roteiro de estudo do direito

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ROTEIRO DA DISCIPLINA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

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ROTEIRO DA DISCIPLINA INTRODUO AO ESTUDO DO DIREITO

Prof. Luiz Carlos 1 Perodo do Curso de Direito

Parte I A importncia da Disciplina Introduo ao DireitoConsideraesTrata-se de uma disciplina propedutica, ou seja, vem a ser um estudo preparatrio, que serve de iniciao ou introduo a uma cincia. Segundo o Prof. Antonio Bento Betioli Estas lies so de propedutica jurdica, pois de fato o que buscamos fornecer as noes bsicas e indispensveis compreenso do fenmeno jurdico, introduzindo o acadmico no mundo do Direito e preparando-o para receber conhecimentos futuros mais completos e especficos.

ObjetoEssa propedutica ao estudo dos diversos ramos do Direito possui trplice objeto:1) Procurar oferecer ao iniciante dos estudos jurdicos uma viso panormica doDireito, uma viso de conjunto do Direito, que no pode ser obtidas atravs do estudo isolado de suas partes especiais, dos seus diferentes ramos: Direito Penal, Direito Civil, Direito Constitucional etc.

2) Trazer uma noo acerca dos princpios bsicos e os conceitos gerais do Direito, que ir dar ao acadmico condies favorveis de estudar posteriormente outras disciplinas do ramo do direito.Ex.: conceitos de direito, lei, princpios gerais de direito, valor, norma etc.

3) Apreender as terminologias e mtodos jurdicos, pois cada cincia se expressa por meio de linguagem e mtodos prprios. Assim, o Direito, enquanto cincia, possui uma linguagem prpria, dotado de expresses tcnicas. Fazendo assim necessrio a compreenso desses termos.

ImportnciaSegundo o Prof. Antonio Bento Betioli a importncia da disciplina de Introduo ao Direito se evidencia diante dos seguintes aspectos:a) Auxilia o acadmico no processo de adaptao ao curso de Direito, uma vez que funciona como um elo de ligao entre a cultura geral e a especfica do Direito.b) Cumpre trazer ao acadmico as primeiras noes de saber jurdico.c) Ajuda a desenvolver o raciocnio jurdico despertando o esprito crtico.

DefinioSegundo o Prof. Miguel Reale a disciplina de Introduo ao Direito definida como um sistema de conhecimentos, recebidos de mltiplas fontes de Informaes, destinado a oferecer os elementos essenciais ao estudo do Direito.Seguindo a linha de Miguel Reale, o Prof. Antonio Bento Betioli destaca que a disciplina se apresenta como um sistema de conhecimentos, logicamente ordenados segundo um objetivo de natureza pedaggica, servindo-se de dados obtidos em diversos ramos do saber, como Filosofia do Direito, a Sociologia do Direito, Histria e Teoria Geral do Direito.

Natureza e mtodoDisciplina de carter propedutico. Perspectiva predominante do tipo filosfica, mas se utiliza de outros mtodos e subsdios como a dogmtica jurdica, o direito comparado, a teoria geral do direito, etc.HistricoContexto histrico marcado pela fundao dos cursos jurdicos, em Olinda, e So Paulo, (1827) com a cadeira de Direito Natural.Em 1891 em razo das ideologias positivistas adotadas pela Repblica a cadeira de Direito Natural foi substituda pela Filosofia e Histria do Direito. Em 1931 foi instituda da cadeira de Introduo Cincia do Direito. A Resoluo n 3/72 do Conselho Federal de Educao denominou a disciplina como Introduo ao Estudo do Direito, sendo que a Portaria n 1886, de 30/12/94, do Ministrio da Educao e do Desporto alterou a sua denominao para Introduo ao Direito.

Parte II Noes Gerais sobre a Histria do Direito (Histria do Direito Codificado)ConsideraesAs primeiras sementes do Direito vieram do Oriente, em especial daqueles que povoavam o chamado Crescente Frtil, entre os rios Tigre e Eufrates, rico vale habitado por povos Sumerianos, Acadianos/Babilnicos, Assrios, Caldeus, Medos, Persas, dentre outros que se misturavam, afluram a refluam, combatiam-se, num verdadeiro complexo racial-cultural.Nessa regio habitam hoje seus descentes que continuam pouco se entendendo, como os naturais da Sria, Lbano, Israel, Turquia, Iraque, Ir, Arbia Saudita, Kuwait, Imen, Om, Jordnia e Emirados rabes Unidos, como, ainda, os Palestinos, tentando um lugar ao sol.

Legislaes antigas1 - Leis de UrukaginaDo rei Urukagina, cerca de 3.000 a.c., na regio sumeriano de Lagas indcios esparsos de legislao escrita em sumeriano.2 Papiro de BerlimDocumento egpcio encontrado em Berlim-Alemanha, tratando de atos jurdicos e decises judiciais; no Egito, durante a IV Dinastia (2420/2294 a.c.), no chamado perodo menfita (da capital ento de Mnfis). Nele j se v a proibio de venda de terras que eram do Estado e somente podiam ser alugadas; compra e vendas de mveis; exigncia de pesados tributos; transaes feitas sob juramento; divrcio, tribunais, uso norma de tortura como meio de prova (aplicado inclusive em testemunhas); penas criminais severssimas, tais como fogueira, mutilao, escravido, etc.

