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nº 11 Abril 2011 2 Boinas REVISTA RECRIAÇÃO DOS FUZILEIROS PÁG. 6 SEPARATA ESTATUTO REGULAMENTO GERAL DAS ESTRUTURAS E SERVIÇOS CENTRAIS

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nº 11Abril 2011

2 Boinas

R E V I S TA

REcRIAÇÃO DOS FUZILEIROSPÁG. 6

SEPARATAESTATUTO•REGULAMENTO GERAL •DAS ESTRUTURAS E SERVIÇOS cENTRAIS

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Associação de Fuzileiros | 2011

EditorialTítulo ........................................................................................3

cartas ao Director .................................................................4comunicados

Assembleia-Geral de 26 de Maio .............................................550 Anos

Recriação dos Fuzileiros ...........................................................6  Serafim Lobato

AssociadosCamarada nosso bate recorde do mundo ................................8  MPRegresso à Casa-Mãe ...............................................................9

 Jorge M. Moreira SilvaFuzileiros a Bordo ...................................................................10

 António Ribeiro RamosO Direito de Dizer ...................................................................11

 Carla Marques PintoTudo por causa de uma boa causa .........................................13

 Mário Manso e Pedro Marques da LuzccF

Treino avançado de Operações Especiais ...............................14A História dos Homens ...........................................................14

 SAJ. FZ SilvaHomenagem ao Cmte. Neto Simões ......................................15Atribuição do Distintivo alusivo ao Curso de Fuzileiro ...........16Qualificados novos Patrões de LARC ......................................17Orientação Desportiva ...........................................................18Fuzileiro Português vence a Marcha Dinamarquesa ..............19

DelegaçõesReunião com as Delegações ...................................................19Delegação de Vila Nova de Gaia.............................................20Fuzileiros de Setúbal ..............................................................20

convívios20º aniversário do 2º CFORN FZ 1990/1991 ..........................21DFE 5 – 1963-65 (Angola) .......................................................21Almoço de Escolas no Litoral Alentejano ...............................22

 Neves de CarvalhoEscola de Fevereiro de 1991 ..................................................22

 Luis AradaInformação (DFE 10 – Guiné 1967-69) ...................................22Convívio de Marinheiros e Ex-Marinheiros ............................23

 José de Oliveira Pinto

ÍNDIcE

Sumário

Ficha TécnicaDirector e Responsável Editorial: Cmte. Lhano Preto. Director-Adjunto: Marques Pinto. Redacção: Editor, Serafim Lobato. colaboradores: Mário Manso; Comte Ribeiro Ramos; Sargento Miranda Neto. Fotografia: Ribeiro.Impressão: Tipografia Lobão, R. Qta. Gato Bravo, 5, Feijó; Telf. 21 255 98 90; E-mail: [email protected] www.tipografialobao.ptPropriedade e Edição: Associação de Fuzileiros, Rua Miguel Pais, 25 - 1º Esq.; 2830-356 Barreiro; Tel: 212 060 079; Fax: 210 884 156; E-mail: [email protected]; Site: www.associacaofuzileiros.pt

Encontro Escola de 88 – Algarve 2011 ...................................23  João Serafim

Destacamento nº 6 e Companhia nº 10 .................................24  Mário Manso

O reencontro dos Putos da Fragata ........................................24  Carlos Verdasca

EventosO Jantar dce Natal de 2010 ....................................................25

 MPBatalha 10/04/2010 também Dia do Combatente .................26

 Mário MansoAPVG Braga ............................................................................27

 Mário MansoSalpicos de Vida

SPM 0468 Nº 5 .......................................................................28  Francisco Rosado

Guiné, 1969 – Emboscada a um comboio naval – Parte I ......29  Lema Santos

In Perpetuam MemoriamHomenagem da Direcção Nacional ao Dr. Paulo Marques

Sócio nº 566 da Associação de Fuzileiros ...........................33  Carlos Marques Pinto

Camaradas falecidos ..............................................................34Fuzo-poesia

Homenagem à Banda da Armada ..........................................35  Mário Manso

___________Ofertas & Donativos ...............................................................34Novos Sócios ..........................................................................35

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Associação de Fuzileiros | 2011

Editorial

Muito havia para falar neste edito-rial, mas vou apenas, de forma lhana, abordar três assuntos. Em primeiro lugar quero agradecer o empenho de muitos sócios, já que nos têm enviado algumas cartas, ten-do assim respondido ao meu apelo na revista anterior, notando-se ainda um aumento de artigos para a nossa re-vista. A todos o meu obrigado.A seguir, não podia deixar de lembrar que no dia 3 de Junho, com chegada à “Casa Mãe”, pelas 09.30 horas, festeja-mos o “Dia da Escola de Fuzileiros”;Como é sabido decorrem em 2011, as comemorações dos 50 anos da recria-ção dos Fuzileiros.“Meio século de existência crescen-temente prestigiada – na nossa Mari-nha, nas Forças Armadas, em Portugal e mesmo no estrangeiro – durante o qual, muitas gerações cumpriram exemplarmente os seus deveres mi-

litares defendendo o País, na guerra e na paz, e desenvolvendo uma mís-tica e um espírito de solidariedade e de aprumo patriótico, ímpares – É OBRA!”Por último não podia deixar de falar do “Dia do Fuzileiro” dia 9 de Julho. “Como é óbvio, a Associação de Fu-zileiros sente-se, por direito próprio, parte integrante e activa destas come-morações, exortando todos os nossos camaradas, e todos os sócios e seus familiares a comparecerem.Os pormenores dos eventos – nome-adamente a possibilidade e a data da inauguração do Monumento ao Fuzileiro, a implantar na rotunda de entrada da cidade do Barreiro, mu-nicípio que foi berço dos fuzileiros e da sua Escola, em Vale do Zebro – os programas, os horários e as prováveis fitas de tempo serão oportunamente divulgadas, em comunicado/convite a

publicar no nosso site, na internet, e/ou pelos meios que estejam ao nosso alcance.

Pretendemos que este ano, particu-larmente significativo para os fuzilei-ros em geral e, especialmente, para a grande “Família” associativa dos fu-zileiros, todos estejamos ainda mais presentes do que é costume”.

É esta uma das formas e também uma oportunidade relevante de afirmar-mos a nossa qualidade e a excelência da nossa missão, perante a Sociedade Civil e as Forças Armadas e de elevar-mos mais alto o prestígio da nossa Marinha e de Portugal.

Agradecemos que faça a sua inscrição atempadamente, através da Associa-ção de Fuzileiros.

Fuzileiro uma vez

Fuzileiro para sempre!

Lhano PretoPresidente da Associação de Fuzileiros

TRÊS ASSUNTOS

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Associação de Fuzileiros | 2011

Cartas ao Director

Em honra do Fuzileiro da Guerra colonialSenhor Director, gostaria que as minhas primeiras palavras nesta secção da nossa Revista fossem um cântico em honra do Bravo Fuzilei-ro da Guerra Colonial. Um hino de louvor sobretudo à arraia-miúda: militar desempenado, alegre e me-dalhado. Herói ingénuo que nunca percebeu o porquê da guerra. Um hino de glória ao Alentejano, ao Braga, ao Açoriano, ao Viseu, ao 45, ao António… de quem não se fala, herói humilde e sacrificado, nome ignorado, Fuzileiro sem his-tória, Fuzileiro esquecido. Fuzileiro filho da Pátria que me germinou.

Guilhermino Augusto Ângelo (Sócio nº 1527)

Assunto: Conselho de Veteranos

Recebi a sua carta em que em dá conhecimento do aditamento do novo estatuto da nossa associação, aprovado em A.G. por unanimida-de e aclamação.

E nesse estatuto é-me atribuído a distinção de membro permanente do conselho de Veteranos, deriva-do da qualidade antigo presiden-te da Mesa da Assembleia Geral da Associação de Fuzileiros, que agradeço.

Trata-se de uma inerência, mas que me apraz registar a honraria atribuída.

Vejo com muito agrado que o meu amigo está dinâmico, como era de esperar.

O novo artº. 14º vem dignificar um núcleo de pessoas, que serviram ou servem a Associação, o que é mais uma prova de que os Fuzilei-ros lembram sempre outros Fuzi-leiros, o que nem sempre acontece no resto da Marinha.

Os meus parabéns, com votos de continuação de bom trabalho.

E no dia 12 de Maio espero estar presente no convívio do conselho de Veteranos.Agradeço que nos envie um exem-plar do novo regulamento, dado que o anterior foi coordenado por mim, pelo que tenho curiosidade em conhecer o novo.Com um cordial abraço

Cmdt. Metelo de Nápoles

Os traumas de uma comisssãoA 6 DE Junho de 1966 o velhinho Contratorpedeiro Vouga deixa a Base Naval de Lisboa rumo a Bis-sau, levando a bordo um Desta-camento de Fuzileiros Especiais. Julgo ter sido a sua última viagem, não por maldição, mas pela força dos anos.Cumpri nesse Destacamento uma comissão de serviço na Guiné e, mais de quatro décadas passadas, ainda tenho bem presente passa-gens ali vividas. Ainda hoje oiço o barulho dos motores da LDM que nos levava para a operação. Sinto no corpo a água morna daqueles rios e as penosas travessias do tar-rafe, o chapinhar nas águas, e o lodo no camuflado. Sinto as terrí-veis formigas agarradas às minhas pernas, a travessia da bolanha em progressão lenta e a entrada na mata onde a progressão era ainda mais lenta devido à densa

vegetação, mas sempre mais se-guro que seguir pelos caminhos/picadas. Oiço o ruído do macaréu no Rio Corubal, aquela vaga enor-me a avançar em sentido contrário à sua corrente. Ainda vejo o clarão do Sol nascente entre a bela e mis-teriosa floresta tropical, tantas ve-zes aproveitada pelo inimigo. Oiço o chilrear das aves e o cantar dos galos. Sinto o cheiro característico da tabanca. Oiço as rajadas da G3 em resposta às da Kalashnikov e vejo a chegada dos sempre esfo-meados abutres. Vejo no rosto de cada elemento um sorriso no final da operação. Vejo em ti Amadeu, a felicidade por na última operação – a nossa “Chave d’Ouro” – algures no Rio Armada, teres conseguido a “desforra” dos dois tiros.Vinte e dois meses e treze dias de-pois, esse Destacamento, desem-barca na mesma Base Naval, com seis dias de navegação noutro ve-lhinho navio da nossa Armada – a Fragata Diogo Gomes.P.S: Mas hoje também sinto uma extraordinária amizade entre to-dos aqueles que comigo serviram a Marinha naquele Destacamento. Uma amizade que teve a sua ori-gem na Escola de Fuzileiros aquan-do da formação da unidade, que se fortaleceu durante a comissão – onde a vida de um dependia muitas vezes do camarada que estava ao seu lado – e consolidada ao longo destes anos. Uma amizade sempre bem patente, tanto nos encontros fortuitos como nas planeadas reu-niões ( almoços) anuais.

Guilhermino Augusto Ângelo

AbraçoCamaradas e Amigos.Com um abraço muito grande para todos.Quanto à Revista o Desembarque, estou muito contente, pois vejo toda a nossa boa informação, e destaque dos sempre Fuzos.

Do Lagarto 518/64 - Sócio nº538

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Associação de Fuzileiros | 2011

Comunicados

Teve lugar no passado de 26 de Mar-ço a Assembleia-Geral, previamente convocada, que deliberou sobre os seguintes assuntos, conforme a res-pectiva ordem de trabalhos:

Apresentação e eventual aprovação • do Relatório de Actividades e Con-tas do exercício de 2010 e do Orça-mento para 2011;

Eleição dos titulares dos Órgãos So-• ciais – Assembleia-Geral, Direcção Nacional, Conselho Fiscal e Con-selho de Veteranos – para cumpri-mento do Estatuto, nomeadamente de um Vice-Presidente e dois Secre-tários para a mesa da Assembleia-Geral (Art.° 11.0, n.°2) um Vice-Pre-sidente e um vogal para a Direcção Nacional (Art.° 12.°, nos 1, 2 e 3) um Vice Presidente e dois vogais para o Conselho Fiscal (Art.° 13.°) e oito Conselheiros para o Conselho de Veteranos (Art.° 14.°, nos 3 e 4);

Apresentação e eventual aprovação, • ao abrigo do Estatuto (Art.° 5.°) de propostas para Sócios Honorários, dos seguintes sócios Originários: comt. Guilherme Valmor Alpoim calvão (n.° 70); comt. Heitor dos Santos Patrício (n.° 2); comt. José Luís de Almeida Viegas (n.° 153); comt. António Fernando Salgado Soares (n.° 62); comt. José cardoso Moniz (n.° 36); Sargento Emídio Al-ves Ribeiro (n.° 60).

Apresentação para eventual ratifi-• cação, nos termos do ponto 1.4. do Estatuto, dos designados Sócios de Mérito, seguintes sócios originário e aderentes, respectivamente: Dr. José dos Santos Sequeira (n.° 158);

De notar é que, o mecanismo do man-dato (representação), já previsto no Art.° 2.° do novo Regulamento Geral Interno, não foi utilizado, porventura por não ter sido ventilado na respec-tiva Convocatória, sendo bom que fique de experiência para a próxima Assembleia Geral ordinária (que terá também a natureza de assembleia eleitoral) já que o voto por mandato veio alargar e conferir qualidade ao clima verdadeiramente democrático da Associação de Fuzileiros que se ca-racteriza por grande rigor, disciplina e liberdade.Entretanto, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral colocou à votação as propostas da Direcção que foram, previamente, lidas em voz alta para os Sócios Honorários, e de ratificação dos Sócios de Mérito acima referen-ciados, sendo todas elas aprovadas por unanimidade.Encerrada a sessão pelo Presidente da Mesa foi ainda tempo para o Sr. Te-nente-Coronel, Piloto Aviador, Brando Ferreira, proferir urna conferência e de relançar o seu livro, “Em nome da Pátria”, autografando alguns deles, conferência que foi muito participada no período de perguntas e respostas. A Assembleia Geral que se caracteri-zou, também, por um saudável conví-vio, decorreu com grande urbanidade, como aliás era totalmente expectável, nesta plêiade de sócios que bem re-presentam a solidariedade, a discipli-na e o elevado espírito cívico, caracte-rístico apanágio dos fuzileiros.

AAssembleiA-GerAlde26demArÇo cONSELHO DE VETERANOSPara conhecimento de todos os Sócios comunicamos que o Con-selho de Veteranos reuniu em pri-meira sessão plenária, tendo ele-gido para Presidente e Vice-Presi-dentes os seguintes Conselheiros:

Presidente – Sócio n.º 70, Capitão de Mar-e-Guerra Guilherme Val-mor Alpoim Calvão;

1.º Vice-Presidente – Sócio n.º 578, Vice-Almirante Alexandre Reis Rodrigues;

2.º Vice-Presidente – Sócio n.º 36, Capitão de Mar-e-Guerra José Cardoso Moniz.Sr. Diogo Velez Pacheco de Amorim

(n.° 1543); Sr. José Augusto campos e Sousa (n.° 1421).

Na Assembleia estiveram presentes, 105 sócios.Os sócios com direito a voto aprova-ram o Relatório e Contas/2010 e o Orçamento para 2011, por unanimi-dade, após o Presidente do Conselho Fiscal ter lido o respectivo parecer e ter proposto um voto de louvor à Di-recção pelo seu desempenho ao lon-go do ano de 2010, tendo sido este, também, aprovado por unanimidade. De seguida foram eleitos os novos titulares dos órgãos sociais previstos no actual Estatuto e, oportunamen-te propostos em lista única, tendo a Mesa da Assembleia apurado os se-guintes resultados:Total de votos presenciais, 70; Váli-dos, 65; Brancos, 5; Total de votos por correspondência, 177; Válidos, 170; Brancos, 1; Nulos, 6.Os candidatos aos cargos dos órgãos sociais foram eleitos por 235 votos válidos expressos, isto é, por uma per-centagem de 95,2%).Num país como Portugal, em que, no panorama associativo, a média de participação em assembleias-gerais ronda a percentagem dos 4,5% é no-tável que a nossa Associação registe urna participação (incluindo os pre-sentes e os que participaram através do voto por correspondência) de cer-ca de 18,7%, uma taxa de votação dos sócios nos plenos poderes dos seus direitos sociais de, mais ou menos, 24,7% e uma presença na respectiva sessão de cerca de 18,1%.

