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FORTISSIMO Nº 8 — 2016
S T R A
V I N S
K Y M A
H L E RPRESTO
VELOCE
05/05
06/05
MINISTÉRIO DA CULTURA E GOVERNO DE MINAS GERAIS APRESENTAM
PRESTO
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3
Duas obras de inspiração oriental,
mas com características estéticas
das mais contrastantes, são
apresentadas nesta noite pela
Filarmônica de Minas Gerais.
Stravinsky se utiliza de elementos
típicos da música chinesa para
ilustrar a estória de um velho
e deprimido imperador que só
se encanta e rejuvenesce ao
escutar o canto do rouxinol.
Já Mahler, sempre um compositor
filósofo e humanista, inspira-se em
Caros amigos e amigas,
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
seis textos de poetas chineses para
celebrar a Terra e, assim, celebrar os
seres humanos que a habitam, suas
ansiedades e suas angústias, naquela
que é uma obra única do repertório
sinfônico: A Canção da Terra. Com as
vozes de Denise de Freitas e Fernando
Portari, seremos imersos num universo
de grandes emoções e reflexões.
A todos, um bom concerto.
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Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos
no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti
posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional
e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo
Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se
o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,
Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica
de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra
Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos
no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
Mechetti dirige regularmente na
Escandinávia, particularmente a
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia dirigindo
a Filarmônica de Tampere e na Itália,
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente
de ópera, estreou nos Estados Unidos
dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Madame Butterfly, O barbeiro de
Sevilha, La Traviata e Otello.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular
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Igor STRAVINSKYO Canto do Rouxinol
Gustav MAHLER A Canção da Terra
Das Trinklied vom Jammer der Erde | A Canção de Beber da Tristeza da Terra
Der Einsame im Herbst | O Solitário no Outono
Von der Jugend | Da Juventude
Von der Schönheit | Da Beleza
Der Trunkene im Frühling | O Bêbado na Primavera
Der Abschied | A Despedida
FABIO MECHETTI, regente
DENISE DE FREITAS, mezzo-soprano
FERNANDO PORTARI, tenor
PROGRAMASM
INTERVALO
9
Denise de Freitas é uma das mais
importantes artistas líricas do Brasil
na atualidade. Com voz de grande
extensão e timbre escuro, ela tem
conquistado o público e a crítica
com intensas e sensíveis atuações
tanto no drama como na comédia.
“... Denise é uma das maiores cantoras
e maiores artistas do Brasil”, escreveu
Arthur Nestrovski no jornal
Folha de São Paulo.
Seus trabalhos, sempre com sucesso
de crítica, incluem Azucena em
Il Trovatore, no Theatro Municipal
de São Paulo e no Festival de Ópera
do Teatro da Paz, em Belém. Cantou
Fricka em A Valquíria e Suzuki em
Madame Butterfly, no Teatro Municipal
do Rio de Janeiro. No Teatro Municipal
de São Paulo participou de O Ouro
do Reno e brilhou como Waltraute
em O Crepúsculo dos Deuses.
A artista apresentou-se em uma série
de concertos com a ópera Yerma, de
Villa-Lobos, em Berlim, Paris e Lisboa.
Denise de Freitas conquistou o Prêmio
Carlos Gomes em 2004, 2009 e 2011
por suas interpretações de Fricka em
A Valquíria, o Menino em L’enfant et les
Sortilèges, Dalila em Sansão e Dalila,
e o Compositor em Ariadne auf Naxos,
produções do Theatro Municipal de
São Paulo. E também por sua atuação
em Nabucco, no Theatro Municipal
do Rio de Janeiro, e pelo papel de Irmã
Marie em Les Dialogues des Carmélites,
no Festival Amazonas de Ópera.
Seu repertório inclui também
Nicklausse em Les Contes d’Hoffmann;
Hänsel em Hänsel und Gretel; Siebel
em Fausto; Orfeu em Orfeu e Eurídice;
Marquise de Berkenfield em La Fille
du Régiment; Laura em La Gioconda;
o papel título em Carmem; Adalgisa
em Norma e Charlotte em Werther.
Como concertista Denise de Freitas
interpretou obras como El Amor Brujo
de Manuel de Falla; Das Lied von
der Erde, Sinfonias números 2 e 3,
Kindertotenlieder e Des Knaben
Wunderhorn de Mahler; Stabat Mater
de Dvorák; Stabat Mater de
Pergolesi; Shéhérazade de Ravel;
O Messias de Haendel; Magnificat
de Bach; Magnificat-Aleluia de
Villa-Lobos e Sinfonia nº 9 de
Beethoven. Seu CD Lembrança de
Amor, com composições de Osvaldo
Lacerda e Eudóxia de Barros ao
piano, recebeu, em 2003, o Prêmio
APCA (Associação Paulista de Críticos
de Arte) de Melhor CD do Ano.
