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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE TEXTOS

POÉTICOS PARA A FORMAÇÃO DE

ALUNOS LEITORES DA SÉTIMA SÉRIE

WALDEISA DOS SANTOS TRIBEK

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ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE TEXTOS POÉTICOS PARA A FORMAÇÃO DE

ALUNOS LEITORES DA SÉTIMA SÉRIE

PDE

2010

Secretaria de Estado da Educação

Superintendência da Educação

Departamento de Políticas e Programas Educacionais

Coordenação Estadual do PDE

WALDEISA DOS SANTOS TRIBEK

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WALDEISA DOS SANTOS TRIBEK

ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE TEXTOS POÉTICOS PARA A FORMAÇÃO DE

ALUNOS LEITORES DA SÉTIMA SÉRIE

Caderno Pedagógico apresentado ao Programa de Desenvolvimento

Educacional, sob orientação do Professor Me. Wilson Rodrigues

Moura da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo

Mourão.

Mamborê

2010

Secretaria de Estado da Educação

Superintendência da Educação

Departamento de Políticas e Programas Educacionais

Coordenação Estadual do PDE

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3

1.1 Objetivos 4

1.1.1 Objetivos gerais 5

1.1.2 Objetivos específicos 6

2. REFERENCIAL TEÓRICO: LEITURA,LITERATURA E A FORMAÇÃO DO

LEITOR 7

2.1 Concepção de leitura 7

2.1.1 A leitura na escola 7

2.2 Literatura e a formação do leitor 8

2.3 Poesia: função e estrutura 11

2.3.1 Níveis Estruturais da Poesia 12

3. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS 15

3.1 Fundamentação Teórica Da Estética Da Recepção 15

3.1.1 Método Recepcional de Bordini e Aguiar 17

4. OFICINA DE LEITURA DE POEMAS 19

4.1 Objetivos 19

4.2 Conteúdo 20

4.2.1 Sequência Didática de textos poéticos- Estratégias de

Leitura 20

CONCLUSÃO: Resultados esperados 38

REFERÊNCIAS 39

ANEXOS: Sugestões de leitura 41

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1. INTRODUÇÃO

Na sétima série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Rui Barbosa no

Município de Mamborê, observa-se um certo desinteresse dos alunos pela leitura de

textos poéticos, visto que estes aparecem de forma restrita nos livros didáticos com

atividades que não despertam nos alunos o prazer pela leitura dos mesmos.

Percebe-se que os professores encontram certas dificuldades em trabalhar

com o texto literário, especialmente o poético. Estes, sendo os mediadores, texto e

aluno, encontram sérias dificuldades como confirma Bordini e Aguiar (1988), “ que

isto ocorre devido a um despreparo dos professores quanto à abordagem literária,

pois não está inserido em sua prática dinamismo e motivação capazes de irem ao

encontro das aspirações dos alunos. No processo de leitura deste gênero, não

ocorre a interação do aluno com o texto, pois falta a mediação do professor entre

texto e leitor dificultando assim,a interpretação do aluno.

Por conseguinte, não há leitura com o objetivo de produção de sentido, mas

apenas de identificação do texto em um processo mecânico. Para Zilberman (1989,

p.25), geralmente as atividades pedagógicas relacionadas com a leitura, provocam

tédio e fazem o aluno vivenciá-las como se tratasse de aprisionamento, controle ou

obrigação, porque o professor não incorpora a leitura no universo do ensino. A

autora complementa que a “ imaginação” pertence ao mundo exterior de todo

indivíduo, mas não pode ser acionada sem os estímulos provenientes do exterior.

Neste caderno pedagógico, a proposta é propiciar condições ou estratégias

que levem o aluno, não apenas a uma leitura mecânica sem produção de sentido,

mas a uma leitura crítica, interpretativa que contribua na elaboração de sentidos e

significados para o ensino da literatura especialmente o gênero poético. Segundo

Cândido (1972), a literatura humaniza o homem e este transforma a sociedade. Ela

tem função psicológica, formadora e social. Psicológica porque o homem repensa a

realidade e isso propicia momentos de reflexão, identificação e catarse. Formadora,

como instrumento de educação, retrata realidades contrapondo-se com as da

ideologia dominante e social porque mostra os segmentos diversos da sociedade,

representando o campo social e humano.

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Segundo Keiman (1996, p. 20) “ a visão de leitura como uma atividade de

decodificação encontra sustentação na prática escolar. Assim, utiliza-se uma série

de automatismos de identificação e pareamento das palavras do texto com as

palavras idênticas numa pergunta ou comentário.”.

Portanto, será imprescindível ressaltar que o ensino de literatura e o incentivo

do texto literário deve nortear a práticas de leitura que se realiza na escola, a qual,

através do professor, mediador do conhecimento, promoverá estratégias que leve o

aluno à reflexão e interpretação dos textos literários os quais ele tem acesso. O

encontro entre o aluno e o texto literário ocorre na escola, por isso esse momento

deve ser prazeroso e lúdico. Desta forma, o professor poderá gerar no aluno o gosto

pela leitura de textos poéticos o qual não se nasce porque não é instinto. Essa

manisfestação positiva em relação à poesia deve ser aprendida e, para isso, é

preciso mediadores que também gostem e se encantem pelo texto poético.

Nesse sentido, o professor poderá organizar situações que atenda às

necessidades dos alunos, sem contudo deixar a função de orientador do processo

ensino-aprendizagem. É preciso uma variedade de métodos para que haja uma

atuação docente flexível e eficiente, deixando de lado as atividades repetitivas, sem

criatividade que não levam o leitor a uma interação com o texto poético.

Assim, as atividades de literatura, especialmente o gênero poético, resultarão

num fazer transformador onde será viabilizado um ensino voltado para a realidade

do aluno e que venha de encontro às suas expectativas.

Nesta perspectiva, este caderno tem no método da Estética da Recepção, um

direcionamento para o trabalho literário por entender que os alunos necessitam

ampliar seus horizontes de expectativas que atualmente está limitado com

estratégias pouco interessantes.

