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MESTRADO
PSICOLOGIA
Burnout nos profissionais de saúde
durante a pandemia COVID-19
Rita Sofia da Silva Veloso
M
2020
Universidade do Porto
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
BURNOUT NOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DURANTE A
PANDEMIA COVID-19
Rita Sofia da Silva Veloso
Novembro, 2020
Dissertação apresentada no Mestrado Integrado de
Psicologia, Faculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação da Universidade do Porto, orientada pela
Professora Doutora Filomena Jordão (FPCEUP).
i
AVISOS LEGAIS
O conteúdo desta dissertação reflete as perspetivas, o trabalho e as
interpretações do autor no momento da sua entrega. Esta dissertação pode
conter incorreções, tanto conceptuais como metodológicas, que podem ter
sido identificadas em momento posterior ao da sua entrega. Por
conseguinte, qualquer utilização dos seus conteúdos deve ser exercida
com cautela.
Ao entregar esta dissertação, o autor declara que a mesma é resultante do
seu próprio trabalho, contém contributos originais e são reconhecidas
todas as fontes utilizadas, encontrando-se tais fontes devidamente citadas
no corpo do texto e identificadas na secção de referências. O autor
declara, ainda, que não divulga na presente dissertação quaisquer
conteúdos cuja reprodução esteja vedada por direitos de autor ou de
propriedade intelectual.
ii
Agradecimentos
A todos os profissionais de saúde que ainda não desistiram de lutar contra o
desconhecido.
A todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde que são o meu principal foco e
fonte de energia positiva.
Aos colegas e instituições de saúde que ajudaram na ampla divulgação do estudo,
sem os quais não teria sido possível.
À Professora Filomena Jordão, por ser uma verdadeira companheira nesta jornada e
me ter suportado nas difíceis tomadas de decisão e foram algumas.
Ao Professor Patrício Costa pelos desafios exigentes lançados sempre com a intenção
de fazer mais e melhor.
Ao Professor Fernando Araújo, pela inspiração e motivação na luta constante pela
melhoria da experiência dos profissionais de saúde.
Ao Professor Adalberto Campos Fernandes, pelo apoio na validação do questionário.
Aos meus colegas do Conselho de Administração pelo ambiente incentivador da
formação contínua e por todo o suporte dado ao longo deste processo, obrigada por
acreditarem em mim e no meu trabalho.
À minha equipa, e aos nossos walking meetings, porque no decorrer do nosso
trabalho, enquanto profissionais de saúde, também estamos expostos a riscos e agentes
stressores, que me desafiaram enquanto gestora a proporcionar melhores experiências no
trabalho e a intervir rapidamente.
Aos meus Pais por me terem proporcionado todo o meu percurso pessoal, académico
e profissional e por me terem incutido uma enorme curiosidade e repeito pelas coisas e pelas
pessoas que me rodeiam.
Ao Renato, Ricardo e Francisca por facilitarem, e muito, esta minha missão, com a
vossa compreensão, a vossa cumplicidade e o vosso carinho incondicional.
Vocês são, cada um em especial, o meu protetor e principal suporte emocional!
iii
Resumo
A pandemia COVID-19 trouxe exigências e pressões extraordinárias sobre os
sistemas de saúde em todo o mundo e, em particular, sobre os profissionais de saúde. Face
a este cenário, é essencial conhecer melhor as condições que mais contribuem para a
emergência do burnout nos profissionais de saúde, alertando para os riscos deste fenómeno
e para a necessidade de implementação de medidas preventivas do mesmo.
Com este estudo quantitativo, do tipo transversal, descritivo e correlacional,
pretendemos determinar os níveis de burnout nos profissionais de saúde comparar os
níveis de burnout entre os diversos grupos de profissionais e identificar os principais
promotores e protetores do burnout nos profissionais de saúde durante a pandemia
COVID-19.
O instrumento de recolha de dados utilizado foi um questionário online desenvolvido
para o efeito, numa amostra do tipo bola de neve, aplicado a 5417 profissionais de saúde de
todo o país. Os dados recolhidos foram processados nos programas estatísticos IBM SPSS
Amos v.26 e IBM SPSS Statistics v. 26, recorrendo a análises descritivas, correlacionais, e
análises fatoriais confirmatórias (AFC).
Os resultados mostraram que os médicos e os enfermeiros evidenciaram níveis mais
elevados de burnout quando comparados com os restantes grupos profissionais, e.g. (63%
dos enfermeiros e 60% dos médicos a apresentarem níveis elevados de burnout na dimensão
pessoal, e 62% e 60%, respetivamente, na dimensão relacionada com o trabalho). A profissão
revelou ter efeito nas três dimensões avaliadas do burnout. As exigências no trabalho
demonstraram ser o fator mais promotor de burnout, explicando 37% deste fenómeno,
enquanto o suporte organizacional revelou ser o seu maior protetor, explicando 22% do
burnout global.
O presente estudo pode constituir um contributo importante para alertar os dirigentes
de instituições de saúde para a dimensão da problemática e contribuir para o desenho de
intervenções cujo objetivo seja moderar, ou mesmo prevenir o burnout nos profissionais de
saúde, especialmente, em situações de pandemia, cujas consequências pessoais,
organizacionais e sociais poderão ser de elevado impacto na nossa sociedade.
Palavras-chave: Burnout; Profissionais de saúde; pandemia covid-19; fatores
promotores/protetores
iv
Abstract
The COVID-19 pandemic has brought extraordinary demands and pressures on
health systems around the world and, in particular, on Healthcare Professionals. These
working conditions in an unfavorable and emotionally demanding environment increase the
risk of fatigue, occupational stress and, at the limit, burnout of these working class, leading
to personal, organizational, social and financial bad consequences of great severity. Dew to
this scenario, it is essential a better understanding of the conditions that contribute the most
to the emerging burnout on healthcare professionals, so that we can alert to the risks of this
phenomenon and the need to implement preventive measures.
This study aims to determine burnout levels in healthcare professionals during the
COVID-19 pandemic, also to compare burnout levels among the different groups of
professionals and to identify the main predictors and protectors of burnout in healthcare
professionals.
This is a quantitative, cross-sectional, descriptive and correlational study. The data
was collected through a questionnaire developed for this purpose, with 5417 health
professionals from all over the country participating anonymously and voluntarily. The
collected data was processed in the statistical programs IBM SPSS Amos v.26 and IBM
SPSS Statistics v. 26, using descriptive, correlational, and confirmatory factor analyzes
(AFC).
The results showed that physicians and nurses showed higher levels of burnout when
compared to the other professional groups (e.g., 63% of nurses and 60% of physicians
presenting high levels of personal burnout, and 62% and 60%, respectively, in the work-
related dimension). Work demands proved to be the most promoter factor for burnout,
explaining 37% of this phenomenon, while organizational support proved to be its greatest
protector, explaining 22% of global burnout.
The present study can higher contribute to alert health institutions managers to the
problem and contribute to the design of interventions whose objective is to reduce, or even
prevent burnout in healthcare professionals, especially in pandemic situations, which
personal consequences, organizational and social are known to have a great impact in our
society.
Keywords: Burnout; health professionals; pandemic covid-19; predictors/protectors
v
Índice
Introdução .............................................................................................................................. 1
1. Síndrome de Burnout .................................................................................................. 4
2. Burnout nos profissionais de saúde ............................................................................ 6
3. Burnout em contexto de pandemia ............................................................................. 9
Estudo Empírico .................................................................................................................. 12
1. Método ...................................................................................................................... 12
1.1. Objetivos e Questões de Investigação. .............................................................. 12
1.2. Participantes. ..................................................................................................... 12
1.3. Técnica de Recolha de Dados. .......................................................................... 13
1.4. Procedimento. .................................................................................................... 15
1.5. Técnica de Análise de Dados. ........................................................................... 15
2. Resultados ................................................................................................................. 15
2.1. Validação das propriedades psicométricas do CBI. .......................................... 15
2.1.2. Análise da sensibilidade. ................................................................................ 16
2.1.2. Validade do construto – validade fatorial. ...................................................... 16
2.1.3. Fiabilidade. ..................................................................................................... 19
2.2. Redução de variáveis a fatores .......................................................................... 21
2.3. Teste das hipóteses. ........................................................................................... 22
3. Discussão .................................................................................................................. 30
3.1. Validação das propriedades psicométricas do CBI. .......................................... 30
3.2. Teste das hipóteses. ........................................................................................... 31
4. Conclusões ................................................................................................................ 33
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 37
Apêndice: Questionário ....................................................................................................... 51
vi
Índice de Tabelas
Tabela 1 Caracterização sociodemográfica dos participantes ............................................ 13
Tabela 2 Sensibilidade dos itens que compõem a versão portuguesa do CBI .................... 16
Tabela 3 Comparação das medidas de ajustamento do CBI para os diferentes modelos ... 19
Tabela 4 Coeficiente de fiabilidade das escalas CBI .......................................................... 20
Tabela 5 Valores de correlação (Pearson) para as dimensões do CBI ............................... 20
Tabela 6 Matriz de estruturas para as variáveis relacionadas com organizacionais, do
trabalho e de suporte social ................................................................................................. 22
Tabela 7 Distribuição da amostra por grupo profissional relativamente aos níveis de
burnout de acordo com as escalas do CBI ........................................................................... 23
Tabela 8 Comparação das três dimensões de burnout em relação aos diferentes grupos
profissionais ......................................................................................................................... 24
Tabela 9 Caracterização da amostra por grupo profissional relativamente aos níveis de
burnout de acordo com as escalas do CBI ........................................................................... 24
Tabela 10 Resultados das análises de regressão dos preditores sobre o burnout global .... 28
Tabela 11 Resultados das análises de regressão dos preditores sobre as três dimensões do
burnout ................................................................................................................................ 29
vii
Índice de Figuras
Figura 1. Modelo tri-fatorial da medida CBI ....................................................................... 17
Figura 2. Modelo bi-fatorial da medida CBI ....................................................................... 18
Figura 3. Modelo uni-fatorial da medida CBI ..................................................................... 19
Figura 4. Valores médios por dimensão do burnout e por grupo profissional .................... 26
viii
Índice de Apêndices
Apêndice – Questionário
ix
Lista de Abreviaturas
AAM Auxiliar de Ação Médica
AO Assistente Operacional
AFC Análise Fatorial Confirmatória
AFE Análises Fatoriais Exploratórias
CBI Copenhagen Burnout Inventory
COVID-19 Doença pelo Coronavírus de 2019
MBI Maslach Burnout Inventory
MERS Síndrome Respiratória do Médio Oriente
OMS Organização Mundial de Saúde
PUMA Projeto de Burnout, Motivação e Satisfação no Trabalho
SARS Síndrome Respiratória Aguda Grave
TSDT Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica
TSS Técnico Superior de Saúde
UCSP Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados
USP Unidade de Saúde Pública
WHO World Health Organization
1
Introdução
Enquanto escrevemos, o mundo está a ser confrontado com uma doença pandémica
desconhecida e ameaçadora, denominada COVID-19, que pode ser grave e mortal, e para a
qual ainda não há cura ou vacina (Kamps & Hoffman, 2020). Esta crise pandémica
transformou significativamente os ambientes de trabalho e as suas exigências tendo os
profissionais de saúde de prestar cuidados sob uma forte pressão, num ambiente desfavorável
e com interações emocionalmente exigentes (Ramaci et al., 2020).
A COVID-19 transmite-se primariamente por gotículas respiratórias e por contacto
próximo colocando os profissionais de saúde em risco elevado de contágio permanente (Y.
