revista julho 2012

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de AssiS Revista Publicação da Fraternidade de Aliança- Toca de Assis- Julho de 2012 TOCA PARA A IGREJA CONFIRA A PALAVRA DE DOM ALBANO SOBRE ESTA OBRA TOCA EM AÇÃO CONHEÇA A HISTÓRIA DA MISSÃO QUE INSPIROU TANTAS OUTRAS PELO BRASIL: A CASA MÃE! Vida que brota da Igreja! Após um ano do lançamento da nova Revista, saiba como a Toca de Assis tem vivido esse período de amadurecimento e de reestruturação, e como isso tem feito brotar um amor ainda mais vivo pelos pobres e por Jesus Sacramentado!

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Revista Julho 2012

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Page 1: Revista Julho 2012

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TOCA PARA A IGREJA

CONFIRA A PALAVRA DE DOM ALBANO

SOBRE ESTA OBRA

TOCA EM AÇÃOCONHEÇA A HISTÓRIA DA MISSÃO QUE INSPIROU TANTAS OUTRAS PELO BRASIL: A CASA MÃE!

Vida que brota da

Igreja!Após um ano do lançamento da nova Revista, saiba como a Toca de Assis tem vivido esse período de amadurecimento e de reestruturação, e como isso tem feito brotar um amor ainda mais vivo pelos pobres e por Jesus Sacramentado!

Page 2: Revista Julho 2012

Julho/ 2012 3

ÍNDICE EDITORIAL

EXPEDIENTE

TOCA PARA A IGREJA

MÃE DA IGREJA

11TOCA NA

ATUALIDADE

12TOCARTE

14TOCAKIDS

15TOCALOJA

10TOCA E QUALIDADE

DE VIDA

8ARTIGO

ESPECIAL

7TOCA EM

RETALHOS

5TOCA EM

PALAVRAS

Julho/ 20122

Amados Irmãos, leigos, benfeitores, Paz e Bem!Com grande alegria vimos neste mês partilhar o 18º ano de existência da Fra-

ternidade de Aliança Toca de Assis, que inspirou as duas ramificações dos Institutos religiosos dos Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento.

Foram 18 anos que se passaram com muitos desafios, alegrias, lutas, dores, vitórias, mas sabemos que a mão misericordiosa de Deus sempre pousou sobre nós.

Nos últimos quatro anos, tivemos grandes provas, que na verdade continuam até o momento presente, mas, em meio a tudo isso, temos muitos motivos para louvar e bendizer a Deus, em sua bondade infinita. A Obra é dEle e cremos que Ele mesmo completará a obra já começada! A nós, como “servos inúteis”, basta dizer como São Francisco: “- Até agora pouco ou nada fizemos!”

Necessário se faz avaliarmos o que passou, para tentarmos ser melhores não come-tendo os mesmos erros. É necessário vivermos intensamente o tempo presente, como um momento único, irrepetível, e nos lançarmos com muita esperança ao futuro, no desejo de reconstruir a “nova Toca”, que se encontrava já em ruínas... Mas, não cami-nhando sozinhos, e, sim, como Igreja e com a Igreja, nossa querida Mãe!

O Senhor é o Deus conosco e nessa certeza e confiança é que nos lançamos para frente! Aproveitamos esta revista para fazer uma retrospectiva sobre todo o processo de reestruturação que até hoje vivemos, neste Carisma de Adoração e Amor aos pobres. Carisma provado no fogo, mas cremos que seja dom do alto!

Comemoramos o 1º aniversário da nossa nova revista e quase quatro anos da “nova Toca”. Aproveitamos para agradecer aos leigos, tão fiéis e pacientes para conosco, que compreenderam muito bem o nosso doloroso processo, bem como a todos aqueles que passaram pela nossa vida e vivência do Carisma e hoje se encontram distantes!Somos muito gratos a todos os que nos ajudaram neste tempo (Bispos, Sacerdotes, Congrega-ções, Comunidades, leigos), especialmente aos que se mantiveram fiéis a esta Obra de Deus e acreditaram, fortalecendo-nos pelo vínculo fraterno de forma efetiva! O pró-prio Senhor recompense a cada um! Tenhamos isso no coração para que caminhemos unidos rumo ao mesmo objetivo: O Céu! “- Não importa o grau a que chegamos: o que importa é prosseguamos decididamente.” Tenhamos os olhos fixos no Senhor a quem adoramos, e somente Nele conseguiremos de fato viver o verdadeiro amor!

Parabéns a Toca de Assis e a cada um de vocês, pois cada um é um tijolinho desta construção e Cristo é a pedra angular! A Vós, ó Deus todo louvor! Somos teus e pra Ti existimos!

Abraço fraterno a todos, pedindo vossas orações para que perseveremos até o fim na Vontade de Deus!

Fraternidade de Aliança Toca de AssisCNPJ: 02019254/0001-87www.tocadeassis.org.brCentral São JoséRua Amador Bueno, 45, Vila IndustrialCampinas/SP. CEP: [email protected]: (19) 3886-7086

SAV- Serviço de Animação [email protected]@tocadeassis.org.br

Revista Toca de AssisPublicação mensal e interna da FraternidadePresidente: Ir. Gabriel do Verbo de DeusVice: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz

Departamento de Captação de recursos: Cláudia Moraes, Gabriela Saldanha, Fernando Zanin, Leonardo Souza, Maria do Carmo Pereira.

Editor chefe: Ir. Tarcísio de JesusJornalista: Gabriela SaldanhaProjeto gráfico: Gabriela SaldanhaDiagramação: Gabriela SaldanhaRevisão ortográfica: Luciana MarcolinoImpressão e tiragem: 10.000 exemplares

Colaboradores nesta edição: Dom Albano Cavallin; Adriana Costa; Leonardo de Souza; Irmão Petrus Maria e Irmão Vaticano (Casa Mãe); Gabriela Saldanha; Claudia Moraes; Irmão Tarcício; Jânio Garcia.

