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18 REVISTA RI MERCADO DE AÇÕES 18 REVISTA RI Fevereiro 2012

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18 REVISTA RI

MERCADO DE AÇÕES

18 REVISTA RI Fevereiro 2012

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por CLODOIR VIEIRA

Se alguém lhe aconselhasse a investir em uma ação que caiu 70%, 80% ou 95% em um ano, você investiria? E naquelas ações que subiram 900%, 1.200%, 2.500%, nesse mesmo intervalo de tempo? Provavelmente, a primeira resposta seria não. Mas, estudos comprovam que as duas estratégias tendem a resultar em grandes ganhos aos investidores.

AÇÕES:AS ÚLTIMAS SERÃOAS ÚLTIMAS SERÃOAS PRIMEIRASAS PRIMEIRAS

19REVISTA RI 19REVISTA RIFevereiro 2012

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A teoria é comprovada pelo recente levantamento reali-zado pelo departamento de análise da Corretora Souza Barros. Na pesquisa, partimos da seguinte premissa: e se todos os anos, o investidor comprar as dez ações que regis-traram as maiores quedas no ano anterior? Os resultados surpreendem. Se um investidor que tivesse R$ 10 mil nas mãos para investir em ações no início de 1997, decidisse comprar os piores desempenhos de 1996 e seguisse essa estratégia ano a ano, sua carteira ao final de 2011 corres-ponderia a um valor de R$ 550.672,33. Caso ele tivesse retirado seu dinheiro ao final de 2010, o total do resgate seria de R$ 733.266,05.

No mercado de capitais, apenas uma coisa é certa: rentabi-lidade passada não é garantia de rentabilidade futura. No entanto, tomar decisões apenas olhando o comportamen-to de uma ação no passado pode tornar-se uma estratégia interessante, quando aproveitamos as “ofertas do mer-cado”. A maioria dos consumidores sabe aproveitar uma liquidação em loja, mas poucos se arriscam a comprar as “pechinchas” da Bolsa de Valores.

A rentabilidade da carteira dos “perdedores”, se é que po-demos chamar assim, apresentou uma valorização média por mês de 2,25%, o acumulado do início de 1997 ao fi-nal 2011 soma 5.406,72%. Tal comportamento comprova que a máxima do mercado de comprar na baixa e vender na alta não é apenas retórica. No entanto, em um prazo mais curto de tempo, o investidor precisa ter estômago para manter-se inabalável em momentos de perda e não colocar em xeque sua estratégia. Se olharmos um prazo mais curto, os R$ 10 mil alocados no início de 1997 trans-formam-se em R$ 7.515,60 em dezembro do mesmo ano e R$ 6.540,88 em 1998, ano do início da crise financeira internacional. Mas, no ano seguinte, 1999, o valor saltou para R$ 26.201,00.

Caso o mesmo investidor tivesse decidido concentrar suas aplicações no Ibovespa, seus R$ 10 mil corresponderiam, ao final de 2011, a R$ 80.594,26. Apesar deste valor estar bem abaixo do obtido na “estratégia dos perdedores”, comprova outra máxima do mercado: o investimento em ações deve ser de longo prazo. Mas e quanto à segunda parte do ques-tionamento feito no início desse artigo? Você teria coragem de comprar uma ação com elevada valorização no ano ante-rior? Você iria contra a regra de comprar na baixa e vender na alta? Em 2001, as ações da Souza Cruz registraram valori-zação acima de 100%. Ao contrário do que poderíamos espe-rar, o papel não devolveu parte dos ganhos no ano seguinte. Em 2002, a alta foi de 36%, acumulando até final de 2011 uma rentabilidade de 1.810,7%.

Nosso departamento de análise realizou o mesmo levanta-mento, formando uma carteira com as dez ações que apresen-taram maior alta, ou seja, a cada ano o investidor compra os papéis que mais subiram no ano anterior. O resultado também surpreende. Os R$ 10 mil investidos no início de 1997 torna-ram-se R$ 488.306,49 ao final de 2011. Apesar dos ganhos com essa estratégia serem menores do que a dos “perdedores”, o acionista que decidiu alocar o seu dinheiro dessa forma não sofreu tanto com a volatilidade do mercado. O único ano em que sua carteira apresentou desvalorização foi 1998, quando passou de R$ 13.427,70 para R$ 8.059,98.

Mas o que diferencia uma estratégia “perdedora” de uma estratégia “vencedora”? Quais os critérios que o investidor deve pensar na hora de investir? Com certeza não basta apenas olhar as maiores quedas e as maiores altas. Na re-alidade, o que importa são os fatores que influenciam o comportamento das ações: os fundamentos das empresas, a atuação das áreas de relações com investidores, a go-vernança corporativa e os boatos e especulações sobre o futuro das companhias negociadas em Bolsa.

Ao avaliarmos o comportamento das 80 ações mais líquidas da Bolsa nos últimos quinze anos, a conclusão que podemos chegar é que comprar as maiores quedas e as maiores altas de um ano para outro é um grande negócio.

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MERCADO DE AÇÕES

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Todos esses fatores relacionados podem ser sintetizadosem apenas uma palavra: informação. Não basta apenasolhar as “altas ou baixas” e centrar suas decisões de in-vestimentos no comportamento dos papéis. Claro, o preçoda ação influencia, mas é preciso ter em mente o porquêdo seu valor atual. Se a forte queda registrada em um anoestá relacionada ao momento do mercado, por exemplo,há grande chance de recuperação de suas ações. Tal fatofica claro quando analisamos o comportamento do mer-cado após a crise de 2008. O investidor que detinha R$90.694,92 em ações do Ibovespa ao final de 2007 viu suacarteira derreter para R$ 53.328,61. No entanto, ao mantera sua posição intacta, recuperou as perdas durante 2009 eao final desse ano, detinha R$ 97.431,37.

