicar os pro-cedimentos aos doentes e aos seusfamiliares».Conforme nos explicou, no seucaso, a estabilidade familiar tambémfacilita muito a adaptação à vidanuma ilha.

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a especialidade é mais difícil atrair os jovens profissio-nais.

Eduardo Pacheco, do Conselho Médico da Região Autó-noma dos Açores, referiu como forma de solução a aber-tura de concurso com vagas supranumerárias para asilhas (situação em que além das vagas nacionais haveriaabertura de vagas adstritas a uma região específica).

Outra questão problemática que tem afectado os Co-legas, é a utilização de relógio de ponto. Quanto a estaquestão, Pedro Nunes tem uma posição baseada na ex-periência: «Mesmo antes do 25 de Abril essa questão jáse colocava. No Hospital de Santa Maria havia cartãode ponto e essa instituição produzia menos que as res-tantes. Porquê? A resposta é simples e exemplifica-sefacilmente com o bloco operatório onde se nota rapi-damente a diferença… Quando existe relógio de pon-to a programação das operações é efectuada de formaa não terminar uma intervenção depois da hora. É ine-vitável que perante a imposição de um relógio de pon-to as pessoas comecem a funcionalizar a sua assistên-cia».

Como uma das principais dificuldades nas ilhas é o trans-porte em situação de urgência, foi estudada a hipótesede ter uma lancha medicalizada mas, conforme nos ex-plicou um Colega do hospital do Faial, «como houveproblemas sobre de quem seria a alçada, acabou por sefazer um compartimento medicalizado na carreira nor-mal, com duas camas/macas, a qual, inicialmente, nemprivacidade tinha»... Opinião generalizada entre os mé-dicos presentes neste encontro foi que todos os médi-cos que façam urgência devem ter formação em supor-te básico/avançado de vida.

A divisão territorial também não é sempre a mais ade-quada: O Hospital do Faial serve também o Pico, as Flo-res e o Corvo. A população de São Jorge é encaminhada

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Tatiana Fortunato AmaroMédica interna. Pretende dar o seu contributo pro-fissional na ilha que a viu nascer. «Tenho cinco anospara ganhar experiência mas depois quero voltar»,afirma esta faialense, de ascendência angolana.

Rostos

Filomena MaduroHematologista de Coimbra. Por vezes sente-se um poucoisolada quer como profissional quer em termos sociais.Realça os condicionalismos sociais dos próprios doentescomo elemento determinante da abordagem que tem queser feita pelos médicos. «Muitos dos nossos doentes nun-ca saíram da ilha onde nasceram. Além da doença há todoum quadro envolvente que condiciona as pessoas».

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para a Terceira. No entanto, em termos lógicos, seria depresumir que São Jorge fosse para Faial e Flores para aTerceira por serem geograficamente mais compatíveis.

O Presidente da OM salientou que não se podem esca-motear os condicionalismos inerentes a viver nas ilhas:«há riscos incontornáveis. A verdade é que a populaçãodo Corvo não tem a mesma protecção que o resto dopaís.» A este propósito, Eduardo Pacheco referiu a res-ponsabilidade que cabe à tutela naquilo que apelidou deum desfasamento entre a realidade e a percepção dapopulação: «existe um desfasamento entre a realidade eo que é transmitido às populações. A população exige omesmo tipo de protecção em todo o território e daparte da tutela não há uma clarificação da situação. Aspopulações não têm a mínima noção que a assistência émenos eficaz pelo facto de viverem numa ilha».

Nesta instituição a telemedicina está a ser feita comPonta Delgada e Canárias, como parte de um projectocomunitário que engloba Madeira, Açores e Canárias.«Aproveitamos as sessões clínicas dos colegas dasCanárias e eles alguma coisa nossa».

António Goulart (medicina interna, responsável pela ur-gência), KiranCumar (único cardiologista desde 1990),Paulo Moura (há 10 anos, único radiologista), JuditeSach iCumbi (pato log is ta c l ín ica) , Pedro Le i tão(nefrologista, responsável pela hemodiálise), Jorge Câ-mara (natural de Santa Maria, internista, responsávelpor oncologia), Luís Mendes (internista de Santa Marta,veio substituir Rui Susano que se encontra a fazer umestágio fora), Fátima Porto (especialista em MedicinaGeral e Familiar, dá apoio ao serviço de urgência. Che-fe de Serviço Clínica Geral), Fátima Bairos (cirurgia,directora clínica) e Conceição Nascimento (anestesis-ta, directora do hospital) foram alguns dos médicos doHospital da Horta que acompanharam esta visita dosrepresentantes da OM.

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O Centro de Saúde do Faial inaugu-rado como tal em 1990 –começoupor ser um sanatório, posteriormen-te tornar-se-ia o antigo hospital, esó mais tarde Centro de Saúde - temneste momento oito médicos. À se-melhança das outras instituições vi-sitadas, tem falta de recursos huma-nos e os seus quadros têm vindo a

Centro de Saúde do Faial

diminuir (já teve 11 médicos). A visi-ta da OM foi acompanhada por LuísBruno, director do CS, e Paula Bet-tencourt, médica interna, entre ou-tros. Luís Bruno falou das especifici-dades do Centro de Saúde do Faiale explicou que o CS tem idoneidadeformativa total, que faz apoio às es-colas e que o SAP é feito nas instala-ções do hospital. «Esta proximidadeé uma vantagem. É importante co-nhecer a população e num meio pe-queno como o nosso sabemos quaisas principais patologias. É um meiomuito familiar o que também temdesvantagens: toda as pessoas nosconhecem e a qualquer horaencontram-nos na rua e a nossa vidatorna-se uma espécie de serviço per-manente. Para a população é sem-pre o médico que está à sua frente enunca vêem que é apenas uma pes-soa a fazer as suas compras, porexemplo».Um dos problemas mais citados é aformação. «É sempre muito dispen-dioso para nós pois não há muitas ac-ções que tenham lugar nos Açores».O Centro de Saúde tem dois técni-

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cos de saúde ambiental e consulta depsicologia, está a preparar-se para embreve fazer tratamento a toxicode-pendentes, «com uma abordagem aotratamento das toxicodependênciasmais abrangente que a metadona», fazapoio ao estabelecimento prisional,etc. Várias destas situações, como oapoio ao estabelecimento prisional,fazem parte de um projecto de for-mação e de um protocolo com o Mi-nistério da Justiça.Conforme nos explicou o director doCS, falta melhorar alguns pormeno-res do CS em relação a pequenasquestões de mobiliário mas, porexemplo, o parque de viaturas, cons-tituído por seis veículos, está com-pletamente renovado.Paula Bettencourt, a médica internaque acompanhou a visita, está a tirara especialidade de Medicina Geral eFamiliar, é do Faial e pretende per-manecer aí. Considera que existemboas condições para o exercício damedicina e a proximidade é algo quetambém lhe agrada, citando comoexemplo o facto de a sua orientadorade estágio a conhecer desde peque-na pois era a sua médica de família.

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Ilha do PicoA Ilha do Pico tem três Centros de Saúde, orga-nizados numa Unidade de Saúde: existe um qua-dro único para os três centros e uma gestão quese quer racional dos recursos existentes. Confor-me nos explicou Ivo Soares, médico do CS de La-jes do Pico e Presidente do Conselho de Adminis-tração da USIP – Unidade de Saúde da Ilha doPico, «não é possível ter todas as pessoas bemtreinadas em todas as áreas, por isso centraliza-mos alguns serviços. Cada CS tem um laborató-rio mas a partir das 20h só um dos três é quefunciona e o trabalho é reencaminhado para esse.É uma questão de racionalização». O projecto decriação de unidades de saúde de ilha data de Ju-nho de 1999 e estava previsto ser aplicado em S.

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Miguel, Pico e São Jorge. Numa primeira fase pre-tende-se apenas englobar numa instituição os CS.A ilha do Pico é pioneira neste projecto, o qual,por enquanto, não está a ser aplicado em maisnenhuma ilha. A racionalização de meiosdepreende-se da forma de organização: no CS daMadalena existe consulta de oftalmologia e otor-rino, enquanto que radiologia, ginecologia, obste-trícia e gastroenterologia são em São Roque. Nes-te momento o médico-dentista dá consulta no CSdas Lajes mas, ainda este ano, prevê-se que passa-rá para os três centros. «Só o da Madalena nãotinha equipamento mas já está orçamentado».Todas as especialidades que não exigem equipa-mentos técnicos vão aos três centros de saúde.

Centro de Saúde de Lajes do Pico, ondetrabalham os médicos Paula Casals, JorgePereira, Sérgio Serra e Ivo Soares o factorque foi realçado por todos os profissionaispresentes foi a informatização do Centrode Saúde e as vantagens da mesma. Con-forme nos explicou o clínico geral SérgioSerra, que trabalhou oito anos em hospi-tais franceses antes de ter ido para o Pico,«a informatização do centro facilita muitoo trabalho. Ao início custou-me a adaptarpois não percebia nada de informática. Masdepois de aprender a usar os programas émuito bom. No computador temos formu-lários que facilitam a consulta, o programapossibilita saber se há doentes à espera, con-sultar o simpósio enviar por e-mail os exa-mes complementares de diagnóstico, etc.»Ivo Soares, chefe de serviço de MedicinaGeral e Familiar, tem tal como o colega doCS de São Roque um curso superior demedicina legal e pertence ao Gabinete Me-dico-Legal de Angra, além de ter o curso degestão de unidades de saúde da Universi-dade Católica. Mas os períodos de forma-ção são sempre problemáticos, dadas asausências que implicam.

Centro de Saúde de Lajes do Pico

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Centro de Saúde de São Roque

O Centro de Saúde de São Roque ser-ve uma população de quase 5000 uten-tes e tem quatro médicos. Durante oatendimento de urgência existe ape-nas um médico, um enfermeiro e umauxiliar de serviço. O CS tem peque-na cirurgia em preparação pois ape-sar de no quadro de unidade não exis-tirem especialistas desloca-se regular-mente um cirurgião geral ao Pico.Teresa Ponte, especialista em Medici-na Geral e Familiar neste CS, referiualguns problemas que afectam nestemomento os Açores, nomeadamentea questão da toxicodependência, fenó-meno recente mas preocupante. So-bre as questões mais específicas dainsularidade, realça a evacuação dosdoentes críticos como sendo o pro-blema mais premente: «quando temque se evacuar um doente se for paraa Horta sabemos que o transporte levameia hora a chegar, mas quando sãocasos mais críticos que têm que ir, porexemplo, para a neurocirurgia que éem São Miguel são duas ou três horasaté chegar o avião. Ficamos muito tem-po com o doente que está em estadocrítico e, simultaneamente, temos queir tratando os que vão chegando. Cla-ro que nos entre-ajudamos mas naurgência trabalhamos sozinhos. Duran-te o dia é mais fácil pedir ajuda aoscolegas que estão na consulta. À noiteé mais aborrecido mas quando é mes-

mo necessário há sempre médicos eenfermeiros para ajudar». Outra ques-tão equacionada foi a influência da exis-tência de relógio de ponto na qualida-de do acto médico.Mercês Maciel, vogal médica da USIP, é

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uma das especialistas de medicina ge-ral e familiar do CS de São Roque. EsteCS tem uma enfermaria com um quar-to individual para situações que exi-gem condições especiais, um bar/re-feitório para funcionários e um labo-ratório – só com um técnico de análi-ses clínicas na altura da visita da OMaos Açores mas que tinha previsto jápara Agosto a chegada de um farma-cêutico com especialidade em análisesclínicas. O CS está ainda equipado comquatro câmaras de frio. José Serpa, di-rector do CS de São Roque, tem ocurso de medicina legal, pertence aoGabinete Medico-Legal de Angra.

