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Rio Vermelho Folha do Nelson Taboada foi padrinho do casamento do ano na Bahia O centenário do nascimento de Schueler São Gonçalo, padroeiro do Rio Vermelho O empresário Nelson Taboada (foto), presidente da Casa de Cultura Carolina Taboada, foi um dos padrinhos do casamen- to dos médicos Analuzia Mos- coso de Carvalho e André Luiz Lopes de Carvalho, celebrado no dia 13 de dezembro, na Igreja do Bonfim, pelo padre Luiz Carlos Araújo e co-celebra- do pelo padre Edson Menezes, reitor da Basílica do Senhor do Bonfim. Páginas 5, 6 e 7. No dia da Festa de Yemanjá, 2 de fevereiro, comemora-se o centenário do nascimento de Heinz Schueler, que sabia como poucos reproduzir na lingua- gem do mosaico as obras dos desenhistas e pintores reno- mados. Nascido em 1911, na Alemanha, ele residiu no Rio Vermelho de dezembro de1953 a março de 1955. O artista fal- Na Bahia, as festividades em louvor a São Gonçalo foram iniciadas na segunda metade do século XVII, na Capela de São Gonçalo do Rio Vermelho. Com a desativação do templo, no início do século XIX, a ima- gem do padroeiro do bairro descoberto por Caramuru foi Arquivo: Família Foto: Câmara Foto: Kin Foto: Hilário Pedro Godinho é o novo presidente da Câmara transferida para a Igreja do Bonfim, onde as homenagens tiveram con- tinuidade. O padre Ângelo Magno Carmo Lopes (foto), pároco do Rio Vermelho, promete restaurar, dois séculos depois, as celebrações no bairro pioneiro na devoção a São Gonçalo. Página 3. eceu em 1995, aos 84 anos. A filha Renate, que aprendeu a falar por- tuguês no Rio Vermelho e também é artista plástica, é vista em foto recente junto a um grande mosaico produzido pelo pai em 1961, em painel desenhado por Carybé, que se encontra no interior de uma agência do Banco Itaú em São Paulo. Página 12. Casa de Cultura Carolina Taboada presente nas homenagens a César Asfor, ministro do STJ. Página 9. Pedro Galvão foi homenageado pelo trade turístico baiano. Página 4. Artur Ferreira e Eduardo Bomfim deixaram saudades. Página 4. Nelson e Patrícia Taboada, juízes da Festa de N. S. da Guia. Página 9. Nº 18 - JANEIRO 2011 Leia todas as edições deste jornal no site: www.casataboada.com.br O JORNAL OFICIAL DO BAIRRO DO RIO VERMELHO, EDITADO PELA CENTRAL DAS ENTIDADES DO RIO VERMELHO - [email protected] O vereador Pedro Godinho, representante político do Rio Vermelho, foi eleito em chapa única para presidir a Câmara Municipal de Salvador no biênio 2011/2012. Na foto, o novo presidente (centro), juntamente com os demais membros da Mesa Diretora eleita no dia 2 de janeiro de 2011. Páginas 10 e 11.

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Rio VermelhoFolha do

Nelson Taboada foi padrinho do casamento do ano na Bahia

O centenário do nascimento de Schueler

São Gonçalo, padroeiro do Rio Vermelho

O empresário Nelson Taboada (foto), presidente da Casa de Cultura Carolina Taboada, foi um dos padrinhos do casamen-to dos médicos Analuzia Mos-coso de Carvalho e André Luiz Lopes de Carvalho, celebrado no dia 13 de dezembro, na Igreja do Bonfim, pelo padre Luiz Carlos Araújo e co-celebra-do pelo padre Edson Menezes, reitor da Basílica do Senhor do Bonfim. Páginas 5, 6 e 7.

No dia da Festa de Yemanjá, 2 de fevereiro, comemora-se o centenário do nascimento de Heinz Schueler, que sabia como poucos reproduzir na lingua-gem do mosaico as obras dos desenhistas e pintores reno-mados. Nascido em 1911, na Alemanha, ele residiu no Rio Vermelho de dezembro de1953 a março de 1955. O artista fal-

Na Bahia, as festividades em louvor a São Gonçalo foram iniciadas na segunda metade do século XVII, na Capela de São Gonçalo do Rio Vermelho. Com a desativação do templo, no início do século XIX, a ima-gem do padroeiro do bairro descoberto por Caramuru foi

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Pedro Godinho é o novo presidente da Câmara

transferida para a Igreja do Bonfim, onde as homenagens tiveram con-tinuidade. O padre Ângelo Magno Carmo Lopes (foto), pároco do Rio Vermelho, promete restaurar, dois séculos depois, as celebrações no bairro pioneiro na devoção a São Gonçalo. Página 3.

eceu em 1995, aos 84 anos. A filha Renate, que aprendeu a falar por-tuguês no Rio Vermelho e também é artista plástica, é vista em foto recente junto a um grande mosaico produzido pelo pai em 1961, em painel desenhado por Carybé, que se encontra no interior de uma agência do Banco Itaú em São Paulo. Página 12.

Casa de Cultura Carolina Taboada presente nas homenagens a César Asfor, ministro do STJ. Página 9.

Pedro Galvão foi homenageado pelo trade turístico baiano. Página 4.

Artur Ferreira e Eduardo Bomfim deixaram saudades. Página 4.

Nelson e Patrícia Taboada, juízes da Festa de N. S. da Guia. Página 9.

Nº 18 - JANEIRO 2011 Leia todas as edições deste jornal no site: www.casataboada.com.br

O JORNAL OFICIAL DO BAIRRO DO RIO VERMELHO, EDITADO PELA CENTRAL DAS ENTIDADES DO RIO VERMELHO - [email protected]

O vereador Pedro Godinho, representante político do Rio Vermelho, foi eleito em chapa única para presidir a Câmara Municipal de Salvador no biênio 2011/2012. Na foto, o novo presidente (centro), juntamente com os demais membros da Mesa Diretora eleita no dia 2 de janeiro de 2011. Páginas 10 e 11.

Folha do Rio Vermelho

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Central das Entidades do Rio VermelhoA REPRESENTAÇÃO MÁXIMA DO RIO VERMELHO - FUNDADA EM 8 DE MAIO DE 2004

A UNIÃO QUE FAZ A FORÇAASSOCIAÇÃO DOS PERMISSIONÁRIOS DO MERCADO DO RIO VERMELHOASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE VIAGENS DA BAHIA - ABAV

ASSOCIAÇÃO DOS PERMISSIONÁRIOS DO CEASA DO RIO VERMELHOCONSELHO DE CULTURA E TURISMO DO RIO VERMELHO – CONTURV

ACADEMIA DOS IMORTAIS DO RIO VERMELHO – ACIRV CONSELHO PAROQUIAL DO RIO VERMELHO-CONPARV

ASSOCIAÇÃO CULTURAL CABALLEROS DE SANTIAGOASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA CARAMURU – ASCAR

PARÓQUIA DE SANT’ANA DO RIO VERMELHOASSOCIAÇÃO YEMANJÁ DO RIO VERMELHO

CASA DE CULTURA CAROLINA TABOADA

Presidente: Clóvis Cavalcanti Bezerril - Vice-Presidente: Roberto Farias de Menezes - Diretor Ad-ministrativo-Financeiro: Ubaldo Marques Porto Filho - Diretor de Relações Comunitárias: Nelson Hanaque Esquivel. Conselho Fiscal: Ítalo Dattoli, Layrtton Chaves Borges, Antonio Carlos Ferreira Freire, Antonino Oliveira Viana, Eduardo Ávila de Oliveira e Roberto Falcão de Almeida Souza.