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Associação de Fuzileiros | 2011

50 Anos

REcRIAÇÃO DOS FUZILEIROSA actual estrutura organizativa dosfuzileiros navais portugueses foi cria-da,oficialmente,porlei,a24deFe-vereiro de 1961, sendo estabelecido, então, que haveria duas especializa-ções: a de monitor (IM) e a de fuzilei-ro especial (IEP).Os fuzileiros comemoram, portanto, este ano o seu 50º aniversário.O primeiro curso de fuzileiros teve lugar no Verão de 1961, tendo decorrido no en-tão Corpo de Marinheiros, em Vila Franca de Xira, (que foi depois o Grupo 2 de Esco-las da Armada e, posteriormente, a Escola de Tecnologias Navais).O curso foi dividido em duas fases – a pri-meira com início a 5 de Junho de 1961, e a segunda a 14 de Agosto. Teve a frequên-cia de 36 praças na primeira fase e 42 na segunda (que vieram a fazer parte do pri-meiro Destacamento de Fuzileiros Espe-ciais) e ainda pelos 1ºs tenentes (Coelho Metzener, Maxfredo da Costa Campos e Santos Patricio), pelos 2ºs tenentes (Men-des Barata, Vasconcelos Caeiro e Oliveira Rego).Foram seus primeiros instrutores os qua-tro membros da Marinha que, em Agosto e Setembro de 1960, frequentaram, em Inglaterra, um curso dos Royal Marines ingleses; respectivamente, o 2º tenente Pascoal Rodrigues e os marinheiros MAN Ludgero dos Santos Silva (Piçarra), Mário José Batista Claudino e João Cândido dos Santos Santinhos.(Estes quatro primeiros fuzileiros recebe-ram a boina verde dos Marines ingleses, que depois foi adaptada para o primeiro modelo que usamos e que vigorou duran-te todo o período de guerra no Ultramar: a boina azul ferrete com a âncora da Ma-rinha, que ficou a ser o símbolo dos fuzi-leiros especiais).O curso decorreu, com alguma improvi-sação, tendo sido estabelecida uma pista de combate num local chamado “Quinta do Antelmo” (junto às ruínas da Casa do Infante), enquanto a mata do Alfeite era utilizada para exercícios tácticos e a pista de lodo a zona pantanosa nas imediações da designada piscina de pedra do rei D. Carlos. A serra da Arrábida foi utilizada para os exercícios de campo. Ali teve lu-gar, a primeira imposição de boinas (com carácter não oficial), com a presença do contra-almirante Armando de Reboredo e do capitão-tenente Melo Cristino, direc-tor de Instrução da Escola de Fuzileiros. A cerimónia oficial de imposição realizou-se, todavia, mais tarde na parada do Cor-pos de Marinheiros.Entretanto, enquanto decorria este pri-meiro curso eram efectuadas obras para adaptação das instalações navais do Vale do Zebro (Barreiro) para fixação da Escola

de Fuzileiros, que é, desde então, a Esco-la-Mãe dos Fuzos até aos dias de hoje.Esta foi formalmente criada a 3 de Junho de 1961, destinada à formação de fuzi-leiros, com sede em Vale de Zebro, com subordinação ao Grupo 2 de Escolas da Armada, tendo como director de Instru-ção, o já referido capitão-tenente Melo Cristino (que ascendeu, depois, na sua carreira ao almirantado), com competên-cia disciplinar.O recrutamento, a instrução e a evolução organizativa dos fuzileiros, com a designa-ção de especiais e navais, foi modificando, com a experiência adquirida e a sua des-crição pode ser acompanhado em por-menor no trabalho, lançado em livro pela Comissão Cultural da Marinha, em 2006, da autoria do comandante Sanches de Baêna, que temos vindo a acompanhar, cujo título é “FUZILEIROS – Factos e feitos na guerra de África 1961/1974”.Somente em 3 de Fevereiro de 1969, a Escola de Fuzileiros adquiriu um estatuto de independência, vindo a ser comanda-da por um capitão-de-fragata, no caso, o primeiro foi o comandante Bustorff Guer-ra (mais tarde vice-almirante), ficando subordinada directamente ao vice-almi-rante Chefe do Estado-Maior da Armada para fins de disciplina, segurança e defe-sa, sendo que para efeitos de instrução se subordinou na altura ao superintendente dos Serviços de Pessoal.Em 1969, foi criada a Força de Fuzileiros do Continente, para agrupar numa força da Armada as Unidades de Fuzileiros e as lanchas de Desembarque estacionadas no território continental europeu. Esta orga-nização levou a que fossem capitães-de-mar-e-guerra seus comandantes. O pri-meiro foi o comandante Lopes Marques. Situação que se estendeu, com idêntico posto, em 1971, à Escola de Fuzileiros.

Em 1974, forma-se – 24 de Julho – o Corpo de Fuzileiros do Continente. Inicialmente, e durante anos sob o comando de um oficial de Marinha, mais tarde Fuzileiro tendo sido o seu primeiro comandante o capitão de mar e guerra Bustorff Guerra.E, há cerca de meia dúzia de anos sob o comando de um contra-almirante prove-niente da classe de Marinha. O primeiro foi o então contra-almirante Vargas de Matos, o último oficial-general do cargo que fizera um curso de FZE e comandara um Destacamento em Moçambique.No período da guerra em África, a unida-de de elite operacional da Marinha foi o Destacamento de Fuzileiros Especiais. Foram, aliás, FZE´s, os únicos membros da Armada a receberem a mais alta con-decoraçãopolítico-militarportuguesa,aTorre Espada de Valor, Lealdade e Mérito pelas acções em combate. Foram quatro e os seus nomes devem ser relevados: comandante Alpoim calvão, comandan-te Rebordão de Brito (já falecido),2º sar-gento FZE Ribeiro Pais (já falecido) e 2º sargentoFZemartinsTeixeira.Apesar de serem criados em pleno ano do início de guerra em África, os fuzileiros já estavam em Angola com um destacamen-to em Novembro de 1961, sob o comando do 1º tenente Metzener. Ou seja pouco meses depois.Pelos três Teatros Operacionais activos (Angola, Guiné e Moçambique), bem como por Cabo Verde com um pelotão independente desde 1968, passaram pe-los antigos territórios ultramarinos portu-gueses cerca de 12.500 homens, integra-dos, principalmente, em Destacamentos de Fuzileiros Especiais e Companhias de Fuzileiros. Não significa isto que o núme-ro corresponda a uma estatística real, já que uma parte significativa do pessoal fez várias comissões.

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Associação de Fuzileiros | 2011

Entre 1962 e 1974,a Escola de Fuzileiros formou cerca de 4.200 fuzileiros especiais (oficias, sargentos e praças). De certo modo e em certo sentido, os fu-zileiros portugueses actuaram, em prati-camente, todo o território dessas princi-pais possessões ultramarinas.Conforme referimos acima, a primeira unidade de Fuzileiros formada, logo no início da guerra, seguiu para Angola, em Novembro desse ano.Nesta antiga colónia, estiveram destaca-dos 18 DFEs e 22 Companhias, além de vários pelotões de reforço. Estiveram se-diados e em acção desde Luanda, ao Nor-te (rio Zaire), interior (Dembos), sul (rio Cubango) e leste (rios Zambeze e Lungué-Bungo)A Guiné foi a antiga província, onde se registou uma acção, mais marcadamente operacional dos fuzileiros. Além de ali estarem presentes, no total, 27 Destacamentos, foi nesta província que o esforço de operacionalidade naval nas zonas ribeirinhas onde mais se fez sentir, desde a regular presença de segurança aos comboios de abastecimento, a patru-lhas de rios pelas lanchas de fiscalização (LFG, e LFP) e botes, e mesmo missões em LDM e LDP, passando inclusive pela presença irregular de navios de maiores portes. Tudo isto somado ao apoio naval às operações dos DFZE`s.Na realidade, a Guiné teve duas grandes bases navais: uma de comando, logística e de manutenção em Bissau e outras ope-racionais em Ganturé, Cacheu, Chugué, Antiga Teixeira Pinto, Escola de Fuzileiros Bolama (DFE21, DFE22, DFE23) onde, re-gularmente, se constituíam em agrupa-mentos de navios e forças em terra.Na prática, todos os rios da Guiné, na-vegáveis ou não, tiveram a presença de Forças da Marinha (navios ou fuzileiros), desde o Cacheu (e afluentes, maiores ou menores) até ao Cumbijá, passando pelo Mansoa, Geba, Buba, Corubal e Cacine. Doze foi o número de Companhias que

passaram por aquela antiga província, as-sim como vários pelotões de reforço.Convém referir que apenas a Guiné, teve unidade de fuzileiros de recrutamento lo-cal, comandados por oficiais metropolita-nos. Foram três DFZEs (21, 22 e 23), sendo que um deles não entrou em actividade operacional, pois a sua constituição for-mal coincidiu com o fim da guerra.Moçambique teve um conjunto de 19 DFZE´S e 12 Companhias, além de vários pelotões de reforço, sendo que a activi-dade operacional dos fuzos se centrou no Norte (Cabo Delgado, Niassa) e na zona de Tete. Com presença em Lourenço Mar-ques, hoje Maputo. Finalmente, a partir de 1968 foi sediado em Cabo Verde um pelotão permanen-te de 40 homens sob o comando de um oficial oriundo da Reserva e isto porque, a partir desse ano, começaram a surgir informações confirmadas que o PAIGC tencionava lançar forças de guerrilha no arquipélago, que chegou a treinar, mas cuja pretensão abandonou por ter poucas hipóteses de vingar na situação geográfi-ca do arquipélago.Entre 1962 e 1975, morrem em campa-nha nas antigas colónias ultramarinas 154 fuzileiros (um oficial e os restantes sargentos e praças). Destes mais de me-tade (86) ocorreram na Guiné. Seguiu-se Angola com, 43 e Moçambique 23. Existe o registo de duas mortes em Cabo Verde, por acidentes.Inicialmente, o recrutamento de praças foi voluntário entre as diversas classes (manobras, artilheiros, radiotelegrafistas e condutores). Da classe de monitores, foram recrutados os primeiros sargentos.Exceptuando alguns voluntários, os ofi-ciais das primeiras unidades foram esco-lhidos pelo Estado-Maior entre oficiais de carreira da classe de Marinha. O incremento operacional da guerra le-vou a que uma parte, sempre crescente, do pessoal fosse incorporada por recru-tamento. Para os lugares de comandante

e imediato, provinham da classe de Ma-rinha, para os restantes oficiais, a partir de Novembro de 1961, com a formação do 4º CEORN (Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval), aqueles postos come-çaram a ser ocupados por jovens oficiais provenientes de cadetes da RN. Num conjunto de 1712 cadetes que cons-tituíram as diversas classes – Marinha, Médicos Navais, Engenheiros Maquinis-tas, Administração Naval, Fuzileiros, En-genheiros Construtores Navais, Técnicos Especialistas e Farmacêuticos Navais –, desde o 1º CEORN de 1958 até ao 25º CFORN (Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval), de Agosto de 1974 (os CEORN, a partir de 1966 passaram a chamar-se CFORN), o quantitativo de fu-zileiro atingiu o número de 465, sendo que este valor foi em crescendo, vindo a ultrapassar, nos últimos anos, da guerra, a classe de Marinha (a mais numerosa, 612 cadetes no total).Muitos desses oficiais FZ RN, vieram a ocupar cargos de imediato e alguns da-queles que seguiram a carreira de fuzilei-ro instituída mais tarde ocuparam cargos de comandantes de Unidades (FZE e FN).Com o fim da guerra, foi efectuada uma reestruturação profunda organizativa no Corpo de Fuzileiros, tendo sido extinto a classe de FZE, entre outras modificações, com missões internas e externas orienta-das para as diferentes situações que sur-giram ao longo desses anos.De 1974 a 2011, foram formados 13.407 fuzileiros.O quadro actual, na estrutura do Corpo de Fuzileiros, é de 1998, conforme infor-mações provenientes do Comando da-quele, que utilizo neste artigo, embora me fossem prestadas no âmbito de um outro trabalho:Oficiais – 102 FZ + 20 (outras classes)Sargentos – 266 + 81Praças – 1.322 + 159Civis – 48

Serafim Lobato

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Associação de Fuzileiros | 2011

No passado dia 15 de Janeiro, pelas 12.00 horas, o nosso sócio e camara-da de armas, João Dias (da “Escola de 1992”) conseguiu bater o recorde do Mundo, em slide show descendo os 1.538 metros (maior cabo suspenso do Mundo) apenas com a força das mãos e dos braços, a 150 metros de altura, no “Parque da Pena Aventura”, em Ribeira da Pena (Vila Real).

O notável acontecimento - fruto da grande força de vontade, do espírito de sacrifício, da coragem e da fé, do João Dias, qualidades bem ao jeito dos fuzileiros - foi precedido de dois saltos experimentais e teve o apoio do Corpo e da Escola de Fuzileiros, da Associação de Fuzileiros (AFZ) e da TVI que deu a respectiva cobertura televisiva.

Em representação da Escola de Fuzi-leiros e prestando o necessário apoio técnico e logístico esteve presente o 1.ºTenente, Dias, responsável pelo Sector de Educação Física e repre-sentando a AFZ marcou ponto alto, o Vogal da Direcção Nacional, Mário Manso que prestou comovidas decla-rações à Televisão.

Para conseguir esta proeza, até agora, única no Universo do Planeta Terra, o João Dias teve de trabalhar com afin-co para se preparar física e psicologi-camente tendo necessidade de per-der 12 quilos.

Testemunharam o feito, acompanhan-do o autor a partir de Lisboa, um gru-po de 20 pessoas (que se deslocou em

Associados

cAMARADA NOSSO BATE REcORDE DO MUNDO

transporte disponibilizado pela Mari-nha) e muitas outras anónimas.A Representante do Governador Civil de Vila Real e o Presidente da respec-tiva Câmara Municipal – para além de terem honrado o autor e todos os fu-zileiros com a sua presença – deram, também, lustro ao acontecimento e foram indispensáveis para credenciar a homologação pela organização do Guiness Book.Os fuzileiros presentes deram por três vezes o Grito do Fuzileiro que

ecoou pelo vale paradisíaco de Ribei-ra da Pena, emprestando ânimo ao seu camarada João Dias que a todos orgulha.

A Associação de Fuzileiros que, ob-viamente, se sente orgulhosa do seu sócio originário e do recorde por ele atingido obsequiou-o e às Entidades presentes com pequenas mas signifi-cativas lembranças.

MP

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REGRESSO ÀCAsA-mÃe

Associados

Há cerca de dois anos fui nomeado para pres-tar serviço em Itália, no Joint Force Command (JFC) Nápoles. Como nestas comissões em comandos operacio-nais da NATO estamos

sempre sujeitos a “dar com os costa-dos” no Iraque ou no Afeganistão, tive de fazer um pequeno curso de prepa-ração que incluía um módulo NBQ no Departamento de Limitação de Ava-rias da Escola de Tecnologias Navais (ex-Grupo nº 2 de Escolas da Armada) e um “refrescamento” em Orienta-ção, Sobrevivência e Tiro de Combate na nossa velha Escola de Fuzileiros, cujo 50º aniversário celebramos no corrente ano.

transportou de volta à Infância e aos dias passados naquela unidade quan-do o meu pai fazia serviços durante o fim-de-semana. Belos tempos esses, em que fiz os meus primeiros “cros-ses” e tive o primeiro contacto com os obstáculos da pista de combate, em renhidas competições com o meu ir-mão e mais um ou dois pequenos “fu-zodescendentes”! E o melhor vinha sempre ao fim da tarde, com o apete-cido banho na piscina de água aque-cida, onde aprendi a dar as minhas primeiras braçadas. Naturalmente, não posso deixar de mencionar a ar-repiada comoção que os Juramentos de Bandeira me proporcionavam, os quais me deixaram uma impressão suficientemente profunda para me aliciar a optar pela carreira naval.Ali voltaria, uns anos depois, para um estágio de duas semanas durante o concurso de admissão à Escola Na-val, embora neste regresso, um pou-co mais duro, o “divertimento” tenha sido outro! E eis que, passados mais alguns anos – intercalados com algumas visitas pontuais, das quais evoco com es-pecial carinho o momento da minha primeira condecoração -, ali estava novamente, demonstrando o velho adágio segundo o qual “o bom filho à casa torna”.Sim, creio que posso considerar-me, com toda a legitimidade, um filho da vetusta Casa-Mãe. Embora não tenha a honra de ser Fuzileiro e as minhas profundas convicções republicanas, totalmente avessas a nobrezas de sangue, me impeçam de reclamar eventuais direitos de descendência,

recebi dos Fuzileiros aquela que con-sidero ser a minha formação militar-naval de base. E com eles tive, por diversas vezes, o privilégio de servir, desde a aventurosa missão de resgate de cidadãos nacionais durante a guer-ra civil na Guiné-Bissau (onde nasci, durante uma das quatro comissões que o meu pai cumpriu no Ultramar) até ao processo de estabilização de Timor-Leste. Pelo meio ficaram alguns embarques em que os meus camara-das “fuzos”, atormentados pelo enjoo, puderam comprovar, enquanto iam à borda “chamar pelo Gregório”, que a dureza da vida de Marinha não está só nas longas marchas e nas provas de sobrevivência.

