064 medidas mitigadoras rodovia ac 90

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medidas mitigadoras

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  • 2 Conferncia da REDE de Lngua Portuguesa de Avaliao de Impactos 1 Congresso Brasileiro de Avaliao de Impacto

    cccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc Associao Brasileira de Avaliao de Impacto

    Este trabalho foi recebido pela Comisso Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O contedo do trabalho de inteira responsabilidade do autor.

    Rodovias e aplicao das medidas mitigadoras previstas em EIA/RIMA no Acre Jairo Salim Pinheiro de Lima -Unesp, Campus de Ilha Solteira. [email protected]

    Elizete Aparecida Checon de Freitas Lima Unesp, Campus de Ilha Solteira

    Ecio Rodrigues - Universidade Federal do Acre

    Marco Antnio Amaro Universidade Federal do Acre Resumo No incio de 2000 o Departamento Estadual de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre), conseguiu o licenciamento ambiental da pavimentao da Rodovia AC 090, conhecida como Transacreana, no trecho entre Rio Branco e So Pedro do Ic. Essa Rodovia, defendida por Euclides da Cunha ainda em 1902, possui um significado poltico e eleitoral significativo no imaginrio da populao, pois a sua pavimentao est associada perspectiva de progresso rpido. Embora a importncia social e econmica da AC 090 seja inquestionvel, o seu traado paralelo ao da rodovia BR 364 e transversal rede hidrogrfica da regio, faz com que cruze um nmero expressivo de rios e igaraps, o que exigiu a construo de vrias pontes e, o mais grave, colocou em risco a frgil bacia hidrogrfica do Rio Acre. Durante a elaborao do EIA/Rima daquela rodovia foi previsto um conjunto de medidas mitigadoras a serem aplicadas no horizonte de 3 anos aps a pavimentao, somando mais de 5 milhes de reais. Passados 10 anos do licenciamento e concluso da obra, importante que seja monitorado o grau de implantao das medidas mitigadoras preconizadas no licenciamento ambiental da obra, bem como seja avaliada a eficcia das medidas propostas. Para tal, percorreu-se o trajeto da estrada, verificando-se as suas condies ambientais atuais e identificando-se as medidas mitigadoras implantadas. Os resultados indicaram que a rede hidrogrfica encontra-se comprometida e que somente 20 % das medidas e do oramento previsto foram concretizados. Palavras chave: medidas mitigadoras, avaliao de impacto ambiental, rodovias.

    Highways and application of environmental mitigating measures in Environmental Impact Assessment (EIA) in Acre State, Brazil. In early 2000 the Acre Departamento de Estradas e Rodagens do Estado do Acre (Deracre), achieved the environmental licensing of the paving of AC 090 Highway, known as Transacreana, in the stretch between Rio Branco and So Pedro do Ic. This highway, defended by Euclides da Cunha in 1902, has a electoral and political meaning in the minds of the population, because its paving is associated to the perspective of the quick progress. Although the social and economical importance of the AC 090 is unquestionable, its track parallel to the BR 364 highway and crossing the hydrographic network of the region, makes that crosses a significant number of rivers and streams, which required the construction of several bridges and the more serious,

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    Este trabalho foi recebido pela Comisso Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O contedo do trabalho de inteira responsabilidade do autor.

    put at risk the fragile watershed of the Acre river. During the preparation of the Environmental Impact Assessment (EIA) of that highway it was laid down a set of environmental mitigating measures to be applied on the horizon of 3 years after the paving, adding more than 5 million reals (R$). Ten years after the licensing and completion of the work, it is important that it be monitored the degree of implementation of the proposed mitigating measures in environmental licensing of the work, as well as is evaluated the effectiveness of the proposed measures. So, it was passed the stretch of the road, verifying its current environmental conditions and identifying the environmental mitigating measures deployed. The results indicated that the hydrographic network is compromised and that only 20% of the environmental mitigating measures were implemented. Keywords: mitigating measures, environmental impact assessment, highways. Introduo A Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) apresenta-se como um importante instrumento de gesto ambiental, previsto na Poltica Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal n 6938 de 1981) (BRASIL, 1981). Por meio da Resoluo CONAMA 001/86 (BRASIL, 1986), foram definidos os critrios e as diretrizes gerais para a elaborao do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do seu respectivo Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA).

    O EIA representa a etapa central do processo de AIA (PRADO FILHO e SOUZA, 2004), sendo sua elaborao necessria durante o licenciamento ambiental dos projetos considerados potencialmente causadores de significativos impactos ambientais.

