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Caderno Especial publicado em Julho de 2007 em comemoração aos 60 anos do Jornal Correio do Norte

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60 anos,60 imagens

Nasce o Correio do Norte

Fruto de disputas políticas, o Correio do Norte imprimiu sua primeira edição em 29 de maio de 1947. A cidade

vivia a efervescência cultural dos cinemas e clubes, a in-

dústria madeireira estava no seu auge, poucos automóveis dividiam espaço com muitas carroças nas ruas de chão ba-tido. Era o tempo da Lumber

e suas muitas inovações no cotidiano da população. Era o tempo de mentes brilhan-tes como a do primeiro pro-

prietário do jornal, Aroldo Carvalho, além de Benedito

Therézio de Carvalho Ju-nior, Silvio Alfredo Mayer, Guilherme Varela, Agenor Gomes e tantos outros que

estiveram envolvidos com a fundação do CN.

Ao longo desses 60 anos, vários foram os colabora-dores que passaram pelo jornal. Todos cumprindo

com maestria a missão que se imputou ao CN desde seu nascimento – informar com responsabilidade, retratando

os fatos que mexem com o cotidiano da região.

A imagem da edição n.° 01 do CN abre esta publicação

especial que resgata 60 anos da história de Canoinhas e

região por meio de imagens inesquecíveis.

19471947

60 anos,60 imagens A tragédia de Valinhos

A noite de 16 de maio de 1948 foi de horror na localidade de Valinhos, interior de Canoinhas. Um tornado devastador passou pela localidade matando 23 pessoas e fazendo mais de 80 fe-

ridos. O fenômeno durou menos de cinco minutos. Destruiu es-cola, igreja, serraria,

arremessou veículos e madeira por centenas

de metros. Árvores arrancadas com raiz e

tudo foram arremes-sadas sobre casas e

pessoas; as que fica-ram de pé, perderam todos os galhos e até

mesmo as cascas. Há registros de que

mais de três mil pes-soas entre voluntários

e curiosos passaram pelo local depois da

tragédia.

A comunidade canoinhense estava em polvorosa no dia 25 de agosto de 1948. Entrava no ar a primeira rádio da cidade. A Rádio Canoi-nhas, de propriedade dos irmãos Álvaro e Manoel Machuca transmi-tia ao vivo, direto da sede da emis-sora, uma programação variada e com forte apelo popular, se colo-cando como principal diversão dos canoinhenses.Hoje, a Rádio Clube de Canoinhas faz parte da OCC – Organização Cubas de Comunicação, de pro-priedade de Joselde Cubas Batista.

Entra no ar a primeira rádio de Canoinhas

1948

1948

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1949

1949

O quartel do 3.º Batalhão de Polícia Militar foi construído em 1949. Muito além de um prédio, trouxe a Canoinhas a centralização dos serviços da PM na região.

... Favorino de Amorim

O problema maior do BPM (Batalhão de Polícia Militar), no entanto, era a violência crescente no interior. As ocorrências (policiais) mais comuns envolviam brigas

entre fazendeiros, quase todas por terras. Os pistoleiros eram personagens comuns no interior. “Eram pistoleiros por dois motivos – aqueles que matavam para se defender e aqueles que matavam por dinheiro, os mercenários”, conta.O fato de o interior ser um território cheio de regiões inóspitas, distante do BPM, que por sua vez contava com veículos frágeis para perseguir bandido, o tornava uma terra sem leis, ou me-lhor, onde os bandidos faziam as leis. A maior dificuldade da Polícia era receber denúncias. Ninguém se encorajava a denunciar bandido, por medo ou prudência.Quando a Polícia chegava no local de determinado crime, o assassino já estava quilômetros à frente, embrenhado na mata fechada. A resistência proporcionada pelo tra-balho pesado na roça, os mantinha por dias na mata.“Naquela época todo mundo conhecia os bandidos, a Polícia sabia com quem lidava; hoje, os bandidos convi-vem com a Polícia, aparentam ser nossos amigos, aqui mesmo no centro da cidade”, compara lembrando pistoleiros históricos como Odorico Tamanqueira e os da família Pires.

3.° BPM

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O primeiro e único hospital de Canoinhas até nossos dias, o Hospital Santa Cruz foi funda-do em 17 de julho de 1936. A inauguração do primeiro pavilhão do novo edifício do Hospi-tal Santa Cruz, no entanto, ocorreu em 5 de novembro de 1950.

1950

1950

Uma conquista para o HSC

... Adair Dittrich

Canoinhas já teve algum herói? Eis uma pergunta capciosa, difícil de responder se levarmos em conta o

quão escassa é a memória do município. Podemos não ter heróis instituídos, mas que existem pessoas que se encaixam muito bem no perfil, isso existem.Uma dessas pessoas poderiam muito bem ser Thereza Gobbi, avó de Adair Dittrich.“A nona morava em Curitiba, trabalhando com cozinha. Quando se iniciaram as obras de construção da estrada de ferro que ligaria Curitiba ao Rio Grande do Sul, minha nona resolveu se aventurar com meu nono (Pedro) na empreitada, cozinhando para os homens que construiriam a estrada”, relembra Adair.Essa empreitada acabou se fixando em Marcílio Dias, então conhecida como Estação Canoinhas. Em Marcílio Dias, Thereza e Pedro constru-íram um restaurante (o prédio ainda está lá) no terreno da Estação Ferroviária. “Ali funcionavam um salão de refeições, um bar e um café. Minha nona chegou a servir mais de 100 pessoas em um só dia em seu restaurante”, conta.Adair diz que é impossível não lembrar do tio Pedro Gobbi. “Ele era muito humanitário, capaz de tirar sua roupa para cobrir alguém com frio”. Adair conta que certa vez um homem caiu do trem e teve sua perna amputada. Para isso precisou viajar de trem de Canoinhas a Curitiba para encontrar o hospital mais próximo. Isso chocou Pedro que começou a lutar pela criação de um hospital em Canoinhas. No entanto, morreu antes de ver o sonho concretizado. Thereza prometeu tornar realidade o sonho do filho e para isso foi à luta. Organizou rifas, bingos, festas onde cozinhava em favor da causa além de ter pedido dinheiro a seus compatriotas, italianos que moravam em São Paulo. Cinco anos depois da morte de Pedro, em 1937, o Hospital Santa Cruz, enfim, foi inaugurado.“Mas como vamos mantê-lo”, foi a pertinente pergunta feita pelo Dr. Osvaldo de Oliveira, um dos primeiros médicos de Canoi-nhas e entusiastas do Hospital. Ao que Tereza respondia otimista – “Não se preocupe, nós damos um jeito”.Assim, com inúmeras dificuldades, Tereza administrou os primeiros anos do HSC, vendeu todas as suas jóias, herança da famí-lia italiana, para pagar dívidas do Santa Cruz e hoje é lembrada pelo nome da UTI do HSC.