6950%

5950%

4950%

3950%

2950%

1950%

950%

-50%1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

IBOVESPAPP MAIORES QUEDADD S MAIORES ALTATT S

Nome ClasseRetorno de 30/12/96

até 30/12/11

Souza Cruz ON 9.323%

Alpargatas PN 8.616%

Gerdau Metalúrgica PN 8.588%

Gerdau ON 8.435%

Gerdau PN 8.324%

Lojas Americanas PN 8.069%

Sid Nacional ON 7.743%

Ferbasa PN 7.199%

Eletropar ON 7.146%

Nome ClasseRetorno de 30/12/96

até 30/12/11

Inepar PN -86,33%

Net PN -85,56%

J B Duarte PN -82,57%

M G Poliest ON -66,90%

Coteminas PN -54,29%

Light S/A ON -52,45%

Bombril PN -26,00%

Estrela PN -18,06%

Nome Classe Retorno 2011

Pet Manguinhos ON 110,29

MPX Energia ON 90,18

Mundial ON 77,93

IGB S/A ON 74,53

GPC Part ON 74,48

Sanepar PN 65,92

JHSF Part ON 65,65

Le Lis Blanc ON 59,65

Haga S/A PN 56,34

Pet Manguinhos PN 56,10

Nome Classe Retorno 2011

Laep A -93,71

Lupatech ON -76,92

B2W Varejo ON -71,07

Ienergia PNA -69,70

Recrusul PN -68,18

V-Agro ON -68,00

Gafisa ON -64,95

HRT Petroleo ON -64,28

Inepar PN -63,93

Hypermarcas ON -62,06

MELHORES DESEMPENHOSDOS ÚLTIMOS 15 ANOS

PIORES DESEMPENHOSDOS ÚLTIMOS 15 ANOS

OS 10 MELHORES DESEMPENHOS DE 2011

OS 10 PIORES DESEMPENHOS DE 2011

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CLODOIR VIEIRAé economista chefe da Corretora Souza Barros e professor de mercado de capitais em cursos de pós-graduação. Sua carteira recomendada em 2011 foi a que registrou maior rentabilidade, segundo ranking da revista Exame. [email protected]

Cuidado! Nem sempre as ações recuperam o seu valor tão rapidamente. Se for o caso da queda estar relacionada a má administração que leva a companhia a prejuízos, a perda do valor da ação é um movimento de correção. Como a empresa não está registrando o resultado projetado pelos analistas, suas ações estão caras e é preciso corrigir o seu preço. Nesse sentido a queda dificilmente será revertida, a não ser que a empresa retome o caminho correto.

Assim, o que precisa ser olhado é se empresa terá capa-cidade de se reerguer no futuro. Essa possibilidade passa por diversos fatores que vão desde uma mudança na es-tratégia adotada pela companhia à alienação do controle. Ao olharmos para esses pontos, fica claro que os analistas e investidores tomam suas decisões em recomendar ou comprar uma ação, todos os dias, com base nas informa-ções disponíveis no mercado. Quanto maior o nível de in-formação sobre determinada companhia, melhor “precifi-cado” será valor de suas ações e menos oscilações ficam a mercê de boatos. Esse é o papel das áreas de Relações com Investidores das empresas.

O RI reduz as distorções de preços ao demonstrar as estra-tégias das empresas de forma a facilitar que os agentes de mercado entendam o momento da companhia. Nenhuma empresa está livre de surpresas. Sabemos que desvios de cursos, estimativas erradas e problemas acontecem a to-dos. No entanto, quanto mais claro isso for para os investi-dores, mais facilmente suas decisões serão tomadas.

Não estamos aqui defendendo que ao informar um erro de percurso, as ações da empresa não serão penalizadas. Ao contrário, haverá sim queda dos papéis, porém essa postu-ra aumenta a confiança dos agentes de que a companhia já está retomando o rumo certo e facilita a recuperação da cotação de suas ações. A função do RI é implementar uma

comunicação transparente para a melhoria da imagem da empresa e trazer de volta a confiança do investidor e o principal: a valorização das ações.

O relacionamento com os investidores tem sido fundamen-tal para a redução da desconfiança em relação à empresa. Estudos demonstram que superestimar valores é um dos principais fatores que levam ao fracasso e a desvaloriza-ção e que esse desacerto decorre de falhas na avaliação do negócio ou de expectativas errôneas. Por esse motivo, os RIs das empresas precisam gerenciar corretamente todas as comunicações internas e externas. O valor econômico da empresa se baseia no cumprimento de expectativas que, por sua vez, se traduz em credibilidade.

Mesmo assim, muitas companhias abertas no mercado bra-sileiro ainda pecam pela falta de comunicação e omissão de informações. Apesar dos grandes avanços do mercado nos úl-timos dez anos, muito ainda precisa ser feito. Os controlado-res das companhias precisam e devem investir cada vez mais tempo em uma comunicação transparente, ou seja, “falando a língua” dos investidores. Somente assim, o pequeno investi-dor terá como competir com igualdade e condições e poden-do avaliar melhor a empresa. É hora de reavaliar a forma de comunicação com os seus acionistas. RI

O relacionamento com os investidores tem sido fundamental para a redução da desconfiança em relaçãoà empresa. Estudos demonstram que superestimar valores é um dos principais fatores que levam ao fracasso e a desvalorização e que esse desacerto decorre de falhas na avaliação do negócio ou de expectativas errôneas.

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MERCADO DE AÇÕES

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