revista ti inside - 53 - dezembro de 2009

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Ano 5 | nº 53 | dezembro de 2009 www.tiinside.com.br TI VERDE Grande apelo ainda é econômico, mas já existem experiências mais amplas Web e celular são alvos das seguradoras Cartões têm novo padrão de segurança Setor elétrico acerta passos para smart grid

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Revista TI Inside - 53 - Dezembro de 2009

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Page 1: Revista TI Inside - 53 - Dezembro de 2009

Ano 5 | nº 53 | dezembro de 2009 www.tiinside.com.br

TI verdeGrande apelo ainda é econômico, mas já existem experiências mais amplas

Web e celular são alvos das seguradoras

Cartões têm novo padrão de segurança Setor elétrico acerta

passos para smart grid

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>editorial

Instituto Verificador de Circulação

Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski

EditorClaudiney Santos

RedaçãoJackeline Carvalho

(Comunicação Interativa)

ColaboradoresCláudio Ferreira

TI Inside OnlineErivelto Tadeu (Editor)

Victor Hugo Alves (Repórter)

ArteEdmur Cason (Direção de Arte); Débora Harue Torigoe

(Assistente); Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica);

Alexandre Barros e Bárbara Cason (colaboradores)

Departamento ComercialManoel Fernandez (Diretor)

e Francisco Cesar Jannuzzi (Gerente de Negócios); Marco Godoi (Gerente de Negócios Online)

e Ivaneti Longo (Assistente)

Gerente de Circulação Gislaine Gaspar

Gerente de Marketing Patricia Soderi

Gerente AdministrativaVilma Pereira

TI Inside é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

SucursalSCN - Quadra 02 - Bloco D, sala 424 - Torre B -

Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF.

Jornalista ResponsávelRubens Glasberg (MT 8.965)

ImpressãoIpsis Gráfica e Editora S.A.

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização

da Glasberg A.C.R. S/A

CENTRAL DE ASSINATURAS 0800 014 5022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

Internet www.tiinside.com.brE-mail [email protected]

REDAÇÃO (11) 3138-4600E-mail [email protected]

PUBLICIDADE (11) 3214-3747E-mail [email protected]

Ano 5 | nº 53 |dez de 2009 | www.tiinside.com.br

TI Verde cresce timidamente

>sumário

A TI Verde ainda é uma semente. Vai levar um tempo até florescer e gerar frutos de sustentabilidade, um conceito no qual a ONU – Organizações das Nações

Unidas - prevê economia e preservação de recursos naturais para as futuras gerações. Mas talvez a tarefa mais importante já tenha sido vencida. Mesmo que por força financeira, as corporações e os provedores de serviços não têm mais dúvidas quanto à importância da modernização dos centros de dados, a partir de tecnologias que diminuem o consumo de energia e a dissipação de calor, além de reduzir o impacto de emissão de carbono. É comum encontrarmos CIOs envolvidos com iniciativas que preveem a virtualização, servidores blades, computação em nuvem e descarte coordenado de equipamentos.

Apesar da TI Verde não fazer ainda parte da “agenda dos CIOs”, o assunto ganha vários fóruns de discussão e iniciativas isoladas, não só pelos benefícios financeiros da redução do consumo de energia, mas também pelo desejo cada vez maior das empresas adotarem práticas ambientalmente responsáveis. Inteligência no controle de temperatura dos ambientes, gestão de impressão e, obviamente, adoção de equipamentos menos consumidores de energia, estão na lista das boas práticas.

Aos olhos da sociedade, não há dúvidas de que as organizações donas de ações e comportamentos alinhados ao conceito de sustentabilidade da ONU ganham visibilidade e reconhecimento, algo traduzido em mais e

melhores negócios. Exemplo deste reconhecimento vem do setor nacional de Papel e Celulose, altamente afetado pela crise financeira internacional, mas otimista quanto à retomada dos negócios e, principalmente, com a projeção global que conquistou. Não por acaso, este setor conta com as soluções de tecnologia da informação e comunicações (TIC) para suportar o restabelecimento dos negócios, como mostra uma de nossas reportagens desta edição, que inclui também a cobertura realizada pelo editor André Mermelstein, da TelaViva, do Congresso Web2Expo, em Nova York, que aponta as redes colaborativas, a mobilidade e a evolução dos sistemas de busca como as grandes forças motrizes da internet nos próximos anos.

Nessa última edição de TI Inside fomos buscar soluções e práticas de grande relevância para os negócios em 2010. Reportamos os esforços das empresas na adoção de estratégias que atendam às necessidades dos clientes e que as coloquem mais próximas daquilo que o mercado entende como ações de primeira linha, altamente competitivas e capazes de projetar o negócio não apenas no atendimento da demanda local mas, utilizando os recursos de comunicação, também como uma opção global.

Boas festas e um ótimo 2010

Claudiney SantosDiretor/editor

[email protected]

Capa: EDITORIA DE ARTE/CONVERGE

NeWS4 CooperaçãoiBM assina parceria de US$ 200 milhões com a Consist Software

GeSTão6 Ser ou não ser?Computação em nuvem estimula a terceirização de data center, mas ainda há ressalvas

10 CRM personalizadoredecard detalha projeto de implementação de sistema de relacionamento com clientes

12 porto seguroSetor de Papel e Celulose investe em ti para minimizar efeitos da crise

eSPeCIAL GeSTão fISCAL24 fenacom quer simplificar MEi

INfrAeSTruTurA26 Cartão seguroPadrão de segurança para cartões de pagamento promete eliminar brechas

MerCAdo28 Novos canaisSeguradoras miram internet e celular para expandir base de clientes

30 Energia elétricaConceito smart grid revoluciona setor ao otimizar a rede e permitir novos serviços

INTerNeT34 agoniaProvedores de acesso reclamam de estrangulamento do segmento

36 WEB 2.0Congresso em nova York aponta recursos 2.0 como motores da web

INfrAeSTruTurA16 Capati Verde ainda é de forte apelo econômico, mas já mira a sustentabilidade

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>news

A IBM e a Consist fecharam, no começo deste mês, um acordo de cooperação tecnológica, que deve gerar receitas

da ordem de US$ 200 milhões em quatro anos. Assinado pelo presidente da Consist, Natalio Fridman, e o vice-presidente de software da região lationoamericana da IBM, Diego Segre, o acordo abre uma janela para as empresas usuárias do banco de dados Adabas, da Software AG, migrarem as aplicações desenvolvidas na linguagem Natural para o código do banco de dados DB2, da IBM.

Segundo Fridman, a solução batizada de Consist ADS (Advanced Development Solution) já foi testada e homologada por

usuários dos setores financeiro e de governo. “Está também em beta teste a aplicação de recursos humanos, já em fase final de desenvolvimento”, acrescenta o executivo. Para a IBM, o acordo oferece aos clientes da Consist – cerca de 400 instalações de mainframe no Brasil – uma opção de tecnologia aberta, padronizada, uma vez que em sua maioria são empresas usuárias de computadores de grande porte, e, portanto, também clientes da big blue.

“O cliente é que vai decidir se deve ou não fazer a migração, mas agora ele tem uma opção para converter suas aplicações para uma tecnologia mais atual, haja vista que o Natural é uma linguagem desenvolvida nos

anos 80”, enfatiza Fridman. De acordo com a Consist, a plataforma ADS/DB2 permite o desenvolvimento, manutenção e execução das aplicações desenvolvidas em Natural, sem a necessidade de conversão do programa fonte para outras linguagens, disponibilizando as aplicações automaticamente para o ambiente web.

Outro produto já resultado dessa parceria é o ConsistBIS - Business Information Solution, uma suíte de aplicações de inteligência de negócios que integra bases de dados corporativas e oferece soluções para análise crítica, estratégias de gestão, business intelligence e e BPM (business process outsourcing).

A produção industrial brasileira avançou 2,2% na comparação de outubro com setembro, mas o setor de material para escritório e equipamentos de informática,

com queda de 3,8% no período, foi um dos principais responsáveis da produção nacional não ter obtido resultado superior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Na comparação com outubro de 2008, a produção industrial brasileira registrou queda de 3,2%. Setorialmente, a queda em outubro atingiu 18 das 27 atividades analisadas. Entre os destaques negativos está o setor de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações, cuja produção foi 15,2% menor na mesma base de comparação, pressionado pela queda de 12,3% na produção de celulares.

No acumulado dos dez primeiros meses do ano, a produção nacional apresentou recuo de 10,7% em relação a igual período de 2008, refletindo as quedas observadas em 23 dos 27 ramos industriais. O segmento de material eletrônico e equipamentos de comunicações teve queda de 31,1%, o maior recuo entre todos os setores.

ressaca

AVivo pretende lançar ainda esta mês uma nova oferta de internet móvel na modalidade pré-paga. Serão

disponibilizados créditos para uso diário, semanal e mensal. Os preços ainda não foram divulgados. O tráfego de dados será ilimitado.

Paralelamente, a operadora lançou sua primeira oferta de BlackBerry pré-pago. O modelo Curve 8520, também conhecido como Gemini, está sendo vendido no plano pré-pago por R$ 1.399 através da loja virtual da operadora (www.vivo.com.br/blackberrypre).

Em caráter promocional, o cliente pré-pago que adquirir o aparelho terá direito a um ano de Internet de graça. A oferta inclui navegação e acesso a emails pelo sistema de push email da Blackberry. A operadora negocia com a RIM, fabricante do produto, a definição de quanto irá custar a compra de créditos para uso do serviço após esse primeiro ano gratuito.

Banda larga no pré-pago

PoTeNCIAL

A Global Crossing está disposta a consolidar a sua operação de outsourcing em quatro países da América Latina – Brasil, Argentina, Chile e Peru. Até aqui o único país em que a companhia possui estrutura operacional é o Brasil, mas Cristian Alberto Ramos, outsourcing services director, explica que o objetivo da empresa é primeiro atrair clientes para, em seguida, estabelecer uma oferta de serviços local.

Aqui no Brasil, a operação de outsourcing da companhia possui como único cliente o Grupo B2W, resultado da fusão entre a Americanas.com e o Submarino. “É uma operação mais complexa”, reforça o argentino Cristian Ramos, ao dizer que o modelo inclui produtos de parceiros, como service desk, caso esteja dentro da necessidade do cliente.

setor de material para escritório e equipamentos de informática, com queda de 3,8% no período, foi um dos principais responsáveis pelo encolhimento da produção nacional

IBM e Consist fecham acordo que pode gerar uS$ 200 milhões em receita

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Até 2013, as conexões de internet via telefone celular serão responsáveis por um volume de 2,2 exabytes (o equivalente a 2,2 quatrilhões de bytes) de tráfego de dados. Segundo estudo da consultoria Strategy Analytics, 84% desses dados

serão provenientes de navegação pela web móvel. O novo estudo revela que as operadoras móveis devem se preparar para receber

uma autêntica explosão do número de adeptos do acesso móvel, que, em três anos, passarão a representar 30% de todas as conexões de internet no mundo. O diretor de estratégias para mídias sem fio da Strategy Analytics, David MacQueen, acredita que esse aumento exponencial na demanda por dados móveis pode causar um congestionamento nas redes móveis.

Ainda de acordo com o relatório, a prioridade máxima das operadoras deve ser investir em infraestrutura para atender a essa nova demanda causada pelo aumento nas vendas de smartphones.

As redes Casas Bahia e Pão de Açúcar anunciaram planos de fusão no último dia 04 de dezembro e, com a iniciativa, abalaram as estruturas do comércio varejista real e virtual, este último

liderado pela B2W, empresa de varejo on-line que engloba os sites Submarino, Americanas.com, Shoptime e Ingresso.com.

Com o negócio, as operações de e-commerce do Extra, Ponto Frio e Casas Bahia, que iniciou em fevereiro as vendas pela internet, serão integradas em uma única empresa, denominada de Nova PontoCom. Com isso, a Casas Bahia passa a ter participação de 17% no capital social da Nova PontoCom.

A expectativa do Pão de Açúcar é que as operações de e-commerce atinjam faturamento de R$ 2 bilhões já em 2010, o que, se confirmado, consolidará a empresa como a segunda maior do segmento de comércio eletrônico, atrás apenas da B2W.

No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o conglomerado registrou faturamento de R$ 3,6 bilhões com comércio eletrônico. Em 2008, a B2W obteve faturamento de R$ 4,4 bilhões.

Na opinião de Pedro Guasti, diretor geral da consultoria de marketing online E-bit, o negócio traz um impacto significativo no

segmento de comércio eletrônico, já que reduz a diferença da líder B2W para o grupo Pão de Açúcar. Segundo ele, com o poder de negociação que a nova empresa terá frente aos fornecedores é provável que consiga preços melhores em alguns segmentos de produtos, principalmente em eletrodomésticos e eletrônicos. “A distância entre as empresas deve seguir diminuindo nos próximos anos, especialmente se conseguir replicar o bom desempenho que vinha obtendo com o e-commerce do Ponto Frio, além do relevante acesso ao comércio eletrônico das Casas Bahia”, diz Guasti.

risco de congestionamentoBanda larga móvel corre risco de blackout se infraestrutura não for melhorada nos próximos três anos

Solo FérTIl

O BANCO DO BRASIL PRETENDE INVESTIR R$ 800 MILHõES EM SUAS OPERAçõES NO ESTADO

DE SãO PAULO NOS PRóxIMOS CINCO ANOS. A META É QUE A REGIãO PASSE A RESPONDER POR ATÉ 35% DOS NEGóCIOS DO BB, ANTE UMA PARTICIPAçãO ATUAL ENTRE 20% E 25%. CERCA DE R$ 80 MILHõES DESTE TOTAL SERãO INVESTIDOS EM 83

NOVAS AGêNCIAS, 22 DAS QUAIS ESTARãO NA CIDADE DE SãO PAULO, Já EM 2010.

A ESTRATÉGIA DA COMPANHIA É MELHORAR O ATENDIMENTO, POR ISSO O

MONTANTE TAMBÉM SERá REVERTIDO PARA INVESTIMENTO EM BASE TECNOLóGICA E EM CONTRATAçãO E TREINAMENTO DE PESSOAL. SEGUNDO A ASSESSORIA DE IMPRENSA DA INSTITUIçãO, AINDA NãO FOI DEFINIDA A QUANTIA QUE SERá REVERTIDA PARA A áREA DE TI, O QUE PROVAVELMENTE ACONTECERá NO INíCIO DO ANO QUE VEM.

Briga de titãsO anúncio da fusão do grupo Pão de Açúcar com as Casas Bahia, além de aumentar o número de lojas físicas das redes varejistas, vai acirrar a disputa no mercado de comércio eletrônico

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>gestão

Barra da Tijuca e outro a 10 quilômetros de Nova Iguaçu, mas quando contratou Adolpho também selou a transferência gradativa desta infraestrutura para um operador de data center, a fim de reduzir custos e aumentar a capacidade de processamento.

“Assim que assumi a área de TI, o sistema de folha de pagamento precisava evoluir para uma versão mais recente. Fizemos uma experiência com a Alog, que teve a melhor proposta em termos de custo-benefício”, conta o gerente de tecnologia da Embelleze. Mais recentemente, o contrato com a Alog foi ampliado e os cerca de 30 a 35 servidores da empresa, na Barra da Tijuca, foram transferidos para o provedor de serviços, em um misto de collocation e hospedagem de aplicativos. “Grande parte das aplicações serão hospedadas na Alog e o legado seguirá o modelo de collocation”, explica Adolpho, ao dizer que o projeto deve se pagar em três anos.

Na distribuição das máquinas, também ficou definida a criação de um mini data center no centro de distribuição em Foz de Iguaçu, com monitoramento direto do próprio Instituto. Adolpho chega a dizer que a Alog previu o monitoramento em contrato, mas na sua visão os “data centers ainda estão a caminho de uma oferta segura”. “Vamos fazer monitoria paralela. Ao meu ver estas empresas ainda precisam passar

Uma nova pesquisa descobriu que as organizações estão pisando no freio dos investimentos em data centers dentro

de casa para, daqui para frente, aportar recursos em ambientes cliente-servidor hospedados e gerenciados por provedores de serviços, ou seja, nas “nuvens”.

