revista extra classe - setembro de 2014

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Publicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação em Educação Pública do RN.

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Page 2: Revista Extra Classe - Setembro de 2014

EditorialAv. Rio Branco, 790 - Centro - Natal/RNFones:(84)3211-4434 ou (84)3211-4432

E-mail: [email protected]

Coordenação Geral José Teixeira da Silva , José Rômulo Arnaud Amâncio

e Maria Luzinete Leite (Em exercício)

Diretoria de Organização Maria Vicência A. dos Santos e Francisco de Assis Silva

Diretoria de Administração e FinançasMaria Luzinete Leite de O. Pinto e Cristiane Medeiros

Dantas

Diretoria de Assuntos JurídicosVera Lúcia Alves Messias e Milton Urbano Aires

Diretoria de ComunicaçãoIonaldo Tomaz da Silva e Francisco Leopoldo Nunes

Diretoria de Relações Sindicais Marcondes Alexandre da Silva eFrancisco Alves Fernandes Filho

Diretoria de Formação Sindical e EducacionalEliane Bandeira e Silva e Alcivan Medeiros da Silva

Diretoria de Cultura e Lazer Maria Beatriz de Lima e Joildo Lobato Bezerra

Diretoria de Organização da Capital Enoque Gonçalves Vieira e Sérgio Ricardo de C. de

Oliveira

Diretoria de Relações de Gênero Maria Inês de Almeida Morais e Maria Gorete dos

Santos

Diretoria de AposentadosMarlene Sousa de Moura e José Arimateia França Lima

Diretoria de Org. dos Funcionários da Educação Raimunda Nadja de V. Costa

João Willams da Silva

Diretoria de Admi. da Casa do Trabalhador em Educação

Simonete Carvalho de Almeida

Diretoria de Org. da Educação InfantilSandra Regina de Moura e Gidália Ferreira de Andrade

Suplentes do Conselho DiretorJosé Emerson E. da Silva Francelino, Marilanes França

de Souza, Maria de Fátima Costa, Inalda Teixeira de Lira, Edvar Nunes Duarte, Jucyana Myrna Teixeira da

Silva

Jornalistas responsáveis:Leilton Lima DRT/RN 579Gisélia Galvão DRT/RN 672Gilberto Oliveira DRT/RN 1641

Diagramação: MarknilsonBarbosaRevisão: Silvaneide DantasFotos: Lenilton Limae arquivos do SINTE/RN

Av. Cel. Estevam, 1139 - Cond. CECOM - Sala 09Alecrim - Natal/RN - Fone: (84)3212-2388

E-mail: [email protected]

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Sinte-RN faz campanha por ampliação de políticos que defendam os interesses da

categoria

esde sempre os donos do poder econômico en-tenderam a im-

portância de colocar os seus representantes no poder. Das Câ-maras de Vereadores até a presidência da República, cada segmento luta com unhas e dentes para ter o maior número de representantes. Já os traba-lhadores ainda resistem a essa prática. Não são poucos os que conside-

ram o traba-lhador que se candi-data como um “apro-v e i t a d o r querendo se dar bem”. E

assim, a cada ano eleitoral, a população elege as rapo-sas que irão cuidar do gali-nheiro. O resultado não po-dia ser diferente: decepção e indignação. O Rio Grande do Norte é um dos Estados mais atrasados no que diz respeito à representação política dos trabalhadores. Dos 24 deputados estaduais, apenas um tem origem na luta da classe trabalhadora. Os demais são empresários, ruralistas ou profissionais liberais. Assim, é pratica-mente impossível que os trabalhadores saiam vence-dores em uma disputa con-tra o Governo do Estado na Assembleia Legislativa do RN. A quase totalidade dos legisladores defende apenas seus interesses e os seus grupos de represen-tação. Sua posição varia a favor ou contra os trabalha-

dores, de acordo com a con-dição política do momento. Ou seja, defendem-se os tra-balhadores apenas nos mo-mentos em que os legislado-res fazem parte da bancada da oposição.