Mãe Celeste, Rainha dos Céus, Soberana do gênero humano, Vós que recebestes de Deus o poder e a missão de esmagar a

cabeça de Satanás, dóceis ao Vosso apelo nós acorremos a Vossos Pés. Mãe de Misericórdia, dignai-Vos acolher os louvores e as preces que fazem

subir para Vós, cheios de confiança, Vossos filhos peregrinos; eles vieram confiar-Vos todas as suas penas, todas as suas misérias.

Ó maravilhoso reflexo da beleza do Céu, pela luz da fé, expulsai dos nossos espíritos as trevas do erro. Rosa Mística, pelo perfume celeste da esperança, reanimai a coragem das almas abatidas. Nascente inesgotável de água, salutar pelas correntes da Divina caridade, dai vida aos corações definhados. Nós somos os Vossos filhos; Vós nos reconfortais nas nossas penas; Vós nos protegeis no perigo; Vós nos animais na luta; fazei que amemos e

sirvamos o Vosso Filho Jesus; dai-nos um amor ardente pelo Vosso Rosário; fazei que difundamos por toda parte a devoção mariana, que nós nos esforçamos por

viver em estado de graça, para merecer a felicidade eterna perto de Vós. Amém!

Nossa Senhora da Rosa Mística

Em 13 de julho a Igreja celebra o dia de Nossa Senhora da Rosa Mística!

Irmã Maria dos Anjos do Mistério da Cruz, FPSS.Ministra Geral das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento

O que a Toca de Assis é para a Igreja hoje?

fé e vivência da Santa Eucaristia. Toca de Assis é a juventude da Mãe Igreja, que se renova cada vez mais séria, mais eucarística, mais misericordiosa, mais em busca de uma Pastoral da Santidade.

Toca de Assis é Francisco e Clara que voltam a viver neste século XXI, através de uma Fraternidade de irmãos e irmãs que amam a pobreza e confiam plenamente na Divina Providência.

Toca de Assis é o carinho para com Jesus que hoje vive no irmão de rua e no pobre mais pobre.

Toca de Assis é gente jovem revelando que a juventu-de sabe escolher o que é melhor e mais autêntico para o mundo de hoje.

Toca de Assis é um jeito jovem, alegre e radical de viver o Evangelho. Toca de Assis é um broto novo no tronco secular da Mãe Igreja que nos ensina amar o pobre e os sacerdotes, como preferidos de Deus.

Toca de Assis é um presente de Deus para uma renovação eucarística da Igreja Católica no Brasil, numa hora de perda quantitativa de tantos de seus filhos. Toca de Assis é, sobretudo, uma redescoberta da Santa Eucaristia numa liturgia verdadeira, respeitosa, penitente, alegre, pura, e vivida dia e noite.

Toca de Assis é uma mística de pessoas que falam pouco e não discutem nada, mas apenas vivem, dão testemunho, amam, convencem e convertem, através da

Dom Albano Bortoletto CavallinArcebispo Emérito de Londrina/PR

Page 3: Revista Julho 2012

Julho/ 20124 Julho/ 2012 5

FORMAÇÃO LITURGIA“Ó portas, levantai

vossos frontões! Elevai-vos bem mais

alto, antigas portas, a fim de que o Rei da glória

possa entrar!” Salmo 23,7

Com o coração voltado ao Se-nhor, adentramos à sua Casa: a Igreja! Sempre respeitando o ambiente sagrado, aguardemos o Sacerdote, o ministro da Nova e Eterna Aliança (Lc 22,20).

Ao canto de entrada, tema mui-to importante que falaremos mais à frente, dá-se o início aos Ritos Iniciais, com assembleia em pé. O ficar em pé na liturgia significa atenção, dando também importân-cia ao que está acontecendo no momento. Neste caso, a entrada do Rei da Glória, o Senhor Jesus na pessoa do Padre.

O Sacerdote, juntamente com os ministros da celebração se di-reciona ao presbitério.

Ao participar da Santa Missa, temos que nos atentar que toda a liturgia é fonte de vida, de oração e de catequese (CIC 1071-1075).

Assim como Nosso Senhor Je-sus Cristo entrou na Cidade Santa de Jerusalém para ser crucificado, hoje é o seu sacerdote que entra no templo Santo de Deus, que é a igreja para oferecer o único e eterno sacrifício da cruz: a Santa Missa!

O Padre beija o altar, que sig-nifica o próprio Cristo, a Pedra Angular que os construtores rejei-taram (Cf. Mt 21,42), em sinal de amor e afeto. Antigamente, bei-java-se a relíquia de algum santo mártir que existia nele, lembrando todos aqueles que morrem pela causa do Evangelho assim como o próprio Jesus, que deu a sua vida em “favor de muitos” (Cf. Mt 26,28).

No próximo número iremos aprofundar um pouco mais na Sagrada Liturgia: a Saudação!

Certo dia, Francisco entrou para rezar na Igreja de São

Damião, que estava abandonada e quase em ruinas.

Ao se ajoelhar, a Imagem do Crucificado mexeu os lábios e

falou com ele. Chamando-o pelo nome, disse:

“Francisco, vai e repara minha casa que, como vês,

está toda destruída”.

E, de coração aberto, ele perguntou ao Crucificado:

“Senhor, o queres que eu faça?”.

- “Vai e reconstrói a minha igreja!” - Respondeu o Senhor.

Resposta esta que inflamou o coração do jovem Francisco e o

impulsionou a reconstruir a Igreja de Deus.

Isto se deu, primeiramente, pelo seu exterior e logo foi edificando

o seu interior. Francisco, com alegria de criança, percorria a

cidade de Assis pedindo pedras para arrumar a igreja, dizendo:

“-Dê-me uma pedra e receberás uma bênção de Deus!”.

E, foi assim que nosso pai Seráfico restaurou a igreja, pedra

por pedra, sobre o alicerce já construído que é o próprio Cristo!

Pois bem! Contei esta breve e linda história especialmente para você que colabora com esta obra de Deus chamada Fraternidade Toca de Assis.