Sede: Rua Borges dos Reis 46, Rio Vermelho Ed. Rio Vermelho Boulevard, Sala 105Salvador - Bahia. Cep 41950-600 - E-mail: [email protected]

DIRETORIA DA CENTRAL

ASSOCIAÇÃO CULTURAL HISPANO-GALEGA CABALLEROS DE SANTIAGOPresidenteSantiago Coelho Rodríguez Campo1º Vice-PresidenteJosé Luis Garrido Hermida2º Vice-PresidenteLaureano Ventin Corujeira1º SecretáriaAna Maria Casqueiro Andrés2º SecretárioCarlos Alberto Macedo Barral1º TesoureiroJosé Antonio Barcia Arruti2º TesoureiroManuel Miguez Garcia1º Diretor Cultural e ArtísticoCarlos Lorenzo Leiro2º Diretor Cultural e ArtísticoTomaz Puga Lopez1º Diretor de PatrimônioFrancisco Javier Piñeiro Garrido2º Diretor de PatrimônioJosé Rivas RodríguezDiretor AdministrativoFrancisco Ramón Martinez CuevasDiretor InstitucionalNelson Almeida TaboadaDiretor AcadêmicoAntônio Carlos Sanches CardosoDiretor de Planejamento e MarketingTiciano Luis Quintella CortizoDiretora para Mulher, Juventude e 3ª IdadeMaria de Fatima Lorenzo FigueiredoComissão FiscalFermin Soto LopezGumersindo Rios CastroJosé Fernandes BarreiroComissão de SindicânciaJoaquim Martinez BouzonJosé Teodosio RegueiraMiguel Joaquim Parada HermidaAssessores CulturaisFernando Antônio Castro BarreiroJosé Perez SanchezLuiz Fernando Pereira BernardezRodolfo Buonavita Baqueiro BarrosAssessores AcadêmicosFernando Cabus OitavenMarlene Campos Peso de AguiarAssessores Correspondentes com a EspanhaArthur Gerardo Rios MachadoJosé Faro RuaSeverino Piñeiro VidalVictor Fernando Ollero Ventin

CONSELHO DE CULTURA E TURISMO DO RIO VERMELHO (CONTURV) PresidenteUbaldo Marques Porto FilhoVice-PresidenteSydney Gomes de RezendeDiretor Administrativo-FinanceiroLayrtton Chaves BorgesDiretor de CulturaEduardo Ávila de OliveiraDiretor de TurismoAntônio Carlos Ferreira FreireConselho FiscalEdgar Viana FilhoÂngelo Magno Carmo LopesSantiago Coelho Rodriguez CampoRita de Cássia Santos SouzaEulírio MenezesGildásio Vieira de Freitas

ASSOCIAÇÃO DOS PERMISSIONÁRIOS DO MERCADO DO RIO VERMELHOPresidenteEduardo Bomfim de JesusVice-PresidenteJosé Batista dos SantosSecretário GeralDeijanira da Silva SantosTesoureiroAntônio Nunes FonsecaDiretor de EventosJosé Batista dos Santos JúniorConselho FiscalAlex Nunes SantosFirmino Rocha NetoTaiana Ferreira dos Santos

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGêNCIAS DE VIAGENS DA BAHIA - ABAV PresidentePedro Galvão1º Vice-PresidenteRogério Ribeiro Pereira2º Vive-PresidenteArmando Sampaio Silva 1ª SecretáriaSandra Regina Trigo2ª SecretáriaMaria Goretti Alencar1º TesoureiroBrasil Washington de Araújo Júnior2º TesoureiroManoel Figueiredo Sampaio FilhoDiretor Patrimonial e SocialVitor LoboConselho FiscalGiorgio MonnetMargareth Oliveira CarvalhoVirgínia Eliane Loiola

ACADEMIA DOS IMORTAIS DORIO VERMELHO (ACIRV) PresidenteUbaldo Marques Porto FilhoVice-PresidenteLuciano José Costa FigueiredoDiretor Administrativo Financeiro Roberto Farias de MenezesDiretor CulturalClóvis Cavalcanti BezerrilDiretor SocialNelson Hanaque EsquivelConselho FiscalMárcio Santos SouzaFlávio Damásio de PaulaHélio José Bastos Carneiro de CamposEduardo Ávila de OliveiraRoberto Falcão de Almeida SouzaGildásio Vieira de Freitas

CASA DE CULTURA CAROLINA TABOADAPresidenteNelson Almeida TaboadaVice-PresidenteCláudio Pinheiro TaboadaDiretor Administrativo-FinanceiroJaguaraci Xavier AraújoDiretor CulturalUbaldo Marques Porto FilhoConselho FiscalJosé Guido GrimaldiLuiz Clóvis Santos PereiraMaria Flávia Pinheiro TaboadaClóvis Cavalcanti BezerrilRoberto Farias de MenezesRoberto Pinheiro Taboada

PARÓQUIA DE SANT’ANA DO RIO VERMELHOPárocoPadre Ângelo Magno Carmo Lopes

CONSELHO PAROQUIAL DORIO VERMELHO (CONPARV)PresidentePe. Ângelo Magno Carmo Lopes Coordenador Administrativo-FinanceiroÍtalo Dattoli Coordenador LitúrgicoMiguel Dratovsky Júnior Coordenador de Ação SocialDercy Souza DatolliCoordenador de Eventos Eny Alves Braga Duran Coordenador de Relações ComunitáriasUbaldo Marques Porto FilhoCoordenador JurídicoRaul Affonso Nogueira Chaves FilhoCoordenador de Comunicação Rosana Ramos AraújoConselho Fiscal Antonino Oliveira VianaAntônio Lobo Leite FilhoAlyrio João DamascenoElisabete PalácioAnna Maria AlvesAurora Maria Nascimento Gomes

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ASSOCIAÇÃO YEMANJÁ DO RIO VERMELHO PresidenteMário Augusto Oliveira Barreto (Mário da Moto)Vice-PresidenteJorge Amorim (Azul)Diretor ExecutivoSydney Gomes de RezendeDiretor Administrativo-FinanceiroLuiz Carlos Flores RamosDiretor do Presente PrincipalJoaquim Manoel dos Santos (Manteiga)Diretor da Festa de YemanjáGilson Alves dos Santos (Comprido)Conselho FiscalValdimiro Soares Zoanny (Vavá)Walter Reis de Freitas JúniorUbaldo Marques Porto FilhoHenrique Bispo da SilvaJanuário Moreira dos Santos (Januba)Norberto Manoel de Souza (De Pano)

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Folha doRio VermelhoJornal Editado pela Central das Entidades do Rio Vermelho

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Editoração Eletrônica - Verbo de Ligação Ilustraçõ[email protected]

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JORNAL OFICIAL DO BAIRRO DO RIO VERMELHO

JANEIRO 2011

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do Rio Vermelho

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Carolina Taboada

Folha do Rio Vermelho

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JANEIRO 2011

São Gonçalo, Padroeiro do Rio Vermelho

Biografia de São Gonçalo

A festa na Basílica do Bonfim Padre Ângelo vai reativar a devoção no Rio Vermelho