PLANO ESTADUAL Na próxima le-gislatura, por exemplo, os deputados irão votar o Pla-no Estadual de Educação a partir do Plano Nacional já aprovado. Uma votação im-portantíssima que definirá os avanços ou os retroces-sos para a educação pública para quase duas décadas, in-cluindo aí políticas salariais para os trabalhadores em educação. A dificuldade de encontrar uma maioria in-teressada em defender os interesses dos profissionais da educação levou o Sinte-

DAssembleia do RN tem apenas um representante oriundo das lutas da classe trabalhadora

-RN a lançar uma campanha que busca alertar para a im-portância de se aumentar a representatividade da cate-goria na política. O objetivo é orientar a categoria a votar em candidatos que tenham história e compromisso com a defesa da educação públi-ca e com seus trabalhadores, seguindo o exemplo dos de-mais segmentos da socieda-de que se unem para fortale-cer os seus interesses. O diretor de comu-nicação do Sindicato, Io-naldo Tomaz, explica que a campanha não assume de-fesa de partidos específicos. “Apenas estamos orientan-do que a categoria detecte entre os candidatos aqueles que mais se identificam com a classe trabalhadora, espe-cificamente os profissionais da educação pública do RN”, ressaltou.

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Empresários têmtrês vezes mais

representantes noCongresso

bancada dos empre-sários saltou de 219 integrantes na legis-latura passada, para

273 nesta que está chegando ao fim. Os deputados e sena-dores desse grupo são donos de grandes, médias ou pe-quenas empresas, acionistas ou quotistas de conglome-rados econômicos, comer-ciantes. Já os trabalhadores reúnem apenas 91 represen-tantes. Ou seja, os empre-sários têm quase o triplo de representantes a mais. Mas o que é ruim pode ficar ain-da pior. Essa diferença con-tra os trabalhadores pode

aumentar ainda mais. Se não houver um esforço para ampliar a bancada sindical, qualquer presidente eleito terá dificuldade de resistir à pressão empresarial, que cresce a cada eleição. Segundo o ana-lista político e diretor do Departamento Intersindi-cal de Apoio Parlamentar, Antonio Queiroz, é funda-mental o fortalecimento e a ampliação da bancada de parlamentares identificados com os movimentos sociais, particularmente o sindical, seja para apoiar as ações de governo favoráveis à classe

trabalhadora, seja para con-ter a investida das forças conservadoras. Sem uma grande bancada comprometida com os pleitos dos movimentos sociais, dos assalariados e de suas entidades represen-tativas, não será possível avançar em novos conquis-tas, tampouco aprovar te-mas como reforma política e redução da jornada, eli-minar os efeitos perversos do fator previdenciário e garantir proteção contra a despedida imotivada, além de ampliar a participação popular na formulação das

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Sem uma grande bancada comprometida com os pleitos dos movimentos sociais, dos assalariados e de suas entidades repre-

sentativas, não será possível avançar em novos conquistas

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políticas públicas, entre ou-tros pontos de interesse dos movimentos sociais.

OPORTUNIDADE Antonio Queiroz explica que os movimen-tos sociais, de modo geral, e o sindical, em particular, como representantes, arti-culadores e defensores dos interesses dos setores orga-nizados da sociedade, têm a

“A participação no processo político e eleitoral é a única

forma de influenciar na eleição de pessoas comprometidas com as causas e reivindicações dos

movimentos sociais.”

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obrigação de participar ati-vamente do processo eleito-ral. “Afinal, é nele que estão em disputa projetos de go-verno e de poder que afetam positiva ou negativamente os direitos e interesses da maioria do povo brasileiro”, ressalta. As eleições gerais são o momento em que, si-multaneamente, elegem-se os representantes e se defi-nem os projetos e progra-

mas de governo. Ou seja, é a oportunidade de influir na definição e legitimação das propostas e programas ou diretrizes a serem imple-mentados pelos futuros go-vernantes e legisladores. Para Antonio Quei-roz, a participação dos mo-vimentos sociais no proces-so eleitoral é absolutamente legítima e necessária. “Até para fazer o contraponto aos agentes econômicos e

de mercado, que financiam campanhas e apoiam candi-datos identificados com seus ideais, em geral opostos aos dos movimentos sociais”, argumenta. “A participação no processo político e elei-toral é a única forma de in-fluenciar na eleição de pes-soas comprometidas com as causas e reivindicações dos movimentos sociais. O mo-mento, portanto, é de dispu-

ta de projeto e de poder, e os movimentos sociais não podem nem devem se omitir nesse embate, pois as for-ças comprometidas com o capital e com o mercado fi-nanceiro já estão em campo, atuando para evitar a conti-nuidade de um projeto que valoriza o setor produtivo e promove a inclusão social. É preciso evitar retroces-sos.”, conclui.

