s u m Á r i o ficha técnica

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S U M Á R I O Ficha Técnica Ano 22 – N.º 66 – Março 2006 PROPRIEDADE: Centro Editor Livreiro da Ordem dos Médicos, Sociedade Unipessoal, Lda. SEDE: Av. Almirante Gago Coutinho, 151 1749-084 Lisboa Tel.: 218 427 100 Redacção, Produção e Serviços de Publicidade: Av. Almirante Reis, 242 - 2.º Esq.º 1000-057 LISBOA E-mail: [email protected] Tel.: 218 437 750 – Fax: 218 437 751 Director: Pedro Nunes Directores-Adjuntos: José Moreira da Silva José Manuel Silva Isabel Caixeiro Directora Executiva: Paula Fortunato Redactores Principais: Miguel Guimarães, José Ávila Costa, João de Deus e Paula Fortunato Secretariado: Miguel Reis Dep. Comercial: Helena Pereira Dep. Financeiro: Maria João Pacheco Dep. Gráfico: CELOM Impressão: SOGAPAL, Sociedade Gráfica da Paiã, S.A. Av.ª dos Cavaleiros 35-35A – Carnaxide Inscrição no ICS: 108374 Depósito Legal: 7421/85 Preço Avulso: 1,6 Euros Periodicidade: Mensal Tiragem: 32.000 exemplares (11 números anuais) Ficha Técnica Médicos REVISTA Ordem dos Nota da redacção: Os artigos de opinião e outros artigos assinados são da inteira responsabilidade dos autores, não representando qualquer tomada de posição por parte da Revista da Ordem dos Médicos. 64 OPINIÃO – RIM OPINIÃO – RIM OPINIÃO – RIM OPINIÃO – RIM OPINIÃO – RIM A viagem do RIM Por Rui Guimarães 68 LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO Resumo da Legislação publicada em Janeiro e Fevereiro 70 AGEND GEND GEND GEND GENDA Patrocínios Científicos 4 EDIT EDIT EDIT EDIT EDITORIAL ORIAL ORIAL ORIAL ORIAL 6 EDIT EDIT EDIT EDIT EDITORIAL ORIAL ORIAL ORIAL ORIAL Na Ordem do Dia 10 INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO Parecer sobre “limitações da liberdade de prescrição pelas farmácias hospitalares” 16 ACTU CTU CTU CTU CTUALID ALID ALID ALID ALIDADE ADE ADE ADE ADE Cuidados primários, reforma e qualidade 20 Ordem dos Médicos homenageia doutores-palhaços 24 Unidades de Saúde Familiar 26 III Congresso Nacional Médico Interno 28 OPINIÃO OPINIÃO OPINIÃO OPINIÃO OPINIÃO De novo «acerca da “Medicina baseada na evidência”» Por António M. M. Henriques Carneiro 31 REGULAMENT REGULAMENT REGULAMENT REGULAMENT REGULAMENTO DO O DO O DO O DO O DO INTERNA INTERNA INTERNA INTERNA INTERNATO MÉDICO O MÉDICO O MÉDICO O MÉDICO O MÉDICO 55 ACTU CTU CTU CTU CTUALID ALID ALID ALID ALIDADE – RIM ADE – RIM ADE – RIM ADE – RIM ADE – RIM Têm a palavra os médicos internos... 60 Reunião Geral de Colégios

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S U M Á R I OFicha Técnica

Ano 22 – N.º 66 – Março 2006

PROPRIEDADE:

Centro Editor Livreiro da Ordemdos Médicos, Sociedade Unipessoal, Lda.

SEDE: Av. Almirante Gago Coutinho, 1511749-084 Lisboa • Tel.: 218 427 100

Redacção, Produçãoe Serviços de Publicidade:

Av. Almirante Reis, 242 - 2.º Esq.º1000-057 LISBOA

E-mail: [email protected].: 218 437 750 – Fax: 218 437 751

Director:Pedro Nunes

Directores-Adjuntos:José Moreira da Silva

José Manuel SilvaIsabel Caixeiro

Directora Executiva:Paula Fortunato

Redactores Principais:Miguel Guimarães, José Ávila Costa,

João de Deus e Paula Fortunato

Secretariado:Miguel Reis

Dep. Comercial:Helena Pereira

Dep. Financeiro:Maria João Pacheco

Dep. Gráfico:CELOM

Impressão: SOGAPAL, Sociedade Gráfica da Paiã, S. A.Av.ª dos Cavaleiros 35-35A – Carnaxide

Inscrição no ICS: 108374Depósito Legal: 7421/85Preço Avulso: 1,6 EurosPeriodicidade: Mensal

Tiragem: 32.000 exemplares(11 números anuais)

Ficha Técnica

MédicosREV

IST

A

Ordem dos

Nota da redacção: Os artigos de opinião e outros artigos assinados são dainteira responsabilidade dos autores, não representando qualquer tomada deposição por parte da Revista da Ordem dos Médicos.

64 OPINIÃO – RIMOPINIÃO – RIMOPINIÃO – RIMOPINIÃO – RIMOPINIÃO – RIM

A viagem do RIMPor Rui Guimarães

68 LEGISLAÇÃOLEGISLAÇÃOLEGISLAÇÃOLEGISLAÇÃOLEGISLAÇÃO

Resumo da Legislaçãopublicada em Janeiro eFevereiro

70 AAAAAGENDGENDGENDGENDGENDAAAAA

Patrocínios Científicos

4 EDITEDITEDITEDITEDITORIALORIALORIALORIALORIAL

6 EDITEDITEDITEDITEDITORIALORIALORIALORIALORIAL

Na Ordem do Dia

10 INFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃO

Parecer sobre “limitaçõesda liberdade de prescriçãopelas farmáciashospitalares”

16 AAAAACTUCTUCTUCTUCTUALIDALIDALIDALIDALIDADEADEADEADEADE

Cuidados primários,reforma e qualidade

20 Ordem dos Médicoshomenageiadoutores-palhaços

24 Unidades de SaúdeFamiliar

26 III Congresso NacionalMédico Interno

28 OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

De novo «acerca da“Medicina baseada naevidência”»Por António M. M. HenriquesCarneiro

31 REGULAMENTREGULAMENTREGULAMENTREGULAMENTREGULAMENTO DOO DOO DOO DOO DOINTERNAINTERNAINTERNAINTERNAINTERNATTTTTO MÉDICOO MÉDICOO MÉDICOO MÉDICOO MÉDICO

55 AAAAACTUCTUCTUCTUCTUALIDALIDALIDALIDALIDADE – RIMADE – RIMADE – RIMADE – RIMADE – RIM

Têm a palavra os médicosinternos...

60 Reunião Geral de Colégios

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E D I T O R I A L

Vilamoura no Inverno

Março foi um bom mês. Para além de alguns percalços pessoais que não vêm ao caso, digerimos a portariados internatos, fomos a Vilamoura ao Congresso da Medicina Familiar e participámos no Porto noCongresso Nacional de Medicina.

Foram momentos a merecer notas de editorial que, por óbvias razões de espaço, têm de ser distribuídos pormais de um número da ROM.Sobre o Regulamento do Internato já muito foi dito. Publica-se agora na íntegra para que todos os que seinteressam pelo futuro da Medicina possam ler.Não tenho por hábito a autocongratulação. Também considero pouco avisado tudo transformar em lutas, comvitoriosos e óbvios vencidos. Considero mesmo que a visão maniqueísta do Mundo, em que uns ganham eoutros perdem, é uma visão de menoridade intelectual que pode ser útil para governar os povos, para enriquecerou para dirigir um clube de futebol, mas é “poucochinho” para justificar uns quantos anos de existência.Recuso assim qualquer associação pessoal ou da actual direcção da Ordem aos resultados. Só eles interessamem si mesmos e na medida em que possam garantir que os próximos especialistas têm melhor formação do quenós tivemos e serão melhores profissionais que nós somos. Aos colegas caberá julgar...Também este mês se lançou o debate sobre “Carreiras Médicas”. É um tema incontornável dos próximos anos.No fundo o desafio é simples: ou tomamos nas mãos o nosso destino ou outros o tomarão por nós, subordinadosa interesses que não são os nossos, movidos por outras agendas.Vilamoura foi um facto central no mês. Mais uma vez a Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geralrealizou o seu encontro anual. Impedido no ano passado por uma alteração de última hora, da responsabilidadedo Ministro, que inviabilizaria um compromisso já assumido em Bruxelas, não quis este ano deixar de estarpresente.Pese embora ter decidido evitar a maioria dos convites para abertura de Congressos das múltiplas SociedadesCientíficas, pelo óbvio motivo que se todos aceitasse nada mais faria que funções sociais, faltando ao compromissoque assumi convosco quando me candidatei ao lugar, a este não poderia faltar. Por um lado, porque pelo númerodos seus especialistas, o Colégio de Medicina Geral e Familiar é um dos mais robustos da Ordem e, por outro,porque tenho como critério deslocar-me preferencialmente a Congressos de Especialidades que se confrontemcom transformações ou desafios que recomendem o assumir claro de posições da Ordem.Confesso que me desgostam certos hábitos actuais inerentes à realização de Congressos que em meu entendernada dignificam os médicos e muito contribuem para a crítica com que constantemente somos confrontados.Refiro-me como compreendem às autênticas feiras de medicamentos que algumas Sociedades deixam que seestabeleçam durante os seus eventos. Isto para não falar das acções de puro “marketing” e de algum excesso dedeferência para com patrocinadores que ultrapassa as regras do decoro. Neste particular os hábitos destaAssociação não recomendariam a minha presença.Claro que não sou ingénuo e compreendo as regras do jogo económico e a forma de ganhar dinheiro e sustentaros hábitos de conforto. Também não é suposto ser um fundamentalista crítico da Indústria Farmacêutica, pelocontrário, reconheço que sem ela nada do que hoje contamos como vitórias, existiria. Mas em tempos decontenção, quando a própria Indústria se vê na contingência de apertar o cinto e o Governo parece, por fim,confiar nos médicos, há que ter decoro e acabar com hábitos que já fizeram a sua época.A Ordem dos Médicos exige com total intransigência a liberdade de prescrição de todos os médicos, não toleraqualquer forma de discriminação que condicione a certas especialidades a prescrição de determinadosmedicamentos e opõe-se definitivamente a qualquer associação entre remuneração e prescrição. Porque queremoscontinuar a defender estes princípios, não poderemos deixar de criticar todos os excessos que só menorizam osmédicos e que a todos afectam, pois todos fazemos parte da mesma Classe.Neste particular, e com a consideração que me merecem alguns dirigentes de Associações e Sociedades Científicas,

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Pedro NunesE D I T O R I A L

entre as quais a da Clínica Geral, espero que certas práticas mudem parabem de todos nós. Os interesses financeiros de alguns não poderãosobrelevar o interesse geral.De qualquer forma, este ano, qualquer que fosse o enquadramento, nãopoderia deixar de estar presente. A Medicina Geral e Familiar atravessaum momento particularmente complexo da sua evolução. Peça centralque é na orgânica do nosso Sistema de Saúde, a reforma em curso afectarátodo o exercício da Medicina e mesmo a “performance” do nosso ServiçoNacional de Saúde.Interessado que sempre fui pelas questões da Medicina Familiar,especialidade que noutro enquadramento da minha vida pessoaleventualmente teria escolhido, tenho acompanhado o processo deconcepção e implementação da Reforma. Na medida do que à Ordemcompete, tenho procurado facilitar a tarefa seguramente complexa delevar o processo a bom porto.Porque acredito que é possível melhorar, entendi que devia falar comclareza a todos os colegas presentes em Vilamoura. O discurso que proferitraduz a esperança, a dúvida, a identificação das dificuldades. Penso queesconder obstáculos, tentando todos mover na direcção que meia dúziade iluminados pré determinou, é unicamente demonstração de falta deinteligência e profundo desrespeito pelos outros. Para manobras desteteor já todos sabiam que não poderiam contar comigo.Para além do mais estaria presente o Ministro, e o mínimo que o respeitoque o Prof. Correia de Campos me merece, obriga-me a falar-lhe comverdade. Não sendo candidato a qualquer lugar de nomeação hoje, comosempre, não preciso de ser amável, fazer fretes ou oferecer ramos deflores. Como representante que sou de todos os médicos, por muito queisso custe a alguns, cumpre-me interpretar a sua vontade e em seu nomefalar ao poder político. Estou seguro que os governantes com valor tambémpreferem ouvir as verdades com sensatez e educação e sabem ser inúteispara si próprios exercícios de bajulação.As inúmeras interrupções com palmas que as minhas palavras mereceramda parte dos colegas presentes na sala sensibilizaram-me e deram-me acerteza de ter avaliado bem o que importava no momento. Conhecendocomo conheço os colegas, sei que se não tivesse razão não hesitariam emmostrar-mo como já antes fizeram até a um Ministro.Neste contexto ainda estou estupefacto com a reportagem que alguém,que se considera jornalista, entendeu fazer no “órgão oficial da apmcg”,imaginando existirem “claques” na sala a determinar as palmas e tudo seenquadrar numa qualquer estratégia para futuras eleições. Não concebendoque a intenção deliberada fosse ofender-me, já que é sabido que só meofende quem eu atribuo valor para tanto, considero tal reportagem ofensivaefectivamente para as centenas de médicos presentes na sala e queespontaneamente manifestaram ao Ministro o que pensam do assunto.Como não imagino que tal ataque soez seja puramente uma manifestaçãode despeito de alguém que se julgava dono dos médicos, aguardo a tomadade posição formal da direcção da APMCG e respondo simplesmente com:“o bom julgador por si se julga...”

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E D I T O R I A LNa Ordem do Dia

TSF 20

Foi uma semana atípica. Na ordem do dia esteve um facto menore quase passou despercebido um evento de enorme significado.

Foi notícia a hipotética venda do IPO de Lisboa cujos terrenosem área apetecível permitirão a construção de um novo Hospitalem zona de menor pressão urbanística. A equação parece eviden-te e não fora as costumeiras derrapagens no acto de construir eas pouco explicáveis desvalorizações no acto de vender que agestão da coisa pública nos tem habituado, este mais não seriaque um mero e não noticiável facto corrente.

O que mereceria, mas não teve, maior destaque foi a confe-rência do INFARMED, este ano subordinada à temática do “Es-tatuto do Medicamento”...

Mereceria maior destaque, não só porque o INFARMED, estrutu-rado por Aranda da Silva nos anos noventa e posteriormente ge-rido por gente de valor como Rui Ivo ou Vasco Maria, é umainstituição incontornável na área da Saúde, como porque o temaé da maior relevância.

Sendo o consumo de medicamentos uma das rúbricas mais signi-ficativas do orçamento da Saúde é simultaneamente das rubricasmenos controláveis.

Por entre as habituais cortinas de fumo dos comentadores encar-tados tende a esconder-se que Portugal é o país da Europa aquinze que menos gasta em medicamentos. Tal facto não altera arealidade e esta cada vez mais é a da transferência de decisãopara o nível comunitário com o consequente estreitamento doespaço do pequeno truque com que países como o nosso desdesempre foram espremendo a carteira.

O “Estatuto do Medicamento”, documento que entre outrasvirtualidades visa transcrever para o direito português legislaçãoeuropeia já publicada, é, assim, um óptimo tema de reflexão.

Desde logo permite perceber que a impoluta Europa é tão sensí-vel como outras mais quentes latitudes ao medrar do inexplicável.

O prodígio da matéria é o tratamento dado aos produtos homeo-páticos que identificados como medicamentos, num aparente de-sejo de certificação de qualidade e seriedade, logo de seguida vêemdispensada a prova de eficácia. Não fora tal prova, impossível devencer por água que do químico só tem a memória, poder per-turbar a necessária comercialização, de tanta utilidade para a in-dústria de países motores deste nosso colectivo comboio.

Mas tirando estas minudências a que já nos vamos habituando epara as quais é preciso ir ganhando da vida a necessária experi-ência, o documento é, até ver porque ainda não publicado, umbom documento.

Desde logo porque clarifica o conteúdo do bilhete de identidadedo medicamento. Contrariamente a algumas estranhas versões

que chegaram a circular em “sites” oficiais, neste preconiza-se aidentificação do produto pela marca ou pelo produtor ou deten-tor de autorização de introdução no mercado.

Tal forma de identificação permite ao médico, a mandato doseu doente, escolher efectivamente que fármaco este vai to-mar e consequentemente assumir a responsabilidade e a vigi-lância inerente à recomendação.

Quero acreditar que o bom senso imperou e que alguém se aper-cebeu que transformar as farmácias portuguesas num imensohipermercado preenchido só com produtos de linha branca seriapoupadinho mas socialmente inaceitável.

Nunca acreditei que tais medidas tivessem qualquer utilidadeque não fosse um arriscadíssimo jogo em que ninguém jamaissoubesse o que estava realmente a tomar com todas as conse-quências em termos de roleta russa que só não é óbvio paraquem se recusa a ver.

A experiência de Portugal em confronto com outros países eoutras políticas é muito positiva e demonstra que quando se in-forma os médicos e se garante a qualidade estes tendem a recei-tar o mais económico. Pelo contrário quando se perturba a rela-ção de confiança a factura aumenta como os estrondosos dezoi-to por cento da vizinha Espanha provaram à sociedade.

Espera-se, agora, que com toda a consequência se altere oimpresso imbecil com que se receitam medicamentos no Ser-viço Nacional de Saúde. Há que acabar com o disparate dascruzinhas e a frase ofensiva do “não autorizo a dispensa demedicamento genérico”.

Em primeiro lugar porque não cabe aos médicos autorizar namedida em que a receita não é uma imposição mas meramenteum conselho que o doente segue na justa medida da confiançaque deposita.

Em segundo lugar porque não é sequer sonhável que o que omédico receitou e do que assumiu a responsabilidade com a suaassinatura possa ser alterado seja por quem for. A profissão defarmacêutico é demasiado importante para ser transformada nummero exercício de comércio na procura do lucro fácil e imediato,assumindo responsabilidades que no momento do tribunal nãoestá preparado para justificar.

Por uma questão de dignidade de todos é importante que uns eoutros se mantenham no âmbito daquilo para que têm prepara-ção e formação. Da mesma forma que seria inaceitável o médicofornecer directamente os medicamentos aos doentes deixando--se enredar na suspeição dos interesses comerciais, também nãoacredito que os farmacêuticos aceitassem menorizar a sua profis-são e brincar aos médicos.

O passo fundamental foi dado com o Estatuto agora em dis-cussão... ...resta aguardar pelas consequentes, e daí resultantes,medidas...

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Na Ordem do DiaE D I T O R I A L

TSF 21

Em semana em que o País empossou um novo Presidente da Re-pública a agenda da Saúde andou, naturalmente, discreta.

Aqui e ali, contudo, o Mundo seguiu o seu curso e como tem sidoaté aqui, também hoje é possível respigar alguns factos.

Desde logo o concorrido Encontro Nacional da Associação Por-tuguesa dos Médicos de Clinica Geral, a apresentação, mais umavez, do Relatório sobre a situação das Maternidades e a primeirapágina do Expresso a dar conta de ideias quanto à restruturaçãodas urgências.

Para alguns profetas para quem o imobilismo é a regra serácaso para dizer sobre este Ministério e parafraseando Galileu:...“e pur si muove”....

No primeiro dos eventos, local habitualmente difícil, as coisascorreram de feição ao Ministro. Em claro contraste com um ou-tro que ao apresentar um plano de Reforma dos Cuidados Primá-rios foi ouvido de pé, em constrangido silêncio e sem direito apalmas, Correia de Campos tinha garantida, à partida, a adesão demuitos e o silêncio cúmplice dos outros.

Claro que para este facto muito contribuiu ter colocado nos lu-gares chave do processo alguns representantes das várias corren-tes que atravessam a especialidade e a sensatez de propor a mu-dança como uma opção o que transformou a frontal oposiçãodos desconfiados num muito mais gerível esperar para ver.

Muito do que era necessário ser dito foi-o, e se os médicos ouvi-ram com atenção o Ministro é de crer que este também nãodeixou de os ouvir a eles.

Aliás é nesta matéria – o ouvir, mais que no falar, que este Minis-tério tem revelado qualidade. Assim aguardam-se com tranquili-dade próximos capítulos, na certeza que há da parte de uns e deoutros boa intenção e quando esta existe o acerto das condiçõescom os sindicatos será meramente uma questão de vontade. Quan-to aos aspectos técnicos e naturalmente aos éticos, pressupõe-sea Ordem ter dado o seu parecer antes de entrar em fase negocial.

A questão das Maternidades assistiu a mais um episódio, porsinal cópia de anteriores, de um baile mandado em que os com-portamentos são previsíveis do mais simples ao mais comple-xo passo da dança.

Do lado do Ministério agitam-se critérios técnicos que recomen-dam o fecho imediato de algumas e a reorganização a curto pra-zo de outras, do lado dos autarcas toca-se a reunir para ver se éao vizinho que calha em sorte o emagrecimento.

Em matéria que tanto puxa o brilho das espadas do regionalismoparoquial a carnificina antevê-se. Quando para lá da nebulosa dosnúmeros se entrar no concreto e se clarificar, preto no branco,quais as que fecham e quais as que se mantêm abertas, serão

inevitáveis as tradicionais formas da justa luta.

O mesmo se poderia dizer do terceiro tema – a Reforma dasUrgências. Neste, um médico sensato e coordenador de ór-gão técnico veio dizer o óbvio. Isto é, veio dizer que não setrata de uma questão de números de atendimentos mas deocupação de território. De garantir a todos os portugueses,porque afinal todos pagam os mesmos impostos, que seja qualfor o lugar em que vivam, terão um serviço capaz de reverteruma situação grave e emergente a menos de uma hora dedistância.

Para que isto seja possível no actual quadro de escassez de recur-sos financeiros e humanos só fechando uns, reorganizando ou-tros e logicamente fazendo alguns de novo...

Sem muita imaginação antevêem-se as habituais contas sobre agalinha da vizinha e os habituais protestos.

Todos sabendo que assim é a norma neste nosso jardim, perguntar--se-á porque vos estou a fazer perder tempo com estas temáticas.

Responderei que é sempre altura de acreditar que as coisas mu-dam e que o importante é tirar do passado as competentes lições.

No caso vertente a lição só poderá ser que a única forma defazer bem é como diz o provérbio – não olhar a quem. O mesmoé dizer que este tipo de reformas, realistas e na procura da eficá-cia, só acontecem se se estabelecer uma regra técnica fortemen-te apoiada na evidência. Há que ter a coragem de primeiro definira regra, explicando o porquê daquela e não de qualquer outra, edepois de definida aplicá-la sem olhar a filhos ou enteados.

Quando começam a aparecer as excepções por amizade, por apeloà terra dos avós ou por mera contabilidade político-partidária, aíestá tudo estragado, ninguém mais compreende coisa nenhuma ea Reforma acaba como todas as antecedentes – um papel guarda-do na prateleira das oportunidades perdidas...

TSF 22

Estava definitivamente com falta de inspiração e, contrariamenteao que é hábito, esta semana o Governo não ajudava.

O fecho das maternidades seguia o seu curso sem novidades outropeços de maior. Aparentemente o bom senso imperava e acontestação, se bem que esperada e natural, não me suscitavamotivo para esta crónica semanal.

Como sempre acontece nestas ocasiões, quando alguém que devefalar da realidade não encontra facto inspirador, a mesma realida-de impõe-se-lhe criando os factos necessários, por vezes mesmocom escusada abundância.

No meu caso estes consistiram numa inopinada e estúpida quedana entrada da Ordem que me fez passar rapidamente da condiçãode profissional à de utente do Serviço Nacional de Saúde.

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E D I T O R I A LNa Ordem do Dia

Com um pé devidamente fracturado, diagnóstico que não foi difí-cil de estabelecer nem exigiu complexos exames complementa-res, lá me convenci a deixar-me levar para o serviço de urgênciado Centro Hospitalar em que trabalho e viver a experiência dever a partir da horizontal os corredores que habitualmente per-corro na vertical.

Entre a triagem, o diagnóstico, a intervenção cirúrgica, o recobro,o transporte e o internamento noutra unidade e a alta, múltiplaspequenas histórias ficarão retidas na memória e poderiam servirde alavanca a pequenas crónicas como esta.

Quis, naturalmente fugir ao óbvio. Por um lado a banalidade domeu caso clínico, igual a milhares de outros que os hospitais tra-tam diariamente, não vos deve interessar por aí além, por outro aTSF não me dá tempo de antena para falar de mim próprio maspara perspectivar o que pode ser importante para o País.

Falar-vos de uma equipa médica eficaz, desembaraçada,tecnologicamente diferenciada e disponível não deveria ser im-portante porque é pressuposto todas as equipas serem-no. Alémdo mais ao dizê-lo poderiam sempre suspeitar que sendo eupessoa da casa poderia ter tido qualquer privilégio que pagariacom público elogio.

Falar-vos de equipas de enfermagem de gente jovem, altamenteprofissional, simpática e calorosa também não deveria merecernota pois é isso que se espera de todas as equipas de enferma-gem e o bilinguismo português e castelhano até dá um toquemais europeu nestas ocasiões.

Dizer-vos que todo o restante pessoal, dos técnicos aos auxilia-res, desempenhou com tranquilidade as suas funções tambémnão deveria ser notícia porque é dos livros que só é notícia oque corre mal.

Eivado então deste estado de crítica permanente que se esperade quem utiliza os meios de comunicação, deveria agora discor-rer sobre o que não esteve bem, do que faltou, dos direitosespezinhados deste intrépido utente.

Com jeito sempre se dirá que encontraria tema. Por exemplo osui generis estacionamento da ambulância sem telheiro protectorque assegura que o recém-operado, meio nu, passe do confortodo aquecimento central à climatização da chuvada deste país declima ameno. Por exemplo a estranha carência de uma toalha paralimpar depois do banho sumário.

Estou certo que com mais umas consultas de seguimento e umashoras em salas de espera apinhadas estaria suficientementeacicatado para debulhar um rol de lamentações, de críticasimpiedosas e de “estados a que isto chegou” para garantir a posi-ção adequada a comentador de matérias de Saúde.

Os acontecimentos estão, no entanto, muito frescos na memória.Ainda sinto a ansiedade que antecede a entrada no bloco opera-tório, a consciência da perda da autonomia, o momento em que

se passa de determinante das acções a sua vítima.

É talvez por essa consciência muito aguda, mais do domínio daemoção que da razão, que entendi dever elencar como tema dasemana esta pioneira experiência como utente do tão falado Ser-viço Nacional de Saúde.

Adequa-se aliás a temática porque na próxima quinta-feira come-ça o Congresso Nacional da Medicina este ano precisamente su-bordinado ao tema: Trinta anos de Serviço Nacional de Saúde,onde estamos? Para onde vamos?

Como Presidente da Ordem cabe-me abrir o Congresso e natu-ralmente falar do tema.

Não sei ainda, exactamente, o que vou dizer. Estou certo que aofalar me recordarei da tranquilidade que a banalidade da sua exis-tência me assegurou.

É que no momento em que o azar bate à porta, chamar simples-mente o transporte como quem levanta a mão para um táxi quepassa vazio na avenida. É que ser levado ao hospital sem maisnada ter que fazer ou preocupar-se, sem nada ter de pedir, semmesmo a comezinha preocupação económica que nos assaltaquando levamos o carro à oficina, tem um valor incalculável.

Pode ser de uma enorme banalidade, pode não merecer o tempoque gastaram a ouvir-me, mas garanto-vos que esta semana per-cebi a característica mais importante do Serviço Nacional de Saúde:

- O facto incontornável – de existir...

TSF 23

É dos livros que em jornalismo se o cão morde o homem não énotícia. Só passa a ser notícia quando o homem, transcendendo oesperado na sua condição, se exaspera e ferra o dente no animal.