A sondagem conduzida pela IDC, em nome da empresa de collocation e gerenciamento de TI, Interxion, entrevistou 401 empresas nos quatro maiores países europeus (Alemanha, Reino Unido, França e Holanda) e identificou que o mercado de collocation fechou 2008 com uma receita de 725 milhões de euros, mas deve encerrar 2013 movimentando 2,01 bilhões de euros, o equivalente a um crescimento de 23% ao ano.

De acordo com o estudo, quase 95% das empresas ainda operam data centers próprios. Cerca de 20% delas utilizam serviços de terceiros e 11% adotam apenas serviços de collocation. Na avaliação da IDC, as principais razões para a retração dos investimentos em data centers internos são a consolidação de TI e a combinação de utility com computação em nuvem ou virtualização de servidores.

DemandaPorém, apesar desse movimento

de “enxugamento” dos servidores, a

JACkeLINe CArVALho

“seja em um terceiro ou

internamente, precisaríamos de

máquinas exclusivas para

rodar o aplicativo e, em 2003,

pouco se falava sobre

virtualização”LuCIANo

MArqueS, dA MCLANe BrASIL

Estudo identifica movimento de redução dos investimentos em data centers dentro das corporações e transferência destes ambientes para “nuvens” administradas por provedores de serviços. Mas será que a tendência se transformará em regra?

O que fazer com o data center?

consultoria avalia que as capacidades transferidas para prestadores de serviços aumentará. “Vemos o crescimento contínuo da procura por centros de dados, mas isso varia de empresa para empresa, dependendo da rede e da infraestrutura necessária”, diz Anthony Foy, porta-voz da Interxion.

A análise de Foy está em linha com o pensamento de Ricardo Adolpho, gerente de tecnologia do Instituto Embelleze. A rede de franquias voltada à formação profissional, prestação de serviços de salão de beleza e comercialização de produtos nesta área, está presente em 80% dos estados brasileiros, com mais de 225 franquias. A empresa possuía dois data centers no Rio de Janeiro, um na

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duas para as instalações na Rodovia Anhanguera”, relata o executivo, ao dizer que em caso de falha de um ambiente o segundo assume as atividades de processamento de forma transparente para o usuário. “Demos um salto de 817% em processamento. Com a compra dos servidores IBM ganhamos capacidade para suportar o crescimento da empresa por cinco anos”, ressalta.

Segundo Luciano Marques, o investimento foi amortizado em dois anos quando comparado à

terceirização. E, hoje, de acordo ele, a manutenção do data center interno se mantém como opção financeiramente interessante, já que a empresa possui um time interno de desenvolvedores, dedicado a criar soluções leves.

Nos planos da Mclaine para 2010 está prevista ainda a aquisição de um cluster. Mas isso não quer dizer que a companhia seja avessa à terceirização, modelo que já suporta servidores Unix-AIx, os bancos de dados Oracle e o sistema de backup.

mais credibilidade”, argumenta.Diferente do Grupo Embelleze,

que está fazendo o caminho da terceirização dos data centers, a Mclane do Brasil – focada na gestão e operação da cadeia de distribuição – mantém um data center próprio desde a sua instalação no mercado brasileiro, há 12 anos, e não pretende alterar a estratégia. “Em 2003, quando as máquinas já tinham um certo tempo de uso, foi feita uma análise para saber se valeria a pena manter o data center interno ou se terceirizávamos”, conta Luciano Marques, coordenador de suporte da McLane Brasil.

ComparativosSegundo ele, o estudo

considerou acima de tudo os gastos da empresa com redundância. “Para comparar igualmente a terceirização com o projeto interno era essencial também prevermos a contingência, ou seja, um outro data center”, diz. Porém, ao contabilizar o investimento em um segundo data center, conclui que a economia viria dos links de comunicação, uma vez que no projeto do data center terceirizado precisaria de duas conexões.

“A performance da rede local ficou melhor e reduzimos a transmissão de dados entre os sites, o que nos permitiu abrir mão da velocidade máxima”, reforça o coordenador. Segundo ele, outro item importante na decisão de manter o data center em casa foi a redução de gastos com os servidores. “Seja em um terceiro ou internamente, precisaríamos de máquinas exclusivas para rodar o aplicativo e, em 2003, pouco se falava sobre virtualização”, explica.

Nessa cotação, a companhia conseguiu junto à Ação Informática – empresa especializada na distribuição de produtos TIC – bons preços para a aquisição dos servidores necessários para as aplicações de controle de armazenagem (warehouse management systems) e gestão de transporte (transportation management systems), além do ERP utilizado substancialmente para a emissão de notas fiscais.

“Compramos quatro máquinas, duas para o data center de Barueri e

Segundo o Gartner, empresa que atua no fornecimento de pesquisa e aconselhamento sobre tecnologia, as receitas globais de cloud computing crescerão 21,3% em 2009, atingindo US$ 56,3 bilhões. O estudo também aponta, até 2013,

o faturamento deste mercado deve atingir US$ 150 bilhões. “Parte do crescimento representa a transferência de serviços tradicionais de TI para a

nova tecnologia, mas há espaço para o desenvolvimento de novos negócios e oportunidades valiosas”, aponta Ben Pring, vice-presidente de pesquisa do Gartner. A pesquisa mostra que, em 2011, 30% da receita do mercado de consultoria e integração de sistemas será fundamentada em cloud computing.

“Esta tecnologia viabiliza uma mudança na maneira como os serviços de TI são ofertados, passando a ser gratuitos até certo ponto, com as receitas originadas de publicidade. As ofertas patrocinadas são os maiores componentes no mercado de serviços de cloud computing e continuarão sendo até 2013”, afirma Pring.

De acordo com o estudo, as soluções baseadas nessa tecnologia, assim como as ofertas de software como serviço, já detêm um mercado com quase o dobro de recursos em comparação com as ofertas de infraestrutura. A pesquisa do Gartner prevê, para os próximos cinco anos, um crescimento no número de funcionalidades e novos produtos baseados nesta tecnologia. Estão entre os provedores de serviços de cloud computing no Brasil, a Locaweb, a Alog e a Tecla, uma das empresas do deste segundo grupo.

o avanço do cloud compuTIng

De acorDo com o estuDo Da IDc, 95% Das empresas aInDa operam Data centers próprIos, mas este cenárIo está muDanDo:

perFIl de conSumo

• cerca de 20% delaS uTIlIzam ServIçoS de TerceIroS

• 11% adoTam apenaS ServIçoS de collocaTIon

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2009 American Power Conversion Corporation. Todas as marcas são de propriedade da Schneider Electric Industries S.A.S, American Power Conversion Corporation ou de suas empresas afiliadas.E-mail: [email protected] - Al. Xingu, 850 - Barueri - São Paulo/SP – 06455-030 - www.apc.com/br

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casa ou ela tem como filosofia contratar no mercado, qual o ambiente pré-CRM?

alessandro Raposo: Fazemos muito in house, mas também contratamos como foi o caso do CRM ou mesmo o BI, da Microstrategy, que foi o primeiro passo no tratamento dos nossos dados. Nosso processamento é alto, não apenas no movimento diário, mas em tempo real. Antes do CRM, a área comercial já trabalhava com PDAs em um aplicativo feito em casa e precisava de acesso a base de dados de forma mais aguda.

TI Inside: Essa mudança

começou a correr quando, foi de acordo com o novo modelo comercial da companhia?

aR: Começamos a mudar a nossa estratégia de 2006 para cá, primeiro com alterações no middleware, passando a utilizar ferramentas de mercado. Uma mudança que teve como parceiro o Gartner. Acessamos o material deles e desenvolvemos um grupo de arquitetura que observa a estratégia de negócios, estabelecendo um roadmap para a área tecnológica. E, sim, a mudança comercial no ano passado, com segmentação de processos de negócios, também atuou como uma alavanca. A partir do ambiente mais favorável, vimos que era o momento ideal para migrar para uma solução de CRM, até como uma forma de otimizar o que nós tínhamos internamente.

TI Inside: Quais os objetivos

iniciais com o projeto?aR: O primeiro era alcançar uma

Concluída a implementação em setembro último de seu novo sistema de CRM, a Redecard faz um balanço sobre a

escolha e a implementação, analisa os primeiros resultados e projeta o futuro com exclusividade para a TI Inside. Encarada como o melhor suporte ao novo modelo operacional, que trabalha a segmentação dos clientes, a solução de CRM iniciou a trajetória dentro da Redecard pela área comercial para a qual gera 130 indicadores, além de informações detalhadas sobre os clientes, incluindo dados cadastrais, produtos e serviços, assim como sinalizadores financeiros.

“Optamos por este novo modelo de atuação para estreitar ainda mais a relação com os nossos clientes e para atendê-los de forma mais ágil e assertiva. O CRM nos oferece o subsídio que precisamos”, explica Alessandro Raposo, diretor de tecnologia e operações da Redecard. A solução contratada é a Dynamics CRM, da Microsoft, que foi integrada ao legado da companhia, com a participação da consultoria Tridea.

O projeto foi analisado entre dezembro de 2008 e fevereiro deste ano até a escolha da Microsoft, enquanto sua implementação ocorreu entre os últimos meses de março e agosto. A solução foi direcionada para o dia a dia dos executivos de venda, que podem acessá-la a partir dos seus notebooks. “Ela oferece à empresa a

possibilidade de fazer a gestão das carteiras de clientes de forma mais precisa e ajuda os executivos de vendas na elaboração de ações comerciais e manutenção de visitas. Além disso, a ferramenta pode ser conectada aos sistemas da Redecard (modo on-line) ou utilizada sem a conexão aos sistemas da empresa (modo off line)”, enumera Raposo.

Veja a seguir, na entrevista com Raposo, como aconteceu esse processo de escolha e a implementação, as visões estratégias da Redecard, o impacto da solução e os passos seguintes no sentido de disseminação da cultura na empresa.

TI Inside: para entender o modelo da companhia, a Redecard desenvolve muitos sistemas em

A operadora de cartões investiu em um novo sistema de gestão do relacionamento com clientes como forma de atender à demanda comercial e oferecer uma extensa gama de indicadores para seus colaboradores

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“ROI em 14 meses, além

de importantes resultados

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visão compartilhada mais abrangente dos segmentos de clientes. E ainda eliminar os diversos pequenos bancos de dados dos nossos colaboradores. O BI serviu para começar a domar isto e agora com o CRM terminamos esse trabalho.

TI Inside: O que definiu a

escolha do Dynamics, da Microsoft?

aR: Vimos no quadrante mágico do Gartner principalmente as ferramentas de destaque que terão continuidade no médio e longo prazo, e a Microsoft tinha alcançado uma posição importante. Foi a primeira forma como vimos que ela melhor se adequaria a Redecard. Fizemos a RFP e buscamos ajuda da área de negócios para validar a escolha, além de estudarmos cases, e chegamos a um shortlist que culminou na escolha da Microsoft. Não podíamos errar, pela criticidade do negócio e pelo investimento em si.

TI Inside: E a indicação do

parceiro de implementação, passou pela Microsoft ou a Redecard acessou o mercado?

aR: A escolha da Tridea partiu de uma indicação da Microsoft, mas avaliamos a habilidade de execução deles, porque tínhamos que ter um parceiro de implementação bem posicionado. E foi interessante porque eles já tinham uma idéia precisa das armadilhas e best practices que enriqueceram o processo de entrada da ferramenta em nosso ambiente. Eles também nos auxiliaram muito na fase de gestão de mudanças internamente.

TI Inside: Como quebrar essa

resistência?aR: Nos aproximando deles.

Depois da implementação fizemos workshops com os usuários do sistema, ao todo 235 colaboradores. Treinamos e realizamos entrevistas com os colaboradores para trazer novos feedbacks do que seria interessante que a solução propiciasse para eles. Montamos um sistema de e-learning que está na Intranet, mas a utilização é que vai moldando o treinamento. E é uma ferramenta que está lá pronta para ser utilizada pelos nossos novos colaboradores. No total, consumimos um mês e meio nesta etapa.

TI Inside: Voltando um pouco, qual foi o tempo gasto na implementação e o que foi priorizado?

aR: Ao todo foram 4 meses de implementação e priorizamos o que era interessante para o dia-a-dia de nossa equipe de vendas. A premissa era começar o projeto pela área comercial. O nosso senso era de urgência, ou seja, não adiantava criar um piloto isolado. E o retorno tinha que ser rápido.

TI Inside: Como foi o trabalho conjunto do parceiro de implementação com sua equipe interna?

aR: O processo foi bem interessante. A Tridea trabalhou em conjunto com o meu grupo de evolução tecnológica, que trabalha a nossa arquitetura. Eles fazem o link das soluções com a infra-estrutura e atuam como um grupo gestor. Mas também foram importantes os contatos contínuos com as áreas de negócios.

TI Inside: E na hora de migrar

para a operação, qual o impacto?aR: O time de implementação

passou a bola para a produção e não tivemos qualquer problema. Com a ferramenta operacional começaram a ser mapeadas as melhores práticas a partir do que o usuário trabalhava. A área de planejamento nos auxiliou no processo de integração das informações dos usuários.

TI Inside: além dos objetivos

iniciais, já é possível ver novos avanços?

aR: Ainda estamos muito no início para avaliar novos ganhos, mas um fator que não estava previsto era que o anti-vírus deveria ser desabilitado para páginas internas, caso contrário tudo ficaria muito

lento. Resolvido isto, a velocidade de acesso às informações surpreendeu positivamente a área de negócios.

TI Inside: Qual a previsão de

ROI do projeto?aR: A previsão é de 14 meses.

Mas, claro, existem os resultados intangíveis que também são muito importantes e vão aparecendo de forma imediata, assim como os ganhos nos negócios. Mas os cálculos foram bem complexos e concretos. Sempre montamos um estudo de ROI bem sólido e em conjunto com a área de finanças, além de obter ajuda dos departamentos ligados ao business da empresa. Temos que acertar no tempo e no custo. A experiência de implementação do ERP nos deu certeza de alguns caminhos quando pensamos em CRM, como a integração entre projetos.

TI Inside: Como o projeto

deve evoluir agora e em 2010?aR: A fase 1 do projeto foi

prover indicadores, agindo no executivo e propiciando o lado informacional e a integração entre os sistemas comerciais. Na fase 2, que deve ser concluída no primeiro semestre de 2010, queremos avançar com informações de outras áreas. Outra meta é integrar o e-mail com o front end da solução, como forma de criar mais velocidade nos processos, com a decisão podendo ser gerada já no e-mail. Já a fase 3, que será finalizada até o primeiro semestre de 2011, a meta é criar um caminho para que possamos chegar as campanhas de marketing e na integração com outros canais.

TI Inside: Esse é o prazo,

2011, para que a solução esteja totalmente de acordo com o novo modelo de negócios da empresa?

aR: Acredito que estamos no caminho de atingir o nosso objetivo principal, que é o de ter um atendimento diferenciado para o cliente, surpreendendo e entendendo o que ele deseja. O nosso cliente é uma empresa, mas as empresas são feitas de pessoas, nunca podemos esquecer disso.

a mudança comercIal no ano paSSado, com SegmenTação de proceSSoS de negócIoS, TamBém aTuou como uma alavanca

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>gestão

tecnológico e o intercâmbio de conhecimento entre os profissionais do setor”. Com 42 anos, a associação reúne empresas fabricantes, fornecedores e técnicos e, como lembra Moura, TIC ganha cada vez mais espaço nas discussões setoriais.