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Seu voto vai definir se as ameaças aos

trabalhadores serão concretizadas ou não

Legislatura que se encerra agora trou-xe várias tentativas de desmonte dos

direitos dos trabalhado-res. O principal embate travado entre o capital e o trabalho no Poder Legisla-tivo foi a tentativa de “re-gulamentação” da terceiri-zação consubstanciada no PL 4.330/04, do deputado Sandro Mabel (PMDB--GO), um dos principais

articuladores dos interesses empresariais no Legislativo federal. A base do debate é o substitutivo do deputado Arthur Maia (SDD-BA), apresentado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, que define a terceirização a partir de empresas espe-cializadas. Entre os pontos ainda divergentes, destaque para quem representará os

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“As vitórias conquistadas em 2013 são de extrema relevância e demonstram a força dos tra-balhadores na manutenção dos

seus direitos.”

Na atual composição na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, os trabalhadores estão em desvantagem.

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trabalhadores terceirizados e a definição do que poderá ser terceirizado na atividade fim das empresas. A atuação articula-da das entidades sindicais junto aos parlamentares foi fundamental para o posi-cionamento dos líderes das bancadas do PT, PSB e PC-doB, contrários à matéria. As outras agremiações estão divididas ou convergem a favor da proposta empresa-rial. Outra iniciativa combatida pelos trabalhado-

res é o Simples Trabalhista. Atendendo a um apelo da classe trabalhadora, o de-putado Júlio Delgado (PSB--MG), autor do PL 951/11, pediu a retirada de tramita-ção do projeto. A ameaça mais recente em tramitação na Câmara dos Deputados é a volta do debate do “ne-gociado sobre o legislado” por meio PL 4.193/12, do deputado Irajá Abreu (PSD--TO). A proposição resgata a iniciativa do ex-presidente Fernando Henrique Cardo-

so, que não logrou êxito no Congresso Nacional graças à atuação combativa dos as-salariados.

VITÓRIAS As vitórias con-quistadas em 2013 são de extrema relevância e de-monstram a força dos traba-lhadores na manutenção dos seus direitos. Mas as ame-aças continuam tramitando no Parlamento e poderão ser analisadas a partir de feve-reiro. Para combatê-las

no Congresso Nacional, além de unidade de ação dos trabalhadores por meio de suas entidades – sindica-tos, federações, confedera-ções e centrais sindicais – é necessária a ampliação da bancada sindical nas Casas Legislativas. Com a atual composição na Câmara dos Deputados e no Senado Fe-deral, os trabalhadores es-tão em desvantagem, e os seus direitos em permanen-te ameaça. Veja abaixo os pro-jetos que ameaçam direitos dos trabalhadores:

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Os lobos vestidos de cordeirotambém estão infiltrados no meio

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onsiderada “peso pesado” neste pro-cesso, a bancada evangélica anun-

ciou, por meio de seus de-putados, que pretende du-plicar o número de pastores nas candidaturas a uma vaga na Câmara e no Senado. A perspectiva do grupo é pas-sar a contar com cerca de 140 parlamentares na próxi-ma legislatura. Por conta dessa preocupação, os evangéli-cos têm discutido formas de evitar que entrem no Con-gresso, como representantes dessas igrejas, deputados e senadores com problemas na Justiça e com a Lei da Fi-cha Limpa. O objetivo seria

evitar desgastes perante a opinião pública, uma vez que, hoje, dentre os 73 par-lamentares evangélicos, 23 respondem a algum tipo de processo no Supremo Tribu-nal Federal (STF). Também teria pesado, perante a ban-cada, o fato de um dos seus integrantes ter sido o depu-tado Natan Donadon (sem

partido – RO), que hoje cumpre pena no presídio da Papuda (DF) depois de ter sido condenado pelo STF por formação de quadrilha e fraude em licitações no seu estado. “Estes cuidados es-tão sendo tomados por eles nas próximas eleições de forma detalhada e imagino

