Órgão de divulgação do senado federal plenário abre hoje … · 2003. 10. 25. · diretor:...

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Henrique Meirelles avalia política fiscal O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, será ouvido amanhã pela Comissão Mista de Orçamento. Ele avaliará os impactos e os custos fiscais das políticas monetária e cambial. Página 3 Especial Cidadania discute o abuso sexual de crianças Página 8 P esquisas indicam que a cada ano, no Brasil, 100 mil crianças são vítimas de exploração sexual. Essa violência vem sendo investigada no Congresso por uma CPI, presidida pela senadora Patrícia Saboya (foto). Hoje, o Especial Cidadania mostra o que é violência sexual, a maneira de identificar uma vítima e como denunciar. Programação monetária na pauta da CAE Página 3 Plenário abre hoje discussão sobre reforma da Previdência Primeira discussão em Plenário ocorre exatamente dois meses depois de a proposta chegar ao Senado. Reforma será debatida até 5 de novembro, período em que também poderá receber emendas. Essa é mais uma etapa no longo caminho que uma proposta de mudança constitucional polêmica deve percorrer. Falta de acordo da base do governo com os partidos de oposição torna difícil prever a data da votação em Plenário. Páginas 4 e 5 Proposta já recebeu mais de cem emendas de senadores em 48 horas Tributária vai a votação na CCJ A reforma tributária começa a ser discutida amanhã pela Comissão de Justiça, mas a vota- ção pode se estender até 5 de novembro, segundo previsão dos líderes par- tidários. Para amanhã, está prevista a leitura das propostas alternativas oferecidas pelo PSDB e pelo PFL. O relatório de Romero Jucá sofre reparos na base de sustentação do governo. Renan Calheiros e Fernando Bezerra, líderes do PMDB e do PTB, discor- dam da forma proposta para o Fundo de Desenvol- vimento Regional. Renan disse que o fundo “precisa ser aperfeiçoado”. Ele con- sidera que os recursos de- vem ser repassados direta- mente aos governadores para investimentos em infra-estrutura. SEM ACORDO Senadores governistas e da oposição divergem sobre aspectos da mudança na Previdência EXAME Relatório de Romero Jucá está sendo analisado por senadores José Cruz Jane de Araújo Geraldo Magela Ano IX – Nº 1.813 – Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003 Órgão de divulgação do Senado Federal

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Page 1: Órgão de divulgação do Senado Federal Plenário abre hoje … · 2003. 10. 25. · Diretor: Antonio Caraballo (61) 311-3327 Chefia de reportagem: Helena Daltro Pontual (61) 311-1151

HenriqueMeirelles avalia

política fiscal

O presidente do BancoCentral, Henrique

Meirelles, será ouvidoamanhã pela Comissão

Mista de Orçamento. Eleavaliará os impactos e os

custos fiscais das políticasmonetária e cambial.

Página 3

Especial Cidadania discuteo abuso sexual de crianças

Página 8

Pesquisas indicam que a cada ano, no Brasil,100 mil crianças são vítimas de exploraçãosexual. Essa violência vem sendo investigada

no Congresso por uma CPI, presidida pelasenadora Patrícia Saboya (foto). Hoje, o EspecialCidadania mostra o que é violência sexual, amaneira de identificar uma vítima e comodenunciar.

Programaçãomonetária napauta da CAE

Página 3

Plenário abre hoje discussãosobre reforma da Previdência

Primeira discussãoem Plenário ocorreexatamente dois mesesdepois de a propostachegar ao Senado.Reforma será debatidaaté 5 de novembro,período em quetambém poderáreceber emendas.Essa é mais uma etapano longo caminhoque uma propostade mudançaconstitucionalpolêmica devepercorrer. Falta deacordo da base dogoverno com ospartidos de oposiçãotorna difícil prever adata da votaçãoem Plenário.

Páginas 4 e 5

Proposta járecebeu mais decem emendasde senadoresem 48 horas

Tributária vai a votação na CCJA reforma tributária

começa a ser discutidaamanhã pela Comissãode Justiça, mas a vota-ção pode se estender até5 de novembro, segundoprevisão dos líderes par-tidários. Para amanhã,está prevista a leitura

das propostas alternativasoferecidas pelo PSDB epelo PFL. O relatório deRomero Jucá sofre reparosna base de sustentação dogoverno. Renan Calheiros eFernando Bezerra, líderesdo PMDB e do PTB, discor-dam da forma proposta

para o Fundo de Desenvol-vimento Regional. Renandisse que o fundo “precisaser aperfeiçoado”. Ele con-sidera que os recursos de-vem ser repassados direta-mente aos governadorespara investimentos eminfra-estrutura.

SEM ACORDO Senadores governistas e da oposição divergem sobre aspectos da mudança na Previdência

EXAME Relatório deRomero Jucá está sendoanalisado por senadores

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Ano IX – Nº 1.813 – Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003Órgão de divulgação do Senado Federal

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2 Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003

Reginaldo pedemedida contra

tensão no campo

VIOLÊNCIA Governo “finge nãosaber da gravidade doproblema”, diz Reginaldo Duarte

Tuma destacapapel da ONU no desarmamento

Observador parlamentar de-signado pelo Senado para par-ticipar da Assembléia Geral daOrganização das Nações Uni-das (ONU), o senador RomeuTuma (PFL-SP) afirmou que épraticamente impossível umpaís conseguir, isoladamente,fechar suas fronteiras para otráfico de armas. Ele manifes-tou seu entendimento de que aONU entrará com mais rigor naluta contra esse crime.

– Nós vamos participar des-sas discussões e temos a espe-rança de que se possa coibir,com todo rigor, o tráfico de ar-mas e de drogas, que é um pro-blema que vem sendo discuti-do mais profundamente há al-guns anos.

Como exemplo dessa dificul-dade, Tuma disse que, há mui-tos anos, o Brasil tem com o Pa-raguai um acordo que obrigaaquele país a comunicar às re-presentações diplomáticas bra-sileiras a aquisição de qualquerarma, naquele território, porbrasileiro, assim como o núme-ro do registro da arma e do pas-saporte do comprador. “Issonunca foi feito”, ressaltou o se-nador.

Sem controleTuma mencionou ainda a

entrada, no Brasil, de armas fa-bricadas nos Estados Unidos,Rússia e em outros países quenão fazem um controle sobreessas vendas.

– Se não houver um acordointernacional que seja cumpri-do e mais exigido, e se não sepunir o país que deixar de cum-pri-lo, sem dúvida nenhumavamos ter um crime difícil decombater.

Na ONU, Tuma disse que estábuscando resoluções e o máxi-mo de informações sobre o trá-fico de drogas e de armas. Eleinformou que está sendo cria-da comissão especial de cola-boração para evitar o tráfico dearmas de pequeno porte.

www.senado.gov.brE-mail: [email protected].: 0800-612211 - Fax: (61) 311-3137

MESA DO SENADO FEDERAL

Presidente: José Sarney1º Vice-Presidente: Paulo Paim2º Vice-Presidente: Eduardo Siqueira Campos1º Secretário: Romeu Tuma2º Secretário: Alberto Silva3º Secretário: Heráclito Fortes4º Secretário: Sérgio ZambiasiSuplentes de Secretário: João Alberto Souza,Serys Slhessarenko, Geraldo Mesquita Júnior,Marcelo Crivella

Endereço: Praça dos Três Poderes, Ed. Anexo Ido Senado Federal, 20º andar - Brasília - DFCEP 70165-920

Diretor-Geral do Senado: Agaciel da Silva MaiaSecretário-Geral da Mesa: Raimundo Carreiro SilvaDiretor da Secretaria de Comunicação Social: Armando S. RollembergDiretora do Jornal do Senado: Maria da Conceição Lima Alves (61) 311-3333Editores: Djalba Lima, Edson de Almeida, Eduardo Leão, Iara Altafin, José do Carmo Andrade eSylvio GuedesDiagramação: Iracema F. da Silva, Osmar Miranda, Sergio Luiz Gomes da Silva e Wesley BezerraRevisão: Eny Junia Carvalho, Lindolfo do Amaral Almeida, Miquéas D. de Morais e Rita AvellinoTratamento de Imagem: Edmilson FigueiredoArte: Cirilo QuartimCirculação e Atendimento ao leitor: John Kennedy Gurgel (61) 311-3333

Agência SenadoDiretor: Antonio Caraballo (61) 311-3327Chefia de reportagem: Helena Daltro Pontual (61) 311-1151 e Valter Gonçalves Júnior (61) 311-1670Edição: Marcos Magalhães e Marco Antonio Reis (61) 311-1667

O noticiário do Jornal do Senado é elaborado pela equipe de jornalistas da Subsecretaria AgênciaSenado e poderá ser reproduzido mediante citação da fonte.

