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FORTISSIMO Nº 8 — 2016 S T R A V I N S K Y M A H L E R PRESTO VELOCE 05/05 06/05

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Page 1: S T R A - filarmonica.art.br fileA todos, um bom concerto. FOTO: RAFAEL MOTTA. 4 5 D esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de

FORTISSIMO Nº 8 — 2016

S T R A

V I N S

K Y M A

H L E RPRESTO

VELOCE

05/05

06/05

Page 2: S T R A - filarmonica.art.br fileA todos, um bom concerto. FOTO: RAFAEL MOTTA. 4 5 D esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de

MINISTÉRIO DA CULTURA E GOVERNO DE MINAS GERAIS APRESENTAM

PRESTO

VELOCE

05/05

06/05

Page 3: S T R A - filarmonica.art.br fileA todos, um bom concerto. FOTO: RAFAEL MOTTA. 4 5 D esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de

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Duas obras de inspiração oriental,

mas com características estéticas

das mais contrastantes, são

apresentadas nesta noite pela

Filarmônica de Minas Gerais.

Stravinsky se utiliza de elementos

típicos da música chinesa para

ilustrar a estória de um velho

e deprimido imperador que só

se encanta e rejuvenesce ao

escutar o canto do rouxinol.

Já Mahler, sempre um compositor

filósofo e humanista, inspira-se em

Caros amigos e amigas,

FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular

seis textos de poetas chineses para

celebrar a Terra e, assim, celebrar os

seres humanos que a habitam, suas

ansiedades e suas angústias, naquela

que é uma obra única do repertório

sinfônico: A Canção da Terra. Com as

vozes de Denise de Freitas e Fernando

Portari, seremos imersos num universo

de grandes emoções e reflexões.

A todos, um bom concerto.

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Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular

da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável

pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos

no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti

posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional

e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo

Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como

Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se

o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.

Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,

Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi

também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica

de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra

Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos

no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da

Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.

Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a

Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras

norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,

Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais

de verão nos Estados Unidos, entre

eles os de Grant Park em Chicago

e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México,

Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu

as orquestras sinfônicas de Tóquio,

Sapporo e Hiroshima. Regeu também a

Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,

a Orquestra da Rádio e TV Espanhola

em Madrid, a Filarmônica de Auckland,

Nova Zelândia, e a Orquestra

Sinfônica de Quebec, Canadá.

Vencedor do Concurso Internacional de

Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,

Mechetti dirige regularmente na

Escandinávia, particularmente a

Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a

de Helsingborg, Suécia. Recentemente

fez sua estreia na Finlândia dirigindo

a Filarmônica de Tampere e na Itália,

dirigindo a Orquestra Sinfônica de

Roma. Em 2016 fará sua estreia com a

Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

No Brasil, foi convidado a dirigir a

Sinfônica Brasileira, a Estadual de

São Paulo, as orquestras de Porto

Alegre e Brasília e as municipais de

São Paulo e do Rio de Janeiro.

Trabalhou com artistas como Alicia

de Larrocha, Thomas Hampson,

Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,

Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil

Shaham, Midori, Evelyn Glennie,

Kathleen Battle, entre outros.

Igualmente aclamado como regente

de ópera, estreou nos Estados Unidos

dirigindo a Ópera de Washington.

No seu repertório destacam-se

produções de Tosca, Turandot, Carmem,

Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,

Madame Butterfly, O barbeiro de

Sevilha, La Traviata e Otello.

Fabio Mechetti recebeu títulos

de mestrado em Regência e em

Composição pela prestigiosa

Juilliard School de Nova York.

FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular

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Igor STRAVINSKYO Canto do Rouxinol

Gustav MAHLER A Canção da Terra

Das Trinklied vom Jammer der Erde | A Canção de Beber da Tristeza da Terra

Der Einsame im Herbst | O Solitário no Outono

Von der Jugend | Da Juventude

Von der Schönheit | Da Beleza

Der Trunkene im Frühling | O Bêbado na Primavera

Der Abschied | A Despedida

FABIO MECHETTI, regente

DENISE DE FREITAS, mezzo-soprano

FERNANDO PORTARI, tenor

PROGRAMASM

INTERVALO

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Denise de Freitas é uma das mais

importantes artistas líricas do Brasil

na atualidade. Com voz de grande

extensão e timbre escuro, ela tem

conquistado o público e a crítica

com intensas e sensíveis atuações

tanto no drama como na comédia.