Denise nasceu em São Paulo e
teve como orientadora a renomada
cantora Lenice Prioli. Em Nova
York, aperfeiçoou-se com Catherine
Green e Patricia McCaffrey e,
na França, com Sylvia Sass.
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DENISEDE FREITAS
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Fernando Portari é carioca, de Vila Isabel.
Com uma carreira internacional em
franca ascensão, estreou em 2010 com
grande sucesso no mítico Teatro alla
Scala de Milão em Fausto de Gounod,
ao lado de Roberto Scandiuzzi.
Contracenou com Anna Netrebko na
Staatsoper de Berlim na ópera Manon
de Massenet, sob a direção do maestro
Daniel Barenboim. Apresentou-se
nos teatros La Fenice de Veneza,
na Ópera de Roma, no Teatro São
Carlos de Lisboa, na Deutsche Oper
de Berlim, Comunale de Bologna,
Novaya Theater de Moscou, Theatro
Municipal de São Paulo, Theatro
São Pedro, Theatro Municipal do
Rio de Janeiro, Teatro Amazonas e
também em Tokyo, Helsinki e Varsóvia.
Portari atuou em Anna Bolena com
Mariella Devia no Teatro Massimo de
Palermo e em La Traviata, na Ópera de
Hamburgo e em Colônia, Alemanha.
Apresentou-se em La Boheme em
Berlim e em Sevilha e representou
Werther no Teatro Bellini de Catania,
Itália, e em La Coruña, Espanha.
Fernando Portari recebeu o Prêmio
APCA (Associação Paulista de Críticos
de Arte) e por duas vezes o Prêmio
Carlos Gomes, tornando-se rapidamente
nome presente nas temporadas líricas
em Manaus, São Paulo, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro e outros centros artísticos.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro
interpretou a maioria de seus papéis:
Rodolfo, Romeo, Pynkerton, Don José,
Hoffmann, Pelléas, Nadir, Des Grieux,
Ernesto, Nemorino, Almaviva, Ramiro,
Ottavio, Cassio, Fenton, Rake, Edipo,
Roderick Usher. Cantou as estreias
mundiais das óperas A Tempestade,
de Ronaldo Miranda, sobre texto de
Shakespeare, e Olga, de Jorge Antunes,
baseada na vida de Olga Benario.
Portari gravou o oratório Colombo
de Carlos Gomes, trabalho que lhe
deu o Prêmio Sharp. Gravou ainda
as canções de Gilberto Mendes com
Rosana Lamosa e o pianista Rubens
Ricciardi; A Canção da Terra de Mahler
pelo selo Algol; o DVD da ópera
Il Crociato in Egitto de Meyerbeer,
produção do Teatro La Fenice de
Veneza, com Patrizia Ciofi, regência de
Emmanuel Villaume e direção de Pier
Luigi Pizzi, realizado pela Dynamic; e o
DVD da ópera La Rondine de Puccini,
produção do La Fenice de Veneza,
com Fiorenza Cedolins, regência de
Carlo Rizzi e direção de Graham Vick.
Fernando Portari cantou na Ópera de
Genebra interpretando Henri em
Les Vêpres Siciliennes de Verdi e no
Teatro Liceo de Barcelona no papel
título de Fausto de Gounod. No Teatro
alla Scala de Milão interpretou Romeu
em Romeu e Julieta de Gounod.
FERNANDOPORTARI
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12 SINSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, clarinete, 2 fagotes, 4 trompas,
3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, celesta, piano, cordas.
PARA OUVIRCD Le chantdurossignol — The Cleveland
Orchestra — Pierre Boulez, regente — Deutsche Grammophon — 2006
Orquestra Sinfônica de Chicago — Cristian Macelaru, regente
Acesse: fil.mg/srouxinol
PARA LEREric White e Jeremy Noble —
Stravinsky — LP&M — 1991
Robert Siohan — Stravinsky — Éditions du Seuil — 1982
Rússia, 1882 – Estados Unidos, 1971
O nome de Stravinsky está mais diretamente relacionado a
obras de sua fase russa, particularmente aos balés Petrushka,
A Sagração da Primavera e O Pássaro de Fogo. Na verdade, a extensa
e multifacetada obra desse criador prolífico é pouco conhecida e o
Canto do Rouxinol é, por assim dizer, uma pequena joia, extraída
dos atos 2 e 3 da ópera O Rouxinol, que merece revisitações e
redescobertas. Esse poema sinfônico, que ilustra e ilumina sentidos
do conto original de Andersen, é uma história sem palavras, contada
através de uma orquestração cheia de cores, contrastes, densidades
e rarefações, claro-escuros, tutti e momentos camerísticos.