Impresso pela Secretaria Especial de Editoração e Publicações

Paim recebe o presidente do Parlamento do Timor Leste

Benefício financeiro a estado exportador em exame na CAEA Comissão de Assuntos Econômicos(CAE) reúne-se hoje, às 10h, para analisaro projeto que autorizaa União a conceder benefícios financei-ros aos estados em função do desempe-nho nas exportações e do saldocomercial externo (PLS nº 126/03).

Amanhã, às 10h, a Comissão Mista deOrçamento (CMO) realiza audiênciapública com a presença do presidentedo Banco Central, Henrique Meirelles,

Henrique Meirelles fala à Comissão de Orçamento

A Comissão de Educação vota hoje, às 11h, projeto de autoria do senadorPaulo Octávio (PFL-DF) que cria o Programa de Alfabetização e Cidadaniana Empresa (PLS nº 174/03). O colegiado examina também proposta quedetermina a adoção de políticas específicas de acesso a bibliotecas,computadores e Internet, e a elaboração de metas de inclusão digital noensino nacional (PLS nº 240/03).

Programa de Alfabetização na Empresa

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) doBanestado realiza reunião administrativa hoje, às18h. O colegiado, presidido por Antero Paes deBarros (PSDB-MT), foi criado para investigar asdenúncias de irregularidades no envio de divisasdo Brasil para os chamados paraísos fiscais, pormeio das contas CC-5.

Reunião da CPI do BanestadoHoje, às 18h, será realizada a abertura da mostra“Crer para Ver”, que apresenta esculturas dosalunos da Oficina de Artes do Centro de EnsinoEspecial de Deficientes Visuais. O evento, naSenado Galeria, será presidido por Flávio Arns(PT-PR), presidente da Subcomissão de PessoasPortadoras de Necessidades Especiais.

Arte de deficientes visuais

A agenda completa, incluindo o número de cada proposição, está disponívelna Internet, no endereço www.senado.gov.br/agencia/agenda/agenda.asp

Também examina proposta queprevê a isenção do Imposto sobreProdutos Industrializados (IPI) nacompra de automóveis para otransporte autônomo de passagei-ros e para o uso de portadores dedeficiência física (PLS nº 183/02).

que avalia impacto e custos fiscaisdecorrentes das políticas monetária,cambial e de crédito durante oprimeiro semestre de 2003.

Com base em editorial do jor-nal O Estado de S. Paulo, intitu-lado “A omissão do governoante as desordens do MST é re-ceita para o desastre”, o sena-dor Reginaldo Duarte (PSDB-CE) cobrou do governo açãoefetiva contra a escalada da vi-olência no meio rural. Segun-do ele, o governo petista temignorado as advertências feitaspelo PSDB e “finge que não sabeda gravidade do problema”.

– Propusemos a criação deuma comissão parlamentar deinquérito para o exame da açãodos sem-terra, acobertada pelogoverno do presidente Lula.Depois, a CPI foi transformadaem Comissão Mista do Con-gresso Nacional. O PT finge quenão ouve nossas advertências –afirmou.

Reginaldo relatou que, na se-mana passada, o ex-senadorGeraldo Melo lhe telefonou de-nunciando a invasão, “por umgrupo de 300 desordeiros doMST”, da prefeitura de Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte.

– O líder do governo limitou-se a uma rápida resposta, pro-metendo que traria a este Ple-nário a palavra do governo. Nãotrouxe – assinalou.

ATUAÇÃO Tuma foi designadoobservador parlamentar naAssembléia das Nações Unidas

O presidente em exercício do Senado Federal, Paulo Paim (PT-RS), recebe, às 11h, o presidente doParlamento Nacional da República Democrática do Timor Leste, Francisco Guterrez; e às 14h, a ministrada Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.

A sessão de hoje, às 14h30, votaproposta de emenda constitucionalque permite ao Supremo TribunalFederal delegar aos juízos federais de1ª instância a homologação desentença de separação judicial edivórcio (PEC nº 11/01). O Plenário

Plenário vota emendas à Constituiçãoexamina ainda proposta que dispõesobre medidas provisórias, estabele-cendo que tenham votação iniciada,alternadamente, na Câmarae no Senado, para evitar otrancamento da pauta de votações(PEC nº 27/03).

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Page 3: Órgão de divulgação do Senado Federal Plenário abre hoje … · 2003. 10. 25. · Diretor: Antonio Caraballo (61) 311-3327 Chefia de reportagem: Helena Daltro Pontual (61) 311-1151

3Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003

Meirelles fala à Comissão de Orçamento

A Comissão Mista de Orça-mento deve ouvir amanhã opresidente do Banco Central(BC), Henrique Meirelles. Elefará uma avaliação do impactoe dos custos fiscais decorrentesdas políticas monetária, cre-ditícia e cambial do governoLuiz Inácio Lula da Silva.

O comparecimento de Mei-relles ao Congresso cumpre de-terminação da Lei de Respon-sabilidade Fiscal, pela qual opresidente do BC deve semes-tralmente explicar suas açõesao Parlamento. Meirelles fala-rá sobre o primeiro semestredeste ano.

Hoje à tarde, a comissão, pre-sidida pelo senador GilbertoMestrinho (PMDB-AM), temreunião ordinária para discutirdiversas matérias, entre elas orelatório preliminar do Orça-mento para 2004 (PLN nº 31/03). Das 89 emendas apresen-tadas, o relator, deputado Jor-ge Bittar (PT-RJ), acolheu 14 naíntegra e outras cinco parcial-mente.

Constam também da pautada comissão vários relatóriossobre auditorias realizadaspelo Tribunal de Contas daUnião (TCU), requerimentos

de convites para audiência pú-blica de ministros de Estado ecréditos suplementares ao Or-çamento.

Entre os ministros, há pro-postas para convidar Hum-berto Costa, da Saúde, Cris-tovam Buarque, da Educação,Anderson Adauto, dos Trans-portes, e Antonio Palocci, daFazenda.

Com relação aos pedidos decrédito suplementar, destaquepara o de R$ 229,9 milhões,destinado ao Ministério daSaúde; o de R$ 17 milhões, paraa Justiça Federal; e o de R$ 45,38milhões, a ser dividido entre osMinistérios de Minas e Energia,dos Transportes e das Comuni-cações.

PAUTA Hoje, comissão presididapor Mestrinho debate relatóriopreliminar sobre OrçamentoA Comissão de Assuntos Eco-

nômicos (CAE) examina hojemensagem do Poder Executivoque apresenta a programaçãomonetária para o quarto tri-mestre deste ano. A matériaconstou da pauta da últimareunião, mas foi concedida vis-ta coletiva aos integrantes dacomissão.