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1951

1951

De mocinha a vilã, a Lumber, maior madeireira já montada no Brasil, esvaiu-se na sua própria ganância em 1950, quando foi nacionalizada e passou a fazer parte dos empreendimentos geridos pela Superintendência das Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional. O órgão era direta-mente vinculado ao gabinete da presidência da República. Com a posse do Getúlio Vargas e o início da escassez da madeira na região, a Lumber demitiu num primeiro momento mais de 100 operários. Em 1.º de dezembro de 1951, foi criado o Campo de Manobras do Exército (Campo de Instruções Marechal Hermes) nos terrenos da Lumber, que vão de Três Barras a Papanduva.

O fantasma Lumber

... Orlando Stein

Progresso e devastação - Essas duas palavras tradu- zem exatamente o que significou a Lumber para a região em 32 anos (1910-1942) nas mãos dos norte-

-americanos. Nos quatro anos em que trabalhou na madei-reira, Orlando se recorda dos dias passados nos acampa-mentos da Lumber. “De lá só saíamos quando a madeira acabasse. Se alguém morresse, era jogado em cima do trem e a família tinha de esperar o corte acabar para rece-ber o corpo do defunto”, recorda. Orlando conta que esses acampamentos funcionavam da seguinte forma: Espécies de contêineres eram deslocados, por meio de trens, de um acampamento para outro. Quando os funcionários iam para localidades muito distantes desses contêineres, voltavam por meio de pequenos vagonetes, movidos a muque. Sem outra opção, os operários exaustos se submetiam ao perigo de um trem vir na contramão e amassá-los como papel. “Por isso, precisávamos ser rápidos”. Entre os trens a comunicação funcionava por meio de telefones. “A cada 10 quilômetros existia um telefone”, conta. Não podia haver falha nessa co-municação, já que isso poderia causar um desastre catastró-fico com a colisão entre trens.

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1951

1951

O Cine Teatro Vera Cruz, dentre os muitos cinemas particulares ou de clubes que surgiram desde o início do século 20, foi o mais comercial de Canoinhas. Foi inaugurado em 1951 com o filme A Sombra da Outra e fechado em meados da década de 1970. Atualmente, uma danceteria funciona no prédio.

Sonhos na tela

O que mudou nos últimos anos em Canoinhas? “Muita coisa”, concorda o casal. Kaissar e

Magdalena Sakr têm sua casa na rua Vidal Ramos, que era de chão batido na década de 1950. “A praça Lauro Müller era o centro da cidade e onde hoje é a Clínica da Mulher e da Criança era a cole-toria estadual. A diversão dos jovens e até dos mais velhos no final de semana, era ir ao cinema que funcionava aos domingos onde hoje é a danceteria Cine Pop Dance”, lembra Magdalena. A praça Lauro Müller já não é mais a vedete do centro da cidade, a coletoria virou exatoria e mudou de endereço e o cinema deu espaço ao vazio das tardes de domingo no calçadão da Francisco de Paula Pereira. “Os jovens de hoje querem diversão imediata, ao ar livre sem se prender a luga-res fechados como cinemas”, lamenta Magdalena.

... Kaissar e Magdalena Sakr

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Ederson Mota

A Lumber tem significado muito especial para Ederson, afinal foi a madeireira norte-americana que trouxe sua família para a região. “A Guerra do Contestado (1912-1915) foi fichinha perto

do êxodo provocado pela queda da Lumber”, comenta, se referindo ao impacto provocado pela intervenção do governo na empresa. Antes, po-rém, a região respirava cultura. “A Lumber trouxe para nós, evolução cultural. Tudo que era moda nos EUA vinha para cá. Tínhamos um cinema no meio da floresta. Sofremos influências nos costumes, no vestuário, na música, sem falar no Hospital que eles construíram em Três Barras. Igual aquele, somente em São Paulo e Rio de Janeiro”, explica.Ederson conta que em 1911, a Lumber conseguiu concessão para ex-plorar a região. Seu avô lhe contou que o material para montar a empre-sa veio dos EUA, pelo mar. Do porto, vinha em pequenas embarcações pelo rio Negro. Atrás do lendário Clube do Bolinha, em Três Barras, a empresa improvisou um pequeno porto, onde recebia os módulos e, aos poucos, ia construindo a linha férrea que levava o material até o local de instalação da Lumber.Esse longo e árduo trabalho rendeu muito dinheiro para os norte-ameri-canos. Mais ainda para o Paraná. “Os paranaenses levaram a maior parte dos impostos. Santa Catarina ficou apenas com o ônus”, opina. Apaixonado por educação, Ederson lamenta a lacuna deixada pela Lumber nesse aspecto. “Não era interessante para eles educar mão-de-obra”. Dessa forma, se estabeleceu na região, o que o professor chama de “um regime medieval de ensino”. A família Porta, por exemplo, que veio da Itália para se estabelecer no Rio do Pinho, contratou uma profes-sora italiana para educar suas crianças. Existiam escolas alemãs, polonesas, ucranianas, enfim, cada origem estava representada por sua escola.Essa forma de educar perdurou até a década de 1940, quando durante a 2.ª Guerra Mundial era proibido se falar línguas

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Empresa Compensados e Laminados Lavrasul, do Grupo Zugman, iniciou suas atividades em Canoinhas em 1952, destacando-se como uma das maiores empresas brasileiras na exportação de madeira. À época chamava-se Indústria e Comércio Irmãos Zugman.Sua linha produtiva engloba hoje compensados, painéis, molduras e outros derivados de madei-ra. Suas unidades de produção estão localizadas em Canoinhas, Timbó Grande, Palmas-PR e Ananindeua-PA. Os compensados Lavrasul são exportados para mais de 50 países. Em Canoinhas, emprega hoje cerca de 700 funcionários.

Os Zugman e sua madeireira19

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Acácio Pereira

Embora ocorresse entre as décadas de 1930 e 1960, o florescimento de algumas indústrias em outros ramos como cervejarias,

fábricas de refrigerantes, tecelagem, fábricas de gomalaca (matéria-prima base para produzir ver-niz), de cafeína e de gasogênio, o que realmente alavancou Canoinhas foi a extração de erva-mate e madeira.Especificamente na extração da madeira, a grande Canoinhas – que agregava também Papanduva, Monte Castelo, Major Vieira, Três Barras e Bela Vista do Toldo – teve um período épico a partir do fim da Guerra do Contestado, já que era uma região rica em florestas de árvores apropriáveis para a indústria extrativa como pinheiros, imbuias, cedros, canelas e outras.Pela década de 1940 existiam em Canoinhas cerca de 200 serrarias.Naquela época, as serrarias empregavam, pelo me-nos, seis mil operários, o que garantia o sustento de muitas famílias.“Como era bonito ver o movimento na estação ferroviária quando a Rede Ferroviária Federal encostava 20 ou 30 vagões para transportar ma-deira, visto que todo o transporte para Joinville e São Francisco do Sul era feito por este meio, de lá partindo para exportação”, conta Acácio.