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Centro de Saúdeda MadalenaO Centro de Saúde da Madalena tem três médicos - Ál-varo Manito, Carmina Pais e Augusto Chaleira - e serveuma população de cerca de 7000 habitantes. Este Cen-tro de Saúde está completamente informatizado (regis-to de consultas, pedido de exames, troca de informaçãopor e-mail…) mas o serviço de telemedicina não funcio-na. Situação que, conforme foi referido, facilitaria a pres-tação de cuidados. O apoio vem do Hospital da Horta,por telefone, e o contacto e a articulação são fáceis.Como foi referido pelos médicos deste Centro de Saú-de, ninguém pensa em criar Unidades de Saúde Familiar.

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«Dispensava fazer horas extraor-dinárias»Augusto Chaleira é de Abrantes. Veio aosAçores, gostou e ficou. Quando fez con-curso para a especialidade de ortopediatinha a hipótese de ir para Bragança masconsiderava demasiado longe. Tambémpoderia ter optado por ir para Beja ondeachou que o calor era demasiado. As-sim, acabou por ficar na mesma em Me-dicina Geral e Familiar e optou pelo Pico.Sobre as dificuldades de exercer medi-cina nas ilhas refere o stress inerente aoisolamento e à constante solicitação dapopulação. «As pessoas têm a ideia que

Augusto Chaleira

tro Verde mas fui para o Porto para tro-car com um colega e nesse mesmo anovim para os Açores». Vários colegas docurso de Álvaro Manito tinham ido paraa ilha do Pico, mas poucos ficaram…«Quando terminou a periferia foram to-dos embora menos eu e o Chaleira. Ficá-mos aqui sozinhos durante um ano emeio. Mesmo agora, ninguém vem paracá. Eu diria que a tendência é acabar senão se criarem condições. Tem que secriar incentivos para os mais novos.»As dificuldades que sente prendem-seessencialmente com a formação: «fiz ocurso de gestão de unidades de saúdeem Lisboa mas foi muito complicado: parafrequentarmos qualquer curso, nem queseja de uma hora, temos que perder trêsdias para fazer a formação. E a actualiza-ção de conhecimentos é essencial. Rela-tivamente a esse curso só tive dispensade serviço para o terceiro e quarto se-mestres. Assim é muito complicado. Gos-tava de fazer medicina desportiva ou detrabalho mas não tive oportunidade por-que a acção de formação era todos osfins-de-semana».«Ser médico no Pico não é fácil. O queme prende são os amigos que tenho cá.

Tenho um barco e quase nunca o ponhona água... Porque estou sempre de servi-ço! Quase todos os dias faço 12 horasem presença física.»Neste momento existe um problemaconcreto que preocupa o director clíni-co do CS da Madalena: «todas as admi-nistrações dos CS, estão com problemascom o Tribunal de Contas, incluindo eu.O que sucedeu foi que havia um orça-mento e um serviço a prestar à popula-ção. Para os técnicos, enfermeiros e mé-dicos prestarem os serviços definidos pelaDGS como necessários, havendo falta derecursos humanos e indicações para queos serviços funcionassem 24 horas pordias, tinham que fazer horas extraordi-nárias. Agora somos responsabilizadospor ter pago despesas não orçamentadase acusados de ter cometido uma infrac-ção administrativa ao pagar as despesasdevidas pela prestação de um serviço. Mas,apesar das despesas não estaremorçamentadas, estavam devidamenteaprovadas pela secretaria e as directivasdo funcionamento do serviço emanavamdessa mesma secretaria. A compensaçãopelo trabalho que fizemos são várias mul-tas de mais de vinte mil euros…»

os médicos ganham muito dinheiro. Poiseu dispensava ter que fazer horas ex-traordinárias. Estar na cama, a meio danoite e ter que me levantar porque háuma urgência, acreditem que não é nadaprazeiroso».Augusto Chaleira afirma, com um sorri-so, que o seu escape é a agricultura:«planto alfaces, morangos, bananas,anonas, papaias, mangas, etc. É uma ques-tão de gosto pessoal mas também umaforma de aliviar o stress. Sei que é algoque não teria oportunidade de fazer seestivesse no continente. Temos algumasvantagens.»

«Tem que se criar incentivos paraos mais novos»Álvaro Manito é o director clínico do CSda Madalena. Natural do Tramagal, con-celho de Abrantes, acabou o curso em1979. Em 80 estava no Hospital deSantarém e quando teve que fazer a pe-riferia era uma altura em que se ia muitopara os Açores. «Fiquei colocado em Cas-

Entrevistas - CS da Madalena

Álvaro Manito

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«Nos Açores trabalhamos semrede»Carmina Pais está há seis anos nosAçores e há três e meio no Pico. Nas-ceu no Porto mas a sua mãe é natu-ral do Pico. Sempre passou férias noPico, tirou o curso no Porto e fez ointernato geral lá. Depois seguiram--se três meses feitos no CS da Ma-dalena e as opções de vida. «Gosteido ambiente, quando foi altura deoptar escolhi o Pico. Penso que paravir para os Açores, na maior partedos casos, é porque há alguma refe-rência familiar. Ser médico é muitomais do que estar nos locais ondeexiste a melhor tecnologia. Aqui tam-bém fazemos urgência e isto faz comque sintamos que estamos a traba-lhar sem rede. É um desafio. Achoque depois de exercer medicina aqui,conseguimos fazê-lo em qualquerlocal, mesmo sem meios, sem cole-gas para partilhar alguma dúvida…»Questionada se as diferenças resi-dem na condição de insularidade,Carmina Pais não hesita: «Não é porser uma ilha, mas por ser um meiopequeno. Em qualquer meio de di-mensões idênticas e com poucosrecursos faz-se a diferença. Já tiveque resolver situações urgentes quenunca pensei enfrentar como médi-ca de família: enfartes do miocárdio,partos, assistência a traumatizadosde acidentes de viação, etc.»Histórias marcantes não faltam nopercurso desta jovem médica e ge-ralmente envolvem situações trau-máticas em que, aparentemente, otransporte não chegará a tempo:«Uma vez tive que assistir um doen-te de 80 anos com um pacemaker euma bradicardia de 20, inconsciente.Depois de contactar com o colegada Terceira onde se colocam ospacemakers, recebo a informação daequipa do helicóptero que não con-segue vir até cá porque têm um do-ente grave para transportar da Gra-

ciosa. Após alguma insistência, o he-licóptero veio buscá-lo e correu tudobem. Mas foram mais de duas horasà espera, sempre a acompanhá-lo emuito preocupada». «Mas vale a penaapostar nos idosos: hoje em dia con-tinua a vir à minha consulta, sempremuito refilão», conclui com um sor-riso.Carmina Pais também tem históriasque se prendem com os regionalis-mo da língua: «uma vez nas urgênci-as do Hospital da Horta surgiu-meuma senhora de cerca de 60 anos

que disse ‘Doutora estou incomoda-da’. Eu perguntei-lhe incomodadacom o quê e foi quando me explicouque estava com uma hemorragiacomo se estivesse ‘incomodada’ e sóentão percebi que a palavra era uti-lizada como sinónimo de menstrua-da».O apoio dos colegas é consideradouma ajuda imprescindível para estaespecialista em Medicina Geral e Fa-miliar: «Quem trabalha neste tipo de

isolamento tem que ter a humildadede assumir que não sabe tudo e dis-cutir com os colegas todas as suasdúvidas. Há muito apoio entre cole-gas e sempre que preciso de ajudapeço. As equipas de enfermagem tam-bém nos ajudam muito». É provavel-mente esta coadjuvação que fazCarmina Pais concluir: «apesar de to-das as dificuldades que temos, sintoque vale a pena ser médica aqui».Perante uma população muito exi-gente («depois de vir trabalhar paraos Açores passei a dar valor ao ano-nimato pois estamos constantemen-te a ser abordados na rua»)e com listas por médico muito ex-tensas é impossível evitar o recursosistemático à urgência. «Não conse-guimos abarcar todo o ficheiro e aspessoas acabam por recorrer ao SAP.Se tivéssemos mais colegas a traba-lhar na Madalena e, consequente-mente, listas mais pequenas esta si-tuação não se verificava». Mas, ape-sar da existência de vagas, «não seconsegue colegas que queiram virpara cá».Sobre a visita do Bastonário e da Sec-ção Regional do Sul Ordem dos Mé-dicos, Carmina Pais qualifica-a como«muito importante» e realça a suautilidade para o esclarecimento dedúvidas e para diminuir a sensaçãode isolamento, e não quis deixar deaproveitar a oportunidade para exal-tar o papel fundamental da OM noapoio à formação: «Médicos que,como nós, não têm um hospital pró-ximo e acessível rapidamente, têmque ter formação contínua e actua-lizada nomeadamente em suporteavançado de vida. Penso que devía-mos ter apoio a nível da formação.Como médica de família sei resolvermuitas situações que se estivesse noPorto ou em Lisboa não saberia. Oapoio da OM é essencial a todos osníveis, especialmente no que se re-fere à formação pós-graduada».

Entrevistas

Carmina Pais

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Ilha TerceiraNo dia 7 de Julho a delegação da Ordem dos Médicos

visitou o Hospital de Santo Espírito em Angra do

Heroísmo onde foi recebida por Filipe Rocha,

administrador e Olga Freitas, pneumologista e

presidente do conselho de administração do hospital.

O hospital da ilha Terceira tem 96 médicos e cerca de

40 internos. No entanto, 30 desses internos não estão

a fazer o internato no Hospital de Santo Espírito.