CIgrejas preocupadas: dos 73 parlamentares evangélicos, 23

respondem a algum tipo de processo no STF

“O deputado Natan Donadon (sem par-tido – RO), hoje cumpre pena no presí-dio da Papuda (DF) depois de ter sido condenado pelo STF por formação de

quadrilha e fraude em licitações no seu estado.”

que o pessoal não estará para brincadeira em 2014”, avalia o analista legislativo e cientista político Arthur Fernandes. “Todos os par-tidos têm buscado, de uma maneira geral, ter evangé-licos nos seus quadros, de olho no crescimento destas religiões e no público que despertam”, explica o cien-tista político Alexandre Ra-malho. De acordo com o senador Pedro Simon, as igrejas que arregimentam líderes para serem candi-datos, com raras exceções, “são praticamente entidades comerciais, porque fazem campanha como se esti-vessem oferecendo um produto”.

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Campanha antipolítica sófavorece os interesses

dos grandes gruposeconômicos

s manifestações de junho e julho de 2013 demonstraram

a insatisfação com os polí-ticos atuais. Para o analista político do Diap, Antonio Carlos Queiroz, essa ima-gem ruim se dá tanto por conta dos escândalos de corrupção, quanto pelo fra-co desempenho dos parla-mentares.

Contudo o analista ressalta que é prática cor-rente da mídia contribuir com seu noticiário para a formação de uma espécie de senso comum negativo so-bre a política e os políticos.Essa estratégia acaba fa-vorecendo aqueles que são votados por razões não dire-tamente políticas, como a re-ligião ou o dinheiro. Assim,

os representantes de grandes bancadas, como a dos evan-gélicos, do empresariado e dos ruralistas, preparam-se para voltar ampliadas na próxima legislatura. Conforme a ava-liação de Antonio Carlos Queiroz, se não houver uma grande articulação das enti-dades sindicais, a bancada que defende os trabalhado-

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A bancada que defende os trabalhadores no Legislativo pode ficar pequena diante de deputados e senadores menos comprometidos com a questões tra-

balhistas e causas sociais

“A estratégia acaba favorecendo aqueles que são votados por razões não diretamente políticas, como a

religião ou o dinheiro.”

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res no Legislativo correrá o risco de ficar pequena dian-te de deputados e senado-res menos comprometidos com a questões trabalhis-tas e causas sociais. “Essa perspectiva é preocupante”, acentua Queiroz.

PERSPECTIVA Segundo Queiroz, o esforço de setores da in-dústria e do empresariado, bem como de evangélicos e ruralistas, no pleito de 2014 pode vir a ser pesado. “A

cada legislatura esse pessoal vem com maior participa-ção, e se os trabalhadores não tiverem clareza disso desde logo, as bancadas dos trabalhadores vão sofrer um efeito oposto ao deles”, alerta. A perspectiva já co-meça a preocupar os parla-mentares dos mais diversos partidos. “A bancada traba-lhista já é muito pequena e se perdermos mais par-lamentares na próxima le-gislatura será o caos.”, diz

o deputado Paulinho (SP), criador do recém-fundado partido Solidariedade. “O que estamos vendo é fruto de como o Brasil tem seguido nos úl-timos anos, já que o pres-tígio da política nesse país é cada vez mais desespe-rador”, ressaltou o senador Pedro Simon (PMDB-RS). “Aqui temos corrupção no Judiciário, no Executivo, na iniciativa privada, sem falar entre os parlamentares. Não temos notícia de milioná-

rio que tenha ido, até hoje, para a cadeia no Brasil, e políticos corruptos que fo-ram condenados mais de 20 vezes nunca receberam sen-tença definitiva. Essa situa-ção traz um desencanto com a política para os jovens e para profissionais sérios e renomados que poderiam dar grande contribuição para a vida política brasilei-ra, mas não querem se can-didatar a nada”, diz Simon.

