fl˚ ˛˚˝ ˙ ˆ ˇ - associacaofuzileiros.pt · presentes vai o nosso abraço solidário e os...

56
DESEMBAR UE O REVISTA N.º 32 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · MARÇO 2019

Upload: others

Post on 05-Oct-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DESEMBAR UEOR

EV

ISTA

N.º

32

· PU

BLI

CA

ÇÃ

O P

ER

IÓD

ICA

· M

AR

ÇO

201

9

Publicação Periódica daAssociação de Fuzileiros

Revista n.º 32 • Março 2019

PropriedadeAssociação de Fuzileiros

Rua Miguel Pais, n.º 25, 1.º Esq.2830-356 Barreiro

Tel.: 212 060 079 • Telem.: 927 979 461email: [email protected]

www.associacaofuzileiros.pt

Edição e RedacçãoDirecção da Associação de Fuzileiros

DirectorManuel Seabra

Director Adjunto/Editor PrincipalBenjamim Correia

ColaboraçõesDelegações da AFZ, CM, JR, LS, BC,

Ribeiro Ramos, Miranda Neto, José Horta, Paulo Gomes da Silva, Adelino Couto,

Elísio Carmona, Jorge Monteiro e Vidal de Rezende

Fotografia: Ribeiro, Afonso Brandão, Mário Manso, António Fernandes e MLS

Capa: Manuel Lema Santos

Coordenação eprodução gráfica

Manuel Lema [email protected]

Impressão e acabamentoGMT Gráficos, Lda.

email: [email protected]

Tiragem2.000 exemplares

Depósito legal n.º 376343/14

ISSN 2183-2889

Não reconhecemos qualquer nova forma de ortografia da língua portuguesa mas, no respeito por diferente opção, manteremos os textos de terceiros aqui publicados que

configurem outra forma de escrita.

índice ficha técnica

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Editorial

O futuro constrói-se todos os dias 3

Assembleia Geral

Convocatória 4

Almoço de Natal

Almoço de Natal 2018 5

Corpo de Fuzileiros

CAOEMAR – Curso de Aperfeiçoamento Operações Especiais de Marinha 2018 10

Juramento de Bandeira e Imposição de Bóinas 12

Força de Fuzileiros N.º 1 – Participação nos exercícios GRUFLEX 18 e FTX FIM 18 13

Homenagem

Homenagem ao Comandante Carvalho Araújo 14

Homenagem a um Combatente – O “Escritas” 16

Pensamentos & Reflexões

A “Brigada de Fuzileiros” 17

Uma recordação para a vida – “A Fortaleza de Sagres” 23

Notícias

18.º CFORN – 47.º Aniversário 25

Turma de Hidroginástica da AFZ – Jantar de Natal 26

Grande Noite de Fados de S. Martinho 27

Homenagens aos Barreirenses que participaram na I Grande Guerra 28

Associação de Fuzileiros de Cabo Verde 30

Divisões

Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas 32

Crónicas

Grandes Figuras da História – As Invasões Francesas (1) 33

Contos & Narrativas

O “Homem das Neves” 38

Cadetes do Mar

Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros 40

Outra Perspectiva

Guerra Colonial – Uma outra perspectiva - Vivências 42

Delegações

Delegação de Fuzileiros do Algarve (DFZA) 44

Delegação de Fuzileiros da Beira Alta (DFZBA) 47

Delegação de Fuzileiros do Douro Litoral (DFZDL) 48

Delegação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas (DFZJE) 51

Delegação de Fuzileiros da Polícia Marítima (DFZPM) 53

Núcleo de Fuzileiros Motociclistas (NFZM) 54

Rádio “Filhos da Escola” 54

Obituário 55

Diversos 55

editorial

3O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

No próximo dia 16 de março de 2019, irá decorrer a Assembleia-Geral da Associação de Fuzileiros, à qual todos os sócios interessados deverão comparecer, enaltecendo a importância

deste ato, valorizando os temas que vão ser colocados à discussão e eventual aprovação e reforçando, desta forma, a credibilidade da nossa associação enquanto instituição de referência.

Um ano após a tomada de posse de todos os atuais Órgãos Sociais, ali estaremos, na “nossa casa”, prontos para cumprirmos mais este desafio, mostrando o que fizemos em 2018 e o que pretendemos fazer em 2019, justificando a escolha dos nossos associados no último ato eleitoral. Fazemo-lo de forma tranquila, agarrados a uma experiência de vida que o passado nos facultou, mas também de forma altruísta, acreditando no seu progresso e no seu sucesso. Uma das propostas que iremos apresentar, merecendo aprovação, vai permitir dar inicio a um processo de reconhecimento do mérito e da fidelização àqueles sócios que, de facto, foram ou são ilustres referências, mas que o tempo se encarregará de apagar se, entretanto, nada se fizer.

Perante esta “obra” complexa, mas muito bem oleada, que nos foi entregue repleta de prestígio e enorme dignidade, assumimos o compromisso de manter esses padrões de referência dando, se possível, alguns passos em frente, cientes que o futuro se constrói todos os dias! Esse é o azimute que, persistentemente, vamos seguindo, sem oscilações nem vacilações, até alcançarmos o objetivo!

Logo a seguir, no dia 30 de março de 2019, vamos comemorar o 42.º aniversário da AFZ. Embora a data do aniversário seja no dia anterior, decidimos comemorá-la no dia seguinte, Sábado, permitindo assim a presença de um maior número de associados que se queiram juntar aos eventos que temos planeados. Vai decorrer da parte da tarde, em horário a difundir oportunamente, e irá contemplar a tradicional cerimónia de homenagem aos nossos que já desembarcaram noutra dimensão, junto ao monumento do Fuzileiro, sito na rotunda da cidade do Barreiro, seguido de um encontro nas nossas instalações, animado com uma poderosa exibição do “Cante Alentejano”, da responsabilidade de um grupo dessas bandas, seguido de um jantar “Buffet” no nosso restaurante.

Vão ser dois eventos muito importantes para o futuro historial da Associação de Fuzileiros, cuja grandeza será medida com a vossa presença.

.

Leão Seabra

Presidente da Direção

O futuro constrói-se todos os dias

Manuel Leão Seabra

assembleia geral

4 O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

CONVOCATÓRIA

No cumprimento dos Estatutos da Associação de Fuzileiros e dos seus Regulamentos e de acordo com a Lei, CONVOCO os sócios para se reunirem em Assembleia-Geral, no próximo dia 16 de Março de 2019, no salão da sede nacional, no Barreiro, sita à Rua Miguel Paes, n.º 25, com início às 15.00 horas, com a seguinte Ordem de Trabalhos:

Ordem de Trabalhos

1. – Apresentação e eventual aprovação do Relatório de Actividades e Contas do exercício de 2018 e do Orçamento para 2019;

2. – Apresentação, para eventual aprovação, da alteração ao artigo terceiro do Regulamento das Estruturas e Serviços Centrais e Regionais - RESCR – “Da criação de Núcleos, no âmbito das Delegações”, ao abrigo da alínea e), n.º 4, do Artigo Décimo Segundo dos Estatutos da AFZ;

3. – Apresentação, para eventual aprovação, do “Regulamento do Núcleo de Fuzileiros Motociclistas (NFZM)” da Associação de Fuzileiros, reconhecido, aprovado e criado por deliberação da Direção Nacional, nos termos estatutários, ao abrigo do artigo terceiro do RESCR - (alteração já aprovada);

4. – Apresentação, para ratificação, da criação da qualidade provisória de “Sócio Institucional” (alteração ao artigo quinto dos Estatutos da AFZ, após ultrapassado o período provisório de dois anos, após a ratificação);

5. – Apresentação e eventual aprovação do “Regulamento Interno de Atribuição de Medalhas e Condecorações da AFZ”, ao abrigo da alínea e), n.º 4, do Artigo Décimo Segundo dos Estatutos da AFZ.

No caso de não se encontrarem presentes, à hora marcada, mais de metade dos sócios, no pleno uso do seu direito de voto, a Assembleia-Geral reunirá 30 minutos depois, pelas 15 horas e 30 minutos, com qualquer número de sócios.

Sede da Associação de Fuzileiros, no Barreiro, 7 de Fevereiro de 2019.

O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral

(Assinado no original)

CMG FZ Vasco Manuel da Cunha BrazãoSócio Originário n.º 125

ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROSFundada em 29 de Março de 1977

5

almoçodenatal

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Almoço de Natal 20188 de Dezembro de 2018

Já começa a ser um hábito, dissemos no ano passado e, este ano, repetimo-lo porque, mais uma vez, o Restaurante Quinta da Alegria, na Penalva, foi o palco das emoções do almoço de

Natal da nossa Associação.

Apesar do significativo aumento das adesões a este evento o espaço foi ainda suficientemente convidativo para que todos se sentissem confortáveis.

Os Fuzileiros, antigos e modernos, vieram de todo o lado e trou-xeram as suas famílias para neste dia se juntarem em ameno convívio natalício.

Muitos mais gostariam de estar presentes para se juntar aos ami-gos mas nem sempre é possível. Para os que não puderam estar presentes vai o nosso abraço solidário e os votos de que para o ano cá possam estar com esta família FZ.

Uma referência especial para a presença, muito carinhosa e apre-ciada, do Exm.º Senhor Almirante Mendes Calado, Chefe do Esta-do-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional e de muitos outros ilustres convidados que quiseram partilhar este momento de grande significado para todos nós e, na altura própria, entoar connosco o Hino da nossa Associação.

Na ocasião, o Presidente da Direcção transmitiu a todos a sua Mensagem de Natal que aqui se reproduz na íntegra para que assim possa chegar a todos os nossos estimados sócios.

6

almoçodenatal

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Mensagemdo Presidente da Direção Nacional

Exm.º Senhor Almirante Mendes Calado, Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional. A presença do Comandante da Marinha no Almoço de Natal da Associação de Fuzileiros constitui para todos nós, dirigentes, sócios, familiares e amigos, uma subida honra que jamais esqueceremos. Queremos que seja portador do nosso sentido e profundo agradecimento pela confiança e pela credibilidade em nós depositada.

Muito para além do que possa representar a presença de V.ª Ex.ª nesta festa de família, temos a certeza que este gesto vem aproximar, ainda mais, a Marinha e a Associação de Fuzileiros, razão pela qual só poderemos responder com a nossa disponibilidade e vontade para, no âmbito da divulgação e no que for necessário, levarmos a Marinha aos quatro cantos de Portugal. Estamos prontos!

Exm.º Senhor Almirante Leiria Pinto. Cumprimento-o na qualidade de ex-presidente da Mesa da Assembleia-Geral agra-decendo, em nome da AFZ, tudo o que fez para que ela chegasse aos dias de hoje como uma Associação de referência. Também o senhor almirante é, para todos nós, uma referência.

Exm.º Senhor Comandante Cunha Brazão, atual presidente da Mesa da Assembleia-Geral e, por inerência, o principal responsável pelas grandes decisões que aqui são tomadas em prol da AFZ e do bem-estar dos nossos sócios. Além da sua permanente disponibilidade, sei que faz questão em marcar presença nos momentos mais importantes. Reconhecemos e agradecemos essa disponibilidade.

Caro Comandante Rocha e Abreu, digníssimo presidente do Conselho Fiscal. Agradeço a sua presença e através de si, a presença de todos os ex-presidentes do Conselho Fiscal da AFZ.

Caro Comandante Martins de Brito, digníssimo Comandante da nossa “Casa Mãe”. Sei que comandar a Escola de Fuzilei-ros deixa pouco tempo para a família porquanto, além da ocupação diária, que é elevada, ainda surgem momentos como este que lhe retiram muitos fins-de-semana. Apesar disso, sei que responde sempre com a sua presença, aqui e nas nossas Delegações, com o mesmo orgulho e sentimento de pertença, o que muito agradecemos. Diria que não é tarefa fácil, mas se fosse fácil….

Caro Tenente Pinheiro dos Santos, comandante da UMD. Sei, por experiência própria, tratar-se da Unidade de Fuzileiros mais interveniente nas atividades desportivas fluviais levadas a efeito pela AFZ e nossas Delegações. Obrigado por todo o apoio prestado.

Saúdo, finalmente, os atuais membros da Direção, nas pessoas dos Vice-presidentes Comandante Benjamim Correia, Smor Guerreiro e todos os demais, realçando o nosso Secretário Gonçalves e a nossa funcionária Ana, sem os quais seria bem mais difícil organizarmos eventos como o de hoje. A AFZ ficará eternamente grata a todos, pela vossa dádiva perma-nente, pela vossa disponibilidade e pelo vosso amor à camisola e à boina azul-ferrete. Através de vós, agradeço a presença todos os sócios, familiares e amigos!

Agradeço também, a presença da minha mulher, Edite Seabra e através dela, a presença de todas as senhoras que, por vontade própria, por amizade institucional ou por outra qualquer razão, compareceram, marcaram o ponto e responderam PRESENTE!

Finalmente, na qualidade de atual Presidente da Direção Nacional da AFZ agradeço, igualmente, a presença do Cte Metelo de Nápoles, Cte Lhano Preto e do Cte Ruivo os quais, por entre outros cargos e encargos, foram presidentes da AFZ, meus antecessores, a quem deixo o meu agradecimento pela forma cuidada, criteriosa e muito responsável como conduziram esta Associação até ao dia em que me foi entregue, deixando-me um legado que me orgulha dar continuidade.

Caros camaradas, familiares e amigos

Um ano depois do nosso encontro, aqui, neste mesmo lugar, voltamos a reunir a família para celebrarmos a Quadra Nata-lícia da Associação de Fuzileiros numa comunhão fraterna que permitirá, como habitualmente, trocar histórias e abraços, lembranças e recordações e, se for caso disso, uma ou outra lágrima de saudade.

É também o momento para recordarmos os nossos que já partiram para outra dimensão. Onde quer que estejam, temos a certeza que estarão a zelar por nós. Nunca vos esqueceremos, camaradas!

7

almoçodenatal

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Como saberão, este ano crescemos em importância e responsabilidade ao agregarmos mais uma Delegação, desta feita a Delegação de Fuzileiros da Beira Alta (DFZBA). Veio juntar-se à DFZDL, à DFZJE, à DFZA e à DFZPM o que significa, neste momento, uma representação da Associação de Fuzileiros numa parte muito significativa do nosso território Nacional. Aos dirigentes destas delegações deixo um público elogio pelo dinamismo que vão empreendendo junto das comunidades lo-cais, planeando e concretizando iniciativas que prestigiam, sobremaneira, a AFZ, o Corpo de Fuzileiros e a Marinha.

Preparamo-nos, neste momento, para integrar e vincular, legal e definitivamente, o Núcleo de Fuzileiros Motociclistas que se vem juntar ao Núcleo Radio Filhos da Escola e aos Cadetes do Mar Fuzileiros.

Estamos cada vez maiores, mais consistentes e com tendência a crescer para mais regiões permitindo que todos os Fuzi-leiros dispersos pelo Pais, principalmente aqueles que já deixaram as fileiras há algum tempo, tenham a oportunidade de se associarem, de se juntarem à Família, de receberem convites e informação permanente, designadamente através do nosso “Desembarque” e, com o mesmo orgulho e sentido de pertença, poderem afirmar com convicção: agora sim… Fuzileiro para sempre!

No âmbito do recente Plano de Cooperação celebrado entre a Marinha e as Associações, cujo momento alto se verificou no passado dia 22 de setembro, num encontro de associações, delegações e núcleos de fuzileiros e de marinheiros, na Base Naval de Lisboa, SEXA o ALM CEMA, que hoje nos honrou com a sua presença, abriu as portas da Marinha a todos estes grupos, constituídos por veteranos do botão de âncora e da boina azul-ferrete, numa demonstração inequívoca que a Marinha nunca se esquece dos seus “filhos” e que está decidida e pronta a apoiar, cooperar e colaborar com todos os que dignificam a marinha e a sua imagem, por todo o País. Foi, sem dúvida, um momento alto, traduzido numa festa grande, do tamanho da dignidade que julgamos merecer.

Até os nossos sócios menos atentos terão constatado que a AFZ tem marcado presença em diversos eventos do âmbito da Marinha e do âmbito Nacional, desfilando com o garbo que nos é reconhecido desde sempre. Os elogios que nos chegam destas demonstrações de infantaria e de profissionalismo, falam de vaidade, aprumo, rigor… e deixam-nos orgulhosos!

Obrigado Sargento Talhadas pelo comando deste pelotão, por tudo o que tens sido e tens dado aos Fuzileiros, em geral e à Associação de Fuzileiros, em particular. Através de ti, deixo o meu agradecimento a todos os jovens veteranos que garbo-samente desfilam neste pelotão, esquecendo as mazelas e confundindo os espetadores.

Caros sócios da AFZ e das Delegações

Estão em curso alguns processos que serão presentes na próxima Assembleia-Geral para aprovação. Destaco o mais im-portante. Sabemos que desde a fundação da nossa associação, muitos dos nossos ofereceram o seu tempo precioso e o seu trabalho para que chegássemos aos dias de hoje com a importância e credibilidade que nos é reconhecida. Refiro-me aos sócios fundadores e a mais um bom punhado deles que se seguiram e que levantaram a nossa casa, mantiveram-na e continuam, muitos deles, a garantir o seu funcionamento. Alguns desses já partiram porque a lei da vida lhes foi implacável.

41 Anos depois da nossa fundação, julgo ser a altura de se reconhecer publicamente estes camaradas de excelência que nunca despiram a camisola e que enfrentaram e ultrapassaram as diversas dificuldades que se atravessaram no nosso caminho. É, também, de inteira justiça reconhecer, hoje e aqui, todos aqueles que, ao longo de décadas, se mantêm fieis a esta nobre causa, permanecendo sócios permanentes.

Oportunamente, será apresentada para aprovação, uma proposta que visa reconhecer e recompensar simbolicamente estes sócios. Falaremos nisto oportunamente!

Exm.º Senhor Almirante CEMA e AMN

Caros camaradas, caros sócios, familiares e amigos

Termino esta mensagem desejando um feliz Natal a todos os presentes e a muitos ausentes que por motivos alheios à sua vontade, ficaram impedidos de virem marcar o ponto neste “Ponto de Encontros”, fazendo votos para que, com saúde, âni-mo e tranquilidade, façamos de 2019 um ano melhor, pleno de realizações pessoais que contribuam, sobremaneira, para a elevação do nosso orgulho de ser “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”.

Continuação de um bom convívio e façam o favor de serem felizes.

Muito obrigado.

Quinta da Alegria, Penalva, 08 de dezembro de 2018

Manuel Leão de SeabraPresidente da Direção Nacional

8

almoçodenatal

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Este ano, mais uma vezHouve almoço de NatalEste almoço que é para mimSempre tão especial!

Pois gosto muito de verEsta reunião, tão lindaDe amigos que se estimam…Em que a amizade não finda!

Gosto bem de os ouvirE de os ver abraçar…Com um abraço tão sinceroQue não dá p´ra duvidar!

Alguns já são meus amigosE eu gosto deles, tambémde os ver fico contentee penso que eles também!

Mesmo antes de almoçarO Zé Parreira falouCom a sua voz carinhosaE a todos saudou!

O Senhor Leão SeabraQue é comandante, falou;Discursou para todos nósE elogios não poupou!

A todos que organizaramMas também p´ra todos nós…Desejando Boas-FestasA filhos, pais e avós!A

lmoç

o d

e N

atal

da

Ass

ocia

ção

de

Fuzi

leiro

s •

8 d

e D

ezem

bro

de

201

8–

Cesa

rina

Bran

dão

Depois ouviu-se o “Silêncio”Homenageando aquelesQue da Terra já partiram!Fez-se Silêncio por eles!

Almoçámos muito bemEm convívio franco e alegreVeio então a despedidaPara o ano que se segue!

Mas antes, como o costumeMais uma vez nós cantámosO Hino do FuzileiroE comovidos ficámos!

poesiaE antes de irmos emboraAinda nos quis falarUm Senhor que é AlmiranteMesmo já p´ra terminar!

O Senhor Mendes CaladoChefe do Estado MaiorDa Armada, ainda disseCom carinho, sim senhor!

Que não era FuzileiroMas que o era de coração;E que podiam contarSempre com a “sua mão”!

Assim findou o almoçoE com ele a reunião;Desejando felicidadesPara o ano, pois então!

A tarde já ia longaE assim tudo terminámos;Desmanchou-se a “companhia”P´ra casa todos voltámos!

9

almoçodenatal

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

corpodefuzileiros

10 O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

A criação de uma unidade especial no Corpo de Fuzileiros que colmatasse algumas lacunas no âmbito da sua participação militar na NATO ou em outras missões atribuídas à Marinha,

quer no apoio às operações anfíbias como na condução de ações que envolvessem um elevado risco ou a atuação em locais de difícil acesso, estiveram na génese do Destacamento de Ações Especiais (DAE), hoje, constituindo a capacidade de Operações Especiais da Marinha portuguesa.

Estávamos no início da década de 80, iniciando com a formação de pequenos grupos de combate, denominados por Grupos Espe-ciais de Fuzileiros (GEF), oriundos dos Batalhões n.º 2 e 3.

Mas só em 1985 surgiu formalmente o DAE, através do Decreto--lei n.º 196/85 de 25 de Junho, documento esse onde se encon-tram vertidos os fundamentos da sua criação.