3 - Cdigo de HamurabiO mais famoso e considerado o mais perfeito da poca. Feito pelo rei Hamurabi, da Babilnia, escrito em caracteres cuneiformes, encontrado entre 1901/1902, em escavaes na cidade de Susa, antiga capital do Elam, a sudoeste do Ir (antiga Prsia), e hoje capital da Provncia de Sousse, Capital da Tunsia. poca 1728/1686 a.c.H controvrsia em torno da poca exata desse Cdigo.Hamurabi era contemporneo de Abraho. Considerado grande administrador e grande guerreiro reuniu sob seu trono toda a Mesopotmia, desde o Golfo Prsico at o Deserto da Sria, que at ento se dividia entre mais de meia dzia de reinados.Tinha grande senso de justia e se preocupava em reconstruir as cidades que conquistava.Sua grande obra jurdica foi o Cdigo que tem o seu nome, gravado no bloco de diorito negro, chamado de estela com 2,25 m de altura e 2m de circunferncia, que hoje se encontra no Museu do Louvre, em Paris. (Diorito uma espcie de rocha granular caracterizada pela abundncia de plagioclsio espcie de mineral).O Cdigo possui 282 mandamentos, cuidando de assuntos processuais, patrimoniais, de famlia, de heranas, criminais, responsabilidades profissionais de mdicos, pedreiros, barbeiros, etc.Exigncia de contratos escritos; severo nas punies para crimes, inclusive com a pena de talio na reparao de danos (para furto, agresso, etc.: cortar as mos); o devedor podia entregar esposa, filhos ou ele mesmo para pagamento de dvida, trabalhando como escravo do credor; havia salrio mnimo rural; servido nas propriedades; comunho de bens; indenizao por aborto; empalao por adultrio (empalao = suplcio antigo que consistia em espetar o condenado com uma estaca ou ferro pontiagudo pelo nus e deixa-lo assim exposto at a morte); cremao dos culpados em casos de incesto (me-filho), etc.4 Lei MosaicaO nome vem de Moiss, o grande legislador hebreu, nascido no Egito, por volta de 1300 a.c. que conduziu seu povo em busca da Terra da Promisso (prometida), at o Monte Sinai, l recebeu de Deus os 10 Mandamentos. Morreu com aos 120 anos, antes de alcanar a Terra Prometida (Can) e seus ensinamentos e leis transformaram-se mais tarde na Lei Mosaica.Com datas controvertidas, situa-se entre 900/700 a.c. o chamado Direito dos Hebreus e encontra-se na Bblia, da qual parte fundamental do Antigo Testamento 1 Parte chamada de A Lei (Tora), que contm os cinco livros: 1. Gnese; 2. xodo; 3. Levticos; 4. Nmeros, e 5. Deuteronnimo (segundas Leis), posteriormente denominados de Pentateuco (cinco livros).O livro de maior interesse exatamente o Deuternimo, que estabelece mais concretamente os princpios religiosos e jurdicos dos Israelitas.Admite a pena de talio, abrandada: pune rigorosamente o falso testemunho; apedreja o filho desobediente; permite o divrcio; probe o casamento com estrangeiros; trata de locao, direito de vizinhana, indenizaes, pena de morte por blasfmia, idolatria e adultrio; determina o levirato (casamento de viva com cunhado e este se desmoralizava se no aceitasse); filhas no herdavam; admitia o usufruto,etc.Baseado ainda na Lei Mosaica, o Direito Hebreu moderno j no mais o mesmo pelas influncias sofridas do Direito oral.5 Alcoro ou Coro MaomMaom (570/632 d.c.)nasceu em Meca (cidade situada hoje na Arbia Saudita, perto do Mar Vermelho e da cidade de Jiddah).Era quase analfabeto. Aos 40 anos proclamou-se Profeta e partiu para a implantao de sua religio, que tinha Allah como Deus nico e ele como seu intrprete.Seus ensinamentos contrariavam a ordem estabelecida e por isso, perseguido, fugiu de Meca para Medina no ano de 622 data oficial do incio da Religio. O Alcoro compe-se de 114 Suratas subdividas em versculos e trata de Religio, Moral, Poltica e Direito e completada por outro livro chamado Sunna (que relata fatos da vida do Profeta e que servem de modelo de conduta).No Islamismo a mulher tem papel secundrio, embora haja amparo s divorciadas; as esposas (podem ser at quatro) devem ser tratadas de forma igual; adota a lei de talio; protege os rfos, pena severa para os adlteros (homem e mulher); castidade para os solteiros; proibidos o jogo e as bebidas alcolicas; os ladres tm as mos cortadas; exige absoluta obedincia religiosa; a mulher no deve mostrar seu rosto, seno aos seus familiares, no recesso do lar, e completamente inferiorizadaAceitaram a existncia de Cristo, mas no como divindade.

Codificaes da Idade Mdia e Modernas (Ordenaes do Reino de Portugal eCdigo de Napoleo) frequente na Historia dos Povos a tentativa de consolidao de poderes institudos, que possibilitam a melhor distribuio da justia. Principalmente, frequente esta tentativa de compilar legislaes aps longos perodos de produo espontnea. por exemplo assim, que se explicam o aparecimento dos Cdigos histricos como o Corpus Iuris Civilis, a Lei das XII Tbuas, o Cdigo Visigtico (FueroJuzgo), o Cdigo de Eurico e muitos outros.A Idade Mdia, compreendida entre os sculos V e XV, quando Constantinopla caiu ao poder dos Turcos, em 1453, embora considerada como perodo letrgico, com predomnio da Igreja e seus Dogmas, sufocando o progresso, foi como uma espcie de fermentao do Pensamento Humano, que eclodiu de forma estupenda na Renascena.No campo jurdico, continuou a busca de diretivas que j vinham do passado e que, sem dvida, ajudariam os futuros codificadores. Em 406 as Leis Visigticas (povo antigo da Germania) consolidavam de forma escrita os seus usos e costumes, logo seguidas pelo Brevirio de Alarico ou Lex Romana Visigothorum (Lei Romana dos Visigodos).Em 608 surgia o Cdex Visigothorum ou FueroJusgo ou ainda LiberJudicum, leis estas que prevaleceram na Pennsula Ibrica mesmo durante os 700 anos de denominao mouro-muulmana e aps a Lei Salica, de 508, para os Francos.Em 710 a Lex Alamannorum vigia para os Alamanos, antecedida pelo Edito Langobardorum ou Cdigo Lombardo, de 643. (Lombardia Itlia).Todas essas leis, escritas, misturavam-se tambm com usos e costumes, ao tempo em que apareciam obras de cincia jurdica como speculum, inspirada no Direito Romano e a Spiegel, baseada no Direito Germnico.Seguiram-se as chamadas Capitulares, de Carlos Magno, enquanto o Direito Cannico expandia-se com Roma tornada catlica e codificada em 1234 por Gregrio IX.Por outro lado, no sculo XII os glosadores (juristas que comentavam textos) da Universidade de Bolonha (Itlia) redescobriram e divulgaram o Direito Romano na Europa, enquanto em 1263, na Espanha, Afonso X redigia as Leis das Sete Partidas, logo adotada por Portugal, embora s passasse a vigir na Espanha em 1348.Em Portugal, D. Duarte com sua sistematizao de 1433, D. Afonso V com as Ordenaes Afonsinas, D. Manuel I com as Manuelinas, aquelas de 1446 e estas de 1521; D. Sebastio, com sua Compilao de 1569 e Felipe II com as Ordenaes Filipinas, de 1603, todas de inspirao romana acompanhavam o surto renovador do Renascentismo, injetando oxignio novo na Europa, com repercusses gerais.No sculo XV j havia em Portugal diversas leis emanadas das culturas da Antiga Roma, dos germanos e a cultura eclesistica. Mas faltava certa sistematizao que possibilitasse a ideia de uma unidade jurdica. Precisava, assim, determinar quais seriam as fronteiras do Direito Cannico e do Direito Romano bem como definir suas relaes com os princpios do Direito Natural. Ainda no sculo XIV, durante o reinado de D. Joo I (1385-1433), a Corte se queixava do problema. Depois de algum tempo, o corpo legislativo, resultado de uma compilao que se pretendia exaustiva, foi publicada em 1446, recebendo o nome de Ordenaes Afonsinas em homenagem ao rei Afonso V.A compilao das Ordenaes Afonsinas continha elementos de Direito Cannico, Direito Germnico e de Direito Romano. Quando o assunto era de ordem temporal e se no envolvesse nenhuma espcie de pecado, prevalecia o Direito Romano. Quando o assunto era de ordem espiritual (relativo ao mundo supra-sensvel) prevalecia o Direito Cannico. Em casos de problemas temporais e que no tivesse previsto na legislao, o Direito Cannico era invocado a fim de suprir a lacuna. Quando os dois "direitos" (Romano e Cannico) fossem omissos, recorria-se, em ltima instncia ao rei. Diz-se que as Ordenaes Afonsinas teriam cumprido o papel desejado que, de incio, era a sistematizao do ordenamento jurdico da Corte Portuguesa. A tcnica legislativa usada para a elaborao daquelas, conforme anlise de Paula, foi a compilao - que consiste na transcrio na ntegra de fontes anteriores com a declarao dos termos em que esses preceitos eram confirmados, alterados ou afastados. Contudo, a quantidade de leis, distribudas em cinco volumes, tornava onerosa e lenta a sua reproduo. No primeiro quartel do sculo XVI foram compiladas as leis que foram revisadas ou reformadas do antigo ordenamento dando origem s Ordenaes Manuelinas. O que aconteceu com o antigo corpo legislativo? D. Manuel teria mandado a todos que desfizessem das antigas leis. O juiz que utilizasse ou invocasse qualquer aspecto da antiga lei, seria condenado multa. A desobedincia a essa regra tornava o infrator um criminoso pblico, passvel de ser punido com o exlio das Colnias de alm-mar.Quais teriam sido as modificaes mais importantes que podem ser observadas nas Ordenaes Manuelinas em relao as anteriores (Ordenaes Afonsinas)? Em se tratando da parte formal, no houve alteraes. As leis continuaram dividas em cinco livros, em ttulos e pargrafos. Quanto ao contedo, observa-se que no final do sculo XV (1496) os judeus foram expulsos do Reino. Assim, as leis que lhes diziam respeito foram abolidas. E por fim, as Ordenaes Manuelinas, ao contrrio das anteriores, no faziam referncia direta s leis antigas. Aquelas foram redigidas na forma de decretos como se novas fossem.As Ordenaes Filipinas viriam substituir as Ordenaes Manuelinas num cenrio poltico peculiar: momento em que as Coroas Portuguesa e Espanhola foram unidas por circunstncias histricas. Pensava-se que haveria uma ruptura radical, o que no ocorreu. No final do sculo XVI (1595) as Ordenaes Filipinas foram aprovadas e entraram em vigor no incio do sculo XVII (1603). No so nada inovadoras e preservam, num sentido formal, o mesmo aspecto das Ordenaes anteriores.E de todo esse movimento acabou por fixar-se j no final da Idade Mdia, o Direito Medieval, um caldeado do Direito Romano de Justiniano com o Direito Cannico, mais as Leis Mercantis do Mediterrneo, os Direitos escrito e consuetudinrio dos brbaros e ainda o Direito Natural.As Codificaes realmente grandes comearam com as 7 Partidas depois pelas Ordenaes do Reino, seguidas mais tarde pelos Cdigos Escandinavos. No abrir do sculo XX, em 1904, surge o grande e ainda hoje considerado exemplar, Cdigo Civil Francs, o famoso Cdigo de Napoleo, elaborado por ordem e com a colaborao pessoal o prprio Napoleo Bonaparte, ento no Poder e trazendo em seu bojo os reflexos da Revoluo Francesa de 1789.Considerado obra-prima, o Cdigo de Napoleo influenciou e ainda influencia vrios outros, tendo sido at mesmo adotado por alguns pases.Inaugurou de forma definitiva o estilo de tratar cada Cdigo de matria nica.Pela sua repercusso, o Cdigo de Napoleo serviu at para que surgisse a Escola da Exegese, que no admitia interpretao nenhuma alm da letra do Cdigo, que para eles era completa, sem lacunas. Mas isso no livrou a Escola citada de crticas, algumas at contundentes.Desde ento, a Codificao em tal estilo foi sendo adotado em diversos pases, vindo repercutir no Brasil em 1830, com a criao do primeiro Cdigo ptrio, o Cdigo Criminal, de 1830, logo seguido pelo Cdigo de Processo Criminal de 1832.