Tudo mundo sabe que Senhora Sant’Ana é a padroeira do Rio Vermelho. Na data litúrgica, 26 de julho, realizam-se missas solenes e uma procissão noturna que percorre alguns importantes logra-douros dos setores de Santana e da Mariquita. Porém, poucos sabem que o padroeiro do Rio Vermelho é São Gonçalo, cuja data litúrgica é 28 de janeiro. O seu dia passa desper-cebido porque no Rio Vermelho não há uma igreja em sua invoca-ção. Mas já teve, ficava no cocuruto da atual Rua Almirante Barroso. A Capela de São Gonçalo foi edificada na segunda metade do século XVII. Entre 1684 e 1693 recebeu a visita de Gregório de Mat-tos (1636-1695), um ex-clérigo e poeta famoso, o célebre Boca do Inferno, que chegou atraído pela Festa de São Gonçalo, do qual era devoto, tendo inclusive dado o nome Gonçalo ao filho que teve no segundo casamento, com Maria de Póvoas. Há também o registro da doação, em 20 de janeiro de 1724, do templo e das terras vizinhas, além de uma armação de pesca do xaréu, ao Mosteiro de São Bento da Bahia. O doador, provável construtor da igrejinha, ou da sua conclusão, foi o padre Agostinho Ribeiro, mais conhecido por Frei Agostinho de São Gonçalo. No final do século XVIII, com a capela já em fase de degradação física, a ima-gem de São Gonçalo foi levada para a Igreja do Bonfim, acabando no Rio Vermelho as festividades e a devoção ao santo. A única gravura que se conhece da Capela de São Gonçalo apa-rece numa pintura do inglês J. Needham, que esteve no Brasil entre 1827 e 1838, período em que desenhou vistas de Salvador e do Rio

Nascido em 1187, em Tagilde, freguesia de Vizela, cidade do distrito de Braga, no norte de Portugal, o menino Gonçalo logo demonstrou a vocação religiosa. Dedicando-se aos estudos re-ligiosos, recebeu a ordenação sacerdotal e tornou-se pároco da freguesia de São Paio de Vizela. Durante 14 anos peregrinou pelos lugares santos de Roma e Jerusalém. Quando retornou da jornada de penitência e de amor à Nossa Senhora, sofreu uma grande decepção com o sobrinho-sacerdote que havia deixado na Igreja de São Paio de Vizela. Por isso, resolveu viver num lugar ermo, em Amarante, no distrito do Porto, também no norte de Portugal, onde construiu um pequeno oratório. Passou também a exercer o múnus sacerdotal entre as populações da região. Após uma temporada num convento dominicano, em Guimarães, passou a vestir o hábito de São Domingos e foi destacado para fazer pregações no oratório que levantara em Amarante. Ali, compadecido pelas dificuldades dos viajantes, em atravessar o Rio Tâmega, o frade Gonçalo decidiu construir uma ponte portentosa, entre dois montes, numa epopéia de trabalhos durante os quais lhes foram atribuídos diversos milagres, dentre eles o “milagre dos peixes”, o “milagre do vinho”, o “milagre da água de beber”, que curava enfermos, e o “milagre dos pães”. Ficou também muito conhecido por ser um sacerdote cheio de caridade para com os pobres e neces-sitados. Ao morrer, em Amarante, no dia 10 de janeiro de 1259, o frade passou a ser venerado pelos poderes contra os males, contra as adversidades e também como santo casamenteiro. Em 16 de setembro de 1561, o papa Júlio III aprovou o culto ao bem-aventurado, tendo o papa Clemente XI oficializado o 28 de janeiro como o dia da sua festa. São Gonçalo, ou São Gonçalo de Amarante, tornou-se tão popular no Brasil que deu nome a onze municípios, sendo cinco em Minas Gerais, dois no Piauí e um nos seguintes estados: Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Rio de Janeiro.

Com a ida da imagem de São Gonçalo do Rio Ver-melho para a Igreja do Bonfim, as festividades e a devoção ao santo tiveram continuidade na Colina Sa-grada. E todo ano, após as festas dedicadas ao Senhor Bom Jesus do Bonfim (que inclui a famoso Dia Lava-gem) e à Nossa Senhora da Guia, o mês de janeiro é encerrado com uma programação dedicada ao Pa-droeiro do Rio Vermelho. A Festa de São Gonçalo de 2011, no período de 27 ao dia 30, tem como juízes Nelson José de Carvalho, jornalista amigo do Rio Vermelho, e sua esposa, San-dra Moscoso de Carvalho.

O pároco do Rio Vermelho, padre Ângelo Magno Carmo Lopes, atendendo aos ape-los dos devotos de São Gonçalo, vai reati-var o seu culto no bairro. Primeiramente procederá a entroniza-ção de uma imagem do santo na Igreja de Sant’Ana do Rio Vermelho e em janeiro de 2012 realizará solenidades em louvor ao Padroeiro do Rio Vermelho.

Capela de São Gonçalo do Rio Vermelho, numa gravura de J. Needham, provavelmente de 1827.

de Janeiro. O quadro mostrando a capela do Rio Vermelho, já aban-donada e em visível estágio de arruinamento, foi oferecido pelo artista ao encarregado dos negócios da Inglaterra no Brasil, William Gore Ouseley.

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Folha do Rio Vermelho JANEIRO 2011

Presidente da Abav Bahia foi homenageado

Rio Vermelho perdeu Artur Ferreira

Mercado do Rio Vermelho ficou sem o seu líder

Pelo transcurso da sua data natalícia, no dia 13 de janeiro, o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia, Pedro Galvão, foi homenageado com um almoço de adesão na Churrascaria Villas. Numa demonstração do prestígio e do quanto é querido, uma centena de profissionais do trade turístico e diversas autoridades, dentre elas o se-cretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, compareceram ao evento. Foram abraçar o aniversariante e também felicitar Pedro Galvão pela efici-

Faleceu aos 96 anos, no primeiro dia de 2011, de insuficiência respiratória, em sua casa, no bairro do Rio Vermelho, onde residia há 61 anos, o professor Artur Ferreira da Silva. Pernambucano de Moreno, nascido em 8 de setembro de 1914, ingressou no serviço público federal em 1937, através de concurso público em que se classifi-cou em primeiro lugar, sendo admitido como auxiliar de coleta do IBGE, em Recife, onde também veio a se diplomar pela sua famosa Faculdade de Direito, em 1939. Ainda na capital pernambucana, já como delegado seccional do Serviço Nacional de Recenceamento, participou do Censo Brasileiro de 1940. Após ter sido inspetor regional do IBGE em Alagoas e no Ceará, Artur Ferreira veio para a Bahia, onde comandou os Censos de 1950 e 1960. Depois de 15 anos como delegado do IBGE na Bahia, foi chefe do Escritório da Sudene em Salvador (1965/1972), presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado da Bahia – Desenbanco (1972/1975), diretor administrativo da Usina Siderúrgica da Bahia – Usiba (1975/1981) e presidente da Usiba (1981/1985). No magistério lecionou matemática, estatística e geografia, em diversos estabeleci-mentos de ensino nos estados de Pernambuco e da Bahia, tendo sido professor da Faculdade Católica de Filosofia da Bahia e da Escola de Sociologia e Política de Salva-dor. Foi um dos fundadores e professor da Escola Superior de Estatística da Bahia. Em 1965, por designação do presidente Castelo Branco, fez parte do Grupo de Trabalho para reformulação do Sistema Estatístico Brasileiro. Dentre outras honrarias, Artur Ferreira foi agraciado com os seguintes títulos: Ci-dadão da Cidade do Salvador, outorgado pela Câmara Municipal de Salvador; Cidadão do Estado da Bahia, conferido pela Assembléia Legislativa da Bahia; e a Medalha da Ordem do Mérito, no grau de Comendador, concedida pelo Governo do Estado da Ba-hia. O Doutor Artur, como era conhecido no Rio Vermelho, sempre morou nesse bairro, desde que chegou em Salvador, em 1949. Primeiramente residiu na Rua Alagoinhas,