Cumprindo os cânones, a notícia da semana quase não foi notícia.Com efeito, na abertura do Congresso Nacional da Medicina, oMinistro da Saúde declarou que com a breve publicação do Esta-tuto do Medicamento o infeliz impresso da receita será alteradoe o novo modelo assegurará que aquilo que o médico prescrevenão é pressuposto alguém alterar.

Encerra-se assim um período, felizmente curto, em que imperouo convite implícito à substituição, pondo em causa a vigilância queaos médicos cabe fazer sobre as acções inesperadas e potencial-mente negativas inerentes ao uso de medicamentos.

Em oposição ao actual quase silêncio, quando o actual modelo foilançado não faltaram parangonas de primeira página e uma con-vergência notável dos analistas em como, por fim, se inventara apólvora.

Na altura alguém vendeu ao Ministro, economista sem experiên-cia de Saúde, que a culpa da factura dos medicamentos ser eleva-

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Na Ordem do DiaE D I T O R I A L

da estaria nas escolhas dos médicos eventualmente conluiadoscom os inconfessáveis interesses da indústria farmacêutica.

Partidários das teses neo-liberais e das piedosas crenças dasautoridades da concorrência logo exultaram com mais estaoportunidade do mercado demonstrar as virtualidades das suainvisível mãozinha. Imaginou-se que os farmacêuticos logo acon-selhariam os doentes a comprar em vez do receitado pelomédico um equivalente mais barato classificado com a mágicapalavra de genérico.

Aumentar a quota de mercado dos genéricos tornou-se assima universal panaceia para todos os males do nosso Sistema deSaúde e razão suficiente para a sua futura sustentabilidade. Nãoterá sido estranho a esta estranha crença, passe o pleonasmo,o facto dos seus fiéis serem oriundos de escolas de gestão,como tal desejosos de demonstrar que o mundo só existe de-pois que o inventaram e todos os outros exercem há séculosprofissões hoje obsoletas.

Claro que a realidade, como aliás é hábito em ocasiões quetais, rapidamente se encarregou de seguir o seu curso fazendoevidentes os factos e deixando as teorias na dimensão dos de-sejos e das boas intenções, das quais, como é sabido, estãocheios os infernos...

Como seria de esperar os médicos não pactuaram com tais dislatese opuseram-se dentro da lei à substituição das suas prescrições.Como deveria ter sido óbvio para todos não é possível exigir dealguém responsabilidade e depois tornar livremente alteráveis assua decisões. Quando o medicamento prescrito é alterado perde--se o conhecimento a montante do que está a acontecer e qual-quer ocorrência perde o seu significado na medida em que não épossível estabelecer uma relação causa-efeito. Tal é obviamenteinsustentável e demasiado perigoso para quem leva a sério aquiloque faz e assume responsabilidade perante os que trata.

Felizmente que em Portugal não se levou ao extremo a derivaeconomicista, como aconteceu noutros países, e não se tornouobrigatória a famigerada substituição pelo genérico mais barato.Contrariamente ao que aconteceu nesses países em que a pres-crição de medicamentos genéricos se tornou residual, em Portu-gal os médicos passaram a receitar genéricos mas associando--lhes o nome do fabricante impedindo a substituição.

Era esperável este resultado. De todos os interventores no cir-cuito de produção e comercialização de medicamentos, os médi-cos são os únicos que nada têm a ganhar ou perder com o preçodestes. Assim, naturalmente defendem o interesse dos seus doen-tes e receitam, dentre os que confiam, os mais baratos.

Promover a substituição das receitas dos médicos nas farmácias élançar sobre os médicos um pressuposto de desconfiança ao mes-mo tempo que se transfere a decisão para um grupo profissionalque tem efectivamente alguma coisa a ganhar com a promoçãodo mais caro. Estou certo que entre os médicos e os farmacêuti-cos há a mesma proporção de gente bem intencionada e de gente

nem tanto, a diferença radicará assim no estímulo. Não foi segura-mente por acaso que há mais de duzentos anos os médicos estãoproibidos de vender medicamentos aos seus doentes.

O que também nunca percebi foi o argumento de que o direitode substituição era um reforço democrático dos direitos dos do-entes. Que eu saiba uma receita médica difere de uma multa deestacionamento na exacta medida que cada um é livre de a rasgare não a levar em consideração. Quem argumentava com os taisdireitos dos doentes tinha a óbvia intenção de esconder um facto,esse sim infeliz e a carecer de solução urgente, o facto de osdoentes em Portugal não terem o elementar direito de substitui-ção do médico sempre que nele deixem de confiar.

Hoje, poucos anos volvidos, pode dizer-se que a experiência fa-lhou e as consequências só não foram gravosas por esta habilida-de particular dos Portugueses em contornar à custa de bom sen-so alguns disparates com que são confrontados por via legislativa.De uma forma geral os médicos opuseram-se à substituição, ten-do aproveitado a oportunidade do lançamento de inúmeros ge-néricos no mercado para tratar os doentes de forma mais econó-mica. Os doentes opuseram-se à substituição excepto quandoconfrontados com a inexistência efectiva do produto prescrito.Os farmacêuticos, de uma forma geral privilegiaram a manuten-ção das suas boas relações com os médicos evitando um conflitogeneralizado de que todos saíriam perdedores.

Com a nova legislação agora anunciada ultrapassa-se um mau einútil período e abre-se a janela de oportunidade de melhor con-trolar o mercado. Com o futuro mecanismo em que uns receitame os outros confirmam, informam e vendem, restabelecem-se astradicionais relações de confiança mútua, repõem-se os mecanis-mos de segurança e naturalmente o mercado escolherá os fárma-cos sobreviventes autoregulando-se com a mão bem visível daqualidade.

Nesta regulação os médicos serão naturalmente determinantespois assumem o óbvio papel de escolher no mercado em nomedos seus doentes. Se quisermos pensar um pouco logo veremosque foi precisamente isto que ao longo dos séculos os doentes osencarregaram de fazer.

Confiar nos médicos e contar com eles para controlar de formainteligente o Sistema de Saúde e os seus custos parece ser a apos-ta política do actual Ministro. Corresponder com lealdade vai seruma tarefa exigível da parte dos médicos. Uma tarefa bem maiscomplexa que estar na oposição a todas as medidas.

Tal tarefa, seguramente bem mais eficaz em termos de garantir aSaúde aos portugueses é muito mais lógica e esperável de gentedesenvolvida e bem intencionada que as lutas estéreis do passado.Talvez por ser tão lógica e esperável não tenha merecido o mes-mo destaque de comunicação social que há poucos anos mere-ceu o caminho trilhado no sentido inverso.

Definitivamente, no caso presente, o homem comportou-se comoesperável da sua condição e não mordeu o canídeo...

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Parecer emitido a pedido do C. N. E. e C. R. S. e que foihomologado em CNE de 29 de Novembro de 2005.

Grupo de Trabalho redactor do parecer:- Pedro Ponce, Coordenador do Grupo; António Vaz Carneiro;Pedro Póvoa; Melo Gouveia, Director da Farmácia Hospitalardo I.P.O.F.G.

A liberdade e independência de prescrição. Um valorabsoluto, ... Com nuancesA liberdade e independência de prescrição é um valor sagradopara profissão médica, mas tal como outros, o sigilo médico porexemplo, não pode ser entendido como um valor absoluto, de-vendo ser qualificado, já que outros valores e interesses, igual-mente ponderosos, estão também em jogo.A total liberdade de prescrição, expressa numa prática de pres-crição arbitrária e sem limites, e habitualmente sinónima de máprática médica.É precisamente na medicina hospitalar, em que tratarmos doen-tes mais graves, com maior volume de prescrição medicamentosa,por vezes com vários médicos prescrevendo simultaneamenteterapêutica para um mesmo doente, com margem terapêutica ede segurança particularmente estreitas, que erros terapêuticosou prescrições menos racionais terão consequências mais ne-fastas em termos de morbilidade e de custos suportados pelainstituição em causa, com menos flexibilidade financeira que umaARS, responsável pelas despesas de prescrição no ambulatório.No ideal, a prescrição deveria ser orientada, sempre que possí-vel, por protocolos ou recomendações terapêuticas, vulgo“guidelines”. Estes são elaborados de acordo com a melhor evi-dência científica à data da sua elaboração, pelo que devem serperiodicamente avaliados c revistos. Por esse facto, não devemconstituir um instrumento rígido de prescrição mas pelo con-trário um instrumento de orientação e adaptação a cada casoindividual.A existência de protocolos escritos é em geral considerada umsinal de qualidade e pode mesmo melhorar a morbilidade emortalidade da instituição.Registe-se, no entanto, que com a generalização de comissõesde peritos encarregues de gerar as referidas recomendações(guidelines) ao serviço de várias instituições, agências oficiais ousociedades científicas, se tem vindo a perder qualidade e inde-pendência dessas comissões, que aparecem a servir interessespor vezes indesejáveis, que lhes minam a credibilidade. Por ou-tro lado, para muitas situações da nossa clínica quotidiana, ounão existem quaisquer recomendações ou protocolos, ou osque existem são apenas baseados em opinião e como tal delegitimidade discutível, além do que, é frequente que as ditas

recomendações não sejam generalizáveis de forma a incluir onosso doente - problema.Ética e deontologicamente, a procura de uma prescrição de qua-lidade deverá ter em conta em primeiro lugar a eficácia do me-dicamento, em segundo lugar a sua segurança e só depois opreço.Liberdade de prescrição deve ser, portanto, entendida como aliberdade e o dever de prescrever de forma objectiva, disciplina-da e adequada a cada situação clínica.A discussão dever-se-á deslocar então da questão da racionali-zação, a qual é aceitável, para uma outra questão mais complexae por vezes não entendida, de quais os compromissos que sãoaceitáveis “ Uma vez que o compromisso é inevitável face aosrecursos limitados que temos, deveremos aprender a praticar amedicina com mais eficácia, isto é conseguir os mesmos resulta-dos com menos custos. O FHNM e as CFT poderão ser umimportante instrumento para atingir estes objectivos.

Missão, âmbito e articulação do formulário hospita-lar nacional de medicamentos (FHNM) e das comis-sões de farmácia e terapêutica (CFT)De acordo com a Portaria n.º 1231/97, de 15 de Dezembro «O.Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM) éuma publicação oficial de divulgação no âmbito dos serviços desaúde que o adoptem e que, através da selecção, feita por peri-tos, dos medicamentos que à luz de determinado conjunto decritérios foram considerados como os mais aconselháveis, temcomo objectivo ajudar o médico a escolher o medicamento aprescrever, fornecendo-lhe, para tanto e numa perspectiva deorientação e disciplina terapêutica, uma informação clara e isen-ta sobre o mesmo,” A mesma Portaria define que o FHNM éelaborado por uma Comissão constituída por peritos e aprova-da pelo Ministro da Saúde, sendo simultaneamente um órgãoconsultivo do Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento(INFARMED). É competência da referida Comissão “elaborar, re-ver, actualizar e acompanhar a publicação do FHNM, bem como emi-tir pareceres sobre os assuntos com estes conexos, por sua iniciativa ousolicitação do conselho de administração do INFARMED,” Este facto énovamente reforçado na alínea e) do n.º 2 do artigo 20.º doDecreto-Lei n.º 495/99, de 18 de Novembro que mais uma vezdefine que o “FHNM é uma publicação oficial elaborada pela comis-são técnica especializada do INFARMED (...). O citado formulário é,por isso mesmo, um verdadeiro instrumento da política do medicamen-to, na medida em que promove a prescrição e, consequentemente, autilização racionais dos medicamentos, com inegáveis vantagens parao Estado e para os utentes.”Apesar da grande importância que o legislador reconhece aoFHNM como instrumento orientador, racionalizador e

Parecer sobre “limitações da liberdade deprescrição pelas farmácias hospitalares”

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disciplinador da prescrição hospitalar, aquando da criação e re-gulamentação das Comissões de Farmácia e Terapêutica (CFT)dos hospitais (ver Despacho n.º 1083/2001, de 1 de Dezembrode 2003) foram introduzidas normas que geram conflito com amissão anteriormente prevista para o FHNM. Com efeito, deacordo com o referido Despacho (alínea 2.4), compete às CFT“Velar pelo Cumprimento do FHNM” (...)”, o que está em total con-tradição com a possibilidade de poder “Elaborar as adendas pri-vativas de aditamento ou exclusão ao FNHM” (alínea 2.2). Por ou-tras palavras, a CFT tem obrigação de implementar o FHNMmas simultaneamente pode livremente fazer adendas e tambémexclusões ao Formulário. Isto significa o esvaziamento da im-portância do FHNM previamente reconhecida pelo legislador.Posteriormente, foi decidido (Despacho n.º 5542/2004, de 26de Fevereiro) que as CFT deveriam enviar trimestralmente aoINFARMED pareceres e relatórios sobre os fármacos não inse-ridos no FHNM e que constassem das suas adendas, provavel-mente para disciplinar eventuais abusos das CTF. Estes parece-res seriam analisados pelo Observatório do Medicamento, ou-tra estrutura entretanto criada no INFARMED, divulgando-seposteriormente o resultado, quer positivo quer negativo, destaapreciação a todas as CFT, “para uma maior uniformidade de crité-rios e poupança de tempo e recursos afectos a essa actualização.”Dadas as ambiguidades resultantes da legislação acima referidafoi publicado o Despacho n.º 13885/2004, de 25 de Junho paratentar “reforçar o carácter vinculativo do FHNM como instrumento deapoio à prescrição nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.” Omesmo despacho determina que a utilização hospitalar do FHNMé obrigatória e que as adendas ao FHNM deverão ser, após devi-da fundamentação, sempre postas à consideração do INFARMEDpara apreciação e eventual aprovação. Contudo não faz qual-quer referência à necessidade das CFT justificarem as exclusõesao FHNM.

Além das incongruências da legislação já referidas, existem ou-tras situações que não se encontram bem clarificadas. Não exis-te qualquer mecanismo de controlo do INFARMED sobre asCFT que não elaborem os referidos pareceres sobre as adendase exclusões. De igual modo, não está claro se após a reprovaçãopelo INFARMED da inclusão de uma adenda fica a CFT em cau-sa impossibilitada de o continuar a incluir. A legislação também éomissa relativamente à vigilância do cumprimento pelas CFT doFHNM, nomeadamente através de auditorias aleatórias realiza-das aos hospitais.As CFTHs deverão, portanto, constituir-se em Organizaçõesde Transferência de Conhecimento.Ao contrário do Prontuário Terapêutico onde constam todosos fármacos disponíveis na Farmácia Comunitária, a elaboraçãoda lista de fármacos pelo FHNM rege-se por critérios de eficáciareconhecida tendo “como filosofia a terapêutica limitada” (FHNM

8.ª edição). Essa lista é elaborada por uma comissão diversificadade peritos, através de uma selecção entre a pletora de fármacosexistentes, muitos com diferenças mínimas entre si e outros deeficácia duvidosa. Salienta-se ainda que este não é um instru-mento coercivo da prescrição médica pois é sempre possível, seadequadamente justificado, a correcção pelas CFT de algumaomissão.

Função e regulamento das farmácias hospitalares(FH) e sua articulação com a comissões de farmáciae terapêutica (CFT)As Farmácias Hospitalares, por si, não podem exercer qualqueractividade que ponha em causa a prescrição médica, excepto noestrito respeito pela legislação que regulamenta o acto farma-cêutico, a saber o Decreto-Lei 288/2001, de 10 de Novembro,que na alínea g) do artigo 77.º impõe ao farmacêutico a obriga-ção de “(...) interpretação e avaliação das prescrições médicas(...), e que na alínea c) do artigo 87.º impõe ao farmacêuticohospitalar em particular o dever de “(...) dispensar ao doente omedicamento em cumprimento da prescrição médica ou exer-cer a escolha que os seus conhecimentos permitem e que me-lhor satisfaça as relações benefício/risco e benefício/custo.”Em resumo, a Farmácia Hospitalar não pode, em caso algum,coarctar a prescrição médica, excepto quando o farmacêutico élegal e deontologicamente obrigado a tal, quer por considerarhaver risco para o doente (interpretação da prescrição), querpelo fornecimento de um medicamento essencialmente similar.Já as Comissões de Farmácia e Terapêutica, que nos termos doDespacho 1083/2004 de 1 de Dezembro de 2003, são constitu-ídas paritariamente por médicos e farmacêuticos, e presididaspelo Director Clínico, as mesmas têm algumas obrigações espe-cíficas que importa realçar:

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• Elaborar as adendas (...) de aditamento ou exclusão do For-mulário Hospitalar Nacional de Medicamentos.• Pronunciar-se sobre a correcção da terapêutica prescrita aosdoentes, quando solicitado pelo seu presidente, sem que-bra das normas deontológicas.Isto é, assumem a função de assegurar o cumprimento do FHNMe a sua adenda. Para tal, o sistema previsto terá algum equilíbrio,ao consagrar a superioridade da Instituição enquanto fórumgerador de consensos científico, o que faz através da interven-ção obrigatório do Director de Serviço dos serviços clínicos,pressupondo assim que uma alteração ao FHNM é resultado deum consenso alcançado no serviço. Por outro lado, a própriacomposição paritária e multidisciplinar da Comissão pressupõeuma validação Institucional alargada desse consenso.Existe ainda uma outra função da Comissão de Farmácia e Tera-pêutica, que tem a ver com a análise da correcção da terapêutica.No entanto, esta função apenas se efectiva a pedido do Dire-ctor Clínico, i.e., na prática a Comissão funciona como um órgãoconsultivo do Director Clínico, cabendo a este a identificação dassituações em que considera necessário que uma Comissão multi-disciplinar se pronuncie sobre uma terapêutica prescrita.Concluindo, a Comissão de Farmácia e Terapêutica tem de factocompetências que condicionam a livre prescrição médica, direc-tamente a pedido do Director Clínico, ou indirectamente pelaobservância do FHNM. No entanto estas estão conceptualmentedefinidas de forma a gerar consensos clínicos, e a induzir a refle-xão no âmbito dos Serviços no sentido de uma terapêutica maisracional e adequada ao doente.

Condicionamento da prescrição por imperativoseconómicosNo que diz respeito às condicionantes económicas, a legislaçãoapenas recomenda que seja “Apreciado (...) os custos da tera-pêutica”.Considera-se que a condicionante económica apenas será legí-tima quando, da análise técnico-científica da terapêutica, não re-sulta para o doente uma mais valia significativa (não é fácil dedefinir significativa) de uma determinada opção terapêutica emdetrimento de outra. Apenas e só nesta situação deve o factorcusto ser decisivo. Obviamente que a análise científica referidadeve também procurar aferir os reais benefícios das alternativasterapêuticas, existindo para tal ferramentas adequadas.Expressões como “racionalização da prescrição”, “utilização ra-cional dos medicamentos” ou outras de igual significado, estãopresentes em diversos textos e intervenções públicas dos ór-gãos de gestão da saúde. Entre os médicos, o termo racionali-zação tem habitualmente uma conotação negativa porque, emregra, traduz a tomada de decisões baseadas apenas no custode um determinado tratamento. Contudo, a escolha de umdeterminado tratamento mais barato, apesar de se saber àpartida que é menos eficiente, não traduz racionalização masantes reflecte aquilo que se pode denominar por compromis-so. Por isso, a nossa escolha enquanto médicos deve semprerecair sobre o melhor tratamento disponível independente-mente do preço se o segundo melhor tratamento tiver umamenor probabilidade de obter os mesmos resultados, em par-

ticular quando o risco clínico é elevado.

Mecanismos de recurso e arbitragem das decisõesda CFTA legislação em vigor não prevê o recurso de decisões das Co-missões de Farmácia e Terapêutica, levando a que este recursose repita sobre a mesma instância que se pronunciou inicialmen-te. Provavelmente a única solução efectiva passaria pelainstitucionalização da possibilidade de recurso à Comissão doFHNM, uma vez que esta contém uma base pericial mais alargada,podendo assim constituir-se como uma instância de recursoefectiva. Seria de propor ao Ministério da Saúde ainstitucionalização desta situação.

Harmonização e conclusões:1) Considera-se do maior interesse para a classe médica, para asadministrações dos serviços de saúde e para a sociedade emgeral, a defesa intransigente da liberdade e independência domédico na prescrição terapêutica; 2) Esta liberdade pressupõe aresponsabilidade por uma prescrição baseada, sempre que pos-sível, em rigorosa evidência científica quanto à eficácia e seguran-ça da terapêutica proposta, bem como uma preocupação pelaobtenção dos resultados pretendidos com o menor custo emaior poupança de recursos, que são finitos e sobre os quaisrecai o imperativo moral de uma justiça distributiva; 3) No casoespecial da prescrição nas instituições hospitalares, as CFT actuamcomo um órgão regulador e disciplinador, garantindo que umaprescrição livre obedeça aos critérios de qualidade acima des-critos, utilizando como instrumento o FHNM. Limitações à li-berdade de prescrição, que deverão ser excepcionais, justificam--se em casos especiais identificados pelo Director Clínico dainstituição e discutidos amplamente, na sua vertente técnico--científica, com os clínicos do serviço hospitalar visado; 4) Nes-sas decisões, o critério económico nunca se sobreporá ao daeficácia e segurança terapêutica; 5) Em nenhum caso pode aFarmácia Hospitalar alterar uma prescrição, devendo, no entan-to, adiar o cumprimento dessa prescrição até confrontar o clíni-co com o que pensa ser um erro, ou uma prescrição que possapôr em risco a saúde do doente; 6) Reconhece-se que, infeliz-mente, em muitos casos a evidência científica de suporte a umaprescrição terapêutica é escassa e os parâmetros que informamum cálculo de custo/utilidade subjectivos e enviesados, basea-dos em opinião ou tradição, sem cálculos de custos realistas; 7)A procura de consensos entre os vários agentes decisórios deveser incessante, aos médicos cabe elevarem o nível da fundamen-tação das suas escolhas, às CFT responderem com uma cres-cente capacidade pedagógica e de análise crítica da evidênciacientífica disponível, apagando a imagem de terem como princi-pal prioridade os interesses de tesouraria da instituição. Ficarãopor resolver poucos casos de conflito insanável, para os quaisurge definir mecanismos de recurso e arbitragem suprainstitucional; 8) A prescrição terapêutica continua a ser no es-sencial um acto de decisão clínica individual e solitário, imperfei-to, é certo, mas de que o único responsável moral, civil e criminalé o médico. A qualquer comissão exige-se respeito por estaposição no fim da cadeia de responsabilidades.

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Em seguida transcrevemos a intervenção do Bastonário daOM no âmbito deste congresso.«Cumpre-me, em nome de todos os médicos que a Or-dem regula e representa, agradecer a oportunidade que aAPMCG, mais uma vez com o seu Encontro, proporcionade trocarmos impressões, de fazer o “ponto da situação”.Este ano num momento particular em que tanta coisa está amover-se, em que tanta é a ansiedade, tantas as incertezas,tantas as preocupações e simultaneamente as esperanças...Quando hoje falo aqui deste lugar para tantos colegas, re-vejo tantas caras amigas, não posso deixar de recordar ou-tras ocasiões, quiçá mais difíceis mas de enorme vivacidadeem que Vilamoura serviu para passar uma mensagem clarade resistência, de crer intransigente na sua razão, de teste-munho deste estar tão característico dos médicos que é onunca vergar...Hoje os tempos são de maior tranquilidade mas de igualcomplexidade. Já passou o tempo das acusações sistemáti-cas aos médicos, desde a corrupção no acesso aos Con-gressos à mais comezinha fraude nos tempos de trabalho,tempos em que tudo servia para denegrir uma Classe hon-rada e esforçada que cometera o pecado supremo de ter aconfiança dos seus concidadãos.Já lá vai o tempo do combate permanente da Ordem con-tra o poder político como se fora um partido diletante eamador, ora revolucionário ora do mais imobilistaconservadorismo, mas sempre da oposição. Hoje uma pos-tura sensata e vertical em que criticar e concordar estãopor igual valorizadas, em que nada depende de estados dealma, tudo dependendo de factos e ideias, permitiu traba-lho construtivo e mútua confiança.Um Regulamento de Internato Médico moderno epotenciador da melhor formação é a prova evidente queum Ministro ousou confiar nos médicos e a Ordem dosMédicos ousou não ter medo de ser acusada de subservi-ência ou compadrio. Fechou-se o tempo da política de cam-panário e dos pequenos truques da esperteza saloia parase abrirem os tempos da inteligência e do bem fazer.Não enjeitamos o nosso quinhão de responsabilidade mas,porque também o devemos ao Ministro, é justo que aoMinistro prestemos o devido público tributo.Este tributo é também a nossa manifestação de confiançano futuro vivido com igual abertura, com igual disponibili-dade, com igual procura do bem público, mesmo quandoestejam em causa certezas não provadas, antigos fantasmasou o mais difícil de gerir – o vil metal...Que melhor ocasião que este Encontro para nos juntar-

Cuidados primários,reforma e qualidade

Decorreu em Vilamoura de 8 a 11 deMarço últimos o 23º Encontro Nacionalde Clinica Geral, organizado pelaAssociação Portuguesa dos Médicos deClínica Geral, cujo tema central foi«medicina familiar: proximidade equalidade». Os desafios eresponsabilidades do sindicalismomédico, carreiras e remunerações e acomplexidade da MGF, nomeadamenteno que se refere à relação médico/doente, foram alguns dos temasdebatidos neste encontro. Um encontroem que Pedro Nunes, Bastonário daOrdem dos Médicos, falou da reformados cuidados primários, da necessidadede proporcionar realização profissionalaos especialistas em medicina geral efamiliar e do compromisso da Ordemdos Médicos de pugnar pelo sucesso detal reforma, não só aplaudindo ossucessos mas efectuando também asnecessárias e construtivas críticas a todoe qualquer erro que seja cometido. Umsucesso que «se mede pela adesão dosprofissionais, a satisfação dos utentes e aavaliação de qualidade que à Ordem e sóà Ordem, enquanto entidade reguladorado exercício da Medicina, compete».

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mos e reflectirmos sobre o tema do momento – A Refor-ma dos Cuidados Primários.Sendo as propostas de Reforma ainda muito recentes epouco claros os seus contornos finais, todos estão à espe-ra de saber mais e o Sr. Ministro vai ter uma oportunidadeexcelente de desmistificar receios, de matar no ovo todasas dúvidas.Penso, aliás, que esta reunião é o espaço detodas as oportunidades. Pode ser o espaçodo futuro melhor mas pode, evidentemente,ser o espaço de todas as oportunidades per-didas...A chave do sucesso vai ser clareza e confian-ça. A segunda obviamente decorrerá da pri-meira. Sem clareza de propósitos e uma to-tal transparência de processos não será pos-sível ganhar a confiança dos Médicos de Fa-mília e sem esta não haverá Reforma.Os Médicos de Família portugueses são umgrupo particular de profissionais.São maioritariamente de uma geração.São gente de uma enorme disponibilidade e vontade debem fazer.São médicos que na sua maioria abraçaram a especialidadepor vocação.São médicos que apesar do desgaste e dos ataques de quemais que nenhuns outros foram vítimas, ainda não deixa-ram de sonhar.Se todos estes factores são importantes para o sucesso deuma reforma, igualmente é de contabilizar nos activos acredibilidade, pragmatismo e bom senso de quem acorporiza – o Dr. Luís Pisco.

