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ano 9 número 36 ano 9 número 36 www.revistalealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br Escritor, biógrafo, obsessivo. Escritor, biógrafo, obsessivo. Em entrevista exclusiva, ele divide Em entrevista exclusiva, ele divide segredos e os planos para 2013. segredos e os planos para 2013. Ruy Castro Ruy Castro Ronaldo Fraga Ronaldo Fraga J.R.Duran J.R.Duran Garcia Márquez e Neruda Garcia Márquez e Neruda

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Ruy Castro - Escritor, biógrafo, obsessivo. Em entrevista exclusiva, ele divide segredos e os planos para 2013.

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nº 3

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oreira

ano 9 número 36ano 9 número 36 www.revistalealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.br

Escritor, biógrafo, obsessivo. Escritor, biógrafo, obsessivo. Em entrevista exclusiva, ele divide Em entrevista exclusiva, ele divide

segredos e os planos para 2013.segredos e os planos para 2013.

Ruy Castro Ruy Castro

Ronaldo FragaRonaldo FragaJ.R.DuranJ.R.Duran

Garcia Márquez e NerudaGarcia Márquez e Neruda

Leal Moreira, vida e arte.

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Page 2: RLM 36

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40 ml de Tequila Don Julio Blanco20 ml de Cointreau2 colheres (sopa) de suco de limãoCubos de geloSal (para a borda do copo)

Modo de preparo: Molhe a boca do copo para coquetel com suco de limão e encoste no sal para formar uma borda. Junte em uma coqueteleira a tequila, o contreau, o suco de limão, e 1 xícara de cubos de gelo. Misture bem e coe sobre a taça.

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Page 6: RLM 36

6

índice

28

38102

56

dicas pg 12Anderson Araújo pg 26Celso Eluan pg 46tech pg 64horas vagas pg 66confraria pg 78Felipe Cordeiro pg 80especial Fanfi ction pg 82Arthur Dapieve pg 88enquanto isso pg 98Glauco Lima pg 100vinhos pg 108decor pg 110falando nisso pg 115institucional pg 116Nara Oliveira pg 122

capaRuy Castro, por Daryan Dornelles

ca

pa

ÂNGELA SICILIAConheça a jovem chef paraense, que encantou os italianos ao mostrar a perfeita combinação dos sabores da Grande Bota com os exóticos ingredientes amazônicos

ga

leria

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AURÉLIO MEIRANa segunda entrevista da série especial sobre os 400 anos de Belém, o arquiteto Aurélio Meira, fala do nascimento da capital paraense e sua vocação natural para ser a grande referência de Amazônia. B

elé

m|

40

0 a

no

s

48

18 O estilista Ronaldo Fraga inspirou-se em Belém para viver um dos momen-tos mais criativos de sua carreira. E confessa: está apaixonado por nossa cidade.

perfil

comportamento

A América Latina de Neruda e Garcia Márquez.

destino90

RUY CASTROO autor das consagradas biografi as de Nelson Rodrigues, Gar-rincha e Carmen Miranda divide com a Revista Leal Moreira seu processo criativo e faz revelações surpreendentes.

J.R.DURANConhecido como o fotógrafo das beldades brasileiras, o catalão revela um lado seu pouco conhecido: o de pintor. Em livro ele reuniu belas aquarelas que retratam os quartos de hoteis nos quais se hospedou.

Sexo frágil? A nova revolução feminina conduziu as mulheres a postos inéditos e elas comemoram o reconhecimento.

A Revista Leal Moreira 36 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.

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Page 8: RLM 36

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10

Aos nossos leitores,

Esta é a primeira Revista Leal Moreira de 2013, motivo pelo qual apro-

veito para desejar-lhes um ano pleno de realizações e de boas leituras.

Falando em boas leituras, tenho o prazer em dizer que este ano a

Revista Leal Moreira comemora dez anos de existência e estamos pre-

parando surpresas para celebrar essa década de entrevistas exclusivas

e matérias especiais.

É um privilégio ter em nossa primeira capa o escritor Ruy Castro. Bió-

grafo cuidadoso, homem de frases geniais, ele nos recebeu para uma

entrevista maravilhosa e fotos intimistas.

Geniais também são o estilista Ronaldo Fraga e o arquiteto paraense

Aurélio Meira – ambos separados pela distância geográfi ca, mas uni-

dos pelo amor a Belém. Fraga, defi nido por ele mesmo como “turista

aprendiz”, criou suas últimas coleções tendo como inspiração o Pará.

Já Meira é nosso convidado para falar dos 400 anos de Belém e conos-

co dividiu suas ideias para nossa capital.

No próximo 08 de março, dia dedicado às mulheres, a RLM faz sua

homenagem e esmiúça a nova revolução feminina e o papel desempe-

nhado por elas neste terceiro milênio.

Ângela Sicilia, chef de cozinha, fala de suas origens e da harmoniosa

combinação entre a culinária italiana e os exóticos ingredientes amazô-

nicos e nos apresenta uma receita exclusiva.

Esta Revista Leal Moreira 36 está belíssima. Vocês haverão de achar

que estou sendo suspeito, mas vão em frente: leiam esta edição e fi -

quem igualmente encantados. Ah, vale lembrar que as matérias sinali-

zadas com códigos QR têm conteúdos exclusivos em nosso site (que,

aliás, está de cara nova): www.revistalealmoreira.com.br

Boa leitura!

André Moreira

Criação Madre Comunicadores AssociadosCoordenação Door Comunicação, Produção e EventosRealização Publicarte EditoraDiretor editorial André Leal MoreiraDiretor geral Juan Diego CorreaDiretor de criação e projeto gráfi co André LoretoGerente de conteúdo Lorena FilgueirasEditora-chefe Lorena FilgueirasEditora assintente e produção Camila BarbalhoFotografi a Dudu MarojaReportagem: Arthur Nogueira, Bianca Borges, Fábio Nóvoa, Jecyone Pinheiro, Leonardo Aquino, Lorena Filgueiras, Lucas Ohana e Su Carvalho . Colunistas Anderson Araújo, Arthur Dapieve, Celso Eluan, Glauco Lima, Felipe Cordeiro, Nara Oliveira e Raul ParizottoAssessoria de imprensa Lucas OhanaConteúdo multimídia: Max AndreoneVersão Digital: Brenda Araújo, Guto Cavalleiro, Fabrício BezerraRevisão José Rangel e André Melo

Gráfi ca Santa MartaTiragem 12 mil exemplaresComercial Gerente comercial Daniela Bragança • (91) 9289.0889Contato comercialThiago Vieira • (91) [email protected]

FinanceiroContato (91) [email protected]

Fale conosco: (91) 4005.6874 [email protected]@lealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.brfacebook.com/revistalealmoreira

Revista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refl etem, necessariamen-te, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

Tiragem auditada por

João Balbi, 167. Belém - Paráf: [91] 4005-6800

www.lealmoreira.com.br

Construtora Leal MoreiraDiretor Presidente: Carlos MoreiraDiretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício MoreiraDiretor de Marketing: André Leal MoreiraDiretor Executivo: Paulo Fernando MachadoDiretor Técnico: José Antonio Rei MoreiraDiretor de Incorporação: Thomaz ÁvilaGerente Financeiro: Dayse Ana Batista SantosGerente de Relacionamentocom Clientes: Alethea Assis

Revista Leal Moreira

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Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com.br. Nele, você fi ca sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.

Escreva para: [email protected] João Balbi, 167 • Nazaré • Belém/PA - Brasilcep: 66055-280

Redes sociais:Siga: twitter.com/lealmoreiraCurta: facebook.com/lealmoreira

Atendimento:A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 12 h e das 14h às 18:30h

On-line:

Telefone:++55 91 4005 6800

www.revistalealmoreira.com.br

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Belém

Doce PecadoAliando gastronomia francesa e certo charme paraense, a Doce Pecado cati-

vou o coração (e o paladar) de quem gosta de experimentar sabores novos e

refi nados. Especializada em crepes, a doceria oferece mais de 60 sabores da

iguaria, entre doces e salgados. O ambiente é elegante, charmoso e bem de-

corado – com um leve ar parisiense. Aproveitando o bom momento para esse

tipo de produto no Brasil, o local também investiu no conceito de brigadeiros

gourmet: feitos com chocolate belga, os doces são combinados com sabores

como camomila ou gengibre. O resultado é uma experiência gastronômica inu-

sitada e deliciosa. Recomendamos.

www.revistalealmoreira.com.br

Travessa Dom Romualdo de Seixas, nº 579 – entre Senador Lemos e Jerônimo Pimentel • 91 3348.6455

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Dom BaretoDescontraído, leve, bom para início e fi m de noite. Assim é o Dom Bareto – o quarto membro da família de

bares com o mesmo prenome. O lugar inaugurou no fi m do ano passado, depois de reforma comandada

pela arquiteta Larissa Chady. O resultado foi um espaço entre o sofi sticado e o aconchegante, dividido em

dois ambientes – refrigerado, onde tem música ao vivo nos fi ns de semana; e o ventilado calçadão, ideal

para jogar conversa fora com os amigos. O Dom Bareto também mantém o caráter esportivo do seu irmão

mais velho, o Dom Bar: são sete telas espalhadas pelo local, que transmitem jogos de futebol e UFC. O

cardápio é versátil – tem desde os celebrados petiscos de boteco até bem servidos pratos à la carte. É

aconselhável chegar cedo para garantir uma mesa.

Rua João Balbi, nº 1350 – esquina com 9 de Janeiro • 91 3236.2615

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14

Bolshoi PubPara quem tem o hábito de sair com o ob-

jetivo de prestar atenção às apresentações

musicais, o Bolshoi Pub é a pedida perfeita.

Projetado para receber bem os shows inti-

mistas, o lugar respira música. Nas paredes

há pôsteres, cartazes, bandeiras, fl âmulas

e instrumentos, entre outros objetos diver-

tidos – tudo disposto de maneira planejada

e elegante. As televisões, espalhadas pelos

quatro ambientes climatizados, transmitem

simultaneamente o show dos artistas que

estão no palco. As atrações que costumam

passar por lá são de grande porte: a casa

recebe desde nomes do jazz como o gui-

tarrista Stanley Jordan até expressões da

música brasileira como Arnaldo Antunes e

Marina Lima. Além de tudo isso, o bar tem

uma excelente carta de cervejas nacionais

e importadas. Aconselhamos curtir a noite

de Goiânia degustando o cremoso chope da

Guinness, a famosa marca irlandesa.

Brasil

Um dos italianos mais celebrados do Brasil, o Due Cuochi Cucina é venerado

pela crítica desde a sua inauguração, em 2005. Ostentando duas estrelas no Guia

Quatro Rodas, a cozinha - comandada pela restauratrice Ida Maria Frank - vem

sendo premiada com frequência por revistas especializadas. A aprovação dos

paulistas resultou na abertura da fi lial no Shopping Cidade Jardim em 2008. Bem

decorado, o lugar sugere certa receptividade e descontração sem perder a classe

contemporânea. O atendimento, atencioso e profi ssional, completa a receita de

sucesso do restaurante. No cardápio, as duas unidades focam na gastronomia

italiana contemporânea. Entre as especialidades da casa, destacamos o Penne à

vodka com pancetta italiana, rúcula selvagem e lascas de parmesão – harmoni-

zado com um bom vinho, como os italianos fazem.

Due Cuochi

www.revistalealmoreira.com.br

Rua T-53 Nº1140 St Bueno. Goiânia, GO. • 62 3241.0731 • www.bolshoipub.com.br

Rua Manuel Guedes, 93 – Itaim. São Paulo, SP • 11 3078.8092 • www.duecuochi.com.br

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mundo

Rock Bar

Ice Bar

Localizado em um dos mais luxuosos resorts

do mundo, o Rock Bar é um lugar inovador e

minimalista. Desenhado pelo japonês Yasuhi-

ro Koichi, o bar é todo de vidro, incrustado no

alto de uma rocha, 14 metros acima do nível do

mar. O resultado dessa ousadia arquitetônica é

a vista de 360° para o horizonte da Indonésia,

à beira do oceano – o que rendeu a menção

nas listas de melhores do mundo pela CNN e

pelo New York Times. Além dos encantos visu-

ais, há atrações musicais nos fi ns de semana

e nos períodos de férias. O DJ residente toca

gêneros como nu-disco, deep house e chill out,

e frequentemente recebe convidados de fora

– que podem ser outros DJs ou bandas feste-

jadas no cenário moderninho. O cardápio tam-

bém não deixa a desejar. Recomendamos ex-

perimentar o Summer Rolls, feito de macarrão

de arroz, manga e hortelã no molho de ameixa,

acompanhado de um Spiced Rock – feito com

vodka, laranja, limão, alecrim, gengibre fresco e

mel silvestre.

Tudo é de gelo: poltronas, balcão e o próprio copo

onde é servido o drinque. Essa é a ideia do Ice Bar,

localizado no centro de Budapeste. Embora não seja

o primeiro no mundo a adotar o conceito, o lugar tem

o diferencial de ser o único que funciona o ano inteiro.

Lá, os clientes recebem uma capa térmica que cobre

o corpo inteiro, além de luvas quentes para manter o

corpo confortável no frio. Para garantir que nada vai

derreter, o bar só permite a entrada de poucas pes-

soas por vez – portanto, é bom fazer reserva. Outra

curiosidade interessante: o bar possui o molde original

do congelamento de Han Solo (personagem vivido por

Harrison Ford) no fi lme Guerra nas Estrelas – O Império

Contra-Ataca, certifi cado pela Lucas Film. Prato cheio

para adeptos da cultura geek que queiram tirar uma

foto com o artefato. No cardápio, apenas bebidas – o

frio não permite cozinhar alimentos. Vale experimentar

o Eskimo Kiss: oxicoco da Finlândia com licor de maçã

ácida, suco de laranja e xarope de cana de açúcar.

www.revistalealmoreira.com.br

Jl. Karang Mas Sejahtera - Jimbaran, 80364. Bali, Indonesia • +62-361-702222 • www.ayanaresort.com/rockbarbali

1056 Budapest, Váci Utca 82. Budapeste, Hungria • +36 20 9 666 000 • www.icebar.hu

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perfil

www.revistalealmoreira.com.br

Ronaldo Fraga se defi ne “apren-diz” apaixonado pelo Pará. Aqui

ele buscou inspiração para compor suas coleções.

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19

O resgate da autoestima com a apro-

priação de sua cultura é a tônica do

trabalho desenvolvido pelo estilista mi-

neiro Ronaldo Fraga em terras paraenses. Em

rápida passagem por Belém, Fraga convergiu

uma multidão de olhares. Eram estudantes de

moda, designers e muitos fãs que se aglutina-

ram para vê-lo falar sobre suas experiências

por aqui - incluindo um trabalho de pesquisa,

que teve como base a reinvenção do tempo e

da moda, em projeto social desenvolvido com

mulheres da Cooperativa de Biojoias do muni-

cípio de Tucumã, no sudeste paraense. Como

resultado, os produtos foram usados na sua

última coleção de Verão apresentada no São

Paulo Fashion Week.

Antes da palestra em Belém, Ronaldo Fra-

ga recebeu a equipe da Leal Moreira para um

bate-papo descontraído onde falou de muita

coisa séria, da sua proximidade com o Pará, do

designer como mola propulsora do resgate da

autoestima, de preconceito com o que é pro-

duzido na periferia e do real papel do designer

ao encurtar as distâncias e mostrar as várias

faces dos ‘Brasis’.

Como se deu sua aproximação com o Pará?A primeira vez eu vim a convite da Fundação

Vale para conhecer a Amazônia paraense e

alguns projetos que vinham sendo desenvolvi-

dos aqui. Na ocasião, fui convidado pra pales-

trar em outro evento, que estava ocorrendo no

mesmo período. Caí de paixão por essa cidade

e não tem como ser de outra forma. Lembrei-

-me de uma frase que adoro de Mário de An-

drade, no livro “O Turista Aprendiz”. Quando

chegou ao Pará ele disse: “O Pará foi feito pra

mim, imagine uma luva que veste muitíssimo

bem uma mão” – foi isso que eu senti aqui.

Essa frase veio e fi cou.

Por que esse encantamento?Aqui é a última face do Brasil a ser desco-

berta pelos brasileiros. Quando a gente pensa

numa relação do próprio Pará com o restante

do Brasil, ela é muito recente, de menos de 100

anos. Esse extremo do Brasil, os brasileiros não

conhecem. Isso suscita em mim crenças que

eu tenho e trago de outras pesquisas, de outros

trabalhos. O compromisso civil do designer é

o de criar essa ponte entre a distância oceâni-

ca que existe entre os brasis dentro do próprio

Brasil. E estou falando de um universo extrema-

mente rico: se você fala em biodiversidade aqui

tem; se você fala de sustentabilidade, aqui tem;

se você fala em Brasil feito a mão, aqui tem; se

você fala em música, aqui tem; comida e culi-

nária, idem; é um lugar extremamente rico e

fértil. Quando eu falo que o oxigênio do mundo

está aqui eu não me refi ro somente ao oxigênio

da fl oresta amazônica, mas de caminhos pos-

síveis, da reinvenção de um novo Brasil a partir

de um Brasil diverso e isso tudo está aqui.

O que mais lhe chamou a atenção no Pará?Você olha longe e pensa: “poxa, que mulher

linda, você chega perto é uma castanheira” (ri-

sos) – ou seja, as pessoas terminam onde co-

meçam as árvores, as árvores terminam onde

começam os bichos, os bichos terminam onde

Estilistaaprendiz“Como uma luva que veste muitíssimo bem a mão”. A frase, de Mário de Andra-de, poderia ter sido cunhada por Ronaldo Fraga, o mineiro que tornou o Pará sua recente – e grande – fonte de inspiração.

»»»

Jecyone Pinheiro Dudu Maroja / Divulgação

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começa a comida, a comida termina onde começa

a música, a música termina onde começa a litera-

tura, então tudo aqui é transformado em uma coisa

só e esse desenho você vê em pouquíssimos luga-

res do mundo. Um prato cheio para quem trabalha

com design.

E o trabalho com as artesãs de Tucumã, como foi?Quando você entra num projeto como esse, você

trabalha com a fartura da falta. É tudo muito frágil,

porque hoje tem uma empresa fi nanciando, mas

ela pode não mais se interessar amanhã. E como

essas pessoas fi cam? Então meu grande desafi o

é plantar um desejo de mudança em cada uma

delas. O sucesso pra mim é que se cada uma des-

sas 60 mulheres levar adiante esse desejo, esse

olhar, esse estímulo a empreender com o que elas

têm nas mãos já vai ser válido. Olhar para os restos

da fl oresta e transformar em algo. Essa coisa do

empreendedorismo individual é o que faz mudar o

coletivo. Quando a gente chegou era lixo pra todo

lado da sala, aos poucos, com o trabalho, nós fo-

mos mudando isso. Elas esperavam que o lanche

de todo dia fosse ser bancado todo dia. Aí falamos

que não; que cada uma trouxesse o que tinha em

casa, se tivesse uma banana, levava a banana, se

não tem nada, arranca uma fl or e traz a fl or pra

mesa. As mesas eram fartas. Quando você conge-

la a imagem do início e no fi nal, você fi ca emocio-

nado: elas estavam mais bonitas, mais arrumadas,

a maioria evangélica, no fi nal estavam de cabelos

soltos, maquiadas, fl ores na mesa, não tinha um

cisco no chão. Tudo limpinho. Essa transformação,

esse empreender no seu entorno, aquilo que trans-

forma a sua vida e do outro pra mim é extrema-

mente valioso. É isso que transforma o coletivo, não

dá pra pensar na transformação do coletivo sem o

estímulo da transformação do indivíduo.

Qual foi a tônica do trabalho com o grupo?Foi um trabalho que mostrou caminhos possíveis,

a necessidade urgente de reinvenção do nosso

tempo, de reinvenção do nosso mundo e da moda.

Porque, embora cada cidade tenha a sua cultura,

o projeto tem uma metodologia que pode ser apli-

cada em qualquer lugar. Aconteceu em Tucumã,

mas poderia ter acontecido na Ilha de Marajó, em

Santarém, no Tocantins, como já aconteceu em vá-

rios lugares do Brasil, como Pernambuco, Jequiti-

nhonha, Rio Grande do Sul, Pantanal. Esse lugar da

moda me fascina. E não falo somente da geração

de emprego e renda, mas de uma reafi rmação e

apropriação cultural.

www.revistalealmoreira.com.br

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E a reação do público ao se deparar com o resultado desse trabalho?

Tem sido fascinante. Apresentei esse material na

“bienal de design”, em Buenos Aires, no Chile, em

Portugal. Fui convidado, junto com Marcelo Rosen-

baum, para abrir o “Ano do Brasil em Portugal” e o

“London College of Fashion”, em Londres, em no-

vembro passado. Lá aconteceu uma coisa muito

interessante: quando apresentei esse projeto, na se-

quência tinha um inglês que é sócio de um grupo de

agências de propaganda mais festejado na Europa

e ele disse que fi cou sem palavras diante da coinci-

dência porque estão fazendo a próxima campanha

de um perfume da Prada que tem o Brasil como

foco, pela primeira vez o segundo maior consumidor

de perfume do mundo está na mira de uma marca

internacional que está trabalhando em um perfume

específi co pra um povo que toma mais de um banho

por dia. O perfume vai ser lançado em breve e, para

ilustrar a campanha, foi indicado o Estado do Pará. O

mundo está de olho no Brasil e o Brasil está de olho

no Pará, então o mundo está de olho no Pará. Não é

porque o estado é lindo – a diferença é a diversidade

cultural desse lugar, a pedra bruta da cultura desse

lugar que o Brasil desconhece.

Falta ao Brasil saber dar valor a nossa cultura de raiz, tão valorizada lá fora?

Sou extremamente tolerante com a falta de cul-

tura e a falta de educação. A nossa grande chaga

não é a falta de dinheiro, mas de educação e cultu-

ra. Um projeto como esse, quando foi apresentado

na Argentina, em Londres, em Portugal, as pessoas

queriam saber da loja on-line, “onde se compra?”,

“como faz pra conseguir?”. É um sucesso esse tra-

balho da biojoia. O Brasil, principalmente certos se-

tores, é extremamente preconceituoso, pra eles a

escravidão terminou ontem à tarde. E isso não é um

problema do Pará, mas do Brasil, que nós temos que

romper com a própria geração de designers e de

consumo. E o consumo desenha muito bem a cultu-

ra de um lugar, a educação de um povo. “Me diga o

que consomes que eu te direi quem és”.

Pretende continuar com esse projeto?Embora esteja acontecendo no Estado do Pará,

não é o primeiro trabalho que fi z, o meu trabalho é

esse. A moda transformadora e o Brasil estão pas-

sando por esse momento de reinvenção do próprio

país. Acredito que não seja nem a reinvenção da

moda, pois da forma como estamos, há sinais de

um desgaste profundo – temos o exemplo da Prada.

