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1 ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO CAMPONESA EM MOÇAMBIQUE: ESTUDO DE CASO NO SUL DO SAVE - CHOKWÉ, GUIJÁ E KAMAVOTA Yasser Arafat Dadá Nº 51 Msio 2017 Documento de Trabalho Observador Rural

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ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO CAMPONESA EM

MOÇAMBIQUE: ESTUDO DE CASO NO SUL DO SAVE - CHOKWÉ, GUIJÁ E KAMAVOTA

Yasser Arafat Dadá

Nº 51

Msio

2017

Do

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Ru

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O documento de trabalho (Working Paper) OBSERVADOR RURAL (OMR) é uma publicação do

Observatório do Meio Rural. É uma publicação não periódica de distribuição institucional e

individual. Também pode aceder-se ao OBSERVADOR RURAL no site do OMR

(www.omrmz.org).

Os objectivos do OBSERVADOR RURAL são:

Reflectir e promover a troca de opiniões sobre temas da actualidade moçambicana e

assuntos internacionais.

Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, de pesquisas e reflexões sobre

temas relevantes do sector agrário e do meio rural.

O OBSERVADOR RURAL é um espaço de publicação destinado principalmente aos

investigadores e técnicos que pesquisam, trabalham ou que tenham algum interesse pela área

objecto do OMR. Podem ainda propor trabalhos para publicação outros cidadãos nacionais ou

estrangeiros.

Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade dos autores, não vinculando, para qualquer efeito

o Observatório do Meio Rural nem os seus parceiros ou patrocinadores.

Os textos publicados no OBSERVADOR RURAL estão em forma de draft. Os autores agradecem

contribuições para aprofundamento e correcções, para a melhoria do documento final.

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ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO CAMPONESA EM MOÇAMBIQUE: ESTUDO DE

CASO NO SUL DO SAVE - CHOKWÉ, GUIJÁ E KAMAVOTA1

Yasser Arafat Dadá2

Resumo:

Este estudo tem por objectivo analisar as estratégias de produção dos pequenos produtores no Sul do

Save, em Moçambique. A análise assenta na recolha de dados primários obtidos a partir da

administração, em 2015, de 1200 questionários junto da população alvo, no âmbito de um projecto de

investigação em curso no Observatório do Meio Rural (OMR) em Moçambique.

A reflexão aqui apresentada inspira-se nos contributos das principais correntes teóricas e estudos

empíricos relacionados com as estratégias de produção dos pequenos produtores. Foi desenvolvido um

modelo com base no SEM (Modelos de Equações Estruturais) para explicar tais estratégias.

Os resultados encontrados a partir do modelo SEM revelam uma forte ligação entre a estrutura da

família e as quantidades produzidas pelos pequenos produtores. Ainda que numa escala reduzida,

quando comparada com a Estrutura da Família, revelou-se uma ligação positiva entre a produção dos

pequenos produtores com a superfície trabalhada e com o capital fixo. Ainda a partir do modelo,

revelou-se que a produção é pouco sensível aos mercados, quer ao nível dos insumos (avaliada pela

Distância média percorrida para a aquisição dos insumos agrícolas), quer ao nível da comercialização

da produção.

Em suma, a principal conclusão retirada dos resultados obtidos do Modelo SEM, no contexto desta

investigação, é de que existe uma estratégia particular de produção, própria aos pequenos produtores,

assente na exploração intensiva do trabalho familiar que visa uma produção destinada à sobrevivência,

em sintonia com a visão proposta por Chayanov.

Palavras-Chave: Estratégias de produção, pequenos produtores, Sul do Save Moçambique,

Chayanov.

1 O presente trabalho está integrado no projecto de investigação Estudos Aplicados Avançados em

Desenvolvimento, em curso no CESA (Centro de Estudos sobre África Ásia e Ámérica Latina), ISEG/UL, sob a

orientação científica do Prof. Drº. Carlos Barros e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian1, assim como no

OMR (Observatorio do Meio Rural). Resulta do trabalho de tese de Mestrado do autor que teve a orientação da

Prof. Drª. Joana Pereira Leite.

2 Licenciado em Economia pela Universidade Politécnica e Mestre em Desenvolvimento e Cooperação

Internacional no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa (UL).

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1. INTRODUÇÃO

O sector agrário, representando em média perto de ¼ do PIB (INE, 2015). Este sector é composto,

quase na totalidade, por pequenas e médias explorações, ou seja pela agricultura familiar3. Nas zonas

rurais vive actualmente perto de 70% da população Moçambicana, cuja principal fonte de rendimento

é a agricultura: cerca de 80% das famílias rurais tem o seu rendimento directamente ligado à produção

agrícola e uma parte significativa dos remanescentes 20% provém de actividades não-agrícolas mas

com fortes ligações com as actividades agrícolas locais (TIA, 1996/97, 2002/03 e 2008/09). Contudo,

para os que estudaram as dinâmicas do sector agrícola em Moçambique (exemplo, Mosca et al., 2013),

a baixa produtividade constantemente verificada na agricultura pode ser explicada pela conjugação de

diversos factores, tais como, a falta de capacidade de investimento em insumos agrícolas agravada

pelos cada vez mais baixos níveis de crédito concedidos à agricultura4. Tal acaba por conduzir, quando

se trata de uma agricultura cada vez mais intensa em trabalho do que em capital, como é o caso em

análise, ao abandono da terra por parte dos chefes de exploração com algum nível de escolaridade em

benefício de actividades que, à partida, parecem proporcionar, entre outros, maiores níveis de

rendimento. Portanto, parece evidente que o sector é marcado por uma baixa produtividade e que carece

de tecnologia e de investimento.

A pesquisa tem como objectivo fazer uma análise sobre as estratégias de produção dos pequenos

produtores agrícolas, distinguindo os factores que os influenciam nos seus processos de tomada de

decisão, tomando como caso de análise a região Sul de Moçambique. Em termos específicos, pretende-

se identificar as variáveis que maior influência têm sobre a produção agrícola utilizando para o efeito

um modelo de interpretação dos processos de tomada de decisão.

O facto da descapitalização da agricultura, que penaliza o país, e a existência de políticas que, de certo

modo, marginalizam os pequenos produtores em detrimento de grandes projectos, que se assume trazer

maiores benefícios económicos, entre outros, representam, por si, só um problema (Mosca e Dadá,

2013). Assim, surge a questão central do trabalho: Quais as estratégias de produção dos pequenos

produtores do Sul do Save? Para responder a pergunta foram elaboradas as seguintes hipóteses: (H1)

A Estrutura da Família tem um impacto positivo sobre a produção; (H2) O Capital Fixo tem um impacto

positivo sobre a produção; (H3) A comercialização da produção tem um impacto positivo sobre a

quantidade produzida; (H4) O acesso ao mercado de insumos tem um impacto positivo sobre a

produção; (H5) A terra cultivada tem um impacto positivo sobre a produção agrícola.

O presente trabalho é composto por 5 capítulos. O primeiro apresenta uma breve introdução do trabalho.

O segundo estabelece o quadro contextual - ao nível histórico, macroeconómico, legal e espacial – que

envolve a questão agrária e a pequena produção camponesa em Moçambique. No terceiro é apresentada

uma revisão da literatura das abordagens teóricas consideradas relevantes para o estudo das estratégias

de produção camponesa em Moçambique. O quarto é consagrado ao estudo de caso, onde se descreve

3 Os dados do IAI (2012) indicam que em 2012 existiam perto de 4 milhões de explorações agrícolas em

Moçambique, e as pequenas e médias explorações representavam pouco mais de 99,5%.

4 Para uma análise mais aprofundada do crédito a agricultura veja: MOSCA, João; BRUNA, Natacha;

PEREIRA, Katia Amreén; e DADA, Yasser Arafat (2013): Crédito agrário in Observador Rural Nº 11. Pp. 1-

28 (http://omrmz.org/omrweb/publicacoes/observador-rural-11/).

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a metodologia subjacente à análise empírica e são apresentados e discutidos os resultados. Finalmente,

o quinto e último capítulo remete para as principais conclusões do estudo, sublinha as suas limitações

e salienta as motivações que, na sequência desta experiência de investigação, inspirarão futuros

trabalhos.

2. A QUESTÃO AGRÁRIA EM MOÇAMBIQUE

O presente capítulo tem como intenção apresentar o contexto

subjacente à análise das estratégias de produção camponesa

em Moçambique, objecto central do presente trabalho. O

capítulo foca, em particular, a zona Sul do país com dados

de suporte recolhidos nos distritos de Guijá, Chokwé e

Kamavota.

Moçambique localiza-se na África Austral, mais

precisamente a Sudeste do continente Africano. O país tem,

perto de 80 milhões de hectares dos quais 36 milhões são

considerados aráveis (Banco Mundial, 2015). Está dividido

em três regiões (Sul, Centro e Norte) com 11 províncias no

total e faz fronteira com 6 países. De acordo com o censo da

população de 2007 (INE, 2007), estima-se que em 2017

existiam pouco mais de 27 milhões de moçambicanos, a

população vive maioritariamente em zonas rurais (70%).

Desde o final da guerra civil, em 1992, a economia de

Moçambique iniciou uma fase de rápida expansão

económica. Ainda que inicialmente, no decurso da década

dos anos 90, as políticas públicas estivessem direccionadas

para a reconstrução do país, assistiu-se também ao

estabelecimento das bases de funcionamento de uma

economia de mercado. Neste período, o país apresentou uma

taxa média de crescimento da economia (cerca de 7%/ano) superior às das economias na África

Subsaariana (Ross, 2014). No contexto da implementação das políticas de estabilização e de

ajustamento estrutural (o PRE, seguido do PRES e numa última fase os PARPAs / PRSPs), sob

condicionalidade das Instituições de Bretton Woods (IBW) (Cramer, 2001; Mosca, J., 1992;

Oppenheiemer, J., 2006), é de salientar dois principais motores de crescimento da economia: as

despesas públicas (41,4% do PIB em 2014) e o Investimento Directo Estrangeiro (IDE) (22% do PIB

em 2014) (African Economic Outlook, 2015).