Em qualquer balanço há, no entanto, também o passivo. Eneste caso ele é pesado e capaz só por si de levar à falênciada empresa.São muitos anos de enganos e falsas partidas. São muitosanos de apregoar respeito pela Clínica Geral e uma praxispolítica de sinal inverso com um despudorado aproveita-mento da boa vontade e sentido do dever que estes médi-

cos sempre deram provas.É importante que se compreenda e publicamen-te se diga que se construíram dezenas de no-vos e bonitos Centros de Saúde por todo opaís, pouco, para além do betão, se fez para pro-porcionar realização profissional aos médicos.É fácil dizer que são os Clínicos Gerais a pri-meira interface com os doentes, mas é igual-mente muito fácil a seguir não disponibilizarmeios, obrigando-os a fazer urgências quasesempre sozinhos, ao arrepio de qualquer nor-ma técnica, sem colega, tantas vezes sem equi-pa pluridisciplinar, quantas sem um mero se-

gurança num serviço de porta aberta para a rua.É simples falar de modelo bio-psico-social e propor o desen-volvimento da medicina preventiva, da promoção da Saúde,da educação da comunidade. Infelizmente também é simplesexigir o aumento do número de utentes da lista de cadamédico, num mero exercício contabilístico destinado a apre-sentar contas em ano de eleições, alegando ter conseguidodiminuir o número de portugueses sem médico de família.É simples falar de modernidade, de consultório virtual, dereceita electrónica e de telemedicina. Infelizmente tem-serevelado mais complicado pôr tudo isto em prática, comequipamentos que se tornaram obsoletos sem nunca te-

31 de Maio de 2006 - EleiçõesAs eleições para os Colégios da Especialidade, secções de sub-especialidades ecomissões de competência marcadas para o próximo dia 31 de Maio incluemtodos os Colégios de Especialidades, o Conselho Nacional do Médico Interno,

as subespecialidades de Hepatologia, Electrofisiologia Cardíaca, OncologiaPediátrica, Cuidados Intensivos Pediátricos, Nefrologia Pediátrica,

Neonatologia, Gastrenterologia Pediátrica, Neuropediatria/Neurologia,Neuropediatria/Pediatria e EEG/Neurofisiologia Clínica e as Competências de

Medicina Farmacêutica, Acupunctura e Hidrologia Médica.

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18 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

rem sido utilizados, porque esperaram encaixotados quealguém decidisse qual dos software existentes no mercadodeveria ser escolhido.Falar de Medicina Geral e Familiar não pode ser, hoje, so-mente falar da poesia de uma vida dedicada ao seu seme-lhante, lidando com ele integrado no seu meio de vida, co-nhecendo-o globalmente, percebendo-o na interacção comtodos os seus. Falar hoje de Medicina Geral e Familiar éobrigatoriamente, e por uma questão de lealdade, falar deum sistema que não privilegia quem melhor faz, a todosremunerando e agradecendo por igual.Falar hoje de Clínica Geral é falar de burocraciasperturbadoras do Acto Médico, de duzentos motivos dife-rentes de pedir atestados, de receitas imaginadas por ummanga de alpaca que considerou mais importante os ca-rimbos e as vinhetas que o espaço para explicar ao doentecomo tomar o medicamento.Falar hoje de Clínica Geral de-veria ser pedir desculpa a todauma geração de médicos bemintencionados pelas exigênciasdespudoradas, pela funcionali-zação desmotivadora, pela“Sapização” da especialidade,pelas sucessivas desvirtuaçõesdos paradigmas profissionais.Pelas intermináveis horas pas-sadas a transcrever em impres-sos inenarráveis, pedidos deexames complementares queoutros fizeram, receitas que outros passaram, relatóriosque outros pediram.Pedir desculpa pelo cinismo com que se estribaram as obri-gações nas necessidades imperativas de doentes a quem foivedada qualquer outra forma de obter direitos básicos.Nos vinte e poucos anos que a Clínica Geral leva de carrei-ra, muito do que foi feito pelos responsáveis políticos nãoo foi por incompetência ou distracção. Foi-o para ocultarcarências e incapacidades. Foi-o pelo puro pragmatismo defazer recair sobre outros a expiação de culpas próprias.Em tal enquadramento pedir voluntários para um novo sis-tema carregado de obrigações e ainda nebuloso quanto avantagens é um duro exercício de optimismo político.Pode, no entanto ser uma oportunidade. Uma oportunida-de de reencontrar o prazer, sustentado na ética, de exer-cer uma notável profissão. Uma oportunidade de reencon-trar de forma expressa um respeito que verdadeiramentenunca deixou de existir. Um respeito que tem andado ocul-to pelos comportamentos dos utentes, daqueles a quemalguém convenceu ser titular de direitos, sem se dar aotrabalho de explicar o enquadramento dos deveres.Pela nossa parte, por parte da Ordem dos Médicos, tudofaremos para que a Reforma seja um sucesso. Fá-lo-emosda forma necessária, isto é, criticando todos os erros epontos fracos para poder aplaudir todos os sucessos e

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pontos fortes.Não perderemos de vista que o sucesso, num caso comoeste, se mede pela adesão dos profissionais, a satisfaçãodos utentes e a avaliação de qualidade que à Ordem e só àOrdem, enquanto entidade reguladora do exercício da Me-dicina, compete.Sr Ministro da Saúde, Excelência:- A satisfação dos profissionais poderá V.Ex.ª apreciá-la àmedida que as propostas de adesão chegarem, a malha deocupação do território se tornar concreta e objectivável. Àmedida que este projecto se torne estruturante e não umamera experiência que cative os mesmos eternos, notáveispoetas da causa pública.- A satisfação dos utentes poderá senti-la nas manifesta-ções de agrado que a comunicação social ou as urnas elei-torais lhe transmitirem como mensagem.- A avaliação de qualidade essa é connosco. Conte com ela

leal e transparente. E é comessa mesma transparência queme permito reafirmar-lheaquilo que seguramente tema certeza.O nosso apoio não depende-rá de qualquer pragmatismopolítico ou pretensão de in-tervenção na dinâmica dosgrupos que em qualquer so-ciedade humana ou partidopolítico se formam. Ninguémpoderá contar connosco para

criar dificuldades desnecessárias para benefício das guerri-lhas do quem é quem.Não podem igualmente contar connosco os que quiseremintroduzir no sistema desvios da ética ou do paradigmatécnico da nossa profissão. Não contem connosco para fe-char os olhos a formas encapotadas de retirar ao médico asua liberdade ou aos doentes o direito à terapêutica tecni-camente mais eficaz. São eticamente insustentáveis formasde condicionar os rendimentos dos médicos, ou a adesãoaos contratos, a compromissos prévios em termos de es-colhas de terapêutica.Temos a certeza, Sr. Ministro, que sabe como nós que obom médico não é o que gasta pouco ou o que gasta o queo Estado ou algum iluminado gestor pretende. Também nãoé o que gasta muito, escondendo a sua ignorância atrás demúltiplos exames ou terapêuticas dispendiosas. O bom mé-dico, que seguramente V.Ex.ª pretende privilegiar, é o quegasta adequadamente, fornecendo ao seu doente tudo aquiloque ele necessita.O bom médico, ética e tecnicamente cabe a nós, Ordemdos Médicos apreciar.Temos a certeza que V.Ex.ª pensa como nós. Porquetenho essa certeza cabe-me agradecer a paciência comque me ouviu e desejar-lhe as maiores felicidades noseu mandato...»

Em tal enquadramento pedirvoluntários para um novo sistemacarregado de obrigações e ainda

nebuloso quanto a vantagens é umduro exercício de optimismo

político.

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20 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

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A Ordem dos Médicos atribuiu

um diploma de mérito à Operação

Nariz Vermelho pelo seu contributo

activo para a melhoria da saúde

de muitas crianças espalhadas

por 14 hospitais nacionais. A cerimónia

decorreu no dia 24 de Fevereiro, dia

em que a sede da Ordem dos Médicos

se encheu de sorrisos perante

a presença dos doutores-palhaços.

Isabel Caixeiro, presidente do Conselho Regional doSul, definiu o dia 24 de Fevereiro como sendo «um diadiferente (...) em que se reconhece o mérito destesdoutores-palhaços que ajudam a desmistificar a doençae que contribuem para a recuperação das crianças hos-pitalizadas».

O representante da GlaxoSmithKline, o médico e pre-sidente da GSK Manuel Gonçalves, referiu na sua inter-venção o orgulho que sente por pertencer a uma Or-dem aberta a este tipo de iniciativas, salientando o pa-pel desempenhado por Pedro Nunes neste tipo de pos-tura que a instituição tem actualmente. Sobre a parce-

Ordem dos Médicoshomenageiadoutores-palhaços

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ria da GSK com a Operação Nariz Vermelho, salientaque a mesma será «para o resto da vida», mas que es-pera que surjam mais apoios para este e outros projec-tos de igual mérito.«Quem é que humaniza o espaço do profissional desaúde?» questionou Beatriz Quintella, representante daAssociação Nariz Vermelho, e acrescentou «a arte temuma importância fundamental nos hospitais». Em seuentender, músicos, contadores de histórias, artistas plás-ticos, etc. devem ter uma presença nas enfermarias onde«seres humanos muito bons tratam de outros seres hu-manos», uma presença que considera que deve ser fei-ta em consonância com as necessidades do espaço te-

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rapêutico, dos profissionais de saúde que aí trabalhame dos doentes. Emocionada, Beatriz Quintella falou damagia inerente às palavras de um conto, ou à presençade um palhaço, momentos mágicos que se traduzem nosorriso de uma criança.

Agradecendo à Ordem dos Médicos, a representantedos doutores-palhaços explicou como o sonho da Ope-ração Nariz Vermelho começou com uma equipa de trêspessoas, e como foi crescendo até ser hoje constituídapor 14 pessoas.

Nesta homenagem, Pedro Nunes definiu a medicinacomo «pura comunicação e apoio humano», referindoque a tecnologia é «apenas um instrumento que utiliza-mos». Reconhecendo a dificuldade inerente a comuni-car com uma criança, o bastonário da OM referiu como«os palhaços sempre o souberam fazer», frisando: «osmeus colegas palhaços são alguém que nos ajuda aaprender a comunicar». Uma ajuda preciosa que se tra-duz numa simples frase: «este diploma não precisava deum discurso, fala por si».

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24 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

Luís Pisco, na qualidade de coordenador da Missão paraos Cuidados de Saúde Primários, fez uma apresentaçãorealçando os pontos mais pertinentes desta temática.«Todas as sociedades ocidentais enfrentam neste mo-mento o mesmo problemas em relação aos seus siste-mas de saúde: custos elevados, ineficiência dos sistemase falta de qualidade são o denominador comum aosvários países.

Sendo a função do sistema responder às necessidadesde saúde da nossa população e devendo manter princí-pios de equidade e solidariedade de forma a que todosos grupos populacionais possam partilhar dos avançoscientíficos e tecnológicos que estão ao serviço da saú-de e do bem estar».

Apesar do longo percurso que existe ainda por per-correr, «houve uma melhoria sustentada dos nossosserviços de saúde nos últimos anos, temos equipamen-tos de qualidade e uma população consciente dos seusdireitos, facto com que devemos ficar satisfeitos; osserviços estão mais acessíveis, adequados e eficientes.Temos melhores cuidados e melhor saúde».

A criação das USF não deve no entender de Luís Piscoser olhada como uma ameaça mas antes como umaoportunidade de melhorar o desempenho dos Centrosde Saúde. Para que essa melhoria ocorra, define comoessencial que exista uma política de recursos humanosconsequente, contratualização e «novos fluxos finan-ceiros para os cuidados de sáude primários», bem comoum sistema de informação «que permita desenvolver--nos, algo que pedimos há muitos anos».

Também é fundamental reforçar os incentivos para atrairos jovens para a especialidade de Medicina Geral e Fa-miliar.

Os Centros de Saúde vão desaparecer?

Questão que tem sido colocada algumas vezes, essenci-almente devido à falta de informação, e a que Luís Piscorespondeu de forma peremptória: «Não. Os centros desaúde são para manter, constituídos por um conjuntode serviços de apoio e por unidades de saúde familia-res. Está reconhecido que os CS são um pilar centraldo sistema de saúde; Temos orgulho dos nossos cen-tros de saúde que constituem, de facto, um patrimónioinstitucional, técnico e cultural que é necessário pre-servar, modernizar e desenvolver, porque, goste-se ounão, são o meio mais acessível e efectivo de proteger asaúde da população».

Referência ainda para o que se pretende que sejam osCS no futuro: «têm que estar mais orientados para apopulação, têm que ter uma maior f lexibi l idadeorganizativa e de gestão, têm que ser desburocratizados,tem que haver mais trabalho em equipa, tem que haverautonomia e responsabilização, e melhoria continua daqualidade». Um futuro ideal que como referiu Luís Pis-co não se conseguirá atingir sem que haja contratuali-zação e avaliação, responsabilidade e transparência. Nadefinição de Henrique Botelho, elemento da Unidadede Missão, «um centro de saúde é um serviço de proxi-midade, pequeno na dimensão, leve na estrutura, sim-ples na organização, afável na relação que estabelececom os utilizadores e fácil no contacto», «isto de facto

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Unidades de Saúde FamiliarDecorreu na Ordem dos Médicos uma reunião de esclarecimento sobre a

criação das Unidades de Saúde Familiar (USF) no contexto da reforma dos

cuidados de saúde primários. Nessa reunião estiveram presentes, além de Isabel

Caixeiro, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos,

representantes da Missão para os Cuidados de Saúde Primários que falaram

sobre os pressupostos para o sucesso da implementação das USF.

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006 25

é aquilo que nós pensamos que deve ser um CS», acres-centou Luís Pisco.

Quanto às USF, que são «apenas um dos oito pontosda reforma que a Missão pretende abordar», podemassumir diferentes enquadramentos jurídicos na suagestão pois poderão pertencer ao sector público admi-nistrativo mas também ao sector cooperativo, social eprivado.

Nas USF a responsabilidade focaliza-se num grupo decidadãos que varia entre 4.000 e 14.000 utentes, sendoestes limites meramente indicativos pois poderão vari-ar consoante as realidades locais.

Os médicos de família que se queiram candidatar à ges-tão de USF, sendo remunerados pelo número de uten-tes que acompanhem e em função das característicasdestes, à semelhança do que sucede com o Regime Re-muneratório Experimental, poderão fazê-lo pela inter-net. Os formulários de candidatura estão disponíveisna homepage da Unidade de Missão dos Cuidados deSaúde Primários em www.mcsp.min-saude.pt/mcsp

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Dificuldades de uma reforma

No Canadá, mais precisamente em Ontário, está emcurso uma reforma cujos objectivos e princípios sãoidênticos aos referidos por Luís Pisco para Portugal.Como qualquer processo reformista, no Canadá tam-bém existem barreiras: «cepticismo e cinismo, relutân-cia e dificuldade em encontrar parceiros para trabalharem equipa, atrasos nos sistemas de informação e emdisponibilizá-los para todas as pessoas, atrasos em al-guns financiamentos e dificuldades em criar equipas mul-tidisciplinares». Como pontos a favor da reforma, noCanadá, realça-se a vontade política e o apoio das asso-ciações médicas e de associações de doentes.Este exemplo foi referido por Luís Pisco para explicitarque este é de facto um processo que exige a conjuga-ção de sinergias, e que juntar um grupo de profissio-nais de saúde não é o mesmo que criar uma equipa. Acriação de uma equipa exige muito trabalho.«Terá que haver processos de melhoria de qualidade eauto-avaliação dentro das equipas», referiria ArmandoBrito Sá, um dos elementos da Missão para os Cuida-dos de Saúde Primários, mais à frente neste debate.

Encontro sobre

CLONAGEME CÉLULAS ESTAMINAIS

21 DE ABRILO Conselho Nacional de Ética e DeontologiaMédicas realiza no dia 21 de Abril na sede daOrdem dos Médicos, em Lisboa, uma reuniãosobre clonagem e células estaminais.

A participação neste encontro é por inscriçãoobrigatória e destina-se exclusivamente amédicos.

Manhã: perspectivas biológica e médicaTarde: perspectivas filosófica, bioética, júridica e

teológica

LOCAL: Sede da Ordem dos MédicosHORA: 10.15H

INSCRIÇÃO GRATUITA(limitadas ao número de lugares disponíveis)

INSCRIÇÃO e CONTACTO:Tel.: 218 427 100; Fax: 218 427 199; E-mail: [email protected]

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26 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

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Sábado – 29/04/2006:08.00 h. - Abertura de Secretariado08.30 h. – Reunião dos Moderadores dasReuniões do PWG08.45 h. - 17.30 h.» Cursos Pré – Congresso:# Curso de Iniciação ao Trauma# Curso Introdução à Laparoscopia# Curso Básico de Pequena Cirurgia# Ventilação Não-invasiva# Abordagem da Dor Aguda# Avaliação Médico-desportiva e Avaliaçãofuncional do Aparelho Locomotor# Recursos alternativos em situações de ur-gência – McGYVER”10.15 h. – Intervalo10.30 h. – Assembleia Geral do PWG12.45 h. – Almoço – Hotel14.00 h. – Continuação da Assembleia Geraldo PWG18.00 h. – Cerimónia de Encerramento PWG Abertura do III Congresso Nacional Médi-co Interno18.00 h. – Conferência – Prof. Doutor NunoGrande18.45 h. – Programa Social21.00 h. – Jantar Oficial / Honra do PWG –Barco Douro Azul no Rio Douro.

Domingo – 30/04/2006:08.30 h. - Abertura de Secretariado09.00 h. – “A Reforma do Internato Médi-co”Moderador: – Dr. Carlos MagalhãesPalestrantes:- Dr. Correia de Campos – Ministro da Saú-de- Dr. Pedro Nunes – Bastonário Ordem Mé-dicos- Dr. Serafim Guimarães – Presidente doCNIM- Dr. Rui Guimarães – Presidente do CNMI- Rita Rapazote – Presidente da ANEMComentadores:- Prof. Doutor Nuno Grande – Presidentede Honra do Congresso- Nuno Fradinho – Presidente da AEICBAS –UP10.30 h. – Intervalo10.45 h. - “Doenças Transmissíveis no séc.XXI”Moderador: – Dr. Francisco George -DGSaúdePalestrantes:- Prof. Doutor José Manuel Costa – IRJorge– Parasitologia- Prof. Doutor Henrique Lecour – FMUP –UP – Virologia

III CONGRESSO NACIONAL MÉDICO INTERNOMÉDICO INTERNOMÉDICO INTERNOMÉDICO INTERNOMÉDICO INTERNO2006 – SPRING MEETING OF PWG

PORTO – 27 de Abril a 1 de Maio - 2006

- Prof. Romero - ICBAS-UP - Medicina deCatástrofe- Dra. Graça Freitas – DGSaúde – H5N1Comentadores:- Prof. Doutor António Sarmento- Dra. Laurinda Queirós – Mestre Saúde Pú-blica/Centro Regional Saúde Pública do Nor-te13.00 h. – Almoço - Hotel14.30 h. – “As Migrações Médicas”Moderador: – Dr. Gomes da Silva – HGSA/SRN – Ordem MédicosPalestrantes:– Dra. Gina Guerreiro – Licenciada Medicinana República Checa- Dr. Oleg – Licenciado Medicina na Ucrânia- Dr. Arnaldo Duran – Licenciado em Medici-na pelo ICBAS-UP- Dra. Kristina Allkvee – Licenciada em Medi-cina - Estónia- Dra. Catia Caldas – Licenciada em Medicinaem EspanhaComentadores:- Dra. Isabel Caixeiro – Presidente da UEMO– Presidente SRS – Ordem dos Médicos- Dr. Rui Marques – Comissariado Imigraçãoe Minorias Étnicas15.45 h. – Intervalo16.00 h. – “Medicina Geral e Familiar –uma área em mudança”Moderador: – Dr. José Pedro Moreira Silva –Presidente da SRN – Ordem dos MédicosPalestrantes:- Dra. Carla Pereira - IC MGF – “Porque es-colhi a MGF”- Dra. Luciana Monteiro – Responsável In-ternato MGF - Norte- Dr. Eduardo Mendes – Presidente daAPMCG- Dr. Carlos Nunes – Missão Cuidados deSaúde Primários- Dr. Jaime Correia de Sousa -Comentadores:- a designar- Dra. Cláudia Pimentel – IC MGF – CSCarvalhosa - Porto18.00 h. – Programa Social – Visita Cidade doPorto21.00 h. – Jantar Oficial / Honra do Congres-so

Segunda-feira – 01/05//2006:09.00 h. – Conferência – Temas clínicos/Ses-sões Interactivas:# Avaliação do politraumatizadoModerador: – Dr. António Marques - HGSAPalestrantes:

- Dra. Raquel Silva – UCIP – HGSA- Dr. John Preto – Grupo de Trauma - HSJ10.30 h. - Intervalo10.45 h. - “Investigação pós-graduada e asnovas tecnologias na Medicina”Moderador: – Prof. Doutor António SousaPereira – ICBAS-UPPalestrantes:– Dra. Fátima Carneiro – IPATIMUP- Dra. Clara Sá Miranda – Instituto de Gené-tica / IBMC- Dra. Laura Vilarinho – investigação clínica- Dr. José Carlos Noronha –“Factores decrescimento – suas aplicações”- Dr. Jorge Guimarães - O programa Alert esuas aplicações- Dr. Armando Rozeira – Telemedicina:a suaaplicação prática – Serviço de Dermatologia– Hospital Pedro HispanoComentadores:- Prof. Doutor João Sentieiro – Presidenteda FCT- Dra. Isabel Palmeirim – Universidade doMinho12.45 h. – Almoço – Hotel14.00 h. – Comunicações livres15.00 h. – Concurso de Posters – Apresen-tação FASE FINAL16.00 h. – Intervalo16.30 h. – “Que perspectivas para o futu-ro dos Jovens Médicos”Moderador: – Dr. Eurico Castro Alves – En-tidade Reguladora da SaúdePalestrantes:- Representante do MS – Dr. Rui Gonçalves– Secretário-geral do Ministério da Saúde- Representante da OM – Prof. Doutor JoséManuel Silva – Presidente da SRC – Ordemdos Médicos- Prof. Doutor José Amarante – FMUP - aperspectiva das Faculdades- Dr. Serafim Guimarães – Presidente doCNIM- Presidente SIM /FNAM- Financiamento – Dr. Luís Portela – Funda-ção BIALComentadores:- Dr. Sollari Allegro – Presidente do CA doHGSA - Porto- Dr. Hugo Esteves – IC de Saúde Pública -CS da Parede18.00 h. – Entrega de Prémios18.30 h. – Encerramento

Terça-feira – 02/05/200608.30 h. – 18.00 h. – Curso Pós-Congresso– Curso de Suporte Imediato de Vida

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Cursos Pré-congresso: 29/04/2006: 08.45 h. às 17.30 h.

- Curso Básico de Pequena Cirurgia – 40 Euros» 15 + 15 + 15 participantes – Hotel Porto Palácio

- Curso de Iniciação ao Trauma – 100 Euros» 25 participantes – Hotel Porto Palácio

- Curso de Introdução à Laparoscopia – 75 Euros» 20 participantes – Hotel Porto Palácio (manhã) e Centro deFormação da Johnson em Vila do Conde (tarde)

- Curso de Ventilação Não-invasiva – 75 Euros» 25 participantes – Hotel Porto Palácio

- Curso Abordagem da Dor Aguda – 75 Euros» 25 participantes – Hotel Porto Palácio

- Recursos alternativos em situações de urgência – McGYVER”– 75 Euros

PREÇOS DE INSCRIÇÃO

» 35 (manhã) + 35 (tarde) participantes – Hotel PortoPalácio- Curso de Avaliação Médico-desportiva e Avaliação Funcionaldo Aparelho Locomotor – 75 Euros

» 20 participantes – Centro Medicina Desportiva do Porto

Curso Pós-congresso: 02/05/2006: 08.45 h. ás 17.30 h.

- Curso de Suporte Imediato de Vida – 125 Euros» 20 a 25 participantes – local a definir (Hotel Porto Palácio ouCentro de Congressos da Casa do Médico – Porto)

A inscrição num Curso:- Inclui Pasta, documentação, diploma, 2 intervalos café e almoço- Obriga a inscrição no Congresso- Apenas será efectivada aquando do respectivo pagamento deinscrição junto do Secretariado do Congresso (factor que deter-mina a ordem de inscrição)- Pode ser efectuada como suplente noutro curso consoante asvagas sobrantes existentes

Inscrição de estudantes no Congresso – Grátis (Não inclui refeições)Concurso de Posters e de Comunicações Livres:

- serão premiados os 3 melhores trabalhos em cada uma das áreas- prazo limite para entrega de resumos – 14 de Abril de 2006

CONTACTOS:Secretariado: Cristina Moreira; Ordem dos Médicos - Secção Regional

do Norte; Rua Delfim Maia, 405 - 4200-256 Porto.Tel.: 225 070 164; Fax: 225 502 547;

Email: [email protected]; [email protected];Site do Congresso: www.-www.medicointerno.com/IIICNMI;

Carlos Magalhães: Email: [email protected]

Congresso – preço inscrição por participante:

Até 14 de Abril

Após 14 de Abril

No Secretariado do Congresso

Inscrição 25 € 50 € 55 € Inscrição e 2 Almoços 55 € 75 € 80 €

Alojamento, inscrição e 2 almoços

130 € - single 115 € – duplo (por

noite)

130 € (por noite)

130 € (por noite)

Acompanhante - Programa Social

e 2 almoços 50 € 50 € 50 €

Jantar de Honra do Congresso 30 € 35 € 35 €

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O P I N I Ã O

Barros Veloso fez publicar no nº 61 daRevista da Ordem dos Médicos (Outu-bro 2005) um artigo de opinião queintitulou: «acerca da “Medicina baseada naevidência”»1. Nele tece considerações so-bre a forma como vê a “Medicina basea-da na evidência”, sobre aquilo que menci-ona como a ameaça à Medicina baseadana experiência e sobre personagens queidentifica como “evidencistas”. BarrosVeloso acha mesmo que “Apesar da rejei-ção por parte de um grande número declínicos portugueses (digo propositadamen-te clínicos e não “licenciados em medicina”)a maré da “medicina baseada na evidência”não tem parado de subir a ponto de levar aOrdem dos Médicos a criar um “ConselhoNacional para a Evidência em Medicina”.Contudo, Barros Veloso (BV) no segun-do parágrafo do seu texto afirma que “A“medicina baseada na evidência” não me-rece da minha parte qualquer contestaçãose tiver como objectivo seleccionar e por àdisposição dos clínicos, informação obtidaatravés de metodologias científicas. Aliás, nadatem de novo porque, pelo menos desde oinício do século XX, se tem procurado queseja assim.”Creio que BV toca em dois pontos cen-trais que pela sua importância merecemtoda a atenção:➢ Como lidar com a informação emMedicina➢ Como saber qual da informação dis-ponível é útil para a prática médicaNão tenho capacidade nem formaçãopara discorrer em profundidade filosófi-ca e histórica sobre o problema, comoBV o faz no seu texto, pelo que me limi-tarei a acompanhar as suas reflexões como entendimento de um clínico, convida-do a integrar o Conselho Nacional deEvidência em Medicina”. A minha forma-ção base também é a Medicina Internatal como BV, apesar de ulteriormente meter dedicado à Medicina Intensiva. Enten-do bem algumas das suas preocupações

De novo «acerca da “Medicinabaseada na evidência”»

no que se refere à secundarização da clí-nica em proveito da abstracção estatísti-ca sem aplicação no doente concreto.O exercício da Medicina Intensiva, comoeu o entendo, é um excelente paradigmada abordagem holística, do doente na suacondição de pessoa. O Intensivista inter-vém “num momento” em que o risco devida é determinante na avaliação e nadecisão. A intervenção do Intensivista, tema particularidade de ser determinada peloimperativo de prontidão na resposta, pelorecurso a tecnologias avançadas elogísticas organizacionais complexas e pelanecessidade absoluta de se articular coma sua equipa. A decisão no âmbito daMedicina Intensiva é dominada pela ne-cessidade imediata de preservar a vidanuma fase em que é frequente não ter,ainda, o diagnóstico da doença, mas tãosó o reconhecimento da síndrome queameaça a vida.Neste contexto e com a minha experi-ência pessoal formatei metodologias depensamento e de procedimento que gos-taria de partilhar, mencionando algunspontos de reflexão:➢ Porque é que eu gosto de ter linhasde orientação (“guidelines”),➢ Porque é que gosto de ter ajuda naselecção das fontes de informação,➢ Porque é que gosto de ter protocolosde actuação,➢ Porque é que eu gosto de conheceros critérios de avaliação das instituiçõesem que trabalho.Gostaria de partilhar estas preocupaçõesexemplificando com situações da minhaexperiência quotidiana, para tantosocorrer-me-ei, a título de exemplo, dasrecomendações para a reanimação, re-centemente revistas e publicadas peloEuropean Resuscitation Council2, combase no “ … evidence evaluation processfor the 2005 International ConsensusConference on cardiopulmonary resuscitationand emergency cardiovascular care science

with treatment recommendations …” 3.Até 1960 a ocorrência de paragemcardio-respiratória (PCR) era igual amorte. O conceito de morte era mesmodefinido pelo reconhecimento da PCR.Contudo, nos anos 50 Safar et al, ao ob-servarem parteiras a reanimar recém--nascidos que não tinham iniciado venti-lação eficaz, reconheceram que a ventila-ção boca a boca permitia insuflar ar paraos pulmões e por essa via reanimar pes-soas em paragem respiratória. A técnicaé antiga, mas o reconhecimento de quepoderia ter aplicações clínicas mais ex-tensivas só é feito em 1960.Na mesma década, Zoll et al verificamque a aplicação de um choque eléctricono tórax permite recuperar, para ritmosinusal, corações em paragem cardíacapor fibrilhação ventricular.No final dos anos 50 Kouwenhoven et alconstatam que as compressões torácicasexternas permitem manter circulação emdoentes em paragem cardíaca e recupe-rar para a vida algumas vítimas de para-gem cardíaca. A associação destes conhe-cimentos permitiu descrever, no início dosanos 60, a reanimação cardio-respiratória(RCR) como técnica capaz de recuperardoentes em PCR. A partir dessa data PCRdeixou de ser igual a morte.Estes procedimentos, quando executadosem tempo oportuno e de forma correc-ta, permitem impedir mortes evitáveis.Constituem uma prática recomendada,porque são conformes ao estado da artee permitem, em casos concretos “theconscientious, explicit and judicious use ofcurrent best evidence in making decisionsabout individual patients” (definição de Me-dicina Baseada na Evidência proposta porSackett D, Richardson W, Rosenberg W,Haynes R., in How to practice and teachEBM)4. Ou por outras palavras permitemno caso concreto em que o procedimen-to está indicado, executá-lo, de acordocom o estado da arte (de acordo com as

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006 29

O P I N I Ã O

recomendações internacionalmente acei-tes), com consciência e conhecimento dassuas indicações e limitações (decidindocom o meu critério a aplicação daqueletratamento a um doente concreto numasituação específica), explicitando a fonteda metodologia utilizada para o executar(recomendações internacionais).Para um clínico, poucos momentos hámais compensadores do que preveniruma morte evitável, assistindo depois àreintegração social da pessoa que ajudoua salvar. Mas poucos momentos há demaior angústia do que aqueles em que omesmo clínico sabe que é possível evitaraquela morte, mas o contexto, a logística,o momento em que iniciou a reanima-ção ou até os seus próprios conhecimen-tos são insuficientes para o fazer.Este é o exemplo de uma situação extre-ma em que os resultados estão directa-mente ligados à correcção dos procedi-mentos e ao tempo de intervenção. Seos procedimentos não estiverem clara eexplicitamente definidos, antes da ocor-rência e se a organização não estiver an-tecipadamente preparada para activar asequipes de profissionais e a logística ne-cessária para acorrer a essa pessoa emperigo, o mais provável é que o risco devida não seja identificado em tempo opor-tuno e que a resposta, a acontecer, nãoseja eficaz.