Se as indústrias de cosméticos, de decoração e de

moda estão de olho no que aqui tem em abundância »»»

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www.revistalealmoreira.com.br

A coleção “Turista Aprendiz” é uma síntese da diversidade paraense que tanto encantou Fraga.

Page 23: RLM 36

e, no entanto, não conseguimos enxergar isso,

eu volto a dizer que o problema é a questão da

educação. Há muito pra ser feito. Já me per-

guntaram se me sinto sozinho fazendo isso e

eu prefi ro acreditar que tem um monte de gen-

te fazendo a mesma coisa, mas eu sei que é

solitário. Solitário, mas transformador. Esse re-

torno eu tenho tido no Brasil inteiro com jovens

que estão entrando ou saindo da escola agora,

querendo seguir o mesmo caminho: pensar a

moda como um instrumento de transforma-

ção. E quando você fala em gerar emprego e

renda com apropriação cultural, é muito mais

do que dar alimento a uma pessoa, é oferecer

uma coisa que é caríssima e que não muda,

mesmo que os governantes não permaneçam

os mesmos: autoestima.

E o pensamento recorrente de que “o que vem de fora é sempre melhor”?

Sou otimista e procuro olhar aquilo que re-

almente transforma, que realmente muda. Se

compararmos o Brasil de 10, 15 anos atrás,

houve uma apropriação maior sim; tinha coisas

que a gente escondia na área de serviço, em-

baixo do tanque e hoje a gente deixa na cozi-

nha. Então hoje nós temos menos vergonha de

certas coisas. E tem uma série de exemplos,

e posso começar falando desse fenômeno da

Gaby Amarantos e talvez ela não tenha a mes-

ma aceitação no Pará, como tem no Sudeste

do Brasil. Gaby é uma fi gura que está transi-

tando por todas as áreas; foi o personagem da

cultura brasileira mais premiado em 2012. Isso

signifi ca muito e não aconteceria há 10 anos,

logo sinaliza alguma coisa. Apesar de tudo eu

sou otimista. Quando os tempos mudam, você

tem o ônus e o bônus, mas acho que nessa

apropriação cultural nós demos uma melhora-

da, sim.

Você lembrou da semente de jarina, que cha-ma a atenção fora daqui...

Então, acho até curioso a jarina - como aqui-

lo não pode ser uma pedra preciosa? É o mar-

fi m da Amazônia, minha gente! Nós exporta-

mos isso na virada do século XIX para o século

XX. Na Europa foi usada em maçaneta de por-

ta, cabo de guarda-chuva e bengala para os

ingleses. Então, esse conhecimento do que é

joia, do que é valor agregado é que tem que

ser discutido. Nesse sentido eu acho que re-

almente o mundo está acabando e concordo

com os Maias. Aquilo que foi vivido aqui no ci-

clo da borracha está acontecendo com o mun-

do agora, é o fi m de um ciclo. E entender quais

são essas normas, essas regras é o grande

desafi o, mas esse novo mundo está aqui bem

na nossa frente.

Nesse sentido da autoestima, o que chamou mais sua atenção na interação com as artesãs?

Você pode até pensar que eu estava traba-

lhando com sementes e restos da fl oresta, mas

na verdade eu estava trabalhando com outra

coisa. Quando eu falava de restos da fl oresta,

não era só a matéria, mas das pessoas que

estavam ali, esquecidas do mundo no meio

de um “faroeste caboclo”, e que aos poucos

esse resto foi se reconstruindo. Da mesma for-

ma que as sobras de madeira iam para o des-

carte, o descarte ali eram elas mesmas num

primeiro momento e que foram se construin-

do e tomando corpo, se apropriando. A gen-

te sente a evolução das meninas em relação

ao ofício delas. Elas foram se aprimorando na

marchetaria e nas suas próprias vidas. Então,

a cada vinda nossa, a gente ouvia uma con-

versa daquilo que elas tinham modifi cado em

casa, com o marido, com o companheiro, limi-

te que elas começavam a colocar, o que não

acontecia antes. Um projeto como esse é mui-

to mais amplo do que parece à primeira vista,

ele tem uma possibilidade de transformação

muito maior do que as pessoas imaginam. E

transformação minha também, eu saio muito

melhor de um lugar como esse e elas nunca

mais vão sair de mim.

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Paixãoecarnaval Não sou tão velho assim para morrer de sauda-

de dos velhos carnavais. Aqueles dos desfi les em

carro aberto, das guerras de confete, da exibição

de umbigos - somente umbigos! - que causava fris-

son. Nem sou tão chegado assim no espírito que

possui o Brasil de fevereiro em fevereiro, embora

já tenha gritado “alá-laô” por aí. Gosto mesmo é do

conto do Veríssimo, aquele do encontro dos foliões

mirins ano a ano no bailinho. Aí, sim, dá uma sau-

dade e até traz umas boas lembranças, como a da

estranha que segurou minha mão em 1986.

Depois que as gêmeas nasceram minha mãe foi

arrebatada por um rebuscamento artístico nunca

dantes visto na história desse País. Com um menino

ela não tinha chance de enfeitar o moleque até não

poder mais. Porém, com as meninas a alma de es-

tilista da minha genitora se libertava das amarras da

pobreza estética masculina. Com esmero, driblan-

do um orçamento curto, ela deixava as fi lhas nos

trinques, umas fofuras. No carnaval, então, nem se

fala: viravam princesinhas ou odaliscazinhas ou bai-

larinazinhas ou ciganazinhas idênticas.

Creio que os gastos não chegavam para mim,

porque não me vejo no caldo da memória como

um garotinho fantasiado. Recordo somente de

umas camisas de viscose estampadas, feitas pela

costureira Geni para meu guarda-roupa conven-

cional. Na minha imaginação, eram imitações das

vestimentas do Magno, aquele do bigode, aquele

do seriado no Havaí. Assim, íamos os quatro para

a Avenida Pedro Miranda ver os blocos: elas devi-

damente adornadas para folia, eu acreditando ser o

dono da Ilha da Fantasia.

Naquele 1986, fomos assistir ao carnaval. Antes

da folia, insisti para ver no Cine China (antes Cine-

ma Paraíso, hoje uma igreja evangélica) “O homem

mais forte do mundo”, com Lou Ferrigno, aquele

ator do Hulk. Mas, o fi lme era confuso e o ambiente

esfumaçado demais. Nada salutar para crianças.

Saímos minutos depois para ver a multidão e para-

mos próximo à Casa Pisco (hoje uma sapataria), na

esquina da Travessa da Estrela.

Minha expectativa maior era ver os mascarados

do Chupico-pico, gente animada do bairro da Sa-

cramenta. A tarde já esmorecia quando o bloco

chegou numa folia de assustar. Acomodamos-nos

na calçada. Mamãe protegendo as meninas e eu

soltinho da Silva, me sentindo muito independente.

Estava de olho arregalado no gorilão no meio do

desfi le quando ela entrelaçou os dedos nos meus.

Senti um certo desconforto e estranhei a mão

nem tão pequena para ser de uma irmã nem tão

grande para ser de dona Clarisse, minha mãe.

Olhei agarrada à minha mão uma mãozinha clara,

delicada. Percebi de chofre: era uma menina. Uma

menina desconhecida. Não tive coragem de olhá-la

no rosto. O coração em descompasso com surdo

e tamborim.

Passamos aquele desfi le interminável de mãos

dadas observando a algazarra. Do meu lado, eu

perguntava por que ela tinha me segurado. Seria

engano? Seria medo do macaco gigante ou de ou-

tro mascarado? Seria meu charme pueril irresistí-

vel? Seria paixão? Sim, eu pensava na hipótese

passional aos sete anos! Quando o bloco passou,

fomos nos desprendendo com delicadeza e ainda

lembro a textura macia, o tom rosado das mãos

dela, o suor. Olhei-a. Ela sorriu, linda. E partiu sem

deixar pista alguma.

Fiquei naquela de “quem é você? Diga logo que

eu quero saber o seu jogo...” por um segundo. Nos

três anos seguintes esperei na mesma esquina

aquele milagre se repetir no meio da confusão car-

navalesca. Em vão, claro. Era eu perdido no mundo

com um amor instantâneo de carnaval a maltratar

meu coração. E olha que a adolescência nem tinha

dado o primeiro grito. Por onde anda essa moça?

Ainda me pergunto.

Anderson Araújo,jornalista

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perfil

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“De modo algum és a menor” – essa é uma das inscrições latinas no brasão da cidade de Belém. A frase, citada com propriedade pelo arquiteto Aurélio Meira, revela sua paixão que é a capital paraense e o desejo em vê-la voltada para o futuro promissor.

A entrevista com Aurélio Meira, arquiteto para-

ense, vinha sendo há muito almejada. Tivemos

vários encontros informais, que sempre nos in-

centivavam a buscar coincidência das agendas e

fi nalmente ela aconteceu. Tendo como cenário o

café da SOL Informática e, ao fundo, o belo qua-

dro do artista plástico (e também arquiteto) Jorge

Eiró em que a vista de Belém, a partir da estação

espacial Atlantis, é retratada, Aurélio Meira con-

versou com a Revista Leal Moreira sobre os ca-

minhos e possibilidades que conduzem a capital

paraense a celebrar – de fato – os seus quatro sé-

culos de existência. Era para ser uma entrevista,

que virou uma verdadeira aula – natural que fos-

se assim, já que Aurélio é fi lho de Augusto Meira

Filho, historiador que, em vida, dizia ser “eterno

namorado de Belém”. Paixão consaguínea e que

atravessou gerações, como você há de ler a se-

guir, em mais uma das matérias da série “Belém

rumo aos 400 anos”.

Católico, sem precisar dizer isso, Aurélio Mei-

ra é pura emoção e os símbolos de sua devoção

estão com ele o tempo todo: seja em um discre-

to escapulário, ou na fi tinha de Nossa Senhora de

Nazaré – gasta mas fi rme – em seu pulso ou nas

referências que faz a Belém (sobre quão abenço-

ada é Belém, “desde seu batismo”). A frase lati-

na, inscrita no brasão de nossa cidade, citada por

Meira, “nequaquam minima est” (de modo algum

és a menor) foi tirada da profecia de Miquéias, re-

lacionando Belém do Grão Pará com sua homôni-

ma Belém da Judeia.

Aurélio, quero falar contigo sobre a Belém dos nossos sonhos, de outrora. Não queremos falar de problemas – não somente. Queremos dar ideias. Queremos tentar, no campo das ideias, apontar e trocar ideias, soluções. Hoje quero falar não so-mente com o Aurélio arquiteto, mas com o citadino. O homem de ideias e opiniões formadas e fortes sobre o cotidiano da cidade.

Às vezes de maneira certa, as pessoas trans-

cendem as coisas boas. O contrário também vale:

de maneira certa, transcendem as coisas erradas.

Todo planejamento é tão perfeito, quanto for fle-xível...

Exatamente! Falaste em ideia. Taí um substan-

tivo interessante. Quando fazia o magistério, eu

dizia para os meus alunos que trabalhar com as

ideias representa essencialmente o insumo básico

de transformação de uma realidade. Às vezes a

gente passa até a fazer uma releitura de fatos já

consolidados e consagrados e nesta releitura sur-

gem essas novas ideias que vão te ajudar a mu-

dar a realidade e buscar aquilo que tu realmente

desejas. Então, a nossa querida Belém tem uma

coisa extraordinária e nisso cabe uma refl exão:

Primeiro porque é o seu próprio batismo. Be-

lém foi batizada e que muitos chamam de Santa

Maria. Meu pai, o saudoso historiador Meira Filho,

preconizava que a cidade não era Santa Maria de

Belém do Grão Pará e sim “Nossa Senhora de Be-

lém do Grão Pará”, porque Santa Maria de Belém,

quando de seu batismo, foi buscar a Belém da

Judeia. Ela se inicia com a consagração de Nosso

Redação Dudu Maroja

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Nequaquam minima est

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Salvador. Ela já nasce grandiosa; posicionada pela

natureza, riquíssima de riquezas naturais e aqui

se ergueu sua primeira ermida. Em uma pequena

retrospectiva histórica, para que possamos desen-

volver bem essa questão do que é Belém hoje, o

que poderá ser e o que foi. Belém é, talvez, a mais

interessante das cidades com características portu-

guesas no Brasil. Se nós observarmos a sua histó-

ria, Belém tem na sua história os três períodos mais

importantes da sua era: colônia, império e repúbli-

ca. Em cada um desses períodos, ela obteve, com

certeza de seus gestores, o esforço em transformá-

-la em uma grande cidade.

Belém se preparou e ergueu prédios públicos

como o belíssimo Palácio Landi, o atual Museu

Histórico do Pará porque a Coroa talvez tivesse até

interesse em se estabelecer em Belém (houve pre-

tensões), mas que acabou se concretizando no Rio

de Janeiro.

A Belém colonial foi extraordinária. A Belém impé-

rio foi extraordinária, porque foi nesse período que

vivemos o auge do ciclo da borracha e era possí-

vel oferecer ao seu cidadão uma qualidade de vida

diferenciada. Creio que quando Lemos assumiu a

intendência, ele também tivesse esse mesmo espí-

rito voltado para o futuro, contemplando muito mais

os acertos que os erros. Eu acho que toda vez que

um gestor assume o executivo, eu comparo com

aquilo que Lemos também deveria ter em mente

quando assumiu a intendência pela primeira vez: a

gente sempre espera que os planos aconteçam de

forma positiva para a cidade.

Onde foi que ele errou?Me permitam fazer uma crítica ao nosso apai-

xonado Lemos, que era futurista, que embelezou

a cidade. Ele pecou em um aspecto: na transição

para as terras altas, ele não pensou nas baixadas.

Ele fez grandes obras, criou belíssimos espaços ur-

banos, criou um bairro planejado, que é o bairro

do Marco. Mas e as transições? O que ele pensou

para Fátima, que era uma baixada, para o Igara-

pé das Almas, as áreas de periferias ao longo dos

rios. Esse foi o único ponto negativo que o Lemos

teve, embora ele tenha sido um grande gestor na

visão de urbes para Belém. Com a decadência da

borracha, nós vivemos um período difícil de transi-

ção na economia. Pela própria história a gente não

vê projetos audaciosos, e mesmo de recolocação

no cenário brasileiro. Belém passou a ter efetiva

participação mais federativa já com o advento de

Brasília, porque tínhamos difi culdades de transpor-

te, problemas de acesso e relacionamento com o

núcleo principal, que era o Rio de Janeiro. Esse pe-

ríodo foi recessivo, por conta do contato inefi ciente

com a capital.

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Com o advento de Brasília, houve um investi-

mento mais maciço em cima da nossa região e,

claro, Belém foi benefi ciada. Eu me recordo de

ver a Avenida Nazaré ser pavimentada em 1962,

quando os paralelepípedos foram suprimidos pelo

asfalto. Não signifi ca que o asfalto era a melhor

solução, mas de qualquer maneira era sinônimo

de modernidade, mas foi nesse período que os

recursos começaram a chegar, até para suprir as

necessidades públicas: infraestrutura, saneamen-

to, educação...

A Belém do futuro precisa de soluções simples,

mas efi cazes; que o nosso gestor tenha o poder

de decidir sobre o que é correto, aquilo que é o

certo, fazendo uma associação de fatores que

possam nos conduzir a um futuro mais generoso.

O futuro mais generoso começa com a elevação da autoestima do nosso povo?

Muita gente comenta que a gente precisa elevar

a autoestima do povo. Não penso assim. Penso

que temos que elevar a autoestima da cidade.

Pensar que Belém já foi considerada umas das

cidades mais verdes do país e atualmente fi gurar

entre as que menos arborização tem, é muito tris-

te. Porque o poder público, não só em suas ativi-

dades constitucionais, as parcerias público-priva-

das e as da atividade privada são as que fazem a

autoestima da cidade fl orescer. A Belém, que tem

muita coisa boa no seu presente e que conserva

um legado precioso do seu passado, mas pen-

sando no futuro, a matriz de envolvimento senti-

mental entre o poder público e o privado tem que

pensar na cidade para o futuro, elevando sua au-

toestima. E eu não tenho dúvida de que seu povo

vai absorver isso. Eu ouço as pessoas comentan-

do que falta educação ao nosso povo. Não vejo

assim também. Mas é que ele sabe que aquele

ente público que deveria ser responsável também

não está cumprindo com sua obrigação e aí, pela

sua indisciplina, ele também não cuida.

Então estás me dizendo que é um círculo virtuo-so. Se o poder público funciona bem, teremos um povo engajado?

Ah, não tenho dúvidas. Deixa eu te dar um

exemplo bem doméstico. Se entras na tua casa

e ela está toda arrumadinha – pode ser uma casa

simples – e a infraestrutura dela está funcionando

toda perfeitamente, a tua autoestima está elevada

e os que estão ao teu lado, vão respeitar a qua-

lidade do teu espaço. Os que forem te visitar vão

ser inspirados pelo teu modelo de organização.

Percebe? A autoestima aumenta. É sinal de que

estou exercendo minha função como ser humano

e cidadão para comigo, minha família e os que

me cercam. A cidade é uma casa; se eu tiver os

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jardins bem cuidados, os equipamentos públicos

funcionando, os serviços públicos essenciais, da

melhor forma possível. Se eu ando na cidade e

me sinto qualifi cado e respeitado no direito de ir e

vir, se eu tenho calçadas niveladas e conservadas,

se o paisagismo urbano me traz bem-estar. Se

eu percebo que meu semelhante cuida bem do

espaço particular... essa é a cidade que a gente

sonha, não é?

E a participação público-privada?Vou te dar um exemplo prático, pegando o

boom da construção civil na cidade. Uma edifi ca-

ção é um monumento para a cidade – porque se

propõe a ter um projeto paisagístico, porque tra-

balha o entorno. E por que numa situação dessas,

não houve um grande pacto determinando que

as calçadas sejam padronizadas? Que o meio-fi o

seja também padrão? Esse pacto é uma parceria

público-privada.

Seria perfeito que houvesse um pacto dessa na-tureza pela iluminação das frentes das casas...

A iluminação pública! Outra parceria que seria

muito bem-vinda seria a prefeitura pedir à empre-

sa concessionária de energia que modernizasse

as instalações, trocasse os fi os de alta-tensão por

outros, os trefi lados – esse gesto nos permitiria,

por exemplo, replantar nossas mangueiras, rege-

nerar nossos exemplares centenários ou qualquer

outro tipo de árvore frondosa. Nossos ipês são

maravilhosos para o paisagismo urbano! Eles em-

belezariam certamente nossas ruas. Mas não dá!

Porque tem a luz, porque o cidadão vai lá e corta

de qualquer jeito. Já que seria muito caro trans-

formar a alta-tensão em subterrânea, pelo menos

o uso do trefi lado permitiria o paisagismo urbano.

É uma ideia simples. Com simplicidade, a gente

consegue transformar uma realidade com ideias

simples. A gente tem que ser audacioso, precisa

re-estudar a cidade de uma forma responsável.

E a travessia para o Combu – 300 metros depois do Acará? O crescimento de Belém para além da ci-dade, em direção das ilhas, a exemplo do que nossa vizinha Manaus fez também – o que achas?

Vou fazer um registro para ti, porque não deves

lembrar, já que és muito jovem. Belém tem um

privilégio enorme em ter ilhas lindas, virgens. De

1971 a 1975, governava o Pará o Fernando José

Guilhon e o Dr. Guilhon tinha um relacionamento

muito próximo com o governo japonês e foi um

dos governadores com mais visão de futuro que já

tivemos. Pergunte ao Alcyr Meira, que pode con-

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tar melhor essa história. O governo japonês fi nan-

ciava naquela época uma ponte que ligava conti-

nente a continente, a exemplo do que o Dr. Almir

Gabriel fez com a Alça Viária, mas aqui em frente

de Belém, passando pelo Combu. O Alcyr chegou

a fazer o planejamento de um bairro, de uma área

residencial sobre essa ilha.

Então o projeto já existe...Existe e não aconteceu, creio, por questões

políticas. Penso que deve existir essa expansão,

porque Belém não tem mais para onde expandir,

mas igualmente, é um projeto que precisa de mui-

to estudo. Nós temos que analisar, estudar profun-

damente as condições tipológicas e topológicas

dessas ilhas e os potenciais de preservação do

ecossistema, para que haja uma ocupação racio-

nal. Há que ter uma política de controle urbanístico

enorme...

Quase uma cidade ecológica.Isso! Temos que ter sustentabilidade e que haja

uma composição mista nesse controle urbanísti-

co, de modo que você pudesse desenvolver pro-

jetos emblemáticos, como hotéis, universidades,

moradia. Ah, sem esquecer a navegabilidade.

Como esse tipo de intervenção influenciaria para bem em Belém?

Se você fi zer uma intervenção em que você

procure resolver e solucionar as interfaces do que

pode trazer o problema, mal não fará. Só fará o

bem. Eu acredito que ocupar de maneira respon-

sável as ilhas, é a Belém do futuro. Quem conhece

bem essas ilhas, sabe que boa parte delas é viá-

vel. Cotijuba é uma ilha alta e uma alternativa ur-

bana maravilhosa, desde que haja uma ocupação

responsável. Existe ainda um estudo, uma possi-

bilidade de ligar Mosqueiro por meio de Carata-

teua e Outeiro. Taí outra possibilidade de expan-

são, que deve ser feita de maneira responsável.

Mas, primeiro, precisa pensar o planejamento de

Outeiro e Icoaraci até se chegar a Mosqueiro. É

um planejamento, estudo a longo prazo.

Belém podia ser reconhecida, no futuro, como a “cidade das ilhas”.

Ou a “Cidade das águas”. Já que há inclusi-

ve projeto de promover o transporte fl uvial, que

é mais barato. Mas não pode ser qualquer tipo

de embarcação. O ideal é que fossem parecidos

com os vaporettos italianos (nota: “ônibus” fl uviais

de Veneza, na Itália).

Eu queria causar uma pequena polêmica. Sobre o Ver-O-Peso, talvez o mais badalado cartão-postal de Belém. O Ver-O-Peso é para o povo ou para o tu-rista? Achas que o Ver-O-Peso deveria ser somente »»»

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mantido como espaço turístico? O Mercado de São Brás, por exemplo, que é desconhecido de grande parte de sua população, não poderia ser um belíssi-mo centro gastronômico?

Não vou agradar muito na minha resposta. O

Ver-O-Peso não pode perder a identidade de ver-

náculo, de três séculos de história. Duzentos anos

atrás ninguém pensava no turista – o Ver-O-Peso

sempre foi o entreposto de abastecimento da ci-

dade. Então eu entendo que o Ver-O-Peso tem de

ser pensado como um conjunto – ele é um conjun-

to arquitetônico. Ele não é só a feira, o centro logís-

tico, ele não é só a alimentação aos trabalhado-

res. O Ver-O-Peso é suas docas, o casario. O que

faz o Ver-O-Peso é essa coisa livre, espontânea. É

onde se compra o pato, mas se compra o Viagra

natural. O turista é simbiótico, ele vai em busca da

curiosidade porque o Ver-O-Peso é um mercado

popular. O turista é um ator do Ver-O-Peso. Mas

a feira e o mercado precisam estar limpos, com

segurança. É preciso pensar num grande conjunto

e pensar até na readequação de alguns usos, de

modo a oferecer uma melhor estrutura para todos.