Herana do Direito GregoApesar de no terem sido excepcionais em seu Direito, pode-se dizer que eles:- disciplinaram a propriedade privada;- criaram alguns tipos embrionrios de contratos;- aplicaram a eutansia;- criaram a democracia;- davam mais valor ao Direito Pblico;- tinha um Direito Penal muito severo;- criaram algumas figuras jurdicas ainda hoje largamente utilizadas, inclusive no Direito ptrio, tais como:- quirografrio: ato escrito do devedor. Por exemplo: Um cheque, uma nota promissria, so documentos ou ttulos quirografrios e os que possuem so credores quirografrios.- enfiteuse: um aforamento agrcola de tipo especial.- anticrese: pagamento de dvidas com frutos de imvel; consignao de rendimentos.

Importante: Na primeira acepo acima, constitui-se em um contrato pelo qual um devedor transfere a um credor a posse de seu imvel, para o fim de este perceber seus frutos e rendas, com o encargo de os imputar sobre o dbito, at o completo pagamento deste.Na segunda acepo, trata-se de um direito real (ius in re) sobre imvel alheio (aliena), em que o credor apropria-se da coisa, a fim de perceber-lhe os frutos (rendimentos), deduzindo-os do montante da dvida, at sua integral quitao, na proporo entre capital e juros, em alguns casos podendo ser somente para quitao dos juros.- hipoteca: garantia sobre bem imvel;- sinalagmtico: contrato com vantagens e nus recprocos, como por exemplo, um contrato de locao?

Herana do Direito RomanoConsideraes Importncia do Direito Romano (Leis, Lei das XII Tbuas, Corpus Iuris Civilis)No passado, foi em Roma que o Direito atingiu seu maior grau de desenvolvimento e importncia. Isso, talvez, por ter sido um Imprio que exigia slida estrutura poltica e administrativa, ao contrrio dos gregos, minsculas cidades-estados, com seus poucos cidados participando diretamente da vida pblica, enquanto os romanos preocupavam-se mais com o Direito Privado.Os romanos souberam transpor para a prtica do Direito Positivo as abstraes terico-filosficas, tentando sempre e cada vez mais conciliar a magnitude do Direito Natural com a imperatividade do Direito Positivo:a) ele to importante, no tanto pelo nmero de leis, mas, pelo fato de as terem hierarquizado, ordenado e definido as relaes jurdicas e as formas que a elas adaptou;b) Por hav-las classificado, conforme suas causas e origens e por terem separado o Direito da Moral e da Religio;c) Pela anlise dos efeitos;d) Pela criao da cincia e da arte do Direito, com elementos dispersos e diferentes, proporcionados por vrias fontes;e) Pelo surgimento de uma verdadeira mentalidade e procedimento capazes de submeterem todo dado jurdico a uma norma passo a passo com a evoluo social e desta se servindo com inteligncia;f) Por ter servido e ainda continuar servindo de fonte legislao de inmeros pases, inclusive o Brasil,g) Por sua perfeio conceitual, tcnica e de linguagem;h) Pela perfeita distino entre Direito Pblico e Privado.

O Direito Romano e as LeisO direito romano, a princpio, era consuetudinrio, at que por volta de 452 a.c. surgiu a primeira grande lei romana: a Lei das XII Tbuas.Depois apareceram inmeros editos dos Pretores; pareceres dos jurisconsultos, decretos, resolues judiciais nas solues dadas pelo Imperador a consultas leis diversas, Cdigos, tais como Gregoriano, Hermogeniano, Theodosiano, Lei Romana dos Visigodos, Instituies de Gaio, Lei Romana para a Borgonha, Edito de Teodorico e, finalmente, o grande Corpus Iuris Civilis, ou CorpusIuris Romanorum, ou simplesmente o corpus Iuris, de Justiniano I, que reunia ou consolidava o geral das normas e jurisprudncia anteriores.

Lei das XII TbuasA Lei das XII Tbuas foi o primeiro e bsico pilar de todo do Direito Romano eu veio depois.As condies do povo em geral melhoraram muito e a lei tornou-se mais justa, defendendo-se mais o pobre contra o domnio do rico, embora fosse ainda muito severa em certos aspectos:- a pena de Talio foi mantida, porm com suavidade e de rara aplicao;- havia indenizaes por mortes e acidentes;- proteo a menores;- penas mais suaves nos crimes contra o patrimnio, por exemplo, o ladro poderia ser eventualmente morto, ser escravo, mas , a critrio da vtima.- falso testemunho punido com morte por precipitao do alto de um morro;- mais respeito pela liberdade civil e liberdade e autonomia individuais, embora ainda com restries para os Plebeus;- o direito deixava de ser privilgio exclusivo da classe patrcia e perdia seu carter religioso;- qualquer um podia oferecer cauo para o pobre;- emprstimos com juros superiores a um por cento ao ano, o emprestador seria condenando a devolver em qudruplo;- se um pai vendesse o filho por mais de trs vezes, o filho estava livre o jugo paterno;- qualquer que fosse a forma pela qual um pai de famlia houvesse disposto dos seus bens e sobre a tutela de seus filhos, a sua vontade teria fora de lei;- aps dois anos de posse seria adquirida a propriedade da terra e a dos bens mveis, aps um ano,- o escravo que pagasse a quantia para seu resgaste estabelecida por testamento estava livre.- se algum causasse dano (mesmo por acidente) tinha que reparar o dano;- era proibido o casamento entre patrcios e plebeus.Com o tempo, inovaes foram sendo feitas, para melhor, e a plebe foi cada vez mais conquistando novos direitos.