Apresentada esta breve justificação, espero que os prezados consócios não dêem totalmente por mal empregue o tempo perdido a ler as divagações deste camarada da “Marinha de Pau”, que muito se orgulha de ter a compa-nhia dos Fuzileiros na briosa institui-ção que serve. Se duvidam, façam o favor de ler duas pequenas crónicas da sua autoria publicadas há uns anos na Revista da Armada sob o título ge-nérico “Divagações de um Marujo”, respectivamente intituladas “A Porta” (no número de Agosto de 2005) e “Fu-zos!... Prontos!” (Fevereiro de 2007). Estou certo de que nelas apenas en-contrarão palavras de apreço para com os nossos infantes de marinha.

Se, depois disto tudo, ainda lhes ficou alguma paciência, talvez o autor des-tas linhas volte aqui para abusar dela mais uma ou duas vezes.

Bem hajam.

O autor (o mais à direita, em pé) com a sua turma de IMB na pista de lodo da EFZ – Setembro de 1988

Jorge M. Moreira SilvaCFR M (sócio 1741)

No dia em que me apresentei naque-le cinquentenário estabelecimento, aproveitei os cerca de 45 minutos de adiantamento em relação à hora de início do curso para fazer um rápido giro, relembrando velhos tempos. Para além de um par de novas infra-estruturas que ainda não conhecia, pude apreciar a vitalidade trazida pela presença dos novos recrutas ma-rinheiros, cuja passagem pela Escola, agora extensível a todas as classes – depois do encerramento da antiga Escola de Alunos Marinheiros em Vila Franca de Xira -, é a melhor garantia de que a Marinha, pelo menos no as-pecto da formação militar, continuará a ser bem servida.

Mas o que me chamou mais a atenção foi a passagem de um grupo de três garotos em alegre correria, que me

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FUZILEIROS A BORDO!

No mar, a pirataria esteve sempre muito longe de ter sido um fenómeno confinado

no tempo. Só no Mediterrâneo terão ocorrido ataques conhecidos, que re-montam ao início do Séc. IX, desenca-deados por piratas originários do Nor-te de África contra navios e regiões costeiras do sul da Europa. Em 1249, D. Afonso III torna-se Rei de Portugal e dos Algarves, tendo o País atingido as suas fronteiras actuais, e o Almirante-Mor da Armada Portuguesa, o geno-vês ao serviço da Coroa Portuguesa Manuel Pezagno (Pessanha, como os portugueses lhe chamavam) nome-ado em 1317 por D. Dinis que foi o grande impulsionador da constituição da Armada, esmera-se com exemplar lealdade no adestramento das nossas forças navais e inicia com êxito uma luta sem tréguas contra a pirataria oriunda de Marrocos, o que lhe valeu o apreço e a confiança do Rei. Para Portugal, a pirataria no mar remonta pois à sua ancestralidade histórica.Fenómeno afinal de todos os tempos, a pirataria nos mares foi não obstan-te considerada “eliminada” interna-cionalmente nos finais do Séc. XIX, desaparecendo inclusivamente aos poucos do espaço jurídico. Para isso, é possível que muito tivesse contribu-ído a confiança nas expectativas livre-cambistas emergentes do liberalismo clássico, que tendo dominado grande parte do pensamento económico do Séc. XIX tanto britânico como ameri-cano, suportava a convicção de que a agilização do comércio criaria por si mesma a prosperidade necessária en-tre os povos para prevenir a apetência para a guerra, uma vez que esta era obviamente má para o negócio. Também a separação definitiva en-tre a Marinha de Guerra e a Marinha Mercante, ocorreu ainda nos finais do Séc. XIX.Todavia, a pirataria nunca foi de fac-to eliminada na prática. E jamais foi possível combatê-la com sucesso,

pontualmente, onde se não pudesse contar com a presença imediata dos meios e/ou da força adequada para a conter. É evidente que o tratamento do assunto é bem mais vasto, e en-volve uma outra perspectiva, fora do âmbito do presente tema, que obriga ao conhecimento profundo dos países onde o fenómeno se dissemina, e que pode até apontar para a reconstrução do próprio Estado (State building), da economia, da legalidade e dos meios disponíveis a todos os níveis. Em qual-quer caso, trata-se de um processo moroso, extremamente complexo, que não se compadece com a casuís-tica do entretanto.

Entre os principais argumentos que desaconselham o recurso a armas de fogo a bordo dos navios mercantes ac-tuais, não obstante o facto de não se tratar de uma situação inédita, está a presunção de que seriam mal utiliza-das, e que a parte contrária nesse caso usaria à partida de muito mais força, o que aumentaria provavelmente a quantidade de avarias sofridas, cau-sadoras de imobilizações comerciais mais ou menos prolongadas para re-parações, e o número de vítimas. No entanto, é sobretudo a vulnerabilida-de que encoraja o potencial atacante, que é sempre persistente e extrema-mente atrevido, e enriquece-o com os “êxitos” conseguidos, tornando-o cada vez mais poderoso e “eficiente”, e transformando-o progressivamente num factor consideravelmente limita-tivo quanto ao uso livre do mar, como aconteceu no Golfo de Adem, tendo obrigado ao esforço internacional que é hoje bem conhecido. Mas repare-se ainda que a pirataria actual dispõe de capacidade oceânica, ocorrendo gran-de parte dos ataques em águas inter-nacionais, e em demasiadas regiões do mundo.

Todavia, para aumentar ainda a com-plexidade jurídica das eventuais so-luções, a maioria dos navios mercan-tes actuais navegam com tripulações multinacionais e com pavilhão de con-

veniência. Além disso, são muitos os países, e normalmente aqueles onde a pirataria se desenvolve, que consi-deram “ofensiva” a entrada de navios mercantes armados nas suas águas territoriais. O que quer dizer que, se o destino final do navio fosse um dos seus portos, as autoridades desse país não autorizariam a entrada do navio nas suas águas territoriais sequer, e talvez até na sua Zona Económica Ex-clusiva, inviabilizando assim qualquer operação comercial.

Entretanto a casuística em zonas de pi-rataria não pára, e deixa mortos. Ser-ve como exemplo o marinheiro Ucra-niano do MV “Marathon” que faleceu a 07 de Maio de 2009 na sequência do assalto ao seu navio por piratas soma-lis. O marinheiro Filipino Jayson Du-magat, do MT “Bunga Melati 2” que faleceu em Fevereiro de 2008 atin-gido pelos tiros dos piratas somalis. Ou os dois marinheiros Filipinos que morreram abatidos no delta do Níger, na Nigéria em Maio de 2009. Tam-bém em Maio de 2009, na sequência dos incidentes ocorridos no Golfo de Adem com os navios de nacionalida-de Norte Americana “Maersk Alaba-ma” e “Lyberty Sun”, a Guarda Costei-ra dos Estados Unidos (USCG) emitiu uma directiva de segurança (maritime security directive) segundo a qual os navios com pavilhão Norte Americano deveriam de futuro efectuar o trânsito no Golfo de Adem com pessoal de se-gurança a bordo, dispondo de armas não letais ou letais, de acordo com a opção do armador. No dia 19 de No-vembro de 2008, a fragata indiana INS “Tabar” afundou, em legítima defesa, um navio-mãe de piratas somalis, que se preparavam para disparar armas automáticas e RPGs à aproximação aquela unidade da marinha Indiana.

Os casos citados, entre outros, apon-tam quanto mais não seja para o direi-to à legítima defesa por parte das tri-pulações dos navios mercantes. Mas

António Ribeiro Ramos Sócio aderente 1053

Continua na pág. 12>

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O DIREITO DE DIZERDEONTOLOGIA, ORIGEM ETIMOLóGIcA, DEFINIÇÃO

As primeiras palavrasComo prometemos aos Fuzileiros de Portugal e do Mundo, na nossa primei-ra crónica ou artigo de opinião, como lhe queiram chamar, publicada(o) no N.º 10 da nossa Revista “O Desembar-que” aqui estamos a dar continuida-de à temática que nos propusemos, permitindo-nos aconselhar os ilustres leitores que lhe dêem, novamente, uma vista de olhos para Vos facilitar o enquadramento lógico dos temas. Respeitando a metodologia que anunciámos nas nossas “primeiras palavras” e “em jeito de umas notas soltas de deontologia” aqui estamos na fase, porventura, menos interes-sante do «Direito de Dizer», a tentar não incomodar demasiadamente os

conta o ajuizamento real por parte da Sociedade, isto é, a éticavigente. Deontologia é uma palavra de raiz grega composta de dois vocábulos: “Deon” ou “Deontos” que significa “o que fazer” e “Logos” que significa “tra-tado” traduzindo-se, assim, como “ a Ciência dos Tratados”. Deontologia poderá, pois, definir-se, de forma lata, como o conhecimento dos deveres tendo por base os juízos de aprovação ou desaprovação, do correcto ou do incorrecto ou conde-nável, do bem ou do mal tendo em conta o ajuizamento real por parte da Sociedade, isto é, a éticavigente.Importará, desde logo, distinguir, em-bora de forma muito ligeira, ética e deontologia, conceitos tantas vezes confundidos.Tratando a ética da investigação filo-sófica do comportamento adequado, numa determinada época e na pre-sença de uma sociedade concreta, não pode confundir-se com a deon-tologia já que esta tem por base os

ou, ao contrário, apenas uma sendo que as ditas deontologias específi-cas, não são mais do que o conjunto de normas, reunidas em “Códigos”, a aplicar aos casos concretos.Segundo o Dr. Orlando Guedes da Costa – Deontologia Profissional «é o conjunto de normas jurídicas, cuja maioriatemconteúdoéticoequere-gulamoexercíciodeumaprofissão». ( in.direitoProfissionaldoAdvogado–Almedina–out./2003).

Temos, contudo, para nós que, este conjunto geral de normas de con-teúdo ético poderá regular, como base deontológica, todas as profissões e que, ao nível de todos os profissionais da Justiça e dos técnicos e dos peritos que nas mais diversas especialidades com Ela, cada vez mais têm de colabo-rar, se poderiam equacionar Códigos Deontológicos Multidisciplinares com

Vista geral da Assembleia

Carla Marques Pinto (Advogada)

E-mail: [email protected]

Sócia Descendente n.º 1870

Deontologia poderá, pois, definir-se, de forma lata,

como o conhecimento dos deveres tendo por base

os juízos de aprovação ou desaprovação, do correcto ou do incorrecto ou condenável,

do bem ou do mal tendo em conta o ajuizamento

real por parte da Sociedade, isto é, a ética vigente.

Cremos que é tempo da Justiça sair da omnisciência dos nossos Ilustres Juízes e

da quase ubiquidade dos não menos ilustres Magistrados do Ministério Público, quiçá,

do esboço corporativista de Nós próprios

Um interminável mundo novo na Justiça do Século XXI

que só se poderá alcançar, no âmbito pragmático das

coisas, que por dentro delas mesmas é que as coisas são

– com a multidisciplinaridade de códigos éticos e

deontológicos e com aquilo a que já ouvimos chamar “a

humildade dos sábios”!...

comportamentos éticos definidos por aquela investigação.Ao tentarmos precisar estes conceitos tivemos obviamente como objectivo transportar esta temática para a De-ontologia Profissional, isto é, para os códigos de conduta dos advogados. E por aqui tentar questionar se exis-tem várias deontologias profissionais

leitores com origens etimológicas e definições.De facto, se para alguns dos que se interessam por esta rubrica de o «O Desembarque» o que adiante se re-gista não será grande novidade temos como certo que para outros tantos, sobretudo para os mais jovens, não será despiciendo passar por aqui os olhos, mesmo que a correr.Deontologia poderá, pois, definir-se, de forma lata, como o conhecimento dos deveres tendo por base os juízos de aprovação ou desaprovação, do correcto ou do incorrecto ou conde-nável, do bem ou do mal tendo em

linguagens comuns que aproximassem todos os especialistas que pudessem envolver-se em processos judiciais: desde os seus directos operadores, Magistrados, Advogados e Funcioná-rios de Justiça, até aos Economistas, Fiscalistas, Psicólogos, Biólogos, En-genheiros, nas várias áreas, Médicos, nas suas múltiplas especialidades e, sobretudo, na Área da Psiquiatria Fo-rense, da Psicanálise da Grupanálise e da Pedopsiquiatria e, porque não, as Ciências Militares.Cremos que é tempo da Justiça sair da omnisciência dos nossos Ilustres Juízes e da quase ubiquidade dos não

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menos ilustres Magistrados do Minis-tério Público, quiçá, do esboço corpo-rativista de Nós própriosCremos que é tempo da Justiça sair da omnisciência dos nossos Ilustres

Juízes e da quase ubiquidade dos não menos ilustres Magistrados do Minis-tério Público, quiçá, do esboço corpo-rativista de Nós próprios, os também (e porque não?) Ilustres Advogados, com os nossos conjuntos específicos de normas deontológicas – que cada um encara como exclusivo reduto dos seus próprios valores, deveres e obri-gações – e de nos abrirmos a todas as áreas do conhecimento, as mais das vezes indispensáveis, para se julgar com justiça.Um interminável mundo novo na Jus-tiça do Século XXI que só se poderá alcançar, no âmbito pragmático das coisas, que por dentro delas mesmas é que as coisas são – com a multi-disciplinaridade de códigos éticos e deontológicos e com aquilo a que já ouvimos chamar “a humildade dos sábios”!...Exemplos recentes, em Portugal e no Mundo, vieram pôr em questão, “ciên cias” investigatórias novas, falsas memórias ou memórias induzidas, audições de memórias passadas, para memória futura, enfim, onde estará a verdade e a fantasia, onde estará a

ética investigatória e a “filosofia” po-licial do troféu – tudo questões pos-tas em questão, por especialistas que questionam outros especialistas, tudo dúvidas para quem julga, acusa e de-fende e para o cidadão comum – um interminável mundo novo na Justiça do Século XXI que só se poderá alcan-çar, no âmbito pragmático das coisas, que por dentro delas mesmas é que as coisas são – com a multidisciplinarida-de de códigos éticos e deontológicos e com aquilo a que já ouvimos chamar “a humildade dos sábios”!...

estapoderiaconstituira“definição”da Nossa Deontologia.

E para quem quiser saber o que a se-guir se dirá sobre “O Advogado” - es-pécime técnico de todos poderão vir a necessitar (basta beber um copo a mais num encontro de “filhos da esco-la”) - recomendamos, caro Leitor, que abra a página de opinião “O Direito de Dizer” do próximo “O Desembarque”.

Até lá e aqui fica o grito: “fuzileiro uma vez fuzileiro para sempre”.

actualmente, a situação afigura-se invertida, remetendo-se internacio-nalmente, como é do conhecimento público, desconcertantes benefícios proteccionistas, e a vários níveis, para a pirataria.

Neste quadro, seria da máxima im-portância reformular desde já alguns conceitos da construção naval, para que fosse possível o exercício uma de-fesa passiva eficaz, logo não letal por si mesma, onde se não encontrassem em contradição os conceitos de “secu-rity” e de “safety”, como acontece nos navios mercantes actuais, adoptando-se para isso compromissos equili-brados para as novas construções, e dotando-se ainda os novos navios de uma reserva de potência de máqui-na, como recurso em situações muito

específicas de risco, capaz de lhes as-segurar uma velocidade minimamen-te eficaz e a capacidade de manobra indispensável. Seria ainda necessário reformular os critérios tanto do re-crutamento como da preparação e da fiabilidade exigidos para o pessoal da Marinha Mercante.

Quanto aos nossos Fuzileiros, como tem sido demonstrado, eles são da máxima importância no combate a este tipo de flagelos, que se encaixam perfeitamente nas novas adversida-des que podem ameaçar os interesses de Portugal, ou de qualquer outro país no mundo tanto actualmente, como no futuro. Mas, por todas as razões já enumeradas, não seria viável conser-vá-los a bordo de navios mercantes. Nem a conjuntura em que estas ame-

aças se inserem, nem os vínculos ine-rentes à condição estritamente militar dos Fuzileiros, nem a vastidão do es-paço a cobrir mundialmente o permi-tiriam. Mas talvez pudéssemos tê-los a bordo de outra maneira! Não como Fuzileiros, mas como ex-Fuzileiros. Sobretudo se o esforço de adequação dos critérios de recrutamento para a Marinha Mercante, das qualificações e da fiabilidade das suas tripulações, avançasse em matéria de segurança dos conceitos dos finais do Séc. XIX para as realidades de hoje, aí sim! Se-riam ainda gratamente bem vindos. E nunca seria tão verdadeiras as pala-vras que caracterizam a espiritualida-de daqueles que têm a honra de usar a boina azul ferrete. “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”!

FUZILEIROS A BORDO!> Continuação da pág. 9

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TUDO POR cAUSA DE UMA BOA cAUSADepois de mais um email trocado com um daqueles amigos, que vale a pena ter, deparei na minha caixa do correio electrónico com uma mensagem que achei deveras interessante. Era a res-posta ao meu email que se prestou in-formar o meu amigo Pedro Marques da Luz, de que (já há casaco) estava conseguido o objectivo que ambos tínhamos proposto alcançar. Ao mes-mo tempo que lhe perguntava, se a dádiva feita para o Monumento ao Fuzileiro, tinha a ver com a informa-ção que tinha difundido pelos povo-adores da minha lista de contactos. Este meu amigo, (dos Fuzileiros) julgo que terá sido o primeiro a responder à chamada, (com xeque assinado) ao dizer presente, com um significativo contributo.