2.1. Sector agrário

Em muitos documentos do governo e discursos políticos a agricultura aparece como o principal motor

de desenvolvimento. Por exemplo, o PARPA III (2011:10), que abrange o período entre 2011 e 2014,

reconhece que a redução da pobreza.

Figura 1: Mapa de Moçambique com a

divisão administrativa

Fonte: UNICEF

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“...é possível com um investimento na agricultura que possa aumentar a produtividade do

sector familiar, diversificação da economia, criando emprego e ligações entre os

investimentos estrangeiros e a economia local.”

No entanto, os escassos recursos públicos5 destinados para este sector não traduzem a importância que

é enfatizada pelos documentos e retóricas governamentais. Estudos realizados em pormenor sobre o

orçamento do Estado para a agricultura (Cassamo et al., 2014) revelam que o mesmo não está a ser

utilizado como um instrumento de política económica porque a informação disponível não faz

transparecer a existência de qualquer política agrária de longo prazo. Note-se que grande parte das

despesas do Estado (mais de 30% em 2000 e 2010) destinou-se a actividades não planificadas, o que

credibiliza a afirmação anterior.

Por outro lado, e não menos importante, na Figura 1 pode-se constatar a existência de uma relação

positiva entre a maior produção agrícola verificada nos últimos anos e o aumento da área cultivada,

resultante principalmente do aumento do número de explorações e não de um acréscimo da área média

cultivada por unidade de exploração a qual permanece muito baixa6. Aliás, no que respeita à produção

agrícola, importa recordar que tal não significa, por si só, maiores níveis de acesso aos bens por parte

da população. Remetemos, neste contexto, para o que nos ensina Amartya Sen, ao sublinhar que o

acesso aos alimentos (ou seja os direitos – entitlements – sobre os alimentos) está relacionado com o

funcionamento da economia, ou seja, depende da existência e impacto de políticas que possam

influenciar, de forma directa ou indirecta, a capacidade das pessoas acederem aos alimentos (Sen,

2002).

Figura 2: Variação de Indicadores 2010 relativamente a 2000: População, Número de explorações,

Produção agrícola e Área cultivada

Fonte: Elaboração do autor, considerando 2000 o ano base: 2000=1. CAP 2000 e 2010: Número de explorações

e Área cultivada e; FAO: População e Produção agrícola

5 Segundo Mosca (2014), com base nos dados do orçamento público destinados à agricultura nos primeiros 10

anos do presente século foram, em média, de 3%.

6 Mosca (2014), ao fazer uma análise sobre Agricultura familiar em Moçambique, menciona a Missão de

Inquérito Agrícola (1973) que constata que, em 1970, 99,3% das explorações possuía menos de 10 hectares. Em

2010, com base no CAP (2010), perto de 99,6% das explorações encontrava-se no mesmo escalão de tamanho de

área dos anos 70.

1,26 1,25

1,65

1,43

População Número de

explorações

Produção agrícola Área cultivada

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Na verdade, o sector agrário em Moçambique é fortemente influenciado pelo acesso à terra e pelos

grandes investimentos externos. Por causa disso, estes dois elementos serão discutidos com mais

detalhes nas secções seguintes.

2.2. Lei de Terras em Moçambique

A actual Lei de Terras foi aprovada em Outubro de 1997 e o artigo 12 da Lei reconhece 3 formas para

a obtenção do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)7:

Ocupação por pessoas singulares e pelas comunidades locais, segundo as normas e práticas

costumeiras. Isto significa que pessoas singulares e comunidades locais podem obter o DUAT

pela ocupação baseada nas tradições locais, como herança dos seus antepassados;

Ocupação por pessoas singulares que, de boa-fé, estejam a utilizar a terra há pelo menos dez

anos;

Através de autorização de pedido apresentado ao Estado como vem estabelecido na legislação

de terras. Esta é a única forma de obtenção de DUAT que se aplica a pessoas singulares e

colectivas estrangeiras.

Importa, contudo, salientar que se coloca uma série de dificuldades à obtenção do DUAT. Em alguns

casos os processos podem demorar anos, sem que haja despacho nem justificação conhecida.

Verificam-se também grandes disparidades, consoante o agente económico solicitante (em termos da

dimensão do investimento, das ligações políticas, entre outras), no tempo necessário para a obtenção

do DUAT (Mosca, 2014). Com efeito, os dados do Inquérito Agrícola Integrado de 2012 sugerem que,

das quase 4 milhões de explorações agrícolas existentes em Moçambique, as pequenas e médias

explorações representam cerca de 99,5 % do total e apenas 1,3% tem o DUAT.

Assim, estudos actualmente disponíveis (Mosca e Dadá, 2013) sugerem que, no curto prazo, a questão

central da terra respeita, não tanto a influência da posse do DUAT sobre a produção e/ou rendimento

agrícola dos pequenos produtores, mas reside, sobretudo, na segurança da posse da terra, quer em zonas

rurais onde existe penetração do capital, quer nas zonas de expansão urbana. Tal avaliação não leva,

contudo, a questionar a relevância da atribuição do DUAT no reforço da segurança dos pequenos

agricultores, cuja importância em contexto rural é sublinhada pelos autores.

Na realidade, a evidência da marginalização dos pequenos produtores é confirmada na própria Lei de

Terras, no artigo 18, que prevê,

“....perda do DUAT por causa de exploração mineira, quando o benefício económico da

exploração mineira seja considerado superior a outros usos.”

As análises recentemente consagradas ao estudo do acesso à terra e à exploração mineira em

Moçambique (Matos e Medeiros, 2014) salientam, sem margem para equívoco, que a introdução das

reformas económicas, sob condicionalidade das instituições de Bretton Woods, conduziu a que a terra

7 Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) um documento que fornece a licença para uma entidade

pública ou privada fazer o uso da terra por um tempo determinado, podendo ser de até 50 anos renováveis por

igual período.

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fosse entregue aos interesses dos investidores, tanto nacionais como estrangeiros, e que os interesses

dos agricultores familiares, ou seja, dos pequenos produtores, fossem em última instância

marginalizados em detrimento do capital 8 . Tudo indica que se trata de um contexto em que os

camponeses são aliciados a permitir a exploração de recursos nas suas terras sem que, contudo,

detenham a informação devida sobre a destruição dos solos causada pela mineração, inviabilizando,

assim, a produção agrícola, o que acaba por promover a reprodução da pobreza (Selemane, 2010).

2.3. IDE e os grandes projectos

O grande volume de IDE direccionado para os diferentes sectores da economia, desde o fim da guerra

civil, em 1992, revelou-se um dos principais motores de crescimento económico de Moçambique,

(AEO, 2015). Contudo, a entrada de capital externo no agro-negócio e na exploração de recursos

naturais em Moçambique é alvo de muitas críticas porque estes tendem a não beneficiar, mas, sim, a

prejudicar grande parte da população local, gerando vários problemas: usurpação de terras e danos

ambientais que, em alguns casos, põem em causa a saúde das populações circunvizinhas (Mosca e

Natacha, 2015; Jone, 2014).

É assim que, no Sul de Moçambique, a implementação no Xai-Xai do projecto WAADL (Wanbao

Africa Agriculture Development, Ltd), que representa uma parceria entre a empresa chinesa WANBAO

e o governo moçambicano para a produção de arroz, implicou a concessão de 20 mil hectares de terra

no Regadio do Baixo Limpopo e a consequente expropriação de terras de milhares de camponeses.

Estudos recentemente realizados indicam que o projecto está a conduzir a uma transformação profunda

das estruturas sociais na região, por via da expropriação da terra, concentração da propriedade e a (semi-)

proletarização do mundo rural (Madureira, 2014).

Outro caso, na zona Centro do país, revela que as famílias moçambicanas foram retiradas de suas terras

ocupadas há gerações para dar lugar ao projecto de extracção de carvão da empresa Vale na província

de Tete. A mineradora de origem brasileira Vale S.A, entre 2009 e 2014, reassentou9 mais de 1.300

famílias. As condições de vida pouco favoráveis daí resultantes geraram um forte descontentamento

por parte das populações. Este processo tem sido amplamente estudado e criticado por diversas

entidades e estudiosos do desenvolvimento (Chivangue, 2016), nacionais e internacionais, dado que,

para o além do mais, a exploração de carvão, feita a céu aberto gera uma grande concentração de “poeira”

(o dióxido de enxofre, óxido de nitrogénio, monóxido de carbono, entre outros), causa a perda da

vegetação na região e coloca em risco a saúde das famílias no longo prazo10.

Um estudo desenvolvido por Jone, em 2014, em relação aos reassentamentos promovidos pela

8 Importa referir que, na década de 90, o aumento das desigualdades e também da pobreza nos países que a partir

dos anos oitenta aderiram às políticas das instituições de IBW conduziram a fortes críticas de tal opção.

9 Reassentamento é a deslocação ou transferência da população afectada pela implantação de empreendimentos

económicos, de um ponto do território nacional para outro, que deveria ser acompanhada da restauração ou

criação de condições iguais ou acima do padrão de vida anterior (Decreto n.º 31/2012).

10 Para uma visão mais aprofundada dos mecanismos de actuação da VALE S.A, veja o relatório de

insustentabilidade de 2015. E, para o caso de Moçambique especificamente, veja a recente análise proposta na

tese Doutoramento de Andes Adriano Chivangue (2016).

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mineradora de carvão, VALE S.A, confirma que os pequenos produtores camponeses ficaram em clara

desvantagem. Assim:

Com os reassentamentos as famílias passaram a possuir, em média, menos 1,5 hectares de terra

para a produção de alimentos (isto é, de 2,8 hectares de área disponível para 1,3 hectares).

