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Ricardo Resende – Direito do Trabalho – Prescrição – Aulas 01 a 12

Material escrito referente às vídeo-aulas do tema

PRESCRIÇÃO – ROTEIRO ESCRITO DE VÍDEO-AULA

Conceito:

É a extinção da pretensão (exigibilidade) de um direito material violado, tendo em vista o decurso do(s)

prazo(s) previsto(s) em lei.

Base legal geral: art. 189 do Código Civil

Características:

- relaciona-se a uma obrigação (direito de prestação)

- o prazo prescricional tem início, em regra, a partir da lesão ao direito ou da ciência da lesão pelo

prejudicado, e não ao direito em si (exemplificar com a questão de prescrição das férias). Art. 189 CCB.

Entretanto, a prescrição bienal trabalhista, excepcionalmente, não começa a fluir da lesão, e sim da

extinção do contrato.

- As hipóteses de prescrição e os respectivos prazos só podem ser criados por lei, sendo vedado aos

particulares criá-los ou modificá-los. Art. 192 CCB. Neste sentido, não se aplica o princípio da condição

mais benéfica, isto é, os prazos legais não podem ser alterados sequer em benefício do trabalhador.

- os prazos prescricionais sujeitam-se à suspensão, à interrupção, e à ocorrência de causas impeditivas

de seu curso

Base legal trabalhista:

- Art. 7º, XXIX, CRFB;

- Art. 11 da CLT.

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Regra prática: conta-se dois anos PARA FRENTE, a partir da extinção do contrato de trabalho, e então

cinco anos PARA TRÁS, a partir da data do ajuizamento da ação.

Esquematicamente, teríamos o seguinte:

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

_____|_____|_____|_____|_____|_____|_____|_____|_____|_____>

*01.01.2000 – admissão *01.01.2006 - desligamento

*01.01.2007 – ação (RT)

2002 2003 2004 2005 2006 2007

|_____|_____|_____|_____|_____| = período a reclamar

� Prescrição total em 01.01.2008.

Regras relativas à contagem do prazo:

Os prazos fixados em anos devem ser contados repetindo-se o mesmo dia e mês no ano

correspondente. Assim, se o termo inicial foi fixado em 01.01.2007, o prazo de um ano completa-se, para

fins de contagem, em 01.01.2008.

Questão:

Analista – Área Administrativa – TRT 18ª Região – FCC – 2008 41. Faz um ano que Tício teve rescindido o seu contrato de trabalho com a empresa GUKO. Considerando que Tício laborava para a empresa há dez anos, em regra, ele terá mais (A) um ano para ingressar com reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora, podendo pleitear os últimos cinco anos de seu contrato de trabalho. (B) um ano para ingressar com reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora, podendo pleitear os últimos quatro anos de seu contrato de trabalho. (C) dois anos para ingressar com reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora, podendo pleitear os últimos quatro anos de seu contrato de trabalho. (D) dois anos para ingressar com reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora, podendo pleitear os últimos cinco anos de seu contrato de trabalho. (E) um ano para ingressar com reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora, podendo pleitear os dez anos de seu contrato de trabalho.

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Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição:

Causa Tipo de fato originário Efeito sobre a

prescrição Exemplo

Impeditiva Fato externo alheio à vontade do titular da pretensão

A contagem do prazo prescricional sequer é iniciada enquanto não cessar a causa impeditiva.

Não corre qualquer prazo prescricional contra empregado menor de 18 anos (art. 440 da CLT)

Suspensiva Fato externo alheio à vontade do titular da pretensão (exceto nos casos de reclamação administrativa e submissão de demanda à CCP)

A contagem do prazo prescricional é suspensa, sendo reiniciada do ponto onde parou tão logo afastada a causa da suspensão.

Submissão de demanda à CCP (art. 625-G da CLT)

Interruptiva Ato voluntário do interessado no sentido da defesa de seu direito

A contagem do prazo prescricional é interrompida, no máximo uma única vez, recomeçando do início tão logo seja afastada a causa da interrupção.

Propositura de ação reclamatória trabalhista.

Aplicam-se também ao Direito do Trabalho, com as devidas adaptações, as hipóteses legais de

impedimento, suspensão e interrupção dos prazos prescricionais previstas no Código Civil (arts.

197/202).

Prescrição total vs. Prescrição parcial

Súmula nº 294 PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR URBANO

(mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração

do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também

assegurado por preceito de lei.

A prescrição é total, fulminando o “direito de ação” em relação a determinada parcela, e não só as

parcelas vencidas há mais de cinco anos, sempre que esta parcela funda-se em ato único do

empregador ou em cláusula contratual (contrato de trabalho) ou regulamentar (regulamento de

empresa).