O ingresso de novos elementos no DAE conheceu, entretanto, vá-rias fases e dinâmicas distintas atingindo-se, em 2008, o atual modelo de recrutamento, seleção e formação, salientando-se a criação do CAOEMAR, curso que ganhou definitivamente o seu espaço com a qualidade e credibilidade necessárias.

Uma década após a primeira edição, realizou-se este ano o 5.º curso, com a participação de 24 candidatos.

Recrutados no universo da classe de Fuzileiros, após uma bateria de testes médicos, psicotécnicos e uma Prova de Aptidão Militar Específica (PAME), iniciou-se no passado dia 12 de março esta edição do CAOEMAR 18.

Após um período de adaptação o Exercício DIAMANTE constituiu--se como o primeiro grande filtro, testando a estabilidade psi-cofísica e o espirito de sacrifício dos formandos, requisitos em que um futuro militar de operações especiais deve dar garantias.

Para além da dureza e da incerteza quanto ao momento em que esta prova é introduzida no curso, bem como a completa alte-ração efetuada no ritmo biológico de cada um e o desconheci-mento de tudo o que nela irá acontecer, foram estes os fatores responsáveis pela significativa taxa de atrição que ocorreu nesta fase.

Seguiu-se a fase técnica com graus de intensidade variados, dando-se um especial relevo à formação nas áreas de topografia, adaptação ao meio aquático, Close Quarter Battle (CQB), Visit, Bo-ard, Search and Seizure (VBSS) e montanhismo.

CAOEMARCurso de Aperfeiçoamento Operações

Especiais de Marinha2018

corpodefuzileiros

11O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Naturalmente que a dificuldade e o sacrifício são geridos ao longo de todo o curso por forma a criar hábitos e a desenvolver estímu-los que permitam adquirir uma atitude positiva perante a adver-sidade.

A fase de combate foi o desafio que se seguiu, constituindo o tiro um dos seus principais elementos.

Reconhecendo-se que este é o outro pilar fundamental para quem pretende integrar nas operações especiais, os formandos são submetidos a diversas situações, evoluindo do mais básico ao mais complexo, aplicando as técnicas e perícias que lhes são ensinadas, sujeitos a ritmos de fogo real bastante intensos que requerem uma permanente concentração, avaliação e reação.

Já ultrapassadas 13 árduas semanas de curso, realizou-se a fase tática onde foram aplicados e integrados todos os conhecimentos anteriormente ministrados, ações enquadradas nas diversas áre-as de intervenção e missões atribuídas ao DAE.

Através da realização de vários exercícios, e ao longo de outras tantas semanas, os formandos planearam, prepararam e execu-taram várias operações, destacando-se o reconhecimento espe-cial, a ação direta e as abordagens a plataformas / navios.

Muitos formandos ficaram pelo caminho… poucos, mas auda-zes!!! Resilientes e com provas dadas, apenas 8 concluíram o

curso que é um dos pré-requisitos para continuar a sua formação, tendo em vista o futuro ingresso no DAE.O CAOEMAR tem por base o ADN das operações especiais e, como principal objetivo, dotar os seus candidatos com grande flexibili-dade e autonomia de ação bem como garantir um elevado poten-cial de combate, atingindo-se significativos padrões de aptidão, de destreza individual e coletiva… fazendo deste curso um dos mais exigentes, mas valiosos nas Forças Armadas portuguesas.

“CUMPRI CONTRA O DESTINO O MEU DEVER. INUTILMENTE? NÃO, PORQUE CUMPRI…”

Fernando Pessoa

corpodefuzileiros

12 O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Decorreu na manhã de terça-feira, 30 de Outubro, na Escola de Fuzileiros, a Cerimónia de Juramento de Bandeira dos Cursos de Formação Básica de Praças e de Imposição de

Boinas aos novos Fuzileiros.

Neste dia, depois de terem concluído o curso de formação básica, 137 formandos juraram bandeira e irão agora continuar a sua for-mação nas respectivas especialidades.

As boinas azul-ferrete foram “conquista-das” por 59 novos Fuzileiros que termi-naram o curso de onze meses com a exi-gência que todos conhecemos, seguindo agora para as Unidades Operacionais para iniciarem a respectiva carreira.

Os Pelotão de Veteranos Fuzileiros, co-mandados pelo Veterano José Talhadas, apesar do mau tempo que se fez sentir, não quis deixar de estar presente no even-to de grande significado e desfilou a en-cerrar a cerimónia militar, com todo o gar-bo, perante a assistência e em comunhão plena com os novos Fuzileiros cuja boina lhes foi agora imposta.

EF

Juramento de Bandeira e Imposição de Bóinas

30 de Outubro de 2018

corpodefuzileiros

13O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Decorreram entre 10 e 27 de novembro de 2018 os exercícios GRUFLEX 18 e FTX FIM 18 organizados pela Armada e pela Infantaria de Marinha Espanhola e que visaram simular uma

situação de resposta a crises e de ajuda humanitária.

Estes exercícios contaram com a participação de mais de 3.000 militares, 8 navios de superfície, 1 submarino, 25 aeronaves e mais de 150 veículos, oriundos de 4 países: Espanha, Estados Unidos (com um pelotão de Marines), Itália (com um batalhão da Brigada de São Marco) e Portugal.

Portugal participou com uma Força Nacional Destacada (FND) ge-rada a partir da Força de Fuzileiros n.º 1 (FFZ1), constituindo-se este empenhamento como uma oportunidade de treino no âmbito da contribuição nacional para a NRF18 (enhanced NATO Respon-se Force) na categoria de prontidão de Initial Follow-on Force Group, tarefa a cargo de uma FFZ.

Com 75 militares e 4 viaturas, esta FFZ foi organizada com: um elemento de comando, um elemento de manobra a três pelotões de manobra e um elemento de apoio de serviços em combate. A FFZ1 integrou o Primer Batallón de Desembarco da Infantaria de Marinha Espanhola (BDE-I), embarcando no navio LHD Juan Carlos I (L-61), da Armada Espanhola.

O GRUFLEX 18 constituiu-se como o maior exercício anfíbio da Marinha Espanhola sendo simultaneamente, um exercício de prontidão da NRF-18, inscrito no catálogo de exercícios da NATO, no qual foi simulada uma situação de resposta a crises e uma rea-ção da força anfíbia no contexto de uma operação expedicionária. Com este exercício as unidades participantes treinaram diversas capacidades, nomeadamente a de projeção do mar para a terra, no contexto acima referido.

A projeção da FFZ1 realizou-se no dia 10 de novembro, por via terrestre, para a Base Naval de Rota - Espanha. Seguiu-se o trânsito, a bordo do LHD Juan Carlos I, para o arquipélago das Canárias onde se desenrolou a fase de treino avançado de com-bate e de integração de força (CET-FIT- Combat Enhanced Trai-ning – Force Integration Training). Esta fase decorreu no cam-po de manobras e tiro de La Isleta, que se localiza no extremo nordeste da ilha da Gran Canária. Este campo de treino possui

excelentes infraestruturas de treino que permitiram à força desen-volver ações diversificadas nomeadamente, no treino de combate em áreas edificadas (close quarters, combate em subterrâneos e military operations in urban terrain) e treino de tiro com arma-mento orgânico (espingarda automática G3 e metralhadora MG3).

Seguiu-se o trânsito para o Golfo de Cádis para a realização de um assalto anfíbio no campo de manobras da serra del Retin. Neste assalto anfíbio a FFZ1 foi projetada por superfície, desem-barcando o pessoal e as suas viaturas através de lancha de de-sembarque.

Com o término da projeção da força de desembarque, deu-se por terminado o exercício GRUFLEX e, de imediato, iniciou-se o exer-cício FTX FIM 18.

Este exercício consistiu no desenvolvimento, em terra, das ações subsequentes ao desembarque de uma força anfíbia, incidindo em operações de ocupação e controlo de área.

À FFZ1 foi atribuída a área a noroeste, para que, num cenário de contrainsurgência, fossem conduzidas operações terrestres que permitissem garantir a liberdade de movimentos das nossas for-ças e das organizações governamentais e não-governamentais que atuavam na área.

Esta tarefa foi atingida através de ocupação do terreno dominan-te, realização de postos de controlo nas diferentes vias de comu-nicação, e de ações de assistência militar às forças militares do país fictício apoiado.

A retração da Força Nacional Destacada ocorreu no dia 27 de novembro, também por via terrestre.

A participação portuguesa, em particular das Forças de Fuzileiros tem tido um caráter regular nos diferentes exercícios anuais da Armada Espanhola, em particular com a Infantaria de Marinha, confirmando-se, uma vez mais, o quanto proveitosa foi e tem sido esta cooperação entre as nossas Marinhas que contribui para a concretização da prontidão das forças atribuídas à eNRF.

Corpo de Fuzileiros

Força de Fuzileiros N.º 1Participação nos exercícios GRUFLEX 18 e FTX FIM 18

10 a 27 de Novembro de 2018

14

homenagem

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Em Vila Real, e ao longo do ano de 2018, tiveram lugar diver-sas cerimónias para comemorar o centenário da morte em combate do Comandante Carvalho Araújo.

Figura de proa da Marinha de Guerra, no primeiro período da cha-mada Primeira República, José Botelho Carvalho Araújo, nasceu no Porto, mas residiu em Vila Real. Foi político, tendo desempe-nhado vários cargos, mas destacou-se como oficial da Armada, tendo comandado o caça minas Augusto Castilho, a quem coube a missão de escoltar o navio S. Miguel, que fazia o transporte de mercadorias e passageiros, entre a Madeira e os Açores, tendo sido vítima do ataque do submarino alemão U-139. O Comandan-te deste submarino, Lothar von Arnauld de La Prière, foi o mais temido, pois à sua conta foram afundados 194 navios.

O combate entre o U-139 e o Augusto Castilho teve lugar no mar dos Açores no dia 14 de Outubro de 1918. Durante o combate, o Comandante Carvalho Araújo foi vítima de uma das muitas mu-nições disparadas do submarino que atingiram o pequeno navio português. Carvalho Araújo, que mereceu elogios do comandante alemão, ficou sepultado no mar, coberto por uma bandeira, junta-mente com o navio que comandava.

Graças ao comando deste ilustre marinheiro e à acção e resistên-cia da sua tripulação, o navio de passageiros conseguiu escapar sem sofrer qualquer ataque.

Das comemorações constaram várias conferências, realizadas em Vila Real e Ponta Delgada, a publicação e apresentação de livros e exposições alusivas ao tema, entre outras. Em Vila Real realizaram-se as cerimónias principais, com uma sessão solene, no salão nobre dos Paços do Concelho. Seguiu-se uma guarda de honra junto ao monumento erigido a Carvalho Araújo, no centro da cidade, com a participação de militares dos três ramos das Forças Armadas. A Associação de Marinheiros também partici-pou, perfilando-se em formatura e depondo uma coroa de flores no monumento.

Pela Marinha participou o Almirante CEMA, Almirante Mendes Ca-lado e outros oficiais da Armada. A Banda da Armada presenteou a população de Vila Real com um concerto grandioso que se rea-lizou no Teatro Municipal de Vila Real.

Empenhada na realização destas comemorações esteve, desde o início, a Associação de Marinheiros de Trás-os-Montes e Alto Douro (AMTMAD), a que preside o camarada Caseiro Marques, 1.º Ten FZ/RN.

No decurso das cerimónias do dia 14 de Outubro, o Almirante CEMA teve a oportunidade e a gentileza de se reunir com nume-roso grupo de marinheiros, sócios desta Associação com sede em

Homenagem ao ComandanteCarvalho Araújo

Vila Real

15

homenagem

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Vila Real, em cerimónia na qual estiveram também presentes o Presidente da Câmara de Vila Real, o Comandante do Regimento de Infantaria n.º 13 e o oficial representante da Força Aérea, para além de outros militares dos três ramos.

Na ocasião, o presidente da Direcção da AMTMAD, Caseiro Mar-ques saudou os presentes e, de um modo especial ,o Almirante CEMA, a quem agradeceu “o facto de ter aceitado reunir-se com os associados desta Associação neste momento alto das come-morações do referido centenário, que constitui um marco para o país, mas especialmente para a cidade de Vila Real, onde residiu durante anos o Comandante Carvalho Araújo”.

Usou da palavra o Presidente da Câmara de Vila Real e, em segui-da, o Almirante Mendes Calado manifestou a sua satisfação por

se poder encontrar com os marinheiros de Trás-os-Montes na-quela ocasião, elogiou a participação destes nas comemorações e mostrou a disponibilidade para a Marinha continuar a apoiar as associações, pedindo também que estas sejam a presença da Marinha em todo o território, junto das populações.

Foi lavrada uma acta extraordinária, que todos os presentes as-sinaram, para deixar registada para a posteridade a presença do CEMA em Vila Real, junto dos seus marinheiros.

AMTMAD

16

homenagem

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

No passado dia 13 de Dezembro completaram-se 51 anos sobre a morte em combate do 2203/65 Manuel Joaquim Rainho Costa, o “Escritas”.

Morreu na Guiné, quando Integrava o Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 12 comandado pelo então 1.º Tenente Fernando Al-berto Gomes Pedrosa, tendo como oficial imediato o 2.º Tenente Serradas Duarte e como terceiro e quarto oficiais os Subtenentes Rebordão de Brito e Benjamim Lopes de Abreu.

O DFE 12 embarcou em Lisboa, no Uíge, a 28 de Outubro e chegou à Guiné a 4 de Novembro de 1967. Instalado nas INAB (Instalações Navais de Bissau), o DFE 12 fez a adaptação ao Teatro de Opera-ções e cumpriu um rigoroso Plano de Treino Operacional (PTO).

No dia 12 do 12, o DFE 12, registe-se a coincidência, saíu para a

Homenagem a um Combatente

O “Escritas”

Manuel Ramos

sua primeira operação de nome de código “Gie-nah III”, desembarcando da LDM 304 por volta das 4 da manhã do dia 13 na região de Tombali, no sul da Guiné.

E foi nesta operação de combate no Tombali, na Península de Pobreza, que o “Escritas, a quem se destina esta humilde homenagem, deu a dádiva suprema pela sua Pátria. Pátria … que tanto se vai esquecendo dos seus heróis e combatentes.

Mas os camaradas que ainda cá estão, nunca o vão esquecer e será por todos sempre lembrado e esta minha homenagem é também a de todos os outros camaradas que com ele conviveram.

O Escritas morreu ao meu lado e sinto que lhe devo esta home-nagem. Tentarei por isso descrever os acontecimentos daquele fatídico dia que, embora esbatidos pelo tempo, continuam vivos na minha memória:

“Naquele dia 12 de Dezembro, o DFE 12 saiu de Bissau para a primeira operação e desembarcou, nas margens do Tombali, já no dia 13 por volta das 4 da manhã.

Quando a LDM começou a abicar e a esmagar o tarrafo provocou um ruído desconhecido para nós, especialmente para os mais no-vos, que nos causou arrepios de terror pois tomamos consciência de poderíamos estar no primeiro dia do resto das nossas vidas. Só então tivemos a percepção de que não era na Serra da Arrábida que estávamos mas, sim, na verdadeira Guerra.

Ainda noite escura, lá foi progredindo no terreno, guiados pela experiência dos mais antigos e à procura do que inevitavelmente viria a ocorrer por volta das 7 da manhã.

O nosso grupo da frente avistou um grupo de inimigos. O Coman-dante foi informado e estávamos prestes a fazer o ataque quando, de repente, outro grupo IN que protegia o primeiro e de que só mais tarde nos apercebemos, nos detectou e então aí começou o tiroteio em força.

Fomos apanhados dentro do traiçoeiro capim, razão pela qual tivemos vários feridos, tendo eu próprio sido atingido por um estilhaço de um RPG7 na altura em que chamava o Enfermeiro Florindo para acudir ao nosso “Escritas” que tinha levado um tiro na cabeça que lhe foi fatal.

Dêmos combate e conseguimos pôr o inimigo em fuga porque éramos temidos por eles... apelidavam-nos de “Os Boinas Ne-gras”. O ambiente ficou pesado devido aos acontecimentos mas tínhamos de continuar a missão.

O Comandante pediu o Helicóptero (de nome de código “o Taxi”) para evacuação do corpo do nosso camarada e dos feridos graves que julgo terem sido seis.

Sendo o meu ferimento de pouca gravidade preferi permanecer junto dos camaradas e continuar a missão.

Na perseguição ao inimigo verificamos haver indícios de que lhes havíamos infligido várias baixas durante o combate mas eles con-tinuavam por ali e, face à situação e por segurança, só reembar-camos de regresso à Base no dia seguinte.

A noite não foi tranquila porque o inimigo, sa-bendo da nossa presença, tudo tentou para nos localizar e esteve bem perto de o fazer.

Registe-se que por ironia do destino, o “Es-critas”, tinha sido o primeiro classificado na instrução de tiro do nosso Curso de Fuzileiros Especiais no verão de 1967, curso que inte-grou, entre outros, o então 1.º Tenente Vieira Matias, o 1.º Tenente Cardoso Moniz, o Subte-nente Rebordão de Brito e o Cadete Benjamim Lopes de Abreu e muitos outros oficiais e ver-dadeiros FUZILEIROS…

O nosso destacamento veio a revelar-se muito combativo o que levou inclusive o Governador da Guiné, na altura o General Spínola, a louvar o DFE12 com a Medalha de Cruz de Guerra.

Fica-nos a lembrança deste camarada e a mágoa pela insensi-bilidade demonstrada pelos nossos governantes que falam em tudo menos em quem deu e continua a dar a vida pela Pátria. Os Veteranos de Guerra estão esquecidos e arrumados para o canto. O nosso Almirante Comandante da Marinha é uma nobre excepção porque nos acarinha, dignifica e atribui grande valor”.”

Manuel Ramos “O Porto”Sóc. Orig. n.º 40

17

pensamentos&reflexões

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

A “Brigada de Fuzileiros”

Uma forma simultaneamente lúdica e útil de adquirir infor-mação séria e conhecimento é a leitura de publicações e obras de referência. Isto é particularmente válido para os

aposentados e reformados já que por um lado suscita o traba-lho dos “miolos” e por outro, como donos do seu tempo (a que por vezes chamam “livre”), tem-se a oportunidade de, ao ritmo próprio, saber de assuntos, circunstâncias e coisas que, até esta situação – reformado1, não nos passou pela cabeça ou não tive-mos oportunidade.

A leitura de uma boa obra permite um exercício com continuada exigência que ajuda a manter ou mesmo desenvolver a “muscu-latura” dos nossos miolos, mais ainda quando se abordam as-suntos do interesse pessoal, nomeadamente profissional, que não deixamos de acompanhar por fidelidade à razão “Fuzileiro uma vez fuzileiro para sempre!”.

No âmbito deste “PF” mental (seja Preparação Física, Ginástica, Educação Física; ainda que sejam conceitos diferentes, para este efeito é o mesmo), revisito habitualmente publicações da área profissional, a maioria, hoje de carácter histórico que, quando no ativo, não constituíram prioridade.

Destas, elegi para tema uma publicação quase centenária, inte-ressante, pois, ainda que um normativo, ajuda a conhecer uma fase da história dos fuzileiros pouco abordada, talvez pela sua duração e contexto.

Os períodos da história dos fuzileiros mais trabalhados e divulga-dos, até agora, foram: primeiro o “ancestral” ou “antigo”, centra-do na criação do Terço da Armada, no século XVII, durante a união dinástica com Espanha e nos desenvolvimentos seguintes após a Restauração de 1640. Época em que a designação fuzileiros não existia, apenas algumas funções e tarefas operacionais.

O outro, por mais recente e marcante, sobre o qual se produziram mais textos e obras escritas, tanto por militares como por civis interessados, foi o período de 1961 até à atualidade, com maior enfâse na Guerra do Ultramar2.

Entre estas fases, a existência de «gente de mar-e-guerra» foi intermitente, com diversas designações e tipos de organização para o combate de infantaria no mar e em terra, até à existência do Batalhão Naval, extinto em 1851.

Posteriormente, as forças de marinha para ações em terra foram constituídas com base nas forças de desembarque dos navios ou, pontualmente, com carácter ad hoc.

Destas destacaram-se as que participaram nas campanhas

1 O termo aposentado aplica-se aos funcionários civis fora do servi-ço ativo. Reformado refere-se aos militares na situação de reforma.

2 Também chamada Guerra Colonial. Esta designação, segundo al-guns académicos, afigura-se inadequada já que assenta em en-tendimentos depreciativos deste período da história de Portugal.

coloniais do sul de Angola nos anos de 1914 e 1915 3e em Mo-çambique em 1918 e 1919.

No início da Guerra do Ultramar, em 1961, as forças percursoras da Marinha que, num primeiro momento, intervieram no norte de Angola foram as forças de desembarque dos navios em missão naquela antiga província, com destaque para as das fragatas “Pa-checo Pereira” e “Nuno Tristão”4.

Alguns destes marinheiros vieram mais tarde a ingressar na clas-se de fuzileiros. Recordo o SAJ FZE Brazão Amante (mais tarde oficial SG) meu “tutor” – não só de boca mas no terreno – quando ingressei como aspirante no DFE 12.

Ainda que concebidas e constituídas como infantaria de marinha e utilizando essencialmente como arma individual o “fuzil” – mais precisamente a espingarda Mauser, adotada na Marinha em 1937, antecessora da G3. Nestas forças, em caso algum, houve alusão a fuzileiros.