Cerca de 80% das famílias afirmam ter sofrido conflitos de terra e 90% declaram ter recebido

áreas com menor fertilidade, comparando com as que possuíam antes do reassentamento;

Os mercados de insumos, de venda e do rio (fonte de água para a agricultura) estão instalados,

em média, a mais de 50km;

Perto de 5% das explorações utilizam pesticidas, fertilizantes e ou sementes melhoradas;

Deste modo, a produção média anual por família baixou de 4,5 toneladas para menos de 1

tonelada.

Portanto, este e outros estudos realizados (Mosca e Bruna, 2016; Mosca e Dadá, 2013) sugerem que os

grandes projectos possam vir a agravar o acesso a mais terra, ou seja, a condicionar as dimensões das

explorações agrícolas, algo que, na realidade afecta já as comunidades e pequenos produtores.

2.4. Zona sul de Moçambique11

No presente ponto é apresentada uma visão geral da zona Sul do país. Geograficamente a zona Sul de

Moçambique é delimitada, a Norte, pelo Rio Save e constituída por 4 províncias (Inhambane, Gaza,

Maputo província e Maputo cidade). No seu extremo meridional situa-se a capital do país, a cidade de

Maputo. Com uma área de 166.237 km2, cerca de 20% do território, acolhe perto de 1/4 da população.

A zona Sul de Moçambique é ainda a que mais contribui para o PIB nacional, com um peso superior a

40%, sendo que no seu conjunto, Maputo Cidade e Maputo Província, representam mais de 50% desse

valor.

No que respeita ao sector agrícola, esta região é constituída, quase na totalidade, por pequenas e médias

explorações. De entre os factores passíveis de explicar este fenómeno, alguns estudos (Júnior,

1980;Wuyts, 1981; Mosca, 2005; Madureira, 2014) apontam as migrações e/ou deslocações12, forçadas

e voluntárias, de populações para a vizinha África do Sul. Tudo indica que este processo de mobilidade

populacional para o exterior do território, cuja origem remonta ao período colonial e à expansão da

indústria mineira no Transval, desde finais do século XIX, constitui o principal fundamento para tal

configuração produtiva.

Com efeito, no contexto da gestão colonial do Estado Novo (Leite, 1989; Mosca, 2005), a economia

moçambicana estruturou-se em torno do sector exportador e da economia de trânsito e de emigração, e

as minas Sul-Africanas recrutaram entre 25% e 30% da população activa, o que provocou

transformações significativas ao nível da estrutura produtiva e na divisão social do trabalho,

principalmente pela redução da população do sexo masculino.

11 Ver mapa do Sul de Moçambique em anexo.

12 Para Freitas (1998:180), migração é uma deslocação ou mudança voluntária, temporária e duradoura de

indivíduo ou grupos de um determinado território ou lugar para outro.

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A partir de 1974, e com a independência em 1975, verificou-se uma regressão do fluxo migratório para

a vizinha África do Sul. Dois principais factores estiveram na origem deste fenómeno (Junior,

1980;Wuyts, 1981; Mosca, 2005): por um lado, em 1974 a África do Sul implementa uma política de

contratação de trabalhadores nacionais negros13, tanto a nível da indústria mineira e da agro-indústria,

como do restante sector transformador; por outro lado, após a independência de Moçambique, em 1975,

o regime do Apartheid da África do Sul opõe-se, radicalmente, aos objectivos centrais da linha política

do governo de Moçambique.

Note-se, por seu turno, que a expectativa existente em Moçambique de que um longo período de

prosperidade económica sucederia ao momento colonial foi gerada logo após a independência do país.

Com efeito, Moçambique enfrentou uma guerra civil que viria a prolongar-se por 16 anos, entre 1976

e 1992. O conflito causou uma forte regressão da economia com a destruição massiva de infra-

estruturas básicas, dizimou mais de um milhão de moçambicanos e forçou a deslocação de grande parte

da população, cerca de 40% (Mosca, 2005). Ainda no período de guerra, em 1987, Moçambique vê-se

incapacitado de enfrentar financeiramente a crise económica instalada (fruto de muitos anos de guerra

e da consequente e necessária afectação crescente de recursos ao financiamento do sector militar) e é

forçado a firmar um acordo de ajuda financeira com as instituições de Bretton Woods (IBW) sob

condicionalidade da implementação de políticas de estabilização e ajustamento estrutural (liberalização,

desregulamentação e privatizações), fundamento dos problemas actuais de expropriação de terra

(Oppenheimer,2006;Madureira, 2014), acima referidos.

Para finalizar, mas não menos relevante, importa sublinhar que existe uma maior propensão para a

ocorrência de cheias nas principais bacias hidrográficas do país, nomeadamente no Sul do território,

nas proximidades do rio Limpopo. Ali, as cheias de 2013 provocaram a destruição das infra-estruturas

públicas e de habitação, um desastre natural cujo balanço se saldou em mais de 200 mil afectados14.

Foram registados, na zona Sul, aquando das cheias de 2000, 700 mortos (Christie e Hanlon, 2001).

3. PERSPECTIVAS SOBRE AS ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO CAMPONESAS

O debate sobre as estratégias de produção dos pequenos produtores não é recente; dura há mais de um

século, mas não deixa de ser actual. Os debates podem ser resumidos em duas posições. Por um lado,

a análise proposta por Marx 15 sublinha que a baixa capacidade de investimento do campesinato

inviabiliza a sua sobrevivência no contexto da emergência do modo de produção capitalista. Por outro,

a leitura de Chayanov16 que se sustenta na ideia de que a unidade de produção familiar é uma

microeconomia particular, com estratégias, lógicas e racionalidades próprias. Nos subpontos seguintes

13 Para uma melhor percepção do assunto, veja Júnior (1980).

14 Http://www.dw.com/pt/cheias-treze-anos-depois-trag%C3%A9dia-volta-a-mo%C3%A7ambique/a-16578821

15Marx (1996), no seu livro “O Capital”, observou as dinâmicas da sociedade capitalista no século XVIII e

também com base nas experiências anteriores, e mais precisamente a trajectória da sociedade inglesa.

16Economista agrário soviético que defendia que a agricultura devia ser a base de toda a estrutura económica e

que esta se deveria organizar em explorações agrícolas individuais e em cooperativas agrícolas, rejeitando, assim,

as teses marxistas-leninistas e afirmando a sua dissidência do regime (Baptista, 2001).

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são apresentadas estas duas visões mais importantes para compreender melhor as estratégias dos

pequenos produtores.

3.1.1. Economia Camponesa “Chayanoviana”

As teorias consagradas ao estudo do capitalismo, enquanto sistema que visa essencialmente a busca da

maximização do lucro, fundamentam-se na existência de duas classes sociais: (1) os proprietários dos

meios de produção que buscam o rendimento da terra, do capital e que compram o trabalho por meio

de salários; e (2) os que vendem a força de trabalho por não terem acesso directo aos meios de produção.

Por outro lado, para Chayanov, o pequeno produtor não é capitalista, na medida em que não vende a

sua força de trabalho nem contrata trabalho assalariado, dependendo somente do trabalho familiar para

a produção, que se destina ao autoconsumo do agregado e não pretende gerar lucros através da venda

da produção agrícola no mercado (Chayanov, 1966; Hunt, 2013; Abramovay, 1998).

Independentemente dos desafios de conceptualização económica da lógica de reprodução camponesa,

considera-se que os camponeses estão dispostos a aumentar o grau de exploração da mão-de-obra

familiar por forma a garantir a sua subsistência, trabalhando mais horas ou diminuindo os seus níveis

de autoconsumo, conseguindo manter a sua sobrevivência através de estratégias extremas de miséria,

se necessário (Scott, 1989). Deste modo, a eficiência das estratégias adoptadas pelos pequenos

produtores encontra-se na combinação entre o trabalho efectivamente realizado e as necessidades

satisfeitas. Para minimizar o risco que esta combinação de estratégias e objectivos, o camponês opta

em muitos casos pela diversificação (Silva, 2011).

Portanto, na perspectiva de Chayanov, as estratégias e lógicas de produção camponesa podem ser

definidas como uma circulação simples da produção, onde a produção é, em muitos casos,

transaccionada e/ou vendida mas com o objectivo de suprir algumas necessidades pontuais e não

necessariamente para a obtenção de lucro, isto é, onde o valor do produto do trabalho não é uma razão

directa das leis de mercado, passando pela percepção subjectiva que cada membro da família tem desse

produto ou de qual a necessidade dos mesmos (Chayanov, 1966; Silva,2011).

Assim, para Chayanov, a essência das estratégias de produção dos pequenos produtores não vai além

da satisfação de uma dada necessidade que está ligada ao grau de exploração de sua força de trabalho.

No caso de existência de algum excedente de produção, o equilíbrio restabelece-se mediante uma

redução da força de trabalho no ano seguinte. A lógica por trás das estratégias usadas por um pequeno

produtor são denominadas de balanço entre trabalho e o consumo (Borsatto e Carmo, 2014).

Vários são os factores que podem interferir no balanço entre o trabalho e o consumo. Por exemplo, a

diferenciação demográfica: no decorrer do tempo, podem verificar se transformações na estrutura de

uma família: de um casal jovem sem filhos para um casal com filhos dependentes que não representam

ainda força de trabalho, para um casal com filhos que representam força de trabalho, o tamanho da

propriedade, a qualidade dos solos, localização, preços agrícolas, preço da terra, entre outros (Hunt

2013, Borsatto e Carmo, 2014).

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10

De facto, a análise de Chayanov resume-se em como a conjugação dos diferentes factores supracitados

podem interferir nas estratégias produtivas dos pequenos produtores tendo em conta a satisfação do

bem-estar.

