rios e cidade: ruptura e conciliação, maria cecilia carbieri gorski no.1

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Maria Cecília Barbieri Gorski RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo Orientadora: Prof.ª Drª Angélica A. Tanus Benatti Alvim São Paulo 2008 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

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Page 1: Rios e Cidade: Ruptura e Conciliação, Maria Cecilia Carbieri Gorski no.1

Maria Cecília Barbieri Gorski

RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo

Orientadora: Prof.ª Drª Angélica A. Tanus Benatti Alvim

São Paulo2008

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

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Aprovada em agosto de 2008

Maria Cecília Barbieri Gorski

RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Drª Angélica Aparecida Tanus Benatti Alvim

Prof. Dr. Vladimir Bartalini

Prof. Dr. Valter Caldana

Page 3: Rios e Cidade: Ruptura e Conciliação, Maria Cecilia Carbieri Gorski no.1

A Nelson,

meu pai que me guiou para a vida e a profi ssão

Ao Michel

A Pedro e Laura

A Maria Ruth e Maria

pelo que representam para mim

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AGRADEÇO

À minha orientadora Profª Drª Angélica Tanus Benatti Alvim pela dedicação, entusiasmo e carinho no acompanhamento do trabalho

ACarolina Bracco e Roberto Rüsche pela ativa participação e pelas pesquisas realizadasFlávio Ventura pelos croquisClaudia Perrota pela revisãoFrancine Sakata e Guilherme Marinho pela editoração

AAlejandra DevecchiEstevam OteroMario Thadeu Leme de BarrosMia LehrerPatrícia AkinagaSadalla Domingospelas informações e esclarecimentos complementares à pesquisa

Ao Prof. Dr. Abilio Guerra por me incentivar a ingressar no mestrado

A Profª Drª Gilda Collet Bruna pelo apoio

Aos professores e colegas do Mackenzie pela qualidade e prazer da convivência

A Rosa Kliass por ter me apresentado à profi ssão e me motivado com sua paixão diante do trabalho

A Stela, irmã querida de todas as horas

À minha família e aos amigos queridos, pelo carinho, paciência e incentivo

A equipe do escritório, fi rme e solidária

Ciça Souza, Débora, Deise, Priscila e Renato

Ao MackPesquisa por cooperar na viabilização do trabalho

Page 5: Rios e Cidade: Ruptura e Conciliação, Maria Cecilia Carbieri Gorski no.1

Deparei-me pela primeira vez com a temática de recupera-

ção de rios urbanos, em 1995, em viagem exploratória para

arquitetos paisagistas, organizada pela ABAP, quando esti-

vemos frente a frente com o rio que acabou se tornando

alvo de um dos estudos de caso – o rio Don, na cidade de

Toronto.

Vários colegas que vêm trabalhando este tema contribuí-

ram para que o interesse pelo tema acabasse me conduzindo

de volta à escola. Jorge Oseki, Lúcia Costa, Nathan Cormier,

Paulo Pellegrino e Vladimir Bartalini estão entre eles. Lem-

bro-me bem do professor John Lyle quando veio ao Brasil

a convite da FAUUSP, e apresentou o conceito dos planos

de renaturalização de rios urbanos, elaborando na lousa os

croquis que substituíam o canal retifi cado de um rio, por um

traçado sinuoso.

Trabalhar esse processo parecia uma hipótese muito distan-

te...

Agora, já não mais.

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SUMÁRIO

RESUMOABSTRACTLISTA DE FIGURASLISTA DE QUADROSLISTA DE TABELAS INTRODUÇÃO

PARTE ICAPÍTULO 1. CURSOS D’ÁGUA E MEIO URBANO: DO CONVÍVIO À

RUPTURA1.1 Os cursos d’água como fatores de desenvolvimento: algumas

considerações1.2 A percepção e a valorização dos rios1.3 O rio e a paisagem1.4 O rio e a bacia hidrográfi ca como sistema de drenagem1.5 O rio e a vegetação1.6 Componentes físicos de um curso d’água 1.7 O rio como fonte de recursos hídricos1.8 A abordagem setorial da água e suas conseqüências1.9 A deterioração dos cursos d’água sob efeito dos impactos do

meio urbano

CAPÍTULO 2. CURSOS D’ ÁGUA E MEIO URBANO: EM BUSCA DO REENCONTRO

2.1 Redesenhando a paisagem a partir dos cursos d’ água 2.1.1 Importantes precursores da inclusão da dimensão paisagística em

projetos de saneamento e drenagem: Olmsted nos EUA e Saturnino Brito no Brasil

2.1.2 Abordagens inovadoras: a contribuição de Mc Harg e Lyle 2.2 Os cursos d’água nos eventos mundiais sobre o Meio Ambiente 2.3 Novas abordagens no rumo da recuperação

PARTE II. PLANOS E PROJETOS DE RECUPERAÇÃO DE CURSOS D’ÁGUA URBANOS. ESTUDOS DE CASOS [1991–2006 ]Critérios e justifi cativa da seleção dos casosMétodo de Análise dos Casos

CAPÍTULO 3. ESTUDO DOS CASOS INTERNACIONAIS (ESTADOS UNIDOS E CANADÁ)

3.1 O Plano de Recuperação do Rio Don: Bring Back the Don3.1.1 Contextualização3.1.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano3.1.3 Atores3.1.4 Objetivos3.1.5 Diretrizes3.1.6 Propostas3.1.7 O desenvolvimento do Plano3.1.8 Implementação

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3.2 O Plano de Revitalização do Rio Los Angeles3.2.1 Contextualização3.2.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano3.2.3 Atores3.2.4 Objetivos3.2.5 Diretrizes3.2.6 Propostas3.2.7 Implementação

3.3 O Plano de Recuperação da Orla do Rio Anacostia3.3.1 Contextualização3.3.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano3.3.3 Atores3.3.4 Objetivos3.3.5 Diretrizes3.3.6 Propostas3.3.7 Implementação

CAPÍTULO 4. ESTUDO DOS CASOS NACIONAIS4.1 O Plano de Ação Estruturador de Piracicaba: Projeto Beira-Rio

4.1.1 Contextualização4.1.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano4.1.3 Atores4.1.4 Objetivos4.1.5 Diretrizes4.1.6 Propostas4.1.7 Implementação

4.2 O Plano da Bacia do Rio Cabuçu de Baixo4.2.1 Contextualização4.2.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano4.2.3 Atores4.2.4 Objetivos4.2.5 Diretrizes4.2.6 Propostas4.2.7 Implementação

4.3 Parque Mangal das Garças4.3.1 Contextualização4.3.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano4.3.3 Atores4.3.4 Objetivos4.3.5 Diretrizes4.3.6 Propostas4.3.7 Implementação

CAPÍTULO 5. REFERÊNCIAS DE PLANEJAMENTO E PROJETOS DE CURSOS D’ÁGUA EM MEIO URBANO

5.1 Referências de planejamento e projeto selecionadas a partir dos casos5.1.1 Recuperação e Proteção do Meio Ambiente5.1.2 Articulação com as políticas urbanas 5.1.3 Inserção do rio no tecido urbano5.1.4 Valorização da identidade local e do sentido de cidadania5.1.5 Implementação, Monitoramento e Gestão

5.2 Síntese das referências signifi cativas: 10 recomendações para projetos de recuperação de rios urbanos

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RESUMO

Este trabalho versa sobre a relação rio-cidade. Os rios que já

se constituíram como elementos geográfi cos de grande atra-

tividade, entram em processo de degradação, principalmente

a partir da metade do século XX, sob o impacto da intensa

urbanização. Recentemente, com o advento das discussões

ambientais sob o paradigma da sustentabilidade, os rios, no

meio urbano, passam a ser alvos de projetos de recuperação

e valorização. O objetivo desse trabalho é discutir, a partir

da análise de um conjunto de planos de recuperação de rios

urbanos, internacionais e nacionais, quais os princípios que

orientam essa nova abordagem. Busca-se estabelecer um pa-

drão de comparação entre os casos, com o intuito de extrair

dessas experiências referências relevantes passíveis de apli-

cação em planos e projetos do mesmo gênero.

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ABSTRACT

This work runs upon the relationship between rivers and cities.

Rivers, which were once attractive geographic elements, impai-

red by an intense urbanization process, have been falling into

degradation, mainly from the mid-20th century on. Recently,

under the sustainability paradigm, as worldwide environmental

issues evolve, urban rivers become targets of recovering and

valorization processes The goal of this thesis is, after analyzing

a set of national and international recovering stream plans, to

examine the principles that led this contemporary approach.