Me dá uma tristeza ver o Solar da Beira largado,

sem uso perene. Um lugar lindo e abandonado. O

Ver-O-Peso pode ter vias só para pedestres, ve-

ículos específi cos para circular. Você sabia que o

centro histórico de Belém tem quase nove mil pré-

dios de interesse à preservação? É o maior cen-

tro histórico do Brasil. Foi demarcado, em abril do

ano passado, pelo Instituto do Patrimônio Artístico

e Histórico Nacional. As políticas públicas de pre-

servação de sítios históricos têm de ser muito bem

executadas e de maneira responsável. A Gaspar

Vianna é linda, mas tá lá abandonada. Ninguém

intervém. Tô fugindo um pouco do tema, mas é

uma delícia ir “lá em baixo” (como os antigos cha-

mavam a zona portuária e o comércio de Belém)

comprar tapioca, farinha. O turista é parte daquilo,

mas temos que pensar no conjunto. Já o Merca-

do de São Brás é extraordinário. A gente precisa-

va eleger um silogeu, um grupo de pessoas que

tenham o poder de decidir, de maneira prática –

uma readequação de uso ali seria perfeito. Tem

que se tirar a rodoviária dali – não faz mais sentido

que tenhamos uma estação rodoviária ali. O Mer-

cado de São Brás é o nosso Covent Garden (distri-

to londrino conhecido por seus mercados, lojas e

restaurantes). Tudo que você pensa para a cidade

tem de ser rápido e objetivo.

Vou te fazer a mesma pergunta que fizemos para o prefeito eleito, Zenaldo Coutinho. Como devol-ver a Belém o título de “metrópole da Amazônia”, como resgatar a Belém como referência de cidade do Norte?

Gostei desse termo. Não sou presunçoso em

achar que vivo em uma cidade que eu diga “es-

tou na metrópole da Amazônia”, mas quero ouvir

as pessoas dizerem que “estiveram na melhor ci-

uma boa ideia para Belém é exatamente aquela em que nós

pensamos Belém em grandes ideias. Sem

pressuposições e mais afi rmações

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dade do Norte”, “na cidade para a qual eu quero

voltar outra vez”. Temos que resgatar a condição

de Belém como um dos melhores espaços urba-

nos para as pessoas. Eu não quero ser petulante

de dizer que sou o melhor. Prefi ro que quem visita

Belém a reconheça como tal.

Uma boa ideia pra Belém?São tantas...

Então deixa eu mudar a pergunta: o que Belém tem de melhor? Pra motivar que seus visitantes vol-tem outras vezes?

A sua gente de bem. Porque com gente de

bem, tudo dá certo. Essa é a maior riqueza de

nossa terra. Mas olha, voltando à tua pergunta,

uma boa ideia para Belém é exatamente aquela

em que nós pensamos Belém em grandes ideias.

Sem pressuposições e mais afi rmações.

E qual teu maior sonho?Eu gostaria de ver Belém resgatar a relação que

aconteceu desde o momento de sua fundação até

hoje: sua relação com a natureza.

É admissível que tenhamos quilômetros e qui-

lômetros de orla fl uvial e não desfrutemos 100%

disso. O que eu gostaria de ver um dia acontecer

em Belém é ver essa orla integrada à nossa cida-

de; a cidade de frente para as águas, respeitando

sua vocação natural. Aí, Belém terá uma outra vi-

são, outra sensação do que é viver em paz com

a natureza.

Belém já ostentou [de direito] o título de “Cidade das Mangueiras”. Hoje, tristemente, a capital paraense lidera o ranking das cidades menos arboriza-das em todo o país. Ipês, mangueiras, castanheiras - sejam nativas ou não - devem ser replantadas. Nossa cidade merece mais verde; merece de volta o título de “mangueirosa”. Exija do poder público o estudo sobre qual espécie é

a mais indicada; exija políticas de [re]plantio de nossas árvores.

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entrevista

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Bianca Borges Daryan Dornelles / divulgação

Ruy Castro teve um ano bastante movimenta-

do em 2012. Autor de “O Anjo Pornográfi co – a

vida de Nelson Rodrigues”, o escritor foi referên-

cia obrigatória em todos os eventos, reportagens

e programas especiais em homenagem ao cen-

tenário do jornalista, cronista esportivo e “maior

dramaturgo do Brasil”, Nelson Rodrigues, come-

morado em agosto passado. Só que, além de ser

autoridade quando o assunto é Nelson Rodrigues,

ele também é constantemente consultado para

falar sobre os mais diversos assuntos, como as

recentes efemérides dos 50 anos de lançamento

da música Garota de Ipanema e o aniversário de

120 anos da mais famosa praia do mundo, Co-

pacabana.

Ao que tudo indica, 2013 deve seguir o mesmo

ritmo, com o centenário de Vinicius de Moraes e

de Leônidas da Silva, ícone do futebol brasileiro;

além dos 30 anos da morte de Garrincha e dos 50

anos sem Lamartine Babo, compositor de marchi-

nhas e autor de hinos para times de futebol.

A relação com Nelson Rodrigues começou pre-

cocemente. Habituado a fi car no colo da mãe en-

quanto ela lia em voz alta o capítulo de “A vida

como ela é”, a coluna de Nelson para o jornal A

Última Hora, o pequeno Ruy notou que as letrinhas

impressas no jornal faziam sentido. E foi dessa

forma que aprendeu a ler e a escrever sozinho

com menos de seis anos, e de quebra ainda se

transformou, como ele próprio defi ne, “na criança

que mais entendeu de adultério”.

Autor de “Carnaval no Fogo - Crônica de uma ci-

dade excitante demais”, Ruy é Cidadão beneméri-

to do Rio de Janeiro e uma fonte privilegiada para

quem pesquisa a história da cidade. E também

para quem deseja saber algum detalhe sobre o

Flamengo – ele escreveu “O vermelho e o negro”,

sobre a trajetória do clube. Precisa checar uma

informação sobre algum personagem da Bossa

Nova? Ruy Castro conta todas as histórias possí-

veis sobre o movimento em “Chega de Saudade”,

“A onda que se ergueu no mar” e “Ela é carioca”.

E se a discussão se refere a um dos maiores cra-

ques do futebol brasileiro, Mané Garrincha, nin-

guém pode falar com mais propriedade sobre “o

gênio das pernas tortas” que o seu biógrafo.

O trabalho de Ruy como biógrafo, inclusive, é

um modelo de pesquisa historiográfi ca, apuração

jornalística e estilo narrativo. E também revela seu

caráter obstinado, que beira a obsessão. Tanto

que na época em que descobriu estar com cân-

cer de garganta não interrompeu o trabalho: es-

creveu a maior parte de “Carmen – uma biografi a”

ao longo do tratamento, mesmo quando estava

internado. Depois, voltou pra casa, concluiu os 12

capítulos restantes e lançou o livro que considera

seu trabalho mais bem-acabado, com 550 pági-

nas. “O meu medo não era morrer. Era não termi-

nar o livro”, revelou na época do lançamento.

Na entrevista concedida à Revista Leal Morei-

ra, Ruy Castro revela detalhes do processo de

trabalho nas biografi as, fala sobre suas preferên-

cias musicais e antecipa os projetos que pretende

desenvolver ao longo deste ano. Mas – a quem

interessar possa – ele já avisou, em entrevista con-

cedida em 2006 a um portal na web: “Se alguém

quiser escrever minha biografi a, será problema

dele. Mas só por cima do meu cadáver”.

Anjo BiográficoO autor das consagradas biografi as de Nelson Rodrigues, Carmen Miranda e Garrincha fala sobre seu processo criativo, revela por que não gosta de rock e conta que Belém é uma cidade em que se sente “em casa”.

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No último ano, você participou de discussões sobre a vida e a obra de Nelson Rodrigues em diferentes esferas: a jornalística, a teatral e da crônica esporti-va. Como avalia as homenagens em comemoração ao seu centenário?

De todos os centenários (ou cinquentenários) de

que participei nos últimos anos, este foi o mais bem-

-sucedido. Talvez só os 50 anos da Bossa Nova, em

2008, se comparem. Falou-se e celebrou-se Nelson

Rodrigues em 2012 no país inteiro. Um dos moti-

vos para isso foi o Nelsinho Rodrigues, fi lho do ho-

mem, que esteve à frente do processo, participando

e autorizando, liberando o país para homenagear

seu pai. Se você acha isso pouco, pense em outros

herdeiros de fi guras ilustres, que quase sempre se

comportam como abutres, querendo cobrar até por

entrevistas sobre seu pai, tio ou avô...

Qual faceta “rodriguiana” é ainda pouco conhecida do grande público?

Estamos falando do maior dramaturgo brasileiro e

um dos maiores do mundo. Por incrível que pareça,

talvez essa faceta de Nelson ainda continue pouco

conhecida do grande público: a do teatrólogo. Acho

que muito mais pessoas deveriam ir ao teatro ver

suas peças.

Você já declarou que o mais impressionante da vida de Nelson é que ele tenha vivido todos aqueles acontecimentos em uma única vida. Quais fatos des-se biografado mais o impressionaram?

O assassinato de seu irmão Roberto, o empaste-

lamento e destruição do jornal de sua família, sua

tuberculose, a consagração com “Vestido de noi-

va”, o megassucesso popular com “A vida como ela

é...”, as inúmeras proibições de sua obra, a tragédia

de sua fi lha Daniela, o irmão Paulinho que morreu

num desabamento em Laranjeiras, o fi lho Nelsinho,

que ingressou na luta armada e foi preso e tortura-

do por um regime que Nelson até então defendia...

Quer mais?

Durante a produção de uma biografia, em que se está imerso na vida daquela pessoa, acontece de o biógrafo “absorver” alguns sentimentos de seu bio-grafado enquanto relata a história?

Sim, não há como o biógrafo não se deixar tocar.

Aliás, o biógrafo é o primeiro a se emocionar com

a biografi a.

Por que você recusou o convite, feito por uma gran-de editora, para escrever a biografia de Millôr Fernan-des, logo depois que ele morreu, no ano passado?

Porque ainda não é a hora de escrever a biografi a

do Millôr. Nem a de ninguém que acabou de morrer.

É preciso dar um tempo para a pessoa começar a

ser vista na sua verdadeira medida. Quando mor-

re, todo mundo se emociona e só se veem as suas

qualidades.

Você definiu, em depoimento gravado para o Mu-seu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, que o trabalho do biógrafo situa-se na fronteira entre Jor-nalismo, Letras e História. Mas a esse conhecimento precisaria estar atrelada uma “vivência de rua”. Por que essa vivência é importante?

Porque uma biografi a não se limita à obra do su-

jeito, refere-se principalmente à vida. Supõe-se que

o biógrafo tenha um mínimo de vivência para poder

trabalhar com a do personagem. E lugar de vivência

é, em grande parte, na rua. E de noite, que é quan-

do as coisas acontecem.

Como funciona seu processo de trabalho com as biografias? É verdade que prioriza o levantamento de informações e documentos para só depois escrever? Qual a média de entrevistas que realiza por livro?

É isso mesmo: primeiro, apurar tudo; e só depois »»»

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escrever. Acho que uma biografi a exige pelo menos

de 170 a 200 fontes. A uma média (média, disse

eu) de cinco entrevistas por fonte, ponha aí 1.000

entrevistas ou perto disso. Quanto mais fontes e en-

trevistas, mais rica a narrativa fi ca e menor é a pos-

sibilidade de erros. Com tanta gente falando, pode-

-se ter certeza de que, se houver um fato escabroso

e “secreto” na vida do sujeito, ele inevitavelmente

aparecerá.

Trinta anos após a morte de Garrincha, que ima-gem do “gênio das pernas tortas” ficará na memória do Brasil? Corre-se o risco de o Brasil esquecer Gar-rincha?

Não, ninguém esquece o Garrincha. Todo ano,

no mês da sua morte, saem matérias e criam-se

eventos. O problema é que, se existe, a grande

parte do material fi lmado sobre ele está guardada

ou sumida. Garrincha não pegou o videotape, só a

fi lmagem em película. Daí a escassez de material.

Somos obrigados a ver aquelas mesmas jogadas

toda vez...

Ainda hoje há quem não consiga encontrar um úni-co exemplar de “Estrela Solitária” à venda nas livra-rias. A reimpressão do livro está liberada?

O livro está liberado desde novembro de 1996 e,

se é difícil encontrá-lo, é porque as livrarias só exi-

bem os livros lançados até o mês passado. Mas ele

continua vendendo, a uma média de 180 por mês

nos meses fracos. Com os 30 anos da morte de

Garrincha, em janeiro, as vendas devem ter subido

muito. O processo contra a Companhia das Letras

é que se arrastou por 11 anos, até 2006, mas foi

fi nalmente liquidado.

Qual sua opinião sobre a legislação brasileira para as biografias não autorizadas? O que ainda precisa ser compreendido – ou discutido – em torno dessa questão?

Tudo já foi discutido, não há mais nada a falar. O

que é preciso é que os deputados votem o raio da

lei e liberem as biografi as. Biografi a é biografi a não

autorizada, o resto é conversa fi ada.

“Garota de Ipanema” completou meio século e, ain-da hoje, existem lendas que cercam a música. A mais famosa, provavelmente, é a de que foi composta por Tom e Vinicius durante uma tarde em que estavam a uma mesa no bar Veloso (hoje Garota de Ipanema). Só que em “Chega de Saudade”, você esclarece que não foi bem assim. Como, na verdade, essa canção nasceu?

Tom e Vinicius viram a jovem Heloisa passar, aca-

baram de beber seu uísque, pagaram e cada qual

foi para sua casa. Algumas semanas depois, nas-

ceu um samba. A música foi feita na rua Barão da

Torre, 107 [para onde Tom tinha se mudado depois

da Nascimento Silva, 107]. E a letra, num aparta-

mento no Parque Guinle e numa casa em Petrópo-

lis, ambos da bela Lucinha Proença, com quem Vi-

nicius era casado na época. Pode-se imaginar uma

canção daquela riqueza feita numa mesa de bar?

Além disso, os donos atuais do botequim, que tanto

gostam da história de a canção “ter sido feita lá”,

se esquecem (ou não sabem) que o proprietário na

época proibia que se tocasse violão nas mesas...

Certa vez, em claro tom de brincadeira, você afir-mou que Nelson Motta, seu colega, tem um proble-ma: “ele gosta de tudo!”. Já você é conhecido por »»»

Bob Dylan sempre foi o rei dos chatos, o chato supremo.

E David Bowie, sinceramente, mal sei quem é ou foi –

cantava, rebolava, tocava sanfona, fazia o quê?

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deixar claro aquilo de que não gosta. Por que você não gosta de rock?

Porque gosto de música. Por sorte, o século XX

produziu grande música popular até mais ou menos

1970 – donde tenho muito o que escutar até morrer.

Pra você, o que a música precisa ter para ser digna deste nome?

Beleza. Ou criatividade. E, principalmente, mu-

sicalidade. Gosto de ouvir música tocada por mú-

sicos, não por enganadores. Não estou aqui para

ouvir esporro, pancadaria, urros.

Mas não há o que se salve no rock? Nem Beatles, Rolling Stones, Bowie ou Dylan?

Os Beatles eram extraordinários – sempre fo-

ram muito musicais. Há até quem ache que eles

não fazem rock, de tanta música que suas canções

contêm. Quanto aos Rolling Stones, como dizia o

Truman Capote (que era amigo deles), “Se as letras

dos Rolling Stones fi zessem sentido, seriam péssi-

mas”. Bob Dylan sempre foi o rei dos chatos, o cha-

to supremo. E David Bowie, sinceramente, mal sei

quem é ou foi – cantava, rebolava, tocava sanfona,

fazia o quê?

Além da música feita de 1970 pra cá, você também não aprecia o cinema contemporâneo – exceto alguns filmes do Woody Allen... Há mais alguma exceção no cinema atual?

Deve haver, mas não me interesso. Suponha que

eu só me interessasse por literatura do século XIX –

alguém fi caria me cobrando por não ter lido o último

livro do Paulo Coelho? Não. Ou que eu só gostasse

de música clássica, do Beethoven pra trás – alguém

fi caria me cobrando por não ter ainda ouvido o últi-

mo disco do Lobão? Não. Isso só acontece com o

cinema. Ninguém entende que eu só me interesse

pelo cinema de 1970 para trás. “Ah, mas você está

perdendo o Fulano, o Beltrano...” (Suspiro) Então, tá,

estou perdendo, azar o meu...

Entre os seus projetos para 2013 há algum roman-ce ou biografia?

Vou fazer um livro de imagens sobre Carmen

Miranda, a sair no fi m do ano, juntamente com a

abertura do novo Museu da Imagem e do Som do

Rio, que terá Carmen como âncora. E, se conseguir

terminar, um romance para a Alfaguara, cujo perso-

nagem principal é D. Pedro II.

Em “Terramarear - Peripécias de dois turistas cul-turais” (Companhia das Letras, 2011), escrito a qua-tro mãos com sua esposa [a também escritora He-loísa Seixas], há o relato de sua visita a Belém e do encontro com a tradicional maniçoba. Como foi essa experiência? Quais recordações guarda da cidade?

Quando estive em Belém pela primeira vez, em

1983, conheci o velho Ruy Barata [poeta paraen-

se, autor de “Esse rio é minha rua”]. Convidou-me

a jantar em sua casa, serviram-me maniçoba. Até

hoje me dou com o Ruy, fi lho dele, médico em São

Paulo. Tínhamos um enorme amigo em comum,

Fernando Pessoa Ferreira, que morreu há dois

anos, praticamente nos nossos braços. Conheço

também o Paulo André, mas não o vejo há séculos.

Também sou amigo da Fafá e de muitos paraenses

espalhados pelo Brasil. Adoro Belém, já fui aí várias

vezes desde 1983 e não deixo de comer maniçoba.

Se não vou mais é por falta de tempo mesmo. É

uma das cidades fora do Rio em que me sinto mais

em casa – gosto da arquitetura, do calor úmido, e

acho o máximo estar cercado de tantos torcedores

do Flamengo.

Veja maisacesse o QR e assista documentários especial-

mente selecionados para você

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Celso Eluanempresá[email protected]

Quando numa modalidade esportiva algum país

periférico se destaca, logo vem a pergunta: o que

faz dele especialista nessa competição? Os que-

nianos são destaque absoluto nas provas de mé-

dia e longa distância. Pesquisadores correram para

a região de Eldoret, de onde vem a maioria dos

campeões, a fi m de entender as razões do alto de-

sempenho. Avaliaram que a altitude colabora com

a capacidade pulmonar e a resistência. Concluíram

ainda que a dieta local rica em carboidratos é mais

que adequada para o desgaste da prova. Investi-

garam características genéticas locais, mas não

acharam nenhuma diferença relevante. No entanto,

no Peru, Colômbia ou qualquer país andino também

tem elevadas altitudes e dieta rica em carboidrato e

de lá nunca surgiu nenhum campeão olímpico nes-

sa modalidade.

Na Jamaica, ao contrário, a especialidade são

os fundistas, corredores de curta distância. Num

país insular com população inferior a três milhões

de pessoas, como podem sair tantos campeões

de 100 e 200 metros, as provas de maior destaque

no atletismo? Especulou-se até que a batata-doce,

muito consumida em todo o país, seria uma das ra-

zões.

Dos países asiáticos, a China em destaque, saem

os melhores mesatenistas do mundo. Será que o

olho puxado ajuda a enxergar melhor a bolinha do

tênis de mesa? Ninguém supera os americanos

quando se fala de basquete e, em especial, os gi-

gantes afrodescendentes. Mas por que nenhum

país africano, de onde saíram os antepassados

desses campeões das quadras, nunca se desta-

cou, nem de longe, no esporte da cesta?

Depois de muita investigação, a conclusão dos

especialistas (e mesmo leigos como eu) leva a um

fator comum a todos: a intensa dedicação aos trei-

nos. Nosso maior cestinha, Oscar, afi rma em suas

palestras que acha curioso o apelido de Mão Santa

que lhe aplicaram. Ele afi rma:

- Treino 10 mil arremessos por dia e ainda acham

que sou “Mão Santa”?

Um fator clássico para surgir um campeão é que

haja muita gente praticando aquele esporte para

que o espírito competitivo destaque os melhores.

Se aqui no Brasil pensarmos em formar um time de

hóquei certamente não será muito competitivo, pois

os melhores daqui serão retirados de uma base de

poucos praticantes e estes não têm referência de

padrões mais elevados para se comparar. No en-

tanto, em futebol ou vôlei, certamente podemos fa-

zer 10, 20 ou mais seleções altamente competitivas.

Os campeões tornam-se celebridades em seus

países, dão autógrafos nas ruas, são identifi cados

em qualquer lugar, apresentam sinais de novorri-

quismo como carros de luxo, iates e mansões. Aqui

no Brasil, Neymar que o diga.

Pois é, o que me chamou atenção foi ver que na

Coreia do Sul, algumas celebridades são destaques

num ‘esporte nacional’ de altíssima competitivida-

de: ensinar e aprender. Professores de ponta são

celebridades nacionais com ganhos milionários.

Além dos campeonatos de videogames, os core-

anos se destacam em qualquer olimpíada científi ca.

São treinados para serem os melhores. Existe uma

alta competitividade que promove uma elevação do

nível geral de todos. Exatamente como acontece

com os fundistas da Jamaica, os maratonistas do

Quênia ou os mesatenistas chineses.

Só que diferentemente dos outros esportes, a

educação e essa obstinação por ensinar e aprender

levou a Coreia, de um país arrasado e dividido pela

guerra na década de 50, a um dos líderes em tec-

nologia mundial. Além disso, essa competitividade

desenvolveu e enriqueceu o país que há meio sé-

culo tinha uma renda per capita de US$ 80 (metade

da de Gana à época) e hoje passa de US$ 20 mil.

Diferentemente dos coreanos, estudar não é exa-

tamente um esporte que o brasileiro tenha afeição.

Para nossa cultura, passar de ano é sufi ciente. Não

premiamos nem destacamos os melhores, aliás,

estes até se escondem para não sofrerem bullying

e serem discriminados. CDF, nerd e outras denomi-

nações menos publicáveis são logo sacadas para

defi nir e segregacionar os diferentes. Nossa cultura

é da média, nota sete tá bom, passou de ano, pa-

rabéns.

A partir dessa comparação já poderíamos desen-

volver um livro, mas não vou abusar da sua paci-

ência que o trouxe até esse ponto. Para encerrar

quero deixar um questionamento: em quem você

apostaria seus tostões como país do futuro, Brasil

ou Coreia?