O relator da mensagem (MSnº 205/03) é o senador PauloOctávio (PFL-DF), que emitiuvoto favorável à aprovação, nostermos do projeto de decretolegislativo que apresentou.

Também é favorável o pare-cer que o senador GaribaldiAlves Filho (PMDB-RN) apre-sentou ao projeto de lei (PLS nº26/03) que institui um incenti-vo financeiro, pago pela União,aos estados e ao Distrito Fede-

ral, para que esses tomem me-didas que favoreçam o aumen-to das exportações do país. Orelator apresentou um textosubstitutivo ao original, de au-toria do senador César Borges(PFL-BA).

O projeto de César Borgesconcede descontos no paga-mento das amortizações refe-rentes aos contratos de refi-nanciamento das dívidas dosestados. Garibaldi substituiuesse incentivo por um valor fi-xo, de R$ 2,5 bilhões, corrigidosanualmente pelo Índice Geralde Preços-Disponibilidade In-terna (IGP-DI).

Do total, 85% serão rateadosde acordo com a participaçãopercentual de cada estado nototal das exportações do paísnos 12 meses anteriores ao mês

Presidente do BancoCentral deverá fazeramanhã avaliaçãode políticasgovernamentais

Paim quer dia de luta doportador de deficiênciaEm decisão terminativa, a Comissãode Educação (CE) deverá votar até ofim do ano projeto do senadorPaulo Paim (PT-RS) que institui oDia Nacional de Luta da PessoaPortadora de Deficiência, a sercelebrado no dia 21 de setembro.No momento, o Projeto nº 379/03aguarda o recebimento deemendas.Paim argumenta que o dia 21 de setembro é uma data deextrema importância para as entidades da sociedade civilque lutam pelas pessoas portadoras de deficiência. Essafoi a data proposta por Cândido Pinto, pernambucanomilitante do Movimento pelos Direitos das PessoasDeficientes (MDPD), para se celebrar o dia nacional deluta dos deficientes.De acordo com Paim, Cândido Pinto afirmava que 21 desetembro anuncia a entrada da primavera, “tempo dodesabrochar das flores, marcando o surgimento daesperança de tempos melhores para um segmentofortemente marcado pela discriminação e pela opressãopor parte da sociedade”. Paim lembra que em muitascidades são realizados atos públicos nessa data.

Ana Júlia: campanhacontra o trabalho escravoA senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) registrou o lançamento, naúltima quarta-feira, da CampanhaNacional de Erradicação doTrabalho Escravo pelo governofederal, iniciativa que integraplano de combate a esse crime emtodo o país.– O Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo,criado pelo governo Lula, buscou atacar o problema emsua totalidade, não se limitou a ações deconscientização e sensibilização, como a referidacampanha que está sendo lançada, mas previu tambémações que venham a contribuir para a diminuição daimpunidade – afirmou.

Entre as ações do plano, Ana Júlia ressaltou aimplementação de 269 novas varas de Trabalho, sendoque 50 delas serão instaladas em regiões de maiorincidência de escravidão, como o sul do Pará. Segundoinformou, os órgãos foram criados por projeto de lei daCâmara (PLC nº 63/03) recentemente aprovado peloSenado e relatado pela senadora.

CAS analisa ProgramaVoluntário de Vacinação

A Comissão de Assuntos Sociais(CAS) deverá analisar amanhã umapauta de 11 itens, entre os quais oparecer do relator, senador AugustoBotelho (PDT-RR) – foto –, favorávelao projeto que cria o ProgramaVoluntário de Vacinação parapermitir que empresas estabelecidasno país forneçam vacinas a seus empregados e respecti-vos dependentes (PLC nº 97/01).Também deverá ser examinado parecer da senadora AnaJúlia Carepa (PT-PA) favorável a projeto que obriga osserviços públicos e privados de saúde do país a notifica-rem todos os atendimentos decorrentes de casos deviolência contra a mulher (PLC nº 8/02). O objetivo éacionar o poder público para que o agressor possareceber a punição adequada.Outro item que poderá ser discutido é o parecer deDemostenes Torres (PFL-GO) favorável à proposição doentão senador Carlos Bezerra que acrescenta, entre asobrigações mínimas dos planos de saúde que incluíreminternação hospitalar, a cobertura de despesas comcirurgia e transporte de órgãos destinados a transplante(PLS nº 75/02).

de referência. Os 15% restantesserão divididos de acordo como crescimento percentual dovalor das exportações de cadaestado, na comparação do pe-ríodo de 12 meses anteriores aomês de referência com igualperíodo precedente.

IRPFEntre os nove itens da pauta

está, ainda, o projeto do sena-dor Antero Paes de Barros(PSDB-MT) que determina aatualização da tabela do Im-posto de Renda Pessoa Físicaem 42,35% (PLS nº 46/03). Aproposta também estabelece acorreção anual da tabela, to-mando por base o Índice Naci-onal de Preços ao Consumidor(INPC), que é calculado peloInstituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE).

EXPORTAÇÕES Um dos itens da pauta da CAE é o estímulo ao aumento das vendas para o exterior

CAE examina hoje extensa pauta

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4 Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003

Tributária começa a servotada pela CCJ amanhã

A Comissão de Constituição,Justiça e Cidadania (CCJ) co-meça a discutir e votar a refor-ma tributária amanhã, a partirdas 10h, mas a previsão dos lí-deres partidários é que a deci-são do colegiado seja concluí-da apenas na quarta-feira dasemana que vem, dia 5 de no-vembro.

Para amanhã está prevista aleitura dos substitutivos doPSDB, que tem como relator osenador Tasso Jereissati (CE), edo PFL, cujo relator é o sena-dor Rodolpho Tourinho (BA).

O relatório do senador Ro-mero Jucá (PMDB-RR), que jáfoi lido e teve pedido de vistacoletivo, não alcança unanimi-dade nem mesmo entre os par-tidos da base de sustentaçãodo governo. Líderes dos parti-

dos aliados, Re-nan Calheiros(PMDB-AL) e Fer-nando Bezerra(PTB-RN) tam-bém não concor-dam com a formacomo está sendoproposto o Fundode Desenvolvi-mento Regional –os R$ 2 bilhõesoriundos da re-ceita do Impostode Renda e do Im-posto sobre Pro-dutos Industrializados (IPI)que seriam repassados aosbancos para empréstimos aempresas que queiram inves-tir nas regiões mais pobres dopaís – Norte, Nordeste e Cen-tro-Oeste, mais o norte de Mi-

O senador Rodolpho Touri-nho (PFL-BA) disse que o prin-cipal nó da discórdia na refor-ma tributária, neste momento,é o Fundo de Desenvolvimen-to Regional, única forma decompensação que os gover-nadores teriam para as perdasdecorrentes da unificação dalegislação do Imposto sobreCirculação de Mercadorias eServiços (ICMS) e, por conse-qüência, do fim da guerra fis-cal. Tourinho é o senador de-signado pelo PFL para apre-

sentar substitutivo ao relatório do senador RomeroJucá (PMDB-RR), que tem o apoio do governo.

– Acredito que, se o governo aceitar as pondera-ções dos governadores e da maioria do Senado e aca-tar uma coisa que já foi inclusive negociada com opresidente, o resto da proposta irá caminhar sem pro-blemas. O que está levando a um impasse é justamen-te o fato de que os governos estaduais estão sendoasfixiados, perdendo receita, abrindo mão de atrair in-vestimentos por meio de incentivos – disse Tourinho.

O senador acrescentou que os estados não têm nemmesmo a compensação de uma desvinculação dasreceitas, como a União tem a Desvinculação de Recei-tas da União (DRU), pela qual pode lançar mão paraoutras finalidades de verbas destinadas à saúde e àeducação.