Wu et al., 2020), bem como ao risco de ser veículo de infeção para os outros, incluindo
familiares e amigos (Saleh, 2020). Os profissionais de saúde estão, por isso, a ser
confrontados com o serem parte da cura e/ou parte da doença devido ao risco e medo de
serem agentes de contágio eles próprios, sendo alvo de estigma (Ramaci et al., 2020). São
ainda defrontados com a necessidade de fazer escolhas difíceis (e.g., que doentes escolher
para serem ventilados), sob uma pressão de trabalho extrema (Burdorf et al., 2020) podendo
estas condições, conduzir a sintomas de depressão e ansiedade (Chen et al., 2020; Koh, 2020;
Rimmer, 2020). A estes fatores, acrescem ainda as longas horas de trabalho, o sofrimento
psicológico, a fadiga, o estigma, a violência física e psicológica, e o burnout (Lima et al.,
2020; Moazzami et al., 2020; Montemurro, 2020; World Health Organization, 2020).
A pandemia COVID-19 está a afetar disruptivamente o nosso dia-a-dia, reforçando
a incerteza e o desconhecido com especial impacto no local de trabalho, nomeadamente nos
seguintes aspetos: sobrecarga de trabalho (devida à elevada procura de cuidados de saúde),
controlo (os profissionais estão a lidar com algo que desconhecem), recompensa e
reconhecimento (a ausência de tratamento tem impacto na recompensa intrínseca dos
Profissionais de Saúde), comunidade (ter de tratar de colegas sem que tenham meios eficazes
para o fazer) , ausência de justiça (ter de fazer a seleção dos doentes que vão tratar e os que
vão deixar para trás) e conflito de valores (não se ter preparado os sistemas de saúde para
esta pandemia que parecia inevitável). Estes fatores, entre outros, podem conduzir os
Profissionais de Saúde ao burnout (Leiter, 2020; Maslach, 2020).
Assim, e não obstante a preparação que os profissionais de saúde possuem para o seu
exercício profissional, lidando frequentemente com a dor, sofrimento e morte, vários outros
agentes stressores como o racionamento dos equipamentos de proteção individual, a pressão,
o medo de contágio e dilemas éticos poderão estar a colocar em causa a saúde mental destes
2
profissionais (Dallacosta, 2019; Dyrbye et al., 2017; Gonçalves et al., 2019; Maslach &
Jackson, 1982).
Num barómetro realizado em abril de 2020 pela Escola Nacional de Saúde Pública
com a participação de profissionais de saúde, os resultados evidenciaram que cerca de 72%
apresentavam níveis moderados ou elevados de exaustão emocional e de burnout. Este
estudo foi realizado em três momentos distintos durante a pandemia, revelando que a
tendência dos níveis de burnout foi crescente (Escola Nacional Saúde Pública, 2020).
Também num estudo nacional realizado no Brasil no final de junho de 2020, um dos países
mais afetados no mundo até ao momento, a prevalência do burnout foi de 79% em médicos
(81% nos que estiveram na chamada “linha da frente” e 71% nos restantes) e 74% em
enfermeiros (Barreto, 2020). Na China, primeiro país afetado pela pandemia, uma
investigação inicial, evidenciou que os profissionais de saúde apresentavam graves
problemas psicológicos, incluindo insónia, ansiedade e depressão e que mais de 70%
apresentava distress psicológico (Lai et al., 2020).
Apesar do burnout ter emergido como um conceito importante nos anos 70, este tema
tem captado ao longo dos anos a atenção de inúmeros investigadores com milhares de
publicações nas mais diversas áreas, mas com enfoque particular nas áreas profissionais que
envolvem colaboração e ajuda (Schaufeli et al., 2009). Em 2017, o Dia Mundial da Saúde
Mental teve como tema principal a “Mental Health and Workplace” (World Health
Organization, 2017), reforçando a necessidade de locais de trabalho saudáveis que
promovam não só o bem estar das pessoas como também a sua produtividade (Naveen,
2017). Importa salientar ainda que, segundo a OMS existem perdas anuais de cerca de um
trilião de dólares na economia global, 17 biliões de dólares por ano nos EUA, provocadas
pela depressão e ansiedade, uma vez que estas têm impacto direto na capacidade para o
trabalho, na produtividade e no turnover (The Physician Burnout Crisis, 2020; World Health
Organization, 2017). Apesar de não ser ainda consensual entre os países da União Europeia
que o burnout seja uma doença, uma síndrome ou ambas (Eurofound, 2018), em maio de
2019 a OMS incluiu o burnout na ICD-11 como um fenómeno relacionado com o trabalho
(World Health Organization, 2019).
Para além de consequências sociais e financeiras, o burnout acarreta ainda
consequências individuais, que podem ser físicas, como a somatização, a exaustão física,
insónias, aumento do consumo de álcool e (Maslach et al., 1996); psicológicas, como a
perceção da saúde física, ou ocupacionais, podendo estar relacionadas com a ansiedade e
3
depressão (Eurofound, 2018); e organizacionais, como o aumento dos níveis de abandono
do local do trabalho e número de faltas ao trabalho (absentismo), e que conduzem a perdas
enormes organizacionais e individuais (Pereira, 2002).
Não obstante os riscos pessoais e psicossociais que possam estar associados a esta
pandemia, na fase inicial da COVID-19 foi dada pouca importância ao burnout e ao bem-
estar dos profissionais de saúde (Shah, Chaudhari, et al., 2020), tendo o principal foco sido
o de minimizar os riscos de transmissão da doença através da prevenção, do combate à
infeção, do salvar vidas através do desenvolvimento de tratamentos e vacinas.
A pandemia COVID-19 poderá ter, sem dúvida, impactos psicológicos para os
profissionais de saúde, em particular para os que lidam diretamente com doentes com
COVID-19, que estarão particularmente em risco, sendo necessárias ações para mitigar os
seus impactos, protegendo e promovendo o seu bem-estar psicológico durante e após o surto
(Blake et al., 2020).
É por isso expectável que os profissionais de saúde experienciem níveis elevados de
burnout durante a pandemia COVID-19, sendo urgente identificar quais os fatores que
terão mais impacto nestes níveis elevados de burnout, para que se possam desenhar então
intervenções atempadas para prevenir e minimizar os seus efeitos nocivos.
No caso concreto de Portugal, em maio de 2020, já durante a fase mais intensa da
pandemia vivenciada até ao momento, um estudo mostrava que quase três em cada quatro
profissionais de saúde apresentava níveis médios ou elevados de exaustão emocional e
valores semelhantes de burnout, sendo os médicos os que apresentam maiores níveis de
ansiedade e os profissionais que trabalham em áreas dedicadas a doentes COVID-19,
também (Escola Nacional Saúde Pública, 2020).
Neste contexto, este estudo poderá contribuir para um conhecimento mais
aprofundado dos riscos destas profissões e promover a adoção de estratégias, tanto a nível
pessoal como organizacional, que possam atempadamente prevenir ou moderar o burnout e
as suas graves consequências. Este estudo pretende conhecer os níveis de burnout em
profissionais de saúde, comparar os níveis de burnout nos diferentes grupos de profissionais
de saúde e identificar os principais fatores associados ao burnout.
4
1. Síndrome de Burnout
Ao longo das últimas décadas, o conceito de burnout tem sofrido uma natural
evolução, fruto das constantes alterações sociais e culturais e dos inúmeros estudos que se
têm vindo a realizar sobre esta temática.
Com origem na expressão em inglês “to burn out”, a síndrome de burnout foi referida
pela primeira vez por Freudenberger em 1974 para significar a sensação de esgotamentos à
falta de estímulo que originava uma falta de energia emocional associada a fadiga, depressão,
irritação e inflexibilidade (Freudenberger, 1974).
De forma simultânea e independente, Maslach e colegas começaram a entrevistar
profissionais de serviços que envolviam atendimento de pessoas e perceberam que estes se
sentiam emocionalmente exaustos e desenvolviam perceções e sensações negativas sobre os
seus clientes ou doentes (Maslach, 1976). O burnout foi assim definindo como um estado de
exaustão física, emocional e mental causado pela exposição prolongada a situações de
elevada exigência emocional no local de trabalho sendo estas exigências normalmente
causadas por uma combinação de expectativas muito elevadas e de stress situacional crónico
(Maslach & Jackson, 1981; Pines & Aronson, 1989), podendo o burnout ser considerado
como um prolongamento deste último (Schaufeli & Maslach, 1993).
Em 1981, Maslach e Jackson desenvolveram um método de avaliação do burnout,
através do questionário MBI (Maslach Burnout Inventory) caracterizando-o como uma
síndrome composta por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e
diminuição da realização profissional (Maslach & Jackson, 1981).
A exaustão emocional caracteriza-se por sentimentos de cansaço e desgaste
emocional. Apesar da exaustão emocional ser a primeira reação ao stress causado pelas
exigências do trabalho ou a grandes mudanças (Maslach & Leiter, 1997), esta não é a única
dimensão e não reflete os aspetos fundamentais da relação que as pessoas estabelecem com
o seu trabalho (Eurofound, 2018; Maslach et al., 2001; Maslach & Leiter, 2017).
A despersonalização, ou cinismo, caracteriza-se por uma atitude fria e
excessivamente distante para com o trabalho e para com as pessoas do trabalho,
representando a componente interpessoal do burnout (Maslach, 2006; Maslach & Leiter,
2017).
A diminuição da realização profissional, ou ineficácia, representa o indicador de
autoavaliação do burnout (Maslach, 2006; Maslach & Leiter, 2017) sendo caracterizada por
uma perceção e sentimento crescente de ineficácia profissional onde cada nova tarefa é
5
sentida como demasiado exigente (Maslach, 2006; Maslach & Leiter, 1997). Os indivíduos
ficam com uma imagem negativa de si.
Ainda que o MBI tenha sido o mais utilizado na década de 80, em 1997, no âmbito
do Projeto de Burnout, Motivação e Satisfação no Trabalho (PUMA), é proposto um novo
instrumento para avaliação do burnout, o Copenhagen Burnout Inventory (CBI), tendo por
base uma reconceptualização do burnout, avaliando três dimensões: o burnout pessoal, o
burnout relacionado com o trabalho e o burnout relacionado com o cliente/utente
(Kristensen et al., 2005). Estes autores puseram em causa a forma como se apuravam os
resultados de cada dimensão do MBI, podendo isto significar que estaremos perante um
conceito com três variáveis moderadamente correlacionadas, dado que não é possível
identificar uma pontuação global. Reforçam ainda que o burnout pode estar mais associado
a profissionais de saúde, uma vez que a natureza do seu trabalho assenta na relação entre
quem presta e quem recebe o serviço, tendo o CBI sido desenvolvido para avaliar o burnout
em trabalhadores de serviços humanos (Borritz & Kristensen, 2004; Kristensen et al., 2005).
O burnout pessoal corresponde ao grau de exaustão física, psicológica e da exaustão
experienciada pela pessoa e aplica-se a todos os trabalhadores. Esta dimensão diz respeito a
sintomas gerais de exaustão física ou mental, que nem sempre estarão relacionados com uma
determinada situação em particular no ambiente de trabalho (Borritz & Kristensen, 2004).
O burnout relacionado com o trabalho refere-se ao grau de fadiga física e
psicológica e a exaustão que é percebida pela pessoa em relação ao seu trabalho e aplica-se
também a todos os trabalhadores. Esta dimensão corresponde a sintomas de exaustão que
estão relacionados com o trabalho da pessoa (Borritz & Kristensen, 2004).
Por último, o burnout relacionado com o cliente/utente avalia o grau de exaustão
física e psicológica que é percecionado pelo indivíduo como relacionado com o seu trabalho
com os utentes. Esta dimensão diz respeito a sintomas de exaustão relacionados com o
trabalho com os utentes, aplicando-se apenas aos trabalhadores de serviços humanos, isto é,
serviços que trabalham para as pessoas (Borritz & Kristensen, 2004).