HAJA COMPETIÇÃO

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comportamento

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Christiane Lobato é Delegada Geral Adjunta da Polícia Civil do Pará. Bela e vaidosa, ela comemora o novo perfi l da força em todo o país.

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Fábio Nóvoa Dudu Maroja

A novarevolução femininaForam séculos de evolução. Da condição de total subserviência à descoberta do segundo sexo, um longo [e por vezes tortuoso] caminho foi percorrido pelas mulheres, que deixaram a fragilidade em casa e foram à luta.

Não faz tanto tempo assim, quando as

convenções sociais ditavam que o ho-

mem deveria ser o provedor da casa.

Quando a Segunda Guerra Mundial estourou,

muitos homens foram chamados para as fron-

teiras, cabendo às mulheres o novo papel de

administrar a casa e ir atrás do seu sustento e

de seus fi lhos. Quando a guerra fi ndou, uma mu-

lher ousou afi rmar que “não nascia-se mulher.

Fazia-se mulher”. Quando Simone de Beauvoir

lançou seu “O Segundo Sexo”, as sementes do

feminismo foram lançadas a um solo fértil da

insatisfação delas. Anos depois, nos Estados

Unidos, em protesto contra a ditadura da bele-

za, elas reuniram os símbolos de opressão e os

queimaram em praça pública. No Brasil, elas lu-

taram pelo voto e conseguiram o direito ao sufrá-

gio em 1932 (leia box), mas uma nova revolução

feminina está acontecendo. Longe de queimar

sutiãs, porém, as mulheres estão buscando seu

espaço profi ssional, ocupando cargos que antes

eram considerados masculinos. E em qualquer

profi ssão, a tendência é que a presença femi-

nina seja cada vez maior. Para isso, elas estão

mostrando-se pioneiras e sabem lidar com to-

das as difi culdades, em busca de mais destaque

(e igualdade) no mercado de trabalho.

Christiane Lobato, 37 anos, é uma delas. Bela

e vaidosa, ela é apenas um espelho do novo

perfi l da Polícia Civil no Brasil e, principalmen-

te, no Pará. Christiane é delegada de polícia. E

está muito longe dos estereótipos de policial que

povoam o imaginário coletivo. Delegada geral

adjunta da Polícia Civil do Estado do Pará, ela

ingressou na Polícia Civil, em 2005, período no

qual atuou em delegacias do Marajó. Foi direto-

ra de seccionais e diretora de Atendimento aos

Grupos Vulneráveis, responsável pela coorde-

nação das Delegacias da Mulher; da Criança e

Adolescente; de Proteção ao Idoso; de Crimes

Discriminatórios e Homofóbicos e de Tráfi co de

Pessoas.

A escolha profi ssional veio quase por acaso.

“Na verdade, nunca pensei em ser policial. De-

pois que me formei em Direito, comecei a fazer

concursos públicos, sem objetivos concretos.

Passava e fazia para ver se me identifi cava. Aca-

bei passando para a Polícia. E aí, você acaba se

apaixonando”, afi rma. “Os dias nunca são iguais.

Apesar das difi culdades, você sente a vontade

de continuar, não só pelo trabalho, mas que a

população sinta que a Polícia mudou”.

Para Christiane, a mudança no perfi l policial

já se refl ete no atendimento à população. “É

importante que a população veja essa mudan-

ça. Sabemos que ainda temos o que mudar, e

as melhoras sempre vêm a longo prazo. Hoje,

a Polícia Civil de muitos estados, como o Pará,

deixou de trabalhar só na repressão. Trabalha-

mos também na prevenção. Investimos muito na »»»

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questão social”, garante. “A população ainda tem

preconceito com o trabalho policial. Muitas vezes,

a pessoa sofre o crime, mas não procura a polícia,

porque ela acha que vai ser atendida por uma pes-

soa grosseira, em um ambiente sujo, e a gente luta

diariamente para que isso mude”, afi rma.

A delegada diz que, assim como em outras pro-

fi ssões, existem “prós” e “contras” no trabalho fe-

minino. “As mulheres são mais detalhistas, elas se

preocupam muito com as pequenas coisas – não

só do procedimento em si, mas também no aten-

dimento ao público. Você nota essa diferença. Não

que o homem não seja sensível, mas as mulheres

têm essa característica na própria cultura, que ela

traz de casa. Querendo ou não, o trabalho é ex-

tensão da nossa família, da nossa vida”, reitera. “E

pelo fato da mulher ter a família, ter o fi lho, uma

obrigação a mais, o homem tem mais facilidade

no trabalho externo. O homem pode passar 30 dias

no interior, por exemplo, mas a mulher difi cilmente.

A mulher tem a casa, os fi lhos, o marido. E histo-

ricamente, a mulher tem a obrigação no ambiente

familiar. Você tem que equilibrar isso”.

Assim mesmo, ela acha que o trabalho é grati-

fi cante, apesar do dia a dia estressante. “A nossa

profi ssão é arriscada, não somente pelos riscos

reais, mas porque você se desgasta mais emocio-

nalmente. Às vezes, as mulheres têm interesse em

seguir a carreira na Polícia, mas os próprios pais e

a família são resistentes. A minha mãe vive dizendo

que, por ela, eu não seria da Polícia. E olha que

eu não levo trabalho algum para casa”, brinca. “Eu

acho que tem que amar o que você faz, se dedicar,

se dedicando acaba conseguindo destaque. As

pessoas que conseguem trabalhar com excelên-

cia, elas se sobressaem”, ensina.

Christiane é vice-presidente do Programa de Pro-

teção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de

Morte (PPCAAM) e membro do Comitê Estadual

de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual

de Crianças e Adolescentes. Ela também prestou

assessoria às CPIs (Comissões Parlamentares de

Inquérito) do Tráfi co de Pessoas, em Brasília, de

combate à Pedofi lia e do Tráfi co de Pessoas, na As-

sembleia Legislativa do Pará. Foi condecorada com

o prêmio “Dulce Accioli”, em 2009, pela Câmara de

Vereadores de Belém. Ela comandou também as

investigações iniciadas no Pará que resultaram na

descoberta de uma rede de tráfi co de pessoas e de

prostituição em São Paulo, em 2011.

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Ana Luna Lopes é a única sommelière em todo o estado e diz que a profi ssão exige muito estudo e disciplina.

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Acima das dificuldades, o prazerNo caso de Ana Luna Lopes, 40 anos, o pionei-

rismo feminino tem um sabor especial. Ou melhor,

vários sabores e aromas. Ela é a única sommelier

mulher em atividade no Pará e trabalha em uma

das maiores lojas de vinho da região. A paixão pela

bela bebida nasceu em terras europeias. “Eu morei

na Itália por muitos anos e sempre fui apaixonada

por gastronomia, que é sagrada na Europa. E che-

gar até os vinhos foi bem fácil a partir daí”, garante.

“Comecei a viajar muito pela Europa, conhecer lu-

gares e países diferentes. Me apaixonei pela Fran-

ça, estudei francês, comecei a viajar e conhecer

as principais ‘mecas’ deles: Bordeaux, Borgonha,

Champagne”, diz, citando as regiões mais impor-

tantes na produção da bebida no mundo.

Longe de ser apenas um degustador de vinhos, o

trabalho do sommelier, diz Luna, é variado e requer

muito estudo. “Nós não só degustamos vinhos. Tal-

vez essa seja a parte divertida da profi ssão. Mas,

no fundo, a nossa profi ssão é muito difícil, requer

conhecimento, disciplina, sensibilidade”, explica.

“O sommelier controla o estoque, conhece bem

o mercado, conhece todas as novidades em nível

mundial. Além disso, claro, tem que saber vender,

saber respeitar o cliente, ter conhecimentos varia-

dos, ter uma cultura extensa também. Vinho e cul-

tura estão bastante associados”.

Mas, para chegar até aqui, é preciso trilhar um

longo caminho. “Um bom sommelier tem que es-

tudar muito, conhecer outro idioma. Além do ita-

liano, tem que conhecer, no mínimo, o inglês e o

francês. O estudo acadêmico é importante. Mas,

você tem que se atualizar o tempo todo, conhecer

as regiões, o clima, para chegar a ter um conheci-

mento não abstrato”, garante. “Quando viajam, as

mulheres ‘normais’ compram sapatos. Eu compro

vinhos”.

As maiores difi culdades, ressalta, estão em con-

seguir a formação adequada, que requer tempo e

dinheiro. “Nem mesmo os cursos da Associação

Brasileira de Sommeliers chegam até aqui. Quer

dizer, as mulheres interessadas em estudar, em

Belém, têm esse limite. Têm que ir pra São Pau-

lo, Rio ou Brasilia, para fazer um curso da ABS”.

Mesmo assim, Luna diz que já existem iniciativas

para mudar esse panorama. “Criar uma plateia é

muito importante, para que as pessoas que se in-

teressam por vinho possam buscar um conheci-

mento maior”, ensina. “O aspecto mais importante

do meu trabalho é a formação, fazer com que as

pessoas conheçam mais. Somente harmonizar um

prato é muito limitado. Precisamos saber mais”.

Luna garante que o público feminino é mais inte-

ressado quando o assunto é a bebida. “A maioria

das mulheres que fi zeram cursos comigo, con-

tinuam como estudiosas do vinho. As mulheres

têm muito mais sensibilidade, nosso olfato é mais

aguçado e temos uma característica muito femi-

nina que é a curiosidade”, avalia. “Quando é um

casal que vem aqui, é ela que acaba escolhendo”,

brinca. Ela cita ainda o aumento no poder de con- »»»

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sumo como um dos fatores importantes para o

crescimento do interesse da população pelo vinho.

“Existe hoje uma revolução nos gostos. Hoje as

pessoas falam naturalmente de gastronomia, liga-

do ao momento econômico do Brasil, as pessoas

compram mais, buscam mais”, avalia.

Mas, existe preconceito por ela ser mulher entre

os clientes? Segundo a especialista, se este existe,

fi ca do lado de fora da imensa adega que com-

põe a loja da Braz de Aguiar. “Tinha preconceito

na Europa, quando comecei a estudar. Eu era es-

trangeira. Eles têm esse tipo de preconceito. Um

pouco de arrogância, não generalizando. Eles se

perguntam se uma brasileira ia ter o mesmo co-

nhecimento que eles, europeus”, garante. “Tenho

clientes habituées que já perceberam meu conhe-

cimento e acreditam no trabalho”.

E para as mulheres que queiram seguir esta

carreira fascinante, a dica dela é a perseverança.

“Eu diria que a mulher tem que seguir sua paixão.

As difi culdades são muitas. Tem que ir para outros

estados do Sudeste, onde temos ótimas escolas.

Mas é um percurso muito complicado. Tem que

ter muita paixão, o investimento é alto. Você es-

colhe essa paixão e tem que investir nela”, com-

plementa.

Desbravando os maresHildelene Lobato Bahia e Vanessa Cunha dos

Santos devem fazer história em fevereiro de 2013,

quando embarcam no navio petroleiro Rômulo Al-

meida, da Transpetro. É que as duas serão as pri-

meiras mulheres no Brasil a comandar um navio

da Marinha Mercante. Hildelene é a comandante.

Vanessa é a imediata.

Hildelene se tornou a primeira comandante da

Marinha Mercante Brasileira aos 39 anos. Nasci-

da em Icoaraci, distrito de Belém (PA), formou-se

em Ciências Contábeis pela Universidade Federal

do Pará (UFPA), prestou concurso, quase que por

acaso, para a Escola de Formação de Ofi ciais da

Marinha Mercante (EFOMM). Fez a prova apenas

para acompanhar o irmão, que havia feito a inscri-

ção. Aprovada, passou a integrar o primeiro qua-

dro feminino do Centro de Instrução Almirante Braz

de Aguiar (CIABA), em Belém.

Em 2003, foi aprovada no concurso público da

Transpetro e passou a ser uma das primeiras mu-

lheres a trabalhar na frota da Companhia. Na pri-

meira vez que embarcou, era a única fi gura femi-

nina a bordo do navio Lorena. Além da estranheza

dos tripulantes, Hildelene teve de driblar os receios

dos pais, que acreditavam ser uma mudança mui-

Hildelene Bahia é comandante do navio petroleiro Rômulo Almeida. Na página ao lado, Vanessa Cunha dos Santos é imediata do navio da Marinha Mercante.

acesse o QR e confira mais fatos curiosos sobre a evolução feminina

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to forte na vida da fi lha. Lá, tornou-se segundo e

primeiro piloto, a primeira mulher no Brasil a chegar

a imediato – segundo cargo na hierarquia de um

navio – e a primeira capitã de cabotagem.

Em 2009, Hildelene assumiu o comando do navio

Carangola, tornando-se a primeira mulher a ocupar

o posto mais alto da hierarquia da Marinha Mercan-

te. Em 2012, foi nomeada capitã de longo curso,

sendo a única mulher no Brasil apta para navegar

pelos mares do mundo inteiro. “O mercado de tra-

balho para os marítimos no Brasil está aquecido e

a carreira na Marinha Mercante nunca foi tão pro-

missora. Nesta profi ssão, é possível ter estabilidade

fi nanceira e perspectiva de crescimento acelerado.

No meu caso, por exemplo, cheguei ao posto de

comandante em apenas 10 anos”, declara. Hildele-

ne destaca as palavras-chave para quem deseja in-

gressar na Marinha Mercante: dedicação e estudo.

E Hildelene não está só nesta missão. Aos 30

anos de idade, Vanessa Cunha dos Santos está ao

lado da comandante Hildelene. Juntas compõem a

força feminina nos postos de comando do quarto

navio do Programa de Modernização e Expansão

da Frota (Promef) a entrar em operação. Aos 18

anos, prestou diversos concursos e vestibulares.

Na época, já formada como técnica em química

foi aprovada no concurso para a Petrobras, na Es-

cola de Formação de Ofi ciais da Marinha Mercante

(EFOMM) e na Universidade Estadual do Rio de Ja-

neiro (UERJ).

Vanessa, que até então nunca tinha pensado se-

riamente em ser marítima, apaixonou-se pela car-

reira e realizou o sonho ao ingressar na Transpetro.

Foi admitida na Companhia em 2005, quando as

mulheres a bordo eram raridade. Nessa época, Hil-

delene era empossada como a primeira imediata

mulher da Marinha Mercante e, Vanessa, queria ser

como ela. “Tenho muito orgulho de ser uma das

poucas mulheres a ocupar atualmente um cargo

de chefi a na Marinha Mercante. Acredito que cada

vez mais as mulheres vão optar por seguir este pro-

missor caminho”, afi rma.

Águas nunca antes navegadasA carioca Dalva Maria Carvalho Mendes também

é uma desbravadora de mares. Aos 56 anos, ela

é a primeira militar a ocupar o posto mais alto da

marinha para as mulheres, promovida do posto de

capitão de mar e guerra (equivalente a coronel, no

Exército), para o de contra-almirante (equivalente a

general de duas estrelas), em novembro de 2012.

Médica anestesista, ingressou nas Forças Armadas

em 1981, no primeiro grupo feminino que entrou no

serviço militar no país, após se inscrever em con- »»»

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curso público. “Como havia poucos concursos públi-

cos na época, houve uma corrida de mulheres. Fo-

ram cerca de 12 mil candidatas inscritas”, lembra. “Foi

uma grande oportunidade, era uma tendência da épo-

ca, procurar caminhos para seguir na carreira militar.”

Dalva não teve nenhum familiar seguindo o mesmo

caminho. Ela decidiu percorrer esse caminho pela pai-

xão ao mar e à Medicina. “Comecei trabalhando no

Hospital Marcilio Dias de alta complexidade da Ma-

rinha”. A ofi cial trabalhou de 1981 até 2009 no Hos-

pital, chegando ao cargo de vice-diretora. Foi ainda

diretora da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória,

onde possui várias condecorações como a Ordem do

Mérito Naval, Medalha Mérito Tamandaré e Medalha

Militar com Passador de Ouro.

Dalva lembra que a adaptação não foi simples. “Nós

tivemos que ter um curso de adaptação. Não foi uma

adaptação só nossa, foi uma adaptação da Marinha

também”. Hoje, a Marinha possui cerca de 6 mil mu-

lheres. “Foi um ganho grande para as forças armadas

e para a sociedade. A sociedade não pode deixar de

lado o trabalho feminino”, afi rma.

Ela acredita que as pessoas, de maneira geral, já

veem o trabalho das mulheres no serviço militar de

maneira normal. “As mulheres já estão em todos os

trabalhos. Antes havia um estranhamento, hoje é cada

vez menor”, diz. Para ela, o mais importante para exer-

cer um cargo de liderança é o amor ao trabalho. “Eu

sempre digo para os meus fi lhos: não importa o que

vocês querem fazer, o importante é fazer com a alma,

com o amor, no trabalho que nos deixa felizes. Corra

sempre atrás dos seus sonhos, sempre respeitando

os seus companheiros de jornada”, ensina. “A receita

para conciliar o trabalho com a família é a união. Se

tem parceiros, se há companheirismo, você consegue

lidar com todas as coisas”.

• Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial mostrou que

11% dos executivos que atuam no Brasil

são mulheres. O Brasil já é o quarto país com mulheres

liderando grandes corporações.

• Segundo a Polícia Civil do Estado do Pará, dos 518 delega-

dos de Polícia em atuação no Estado, 187

são mulheres contra 331 homens, o que representa um

percentual de 36% do quantitativo total. Já

entre os investigadores, o número é de 1.154 investigadores

e 191 investigadoras.

fatos femininos

A médica anestesista Dalva Maria Carvalho chegou ao maior cargo de uma força brasileira. Elevada à condição de contra-almirante recentemente, ela comemora que as mulheres estejam alçando voos cada vez mais altos.

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galeria

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Solidão semmelancoliaO espanhol J.R.Duran, reconhecidamente um dos maiores fotógrafos do país, revela um lado artístico pouco conhecido: o de retratar os quartos dos hotéis em delicadas aquarelas.

Avesso a qualquer rótulo que possa cer-

cear a arte ou a própria vida, J. R. Du-

ran é um homem inquieto. Apesar de ser

um dos fotógrafos mais requisitados do país, ele

sempre fez questão, durante toda a carreira, de

não limitar a sua expressão à fotografi a. Ela é

preservada como um dos caminhos possíveis,

dentre tantos trilhados pelo olhar particular que

ele lança sobre o mundo.

Conhecido no Brasil por ensaios de moda e

retratos de beldades para revistas masculinas,

Josep Ruaix Duran nasceu em Barcelona, em

1952. Veio para cá na década de 1970, aos 18

anos, por motivos familiares. Àquela altura, devi-

do à tensão do momento político que a Espanha

atravessava, o Brasil representava para o jovem

catalão a mesma coisa que, segundo ele, de-

pois de tantos anos, representa ainda hoje: “um

lugar de muito sol, de muito calor, de gente muito

bonita.”

Em São Paulo, onde fi xou residência, Duran

estudou Comunicação na Faculdade Anhembi e

deu os primeiros passos profi ssionais como as-

sistente do fotógrafo Marcel Giró. O estúdio pró-

prio só foi montado no fi nal da década de 1970,

quando ele passou a trabalhar com moda e pu-

blicidade - ramos que o tornaram nacionalmente

conhecido. Em mais de trinta anos de carreira, o

estrangeiro foi agraciado com dezenas de prê-

mios de fotografi a e concebeu ensaios sensuais

de celebridades como Xuxa, Cláudia Raia, Maitê

Proença e Adriane Galisteu para a revista ‘Play-

boy’.

Ao ser questionado sobre a sua trajetória pro-

fi ssional, J. R. Duran opta por celebrar o pre-

sente: “gostaria mesmo de falar do meu último

livro.” Mas, admite: “trilhei os caminhos que eu

achava que tinha que trilhar para chegar aonde

queria. Não foi fácil, mas percebo que também

não foi tão complicado assim.”

O referido “último livro” tem o título ‘Cadernos

de Viagem’ e foi publicado em 2012 pela Editora

Benvirá. Ao contrário do que se espera do tra-

balho de um retratista de sucesso, a publicação

não inclui nenhuma fotografi a. Consiste em um

diário de viagem ilustrado por aquarelas, que re-

gistra a passagem de J. R. Duran por 54 quartos

de hotéis em 35 países.

Faceta pouco conhecida do fotógrafo catalão,

pintar é uma atividade antiga, na qual ele investiu

em aperfeiçoamento ao longo dos anos. “Não é

que eu seja um pintor, mas um ilustrador, talvez.

Quando fazia as minhas aquarelas, os meus di-

ários, eu não pensava que esse material poderia

um dia ser publicado”, confessa. O conteúdo do

livro foi produzido no período de três anos, mais

precisamente, de janeiro de 2008 a janeiro de

2011, em cidades como Rio de Janeiro, Salva-

dor, Itu, Pequim e Johannesburgo.

Sobre o sentimento de solidão, o “estou a zero”

que uma noite de hotel, como diz a canção de

Caetano Veloso, pode despertar, Duran

Arthur Nogueira arquivo pessoal

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considera um aspecto positivo desse trabalho.

Longe de qualquer melancolia, ele reconhece

a sua estada nesses lugares e os experimentos

que resultaram no livro como uma busca solitá-

ria por compreender melhor o universo ao seu

redor. “Em viagens, existem aqueles momentos

mortos. Por exemplo, eu acordo às seis horas

da manhã, mas o meu compromisso é às nove,

então, em vez de ir ver televisão, transformo a

espera em literatura e pinto o que eu não posso

capturar com a câmera”, explica.

Para esse artista multifacetado, é clara a distin-

ção entre as formas de expressão artística com

as quais trabalha. “A fotografi a diz muita coisa,

mas é uma obra em aberto. A escrita tem um

desdobramento mais profundo. Enquanto a fo-

tografi a é mais direta, mais impactante, o texto

conduz a labirintos que escondem muitas coi-

sas”, garante.

Ainda assim, apesar das diferenças, as expe-

riências se entrecruzam. Afi nal, as viagens que

provocaram a produção literária e as aquarelas

só foram possíveis graças à fotografi a, isto é,

surgiram devido aos trabalhos fotográfi cos que

Duran precisou realizar naqueles lugares. Este,

segundo ele, foi mais um ponto a favor, porque

“quando você viaja a trabalho, a imersão no lu-

gar é mais profunda.”

Em texto disponível no site ofi cial de J. R. Du-

ran - jrduran.com.br, o jornalista Thales Gua-

racy, editor do ‘Caderno de Viagens’, descreve

a publicação como “um livro impecável, único,

de um talento brasileiro”. A respeito disso, Du-

ran admite que, depois de tanto tempo vivendo

no Brasil, foi impossível não ser absorvido pela

força e personalidade da cultura do país. “Hoje,

quando eu volto para a minha terra, eu sou um

estrangeiro em Barcelona. Acho que eu devo ser

mais brasileiro do que qualquer outra coisa. Não

tem como não ser”, reconhece.