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Entidades se unem para combaterpolítica predatória da bancada ruralista

no Congresso

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Eles conquistaram o poder através do voto e agora o usam para legislar apenas em seu próprio favor. Paracombater isso, entidades lançam site para apresentar dados sobre membros da chamada bancada ruralista, uma

das mais nocivas ao povo brasileiro.

uando os servidores públicos e demais trabalhadores cochi-lam na hora do voto,

o prejuízo é muito maior do que a perda de direitos e vantagens pessoais. Com as raposas tomando conta do galinheiro, a ameaça passa a ser contra toda a população. Nesses casos é pre-ciso correr atrás do prejuízo, denunciando e tentando bar-rar a ação depredatória. Um exemplo disso é a ação de combate à po-lítica predadora da bancada ruralista no Congresso. O Conselho Indigenista Mis-sionário (CIMI), o Centro

de Trabalho Indigenista (CTI), o Greenpeace e o Instituto Socioambiental (ISA) lançaram em conjun-to o website “República dos Ruralistas”. O site visa apre-sentar dados públicos sobre os membros da chamada bancada ruralista.

CAUSA PRÓPRIA Os dados disponi-bilizados pelo site mostram que a maioria dos parla-mentares da bancada são grandes proprietários de terra, que legislam em seu próprio favor, atuando con-tra a demarcação de terra indígena e áreas de preser-

vação. Entre os dados estão informações sobre a atuação parlamentar, o patrimônio fundiário e financeiro, os fi-nanciadores de campanha e as ocorrências judiciais de 13 das principais lideranças. Com o site, a popu-lação pode conhecer o perfil de cada deputado e acompa-nhar as mudanças e pressões às quais está submetida a lei de demarcação de terras in-dígenas. No caso do deputa-do Abelardo Lupion (DEM--PR), por exemplo, vemos que sua profissão declarada é de agropecuarista, que seu patrimônio total declarado é de quase seis milhões de re-

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“A maioria dos parlamentares da bancada ruralista são grandes proprietários de terra, que legislam em seu próprio favor, atuando contra a demarcação de

terra indígena e áreas de preservação.”

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Entidades se unem para combaterpolítica predatória da bancada ruralista

no Congresso Eles conquistaram o poder através do voto e agora o usam para legislar apenas em seu próprio favor. Para

combater isso, entidades lançam site para apresentar dados sobre membros da chamada bancada ruralista, uma das mais nocivas ao povo brasileiro.

ais. Além disso, o usuário encontra ainda infográficos e mapas interati-vos em uma aba destinada a análi-ses complementares, como, por exemplo, um mapa da Amazô-nia que mostra a ocupação da região pela agropecu-ária, em contraste com os territórios indíge-nas e áreas de pre-servação. Fonte: Pragmatismo político.

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Hora/atividade: direitoreconhecido, mas não para todos

erca de 500 traba-lhadores da Educa-ção ainda não estão gozando do direito

ao terço de hora/atividade. O Governo alega a falta de informações para que a si-tuação desses educadores seja regularizada nesse pon-to. Mesmo sabendo que isso pode ser apenas uma forma de protelar a implantação do direito, o Sindicato se dispôs a convocar esses educadores para averiguar e orientar para que as possíveis pendências sejam resolvidas. Parte desses traba-lhadores que ainda estão sem o direito conquistado é a que atende ao modelo Ensino Médio Inovador. Com uma grade curricular diferencia-da, em que constam oficinas

C com participação dos alunos, o Governo entende que estas seriam consideradas ativida-des extraclasse. “Se há parti-cipação dos alunos, não pode ser considerada atividade extraclasse”, afirma Luzinete Leite, atual coordenadora ge-ral e coordenadora adminis-trativo-financeira do Sinte. Os trabalhadores que atuam no programa de Ensino de Jovens e Adultos também questionam o direito à hora/aula. Como essa modalidade de ensino se dá no turno da noite, houve uma redução na carga horária de cinco para quatro horas/aula. Com isso, esses trabalhadores não con-tam com um dia da semana para atividades extraclasse. Essa é uma questão que o Sinte tenta equacionar para

fazer valer o direito da cate-goria como um todo.