Apesar de a maioria dos estudos sobre burnout utilizar o MBI como instrumento de
avaliação, cada vez são mais os estudos que têm utilizado o CBI, especialmente em
profissionais de saúde, uma vez que possui excelentes propriedades psicométricas
(Winwood & Winefield, 2004).
Com o avanço dos estudos e limitações encontradas, a problemática do burnout passou a
contemplar a interação de variáveis mais complexas, como por exemplo, a análise da pessoa
dentro de um determinado contexto (Maslach et al., 2001), propondo um modelo que
6
relaciona seis áreas da vida profissional com o burnout: a carga de trabalho, o controle, a
recompensa, a comunidade, a justiça e os valores. Estas seis áreas abrangem todo o tipo
de fatores organizacionais encontrados até então nas investigações relacionadas com o
burnout (Maslach & Leiter, 2017).
2. Burnout nos profissionais de saúde
Os profissionais de saúde enfrentam condições de trabalho peculiares e exigentes que
podem conduzir a stress ocupacional e burnout tendo um impacto negativo na sua saúde
(Dallacosta, 2019; Gonçalves et al., 2019).
O burnout nos profissionais de saúde, em especial nos médicos, tem sido muito
estudado ao longo das décadas, inclusive em Portugal (Jesus et al., 2014; Marôco et al., 2016;
Pines & Aronson, 1989), estando estes profissionais na lista dos que evidenciam maiores
níveis de stress, nomeadamente os médicos, (Edwards et al., 2018), apesar da prevalência
nos diferentes profissionais de saúde não se revelar consistente nos diversos estudos. Alguns
estudos revelam que a prevalência do burnout é maior em enfermeiros e assistentes
operacionais do que em médicos, administrativos e técnicos (Chou et al., 2014), e outros
revelam que os enfermeiros, administrativos e técnicos são os que apresentam níveis mais
elevados na dimensão exaustão emocional quando comparados com médicos e assistentes
operacionais (M. Marques et al., 2018). Os estudos demonstram ainda que existe uma grande
variação dos índices de burnout ao nível mundial, e que este se situará, por exemplo, entre
os 20% e os 75%, no caso dos médicos (West et al., 2016; Yates, 2020).
Nos profissionais de saúde, entre os principais fatores promotores do burnout
podemos encontrar variáveis profissionais/organizacionais, sociodemográficas e
intrapessoais.
As variáveis profissionais/organizacionais ligadas às exigências no trabalho
como por exemplo: jornadas de trabalho bastante longas (Cruz et al., 2018; Marôco et al.,
2016; Medscape, 2019; Reith, 2018; Tachtsoglou et al., 2018; Vala et al., 2017) em
particular, o tempo em contacto direto com os doentes (Reith, 2018; Tachtsoglou et al.,
2018); decisões sob pressão; o trabalho individual; o ter de lidar com sofrimento e morte
(Baldonedo et al., 2018) e a sobrecarga de trabalho (Baldonedo et al., 2018; Chemali et
al., 2019; Guo et al., 2018; Monteiro & Carlotto, 2014; Moreira et al., 2018; Pérez-Fuentes
et al., 2019; Waddimba et al., 2015), encontram-se positivamente associadas ao burnout.
Também as más condições de trabalho e a falta de recursos (Chemali et al., 2019)
organizacionais e de recursos humanos especializados, podem provocar uma pressão
7
(nomeadamente de tempo) e um cada vez maior desequilíbrio entre as tarefas e os recursos
disponíveis (Galletta et al., 2016; M. Marques et al., 2018; Montgomery, 2014; Vala et al.,
2017). Estes fatores levam a que as condições de trabalho sejam um dos maiores promotores
de burnout (Marôco et al., 2016).
A natureza das tarefas, fortemente associada a relações humanas intensas (Patel et
al., 2018; Reith, 2018; Rosenstein, 2019; Verougstraete & Idrissi, 2020) e as tarefas
administrativas e burocráticas (Medscape, 2019) que levam a longas horas em frente ao
computador a fazer registos (Bridgeman et al., 2018; DeMaria, 2019; Dyrbye et al., 2017;
Gardner et al., 2019; Reith, 2018; Rosenstein, 2019; Yates, 2020) e que aumentam o número
de horas de trabalho (Yates, 2020), conduzem à insatisfação (Waddimba et al., 2015), e,
consequentemente, ao aparecimento do burnout. O local de trabalho (distrito/região) (Jesus
et al., 2014; Marôco et al., 2016) e o tipo de instituição pública/privada (Cruz et al., 2018)
parecem também influenciar os níveis de burnout, a par da especialidade médica, no caso
dos médicos (Medscape, 2019), apesar dos estudos não serem consistentes quanto aos níveis
de burnout entre as diferentes especialidades, apresentando dados distintos (Leal, 1998;
Leitão, 2013; Morais et al., 2006).
A (in) satisfação no trabalho é um outro fator preditor de burnout (Britt et al., 2017;
Cruz et al., 2018; Marôco et al., 2016; Tarcan et al., 2017), associada muitas vezes a uma
discrepância entre as expectativas quanto aos resultados esperados e os resultados reais
alcançados, podendo estar ligada a características intrapessoais dos indivíduos, como por
exemplo, ser menos otimista, ter menor controlo pessoal e adotar menos medidas de
autocuidado – e.g. prática de exercício físico, cuidados com a alimentação e evitar consumos
nocivos para a saúde (Vala et al., 2017), e que também estão associadas ao burnout.
Algumas variáveis sociodemográficas como o sexo, a idade associada aos anos de
exercício da profissão), e as habilitações literárias (Tarcan et al., 2017), são também fatores
positivamente associados ao burnout (Chou et al., 2014; Cruz et al., 2018; Hamidi et al.,
2018; Jesus et al., 2014; Marôco et al., 2016; Oliveira, 2008; Reis, 2019). A relação entre
idade e anos de experiência e o burnout revela-se inconclusiva em alguns estudos (Meira
et al., 2017), sendo encontrada uma correlação, ora negativa ora positiva, entre estas
variáveis (Adriaenssens et al., 2015; Chemali et al., 2019; Jesus et al., 2014; Meira et al.,
2017; Rosenstein, 2019; Sousa et al., 2020; Tarcan et al., 2017; Tseng et al., 2005; Vala et
al., 2017).
Ser mulher parece implicar níveis mais elevados na exaustão emocional e ser
homem na dimensão despersonalização, o mesmo sucedendo com os mais novos (Chou et
8
al., 2014; Hyman et al., 2017; Jesus et al., 2014; Medscape, 2019; Vala et al., 2017). O ter
filhos, aumentará a exaustão emocional (Gonçalves et al., 2019), nomeadamente, o ter filhos
mais novos (Vala et al., 2017). O burnout parece também ser superior em indivíduos não
casados (Quintas et al., 2017; Tarcan et al., 2017).
A dificuldade em conseguir um equilíbrio entre trabalho-família, devido às horas
de trabalho em excesso (Jalili et al., 2013), associada a uma duração da semana de trabalho
mais longa e a mudanças repentinas nos turnos (Estryn-Behar et al., 2010) surge também
como um forte fator associado ao burnout. O teletrabalho nestes profissionais também
poderá contribuir para o conflito trabalho-família, trazendo dificuldades em separar o tempo
de trabalho e o tempo pessoal, aumentando o número de horas extraordinárias de trabalho,
promovendo o burnout (Duarte et al., 2020).
Por outro lado existem fatores que se encontram negativamente associados ao
burnout, podendo funcionar como fatores protetores do mesmo nestes profissionais
nomeadamente, o ter suporte emocional por pares e família (Adriaenssens et al., 2015;
Chemali et al., 2019; Chou et al., 2014; Hyman et al., 2017) e o engagement, sendo este
último, um dos fatores mais protetores do burnout (Bodine, 2018; Taris et al., 2017; Vala et
al., 2017). A idade, ser mais novo, tem surgido nalguns estudos como uma variável protetora,
apesar de, como já referido, os estudos não serem consistentes em amostras de profissionais
de saúde (Vala et al., 2017).
Outros estudos revelam ainda que a inteligência emocional (Castellano et al., 2019),
a gestão do stress (Nespereira-Campuzano & Vázquez-Campo, 2017) e o humor podem
funcionar também como protetores, sendo a gestão do stress o maior preditor (Pérez-Fuentes
et al., 2019).
Alguns dos promotores de burnout poderão ser moderados pela redução da carga
de trabalho, o preenchimento das necessidades relacionais, a satisfação no trabalho,
impulsionada pela qualidade de vida no trabalho, nomeadamente através de iniciativas que
promovem o equilíbrio no trabalho (Srivastava et al., 2019) e por uma elevada resiliência
(Brindley et al., 2019; Guo et al., 2018; Shaw, 2020; Waddimba et al., 2015). As relações
profissionais saudáveis entre pares e doentes e os processos de regulação emocional
(Castellano et al., 2019; Patel et al., 2018) estão também associados a menores índices de
burnout.
9
3. Burnout em contexto de pandemia
No atual estado de pandemia, aconteceram alterações profundas na rotina dos
indivíduos, como a obrigação a períodos de quarentena e isolamento social, encerramento
de serviços e escolas, separação da família e dos amigos e que poderão ter impacto no bem-
estar psicológico dos profissionais de saúde. Adicionalmente, os indivíduos experienciam
vários receios: receio pela sua saúde, segurança, família, finanças e emprego (Taylor, 2019).
A exposição indireta através, por exemplo, dos media e das redes sociais podem
também revelar-se fontes de stress (Lima et al., 2020), por um lado, mas também podem ter
um efeito protetor, uma vez que ajudam os médicos a estar em contacto com a família e
amigos (Lai et al., 2020) .
Todos estes agentes de stress poderão conduzir a problemas psicológicos e ao
burnout dos profissionais de saúde, com impacto negativo na capacidade de resposta dos
sistemas de saúde (Zhou et al., 2020).
Algumas revisões sistemáticas sobre impacto psicológico em surtos infeciosos
semelhantes (SARS, ébola, influenza, MERS) mostram que a prevalência da ansiedade,
depressão, stress pós-traumático e burnout foi alta durante e após os surtos pandémicos,
tendo como fatores promotores: ser mais novo (Barreto, 2020; Kulkarni et al., 2020) e ter
menos anos de experiência (Barreto, 2020; Zhang et al., 2020), ser mulher (Barreto, 2020;
Jesus et al., 2014; Kulkarni et al., 2020) falta de suporte social, o estigma e o isolamento
(Cabello et al., 2020; Lipley, 2020).
Como consequências do burnout foram evidenciadas a redução de contacto com os
doentes e a redução de horas de trabalho, o absentismo e o aumento de comportamentos que
afetam as suas funções (Maunder et al., 2006), associadas a variáveis psicossociais e
variáveis ligadas às condições de trabalho, em que um número maior de contactos, por
exemplo, com pacientes com SARS, estava relacionado com uma maior exaustão emocional,
podendo ser moderado pelo suporte organizacional (Marjanovic et al., 2007).
Estas investigações anteriores reforçaram o impacto destas pandemias na condição
psicológica dos indivíduos, tal como alguns estudos já realizados durante a pandemia
COVID-19, incutindo medo, ansiedade, stress emocional e stress pós-traumático na
população em geral e, em particular, nos profissionais de saúde (Montemurro, 2020; Shah,
Kamrai, et al., 2020).