    Dentre as atividades tcnicas que integram a elaborao do EIA, a identificao dos impactos ambientais e a proposio das respectivas medidas mitigadoras so as mais relevantes. Apesar dos resultados positivos associados com a insero do EIA/RIMA no processo de gesto ambiental no Brasil, ainda observam-se falhas importantes, sendo as principais delas relacionadas com a no implantao de medidas mitigadoras definidas no EIA/RIMA e com a avaliao do desempenho ambiental do empreendimento (PRADO FILHO e SOUZA, 2004).

    GALLARDO (2004) realizou um estudo sobre as prticas de gesto na obra de construo da pista descendente da Rodovia Imigrantes (So Paulo), concluindo que o emprego do acompanhamento ambiental contribuiu para a melhoria do processo de AIA, trazendo ganhos para o empreendedor e para a sociedade como um todo. De acordo com a autora, a prtica de gesto ambiental na realizao de obras de engenharia precisa ser incrementada no pas. Finalizar o processo de AIA no momento em que o empreendimento recebe a licena prvia compromete sua eficcia. preciso que sejam realizadas investigaes sobre a implantao e a eficcia de medidas mitigadoras constantes dos vrios EIA/RIMAs produzidos no pas. O acmulo de informaes certamente poder contribuir com o aperfeioamento do processo.

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    Este trabalho foi recebido pela Comisso Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O contedo do trabalho de inteira responsabilidade do autor.

    Considerando esse contexto, foi realizado o presente trabalho com o objetivo de investigar o grau de implantao e a eficcia das medidas mitigadoras propostas no Estudo de Impacto Ambiental e Relatrio de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) da Obra de Pavimentao Asfltica da Rodovia Estadual AC 90.

    O EIA/RIMA foi elaborado pela Fundao de Tecnologia do Estado do Acre FUNTAC (FUNTAC, 2000), englobando o trecho entre o km 0 e o km 140 da rodovia. A Rodovia AC 90 uma rodovia estadual e foi planejada de forma a estabelecer a ligao entre as comunidades compreendidas entre a cidade de Rio Branco e So Pedro do Ic, no sentido oeste do Estado do Acre. Procedimentos Metodolgicos

    O levantamento de dados foi realizado com base em consulta a documentos, especialmente o EIA/RIMA da Rodovia AC 90 (FUNTAC, 2000) e em entrevistas com tcnicos do DERACRE (Departamento de Estradas e Rodagens do Estado do Acre), rgo responsvel pela implantao da rodovia e com tcnicos do IMAC (Instituto de Meio Ambiente do Acre), rgo licenciador do Estado e com tcnicos da FUNTAC, responsvel pela elaborao do EIA/RIMA. Foram tambm realizadas inspees da rodovia em campo (no ano de 2012), percorrendo-se todo o trajeto j construdo e registrando-se as observaes mais importantes. Foi considerado como objeto de anlise o trecho j construdo da rodovia (do Km 0 ao Km 70). Outros 20 km em fase de construo tambm foram vistoriados, bem como as reas de emprstimo e o canteiro de obras. A verificao da implantao das medidas mitigadoras foi realizada para aquelas passveis de checagem em campo ou por meio de consulta aos rgos responsveis. Resultados e Discusso

    A Tabela 1 sumariza os principais impactos ambientais previstos no EIA/RIMA da Rodovia AC 90 e as medidas mitigadoras correspondentes.

    Tabela 1. Aes, impactos ambientais e medidas mitigadoras associados com a pavimentao da Rodovia AC 90 (FUNTAC, 2000).

    Tipos de impactos Medidas / controle rea de

    aplicao

    Caa predatria

    Manejo de caa, com uso de calendrio At o km 82

    Estabelecer corredores de fauna de 40 km. Km 82 ao Km

    140

    Pesca predatria Manejo de lagos para produo pisccola no

    Riozinho do Rola Km 9 ao 78

    Disseminao de malria, tifo, etc.

    Eliminao e borrifao de criadouros Km 9 ao km 82

    Construo de 1.910 fossas spticas (Privadas) Km 9 ao km 82

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    Campanha de esclarecimentos sobre as doenas Toda a estrada

    Disseminao de DST (AIDS, hepatite

    B, herpes etc.)

