rio grande do sul - caderno do professor

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Prezado(a) Professor(a) com satisfao que fazemos chegar s suas mos os Cadernos do Professor, organizados nas mesmas reas do conhecimento Linguagens, Matemtica, Cincias da Natureza e Cincias Humanas do Referencial Curricular elaborado pela Secretaria de Estado da Educao para os anos finais do ensino fundamental e ensino mdio. Esses Cadernos do Professor so acompanhados de Cadernos do Aluno para serem utilizados em sala de aula. Formados por atividades de todos os componentes do currculo, os Cadernos do Aluno so organizados por sries: um para as 5 e 6 sries e outro para as 7 e 8 sries do ensino fundamental, um terceiro caderno para os alunos do 1 ano e outro ainda para os 2 e 3 anos do ensino mdio. As atividades presentes nos Cadernos do Professor e Cadernos do Aluno consistem em exemplos de como o Referencial Curricular pode ser implementado em aulas que acreditamos possam ser motivadoras e atraentes para nossos alunos. A organizao dos currculos pelas escolas a partir de um referencial dever assegurar o desenvolvimento de habilidades e competncias cognitivas e um conjunto mnimo de contedos em cada ano letivo dos anos finais do ensino fundamental e mdio, na rede estadual de ensino. A escola autnoma para construir seu currculo a partir dessa base comum e para escolher o mtodo de ensino, numa livre opo didtico-metodolgica, mas no tem o direito de deixar de desenvolver essas habilidades e competncias cognitivas e abordar esses contedos com seus alunos. Como o Referencial Curricular dever estar em constante evoluo e aperfeioamento a partir da prtica, coloca-se, para a Secretaria de Estado da Educao, o desafio de desenvolver, a partir de agora, e encaminhar permanentemente para as escolas novas atividades didticas como essas, se os professores e professoras assim o desejarem e solicitarem. Dessa maneira, a equipe da Secretaria de Estado da Educao espera estar contribuindo com o seu trabalho em sala de aula e tambm contar com a sua participao para construirmos uma Boa Escola para Todos. Mariza Abreu Secretria de Estado da Educao

SumrioHistria09 11 23 37 50 Ler, escrever e resolver problemas em Histria Migraes, sociedade e Histria Representaes, movimentos polticos e identidade social Industrializao e estrutura social: Inglaterra e Brasil (sculos XVIII-XX) Direitos humanos e questo racial: Brasil, Estados Unidos e frica do Sul (sculo XX)

Geografia65 EmGeografiaseaprendealer,aescreverea resolver problemas para compreender o lugar e o mundo Lugares e suas paisagens Anexo- Trabalho de campo Um lugar no mundo: a China Novas tecnologias e impactos sobre os lugares Um mundo em transformao: desequilbrios, tenses,conflitos

68 77 79 89 97

Sociologia109 111 A Sociologia e o desenvolvimento humano sustentvel e equitativo Papis sociais e identidades sociais: Os adolescentes no Brasil hoje

Filosofia131 133 Ler,escrevereresolverproblemasemFilosofia tica:oladoprticodaFilosofia

Jos Rivair Macedo

Ler, escrever e resolver problemas em HistriaA Histria desempenha papel crucial na formao dos jovens e por isso mesmo continua a ser disciplina obrigatria nos currculos dos ensinos fundamental e mdio. Seu carter formativo est associado aos diferentes nveis de pertencimento: social, nacional, regional, local, tnico, cultural, religioso, de gnero sexual, entre outros. Devido a esse grande potencial formativo, preciso estar alerta para os diferentes usos a que as informaes histricas podero servir, e minimizar os efeitos ideolgicos de seu contedo. preciso, por outro lado, insistir no desenvolvimento de competncias que capacitem o aluno a analisar e criticar as informaes histricas, orientando-o e fornecendo-lhe as condies necessrias para que ele assuma uma posio eminentemente ativa no processo de aprendizagem. Nos cadernos de estudo aqui apresentados, procuramos fundamentar e exemplificar temas e problemas de estudo de Histria que estivessem em conformidade com o documento da rea de Histria da Secretaria de Educao do Estado do Rio Grande do Sul. As propostas aqui elencadas no esgotam as possibilidades de trabalho, mas servem to somente como exemplos de como ensinar Histria. Todos eles esto norteados pelas competncias transversais da rea de Cincias Humanas e suas Tecnologias, tal qual aparece nos Referenciais Curriculares da Educao Bsica do Rio Grande do Sul. No ensino de Histria, ler mostra-se competncia essencial. Essa uma disciplina eminentemente analtica e conceitual, e a compreenso do significado de textos e imagens condio para a posterior anlise crtica. Ao praticar a leitura e olhar para os vestgios do passado buscando apreender seus sentidos e interpret-los o aluno no apenas obter informaes significativas mas aprender a decodific-las, selecion-las, organiz-las e, principalmente, contextualiz-las historicamente. Nas operaes que envolvem o ato de 99 ler, preciso que o educando desenvolva a capacidade crtica de identificar os diversos tipos de textos e reconhecer a diferena entre aqueles que constituem fontes primrias e aqueles que constituem referncias bibliogrficas. Os primeiros so transcries de dados escritos extrados diretamente de testemunhos histricos, de testemunhos documentais. Resultam da experincia dos sujeitos histricos e informam diretamente os acontecimentos e fenmenos do passado. A eles devem ser adicionados os testemunhos de imagens fixas (pintura e fotografia) e de imagens em movimento (televiso, cinema, computador), de palavras no escritas (discursos, depoimentos orais) e sons (msica), monumentos e vestgios arqueolgicos deixados pelos grupos humanos ao longo de sua trajetria histrica. Todas estas evidncias documentais precisam ser adequadamente decodificadas, contextualizadas, e interpretadas. Quanto aos referenciais bibliogrficos, estes provm de obras de carter historiogrfico. Constituem interpretaes do passado e, nessa condio, apresentam resultados de pesquisa que esto sujeitos a ser confirmados ou questionados, revistos, criticados ou simplesmente abandonados. Em Histria, escrever uma competncia importantssima para a organizao de informaes coletadas sobre as realidades passadas e sua transformao em objeto de anlise crtica. Ao escrever, preciso saber identificar as ideias principais contidas nos documentos histricos ou nos textos historiogrficos e os argumentos que esses textos apresentam, reorganizar suas informaes e dar-lhes uma nova forma. Ao faz-lo, o aluno passa a assumir uma posio ativa no processo de aprendizagem, tornando-se ele prprio produtor de conhecimento. Por fim, preciso lembrar que a memorizao das informaes histricas no tem

qualquer lugar numa proposta de ensino que pretenda desenvolver competncias como a 10 de resolver problemas. Realmente, se os fa10 tos histricos e informaes histricas so as matrias-primas do conhecimento, elas no bastam para dar sentido ao carter eminentemente formativo que a disciplina reivindica para si. Em Histria, a busca pela resoluo de problemas est intimamente relacionada com a postura crtica e analtica diante dos fatos e informaes. O saber histrico escolar deve ser eminentemente comparativo, relacional. Atravs das habilidades de comparar e relacionar que o aluno ter condies de perceber as continuidades e rupturas nos contextos e estruturas histricas, as semelhanas ou diferenas existentes entre as formaes sociais e econmicas de diferentes pocas e lugares. Na preparao dos cadernos, seguimos as orientaes gerais que aparecem nos Parmetros Curriculares Nacionais do ensino fundamental e do ensino mdio, circunscrevendo os temas e contedos a dois eixos temticos considerados transversais para todo o ensino bsico. Um deles diz respeito ao significado histrico do trabalho, aqui concebido no apenas na esfera social e econmica, mas nas dinmicas socioculturais que lhe do significado. A este aspecto esto relacionados o tema das migraes, sociedade e histria, proposto

para os alunos das 5as e 6as sries, e o tema Industrializao e estrutura social: Inglaterra e Brasil (sculos XVIII-XX), proposto para os alunos das 1as sries do ensino mdio. O outro diz respeito cidadania, aqui compreendida como as variadas formas pelas quais os sujeitos se organizam e se manifestam para aquisio de direitos e espao de atuao na sociedade, atravs de manifestaes polticas e sociais. Por isso que para as 7as e 8as sries desenvolvemos o tema das Representaes, movimentos polticos e identidade social, em que estudada a representao da ideia republicana; e para as 3as sries do ensino mdio propusemos o problema Direitos humanos e questo racial: Brasil, Estados Unidos e frica do Sul (sculo XX). Em todos os cadernos de estudo, optamos por tratar de experincias histricas que nos pareceram significativas para compreender direta ou indiretamente problemas que esto presentes na sociedade rio-grandense. Tais experincias (migraes; republicanismo; industrializao; racismo) foram confrontadas com experincias outras do Brasil e do Mundo, vistas no passado e no presente. Partir do vivido nos pareceu ser o melhor caminho para fornecer exemplos de um ensino de histria renovado, em que os fatos no falam mais efetivamente por si, mas respondem a indagaes cruciais no necessrio dilogo entre a Histria e o nosso tempo.

Ensino Fundamental - 5 e 6 sries Migraes, sociedade e HistriaPrezado professor:Para a 5 e a 6 sries do ensino fundamental, os Parmetros Curriculares Nacionais elegem como eixo temtico a Histria das Relaes Sociais, da Cultura e do Trabalho, desdobrado em dois subtemas: As Relaes Sociais e a Natureza e As Relaes de Trabalho. A fim de exemplificar uma possibilidade de se trabalhar em sala de aula, esta unidade prope o estudo das migraes. Quais as razes dessa escolha? Primeiro, porque uma das caractersticas marcantes da sociedade sul-rio-grandense ser uma sociedade de fronteira, onde atuaram e atuam diferentes grupos sociais, nacionais e tnicos. Em segundo lugar, porque diferentes movimentos migratrios deram sociedade gacha a pluralidade tnica que a caracteriza na atualidade. Por fim, o tema da migrao no exclusivo do sul do Brasil, mas pode ser verificado e problematizado ao longo da histria. um tema atual, relevante, que faz parte da realidade social da qual os alunos participam. A unidade desenvolvida em seis aulas aproximadamente, articuladas ao tema central, em que o estudante problematizar o conceito da migrao; avaliar o significado das migraes em diferentes tempos e sociedades e examinar o significado das migraes na histria do Brasil, com particular ateno ao Estado do Rio Grande do Sul. Escrever: Produzir textos autorais de contedo histrico, a partir da leitura de diferentes registros escritos, iconogrficos, sonoros. Resolver problemas: Identificar o problema das migraes por vrios ngulos, em diferentes momentos da histria e em diversos locais do mundo, partindo da realidade histrica gacha; comparar informaes e perspectivas diferentes sobre um mesmo acontecimento, fato ou tema histrico; formular hipteses e questes a respeito do tema estudado e posicionar-se criticamente.

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HabilidadesProblematizar conceitualmente o histrico das migraes. Avaliar o significado das migraes em diferentes tempos e sociedades. Examinar o significado das migraes na histria do Brasil, com particular ateno ao Estado do Rio Grande do Sul. Discutir situaes da vida cotidiana relacionadas a preconceitos tnicos e culturais. Investigar criticamente a histria da formao da sociedade brasileira. Interpretar o processo de ocupao e formao da sociedade brasileira, a partir da anlise de fatos e processos histricos. Analisar relaes entre as sociedades e a natureza na construo do espao histrico.