Durante o surto inicial da COVID-19 na China, cerca de 70% dos profissionais de
saúde reportaram problemas associados à sua saúde mental durante a pandemia, tais como,
10
insónia, ansiedade, depressão e distress psiclógico (Lai et al., 2020), sendo a utilização dos
equipamentos de proteção individual durante toda a jornada de trabalho um dos maiores
promotores de ansiedade (Bansal et al., 2020), assim como a falta de equipamento de
proteção individual ou equipamento inadequado (Bansal et al., 2020; Montemurro, 2020;
The Lancet, 2020).
Alguns estudos iniciais realizados em Wuhan, China, também apontam para que as
mulheres, profissionais com mais de 10 anos de experiência, portadores de doenças
crónicas ou com história de doenças mentais e com familiares ou conhecidos suspeitos
ou casos confirmados de COVID-19 sejam mais suscetíveis ao stress, depressão e
ansiedade durante a pandemia COVID-19 (Zhu et al., 2020).
A falta de controlo nos procedimentos e no controlo de infeção, a falsa noção de
segurança, a comunicação e diretivas deficitárias, a falta de suporte emocional e a
elevada taxa de mortalidade percebida, são outros dos fatores associados positivamente ao
burnout (Shah, Kamrai, et al., 2020; The Lancet, 2020; Wilson et al., 2020; Zhu et al., 2020).
Alguns estudos mais recentes relatam taxas de prevalência de burnout mais elevadas
em profissionais de saúde durante a pandemia COVID-19, quando comparadas com estudos
anteriores, relacionando este facto com a elevada carga de trabalho, maior pressão de
tempo e a falta de suporte organizacional (Morgantini et al., 2020). O atendimento de um
maior número de casos de COVID-19 também parece estar mais relacionado com esta
sintomatologia (Civantos et al., 2020), como no caso de Itália, um dos países mais afetados
com esta pandemia na fase inicial, nomeadamente tendo em conta o elevado número de
mortes associada à COVID-19, em que se verificou que uma percentagem grande de
profissionais de saúde apresentava sintomas de pressão psicológica, sintomas somáticos e
níveis elevados de burnout (Barello et al., 2020).
Por outro lado, como fatores protetores do burnout em situações pandémicas,
podemos encontrar a resiliência (Maunder et al., 2006; Shaw, 2020; Waddimba et al., 2015),
a esperança (Shaw, 2020), a formação, o apoio moral e proteção (Maunder et al., 2006),
a comunicação responsiva (Tseng et al., 2005), a participação na tomada de decisão e ter
suporte organizacional (Maunder, 2005), nomeadamente da parte dos administradores
hospitalares (Shaw, 2020), e ter um bom suporte social, de amigos e família, reduzindo
emoções negativas e melhorando o humor (Xiao et al., 2020).
Também um maior sentido de controlo e um maior reconhecimento poderão estar
associados ao facto dos profissionais de saúde que estiveram na “linha da frente” do combate
à COVID-19 nesta fase revelarem, em alguns estudos, níveis mais baixos de burnout do que
11
os restantes e menor preocupação com o facto de serem infetados, apesar de estarem em
maior contacto com os doentes infetados (Y. Wu et al., 2020).
Algumas técnicas de relaxamento e meditação, como a prática da respiração
profunda, entre atos médicos, parece ajudar a prevenir o burnout nesta fase de pandemia
(Fessell & Cherniss, 2020), sugerindo a necessidade que os hospitais disponibilizem suporte
logístico e grupos de suporte para estes profissionais e implementem estratégias de suporte
emocional (Wilson et al., 2020). Por outro lado, o recurso a ferramentas de telessáude sugere
reduzir a procura e a sobrecarga de doentes nos serviços de urgência, aliviando o seu impacto
no stress e burnout dos que aí trabalham e reduz também a sua exposição ao contágio
(Moazzami et al., 2020).
De acordo com a revisão da literatura realizada, espera-se assim que:
H1) Os médicos e os enfermeiros apresentem níveis mais elevados de burnout quando
comparados com os restantes grupos de profissionais;
H2) Existam diferenças significativas entre os diferentes grupos profissionais e as dimensões
do burnout;
H3) Ser mulher, ser médico ou enfermeiro, ter mais anos de experiência, ter filhos menores,
ter pessoas vulneráveis a seu cargo, ter receio de infetar e ser infetado, ter de passar a viver
sozinho, estar diretamente ligado ao atendimento/gestão dos doentes com COVID-19,
trabalhar numa instituição que não tenha disponibilizado equipamentos de proteção
individual suficientes, ter trabalhado um número excessivo de horas, não ter tempo suficiente
para realizar todas as tarefas, o sentir-se inseguro no trabalho e o querer mudar de profissão,
sejam fatores positivamente associados ao burnout;
H4) Ser mais velho, ter maior suporte social, ter conhecimento suficiente sobre a doença,
trabalhar numa instituição que comunica eficazmente e que envolve os colaboradores na
tomada de decisão, ter um bom nível de autonomia e trabalhar numa equipa com um bom
clima de trabalho, sejam fatores negativamente associados do burnout.
12
Estudo Empírico
1. Método
O presente estudo, é um estudo quantitativo, do tipo transversal, descritivo e
correlacional (Sampieri et al., 2006).
1.1. Objetivos e Questões de Investigação.
Com o presente estudo pretendemos explorar o burnout, em profissionais de saúde
durante a fase inicial da Pandemia COVID-19, especificamente:
1) Determinar os níveis de burnout nos profissionais de saúde;
2) Comparar os diferentes grupos de profissionais de saúde em relação
às três dimensões do burnout;
3) Identificar os principais fatores associados aos níveis do burnout nos
profissionais de saúde;
Posto isto, pretendemos responder às seguintes questões de investigação: Q1) Os
profissionais de saúde apresentam níveis elevados de burnout nesta fase de pandemia da
COVID-19? Q2) Como se distinguem os diferentes grupos de profissionais em relação às
três dimensões do burnout durante COVID-19? Q3) Quais são os principais fatores que se
associam positivamente com burnout? Q4) Quais são os principais fatores que se associam
negativamente com burnout?
1.2. Participantes.
Foi selecionada uma amostra não probabilística por bola de neve (virtual), recorrendo
à estratégia viral (Costa, 2018), aumentando exponencialmente a divulgação do estudo,
(Sampieri et al., 2006), uma vez que no corpo da mensagem, além da apresentação do estudo,
há um pedido para que a mesma seja compartilhada com a rede de contactos.
A amostra é composta por 5417 profissionais de saúde (cf. Tabela1) com idades
compreendidas entre os 18 e os 75 anos (M=41.9, DP=11.5) e possuem, em média, 14 anos
de experiência (DP=10.9).
13
Tabela 1
Caracterização sociodemográfica dos participantes
Variável N %
Sexo
Feminino 4062 75
Masculino 1355 25
Estado Civil
Casado/a; União de Facto 3196 59
Solteiro/a 456 31.7
Separado/a; Divorciado/a 1719 8.4
Viúvo/a 46 0.4
Habilitações Académicas
Licenciatura ou Mestrado 4801 88.6
12º ano 366 6.8
Doutoramento 149 2.8
9º ano 101 1.9
Filhos Menores
Não 3274 60.4
Sim 2143 39.6
Profissão
Médico 2360 43.6
Enfermeiro 1744 32.2
TSS/TSDT 573 10.2
AO/AAM 391 7.2
Administração/Gestão 349 6.4
Local Trabalho
Hospital Público 3807 70.3
UCSP 1014 18.7
Hospital/ Clínica Privada 320 5.9
USP 146 2.7
Organismo Central 76 1.4
Consultório Privado 43 0.8
Laboratório Privado 11 0.2
Região Trabalho
Norte 3028 55.9
Lisboa e Vale do Tejo 1426 26.3
Centro 651 12
Ilhas 166 3.1
Alentejo e Algarve 146 2.7
Nota. AO/AAM – Assistente Operacional; TSS/TSDT – Técnico Superior de Saúde/Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica
1.3. Técnica de Recolha de Dados.
A recolha de dados foi feita através de um questionário eletrónico elaborado para o
efeito sendo composto por seis grupos de questões:
O Grupo I contém questões sociodemográficas, nomeadamente: sexo, idade, estado
14
civil, agregado familiar, habilitações literárias, profissão e anos de experiência profissional;
O Grupo II consiste em questões relacionadas com as condições específicas
vivenciadas durante a pandemia, nomeadamente o local de trabalho, a região onde trabalha,
número de horas de trabalho noturno, papel na gestão/atendimento de doentes COVID-19,
se teve de passar a morar sozinho nesta fase, conhecimento sobre a doença, existência de
equipamento de proteção individual suficiente, ter sido ou ter tido contacto com casos
suspeitos ou confirmados COVID-19 ou mortes associadas, receio de ser infetado e de ser
veículo de infeção para outros;
O Grupo III é constituído por questões organizacionais nomeadamente recursos
disponibilizados, comunicação eficaz e envolvimento nas tomadas de decisão;
O Grupo IV pretende aferir o suporte social;
O Grupo V é composto pelo Copenhagen Burnout Inventory (Chou et al., 2014;
Kristensen et al., 2005; Winwood & Winefield, 2004), na sua versão validada para a
população portuguesa para profissionais de saúde (Fonte, 2011). A análise à consistência
interna da escala e dos seus itens revelou bons níveis, nomeadamente: 0.845 para o burnout
pessoal, 0.866 para o burnout relacionado com o trabalho e 0.843, para o burnout relacionado
com o utente, pelo que esta escala se revela fiável e precisa (Fonte, 2011). O CBI é composto
por dezanove questões que se agrupam em três escalas de medida relacionadas com os
aspetos pessoais (itens 2, 4, 7, 9, 10, 11), do trabalho (itens 3, 5, 8, 12, 13, 14, 17,) e do
utente (itens 1, 6, 15, 16, 18, 19) e pode ser utilizado em diversos domínios (Borritz &
Kristensen, 2004; Kristensen et al., 2005). Para além do score em cada uma das três
subescalas, pode também ser calculado um score global de burnout (Kristensen et al., 2005;
Lapa et al., 2018), considerando-se um elevado nível de burnout valores médios iguais ou
superiores a 0.50, e um nível baixo se valores médios inferiores a 0.50 (Borritz & Kristensen,
2004).
O Grupo VI reúne questões que se prendem com consequências do burnout
nomeadamente, o consumo descontrolado de substâncias tóxicas, bem-estar físico, fadiga,
conciliação trabalho/vida familiar, intenções de saída e perceção do desempenho profissional
e que foram utilizadas no estudo ao burnout solicitado pela Ordem dos Médicos em 2017
(Vala et al., 2017). As consequências do burnout não serão abordadas já que os dados foram
recolhidos numa fase inicial da pandemia.
15
1.4. Procedimento.
Numa fase inicial, realizou-se um pré-teste ao questionário a 10 indivíduos para
verificar se existiram dúvidas no preenchimento, o que não se verificou.
A recolha de dados iniciou-se pela apresentação do estudo e envio do link de acesso
ao questionário eletrónico, por meio de um e-mail e das redes sociais. Foram enviados
pedidos formais de colaboração na divulgação junto dos profissionais de saúde para as
principais instituições do Sistema de Saúde Português, nomeadamente, Instituições do
Serviço Nacional de Saúde (Hospitais e Unidades de Cuidados de Saúde Primários), Ordens
Profissionais, Associações Regionais de Saúde (continente e ilhas), laboratórios e
instituições de saúde privadas. Alguns destes pedidos de colaboração foram aprovados nas
respetivas Comissões de Ética. Todas as participações foram voluntárias e anónimas,
respeitando os requisitos formais e éticos necessários à investigação científica.