    Campanhas preventivas sobre doenas contagiosas

    Toda estrada

    Desmatamento em torno de 1.994,03

    ha/ano

    Implantao de 6.240 ha de SAFs At o Km 82

    Implantao de 464 audes. At o km 82

    Plano de Manejo em 4.000 ha em pequenas propriedades

    At o km 82

    Queima de aproximadamente 358.924,4m3 por

    ano.

    Aproveitamento de 299.104,48m3 por ano pelas serrarias

    At o km 82

    Aproveitamento de 9.970,12 m3 por ano para produo de carvo

    At o km 82

    Aproveitamento de 9.970,12 m3 por ano para produo de lenha

    At o km 82

    Enleiramento de 39.880,0m3 At o km 82

    Perda das caractersticas

    agronmicas do solo e eroso.

    Implantao de agricultura familiar. At o Km 82

    Seca dos cursos dgua

    Reflorestamento de 40 km de margem dos cursos dgua

    At o km 82

    Conscientizao para manejos de bacias hidrogrficas

    At o km 82

    Perfurao de 154 poos semi-artesiano At o km 82

    Contaminao do lenol fretico

    devido ao aterro sanitrio

    Reflorestamento de 15 ha ocupadas pelo aterro Km 7

    Isolamento e mudana de localizao, devido s caractersticas fsicas do solo no serem

    apropriadas -

    Tabela 1 continuao.

    O traado da rodovia, transversal rede hidrogrfica da regio, faz com que a mesma cruze um nmero expressivo de rios e igaraps, exigindo a construo de vrias pontes e drenos de passagem. A interferncia da via sobre a rede hidrogrfica diretamente e, indiretamente por meio da sua influncia sobre os processos erosivos do solo, responde por grande parte dos impactos ambientais identificados. O conjunto de obras e servios descritos no EIA/RIMA para mitigar a eroso e assoreamento decorrente da obra incluiu:

    reaproveitamento do solo superficial e reflorestamento as reas de bota-fora;

    instalao de equipamentos de drenagem superficial:

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    o canais de escoamento de gua sarjetas em taludes de cortes e de aterros,

    o sadas laterais,

    o caixas de dissipao de energia,

    o bacias de reteno;

    proteo dos taludes estabilidade e plantao de gramneas;

    regularizao e reconformao do terreno em reas exploradas para emprstimos e bota-fora;

    proteo das entradas e sadas dos equipamentos de drenagem corrente; e

    desobstruo e limpeza dos equipamentos e dos canais de acesso e sada das guas superficiais.

    Deve-se ressaltar que o clima desfavorvel da regio aumenta a importncia

    dos dispositivos e servios de drenagem, com destaque para a elevada intensidade pluviomtrica, a falta de materiais rochosos e a presena de solos instveis. Alm destes, a extensa rede hidrogrfica na geratriz da rodovia, o forte ciclo hidrolgico e a vulnerabilidade ambiental constituem obstculos pavimentao rodoviria e manuteno do equilbrio ambiental da regio.

    Os processos erosivos e de assoreamento em rodovias esto intrinsecamente relacionados ao servio de movimento de terra, a alterao das condies de escoamento das guas superficiais e de estabilidade dos taludes. Os equipamentos e os servios de drenagem atuam para minimizar a ao abrasiva da gua sobre o solo. Os cruzamentos entre a via e os cursos dgua tambm agregam alta vulnerabilidade ambiental, dado o potencial de contaminao das guas e de alterao do balano hdrico promovidos pela movimentao de mquinas, equipamentos e pessoas e pela supresso da vegetao ciliar, respectivamente.

    Nos trechos visitados foram identificados vrios daqueles equipamentos de drenagem e servios propostos no EIA/RIMA e acima relacionados: sarjetas de proteo de taludes de corte e de aterro, sada lateral de gua, limpeza e desobstruo dos drenos, dissipadores de energia, caixas coletoras e bueiros e plantao de grama nos taludes e acostamento da via. Tambm foram observados segmentos em que no foi possvel registrar a presena de dispositivos de drenagem.

    De acordo com a vistoria, h trechos em bom estado de conservao e trechos com fortes processos erosivos. Nos dois tipos de ocorrncias encontram-se equipamentos de drenagem e segmentos sem os referidos dispositivos. A existncia de tais equipamentos protege as obras e as reas marginais via, captando, conduzindo e devolvendo as guas ao ambiente natural sem produzir danos.