Fora do âmbito pessoal, ao medir a infl uência

do Brasil em sua trajetória profi ssional, Duran cita

o exemplo de um paraense, o fotógrafo Luiz Bra-

ga. “Certa vez, eu fui a Belém e, quando comecei

a fotografar, percebi que todas as fotos pareciam

ser dele, porque a luz é única em Belém. Você

começa a sentir como se estivesse pisando em

um território que pertence ao Luiz Braga, o que

é verdade. Todo mundo absorve impressões do

lugar onde mora.”

ReferênciasQuando está às voltas com a concepção de

um novo trabalho, seja na fotografi a ou na litera-

tura, J. R. Duran procura deixar de lado todas as

infl uências externas, de modo a perseguir, den-

tro de si, um estilo próprio e livre. “Nessa fase,

tento ler somente escritores neutros, que não te-

nham um estilo bem marcado. Leio biografi as,

por exemplo”, conta. Tudo para não ser, segun-

do as suas próprias palavras, “contaminado”.

Quando não está trabalhando, porém, ele se

considera um dedicado apreciador de arte. “As

infl uências que eu tenho se misturam, entre fo-

tógrafos, cineastas e pintores. Por exemplo, os

pintores do século XIX, os cineastas franceses da

Nouvelle Vague e muitos fotógrafos. Se você der

uma olhada em minha estante de livros, tem de

tudo”, observa. “Eu não posso dizer um nome,

dois nomes, porque eu vou absorvendo pedaci- »»»

Certa vez, eu fui a Belém e, quando comecei a fo-tografar, percebi que to-

das as fotos pareciam ser dele, porque a luz é única

em Belém.

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nhos de cada um”, continua ele, que se diz inte-

ressado não só na produção, mas na história de

vida dos artistas que admira. “No ano passado,

eu estava lendo sobre Caravaggio e cheguei a

fazer uma viagem para Malta só para contem-

plar ao vivo uma de suas telas, a ‘A Decapitação

de São João Batista’. Mesmo assim, se você

procurar a luz de Caravaggio nas minhas fotos,

não vai encontrar”, pondera.

Já o fascínio pela literatura, J. R. Duran atri-

bui, em grande parte, a dois autores franceses,

Michel de Montaigne e Marcel Proust. “Os en-

saios de Montaigne têm tudo a ver com fotogra-

fi a, com a busca da melhor forma de enxergar

as coisas, de trazer o mundo para dentro dos

olhos”, poetiza. “No ano passado, eu fui ao Cas-

telo de Montaigne e até deitei na cama dele,

quando ninguém estava olhando!”, conta, bem-

-humorado, em mais uma referência ao inquieto

viajante que abriga dentro de si.

Aliás, a respeito da infl uência de Proust, quan-

do declara que existem coisas que a câmera

não é capaz de capturar, Duran poderia citar o

seguinte trecho de ‘Du côté de chez Swann’, em

tradução de Mário Sérgio Conti: “quando nada

subsiste de um passado antigo, depois da morte

dos seres, depois da destruição das coisas, soli-

tários, mais frágeis mas mais vivos, mais imate-

riais, mais persistentes, mais fi éis, o odor e o sa-

bor restam ainda por muito tempo, como almas,

a recordar, a aguardar, a esperar, sobre a ruína

de todo o resto, a carregar sem vergar, sobre a

sua gotinha quase impalpável, o edifício imenso

da lembrança.”

Ainda que muitos intelectuais reconheçam não

ser possível determinar a função principal da arte

ou o motivo principal do trabalho do artista, em

J. R. Duran o motor parece ser a celebração do

mundo e de todas as possibilidades que estão

disponíveis, a todo momento, para ele. Eis de

onde vem, por exemplo, o interesse por Mon-

taigne e Proust. “São as duas melhores leituras

para compreender o mundo”, sentencia, com

seu português carregado de sotaque catalão.

Veja maisacesse o QR e veja galeria com todas as

aquarelas de J.R. Duran

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tech

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ALGUNS VALORES SÃO INESTIMÁVEIS.

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Clássico de Victor Hugo (1862) revisitado em notas musicais. A produção arrebatou o Globo de Ouro e promete “abocanhar” mais prêmios no Oscar. Tendo como cenário a França do século XIX, a obra conta uma envolvente história de sonhos desfeitos e amor não correspondido, paixão, sacrifício e redenção. Hugh Jackman interpreta o ex-prisioneiro Jean Valjean, perseguido pelo implacável policial Javert (Russel Crowe), depois que ele viola sua liberdade condicional. Quando Valjean concorda em cuidar de Cossete, a jovem filha de Fantine (Anne Hathaway), funcionária de uma fábrica, suas vidas mudam para sempre.

Redundante dizer que a interpretação de Daniel Day-Lewis pode render-lhe um Oscar. E igualmente surpreenden-te. A cinebiografia do presidente Abraham Lincoln lidera o número de indicações ao maior prêmio do cinema norte-americano e é assinada por ninguém menos que Steven Spielberg. Lincoln é centrado na condução do Norte à vitória na Guerra da Secessão, tendo ainda a abolição da escravatura como cenário. A trama, roteirizada pelo dramaturgo Tony Kushner, se baseia na biografia Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln, escrita pela historiadora detentora do Pulitzer, Doris Kearns Goordwin. O elenco tem ainda Sally Field (que vive Mary Todd, esposa do presidente); Tommy Lee Jones (que incorpora Thaddeus Stevens, líder republicano, favorável à abolição), Joseph Gordon-Lewitt, entre tantos outros nomes preciosos. O drama histórico já estreou no Brasil. A cerimônia do Oscar ocorrerá no dia 24 de fevereiro, em Los Angeles. Prepare o bolão.

horas vagas • cinema

ROTTEN TOMATOES

HOMEM DE FERRO 3

OS MISERÁVEIS

LINCOLN

BEN-HUR

DVD

DIC

A

INTE

RNET

DESTAQUE

CLÁ

SSIC

OS

O site americano é especializado em resumos e no-vidades sobre filmes. O nome, uma “brincadeira” traduzida como “tomates estragados” deriva da-quele clichê infantil (e quase histórico) de se atirar tomates em artistas se uma apresentação não for o esperado. Em inglês.http://www.rottentomatoes.com/

Chega uma sequência “cruzada” da franquia de mais sucesso recente da Marvel. Desde o ataque dos chitauri – que se aliaram ao Deus Loki, para tomar Nova York (Os Vingadores), Tony Stark (Robert Downey Jr.) vem en-frentando dificuldades para dormir e, quando consegue, tem terríveis pesa-delos. Ele teme não conseguir proteger sua namorada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) dos vários inimigos que passou a ter após vestir a armadura do Homem de Ferro. Um vilão novo, Mandarim (vivido magistralmente por Ben Kingsley), decide atacá-lo com toda força, destrói o lar de Stark e ainda captura Pepper. Para enfrentá-lo Stark precisará ressurgir do fundo do mar, para onde foi levado junto com os destroços da mansão, e superar seu maior medo: o de fracassar. O “Homem de Ferro 3” deve chegar ao Brasil no final de abril. Adrenalina garantida – difícil vai ser administrar a ansiedade até lá.

O estúdio MGM planeja uma nova versão de “Ben-Hur”, cuja versão dirigida por William Wyler e protagonizada por Charlton Heston em 1959 é um dos grandes clássicos do cinema.A companhia planeja um novo filme baseado fielmente no romance publicado em 1880 por Lew Wallace, “Ben-Hur: Uma história dos tempos de Cristo”, e com roteiro de Keith Clarke, autor do argu-mento de “Caminho da liberdade”, de Peter Weir. O estúdio MGM foi responsável tanto pelo filme de Wyler e Heston, vencedor de 11 estatuetas do Oscar, incluindo os prêmios de melhor filme, diretor e ator, como pelo homônimo filme mudo de 1925. Ao estúdio atrai a ideia de um novo “Ben-Hur” fiel ao romance e diferente de sua cé-lebre versão, mais centrada no conflito adulto entre o príncipe judeu Judah Ben-Hur (interpretado por Heston) e Messala (Stephen Boyd), o filho de um arrecadador de impostos romano. Enquanto a nova versão não chega, a Revista Leal Moreira recomenda o clássico, um dos mais belos do período áureo de Hollywood.

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O VALOR DA INTELIGÊNCIA.

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GONZAGA, DE PAI PARA FILHOO filme alcançou o posto de 4ª melhor bilheteria nacional de 2012, é consi-derado uma obra-prima que aborda a relação conflituosa entre Gonzagão (o rei do baião) e seu filho, Gonzaguinha. Dirigido por Breno Silveira, o longa (que também virou uma microssérie na TV aberta) retoma a relação de dois dos mais expressivos músicos da cena brasileira, com estilos diferenciados e personalidades aparentemente distintas. Vale cada minuto de projeção.

horas vagas • música

NEXT DAY

FELIPE CORDEIRO

AMY WINEHOUSE AT THE BBC

VÍDEO

DIC

A

INTE

RNET

CONFIRA

CLÁSSICO

David Bowie disponibilizou apenas um single [Where are we now?) como aperitivo para a pré-venda de seu álbum “Next Day” que será lançado oficialmente em março. “Next Day” foi anunciado no dia do 66º aniversário do músico e os fãs apaixonados já iniciaram a contagem regressiva para a chegada de março. Pré-venda do novo CD de David Bowie na loja do iTunes. Prepare o coração e o cartão internacional – nós também estamos ansiosos.

Ele é um dos artistas paraenses mais celebrados pelo Brasil. Dono de um ritmo universalmente paraense, Felipe Cordei-ro ganhou belas críticas e fãs famosos. Seu segundo disco, Kitsch Pop Cult, foi eleito um dos melhores de 2012. É um convite (contagiante) para dançar e uma síntese – perfeita, na nossa opinião – da alma paraoara. Para nossa sorte (e total felicidade) o músico ainda é colunista da Revista Leal Moreira.

Aos fãs apaixonados e ávidos por mais material inédito, eis a boa notícia: a Universal lança o CD/DVD “Amy Winehouse at the BBC”. O CD é uma compilação de apresentações de Amy feitas para vários programas do canal inglês, no período de 2004 a 2009. Com um plus: inter-pretações inspiradíssimas. Já o DVD traz um documentário e apresentações, cujas músicas não estão no CD – Me and Mrs Jones e Back to Black. Para aliviar a saudade e brindar os ouvidos com música de excelente qualidade.Para quem tiver disposição, há ainda uma versão com três DVDs e um CD – trata-se de uma edição importada. Vá correndo garantir o seu box.

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BREAKFAST IN AMERICAO sexto álbum dos britânicos Supertramp foi lançado em 1979, em meio a muita polêmica. Nele estão algumas das músicas de maior sucesso da banda, como “The Logical Song”, “Goodbye Stranger” e “Take the long way home”. Durante as sessões de gravação, as brigas e oposições entre Rick Davies e Roger Hodgson ficaram mais frequentes. Mas nem os problemas empanaram o brilho da obra. Breakfast in America foi disco mais vendido da banda (aproximadamente 9 milhões de cópias somente nos Estados Unidos e 28 milhões em todo o mundo), considerado ainda uma obra-prima por seus críticos. Eis um álbum cercado de superlativos. Foi relançado duas vezes: na primeira vez, ganhou o formato de CD. Já no segundo relançamento em CD, o álbum teve toda a arte do encarte original preservada.

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O VALOR DO SONHO.

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horas vagas • literatura

VIVENDO NO FIM DOS TEMPOS

OS CADERNOS ANATÔMICOSDE LEONARDO DA VINCI

JOE BENETT - SKETCHBOOK

O RIOJOÃO CABRAL DE MELO NETO

O PERFUMEHISTÓRIA DE UM ASSASSINO

Não deveria haver mais nenhuma dúvida: o capitalismo global está se aproximando rapidamente da sua crise final. Slavoj Žižek identifica neste livro os quatro cavaleiros deste apocalipse: a crise ecológica, as consequências da revolução biogenética, os desequilíbrios do próprio sistema (problemas de propriedade in-telectual, a luta vindoura por matérias-primas, comida e água) e o crescimento explosivo de divisões e exclusões sociais. E pergunta: se o fim do capitalismo parece para muitos o fim do mundo, como é possível para a sociedade ocidental enfrentar o fim dos tempos?

Eis mais uma coletânea imprescindível aos amantes das Artes. A Ateliê Edi-torial reuniu os mais de 1.200 desenhos anatômicos de Da Vinci, distribuídos em 215 gravuras feitas em preto e branco. As figuras foram dispostas em ordem cronológica, de modo que o leitor possa acompanhar, passo a passo, a evolução e o aprimoramento da técnica de Leonardo da Vinci como ana-tomista. As anotações de Da Vinci acompanham e dão o tom do momento do artista.

O livro do paraense Joe Benett é o primeiro lançamento da Editora Orago. “Joe Benett Sketchbook” traz diversos desenhos produzidos pelo paraense ao longo de sua respeitada carreira no exterior. Trata-se de uma edição especial de colecionador em capa dura e numerada – 500 exemplares –, com páginas de quadrinhos, capas e estudos de desenhos e personagens, além de relatos pontuais de importantes figuras que acompanharam de perto a carreira do quadrinhista. Ao esgotar a tiragem desse especial, segundo a Orago, o objetivo é relançar o livro em uma versão normal e com uma tiragem maior. Bennett trabalhou para a Marvel em títulos como Homem-Aranha, Capitão América, Hulk, Thor e Quarteto Fantástico. Atualmente, ele trabalha na DC, ilustrando a revista do Gavião Negro, e já desenhou Mulher-Gavião, Robin, Novos Titãs e Aves de Rapina.

Poesias que fluem como as águas do Rio Capibaribe – assim a reunião inédita de poemas de João Cabral de Melo Neto pode ser definida. E não por acaso. “O Rio”, nome dado à coletânea, traz o rio, que inunda as lembranças do poeta, como um dos personagens principais do li-vro. A exclusividade é da Saraiva em parceria com o selo Alfaguara da Editora Objetiva, que traz a reunião inédita de poemas. Sob a organiza-ção de Inez Cabral, filha do poeta, o livro tem 106 páginas e o prefácio do escritor português Antônio Lobo Antunes.

Talvez um dos livros mais apaixonantes da Literatura Mundial. O romance do alemão Patrick Süskind foi lançado em 1985 e vendeu mais de 15 milhões de exemplares em 40 línguas. A história começa com a narrativa do nascimento do vilão [há quem conteste] Jean-Baptiste Grenouille, talvez o mais cativante do universo literário e cria-se uma empatia imediata com ele: parido entre peixes e a sujeira de um mercado parisiense, rejeitado pela mãe e pela natureza, que negou-lhe o direito de exalar um cheiro próprio, tão característico dos seres humanos. Rejeitado também pelas amas de leite e instituições religiosas, o menino cresceu sobrevivendo ao novo, ao repúdio e às doenças. Sua “redenção” está na descoberta de seu próprio olfato apurado e assim, inicia uma cruzada em busca do cheiro perfeito, do perfume essencial – aquele que o fará ser aceito e irresistível. Uma cruzada mortal, já que ele inicia sua série de assassinatos para extrair o cheiro de suas vítimas. Hollywood tentou transpor a magia e beleza do livro para as telas – infelizmente nem o elenco estrelado salvou o filme.

CLÁSSICO

DICA

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CONFIRA

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O VALOR DA ARTE.

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horas vagas • Rio & Sampa

Com uma das carreiras mais sólidas dentro da música pop mundial, Elton John está entre os maiores hitmakers do mercado fonográfico – reconhecimento que foi reforçado pela célebre revista Billboard, que o nomeou em 2008 como o artista solo de mais sucesso na história. Suas passagens pelo Brasil, que já não eram exatamente raras, se tornaram mais frequentes nos últimos três anos – e sempre alcan-ça novos recordes de público. Em fevereiro, ele volta ao país para quatro apresentações, começando por São Paulo. Os shows fazem parte da turnê de comemoração dos 40 anos de Rocket Man, um de seus grandes sucessos. Um show para cantar junto do início ao fim.

SERVIÇOSão Paulo: Elton John – 40th anniversary of the Rocket Man. Dia 27/02, às 20h30, no Jockey Club - Av. Lineu de Paula Machado. In-gressos à venda pela internet (www.livepass.com.br) ou na bilheteria oficial - Estádio do Morumbi, bilheteria 2, das 10h às 18h.

A figura icônica de Tim Maia rendeu uma bela biografia escrita por Nelson Motta. Já o livro inspirou a montagem de um musical bem produzido, que se tornou sucesso de público e crítica desde sua estreia, em 2011. Dirigido por João Fonseca, Tiago Abravanel – neto de Silvio Santos – é quem interpreta Tim. A peça conta a vida do artista dos 12 aos 55 anos, e nesse meio tempo são inter-pretadas mais de 20 músicas dele, executadas ao vivo por uma banda de seis integrantes. Perso-nagens como Elis Regina e Roberto Carlos também aparecem em cena. Ideal para os saudosistas da voz grave e marcante do “síndico”.

SERVIÇORio de Janeiro: Vale Tudo – O Musical. Em cartaz de quinta a domingo, às 21h, no Theatro Net Rio - Rua Siqueira Campos, 143 - 2º Piso, Copacabana. À venda na bilheteria do teatro todos os dias, das 10h às 22h, ou pelo site www.ingressorapido.com

ELTON JOHN40th anniversary of the Rocket Man

WORLD BIKE TOUR

Vale Tudo – O Musical

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Unindo conceitos como sus-tentabilidade, preservação ambiental e vida saudável, o

World Bike Tour é um evento esportivo itinerante – sendo o maior do mundo voltado para o ciclismo. O tour já foi adotado em cidades como Madri, Lis-boa e São Paulo. Dessa vez, a programação volta ao Rio de Janeiro no aniversário da cidade – 3 de março. 4 mil pessoas – sorteadas de centenas de milhares de inscritos – farão o trajeto de 11km, partindo da praia de Copacabana até o Aterro do Flamengo. Além do passeio ciclístico, também haverá uma série de ações inclusivas e de estímu-lo ao uso da bicicleta como meio de transporte. Vale acompanhar o passeio.

SERVIÇORio de Janeiro: World Bike Tour Rio. Dia 03/03, às 8h. Largada na Praia de Copacabana. Informações no site www.worldbiketour.net

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O VALOR DA TRANQUILIDADE.

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horas vagas • New York

O show é parte da turnê que celebra o 35º ani-versário do álbum de maior sucesso do Fleetwood Mac, Rumours, que também é um dos mais exito-sos discos de toda a história fonográfica. Lançado em 1997, Rumours vendeu mais de 40 milhões de cópias e ficou no topo das paradas por 31 se-manas consecutivas. No Madison Square Garden. Dia 8 de abril.Mais detalhes em http://bit.ly/10cKzX3

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FLEETWOOD MAC

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O Google Maps finalmente está disponível. A aguardada versão do aplicativo de localização do Google foi disponibilizada na App Store. O software conta com pesquisas locais, informações sobre transporte público, trânsito, imagens de satélite e do Google Street View, além de navegação curva a curva com orientação por voz.Entre os recursos do novo aplicativo estão pesquisa por endereços, locais e empresas, além da integração com o Google Local para a exibição de informações fornecidas pelos próprios usuários sobre os estabelecimentos comerciais. Com o novo Google Maps, o usuário pode sincronizar a sua conta Google com a versão web do serviço, podendo acessar facilmente as buscas recentes e os lugares favoritos.O aplicativo também conta com a navegação curva a curva orientada por voz, além de exibir informações sobre o transporte das cidades e as condições do trânsito. O app oferece ainda a visualização de ima-gens de satélites e do Google Street View, além das imagens normais dos mapas.O Google Maps chega, pouco menos de três meses após a Apple substituir o serviço de localização pelo novo Apple Maps no iOS 6. Na ocasião, a fabricante descreveu o software como o “mais bonito e poderoso serviço de mapeamento já feito”. Entretanto, os usuários começaram a relatar diversos erros no aplicativo, principalmente fora dos Estados Unidos. A repercussão foi tão grande que o CEO da Ap-ple, Tim Cook, pediu aos usuários do iOS que usassem aplicativos concorrentes.

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Depois que Christopher Nolan reinventou a maneira de se ver o homem-morcego, não faltaram artigos relacionados à trilogia dirigida por ele. Talvez o melhor e mais completo seja o The Dark Night Manual – que por aqui recebeu o título de “O Cavaleiro das Trevas: Apetrechos, Armas, Veículos e Documentos da Batcaverna”. O livro é definitivamente para aficionados pela saga. Completo, imaginativo e muito bem confeccionado, ele traz um vasto material cheio de itens que tratam a história como algo real: o mapa de Gotham City e a planta da BatCaverna, por exemplo, estão presentes. Além disso, o manual esmiuça personagens, veículos, armas e tudo aquilo que é representativo no universo do Batman – tudo em uma qualidade inegável.

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THE DARK KNIGHT MANUALD

THE DARK KNIGHT MANUAL

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Felipe CordeiroMúsico

OS AFRO-SAMBASDE BADEN E VINÍCIUS

Vinícius de Moraes faria 100 anos em 2013. Por

esse motivo, certamente, haverá muitos shows e

publicações em homenagem ao poeta nos próxi-

mos meses. Até então, já soube do espetáculo A

Arca de Noé, que foi realizado em Brasília e reuniu

nomes como André Abujamra, Kiko Dinucci, Mó-

veis Coloniais de Acaju, Théo Werneck e Mê, num

tributo ao clássico infantil que o mestre criou na dé-

cada de 80.

Diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e com-

positor brasileiro, Vinícius produziu uma obra den-

sa, defi nitiva e inquieta. Dessa inquietude nasceu

uma parceria das mais geniais na música brasilei-

ra, a com o violonista e compositor carioca Baden

Powell. Esse encontro foi como uma liberação no

contexto da Bossa Nova, aquela estética zona sul.

Estamos diante de uma zona híbrida: banzo, reza,

rosas, melancolia e risos, os afro-sambas. Açoites

noturnos, notas concentradas de fé e belezas ce-

lestiais, nascidas no mundo simples do brasileiro

comum: “pergunte pro seu Orixá, amor só é bom

se doer...”

Caetano Veloso abre seu mais recentemente

disco – o Abraçaço – afi rmando: “a bossa-nova é

f...$%#@”. Mas genial mesmo é Vinícius para além

da bossa-nova, quando soma seu talento ao tam-

bém genial Baden e, juntos, abrem um caminho até

então único no Brasil, juntando a sofi sticação técni-

ca do violão de Baden e a poesia de Vinícius com

todo vigor dos terreiros de umbanda que emergem

das entranhas do Brasil. Estamos em 66. O disco

tem arranjo do mestre Guerra Peixe.

Estamos em 2013. Tem gente criativa bebendo

dessa fonte, a exemplo do compositor e músico

paulistano Kiko Dinucci, um dos maiores do Brasil

hoje, na minha opinião, e para quem o violão de

Baden tem na sua “sujeira” e desleixo uma atmos-

fera comparável a um vigor punk. Com a afi nação

recorrente do bordão em Ré, Baden bebe em Dori-

val, mas sente a violência melancólica das matrizes

africanas.