1.5. Técnica de Análise de Dados.
Para testar as nossas hipóteses procedermos a análises estatísticas descritivas e
correlacionais. As diferenças entre grupos de profissionais relativamente às três dimensões
do burnout serão testadas através da análise multivariada da variância (MANOVA). Para
identificar os fatores associados às dimensões do burnout optamos pela construção de um
modelo de regressão linear múltiplo, considerando como variável dependente a dimensão do
burnout global bem com as suas três dimensões. Algumas variáveis, serão alvo de Análises
Fatoriais Exploratórias (AFE) com vista à redução das mesmas, em conjuntos de varáveis
interrelacionadas entre si, fatores. Os dados recolhidos para testar as hipóteses serão
processados no programa estatístico IBM SPSS Statistics v.26.
Para a validade do construto, validade fatorial, do CBI, recorreremos à Análise
Fatorial Confirmatória (AFC), a qual será realizada no programa estatístico IBM SPSS Amos
v.26, com o objetivo de testar a validade fatorial do modelo de medida proposto.
2. Resultados
2.1. Validação das propriedades psicométricas do CBI.
Antes de testarmos as nossas hipóteses procedemos à validação das propriedades
psicométricas da escala CBI.
16
2.1.2. Análise da sensibilidade.
Inicialmente, procedemos à análise dos itens, através da avaliação da sensibilidade
da medida, com base na assimetria e na curtose, considerando que valores de assimetria
superiores a três e valores de curtose superiores a sete, representariam desvios significativos
à normalidade (Marôco, 2014). Como se observa na Tabela 2, encontramos uma adequada
distribuição dos resultados, verificando-se que todos os itens da escala apresentam valores
de assimetria inferiores a três e de curtose inferiores a sete.
Tabela 2
Sensibilidade dos itens que compõem a versão portuguesa do CBI
Item M DP Assimetria Curtose
Burnout Utente
CBI1 39.58 26.62 0.02 -0.81
CBI6 40.07 30.00 0.21 -0.94
CBI15 42.51 25.54 0.01 -0.48
CBI16 33.98 25.16 0.27 -0.57
CBI19 52.84 29.43 -0.18 -0.83
CBI18 40.72 25.17 0.06 -0.56
Burnout Pessoal
CBI2 61.30 22.10 -0.47 0.12
CBI4 58.78 24.66 -0.36 -0.31
CBI7 52.03 25.89 -0.22 -0.56
CBI9 38.75 27.32 0.13 -0.88
CBI10 54.38 24.58 -0.32 -0.37
CBI11 43.29 25.89 0.11 -0.58
Burnout Profissional
CBI3 63.30 24.72 -0.40 -0.22
CBI5 46.34 27.38 0.00 -0.65
CBI8 44.00 26.63 0.13 -0.60
CBI12 46.06 24.71 0.21 -0.39
CBI13 63.63 24.03 -0.51 0.09
CBI14 48.26 24.06 -0.18 -0.27
CBI17 50.75 25.71 -0.21 -0.45
2.1.2. Validade do construto – validade fatorial.
A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) realizada na nossa amostra pretende validar
a estrutura original proposta por Kristensen et. al (2005).
Na análise do ajustamento dos modelos utilizamos o índice de ajustamento
comparativo (CFI), o índice de qualidade do ajustamento (GFI) e a raiz quadrática dos erros
de aproximação (RMSEA).
17
O modelo seria considerado ajustado aos dados com valores de CFI e GFI superiores
a 0.90; o valor de RMSEA inferior a 0.05; e os valores 2/gl entre 1 e 2, sendo o modelo com
os valores mais baixos aquele que indicaria melhor ajustamento (Marôco, 2014; Schumacker
& Lomax, 1996).
Começamos por aplicar uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC) do instrumento
de acordo com o modelo original proposto (três dimensões). A AFC demonstrou que este
modelo tinha um ajustamento sofrível na presente amostra 2/gl= 56.76; CFI=0.90; GFI=
0.84; RMSEA=0.10; [p(RMSEA< =0.05)<.001] (cf. Figura 1), ainda que os pesos fatoriais de
todos os itens presentes, com exceção do item 12, sejam superiores ou iguais a 0.5 e,
portanto, fortemente ligados às respetivas dimensões. Os fatores burnout pessoal e burnout
trabalho encontram-se totalmente correlacionados (R=1.00).
Figura 1. Modelo tri-fatorial da medida CBI
18
Esta elevada correlação entre os dois fatores identificados, levou-nos a uma análise
ao modelo bi-fatorial, tendo-se encontrado um fator relativo aos utentes (itens 1, 6, 15, 16
18 e 19) e outro agrupando o pessoal/trabalho (itens 2, 4, 7, 9, 10, 11, 13, 15, 18, 12, 13, 14
e 17). Os valores nos índices de ajustamento foram 2/gl =57.74; CFI =0.897; GFI=0.83;
[RMSEA=0.10; p (RMSEA< =0.05)<.001]. A correlação entre os 2 novos fatores foi de
R=0.78 (cf. Figura 2).
Figura 2. Modelo bi-fatorial da medida CBI
Uma vez que o ajustamento para o modelo bi-fatorial também se revelou sofrível, e
dada a existência de uma correlação forte (R=0.78) entre os 2 fatores (burnout utente e
burnout pessoal/trabalho), analisamos o modelo unifatorial (cf. Figura 3). Os valores nos
índices de ajustamento deste modelo também foram sofríveis, 2/gl =96.51; CFI =0.83;
GFI=0.71; RMSEA=0. 13; p [(RMSEA< =0.05)<.001].
19
Figura 3. Modelo uni-fatorial da medida CBI
Estes resultados mostram que em nenhum dos três modelos, o valor do RMSEA se
revelou aceitável (cf. Tabela 3). Ainda assim, quando comparados os valores do CFI e do
GFI, foi o modelo tri-fatorial original que apresentou melhores resultado, pelo que optamos
por manter este modelo nas análises estatísticas realizadas no presente estudo, apesar da forte
correlação já descrita entres os dois fatores: burnout pessoal e burnout do trabalho.
Tabela 3
Comparação das medidas de ajustamento do CBI para os diferentes modelos
Modelos 2 gl 2/gl CFI GFI RMSEA
Tri-fatorial 8457.067** 149 56.759 0.900 0.836 0.101
Bi-fatorial 8718.468** 151 57.738 0.897 0.829 0.102
Uni-fatorial 14670.252** 152 96.515 0.826 0.708 0.133
**p < .001.
2.1.3. Fiabilidade.
A fiabilidade, nomeadamente, a consistência interna, foi avaliada através dos
valores dos alpha de Cronbach, considerando-se que os valores que indicam uma boa
consistência interna se situam acima de 0.7 (Nunnally & Bernstein, 1994). A análise à
20
consistência interna das três escalas do CBI revelou que este é um bom instrumento de
medida do burnout para profissionais de saúde, apresentando uma boa homogeneidade:
burnout pessoal (BP), alpha de Cronbach de 0.93; burnout do trabalho (BT), alpha de
Cronbach de 0.88 e burnout do utente (BU), alpha de Cronbach de 0.90. O burnout global
apresenta um alpha de Cronbach de 0.96.
Quando comparados os resultados do presente estudo (cf. Tabela 4), com o estudo
original (Borritz & Kristensen, 2004) e com a sua validação para a população portuguesa
(Fonte, 2011), estes revelam valores de alpha de Cronbach superiores, afirmando-se o CBI
como um bom instrumento de medida do burnout em profissionais de saúde.
Tabela 4
Coeficiente de fiabilidade das escalas CBI
Dimensão
Estudo original
Dinamarca (2004)
N=1917
Validação PT (2011) N= 228
Validação EUA (2020) N=1398
Presente estudo
(2020)
N=5417
Burnout Profissional 0.87 0.85 0.892 0.924
Burnout Trabalho 0.87 0.87 0.896 0.881
Burnout Utente 0.85 0.84 0.897 0.899
Ao observarmos os valores de correlação (Pearson) verificamos que são
substancialmente mais fortes as correlações entre o burnout pessoal e o burnout trabalho
(R=0.91, p< .001), do que a correlação entre o burnout pessoal e o burnout utente (R= 0.68,
p< .001) e do que a correlação entre o burnout trabalho e burnout utente (R=0.73, p < .001),
reforçando a boa fiabilidade do CBI na nossa amostra, demonstrando a capacidade deste
instrumento na medição do burnout nos profissionais de saúde (cf. Tabela 5). A forte
correlação entre o burnout pessoal e o burnout trabalho, também encontrada noutros estudos
(Lapa et al., 2018; Thrush et al., 2020), e que já tinha sido verificada na AFC inicial, o pode
sugerir que alguns aspetos relacionados com o burnout pessoal possam estar relacionados
com o burnout no trabalho.
Tabela 5
Valores de correlação (Pearson) para as dimensões do CBI
Burnout Utente Burnout Pessoal Burnout Trabalho
Burnout Utente 1 0.681** 0.732**
Burnout Pessoal 0.681** 1 0.907**
Burnout Trabalho 0.732** 0.907** 1
** p < .01.
21
2.2. Redução de variáveis a fatores
Para reduzir algumas variáveis a fatores, decidimos realizar uma Análise Fatorial
Exploratória a 11 itens, relacionados com fatores organizacionais e do trabalho, e de suporte
social.
A medida global de adequação de amostragem do critério de KMO (Kaiser-Meyer-
Olkin) varia entre 0 e 1, quanto mais perto de 1, mais robusto (Pallant, 2001). Na nossa
amostra (cf. Tabela 6), o valor do Kaiser-Meyer-Oklin foi 0.73, o que indica que os fatores
encontrados na AFE conseguem descrever, satisfatoriamente, as variações dos dados
originais, tendo sido considerado como um valor aceitável, o valor de 0.6 (Pallant, 2001) e
o teste de esfericidade de Bartlett, o qual indica se existe relação suficiente entre as variáveis
para aplicação da Análise Fatorial Exploratória, revelou um p<.001, encontrando-se dentro
do valor desejável (p<.05) (Pallant, 2001). O método de extração utilizado foi o Principal
Axis Factoring (PAF), assumindo que as variáveis medidas são apenas uma amostra das
variáveis possíveis na explicação da variável latente, mas que os participantes constituem a
população e a interpretação dos itens que compõem cada fator foi realizada considerando as
soluções rodadas com a rotação Oblimin. Itens com correlações muito baixas em relação aos
fatores foram eliminados da análise.
Observadas as condições para a realização da AFE, a mesma foi aplicada aos 11 itens
relacionados com fatores organizacionais e do trabalho, e de suporte social, a qual permitiu
identificar três fatores, tendo sido eliminado o item “Sinto-me inseguro no trabalho” por não
se correlacionar com nenhum destes.
Realizada nova AFE para os restantes 10 itens, a mesma revelou a presença de três
fatores: um fator com cinco itens relativos ao suporte organizacional com 28.1% de variância
explicada e um alpha de 0.82; um fator com dois itens relativos a exigências no trabalho
com 15.45% de variância explicada e um alpha de 0.82; e um fator com três itens associados
ao suporte social com 10.44% de variância explicada e um alpha de 0.70. Os fatores foram
renomeados de acordo com o conteúdo dos itens (cf. Tabela 6).
No total, esta solução com os três fatores explica 54.0% da variância das medidas
originais.
22
Tabela 6
Matriz de estruturas para as variáveis relacionadas com organizacionais, do trabalho e de suporte social
Fator
Suporte
Organizacional
Exigências
Trabalho
Suporte
Social
"Recebo sempre apoio e ajuda dos meus colegas" 0.377 -0,123 0,561
"Recebo sempre apoio e ajuda dos meus amigos" 0.174 -0,049 0,850
"Recebo sempre apoio e ajuda da minha família" 0.125 -0,045 0,628
“Sinto que o clima de trabalho da minha equipa facilita a minha atividade
profissional”
0.656 0,120 0,308
“Sinto que tenho um bom nível de autonomia no trabalho que faço” 0.641 0,243 0,164
“Não tenho tempo suficiente para o trabalho que há a fazer” 0.166 0,831 -0,075
“Sinto que trabalho um número excessivo de horas” 0.173 0,840 -0,050
“A sua Instituição envolve-o nas tomadas de decisão nesta fase?” 0.607 0,116 0,155
“A comunicação e as orientações recebidas sobre procedimentos a adotar
são claras e eficazes?”