Moura, que também atua como consultor setorial, revela que os investimentos ainda estão dentro da média das indústrias em geral, ou seja, ainda com percentuais bem abaixo de setores como telecomunicações ou do recordista, o setor financeiro, mas a situação melhorou nos últimos anos. “A crise afetou o setor como um todo, e isso se reflete nos investimentos em TIC, porém já vemos uma retomada. No geral, o chão de fábrica está bem desenvolvido e a gestão da produção é avançada. A maior necessidade de

Segmento que vive na carne, ou melhor na celulose, todos os dilemas, paralisações e retrações de investimentos

decorrentes da crise econômica, o setor de celulose e papel investe em inovação mesmo convivendo com a necessidade de apertar o cinto como forma de se adequar ao momento. Mas é interessante entender como o setor, premido pela imposição de mercado, investe em TIC.

“Para avançar em relação aos padrões globais, é preciso fazer a sociedade perceber que a celulose e o papel brasileiros são produtos de elevados índices de inovação e sustentabilidade, assim como reforçar que as empresas e toda a sociedade

se beneficiam disto. Nosso design é arrojado e criativo, o que também nos dá um diferencial importante em relação aos mercados tradicionais”, destaca Tulio Gomes, diretor comercial da Ibema - Companhia Brasileira de Papel.

Entre as inovações fundamentais para se diferenciar do mercado global, Gomes destaca a comunicação e os projetos sustentáveis do setor – tema no qual o País conta com uma condição privilegiada, em especial em função de suas florestas renováveis.

Recentemente foi realizado o 42º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, encarado por Afonso Moura, gerente técnico da ABTCP (Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel), como “a oportunidade de colocar em prática nossa missão de promover o desenvolvimento

Afetado pela crise econômica e apresentando ainda um forte movimento de fusões e aquisições, o que reduziu os investimentos em TI, o setor de celulose e papel contabiliza projetos realizados este ano e mira em 2010

CLAudIo ferreIrA

TI para sair da crise

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aperfeiçoamento é em gestão e mobilidade”, aponta.

Lista de atividades Projetos de mobilidade, integração e

manutenção informatizada das plantas fabris, até como forma de atender a gestão, e ERP – mesmo em companhias de menor porte – são temas resolvidos ou com boa maturidade, enfatiza o consultor. “Toda a coleta de dados é feita realtime, por exemplo. As empresas têm todas as áreas de plantio mapeadas para o período de corte, com o estudo das questões geográfica e de acesso. Na área industrial a mesma coisa, o acompanhamento de desempenho, planejamento e gestão do setor está bem monitorado”, garante Moura.

A própria ABTCP ajudou nesse processo com a criação de um sistema de gestão de produção específico para o setor, que garante acesso até mesmo remoto aos dados e a criação de relatórios. Entre os usuários estão companhias de médio e pequeno porte como Celupa, Irapurú e Rigid Paper. A aquisição está inclusa nos serviços oferecidos pela associação.

Um trabalho que ainda é incipiente no segmento é o acompanhamento das redes sociais, tanto interna como externamente. “É algo novo, mas que tende a aumentar. Quem trabalha com produto final deve utilizar as redes para acompanhar a marca. Assim como os processos e os aspectos de colaboração ainda carecem de investimento”, mapeia Moura.

Sem curva Gigante do setor, a Klabin revela que

precisou reduzir significativamente seus investimentos gerais em 2009, no entanto, o reflexo em TIC foi moderado. “Mantivemos um padrão de mercado. Consolidamos os investimentos com o nosso ERP, tecnologias básicas e operação, e, agora, nosso foco está migrando para elementos mais estratégicos como: business intelligence e revisão de processos. Buscamos também um diferencial competitivo, como a integração da cadeia de valor com clientes e fornecedores”, enumera José Geraldo Antunes, CIO da Klabin.

Para chegar a esse patamar, a fabricante fez um grande projeto de

revisão de processos, no qual foram gastos seis meses analisando o que é ligado ao core da empresa, padronizando, eliminando redundâncias e gargalos e os aprimorando. “Ao final desta etapa partimos para a implementação utilizando uma nova versão do SAP (ECC 6.0), esta fase durou outros seis meses. Concluindo: gastamos aproximadamente um ano de projeto e mais uns 15 meses para que a ‘poeira baixasse’”, contabiliza.

Agora é o momento de começar a colher estes frutos. “Conseguimos, por exemplo, otimizar a maior parte do tempo da equipe de TI em atividades mais estratégicas do que operacionais e com isto agregar maior valor para as áreas de negócio da empresa”, explica.

Na parte de business intelligence, cujo primeiro projeto aconteceu ainda em 2002, o executivo acredita que a Klabin já é “top de mercado” na utilização de suas informações como uma ferramenta estratégica para tomada de decisões. “O BI para nós é tão importante quanto o faturamento, se ele fica fora do ar por alguns minutos somos questionados a respeito”, alerta.

Outro ponto de evolução importante é a integração com a cadeia de valor. “A partir do advento da internet e dentro da nossa característica de negócios, que é de business-to-business, faz todo o sentido integrar nossos processos de negócio

com os clientes e fornecedores, e estamos caminhando nesta linha”, revela.

Mais informaçãoTanto mobilidade como integração

já são temas importantes para a Klabin e o CIO acredita que esta importância tende a aumentar nos próximos anos. Afinal, o business de celulose e papel é de capital intensivo. “Isto faz toda a diferença na maneira como

O setor de papel e celulose, quando falamos em sistemas de gestão, está muito alinhado, afinal quase todos utilizam SAP. Mas será que o mesmo acontece com outros ferramentais ou mesmo existem novas semelhanças quando olhamos mais detidamente em TIC?

Contrariando o que o Nicolas Carr tentou defender no artigo “IT Doesn´t Matter”, “embora o ERP seja o mesmo, a utilização é bem diferente, ou seja, todos nós tentamos nos diferenciar utilizando TI de maneira criativa, eficaz e alinhada aos direcionadores estratégicos da empresa. A ferramenta é padrão, porém a maneira como a utilizamos faz toda a diferença”, garante Antunes, da Klabin. Uma premissa que ganha eco de Costa, da Suzano.

Outro ponto de convergência é o investimento em notas fiscais eletrônicas e no SPED. A Klabin, presente em oito estados, garante que teve que centrar esforços aqui, assim como a Suzano. Nesta última, boa parte dos investimentos em 2009 foi carreado para o projeto das NFes e do SPED, porque existia um prazo para entregar. “O projeto foi centralizado a partir de uma equipe multidisciplinar, que envolveu a área contábil e TI. Analisamos todas as ramificações e isto abriu oportunidade para alterar e otimizar alguns processos internos. O processo das notas fiscais envolveu todo mundo. E como toda mudança organizacional é recheado de regras adicionais”, conclui.

algo em comum

enTre aS InovaçõeS FundamenTaIS para dIFerencIar aS empreSaS BraSIleIraS Se deSTacam a comunIcação e oS projeToS SuSTenTáveIS do SeTor

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>gestãoservice desk. Já de outsourcing parcial: data center, infra-estrutura, segurança, processos e cenários de negócio, enquanto o que representa o 100% in house fica com a definição da estratégia de TI, gestão de pessoas e alinhamento da TI com o negócio.

Terceirizar é preciso?Contrariando ou alinhando neste

campo com as interseções do mercado (veja ainda no Box: Algo em comum), a área de TI da Suzano não vê espaço para o full outsourcing global, porém terceiriza atividades como impressão e desenvolvimento de sistemas. “Até vejo oportunidades para alguma coisa mais “full geral”, porém em algo como dois

anos. Pela diversificação das empresas do setor, elas acabam tendo a necessidade de um CPD”, garante José Carlos Costa, gerente de TI da Suzano Papel e Celulose.

O executivo revela que a Suzano tem como filosofia trabalhar TIC voltado para os negócios, a ponto de cada área da empresa ter o seu relacionamento específico com TI. “Tecnologia da informação cuida da estrutura e da implementação dos projetos, mas a verba é toda das áreas. Atuamos como consultores. Temos um comitê de investimentos e quem faz a apresentação é a àrea específica, TI

presta apenas uma assessoria. O projeto mais recente foi a aquisição de servidores como forma de suportar o crescimento do business de uma área”, relembra.

Essa forma de atuação, iniciada há quatro anos, é regida por uma governança bem definida, na avaliação do CIO, com a criação de comitês e subcomitês. “Em termos de volume de investimento não estamos em nenhum extremo, estamos na média setorial”, admite.

Na miraQuestionado se o processo de

fusões e aquisições do setor, assim como a crise econômica, influencia no

volume de recursos, ele discorda. “Nos processos de fusões e aquisições, a TIC é fundamental para otimizar o trabalho. Passamos por isso com a fusão com a Bahiasul e gastamos 60% a mais em TI. A integração entre plantas

fabris é complexa, e quanto mais rápido e mais pessoas envolvidas melhor”, explica.

O perfil dos investimentos, normalmente, envolve tanto os aspectos de produção como processos e gestão. “Acabam envolvendo os dois campos em conjunto. Mas, claro, os processos são mais complexos enquanto no chão de fábrica eles são dinâmicos”, delimita Costa. Vital, o projeto de mobilidade, por exemplo, já soma cinco anos de operação gerando inúmeros benefícios para as áreas de negócios.

Se o cenário para o setor ainda não é de todo azul (veja mais no Box: 2010: ano complicado) e parece que ainda veremos novas fusões e aquisições, os planos das áreas de TI seguem seu rumo e sua diversificação. Para a Suzano, é prevista uma reestruturação dos sistemas de informação, um trabalho mais intenso com BI – como forma de melhorar o poder de decisão interno – e um projeto de revisão dos processos, ainda sem parceiro definido. Já a Klabin pretende implementar o SAP em unidades fora do Brasil (Estados Unidos e Argentina), colocar RFID (identificação por radiofreqüência) no chão de fábrica e adotar o sistema contábil IFRS (International Financial Reporting Standards) como padrão. Muita ação no horizonte!

maximizamos a utilização dos nossos ativos. O outro fator é que competimos num mercado global e precisamos estar permanentemente conectados, as informações têm que estar a um click de distância”, admite.

As demandas da área de TI, enfatiza Antunes, são cada vez mais complexas e voláteis. “Como diz o pessoal do Gartner é como se estivéssemos em uma plataforma móvel tentando acertar em um alvo móvel. Para poder adequar nossos recursos às demandas utilizamos elementos externos para complementar nossa capacidade de entrega”, explica.

O caminho do outsourcing foi mapeado a partir de um trabalho interno de strategic source. “Algumas das atividades da área, na relação de custo e benefício, apontaram para a terceirização”, argumenta Antunes. As atividades então foram categorizadas em atividades core – que agregam valor para o negócio – e de apoio. Em outro eixo foi avaliada a criticidade da aplicação.

Como base neste mapeamento foi definido o que se enquadrava em core e missão crítica, ou seja, aquilo que ficaria dentro da empresa, e tudo que não tinha esse perfil foi direcionado para o full outsourcing. Para as demais combinações – não core e missão crítica ou então core e não missão crítica – a opção era terceirizar parcialmente. “Trouxemos braços externos e mantivemos dentro da empresa a inteligência”, conclui.

Entre os exemplos de full outsourcing estão atividades como impressão, manutenção de hardware e

Os dois segmentos do setor, celulose e papel, deverão ter comportamentos distintos no próximo ano, pelo menos essa é a avaliação de Tulio Gomes, diretor comercial da Ibema - Companhia Brasileira de Papel. Para ele, a

celulose, muito dependente das exportações, terá um ano difícil em 2010, pois os mercados maduros, como Europa e América do Norte, não deverão se recuperar tão rápido quanto seria necessário. Em contrapartida, a China deve garantir recuperação significativa da demanda, o que será suficiente para equilibrar a equação da oferta e procura do mercado global.

Já o segmento de papel, cujo perfil é o de vendas para o mercado interno deverá apresentar boa recuperação, com expectativa de crescimento igual ou um pouco superior ao desempenho do PIB brasileiro – de acordo com as previsões algo entre 4% e 6%. A demanda poderá inclusive ser superior a oferta, exceção feita ao papel off set, em função da continuidade da acomodação no mercado diante da produção da nova fábrica da International Paper, em Três Lagoas.

2010: ano complIcado

a Suzano papel e celuloSe vaI reeSTruTurar oS SISTemaS de InFormação, InveSTIr em BI e revISar proceSSoS em 2010

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>infraestrutura

TI Verde 2.O: no caminho sustentável

A TI Verde, irmã caçula do conceito de ecoeficiência – termo cunhado ainda na década de 80 do século passado, e que

prega o uso eficiente dos recursos naturais – é algo que passou a ser usado com freqüência nos últimos três ou quatro anos pelo setor de TI.

CLAudIo ferreIrA

O termo TI Verde ou Green IT abriga desde corporações que querem apenas e tão somente reduzir o consumo de energia elétrica até iniciativas que de verde tem apenas o nome. Porém, existem projetos que exibem uma vertente próxima à essência do conceito: a criação de um ambiente de TI sustentável. Veja os caminhos dessa evolução e como é possível criar algo passível de se chamar de TI Verde, talvez em sua versão 2.0

Primeiro ligado a equipamentos mais econômicos em termos de consumo de energia e depois com um sentido um pouco mais amplo, uma forma de melhor utilização dos recursos naturais – energia e água principalmente.

Isso se materializou em ações como: virtualização e confinamento de servidores, utilização de máquinas com

menor consumo de energia, gerenciamento mais eficiente da refrigeração dos data centers, aquisição de equipamentos de controle do ambiente etc. Algo que todos sabem ou deveriam saber. Porém, essas iniciativas são apenas um primeiro passo rumo a um ambiente efetivamente verde ou sustentável. De uma forma ou de outra, o movimento é

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“Desde 1990 até 2007 a IBM já havia reduzido suas emissões de carbono em 42%. Com o Big Green pretendemos reduzir mais 12% de 2007 a 2011. Ao mesmo tempo em que dobraremos nossa infraestrutura, não aumentaremos nenhum metro quadrado de data center nem consumiremos KWh adicionais de eletricidade”roBerTo dINIz, dA IBM

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renováveis e próprias de energia para seus data centers.

Entre os temas acima, a obsolescência é algo que pode até fazer parte das políticas de sustentabilidade, mas na maioria dos casos não é totalmente conectado à TI Verde. Como lembra Mantovani: “a cada semana, uma nova máquina ou acessório nos deixa com os olhos brilhando e esquecemos da “pegada ecológica” resultante do descarte das máquinas “antigas” – que podem ser até mesmo da semana passada”.

O reaproveitamento ou o descarte de equipamentos é um problema no Brasil e no mundo. “Temos um parque

de computadores Pentium 3 e deixamos à disposição para nossos clientes ou mesmo realocamos em ONGs, mas é uma operação complicada”, relembra Antonio Carlos Pina, diretor de tecnologia da Alog Data Centers. Já a IBM recicla seu lixo eletrônico há muitos anos e, inclusive, possui ofertas que incluem esse serviço para os clientes. O centro de descarte técnico de produtos de informática, que realiza esse trabalho, fica em Hortolândia, no estado de São Paulo.

Ser sustentável ainda não é padrão. O que move os projetos de TI Verde por enquanto é a boa e velha economia nas contas. “É o que direciona os projetos, ninguém toma decisão apenas pela sustentabilidade”, admite Helton Capella, diretor de marketing para América Latina da APC, fabricante de equipamentos de energia para data centers. Pensamento que é corroborado por Pina, da Alog: “pode parecer egoísta, porém não é. Agregado à possibilidade de economia de dinheiro, a energia não consumida pode evitar a construção de novas hidrelétricas”, argumenta.