ObjetivosOs alunos, ao final da unidade, devero ser capazes de: Ler: Localizar informaes em diferentes tipos de fontes (entrevistas, pesquisa bibliogrfica, imagens, etc.), distinguindo o tratamento da questo da migrao como problema histrico, social e econmico dinmico.

ContedosMigraes conceito. Caractersticas marcantes da sociedade sul-rio-grandense. Grupos sociais, nacionais, tnicos. Movimentos migratrios que deram origem sociedade gacha de pluralidade tnica.

Tempo de durao: Aproximadamente 6 aulas.12 12

Recursos necessrios: Mapa-mndi; mapa das migraes; papel pardo; revistas.

O migrante como sujeito da Histria(Aula 1) Esta aula tem por finalidade uma aproximao ao tema da unidade. O primeiro aspecto a ser discutido com os estudantes a dimenso conceitual que est por trs do problema das migraes.

Na anlise do tema das migraes, podem ser considerados diversos problemas de estudo, entre os quais: As migraes livres e as migraes foradas (escravido); Os condicionamentos naturais que foram as migraes; Os condicionamentos sociais que estimulam as migraes; Os grandes processos histricos ligados a migraes humanas; Aa mobilidade tnica das migraes; As relaes entre migraes e colonizao. Outro aspecto importante para o tratamento do contedo a percepo de que, ao fenmeno migratrio humano, esto relacionados diferentes conceitos e noes operatrias que podero ser explorados pelos estudantes durante a leitura e a realizao das demais atividades (ver Caderno do Aluno), entre os quais esto os conceitos de: Identidade tnica / alteridade: As relaes etnocntricas entre migrantes e na sociedade que os recebe; Lngua / dialeto: As variaes lingusticas resultantes da mudana/adaptao ao meio cultural e geogrfico de adoo; Cultura material / patrimnio / tcnica: As inovaes tcnicas, a introduo de utenslios, ferramentas e formas de trabalho provenientes dos lugares de origem do migrante; Costumes / tradies folclricas: Os costumes alimentares, vestimentares, religiosos, da tradio oral, dos hbitos e costumes coletivos introduzidos nos locais de recepo do migrante; Colonizao e povoamento: Explorao econmica e processo de urbanizao; complementaridade econmica e dependncia poltica.

O problema das migraes Sensibilizao: trabalhando com imagensInicie a aula com a projeo da tirinha de autoria de Carlos Enrique Iotti, tambm presente no Caderno do Aluno. D um tempo para que os alunos possam fazer a sua leitura, observando o personagem cmico Radicci, criado em 1983. Saliente que no prprio nome do personagem h vinculao com um trao alimentar dos talo-brasileiros: o gosto pela verdura conhecida como radicci, utilizada em saladas. Observe ainda que a comicidade do personagem est na mistura entre os costumes de origem italiana e o jeito de ser que caracteriza o malandro brasileiro. Depois da leitura inicial da imagem, pea que se renam em duplas e respondam s questes propostas no Caderno do Aluno. So perguntas simples que preveem respostas curtas, como a observao do consumo do churrasco como trao da cultura gacha, e a presena de palavras de origem italiana misturadas a palavras da lngua portuguesa, indicando a mescla das diferentes lnguas e tambm lembrando a cultura de origem do personagem Radicci. Socialize as respostas, registrando-as no quadro.

Estabelecendo o vnculo com o contexto do alunoPara incentivar o aluno a perceber alguns vnculos do fenmeno migratrio com sua prpria realidade contempor-

nea, proponha a reflexo sobre o impacto social das migraes em nossa sociedade. A partir da lista de presena, identifique, pelos sobrenomes familiares, provveis influncias de diferentes grupos migratrios: portugueses, aorianos, italianos, alemes, poloneses, espanhis, africanos. Relacione os sobrenomes no quadro, identificando, ao lado, as possveis origens, de acordo com a exposio dos alunos. Para tanto, solicite voluntrios que se disponham a comentar brevemente as caractersticas prprias dos povos de sua origem familiar. Essa ser uma primeira aproximao com o contexto do aluno e provvel que muitos desconheam a origem e a histria de suas famlias. Use isso como motivao para que realizem a tarefa extraclasse solicitada no Caderno do Aluno. Leia com eles a tarefa proposta, esclarecendo e exemplificando os termos que podem gerar dvidas, como, por exemplo, documentos familiares, rvores genealgicas, antepassados, origem nacional, origem tnica. Observe que, no caso das populaes de descendncia africana, no possvel identificar o sobrenome com antropnimos de origem devido ao prprio sistema escravocrata, no qual os cativos passaram a ser identificados pelo sobrenome de seus proprietrios. Caber nesse caso organizar a rvore genealgica at onde for possvel, destacando, entretanto, este aspecto como consequncia direta da migrao forada. Conforme os novos vocbulos, expresses e conceitos vo surgindo ao longo das aulas, crie o hbito de list-los em uma coluna, num lado do quadro, estimulando os alunos a fazerem o mesmo no seu caderno. Isso qualificar a escrita de textos relacionados ao conhecimento histrico.

Estrangeiros ou migrantes? Trabalho em grupoReorganize a turma e proponha um trabalho em grupo a partir da leitura do fragmento do texto de Rosita Milesi, uma estudiosa do problema da migrao, que coloca em debate os direitos civis e a cidadania daqueles que se deslocam de uma regio ou pas para outra regio ou pas. Antes de levar o texto para discusso, esclarea o significado de certas palavras ou conceitos pouco usuais para a faixa etria do estudante, entre eles: Ditadura militar: Perodo de governo em que o Brasil foi governado por militares (1964-1985), em que houve restries ao direito livre participao poltica; Famlia universal: De acordo com a Declarao Universal dos Direitos Humanos, de 1948, a condio desejvel de todos os povos do Planeta. Concluda a tarefa proposta no Caderno do Aluno, pea que os grupos relatem as ideias identificadas no texto para cada uma das questes. Na questo 1, observe que os diferentes povos que chegaram em nossas terras contriburam para reforar a identidade nacional do Brasil, que um pas marcado pela mestiagem, isto , pela mistura racial; assim, todos os migrantes foram importantes para a histria do Brasil. Na questo 2, observe que a inexistncia de uma lei das migraes uma demonstrao da pouca importncia dada ao assunto pelas autoridades, especialmente pelo Poder Legislativo. A noo de estrangeiro refora o distanciamento entre a sociedade brasileira e os migrantes que para c vieram. Na questo 3, importante que entre os migrantes voluntrios estejam presentes os portugueses, os espanhis, os alemes, os italianos, os japoneses e outros; os migrantes forados na histria do Brasil foram os africanos trazidos para c como escravos.

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Professor, talvez seja necessrio explicar para os alunos que o Poder Legislativo do Brasil exercido, no mbito federal, desde 1891, pelo Congresso Nacional, que se compe da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, compostos, respectivamente, por deputados e senadores.

Professor, caso perceba que os alunos no esto conseguindo acompanhar a explicao, abra espao para as dvidas, esclarecendo-as e, na medida do possvel, dando novos exemplos.

A migrao como experincia histrica em diferentes pocas e sociedades(Aula 2) Nesta aula, os alunos estudaro o papel das migraes no povoamento do continente americano.

As teorias migratriasAo considerar a migrao como problema histrico, abre-se um amplo leque de possibilidades de estudo. Por exemplo, as migraes acompanham toda a histria da humanidade, sendo responsveis diretas pelo fenmeno de difuso cultural, tcnica e econmica. As migraes humanas esto relacionadas a acontecimentos fundamentais na histria da humanidade, como o deslocamento das tribos hebraicas at a Palestina, no II milnio antes da Era Crist; o deslocamento dos povos germnicos do Extremo Norte da Europa rumo ao Mediterrneo, que desencadeou a queda do Imprio Romano nos sculos IV e V da Era Crist, o povoamento e a colonizao da Amrica por espanhis e portugueses entre os sculos XVI e XVIII, entre tantos outros exemplos. Reforce junto aos estudantes a noo de que as migraes trazem contribuies fundamentais para a sociedade em que vivem, enfatizando a dimenso colonizadora, exploratria e civilizadora dos movimentos migratrios.

Um bom exemplo pode ser o do papel das migraes no povoamento do continente americano. Embora esse seja um dos temas mais controvertidos na arqueologia americana, com diversas teorias e hipteses ainda no comprovadas plenamente, o certo que a Africa o bero da humanidade. O homem no surgiu na Amrica, e o povoamento do continente teve incio muito antes da chegada dos espanhis e dos portugueses da era moderna. Mas quando e de onde teriam vindo os migrantes que deram origem aos indgenas pr-colombianos? Sobre a data inicial do povoamento americano, as interpretaes mais aceitas sugerem que tenham ocorrido entre 25 mil e 12 mil anos antes da Era Crist. Mas alguns pesquisadores, como a arqueloga brasileira Nide Guidon, indicam data muito mais recuada, anterior a 40 mil anos antes de Cristo. Quanto ao problema da origem dos migrantes, h trs possibilidades. A menos aceita de que eles teriam vindo da Austrlia, em embarcaes rsticas, atravs do oceano Pacfico. Outra interpretao muito questionada defende que tenham vindo da Malsia, atravs das ilhas da Polinsia. A interpretao mais aceita sugere que, por volta de 12 mil anos antes de Cristo, o atual Estreito de Bering estava congelado, o que teria possibilitado o trnsito de populaes provenientes da sia, atravs da Sibria e do Alasca, de onde aos poucos foram se espalhando pelo continente.

Localizando no mapaEncaminhe-os para a realizao da tarefa proposta no Caderno do Aluno. Essa tarefa pode ser realizada em duplas ou trios. Reserve uns mi-

nutos para a apresentao dos grupos, correo e esclarecimentos, se forem necessrios. Para que os alunos possam acompanhar visualmente a explicitao, interessante mostrar, num mapa, a localizao e o movimento realizado por esses povos. Mais interessante ainda seria trabalhar com dois mapas: um histrico e outro atual, para que possam comparar as mudanas ocorridas ao longo do tempo.

vido provavelmente aos diferentes ambientes e padres alimentares). No item dos aspectos culturais, o que se espera que os estudantes 15 15 descubram uma grande variedade de hbitos vestimentrios e ornamentos corporais resultado de convenes culturais diferentes para os povos dos dois continentes.

Os imigrantes aorianos(Aula 3) Nesta aula, os alunos devero avaliar a historicidade do fenmeno migratrio na realidade brasileira, com nfase para a histria do Rio Grande do Sul e na migrao aoriana.