Na óptica de Chayanov os pequenos produtores deixam de trabalhar quando produzem o suficiente para

poder comprar o que satisfaça as suas necessidades. Chayanov afirma:

“Nevertheless, the usual rent-forming factors like better soil and better location in relation

to the market do surely exist for commodity-producing family labor economic units, too. They

must have the effect of increasing output and the amount of payment per labor unit… Peasant,

noticing the increase in labor productivity, will inevitably balance the internal economic

factors of his farm earlier, i.e., with less self-exploitation of his labor power. He satisfies his

family´s demands more completely with less expenditure of labor, and he thus decreases the

technical intensity of his economic activity as a whole” (Chayanov, 1966, p. 8)17

Para os que estudaram Chayanov (Borsatto e Carmo, 2014), a sua grande contribuição foi a de

reconhecer e explicar que a produção familiar é guiada por estratégias ou lógicas específicas, o que a

diferencia dos outros segmentos sociais. Resumindo, para Chayanov a exploração camponesa é uma

estrutura social com características próprias e complexas que depende de muitos factores, e que,

diferente do capitalismo, ela não é guiada pelo lucro.

Trata-se, assim, de uma análise que se revela da maior relevância para o estudo das estratégias, lógicas

e práticas camponesas em contexto africano, tal como teremos a oportunidade de observar neste estudo.

3.1.2. Economia Camponesa “Marxista”

Marx evidencia uma incompatibilidade frontal entre os pequenos produtores agrícolas e uma sociedade

regida pelas leis subjacentes ao funcionamento do sistema económico capitalista. Assim, o camponês,

pelo facto de não agir como um empresário, cujo comportamento é regido pela maximização do lucro,

não poderia sobreviver por muito tempo num contexto de concorrência. Para Marx, tal como

anteriormente sublinhado, as sociedades inseridas em sistemas capitalistas estavam divididas em

classes: os desprovidos de meios de produção, que representavam a classe operária, e a classe

empresarial, que é representada pelos que detém os meios de produção (Marx, K. 1996 e Santos 2011).

Nesse sentido, os camponeses representariam um fragmento específico do sistema social e económico,

e Marx considera que os pequenos produtores constituem uma classe em transição, seja para a classe

empresarial, tornando-se um empresário capitalista, seja para o proletariado, tornando-se um

17"No entanto, os factores habituais de geração de rendimento, como melhor solo e melhor localização em relação

ao mercado, certamente também existem para as unidades económicas de trabalho familiar produzindo

commodities [bens para venda]. Elas têm que ter o efeito de aumentar a produção e o valor a pagar por unidade

de trabalho... O camponês, ao perceber o aumento da produtividade do trabalho, inevitavelmente equilibrará os

factores económicos internos de sua exploração agrícola, isto é, diminuirá a auto-exploração de sua força de

trabalho. O camponês satisfaz as exigências de sua família mais completamente com menos gastos de mão-de-

obra, e, por isso, ele diminui a intensidade técnica da sua actividade económica no seu todo "(Chayanov, 1966,

p.8, tradução do autor).

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trabalhador assalariado. Outros autores (Kautsky, 1980; Lenine, 1980) considerados neomarxistas

incorporaram a mesma perspectiva que Marx nas suas análises e chegaram a resultados similares.

Em sua tese relacionada com a produção agrícola, (Kautsky, 1980) afirma que os pequenos produtores

serão substituídos por processos industriais e pela penetração de capital para garantir a satisfação do

mercado em constante crescimento, isto é, a economia camponesa seria absorvida pelo progresso

tecnológico. Desse modo, para Kautsky os camponeses seriam extintos pelas actividades industriais,

por não concentrarem recursos suficientes para competir com o capital industrial. Portanto, no

desenvolvimento e modernização impostos pelo sistema capitalista, os pequenos produtores seriam

obrigados a submeterem-se de forma passiva às regras impostas pelo sistema.

Do mesmo modo, Lenine (1980), que viria a validar a obra de Marx no que respeita aos pequenos

produtores, sugere que os camponeses se transformam em trabalhadores assalariados nas grandes

explorações ou, então, têm que migrar para os centros urbanos a fim de trabalharem nas indústrias.

Um ponto a ser destacado da teoria leninista foi sua crença no cooperativismo como caminho para

desenvolver a agricultura socialista. Análises recentes (Borsatto e Carmo, 2014) aproximam-se das

teses leninistas ao considerarem que a opção pelo cooperativismo constitui um caminho válido de

conduzir à constituição de grandes unidades de explorações agrícolas, mecanizadas e com altos índices

de produtividade, e que propiciaria aos pequenos produtores uma qualidade de vida mais elevada.

A conceptualização de Marx, assim como de Lenine, relativamente ao processo do desenvolvimento,

assenta, na sua essência, na proletarização dos camponeses e na constituição de excedente de mão-de-

obra que pudesse ser disponibilizado para o processo de industrialização e que iria criar, por sua vez,

um mercado interno para a indústria. Note-se que tal perspectiva não se afasta substancialmente daquela

que viria a inspirar as teorias de modernização a partir da segunda metade do século XX (como é caso

do modelo W:A. Lewis,1954)18.

Portanto, para Marx, o facto de o camponês não incluir o seu trabalho nos cálculos dos custos de

produção, faz com que o preço dos produtos comercializados pelos camponeses não represente o valor

real do produto em questão. Marx afirma.

“O limite da exploração para o camponês não é o lucro médio do capital, quando se trata

de um pequeno capitalista, nem tão pouco a necessidade de renda, quando se trata de um

proprietário de terra. O limite absoluto com o qual tropeça como pequeno capitalista não é

senão o salário que a si próprio se abona, depois de deduzir o que constitui o custo de produção.

Enquanto o preço do produto cobri-lo, cultivará suas terras, reduzindo, não poucas vezes, o

seu salário até o limite estritamente físico”. (apudPontes, 2005:37).

Para Marx, o camponês cede parte do seu trabalho excedentário à sociedade e esta é a razão pela qual

os camponeses não acumulam o capital que lhes permitiria fazer os investimentos necessários para

competirem num mercado capitalista por meio do aumento da produção e da produtividade.

18 Lewis, W. A. (1954). Economic Development with unlimited supplies of Labour. The Manchester School, 22:

139.91. Lewis receberia o prémio Nobel de Economia em 1979.

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Trata-se de uma conclusão que não deixaremos de ter em conta ao observar as estratégias camponesas

no Sul de Moçambique.

4. OBJECTIVO E METODOLOGIA DO ESTUDO EMPÍRICO

Foram eleitos três distritos diferentes, pela especificidade das suas características económicas e

produtivas, tanto em termos de mercados, como em consumo. (1) Chokwé, na província de Gaza, é

historicamente agrícola e tradicionalmente reconhecido como um centro produtivo, e com dotação de

factores de produção agrícolas (Ministério da Administração Estatal, 2005; Mosca, 2005); (2) Guijá,

também em Gaza, a agricultura familiar é a actividade económica dominante, praticada sob o regime

de sequeiro e de tracção animal. Como forma de garantir a fertilidade dos solos, assim como a

racionalização das áreas de produção, a agricultura é praticada em consorciação de culturas locais onde

a exploração varia entre 0,5 ha / 2 ha (Ministério da Administração Estatal, 2005); finalmente, (3)

Kamavota, na cintura de Maputo, e próximo da capital, a produção é quase exclusivamente dirigida ao

mercado interno, caracterizada pelo intenso uso de insumos, e pela proximidade dos produtores do

mercado urbano de bens e serviços. Contudo, a terra é explorada em pequena escala (CAPs 2000 e

2010).

A recolha de dados consistiu na aplicação de um inquérito, composto por perguntas fechadas,

submetido a chefes de exploração das três áreas de observação, entre Julho e Setembro de 2015. Os

inquéritos foram validados baseando-se na clareza das respostas dadas. Além disso, seguindo a

metodologia de Hair et al. (2014), de acordo com a abordagem de “todos os disponíveis”, isto é, os

inquéritos com respostas incompletas não foram excluídos. Considerando a baixa qualidade dos dados

oficiais disponíveis sobre a população, o que gera um desconhecimento sobre o universo da população,

construiu-se uma amostra para população desconhecida, por conveniência19. Uma vez que a população

de pequenos agricultores nos distritos em questão é desconhecida, optou-se pela realização de 400

observações20, para um total de 1.200 observações. No entanto, antes da avaliação, todas as observações

para cada variável foram ponderadas usando, como uma variável de peso da amostra, uma taxa

estabelecendo a diferenciação de género dentro dos agregados, em comparação com a taxa da

população regional (de acordo com dados populacionais do INE, 2015) a fim de tornar a amostra

representativa da população da região, proporcionando, assim, melhores estimativas (Hans-Vaughn e

Lomax, 2006).

Os questionários foram directamente aplicados nas explorações agrícolas de forma acidental, com a

assistência de representantes da União Nacional dos Agricultores Camponeses (UNAC). Ao longo da

administração do inquérito, o grupo de pesquisa que realizou o trabalho de campo beneficiou do apoio

de uma equipa de inquiridores disponibilizados pelo OMR. Contudo, foram também recrutados

inquiridores locais.

Dada a estratificação espacial da amostra, a cross-section obtida, embora não permita fazer inferência

baseando-se na evolução dos dados observados ao longo do tempo, permitiu fazer uma avaliação ex-

19 Veja Razak (2016) para uma análise mais aprofundada sobre as metodologias de investigação.

20 Procedeu-se com o cálculo para amostras desconhecidas.

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ante, fornecendo uma imagem do estado de um conjunto de variáveis num determinado momento no

tempo (Chaudhuri et al., 2002).

4.1. Análises actuais

Ao longo do tempo, várias discussões têm sido feitas à volta de estratégias camponesas e factores as

influenciam. A tabela abaixo sumariza alguns dos trabalhos econométricos mais influentes, ou que de

forma mais evidenciada alimentaram a presente pesquisa. No quadro a seguir são apresentadas as

principais conclusões bem como o método utilizado para o estudo.