O governo alega que o repasse direto das verbasdo fundo para os governadores irá atingir as metasde superávit fiscal. O relator da reforma, Romero Jucá,acolheu cerca de 50 emendas em seu relatório, masnão aceita mudar a concepção do fundo.

Tourinho: Fundo deDesenvolvimento é

o nó da discórdia

nas, EspíritoSanto e noroes-te do Rio de Ja-neiro.

Renan Calhei-ros disse que ofundo “precisaser aperfeiçoa-do” e deixou cla-ro que o dinhei-ro deveria ser re-passado direta-mente aos go-vernadores, parai n v e s t i m e n t oem infra-estru-

tura. Em tese, o governo contacom 47 votos e a oposição com34, mas a reforma tributáriatem muitos pontos que divi-dem a base do governo, comoo Fundo de DesenvolvimentoRegional.

O senador PedroSimon (PMDB-RS) voltou a criti-car, na sexta-feira,o processo de de-cisão adotado pelopresidente do Se-nado, José Sarney,para a realizaçãode sessões deli-berativas tambémàs segundas e sex-tas-feiras, consul-tando apenas aMesa e os líderespartidários, emreunião na última quarta-feira.

Simon defendeu que altera-ções regimentais dessa nature-za passem obrigatoriamentepelo Plenário e que fique claropara a opinião pública que es-sas providências estão sendotomadas para cumprir os pra-zos regimentais de tramitaçãodas reformas tributária e daPrevidência.

Ao dizer que iria se antecipara uma possível indagação dopresidente Sarney, que se en-contra em Nova York, em rela-ção a sua atitude, por ele ter

Simon critica a decisãosobre sessão deliberativa

sempre defendi-do um funcio-namento plenodo CongressoNacional, Simonesclareceu que éfavorável a umtrabalho mais“racional” doParlamento.

Simon fezquestão de sali-entar algumasmedidas, “acer-tadas e impor-tantes” na sua

avaliação, que foram adotadaspor Sarney para melhorar ostrabalhos da Casa, como a di-vulgação com um mês de ante-cedência da pauta de votações.

Heloísa Helena (PT-AL) pro-testou contra a maneira comque se divulgou a ampliaçãodas sessões deliberativas noSenado. “O que mais me irrita éo cinismo e a dissimulação depassar para a opinião públicaque vamos trabalhar mais”, afir-mou. O senador Mão Santa(PMDB-PI) solidarizou-se como pronunciamento de Simon.

Garibaldi AlvesFilho (PMDB-RN)pediu na sexta-fei-ra a união dos se-nadores em tornode uma emenda àproposta de refor-ma tributária coma finalidade decorrigir a tabela dedesconto do Im-posto de RendaPessoa Física(IRPF) retido nafonte. Para ele, aocontrário do queafirma o ministro da Fazenda,Antonio Palocci, a não correçãoda tabela implica grandes pre-juízos para os trabalhadores epara a classe média.

O senador destacou que, navéspera, representantes do Sin-dicato Nacional de AuditoresFiscais da Receita Federal(Unafisco) entregaram ao vice-presidente do Senado, PauloPaim (PT-RS), proposta quejustifica a necessidade de atu-alização dos valores fixadospara as faixas de desconto do

Garibaldi pede correção databela do Imposto de Renda

IRPF retido nafonte.

Garibaldi ci-tou ainda osdois pronuncia-mentos feitos naquinta-feira porRodolpho Tou-rinho (PFL-BA)e José Agripino(PFL-RN). Naoportunidade,disse Garibaldi,Tourinho infor-mou que apre-sentou emenda

no mesmo sentido.– Precisamos conter esse au-

mento disfarçado de impostosatravés de alguma medidalegislativa – apelou Garibaldi,registrando que, antes mesmodo início da tramitação da re-forma tributária no Congresso,já havia dois projetos para rea-justar a tabela do IRPF, de au-toria dos senadores JeffersonPéres (PDT-AM) e Antero Paesde Barros (PSDB-MT) –, res-pectivamente os Projetos nºs

361/03 e 46/03.

REFORMAS Tasso Jereissati e Rodolpho Tourinho apresentam propostas alternativas para a reforma tributária,enquanto Garibaldi prega a correção da tabela do IRPF e Simon critica decisão sobre sessões deliberativas

Para Simon, alteraçõesregimentais devem serdecididas pelo Plenário

Garibaldi consideranecessário conteraumento disfarçado

Relatório de Romero Jucáobteve pedido de vistacoletivo dos senadores

O substitutivo do PSDB pro-põe uma reforma a ser implan-tada em três etapas, a últimadelas em 2007, quando o Im-posto sobre Valor Agregado(IVA) seria criado em substitui-ção ao Imposto sobre Circula-ção de Mercadorias e Serviços(ICMS), ao Imposto sobre Pro-dutos Industrializados (IPI) e aoImposto sobre Serviços (ISS).Além disso, seriam extintas em2007 a Contribuição para Fi-nanciamento da SeguridadeSocial (Cofins) e a Contribuição

de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).O senador Tasso Jereissati (CE) disse que a propos-

ta institui uma verdadeira reforma e a modernizaçãodo sistema tributário nacional, em vez de um remen-do de emergência como o que o governo propõe. OIVA a ser instituído em 2007 poderia ser cobrado emâmbito estadual, com recolhimento no estado con-sumidor, e também no âmbito municipal, com inci-dência apenas sobre as vendas no varejo ou no con-sumidor final.

O PSDB propõe uma contribuição social única, coma mesma base do IVA e recursos vinculados para aseguridade social, a saúde, o Fundo de Amparo ao Tra-balhador (FAT) e o ensino fundamental. Jereissati pro-põe ainda a fusão da Contribuição Social sobre o Lu-cro Líquido (CSLL) ao Imposto de Renda das empre-sas. Os impostos sobre transmissão (inclusive de he-rança) e o Imposto Territorial Rural (ITR) seriam fundi-dos e a Contribuição Provisória sobre MovimentaçãoFinanceira (CPMF) seria arrecadada com finalidadefiscalizatória, sendo deduzida do Imposto de Renda.

PSDB tem propostapara ser implantada

em três etapas

Jereissati sugerecriação do IVAem 2007

Tourinho dizque estadossofrem asfixia

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5Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003

Plenário começa a discutira reforma da Previdência

PRAZO Discussão da proposta pelos senadores, em cinco sessões, deve se estender até 5 de novembro

O senadorRamez Tebet( P M D B - M S )afirmou na sex-ta-feira que aproposta de re-forma tributá-ria em discus-são “peca des-de a sua base”,ao manter a in-cidência de im-postos cumu-lativos que, em

sua opinião, oneram o proces-so produtivo e comprometema competitividade dos produ-tos brasileiros.

Segundo o senador, a refor-ma tributária como está pro-

Papaléo elogia unificaçãodos programas sociais

O senador Papaléo Paes (PMDB-AP) qualificou a unificação de pro-gramas sociais federais em uminstrumento básico de distribui-ção de renda, o programa Bolsa-Família, como “uma das iniciativasmais felizes do atual governo”. Eledestacou as vantagens de reunir,em um único benefício, a assistên-cia prestada por meio do Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Cartão-Alimentação, Vale-Gás e Programade Erradicação do Trabalho Infan-til (Peti).

Papaléo considerou salutar aunificação dos cadastros, o quedeverá evitar a superposição debenefícios e concorrer, assim, paradar mais confiabilidade e assegu-rar mais justiça ao sistema de pro-teção social. A concentração dosprocedimentos operacionais em

Tebet sugere união emdefesa do setor produtivo

posta não alivia os consumido-res, não favorece o setor produ-tivo e não repactua a divisão dereceitas entre União, os estadose os municípios.