A origem dos povos indgenasOriente-os a observarem a fotografia presente no Caderno do Aluno, em que aparecem alguns lderes indgenas brasileiros do grupo Kaiap, durante uma atividade em 2005. Repare que os culos sugerem aquisies culturais recentes, mas os adornos e pinturas so marcas de sua cultura ancestral. A seguir, pea que se organizem em grupos e encaminhe a pesquisa de imagens de grupos populacionais originrios da sia, sobretudo do norte da China, Monglia e sia Central. Pea que comparem as imagens com a fotografia dos indgenas brasileiros, identificando as semelhanas e diferenas entre: a) Aspectos fsicos dos dois grupos (composio corporal, cor do cabelo, cor da pele, tamanho e forma dos olhos); b) Aspectos culturais dos dois grupos (vestimentas, ornamentos, tatuagens e pinturas, penteados, utenslios). Oriente-os a preparem cartazes, com papel pardo ou outro tipo de material, a fim de exporem seus achados ao grande grupo. Em relao aos aspectos fsicos, o que se espera que os estudantes notem algumas semelhanas, sobretudo na cor dos cabelos e dos olhos, e diferenas de cor de pele (devido provavelmente necessidade de adaptao aos diferentes climas) e na composio corporal (de-

O papel das migraesProfessor, a estratgia a ser adotada para realizar a tarefa eleger um foco de estudo, de acordo com a opo que melhor representar a realidade do pblico escolar. Isto quer dizer que a inteno nessa parte no esgotar o tema das migraes, mas articular esse tema com o contexto a que o estudante estiver vinculado.

Ao trabalhar com os acontecimentos da histria do Rio Grande do Sul nos sculos XVIII e XIX, a ideia no retratar globalmente os diferentes contextos histricos que sero mencionados, mas compreender o papel que as migraes desempenharam neles. Voc poder dar mais nfase e procurar encontrar conexes diretas, localizadas no cotidiano, de acordo com a influncia que as migraes tiveram na rea geocultural em que estiver situada sua escola. Oriente os alunos para a realizao da leitura silenciosa do texto presente no Caderno do Aluno, no qual constam informaes sobre a imigrao aoriana e sua importncia no povoamento de diversas reas da antiga Provncia de So Pedro, a partir de 1752. Es-

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clarea os termos que podem gerar dvida, como, por exemplo, Tratado de Madri, Arquiplago dos Aores, Atlntico Norte, Provncia, etc. Depois, explore com os alunos o mapa presente no Caderno do Aluno, no qual esto identificadas as correntes migratrias. Professor, escolher o foco de estudo mais prximo da realidade do aluno uma estratgia para despertar o interesse pela histria, tornando-a significativa. Por exemplo, focar a histria da imigrao italiana e alem a partir do sculo XIX, se a rea geocultural a que a escola pertence estiver relacionada com a ocupao de talo-brasileiros ou teutobrasileiros; ou a histria da imigrao aoriana a partir de meados do sculo XVIII, se a escola estiver relacionada com as demais reas geoculturais do Rio Grande do Sul.

Tradies e costumes aorianosOriente os estudantes a pesquisarem sobre as tradies e os costumes aorianos preservados na cultura sul-rio-grandense. Entre essas, as mais conhecidas so as Festas do Divino Esprito Santo, comemoradas nos meses de abril, maio e junho. Durante sua realizao, s vezes, so organizadas cavalhadas, em que dois grupos de cavaleiros representam a luta dos mouros (muulmanos) contra os cristos. cavalhada: Torneio que servia como exerccio militar nos intervalos das guerras e onde nobres e guerreiros cultivavam a praxe da galanteria; em Portugal, tomou feio cvico-religiosa, baseando-se em temtica do perodo de reconquista territorial dos cristos sobre os mouros na pennsula ibrica; folguedo, ainda vivo no Brasil, em que cavaleiros ricamente trajados se exibem numa encenao com laivos marciais, em uma sequncia de jogos e representaes, cuja durao pode se estender por trs dias.

A localizao das cidades citadas no mapa do Rio Grande do Sul poder auxiliar os alunos a compreenderem o processo migratrio e as origens das cidades, sendo, por esse motivo, solicitada como tarefa no Caderno do Aluno. Acompanhe o desenho do mapa e oriente-os a localizarem corretamente as cidades. Disponibilize material bibliogrfico em aula. Se a tarefa for realizada extraclasse, lembre-se de corrigi-la na prxima aula!

Recomende que pesquisem em livros de folclore e enciclopdias sobre: Os aorianos e a tradio das Festas do Divino Esprito Santo; Os aorianos e a tradio das cavalhadas no Rio Grande do Sul. Alerte-os de que o resultado da pesquisa ser compartilhado com os demais colegas, portanto, importante que adquiram o hbito de redigir um texto claro, indicando sempre a fonte onde as informaes foram obtidas. Se, num livro, fazer a referncia bibliogrfica com o autor, o ttulo do livro, o local de publicao, a editora, o ano e a pgina; se site, o endereo completo com a data e a hora da consulta.

Professor, importante disponibilizar, para essa atividade, um mapa do Rio Grande do Sul em sala de aula, de modo que possam visualizar/localizar as cidades, para depois poderem realizar a tarefa solicitada de desenhar o mapa do Estado.

Professor, importante que voc faa uma pesquisa na biblioteca da escola, a fim de se certificar de que os alunos encontraro bibliografia para realizar a pesquisa solicitada.

Os imigrantes alemes e italianos(Aulas 4 e 5) Nestas aulas, sero estudadas as imigraes alem e italiana e as questes de identidade social delas oriundas.

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A pesquisa poder ser realizada no laboratrio de informtica ou voc poder indicar os seguintes livros, que fornecem informaes sobre os assuntos sugeridos: MARQUES, Lilian Argentina B. e outros. Rio Grande do Sul: Aspectos do Folclor e . Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 1992. OURIQUE, Ana Zenaide Gomes; JACHEMET, Clia Silva. Cavalhadas: Uma Tradio de Raiz Milenar. Porto Alegre: Edies EST, 1997.

Imigrao e identidade social Os imigrantes alemesExplique que nessas aulas ser dada continuidade ao estudo das migraes. Retome o texto presente no Caderno do Aluno, faa uma pequena introduo falando sobre o caso especfico dos povos de origem alem: o governo brasileiro estimulou a imigrao com a inteno de povoar e colonizar reas ainda pouco exploradas ou virgens, concedendo pequenos lotes de terra at 1850. Desse ano em diante, as propriedades passaram a ser vendidas com pagamento em diversas parcelas. Mostre num mapa (se possvel histrico) que as primeiras comunidades de emigrantes europeus vieram de territrios atualmente pertencentes Alemanha, que na poca no era ainda um pas unificado, a partir de 1824 portanto, logo depois da Independncia do Brasil. Estabeleceram-se inicialmente em So Leopoldo e, depois, em Santa Cruz e Nova Petrpolis.

Para o fechamento da aula, selecione uma passagem do incio do filme Dirio de um Novo Mundo, dirigido por Paulo Nascimento (2005), cujo contexto histrico diz respeito ao povoamento aoriano. Alm de ilustrar o assunto tratado, os alunos tero oportunidade de debater o conhecimento j construdo. No precisa projetar o filme todo, mas destacar uma sequncia ou uma cena que lhe parecer ilustrativa do tema aqui tratado.

Como isso acontecia no Rio Grande do Sul na metade do sculo XIX? Trabalhando com o textoEncaminhe os alunos para a realizao da leitura silenciosa do texto presente no Caderno do Aluno e solicite que destaquem as dvidas; abra espao para que as exponham e faa as

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anotaes numa lateral do quadro, a fim de que complementem o seu glossrio. Lembre-se de que, apesar de alguns termos constarem j no Caderno do Aluno, sempre possvel que outros surjam, incluindo expresses relativas ao conhecimento histrico, especificamente. Pea que, a partir da leitura do texto, destaquem a atividade que, em sua opinio, melhor contribuiria para preservar as tradies de origem germnica. Aps, solicite que alguns voluntrios leiam suas respostas, observando quais os argumentos utilizados pelos alunos para justificar a escolha. No quadro, v anotando as respostas para que os demais possam efetuar as correes. Aproveite o momento de sistematizao para explorar as informaes e imagens que constam no Caderno do Aluno, complementando o texto.

Selecione uma passagem que lhe parecer adequada do filme O Quatrilho, dirigido por Fbio Barreto (1994), cujo contexto histrico diz respeito s comunidades italianas no Sul do Brasil e apresente em sala de aula.

Sistematizando os conhecimentosPara finalizar essa parte do estudo, importante orientar os estudantes para que sintetizem as informaes trabalhadas, agrupando-as numa ordem que revele as ligaes e articulaes existentes no fenmeno das migraes. Abra espao para que os alunos coloquem suas dvidas, ressaltando que elas so importantes para a construo do conhecimento. a) Os pontos de origem dos migrantes e as motivaes da migrao: No sculo XVIII, o ponto de partida foi o arquiplago dos Aores e, no sculo XIX, pases da Europa que passavam por problemas polticos e sociais, principalmente os atuais pases da Alemanha e da Itlia que na poca estavam se unificando. b) As formas de apropriao do solo e as formas de organizao social dos imigrantes: Inicialmente, o governo portugus (caso dos aorianos) e o governo brasileiro (caso dos alemes) incentivavam a vinda de imigrantes, oferecendo lotes de terra e facilitando a viagem, mas, a partir de 1850, a terra passou a ser vendida. Em geral, os imigrantes dedicaram-se a atividades agrcolas, mas com o tempo passaram a realizar atividades comerciais. Professor, caso voc perceba que os alunos encontram dificuldade para realizar a sntese individualmente, proponha que, em conjunto, os pontos sejam sistematizados no quadro, num texto coletivo.

Os imigrantes italianosIntroduza a questo da migrao italiana no Estado com o auxlio do texto presente no Caderno do Aluno e um mapa que possa ser visualizado por todos. Assim, no decorrer da sua explanao, indique as reas de plantao de caf, em So Paulo; as cidades de Bento Gonalves, Caxias do Sul e Garibaldi, situadas na Serra Gacha; a regio do Vneto, no nordeste da Itlia. Observe que, no Caderno do Aluno, h apenas o mapa do Rio Grande do Sul, situando esquematicamente a regio da Serra Gacha. Se achar interesse, ao final, pea que leiam o texto, assinalando as dvidas para discusso em grande grupo. O que levou tantas pessoas de origem germnica e italiana a emigrarem? Foram problemas polticos e sociais ocorridos em seus pases de origem. Tanto a Alemanha quanto a Itlia foram unificados como Estados durante a segunda metade do sculo XIX, o que se fez por meio de conflitos internos e guerras externas. Alm disso, no caso da Itlia, a partir da dcada de 1870, ocorreu uma grande crise de desemprego, que motivou milhares de emigrantes pobres a buscarem melhores condies em pases como os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil.

Migrao africana e escravido no Sul do Brasil(Aula 6) Nesta aula, os alunos estudaro a migrao africana, refletindo sobre a migrao voluntria e a migrao forada.

RelembrandoRetome com os alunos o que foi desenvolvido nas aulas anteriores, esclarecendo as possveis dvidas. Espera-se que, at aqui, tenha ficado esclarecida a importncia das migraes na histria com nfase na histria do Brasil e do Rio Grande do Sul, em particular. Observe que mesmo as populaes nativas da Amrica, os ndios, foram migrantes vindos de outros continentes. Durante o perodo de sua formao, o Brasil tambm contou com a participao efetiva de imigrantes europeus (portugueses continentais, aorianos, depois italianos, alemes, espanhis e outros) e de imigrantes africanos cuja importncia social, econmica e cultural na constituio do povo brasileiro das mais significativas. interessante que os principais tpicos, relembrados em conjunto com a turma, fiquem anotados no quadro. O objetivo auxiliar os alunos a realizarem a prxima tarefa.