Na reunião que manteve com os re-presentantes da OM, Olga Freitasreferiu o problema dos atestadosmédicos e a necessidade do SNSdefinir e ter objectivos. «Os atesta-dos médicos têm sido um problemaao longo da história. Os países maisdesenvolvidos não têm esse tipo deatestados». Pedro Nunes manifestoua sua concordância com o excessode atestados que têm que se pedirem Portugal: «o Ministério podia re-solver vários problemas se tornas-se desnecessário pedir atestadospara tudo e para nada. Há duzentassituações no nosso país em que énecessário atestado médico. Deve

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evoluir-se para uma situação de con-fiança: em vez de ser o médico aatestar deve ser a pessoa a decla-rar que está doente. Aleatoriamen-

te algumas pessoas são auditadas ouperitadas, fazendo-se assim o con-trolo. A única solução equilibrada éacabar com esta necessidade exces-

siva de atestados, algo que a Ordemdos Médicos já defende desde 1980.É um absurdo a quantidade de ates-tados médicos que têm que ser pe-

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didos». Acompanhando este senti-mento generalizado de que se exi-gem atestados por razões absurdase em número excessivo, Eduardo Pa-checo do Conselho Médico da Re-gião Autónoma dos Açores exmpli-ficou: «um colega que faltou a umaaudiência em tribunal foi justificar--se perante o juiz. O magistradomandou-o arranjar um atestado mé-dico e apresentar como justifica-ção… Claro que aquele seria o mes-mo juiz que obviamente julgaria omédico se tivesse usado/passado umatestado falso»…

Sobre o comportamento nem sem-pre correcto da imprensa, OlgaFreitas comenta: «enquanto não res-suscitarmos pessoas vão continuara acusar-nos de má prática». Segun-do foi referido irá ser construídoum novo hospital público em Angrado Heroísmo mas em parceria como BES.

Entre as questões levantadas, o fe-cho dos Serviços de AtendimentoPermanente e suas consequênciasao nível do atendimento hospitalar(«tem que haver lógicas nacionaispara os fechos de um SAP ou qual-quer outra visão será apenas base-ada em contagens e números, o que

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de Praia da Vitória. Problema recor-rente em todo o arquipélago, noCentro de Saúde de Angra do He-roísmo de Angra do Heroísmo tam-bém foi referida a falta de recursoshumanos como uma das principaispreocupações. O CS tem onze mé-dicos que fazem atendimento a35.000 habitantes. Apesar disso, osresponsáveis afirmaram a sua von-tade de melhorar nos próximosanos a área de cobertura. Este CStem idoneidade formativa e possui

não é aceitável») e questões comoa falta de recursos humanos e oespaço deficitário das urgências nãopassaram em branco entre as preo-cupações manifestadas durante estavisita.

A falta de fixação dos jovens médi-cos é algo que também deixa a pre-sidente do conselho de administra-ção do Hospital de Santo Espíritoapreensiva: «a opção por médicosespanhóis não é a melhor. Resolveo problema mas a verdade é que háincompatibilidades linguísticas e cul-turais. Prefiro ter internos portu-gueses. Mas a ausência de vagas pro-tocoladas tem trazido problemas. Jáapresentei o problema à Tutela. Éque se não resolvem esta questão,qualquer dia ficamos sem médicos.A Tutela tem que criar condiçõespara aliciar os especialistas a fica-rem nas ilhas».

José António, cirurgião, Aida Bartolo,otorrinolaringologista, Rui Betten-court, cirurgião e Nuno Santos, in-terno, foram alguns dos médicos queestiveram presentes neste encontro.

Ainda no mesmo dia os represen-tantes da OM visitaram os centrosde saúde de Angra do Heroísmo e

catorze extensões com deslocaçãodo pessoal de saúde (não existenenhum médico em permanêncianas extensões) e apoio domiciliário.Em termos deste apoio domiciliárioo CS está envolvido num projectona área de pneumologia. Quanto àsaúde materno-infantil, as extensõesde saúde são desde há algum tem-po englobadas nas casas do povo asquais quando foram feitas já con-templavam um espaço para a saúdee um espaço para a assistente soci-

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al. Os três gabinetes de saúde oral,cujo atendimento é só para crian-ças, foram remodelados mas nestemomento só existe um médico den-tista.

Conforme nos foi explicado por Te-resa Brito, vogal do conselho de ad-ministração do CS, dentro de cercade dois anos estará em funciona-mento um projecto de receituárioelectrónico, gestão, estatística, basesde dados, que faz parte de uma apli-cação comprada a uma empresa es-

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panhola.

Gonçalo Viola, Helena Silva, SantosSilva, Amália Carrapa e José Barbeitosão alguns dos médicos que traba-lham no CS de Angra do Heroísmo.Este CS possui ortopantomografo,electrocardiograma, microradiogra-fias, radiologia e ecógrafo e dá apoioa todas as grávidas da ilha, além dasutentes de São Jorge e Graciosa.

No CS de Praia da Vitória, visitadojá em horário de SAP, os represen-tantes da Secção Regional do Sul daOM foram recebidos pelo médicoCarlos Lima. Maria Meneses, FátimaSoares, Jorge Silveira, Rafael Cadize João Rodrigues são alguns dosmédicos que também prestam cui-dados neste CS. O centro está mui-to bem equipado e possui espaçosharmoniosos, desde a sala de espe-ra à sala de saúde infantil.

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Na ilha Terceira, a representação daOrdem dos Médicos visitou ainda aClínica Médica da Praia da Vitória. Avisita a esta instituição foi conduzidapor Rui Bettencourt, especialista emcirurgia geral e director da clínica.Na Clínica Médica da Praia da Vitó-ria além de uma série de exames –ecografias, ecocardiogramas, provasde esforço, electrocardiogramas, en-doscopias digestivas, etc. – existemconsultas das seguintes especialida-des médicas: nefrologia, cirurgia ge-ral, cirurgia plástica, cirurgia vascular,dermatologia, endocrinologia, fisia-tria, gastroenterologia, ginecologia,medicina interna, neurocirurgia,neurologia, ortopedia, otorrinolarin-gologia, pediatria, pneumologia, psi-quiatria, reumatologia e urologia eainda consultas de terapia da fala epsicologia.

Em Agosto a clínica levou a cabouma campanha de rastreio de can-cro da pele, iniciativa que preten-dem repetir no ano que vem.

Clínica Médica da Praia da VitóriaOs habitantes da Terceira

dispõem na Praia da Vitória

dos serviços de uma clínica

privada e convencionada

com equipamento e

instalações de qualidade.

Durante a visita a esta ilha,

os representantes da OM

também visitaram a Clínica

Médica da Praia da Vitória.

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Caro Philipe FortunaPresidente da Associação de Estudantes da Faculdade deMedicina de Lisboa

Depois de ler o seu artigo sobre «O Ensino Pré -Gradu-ado na FML», na Revista da Ordem dos Médicos, de 15 deSetembro de 2005, não resisti a escrever-lhe esta cartaaberta, para lhe comunicar as ideias que, desde há muitotempo tenho perfilhado e exprimido sobre este tema.

Em primeiro lugar devo dizer-lhe que concordo com assua críticas ao actual Ensino Clínico, mas quanto à suaremodelação, penso que somente a aderência aos moldesabaixo propostos, se poderá traduzir numa reestrutura-ção de mérito inquestionável.

Antes de continuar, convirá apresentar-lhe, de forma re-sumida, o meu percurso profissional.

- Interno dos Hospitais Civis de Lisboa, desde 1957, ondeatingi, ao fim de 7 anos, o posto de Interno Graduado deMedicina Interna.

- Docente da Faculdade de Medicina de Lourenço Mar-ques, desde 1966 a 1975,como Assistente e Professor Au-xiliar.

- Director de Serviço de Medicina, desde 1983 e Directordo Departamento de Educação Permanente, desde 1988,no Hospital Distrital de Setúbal, cargos com que me apo-sentei, em 1998.

- Membro da Comissão para a criação de um Curso deMedicina no Instituto Superior de Ciências da Saúde.

- Presidente da Secção Distrital de Setúbal da Ordem dosMédicos de 1999 a 2004.

Possuo portanto uma experiência bastante longa dedocência Pré-Graduada, e de formação Pós-Graduada,como Interno de um Hospital Central e como Directorde Serviço de um Hospital Distrital.

Experiência de uma reestruturação doCiclo ClínicoMas a vivência mais fecunda que tive de organização esco-lar foi a de membro da Comissão de Reestruturação doEnsino Clínico Pré-Graduado no Hospital Universitário

Carta aberta a um aluno sobreEnsino Clínico na Faculdade de Medicina

de Lourenço Marques, após o 25 de Abril de 1974.

Essa reestruturação consistiu, essencialmente, numa for-mação semiológica intensiva durante um trimestre, segui-da da total integração profissionalizada dos alunos do 4º,5º e 6º anos, nas equipas de enfermaria, em estágios pre-dominantes nas Especialidades mais gerais, como Medici-na, Cirurgia, Pediatria e Psiquiatria, acompanhada daextinção das aulas práticas e deslocação completa das aulasteóricas de Patologia para os períodos da tarde.

Esta organização funcional e profissionalizada do EnsinoClínico resultou em aderência entusiástica dos alunos aodesempenho clínico, assim como na assistência muito maisinteressada às aulas teóricas, traduzidos numa capacidadeformativa de grau incomparavelmente superior ao clássi-co modelo anterior, podendo afirmar-se que os alunospassaram a terminar o Curso com uma preparação idên-tica ao fim do antigo Internato Geral, correspondente,portanto, a um ganho de 2 anos na sua carreira.

Deve realçar-se que essa experiência só foi possível depôr em prática, devido ao número relativamente escassode alunos do Ciclo Clínico de então e à ultrapassagem,em clima revolucionário, da cega oposição conservadorada maioria dos docentes.

Condicionalismos de uma reestruturaçãoverdadeiramente profissionalizada doCiclo ClínicoÉ evidente que a adaptação desta metodologia de EnsinoClínico, integralmente profissionalizado, às actuais reali-dades, requer a aceitação de um certo conjunto de condi-cionalismos, muito difíceis de transpor, embora a passadaexperiência do Internato Geral, considerada na generali-dade altamente positiva, represente uma garantia fiáveldo provável êxito deste modelo, aliás inteiramente adop-tado, segundo meu conhecimento, pelo menos numa Es-cola Médica estrangeira, a Faculdade de Medicina deToulouse-Rangueil.

Em primeiro lugar, para planeamento deste modelo, o 4.ºano, pré-Clínico, deverá ser preenchido com o estudo daPatologia Geral, da Fisiopatologia e da Semiologia Clínicae Laboratorial, sobretudo através de aulas práticas semdoentes (a aula prática com doentes representa, mesmocom o consentimento destes, uma inaceitável aberraçãoética) substituídos por modernos materiais de simulação

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e visitas informais a unidades assistenciais.

A reestruturação que se propõe para o Ciclo Clínico, con-siste, essencialmente, na distribuição dos alunos do 5.º e6.º anos por estágios hospitalares rotativos, cuja duraçãonão deve ser inferior a 5 meses por estágio, visto que aexperiência de curtos estágios, por módulos sucessivos,em várias Especialidades se revelou um fracasso.