Faleceu no dia 11 de janeiro, aos 65 anos, o comerciante Eduardo Bomfim de Jesus, que foi sepultado do Cemitério Bosque da Paz. Era um dos líderes do Mercado Municipal do Rio Vermelho. Em sua gestão, como presidente da Associação dos Permissionários do Mercado do Rio Vermelho, ele conseguiu que fosse liberada a construção do novo mer-cado, inaugurado pelo prefeito João Henrique Carneiro no dia 10 de setembro do ano passado. Pelo fato do antigo mercado estar localizado em terreno acrescido de marinha, havia necessidade da autorização da Secretaria do Patrimônio da União. O processo arrastava-se lentamente pela máquina burocrática do governo federal. O secretário municipal da Sesp (membro do PMDB), responsável pela nova construção, esteve seis vezes em Brasília na ten-tativa de agilizar a liberação do processo. E nada conseguiu. Aí entrou em cena o Eduardo Bomfim, membro do PT com vasto círculo de amizades na área federal. Ele não precisou ir à capital, pois daqui mesmo de Salvador conseguiu o que o secretário municipal levou meses tentando sem sucesso. Portanto, graças a providencial interven-ção de Bomfim a obra foi autorizada e pode ser executada pela Prefei-tura, em parceria com a Schincariol.

ente e dinâmica gestão no comando da entidade que representa a classe dos agentes de viagens e turismo no estado e no fórum nacional. A Abav Bahia possui uma bem estruturada sede própria, totalmente aparelhada para oferecer bons serviços às agências associadas, dispondo inclusive de um amplo auditório para reuniões e palestras. Fica na Rua Lucaia, Rio Vermelho. Perfeitamente articulada com as atividades desse bairro, é uma das filiadas à Central das Entidades do Rio Vermelho.

Ubaldo Porto, presidente do Conselho de Cultura e Turismo do Rio Vermelho, Eduardo Moraes, presidente da Associação Comercial da Bahia, Clóvis Bezerril, presidente da Central das Entidades do Rio Vermelho, e Sílvio Pessoa, presidente do Conselho Baiano de Turismo.

Artur Ferreira da Silva quando recebeu, em 1971, o título de Cidadão da Cidade do Salvador, entregue pelo vereador Demóstenes Paranhos (à direita), em solenidade realizada na Câmara Municipal de Salvador.

Última aparição pública de Eduardo Bomfim, em 10 de setembro de 2010, dia da inauguração do novo Mercado Municipal do Rio Vermelho, o popular Mercado do Peixe, onde ele foi um dos oradores. Já doente, retirou-se da solenidade assim que fez o discurso como representante da classe dos comerciantes. A partir da esquerda: Nelson Esquivel, Eliana Mascarenhas, Roberto Menezes, Clóvis Bezerril e Eduardo Bomfim.

mudando-se depois para a casa que comprou na Rua Caetité, o pouso definitivo, do domicílio por mais de 50 anos. Viúvo, deixou quatro filhos, onze netos e quatro bisnetos. Homem de vida modesta, que viveu exclusivamente dos salários, era uma das reservas morais do Rio Vermelho, onde gozava de vasta estima. O sepultamento foi no Cemitério Jardim da Saudade.

Foto: Câmara

Foto: Alcione Santos

Fotos: Cláudio XXXXX

Folha do Rio Vermelho

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Na Basílica do Bonfim o casamento do ano

JANEIRO 2011

Fotos: Kin Kin

No que foi considerado pela imprensa como o casamento mais concorrido e mais glamoroso que se realizou em Salvador no ano de 2010, os médicos Analuzia Moscoso de Carvalho e André Luiz Lopes de Carvalho, tiveram um casamento de cinema. Além da ornamentação interna, a Basílica do Bonfim ganhou decoração externa e iluminação especial, com os feixes de luzes dos holofotes cruzando o céu. Tanta beleza atraiu as atenções dos moradores das cercanias da Colina Sagrada, que afluíram à praça situada bem em frente da Igreja. E aí aconteceu um fato tido como inédito: ao saltar do automóvel, a

noiva foi aplaudida por um grupo de crianças, gente simples do povo, que certamente via pela primeira vez, ao vivo, cenas que somente a televisão mostra, dos pomposos casamentos das novelas. Virando-se em direção de onde vinham as palmas, a noiva agra-deceu com acenos que provocaram a imediata reação da multidão que se acotovelava na praça. A espontaneidade do simpático gesto de Analuzia gerou uma estrepitosa aclamação popular, emocionando os convidados que se encontravam no adro do templo famoso. Foi a bên-ção do povo soteropolitano ao seu casamento.

O noivo sendo conduzido ao altar pela mãe, Virgínia Lopes de Carvalho.

Os nubentes com os pais da noiva: Nelson José de Carvalho e Sandra Moscoso de Carvalho.

Os nubentes com os pais do noivo: Evandro Gilson Lemos de Carvalho e Virgínia Lopes de Carvalho.

O ESPLENDOR DO OURO Ao som dos sinos da Igreja do Bonfim, na Colina Sagrada, das trombetas e da marcha nupcial, executada pela orquestra do maestro Francis-co Rufino, a noiva Analuzia Carvalho, usando modelo todo bordado em dourado, com tiara réplica da Cartier, brincos em brilhantes, às 21h30, entrou na igreja, toda decorada com “sorrisos de Márcia”, conduzida pelo pai Nelson José de Carvalho, bas-tante emocionado e usando gravata dourada igual a dos padrinhos. O cortejo da noiva foi bastante original, com 13 amigas, todas usando modelos longos, em dou-rado, levando as alianças, uma imagem de Santa Luzia e outra do Senhor do Bonfim. O bouquet da noiva foi oferecido a outra amiga, a ex-BBB Anama-ra, que escolheu um modelo preto, bem curtinho.

No altar, abençoando a cerimônia, estavam seus pais: Sandra (em modelo com dégradé de azul e jóias em brilhantes) e Nelson José de Carvalho; Vir-gínia (em modelo cereja) e Evandro Gilson Lemos de Carvalho, além dos padrinhos, entre muitos, Patrícia e Nelson Taboada (que presentearam os noivos com uma viagem de lua de mel a Buenos Aires), Alice e desembargador Carlos Dultra Cintra, Verônica (muito bonita) e desembargador Paulo Furtado, Verinha Luedy (também optando pelo dourado) e João Daniel Jacobina, Lia Ferreira (entre as convidadas, a mais elegante da noite, com um sensual modelo Roberto Cavalli) e Michell Telles, Karla Kalil e Nelson Moscoso de Carvalho, Solange e Sérgio Carneiro, Kátia e Vespasiano Santos, além dos amigos que se fizeram presentes e brindaram

os noivos, na saída, com taça de prosecco. Como lembrança, receberam o bem-casado com um bó-ton do Senhor do Bonfim. Foi a cerimônia como a noiva sonhou e ide-alizou, mas pela sua grande preferência pelo dourado, a cerimônia bem que poderia ter sido na Igreja de São Francisco, que já é decorada em puro ouro. Mas o casamento no Bonfim teve toda uma justificativa. Foi lá que os pais se casaram e foi lá também que ela recebeu o sacramento do batismo, além da sua grande fé por Nosso Senhor do Bonfim, protetor dos baianos.

Transcrito da coluna July,A Tarde, 17.12.2010

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Folha do Rio VermelhoJANEIRO 2011

Os nubentes com Alice e Carlos Dultra Cintra.