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... Hildegard Thiem

A praça Lauro Muller era um descampado por volta de 1940, quando o prefeito Alinor Vieira Côrte começou a arborizar o local que era usado

para a instalação de parques e circos mambembes. Nas imediações havia correios, Hotel Wagner, açougue, ferraria e onde está o prédio desativado da Procopiak funcionava a Sociedade de Ginástica, comandada por alemães.Ativos, os alemães organizavam grandes apresentações de seus ginastas. “Não esqueço de certa vez, quando eles fizeram uma passeata com tochas à noite. Como a luz era fraca, impressionava o fogo das tochas”, recorda. Os alemães se apresentaram muitas vezes na antiga sede da Sociedade Beneficente Operária, que acabou queimada, onde está hoje a nova sede da Sociedade.A Fundação Municipal de Cultura de hoje, já foi prefeitura e Câmara dos Vereadores. A prefeitura, aliás, inicialmen-te, era onde está o Fórum da Comarca. Onde hoje está a Farmácia Hesse, funcionava o Cine Castelans, transfor-mado depois em Pista de Patinação.Ao lado, ficava o prédio da Canoinhas Força e Luz e onde hoje é o prédio do INSS, havia um paiol de erva--mate.Dessa época, até hoje, as únicas famílias que continu-am morando na rua são, além dos Thiem, os Machado, Scholze e Seleme.

SBO em chamasUm dos mais chocantes incêndios da história de Canoinhas aconteceu em 12 de maio de 1952. Em poucos minutos o prédio da Sociedade Beneficente Operária (SBO) foi consumido pelo fogo. Um esforço coletivo de entidades e particulares reergueu o prédio existente até hoje.

1952

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Um dos brasileiros mais ilustres, o então candidato à presidência da República Juscelino Ku-bitschek, esteve em Canoinhas em junho de 1955. Recebido com festa, Juscelino esbanjou

simpatia a centenas de canoinhenses que acompanharam sua visita.

Visita histórica

1955

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Pela primeira vez na história um canoinhense nato ocupa um cargo

no primeiro escalão do gover-no estadual. Aroldo Carneiro de Carvalho, aos 33 anos, assumiu

a Secretaria Estadual de Viação e Obras Públicas em 1954.

Embora indo residir em Florianó-polis, Carvalho continuou como

diretor do CN. Sua carreira políti-ca, dali pra frente, foi prodigiosa.

Eleito por duas vezes deputado fe-deral, o fundador do CN cumpriu

ainda um mandato como deputado estadual e foi secretário de Estado

do Interior e da Justiça.

Canoinhense no poder

1954

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RigesaA Rigesa S.A. chegou a Três Barras em 1956. Projetos de reflorestamento foram iniciados e

cerca de mil hectares de terras foram compradas como meta de fornecer matéria-prima à futura fábrica de papel e celulose. Após várias pesquisas de adaptação de espécies de árvores coníferas,

essas áreas logo se transformaram em plantações de pinus elliotti e pinus taeda. Os primeiros cortes de árvores eram feitos a machado, pois não haviam motosserras até 1964. Atualmente, a Divisão Florestal da Rigesa conta com mais de 200 funcionários. Seu programa de manejo flo-restal compreende cerca de 53 mil hectares em 17 municípios de Santa Catarina e Paraná, sen-

do aproximadamente 23 mil hectares de áreas de preservação.

1956

1956

... Gebrael El Kouba

Quando cheguei a Três Barras, a Lumber – maior madeireira da

história de Três Barras – já estava em plena decadência, o que provocou uma depressão no comércio que vivia em função dos funcionários da empresa - recorda Gebrael, assinante ininterrupto do CN desde 1951.O crescimento voltou quando a também norte-americana Rigesa começou a plantar pinus no municí-pio, trazendo esperança de empre-gos e desenvolvimento.“O clima favorável e o baixo custo das terras, atraíram a Rigesa para Três Barras”, recorda. A importân-cia da empresa para Três Barras se traduz em dados que indicam, em determinada época, a Rigesa responsável por 90 por cento da arrecadação tresbarrense.

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Em 31 de maio de 1956, um pequeno grupo de empresários canoinhenses decide fundar a As-sociação Comercial e Industrial de Canoinhas (Acic). Um dos primeiros assuntos pautados pela entidade foi a precariedade da Canoinhas Força e Luz, companhia de energia elétrica que era o

terror do empresariado local. O racionamento de energia prejudicava a produção. Boa parte das máquinas era submetida à precariedade das caldeiras. Com o avanço da tecnologia em municípios

vizinhos, o empresariado não se conformava com as restrições que retardavam o crescimento da economia local. Depois de tanta pressão, anos depois, a energia permanente, sem quedas ou perí-

odos de racionamento, enfim, veio.

Acic e a luz

1956

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Fundada em 23 de junho de 1956 por inicia-tiva do Frei Elzeário Schmitt, a Biblioteca Infantil de Canoinhas (BIC) foi um marco

cultural inestimável para a cidade. Sediada em prédio majestoso na rua Getúlio

Vargas, possuía 7 mil livros catalogados e na seção de empréstimos a domicílio registrava

de 200 a 250 saídas por mês. A média mensal de leitores e visitantes era de aproximadamen-

te 600 pessoas, a maioria crianças que cons-truíram seus sonhos a partir das fantásticas

obras literárias da Biblioteca. Ocupava dois pavimentos inteiros, seis salas

e tinha inclusive salão de jogos de mesa, com discoteca infantil, totalizando 247 LPs.

A BIC foi fechada na década de 1970 e o pré-dio destruído anos mais tarde.

A magia da literatura

1956

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Situado no alto da colina de onde se vislumbra uma vista panorâmica da cidade, foi inaugurado pelos irmãos maristas em 1958 o Ginásio Santa Cruz de Canoinhas (hoje E.E.B. Santa Cruz).

Os maristas, liderados pelo incansável irmão Geraldo Luiz, educaram toda uma geração e influen-ciaram decisivamente o sistema de ensino em Canoinhas.

Em 1970 os maristas entregaram o comando do Colégio ao Estado, que o administra até hoje. Na foto, turma de formandos do Santa Cruz de 1963.

A herança dos maristas

Casan e o esgoto que nunca veio19

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58Em 1957, o então secretário de Viação e Obras Aroldo Carneiro de Carvalho anunciou o início das obras para implementação dos serviços de água e es-goto em Canoinhas. Desde então, a Casan cumpriu apenas com a promessa da rede de água; esgoto, só no papel. Na foto, prefeito Alci-des Schumacher assina contrato com a estatal.