It is intended to defi ne a comparative pattern among selected

cases with the purpose of drawing out from these experien-

ces considerable references to be applied into similar plans and

projects.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Escultura do rio Mississipi. Fonte: HUNTER (1978, p. 261)

Figura 2: Componentes da apreciação e compreensão da paisagem. Fonte: SARAIVA (1999, p. 226)

Figura 3: Pressão Urbana em Porto Velho. Fonte: Arquivo Michel Gorski

Figura 4: Componentes físicas de um c. Fonte: RILEY (1998, p. 29), modifi cado pela autora.

Figura 5: O Ciclo Hidrológico. Fonte: MACBROOM (1998, p.7) apud LECCESE, et al. ( 2004, p. 19)

Figura 6: Relação entre superfície impermeabilizada e superfície de escoa-mento. Fonte: LECCESE, et al. (2004, p. 76), modifi cado pela autora.

Figura 7: Ciclo de recarga dos aqüíferos. Fonte: United States Geological Survey (USGS). Disponível em: <http://ga.water.usgs.gov/edu/watercyclegwdis-charge.html>. Acesso 26 set. 2007

Figura 8: Mudanças Biológicas: Meio Ambiente Terrestre. Impactos da canali-zação sobre as funções naturais do rio. Fonte: RILEY (1998, p. 101), modifi cado pela autora.

Figura 9: Impactos da canalização sobre as funções naturais do rio: Mudanças Biológicas no meio ambiente aquático. Fonte: RILEY (1998, p. 101), modifi cado pela autora.

Figura 10: Impactos da canalização sobre as funções naturais do rio - Mudan-ças Físicas. Fonte: RILEY (1998, p. 101), modifi cado pela autora.

Figura 11: Planta e Projeto de Santos, em 1910, feita pelo Eng. Saturnino de Brito. Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/santos/. Acesso 8 mar. 2008

Figura 12: Percurso natural do rio Tietê e a proposta de melhoramento. Fonte: ZUCCOLO (2000, contracapa fi nal).

Figura 13: Woodlands – Passarelas sobre valetas gramadas garantem a aces-sibilidade do pedestre e a drenagem. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 95, n. 7, p. 61, jul.2005)

Figura 14: Woodlands – Desenho sustentável que visa proteger as áreas de recarga dos corpos d` água. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 95, n. 7, p. 64, jul.2005)

Figura 15: Evolução dos paradigmas ambientais, segundo Colbin e Schulkin, 1992. Fonte: CORREIA (1994) apud SARAIVA (1999, p. 28)

Figura 16: DREISTETL, H. e GRAU, D. New waterspaces: planning, building and designing with water. Boset, Birkäuser, 2005.

Figura 17: DREISTETL, H. e GRAU, D. New waterspaces: planning, building and designing with water. Boset, Birkäuser, 2005.

Figura 18: DREISTETL, H. e GRAU, D. New waterspaces: planning, building and designing with water. Boset, Birkäuser, 2005.

Figura 19: DREISTETL, H. e GRAU, D. New waterspaces: planning, building and designing with water. Boset, Birkäuser, 2005.

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Figura 20: Grande Bio – Região de Toronto. Localização da Bacia Hidrográfi ca do Rio Don. Fonte: HOUGH (1995, p.52)

Figura 21: Fisiografi a da área de Toronto. Destaca-se a cota do antigo Lago Iroquois em relação a cota atual do Lago Ontário. Fonte: HOUGH (1995, p.54)

Figura 22: Bacia Hidrográfi ca do Rio Don. Fonte: HOUGH (1995, p.53)

Figura 23: O rio Don e sistema viário. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/lower_don_map_large.htm>. Acesso em: 18 nov. 2007

Figura 24: Rio Don em 1891. Disponível em: <http//www.toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 25: Meandros originais do rio Don, desconfi gurados pela canalização. Fonte: HOUGH (1995, p.56)

Figura 26: Acessibilidade dos bairros em relação ao vale. Fonte: HOUGH (1995, p.58)

Figura 27: Foto aérea da foz do rio Don e o lago Ontário. Fonte: Toronto Wa-terfront Revitalization Task Force Report (2000, p. 07). Disponível em: <http://www.toronto.ca/waterfront/fung_report.htm>. Acesso em 14 jun. 2008

Figura 28: Vista para a parte sul, em direção ao lago Ontário. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 29: Obra de engenharia do século XX. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 30: Voluntários na construção de alagados construídos na parte baixa do rio Don. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/galleries.htm>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 31: Refl orestamento das margens do rio. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/treeplanting.htm>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 32: Participação da sociedade civil no refl orestamento e construção de trilhas. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/summer_volunteers.htm>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 33: Proposta para a orla do centro de Toronto. Fonte: Toronto Wa-terfront Revitalization Task Force Report (2000, p. 42 e 43). Disponível em: <http://www.toronto.ca/waterfront/fung_report.htm>. Acesso em 14 jun. 2008

Figura 34: Proposta para a foz do rio Don. Disponível em <http://www.toronto.ca/don/vision.htm>. Acesso 18 nov. 2007

Figura 35: Novo boulevard na orla de Toronto. Fonte: Toronto Waterfront Revi-talization Task Force Report (2000, p. 72). Disponível em: <http://www.toronto.ca/waterfront/fung_report.htm>. Acesso em 14 jun. 2008

Figura 36: Vista oeste do centro da cidade. Toronto Waterfront Revitalization Task Force Report (2000, p. 48). Disponível em: <http://www.toronto.ca/water-front/fung_report.htm>. Acesso em 14 jun. 2008

Figura 37: Situação no século XX. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 38: Situação proposta para o século XXI. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 39: Plano Estratégico para o Baixo Don – categorização dos segmentos. Fonte: HOUGH (1995, p.63) - Adaptado pela autora

Figura 40: Plano estratégico para o baixo Don. Fonte: HOUGH (1995, p. 63)

Figura 41: Trecho 1 - Rosedale Marshes, proposta conceitual: banhados, mean-dros, pistas de caminhada e recreação passiva. Fonte: HOUGH (1995, p. 65)

Figura 42: Trecho 1 - Rosedale Marshes: Várzea do rio Don. Fonte: HOUGH (1995, p. 64)

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Figura 43: Trecho 2 - River Channel, proposta conceitual: arborização, ciclovias, pistas de caminhada e lugares para apreciação da água. Fonte: HOUGH (1995, p. 66)

Figura 44: Trecho 2 - River Channel: Rio Don canalizado. Fonte: HOUGH (1995, p. 66)

Figura 45: Trecho 3 – Portlands Delta: O porto industrial e a foz existente do Don. Fonte: HOUGH (1995, p. 67)

Figura 46: Trecho 3 - Portlands Delta, proposta conceitual: banhado na foz do rio associado com a futura renovação urbana. Fonte: HOUGH (1995, p. 67)

Figura 47: A bacia Hidrográfi ca do Rio Los Angeles e o trecho de intervenção. Fonte: LARRMP (2005, p. 52)

Figura 48: A extensão do rio Los Angeles – das montanhas de Santa Mônica até Long Beach Harbor. Fonte: LARRMP (2005, p. 06)

Figura 49: O rio Los Angeles e seus tributários. Fonte: LARRMP (2005, p. 07)

Figura 50: O rio Los Angeles – Do passado ao presente. Fonte: LARRMP (2005, p. 15)

Figura 51: Expansão da cidade de Los Angeles, em 1887. Vista para o vale Elysian. Fonte: LARRMP (2005, p. 14)

Figura 52: Pré-canalização do rio Los Angeles, 1910. Fonte: LARRMP(2005, p. 15)

Figura 53: Foto aérea do trecho central da área de revitalização. Fonte: LARRMP (2005, p. 141)

Figura 54: Potenciais incrementos do corredor do rio Los Angeles. Fonte: LARRMP (2005, p. 62 e 63)

Figura 55: Melhoria do acesso ao rio. Fonte: LARRMP (2005, p. 24)

Figura 56: Proposta de revitalização do rio Los Angeles. Fonte: LARRMP (2005, p. 24)

Figura 57: Proposta para o canal secundário para fornecer acessibilidade e atividade para a orla. Fonte: LARRMP (2005, p. 149)

Figura 58: Proposta de um parque no trecho Canoga, para aumentar as áreas públicas adjacentes ao rio. Fonte: LARRMP (2005, p. 10)

Figura 59: Situação atual, rio canalizado. Fonte: Civitas - Urban Design, Plan-ning, Landscape Architecture. Disponível em : <http://www.civitasinc.com>. Acesso em 18 mai. 2008

Figura 60: Situação proposta – recuperação das várzeas e do acesso ao rio. Fonte: Civitas - Urban Design, Planning, Landscape Architecture. Disponível em: <http://www.civitasinc.com>. Acesso em 18 mai. 2008