Já de início, estamos imersos em um universo de fantasia — uma
festa no castelo do imperador da China; burburinho, intensa
movimentação, fragmentos melódicos, breves gestos musicais e uma
orquestração feérica, que fazem lembrar Petrushka e o colorismo
orquestral de Rimsky-Korsakov. A primeira evocação do rouxinol se
contrapõe a essa atmosfera: um solo de flauta emerge de um fundo
de cordas, harpas e celesta. Volta a festa, apenas para uma breve
conclusão com materiais musicais anteriores, após a qual tem lugar a
Marcha Chinesa. Nesta, embora as cordas estejam sempre presentes,
em diversos momentos atuam como coadjuvantes para um emprego
preferencial dos sopros — madeiras e metais — e da percussão.
O piano e a celesta têm papel relevante nessa paleta de multicores e de
vivacidade rítmica, que antecede a seção dedicada ao canto do rouxinol,
que agora aparece em sua plenitude. Aqui, a flauta, embora solista, é
por vezes secundada pela requinta e pelo flautim, e dialoga com um
violino solo, enquanto piano, celesta, harpas e as pontuações de um
triângulo concorrem para uma cortina de delicadeza e transparência.
Mais um retorno à festa, que agora é interrompida pelo estridente
anúncio de um presente do imperador do Japão: um rouxinol mecânico.
O cenário para o pássaro mecânico é tingido de ironia: o protagonista
principal — o oboé — é aprisionado
em uma orquestração de meias-tintas
que lembra uma soturna caixinha de
música. Diante da preferência de todos
pelo rouxinol mecânico, o verdadeiro
rouxinol abandona o castelo. A melodia
serena de um trompete solista, que
retornará ao final da obra, precede
um episódio no qual um coro de vozes
graves — fagote, trombone e tuba — é
entrecortado por reminiscências do canto
do rouxinol mecânico. O imperador,
gravemente enfermo, será salvo pelo
canto do verdadeiro rouxinol, canto que
novamente dialoga com a melodia do
violino solo. O canto do pássaro manda
embora a morte. A marcha fúnebre que
o sucede é apenas a expectativa da corte
diante do desenlace que não ocorrerá.
O rouxinol recusa o convite para
permanecer no palácio, mas promete
voltar sempre para um canto noturno, até
o amanhecer. O cantabile do trompete,
que paira sobre cordas e harpas, traz,
da ópera, a voz de um pescador e sua
mensagem: o canto dos pássaros é a
voz do céu. Ao encerrar, dessa forma, a
música para a alegoria de Andersen —
celebração da necessidade da arte —,
Stravinsky surpreende o ouvinte pelo
recolhimento, simplicidade e delicadeza,
evocações do canto do mistério e da noite.
Igor
STRAVINSKY
13
OILIAM LANNA Compositor, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
O CANTO DO ROUXINOL (1917) 20 min
14 MINSTRUMENTAÇÃO
2 piccolos, 3 flautas, 3 oboés, corne inglês, requinta, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes,
contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, bandolim, tímpanos,
percussão, 2 harpas, celesta, cordas.
PARA OUVIRCD Gustav Mahler — Das Lied von der Erde
— Orquestra Filarmônica de Nova York — Bruno Walter, regente — Mildred Miller,
Ernst Haefliger, solistas — Sony — 1995
PARA ASSISTIROrquestra Filarmônica de Israel —
Leonard Bernstein, regente — Christa Ludwig, contralto — René Kollo, tenor
Acesse: fil.mg/mterra
PARA LERBruno Walter e Ernst Krenek —
Gustav Mahler — Dover — 2014
Roland de Candé — História Universal da Música — vol. 2 — Eduardo Brandão,
tradução — Martins Fontes — 1994
Boêmia, atual República Tcheca, 1860 — Áustria, 1911
Gustav Mahler foi o grande elo entre, de um lado, Wagner e
Bruckner e, de outro, a Segunda Escola de Viena. Divide-se entre
o século XIX e o século XX, o que o coloca em um não lugar
entre a valsa e a guerra. Sua personalidade dilacerada por conflitos
psicológicos (o que o leva a consultar o próprio Doutor Freud) faz
crescer nele um forte sentimento de alteridade, que transparece em
toda a sua obra. Escreveria um dia: “sou três vezes apátrida: como
natural da Boêmia, na Áustria; como austríaco, na Alemanha; como
judeu, no mundo inteiro. Por toda parte um intruso, em nenhum
lugar desejado” (apud Roland de Candé). Seus conflitos internos
o opõem a seu tempo... e a todos os outros. Em sua música, as
marchas, as fanfarras, as danças e as canções parecem ora evocar
a morte, ora a loucura. Mesmo os trechos de aparente serenidade
são imbuídos de uma angústia que sempre desassossega.