Quadro 1: Estudos econométricos relacionados com a pequena produção

Autor Documento de

trabalho Método

Variável

endógena Variáveis exógenas Principais conclusões

Boris E.

Bravo-

Ureta

(1994)

Efficiency in

agricultural

production: the case

of peasant farmers

in eastern Paraguay

Stocastic

efficiency

decomposi

tion

Produção

anual de

algodão

ou

mandioca

(kg)

Mão-de-obra contratada ou

familiar para a produção, área de

produção, valor dos materiais,

incluindo as despesas com

serviços de projecto de animais,

sementes e outros insumos

adquiridos.

Os camponeses podem aumentar a

produção e o rendimento familiar

através de uma melhor utilização dos

recursos disponíveis, dado o estado da

tecnologia. Existe espaço para a

melhoria da produtividade das

explorações agrícolas

Cunguara,

Langyintuo

e

Darnhofer,

(2011)

The role of nonfarm

income in coping

with the effects of

drought in southern

Mozambique

Multivariat

e sample

selection

model

Rendimen

to das

actividade

s não

agrícolas.

Tamanho do agregado familiar,

género do chefe de família, o nível

mais alto de educação, área

cultivada, animais tropicais,

bicicleta, adesão a uma associação

de agricultores e distrito.

Os agregados familiares com diferentes

categorias riqueza têm estratégias

diferentes. Estas estratégias parecem

estar ligadas ao tipo de actividades

realizadas. Estratégias de investimento

em infra-estrutura física e educação

com efeito a longo prazo

Haji (2006)

Production

efficiency of

smallholders’

vegetable-

dominated mixed

farm in gsystem in

Eastern Ethiopia: A

non-parametric

approach

Modelo de

regressão

Quantida

de total

em kg da

produção

de

vegetais,

não-

vegetais e

animais

Terra, equipamento agrícola,

trabalho, adubos, sementes,

pesticidas, irrigação.

O nível da eficiência técnica observada

é significativamente afectado pelo

activo, rendimento não agrícola,

dimensão das explorações, visitas de

extensão e tamanho da família. A

diversificação de culturas, os gastos de

consumo e Terra, têm um impacto

significativo sobre a eficiência

económica alocativa.

Helfand e

Edward

(2004)

Farm size and the

determinants of

productive

efficiency in the

Brazilian Center-

West

Modelo de

regressão

Valor

bruto da

produção

Área utilizada, trabalho, tractores,

animais, insumos adquiridos

(fertilizantes, produtos químicos,

sementes, combustível, alimentos

e medicamentos para animais)

Os resultados indicam que o acesso ao

mercado, através da criação de infra-

estruturas, é determinante nas

diferenças de eficiência. O uso de

insumos, como irrigação e fertilizantes,

e as diferenças na composição da

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produção também demonstraram ser

determinantes para a produção total.

Howard N.

Barnum

(1979)

An econometric

application of the

theory of the farm-

household

Modelo de

regressão Produção

Consumo próprio, consumo de

bens não-agrícolas, quantidade de

mão-de-obra familiar, salário fora

por dia, tempo total disponível

para todos os membros da família.

Número de membros da família

com 16 anos de idade ou mais,

número de dependentes com

menos de 16 anos de idade, a

idade do chefe de família, número

de anos de educação do chefe da

família e preço do arroz.

Os resultados indicam que o trabalho

per capita é função do tamanho da

força de trabalho familiar. A remoção

de um membro do trabalho a partir de

uma família rural irá influenciar os

padrões de consumo per capita através

de uma mudança no tempo livre

disponível para o uso na actividade

agrícola e através de mudanças na

extensão da participação das famílias

no mercado de trabalho.

Pender e

Gebremedh

in (2007)

Determinants of

agricultural and land

management

practices and

impacts on crop

production and

household income

in the high lands of

Tigray, Ethiopia

Modelo de

regressão

Produção

agrícola

por

agregado

familiar

Quantidade de insumos, práticas

de gestão de terras, capital natural,

investimentos em terra (irrigação,

terraços de pedra, diques do solo e

cercas/barreiras), capital humano

(educação, idade e sexo do chefe

da família), serviços de extensão,

factores agro-ecológicos que

determinam a produtividade local

e factores aleatórios.

Estes factores não têm um impacto

significativo sobre a produção agrícola

e o rendimento, em parte devido ao

produto marginal baixo da mão-de-

obra na produção agrícola e o impacto

da produtividade limitada de insumos,

como é o caso dos fertilizantes

Ulimwengu

e Badiane

(2010)

Vocational Training

and Agricultural

Productivity:

Evidence from Rice

Production in

Vietnam

Modelo de

regressão

Produção

de arroz

por

hectare

Input (terra e fertilizantes),

Educação (ensino primário e

secundário), Formação

Vocacional, Saúde.

Produtores com formação profissional

têm maior produção por unidade de

terra. A formação vocacional eleva os

níveis de eficiência e reduz as

diferenças de produtividade entre as

famílias.

Fonte: Compilação do autor.

Em suma, os estudos apresentados acima demonstram que as estratégias de produção camponesas não

são lineares, verificando-se comportamentos diferentes dependendo do terreno em observação.

Dos estudos econométricos pode observar-se que a produção agrícola (variável endógena) pode ser

explicada segundo várias dimensões, 1) ambiental: clima, precipitação, topografia, solos, pragas etc.;

2) social: agregado e organização social; 3) económica: inputs e outputs; 4) política: leis, regulamentos,

incentivos e penalizações, serviços de extensão de financiamento, etc. Contudo, apesar de reconhecer

todas estas dimensões, este trabalho vai focalizar na dimensão sócio-económica (dimensões 2 e 3)

olhando para Estrutura da Família, capital utilizado, a superfície cultivada e acesso aos mercados, de

compra e venda. A figura abaixo esquematiza o pensamento teórico da pesquisa.

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Figura 3: Modelo teórico

Fonte: Elaboração do autor.

Os modelos de regressão têm constituído o método mais comum para este tipo de análises. Assim, o

presente trabalho, ao utilizar o SEM para explicar a produção agrícola, assume a responsabilidade

pioneira de testar uma nova abordagem para o problema.

4.2. Tratamento estatístico

Duas principais ferramentas foram utilizadas para responder aos objectivos do trabalho. Numa primeira

fase, foi desenvolvida a AFE (Análise Factorial Exploratória) com o objectivo de reduzir o número de

variáveis observadas num número menor de factores21 (Hair et al., 2014). O critério de retenção de

factores foi o de Kaiser-Guttman (eigenvalue> 1”, com “rotação varimax” para maximizar os pesos

factoriais dos itens nas variáveis latentes. Em seguida, procura-se explicar as estratégias de produção

camponesa por meio do SEM. Recorreu-se ao uso do software STATA 13 para o SEM e SPSS 20 para

AFE.

O SEM é uma técnica de análise de dados multivariados que combina aspectos de regressão múltipla e

análise de factores para estimar simultaneamente uma série de relações de dependência (Hair et al.

2014). O SEM está a ganhar popularidade em diversas áreas de pesquisa, principalmente pela

capacidade de analisar relações complexas entre variáveis (Grace, 2006). Uma das características que

tornam isto possível é o facto de o SEM, como outras técnicas de análise multivariada, reduz o número

de variáveis observadas agrupando-as em variáveis latentes. Em comparação com outras técnicas, o

SEM permite um erro de medição muito menor.

21 Na AFE não foram consideras as variáveis Terra, Vendas e Distância média para a aquisição de insumos por

estas gerarem inconsistência nas variáveis latentes.

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Na verdade, apesar dos limites impostos pela utilização de cross-sections, que muitas vezes não são

suficientes para ir além da mera descrição de um fenómeno (Dasgupta, 2009), o SEM permite explicar

a natureza do fenómeno, estimando variáveis latentes e a relação com o fenómeno em análise.

O método de estimativo escolhido é o Maximum Likelihood with Missing Values (MLMV) (Enders e

Peugh, 2004), frequentemente utilizado para o SEM. Trata-se de uma poderosa ferramenta que fornece

uma estimativa imparcial, em relação a outras técnicas, nomeadamente em matéria de questões não-

normalidade (Olsson et al., 2000) e fornece estimativas aceitáveis também na presença de valores em

falta (Savalei, 2008).

Procura-se encontrar uma relação do tipo causa-efeito a partir do SEM (Hair et al., 2014). O modelo

apresentado é composto pelas seguintes variáveis: Estrutura da Família (número de membros do

agregado familiar, número de membros do sexo masculino, número de membros com menos de 16 anos

de idade22, número de membros com mais de 16 anos de idade e o nível mais elevado de educação do

agregado familiar); Capital Fixo (número de alfaias tracção animal-tractor, número de enxadas, número

de carroças, número de bombas de água, número de tractores-animais para tracção, número de carros

ou camiões); Superfície de terra em hectares para a produção; Quantidade vendida; Distância média

para aquisição de insumos de produção em km23 e a quantidade total produzida em toneladas.

5. ESTUDO DE CASO: A estratégia de produção dos pequenos produtores do Sul do Save -

Chokwé, Guijá e Kamavota

5.1. Breve caracterização do terreno de observação

Três distritos diferentes foram escolhidos, cuja localização se apresenta no mapa abaixo, dado a

especificidade das suas características económicas e produtivas, tanto em termos de mercados como

em consumo.

22 Embora em Moçambique se considerem dependentes os menores de 15 anos de idade (INE, 2015), neste

trabalho optou-se por utilizar menores de 16 anos de idade, tal como os padrões internacionais. 23 Cálculo do autor com base nas distâncias percorridas para adquirir os seguintes insumos: fertilizantes,

instrumentos de trabalho, combustíveis, embalagens e pesticidas.