A prescrição corre desde a lesão (e consequentemente desde o surgimento da pretensão) e se consuma

no prazo quinquenal subsequente, obviamente se o contrato ainda estiver em vigor.

Exemplos: gratificações ajustadas, salário-prêmio, etc.

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A prescrição parcial, por sua vez, não atinge o direito de ação em si, mas apenas a pretensão às parcelas

devidas há mais de cinco anos, decorrentes de determinado direito fundado em preceito de lei.

Neste caso, a actio nata (início da prescrição) incidiria em cada parcela especificamente lesionada, de

forma que a prescrição contar-se-ia a partir do vencimento de cada prestação periódica resultante do

direito protegido por lei.

Exemplos:

- salário pago inferior ao mínimo;

- diferenças em face de equiparação salarial (Súmula 6, IX, do TST)

Críticas ao critério jurisprudencial em estudo:

� Para a teoria civilista não interessa o título jurídico instituidor da parcela, e sim se a mesma é de trato

sucessivo ou não. Assim:

- parcelas de trato sucessivo submetem-se à prescrição parcial

- parcelas de ato único (aquelas que não se desdobram no tempo, como a compra e venda)

submetem-se à prescrição total.

� Argumenta-se ainda que toda cláusula contratual ajustada estaria protegida por lei, tendo em vista o

disposto no art. 468 da CLT (vedação à alteração contratual lesiva). Assim, a prescrição seria sempre

parcial.

Aplicação da prescrição em diversas situações:

- FGTS – 30 anos – art. 23, §5º, Lei 8.036/90; Súmula 362 do TST

- Ações meramente declaratórias – imprescritíveis

- Doméstico – prescrição trabalhista, conforme CRFB (posição majoritária)

- Trabalho escravo – causa impeditiva da prescrição (incapacidade absoluta)

- Parcelas oriundas de sentença normativa – o prazo é contado a partir do trânsito em julgado da

sentença (Súmula 350 TST, c/c Súmula 349 STF)

- Incorporação do adicional de horas extras – OJ 242 do TST

- Férias: actio nata é o final do período concessivo (art. 149 da CLT)

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Questões de concursos anteriores relativas à prescrição das férias:

ANALISTA – ÁREA JUDICIÁRIA – TRT04 – FCC – 2006 52 – O prazo prescricional do direito de reclamar o pagamento de férias não concedidas, para um empregado admitido em 02/01/2004, referente ao período aquisitivo de 2005/2006, tem início em (A) 02 de janeiro de 2005. (B) 31 de dezembro de 2005. (C) 02 de janeiro de 2006. (D) 31 de dezembro de 2006. (E) 02 de janeiro de 2007.

ANALISTA – ÁREA JUDICIÁRIA – TRT16 – CESPE - 2005 95 Manoel prestou serviços durante seis anos e seis meses a uma determinada empresa. Por ocasião da homologação de sua rescisão contratual pelo sindicato, observou que não havia gozado as férias relativas aos dois primeiros anos trabalhados. A empresa não concordou em quitar o débito, sob o fundamento de que estava consumada a prescrição. Diante disso, Manoel ajuizou ação trabalhista logo na semana seguinte, cobrando o pagamento das referidas férias. Nessa situação, houve equívoco da empresa, pois não estava consumada a prescrição.

- Contrato suspenso – não há suspensão do prazo prescricional (posição majoritária)

- Contrato interrompido – idem

- Mudança de regime celetista para estatutário – Súmula 382 do TST

- Complementação de pensão e auxílio funeral – OJ 129 do TST

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DECADÊNCIA

A decadência é a perda de um direito potestativo pelo decurso de prazo fixado em lei ou em contrato.

Enquanto a prescrição está ligada aos direitos prestacionais (de um lado, uma pretensão, do credor, e

de outro, uma obrigação, do devedor), a decadência envolve o exercício de direito potestativo.

A decadência extingue o próprio direito, ao contrário da prescrição, que extingue apenas a pretensão

(exigibilidade), mantendo intacto o direito.

As hipóteses e prazos decadenciais são fixados não só pela lei, mas também pela vontade das partes.

Entretanto, os prazos decadenciais previstos em lei não podem ser alterados pela vontade das partes.

Os prazos decadenciais não são suscetíveis de impedimento, suspensão ou interrupção.

Exemplo: prerrogativa de propositura de inquérito judicial para apuração de falta grave de empregado

estável, nos termos do art. 853 da CLT.

2ª parte – Estudo avançado – Prescrição à luz da jurisprudência do TST

Actio nata: critério segundo o qual a prescrição tem início com o nascimento do direito de ação, e não a

partir do direito em si.

Observe-se que há casos específicos em que o direito de ação nasce depois da lesão em si, no momento

em que foi reconhecido o direito a determinada parcela.