O termo “fuzileiro” emergiu nos anos vinte do século passado, no âmbito de uma tentativa de reorganização da marinha, durante o último mandato do comandante Pereira da Silva como ministro da marinha. Reorganização pontuada pelo plano com o seu nome, apresentado em 1924, que pela natureza e profundidade foi bas-tante considerado, inclusive foi tema do prestigiado The Times, de Londres.

A publicação que revisitei, e li agora totalmente, consta do de-creto onde aparece a designação fuzileiro como especialidade, classe e incorporando uma unidade própria.

Antes de abordar alguns pormenores deste documento, permi-tam-me que conte como a publicação me veio para às mãos.

Na minha primeira colocação na Escola Naval, em 1986, o De-partamento de Fuzileiros estava instalado provisoriamente num espaço contíguo ao serviço de comunicações.

Certo dia apercebi-me que um grumete C transportava um car-rinho (dos que serviam para distribuir e recolher as publicações classificadas nas salas de aula onde eram necessárias) carregado de livros de aparência antiga, ou velhos consoante as opiniões. Interpelei-o e informou-me que eram o resto de muitos que esta-vam no serviço e que já tinham sido escolhidos para serem “aba-tidos”, por já não terem interesse para as aulas. Se eu quisesse podia escolher, pois outros oficiais já tinham ficado com alguns. Recordo que era norma as publicações em geral, e não só as clas-sificadas, estarem depositadas nos serviços de comunicações.

3 As intervenções feitas em África, durante a Iª GM – alvo de co-memorações recentes – não visaram diretamente a “pacificação” interna, antes e sobretudo a defesa dos territórios face à ofensiva alemã.

4 Sobre estas intervenções em terra, existem interessantes relatos publicados nos Anais do Clube Militar Naval e na Revista da Ar-mada. Porém, os mais circunstanciados constam na obra “Nem a Pátria Sabe” do comodoro Mexia Salema – onde o relato das operações e os respetivos contextos político e militar nos elucidam sobre acontecimentos.

Jorge Oliveira Monteiro

18

pensamentos&reflexões

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Revolvi a carga do carrinho e escolhi algumas relíquias5: Regu-lamento para a instrução de Táctica de Infanteria - Escola de Companhias, 1899; um manual da mítica pistola Luger; O que a artilharia deve saber da infantaria, do coronel Tréguier, de 1926; e uma publicação que me chamou a atenção pela lombada clássica em pele – tratava-se do Regulamento das Brigadas da Armada, de 1924, que constitui, desta feita, o assunto que vos proponho.

O Regulamento das Brigadas da Armada, foi «mandado pôr em execução» através do Decreto nº 10.062 de 2 de Setembro de 1924, sob proposta do ministro da marinha, o então, capitão-de--fragata Fernando Pereira da Silva. Este decreto foi publicado na sequência da Lei nº 1.344 de 26 de Agosto de 1922, que visou uma reorganização geral do estado, nomeadamente das forças militares.

A necessidade de reorganização da Armada, para além de tentar minimizar os constrangimentos que a obsolescência e a escassez de meios navais levantavam, centrava-se nas unidades em terra, cuja situação preocupava alguns sectores internos da marinha e também os responsáveis governamentais. Pese embora que a ambos os níveis persistiam, havia anos, entendimentos (ou me-lhor, desentendimentos) de fundo político-partidário díspares para a mesma finalidade – reorganizar e sobretudo disciplinar o ramo.

O período da vida do país, grosso modo correspondente à Iª República, principalmente o primeiro lustro da década de vin-te, foi pródigo em altercações, turbulência política e social com numerosas revoltas, de variadas tendências, que acentuaram a bancarrota do país – pelos vistos mais uma… Só para se ter uma ideia do “granel”, entre 1920 e 1925 houve 23 governos e três presidentes da república eleitos. Alguns governos duraram

5 Todas fazem parte do meu acervo, exceto o manual da Luger Pa-rabelum que cedi ao Museu do Fuzileiro quando da remodelação do mesmo, realizada em 2011, a propósito do 50º aniversário da Escola de Fuzileiros. Durante a preparação da exposição evocativa, apercebi--me que era o manual correspondente à versão das duas armas expostas. Ambas do mesmo modelo, foram adquiridas pela Marinha em remessas diferentes, uma no início de 1910 e outra posteriormente. Assim, uma tem cunhadas as armas reais de Por-tugal a outra já o cunho da república.

meses, dias, até horas e um após ter sido nomeado, no dia 15 de Janeiro de 1920, não chegou a tomar posse porque a populaça não deixou!

Muitos protagonistas dos principais conflitos de rua eram da ma-rinha, sobretudo do Corpo de Marinheiros e do Arsenal, ambos sedeados em Lisboa, respetivamente no quartel de Alcântara e na Ribeira das Naus, que, paredes meias com pessoal das uni-dades das GNR próximas, constituíam o «eixo operacional [revo-lucionário] da linha do Tejo». Na altura haviam unidades militares que ostentavam opção partidária manifesta, sendo também pra-ticamente reconhecido esse “direito” a título pessoal.

A mais marcante destas ações de cariz revolucionário, das mui-tas quase diárias – pois «o país vivia em estado de guerra civil intermitente», ocorreu no dia 19 de Outubro de 1921, cuja noite ficou para a história (pouco divulgada, ainda que tema de nume-rosos estudos e teses académicas) como «a Noite Sangrenta» que envolveu, além de civis, principalmente guardas-republicanos e marinheiros.

Alguns dos atos mais graves ocorreram em instalações da mari-nha, designadamente no Arsenal, onde foram assassinados: Antó-nio Granjo, que fora sete vezes ministro e chefe de dois governos; o capitão-de fragata José Carlos da Maia, figura grada do regime e antigo ministro da marinha; o coronel Botelho de Vasconcelos, antigo ministro; e o comandante Freitas da Silva, chefe de gabine-te do ministro, alvejado em vez deste que estava ausente.

Também, noutro local de Lisboa, no périplo da «camioneta fantas-ma» - viatura onde deslocavam os rebeldes cedida por um oficial da marinha - foi abatido o almirante Machado dos Santos, figura proeminente da república; e até o motorista Carlos Gentil por ter manifestado discordância com os revolucionários.

A chefia “operacional” destas ações foi atribuída (provada e as-sumida em tribunal) ao cabo artilheiro Abel Olímpio de nome de guerra “o dente de ouro”, epíteto por que ficou para a história.

Os desregramentos, alguns consentidos ou mesmo instigados aos mais altos escalões de responsabilidade do estado, foram a tal ponto de a Espanha, a França e a Grã-Bretanha terem enviado navios a Lisboa para protegerem as suas representações e os seus naturais residentes ou em trânsito6. Face à desorganização e à indisciplina que grassava, da qual há circunstanciados e até curiosos registos, a chefia da marinha – à época o ministro, pug-nou por um suporte legal que permitisse alterar ou, no mínimo, conter tais desmandos. Assim, no âmbito da Lei nº 1.344 de 26 de Agosto de 1922, o Ministro da Marinha, comandante Pereira da Silva, obtém a aprovação do decreto nº 10.061, de 1 de setembro de 1924 e do subsequente 10.062 do dia seguinte.

Estes decretos visaram sobretudo o esvaziamento do Corpo de Marinheiros da Armada (CMA), um dos principais alfobres de in-disciplina, pelo que, nos termos do texto preambular do primeiro, entendia-se que assim «se obvia aos inconvenientes da atual or-ganização do corpo de marinheiros da armada, que enferma de vícios que urge remediar e que, não obstante terem sido aponta-dos repetidas vezes, ainda não foram removidos e pesam sobre aquela instituição». Atente-se que, face a estas circunstâncias,

6 A confusão geral vinha de trás e em crescendo, pois Friedrich Ro-sen, embaixador da Alemanha, refere nas suas memórias que «na manhã do dia 14 de Maio [de 1915] toda a cidade estava já nas mãos dos fuzileiros, muitas vezes alcoolizados e [de] multidões de proletários armados». Deve tratar-se de um lapso interpretativo do tradutor, pois neste período não havia fuzileiros, apenas marinheiros armados de espingardas. Esta queda dos fuzileiros para bodes ex-piatórios vem de longe…

Capa do RBA

19

pensamentos&reflexões

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

com idêntica finalidade vinha sendo equacionada a transferência do CMA e do Arsenal para a Quinta do Alfeite.

Mais adiante, no mesmo preâmbulo indicava-se que «em subs-tituição do corpo de marinheiros da armada, escolas práticas de torpedos e eletricidade e de artilharia naval, duas escolas de alu-nos marinheiros e escola de recrutas da armada, são criadas qua-tro brigadas autónomas»: Brigada de Marinheiros, Brigada de Ar-tilheiros, Brigada de Mecânicos, Brigada de Guarda Naval (BGN).

Num artigo (dos mais de cem) que o comandante Pereira da Silva publicou, em 1922, nos Anais do Clube Militar Naval, em que es-boçou as bases do regulamento orgânico das brigadas da arma-da, não considerava uma brigada do tipo da BGN.

A Brigada de Guarda Naval foi, então, criada para «fornecer o pes-soal para as guardas e segurança dos estabelecimentos navais e de certos navios da armada, forças de desembarque para opera-ções em terra e serviços de guarnição».

O decreto 10.062 de 2 de Setembro de 1924, que deu corpo ao Regulamento das Brigadas da Armada (RBA), explicita no Art. 125º «A brigada de guarda naval é constituída pelos sargentos e praças destinados ao exercício das funções designadas no artigo anterior, com a designação de fuzileiros, e pelos músicos da ar-mada». O Art. 124º estabelecia as funções da BGN.

Aparece neste contexto e desta forma a primeira referência explí-cita aos fuzileiros, tout court.

Por este regulamento, o termo “fuzileiro” passa a designar uma especialidade, uma classe, bem como surge (ou ressurge) uma unidade com carácter permanente no âmbito da Marinha, com as missões e tarefas próprias dos fuzileiros.

Num breve percurso pelo regulamento, retomemos o Art. 124º, com que abre a Parte I do Capítulo V, que estabelece as «Funções da Brigada de Guarda Naval», a saber:

« a) O serviço de polícia e guarda da marinha;

b) O serviço de ronda volante nos navios da armada e em terra, para a manutenção da ordem e da disciplina no meio naval;

c) A guarda dos edifícios e estabelecimentos da marinha;

d) O serviço de ordenanças;

e) A constituição de forças de infantaria, metralhadoras e artilharia de desembarque, para operações de desem-barque e operações em terra que interessem à armada, e que pela sua importância exijam a constituição de unida-des ou núcleos de pessoal caracteristicamente especiali-zado para êste género de funções;

f) Ministrar instrução técnica militar de infantaria, artilharia e metralhadoras de desembarque ao pessoal que consti-tui esta brigada, por meio de exercícios no campo e res-petivos cursos;

g) A escola de músicos da armada;

h) A admissão de sargentos e praças que constituem esta brigada.»

Vejamos, de modo resumido, alguns aspetos peculiares, caracte-rísticos ou menos conhecidos do normativo que orientou esta fase da vida dos fuzileiros.

A organização. O Art. 148º do regulamento estabelecia que a BGN seria constituída por duas companhias a 254 homens, ambas comandadas por um 1º tenente, «compreendendo [cada uma] quatro pelotões, permanentemente organizados, sendo três de

infantaria e um destinado a guarnecer uma bataria de artilharia ou metralhadoras de desembarque». E mais adiante, que «O efetivo dos pelotões deve ser calculado de forma que conte, na sede da brigada, com sessenta praças». Os pelotões eram comandados por segundos-tenentes.

Quanto aos oficiais superiores. O comandante da brigada seria um CFR, ou então um CMG, se houvesse um supranumerário, como de facto aconteceu com ambos comandantes, tendo sido o primeiro o CMG Manuel Adelino Nunes de Sousa, natural de Goa e detentor do grau de comendador da Ordem Militar da Torre e Espada.

A organização da brigada compreendia, também, um estado--maior preenchido pelos oficiais já referidos, mais cinco das áreas do apoio. O estado-menor incluía os sargentos e praças do apoio.

A unidade completa totalizaria cerca de 600 homens dos quais 508 fuzileiros – todos os sargentos e praças das companhias eram fuzileiros. Ou seja, pelo efetivo e estrutura, tratava-se de uma unidade de escalão batalhão.

Na área do pessoal. O provimento inicial de sargentos, cabos e marinheiros, foi, ao abrigo do Art. 129º, por admissão de pessoal de outras classes «nos postos em que se encontram, com exce-ção de sargentos condutores de máquinas, sargentos artífices, pessoal do serviço de saúde, serviçais e clarins, que nunca po-dem ser admitidos na brigada de guarda naval como fuzileiros».

Os grumetes seriam recrutados, preferencialmente, por meio de alunos marinheiros; e na falta destes «se recorrerá a praças da guarda nacional republicana ou ao exército», mas o pessoal «es-tranho à armada é sempre admitido no posto de grumete fuzilei-ro». Provavelmente este mecanismo nunca terá sido utilizado; no entanto, fica como uma das peculiaridades do regulamento.

Todos os candidatos à brigada tinham que satisfazer vários re-quisitos, alguns: «ter boa conduta militar e estar na 1ª classe de comportamento», «boa aparência militar e robustez, altura não inferior a 1m,70» e «idade não inferior a 20 nem superior a 30 anos». Critérios bastante diferentes dos utilizados na constituição dos batalhões de marinha mobilizados para o sul de Angola em 1914 e para o norte de Moçambique em 1918. Sendo que o efe-tivo inicial do primeiro proveio da readmissão de praças, algumas com punições. O batalhão para Moçambique foi constituído com o pessoal de marinha passado compulsivamente ao serviço co-lonial, nos termos do decreto nº 3.851, por terem participado na revolta de 7 de Janeiro de 1918.

A BGN também incluía a Banda da Armada – chefiada, no pe-ríodo de integração na brigada, pelo prestigiado maestro Artur Fernandes Fão. Porém, esta parte, bastante pormenorizada no regulamento, deixo-a como desafio – ou melhor uma primeira nota - para algum camarada interessado.

A formação do pessoal. Estava previsto ser dentro da brigada que tinha atribuições e competências tanto no alistamento como na formação, incluindo um órgão de direção de instrução próprio, preenchido em regime de acumulação pelos quadros da briga-da. Com base nos resultados seriam feitas as promoções «dentro da própria brigada». As acumulações foram, comprovadamente, uma das vulnerabilidades da brigada.

Na formação estava incluída a «instrução geral», isto é, a escolari-dade obrigatória. Esta valência (designada no exército por escola regimental) existiu na marinha, inclusive na Escola de Fuzileiros, até à década de oitenta.

Os cursos de carreira dos fuzileiros, designavam-se como cur-sos de especialização e davam acesso ao posto imediatamente superior. O curso do 1º grau, durava três meses, frequentado por

20

pensamentos&reflexões

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

grumetes, selecionava para marinheiro, o do 2º grau, com a du-ração de seis meses, selecionava para cabo e o de 3º grau, com nove meses, selecionava para o posto de sargento. Estes para a promoção a oficial frequentavam o curso geral de sargentos.

A seguir o regulamento descreve, em pormenor, os diversos cur-ricula dos cursos bem como «as funções e atribuições dos sar-gentos e praças». Trabalhos estes que vieram a ser desenvolvidos pelo 1º tenente Flaechen de Mendonça, um dos comandantes de companhia.

Lembro-me que quando entrei para os fuzileiros algumas destas designações dos cursos ainda eram utilizadas, pelo menos na gí-ria do pessoal.

Quanto à localização. A BGN foi a única brigada em que o regula-mento determinou o local da sede, assim nos termos do Art. 153º seria, e foi, em Lisboa, no Quartel de Alcântara; mais, indicava que nesta «é obrigatória a residência do primeiro, do segundo comandante e do oficial ajudante do comando, inclusive das res-petivas famílias».

Sobre as insígnias e distintivos do pessoal das brigadas da arma-da, o capítulo XII do RBA estabelecia que os sargentos e as praças manteriam, em geral, os modelos em vigor à data da publicação do regulamento. Remetia, no entanto, para o plano de uniformes, entretanto, publicado pelo decreto nº 11.007 de 05AGO25 – um extenso e pormenorizado regulamento de uniformes, que previa uniformes e pequeno equipamento ainda hoje utilizados.

No âmbito deste plano e segundo o Art. 287º, que estipulou os distintivos das brigadas, o da BGN era o seguinte: «Duas carabi-nas cruzadas encimadas por uma esfera armilar, de desenho e dimensões iguais às da atualmente usada nos bonés dos oficiais e sargentos da armada».

Por sua vez o distintivo da especialidade de fuzileiro – igualmente criado na altura e, portanto, usado pela primeira vez, era cons-tituído por duas carabinas cruzadas, semelhante ao atual. Pois foi reintroduzido na sequência do Decreto-lei 43.515, de 24 de Fevereiro de 1961, que reorganizou as classes de sargentos e praças da armada e recriou a classe de fuzileiros.

Sendo o distintivo da brigada usado no lado esquerdo, ombro ou manga, e no direito o da especialidade.

Propriamente sobre os uniformes, nos termos do regulamento as brigadas de artilheiros, de marinheiros e de mecânicos, usariam os até então em vigor.

Porém, quanto à Brigada de Guarda Naval, o Art. 292º introduzia uma novidade ao estipular que «os primeiros e segundos sargentos e as praças da brigada de guarda naval usam uniformes carac-teristicamente diferenciados das demais brigadas, mas com uma feição acentuadamente naval, conforme o plano que for decreta-do». Plano, entretanto, veiculado pelo decreto nº 11.007.

Seguindo este documento, eis algumas características próprias dos uniformes e do equipamento da brigada:

No boné, «todas as praças desta brigada [mantinham a legenda da guarda naval] qualquer que seja a sua situação, ainda mesmo em destacamentos a bordo dos navios ou estações que tenham legenda própria».

Em campanha e para os desembarques o uniforme empregue era de «cotim cinzento», constituído por «dólmen e calça cinzenta»; para as praças o equivalente acrescido de «fiel e navalha» - uma exceção do regulamento de uniformes, já que este interditava o uso de navalha às praças quando armadas.

Este uniforme, antecedeu assim o camuflado, como fardamento para operações. Há, por aí, umas anedotas que parodiam a va-riação das cores dos uniformes ao longo do tempo, relacionando--as com a tenacidade dos combatentes; mas não vêm agora ao caso…

Como curiosidade, principalmente para os mais novos, o fato de trabalho, dentro das unidades, previsto para todas as classes «era de ganga azul, com calças e blusão inteiriços», ou seja, o vulgar-mente chamado fato-macaco. Talvez hoje uma designação depre-ciativa para o bicho… Mais tarde adotado nos fuzileiros, em tecido verde-azeitona, com a designação de “fato de exercício”, que so-breviveu mais de quarenta anos até à importação do “duas peças”.

As botas regulamentares eram idênticas às “botas de atanado”, sem caneleira, às quais se adaptavam polainas em lona imper-meável cinzenta; principalmente para exercícios e campanha.

Distintivo da BGN

Distintivo do capacete

21

pensamentos&reflexões

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

No uniforme para cerimonial, serviço de rondas e guardas, a BGN tinha em exclusivo polainas de cabedal preto, semelhantes às que a banda da armada ainda hoje utiliza – certamente uma remanes-cência deste plano de uniformes.

Um aditamento ao regulamento estabelecia que o equipamento para cerimonial nas formaturas próprias da BGN compreendia, também, um equipamento próprio de cabedal preto (igual ao que a GNR utilizou até há poucos anos), compreendendo, cinturão, “suspensórios”, cartucheiras, patrona e porta-baioneta. Ainda que nas formaturas gerais, com outras forças da marinha, utili-zasse o equipamento Mills m/907, em lona.

O parágrafo das disposições relativas à Brigada de Guarda Naval, com que termina o regulamento, indicava que «Em formatura de parada de grande uniforme, ou em guardas de honra, em que só tome parte a Brigada de Guarda Naval, os sargentos e praças farão uso de capacete branco [«com francalete e trança branca»], polainas de coiro e equipamento do modelo [em cabedal preto] adotado para a brigada».

Uma das peças mais distintivas terá sido o capacete, de tipo co-lonial à inglesa, já previsto para os oficiais. Inicialmente de feltro, mas mais tarde de cortiça revestida e «com capa cinzenta nos desembarques e para campanha».

Outro importante distintivo próprio da unidade, ainda que não ex-clusivo, foi veiculado pelo Decreto nº 10.823 de 3 de Junho de 1925 ao atribuir estandarte próprio a cada brigada; o exemplo que complementa a descrição é o estandarte da BGN. Aqui figurado a cores.

Uma das apresentações públicas com este uniforme, referida na imprensa, foi a guarda de honra ao almirante Kelly, comandante da esquadra inglesa que esteve em Lisboa a propósito de um grande exercício naval (mas, também, como constava, para sal-vaguardar a segurança dos súbditos de sua majestade, residen-tes em Portugal, face à turbulência política e social).

A cerimónia teve lugar ao final da tarde de 19 de Janeiro de 1926, no Ministério da Marinha.

O Diário de Notícias reportou que, neste evento, «se apresentou, a prestar honras, uma companhia da nova guarda naval – por ele [ministro Pereira da Silva] criada - de dólman azul e capacete branco – muito semelhante ao dos fuzileiros navais britânicos».