Os nubentes com Solange e Sérgio Carneiro.

Nelson, Patrícia e Carolina Taboada.

Os nubentes com a família Taboada: Patrícia, Carolina e Nelson.

Os nubentes com Verônica e Paulo Furtado.

Os nubentes com Gel e Walter Pinheiro.

Olegário Caldas, Edvaldo Brito e Claudelino Miranda.

Os nubentes com Eleuza e Ângelo Coronel.

Os nubentes com Karla Kalil e Nelson Moscoso de Carvalho.

Antônio Carlos Freire, Ubaldo Porto, Rubem Car-valho e Silvoney Sales.

Artur Napoleão Rego, Marcelo e Sílvia Zarif, Nelson José de Carvalho e Maria de Fátima Rego.

Os pais dos nubentes: Evandro Gilson e Virgínia; Nelson José e Sandra.

Os nubentes com as 13 participantes do cortejo dourado

Fotos: Kin Kin

Folha do Rio VermelhoJANEIRO 2011

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A chegada da noiva, num automóvel com a placa numerada com a data do casamento.

A Basílica do Bonfim viveu uma noite de gala.

Os nubentes com Gardênia Duarte e José Luiz Castro.

A noiva, Analuzia Moscoso de Carvalho.

O casamento do ano superlotou a Basílica do Bonfim.

Os nubentes com Joanice Guimarães e Artur Guimarães.

Vista interna da Basílica do Bonfim.

Padres Luiz Carlos Araújo e Edson Menezes, oficiantes do casamento.

Os nubentes com Nice e Paulo Roberto Sampaio.

Os nubentes com a imagem da santa do dia, Santa Luzia.

Fotos: Kin Kin

ENCONTRAM-SE DISPONÍVEIS PARA CONSULTAS OS SEGUINTES LIVROS SOBRE O RIO VERMELHO, ESCRITOS PELO HISTORIADOR DO BAIRRO,UBALDO MARQUES PORTO FILHO

Biblioteca Juracy Magalhães JúniorCalçadão da Rua Borges dos Reis, Rio Vermelho

Aberta de 2ª à 6ª das 8 às 17 horas - Aos sábados das 8h30 às 13 horasFones: 3116.5360 e 3116.5364 - E-mail: [email protected]

Rio Vermelho

Cartilha dos Logradouros doRio Vermelho

Diogo Álvares, o Caramuru

José Taboada Vidal,Benemérito doRio Vermelho

Nelson Taboada Souza, Benemérito da Indústria

Família Taboadana Bahia

Dois de Fevereirono Rio Vermelho

Dinha doAcarajé

Rio Vermelho,de Caramuru a

Jorge Amado

Notáveis doRio Vermelho

Biblioteca Juracy Magalhães Júnior

ENCONTRO COM O ESCRITOR ACERVO

DOCUMENTAL SOBRE O

RIO VERMELHO E SEU DESCOBRIDOR

Folha do Rio Vermelho JANEIRO 2011

Autor de treze livros, sendo dez dedicados ao Rio Vermelho, que lhe conferiram um recorde nacional, o de autor do maior número de obras sobre um bairro de cidade brasileira, o escritor Ubaldo Marques Porto Filho já colocou no forno mais quatro obras:

1.

2.

3.

4.

Nelson Almeida Taboada, Benemérito da CulturaBiografia do presidente da Casa de Cultura Carolina Taboada, que acaba de receber da Câmara Municipal de Salvador a Medalha Thomé de Souza. Nelson pertence a uma família com raízes históricas no Rio Vermelho, desde 1892. Rio Vermelho Cronológico, 1509-2009Fatos marcantes, registrados por datas, da história dos 500 anos do bairro desco-berto por Diogo Álvares Corrêa, o Caramuru. Personalidades do Rio VermelhoPerfis de 70 personalidades falecidas que residiram no Rio Vermelho e tiveram destacada participação na vida do bairro, de Salvador ou da Bahia. Heróis e Vilões do Rio VermelhoHistórias da Demolição do Forte, do Aterramento da Praia da Mariquita, da Destruição da Fábrica de Papel, da Tentativa de Negação dos 500 Anos do Rio Vermelho, da De-limitação Geográfica do Rio Vermelho, do Embargo de Obras do Memorial Caramuru e de outras agressões e acontecimentos prejudiciais ao bairro, envolvendo erros, acer-tos, acusações, defesas e conseqüências, com o elenco dos vilões e heróis.

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O Projeto Encontro com o Escritor, iniciado em 2002, foi concebido com o objetivo de aproximar, usando o canal das palestras, os escritores baianos dos freqüentadores das bibliotecas públicas estaduais. Na Biblio-teca Juracy Magalhães Júnior, no Rio Vermelho, diversos escritores, em sua maioria moradores ou ex-moradores do bairro, integraram-se à iniciativa literária do Governo do Estado. O sucesso do projeto fez com que a Fundação Pedro Calmon reunisse textos de 55 autores no livro “Encontro com o Escritor, 2002-2009”, lan-çado em solenidade realizada na Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Barris), no dia 30 de novembro deste ano. O historiador do Rio Vermelho, Ubaldo Marques Porto Filho, um dos participantes das palestras na Biblio-teca Juracy Magalhães Júnior, participou da coletânea com o artigo abaixo transcrito.