    Por outro lado, processos erosivos em trechos com dispositivos de drenagem devidamente instalados confirmam a sua pequena eficcia. A falta de manuteno preventiva, dimensionamento inadequado e a sua localizao (imprpria) na seo da rodovia podem ser fatores indicativos de funcionamento precrio. A combinao de grandes bacias hidrogrficas de contribuio e alta intensidade pluviomtrica, com canaletas obstrudas ou com pequena capacidade de descarga gera esgotamento da capacidade do sistema. A conseqncia imediata o transbordamento do fluxo. A corrente de gua escoando sobre um solo instvel produz vulnerabilidades e precipita

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    a formao de eroso de um lado, e assoreamento de outro. Este tipo de ocorrncia no incomum naquela regio. A Figura 1 mostra situaes do trecho da Rodovia AC 90, relativas s sarjetas laterais de corte e de aterro.

    Imagem Comentrios

    Segmento no nvel do terreno natural e em bom estado de conservao.

    Acostamento com cobertura de grama e sem processos erosivos.

    Segmento em corte e sem sarjetas laterais. A vegetao no acostamento

    protege o solo e previne a eroso.

    Trecho em aterro e fortemente erodido. Neste caso, a presena de sarjetas

    laterais no foi bastante para conter a ao das guas pluviais.

    Neste caso, sem sarjetas laterais, a presena de grama no conteve a

    formao de valetas por eroso do solo.

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    Sarjeta lateral obstruda. A falta de manuteno transfere o escoamento das guas para fora da sarjeta, produzindo eroso na faixa de domnio e nas reas

    lindeiras via.

    Figura 1. Trechos da Rodovia AC 90 com e sem a presena de sarjetas.

    Os bueiros de passagem e as pontes formam outro conjunto de equipamentos

    destinados a minimizar a interferncia da via sobre as guas superficiais. De maneira geral estes dispositivos funcionam adequadamente na obra. Porem, assim como as sarjetas, so necessrios servios de manuteno para garantir o livre escoamento da gua e evitar represamentos e as suas conseqncias indesejveis. A Figura 2 uma sequncia de fotos que ilustra a interao entre a via e os drenos de passagem.

    Imagem Comentrios

    Entrada de bueiro de passagem obstruda. A falta de manuteno

    pode gerar represamento de gua, acmulo de detritos, proliferao de

    vetores e contaminao do aterro por franja capilar

    Sada de bueiro de passagem em trecho em construo. As guias

    laterais e a base de concreto servem para proteger o dispositivo e evitar obstrues passagem da gua.

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    Entrada de bueiro de passagem. Neste caso, possvel observar que o assoreamento compromete o livre

    escoamento. A supresso de vegetao e a rampa da via podem

    alterar o balano hdrico e acelerar o assoreamento do curso dgua.

    Obstruo temporria do curso dgua para a construo de obras de passagem. Este tipo de procedimento

    altera a dinmica das guas, gera represamentos a montante e

    ressecamento do leito a jusante, com prejuzos ambientais considerveis.

    Desobstruo e limpeza do canal de sada do bueiro de passagem. Este

    tipo de servio importante para garantir o pleno funcionamento do

    dispositivo e permitir o contnuo escoamento das guas.

    Figura 2. Situao das obras de drenagem de passagem.

    O cruzamento entre a via e os corpos dgua requer especial ateno para evitar a contaminao das guas e alteraes significativas no balano hdrico da regio. Neste caso (Figura 3) mostram-se imagens da construo de uma ponte sobre um igarap. O trecho aqui representado est em fase de construo. possvel observar que, apresar do grande movimento de terra e da presena de maquinas e equipamentos, as reas lindeiras foram conservadas e que o escoamento das guas se mantm. A limpeza da rea e a presena das antigas instalaes so fatores relevantes para a avaliao.

    Imagem Comentrios

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    Trecho a montante da via em construo. A vegetao presente

    colabora para manter o balano hdrico e a qualidade da gua.

    A nova ponte em construo e o aterro de aproximao. O curso dgua sob a ponte conduzido em antigo bueiro de

    concreto.

    Percebe-se, a jusante da obra forte ao de desmatamento.

    Aps a sada do bueiro, o fluxo escoa em direo vegetao lindeira. A

    movimentao de terra e o desmatamento, neste caso,

    recomendam servios posteriores de desobstruo e reflorestamento da

    mata ciliar.

    Figura 3. Cruzamento da via com igarap.