Estes estágios hospitalares devem, portanto, decorrer ape-nas nas Especialidades mais gerais, (como Medicina e Ci-rurgia no 5.º ano, Pediatria e Cuidados Intensivos no 6.ºano), em que é fornecida formação policlínica suficiente,antes do início da formação Especializada.

A integração dos alunos nas equipas assistenciais deve tercarácter de profissionalização activa absoluta (e não ape-nas tendencialmente profissionalizante, como no actual 6.ºano), cuja premissa indispensável é a relação adequada en-tre tutor e alunos, impossível de estabelecer nas condi-ções actuais dos Hospitais Escolares. Assim, essa integra-ção deve respeitar obrigatoriamente um ratio aproxima-do entre número de tutores/orientadores / internos / alu-nos / camas, como no seguinte exemplo para MedicinaInterna ou Cirurgia: 1 Chefe de Serviço / 2 Assistentes / 4Internos / 8 alunos / 24 camas. Neste modelo, cada Servi-ço de Medicina de 48 camas, suportaria 16 alunos porano, o mesmo acontecendo, alternativamente, no Serviçode Cirurgia, o que dá, em média, 32 alunos em cada ano,ou seja 64 alunos por Hospital. Deste modo, pode calcular--se que cada Faculdade de Medicina precisaria de ter as-sociado um conjunto mínimo de 5 unidades assistenciaishospitalares, formando, em cada uma, 32 alunos, isto é, aotodo 160 alunos por ano. Se este número fosse conside-rado insuficiente, seria aumentado o número de Hospi-tais associados, ou mesmo o número de Faculdades comos respectivos Hospitais.

De facto, a imposição do númerus clausus, ainda em vigor,representa um erro imperdoável de organização e de jus-tiça, porque a admissão reservada apenas a alunos nacio-nais com altas classificações, obriga ao preenchimento dasvagas existentes, com médicos estrangeiros, de classifica-ções e graus de formação muito inferiores aos nossos.Portanto, não pode merecer qualquer discussão a certezade que o calculo do número de alunos admitidos às Esco-las Médicas deve ser efectuado, simplesmente, em confor-midade com as necessidades assistenciais do país, para além

de que, a ideia de que o actual ensino clínico das nossasFaculdades de Medicina melhoraria pela simples limitaçãodo número de alunos, não passa de uma utopia, visto quea deficiência desse ensino não reside no excesso de alu-nos, mas apenas na inadequação dos modelos didácticosadoptados.

O Ensino teórico da PatologiaO ensino teórico ou abstracto, isto é, os Cursos teóricose teórico-práticos de patologia, ficariam a cargo das equi-pas dos respectivos Serviços hospitalares de Especialida-des com maior impacto policlínico, como, Ciências Com-portamentais e Ética, Cardiologia, Pneumologia, Nefrologia/Urologia, Reumatologia, Doenças Infecciosas, Gastrente-rologia, Dermatologia, Hematologia, Endocrinologia, Psi-quiatria.

Estes Cursos seriam ministrados ao longo dos 2 anos doCiclo Clínico, numa média de 3, 4 aulas por semana, querao fim da manhã quer no início da tarde, de modo a nãointerferirem com os trabalhos de enfermaria.

A selecção e aprovação da idoneidade formativa dos Ser-viços hospitalares, assim como a organização dos Cursosteóricos e a realização de testes (provas de escolha múl-tipla no fim de cada Curso) ou outros métodos de avalia-ção dos alunos, estariam sob a supervisão dos docentesdas Faculdades de Medicina, em colaboração com os res-

F. M. Fonseca Ferreira

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pectivos Directores dos Serviços assistenciais associados.

Contornos da Formação ClínicaA actividade clínica de cada médico distribui-se ao longode toda a vida por dois compartimentos mentais de inter-penetração contínua, que são o desempenho prático as-sistencial e a aquisição abstracta de conhecimentos.

Assim, o desempenho clínico consiste, substancialmente,na colheita e registo dos dados anamnésticos e semiológi-cos apresentados pelos doentes (história clínica), segui-dos, da sua individualização em entidades clínicas padroni-zadas, sob o ponto de vista diagnóstico e terapêutico, con-firmada, sempre que necessário, em cada caso, pela con-sulta da evidência científica da literatura médica actualiza-da (tratados e revistas da especialidade).

Por sua vez, a aquisição abstracta de conhecimentos devecorresponder a uma tarefa permanente de armazenamentomental dos quadros patológicos, próprios do sector es-pecializado de cada médico, de modo a aumentar pro-gressivamente o número de entidades susceptíveis de di-agnosticar e tratar integralmente, apenas por recurso àmemória.

A formação clínica representa, portanto, um processoárduo e contínuo , em aperfeiçoamento permanente enunca terminado, de aplicação oportuna e correcta dascapacidades de desempenho e de aquisição de conheci-mentos, ao fluxo constante das patologias de cada sec-tor assistencial. A extrema dificuldade de aquisição deuma formação clínica perfeita é patenteada pela ocor-rência de elevadíssima percentagem de erros médicosgraves, mesmo nos centros diferenciados dos países maisavançados.

Sem dúvida, que a integração precoce e apropriada dosalunos na dinâmica funcional das equipas hospitalares lhespermitirá uma obtenção acelerada de maturidade clínica,absolutamente impossível de alcançar pelo clássico ensi-no narrativo e memorativo, actualmente ministrado pelasFaculdades, como se comprova pelo verdadeiro estado deconfusão mental, em que os alunos chegam aos Hospitais,devido à tentativa frustrante duma acumulação imensa deconhecimentos médicos, sem o acompanhamento parale-lo de uma suficiente prática assistencial.

Este modelo de ensino integralmente profissionalizado te-ria, ainda, a virtude de compensar o grande défice formativoque nos foi imposto pela extinção do Internato Geral.

Entraves à Institucionalização destametodologiaA primeira objecção contra a metodologia aqui pro-posta será, com certeza, a dificuldade em assegurar a

qualidade e a capacidade formativa adequadas dos ele-mentos médicos das equipas hospitalares. De facto, estacondição que já esteve quase garantida pela existênciadas Carreiras Médicas Nacionais, encontra-se, actual-mente, gravemente ameaçada pelos novos sistemascontratuais hospitalares, se falharem os esforços paraimpedirem esse verdadeiro desastre.

A propósito, convêm lembrar que a persistência daideia, muito em voga nos meios médicos dos HospitaisCentrais, sobretudo Universitários, de que possuemuma predominância de excelência do exercício clínicoe da comunicação científica, em relação aos HospitaisDistritais, é modernamente altamente controversa,como se pode comprovar, facilmente, pela assistênciaàs inúmeras reuniões, ou pela leitura dos respectivosórgãos científicos, promovidos, constantemente, pelasDirecções Cl ín icas e pelas Sociedades MédicasDistritais.

Por outro lado, põe-se, também, o problema, emboraultrapassável, da provável exigência de remuneração adi-cional, por parte das equipas formativas assistenciais.

Levanta-se ainda a questão da moderna exigência deobediência às padronizações globais da Federação Mun-dial para a Educação Médica, que além de constituíremum amontoado de directrizes confusas, pretendem con-duzir a uma rígida uniformidade curricular, que não podeser levada a sério, por retirarem a opção de medidasoriginais aos centros de formação.

Mas o principal obstáculo a este desenvolvimento, é semdúvida, a obstinação dos corpos docentes universitári-os em preservar acriticamente o seu estatuto de pro-tagonismo escolar exclusivo, concretizado na utilizaçãode obsoletas e ineficazes metodologias de ensino nar-rativo e abstracto, apesar do seu baixíssimo grau deaproveitamento escolar, esquecendo, por outro lado, quedesde há muito tempo, a licenciatura em Medicina (li-cença para exercer), não compete às Faculdades, massim aos Serviços Especializados assistenciais, sob a ori-entação da Ordem dos Médicos.

No entanto, o modelo aqui delineado, cuja lógica aca-bará por se impor com o passar do tempo, libertaria oscorpos docentes para a diversificação das suas activi-dades, como investigação, comunicação científica, cur-sos de pós-graduação, proporcionando, ao mesmo tem-po, às Faculdades de Medicina um campo de marcadainfluência sobre a qualidade da nossa rede assistencial,com que contribuiriam, decisivamente, para a contínuaelevação da Formação Médica nacional.

Setúbal, 7 de Maio de 2006

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O objectivo da investigação em saúdeé promover avanços no tratamentodas doenças e melhorar a qualidadedos cuidados no futuro (ByocK,2003).Essa preocupação existe também aonível do trabalho dos profissionais decuidados paliativos que, apesar da re-lativa “modernidade” da sua existên-cia, têm tentado sedimentar cada vezmais a consistência das suas interven-ções. A atestar o que dizemos estãoas mais de 3 dezenas de publicaçõescientíficas credíveis sobre este âmbito(Hanks in Doyle, 2004) e os congres-sos científicos realizados, existindo in-clusivamente uma rede europeia deinvestigação no âmbito da AssociaçãoEuropeia de Cuidados Paliativos(Poulain, 2002; Doyle, 2004)).Qualquer processo de investigaçãodeve ter em conta dois aspectos fun-damentais: a obtenção de um consen-timento esclarecido e a minimizaçãodos riscos para o sujeito da investiga-ção, face àqueles que ele correria seessa investigação não se desenvolves-se. Na investigação com doentes ter-minais esses quesitos não são excep-ção e, dada a vulnerabilidade acresci-da dos mesmos, as dificuldades de co-municação por vezes presentes e afrequentemente rápida progressão dadoença, esses cuidados devem ser ain-da mais estritos (Kaasa, 2005). Contu-do, estes argumentos são ao mesmotempo invocados, talvez com base nal-gum sentimento de paternalismo, paranão efectuar investigação em doentesterminais. Neste caso, e como bemsublinha Fine (2003), poderemos es-tar a incorrer num processo, esse sim,menos ético, por excluir doentes queteriam benefícios directos dessa inves-tigação e que não devem nunca serolhados apenas como meio para atin-gir um fim. Os doentes terminais nemsempre beneficiam dos resultados das