Exemplo: expurgos inflacionários (Lei 110/2001)

OJ 344 – TST

OJ nº 344 FGTS. MULTA DE 40%. DIFERENÇAS DECORRENTES DOS EXPURGOS

INFLACIONÁRIOS. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL (alterada em decorrência do julgamento

do processo TST IUJ-RR 1577/2003-019-03-00.8) - DJ 22.11.2005

O termo inicial do prazo prescricional para o empregado pleitear em juízo diferenças da

multa do FGTS, decorrentes dos expurgos inflacionários, deu-se com a vigência da Lei

Complementar nº 110, em 30.06.01, salvo comprovado trânsito em julgado de decisão

proferida em ação proposta anteriormente na Justiça Federal, que reconheça o direito à

atualização do saldo da conta vinculada.

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SÚMULAS POLÊMICAS DO TST SOBRE A MATÉRIA:

- Gratificações semestrais

Súmula nº 373 GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. CONGELAMENTO. PRESCRIÇÃO PARCIAL

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 46 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e

25.04.2005

Tratando-se de pedido de diferença de gratificação semestral que teve seu valor congelado,

a prescrição aplicável é a parcial. (ex-OJ nº 46 da SBDI-1 - inserida em 29.03.1996)

- Alteração ou supressão de comissões

Súmula nº 175 COMISSÕES. ALTERAÇÃO OU SUPRESSÃO. PRESCRIÇÃO TOTAL (nova

redação em decorrência da incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 248 da SBDI-1) -

DJ 22.11.2005

A supressão das comissões, ou a alteração quanto à forma ou ao percentual, em prejuízo do

empregado, é suscetível de operar a prescrição total da ação, nos termos da Súmula nº 294

do TST, em virtude de cuidar-se de parcela não assegurada por preceito de lei.

- Complementação de aposentadoria

Súmula nº 326 COMPLEMENTAÇÃO DOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA. PARCELA

NUNCA RECEBIDA. PRESCRIÇÃO TOTAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Tratando-se de pedido de complementação de aposentadoria oriunda de norma

regulamentar e jamais paga ao ex-empregado, a prescrição aplicável é a total, começando a

fluir o biênio a partir da aposentadoria.

Súmula nº 327 COMPLEMENTAÇÃO DOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA. DIFERENÇA.

PRESCRIÇÃO PARCIAL (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Tratando-se de pedido de diferença de complementação de aposentadoria oriunda de

norma regulamentar, a prescrição aplicável é a parcial, não atingindo o direito de ação, mas,

tão-somente, as parcelas anteriores ao qüinqüênio.

OJ nº 156 COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. DIFERENÇAS. PRESCRIÇÃO (inserida

em 26.03.1999)

Ocorre a prescrição total quanto a diferenças de complementação de aposentadoria

quando estas decorrem de pretenso direito a verbas não recebidas no curso da relação de

emprego e já atingidas pela prescrição, à época da propositura da ação.

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- Desvio de função e reenquadramento

Súmula nº 275 PRESCRIÇÃO. DESVIO DE FUNÇÃO E REENQUADRAMENTO (incorporada a

Orientação Jurisprudencial nº 144 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - Na ação que objetive corrigir desvio funcional, a prescrição só alcança as diferenças

salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento. (ex-Súmula nº

275 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

II - Em se tratando de pedido de reenquadramento, a prescrição é total, contada da data do

enquadramento do empregado. (ex-OJ nº 144 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998)

Questão abrangendo vários aspectos do conteúdo:

Técnico – Área Administrativa – TRT da 2ª Região – FCC – 2008

52. No que tange à prescrição, analise: I. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos. II. Tratando-se de pedido de diferença de gratificação semestral que teve seu valor congelado, a prescrição aplicável é a parcial. III. Nas prestações de pagamento sucessivo, a prescrição será parcial e contada do vencimento de cada uma delas. IV. É vintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o término do contrato de trabalho. Está correto o que consta APENAS em (A) I, II e III. (B) II, III e IV. (C) I e II. (D) II e III. (E) I e IV.

Outras questões pertinentes:

ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRT09 – CESPE - 20 07 69 A pretensão de anotação da carteira de trabalho é prescritível quando disso possam decorrer direitos pecuniários do eventual reconhecimento de vínculo de emprego.

ANALISTA – ÁREA JUDICIÁRIA – TRT09 – CESPE - 2007 Quanto à prescrição e decadência trabalhistas, julgue os itens subseqüentes.

68 As ações declaratórias, como a de reconhecimento do vínculo de emprego, são imprescritíveis, resultando igual efeito para os pedidos de verbas restritas ao período eventualmente reconhecido.