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1.1 Objetivos

A poesia, assim como os demais gêneros literários, também é responsável

pelo processo de humanização do homem por mostrar-se fundamental para o

desenvolvimento psíquico e emocional dos jovens, devendo por isso, ter um

importante papel nas aulas de leitura e, consequentemente mais trabalhada pelos

professores. Porém, o que se percebe é que a poesia tem sido marginalizada, não

oportunizando aos alunos o contato maravilhoso com este gênero.

Portanto, o objetivo deste caderno é investigar e promover uma maio

interação dos alunos com o texto poético pelos alunos da sétima série da Escola

Estadual Rui Barbosa- Município de Mamborê, proporcionando estratégias que

despertem o interesse e o prazer pela leitura deste gênero literário, e, que possam

ser um meio de levá-los a sensibilizar-se com o texto poético.

Jauss, (1994) considera os interesses de leitura dos alunos a partir de seus

horizontes de expectativas, incluindo a recepção da poesia e os valores vividos.

Para atingir este objetivo será proposto a Oficina de leitura de poemas e, terá

como rumo norteador, o Método Recepcional idealizado por Bordini e Aguiar, (1993)

que tem por base os Pressupostos Teóricos da Estética da Recepção de

Jauss(1994). A partir do Método Recepcional serão proporcionadas alternativas que

promovam o encontro dos alunos com a poesia visando melhorar o aproveitamento

deste gênero na escola tornando a leitura literária mais prazerosa .

Acredita-se que este caderno será um importante subsídio para o professor

em sua prática pedagógica nas aulas de literatura, especialmente com o gênero

poético, possibilitando um novo olhar para a poesia.

1.1.1 Objetivos Gerais

- Compreender a práxis dos professores, levando-os a interagirem com os

alunos das sétimas séries através da Estética da Recepção como elemento

motivador visando despertar o gosto pela leitura do texto poético.

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- Promover e organizar a I Noite de Poesias estimulando os alunos na

participação deste evento com apresentação de poemas de autores

consagrados e textos produzidos pelos próprios alunos.

1.1.2 Objetivos Específicos

- Investigar como está sendo trabalhado o texto poético nas séries finais do

Ensino Fundamental.

- Incentivar a leitura de textos literários sobre diversos temas.

- Proporcionar aos alunos leituras de textos poéticos visando a formação de

leitores críticos e competentes.

- Produzir textos poéticos a partir das leituras literárias.

- Expor os textos produzidos pelos alunos em forma de varal.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO: LEITURA, LITERATURA E A FORMAÇÃO DO

LEITOR

2.1 A leitura na escola

A leitura deve ocupar um espaço privilegiado na escola, uma vez que ela é

veículo de transformação de cultura e valores para as novas gerações.Para Silva

(1995, p. 16), a escola ainda é a principal instituição responsável pela iniciação das

pessoas no mundo da leitura e da escrita. Porém, o que se percebe é que a leitura

geralmente acontece, através do livro didático, sendo este muito criticado, pois tem

sido o principal suporte do professor na sala de aula e segundo Zilberman (1985,

p.21), “ exclui a interpretação e, com isto, exila o leitor” contribuindo assim, para a

crescente alienação do processo educativo.

Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2009, p.56):

Compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e

ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem.

Por isso, a leitura é considerada uma atividade que produz significados sendo estam

um dos aspectos fundamentais para que o homem se desenvolva e transforme a

sociedade em que vive. Diante do ato de ler, o leitor aciona o conhecimento prévio

observando o conhecimento linguistico, vocabulário. Além disso, o leitor utiliza o que

já foi internalizado e construído no decorrer da vida.

Bordini e Aguiar (1988, p.43) diz que o distanciamento de expectativas dos

professores e alunos gera dispersão de esforços, mesmo entre os bem

intencionados, os que propugnam uma educação igualitária e transformadora.

Detectadas as pré-condições e interesses do grupo, bem como as possibilidades de leitura oferecidas pelo meio ambiente, é neste momento que a escolha e a introdução de um método pedagógico se fazem

necessárias a fim de nortear todo o trabalho de classe ou extra classe em direção aos fins que essa sondagem demonstrou serem importantes para aquele conjunto específico de aluno, na sua circunstância, fim estes que

poderão transformar-se durante o trabalho, na medida em que a classe se

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conscientize de novas necessidades ou de novas exigências que venha enfrentar. ( Bordini e Aguiar, 1988, p.43)

Diante disso, o professor pode organizar situações de aprendizagem, que atenda às

necessidades dos alunos sem, contudo deixar a sua função de orientador no

processo ensino aprendizagem. É preciso uma variedade de métodos para que haja

uma atuação docente flexível e eficiente deixando de lado as atividade repetitivas,

sem criatividade que não leva o leitor a uma interação com o texto.

Sendo assim, formar um leitor competente pressupõe formar alguém que

compreende o que lê, que leia o que não está explícito, que atribua sentidos a um

texto e estabeleça relaçóes com outro já lido.

2.2 Literatura

A literatura tem como uma das funções, a representação do real. Esta, no

entanto, é feita de um modo especial, uma vez que o real não pode ser plenamente

representada num plano inidimensional por ter uma natureza distinta,

pliridimensional. Assim, Antônio Cândido, (1989, p. 53) , constrói o seu conceito de

literatura:

“A arte e, portanto a literatura é uma transposição do real para o ilusório por

meio de uma estilização forma de linguagem, que propõe um tipo arbit rário de ordem para as coisas, os seres, os sentimentos. Nela se combinam um elemento de vinculação à realidade natural ou social e, implicado em uma atitude de gratuidade.”

Portanto, compreende-se a partir deste conceito que a literatura tem uma

função na vida do indivíduo e está diretamente ligada ás funções psicológica,

formativa e de conhecimento de mundo, segundo Cândido ( 1972).