CONQUISTA Apesar dessa distor-ção, a implantação de 1/3 de hora atividade, levando em consideração a hora/aula, foi uma das grandes conquistas dos professores da rede esta-dual no Rio Grande do Nor-te. Com ela, o professor tem um turno durante um dia da semana para realizar ativida-des extraclasse na unidade de ensino. Esse tempo é usado para qualificar o trabalho pro-fissional e ainda representa grande benefício à sua quali-dade de vida, levando-se em conta a incidência de relações de violência recorrentes no ambiente de trabalho. Com a lei do piso

salarial aprovada em julho de 2008, esse direito não vinha sendo cumprido, até o Sin-dicato dos Trabalhadores em Educação recorrer à Justiça no ano passado. Com o reconhe-cimento do Tribunal de Justiça do RN e do Supremo Tribunal Federal sobre o direito dos edu-cadores, determinando o paga-mento imediato do que era de-vido, ficou acordado que seria uma carga horária de 20h/aula na sala com os alunos e mais 10h/aula para atividades extra-classe, sendo cinco na escola e outras cinco fora da unidade de ensino. O ganho político nesta conquista deve ser ressaltado. A vitória no TJ e no STF deu alento à luta dos trabalhadores e esperança de conquista junto aos educadores municipais do nosso Estado. Existe uma dis-puta em alguns municípios que querem aplicar o 1/3 de hora atividade calculando a jornada por hora relógio. Do ponto de vista fi-nanceiro, a partir de abril deste ano, os profissionais que não tivessem a redução direta do trabalho em sala de aula rece-beriam o pagamento referente a 20h/aula mensal. O que cor-responde a 20% de acréscimo no salário. A ação Judicial mo-vida pelo Sinte, para cobrar do governo essas aulas extras, agora mais do que nunca é uma ação que carrega, como primei-ra vitória, o reconhecimento da Justiça sobre a dívida que o Sindicato cobra ao Estado.

“Greve dos Trabalhadores da Educação arrancou o direito, mas oSinte-RN está na luta para incluir cerca de 500 profissionais que

ficaram de fora.”

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Conquista atendereivindicação de diretores

de escolasez anos após a con-quista sindical pelo direito à eleição de

gestores das escolas da rede estadual no Rio Grande do Norte, a luta dos trabalha-dores em educação liderada pelo Sinte conquista mais uma etapa no que diz respei-to à gestão democrática nas unidades de ensino. Trata-se da lei complementar nº 504, que define a gratificação sala-rial para 666 diretores e 575 vice-diretores de escolas, de acordo com classificação e total de alunos matriculados. O processo de de-mocratização de gestão das escolas começou ainda nos anos 80, quando se iniciou a discussão pelo fim das indi-cações de diretores e conse-lhos das unidades no Estado. O Sindicato foi solidário ao longo desses anos, defenden-do não apenas a eleição, mas também a correção de valo-res das gratificações, antes consideradas irrisórias. Cada

mandato é de dois anos com possiblidade de apenas uma reeleição consecutiva. Com mais essa con-quista, publicada no Diário Oficial do Estado este ano (27 de março), as gratifica-ções de diretores variam de R$ 1.562,50 (escolas de porte I, com mais de 1.200 alunos matriculados), a R$ 640,00 (porte V com menos de cem alunos). As escolas com o porte V, no entanto, não dis-põem do cargo de vice-dire-tor. Essa classificação funcio-nal, de acordo com a nova lei, tem variação da gratificação de R$ 640,00 (escolas com número de alunos que variem de 100 a 249 matriculados) a R$ 1.250,00, das maiores es-

colas. (Confira tabela de clas-sificação de porte das escolas)

LUTA ANTIGA “Era uma luta que agregava a valorização pro-fissional. Já defendíamos como Associação e, mais tar-de, através do Sindicato, que estes profissionais fossem gratificados para as funções de diretor e vice-diretor”, afirma Luzinete Leite, co-ordenadora em exercício do Sinte. A definição dos portes das escolas e revisão na grati-ficação dos gestores escolares era luta antiga. Mas foi em 2010, com amplo movimento para corrigir as distorções na rede de ensino, que o Sinte, no processo de negociação,