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Em 13 de agosto de 1959, um violento vendaval atingiu a localidade de Rio dos Pardos, destruindo tudo por onde passou. Duas famílias foram especialmente atingidas – João Reinert Filho, esposa

e mais quatro filhos morreram nos escombros; Ernesto Paulo perdeu duas filhas. O Hospital Santa Cruz foi insuficiente para abrigar todos os feridos e mortos. A população canoinhense fez um mu-

tirão para ajudar os atingidos pela tragédia. Dezoito pessoas morreram e 45 ficaram feridas.

1959

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Vendaval arrasador

O ano de 1959 marcou a criação do Colégio Comercial de Canoi-

nhas, obra empreendida pela Asso-ciação dos Contabilistas da cidade. No Colégio, era oferecido o curso técnico em Contabilidade. Muitos dos que participaram da fundação

do Colégio Comercial trariam para a cidade, anos depois, um benefí-

cio ainda maior – a Funploc.Na foto, turma de formandos do

Comercial, de 1969.

Colégio Comercial

1959

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1960

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De distritos a municípiosAssembléia Legislativa e Câmara de Vereadores aprovam as emancipações de Três Barras e Ma-jor Vieira, até então distritos de Canoinhas. Na foto, vista aérea de Três Barras.

1961

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O cinqüentenário de Canoinhas foi intensamente comemorado com uma farta verba de cinco mi-lhões de cruzeiros depositados pelo Governo Federal na conta da prefeitura. Um dos fatos mais marcantes da comemoração foi a criação do hino do município. Foram selecionados como vence-dores a letra do Frei Elzeário Shimitt e a música de Helmy Wendt Mayer, usadas oficialmente até

Cinqüentenário com hino

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Ver na tela do cinema as belezas e as potencialidades de Canoinhas parecia um sonho impossí-vel até o ano de 1964. Foi quando por meio da iniciativa do poder público, o canoinhense pode assistir cenas de sua cidade no Cine Vera Cruz, uma das principais atrações da época. A exibição provocou frisson na cidade.

1964

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1962

1962

A cidade que homenageou IrineuIrineópolis, emancipada de Porto União em 1962, foi nomeada como homenagem ao ex-go-

vernador Irineu Bornhausen. Em 2007, um plebiscito deve decidir se a cidade mantém o nome ou muda para Valões, como se chamava quando distrito.

Canoinhas na tela

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A Associação Espírita Lar de Jesus foi fundada com o objetivo de ajudar crianças abandonadas ou vivendo em situação de risco. Em mais de 40 anos de história, o número de adultos que passaram a infância no Lar mantido por voluntários é imensurável.

Um alento às crianças carentes

1964

1964

1965

1965

Quando chovia por mais de um dia em Canoinhas, o gramado do Estádio Alinor Vieira Côrte – que ficava na baixada em frente à Rádio Clube – era tomado pela enchente e a prática do futebol no campo por inúmeras vezes foi cancelada. Por isso, em julho de 1965 autoridades se reuniram e elaboraram um projeto para a construção de um novo estádio. Assim surgiu o Estádio Munici-

pal Benedito Therézio de Carvalho, o Ditão.

O surgimento do DitãoO surgimento do Ditão

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Em agosto de 1965 Canoinhas desfrutou de um cenário puramente europeu. O frio intenso trouxe neve para a cidade, evento raro registrado antes somente em 1912.

Paisagem européia

1965

1965

... Adaltílio Munhoz

Depois do casamento, Adaltílio comprou um terreno na “estrada geral”, termo usado para designar a

rua que dava acesso ao centro de Canoi-nhas. Foi ali que ele construiu um pequeno comércio que ele chama de “bodega” e uma fábrica de erva-mate. “Na época era fácil construir um negócio, não existiam altas taxas de impostos e a erva-mate não exigia altos investimentos, sem contar que tinha muito mate em Canoinhas”, recorda.Na fábrica, Adaltílio chegou a colher e produzir mil arrobas de erva-mate por ano, fora a erva-mate que era comprada para beneficiar. “Entregávamos a nossa produção com uma carroça. Cheguei a ir de Canoinhas até Joinville de carroça para entregar erva”, conta Adaltílio.A maioria dos clientes de Adaltílio era de Canoinhas e Mafra. “Nós ensacávamos a erva-mate e vínhamos comercializar na cidade”, recorda. O preço da erva-mate era bom, embora não existissem cooperativas. “Negociávamos direto com os clientes”, lembra.

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1965

1965

Quarenta e quatro anos depois de sua fundação, o Colégio Sagrado Coração de Jesus, sob co-mando das irmãs franciscanas, enfim, é concluído como o conhecemos hoje. A demora se jus-tifica pelo árduo trabalho das irmãs, que construíram tudo com recursos próprios. O Sagrado é tido como um dos mais importantes ícones da educação canoinhense. Desde 1988 o Colégio é comandado pelo Estado, mas as irmãs continuam proprietárias do prédio.

Colégio Sagrado Coração de Jesus

... Irmã Cármen Welter

Pode existir missão mais nobre do que educar? Com essa pergunta na cabeça, a irmã Cármen Welter, 82 anos, desde 1940 vivendo em Canoinhas, decidiu empreender um dos maiores

desafios de sua vida. Contar em um livro a história dos 85 anos do maior colégio da cidade, o Sagrado Coração de Jesus.Fundado em 1921 pelas irmãs franciscanas, que acabavam de chegar à cidade, o Sagrado já educou mais de 45,3 mil canoinhenses. Os dados coletados por irmã Cármen para estruturar o livro, são exatos. Foram 123 freiras e mais de 600 professores ‘leigos’ (sem formação religiosa). “Foram tantas pessoas que se envolveram e deram tudo de si para a qualidade de ensino deste colégio, que esse esforço só poderia resultar em uma grande história de educação e contribuição para o desenvolvimento da cultura canoinhense”, acredita irmã Cár-men que vai mais longe e afirma ser o Sagrado o grande berço da cultura canoinhense. “O povo de Canoinhas é um povo culto, que busca cultura. Isso se nota em toda a história do livro”. A exatidão das informações contidas no livro Colégio Sagrado Coração de Jesus – 85 anos educando, se deve a um trabalho quase centenário das irmãs franciscanas. Desde que chegaram a Canoinhas, mensalmente, uma delas tem a missão de relatar em uma espécie de diário, os fatos mais importantes do mês. Esses arquivos, que remontam a própria história do município, estão intactos e foram a grande base de irmã Cármen para colocar o projeto do livro em prática. Ajuda o fato de hoje ser a própria irmã Cármen a responsável pelo relato.