Assim como Francisco, somos chamados a edificar a Igreja sobre o ali-cerce firme que é Jesus, o Santíssimo Sacramento, e restaurar o templo do Espírito Santo, os nossos irmãos de rua, chagados no corpo e na alma. É você quem nos dá a “pedra”, para colocarmos na “nossa igreja de São Damião” com as suas doações!

Hoje, a Fraternidade Toca de Assis brada alto na busca de corações que quei-ram dar esta contribuição para que a Igreja e seus prediletos filhos possam viver realmente o que Deus quer para eles: “a vida em plenitude!” (Jo 10,10).

Somos nós, hoje, que estendemos nossas mãos a você, que faz parte desta grande família marrom, para não deixar que a obra de Deus

seja esquecida e abandonada.Venha ver como vale a pena ser sinal de

Deus aos que não tem esperança! Já dizia o nosso saudoso Beato João Paulo II que “o mundo tem saudades de Francisco!” Mas

nós podemos sanar um pouco desta falta que ele faz ao mundo, espalhando a Paz e o Bem, não só em palavras, mas no gesto concreto,

pois o maior dom que Deus nos deu foi a Cari-dade (cf. Co 13,13).

Vinde e vede! (Jo 1,35-42) Faça a diferença!

Leonardo de [email protected]. de Captação de RecursosCentral São José- Campinas/SP

Bibliografia: Obras Completas de São Francisco , Livro Vida II (Cel II) - Tomás de Celano- Capitulo 6,10

TOCA EM PALAVRASAos benfeitores...Vinde e vede!Consumi mo X Simplicidade

O ato de comprar, de adquirir algum bem, tem se tornado em nossa sociedade quase

que um “Ritual Sagrado” apre-sentado pela mídia, como um segredo de felicidade para o ser humano do nosso tempo.

Aqueles que têm maior poder de compra são prati-camente “idolatrados” pelas agências de publicidade e propaganda. Os shoppings tornaram-se verdadeiros “Templos”, onde todos os dias da semana, com suas imagens e luzes, atraem os seus fiéis para prestarem cul-to ao “Deus Consumo”.

Remendar ou ajustar uma roupa, consertar ou colar um calçado ou mandar arrumar um eletrodomésti-co, são atitudes raras hoje em dia, pra-ticadas por poucos “antiquados”, que ainda não aderiram à nova “Religião do Ter” como um meio de dar sentido para suas vidas.

Até a mensagem do Evangelho hoje é muitas vezes deturpada, por uma cultura consumista, que limita a ação de Deus na vida daquele que crê, por um “milagre” na vida financeira. E para que mesmo? Para comprar, comprar, comprar... a famosa “Teologia da Prosperidade”.

A simplicidade da Gruta de Belém, a humildade da Manjedoura e a po-

breza experimentada na Cruz por Cristo, são ainda hoje, vistas como loucura.

Na visão dos consumistas convictos, todos aqueles que não procuram ansiosamente aumentar seus bens mate-

riais são considera-dos acomodados ou, até mesmo, alienados. Viver na simpli-

cidade, contentando-se com o que se tem, signifi-

ca ser incompreendido pela maioria esmagadora dos usuá-

rios de cartões de crédito e pe-los compradores compulsivos.Para que esperar para comprar

se já posso ter agora o que quero?

Assim, nos tornamos pessoas totalmente depen-

dentes de nossos desejos de possuir. O Ser já não importa mais. O que vale é o “ter”, mes-

mo que isso custe bens infinita-mente mais valiosos, como meu

casamento ou o tempo que passo com minha família, ou, ainda, o

tempo que me dedico a Deus.

Ser simples é não consumir por impulso, sem uma necessidade verdadeira. Ser simples é ser feliz mesmo sem o tênis de marca, sem aquela televisão mais moderna, sem o celular de última geração, sem ser reconhecido pelo que se possui, mas pelo que realmente se é! E, se por acaso, a nossa condição financeira nos proporcionar ter tudo isso e muito mais, ainda, assim, é possível ser simples.

Adriana Lavorini M. CostaConsagrada da ComunidadeCatólica Sal e Luz

Basta amarmos e imitarmos nosso Bom Deus, que mesmo tendo tudo, tendo a condição Divina, se abaixou até nós na simplicidade do Mistério da Encarnação, para nos ensinar que nosso maior desejo deve ser consumir-se de amor ao próximo!

Page 4: Revista Julho 2012

Julho/ 20126 Julho/ 2012 7

CORAÇÃO DA TOCA TOCA EM RETALHOS

TOCA EM AÇÃO

ORAÇÃO

Meu Deus, eu creio, adoro, espero e

amo-Vos.Peço-Vos perdão para os que não

crêem, não adoram, não esperam e não

Vos amam.Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e

ofereço-Vos o preciosíssimo

Corpo, Sangue, Alma e Divindade de

Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos

ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos

méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do

Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a

conversão dos pobres pecadores.

Amém

Oração do Santo Anjo aos

pastorinhos em Fátima

Sou natural de uma cidade chamada Inhapim. Criado no seio de uma família católica, tradicional e muito simples no in-terior de Minas Gerais. Meus pais tiveram quatro filhos, no qual eu sou o terceiro. Eles sempre foram muito trabalhadores e lutaram para criar, sustentar e educar seus filhos na fé, no amor a Deus e ao próximo, mesmo em meio às dificuldades, às prova-ções e aos desafios da vida. “Um pai e uma mãe que souberam perder a vida para que nós tivéssemos vida.”

Dos quatro filhos, eu fui quem deu maior trabalho. Com o coração fechado, amargurado, cheio de ódio e desamor pela vida, não soube acolher e assimilar o amor e carinho da família e das pessoas que me rodeavam. A cada dia ia me afastando do Amor de Deus e do próximo, e como dis-se S. Tomás: “Quanto mais o homem se afasta de Deus, mais ele se aproxima do nada...”, e, realmente, era isso que es-tava acontecendo comigo. Via crescer o ódio, a revolta, o ressentimento, o rancor, a tristeza e outros maus sentimentos e ví-cios que se apoderam de uma alma que se afasta de Deus e do seu semelhante. Além disso, o envolvimento com o mundo, o pecado, os prazeres, as desordens, etc., en-quanto isso a escuridão e as trevas toma-vam conta do meu coração, “porque já não cria, não perdoava e não amava mais a Deus, ao próximo e muito menos a mim mesmo”.