Figura 61: Situação atual. Fonte: Civitas - Urban Design, Planning, Landscape Architecture. Disponível em : <http://www.civitasinc.com>. Acesso em 18 mai. 2008

Figura 62: Proposta – Tratamento paisagístico. Fonte: Civitas - Urban Design, Planning, Landscape Architecture. Disponível em : <http://www.civitasinc.com>. Acesso em 18 mai. 2008

Figura 63: Propostas de recuperação dos espaços públicos e melhoria do aces-so ao rio. Fonte: Mia Lehrer & Associates, Landscape Architecture. Disponível em: <http://www.mlagreen.com>. Acesso em 19 mai. 2008

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Figura 69: Alternativas de tratamento do canal em função das áreas dispo-níveis e respectivas características hidrológicas – capacidade e velocidade do canal. Fonte: LARRMP (2005, p. 39)

Figura 70: Propostas de recuperação dos trechos canalizados à curto e longo prazo. Fonte: LARRMP (2005, p. 62 e 63)

Figura 71: A bacia hidrográfi ca do rio Anacostia e o Washington D.C. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Anacostia_River>. Acesso em 03 mar. 2008

Figura 72: Washington é dividido em quatro quadrantes: noroeste, nordeste, sudeste e sudoeste, delimitados por eixos que determinam a posição do edi-fício do Capitólio. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Image:DC_sa-tellite_image.jpg>. Acesso em 03 mar. 2008

Figura 73: Bacia Hidrográfi ca do rio Anacostia. Fonte: “The Anacostia Water-front Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.26)

Figura 74: Localização da área do plano de intervenção. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.4)

Figura 75: Projeto para o “Mall”, Plano McMillan, 1901. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.13)

Figura 76: Plano para o Sistema de Parques Metropolitanos, da Comissão de Parques do Senado, 1902. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan – District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.13)

Figura 77: Plano de Pierre Charles L’Enfant (parceria com Thomas Jefferson) para a cidade em 1793. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.12)

Figura 78: Corredor do rio Anacostia e suas proximidades na década de 1960. O rio Anacostia fl ui no sentido diagonal, de nordeste para sudoeste. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Anacostia_River>. Acesso em 03 mar. 2008

Figura 79: Foto aérea da bacia hidrográfi ca do Anacostia – Localização de áreas sub-utilizadas (Ortofoto – 1999). Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.14-15)

Figura 80: Vista aérea do rio Anacostia e o distrito de Columbia – Washington. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 2)

Figura 81: Expansão da área de desenvolvimento econômico do norte e oeste para o quadrante sudeste de Washington, através do Anacostia. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Plan-ning” (2003, p. 9)

Figura 82: Mapa de Washington. Localização do parque e do Corredor da Rua “M”, em relação ao Anacostia e Capitólio. Fonte: Revista Landscape Architectu-re (v. 95, n. 6, p. 108, mai. 2005)

Figura 83: Plano geral para a recuperação do rio Anacostia. Fonte: “The Ana-costia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.133)

Figura 84: Século 21 - Visão das margens do rio Anacostia no centro de crescimento, Washington. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 8)

Figura 85: Propostas para melhoria do passeio público e aumento da vitalidade do espaço público. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 95, n. 6, p. 109, mai. 2005)

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Figura 88: Desenho artístico – Proposta de um novo centro de educação ambiental na Ilha Kingman. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.22)

Figura 89: Desenho artístico – Proposta para Avenida Pensilvânia, com nova iluminação e passeio público para acessar o rio e o Parque. Fonte: “The Ana-costia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 36)

Figura 90: Proposta para melhoria das condições ambientais dos caminhos com arborização de árvores nativas para sombreamento. Fonte: Revista Lands-cape Architecture (v. 95, n. 6, p. 115, mai. 2005)

Figura 91: Proposta para proporcionar atividades noturnas no parque e ruas adjacentes. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 95, n. 6, p. 114, mai. 2005)

Figura 92: Perspectiva da reconstrução dos bairros a sudeste de Washing-ton – Proposta de uso habitacional na orla. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 4)

Figura 93: Idem.

Figura 94: Ilustrações das possíveis situações cotidianas após a recuperação do rio Anacostia. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 1)

Figura 95: Antigo aterro sanitário das ilhas Kingman e Heritadge a ser trans-formado em parque. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 98, n. 3, p. 105 mar. 2008)

Figura 96: Proposta para recuperação da orla com a inserção de atividades náuticas e espaços verdes de lazer. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 98, n. 3, p. 111, mar. 2008)

Figura 97: Bacias Hidrográfi cas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Dis-ponível em; <http://www.ipplap.com.br/projetos_beirario_introducao3.php>. Acesso em 12 jul. 2007

Figura 98: Foto aérea do trecho urbano do rio Piracicaba e entorno em 2000. Fonte: PAE (2003, p.100)

Figura 99: Orla do rio Piracicaba, presença da atividade pesqueira. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 100: Engenho, patrimônio arquitetônico de Piracicaba. Fonte: Levanta-mento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 101: Vista da orla do rio em direção ao salto de Piracicaba. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 102: Vista das margens do rio para o centro de Piracicaba. Em destaque o edifício Prefeitura. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 103: Vista das orlas do rio Piracicaba. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 104: Proposta de recuperação do rio Piracicaba sobre a foto aérea 2000. Fonte: Proposta de Adequação Ambiental e Paisagística do Trecho Urbano do Rio Piracicaba e Entorno in IPPLAP (2003, Anexo 8).

Figura 105: Escala Urbana do Projeto Beira-Rio, dividido em oito trechos. Dis-ponível em: <http://www.ipplap.com.br/projetos_beirario_introducao3.php>. Acesso em 12 jul. 2007

Figura 106: Escala Setorial - Propostas para os trechos 1 e 2. Fonte: PAE (2003, p. 55)

Figura 107: Projeto Start – Foco nos Trechos 1 e 2. Fonte: PAE (2003, p. 56)

Figura 108: Idem.

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Figura 109: Desenhos artísticos da proposta do Projeto Beira – Rio. Fonte: PAE (2003, p. 83)

Figura 110: Idem. Fonte: PAE (2003, p. 84)

Figura 111: Idem. Fonte: PAE (2003, p. 86)

Figura 112: Idem. Fonte: PAE (2003, p. 85)

Figura 113: Antes - Passeio público de difi cultando o acesso ao rio. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 114: Depois - Recuperação da acessibilidade das calçadas e contato com o rio. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 115: Rua do Porto, substituição de estruturas em avanço sobre a mar-gem por superfícies alternadamente compostas por deques de madeira, britas e jardins. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/inst118.asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 116: Vista da Rua do Porto com acessos à margem do Rio Piracicaba. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/inst118.asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 117: Trilha - Piso permeável para pedestres e pescadores ao longo da margem. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/inst118.asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 118: Trilha: Piso permeável para pedestres e pescadores ao longo da orla. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/inst118.asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 119: Revitalização da Rua do Porto – 1º Fase do Projeto Beira - Rio. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 120: Calçadão da Rua do Porto. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/inst118.asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 121: Localização da área de estudo - Bacia do rio Cabuçu de Baixo no contexto da RMSP. Fonte: Barros (2007, p. 23).

Figura 122: Principais cursos d`água da Bacia do Cabuçu de Baixo - Bananal, Guaraú, Bispo e Cabuçu de Baixo trecho fi nal. Fonte: Barros (2007, p. 25)

Figura 123: Córrego Cabuçu de Baixo – Bacia do Cabuçu de Baixo. Fonte: CANHOLI (2005, p.256)

Figura 124: Imagem Satélite Landsat - Bacia do rio Cabuçu de Baixo e sua urbanização. Fonte: BARROS (2007, p. 24)

Figura 125: Localização da microbacia do Córrego do Bananal. Fonte: BARROS (2007, p. 84)

Figura 126: Detalhe da área de inundação prevista para 25 anos, situação atual. Fonte: BARROS (2007, p. 103)

Figura 127: Ocupação densa na Bacia Cabuçu de Baixo. Fonte: BARROS (2007, p. 33)

Figura 128: Favela consolidada nas margens do córrego Canivete (afl uente do córrego Bananal). Fonte: BARROS (2007, p. 65)

Figura 129: Ocupação desordenada nas margens do córrego Bananal. Fonte: BARROS (2007, p. 32)

Figura 130: Av. Inajar de Souza: Canalização do rio Cabuçu de Baixo (canal a céu aberto). Fonte: BARROS (2007, p. 34)

Figura 131: Idem.

Figura 132: Entulho, solo e lixo dispostos junto às margens do córrego do Bananal – Área crítica de inundações na bacia. Fonte: BARROS (2007, p. 85)

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Figura 133: Idem.