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A propósito da investigação emcuidados paliativos, algumas reflexões

investigações de que são alvo mas seestiverem disso devidamenteelucidados e derem o seu consenti-mento, não é menos ético desenvol-ver esse tipo de investigação. Paramuitos doentes, o facto de poder par-ticipar numa investigação que trarábenefícios a terceiros, eventualmentea eles próprios, e poder correspon-der a um pedido de uma equipa emquem confiam, contribui para dar umsentido ao seu processo de doença(Ross,2003) e também para reforçar,na prática, o conceito de legado, temacentral no desenvolvimento de estra-tégias promotoras de dignidade paraestes doentes.Uma vez garantidas as duas premissasque enunciámos, os trabalhos de in-vestigação em doentes em fim de vidadevem ter lugar, sujeitos a monitori-zação rigorosa por forma a maximizaros benefícios obtidos e reduzindo osdanos. No caso dos doentes não com-petentes, haverá que conhecer a suavontade prévia – através do conheci-mento dos profissionais, família e/outestamento vital – e garantir que arealização de investigação não acarre-ta aumento de riscos para o pacientee pode até gerar benefícios.O esforço por objectivar determina-dos benefícios terapêuticos ou outrosatravés de investigação rigorosa nãonos deve fazer perder de vista a ne-cessidade de contextualizar esses re-sultados, de os integrar na situaçãoespecífica de cada doente e família quesomos chamados a acompanhar, sal-vaguardando sempre os direitos e obem estar dos participantes na inves-tigação. Só desta forma se podecontextualizar plenamente aquilo que,também em cuidados paliativos, podeconstituir, segundo alguns autores(Agrawal, 2002; Meyers, 2004), umatensão entre a realização de investiga-

ção sobre novos procedimentos tera-pêuticos e a oferta de cuidados assis-tenciais que não prejudiquem o con-forto de um doente, já de si bastantevulnerável.Bruera e Mazzocato (2001), dando voza uma preocupação crescente no seiodo movimento dos cuidados paliativosmodernos, consideram fundamentalcultivar e manter uma “atitude cientí-fica”, através da observação atenta edo questionar da prática clínica. Nestaatitude, e de acordo com os autores, adescrição da fenomenologia desempe-nha um lugar fundamental. No capítu-lo dedicado à investigação na últimaedição do conceituado OxfordTextbook of Palliative Medicine (Doyle,2004), Hanks e Kaasa defendem queum estudo descritivo numa área emque há ainda pouca informação acu-mulada representa uma mais valia, poiscontribui para melhor enquadrar eplanear futuros ensaios randomizados,nomeadamente ao nível da escolha dadimensão da amostra e dos resulta-dos a estudar.Apesar de os ensaios duplamente ce-gos e randomizados serem considera-dos o gold-standard para acumular evi-dência em medicina, importa salientarque não são a única maneira de asse-gurar a produção de conhecimentofiável. Sabemos ainda que, dadas as ca-racterísticas clínicas e a evolução rá-pida da doença, bem como a faixaetária avançada de grande parte dosdoentes, existem muitas dificuldadesno recrutamento de doentes para en-saios clínicos em cuidados paliativos.Esta realidade condiciona algumasadaptações no processo de investiga-ção que, tal como noutras áreas devulnerabilidade acrescida nos sujeitosda investigação (pediatria, saúde ma-terno-fetal), não devem reduzir o ri-gor dos estudos efectuados. Importa

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Isabel Galriça NetoMédica, Mestre em Cuidados Paliativos

Assistente Convidada da FMLPresidente da ANCP

salientar como é fundamental nesteprocesso de investigação que se veri-fique uma proximidade entre a popu-lação estudada e aquela em que sepretende utilizar o procedimento, queé um aspecto que Bruera, nos artigosescritos com Mazzocato (2001) e ain-da Hanks (in Doyle,2004), reputam damaior importância.Surge às vezes o comentário de quealgumas intervenções em cuidadospaliativos parecem basear-se mais naexperiência de alguns clínicos do quepropriamente na evidência científica(Stevens,2003). No entanto, uma revi-são sistemática recente da literaturasobre esta matéria (Piggot,2004) re-fere que, apesar de algumas lacunas naqualidade metodológica, o número deensaios duplamente cegos e de doen-tes neles incluídos tem vindo a aumen-tar nos últimos anos nesta área. Talfacto também corrobora a visão deque a evidência clínica robusta – quenão apenas aquela que é produzidaatravés de estudos randomizados - éfundamental para orientar o processode decisão clínica e de que, em cuida-dos paliativos, tal não constitui umaexcepção.Um estudo de Good e Stafford, de2001, parte precisamente da preocu-pação de documentar o rigor das in-tervenções praticadas numa unidadede internamento de cuidados paliati-vos. Das 114 intervenções efectuadasao longo de 1 mês, 81% consideram--se baseadas na evidência (48% em en-saios randomizados e controlados, 27%noutro tipo de ensaios e, em 6% doscasos, evidência convincente não ex-perimental).Mas as dificuldades na prática de in-vestigação em cuidados paliativos nãodecorrem apenas da maior vulnerabi-lidade da tipologia de doentes em cau-sa.No nosso país, em que ainda é reduzi-do o número de equipas específicasde cuidados paliativos, e comparativa-mente ao que acontece nalguns servi-ços de saúde nacionais e em muitosinternacionais, tais equipas não dis-põem de qualquer apoio específico(recursos humanos e outros) para a

realização de trabalhos de investiga-ção. Estes são praticamente assegura-dos na íntegra pelos profissionais que,paralelamente a estas actividades, têmsempre que desenvolver a práticaassistencial regular e tentar não so-brecarregar os outros colegas de equi-pa.A indisponibilidade de tempo protegi-do para a prática de actividades de in-vestigação e a escassez de recursos deapoio constitui ainda no nosso paísuma das maiores dificuldades para le-var por diante esta actividade, tão ne-cessária para a credibilização da me-dicina paliativa. Problemas semelhan-tes foram descritos por Wilcock(2000) com os internos de medicinapaliativa no Reino Unido, país ondeexistem propostas fundamentadaspara que, pelo menos os internos, pas-sem um ou dois anos full-time a reali-zar actividades de investigação, porforma a ganhar experiência consisten-te nesse âmbito. De acordo com omesmo autor e ainda com Hanks (inDoyle, 2004) , também os especialis-tas de cuidados paliativos, apoiadospelas instituições em que trabalham,deveriam poder optar e alocar partedo seu horário regular de trabalho aactividades específicas de investigação,que não colidissem com o horárioassistencial, sob pena do desenvolvi-mento das primeiras ser frequente-mente relegado para segundo plano.Estas dificuldades poderão ser parci-almente ultrapassadas se, num proces-so sinérgico que simultaneamente pri-vilegia a formação obrigatória no âm-bito dos cuidados paliativos (pré e pósgraduada) como factor crítico de mu-dança, surgirem departamentos destaárea nas Faculdades de Medicina enoutras escolas de Saúde, em que ocomponente de investigação seja cla-ramente incentivado.

Esperamos poder contar com o inte-resse e apoio de todos os interessa-dos, como forma de concretizar comrigor o objectivo maior que nos move:aumentar a dignidade e a qualidade devida daqueles que apresentam doen-ças graves, incuráveis e avançadas.

Bibliografia:• Agrawal M, Danis M, “End-of-life care forterminally i l l participants in cl inicalresearch” Journal of Palliative Medicine,2002; 5(5):729-737• Byock I, “Palliative care and the ethics ofresearch: Medicare, Hospice and Phase Itrials”, J Supportive Oncol 2003; 1:139-141• Doyle D, Hanks GWC, Cherney N,Calman K (eds.), “Oxford Textbook ofPalliative Medicine “, Londres, OxfordUniversity Press, 3ª ed.- 2004• Fine PG, “Maximizing benefits andminimizing risks in palliative care researchthat involves patients near the end of life”,J of Pain and Symptom Management, 2003,25(4):S53-S62• Good P, Stafford B “Inpatient palliativemedicine is evidence based” PalliativeMedicine 2001; 15(6):493-498• Kaasa S, Dale O ”Building up research inpalliative care: an historical perspective anda case for the future” Clin Geriatr Med2005; 21(1):81-92• Mazzocato C, Sweeney C, Bruera E,”Clinical research in palliative care: patientpopulations, symptoms, interventions andendpoints” Pall iative Medicine2001;15:163-168• Meyers FJ, Linder J, Beckett L, ChristensenS, Blais J, Gandara DR “Simultaneous care:a model approach to the perceived conflictbetween investigational therapy andpall iative care” J Pain and SymptomManagement 2004;28(6):548-556• Piggot M, McGee H, Feuer D, “HasCONSORT improved the reporting ofrandomized controlled trials in palliativecare literature? A systematic review”,Palliative Medicine 2004;18 (1):32-38• Ross C, Cornbleet M “Attitudes ofpatients and staff to research in a specialistpalliative care unit”, Palliative Medicine2003;17(6):491-497• Stevens T, Wilde D, Paz S, Ahmedzai SH,Rawson A, Wragg D, “Palliative care researchprotocols: a special case for ethical review?”Palliative Medicine 2003;17:482-490• Wilcock A, Crosby V “Research trainingand palliative medicine”, Europ Journ ofPalliative Care 2000;7(3):92-94

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Concluí em Julho de 2002 a primeira etapa da CarreiraMédica… o já extinto Internato Geral. Como acreditopiamente na crítica construtiva como um sólido pilar daevolução de qualquer estrutura, gostaria de expressar,desta forma, uma sumária opinião pessoal de índole me-ramente reflectiva sobre o que foi e é actualmente oinício da carreira Médica em Portugal, agora envolto nummanto de reestruturação permanente… E profunda!Estado da Arte em Portugal… Acima da média mundial!Li um dia que nós somos anões que trepamos aos om-bros dos nossos antecessores e… Vemos mais longe! Éverdade! Um louvor a todos os médicos que me prece-deram no exercício condigno da nossa profissão e queme permitem, hoje, exercê-la num país acima da média, eque é capaz de ver mais longe! Num meio hostil para oexercício da profissão médica como é Portugal (feliz-mente distante, ainda, de outras realidades piores), ro-deados de uma opinião pública à partida desfavorável edesconfiada, parcialmente induzida e constantementesugestionada por uma comunicação social agressiva, eque na sua generalidade tem como objectivo singular aconquista de uma audiência independentemente das con-sequências, questionar-se-á o comum dos mortais…Como chegámos tão longe?... Em poucas palavras: perse-verança, deontologia, e uma seriedade de actuaçãoinexorável!Muito bem! Consequência? Qual é a possível relaçãoentre esta sumária resenha histórica e o início da car-reira Médica?... Recorro então a uma analogia que di-rão pobre, é verdade, mas que talvez possa ser, de algu-ma forma, ilustrativa: em desporto, qual o treinador quetem a coragem de modificar uma equipa repetida e com-provadamente vencedora? A resposta é simples… Mui-to poucos: apenas os audazes com a garantia de quetêm em mãos uma arma secreta capaz de levar, comaltíssima probabilidade, à tão almejada vitória. Não querocom isto dizer que sou contra todas as mudanças, ain-da que radicais; muito pelo contrário!... Quero, isso sim,transmitir um pensamento de alguma reserva e cautelaquando se muda a táctica e enterra, após discussão po-tencialmente breve, um estágio que foi, para mim (epenso que para tantos outros antes), tão rico, gratifi-cante e cientificamente proveitoso!Na base desta mudança, todos desconfiamos, terá esta-do a procura do mercado de trabalho por médicos deoutras nacionalidades cuja formação não contempla umestágio equivalente ao nosso Internato Geral, e que, como