Novos aresNo entanto, dados da Pesquisa

Symantec 2009 sobre TI Verde (veja mais detalhes no Box Aqui e no mundo) mostram que os executivos de TI também começam a ver a iniciativa

dc em 2012veja uma conFIguração de um prédIo verde com Seu daTa cenTer que Será o padrão em algunS anoS.

n utIlIza fontes alternatIvas como a energIa eólIca ou solar, e se estabelece perto Desta fonte De energIa

n o préDIo no qual está localIzaDo utIlIza água Da chuva para suas atIvIDaDes, entre elas o resfrIamento

n Da mesma forma, sua construção é crIaDa para captar a luz solar como forma De IlumInar os ambIentes e utIlIza películas nas janelas para evItar que o calor entre

n os ambIentes De Data center ou que necessItam De refrIgeração trocam temperatura com o ambIente externo, que na maIor parte Do ano está abaIxo Dos 20 graus centígraDos

n utIlIza equIpamentos com uma efIcIente relação entre capacIDaDe De processamento, baIxo consumo De energIa e baIxa emIssão De calor

n aDquIre equIpamentos certIfIcaDos a partIr Do baIxo consumo De co2 já na sua fabrIcação

n estImula o trabalho De home offIce para seus colaboraDores, até como forma De InIbIr as emIssões De co2 no Deslocamento Destes

tardio e vem sendo puxado por algo maior e mais difundido: o conceito de sustentabilidade, reflexo dos problemas decorrentes do aquecimento global.

“O conceito clássico da Organização das Nações Unidas (ONU) é que sustentabilidade é a possibilidade das gerações futuras utilizarem os recursos naturais, que seriam preservados. Cada um adaptou ao seu bel prazer e ele pode ser traduzido desde qualidade de vida até o produto que gasta menos energia”, argumenta Mario Mantovani, diretor de mobilização da SOS Mata Atlântica. Uma dessas adaptações livres é a que gerou a TI Verde.

Para estabelecer uma comparação entre TI Verde e um ambiente sustentável, o chamado projeto Big Green, como foi batizado pela IBM, consiste em cinco etapas: diagnóstico das instalações existentes, construção de data centers eficientes, virtualização, gestão de energia e refrigeração eficiente. Já os quatro pilares da sustentabilidade mais utilizados pregam: ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Ou seja, os objetivos são bem distintos entre eles.

O Big Green é um projeto interno da IBM e consiste na modernização da infraestrutura da companhia buscando maior competitividade, ao mesmo tempo em que deseja reduzir o impacto ambiental. “Desde 1990 até 2007 a IBM já havia reduzido suas emissões de carbono em 42%. Com o Big Green pretendemos reduzir mais 12% de 2007 a 2011. Ao mesmo tempo em que dobraremos nossa infraestrutura, não aumentaremos nenhum metro quadrado de data center nem consumirmos KWh adicionais de eletricidade”, garante Roberto Diniz, executivo de otimização de TI da IBM. O projeto é ainda o braço prático da visão estratégica macro chamada de “Planeta Inteligente”.

O velho e o novoNa interseção de TI Verde e

sustentabilidade estão ações que muitas empresas do setor nem sequer falam, muito menos fazem: mensurar quais as emissões de carbono geradas pelo data center ou pelo uso de TI, qual o destino para o descarte de equipamentos obsoletos ou ainda o investimento em soluções alternativas,

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>infraestruturacomo uma forma de responsabilidade socioambiental, mesmo que por imposição. Entre as respostas para os principais fatores dos projetos foram citados: a redução do consumo de energia elétrica (90%); diminuição dos custos com resfriamento (87%); e o fato de o mercado cada vez mais exigir que as empresas sejam “verdes” (86%).

“Ao longo dos últimos 12 meses, o segmento de TI surgiu como uma nova força para a implementação de iniciativas verdes – não apenas pelos benefícios financeiros gerados pela economia de energia, mas também pelo desejo cada vez maior das empresas de ter práticas ambientalmente responsáveis”, declara Jose Iglesias, vice-presidente de soluções globais da Symantec Corporation. “O pêndulo vai para os dois lados e o segmento de TI agora está utilizando uma estratégia equilibrada e muito mais integrada à estratégia ‘verde’ das organizações, o que pode ser comprovado pela quase totalidade dos entrevistados que afirmam já serem responsáveis pelos gastos de energia nos data centers”.

Isso comprova uma maior maturidade sustentável nos projetos de TI Verde? “A preocupação com o meio ambiente está se iniciando agora, a economia financeira ainda é o principal motor para os projetos. O Brasil ainda está um pouco distante das ações norte-americanas e européias, mas está alguns degraus acima do restante

da América Latina neste tipo de questão”, assegura Simon Mingay, analista do Gartner.

Para o consultor, o melhor balanço entre as metas de custos e a sustentabilidade se dará quando o próprio mercado no qual as empresas se inserem – consumidores, parceiros e acionistas – fizerem uma gestão específica. “Algumas empresas já sofrem dessa “boa pressão”, até como forma de proteger a sua marca. E existe, em alguns casos, uma pressão regulatória ou de índices específicos de bolsas de valores que também influi”, alerta.

Outra visãoCarlos Eduardo Mazon, vice-

presidente de infraestrutura de TI da Tivit, admite que as companhias tiveram como primeiro foco a otimização do consumo de insumos e a redução de custo, mas vê e analisa as possíveis mudanças. “Existe um avanço social importante da sustentabilidade, o ser humano está mais consciente do nosso papel e da dependência do Planeta. Acredito que o mercado melhorou muito sua visão e pretende ser sustentável”, reage otimista.

Ao longo dos últimos dois ou três anos, alguns avanços podem ser registrados nos projetos de TI Verde e existe a promessa de que a eficiência será contínua. O que afasta um pouco

o fantasma de um esgotamento das práticas. “Os ganhos em alguns pontos podem chegar a ser marginais, entretanto é algo que não cessa. Existe um ganho constante de eficiência energética e a meta é chegar ao impacto ambiental zero, como a geração de energias alternativas e limpas”, aposta Pina, da Alog.

Seja na tecnologia, design ou nos procedimentos de manutenção e gestão, ainda existe espaço para ampliar os resultados nos projetos de TI Verde, pelo menos é o que garante

“Os ganhos em alguns pontos

podem chegar a ser marginais,

entretanto é algo que não

cessa. Existe um ganho constante

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Alguns elementos podem criar o prédio e o data center verde em sua essência, aquele no qual

cada elemento foi pensado não apenas para diminuir os impactos ao meio ambiente, como ser verdadeiramente sustentável.

Muito já se falou em utilizar a condição climática da cidade na qual o data center está localizado como um “climatizador” natural do ambiente. Há alguns anos se falou que muitas empresas iriam para a remota e pacata Islândia, ilha localizada nas proximidades no Ártico, com seu clima quase glacial. Algo que ficou na teoria.

No Brasil, seriam poucas as cidades propícias para tal, mas mesmo chegando a um lugar de clima ameno, as condições de geração de energia e de linhas de comunicação, além de pessoas habilitadas, transformaria a tarefa em algo impossível. O ideal de um lugar frio e seco nem sempre está acompanhado dos outros elementos (veja também o quadro: DC em 2012).

Uma experiência possível é a da unidade da Tivit localizada em Palhoça, apenas 18 km distante de Florianópolis. Um prédio construído de acordo com as diretrizes do sistema de avaliação e certificação de desempenho ambiental para edificações LEED (Leadership in Energy and Enviromental Design), gerido pelo Conselho Norte-americano de Construções Sustentáveis. Além disso, a construção foi concebida para priorizar a produtividade, saúde e bem estar dos funcionários.

O projeto tem como objetivo a redução dos impactos sócio-ambientais gerados pela sua construção, algo feito nas etapas que geraram a escolha do terreno, o projeto bioclimático, a eficiência energética, a qualidade do ar interno, a racionalização dos materiais e a gestão sustentável da água.

Algumas das principais características do projeto:• espelho d’água: aumentam a unidade do ar, reduzindo as temperaturas• jardins internos: dissipam poluentes,

aumentam a qualidade do oxigênio no interior do edifício;

• captação de águas pluviais pela cobertura: reduz o consumo de água, reaproveitando o recurso.

o prédIo verde

na InTerSeção de TI verde e SuSTenTaBIlIdade eSTão açõeS que muITaS empreSaS do SeTor nem Sequer Falam

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>infraestrutura

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“Existe um avanço social

importante da sustentabilidade,

o ser humano está mais

consciente do nosso papel e da dependência do

Planeta. Acredito que o mercado

melhorou muito sua visão e

pretende ser sustentável”

CArLoS eduArdo MAzoN, dA TIVIT

Mazon, da Tivit. “Se a gente for extrapolar, há um mercado de crédito de carbono sendo construído. Por que não podemos chegar à concepção de uma bolsa de carbono, vendendo até mesmo créditos de economia de energia?”, especula.

Objetivamente, a eficiência dos produtos alocados em data centers tem se ampliado. Equipamentos como no-breaks e refrigeradores estão ainda mais inteligentes, assim como dispositivos de armazenamento, redes e servidores têm uma melhor relação entre consumo e capacidade operacional. “Um no-break atual faz a mesma coisa hoje que o de dois anos atrás, porém gasta muito menos energia”, compara Capella, da APC.

No coração do DCO trabalho conjunto de empresas

que participam do ambiente dos data centers, como destaca o executivo, faz com que a APC se una à IBM, HP e Intel, entre outras, para explorar uma eficiência tática de organização das máquinas nos ambientes. “É preciso entender que o modo como os data centers eram construídos, o jeito convencional, estava totalmente equivocado. Primeiro existia um super dimensionamento, uma ideia de que os servidores iriam crescer exponencialmente e para sempre. Com a virtualização, os equipamentos de refrigeração e os racks isto mudou”, aponta.

Como comparação, ele cita que de toda a energia que entra em um data center, algo como 30% é específico para TI, enquanto 35% são consumidos na refrigeração. Essa última tecnologia, por sinal, é a que mais tem evoluído. “Temos falado muito nas mudanças de arquitetura, pelo menos desde 2006, porém alguns segmentos da economia evoluem mais rápido que outros. As telcos são mais dinâmicas neste campo”, explica.

Na prática, os data centers passaram a usar de táticas como a dos “corredores”. Neles fincam racks de equipamentos em um ambiente resfriado, conhecido como “corredor frio confinado”, o que reduz a emissão de calor em 30%, de acordo com avaliação da Alog. “Trabalhamos com switches sem ventilação para o racks, e isso também contribui para a redução do consumo de energia, e não afeta o

impensável no Brasil. “Temos SLA que chega a 24º, porém o cliente ainda tem a ideia fixa de um ambiente com temperaturas mais baixas, como 18º ou 19º, e exige isto”, atesta. Ele explica que internamente, como complemento da política de uso consciente da energia foi criada a campanha “Apenas as ideias acesas”, como forma de reduzir o consumo.

Na práticaEnvolvido com o projeto de criação

de um novo data center, que se junta aos dois já existentes, Pina, da Alog, revela que sonha criá-lo com base em uma nova matriz energética. “Não sei ainda se será possível, ter energia solar ou mesmo eólica para nos apoiar, mas esse é o nosso desejo. O problema é que precisamos conjugar muitos fatores como localização, acesso e conexão”, adianta (veja mais no Box: DC em 2012). De certo, a perspectiva de que ele esteja operacional no segundo semestre de 2010 e que ele trabalhará com corredores frios confinados, sistemas exaustores e cloud computing, para

aquecimento dos equipamentos. As máquinas atuais inclusive trabalham de forma normal com temperaturas mais altas internamente”, argumenta Pina.

O executivo da Alog explica ainda que em alguns países os data centers passaram a operar com temperaturas mais quentes, como 25º, algo ainda

A TI Verde já é prática essencial nos departamentos de TI em todo o mundo. E, no Brasil, 51% dos entrevistados disseram que já possuem estratégias implementadas e 38% estão começando a falar sobre o assunto. Estas são as

informações que podem ser extraídas da Pesquisa Symantec 2009 sobre TI Verde, praticamente uma segunda edição do relatório State of Data Center Verde divulgado no final de 2007.

Algo como 97% dos executivos em todo o mundo afirmou estar pelo menos discutindo estratégias de TI Verde, enquanto 45% já implementaram iniciativas. Na América Latina, 29% dos entrevistados confirmaram a implementação de estratégias de TI verde na empresa, enquanto no Brasil, 73% das empresas afirmam possuir um plano para implementação de iniciativas “verdes”.

Como falamos antes, a pesquisa indicou que os responsáveis pelas decisões de TI estão cada vez mais justificando as soluções de TI Verde não apenas pelo custo e pelos benefícios de eficiência para o departamento. Para 94% dos entrevistados no Brasil, a eficiência energética das soluções é um aspecto que será cada vez mais importante na hora de escolher os fornecedores.

Os executivos de TI afirmaram ainda que terão aumento significativo nos orçamentos do setor para iniciativas relacionadas as boas práticas ambientais. No ambiente global, 73% dos participantes esperam um aumento nos orçamentos para TI Verde ao longo dos próximos 12 meses. E, no Brasil, este percentual sobe para 78%, média semelhante a da América Latina.

Entre as iniciativas de melhores práticas ambientais, pode ser destacada a substituição de equipamentos antigos com 95% dos participantes apostando em equipamentos novos e mais eficientes no consumo de energia como parte de suas estratégias verdes, seguido pelo monitoramento do consumo de energia (94%), virtualização de servidores (94%) e consolidação de servidores (93%). Além disso, mais da metade (57%) dos participantes da pesquisa enxerga o SaaS (Software as a Service) como uma boa alternativa.

aquI e no mundo

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D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 | T I I n s I D E 2 1

heLToN CAPeLLA, dA APC: o que MoVe oS ProJeToS de TI Verde Por eNquANTo é A BoA e VeLhA eCoNoMIA NAS CoNTAS. NINGuéM ToMA deCISão APeNAS PeLA SuSTeNTABILIdAde

obter maior concentração de aplicações em menos servidores.

Algumas experiências de mercado também avançam neste sentido. A Atento, empresa de contact center e terceirização de processos de negócios (BPO) do Grupo Telefônica, finalizou recentemente a primeira fase da expansão de seu data center, com a instalação de aproximadamente 35 novos servidores baseados nos processadores Intel xeon Série 5500, e a previsão de aquisição de mais 200 equipamentos no decorrer de 2010. Entre os principais objetivos, além de responder melhor à demanda dos clientes, está a implementação de uma plataforma com maior capacidade de processamento, consumo reduzido de energia elétrica e melhor dissipação de calor.

“Somos parceiros estratégicos de nossos clientes, atuando diretamente em sua cadeia de valor, e a nossa missão é investir constantemente em infraestrutura e tecnologia de ponta, proporcionando assim maior escala e eficiência operacional”, define Tony Cruz, diretor executivo de administração, eficiência operacional e tecnologia da informação da Atento Brasil. com esta visão, a empresa conseguiu aumentar em 35% a capacidade total do data center, obtendo, em paralelo, mais segurança para os dados, além de adequar a iniciativa ao seu projeto de TI Verde.

Quem também exibe números expressivos é o Itaú, pré e pós incorporação com o Unibanco, escorado no fato do alto impacto da tecnologia na área financeira e no conseqüente consumo de energia elétrica. Entre as ações realizadas no ano passado, está a troca da central de refrigeração do Centro Técnico Operacional (CTO), que, desde 2004, utiliza gás ecologicamente correto para refrigeração, com redução de 40% no consumo de energia. E ambientes que ficavam iluminados 24 horas por dia, agora tem suas luzes acionadas apenas quando há uma pessoa presente.

Banco esverdeadoAs iniciativas de TI Verde do

banco datam de 2004, com o investimento em programas e iniciativas ambientais, que incluem pesquisas, projetos e benchmarking

com diversas empresas, para identificação e desenvolvimento de práticas sustentáveis para a área. Algo necessário quando se investe, como em 2008, a soma de R$ 2,3 bilhões em tecnologia.

Outra vertente importante foi a troca de diversos equipamentos por máquinas de maior porte e melhor eficiência. Somente em 2008, foram trocados 450 servidores e os monitores de “tubo” estão sendo substituídos, gradativamente, pela tecnologia LCD – que propicia mais economia energética.