0.816 0,076 0,156
“A sua Instituição disponibiliza todos os equipamentos de proteção
individual adequados ao combate a esta pandemia?”
0.752 0,123 0,147
Nota. Método de Extração: Principal Axis Factoring (PAF); Método de Rotação: Oblimin com Normalização
A computação dos fatores foi efetuada após a verificação da consistência interna de
cada um dos fatores utilizando o alpha de Cronbach. Consideraram-se níveis de consistência
interna aceitáveis valores de alpha superiores a 0.60, o que se verificou, conforme
anteriormente descrito, nos três novos fatores.
2.3. Teste das hipóteses.
Para as 4 hipóteses formuladas apresentamos os nossos resultados:
H1: Os médicos e os enfermeiros apresentam níveis mais elevados de burnout quando
comparados com os restantes grupos de profissionais
Esta hipótese foi confirmada, pois os médicos e os enfermeiros foram os profissionais
de saúde que revelaram ter uma percentagem maior de indivíduos com níveis de burnout
elevados nas três dimensões do burnout (cf. Tabela 7): 38.1% dos médicos e 33.6% dos
enfermeiros apresentam níveis elevados de burnout relacionado com o utente; 62% dos
enfermeiros e 58.9% dos médicos manifestam níveis elevados de burnout pessoal; e 63.4%
dos enfermeiros e 59.6% dos médicos apresentam níveis elevados de burnout relacionado
com o trabalho.
23
Tabela 7
Distribuição da amostra por grupo profissional relativamente aos níveis de burnout de acordo com as
escalas do CBI
N %
Burnout Utente
Administração/Gestão baixo
elevado
284
65
81.4
18.6
AO/AAM baixo
elevado
288
103
73.7
26.3
Enfermeiro baixo
elevado
1158
586
66.4
33.6
Médico baixo
elevado
1460
900
61.9
38.1
TSS/TSDT baixo
elevado
458
115
79.9
20.1
TOTAL baixo
elevado
3648
67.3
1769
32.7
Burnout Pessoal
Administração/Gestão baixo
elevado
168
181
48.1
51.9
AO/AAM baixo
elevado
192
199
49.1
50.9
Enfermeiro baixo
elevado
663
1081
38.0
62.0
Médico baixo
elevado
971
1389
41.1
58.9
TSS/TSDT baixo
elevado
291
282
50.8
49.2
TOTAL baixo
elevado
2285
42.2
3132
57.8
Burnout Trabalho
Administração/Gestão baixo
elevado
168
181
48.1
51.9
AO/AAM baixo
elevado
181
210
46.3
53.7
Enfermeiro baixo
elevado
639
1105
36.6
63.4
Médico baixo
elevado
954
1406
40.4
59.6
TSS/TSDT baixo
elevado
301
272
52.5
47.5
TOTAL baixo
elevado
2243
41.4
3174
58.6
Nota. AO/AAM – Assistente Operacional; TSS/TSDT – Técnico Superior de Saúde/Técnico
Superior de Diagnóstico e Terapêutica
24
H2: Existem diferenças significativas entre os diferentes grupos profissionais e as
dimensões do burnout
Esta hipótese foi confirmada, uma vez que a realização de testes MANOVA
evidenciou algumas diferenças significativas entre grupos profissionais e as dimensões de
burnout (ver Tabela 8), com os médicos e os enfermeiros a apresentarem os valores mais
elevados de burnout nas três dimensões.
Tabela 8
Comparação das três dimensões de burnout em relação aos diferentes grupos profissionais
Variável 1 2 3 4 5
Burnout Utente
1 Administração/Gestão - -5.417* -11.259* -12.955* -3.246
2 AO/AAM 5.417* - -5.842* -7.538* 2.171
3 Enfermeiro 11.259* 5.842* - -1.696 8.013*
4 Médico 12.955* 7.538* 1.696 - 9.709*
5 TSS/TSDT 3.246 -2.171 -8.013* -9.709* -
Burnout Pessoal
1 Administração/Gestão - 0.573 -4.424* -2.856 0.911
2 AO/AAM -0.573 - -4.997* -3.430* 0.338
3 Enfermeiro 4.424* 4.997* - 1.568 5.335*
4 Médico 2.856 3.430* -1.568 - 3.768*
5 TSS/TSDT -0.911 -0.338 -5.335* -3.768* -
Burnout Trabalho
1 Administração/Gestão - 0.028 -4.771* -3.044 1.587
2 AO/AAM -0.028 - -4.799* -3.072* 1.559
3 Enfermeiro 4.771* 4.799* - 1.727* 6.358*
4 Médico 3.044 3.072* -1.727* - 4.631*
5 TSS/TSDT -1.587 -1.559 -6.358* -4.631* -
*p < .05.
Os valores médios por dimensão do burnout nos diversos grupos profissionais
encontram-se apresentados na Tabela 9.
Tabela 9
Caracterização da amostra por grupo profissional relativamente aos níveis de burnout de acordo com as
escalas do CBI
N Mínimo Máximo M DP
Burnout Utente
Administração/Gestão 349 0 100.00 31.614 23.025
AO/AAM 391 0 100.00 37.031 22.706
Enfermeiro 1744 0 100.00 42.873 20.697
Médico 2360 0 100.00 44.569 21.780
25
TSS/TSDT 573 0 100.00 34.860 21.628
Burnout Pessoal
Administração/Gestão 349 0 100.00 48.890 21.681
AO/AAM 391 0 100.00 48.316 23.379
Enfermeiro 1744 0 100.00 53.314 20.054
Médico 2360 0 100.00 51.746 21.789
TSS/TSDT 573 0 100.00 47.979 21.057
Burnout Trabalho
Administração/Gestão 349 0 100.00 49.069 20.015
AO/AAM 391 0 100.00 49.041 21.242
Enfermeiro 1744 0 100.00 53.840 18.152
Médico 2360 0 100.00 52.113 19.815
TSS/TSDT 573 0 96.43 47.482 18.904
Nota. AO/AAM – Assistente Operacional; TSS/TSDT – Técnico Superior de Saúde/Técnico
Superior de Diagnóstico e Terapêutica
Para a dimensão burnout utente foram encontradas diferenças significativas entre os
médicos e os enfermeiros e os restantes grupos profissionais. Apesar de todos os
profissionais terem evidenciado níveis baixos de burnout utente, os médicos (M=44.6,
DP=21.8) e os enfermeiros (M=42.9, DP=20.7), foram ainda assim os grupos profissionais
que apresentaram valores mais altos nesta dimensão, não existindo diferenças significativas
entre si.
Quanto à dimensão burnout pessoal, os enfermeiros apresentaram diferenças
significativas em relação aos restantes profissionais, revelando os valores mais elevados
nesta dimensão (M= 53.3, DP=21,8), apesar de em relação aos médicos estas diferenças não
serem significativas, assim como também não são significativas as diferenças entre estes
últimos e os administradores/gestores (M=48.3, DP=23.4) , embora os médicos revelem
valores superiores (M=51.8, DP=21.8), o qual se torna significativo quando comparado com
os restantes grupos profissionais, nomeadamente AO/AAM (M=48.3, DP=23.4) e
TSS/TSDT (M=48.0, DP=21.1).
Na dimensão burnout no trabalho, os enfermeiros apresentam os níveis
significativamente mais elevados (M=53.8, DP=18.2) quando comparados com os restantes
grupos, seguidos pelos médicos que, apesar de apresentarem níveis mais baixos do que os
enfermeiros, apresentam níveis significativamente superiores (M=52.1, DP=19.8) em
relação aos restantes, com exceção dos administradores/gestores em relação aos quais estes
resultados mais elevados não se revelaram significativos (M=49.1, DP=20.0).
26
Figura 4. Valores médios por dimensão do burnout e por grupo profissional
Nota. AO/AAM – Assistente Operacional; TSS/TSDT – Técnico Superior de Saúde/Técnico
Superior de Diagnóstico e Terapêutica
Ainda para testar esta hipótese, recorremos a uma análise MANOVA, com o objetivo
de analisar a relação entre a profissão e as dimensões do burnout.
A realização de testes MANOVA evidenciou diferenças significativas no burnout em
função da profissão, F (12, 14314) =23.84, p< .001, Wilk's Λ = 0.95, η2 = 0.02, explicando
no total, 2% do burnout.
Quando analisadas as três dimensões do burnout, a profissão revelou assim ter um
efeito significativo nessas dimensões, explicando 4% do burnout utente, F (4,5412) =
49.76, p < .001,η2 =0.04, 1% do burnout trabalho, F (4,5412) = 15.90 p < .001; η2 =0 .01,
e 1% do burnout pessoal , F (4,5412) = 10.65, p < .005, η2 =0 .01 , apesar do η2 revelar
efeitos fracos nas três dimensões.
H3: Ser mulher, ser médico ou enfermeiro, ter mais anos de experiência, ter filhos
menores, ter pessoas vulneráveis a seu cargo, ter receio de infetar e ser infetado, ter de
passar a viver sozinho, estar diretamente ligado ao atendimento/gestão dos doentes com
COVID-19, trabalhar numa instituição que não tenha disponibilizado equipamentos de
proteção individual suficientes, ter trabalhado um número excessivo de horas, não ter tempo
suficiente para realizar todas as tarefas, o sentir-se inseguro no trabalho e o querer mudar
de profissão, sejam fatores positivamente associados ao burnout
Esta hipótese foi parcialmente confirmada, uma vez todas estas variáveis se
27
relacionaram positiva e significativamente com o burnout global, com exceção do ter filhos
menores e ter de sair de casa ou passar a viver sozinho.
H4: A idade (ser mais velho), ter o maior suporte social, ter conhecimento suficiente
sobre a doença, trabalhar numa instituição que comunica eficazmente e que envolve os
colaboradores na tomada de decisão, ter um bom nível de autonomia e trabalhar numa
equipa com um bom clima de trabalho, sejam fatores negativamente associados do burnout
Esta hipótese foi parcialmente confirmada, uma vez todas estas variáveis se
relacionaram negativamente com o burnout global, com exceção do ter o conhecimento
suficiente sobre a COVID-19.
Para testar as hipóteses 3 e 4, realizamos análises de regressão linear múltiplas, para
avaliar em que medida certos fatores serão preditores das diferentes dimensões do burnout,
bem como identificar os fatores que se associam positivamente ou negativamente e que
funcionarão como seus promotores ou protetores. Para facilitar a análise dos resultados,
apenas faremos referência às variáveis que apresentaram um valor preditivo significativo
superior a .005 (β>.05). Os resultados apresentam-se na tabela 10.
Podemos verificar que, para o burnout global o nosso modelo composto pelas
variáveis : sexo, idade, ser médico ou enfermeiro, mudar completamente de profissão, ter no
agregado pessoa idosa ou com doença crónica, ter receio de ser infetado, ter receio de ser
veículo de infeção, ter de sair de casa ou passar a viver sozinho durante a pandemia, ter
conhecimento suficiente sobre a COVID-19, assumir um papel na gestão/atendimento de
doentes com COVID-19, sentir-se inseguro, ter suporte organizacional, as exigências no
trabalho e ter suporte social, explica 38% do burnout encontrado nos profissionais de saúde,
F(17, 5398) = 198.98, p < .001, R2 (adj) =0. 38.