Corpus Iuris CivilisEntre a Lei das XII Tbuas (452 a.c.) e o Corpus Iuris (529 a.c.) tem-se aproximadamente 980 anos e durante esse longo tempo, milhares de leis e editos e textos jurisprudenciais foram publicados e o direito tornava-se bastante confuso.Ao assumir o trono do Oriente, Justiniano nomeou dez membros para codificar as leis existentes, simplificando-as e procurando eliminar as repeties e contradies. O trabalho foi feito e um novo Cdigo surgia em 529.Em 530, nova Comisso, ainda sob a chefia de Triboniano, selecionava o sumo da jurisprudncia de at ento, e em 533 surgia o Digesto ou Pandectas, obra seca, sem comentrios, divididas em 50 livros.O 1 Cdigo tinha dois livros e o 2 tinha doze livros divididos em Ttulos estes em Constituies.Entretanto Justiniano observou que tanto o Cdigo como o Digesto eram obras muito pesadas para os iniciantes no estudo da cincia do Direito e ento determinou que Triboniano, Doroteu e Tefilo, juristas e professores, redigissem um livro introdutrio, didtico, elementar e tal obra foi publicada em novembro de 533, constando quatro livros, divididos em Ttulos e em pargrafos, com os Ttulos de Institutas.O conjunto da compilao justininea foi publicada pela primeira vez em 1583, pelo francs romanista Denis Godefroy e foi ele quem deu grandiosa obra o nome de Corpus Iuris Civilis que, apesar de suas muitas imperfeies, a expresso maior do Direito Romano, base do direito da maioria das naes modernas, inclusive o Brasil, cujo Cdigo Civil, dentre vrios artigos possui razes inspirada do direito romano.

Parte III - NOES GERAIS DE DIREITO: O Mundo da Natureza e O Mundo daCultura.O que Direito? Qual a finalidade do Direito? Acepes da palavra Direito- Direito Natural x DireitoPositivo- Direito Objetivo e Direito Subjetivo- Ordem Jurdica

O Mundo da Natureza e O Mundo da CulturaPodemos considerar a realidade sob duas formas distintas, quais sejam: O Mundo da Natureza e o Mundo da Cultura.

O Mundo da Naturezatudoaquiloquenosfoidado.Existeindependentedaatividadehumana.Trata-se de realidade natural.Aquiexistem as leis fsico-matemticas queso regidas pelo princpio da causalidade, ou seja, so leis cegas aos valores.So meramenteindicativas.Ex: a Terra um planeta.

Princpiodacausalidade:nanaturezanadaocorreporacaso.Cadafenmeno tem sua explicao em uma causa determinante. Esse princpiocorresponde ao nexo existente entre a causa e o efeito de um fenmeno.O Mundo da Cultura tudo aquilo que vem sendo construdo pelo homem ao longo dahistria.Trata-se derealidade humano-cultural-histrica. aqui que se situa o DIREITO.O homem produz as leis culturais, que so normas imperativas deverser.Ex: O homem deve ser honesto.O pai e ame devem alimentar seus filhos.O devedor deve pagar ocredor.No se deve matar ningum.O homem planeja e constri seu mundo de acordo com seus ideais.Tem liberdade criadora.Humaniza a natureza.O DIREITO faz parte dessa humanizao, que foi criado para regular epossibilitar a convivncia e as relaes humanas, ou seja,A GARANTIA DE COEXISTNCIA.

O que Direito?1 Conceito:Conjuntodenormas/leisestabelecidasporumpodersoberano, que disciplinam a vida social de um povo.(Dicionrio Aurlio)2 Conceito: O Direito processo de adaptao social, que consiste emse estabelecerem regras de conduta, cuja incidncia independente da adesodaqueles a que a incidncia da regra jurdica possa interessar. (Pontes deMiranda)Qual a finalidade do Direito?O Direito est em funo da vida social. A sua finalidade a defavorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que uma das bases do progresso dasociedade. (Paulo Nader)O Direito prope-se a promover os alicerces da convivncia pacfica epromissora. Essa a finalidade do conjunto de normas jurdicas impostas pelasociedade a si mesma, atravs do Estado, para manter a ordem e coordenar osinteresses individuais e coletivos. (Joo BatistaNunes Coelho)Finalidade bsica COEXISTNCIA PACFICAMxima em Direito: NINGUM SE ESCUSA DE CUMPRIR A LEI, ALEGANDO QUE NO A CONHECE. (art.3, do Decreto-Lei n 4657/42 Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro)O fim atribudo ao Direito no o de criar uma ordemideal, mas uma ordem real deconvivncia.Thomas Hobbes (1588-1679)Problemas de epistemologia jurdica Origens do VocbuloAo estudar o direito como cincia, devemos naturalmente examinar sua definio, assim como o lugar que ele ocupa no conjunto das cincias e a natureza de seu objeto. Tais problemas pertencem ao campo da Epistemologia Jurdica.Epistemologia, do grego epistme (cincia) e logos (estudo), significa etimologicamente teoria da cincia.H, entretanto, na linguagem filosfica, certa impreciso e diversidade de conceitos sobre a exata significao do vocbulo. Lalande define Epistemologia como o estudo crtico dos princpios, das hipteses e dos resultados de cada cincia. De qualquer forma, os problemas citados: definio de direito, sua posio no quadro das cincias, a natureza de seu objeto constituem inquestionavelmente temas de Epistemologia do Direito.Definio nominal e realConceituar o direito defini-lo. E h duas espcies de definio:a) nominal, que consiste em dizer o que uma palavra ou nome significa;b) real, que consiste em dizer o que uma coisa ou realidade .

Origens dos vocbulos direito e jurdicoQue significa a palavra direito? Qual a sua origem?Essa palavra tem sua origem num vocbulo do baixo latim: directum ou rectum, que significa direito ou reto.Mas, existe outro conjunto de palavras que, nas lnguas modernas, liga-se noo de direito. Esse conjunto representado pelos vocbulos: jurdico, jurisconsulto, judicial, judicirio, jurisprudncia etc.Qual a origem desses vocbulos? visvel que a etimologia dessas palavras encontra-se no termo latino jus (juris), que significa direito.Alguns pretendem que jus se tenha constitudo no idioma latino, como derivado de jussum, particpio passado do verbo jubere, que significa mandar, ordenar. Outros preferem ver no vocbulo jus uma derivao de justum, isto , aquilo que justo ou conforme justia.Como confirmao dessas hipteses so indicados vocbulos de uma tradio ainda mais antiga. Jus, uma derivao da idia de justia ou de santidade (justum), o vocbulo do idioma vdico ys, que significa bom, santo, divino, de onde parece terem sido originadas as expresses Zeus (Deus ou o pai dos deuses, no grego) e Jovis (Jpiter, no latim).Assim, para citar alguns autores que mais diretamente estudaram o problema, Ihering, que afirma: Jus significa vnculo, da raiz snscrita Y (ligar), de onde derivam: jugo, jungir e outras inmeras palavras.Mas, de outro lado, ilustres autores, como Schrader, Mommsen e Breal, adotam a tese de a palavra jus liga-se ao que justo, santo, puro. Para Breal o pensamento ancestralmente contido nessa palavra seria o da vontade ou do poder divino.Evidentemente, textos de Direito Romano, define o direito como a arte do bem e do justo, ou a jurisprudncia como o conhecimento das coisas divinas e humanas e a cincia do justo e do injusto.