Porém, Deus não abandona seus filhos, e como Ele mesmo disse: “Os sãos não pre-cisam de médico, mas os doentes; não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2,17). E foi realmente isso que aconteceu comigo! Em 1997, nos dias 21, 22 e 23 de novembro, participei de um encontro de jovens, a con-vite de meu irmão, e, exatamente na tarde do dia 22, tive meu primeiro encontro pessoal com o Amor de Deus em minha vida. Que alegria! Como é bom relembrar e indispensável acolher este Amor que sal-va e liberta o coração de todo aquele que se deixa encontrar! Experimentei o Amor de Deus manifestado na pessoa de Jesus Cristo, o Verbo que se fez carne e habi-

tou entre nós! Este foi o grande dia, o dia que Nosso Senhor preparou para mim, a passagem para uma vida nova. Vida em Cristo!

A leitura da Palavra de Deus, a devo-ção à Virgem Maria, a vida sacramental (confissão e comunhão), a oração diária, a luta contra o pecado e a prática da virtu-de começaram a fazer parte da minha vida nova. Vida de Fé, Sacramento, Mandamento e Oração: os quatro pilares do Catecismo da Igreja Católica.

No início do ano 2000, eu estava na Canção Nova, e após a Santa Missa ce-lebrada em uma pequena capela, padre Edmilson me chamou e disse que Jesus estava me pedindo para que eu rezasse pela minha vocação a fim de saber o que Ele queria para minha vida. No dia 01 de março de 2003, após três anos de oração pela vocação, recebi o chamado de Deus durante a Santa Missa na Igreja Matriz em minha cidade natal. Vem e segue-Me! Meu coração como que foi inflamado como um fogo abrasador e fui tomado de pro-funda alegria interior, e percebi que na-quele momento, local e situação, Jesus me chamava a segui-Lo mais de perto na Vida Consagrada pela profissão dos votos de castidade, pobreza e obediência. “Dar teste-munho de Cristo com a vida, com as obras e com as palavras, é missão peculiar da vida consagrada na Igreja e no mundo.” (Vita Consecrata).

Abandonado em Deus, guardado e con-duzido pela Virgem Maria, fortalecido pela graça divina, buscando a fidelidade de cada dia na vivência dos votos evan-gélicos, iluminado pelo carisma de adora-ção ao Santíssimo Sacramento e amor aos pobres abandonados de rua, alicerçado na alegria da vida fraterna, tenho caminhado em meio a este mundo na esperança de chegar um dia à meta final que é o encon-tro definitivo com “Aquele que servimos nos pobres e adoramos no altar”.

Testemunho do Irmão Petrus Maria do Santo Sacrifício do Altar, da Missão Casa de Aliança São José

(Casa Mãe) de Campinas/SP

“Haverá maior alegria no céu, por um só pecador que se converte...”. (Lc. 15,7)

No princípio, quando a Toca de Assis começou sua missão de adoração ao San-tíssimo Sacramento e amor aos pobres abandonados de rua, houve uma casa, um lugar onde todos se reuniam, onde eram acolhidos nesta “toca”. Este lugar existe até hoje. Este lugar é a Casa Mãe!

Situada no coração de Campinas (e no coração de cada Filho da Pobreza, de mui-tos pobres e leigos que passaram por ela), de fato, esta casa foi uma mãe que con-solou muitos pobres aflitos que passaram ou moraram nela. No começo, não havia número determinado de vagas para abri-gar os irmãos de rua... Qualquer lugar era lugar para se aconchegar. Apesar de a casa não ter um grande espaço físico, era como um coração de mãe: sempre caba mais um. Ela parecia uma rua murada.

Enfrentamos muitas dificuldades e desa-fios, mas “onde Cristo alimenta e é alimentado nada falta” (São Leão Magno); como a mãe consola o filho, assim a Casa Mãe trouxe esperança, alegria e fé aos seus filhos, os pobres. Muitos de nossos irmãos excluí-dos da sociedade voltaram à sua dignidade

de filhos de Deus. Alguns voltaram para a família, outros para o emprego. Graças à misericórdia divina, foram inseridos na sociedade novamente. Outros foram inse-ridos no Reino dos Céus.

Com efeito, muitas pessoas já rece-beram de alguma forma este consolo da Casa Mãe. Mas, a principal Pessoa que entrou aqui e permanece até hoje é Jesus Sacramentado. Aqui, o Augustíssimo Sa-cramento do Altar recebeu exaltação e re-paração, através da plena participação do Sacrifício Eucarístico e seu prolongamen-to através da adoração.

Hoje, após 17 anos, continuamos a missão de consolar os pobres abandonados.

Mas, agora, vamos ao encontro deles nas ruas da cidade e pe-las praças (através das diversas pastorais e, também, no dia-a-dia). Continuamos adoran-do o Santíssimo Sacra-

mento, em reparação, consolando seu Sa-grado Coração que tanto é ofendido pelos homens.

Hoje a missão da Casa Mãe é “quinque panes et duos pisces” “Cinco pães e dois peixes” Jo. 6,9. Este pão que alimenta a multidão de pobres! Louvamos o glorioso São José, que é o patrono desta casa, pela sua inter-cessão e seu amor pela missão. Que Nossa Senhora de Fátima, sustente nossa casa em suas necessidades e console a todos aqueles que buscam a restauração de sua dignidade de filhos amados de Deus.

Jesus Sacramentado, nosso Deus amado!

“Como a mãe consola o filho, assim em Sião vou consolá-los.” Is. 63, 10

Nasci em 31 de outubro de 1970, na cidade de Toledo-PR.Minha história não é diferente da dos demais irmãos e conta com o mesmo “processo” de difi-culdades. Já tive bens materiais, casa, carro, dinheiro... Mas, no fim, os vícios não deixaram que

eu progredisse. Estive em situações difíceis em que morei em pensões e, depois, na rua. Não conseguia controlar o dinheiro que ganhava. Acabava gastando tudo e não sobrava para o pernoite e nem para a alimentação.