Ainda hoje os Royal Marines (UKRM) utilizam este capacete de cerimonial no uniforme que também terá inspirado o da BGN alu-dido na notícia.

Não obstante o luzimento, as circunstâncias políticas ditaram que pouco mais de três meses depois eclodia o 28 de Maio – a Re-volução Nacional que deu início à 2ª república que vigoraria até ao 25ABR74.

Como é do conhecimento geral, logo de imediato este regime em ditadura – Ditadura Militar até à eleição do presidente da república em 1928 e designado de Ditadura Nacional até à constituição de 1933 que legitimou o Estado-Novo - introduziu numerosas e pro-fundas alterações legislativas, em especial de âmbito militar.

A Marinha foi alvo de uma “alteração de rumo” significativa, que incluiu como uma das primeiras medidas o decreto nº 11.813 que extinguiu a Brigada de Guarda Naval.

O decreto de extinção foi publicado no Diário do Governo logo a 30JUN26! Praticamente um mês após o levantamento militar - circunstância que configura o carácter urgente, e dirigido, da de-cisão; uma vez que as outras brigadas mantiveram-se até 1934.

A principal razão invocada no preâmbulo seriam as dificuldades de constituição da brigada, pelo que o decreto sentenciou que:

« Inútil é procurar justificar as vantagens da extinção da brigada de guarda naval; basta o que a prática tem demonstrado para ela se impor, e assim, atendendo ao exposto:

Artigo 1º - É extinta a brigada de guarda naval, criada pelo de-creto nº 10.061 de 1 de Setembro de 1924».

Seguindo-se um articulado com algumas orientações no sentido da recolocação do pessoal e da colmatação da lacuna funcional.»

A BGN, de facto, nunca atingira a plenitude nos termos com que houvera sido delineada, quanto aos efetivos previstos, aos uni-formes e aos demais recursos indispensáveis; circunstâncias que a documentação depositada no Arquivo Histórico da Mari-nha indicia. Porém, considerando o turbulento contexto político e militar em que foi criada, inclusive no meio naval, para além da justificação formal para a sua extinção, afigura-se terem havido razões de manifesta desconfiança por parte da hierarquia saída do 28MAI26.

Para além do novo regime ter provocado uma profunda rotura política, com forte incidência no meio militar, acresce o facto de o comandante da BGN à data, nomeado em 14 de Março de 1925

Clarim UKRM

Estandarte da BGN

22

pensamentos&reflexões

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

(por falecimento do anterior e primeiro comandante da unidade, CMG Nunes de Sousa) ser o CMG José de Freitas Ribeiro7.

Este oficial desempenhara vários cargos importantes de vincada confiança política durante a 1ª república, entre os quais: Ministro das Colónias a seguir à implantação da república e Ministro da Marinha num governo do “truculento” Afonso Costa – de quem era próximo.

O histórico recente do ramo, as reais dificuldades em levantar a unidade, bem como o perfil do comandante, em nada terão con-tribuído para que a brigada tivesse sobrevivido aos desígnios da revolução de 28 de Maio de 1926.

… O «Saúde e Fraternidade» cessara, cedendo o caminho ao «A Bem da Nação»…

Terminou deste modo, após uma existência efémera de vinte e dois meses, a primeira unidade, a especialidade e a classe de fuzileiros do século XX, bem como uma das fases da história dos fuzileiros - pela primeira vez explicitamente assim designados.

(A designação «Brigada Naval» reapareceria mais tarde no léxico da marinha para, a partir de 1934, dar nome à milícia naval criada pelo Estado-Novo)

Face ao que antecede, como sói dizer-se, a Brigada de Guarda Naval, ou seja, a “Brigada de Fuzileiros” também poderá enfileirar nos que, a título individual ou coletivo, se consideraram «vítimas da ditadura que trazia no ventre o Estado-Novo» …

No entanto, os ventos da história obrigariam a que 35 anos depois – em 1961, a Marinha tivesse que “ressuscitar” os fuzileiros de modo a poder participar de corpo inteiro no esforço que Portugal desenvolveu em África para defender os interesses que, à época, tinha como legítimos.

7 Sobre a carreira deste oficial, a Revista da Armada publicou, em Novembro de 2012, um circunstanciado artigo da autoria do senhor almirante Ribeiro Pacheco.

Assim, a revisitação da norma que criou e regulou a Brigada de Guarda Naval, proporciona-nos uma abordagem a esta fase da vida dos fuzileiros que, por breve e atribulada, tem sido menos aludida, porém merecedora de recordação e passível de ser car-reada com maior nitidez para a (ou uma) história dos fuzileiros.8

Aqui fica o sublinhado no sentido essencial de relembrá-la - em especial para os mais novos e os vindouros – porque, como sa-lientado por um reconhecido historiador, «os portugueses [neste caso os fuzileiros] não se podem lembrar de uma história que ninguém lhes contou».

Passe a minha presunção.

Jorge Oliveira Monteiro Sóc. Orig. n.º 2519

CMG FZE Ref

8 Esta fotografia, pertencente ao arquivo fotográfico do Museu da Marinha - cuja cedência muito agradeço, mostra uma cerimónia no Quartel de Alcântara, tendo em primeiro plano a formatura da BGN com um estandarte que se afigura ser já da república. Porém, está registada na respetiva ficha como tirada em 1903. A ser desta data-ção, o estandarte nacional utilizado pela marinha seria bicolor, azul e branco com a proporção de campos 1.2; onde se evidenciaria o campo branco.

Por sua vez, a disposição da força – banda (onde, com ampliação se identifica o chefe A. Fão) terno de clarins, posicionamento do estandarte e a companhia - está conforme com o decreto 10.823 de 03JUN25.

Também os uniformes correspondem ao regulamentado para a brigada. Destacando-se o capacete branco de cerimonial que, até então, era exclusivo para oficiais. Com ampliação reconhece-se o distintivo da unidade nos capacetes; e pormenores do equipamento.

Formatura da BGN 8

23O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

pensamentos&reflexões

Uma recordação para a vida…“A Fortaleza de Sagres”

Uma recordação do Curso DJ, Escola Naval 1959/1961

Dedico este texto ao meu amigo “Jota”, também ele, na sua juventude, durante uma comissão militar, “navegando” em Angola (C. Caçadores 3324, Companhia Independente de

Intervenção, que esteve em quase todo o centro, leste e sul de Angola batendo essas zonas de Berliet, Nordatlas, Alouette ou a pé, muito a pé, quando eram largados dum desses “luxosos” transportes) encontrou no Leste, em Luiana, a sua “Fortaleza de Sagres”.

Não resisto ainda a transcrever um desabafo de alma, no cul-minar dessa “aventura” que foi a sua comissão militar; quantos não o viveram e o interiorizaram embargando a voz e chorando felicidade: “… e um dia, dois anos e mais uns “pós”, entre um meio-dia de ansiedade e uma meia tarde de saudades, encostei a testa à janela fria e redonda do avião e vi lá em baixo, Lisboa, a bela e sonhadora moura-cristã vestida de “Alfamas” e “Mou-rarias” refrescando os pés no Tejo contemplada do outro lado do rio, por um Cristo a quem – há muitos séculos – chamam Rei. E não contive as lágrimas.”

Recentemente a TV deu, num noticiário, imagens da Fortaleza de Sagres. Ia ouvindo e vendo de relance enquanto folheava um interessante livro intitulado “A História da Rega em Portugal”, do Professor José Rasquilho Raposo, editado em 1994.

Quando surgiu a Fortaleza de Sagres, fiquei obcecado como que suspenso naquele momento qual encantamento da saudade. A minha atenção ficou presa naquelas imagens. Tudo parou. Um silêncio sobrepôs-se a tudo o que me rodeava. O paiol das me-mórias iluminou-se feericamente!

Aquelas imagens pertenciam ao início da minha vida na Marinha, quando da ida do nosso curso, o DJ, a Sagres por ocasião das Comemorações Henriquinas, sendo a “Velada de Armas” na For-taleza de 18 a 20 de Julho de 1960, para mim Cadete do primeiro ano, um dos pontos altos das cerimónias em que participei.

Jovem, sem experiência militar nem protocolar, foi um momen-to forte da minha formação. A guarda por nós formada naquela noite, e a tradicional comunicação entre os diversos postos de sentinela onde pronunciei pela primeira vez as frases “ALERTA!”

LOJA MATOSINHOSTel.: 224 969 620

LOJA VIANA DO CASTELOTel.: 258 811 201

[email protected]

ORTOPEDIA MONTEIROFabrico de Próteses e Ortóteses

Unipessoal, Lta.

LOJA DAS PAIVASTel.: 211 818 829

LOJA DO MONTIJOTel.: 212 312 290

LOJA DA AMADORATel.: 214 345 576

[email protected]

José Manuel Oliveira Costa

sendo correspondido pelo posto seguinte com “ALERTA ESTÁ!” marcou-me para sempre…

Estar ALERTA passou a ser um estado de alma em tudo o que se relaciona com a minha vida. O uso da farda, o respeito dado à função, a responsabilidade, que esperavam de mim bem como o espirito de equipa vividos naquelas noites escuras, tendo por companhia o brilho vivo das estrelas, socializando aquele grupo, definindo e agregando-o, na forma de uma família, ainda inci-piente mas que se ia alicerçando e ganhando a sua dimensão.

Na altura, não o sabíamos, mas era a nossa futura família a “Fa-mília do DJ” que se ia formando e criando raízes bem fortes onde, ainda hoje, 58 anos depois, nada a beliscou face aos esforços, dores, alegrias e sonhos também, a que foi sujeita, apesar da nossa juventude e da extensa gravidade dos problemas que des-de o seu início, nomeadamente em África, foi posta à prova.

Nunca enjeitou ou se alheou das responsabilidades que lhe foram cometidas sofrendo dores para que não estava preparada mas, sabendo sempre, responder muito para além do expectável.

Provámos e alimentámos, com grossas lágrimas o mar salga-do, fomos soldados valorosos que cedo aprendemos a cultivar a responsabilidade, o respeito, a disciplina, a solidariedade e a amizade.

24

pensamentos&reflexões

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Afinal muito da juventude daquela época foi sujeita à mesma dura e rude prova e todos souberam mostrar, e bem, o orgulho de ser português, capaz de todos os sacri-fícios, que sempre souberam ultrapassar.

Aqueles momentos de recordações vivas provocados pelas imagens da Fortaleza de Sagres foram bálsamo renovador. Hoje, mais de meio século passado, sinto orgu-lho pela minha vida na Marinha, que servi com dignidade, e o país, com abnegação. Não me considero um herói por ter ultra-passado as tormentas e tribulações que me rodearam mas reconheço que a minha intrepidez e bravata foram sendo suave-mente amolecidas. O mar não me matara mas tornara-me mais humilde e fez sentir--me simplesmente grato por estar vivo.

Dias passados soube, com alegria, que alguns camaradas de curso perante tal episódio televisivo se sentiram, também eles, “assaltados” pela saudade e por recordações, igualmente gravadas, sa-borosamente, na memória de cada um. Afinal todos trazem em si a solidariedade, camaradagem, justiça e profunda amizade que nos une, ainda hoje, frutos singelos e deliciosos de uma vida plenamente vivida.

Fizemos bem em homenagear e recordar os que nos antecederam; a Fortaleza de Sagres continua recordando aos vindouros a gesta dos marinheiros e soldados que nos engrandeceram e da qual fazemos, orgulhosamente, parte integrante.

CMG Oliveira Costa

Sóc. Efect. n.º 2423

Faina de géneros a granel - 1960

Antes do treino para mais uma cerimónia - 1960

INFORMAÇÕES

Sócio da AFZ, actualiza os teus contactos e mantém-te informado

A Direcção Nacional elegeu como objectivo prioritário a comunicação contínua com os seus associados.

Para que a comunicação seja efectiva e o mais rápida possível, o Secretariado deverá dispor dos contactos necessários privilegiando,

sempre que possível e adequado, a comunicação via email.

Assim, solicita-se a todos que actualizem os seus dados pessoais, principalmente no que se refere aos contactos (endereço email,

morada, números telefónicos, etc.). Só assim poderemos manter os nossos associados informados, em tempo real, de tudo o que de

interesse a Direcção tem para divulgar e creiam que é muito.

Documentos de despesa com saúde

A Associação de Fuzileiros, através do seu Secretariado Nacional, disponibiliza aos seus associados o serviço de recepção e

encaminhamento, para os serviços competentes, dos documentos de despesas com saúde.

A Direcção

25

notícias

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Ano após ano, rumo ao meio século! A tradição cumpriu-se mais uma vez. O que tem de ser tem muita força, cantou com grande êxito o grupo Deolinda. A força que advém –

nunca cansarei de o escrever – da vontade inquebrantável de um punhado de sexagenários e septuagenários que, nos idos tempos de setenta, se encontraram por força de um qualquer determinis-mo astral e juraram não mais deixarem de se encontrar.

Os 47 anos que celebramos são sinónimo de união, força e ami-zade. Sem a união que se criou era impossível cumprir o desejo de sermos únicos no abraço. Sem a força que se cimentou nunca teríamos o alento suficiente para ultrapassar sacrifícios e dificul-dades e dizer presente. Sem a amizade que nasceu quase de forma natural não teríamos o cimento agregador deste edifício humano que já conta quarenta e sete andares de convívio e não pára de crescer. A meta, escusado será dizê-lo, é o meio século em 2021. Atento o longo tempo transcorrido, pode dizer-se que é quase amanhã. Mas é um amanhã lento, muitas vezes penoso, que a idade não perdoa, mesmo com aquela trilogia de sentimen-tos. Como estaremos daqui a três anos? Certamente em mais precárias condições de saúde que, quero crer, não impedirão que o espumante nos corra pelas gargantas em sinal de regozijo co-lectivo.

Afirmo sempre com muito agrado que a Comissão Organizadora destes eventos tem procurado, desde o início, que as nossas jor-nadas busquem o reencontro com a Marinha, fazendo constar dos sucessivos Programas visitas a unidades, departamentos, navios e outros locais a ela ligados, dando pública nota do que ali se vai fazendo.

É uma forma genuína de, por um lado, nos sentirmos perto da Marinha e do que ela representa como instituição na dita socieda-de civil e, por outro lado, podermos revivenciar locais que foram e ainda nos são próximos, dando o nosso testemunho daquilo que tivemos oportunidade de observar.

Na esteira deste desiderato, do Programa deste ano constava uma visita guiada ao Museu do Mar, renomeado Museu do Mar - Rei D. Carlos, em 1997, em honra ao monarca que, apaixonado pelo Mar, deu muito da sua vida ao estudo e desenvolvi-mento das ciências oceanográficas, atra-vés das sucessivas campanhas a bordo do iate Amélia, com grande impacto à época no contexto nacional e internacional.

Sedeado no edifício do antigo Sporting Club de Cascais, fundado em 1879 pelo então Príncipe Carlos, o Museu tem vivido sempre em constante renovação, como exemplifica a inauguração de um núcleo expositivo temático sobre etnografia ma-rítima que proporcionou, não apenas uma aproximação à comunidade piscatória de Cascais, como também um aprofunda-mento das relações institucionais com entidades universitárias, científicas e mu-seológicas.

Usufruindo de uma localização privilegiada no perímetro cultural da vila, a autarquia, ao que sabemos proprietária do Museu, com o apoio de técnicos de áreas diversificadas, tem tido ao longo dos anos uma permanente preocupação de actualização, como o atestam a renovação e criação de novas salas temáticas, bem como exposições temporárias, conferências e eventos de carác-ter científico.

É por tudo isto que a visita ao Museu do Mar - Rei D. Carlos cons-tituiu para mim, e por que não dizê-lo, para todos, uma agradável surpresa. Atrevo-me a dizer que esta visita, muito bem conduzida pela técnica que nos guiou, com explicações pormenorizadas, proporcionou um verdadeiro “banho” de conhecimento do Mar, das suas riquezas e mistérios, que nos fez sair de lá seguramente mais enriquecidos e conscientes.

Findada a visita e saciado o espírito, de acordo com o Programa, fez-se tempo de rumar em busca do aconchego do corpo, haven-do vozes a dar conta dos queixumes do estômago.

Para o efeito, rumamos ao Palácio Seixas, onde hoje funciona a Messe de Oficiais da Marinha, considerado um dos mais emble-máticos edifícios existentes em Cascais e que manteve grande parte da beleza e fausto no seu interior, como evidenciam os ele-mentos decorativos com temas ligados ao mar, onde se destacam a figura imponente do Infante e uma magnífica caravela.

Este edifício encerra uma história por trás dele e que merece ser contada em breves linhas. Tendo sempre o Mar como centra-lidade, o desenvolvimento da navegação, nos idos tempos de antanho, potenciou o crescimento comercial e a fixação das po-pulações junto à costa. Perante esta constatação, o Reino sentiu necessidade de proceder à fortificação da zona e, desta linha de defesa, fez parte o Forte de Santa Catarina (ou Baluarte da Foz), precisamente no local onde hoje se situa a Messe, abandonado posteriormente quando entraram em declínio alguns destes ve-lhos fortes.

Adelino Couto

18.º CFORN47.º Aniversário

Cascais - 09 de Junho de 2018

26

notícias

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Com a subida ao trono de D. Carlos, que herdou de seu pai, D. Luiz o “Rei Marinheiro”, a paixão pelo Mar, Cascais transformou--se definitivamente em Vila da Corte. Foi neste ambiente social que a família Aires de Ornelas, bem relacionada com a Corte, mandou arrasar o Forte de Santa Catarina para aí construir a sua residência de veraneio, que assim se manteve até que Henrique Maufroy de Seixas, nos inícios do séc. XX, a adquiriu e mandou construir o actual Palácio Seixas, hoje propriedade da Marinha, por legado testamentário deste benemérito, apaixonado pelo Mar e grande amigo da Marinha, como reza a estatueta em sua honra no magnífico átrio de entrada do edifício.

E foi precisamente aqui que se iniciaram os trabalhos gastronó-micos. O espumante e o sumo de laranja foram as bebidas esco-lhidas para as boas-vindas, que serviram de via para magníficas entradas, onde sobressaíram os cogumelos recheados com espi-nafre e farinheira em carpaccio de ananás. Os bifinhos de vitela com molho de manga apresentaram-se a preceito e confirmaram a sua bondade no paladar. Uma saborosa sobremesa de tarte de requeijão com molho de coentros contribuiu, em boa parte, para um excelente almoço, bem acompanhado dos tradicionais nécta-res que Dionísio ou Baco não desdenhariam degustar.

É comum afirmar-se que o tempo da refeição constitui um dos momentos centrais destas jornadas de confraternização, quiçá o mais aguardado e apetecido. É o tempo de matar a fome do corpo, mas essencialmente o que melhor potencia o convívio, o diálogo entre pares que, a cada minuto, se vai alongando às mesas vizinhas, trazendo à conversa camaradas que até aí se mostravam alheados. É o espírito de grupo a funcionar, na de-monstração plena, quando assim se comporta, que não há lugar à finitude, antes se fortalecendo a cada ano que passa, como é o nosso caso. Foi neste enquadramento que me propus contar um “episódio engraçado”, bem real e que demonstra de forma insofismável a coesão, a amizade e a boa disposição que reina no seio do grupo.

Tudo partiu dum simpático e-mail do Eduardo Ricou, nosso ca-marada, que há longos anos e por vicissitudes da vida, decidiu radicar-se na Suíça, mais propriamente em Bulle. O teor do texto, que encerrava uma enorme confusão, escrito num português com algumas mossas, aliado ao divertido diálogo escrito travado entre ambos, criou os ingredientes para uma cena bem-humorada, que lida em discurso directo, arrancou dos presentes sonoras garga-lhadas propiciadoras da sempre saudável boa disposição do grupo.

Razões ligadas à elaboração da nossa Revista, nomeadamente ao seu número de páginas, inibe a inclusão neste artigo desta “sa-borosa estória”, ficando a promessa de que virá à estampa numa próxima oportunidade, que se deseja breve.

Esta foi uma maneira diferente de sentirmos a convivialidade ami-ga, alegre e solidária entre o grupo. Uma boa forma de encerrar mais uma excelente jornada.

Aproxima-se o ano de 2021, o do meio século! Mas antes temos o próximo. E para o ano tem de acontecer, porque tem de ser. E o que tem de ser tem muita força. Haja saúde e até lá malta!

Adelino CoutoSóc. Orig. n.º 2382

A Turma de Hidroginástica da AFZ re-alizou o seu jantar de Natal no dia 23 de Novembro passado. O grupo,

constituído por sócios da AFZ, embora mais reduzido do que em anos anteriores, conviveu num restaurante do Barreiro em ambiente sempre alegre e agradável.

Este ano, o grupo estava sensivelmente mais reduzido, contudo não deixou de transmitir a imagem de grande união e espírito de camaradagem que o leva a ul-trapassar os pequenos contratempos que pontualmente surgem.

Esperemos que assim continue e que fu-turamente as condições de utilização da Piscina da EF possam melhorar.

Além do monitor da turma, Carlos Correia, esteve presente a coordenadora do grupo

Ana Duarte e, em representação da AFZ, o Secretário Mário Gonçalves. Como, a propósito, muito bem disse o Senhor Pre-

sidente: “Parabéns ao Grupo pela inicia-tiva e coesão. Unidos seremos sempre mais fortes!”