“... Denise é uma das maiores cantoras

e maiores artistas do Brasil”, escreveu

Arthur Nestrovski no jornal

Folha de São Paulo.

Seus trabalhos, sempre com sucesso

de crítica, incluem Azucena em

Il Trovatore, no Theatro Municipal

de São Paulo e no Festival de Ópera

do Teatro da Paz, em Belém. Cantou

Fricka em A Valquíria e Suzuki em

Madame Butterfly, no Teatro Municipal

do Rio de Janeiro. No Teatro Municipal

de São Paulo participou de O Ouro

do Reno e brilhou como Waltraute

em O Crepúsculo dos Deuses.

A artista apresentou-se em uma série

de concertos com a ópera Yerma, de

Villa-Lobos, em Berlim, Paris e Lisboa.

Denise de Freitas conquistou o Prêmio

Carlos Gomes em 2004, 2009 e 2011

por suas interpretações de Fricka em

A Valquíria, o Menino em L’enfant et les

Sortilèges, Dalila em Sansão e Dalila,

e o Compositor em Ariadne auf Naxos,

produções do Theatro Municipal de

São Paulo. E também por sua atuação

em Nabucco, no Theatro Municipal

do Rio de Janeiro, e pelo papel de Irmã

Marie em Les Dialogues des Carmélites,

no Festival Amazonas de Ópera.

Seu repertório inclui também

Nicklausse em Les Contes d’Hoffmann;

Hänsel em Hänsel und Gretel; Siebel

em Fausto; Orfeu em Orfeu e Eurídice;

Marquise de Berkenfield em La Fille

du Régiment; Laura em La Gioconda;

o papel título em Carmem; Adalgisa

em Norma e Charlotte em Werther.

Como concertista Denise de Freitas

interpretou obras como El Amor Brujo

de Manuel de Falla; Das Lied von

der Erde, Sinfonias números 2 e 3,

Kindertotenlieder e Des Knaben

Wunderhorn de Mahler; Stabat Mater

de Dvorák; Stabat Mater de

Pergolesi; Shéhérazade de Ravel;

O Messias de Haendel; Magnificat

de Bach; Magnificat-Aleluia de

Villa-Lobos e Sinfonia nº 9 de

Beethoven. Seu CD Lembrança de

Amor, com composições de Osvaldo

Lacerda e Eudóxia de Barros ao

piano, recebeu, em 2003, o Prêmio

APCA (Associação Paulista de Críticos

de Arte) de Melhor CD do Ano.

Denise nasceu em São Paulo e

teve como orientadora a renomada

cantora Lenice Prioli. Em Nova

York, aperfeiçoou-se com Catherine

Green e Patricia McCaffrey e,

na França, com Sylvia Sass.

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DENISEDE FREITAS

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Fernando Portari é carioca, de Vila Isabel.

Com uma carreira internacional em

franca ascensão, estreou em 2010 com

grande sucesso no mítico Teatro alla

Scala de Milão em Fausto de Gounod,

ao lado de Roberto Scandiuzzi.

Contracenou com Anna Netrebko na

Staatsoper de Berlim na ópera Manon

de Massenet, sob a direção do maestro

Daniel Barenboim. Apresentou-se

nos teatros La Fenice de Veneza,

na Ópera de Roma, no Teatro São

Carlos de Lisboa, na Deutsche Oper

de Berlim, Comunale de Bologna,

Novaya Theater de Moscou, Theatro

Municipal de São Paulo, Theatro

São Pedro, Theatro Municipal do

Rio de Janeiro, Teatro Amazonas e

também em Tokyo, Helsinki e Varsóvia.

Portari atuou em Anna Bolena com

Mariella Devia no Teatro Massimo de

Palermo e em La Traviata, na Ópera de

Hamburgo e em Colônia, Alemanha.

Apresentou-se em La Boheme em

Berlim e em Sevilha e representou

Werther no Teatro Bellini de Catania,

Itália, e em La Coruña, Espanha.