A função psicológica está vinculada ao aspecto de gratuidade, pois sendo

inerente a qualquer ser humano a necessidade de ficção e fantasia, a literatura é

uma das formas de sistematização e satisfação dessa necessidade. Essa satisfação

pode ocorrer através de advinhas, piadas ou outras manifestações simples, porém o

instrumento mais dequado é a literatura, por meio de suas formas mais complexas,

como as lendas, os mitos e a poesia. A satisfação do desejo da fantasia está ao lado

da satisfação de necessidades mais elementares à sobrevivência humana,

constituindo um direito, a fim de complementar a formação integral da pessoa.

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Assim, como o sonho garante o equilíbrio psíquico, a literatura, através de seu

iniverso fabulosao, é uma forma de manter o equilíbrio social. Desse modo, “ ela” é

fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua

humanidade, inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no

inconsciente”, como afirma Antônio Candido (1989: 112).

A função formativa ou educativa da literatura vai além da educação do ponto

de vista puramente pedagógico, concebida neste campo, como norma, imposição

moral conservadora, manual de boa conduta e propagadora dos aspectos

ideológicos do Verdadeiro, do Belo e do Bom. Sendo uma forma de recriação da

realidade, a literatura contribui, por outro lado, com a formação da personalidade

integral do homem, educando , dessa maneira, como a vida, de maneira

indiscriminada, “ com altos e baixos, luzes e sombras” (Cândido, 1972: 805). Desse

modo , a literatura manifesta, tal como na vida real, o bem e o mal com suas

contradições, sem mascaramentos, e sem a pretensão de almejar a elevação e a

edificação, como postulam os que vêem na literatura um veículo de formação por

meio de valores morais. A função da literatura, assim é apresentar a vida em sua

totalidade, para que nela o leitor possa reconhecer as forças conflitantes que a

organizam.

A função literária de conhecimento de mundo e do ser está vinculada à

construção autônoma da obra, mas sem perder o contato com sua fonte de

inspiração- a realidade social e humana, que é recriada por meio de fantasias e das

imagens do autor, para sugerir as virtualidades de uma experiência interna e

externa. Por meio da reconstrução interpretativa da realidade, a literatura possibilita

ao homem o conhecimento e a reoganização da complexidade, tanto do seu caos

interior quanto exterior, pois a ordenação especial das palavras constitui um todos

significativo, através do qual a mensagem atua.

A literatura como um meio de expressão, assim como em outras artes, é o

desejo de manifestação de sentimentos concretizados pela união da força interior e

a forma simbólica, neste caso, as palavras.

Por meio da ação de suas funções essenciais na formação integral da

pessoa, a literatura concretiza sua função humanizadora e libertadora, por ser um

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confronto dialético entre forças opostas. Ao corresponder a um equilíbrio na

formação humana, a força humanizadora atua porque faz viver, reoganizando o

mundo interior de cada um, mesmo através de sua grande carga de complexidade.

Essa capacidade humanizadora nos torna mais compreensivos em nossas relações

individuais e sociais, constituindo, também, um fator de equilíbrio social. “ A literatura

desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna mais

compreensivos e abertos para a narureza, sociedade,o semelhante” (Cândido, 1989:

117). Assim, Cândido define a humanização como um

[...] processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a bo a

disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. ( Cândido, 1989: 117)

Diante de seu sentido humanizador, nenhum ser humano deve ser privado do

direito à literatura, pois ela contribui não só para a sobrevivência, mas para uma vida

plena. A consequência de sua carência para o sujeito, pode ser o mutilamento de

sua personalidade.

Antônio Cândido em Estímulos da criação literária(1976), trata ainda de outras

funções da literatura: a total, a social e a ideológica. A função social se concretiza

por meio do uso de um sistema simbólico que reflete uma certa visão de mundo, por

meio de instrumentos expressivos adequados.É a representação dos interesses,

desejos, sofrimentos, tanto na realidade individual quanto do grupo.

A função social está relacionada ao aspecto de expressão da coletividade. A

obra cumpre sua função social quando nos estabelecimentos das relações sociais,

satisfaz a necessidade espiritual e material e colabora para a manutenção ou a

mudança de uma certa ordem de valores sociais. Por sua vez, a função ideológica

decorre da manisfestação consciente e voluntária da criação com fins específicos de

determinados grupos sociais, dentro de um sistema definido de idéias.

Eagleton (1983) afirma que a literatura é um objeto amplo e o seu conceito

difícil de ser sistematizado em definições precisas. Para chegar a tal conclusão,

traça um panorama de visões de literatura que dominaram os estudos literários por

muito tempo e que deixaram suas marcas. Uma das concepções abordadas é a dos

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formalistas russos. Segundo eles, o que importava era somente a realidade material

do texto, na qual a mensagem era estruturada através de uma organização

particular da linguagem interessando pouco a história, a realidade social ou o sujeito

receptor, que era visto apenas como um consumidor passivo.

O conceito de literatura para os formalistas desconsidera um pólo importante

do sistema literário: o leitor. Uma concepção de literatura abrangente deve levar em

consideração, além das características literárias, a interação leitor-texto,

observando-se, numa análise reflexiva, qual o espaço do leitor, que assume a

função de co-produtor na concretização da leitura e qual o retrato de leitor, de

realidade e de mundo que esta obra encerra.

2.3 POESIA

Poesia deriva do verbo poiéo significando fazer, criar, compor. O vocábulo

grego poiésis releva o âmbito original da função poética enquanto componente

demiúrgico, isto é, associado ao mito da criação do mundo. Por isso, os romanos

chamavam vate ao poeta, aquele que possuído das musas do Parnaso, participava

na função divinatória concedida por Apolo, o deus do conhecimento do futuro.

A palavra, na construção poética, é o elemento pelo qual o poeta se

manifesta. É utilizada como meio de concretizar emoções e fantasias, de nomear o

inominado, de dar vida ao não-ser valendo-se de um funcionamento específico da

linguagem. Nesse processo de criação, os seres e as coisas são concebidos de

maneiras inusitadas, por meio de imagens alucinadas e incomuns, o que cria a

imagem poética, sobressaindo o uso acentuado de conotações e metáforas.