Rio Vermelho, o Montparnasse baiano

O topônimo Rio Vermelho originou-se do tupi Camoro(vermelho)ipe(rio), nome que os primitivos habitantes deram ao curso fluvial com embocadura na Praia da Mariquita. O primeiro forasteiro a aportar no local foi Diogo Álvares Corrêa, em 1509. Náufrago de uma embarcação européia, o jovem marinheiro (tido como português, mas que pode ter sido espanhol ou até mesmo francês) conseguiu chegar à Pedra da Concha, uma pequena rocha defronte à foz do rio, onde se abrigou e permaneceu escondido. Nessa minúscula ilha, Diogo foi encontrado pelos tupinambás. Vendo que os indíge-nas não eram amistosos, imediatamente usou um bacamarte para desferir certeiro tiro numa gaivota em pleno vôo. Espantados, pois desconheciam a engenhoca barulhenta, foguenta e mortífera, os nativos começaram a exclamar: “Caramuru! Caramuru! Cara-muru!”, que na língua tupi significa “homem do fogo; filho do trovão; dragão saindo do mar”. E dessa maneira o europeu salvou a pele e obteve o incontinenti respeito dos índios. Transformado num autêntico ‘cacique branco’ dos tupinambás, Caramuru pos-sibilitou o surgimento, na Enseada da Mariquita, da chamada ‘Aldeia dos Franceses’, um entreposto do comércio de escambo do pau-brasil com os aventureiros franceses. Mas o desenvolvimento do Rio Vermelho foi lento. Na verdade, começou com al-guns currais e armações para pesca numa sesmaria doada pelo primeiro governador-geral, Thomé de Souza, que em 1549 fundou a Cidade do Salvador. Por volta de 1580, no lugar da atual igrejinha do Largo de Santana, uma missão jesuítica construiu uma ermida com a frente voltada para o mar, para a enseada que se transformaria num porto dos pescadores. O povoamento propriamente dito somente tomou vulto após a invasão holandesa de 1624. O bispo de Salvador, dom Marcos Teixeira, uma das poucas autoridades a escapar da cidade, instalou-se com um grupo de refugiados em Abrantes, donde se des-locaria para um ponto mais próximo de Salvador, no arraial do Rio Vermelho, que pos-suía um monte com uma excelente visão panorâmica para o oceano, verdadeiro posto de observação avançada para a entrada e saída da Baía de Todos os Santos. Situado a cavaleiro da barra do Camorogipe (evolução de Camoroipe), o outeiro ficou sendo o Morro do Conselho, pois nele foi realizada uma reunião do bispo com os chefes que iriam comandar a luta de guerrilha contra os holandeses. Em 1711, no local de uma antiga trincheira de terra, ao lado da Enseada de San-tana, foi iniciada a construção do único baluarte de defesa de Salvador fora dos limites da Baía de Todos os Santos. Após várias interrupções, em 1756 ocorreu a paralisação definitiva das obras. Mas, mesmo inconcluso, o Forte do Rio Vermelho recebeu uma bateria de sete canhões e uma guarnição militar. No século XIX, o antigo aldeamento indígena ganhou fama por possuir águas mila-grosas. Pessoas de diversas procedências chegavam atraídas pelos ‘banhos de sal nas águas medicinais’ do mar do Rio Vermelho, que, segundo crença da época, curavam até beribéri. De ‘estação de cura’ para recanto preferencial do veraneio das famílias ricas foi um pulo. Durante meio século (1880-1930), o primeiro balneário turístico da Bahia constituiu-se num sofisticado centro de veraneio. Foram construídos inúmeros palacetes e casarões, surgiram dois hotéis, um cinema, restaurantes, armazéns de secos e molhados, lojas de tecidos e miudezas e uma fábrica de cerveja, que os veranistas atestavam ser de muito boa qualidade. Uma linha de bondes elétricos, inaugurada em 1906, proporcionou a ligação mais rápida com o centro da cidade e vice-versa. O pro-gresso fez surgir um clube de tênis, um clube social, um hipódromo e um campo de futebol onde o campeonato baiano foi disputado durante dois períodos: 1907 a 1912 e 1916 a 1920. Findo o ciclo áureo do veraneio, o Rio Vermelho já tinha uma população per-manente, com a fixação de importantes famílias nos três núcleos que formavam o arrabalde: Mariquita, Santana e Paciência. Na década de 1950, tendo em vista a constelação de pintores, escultores, músicos, cantores, compositores, poetas, etc., o rincão descoberto por Caramuru ficou conhecido como ‘O Bairro dos Artistas’. Os autores do livro ‘Cidade do Salvador, Caminho do Encanto’, Darwin Brandão & Mota e Silva, escreveram em 1958: “O Rio Vermelho é o local preferido para residência de artistas. É o Montparnasse baiano”.

Ubaldo Marques Porto Filho

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Folha do Rio Vermelho

Folha do Rio Vermelho

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JANEIRO 2011

Ministro César Asfor recebeu Comenda Orlando Gomes

Lançamento do livro do professor Roberto Dórea Pessoa

Nelson e Patrícia Taboada, juízes da Festa de Nossa Senhora da Guia

O ministro César Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do qual foi presidente de junho de 2008 a setembro de 2010, foi agraciado na manhã do dia 6 de dezembro passado, com a Comenda do Mérito Orlando Gomes, outorgada pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia e diretor-geral da Escola Nacional. A honraria é concedida anualmente às pessoas que tenham se destacado no cenário jurídico nacional pelas suas contribuições ao desenvolvimento do direito. A solenidade ocorreu no Salão Nobre da Reitoria da Ufba. A soleni-dade foi aberta pelo coral do Madrigal da Ufba, sob a regência do maestro Karl Horst Schwebel, que executou o Hino Nacional. A mesa de honra da cerimônia foi formada pela reitora da Ufba, Dora Leal Rosa, pelo diretor da Faculdade de Direito da Ufba, Celso Luiz Braga

O presidente da Casa de Cultura Carolina Taboa-da esteve no lançamento do livro “Recurso Ex-traordinário, Grau de Cognição no Juízo de Méri-to”, escrito por Roberto Dórea Pessoa, advogado e professor de Processo do Trabalho das facul-dades Baiana de Direito e Unifacs. A obra resul-tou da dissertação que o autor fez ao concluir

Dentro do calendário das festividades religiosas promovidas na Basílica do Senhor do Bonfim encontra-se a secular Festa de Nossa Senhora da Guia. A deste ano tem como tema “Na Basílica Santuário do Senhor Bom Jesus do Bonfim, em Maria encontramo-nos com Cristo e com o Espírito Santo e da mes-ma forma com os Irmãos”. No Brasil, o início da devoção à Nossa Senhora da Guia, um dos muitos títulos atribuídos à Virgem Maria, deve-se ao capitão-de-mar-e-guerra Theodózio Rodrigues de Farias, que trouxe de Portugal a imagem do Nosso Senhor do Bonfim. No mesmo navio veio a imagem de Nossa Senhora da Guia, tendo chegado em Salvador no dia 18 de abril de 1745. Ambas fi-caram abrigadas na Igreja da Penha, na Ribeira, até a con-clusão das obras da parte interna da Igreja do Bonfim, sendo transladadas para a colina da Cidade Baixa no dia 24 de junho de 1754.

o mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 2009. O lançamento foi no dia 18 de novembro passado, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi. Na foto o empresário Nelson Taboada cumprimentando o escritor, tendo ao centro o jornalista Nelson José de Carvalho.

Nelson Taboada, presidente da Casa de Cultura Carolina Taboada, com o homenageado, ministro César Asfor Rocha.

O ministro César Asfor no Restaurante Bargaço, entre o jornalista Nelson José de Carvalho e o empresário Nelson Taboada.

O ministro César Asfor entre o desembargador Paulo Furtado e o chefe do Ministério Público do Estado da Bahia, Wellington César Lima e Silva.

O ministro César Asfor entre o desembargador Paulo Furtado e o chefe do Ministério Público do Estado da Bahia, Wellington César Lima e Silva.

de Castro, pela desembargadora Maria José Sales Pereira, representando a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Telma Brito, pelo chefe de gabi-nete do Governo do Estado, Fernando Schmidt, representando o governador Jaques Wagner, pelo vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, representando o prefeito João Henrique Carneiro, e pelo ministro Humberto Soares Martins, do STJ. Também compareceram à cerimônia o ministro Mauro Campbell Marques, integrante da Segunda Turma do STJ, além dos desembargadores Paulo Furtado, Nilson Castelo Branco e Eserval Rocha, entre outras autoridades. À noite, no Restaurante Bargaço, foi oferecido um jantar ao ministro César Asfor, que emocionado falou da responsabilidade em receber uma comenda que leva o nome do consagrado jurista baiano Orlando Gomes.

Nelson Taboada entre o desembargador Paulo Furtado e o ministro César Asfor.

José Gomes Brito, procurador do Ministério Público do Estado da Bahia, Nelson Taboada, desembargador Nilson Castelo Branco e o advogado José Saraiva.