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Figura 4: Mapa do Sul do Save

Fonte: UNICEF24

Chokwé é um distrito a sul da província de Gaza,

com uma superfície de 2.466 km2, uma população

estimada, em 2016, em mais de 208 mil habitantes

o que se traduz sensivelmente em cerca de 85

habitantes por km2 (INE, 2007).

As suas vias rodoviárias são, de um modo geral,

transitáveis e permitem o acesso fácil à Estrada

Nacional nº 1 (EN1). O distrito conta com um

aeródromo e uma ligação ferroviária que assegura a

ligação ao Porto de Maputo, assim como, para

Norte, em direcção à fronteira com o Zimbabwe, via

Chicualacuala.

Em 2005, o relatório do Ministério da Administração Estatal indica que o Chokwé possuía perto de

40% do sistema de regadio de Moçambique. As condições favoráveis à prática da agricultura fazem

com que seja esta a actividade económica predominante do distrito e que envolve perto de 80% da sua

população em idade activa. A agricultura é praticada em apenas 5% da área do distrito, divididos, em

média, por explorações de 1,5 hectares. As principais culturas produzidas são: o milho, arroz, feijão-

nhemba, mandioca, batata-doce e feijão manteiga, (Ministério da Administração Estatal, 2005).

24 www.unicef.org.mz/cpd/chapter_map.html

Figura 5: Campos de produção em Chokwé

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18

Guijá, localizado a Sudeste da província de Gaza,

cobre uma área de 4.207 km2 e regista uma

população estimada, para 2016, em pouco mais de

95.000 mil habitantes e uma densidade

populacional de 23 hab/km2 (Ministério da

Administração Estatal, 2005).

O distrito contém uma rede débil de infra-

estruturas públicas básicas (Ministério da

Administração Estatal 2005), a avaliar pelo

seguinte registo: (1) Energia (apenas 1% da

população do distrito); (2) Saúde (uma unidade

sanitária por cada 9 mil habitantes; uma cama por

cada mil habitantes e um profissional técnico para três mil habitantes); (3) O acesso a água potável é

ainda uma necessidade não satisfeita (a maioria recorre a poços, rios e lagos); (4) A maioria do distrito

é coberta por estradas não pavimentadas o que torna difícil a transitabilidade no distrito; entre outros

efeitos. O seu principal parceiro económico é o distrito de Chokwé, que possui infra-estruturas mais

desenvolvidas, acedível a partir de pequenas embarcações através do rio Limpopo e pela via rodoviária.

A agricultura familiar é a actividade económica dominante, em geral praticada sob o regime de sequeiro

e de tracção animal. Como forma de garantir a fertilidade dos solos, assim como a racionalização das

áreas de produção, a agricultura é praticada em consorciação de culturas. Factores, como a baixa

densidade populacional e a inexistência de grandes projectos, podem justificar o baixo índice de

conflitos relativos à utilização da terra (Ministério da Administração Estatal, 2005).

Kamavota é um distrito situado na Província de

Maputo Cidade. Para além de ser a capital de

Moçambique, a cidade de Maputo é o maior

centro urbano do país com uma área de 347,69

km2 e uma população estimada em cerca de 1.27

milhões de habitantes (INE, 2017).

Em 2016, a estimativa para a população do

distrito é de 353.414 habitantes numa área 108

km2, dividida de forma quase equitativa entre os

sexos. Em Kamavota cerca de 60% dos seus

habitantes encontram-se em idade

economicamente activa (15-64 anos) (INE,

2007).

Tal como nos outros dois distritos acima, a agricultura representa a actividade predominante. Na

maioria dos casos é uma agricultura de sequeiro mas com elevados níveis de uso de insumos agrícolas

(sementes, fertilizantes e pesticidas), o que pode justificar o nível de produtividade relativamente

elevado. Contudo, a maioria da população conjuga o trabalho na agricultura com outras actividades que

proporcionem algum rendimento, principalmente no mercado informal, na Cidade de Maputo.

Figura 6: Campos de produção em Guijá

Figura 7: Campos de produção em Kamavota

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19

O aprovisionamento em água e energia ainda não está totalmente satisfeito, mas à maior parte da

população acede à água, entre fontenária e água canalizada, na ordem dos 90%, e energia na ordem dos

60%. O acesso ao distrito é feito pela via rodoviária em geral transitável e de fácil acesso ao centro da

Cidade de Maputo.

5.2. Análise dos dados e apresentação de resultados

O presente capítulo está dividido em três secções. A primeira secção contém uma breve descrição das

variáveis utilizadas para explicar a produção. Na segunda secção, é apresentada e analisada a AFE. A

terceira secção consiste na análise e interpretação dos resultados obtidos do SEM, em relação as

estratégias de produção camponesa.

5.2.1. Resultados descritivos

A selecção das variáveis exógenas para explicar a produção camponesa foi feita após a revisão

da literatura. São apresentados no quadro seguinte os resultados descritivos das variáveis

utilizadas no modelo.

Quadro 2: Descrição das variáveis

Variáveis Mínimo Máximo Média Std. Dev.

Dependentes (número de membros com no máximo 15 anos de

idade) 0 12 2,95 8,37

Distância média percorrida para a aquisição de insumos para a

produção em km (sementes, peças, instrumentos de trabalho,

fertilizantes e embalagens)

0 37 2,55 0,37

Força de trabalho (número de membros com 16 ou mais anos de

idade) 0 10 2,98 7,4

Nível mais elevado de educação (em anos de escolaridade) 0 16 6,8 3,29

Número de alfaias (tracção animal) 0 6 0,13 7,01

Número de alfaias (tractor) 0 4 0,01 10,29

Número de bombas de água 0 2 0,03 5,7

Número de carroças 0 3 0,05 7,126891

Número de carros e camiões 0 6 0,09 6,461702

Número de enxadas 0 15 2,23 5,886729

Número de membros da família 1 13 5,86 7,666886

Número de membros do sexo masculino 0 10 2,78 7,791294

Quantidade total produzida (kg) 0 17.600 732,93 8,328877

Quantidade total vendida (kg) 0 11.200 192,99 0,7280778

Terra total em produção (hectares) 0,1 5 1,09 7,23696

Fonte: Dados do questionário.

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20

Dos resultados acima apresentados, pode-se constatar que nas primeiras quatro variáveis, os

resultados não diferem muito dos dados gerados pelos CAPs (2000 e 2010):

1. As características demográficas dos agregados familiares são idênticas à média

nacional e com níveis de educação baixos;

2. A produção é baixa, perto de 750kg, e apenas 1/3 desta é destinada ao mercado de

venda;

3. Em média, as explorações têm 1 hectare;

4. A baixa posse de instrumentos de trabalho melhorados pode revelar que a pequena

produção é mais intensa em trabalho que em capital.

5. É possível verificar que, em média, os mercados de insumos são relativamente

próximos.

5.2.2. Análise Factorial Exploratória

A solução sugere a existência de dois factores: Estrutura da Família e o Capital Fixo, assegurado pelo

valor do Kaiser-Meyer-Olkin (KMO)25 (0.819) e pelo teste de Bartlett26 (si.=0.000), que garante

correlações entre as variáveis. Contudo, o valor do nível mais alto de escolaridade está abaixo do

recomendado pela Análise Factorial (0.5), representado no quadro seguinte:

Quadro 3: Rotated component matrix

Descrição dos

factores Descrição das variáveis

Factores

1 2

Capital Fixo (H2)

Número de enxadas 0,858

Número de carroças 0,833

Número de bombas de água 0,759

Número de alfaia (tracção animal) 0,758

Número de alfaia (tracção tractor) 0,684

Número de carros e camiões 0,628

Estrutura da Família

(H1)

Força de trabalho (número de membros com 16 ou mais anos de idade) 0,951

Número de membros da família 0,945

Dependentes (número de membros com no máximo 15 anos de idade) 0,917

Número de membros do sexo masculino 0,709

Nível mais elevado de educação 0,463

Extraction Method: Principal Component Analysis.

RotationMethod: Varimaxwith Kaiser Normalization.

Fonte: Cálculo do autor com base no SPSS20.

25 KMO avalia a adequacidade da análise factorial. Os valores do índice KMO que indicam que a Análise

Factorial é apropriada variam de autor para autor. Contudo, para a presente pesquisa foi utilizada a de Hair et

al. (2014); são valores aceitáveis entre 0,5 a 1,0.

26 O teste de esfericidade de Bartlett testa a hipótese de que as variáveis não sejam correlacionadas na

população. A hipótese básica diz que a matriz de correlação da população é uma matriz identidade (Hair et al.

2014).

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21

A solução é constituída por 11 variáveis que explicam perto de 62% da variância total. Encontre no

quadro seguinte os valores próprios de cada factor retido e as percentagens de variância explicada:

Quadro 4: Valor próprio e variância explicada

Factor 1 Factor 2

Valor próprio 3,508 31,889

Variância explicada 3,301 30,012

Fonte: Cálculo do autor com base no SPSS20.

5.2.3. Apresentação e discussão dos resultados do SEM

Para explicar a produção foram adicionadas aos dois factores obtidos na AFE acima

desenvolvida, a Terra, as quantidades vendidas e a distância média para a aquisição de bens

destinados à produção. Os resultados apresentados na figura 8 são estandardizados.

Figura 8: Modelo SEM27

Fonte: Elaboração do autor.

As estimativas do modelo (SEM) permitem concluir que as relações entre as funções e a produção dos

pequenos produtores são, embora em diferentes graus, estatisticamente significantes, o que permite

validar as hipóteses 1,2,3 e 5, e rejeitar a 4.