Se a morte era evitável não será evi-tada.

Nesta situação, o que está em causa soueu próprio e o meu doente concreto enão uma abstracção estatística ou umconsiderando filosófico. A frustração de-corrente dum insucesso desta naturezainvectiva a consciência de cada um de nósna sua dimensão ética, moral e científica.E se o direito a ser assistido em situaçãode emergência for entendido como umdireito de cidadania então essa “incomo-didade pessoal” passa a ter implicaçõesde índole legal e organizacional.Se eu me confrontar como uma situaçãodestas, na minha prática profissional e naminha condição de clínico responsávelpela vida daquele doente:➢ Quero saber quais são as linhas deorientação (guidelines) recomendadas

para aquela situação,➢ Quero que toda a equipa tenha asmesmas linhas de orientação e➢ Quero que a logística disponível mepermita proceder de acordo como o queestiver recomendado.Não quero:➢ Que cada um dos presentes tenha umaopinião pessoal sobre o que se deve ounão fazer;➢ Andar à procura dos utensílios neces-sários para os procedimentos urgentese inadiáveis;➢ Que me surja alguém a dizer que oque é preciso é administrar este ou aquelefármaco e outro a contradizê-lo insistin-do que deve administrar um choque ououtro ainda que acha que o mais impor-tante é a entubação traqueal e a ventila-ção.Nesta situação extrema (por isso maisfacilmente ilustrativa) quero que todosconheçam as recomendações ERC 2005,para a reanimação, publicadas em portu-guês pelo CPR e que toda a equipa semobilize para as fazer cumprir de imedi-ato e com eficácia. Quero a máxima dis-ponibilidade para salvar aquela vida casoela esteja ameaçada por uma morte evi-tável. A maior parte dos que lidam comdoentes em contexto de urgência sabembem do que falo porque, já lidaram comuma situação como esta, p. ex. num indi-víduo que fez PCR por isquemia do mio-cárdio ou que foi vítima de acidente deviação grave.

Mas porquê estas recomendaçõese não outras?

Porque estas recomendações foramactualizadas em 2005, na sequência de umprocesso de revisão sistemática da lite-ratura (Consenso para a Ciência – publi-cado no Resuscitation de Nov/Dez 20053)feita por peritos qualificados e dedicadosa essa missão (ILCOR – InternationalLiaison Committee On Resuscitation), pe-ritos esses, indigitados pelos seus paresem função das suas reconhecidas com-petências e qualificações. Devem ser es-tas recomendações e não outras porqueelas resultaram de um longo, exigente ecomplexo processo de consensualizaçãoda evidência disponível com base nos co-

nhecimentos publicados na literaturamundial. Reuniram-se e analisaram-se: pa-receres, resultados de estudos, resulta-dos de auditorias e de avaliações de pro-cedimentos e de opiniões já publicadosna literatura e por essa razão já revistosentre pares (peer reviewed) de forma aidentificar os factos mais solidamente do-cumentados e com melhores resultados.Os revisores por sua vez são clínicos,como eu, investigadores, fabricantes deequipamentos, estaticistas e um sem nú-mero de outros contribuintes para o co-nhecimento que ajudam a enriquecer oconhecimento médico e que contribu-em com saberes que eu não domino, masdos quais, posso passar a usufruir.Equipado com esta informação estoumelhor preparado, na minha condição declínico, para contribuir para que o pro-cesso de cuidar dos doentes que me fo-ram confiados tenha maior probabilida-de de ser o mais correcto e de acordocomo estado da arte, nas condições detrabalho da minha instituição. Acresce queas minhas responsabilidades institucionaisme exigem decisões e capacidade de pla-nificação organizacional que assegure omesmo nível de eficiência sempre que umdos doentes que nos são confiados esti-ver em risco de vida. Assim sendo queroter recomendações consensualizadas porperitos qualificados, aceites pela adminis-tração da minha instituição e implemen-tadas no terreno, para que todos os pro-fissionais possam corresponder de acor-do com o estado da arte e o doente te-nha acesso ao melhor tratamento quelhe é devido.Acresce ainda que as minhas responsabi-lidades pedagógicas e de formação interpares me exigem que esteja actualizadoe que eu próprio, bem como a equipapedagógica em que me integro, recomen-de procedimentos que todos (médicos enão médicos), reconheçam como válidoscredíveis e fundamentados. Não devo pois

António M. M. Henriques CarneiroChefe de Serviço de Medicina Interna - Director daUCIP do Hospital Geral de Sto. António – PORTO

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30 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

limitar-me a dar opiniões pessoais masantes confrontar a minha experiência como estado da arte. Dessa confrontaçãodevem decorrer consequências e respon-sabilidades organizacionais que devem seravaliadas segundo critérios pré-definidose fundamentados em recomendações ba-seadas em dados da literatura já estuda-dos e avaliados por outros.Contudo, a decisão de intervenção é mi-nha. Por isso, o facto de estar melhorequipado com o conhecimento científi-co actualizado não me dispensa em ne-nhuma circunstância de decidir em cons-ciência e com os dados de que disponhonaquele exacto momento. A minha ex-periência clínica e a qualidade organizaci-onal da minha instituição são determi-nantes para a melhor aplicação dos meusconhecimentos científicos e para a ren-tabilização da minha experiência profissi-onal. Ninguém, em consciência, me des-culparia se por negligência, desleixo oupreconceito me afastasse do que é tidocomo referência na prática médica nestecaso concreto. É de esperar que este meuentendimento tenha igual aceitação nou-tros profissionais. A Medicina de hojeexige colaboração e trabalho em equipa,inter pares e inter profissões, pelo que amelhor forma de consensualizar proce-dimentos, é referenciá-los, de forma pla-neada e programada, ao que se aceita sero estado da arte.O cidadão, leia-se o meu doente, esperaser assistido, com qualidade e competên-cia pelo que é espectável que ao recor-rer à minha organização ou à minha con-sulta lhe sejam assegurados os melhorescuidados disponíveis. A organização porsua vez espera poder proporcionar osmelhores serviços com os recursos deque dispõe. Nem o cidadão nem a Admi-nistração são peritos em Medicina peloque confiam no meu critério, mas têm odireito, e no caso da Administração, a obri-gação, de confrontar a minha opinião como que estiver estabelecido pelas organi-zações de referência. Assim sendo, en-

quanto profissional serei sempre confron-tado com outras opiniões para além daminha.Creio estar agora claro e fundamentadoporque é que:➢ Na minha prática clínica, gosto de terlinhas de orientação (“guidelines”).Porque essa é a melhor forma de sabercomo proceder, mesmo em situação detensão a exigir intervenção imediata, coma consciência de que não vou improvisaruma solução pontual, mas pelo contráriovou proceder de acordo com o que estáestabelecido inter pares e de acordo como estado da arte➢ Gosto de ter ajuda na selecção dasfontes de informação.Porque a minha capacidade para conhe-cer e digerir toda a informação disponí-vel, é limitada. Há conhecimentos e pro-cedimentos que exigem saberes que meultrapassam pelo que gosto de mereferenciar a recomendações provenien-tes de fontes creditadas, mais aptas equalificadas do que eu para opinar comcredibilidade sobre muitos dos assuntoscom que lido todos os dias;➢ Gosto de ter protocolos de actuação,Porque quero que todos os membros daminha equipa saibam como proceder, quala sequência de procedimentos recomen-dados, não omitam ou esqueçam nenhumdos passos recomendados e registem osseus procedimentos e as circunstânciasem que ocorreram. Equipado com estesdados estou em melhores condições parareflectir sobre a minha experiência indi-vidual, da minha equipa, da minha institui-ção, do meu País, o que me permite con-frontar a minha / nossa prática com asexperiências de outros, permitindo-me amim e à minha equipa, melhorar e evo-luir do ponto de vista pessoal e profissio-nal;➢ Gosto de conhecer os critérios deavaliação das instituições em que traba-lho.Porque gosto de ter “regras do jogo” defi-nidas à partida e gosto que essas regras

estejam conformes ao estado da arte.Gosto que a administração da minha ins-tituição saiba quais são as referências aque se deve indexar para que os seusprofissionais trabalhem com qualidade erespondam segundo os melhores padrõesinternacionais (benchmarking).

Em todas estas circunstâncias prefiro es-tar fundamentado e apoiado na força daevidência disponível, para que no momen-to da minha decisão pessoal, em funçãoda minha experiência vivencial e profissi-onal me sentir o mais apto possível paratomar as melhores decisões, nas circuns-tâncias concretas em que for chamado adecidir. Acresce que se a minha decisão eos procedimentos que daí advêm impli-carem o envolvimento de toda a equipa,quero que todos funcionem com a mes-ma lógica, perseguindo os mesmos ob-jectivos, com as mesmas linhas de orien-tação, em proveito do doente que nosfoi confiado.Ou seja quero que a minha prática e a daminha equipa seja “consciente, clara ecriteriosa, fundamentada na melhor evidên-cia disponível para proporcionar o melhortratamento possível a cada doente concretona situação concreta em que o avalio e de-cido actuar e intervir 4”.

Referências:1. António José de Barros Veloso, Acerca da“Medicina baseada na evidência”, Revista daOrdem dos Médicos, 2005, Outubro, ano 21--nº61, 24-332. European Resuscitation Council Guidelinesfor Resuscitation 2005, edited by Jerry Nolanand Peter Baskett, Resuscitation, Dec 2005,Vol. 67 supplement 13. International Liaison Committee on Re-suscitation. Part 1. Introduction. 2005 Inter-national Consensus on CardiopulmonaryResuscitation and Emergency CardiovascularCare Science with Treatment Recommenda-tions. Resuscitation, Nov/Dec 2005, Vol. 67issues 2-34. Sackett D, Richardson W, Rosenberg W,Haynes R. Evidence-based medicine. How topractice and teach EBM. London: ChurchillLivingstone; 1997

O P I N I Ã O

EsclarecimentoA pedido do autor do artigo ‘O fígado, a hepatologia’, Rui Tato Marinho, publicamos o seguinte esclarecimento: «Em1982 foi criado o Núcleo de Hepatologia da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia. O Núcleo de Hepatologia tevecomo primeiro presidente Miguel Carneiro de Moura. No biénio de 1993-1995 esse núcleo veria alterado o seu nomepara Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado».

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Regulamento do Internato Médico 31

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

REGULAMENTO

DO

INTERNATO

MÉDICO

A publicação do novo Regulamento do Internato Médico no passado dia 22 deFevereiro é o corolário de longos meses (anos) de trabalho por parte da Ordemdos Médicos, com vista a, em colaboração com a tutela, encontrar as melhoressoluções, e, em alguns casos, as soluções possíveis, para resolver alguns dosproblemas da formação pós-graduada, problemas esses que se verificavam hámuitos anos e que, entre outros constrangimentos, se traduziam numadesigualdade efectiva entre os médicos internos portugueses e os seuscongéneres que vinham fazer o internato em Portugal.

Publicamos nesta edição a Portaria nº 183/2006 que desenvolve o disposto noDecreto-Lei nº 203/2004, e que dá vida ao novo RIM.

Nas páginas seguintes, além do próprio RIM, divulgamos um pequeno inquéritofeito a médicos internos, em que os mesmos expressam as suas opiniões sobreeste novo regulamento, a reportagem relativa à reunião geral dos Colégios daEspecialidade onde o principal tema debatido foi o RIM e um artigo de opinião deRui Guimarães, presidente do Conselho Nacional do Médico Interno.

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32 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

MINISTÉRIO DA SAÚDEPortaria n.o 183/2006de 22 de Fevereiro

A presente portaria aprova o novo Regulamento doInternato Médico, em desenvolvimento do dispostono Decreto-Lei n.o 203/2004, de 18 de Agosto, quedefine o regime jurídico da formação médica após alicenciatura em Medicina, com vista à especialização, eestabelece os princípios gerais a que deve obedecer orespectivo processo.De acordo com este diploma legal, o internato médi-co corresponde a um processo único de formaçãomédica especializada, teórica e prática, tendo comoobjectivo habilitar o médico ao exercício tecnicamen-te diferenciado na respectiva área profissional de es-pecialização.Este novo modelo carece de regulamentação específi-ca, exigida pelo citado Decreto-Lei n.o 203/2004, de18 de Agosto, cujo normativo prevê matérias a regu-lar por instrumento próprio, designadamente quantoà composição, nomeação, competência e funcionamen-to dos órgãos do internato médico, reconhecimentode idoneidade e capacidade formativa dos estabeleci-mentos e serviços para a sua frequência, condições deacesso e forma de vinculação, regimes e condições detrabalho, transferências de serviços e mudanças de áreaprofissional, bem como processo de avaliação e atri-buição de equivalências.Foram observados os procedimentos decorrentes daLei n.o 23/98, de 26 de Maio, e foi ouvida a Ordem dosMédicos.Assim:Em cumprimento do n.o 1 do artigo 29.o do Decreto--Lei n.o 203/2004, de 18 de Agosto: Manda o Governo,pelo Ministro da Saúde, o seguinte:1.o É aprovado o Regulamento do Internato Médico,anexo a esta portaria e da qual faz parte integrante.2.º São revogadas as Portarias n.os 695/95, de 30 deJunho, e 1223/82, de 28 de Dezembro.Pelo Ministro da Saúde, Carmen Madalena da CostaGomes e Cunha Pignatelli, Secretária de Estado Adjuntae da Saúde, em 1 de Fevereiro de 2006.

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

CAPÍTULO IPrincípios gerais

Artigo 1.o

Regime do internato médico1 - O internato médico rege-se pelo disposto noDecreto-Lei n.o 203/2004, de 18 de Agosto, e pelo pre-sente Regulamento.2 - O internato médico de medicina legal rege-se pelodisposto no número anterior com as especificidadesconstantes de regulamento próprio.3 - A frequência do internato médico por médicosinternos oriundos das Forças Armadas obedece àscondições estabelecidas em protocolo celebrado en-tre os competentes departamentos dos Ministériosda Saúde e da Defesa.

Artigo 2.o

Noção e finalidade1 - O internato médico realiza-se após a licenciaturaem Medicina e corresponde a um processo único deformação médica especializada, teórica e prática, ten-do como objectivo habilitar o médico ao exercíciotecnicamente diferenciado na respectiva área profissi-onal de especialização.2 - O exercício autónomo da medicina é reconhecidoa partir de dois anos de formação de internato médi-co com aproveitamento, nos termos estabelecidos pelaOrdem dos Médicos.3 - O internato médico pode estruturar-se por ramosde diferenciação profissional que abrangem as diver-sas áreas profissionais de especialização, de acordocom o proposto pela Ordem dos Médicos, ouvido oconselho nacional do internato médico, tendo em contaas áreas profissionais que constam do anexo I desteRegulamento.

CAPÍTULO IIResponsabilidade pela formação médica

SECÇÃO IDos órgãos do internato médico

Artigo 3.o

Designação e finalidade dos órgãos1 - Cabe à Secretaria-Geral do Ministério da Saúde agestão e a coordenação geral do internato médico, semprejuízo da intervenção de outros serviços centrais,regionais e locais, no âmbito das suas competências.2 - A Secretaria-Geral pode promover auditorias ope-racionais com incidência nas componentes processu-

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REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

ais, administrativas e técnicas, podendo recorrer, parao efeito, a entidades especializadas nestes domínios.3 - O alto comissário da Saúde e a Direcção-Geral daSaúde emitem orientações nas respectivas áreas decompetência, a considerar pelos órgãos de gestão ede coordenação em cada internato médico.4 - São órgãos específicos do internato médico:a) O conselho nacional do internato médico, adiante

designado por CNIM;b) As comissões regionais do internato médico, adi-

ante designadas por comissões regionais;c) As direcções do internato médico das áreas pro-

fissionais hospitalares, adiante designadas por di-recções do internato;

d) As coordenações das áreas profissionais de medi-cina geral e familiar, de saúde pública e de medicinalegal, adiante designadas por coordenações.

5 - Os órgãos específicos do internato médico exer-cem funções de estudo e de consulta nos domínios daconcepção, organização e planeamento do internato,bem como de orientação, coordenação e avaliação doseu funcionamento e desenvolvimento.

Artigo 4.o

Orientadores de formaçãoA orientação directa e permanente dos médicos in-ternos é feita por orientadores de formação, de acor-do com o disposto no artigo 15.o deste Regulamento.

SECÇÃO IIConselho nacional do internato médico

Artigo 5.o

Constituição1 - O CNIM é constituído pelos seguintes membros:a) Um vogal de cada conselho de administração das

administrações regionais de saúde, adiante desig-nadas por ARS;

b) Os presidentes das comissões regionais do inter-nato médico das zonas Norte, Centro e Sul e dasRegiões Autónomas dos Açores e da Madeira, des-de que não integrem o CNIM ao abrigo das alíneasseguintes;

c) Dois directores de internato dos hospitais ou gruposde hospitais de cada zona que sejam membros dacomissão executiva da respectiva comissão regional;

d) Os três coordenadores da área profissional de me-dicina geral e familiar;

e) Os três coordenadores da área profissional de saú-de pública;

f) O coordenador nacional da área profissional demedicina legal indicado pelo Instituto Nacional deMedicina Legal;

g) Um médico militar indicado pelo Ministério daDefesa;

h) Cinco médicos com vínculo ao Serviço Nacionalde Saúde, adiante designado por SNS, indicados pelaOrdem dos Médicos, sendo dois das Regiões Au-tónomas, um da Madeira e outro dos Açores.

2 - O CNIM é presidido por um dos seus membros,proposto de entre eles, nomeado pelo Ministro daSaúde, por um período de três anos, renovável.3 - Os membros referidos na alínea c) do n.o 1 sãoindicados pela respectiva comissão regional e nomea-dos por um período de três anos.4 - A constituição nominal do CNIM é homologadapor despacho do Ministro da Saúde e divulgada pelaSecretaria-Geral do Ministério da Saúde.

Artigo 6.oOrganização e funcionamento

1 - O CNIM funciona junto da Secretaria-Geral doMinistério da Saúde e reúne, pelo menos, mensalmen-te, podendo as reuniões realizar-se noutros locais,sempre que se mostre conveniente.2 - O CNIM pode reunir extraordinariamente sem-pre que convocado pelo seu presidente ou por solici-tação do secretário-geral do Ministério da Saúde.3 - O CNIM poderá constituir comissões, permanen-tes ou eventuais, para estudo e análise de assuntosespecíficos.4 - Nas reuniões ordinárias e extraordinárias e nascomissões eventuais podem participar outros profis-sionais a convite do presidente do CNIM ou dosecretário-geral do Ministério da Saúde.

Artigo 7.oCompetências

O CNIM exerce as suas funções ao nível nacional,competindo-lhe, nomeadamente:a) Dar parecer relativamente às modificações dos in-

ternatos médicos, incluindo as que resultem de al-terações aos programas de formação e criação deinternatos médicos em novas áreas profissionais,em conformidade com as especialidades definidaspela Ordem dos Médicos;

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34 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

b) Apreciar, do ponto de vista da estrutura e da ade-quação formal, os programas elaborados e propos-tos pela Ordem dos Médicos, assim como a suaactualização ou alteração, assegurando com estaOrdem a formulação adequada, com vista à suasujeição a aprovação ministerial;

c) Dar parecer sobre os critérios propostos pelaOrdem dos Médicos, a que deve obedecer a deter-minação de idoneidade e capacidade formativa dosestabelecimentos e serviços de saúde para a reali-zação do internato médico, assegurando com aquelaOrdem a formulação adequada com vista à suasujeição a aprovação ministerial;

d) Elaborar anualmente, por área profissional, o mapade capacidades formativas, tendo em atenção asidoneidades e capacidades formativas atribuídaspela Ordem dos Médicos, e submetê-lo à aprova-ção superior;

e) Elaborar para o ano comum de cada internatomédico uma proposta base para distribuição devagas por estabelecimento de saúde, de acordo comos critérios de idoneidade e capacidade formativadefinidos pela Ordem dos Médicos;

f) Emitir orientações visando um desenvolvimento har-monioso do internato médico e a aplicação uniforme,ao nível nacional, dos programas de formação;

g) Elaborar estudos e emitir pareceres sobre os as-suntos que lhe sejam submetidos, relativos à for-mação médica pós-graduada;

h) Acompanhar e avaliar o desenvolvimento do internatomédico, em articulação com as comissões regionais;

i) Propor a transferência de médicos internos, emcorrespondência com o artigo 58.o do presente Re-gulamento;

j) Propor mudanças de área profissional, em corres-pondência com o artigo 60.o do presente Regula-mento;

l) Coordenar o processo conducente à realização dasprovas de avaliação final do internato médico;

m) Autorizar, em conformidade com o parecer técnicoda Ordem dos Médicos, a concessão de equivalên-cias a estágios de formação do internato médico;

n) Emitir parecer sobre assuntos da sua competência,designadamente quando solicitado pelo secretário--geral do Ministério da Saúde;

o) Propor ao secretário-geral do Ministério da Saúdeo que julgar conveniente para a melhoria do inter-nato médico.

SECÇÃO IIIComissões regionais do internato médico

Artigo 8.o

Constituição1 - As comissões regionais do internato médico exer-cem a sua competência nas zonas Norte, Centro e Sule nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira,sendo compostas por directores de internato das áreasprofissionais hospitalares e pelos coordenadores dasáreas profissionais de medicina geral e familiar, de saúdepública e de medicina legal da respectiva zona, bemcomo por um elemento indicado pelas respectivas ARSe dois membros com vínculo ao SNS indicados pelaOrdem do Médicos.2 - A operacionalidade de cada uma das comissõesregionais é garantida por uma comissão executiva,constituída no máximo por 12 elementos, distribuí-dos do seguinte modo:a) Directores de internato médico dos hospitais;b) Os coordenadores das áreas profissionais de me-

dicina geral e familiar, de saúde pública e de medi-cina legal;

c) O membro indicado pela ARS, sendo que a zonaSul integra os elementos indicados pelas ARS deLisboa e Vale do Tejo, do Alentejo e do Algarve;

d) Os membros indicados pela Ordem dos Médicos,sendo um deles médico interno.

3 - A constituição das comissões executivas regionais édivulgada pela Secretaria-Geral do Ministério da Saúde.

Artigo 9.o

Organização e funcionamento1 - As comissões regionais do internato médico sãopresididas por um dos membros da comissão executi-va, eleito de entre eles, por um período de três anos,renovável.2 - As comissões regionais das zonas Norte e Centrofuncionam junto das respectivas ARS, funcionando acomissão regional da zona Sul junto da ARS de Lisboae Vale do Tejo.3 - As comissões regionais reúnem anualmente ousempre que forem convocadas pelos seus presiden-tes, podendo os seus membros, sempre que tal se re-vele necessário, participar em reuniões da comissãoexecutiva.4 - As comissões executivas reúnem com os seus mem-bros fixos, pelo menos quinzenalmente, podendo reunir

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REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

fora das ARS habituais quando as necessidades do seufuncionamento ou as matérias a tratar o requeiram.

Artigo 10.o

CompetênciasAs comissões regionais do internato médico exercemfunções de natureza predominantemente executiva, deacordo com as orientações e critérios emitidos peloCNIM, competindo-lhes, nomeadamente:a) Garantir a aplicação dos programas de formação

das áreas profissionais, em estreita colaboração comas direcções e coordenações de internato, desig-nadamente no que se refere a sequência, locais deformação e datas de realização dos estágios;

b) Prestar apoio às direcções e coordenações de in-ternato médico dos estabelecimentos e serviçosde saúde da sua zona;

c) Solicitar à Ordem dos Médicos a avaliação da ido-neidade e capacidade formativa dos serviços e ela-borar os respectivos mapas e enviá-los ao CNIM;

d) Propor ao CNIM a transferência de internos, nostermos do presente Regulamento;

e) Propor ao CNIM a mudança de área profissional,nos termos do presente Regulamento;

f) Apresentar ao CNIM as propostas conducentes auma maior eficiência do internato;

g) Emitir parecer sobre os assuntos que lhe sejamsubmetidos pelo CNIM.

Artigo 11.o

Comissões regionais nas Regiões AutónomasAs comissões regionais do internato médico das Re-giões Autónomas dos Açores e da Madeira têm com-petências idênticas às das comissões regionais do in-ternato médico do continente e funcionam de acordocom as determinações específicas dos respectivosGovernos Regionais.