Figura 134: Programa de Ação1: Reservatório Bananal – Bacia de detenção (a) . Fonte: BARROS (2007, p. 35)

Figura 135: Canalização do córrego Guaraú a montante do reservatório (b). Fonte: BARROS (2007, p. 35)

Figura 136: Medidas em rua de fundos de vale: Caminhos Verdes Fonte: BAR-ROS (2007, p. 125)

Figura 137: Programa 2: Preservação e Recuperação Ambiental – Situação atual. Fonte: BARROS (2007, p. 128)

Figura 138: Programa 2: Preservação e Recuperação Ambiental – Proposta. Fonte: BARROS (2007, p. 129)

Figura 139: Programa 2 – Programa de Preservação e Recuperação Ambiental. Fonte: BARROS (2007, p. 137)

Figura 140: Programa 2 – Programa de Preservação e Recuperação Ambiental. Fonte: BARROS (2007, p. 138)

Figura 141: Programa 3 – Parque Linear do Bananal. Fonte: BARROS (2007, p. 141)

Figura 142: Programa 3 – Parque Linear do Bananal. Fonte: BARROS (2007, p. 142)

Figura 143: Localização do município de Belém em relação ao estado do Pará. Disponível em: <http://www.pt.wikipedia.org>. Acesso em 10 out. 2007.

Figura 144: Localização do rio Guamá em relação a cidade de Belém. Disponível em: <http://www.belem.pa.gov.br/>. Acesso em 10 out. 2007.

Figura 145: Localização da área de intervenção antes da implantação do par-que. Fonte: Google Earth. Acesso em 16 nov. 2007.

Figura 146: Vista aérea da área de intervenção e o rio Guamá. Fonte: Arquivo Rosa Grená Kliass, cedido para a autora.

Figura 147: Vista aérea do terreno cedido pela marinha ao Estado do Pará. Fonte: Arquivo Rosa Grená Kliass, cedido para a autora.

Figura 148: Situação encontrada: Muro inviabilizando o contato da população com as margens do rio Guamá. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 149: Corte das aningas, degradação e perda do equilíbrio ecológico local. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 150: Implantação do Parque Mangal das Garças. Fonte: Revista Lands-cape Architecture (v. 96, n. 4, p.123, abr. 2006).

Figura 151: Vista geral do parque à beira do rio Guamá: lago, Farol de Belém e Memorial Amazônico da Navegação. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 152: Vista do interior do Parque. O lago Cavername para o Farol de Belém. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 153: Vista aérea do parque com o rio Guamá. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 154: Memorial Amazônico da Navegação e o mirante sobre o rio Gua-má. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 155: Proteção de margem com faxinas fi xadas com estacas. Fonte: Baden-Wurtt in COSTA (2001, p. 41) apud CARDOSO (2003).

Figura 156: Proteção de margem com estacas de madeira colocadas transver-salmente. Fonte: Baden-Wurtt in SELLES (2001, p. 37)apud CARDOSO (2003).

Figura 157: Proteção de margens com entreleçamento de varas colocadas transversalmente. Fonte: SELLES (2001, p. 37) Apud CARDOSO (2003).

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Figura 158: Proteção de margem com raízes e pedras. Fonte: LFW - Munique in SELLES (2001, p. 45) apud CARDOSO (2003).

Figuras 169: Evolução da remoção de um canal onde não há limitação com expansão da margem vegetada Fonte: COSTA (2001, p. 143) apud CARDOSO (2003)

Figura 160: Idem.

Figura 161: Idem.

Figura 162: Idem.

Figura 163: Propostas de curto prazo: inserção de vegetação no topo das margens canalizadas. Fonte: Adaptado pela autora de Los Angeles River Revi-talization Master Plan, disponível em <http://ladpw.org/wmd/watershed/LA/LA_River_Plan.cfm>. Acesso em 17/06/2007.

Figura 164: Proposta de acesso ao rio. Fonte: Adaptado pela autora de Los An-geles River Revitalization Master Plan, disponível em <http://ladpw.org/wmd/watershed/LA/LA_River_Plan.cfm>. Acesso em 17/06/2007.

Figura 165: Proposta para melhoria da transposição do rio, valorizando o pe-destre, com passarelas, ciclovias e pistas de caminhada. Fonte: Adaptado pela autora de Los Angeles River Revitalization Master Plan, disponível em <http://

ladpw.org/wmd/watershed/LA/LA_River_Plan.cfm>. Acesso em 17/06/2007.

Figura 166: Leito do rio com “by-pass” para lagoa de retenção. Fonte: Adap-tado pela autora de Los Angeles River Revitalization Master Plan, disponível em <http://ladpw.org/wmd/watershed/LA/LA_River_Plan.cfm>. Acesso em 17/06/2007.

Figura 167: Aumento da vazão dos defl úvios em consequência da impermea-bilização crescente do meio urbano. Fonte: Adaptado pela autora de DREISEITL (2007, p. 25).

Figura 168: Diminuição da vazão dos defl úvios em consequência da microdre-nagem: infi ltração na escala do lote e do bairro. Fonte: Adaptado pela autora de DREISEITL (2007, p. 25).

Figura 169: Bio-retenção nas calçadas: condução das águnas pluviais para os canteiros plantados. Fonte: Adaptado pela autora de Revista Landscape Archi-tecture (v. 95, n. 6, p. 109, mai. 2005).

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Principais processos poluidores da água. Fonte: BARROS et al. (1995, p.38) apud CARDOSO (2003, p.20)

Quadro 02: Principais causas e fontes de degradação dos rios, lagos e estuários. Fonte: LECCESSE, et al. (2004, p.14)

Quadro 03: Eventos mundiais relacionados com a legislação brasileira e a preservação dos recursos hídricos

Quadro 04: Sistematização dos tipos de medidas de defesa contra as cheias. Fonte: PARK (1981) apud SARAIVA (1999, p. 320)

Quadro 05: Recuperação e proteção do sistema fl uvial.

Quadro 06: Articulação com as políticas urbanas.

Quadro 07: Inserção do rio no tecido urbano.

Quadro 08: Valorização da identidade local e do sentido de cidadania.

Quadro 09: Implementação, monitoramento e gestão.

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Coefi ciente de escoamento superfi cial, em função das caracte-rísticas das bacias. Fonte: JORGE & UEHARA (1999, p. 102), apud CARDOSO (2003, p. 17)

Tabela 02: Consumo total de água. Fonte: TUNDISI (2003, p. 32)

Tabela 03: Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitá-rio, segundo as Grandes Regiões – 2000. Fonte: Relatório do IBGE. Disponí-vel em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/27032002pnsb.shtm>. Acesso 01 out. 2007

Tabela 04: Erosão em função da topografi a. Fonte: U.S. Forest (1969) apud CARDOSO (2003, p.18)

Tabela 05: Projeção de População e Domicílios. Fonte: Programas Integra-dos Regionais - SABESP - MP-2001

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INTRODUÇÃO

As cidades contemporâneas são palco de problemas sociais,

econômicos e ambientais, principalmente nos países em de-

senvolvimento, onde as disparidades sociais e a carência de

recursos fi nanceiros e técnicos para equacionar as questões

de infra-estrutura urbana e de gestão ambiental são mais

acentuadas.

Os rios urbanos, que já vinham passando por grandes trans-

formações, em especial a partir da intensa urbanização ocor-

rida após a década de 1950, têm sua condição de deterioração

agravada com a precariedade do saneamento básico, com a

crescente poluição ambiental, com as alterações hidrológicas

e morfológicas, bem como com a ocupação irregular de suas

margens.

Por um lado, em todo o mundo, grande parte dos cursos

d’água que se localizam no meio urbano sofreu, ao longo do

tempo, um processo de degradação contínua, transforman-

do-se em alvo de esquecimento e rejeição. Por outro, o meio

urbano vem sendo constantemente exposto a inundações, à

carência de mananciais adequados para abastecimento pú-

blico, além de sofrer a desqualifi cação da paisagem fl uvial.

A preocupação com os distúrbios ambientais vem evoluindo

mais signifi cativamente a partir do fi nal da década de 1960,

com os movimentos e conferências mundiais sobre Meio

Ambiente promovidos desde então.

Nesse contexto observa-se uma revisão das ações antrópicas

sobre a bacia hidrográfi ca e sobre os recursos hídricos de for-

ma mais ampla. Inicialmente, sobressaem as visões dissocia-

das da relação rio-paisagem e rio enquanto recurso hídrico.

Posteriormente, de forma mais acentuada a partir dos anos

1990, tais visões se integram sistemicamente.

Page 20: Rios e Cidade: Ruptura e Conciliação, Maria Cecilia Carbieri Gorski no.1

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

No início da década de 1980, arquitetos e planejadores atuantes na área de planejamento

e projeto da paisagem testaram e desenvolveram princípios e técnicas de intervenção pai-

sagística que visavam um equilíbrio ecológico. Em 1985, John Lyle1, considerado um dos

arquitetos mais expressivos do grupo, publicou suas experiências no livro Design for human

ecosystems.