A data litúrgica da celebração é 15 de agosto, mas pode ser em data móvel, de acordo com as conveniências de cada localidade. Em Salvador, a Devoção do Senhor do Bom Jesus do Bomfim conseguiu autorização do Vaticano para ser no se-gundo domingo após a Epifania do Senhor. Dessa forma, a comemoração é sempre no mês de janeiro. A deste ano começa no dia 17 (segunda-feira), com missa oficiada pelo monsenhor José Edmilson de Macêdo, pároco da Igreja de Nossa Senho-ra de Brotas, e termina no dia 23 (domingo), dia dedicado à Nossa Senhora da Guia, com missa solene presidida por dom Emanuel d’Able do Amaral, arquiabade do Mosteiro de São Bento da Bahia. A Festa de Nossa Senhora da Guia de 2011 tem como juízes o casal Nelson Taboada e Patrícia Soussa Taboada. Ele é mem-bro da Devoção do Senhor Bom Jesus do Bomfim, irmandade promotora das festividades na Basílica do Bonfim.

http://mosaicosdobrasil.tripod.com

O título desta coluna é o nome do site recomendado aos que queiram conhecer os principais mosaicistas brasileiros ou com atuação no Brasil. E para ficar sabendo sobre a obra e a importância de Heinz Schueler, bastará ir à página (mostra imagens de 19 obras do artista) a ele dedi-cada: A hora e a vez de Heinz Schueler. O portal foi criado e é mantido pelo jornalista e mosaicólogo Hen-rique Gougon, que reside em Brasília. É dele a autoria do texto abaixo transcrito:

É preciso informar que há um livro lançado em 1962 pela Editora Ao Livro Técnico, de autoria de Antônio Alfredo Mucci, chamado ‘Compên-dio Histórico-técnico da Arte Musiva’. A obra só é encontrada hoje nas prateleiras de boas bibliotecas e é um relato aprofundado da história universal do mosaico. Ao situar a presença da arte em nosso país, o autor – um ítalo-brasileiro que se notabilizou pela realização de muitos painéis no Rio de Janeiro e em Minas Gerais – salienta que já havia àquela altura no Brasil artistas renomados envolvidos com a realização de mosaicos, citando três deles: Paulo Werneck, José Moraes e Heinz Schueler. Os dois primeiros já foram devidamente examinados e comentados em nossas páginas, mas sobre Heinz Schueler nunca houve nenhuma outra referência em livros ou em páginas específicas da Internet. De tanto procurar por ele e por suas obras nos últimos anos, acabei encontrando uma pequena menção ao seu nome em uma página da Web que trata de assuntos paroquiais da pequena cidade de Monte Verde. Nele havia uma referência ao artista e à sua filha, Renate, que passara a infância naquela comunidade. Consegui entrar em contato com o dono do site e através dele localizei a filha de Heinz Schueler na cidade de Cleawater, na Flórida, que muito ajudou na elucidação de um enigma que há muito me intrigava.

Um universo de obras em mosaico

Ao estabelecer contato com Renate, descobri a existência de um vas-to universo de mosaicos realizados por Heinz Schueler. Ela ficou feliz pelo meu interesse no conjunto de trabalhos de seu pai e dispôs-se a prestar informações sobre a obra do artista, já falecido. Sua estimativa é de que ele teria deixado no Brasil uma quantidade incalculável de peças. Bem, diante dessa estimativa elevada sobre o número de mosaicos realizados por Schueler, passei a refletir sobre onde estariam tantas obras se são quase inexistentes as informações a respeito de seu trabalho artísti-co. Logo que Renate enviou-me as primeiras fotos das obras realizadas por seu pai pude entender a razão da ausência de seu nome em livros ou revistas em nosso país. É que Heinz Schueler sempre foi um exímio executor de obras em mo-saico, mas quase não se aventurou em criar seus próprios mosaicos. Infe-lizmente, num país como o Brasil, inexiste a prática de repartir a autoria das obras de arte entre os que concebem e os que a executam. Certa vez, o Palácio do Planalto abrigou uma exposição de esculturas de autores brasileiros e franceses no hall de entrada do prédio. Ficou muito evidente na ocasião que os escultores franceses concediam o crédito às fundições de bronze que imortalizaram suas obras. Já os artistas brasileiros não o faziam. O caso dos mosaicos não é diferente. Até hoje me pergunto qual ateliê ou quem realizou as obras de Portinari em mosaico. Um verdadeiro mistério. Também ninguém sabe quem fez os painéis em mosaico de Di Cavalcanti nem os de Clóvis Graciano e de tantos outros nomes famosos nas décadas de 50 e 60. Bem, a verdade é que quase nunca há menção aos verdadeiros execu-tores das obras em pastilhas. Quem estuda mosaico sabe muito bem que a empresa Vidrotil foi responsável por uma infinidade de painéis e murais em nosso país, mas ela mesmo não foi autorizada pelos artistas do passa-do a colocar o crédito pela execução. De suas instalações surgiram muitos painéis e murais por este Brasil afora, mas são raros os casos em que apa-rece o nome da empresa. Vale observar que a Vidrotil é também citada por Alfredo Mucci entre os nomes dos artistas que já podiam responder por uma produção importante de obras em pastilhas à altura em que seu livro foi lançado (1962).

Uma parceria de sucesso: Schueler e Carybé

Heinz Schueler foi quem viabilizou a obra de dezenas de artistas brasileiros com a execução de seus projetos para mosaicos. Nem todos exibiram o nome dele nos painéis, mas é preciso chamar atenção para a exceção honrosa de Carybé, de quem se tornou um grande amigo, tendo concretizado seus projetos para murais de Salvador e de São Paulo. Um exemplo eloqüente é o painel, ainda bem conservado, que se en-contra no interior de uma agência do Banco Itaú em São Paulo. A obra de Carybé está assinada por ele junto com o crédito da execução a Schueler. Só isso já seria suficiente para legitimar a importância de Heinz Schueler no panorama de obras em mosaico no Brasil. Mas não foi só. Carybé realizou diversos outros painéis em mosaico na Bahia, alguns deles com sua assinatura e também a do parceiro da execução. Uma das obras realizadas para um edifício residencial no campo Grande, em Salva-dor, também estampa ao pé do mural a referência a Schueler.

Henrique Gougon 4 de novembro de 2009

JANEIRO 2011Folha do Rio Vermelho

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2 de fevereiro de 2011:

Texto: Ubaldo Marques Porto Filho

Centenário de nascimento de Heinz Schueler, mosaicista que morou

no Rio Vermelho

O Rio Vermelho, primeiro balneário turístico da Bahia, foi o cen-tro preferencial do veraneio das famílias ricas do centro de Salvador durante meio século, de 1880 a 1930. Depois desse ciclo áureo, o bairro cheio de sobrados, casarões e palacetes, transformou-se no recanto dos artistas. No início da década de 1950 ganhou o status de “Bairro dos Artistas”. Por isso, os autores do livro ‘Cidade do Sal-vador, Caminho do Encanto’, Darwin Brandão & Mota e Silva, es-creveram em 1958: “O Rio Vermelho é o local preferido para residên-cia de artistas. É o Montparnasse baiano”. E para morar nesse “Montparnasse”, em dezembro de 1953 che-gou o mosaicista alemão Heinz Schueler, que se instalou na Rua Ala-goinhas, localizada no loteamento Parque Cruz Aguiar. Ele ocupou a casa de número 24, depois mudado para 13, atual 188. Estabeleceu-se no Rio Vermelho com toda a família, formada pela esposa Helene, a filha Renate e o filho Fredy, ambos crianças. Schueler foi apresentado a Carybé, que também residia no Rio Vermelho, com quem fez imediatamente uma produtiva parceria, que funcionava da seguinte forma: Carybé fazia os desenhos e contrata-va Schueler para a construção dos mosaicos. No rodapé das obras, junto ao seu nome, Carybé colocava o seguinte crédito: “Mosaico Schueler”. A intenção do artista era ficar definitivamente em Salvador. Porém, em face dele e Helene terem contraído malária, os médicos recomendaram que fossem morar numa região de clima frio. Em

março de 1955 a família mudou-se para São Paulo. Heinz deixou na capital baiana vários trabalhos impor-tantes, todos feitos por encomenda de Carybé, para quem continuou produzindo murais, localizados em diversas outras cidades. Além dos trabalhos em murais fixos, em São Paulo ele expunha e vendia peças individuais, pequenos mosaicos de sua própria criação, com a assinatura Heinz Schueler. Acatando sugestão de que nessas obras deveria usar um nome menor, passou a assiná-los com o pseudônimo “Carijó”.