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O extermínio doInternato Geral

tal, concorriam à especialidade dois anos antes; estavaainda em causa o incómodo acréscimo monetário paraos bolsos do Estado português com esta formação su-plementar. Não existiriam, na realidade, outras formasde contornar estes problemas? Terá sido uma opção in-teligente da Medicina Portuguesa prescindir de um sis-tema que já tinha provas dadas (e que poderia ter sidomelhorado em vez de extinto)? Não deveríamos apostarantes no rigoroso domínio da língua e cultura portugue-sas, lutando simultaneamente contra a xenofobia, inimigade todos os nossos princípios? Seremos nós, porventu-ra, pioneiros nessa exigência?... Reflexões.Não é claramente o meu objectivo neste artigo comen-tar a Licenciatura em Medicina e suas reformas, mas averdade é que não represento de forma alguma umaminoria excêntrica quando afirmo que essas reformasnão conseguiram eliminar categoricamente, e para alémde qualquer dúvida, o potencial formativo e validade dodefunto Internato Geral. Não se reforçou a compo-nente clínica que aproximasse o futuro Médico do do-ente (e não só da doença…) e não foi promovida aaquisição de experiência na prática clínica de forma aadquirir-se o comportamento e experiência necessári-os à mesma. Condena-se assim o novo interno de es-pecialidade a um período de adaptação (aprendiza-gem…) da sua situação de Médico com prejuízo direc-to no tempo e ritmo do seu Internato Complementar.Já está! De acordo. Poderia ser até desastroso um re-trocesso tardio. Enterre-se definitivamente o fantasma!Mas atenção colegas! Estejamos atentos ao futuro por-que esta foi, indubitavelmente, uma grande aposta!...Concluo com estas interrogações que já terão cruza-do, ainda que por breves instantes, as mentes de todosnós que vivemos e convivemos diariamente com estarealidade. Corro o risco de poder estar a ser eventual-mente politicamente incorrecto com este apelo à vigi-lância global, já que remo contra um sim maioritáriodos colegas. Quero o mesmo que todos: apenas ser umbom médico e ver boa qualidade nos cuidados presta-dos a todos os nossos doentes. Reafirmo apenas pormais este meio os meus votos de confiança, quer naMedicina portuguesa, quer na formação Médica portu-guesa tal como é, e termino com um desejo… Queacima de tudo esta geração Médica a que orgulhosa-mente pertenço, e de cujo valor tantas vezes se duvi-dou, se limite a contribuir para melhorar o que já éreconhecidamente muito bom…

Nuno Nogueira Martins

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Houve alturas neste país em que oque era público é que era bom, por-que era controlado por todos – oupor aquilo que nos representava atodos, o Estado – e não estavainquinado pela “horrorosa” ideia dolucro, de cada um poder ganhar di-rectamente a vida com o seu traba-lho, e de acordo com ele. Foramtempos passados, esse socialismoperdeu o passo e o de agora enten-de que o que é privado é que é bom,o serviço público fica caro, e é demá qualidade, para não falar já dospróprios funcionários públicos – afi-nal em muito menor número do queera apregoado há bem pouco tem-po aos quatro ventos por toda a co-municação social –, apresentadoscomo fonte de todo o mal na nossagestão governamental. Há que osdespedir, privatizar a sua activida-de, quiçá até a do próprio governo.É esta a situação no início deste Ve-rão, em que na véspera de ir para apraia experimentei as minhas “jeans”:diabo, no ano passado ainda me es-tavam bem e agora não me entra-vam! Mas não havia problema, era sócomprar outras, e lá me dirigi à mes-ma loja onde as comprara, há unstrês anos atrás. Atendido solicita-mente pelo próprio proprietário (onegócio tem estado mais fraco e porisso tem menos empregados no mo-mento), apareceu-me com umas cal-ças exactamente iguais às minhas, aténo número, mas eu necessitava erado número a seguir. “Ah!, mas essenão há. É o mais vendido, e por issojá se esgotou, compreende?” Não, eunão compreendia, e disse-lho. Entãoele não tinha o tamanho de calçasde ganga mais vendido? Quereria tal-vez que os clientes se adaptassemaos tamanhos que ele t inhasobrantes no armazém da loja? As-

Serviços Públicos- Ou lucubrações dum Médico numa tarde de Verão

sim não ia fazer muitas vendas de“jeans”. Olhou-me atónito, e passou--lhe pelo olhar a frase “Ora o que éque este gajo tem a ver com isso? Aloja não é minha?!”, mas é uma pes-soa delicada e apenas reiterou o fac-to: não tinha o número. “Só para oNatal” – com esta frase deu-se oassunto por encerrado, e pareceu--me até notar alguma satisfação con-tida da parte dele, em arrumar co-migo naquela “discussão”. Mas issofoi com certeza impressão minha,por que razão haveria o homem deficar satisfeito por não me venderumas calças?...Fui a vários outros estabelecimen-tos e uns tinham a marca mas não omodelo, ou o número, outras mar-cas e modelos não me ficavam bem.Uma tarde passada a visitar lojas demodas para homem. Finalmente en-contrei o que desejava: tal e qual,só precisava então que me acertas-sem o comprimento nas pernas.“Ah! Isso só daqui a quinze dias, anossa costureira está de férias”. In-quiri se não havia ninguém que pu-desse fazer esse serviço, responde-ram-me que não, “a costureira tam-bém tem direito a férias, não é ver-dade?”. Sem dúvida, mas ficaram lácom as ca lças e eu sem e las .Comprei-as dois dias depois na Fi-gueira da Foz, num estabelecimen-to com costureira ao serviço.Na casa da praia fui encontrar umantigo espelho com aro de madeira,herdado de casa de meus pais, comcaruncho. Pressurosamente procu-rei numa drogaria o remédio paratal: não tinham. “Compreende, tem--se vendido muito…”. Fui a maisduas drogarias, o caruncho pareceter atacado em força este ano,esgotaram-se as munições contraele. Felizmente que à quarta tenta-

tiva o assunto resolveu-se, e vá láque o caruncho não é assim tão rá-pido a comer madeira.São tudo estabelecimentos privados,que ganham a vida a vender os seusprodutos. Se não os tiverem, comoos hão-de vender? Se fossem depar-tamentos públicos, lá viria a expli-cação do costume: não é deles, nãolhes dói… Mas aí ao menos o clien-te poderia queixar-se, para o Minis-tério respectivo, para o Primeiro--Ministro, para os jornais, eu sei lá.Mas assim… Sempre se pode escre-ver no livro de reclamações. O quê?Que deixaram acabar o stock?!Fui jantar fora, com a mulher, umfilho e um cunhado. Restaurantemeio cheio, mesas pequenas vazias,cada uma para duas ou quando mui-to três pessoas, e uma maior tam-bém vazia. Dirigimo-nos para ela. “Aínão, essa é para seis pessoas”. “Ah!bem, então aonde é que nos pode-mos sentar?” “Têm que esperar, ésó aí uns vinte minutos”. Sem res-ponder, saímos à procura doutrorestaurante. Deveria ter dito algu-ma coisa? Não sei, o restaurante nãoé meu, o dono atende os clientescomo entender.Sentámo-nos noutro restaurante,trouxeram-nos daquelas entradasvolumosas, abundantes, variadas. Aminha mulher, vigiando-me severa-mente a barriga – que já provocouo episódio das calças – declarou deimediato que não queríamos as en-tradas e que passaríamos de imedi-ato ao prato principal. Aí é que foio diabo, porque não havia autoriza-ção para isso! As entradas eram parase comer, e quem não as quisessetinha de esperar que os outros, nasoutras mesas, que as tinham pedi-do, as terminassem, para então vi-rem os outros pratos. Ninguém ali

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Carlos Costa AlmeidaCirurgião, Coimbra. Membro do Conselho Nacional

para a Pós-Graduação, da OM. Presidente daAssociação Portuguesa dos Médicos de Carreira

Hospitalar

naquela casa passava à frente de nin-guém (?!). Ficámos siderados, foi orapaz que percebeu mal as instru-ções, venha o gerente. Não estava,mas veio outro empregado, e foiperemptório: ali era mesmo assim,aliás nunca ninguém deixara algumavez de comer as entradas. É claroque nós deixámos, as entradas e oresto. E foram menos quatro refei-ções que eles serviram.São episódios absolutamente reais,contados com toda a exactidão, semalterar qualquer “nuance” só paraeventualmente ter mais graça. E de-ram-me que pensar. Numa tarde desol, e calor, na praia, de olhos fecha-dos, pensando no serviço público eno serviço privado. Muitos dos em-presários e funcionários privadosque nós temos são assim. Desde queganhem o que acham suficiente, estátudo bem. E muitos dos quecontactam com o público assumemlogo a arrogância do fraco que de-tém ocasionalmente algum poder.Nem que seja o de dizer “Não te-mos, não há, tem de esperar”. Istonão é, pois, apanágio dos funcioná-rios públicos, como agora está namoda apregoar-se a torto e a direi-to. Esses ao menos ainda podempreocupar-se com a carreira, e apromoção, na esperança de um diaserem chefes de secção, ou direc-tores, sei lá. No privado é o lucroque conta, é o que se ganha – e pa-rece que nalguns casos nem isso.Frequentemente são empregadoscom pouca diferenciação, para fica-rem mais baratos, contratados aprazo, e curto, que no fim do con-trato sabem que têm de procuraroutro emprego qualquer, para quêaplicar-se? Não há a ideia de servi-ço público, que qualquer estabele-cimento, empresa ou serviço, priva-

do embora mas aberto ao público,tem de ter. Claro que há muitas ehonrosas excepções, mas os factosque atrás relatei são, infelizmente, aregra. Pensem bem se não é assim.E na saúde? Poder-se-á pretenderbasear a saúde pública numa activi-dade privada deste calibre? “Ora, asaúde é diferente”, oiço dizer. E é.Os médicos são diferentes sim se-nhor, temos esta mística, ou defor-mação profissional, ou consciênciaprofissional, incrustada debaixo dapele, que nos incutiram nas Facul-dades de Medicina, nos internatos,no convívio uns com os outros, eque nos leva a querer sempre o me-lhor para os nossos doentes. Gos-tamos com certeza de ganhar di-nheiro, mas nunca à custa de deixardoentes por tratar, ou tratá-los mal,ou não os tratar da melhor manei-ra que soubermos e que constan-temente queremos aperfeiçoar,numa saudável competição inter--pares até. Da medicina privada nãovem decerto mal ao mundo, e é ob-viamente tão nobre e eficaz como ahospitalar. Mas o que pensar das em-presas privadas de saúde, ou das ins-tituições públicas empresarializadas,cujo fim passa, como qualquer em-presa privada, pelo lucro? Não secorrerá o risco de mais tarde oumais cedo – ou desde o início – seacabarem por enquadrar na activi-dade privada atrás descrita? Apre-sentando serviços privados que res-pondem só perante os desígnios eprojectos dos seus gestores, unsmais capazes ou ambiciosos queoutros, e perdendo toda a noção deserviço público? A tal noção que osnossos estabelecimentos privadosdum modo geral não têm.No XII Congresso de Medicina daOM, o Presidente da Entidade Re-

guladora de Saúde, nomeado peloactual governo, afirmou que “a ges-tão empresarial potencia desvios aointeresse público, ao focalizar-se nosobjectivos de rentabilidade e susten-tabilidade financeira”. E que os mé-dicos corriam riscos reais na suaprofissão como consequência des-te tipo de gestão.Tudo isto dá que pensar, não é ver-dade? Principalmente quando temosum sistema de saúde público quetem funcionado bem, e a baixo cus-to, diga o Senhor Ministro da Saúdeo que disser. O sistema de saúde quemenos gasta na Europa comunitáriados doze. E que foi apreciado pelaOMS, há apenas 5 anos, em 12º lu-gar no mundo, em 5º na “nossa”Europa. Mas é óbvio que o Gover-no quer gastar menos ainda com asaúde, entregando a despesa com elaem boa parte aos privados. Tudobem, até pode ser que isso possaser, mas o que há a ver é se essenovo sistema vai funcionar, pelo me-nos tão bem como aquele que sequer agora fazer desaparecer. Por-que se funcionar mal, lá estaremosnós, médicos, a ser acusados. Comoé costume. E também como é cos-tume, sem razão.