Ser mais velho (β=- .09, p<.001, ter suporte social (β =-.14, p<.001) e ter suporte
organizacional (β -.25, p<.001), evidenciaram ser fatores protetores de burnout, sendo este
último o seu maior protetor, explicando 25% da variância da escala de burnout. Os restantes
preditores significativos revelaram ser promotores de burnout, sendo os mais fortes, sentir-
se inseguro no trabalho (β=.16, p<.001), ter intenção de mudar de profissão (β=.12, p<.001),
ser médico (β=.12, p<.001) e o receio de ser infetado (β=.11, p<.001). Os resultados das
variáveis preditoras do burnout global encontram-se na tabela 10.
Estes resultados vão ao encontro dos vários estudos encontrados na literatura sobre
28
o burnout (Barreto, 2020; da Costa & Pinto, 2017; Duarte et al., 2020; Kulkarni et al., 2020;
Sahin et al., 2020; Zhang et al., 2020).
Tabela 10
Resultados das análises de regressão dos preditores sobre o burnout global
Modelo 1 B Erro Beta t 95.0% Intervalo de
Confiança para B
Sexo 3.068 0.491 0.069*** 6.255 [2.107, 4.030]
Idade (anos) -0.144 0.036 -0.086*** -4.032 [-0.215, -0.074]
PROFI=Enfermeiro 2.602 0.580 0.063*** 4.484 [1.464, 3.739]
PROFI=Médico 4.566 0.550 0.118*** 8.297 [3.487, 5.645]
Anos de experiência profissional na atual
função 0.131 0.037 0.074*** 3.526 [0.058, 0.204]
Mudar completamente de profissão 7.440 0.679 0.119*** 10.961 [6.110, 8.771]
Tem Filhos Menores? 0.300 0.429 0.008 0.700 [-0.541, 1.141]
No seu agregado. tem alguma pessoa
idosa ou com doença crónica a seu cargo? 1.464 0.547 0.029** 2.678 [0.392, 2.535]
Tem receio de ser infetado? 1.853 0.230 0.105*** 8.041 [1.401, 2.304
Tem receio de ser veículo de infeção para
os familiares e amigos? 1.540 0.323 0.062*** 4.766 [0.907, 2.174]
Teve de sair de casa ou passar a viver
sozinho neste período de pandemia? -0.211 0.559 -0.004 -0.377 [-1.307, 0.885]
Considera que tem conhecimento
suficiente sobre COVID-19? -0.262 0.478 -0.006 -0.547 [-1.200, 0.676]
Assume um papel na gestão/atendimento
de doentes com COVID-19? 1.108 0.427 0.029** 2.594 [0.271, 1.945]
Em que grau concorda com as seguintes
afirmações [Sinto-me inseguro no meu
trabalho]
2.802 0.206 0.158*** 13.577 [2.397, 3.206]
Suporte Organizacional -5.146 0.240 -0.246*** -21.421 [-5.617, -4.675]
Exigências Trabalho 7.883 0.249 0.372*** 31.698 [7.396, 8.371]
Suporte Social -2.831 0.230 -0.136*** -12.295 [-3.283, -2.380]
a. Variável Dependente: Burnout
Por último, repetimos esta análise para cada uma das três dimensões do burnout:
burnout utente, burnout profissional e burnout trabalho (ver Tabela 11).
29
Tabela 11
Resultados das análises de regressão dos preditores sobre as três dimensões do burnout
Variável Coeficientes Padronizados
Beta
Burnout
Utente
Burnout
Profissional Burnout Trabalho
Sexo 0.002 0.122** 0.083***
Idade (anos) -0.151*** -0.036 -0.050*
PROFI=Enfermeiro 0.092*** 0.034** 0.049***
PROFI=Médico 0.195*** 0.069*** 0.062***
Anos de experiência profissional na atual função 0.134*** 0.044* 0.029
Mudar completamente de profissão 0.142*** 0.088*** 0.097***
Tem Filhos Menores? -0.004 0.016 0.009
No seu agregado, tem alguma pessoa idosa ou com
doença crónica a seu cargo? 0.003 0.047*** 0.032*
Tem receio de ser infetado? 0.108*** 0.105*** 0.079***
Tem receio de ser veículo de infeção para os familiares e
amigos? 0.025 0.075*** 0.073***
Teve de sair de casa ou passar a viver sozinho neste
período de pandemia? -0.013 0.002 -0.001
Considera que tem conhecimento suficiente sobre
COVID-19? -0.011 -0.004 -0.001
Assume um papel na gestão/atendimento de doentes com
COVID-19? 0.052*** 0.007 0.020
Sinto-me inseguro no meu trabalho 0.143*** 0.150*** 0.144***
Suporte Organizacional -0.200*** -0.216*** -0.263***
Exigências Trabalho 0.246*** 0.370*** 0.412***
Suporte Social -0.111*** -0.134*** -0.131***
F (17, 5398) 116.796*** 117.924*** 206.646
R2 (adj) 0.27 0.36 0.40
*p < .05. **p < .01. ***p < .001.
Para o burnout utente, o modelo aplicado explica 27% do burnout encontrado nos
profissionais de saúde, F (16, 5398) = 116.80, p< .001, R2 (adj) = 0. 27. Os principais fatores
associados positivamente ao burnout utente, são: as exigências no trabalho (β=.25, p<.001),
ser médico (β=.20, p<.001), sentir-se inseguro no trabalho (β=.14, p<.001), ter intenção de
mudar completamente de profissão (β =.14, p<.001), ter mais anos de experiência (β=.134,
p<.001), ter receio de ser infetado (β =.11, p<.001), ser enfermeiro (β=.092, p<.001) e
assumir um papel na gestão/atendimento de doentes com COVID-19 (β=.05, p<.001) . Por
outro lado, ter suporte organizacional (β=-.20, p<.001), ser mais velho (β=-.15, p<.001) e ter
suporte social (β=-.11, p<.001), evidenciaram estar negativamente associados ao burnout
nesta dimensão, podendo estas variáveis ter função protetora do burnout do utente. O sexo
30
e ter pessoa idosa ou com doença crónica a cargo, não relevaram ser preditores desta
dimensão, ao contrário do que encontramos nas restantes. O assumir um papel na
gestão/atendimento de doentes com COVID-19 apenas teve impacto significativo nesta
dimensão.
Quanto à dimensão burnout pessoal, a mesma é explicada em 36% pelas variáveis
do nosso modelo F (16, 5398) = 117.92, p < .001, R2 (adj) =0. 36. As exigências no trabalho
são a variável mais forte, explicando 37% do burnout pessoal dos profissionais de saúde
(β=.37, p<.001), seguida do sentir-se inseguro no trabalho (β=0.15, p<.001), ser mulher
(β=.11, p<.001), ter receio de ser infetado (β=.91, p<.001), ter intenção de mudar
completamente de profissão (β=.09, p<.001), ter receio de ser veículo de infeção (β=.08,
p<.001) e ser médico (β=.07, p<.001). Todas estas variáveis se associam positivamente a
esta dimensão. Já o suporte organizacional (β=-.22, p<.001) e o suporte social (β=-.13,
p<.001) estão associadas negativamente com esta dimensão. A idade, entre outros, não
evidenciou ser fator preditor do burnout pessoal, distinguindo-se do que verificamos nas
restantes dimensões.
Por último, o burnout relacionado com o trabalho é a dimensão mais explicada pelo
nosso modelo, explicando 40% do burnout encontrado nos profissionais de saúde, F (16,
5398) = 206.65, p < .001, R2 (adj) =0. 40. Também nesta dimensão, a variável exigências no
trabalho é a que mais explica esta dimensão do burnout, 41.2%, (β=.41, p<.001), seguindo-
se o sentir-se inseguro no trabalho (β=.14, p<.001), a intenção de mudar completamente de
profissão (β=.10, p<.001), ser mulher (β=.083, p<.001), ter receio de ser infetado (β=.08,
p<.001), ter receio de ser veículo de infeção (β=.07, p<.001)e ser médico (β=.06, p<.001).
O suporte organizacional (β=-26, p<.001), o suporte emocional (β=.13, p<.001) e ser mais
velho (β=-.05, p<.05) poderão funcionar como variáveis protetoras. Os anos de experiência,
em particular nesta dimensão, não evidenciaram efeito preditor, entre outros fatores.
3. Discussão
3.1. Validação das propriedades psicométricas do CBI.
As análises prévias que realizamos às propriedades psicométricas do CBI,
nomeadamente a avaliação à sua validade de construto, confirmaram que nenhum dos três
modelos testados (tri-fatorial, bi-fatorial, uni-fatorial) apresentaram um ajustamento
aceitável. Ainda assim, foi o modelo tri-fatorial original apresentado por Kristensen et al.
(2005), aquele que apresentou melhores resultados. Nesta matéria os estudos não têm sido
31
consensuais, com alguns estudos a confirmar a dimensão tri-dimensional da escala original
(Campos et al., 2013; Thrush et al., 2020), outros a demonstrarem que o modelo tri-
dimensional, após a exclusão de alguns itens, seria o modelo mais ajustado para esta escala
(Fiorilli et al., 2015), e outros a evidenciar a existência de dois fatores, burnout utente e
burnout pessoal/trabalho, com ajustamento aceitável (Carolina M. Moser, Bárbara Tietbohl-
Santos, Daniel, Luccas Arenas & Xavier, Felipe Ornell, Rogerio Boff Borges, 2020), que
poderá, segundo os autores, ser explicado por sobreposição dos dois construtos que medem
as dimensões fadiga e exaustão do burnout, que serão as dimensões alvo do CBI (Fong et
al., 2014). Lapa et. al (2018) concluíram, numa amostra de médicos em Portugal, que tanto
o modelo tri-dimensional como o modelo uni-fatorial (fator latente de segunda ordem)
apresentam um bom modelo de ajustamento, podendo ambos ser interpretados dependendo
da questão de investigação em causa.
Apesar deste facto, os resultados revelaram que a versão portuguesa do CBI é um
instrumento fiável e consistente para medir o burnout em profissionais de saúde. O CBI
apresentou uma boa consistência interna, com uma correlação forte entre as suas escalas, em
particular entre o burnout pessoal e o burnout do trabalho que poderá estar associado às
condições e alterações nas dimensões pessoais e do trabalho que a pandemia tem imposto a
estes profissionais, existindo uma forte correlação entre as três subescalas que a compõem,
maior quando correlacionadas a escala burnout pessoal e burnout relacionado com o
trabalho, correlação também demonstrada noutros estudos tal como encontrado em estudos
anteriores noutras populações (Campos et al., 2013; Fong et al., 2014; Lapa et al., 2018;
Thrush et al., 2020; Winwood & Winefield, 2004; Yeh et al., 2007).
3.2. Teste das hipóteses.
Os profissionais de saúde alvo do presente estudo, nomeadamente os médicos e os
enfermeiros, apresentaram níveis elevados de burnout, durante a fase inicial da pandemia.
Os níveis de burnout encontrados foram mais elevados do que os encontrados em estudos
anteriores em profissionais de saúde (Kulkarni et al., 2020), especialmente em médicos (J.
Freitas; L. Pereira; C. Pinho; S. Zenha; M.Vieira, 2015) e em enfermeiros (Fonte, 2011).
Foram precisamente os médicos e os enfermeiros que apresentaram os níveis mais
elevados de burnout nas suas três dimensões, burnout utente, burnout pessoal e burnout
associado ao trabalho, revelando diferenças significativas quanto aos níveis de burnout
quando comparados com os restantes profissionais. Este facto pode estar relacionado com a
necessidade de tomada de decisões em cenários de incerteza e de sobrecarga de trabalho,
32
entre outros (Shah, Kamrai, et al., 2020; The Lancet, 2020; Wilson et al., 2020; Zhu et al.,
2020).