Neste intervalo conheci os irmãos da pastoral de rua, e, também, as irmãs da Toca de Assis. Os conheci na Rua Delfino Cintra , em Campinas, São Paulo, há cinco anos. Lá, elas nos ajudavam com banho e outras higienes do corpo, além de nos dar comida...

Na verdade, eu frequentava outra religião (não quero expor o nome). Mas, eu observava a maneira que os irmãos tratavam as pessoas. Eu não tinha muita dificuldade para me loco-

mover, por exemplo. Às vezes, podia até pagar pelo meu banho e fazer isso sozinho. Mas, os irmãos com limitações locomotivas eram acolhidos pelos “toqueiros” na pastoral de rua.

Os toqueiros iam onde estavam os pobres e cortavam os seus cabelos, faziam a barba, às vezes levavam uma coberta, roupas... Enfim, ajudavam a todos também com palavras amigas e com a melhor Palavra, que é a do Reino do Céus.

Isso diminuía nosso sofrimento (meu e dos demais irmãos de rua). “SÓ POR HOJE” (lema diário) não estou fazendo uso de entorpecentes e espero, assim, melhorar cada vez mais.

No mais, procuro viver o meu dia na presença de Deus e também poder contribuir com este trabalho que tem ajudado a diminuir o sofrimento de vários irmãozinhos por esse mundo afora.

Agradeço a Deus e a toda a Toca! Testemunho do acolhido Adilson Henrique, que já foi da Casa Mãe e hoje está na Missão de Vinhedo.

Vida nova

Page 5: Revista Julho 2012

ARTIGO ESPECIAL

Como muitos puderam perceber, a Toca de As-sis tem vivido um longo período de amadureci-

mento e de reestruturação. O “aniversário” da nova revista é

uma das provas de que a Toca não está adormecida!

Tendo comemorado há pouco tempo 18 anos de Obra, é possível sentir um novo ar e uma nova espe-rança que brota do seio deste caris-ma que só pode ser inspirado por Deus!

Porém, muitas pessoas possuem al-gumas dúvidas sobre o quê realmen-te tem acontecido “aqui dentro”.

A fim de esclarecer tais impre-cisões, fizemos um apanhado dos principais questionamentos que chegam a nós; as respostas você

confere agora!

“Toca de Assis um broto novo no tronco secular da

Mãe Igreja” O que de fato é essa “reestruturação”? O carisma da Toca mudou?

Não, não mudou! Acreditamos que esse tempo de reestruturação pelo qual estamos passando tem amadurecido a forma de vermos e vivermos o carisma. Esse amadurecimento leva a uma vivência mais coerente e res-ponsável tanto da vida eucarística quanto do cuidado aos sofredores de rua.

No que diz respeito ao carisma no âmbito eucarístico, observamos a ne-cessidade de um maior conhecimento, seja da palavra de Deus, seja dos do-cumentos da Igreja que tratam desse tema. Como testemunhar algo que não se conhece?! É preciso testemunhar a experiência com o Santíssimo Sacra-mento, mas ela deve ser embasada na verdade da Igreja! Por isso, sentimos a necessidade de uma maior formação litúrgica dos membros e buscando uma vivência mais coerente do que nos pede a Igreja. A liturgia celebrada pelo Santo Padre é sempre a referência do testemunho que devemos dar.

Com relação ao cuidado dos pobres, percebemos em nossas casas um trabalho sem muitos resultados. Tirávamos os po-

bres da rua, mas não da indigência. Por isso, se faz necessário uma pastoral mais organizada e articulada. Um acolhimento com

metas de ressocialização e dignidade. Para isso, é importante voltar às raízes da fundação e entender as reais intenções do carisma, para propor-

cionar aos membros uma vivência mais concreta desse carisma.

O quê melhorou?O quê melhorou foi a possibilidade de vivermos o carisma

e a espiritualidade com mais clareza e com os “pés no chão”. No âmbito administrativo, ainda há muito a se fazer. Com o tempo,

vamos experimentando os benefícios que cada casa recebe com essa or-ganização administrativa mais concreta.

O que o pobre e Jesus Sacramentado representam para a Toca? Representam o centro de nossa espiritualidade e carisma. A Toca não existe sem os pobres e

sem Jesus Sacramentado.

Qual a atuação da Toca? Oque a obra anda fazendo? Hoje, devido à redução de nosso campo de atuação, estamos em processo de reorganização

das casas de missão. Grande parte das casas ainda trabalha com acolhimento dos moradores de rua. Com o encerramento das atividades de várias casas, hoje,

em sua maioria, os pobres acolhidos nas casas restantes são os mais debilitados. Outras casas trabalham, especificamente, com a pastoral

de rua.

A Toca pussui quantas casas (missões) e quantos religiosos (as)?

A Toca possui 45 casas entre masculinas e femininas. São 120 religiosos e 285 religiosas, contando aqueles e aquelas que são tanto consagrados(as), como também membros em formação.

Os institutos se separaram?Somos dois institutos distintos cada qual com seu gover-

no e constituições. Mas, pertencemos a uma mesma família carismática. A Toca de Assis é essa família que reúne ir-mãos, irmãs, leigos, padres e acolhidos.

Qual a participação dos leigos na Fraternidade?Os leigos participam na vivência do carisma. Eles levam

a nossa espiritualidade para as suas vidas familiar e social. Atualmente, possuímos uma grande carência: leigos com-prometidos com a obra que abracem essa estruturação jun-to aos religiosos. As necessidades são muitas (resultando, na maioria das vezes, em uma sobrecarga para os poucos religiosos que estão à frente das missões).

Por que tantas casas fecharam?Num primeiro momento, pela desistência de tantos mem-

bros. O afastamento de leigos e benfeitores também levou ao encerramento das atividades em várias casas. Hoje, com grande dificuldade, conseguimos sustentar as casas que te-mos. Muitas pessoas deixaram de ajudar. Pensaram, equivo-cadamente, que não cuidamos mais dos pobres.