Talvez movido por esse sentimento de alteridade, Mahler foi atraído
por uma compilação de poemas antigos chineses vertidos para o alemão
por Hans Bethge (que se baseou em traduções anteriores), em 1908,
sob o título de Die chinesische Flöte (A Flauta Chinesa). Do contato
com essa obra e do momento atribulado pelo qual o compositor passava
nasceu A Canção da Terra. Em 1907 Mahler tinha sido diagnosticado
com uma doença cardíaca congênita, vira morrer sua filha mais velha
e fora forçado a renunciar ao cargo de diretor da Ópera da Corte de
Viena por causa de manobras políticas e de crescente sentimento
antissemita. Escreveria a Bruno Walter, seu amigo e também grande
regente, “que de um só golpe vira ruir tudo o que construíra, e que
teria que reaprender seus primeiros passos”. Movido pela imagem de
beleza e transitoriedade telúrica dos versos chineses que encontraria
no ano seguinte, pôs-se a trabalhar na Canção da Terra, concluída
em 1909. Sua estreia se deu em 1911, seis meses após a morte do
compositor, no Tonhalle de Munique, sob a regência de Bruno Walter.
Quando publicada, a obra foi intitulada
sinfonia. Na verdade, ocupa um lugar
híbrido, que associa o Lied acompanhado
de orquestra ao próprio sinfonismo.
Composta para tenor e contralto (embora
o tenor possa ser substituído por um
barítono), os solistas se alternam na
obra. O hibridismo da Canção da Terra
consegue o grande feito de associar dois
gêneros, mantendo, de um, a linha
melódica franca e certo tom intimista e,
de outro, a complexidade do tratamento
temático e da arquitetura instrumental.
Consegue, ainda, fazer transitar um
gênero pelo outro: note-se, por exemplo,
a similaridade do terceiro, quarto e
quinto movimentos com o scherzo
sinfônico, a do último movimento com
um finale, a do primeiro e segundo
movimentos com seus equivalentes
de qualquer outra sinfonia de Mahler,
guardadas as devidas especificidades.
Nesse sentido, as integridades de
ambos os gêneros, embora unidos,
paradoxalmente se mantêm, mas
estabelecem diálogo permanente.
Se Mahler está dividido entre os séculos
XIX e XX, a inteligente originalidade
dessa empresa (e a sua linguagem) faz
a modernidade reclamá-la para si.
Gustav
MAHLER
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MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.
A CANÇÃO DA TERRA (1907/1909) 60 min
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Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman
PRESIDENTE Roberto Mário Soares
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TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃOMauro Rodrigues
TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca
ASSISTENTE OPERACIONALRodrigo Brandão
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado Ilustrações: Mariana Simões
FORTISSIMO maio nº 8 / 2016 ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloMatheus BragaRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de OliveiraAline Pascutti *****
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MONTADORESAndré BarbosaHélio SardinhaJeferson SilvaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar
Instituto Cultural Filarmônica
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade
(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel
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CUMPRIMENTOSApós o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
APARELHOS CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEONão são permitidas durante os concertos.
APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
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O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo.
O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso sitewww.filarmonica.art.br.
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JUVENTUDE
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FESTIVAL TINTA FRESCA
CLÁSSICOS NA PRAÇA
FORA DE SÉRIE
CONCERTOS mai
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5 e 6 / mai, 20h30Stravinsky, Mahler
8 / mai, 11hDia das Mães naPraça da Assembleia
14 / mai, 18hMozart — Tudo em família
19 e 20 / mai, 20h30Britten, Bruch, Elgar
25 / mai, 20h30Obras finalistas
29 / mai, 11hPoemas sinfônicos — Dvorák, Liszt, Debussy, R. Strauss
PRESTOVELOCE
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