– Na prática, a reforma, talqual se apresenta, parece visartão-somente atender ao apeti-te voraz da máquina arrecada-dora – disse o senador.

Tebet conclamou os senado-res a se unirem a fim de defen-der o setor produtivo brasilei-ro. Para ele, o relatório do sena-dor Romero Jucá (PMDB-RR)melhorou o texto votado pelosdeputados, mas ainda é insufi-ciente para atender aos interes-ses mais elevados da regiãoCentro-Oeste.

Exatamente dois meses de-pois de chegar ao Senado, a re-forma da Previdência terá hojesua primeira discussão em Ple-nário, com espaço para quequalquer um dos 81 senadoresse manifeste sobre as mudan-ças. Até agora, a reforma tevesua discussão limitada à Co-missão de Constituição, Justiçae Cidadania (CCJ).

O Plenário discutirá a refor-ma até o dia 5 de novembro,período em que os senadorestambém poderão apresentaremendas. Excepcionalmente, oprazo de emendas foi aberto naúltima quinta-feira (23) e nasprimeiras 48 horas o número já

passava de 100. Só o senadorPaulo Paim (PT-RS) propôs 22emendas de Plenário. Na CCJ,os senadores haviam apresen-tado 316 emendas.

A discussão em Plenário e aapresentação de novas emen-das é apenas mais uma etapano longo caminho que umaproposta de mudança constitu-cional polêmica deve percorrer.Depois das cinco sessões doPlenário destinadas à discus-são, a reforma voltará, pela se-gunda vez, à CCJ, para examedas novas emendas.

O relator da reforma, senadorTião Viana (PT-AC), disse queestará em condições de apre-

sentar parecer sobre as emen-das de Plenário em menos deuma semana. No entanto, a fal-ta de acordo da base do gover-no com os partidos de oposição(PFL e PSDB) torna difícil fazeruma previsão de quando a re-forma terá sua primeira vota-ção em Plenário.

Além da tentativa dos sena-dores de fazer mudanças na re-forma, a tramitação da chama-da emenda paralela vem provo-cando mais divergências entregovernistas e oposicionistas.Essa emenda foi apresentadapelos senadores da base gover-nista e contém as mudançasaceitas até agora pelo governo.

Serys reivindica igualdadede tratamento aos estados

Na opiniãoda senadoraSerys Slhessa-renko (PT-MT),o Senado nãovai perder aoportunidade,quando da vo-tação da pro-posta de refor-ma tributária,de buscar a re-paração do quequalificou co-

mo “histórico tratamento tri-butário desigual entre os esta-dos”. Para ela, está na hora deos estados promissores e pro-dutivos, como os da regiãoCentro-Oeste, receberem be-

nefícios condizentes com oquanto contribuem para o de-senvolvimento do país.

– Nós vamos defender umgrau de conscientização e desensibilização dos parlamenta-res para aprovar uma reformaque seja justa e busque ajudaros estados mais frágeis e quesempre foram discriminados –afirmou a senadora, para quemesse é o caso de seu estado, Ma-to Grosso.

Serys Slhessarenko disse es-perar que os senadores dos es-tados que sempre foram maisbeneficiados pelo sistema tri-butário concordem em ajudarno crescimento dos estadosmais fragilizados.

um único órgão e a unificação doscritérios de concessão do benefício,reunidos em duas faixas de paga-mento, foram outras vantagensapontadas pelo parlamentar.

Não obstante o entusiasmo emtorno da iniciativa, o senador peloAmapá defendeu a manutençãodas boas experiências de distribui-ção de renda implementadas pelogoverno anterior.

– É muito importante que não sedesperdice todo um trabalho já re-alizado, e que pode apontar commuita clareza o que deve e o quenão deve ser feito – ponderou.

Ele defendeu essa tese com basenos 37 milhões de benefícios repas-sados aos brasileiros pelos progra-mas de proteção social em 2002.

Papaléo assinalou, entretanto,que, se não deve desprezar experi-

REFORMAS Tião Viana afirma que, em uma semana, estará em condições de apresentar parecer sobre emendas quedeverão ser oferecidas, em Plenário, pelos senadores à proposta de mudança na Previdência

Para Tebet, textonão atende aoCentro-Oeste

Serys defendepleito dos estadosprodutivos

Antero defende alterações noprojeto de mudança tributária

“O Senadonão vai votarcontra os esta-dos brasilei-ros”. A afirma-ção foi feita pe-lo senador An-tero Paes deBarros (PSDB-MT) ao defen-der a impor-tância de alte-rações no rela-tório do sena-

dor Romero Jucá (PMDB-RR)sobre a proposta de reforma tri-butária.

Ele disse que, segundo lhe

revelou o governador de MatoGrosso, Blairo Maggi (PPS),caso prevaleça o texto de Jucá,o estado vai perder R$ 810 mi-lhões por ano. “Meu voto serána defesa da governabilidadedo meu estado”, salientou oparlamentar.

Antero defendeu um debatesobre a distribuição dos recur-sos da Contribuição de Inter-venção no Domínio Econômi-co (Cide), com garantia de pri-oridade para o Norte, Nordestee Centro-Oeste. E afirmou queas alterações a serem propos-tas à reforma visam “preservaro desenvolvimento brasileiro”.

Antero queralterar textoda proposta

ências bem-sucedidas, o atual go-verno também não pode abrir mãode aperfeiçoá-las, objetivo persegui-do ao instituir o Bolsa-Família. Se-gundo informou, pesquisa feita pe-los economistas Rosane Siqueira eMarcos Lisboa, atual secretário dePolítica Econômica do Ministério daFazenda, revelou que os gastos so-ciais federais em 2001 e 2002 cres-ceram 20%, mas não resultaram embenefícios à parcela da populaçãorealmente mais necessitada.

ACERTO Papaléo Paes diz quemedida é uma das mais felizesadotadas pelo governo

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6 Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003

O líder do governo, senadorAloizio Mercadante (PT-SP),defendeu, em discurso na sex-ta-feira, o financiamento públi-co para o setor de comunicaçãode massa do país, em respostaa pronunciamento do líder doPSDB, Arthur Virgílio (AM), quecitou declaração, em artigo, dojornalista e proprietário da Fo-lha de S. Paulo, Otávio Frias, deque "a mídia está de joelhos".Mercadante opinou que a mí-dia está de joelhos por conta dogrande endividamento das em-presas de comunicação com adesvalorização do real a partir

O senador Arthur Virgílio(PSDB-AM) advertiu na sexta-feira que o país tem manifesta-do inquietação e medo com oviés autoritário que vem detec-tando no governo Luiz InácioLula da Silva. Há in-dícios de intolerân-cia nas relações dogoverno com a im-prensa e o Congres-so, ressaltou.

– Estou inquieto enão estou sozinho,vejo fumaças ruinsno horizonte. Tenhoencontrado genteintimidada, e commedo, por esse Bra-sil afora. Não melembro desse fatoacontecer durante o governoFernando Henrique. Ele era cri-ticado por muitas razões, masnunca vi ninguém preocupadocom um possível autoritarismode sua parte – afirmou.

Virgílio sustentou que houveum entendimento equivocado

O senador Aloizio Mercadante(PT-SP), líder do governo no Sena-do, admitiu a necessidade de corre-ção da tabela do Imposto de RendaPessoa Física, mas ponderou queisso não pode ser feito por indexa-ção automática.

– Não é correto, nada está maisindexado à inflação – observou, afir-mando que a reforma tributária vaifavorecer muito mais brasileiros,

Mercadante defendefinanciamento à mídia

de 1999.– Ao buscar uma linha de fi-

nanciamento para empresas daárea de comunicação, não sepretende interferir na liberda-de de expressão – afirmou Mer-cadante, esclarecendo que noartigo de Frias não há menção

a cerceamento da liberdade deimprensa.