A Estrutura da Família demonstrou ser a que maior influência tem sobre a produção dos pequenos

produtores (0,82). De facto, tal como descrito na “teoria Chayanoviana”, a estrutura da família tem aqui

uma ligação forte com a produção camponesa e também explica fortemente o número de membros, a

força de trabalho e os dependentes no seio da família (Barnum,1979; Abbas, 2016). Pode verificar-se

27 Ver tabela de resultados SEM em anexo.

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também que a Estrutura da família tem um baixo poder explicativo sobre os níveis mais elevados de

escolaridade (0,42) e o número de membros do sexo masculino (0,52). De facto, em estudos realizados,

os membros do sexo masculino e os que tem algum nível de escolarização tendem a procurar

actividades que proporcionam maiores níveis de rendimento fora da agricultura (Mosca e Dadá, 2013

e Cunguara, 2011).

O modelo mostra que, depois da Estrutura da família, a superfície cultivada é a que mais explica a

produção (0.28)28, resultado superior ao obtido para o Capital Fixo (0.15). De facto, diversos estudos

encontraram uma relação positiva maior entre a produção camponesa e a superfície cultivada, ou seja,

maior com o aumento da área total cultivada do que com o capital (Mosca e Dadá, 2013b;Abbas,

2016;Cunguara, 2013). Todavia, para Mosca e Dadá (2013a) o aumento da produção é principalmente

justificado pelo aumento da superfície total cultivada resultante do aumento do número explorações e

não da superfície média cultivada por exploração.

O modelo SEM permite ainda verificar uma relação positiva entre o Capital Fixo (0,15) e a produção

camponesa. Contudo, é importante referir que o número de enxadas (0,89), alfaias TA (0,73) e carroça

(0,87) são as que mais são explicadas pelo Capital Fixo das famílias e, por outro lado, o número de

tractores, camiões ou carros e bombas de água são as menos explicadas. Uma possível explicação para

este facto pode ser encontrada na redução significativa destes bens destinados à produção agrícola, o

que permite concluir, por parte dos que estudam o assunto, que a produção em Moçambique é, cada

vez mais, mais intensiva em trabalho que em capital (Mosca e Dadá, 2013).

Ainda, sobre o modelo SEM, as vendas apresentaram uma relação fraca, mas positiva, (0,082) com a

produção camponesa. De facto, este resultado reforça os pressupostos da teoria Chayanoviana, como

referenciada acima, que assume uma ligação do camponês com o mercado mas só para suprir

necessidades pontuais e que não visa necessariamente o lucro (Silva, 2011).

Não obstante, e não menos importante, é o fraco efeito negativo da distância média para o mercado de

insumos agrícolas. Contudo, parte da resposta para esta fraca influência poderá ser justificada pelo

baixo uso de insumos agrícolas, menos de 5% dos produtores usam fertilizantes e ou pesticidas (CAP

2000, 2010), o que, na realidade, pode reduzir a sensibilidade da produção relativamente ao acesso a

estes insumos.

Na realidade, diversos estudos sobre a estrutura dos mercados afirmam a existência de uma estrutura

desfavorável aos pequenos produtores, justificada pela fraca capacidade negocial destes, devido à sua

baixa formação e informação sobre os mercados e preços, e, por outro lado, mas não menos importante,

é o fraco poder de armazenamento no período pós-colheita que acaba por forçar a venda como forma

de minimizar os riscos de perdas da produção (Mosca, 2015; Santos, 1999; Sousa, 2013).

28 A superfície cultivada não é estatisticamente significante com um intervalo de confiança de 95%, pelo que foi

considerado um intervalo de confiança de 90% para H5.

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23

6. CONCLUSÃO

A informação disponibilizada pelos organismos governamentais e estudos relacionados com a questão

agrária sugerem um elevado grau de importância do sector agrícola para a economia moçambicana nas

últimas décadas. A produção agrícola observou importantes aumentos na última década. Contudo,

diversos factores apontam para uma estagnação, se não-regressão, dos sistemas produtivos. Os

incentivos à entrada de grandes projectos direccionados à exploração da terra (tal como a própria lei de

terras) podem resultar num agravamento no acesso a terra por parte dos pequenos produtores, o que, de

facto, pode condicionar as dimensões das explorações agrícolas. Aliás, já existem estudos que

comprovam a redução do tamanho das explorações (Jone, 2013).

O debate teórico e os estudos empíricos sobre as estratégias da pequena produção não são recentes,

nem conclusivos. Por um lado, o pessimismo da corrente Marxista sugere, a longo prazo, a extinção do

pequeno produtor pela sua incapacidade de investir num contexto capitalista. Por outro, a corrente

Chayanoviana, sugere que os pequenos produtores têm estratégias, lógicas e racionalidades próprias.

Todavia, os estudos empíricos não demonstram uma estratégia produtiva linear dos pequenos

produtores.

Os quatro primeiros resultados da análise descritiva realizada são idênticos aos dos CAPs (2000 e

2010), e permitem retirar as seguintes constatações: (1) Baixa posse de instrumentos de trabalho; (2) A

produção média das famílias é relativamente baixa, aproximadamente 750kg, e perto de 1/3 é destinada

ao mercado; (3) A produção é feita, em média, em cerca de 1 hectare de terra por família; (4) As

características demográficas dos agregados familiares são idênticas à média nacional e com

níveis de educação baixos (5) Os mercados de insumos são próximos.

Portanto, a análise feita a partir do modelo SEM, pode conduzir às seguintes conclusões: (1) a pequena

produção é pouco sensível aos mercados, de compra e venda; (2) a estrutura da família está fortemente

ligada à produção; (3) o uso do capital fixo e a terra cultivada demonstram uma ligação positiva com a

produção.

Em suma, a análise realizada ao longo do presente trabalho permite-nos perceber que há maior ligação

da estrutura da família com a produção, há fraca ligação com o mercado e o poder explicativo da terra

e do capital fixo observado revela uma estratégia de sobrevivência, isto é, as lógicas de produção

camponesa são necessariamente diferentes das lógicas inerentes às leis de um sistema capitalista.

A actual tensão político-militar tem constituído um obstáculo para o alargamento desta análise a outras

regiões do centro do país. Contudo, espera-se que uma análise comparativa das estratégias de produção

entre as três zonas de Moçambique (Sul, Centro e Norte) venha a constituir tema para o

desenvolvimento de futuros projectos de investigação.

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29

ANEXO

Figura 99: Tabela do SEM

var(H2) 1 . . .

var(H1) 1 . . .

var(e.CF6) .4501868 .0873239 .3076906 .6586753

var(e.CF5) .5980816 .138362 .3798741 .9416321

var(e.CF4) .4740785 .0741421 .3488133 .6443288

var(e.CF3) .2110808 .047672 .1355222 .328766

var(e.CF2) .2497343 .0430087 .1781298 .3501225

var(e.CF1) .5987998 .0792831 .4618112 .7764238

var(e.Produção) .2187384 .094361 .0938322 .5099154

var(e.EF5) .820743 .1706992 .5457481 1.234304

var(e.EF4) .7273212 .2671256 .3538205 1.495097

var(e.EF3) .1262565 .080996 .0358619 .4445027

var(e.EF2) .0890733 .057037 .0253591 .3128678

var(e.EF1) .2632816 .1855461 .0660584 1.049332

_cons 0 (constrained)

H2 .7414939 .0588838 12.59 0.000 .6259658 .8570219

CF6 <-

_cons 0 (constrained)

H2 .6339704 .1091234 5.81 0.000 .4198738 .8480669

CF5 <-

_cons 0 (constrained)

H2 .7252044 .0511181 14.19 0.000 .6249124 .8254965

CF4 <-

_cons 0 (constrained)

H2 .8882113 .026836 33.10 0.000 .8355599 .9408626

CF3 <-

_cons 0 (constrained)

H2 .8661788 .0248267 34.89 0.000 .8174696 .9148879

CF2 <-

_cons 0 (constrained)

H2 .6334036 .062585 10.12 0.000 .5106139 .7561934

CF1 <-

_cons 0 (constrained)

H1 .4233876 .2015874 2.10 0.036 .0278796 .8188955

EF5 <-

_cons 0 (constrained)

H1 .5221866 .2557761 2.04 0.041 .0203621 1.024011

EF4 <-

_cons 0 (constrained)

H1 .9347425 .0433253 21.57 0.000 .8497396 1.019745

EF3 <-

_cons 0 (constrained)

H1 .9544248 .0298803 31.94 0.000 .8958006 1.013049

EF2 <-

_cons 0 (constrained)

H1 .858323 .1080864 7.94 0.000 .646261 1.070385

EF1 <-

Measurement

_cons -.1494231 .0488398 -3.06 0.002 -.2452453 -.0536009

H2 .1500388 .0430794 3.48 0.001 .0655184 .2345592

H1 .818637 .1177745 6.95 0.000 .5875673 1.049707

H5 .2816395 .1704727 1.65 0.099 -.0528224 .6161014

H4 -.0308742 .0139594 -2.21 0.027 -.0582622 -.0034863

H3 .082012 .0209612 3.91 0.000 .0408868 .1231373

Produção <-

Structural

Standardized Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Linearized

(13) [CF6]_cons = 0

(12) [CF5]_cons = 0

(11) [CF4]_cons = 0

(10) [CF3]_cons = 0

( 9) [CF2]_cons = 0

( 8) [CF1]_cons = 0

( 7) [EF5]_cons = 0

( 6) [EF4]_cons = 0

( 5) [EF3]_cons = 0

( 4) [EF2]_cons = 0

( 3) [EF1]_cons = 0

( 2) [Produção]H2 = 1

( 1) [EF1]H1 = 1

Design df = 1185

Number of PSUs = 1188 Population size = 1308.7337

Number of strata = 3 Number of obs = 1188

Survey: Structural equation model

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30

Título

Autor(es) Ano

50 Género e relações de poder na região sul de

Moçambique – uma análise sobre a localidade de

Mucotuene na província de Gaza

Aleia Rachide Agy Abril de 2017

49 Criando capacidades para o desenvolvimento: o género

no acesso aos recursos produtivos no meio rural em

Moçambique

Nelson Capa Março de 2017

48

Perfil socio-económico dos pequenos agricultores do

sul de moçambique: realidades de chokwè, guijá e

kamavota

Momade Ibraimo Março de 2017

47 Agricultura, diversificação e

Transformação estrutural da economia

João Mosca Fevereiro de 2017

46 Processos e debates relacionados com DUATs.

Estudos de caso em Nampula e Zambézia.