Auxilie-os a sanarem as dvidas, disponibilizando material para consulta, permitindo o acesso internet ou mesmo circulando en- 19 19 tre os grupos. A relao das dvidas no quadro somente dever ser feita no momento em que os grupos apresentarem o resultado do trabalho turma. possvel que muitos dos termos presentes no texto a ser trabalhado sejam desconhecidos pelos alunos, dificultando a sua leitura (desencadear; dispora; estncias charqueadoras; subsistir; remanescentes; etnias; quilombos; ancestrais; desagregao; sistema escravista; etc.); no entanto, importante que eles sejam apropriados pelos alunos, para depois poderem ser utilizados no momento de construo do seu texto. Professor, no Caderno do Aluno h um poema de Oliveira Silveira. Informe-os de que este um poeta negro, gacho (nascido em Rosrio do Sul, em 1941, e falecido em Porto Alegre, em 2008), que se distinguiu na busca simultnea de uma identidade negra e gacha. Leia com eles o poema, relacionando-o ao texto estudado.

Migrantes africanos: trabalho em grupoOrganize a turma em pequenos grupos e leia com eles a orientao presente no Caderno do Aluno. importante que a primeira parte leitura individual e silenciosa seja respeitada, de modo que as eventuais dvidas quanto a expresses, palavras e conceitos utilizados possam ser depois solucionadas no pequeno grupo. Essa sinalizao pretende que os alunos se deem conta de que, antes de compartilhar e auxiliar os colegas, preciso que cada um, individualmente, tenha feito a sua parte.

Aps essa primeira leitura, os grupos devero retomar o texto e realizar as tarefas solicitadas. Observe que as trs primeiras questes propostas so para a identificao e localizao em mapas; a quarta questo pressupe que os alunos estabeleam relao entre textos, atravs de consulta a outros materiais; a ltima questo pede um posicionamento crtico ao aproximar as informaes trazidas no texto quelas obtidas no seu cotidiano. Para responderem a algumas das questes, interessante que disponham de materiais para consulta (se a internet for sua opo, indique sites confiveis para a pesquisa).

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www.casadasafricas.org.br A Casa das fricas realiza estudos sobre diferentes temticas concernentes ao continente africano. Grupos de pesquisa em atividade regular: migraes africanas e estudos africanos. www.nucleoomidudu.org.br O Ncleo Omi-Dd, fundado em 20/11/1988, um ncleo de resgate e preservao da cultura afro-brasileira que promove a valorizao da pessoa humana, fortalecendo a sua autoestima. www.palmares.gov.br A Fundao Cultural Palmares uma entidade pblica vinculada ao Ministrio da Cultura, com a finalidade de promover a preservao dos valores culturais, sociais e econmicos decorrentes da influncia negra na formao da sociedade brasileira. www.geledes.org.br Geleds Instituto da Mulher Negra uma organizao poltica de mulheres negras que tem por misso a luta contra o racismo e o sexismo, a valorizao e a promoo das mulheres negras, em particular, e da comunidade negra em geral. Na seo Atlntico Negro, so disponibilizadas informaes sobre as diferentes contribuies de africanos e afrodescendentes nas artes, na poltica, na cultura, na religio e nas cincias.

Para ampliar o conhecimento dos alunos, mostre, no mapa, que possvel verificar certa distribuio de diferentes povos e etnias africanas atravs das regies brasileiras durante o perodo do trfico: para o Nordeste e Norte foram levados principalmente povos de origem sudanesa, isto , nascidos na frica Ocidental (Guin, Nigria, Benin, Senegal), e para o Sudeste e o Sul, povos que falam a lngua bantu, nascidos no Congo, Angola e Moambique.

Aproveite para chamar a ateno dos alunos para a reproduo da Lei urea, explorando a imagem, a fim de que percebam a riqueza de detalhes do documento histrico, como o braso, a assinatura da princesa, as capitulares, etc. Se possvel, projete a imagem, a fim de que possam observar melhor ou encaminhe-os ao laboratrio de informtica para visualizao direta no site indicado.

Imigrao e exclusoUma avaliao da relao entre imigrao europeia e excluso dos afrodescendentes apresentada no texto da pesquisadora Giralda Seyferth (Imigrao no Brasil: Os Preceitos da Excluso. Disponvel em www.consciencia.br/reportagens/migracoes/migr03. htm). Pea novamente que os alunos leiam o texto e assinalem as dvidas; depois, em conjunto, explique as informaes nele contidas, a fim de que adquiram concretude, deixando de ser apenas palavras. Por exemplo, ao falar de russos, austracos, srio-libaneses, poloneses, etc., mostre no mapa a localizao dos

Concluda a tarefa, pea que os grupos se organizem para apresentar ao grande grupo seu estudo. Enquanto apresentam, sistematize no quadro as respostas, de modo que todos possam complementar suas respostas.

pases de origem; pergunte que caractersticas tm esses povos, se conhecem algum que tenha vindo daquelas regies, etc. Professor, embora mais complexo, importante que os alunos tenham acesso a textos originais. Alm disso, os textos so sempre pontos de vista de algum (pesquisador ou historiador), e a histria se modifica, dependendo de quem a conta. Por esse motivo, trabalhar com uma variedade de autores pode desenvolver, alm do conhecimento lingustico, o senso crtico nos seus alunos.

Imigrantes que atuaram na histria brasileira Pesquisa iconogrficaPara finalizar a abordagem global do tema desenvolvido nas seis aulas, oriente os estudantes para a realizao de uma pesquisa iconogrfica em livros, em revistas e na internet, localizando fotografias, ilustraes, smbolos, etc., de imigrantes que atuaram na histria brasileira. Pea que identifiquem no material coletado aspectos que revelem os traos dos locais de origem desses migrantes. A seguir, monte um painel com legendas explicativas, organizando as imagens em ordem cronolgica. Os painis produzidos pela turma devero ficar expostos durante algum tempo em local de circulao na escola. Professor, promova o hbito nos alunos de identificarem todas as informaes/imagens com a fonte de onde foram retiradas, dando credibilidade e um carter acadmico ao texto produzido.

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Observe que, no Caderno do Aluno, j consta um pequeno glossrio que poder auxiliar a leitura, mas existem outras informaes que devero ser esclarecidas no grande grupo, podendo ser atravs de questes como: Quanto dois teros de cinco milhes de migrantes? Vocs tm ideia? Por que o texto fala em Governo imperial? Quem era o imperador do Brasil na poca? O que vocs acham que significa preceitos imigrantistas de excluso? Ao final, d um tempo para que reflitam e respondam questo a partir da leitura do texto. Depois, possibilite a troca de respostas e sistematize no quadro, explicitando as consequncias da migrao europeia essencialmente para as regies Sudeste e Sul, onde esto situados os principais centros industriais do pas. Coloque que os descendentes dos imigrantes foram integrados a esse importante setor da economia do pas, e, como consequncia, as populaes de origem afro-brasileira foram excludas tanto do sistema de colonizao quanto do trabalho industrial.

Esse trabalho poder ser realizado em conjunto pela turma toda, constituindo um nico painel representativo da migrao no Rio Grande do Sul. Voc poder dividir os alunos em pequenos grupos, atribuindolhes tarefas especficas (por exemplo, um grupo pesquisa os migrantes italianos, outro os alemes, outro os africanos, etc.).

Elementos para avaliaoAo longo das aulas sobre o tema das migraes, recomendvel que voc observe

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as aquisies de conhecimento realizadas pelos alunos no desenvolvimento do tema e, principalmente, quais as habilidades postas em prtica ao efetuar a anlise do contedo. Para a avaliao do desempenho, observe o quanto eles desenvolvem a habilidade de relacionar informaes e dados histricos, as-

sociar a realidade mais prxima e vivida com contextos mais amplos. Por fim, observe se os objetivos gerais de ler, escrever e resolver problemas foram alcanados. Os elementos para a sua avaliao podero ser obtidos durante o transcurso das aulas e no texto final de autoavaliao que eles redigiram.

RefernciasAMARO, Luiz Carlos; MAESTRI, Mrio (Org.). Afrobrasileiros: histria e realidade. Porto Alegre: GT Negros/EST, 2005. ANDREWS, George Reid. Negros e brancos em So Paulo (1888-1988). So Paulo: EDUSC, 1998. ANJOS, Jos Carlos dos; SILVA, Srgio Baptista da. So Miguel e Rinco dos Martimianos: ancestralidade negra e direitos territoriais. Porto Alegre: EDUFRGS, 2004. ANJOS, Jos Carlos Gomes dos. O territrio da linha cruzada: a cosmopoltica afro-brasileira. Porto Alegre: EDUFRGS, 2006. ASSUMPO, Euzbio; MAESTRI, Mrio (Org.). Ns, os afro-gachos. Porto Alegre: EDUFRGS, 1998. BARROSO, Vera Lcia Maciel. Aorianos no Brasil. Porto Alegre: EST, 2002. BEILGUELMAN, Paula. A crise do escravismo e a grande imigrao. So Paulo: Brasiliense, 1982. (Tudo Histria) DE BONI, Lus Alberto; COSTA, Rovlio. Far la Mrica: a presena italiana no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Riocel, 1991. GALDINO, Luiz. Mrica, Mrica. Italianos no Brasil. So Paulo: SENAC, 2001. MAESTRI, Mrio (Org.). O negro e o gacho: estncias e fazendas no Rio Grande do Sul, Uruguai e Brasil. Passo Fundo: Editora da UPF, 2008. MARTINS, Jos de Souza. A imigrao e a crise do Brasil agrrio. So Paulo: Pioneira, 1973. MAUCH, Cludia; VASCONCELOS, N. (Org.). Os alemes no Sul do Brasil: cultura, etnicidade e histria. Canoas: Ed. ULBRA, 1994. OLIVEIRA, Vincius Pereira de. De Manoel Congo a Manoel de Paula um africano ladino em terras meridionais. Porto Alegre: EST, 2006. SEYFERTH, Giralda. Imigrao e cultura no Brasil. Braslia: Ed. UnB, 1990. SOUSA, Andreia da Silva Quintanilha (Org.). O negro no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ministrio da Cultura; Fundao Cultural Palmares; IPHAN, 2005.

Ensino Fundamental - 7 e 8 sries Representaes, movimentos polticos e identidade socialPrezado professor:Nas atividades propostas para a 7as e a 8as sries, os Parmetros Curriculares Nacionais de Histria propem o eixo temtico Histria das Representaes e das Relaes de Poder. Para este Caderno, escolhemos o subtema Naes, Povos, Lutas, Guerras e Revolues, que permite tratar de questes locais, regionais ou nacionais pelo ngulo das lutas pela afirmao de espaos de atuao na sociedade. A inteno confrontar diferentes processos que revelem semelhanas e diferenas, permanncias e transformaes no modo pelo qual sujeitos histricos expressam seus interesses e reivindicam posies em que possam interferir na sociedade. Na escolha privilegiamos as representaes do iderio republicano em trs momentos especficos: 1) O Movimento Farroupilha; 2) A Revoluo Francesa; 3) A Proclamao da Repblica brasileira. Embora o contedo diga respeito a trs contextos diferentes (um referente ao Rio Grande do Sul na primeira metade do sculo XIX; outro referente Frana no final do sculo XVIII; e outro referente ao Brasil no final do sculo XIX), o assunto tratado o mesmo: os ideais republicanos que fundamentam a prtica poltica contempornea. O desafio construir conhecimento com os alunos, de modo que o contedo selecionado se torne significativo, vinculado ao cotidiano dos jovens, desenvolvendo competncias e habilidades. O objetivo no reconstituir cada um desses contextos e seus respectivos processos histricos. Cada um deles igualmente importante e apresenta particularidades que exigiriam muito mais tempo de exposio, se o interesse fosse falar dos fatos, o que no o caso. Aqui, o que interessa verificar o que h de comum e o que h de particular neles, tomando por base o ideal republicano. este o eixo aglutinador, em torno do qual os alunos sero levados a pensar, refletir, propor ideias e interpretaes.