Este nosso sócio, não sendo Fuzilei-ro tem mostrado com a sua prática, que se perdeu um oficial fuzileiro de grandes atributos. Mas, nem tudo se perdeu: felizmente que a Associação, o soube conquistar para as sua filei-ras onde se sente bem, (um sócio de grande mérito) e é por isso notório, que sente (recompensado) atenuado o desejo não concretizado, da con-quista da boina azul ferrete. Podia levar ao vosso conhecimento várias das suas atitudes, que demonstram bem, porque merece a nossa (da As-sociação de Fuzileiros) gratidão. É um sócio aderente, bem como sua Esposa e Filho.

Quanto eu ficaria feliz, ver muitos dos nossos Camaradas, viverem a vida da nossa Associação, com metade que fosse, do seu entusiasmo. Participa no dia do Fuzileiro, e nas Assembleias, (sem direito a participar nos traba-lhos) com um entusiasmo de fazer inveja a quantos continuam, de forma esfarrapada desculpando a sua letar-gia quanto a fazerem-se sócios. Mas como em tudo, existe sempre uma compensação, e neste aparte positi-va, que é o caso dos muitos sócios não originários, que dão vida com brilho, a esta Família que se reúne à volta da Associação de Fuzileiros.

Quando outrora, as indecisões se pa-garam muitas vezes com a vida, neste caso, apenas se não fortalecem, os elos desta corrente que a todos nos liga, forjada no clamor: Fuzileiro uma vez Fuzileiro para sempre. De seguida, a razão desta minha pro-sa, quiçá, despropositada.

M. Manso________________

Meu Querido Amigo.Teve! Teve a ver com o mail que me enviaste porque foi assim, que tive conhecimento da iniciativa. Mas teve, sobretudo, a ver com o reconhecimen-to e Amizade, com que a vossa Nobre Família me recebe e trata.Nasci em Junho de 57. Estava a efec-tuar em finais e 73 o então exame de admissão à faculdade de economia, não com o fito imediato de seguir o curso, mas sim de tentar ingressar na Marinha, de preferência nos Fuzileiros (minha arma preferida) através da Reserva Naval.Porquê nos Fuzileiros? Porque tinha na altura alguns amigos que tinham in-gressado na R.N e, sobretudo, porque o meu Cunhado, Alferes Miliciano de Infantaria, estava nessa altura a co-mandar um Pelotão de Canhões sem Recuo, na Guiné, mais exactamente em Cadique e Jemberen. Aí, farto da Quadrícula e de levar com “elas” em cima, situação agravada pelo facto de lhe terem desmembrado o Pelotão por várias Unidades diferentes, acom-panhava, sempre que possível e indi-vidualmente, os Fuzileiros. Tornou-se, até, bastante Amigo de um Coman-dante vosso chamado Jesus; Creio!Nas longas cartas que trocávamos, dizia-me: quando terminares a admis-são à faculdade, tenta ingressar nos FUZOS! Estão integrados na Marinha, (de que eu muito gostava) estão bem preparados, sabem bater-se, e funcio-nam como verdadeiras Unidades de Combate com um Espírito de Corpo incrível, e muitas vezes, só de apa-recerem nestes fins de Mundo, nos transmitem segurança e a moral fica

alta, é um apoio incrível: a quem por razoes óbvias está menos preparado, ”muitas vezes mal comandados, en-cerrados dentro do arame farpado, e destinados a ser carne para canhão” mas por quem mostram sempre, mui-ta solidariedade e consideração.O 25 de Abril de 74 chegou e bem, em muitíssimos aspectos, impedindo-me de tentar a minha grande aventu-ra (não sabendo se teria capacidade para vir a ser um dos Vossos). Apesar de algumas tentativas em contrá-rio, acabei integrado na então Reser-va Territorial.Da Carreira Militar frustrada, ficaram-me muitos dias passados no antigo RI 1 na Amadora, a Unidade em que meu cunhado recebeu e formou o seu Pelotão antes de seguir para a Guiné. Tentava ficar sempre de serviço, nor-malmente como Oficial de Piquete, aos fins de semana, por ser mais fácil eu lá ficar também.Ficaram, igualmente, muitas tardes passadas no Corpo de Fuzileiros, na Base Naval, onde ambos tínhamos Amigos. Ficou-me, sobretudo, o Res-peito pela Camaradagem, pelo Amor pela Pátria e por aqueles que, de acor-do ou não com a guerra não fugiram.Assim sendo, os meus modestos con-tributos (vivo do meu salário e, como todos nós, ao gastar numa coisa tenho de poupar noutra) quer para a ASSO-CIAÇÃO, quer para o MONUMENTO. É a única forma que me resta, de Home-nagear uma geração que deu a juven-tude, muitas vezes a saúde e tantas a vida, em defesa da integridade do que então (e apenas nessa perspecti-va deve ser entendida) representava a Pátria. É a minha forma de contribuir já que não pude estar junto de Vós.No dia 26 lá estarei. (Assembleia)Um Grande Abraço

Pedro Marques da Luz

Pedro Marques da Luz

Mário Manso

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CCF

A HISTóRIA DOS HOMENS

comum aos portugueses. Na era dos Descobrimentos começámos a tra-çar a nossa epopeia, levando novos Mundos ao Mundo e deixando mar-cas indeléveis que são hoje marcos centenários e atestam não só a nossa passagem, mas a primazia na chega-da aos lugares mais longínquos. Con-firmando que as obras enaltecem os homens em qualquer ponto da Terra, estou confiante que aqui, neste teatro tão cheio de complexidade, o Contin-gente Português no Afeganistão exe-cuta a tarefa que lhe foi incumbida, de forma exemplar.

São tantas as obras que nos propu-semos realizar, durante a missão que está a decorrer, que teria dificuldade em enumerá-las todas aqui. No en-

tanto, aquelas que merecem especial destaque, são concerteza as altera-ções provocadas no refeitório e no bar Português. São simultaneamente marcas de bem-estar e cuidado, na imagem que passamos diariamente a quem visita este nosso espaço, onde figura em primeiro plano a Bandei-ra Nacional, porta de entrada para a amizade e confraternização entre to-dos os povos, sem distinção.

Não a procurando, porque a palavra de ordem é, “cumprir a tarefa”, este Contingente Português já fez história. È a história da tarefa cumprida, da

simplicidade, da coesão, da camara-dagem com os contingentes que nos rodeiam e das marcas que aqui dei-xamos, sejam elas visíveis no solo, ou nos Afegãos com quem partilhámos a nossa vida ao longo dos mais de 200 dias aqui vividos, que ajudará a man-ter bem vivas as cores da Bandeira de Portugal.

Este é sem dúvida o nosso destino, o de marcar da forma mais positiva aqueles que nos rodeiam. “Se eu tiver feito aqui, um amigo que seja, então a minha viagem não terá sido em vão”. Até sempre Afeganistão!

SAJ. FZ Silva

TREINO AVANÇADO DE OPERAÇõES ESPEcIAISSob a coordenação do Comandante do Corpo de Fuzileiros, constituído como CTG 443.30, foi conduzido um Joint Combined Exchange Training (JCET), no período de 15 de Janeiro a 06 de Fevereiro de 2011, nas áreas de treino das Operações Especiais a fim de promover a partilha de técnicas, tácticas e procedimentos (TTP’s) e aumentar a interoperabili-dade entre forças ao nível táctico.Este exercício contou com a partici-pação das Operações Especiais da Marinha Portuguesa e do Exército, meios aéreos e de superfície da Ma-rinha Portuguesa e da Força Aérea, contando ainda com a participação dos United States Navy Sea, Air and Land (US Navy SEAL) e dos Special Warfare Combat Crew (SWCC) dos Estados Unidos da América.

Quis Deus que a Terra fosse toda uma…Este é um poema nosso, cantado pela Dulce Pon-tes. Nada pode-ria aproximar-se mais do que é

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HOMENAGEM AO cMTE NETO SIMõES

CCF

Em cerimónia que teve lugar na Base de Fuzileiros, no Alfeite, foi prestada homenagem ao comandante José Ma-nuel Cardoso Neto Simões, que pas-sou à reserva, a seu pedido, em Outu-bro de 2010. Contou com a presença, de entre outros, do contra-almirante comandante do Corpo de Fuzileiros.

Desempenhava, então, as funções de Chefe de Departamento de Apoio da Base de Fuzileiros desde Maio de 2009.

Serviu 30 anos na Marinha de Guerra Portuguesa e no Corpo de Fuzileiros, tendo estado colocado em unidades de fuzileiros no Comando Naval, em comissões de serviço no território nacional e ainda em funções de des-taque em missões internacionais, no-meadamente, na Bósnia-Herzegovina em 1999, e em Timor Leste no ano de 2003, nas estruturas de informações dos respectivos Estados-Maiores das forças ali destacadas.

Foi um oficial multifacetado, que pas-sou pela área de formação e instru-ção, da integração militar, do ensino teórico, da segurança e informações militares.

O comandante da Base de Fuzileiros, capitão de mar-e-guerra Ova Correia outorgou-lhe um louvor que foi avo-cado pelo comandante do Corpo de Fuzileiros, contra-almirante Cortes Picchioci.

No discurso do comandante Neto Si-mões na cerimónia de passagem à reserva, este começou por agradecer o facto de o comando da Base de Fuzi-

leiros ter feito um convite de presença todos os seus antigos comandantes.“os motivos da minha decisão sãodeordempessoaleprofissionaleoolhar para trás, revisitando o passa-do, ajuda-me a enfrentar o presente e a melhor perspectivar o futuro”, justificou o comandante Neto Simões sublinhando todavia que poderia ter dado mais à instituição.Frisou no entanto que existiram actos “arbitrários” de gestão de pessoal, que tiveram peso na sua decisão.“Asinstituiçõesvalemaquiloqueva-lerem os seus homens. Não podem nem devem estigmatizar aquelesque a servem com brio e orgulho. Não será nunca a organização que to-dos queremos. Será, isso, sim aquela que formos capazes de construir no dia a dia, aquela pela qual todos so-mos responsáveis. Da minha parte assumo as minhas responsabilidades por todos os meus erros. Por todos eles deverei ser julgado e não tenho tempo agora, para fazer remendos”, argumentou.Referiu, no entanto que, na sua despe-dida, continuará a “terumsentimen-to de profunda identificação com amatrizdatradiçãoemísticadosFuzi-leiros,quesemprerespeiteieconti-nuarei a respeitar com enorme orgu-lho, porque o corpo de Fuzileiros e os seus servidores têm sabido ao longo dosseuscercade400anosdehistó-ria honrar a Pátria”.Apesar de considerar que a “conjun-tura actual não é famosa”, o coman-dante Neto Simões sublinhou que os

militares disciplinados, como ele, sa-bem definir “o essencial” do acredi-tar e do agir”.Ressaltou a sua última “comissão de serviço”, como Chefe do Departamen-to de Apoio, onde, – referiu – “mais uma vez, foi possível sentir-me rea-lizado, quer no que diz respeito à dinâmica de funcionamento do De-partamento quer nos contributos no âmbito da reorganização interna da Base de Fuzileiros no seguimento ao desenvolvimento organizacional à LOMAR em que foi necessário ade-quar a sua estrutura organizacional, tendoemcontaa especificidadedosistema de Apoio logístico da basede Fuzileiros assentenuma logísticaoperacional e integrada”. Ao analisar a sua passagem pelas di-ferentes funções, o comandante Neto Simões salientou:“Nesta hora de despedida, não pode-ria deixar de me referir à missão na eXPo 98 que trouxe enorme presti-gio para a Marinha e Fuzileiros, pelo desempenho dos nossos fuzileiros e mergulhadores, que efectuaram sal-vamentos de vidas humanas, cujo re-conhecimento se encontra plasmado em documentos escritos pela Admi-nistração da EXPO 98 para o Almiran-te cEMA, mas que infelizmente não teve acolhimento”.Depois de destacar a sua presença na última comissão de serviço pela CTM em Timor-Leste, cuja passagem con-sidera ter sido mal gerida, frisou que “terá sido altamente rentável para a Marinha”.Finalizou agradecendo ao seus supe-riores e instrutores ao longo da sua carreira, aos “filhos da escola” e aos seus camaradas, bem como aos seus subordinados, fazendo questão de dar “uma mensagem de esperança, determinação,confiançaeserenida-de no futuro dos Fuzileiros. Que os “bons ventos e marés” acom-panhemodestinodoCorpodeFuzi-leiros e que a sua guarnição ajude o Sr. Almirante com o “espírito Fuzilei-ro” a contornar todas as “tormentas” para poder desembarcar em “Porto seguro” ou na “praia onde for preci-so”, sempre que “estejam divididos entre as dunas e o mar”...Poderá con-tar sempre com o meu apoio naquilo queestiveraomeualcance”.

Dois aspectos da cerimónia de homenagem ao Cmte. Neto Simões

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CCF

ATRIBUIÇÃO DO DISTINTIVO ALUSIVO AO cURSO DE FUZILEIROO último dia do mês de Fevereiro de 2011 (dia 28) vai ficar marcado para sempre na memória de todos aque-les que, de forma voluntária, ou cha-mados para cumprir o serviço militar obrigatório, entraram na Escola de Fu-zileiros, de lá saindo com uma boina de cor azul ferrete nas suas cabeças.Podendo não parecer, mas o que ocorreu neste dia foi o desenrolar de um cordão umbilical que uniu to-dos aqueles que, orgulhosos, clamam bem alto e a uma só voz, “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”. Neste dia, todos os Fuzileiros que ga-nharam a boina após o ano de 1975 receberam o distintivo alusivo ao cur-so de Fuzileiro.

curso destacou a ideia de que é pre-ciso “(…) ter consciência da dimensão e significado deste simples acto. Por três ordens de razão:Em primeiro lugar, pela importância do símbolo.Os símbolos identificam os grupos, suportam uma carga histórica que se eterniza, são o elo de ligação daque-les que perfilham algo em comum. Ex-pressam uma identidade, convicções e valores, comportam algum misticismo e, muitas vezes, a “alma” daquilo que representam.Este símbolo carrega com ele a bra-vura demonstrada por uma tropa tão respeitada como temida, os actos he-róicos de abnegação e entrega leva-dos às últimas consequências, a honra de um servir sem cuidar de recompen-sa daqueles que cultivam o amor à Pátria.Em segundo lugar, pela compreensão da razão deste símbolo e não de outro qualquer.Porque este sempre foi aquele que, em qualquer lugar, naturalmente a par da boina, indica a presença de fuzileiros. Usam-nos nos botes, nas viaturas, em qualquer sítio onde os fuzileiros se queiram ver reconhecidos como tal. O mesmo símbolo que dantes distinguia o que era diferente hoje iguala o que é idêntico.Mudar um símbolo é apagar o pas-sado, é querer inventar, começar de novo.Os fuzileiros, com 400 anos de Histó-ria, sofreram diversas adaptações ao longo dos tempos, sempre no intuito de saber responder a diferentes desa-

fios. Os de hoje pertencem à geração da visão esclarecida do almirante Ro-boredo e Silva, e se continuam a man-ter-se na linha da frente, é porque não houve conformismos, mas, outrossim, capacidade de se continuar a ante-cipar cenários, a procurar garantir a única resposta que sabem dar, em tempo e a adequada. O fuzileiro de hoje igual ao fuzileiro de sempre.Em terceiro lugar, e porventura o mais importante, pela importância que lhe dão os actuais fuzileiros ao garanti-rem as memórias de quantos o usa-ram, e ainda usam. Lembro que na efectividade de serviço permanecem uma meia dúzia de oficiais com a es-pecialização em FZE. (…)Os que hoje aqui estão são os conti-nuadores da áurea criada pelos mais antigos e, tal como dantes, tal como amanhã, responderão sempre de igual forma: “Prontos”!Dos mais velhos, contamos que vos olhem com o mesmo orgulho que lhes tributamos, que em vós se vejam re-flectidos como seus naturais segui-dores. Que continuem a sentir que a mística perdura, que sintam que só há uma forma de ser fuzileiro. (…)E em boa verdade, a história começa e termina aqui, porque o entendimento que sempre presidiu e que deu corpo ao documento final foi o de que mais não se fazia do que ultrapassar um impasse legislativo.A partir de agora, mas mais do que nunca, é-vos exigido a atitude que, em cada momento, se espera de vós, que sejam vistos como uma tropa de elite ao serviço da Marinha e de Portugal.”