Turma de Hidroginástica da AFZJantar de Natal

23 de Novembro de 2018

27

notícias

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Grande Noite de Fados de S. Martinho

9 de Novembro de 2018

Mais uma vez o Grupo de trabalho da Divisão de Cultura e Memória organizou uma Grande Noite de Fados de S. Mar-tinho.

Decorreu no passado dia 9 de Novembro e, como vem sendo ha-bitual, contou com casa cheia.

Lá para o fim da noite, bem longa, lá apareceram as tradicionais castanhas assadas e a respectiva água-pé, ceia completada ain-da com o chouriço assado e o caldo verde.

Foi um espectáculo do agrado de todos que mereceu os encómios do Presidente da Direcção que teve oportunidade de se dirigir à numerosa assistência para transmitir palavras de agradecimento e de incentivo a que estes eventos continuem porque contribuem, também, para o reforço da nossa União.

A todos os que participaram, aos que nos brindaram com a sua presença e aos que, de uma forma ou de outra, colaboraram, o nosso muito obrigado.

Os versos dedicados ao evento, feitos a propósito pela nossa co-laboradora Cesarina Brandão, resumem bem tudo o que se pas-sou e por isso aqui se publicam e se agradecem.

Uma noite bem passadaLá na nossa AssociaçãoMas deixemo-nos de falasE comecemos então;

Começou com o jantarUm bacalhau com broinhaAinda para acompanharTinha uma bela “pinguinha”!

Inicia o Zé ParreiraQue nos deu as boas vindasA Associação estava cheia…Tinha muitas caras lindas!

O Comandante SeabraQue é o seu presidente Não quis ficar para trásE falou para toda a gente!

O Magalhães na guitarraO Marcelino na viola…Tocaram os dois tão bemQue a nossa alma consola!

Veio depois a CristinaDe sobrenome PicadoE que nos veio cantarO nosso primeiro fado!

“Foi Deus” cantou de seguidaDa Amália, este grande fadoÉ este um fado antigoMas muito do nosso agrado!“S

ÃO

MA

RTI

NH

O”

• 9

de

Nov

emb

ro d

e 2

018

– Ce

sarin

a Br

andã

o

“Perseguição”, o seguinteMagistralmente cantado!Tem uma voz tão bonita…Nasceu mesmo para o fado!

“Fado fadista”, o seguinteCantou o Nelson AbreuJá é costume cantarCom um jeito muito seu!

“Cravo de S. João”, Ainda mais este fado,Com a sua bela vozDeixou o povo encantado

Depois “Senhora do Tejo”Cantou-a com muita garraE mui bem acompanhadoP´lo viola e p´la guitarra!

Cantou depois Inês PereiraPara dar continuação Um fado muito a preceitoQue chegou ao coração!

“Ciúme”, cantou de novoCom a sua voz possanteCantando com boa vozFoi por aí adiante!

“A casa da Mariquinhas”Cantou, para terminar;Cantou, e cantou tão bemPôs toda a gente a cantar!

poesia

E assim a sala todaAcabou junta a cantarE esta noite de fadosEstava quase a terminar!

Começou então a ceia…Houve castanhas assadasCom caldo verde e chouriçoTodas muito bem regadas!

Depois de termos comidoE convivido tambémVoltou a cantar-se o fadoQue foi pela noite além!

Gosto sempre destas noitesA todos muito obrigadoE assim, todos alegresAcabou a noite de fado!

28

notícias

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Homenagens aos Barreirenses que participaram na I Grande Guerra

No grupo de planeamento e organização destas comemora-ções, a Associação de Fuzileiros esteve representada pelo Capitão-de-mar-e-guerra FZ Rocha e Abreu que acompa-

nhou os trabalhos e foi o moderador de Painel no Colóquio que, neste âmbito, se realizou no dia 8 de Novembro nas Instalações da AFZ e que reuniu conferencistas de grande nível.

Todos os elementos da Direcção e muitos sócios interessados, juntaram-se aos cidadãos do Barreiro nesta enriquecedora ini-ciativa, enchendo por completo o salão polivalente da AFZ.

Ora, como se sabe, em 28 de Julho de 1914 teve início na Europa um grande conflito armado que envolveu numerosos Países e que ficou conhecido na História como a I Grande Guerra.

No início do conflito Portugal, embora não se declarasse neutral, manteve-se numa posição de “Não-beligerante”.

Todavia, a pedido da Inglaterra, Portugal apreendeu em 26 de Fevereiro de 1916 algumas dezenas de navios Alemães que se encontravam “abrigados” no porto de Lisboa. Esta acção foi con-siderada hostil pela Alemanha a qual em 9 de Março apresentou uma declaração de Guerra ao nosso País.

Houve então que preparar a nossa participação activa no confli-to, tendo sido determinada a mobilização de todos os cidadãos masculinos dos 18 aos 45 anos de idade.

O treino iniciado em Tancos destinou-se a preparar, equipar e armar milhares de civis transformando-os, o mais rapidamente que foi possível, em combatentes prontos a actuar nas diversas frentes de batalha onde o combate decorria.

Partiram para o território Francês, nomeadamente para a Flan-dres, mais de 50.000 homens. O conflito terminou com a vitória dos Aliados, celebrando-se um Armistício em 11 de Novembro de 1918.

Para além do Soldado Milhões, condecorado no campo de bata-lha com a Ordem Militar da Torre e Espada, muitos outros heróis anónimos, ali estiveram e muitos ali perderam as suas vidas ao serviço do Estado e da República Portuguesa.

Entre todos os participantes neste conflito, foram mobilizados quase uma centena de Barreirenses que integraram o CEP (Cor-po Expedicionário Português).

Assim, em boa hora a Câmara Municipal do Barreiro com a ini-ciativa do Vereador Bruno Vitorino, decidiu prestar homenagem a estes seus concidadãos tendo solicitado diversos apoios e co-laborações.

A Associação de Fuzileiros, como já referido, foi convidada a colaborar na organização e planeamento dos vários momentos das homenagens, convite que foi acolhido de braços abertos

29

notícias

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

prontificando-se a AFZ, de imediato, a acolher o Colóquio Temá-tico – O Barreiro na I Guerra Mundial – nas suas Instalações e a dinamizar a sua divulgação pelos seus associados.

Disponibilizou também o seu Restaurante para a realização do jantar que antecedeu o Colóquio e que contou com a presen-ça de várias entidades, incluindo os ilustres conferencistas:

Dr. Pacheco Pereira, Comandante Rodrigues Pereira, Deputado Diogo Leão e o Professor Pedro Pereira.

No Salão Polivalente da Associação de Fuzileiros estes confe-rencistas abordaram diferentes, mas complementares, facetas do Grande Conflito, perante uma numerosa assistência que es-cutou as diferentes apresentações de forma atenta, interessada

e participativa, quando a isso foi cha-mada.

Além do Colóquio de Conferências já detalhado, pudemos ainda assistir à exibição do filme Português “O Solda-do Milhões” e a uma Exposição Foto-gráfica sobre diferentes aspectos do conflito.

Os vários eventos das Homenagens culminaram com uma cerimónia na Praça Catarina Eufémia no Barreiro a que deu brilho a presença de um pelotão de alunos da Escola de Fu-zileiros, comandados por Oficial, os quais, acompanhados por elementos da Fanfarra desta Unidade, prestaram as honras devidas sendo então des-cerrado um Memorial com a inscrição dos nomes dos Barreirenses que foram chamados a participar no 1º Grande Conflito Mundial.

A Direcção

30

notícias

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Associação de Fuzileiros de Cabo Verde

Recentemente, de 1 de Junho de 2015 a 1de Junho de 2017, cumpri uma comissão militar na República

de Cabo Verde (RCV), no âmbito da Coo-peração Técnico-Militar com aquele país, inicialmente com a função de Assessor Técnico e, nos últimos 17 meses, como Diretor Técnico do Projeto 1 – Estrutura Superior das Forças Armadas.

Durante esse período fui abordado por alguns Fuzileiros do ativo e reserva, de-monstrando interesse em conhecerem o funcionamento da Associação de Fuzilei-ros de Portugal (AFZ PT) uma vez que ten-cionavam, num futuro próximo, criarem a Associação de Fuzileiros de Cabo Verde (AFZ CV).

Algumas atividades que iam desenvolven-do de forma espontânea, alimentavam a convicção que o “espírito do Fuzileiro” não se apagara com a saída das Forças Armadas, antes pelo contrá-rio, se revelava mais vincado à medida que o tempo ia passando. Confirmavam, desta forma, uma das maiores verdades universais no que aos Fuzileiros diz respeito: Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre!

Atento ao alargado conhecimento que possuía sobre os funda-mentos e objetivos da AFZ PT (na altura cumpria o 2.º ano como Vice-Presidente desta instituição), decidi-me pelo apoio incondi-cional a este “grupo” apostando, como eles, na forte probabilida-de da criação da AFZ CV.

Os primeiros passos foram dados no primeiro encontro que de-correu numa escola pública da Cidade da Praia (Santiago) onde, numa sala de aulas, fiz uma “apresentação” sobre a nossa As-sociação.

A longa e interessante troca de palavras que se seguiu serviu, acima de tudo, para recordar os valores intrínsecos destes ho-mens da boina azul-ferrete e para definir linhas orientadoras para a criação da AFZ CV, designadamente, nomeação de uma “Co-missão Organizadora”, a angariação de sócios, a elaboração e registo dos Estatutos e a escolha de um espaço que permitisse funcionar como Sede e como ponto de encontro para reuniões, convívios e demais atividades futuras.

A minha forte ligação, quer pessoal, quer institucional, ao Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA) da RCV – MGEN Anildo Morais – facilitou tudo o resto! Após uma proposta, ime-diatamente aceite pelo CEMFA realizou-se, no seu gabinete, a primeira reunião com a “Comissão Organizadora”, durante a qual foram trocadas vontades e intenções e assumidos compromissos, a saber:

– Da parte da “Comissão Organizadora”, ficou a promessa de tudo fazer para criarem a AFZ CV; e

– Da parte das FA´s da RCV, ficou a garantia da disponibilidade, apoio e colaboração.

Posto isto, considerando ter sido dado o passo decisivo para a fundação da futura AFZ CV, decidi selar o momento com a entrega formal da Bandeira da AFZ PT, acreditando que se tornaria num “símbolo” orientador e motivador, quer pela sua importância, quer pelo seu significado. O tempo mostrou que valeu a pena!

31

notícias

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Entretanto, envolvido diariamente no desempenho da função para a qual me encontrava naquele território, limitei-me a acompa-nhar, à distância, o progresso deste “projeto”.

No final de maio de 2017, já com as malas feitas para regressar definitivamente a Portugal, fui surpreendido com um convite para um encontro de despedida, à noite, na praia da Praínha.

Lá compareci à hora marcada! Recordo esse momento como um dos momentos especiais da minha vida particular. Fuzileiros, fa-miliares e amigos, envoltos em cânticos, demonstrações, discur-sos e abraços, quiseram despedir-se de mim, com a dignidade que acharam merecer, fazendo-me mais um convite que aceitei de imediato: – Ser o “Padrinho” da AFZ CV.

Após o meu regresso, muito graças às facilidades das redes so-ciais, os contactos com a “Comissão Organizadora” mantiveram--se ou foram, até mesmo, dilatados. O meu apoio pessoal, agora mais persistente por força da minha atual posição na AFZ PT, passou a ser uma constante.

Entretanto, os contactos com o CEMFA e com o Comandante da 3.ª Região Militar, este responsável pelos Fuzileiros da RCV e as diversas atividades que englobam caminhadas, encontros, convívios e demonstrações de perícias, o desenvolvimento dos Estatutos e a sua participação, por convite superior, em eventos importantes das FA’s, indiciam que a AFZ CV está pronta a cum-prir os seus objetivos tornando-se, a curto prazo, numa instituição imprescindível ao País.

De salientar que os Fuzileiros da RCV, foram formados e nasce-ram com o apoio dos Fuzileiros portugueses, dos quais herdaram os gritos guerreiros e os slogans, mas também o ADN e os princí-pios e valores desta nossa “tropa” de elite. Faz todo o sentido que a AFZ CV cresça com o ADN da AFZ PT, com o seu apoio incon-dicional e assente num Estatuto semelhante, apenas adaptado pontualmente à sua situação e localização. O orgulho de ser e de pertencer é intemporal e, neste caso, é também transnacional!

As Associações de Fuzileiros de Portugal e de Cabo verde estão de parabéns!

Nhos sta djunto!Leão de SeabraPresidente

“Uma piquena homenagem a Associação dos fuzileiros navais de Portugal e aproveitar e parabenizar o novo presidente da mesma o cmdt de mar e guera manuel leão seabra o nosso padrinho e agradecer pela força e toda desponibilidade que tem demostrado durante esses tempos.obrigado por tudo,estamos juntos porque juntos conseguimos e juntos somos mais fortes.”

divisões

32 O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Concluído mais um ano, é altura de se fazer uma breve análise das actividades realizadas em 2018.

Assim, poderemos concluir que tanto no tiro desportivo como nas actividades lúdicas e desportivas (Fim-de-Semana Campista, Prova de Remo em Botes e demais actividades orga-nizadas e realizadas pelas Delegações da nossa Associação) foi sem dúvida mais um ano desportivamente activo e de sucesso para a Associação de Fuzileiros e seus Sócios!

E 2019 não poderá ser diferente. Para isso contamos com mais uma edição do Fim-de-Semana Campista na nossa Serra da Ar-rábida, com o Troféu de Tiro Desportivo Sarg. Fuzileiro Henri-que Madaíl e com a já tradicional e saudável competição que é a Prova de Remo em Botes, a realizar na Escola de Fuzileiros e sem esquecer também as actividades lúdicas e desportivas que vão ser organizadas pelas nossas Delegações!

Este ano teremos também a nosso cargo a liderança da organiza-ção da Prova de Tiro Desportivo Torneio de Tiro Dia da Marinha, uma organização conjunta entre o CPA, CNOCA e a AFz que está inserida no respectivo programa das comemorações do Dia da Marinha.

Previsão de Datas:

• Fim-de-Semana Campista – 8, 9 e 10 de Junho

• Torneio de Tiro Dia da Marinha – 11 e 12 de Maio

• Troféu de Tiro Sarg. Fuzileiros Henrique Madaíl – 30 de Junho

• Prova de Remo em Botes 2019 – 7 de Junho

Além das actividades já planeadas, outras irão surgir ao longo do ano e, posteriormente, serão comunicadas aos nossos sócios pelos meios habituais.

Mantenham-se atentos e saudações desportivas….

Espada PereiraSóc. Orig. n.º 445Chefe da DMALD

Divisão do Mare das Actividades

Lúdicas e Desportivas

PRACETA FERREIRA DE MIRA, 1CQUINTA NOVA2820-273 CHARNECA DA CAPARICA

[email protected]

CONTACTOS:910 263 545 · 218 209 602

PROTOCOLO COMASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS

MEDICINA DENTÁRIA

IMPLANTOLOGIA

ORTONDONTIA

PERIODONTOLOGIA

DENTISTERIA

ENDODONTIA

ODONTOPEDIATRIA

33

crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Como já foi anteriormente referido Napoleão Bonaparte é per-sonagem e tema demasiado amplo e importante para ser abordado em apenas um simples artigo. Interferiu com qua-

se todo o mundo do seu tempo, principalmente a Europa, mas iremos neste texto reflectir um pouco sobre o capítulo da sua vida que nos diz mais directamente respeito: As invasões francesas e o quanto elas afectaram o nosso país.

Neste texto trataremos dos antecedentes desta guerra e da cha-mada de Primeira Invasão e, num próximo artigo, falaremos então das Segunda e Terceira invasões.

Antecedentes

Quando eclodiu a Revolução Francesa, em 1789, teve lugar na Europa um confronto entre a França revolucionária e os diversos países da europa conservadora. O panorama político não era igual para todos pois algumas potências, na altura, como a Áustria, a Rússia, a Prússia, a Espanha e Portugal, lutavam para defender e manter as suas fronteiras e, consequentemente, a sua indepen-dência. Por outro lado, a Inglaterra1 debatia-se com um problema diferente porque estava em causa a liderança política e económi-ca da Europa.

1 País insular, faz parte do Reino Unido da Grã-Bretanha (ilha da…).

A principal preocupação de Portugal era a salvaguarda das suas fronteiras e a manutenção dos seus domínios no ultramar.

Receando a França, Portugal assina, em 1793, Tratados com a Espanha e Inglaterra ao mesmo tempo que envia para França uma força expedicionária, na qualidade de auxiliar do exército espanhol, para participar na campanha do Rossilhão2.

O Tratado de Basileia, em 1795, põe fim a este conflito. Portugal, a partir de então, procura assumir uma posição de neutralidade embora em circunstâncias muito precárias.

Velho aliado de Inglaterra, Portugal, até então, não tinha aderido ao bloqueio continental, imposto por Napoleão Bonaparte a 21 de novembro de 1806 contra aquela nação. Na realidade, o nosso País manteve sempre abertos os seus portos ao comércio com os ingleses.

Em 1801, Portugal, por não aderir a estas pressões de Espanha e França, recebe uma espécie de Ultimatum, para fechar os seus portos aos ingleses.

2 Disputa interna francesa com intervenção de tropas britânicas, espanholas e portuguesas.

José Horta

Grandes Figuras da História

As Invasões Francesas (1)

Revista “O Desembarque”

Caros Sócios, Camaradas, Amigos e Colaboradores Permanentes,

Antes de mais cumpre agradecer a pronta resposta que vem sendo dada pelos nossos colaboradores mais efectivos e a de todos quantos, embora menos regularmete, nos enviam textos para publicação.

Só assim se torna possível manter a edição de “O Desembarque” com a regularidade e qualidade que pretendemos.

Mais uma vez recomendamos que os textos devem ser remetidos via correio electrónico, em documento “Word” e as fotografias (se possível legendadas) deverão possuir qualidade gráfica e enviadas como anexos e não já integradas nos textos.

Os artigos (cartas ao Director, notícias, crónicas, lendas e narrativas, opinião, cultura e memória, pequenas histórias, poesia, etc., etc.) serão publicados se a Direcção da AFZ e a Redacção de “O Desembarque” considerarem que têm qualidade e estiverem de acordo com a sua linha editorial, sem prejuízo de os textos poderem ser revistos, adaptados e reduzidos se os respectivos autores, expressamente, a tal se não opuserem, quando da remessa dos seus artigos.

No caso de, na Redacção da revista, se juntar um número de trabalhos que ultrapasse a dimensão de “O Desembarque” (em princípio, 52 páginas) publicar-se-ão os artigos pela ordem de entrada ou dos registos dos acontecimentos, se a qualidade for considerada equivalente, designadamente, no caso de relatos de convívios ou encontros de que disponhamos de textos e fotos, nas condições de qualidade já definidas.

Quanto às Delegações, torna-se imprescindível a sua colaboração atempada, enviando fotos (com qualidade gráfica) dos eventos da sua responsabilidade, acompanhadas de um texto simples e sintético mas que permita aos responsáveis pela edição/publicação da Revista perceberem, minimamente, o evento, ou seja: identificação das Entidades e outros convidados presentes; estimativa total de presenças; impacto do evento na Região/Delegação/AFZ; entre outros aspectos que entendam, por bem, deverem ser tornados públicos.

Contamos com todos!

A Direcção da AFZ e Redacção de “O Desembarque”

34

crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Na sequência dum conflito militar, neste âmbito, entre Portugal e Espanha e que ficou conhecido por “Guerra das Laranjas”3, os espanhóis tomaram diversas localidades portuguesas na fronteira do Alentejo. Portugal, diminuído, é obrigado a assinar o Tratado de Badajoz, em Junho de 1801.

Como consequência Portugal perde Olivença e outras localidades, mais tarde devolvidas (excepto Olivença, apesar duma decisão favorável a Portugal do tribunal internacional de Haia), sofre per-das económicas significativas (uma indemnização à França de 25 milhões de francos), a perda de algumas terras no Brasil, sendo, ainda, obrigado a encerrar o acesso dos navios britânicos em to-dos os portos do reino e nos seus domínios ultramarinos.

O nosso País procura não hostilizar a França ou a Espanha, mas não podia afastar a aliança britânica, por esta ser a garantia do acesso aos seus domínios de além-mar, fundamental para a ma-nutenção da sua economia.

A partir de Outubro de 1805, na sequência da batalha de Trafal-gar, Napoleão perde o domínio do Atlântico, facto que impossibili-ta a prevista invasão, pela França, das ilhas britânicas.

A disputa entre aqueles países, para além dos conflitos militares, iria então centrar-se no campo económico.

Nos anos que se seguiram ocorrem dois acontecimentos que fo-ram importantes para o nosso País: O Decreto de Berlim, em 21 de Novembro de 1806, que determinava o Bloqueio Continental; e, a assinatura dos Tratados de Tilsit, em 7 de Julho de 1807 (secreto) e com a Prússia, em 9 de Julho de 1807 (público).

Apesar de já muito antes vigorar o bloqueio aos navios ingleses em portos estrangeiros, foi com o Tratado de Tilsit que, oficial-mente, foi determinado o Bloqueio Continental ao Reino Unido e que visava impedir o acesso dos navios ingleses aos portos dos países então submetidos ao domínio do Império francês. Com este decreto procurava-se isolar e asfixiar, economicamente, a

3 Esta designação deve-se ao facto de M. Godoy, chefe militar espanhol, ter feito acompanhar a notícia da tomada de Olivença, à rainha Maria Luísa, de Espanha (sua amante), por um ramo de laranjeira carregado de laranjas, colhido junto às muralhas de Elvas.