Fernando Portari recebeu o Prêmio

APCA (Associação Paulista de Críticos

de Arte) e por duas vezes o Prêmio

Carlos Gomes, tornando-se rapidamente

nome presente nas temporadas líricas

em Manaus, São Paulo, Belo Horizonte,

Rio de Janeiro e outros centros artísticos.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro

interpretou a maioria de seus papéis:

Rodolfo, Romeo, Pynkerton, Don José,

Hoffmann, Pelléas, Nadir, Des Grieux,

Ernesto, Nemorino, Almaviva, Ramiro,

Ottavio, Cassio, Fenton, Rake, Edipo,

Roderick Usher. Cantou as estreias

mundiais das óperas A Tempestade,

de Ronaldo Miranda, sobre texto de

Shakespeare, e Olga, de Jorge Antunes,

baseada na vida de Olga Benario.

Portari gravou o oratório Colombo

de Carlos Gomes, trabalho que lhe

deu o Prêmio Sharp. Gravou ainda

as canções de Gilberto Mendes com

Rosana Lamosa e o pianista Rubens

Ricciardi; A Canção da Terra de Mahler

pelo selo Algol; o DVD da ópera

Il Crociato in Egitto de Meyerbeer,

produção do Teatro La Fenice de

Veneza, com Patrizia Ciofi, regência de

Emmanuel Villaume e direção de Pier

Luigi Pizzi, realizado pela Dynamic; e o

DVD da ópera La Rondine de Puccini,

produção do La Fenice de Veneza,

com Fiorenza Cedolins, regência de

Carlo Rizzi e direção de Graham Vick.

Fernando Portari cantou na Ópera de

Genebra interpretando Henri em

Les Vêpres Siciliennes de Verdi e no

Teatro Liceo de Barcelona no papel

título de Fausto de Gounod. No Teatro

alla Scala de Milão interpretou Romeu

em Romeu e Julieta de Gounod.

FERNANDOPORTARI

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12 SINSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, clarinete, 2 fagotes, 4 trompas,

3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, celesta, piano, cordas.

PARA  OUVIRCD Le chantdurossignol — The Cleveland

Orchestra — Pierre Boulez, regente — Deutsche Grammophon — 2006

Orquestra Sinfônica de Chicago — Cristian Macelaru, regente

Acesse: fil.mg/srouxinol

PARA  LEREric White e Jeremy Noble —

Stravinsky — LP&M — 1991

Robert Siohan — Stravinsky — Éditions du Seuil — 1982

Rússia, 1882 – Estados Unidos, 1971

O nome de Stravinsky está mais diretamente relacionado a

obras de sua fase russa, particularmente aos balés Petrushka,

A Sagração da Primavera e O Pássaro de Fogo. Na verdade, a extensa

e multifacetada obra desse criador prolífico é pouco conhecida e o

Canto do Rouxinol é, por assim dizer, uma pequena joia, extraída

dos atos 2 e 3 da ópera O Rouxinol, que merece revisitações e

redescobertas. Esse poema sinfônico, que ilustra e ilumina sentidos

do conto original de Andersen, é uma história sem palavras, contada

através de uma orquestração cheia de cores, contrastes, densidades

e rarefações, claro-escuros, tutti e momentos camerísticos.

Já de início, estamos imersos em um universo de fantasia — uma

festa no castelo do imperador da China; burburinho, intensa

movimentação, fragmentos melódicos, breves gestos musicais e uma

orquestração feérica, que fazem lembrar Petrushka e o colorismo

orquestral de Rimsky-Korsakov. A primeira evocação do rouxinol se

contrapõe a essa atmosfera: um solo de flauta emerge de um fundo

de cordas, harpas e celesta. Volta a festa, apenas para uma breve

conclusão com materiais musicais anteriores, após a qual tem lugar a

Marcha Chinesa. Nesta, embora as cordas estejam sempre presentes,

em diversos momentos atuam como coadjuvantes para um emprego

preferencial dos sopros — madeiras e metais — e da percussão.

O piano e a celesta têm papel relevante nessa paleta de multicores e de

vivacidade rítmica, que antecede a seção dedicada ao canto do rouxinol,

que agora aparece em sua plenitude. Aqui, a flauta, embora solista, é

por vezes secundada pela requinta e pelo flautim, e dialoga com um

violino solo, enquanto piano, celesta, harpas e as pontuações de um

triângulo concorrem para uma cortina de delicadeza e transparência.