E as iniciativas de TI Verde da instituição também focam no descarte de materiais tecnológicos, como baterias utilizadas por no-breaks das agências, postos de atendimento bancário, lojas Taií e CEIs, que são descartadas ao final da vida útil de acordo com políticas ambientais. A meta para 2009 buscou ampliar a política de descarte e reaproveitamento de máquinas.

Agora, dentro da esfera Itaú Unibanco, a instituição se prepara

para um planejamento que envolve as necessidades de TI dos próximos 10 anos, especialmente em virtualização para a melhor utilização dos servidores, assim como sua troca por máquinas novas. Atualmente, são cerca de 1,1 mil servidores virtuais, com previsão de virtualização de 1 mil adicionais no decorrer de 2010. “O grande benefício do projeto foi a simplificação da infraestrutura e a agilidade para a implantação de novos serviços, resultando em ganhos tangíveis de disponibilidade”, afirma João Bezerra Leite, diretor de infraestrutura e operações de TI do Itaú Unibanco. “A virtualização permitiu a evolução dos nossos processos de contingência e uma otimização em consumo anual de energia da ordem de 3,7 MWh. Uma contribuição importante nas nossas iniciativas de TI Verde”, finaliza.

Uma política de TI Verde que envolve tantos elementos pode ser quantificada ou ter seu grau de maturidade estabelecido? Pina, da Alog, é bem sincero e objetivo e aponta que dentro das muitas e amplas possibilidades considera sua empresa no patamar dos 70 ou 75% em uma escala verde. “É um trabalho contínuo e por mais que façamos, sempre aparece algo novo ou que

Seja na TecnologIa, deSIgn ou noS procedImenToS de manuTenção e geSTão, aInda exISTe eSpaço para

amplIar oS reSulTadoS noS projeToS de TI verde

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>infraestrutura

2 2 T I I n s I D E | D E Z E M B R O D E 2 0 0 9

pode ser aprimorado. O data center ideal é aquele construído já dentro da concepção verde, mas, mesmo assim, sempre surge uma novidade”, explica.

Outras iniciativasMais seguro, Mazon, da Tivit,

avalia em 90% o seu “grau verde”, porém admite que sempre existe espaço para melhorias. “É preciso ter disciplina na manutenção do projeto, todos os nossos processos são ISO 20.000 e temos a parte hidráulica auditada, por exemplo. Já chegamos em uma posição na qual os ganhos não serão mais significativos, e se a manutenção não for bem feita é possível até regredir. Os esforços agora não representam ganhos de maior vulto”, garante.

Os clientes do data centers ouvidos ainda são muito movidos pelo resultado, pela economia, mas eles começam a ver a sustentabilidade como um elemento importante. Algo que independe até mesmo do tamanho da corporação (veja mais no Box: A cor das médias empresas).

“Tende a ser um casamento de interesses. E procuramos defender junto aos clientes esse ‘encontro’”, aponta Mazon. Ele cita o recente projeto de DDA (Débito Direto Autorizado), realizado com a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e a CIP, como algo totalmente “green”,

evitando que os boletos em papel sejam impressos.

Entre as políticas da Tivit, que de acordo com Mazon se iniciaram há 10 anos, está um melhor descarte de materiais, até mesmo do óleo das máquinas, dos geradores e outros componentes. “Alguns processos e uma melhor manutenção dos equipamentos geram resultados. Preciso hoje de apenas 6 horas de refrigeração da água para abastecer e gerenciar a temperatura do data center”, garante. As políticas

desembocaram, por exemplo, na criação de um “green building” da empresa em Florianópolis (veja mais no Box O prédio verde).

Outra iniciativa em voga, os equipamentos em blade geram polêmica e são heróis e vilões ao mesmo tempo. Afinal, eles reúnem maior capacidade de processamento em seus racks junto com novos desafios de refrigeração. “Fizemos estudo específicos e é preciso criar corredores de ar quente e frio para evitar um gasto excessivo com a refrigeração deles. São máquinas com alta performance, porém é preciso equalizar algumas questões. Sem isso eles se tornam problemáticos”, admite Mazon. A redução do espaço ocupado pelos servidores, algo propiciado pelos blades, é enfatizada por Pina, da Alog, que também faz a ressalva: “aumentou o calor na mesma proporção”.

E como projetar o data center do futuro (veja mais no Box: DC em 2012), dentro dos preceitos mais modernos de TI Verde? Um primeiro passo é começar pela infraestrutura física não pela de TI propriamente dita. No entanto, o fundamental, é pensar na adoção de novas tecnologias e novos modelos ainda na concepção espacial.

Um data center de alta densidade em um espaço físico menor que os antigos DCs é ideal. Assim como ter duas fontes distintas e, de preferência renováveis e alternativas,de energia. Virtualização e uso de cloud computing também são mandatórios, porém é interessante gerenciar as aplicações para não sobrecarregar ou superaquecer determinado servidor ou coluna de máquinas, o que trará problemas de refrigeração. Em resumo, a infraestrutura deve ser inteligente ao extremo.

a cor daS médIaS empreSaSeSTudo da IBm, denomInado greenIT, junTo ao

SegmenTo daS médIaS empreSaS no mundo, aponTou que elaS já poSSuem InIcIaTIvaS para reduzIr o ImpacTo do uSo da TecnologIa no meIo amBIenTe. enTre oS paíSeS peSquISadoS, o BraSIl moSTrou que 66% delaS poSSuem eSSa preocupação com

a queSTão amBIenTal e maIS de 70% planejam ou já realIzaram aTIvIdadeS para

dImInuIr o ImpacTo no meIo amBIenTe cauSado por Sua cadeIa de SuprImenToS, produToS e

ServIçoS. veja aBaIxo ouTroS dadoS locaIS da peSquISa (*):

n maIs De 70% Das empresas planejam ou já realIzaram atIvIDaDes para DImInuIr os Danos ambIentaIs causaDos por sua caDeIa De suprImentos, proDutos e servIços.

n 66% Das companhIas já Implementaram algum tIpo De meDIção De energIa para sua Infraestrutura De tI.

n maIs De 65% Das companhIas já completaram ou estão em processo De Implementação De vIrtualIzação De servIDores.

n entre 50% e 60% Das empresas já operam com funcIonárIos trabalhanDo em casa, conectaDos a reDes vIrtuaIs.

n maIs De 30% Das empresas utIlIzam ferramentas De colaboração, como conferêncIa remota, para DefInIrem estratégIas ou fecharem negócIos.

n 60% Das companhIas Implantaram a prátIca De reconDIcIonamento De servIDores para melhorar a efIcIêncIa De energIa.

* Fonte: IBM

algunS amBIenTeS já aTIngem Sla com TemperaTura de 24ºc, porém oS clIenTeS aInda querem 17ºc

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>especialradar FIScal

A importância do programa Empreendedor Individual é reconhecida e sua implantação tem metas ambiciosas: trazer para a formalidade um milhão de pessoas até o final de 2010 – o equivalente a 10%

do total de trabalhadores que, segundo estimativas do Ministério da Previdência, não têm acesso a benefícios sociais.

Mas, para que a meta seja atendida é necessário simplificar o processo de adesão dos trabalhadores. É o que defende Valdir Pietrobon, presidente da Fenacon, que reiterou a sua opinião em reunião realizada no começo deste mês, em Brasília, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

“Que o Empreendedor Individual é o maior projeto de inclusão social não há dúvida. No entanto, os inúmeros procedimentos exigidos para o registro e formalização têm dificultado a concretização dessa nova categoria”, afirmou Pietrobon. Além de simplificar e aperfeiçoar o sistema, o presidente da entidade reivindicou a adoção de medidas de desburocratização por parte de todos os entes envolvidos no programa.

“Nós que fazemos o atendimento direto aos empreendedores individuais somos responsabilizados parcialmente, e injustamente, pelas dificuldades, já que o público exige a rapidez do serviço”, acrescentou.

A preocupação da entidade é com a possibilidade de o projeto não alcançar sucesso. Para Pietrobon, é preciso que a vontade política do governo seja externada na simplificação do sistema tecnológico

oferecido para criação do Empreendedor Individual.

Novo formato em janeiro Concebido para permitir a inserção dos

trabalhadores na economia formal, o programa Empreendedor Individual passará por mudanças e ganhará um novo modelo a partir de janeiro do próximo ano.

Uma das mudanças previstas é a implantação de um novo sistema de informática para o registro dos trabalhadores. O Portal do Empreendedor ganhará uma tela única de entrada de dados e terá reduzido o número de campos para preenchimento. Além disso, não haverá mais a necessidade de apresentação de

declaração em papel e da respectiva assinatura física. Criado pela Lei Complementar 128/08 e inserido na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06), o programa tem como meta a formalização de um milhão de pessoas que trabalham por conta própria até o final de 2010.

As inscrições começaram em julho no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Ceará. A previsão é de que, em janeiro, os demais Estados estejam conectados ao Portal do Empreendedor, permitindo as inscrições em todo o País. Até o dia 22 de novembro, mais de 81,8 mil empreendedores haviam feito seus registros no Portal do Empreendedor e passava de 142,9 mil o número de pessoas que fizeram reserva do nome empresarial.

Sped irá mudar de layoutNo próximo ano o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED)

entra em uma nova fase, com uma série de alterações determinadas pelo Fisco no layout das obrigatoriedades, informou Jorge Campos, especialista fiscal e tributário da Aliz Inteligência.

Uma das mudanças previstas é a inclusão do código de classificação fiscal (NCM) que serve de parâmetro para o cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Isso é muito importante porque na hipótese de enquadramentos incorretos, será grande o nível de exposição fiscal”, diz.

Outra é a adoção do e-mail público para recebimento dos arquivos em padrão .xML, cujo envio também passou a ser obrigatório pelo fornecedor.

De acordo com Campos, essa ferramenta, mais a informação do pedido e o número do item, permitirão às empresas a automação do processo de recebimento.

Segundo Campos, a auditoria prévia das somatórias das NF-e para que sejam aprovadas é outra novidade implementada. Um levantamento das secretarias de Fazenda indicou que muitos contribuintes enviavam os arquivos em .xML com erros de somatória de itens em relação ao valor principal da nota fiscal, bem como incorreções de cálculo de ICMS.

entrega da dCTf será mensalA Receita Federal publicou no Diário Oficial da União a Instrução

Normativa nº 974, que estabelece as normas disciplinadoras da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), relativas a fatos geradores que ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 2010.

Uma das novidades anunciadas é a alteração da periodicidade de apresentação da declaração, que antes era semestral e agora passará a ser mensal. A regra vale para todas as pessoas jurídicas de direito privado em geral, inclusive as equiparadas, as imunes e as isentas.

A DCTF deverá conter informações sobre impostos e contribuições federais, tais como Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, Imposto de Renda Retido na Fonte, Imposto sobre Produtos Industrializados, Impostos sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Contribuição para o PIS/PASEP, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, dentro outros.

A alteração das informações prestadas será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, que terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada. Quem deixar de apresentar a declaração no prazo poder ser multado.

fenacom quer simplificar programa empreendedor IndividualO PORTAl DO EMPREEnDEDOR GAnhARá A PARTIR DE jAnEIRO uMA TElA DE EnTRADA DE DADOs E TERá REDuZIDO O núMERO DE CAMPOs PARA PREEnChIMEnTO

Valdir pietrobon

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>especial

No dia 30 de setembro foi encerrado o prazo para as empresas enviarem à Receita Federal os arquivos de escrituração fiscal digital (EFD). O processo faz parte do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e os arquivos possuem informações fiscais das companhias e registros das apurações de impostos das operações realizadas. O SPED trará uma série de vantagens para o mercado, como: maior economia de papel e de espaço de armazenamento das informações, diminuição de fraudes, redução de custos administrativos e maior transparência na documentação contábil e fiscal.

Passada a primeira fase da implementação dos sistemas e do envio das informações, agora as companhias precisam concentrar esforços na certificação da qualidade dos dados encaminhados à Receita. Dalvani Rufino Weber de Lima, especialista em Governança de Qualidade de Dados e diretor da GoDigital, empresa que atua no setor de TI há nove anos e atende grandes companhias de diversos setores, selecionou cinco dicas para ajudar as empresas a terem êxito na próxima fase do SPED.

• A partir do diagnóstico da qualidade da base de cadastros de clientes, deve-se formular a estratégia de gestão da qualidade de dados adequada às necessidades de cada empresa, definindo racionalmente as freqüências, abrangências e riscos toleráveis. Estas definições têm

que refletir os riscos gerados pela má qualidade de dados, bem como os esforços que cada empresa acha adequados à sua manutenção. Basicamente, uma relação custo-benefício, cujos benefícios foram agora trazidos à superfície pelo SPED.

• Criar processos recorrentes de qualificação e atualização de dados. Isto é um duplo desafio, pois garantir informações corretas a cada transação pode impactar o desempenho operacional, especialmente em momentos de pico de demanda;

• Estabelecer como rotina a realização constante de diagnósticos da base de dados, identificando cadastros inconsistentes. Para os cadastros de clientes atuais: manter uma rotina de atualização dos seus cadastros, mantendo a qualidade das informações essenciais para o faturamento das futuras transações e, assim, garantindo a eficiência operacional. Para os novos clientes: pré-qualificar as bases de prospects potenciais, tornando a primeira venda mais fácil e ágil; qualificar preventivamente, “overnight”, evitando os períodos de pico. Todos esses procedimentos visam endereçar problemas como a eliminação de duplicidades, correção e atualização dos cadastros de clientes.

• A solução adotada para a garantia da qualidade dos dados essenciais ao faturamento deve ser capaz de se adaptar às regras de negócio, que definem a periodicidade de atualização, e de enviar alertas de cadastros inconsistentes, mantendo o atendimento ao SPED. Mais ou menos simples, essas alternativas, ou outras que minimizem os riscos de perda de eficiência operacional, significarão RESULTADOS.

• Finalmente, como em qualquer processo crítico de negócio, deve-se acompanhar constantemente a evolução da qualidade destes dados críticos para que se garanta que, na "hora da verdade", a transação e seu faturamento sejam realizados.

qualidade de dados é o foco da próxima fase do SPed fiscalEsPECIAlIsTA EM GOVERnAnçA DE QuAlIDADE DE DADOs E DIRETOR DA GODIGITAl Dá DICAs DE COMO IMPlEMEnTAR uM PROjETO DE QuAlIDADE DE DADOs PARA ATEnDER às ExIGênCIAs DA PRóxIMA ETAPA DO sIsTEMA

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* Dalvani Rufino Weber de Lima é especialista em Governança de Qualidade de Dados e diretor da GoDigital, empresa de soluções em qualidade de dados, que atua no mercado de TI há nove anos desenvolvendo projetos para companhias dos setores de telecomunicações, finanças, varejo, mídia e governo.

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>infraestrutura

Em outubro, o Payment Card Industry Council lançou a versão 1.2 do Payment Card Industry Data Security Standards (PCI DSS), o último

conjunto de regulamentos de conformidade com a PCI, destinado a proteger as informações do portador do cartão pagamento (crédito ou débito) contra fraudes e abusos criminais. O novo padrão deve ser adotado por toda a indústria financeira e aqueles que não cumprirem com o PCI DSS estarão sujeitos a multas significativas, à degradação de valor da marca e, finalmente, à perda do seu direito de processar transações de cartões de pagamento. As multas ainda não estão definidas, mas basta lembrar os US$ 202 milhões gastos pela TJx Companies, Inc., em resposta à violação que comprometia as informações da conta de cartão de até 40 milhões de seus clientes.

Todo o trabalho de adequação ao novo padrão começou há dois anos e a conformidade foi determinada para setembro de 2010. O DSS do PCI, endossado pela American Express, Discover Financial Services, JCB International, MasterCard Worldwide e Visa, exige que empresas e prestadores de serviços que armazenam, processam e transmitem dados de cartões de pagamento atendam aos controles de processos e segurança da informação, que asseguram a integridade dos dados. A norma reúne desde procedimentos

A partir de setembro 2010, indústria de cartões de pagamento deve operar sob o novo padrão de segurança. Mudança afeta principalmente bancos e o comércio varejista

JACkeLINe CArVALho

simples como a adequação de firewalls e antivírus, até outros mais complexos, que exigem novas tecnologias, mudanças em sistemas e modificações na cultura da empresa.