SECÇÃO IVDirecções e coordenações do internato

médico

Artigo 12.o

Direcções do internato médico das áreasprofissionais hospitalares

1 - Nos estabelecimentos hospitalares onde se reali-zem internatos médicos existe uma direcção do inter-nato médico.

2 - As funções de direcção do internato médico ca-bem a um médico de reconhecida competência e ex-periência de formação de médicos internos, nomeadopelo director clínico e coadjuvado por um a três as-sessores.

Artigo 13.o

Coordenações das áreas profissionais demedicina geral e familiar, de saúde pública e

de medicina legal1 - Nos internatos médicos de medicina geral e fami-liar e de saúde pública, as funções de direcção do in-ternato médico competem à coordenação de zona oude região autónoma, sem prejuízo do disposto nas alí-neas seguintes:a) As ARS nomeiam os directores do internato médi-

co por proposta dos coordenadores e com a con-cordância da comissão regional respectiva, quandoo número de médicos internos ou condições es-peciais o justifiquem;

b) Os coordenadores das áreas profissionais de me-dicina geral e familiar e de saúde pública são no-meados, de entre médicos das respectivas carrei-ras com reconhecida competência e experiênciana formação de médicos internos, por despachodo secretário-geral do Ministério da Saúde, sobproposta das comissões regionais respectivas, ou-vidas as ARS;

c) As coordenações exercem as suas competências naszonas Norte, Centro e Sul, correspondendo as duasprimeiras às áreas de intervenção das respectivasARS e a última às áreas de intervenção das ARS deLisboa e Vale do Tejo, do Alentejo e do Algarve.

2 - Cabe ao Instituto Nacional de Medicina Legal no-mear os coordenadores do internato médico de me-dicina legal.3 - Cabe aos serviços regionais das Regiões Autóno-mas nomear os respectivos coordenadores dos inter-natos médicos de medicina geral e familiar e de saúdepública.

Artigo 14.o

CompetênciasCompete às direcções e às coordenações do interna-to médico:a) Programar o funcionamento e desenvolvimento do

internato médico e dos estágios a efectuar dentroe fora do estabelecimento, com observância dos

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36 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

programas aprovados e das normas estabelecidas;b) Orientar e acompanhar o desenvolvimento geral

do internato médico e a avaliação dos médicos in-ternos, em estreita colaboração com os directoresou responsáveis dos serviços e orientadores deformação;

c) Verificar e avaliar as condições de formação, comu-nicando à comissão regional qualquer alteração quepossa implicar perda de idoneidade do serviço;

d) Organizar os elementos do processo individual dosmédicos internos relevantes para o internato, atra-vés de registos autenticados pelo director de ser-viço e orientador de formação;

e) Promover e coordenar a realização de actividadesde carácter formativo que se integrem nos objec-tivos dos programas;

f) Requerer, através das respectivas comissões regi-onais, a concessão de idoneidade e de capacidadeformativa aos serviços;

g) Orientar a distribuição dos médicos internos pe-los diferentes serviços de acordo com a respectivacapacidade;

h) Recolher periodicamente junto dos directores ouresponsáveis dos serviços, dos orientadores deformação e dos médicos internos informações per-tinentes para um melhor funcionamento do inter-nato;

i) Coordenar as avaliações;j) Nomear, com observância do disposto no artigo

15.o, os orientadores de formação;l) Planear as actividades e estágios dos médicos inter-

nos, com observância do disposto no artigo 16.o;m) Pronunciar-se sobre os assuntos relativos à for-

mação sempre que solicitados pelos órgãos de ges-tão dos estabelecimentos ou pelas comissões dointernato médico;

n) Substituir os orientadores de formação ou respon-sáveis de estágio, em situações devidamente fun-damentadas.

SECÇÃO VOrientação e planeamento da formação

Artigo 15.oOrientadores de formação

1 - Os médicos internos têm um orientador de for-mação no serviço de colocação oficial, a quem com-pete a orientação personalizada e permanente da for-

mação e a sua integração nas equipas de trabalho dasactividades assistenciais, de investigação e ensino, deacordo com os programas de formação.2 - O orientador de formação é um dos médicos es-pecialistas do serviço habilitado com, pelo menos, ograu de assistente da respectiva área profissional, anomear pela direcção do internato, sob proposta dodirector ou responsável pelo serviço, nos estabeleci-mentos hospitalares, e, nas áreas profissionais de me-dicina geral e familiar e de saúde pública, pelas ARS,sob proposta do respectivo coordenador de zona.3 - Nos estágios que decorram em serviços diferen-tes do de colocação oficial, os médicos internos têm,nesses serviços, um responsável de estágio a quemcompete, articulando-se com o orientador de forma-ção, exercer as funções a este cometidas durante odecurso desses estágios.4 - Os responsáveis de estágio são nomeados peladirecção ou coordenação do internato médico, sobproposta do director ou responsável pelo serviço.5 - Na designação dos orientadores de formação ou res-ponsáveis de estágio a regra é de um médico interno pororientador, podendo ser até três médicos internos pororientador, desde que sejam asseguradas as condiçõesexigidas para a qualidade de processo formativo.6 - Aos orientadores de formação e responsáveis deestágio é facultado o tempo necessário para o desem-penho das funções de formação, o qual deve obede-cer a uma programação regular, compatível com asdiferentes actividades médicas a que estão obrigados,e com as recomendações da Ordem dos Médicos re-feridas nos programas de formação.7 - O desempenho das funções de orientador de for-mação e de responsável de estágio é objecto de valori-zação curricular para promoção na respectiva carreira.8 - As funções de orientador de formação não podemser exercidas por directores de departamento, direc-tores de serviço ou equiparáveis, salvo situações ex-cepcionais, aprovadas pelo CNIM.9 - O desempenho de funções de orientador de for-mação implica a existência de vínculo contratual noSNS, cuja duração terá em atenção a previsível dura-ção do internato médico.

Artigo 16.o

Planeamento das actividades formativasDe acordo com os programas de formação aprova-dos, o planeamento das actividades e estágios dos

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Regulamento do Internato Médico 37

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

médicos internos é preparado, nas áreas profissionaishospitalares, pelo respectivo director de serviço e, nasáreas profissionais de saúde pública e de medicina gerale familiar, pelos coordenadores de zona, com a cola-boração, em qualquer dos casos, dos orientadores deformação e do próprio médico interno.

SECÇÃO VINormas comuns aos órgãos do internato

médicoArtigo 17.o

Substituição1 - As alterações que se verifiquem nas direcções ecoordenações do internato médico implicam a substi-tuição dos correspondentes membros no CNIM e nascomissões regionais.2 - Quando os membros a substituir, nos termos donúmero anterior, exercerem as funções de presidentedo conselho nacional ou de presidentes das comis-sões regionais, manter-se-ão no cargo até ao fim domandato para que foram eleitos, sem prejuízo do iní-cio de funções nas comissões pelos novos membros.

Artigo 18.o

Dispensa de funções1 - Aos membros dos órgãos do internato médico sãofacultados o tempo de serviço e as condições neces-sárias para o desempenho eficiente das suas funções.2 - Aos médicos indicados pela Ordem dos Médicospara a verificação de idoneidades e capacidades for-mativas é facultado o tempo de serviço necessáriopara o desempenho eficiente das suas funções.3 - O desempenho das funções nos órgãos do inter-nato médico releva para efeitos curriculares.

Artigo 19.o

Responsabilidade pelas remunerações eencargos

Para além das remunerações base, os encargos comos suplementos a que os membros dos órgãos do in-ternato médico e os orientadores de formação te-nham direito pelo exercício dessas funções, designa-damente ajudas de custo e subsídios de transporte,são da responsabilidade dos estabelecimentos a quepertençam.

Artigo 20.o

Apoio aos órgãos e responsáveis pela

formaçãoOs serviços ou estabelecimentos de saúde que sejamlocal de funcionamento, permanente ou ocasional, dosórgãos do internato médico ou em que se realizeminternatos médicos devem fornecer-lhes as instalaçõese o apoio logístico necessário, bem como afectar-lhesos recursos materiais e humanos exigidos pelas tare-fas a executar.

CAPÍTULO IIIComissões de médicos internos

Artigo 21.o

Constituição1 - Nos estabelecimentos hospitalares e nas zonas decoordenação do internato médico pode constituir-seuma comissão de médicos internos.2 - Cada comissão de médicos internos é representa-da, no máximo, por três médicos.3 - Os representantes são eleitos, por votação emvoto secreto, pelos médicos internos de cada estabe-lecimento hospitalar ou de cada zona de coordena-ção, no caso das áreas profissionais de medicina gerale familiar, de saúde pública e de medicina legal.4 - A comissão designada comunica a sua constituição,conforme for o caso, à respectiva direcção ou coor-denação do internato, a qual a comunica às respecti-vas comissões regionais e à Ordem dos Médicos.

Artigo 22.o

FunçõesÀs comissões de internos é reconhecida competênciapara:1) Representar os médicos internos do respectivo es-

tabelecimento junto dos órgãos do internato mé-dico;

2) Contribuir para a melhoria das condições de fre-quência e de funcionamento dos processos forma-tivos;

3) Promover, com o apoio da direcção do internatomédico, a organização de cursos, debates, sessõesclínicas e jornadas;

4) Acompanhar o processo formativo dos colegas,promovendo reuniões periódicas entre todos osmédicos internos;

5) Comunicar ao CNIM e à Ordem dos Médicos quais-quer factos relevantes que ocorram no decursodo processo formativo, dando conhecimento à di-

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REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

recção do internato, às coordenações e às comis-sões regionais respectivas.

CAPÍTULO IVÁreas profissionais e programas de formação

Artigo 23.oCriação de áreas profissionais

1 - A criação de áreas profissionais de especialização dointernato médico deve ter correspondência no elencodas especialidades definidas pela Ordem dos Médicos.2 - A criação de áreas profissionais de especializaçãodo internato médico é feita por portaria do Ministroda Saúde, ouvida a Ordem dos Médicos e o CNIM.

Artigo 24.oAutonomia, estrutura e objectivos dos

programas1 - Para cada área profissional é aprovado, por porta-ria do Ministro da Saúde, um programa de formação,proposto pela Ordem dos Médicos ao secretário-geraldo Ministério da Saúde, que sobre ele ouvirá o CNIM.2 - O programa de cada área profissional deve serestruturado por uma sequência de estágios e dele deveconstar, designadamente: a) Duração total da forma-ção; b) Sequência dos estágios; c) Duração de cadaestágio; d) Local de formação para cada estágio; e)Objectivos de desempenho e de conhecimentos paracada estágio ou períodos de 12 meses em estágios deduração superior; f) Descrição do desempenho emcada estágio; g) Avaliação de desempenho e de conhe-cimentos em cada estágio, nomeadamente tipo e mo-mentos da avaliação, parâmetros a avaliar, factores deponderação e documentos auxiliares da avaliação.3 - O tempo dedicado à frequência de estágiosopcionais não poderá ultrapassar 20% do tempo totalda formação fixada para cada especialidade.

Artigo 25.oRevisão dos programas

Os programas de formação, para além das alteraçõese actualizações que lhes sejam pontualmente introdu-zidas, devem ser revistos, por portaria do Ministro daSaúde, de cinco em cinco anos, sob proposta da Or-dem dos Médicos à Secretaria-Geral do Ministério daSaúde, ouvido o CNIM.

Artigo 26.o

Sequência e articulação de estágios1 - Compete aos órgãos do internato médico e aosresponsáveis directos pela formação, com a necessá-ria colaboração dos serviços e estabelecimentos, pro-mover e zelar pela sequência e correcta articulaçãoentre os vários estágios, particularmente daqueles quesejam efectuados fora do serviço onde o interno seencontra colocado.2 - A programação da formação de cada médico inter-no deve expressar quais os estágios do programa queo mesmo deve desenvolver e os serviços e institui-ções em que são realizados, de acordo com a idonei-dade atribuída aos serviços.

Artigo 27.o

Programas doutorais em investigação clínica1 - Através de regulamento próprio serão fixadas ascondições em que os médicos do internato médicopodem frequentar programas doutorais em investiga-ção clínica.2 - A realização destes programas não prejudica a fre-quência do internato médico, podendo ocorrerinterpolada ou concomitantemente, reflectindo-se,neste caso, na duração do internato médico, de modoa não pôr em causa a obtenção dos conhecimentos eaptidões inerentes ao exercício especializado para oqual o respectivo internato habilita.3 - O regulamento referido neste artigo será aprova-do por diploma conjunto dos Ministros da Saúde e daCiência e do Ensino Superior.

CAPÍTULO VIdoneidade formativa

SECÇÃO IEstabelecimentos de formação e serviços

idóneos

Artigo 28.o

Princípios gerais1 - O internato médico realiza-se em serviços e esta-belecimentos de saúde públicos ou privados, reconhe-cidos como idóneos para o efeito e de acordo com asua capacidade formativa.2 - Com a finalidade de garantir o cumprimento inte-gral do programa e de proporcionar uma formaçãoquantitativa e qualitativamente diversificada, os inter-nos podem frequentar estágios, partes de estágio ou

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Regulamento do Internato Médico 39

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

actividades formativas em estabelecimentos diferen-tes daqueles em que foram oficialmente colocados,nos ter-mos do disposto no artigo seguinte.

Artigo 29.o

Estabelecimentos de formação no internatomédico

1 - Para efeitos de realização de internatos e de reco-nhecimento de idoneidade formativa, podem os esta-belecimentos agregar-se por critérios de complemen-taridade dos serviços médicos de que dispõem e daárea geográfica que servem.2 - A agregação para efeitos de formação dos médicosinternos é fixada por despacho do secretário-geral doMinistério da Saúde, sob proposta do CNIM e tendoem atenção o parecer técnico da Ordem dos Médicos.

Artigo 30.o

Serviços idóneos1 - Considera-se idóneo para a realização de determi-nado estágio de um programa de formação o estabe-lecimento ou serviço de saúde que possa garantir ocumprimento dos objectivos expressos para esse es-tágio e como tal seja reconhecido pela Ordem dosMédicos.2 - A idoneidade dos estabelecimentos hospitalaresestá condicionada à existência de serviços que garan-tam o cumprimento de, pelo menos, metade dos está-gios específicos das diversas áreas profissionais, ex-cluindo os estágios opcionais ou aqueles que devamser cumpridos por força do estabelecido nos respec-tivos programas de formação, sem prejuízo do dispos-to no número seguinte.3 - A colocação de médicos internos nos estabeleci-mentos e serviços de saúde está condicionada a queestes promovam o cumprimento do programa de for-mação respectivo, articulando-se com outras institui-ções, quando necessário.

Artigo 31.o

Idoneidade de estabelecimentos e serviçosprivados

1 - A realização do internato em estabelecimentos dosector social, privados, estabelecimentos públicos comnatureza empresarial, com contrato de gestão privadaou em regime de convenção, ou em hospitais socieda-des anónimas de capitais exclusivamente públicos de-pende da celebração de acordos, convenções ou

contratos-programa entre o Ministério da Saúde eesses estabelecimentos, dos quais constarão, entreoutras, cláusulas referentes às condições de formaçãoe processos de avaliação.2 - O reconhecimento de idoneidade está condicio-nado à existência de organização equiparável à do re-gime legal das carreiras médicas do Ministério da Saú-de e à garantia dos níveis e diversidade de cuidados desaúde necessários à formação dos médicos internos.

SECÇÃO IICritérios de idoneidade

Artigo 32.o

Critérios de idoneidadeOs critérios para a determinação de idoneidade dosestabelecimentos e serviços de saúde são definidos,até 30 de Setembro de cada ano, pela Ordem dosMédicos, com a colaboração do CNIM, sendo a suadivulgação assegurada, durante o mês de Outubro, pelaSecretaria - Geral do Ministério da Saúde.

SECÇÃO IIIReconhecimento de idoneidade e fixação da

capacidade formativa

Artigo 33.o

Processo de reconhecimento de idoneidade1 - O reconhecimento de idoneidade dos estabeleci-mentos de saúde é feito por despacho do Ministro daSaúde, sob proposta da Ordem dos Médicos, ouvido oCNIM.2 - Os estabelecimentos e serviços de saúde de-vem, obrigatoriamente, enviar às comissões regio-nais dos internatos médicos, até 1 de Março de cadaano, depois de devidamente preenchidos, os respec-tivos formulários de caracterização, os quais esta-rão disponíveis na página da Internet da Secretaria--Geral do Ministério da Saúde, e conceder as facili-dades necessárias à instrução da proposta da con-cessão de idoneidade.3 - As comissões regionais dos internatos médicosremetem aqueles formulários à Ordem dos Médicospara, em colaboração com o CNIM, elaborar as pro-postas de reconhecimento de idoneidades dos esta-belecimentos e serviços de saúde.4 - A Ordem dos Médicos poderá desencadear, paracumprimento do disposto nos números anteriores, me-

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40 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

canismos de avaliação de idoneidade, nomeadamenteatravés de visitas de avaliação, audição dos formado-res e médicos internos actuais ou médicos formadosrecentemente nos respectivos serviços.

Artigo 34.oCapacidade formativa

1 - A capacidade formativa dos serviços está depen-dente da sua idoneidade e corresponde ao númeromáximo de médicos internos que podem receber, si-multaneamente, formação.2 - Para cada estabelecimento e serviço de saúde deveser fixado o número máximo total de médicos inter--nos, estruturado por ano de frequência.3 - As capacidades formativas dos serviços são revis-tas anualmente, antes da abertura do concurso de in-gresso no internato médico.4 - Com vista à homologação, o CNIM apresenta aosecretário-geral do Ministério da Saúde anualmente,até ao final do mês de Junho, proposta de fixação dascapacidades formativas disponíveis por estabelecimen-to de saúde, tendo em atenção o parecer técnico daOrdem dos Médicos quanto ao reconhecimento deidoneidades e capacidades formativas.

CAPÍTULO VIIngresso no internato médico

SECÇÃO IDisposições gerais e comuns

Artigo 35.oIngresso no internato médico

O ingresso no internato médico faz-se através de provade exame de âmbito nacional, cabendo a sua organi-zação à Secretaria-Geral do Ministério da Saúde.

Artigo 36.oRequisitos de admissão

1 - Constituem requisitos gerais de admissão:a) Licenciatura em Medicina por universidade portu-

guesa, respectiva equivalência ou reconhecimentoao abrigo de lei especial ou acordo internacional;

b) Nacionalidade portuguesa, de país que integre aUnião Europeia ou, quando aplicável, autorização parao exercício das funções em território português;

c) Inscrição na Ordem dos Médicos;d) Aprovação na prova de comunicação médica.2 - Os médicos que não tenham ocupado a vaga que

lhes foi atribuída no âmbito de um concurso não po-dem candidatar-se a novo concurso durante o prazode um ano, salvo se escolherem, após a prova de exa-me, vagas sobrantes.

SECÇÃO IIDa prova de comunicação médica

Artigo 37.o

Âmbito1 - Os candidatos ao exame de ingresso no internatomédico são obrigatoriamente submetidos à prova decomunicação, sem prejuízo do disposto no n.o 4 desteartigo.2 - A prova de comunicação visa avaliar de forma sis-temática a capacidade de compreensão e comunica-ção dos candidatos ao internato médico no âmbito darelação médico-doente.3 - A prova é realizada pela Ordem dos Médicos, queemite certidão quando o candidato seja consideradoapto.4 - Os licenciados em Medicina por universidade emque o ensino tenha sido ministrado em língua portu-guesa estão dispensados da realização da prova decomunicação médica.

Artigo 38.o

Regulamento1 - A Ordem dos Médicos elabora no prazo máximode 90 dias, a contar da data da entrada em vigor dopresente diploma, o regulamento da prova de comu-nicação médica.2 - Compete à Secretaria-Geral do Ministério da Saú-de a divulgação do regulamento da prova de comuni-cação médica, bem como de quaisquer alterações quesobre ele recaiam.

Artigo 39.o

Recurso do resultado da provaDos resultados da prova de comunicação médica caberecurso para o secretário-geral do Ministério da Saúde.

SECÇÃO IIIDo concurso

Artigo 40.o

Programação das vagas por área profissional1 - A programação das vagas a pôr a concurso tem emconta as necessidades previsionais de médicos espe-

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Regulamento do Internato Médico 41

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

cialistas em cada área profissional, obedecendo às ido-neidade e capacidades formativas disponíveis.2 - Em anexo ao aviso de abertura do concurso deadmissão ao internato médico são fixadas vagas porárea profissional de especialização e por estabeleci-mento e serviço de saúde, podendo ser, igualmente,identificadas vagas protocoladas.

Artigo 41.o

Estabelecimentos de colocaçãoA determinação dos estabelecimentos onde se realizao internato médico obedece ao mapa de idoneidadese capacidades formativas, tendo como limite a capa--cidade formativa máxima aí prevista.

SUBSECÇÃO IAdmissão ao concurso

Artigo 42.o

Abertura do concurso1 - O concurso de ingresso no internato médico éaberto por aviso publicado no Diário da República edele devem constar:a) Número de vagas postas a concurso por área pro-

fissional;b) Indicação dos estabelecimentos onde pode ser re-

alizada a formação;c) Forma, prazo e local de apresentação das candida-

turas;d) Requisitos gerais e especiais de admissão;e) Documentos que devem acompanhar o requeri-

mento;f) Data da realização da prova de exame de âmbito

nacional;g) Indicação da forma e local ou locais de divulgação das

listas de admissão e classificação dos candidatos;h) Identificação dos elementos que integram o júri

do concurso;i) Data limite para a entrega do documento

comprovativo de que foi considerado apto na pro-va de comunicação médica;

j) Outros elementos julgados necessários ou úteispara melhor esclarecimento dos interessados.

Artigo 43.o

Processo de candidatura1 - Os requerimentos devem ser entregues nos locaisprevistos no aviso de abertura do concurso e devem

conter:a) Identificação completa do candidato e nacionalidade;b) Data e local de nascimento;c) Residência;d) Universidade e data da licenciatura ou equipara-

ção;e) Outros elementos julgados necessários ou úteis,

previstos no aviso de abertura do concurso.

2 - Os requerimentos devem ser acompanhados dosseguintes documentos, que podem ser substituídos porfotocópia de documento autêntico ou autenticado:a) Cópia do bilhete de identidade ou autorização para

o exercício das funções em território português,quando exigível;

b) Certificado de licenciatura ou equiparação, com in-formação final da nota obtida, convertida à escalade 0 a 20 valores, arredondada à casa decimal demaior detalhe obtida;

c) Documento comprovativo da inscrição na Ordemdos Médicos e emitido, no máximo, três meses an-tes da data de apresentação da candidatura;

d) Documento comprovativo da situação militar oucívica, quando for caso disso, o qual pode ser subs-tituído por declaração, sob compromisso de hon-ra, de que cumpriu as obrigações decorrentes daLei do Serviço Militar ou de outro que o substitua,quando obrigatório;

e) Certificado do registo criminal, o qual pode sersubstituído por declaração, sob compromisso dehonra, de que nada consta do seu registo criminal;f) Documento comprovativo de que foi considera-do apto na prova de comunicação médica, se apli-cável; g) Outros elementos que o candidato consi-dere úteis ou que estejam previstos no aviso deabertura do concurso.

3 - Os candidatos que, sendo já médicos internos, pre-tendam mudar de área profissional estão dispensadosda apresentação dos documentos constantes das alí-neas b), d) e f) do n.o 2 do presente artigo.

Artigo 44.o

Inscrições condicionais1 - Nos casos em que os candidatos não reúnam, du-rante o processo de recepção das candidaturas, todosos requisitos de admissão ou não possuam toda adocumentação exigida no aviso de abertura, são ad-mitidos condicionalmente.

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42 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

2 - As deficiências da inscrição terão de ser supridasaté à data fixada no aviso de abertura do concurso.3 - Sem prejuízo do disposto nos números anteriores,são igualmente admitidos condicionalmente os candi-datos a que se refere o n.o 2 do artigo 36.o, até à esco-lha das vagas nele previstas.

Artigo 45.oLista dos candidatos admitidos

1 - A lista provisória dos candidatos admitidos, admiti-dos condicionalmente e excluídos é afixada nos locaisindicados no aviso de abertura do concurso no prazomáximo de 10 dias úteis após a data limite para a apre-sentação das candidaturas, dela cabendo reclamaçãopara o secretário-geral do Ministério da Saúde, a apre-sentar no prazo de cinco dias úteis.2 - As listas definitivas dos candidatos admitidos e ex-cluídos são afixadas nas datas e locais previstos noaviso de abertura do concurso.3 - Os candidatos excluídos podem recorrer, no pra-zo de cinco dias, para o secretário-geral do Ministérioda Saúde.4 - Os recursos interpostos são decididos nos cincodias seguintes e, sempre que lhes seja dado provimen-to, são efectuadas as correspondentes alterações à listade candidatos.

Artigo 46.oConstituição e competências do júri da prova

de exame do concurso1 - O júri da prova de exame é composto por umpresidente e por, pelo menos, quatro vogais, designa-dos de entre médicos com vínculo ao SNS, indicadospela Ordem dos Médicos, e nomeado pelo secretário--geral do Ministério da Saúde.2 - O júri é responsável por todas as operações daprova do exame, competindo-lhe:a) Elaborar as provas de exame de âmbito nacional;b) Presidir e coordenar a realização do exame;c) Emitir parecer sobre assuntos relativos ao concurso.3 - O júri pode promover a designação de delegadosnos locais onde se realizam os exames.

SUBSECÇÃO IIProva de exame

Artigo 47.oProva de exame

1 - A prova de exame é de âmbito nacional e servepara ordenar os candidatos para escolha da área pro-fissional.2 - A prova de exame realiza-se no 4.o trimestre decada ano e incide sobre as matérias que constaram daprova de ingresso no internato médico realizada em2004, sem prejuízo de alteração, a elaborar em cola-boração com a Ordem dos Médicos e divulgada compelo menos três anos de antecedência.3 - Todos os candidatos devem realizar esta prova nadata estabelecida pela Secretaria-Geral do Ministérioda Saúde, podendo haver segunda chamada para oscandidatos que justifiquem a falta, nos termos legais,ficando estes limitados na escolha de áreas profissio-nais de especialização nos termos do artigo 101.o

Artigo 48.o

Classificação da provaA prova de exame do concurso é classificada na esca-la de 0 a 100.

SUBSECÇÃO IIICorrecção da prova de exame, recurso e

ordenação dos candidatos

Artigo 49.o

Afixação1 - A chave da prova de exame de âmbito nacionalbem como o projecto de lista de classificação final e alista de classificação final são afixados nas datas e lo-cais indicados no aviso de abertura.2 - Os candidatos podem reclamar para um júri derecurso no prazo de cinco dias a contar da data daafixação da chave e do projecto de lista classificaçãofinal.3 - O júri de recurso dispõe do prazo de 10 dias paradecidir as reclamações.4 - Findo este prazo, o júri da prova do exame elaboraa ordenação definitiva dos candidatos, tendo em con-sideração as decisões do júri de recurso.5 - O júri de recurso, distinto do referido no artigo46.o deste Regulamento, é composto por um presi-dente e por pelo menos quatro vogais, designados deentre médicos indicados pela Ordem dos Médicos comvínculo ao SNS, todos nomeados por despacho dosecretário-geral do Ministério da Saúde.

Artigo 50.o

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Regulamento do Internato Médico 43

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

Ordenação final dos candidatos1 - A ordenação final dos candidatos é realizada deacordo com a classificação obtida na prova de examede âmbito nacional.2 - Em caso de igualdade na classificação final dos can-didatos, prefere o candidato com classificação maiselevada na licenciatura em Medicina.3 - Se subsistirem empates após a aplicação do núme-ro anterior, procede-se a sorteio presidido pelo júrida prova de exame, que elabora a respectiva acta.