Acepes da palavra DireitoA acepo da palavra Direito comporta cinco realidades diferentes: Norma: a regra social obrigatria. Faculdade: a prerrogativa que o Estado tem de criar leis. Justo: o que devido por justia. Cincia: a sistematizao terica e racional do Direito. Fato Social: o est ligado aos fatos sociais econmicos, artsticos, culturais, esportivos, etc.

Direito = referncia Cincia do Direito.Ex: Fulano aluno de Direito. (aqui, Direito no significa normas de conduta social, mas sim a cincia queestuda o Direito).Cincia do Direito = setor do conhecimento humano que investiga esistematiza os conhecimentos jurdicos.

Pluralidade de Significaes do Direito Cinco realidades fundamentaisConforme visto acima consideremos novamente as expresses seguintes:1 o direito no permite o duelo;2 o Estado tem o direito de legislar;3 a educao direito da criana;4 cabe ao direito estudar a criminalidade;5 o direito constitui um setor da vida social.

Assim, no primeiro caso direito significa a norma, a lei, a regra social obrigatria.Na segunda expresso direito significa a faculdade, o poder, a prerrogativa que o Estado tem de criar leis.Na terceira expresso direito significa o que devido por justia.Na quarta expresso direito significa cincia, ou, mais exatamente, a cincia do direito.Na ltima e quinta expresso direto considerado como fenmeno da vida coletiva. Ao lado dos fatos econmicos, artsticos, culturais, esportivos etc., tambm o direito um fato social.1) Direito normaDireito, no sentido de lei ou norma, uma das acepes mais comuns do vocbulo. Muitos autores o denominam direito objetivo, em oposio ao direito subjetivo ou direto-faculdade.Essa denominao, no entanto, imprpria, porque outras acepes do direito, como justo ou fato social, so tambm, objetivas. Direito objetivo no apenas a lei. Inmeras definies correntes referem-se acepo do direito como lei. Assim como, a de Clvis Bevilqua, em sua Teoria Geral do Direito Civil, conceitua o Direito como uma regra social obrigatria. Ou a de Aubry e Rau: O Direito o conjunto de preceitos ou regras, a cuja observncia podemos obrigar o homem, por uma coero exterior ou fsica.Mas, direito, na acepo de norma ou lei, indica realidades diferentes, quando se refere: a) ao direito positivo e ao direito natural; b) ao direito estatal e ao direito no-estatal (ou social).

Direito Natural e Direito PositivoSo duas realidades distintas.DireitoNatural:revelaaolegisladorosprincpiosfundamentaisdeproteo ao homem que forosamente devero ser consagrados pela legislaoa fim de que se obtenha um ordenamento jurdico justo.O Direito Natural no escrito, no criado pela sociedade e nem formulado pelo Estado. um Direito espontneo que se origina na naturezasocial do homem e que revelado pela experincia e razo. Princpios decarter universal e imutveis.Direito natural constitudo pelos princpios que servem de fundamento ao Direito positivo.Ex: direito vida, direito liberdade.

Direito Positivo: o Direito institucionalizado pelo Estado. a ordemjurdica obrigatria em determinado tempo e lugar.Direito positivo constitudo pelo conjunto de normas elaboradas por uma sociedade determinada, para reger sua vida interna, com a proteo da fora social. Ex: Cdigo Civil, Cdigo Penal, etc.

2) Direito faculdadeDireito - faculdade ou Direito poder empregado para designar o poder de uma pessoa individual ou coletiva, em relao a determinado objeto. Meyer o define como: o poder moral de fazer, exigir ou possuir alguma coisa.A expresso direito subjetivo um poder do sujeito, uma faculdade reconhecida ao sujeito ou titular do Direito.Existem duas acepes diferentes de direito subjetivo:a) Direito interesse:so os direitos concedidos ou reconhecidos no interesse de seu titular como meios de permitir-lhe a satisfao de suas necessidades materiais ou espirituais. o direito institudo em benefcio de seu titular.

b) Direito funo: o Direito conferido ao pai no interesse do filho. o Direito institudo em benefcio de outras pessoas.

Direito Objetivo e Direito SubjetivoNo so realidades distintas, mas dois lados do mesmo objeto.Direito Objetivo(Jus norma agendi): o Direito norma deorganizao social.Ex: Cdigo Civil, Cdigo Penal.Direito Subjetivo(Jus faculta agendi): corresponde s possibilidades ou poderes de agir queaordem jurdica garante a algum.Ex: Determinado pessoa tem direito indenizao por danos morais. ( A PARTIR DO CONHECIMENTO DO DIREITO OBJETIVO QUEDEDUZIMOS O DIREITO SUBJETIVO)

3) Direito justoTrata-se do Direito na acepo de justo e o relaciona com o conceito de justia.Existem duas acepes relacionadas:a) direito designa o bem devido por justia.Ex: o salrio direito do trabalhador; significa aquilo que devido por justia.b) justo significa a conformidade com a justia.Ex: quando se diz: no direito condenar um anormal; quer dizer que: no conforme a justia.4) Direito cincia quando se emprega o sentido da palavra cincia, quando falamos em estudar direito.Sob a definio de Hermann Post: Direito a exposio sistematizada de todos os fenmenos da vida jurdica e a determinao de suas causas.5) Direito fato social o direito como setor da vida social e deve ser estudado sociologicamente e independe de outras acepes. dentro dessa perspectiva que se situa a Sociologia do Direito. Sob a definio de Gurvitch: uma tentativa para realizar, num dado meio social, a idia de justia, atravs de um sistema de normas imperativo atributivos.

Ordem Jurdica a expresso que coloca em destaque uma das qualidades essenciais doDireito Positivo, que a de agrupar normas que se ajustam entre si e formamum todo harmnico e coerente depreceitos.

Parte IV Homem, Sociedade e Direito (Instrumentos e Controle Social) Caractersticas do Direito (Imperatividade, Heteronomia, Coercibilidade e atributividade)

A necessidade do fenmeno jurdico consiste em descobrir os elos que vinculam o homem, a sociedade e o direito. Assim, devemos analisar essas acepes no separadamente, pois no so autossuficientes, ou seja, no podem conviver isoladamente.

1. Sociabilidade HumanaO homem um ser social e poltico. Aonde quer que viva, ou viveu no passado, sempre encontrado em estado de convivncia com outros. Desde seu aparecimento na terra, surge em grupos sociais, inicialmente pequenos (famlia, cl, tribo) e depois maiores (aldeia, cidade e Estado).Segundo o Prof. Antonio B. Betioli fato indiscutvel que o elemento humano dado associao; no h para o homem outro ambiente para sua existncia seno o social. Homem algum uma ilha. Ubi homo, ibi societas (onde o homem, a a sociedade).Alm de ser social, o homem tambm um ser poltica. Homem apesenta duas dimenses: a sociabilidade e a politicidade.Para o Prof. Antnio Bento Betiolisociabilidade a propenso do homem para viver junto com os outros e comunicar-se com eles, torn-los participantes das prprias experincias e dos prprios desejos, conviver com eles as mesmas emoes e os mesmos bens, a politicidade conjunto de relaes que o indviduo mantm com os outros, enquanto faz parte de um grupo social. So dois aspectos correlatos de um nico fenmeno. O homem socivel e por isso tende a entrar em contato com os seus semelhantes e a forma com eles certas associaes estveis. Porm, comeando a fazer parte de grupos organizados, torna-se um ser poltico, ou seja, membro de uma polis, de uma cidade, de um Estado, e, como membro de tal organismo, adquire certos direitos e assume determinados deveres. (Introduo ao Direito Antonio Bento Betioli)

2. Sociedade, Interao e Controle SocialConceito de Sociedade: Grupo social. Agrupamentos de pessoas em processo de interao.Para o Prof. Antonio Bento Betioli so trs as caractersticas de sociedade: multiplicidade de indviduos, interao e previso.a) Multiplicidade de indivduos: A reunio de homens para fazer algo comum.b) Interao: Desenvolvimento de aes recprocas, de forma que ao de uns correspondam aes correlatas de outros, dentro de uma estrutura bem definida.c) Previso de comportamento: o agir orientando-se pelo provvel comportamento do outro e tambm pela interpretao que faz das expectativas do outro em relao ao seu comportamento.