Vinícius é um dos maiores poetas líricos do Bra-

sil em todos os tempos. Nos afro-sambas, minha

paixão maior dentro da obra dele, veem-se golpes,

tiros, paixões nervosas em noites de intranquilida-

de, Exu no máximo, labaredas infi nitas. Baden e Vi-

nícius, fogueira de agora e sempre.

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Leonardo Aquino Rodrigo Cantalício

Quanto mais instigante é uma história, maior é

o risco de insatisfação dos seguidores com

o desenrolar e o desfecho dela. A afi rmativa

pode até parecer estranha, mas basta relembrar al-

guns exemplos do cinema, da televisão e da literatu-

ra para concordar nem que seja só um pouco. Será

que todos os telespectadores da novela “Avenida

Brasil” gostaram da solução do assassinato de Max?

Ou que o fi nal de “Lost” respondeu a todas as dúvi-

das de quem acompanhou religiosamente o seriado

durante seis temporadas? E o triângulo amoroso da

saga “Crepúsculo”? Terminou do jeito que todos os

fãs queriam? É muito provável que as respostas a

essas perguntas não sejam unânimes e que muita

gente tenha tido vontade de reescrever a trama do

jeito que preferia que ela fosse conduzida.

Se você já sentiu alguma vez esse desejo de trans-

formar a história que viu ou leu, o universo das fan-

fi ctions não lhe é distante. Em geral, essa vontade é

motivada pelo desenvolvimento de fortes laços afe-

tivos com a obra original, que leva os fãs a não se

contentarem com o mero papel de consumidores

passivos. Eles passam a querer interferir na narrativa,

em maior ou menor grau. Decidem dar novos ca-

minhos à trama, transferir a ação para outros locais

ou criar personagens que não existiam no original.

Sempre mantendo uma fi delidade respeitosa ao uni-

verso onde buscam inspiração. “A fanfi ction é uma

história escrita por um fã, envolvendo os cenários,

personagens e tramas previamente desenvolvidos

no original, sem que exista nenhum intuito de quebra

de direitos autorais e de lucro envolvidos nessa práti-

ca”, evidencia Maria Lúcia Bandeira Vargas, que es-

creveu em 2005 o livro “O fenômeno fanfi ction: novas

leituras e escrituras em meio eletrônico”.

As fanfi ctions ganharam corpo e se expandiram

graças à internet, mas não representam uma ideia

exatamente inovadora. Segundo Maria Lúcia Ban-

deira Vargas, a origem do fenômeno data do fi nal

da década de 1960, quando surgiram os primeiros

fanzines, justaposição das palavras em inglês fan (fã)

e magazine (revista). Essas publicações indepen-

dentes nasceram com o propósito de aproximar os

afi cionados por algum universo fi ccional, seja da TV,

do cinema ou dos quadrinhos. Além disso, elas co-

locaram em circulação as histórias criadas pelos fãs

e que acabariam desconhecidas. “Tem-se notícia do

surgimento das fanfi ctions a partir do momento em

que houve registro de um público leitor interessado

nelas. Essas histórias, caso conquistassem destino

outro que não o enclausuramento nas gavetas do

autor, circulavam entre um público muito restrito, na-

turalmente fãs do seriado em questão”, explica.

Com a internet, a circulação aumentou exponen-

cialmente, assim como o volume da produção. Em

websites como o fanfi ction.net, por exemplo, o nú-

mero de fi cções publicadas ultrapassa a casa dos

milhões. Só a saga Harry Potter tinha, no fi nal de ja-

neiro, mais de 600 mil textos disponíveis no site. É

tanta gente produzindo tantas histórias que o inter-

câmbio entre fãs se torna inevitável e rende causos

pessoais de amizades criadas, sucessos imprová-

veis e de carreiras literárias surgidas a partir das fan-

fi ctions.

Na carteira de identidade, ela se chama Lara Zen-

ga. Mas no universo das fanfi ctions na internet, é

mais conhecida como One Carter. O pseudônimo

homenageia Chris Carter, criador do seriado sobre o

Os fãs nocomando da históriaCom uma dose de “faz de conta” e outra de “faça você mesmo”, as fanfi ctions mu-dam a ordem natural da indústria cultural [e o fi nal do enredo].

»»»

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84www.revistalealmoreira.com.br

qual Lara escreveu mais de uma centena de textos:

Arquivo X. Mas a ânsia de querer reescrever histórias

publicadas nasceu bem antes da famosa série dos

anos 90. Em 1983, começou a escrever novelas de-

pois que não gostou do fi nal da primeira versão de

“Guerra dos sexos”, as Rede Globo. Tinha apenas

12 anos. “Achei que se alguém podia escrever uma

novela, eu poderia fazer uma também, e com o fi nal

que eu quisesse. Quem passasse por mim na esco-

la sempre me via com um caderno universitário na

hora do intervalo e pensaria que eu era uma menina

estudiosa. Na verdade o caderno continha os capítu-

los da minha própria novela que eu ia escrevendo à

mão, porque os colegas queriam ler um capítulo por

dia”, relembra.

Mas foi com “Arquivo X” que Lara ganhou popu-

laridade como autora de fanfi ctions. Começou a es-

crevê-las depois que foi instigada por uma colega

de faculdade que também era fã do seriado. Fez a

primeira, a segunda, a terceira... Hoje são 180, estru-

turadas em seis temporadas distintas. “Fiquei abor-

recida com os rumos da série. Aí comecei a mudar

o direcionamento das fanfi ctions. Passei a introdu-

zir personagens próprios, desviei o enredo como

eu queria ver na TV e alguns leitores chegaram ao

ponto de me dizer que tinham duas séries pra es-

colher: a da TV e a virtual”, conta Lara. No auge do

sucesso de suas fanfi ctions, Lara respondia a mais

de 200 e-mails por semana, isso sem contar os lei-

tores que não tinham acesso a internet. Para eles, ela

imprimia os textos e os enviava pelo correio. Como

retribuição, recebia muitas cartas de agradecimento

que fechavam o ciclo de uma atividade cujo único lu-

cro é a satisfação. “Nós nos mantemos apenas pela

paixão por escrever, que muitas vezes começa com

‘tô detestando o rumo da minha saga/série favorita,

vou começar a escrever como eu queria que fosse

e dividir isso com quem também queria ver assim’”,

explica.

As histórias sobrenaturais investigadas pelos agen-

tes do FBI Fox Mulder e Dana Scully também foram

inspiradoras para a jornalista Alessandra Malcher

Godinho. “Arquivo X” foi um seriado que marcou a

adolescência dela e em cujo universo ela mergulhou

profundamente. Apesar de ser muito nova, Alessan-

dra participava de encontros de fãs realizados em

Belém. “Meus pais me deixavam ir raramente por

causa da idade. Nesses eventos eram transmitidos

episódios inéditos no Brasil, realizavam sorteios de

fi tas cassete com episódios gravados (ainda não

existia DVD, muito menos o box com temporadas) e

também escolhiam a melhor fanfi ction de cada gê-

nero”, relembra.

Como a tensão sexual entre os protagonistas era

um dos carros-chefes do seriado, era esse senti-

mento que norteava os gêneros das fanfi ctions de

“Arquivo X”. Shippers eram os textos que levavam

a história para a concretização do romance entre

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»»»

Mulder e Scully. Half-shippers, os que fi cavam em

cima do muro nesse aspecto. E os noromos (de-

rivado de “no romance”), os que mantinham os

personagens sem envolvimento amoroso. Quando

começou a escrever as próprias fanfi ctions, Ales-

sandra optou pelo gênero shipper e construiu uma

rotina organizada de produção. “Eu ia pro colégio,

voltava, ligava a TV pra esperar as reprises das

18 horas e o episódio inédito das 21. No interva-

lo entre um e outro, lia e escrevia as fanfi ctions”,

conta. Uma delas foi premiada no fórum de fãs de

“Arquivo X” no site Mundo Fox. “Escrevi um texto

que misturava ‘Arquivo X’ e ‘Twilight Zone’ (outro

seriado cultuado) e ganhei um prêmio de melhor

fanfi ction shipper do mês. Disponibilizaram até um

banner do prêmio para eu colocar no meu blog.

Era um prêmio para poucos”, orgulha-se.

As fanfi ctions também podem ser o prefácio de

uma carreira literária. Assim como Alessandra,

Roberta Spindler foi uma adolescente afi cionada

por “Arquivo X” e que não se conformava com as

histórias que acompanhava na TV. “Eu queria falar

sobre Mulder e Scully da minha maneira, abordan-

do temas que não via na série. Antes de come-

çar, já tinha o costume de ler outros textos seme-

lhantes e acredito que eles contribuíram pra que

eu conseguisse a coragem de escrever”, conta.

Os textos eram publicados na internet e sempre

tinham retorno elogioso de leitores. Depois de al-

guns anos nas fanfi ctions, Roberta se aventurou a

criar o próprio universo narrativo e fi ccional. Ao lado

de Oriana Comesanha, escreveu o livro “Contos de

Meigan”, publicado em 2011 pela editora Dracena

e bastante comentado em blogs de literatura. Para

Roberta, a prática nas fanfi ctions foi fundamental.

“As fanfi ctions com certeza me impulsionaram a

escrever. Foi com elas que adquiri o hábito e tam-

bém, graças a elas, desenvolvi minha escrita na

época da adolescência. Foi uma fase bem impor-

tante. Acredito que ela me tornou uma escritora

melhor e me ajudou na criação de minhas próprias

histórias depois”, opina.

Mas não pense que as fanfi ctions se resumem a

textos para ser escritos e lidos. A produção audio-

visual também abre amplas possibilidades para a

criatividade dos fãs inquietos e criativos. Um bom

exemplo disso foi um vídeo produzido em Belém

que fez sucesso na internet em 2006 e ainda ar-

ranca risadas de quem nunca o viu: “O Aranha no

Pará”. Em 4 minutos e meio, um capítulo pouco

imaginável das aventuras do Homem Aranha: uma

ida do super-herói a Belém por causa de uma via-

gem a trabalho de seu alter-ego, o fotógrafo Pe-

ter Parker. Em vez de cumprir as pautas dadas

pelo chefe, Parker (travestido de Homem Aranha)

faz uma peregrinação pelos bares e pela noite de

Belém, encontrando até um cover de Elvis Presley

com quem faz uma luta coreografada.

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A ideia foi de um grupo de estudantes de comu-

nicação social que tinham um trabalho acadêmi-

co para fazer. A missão era criar o trailer de um fi l-

me imaginário, apenas com uma câmera de mão

e duas semanas de prazo. A dois dias da entrega,

o grupo não tinha nem o roteiro e resolveu usar a

criatividade e a irreverência. “Eu tinha uma roupa

de Homem Aranha no armário, coloquei um dos

meus colegas de grupo pra vestir e decidimos sair

na rua e improvisar”, relembra o produtor Laércio

Cubas. O resultado foi hilário e acabou sendo pre-

miado em um festival de vídeos na Universidade

da Amazônia, onde o grupo estudava. Isso sem

contar com o sucesso na internet. O vídeo foi mui-

to compartilhado por e-mail numa época em que

o YouTube ainda era novidade. “O fi lme, de fato,

teve uma repercussão bem maior do que espe-

rávamos, já que ele foi mesmo fi lmado de forma

tosca, mas de certa forma ele foi um precursor

dos vídeos virais e memes tão comuns hoje em

dia. Então vira e mexe alguém compartilha o vídeo

e uma nova geração toma conhecimento dele”,

opina Laércio, que interpretou o chefe de Peter

Parker no fi lme.

Esses são apenas exemplos de produções in-

dependentes, mas dá pra encontrar o espírito

das fanfi ctions em obras mundialmente famo-

sas. O circuito comercial de cinema recebeu em

2013 uma adaptação sangrenta de uma clássica

história infantil, “João e Maria caçadores de bru-

xas”, fi lme com um título autoexplicativo. O escri-

tor Seth-Grahame Smith foi além e acrescentou

mortos-vivos a um clássico da literatura, “Orgulho

e preconceito”, de Jane Austen. Nasceu assim

“Orgulho, preconceito e zumbis”, que acabou vi-

rando best-seller e ícone de um gênero chamado

mash-up classic. Os formatos são variados, as

transformações também, mas esses produtos da

indústria cultural e as fanfi ctions são unidos pelo

espírito. “Os leitores procuram extensões, mais

conteúdo ou até mesmo um mundo alternativo

para aqueles personagens que os agradam. Não

somente em sagas literárias, mas em qualquer

tipo de entretenimento”, afi rma Roberta Spindler.

“Acho que as fanfi ctions nascem de um desejo in-

terno de insatisfação com o rumo que estão dan-

do aos personagens. Esse universo é tão vasto

quanto a imaginação dos fãs”, completa Alessan-

dra Godinho.

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acesse o QR e leia uma fanfiction

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Arthur DapieveEscritor

A temperatura atmosférica é registrada no Rio de

Janeiro desde 1915. Em quase cem anos de medi-

ção, a máxima histórica ocorreu no comecinho deste

verão 2012/2013, em 26 de dezembro, no bairro de

Santa Cruz: 43,2º C, com sensação térmica de 47º

C. O recorde anterior era de 14 de janeiro de 1984,

em Bangu: 43,1º C (acho que ainda não se falava

em sensação térmica naquela época). Essas duas

informações querem dizer duas coisas: a temperatu-

ra média tem aumentado; e isso só pode ser pesso-

al, pois eu já era nascido para senti-la. Na verdade,

não me lembro do pico anterior, mas no recente não

gosto nem de pensar. Agora sei como uma pizza se

sente no forno a lenha.

Carioca tem fama de friorento. Os paulistanos que

viram a luz do lado de cá da Via Dutra costumam iro-

nizar que, mal a temperatura se aproxima dos 20º C,

os cariocas tiram seus casacos mais pesados do ar-

mário e desfi lam por Ipanema ou Leblon. É verdade.

Mas não no meu caso. Embora eu seja o chamado

carioca da gema, isto é, carioca fi lho de cariocas, vim

com defeito de fábrica. Sou é calorento. Se a tem-

peratura passa dos 20º C, passa para cima deles,

já começo a me sentir desconfortável e banhado em

suor quente. Não tenho, portanto, muitas chances de

sentir frio no Rio de Janeiro, embora no inverno pas-

sado tenha visto o termômetro de rua marcar 13º C

perto de casa.

Moro em Laranjeiras, bem distante da Zona Oeste

de Santa Cruz e de Bangu, mas ainda que a máxi-

ma fosse medida na pontinha da Restinga da Ma-

rambaia, o ponto mais ocidental do município, eu já

começaria a me abanar. Há algo de psicológico em

saber que a máxima na sua cidade – e, no caso do

Rio, a área dessa cidade pode variar enormemente

em característica física e se estender por 1.200 quilô-

metros quadrados – bateu os 40º C com jeitão de 50º

C. Algo que nem um ar-condicionado ultrapotente é

capaz de resolver. Algo que não está no corpo, mas

no espírito. Costuma-se dizer que o verão é a esta-

ção do Rio. Sei lá. Mas lhes garanto que ele é mais

bonito no outono.

Os últimos verões têm sido bem diferentes dos ve-

rões que estão registrados na minha memória, em

Copacabana. A cada fi nal de tarde caía uma panca-

da de chuva que tornava a noite mais amena. Parece

que ainda hoje é assim em Belém e Manaus, não?

Lembro-me de adiar tarefas na rua para, fechadas

as torneiras, ir sentindo o cheirinho da chuva, a ca-

minho da papelaria ou do cinema (eu era estudan-

te, então, e a vida era doce e cheia de esperanças).

Como dizia, os últimos verões não têm charme al-

gum. Tom e Vinicius sequer teriam visto a garota de

Ipanema passar. Estariam entrincheirados atrás do

ar-condicionado. E, ainda que não estivessem, não

teriam forças para trabalhar.

Houve uma vez um verão, ali de 2006 para 2007,

que passei parcialmente em Bangu. Eu e Marcelo

Madureira tínhamos um programa chamado “Sem

controle” no canal por assinatura GNT. Nele, basi-

camente comentávamos a programação, doesse a

quem doesse (nem todo mundo levou na boa). Ao

fi nal do ano, porém, o canal entrava de férias, e cada

programa era estimulado a fazer um “especial de

verão”. Nossas colegas escolheram lugares char-

mosos como o Guarujá ou Porto de Galinhas. Nós

chamamos o documentarista Guilherme Coelho e

fomos com a equipe para Bangu, tradicionalmente

considerado o bairro mais quente da cidade mais

quente do Brasil.

Bangu é o seguinte. Fica entre a Avenida Brasil e o

Maciço da Pedra Branca, que o protege da mais leve

brisa marinha. No centro do bairro, há um calçadão

com chuveirinho para os pedestres não desmaiarem.

Ele estava quebrado nos fi ns de semana que pas-

samos por lá, acompanhando como os moradores

faziam para viver sob aquela bolha térmica. Fomos a

uma loja de venda de piscinas de plástico, Marcelo

paquerou na piscina do Casino (assim mesmo, com

um S só) Bangu, eu fi z aula de tai-chi-chuan no mes-

mo clube, vimos o Bangu Atlético Clube jogar com

o Macaé no estádio de Moça Bonita, fomos a uma

roda de samba, comemos galeto na calçada, joga-

mos conversa fora no barbeiro. O resultado foi ao ar

no especial “Houve uma vez um verão... em Bangu”.

Desde então, essas memórias me serviam como

parâmetro para qualquer calor que sentisse. Eu co-

meçava a suar e, tentando me sugestionar, pensava

“ah, perto de Bangu isso é a Sibéria”. Costumava dar

certo. Não mais. As sensações térmicas de 50º C

nas últimas semanas estabeleceram novos parâme-

tros para o inferno.

Saudades do fresquinho de Bangu de anos atrás.

SAUDADES DE BANGU

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A América Latina deNeruda e García Márquez

destino

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Se ler é viajar, seguir os caminhos da lite-

ratura como roteiro pode transformar uma

viagem em uma experiência tão lírica

quanto um poema de Pablo Neruda. Pode elevar

ao fantástico, como um conto de Gabriel García

Márquez, o passeio pela cidade ainda desconhe-

cida.

Foi esta a pretensão ao programar nossa via-

gem para o Chile e para Colômbia. Os ‘guias’

levados na bolsa foram os livros de memórias

“Confesso que Vivi”, do chileno Neruda, e “Viver

para Contar”, do colombiano García Márquez,

dois vencedores do Prêmio Nobel de Literatura.

A preferência literária foi o que motivou a es-

colha dos destinos, além da quase pueril ilusão

de que chegar até os lugares que infl uenciaram a

vida e a palavra desses dois grandes escritores,

fosse nos aproximar também, de alguma forma,

daquilo que lhes faz únicos.

Santiago de Neruda No Chile, a vida, obra e personalidade de Pablo

Neruda estão retratadas em suas três casas, hoje

transformadas em museus pela Fundação que

leva o seu nome e cuida de todo o seu acervo.

Em Santiago, ir visitar “La Chascona” (“a desca-

belada”, em língua indígena quíchua), foi nosso

primeiro passo. É a única casa do poeta que não

tem vista para o mar, já que “Isla Negra” e “La

Sebastiana” estão na costa do Pacífi co.

A arquitetura do lugar é pouco convencional.

Localizada em um terreno íngreme, no pé do

morro San Cristóbal, a propriedade é dividida em

três prédios, interligados por jardins e passagens

secretas. Neruda imprime sua paixão pelo mar

em todos os lugares que morou, mas na casa de

Santiago o que se destaca mesmo é o amor por

Matilde Urrutia, conhecida por seus cabelos des-

grenhados. Por isso, o nome da casa.

Ali se encontram os manuscritos de “Os Versos

do Capitão”, presenteados a Matilde – eram to-

dos dedicados a ela – e um quadro pintado pelo

mexicano Diego Rivera, onde o perfi l de Neruda

aparece entre os cabelos ruivos e desarrumados

dela. Eles viveram juntos até a morte do poeta.

“La Chascona” é a única casa que guarda

marcas da ação dos militares durante o golpe de

1973, quando todas as propriedades de Neruda

foram fechadas e depredadas. Ele morreu em 23

de setembro desse mesmo ano, doze dias depois

que Augusto Pinochet assumiu o poder.

Conhecemos o interior da propriedade com um

pequeno grupo levado por um guia. Em todos os

museus é oferecido este serviço. Os guias são

sempre muito bem preparados, sabem detalhes

da vida do poeta e recitam trechos de poemas. É

preciso comprar ingressos e os grupos são for-

mados apenas em espanhol e inglês.

Poeta e colecionadorNeruda era mais que um colecionador, ele se

autodenominava ‘cosista’ (“coisista”, em portu-

guês), pelo exagerado número de coisas que

guardava. Na cidade de Valparaíso, na “La Se-

bastiana”, parecem infi nitas as coleções de gar-

rafas, conchas do mar, taças coloridas, barcos e

inusitados objetos. A casa parece fi ncada no alto

do morro de Bela Vista. Das janelas, a vista do

azul inédito do Pacífi co é uma realidade poética.

Em “Isla Negra”, casa localizada em um peque-

no povoado na costa, ele guardava, por exemplo,

um cavalo de papel maché em tamanho natural

com três rabos postiços. Entre a coleção de car-

rancas de proas de navio, Neruda apreciava uma

em particular, chamada “Maria Celeste”, porque

no inverno “escorriam lágrimas de seus olhos”. O

poeta dizia que ela chorava de pena. Os amigos

contrariavam, explicando que era a umidade con-

Su Carvalho

Uma viagem repleta de poesia e literatura. Entre o Pacífi co de Neruda e o mar do Caribe de García Márquez, Chile e Colômbia têm marcados os passos e a memória de dois dos maiores escritores da Literatura Mundial

Arquivo Pessoal

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92

densada nos olhos de louça da estátua. Segundo

o guia, ele rebatia dizendo: “não sou cientista, eu

sou poeta. Para mim, ela chora, e na primavera

volta a sorrir”.

Imaginação e genialidadeA impressão que se tem ao conhecer tantas es-

tantes cheias de objetos e paredes abarrotadas é

de participar da imaginação e genialidade do po-

eta, mesmo como espectador. Suas casas eram

preparadas para a criação. A decoração é colo-

rida e excessiva, mas mesmo assim se percebe

a rima.

“Isla Negra” é a principal delas. Ali, Neruda e

Matilde estão enterrados de frente para o mar.

No ambiente, pode-se quase que tocar em um

estilo de vida que forjou obras como “Canto Ge-

ral”, “Cem sonetos de Amor” e o próprio livro de

memórias “Confesso que vivi”, fi nalizado em um

daqueles quartos.