Onde estão os pobres das casas que fecharam?A maioria dos pobres foi encaminhada para outras comu-

nidades e instituições. Alguns voltaram para suas famílias e outros conseguiram emprego. Os mais debilitados, que não possuem nenhum documento, continuam conosco. E alguns, inevitavelmente, faleceram...

Por que as casas de acolhimento não existem mais?Quem disse que não? Temos 17 casas de acolhimento

entre masculinas e femininas. Nas casas dos irmãos, por exemplo, temos cerca de 200 acolhidos; na das irmãs, são 96 acolhidas.

Como a Toca sobrevive financeiramente?A Toca depende da ajuda de benfeitores que contribuem

mensalmente com as casas.

Por que a Toca vende produtos?Porque é um meio eficiente de gerar renda para ser in-

vestida na estruturação de toda a Toca. E, além disso, é um meio de evangelização e propagação das verdades do nosso carisma.

Para que serve a Central São José?A Central agrupa toda a administração da Toca. Reúne

funcionários capacitados a executar serviços que auxiliam diretamente as casas.

A Central está localizada em Campinas/SP.

Como a Toca caminha “sem pastor”?Ela não caminha sem pastor! Somos pastoreados pelo

Arcebispo de Campinas, Dom Airton José dos Santos. Além disso temos os Ministros Gerais: Irmão Gabriel (que repre-senta o instituto masculino) e a Irmã Maria dos Anjos (do instituto feminino), que são auxiliados por seus conselhei-ros. Somos amparados e orientados pela Igreja, por meio de seus bispos.

O que a Toca pensa para o futuro?A Toca quer continuar a vivência do carisma inspirado

por Deus. Temos a certeza de que essa Obra é apenas um dos muitos frutos existentes dentro da santa e amada Igreja Católica!

“AToca não existe

sem os pobres e sem Jesus

Sacramentado!”

Dom Albano Bortoletto Cavallin

Arcebispo Emérito de Londrina/PR

Para maiores esclarecimentos, entre em contato:[email protected]

Page 6: Revista Julho 2012

Julho/ 2012 11Julho/ 201210

TOCA NA ATUALIDADETOCA E QUALIDADE DE VIDA

“Vejo de coração que no mundo, hoje desor-denado e inquieto por tantas formas de ódio e de violência, o importante evento desportivo dos Jogos constitua uma ocasião de sereno encontro e sirva para promover a tão buscada paz entre os povos!”(mensagem do Beato João Paulo II em 2004, Olimpíadas de Atenas).

Iniciam-se em 27 de julho deste ano, na cidade de Londres (Inglaterra), os XXX Jogos Olímpicos. O Lema Olímpico: Ci-tius, Altius, Fortius (cada vez mais rápido, cada vez mais alto, cada vez mais forte), criado pelo Sacerdote Dominicano Henri Didon em 1924, traduz o espirito do atleta que participa dos jogos. Deve ser um homem como os demais que luta para realizar ple-namente a sua vocação. Assim como deve lutar o pedreiro, o marceneiro, o médico, o sacerdote (...).

Os Jogos Olímpicos se apresentam como o evento esportivo de maior di-mensão e repercussão no mundo atual, tanto pelo simbolismo (da união de pra-ticamente todas as nações do planeta), quanto pelo envolvimento de milhões de pessoas em sua preparação, realização e na audiência pelos meios de comunicação em massa que alcança. Um dado que chama atenção no Brasil é o fato de que, sendo o maior país católico do planeta, somos um país que “exporta” atletas. Podemos ver brasileiros defendendo diversas nações. Mas, ainda precisamos “importar”, de nações com menor número de católicos, missionários dispostos a difundir a fé. Na Terra de Santa Cruz, tão gigante, não se encontra quantidade de católicos suficien-tes para catequisar a nação. Essa repercus-são toda que os Jogos alcançam faz-nos

pensar em diversos aspectos que estão envolvidos em sua construção. Os

esportes, que são o foco prin-cipal desse evento, têm

um valor ine-g á v e l ,

pois visam, sobretudo a educação e a saúde, valores que não devem ser ofuscados por falhas que ferem a ética e a moral do ser humano.

O esporte deve cultivar todos os valores da pessoa humana, entre os quais estão valores morais: amizade, lealdade e respeito pelo semelhante. Se ocorrem abusos e graves falhas no exercício do es-porte, não devemos “perder de vista” os benefícios que ele pode trazer.

Mas, observamos que as falhas éticas e morais no esporte são mais graves e frequentes quando estão ligados à com-petição e aos interesses financeiros. As principais falhas são: a fraude (o uso de produtos farmacológicos, ou seja, dopa-gem para deslealmente melhorar o desem-penho físico e o jogo de apostas), a violên-cia (brutalidade tanto por parte dos atletas quanto das torcidas), a comercialização dos atletas (leva a fazer dos atletas ocasião de comércio e interesses lucrativos, tratan-do-o como um produto a ser adorado e seguido), e o risco atlético. É inevitável o risco no esporte. É necessário que o atleta, como todo homem, pondere bem o “be-nefício X risco”. A moral ensina: os espor-tes que por sua própria índole concorrem para que haja sério risco para a saúde ou para a vida do esportista são ilícitos; tal é o caso da luta de boxe, luta na qual o pugilis-ta corre o risco de ser atingido na cabeça, já que o jogo consiste em dar e receber golpes. No exercício dos esportes que me-nos risco acarreta, requerem-se garantias que defendam os atletas contra possíveis perigos. Registra-se, também, como fator negativo a ser combatido, a tendência que temos de tratar o atleta como objeto de adoração. Isso que influencia decisiva-mente em matérias não ligadas ao jogo em

si, sendo exemplo negativo em diversos aspectos para

a juventude, (como são o divórcio, o abor-to, a eutanásia...). Contrariando a máxima cristã, de que todos os homens são iguais.