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ObjetivosOs alunos, ao final da unidade, devero ser capazes de: Ler diferentes formas de representao de fatos e fenmenos histricos expressos em diferentes linguagens (iconogrfica, musical e textual). Escrever texto autoral interpretando realidades histricas e utilizando com proficincia os conceitos estudados. Resolver problemas. Estabelecer relaes entre diferentes fatos e processos sociais, comparando diferentes explicaes para fatos e processos histricos. Verificar o que h de comum e o que h de particular nos movimentos histricos estudados, tomando por base o ideal republicano.

HabilidadesEstudo das relaes presente-passado sobre organizaes polticas, a constituio dos Estados nacionais, as representaes e os mitos construdos para as naes, os ideais nacionalistas e os confrontos polticos internacionais. Compreenso dos conceitos de revoluo, lutas sociais e guerras, considerando as especificidades histricas dos contextos em que se realizaram. Identificao de transformaes e permanncias histricas provocadas por lutas

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sociais e polticas, confrontos sociais de grupos, classes e naes, guerras e revolues. Estudo de localizao cronolgica e das duraes temporais das formas de organizao poltica dos Estados, dos organismos internacionais, das lutas sociais e polticas, das guerras e revolues1.

1. O que ser jovem hoje? Eu sou um sujeito histrico?Oriente os alunos para que se organizem em um crculo. Pea que um aluno leia a frase Jovem gente. Gente que pensa. O Brasil tem milhes de jovens. Se conseguirmos mobilizar toda essa gente, acho que o Pas vai pra frente. Ressalte que ela expresso de um jovem como eles. Estabelea um tempo para que se posicionem diante das questes: O que ser jovem hoje? Eu sou um sujeito histrico? Qual o meu papel na sociedade hoje? O que eu preciso saber/fazer para participar mais ativamente da sociedade?. Estimule-os a registrarem sua opinio, por escrito. Depois, estabelea vnculo entre os alunos e os conhecimentos que sero construdos ao longo das aulas. Mostre que, assim como os jovens hoje reivindicam seu espao de participao na sociedade atravs dos mais diferentes meios (msica, arte, dana, esporte, etc.), os jovens de outras pocas tambm o fizeram. A ideia confrontar processos que revelem semelhanas e diferenas, permanncias e transformaes no modo pelo qual sujeitos histricos expressam seus interesses e reivindicam posies em que possam interferir na sociedade. Para entender e avaliar o lugar que ocupamos na sociedade atual, preciso conhecer os projetos polticos que acompanharam a criao de ideias e propostas republicanas em trs contextos e processos histricos distintos: 1) No Movimento Farroupilha; 2) Na Revoluo Francesa; 3) Na Proclamao da Repblica brasileira. A inteno no apenas apresentar fatos ou acontecimentos, mas compreender as relaes entre os fatos dentro de diferentes contextos, ou dentro de determinados processos histricos. Enfim, refletir sobre o que ns temos a ver com isso, no ?

ContedosRepresentaes do iderio republicano em trs momentos especficos: o Movimento Farroupilha; a Revoluo Francesa; a proclamao da Repblica brasileira. Tempo de durao: Aproximadamente 6 aulas. Recursos necessrios: Dicionrios, enciclopdias, acesso internet.

Definindo os conceitos(Aula 1) Nessa aula, so definidos os conceitos considerados fundamentais e estabelecido vnculo entre os jovens e os processos histricos.

Professor, as ideias que elaboramos a respeito do passado tm como suporte conceitos e noes. Assim, antes de partir para qualquer estudo das representaes e prticas polticas, preciso esclarecer, aprofundar e discutir o campo conceitual que envolve as relaes polticas. Desta forma, voc os estar auxiliando na competncia de pensar historicamente.

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Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais: Histria. Braslia: MEC/SEF, 1998, p. 72.

2. Definindo conceitosAo organizar suas aulas e preparar suas atividades, convm considerar que o sucesso da anlise que se espera do estudante depende do quanto ele esteja informado e consciente de que a histria um conhecimento eminentemente conceitual. Para que o trabalho com conceitos no se torne uma aula expositiva, divida a turma em cinco grupos de pesquisa, atribuindo dois conceitos a cada um deles: Grupo 1: Contextos ou Conjunturas; Processos Histricos; Grupo 2: Dominao; Poder; Grupo 3: tica; Identidade; Grupo 4: Monarquia; Revoluo; Grupo 5: Repblica/Republicanismo; Nao. Antes de encaminh-los para a realizao da pesquisa, converse com os alunos, questionando-os a respeito de algumas palavras que, com certeza, eles j escutaram fora da sala de aula. Escreva-as no quadro, retome as situaes em que ouviram tais palavras, o que acham que elas significam, etc. S depois que, em pequenos grupos, eles devero realizar a pesquisa atravs da consulta a dicionrios, enciclopdias, internet (na Wikipdia ou no Google, por exemplo). importante que voc deixe claro, desde o incio da atividade, que o resultado ser compartilhado com os demais colegas da classe. Aps a pesquisa realizada pelos estudantes, organize uma discusso em sala de aula, de modo que os alunos, sob sua orientao, definam claramente o sentido e a aplicao dos conceitos na anlise histrica. No momento das apresentaes, destaque um aluno para sistematizar os conceitos no quadro. Todos devem ter a oportunidade de registrar os conceitos em seus cadernos, uma vez que eles sero retomados ao longo das aulas.2

Coloque os conceitos em cartazes que ficaro expostos na sala de aula at o final da unidade.

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Acompanhe a explanao dos pequenos grupos e faa intervenes sempre que necessrio. Garanta que o conceito principal, de Repblica, seja estabelecido a partir da relao com diversos outros conceitos, como: Dominao: Diz respeito s variadas formas de dominao (polticas, econmicas, culturais, simblicas), bem como de gnero sexual (homens/mulheres/homossexuais), de gerao (crianas, jovens, velhos) e de etnia (povos, raas) que se apresentam nas relaes sociais. No caso a ser estudado, o conceito de dominao vincula-se s aes dos diferentes grupos em luta pelo controle do Estado. Poder: O exerccio do poder um elemento sempre presente nas aes e elaboraes intelectuais dos seres humanos. Ele est presente desde as relaes familiares, escolares e religiosas at as relaes polticas institucionais. tica: Presente nas decises do cotidiano, na vida poltica e econmica, e nas relaes sociais; a tica orienta nossas aes e nossas ideias e se expressa de trs formas principais: atravs das regras e normas, dos princpios e dos valores morais. Identidade: Os indivduos e os grupos (nacionais, sociais, tnicos, sexuais, etc.) compartilham sentimentos de afinidade coletiva e de pertencimento (a uma nao, a um grupo social, a um grupo tnico, etc.)2.No caso em estudo, as expresses identitrias diro respeito aos sentimentos nacionais, patriticos e regionais.

Referencial Curricular da Educao Bsica do Estado do Rio Grande do Sul rea de Cincias Humanas e suas Tecnologias. SECRS, 2009.

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Professor, para a orientao da pesquisa, so apresentadas a seguir definies simples a partir das informaes retiradas do Dicionrio do Pensamento Social do Sculo XX, de William Outhwite e Tom Bottomore (Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996).

Professor, garanta a oportunidade de fala a todos os grupos, incentivando-os a colocarem a sua opinio. Se necessrio, elabore novas questes que os auxiliem a relacionar o conceito de repblica escola.

Monarquia: Instituio de governo de um Estado pelo chefe de uma famlia hereditria, com poder pessoal ou constitucional. Revoluo: Tomada ilegal do poder, usualmente violenta, que produz uma mudana fundamental nas instituies do governo de uma sociedade. Repblica/republicanismo: Baseada na expresso romana rex publica, subentende que as coisas que so pblicas, logo, que dizem respeito comunidade, devem ser de interesse pblico: quem deve governar o Estado so os cidados, e no os reis, as oligarquias aristocrticas ou mesmo um partido. Os cidados tratam-se mutuamente como iguais. Nao: Conjunto muito amplo de pessoas (sociedade) que ocupam ou pretendem ocupar um mesmo territrio, que partilham uma mesma lngua comum, costumes comuns e uma vida poltica comum.

A ideia do bem comum: O uso dos espaos coletivos existentes na escola (salas de aula, ptio, quadra ou locais de recreao, etc.). As atividades desenvolvidas na escola: Atividades de ensino e de recreao, festas, reunies. Os rgos de representao e de administrao escolar: O conselho escolar, o grmio estudantil, a direo, a secretaria e a coordenao pedaggica. A participao dos grupos da comunidade escolar: A participao dos diretores e supervisores, professores, estudantes, pais e comunidade local. As normas disciplinares que regem a vida escolar: As normas escritas e as normas no escritas, os cuidados com a preservao fsica dos espaos escolares, as relaes entre direo, professores e alunos.

3. O que eu tenho a ver com isso?Para finalizar essa unidade, importante pedir que os estudantes relacionem os conceitos com aspectos de sua realidade mais imediata. Uma sugesto interessante estabelecer relao do conceito de repblica com a escola da qual fazem parte. Oriente-os para a realizao da atividade proposta no Caderno do Aluno. Percorra os grupos e auxilie-os. Estabelea um tempo para que redijam as respostas e, logo em seguida, realize um seminrio, consolidando as respostas conforme sugesto que segue:

A Repblica Rio-Grandense(Aulas 2 e 3)Nestas aulas, ser estudado o Movimento Farroupilha. Com base nos conceitos discutidos na unidade anterior, agora, os estudantes podero dar incio ao estudo de manifestaes republicanas a partir da anlise do processo histrico do Movimento Farroupilha, ocorrido no atual Estado do Rio Grande do Sul, antiga Provncia de So Pedro do Rio Grande do Sul, entre 1835 e 1845.

Por que apresentar primeiro a situao relativa ao Rio Grande do Sul, e no a situao relativa Frana, que ocorreu cronologicamente antes? Se nossa inteno fosse apenas narrar as diferentes experincias histricas, estaramos cometendo um grave erro ao inverter a ordem cronolgica dos fatos. Entretanto, a opo no cronolgica, mas temtica. A ordem dos fatos no o mais importante, mas sim sua relao. Entre as razes pelas quais parece aconselhvel comear a discusso pelo Rio Grande do Sul, podem-se destacar: 1) A importncia do Movimento Farroupilha na cultura e na histria local; 2) A pertinncia do assunto ao tema principal, pois, durante o Movimento Farroupilha, uma repblica foi proclamada e, durante certo tempo, uma parte da Provncia de So Pedro constituiu-se em um pas independente. Observe que, no Caderno do Aluno, o estudo da Repblica Rio-Grandense comea pelo estudo do Hino, por ser um smbolo conhecido por todos os gachos.