Octávio Paz (1982), em relação à imagem poética, alude que nesse trabalho

a palavra sofre uma metamorfose, ou seja, uma “transmutação”. As palavras

funcionam “como pontes que nos levam à outra margem, portas que se abrem para

outro mundo de significados” (1982, p. 26), impossíveis de serem ditos pela

linguagem referencial. Através das imagens poéticas, “ o poema não explica nem

representa: apresenta. Não alude à realidade; pretende e, às vezes consegue recriá-

la. Portanto, a poesia é um penetrar, um estar ou ser na realidade ( p. 137).

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No entanto, para o poeta, não importa a veracidade externa ou a aceitação de

sua criação. O que importa é a possibilidade de expressão por meio de palavras,

que são usadas como instrumento de transmissão de sua visão de mundo e de sua

perplexidade frente aos fatos. As palavras são arranjadas conforme seu sentimento

e vontade.

O trabalho de criação poética procura tratar de assuntos fundamentais à

humanização, como a reflexão sobre a condição da existência humana. A poesia, no

seu aspecto humanizador, está ligada às necessidades vitais do homem de

compreender-se a si mesmo, ao outro, e dar sentido à vida sendo estas

fundamentais à existência humana. Ao cumprir sua função humanizadora, a poesia

reve la seu caráter emancipatório. Em “ O arco e a lira ( 1982), Octávio Paz traduz no

seu conceito a dimensão totalizadora e dialética da poesia, além de seu caráter de

gratuidade e seu aspecto humanizador:

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. (...). Isola; Une. Convite à viagem; (...). Expressão

histórica de raças, nações, classes. Nega a história: em seu seio resolvem -se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. (...) Arte de falar em forma superior, linguagem primitiva (...). ( Paz, 1982, p. 15-16 )

Assim, as atividades de literatura, especialmente com textos poéticos,

resultarão num fazer transformador no qual será viabilizado um ensino voltado para

a realidade do aluno e que venha de encontro às suas necessidades. Para isso, é

essencial que o professor sinta prazer no momento em que o lê. É preciso que ele

transmita emoção e sensibilidade despertando no aluno o desejo de ler, declamar,

compreender e finalmente interpretar um poema. É preciso que o professor seja

também um leitor, sendo espelho para que o aluno também ingresse na leitura do

gênero poético tão importante no processo de humanização.

2.3.1 Níveis Estruturais da Poesia

Para uma maior compreensão da leitura dos textos poéticos segundo

Salvatore D” Onofrio (1983) e outros autores, é necessário identificar os elementos

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sonoros (rimas, métrica e ritmo); lexicais (o sentido da palavra); sintáticos (classes

de palavras e o porquê desta escolha); figuras de linguagem; e os elementos

gráficos (configurações gráficas que sintetizam o poema). Para que se efetue a

leitura do texto poético, faz-se necessário a presença destes recursos que fazem

parte da construção e necessitam ser observados.

Sendo assim,serão abordados os níveis estruturais do poema objetivando

refletir sobre essas características. A expressão pretendida através poesia é

alcançada por meio da exploração de recursos de efeito estético, como a

sonoridade, o ritmo e o encadeamento das palavras e fonemas que ordenam a

organização interna do texto, categorizados em seus níveis estruturais:

O nível lexical é responsável pelo acervo de palavras que constitui o texto,

verificando quais palavras ele compõe. Deve-se observar que a escolha das

palavras que o poeta faz contribuem para a interpretação. As escolhas lexicais que o

autor utiliza repercutem nos sentidos que se manifestam na obra e identificam idéias

e valores defendidos pelos estilos literários diferentes a que o texto pode pertencer.

No nível sintático são os recursos como pontuação, inversões sintáticas e

encadeamento, constituído de uma construção especial, que liga um verso ao

seguinte, para completar seu sentido.

A estrutura sintática que compõe o texto poético caracteriza-se pela

articulação de idéias que não obedecem às convenções de linearidade de outros

gêneros discursivos. Analisar o nível sintático consiste em estudar o modo como as

palavras do texto se organizam em sintagmas, frases, períodos e orações. A

maneira como é organizada a construção sintática do texto pode ajudar a

compreender o seu sentido. É utilizada a inversão sintática com frequência nesse

tipo de texto, porque nele, a linguagem se expande para outros sentidos além do

denotativo diferentemente dos demais gêneros de caráter objetivo..

O nível gráfico é o espaço que o poema ocupa na página, ou seja, o aspecto

visual do poema. O nível gráfico se dá pela organização do poema na página-

versos e a divisão estrófica que caracteriza a forma poemática: soneto, canção, etc.,

e os efeitos que isso produz no poema para o leitor.

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No nível fônico (sonoro), as figuras de efeito sonoro associam-se ao

conjunto de elementos da estrutura formal do texto, sendo também responsáveis

pela sugestividade de sentido e pela criação de imagens. O ritmo se destaca, dentre

os elementos da estrutura sonora, pelo estabelecimento de uma cadência própria do

texto, funcionando como um eco, apoiando e ampliando seu sentido. É um dos

elementos que possibilita a interiorização, a impregnação do texto no diálogo com o

leitor.

Segundo Octávio Paz (1982, p. 68): O poeta encanta a linguagem por meio

do ritmo. Uma imagem suscita outra. Assim, a função predominante do ritmo

distingue o poema de todas as outras formas literárias. O poema é um conjunto de

frases, uma ordem verbal, fundado no ritmo.

A musicalidade é concretizada pelos efeitos sonoros. No momento da leitura

do poema, pelo sentido das palavras , tem-se a sensação de ouvir uma música. A

musicalidade que dá efeito sonoro na cadência rítmica estão nas repetições como:

A) Aliteração: repetição de consoantes ao longo do poema.

B) Assonância-representa a repetição da mesma vogal no poema.

C) Anáfora: repetição de uma palvra na mesma posição em versos diferentes.

D) Onomatopéia-som da letra que se repete.