Ele disse que com emprésti-mos de entes públicos, como oBanco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social(BNDES) e fundos de pensão, ogoverno dá a possibilidade deas empresas de mídia, assimcomo de outros setores da eco-nomia que sofreram com a des-valorização cambial, repactua-rem em melhores condiçõessuas dívidas.

Mercadante elogiou o gover-no pela postura assumida napolítica internacional e pelaresponsabilidade na políticaeconômica. “Não é sem razãoque o presidente Lula recebehoje (sexta-feira) o PrêmioPríncipe de Astúrias. O gover-no incluiu, por exemplo, a fomena agenda de debates interna-cional”, observou.

do líder do governo, AloizioMercadante (PT-SP), em rela-ção ao seu posicionamento so-bre a concessão de empréstimodo Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Soci-

al (BNDES) às em-presas de comuni-cação em dificul-dades. Arthur Vir-gílio declarou quenão é contra esseapoio e afirmouque não falou emdesnacionalizaçãoda imprensa noseu pronuncia-mento, em que sereferiu a declara-ção do jornalistaOtávio Frias, pro-

prietário do jornal Folha de S.Paulo, segundo o qual "a mídiaestá de joelhos".

O senador tucano explicouque sua posição é contrária àação "autoritária" por parte dosgestores da comunicação dogoverno. E aproveitou para so-

desonerando a cesta básica, do queapenas os 5 milhões que recolhemo Imposto de Renda.

O senador disse ainda que osempréstimos do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e So-cial (BNDES) às empresas de comu-nicação social foram feitos à luz dodia, com transparência. E acentuouque o governo se empenhou em re-cuperar o setor naval via BNDES e

também as fábricas de papel e asempresas de energia elétrica.

Aloizio Mercadante também afir-mou que as viagens do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva ao exteriorreforçam o prestígio e a imagem doBrasil.

A seu ver, o fato de ser utilizado oavião presidencial conhecido comoSucatão demonstra a austeridadedo atual governo.

Virgílio aponta viés autoritário em Lula

Líder do governo é contra indexação de tabela

Com empréstimosde entes públicos,empresas poderãorepactuar melhor suasdívidas, diz senador

ISENÇÃO Mercadante afirmaque a iniciativa não interferena liberdade de expressão

licitar publicamente que a Ra-diobrás deixe de encaminharpara sua casa o boletim diárioEm Questão, que classificou depropaganda oficial semelhan-te à do Pravda, órgão de im-prensa do Partido Comunistada extinta União Soviética.

Virgílio enfatizou que não foiFernando Henrique quem per-deu credibilidade no final dogoverno e amargou índices ele-vados de rejeição. Ele atribuiuesse cenário ao risco de insta-bilidade que, naquela época,representava a vitória de LuizInácio Lula da Silva.

O líder do PSDB pediu que ogoverno saia do imobilismo ecumpra os compromissos decampanha. Ao exortar o presi-dente da República a ter maisação, o senador se referiu acharge da revista IstoÉ Dinhei-ro em que, com equipamentona mão, Lula dá ordem de "lu-zes, câmera", enquanto a po-pulação pede "ação", para quea filmagem se inicie.

Arthur Virgílio cobraexecução das metasde campanha

Heloísa Helena cobrarevitalização do São FranciscoA revitalização do Rio São Francisco antes de seexecutar o projeto de transposição foi defendi-da, na sexta-feira, pela senadora Heloísa Helena(PT-AL). Segundo ela, não se sabe o impactoambiental da transposição, nem a quantidadede recursos necessários para a obra. A senadoraobservou que há outros projetos menosgrandiosos e que podem ter grande efeito pararevitalizar o rio, hoje quase estéril.– Em vez de iniciar uma grande obra que distribui riqueza paragrandes empreiteiras e construtoras e não para as populaçõeslocais, devemos enfrentar esse gigantesco desafio que é arevitalização do Rio São Francisco – disse.

Mão Santa alerta para aprecariedade das rodoviasO senador Mão Santa (PMDB-PI) manifestou odesejo de que o presidente Luiz Inácio Lula daSilva se inspire no ex-presidente JuscelinoKubitschek, famoso pelo binômio "Transporte eEnergia", e leve transporte, "que é antecessor dodesenvolvimento", para o Nordeste.– A energia já andou nos faltando em temporecente. E, do jeito como as coisas estão indo, damesma forma como quase tivemos o apagão,poderemos vir a ter um paradão no Piauí e no restante do país –disse o senador, referindo-se à péssima situação das rodovias.Ele informou que, segundo relatório da Confederação Nacional doTransporte (CNT), de 109 estradas avaliadas no país, as 17 melhoresestão em São Paulo e, das 20 piores, três estão no Piauí. A pesquisaindica que 58,5% da extensão das rodovias no país encontram-secom pavimento em estado deficiente, ruim ou péssimo.

Mozarildo critica Comissãode Direitos Humanos da Câmara

O senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) recla-mou do que considerou "falta de isenção" demembros da Comissão de Direitos Humanos daCâmara dos Deputados pelo fato de o grupo, emvisita a Roraima, ter ouvido apenas uma "facção"de índios sobre a questão da demarcação de ter-ras na reserva Raposa/Serra do Sol, que possuiquase 1,7 milhão de hectares.

Ele disse que os parlamentares, que integrarama 5ª Caravana dos Direitos Humanos, estiveram em Roraima no últimodia 13 levando um relatório pré-elaborado, que, segundo a Folha deBoa Vista, estava pronto um mês antes da viagem. Conforme Mozarildo,os deputados ouviram somente uma organização, o Conselho Indíge-na de Roraima, "como se esse fosse o detentor da verdade".

Eurípedes condena PECque cria estado do PlanaltoO senador Eurípedes Camargo (PT-DF)repeliu, na sexta-feira, a idéia constante daproposta de emenda constitucional do en-tão senador Francisco Escórcio que instituio estado do Planalto, mediante o desmem-bramento de áreas que hoje formam o Dis-trito Federal.

– A criação do estado do Planalto é umaproposta retrógrada do ponto de vista po-lítico, insustentável do ponto de vista econômico e injusta so-cialmente, não atendendo de forma alguma aos interesses denossa população. Resta-nos a pergunta: a quem pode interes-sar? – sustentou o parlamentar.

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7Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003

Lúcia Vânia aponta avanços na gestão de Goiânia

Ao registrar o aniversário de70 anos de Goiânia, trans-corrido na sexta-feira, a se-

nadora Lúcia Vânia (PSDB-GO)anunciou a entrega, pelo gover-no estadual, de uma nova estaçãode tratamento de esgoto à popu-lação da cidade, capaz de atendera 60% das necessidades dosgoianienses. De acordo com a se-

nadora, a obra também irá propor-cionar a recuperação ambiental dabacia do Rio Meia Ponte, que banhaa cidade.– Alguns problemas sociais e deinfra-estrutura urbana se acumula-ram com o crescimento acelerado.A ampliação do tratamento de es-goto, que até hoje só atinge 7% dototal coletado, corresponde a anti-

ga reivindicação da população. Osrios vêm sofrendo, de modo cadavez mais agressivo, o impacto dodespejo de esgoto sem tratamento– declarou.A senadora também registrou queestá em andamento a construçãode barragem no Ribeirão João Lei-te, que deve ser concluída até o fi-nal de 2004, para garantir o abaste-

cimento de água potável à popula-ção de Goiânia e outras quatro ci-dades da Região Metropolitana até2025.Os senadores Mão Santa (PMDB-PI),Ramez Tebet (PMDB-MS), EurípedesCamargo (PT-DF) e Serys Slhessaren-ko (PT-MT) parabenizaram Goiânia ea senadora pelo carinho demonstra-do pela capital de seu estado.