Da leitura da letra do hino, os alunos devero identificar: a) Palavras, frases ou ideias que re- 27 27 velam valores positivos dos farroupilhas: Os farroupilhas aparecem como bravos, valorosos, aguerridos, e suas aes devem servir de modelo a outros povos. b) Palavras, frases ou ideias que revelam os adversrios dos farroupilhas: O adversrio no declarado diretamente, mas suas aes so condenadas. Os farroupilhas lutam contra a mpia e injusta guerra e no se comportam como escravos, pois mostram suas virtudes contra a opresso. c) Palavras, frases ou ideias que revelam ideias republicanas: A ideia da liberdade motiva a guerra dos farroupilhas contra a injustia e a opresso.

2. O Movimento FarroupilhaPara um bom incio de estudo, voc poderia refletir junto com os estudantes o modo pelo qual o Movimento Farroupilha rememorado no cotidiano dos gachos, em monumentos, praas, ruas e estabelecimentos pblicos, cujos nomes lembram personagens que participaram daquele processo histrico, entre os quais Bento Gonalves, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Giuseppe Garibaldi e Duque de Caxias. Anualmente, por ocasio da Semana Farroupilha, cavaleiros provenientes de todo o Estado deslocam-se at Porto Alegre, entrando na cidade no dia 20 de setembro, numa lembrana da invaso da capital da provncia pelas tropas rebeldes em 1835, fato que marcou o incio do movimento. O palcio do Governo Estadual chama-se Palcio do Piratini, numa referncia direta ao nome da repblica proclamada pelos farroupilhas no dia 11 de setembro de 1836. Para o alcance dos objetivos desta unidade, importante que o aluno tenha clareza do contexto em que se deu a ecloso do Mo-

1. O Hino do Estado do Rio Grande do SulColoque o hino para que o escutem antes de iniciar a atividade de leitura. Pergunte se todos conhecem a letra, questione-os sobre a histria do hino. Depois, pea que leiam o texto adaptado do site que conta a histria do hino, desde a sua criao at a oficializao da letra e da msica como hino do Estado. Se preferir, leia com eles, em voz alta. Individualmente, pea que desenvolvam a atividade sugerida no Caderno do Aluno. Leia com eles o exerccio, esclarecendo o objetivo da tarefa. Professor, observe que ao lado do Hino Rio-grandense, no Caderno do Aluno, h o braso do Estado, presente na nossa bandeira. Se tiver oportunidade, explore com eles o seu significado.

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vimento Farroupilha, por isso foi includo, no Caderno do Aluno, um pequeno texto que auxilia na contextualizao, seguido de um excerto do livro da historiadora gacha Sandra Jatahy Pesavento: Histria do Rio Grande do Sul (Porto Alegre: Mercado Aberto, 2002 (9 edio), p. 39). Aps a primeira leitura, pea que indiquem as dvidas em relao a palavras e conceitos. Anote-os no quadro e, com o auxlio da turma, v esclarecendo de modo que, numa segunda leitura, possam compreender melhor o contexto em que ocorreu o Movimento Farroupilha e responder s questes propostas. Para saber mais, vale a pena consultar a obra de Maria de Lourdes Viana Lira, O Imprio em Construo: Primeiro Reinado e Regncias (So Paulo: Atual, 1999) e Marco Morel, O Perodo das Regncias (Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003).

c) Na aula anterior foi pesquisado o conceito de revoluo. Retome suas anotaes e compare a situao do Movimento Farroupilha com o conceito. Apresente sua posio a respeito: Esta uma resposta pessoal do aluno. O importante ser avaliar de que maneira ele estabelecer a relao entre os dados gerais do conceito de revoluo e o caso especfico do Movimento Farroupilha. Visualizao do filme Netto Perde Sua Alma (2001), de Beto Souza e Tabajara Ruas. Nele, Antnio de Souza Netto um general brasileiro que ferido em plena Guerra do Paraguai e agora est se recuperando no Hospital Militar de Corrientes, na Argentina. L ele percebe que coisas estranhas esto ocorrendo ao seu redor, como o capito de Los Santos acusar o cirurgio de ter amputado suas pernas sem necessidade e reencontrar um antigo camarada, o sargento Caldeira, ex-escravo com quem lutou na Guerra dos Farrapos, ocorrida algumas dcadas antes. Juntamente com Caldeira, Netto rememora suas participaes na Guerra e ainda o encontro com Milonga, jovem escravo que se alistara no Corpo de Lanceiros Negros, alm do perodo em que viveu no exlio no Uruguai.

3. Compreendendo os textosOrganizados em duplas e, se possvel, com o auxlio de outros materiais de consulta, pea que respondam s questes: a) Quais so os grupos sociais mencionados que se envolveram no Movimento Farroupilha? Que papel esses grupos tiveram? O movimento teria sido conduzido e sustentado pelos estancieiros gachos, que mobilizaram os pees que estavam ao seu servio ou sob sua dependncia. b) Quais foram os interesses polticos e econmicos dos farroupilhas? Na poltica, o interesse era romper com a monarquia e se constituir como unidade independente, mas havia o interesse econmico de manter relaes comerciais com as provncias sob controle da monarquia.

Ao socializar as respostas, retome o ponto de vista poltico do Movimento Farroupilha, lembrando-os que ele expressava os interesses dos estancieiros e dos charqueadores, isto , dos grupos rurais dominantes da sociedade rio-grandense que viam seus interesses econmicos prejudicados. Os limites sociais da Repblica do Piratini mostram-se nas hesitaes dos

lderes rebeldes quanto situao dos escravos. Embora a liberdade fosse oferecida aos escravos que lutassem ao lado dos farroupilhas, a escravido no foi formalmente abolida na Repblica do Piratini, sendo mantida inalterada a distino social entre senhores e cativos. Um dos episdios mais controvertidos da Revoluo Farroupilha, alis, diz respeito posio das lideranas rebeldes com respeito ao ataque surpresa das tropas imperiais ao acampamento dos Lanceiros Negros e ao massacre de Porongos, em 1844. Para saber mais: Sobre este episdio, voc poder consultar a obra de Geraldo Hasse e Guilherme Kolling, Lanceiros Negros (Porto Alegre: J Editores, 2006).

so da leitura da imagem. Na segunda, a charge mostra um nobre e um padre em cima de uma pedra na qual 29 29 esto inscritas as obrigaes feudais e embaixo dela est o campons. A atividade de leitura de imagens apenas para aproximar os alunos do contexto no qual eclodiu a Revoluo Francesa, aguando-lhes a curiosidade e preparando-os para a leitura do texto que segue. Encaminhe-os para a leitura, indicando que o contexto agora a Frana, quarenta anos antes da experincia dos farrapos. Lembre-se de esclarecer com eles as dvidas em relao ao vocabulrio e aos conceitos presentes nos textos sugeridos no Caderno do Aluno.

2. Compreendendo os textos e estabelecendo relaesAps a leitura individual dos textos, orienteos a responderem s questes. No Caderno do Aluno, h a recomendao de que redijam um texto claro, a fim de que suas ideias sejam compreendidas pelos demais colegas. Assim sendo, esteja atento para auxili-los a qualificarem sua escrita. a) Como o Antigo Regime na Frana oprimia as diversas classes sociais? A maioria absoluta da populao e os camponeses em geral no possuam a propriedade da terra, sendo obrigados a pagar taxas (impostos) aos proprietrios que, em geral, pertenciam nobreza ou ao clero. b) E o alto clero? Havia desigualdades entre os camponeses e o clero? O alto clero tambm ocupava posio econmica privilegiada, inclusive com a propriedade de terras. Os camponeses deviam-lhe o dzimo, entregando-lhe parte da colheita e do rebanho. c) Observe novamente a imagem: possvel estabelecer uma relao entre o desenho e as informaes

A Repblica Francesa(Aula 4) Nesta aula, ser estudada a Revoluo Francesa.

1. A situao social e poltica antes da RevoluoNo Caderno do Aluno, proposta uma aproximao do tema atravs da leitura e da anlise de duas figuras: uma imagem e uma charge da poca (sculo XVIII). Se possvel, projete as imagens de modo que todos possam fazer a sua leitura em conjunto. Na primeira, explore os pequenos detalhes, as roupas, a posio das pessoas, as aes representadas, etc. O ttulo Os Famintos e o Penhorista e foi inspirada na pobreza nos tempos da Revoluo Francesa. So miserveis recebendo alimentos e um casal entregando a prataria da casa a um penhorista. No Caderno do Aluno, h um pequeno espao no qual os alunos podem escrever sua impres-

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obtidas atravs da leitura dos textos? Quais so os elementos nela representados? Esta uma resposta pessoal do aluno. O importante ser avaliar de que maneira ele estabelecer a relao entre os dados gerais do texto e as imagens, que, de um modo geral, complementam-se.

3. A situao social e poltica depois da RevoluoNo Caderno do Aluno, h um pequeno texto que sintetiza os principais acontecimentos ps-Revoluo Francesa, divididos em trs grandes perodos: Assembleia (17891792), Conveno (1792-1794) e Diretrio (1795-1799). Observe que novamente h a presena de imagens que complementam os textos: a primeira imagem uma pintura a leo na qual aparecem os lderes jacobinos: Robespierre, Danton e Marat; a segunda imagem uma charge onde se nota a guilhotina retratada como um instrumento para destruir a religio catlica tradicional e a nobreza.

batalhes para defender sua terra contra os inimigos. b) Palavras, frases ou ideias que revelam quem o adversrio da Frana O adversrio, o inimigo, no nomeado, mas qualificado negativamente na expresso estandarte sangrento da tirania; os adversrios da Revoluo e da Repblica so selvagens, maus, e deveriam ser mortos, como aparece na frase Nossa terra do sangue impuro se saciar. c) Palavras, frases ou ideias que revelam ideias republicanas Os franceses aparecem nomeados como cidados ativos, em luta contra os adversrios, unidos em nome da Ptria. No momento de sistematizar as respostas e fazer o fechamento da aula, observe que os eventos da Revoluo Francesa, vistos em conjunto, revelam as vrias etapas de um processo revolucionrio, com as disputas e as lutas entre indivduos pertencentes aos diversos grupos sociais, com avanos e recuos na aquisio de direitos polticos, com a ampliao da noo de participao poltica e com a mudana estrutural na forma de fazer poltica. Antes, no Estado monrquico absolutista do Antigo Regime, o jogo poltico fazia-se em torno da pessoa do governante, e as relaes baseavam-se na desigualdade natural entre os grupos sociais. Depois, o jogo poltico passou a ser feito em torno do bem comum, da coisa pblica, isto , da repblica.