Perfil do artista

Esse ano, no dia da Festa de Yemanjá, quando o Rio Vermelho estará sendo o palco de mais uma edição da maior manifestação pública do mundo em homenagem à Rainha do Mar, comemora-se também o centenário de nascimento de Karl Heinz Johannes Schueler. Ele veio ao mundo no dia 2 de fevereiro de 1911, em Berlim, Alemanha. Na cidade natal aprendeu a trabalhar com mosaicos no Ateliê Wagner, que recebia muitas encomendas do exterior para fazer mosaicos em equipamentos públicos. Em função disso, a partir dos 19 anos começou a viajar, para executar trabalhos, tendo residido em Paris e Budapeste. Em Zurique, na Suiça, Heinz Schueler trabalhava num atelier de mosaicos quando conheceu Ernesto Tobler (homônimo do pai, suíço que tinha sido diretor da Dannemann, famosa produtora de charutos com sede em São Félix, no Recôncavo baiano) que o encorajou a vir para Salvador e começar a trabalhar de forma independente, sem a intermediação dos ateliês de terceiros. A bordo do transatlântico inglês Alcantara, desembarcou com a família no porto de Salvador no dia 17 de dezembro de 1953, ficando hospedado na Pensão Jansen, no Corredor da Vitória, pertencente a um

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Schueler trabalhando em um painel.

Trabalhos de Carybé e Schueler .

Filha, também artista

Renate Doris Schueler nasceu na Alemanha, no dia 29 de abril de 1945, numa Berlim totalmente ar-rasada pelos bombardeios aéreos da Segunda Guerra Mundial. A cidade já estava sendo invadida pelas tropas russas e no dia seguinte Hitler suicidou-se no seu bunker de Berlim. Aos cinco anos, Renate já demonstrava pendor para as artes plásticas. Aos 14 tinha vendido suas primeiras pinturas e com 18 participou da primeira exposição. Devido a experiência da Guerra, seu pai sempre dizia que ela deveria estudar com afinco e desenvolver outra profissão para não ficar dependente exclusivamente das artes. Renate aprendeu a falar português no Rio Vermelho e foi uma das primeiras alunas da Escolinha do Parque, fundada em abril de 1954, na Rua Conquista, pela professora Maria Helena Neves da Rocha Fon-seca. Em São Paulo continuou os estudos no Colégio Visconde de Porto Seguro (antiga Escola Alemã) e no Instituto Mackenzie fez o curso de secretária bilíngüe e trabalhou na presidência da Willys Overland do Brasil.

suíço. O próprio Tobler, que residia na Rua Conquista, bairro do Rio Vermelho, foi quem arranjou a casa para ele morar, como seu vizinho, na Rua Alagoinhas. E aí começou a parceria profissional com Carybé, resultan-do em vários trabalhos importantes, dentre eles os que se encontram na Escola Parque (no bairro da Caixa D’Água), e nos edifícios Morada Campo Grande (no Largo do Campo Grande), Tupinambá (Canela), Concórdia (Barra) e Cidade do Salvador (Comércio). Mesmo depois que se mudou para São Paulo, esteve várias vezes em Salvador para fazer trabalhos a pedido de Carybé. Heinz Schueler morou no Brasil durante 41 anos, período em que fez mosaicos para dezenas de outros artistas. Faleceu aos 84 anos, em 15 de outubro de 1995, em Sindelfingen, subúrbio de Stuttgart, sul da Alemanha.

Aos 26 anos casou-se com o engenheiro carioca Sérgio Wechsler e foi morar na Alemanha, donde se transferiram para os Estados Unidos. Em Nova Iorque trabalhou como se-cretária bilíngüe (inglês/português) na agência do Banco do Brasil, na Quinta Avenida. Sempre em constante mudança, pois seu marido era executivo da General Motors, morou em países de três continentes, inclusive em Portugal, onde per-maneceu por três anos e produziu e vendeu muitas obras de arte. Ao todo, mudou-se 25 vezes e agora está definitiva-mente radicada nos Unidos Unidos, residindo em Clearwater Beach, Flórida. Como pintora, Renate possui centenas de quadros espalha-dos pelo mundo, entre as encomendas muitos retratos. Quan-do jovem, o povo baiano teve grande destaque em suas pin-turas. Sua passagem pelo Rio Vermelho foi marcante, pois carrega influências fortes e confessa: “Sou baiana de cora-ção e o meu bairro é o Rio Vermelho”. Sempre que vem ao Brasil, visita Salvador e revê o inesquecível Rio Vermelho.

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Arquivo: Família

Folha do Rio Vermelho

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JANEIRO 2011

As congratulações pela eleição de Godinho

Último ato de Godinho antes da eleição

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Folha do Rio Vermelho JANEIRO 2011

Câmara Municipal elege e empossa nova Mesa Diretora

O vereador Pedro Godinho é o novo presidente da Câmara Municipal de Salvador. Ele foi eleito na manhã do dia 2 de janeiro, para o biênio 2011/2012. Com a presença dos 41 vereadores que integram o Poder Legislativo Municipal, foram também eleitos, em chapa única, mais oito vereadores que compõem a nova Mesa Diretora da mais antiga casa legislativa do Brasil.

PresidentePedro Godinho (PMDB)

1º Vice-PresidentePaulo Magalhães Júnior (PSC)

2º Vice-PresidenteIsnard Araújo (PR)

3º Vice-PresidentePaulo Câmara (PSDB)

1º SecretárioCarlos Muniz (PTN)

2º SecretárioMoisés Rocha (PT)

3º SecretárioOrlando Palhinha (PSB)

Ouvidora-GeralOlívia Santana (PCdoB)

Corregedor-GeralAlcino da Anunciação (PSL)

Em seu discurso de posse, o vereador Pe-dro Godinho agradeceu a confiança dos pares. Frisou que “somos nós que, em nome deste povo, em nome da nossa história e da história do Brasil temos que fiscalizar o poder Executivo Municipal, aprovando os projetos de lei, após analisá-los nas comissões, discu-ti-los e votá-los no plenário, transformando-os em Lei”. Disse ainda que manterá intocada a inde-pendência da Câmara e em harmonia com o Executivo. “Diante de vocês e da cidade, di-ante dos 30 anos de vida pública que tenho, eu asseguro a todos, neste momento, o meu compromisso em cumprir de forma indepen-dente e democrática a proposta de trabalho apresentada”, ressaltou o novo presidente Pedro Godinho. “Ouviremos atentamente a cada pleito, procurando resolvê-los com presteza e de-terminação, tanto quanto possível. E não nos esqueceremos de viabilizar a implanta-ção dos planos de saúde e o pagamento do saldo da URV dos servidores”, concluiu.

Transcrito da pág. 5 doDiário Oficial do Legislativo,

edição de 4 de janeiro de 2011

Mesa Diretora do biênio 2011/2012

Independência da Câmara

A nova Mesa Diretora: Alcindo da Anunciação, Paulo Câmara, Paulo Magalhães Júnior, Carlos Muniz, Pedro Godinho, Moisés Rocha, Isnard Araújo, Orlando Palhinha e Olívia Santana.

Pedro Godinho fazendo o primeiro pronuncia-mento como presidente da Câmara.

Fotos: Câmara