SUBSECÇÃO IVDistribuição e colocação por áreas

profissionais

Artigo 51.o

Distribuição dos candidatos1 - Na data e nos locais de afixação da lista definitivade classificação final dos candidatos são indicados adata e o local em que estes devem manifestar as suasopções.2 - A escolha do estabelecimento e da especialidadepelos candidatos é feita de acordo com seguintes re-gras:a) No aviso de abertura é indicado o número máxi-

mo de vagas por área profissional de espe--cialização,bemcomoasuadistribuiçãoporesta--belecimentoeserviçodesaúde;

b) Os candidatos escolhem a área profissional e o es-tabelecimento ou serviço, seguindo a lista de orde-nação final da prova de exame de âmbito nacional;

c) Os candidatos admitidos condicionalmente por forçado n.o 3 do artigo 44.o só podem escolher vagas comas características referidas no n.o 2 do artigo 36.o

Artigo 52.o

Colocação dos candidatosA lista de colocação dos candidatos, organizada porespecialidade e estabelecimento ou serviço, é homo-logada por despacho do secretário-geral do Ministé-rio da Saúde.

Artigo 53.o

Início do internatoO internato médico inicia-se no dia 1 de Janeiro decada ano, podendo este prazo ser alterado por despa-cho do secretário-geral do Ministério da Saúde.

CAPÍTULO VII

Regime e condições de trabalho

SECÇÃO IRegime de trabalho

Artigo 54.o

Princípios gerais1 - Os internos do internato médico são colocadosmediante contrato administrativo de provimento ounomeação em regime de comissão de serviço extra-ordinária, caso sejam funcionários públicos.2 - Aos médicos que frequentam o internato médicoaplica-se, com as excepções previstas neste Regula-mento, o regime de férias, faltas e licenças em vigor nafunção pública para o pessoal em regime de contratoadministrativo de provimento, sem prejuízo do regi-me aplicável aos médicos do SNS.3 - O regime de trabalho durante o internato médicoimplica a prestação de quarenta e duas horas por se-mana.4 - Os médicos internos devem dedicar à formaçãoteórica e prática toda a sua actividade profissional,estando impedidos de acumular outras funções pú-blicas, salvo funções docentes, ao abrigo do Decreto--Lei n.o 312/84, de 26 de Setembro, e, quando ne-cessário, em escolas dependentes ou sob tutela doMinistério da Saúde, mediante autorização nos ter-mos da lei.5 - O horário dos médicos internos é estabelecido eprogramado em termos idênticos ao dos médicos in-tegrados nas carreiras médicas, tendo em conta asactividades específicas de cada área profissional.

Artigo 55.o

FériasAs férias dos internos devem ser marcadas de harmo-nia com a programação dos estágios, de forma a nãoprejudicar a sua frequência e tendo em atenção o dis-posto no presente Regulamento.

Artigo 56.o

Adiamento do início do internato1 - Os médicos admitidos à frequência do internatomédico podem, desde que o requeiram, ser autoriza-dos pelo secretário-geral do Ministério da Saúde aadiar o início do internato, ouvido o CNIM, por moti-vo de doença, maternidade e paternidade, prestaçãode serviço militar ou cívico ou de força maior, devidae tempestivamente justificado e aceite, ficando a sua

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44 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

vaga cativa.2 - Estes médicos devem iniciar funções no dia seguin-te ao da cessação do impedimento, salvo nos casosjustificados por prestação de serviço militar ou cívico,em que pode verificar-se até 30 dias após a data dasua cessação.

Artigo 57.oInterrupção de internato

1 - Em casos excepcionais, nomeadamente os relacio-nados com actividades desportivas de alta competi-ção ou de relevante natureza cultural ou humanitária,e a pedido justificado dos médicos internos, pode serautorizada, pelo secretário-geral do Ministério da Saú-de, a interrupção da frequência do internato, com osefeitos previstos para a licença sem vencimento porum ano.2 - Os pedidos de interrupção do internato devemconter os motivos que os fundamentam e são autori-zados apenas quando considerados justificados pelosecretário-geral do Ministério da Saúde, mediante pa-recer dos estabelecimentos e serviços de colocação edo CNIM.3 - A interrupção de internato não poderá, em ne-nhum caso, pôr em causa a duração total da formaçãoprevista no programa da respectiva área profissional.

SECÇÃO IITransferências

Artigo 58.oTransferência de estabelecimento de saúde

1 - A formação dos médicos internos deve ser conclu-ída no estabelecimento de saúde e na área profissio-nal em que foram colocados.2 - A transferência para outro estabelecimento den-tro da mesma área profissional decorre da perda deidoneidade ou capacidade formativa do serviço.3 - A título excepcional pode haver transferência deestabelecimento a requerimento do médico interno,desde que se verifique um motivo relevante e existaparecer favorável dos estabelecimentos de colocaçãoe de destino e das ARS envolvidas;4 - A transferência de estabelecimento implica a trans-missão da titularidade do contrato administrativo deprovimento para o estabelecimento de destino, comdispensa de qualquer formalidade.5 - As transferências a que se referem os números

anteriores são autorizadas por despacho do secretá-rio - geral do Ministério da Saúde, sendo o internocolocado em estabelecimento indicado pela ARS res-pectiva, de acordo com proposta formulada pelo CNIM,tendo em conta as capacidades formativas existentese a proximidade do estabelecimento de colocação.

SECÇÃO IIIMudança de área profissional por concurso

Artigo 59.o

Mudança de área profissional mediante novacolocação

1 - Os médicos que pretendam mudar de ramo dediferenciação ou área profissional devem candidatar--se a nova prova de exame de ingresso no internatomédico.2 - O processo obedece ao previsto nas subsecçõesII, III e IV, com as necessárias adaptações, nos termosdo aviso da abertura do concurso.

Artigo 60.o

Mudança de área profissional por motivosuperveniente de saúde

1 - Os médicos internos que, por motivo superveni-ente de saúde devidamente comprovado pela juntamédica prevista no número seguinte, fiquem incapaci-tados para o exercício na área profissional que fre-quentem podem ser autorizados a mudar para outracompatível, sempre que possível no mesmo estabele-cimento, tendo em conta a capacidade formativa dosserviços e dando cumprimento às condições a seguirmencionadas:a) Que a mudança se dê para uma área profissional

pela qual o médico interno pudesse ter optado, deacordo com a nota obtida na prova de exame deingresso;

b) Que a mudança se dê para uma área profissionalcom a maior afinidade de programa curricular e deformação já obtida;

c) Que a mudança se verifique, se possível, no mes-mo estabelecimento.

2 - Para operacionalizar este processo, o CNIM pro-põe ao secretário-geral do Ministério da Saúde a cons-tituição permanente de uma junta médica de âmbitonacional, que é constituída do seguinte modo: a) Trêselementos efectivos, respectivamente das zonas Nor-

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Regulamento do Internato Médico 45

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

te, Centro e Sul do País; b) Três elementos suplentes,um por cada zona, o qual substitui, em situação deimpedimento, o elemento efectivo da sua zona.3 - A junta médica reúne mensalmente e analisa ospedidos de mudança de área profissional requeridospelos médicos internos.4 - Sempre que necessário, a junta médica pode solici-tar pareceres especializados, através das comissõesregionais, aos serviços do SNS.5 - Os requerimentos solicitando mudança de áreaprofissional devem conter as seguintes indicações:a) Razões, em termos de saúde, que justificam a pre-

tensão;b) A especialidade frequentada, o estabelecimento de

colocação, os estágios já desenvolvidos e a respec-tiva duração.

6 - Os pedidos de mudança de área profissional de-vem ser acompanhados de relatório médico circuns-tanciado e actualizado da situação clínica, devidamen-te documentado com elementos auxiliares de diagnós-tico com interesse para a apreciação dessa situação.7 - Sendo as razões invocadas pelos médicos internosconsideradas atendíveis pela junta médica, esta indicaà comissão regional respectiva as áreas profissionaisque o requerente está incapacitado de frequentar.8 - Das decisões da junta médica pode recorrer-separa uma junta médica de recurso, cuja composição,proposta pela Ordem dos Médicos ao secretário-geraldo Ministério da Saúde, é idêntica à referida no n.o 2deste artigo.9 - Compete à comissão regional, depois de ouvido omédico interno, propor à ARS respectiva a área pro-fissional para a qual a mudança pode ser efectuada,nos termos legais.10 - Compete à ARS, em articulação com o CNIM,identificar o estabelecimento onde o médico internodeve realizar a formação, tendo em conta o dispostono n.o 1 deste artigo.11 - Compete ao CNIM, de acordo com parecer téc-nico da Ordem dos Médicos, indicar a parte do pro-grama de formação que considera idêntica ou afim aoprograma da nova área profissional, para efeitos deequivalência formativa.12 - Compete ao secretário-geral do Ministério daSaúde autorizar a mudança proposta.

SECÇÃO IV

Comissões gratuitas de serviçoArtigo 61.o

Condições de concessão1 - Aos médicos do internato médico podem ser con-cedidas comissões gratuitas de serviço, bolsas de es-tudo ou equiparações a bolseiro, no País ou no es-trangeiro, quando se proponham frequentar estágiosou cursos ou participar em seminários, congressos ououtras acções de formação de idêntica natureza.2 - As comissões gratuitas de serviço, sem prejuízo dodisposto no número seguinte, só podem ser concedi-das quando as acções de formação a frequentar:a) Se enquadrem no plano de formação estabelecido

e em desenvolvimento e, no caso de acções de for-mação que correspondam a estágios ou áreas deformação do programa da área profissional, nãoultrapassem a duração fixada no programa paraesses estágios ou áreas de formação; ou

b) Sejam destinadas à frequência de acções de forma-ção de curta duração ou de carácter avulso, as quaisnão devem exceder o limite de 15 dias por anonem prejudicar o tempo de formação de cada es-tágio.

3 - A frequência no estrangeiro de estágios ou cursosque correspondam a estágios ou áreas de formaçãoda especialidade só será autorizada nos casos de es-pecial interesse para a formação.

Artigo 62.o

AutorizaçãoAs comissões gratuitas de serviço são concedidas:a) Pelo órgão dirigente máximo do estabelecimento

de colocação do médico interno, quando as acçõesde formação a frequentar não ultrapassem os 30dias por ano, seguidos ou interpolados, ouvido odirector ou coordenador do internato;

b) Por despacho do secretário-geral do Ministro daSaúde, nos casos em que este limite seja excedido,sob proposta do CNIM e com parecer técnico daOrdem dos Médicos.

Artigo 63.o

Instrução do processo1 - Os pedidos de comissão gratuita de serviço de-vem ser apresentados com a antecedência mínima de15 ou 90 dias, conforme se enquadrem nas alíneas a)ou b) do artigo 62.o

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46 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

2 - Nos pedidos de comissão gratuita de serviço de-vem constar os seguintes elementos:a) Identificação do requerente, com menção da área

profissional frequentada e ano de frequência dointernato médico;

b) Identificação da acção de formação a frequentar eda entidade que a promove, dos seus objectivos eda data, duração e condições de inscrição;

c) Indicação das acções de formação já frequentadase do número de dias de comissão gratuita de ser-viço de que o interno beneficiou durante o anocivil respectivo.

3 - Antes de serem submetidos a autorização, os pedi-dos de comissão gratuita de serviço devem ser sujei--tos a parecer do orientador de formação e do direc-tor de serviço e, conforme a área profissional, da di-recção ou coordenação de internato.4 - As comissões gratuitas de serviço que dependamde despacho do secretário-geral do Ministério da Saúdedevem-lhe ser remetidas dentro dos 10 dias seguintesao seu registo de entrada.5 - A não observância dos prazos estabelecidos ou adeficiente instrução do processo, por motivo imputá-vel ao requerente, pode determinar o indeferimentoou a devolução do pedido.6 - O despacho sobre comissões gratuitas de serviçodeve ser comunicado ao estabelecimento com pelomenos 15 dias antes do seu início.

Artigo 64.oAusência de encargos

As comissões gratuitas de serviço não dão lugar aopagamento de ajudas de custo, de subsídio de trans-porte ou a quaisquer outros encargos.

Artigo 65.oApresentação de relatório

A frequência de acções de formação obriga à apre-sentação de relatório de actividades sobre a acção deformação frequentada, o qual integrará o processoindividual do médico interno após ser visado pelo di-rector de serviço.

CAPÍTULO VIIISistema de avaliação e aproveitamento no

decurso do internato médico

SECÇÃO I

Avaliação contínua

Artigo 66.o

Natureza e momentos da avaliação contínua1 - A avaliação do aproveitamento, no decurso do in-ternato, é contínua e de natureza formativa.2 - Os resultados da avaliação contínua são expressosde forma a diferenciar a aptidão dos médicos inter--nos, com base nos quais se aplica de forma inequívo-ca o que se estabelece nos artigos 70.o e 73.o

3 - Os resultados da avaliação contínua são devida-mente registados no processo individual do médicointerno para serem considerados no âmbito da provade discussão curricular que integra a avaliação final.

Artigo 67.o

Componentes da avaliação contínua

A avaliação de cada médico interno, no âmbito de cadaestágio, tem como finalidade aferir os seguintes com-ponentes:a) Desempenho individual;b) Nível de conhecimentos.

Artigo 68.o

Avaliação do desempenho1 - A avaliação do desempenho é feita continuamente,no decorrer de cada estágio, e visa permitir ao médi-co interno e ao orientador de formação ou responsá-vel de estágio saber da evolução formativa e do nívelde desempenho atingidos, com base num acompanha-mento permanente e personalizado da formação.2 - A avaliação do desempenho é feita de acordo como previsto no artigo 66.o 3 - Na avaliação de desempe-nho de cada estágio são considerados os seguintesparâmetros:a) Capacidade de execução técnica;b) Interesse pela valorização profissional;c) Responsabilidade profissional;d) Relações humanas no trabalho.

Artigo 69.o

Avaliação de conhecimentos1 - A avaliação de conhecimentos tem por finalidadeapreciar a evolução do médico interno relativamenteaos objectivos de conhecimento do programa de for-mação.2 - A avaliação de conhecimentos é feita de acordo

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Regulamento do Internato Médico 47

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

com o previsto no artigo 66.o 3 - O programa de cadaárea profissional fixa o tipo de prova e os períodos deavaliação, tendo em conta a adequação da mesma aosobjectivos estabelecidos.4 - A avaliação no final de cada estágio realiza-se atra-vés de uma prova que pode consistir, designadamente,na apreciação e discussão de um relatório de activida-des ou de trabalho escrito.

Artigo 70.o

AproveitamentoO médico interno cuja avaliação revele aptidão emcada uma das componentes, desempenho e conheci-mentos, transita para o período seguinte de um está-gio ou para outro estágio.

Artigo 71.o

Competência para avaliar1 - As avaliações de desempenho competem:a) Nas áreas profissionais hospitalares, ao director de

departamento, ao director de serviço, ou equipa-rados, onde se realizam os estágios, mediante pro-posta do orientador de formação ou responsávelde estágio;

b) Nas áreas profissionais de medicina geral e familiare de saúde pública, aos orientadores de formação.

2 - As avaliações de conhecimentos competem:a) Nas áreas profissionais hospitalares, ao director de

departamento, ao director de serviço, ou equipa-rados, bem como aos orientadores de formaçãoou responsáveis de estágio;

b) Nas áreas profissionais de medicina geral e famili-ar e de saúde pública, aos respectivos coordena-dores, com a participação de orientadores de for-mação.

Artigo 72.o

Responsabilidade pela informação1 - Os responsáveis pela avaliação dos médicos inter--nos referidos no artigo anterior devem comunicaraos directores do internato ou coordenadores, con-forme a área profissional, os resultados das avaliaçõesformalizadas durante o internato.2 - Os resultados referidos no número anterior de-vem ser enviados às direcções ou coordenações deinternato no prazo de oito dias após a avaliação.

SECÇÃO II

Falta de aproveitamento

Artigo 73.o

Falta de aproveitamento na avaliação,repetição e compensação

1 - A falta de aproveitamento em período de formaçãosujeito a avaliação, após a repetição admitida nos termosdeste artigo, pode determinar a cessação do contrato ea consequente desvinculação do médico interno.2 - No caso de falta de aproveitamento em estágio ouparte do programa sujeito a avaliação, os períodos deformação avaliados devem ser repetidos, ou compen-sados, por uma única vez.3 - As compensações de um período de formação oua repetição de um estágio considerado sem aprovei-tamento na avaliação não podem ultrapassar a dura-ção máxima estabelecida no programa para esse pe-ríodo ou estágio.4 - Atingido o limite previsto nos números anteriores,o orientador de formação deve informar de imediatoas estruturas a que reporta, designadamente a direc-ção ou coordenação do internato, os quais informa-rão a comissão regional respectiva, juntando parecerque identifique, dentro do previsto neste Regulamen-to, as soluções alternativas que se consideram maisadequadas.5 - Aplica-se também o estabelecido no número ante-rior sempre que um médico interno apresente regis-tadas no seu processo individual avaliações revelandofalta de aproveitamento que, pelo número e circuns-tâncias, possam constituir fundamento para questio-nar a viabilidade do internato.6 - A não comparência a avaliações que requeiram apresença do médico interno determina a suspensão docontrato administrativo de provimento até que se rea-lizem novas avaliações, salvo se justificada pelos moti-vos e nos termos constantes do número seguinte.7 - As faltas devidas a doença, maternidade, paternida-de ou motivo de força maior, devidamente justificadas,devem ser compensadas, pelo tempo considerado ne-cessário ou suficiente, com o limite máximo de dura-ção dos períodos de formação fixados no programa.8 - Um número de faltas superior a 10% da duraçãodo período de formação ou estágio a avaliar determi-na a necessidade de se compensar a formação pelotempo que excede o número de faltas permitido.9 - O gozo de férias durante a frequência de estágioscom duração igual ou inferior a quatro meses deve

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48 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

ser compensado.10 - Os períodos de tempo de compensação ou arepetição são autorizados pela respectiva comissãoregional, mediante proposta da direcção do internatoou do coordenador, conforme a área profissional, de-pois de ouvidos os responsáveis pela formação.11 - Após aplicação do que se estabelece neste artigo,o CNIM pode propor ao secretário-geral do Ministé-rio da Saúde a exclusão de um médico interno, esgo-tadas todas as possibilidades de prosseguimento ade-quado do internato.12 - Da decisão tomada cabe recurso para o Ministroda Saúde.

CAPÍTULO IXAvaliação final

SECÇÃO IPrincípios gerais

Artigo 74.oAvaliação final

1 - Os médicos internos que tenham concluído a suaformação são submetidos a uma avaliação final de ca-rácter somativo.2 - A avaliação final destina-se a atribuir uma classifi-cação na escala de 0 a 20, reflectindo o resultado detodo o processo formativo, e incide sobre a integra-ção de conhecimentos, aptidões e atitudes adquiridospelo médico interno durante o internato.3 - A avaliação final consta de três provas públicas:discussão curricular, prática e teórica.

Artigo 75.oÉpocas de avaliação final

1 - Existem duas épocas de avaliação final: a de Janeiroe a de Junho.2 - As provas de avaliação final devem ser dadas porconcluídas até ao final de Fevereiro e até ao final deJulho, consoante a época em causa.3 - Os médicos internos devem apresentar-se à pri-meira época de avaliação imediatamente a seguir àconclusão com aproveitamento do programa de for-mação.4 - Apresentam-se na época de Janeiro ou de Junho osinternos que terminam a formação até 31 de Dezem-bro ou 31 de Maio, respectivamente.5 - Os médicos internos que não se apresentem à

época de avaliação determinada nos n.os 3 e 4 do pre-sente artigo, nos termos do n.o 2 do artigo 85.o, ou quenão apresentem os elementos de instrução necessá-rios às provas de avaliação, podem, por determinaçãoda respectiva ARS, ser colocados até à época de avali-ação seguinte num serviço da área de especializaçãodo candidato com necessidade de recursos médicos eque possua hierarquia médica competente.6 - A apresentação à avaliação final em época diferen-te da estabelecida nos n.os 3 e 4 deste artigo deve serfundamentada por motivo de força maior, devidamen-te justificado, e fica sujeita a autorização do Ministérioda Saúde, após parecer do CNIM.

SECÇÃO IIJúri

Artigo 76.o

Composição e constituição dos júris1 - A composição do júri obedece ao seguinte:a) Para cada área profissional são constituídos júris de

âmbito nacional, compostos por um presidente, qua-tro vogais efectivos e dois vogais suplentes, nomea-dos pelo secretário-geral do Ministério da Saúde;

b) O orientador de formação do médico interno éobrigatoriamente um dos vogais efectivos do júri,sendo os restantes membros indicados pela Or-dem dos Médicos de entre os inscritos no respec-tivo colégio de especialidade;

c) Todos os elementos do júri devem possuir vínculoao SNS e encontrar-se habilitados, pelo menos, como grau de assistente na área profissional dos médi-cos internos a avaliar;

d) Por decisão do CNIM, os júris podem desdobrar--se sempre que, a nível nacional, o número de mé-dicos internos a avaliar o justifique.

2 - A constituição dos elementos dos júris obedece aoseguinte:a) As direcções de internato e as coordenações re-

metem à respectiva comissão regional, até 30 deJunho, para a época de Janeiro, e até 28 de Feverei-ro, para a época de Junho, a relação dos internos aavaliar em cada uma das épocas;

b) As comissões regionais enviam ao CNIM as listasconsolidadas dos internos a avaliar;

c) Os locais de realização das provas são determina-dos por sorteio, realizado pelo CNIM, de entre osserviços que possuam idoneidade formativa na res-pectiva área profissional e que, nessa época, não

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Regulamento do Internato Médico 49

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

apresentem candidatos a avaliação final;d) No caso de não haver serviços nas condições enun-

ciadas na alínea anterior, o sorteio incidirá sobretodos os serviços idóneos;

e) O CNIM remete à Ordem dos Médicos a relaçãode todos os médicos internos a avaliar, bem comoa identificação dos locais de realização das provas,até 30 de Setembro, para a época de Janeiro, e até31 de Março, para a época de Junho;

f) A Ordem dos Médicos indica os membros do júriaté 31 de Outubro, para a época de Janeiro, e até30 de Abril, para a época de Junho, obedecendo aodisposto no n.o 1 do presente artigo.

Artigo 77.o

Funcionamento do júri1 - O júri só pode funcionar quando estiverem pre-sentes todos os seus membros, devendo as respecti-vas deliberações ser tomadas por maioria e semprepor votação nominal.2 - Em qualquer uma das provas, o candidato deve serinterrogado, no mínimo, por três elementos do júri.3 - Os júris elaboram actas de cada uma das provas,nas quais devem constar as classificações atribuídas,respectiva fundamentação e classificação final.4 - Às actas são apensados os suportes de avaliação uti-lizados em cada uma das provas autenticadas pelo júri.

Artigo 78.o

Responsabilidade pelos encargos1 - O pagamento das ajudas de custo e das desloca-ções dos membros do júri compete ao estabelecimentode origem de cada um dos seus membros, mediantecomprovação escrita emitida pela instituição onde serealiza cada avaliação final.2 - Compete ao estabelecimento onde se realizam asprovas prestar todo o apoio logístico necessário àrealização da avaliação final.

SECÇÃO IIIProvas de avaliação final

Artigo 79.o

Calendário e organização das provas1 - Antes do início de cada época de avaliação final, oCNIM publicita o serviço onde se realizam as provasde cada especialidade, bem como a constituição dojúri.

2 - É da responsabilidade do presidente do júri a defi-nição do calendário das provas de avaliação final, oqual será publicitado atempadamente.3 - A avaliação final do internato médico é constituídapor provas públicas, nos termos estabelecidos nosartigos 74.o e seguintes, realizadas por essa ordem,sendo qualquer delas eliminatória.4 - Para a prestação das provas de avaliação final, omédico interno deve endereçar aos serviços adminis-trativos do estabelecimento a que pertence o presi-dente do júri, até 10 de Janeiro ou até 20 de Maio,consoante a época, sete exemplares do curriculum vitae,que poderão ser remetidos em formato electrónico.5 - É da responsabilidade do presidente do júri, atra-vés dos serviços administrativos do seu estabeleci-mento, o envio dos currículos dos candidatos aos res-tantes membros do júri, bem como de toda a restanteinformação pertinente para a realização das provas.6 - Os programas de formação das diversas áreas pro-fissionais podem conter regras de avaliação diferen-tes das previstas no presente capítulo no que diz res-peito a pormenores particulares sobre momentos,métodos e instrumentos da avaliação final.7 - As provas de avaliação final são classificadas naescala de 0 a 20 valores e resultam da média aritméti-ca da classificação atribuída por cada um dos elemen-tos do júri, sendo este valor arredondado para a déci-ma mais próxima, considerando-se apto o médico in-terno que obtenha uma classificação igual ou superiora 10 valores.

Artigo 80.o

Prova de discussão curricular1 - A prova de discussão curricular destina-se a avaliaro percurso profissional do candidato ao longo do pro-cesso formativo, consistindo na apreciação e discus-são do curriculum vitae apresentado pelo candidato.2 - A classificação atribuída a esta prova por cada umdos elementos do júri é fundamentada pela utilizaçãode um suporte onde constam os elementos a valori-zar e que são, entre outros, os seguintes:a) Descrição e análise da evolução da formação ao

longo do internato, com incidência sobre os regis-tos de avaliação contínua previstos no n.o 3 do arti-go 66.o:

b) Descrição e análise do contributo do trabalho docandidato para os serviços e funcionamento dosmesmos;

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50 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

c) Frequência e classificação de cursos cujo progra-ma de formação seja de interesse para a área pro-fissional de especialização;

d) Publicação ou apresentação pública de trabalhos;e) Trabalhos escritos e ou comunicados, feitos no

âmbito dos serviços e da área profissional de es-pecialização;

f) Participação, dentro da área de especialização, naformação de outros profissionais;

g) Actividades desenvolvidas de acordo com o pre-visto no artigo 27.o do presente Regulamento.

3 - A argumentação da prova de discussão curriculartem a duração máxima de duas horas, cabendo meta-de do tempo ao júri e a outra metade ao candidato,devendo cada membro do júri fundamentar a avalia-ção e classificação atribuídas em cada um dos elemen-tos da discussão curricular.4 - A falta de apresentação do curriculum vitae no pra-zo estabelecido no n.o 4 do artigo anterior é equipara-da à falta de comparência às provas, nos termos pre-vistos no artigo 85.o do presente Regulamento.5 - A falta de aproveitamento dos internos nesta pro-va pode implicar a revisão da idoneidade formativa dorespectivo estabelecimento ou serviço.

Artigo 81.oProva prática

1 - A prova prática destina-se a avaliar a capacidadedo médico interno para resolver problemas e actuar,assim como reagir em situações do âmbito da áreaprofissional de especialidade, dela constando a obser-vação de um doente, a elaboração de história clínica esua discussão ou análise de casos, com elaboração derelatório e sua discussão, conforme aplicável e de acor-do com os programas de formação.2 - Todas as provas que envolvam doentes devem cum-prir os princípios éticos necessários, nomeadamenteno que diz respeito ao seu consentimento.3 - Aplicam-se ainda as seguintes regras:a) O doente referido no n.o 1 é sorteado, no próprio

dia em que se realiza a prova, de entre um númeromínimo de três doentes, escolhidos pelo júri;

b) A observação do doente, efectuada na presençade, pelo menos, um dos membros do júri alheio àinstituição, não se poderá prolongar para além deuma hora e trinta minutos, podendo o candidato,no decurso da observação, tomar as notas queentenda necessárias;

c) Terminado o período de tempo destinado à observa-ção do doente, o candidato redige a história clínica,dispondo de noventa minutos para a sua conclusão;

d) A história clínica a que se refere o número anteri-or deve conter a anamnese, o resultado da obser-vação, as hipóteses diagnósticas mais prováveis, bemcomo a sua discussão;

e) O candidato deve ainda elaborar uma listagemjustificada de exames complementares ou especi-alizados que considere necessários a um melhoresclarecimento da situação clínica em causa;

f) O relatório e a lista de exames complementaresou especializados são entregues ao júri, que osencerra em envelope nominal, rubricado pelos in-tervenientes na prova;

g) O júri fornece ao candidato os resultados dos es-tudos requisitados, sempre que estes constem noprocesso clínico do doente;

h) O candidato dispõe de sessenta minutos para, faceaos elementos fornecidos pelo júri, elaborar umbreve relatório, do qual devem constar o diagnós-tico mais provável, o respectivo plano terapêuticoe o prognóstico e plano de seguimento.