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60 anos,60 imagens João Alves

João lembra que o pai lhe contava que as marcas da Guerra do Contestado na localidade estavam por todas as partes. Não foram poucas as vezes que João, ainda criança, parou

para ouvir as histórias que o vizinho, Manoel Teodoro de Souza, conta-va ao pai em longas conversas regadas a chimarrão. Manoel, segundo João, havia sido um dos voluntários do Governo na luta contra os re-beldes. Entre as muitas histórias de Manoel, João recorda que entre os guerrilheiros, um moço conhecido como Pitiguara era o mais temido. João conta que pesquisou para confirmar o que Manoel contava e des-cobriu que Pitiguara é a alcunha de Tertuliano de Albuquerque, capitão do Exército que insurgiu contra o Governo.“Os fanáticos (guerrilheiros) eram capazes de arrancar uma criança dos braços da mãe, jogá-las ao alto e recebê-las na ponta do facão. Às mulheres, o mais comum que acontecia, era cortar-lhes os seios”, recorda entre os mais impressionantes relatos ouvidos de Manoel.O fim da insurreição veio com a fome. “Os jagunços não tinham o que comer, então comiam couro cru. Cintos, cangaias, chegavam até a matar cachorros para comer a carne. Eles chegavam em casas onde os donos já haviam fugido e comiam o pouco que viam pela frente”. Além disso, outro alimento degustado pelos guerrilheiros era o carvão. “Eles queimavam tocos de árvores e comiam o carvão”. O resultado dessa comilança foi prisões de ventre colossais que levaram muitos guerrilheiros à morte até a rendição de toda a tropa.

Emília de Oliveira Gneipel

Por mais que abomine as atrocidades que foram cometidas, tanto pelos guerrilheiros como pelos militares, Emília de Oliveira Gneipel, não pode negar que foi a Guerra do Contestado que motivou a união de

seus pais.Manoel Saturno de Oliveira vivia em Rio Claro-PR. No auge da Guerra do Contestado, o lavrador sofreu um acidente que quase o fez perder o pé – uma calota caiu em seu pé. Manoel tinha 19 anos, no desespero prometeu que se Deus livrasse seu pé, visitaria a Igreja da comunidade de Paciência dos Neves. O pé foi salvo e a promessa cumprida, para logo depois transformar a vida de Manoel num verdadeiro inferno.Sem muitas informações sobre a Guerra que se desenrolava, Manoel não sabia que boa parte dos guerrilheiros que defendiam a soberania nacional estavam na região. Ele e mais outros jovens amigos foram presos, arrastados por carroças sob ameaça de uma winchester.Os prisioneiros foram levados a comunidade de Pinheiros, onde estava mon-tado o acampamento de seus algozes.Entre os prisioneiros dos guerrilheiros de Pinheiros, estava a família de Geraldi-na Alves da Rocha. A troca de olhares entre ela e Manoel, despertou nos líderes do acampamento uma estranha decisão. Resolveram casá-los. Um casamento de mentira, feito pelos próprios guerrilheiros. Mais estranha ainda foi a relação que se desenrolou dali em diante. Os guerrilheiros não podiam ser contraria-dos. Como para eles Manoel e Geraldina eram esposos, o casal precisava convencê-los de que respeitava a vontade de seus algozes.“O comandante era muito ruim, quem o contrariasse era morto na faca. Eles queimaram toda a fazenda do meu avô”, conta Emília, relembrando o que ouviu de seus pais.Como se não bastasse as atrocidades cometidas pelos guerrilheiros contra a família, ao levantarem acampamento, eles obrigaram Manoel, Geraldina e sua família a seguirem com eles. “Dessa forma, como eles eram obrigados a andar com os jagunços, ou eles eram presos pelos jagunços, ou pelo Governo”, conta Emília.A família chegou até Santa Maria-RS com os guerrilheiros. Quando conseguiram escapar, levaram dois anos para chegar a Rio d’Areia do Meio, onde ficava a fazenda da família de Geraldina, reduzida a nada pela fúria cabocla.Nessa época, Geraldina e Manoel já haviam caído nas graças um do outro e casado oficialmente na Igreja Católica.A união foi tão duradoura que acabou apenas com a morte precoce de Geraldina, aos 38 anos. Doze anos depois, Manoel faleceu.

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Lourenço Ribas

Com a impressão de que a terra estava pronta para ser ocupada, em 1887, um grupo de bandeirantes da Lapa-PR construiu uma canoa e a abasteceu com mantimentos, decidido a descer o rio Iguaçu com

destino a região onde se fundaria, mais tarde, Canoinhas.Antes, porém, o grupo buscava alguém que pudesse fazer os serviços domésticos enquanto eles estivessem desbravando a mata. Para isso, pegaram um menino, em sua adolescência, que topou acompanhar os homens. Esse menino era o avô paterno de Lourenço, que se chamava, justamente, Lourenço. O menino sim-plesmente rompeu com a família, que nunca mais ouviu falar de Lourenço, muito menos ele, deles.Ao chegar a comunidade de Porto Ribeiro-PR (próxima da localidade conhecida hoje como distrito de Taunay), aportaram e construíram um rancho. Simplesmente se apossaram da terra onde viviam os índios. “Eles faziam a marcação do terreno com facões; rodeavam uma vasta área de terras com o fio do facão”, explica Lou-renço Neto.Lourenço, o avô, passou muito medo no local, já que os índios, desconfiados, viviam à espreita. Os homens viviam no mato e Lourenço cuidava do rancho. Quando a comida estava acabando, os bandeirantes decidiram voltar a Lapa para abastecer a despensa. O único problema era o menino. Ele não poderia ser levado junto, sob o risco de levá-los a prisão, já que praticamente o haviam seqüestrado. Para resolver o impasse, deixaram Lourenço sob o pretexto de que trariam roupas

e mimos quando voltassem. Relutante, o menino concordou. Com a canoa abarrotada de erva-mate, riqueza que impressionou os bandeirantes, lá se foram para Lapa. Quando voltaram, tempos depois, se surpreenderam com o rancho inabitado. Lourenço havia desaparecido. Poucos dias depois, descobriram, Lourenço vivia em meio aos índios, que o adotaram como a um filho. Ao tentar reavê-lo, viram apenas os dedos que faziam sinal negativo e a carranca magoada dos índios, que pareciam ter se afeiçoa-do a Lourenço, e o menino a eles.Anos depois, Lourenço se casou com uma índia nativa, Messias. Fora da tribo, o casal fez parte da colonização de um povoado na região que passou a ser conhecido como Matão.