As exigências no trabalho parecem, por isso, ser o fator mais promotor do burnout
nos profissionais de saúde, tendo em conta o número excessivo de horas que têm atualmente
de trabalhar e que os coloca numa situação de pressão de tempo enorme. Estes resultados
corroboram o estudo de Marôco et al. (2016) que defende que as condições de trabalho são
o maior preditor de burnout nos profissionais de saúde, também reforçada num estudo com
enfermeiros realizado por Cruz et al. (2018).
A pressão do tempo também foi avaliada no nosso estudo, na dimensão das
exigências no trabalho, sendo um aspeto que tem um efeito desencadeador do burnout
(Galletta et al., 2016; M. Marques et al., 2018; Montgomery, 2014; Vala et al., 2017).
A falta de segurança no trabalho também revelou estar positivamente associada aos
três níveis de burnout, com maior impacto no burnout do trabalho, suportando os resultados
de Taylor (2019), que evidenciam que a falta de experiência e o trabalhar num ambiente de
alto risco, causam insegurança e problemas mentais nos profissionais de saúde, como
ansiedade e burnout, alertando para a necessidade de implementação de medidas preventivas
urgentes no combate ao burnout.
Os profissionais que responderam ter muitas vezes intenção de mudar de profissão
apresentaram níveis elevados de burnout, sendo o burnout do utente o mais explicado por
esta variável, o que já havia sido demonstrado num estudo com anestesiologistas (J. Freitas;
L. Pereira; C. Pinho; S. Zenha; M.Vieira, 2015).
Curiosamente, ter assumido funções de gestão/atendimento de doentes infetados, não
revelou ser preditor do burnout, ao contrário da nossa hipótese inicial, que previa uma
associação positiva entre as duas varáveis. Dinibutun (2020) num estudo recente demonstrou
que os médicos que estiveram na “linha da frente” apresentaram valores mais baixos de
burnout do que os restantes, o que também já havia sido evidenciado em estudos anteriores
(Dimitriu et al., 2020; K. Wu et al., 2005), podendo-se explicar pelo facto destes
profissionais terem uma maior sensação de controlo, estarem mais próximos dos decisores e
terem mais informação atualizada (Y. Wu et al., 2020).
Relativamente às variáveis sociodemográficas, o ser mulher e ser mais novo revelou
ser mais promotor do burnout , o que é vem reforçar os resultados dos estudos mais recentes
já realizados durante a pandemia (Barreto, 2020; Vagni, M.; Giostra, V.; Maiorano, T.;
Santaniello, G.; Pajardi, 2020)
No presente estudo, a variável que aparenta ter maior efeito protetor é o suporte
33
organizacional, o que vai ao encontro de estudos anteriores (Adriaenssens et al., 2015;
Chemali et al., 2019; Hyman et al., 2017; Pereira, 2002; Tseng et al., 2005; Vala et al., 2017),
reforçado por estudos recentemente já durante a pandemia COVID-19 (Marjanovic et al.,
2007). Dentro do suporte organizacional consideramos, entre outras aspetos, a comunicação
eficaz (Tseng et al., 2005) e o participar na tomada de decisão (Maunder, 2004), ambos
identificados como podendo ter efeito moderador do stress e do burnout em situações de
crises pandémicas como a SARS em 2003. Estes dados reforçam a importância das
Organizações apostarem no suporte aos seus profissionais de saúde, através da
disponibilização de equipamentos de proteção adequados, ferramentas de comunicação
eficaz, participação na tomada de decisão, implementação de grupos de suporte e de espaços
de pausas relaxantes e saudáveis (Wilson et al., 2020; Zhu et al., 2020).
Também o suporte social pelos amigos e família evidenciaram uma relação negativa
nas três dimensões de burnout, o que vai ao encontro do recente estudo de Xiao et al. (2020),
que revelou que a qualidade do sono e o suporte social tiveram impacto nos profissionais de
saúde que estiveram na “linha da frente” do combate à COVID-19 na China. Este tipo de
suporte social informal também se revelou importante em estudos anteriores, nomeadamente
com bombeiros, cuja natureza de algumas tarefas é muito semelhante à que encontramos nas
tarefas diárias dos profissionais de saúde (C. Marques, 2019). Após a AFE que realizamos
aos itens referente a aspetos das exigências do trabalho, do suporte organizacional e do
suporte social, a variável que inicialmente integrava o suporte social, “recebo sempre apoio
e ajuda dos meus colegas”, passou a integrar o fator relacionado com o suporte
organizacional, corroborando que a ideia de que as fontes de suporte social podem ser
formais ou informais, e que estas são, conforme também demonstrado no presente estudo
em relação ao burnout, um moderador do stress ocupacional (C. Marques, 2019).
4. Conclusões
Os profissionais de saúde são um grupo de risco, agravado pelas exigências pessoais
e do trabalho que a COVID-19 veio impor por tempo indeterminado, podendo levar a
consequências pessoais, organizacionais e financeiras muito graves. Com efeito, a deteção
precoce de níveis sintomáticos de burnout poderá ser um indicador de potenciais problemas,
que permitirá o desenvolvimento de medidas preventivas e de estratégias de coping, com
vista à sua prevenção. Para tal, são necessários estudos científicos sobre a sua prevalência e
os seus preditores em diferentes populações, bem como a validação de instrumentos
adaptados para as populações-alvo, e que permitam melhor medir e comparar resultados
34
adaptados às populações-alvo.
Assim, antes de apresentar os resultados devemos avaliar algumas propriedades
psicométricas, como a sensibilidade, a validade do construto e a consistência interna,
aproveitando o elevado tamanho da nossa amostra (N=5417).
Os resultados do presente estudo contribuíram para a validação das propriedades
psicométricas do CBI para a população de profissionais de saúde em Portugal, demonstrando
que esta é uma ferramenta consistente e fiável para avaliar o burnout nestes profissionais em
estudos futuros.
A validade de construto revelou algumas fragilidades que merecem um estudo mais
detalhado, dado que os modelos de ajustamento que calculamos para o CBI através da AFC
se revelaram todos sofríveis. Acreditamos que se possa encontrar um modelo de um fator
único para o burnout , o que poderá facilitar a investigação futura do tema, e ultrapassar uma
das limitações do MBI (Kristensen et al., 2005). Este indicador global de burnout permitirá
ainda desenvolver cortes populacionais para níveis clinicamente significativos de burnout
(Lapa et al., 2018) permitindo medir em concreto o nível de burnout de um indivíduo.
As elevadas correlações encontradas no nosso estudo entre as três dimensões do
burnut poderão estar relacionadas com todo o contexto exigente do ponto de vista pessoal,
profissional e social que esta pandemia impôs, em especial, aos profissionais de saúde, pelo
que se sugere nova validação futura.
Em relação às hipóteses formuladas inicialmente, as duas primeiras, e que se
prendem com os níveis de burnout e diferenças entre grupos profissionais, foram
confirmadas, ao serem os médicos e os enfermeiros a pontuarem mais alto nas três dimensões
do burnout e a existirem impactos diferentes em função da profissão nessas mesmas
dimensões. Efetivamente, os níveis de burnout encontrados na nossa amostra é mais elevado
do que apresentado em estudos com estes profissionais na era pré-pandémica.
As hipóteses 3 e 4, relacionadas com fatores associados positiva ou negativamente
ao burnout, foram ambas parcialmente confirmadas, com a maioria dos fatores constantes
do nosso modelo, e que foram identificados na literatura relevante sobre o tema, a
evidenciarem correlações significativas com o burnout. Algumas das variáveis
sociodemográficas estudadas revelaram-se pouco consistentes devendo merecer um
aprofundamento em estudos futuros sobre o tema.
Apesar do modelo de regressão linear múltipla que aplicamos explicar cerca de 40%
do burnout dos profissionais de saúde durante a pandemia, os restantes 60% deverão ser
explicados por outros fatores não estudados no nosso modelo, o que se apresenta como uma
35
limitação do mesmo. Outras variáveis como o engagement, o bem-estar pessoal e variáveis
intrapessoais, como os traços de personalidade, devem ser estudadas pois talvez possam
explicar outra parte do burnout (Vagni et al., 2020; Vala et al., 2017). Também a resiliência
se tem revelado um moderador importante do burnout em estudos recentes durante a
pandemia (Duarte et al., 2020; Guo et al., 2018). Poderão ainda existir stressores ligados ao
contexto familiar com impacto nos níveis de burnout relatados (Duarte et al., 2020). A
ansiedade aparece como um forte preditor do burnout em estudos realizados já durante
pandemia (Guixia & Hui, 2020; Labrague & De los Santos, 2020).
Face a estes resultados, os decisores políticos e os gestores de instituições de saúde
devem estar alerta pois estas organizações terão de lidar com o burnout, o absentismo, a
insónia, sintomas depressivos e stress pós-traumático dos seus profissionais (Burdorf et al.,
2020). Devem, por isso, ser implementadas com carácter urgente, medidas preventivas e
proporcionar o treino da resiliência junto dos seus profissionais (Vagni et. al., 2020) e
ajudando a reduzir a sensação de insegurança (Marjanovic et al., 2007) que, como
demonstramos, tem um impacto elevado no burnout. Esta fase deveser vista como uma
oportunidade das organizações contribuírem para o bem-estar das suas pessoas.
O impacto do suporte organizacional durante a COVID-19 deverá ser avaliado
regularmente, durante e após a pandemia, devendo-se também avaliar novamente os níveis
de burnout bem como as suas consequências que, acreditamos, se venham a agravar com o
passar do tempo e dada a incerteza de quando e como será ultrapassada esta pandemia.
Como limitação deste estudo podemos apontar a baixa taxa de adesão por parte dos
assistentes operacionais, podendo ser justificada pelo facto de termos optado pela divulgação
online do questionário. Será recomendado de futuro repensar numa estratégia para
incrementar a adesão destes profissionais. Outra limitação é o facto de nos estudos de
burnout serem utilizados instrumentos distintos e que dificultam a comparação dos
resultados.
O facto de praticamente não existirem estudos tão abrangentes, que envolvam
simultaneamente vários grupos de profissionais de saúde, indica a necessidade de realizar
mais estudos com estes grupos de profissionais quando for retomado o cenário de
normalidade. Assim, será possível comparar os resultados relativos aos níveis de burnout
durante a pandemia com esse cenário pós-pandémico e analisar os níveis de burnout tendo
em conta coortes de população mais específica, por exemplo, verificar quais as
especialidades médicas mais suscetíveis a apresentar níveis elevados de burnout.
Uma outra sugestão prende-se com a pertinência de identificar perfis de indivíduos
36
mais vulneráveis ao burnout e que poderão permitir o ajustar de medidas pessoais,
profissionais, organizacionais e sociais preventivas em função desses perfis, uma vez que a
saúde mental destes profissionais afeta a qualidade dos cuidados que prestam (Sahin et al.,
2020). Torna.se ainda urgente continuar a identificar estratégicas eficazes de coping e
promover a qualidade de vida no trabalho destes profissionais. Muitas instituições de saúde
começaram a disponibilizar apoio psicológico a estes profissionais, bem como acesso a
ferramentas online para a meditação e o relaxamento (Bansal et al., 2020) e a alguns serviços
que facilitem o equilíbrio trabalho-casa, e.g. creches, transportes, alojamento temporário,
entre outros (Morgantini et al., 2020).
Espera-se que o presente estudo reforce a urgência de implementação de medidas para a
promoção do bem-estar psicológicos destes profissionais que, nesta fase, são ainda mais
necessários para uma resposta adequada à pandemia.
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Apêndice: Questionário