Mais um retorno à festa, que agora é interrompida pelo estridente

anúncio de um presente do imperador do Japão: um rouxinol mecânico.

O cenário para o pássaro mecânico é tingido de ironia: o protagonista

principal — o oboé — é aprisionado

em uma orquestração de meias-tintas

que lembra uma soturna caixinha de

música. Diante da preferência de todos

pelo rouxinol mecânico, o verdadeiro

rouxinol abandona o castelo. A melodia

serena de um trompete solista, que

retornará ao final da obra, precede

um episódio no qual um coro de vozes

graves — fagote, trombone e tuba — é

entrecortado por reminiscências do canto

do rouxinol mecânico. O imperador,

gravemente enfermo, será salvo pelo

canto do verdadeiro rouxinol, canto que

novamente dialoga com a melodia do

violino solo. O canto do pássaro manda

embora a morte. A marcha fúnebre que

o sucede é apenas a expectativa da corte

diante do desenlace que não ocorrerá.

O rouxinol recusa o convite para

permanecer no palácio, mas promete

voltar sempre para um canto noturno, até

o amanhecer. O cantabile do trompete,

que paira sobre cordas e harpas, traz,

da ópera, a voz de um pescador e sua

mensagem: o canto dos pássaros é a

voz do céu. Ao encerrar, dessa forma, a

música para a alegoria de Andersen —

celebração da necessidade da arte —,

Stravinsky surpreende o ouvinte pelo

recolhimento, simplicidade e delicadeza,

evocações do canto do mistério e da noite.

Igor

STRAVINSKY

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OILIAM LANNA Compositor, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

O CANTO DO ROUXINOL (1917) 20 min

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14 MINSTRUMENTAÇÃO

2 piccolos, 3 flautas, 3 oboés, corne inglês, requinta, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes,

contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, bandolim, tímpanos,

percussão, 2 harpas, celesta, cordas.

PARA  OUVIRCD Gustav Mahler — Das Lied von der Erde

— Orquestra Filarmônica de Nova York — Bruno Walter, regente — Mildred Miller,

Ernst Haefliger, solistas — Sony — 1995

PARA  ASSISTIROrquestra Filarmônica de Israel —

Leonard Bernstein, regente — Christa Ludwig, contralto — René Kollo, tenor

Acesse: fil.mg/mterra

PARA  LERBruno Walter e Ernst Krenek —

Gustav Mahler — Dover — 2014

Roland de Candé — História Universal da Música — vol. 2 — Eduardo Brandão,

tradução — Martins Fontes — 1994

Boêmia, atual República Tcheca, 1860 — Áustria, 1911

Gustav Mahler foi o grande elo entre, de um lado, Wagner e

Bruckner e, de outro, a Segunda Escola de Viena. Divide-se entre

o século XIX e o século XX, o que o coloca em um não lugar

entre a valsa e a guerra. Sua personalidade dilacerada por conflitos

psicológicos (o que o leva a consultar o próprio Doutor Freud) faz

crescer nele um forte sentimento de alteridade, que transparece em

toda a sua obra. Escreveria um dia: “sou três vezes apátrida: como

natural da Boêmia, na Áustria; como austríaco, na Alemanha; como

judeu, no mundo inteiro. Por toda parte um intruso, em nenhum

lugar desejado” (apud Roland de Candé). Seus conflitos internos

o opõem a seu tempo... e a todos os outros. Em sua música, as

marchas, as fanfarras, as danças e as canções parecem ora evocar

a morte, ora a loucura. Mesmo os trechos de aparente serenidade

são imbuídos de uma angústia que sempre desassossega.

Talvez movido por esse sentimento de alteridade, Mahler foi atraído

por uma compilação de poemas antigos chineses vertidos para o alemão

por Hans Bethge (que se baseou em traduções anteriores), em 1908,

sob o título de Die chinesische Flöte (A Flauta Chinesa). Do contato

com essa obra e do momento atribulado pelo qual o compositor passava

nasceu A Canção da Terra. Em 1907 Mahler tinha sido diagnosticado

com uma doença cardíaca congênita, vira morrer sua filha mais velha

e fora forçado a renunciar ao cargo de diretor da Ópera da Corte de

Viena por causa de manobras políticas e de crescente sentimento

antissemita. Escreveria a Bruno Walter, seu amigo e também grande

regente, “que de um só golpe vira ruir tudo o que construíra, e que

teria que reaprender seus primeiros passos”. Movido pela imagem de

beleza e transitoriedade telúrica dos versos chineses que encontraria

no ano seguinte, pôs-se a trabalhar na Canção da Terra, concluída

em 1909. Sua estreia se deu em 1911, seis meses após a morte do

compositor, no Tonhalle de Munique, sob a regência de Bruno Walter.