Para chegar até lá, alugamos em Santiago um

carro e descemos a Rota 68 para o litoral Pacífi co-

-sul lendo trechos deste livro, que descrevem as

cidades e contam os motivos que levaram o poe-

ta a construir aquelas casas. O Chile impressiona

pela educação das pessoas, sua organização e

limpeza, mas nem deveria. Era de se esperar algo

assim de um lugar onde um poeta é também um

herói, um deus.

Do Chile para a Colômbia. O privilégio de cami-nhar nas terra de Gabo

O roteiro de Gabo, como também é chamado

García Márquez, começou por Bogotá, aonde ele

chegou ainda adolescente para continuar os es-

tudos. É também o lugar que marca a publicação

de seus primeiros contos, no suplemento literário

El Espectador. O bairro da Candelária, no centro

antigo, com suas ruas estreitas e casas coloniais

espanholas, ainda guarda a atmosfera dos cafés

por onde ele forjou seus primeiros passos na lite-

ratura. “A instituição que diferenciava Bogotá eram

os cafés do centro, onde mais cedo ou mais tarde

confl uía a vida de todo o país”, defi niu o autor de

“Cem Anos de Solidão” em “Viver para Contar”.

Não encontramos o El Molino, “o café dos poe-

Neruda se defi nia “cosista” (colecionador) e em la Isla Negra ele mantinha, por exemplo, um cavalo de papel maché em tamanho natural.

www.revistalealmoreira.com.br

Page 93: RLM 36

93

»»»

tas mais velhos”, como ele descreve no livro, mas

mesmo sentados à mesa do Juan Valdez Café foi

possível vislumbrar um pouco a época em que o

iniciante escritor tentava aprender sobre literatura

escutando as conversas dos poetas consagrados

nas mesas vizinhas. Na Candelária está localiza-

do o Centro Cultural Gabriel García Márquez, que

possui uma grande livraria e espaços para diver-

sos eventos culturais.

Páginas da história colombianaO passeio pela Candelária apresenta muito da

história do país colonial e republicano. A Praça de

Bolívar e a Avenida Sétima são paradas obrigató-

rias. Por ali também estão o Museu Botero, que

tem entrada gratuita e expõe também obras de

artistas como Dalí, Miró, Klimt e Picasso; o Museu

do Ouro; e a Biblioteca Nacional, onde uma sala

de música foi transformada pelo escritor em refú-

gio preferido.

A Avenida Sétima foi palco do assassinato do

candidato popular à presidência da República,

Jorge Eliecer Gaitán, em 1948, o que desenca-

deou a onda de protestos e violência que destruiu

o centro de Bogotá, “El Bogotazo”, e se estendeu

por outras cidades do país. Em Viver para Con-

tar o fato é descrito em detalhes. Gabo chegou

à cena do crime minutos depois do acontecido.

Aquele 9 de abril marcou também a vida e a pro-

dução literária de García Márquez, pois o levou

para Cartagena de Índias, na costa caribenha da

Colômbia, um lugar mais seguro.

“La Heróica” e a luz malva das seis da tardeChegar a Cartagena de Índias, La Heróica, é

entrar em um universo mágico cercado por muros

e baluartes. Mesmo muito cheia de turistas, a ci-

dade não perde o poder sobrenatural de arrebatar

o visitante. Foi assim para Gabo, que não tinha em

seus planos permanecer ali por muito tempo, mas

em chegando lá, não mais quis partir. “Bastou dar

um passo dentro da muralha para ver em toda a

sua grandeza a luz malva das seis da tarde, e não

consegui reprimir o sentimento de ter tornado a

nascer”, conta no livro de memórias.

Ao contrário de Bogotá, onde “Viver para Con-

tar” é o único ‘guia turístico’ do gênero, em Car-

tagena é possível fazer passeios guiados que

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Cartagena das Índias é quente, mas os balcões fl oridos das casas garantem sempre uma boa som-bra para seguir as histórias [reais e imaginárias] de Garcia Márquez.

Page 94: RLM 36

remontam todos os passos de Gabo ao chegar à

amurallada e apontam os cenários de fatos impor-

tantes de seus romances. Escolhemos a opção de

audioguias, uma espécie de telefone que conta his-

tórias ao discar números. Com o mapa em mãos,

cada uma segue o roteiro sozinho – nada de gran-

des grupos correndo atrás de uma bandeirinha.

São ao todo 35 estações.

Oferecido em espanhol, francês, italiano, inglês

e alemão, o tour requer concentração. Porém, dá

para repetir os trechos em áudio a hora em que

for necessário. Escolhemos o espanhol, para ouvir

o idioma do autor. Segundo a Tierra Magna, em-

presa que desenvolveu o recorrido, já está sendo

providenciada a opção em português. Todo o ro-

teiro tem o respaldo da Fundación Gabriel García

Márquez para El Nuevo Periodismo Iberoamerica-

no, criada pelo próprio Gabo e seu irmão Jaime.

A cidade dos amores contrariadosO passeio começa no Templo de Santo Domin-

go, no centro da amurallada, onde há um monu-

mento de Botero. Preparados para caminhar, basta

ir seguindo o mapa. A cidade é quente, mas os

balcões fl oridos das casas garantem sempre uma

boa sombra para seguir as histórias reais e imagi-

nárias de Gabo.

O roteiro leva ao lugar no qual tomou a decisão

de desistir do Direito para ser escritor, a conceitu-

ada Universidade de Cartagena; à redação do El

Universal, quando iniciou o ofício da reportagem; e

à linda propriedade que hoje é sua casa. É impac-

tante passar por aquelas ruas e recordar que, aos

85 anos, o escritor está perdendo suas memórias

por causa da demência senil. Ainda mais quando

recorremos pela cidade momentos dos amores

contrariados de Florentino Ariza e Fermina Daza,

do “Amor nos Tempos do Cólera”, e Sierva Maria

de los Angeles e Cayetano Delaura, de “Do Amor e

Outros Demônios”.

O óxido do tempoPassamos pelo convento onde Sierva Maria foi

internada para os exorcismos, hoje o luxuoso Hotel

Santa Clara, e pelo Portal de Doces onde foi mor-

dida pelo cão raivoso e começou sua tragédia. No

Hospital Naval, fi camos imaginando o sobrevivente

que inspirou o “Relato de um Náufrago”. E na Torre

do Relógio, porta principal da muralha, desenhou-

-se diante dos olhos “O General em seu Labirinto”.

Em alguns momentos a cidade, cercada por 11

quilômetros de muralhas, construídas para prote-

gê-la de corsários ingleses e franceses, os “pira-

tas do Caribe”, parece desamarrada do tempo.

É fascinante. Atrás dos muros e baluartes, casas

coloridas, avarandadas e fl oridas, e à frente, o mar

caribenho. Respirar daquela brisa fantástica ressig-

nifi ca tudo o que já foi lido da obra do autor.

Gabo diz que em Cartagena as coisas, como as

estátuas, não estavam preservadas contra o óxido

do tempo e sim ao contrario: “preserva-se o tempo

para as coisas que continuavam tendo a idade ori-

ginal, enquanto os séculos envelheciam”. Só indo

até lá para compreender isso.

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Quando Gabo chegou à Cartagena das Índias, não pretendia passar muito tempo lá, mas apaixonou-se pela cidade.

ChileSaiba como chegar às casas-museus de Pablo Neruda em: http://www.fundacionneruda.org ColômbiaTodos os detalhes sobre o tour “A Cartagena de García Márquez” em: http://www.tierramagna.com/ ‘Guias’Confesso que viviPablo NerudaEd. Difel, 1979, 358 págs. Viver para ContarGabriel García MárquezEd. Record, 2003, 474 págs.

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98

Münchenenquanto isso

Vim morar em Munique para fazer minha pesqui-

sa para o doutorado em Antropologia, pela parce-

ria Brasil/Alemanha de bolsas de estudos CAPES/

CNPQ/DAAD. Meu trabalho é sobre a prática da

capoeira brasileira na Alemanha, e discute essas

culturas antagônicas. Por isso, estou na Alemanha

desde novembro do ano passado, quando terminei

minhas disciplinas na Universidade de Santa Ca-

tarina – onde estava morando por dois anos. Digo

que foi uma espécie de estágio em Florianópolis,

pois lá existe uma brisa bem forte de cultura alemã.

Aqui, sou pesquisador visitante do instituto de etno-

logia da faculdade de Estudos Culturais da Univer-

sidade de Munique.

Dentre as coisas que acho mais interessantes na

cidade, destacaria o fato de ela estar nesse ponto

entre o tradicional e o moderno: uma cidade cos-

mopolita, de grandes empresas e indústrias, mas

que consegue conservar as características e cos-

tumes de um povo camponês. Outra característica

marcante é o fato de Munique ser a capital da Ba-

viera – que é mundialmente conhecida por sediar

a Oktoberfest. Isso faz com que a cidade se torne

o grande centro da cultura alemã, já que, quando

pensamos em Alemanha, a imagem que nos vem

é a da cultura bávara.

Em termos de programação cultural, os museus

e prédios históricos estão entre os pontos fortes da

cidade. Um lugar indispensável para se conhecer é

a Residência de Munique (em alemão, Münchner

Residenz), antiga casa dos Wittelsbach - família que

reinou na Baviera até a proclamação da república

alemã. Agora, comporta uma galeria de museus,

teatros, entre outros, bem no centro da cidade.

Além dos museus, que são bem famosos, tem

também o encanto dos espaços abertos. Um

exemplo disso é o Englischer Garten - um parque

que fi ca às margens do rio Isar, que atravessa a

cidade. Lá, é possível desfrutar de mais de 4km²

de verde em plena cidade, além de um belo lago

e elementos da cultura oriental. Vale muito a pena

passear por lá. Pra quem gosta de esportes, a ci-

dade também oferece coisas legais. Munique já

foi sede de Jogos Olímpicos, já recebeu Copa do

Mundo e é a casa do Bayern – um dos times mais

importantes da Europa e de grande destaque inter-

nacional.

Outro bom atrativo de Munique é a gastrono-

mia. A comida é única no mundo. Aqui tem ótimos

restaurantes e os preços são bem em conta, se

comparados com os valores das outras cidades

europeias. Eu costumo frequentar o Restaurant

und Biergarten na Chinesischer Turm que fi ca no

Englisch Garten ao lado de minha universidade. De

uma maneira geral, eu recomendo os típicos “Bier

Gartens” alemães. Aqui na Baviera se come muita

carne de porco, além das famosas linguiças. Vir à

Alemanha e não experimentar é falta grave! A noite

aqui também é bem movimentada para todos os

tipos e estilos. Quem gosta de um estilo de vida

mais boêmio, também será muito feliz aqui – afi nal,

é a terra da cerveja!

Quanto ao clima, Munique é a cidade dos extre-

mos; um verão bem quente e um inverno dos mais

frios da Alemanha. Então, dependendo de quando

se vem pra cá, a melhor coisa é olhar na previsão

do tempo e vir preparado.

Em resumo, Munique oferece de tudo e rece-

be bem todo tipo de gente. Cultura, esporte, lazer,

cerveja, comida... Não importa do que você goste

mais: uma visita à Alemanha nunca é tempo des-

perdiçado.

Fábio Araújo FernandesCineasta

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100www.revistalealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.br

Glauco LimaPublicitá[email protected]

CidadãosAlados

Fala-se muito que a internet e principalmente as

redes sociais na web, tornaram o mundo peque-

no. Isso é muito verdade mesmo. A rede mundial

de computadores permite acesso a um volume

imensurável de informações, de conteúdos, de pai-

sagens e a seres humanos e desumanos, estejam

onde estiverem. Até a barreira do idioma já está

quebrada pelos tradutores online. Mas um outro fe-

nômeno, talvez menos badalado na mídia e menos

percebido, certamente causa efeitos e mudanças

muito mais expressivas e que ainda vão precisar

ser muito estudadas. Trata-se do acesso cada vez

maior ao transporte aéreo.

Até bem pouco tempo, principalmente no terceiro

mundo, de onde o Brasil vem saindo nas últimas

décadas, viajar de avião era uma solenidade, uma

comodidade ainda não tão cômoda, mas acessí-

vel a poucos privilegiados. As pessoas vestiam sua

melhor roupa pra embarcar numa aeronave, uma

conquista que agregava muito status e glamour. De

uns tempos para cá, viajar de avião, a passeio ou a

trabalho, está se tornando cada vez mais corriquei-

ro. É quase banal como pegar um ônibus ou um

táxi. A Organização Mundial do Turismo informou

que no ano de 2012, pela primeira vez na história

do mundo, o número de turistas internacionais pas-

sou de 1 bilhão.

Este é um fato que certamente já está causando

uma série de transformações de comportamento,

de hábitos de consumo, hábitos alimentares, de

lazer, exigências, consumo de entretenimento, de

formação de opinião, de entendimento do mundo.

Principalmente para os segmentos sociais de baixo

poder aquisitivo, até então excluídos das linhas aé-

reas, pessoas que antes nasciam, cresciam, viviam

e morriam e viajavam apenas no pensamento e na

imaginação.

Viajar de avião quebra isolamentos, é diferente de

saber, de ouvir contar, de ler, de estudar, de ver na

TV ou na internet. As pessoas podem cada vez mais

presenciar, se encantar, desencantar, reencantar, ti-

rar suas próprias conclusões, misturar suas visões

de mundo com as de outros mundos, e infl uenciar

outras pessoas quando voltam para o lugar onde

vivem. Mudando ou não a sua realidade cotidiana.

Viajar de avião, assim como o acesso à internet e

à produção pessoal de conteúdos, frequentemente

quebra a hierarquia do poder da informação. An-

tes, por exemplo, um governante de plantão pode-

ria dizer que aquela obra inaugurada por ele era a

mais bela do país. E a maioria da população tendia

a concordar, já que o conceito de país se resumia a

um raio de 500, 600, no máximo 1.000 quilômetros.

Agora, uma fatia cada vez maior da população

vai a outras cidades, outros estados e até mesmo a

outros países, outros continentes. Compara, avalia,

analisa, vive, convive e tem outros subsídios para

concordar ou não.

Esse vai e vem voador certamente já está infl uen-

ciando as decisões de voto nos processos eleitorais,

as decisões de compra de produtos e serviços, o

relacionamento com as marcas, com produtos cul-

turais e até com a própria religião. É uma oportuni-

dade imensa de novos negócios, novos produtos,

novas propostas e novas ideias. Os governantes,

executivos de marketing, publicitários, sociólogos e

antropólogos, cientistas, já devem estar desenvol-

vendo muitos estudos para mensurar a infl uência

que o dom de voar está gerando nas pessoas.

Talvez muita gente que agora vive viajando ainda

nem se dê conta das possibilidades que o fato de

ter asas pode gerar na sua vida, já que muita gente

as vezes voa 2000, 3000, 5000 quilômetros e só vê

ou consome aquilo que está relacionado com o seu

universo de vaidades da sua origem e não se per-

mite olhar um palmo além dos roteiros do mainstre-

am. Por exemplo, é cada vez mais comum um cida-

dão sair do Rio Grande Sul para brincar o carnaval

em Salvador, passa quatro dias pulando dentro de

um quadrado, não se relaciona com nada único da

capital baiana, e volta pra casa com a mesma ex-

periência que teria se participasse de uma micareta

em Porto Alegre. Ou seja, ainda tem muita gente

que sai do lugar mas não voa, não amplia o olhar.

Mas preferencias não se julgam, nem se discute,

mas até isso vai mudar com a onda voadora.

A medida que as pessoas forem percebendo que

viajar de avião é muito mais do que estar em outro

lugar, mas acima de tudo, é estar em outro universo

de costumes, de visões de mundo, de organização

política e social, esse fenômeno de massa vai ba-

gunçar muitas certezas, convicções e verdades as-

similadas ou impostas.

Assim como os bravos navegadores da antiguida-

de traziam sozinhos notícias e novidades de novos

mundos, hoje toda hora os aeroportos estão lotados

de pessoas pousando com excesso de bagagens,

gente vendo, vivendo e removendo bens materiais

ou imateriais e construindo uma sociedade nova,

formada progressivamente por seres alados. Se isto

será uma evolução ou um retrocesso da espécie, só

a história vai dizer. E voando!

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gourmet

www.revistalealmoreira.com.br

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103

Lorena Filgueiras Dudu Maroja / Divulgação

Essênciaítalo-amazônicaFilha de um italiano com uma mineira, a chef paraense Ângela Sicilia ganha a Europa com surpreendentes criações gastronômicas que mesclam os tradicionais sabores da Grande Bota com ingredientes locais.

À primeira vista, a chef Ângela Sicilia parece uma

personagem, saída de um livro infantil. Ela sur-

ge toda de cor de rosa no salão, com os ca-

belos loiros cuidadosamente presos. A essa altura, é

impossível perceber que ela está sem maquiagem,

sem brincos (itens considerados proibidos para quem

trabalha na cozinha) ou quaisquer outros acessórios.

Na cozinha a jovem chef mostra a que veio. Exigente,

curiosa e apaixonada por Gastronomia, a chef autodi-

data tem chamado a atenção com suas criações.

No comando da cozinha do restaurante Famiglia Si-

cilia há um ano (que por mais de vinte anos, em ho-

menagem ao patriarca, chamou-se Dom Giuseppe),

Angela Sicilia se destaca como uma das chefs mais

talentosas de sua geração. Assumidamente apaixona-

da por suas origens gastronômicas, ela é uma estu-

diosa e com muita harmonia consegue “casar” típicos

pratos italianos com ingredientes locais. Basta uma rá-

pida olhada no menu (que vive em constante evolução)

para ver ‘Arancini de pato’ (a típica entrada italiana: bo-

linhos feitos com arroz arbóreo), ravioli de maniçoba

ou Fettucini de jambu com magret de pato e redução

de tucupi. “Massas são neutras e um convite à imagi-

nação”, afi rma. E foi com misturando o trigo aos ovos,

em companhia do pai, Giuseppe, que ela entrou no

universo gastronômico. “A primeira coisa que ele me

ensinou, de fato, a fazer, foi brigadeiro”, ri.

Voltando ao começoFilha de um italiano com uma mineira, a Gastrono-

mia estava predestinada a ser o caminho natural da

paraense Angela Sicilia, uma vez que os próprios pais

já atuavam no ramo e ela, ainda criança, ajudava a

mãe na cozinha. “Eu era muito criança mesmo, mas

minha lembrança olfativa quase sempre reencontra o

cheiro dos molhos, do alho sendo dourado no azeite.

Mesmo a comida trivial, do dia a dia, tinha cheiro e

gosto diferentes, porque quando o papai entrava na

cozinha, sabíamos que a refeição não seria simples,

mesmo que fosse o habitual. A macarronada dele era

espetacular!”, ela conta.

Com Dona Jussara, doceira hábil e de mão cheia,

aprendeu os primeiros segredos dos doces que en-

cantavam Belém na época. Com ela também apren-

deu a mesclar as culinárias italiana, mineira e paraen-

se. “De mamma Jussara lembro dos tabuleiros de pão

e várias tortas, que ela fazia sob encomenda, mas ela

sempre dava um jeitinho de fazer para nós. A que eu

mais gostava era a de amendoim. Ficava em êxtase

total quando ela me deixava comer um pouco das bor-

das dos bolos, que ela retirava para deixá-los perfeitos,

retos”.

A cozinha estava no sangue. Dela e do irmão mais

velho, o também chef e sommelier Fabio Sicilia.

Amadurecimento precoce “É uma das mais tenras recordações – acompanhar

a mamãe todos os dias ao Clube do Remo, onde ela

mantinha uma cantina. Naquela época, com oito anos,

acho, eu passava o troco, ajudava no que fosse pre-

ciso. E achava incrível quando ela me deixava ter res-

ponsabilidades. O papai havia partido [ela fi ca emocio-

nada] e tínhamos de garantir nosso sustento. Não foi

uma infância fácil, mas também não posso dizer que

foi difícil”.

Alguns anos depois da morte do pai, a mãe também

partia. Ambos os irmãos assumiram os negócios da

família. Aos 24 anos, Fabio foi para a Itália estudar »»»

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104104www.revistalealmoreira.com.br

Gastronomia e Angela, com apenas 15 anos, toma-

va conta do restaurante e fi cava no caixa. A maturida-

de chegou precocemente. Ruim? Não para eles, que

sempre foram o esteio um do outro. “Fabio foi meu

‘pai’ durante minha adolescência e tinha de ajudá-lo

da melhor maneira possível”, conta. Natural que a ado-

lescente quisesse aproveitar a fase, mas a prioridade

sempre foram os negócios da família. Hoje casada,

mãe de dois meninos, Ângela dedica boa parte do dia

ao restaurante e faz pessoalmente as massas, já que

faz questão que sejam artesanais.

De volta à cozinhaFalando em massas e não à toa, o espaguete à bo-

lonhesa é o prato favorito da chef. “Largo qualquer pra-

to por espaguete à bolonhesa”, conta em meio às gar-

galhadas. “Ah, e bolo branco, aquele simples mesmo,

com cobertura de chocolate”, complementa.

Perfeccionista, detalhista e exigente, a chef faz ques-

tão de visitar cada um de seus fornecedores. “Quero

que meu cliente fi que satisfeito com produtos de alta

qualidade, mas não abro mão de que sejam ingredien-

tes social e ecologicamente corretos. Porque quando

a gente vai à fonte e é rigoroso nesse aspecto, a gen-

te estimula uma corrente positiva”. O refl exo de tanto

zelo são criações gastronômicas que encantam. Ela

não abre mão de reunir pessoalmente com a equipe

da cozinha e do salão, além de promover o que cha-

ma de “intercâmbio cultural” com chefs de outros es-

tados, quando a equipe inteira recebe treinamentos e

workshops.

Falando em intercâmbio, Ângela esteve recente-

mente na Europa, em intercâmbio gastronômico, a

convite de chefs italianos para mostrar o resultado da

cozinha ítalo-amazônica que desenvolve. Depois se-

guiu para o Identitá Golose, um congresso que reúne

os mais importantes chefs do mundo. De lá voltou com

mais ideias e novas “combinações”. “Estou ansiosa

para colocá-las em prática”, fi naliza.

De volta à cozinha, ela mostra à Revista Leal Moreira

o passo a passo de uma receita exclusiva, que será o

“Prato da Boa Lembrança” do Famiglia Sicilia este ano.

Ângela Sicilia comanda a cozinha do tradicional Famiglia Sicilia, que por duas décadas se chamou “Dom Giuseppe”, em homenagem ao pai, Giuseppe Sicilia. A mãe, Jussara, foi a grande incentivadora dos fi lhos.

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INGREDIENTES

• 100 gramas de arroz negro cozido no caldo de legumes (veja no box ao lado como fazer)• 50 gramas de camarão rosa cru• 25 gramas de lula (cortada em anéis)• 25 gramas de polvo (cortadinho)• 25 gramas de salmão em lascas e grelhado• Cebola picada (a gosto)• Alho picado (a gosto)• Manteiga para refogar cebola e alho• Cheiro-verde picadinho a gosto• Suco de ¼ de limão• Sal e pimenta a gosto

MODO DE FAZER

Refogue a cebola e o alho. Deite os camarões, lula e polvo. Acrescente sal e pimenta a gosto e o cheiro-verde. Quando os frutos do mar estiverem no ponto, acrescente o arroz. Misture cuidadosamente e acrescente – por último – o salmão. Corrija o sal e a pimenta, se necessário e acrescente o suco de ¼ de limão. Mexa e sirva em seguida.