    No caso das reas de emprstimo, a escolha do local atende as

    recomendaes previstas no programa de gesto ambiental proposto. A rea selecionada um antigo pasto e com pequena vulnerabilidade ambiental e a explorao feita de maneira adequada. O problema observado, neste caso, a via de acesso jazida. Este pequeno trecho de aproximados 300m obstrui um talvegue, onde possvel observar o represamento de guas superficiais. Por se tratar de uma atividade temporria presume-se que, aps a fase de explorao, a topografia e o cenrio da regio sejam remediados. Cabe aqui enfatizar que tal impacto e a medida mitigadora correspondente no foram previstos no EIA/RIMA. A Figura 4 mostra detalhes da jazida e da sua estrada de acesso.

    Imagem Comentrios

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    Jazida localizada em rea de antigo pasto.

    Vista da estrada de acesso jazida de emprstimo de material para a

    pavimentao da rodovia.

    Outra vista da estrada de acesso, em que possvel notar (do lado direito

    da estrada) a presena de gua represada.

    Imagem obtida na estrada de acesso jazida e que comprova acmulo de

    gua no aterro da obra.

    A falta de bueiros produz o represamento das guas e poder

    comprometer a manuteno de corpos dgua a jusante da obra.

    Figura 4. Explorao da jazida e estrada de acesso.

    Um dos principais impactos ambientais previstos no EIA/RIMA do empreendimento o provvel desmatamento no seu entorno, resultante do incremento das atividades econmicas, aps a pavimentao da via. Tal aumento ao mesmo tempo em que pode ser interpretado como um impacto positivo para a economia da regio, tambm pode ser avaliado como um impacto negativo, quando implicar em aumento do desmatamento.

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    No EIA/RIMA foi apresentado um instrumento para quantificar o provvel incremento de atividade econmica, denominado FIA (Fator de Incremento Anual Impacto Ambiental) (FUNTAC, 2000). Por meio de projees, utilizando-se o FIA como instrumento, o EIA/RIMA estimou um incremento anual de desmatamento equivalente a 1.994,03 ha. Embora o clculo do FIA no tenha constitudo objeto do presente trabalho, foi possvel notar um incremento das atividades econmicas nas margens da rodovia, possivelmente decorrente da melhoria das condies de mobilidade e deslocamentos.

    Foram definidas no EIA/RIMA vrias medidas mitigadoras com a finalidade de evitar ou minimizar o desmatamento (Tabela 1). Uma das medidas definidas foi a implantao de 6.240 ha de Sistemas Agroflorestais (SAFs) num perodo de 3 anos, nas propriedades agrcolas situadas no entorno da rodovia. Apesar de no explicitado no EIA/RIMA, o pressuposto era que a implantao desses sistemas de produo resultaria em menor presso por rea de cultivo nas propriedades e, portanto, conteno do desmatamento.

    Tambm foi definida como medida mitigadora, relacionada com o aumento do desmatamento, a implantao de planos de manejo em reas de 4.000 ha nas propriedades agrcolas lindeiras. Planos de manejo permitem a explorao sustentvel dos recursos florestais sem resultar em desmatamento predatrio na propriedade. Do mesmo modo, a implantao de 464 audes, outra medida definida no EIA/RIMA, poderia propiciar alternativas produtivas aos proprietrios rurais, diminuindo a presso pelo desmatamento da floresta.

    As vistorias em campo identificaram falhas na implantao dessas medidas mitigadoras, quando no, a sua completa ausncia. Foram verificados poucos SAFs ao longo da estrada, de tamanho pequeno (muito distante da rea de 6.240 ha), alguns at abandonados. Foram observados vrios audes no curso da rodovia. Alguns deles, porem, estavam secos, denotando que a implantao da medida foi realizada de modo no totalmente satisfatrio. Tambm no foi possvel identificar-se a implantao dos planos de manejo florestal nas propriedades.

    Outras medidas mitigadoras previstas no EIA/RIMA e no implantadas, de acordo com os levantamentos efetuados, foram o aproveitamento de madeira oriunda das reas de queimadas autorizadas e o reflorestamento de uma extenso de 40 Km nas margens dos cursos d gua, sujeitos a interferncias obra. O reflorestamento ciliar deve ser considerado prioritrio em funo das alteraes que j ocorreram e que continuam a ocorrer em toda a fase de construo do empreendimento. Foi verificado em campo um comprometimento significativo da rede hidrogrfica. As medidas mitigadoras implantadas para minimizar os impactos advindos da movimentao de terra e instalao de drenos de passagem no foram capazes de proteger os cursos d gua de modo adequado. A no implantao de determinadas medidas, como no caso do reflorestamento ciliar, pode comprometer o desempenho de outras, dificultando uma avaliao mais completa da eficcia das medidas mitigadoras implantadas.