Ruprechet Loeffler

Alemão de nascimento, Ruprechet Loeffler chegou em Canoinhas em 1924, quando tinha sete anos. Aos 90 anos, trabalha diariamente, sem ligar para os proble-

mas e bebendo dois litros de cerveja por dia. Para ele este é o segredo de sua saúde. Ah, sem esquecer que dormir antes da meia-noite e acordar às 6 horas, além de comer cebola e alho todo dia, também ajuda. “Apenas minha coluna que não ajuda, mas no mais estou muito bem”, conta Loe-ffler, entre risos.Otto, pai de Loeffler, vendeu uma cervejaria que tinha na terra da banana, para comprar outra em Canoinhas. A cervejaria que vocês estão acostuma-dos a ver na rua 3 de Maio, está lá há 101 anos. Loeffler lembra que Canoinhas, em 1924, estava cheia de imigrantes, que vinham de diversos cantos do mundo. Foram eles, os responsáveis pelo surgimento da indústria canoinhense, com destaque incomparável para a indústria do mate e da madeira. Loeffler recorda o grande colonizador do distrito de Marcílio Dias, Bernardo Olsen, “amigo do meu pai, um homem muito inteligente e trabalhador”.A famosa cerveja “Nó de Pinho”, fabricada desde 1930, sustentou o sucesso da Cervejaria Loeffler, além, é claro, do famoso chope, oferecido pela cervejaria. Aqui, por seis semanas, de forma absolutamente artesa-nal, Loeffler junta 200 quilos de cevada, quatro quilos de lúpulo, álcool e outros ingredientes, menos conservantes, para produzir 1,5 mil garrafas de cerveja por mês.Tanto esforço não compensa tanto financeiramente como ajuda a manter uma das poucas tradições germânicas em Canoinhas – tomar cerveja numa cervejaria tipicamente alemã.

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Símbolo do progresso canoinhense, em novembro de 1966 o ramal ferroviário Canoinhas-Mar-cílio Dias foi palco da última viagem do trenzinho. A população protestou, mas de nada adian-

tou. O ramal foi inaugurado em agosto de 1930.

1966

1966

A derradeira viagem

... André Pangratz

Para entender melhor o progresso do distrito de Marcílio Dias, é preciso voltar um pouco no tempo e relembrar a época em que Canoinhas

ainda era distrito de Curitibanos e a então localidade de Marcílio Dias era o centro não oficial de Canoi-nhas. Para se ter uma idéia do quanto Marcílio Dias é antigo, o pai de André, quando solteiro trabalhava com açougue na localidade, uma dinastia de açougueiros seguida por André e continuada por seu filho, que tam-bém é vereador, Neno Pangratz. O ecletismo também era uma qualidade de José, pai de André, “Além do açougue, meu pai carregava vagões de trens e cultiva-va lavoura”, recorda. Em 1914, com a inauguração da estação ferroviária da então colônia fundada por Bernardo Olsen, a locali-dade passou a ser conhecida como Estação Canoi-nhas. O progresso da localidade por meio da estação ferroviária se explica pelo fato de a estação no centro da cidade ter sido inaugurada somente em 1930. Foi por volta desse ano que a localidade deixou de se cha-mar Estação Canoinhas e passou a chamar Marcílio Dias, nome imposto pelo governo. Marcílio Dias foi um marinheiro negro que morreu agarrado à bandeira do Brasil na Guerra do Paraguai.

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60 anos,60 imagens

O início das CohabsO ano de 1968 marcou a expansão do bairro Industrial de Canoinhas. Além da criação do parque

industrial com a implementação das duas principais unidades da Empresa Fuck S.A. e da Zugman Painéis, foi criado o primeiro Conjunto Habitacional (Cohab 1) do município. Foram construídas

102 casas populares no bairro. Hoje são quatro Cohabs em Canoinhas.

A incorporação da Canoinhas Força & Luz pela Celesc, em 1967, foi um pas-so decisivo para o desenvolvimento de Canoinhas. Empresários pressionavam

o Governo para tomar uma atitude, por conta da precariedade do serviço oferecido pela Força & Luz. A ener-

gia caía a toda hora, as empresas não podiam operar durante o dia e a única pessoa capaz de resolver os inúmeros problemas técnicos da companhia era

o simpático alemão Kurt Mende (foto), que acabaria morrendo eletrocutado

em serviço.

1967

1967

1968

1968

O alemão, a Força & Luz e a Celesc

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Canoinhas entrou definitivamen-te para a era da televisão quando em 1971 foi construída a torre de captação de sinal de emissoras de tevê. Antes, os poucos proprietá-rios de tevê tinham de ter paciên-cia com os chuviscos e cortes nas transmissões precárias.

1971

1971

Era da TV

... Moacir Budant

O centro de Canoinhas come- çava no rio Canoinhas e ia até onde hoje fica o Supermercado Novo

Mundo, conta Moacir. O primeiro mercado de Canoinhas foi o de José Tokarski, chamado Real Supermercado, em funcionamento até hoje, no mesmo local, com o nome de Super-mercado Cruzeiro (fechado em 2006).Onde hoje é o Hotel Continental, funcionava um dos grandes pontos fortes do comércio canoi-nhense – o comércio do Scheredinha. As lojas de João Abrahão Seleme, Jorge Estoerbl e Lo-jas Unidas são lembradas como outros pontos fortes do comércio canoinhense.

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Em 1974, a Madeireira Procopiak construiu um novo parque industrial, no bairro Água Verde, na rodovia Miguel Procopiak, na BR-280, um avanço que representou a criação de novos empregos e aumento em faturamento, alavancando a economia canoinhense.

1973

1973

1974

1974

A conquista do conhecimentoO Governo Federal autorizou em fevereiro de 1973 o funcionamen-to da Faculdade de Ciências Ad-ministrativas de Canoinhas, man-tida pela Fundação Universidade do Planalto Norte Catarinense (Funploc).A Funploc serviu de embrião para a implementação da Universidade do Contestado (UnC) em Canoi-nhas, o que aconteceria efetiva-mente em 1994. Outro marco foi a implementação do primeiro curso de mestrado da região em 2006, pela UnC.

Procopiak em expansão

60 anos,60 imagens

Aos 16 anos de emancipação, o município de Três Barras recebeu sua primeira agência bancá-ria – o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc).

1977

1977

O asfalto da concórdiaO até então comentado e desacreditado asfalto ligando Canoinhas a Mafra começou a ser construído

em 1977 e foi concluído em 1979. O trecho da BR-280, batizado Miguel Procopiak, agilizou o esco-amento da produção regional para os portos catarinenses, além de facilitar o trânsito pelo Estado.

1977

1977

Três Barras ganha o Besc

60 anos,60 imagens

A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Canoinhas (CDL) surgiu como um alento aos comercian-tes, que passaram a ter unidade com a criação do órgão. Um dos marcos da CDL foi a imple-mentação do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) na cidade e os prêmios de qualidade basea-dos em pesquisas de opinião pública. Em 2005 Três Barras passou a contar com o órgão.