REALIZAÇÃO Cidade terá novaestação de tratamento deesgoto, anuncia Lúcia Vânia

O senador Geraldo MesquitaJúnior (PSB-AC) pediu na sex-ta-feira que o Senado dê vozaos líderes do Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem Ter-ra (MST), para combater o queclassificou de "sordidez" dascampanhas feitas com o intui-to de transformar o MST eminimigo público, quando esteseria, na realidade, um movi-mento social legítimo que pre-tende democratizar o sistemafundiário do país.

– O Senado precisa cumprirseu papel, abrindo seus meiosde comunicação para que oMST e outros movimentos so-ciais possam se manifestar e secontrapor à orquestração dascampanhas cruéis em que, napompa de gabinetes, aquelesque detêm o capital e o poderfazem do Brasil uma repúblicamenor, repleta de injustiças.

Mesquita Júnior relatou terparticipado, juntamente comos senadores João Capiberibe(PSB-AP) e Heloísa Helena (PT-AL), de uma viagem de inspe-ção às cadeias do interior deSão Paulo onde estão presos lí-deres do MST. Ele revelou quehavia mais de 50 anos que a Ca-sa não designava uma comissãopara inspecionar as condiçõesde carceragem de integrantesde movimentos sociais.

ACESSO Para Mesquita Júnior,Senado deve abrir seus meios decomunicação ao movimento

O senador Luiz Otávio(PMDB-PA) apoiou sugestãodo presidente da União Nacio-nal dos Estudantes (UNE),Gustavo Lemos Petta, ao presi-dente da República para a cri-ação de um programa nos mes-mos moldes do extinto ProjetoRondon.

– O presidente Luiz InácioLula da Silva manifestou seuapoio à idéia, apostando que oprograma, por meio de umchoque de realidade, levaria osestudantes a resgatarem valo-res patrióticos e a se envolve-rem com os problemas sociaisdo país – frisou.

Para Luiz Otávio, a instituiçãode um programa governamen-tal que leve professores e estu-dantes universitários a atuaremjunto a comunidades carentesno interior do país já se encon-tra em fase de estudos e plane-jamento. Ele explicou que, porenquanto, o novo programadeverá envolver os Ministériosda Integração Nacional, da As-sistência Social, da Educação eda Defesa, além das universida-des federais.

– Julgo que a experiência doProjeto Rondon deva ser deti-damente examinada e avaliada,de modo a fornecer parâmetrose idéias relevantes para o pro-grama que se pretende implan-tar – observou Luiz Otávio.

Luiz Otávioapóia novo

Projeto Rondon

CIDADANIA Programa prevêação de alunos em comunidadescarentes, informa Luiz Otávio

Comissão examina projetoque prevê inclusão digital

Ideli quer facilitar acesso a universidadeA senadora Ideli Salvatti (PT-

SC) defendeu na sexta-feiraprojeto de lei de sua autoriaque disciplina a oferta de vagasnas universidades públicas, deforma a garantir maior eqüida-de entre os candidatos das di-versas regiões brasileiras (PLS426/03).

– Os brasileiros devem ter asmesmas oportunidades, inde-pendentemente dos estadosem que moram – afirmou Ideli,ao avaliar que está havendo umcrescimento "vertiginoso" devagas nas universidades parti-culares, enquanto o número devagas permanece estacionadonas universidades públicas.

A senadora apresentou umestudo que revela as disparida-

des entre os estados na relaçãodas vagas das universidadespúblicas com o número de ha-bitantes. Enquanto no MatoGrosso do Sul essa comparação

Também está napauta da CE oincentivo a cursosde alfabetizaçãonas empresas

Se for aprovado hoje em tur-no suplementar de votação nareunião da Comissão de Educa-ção (CE), será considerado de-finitivamente adotado o subs-titutivo do senador Juvêncio daFonseca (PDT-MS) ao projetoque modifica três artigos da Leide Diretrizes e Bases da Educa-ção Nacional (LDB) para asse-gurar, como dever da União, oacesso a bibliotecas, computa-dores e à Internet e, em parce-ria com estados, DF e municí-pios, viabilizar políticas especí-ficas de inclusão digital (PLS nº240/03). A proposta é de auto-ria do senador Antonio CarlosValadares (PSB-SE).

A CE também deve se pro-

nunciar, em decisão terminati-va, sobre o projeto de lei (PLSnº 174/03) de iniciativa do se-nador Paulo Octávio (PFL-DF)que cria o Programa de Alfabe-tização e Cidadania na Empre-sa (Pace). O senador EurípedesCamargo (PT-DF) ofereceu pa-recer favorável à aprovação damatéria, que permite a empre-sas de construção civil firmarcontrato ou convênio com ins-tituições de ensino, públicas ouprivadas, para oferecer aulas dealfabetização gratuitas a seusempregados.

Constam ainda da pauta docolegiado o projeto de lei quedesigna o cupuaçu como frutanacional e aviso referente a re-latório de auditoria do Tribunalde Contas da União (TCU), re-alizada no Ministério Extraor-dinário de Segurança Alimen-tar e Combate à Fome e nos de-mais órgãos envolvidos na exe-cução de ações do ProgramaFome Zero (PLS nº 386/03).

Devem ser apreciados ainda59 projetos de decreto legisla-tivo autorizando o funciona-mento de rádios comunitáriase outorgando ou renovandopermissões e concessões paraa exploração de serviços de rá-dio em freqüência modulada,em ondas médias, em ondascurtas e de sons e imagens.

EQÜIDADE Ideli propõe quecriação de cursos obedeça acritério de demanda por vaga

aponta uma vaga para 172 ha-bitantes e no Mato Grosso umapara 179 habitantes, compa-rou, a relação no Piauí sobe deuma vaga para 246 habitantes,em Santa Catarina de uma para328 e em Goiás de uma para 347,mostrando uma situação piornesses três últimos estados.

A proposta defendida pelasenadora estipula que os inves-timentos na criação de cursos,ampliação das instalações eabertura de novas faculdadesdeverão ocorrer nos estadosque apresentem maior defasa-gem na comparação dos dadoscom a média nacional. Tam-bém concede prioridade às re-giões mais distantes das sedesdas universidades federais.

INFORMAÇÃO Proposta deValadares modifica LDB eincentiva o acesso a bibliotecas

A sessão de sexta-feira do Senado Federal foi presidida pelos senadores Geraldo Mesquita Júnior, Garibaldi Alves Filho,Eurípedes Camargo, Mão Santa e pela senadora Serys Slhessarenko

Mesquita Júnior: MST deve tervoz na mídia

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Ano I – No 7 – Jornal do Senado – Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2003

Secretaria Especial dosDireitos HumanosÓrgão lançou o ”Guia Escolar:Métodos para a Identificação deSinais de Abuso e ExploraçãoSexual de Crianças e Adolescen-tes”, dirigido aos educadores darede pública. Informações pelotelefone (61) 429-3771.www.presidencia.gov.br/[email protected]

“É dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamentodesumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor” (art. 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente)