Inglaterra, impedindo as suas relações comerciais com os países consumidores da sua produção industrial. As acções de bloqueio, por parte dos ingleses (retaliações) e o aprisionamento de navios franceses, pela Armada britânica, deram a Napoleão o pretexto para todas estas acções.

Portugal não aderiu ao bloqueio, nem hostilizou os franceses, mas este facto não garantia que ficava a salvo das ambições espanho-las, nem da ira dos franceses, cada vez mais ameaçadores.

O Tratado de Tilsit teve duas consequências importantes que fo-ram: a adesão da Rússia ao bloqueio continental; e o fim da 4.ª coligação, que veio permitir a Napoleão libertar recursos para in-tervir na Península Ibérica.

Esta intervenção, com o objectivo claro de dominar Portugal, cedo revelou a sua verdadeira dimensão, ao procurar, também, o do-mínio da Espanha.

Entretanto, a Espanha e a França assinam, em 27 de Outubro de 1807, o Tratado de Fontainebleau que estipulava a invasão franco-espanhola de Portugal, as permissões e apoios necessá-rios para as tropas francesas atravessarem o território espanhol e a divisão do reino de Portugal e dos seus domínios ultramarinos, entre os signatários.

Quando o Tratado foi assinado já o exército francês marchava em direcção a Portugal, a partir de Bayonne, cidade francesa onde já estava reunido o 1.º Corpo de Observação de Gironda, sob o comando do general Junot.

A Invasão

No dia 18 de Outubro de 1807, o 1.º Corpo de Observação de Gironda, com um efectivo de (cerca) 25.000 homens e sob o co-mando de Junot, antigo embaixador de França, em Portugal, ini-ciou a travessia do rio Bidassoa. Entrou em Espanha e dirigiu-se para Salamanca. Aqui recebeu instruções para apressar a marcha porque, a cada dia, crescia a influência inglesa e o perigo de fa-zerem chegar tropas a Portugal e de ser organizada a resistência ao invasor. Ainda em Espanha o seu contingente é acrescido com mais duas dezenas de milhares de homens.

Mapa da 1.ª invasão

francesa

Junot Comandante das Forças invasoras em 1807-1808

35

crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Junot desce para sul e chega a Alcântara, perto da fronteira por-tuguesa. Entra em Portugal e dirige-se a Castelo Branco e daí para Abrantes, pelo vale do Tejo (margem norte). Era sua convic-ção que este eixo de progressão era o mais favorável, pois não havia qualquer tipo de fortalezas e a resistência era menor.

O objectivo era chegar, rapidamente, a Lisboa e aprisionar a Fa-mília Real.

Concomitantemente, algumas divisões espanholas entravam em Portugal por diferentes locais da fronteira – Norte, Algarve, Alen-tejo, Beiras, etc e foram ocupando cidades importantes, tais como o Porto e outras.

A progressão para Lisboa não corre bem: Más estradas e pior o terreno, zonas muito acidentadas, chuvas torrenciais e muito frio (era o mês de Novembro). A dificuldade em arranjar provisões era grande.

As tropas passavam muito tempo a descansar e a pilhar as pou-cas povoações que encontravam, todas elas pequenas e muito pobres. A ociosidade instalou-se e as debilidades físicas tam-bém… Muitos homens iam ficando pelo caminho, tal como os animais e as peças de artilharia. A cavalaria estava, praticamente desmontada. Metade da infantaria estava fora da estrada.

Em oposição aos invasores, apenas, uma escassa representa-ção diplomática com intenção de retardar o avanço sobre Lisboa. O sucesso diplomático desta representação foi, praticamente, nulo! Nem Junot lhe deu grande importância. Pressionado este, reúne algumas tropas e segue, apressadamente, para Lisboa onde chega com 1.500 homens, no dia 30 de Novembro, pela manhã, ainda a tempo de ver desaparecer, barra fora, os navios que transportavam a Família Real para o Brasil4, escoltados pelos ingleses. Juntamen-te com a Família Real, muitos nobres, muitos comerciantes ricos, juízes, quadros superiores da administração e toda a criadagem do

4 Pensa-se que foi a partir deste episódio que se popularizou o dito “Ficar a ver navios”, quando alguém fica frustrado nos seus intentos.

paço. Eram cerca de dez mil pessoas, embarcadas nas naus que rumaram a terras de Vera Cruz.

Nos dias seguintes foram chegando as forças restantes ou o que delas restava…

Três semanas depois Junot contava com 10.000 homens dos 25.000 que atravessaram o rio e saíram de Bayonne.

Após a sua chegada Junot publicou uma Proclamação em que se declarava protector do reino contra os ingleses. Em seguida manda prender e confiscar os bens de todos os cidadãos ingleses que residiam em Portugal, tal como os familiares daqueles que acompanharam a Família Real.

Logo que se instala, em Lisboa, Junot deu-se ares de reforma-dor da vida nacional: Anunciou uma era nova, de liberdade e de progresso. As melhores casas de família de Lisboa foram ocu-padas pelos oficiais franceses. Os soldados foram aquartelados no castelo de S. Jorge e em vários outros conventos de Lisboa e arredores.

Napoleão ordena ao País um tributo de 100 milhões de francos!

Da requisição de mantimentos e bens diversos, passou-se à ra-pina para satisfação, não das necessidades dos ocupantes, mas também a sua cobiça. As prepotências e os atropelos, sucedem--se. O ex-cônsul François-Antoine Herman foi nomeado comis-sário geral junto à regência e assumiu o controlo das finanças portuguesas. O esgotamento dos recursos económicos do País e a miséria cresciam desmesuradamente a cada dia. Junot man-dou, então, entregar na Casa da Moeda todo o ouro e prata, das igrejas e confrarias de Lisboa e arredores.

A Revolta

O sentimento contra os franceses crescia a cada dia… Em De-zembro de 1807, durante uma revista de Junot e seu Estado--Maior, às tropas no Rossio, é içada no castelo de S. Jorge, em substituição da nossa, a bandeira francesa. A população reage,

Castelo de São Jorge com abandeira do Império Francês hasteada

36

crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

violentamente, tendo sido necessária uma intervenção armada, muito dura, por parte dos franceses.

Em Fevereiro de 1808, Junot extingue o Concelho de Regência e anuncia a destituição da Casa de Bragança. Nos actos públicos o nome do príncipe regente é substituído pelo do Imperador e as Armas portuguesas deram lugar às Armas gaulesas.

Por ordem de Napoleão o exército português é disperso e as milí-cias dissolvidas. As armas foram confiscadas ou destruídas. Res-tou, apenas, uma força de 9.000 homens conhecida como Leal Legião Lusitana (LLL) e que foi enviada para fora do País, a fim de ser integrada no exército de Napoleão.

Aos poucos a revolta foi tomando conta das popula-ções e de uma atitude inicial de apatia, chegou-se ao ódio contra os franceses.

Aproveitando-se da insurreição que já acontecia em Espanha, por todo o território, e a debandada das forças espanholas do País, a mesma insurreição toma forma em Portugal. Começa no norte, em Bra-gança e daí para todo o resto do País, aos poucos, vem descendo para o sul, ganhando cada vez mais força, com as populações a aderirem em massa. São recuperadas algumas unidades militares e com a chegada de pequenos contingentes ingleses, al-gumas praças passam para as mãos dos portugue-ses. O forte da Nazaré foi tomado por pescadores da Pederneira…

A fortaleza da Figueira da Foz pelo Batalhão Aca-démico, inicialmente, constituído por estudantes a que, pouco depois, se juntaram os professores da Universidade de Coimbra.

Esta agitação faz os franceses retirar, um pouco apressadamente, para não caírem nas mãos da população. De norte a sul a revolução é, cada vez, mais abrangente e, a 2 de Junho, em Tomar, é acla-mado o Príncipe Regente. A revolta chega perto de Lisboa mas, aí, as guarnições francesas detêm uma maior ca-pacidade de intervenção e as dificuldades para acompanhar as acções do resto do País eram mais evidentes.

No Algarve prendem-se os franceses e, no Alentejo, a revolta em várias localidades é cada vez maior e, nem sempre bem sucedida, como no caso de Beja, onde o gen. Marasin atirou a matar sobre a população, provocando perto de 1.000 mortos. Em Vila Viçosa uma carga à baioneta também provocou um elevado número de vítimas. Noutras localidades no país, também, houve retaliações pelo inimigo francês, de grande gravidade.

Estas notícias vão chegando ao Rio de Janeiro por via do caíque Bom Sucesso que, de Olhão se dirigiu ao Rio.

A Repressão

Com toda esta revolta os franceses reagem e dão início a uma repressão, tremenda, por todo o território, contida apenas porque foram avistados, ao largo, uma numerosa Esquadra britânica, em direcção a Lisboa.

Há combates e movimentações por todo o País, mas receoso do desembarque inglês, Junot concentra tropas em Lisboa, deixando pequenas brigadas em Peniche, Óbidos e Caldas da Rainha. No entanto, o desembarque inglês acabou por não se verificar.

Junot pretendia manter abertas e desimpedidas, algumas linhas de comunicação com Espanha, isto para o caso de ter que retirar. Quando Évora se sublevou, Junot temeu ficar isolado e ordenou

ao general Loison5 que procedesse à tomada daquela cidade, com uma posição geográfica importante.

A guarnição de Évora, além de reduzida, estava mal armada e mal preparada, inclusive o seu comandante, que apenas tinha servi-do na Armada e não tinha experiência de combate no terreno. Os seus defensores foram derrotados, a população martirizada e a cidade cruelmente saqueada. Foram mortas mais de 2.000 pessoas, num dos mais violentos e terríveis actos de repressão.

Outras localidades também sofreram estes actos de violência, com consequências nefastas para as populações civis e para a tropa.

A Intervenção Britânica

Este clima de revolta em Espanha e Portugal vem favorecer de so-bremaneira, sendo mesmo essencial, o desembarque das tropas inglesas. Ao contrário do previsto, Junot não só não recebeu re-forços franceses, de Espanha, como teve mesmo que enviar, para lá, perto de 2.500 homens, dos 6.000 que lhe foram solicitados.

Entretanto, dá-se o desembarque de tropas britânicas, primeiro na Foz do Douro, vindas da Galiza, sob o comando do general Arthur Wellesley (depois 1.º Duque de Wellington).

Após uma reunião com a Junta do Porto, à qual os britânicos ce-deram fardas e armamento, foi decidido que o desembarque seria na foz do Mondego, cujo Forte de Santa Catarina já era ocupado por uma guarnição inglesa de 300 homens. O desembarque dá-se em Lavos, a sul da foz, com um mar muito agitado que, em nada favoreceu o desembarque!

Wellesley passou algum tempo a organizar o comissariado do seu exército, tendo depois decidido avançar para Lisboa! De igual modo Bernardim Freire, comandante das forças portuguesas, após breve encontro entre ambos, resolve, também ele marchar

5 O povo chamava-lhe o Maneta, por não ter um braço. A sua acção foi de tal modo saliente na repressão que ficou registada na linguagem popular pela locução “Ir para o Maneta” que significa morrer.

Junot protegendo a cidade de Lisboa - Quadro de Domingos Sequeira

37

crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Bibliografia:

– Saraiva, José Hermano, 1988. “História Concisa de Portugal” Publ. Europa-América. Col. Saber

– Tower, Wilmos, 1956. “O que as biografias de Napoleão não dizem” Col. Tempos e Figuras. Edi-ções Paulistas

Endereços na internet:

– https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_invas%C3%A3o_francesa_de_Portugal, acedido em 4 de Setembro de 2018.

– https://pt.slideshare.net/jorgediapositivos/as--invases-francesas-1588350, acedido em 4 de Setembro de 2018

– https://infopedia.pt/$primeira-invasao-francesa, acedido em 6 de Janeiro de 2018.

– https://pt.wikipédia.org/wiki/Napoleao̵Bonaparte, acedido em 4 de Janeiro de 2018.

– https://www.infopedia.pt$Napoleao-Bonaparte, acedido em 4 de Janeiro de 2018.Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, em Lisboa

Nota da Redacção:A propósito do anterior artigo do nosso ilustre colaborador José Manuel Carrajola Horta (Grandes Figuras da História), publicado na Revista n.º 30, enviou-nos o senhor José Sara, Sócio Originário n.º 23, um texto que vem complementar o que foi escrito no referido artigo. Evidentemente que um artigo desta natureza não pode abranger todos os particularismos regionais que envolvem esta temática. Não chegaria para tal uma vasta obra de muitas páginas e em vários volumes..No entanto, os Editores e Redactores da Revista “O Desembarque” congratulam-se com o facto de haver quem leia tão cuida-dosamente os artigos publicados, critique e emita opinião sobre os mesmos. Ora, agradecendo o texto que nos foi enviado, decidimos aqui publicá-lo, o que fazemos com muito agrado.

Sobre a Crónica “GRANDES FIGURAS da HISTÓRIA – Napoleão Bonaparte”

(Revista “O Desembarque” n.º 30)

Como sou de Olhão e tenho muito orgulho dos meus antepassados, não quero deixar escapar esta oportunidade de enaltecer este feito que muito me honra e ao meu País. Quero apenas, neste breve apontamento, complementar de forma simples, a exelente crónica “Grandes Figuras da História - Napo-leão Bonaparte”, escrita pelo Sr. José Horta.

Venho assim dar este pequeno contributo que julgo ser importante para todos os Olha-nenses, lembrando factos que ocorreram em Olhão, durante as Invasões Francesas.

A primeira revolta contra os franceses, na ocasião da chamada de “primeira invasão”, tem como particularidade ter sido a primeira das revoltas populares contra a ocupação francesa em que houve real confronto com os invasores.

Soldados franceses ocuparam o lugar de Olhão no dia 14 de abril de 1808. No dia 11 de junho, pelas 10 h da manhã, hora da mis-

sa, os olhanenses depararam-se com um edital de Junot, afixado na parede da Igreja matriz, a convidar para se juntarem aos fran-ceses e a combaterem contra a Espanha, então já sublevada.

Resumindo o que se seguiu: os pescadores foram pedir auxilio aos farenses que lho não deram.

Estavam do lado dos franceses.

Pediram então apoio a umas tropas portu-guesas sediadas no Forte de S. Lourenço, frente a Olhão, que também lho negaram o mesmo acontecendo com os do Forte de Tavira.

Levando negas atrás de negas os olhanen-ses dirigiram-se a Ayamonte pedindo apoio e, aí sim, receberam umas armas, poucas, umas vinte ou trinta.

Porém, encontramdo-se ao largo no Atlânti-co uma Esquadra Inglesa, dirigiram-se à dita

esquadra e também ali receberam umas ar-mas mais ou menos na mesma quantidade. Foi o possível, mas foi com essas armas, re-mos e outros apetrechos que infligiram duas derrotas às tropas francesas consideradas na altura como as mais fortes da Europa ou do Mundo: a primeira na ponte que vai para Quelfes – Moncarapacho e a segunda entre Olhão e Faro no lugar mais conhecido pela “Meia Légua”. Ambas assinaladas.Foi assim que, animadas por estes feitos, mais terras se juntaram e expulsaram os franceses.É na sequência destes acontecimentos que os franceses são expulsos e se dá a ida ao Brasil do Caíque Bom Sucesso que parte a 7 de Julho e chega ao outro lado do Atlântico a 22 de Setembro dando a boa-nova ao Rei, regressando depois ao lugar de Olhão já com o titulo de “Vila de Olhão da Restauração”.

José SaraSóc. Orig. n.º 23

para Lisboa, por Santarém, enquanto Wel-lesley seguiria por Torres Vedras, dada a proximidade da costa e a necessidades de contactos com os seus compatriotas e a facilidade em obter provisões inglesas, pela costa.

Na Roliça, Wellesley confronta-se com De-laborde, tendo este sido obrigado a retirar.

A 15 de agosto Junot deixa Lisboa para se enfrentar com os ingleses e onde se en-contra com Loison. A 21 de agosto dá-se, no Vimeiro, o confronto entre as tropas lu-so-britânicas e os franceses… Os 16.500 franceses são, inapelavelmente, derrota-dos pelos 18.000 efectivos luso-ingleses que ocupavam posições no terreno.

Após a derrota na batalha do Vimeiro, Ju-not decide que não tinha condições para voltar a enfrentar o exército de Wellesley!

É assinada a Convenção de Sintra, ao abrigo da qual as tropas francesas aban-donaram Portugal, facto que ocorreu no decorrer do mês de Setembro e princípio de Outubro de 1808.

Estava, assim, terminada a primeira in-vasão francesa de Portugal!...

José Manuel Carrajola HortaSóc. Orig. n.º 485

2TEN FZE

38

contos&narrativas

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Esmorecia o mês de Março do Ano da Graça de 72 quando o Sr. Tenente desembarcou no aeroporto de Bissalanca.

Em rendição individual substituía um dos oficiais que tinha terminado o seu tempo de Comissão e foi ocupar os aposentos deixados vagos justamente na residência partilhada pelas CF3, de um lado, pela CF11, do outro e na qual se integrou.1

Era redondinho nas carnes, mais para o pesado, físico no qual se destacava já uma protuberante barriguinha, vetusta para a sua idade, carregava nos erres e tinha, pelo menos no que à higiene diz respeito, hábitos bem estranhos, como se verá.

A sua timidez, notória, era feita de uma humildade natural e cul-tural. Teria as suas raízes bem mergulhadas, como é costume dizer-se agora, num Trás-os-Montes bem Profundo, seja isso o que for e pode ser muito.

As situações anedóticas, passe a redundância que a nossa vete-rania “APANHADA DO CLIMA”, como era uso dizer, já não perdoa-va, foram-se sucedendo e não tardou que alguém, num rasgo de génio, o tivesse baptizado com o sublime epíteto de “O ABOMINÁ-VEL HOMEM DAS NEVES”.

Só podia ser.

Quadro 1 – OS PRIMEIROS DIAS

Esfumava-se o tempo de Serviço Interno para a Unidade. Os tem-pos eram ainda de calmaria, propícia para a integração do novato, do “Piriquito”, acabado de chegar.

Era madrugador. Levantava-se cedo, o primeiro a saltar da cama, para, provavelmente, estar pronto a tempo e horas para o cum-primento das suas obrigações militares, que é como quem diz, estar na formatura pelas 8 horas, que os restantes “quefazeres” não moíam a cabeça a ninguém. O pessoal administrativo dava conta do recado e o militar também, mas era sobretudo para não perturbar os andamentos dos oficiais mais antigos.

1 Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência

De hábitos estranhíssimos, começou por chamar a atenção da guarnição que com ele comungava dos mesmos aposentos, pela forma estrepitosa como praticava a sua higiene matinal, que a porta da casa de banho, entreaberta, denunciava.

Tronco nu, nádegas e coxas pudicamente cobertas por alvíssimas ceroulas que davam pelo joelho, projecto avançado, para a época, dos actuais boxers, alguidar em cima de um banco poisado no interior daquilo a que hoje se dá o nome de “poliban”, aspergia-se com a água que as suas mãos conseguiam acartar e resfolegava como cavalo cansado acabado de chegar de uma légua feita a galope.

Banho de corpo inteiro era modalidade que desconhecia em ab-soluto e deixava «a privada» em pior estado que o tombadilho de um navio em dia de temporal, completamente alagada.

Era preciso, era urgente, civilizar o «bicho»... Reunido de emer-gência, o EM daquele alojamento, resolveu tomar medidas drás-ticas; fazer desaparecer todos os bancos, alguidares, baldes de limpeza, OMOS, TIDES e congéneres da arrecadação. E aguar-dar…. Dito e feito, não tardou que «O Abominável Homem das Neves», que carregava um pouco, bastante, nos erres, viesse inquirir:

– Vocês virram o alguidarre? Desaparreceu da dispensa!?...

Quadro 2 – A CHAPECA

Tempos passados apareceu, como não podia deixar de ser, aves-so como era a uma higiene frequente e de corpo inteiro, com as virilhas e partes adjacentes, as púdicas, bem entendido, bem coradas e cobertas pela miríade de escamas da vulgar micose a que naquelas paragens - e provavelmente também por cá - se dá o nome de “chapeca”.

Sentado na cama, pernas abertas, chamou o camarada que acor-reu pressuroso indagando:

– O que foi?

– Já viste alguma coisa parrecida com isto?

Um olhar de soslaio, um já, e a sen-tença:

– Ó pá, vais ao Serviço de Saúde que te curam em três tempos!

Mas no regresso ao quarto, pensando melhor e porque para semelhante es-pécime não havia remédio mais eficaz que a mezinha engendrada pelas Pra-ças, conhecimento adquirido nos com-boios, voltou atrás e sugeriu:

– Mas podes aplicar, antes, o remédio usado normalmente pela grumetada, passe o mimo, e esfregar toda essa zona com o stick desodorizante Lunder que tens à discrição no armário…

O “Homem das Neves”

Elísio Carmona

39

contos&narrativas

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

O bom do «Homem das Neves» nem esperou, passou e repassou como devia de ser o medicinal produto aconselhado. Claro que esperneou toda a noite, vociferando impropérios contra o mal-vado do curandeiro, impropérios carregados de palavrões e de ameaças estilo.

– Eu mato-o, eu mato esse “ca*******”!