Para todos os que estão sedeados na Base de Fuzileiros, este acto de gran-de simbolismo ocorreu na parada da Unidade aquando da formatura da Unidade às 0915, enquanto na Escola de Fuzileiros a efeméride teve lugar também na respectiva parada ao iní-cio da tarde. De destacar a presen-ça de alguns Fuzileiros que, embora exercendo funções noutros Departa-mentos e Serviços da Marinha, mar-caram presença para, também eles, partilharem ao vivo este momento. É de realçar quem, percebendo a im-portância deste dia para Nós, fizesse centenas de quilómetros para estar presente! Bem-haja.

A ambos os actos presidiu o contra-almirante Picciochi, Comandante do Corpo de Fuzileiros, que, no seu dis-

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CCF

QUALIFIcADOS NOVOS PATRõES DE LARc

Com início a 27 de Setembro de 2010, e durante 8 semanas, decor-reu, na Unidade de Meios de De-sembarque (UMD), a qualificação de 5 novos patrões de Lancha An-fíbia de Reabastecimento e Carga (LARC) destinados a prestar ser-viço no Grupo de LARC daquela Unidade de Fuzileiros.

Esta qualificação foi dirigida a Fu-zileiros especializados em condu-tores de viaturas (FZV), que para tanto se manifestaram voluntários. A condução em terra foi outro tema de forte representação destacan-do-se o treino de todo-o-terreno na Quinta do Conde. Paralelamente foi assegurada a melhoria da con-dição física geral e específica, dos futuros patrões, com realce para a adaptação ao meio aquático.

As actividades de natureza práti-ca realizadas em terra e nos rios Coina, Sado e Tejo totalizaram 260 horas de treino, 560 milhas nave-gadas e 340 km percorridos.

A qualificação foi concluída com a realização de uma avaliação geral e de um exame de condução na Escola de Fuzileiros, para averba-mento da qualificação no respecti-vo certificado individual de condu-ção aos cinco novos patrões.

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Passaram-se noventa e nove anos desde que um punhado de militares nórdicos (Suécia) pretenderam uti-lizar pela primeira vez a orientação como prática de puro lazer. Pois bem, na semana de 07 a 11 de Fevereiro de 2011, fez-se jus a esse espírito “nór-dico” com a realização do Campeo-nato de Orientação da Marinha e do Torneio de Orientação do Corpo de Fuzileiros, organizados pela Base de Fuzileiros. Foi uma verdadeira sema-na de orientação.

Se é verdade que, para alguns, este é o momento para mostrar o resultado de muitas semanas ou mesmo meses de trabalho intenso, ganhando, obvia-mente, também é verdade que, para todos, esta não é mais do que uma maneira de conviver fora das nossas Unidades, de rever camaradas e, aci-ma de tudo, de manter activos os co-nhecimentos técnicos sobre a orien-tação desportiva, fundamentais para a actividade operacional do Fuzileiro.

No total, participaram 128 militares, sendo que 54 disputaram o Campeo-nato de Marinha e os outros 74 par-ticipantes disputaram o Torneio de Orientação do Corpo de Fuzileiros. Todas as Unidades do Corpo de Fuzi-leiros, bem como, diversas Unidades de Marinha, fizeram-se representar.

A organização escolheu a zona da Azóia (Fornos) no Cabo Espichel, Se-simbra, para a realização das provas individuais, um terreno de muito tojo,

silvado e um “sobe e desce” cons-tante. Enquanto os participantes do I escalão foram presenteados com percursos entre os 5,9 km e os 7,6 km no 1º e 2º dias, respectivamente, aos participantes do II escalão, “mais ve-lhinhos”, foi-lhes dado percursos mais “suaves”, entre 5,3 km e os 6,7 km.

Quanto à prova de estafetas, o local escolhido foi a carta que compreende o Vale de Gatos, localizado na Amora, Seixal, local onde se encontra situada a pista de atletismo baptizada com o nome da grande campeã portuguesa de atletismo, Carla Sacramento. As distâncias dos percursos situaram-se entre os 3,1 km e os 3,4 km.

Quanto aos vencedores, o primeiro-sargento Fuzileiro Cruz do BF2 foi o vencedor individual do primeiro es-calão, já o sargento-ajudante Luís, da Escola de Fuzileiros, venceu o segun-do escalão. Se a Escola de Fuzileiros foi a unidade vencedora do troféu do Campeonato de Marinha, já o Desta-camento de Acções Especiais venceu o troféu do Torneio de Orientação do CCF.

Salienta-se que, nestes dias de enor-me competição entre todos aqueles que participaram, não faltaram gran-des momentos de camaradagem, união e ajuda mútua. Foi interessante ver que, sempre que um participan-te sofria uma queda, havia ali perto quem depressa lhe dava a mão. Per-gunta-se: será por isso que alguns an-

dam sempre em grupo, desejosos de ajudar alguém? Vamos acreditar que sim, até porque nada acontece por acaso! O Corpo de Fuzileiros em particular e a Marinha no geral, certamente fazem votos que, uma vez mais, esta seja apenas mais uma etapa de um per-curso que, para alguns Fuzileiros, ape-nas termina no próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro, Brasil, aquando da realização dos 5º Jogos Mundiais Mi-litares. Ao longo dos anos, Homens Bravos desta Força Militar que usa a boina azul ferrete e cujas origens se encontram nos anos de 1621, então designados “Terço da Armada da Co-roa de Portugal”, têm mostrado de que fibras são feitos os elementos deste Corpo Especial, fazendo jus ao lema “Homens de ferro em botes de borracha”. Na era dos “TomTom”, dos GPS e dos PDA’s, um Fuzileiro sente-se confor-tável a navegar em terra e no mar apenas dispondo de uma carta e uma bússola, seja de dia, seja de noite. Va-mos acreditar que a tradição se man-tém e que naquele país irmão, Brasil, os Fuzileiros e a Marinha de Portugal se farão representar por um dos seus, envergando as cores Nacionais, até porque, a confirmar-se esta realidade, mais não é do que repetir realidades já vividas um pouco por esse mundo fora por militares que gritam bem alto: Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre.

ORIENTAÇÃO DESPORTIVA

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FUZILEIRO PORTUGUÊS VENcE A MARcHA DINARMARQUESA

CCF

Delegações

Decorreu a 07 de Janeiro de 2011 na área militar de KAIA (Kabul In-ternational Airport), a DANCON March (Marcha Dinamarquesa). Esta marcha é um evento organizado pelo contingente dinamarquês, queconsiste na realização de uma mar-cha de 22Kms. A DANCON March é uma prova desportiva de cariz militar realizada em ambiente multinacio-nal, onde participaram militares de vários países que prestam serviço na ISAF, nomeadamente no RCC (Regio-nal Command Capital) em Kabul, num total de 200 participantes.

O Contingente Português também participou neste acontecimento, com um efectivo de 14 militares (5 oficiais, 2 sargentos e 7 praças), sendo de des-tacar os excelentes resultados, já que nos dez primeiros classificados, cinco foram portugueses. o 1º classifica-do foi o 1Mar FZ Mauro Damião do elseg/6ºmodAp/CN,comumtempode 1 hora e 51 minutos, o 2º Classifi-cado um militar do contingente Hún-garo, com um tempo de 1 hora e 54 minutos e na 3ª posição o Sold “CMD” Nelson Graça do ElSeg/6ºModAp/

CN, com um tempo de 1 hora e 55 minutos. Esta prova realizada no passado dia 7 e organizada pelo contingente di-namarquês da International Security Assistance Force (ISAF), consistiu na execução de uma marcha com o equi-pamento de combate envergado, in-cluindo o colete balístico, o capacete,

REUNIÃO cOM AS DELEGAÇõES

a arma de recurso e a respectiva dota-ção individual de munições.

Esta foi a segunda vez que o Marinhei-ro Mauro da Conceição Damião digni-ficou o nome dos Fuzileiros, da Ma-rinha e de Portugal em competições internacionais realizadas na capital do Afeganistão, tendo no primeiro dia do corrente ano obtido, de entre 141 atletas de 4 nacionalidades, um hon-roso segundo lugar na corrida de São Silvestre, levada a cabo em Camp Wa-rehouse, sob organização portuguesa, refere o mesmo comunicado.

Mauro da Conceição Damião ingres-sou na Marinha em Março de 2005 e foi o segundo classificado do seu Cur-so de Formação de Praças da classe de Fuzileiros.

De resto, a Dancon March é, desde 1972, realizada nos teatros de ope-rações onde o contingente dinamar-quês cumpre missões e é extensível a todas as demais forças aliadas presen-tes, contando a edição de 7 de Janeiro com a presença de 200 militares de 14 nacionalidades.

A Direcção Nacional, coadjuvada pe-los membros da Assembleia Geral e Conselho Fiscal, reuniu com as De-legações na sede Nacional, para em conjunto analisar e discutir os vários artigos inseridos no REGULAMENTO GERAL INTERNO que a partir do seu

ARTIGO DÉCIMO trata da ORGANIZA-ÇÃO DESCENTRALIZADA.Depois de frutuosa troca de opiniões, que resultaram das intervenções das Delegações, o regulamento foi vota-do e aceite por todas os responsáveis presentes. Porto, Vila nova de Gaia, Tomar, Juromenha/Elvas e Algarve.

Foi mais um dia de trabalho que teve o mérito, de contribuir definitivamen-te para um derradeiro conhecimen-to das responsabilidades e regras de funcionamento a que todos ficamos obrigados.

A direcção

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DELEGAÇÃO DE VILA NOVA DE GAIA

FUZILEIROS DE SETÚBAL

o crescimento do grupo que aspira implementar-se como Delegação da AFZ.

Nesse mesmo ano de 2008, os fuzilei-ros de Setúbal, organizaram uma ex-posição fotográfica sobre os Fuzileiros e a Marinha num stand cedido pela Câmara Municipal de Setúbal na Fei-ra Setfesta, que se realiza na avenida principal da cidade, com o objectivo de divulgar, dar a conhecer e de reunir a família FZ.

Este evento foi um sucesso, pois foi dos stands com mais visitas e afluên-cia, tendo merecido elogios das várias entidades locais, pois a conduta, a bravura e os valores do Homem Fuzi-leiro ficam para o resto da vida.

Após este primeiro grande evento, o grupo de fuzileiros de Setúbal tem sido convidado todos os anos pelo Poder Local (Autarquia e Juntas de Freguesia) para repetir o êxito das suas exposições anteriores, que mais

sábado dia 19 de Março, realizando-se um almoço convívio, onde foi confec-cionado pelo nosso camarada FZE Luís Tristão, mais conhecido por “Setúbal”, uma caldeirada típica setubalense. No presente, e graças ao apoio e polí-tica de intervenção da actual Direcção da AFZ, vai ser criada a Delegação de Setúbal muito em breve.

“…o Homem Fuzileiro é o produto da combinação feliz entre o espírito do infante e o humanismo do marinheiro, porque se por um lado passa por toda a espécie de privações, por outro lado, sabe relacionar-se de forma humani-zada como só o homem do mar o con-segue fazer.” (Cmdt. Loureiro Nunes in Revista Homem Magazine)

Delegações

Caros Camaradas: para além do nos-so envolvimento em vários eventos e outros convívios já noticiados pelo Desembarque, alguns dos quais man-datados pela estrutura central, espe-ramos ainda este ano, inaugurar ofi-cialmente as instalações da Delegação de Gaia. Pretende-mos fazê-lo oportu-namente, data ainda a combinar com a nossa Direcção Nacional.

Foi com orgulho e sentido de respon-sabilidade que marcámos presença nos eventos que nos foram determi-nados a estar, em representação da nossa Associação Nacional. Envolve-mo-nos ainda em alguns convívios re-gionais como seja: um jogo de futebol em Rio de Moinhos, e outros, de tipo mais gastronómico, onde se fortalece-ram também, os laços que nos ligam como Fuzileiros, aglutinando ao mes-mo tempo a população local.

Vamos estar no dia do Fuzileiro a exemplo dos últimos dois anos, com um autocarro, que de novo se preten-de cheio. Este ano, que a nossa Escola faz o seu cinquentenário, espera-se uma maior afluência.

Projectamos ainda, um jogo de paintball, de que daremos conta a to-

dos os que estão ligados à nossa Dele-gação, ou mesmo, a outros camaradas que queiram também participar.

Continuamos a estar abertos aos sá-bados de tarde, ou sempre que se justifique.

A Direcção

Em meados do ano de 2008, atra-vés dos “filhos da escola” Miguel Silvino e David Branco, surgiu a ideia de reunir os actuais e antigos fuzileiros que nascerem ou que fazem vida nas terras do Sado, en-globando o Concelho de Setúbal e arredores. Esta iniciativa contou desde logo com uma forte adesão dos sadi-nos e com o apoio da Associação de Fuzileiros, tendo sido ao longo destes anos determinante para

se assemelham a um “static dis-play”. Até à data foram realizadas três exposições, em 2008, 2009 e 2010, tendo já sido contacta-dos para a realização da Setfesta 2011.Esta família FZ reúne-se em mé-dia de dois em dois meses, rea-lizando convívios e até mesmo actividades físicas, assim como, corrida, desportos de combate e escalada na Serra da Arrábida. O último encontro foi no passado

Lázaro Montezo

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20ºANiversáriodo2ºCForNFZ1990/1991

Convívios

Incorporado em 14 de Fevereiro de 1991, o 2º Curso de Formação de Ofi-ciais da Reserva Naval (CFORN) – ramo FZ 1990/1991, comemorou este ano o vigésimo aniversário. Para celebrar este facto, os elementos deste curso organizaram um encontro/almoço co-memorativo, no dia 19 de Fevereiro de 2011.Compareceram ao evento, 11 elemen-tos do curso, 9 dos quais acompanha-dos pelas suas famílias, e 2 instruto-res, perfazendo um total de 30 pesso-as. O espírito de corpo esteve patente no responder à chamada, visto terem vindo para o evento, camaradas de todos os cantos do país, incluindo da Madeira, e até houve um camarada que veio de Angola e trouxe a família.

O grupo concentrou-se as 10:30 na Messe de Oficiais da Escola de Fuzilei-ros, e após uns momentos de salutar convívio e o cafezinho da manhã, ini-ciaram uma visita à Escola de Fuzilei-ros, nomeadamente à Sala-Museu do Fuzileiro, cais da UMD e pista de lodo. Infelizmente, devido ao mau tempo, parte do programa de visita teve de ser cancelado, entre os quais a tão es-perada visita ao Canil e demonstração cinotécnica.

Mais êxito teve o excelente almoço servido na sala do Bar/Restaurante da Associação de Fuzileiros, finalizado com o partir do bolo comemorativo.

Por coincidência, tiveram a compa-nhia de um outro grupo de Filhos da

Escola que também se juntaram na mesma sala - o 2º Curso de Formação de Grumetes (CFG) FZ 1990/1991 que também comemoraram o 20º aniver-sário da sua incorporação. Foi assim muito salutar reencontrar os grume-tes e marinheiros que fizeram o curso em conjunto e integraram os pelo-tões que alguns dos elementos deste CFORN comandaram.

O evento foi um sucesso, e todos pu-deram reviver momentos hilariantes e saudosos dos tempos que serviram a Armada, especialmente no Corpo de Fuzileiros, e claro, pôr a conversa em dia.

A organização do evento agradece profundamente ao Comando da Esco-la de Fuzileiros que autorizou e pre-parou as Instruções Administrativas para a visita às suas instalações, à As-sociação de Fuzileiros que permitiu a realização do almoço nas suas instala-ções, e aos instrutores do 2º CFORN 1990/1991, Cte. Santos Teixeira e João Pimenta, pela amabilidade que tiveram em aceitar o convite para par-ticipar no evento.

Pela organização do evento,

António Castro Ex-2TEN FZ/RC

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ALMOÇO DE “EScOLAS” NO LITORAL ALENTEJANO

EScOLA DE FEVEREIRO DE 1991

INFORMAÇÃO

Convívios

O Destacamento nº 10 de Fuzilei-rosespeciais–Guiné1967/1969 – vai rea lizar o seu convívio anual no dia 7 de Maio de 2011. O almoço terá lugar no restaurante da Sede da Associação de Fuzilei-ros no Barreiro, onde estará paten-te uma exposição de algumas foto-grafias do Destacamento. Para mais informações, contac-tar: Cte. Conceição 210813046- 966105399 ou Henrique Serrão -265187930-936654878

e Sines”, realizado em 12JUN10 ( vide a revista “Desembarque” nº 10 – NOV10 ) , impõe-se lançar as bases para estender ao Concelho de Odemira o cadastro ( no bom sentido ) dos “Escolas”, ficando as-sim abrangido todo o Litoral Alentejano ; e, se alcançado um número justificativo de aderentes, formalizar o conjunto com vista a um melhor conhecimento, ajuda e recreio entre si e famílias.

Unanimemente aceite o repto, conside-radas as várias idéias surgidas, ficou de-cidido :

- Primeiro – Desenvolver uma campa-nha de localização dos “Escolas” liga-dos por motivos físicos ou afectivos ao Litoral Alentejano e sua captação para a iniciativa.