Durante a década de 1990, diversas cidades situadas, predominantemente, nos países desen-

volvidos, implementaram planos e projetos considerados modelos, no que tange ao trata-

mento de sistemas ou corredores fl uviais urbanos sob o ponto de vista da integração com o

meio urbano e com a microbacia ou a bacia hidrográfi ca em que se inserem.

Nessa medida, o objetivo geral desta pesquisa é justamente contribuir para ampliar o campo

do conhecimento e a refl exão do processo de formulação e implementação de planos e pro-

jetos que visam à reconciliação dos rios ao meio urbano. A partir de um conjunto de casos

considerados inovadores, foram reunidas referências projetuais de cunho ambiental, cultural

e institucional que pudessem constituir parâmetros de intervenções, sempre de modo a ar-

ticular os cursos d’água ao meio urbano.

Considerando que esse olhar parte de profi ssionais que trabalham num país em desenvolvi-

mento, com as limitações de atuação sobre o espaço público muito presentes, as indagações

básicas que conduziram a pesquisa foram as seguintes:

Como re-integrar os cursos d’água à paisagem e à vida urbana dentro de parâme-

tros de qualidade ambiental?

Como planejar a paisagem, em seu processo dinâmico, repensando a natureza

dentro do meio urbano consolidado?

Quais os projetos signifi cativos que envolvem esta temática nos últimos 15 anos e

podem apresentar referências aplicáveis à nossa realidade?

Para responder a tais indagações, foram delineados os seguintes objetivos específi cos:

Discutir um conjunto de planos e projetos paisagísticos de recuperação de cursos

d’água urbanos, desenvolvidos ou implementados entre 1990 e 2006, buscando

investigar as especifi cidades estabelecidas de acordo com o sítio, aspectos socio-

culturais e aspectos políticos e de gestão;

Identifi car os princípios que norteiam os casos estudados, verifi cando os temas em

que se subdividem e os objetivos, diretrizes e propostas decorrentes;

Extrair referências projetuais passíveis de orientar a abordagem técnica e socio-

política de planos de recuperação de rios urbanos.

O recorte temporal estabelecido foi de 1990 a 2006, devido ao fato de esse período concen-

trar um conjunto de idéias e iniciativas relevantes, especialmente em países desenvolvidos,

1 John Tillman Lyle, arquiteto paisagista e professor da Universidade Politécnica da Califórnia, em Pomona.

Page 21: Rios e Cidade: Ruptura e Conciliação, Maria Cecilia Carbieri Gorski no.1

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

voltadas para a recuperação dos rios de forma integrada à sua bacia hidrográfi ca. Particular-

mente no Brasil, nessa década foi instituída uma política integrada e participativa de recur-

sos hídricos, incorporando a bacia hidrográfi ca como unidade de planejamento e gestão.

A adoção do termo recuperação baseia-se nas defi nições da URBEM2 acerca dos tipos de

intervenções possíveis no resgate dos sistemas fl uviais, sendo esta a defi nição que melhor

se aplica aos casos selecionados e aos exemplos similares em geral. Recuperação3 signifi ca

melhoria do corrente estado do curso d’água e seu entorno, tendo como objetivo uma valo-

rização geral das propriedades ecológicas, sociais, econômicas e estéticas.

Ao se iniciar a seleção dos casos, o primeiro movimento tendia a abarcar apenas exem-

plos internacionais, apresentados fartamente em material bibliográfi co. Os casos brasileiros,

além de pouco conhecidos, pareciam pouco numerosos. Porém, à medida que a busca foi

sendo aprofundada, foram surgindo informações sobre ações de despoluição de córregos,

sobre projetos de parques lineares e de planos preliminares visando intervenções mais sig-

nifi cativas.

A presente pesquisa teve então como objeto o estudo de seis planos de recuperação de

cursos d’água de diferentes escalas, sendo três deles internacionais: rio Don, em Toronto,

Canadá; rio Los Angeles, em Los Angeles, e rio Anacostia, em Washington D. C., estes dois

últimos situados nos Estados Unidos. E três nacionais: rio Piracicaba, em Piracicaba; micro-

bacia do Cabuçu de Baixo, em São Paulo, ambos situados no estado de São Paulo, e Mangal

das Garças, às margens do rio Guamá, em Belém, Pará.

A metodologia de pesquisa adotada consistiu basicamente na investigação bibliográfi ca e

documental de cada caso, de caráter descritivo e analítico; em seguida, foram defi nidos os

princípios e referências projetuais. As etapas foram:

Revisão bibliográfi ca: montagem do quadro teórico conceitual examinando os

conceitos e autores que discutem as principais refl exões sobre o tema; essa pes-

quisa incluiu consultas a livros, revistas e internet;

Pesquisa documental, levantamento e sistematização dos documentos relaciona-

dos aos estudos de caso selecionados, especialmente os planos, projetos e legis-

lações;

2 URBEM - Urban River Basin Enhancement Methods é um programa da Comissão Européia (EC – European Comission) que envolve várias entidades parceiras de âmbito internacional e se dedica ao estudo de bacias hidrográfi cas urbanas.

3 Outros tipos de intervenção defi nidos pela URBEM: Restauração – visa restabelecer a condição original do curso d’água no tocante a suas características físicas, químicas e biológicas, ou seja, signifi ca um retorno de cunho funcio-nal e estrutural ao estado pré-impacto antrópico; Reabilitação – processo que pode ser defi nido como um retorno parcial às condições funcionais e/ou estruturais do estado original ou pré-degradação do curso d’água ou trazendo de volta o equilíbrio funcional. Norteia-se pelos princípios ecológicos (biológicos, hidromorfológicos e físico-químicos) através da aplicação de medidas estruturais e não-estruturais; Renaturalização – abordagem naturalística visando recriar um ecossistema fl uvial natural, sem, contudo, restabelecer a condição original do curso d’água, pré-estado antrópico.

Page 22: Rios e Cidade: Ruptura e Conciliação, Maria Cecilia Carbieri Gorski no.1

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Defi nição de princípios norteadores da leitura e análise dos casos;

Comparação entre os casos para identifi cação de referências elegíveis;

Síntese das referências passíveis de serem aplicadas em planos e projetos de mes-

ma temática.

A dissertação divide-se em cinco capítulos, agrupados em duas partes:

A parte I trata do referencial teórico, contextualizando inicialmente o equilíbrio da relação

rio-cidade e posterior ruptura, e contém os capítulos 1 e 2.

O capítulo 1 traz breves considerações sobre a relação rio-cidade, buscando compreender

o papel do rio no meio urbano num processo que evolui de uma relação de equilíbrio para

uma relação de confl itos.

O capítulo 2 aborda os movimentos mundiais pró-recuperação ambiental e as visões de in-

tegração entre sociedade e natureza na perspectiva da reconciliação entre os rios e o meio

urbano.

Na parte II, constituída pelos capítulos 3, 4 e 5, são detalhados os critérios que orientaram

a seleção dos casos, bem como o método de análise e de comparação entre eles.

Nos capítulos 3 e 4 apresenta-se, respectivamente ,o estudo do conjunto dos casos interna-

cionais e do conjunto dos casos nacionais, a partir de um roteiro pré-defi nido.

No capítulo 5 são estabelecidos os princípios que orientam, com maior ou menor intensida-

de, os casos analisados, comparando cada caso a partir de quadros que sintetizam os obje-

tivos, as diretrizes e as propostas relacionados às temáticas abordadas. São estabelecidas, a

partir da comparação, as referências relevantes passíveis de aplicação em planos e projetos

do mesmo gênero.

Por fi m, as considerações fi nais retomam os aspectos centrais da pesquisa, ressaltando prin-

cipalmente as referências projetuais e os desafi os que se colocam para o futuro dos rios e

sua inserção no meio urbano brasileiro.

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PARTE I

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CURSOS D’ÁGUA E MEIO URBANO:DO CONVÍVIO À RUPTURA

1

Instalação de Eduardo Srur. Caiaques, 2006, no Rio Pinheiros, São Paulo/ SP. FOTO: E. Srur

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Na história das civilizações, de modo geral, os cursos d’água,

rios, córregos, riachos integravam sítios atraentes para assen-

tamentos, indistintamente, de curta ou longa permanência

e eram tidos como marcos ou referenciais territoriais. Figu-

ram no imaginário coletivo associados, predominantemente,

aos mananciais, porém apresentam propriedades outras, tais

como demarcadores de território, produtores de alimentos,

corredores de circulação de pessoas e de produtos comer-

ciais e industriais, corredores de fauna e fl ora, geradores de

energia, espaços livres públicos de convívio e lazer, marcos

referenciais de caráter turístico, elementos determinantes de

feições geomorfológicas e conexão entre elas.