Não estão previstas mudanças físicas nos cartões. Ao contrário, todo o trabalho está sendo realizado para que o usuário seja minimamente afetado com a certificação. “O que os usuários vão perceber é uma redução da fraude por comprometimento de informações, pois estaremos com dispositivos de captura homologados de maneira mais rígida, softwares homologados por auditores internacionais e, finalmente, teremos estabelecimentos comerciais homologados segundo critérios internacionais de segurança”, relata Henrique Kazuhiro Takaki, coordenador

do comitê de prevenção e segurança da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) e gerente de controle de risco da Visanet.

Para dar uma pequena dimensão das condições de segurança do novo padrão, Takaki ressalta que na homologação de softwares, por exemplo, o auditor verifica inclusive se existem informações na memória do equipamento que não são apagadas após a execução da transação.

O mercadoNo Brasil, o padrão tem como foco

os 124 milhões de cartões de crédito em circulação no mercado, segundo a Abecs, o número que em 2000 era 29 milhões de unidades; e as transações com cartões de débito, modalidade de pagamento que superou a emissão de cheques, registrando 2,1 bilhões de transações, contra 1,9 bilhão de cheques, em 2008, de acordo com o Banco Central.

A principal mudança será percebida pelos donos e administradores de lojas e redes varejistas, onde as transações são efetuadas em grande volume. “Teremos inicialmente um esforço muito grande para elas se adequarem ao padrão de segurança, o que poderá acarretar, inclusive, em aumento dos investimentos nesta área”, reconhece Henrique Takaki. Porém, ele defende que os esforços não protegerão apenas informações de cartões mas também outras informações estratégicas como planos de marketing, produtos,

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ANTôNIo LeAL fAoro, dA fuTure

SeCurITy: eMPreSAS

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PCI: cartões de crédito mais seguros

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informações de clientes e preços.Para aliviar o impacto, a norma

prevê um escalonamento dos prazos para adequação às exigências feitas aos comerciantes, dividindo-os em grupos de empresas de pequenos, médio e grande porte. Há quatro níveis de empresas que estão obrigadas a aderir ao padrão: aquelas que processam mais de 6 milhões/ano; aquelas que estão entre 1 milhão e 6 milhões de transações por ano; os estabelecimentos que geram entre 20 mil e 1 milhão de transações por ano; e aqueles que processam menos de 20 mil transações em 12 meses.

OperaçõesAqui no Brasil, os bancos serão

personagens principais na operação de adequação do setor ao PCI DSS, porque são os “distribuidores” dos cartões. Parte das operações do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), por exemplo, está alinhado ao PCI desde 2007. “Do ponto de vista de rede e de bandeira o Banrisul já se adequou aos padrões do PCI”, reforça o superintendente executivo da Unidade de Segurança da TI da instituição financeira, Jorge Krug.

Ele lembra que o PCI tem pilares de transmissão, segurança de dados e de aplicação, e explica que a rede adquirente do Banco já atende a parte de segurança de terminais. “As bandeiras Visa e Mastercard estão fazendo um movimento muito grande de adequação, que começou no que se chamou de movimento pré-PCI”, diz.

Assim, paulatinamente, o Banco vem substituindo os seus equipamentos por soluções homologadas, movimento que minimiza o impacto financeiro do PCI, e que ao mesmo tempo não pode deixar de ocorrer devido aos aportes na adequação dos aplicativos e disseminação da informação internamente. Krug, no entanto, não consegue precisar quanto o Banco gastará especificamente com a migração.

Tecnologias e serviçosSegundo os especialiastas, apesar de

existirem inúmeras soluções no mercado que permitem PCI DSS, o Conselho só identifica especificamente uma tecnologia - o firewall. No mais, as organizações estão abandonadas à sua própria sorte para determinar quais outras tecnologias podem e devem ser adotadas e de que forma elas contribuirão para a

conformidade com o PCI DSS.Nesta busca rápida, fácil e

econômica de implantar uma solução que garanta a conformidade, as empresas estão demandando soluções que possam ser rapidamente implantadas para permitir ou negar o acesso, e registrar as tentativas de acesso à ampla gama de aplicações implantadas em redes corporativas. Em resposta a essa demanda, engenheiros e arquitetos criaram uma nova classe de aparelhos que controlam e gerenciam a autorização do acesso à aplicação e as transações propriamente ditas.

Estes appliances são pontos de dados múltiplos, ou atributos, para reforçar a política de identidade com informações. Ao contrário de seu

antecessor, com base em software, essas soluções de gerenciamento de acesso permite às empresas definirem e aplicarem o log de acesso e as políticas de autorização através de aplicativos e de arquivos compartilhados utilizando um único console de gerenciamento.

Dona de soluções que atendem a 12 requisitos do PCI DSS, a Juniper se tornou, no ano passado, membro da organização participativa do Conselho, por acreditar que na era da sofisticação dos ataques virtuais, esta adesão representa uma das melhores estratégias de segurança de uma organização contra roubo de dados. Claus Troppmair, diretor de vendas corporativas da companhia no Brasil, posiciona a empresa como fornecedora de soluções de segurança de rede, e diz que o fato de fazer parte do grupo PCI dá à empresa as seguintes vantagens: entender as diretrizes do grupo e sugerir alterações tecnológicas e novas formas de implementação de níveis de segurança.

Credenciada pelo PCI Concil para certificar empresas, a Future Security estima que deva ocorrer uma corrida ao processo de adequação e homologação dos sistemas às vésperas do vencimento do prazo estimulado pelo Conselho PCI. Antônio Leal Faoro, CEO da companhia, arrisca dizer que as empresas melhor preparadas ainda devem estar distantes 25% do nível de maturidade máxima e que a média do mercado realizou entre 50% e 60% da adequação. Para ele, no entanto, “haverá um alto grau de profissionalismo no atendimento às regras do PCI, primeiro porque o Brasil está inserido na economia mundial; depois porque o cartão de crédito ganhou representatividade na economia interna; e por fim “porque é um conjunto de regras que protege a empresa não só em relação ao mercado, mas ao acesso às informações”.

Para Krug, do Banrisul, a grandiosidade e a complexidade dos projetos PCI fazem do movimento um marco no modelo de segurança de cartões. Ele lembra que antes de 2004 não havia qualquer modelo ou instrução padrão nesta área. “Em setembro de 2004, quando as bandeiras se uniram, criou-se o padrão PCI e partir daí toda a rede passou a ter que se adequar 100%”, explica, ao reforçar que quem não fizer a lição de casa até 2012 estará fora do mercado.

CLAuS TroPPMAIr, dA JuNIPer: fAzer PArTe do GruPo PCI dá à eMPreSA AS VANTAGeNS de eNTeNder AS dIreTrIzeS do GruPo; SuGerIr ALTerAçõeS TeCNoLóGICAS; e NoVAS forMAS de IMPLeMeNTAção de NíVeIS de SeGurANçA

enquadramenToa norma pcI dSS eSTaBelece que quaTro grupoS de empreSaS eSTão oBrIgadoS a Se adequarem, em um eScalonamenTo de prazo e nível de aderêncIa:

n aquelas que processam maIs De 6 mIlhões/ano

n aquelas que estão entre 1 mIlhão e 6 mIlhões De transações por ano

n os estabelecImentos que geram entre 20 mIl e 1 mIlhão De transações por ano

n aqueles que processam menos De 20 mIl transações em 12 meses

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>mercado

VICTor huGo

Canais focados em internet e mobilidade para atender a nova geração de consumidores puxarão os aportes do setor, que também se prepara para se adequar a novas regulamentações e modelos de negócios como reseguro e, possivelmente, microsseguro

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A indústria de seguros será marcada por diversas mudanças de regulamentação em 2010, principalmente pelo fato de novos serviços e produtos serem lançados,

como o resseguro e, possivelmente, o microcrédito. Soma-se a isso a maior abrangência de atuação das empresas, que passarão a oferecer produtos em mais mercados e por meio de novos canais.

Todas essas alterações impulsionarão os investimentos do setor em tecnologia da informação. Não que a cultura seja diferente. Em 2009, mesmo com o cenário adverso devido à crise financeira mundial, as seguradoras aportaram R$ 1,4 bilhão em TI, cifra 16,6% superior ao R$ 1,2 bilhão gasto em 2008. Agora, com as mudanças e o melhor momento econômico, essa é uma conta que deve aumentar. Os recursos destinados a TI pelas seguradoras representam, em média, 2,5% do faturamento da indústria de seguros e, segundo Glória Guimarães, presidente da Comissão de Processos e Tecnologia da Informação da Confederação Nacional de Seguros (CNSeg) e CIO da Aliança do Brasil Seguros, estes gastos com TI continuarão em ascensão.

“A tendência é que as seguradoras passem a investir mais em TI, o que pode chegar a cerca de 2,7% do faturamento da indústria do setor no ano que vem”, disse Glória, durante V IT Insurance Meeting, congresso que reuniu seguradoras e empresas de seguros para discutir o impacto das tecnologias

nos negócios do setor, em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro.

Nova carteiraEntre as razões que elevarão os

investimentos das seguradora em TI Glória destaca os novos modelos de negócios como re-seguro e microsseguro, modelo que ainda está sendo arquitetado no País. “Os novos modelos de negócios geram potencial para aumentar os investimentos em TI e isso tende a ocorrer em 2010. Quando se inova em produtos e serviços e se atende a um maior número de mercados, gera-se mais regulamentação, o que, por sua vez, exige uma arquitetura de TI mais robusta “, comenta.

Com exemplo, Gloria cita que para atingir o público e efetivar o atendimento na modalidade microsseguro, serão necessárias tecnologias alternativas. “Vai

Seguradoras se preparam para a nova era

ser quase tudo baseado em mobilidade”, frisa. De acordo com a executiva, entre outras coisas, as ações de gerenciamento da base de dados para reduzir riscos é uma oportunidade para a área de TI atuar com maior intensidade em 2010.

No quesito riscos é necessário estabelecer uma boa base de dados, o que, na visão de Glória, também puxará os aportes em tecnologia. Outro movimento citado por ela para estimular os gastos com TI é a automatização dos processos. Um movimento que, na visão da executiva, facilita a auditoria, assim como a geração de relatórios para tomadas de decisão. Glória também apontou a digitalização de documentos, certificados digitais, novos canais de venda como mobilidade e internet e aumento da eficiência dos sistemas de gestão de risco, como motores para os aportes de TI em 2010.

Eficiência Para o diretor presidente da

Bradesco Seguros e Previdência, Marco Antonio Rossi, o desafio das seguradoras em 2010 é buscar o máximo de eficiência operacional. Assim, o executivo entende que deve ocorrer uma mudança no aspecto do seguro e que as empresas precisam buscar oportunidades para criar produtos e serviços diferenciados. De acordo com o executivo, a nova geração de consumidores não quer se comunicar com pessoas e sim realizar a compra de produtos e serviços de forma mais fácil e usual. Um modelo no

“Tenho que prover serviços

flexíveis, ágeis e de qualidade para nossos

corretores, e a maioria deles

quer interagir por meio da internet”

roBerTo MAruCCo, dA SuLAMérICA

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D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 | T I I n s I D E 2 9

“A tendência é que as seguradoras passem a investir mais em TI, o que pode chegar a cerca de 2,7% do faturamento da indústria do setor no ano que vem”GLórIA GuIMArãeS, dA ALIANçA do BrASIL SeGuroS e dIreTorA dA CNSeG

qual o intermediário só aparece quando o produto é complexo e a intermediação agrega valor ao cliente. Como desafios para os próximos anos, Rossi coloca a maior freqüência de lançamentos de produtos, o desenvolvimento de novos canais de acesso ao cliente, como web, mobile e call center, e a apresentação de soluções inovadoras.

A agilidade em processos conquistada a partir de melhorias na arquitetura de aplicações é a principal demanda das seguradoras na visão de Roberto Ciccone, líder da área de consultoria para o setor de seguradoras da IBM Brasil. “No geral, a infraestrutura de aplicações ainda está um pouco aquém”, pondera, ao comentar que como os clientes estão cada vez mais exigentes é necessário conhecê-los profundamente e, para isso, as seguradoras devem ter as informações sobre eles de forma mais integradas.

Para Ciccone, a questão de canais será outro desafio. Primeiro porque, segundo ele, as seguradoras necessitam trazer para o meio on-line o maior número possível de corretores. “Muitos corretores ainda estão off-line”, frisa. Além disso, buscar o acesso aos clientes por meio da internet é outra solução. Ciccoce informa que algumas seguradoras já começam a se preocupar com questões como redes sociais, iniciativa que tem potencial para as seguradoras captarem informações importantes sobre os clientes.

“Isso pode ser visto como inteligência de negócios, pois as seguradoras podem usar essas informações, cruzando-as com as que já detêm no banco de dados, para tomar decisões e fazer

ofertas mais assertivas a esses clientes. Essa é uma forma das empresas conhecerem melhor seus consumidores e se relacionarem com eles”, alega.

Venda on-lineSobre a venda de produtos pela

internet, Ciccone diz que não dá para as seguradoras fugirem deste modelo de negócios, mas observa que a principal barreira a essa estratégia ainda é a questão das empresas necessitarem da figura do corretor para comercializar os produtos. “Apenas as seguradoras que detêm suas próprias corretoras começam a se estruturar fortemente na venda pela web.”

A Aliança do Brasil Seguros também dará maior foco a soluções relacionadas a internet e mobilidade para o ano que vem, apesar de já ter anunciado, para janeiro, um projeto piloto de digitalização de documentos de alguns outros sinistros.

Segundo a CIO da empresa, Glória Guimarães, o projeto visa proporcionar maior eficiência operacional e qualidade de serviço ao usuário. “Com a digitalização dos documentos, gera-se maior velocidade e agilidade aos processos de sinistro. Isso facilita a vida do usuário”, afirma Glória, comentando que o software para digitalização de documentos foi desenvolvido in house.

A SulAmérica Seguros direcionou bastante recursos para internet e lançou um novo portal do segmento de saúde, carro-chefe em receita da companhia, alterando todas a áreas do site: segurado, hospitais e empresas. Além disso, implantou um grande portal de cotação para corretores, plano que ainda

receberá investimentos, segundo Roberto Marucco, diretor de sistemas da SulAmérica. “Tenho que prover serviços flexíveis, ágeis e de qualidade para nossos corretores, e a maioria deles quer interagir por meio da internet”, complementa.

Por fim, Marucco deixou claro que o mobile é a próxima fronteira na qual a SulAmérica atuará com mais intensidade. Ele disse que atualmente a companhia já provê alguns serviços para os usuários de seguro de automóveis, como o acompanhamento de sisnistro; e para os usuários do seguro saúde, que podem consultar reembolsos. “A idéia é atingir novas áreas. Teremos soluções de mobilidade com foco no cliente e no corretor”, promete o executivo.

* O jornalista viajou ao V Insurance IT Meeting a convite da CNSeg

A Bradesco Seguros e Previdência deve somar neste ano investimento total de cerca de R$ 200 milhões em tecnologia da informação, cifra

que deve ser 10% superior em 2010, totalizando R$ 220 milhões. O CIO da companhia, Aurélio Conrado Boni, revela que meta da companhia é, principalmente, acelerar a criação de novos serviços.