Segundo o Prof. Antonio Bento Betioli a interao se apresenta na forma de cooperao, competio e conflito.Para o Prof. Paulo Nader na cooperao as pessoas esto unidas por um mesmo objetivo e valor e por isso conjugam esforos; na competio h uma disputa, uma concorrncia e o conflito nasce a partir de um impasse, quando os interesses em disputa no so resolvidos de forma amigvel.Os conflitos segundo Prof. Betioli so fenmenos naturais a qualquer sociedade; e quanto mais esta se desenvolve, mais se sujeita a novas formas de conflito, tornando-se convivncia, se no o mairocertamento um dos maiores desafios

Instrumentos de Controle SocialSegundo o Prof. Betioli nenhuma sociedade poderia subsistir se ela se omitisse diante do choque de foras sociais e do conflito de interesses que se verificam constantemente em seu interior. No haveria vida coletiva se fosse permitido que cada indivduo procedesse de acordo com seus impulsos e desejos pessoais, sem respeitar os interesses dos demais.Segundo o Prof. esse processo de regulamentao da conduta em sociedade recebeu o nome de controle social. E os meios de que se serve a sociedade para regular a conduta de seus membros nas relaes com os demais so os instrumentos de controle social: a religio, a moral, as regras de trato social e o direito.

O Direito como Instrumento de Controle SocialPara o Prof. Betioli o direito no o nico responsvel pela harmonia da vida em sociedade, uma vez que a religio, a moral, as regras de trato social igualmente contribuem para o sucesso das relaes sociais. Se no o nico valor, nem o mais alto, contudo, a garantia precpua da vida em sociedade.Para o Prof. Paulo Nader o Direito como instrumento de controle social regrar a conduta social, com vistas ordem e justia, e somente os fatos sociais mais importantes para o convvio social que so juridicamente disciplinados. O fato primordial que o direito, dentro da faixa que lhe prpria, provoca, pela preciso de suas regras e sanes, um grau de certeza e segurana no comportamento humano, que no pode ser alcanado pelos outros tipos de controle social.Com precisa sabedoria o Prof. Betioli relata que em relao ao conflito, a ao do direito opera-se em duplo sentido:a) Age preventivamente diante do conflito;b) Diante do caso (conflito) concreto, o direito apresenta a soluo.

E assim define o grande mestre: O direito procura assim, responder s necessidades de ordem e justia da convivncia em sociedade.

Caractersticas do Direito Para estudarmos, ou melhor, distinguirmos o direito dos demais instrumentos de controle social devemos necessariamente saber quais so as suas caractersticas.E para tanto, citamos aos estudos do Prof. Betioli abaixo que com preciso nos remete a quatro caractersticas do Direito.

1 ImperatividadeO direito por excelncia imperativo, porque sua norma traduz um comando, uma ordem, uma imposio para fazer ou deixar de fazer alguma coisa. A regra do direito cria, pois, uma obrigao jurdica, um dever jurdico, cuja observncia urgida pela sociedade.No se trata de mera descrio ou aconselhamento. As normas jurdicas no foram enunciadas para ser contempladas, mas sim para ser cumpridas, prevendo-se concomitantemente a consequncia do seu no cumprimento, no que consiste o seu carter imperativo.Na lio de Miguel Realeela (norma) deve, antes, ser vista como expresso axiolgica do querer social. Com outras palavras, toda norma jurdica obriga porque contm preceito capaz de realizar um valor, porque sempre consagra a escolha de um valor que se julga necessrio preservar.

2 HeteronomiaPara Betioli a expresso devida a Kant, que por primeiro afirmou ser o direito heternomo.O fenmeno da heteronomia se verifica uma vez que so elaboradas por terceiros, as normas de direito podem coincidir ou no com as convices que temos sobre o assunto. No entanto somos obrigados a obedec-las, devemos agir de conformidade com seus mandamentos. O direito indiferente a adeso interior dos sujeitos ao contedo das suas normas; ele quer ser cumprido com a vontade, sem a vontade ou at mesmo contra a vontade do obrigado. (Exemplo: nem todos pagam o imposto de renda de boa vontade, no entanto o direito exige)Isso significa que as normas jurdicas so impostas, valem objetivamente, independentemente da opinio e do querer dos seus destinatrios. Nas lies do Prof. Miguel Reale, essa validade objetiva e transpessoal das regras jurdicas, s quais indiferente a adeso interior dos sujeitos ao seu contedo.

3 CoercibilidadeO direito coercvel, ou seja, goza da possibilidade de invocar o uso da fora para se valer, se necessrio. Caso no observado voluntariamente, o indivduo corre o risco de ser compelido, ou seja forado.Por isso o dizer da compatibilidade da fora com o direito, sendo esta (fora) organizada em defesa de seu cumprimento.Necessrio, contudo, distinguir a fora em ato (coao) e em potncia (coero)Ato designa o ser realizado em sua ordem, a atualizao de um fato. Potncia a aptido para receber um ato (potncia passiva) ou para produzir um ato (potncia ativa).Fora em ato significa a fora acontecendo, realizando-se, a fora efetiva, atualizada e atuando.Fora em potncia, pelo contrrio, a fora como possibilidade de acontecer, como objeto de uma possibilidade de vir a ser.Fora em ato chamamos de coao (coatividade, coativo ou coercitivo) e a fora em potncia de coero (coercibilidade, coercvel).

4 Atributividade (Bilateralidade atributiva) prprio do direito ordenar a conduta de maneira bilateral atributiva. O que significa isso?Para o Prof. Miguel Realevem a ser uma proporo intersubjetiva, em funo da qual os sujeitos de uma relao ficam autorizados a pretender, exigir, ou a fazer, garantidamente, algo, ou seja, h bilateralidade atributiva quando duas ou mais pessoas se relacionam, segundo uma proporo objetiva, que as autoriza a pretender, exigir ou fazer, garantidamente, algo.a) Relao Intersubjetiva: Significa dizer que a relao jurdica une duas ou mais pessoas. a bilateralidade em sentido social (a presena de outro).b) Proporo objetiva: A relao entre os sujeitos deve ser objetiva, isto , nenhuma das partes deve ficar merc da outra.c) Exigibilidade:Da proporo estabelecida deve resultar a atribuio de pretender, exigir ou fazer alguma coisa. d) Garantia: Da relao jurdica resulta a atribuio garantida de uma pretenso ou ao. Por isso que o direito goza da coercibilidde, ou seja, a possibilidade do recurso da fora que emana do Estado.

Para o Prof. Miguel Reale o Direito coercvel, porque exigvel, e exigvel porque bilateral atributivo.