Quando publicada, a obra foi intitulada

sinfonia. Na verdade, ocupa um lugar

híbrido, que associa o Lied acompanhado

de orquestra ao próprio sinfonismo.

Composta para tenor e contralto (embora

o tenor possa ser substituído por um

barítono), os solistas se alternam na

obra. O hibridismo da Canção da Terra

consegue o grande feito de associar dois

gêneros, mantendo, de um, a linha

melódica franca e certo tom intimista e,

de outro, a complexidade do tratamento

temático e da arquitetura instrumental.

Consegue, ainda, fazer transitar um

gênero pelo outro: note-se, por exemplo,

a similaridade do terceiro, quarto e

quinto movimentos com o scherzo

sinfônico, a do último movimento com

um finale, a do primeiro e segundo

movimentos com seus equivalentes

de qualquer outra sinfonia de Mahler,

guardadas as devidas especificidades.

Nesse sentido, as integridades de

ambos os gêneros, embora unidos,

paradoxalmente se mantêm, mas

estabelecem diálogo permanente.

Se Mahler está dividido entre os séculos

XIX e XX, a inteligente originalidade

dessa empresa (e a sua linguagem) faz

a modernidade reclamá-la para si.

Gustav

MAHLER

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MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.

A CANÇÃO DA TERRA (1907/1909) 60 min

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Conselho Administrativo

PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman

PRESIDENTE Roberto Mário Soares

CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de AlmeidaÍtalo GaetaniMarco Antônio PepinoMauricio FreireMauro BorgesOctávio ElísioPaulo BrantSérgio Pena

Diretoria Executiva

DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira

DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIROEstêvão Fiuza

DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira

DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé

DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers

DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL Kiko Ferreira

Equipe Técnica

GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado

GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães

ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICAL Carolina Debrot

PRODUTORES Luis Otávio RezendeNarren Felipe

ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia)Renata GibsonRenata Romeiro (Design gráfico)

ANALISTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Mônica Moreira

ANALISTAS DE MARKETING E PROJETOSItamara KellyMariana Theodorica

ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Eularino Pereira

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez

Equipe Administrativa

GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho

GERENTE DE RECURSOS HUMANOSQuézia Macedo Silva

ANALISTAS ADMINISTRATIVOS João Paulo de OliveiraPaulo Baraldi

ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho

SECRETÁRIA EXECUTIVAFlaviana Mendes

ASSISTENTE ADMINISTRATIVACristiane Reis

ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOSVivian Figueiredo

RECEPCIONISTA Lizonete Prates Siqueira

AUXILIAR ADMINISTRATIVO Pedro Almeida

AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS Ailda ConceiçãoMárcia Barbosa

MENSAGEIROSBruno RodriguesDouglas Conrado

MENOR APRENDIZMirian Cibelle

Sala Minas Gerais

GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas

GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia

TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃOMauro Rodrigues

TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca

ASSISTENTE OPERACIONALRodrigo Brandão

* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado Ilustrações: Mariana Simões

FORTISSIMO maio nº 8 / 2016 ISSN 2357-7258

EDITORA Merrina Godinho Delgado

EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR

Fabio Mechetti

REGENTE ASSOCIADO

Marcos Arakaki

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloMatheus BragaRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de OliveiraAline Pascutti *****

SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Gideôni LoamirJovana TrifunovicLuka MilanovicMartha de Moura PacíficoRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina GostilovitchThiago Mello *****Samuel Dias *****

VIOLASJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ***Flávia MottaGerry VaronaGilberto Paganini Juan DíazKatarzyna DruzdLuciano GatelliMarcelo NébiasNathan Medina

VIOLONCELOSPhilip Hansen *Felix Drake ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEmilia NevesEneko Aizpurua PabloLina RadovanovicRobson Fonseca