E) Rima: repetição regular de sons em posições de similaridade ou no final de

versos diferentes ou no interior do mesmo verso. A rima dá maior sonoridade e

musicalidade ao poema, podendo se apresentar sob combinações diversas. Há

rimas alternadas, emparelhadas e entrelaçadas.

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3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

Este caderno pedagógico será desenvolvido com alunos de sétima série da

Escola Estadual Rui Barbosa-Ensino Fundamental no município de Mamborê que

propõe a leitura do texto literário, especialmente o texto poético como objeto de

entretenimento e de arte que se dintingue pela forma que utiliza a linguagem,

valendo-se de recursos e estratégias. Os aspectos que caracterizam o texto poético

(rima, ritmo e sonoridade) precisam ser evidenciados, a fim de que os leitores se

sintam motivados a conhecê-los e a admirá-los por suas especificidades. É preciso

promover o resgate da poesia em sala de aula, com o objetivo de incentivar o aluno

a ver o mundo como cidadão capaz de refletir e questionar sobre as diferentes

formas de leitura que modelam a poesia como obra de arte.

Nesta perspectiva, este caderno proporcionará ao aluno estratégias

diferenciadas de leitura de textos poéticos, visando despertar nos alunos o gosto e o

prazer pelo texto literário instigando-o a uma melhor interação com este gênero,

utilizando o Método Recepcional que irá dar um suporte teórico ao professor, pois

um dos pontos fundamentais desse método é a valorização do leitor e, com isso,

suas experiências de vida e leitura sempre devem ser levadas em consideração.

3.1 Fundamentação Teórica Da Estética Da Recepção

O ensino da literatura deve ser pensado com os pressupostos teóricos da

Estética da Recepção de Jauss (1994) que toma como objeto de investigação, o

receptor. Isto exige a construção de uma nova concepção de leitor que assume

então o papel genuíno, imprescindível tanto para o conhecimento estético quanto

para o conhecimento histórico: o papel do destinatário a que, primordialmente, a

obra literária visa. Essas teorias contribuem na formação do leitor, o qual, será

capaz de de sentir e expressar o que sentiu pela tríade obra/autor/leitor, na interação

da prática de leitura.

O prazer pela leitura só acontecerá quando levar o leitor a tomar certa atitude

sobre a obra. Segundo Jauss, na experiência estética é desenvolvida a hierarquia da

natureza estética em três atividades importantes, complementares e simultâneas:

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Poiésis (momento da produção): corresponde ao prazer de se sentir co-autor

da obra. É a participação crescente do leitor no seu processo de produção. Ocorre o

preenchimento dos vazios do texto na interação do autor e leitor/receptor .

Aisthesis (momento da recepção): a obra causa efeito no leitor agindo sobre

ele que reconhece os elementos apresentados transformando em uma nova

percepção de mundo.

Katharsis (comunicação): é a concretização de um processo de identificação

que leva o expectador a assumir novas normas de comportamento social, numa

retomada de idéias expostas anteriormente. É a experiência subjetiva. Primeiro tem-

se a conquista do leitor, depois provoca-lhe choque, e como resultado de atitude,

causa-lhe um sentimento forte diante da obra.

Faz-se então necessário refletir sobre as sete teses desenvolvidas por Jauss

em sua teoria a respeito da Estética da Recepção. A primeira tese é a relação

dialógica entre texto e leitor onde ocorrerá a atualização na leitura; Na segunda tese

Jauss refere sobre o saber prévio do aluno, pois uma obra literária nunca é novidade

absoluta, pois ela reporta ao já conhecido, isto é, o leitor reage diante desta leitura

influenciado por um contexto social; A terceira tese determina como a obra foi

recebida pelo público- leitor em diferentes épocas quando fora lida. As expectativas

podem ser satisfeitas, frustradas ou rompidas; Na quarta tese, refere-se à relação

dialógica do texto relacionado a diferença de compreensão que a obra suscitou na

época em que surgiu e, no momento presente de sua leitura. Na reconstituição do

horizonte de expectativa dá-se a partir da lógica pergunta e resposta que é o

mecanismo da hermenêutica, demonstrando como se dá as análises feitas em

épocas distintas; Na quinta tese, Jauss discute a leitura de um texto literário sob o

enfoque diacrônico conhecido como a linha do tempo onde o leitor reconhece o

processo histórico de recepção e produção estética; Na sexta tese, o leitor no

enfoque sincrônico reconhece esse processo que engloba o momento de cada

época, tendo um entendimento da leitura. A importância da obra pode ser definida

por meio de diversas compreensões por leituras em fases diferentes, podendo em

determinado período, ser mais valorizado que em outros; Na sétima e última tese,

Jauss comenta sobre a emancipação e atuação do leitor no seu contexto social onde

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este apresenta uma nova realidade, rompendo os seus hori zontes de expectativa e

possibilitando a sua formação crítica.

3.1.1 Método Recepcional

A partir dos pressupostos teóricos de Jauss, propostos pela Estética da

Recepção (Jauss, 1994) e de Iser na Teoria do Efeito (Iser, 1996) e pela

contribuição de Bordini e Aguiar no Método Recepcional (Bordini e Aguiar, 1993),

entende-se que o leitor é um sujeito ativo no processo da leitura, pode-se

demonstrar que os objetivos são para que nosso discente possa: fazer leituras com

produção de sentidos, ter receptividade a novos textos e a leitura de outrem,

questionar as leituras realizadas em relação ao seu próprio horizonte cultural e

transformar os próprios horizontes de expectativas dele, do professor, da

comunidade familiar e social.

A partir do exposto, a produção didática será desenvolvida conforme a

contribuição de Bordini e Aguiar pelo Método Recepcional. Esse método

apresenta,com relação ao autor, em cinco etapas:

01) Determinação do horizonte de expectativas- conterá os valores

prezados pelos alunos em termos de crenças, modismos, estilos de vida,

preferências quanto ao trabalho e lazer, preconceitos de ordem moral, social

e interesses específicos da área de leitura. O professor toma conhecimento

da realidade sócio-cultural do educando observando o dia-a-dia da sala de

aula. Informalmente, pode-se analisar os interesses e nível de leitura dos

alunos.