4. Conhecendo o Hino da Frana ou A MarselhesaSe possvel, oportunize que os alunos faam uma audio do Hino da Frana. Depois, retome a atividade proposta no Caderno do Aluno. Chame a ateno para as estrofes transcritas e pea que observem a letra, em francs, ao lado da traduo. Assim como o Hino Rio-Grandense, muitas palavras podero ser desconhecidas. Estimule-os a fazerem uma lista e a resolverem suas dvidas em duplas, consultando o dicionrio. Da leitura da letra do hino, solicitado que identifiquem: a) Palavras, frases ou ideias que revelam quem o sujeito da ao O sujeito da ao so os cidados, identificados como filhos da ptria, atuando nos

Professor, se quiser conhecer melhor a simbologia de poder criada por ocasio da Revoluo Francesa, consulte os livros de Jean Starobinski. 1789: Os Emblemas da Razo (So Paulo: Companhia das Letras, 1986); Michel Vovelle, Imagens e Imaginrio na Histria (So Paulo: Editora tica, 1997).

A Repblica brasileira(Aula 5) Nesta aula, ser estudado o movimento republicano brasileiro.

com os jovens a partir de falas obtidas em um blog falando justamente sobre o nosso Hino! Pea que dois alunos faam a leitura em voz alta, depois dis31 cuta com eles: E voc? Qual a sua opinio? Voc 31 conhece o Hino? Sabe o que significa a sua letra?

2. A histria e a letra do hinoOrganize a turma para que trabalhem em duplas ou pequenos grupos. importante que possam consultar dicionrios ou que tenham acesso internet. Pea que leiam a letra do Hino. Em seguida, cada dupla dever escolher uma estrofe para buscar entender o que ela quer dizer. Dependendo da turma, solicite uma reescrita da estrofe, traduzindo o que entenderam. Ao final, oportunize a audio do Hino Nacional. Segue uma sugesto para explorar a letra do Hino:ORDEM DIRETA

1. Voc entende o Hino Nacional?Os hinos so smbolos cvicos que rendem um precioso estudo sobre como uma sociedade representa determinados fatos de sua histria, de seu cotidiano ou de sua cultura. Por isso, a sugesto que o estudo do movimento republicano brasileiro seja iniciado pelo estudo do Hino Nacional. Retomamos, no Caderno do Aluno, o dilogo

VOCABULRIO

Ouviram do Ipiranga as margens plcidas De um povo heroico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios flgidos, Brilhou no cu da ptria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com brao forte, Em teu seio, liberdade, Desafia o nosso peito a prpria morte! Ptria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vvido De amor e de esperana terra desce, Se em teu formoso cu, risonho e lmpido, A imagem do Cruzeiro resplandece.

Tranquilas, serenas Grito estrondoso, que faz eco Cintilantes, brilhantes

As margens plcidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.

Garantia, prova Corao, dentro do peito

O nosso peito desafia a prpria morte, em teu seio, liberdade, se conseguimos conquistar o penhor dessa igualdade com brao forte.

Muito querida, adorada Um sonho intenso, um raio vvido de amor e de esperana desce Terra, Brasil, se a imagem do Cruzeiro resplandece em teu cu formoso, risonho e lmpido.

Luminoso, brilhante

Puro, sem nuvens Cruzeiro do Sul / brilha

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Gigante pela prpria natureza, s belo, s forte, impvido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, s tu, Brasil, Ptria amada! Dos filhos deste solo s me gentil, Ptria amada, Brasil! Deitado eternamente em bero esplndido, Ao som do mar e luz do cu profundo, Fulguras, Brasil, floro da Amrica, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos lindos campos tm mais flores; Nossos bosques tm mais vida, "Nossa vida" no teu seio "mais amores". Brasil, de amor eterno seja smbolo O lbaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flmula: "Paz no futuro e glria no passado". Mas se ergues da justia a clava forte, Vers que um filho teu no foge luta, Nem teme, quem te adora, a prpria morte.

Corajoso / grande, gigante Reflete

Generosa

Magnfico Brilhas / enfeite Amrica Vistosa, alegre, graciosa

Brasil, floro da Amrica, fulguras iluminado ao sol do Novo Mundo, deitado eternamente em bero esplndido, ao som do mar e luz do cu profundo. Os versos que esto entre aspas so do poema Cano do Exlio, de Gonalves Dias.

Bandeira / exibes Verde e amarelo bandeira Arma, fora

Brasil, (que) o lbaro estrelado que ostentas seja smbolo de amor eterno.

Observe que, embora tenha se afirmado como Hino Nacional aps a Proclamao da Repblica, o evento aqui retratado no a Proclamao da Repblica, mas a Independncia do Brasil feita por Pedro I. O brado heroico retumbante refere-se ao Grito

do Ipiranga e conhecida frase do prncipe portugus: Independncia ou morte!. Para demonstrar isso, mencionamos um trecho do Hino da Proclamao da Repblica, que no se afirmou como smbolo nacional.

Professor, para saber mais sobre o significado simblico e as implicaes ideolgicas presentes nos smbolos nacionais republicanos (bandeira, hino, braso, heris nacionais), consulte a obra de Jos Murilo de Carvalho, A Formao das Almas: O Imaginrio da Repblica no Brasil (So Paulo: Companhia das Letras, 1990). Se possvel, amplie a discusso sobre a letra do Hino com os alunos: Por que o autor usou um nmero to grande de adjetivos para descrever o momento da Independncia do Brasil? O Hino foi escrito em que data? Por que teria sido escrito tanto tempo depois da data que marca a Independncia do Brasil? E o Riacho do Ipiranga, ele to importante assim? Onde fica esse rio? Se o Brasil for ameaado, o que o texto diz que os brasileiros faro?

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3. A proclamao da Repblica no BrasilPara o estudo desse tema, sugerida a leitura de um texto proposto no Caderno do Aluno. A leitura pode ser individual, silenciosa, de modo que cada um procure resolver suas dvidas consultando suas anotaes. Enquanto realizam a tarefa proposta, circule pelas classes, auxiliando-os a compreenderem o movimento republicano no Brasil, especialmente em relao aos conceitos j trabalhados. Professor, vale a pena destacar e discutir com os alunos o trecho sobre os direitos polticos no contexto da Proclamao da Repblica, de autoria do historiador carioca Jos Murilo de Carvalho, presente no Caderno do Aluno. Lembre-os de que a maioria da populao brasileira do fim do sculo XIX no sabia ler nem escrever, e que o critrio de excluso dos analfabetos das eleies restringiu muito a participao coletiva.

mentar, defendendo seu posicionamento, at chegarem a uma sntese no momento de redigirem o texto para apresentar ao grande grupo. a) Distino entre: participao popular, eleio indireta e eleio direta No momento em que se introduz a eleio direta, os analfabetos so excludos do direito ao voto, o que reduziu a proporo de participao popular na eleio dos polticos e governantes. b) Distino entre: direitos polticos, cidados plenos e cidados comuns Apenas os cidados ativos, com direito de votar, possuem os direitos polticos plenos. Os cidados comuns tm direitos civis, mas no podem participar plenamente da Repblica como eleitores ou como candidatos aos cargos legislativos. Observe que a restrio da participao eleitoral correspondia tambm a uma restrio dos direitos de participao e de cidadania. Por isto que, nas primeiras dcadas de sua existncia, a Repblica brasileira aparece por vezes designada como Repblica dos fazendeiros, Repblica das oligarquias ou Repblica dos coronis. Significa dizer que os direitos das camadas populares da sociedade brasileira atual no vieram prontos e acabados, mas resultam de um longo processo de reivindicaes, lutas e conquistas pela ampliao da participao poltica e social.

A reflexo sobre o que foi lido retoma os conceitos j trabalhados e a realizao dessa atividade em grupo permitir o intercmbio de informaes, a realizao de pequenos debates, nos quais os alunos podero argu-

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Hinos, imagens e conceitos(Aula 6) Nesta aula, estabelecida uma comparao entre os trs movimentos estudados atravs dos Hinos e de representaes iconogrficas.

1. Comparando os trs hinosOriente os alunos para que se organizem em pequenos grupos. Pea que retomem os estudos dos Hinos do Rio Grande do Sul, da Frana e do Brasil. A proposta que comparem os trs hinos, respondendo s questes que seguem. Recomende que faam as anotaes de modo claro para que, ao final, possam debater as respostas no grande grupo. Professor, os Hinos j foram estudados ao longo das aulas, mas preciso prever um tempo para que os alunos localizem suas anotaes e as partilhem com o pequeno grupo. Essa atividade demandar menos tempo, se voc optar por faz-la no grande grupo, oralmente.

apego dos filhos da ptria e dos cidados em defesa de sua terra. b) Destaquem as diferenas nas ideias, frases ou expresses que revelam a participao coletiva no projeto poltico idealizado, presentes nas letras dos hinos. No Hino Nacional Brasileiro, o povo no participa ativamente, mas se mostra disposto a lutar at a morte pela liberdade; nos dois outros hinos, o povo, os cidados, mostram-se ativos em defesa dos ideais, guerreando, lutando, defendendo sua terra.

2. Comparando imagens e discutindo conceitosChegamos agora ao final das atividades. As informaes, os contextos e os processos histricos so conhecidos. Repare que, ao longo da abordagem do tema, utilizamos trechos de obras de historiadores e testemunhos documentais no caso, os hinos do Movimento Farroupilha, da Revoluo Francesa e o Hino Nacional Brasileiro, isto , com representaes coletivas dos ideais nacionais e republicanos. A proposta para o fechamento da unidade o trabalho com imagens iconogrficas, visando ampliar a anlise das representaes que expressam os movimentos sociais e reforam a identidade social dos grupos aqui estudados. Divida a turma em grupos mltiplos de trs, de modo que cada grupo fique responsvel por uma imagem. Faa a distribuio entre os grupos, proponha um tempo determinado para a realizao da atividade, disponibilize materiais para que possam elaborar cartazes ou slides (datashow ou retroprojetor), a serem utilizados no seminrio de encerramento. 1) A primeira uma ilustrao relativa aos farroupilhas, na pintura a leo sobre tela denominada Carga de Cavalaria, pintada por Guilherme Litran em 1893, conservada no acervo do Museu Jlio de Castilhos (Porto Alegre, RS).