Nosso querido Beato João Paulo II não deixa de chamar a atenção para os riscos de deformação presentes no esporte, mas acrescenta uma justificativa profunda para o exercício da educação física, lembrando os dizeres de S. Tomás de Aquino: “Gratia non destruit, sed perficit naturam”, ou seja, “A graça (o dom de Deus sobrenatural) não destrói, mas aperfeiçoa a natureza".

O esporte não deve ser compreendido meramente como uma cultura do corpo, nem tão somente como objeto de lucro. Ele deve ser reconhecido pela sua função primordial, que é de engrandecer o ser hu-mano, inclusive em seus valores morais. O atleta faz um verdadeiro exercício para tornar-se forte no autodomínio e na con-vivência com seus semelhantes. Requer-se do atleta a consciência, principalmente por conta das Olimpíadas, que a humanidade é uma grande família, única e unida em prol de um mesmo objetivo.

Que saibamos viver os jogos (olímpicos ou não) de maneira coerente e lícita como nos ensina o Papa Pio XII: “O esporte, como cura para o corpo, como um todo, não deve ser uma finalidade em si mesmo, degenerando no cul-to da matéria. Ele está a serviço do homem por inteiro; portanto, longe de pôr obstáculos ao aper-feiçoamento intelectual e moral, deve promovê-lo, ajudá-lo e beneficiá-lo”. Papa Pio XII

Claudia [email protected]. de Captação de RecursosCentral São José- Campinas/SP

O esporte na vida cristã

Te m o s medo do

ócio! Baseado na opinião popular,

ele está diretamente as-sociado à preguiça ou à vadia-

gem; coisa de quem tem tempo a dispor com “bobagens”. Tudo isso por que: “[...] nos tornamos seres ansio-

sos. Os especialistas têm um nome para isso: horror vacui (medo do vazio, um pânico diante do vácuo), nossa doença é o horror ao vazio”, segundo o sociólogo Marcondes Filho em Perca tempo- É no lento que a vida acontece (2005). Basta uma simples análise: ao mesmo tempo em que assistimos ao noticiário da televisão estamos comendo, con-versando sobre o nosso dia de trabalho enquanto balançamos a perna, nos coçamos, estralamos os nossos dedos, fazemos tudo o que é possível e o impossível. Quanto mais coisas fizermos, melhor. Pare! É hora de desacelerar!

As vantagens de separar um tempo, na nossa agenda “super-lotada” para diminuir o ritmo vão além de simplesmente aliviar a tensão do nosso corpo, mas é capaz de operar maravilhas em nossa mente. Quando reduzimos a atividade mental, consegui-mos ao mesmo tempo uma tranquilidade interior, maior concen-tração e capacidade de pensar mais criativamente. Essa “sabedoria do vagar” (outra expressão de Kundera) mostra que muitas vezes somos mais inteligentes quando pensamos menos e lentamente.

Guardamos o nosso tempo como fazemos com as moedas num porta-níqueis. Contudo, o tempo, ao contrário da máxima capitalista, não é dinheiro! Não é possível “acumular uma boa quantidade de tempo” para ser usado mais tarde. “Economizar” uma hora aqui, alguns minutinhos ali, pensando em usá-los de-pois, é uma mentira de caráter social. Se “fazer nada” é um ab-surdo por estarmos sempre obcecados em “ganhar” mais e mais tempo, Marcondes Filho diz que“fazer coisas o tempo todo é estar morto por dentro”, e continua: “Nossa morte é por letargia, uma espécie de estado de stand by que aguarda o tempo todo um sinal para se recompor”. É preciso descansar. Viver a vida sem o pé no acelerador. E mui-tas pessoas no mundo já se deram conta dessa real necessidade.

Vivem a vida ao estilo slow (devagar). E você? Quando

foi a última vez que você sentou numa ca-deira, fechou os olhos e simplesmente relaxou?

Pare! É hora de desacelerar!

Entramos em julho, o mês em que muitas pessoas saem de férias. Usufruímos desse tempo para viajar, es-

pairecer, descansar (...), não é verdade?! Nem sempre! As sociedades modernas, em que pesem suas diferenças, têm em comum um ritmo de vida crescentemente frenético. Benjamin Barber (teórico especialista em filosofia política), em Consumido (2009), fazendo eco ao escritor tcheco Milan Kundera, adota o conceito de velocidade para explicar como o mercado nas cul-turas capitalistas leva as pessoas a acelerarem suas vidas sem que estejam conscientes disso. “‘A velocidade é a forma de êxtase que a re-volução tecnológica concedeu ao homem”, e o êxtase, assim como a velocidade (a droga epônima das pessoas que acham que são legais), é uma especialidade dos jovens. Kundera culpa a tecnologia, mas a tecnologia é sempre um ins-trumento, e, embora ela tenha características que catalisam a velocidade, a velocidade é algo que o etos infantilista exige tanto da tecnologia quanto do capitalismo. Comida rápida, música rápida, edição de filmes rápida, compu-tadores rápidos... Essas são as tendências que dominam a cultura popular jovem e o comércio no mundo”.

Assim, inseridos numa sociedade cada vez mais caracterizada pelo capitalismo de consumo, a velocidade se faz presente não só na hora de comprar (e logo descartar, e trocar por qualquer ou-tra coisa que seja), mas também invade tudo aquilo que permeia nossa vida como a alimentação, as relações sociais, o lazer e o descanso. Essa “nova” percepção do tempo (onde as 24 horas di-árias parecem não serem suficientes para tantas atividades criadas por nós mesmos) nasceu a partir da Revolução Industrial (séc. XVIII). Antes do relógio (e de qualquer outro método de medi-ção de tempo), o homem vivia o que os sociólogos denominam tempo natural. Até mesmo com o surgimento dessa “incrível má-quina” e sua presença imponente nos ambientes de trabalho, as pessoas viviam tranquilamente, pois ainda não haviam se torna-do “escravas” do relógio de pulso. Contudo, não demorou muito para que se fizesse da invenção quase um órgão do nosso corpo. “O tempo do relógio começava a levar a melhor sobre o tempo natural” diz o jornalista e historiador canadense Carl Honoré em Devagar. Vivemos na chamada sociedade da pressa! Hoje, é difícil ima-ginar a vida sem a pressa! Temos a sensação de que se pararmos, ou ainda, deixarmos de preencher todos os espaços de tempo do nosso dia, tudo se acabará.

