rodovia transguianense

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Asfalto na Selva Estão quase prontas as obras de um projeto que deve tirar do isolamento uma das regiões de acesso mais difícil na Amazônia. É uma estrada de 2.346 quilômetros que vai ligar as capitais dos Estados do Amapá e Roraima, passando pela Guiana Francesa e dois países vizinhos, Suriname e Guiana. Um trecho de 80 quilômetros, o último que faltava para completar o traçado, começou a ser aberto há algumas semanas em meio à densa floresta da Guiana Francesa. Quando ele estiver concluído, dentro de alguns meses, será possível viajar pela primeira vez de carro entre Macapá e Boa Vista. Com a estrada, chamada de Transguianense, que deve custar 500 milhões de reais divididos pelos quatro países, a expectativa é de que a economia local dê um salto. No Amapá, ela vai criar uma nova alternativa para o escoamento da produção agrícola e abrir caminho para que os 30.000 turistas franceses que visitam a Guiana Francesa todo ano dêem uma esticadinha até o Brasil. Estima-se que o Estado vá faturar 5 milhões de reais por ano com o turismo e 35 milhões com investimentos nas margens da estrada. No trecho a ser recortado agora na Guiana Francesa, a obra tem cuidados ecológicos. Em determinados pontos, a largura da estrada diminui de 40 para 10 metros, para que as copas das árvores continuem-se encontrando e o passeio dos macacos não seja interrompido. Foram providenciados túneis Figura 1 Último trecho a ser aberto: túneis sob a estrada para

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- Rodovia Transguianense - Guiana Francesa - Asfalto na Selva

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Page 1: Rodovia Transguianense

Asfalto na Selva

Estão quase prontas as obras de um projeto que deve tirar do isolamento uma das regiões de acesso mais difícil na Amazônia. É uma estrada de 2.346 quilômetros que vai ligar as capitais dos Estados do Amapá e Roraima, passando pela Guiana Francesa e dois países vizinhos, Suriname e Guiana. Um trecho de 80 quilômetros, o último que faltava para completar o traçado, começou a ser

aberto há algumas semanas em meio à densa floresta da Guiana Francesa. Quando ele estiver concluído, dentro de alguns meses, será possível viajar pela primeira vez de carro entre Macapá e Boa Vista.

Com a estrada, chamada de Transguianense, que deve custar 500 milhões de reais divididos pelos quatro países, a expectativa é de que a economia local dê um salto. No Amapá, ela vai criar uma nova alternativa para o escoamento da produção agrícola e abrir caminho para que os 30.000 turistas franceses que visitam a Guiana Francesa todo ano dêem uma esticadinha até o Brasil. Estima-se que o Estado vá faturar 5 milhões de reais por ano com o turismo e 35 milhões com investimentos nas margens da estrada.

No trecho a ser recortado agora na Guiana Francesa, a obra tem cuidados ecológicos. Em determinados pontos, a largura da estrada diminui de 40 para 10 metros, para que as copas das árvores continuem-se encontrando e o passeio dos macacos não seja interrompido. Foram providenciados túneis sob a pista para a livre circulação de roedores, tartarugas e outros animais. Apesar das boas intenções, teme-se que a estrada agrave o problema do narcotráfico. Com a Transguianense, o Suriname, principal entreposto na rota da cocaína colombiana para a Europa, poderá usar o Brasil para escoar a droga. "Se fosse possível, faríamos a rodovia sem passar pelo Suriname", diz o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem, DER, de Roraima, Carlos Lewisk. "Como é inevitável, vamos reforçar o policiamento nas fronteiras."

Figura 1 Último trecho a ser aberto: túneis sob a estrada para a circulação dos animais.