a) H semelhanas nas ideias, frases ou expresses que revelam a participao coletiva no projeto poltico idealizado nas letras dos hinos? Destaquem. Os trs hinos fazem referncia direta ou indireta presena do povo: no Hino Nacional Brasileiro: povo heroico e seu brado retumbante pela liberdade; no Hino Rio-Grandense: as virtudes guerreiras do povo que luta contra a escravido; no Hino Nacional Francs: o

a) Os gestos (passivos/ativos) dos farroupilhas A cena sugere o movimento do combate, embora no mostre o inimigo. A bandeira da Repblica do Piratini empunhada como arma pelos cavaleiros. b) As ideias sugeridas pela cena As ideias sugeridas pela cena dizem respeito ao combate, ao valor militar e bravura na luta contra o adversrio. 2) A segunda ilustrao refere-se Revoluo Francesa. A pintura chama-se A Liberdade Guiando o Povo e foi criada pelo pintor Eugne Delacroix, em 1830. A figura feminina, denominada Marianne, a personificao da Repblica Francesa. a) Os gestos (passivos/ativos) dos revolucionrios franceses A cena apresenta uma situao de combate. Alguns revolucionrios avanam, enquanto outros foram derrubados pelo inimigo, que no aparece. b) As ideias sugeridas pela cena O sacrifcio pela ptria e pela Repblica; dar a vida em luta pela defesa do ideal republicano. 3) A terceira ilustrao rememora a Proclamao da Repblica no Brasil. A obra de autoria de Benedito Calixto e foi realizada em 1893, pouco mais de trs anos aps o acontecimento. Encontra-se no acervo da Pinacoteca Municipal de So Paulo. a) Os gestos (passivos/ativos) dos republicanos brasileiros A cena parece acontecer em um quartel e fazer referncia a um ajuntamento militar (cavalaria, canhes). Ao centro, alguns sadam ou comemoram, com os braos levantados. No canto inferior, do lado direito, um homem levanta os dois braos com o chapu levantado. No canto esquerdo, os soldados assistem. b) As ideias sugeridas pela cena A cena sugere uma comemorao por algum acontecimento. As pessoas no centro esto declarando a Proclamao da Repblica,

enquanto os demais assistem e comemoram. As ilustraes aqui examinadas so repre- 35 35 sentaes criadas para lembrar os acontecimentos que promovem a ideia da Repblica. Junto com os hinos, so smbolos, e suas imagens (verbais; musicais; iconogrficas) despertam sensaes, emoes e valores naqueles que as veem, ouvem ou cantam. Vamos agora confrontar as informaes das ilustraes e hinos dos farroupilhas, dos revolucionrios franceses e dos republicanos brasileiros, procurando detectar algumas ideias que esses testemunhos histricos sugerem: A pintura de Guilherme Litran, feita em 1893, lembra em linhas gerais o contedo do Hino farroupilha, mostrando cavaleiros destemidos partindo para o combate. A ideia que sugere a da luta em defesa da liberdade. A pintura de Eugne Delacroix tambm representa algo parecido com as ideias expressas na Marselhesa: os cidados em armas lutando, em defesa da Repblica que aparece idealizada como a Liberdade. Quanto pintura de Benedito Calixto, embora no diga respeito ao mesmo acontecimento lembrado no Hino Nacional Brasileiro (a Declarao da Independncia), apresenta a mesma ideia: a da mudana poltica promovida sem guerra, sem conflito e sem a participao ativa da maioria da populao. Aps as apresentaes, coloque no quadro a pergunta que segue, a fim de estimular o debate, o estabelecimento de relao entre os trs movimentos estudados e instrumentalizar os alunos para realizarem a crtica em relao s representaes. As semelhanas e as diferenas entre a primeira e a segunda imagem. As duas obras foram pintadas dcadas depois dos acontecimentos a que se referem: a de Guilherme Litran, aps 48 anos do fim da Guerra dos Farrapos; a de Eugne Delacroix, aps 31 anos do fim da Revoluo Francesa. As duas apresentam idealizaes dos movimentos retratados, dando nfase ao combate. Na primeira, aparecem cava-

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leiros, soldados, e na segunda, homens a p, provavelmente homens do povo. Nas duas, esto presentes as bandeiras das Repblicas defendidas. A primeira destaca mais o movimento e a bravura dos guerreiros, e, na segunda, destaca-se mais o sacrifcio em nome do ideal patritico ou republicano. As semelhanas e diferenas entre as trs ilustraes: As trs ilustraes apresentam cenas em que aparecem grupos de homens adultos, brancos; no aparecem personagens que representem os demais grupos sociais, tnicos, sexuais ou etrios, como mulheres, crianas, jovens, negros ou mestios. As duas primeiras sugerem conflito, luta, guerra, enquanto a ltima sugere uma comemorao.

Para finalizar a abordagem do tema, pea que escrevam um pequeno texto a respeito das diferentes situaes e propostas polticas envolvidas nas proclamaes de Repblicas no Rio Grande do Sul, na Frana e no Brasil. Aqui o que se espera que o aluno avalie o quanto a ideia republicana deu origem a movimentos poltico-sociais distintos, mais ou menos duradouros (no caso do R i o Grande do Sul, menos de dez anos; no caso da Frana e do Brasil, mais de duzentos e mais de cem anos) e mais ou menos representativos dos diversos grupos que integram a sociedade.

RefernciasARASSE, Daniel. A guilhotina e o imaginrio do terror. So Paulo: tica, 1990. CARVALHO, Jos Murilo de. A formao das almas: o imaginrio da Repblica no Brasil. So Paulo: Companhia das Letras, 1990. DACANAL, Jos Hildebrando (Org.). A Revoluo Farroupilha: histria e interpretao. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1997. FLORES, Moacyr. A Revoluo Farroupilha. 4 ed. Porto Alegre: EDUFRGS, 2004. GOLIN, Tau (Org.). Histria geral do Rio Grande do Sul. Passo Fundo: Mritos, 2006. HOBSBAWN, Eric; RANGER, Terence (Org.). A inveno das tradies. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984. MICELI, Paulo. As revolues burguesas. So Paulo: Atual, 1987. (Discutindo a Histria) OSTERMANN, Nilse Wink; KUNZE, Iole Carretta. s armas, cidados! A Frana revolucionria (1789-1799). So Paulo: Atual, 1999. PESAVENTO, Sandra Jatahy. Histria do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2002. QUEIROZ, Suely Robles Reis de. Os radicais da Repblica. So Paulo: Brasiliense, 1986. RUD, Georges. A Europa no sculo XVIII. Lisboa: Gradiva, 1988. (Construir o passado) SILVA, Marcos Antnio da. Caricata Repblica: Z Povo e o Brasil. So Paulo: CNPq/Marco Zero, 1990. STAROBINSKI, Jean. 1789: os emblemas da razo. So Paulo: Companhia das Letras, 1986. VOVELLE, Michel. A Revoluo Francesa explicada minha neta. So Paulo: Ed. UNESP 2007. , VOVELLE, Michel. Imagens e imaginrio na histria: fantasmas e certezas nas mentalidades desde a Idade Mdia at o sculo XX. So Paulo: tica, 1997.

Ensino Mdio - 1 ano Industrializao e estrutura social: Inglaterra e Brasil (sculos XVIII-XX)Prezado professor:No ensino mdio, espera-se que o aluno encontre as condies necessrias para consolidar seus conhecimentos histricos, realizando atividades e operaes de anlise mais complexas do que aquelas do ensino fundamental, atravs de mais trabalhos diante de um tema e com base em nmero maior de referncias de anlise. O que queremos dizer que, na condio de realidade vivida, a experincia histrica e seu contedo sero os mesmos em qualquer nvel de ensino, mas, na condio de conhecimento, a forma de transmisso da experincia e do contedo poder ser feita de modo muito diferente, dependendo dos nveis de ensino (sries finais do ensino fundamental; ensino mdio; ensino universitrio) e dos objetivos que estiverem em pauta. No desenvolvimento do tema desta unidade, a anlise dever considerar dois nveis de apreenso da realidade histrica. Ser importante discutir com os alunos a definio dos conceitos de conjuntura e de estrutura, porque contemplam as ideias gerais que se pretende pr em discusso. No caso, a industrializao acontece dentro de determinadas conjunturas, que, por vezes, esto integradas em estruturas econmicas e sociais de tipo capitalista. preciso igualmente ter clareza do que se pretende estudar, do contedo a ser analisado. Neste caso, a preocupao no dar conta da histria do Brasil em particular, nem da histria da Inglaterra em particular, mas da relao entre as experincias econmicas, sociais e polticas desses dois pases diante de um mesmo fenmeno: a industrializao. A inteno verificar como um mesmo fenmeno pode produzir resultados similares ou distintos em diferentes conjunturas histricas.

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ObjetivosOs alunos, ao final da unidade, tero vivenciado oportunidades de desenvolver as competncias de: Ler diversos tipos de textos e reconhecer a diferena entre fontes primrias (transcries de dados extrados diretamente de testemunhos histricos, de testemunhos documentais), que resultam da experincia dos sujeitos histricos e informam diretamente sobre os acontecimentos do passado e referncias bibliogrficas (obras de carter historiogrfico, resultados de pesquisas, sujeitas a serem confirmadas ou questionadas, revistas, criticadas ou simplesmente abandonadas) que so interpretaes sobre o passado. Escrever textos em que se observe a sntese e a organizao de ideias sobre o tema, testando os alunos em sua capacidade de identificar as ideias principais contidas no trecho citado de um documento histrico ou de uma obra de histria e os argumentos que esses textos apresentam, reorganizlos e interpret-los, tornando os alunos aptos a tambm produzirem conhecimento sobre o passado. Resolver problemas, a partir de procedimentos prprios da anlise histrica. O saber histrico escolar deve ser eminentemente comparativo, relacional. No caso em questo, espera-se que avaliem comparativamente duas conjunturas histricas e duas estruturas distintas, relativas Inglaterra e ao Brasil. Os problemas envolvero anlises quantitativas simples, com in-

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formaes expressas em dados numricos, em quadros e em tabelas, com a inteno de que possam detectar propores, aumentos e recuos na atividade econmica ou tendncias anuais e seculares nas transformaes sociais. Haver tambm anlises qualitativas, quando se tratar de compreender, avaliar e interpretar textos e imagens.

Tempo de durao: Aproximadamente 6 aulas. Recursos necessrios: Textos histricos e de referncia, revistas e jornais, filmes e sites.

A Revoluo Industrial(Aulas 1 e 2) Estas aulas introduzem o estudo do tema por meio da discusso dos principais conceitos implicados (conjuntura, estrutura e capitalismo) e pelo estudo da Revoluo Industrial inglesa. As principais habilidades desenvolvidas so: analisar as conquistas sociais e as transformaes ocorridas em diferentes momentos histricos e aplicar conceitos relativos aos processos histricos observados. Conjuntura: Que diz respeito ao conjunto de fatos ocorridos num certo lugar (cidade, pas, continente) e num certo momento temporrio (ano, dcada, no mximo sculo). Na anlise das conjunturas, o que se observa a maneira como as vrias partes ou fatos se combinam, ligando-se ou opondo-se, resultando em situaes gerais relativamente estveis quando comparadas aos fatos individuais. Estrutura: Que diz respeito forma pela qual as diferentes partes ou elementos da sociedade esto organizadas, ligadas, interagindo entre si. Estrutura designa, ao mesmo tempo: todo o conjunto de fatos (polticos, sociais, econmicos e culturais) e conjunturas; cada uma das partes deste conjunto; as relaes destas partes entre si.

HabilidadesConstruir conceitos e aplic-los para compreender processos histricos. Transferir aprendizagens histrico-geogrficas para a compreenso de manifestaes artsticas. Analisar textos de referncia histrica, documentos histricos, quadros e tabelas, atribuindo-lhes sentidos e finalidades diversas. Relacionar sociedade e desenvolvimento poltico, econmico e cultural, tornando-se aptos a explic-los atravs das interaes estabelecidas entre os conceitos caractersticos do processo histrico estudado.

Professor, importante que os alunos percebam, desde o incio do estudo, o carter conceitual e relacional da anlise histrica que empreendero.

ContedosO processo de industrializao na Inglaterra (entre 1750 e 1850) e no Brasil (entre 1930 e 1950). Trata-se de avaliar de que maneira a industrializao provocou alteraes em diferentes instncias da sociedade e em que medidas ocorreram transformaes estruturais. Os campos de estudo so a economia, a poltica e a sociedade.

Conceitos de conjuntura, estrutura e capitalismoInicie o trabalho apresentando seu objetivo geral: discutir conceitos econmico