- Segundo – Voltar a reunir dia 09ABR11 no mesmo local para apreciar os resul-tados obtidos e deliberar sobre acções futuras.

E pois que “aos costumes nada mais dis-seram”, terminado o concílio, feitas as despedidas, seguiu cada um ao seu desti-no por meios próprios.

Após um longo periodo com chuva e frio, o sábado 12FEV11 apresentou-se esplen-doroso! E o cozido de carne com couve, executado pelas mãos sábias da D. Joana Silva, esposa do camarada Firmino, do-nos do “Restaurante Silva”, na Sonega – Sines, ficou uma iguaria de se lhe tirar o chapéu!

Estando assim criadas as condições pro-pícias a uma confraternização amigável, motivadora de brilhantes idéias conduto-ras de ousados empreendimentos, foi em ambiente prazenteiro que se reuniram à volta do tacho (a vasilha, entenda-se) os cinco camaradas de armas ALM Sabino Guerreiro, CFR Amado de Matos, CFR Lo-pes Henriques, CTN Neves de Carvalho, MAR FOG/CM Antonio Janeiro e MAR FZ Firmino Silva.

Saciados os corpos, animados os espíritos, o Comte. Lopes Henriques – promotor da reunião – pôs em debate a causa que ali os trouxe : na sequência do êxito obtido com o “1º Encontro das Escolas da Mari-nha dos Concelhos de Santiago de Cacém

Realizou-se no passado dia 19 de Feverei-ro, o almoço comemorativo dos 20 anos de incorporação da Escola de Fevereiro de 1991.Os “Filhos da Escola” marcaram encontro para as 10 horas na Escola de Fuzileiros, a essa mesma hora já era evidente o frenesi emocional de reencontrar algumas caras que escapavam à duas décadas, entre as perguntas de “o que fazes agora?” e do “estás a viver onde?” recordavam-se os momentos ali passados, desde a largada no primeiro fim de semana à marcha final e claro o lodo e o Sado.O dia foi programado à Fuzileiro, iniciou-se com visita ao Museu, local mítico onde se pode assimilar das origens à actualida-

de, os equipamentos militares, a guerra colonial e a bravura de quem por lá pas-sou e claro as mais recentes missões que tão dignificam esta Força de Elite e a nos-sa Pátria.

De seguida a homenagem ao Fuzileiro e em especial ao homem que em 1991 nos comandava o comandante Francisco Isi-doro Montes de Oliveira Monteiro faleci-do em Janeiro de 2010, foi colocada uma coroa de flores junto ao monumento e sob o comando do ilustre camarada Má-rio Manso foi dado o grito do Fuzileiro, a resposta foi audível em toda a Escola fac-to que prova o orgulho que ainda reina no coração destes homens.

Finalmente iniciou-se o “assalto”, arma-dos de uma vontade ímpar para conviver “remaram” na direcção do Restaurante

da Associação de Fuzileiros e lá a “bata-lha” do repasto durou a tarde inteira, as histórias cruzavam-se nos tempos, do co-lonial aos estratagemas do instrutor Costa e seus pares, temidos pela dureza da ins-trução imposta, mas com resultados que ainda hoje todos os presentes não hesita-riam em repetir.Terminou com o partir do bolo comemo-rativo e com a decisão unânime de todos os anos voltar-se a repetir esta mesma missão, cirurgicamente apontada para o 3.º sábado do mês de Fevereiro e com o compromisso de recuperar os Fuzos au-sentes para engrossar esta Força de Elite que se quer sempre maior.FUZILEIRO UMA VEZ, FUZILEIRO PARA SEMPREUm Abraço

Neves de Carvalho CTEN EMQ REF

Luís Arada

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Convívios

No passado dia 08 de Dezembro de 2010 realizou-se o 29º encontro anual com os Marinheiros e Ex-Marinheiros das zonas de Viseu, Aveiro e Guarda.

Por ter nascido na região, também estive presente com a minha mulher, embora viva habitualmente no Barreiro. Assim tive o privilégio de como membro dos Corpos Sociais da Associação de Fuzileiros, con-

CoNvÍviodemAriNheiroseeX-mAriNheiros

eNCoNTroesColAde88–AlGArve2011

No dia 26 de Fevereiro, o Clube Escolami-zade engalanou-se, recebendo os filhos da escola de 88 para mais um encontro anual. Fomos envolvidos, por espaço de gran-de beleza natural, onde o azul do céu se confundia com o mar, num dia que esteve primaveril. Depois da magnífica recepção, estavam disponíveis umas entradas para acompa-nhar as minis, que nos iam lubrificando a garganta sequiosa de tanta treta arma-zenada. De seguida, dirigimo-nos para o restaurante onde no seu exterior tiramos a fotografia de grupo. Antes de desencadear o almoço, oficiali-zamos o inicio do encontro, dando as boas vindas aos camaradas e familiares presen-tes. Seguiu-se um minuto de silêncio em honra dos camaradas já falecidos, esse momento, foi abrilhantado pelo toque do trompete do filho do camarada Licínio “O Hino do Silêncio ”foi um dos momentos de grande emoção. O almoço decorreu sempre com grande alegria o que já é, apanágio deste grupo.

Já quase no final do repasto, foram en-tregues umas lembranças (Clube Escola-mizade; Associação de Fuzileiros; Dele-gações; Núcleo; Camarada Rebola e auto-ridades marítimas) foram também feitos alguns discursos. Falou em representação das autoridades marítimas o Tenente Al-ves, que demonstrou o seu agrado por ter sido convidado, fazendo eco do espírito de grupo que tanto nos define. Falou tam-bém o camarada Couto que na sua men-sagem, transpareceu o seu sentimento de orgulho e de missão cumprida, ao partici-par na formação de grande parte de nós Fuzileiros.

Foi lida uma carta do camarada Mário Manso, que tal como outros camaradas não puderam estar presentes, mas não quiseram deixar de dar uma palavra de incentivo; a mensagem deste camarada mais veterano mereceu no final, o grito do Fuzileiro. O camarada Rebola não po-deria deixar de dar uma palavra porque sendo ele o grande mentor destes encon-tros, a sua palavra é sempre de incentivo e mais uma vez assim foi, demonstrou a

sua satisfação por mais este convívio em família. Aproveitou para anunciar que para o ano o nosso encontro será na zona de Fátima. Mas, uns dos momentos de grande emoção foram as palavras do camarada Cte. Lhano Preto Presidente da Associa-ção de Fuzileiros, que nos transmitiu não só o orgulho, mas também a responsabili-dade de ser Fuzileiro. Ser Fuzileiro, não é só ter uma boina azul ferrete; Fuzileiro é ter a grande responsabilidade, de honrar o significado de a ter conquistado. Em seguida e como não podia deixar de ser, cantamos o nosso hino acompanha-dos ao acordeão pelo nosso camarada Paulo. Aproveito, em meu nome, e dos camara-das que organizam o nosso encontro, para agradecer ao Clube Escolamizade a total disponibilidade, em nos ajudar. Agrade-cemos a quantos nos deram a honra de partilhar momentos, que para sempre, vão ficar nas nossas memórias. Muito obrigado a todos vós.

fraternizar com todos os presentes, entre eles, algumas caras conhecidas de Nelas, minha terra natal.A receber os presentes estiveram os ca-maradas da organização o João Marques e o António Lameiras .A concentração fez-se frente à Câmara Municipal de Nelas, onde todos formaram para a foto do grupo. Seguiu-se o cortejo até à localidade de Folhadal, onde foram entregues as lembranças, serviram-se as entradas, para matar a malvada, com to-das as iguarias do distrito de Viseu sobres-saindo, a morcela, os enchidos, a carne de porco, os rojões, etc…De vez em quando, o sino e o clarim sua-vam, para troca de pratos.Depois das sobremesas, os demais ruma-ram às suas localidades de origem, e para o próximo ano será em Setúbal. Até lá bom trabalho.

João Serafim 761388

José de Oliveira Pinto (Sócio nº 1049)

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Convívios

DESTAcAMENTO Nº 6 E cOMPANHIA Nº 10

O REENcONTRO DOS PUTOS DA FRAGATA

Fez precisamente no passado dia 03 de Abril quarenta e oito anos que a Fragata D. Fernando II e Glória “naufragou numa tempestade de labaredas”, que a consu-miu de uma forma tão violenta que dei-xou os seus alunos órfãos daquela “velha NAU”, última das Índias. Foi com objectivo de relembrar aquela data trágica, que os antigos alunos da-quela instituição se reuniram em Cacilhas a bordo da Fragata no seu IV Encontro Na-cional no dia 02 de Abril de 2011, também com o objectivo de rever companheiros, estreitar os laços de amizade que os une e confraternizar com outros que final-mente se reencontraram ao fim de cerca cinquenta anos por não se saber do seu paradeiro.Sem qualquer preconceito ou saudosis-mo, foi a bordo da Fragata D. Fernando II e Glória que todos os seus alunos re-ceberam as ferramentas essenciais para enfrentar o futuro, onde cada um veio a

desempenhar funções tão variadas e em sectores de actividade tão distintos, mas cada um com a sua importância para o desenvolvimento do país.

Este IV Encontro Nacional teve a particu-laridade de conseguir juntar várias gera-ções de antigos alunos vindos dos vários pontos do país, muitos deles (pelas varia-díssimas razões) somente agora se pude-ram reencontrar. Finalmente ali reunidos a bordo e no almoço de confraternização que se seguiu num restaurante próximo, foi com imenso prazer e satisfação que to-dos se congratularam com a realização do Encontro, onde conviveram em animado clima de satisfação e alegria várias gera-ções, que em diferentes épocas a bordo da Fragata puderam partilhar o mesmo convés, as mesmas emoções e a ausência de afectos, mas souberam assimilar os mesmos conhecimentos que os dotou da formação para ultrapassar as várias “tem-

Carlos Vardasca

Mais uma vez, sempre no terceiro sá-bado de Maio, o Dest. nº 6 de Fze e a Comp nº 10 de Fz, se reuniram no Sa-lão da Associação de Fuzileiros, irma-nados de um espírito de camaradagem e amizade cimentada nas dificuldades que a guerra oferece. De realçar o fac-to de o Camarada Edgar Batista, mes-mo fazendo anos, não quis deixar de vir. De realçar ainda, o aparecimento pela primeira vez, de dois camaradas, o Amílcar “Russo” e o Varela, este, fez-se acompanhar de toda a família, e ao apresentar-me um dos filhos que é oficial de Marinha, irradiava uma fe-licidade que contagiou todos quantos os rodeavam., A Associação espera ter ganho neste dia dois novos sócios, um Originário outro Efectivo.

Mário Manso

pestades” que ao longo da sua vida tive-ram que enfrentar.

Ficou bem patente nas opiniões expres-sas que todos se congratularam com o êxito deste Encontro, tendo em conta o número de antigos alunos presentes e, por esse facto, foram unânimes as pala-vras de reconhecimento por cada um ter comparecido individualmente ou na com-panhia dos seus familiares e amigos, e te-rem proporcionado um excelente dia de confraternização.

Foi entregue neste IV Encontro Nacional uma placa de agradecimento muito espe-cial ao Comandante José António de Oli-veira Rocha e Abreu (actual Comandante da Fragata), pela forma atenciosa e entu-siástica como colaborou na sua realização, assim como também foi sorteado no final do almoço um painel em azulejo pintado à mão alusivo à Fragata D. Fernando II e Glória, da autoria do artista Alhosvedren-se Luís Guerreiro.

Durante o Encontro foi manifestado o in-teresse (aproveitando a extensa listagem de contactos que foram conseguidos des-de o início do ano de 2010) que este tipo de realizações se fossem repetindo com alguma regularidade (se possível anual-mente), como forma de todos os antigos alunos reforçarem os laços de amizade que os une, e não deixar morrer este en-tusiasmo que os levou a procurar antigos “filhos da escola” de quem não sabiam do seu paradeiro há mais de cinquenta anos.

Foi de facto uma magnífica realização e uma excelente iniciativa, tendo a maioria dos presentes manifestado o interesse em se encontrar de novo.

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Eventos

O JANTAR DE NATAL DE 2010Como é sabido teve lugar no passado dia 11 de Dezembro o habitual “Jantar de Natal/2010” da Associação de Fu-zileiros que anualmente tenta juntar o maior número possível de membros da nossa grande “Família”.Desta vez, o número de sócios e fami-liares ultrapassou completamente as nossas previsões crendo-se que terá sido dos eventos natalícios que reu-niu maior número de pessoas - mais de 250. Na mesa de convidados estiveram cer-ca de vinte entidades, na qual se inclu-íram, nomeadamente, os Presidentes da Câmara e da Junta de Freguesia do Barreiro, os Comandantes do Corpo, da Escola e da Base de Fuzileiros, os Presidentes dos Clubes de Sargentos e das Praças da Armada, antigos presi-dentes da Assembleia-Geral, da Direc-ção e do Conselho Fiscal da Associa-ção, Esposas e outras personalidades de relevo para a instituição.A mesa das Delegações esteve muito bem representada, com a nossa gente de Gaia, Juromenha/Elvas e Setúbal e ao longo do vasto Salão conviveram, mataram saudades e espalharam nos-talgias, brincaram e até dançaram (ao som, a custo zero, do grupo mu-sical do sócio que habitualmente nos apoia) os mais velhos, os menos no-vos, os jovens e os mais jovens, onde não faltaram as senhoras e também as crianças que, este ano particular-mente deram tom e alegria à nossa Festa de Natal.Também houve discursos: o do Co-mandante do Corpo de Fuzileiros – que nos desejou um ano de cheio de sucessos; e o do Presidente da As-sociação – que se congratulou com o apoio que todos nos têm dado e nos

desejou Bom Natal e Bom Ano agrade-cendo o empenho de toda a Direcção na organização do evento. Também se trocaram prendas.

O Salão quase foi pequeno para con-ter tanta gente!

Mas a organização desdobrou-se, fez os possíveis, senão mesmo os impos-síveis por chegar a todos com corte-sia, amizade e até algum protocolo mas, sobretudo, com todo o nosso característico calor humano.

A equipa de redacção deste site – que paulatinamente se vai organizando e readaptando – cita o que alguém já anteriormente escreveu a propósito deste evento:

« E para que não falte ninguém, aqui fica a gratidão a todos quantos, pelas mais diversas formas, ora trabalhan-do na organização, ora contribuindo com as suas presenças emprestaram prestígio ao nosso jantar de Natal e, sobretudo, deram vida à vida e ao tempo dos nossos afectos».

Imediatamente a seguir e sem legen-das para não distinguir ninguém já que todos merecem ser distinguidos – pela coragem, pela solidariedade, pelo es-pírito de camaradagem e entreajuda e pelos valores que são o apanágio e a mística dos fuzileiros – ficam al-guns registos fotográficos, escolhidos pela Direcção, para a posteridade e que são as imagens que, mais do que muitas palavras dão real conteúdo e importância ao nosso “Jantar de Natal de 2010”.

MP

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Eventos

Mário MansobATAlhA10/04/2010TAmbémdiAdoCombATeNTe

A Batalha foi mais uma vez, palco de um grandioso cerimonial. Este ano, com um duplo sentido: dia de home-nagem ao Soldado Desconhecido, e do Combatente. É certamente uma honra, que a esta efeméride, se tenha associado os combatentes. A presen-ça do Senhor Presidente da Republi-ca deu-lhe a solenidade que todos os combatentes do nosso País merecem.

Nunca é tarde, para se reconhecer o quanto a Nação lhes deve, e do res-peito que alguns lhes têm negado. Todos sentimos, que muitos, dos que não deviam, têm andado distraídos de mais, porque apreço de menos, tem querido fazer esquecer um valor, de que nem todos logram alcançar. Este dia especial, ficou também marcado pela consideração mostrada pelo Se-nhor Almirante Viera Matias que, re-solveu desviar-se do seu rumo, para vir falar aos seus Fuzileiros, é uma atitude sintomática, da forma de es-tar desta nossa família. O facto de no grupo, não estar qualquer homem do seu Destacamento, não foi razão, para deixar, de connosco dialogar, é assim, que os elos da corrente que nos liga estão cada vez mais, fortalecidos.

Igual postura, teve o Senhor Cte. Al-poim, que em amena cavaqueira, se inseriu no grupo dos seus camara-das de armas, reavivando feitos, que muito contribuíram, para o enriqueci-mento do património dos Fuzileiros. Do grupo, faziam parte, elementos da

Delegação de Gaia, representantes da Associação de Fuzileiros, alguns só-cios, e outros não, ainda!..., que esta-vam a titulo individual. Curioso, foi o caso de um jovem no activo, que facil-mente se integrou naquele grupo de homens que na sua maioria podiam ser seus avôs, o facto de não se ter marginalizado, denota um espírito de forte camaradagem.