Paralelo entre Direito, Religio, Moral e normas de Trato SocialAo realizar um paralelo entre Direito, Religio, Moral e normas de Trato Social devemos fazer algumas distines:

a) O direito heternomo , ou seja, ele pode contentar-se com a adequao exterior do ato regra, dispensvel a adeso interna ao seu contedo por parte de seus destinatrios. Obriga os indivduos independentemente de suas vontades.b) A religio autnoma , ou seja, a necessria interioridade do ato religioso no suporta o jugo de mera exterioridade ( o querer desejado internamente pelo indivduo).c) A moral autnoma, implica a adeso do esprito ao contedo da regra moral, implica a convico de que se deve respeit-la porque vlida em si mesma. As normas morais cumprem-se atravs da convico ntima dos indivduos e exigem, portanto, uma adeso interna.d) As normas de trato social so heternomas, ou seja, para o seu atendimento basta a adequao exterior do ato regra, sendo dispensvel a adeso interna ao seu contedo.

O direito coercvel, h a possibilidade de invocar o uso da fora para a execuo da norma jurdica. A religio incoercvel. Uma orao, por exemplo, fruto da fora ou da coao, perde todo o seu valor. A moral incoercvel. O ato moral no pode ser forado, uma vez que a moral o mundo da conduta espontnea. As normas de trato social so incoercveis. Quem desatende pode sofrer uma sano social, mas no pode ser forado a pratic-las. Por exemplo, ningum pode ser coagido a ser corts.

Quadro Sintico

NOTASIMPERATIVIDADEHETERONOMIACOERCIBILIDADEBILATERALIDADEATRIBUTIVIDADE

DireitosimSimsimsimsim

ReligiosimNononono

MoralSimNononono

Trato SocialsimSimnosimno

Parte V Direito, Moral e Religio

Estabelecer as diferenas entre direito, moral e religio importante para a compreenso do fenmeno jurdico.

Para tanto, citamos novamente os ensinamentos do Prof. Betioli:

Direito e Moral

As diferenas podem ser analisadas sob duas caractersticas: quanto forma e quanto ao contedo.

Quanto forma:

DireitoRevestido de heteronomia, coercibilidade e bilateralidade atributiva

MoralAutnoma, incoercvel e bilateral-no atributiva

Quanto ao contedo, tanto o direito quanta a moral comum em um aspecto: o estudo da ao humana.

Muitas so as teorias sobre as relaes entre o Direito e a Moral, mas vamos noslimitar a alguns pontos de referncia essenciais, inclusive pelo papel que desempenham no processo histrico:

1 Teoria de Thomasius

Jurista alemo, Cristiano Thomasius procurou apresentar uma diferenciao prtica entre direito e moral:

Direito Separou as aes humanas em externas (foro externo), e segundo Thomasius, o direito s devia cuida da ao humana depois de exteriorizada

MoralAes humanas internas (foro ntimo) diz respeito quilo que se processa no plano da conscincia, no podendo haver interferncia de ningum

Crtica a esta teoria: Segundo a teoria thomasiana h a separao total entre o direito e a moral conforme representao abaixo:

D M

Mundo do Direito Mundo da Moral

O fato demonstra um radicalismo que objeto de justas crticas. Com efeito, se o Direito s aprecia a ao enquanto projetada no plano social, uma vez que no cuida do homem isolado, mas do homem enquanto membro de uma comunidade, no exato dizer que no leva em conta o mundo da inteno, o elemento intencional. Em muitas situaes, o foro ntimo importante para o Direito: no Direito Penal, por exemplo, para a configurao do crime doloso e culposo, examina-se a inteno do agente; no Direito Civil a anulabilidade dos atos jurdicos est ligada, em grande parte, ao exame da inteno (dolo, erro, coao ou fraude). Por outro lado, a Moral no se satisfaz somente com a boa inteno; ela exige a prtica do bem.

2 Teoria do Mnimo tico

Teoria desenvolvida pelo filsofo ingls Jeremias Bentham e desenvolvida depois por vrios autores, entre os quais o grande jurista alemo do fim do sculo XIX e incio do sculo XX, George Jellinek.

Segundo o Prof. Betioli para esta teoria o direito representa apenas o mnimo de preceitos morais necessrios para que a sociedade possa sobreviver. Como nem todos podem ou querem realizar espontaneamente as obrigaes, indispensvel armar de fora certos preceitos ticos, para que a sociedade no soobre. Os adeptos dessa doutrina dizem que, em regra, a Moral cumprida de maneira espontnea, mas como as violaes so inevitveis, preciso que se impea, com mais vigor e rigor, a transgresso dos dispositivos que a comunidade considerar indispensvel paz social.

Assim sendo, o Direito no algo de diverso da Moral, mas uma parte desta, armada de garantias especficas.

A teoria do mnimo tico pode ser reproduzida atravs da imagem de dois crculos concntricos, sendo o circulo maior da Moral, e o crculo menor do Direito envolvida pela Moral. De acordo essa imagem, poderamos dizer que tudo o que jurdico moral, mas nem tudo que moral jurdico.

M

D So aceitveis os princpios dessa doutrina? Ser certo dizer que todas as normas jurdicas se contm no plano da moral? Ser mesmo que o bem social sempre se realiza com plena satisfao dos valores da subjetividade, do bem pessoal de casa um?Para esta teoria o direito est implantado por inteiro no campo da moral. No algo diverso, mas uma parte da moral.

Ora, na realidade,nem tudo que jurdico moral.

Existem atos juridicamente lcitos que no o so do ponto de vista moral, so imorais; como tambm existe o que apenas amoral, ou indiferente Moral.

Como exemplo dos primeiros, o Prof. Miguel Reale traz o de uma sociedade comercial de dois scios, na qual um deles se dedica, de corpo e alma, aos objetivos da empresa, enquanto o outro repousa no trabalho alheio, prestando, de longe em longe, uma rala colaborao para fazerjusaos lucros sociais; se o contrato social estabelecer para cada scio uma compensao igual, ambos recebero o mesmo quinho; isso moral?

H, portanto um campo da Moral que no se confunde com o campo jurdico. O Direito, infelizmente, tutela muita coisa que no moral.

Quanto aos segundos, no Direito existem normas puramente tcnicas, indiferentes Moral; por exemplo, uma regra de trnsito (mo direito), e que estabelece determinado prazo para a prtica de um ato; se amanh, o legislador optar pela mo esquerda ou pelo prazo de 20 dias em vez de 15, todos estes exemplos no influiria no campo moral (amoral).

3 Teoria dos crculos secantes

Segundo CLAUDE PASQUIER(Prof. da Universidade de Genebra), Direito e Moral possuem um campo de competnciacomum (uma interseco) e, ao mesmo tempo, uma reaparticularindependente. A representao das suas relaes a de dois crculos secantes abaixo em destaque:

DM

Concluso:A teoria consiste em distinguir Direito de Moral sem, no entanto, separ-los. Direito e Moral, afirmou GIORGIO DEL VECCHIO (1878-1970), so conceitos que se distinguem, mas no se separam.

Entre o direito e a moral no existe separao absoluta nem identificao. So ordens normativas distintas, mas intimamente relacionadas.

Portanto no confundi-las e nem separ-las totalmente.

NO CONFUNDIR: em primeiro, porque h problemas jurdicos estranhos ordem moral, como a existncia de razes puramente tcnicas resolvendo questes de carter jurdico (normas tcnicas).

O direito volta-se para regular as condutas sociais e a consecuo de uma ordem social justa. A moral interessa toda a conduta humana e o aperfeioamento pessoal do homem.

O direito no tem a mesma extenso que a moral. A moral regula toda a conduta humana e social (inclusive o que puramente interno). O direito diz respeito aos comportamentos sociais.

A moral por um critrio de perspectiva valora o comportamento humano partindo a perspectiva da conscincia (considerando a conduta de do lado interno ou de dentro para fora). O direito valora a partir da perspectiva do ordenamento jurdico vigente (lado externo) o direito atende diretamente apenas ao que se manifesta externamente na conduta social.