Assistido pelo médico que partilhava os aposentos connosco e que, no seu andamento calmo, o ia consolando com palavras do-ces, suaves, de entre as quais saía, de vez em quando, um:

– Ainda vais na conversa desse gajo? És “munta” bruto!...

Quadro 3 – A TABUÍNHA

Os últimos dias da Comissão... já nem passavam de tão longos. Cumpria-se o protocolo diário e passeava-se pela cidade, uma bejeca aqui, outra ali, enfim, curtia-se, com aquela idade jovial, a vida.

Os Serviços de Saúde aproveitavam para testar a rapaziada, cumprindo toda a ementa de análises de entre as quais se destacavam as feitas às fezes. Para a recolha respectiva era distribuído a toda a gente, oficiais, sar-gentos e praças, um frasquito e uma espátula de madeira, usada também para ajudar a espreitar a garganta, para que cada um pudesse carregar, no respectivo frasquito, o material ne-cessário para se indagar de possíveis bicharadas que pudessem medrar nas intestinais miudezas e ser causa de problemas de saúde com o passar do tempo.

Tinha de ser, parecia de propósito, perante dúvidas, ou só indecisões, lá vinham as questões que, claro, excita-vam a imaginação do velho camarada.Um dia ao almoço....:– Olha lá, camarrada, já fizeste as análises, não já?– Já!– Olha, e como é isso?– Vais ao Serviço de Saúde que te explicam tudo e te fornecem o material necessário!No mesmo dia ao jantar...:

– Já me disseste que fizeste as análises…?

– Já, vais ao Serviço de Saúde e explicam-te tudo!

No dia seguinte almoço...:

– Olha lá, camarrada…

– Já, caraças, já fiz, e então?

– Não sei parrra que é a tabuinha…

“Prontos”, estava o bailarico armado!

– Ah, é para te verem a língua para indagarem se as amígdalas estão contaminadas...

Dois dias depois ao almoço...:

– Olha lá…

– Ó pá, ainda andas com a tabuinha às voltas?

– Não, mas como é que faço com um frrassquinho com o gargalo tão estrreitinho, como é que fizeste?

– Pus o frasquinho assim, – um gesto demonstrativo –, e fiz, pronto; é preciso jeito, claro!...

A tarde desse dia foi passada como de costume. Após o almoço, a trivial Barreirada, ao whisky, as voltas por Bissau com, como já sabemos, as bejecas, os camarões e as ostras, enfim, mais as… enfim… e o regresso aos aposentos para o jantar.

Porém, as coisas não estavam nada pacíficas pelo WC. Metia medo.

Umas vozes num dos quartos...:

– Mas oiçam lá!

– O que vem a ser aquilo na Casa de Banho?

(O Homem das Neves e o Oficial Imediato jogavam a batota, digo eu …)

– Ah, fomos nós, foi difícil, o garrrgálo era muito estreitinho…

– Quero aquilo tudo limpo e já!,

(Até parecia que o Imediato era eu.)

– Mas olha lá, o que fizeste à tabuinha?

– Está guarrrdada…

– Então porque não a usaste para carregar o frasquinho do gar-galo estreitinho?

Depois de uma pausa, o olhar a “chispalhar” para todos os lados:

– Eu mato-te, eu mato-te, eu…

Altura exacta para virar as costas e dar andamento aos sapatos, antes que o ambiente aquecesse mais, enquanto o “eu mato-te” se perdia como que acompanhando o adormecer do rubro Astro Rei a baixar lá longe, no ocaso.

O jantar encarregou-se de amansar a tempestade. Sobrou a cal-maria e regressou a boa disposição. Já pouco faltava, afinal, para o adeus.

Marinheiro E*

*O Marinheiro “E”, de todos já conhecido, é o Sócio Originário n.º 1542, Oficial FZ RN que

integrou os efectivos da CF 11 e que cumpriu uma comissão de serviço na Guiné nos anos

1971/1972.

cadetesdomar

40 O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Esta foi a 2.ª sessão da Edição de 2018/19, tendo contado com a presença dos 4 Cadetes de Mar Fuzileiros inscritos. Pude-mos também contar com a presença do Director de Instrução

do Corpo de Cadetes do Mar de Portugal, o CFR Bellem Ribeiro e na parte final dos trabalhos tivemos o privilégio de receber ilus-tres convidados para a Visita à Sala Museu do Fuzileiro.

O período da manhã incluiu duas actividades de cariz motor: Luta de Aplicação Militar e Natação de Salvamento.

Na Luta de Aplicação Militar foi efectuado uma activação corporal com pequenos jogos de destreza motora de contacto físico, se-guindo-se momentos de aprendizagem de técnicas de luta. Entre as técnicas abordadas destacam-se:

No Boxe, a movimentação dos pés (frente/trás e lateral), posição da guarda, o soco directo, cruzado, gancho e uppercut. A imobili-zação de braço de adversário que tenta desferir soco e projecção de adversário.

Na Natação de Salvamento, a formação foi dividida em dois momentos distintos: a natação pura e a natação de salvamen-to propriamente dita. Na natação pura foi solicitado aos jovens Cadetes a execução de uma série de exercícios com vista ao aperfeiçoamento dos vários estilos, com especial incidência no crawl e bruços.

Por sua vez, na natação de salvamento, para além da aprendiza-gem da técnica de reboque de vítima consciente foram também executados alguns exercícios na parte funda da piscina, tendo havido tempo para a colaboração do famoso “Óscar”.

Da parte da tarde e em contexto de sala de aula, houve tempo para rever o programa de actividades para a Edição 2018/2019 e definir o tema e os moldes do trabalho que a Unidade de Cade-tes do Mar Fuzileiros irá elaborar para as futuras apresentações públicas (Dia Nacional dos Cadetes do Mar e Associação de Fu-zileiros).

No último tempo, foi feita a tradicional visita à Sala Museu do Fuzileiro. Na visita deste ano contámos com a presença do SMOR

FZ Talhadas e do SAJ FZ/U Brandão, para além de convidados dos Jovens Cadetes. Após o término da visita, e antes de darmos a sessão por encerrada, houve pequena alocução por parte do anterior Comando da Unidade aos Jovens Cadetes.

Agradecimentos:Gostariamos, em primeiro lugar, de agra-decer à Escola de Fuzileiros todo o apoio prestado, quer pela coordenação do Sar-gento FZ Moreira, quer pela disponibilida-de e operacionalidade do CAB FZ Pinto, no acompanhamento e exposição na visita ao Museu. O mesmo agradecimento aos CAB FZ MEF Rodrigues e CAB FZ MEF Louren-ço, ambos do Serviço de Educação Física, pela forma como ministraram a formação de Natação de Salvamento e de Luta de Aplicação Militar, respetivamente.

TEN Ricardo RosinhaCmdt. Unidade Cadetes do Mar Fz

Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros

2.ª Actividade 2018/19 – Escola de Fuzileiros10 de Novembro de 2018

cadetesdomar

41O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Foi a 3.ª sessão da Edição de 2018/2019 com a pre-sença dos 4 Cadetes do Mar Fuzileiros e, como já vem sendo habitual, tivemos também a presença do

Director de Instrução do Corpo de Cadetes do Mar de Portugal, o CFR Bellem Ribeiro que acompanhou esta visita ao NRP CORTE REAL.

Esta enquadrou-se no tema que o grupo escolheu abor-dar para efeitos do seu trabalho anual: “A participação da Marinha Portuguesa na “Standing NATO Maritime Group One” (SNMG1), através do envio do NRP CORTE REAL.

À chegada ao cais da Base Naval de Lisboa (BNL) fomos brindados com uma imagem da Esquadra da Marinha Portuguesa digna de retrato, com inúmeros navios atracados ao longo do cais.

A subida a bordo do NRP CORTE REAL respeitou o Cerimonial Marítimo, tendo os Jovens Cadetes sido recebidos pelos mili-tares de Serviço.

Após os cumprimentos, dirigimo-nos para a Camarinha dos Oficiais onde o 1TEN Sebastião Domingues e a GMAR Matos Aresta nos apresentaram o “Briefing de Capacidades e Organização de Bordo”. Na apresentação foram abordados vários te-mas relacionados com o Navio tais como: dados operacionais, plataforma e propulsão, armas e sensores, organização de bordo, quadro de emprego e a recente participação na missão SNMG1.

Durante a apresentação foi possível verificar o interesse dos Jo-vens Cadetes nas características do Navio, bem como em porme-nores e curiosidades relativas à participação do Navio na missão, interesse reflectido nas questões colocadas aos oficiais presentes.

Terminada a apresentação, seguiu-se a visita ao Navio, permitindo aos Jovens Cadetes a visualização e constatação de alguns dos itens referidos durante a apresentação, bem como o esclareci-mento de novas dúvidas que foram surgindo.O período da tarde foi dedicado ao trabalho de grupo, revisão do trabalho já efectuado e (re)definição das linhas orientadoras e Cerimonial Naval (foco na Missão, Meios e Hierarquia Militar da Marinha).

TEN Ricardo Rosinha

Cmdt. Unidade Cadetes do Mar Fz

3.ª Actividade 2018/19

NRP Corte Real

12 de Janeiro de 2019

Sócio da AFZParticipa, colabora e mantém

as tuas quotas em dia.

NIB

0035 0676 0000 8115 8306 9

IBAN

PT50 0035 0676 0000 8115 8306 9

42

outraperspectiva

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Introdução

Sobre a Guerra Colonial já muito se tem escrito sobre diferentes perspectivas, realçando normalmente os factos e feitos dos nos-sos militares que nela participaram, honrando a pátria.

Também alguns estudos sociológicos e artigos de opinião se de-bruçam sobre as marcas indeléveis que a guerra deixou na socie-dade portuguesa de então e suas consequências futuras.

A Revista “O Desembarque” tem também abordado a questão num ou noutro artigo esporádico que os seus colaboradores en-tendem propor para publicação.

Nas cerimónias comemorativas da guerra colonial e que homena-geiam os seus combatentes, são também, normalmente, lembra-das as famílias que suportaram as suas ausências. No entanto, raros têm sido os casos em que familiares de combatentes escre-vem e falam das suas angústias na primeira pessoa.

Surge agora a oportunidade pela boa vontade de Alice Guerra, es-posa de um dos nossos camaradas e sócio da nossa Associação, a quem desde já se agradece a disponibilidade e se incentiva a

continuar a escrever para esta nova rubrica “Guerra Colonial – Uma outra Perspectiva”.

Espera-se também que, seguindo-lhe o exemplo, outras esposas, filhos e filhas e outros familiares de combatentes, escrevam e partilhem também os seus casos de imposta separação, prolon-gada e por vezes definitiva.

Não queremos restringir a colaboração apenas aos familiares pró-ximos de militares que combateram na guerra colonial mas, bem pelo contrário, também aos que, depois disso, continuam a cum-prir missões internacionais de períodos prolongados de ausência das respectivas famílias.

A revista “O Desembarque” acolherá com muito gosto os artigos que lhe cheguem para alimentar esta nova rubrica e que serão certamente do interesse dos nossos estimados leitores.

Segue o texto de Alice Guerra que, mais uma vez, agradecemos.

A Direcção

Sr. Comandante Benjamim Correia,

Venho por este meio e conforme o combinado no almoço de Natal da

vossa Associação de Fuzileiros, escrever sobre o papel da mulher que, durante a guerra dita colonial, cá ficou e foi sempre tão esquecida. Só neste almoço fizeram uma pequena alusão a esse tema, mas muito pequena.

Vou dar início a minha apresentação, chamo-me Alice Guerra e o meu marido é o Guerra a quem por graça chamavam o (Puto) nome que lhe assentava bem, pois ele tinha apenas 18 anos.

Conforme lhe disse não sou escritora nem pouco mais ou menos, simplesmente gos-to de escrever e faço-o com a minha hu-mildade.

Ao dar início a este manuscrito gostava de alertar que as famílias nunca são men-cionadas, os pais, os irmãos e restantes familiares, quanto sofreram e alguns até nunca mais os viram. E nós as namoradas, jovens algumas já casadas e com filhos,

Guerra Colonial Uma outra perspectiva

Vivências

Alice Guerra

43

outraperspectiva

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

outras grávidas. Eu por exemplo, tinha 15 anos e fiquei 26 me-ses à espera do meu namorado querido, nesse tempo todo, fui uma vez ao cinema com uma colega, mas a minha mãe chamou--me logo à atenção, tinha de ter muito respeito porque se não os namorados deixavam-nos e não era isso que nós queríamos. E assim perdi a minha adolescência. Era assim há 50 anos, an-damos sempre com o coração nas mãos e pedindo a Jesus que regressassem sãos e salvos.

Cá ficaram com os filhos, mulheres viúvas e outras que os mari-dos nunca voltaram porque, entretanto, arranjaram outra família e por lá ficaram.

De maneira nenhuma se pode tirar o valor aos vossos heróis, eles sofreram na pele e na carne as adversidades de uma guerra e alguns ainda carregam grandes problemas psicológicos de gran-de sofrimento e muito difíceis de ultrapassar. Mas, as eternas esquecidas, também tiveram o seu papel com as suas cartas de conforto e de amor, tentando dar carinho para as horas em que estavam no mato.

A Céuzinha, uma jovem de boas famílias, o seu amado foi para a guerra e ela, como quase todas, ficou desgostosa e muito triste. Foi sempre escrevendo e o namorado também, cartas de amor

que tão feliz a faziam, mas as cartas foram começando a escas-sear pela parte do noivo até que acabaram definitivamente.

A Céuzinha era modista de vestidos de noiva e até já tinha dese-nhado o seu vestido, até que veio a saber que o amor da vida dela tinha casado e até já era pai.

Pobre Céu, enlouqueceu, deixou de ter capacidade para trabalhar. Os Pais tentaram ajudá-la e houve um médico que lhe disse que um desgosto de amor se cura com outro amor. Mas a Céu já tinha tido intimidades com aquele homem que para ela era tudo, ficou marcada para sempre. A infeliz foi definhando e acabou por morrer jovem desgostosa e abandonada. Quantas Céus sofreram desta ou de outras formas e nunca se fala delas.

Continuo a dizer que vocês foram uns heróis, o nosso orgulho, mas por favor não esqueçam as famílias e as namoradas que também sofreram de outra forma. Eu tive a sorte de voltar a abra-çar o amor da minha vida. Casei com 18 anos e o meu marido com 20, faz em julho de 2019, 40 anos.

Obrigada pela vossa atenção e um ano novo muito próspero,

Atenciosamente,

Alice Guerra

Foto

s do

Alf.

Méd

ico

Albe

rto L

ema

Sant

os, B

Caç

1933

• T

T Uí

ge, r

egre

sso

Biss

au -

Lis

boa,

Ago

sto

1969

44

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Realizou-se em Quelfes, no passado dia 26 de Novembro de 2018, na sede do Grupo Etnográfico de Quelfes, a 7.ª Edição da Grande Noite de Fados que contou, este ano, com 125

convidados.

A noite foi animada pelo nosso ilustre camarada e amigo José Manuel Parreira e pelos Fadistas: Sara Gonçalves, Rita Viola (de

apenas 9 anos), Manuela Viegas e o nosso totalista e sempre amigo Chi-co Godinho.

Tivemos ainda a honrosa presença do senhor Bruno Alves, da Junta de Fre-guesia de Quelfes, do senhor Orlando Formigo, Presidente do Grupo Etnográ-fico de Quelfes e da Guarnição da NRP Dragão.

A convite do Clube Naval de Portimão, seis membros da DFZA estiveram presentes nas comemorações do 60.º aniversário desta instituição.

O evento realizou-se em Portimão, no passado dia 13 de Outubro de 2018, com um jantar de gala onde, além do excelente conví-vio gastronómico, se cultivaram importantes relações sociais e se trocaram experiências sobre a arte de navegar e sobre o nosso Mar.

Delegação de Fuzileiros do Algarve(DFZA)

60.º Aniversário Clube Naval de Portimão

7.ª Noite de Fados

Realizou-se em Quelfes no passado dia 10 de Novembro de 2018 o II Arraial de S. Martinho FZ. O evento começou ao nascer do dia com a tradicional matança, seguindo-se um

jogo de futebol entre as “Velhas Glórias de Quelfes” para estimu-lar o apetite.

O almoço convívio,que durou até ao fim da noite, contou com a presença de um porco preto de 120 Kg e de quarenta comensais que saborearam o petisco e foram convivendo ao som do “acor-deon”, sempre acompanhados de bom vinho caseiro e castanha assada.

O evento ficou ainda marcado pela oferta de uma escultura do “Fuzileiro” ao Presidente da DFZA, oferta que lhe foi feita pelo nos-so camarada e amigo sargento Martins, de Santa Luzia – Tavira.

II Arraial do S. Martinho FZ

Reparação e Manutenção InformáticaVersátil & Transversal Unip. Lda.

Rua Dr. Manuel Pacheco Nobre 37B 2830-080 Barreiro - 96 432 79 38www.versatil-e-transversal.pt [email protected]

Desconto de 10% emconsumíveis e equipamentos

Desconto de 25%em reparações

Sócios AFZ e Familiares

45

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

A DFZA esteve em Esposende, no passado dia 30 de Novem-bro de 2018, para apresentar cumprimentos à Presidência da Câmara Municipal.

Na ocasião foi oferecida àquela entidade uma “Cresta da DFZA” como símbolo das boas relações que mantêm com a nossa Dele-gação há cerca de 3 anos.

Foi com muita honra que a DFZA se fez representar em Silves, no pas-sado dia 16 de Dezembro de 2018, com 4 elementos na Cerimónia de Inauguração do Monumento de Homenagem aos Combatentes, a

convite da organização que esteve a cargo da Liga de Combatentes e da Câmara Municipal de Silves.

A DFZA esteve presente com 5 elementos para dar apoio nas provas de vela ligeira, organizadas pelo Clube Naval de Por-timão no passado dia 15 de Dezembro de 2018. Este tipo de

apoio acontece regularmente, fomentando o bom relacionamento que se vem mantendo com aquele Clube Naval.

A DFZA esteve presente em Portimão, no passado dia 11 de Dezembro de 2018, a convite da Câmara Municipal, para participar na da cerimónia do hastear da bandeira nos paços

do concelho.

Visita à Câmara Municipal de Esposende

Inauguração do Monumento ao Combatente em Silves

Vela Ligeira - 3.ª Prova do Campeonato do Algarve

Dia da Cidade de Portimão

Rua Fernão Lopes 1, 2800-171 Almada

Tel: 210862418 – Tem: 968050054

E-mail: [email protected]

46

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

No passado dia 24 de Janeiro de 2019, os Presidentes da Delegação de Fuzileiros do Algarve e do Clube Escolamizade efectuaram uma visita à casa de acolhimento para crianças

“Os Pirilampos” para entregar as prendas recolhidas por ocasião do almoço de Natal.

Foram entregues 80 peças de vestuário e 25 brinquedos.

Realizou-se no dia 19 de Janeiro de 2019, nas instalações do Clu-be Naval de Portimão, a habitual

Assembleia Geral da DFZA para apre-sentação de contas aos associados do exercício referente ao ano de 2018.

O acto decorreu com normalidade e com a presença de um bom número de membros desta Delegação.

A Delegação de Fuzileiros do Algarve em parceria com o “Clube Escolamizade”, organizaram o seu tradicional almoço

de Natal, no passado dia 16 Dezembro 2018, no restaurante “Sol Nascente” em Albufeira. O evento foi animado e contou com a presença de 92 camaradas e familiares. Aproveitamos a ocasião para proceder a uma entrega de pren-das e roupas para doação.

Visita à Casa de acolhimento para

crianças “Os Pirilampos”

Assembleia Geral da DFZA e Apresentação de Contas

Almoço de Natal DFZA

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

47

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

A Delegação da Associação de Fuzileiros da Beira (DFZBA) or-ganizou, no passado dia 24 de Novembro, as comemorações do seu primeiro aniversário como Delegação e, atendendo

à proximidade da época natalícia, associou também o evento ao tradicional convívio de Natal.

Dirigido o convite aos seus associados e familiares, estes com-pareceram em grande número enchendo com muita alegria o Restaurante Mesa da Sé, junto à magnífica Sé de Viseu, que os recebeu com muita simpatia como os beirões sabem fazer.

Foi com muita honra que a DFZA recebeu também nas suas Ins-talações os Presidentes e deputações das outras Delegações e Núcleos da Asso-ciação de Fuzileiros, excepto da Delega-ção do Algarve que por motivos de força maior, não puderam estar presentes.

A concentração dos convivas ocorreu na sede da Delegação, sita na Travessa de São Lázaro n.º 12, e foi aí, na sala de reu-niões, onde o Presidente da DFZBA dirigiu palavras de boas vindas a todos e aprovei-tou, de seguida, para mostrar as restantes dependências que lhes foram cedidas pe-las autoridades autárquicas de Viseu para seu usufruto da desta Delegação.

O almoço decorreu com a alegria habitual deste tipo de encontros onde predominou a boa disposição, o convívio fraterno de camaradas d’ armas, juntamente com os seus familiares, num ambiente fantástico e com excelente gastronomia a acompanhar.

No final do repasto houve os tradicionais discursos onde se ex-pressaram os sentimentos que a todos iam na alma, com realce para o do Presidente da Delegação anfitriã, que proferiu palavras emocionadas de carinho e amizade por todos os presentes e au-sentes e de alegria por conseguir ter concretizado a ideia que o apoquentava de fazer algo pela Marinha e pelos Fuzileiros na Beira Alta.