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Ivo C. acordou uns minutos antes dodespertador tocar. De imediatodesligou-o, levantou-se, vestiu o rou-pão e chegou-se à janela, abrindo-acompletamente. Em pleno Dezembroestava um radioso dia de Inverno, oSol nascera e nem uma nuvem se ob-servava no seu campo de visão. Tam-bém a temperatura era amena paraa época. Ivo C. respirou fundo e du-rante escassos minutos ficou a ob-servar a cidade que se estendia à suafrente. Por fim voltou para dentro edirigiu-se à cozinha para preparar opequeno-almoço.Foi então que tomou consciência quealgo de novo acontecera nestes pri-meiros minutos do novo dia que ago-ra começava. Habitualmente o seudespertar era penoso, deixava-se es-tar algum tempo na cama procuran-do a coragem necessária para se le-vantar e quando o conseguia, sono-lento e mal disposto, só assuntos de-sagradáveis lhe tomavam o espírito.Mas nesse dia tudo se passara de ma-neira diferente, levantara-se em pou-cos segundos e sentia-se desoprimido,apetecia-lhe sair, ver gente e tomar ocafé do meio da manhã com os seuscolaboradores e os jovens internosdo Serviço que chefiava.Resolveu ir tomar o pequeno-almoçona pastelaria em frente, como às ve-zes fazia, na sua qualidade de homemsolteiro que vivia sozinho. Arranjou--se rapidamente e saiu.Junto à porta do estabelecimento es-tava o engraxador que todos os diasassentava lá a sua modesta aparelha-gem do ofício. Ivo, às vezes, quandotinha tempo, engraxava aí os sapa-tos. O homem cumprimentou-o,como habitualmente, dizendo:– Bom dia, Senhor Doutor!– Como está, Senhor Joaquim? Estáum lindo dia …como vai a sua mu-lher, está melhor?O engraxador olhou-o espantado, de-morando algum tempo a responder:

Um dia Diferente

C O N T O S

– Vai melhorzinha, graças a Deus,muito obrigado pelo seu cuidado.Quer engraxar os sapatos?– Não obrigado, agora não tenhotempo, talvez logo à tarde, quandovier do Hospital.Com um aceno amigável despediu--se e entrou na pastelaria.Aí estacou, passara-se outro facto in-sólito, há anos que conhecia o en-graxador e nunca trocara com elemais do que um curto cumprimento,às vezes adicionado daquelas palavrasbanais, muito estafadas, como “estáum lindo dia” ou coisa idêntica. Sa-bia o nome do homem porque oouvira a alguém mas nunca o utiliza-ra. Também sabia da doença da mu-lher porque dias antes, enquantoengraxava os sapatos, um amigo ouconhecido do dito Senhor Joaquimacercara-se dele e perguntara-lhe sea mulher estava melhor.Decididamente, estavam-se a passarnesse dia coisas estranhas que nãoconseguia explicar.Recomeçou a andar. Normalmentetomava o pequeno-almoço ao balcãoporque dispunha de pouco tempomas hoje, como se despachara maiscedo, resolveu sentar-se a uma mesae foi o que fez.A empregada de serviço às mesas, ajovem Alice, veio perguntar-lhe o quedesejava. Ivo C. já há muito que re-parara na discreta beleza da rapari-ga, pois não era insensível aos en-cantos femininos, contudo nunca sedera ao trabalho de observar aten-tamente os dotes da moça, mas des-ta vez apeteceu-lhe observá-la commais atenção. Era de facto muitobonita, de pequena estatura, corpoharmonioso e face fresca onde bri-lhavam uns lindos olhos cinzentosclaro que ficavam bem com o seucabelo também claro, sem ser louro.Apercebeu-se de que se lhe tives-sem perguntado, uns dias antes, deque cor eram esses olhos, não sabe-

ria responder, nunca reparara. Deci-didamente, hoje era o dia das reve-lações.Distraído com os seus pensamentosnão respondeu à pergunta sobre oque desejava. Ela repetiu-a num tommais seco, não parecendo muitoagradada com a observação atentade que estava a ser alvo. O médicoapressou-se a responder:– Desculpe, estava distraído, eu que-ro a mesma coisa do costume…mastalvez adoçada com um bolo, o queé que me aconselha? E sorriu comsimpatia, sem nenhum atrevimentono olhar.A jovem susteve o que lhe apeteciadizer: “Eu bem vi por que é que es-tava distraído!”, e disse:– Talvez um “indiano de café”, sãosempre muito bons e acabaram desair, estão fresquinhos.– Óptimo! Traga-me então isso.A jovem empregada fez um gesto deassentimento e sorriu por sua vezpois é difícil ficar indiferente a umsorriso simpático.Ivo C. saiu da pastelaria confortadocom o seu pequeno-almoço e aindamais, com o ambiente desanuviadoque descobria à sua volta, a primeiravez que isso acontecera nas vezessem conta que lá estivera.

Menos de meia hora depois estava aentrar na cerca do Hospital e dirigiuo carro para o lugar cativo de queusufruía no parque de estacionamen-to, perto da porta do banco de ur-gências por onde costumava entrar,que dava acesso fácil ao seu Serviço.Arrumou o carro, desligou a ignição,casualmente olhou pelo espelhoretrovisor e alguma coisa lhe chamoua atenção. Para ver bem abriu o vidrodo carro, virou-se um pouco para tráse olhou melhor. O que viu pareceu--lhe um quadro com duas figuras hu-manas: um homem novo, de cabelosmuito louros mas baços, vestindo cal-

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ças de ganga bastante usadas, camisade cor indefinida que pouco o deviaproteger do frio daquele bonito diade Inverno e sapatos de ténis. O jo-vem caminhava lentamente, trazendouma criança pela mão. Aparentavatrinta e poucos anos mas devia sermais novo. Seria um belo rapaz se nãofosse uma ruína, e o que mais impres-sionou o médico foi a sua caraescalavrada, com uma expressão desofrimento e angústia. Caminhavadevagar, muito devagar, fazendo umenorme esforço para se deslocar, atodo o momento parecia que as suaspernas se iam abaixo, fazendo-o cair.Aquele homem deve ter sofrido gran-des privações e provavelmente estámuito doente – pensou Ivo C.A sua atenção virou-se em seguidapara a sua pequena acompanhanteque seguia a seu lado, dando-lhe amão. Era uma rapariguinha de 7 a 8anos que dir-se-ia ser o retrato da-quele homem quando tinha a idadedela. O seu cabelo de ouro brilhavaao sol com uma luminosidadeinvulgar. Vestia da mesma maneiramas um pequeno casaco de lã finaprotegia-a do frio e as suas roupastambém estavam em melhor estado.Parecia uma figura gentil mas olhan-do-a com mais atenção logo notounaquela criança a sua expressão detristeza; de vez em quando erguia a

cabeça e olhava para o pai (não sepodia duvidar do parentesco) e noseu olhar passava uma nuvem de in-quietação e desalento.Pareciam dirigir-se para o Serviço deUrgência, demoraram uma eternida-de mas chegaram, transpuseram aporta e deixaram de estar visíveispara o atormentado Dr. Ivo C. queem momento algum desviou a vistados dois, perdido em mil cogitações.– Olá Ivo! Mas o que é que tens?Pareces transtornado, estás doenteou viste Satanás em pessoa?A voz provinha de um homem de as-pecto prazenteiro que se debruçarae se encostava à porta do carro,aproveitando o facto do vidro estardescido.Ivo pareceu acordar de um sonho,reconheceu o seu colega e amigo deinfância, João T., e disse-lhe:– Entra e senta-te aqui ao meu lado,preciso de te contar tudo o que deestranho me tem acontecido hoje.O amigo fez-lhe a vontade, durantecerca de vinte minutos ouviu aten-tamente a estória, com todos os de-talhes, sem interromper uma só vez.Ivo terminou o relato e acrescentou:– Este foi um dia diferente, comonunca vivi em toda a minha vida. Oseu significado não sei.– Nem sempre podemos compreen-der tudo o que nos acontece, mas

foi, de facto, um dia diferente – co-mentou João T. – para o bem e parao mal foi o dia em que te humani-zaste, na acepção global da palavra;tens vivido muito virado para ti mes-mo. Terá, a experiência por que pas-saste, ficado para sempre vincada natua personalidade? De acordo como livre arbítrio, em que acredito, issovai depender muito de ti.– Agora vamos entrar que já esta-mos atrasados – acrescentou eleapós um momento de silêncio – oschefes devem dar o exemplo de pon-tualidade.Pouco depois, de braço dado, entra-vam no Hospital.