Para isso, parte do valor será aplicado no processo de “insourcing”, ou seja, na remontagem da equipe interna de TI que antes estava terceirizada. Após partir fortemente para a terceirização, a companhia reviu a estratégia em razão da perda de um pouco da inteligência do negócio. “Nosso objetivo com esta nova manobra é voltar a ter o domínio tecnológico e a

inteligência do nosso negócio”, afirma. O executivo revela que esse processo começou

no ano passado, quando 10 profissionais foram reabsorvidos na estrutura de TI. Neste ano, mais 15 pessoas devem ser ‘internalizadas’ e o plano para 2010 ainda está sendo revisado, porém a previsão é que seja inferior aos 25 planejados”, avalia Boni. Atualmente, a área de TI da Bradesco Seguros e Previdência conta com 330 empregados internos.

Em relação à estratégia de negócios, para 2010 a companhia adotará um direcionamento mais forte na área de mobilidade e seguirá investindo em

internet. “Temos de proporcionar facilidade aos nossos clientes na hora destes contratarem seguros”, adianta Boni.

movImenTo daS SeguradoraS

Aurélio Conrado Boni

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>mercado

JACkeLINe CArVALho

setor de energia elétrica discute mudanças em dispositivos e segmentos da rede para oferecer alternativas inteligentes no controle de consumo e otimização de recursos, se alinhando ao conceito smart grid

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Especialistas do setor elétrico brincam que se Thomas Edison – responsável pelo desenvolvimento da lâmpada elétrica e de várias outras mudanças tecnológicas do

século xx – voltasse à vida, ficaria decepcionado com a pouca ou nenhuma evolução no modelo de negócio com o fornecimento de energia elétrica nos últimos 100 anos. Mas também estão confiantes com a mudança que se delineia a partir da reformulação das redes de transmissão, a convergência com as telecomunicações e a inovação que se propõe a subestações, transformadores e até no processo de medição de consumo. Não que isso tudo esteja programado para amanhã, ou mesmo para um futuro próximo. Neste setor as decisões são mais alongadas, assim como os projetos e as suas respectivas execuções, mas nos próximos 20 anos, a estimativa é que todos os consumidores de energia elétrica possam contar com recursos de inteligência, ter às mãos dados que lhe permitam programar os gastos e até contribuir para uma sobrevida maior das redes de distribuição, que tanto impactam o meio ambiente e os cofres das concessionárias.

Como? Estamos falando do conceito smart grid, ou rede inteligente, uma proposta tecnológica para a rede elétrica cuja sustentação reside em uma ampla arquitetura de referência baseada em sistemas abertos para companhias de energia do futuro. Esta arquitetura possibilita a integração de equipamentos inteligentes e redes de comunicação de dados em um sistema gerenciado de computação distribuída, abrangendo

todas as corporações e a indústria. Ela também permite a implantação de capacidades abancadas do sistema de energia, tais como: rede de energia auto-recuperável, comunicação integrada com o consumidor e informação em tempo real sobre energia e fluxo de geração.

Enfim, com o smart grid, blecautes como o que ocorreu entre a noite do dia 10 e a madrugada de 11 de novembro, com impacto em 12 Estados brasileiros, além de parte do Paraguai, passariam a ter impactos menores com a intensificação do monitoramento da rede, obviamente com gastos reduzidos pela automação, segmentação do sistema e uma maior precisão na identificação de falhas e até o restabelecimento remoto do serviço ou de parte dele.

“No caso de fraude, os equipamentos digitais permitem maior proteção da receita. Ou seja, o cliente

Novos serviços na rede elétrica

para fraudar um medidor digital tem mais dificuldade do que em um medidor tradicional. Além disso, tem a questão da segurança patrimonial, porque com os medidores digitais, a medição de consumo pode ser feita a distância”, resume Bruno Regueira, executivo de desenvolvimento de negócios da IBM da América Latina.

plano nacionalNo Brasil, os primeiros passos para

smart grid estão sendo dados pelas concessionárias, em projetos-pilotos e iniciativas internas de implementação da inteligência nas redes. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) tem no forno uma resolução, baseada no resultado de consulta pública, para fazer deslanchar o conceito no Brasil a partir da instalação de medidores eletrônicos na rede de baixa tensão, à qual está ligada a maioria dos consumidores de energia do País. “É um

ALéM dA PArTe de MedIção, TodoS oS TrANSforMAdoreS dAS SuBeSTAçõeS (eTdS - eSTAçõeS TrANSforMAdorAS) dA AeS eLeTroPAuLo TêM MedIdoreS NA SAídA, e 20% deSTAS SuBeSTAçõeS Já eSTão dIGITALIzAdAS

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“no caso de fraude, os equipamentos digitais permitem maior proteção da receita. Ou seja, o cliente para fraudar um medidor digital tem mais dificuldade do que em um medidor tradicional. Além disso tem a questão da segurança patrimonial, porque com os medidores digitais, a medição de consumo pode ser feita a distância”BruNo reGueIrA, dA IBM dA AMérICA LATINA

megaplano, que vai levar, grosso modo, ao menos 15 anos para ser executado. Até porque aborda o parque nacional de medidores”, constata Ricardo Van Erven, diretor de tecnologia e serviço a AES Eletropaulo, empresa que concentra 6 milhões de medidores.

A previsão inicial era que o órgão emitisse a resolução para a tecnologia até o final deste ano. Contudo, diante da polêmica dos custos e da inexistência de padrões, além de outras divergências, o projeto deve ser postergado por mais alguns meses.

A minuta de resolução que estava sendo escrita pela Agência contemplava um plano para substituir todos os 63 milhões de medidores eletromecânicos existentes no País. Este texto já foi rasgado e hoje o órgão regulador trabalha com a hipótese de propor a troca de 40 milhões de equipamentos em 10 anos - ou seja, 36% menor que a meta anterior. O objetivo do corte é reduzir o impacto tarifário que será sentido pelos consumidores, que arcarão com o custo dos novos medidores.

Cada medidor custa em torno de US$100, que segundo especialistas aumentaria em 6% as contas de luz. Mas uma ressalva: “Hoje, mais da metade da compra de medidores novos são eletrônicos, porém não são habilitados para medição remota. Há alguns lugares em que já se está instalando medidores com capacidade de medição remota, porém os sistemas ainda não são padrão”, alerta Glauco Brito, gerente de utilities da Atos Origin Brasil.

Desafios e benefíciosChamada a atenção para o detalhe

da conexão destes dispositivos com uma rede de comunicação, para a transmissão da informação sobre o consumo em tempo real, é preciso reconhecer que os benefícios que a tecnologia poderia trazer ao consumidor ainda não foram mensurados. “Sabe-se que o benefício é geral, pois o medidor inteligente permite monitorar o consumo minuto a minuto, de forma que o cliente possa otimizar o uso interno de energia elétrica e se beneficiar das tarifas diferenciadas”, defende Mauricio Torres, gerente de marketing de utilities da consultoria Imagem.

Em documento enviado à ANEEL como contribuição à consulta pública sobre a substituição dos medidores, a

Atos Origin apresenta argumentos para análise dos benefícios de smart grid. “As redes elétricas estão enfrentando desafios importantes nos últimos anos. Liberalização do mercado, novo quadro regulamentar, novas tecnologias de geração, redes enfocadas no cliente, aumento da demanda, geração distribuída, questões ambientais, segurança de fornecimento ou envelhecimento da infraestrutura, são fatores motivadores que exigem uma ação”, diz o documento.

A empresa defende que a utilização de medidores inteligentes para obter remotamente os dados de consumo do cliente é a principal aplicação de smart grid, porém, o ponto mais interessante é que a automação da rede pode contribuir para atingir várias dessas metas, bem como estas soluções também podem ser utilizadas para apoiar a participação do cliente na resposta à demanda (DR) e na Gestão pelo Lado da Demanda (GLD), além de permitir vários serviços de valor adicionado.

Experiência A contribuição da Atos Origin advém

de experiências internacionais, como a anunciada recentemente na Europa com a ERDF, um dos mais importantes distribuidores de eletricidade daquela região, que iniciou na França um programa de substituição de 35 milhões de relógios medidores de eletricidade, programa que começou com um projeto-piloto composto por 300 mil contadores. Para assegurar a implantação em todo o país, a ERDF, filial do grupo de energia francês EDF,

contratou a Atos Origin como empresa responsável pela arquitetura do novo sistema de informação e líder do consórcio de empresas de tecnologia responsável pelo projeto inicial. O consórcio é composto por fabricantes de medidores de energia, desenvolvedores especializados em softwares e provedores de infraestrutura.

Os novos medidores de energia serão capazes de transmitir e receber dados de leituras remotas, além de possibilitar a gestão otimizada da rede. A instalação dos contadores inteligentes possibilitará a transmissão de dados por meio do sistema de gestão automatizado de contadores (AMM – Automated Meter Management). O projeto contempla o protocolo de comunicação Power Line Carrier (PLC), desenhado pela Atos Origin, que permite a interoperabilidade entre hardware e equipamentos de medição de distintos fabricantes.

Em paralelo às definições do órgão regulador brasileiro, exemplos como os projetos internos conduzidos pelas concessionárias como Copel e a AES Eletropaulo, ganham musculatura no País. Ricardo Van Erven, diretor de tecnologia e serviço a AES Eletropaulo, conta que o primeiro posicionamento interno da companhia diante do tema foi contextualizá-lo à realidade brasileira. “É um tema que está acontecendo no mundo todo, um processo irreversível que apenas tem direcionamentos diferentes”, explica o especialista.

avançosCom foco em smart grid, a

companhia definiu um grupo

“Mais da metade da compra de medidores novos são eletrônicos, porém não são habilitados para medição remota. há alguns lugares em que já se está instalando medidores com capacidade de medição remota, porém os sistemas ainda não são padrão”GLAuCo BrITo, dA AToS orIGIN BrASIL

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>mercadomuldisciplinar interno, coordenado

por Erven, para definir o seu roadmap. “A partir daí estabelecemos um bloco de ações, todas orientadas aos benefícios que deveriam gerar para a empresa, nossos clientes e acionistas”, diz o especialista.

O primeiro foi o desenvolvimento de alguns projetos-pilotos antecididos pela consciência de que desde 2008 a empresa vem desenvolvendo alguns projetos ligados à rede inteligente, de forma que hoje já tem quase 120 mil pontos de medição eletrônica de energia reativa (pontos e necessidade específicas e pontuais); medição centralizada, normalmente em prédios inteligentes; a medição exteriorizada; e os projetos-pilotos em geral.

“Os pontos de medição eletrônica estão pulverizados na área de concessão da AES Eletropaulo. Por exemplo, toda a medição de fronteira e todos os clientes de alta tensão têm medição eletrônica e telemedição; todos os clientes de média tensão também são medidos com medição eletrônica, porém apenas o cliente de maior consumo ou aquele com requisitos especiais são atendidos por telemedição”, afirma Erven, dizendo que estes clientes podem acompanhar através da internet, com login e senha, a curva de carga e o perfil de consumo, para otimizar a utilização de energia elétrica. Também na área de baixa tensão a AES Eletropaulo já possui algumas iniciativas de inteligência, por exemplo, a medição centralizada em áreas de grande concentração de volume – prédios, condomínios, etc.

Além da parte de medição, todos os transformadores das subestações (ETDs – estações transformadoras) têm medidores na saída, e 20% destas

subestações já estão digitalizadas. “Com o sistema digitalizado, estamos preparados para, no futuro, tramitar com informações chamadas inteligentes”, reforça Erven. Ele explica que a companhia utiliza serviços de satélite, alguns segmentos da rede corporativa e, preponderantemente GPRS, para o processo de telemedição. “Existe a questão custo envolvida nos diferentes recursos de telecomunicações”, ressalta.

Segmentação A Companhia Paranaense de

Energia (Copel) dividiu as suas iniciativas em cinco áreas de desenvolvimento: automação, telecomunicações, telemedição, chaveamento automático de rede e geração distribuída integrada – com geração de energia alternativa. Julio Shigeaki Omori, gerente da divisão de estudos de média tensão e um dos coordenadores de grupo de trabalho que estuda smart grid, explica que em automação, tanto das subestações quanto das redes, há dois pilares de

smart grid. O primeiro é a capilaridade das 400 subestações, todas automatizadas e distribuídas nos 399 municípios de concessão da companhia. “A Copel tem uma característica grande em subtransmissão a 34.500 Volts, que serve para atender a consmidores rurais e a pequenas propriedades”, diz Omori.

Segundo ele, a atividade de telecomunicações dentro do grupo é outro diferencial, pois há conexões via rádio, celular, satélite e fibra ótica nas 400 subestações. Omori também explica que a automação das subestações tem como principais funções inteligentes o controle automático de tensão, a energia reativa e as funções de corte e de carga automáticas. Em paralelo, está em curso um investimento no chaveamento da rede e na abertura automática das chaves, o telecomando e a recomposição automática. “Isto, além de nos apoiar na localização de falhas, nos permite fazer previsão de carga”, resume Omori.

Na parte de telemedição, o especialista diz que a Copel já tem o processo adotado para 280 pontos (50% dos seus grandes consumidores), além dos 7 mil pontos com medição centralizada, e que até o final de 2010 pretende chegar a 6 mil pontos com telemedição.

A empresa também já faz leitura, corte e religação a distância – realiza, em média 2 mil cortes/mês – e trabalha em um projeto para adquirir um centro de controle. Omori pontua que a automação de rede e das subestações ganha relevância ao permitir que as informações sejam integradas em um centro de controle e dali aos sistemas corporativos e operacionais da companhia, agilizando o despacho de técnicos e a atividade do call center.

A previsão é que a infraestrutura de telecomunicações suporte toda a automação empreendida pela Copel e também sirva de base aos projetos-pilotos de serviços para o consumidor final, como a oferta de PLC (internet banda larga pela rede elétrica), que está sendo testada para medições eletrônicas. “Tudo está em teste, mas já temos 90 consumidores conectados à internet pela rede da Copel e pretendemos chegar a 10 mil. Assim, otimizamos o uso da rede, pois os serviços de telemedição não exigem alta velocidade”, finaliza o especialista.

“sabe-se que o benefício é geral,

pois o medidor inteligente

permite monitorar o consumo

minuto a minuto, de forma que o

cliente pode otimizar o uso

interno de energia elétrica e se beneficiar das

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>internet

O contingente de internautas segue alto no Brasil mesmo depois das incertezas causadas pela derrocada mundial da

economia. Afinal, o total de pessoas com acesso à internet em qualquer ambiente cresceu e atingiu a ordem dos 64,8 milhões, de acordo com avaliação do Ibope em novembro último. Números altos que, no entanto, não representam o cenário de crise que se instalou entre os pequenos e médios provedores de acesso.

As razões são diversas. A primeira delas é a crise econômica que afetou o crescimento da base de clientes, mesmo que os reflexos por aqui tenham sido minimizados. “A crise foi um adversário sim. Os pequenos e médios provedores ampliaram a sua carteira de serviços para sofrer menos, mas sentimos os reflexos já a partir de outubro de 2008”, garante Olmes Berriel filho, diretor geral da Perceptron, pequeno provedor situado em São Paulo e operacional desde 1994.

Outra questão problemática é a dependência das conexões das grandes operadoras. Um problema que gerou protestos e a proposta de um novo marco regulatório para a internet local por parte da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Internet), visando o estímulo da competição entre as telcos. O resultado foi levado primeiro ao conselho diretor da Anatel e será levado a uma consulta pública para entrar em vigor no primeiro semestre de 2010.

Entre as mudanças requisitadas, estão a garantia, em contrato, de uma velocidade mínima para a conexão e a facilidade para a entrada de empresas menores no mercado, encarada como uma forma de estimular a concorrência.