4 - Os relatórios elaborados pelos candidatos são en-tregues ao júri, que os encerrará em envelope nomi-nal, rubricado pelos intervenientes nas provas, sendoposteriormente abertos na presença do candidato noinício da discussão.5 - A discussão do relatório é feita, no mínimo, portrês elementos do júri e tem a duração máxima denoventa minutos, cabendo metade deste tempo ao júrie a outra metade ao candidato.

Artigo 82.o

Prova teórica1 - A prova teórica destina-se a avaliar a integração eo nível de conhecimentos do candidato e reveste aforma oral, podendo parcial ou totalmente ser substi-tuída por uma prova escrita ou por teste de escolhamúltipla, conforme o estabelecido no programa deformação.2 - A argumentação da prova teórica tem a duraçãomáxima de duas horas e trinta minutos, cabendo me-tade do tempo ao júri e a outra metade ao candidato,devendo este ser interrogado por, pelo menos, trêselementos do júri.

SECÇÃO IV

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Regulamento do Internato Médico 51

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

Classificação e aproveitamento

Artigo 83.o

Classificação da avaliação finalA classificação da avaliação final resulta da média arit-mética das classificações obtidas nas provas curricu-lar, prática e teórica, sendo este valor arredondadopara a décima mais próxima, cumprindo-se o dispostono n.o 3 do artigo 79.o

Artigo 84.o

Classificação final do internato1 - A classificação final atribuída pelo júri ao médicointerno assim como a classificação em cada uma dasprovas são afixadas em local público do serviço ondese realizam, dispondo o médico interno de 10 dias úteispara exercer o seu direito de reclamação para o júri.2 - Decorrida a tramitação referida no número ante-rior, a classificação final atribuída ao médico internodeve constar da lista homologada pelo CNIM.3 - A lista classificativa final do internato médico, de-pois de homologada pelo CNIM, é afixada em localpúblico no serviço de colocação dos médicos inter-nos, que dispõem de 10 dias úteis, após a afixação,para exercer o seu direito de recurso para osecretário-geral do Ministério da Saúde.4 - A obtenção pelo candidato de média inferior a 10valores será comunicada, pela direcção ou coordena-ção do internato, à respectiva comissão regional, sendodesencadeados os mecanismos previstos no artigo 86.o

Artigo 85.o

Falta de comparência1 - A falta de comparência às provas de avaliação finalpor parte do candidato em qualquer dos dias de pro-va em que seja exigida a sua presença determina afalta de aproveitamento no internato e a cessação docontrato administrativo de provimento ou da comis-são extraordinária de serviço, salvo se aceite comojustificada por motivo de doença, maternidade, pater-nidade ou por motivo de força maior.2 - A falta justificada de comparência às provas deavaliação final determina a realização das provas naépoca seguinte e deve ser comunicada pela direcçãoou coordenação do internato médico à respectivacomissão regional, aplicando-se o disposto no n.o 5 doartigo 75.o

Artigo 86.o

Falta de aproveitamento1 - O serviço que tenha aprovado um candidato quenão tenha obtido aproveitamento na prova de avalia-ção final poderá ser sujeito a um processo especial derevisão de idoneidade formativa.2 - O médico interno classificado com média inferiora 10 valores deverá frequentar um programa intensi-vo de formação, com conteúdo formativo a definir pelojúri, durante um período máximo de seis meses, apóso qual se submete a nova avaliação final.3 - Cessa de imediato o vínculo contratual do médicointerno que, na sequência do processo referido nonúmero anterior, obtenha classificação final inferior a10 valores.4 - Ao médico interno que se encontre na situaçãoreferida no número anterior é facultada a possibilidadede requerer, ao secretário-geral do Ministério da Saú-de, a realização de prova de avaliação final definitiva.5 - O prazo para formalização do requerimento refe-rido no número anterior é de um ano a partir da datada prova a que se refere o n.o 2.

CAPÍTULO XObtenção do grau de assistente

Artigo 87.o

Obtenção do grau de assistenteA aprovação na prova de avaliação final do internatomédico confere o grau de assistente na respectiva áreaprofissional.

Artigo 88.o

Diploma1 - A aprovação final no internato médico é compro-vada por diploma, conforme modelo constante doanexo II deste Regulamento, emitido pelo secretário--geral do Ministério da Saúde, mediante requerimen-to do interessado.2 - De cada diploma é exarado registo na Secretaria--Geral do Ministério da Saúde.

CAPÍTULO XIEquivalências de formação

SECÇÃO IEquiparação ao grau de assistente

Artigo 89.o

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52 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

Reconhecimento de diplomas, certificados ououtros títulos

Pode ser concedida equiparação ao grau de assisten-te, designadamente através do reconhecimento de di-plomas, certificados ou outros títulos obtidos no es-trangeiro, ao abrigo de directivas comunitárias ou ou-tros acordos ou tratados internacionais.

SECÇÃO IIEquivalências

Artigo 90.oPrincípios gerais

Podem ser concedidas equivalências pela Ordem dosMédicos a estágios frequentados em estabelecimen-tos nacionais ou estrangeiros, desde que correspondama habilitações de idêntica natureza, nos termos esta-belecidos nos artigos seguintes.

Artigo 91.oEquivalência parcial

1 - As equivalências parciais ao internato médico ape-nas podem ser requeridas por médicos que nele te-nham sido admitidos nos termos deste Regulamento.2 - A concessão de equivalência de estágios é homo-logada pelo secretário-geral do Ministério da Saúde,mediante parecer técnico da Ordem dos Médicos.3 - Em caso de parecer negativo, são indicadas as insu-ficiências formativas encontradas e o modo de ascolmatar, nomeadamente em termos de tempo de for-mação.

Artigo 92.oInstrução do pedido de equivalência

1 - A equivalência a estágios do internato médico ésolicitada mediante requerimento entregue naSecretaria-Geral do Ministério da Saúde e cópia entre-gue na Ordem dos Médicos do qual devem constar:a) Os estágios a que é requerida equivalência;b) O programa ou curso em que se integraram;c) O estabelecimento onde foram realizados;d) A área profissional a que dizem respeito.2 - O requerimento é instruído com os elementoscurriculares e documentos comprovativos da frequên-cia e da classificação, se atribuída, podendo ser solici-tados ao candidato elementos adicionais considera-dos necessários para apreciação do pedido, nomeada-mente documentos comprovativos das condições deadmissão, regulamentos e programas de estudos ou

de formação.

CAPÍTULO XIIDisposições finais e transitórias

SECÇÃO IAno comum

Artigo 93.o

Noção1 - O internato médico tem um período de formaçãoinicial, designado por ano comum, com a duração de12 meses.2 - O ano comum realiza-se em estabelecimentos eserviços que possuam idoneidade formativa para rea-lizar a formação inicial.

Artigo 94.o

AdmissãoEnquanto vigorar o ano comum, o ingresso no inter-nato médico obedece ao previsto no capítulo VI dopressente Regulamento, com as alterações constan-tes dos artigos seguintes.

Artigo 95.o

Elaboração do mapa de vagasO mapa de vagas para o ano comum é elaborado pelaSecretaria-Geral do Ministério da Saúde, tendo emconta as idoneidades dos estabelecimentos e serviçosestabelecidas nos termos referidos no capítulo V, comas devidas adaptações.

Artigo 96.o

Aviso de aberturaEm anexo ao aviso de abertura do concurso de in-gresso no internato médico é publicado o mapa devagas por estabelecimento de saúde para a realizaçãodo ano comum.

Artigo 97.o

Processo de candidaturaPara além dos documentos constantes do n.o 2 do ar-tigo 43.o do presente Regulamento, os requerimentosde admissão ao concurso devem ser acompanhadosde indicação, por ordem de preferência, das opçõesde colocação no ano comum.

Artigo 98.o

Page 46: S U M Á R I O Ficha Técnica

Regulamento do Internato Médico 53

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

Distribuição dos candidatosOs candidatos à frequência do ano comum são distri-buídos pelos estabelecimentos e serviços de saúdepor ordem decrescente da nota de classificação finalda licenciatura em Medicina, de acordo com as suasopções de colocação, procedendo-se, em caso de igual-dade da nota obtida, a sorteio, presidido pelosecretário-geral do Ministério da Saúde, sendo lavra-da acta para o efeito.

Artigo 99.o

Colocação dos candidatosA lista de colocação dos candidatos para a frequênciado ano comum é homologada por despacho dosecretário-geral e comunicada aos estabelecimentos eserviços pela Secretaria-Geral do Ministério da Saúde.

Artigo 100.o

Realização dos estágiosA realização de estágios integrados no programa deformação do ano comum, em estabelecimento ou ser-viço diferente do de colocação, é feita por acordo entreos dois estabelecimentos ou serviços, no respeito pelasrespectivas idoneidades e capacidades formativas.

Artigo 101.o

Escolha das áreas profissionais deespecialização

1 - A escolha das áreas profissionais de especializaçãopelos médicos internos ocorre durante o último tri-mestre do ano, por ordem decrescente da classifica-ção final da prova do concurso de ingresso no inter-nato médico.2 - Os médicos internos que tenham realizado emsegunda chamada a prova do concurso de ingressoficam limitados, na escolha das áreas profissionais deespecialização, às vagas sobrantes que resultarem dasescolhas dos candidatos que realizaram a prova emprimeira chamada.3 - O mapa de vagas por área profissional de especia-lização e por estabelecimento e serviço de saúde é,depois de aprovado, divulgado e publicado no Diárioda República.4 - Nos casos em que seja necessário repetir ou com-pensar estágios ou períodos de formação, assim comoem todas as situações que impeçam o início da forma-ção específica na data prevista no artigo 103.o, os in-ternos devem iniciá-la no dia seguinte a cessarem as

mesmas situações, com as excepções previstas no n.o

2 do artigo 56.o

Artigo 102.o

Colocação dos candidatos à formação especí-fica

A lista de colocação dos candidatos na formação es-pecífica, organizada por estabelecimentos ou serviçode saúde, é homologada por despacho do secretário--geral do Ministério da Saúde e comunicada aos esta-belecimentos e serviços.

Artigo 103.o

Início do ano comum e da formação específica1 - O ano comum e a formação específica iniciam-seno dia 1 de Janeiro de cada ano, podendo tal prazo seralterado por despacho do secretário-geral do Minis-tério da Saúde.2 - A formação específica pode iniciar-se em data pos-terior à prevista no número anterior nas situaçõesconstantes dos artigos 56.o e 86.o, com as devidas adap-tações.

Artigo 104.o

Lista de distribuiçãoA distribuição dos candidatos consta de lista, que éafixada nos locais de recepção das candidaturas, dis-pondo aqueles de um prazo de cinco dias para recla-mar da mesma.

SECÇÃO IINormas de transição

Artigo 105.o

Situações existentes à data da entrada emvigor deste Regulamento

1 - Os requerimentos relativos, designadamente, apedidos de transferência, comissão gratuita de servi-ço, equivalência e mudança de área profissional pormotivo superveniente de saúde regem-se pela legisla-ção em vigor à data em que foram apresentados.2 - As normas constantes deste Regulamento relati-vas à avaliação contínua aplicam-se aos médicos inter--nos que iniciam em 2006 o ano comum ou a forma-ção em áreas de especialidade.

Artigo 106.o

Concurso excepcional

Page 47: S U M Á R I O Ficha Técnica

54 Regulamento do Internato Médico

REGULAMENTO DO INTERNATO MÉDICO

1 - Excepcionalmente é aberto um concurso de in-gresso para a formação específica do internato médi-co no 4.o trimestre de 2005.2 - Podem candidatar-se ao concurso referido no n.o 1os médicos internos que tenham concluído o antigointernato de policlínica ou o internato geral, ou quetenham obtido a respectiva equiparação.

Artigo 107.oProgramas do internato

As especificações curriculares referentes às especiali-dades de Medicina Geral e Familiar (Clínica Geral) eCirurgia Cardiotorácica, constantes do quadro anexoà Portaria n.o 1223-B/82, de 28 de Dezembro, e osprogramas de formação em vigor continuam a ser apli-cados até à aprovação dos novos programas.

ANEXO IRelação das áreas profissionais do internatomédico a que se refere o n.o 3 do artigo 2.o

Anatomia patológica.Anestesiologia.Angiologia/cirurgia vascular.Cardiologia.Cardiologia pediátrica.Cirurgia cardiotorácica.Cirurgia geral.Cirurgia maxilofacial.Cirurgia pediátrica.Cirurgia plástica, estética e reconstrutiva.Dermatovenereologia.Doenças infecciosas.Endocrinologia/nutrição.Estomatologia.Gastrenterologia.Genética médica.Ginecologia/obstetrícia.Hematologia clínica.Imunoalergologia.Imuno-hemoterapia.Medicina física e de reabilitação.Medicina geral e familiar.Medicina interna.Medicina legal.Medicina nuclear.Nefrologia.Neurocirurgia.

Neurologia.Neurorradiologia.Oftalmologia.Oncologia Médica.Ortopedia.Otorrinolaringologia.Patologia clínica.Pediatria.Pneumologia.Psiquiatria.Psiquiatria da infância e da adolescência.Radiodiagnóstico.Radioterapia.Reumatologia.Saúde pública.Urologia.

ANEXO IIModelo de diploma a que se refere o n.o 1 do

artigo 88.o

Page 48: S U M Á R I O Ficha Técnica

Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006 55

A C T U A L I D A D E

Têm a palavra os médicos internos...

Bernardo Bollen PintoMédico Interno do Serviço de

AnestesiologiaHospital Geral de Santo António

1. O processo de atribuição da idonei-dade de formação aos estabelecimen-tos e serviços em que se realizam Inter-natos Médicos está bem estruturado eé, a ser aplicado correctamente, um bomprincípio de que exista qualidade no pro-cesso de formação dos Internos. Salien-to a relevância que a Ordem dos Médi-cos possui neste âmbito.

2. Relativamente ao acesso ao InternatoMédico o diploma é pouco ambiciosono sentido em que:a) Não avança com um projecto con-creto para um novo modelo da provade conhecimentos, sendo o actual exa-me claramente um mau instrumento deavaliação de conhecimentos médicos nu-cleares (aqueles que pertencem às áre-

as da Saúde da Mulher e da Criança,Cirurgia Geral e Medicina Interna) ouaptidões que permitam diferenciarcapazmente os Internos;b) Não tem em conta as diferentes cur-vas de distribuição dos valores das mé-dias finais de licenciatura das diferentesEscolas Médicas do país (com sistemasde ensino e avaliação distintos). Seria maisjusta a utilização como segundo critériode seriação dos candidatos a utilizaçãode médias ponderadas ou a utilizaçãoda média do Ano Profissionalizante, quesofre há já vários anos um esforço deuniformização;c) Culturalmente é pouco valorizada emPortugal a prática de um desporto dealta competição. Embora de relevânciadistinta, tal como existe excepção parao acesso ao Internato Médico para mem-bros das Forças Armadas, também o des-porto de alta competição merece regu-lamentação própria no sentido de sepromover a sua prática no decurso daLicenciatura em Medicina.

O Orientador ocupa um papel centralno processo formação do Interno e aregra do razão de 1:1 consagrada nodiploma é mais uma importante garan-tia da sua qualidade. Poderia ser refor-çada através de:a) Obrigatoriedade dos orientadores(progressiva em termos de aplicação) defrequência de programas de formaçãopedagógica;

Com a entrada em vigor do

novo Regulamento do

Internato Médico (RIM),

publicado no dia 22 de

Fevereiro em Diário da

República e que se

encontra reproduzido

integralmente nesta edição,

quisemos saber a opinião

dos destinatários da

Portaria nº 183/2006 que

vem desenvolver o disposto

no Decreto-Lei nº 203/2004,

que define o regime

jurídico da formação

médica após a licenciatura

em medicina, com vista à

especialização, e estabelece

os princípios gerais a que

deve obedecer o respectivo

processo. Das respostas ao

breve inquérito que

dirigimos a alguns médicos

internos, podemos concluir

que, de uma forma geral, o

saldo é positivo.

Questionário

1. Qual é para si o ponto que destaca como o mais positivo donovo RIM?2. Que medida gostaria de ter visto consagrada que não tenhasido contemplada?3. Existem alguns pontos que lhe causem particularpreocupação?4. Considera que houve um saldo positivo com a publicaçãodeste novo Regulamento do Internato?

Regulamento do Internato Médico

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56 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

A C T U A L I D A D E

b) Existência de outros tipos de com-pensação directa, nomeadamente finan-ceira, para além da valorização curricula;c) Estabelecimento de um número mí-nimo de reuniões com o Interno;d) Esforço da Instituição para que noscasos aplicáveis pertencesse à mesmaequipa de urgência que o Interno.

No processo de atribuição de idoneida-des formativas deveriam ser considera-dos alguns dos sistemas de acreditaçãoe qualidade em curso em muitas das Ins-tituições do Serviço Nacional de Saúde.

3. O fim da existência do Ano Comum éuma possibilidade deixada em abertoneste documento.Defendo, em consonância com o pre-visto neste diploma, um modelo de for-mação pós-graduada em Medicina emque o Exame de Acesso seja feito noano de conclusão da licenciatura, seja fre-quentado o Ano Comum sendo usadocomo critério de acesso a nota da mé-dia final de licenciatura (mas ponderadapor estabelecimento de ensino) e a es-colha da área de especialização seja feitano final deste ano com base na nota doExame de Acesso.O Ano comum garante:a) Um período de formação generalistapós-graduada nas áreas nucleares daMedicina exercida pelo Médico Internoapós a realização do Exame de Acessoao Internato Médico. Este conjunto deestágios possibilita que o Interno sejacapaz de adquirir um conjunto de co-nhecimentos, atitudes e capacidades téc-nicas básicas com total dedicação. Maistarde e em qualquer das áreas de espe-cialização o médico especialista será ca-paz de fazer a avaliação de gravidade erisco de múltiplas situações clínicas e oadequado e atempado encaminhamen-to do doente para os cuidados de saúdemais ajustados à sua patologia, comba-tendo assim a tendência da ultra-espe-cialização médica e contribuindo parauma adequada gestão dos Serviços deSaúde;b) Uma formação mínima de qualidadegarantida equivalente para todos os mé-dicos a exercer funções em Portugal, in-dependentemente do país em que se li-

cenciaram em Medicina;c) Um período de tempo para que oInterno escolha de modo consciente asua área profissional de especialização.Estes três objectivos serão dificilmentesubstituídos pelo Ano Profissionalizantedas licenciaturas em Medicina.

Preocupa-me a reduzida representativi-dade dos Internos nos Órgãos do In-ternato Médico, nomeadamente a nãoexistência de um Interno na constitui-ção do Conselho Nacional do Interna-to Médico (salvo a hipótese que me pa-rece pouco provável de este ser um doscinco nomeados pela Ordem do Médi-cos).Corre-se o risco de que o papel pre-ponderante que o Conselho Nacionaldo Médico Interno da Ordem dos Mé-dicos tem tido na defesa dos interessesdos Internos (em especial nos relacio-nados com a sua formação) se dilua nasresponsabilidades e peso administrativodas Instituições relevantes e nos Órgãosdo Internato Médico agora criados.

O modo como na prática vai ser geridaa falta de Autonomia Profissional dos In-ternos até ao segundo ano, sobretudono ano após o Ano Comum, deixa-meapreensivo. Creio que o impacto serámaior ao nível das instituições, e de modoparticular na organização do funciona-mento dos Serviços de Urgência, do quena desvalorização na formação dos In-ternos.

4. Sim.Apesar do atraso na sua publicação (180dias após o dia 18 de Agosto de 2004 jápassaram há alguns meses…) e não es-quecendo todos os pontos já referidos,o novo Regulamento do Internato Mé-dico é um bom instrumento que ajuda aassegurar a qualidade da formação pós--graduada em Medicina no nosso país,no sentido da diferenciação do Internodentro de uma área profissional de es-pecialização.Ainda de salientar o razoável incentivoà complementaridade do Internato Mé-dico (formação profissional básica) cominvestigação científica e programas deDoutoramento, outros processos de for-

mação e mobilidade do Interno para afrequência de estágios em centros de re-ferência reconhecidos no país ou estran-geiro.

Filipa Seabra PereiraMédica Interna de Medicina Interna

Hospital da Universidade de Coimbra

1. A mudança mais importante a meuver foi a alteração do modelo de avalia-ção final de especialidade, que valorizouo papel do orientador de formação domédico interno, alterou o âmbito do júrie do serviço em que se realiza o exame,caminhando no sentido de esbater dis-crepâncias antes sentidas e uniformizarcritérios de avaliação.Mas tenho que fazer referência a trêsdos aspectos mais mencionados porcolegas sobre este novo regulamento: ainclusão de um médico interno nas co-missões regionais do internato médico,a dispensa da prova de comunicaçãomédica para os licenciados em Medicinapor universidade de ensino em línguaportuguesa e a divulgação das vagas dis-poníveis para cada concurso no momen-to de publicação de abertura do con-curso. Destes, o mais positivo para mimé a não obrigatoriedade da prova de co-municação médica que era ultrajantepara quem é português e fez o ensinosecundário e obteve um curso superiorem português. Quanto ao papel dadoao médico interno, tenho sérias dúvidasque se materialize em grandes mudan-ças mas já foi uma conquista conseguir--se a sua participação. E em relação aomapa de vagas, mais importante seráassegurar que se mantém e não é alte-rado antes do concurso (como se pas-sou recentemente).2. Sempre entendi que a melhor forma

Regulamento do Internato Médico

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006 57

de suprir alguns défices em certas espe-cialidades e áreas regionais do país pas-saria pela criação de um plano de incen-tivos forte e claro, que atraísse os maisjovens e levasse à sua fixação. Em vezdisso, desapareceram as vagas carencia-das (que apesar de tudo motivavam al-gumas escolhas e prolongavam a perma-nência nesses centros hospitalares comfalta de profissionais) e surgem as vagasprotocoladas É um subterfúgio na me-dida em que no acto de escolha o pro-tocolo é facultativo, acabando por levaras pessoas novamente para os hospitaiscentrais e permitindo que não se fixemna instituição original, não contribuindopara a resolução da questão essencial.Por outro lado, novo RIM mas em ter-mos de regime de transferências de lo-cal de especialidade e mudança de áreade formação continuaremos a convivercom as mesmas situações.

3. Já me fui referindo a alguns. Em ter-mos gerais preocupa-me o facto desteregulamento continuar a deixar em aber-to inúmeras questões de ordem práticae de funcionamento dos concursos, oque permite sempre depois algumas mu-danças menos favoráveis a quem estáenvolvido. Este RIM incorre no mesmoerro dos outros – não expõe claramen-te os moldes em que tudo se processa,tem pontos dúbios que permitem sem-pre várias atitudes.

4. Decerto influenciada ainda pelo regi-me de transição confuso em que tam-bém me vi envolvida, não partilho dagrande satisfação de muitos dos meuscolegas com este RIM. Ainda assim,cumprindo-se e pondo em prática (queé sempre o mais difícil) o novo regula-mento, a qualidade do Internato Médicosai reforçada o que é sempre positivo!

João Carlos RibeiroMédico Interno do Serviço de

OtorrinolaringologiaHospital da Universidade de Coimbra

1. Para mim o ponto de maior relevodeste novo RIM é a inclusão de internosnos diversos órgãos de internato. É agarantia de que todos estarão bem in-

formados e conscientes dos reais pro-blemas dos internos e internatos. Esse éo primeiro passo para a resolução demuitos problemas.Aplaudo também a decisão de se dis-pensar da prova de comunicação médi-ca os licenciados em medicina de facul-dades de expressão portuguesa. Já che-gava de uma prova que tendo por baseuma boa ideia, era essencialmente umaperda de tempo para muito boa gente…

2. Não foi criado um programa de in-centivos à fixação de jovens médicos emlocais actualmente menos “aprazíveis”.Considero que a resolução de um pro-blema que se vai agravando passa pormedidas de discriminação positiva, e épena estar perdida esta excelente opor-tunidade de resolução desse cada vezmais grave problema.

3. Fico preocupado com as implicaçõesda data em que será dada a habilitação àprática autónoma de medicina. Transpon-do a directiva comunitária, todos serãoobrigados a entrar nalguma especialida-de, e portanto o governo terá nas mãosa possibilidade de condicionar o futuroda medicina e de todos nós usando onúmero e tipo de vagas em cada con-curso…Se existe um acréscimo salarial por fun-ções de direcção porque não existir omesmo por razões de orientação daqualidade científica do futuro especialis-ta? Será porventura menos importan-te? Ainda para mais com os previsíveisreflexos das medidas economicistas/produtividade no tempo e qualidade deformação4. Sem sombra de dúvida que sim, poisvem responder em grande medida ás

pretensões da generalidade dos inter-nos. Não sendo um documento perfei-to, é um grande passo na afirmação daqualidade do internato médico em Por-tugal.

Paula AugustoMédica Interna de Medicina Interna

Hospital Egas Moniz

1. O ponto positivo que mais se destacaneste RIM parece-me exactamente o fac-to de finalmente ter sido publicado, poishá muito que se aguardava um regimejurídico renovado para regulamentarmais adequadamente a formação médi-ca após a licenciatura em Medicina. Es-sencial a salvaguarda de pontos comouma antecedência nunca inferior a 3 anosna alteração da prova de exame paraingresso no Internato Médico.

2. Mais clareza relativamente à repeti-ção do exame e à introdução de umasegunda chamada, bem como no que dizrespeito à fase de transição. Provas deavaliação final adequadas a especialida-des não clínicas.

3. O exercício autónomo da medicinareconhecido apenas após dois anos deInternato Médico... continuarão a exis-tir desigualdades com os médicos dou-tros sistemas com autonomia reconhe-cida logo após a licenciatura? O queacontece enquanto vigorar o ano co-mum? A regulamentação da fase de tran-sição não é clara. O exame de ingressoé feito no último trimestre no ano deconclusão da licenciatura, porém a es-colha da especialidade atrasa-se e só seprocessa um ano depois (no Artigo 101ºparece implícito mas não explícito que

A C T U A L I D A D ERegulamento do Internato Médico

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58 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

o último trimestre do ano referido é ode frequência do ano comum - não selegisla nas entrelinhas).

4. Apesar das suas imperfeições estenovo RIM tem sem dúvida um saldopositivo na regulamentação da forma-ção médica no nosso país, que quere-mos cada vez melhor.

Marta CardosoMédica Interna de Medicina Geral e

FamiliarCentro de Saúde de Sete Rios

1. Penso que a inclusão de médicos in-ternos nas Comissões Regionais de In-ternato Médico (órgão consultivo do Mi-nistério da Saúde) é de facto uma maisvalia na execução das competências des-te orgão, nomeadamente ao nível da apli-cação dos programas de formação, e naavaliação da idoneidade e capacidade for-mativa dos serviços que é solicitada àOrdem dos Médicos.Por outro lado, o facto de pela primeiravez estarem consagrados em regulamen-to as funções e competências das Co-missões de Médicos Internos, pode au-mentar a participação individual dos jo-vens médicos na sua formação.