    O baixo grau de implantao das medidas mitigadoras previstas para o controle do desmatamento dificulta a realizao de uma anlise mais completa sobre a eficcia das mesmas. Por outro lado, necessrio tambm realizar uma anlise multitemporal

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    na cobertura florestal da rea de influncia do empreendimento, comparando a situao atual com aquela anterior sua implantao. Esse monitoramento seria oportuno para avaliar o desempenho ambiental do empreendimento, ainda em fase de implantao e corrigir as falhas detectadas no processo. As medidas acordadas no contexto do licenciamento ambiental mostram-se ainda relevantes e necessitam de ser implantadas. Alm disso, outras medidas no definidas inicialmente se fazem necessrias dados os impactos no previstos e que agora se manifestam, como por exemplo, aqueles associados com a movimentao de terra decorrente da instalao de acessos a reas de emprstimos.

    Nas vistorias em campo foram observadas situaes que denotam incremento da atividade econmica no entorno da rodovia, como por exemplo, a presena de pequenos estabelecimentos comerciais, posto de combustvel, criao de animais de pequeno porte, habitaes, oferta de transporte pblico e escolar e de energia eltrica, alm do aumento do fluxo de veculos. Vale ressaltar que o incremento da economia da regio tambm produziu cenrios associados produo de bens de consumo, no previstos nos documentos do EIA/RIMA. A gerao de resduos de caractersticas domiciliares e a dificuldade na logstica da coleta e disposio final representam demandas no previstas anteriormente. Em muitos casos as habitaes dispem de cestos para facilitar a coleta servio pblico de coleta. Em outros casos, porm, a disposio do lixo feita em locais irregulares e imprprios s margens da rodovia. A Figura 5 uma ilustrao da diversificao das atividades econmicas promovida pela pavimentao da rodovia e algumas conseqncias desta ao.

    Imagem Comentrios

    Pequeno comrcio instalado nas margens da rodovia.

    Sinalizao para orientar a populao

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    Cestos de lixo s margens da rodovia. Nestas condies h atrao

    de vetores e pequenos animais produzindo riscos aos usurios e

    potencial de contaminao para os corpos dgua.

    Depsito irregular de lixo localizado a poucos metros da estrada.

    Cesto de lixo instalado em frente a uma propriedade.

    Figura 5. Atividades econmicas e consequncias.

    A verificao da implantao de determinadas medidas ficou comprometida no presente trabalho, dada a natureza da prpria medida. Nessa situao incluem-se medidas como campanhas educativas e aes de conscientizao dos moradores sobre manejo de bacias hidrogrficas. Outras medidas, como perfurao de poos e implantao da agricultura familiar, foram parcialmente implantadas, no como um programa especfico de controle ambiental, inserido no contexto da gesto ambiental do empreendimento, mas como parte de programas diversos governamentais.

    Um programa de monitoramento de impactos ambientais no contexto da gesto ambiental do empreendimento seria fundamental para melhorar o seu desempenho ambiental, detectando falhas e permitindo correes no momento mais adequado.

    Conforme apontado por GALLARDO (2004) a anlise psprojeto apresenta-se como uma complementao do processo de AIA (Avaliao de Impacto Ambiental), o qual no deve ser finalizado com a aprovao do projeto.

    Tambm PRADO FILHO e SOUZA (2004) afirmam que a verificao da eficcia de medidas mitigadoras possvel de ser conduzida com o automonitoramento e a anlise do desempenho ambiental do empreendimento.

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    Este trabalho foi recebido pela Comisso Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O contedo do trabalho de inteira responsabilidade do autor.

    Com base nas anlises efetuadas no presente projeto pode-se concluir que as prticas de gesto da obra de pavimentao da Rodovia AC 90 devem ser revistas, de modo a incorporar a anlise de desempenho ambiental no processo, cumprindo de modo integral o que foi acordado no licenciamento ambiental e agregando novas medidas de controle ambiental que se mostrarem necessrias oportunamente. Referncias Bibliogrficas BRASIL. [1981]. Lei Federal n 6938, de 1981. Poltica Nacional de Meio Ambiente.

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