Obs: As motivaes internas podero interessar-lhe apenas de modo indireto, enquanto suscetveis de inferir-se das condutas exteriores.

A moral no depende de um legislado; ela uma relao do ser humano agente.

Haver relaes que se realizam sombra da lei e que contrariam a Moral, por mais que os homens se esforcem para que o Direito tutele somente o lcito moral.

H ainda assuntos da alada exclusiva da Moral, como a atitude de gratido para com um benfeitor, solidariedade, etc.

NO SEPARAR:

Em primeiro, porque h um campo comum em que Direito e Moral coexistem; uma rea comum que contm regras que, concomitantemente, apresentam qualidade jurdica e carter moral; ou seja, h um grande nmero de questes sociais que se incluem, ao mesmo tempo, nos dois setores, como a assistncia devida aos ascendentes que um preceito de ordem jurdica e, simultaneamente, de ordem moral.

interessante notar como os grandes preceitos morais so tambm preceitos jurdicos, epreceitos morais de hojepodero transformar-se emnovos preceitos jurdicos amanh. Em segundo, porque o foro ntimo de importncia para o Direito.

Se o carter de exterioridade, de tanta serventia para os fins do Direito, de pouca monta para a Moral, no podemos todavia cair no simplismo de afirmar, como Thomasius, que o Direito se ocupa da exterioridade do comportamento regulamentado e a Moral da interioridade.

Assim, na hiptese em que se trata de pronunciar-se sobre a validade de um negcio jurdico, o elemento da interioridade apreciado pelo Direito, pelo menos nos seus sinais visveis de manifestao. Seria absurdo, por exemplo, o Direito deixar totalmente de lado o elemento interno e declarar vlido um contrato concludo entre dois loucos (incapazes). Ainda mais quando se trata de punir o autor de um ato, hiptese em que o Direito sente a necessidade de investigar mais o nimo do sujeito, para medir a sua culpabilidade.

Para medir o grau de culpa, o Direito olha e perscruta a intencionalidade, indaga das intenes e da vontade que o moveram e determinaram quando do crime.

PAULO NADER bem sintetiza o assunto:enquanto a Moral se preocupa pela vida interior das pessoas, com a conscincia, julgando os atos exteriores apenas como meio de aferir a intencionalidade,o Direito cuida das aes humanas em primeiro plano e, em funo destas, quando necessrio, investiga oanimusdo agente. E conclui: Direito e Moral so instrumentos de controle social que no se excluem, antes, se completam e mutuamente se influenciam.

Religio e Moral

Segundo a doutrina a atitude moral e religiosa no so duas formas de vida contrapostas e irreconciliveis. Contudo, cada uma possui peculiaridades irrenunciveis: A moral organiza-se em torno do bom, enquanto que a religio se organiza em torno do santo.

A atitude religiosa frutifica em ao moral, em boas obras.

Parte VI Sano Jurdica

Segundo os Professores Miguel Reale e Betioli todas as normas ticas, sejam religiosas, morais, de trato social ou jurdicas, foram formuladas para ser cumpridas e executadas. E sendo a sua essncia a obedincia e o cumprimento, se faz necessrio que as mesmas se revistam de garantia para que no sejam letras mortas.

As formas de garantia dessas normas denominam-se sanes.

Conceito: Segundo o Prof. Miguel Reale toda consequncia que se agrega, intencionalmente, a uma norma, com o fim especfico de garantir seu cumprimento obrigatrio.

Obs.: Diferente sano estudada aqui daquela sano utilizada no processo legislativo de elaborao de leis ato pelo qual o chefe do executivo confirma e aprova a lei votada pelo legislativo.

Sano e Coao

Segundo o Prof. Betioli a sano jurdica a consequncia agregada norma para garantir-lhe seu cumprimento obrigatrio, ela pode contar ou no com a execuo espontnea dos obrigados.

Quando o indivduo no aceita obedincia ou o cumprimento a norma ser obrigado pelo poder estatal. a coao segundo o Prof. Miguel Reale, ou seja, a sano que se concretiza pelo recurso fora que empresta um rgo, nos limites e de conformidade com os fins do Direito.

Coao uma espcie de sano, a sano concreta ou a sano de ordem fsica. O Prof. Franco Montouro define a coao como sendo a aplicao forada da sano. A exemplo, a coao obriga a que se faa outra coisa quando no tenha sido feito o que se devia fazer.

Espcies de Sano

O Prof. Betioli como bastante propriedade enumera as seguintes espcies de sanes:

a) Sanes Religiosas: so as retribuies dadas numa vida fora da terra, segundo o valor tico da existncia e conduta de cada um.b) Sanes Morais: Pode se caracterizar como sano de foro ntimo, com o remorso, arrependimento, etc., bem como pode se caracterizar de natureza social, ou seja, quando houver reao por parte da sociedade quando por exemplo o indivduo age de forma contrria aos seus preceitos.c) Sanes Jurdicas: So sanes organizadas de formar predeterminada, ou seja, j fazem parte de um ordenamento jurdico vigente ao transgressor da norma. Por exemplo: Matar algum Ato que que segundo Miguel Reale alm de ferir o campo tico-religioso, afronta dispositivo penal (art. 121 do Cdigo Penal). A sano jurdico por seu turno concreta, posto que a sociedade no exemplo acima se organiza contra o homicida.

Aplicao da SanoSendo asano jurdica uma consequncia jurdica estatuda numa norma que se impe a quem infringir determinada regra. Ao longo da histria a mesma foi aplicada de diferentes formas:

1 Vingana SocialIndcios colocam como primeiro ato primitivo de aplicabilidade de sano. aquela em a pessoa de um cl ofendida, esta ofensa se estendia a todos daquele grupo social. O derramamento de sangue de um era o derramamento de sangue de todos.

2 - Vingana Privada Olho por olho, dente por dente. aquela caracterizada pela figura do ofendido contra o ofensor, ou seja, justia pelas prprias mos.Proibida pelo nosso direito penal (Exerccio Arbitrrio das Prprias razes - Art. 345- Fazer justia pelas prprias mos, para satisfazer pretenso, embora legtima, salvo quando a lei o permite.)Foi adotado nocdigo de Hamurabi:"Art. 209 Se algum bate numa mulher livre e a faz abortar, dever pagar dez siclos pelo feto"."Art. 210 Se essa mulher morre, ento devermataro filho dele".Assim como naLei das XII Tbuas."Tbua VII, 11 Se algum fere a outrem, que sofra a pena de Talio, salvo se houver acordo".

Neste contexto, comea os primeiros progressos acerca da aplicabilidade da sano, pois posteriormente, surge acomposio, atravs do qual o ofensor comprava sua liberdade, com dinheiro, gado, armas, etc. Adotada, tambm, pelo Cdigo de Hamurabi (Babilnia), pelo pentateuco (Hebreus) e peloCdigo de Manu (ndia), foi largamente aceita pelo Direito Germnico, sendo a origem remota das indenizaes cveis e das multas penais.

3-Monoplio do EstadoFase em que o estado o responsvel pela distribuio da justia. Neste contexto no se admite mais o emprego da fora pelo particular, a no ser que pela natureza do evento, no seja possvel invocar a proteo do Estado. (Exemplo: legtima defesa e estado de necessidade).

Sano Estatal e No EstatalSano estatal aquela em que o estado responsvel pela distribuio da justia.Sano no estatal aquele em que grupos menores (Exemplo: grupos profissionais ou sindicais) formam ordenamentos subordinados a ele, com direito, obrigaes, deveres e sanes.)