Hoje, porém, o sentimento geral a respeito do estado dos rios

nas áreas urbanizadas parece repetir sempre a mesma canti-

lena saudosista e nostálgica – como já foram signifi cativos,

quantas lembranças de sua fase de balneabilidade, quando

representavam fonte de riqueza para o desenvolvimento da

sociedade e para a formação das paisagens, no processo de

interação com o meio urbano.

A evolução da urbanização foi conseguindo eclipsá-los e anu-

lar sua importância, quase restringindo sua presença apenas

aos sintomas perturbadores; ou seja, mau cheiro, obstáculo

à circulação e ameaça de inundações. Chega a parecer que a

situação “cidades invadindo as águas, e águas invadindo as

cidades” (COSTA, 2006, p.10) se generalizou como irreversí-

vel, inerente ao desenvolvimento.

Este capítulo objetiva, então, compreender as diversas fases

pelas quais os rios vêm passando. Neste sentido, é funda-

mental entender como um de seus principais componentes,

a água, como recurso hídrico indispensável para os seres vi-

Page 26: Rios e Cidade: Ruptura e Conciliação, Maria Cecilia Carbieri Gorski no.1

26

RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Figura 01: Escultura do rio Mississipi de Isamu NoguchiFonte: HUNTER, 1978. p.2611

vos, foi sofrendo um processo de deterioração, chegando a representar um problema que

afeta a saúde pública, acentuando a desvalorização desse sistema.

Por se tratar de uma abordagem cujo foco de análise é o meio urbano, considera-se ne-

cessário pontuar os impactos resultantes da dinâmica sócio-espacial da urbanização que

contribuíram para a alienação em relação aos rios.

1.1 Os cursos d’água como fatores de desenvolvimento: considerações

O rio permeia as manifestações culturais da mitologia, da história, da literatura, da música,

da religião, da fi losofi a, da pintura, da escultura (Figura 1 ) e do cinema. Para diversas civili-

zações, sua presença foi, historicamente, sinônimo de riqueza e poder, mas também, por ou-

tro lado, de fúria, de força da natureza, tendo potencial destruidor e catastrófi co, trazendo

doenças, arrasando cidades e dizimando populações (SARAIVA, 2005).

A lógica norteadora de inúmeras civilizações antigas na se-

leção do sítio para estabelecer suas aldeias foi a proximidade

da água, quer seja por razões funcionais, estratégicas, cultu-

rais ou patrimoniais. A Mesopotâmia, por exemplo, como o

nome já explicita, foi construída entre os rios Tigre e Eufra-

tes, e há também as cidades egípcias nas imediações do Nilo,

as cidades da civilização greco-romana, junto à bacia do Me-

diterrâneo e ao rio Tibre, as civilizações orientais nas imedia-

ções do Himalaia, as cidades medievais européias – Londres,

ao longo do Tâmisa; Paris, ao longo do Sena; Viena, ao longo

do Danúbio; Praga, ao longo do Vlatva (idem, 1998).

Também nos Estados Unidos, desde a sua colonização, as di-

versas aglomerações urbanas se formavam junto à costa ma-

rítima ou junto aos rios, tidos como eixos de deslocamento

rumo a outras regiões ribeirinhas a serem conquistadas.

A emergente rede de transportes na América do Norte era uma intrincada mescla de rotas nave-gáveis e terrestres, em que os rios eram sempre o principal elo: no início do século XIX as mer-cadorias que se destinavam à região oeste eram embarcadas nos portos da costa oriental até Pits-burgo de onde balsas transportavam-nas através

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

dos rios Ohio e Mississipi por 1800 milhas até Nova Orleans (WRENN, 1983 apud OTTO, 2004, p.1).

O Brasil apresenta uma situação similar, pois, segundo Rebouças (2006), é detentor de uma

das mais extensas e ricas redes de rios perenes do mundo, por suas condições geológicas

e climáticas dominantes, com grande extensão territorial, localizada geografi camente na

faixa mais úmida da terra, entre o Trópico de Capricórnio e o Equador.

Em certas regiões do Brasil, as populações ribeirinhas tiveram, e têm ainda, seu cotidiano

associado ou abastecido pelos rios e córregos. Assim, a água é utilizada na habitação, na ati-

vação de engenhocas, como o monjolo ou roda d’água, e está presente em espaços de lazer,

como o futebol de várzea. O leito fl uvial serve, ainda, para o deslocamento, para lavagem

de roupas e atividades extrativistas, como a pesca, e para a mineração de pequena escala,

de areia, argila e pedras.

Pode-se tomar como exemplo a vila de São Paulo, em sua fase de colonização. Fundada em

1554, estabeleceu-se num promontório localizado entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú

em sítio próximo a outros dois rios, Pinheiros e Tietê. O núcleo urbano permaneceu concen-

trado nessa colina histórica, debruçado sobre os rios Tamanduateí e Anhangabaú por quase

três séculos (KAHTOUNI, 2004).

O Tietê, então chamado de Anhembi pelos indígenas, habitantes originais, era navegável e,

cruzando o estado de São Paulo no sentido leste-oeste, possibilitou a exploração do interior

do Brasil, ampliando a área de exploração da colonização portuguesa em direção às terras de

Cuiabá, atual capital do estado do Mato Grosso. Os índios já se utilizavam das canoas para

navegação, e os jesuítas e bandeirantes se serviram também daquela via fl uvial, na busca de

mão de obra escrava e mineração. As monções, como eram chamadas as frotas de comércio

e abastecimento, trafegavam pelo rio Tietê, partindo das localidades de Itu ou Porto Feliz

até a sua foz, no rio Paraná. E dali seguiam por outros rios, passando pelo Paraná e Paraguai

até as capitanias de Cuiabá e Mato Grosso. Essas viagens fl uviais ocorreram intensamente

no período que vai desde o início do século XVIII até início do século XIX, ocasião em que

as estradas terrestres foram sendo abertas. As últimas ocorreram por volta de 1838, quando

uma epidemia de febre tifóide tomou conta das margens do Tietê, ocasionando muitas ví-

timas (HOLANDA, 1994).

Na visão de Delijaicov (1998), o rio Tietê é uma grande avenida, os rios Pinheiros e Taman-

duateí, avenidas secundárias e os pequenos rios, ruas de acesso mais localizado dentro desse

sistema. O rio Tamanduateí era a via de articulação da vila de São Paulo com o Tietê, cujas

várzeas, com o passar do tempo e o avanço da urbanização, foram sendo ocupadas e, pau-

latinamente, modifi cadas.

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Kahtouni (op.cit.) vai buscar um relato do engenheiro Teodoro Sampaio que rememora o

percurso de canoa do Porto Geral1 a Santo André ou ao Porto do rio Tietê. Em relação ao

rio Tietê, o processo de ocupação foi um pouco mais lento, pois a ocupação urbana naquela

direção deu-se mais intensivamente a partir de meados do século XIX, quando se construiu

a primeira ferrovia (1867) – a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí – ligando o interior do estado

ao porto de Santos. As várzeas do Tietê eram usadas para atividades diversas, como pesca,

recreação, hortas e lavagem de roupas.

Alguns outros exemplos de cidades ribeirinhas de grande porte como Blumenau, Recife,

Cuiabá, Manaus, Porto Alegre têm nos rios um fator de vitalidade e atração turística, ainda

que poluídos ou com suas características físicas alteradas. Belém do Pará é um exemplo

signifi cativo. Situado em estratégica posição à beira do rio Guamá, que, confl uindo a outros

rios, e se encontrando com o mar logo depois da baía de Marajó, possibilitou, no século

XVII, a ligação direta com a metrópole portuguesa, que, através da rede hídrica da Bacia

Amazônica, passava a controlar o norte do Brasil (DUARTE, 2006).

1.2 A percepção e a valorização dos rios

A consciência por parte da população da dependência e da fi nitude dos recursos naturais,

como a água, por exemplo, é um fator relevante de valoração e envolvimento no sentido da

preservação, conservação ou recuperação, no caso, dos cursos d’água e dos mananciais de

abastecimento urbano.

É expressiva a relação que os povos nativos do Brasil tinham com a água e a paisagem (i em

tupi), como se pode notar nas palavras toponímicas que integram a nossa língua (NEIMAN,

2005, p. 264):

Icatu – água boa

Barueri – águas correntes

Iguatemi – água verde

Ipiranga – terra barrenta

Tietê – ty-rio, ete-verdadeiro

No Brasil, a relação harmoniosa de encontro da população com o rio ocorreu, de modo geral,

até a metade do século XX, quando então se ampliaram os confl itos entre desenvolvimento,

sociedade e meio físico, e a poluição e a difi culdade de acesso às áreas ribeirinhas foram

expulsando a prática de esportes e lazer para longe das várzeas.