CONTRABAIXOSNilson Bellotto ****Marcelo CunhaMarcos LemesPablo GuiñezRossini ParucciWalace Mariano

FLAUTASCássia Lima *Renata Xavier ***Alexandre BragaElena Suchkova

OBOÉSAlexandre Barros *Ravi Shankar ***Israel MunizMoisés Pena

CLARINETESMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno ***Ney FrancoAlexandre Silva

FAGOTESCatherine Carignan *Victor Morais ***Andrew HuntrissFrancisco Silva

TROMPASAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov ***Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata

TROMPETESMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal ***Tássio Furtado TROMBONESMark John Mulley *Diego Ribeiro **Wagner Mayer ***Renato Lisboa

TUBAEleilton Cruz *

TÍMPANOSPatricio Hernández Pradenas *

PERCUSSÃO Rafael Alberto *Daniel Lemos ***Sérgio AluottoWerner Silveira

HARPAGiselle Boeters *

TECLADOSAyumi Shigeta *

BANDOLIMEliseu Barros *****

GERENTE Jussan Fernandes

INSPETORAKarolina Lima

ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira

ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi

ASSISTENTESClaudio StarlinoJônatas Reis

SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro

MONTADORESAndré BarbosaHélio SardinhaJeferson SilvaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar

Instituto Cultural Filarmônica

GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel

VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade

(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)

SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos

SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel

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VISITE A CASA VIRTUAL DA NOSSA ORQUESTRA

www.filarmonica.art.brFILARMÔNICA ONLINE  PARA  APRECIAR  UM  CONCERTO 

CONCERTOS COMENTADOSAgora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.

CUMPRIMENTOSApós o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.

ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.

PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

APARELHOS  CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.

FOTOS  E  GRAVAÇÕES EM  ÁUDIO  E  VÍDEONão são permitidas durante os concertos.

APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.

CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.

CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

COMIDAS  E  BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.

TOSSEPerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

0 PROGRAMA DE CONCERTOS

O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo.

O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso sitewww.filarmonica.art.br.

• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série• Concertos para a Juventude• Clássicos na Praça• Concertos Didáticos• Festival Tinta Fresca• Laboratório de Regência• Turnês estaduais• Turnês nacionais e internacionais• Concertos de Câmara

Visite filarmonica.art.br/filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.

CONHEÇA  AS  APRESENTAÇÕES  DA  FILARMÔNICA

JUVENTUDE

ALLEGRO VIVACE

FESTIVAL TINTA FRESCA

CLÁSSICOS NA PRAÇA

FORA DE SÉRIE

CONCERTOS mai

Veja detalhes em filarmonica.art.br/concertos/agenda-de-concertos.

5 e 6 / mai, 20h30Stravinsky, Mahler

8 / mai, 11hDia das Mães naPraça da Assembleia

14 / mai, 18hMozart — Tudo em família

19 e 20 / mai, 20h30Britten, Bruch, Elgar

25 / mai, 20h30Obras finalistas

29 / mai, 11hPoemas sinfônicos — Dvorák, Liszt, Debussy, R. Strauss

PRESTOVELOCE

AMIGO DA FILARMÔNICA,

No dia 25 de maio, quarta-feira, às 20h30, será realizado o concerto de encerramento do Festival Tinta Fresca.

Lembre-se de que você é nosso convidado.

Faça sua reserva de ingressos até o dia 18 de maio e garanta o seu lugar.

Esperamos por você.

Saiba mais em:filarmonica.art.br/educacional/festival-tinta-frescafilarmonica.art.br/apoie/doacao-de-pessoa-fisica

OLÁ,  ASSINANTE

Para que sua vinda aos concertos seja mais cômoda e o atendimento da bilheteria ágil e eficiente, traga, sempre que possível, seus ingressos originais. A reimpressão é um benefício gratuito ao Assinante, porém, sua utilização em excesso gera, além de lentidão no atendimento, desperdício de papel, tinta e o que tem mais valor: seu tempo.

Leia mais em filarmonica.art.br/ingressos

Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor.

Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.

Page 13: S T R A - filarmonica.art.br fileA todos, um bom concerto. FOTO: RAFAEL MOTTA. 4 5 D esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de

/filarmonicamg @filarmonicamg /filarmonicamg/filarmonicamg

SALA MINAS GERAIS

Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG

(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030

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