Uacitissa Mandamule Novembro de 2016

45 Tete e Cateme: entre a implosão do el dorado e a

contínua degradação das condições de vida dos

reassentados

Thomas Selemane Outubro de 2016

44 Investimentos, assimetrias e movimentos de protesto

na província de Tete

João Feijó Setembro de 2016

43 Motivações migratórias rural-urbanas e perspectivas de

regresso ao campo – uma análise do desenvolvimento rural

em moçambique a partir de Maputo

João Feijó e Aleia Rachide Agy e

Momade Ibraimo Agosto de 2016

42 Políticas públicas e desigualdades socias e territoriais

em moçambique

João Mosca e Máriam Abbas Julho de 2016

41 Metodologia de estudo dos impactos dos megaprojectos

João Mosca e Natacha Bruna Junho de 2016

40 Cadeias de valor e ambiente de negócios na

agricultura em Moçambique

Mota Lopes Maio de 2016

39 Zambézia: Rica e Empobrecida João Mosca e Yara Nova Abril de 2016

38 Exploração artesanal de ouro em Manica

António Júnior, Momade

Ibraimo e João Mosca Março de 2016

37 Tipologia dos conflitos sobre ocupação da terra em Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2016

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31

Título

Autor(es) Ano

Moçambique

36 Políticas públicas e agricultura

João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2016

35

Pardais da china, jatrofa e tractores de Moçambique:

remédios que não prestam para o desenvolvimento rural

Luis Artur Dezembro de 2015

34 A política monetária e a agricultura em

Moçambique

Máriam Abbas Novembro de 2015

33 A influência do estado de saúde da população na produção

agrícola em Moçambique

Luís Artur e Arsénio Jorge

Outubro de 2015

32 Discursos à volta do regime de propriedade da terra

em Moçambique

Uacitissa Mandamule Setembro de 2015

31 Prosavana: discursos, práticas e realidades João Mosca e Natacha Bruna Agosto de 2015

30

Do modo de vida camponês à pluriactividade impacto

do assalariamento urbano na economia familiar rural

João Feijó e Aleia Rachide

Agy

Julho de 2015

29 Educação e produção agrícola em Moçambique: o caso do

milho

Natacha Bruna Junho de 2015

28 Legislação sobre os recursos naturais em Moçambique:

convergências e conflitos na relação com a terra Eduardo Chiziane Maio de 2015

27 Relações Transfronteiriças de Moçambique António Júnior, Yasser Arafat

Dadá e Momade Ibraimo Abril de 2015

26 Macroeconomia e a produção agrícola em Moçambique

Máriam Abbas Abril de 2015

25 Entre discurso e prática: dinâmicas locais no acesso aos

fundos de desenvolvimento distrital em Memba

Nelson Capaina

Março de 2015

24 Agricultura familiar em Moçambique: Ideologias e

Políticas

João Mosca Fevereiro de 2015

23 Transportes públicos rodoviários na cidade de Maputo:

entre os TPM e os My Love

Kayola da Barca Vieira, Yasser

Arafat Dadá e Margarida Martins Dezembro de 2014

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32

Título

Autor(es) Ano

22 Lei de Terras: Entre a Lei e as Práticas na defesa de

Direitos sobre a terra Eduardo Chiziane Novembro 2014

21 Associações de pequenos produtores do sul de

Moçambique: constrangimentos e desafios

António Júnior, Yasser Arafat

Dadá e João Mosca Outubro de 2014

20

Influência das taxas de câmbio na agricultura

João Mosca, Yasser Arafat

Dadá e Kátia Amreén Pereira Setembro de 2014

19

Competitividade do Algodão Em Moçambique

Natacha Bruna

Agosto de 2014

18 O Impacto da Exploração Florestal no

Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas

de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província

de Nampula

Carlos Manuel Serra, António

Cuna, Assane Amade e Félix

Goia

Julho de 2014

17 Competitividade do subsector do caju em Moçambique

Máriam Abbas Junho de 2014

16

Mercantilização do gado bovino no distrito de

Chicualacuala

António Manuel Júnior Maio de 2014

15

Os efeitos do HIV e SIDA no sector agrário e no

bem-estar nas províncias de Tete e Niassa

Luís Artur, Ussene Buleza,

Mateus Marassiro, Garcia Júnior

Abril de 2014

14 Investimento no sector agrário João Mosca e Yasser Arafat

Dadá

Março de 2014

13 Subsídios à Agricultura João Mosca, Kátia Amreén

Pereira e Yasser Arafat Dadá Fevereiro de 2014

12 Anatomia Pós-Fukushima dos Estudos sobre o

ProSAVANA:

Focalizando no “Os mitos por trás do ProSavana” de

Natalia Fingermann

Sayaka Funada-Classen Dezembro de 2013

11

Crédito Agrário

João Mosca, Natacha Bruna,

Katia Amreén Pereira e

Yasser Arafat Dadá

Novembro de 2013

10 Shallow roots of local development or branching out for

new opportunities: how local communities in

Mozambique may benefit from investments in land

and forestry exploitation

Emelie Blomgren & Jessica

Lindkvist Outubro de 2013

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33

Título

Autor(es) Ano

9 Orçamento do estado para a agricultura Américo Izaltino Casamo, João

Mosca e Yasser Arafat Setembro de 2013

8 Agricultural Intensification in Mozambique.

Opportunities and Obstacles—Lessons from

Ten Villages

Peter E. Coughlin

Nícia Givá Julho de 2013

7 Agro-Negócio em Nampula: casos e expectativas do

ProSAVANA

Dipac Jaiantilal Junho de 2013

6 Estrangeirização da terra, agronegócio e campesinato

no Brasil e em Moçambique

Elizabeth Alice Clements e

Bernardo Mançano Fernandes Maio de 2013

5 Contributo para o estudo dos determinantes

da produção agrícola João Mosca e

Yasser Arafat Dadá Abril de 2013

4

Algumas dinâmicas estruturais do sector agrário.

João Mosca, Vitor Matavel e

Yasser Arafat Dadá Março de 2013

3

Preços e mercados de produtos agrícolas alimentares. João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2013

2

Balança Comercial Agrícola.

Para uma estratégia de substituição de importações?

João Mosca e Natacha Bruna Novembro de 2012

1

Porque é que a produção alimentar não é prioritária? João Mosca Setembro de 2012

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34

Como publicar

Os autores deverão endereçar as propostas de textos para publicação em formato digital para o e-

mail do OMR ([email protected]) que responderá com um e-mail de aviso de recepção da proposta.

Não existe por parte do Observatório do Meio Rural qualquer responsabilidade em publicar os

trabalhos recebidos.

Após o envio, os autores proponentes receberão informação por e-mail, num prazo de 90 dias, sobre

a aceitação do trabalho para publicação.

O autor tem o direito a 10 exemplares do número do OBSERVADOR RURAL que contiver o artigo

por ele escrito.

Regras de publicação:

Apresentação da proposta de um tema que se enquadre no objecto de trabalho do OMR.

Aprovação pelo Conselho Técnico.

Submissão a uma revisão redactorial num prazo de sessenta dias, a partir da entrega da proposta de

artigo pelo autor.

Informação aos autores por parte do OMR acerca da decisão da publicação, por e-mail, com

solicitação de aviso de recepção, num prazo de 90 dias após a apresentação da proposta.

Caso exista um parecer negativo de um ou mais revisores, o autor tem a oportunidade de voltar uma

vez mais a propor a edição do texto, desde que introduzidas as alterações e observações sugeridas

pelo(s) revisore(s).

Uma segunda proposta do mesmo texto para edição procede-se nos mesmos moldes e prazos.

Um segundo parecer negativo tem carácter definitivo.

O proponente do texto para publicação não tem acesso aos nomes dos revisores e estes receberão

os textos para revisão sem indicação dos nomes dos autores.

A responsabilidade de publicação é da Direcção do Observatório do Meio Rural sob proposta do

Conselho Técnico, independentemente dos pareceres dos revisores.

O texto não pode ter mais que 40 páginas em letra 11, espaço simples entre linhas, e 3 cm em todas

as margens da página (cima, baixo lado e esquerdo e direito).

A formatação do texto para publicação é da responsabilidade do OMR.

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O OMR centra as suas acções na prossecução dos seguintes objectivos específicos:

Promover e realizar estudos e pesquisas sobre políticas e outras temáticas relativas ao

desenvolvimento rural;

Divulgar resultados de pesquisas e reflexões;

Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, seja através de comunicados de imprensa

como pela publicação de textos;

Constituir uma base de dados bibliográfica actualizada, em forma digitalizada;

Estabelecer relações com instituições nacionais e internacionais de pesquisa para intercâmbio de

informação e parcerias em trabalhos específicos de investigação sobre temáticas agrárias e de

desenvolvimento rural em Moçambique;

Desenvolver parcerias com instituições de ensino superior para envolvimento de estudantes em

pesquisas de acordo com os temas de análise e discussão agendados;

Criar condições para a edição dos textos apresentados para análise e debate do OMR.

Patrocinadores:

Av. Paulo Samuel Kankhomba, nº 879

Maputo – Moçambique

www.omrmz.org

O OMR é uma Associação da sociedade civil

que tem por objectivo geral contribuir para o

desenvolvimento agrário e rural numa

perspectiva integrada e interdisciplinar,

através de investigação, estudos e debates

acerca das políticas e outras temáticas

agrárias e de desenvolvimento rural.

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