Um alento para o comércio

1980

1980

Relinda Kohler

Se alguém chamar a localidade de Fartura de Fatura, não ria. Provavel- mente, essa pessoa ainda lembre a

época em que era assim denominada a locali-dade onde Fritz (como era conhecido Frederico Kohler) montou uma serraria. O local exato onde ele montou a empresa foi batizado por ele de Fartura dos Cabritos. Oto (irmão de Frede-rico) tinha outra serraria, na localidade de Rio dos Porcos. Como a região era muito carente, os tios de Relinda estabeleceram um comércio no povoado.Os negócios iam se expandindo e os irmãos já não davam conta de tanto trabalho. Foi assim que vieram para Canoinhas, a fim de administrar a casa de comércio dos Kohler, os irmãos Alfredo e Leopoldo Mayer. Eram primos dos Kohler, que moravam em Joinville. Anos depois, a competência dos Mayer à frente do comércio, acabou fazendo-os donos do ne-gócio, depois de negociação com os Kohler, obviamente.Outra casa de comércio dos Kohler foi adminis-trada por Albano Voigt, trazido a Canoinhas por Oto, para esse fim.

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1982

1982

Ucranianos ganham igrejaA Igreja Menino

Jesus é o símbolo maior da coloni-zação ucraniana em Canoinhas,

fundada em 1982 pelo padre Bo-hdan Fleituch,

depois de 15 anos de festas, rifas e

bingos empreen-didos pela comu-nidade ucraniana

para erguê-la. Toda edificada

em alvenaria, no estilo oriental,

conforme manda a tradição.

Em 13 de maio de 1982, Magno Vitor Fuck fundou a empresa Cisframa, Comércio e Indústria de Madeiras São Francisco Ltda., a caçula das principais madeireiras de Canoinhas. Magno es-colheu este nome por se devoto de São Francisco de Assis.A empresa sempre esteve instalada no bairro Industrial 2, às margens da BR-280.

1982

1982

A caçula

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Um prefeito, dois mandatos

João José Klempous (foto) foi eleito em 1982 para mandato de

seis anos em Canoinhas.Voltaria ao poder quatro anos

depois de ter elegido seu vice no primeiro mandato. Antonio de

Souza Costa, o primeiro prefeito da era da democracia com a que-da definitiva do governo militar, governou Canoinhas entre 1989 e 1992. Em 1993, Klempous foi eleito prefeito pela segunda vez, permanecendo na prefeitura até 1996. Foram 14 anos de PMDB

no poder.

Com quase 60 anos de edifica-ção, a Igreja Matriz estava ve-lha e precisava de uma reforma geral. Uma possível demolição causou uma verdadeira “guerra santa” na cidade, durante o pri-meiro semestre de 1982.Dois grupos defendiam soluções diferentes para a velha igreja. Um, capitaneado pelo vigário, queria ver a igreja demolida, en-quanto o outro grupo pregava a preservação, sob o argumento de que se tratava do mais legítimo patrimônio histórico da cidade.A igreja foi demolida parcial-mente, sendo mantidas a parte frontal e a torre da velha edifica-ção.

A demolição que o povo não queria

1982

1982

1982

1982

60 anos,60 imagens

1983

1983

1983

1983

Foi em 1983 que a Cia Canoinhas

de Papel foi constituída. A

empresa se con-solidou produzin-do papel higiêni-co, guardanapos

e toalhas de papel. Sempre

esteve sediada às margens da rodo-

via BR-280, no bairro Indus-

trial 2.

Indústria papeleira fortalecida

Falar em 1983 em Canoinhas é falar em enchente. Foi neste ano que a cidade testemunhou a maior enchente de sua história. Mais de 500 famílias ficaram desabrigadas. O problema persistiu por todo o mês de junho porque as águas do rio Canoinhas represadas pelos rios Negros e Iguaçú

desceram muito lentamente, deixando as residências atingidas pela água inabitáveis.

A maior enchente de todos os tempos

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Na produção de papel está a origem da Mili S.A., instalada em 1983 em Três Barras. A empresa iniciou sua história fabricando papel higiênico, inicialmente do tipo natural e mais tarde o de tipo branco. Às linhas iniciais somaram-se anos depois a produção de toalhas de papel e guardana-pos. Mais recentemente, absorventes higiênicos e fraldas descartáveis.

Mili S.A. em Três Barras

1983

1983

O Corpo de Bombeiros de Canoinhas foi inaugurado em 1984, dentro do calendário comemora-tivo aos 73 anos de aniversário da cidade. A construção custou mais de 55 milhões de cruzeiros aos cofres da prefeitura. Equipado com dois veículos entregues pelo governo estadual, a corpora-ção contava com um efetivo de 40 soldados.

Socorro imediato

1984

1984

60 anos,60 imagens

Depois de um longo período de obras, foi inaugurada pelo então governador Esperidião Amin, o asfalto da BR-280 que liga Canoinhas a Porto União, incluindo ainda o acesso a Irineópolis, o con-

torno e acesso a Canoinhas, além da recuperação das pontes nos rios Timbó e Paciência.

Canoinhas conquistou o segundo lugar no campeonato estadual de futebol amador em 1987. O CAC enfrentou o União de Criciúma na grande final, perdendo por 2 a 0. Na competição, o CAC jogou 12 partidas, venceu 7; empatou 2 e perdeu 3. O time assinalou 22 gols e sofreu 15.

1986

1986

1987

1987

Canoinhas vice-campeão estadual

Estrada do progresso

60 anos,60 imagens

O ano de 1988 marcou a criação da Festa Estadual da Erva-Mate (Fesmate), que já está na sua 15.ª edição. Foi por ocasião da Fesmate que foi criado o Parque de Expo-

sições Ouro Verde, maior local para realização de feiras e festas de Canoinhas.

A 1.a Fesmate e o parque

A penitenciária que o povo não quisUma grande campanha encampada com apoio do CN conseguiu dissuadir os governos municipal e es-tadual de construir uma Penitenciária Regional na entrada do distrito de Paula Pereira, em Canoinhas.

1988

1988

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Uma das mais marcantes obras do prefeito Antonio de Souza Costa foi a cons-trução da nova prefeitura de Canoinhas, inaugurada em 1990. Também foi ano da construção do calçadão da rua Felipe Schmidt.

Um tornado devastador passou por Canoinhas e Três Barras em agosto de 1991. Dois minutos foram suficientes para destruir casas e deixar famílias inteiras desabrigadas. A velocidade do vento chegou aos 190 quilômetros por hora e, segundo as autoridades, 120 casas foram atin-gidas. O tornado atingiu a localidade de Cerrito, em Canoinhas, e o bairro São Cristóvão, em Três Barras. Apesar da destruição, apenas oito pessoas ficaram feridas.

A nova prefeitura e o calçadão

Dois minutos e...destruição

1990

1990

1991

1991

60 anos,60 imagens

1991

1991

A Associação dos Doadores de Sangue da Região de Canoinhas (Adosarec) foi criada por Orestes Golanovski, em 1991. Hoje são mais de 3,5 mil doadores cadastrados. Há pouco mais de quatro

anos a Adosarec começou a se expandir, abrindo filiais em Três Barras, Irineópolis e Papanduva.

Admiráveis heróis

A cidade Bela Vista do Toldo

De distrito de Canoinhas, Bela Vista do Toldo foi emancipada em 1994. A mais jovem cidade do Planalto Norte ainda mantém mais de 90% de sua população na área rural. O asfalto de acesso ao

município, construído em 2006, deve ampliar as alternativas econômicas do município.