0800 99 0500DISQUE- DENÚNCIA

Violência sexual infanto-juvenil– pode existir ou não contatofísico e ocorrer dentro ou fora dolar. Abuso sexual é o ato ou jogosexual em que o adulto submete acriança ou o adolescente para seestimular ou se satisfazersexualmente, usando força física,ameaça, sedução com palavras oupresentes. Quando há benefíciofinanceiro, caracteriza-se aexploração sexual comercial, quepode envolver crimes comopornografia infantil, turismosexual, prostituição e tráfico parafins sexuais. A pedofilia, que secaracteriza pela atração erótica deadultos por crianças, podemanifestar-se criminalmente pormeio de estupro, assédio,exibicionismo, voyerismo ou dadivulgação, uso ou porte dematerial pornográfico infantil.O agressor – não há característicaespecífica que o identifique –idade, raça, classe social ouocupação. Entre 85% e 90% doscasos, é pessoa próxima da família,alguém em que a vítima confia.São exploradores sexuais osclientes, que pagam pelo serviço, eos intermediários, que induzem,facilitam ou obrigam crianças eadolescentes a participar daatividade ilícita.A vítima – estatísticas indicamque o alvo mais freqüente sãocrianças entre 7 e 14 anos, mas umterço das notificações envolvemcrianças de 5 anos ou menos. Naexploração sexual, as vítimas, namaioria meninas, geralmente têmgrau de instrução acima da 2ª sériefundamental e freqüentam aescola.Como identificar a vítima – emapenas 30% dos casos háevidências físicas da agressão.Fique atento a indicadores comointeresse súbito sobre questõessexuais, mudança nocomportamento, dificuldade derelacionamento, marcas físicas,queixa de dores nos órgãossexuais, problemas para dormir,medo, fugas, perda de apetite ebaixo rendimento escolar.O que fazer – denuncie pelo 080099 0500 ou procure o ConselhoTutelar de sua cidade.

CRIME OCORRE EM TODO OPAÍS E ENVOLVE AUTORIDADES

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Con-gresso que investiga redes de exploração sexual de cri-anças e adolescentes no Brasil foi criada em julho desteano. À frente dos trabalhos estão a senadora PatríciaSaboya (PPS-CE) – foto –, na presidência, e a deputadaMaria do Rosário (PT-RS), na relatoria. A CPI já recebeumais de 300 denúncias e realizou diligências em 13 ci-dades. Em entrevista ao Jornal do Senado, Patrícia adi-antou que a data para o término dos trabalhos da CPI é13 de dezembro, prazo que pode ser prorrogado.

Que retrato a CPI já faz do problema após quase qua-tro meses de trabalho?

Constatamos que a demanda por “serviços sexuais” decrianças e adolescentes é mais complexa do que pensá-vamos, e o perfil dos clientes e exploradores é diversifi-cado. Pessoas consideradas acima de qualquer suspeitatambém estão envolvidas, como políticos, juízes, promo-tores, líderes religiosos, policiais e outras autoridades.Além disso, a CPI já deparou com dois problemas jurídi-cos: morosidade da Justiça e existência de uma cliente-la específica que detém foros privilegiados para se de-fender, o que acaba dificultando a resolução dos casos.

Onde a exploração e o abuso ocorrem mais freqüen-temente?

Esses são crimes que ocorrem em todo o país e sãocometidos pelos mais variados personagens. É claro que,em certos locais, a exploração sexual está ligada à po-breza. No Vale do Jequitinhonha, crianças fazem progra-mas em troca de 50 centavos. No Rio de Janeiro, temoscasos em que meninas chegam a ganhar 500 dólares,ou R$ 1,99. Descobrimos que o tráfico interestadual decrianças para fins sexuais é comum e que os crimes nasregiões de fronteiras são uma realidade. Outro ponto éque muitos líderes religiosos (quer sejam da Igreja Ca-tólica, Evangélica ou de religiões afro-descendentes)usam seu poder para explorar crianças sexualmente.

Como o Parlamento pode ajudar a combater o pro-blema?

O Congresso tem dado contribuição valiosa ao enfren-tamento do problema. Em 1993, foi instalada a primeira

CPI para investigar o assunto e, agora, voltamos à ques-tão. Mas nosso papel vai além. Precisamos garantir maisrecursos no Orçamento para programas de combate eprevenção e melhorar o arcabouço legal referente aoscrimes sexuais.

Que outras medidas seriam eficazes?Quanto ao atendimento das vítimas, é necessário me-

lhorar a rede de proteção social. Crianças, suas famíliase agressores devem ser tratados por equipes multidis-ciplinares. Só assim é possível evitar que as vítimas esuas famílias fiquem marcadas para sempre e que osagressores voltem a cometer as mesmas atrocidades.

Quanto à prevenção, uma das estratégias são os pro-jetos de transferência de renda vinculados à educação.É essencial incluir meninos e meninas explorados se-xualmente ou em situação de risco nessas iniciativas.Mas só isso não é suficiente.

Sabemos que, em muitos casos, os programas ren-dem mais que o valor das bolsas. Precisamos pensar empolíticas públicas capazes de tornar esses programasmais atraentes. Por que não oferecer a essas crianças eadolescentes cursos de computação e de moda, porexemplo? É importante ainda criar uma cultura entreas famílias e as crianças de valorização da educação eda cidadania.

Como o cidadão pode ajudar?O primeiro passo é a denúncia. O governo federal tem

um serviço específico para recebê-la, que é o 0800 990500. Além disso, as pessoas devem ficar atentas, no seucotidiano, à proteção de crianças e adolescentes, ob-servando, por exemplo, estabelecimentos como bares,boates, motéis e hotéis.

Informações úteisSaiba comoidentificara agressão

Aexploração e o abuso se- xual de crianças e ado- lescentes ainda é uma

realidade no país. Pesquisas in-dicam que 100 mil criançasbrasileiras são vítimas de ex-ploração sexual a cada ano. De-monstram também que, só noBrasil, há 241 rotas usadas paraexplorar sexualmente mulhe-res, crianças e adolescentes. Por ocorrer principalmenteno ambiente doméstico, o abu-so não pode ser traduzido em

números precisos, mas é a se-gunda forma mais recorrentede maus-tratos contra a infân-cia e a juventude.

Todos esses crimes são tipi-ficados no Código Penal e noEstatuto da Criança e do Ado-lescente (Lei nº 8.069/90). Nasemana passada, o Senado a-provou projeto de lei (PLC nº135/99) aumentando as penaspara a exploração sexual, inclu-sive pela Internet, principalmeio de divulgação de materi-

al pornográfico envolvendomenores de idade.

Mas a complexidade da vio-lência sexual demanda uma re-de de proteção às vítimas, porparte da família, Estado e todaa sociedade.

Esta edição do Especial Cida-dania mostra o que é violênciasexual, o que tem feito a comis-são parlamentar de inquérito(CPI) do Congresso para desba-ratar as redes de exploração ecomo denunciar esse crime.

Entre na luta contra oabuso sexual de crianças

Ministério da JustiçaTel: (61) 429-3000www.mj.gov.br

Associação BrasileiraMultiprofissional de Proteçãoà Infância e à Adolescência(Abrapia)Referência no assunto, aorganização promove cursos decapacitação para profissionais edivulga pesquisas e informações.Rua Fonseca Teles, 121 – 2ºandar – São Cristóvão20940-200 – Rio de Janeiro – RJTel: (21) [email protected]

Centro de Referência, Estudose Ações sobre Crianças eAdolescentes (Cecria)Responsável pela Pesquisasobre Tráfico de Mulheres,Crianças e Adolescentes paraFins de Exploração Sexual(Petraf ) e pela cartilha do 1ºEncontro de Adolescentes doDF sobre a Violência SexualInfanto-Juvenil.W3 Norte, Quadra 506, Bloco C,Mezanino, Lojas 21 e 2570740-503 – Brasília (DF)Tel: (61) 274-6632 e [email protected]

Campanha contra a Pornogra-fia Infanto-Juvenil na InternetProcuradoria da República noDistrito Federal e MinistérioPúblico do Distrito FederalTel: (61) [email protected]

Os dados utilizados nesta ediçãodo Especial Cidadania foramretirados das publicações citadasacima.