revista sarmento 60 anos

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Page 1: Revista Sarmento 60 anos
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Como se isso me fizesse es-capar dos pingos da chuva que se inicia. Menos tempo na chuva, pode ser ilusório, mas tenho a impressão de que ficarei menos molhado, de que chegarei menos ensopado. Com o canto do olho observo o senhor que com a mangueira termina de limpar a calçada, mesmo sabendo que a chuva há de modificar todo o cenário nos próximos instantes. Ou vai trazer de volta toda a sujeira que ele está tirando ou vai lavar outra vez o que ele acabou de lavar. A água que cai do céu cai purinha, purinha, é o que penso enquanto corro dela. A água que cai do céu. Lembro-me do livro da Camille Paglia em que ela afirmava, ou pelo menos foi o que me recordo de ter dali subtraído, que o homem havia optado por viver em grupo por temor aos fenômenos naturais: chu-vas, clima, terremotos etc. Foi preciso se unir contra as forças da natureza. As forças amorais na natureza. Quando passa um furacão levando tudo, bons ou os maus, estão todos ameaçados. Quando chove muito e tudo começa a inundar, anjos e demônios poderão estar, em breve, igualmente submersos. Quando a água falta, senhores e escravos mor-rem da mesma sede. Há forças mais poderosas que a maldade humana.

Os destinos turísticos são, em sua maioria, lugares interessantes por causa da água. Praias, lagos, rios, cachoeiras: somos naturalmente atraídos pela água. A simples vista para o mar ou rio já torna um ambiente mais interessante. Parece óbvio o que digo mas se levarmos em conta que grande parte do planeta é to-mado por água isso passa a ser, sim, digno de nota: vivemos em meio a tanta água e ainda somos tão fascinados por ela! Nosso or-ganismo é também, em sua maior porção, água. Somos água, viemos da água, para a água voltaremos e, enquanto tivermos como aproveitar a vida, queremos fazê-lo perto de alguma fonte de água límpida, na beira de um rio ou mar. Navegan-do, que seja. Queremos água. Vivemos, porém, sob o aler-ta de que a água pode acabar. É preciso economizar. Parece absurdo pois a água é absolutamente in-destrutível!

Editorial

Derneval JúniorDiretor executivo

Devagar se vai ao longe...

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Em entrevista dada pelo médico Drauzio Var-ella, disse ele que a gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos que absoluta-mente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimen-tos mínimos, somos capazes

de passar um dia inteiro de cara amarrada. E aí ele deu um exemplo trivial, que ac-ontece todo dia na vida da É quando um vizinho estaciona o carro muito en-costado ao seu na garagem (ou pode ser na vaga do es-tacionamento do shopping).

Em vez de simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resta do seu dia. Eu acho que esta história de dois carros al-inhados, impedindo a ab-

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“Nós fazemos acordados o que fazemos nos

sonhos: primeiro inventamos e imaginamos

o negócio que queremos para nos apaixonar-

mos por ele em seguida.”

Empreendedorismo e estratégia nos 60 anos da história da sarmento.

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ertura da porta do motor-ista, é um bom exemplo do que torna a vida de algu-mas pessoas melhor, e de outras, pior. Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende por que eles parecem ser tão mais feliz-es. Será que nada dá errado pra eles? Dá aos montes. Só que, para eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença. O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que “audácia” contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fin-cam o pé, compram briga e não deixam barato. Alguém aí falou em com-plexo de perseguição? Jus-tamente. O mundo versus eles. Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também. É incômodo, tem um freio de mão no meio do camin-

hoje mas é um problema solúvel. E como esse, maio-ria dos nossos problemoes podem ser resolvido as-sim, rapidinho. Basta mtele fonema, um e-mail,um pedido de descul-pas, um deixar bara-to. Eu ando deixando de graça... Pra ser sincero, vinte e qua-tro horas têm sido pouco prá tudo o que et enho que fazer, então não vou perder ainda mais tem-po ficando mal humo rado.

Se eu procurar, vou encon-trar dezenas de situações ir-ritantes e gente idem; pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a “porta do lado” e vou tra-tar do que é importante de

fato. Eis a chave do misté-rio, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão por que parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado.” Quando os desac-ertos da vida ameaçarem o seu bom humor, não es-trague o seu dia... Use a porta do lado e mantenha a sua harmonia.O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que “audácia” contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fin-cam o pé, compram briga e não deixam barato. O que não falta neste mundo.

“Use a porta do lado e mantenha a

sua harmonia. Lembre-se, o humor

é contagiante”

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Os Desafios do mercado na era das compras 2.0

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Como a redes sociais revolucionaram as formas de interação entre cliente e a empresa do século 21.

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Lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições. Morre lenta-mente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no super-mercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entreteni-mento, mas que não deve-ria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto es-paço em uma vida. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções

indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sen-timentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no tra-balho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se per-mite, uma vez na vida, fu-gir dos conselhos sensatos. Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar

lentamente uma boa parce-la da população. Morre lentamente quem passa os dias queix-ando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistin-do de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntan-do sobre um assunto que desconhece e não respon-dendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreina-dos para percorrer o pouco tempo restante. Que aman-hã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sem-pre que estar vivo exige um esforço.maior do que sim-plesmente respirar.

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