Reféns das conexões das grandes operadoras de telecomunicações, os pequenos e médios provedores buscam sobreviver em um cenário pouco favorável, no qual as opções via ADsl e cabo avançam oferecendo banda larga a preços acessíveis. E, pior, a crise também afetou o business

>internet

CLAudIo ferreIrA

Diante do próprio crescimento da oferta de serviços em banda larga por parte das telcos e das operadoras de tevê a cabo aumentam os questionamentos até mesmo quanto a obrigatoriedade, prevista em lei, dos provedores. O presidente da Abrapitt (Associação Brasileira de Pequenos

em busca da sobrevivência

A posição da Abranet, por meio de seu presidente Eduardo Parajo, quanto ao projeto alardeado pelo Governo Federal de oferecer banda larga com acesso universal, é de expectativa. “Estamos ansiosos em poder colaborar ativamente neste processo, visto

que nós estamos nas localidades e o atendimento local será fundamental neste processo. Estamos aguardando o Governo para apresentarmos nossas ideias e propostas de colaboração neste processo, que deve contemplar a participação de todos”, revelou.

Banda larga Federal

Isto abriria espaço para a sobrevivência dos 1,7 mil provedores instalados no País, dos quais 1,4 mil na categoria de pequenas operadoras e provedoras de acesso – notadamente em regiões remotas – e as demais 300 empresas fornecedoras de acesso ou provedores de serviço adicionado.

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D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 | T I I n s I D E 3 5

“Existem oportunidades para os pequenos e médios provedores, eles conquistam espaço por atuar localmente e oferecer atendimento diferenciado, coisa que as grandes operadoras jamais conseguiram fazer adequadamente”eduArdo PArAJo, dA ABrANeT

em busca da sobrevivência

Provedores de Internet e Telecomunicações), Ricardo Sanchez, argumenta que é ponto pacífico a sua necessidade concorrencial e mesmo do ponto de vista técnico.

No altar ou na lei?Questionado se existe um

casamento possível entre as telcos e os provedores, Eduardo Parajo, presidente da Abranet, tenta enxergar algo possível, mas desfia críticas. “Entendemos que existe mercado para todos, e que nós exercemos uma função de extrema importância para a grande operadora: justamente a de estar próximo ao cliente e dar um ótimo atendimento. Infelizmente elas não enxergam desta maneira, e sempre tentam passar por cima de nós ou acabar com a gente. Porém, felizmente, mostramos ao cliente um serviço diferenciado”, conclui.

Em paralelo, o acesso discado cai enquanto os usuários de banda larga avançam. Nos grandes provedores, como o UOL, mais de 75% dos assinantes são de banda larga. Porém, esse tipo de acesso está nas mãos das operadoras de cabo, que não fazem acordo com os provedores, ou das operadoras que draconianamente cobram o que desejam.

Esse cenário fez com que os provedores de acesso buscassem a diversificação de serviços – como hosting, e-mail, segurança e armazenamento – ou a proposta de um suporte com relacionamento personalizado como melhor resposta. “O provedor que ficar restrito ao acesso, mesmo que em parceria com uma Telefônica ou Brasil Telecom, vai acabar mesmo. Esse é o business das telcos. Os consumidores perdem porque a concorrência diminui e os provedores precisam buscar outros caminhos. A minha estratégia é oferecer webhosting (veja mais no Box: Enquanto isso...) e ter um serviço diferenciado, eu coloco a mão na massa e resolvo”, garante Berriel Filho.

Nas cidades de menor porte e no interior dos estados o mercado para os provedores ainda tem uma certa proteção, pela baixa ou inexistente presença do ADSL ou mesmo cabo. “Existem oportunidades para os pequenos e médios provedores, eles conquistam espaço por atuar localmente e oferecem um atendimento diferenciado, coisa que

as grandes operadoras jamais conseguiram fazer adequadamente”, garante Parajo, da Abranet.

Saída pela...Algo que não é tão fácil nas

grandes cidades. “A concorrência é realmente grande, pois é lá que as grandes empresas de telecom têm focado seus esforços. No entanto, mesmo com toda esta concorrência, existe espaço para os provedores pela diferenciação de seu atendimento, além da oferta de outros serviços”, explica Parajo.

Otimista, o presidente da entidade vê perspectivas boas para 2010. “Sabemos que muitas pessoas querem entrar na internet e isso é animador, mas também sabemos que temos grandes desafios,

F alando em webhosting, negócio que a pequena Perceptron quer enfatizar, a gigante Locaweb exibe números extremamente positivos. Segundo relatório da HostMapper Brasil, que apresenta bimestralmente o panorama do

mercado brasileiro de shared hosting, a Locaweb segue líder em serviços hospedados de TI, mantendo a primeira colocação no mercado, com 22,45% de share em novembro de 2009.

Segundo a Locaweb, o resultado reflete os investimentos feitos pela empresa para se antecipar às necessidades dos clientes. “Nossa prioridade é acompanhar o tempo todo o que eles realmente precisam e oferecer soluções de ponta, aliada à praticidade e a um custo acessível”, enumera Gilberto Mautner, presidente da Locaweb.

Atualmente a companhia conta com mais de 422 mil domínios registrados em seus servidores e, recentemente, a empresa anunciou investimentos de R$ 35 milhões para ampliar sua estrutura e melhorar seus serviços. O montante inclui parte dos custos para a construção de um novo data center – que terá capacidade para abrigar até 25 mil servidores quando o projeto for concluído; sua nova unidade de outsourcing; e novas ofertas de cloud computing.

enquanTo ISSo...

principalmente relacionados à infraestrutura de telecom no Brasil. Para que mais pessoas possam acessar a web, temos de ter disponibilidade de infra-estrutura e preços mais competitivos”, aponta.

Isso pode ou deve se traduzir em concorrência, com mais competidores no mercado de telcos. Um ambiente que poderia estimular os players a disputarem o cliente, oferecendo condições comerciais e técnicas mais atraentes para os usuários e provedores. “É óbvio que também temos de tocar nas questões de impostos sobre os serviços, que são extremamente elevados. Porém acho que existe uma disposição do Governo em dar prioridade à questão da banda larga (veja mais no Box: Banda larga federal) e isso é muito bom. Esperamos que as ações em prol da expansão da internet e, conseqüentemente, da banda larga em nosso País realmente se concretizem. Os provedores com certeza estarão prontos para atender à demanda de usuários e prestar serviços de qualidade”, finaliza.

Já Berriel Filho, se confessa cautelosamente otimista. “Acredito que a economia se mostrou sólida este ano, mesmo com todos os problemas, e isso garante uma certa esperança. A web ainda tem muito para crescer no Brasil, principalmente acoplado de serviços móveis. E temos uma base sólida e importante, com as iniciativas da Abranet e a gestão do Nic,BR, por exemplo”, assegura.

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>internet

Congresso Web2Expo aponta as redes colaborativas, a mobilidade e a evolução dos sistemas de busca como as grandes forças motrizes da internet nos próximos anos

>internet

ANdré MerMeLSTeIN, de NoVA york

Para onde caminha a web? Pelo que se ouviu nas palestras e debates do Web2Expo, um dos principais eventos de Internet mundiais, que

aconteceu em Nova York em novembro, a rede será cada vez mais colaborativa, móvel e baseada em sistemas de busca.

Colaboração é o tema da vez. E não apenas nas redes sociais, como Orkut (que aliás não foi citado uma única vez), Facebook, Twitter etc, mas nos sites das grandes empresas e marcas e até dentro das corporações. A ideia é explorar cada vez mais o “crowdsourcing”, a inteligência coletiva, para solucionar problemas e, porque não, gerar receitas.

Quem melhor ilustrou as vantagens das empresas em adotarem as técnicas colaborativas foi Sanjay Dholakya, chief marketing officer da Lithium, empresa que presta consultoria em redes sociais para empresas como AT&T, Verizon, Barnes&Noble, Linksys, Intel e outras gigantes.

Segundo ele, 66% dos internautas do mundo entraram em redes sociais no último ano. E, ao contrário do que se possa pensar, não são apenas adolescentes que as utilizam. No Facebook, por exemplo, 58% dos usuários têm mais de 35 anos, conta Dholakya. Mais: 25% das buscas feitas em mecanismos como o Google caem em conteúdos gerados pelos usuários, como a Wikipedia.

E o que as pessoas discutem? “Muitas das conversas são sobre as

os caminhos da web

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Muitas das conversas são sobre as empresas, seus produtos. Então estas empresas têm que escolher: estamos nisso ou não?”SANJAy dhoLAkyA, dA offICer dA LIThIuM

os caminhos da web

empresas, seus produtos. Então estas empresas têm que escolher: estamos nisso ou não?”, diz.

Ele então relata casos de empresas que entenderam e souberam usar a inteligência coletiva a seu favor. “É difícil convencer a alta direção a entrar neste mundo, mas o que os convence é o ROI (retorno sobre investimento) que se pode ter com estas ações”, conta. Este retorno pode vir em economias com marketing e atendimento ao cliente e até aumento nas vendas, como foi o caso do aspirador automático iRobot. “A comunidade sugeriu ao fabricante que permitisse a personalização do aspirador, para que fosse como uma espécie de animal de estimação. A empresa fez, e a versão personalizada vendeu US$ 50 milhões”, relata Dholakya. Há também efeitos colaterais: uma comunidade ativa falando sobre uma empresa aumenta consideravelmente seus resultados em sites de busca.

Outro efeito é na economia de atendimentos em call center. Dholakya conta que a Linksys economizou em um ano US$ 20 milhões em chamadas, e a comunidade da HP respondeu a 20 milhões de perguntas de usuários no último ano, aliviando a central de atendimento da fabricante.

Dholakya recomenda às empresas que observem de perto quem são os colaboradores de seus sites. “A colaboração obedece à regra do 90-9-1, ou seja, 90% dos usuários não escrevem quase nunca, 9% escrevem de vez em quando e 1% escreve a maior parte dos comentários”, diz. Ele indica que a empresa conheça estes superusuários, acompanhe-os e cuide para que não se afastem da comunidade. “Calculamos que um usuários destes pode valer até US$ 50 mil por ano para a empresa”, conta. Mas ele também recomenda que não se pague a blogueiros ou internautas por sua colaboração. “A comunidade percebe rapidamente que alguém está sendo pago para falar, e a comunidade perde credibilidade e portanto usuários”, afirma.

CustosMas nem tudo é tão lindo quando

se fala em abrir o site de uma

empresa tradicional para a colaboração dos usuários. “Os custos ocultos dos sites sociais” foi o tema da apresentação de Ron Surfield, diretor de eMarketing da Turner dos EUA, no evento em Nova York. Ele é responsável por sites como os da CNN e do Cartoon Network nos EUA.

“Todo o mundo acha que esse conteúdo (dos usuários) é gratuito, mas não é”, explicou Surfield. Ele diz que há vantagens em um site tornar-se “social”, mas que isso não vem de graça. “Há custos de software, como filtros anti-spam, custos de moderadores, para evitar discussões muito acaloradas ou que fujam demais dos tópicos, custos de

armazenamento e banda etc”. Ele conta que contratar um

moderador nos EUA (com alguma formação editorial) custa de US$ 30 mil a US$ 60 mil por ano. “Uma equipe destas pode custar meio milhão de dólares ao ano. É melhor investir nisso ou em mais jornalistas? É uma pergunta que temos que fazer”, colocou Surfield.

Por outro lado, ele aponta que o conteúdo gerado pelo usuário pode ser também lucrativo, pois aumenta o engajamento dos leitores e o tráfego no site. “Podemos colocar anúncios nos e-mails de notificação, criar novos formatos para colocar publicidade em cima destes conteúdos”, diz.

Mas para isso acontecer, lembra, os custos devem ser controlado, e deve-se cuidar para que a identidade da marca não sofra e não haja perda de outros usuários, mais antigos.

Uma das soluções que Turner encontrou para controlar os custos e os rumos de seus sites colaborativos

foi criar um conselho de usuários. Ele gerencia eventuais problemas e funciona como um focus group informal para a empresa.

Outro contraponto interessante às “maravilhas” da colaboração veio do escritor Douglas Rushkoff, autor do livro “Life, Inc”, em que fala sobre o poder das corporações na vida cotidiana. Para ele, o uso da colaboração dos usuários pelas grandes empresas nada mais é que uma forma das corporações fazerem as pessoas trabalharem para elas de graça, lucrando com isso e ainda parecendo transparentes e abertas.

ameaçasO tom de alerta da conferência

veio do organizador do evento, o publisher e guru da Internet Tim O’Reilly, criador entre outras coisas da expressão Web 2.0.

“A web parece estar voltando aos dias em que o usuário tinha que escolher entre o Explorer e o Netscape

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de acordo com o site que queria visitar”, disse O’Reilly. Ele aponta um sectarismo que começa a aparecer no mundo online, com exemplos como o de Rupert Murdoch, ao afirmar que tiraria os artigos do Wall Street Journal da indexação do Google, ou as plataformas proprietárias de telefones celulares e as plataformas de desenvolvimento de aplicativos de empresas como Amazon, Microsoft e Google.

O’Reilly diz que quando cunhou a expressão Web 2.0 pensava em um sistema operacional online, aberto a todas as aplicações. Mas o que vê hoje são serviços como o Google Maps Navigation, que só pode rodar em celulares com sistema Android,

porque a Apple bloqueou nos iPhones a função de ativação por voz.

“Se a Internet está virando um sistema operacional, ele será aberto ou proprietário?”, questiona. E deixa a dica: “Toda vez que o Google pensou no benefício do usuário, criando aplicações como Docs e Spreadsheets, se deu bem. Mas quando criam pensando em prejudicar os concorrentes, se dão mal”, diz.

Governo digitalOutro tema central do Web2Expo

foi o Governo 2.0, assunto que ganhou força nos EUA a partir da eleição de Barack Obama à presidência dos EUA.

A CTO da Casa Branca, Beth Noveck, falou sobre as ações do governo norte-americano para dar transparência às ações e buscar a colaboração da sociedade. “O governo Obama está 150% comprometido com estas atitudes”, disse Beth.

Ela ressaltou que o maior sucesso até agora é a mudança nas mentalidades das diversas instâncias de governo em temas como abertura de informações on-line e colaboração.

“Não é só criar um blog ou um wiki, mas uma nova forma de pensar a administração. Vamos consultar as pessoas sobre como fazer as coisas. Temos que acabar com a presença dos lobbys nos conselhos das agências. Vamos criar redes de especialistas em vários assuntos e consultá-los permanentemente para orientar a criação de políticas”, disse.

A mudança, explica, começa com os próprios funcionários da administração federal, que estão sendo cada vez mais consultados sobre como economizar recursos ou ser mais “verdes”.

“Nossa ideia é substituir os think tanks (organizações de lobby, em geral conservadores) por do tanks, conselhos de pessoas que conhecem bem suas áreas”, continuou Beth.

Um dos principais temas da conferência foram os mecanismos de busca e as

mudanças pelas quais vêm passando, seja a verticalização ou a busca em tempo real. A especialista em Search Engine Otimization (técnicas para melhorar a performance de um site nos mecanismos de busca) Vanessa Fox mostrou algumas mudanças que ocorrem no panorama das buscas, que segundo ela hoje vão muito além do texto. “O YouTube já é o segundo mecanismo de busca mais usado da web, depois do Google”, exemplifica.

Ela aponta como tendência o uso cada vez maior de dispositivos móveis nas buscas, integrada a serviços de localização. “Começam a aparecer buscadores verticais, dedicados a um determinado uso. Por exemplo, o UrbanSpoon, para iPhone, só busca restaurantes, e reconhece a sua localização. Para quem quer achar um restaurante, é mais prático que o Google”, conta.

Outra tendência é o Real Time Search. Mecanismos tradicionais como o Google não faziam, até agora, buscas em acontecimentos muito recentes, que estão em andamento. O Google, por exemplo, chegou a bloquear buscas sobre Michael Jackson quando o cantor morreu, pois seus algoritmos pensavam tratar-se de um ataque, pelo volume de buscas. No começo de dezembro, a empresa anunciou que passará a fazer este tipo de busca.

Outra tendência é a busca em redes sociais, como o Facebook e o Twitter. Afinal, é ali que estão hoje informações relevantes sobre os mais diversos temas, pois são “filtradas” pela comunidade de amigos e pessoas próximas ao usuário.

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“se a Internet está virando um sistema

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