PARA FAZER O ARROZ NEGRO

O arroz negro consome muito tempo de cozimento até obter a maciez. Para fazer a base do risoto, doure cebola na manteiga e acrescente o arroz negro. Refogue e acrescente 50 ml de vinho branco. Deixe evaporar o álcool e acrescente o caldo de legumes (pronto) aos poucos conforme a água do arroz for secando. Vá experimentando para sentir o ponto al dente. Se você preferir mais macio, deixe cozer um pouco mais. Desligue e reserve. Está pronto para usar na receita.

HARMONIZANDO O PRATO

A chef recomenda um Sauvignon Blanc.

receita

Risoto nero Dr. Arlen Jones(porção individual)

www.revistalealmoreira.com.br

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vinho

VINHOS PARA A FESTA DE BACO

Não necessariamente você precisa gostar de Carnaval, para aproveitar a festa de Baco de maneira intensa. A Revista Leal Moreira traz as indicações para cair na folia de modo singular: sorvendo e degustando grandes rótulos.

www.revistalealmoreira.com.br

Uva Touriga NacionalGraduação 13%750 ml.Origem Dão PortugalCom verões quentes e invernos frios, o Dão sempre foi terra de vinhos deliciosos e foi dentro dessas condições climáticas favo-ráveis que a Touriga Nacional, casta ícone portuguesa, no Dão se adaptou e hoje, com o atual processo de modernização da vi-nicultura na região, pela nova geração de produtores mais diligentes e pelos baixos rendimentos produtivos, uma das ações mais importantes na produção de vinhos de qualidade, a TN se expressa bem na região com ótimos resultados.A linha de vinhos Quinta das Estrémuas TN, da Vinícola de Nelas AS, que foi fundada em 1939, são elaborados com as melho-res uvas de toda a produção e os resultados são evidentes. No Quinta das Estrémuas TN 2007 a fruta vermelha madura está integra-da à madeira. De fato ele estagia por bem 11 meses em barricas de carvalho francês de Allier e é sensacional a interação entre os aromas varietais primários e os terci-ários, com toques de tostado e terrosos. Em boca tem estrutura, corpo, taninos mar-cantes e personalidade para dar e vender. Perfeito acompanhante para o leitão assado de forno.Onde comprar: Grand Cru(Indicação da Sommelier:Ana Luna Lopes)

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2007

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Uva 100% NebbioloGraduação: 14%REGIÃO: Piemonte - BaroloCLASSIFICAÇÃO LEGAL: Barolo D.O.C.G.Uvas provenientes principalmente dos vinhedos próprios em Serralunga d’Alba (70%), com pequenas partidas oriundas de fornecedores de longo-prazo em pri-vilegiadas posições de Catiglione Falletto e Monforte d’Alba. Colheita com duração de três semanas (fim de outubro e come-ço de novembro). Seleção acurada das uvas, com descarte das imperfeitas. De-sengace total. Prensagem delicada e fer-mentação nos tanques de inox em contato com os sólidos, a 25-26°C, por 20 dias. Nesta fase as remontagens foram frequen-tes, mantendo as cascas sempre imersas e em contato com o mosto. Terminada a fermentação alcoólica, procedeu-se a separação do vinho da parte sólida. Malolática completa. Trasfega aos barris de carvalho para envelhecimento. En-garrafamento e manutenção das garrafas nas frias adegas por mais vários meses antes da emissão ao mercado. Trinta e seis meses em carvalho, sendo 30% em barricas bordalesas e 70% em botti, barris de 2000 a 5000 litros de carvalho francês de Allier de vários anos.Vai bem com Brasato al Barolo (carne bo-vina cozida longamente no vinho Barolo com especiarias, legumes aromáticos e ervas); Capriolo al ginepro (Veado assado lentamente e servido com molho escuro de zimbro); Tagliolini freschi al tartufo bianco (Massa fina rica em ovos com tru-fas brancas).Onde comprar: Decanter

BARO

LO 2

007

Uva 100% Pedro JimenezGraduação 15%750 ml.Origem Jerez de la Frontera, Andaluzia - EspanhaAo sul de Sevilla encontramos a DO Jerez Xérèz, Sherry. Esses são vinhos especiais e fortificados, com adição de aguarden-te vínica, após o processo normal de vi-nificação. Os estilos de Jerez podem ser secos ou doces, que são elaborados com as uvas Pedro Ximenez - colhidas muito maduras e são expostas ao sol para que haja maior concentração de açúcar natu-ral. O envelhecimento se faz com o tradi-cional método Soleras. O Pedro Ximenez é um vinho generoso, é muito bom sozinho, para meditar ao término da refeição ou na boa companhia de queijos azuis. É perfei-to, delicioso e sedutor quando acompanha sobremesas feitas com chocolate.Onde comprar: Grand Cru(Indicação da Sommelier:Ana Luna Lopes)

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Uva 100% SangioveseGraduação: 13,5° GLREGIÃO: Toscana - Siena - Montalcino - Vinhedos plantados em 1972-1973, per-feitamenteexpostos a sudeste.CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Brunello di Montalcino D.O.C.G.Vinho muito festejado. A viticultura ado-tada é a mais natural possível, sem uso de compostos químicos no solo ou nas vinhas, num perfeito respeito ao entorno ambiental. Os vinhedos convivem harmo-niosamente entre 2 hectares de jardins (uma coleção de 1.500 rosas e plantas do mundo todo) o que garante um es-pontâneo equilíbrio entre flora e fauna. Após a colheita manual no ponto ótimo de maturação, as uvas são desengaçadas e postas pra fermentar em grandes tonéis de carvalho da Eslavonia, sem controle de temperatura. Longo amadurecimento em botti, com diversas trasfegas durante este período. Não há clarificação, nem filtra-ção. Permanência em garrafa de 6 meses antes da emissão ao mercado. No palato exemplifica o conceito de harmonia com personalidade, marcada mineralidade e espantosa persistência.Luxuriante e inesquecível, com cerejas passas e outras pequenas bagas verme-lhas, violeta, húmus e ervas aromáticas. Harmônico, mineral e espantosamente persistente. Combina divinamente com Bisteca alla Fiorentina; Vinho de medita-ção com queijos duros e salames tosca-nos curados.Onde comprar: Decanter

BRUN

ELLO

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Líder absoluta de mercado na região Norte, há 35 anos.

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AtraenteA mesa de apoio elaborada com ferro e fi bra natural chama a atenção dos visi-tantes pela cor amarela, que é evidenciada pelo contraste com o tom marrom das poltronas de couro que a envolvem.Onde: Spaço Casa

O apartamento decorado do Torre Unitá, assinado pelos arquite-

tos Ana Perlla e José Jr., traduz toda beleza e sofi sticação de um

Leal Moreira. Os ambientes – modernos e atraentes – revelam uma

semelhança única entre si: o bom gosto na decoração. Tudo em

harmonia. Confi ra abaixo a seleção dos dez itens mais marcantes

feita pela equipe da Revista Leal Moreira:

decor

Do detalhe ao luxoO novo – e exclusivo – empreendimento Leal Moreira é uma harmoniosa combinação de sofi sticação e funcionalidade

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Toque de glamourO clima sofi sticado da sala é resultado da combinação de vários itens estrategicamente bem posicionados. O lustre dourado, por

exemplo, além de dar um toque de glamour, proporciona luzes mais pontuais na mesa de jantar.

Onde: Rezende’s

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Lucas Ohana Dudu Maroja

CharmeO relógio de mesa dá um charme a mais no quar-

to masculino. É possível utilizá-lo também para guardar pequenos objetos dentro dele.

Onde: Jardim Secreto

Revestimentos Os revestimentos da Metallo fortalecem a neutralidade da sala, tom ideal para destacar com propriedade objetos que a com-põem, como, por exemplo, a televisão preta. Além disso, eles

colaboram para a seriedade que o espaço requer. Onde: Metallo

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112www.revistalealmoreira.com.br

ImponenteO cavalo de louça é apenas parte da decoração da

parede da sala – formada por quadros, livros, taças de bebida. Ele se destaca pela sua postura hesitante e formato robusto.Onde: Jardim Secreto

Madeira de demoliçãoUma boa maneira de contribuir para o meio ambiente é adquirindo mó-veis e objetos de madeira de demolição. São peças maravilhosas, com um longo tempo de vida útil, como esse espelho do lavabo. Onde: Jardim Secreto

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RefinamentoAs cortinas traduzem o refi namento do quarto masculino. Feitas com linho e algo-

dão, elas seguem o padrão cinza – com detalhes amarelos – da cama, travessei-ros, mesas, abajour e tapete.Onde: Angela Belei

RevestimentoOutro revestimento da Metallo, que merece destaque. A churrasqueira da varanda gourmet ganhou a neutralidade merecida. Em tom pastel e aca-bamento de cerâmica, ela dá o charme na hora de receber seus amigos.

Onde: Metallo

ExclusivoA sala do apartamento decorado dedica um canto exclu-sivo para vinhos. Além das adegas, o modulado da SCA abriga uma boa quantidade deles. E, para degustá-los,

as pessoas podem sentar na confortável poltrona ao lado.Onde: SCA

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falando nisso

Heluza Sato & Maurício Toscanoarquitetos

1. A madeira, um dos materiais mais antigos usados pelo homem na criação de espaços construídos, traz consigo uma atmosfera de aconchego para os usuários. O emprego deste material pode ter as mais variadas aplicações, podendo ser colocado no revestimento de pisos, esquadrias, painéis de parede ou mesmo no mobiliário. As peças de madeira oriundas de demolições, desde que tratadas adequadamente, são uma ótima opção para compor áreas de estar, jantar ou até cozinhas.

2. A laca é um tipo de resina capaz de deixar uniforme a superfície de objetos onde é apli-cada. Atualmente, a técnica de laqueamento é utilizada em larga escala pela indústria de móveis, porque possui a característica de atribuir requinte e delicadeza às peças que reveste, pode apresentar-se de forma brilhosa (a mais comum), com semibrilho ou fosca, além de ter uma infi nidade de cores e tons.

3. O vidro talvez seja o material que mais apresentou avanços técnicos nos últimos anos, e por isso além de limpidez traz para os ambientes o aspecto de modernidade. Ele é capaz de atender os mais variados gostos, podendo ter cores mais ousadas como berinjela e amare-lo, ou mais neutras como branco e fendi, e os mais diferentes efeitos como os texturizado e refl etente. Quando empregados em portas, os translúcidos integram visualmente ambientes adjacentes, como sala de estar e sacada, enquanto os opacos são ótimas soluções na sepa-ração de áreas íntimas ou que exigem maior privacidade.

4. As pedras são sinônimo de opulência e solidez. Além das tradicionais aplicações como o revestimento de pisos e bancadas de cozinhas e banheiros, elas fi cam bem fazendo o papel de caixilhos, formando marcantes portais, ou como painéis de parede que ainda apresentam a opção de serrem iluminados, dando singularidade a qualquer ambiente.

5. Os tecidos são provedores de conforto, e sua escolha depende da concepção geral do projeto. Para a elaboração de ambientes mais rústicos e/ou despojados, na hora de cobrir poltronas e sofás opte por tecidos mais grossos e lisos (monocromáticos), e na organização de ambientes sofi sticados, lance mão dos mais leves. A conjugação de cores e estampas deve imprimir a personalidade dos usuários, porém sempre acompanhada pelo bom senso, e procurando fugir dos extremos (a enfadonha apatia e a exagerada extravagância).

6. A atmosfera de nobreza que os metais carregam, pode ser posta nos ambientes na forma de cadeiras, bases de mesas, luminárias, molduras de quadros, guarda-corpo de escadas ou mesmo em objetos decorativos. Além disso, as opções de acabamento são muitas: aço escovado, alumínio polido, bronze envelhecido...

7. As tintas de parede, que atualmente resistem com efi cácia às fortes chuvas e à elevada umidade, típicas do clima equatorial, possibilitam uma infi nidade de conjugação devido à profusão de cores, que podem ser acetinada, semiacetinada, fosca, lisa ou com textura. Os fabricantes ainda oferecem as que produzem efeitos visuais de madeira, veludo, etc., e apre-sentam aplicação e manutenção menos dispendiosas em comparação aos materiais aos quais elas aludem. A escolha da tinta ideal é muito subjetiva e deve ser resultado da conversa entre o cliente e o arquiteto responsável pelo projeto, levando em consideração a máxima de que “tons claros ampliam visualmente e os escuros diminuem”. É importante também ter em mente que o resultado fi nal dependerá da habilidade da mão de obra que aplicará a tinta.

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LANÇAMENTODO TORRE UNITÁ

Em comemoração ao lançamento do luxuoso Torre Unitá,

a Leal Moreira reuniu clientes e parceiros para um coquetel

especial no estande de vendas do empreendimento. Na oca-

sião, os convidados puderam conferir o show da renomada

cantora paraense Juliana Sinimbú. O Torre Unitá, localizado

em um dos bairros mais privilegiados de Belém – o Umarizal

–, possui 24 opções de lazer, 2 vagas no estacionamento,

apartamentos de 143 m² com 3 suítes, e muito mais. Ideal

para você e sua família.

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(estande de vendas e apartamento decorado)

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RELACIONAMENTO COM CLIENTES LEAL MOREIRA

O setor de clientividade da Leal Moreira passou por reformulações e ago-

ra atende por

“Relacionamento com clientes”. A nova gerente de Relacionamento, Ale-

thea Assis, explica que a mudança na nomenclatura é refl exo do novo

momento da empresa. “Queremos ainda mais proximidade com nossos

clientes, porque eles são especiais e merecem tratamento personalizado”.

O setor de Relacionamento da Leal Moreira funciona na sede da Leal Mo-

reira (Rua João Balbi, nº 167 • fone: 4005.6868)

CRIATIVIDADEA Agenda Leal Moreira 2013, que reúne obras de renomados artistas

paraenses com intervenções na logomarca da construtora, está um su-

cesso! A agenda foi lançada no vernissage da exposição das obras que a

ilustraram, na Galeria Leal Moreira do Boulevard Shopping.

O evento possibilitou um momento único de celebração dos artistas e

convidados da Construtora.

PARTIDA MEMORÁVELO Jogo das Estrelas foi um presente para os amantes de futebol. Na

ocasião, participaram celebridades e grandes jogadores locais e nacionais,

como o paraense Paulo Henrique Ganso, para uma partida memorável no

Estádio Olímpico do Pará – o Mangueirão – com o objetivo de arrecadar

alimentos para doação. O evento, organizado pela academia Cia Athletica,

contou com o apoio da Leal Moreira. “Foi uma excelente parceria visto que

(...) tanto a Cia Athletica como a Leal Moreira possuem valores bem claros

em relação à responsabilidade social”, ressaltou Miro Gomes, diretor de

marketing da academia. A parceria foi tão boa que, em 2013, ela promete

muito mais. Aguardem!

A sala do Torre Unitá é um verdadeiro show de elegância e funcionalidade, assim como oquarto da fi lha - uma suíte -, com detalhes em cor de rosa. Na foto ao lado, a varanda gourmet.

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Institucional

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FESTA DE CARNAVALPara celebrar as conquistas de 2012 e começar o ano com força total,

a Leal Moreira realizou um super baile de carnaval com atrações musi-

cais, brincadeiras e concursos de fantasias no Buffet Champagne para

os seus funcionários. Cada folião levou dois quilos de leite para doar à

Casa do Menino Jesus III. Na foto ao lado, a Irmã Silvaniza Barbosa,

recebe as doações.

tal,

usi-

ara

r à

sa,

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Check List dasobras Leal Moreira

em andamento concluídoVeja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreiraimobiliaria.com.br

.Torre Parnaso

2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58,40m² e 79,20m² • Cremação • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis)

projeto lançamento fundação estrutura alvenaria revestimento fachada acabamento

Torres Dumont

2 e 3 dorm. (1 e 2 suítes) • 64m² a 86m² • Pedreira • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Marquês de Herval).

Torre Vitta Offi ce

Salas comerciais (31,73 a 42m²) • 5 lojas (61 a 299,62 m²) • 31,73 a 42m² (sala comercial) • de 61 a 299,62m² (lojas) • Marco • Av. 25 de Setembro, 2115.

Torre Vitta Home

2 dorm. (1 suíte) • 58,02m² • 3 dorm. (1 suíte) • 78,74 m² • 58 m² e 78 m² • Marco • Travessa Humaitá, 2115 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso).

Torre Triunfo

3 e 4 suítes (170,34 m²) • cobertura (335,18m²) • Marco • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso).

Torres Floratta

3 e 4 dormitórios • 112,53m² a 141,53m² • Marco • Av. 25 de Setembro, 1696 (entre Travessas Angustura e Barão do Triunfo).

Torres Trivento

2 e 3 dorm • 65,37m² a 79,74m² • Sacramenta • Av. Senador Lemos, 3253.

Torre Résidence

2 ou 3 suítes (174m²) • Cobertura (361m²) • Cremação • TV. 3 de Maio, 1514 (entre Magalhães Barata e Gentil).

Torres Ekoara

3 suítes (138m²) • Cobertura (267 ou 273m²) • Utinga • Tv. Enéas Pinheiro, 1700 (entre Av. Alm. Barroso e Av. João Paulo II).

Torre Umari

2 ou 3 dorm. sendo 1 suíte (107m²) • Umarizal • Rua Dom Romualdo de Seixas, 1500 (entre Antonio Barreto e Domingos Marreiro).

Sonata Residence

Uniplex (71m² a 72m²) e Duplex (118m² a 129m²) • Umarizal •João Balbi, 1291 (entre 9 de Janeiro e Alcindo Cacela).

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Nara OliveiraConsultora empresarial

Onde focar em 2013

Os dois Brasis são vistos também de forma nítida

em como o mercado de trabalho se expressa: para

alguns segmentos apagão de mão de obra, para

outros, restrição de oportunidades. Há um grupo de

profi ssionais que as áreas de gestão de pessoas cus-

tam a encontrar. De acordo com um levantamento da

Page Personnel, especializada em recrutamento pro-

fi ssional, a procura por um profi ssional escasso atinge

diretamente a produtividade das empresas e, para

algumas áreas, sobram vagas no país.

Hoje as consultorias enfrentam um problema antes

impensável: a baixa oferta de candidatos e alto núme-

ro de ofertas para algumas posições. O que é estraté-

gico para quem trabalha com seleção de profi ssionais

para cargos igualmente estratégicos é o recrutamen-

to destas pessoas.

Assim, esta coluna traz dicas para profi ssionais que

estão entrando no mercado de trabalho ou que pas-

sam pelo processo de desenhar sua segunda carreira

para que possam se posicionar frente ao mesmo fa-

zendo as melhores escolhas.

Supervisor de Produção

Com a indústria aquecida, apesar das difi culdades

de 2012, os profi ssionais que entendem de cadeia de

produção e que unam o lado lógico e o humano para

lidar com gestão de pessoas são amplamente requi-

sitados e peças raras no mercado.

Técnico de Campo (manutenção eletromecânica)

O técnico de campo é um dos profi ssionais mais re-

quisitados em empresas de máquinas, equipamentos

e serviços, pois este profi ssional precisa entender de

3 áreas e ter muita disponibilidade para viagens. Esta

última difícil de encontrar nos paraenses. Ele é res-

ponsável pela manutenção (elétrica, mecânica e em

automação) dos equipamentos e linhas de produção

dos clientes da empresa para a qual trabalha.

Consultor em Engenharia

Profi ssional muito requisitado por conta do conhe-

cimento técnico na área específi ca da consultoria. O

desafi o é associar este conhecimento com um perfi l

dinâmico e agressivo de consultoria, além da disponi-

bilidade de viagens.

Vendedor Key Account Sênior

Este profi ssional terá como sua responsabilidade

a gestão de carteira de clientes de grandes redes.

Responsável pela negociação de contratos com com-

pradores. Defi nição e implementação de ações pro-

mocionais com o objetivo de melhorar exposição dos

produtos nas redes e incremento de vendas. Gestão

de custos, rentabilidade e volume de vendas. Inglês

fl uente e boa penetração nas grandes redes de su-

permercado. Prepare-se para este desafi o e escolha

onde você quer trabalhar.

Analista de Inteligência de Mercado

Municiar as áreas de Marketing e Vendas com in-

formações referentes aos mercados, levantando e

analisando situação da concorrência, movimenta-

ções estratégicas, posicionamento e novos entrantes

em potencial. Analisar o posicionamento estratégico

da empresa, apontando eventuais possibilidades de

obtenção de vantagem competitiva. As empresas de

médio porte, mesmo as regionais, já estão delegan-

do esta tarefa para executivos contratados, contudo

achar pessoas no mercado com experiência nesta

área é de enorme difi culdade. Esta posição é consi-

derada nível 3, ou seja, de enorme difi culdade para o

mercado do Norte em termos de recrutamento.

Projetos Logísticos

Esta área veio tomando impulso na última década

e o Brasil ainda não teve tempo de formar profi ssio-

nal. O estado é lento em respostas. Este profi ssional

de projetos logísticos está inserido em operadores lo-

gísticos, varejo ou indústria. Como operador logístico

tem que ter uma visão ampla de processos já que lida

com segmentos diversos, com urgências e particula-

ridades distintas. As atividades poderão ser voltadas

tanto para o dimensionamento, planejamento, imple-

mentação ou melhoria do projeto.

Vendedor Técnico

Formação em Química ou Engenharia Química

com experiência comercial no mercado de cosméti-

co. Gestão de carteira de clientes no segmento cos-

mético, prospecção de novas contas, venda consulti-

va e participação de feiras e eventos do setor. Viva os

novos tempos.

Boa sorte!

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Fato

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AÇÃO

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UTOS

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TINA

DOS

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ULTO

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50 ml de Ketel One Vodka20 ml de Cointreau30 ml de suco de cramberrySuco de 1 gomo de limão tahiti

Modo de preparo: Adicionar todos os ingredientes em uma coqueteleira com gelo.Bater vigorosamente e verter com coagem dupla em uma taça Martini previamente resfriada.

Guarnição: Twist de limão siciliano.

40 ml de Tequila Don Julio Blanco20 ml de Cointreau2 colheres (sopa) de suco de limãoCubos de geloSal (para a borda do copo)

Modo de preparo: Molhe a boca do copo para coquetel com suco de limão e encoste no sal para formar uma borda. Junte em uma coqueteleira a tequila, o contreau, o suco de limão, e 1 xícara de cubos de gelo. Misture bem e coe sobre a taça.

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6Leal M

oreira

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segredos e os planos para 2013.segredos e os planos para 2013.

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