Há no entanto, outras atitudes que são também reconfortantes, e uma delas foi, a que se verificou, quando à saída da sala do capítulo, local sa-

grado do Soldado Desconhecido, sua Excelência o Senhor presidente da Re-publica se desvia da sua rota, para ir cumprimentar o Senhor Comandante Alpoim Calvão que, com a sua boina azul ferrete, e Torre Espada ao peito, se destacava, ladeado pelo Sr Cte. Preto. Verifiquei, que o Cte. Alpoim se manteve, como se em sentido estives-se, o que proíbe, qualquer soldado de se mexer, e muito menos, dar um pas-so em frente. Isso, ele não fez. Foi de facto uma atitude de um gran-de Militar. Como seu camarada de ar-mas, fiquei empolado de orgulho, pelo comportamento, e pela deferência que lhe foi dispensada pelo expoen te máximo da Nação.Quando já no regresso, nos preparáva-mos para entrar no carro, os camara-das, que em serviço tinham feito par-te das forças em parada, e que dentro do autocarro, na fila do trânsito es-peravam andamento, resolveram de forma espontânea prendar-nos, com um sentido, duplo grito, do Fuzileiro. Sem lhes perguntar-mos a razão, sen-timos que estavam homenageando os seus camaradas mais velhos, seus progenitores na classe, a que dentro da Marinha pertencem. Acreditem jovens, Fuzileiros da nossa briosa, de que, nos sentimos muito honrados e enternecidos.Muito obrigado pela vossa gratidão. Creiam, que também nós vos conside-ramos, e gostamos de todos vós.

Uma foto de família com algumas gerações de fuzileiros

O Sr. Presidente da República com o Sr. Cmte. Alpoim Calvão

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APVG BRAGANo dia 21 de Março de 2010, teve lu-gar na Senhora do Sameiro em Braga, padroeira dos combatentes, o décimo primeiro aniversário da Associação dos Veteranos de Guerra. Para além das várias delegações da APVG, esti-veram ainda presentes as forças vivas da Cidade, bem como, outros convi-dados de várias origens. A Associação de Fuzileiros esteve representada por oito elementos, com o guião, que se incorporou no cerimonial, e esteve re-presentado no altar durante a missa. Um momento alto da cerimónia re-ligiosa, para além de ser celebrada pelo sobrinho do Senhor Presidente da APVG Dr. Augusto de Freitas (nos-so consócio) foi, quando o camarada Gonçalves subiu ao altar, e tocou o silêncio, maravilhando com emoção, todos os presentes. Terminada a cerimónia religiosa, teve lugar o almoço para o qual estava re-servada uma mesa para nove pessoas da nossa Associação. Foi convidado para a mesa de honra, um represen-tante do nosso grupo, tendo sido in-dicado o Sarg. José Coelho Coisinhas, que foi também, o nosso porta-guião. Foi evidente, mais uma vez, quanto é apreciada a presença da Associação de Fuzileiros nos eventos da APVG, o carinho com que nos envolvem e o respeito que nos é dispensado por todos, não oferece dúvidas, que dei-xámos marcas muito positivas, nos militares que alguma vez, com os Fuzileiros ombrearam. Foi gratifican-te, ouvir pela voz de um camarada veterano, ex-Furriel do Exército, um rasgado elogio, que foi de imediato complementado, por outros vetera-nos presentes, do mesmo ramo. É bem sintomático, de quanto apre-ciam os nossos valores, continuando ainda hoje a ser lembrados, de uma forma que muito nos honra. Aqui deixamos a todos os camaradas dos outros ramos veteranos ou não, uma certeza: sempre tivemos, e continua-mos a ter, muito respeito pelos cama-radas do exército porque nos teatros da guerra colonial foram eles também uns heróis, quanto mais não fora, por todas as dificuldades que enfrenta-ram, dado o pouco tempo que lhes era dedicado à preparação militar. Um muito obrigado, pela forma muito particular, como sempre nos recebe-ram, recebem e consideram.

Para emoldurar este dia, tivemos um pequeno percalço que passo a descre-ver: quando pela manhã nos deslocá-vamo-nos numa zona da picada, que nos levava ao objectivo, sem que nada o fizesse prever fomos fustigados pelo rebentamento de um pneu da frente, logo nos fez lembrar, uma mini, mina anti-carro, numa qualquer picada do norte de Angola, Guiné, ou Moçambi-

que, províncias outrora calcorreadas pelos elemento que guarneciam a via-tura. Foi de imediato montada a segu-rança não olvidando que algum con-tratempo pudesse surgir. Sem baixas seguimos o rumo, atingido o objectivo dentro do horário. Para fazer um re-gresso dentro de parâmetros de segu-rança aceitáveis, havia que resolver, a falta do suplente, que horas antes não tinha resistido. Domingo não é um dia favorável para resolver uma tal ques-tão mas, os Fuzileiros tiveram domin-gos bem piores. Logo que partilhei a necessidade de resolver a dificulda-de, com o vice-presidente da APVG Senhor Martins, me disse, terminado o telefonema feito para o efeito, que o problema seria resolvido. Findo o almoço, rumámos a Barcelos, onde nos esperava um industrial adequa-do à resolução do embaraço. Depois de colocados os dois pneus da frente, interroguei o senhor do valor a pagar, acto continuo perguntei!: quem se quer solidarizar comigo nos custos, de imediato todos se associaram. O mais interessante acontece, quando um ca-marada que ali foi ter, por ter sido in-formado da nossa estada ali, me esti-cou a mão com a sua nota, para pagar a parte que lhe cabia. Recusei, argu-mentei, mas de nada valeu, tive que aceitar, porque ficaria magoado se o não fizesse. Aquele jovem camarada de nome Régo, mostrou uma coisa que não se explica, que muita gente não compreende, mas que o Fuzileiro entende, porque somos diferentes! Obrigado Filho da Escola.

Momento solene em que o Camarada Gonçalves

tocava o Silêncio

Mário Manso

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Salpicos de Vida

sPm0468Nº5

No primeiro semestre de 1967, fo-ram chamados pelo Comandante da Defesa Marítima da Guiné, Como-doro Ferrer Caeiro, os comandantes dos DFE’s 4 e 7, respectivamente 1º ten. Santos Paiva e 1º ten. Moitinho de Almeida, aos quais foi dada uma ordem para cumprir de imediato. Na sequência desta reunião, o meu Cmte chamou-me e ordenou-me que pre-parasse o embarque do DFE 4, no pra-zo de duas horas, na LFG Cassiopeia. Ao pessoal bastaria levar a G3 com dois carregadores. Ainda incrédulo, perguntei-lhe qual era o objectivo, ao que ele me retorquiu que não me po-dia dizer. Podem imaginar como me senti, pois nunca entre os três oficiais do DFE4 houve qualquer segredo ope-racional. Já debaixo de uma fúria mal contida, respondi-lhe que era inacei-tável que ele não me dissesse o local da operação e tudo o que se passava, pois nunca tinha sucedido tal coisa em um ano e meio de comissão. O Cmte respondeu-me que ele e o Cmte do DFE 7 tinham que cumprir a ordem do Comodoro de nada revelar do que se iria passar. Embora aceitando a expli-cação, estava tão furioso que lhe disse que seria completamente impensável que os homens do DFE 4 aceitassem sair de Bissau só com uma G3 e ape-nas dois carregadores, portanto eu ia dar-lhes uma ordem que eu já sabia não seria cumprida. Chamei o Quar-tel Mestre e os Chefes de secção e transmiti-lhes a ordem de que iríamos embarcar dentro de duas horas e de que não seriam necessárias armas de apoio, bastaria cada homem levar a G3 com dois carregadores. Claro, toda a minha fúria passou para eles que de imediato me inquiriram acerca do lo-

cal e do tipo de operação iríamos rea-lizar! Também me disseram logo que seria impossível cumprir a ordem do armamento do pessoal, pois nunca o DFE 4 sairia de Bissau sem a artilharia do costume. Apesar de tudo, lá se cumpriu o ho-rário previsto e os Destacamentos embarcaram na LFG como tinha sido determinado. Na primeira volta que dei pelo convés, fui encontrar as MG 42 devidamente municiadas, as bazucas, os lança-ro-ckets, as ALG’s e as granadas do cos-tume! Estávamos prontos para todas as eventualidades. Nestas questões já ninguém acreditava em conversas para meninos de coro, nós éramos ve-teranos e os rios Corubal, Cumbijã e Cacine estavam sempre presentes na nossa memória, e metiam-nos muito respeito!!!Só G3 com dois carregadores? Então que conversa era esta? Seríamos nós alguns periquitos chegados de fresco ao inferno guineense para nos enfia-rem um barrete destes? Tomem lá en-tão com toda esta artilharia, que apa-nhados à mão é que nunca seríamos. É óbvio que a confiança voltou a estar perto de nós quando nos vimos a bor-do com o armamento do costume.Preparávamo-nos nós para descansar um pouco, antes de um eventual de-sembarque, e principalmente eu, o 3º oficial e os chefes de secção mergulha-dos na fúria do desconhecido, quando fomos novamente surpreendidos com a ordem de regresso a Bissau. Aí ti-vemos a certeza de que ou estavam a gozar connosco ou as chefias esta-vam completamente apanhadas pelo clima. Não percebíamos nada do que se estava a passar, e era a primeira vez

que tal coisa sucedia com um conjun-to de FUZEILEIRAÇOS que já tinham no horizonte o fim da comissão.Regressámos a Bissau e a vida ope-racional continuou por mais três ou quatro meses. Muitas vezes pedi ao Cmte para me contar a história, mas sem sucesso. Nunca soube em terras da Guiné que raio de missão fomos realizar naquele dia.Foi já em Lisboa, muitos meses depois da chegada, que o Cmte me contou toda a história, que acaba por de-monstrar bem a autoridade, a convic-ção e a capacidade de decisão que era inerente, naquela época, ao Comodo-ro Ferrer Caeiro.O que tinha sucedido? Bem simples de contar.A Marinha tinha em Bolama umas instalações navais que, até há pouco tempo, tinham sido ocupadas pelo DFE 4, e se encontravam vagas naque-la altura. Aconteceu então que duas compa-nhias do exército chegaram àquela ilha e, na falta de instalações me-lhores resolveram instalar-se nas infra-estruturas da Marinha, sem a eventual autorização do Comando da Defesa Marítima da Guiné. O “nosso” saudoso chefe, comodoro Ferrer Caei-ro não hesitou um momento, chamou os dois Cmtes dos DFE’s, disponíveis em Bissau, e disse-lhes que as com-panhias do exército deveriam sair de imediato das instalações da Marinha, nem que fosse a tiro. Só depois de sairmos de Bissau e de as unidades navegarem a caminho de Bolama, é que o Comodoro telefonou ao Cmte Chefe, General Schultz, e o informou do que se estava a passar. Imagino eu, que o General deve ter agido muito depressa no sentido das companhias saírem das instalações navais, pois só assim os DFE’s puderam tão rapidamente regressar a Bissau.E foi assim, com CHEFES desta têm-pera, que a Marinha construiu o seu prestígio em terras de África.Bem-haja, saudoso Comodoro Ferrer Caeiro.

CMG Francisco Rosado

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Eng. Lema Santos, 1º Ten. RN

Afundamento do batelão “Guadia-na” por EEA – Engenho Explosivo Aquático

Nota: Durante a Guerra do Ultramar, não teve expressão significativa a uti-lização de minas contra a navegação. Esta terá sido, seguramente, a mais marcante e agressiva acção inimiga utilizando EEA’s (Engenhos Explosivos Aquáticos); a partir desta ocorrência, os comboios para sul do território, em zonas de possíveis emboscadas, pas-saram a ser efectuados com o apoio de uma patrulha avançada de fuzilei-ros em botes que efectuavam o reco-nhecimento visual.

Considerações gerais

O 2TEN FZE RN José António Lopes da Silva Leite do 10.º CFORN e o STEN FZ RN Carlos Alberto Gil Nascimento e Silva do 11.º CFORN, depois de con-cluírem os respectivos cursos foram ambos mobilizados para a Guiné, o primeiro integrado no Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 10 (1967) e o segundo na Companhia de Fuzilei-ros n.º 6 (1968).

Em Maio de 1969, viriam ambos a protagonizar, um episódio marcante da complexa actividade da Marinha ao longo dos doze anos de guerra, o primeiro como comandante opera-cional de uma “task unit” activada na sequência da organização de um comboio logístico, integrando LDM´s e embarcações comerciais e, o segun-do, como comandante operacional de uma outra LDM, também com ba-telões mas que, numa parte comum do percurso, se juntava àquela “task unit”.

A organização e planeamento dos comboios de abastecimento logístico estavam atribuídos pelo Comando de Defesa Marítima da Guiné à Esquadri-lha de Lanchas que, de acordo com as exigências operacionais, disponi-bilidade de meios navais e o tão cri-terioso como indispensável apoio da tabela de marés, procedia à escolha do perío do e datas em que se efectua-vam os comboios - RCU’s.

A necessidade de manutenção de uma logística de apoio a populações e unidades militares, tornava alguns dos percursos não só frequentes mas de periodicidade obrigatória, quer para norte quer para sul daquele ter-ritório, situação também decorrente

As distâncias totais percorridas a par-tir de Bissau – normais pontos de par-tida e chegada destes comboios - de-pendiam dos percursos parciais efec-tuados e dos navios e embarcações presentes. Havia ainda a considerar, de acordo com as unidades navais utilizadas, rotas alternativas às barras convencionais dos rios.

Estavam nesse caso o Canal de Melo, na travessia do rio Cumbijã para o rio Cacine, a passagem do rio Tombali para o rio Cumbijã, via rio Cobade ou a ida para o Cacheu navegando pelo interior do baixo dos Macacões, este só acessível a LDM’s. Claro que esta possível utilização, válida igualmente para os percursos inversos, permitia encurtamentos de caminho e redu-ções de tempo notáveis.

GuiNé,1969–embosCAdAAumComboioNAvAl-PArTei

O 2TEN FZE RN José António Lopes da Silva Leite do 10.º CFORN

e o STEN RN Carlos Alberto Gil Nascimento e Silva do 11.º CFORN.

do normal escoamento de produtos agrícolas essenciais à economia do território.

Entre os mais carismáticos, cabe des-tacar Farim, no norte, cerca de 85 milhas a montante da foz do rio Ca-cheu e Bedanda ou Gadamael, no sul, ambas a uma distância próxima de 20 milhas da foz nos rios Cumbijã e Cacine (rio do Porto de Gadamael) respectivamente.

Enquanto a uma LFG de escolta esta-va vedada a possibilidade de efectuar atalhos por causa dos 2.20 m de cala-do daquela unidade naval e as LFP’s, ainda que com limitações, efectuas-sem diversos percursos com alguns “shortcuts”, as LDM’s efectuavam ver-dadeiros milagres no encurtamento de traçados, quase bastando haver al-guma altura de água para passarem e

Continua na página seguinte >>

A tracejado (violeta) o percurso Bissau - Bolama e, na continuação, Bolama - TT (confluência dos rios Tombali e Cobade); igualmente

visível o percurso de regresso a Bolama (laranja).

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muita, mesmo muita, experiência do “patrão”.

Afinal, com a maré na enchente, um encalhe resolvia-se quase sempre por si próprio, em fundos lodosos sem cristas rochosas. Bastava arriscar pri-meiro e esperar depois, raciocínio ob-viamente limitado para as unidades com quilha.

Para comandar estes RCU’s eram ha-bitualmente nomeados oficiais subal-ternos dos Destacamentos ou Com-panhias de Fuzileiros, dos Quadros Permanentes ou da Reserva Naval, reforçados por esquadras ou grupos de combate daquelas unidades e com o armamento adequado à missão, por forma a aumentar a segurança dos comboios, garantindo um destino seguro às guarnições, populações e bens por eles transportados.

Se algumas das embarcações ou bate-lões comerciais dispunham de motor, outras não tinham propulsão própria, sendo por isso rebocadas por aqueles que tivessem condições para o fazer. Navegação com velocidades dife-rentes, cabos de reboque partidos e avarias frequentes, era um panorama comum que gerava confusão e granel, obrigando o comandante do comboio, com as LDM’s disponíveis, a um en-quadramento atento e disciplinado.

Esta estratégia era sobretudo impor-tante a partir do ponto de confluência de todas as unidades, normalmente situado no início das bacias hidrográfi-cas dos rios onde se situavam os locais a aportar. Aí se reviam os derradeiros pormenores da navegação a efectuar, procedimentos de comunicações e a abordagem de eventuais zonas de risco de ataques ou emboscadas do inimigo.

A missão

Pela “Ordmove” 132/69 o Comando de Defesa Marítima da Guiné ordenou à LDM 302 que, a partir de 16 de Maio de 1969 pelas 16:30, sob o comando operacional do STEN FZ RN Carlos Al-berto Gil Nascimento e Silva, largasse de Bissau com o objectivo de escoltar

as embarcações motor “Portugal” que rebocava o batelão “Angola” levando carga geral, o Pelotão de Morteiros 2115 e respectivas bagagens com destino a Vila Catió. A guarnição da LDM e o motor “Portugal” foram re-forçados com elementos da CF 10. O comboio (RCU) escalou Bolama no mesmo dia da largada e completou o percurso no rio Cobade no dia seguin-te de manhã, entre o rio Tombali e a foz do rio Cagopere que dá acesso ao porto de Catió, esta parte do trajecto feita com apoio aéreo. Durante a per-manência naquele porto foi montada segurança pelas FT (forças terrestres) locais. No regresso, a LDM 302 e as embarcações civis confluiram para a foz do rio Cagopere no dia 21 pelas 10:00 passando a estar integradas no RCU 9/69.