02) Atendimentodo horizonte de expectativas- o professor apresenta

textos que sejam próximos ao conhecimento de mundo às experiências de

leitura dos alunos.

03) Ruptura do horizonte de expectativas- é o momento de mostrar ao

leitor que nem sempre determinada leitura é o que ele espera, sua certeza

pode ser abalada. Para que haja o rompimento, é importante o professor

trabalhar com textos que, partindo das experiências de leitura dos alunos,

aprofundará seus conhecimentos, fazendo com que eles se distanciem do

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senso comum em que se encontram e tenham seu horizonte de expectativas

ampliado.

04) Questionamento do horizonte de expectativas- após a ruptura o

sujeito é direcionado a um questionamento e a uma auto-avaliação a partir

dos textos oferecidos. O aluno deverá perceber que os textos oferecidos na

etapa anterior (ruptura), trouxeram-lhe mais dificuldades de leitura, porém

deram-lhe mais conhecimento e ampliação de horizontes.

05) Ampliação do horizonte de expectativas- possibilita uma reflexão e

uma tomada de consciência das mudanças e das aquisições, levando-o a

uma ampliação de seus conhecimentos através de diversos tipos de leitura. O

papel do professor nesta etapa é o de provocar os seus alunos e criar

condições para que os mesmos cheguem às suas próprias conclusões, sem

uma intervenção direta

Assim posto, compreende-se o aluno sendo leitor, é ele quem atribui

significados dando sentido ao que lê de acordo com os seus conhecimentos prévios,

linguísticos e de mundo.

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4 OFICINA DE LEITURA DE POEMAS: MÉTODO RECEPCIONAL

A Oficina de leitura de poemas constitui-se num encaminhamento

metodológico que permite a construção coletiva a partir da realidade e das

condições do próprio grupo, oportunizando atitudes reflexivas e de interação

cooperativa entre professor e alunos

Para tanto será proposta uma Oficina de leitura de poemas com alunos de

sétima série da Escola Estadual Rui Barbosa no município de Mamborê. Será

realizada uma investigação sobre as expectativas dos alunos em relação aos textos

poéticos para posteriormente proporcionar atividades que atendam aos interesses

dos mesmos e despertando-lhes o prazer pela leitura deste gênero literário. Neste

espaço, o aluno deixará fruir a sensibilidade através do Método Recepcional com

estratégias de leitura que estimulem os alunos a ler com mais frequência o gênero

poético bem como desenvolver a criatividade, a imaginação e o senso crítico sendo

este o objetivo do projeto: ler por prazer. Também serão propiciados momentos de

discussão e debate sobre os textos a serem trabalhados gerando assim uma

interação dos alunos com o grupo desenvolvendo também a oralidade através da

declamação de poesias e, posteriormente a produção de textos poéticos.

4.1 Objetivos

4.1.1 Objetivo geral:

- Incentivar o aluno à leitura por prazer de ler, sentir e produzir poema

4.1.2 Específicos:

- Proporcionar aos alunos experiências de leitura de poemas de diferentes

períodos literários, explorando a relação-sentido.

- Oferecer oficinas de leitura de diversos textos poéticos que enfoquem o tema

proposto.

- Proporcionar alternativas metodológicas visando estimular nas aulas de

literatura a produção de sentidos e significados para os texto literários.

- Discutir sobre temas que venham de encontro aos seus interesses para o

trabalho com a poesia .

- Despertar o interesse dos alunos pelos textos poéticos.

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4.2 Conteúdos

Os conteúdos referentes à estrutura poética que serão estudados na oficina serão:

a) Conceito de poesia e sua estrutura;

b) Estudo sistematizado da rima como um dos recursos formais do poema;

c) Sentido conotativo-linguagem figurada;

d) Leitura e exploração do campo temático do poema determinado a partir da

etapa do atendimento do horizonte de expectativas.

4.2.1 Sequência Didática De Textos Poéticos- Estratégias

De Leitura -Proposta De Atividades

1 Determinação do horizonte de expectativas

Nesta primeira etapa, o professor desenvolverá a determinação do horizonte

de expectativas da classe com o objetivo de prever estratégias de ruptura e

transformação dos mesmos.

O objetivo desta aula é fazer um diagnóstico sobre como os alunos veem o

texto poético, o conhecimento sobre a estrutura e a forma. Neste momento , será

determinado o horizonte de expectativas em relação a este gênero e os

conhecimentos que ele possui. Será questionado sobre suas preferências por

autores, as experiências de leitura de poesias que ele traz consigo, estilos, etc.

Será então proposto um questionamento oral. Esta atividade será uma forma

de conhecer seus interesses literários para chegar às suas preferências quanto à

leitura e a um diagnóstico da recepção da poesia. Este objetiva conhecer as

expectativas e o interesse dos alunos por textos poéticos. Esta atividade ajudará nas

etapas seguintes, o atendimento e a ruptura de expectativas. Você gosta de ler?

Que tipo de leitura você mais gosta? Das leituras que você fez, qual você gostou

mais? Por quê? Você lê somente quando o professor solicita? Ou você

espontaneamente busca um livro de sua preferência pelo prazer de ler? O que é

poesia para você? Que temas você mais aprecia nos poemas? Você gosta de ler

poesias? Qual poema marcou mais para você? E que autor de textos poéticos você

mais gosta? O que a poesia desperta em você? Como você se sente ao ler uma

poesia? Você acha difícil interpretar um texto poético ou este gênero é igual aos

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outros textos? Que temas você mais gosta nos textos poéticos? E em relação á

música, você observa a letra ou o ritmo? Você acha que a letra de uma música pode

ser considerada uma poesia?

Em relação à sociedade: Como o texto poético é apresentado no dia-a-dia de

uma sociedade? As pessoas dão importância à poesia? A sociedade vê poeta como

um sonhador? O que deve ser feito para mudar esta visão da poesia? Como a

poesia pode entrar nos jornais, revistas, email, blogs? Falta mais poesia na vida das

pessoas? De que forma a poesia pode humanizar as pessoas?