Temos a Delegação de Fuzileiros da Beira Alta para crescer e du-rar….

Houve também a tradicional troca de prendas e, como não pode-ria deixar de ser, entoou-se o Hino da Associação e proferiu-se com toda a “cagança” o “Grito do Fuzileiro”.

Obrigado a todos pela presença.

No dia 1 de Dezembro passado a Delega-ção da Associação de Fuzileiros da Beira Alta esteve representada pelo seu Pre-

sidente e outros membros da Direcção, com o respectivo Guião, nas comemorações do 8.º Aniversário da Delegação de Fuzileiros do Douro Litoral (DFZDL).

Sempre a ver e a sentir o Douro, o acolhimen-to foi excelente e o programa recheado de eventos culturais em que inclui o excelente almoço-convívio.

A DFZBA agradece o convite e endereça os parabéns à DFZDL por mais um aniversário, formulando votos para que continue activa e prestigiada como até agora e por muitos e bons anos.

Delegação de Fuzileiros da Beira Alta (DFZBA)

1.º Aniversário da DFZBA e Almoço de Natal

8.º Aniversário da DFZDL

48

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

No dia 9 de Setembro e a convite do Núcleo de Mari-nheiros de Arganil, a Delegação de Fuzileiros do Douro

Litoral esteve representada para comemorar o seu 41.º aniversário.

A concentração aconteceu na sede da Liga de Comba-tentes, simultaneamente sede do Núcleo de Marinheiros, onde cumprimentámos os amigos e onde admirámos o gigantesco espólio que ali está instalado e que é oriundo dos três ramos das Forças Armadas.

Esta Sede está instalada numa antiga “casa do canto-neiro”, instalações pertencentes à Direcção de Estradas do distrito de Coimbra entretanto cedidas ao Núcleo dos Combatentes.

Seguiu-se uma romagem ao monumento aos combaten-tes onde foi colocada uma coroa de flores, declamado um poema de Fernando Pessoa, “Mar Português” e respeita-do um minuto de silêncio.

Feitas as fotos da praxe seguiu-se um excelente almoço, na Senhora do Monte Alto, que decorreu em ambiente de sã camaradagem.

No final cortou-se o bolo comemorativo e foram cantados os parabéns.

Os Veteranos do Concelho de Fel-gueiras comemoraram no dia 9 de Setembro o 9.º aniversário da cons-

trução do monumento aos Combatentes.

O programa constou de uma missa na igreja Matriz seguida de uma marcha ao

monumento, tendo sido deposta uma co-roa de flores em memória dos que tomba-ram em África.

Após o almoço o convívio decorreu no salão nobre da Câmara Municipal de Fel-gueiras com uma sessão solene onde fo-

ram distribuídas medalhas de Campanha a diversos ex-combatentes que serviram Portugal em África.

A Delegação de Fuzileiros do Douro Litoral esteve representada pelo Sar. FZ Teixeira Pinto e Mar. FZ Joaquim Pimenta.

41.º Aniversário do Núcleo de Marinheiros de Arganil

Aniversário do Núcleo de Veteranos de Felgueiras

Delegação de Fuzileiros do Douro Litoral(DFZDL)

49

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

No dia 24 de Novembro Viseu tornou-se o palco de mais um encontro de camara-das Fuzileiros.

A Delegação de Fuzileiros do Douro Litoral esteve presente no 1.º Aniversário da Dele-gação de Fuzileiros da Beira Alta, com quatro elementos e com o seu Guião que muito pres-tigiou a cerimónia, que foi muito agradável, apesar de singela.

Houve lugar para conversas, para contar his-tórias e para rever os amigos. Após a troca de presentes e de algumas palavras, cortou-se o bolo comemorativo e foram cantados os para-béns. Entre alguns “Fuzos, prontos”, foi can-tado o Hino da Associação de Fuzileiros com a participação de todos os presentes.

No primeiro dia de Dezembro, data histórica para Portugal, a DFZDL co-memorou o seu 8º aniversário e al-

moço de Natal, na sua curta história.

Pelas 09.00 horas iniciou-se a concentra-ção na Sede, em Canelas. Os amigos fo-ram chegando e o café quentinho e o tra-dicional porto fizeram as honras da casa.

Às 11.00 horas dirigimo-nos ao monu-mento ao Combatente, na Afurada, onde foi realizada uma singela cerimónia de ho-menagem com a deposição de uma coroa de flores e o respeitar de um minuto de silêncio.

Posteriormente deslocámo-nos ao museu da Afurada onde foi possível apreciar o

vasto espólio da arte de pesca tradi-cional do rio Douro.

Já com os estômagos a pedir ener-gia, rumámos ao Herança Magna onde, após o toque de silêncio com passagem da letra com a sua histó-ria, foi então servido o almoço.

Houve lugar para as tradicionais ofertas, os discursos e até para o fado com que o camarada Parreira nos brindou.

Seguidamente cortou-se o bolo, cantando os parabéns.

Obrigado a todos os camaradas que nos visitaram.

No dia 17 de Novembro de 2018, três elementos encabeçados pelo presidente da Delegação de Fuzileiros do Douro Litoral, estiveram presentes

em mais um aniversário da Associação de Marinhei-ros de Almeirim.

Foi um enorme privilégio estar com estes marinheiros com quem a Associação de Fuzileiros em geral e a sua Delegação do Douro Litoral em particular man-têm.

Aniversário da Associação de

Marinheiros de Almeirim

1.º Aniversário da Delegação de Fuzileiros da Beira Alta

8.º Aniversário da Delegação de

Fuzileiros do Douro Litoral

50

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

No dia 26 de Janeiro, a DFZDL deslocou-se a S. Martinho da Gân-dara para um intercâmbio desportivo com a Direcção do CDC.

Iniciámos a visita com os cumprimentos ao presidente e vice--presidente da Junta de Freguesia, misturámos as conversas com um café, visitámos as instalações e mostrámos algumas limitações que temos nas infraestruturas e que era desejável melhorar.

Depois disto equipámo-nos e todos juntos formámos duas equipas, o que permitiu a tro-ca de bola e o aquecimento para o banho.

O encontro terminou com um agradável almoço e a convi-vência salutar entre visitados e visitantes, finalizando com a foto da praxe.

Obrigado ao Presidente da DFZDL por ter motivado os seus elementos e aceite o convite do CDC para estar pre-sente neste intercâmbio. Ficou prometidos que voltaremos a repetir esta experiência.

No dia 17 de Janeiro, a convite do coman-dante da Zona Marítima do Norte, a DFZDL foi convidada, na pessoa do seu presidente,

Henrique Mendes, a estar presente na cerimónia de Entrega de Comando.

O porto de honra foi servido no terminal de Ma-tosinhos, onde a Banda da Armada abrilhantou a cerimónia.

Intercâmbio com o Centro Desportivo e Cultural de S. Martinho da Gândara

Rendição de Comando da Zona Marítima do

Norte

Estrada das Palmeiras, 55 | Queluz de Baixo 1004 | 2734-504 Barcarena | Portugal | T.(+351) 214 349 700 | F. (+351) 214 349 754 | www.mjm.pt

Um mundo de soluções para o seu lar... UMA ASSOCIAÇÃO VIVA E PARTICIPADAEstimados sócios,Como já vem sendo prática na nossa Asssociação, as Reuniões da Direcção são abertas aos sócios sendo, para o efeito, amplamente publicitadas.A Direcção agradece todos os contributos que, de viva voz ou por qualquer outra via, os sócios nos queiram fazer chegar.Os interessados devem, sempre que possível, inscrever-se préviamente no secretariado.

A Direcção da AFZ

51

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Inauguração de Monumento dos Marinheiros em Estremoz

A 3 de Novembro de 2018, a DFZJE participou com uma forte presença na cerimónia de inauguração do Mo-

numento aos Marinheiros do Concelho de Estremoz, obra realizada pela Associação Cultural e recreativa dos Marinheiros de Estremoz (ACRMOZ) a convite do seu pre-sidente Sr. Francisco Cuco ao qual desde já agradecemos o honroso convite.

A cerimónia foi presidida pelo Chefe do Estado Maior da Armada e Autoridade Ma-rítima

Nacional, Almirante Mendes Calado, tendo também a presença de autoridades polí-ticas, militares e policiais assim como de autarcas da região e representantes de várias organizações culturais, desportivas e recreativas do concelho.

O monumento inaugurado, uma hélice com mais de dois metros de diâmetro e 830 quilos de peso e uma âncora, estão instalados entre o edifício do Centro de Emprego e Formação Profissional de Es-tremoz e a Escola Básica 2,3 Sebastião

da Gama, tendo como principal objectivo perpetuar a memória dos marinheiros re-sidentes no concelho, antigos, actuais e vindouros.

Depois dos discursos seguiu-se um exce-lente repasto num restaurante da cidade onde se gerou um excelente convívio e re-encontro entre camaradas, alguns depois de muitos anos sem se verem.

A PÁTRIA HONRAE QUE A PÁTRIA VOS CONTEMPLA

Delegação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas(DFZJE)

A 24 de Novembro de 2018, a DFZJE partici-pou nas comemorações

do 1.º aniversário da nova Delegação de Fuzileiros da Beira Alta, DFZBA, que resul-tou num excelente convívio entre camaradas.

Apraz-nos verificar a vontade de fazer bem da nova Dele-gação o que lhe perspectiva um futuro risonho e que terá sempre o apoio desta DFZJE.

Na pessoa do seu presidente, Luís Castro um forte abraço a todos os camaradas da DFZBA e desejos de muito sucesso.

1.º Aniversário da Delegação de Fuzileiros da Beira Alta

52

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

No dia 15 de Dezembro de 2018, sócios e familiares da DFZJE juntaram-se no restaurante A Sentinela do Guadiana, em Juromenha, para o jantar de Natal anual, jantar esse

que decorreu em franca camaradagem e alegria entre todos os comensais, ajudados pelo bom vinho alentejano e os magníficos petiscos da casa.

Este ano houve uma surpresa, pois o pai Natal fez uma deslo-cação antecipa-da e apareceu neste convívio para fazer en-trega de umas lembranças às crianças pre-sentes e dese-jar um bom ano de 2019 a toda família AFZ e seus familiares.

Mais uma vez, a DFZJE esteve presente no almoço de Natal da nossa Associação, este ano com a ilustre presença do Exm.º Sr. Almirante CEMA Alm. Mendes Calado.

O Espírito de Corpo, a camaradagem e o sentido de pertença con-tinuam presentes nas antigas e novas gerações de Fuzileiros o que nos enche de orgulho e de emoção. Até o próximo ano.

FUZILEIRO UMA VEZ, FUZILEIRO PARA SEMPRE

Almoço de Natal AFZ Jantar de Natal da DFZJE 2018

delegações

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt 53

GMF-OPS - Passado, Presente e Futuro

Delegação de Fuzileiros da Polícia Marítima(DFZPM)

O Grupo de Mergulho Forense – Ope-rações Policiais Subaquáticas (GMF--OPS) da Polícia Marítima (PM)

nasce da necessidade da PM ter a capa-cidade técnica e operacional de proceder à recolha de vestígios e provas na área de competência e responsabilidade, e poder responder às solicitações de foro policial que outras entidades requeiram e para a qual não havia resposta adequada.

Em 2007 os primeiros elementos da PM efectuam a formação de mergulhadores profissionais, e posteriormente formação de recolha de provas e vestígios, pelo que em 2008 é formalizada a formação do GMF, inicialmente com o grupo sediado no continente, mais concretamente em Sesimbra. Posteriormente são implemen-tados os destacamentos do GMF-OPS nas regiões autónomas dos Açores e Madeira, sediados em Ponta Delgada e Funchal, respectivamente.

O GMF-OPS é um grupo de reserva da PM com pessoal em estado de prontidão permanente, especialmente preparado para intervir em toda a área de jurisdi-ção da Autoridade Marítima Nacional e da Autoridade Portuária, em operações de mergulho forense, e capaz de con-duzir acções de investigação do foro criminal nos espaços subaquáticos, de forma a garantir os objectivos do pro-cesso penal, designadamente a obten-ção e preservação de meios de prova. A acção do GMF-OPS contribui também para a protecção de pessoas e bens na zona molhada, ou em áreas marítimas e não marítimas fora das zonas nacionais, sempre que a segurança e o interesse pú-blico assim o exijam.

A primeira missão operacional data de 3/2008 e consistiu na detecção e recupe-ração de diversas armas de guerra G3 e diverso material furtado, nomeadamente motociclos, máquinas de tabaco e caixas registadoras.

Desde então, o GMF-OPS tem cerca de 600 missões efectuadas de âmbito ope-racional em diversas áreas e cenários e em colaboração com diversas entidades, tais como: buscas, recolha e preservação de vestígios/provas de crime, buscas e recuperação de armas, munições e mate-rial furtado, peritagem de sinistros marí-timos, buscas e detecção e recuperação/reflutuação de embarcações/viaturas e aeronaves, tendo colaborado com diver-sos Comandos Locais da PM e com ou-tras entidades, nomeadamente a Polícia Judiciária, a PSP, Bombeiros e Ministério Publico. O GMF-OPS tem executado, além das missões operacionais, diversas pe-ritagens técnicas e de consultadoria em processos-crime e contraordenacionais, bem como participado em exercícios de protecção civil, sendo ainda frequente a participação do GMF-OPS como membro convidado em palestras/seminários/con-ferências na área do mergulho, investiga-ção criminal e protecção civil.

O GMF-OPS e os seus elementos têm sido agraciados com diversos louvores e men-ções de apreço, sendo que em 4/2018 este grupo foi reconhecido pelo Almirante Autoridade Marítima Nacional – Almirante Mendes Calado com a medalha de Ser-viços Distintos da PM – Grau ouro, pelos seus 10 anos de serviços em prol do bem comum. É ainda relevante o protocolo es-tabelecido entre a PM e a PJ para a recolha

e preservação de indícios/provas em meio subaquático bem como a formação e procedimentos estabelecidos entre estas 2 instituições neste âmbito, sendo que esta estreita colaboração tem sido profícua para ambas, bem como a presença permanente desde 2015 de 2 elementos deste grupo na equipa da PM em missão da operação POSEIDON – Grécia da agência europeia FRONTEX.

O futuro do GMF-OPS passa pela formação contínua dos seus elementos, bem como pela entrada de novos operacionais, e na manutenção das capacidades/materiais já adquiridas e pela aquisição de novos equi-pamentos que se verifiquem necessários e essenciais para a execução das missões atribuídas.

Ora, face ao volume de operações e ao sucesso na execução das mesmas, bem como ao reconhecimento e prestígio que o GMF-OPS tem granjeado junto de várias entidades, verifica-se que a implementa-ção e a existência deste Grupo e valência é um facto importante e consolidado, que veio dotar a Polícia Marítima, a Autorida-de Marítima Nacional e Portugal de uma mais-valia e capacidade para fazer face às situações que ocorrem na sua área de res-ponsabilidade bem como no apoio a outras entidades e áreas de actuação.

Como nota final, realço que diversos ele-mentos do GMF-OPS são fuzileiros, mui-tos deles integrantes da DFZPM, sendo que a postura, dedicação e perseveran-ça são características “bebidas” na casa mãe em Vale de Zebro.

DFZPM

54

núcleodefuzileirosmotociclistas

O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Decorreu no passado sábado, dia 19 de janeiro de 2019 o al-moço/convívio, comemorativo do 5.º aniversário da Rádio Fi-lhos da Escola, “NÚCLEO DA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS”

que decorreu mais uma vez no Restaurante “O Cristino”, na Amora.

O convívio, contou com a presença do Presidente da Associação de Fuzileiros, Comandante Manuel Leão de Seabra e de um dos vice-presidentes, o João Domingos Guerreiro e decorreu num am-biente de grande alegria e camaradagem. Cerca de 40 pessoas estiveram presentes o que nos deu enorme satisfação.

O serviço prestado pelo Restaurante foi impecável com um exce-lente bacalhau à minhota e grelhados variados, tudo acompanha-do com vinhos, branco e tinto de qualidade. A simpatia do Staff foi também bem notada.

Após o repasto houve lugar a várias intervenções. Abriu, a agra-decer a presença de todos, o Luís Lopes “Locutor, coordenador de

O Núcleo de Fuzileiros Motociclistas continua a marcar pre-sença em todos os eventos da Associação e das suas De-legações. Gente das “duas rodas” que empresta sempre

muito brilho onde se apresentam e são sempre recebidos com muita alegria.

Apesar de toda esta actividade tiveram ainda tempo para cele-brarem o Natal Motociclista tendo reunido os seus membros num almoço que teve lugar no Restaurante da Associação no passado dia 9 de Dezembro e que contou com a sempre apreciada pre-sença do Presidente da Direcção da AFZ o Comandante Leão de Seabra.

O almoço foi antecedido de uma visita ao Museu Industrial da Baía do Tejo (Parque Quimigal) que nasceu inspirado na antiga CUF e mostra o legado histórico do que foi um dos complexos industriais mais importantes da Europa em meados do século XX.

E repetido o que se vai tornando numa legenda quase obrigató-ria: “continuam a espalhar charme e alegria por onde passam, mostrando o seu amor aos Fuzileiros e à Marinha”.

Núcleo de Fuzileiros Motociclistas(NFZM)

5.º Aniversário

Rádio “Filhos da Escola”

programas e conteúdos”. O Presidente da AFZ discursou então e elogiou a RFE pelo seu 5.º aniversário e pela camaradagem paten-te no convívio. O Artur “Locutor” brindou também o Comandante Seabra com o seu excelente livro “PEQUENOS NADAS”. Entretanto foi ouvido um poema declamado pelo nosso amigo Euclides Cava-co, “POETA E DECLAMADOR” residente no Canadá que não quis deixar de estar presente, apesar de ser apenas com a sua voz, ao enviar-me um poema gravado e alusivo ao evento. Ao meu grande amigo o meu obrigado.

Todos foram lembrados, e lidas mensagens de quem não pôde estar presente: do Manuel Cardoso de Águeda (fundador da RFE) e do Ilídio Maia Fernandes de Frankfurth.

A parte recreativa e musical, veio a seguir, com fados, estórias e anedotas, pelo José Manuel Parreira (que também fez a apresen-tação). O fado veio pela voz dos nossos amigos, Nelson Abreu, Parreira e Doellinger. O nosso amigo João Serra com a sua viola, cantou “ Vivam os Filhos da Escola” e foi graças a ele que tivemos um som excelente, pois além da guitarra levou a sua aparelhagem de som. No final cantou-se em coro o “Vila de Frades”, acompa-nhados pelo guitarrista Alberto Raio e o “viola” João Marcelino que, a título gracioso, abrilhantaram a nossa festa.

O nosso encarecido obrigado a todos os que tornaram possível, e abrilhantaram este maravilhoso sábado de puro convívio.

Depois de se ter partido o bolo comemorativo, e de o termos acom-panhado com magnífico espumante, cada um regressou aos seus destinos, com ar feliz, apelando a que no próximo ano possa ser repetida a dose.

Obrigado a todos, e até 2020.

Afonso BrandãoCoordenador de imagem e marketing da Rádio Filhos da Escola

obituário

55O DESEMBARQUE • n.º 32 • Março de 2019 • www.associacaodefuzileiros.pt

Aqui se presta homenagem aos que nos deixaram

diversos

Donativos à AFNome do sócio N.º Donativo

Jose Bernardes Monteiro 1225 10.00 €

D.ª Conceicão Silva (Viúva do SAj Piçarra) 167 20.00 €

D.ª M.ª Proença Pais (Viúva do SMor Ribeiro Pais) 1333 10.00 €

António Caldeira Pesanha 386 30.00 €

Martinho Alves 1837 50.00 €

Anónimo (para a revista “O Desembarque”) 1000.00 €

Bento Dias Gonçalves 1683 10.00 €

A Associação Nacional de Fuzileiros e a Revista “O Desembarque” apresentam sentidas condolências às Suas Famílias, publicando-se as respectivas fotografias que correspondem às que encontrámos nos nossos ficheiros.

Estes nossos Camaradas e Amigos permanecerão para sempre entre nós!

Manuel Maria de Carvalho DiogoSócio n.º 1496

CTEN FZE 49335817/09/1938 a 04/02/2019

António José Silva RegoSócio n.º 2504

2.º MAR FZ 72228407/07/1963 a 27/10/2018

Novos SóciosNome do sócio N.º

Joaquim Manuel Oliveira Calado 2656

José Manuel dos Remédios Silveiro 2657

José Moreira da Costa 2658

José Lopes Ribeiro de Magalhães 2659

Joaquim de Sousa Pimenta 2660

José Eduardo Lopes Leal 2661

Alfredo Jorge Mota Matos Guerra 2662

Carlos Alberto da Conceição Mota 2663

José Maria Oliveira Leitão 2664

Belmiro dos Santos Fernandes 2665

José Pedro da Cunha Machado 2666

Américo Morais de Almeida 2667

Joaquim José Gomes Martins 2668

Carlos Manuel Marinho Pinto 2669

M.ª do Rosário C. Melo dos Santos da Costa 2670

Carlos Alberto Seabra Viana 2671

Nuno Miguel Guerreiro Costa 2672

Luis Carlos Silva Borges 2673

Nelson António Abreu 2674

José António Marques Pedro 2675

Liberato José Silva António 2676

Arminda Jesus Lourenço PintoSócia n.º 1405

31/03/1942 a 20/01/2019