Lisboa, 4 de Maio de 2006

Pedro Abranches

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C U L T U R A

Depois da sua exposição individual de pintura na galeria daSecção Regional do Sul da Ordem dos Médicos, que decor-reu em Abril, Pantoja Rojão expõe no AutoClube Médicoem Lisboa. Esta exposição individual de pintura, subordina-da ao tema ‘Inquietude’, estará patente ao público de 15 a

27 de Novembro de 2006.AutoClube MédicoDe Segunda a Sexta, das 10h às 13h e das 14h às 18hAv. Elias Garcia nº 123, 1º esq. – LisboaTelef.: 21 780 21 90

Pantoja Rojão expõe no AutoClube Médico

Cursos sobre Medicina AntigaMuseu Nacional de Arqueologia

Maria do Sameiro Barroso vai ministrar dois cursos sobreMedicina Antiga no Museu Nacional de Arqueologia, noâmbito do GAMNA - Grupo de Amigos do Museu Nacio-nal de Arqueologia:

• 24 e 25 de Novembro de 2006 (manhãs e tardes):Saúde e Medicina no Mundo Greco-Romano (conjuntamen-te com o Prof. Álvaro Figueiredo)• 26 de Fevereiro e 5 de Março de 2007 (das 17 às 20h):Medicina e História da Mulher na Antiguidade

Maria José EscolásticoLuís ArturCecília Guimarães

A Galeria da Secção Regional do Sulda Ordem dos Médicos tem o prazerde exibir uma exposição colectiva depintura com os artistas Maria JoséEscolástico, Luís Artur e Cecília Gui-marães.Esta exposição estará patente ao pú-blico até ao final do mês de Outubro,seguindo-se-lhe uma exposição indivi-dual de João Cutileiro.

Av. Almirante Gago Coutinho, 1512.ª a sábado, das 10 às 22 horas

Exposições de Pintura na Ordem dos Médicos

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C U L T U R ALivros

Medical - Lista de ProdutosMcGraw Hill

Manual de Urgências e EmergênciasPedro Ponde; Jorge TeixeiraLidel

Dicionário de palavras frequentesem OncologiaSociedade Portuguesa de OncologiaLiga Portuguesa Contra o Cancro

Catálogo McGraw Hill 2006-2007McGraw Hill

Cirurgia - Patologia e ClínicaC. Alves Pereira; Joaquim HenriquesMcGraw Hill

O Senhor ComendadorCândido FerreiraPadrões Culturais Editora

Eu CamilloAntónio TrabuloA. M. Pereira

Catálogo Textos MedicinaMcGraw Hill

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AAAAA G E N DG E N DG E N DG E N DG E N D AAAAA

PATROCÍNIOS CIENTÍFICOS - 2006

EVENTOS: 3º Curso de ventilação Mecânica no recém –Nascido: Ventilação Sincronizada, com pressão de suportee volume garantidoLOCAL: Hospital de Dona EstefâniaDATA: 16 e 17 de Outubroorganização/Contacto: Uniidade de Cuidados Intensi-vos Neonatais; Hospital D. estefânia; Tel- 21 312 66 13; Email:[email protected]

EVENTOS: III Jornadas de Saúde da Unidade D- Todosjuntos pela SaúdeLOCAL: Hospital Fernando FonsecaDATA: 17 e 18 de Outubro; Centro de Saúde do Cacém;Tel-21 918 89 00

EVENTOS: II Congresso Luso_brasileiro de Medicina In-ternaLOCAL: Rio de JaneiroDATA: 17 a 19 de Outubroorganização/Contacto: Associação médica de Coopera-ção Lusófona e Iberoamericana; Email:[email protected]

EVENTOS: XXVI Congresso Nacional de Ortopedia eTraumatologiaLOCAL: Centro de Congressos da Alfândega – PortoDATA: 18 a 20 de Outubroorganização/Contacto: Sociedade portuguea de Orto-pedia e Traumatologia – SPOT; Tel. 21 – 895 86 66; Fax: 21895 86 67; E-mail: [email protected] ou [email protected]

EVENTOS: V Congresso IberoAmericano de NefrologiaLOCAL: MadridDATA: 18 a 21 de Outubroorganização/Contacto: Amgen Farmacêutica; Tel: 21 –422 05 50; Fax: 21 – 422 05 55

EVENTOS: Congresso de Reabilitação – Conhecer o pre-sente, Inovar o FuturoLOCAL: Hospital Sobral Cid - CoimbraDATA: 19 e 20 de Outubroorganização/Contacto: Serviço de Reabilitação – Hos-pital Sobral CID; Apartado 1; Tel. 239 796 400 Ext: 385; Fax:239 437 000

EVENTOS: 9ªs Jornadas de Diabetes da Madeira eSimpósio Satélite de Patologia TiroideiaLOCAL: Hotel Savoy – FunchalDATA: 19 e 20 de Outubroorganização/Contacto: Serviço de Endocrinologia; Hos-pital Central do funchal; Hospital dos Mameleiros; Tel-291783 205; email:[email protected]

EVENTOS: 14th United European Gastrenterology WeeKLOCAL: Berlim

DATA: 21 a 25 de Outubroorganização/Contacto: Ferring; Tel. 21 940 51 - Fax: 21 -940 52 09

EVENTOS: VI Jornadas de Saúde do Centro de Saúde deSacavémLOCAL: Casa da Cultura de sacavémDATA: 23 e 24 de Outubroorganização/Contacto: Admédic; Tel. 21 – 841 89 50 ;email: [email protected]

EVENTOS: XLVIII Reunión Nacional AEHH & XXII Con-gresso Nacional SETHLOCAL: GranadaDATA: 26 a 28 de Outubroorganização/Contacto: Amgen Farmacêutica; Tel: 21 –422 05 50; Fax: 21 – 422 05 55EVENTOS: XIV Congresso Português de AteroscleroseLOCAL: Tivoli Marinotel (Vilamoura)DATA: 26 a 28 de Outubroorganização/Contacto: Sociedade portuguesa de Ate-rosclerose; Tel-21 7264 644; email: [email protected]

EVENTOS: 1st World Congress on Controversies inObesity Diabetes and HypertensionLOCAL: BerlimDATA: 26 a 29 de Outubro

EVENTOS: XII Jornadas de Cardiologia de SantarémLOCAL: Hotel dos Templarios (Tomar)DATA: 27 e 28 de Outubroorganização/Contacto: Serviço de Cardiologia do Hos-pital de Santarém; Tel- 243 30 02 78 ; Email: [email protected]

EVENTOS: 1º Curso de Pós-Graduação em Doenças In-fecciosasLOCAL: Auditório da GlaxoSmithKline – LisboaDATA: 16 de Outubro a 29 de Janeiro de 2007organização/Contacto: GlaxoSmithKline; Tel: 21 – 41295 00; Fax: 21 412 01 74

EVENTOS: 3º Curso de Formação Contínua em Pedia-tria “Encontros à Sexta –Feira”LOCAL: Hospital Geral de Santo António - PortoDATA: 13 de Outubro a 1 de Junho de 2007organização/Contacto: Serviço de Pediatria do Hospitalde santo António – Porto; Departamento da Mulher e daCriança

EVENTOS: III Reunião de Risco Cardiovascular do Hos-pital de Santarém, SALOCAL: Corinthia Santarém HotelDATA: 3 e 4 de Novembroorganização/Contacto: Hospital de Santarém; Serviçode Medicina 1; Tel: 243-300 200

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AAAAA G E N DG E N DG E N DG E N DG E N D AAAAA

EVENTOS: 48th ASTRO Annual MeetingLOCAL: FiladélfiaDATA: 5 a 9 de Novembroorganização/Contacto: Amgen Farmacêutica; Tel: 21 –422 05 50; Fax: 21 – 422 05 55

EVENTOS: XViii Congresso Mundial de Ginecologia eObstetriciaLOCAL: Kuala LumpurDATA: 5 a 10 de Novembroorganização/Contacto: Bio-Saúde; Tel: 21-722 61 10; Fax:21 – 722 61 19

EVENTOS: IX Jornadas da Unidade de Saúde da Costado SolLOCAL: Centro de Congressos do EstorilDATA: 6 e 7 de Novembroorganização/Contacto: Prestige-Eventos e Comunicação;Tel-21 4406930

EVENTOS: 10º Congresso português de ObesidadeLOCAL: Centro de Congressos Porto palácio (Porto)DATA: 9 a 11 de Novembroorganização/Contacto: Sociedade Portuguesa para o es-tudo da Obesidade; Tel-21 390 40 65; Email: [email protected]

EVENTOS: XI Simpósio Sobre Doença BipolarLOCAL: Hotel Marriot (Lisboa)DATA: 10 e 11 de Novembroorganização/Contacto: Ideias ao Quadrado; tel-21 71210 10; email:[email protected]

EVENTOS: 4th Edition of Appropriate ChemotherapyOptimal ResultsLOCAL: NiceDATA: 10 a 11 de Novembroorganização/Contacto: Amgen Farmacêutica; Tel: 21 –422 05 50; Fax: 21 – 422 05 55

EVENTOS: 3º Encontro de Ética e Parcerias de MedicinaGeral e FamiliarLOCAL: Porto Seguro – BrasilDATA: 11 a 18 de Novembroorganização/Contacto: MCL; Rua Nau Catrineta, 310.4-4 Dtº; 1990/186 Lisboa; Tel. 91-662 81 50/96-600 7474;E-mail: [email protected]

EVENTOS: 28TH Congress of the Société Internationaled’Urologie (SIU 2006)LOCAL: Cape TownDATA: 12 a 16 de Novembroorganização/Contacto: Bio-Saúde; Tel: 21-722 61 10; Fax:21 – 722 61 19

EVENTOS: Reunião Annual da Sociedade Portuguesa de

HematologiaLOCAL: ViseuDATA: 16 a 18 de Novembroorganização/Contacto: Veranatura; Tel: 21-712 07 78

EVENTOS: Jornada Internacional Multidisciplinar de Me-dicina Interna, Medicina General, Nefrologia e UrologiaLOCAL: Buenos AiresDATA: 21 a 23 de Novembroorganização/Contacto: Associação médica de Coopera-ção Lusófona e Iberoamericana; Email:[email protected]

EVENTOS: III Jornadas de Psiquiatria e saúde Mental – Aoutra Margem da Saúde MentalLOCAL: Auditório Municipal Augusto Cabrita – BarreiroDATA: 23 e 24 de Novembroorganização/Contacto: AstraZeneca; Tel: 21 – 434 57 80 ;Email: [email protected]

EVENTOS: 7º Simpósio do Núcleo de Estudos da DoençaVascular CerebralLOCAL: PortoDATA: 24 e 25 Novembroorganização/Contacto: SPMI; Tel: 21 752 05 70/8; E--mail.:[email protected]

EVENTOS: XIII Jornadas de Medicina Interna do CentroHospitalar de SetúbalLOCAL: Novotel (setúbal)DATA: 24 e 25 de Novembroorganização/Contacto: Admédic ; Tel. 21 – 841 89 50;email: [email protected]

EVENTOS: 19º Curso de doenças HapatobiliaresDATA: 24 e 25 de Novembroorganização/Contacto: Serviço de Medicina III; HUC; Tel--239 400 439

EVENTOS: IV Simpósio Internacional da Sociedade Por-tuguesa de Doenças Metabólicas (SPDM)LOCAL: Crowne Plaza Resort Madeira - FunchalDATA: 24 e 25 de Novembroorganização/Contacto: Fac. Farmácia da UL – Sede daSPDM; Tel: 21 794 64 00 ; Email: [email protected]

PATROCÍNIOS CIENTÍFICOS - 2006