Quase simultaneamente, pelo “Ord-move” 136/69 – RCU 9/69 o Comando de Defesa Marítima da Guiné ordenou a activação da TU 5 com a nomeação

do 2TEN FZE RN José António Lopes da Silva Leite para comandar aquela “task unit” a partir do dia 20 de Maio de 1969, pelas 00:00. Foi constituída pelas LDM’s 105 e 313, com o fim de escoltar as embarcações motor “Rio Tua” rebocando um batelão, mo-tor “Vencedor”, motor “Gouveia 17” rebocando os batelões “Guadiana” e “Lima” com destino a Bedanda e Cacine.

Houve ainda que transportar 12 to-neladas de produtos de reabasteci-mento, enviados para Cufar pelo CTIG (Comando territorial Independente da Guiné) na LDM 105 e ainda um veí-culo GMC do exército para Gadamael na LDM 313.

Tal como previsto, a partir do dia 21, pelas 10:30, foi integrada no comboio a LDM 302 com a embarcação com motor “Portugal” rebocando o bate-lão “Angola”, sendo este grupo (RCU) a integrar comandado pelo STEN FZ

GuiNé,1969–embosCAdAAumComboioNAvAl-PArTei

As embarcações comerciais motoras “Portugal” e “Angola”.

O batelão “Guadiana” que viria a ser

afundado mais tarde.

>> Continuação da página anterior

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RN Carlos Alberto Gil Nascimento e Silva.

Com início e regresso a Bissau, esta-vam definidos os movimentos previs-tos com respectivas escalas e horários de chegada/largada, tendo em aten-ção as marés: Bissau, Bolama, ponto TT (confluência dos rios Tombali e Cobade), foz rio Cagopere, ponto CC (confluência dos rios Cobade e Cum-bijã), Impungueda, Bedanda, Impun-gueda, ponto CC, ponto TT, Bolama e Bissau.

No dia 23 pela manhã a LDM 313 dei-xou o comboio no ponto CC, ruman-do a Cacine e Gadamael pelo Canal de Melo, com as embarcações mo-tor “Vencedor” e o motor “Gouveia 17” rebocando os batelões “Lima” e “Guadiana”.

O movimento efectuado para o aquar-telamento de Cabedú com os batelões “Lima” e “Gouveia” permitiu ganhar um dia ao movimento destas embar-cações, escoltadas pela LDM 313 para Cacine.

A descarga em Cacine não foi con-cluída mas, a necessidade do rigoroso cumprimento do planeamento impos-to pelos horários das marés, obrigava a algumas decisões incompatíveis com atrasos nas cargas e descarga dos locais aportados, por problemas de estiva alheios ao comando operacio-nal do comboio.

A progressão para montante do rio Cumbijã a partir dos ponto CC fez-se sem problemas e as descargas em Cufar e Bedanda fizeram-se dentro dos horários e com normalidade.

O batelão motor “Gouveia 17” que rebocava os batelões “Lima” e “Guadiana”

Regresso, rebentamento de um EEA (Engenho Explosivo Aquático) e o ataque IN

No regresso, o percurso descendente do rio fez-se com as LDM’s 105 e 302 com as embarcações motor “Portu-gal” rebocando o batelão “Angola” e motor “Rio Tua” com outro batelão.

Dia 27 pelas 11:00, juntaram-se a es-tas unidades, no ponto CC, as prove-nientes do regresso de Cacine. A LDM 313 trazia de Gadamael para Bissau uma viatura GMC e destruiu uma ca-noa abandonada na foz do rio Mel-dabom. Cerca das 13:00 do dia 27 de Maio de 1969, e com apoio duma pa-relha de aviões Harvard T6, iniciou-se o percurso do rio Cobade.

O comboio navegava em coluna, com as unidades navais e embarcações pela seguinte ordem na formatura: “Gouveia 17” rebocando os batelões “Lima“ e “Guadiana”, LDM 313, mo-tor “Portugal” com o batelão “Ango-la” de braço dado, LDM 105, motor “Rio Tua” de braço dado com um ba-telão, LDM 302 e finalmente o motor “Vencedor”.

Foi adoptada esta formatura para o motor “Gouveia 17” estabelecer a velocidade do comboio, uma vez que era a embarcação motora com menor velocidade de progressão. Pouco tem-po depois, pelas 14:30, o IN (inimigo) viria a revelar-se.

Cerca de meia milha após o desem-barcadouro do Cachil, foi avistado pelo pessoal da escolta, fornecida pela CF10 que se encontrava a bordo do “Gouveia 17”, um fio que atravessava da margem do lado do Cachil para o

meio do rio. Por analogia com casos anteriores, este pessoal mandou pa-rar imediatamente o “Gouveia 17”, o que foi tentado pelo patrão desta em-barcação metendo máquinas a ré.Como consequência desta manobra necessariamente brusca e devido ao normal seguimento por inércia, os dois batelões rebocados aproxi-maram-se do “Gouveia 17”, tendo o primeiro reboque, o batelão “Lima”, colidido com a popa do “Gouveia 17”, enquanto que o outro que o seguia, o batelão “Guadiana”, devido ao com-primento do cabo de reboque, ultra-passou por estibordo o “Gouveia 17”, e no final do comprimento do cabo, rodopiou ficando aproado em senti-do contrário ao da marcha invadindo, com a parte de ré, o local onde o fio tinha sido avistado.Nesse exacto momento, verificou-se uma forte explosão à popa do batelão “Guadiana”. Simultaneamente, o ini-migo, emboscado em ambas as mar-gens desencadeou violento ataque com armamento ligeiro e morteiro, sem consequências pessoais.Por sua vez, o engenho explosivo aquático que havia deflagrado à popa do batelão “Guadiana” causou 5 mor-tos e dez feridos, confirmados pelo sargento enfermeiro (2Sarg H Coto-vio) que, seguindo na LDM 105 e após a explosão, passou imediatamente para bordo daquela embarcação. Fo-ram rapidamente assistidos no local por aquele profissional de saúde com a colaboração de um colega (2Sarg H Mesuras) embarcado na LDM 302. Ambos, debaixo de fogo e no meio de grande confusão por parte de passa-geiros civis, mantiveram a presença de espírito suficiente para desempe-nharem as suas funções.Entretanto, o comandante operacio-nal informou o apoio aéreo do suce-dido e, dentro das possibilidades, soli-citou cobertura mais cerrada na zona, a fim de ganhar tempo e conseguir a segurança necessária para proceder a uma busca junto ao batelão sinis-trado, prevendo a eventualidade de virem a ser encontrados mais mortos

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ou feridos. Foi informado da impossi-bilidade de satisfação do pedido por uma dos aviões T6.Calado o IN por acção do fogo efectu-ado pelas LDM’s e pelo pessoal de re-forço da CF 10 pertencente às escoltas das embarcações civis, reiniciou-se imediatamente a marcha, tendo sido ordenado à LDM 105 que passas-se um cabo ao motor “Gouveia 17” dado continuar com os dois batelões a reboque.Desde o momento do rebentamento junto à popa do “Guadiana” tinham passado uns escassos dez minutos e a embarcação afundava-se rapidamen-te. Urgia sair da zona da ocorrência e encalhá-lo em local mais seguro, o que veio a suceder próximo da foz do rio Ganjola.Pelas 14:45, quando o comboio nave-gava já próximo daquele local, o 2TEN FZE RN Silva Leite, por intermédio da FAP, pediu evacuação para dez feridos a partir de Catió. Entretanto contac-tou igualmente as FT de Catió pedin-do ao aquartelamento local a presen-ça de transporte e médico no porto exterior, a fim de prestar assistência aos feridos e recolher os mortos que

seguiam a bordo da LDM 313 para aquela localidade.

Nesta altura, o comboio reiniciou a descida do rio Cobade até à con-fluência com rio Tombali, depois do comandante operacional ter confir-mado a presença do apoio aéreo na zona, tendo atingido aquele ponto TT pelas 16:00.

De acordo com o Comando de Defesa Marítima da Guiné (CDMG), foi dada ordem à LDM 303 para permanecer

em Catió até ordem em contrário, às embarcações civis para prosseguirem independentemente para Bissau e às LDM’s 105 e 302 para seguirem para Bolama, onde ficaram a aguardar no-vas instruções.

Como resultado do acontecimento e das condições de mau tempo verifi-cadas na altura, extraviou-se diver-so material fixo que se fez constar nas relações de ocorrências de cada unidade.

Os batelões motores “Rio Rua” e “Vencedor”.

Pormenor do porto interior de Bedanda”.

Um comboio no rio Cumbijã, na foz do rio Macobum, na zona de Cafine.

GuiNé,1969–embosCAdAAumComboioNAvAl-PArTei

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In Perpetuam Memoriam

HOMENAGEM DA DIREcÇÃO NAcIONAL AO DR. PAULO MARQUESSócIO N.º566 DA ASSOcIAÇÃO DE FUZILEIROS Carlos Marques PintoFaleceu no passado dia 1 de Janeiro, o nosso sócio originário, Dr. Paulo Hen-riques Lowndes Marques. Licenciado em Direito pela Universi-dade de Lisboa foi membro da Ordem dos Advogados Portugueses e exter-no, em Londres, da Ordem dos Advo-gados Britânica (Law Society) e, ainda, do International Bar Association.Cadete fuzileiro do 8.º CEORN – Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval – ingressou na Escola Naval, em 9 de Outubro de 1965.Integrado na Companhia de Fuzileiros N.º 10 fez a sua comissão de serviço em Angola (1966/1968) comandando

o 2.º Pelotão e cumpriu missões nos Postos de Vigilância dos então Co-mandos de Defesa Marítima do Zaire (Quissanga, Puelo, Pedra do Feitiço e Macala) e Cabinda (Massábi).

Licenciado em Direito, era Advogado, com escritório em Lisboa e foi um dos Mandatários da lista dos actuais ór-gãos sociais da Associação.

O Paulo desempenhou cargo público de relevo (Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros) e foi, com fre-quência, comentador convidado, de assuntos internacionais, pela RTP.

Ao nível profissional desempenhou os cargos e funções que, sucintamente se indicam:

Administrador da SOPORCEL (uma so-ciedade de celulose e papel) represen-tando a Arjo Wiggins Appleton p.l.c. do grupo da British American Tobac-co); Director Jurídico Executivo no De-partamento Internacional da Plessey Telecomunications Ltd. em Londres; Administrador da Plessey Automática Eléctrica, em Portugal; Secretário-ge-ral da Cabinda Gulf Oil Company; Ad-junto dos Serviços de Estrangeiros do Banco Pinto e Sotto Mayor; Conselhei-ro jurídico do Embaixador Britânico; Membro da Comissão de Fiscalização do Teatro de São Carlos e Presiden-te: da Assembleia-geral da Câmara de Comércio Luso-Britânica; da Bri-

tish Historical Society of Portugal; da World Monuments Fund; da Assem-bleia-geral da Associação Amigos de Monserrate; da Assembleia-geral da Associação Colégio de S. Julião Carca-velos (Colégio inglês de St. Julians); da Comissão Fiscal dos Amigos do Museu de Arte Antiga; da Comissão Fiscal da Fundação Mater Timor (construção de maternidades para Timor);

Além de muitos artigos e interven-ções publicou o livro “O Marquês de Soveral – Seu Tempo e Seu Modo”, da Editorial Texto (Grupo Leya) em 2009, tendo recebido uma Menção Honrosa do Prémio Grémio Literário em 2010.

Paulo Marques obteve as seguintes condecorações: Medalha das Campa-

nhas do Norte de Angola; Grande Ofi-cial da Ordem do Infante D. Henrique; Order of the British Empire e Grã-Cruz Pró Mérito Militensis da Ordem Sobe-rana de Malta.Homem bom e de uma simplicidade cativante, de grande cultura histórica e de particular estatura intelectual e moral, disciplinado e disciplinador, sempre granjeou entre os seus cama-radas militares e colegas civis, a todos os níveis, grande amizade, simpatia e respeito.Para a Associação de Fuzileiros o seu falecimento constitui vazio insubstituível. A Família e os Amigos vivem uma enorme perda, a ausência da sua bon-dosa e reconfortante figura e uma do-lorosa saudade. A Direcção Nacional – que se fez re-presentar no respectivo funeral pelo seu Vice-Presidente e pelo vogal Má-rio Manso, camaradas que com ele cumpriram comissão de serviço, em Angola (1966/1968) – em reunião do passado dia 6 de Janeiro decidiu pres-tar-lhe púbica homenagem. Em boa hora e com total mereci-mento. Sobre a tua memória inclino-me e apetece-me dizer: Até já, Paulo, Amigo de sempre.

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In Perpetuam Memoriam

E ainda os Camaradas, Eduardo Azevedo Soares, João custódio Anania, e António Magalhães de Oliveira

Cada vez mais somos menos, porque mais oito camaradas fuzileiros nos deixaram. Cinco dos quais, eram sócios da Associação de Fuzileiros que aqui se rememora com as suas fotos. Também esta grande Família, fica mais pobre, mas a lei da vida não perdoa, e cedo de mais nos privou do seu convívio. Resta-nos honrar a sua memória, lembrando-os enquanto a vida nos der alento para os recordar com saudade. Que tenham por caridade, a paz que a vida lhes negou.Às suas famílias, esta outra, apresenta sentidas condolências.

É justo realçar aqui, porque o não foi fei-to no dia do jantar, que mais uma vez, e já vai na terceira, que o Camarada Óscar Barradas oferece um presente para ser sorteado.

Quem esteve no último jantar de Natal da Associação, se lembrará da boina que foi sorteada, tendo rendido 436,00€. Ao Óscar o nosso muito obrigado, pelos contributos, com que vem prendando a sua Associação de Fuzileiros.

A amiga Manuela Parreira esteve mais uma vez de serviço. Desta vez, toda a se-mana que antecedeu a Assembleia Geral para concluir a tempo, os trabalhos ine-rentes às doze cortinas para embelezar as janelas do nosso salão. Mais um tra-balho de artista bem conseguido. Objec-tivo, que pretende representar o alcache da farda das praças da nossa Marinha, homenageando assim, a maioria dos só-cios da Associação, que o envergaram. Com um simples obrigado, para quem tanto tem dado, algo ficará saldado!

Para todos os camaradas e Amigos, que de novo fizeram donativos, o nosso bem haja, a cada um, a Associação de Fuzilei-ros reconhece um espírito solidário que é apanágio dos homens com direito à Boina Azul Ferrete, por isso, alguns dos que a não conquistaram, em espírito, também a merecem.

M.M

OFERTAS & DONATIVOS

António Roque José da conceição Filipe

José Santos Heitor Francisco Amaro José M. Peixoto Vieira

Nome do Sócio Nº DonativoArmando Silva 920 20,00 €

Abílio Martins 216 Papel e Envelopes

Adelino Manguinhas 1967 5,00 €

António Esperança 479 20,00 €

António Lourenço 100,00 £

Antonio Pacheco 816 10,00 €

António Ramos 1053 20,00 €

Cmdt. Almeida Viegas 153 Móveis e Livros

Francisco Jordão 1634 5,00 €

João Marques da Luz 1308 214,50 €

João Martins 1673 6,00 €

Joaquim Martins 421 40,00 €

José Guerreiro 547 5,00 €

Luis Pires de Moura 1961 11 Livros

Manuel Correia 478 40,00 €

Manuel Francisco 72 Canoa em miniatura

Manuel Teixeira 218 60,00 €

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NOVOS SócIOSHOMENAGEM À BANDA DA ARMADA Mário

Manso

Fuzo-poesia

Ao tocarem o nosso hinoCom tão grande perfeiçãoA rebate tocou o sinoCom orgulho e gratidão

São uma elite sem favorComo os Fuzos são na guerraAo enfrentarem sem pavorA letra que o hino encerra

Camaradas da Banda obrigadoPor se tornarem pioneirosOrquestrando com primadoO hino dos Fuzileiros

Ao homenagearem o passadoCom tanto rigor e prestoDeixaram o orgulho pasmadoPela batuta do Maestro

Seja em terra ou no marQuando não houver soluçãoPelos Fuzos podem chamarPara combater a ingratidão

Fica a nossa homenagemA uma Banda de eleiçãoQue ao tocarem a coragemDesembarcaram emoção

É difícil haver igualÉ por todos prestigiadaDe norte a sul de Portugal Temos a Banda da Armada

O vosso grau de prontidãoFoi apenas excelênciaFica a nossa gratidãoFuzileirosemcontinência

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