2. O que gostaria de ter visto consagra-do diz respeito à orientação e planea-mento da formação, mais concretamen-te em relação aos orientadores de for-mação. Penso que para o desempenhodestas funções deveriam estar previstosmaiores incentivos: o tempo necessáriopara as funções de formação deveria es-tar à partida melhor definido; eventual-mente um incentivo monetário; e pen-so que todos os orientadores depois de

nomeados pelas respectivas direcções deinternato deveriam, eles próprios, teracesso a um período formativo de for-ma a atingir uma determinada uniformi-dade e assertividade nas funções de ori-entação.

3. Um dos pontos é em relação à revi-são dos programas das áreas profissio-nais. Penso que a revisão do tempo to-tal de formação bem como asactualizações dos programas são altera-ções que se impõem num prazo relati-vamente curto e que não estão devida-mente esclarecidas neste RIM.Outro ponto é a questão das vagas, ofacto de não estar claramente definidoque cada médico com a licenciatura teráde facto acesso a uma vaga, independen-temente da área de especialização.

4. Sim. Este RIM permitirá caminhar parauma formação de melhor qualidade, sen-do este o objectivo de qualquer médicointerno.

Cátia GradilMédica Interna de Cirurgia GeralHospital Geral de Santo António

1. O facto de se tratar indubitavelmentede um documento sério e abrangente.

2. Já que houve uma mudança radical nacomposição do primeiro ano de inter-nato médico, tronco comum - área ci-rurgia/área médica, seria útil a sua inclu-são na composição da estrutura do in-ternato nas diferentes áreas de forma-ção.

3. A autonomia profissional ser atingidaapenas após 2 anos de formação de in-

ternato tem gerado controvérsia. A de-sejada homogeneização do 6º ano pro-fissionalizante, deveria implicar entre ou-tras, a necessidade de um menor perío-do de tempo de medicina tutelada. A au-tonomia concedida ao fim de um anode internato médico agilizaria interna-mente o desempenho das funções es-peradas de um jovem interno.Não querendo ocupar este espaço comcríticas à forma de ingresso no interna-to médico deixo expresso o meu since-ro desejo de mudança futura no respei-to pela valorização da Qualidade do pro-fissional e no Civismo que esta escolhaimplica. Continuamos a menosprezar aqualidade ao aceitarmos que o acessoao desempenho de uma especialidade,com as suas inerências específicas, ob-jecto final de sete anos de percurso, sejatão objectivo quanto redutor. Virá o diaem que exame teórico, avaliação práticae cv serão valorizados no contexto deuma entrevista individual com o candi-dato.

4. Considero a existência deorientadores de formação com as ca-racterísticas contempladas no artigo 15ºda Secção V uma garantia de extremaimportância. O percurso individual domédico interno ao longo da sua forma-ção depende essencialmente da sua di-nâmica e do seu empenho, validado eenriquecido por alguém com perspecti-va das tendências e oportunidades pro-fissionais existentes.As Comissões dos médicos internos deacordo com o disposto no artigo 21ºdo CAPÍTULO III são sem dúvida úteisquer na representação interna no esta-belecimento de formação quer na suaarticulação com o CNIM e Ordem dosMédicos.É fundamental estarem previstos pro-gramas doutorais em investigação clíni-ca. Nos hospitais portugueses não exis-te menor número de dados a serem tra-balhados do que em locais em que a in-vestigação é tida como prioridade. Averdade é que existe ainda pouca sensi-bilidade para sua utilidade e pouco mé-todo de trabalho que a torne possível.Este Regulamento relembra a sua exis-tência.

A C T U A L I D A D ERegulamento do Internato Médico

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60 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

«Este é o dia histórico em que foipublicada a portaria 182/2006 queaprova o novo Regulamento do In-ternato Médico. Globalmente, estedocumento corresponde a muitodaquilo que é o desejo dos médi-cos há vários anos. Foi um projec-to longo, que envolveu muitas pes-soas e em que, naturalmente, nemtodas ficaram satisfeitas», foi comestas palavras que Pedro Nunes,Bastonário da Ordem dos Médicos,deu início à reunião dos Colégiosda Especialidade onde se tentou es-clarecer dúvidas e debater as prin-cipais questões levantadas pelonovo RIM e as suas implicações fu-turas no trabalho a desenvolverpelos Colégios da Especialidade,nomeadamente no que se refere àrevisão dos programas de forma-ção, e pela própria Ordem dos Mé-dicos. «As estruturas da Ordemtêm que corresponder eficazmen-te e com celeridade perante as fun-ções que nos são delegadas peloEstado», afirmou, referindo-se es-pecificamente à coordenação doensino pós-graduado. Uma comu-nicação ágil e desburocratização deprocedimentos foram referênciasdo bastonário à forma como sedevem processar as relações comos Colégios da Especialidade.

Reunião Geral de ColégiosRealizou-se no dia 22

de Fevereiro a Reunião

Geral dos Colégios

da Especialidade.

Por coincidência,

foi precisamente esse

o dia em que foi

publicado o novo

Regulamento

do Internato Médico,

assunto que foi o tema

central do debate entre

os representantes

das direcções

dos Colégios,

os quais, apesar

de algumas críticas,

foram unânimes

em encontrar pontos

muito positivos

no regulamento

ora publicado.

A C T U A L I D A D ERegulamento do Internato Médico

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006 61

A C T U A L I D A D E

As opiniões expressas pelos repre-sentantes dos Colégios foram, deuma forma geral, positivas, emborase reconheça pelas várias interven-ções que alguns pontos suscitaramdúvidas, tendo as mesmas sido es-clarecidas pelo presidente da Or-dem dos Médicos realçando a liber-dade de cada especialidade dentrodas suas matérias específicas, mas«desde que não desequilibrem osequilíbrios encontrados com estenovo RIM», portanto, sem nunca ircontra a lei. Um exemplo dado parailustrar esta situação foi a presençado orientador de estágio de forma-ção no júri: «naturalmente que apresença do orientador não podeser eliminada por nenhum Colégio».

Sobre a ausência das faculdades nacomposição do Conselho Nacionaldo Internato Médico (CNIM), PedroNunes esclareceu: «às faculdadescabe o ensino pré-graduado, en-quanto que à Ordem dos Médicoscompete a coordenação da forma-ção pós-graduado, daí essa ‘ausên-cia’. Contudo, desta casa – Ordemdos Médicos – fazem parte todosos médicos sem excepção. Portan-to nada impede que um professoruniversitário faça parte do CNIMatravés da OM».

Quanto a questões de avaliação, foiesclarecido que cada Colégio pode-rá propor ao CNE se prefere provade interrogatório ou prova escrita,

Regulamento do Internato Médico

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62 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

A C T U A L I D A D E

ficando a indicação de que o CNE«com certeza acolherá bem taispropostas». O alargamento dostempos de formação foi uma ques-tão levantada por representantes devárias especialidades, tendo PedroNunes elucidado que considera ne-cessário aumentar o número deanos de formação mas que essaquestão tem que ser anal isadacasuisticamente em consonânciacom o Ministério da Saúde. «Comoexiste uma grande falta de aneste-sistas, não será fácil o Ministérioaceitar o prolongamento dos tem-pos de formação», exemplificou.«Os Colégios podem apresentardois programas, o desejável e o pos-sível. Tentaremos, naturalmente, queo desejável seja aprovado.»

Sobre algumas questões de implica-ção económica do novo RIM, foi es-clarecido que essas não são natu-ralmente do âmbito da OM, não ten-do a Ordem tido, portanto, inter-venção nas mesmas. «A Ordem dosMédicos tem que ser cada vez maisuma associação de defesa estrita dosmédicos, no sentido de ser uma en-tidade reguladora da prática médi-ca e que defende a qualidade da me-dicina praticada».

Foram ainda debatidos e clarifica-dos alguns outros pontos do RIM,nomeadamente sobre a cooperaçãocom os países lusófonos, equivalên-cias, composição do júri, métodosde avaliação e prova curricular.

Frases soltas...

«Este RIM foi umaevolução dentro do queestava estabelecido» -Lucindo Ormonde,secretário do Colégio deAnestesiologia

«O documento dealteração aos internatosé muito bom» - JoséManuel MalheiroHoltreman Roquete,presidente do Colégio deCirurgia Cardiotorácica

«É um regulamento comvárias omissões. Temaspectos fortementepositivos mas em meuentender os avanços nãoforam suficientes.» - LuísFilipe Gomes, vogal doColégio de MedicinaGeral e Familiar

«Este novo RIM é umgrande avanço emtermos de internato.Pode não ser o resultadoideal mas é muitopositivo. » - RuiGuimarães, presidentedo Conselho Nacional doMédico Interno

Regulamento do Internato Médico

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Rui GuimarãesPresidente do Conselho Nacional do Médico Interno

O P I N I Ã O

Mergulhei dentro do meu baú de memórias... Comecei pornadar até à pasta onde guardo, religiosamente, todos osapontamentos, documentos, notas e afins, e resolvi ordená--los por data. Fui aos mais antigos e iniciei, então, uma via-gem que vou tentar reproduzir. Datam de antes de 2003 asmais antigas notas referentes às mais recentes propostasde alterações legislativas ao Internato Médico. Nessa altu-ra, o Ministro da Saúde e alguns membros da sua equipaviviam obcecados em reduzir, a todo o custo, a duração daformação médica. Chegaram mesmo a ser propostas redu-ções significativas na maioria das especialidades! Cardiolo-gia passaria, por exemplo, a apenas 3 anos; afinal, era assimno Reino Unido! Esquecia, ou queria esquecer, o Sr. Minis-tro os anos de Medicina Interna que eram necessários an-tes de começar Cardiologia nesse país. Valeu a pronta res-posta da Ordem dos Médicos, que, dada a sua experiênciae contactos internacionais, conseguiu em menos de umasemana deixar na secretária do Ministro um relatório dotamanho das Páginas Amarelas, que descrevia a situação naEuropa e que não só fazia prova da ignorância demonstra-da, como até, em algumas especialidades, colocou em evi-dência a necessidade de alargamento dos programas (comopor exemplo no caso da Medicina Geral e Familiar e daAnestesiologia).

Mas as tentativas de cortes não se ficaram por aqui; foitambém notória a intenção de amputar a formação médicageneralista (o Internato Geral) usando (e abusando), umavez mais, de falsos argumentos europeus. Sim, porque exis-tem alguns casos na Europa de retorno a este modelo deformação comum inicial.

As reuniões sucederam-se; na memória recordo o dia 29de Março de 2004, em que à mesma hora, no Norte, Cen-tro e Sul do país se juntaram mais de mil colegas e de ondesaiu uma posição de força, conjunta, responsável numa boaquota parte, pelo que desde aí conseguimos. Recordo-acomo um ensinamento: a união faz mesmo a força!

Entre a insistência de uns e a teimosia de outros e depoisde tempos muito conturbados lá acabou por sair o novoDecreto de Lei, o 203/2004. Foi publicado estrategicamen-te a 18 de Agosto; e mesmo havendo um parecer negativo,do Provedor de Justiça, acabou por ser promulgado (aindaque sob algumas condições e negociações menos visíveis)pelo então Presidente da República. Tudo isto se passoudebaixo de muitas horas de trabalho, pareceres, documen-

A viagemdo RIM

tos escritos, cartas ao Pai Natal, tensão, desgaste, aleivosiase até traições! Algumas amizades saíram reforçadas, outrasnem por isso...

Mas o trabalho estava longe, mesmo muito longe de con-cluído. Pelo caminho foi publicada a Portaria 1499/2004 queregulamentou, de forma rigorosa, a formação inicial, cha-mada agora de Ano Comum. Através de diversos argumen-tos, e em pleno cenário de contenção económica, conseguiu--se aumentar, em mais de um terço, o 1º salário do jovemmédico. Foi possível passar a auferir um valor muito maisdigno do estatuto profissional ocupado e ao mesmo temponão reduzir significativamente o tempo de formação emrelação ao anterior modelo do Internato Geral.

Pelo meio encontrei as notas sobre a Organização do Con-gresso Nacional do Médico Interno, na Guarda, que contoucom perto de 400 inscrições e que teve salas sempre chei-as e muito participativas. Aliás, e olhando para trás verificoque, os pontos mais positivos de todas estas alterações, foimesmo a aproximação dos médicos internos entre si e entreestes e a opinião pública, bem como o surgimento de cole-gas interessados que, fruto da situação, se disponibilizarampara ingressar as fileiras do associativismo. Os médicos in-ternos estavam definitivamente no mapa!

Pela mesma altura em que o Fórum do Médico Internorecebia o seu milésimo membro, foi marcada nova reuniãonacional, para 6 de Março de 2005, na tentativa agora deprocurar um regime de transição mais justo, mais equitati-vo; mesmo, apesar de sugerida uma forma de minimizar osestragos, o Ministério teimou por uma decisão diferente;esta decisão, sob o meu ponto de vista, veio criar um rol deinjustiças escusadas e de mal-entendidos, alguns ainda poresclarecer! Foi uma altura complexa em que colegas ten-tam ultrapassar os seus outros colegas através de “bypasses”ao poder e recorrendo até aos seus próprios progenito-res; sem dúvida fenómenos sociológicos interessantes!

Apanhados fomos, entretanto, por um verdadeiro “golpede estado”, em que num curto espaço de tempo o executi-vo sofreu profundas alterações que passaram pela dançade Secretários de Estado e vieram a culminar com a mu-dança do próprio Governo e Ministro da Saúde. Com estasmodificações todas é claro que tinha que sobrar para omexilhão... Os prazos, previamente estipulados, foram ul-trapassados, a incerteza cresceu e o descontentamento não

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O P I N I Ã O

passou; as mudanças, com a criação de uma nova estruturano Ministério, a Secretaria Geral e todo o tempo tomadona sua organização também não ajudaram; os médico inter-nos foram-se habituando a ver no site, sob a forma de cir-culares, as informações a correr a conta-gotas, apesar dotempo correr velozmente contra os candidatos que pro-curavam conhecer, legitimamente, as datas dos seus exa-mes, as suas vagas, as condições de acesso... Enfim, manifes-to aqui a minha revolta por não terem sido acolhidas assugestões daqueles que foram afinal os próprios destinatá-rios da transição!

Bem, mas esta viagem tem de terminar e tem de chegar,inevitavelmente, à recente publicação do RIM a que a Or-dem dedicou esta edição da revista. Mais de um ano volvidoapós o prazo legal de publicação saiu a Portaria 183/2006:um bom exemplo daquilo que foi possível fazer em climade franco diálogo entre a Ordem dos Médicos e o Ministé-rio da Saúde, com a excelente colaboração do ConselhoNacional dos Internatos Médicos. Apesar de ter sido umapublicação difícil, este documento reflecte um esforço deentendimento. O CNMI congratula-se por ver incorpora-das muitas das suas sugestões e poder perceber que o MSreconheceu na Ordem dos Médicos uma fonte de contri-butos credíveis. Aproveitamos também para reconhecertodos aqueles que connosco, contribuíram, desde os cole-gas que nos enviaram pequenas sugestões, até aos nossoscolegas que, apesar de aparentemente “menos novos” ves-tiram a camisola dos internos e da formação médica. Umagradecimento especial aos colegas das diferentes SecçõesRegionais da Ordem dos Médicos e muito merecidamenteao Bastonário.

Junto listo alguns dos pontos que consideramos positivosbem como outros menos positivos esperando que ao lon-go desta viagem não vos tenha feito perder muito tempoou paciência e que possam, como eu próprio, ter percebi-do que o importante não é o caminho por onde andamos,mas é, e será, o caminhar...

A Viagem(...)Mas corto as ondas sem desanimar.Em qualquer aventura,O que importa é partir, não é chegar.”Miguel Torga - 1962

- Fim da obrigação da escolha de vaga protocolada (oprotocolo funcionará como uma opção que o candida-to pode aceitar ou rejeitar)

- Inclusão de Médicos Internos nas Comissões Regionaisde Internato Médico (orgão consultivo do MS)

- Definição clara de competências para as comissões de

Internato - Presença do orientador no júri de avaliaçãofinal

- Possibilidade de interrupção do Internato Médico porcausas humanitárias

- Dispensa da realização da prova de comunicação médi-ca aos licenciados em Universidades em que o ensinotenha sido ministrado em língua portuguesa

- Instituição da regra de um médico interno pororientador de formação (embora em salvaguarda de ca-sos especiais possa ir até 3:1)

- Introdução de programas doutorais em investigação clí-nica

- Definição clara da porta de entrada no internato médi-co:“O ingresso no internato médico faz-se através de pro-va de exame de âmbito nacional,...”

- Passagem da prova de comunicação médica do MS paraa OM

- Criação de um júri de recurso para a prova de acessoao internato distinto do júri que a elabora

- Possibilidade de frequência de estágios ou cursos noestrangeiro

- Manutenção do Ano Comum

- Possibilidade de uma 2ª chamada na prova de acesso aointernato médico para quem não poder realizar em 1ªchamada (ficam contudo limitados às vagas sobrantesda 1ª chamada)

- Divulgação das vagas a concurso com o aviso de aber-tura - Art 42º

- Escolha da especialidade ocorre demasiado tarde; nãoservindo os interesses de ninguém, deverá ser o maisrapidamente possível

- Está prevista a possibilidade de repetição de exame, mascom algumas reserva

- A introdução de programas doutorais em investigaçãoé de louvar, mas limitar à investigação clínica é muitoredutor

- Há ainda algumas questões que não estão exactamentecoincidentes com as normas do DL 203/2004 mas queesperamos a curto prazo ver corrigidas.

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68 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Março 2006

JANEIRO - 1.ª SérieDecreto-Lei n.º 6/2006, de 2006-01--03Ministério da SaúdeProrroga até 30 de Junho de 2006 amajoração de 25% prevista no n.º 2 doartigo 6.º do Decreto-Lei n.º 270/2002,de 2 de Dezembro.Decreto-Lei n.º 8/2006, de 2006-01--04Ministério da SaúdeTranspõe para a ordem jurídica nacio-nal a Directiva n.º 2004/43/CE, da Co-missão, de 13 de Abril, que diz respeitoaos métodos de colheita de amostras ede análise para o controlo oficial dosteores de aflatoxina e de ocratoxina Anos géneros alimentícios destinados alactentes e crianças jovens, e altera osDecretos-Leis n.os 110/2001, de 6 deAbril, e 72-J/2003, de 14 de AbrilPortaria n.º 38/2006, de 2006-01-06Ministério da SaúdeEstabelece as regras do registo obriga-tório e do pagamento das correspon-dentes taxas a que estão sujeitos os ope-radores previstos no artigo 8.º doDecreto-Lei n.º 309/2003, de 10 deDezembro, e define os critérios e cál-culos das taxas de registo. Revoga a Por-taria n.º 310/2005, de 23 de Março.Decreto-Lei n.º 14/2006, de 2006--01-20Ministério da SaúdeTranspõe para a ordem jurídica nacio-nal a Directiva n.º 2003/33/CE, do Par-lamento Europeu e do Conselho, de 26de Maio, relativa à aproximação das dis-posições legislativas, regulamentares eadministrativas dos Estados membrosem matéria de publicidade e de patrocí-nios dos produtos do tabaco, alterandoo Decreto-Lei n.º 226/83, de 27 de Maio.Portaria n.º 78/2006, de 2006-01-23Ministérios das Finanças e da Ad-ministração Pública e da SaúdeAltera o quadro de pessoal do Hospitaldo Espírito Santo - Évora, aprovado pelaPortaria n.º 87/91, de 30 de Janeiro, eextingue no mesmo quadro de pessoalo lugar de técnico de 2.ª classe, criadopela Portaria n.º 458/93, de 30 de Abril.Decreto Regulamentar n.º 2/2006,de 2006-01-25Ministério da SaúdeAprova a orgânica da Secretaria-Geral

do Ministério da Saúde, no cumprimen-to do previsto no Decreto Regulamen-tar n.º 3-A/2005, de 31 de Maio.Portaria n.º 91/2006, de 2006-01-27Ministério da SaúdeDetermina a apresentação da declara-ção e do documento comprovativo aospensionistas que pretendam beneficiardo regime especial de comparticipaçãode medicamentos.

2.ª SérieDespacho n.º 720/2006 (2.ª série),de 11 de Janeiro de 2006Ministério da Saúde - Gabinete doSecretário de Estado da SaúdeProcede a uma actualização do preçopor quilómetro pelos serviços actual-mente prestados pelas associações debombeiros e outras entidades no trans-porte de doentes, implementando me-canismos de controlo da actividade pres-tada, a realizar pelas administrações re-gionais de saúde.Despacho n.º 721/2006 (2.ª série),de 11 de Janeiro de 2006Ministério da Saúde - Gabinete doSecretário de Estado da SaúdeAprova as cláusulas contratuais geraisdos contratos-programa a celebrar en-tre o Ministério da Saúde e as unidadesde saúde integradas no sector empre-sarial do Estado para pagamento de ac-tos e actividadesDespacho n.º 722/2006, 11 de Janei-ro de 2006Ministério da Saúde - Gabinete doSecretário de Estado da SaúdeDetermina que as cláusulas gerais doscontratos-programa a celebrar entre oMinistério da Saúde e as unidades de saú-de integradas no sector empresarial doEstado se apliquem, com as devidas adap-tações, aos contratos a celebrar entre oMinistério da Saúde e as unidades de saú-de integradas no sector público admi-nistrativo, com efeitos a partir de 2006.

FEVEREIRO - 1.ª SérieDecreto-Lei n.º 23/2006, de 2006--02-02Ministério da SaúdeProcede à segunda alteração ao Decre-to-Lei n.º 117/98, de 5 de Maio, prorro-gando por seis meses o período de vi-gência do regime remuneratório expe-rimental para os médicos de clínica ge-ral que exerçam funções nos centros de

saúde do Serviço Nacional de Saúde.Portaria n.º 101/2006, de 2006-02--03Ministérios das Finanças e da Ad-ministração Pública e da SaúdeRevoga a Portaria n.º 787/2004, de 9 deJulho, que altera o quadro de pessoal doHospital Distrital de Chaves.Despacho Normativo n.º 9/2006, de2006-02-16Ministério da SaúdeAprova o Regulamento para Lançamen-to e Implementação das Unidades deSaúde Familiar.Portaria n.º 183/2006, de 2006-02--22Ministério da SaúdeAprova o Regulamento do InternatoMédico.

2.ª SérieDespacho n.º 2823/2006 (2.ª série),de 6 de Fevereiro de 2006Ministério da Saúde - Gabinete daSecretária de Estado Adjunta e daSaúdeClarifica o conceito de vaga protocola-da e estabelece os mecanismos adequa-dos à concretização dos objectivos pre-tendidosDespacho n.º 3329/2006 (2.ª série),de 13 de Fevereiro de 2006Ministério da Saúde - Gabinete daSecretária de Estado Adjunta e daSaúdeSubdelegação de poderes nos conselhosde administração dos hospitais com anatureza de entidades públicas empre-sariais, com efeitos reportados a 31 deDezembro de 2005, ratificando todos osactos entretanto praticados no âmbitodos poderes agora delegados.Despacho n.º 3845/2006 (2.ª série),de 17 de Fevereiro de 2006Ministério da Saúde - Gabinete daSecretária de Estado Adjunta e daSaúdeIdentificação dos estabelecimentos e es-pecialidades carenciados para efeitos deprorrogação dos contratos administra-tivos de provimentos dos internos que,na data de entrada em vigor do DL n.º112/98, de 24.04, se encontravam a fre-quentar o internato complementar e re-quereram a colocação em estabeleci-mentos considerados carenciados narespectiva especialidade médica.

L E G I S L A Ç Ã OPUBLICADA EM JANEIRO E FEVEREIRO DE 2006Vasco Coelho - Consultor Jurídico S. R. S.

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EVENTO: National Kidney Foun-dation – 2006 Clinical MeetingsLOCAL: ChicagoDATA: 19 a 23 de AbrilORGANIZAÇÃO/CONTACTO:Amgen Farmacêutica; Tel: 21 – 42205 50; Fax: 21 – 422 05 55

EVENTO: 9ªs jornadas de Doen-ças Infecciosas em Medicina Famili-arLOCAL: Hotel Villa Rica - LisboaDATA: 20 a 22 de AbrilORGANIZAÇÃO/CONTACTO:Departamento Médico de Congres-sos; Tel: 21 – 358 43 80; EMAIL:[email protected]

EVENTO: IX Jornadas de Endocri-nologia do Hospital Egas MonizLOCAL: Hotel Vila Galé Ópera –LisboaDATA: 20 a 22 de AbrilORGANIZAÇÃO/CONTACTO:MercK Sharp& Domhe; Tel: 21 – 44657 28

EVENTO: HIV Meeting Portugal ,2006LOCAL: Hotel Cascais MiragemDATA: 22 de AbrilORGANIZAÇÃO/CONTACTO:MercK Sharp& Domhe; Tel: 21 – 44657 28

EVENTO: Nefrology 2006LOCAL: BostonDATA: 23 a 28 de AbrilORGANIZAÇÃO/CONTACTO:

PATROCÍNIOS CIENTÍFICOS - 2006

Amgen Farmacêutica; Tel: 21 – 42205 50; Fax: 21 – 422 05 55

EVENTO: EHA06- InternationalConference on ElectromagneticFields, Health and EnvironmentLOCAL: MadeiraDATA: 27 a 29 de AbrilORGANIZAÇÃO/CONTACTO:A P.D.E.E. – Associação Portuguesapara a Promoção e Desenvolvimen-to da Engenharia Electrotécnica

EVENTO: The 3rd InternationalPreterm Labour Congress 2006LOCAL: Montreux – SuiçaDATA: 27a 29 de AbrilORGANIZAÇÃO/CONTACTO:Ferring; Tel: 21 – 940 51 90; Fax: 21940 51 99

EVENTO: III Jornadas de Gineco-logia e Obstetrícia do AlgarveLOCAL: Hotel Vila Galé – TaviraDATA: 27 a 29 de AbrilORGANIZAÇÃO/CONTACTO:CONGRESSOSMOR; Tel: 239 – 9141 83; Fax: 239 – 91 41 87

EVENTO: Encontro regional Euro-peu da associação Internacional dePsicogeriatriaLOCAL: LisboaDATA: 3 a 6 de MaioORGANIZAÇÃO/CONTACTO:EMAIL: [email protected]

EVENTO: VII Jornadas de Pneumo-logia em medicina Familiar

LOCAL: Salão almada negreiros –Gare Marítima de Alcantara LisboaDATA: 4 e 5 de MaioORGANIZAÇÃO/CONTACTO:Departamento Médico de Congres-sos ; Te l : 21 358 43 80 ; EM A I L :[email protected]

EVENTO: I I Curso deGastrenterologia PráticaLOCAL: Hotel Dom Pedro Golfe(forum)DATA: 6 e 7 de MaioORGANIZAÇÃO/CONTACTO:Serviço de Gastrenterologia doHospital Distrital de Faro

EVENTO: 11th International Con-gress on Oral CancerLOCAL: Grado – ItaliaDATA: 14 a 17 de Maio

EVENTO: Leonard EURACTCourse for Tra iners in Fami lyMedicineLOCAL: Caldas de MonchiqueDATA: 17 a 21 de MaioORGANIZAÇÃO/CONTACTO:WWW.euract.org

EVENTO: XXV Congresso Portu-guês do Clínico GeralLOCAL: Gare Mar i t ima deAlcantaraDATA: 18 a 20 de MaioORGANIZAÇÃO/CONTACTO:Departamento Médico de Congres-sos ; Te l : 21 358 43 80 ; Emai l :[email protected]

CURSO MÉDICO1970/1976Vai realizar-se em Coimbra no dia 24.07.2006

a reunião dos 30 anos do Curso Médico de 1970 / 1976.

Agradecemos a todos os Colegas o envio urgente de uma fotografia actualizada e de um pequenotexto de modo a ser incluído no livro de comemorativo.

Inscreve-te.Caso não tenhas sido contactado envia para a seguinte morada:Rua de Moçambique, 33 r/c Dtº - 030 – 062 COIMBRA