1 Porto às margens do rio Tamanduateí.

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Não basta despoluir o rio! Mesmo que ele volte a correr límpido, piscoso, potável, de nada modifi cará a percepção que a população tem do seu “esgoto a céu aberto”. O rio precisa voltar a se incorporar na vida do paulistano e, para isso, a única alternativa é reconstituí-lo como espaço de lazer (Ibid.p.266).

A identifi cação dos signifi cados e valores estéticos e ecológicos das paisagens fl uviais é um

fator de compreensão da percepção e da utilização do rio pela população e do potencial

de recuperação desses sistemas. Saraiva (1999) apresenta métodos de avaliação dessa per-

cepção que vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de captar valores intangíveis (cênicos,

estéticos e culturais) que deverão ser incluídos nas decisões dos planos de ordenação da

paisagem e de uso do solo. Nessa avaliação são pesquisados e reunidos índices de relaciona-

mento entre homens e natureza, na perspectiva temporal e espacial num dado sítio.

A autora elenca vários estudos e respectivas abordagens desde o fi nal da década de 1960

até a década de 1990, sintetizando os principais fatores levados em conta na percepção,

avaliação e preferência das paisagens fl uviais. São eles:

Características formais ou aspectos estéticos da água e sua relação com a paisa-

gem – unidade como consistência e harmonia; vivacidade como forte impressão

visual, contraste, textura, composição; variedade da apresentação da água e dos

elementos a ela interligados, como o solo e a vegetação, e presença de elementos

focais ou distintos;

Características ecológicas - diversidade, integridade, composição e variedade de

espécies;

Componentes de apreciação cognitiva – simbolismo, complexidade, legibilidade

e mistério.

Ao apresentar essa metodologia, Saraiva (op. cit.) pretende desvendar qual o envolvimento

da população com as paisagens fl uviais e suas motivações estéticas e emocionais. Os cri-

térios e fatores a serem incluídos na avaliação do curso d’água devem ser selecionados e

organizados de acordo com o escopo dos projetos, com os tipos de impactos que vitimam

os sistemas fl uviais e com as unidades paisagísticas que integram o mosaico paisagístico em

questão.

Riley (1998) menciona em sua obra a valoração econômica em potencial nos planos de re-

cuperação dos rios, que envolverão, por exemplo, critérios de uso de solo, potencial turístico

e criação de empregos.

Brito e Silva (2006) lembram que a desvalorização crescente das áreas ribeirinhas concorre

para transformá-las em paisagem residual sujeita a ocupações irregulares.

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

1.3 O rio e a paisagem

Na acepção de água em movimento, ao longo das eras, o rio foi esculpindo e alterando a

superfície e o subsolo da terra, num processo dinâmico e contínuo, demarcando a morfolo-

gia urbana de forma visível (rios, canais, frentes marítimas) ou invisível (drenagem, esgotos,

captação). O rio atua, ainda, como coadjuvante de outros elementos para a formação da

paisagem natural e cultural, como a topografi a, solo, modelagem do relevo, vegetação.

Por terem muito a oferecer além da água, como ressalta Costa (op.cit.), as paisagens fl uviais

foram sendo apropriadas como paisagens urbanas que propiciavam circulação de bens e

pessoas, energia e lazer, entre outras facilidades; daí, o autor infere que olhar e “ler” uma

paisagem urbana por meio de sua bacia hidrográfi ca propicia um entendimento mais gene-

roso e abrangente do território.

A leitura da paisagem, no entanto, foi se tornando cada vez menos decifrável à medi-

da que as cidades foram intervindo em seu sítio, no desenho do processo de expansão, e

transformando-o, ao vencer os obstáculos geográfi cos e ao plasmá-lo de acordo com suas

conveniências.

Porém, para compreender a dinâmica da paisagem, a evolução dos cursos d’água e sua re-

lação com a sociedade, tendo-se a clareza das dimensões envolvidas, é necessário recorrer a

algumas defi nições da palavra paisagem.

As mudanças do signifi cado de paisagem foram acompanhando a evolução das visões de

mundo, das diversas áreas de conhecimento e dos vários contextos.

Para Sorre (1962), a paisagem urbana expressa o conjunto de elementos que infl uíram na

formação e no crescimento da cidade localizada em determinado sítio. O autor entende que

o desenho da paisagem não foi baseado no traçado dos cursos d’água, mas teve de se adap-

tar à rede natural dos mesmos, sendo que os rios cumprem o papel de obstáculo, assim como

todos os terrenos lindeiros a eles, baixos e inundáveis, sobre os quais a população vacila ao

tentar localizar sua moradia.

Santos (1985) defi ne paisagem como um conjunto de objetos geográfi cos, distribuídos sobre

um território em sua confi guração geográfi ca ou espacial, apreendidos em sua continuidade

visível, sendo que são os processos sociais que dão vida a esses objetos. Na paisagem, por

meio das funções, os processos se concretizam em formas, ganhando signifi cação quando

corporifi cados.

Em texto que trata da ecologia da paisagem, Metzger (2001) discorre sobre as acepções que

a palavra paisagem pode assumir a partir do ângulo em que é empregada - pelos pintores,

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

fotógrafos, turistas, planejadores ou ecólogos. E, como ecólogo, o autor propõe uma defi ni-

ção que visa abarcar abordagens diversas: um mosaico heterogêneo formado por unidades

interativas, sendo que essa heterogeneidade existe, pelo menos, por um fator, um observa-

dor específi co e uma determinada escala.

Em refl exão acerca do vocábulo paisagem e do projeto da paisagem, Lyle (1996) cita J. B.

Jackson (1984, apud ibid), segundo o qual, apesar dos diferentes signifi cados da palavra,

prevalece a idéia de cenário ou cenas visíveis de diferentes ângulos. Lyle, porém, vai além

da idéia de cenário e propõe a abordagem ecológica das últimas décadas, afi rmando que

a apreensão que se tem da paisagem corresponde a uma manifestação visível de processos

dinâmicos.

Para Saraiva (2005), a paisagem pressupõe a integração de três ordens de componentes

relacionados, ou uma síntese espacial e temporal de relações entre homem e natureza, num

dado sítio físico, de acordo com a fi gura reproduzida abaixo.

Figura 02: Componentes da apreciação e compreensão da paisagemFonte: SARAIVA (1999, p.226)

Ao discutir a relação do rio com a paisagem, a autora chama a atenção para o conjunto de

processos físicos e ecológicos que condicionam o fl uxo das águas e para as variáveis espa-

ciais e temporais que afetam o sistema fl uvial.

No diagrama acima, está inserido um importante componente, nem sempre tão explícito

quando se faz uma análise da evolução da relação da sociedade com os sistemas fl uviais.

Trata-se da percepção que envolve a avaliação estética, afetando emocionalmente os atores

e derivando em valoração da paisagem, presente na situação de deterioração e também na

de recuperação do ambiente.

Fadigas (2005) parece ter a mesma visão de Saraiva, apresentando uma abordagem similar

quanto à dinâmica das paisagens e à atuação dos processos antrópicos e da natureza:

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

As paisagens fazem-se e desfazem-se, evoluem, ganham e perdem complexidade por ação conjugada do homem e da natureza. Nelas se ligam interativamente comporta-mentos físicos, químicos e biológicos. Com uma intervenção humana que, direta ou indiretamente, condiciona e interfere com o ciclo e o percurso da água, tornando-o fácil, suave, controlado e aproveitando dela o máximo como recurso essencial à vida ou, pelo contrário, acelerando-o e fazendo-o violento, caprichoso, capaz das maiores destruições. Um castigo em vez de uma benesse (FADIGAS, 2005,p.35).

O autor esclarece sobre as situações de ação e reação integrantes do processo de evolução

da paisagem quando coloca as conseqüências advindas da intervenção humana, que pode

ser voluntária e fruto de decisões contidas num plano de intervenção, preservação ou ain-

da recuperação, ou alienada, com um total desconhecimento da abrangência dos sistemas

envolvidos.

A partir das defi nições acima apresentadas, podemos sintetizar um conceito de paisagem:

por ter um caráter dinâmico, pressupõe a interação de componentes ecossistêmicos bióticos

e abióticos e componentes socioeconômicos e culturais, em processos que se corporifi cam,

assumindo signifi cados apreendidos pelos atores através de uma percepção que inclui a

valoração estética e emocional. Trata-se de um continuum que, para ser mais bem compre-

endido, é subdividido em mosaicos, defi nidos como subunidades paisagísticas.