2) Atendimento do horizonte de expectativas

Após ter realizado o diagnóstico e observado as expectativas dos alunos em

relação ao texto poético, deverá ser escolhido o tema a ser trabalhado e, a seguir

selecionar um texto. Oralmente, o professor pode questionar os alunos sobre os

assuntos que eles gostariam de ler nos poemas. A princípio, o tema escolhido é

“Amor”, visto que nesta faixa e tária começa a aflorar este sentimento mesmo que de

forma ingênua. O assunto faz parte do dia-a-dia dos alunos e despertam mais

interesse nos adolescentes. Mas, nas próximas etapas poderão ser trabalhados

outros temas.

Nesta etapa, professor inicia um dialogo com os alunos sobre o Amor e a

importância deste sentimento na vida dor ser humano. Faz perguntas como: O que

pensa do amor? Já se apaixonou alguma vez? Como é estar amando alguém?

Como foi seu primeiro amor? E quem nunca amou, como espera que seja? Já teve

decepções no amor? Como foi? O amor pode ser duradouro? Qual é a sensação de

amar e ser correspondido? E outras questões. É importante o professor criar um

clima de confiança entre os alunos.

Na sequência, de forma a atrair a atenção dos alunos escolhi a música

“Quando a chuva passar” de Ivete Sangalo onde o tema proposto aparece de forma

clara e trata-se de um ritmo musical romântico que agrada a essa faixa etária sendo

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também adequado ao tema. Assim, aliada a letra e o ritmo, espera -se despertar nos

alunos o interesse pelo conteúdo da letra.

Proposta de atividades

O professor pede aos alunos que ouçam a música e atentem a letra

(comentar sobre a importância de prestar atenção à letra e observar o que o autor

quis passar em relação a sentimentos e emoções).

QUANDO A CHUVA PASSAR Ramon Cruz

Prá que falar Se você não quer me ouvir?

Fugir agora não resolve nada Mas não vou chorar Se você quiser partir

Às vezes a distância ajuda E essa tempestade um dia vai acabar

Só quero te lembrar De quando a gente andava nas estrelas Nas horas lindas que passamos juntos

A gente só queria amar amar e amar E hoje eu tenho certeza

A nossa história não termina agora

Pois essa tempestade um dia vai acabar Quando a chuva passar (Sangalo, Ivete)

Discussão oral sobre a música- A letra que você acabou de ouvir pode ser

considerada uma poesia? O que mais lhe chamou a atenção: a letra ou a música?

Por que? O que você entende por poesia? E em relação a estrutura, o que é verso,

estrofe e rimas? Na letra aparecem rimas? Quais? Todo texto poético tem que ter

rimas? Em relação à música, qual é o tema que ela traz, isto é, sobre o que o autor

fala? A linguagem utilizada pelo autor é uma linguagem figurada? Como você

Para ouvir a música acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=oA9OulNAXas

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percebeu isso? Que tipo de sentimento o autor expressa na música? Quando o autor

se refere a tempestade, em que sentido ele usa essa palavra?

Análise da letra da música em grupo

O professor solicita aos alunos que se reúnam em grupos de três ou quatro

alunos e façam uma interpretação oral e escrita. Logo após, os grupos apresentarão

as suas opiniões. O professor neste momento poderá auxiliar os alunos

complementando as idéias dos alunos.

Percebe-se na letra da música “Quando a chuva passar” que o autor mostra

um sentimento de posse em relação à amada. O texto é de fácil compreensão com

um vocabulário simples. No sétimo verso, o autor usa a linguagem figurada “E essa

tempestade um dia vai acabar” referindo-se a problemas pelos quais o casal está

passando, mas que vai passar. O autor não aceita uma separação, mas concorda

em darem um tempo ao outro. Porém, ele tem certeza de que ficarão juntos, pois

apesar dos problemas que estão enfrentando, o autor faz questão de lembrar dos

momentos felizes que passaram juntos, porém, no final do texto apresenta uma

possessividade em relação à amada acreditando que a tempestade irá passar e tudo

será como antes.

No encontro seguinte, o professor trará para a sala alguns textos poéticos e

distribuirá aos alunos para que eles tenham contato com a poesia. O professor

seleciona um de sua preferência e declamará ou lerá para seus alunos. Logo após,

o professor incentiva os alunos a também lerem.

Poema: As sem razões do amor

Autor: Carlos Drummond de Andrade

Na aula seguinte, será levado um poema de Carlos Drummond de Andrade,

“As sem-razões do amor” onde tratará também do tema amor. Os místicos e os

apaixonados concordam que o amor não tem razões. Como a rosa não tem porquês.

Ela floresce porque floresce. No momento da produção do poema, acredita-se que

Drummond deveria estar apaixonado ao escrever tão lindos versos. Só os

apaixonados acreditam que o amor é assim, tão sem razões. O amor nasce, vive e

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morre pelo poder-delicado da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da

amada.

As sem-razões do amor

Carlos Drummond de Andrade Eu te amo porque te amo Não precisas ser amante,

E nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo

Amor é estado de graça E com amor não se paga.

Amor é dado de graça

É semeado no vento, Na cachoeira, e no eclipse

Amor foge a dicionários E a regulamento vários. Eu te amo porque te amo

Bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca,

Não se conjuga nem se ama...

Proposta de atividades

Primeira etapa

Todos os alunos receberão uma cópia do poema Antes, o professor fará um

breve relato sobre o autor, a importância que teve em nossa literatura e poderá ser

solicitado aos alunos uma pesquisa sobre Carlos Drummond de Andrade e pedir que

escolham um outro poema do autor para a próxima aula.

Segunda etapa

- Leitura si lenciosa do poema;

- -Identificar a idéia central do poema;

- Reconhecer os recursos formais do poema;

- Leitura individual e coletiva;

Para ouvir a poesia acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=tLdQRYJjxvc

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- Retomada do tema da etapa anterior;

- Comparar a música e o poema para verificar qual foi mais difícil a interpretação;

- Representação dos sentimentos em formas de palavras ou ilustração do poema.