D “Após longo período de negociação e pressão do Sinte pela valorização dos gestores escolares da rede Estadual, lei complementar redimensiona

porte das unidades e revê gratificação paradiretores e vice-diretores.”

conseguiu que fosse encami-nhado projeto de lei para cor-rigir esses valores. Somente depois de três grandes greves, com a direção do Sinte se posicio-nando com firmeza e deter-minação e exigindo o cum-primento já de novo acordo, de 2013, e sob decisão da categoria de que só voltaria às atividades este ano após encaminhamento e aprovação da lei complementar, foi que o Governo resolveu atender essa reivindicação. Foram mais quatro anos de discussão incansável da categoria, para que o pro-jeto de lei saísse da Casa Civil do Governo e chegasse à As-sembleia Legislativa. “Valeu a perseverança, a obstinação dos diretores e dos vice-dire-tores, que mesmo recebendo uma gratificação vergonhosa pelo exercício da função, não abandonaram a causa”, avalia Luzinete.

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lei que trata da mu-dança de nível entre os educadores da

rede estadual de ensino so-freu uma mudança significa-tiva após a última greve da educação. A luta produziu a correção de uma distor-ção que, desde 1986, vinha desestimulando a mudança de nível com títulos de mes-trado e doutorado. Com a conquista, não poderá mais haver a progressão sem que o trabalhador em educação permaneça com a mesma letral. Quando ocorrer a promoção vertical na carrei-ra, de forma individualiza-da, haverá melhoria salarial entre 5% e 15% no salário

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Governo ainda não concedeunenhum parecer favorável dentro

da nova Lei de progressão

base, e a variação da promo-ção vertical incide sobre os quinquênios dos professo-res da ativa. Já a promoção vertical do nível médio para graduação vai variar de 20% a 50%. Apesar de a mudan-ça ter sido publicada em Di-ário Oficial do Estado e de haver processos administra-tivos em andamento, o Go-verno ainda não concedeu nenhum parecer favorável. Além de não haver agili-dade na apreciação desses processos, os educadores também se sentem deses-timulados para buscar pós graduação devido ao Estado não conceder licença remu-nerada para essa finalidade.

A rede estadual de ensino tem um número con-siderado insignificante de doutores, mestres e especia-listas, aproximadamente 5% de um total de 20 mil profis-sionais que atuam na ativa. “Apesar da conquista que a categoria teve através de vá-rios anos de luta pelo Sinte, o Governo tem assumido o papel de desestimulador à formação acadêmica da ca-tegoria quando nega a licen-ça por lei para cursar mes-trado e doutorado e quando deixa de fazer sua promo-ção”, avalia a atual coorde-nadora geral e coordenadora administrativo-financeira do Sinte, Luzinete Leite. Esta conquista é

considerada histórica, vez que a categoria perdeu esse direito em modificação fei-ta na lei em 1986 (Governo José Agripino/Radir Pe-reira). Da forma que vinha sendo aplicada a mudança de nível, o trabalhador não podia permanecer na letra em que se encontrava, tendo que voltar ao início da mu-dança naquele novo nível. Muitos casos geravam ile-galidade, vez que o salário ficava no mesmo patamar ou até mesmo menor que o anterior.

LICENÇAS Os educadores da rede estadual que solicitam licença para cursar Mestra-

do, Doutorado ou realizar alguma especialização têm o direito negado desde o ano de 2010. Mesmo com a ga-rantia em lei de poder gozar de licença para esses fins, o Governo age de maneira a desestimular a melhoria na qualidade do ensino da pró-pria rede. A orientação que o Sinte dá aos que necessitam de tal licença é de que entrem com seus pedidos através de processos administrativos, como deve ser comumente, e caso após seis meses não haja resposta, o trabalhador em educação entre na Justiça por esse direito através do Sindi-cato, única forma atualmente com resultado positivo.

Lei sobre mudança de nível foi uma das conquistas da greve dos trabalhadores em educação do Estado.