Sendo assim, a idéia de paisagem como cenário estático e autônomo em relação à presença

humana é descartada. E, recorrendo ao texto de Costa (op.cit. p.12), reafi rma-se a idéia de

que “compreender o rio urbano como paisagem é também dar a ele um valor ambiental e

cultural que avança na idéia de uma peça de saneamento e drenagem. É reconhecer que rio

urbano e cidade são paisagens mutantes com destinos entrelaçados.” Essa afi rmação ratifi ca

a iniciativa dos planos de recuperação dos rios urbanos, como será analisado nos capítulos

3 e 4.

O rio, citado acima como elemento de destino entrelaçado com a paisagem urbana ou rural,

não pode ser dissociado de sua bacia hidrográfi ca, a qual representa uma unidade espacial

paisagística reconhecida e assumida como unidade de gestão.

De acordo com Alvim (op. cit., 2003), um dos exemplos mais signifi cativos de abordagem de

confl itos de recursos hídricos, adotando uma visão integrada que entendia a bacia hidro-

gráfi ca como unidade de planejamento e gestão desses recursos, foi o TVA – Tenessee Valley

Authority, nos Estados Unidos, em 1933. Entre os vários países que adotaram essa visão da

bacia hidrográfi ca, o autor também destaca a França, cujo modelo propõe a articulação da

comunidade regional com outras esferas de planejamento, particularmente a territorial.

No Brasil, ao se tratar de paisagens urbanas relacionadas a cursos d’água, por exemplo quan-

do se cruza com um córrego na abertura de novas ruas, é muito comum lançar-se mão de

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RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

galerias para interceptá-lo, estrangulá-lo, ou, ainda, embuti-lo em dutos, o que contribui

para a descaracterização dos vales e para a ocorrência de inundações.

Figura 03: Pressão urbana em Porto Velho

Fonte: Arquivo Michel Gorski

1.4 O rio e a bacia hidrográfi ca como sistema de drenagem

De acordo com a defi nição de Jorge e Uehara (1998, p. 104, apud Cardoso, 2003),

a bacia hidrográfi ca ou bacia de drenagem de um rio é a área de drenagem que contém o conjunto de cursos d’água que convergem para esse rio, até a seção considerada, sendo portanto, limitada em superfície a montante, pelos divisores de água, que cor-respondem aos pontos mais elevados do terreno e que separam bacias adjacentes. O conjunto de cursos d’água, denominado rede de drenagem, está estruturado, com todos os seus canais, para conduzir a água e os detritos que lhe são fornecidos pelos terrenos da bacia de drenagem.

Bacia hidrográfi ca, portanto, é área, território dotado de declividade que possibilita o esco-

amento das águas que se dirigem direta ou indiretamente para um corpo central. A bacia

fl uvial contém vales sulcados por um rio principal e seus tributários, que podem formar

outras bacias ou sub-bacias.

Um ecossistema fl uvial natural está estruturalmente ligado às condições geográfi cas e cli-

máticas características da região em que se encontra. As bacias hidrográfi cas e os rios estão

integrados ao sistema que compõe o ciclo hidrológico dentro das condições acima men-

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cionadas – as águas que evaporam, pela ação do aquecimento solar e pela transpiração da

vegetação durante a fotossíntese, e se movimentam na atmosfera terrestre, circulando pela

superfície do solo e pelo subsolo.

Esses sistemas drenam as águas para um determinado rio, lago ou oceano. As águas de sub-

solo, quando estão em cota de nível superior à cota de um curso d’água, percolam pelo solo

alimentando esse curso d’água. Em uma bacia hidrográfi ca não impactada, as águas pluviais

ou originadas da neve derretida são interceptadas por folhas das árvores e vegetação em

geral, propiciando a infi ltração de grande parte desse contingente. Quando a capilaridade

de uma bacia hidrográfi ca se reduz, dá-se o encurtamento do ciclo hidrológico, em que a

proporção de infi ltração é bem menor que a de evaporação, ocasionando a contribuição

concentrada de defl úvios e propiciando a incidência de inundações.

Os banhados ou alagados, as desembocaduras e as planícies de inundação dos rios são impor-

tantes componentes do sistema que contribuem para a drenagem, armazenando as águas,

além de atuarem para a qualidade das águas, por meio da fi ltragem e do processamento

metabólico, e abrigarem habitat para fauna e fl ora.

1.5 O rio e a vegetação

A vegetação atua na qualidade ambiental como fator de renovação do oxigênio, fi xador

de partículas em suspensão, amenizador do clima, gerador de sombreamento e de umidade

pelo processo de evapotranspiração, coadjuvante no sistema de drenagem e na prevenção

de inundações. Retém a água, protege o solo contra a lixiviação e erosão, além de proteger

as margens dos rios do assoreamento, assegurando a fi ltragem de suas águas e evitando a

compactação do solo ao redor das nascentes.

Essa vegetação presente ao longo dos cursos d’água recebe o nome de fl oresta ou mata

ciliar, fl oresta galeria, mata beiradeira, mata de beira-rio ou mata ripária2, e se constitui em

fator essencial, como acima mencionado, para a sua condição de equilíbrio, e também como

fator de atração para o lazer e turismo, pelos aspectos de acolhimento, provendo sombra e

valor estético. Como habitat da fauna e fl ora, as matas ripárias são consideradas ecossiste-

mas muito ricos pela diversidade de espécies que abrigam (RILEY, op.cit.).

Segundo Ab’Saber (2000), esse tipo de vegetação apresenta estrutura e funcionalidade

ecossistêmicas semelhantes; no entanto, a associação de espécies vegetais é muito variada.

O autor acrescenta que, mesmo com uma leitura fi tofi sionômica rápida, pode-se perceber o

2 Ripária é derivada do latim ripa, referindo-se às margens dos rios (RILEY, 1998).

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quanto são diferentes as matas de várzeas daquelas de colinas e morros. Qualquer que seja

a extensão, largura ou volume d’ água dos rios ou riachos, eles apresentam uma dinâmica

que dá origem a diques marginais que são o suporte da vegetação ripária. Ab’Saber atesta

que o Brasil “exibe o maior e mais diferenciado mostruário de diques marginais no cinturão

das terras situadas entre os trópicos no planeta” (ibid., p.15).

De maneira simplifi cada, menciona-se aqui como esse cientista estabelece a relação entre os

processos hidrogeomorfológicos e os leitos dos rios. Os meandros dos rios amazônicos e tro-

picais da costa atlântica, por exemplo, se desenham em situações de baixa declividade, com

predominância de argila em solução; enquanto rios e riachos do planalto central do Brasil,

que carregam predominantemente solo arenoso com certa taxa de argila, são ladeados mais

simetricamente por várzeas que margeiam os rios, denominadas veredas.

Lima e Zakia (2000) enfatizam o papel das matas ciliares como fi ltros que concorrem para

a preservação da qualidade das águas retendo os sedimentos e nutrientes que escoam em

direção aos rios. Outros aspectos abordados pelos autores relacionam-se às funções de es-

tabilização das margens através das raízes, de abastecimento do rio com material orgânico

e de sombreamento.

Para se ter uma idéia do desempenho das matas, das áreas vegetadas e da condição de per-

meablidade dos solos, associados a condições de declividade e sua relação com a capacidade

de infi ltração das águas pluviais, é interessante verifi car a tabela abaixo.

Tabela 01: Coefi ciente de escoamento superfi cial, em função das características das baciasFonte: JORGE & UEHARA (1999, p. 102), apud CARDOSO (2003, p. 17)

Coeficiente de escoamento superficial (C), em função das características das bacias

Características das Bacias C (%)

Superfícies impermeáveis 90-95

Terreno estéril montanhoso: material rochoso ou geralmente não-poroso, com reduzida ou nenhuma vegetação e altas declividades

80-90

Terreno estéril ondulado: material rochoso ou geralmente não-poroso, com reduzida ou nenhuma vegetação em relevo ondulado e com declividades moderadas

60-80

Terreno estéril plano: material rochoso ou geralmente não-poroso, com reduzida ou nenhuma vegetação e baixas declividades

50-70

Áreas de declividades moderadas, grandes porções de gramados, flores silvestres ou bosques, sobre manto fino de material poroso que cobre o material não-poroso

40-65

Matas e florestas de árvores decíduas em terrenos de declividades variadas 35-60

Florestas e matas de árvores de folhagem permanente em terreno de declividade variada 5-50

Pomares: plantações de árvores frutíferas com áreas abertas cultivadas ou livres de qualquer planta, a não ser gramas

15-40

Terrenos cultivados em plantações de cereais ou legumes, em zonas altas (fora de zonas baixas e várzeas)

15-40

Terrenos cultivados em plantações de cereais ou legumes, localizados em zonas baixas e várzeas 10-30