Gabriela Saldanha,Jornalista;Depto. de Captação de RecursosCentral São José- Campinas/SP

INDICAÇÃO DE LIVRO: Best-seller Devagar – Como um movimento mundial está desafiando a cultura

da velocidade (Editora Record).

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TOCARTE Mural daRetrospectiva:1 ano da nova

Revista Toca de Assis!Como estamos, nesta edição, fazendo um especial da

Toca para comemorarmos 1 ano da nova revista e os 18 anos da Toca de Assis, gostaria de passar por essa his-

tória (re)lembrando alguns momentos que vivemos nestes anos com a missão Tocarte.

Em uma das edições passadas, disse aqui que a arte sempre esteve presente na vida da Toca. Lembro-me que praticamente em todas as comemorações e encontros sempre se organizava um teatro ou dança, ou alguma coisa ao menos parecida com isso.

Quando morei no Rio de Janeiro, em 2001, fomos convidados a assistir um musical que estava há oito anos em cartaz sobre a vida de São Francisco. Rapidamente, aquela febre se espalhou em toda a Toca. As músicas, as cenas... Em todos os lugares da Toca nos quais eu chegava, podia ouvir alguma coisa relacionada àquele musical. Posteriormente, o musical até foi apresentado em um encontro nacional da Toca. Depois disso, nos lançamos na aventura de produzir nossos próprios musicais.

Outro São Francisco parecido com aquele, uma homenagem ao Santíssimo Sacramento. Até aí, eu só olhava de longe.

Em 2005, eu morava em Cotia, SP. Naquela quaresma come-cei a escrever alguns textos, que depois organizei e montei meu primeiro musical: “A missa da minha vida”. Foi uma aventura, organizar aquele musical em 20 dias. Muitas pessoas,

muita coisa a ser feita (e eu que não sou o melhor amigo da pa-

ciência). Foi um desa-fio que valeu a pena. No ano seguinte, outro mu-sical: “Tú és sacerdote

eternamente”. Neste, entendi muitas coisas

sobre meus dons. Mas o principal é que me saio me-lhor dirigindo que encenando. A par-

tir daí, descobri um mundo mágico nos bastidores. Escre-ver, criar figurinos, projetar cenários e

iluminação. Uma frase que gosto

de usar: costu-rar as cenas e fazer uma

bela obra.

No ano de 2007, por encomenda, fizemos outro Francisco. Di-ferente, ousado. Com música ao vivo, coral. Um figurino muito legal e a realização de um dos meus sonhos malucos. Fazer cho-ver de verdade no palco durante o musical. Deu certo!

No ano seguinte, o grande musical de São Pio (que em minha opinião é o mais completo). O texto é muito rico. As cenas muito bem desenhadas e com sentidos que passam despercebidos aos olhos. Um musical cheio de efeitos e com truques de ilusionismo. Mas dele quero destacar uma cena em especial: quando escre-via esse musical pensava em como retratar o demônio de forma que as pessoas sentissem um pouco da confusão que sentia São Pio. Então, pensei que ele não poderia ter um estereótipo clichê. Não deveria parecer um monstro. Deveria atrair o olhar e dar medo ao mesmo tempo. Não sei se a palavra é medo. Talvez seja desconforto. Então o personagem estava todo caracterizado de branco. Os olhos eram claros e o rosto muito bonito. Era uma figura enigmática, pois causava aquele desconforto ao olhar. Era isso que queria que as pessoas sentissem. O mau não era aquele monstro que, à primeira vista, nós já fugimos. Mas era uma sedu-ção que, desde o princípio, nós sabemos que é mau. Mas insisti-mos pela curiosidade em querer olhar e ver o que vai acontecer.

Depois desse, não produzi outro musical, mas confesso que a cabeça não para de funcionar. Reescrevi o musical “A missa da minha vida”. Espero, um dia, , ter a oportunidade de remontá-lo com uma nova linguagem visual. O maior fruto que posso teste-munhar com a arte que fui aprendendo na Toca é que o primeiro a ser sensibilizado sou eu mesmo. A arte brota de uma experiên-cia que é com o próprio Jesus. Permitindo que essa graça passasse por mim, pude conhecer mais a Jesus e vê-Lo concretamente.

Cada caracterização me reportava ao próprio Cristo, ou à Vir-gem Maria ou a um Anjo. Em quantos momentos Deus se valeu desses amigos e amigas para Se mostrar mais a mim.

Meus Cristos, Minhas Marias, Meu Anjo, Meu Francisco e Mi-nha Clara, Meu Padre Pio, meus bailarinos, meus alfaiates, meus cenógrafos... Minhas experiências reais com o Amor de Deus.

Por isso, por mais profissional que seja sua arte, permita que , acima de tudo, ela seja sua experiência concreta com o Amor de Deus. Sem essa experiência, nossa arte é como um fantoche sem manipulador, um rádio sem música, um palhaço sem piada, um corpo sem vida. Comece assim: na arte que você faz, o primeiro fruto é a sua experiência.

Histórias do TocarteHistórias do Tocarte

Minha indicação deste mês é o musical “Padre Pio” da Toca de Assis. Se você não

viu ainda, vale a pena assistir. Você pode adquiri-lo em nossa loja virtual. Assim,

você estará colaborando, também, com as obras da Toca de Assis em favor dos

sofredores de rua.

Irmão Tarcísio, [email protected]

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1 ano!!!

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Art

es A Toca de Assis é uma Fraternidade de religiosos, leigos e sacerdotes com espiritualidade franciscana. Nosso Carisma é a adoração ao Santíssimo Sacramento e o cuidado aos pequeninos do

Senhor, os pobres em situação de rua. Ao adquirir os produtos da Toca, você contribui para a manutenção desta Obra.

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