1994

1994

60 anos,60 imagens

As eleições municipais de 1996 marcaram o fim da era

PMDB no poder depois de 14 anos. Orlando Krautler (en-tão no PFL - foto) governou Canoinhas por dois manda-

tos, já que foi reeleito em 2000. Teve seus mandatos

marcados pela construção de escolas, ganhando o apelido

de “prefeito da educação”.

A Associação dos Pacientes Oncológicos de Canoinhas e Região (Apoca) surgiu em 1998, da dor de quatro pacientes de câncer – hoje apenas uma está viva. De lá para cá, são milhares de

casos de câncer cadastrados na ONG. A maioria, com contribuição substanciosa da entidade, se livrou da enfermidade. Para chegar a atender hoje cerca de 2 mil pacientes foi um longo cami-

nho marcado por insistentes pedidos de ajuda junto ao governo e a iniciativa privada.

A oposição e o poder

1996

1996

1998

1998

A solidariedade que nasce da dor

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Uma das poucas atrações turísticas de Canoinhas deixou a cidade em 1999. O Bar das Pla-cas, por seis anos consecutivos no Livro dos Recordes, o Guiness Book, por seu proprietário, Oswaldo Tokarski, possuir a maior coleção de placas de veículos do mundo, transferiu-se para Penha, onde permanece até hoje.

1999

1999

Viagem sem volta

Orestes Golanovski, com 186 doações comprovadas, passou a ser considerado o Maior Doador de Sangue do Mundo. Em 2000 Golanovski participou da Assembléia Ge-ral da Federação Mundial das Organizações dos Doadores de Sangue, onde recebeu o título.A partir daí, Golanovski foi entrevistado em programas de tevê, recebeu homenagem do então ministro da Saúde José Serra e elevou a sigla Adosarec por todo o Brasil.

2000

2000

O MAIOR

60 anos,60 imagens

60 anos,60 imagens

A maior cooperativa já criada em Canoinhas, a Coopercanoinhas, iniciou em 2002 um lento pro-cesso de fusão que dura até hoje. O marco foi o início de um processo de nucleação da coopera-tiva pela Cooperalfa. No seu auge, na década de 1980, a Coopercanoinhas chegou a ter mais de 3 mil agricultores filiados. Dívidas de mais de R$ 42 milhões, no entanto, deram início a agonia da cooperativa.

2002

2002

... Luiz Fernando Freitas

Paralelamente à Funploc e à Madeireira Zaniolo, Freitas foi um dos fundadores da

Coopercanoinhas, “a maior empre-sa da região”, nas palavras dele. Os números dos primeiros anos são surpreendentes. Eram mais de 3 mil produtores associados, um crescimento espantoso em poucos anos, se considerar que a coopera-tiva começou com 50 associados. Por 17 anos Freitas comandou a Coopercanoinhas. Aí veio um período difícil para a agricultura e a cooperativa acabou atolada em dívidas. Em 2002 a Cooperalfa iniciou um processo ainda não concluído que pode culminar na nucleação da Coopercanoinhas.

Coopercanoinhas

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As eleições de 2004 marcam a volta do PMDB ao comando do município. Conhecido por seu estilo tecnocrata, Leoberto Weinert assume a prefeitura, com mandato até 2008.

A volta do PMDB ao poder20

0420

04

... Rodolfo Wolff Neto

Rodolfo foi vereador durante o governo de Alfredo de Oliveira Garcindo. Nesta época, apenas dois partidos – a

Arena e o MDB – dominavam a cena política. Rodolfo era MDB, mas a maioria, sete dos dez vereadores, era Arena, o que garantia folga para Garcindo na aprovação de projetos. O conforto de Garcindo, no entanto, não o acompanharia no último ano de seu governo, quando foi afastado pela Justiça por excesso de gastos. A manobra para limar Garcindo, garante Rodolfo, partiu dos próprios aliados. Entre eles o deputado federal Aroldo Carva-lho, “um bom homem”, segundo Rodolfo, “mas não deveria ter tirado o Garcindo”, lamenta.Contam pessoas próximas a Aroldo que pou-co antes de morrer, o deputado telefonou de Brasília para Garcindo, pedindo desculpas por sua eventual participação no seu afastamen-to. Por telefone, Garcindo perdoou o amigo. Pouco tempo depois, Aroldo morreu acometi-

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Um antigo sonho do empresariado canoinhense se concretizou em 2006. Obra de R$ 4,4 mi-lhões, a Travessia Urbana, que liga as pontes sobre os rios Água Verde e Canoinhas, na BR-280, tem 2,6 quilômetros de pavimentação com ciclovias, passeios e canteiros.

2006

2006

2005

2005

Dois dias depois de ter sido divulgado que o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) patrocinaria a restauração do antigo hotel da Lumber, no centro de Três Barras, um incêndio,

aparentemente criminoso, destruiu o prédio de madeira, durante a madrugada. Existe a possibili-dade de o Iphan reconstruir o prédio a partir das características originais.

Patrimônio em chamas

Travessia dos sonhos

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O Brasil vive o auge de uma verdadeira revolução que visa a substituição de combustíveis convencio-nais pelo biocombustível, uma tentativa de reduzir a emissão de poluentes, minimizando o aquecimento global. O anúncio da construção de uma usina em Monte Castelo e o incentivo dos governos municipais

vêm alavancando na região o plantio de produtos agrícolas como a mamona, o milho e o girassol.

O combustível do futuro

Representante legítimo

Depois de um jejum de 28 anos, Canoinhas viu um canoinhense de

nascimento eleger-se deputado estadual. An-tonio Aguiar (PMDB) foi o oitavo deputado mais votado de Santa Catarina. Antes dele,

apenas Acácio Pereira, em 1978, foi eleito de-

putado pelo voto direto. Neuzildo Borba Fernan-

des em 1988, e o pró-prio Aguiar, em 1994,

haviam assumido como suplentes.

2006

2006

2007

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ExPEDIENTEPesquisa e redaçãoEdinei Wassoaski

Diagramação e auxílio em pesquisaIsabel Lenz Bayerl

Revisão Fernando Tokarski

Levantamento iconográficoArquivo Correio do Norte, acervo da Fundação Mu-nicipal de Cultura, acervos de Orty Machado, Curt Uhlig e Álvaro Uhlig

Direção GeralMarilda Pangratz VoltoliniCarmen Regina Pangratz

Publicação da Gráfica e Editora Triunfo Ltda alu-siva aos 60 anos do jornal Correio do NorteRua Três de Maio, 364 – CentroCEP 89460-000 – Canoinhas/SCTels: (47) 3622-1571 – 3622-7400.E-mail: [email protected]: www.jornalcorreiodonorte.com.br

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