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PNE - A Valorização Profissional

primeira proposta remonta de 1981 em congresso da Confederação dos

Professores do Brasil- CPB. A proposta de piso era cor-respondente a 3 salários mí-nimos para uma jornada de 20h. Em 1988 o debate ga-nha força com a constituinte, porém o congresso conser-vador considera inconstitu-cional ESTA PROPOSTA E REIVINDICAÇÃO, sob a consigna de ferir a autono-mia das unidades federadas, além da unificação de um piso salarial, uma vez que as regiões do Sul e Sudes-te praticavam salários até 10 vezes maiores que os do Nordeste. Novos debates ocorrem em 1989, mo-vimentos e lutas eclodiram por todo o país em torno de um piso salarial que tivesse como referência um salário mínimo de acordo com o DIEESE para as mesmas 20 horas, acrescentando nesta proposta o reajuste men-sal pelo índice do DIEESE . É bom lembrar que, nesse período histórico, a inflação mensal chegava a dois dí-gitos - 20%. Desde 1993, que os Sindicatos, a CUT e principalmente a CNTE desencadearam um proces-so de luta pelo Piso Salarial Profissional Nacional. O governo Itamar assinou o Pacto pela Valori-

Eliane BandeiraDiretora de Formação do Sinte-RN

zação do Magistério e Qua-lidade da Educação Pública, fruto da 1ª Declaração Edu-cação e manteve a perspec-tiva da criação do PSPN, na época com o valor estima-do a 300 dólares, fruto de um amplo estudo técnico a partir de dados do PIB, da-dos regionais do país, com a participação do DIEESE, IBGE, municípios, estados e da união.

LUTA Os oito anos do governo FHC foram mar-cados por sucessivas lutas, organizações de congressos como instrumentos de pres-são para fazer o governo cumprir o pacto pela educa-ção, que teve duração de 10 anos. A variação salarial no país era perceptível, provo-cando um processo de em-pobrecimento nas regiões Norte e principalmente no Nordeste. O RN, em 1994, pagava a um funcionário o salário base de 9 reais, a um professor com formação em

nível médio salário base de 40 reais, e a um professor de nível superior salário base de 97 reais. A década de 1990 foi marcada ainda pela re-tirada de direitos conquis-tados pela nossa categoria. Para a educação básica os investimentos do PIB foram em média 2,3%, de acordo com dados do INEP/MEC e IBGE. O PNE, no que con-cerne à valorização salarial destacadamente, reforça a lei do Piso Nacional ao ga-rantir o Custo Aluno como o mecanismo de correção sa-larial dos salários dos edu-cadores. Uma conquista que merece ser comemorada. E porque comemorar: 1- O congresso e o Senado com representação empresarial forte aliado a outros setores conservadores, que antes debatiam a impossibilidade de se criar um piso salarial nacional, foi o mesmo grupo que apresentou mais de um projeto de lei reduzindo a

correção anual do piso sala-rial a inflação, que fez lobby para que a presidente Dilma vetasse este conteúdo afir-mativo. É o mesmo grupo do congresso e do Senado que pressionou o MEC; foram esses os mesmos que recebe-ram a marcha dos prefeitos e governadores, para pres-sionar o governo federal na perspectiva de atender seus interesses e derrotar a ca-tegoria nos anos de 2013 e 2014, para aplicar o golpe de reduzir o valor do custo alu-no real na correção dos salá-rios. Mas não é só esse as-pecto que representou na lei do PNE valorização salarial. Há também a meta que trata da obrigatoriedade de que no sexto ano de vigência da lei os(as) educadores(as) deste país deverão ter seus salários iniciais a se igualar aos salá-rios de profissionais liberais, cuja média é de 3 mil reais para o mesmo nível acadêmi-co. Essa nova meta de valorização salarial vai exi-gir muita luta da categoria, uma vez que os estados e municípios a continuar com suas bancadas legislativas e nos executivos com os se-tores conservadores terão a mesma reação que têm, quando descumprem a lei do Piso Salarial. Essa conjuntu-ra exige muita organização da nossa categoria para fazer valer a lei.

A “Nova meta de valorização salarial vai exigir muita luta da categoria, uma vez

que os estados e municípios a continuar com sua bancadas legislativas e nos exe-cutivos com os setores conservadores terão a mesma reação que têm, quando

descumprem a lei do Piso Salarial.”

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