Page 2: Rodovia Transguianense

Guiana Francesa

No final do século XX começaram as negociações para integração do Brasil com a França através do estado brasileiro do Amapá e do Departamento ultramarino da Guiana Francesa, na realidade trata-se de uma integração comercial e econômica não apenas entre Brasil e França e sim entre o MERCOSUL e União Européia, criaram-se diversos projetos de integração, o principal deles é a Rodovia Transguianense que ligaria Amapá, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Roraima. Mas mesmo após anos de negociações pouco foi feito e a única parte deste mega-projeto que está quase concluído é o trecho da Rodovia Macapá-Caiena que tem do lado brasileiro a BR-156 e do lado francês a Rodovia N2. A previsão é que até o final de 2012 seja inaugurada a já concluída Ponte Binacional sobre o Rio Oiapoque que conectará fisicamente Brasil-Amapá-Mercosul e França-Guiana Francesa-União Européia.

Figura 2 Rodovia Macapá-Caiena.

No entanto, se da parte da infraestrutura a integração está quase concluída, da parte  institucional muita coisa ainda tem para ser resolvida, as tensões na fronteira até hoje não acabaram, são constantes os conflitos entre brasileiros e a policia francesa, a gendarme, nos garimpos ilegais, é importante também ressaltar a diferença de tratamento dos dois lados da fronteira, do lado brasileiro os franceses e guianenses não enfrentam muita dificuldade para atravessar, inclusive com seus automóveis e são muito bem recebidos, tratados como turistas de fato, mas quando é o brasileiro que atravessa para o lado francês são inúmeras as exigências e não são nada raros casos de abusos e preconceitos contra brasileiros do lado francês. Vale ressaltar também a diferença de interesses dos dois lados, enquanto o Amapá está de olho no mercado consumidor francês com um PIB per capita 3 vezes superior ao do Amapá e no desenvolvimento do turismo, o lado Guianense está mais preocupado com questões como energia (Estão em construção 4 hidrelétricas no Amapá) e os problemas advindos da integração como imigrantes e garimpos ilegais.

Page 3: Rodovia Transguianense

 Essas diferenças ficam bem claras quando ocorrem reuniões entre autoridades de ambos os lados, dar-se a entender que os brasileiros são os mais “empolgados” com a “integração” já que as autoridades francesas desconversam quando o assunto é turismo por exemplo, preferindo debater sobre troca de mercadorias, produtos e serviços na fronteira, tem-se a impressão de que enquanto os brasileiros pensam em uma integração mais abrangente que envolva mercadorias, produtos, serviços, pessoas e culturas o lado francês parece querer apenas a integração econômica e os recentes protestos de catraieiros (Atravessadores á barco) no Oiapoque onde eles fecharam a fronteira em protesto aos maus tratos a brasileiros e descumprimentos de acordos bilaterais pelas autoridades guianenses nos mostram que ainda vai demorar muito tempo para que essas “tensões fronteiriças” com a Guiana Francesa que é parte não somente da União Européia como também da Aliança Militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte sejam resolvidas.

Figura 3 Ponte Binacional Brasil-França sobre o Rio Oiapoque.

O fato é que se tem a impressão de que as autoridades guianenses ainda vêem o Brasil como um país subdesenvolvido, mas acontece que este é o “século dos emergentes” o Brasil tem um crescimento econômico 3X superior ao crescimento da França que encontra-se em crise econômica seriíssima, o Amapá tem uma população, um PIB e um crescimento econômico muito superior ao lado guianense com um potencial energético, industrial e agrícola também muito superiores e a “integração” tem que ser para os dois lados, não apenas para os franceses atravessarem para o Brasil, mas também para que os brasileiros atravessem para a Guiana Francesa e juntas as duas regiões possam desenvolverem-se juntas e com qualidade de vida para ambos os lados.

Rodovia TransguianenseRodovia que também é chamada de “arco Norte” de 2.346 km ligando Macapá a Boa vista em Roraima, passando por território Frances da Guiana Francesa, Suriname e Guiana. Iniciada nos anos 90 com um custo inicial de meio bilhão de reais esta rodovia é o projeto mais adiantado de todos, praticamente já concluído, até então os únicos impedimentos é a total pavimentação que está quase concluída, e a construção da Ponte Binacional do

Oiapoque ligando Amapá e Guiana Francesa, que já está concluída, só esperando o lado brasileiro terminar suas obras alfandegárias. Quando estiver concluída

Page 4: Rodovia Transguianense

representará uma grande oportunidade de negócios entre o Amapá e os países vizinhos, além de mercadorias e turistas.