Interpretação oral do poema:

1) Explique o título do poema?

2) Que razões, na sua opinião, temos para amar?

3) Segundo o autor “ o amor é dado de graça. “Você concorda?

4) Para se amar é preciso seguir normas e regras? Em que trecho essa

idéia aparece?

5) Como o eu-lírico define o amor?

6) O amor pode ser comprado ou trocado?

7) O eu-lírico consegue explicar a pessoa amada o motivo de amá-la

tanto?

8) O amor tem razões?

Nesta etapa, o professor solicita a um aluno que declame o poema ou o

próprio professor o faz entoando emoção, estimulando os alunos a também

adquirirem esse gosto.

Terceira etapa- Produção de um poema

Na sequência, os alunos que produzirão um poema com o tema O que é o

amor para você? Poderá ser com rimas ou não.

- Solicitar que após a produção, os alunos troquem os textos para respectiva

leitura dos mesmos.

Quarta etapa: Leitura da produção do texto poético

- Propor que alunos que façam um círculo e leiam para a sala o seu texto. Deixar a

sala à vontade. No começo, haverá uma certa timidez, mas aos poucos os

alunos lerão seus textos. É preciso estimular a expressão oral através da leitura.

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Quinta etapa- Leitura de poemas sobre o tema- Amor

- Propor aos alunos uma pesquisa bibliográfica ( livros, internet) que será realizada

em grupos de quatro sobre grande poetas da literatura brasileira como: Carlos

Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes (poeta, cantor e compositor), Renato

Russo (cantor e compositor), Álvares de Azevedo, Luiz Vaz de Camões, Fernando

Pessoa e ou outros.

- Pedir que cada grupo escolha dois poemas desses autores e tragam para a sala.

Fazer a leitura silenciosa. Leitura em voz alta. Colocar um fundo musical durante

a leitura. Expor os poemas num painel.

3) Ruptura do horizonte de expectativas.

Após ter oferecido aos alunos diversos textos e estratégias que atendam aos

seus interesses, partirei para textos mais formais. É o momento de romper com as

expectativas dos alunos, apresentando textos que exigem um grau de compreensão

maior que os oferecidos anteriormente. O tema continuará sendo o mesmo. Espera-

se neste processo, o distanciamento entre o texto anterior e as expectativas do leitor

quanto ao mesmo. Assim, esta fase de ruptura ocorrerá mudanças de expectativas e

avanços na formação cultural do aluno. O objetivo é ampliar o seu horizonte de

expectativas direcionando seu olhar para novas possibilidades de leitura. Será

ofertado aos alunos, textos de outros períodos literários oportunizando-lhes uma

visão diferente da que ele tem hoje, propiciando o contato com sensações vividas

em outros tempos.

Antes, o professor questionará aos alunos: Como o texto poético é

apresentado no dia-a-dia de uma sociedade? As pessoas dão importância à poesia?

A sociedade vê poeta como um sonhador? O que deve ser feito para mudar esta

visão da poesia? Como a poesia pode entrar nos jornais, revistas, email, blogs?

Optou-se por uma música de Vinicius de Moraes, cantor e compositor

contemporâneo. Comentar da grande importância que ele teve na música popular

brasileira e na literatura e do seu estilo romântico, da bossa nova onde ele foi de

fundamental importância. O ritmo suave da música será uma forma de os alunos

prestarem atenção ao conteúdo da letra.

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Primeira etapa:

Música: Eu sei que vou te amar

Autores: Tom Jobim e Vinicius de Moraes

Interpretação: Maísa

“Eu sei que vou te amar” composta em 1958 pela parceria Tom Jobim e

Vinicius de moraes é tido como uma pérola pela MPB conhecida no mundo

inteiro. A música retrata o amor jurando amor eterno com tal intensidade que

não importa o sofrimento que o eu-lírico irá passar, o amor será para toda a

vida. O professor conduzirá a uma discussão sobre a música. O que sentiram

e se o ritmo os agradou.Comentar sobre o contexto histórico da produção da

mesma e a visão que eles têm hoje, o estado emocional do eu-lírico. Como o

amor era tratado antes e como é visto hoje. A visão do amor de hoje é a

mesma vivida por Vinicius de Moraes e Tom Jobim?

Eu Sei Que Vou Te Amar

Maísa

Composição: Tom Jobim / Vinícius de Moraes

Eu sei que vou te amar

Por toda a minha vida

Eu vou te amar A cada despedida

Eu vou te amar

Desesperadamente Eu sei que vou te amar..

E cada verso meu será

Prá te dizer Que eu sei que vou te amar

Por toda a minha vida...

Eu sei que vou chorar

A cada ausência tua eu vou chorar Mas cada volta tua há de apagar

O que essa tua ausência me causou...

Eu sei que vou sofrer A eterna desventura de viver À espera de viver ao lado teu

Por toda a minha vida...

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Eu sei que vou te amar...

Primeira etapa: Questionamento oral

Nesta etapa, será propiciado um momento de discussão os quais todos poderão

expressar o seu ponto de vista sobre a música, suas impressões, comparando as

diferenças de estilo musical entre a musica: Quando a chuva passar e Eu sei que

vou te amar.

A seguir, o professor fará oralmente perguntas aos alunos.

a. O que sentiram ao ouvir a música? O ritmo agradou vocês?

b. A letra da música corresponde ao tema proposto? Como você

percebeu isso?

c. O amor pode se manisfestar só pelo olhar? Já passaram por essa

experiência?

d. Em que estado emocional o eu-lírico se encontra?

e. Escrevas palavras soltas indicando as emoções que o poema causou

em você?

Segunda etapa: Apresentação de poemas

Após ter sido realizada esta atividade, apresentar os poemas de Alvares

Azevedo, Vinicius de Moraes , Luiz Vaz de Camões e Renato Russo.

Amemos! Quero de amor Viver no teu coração! Sofrer e amar essa dor Que desmaia de paixão! Na tu’alma, em teus encantos E na tua palidez E nos teus ardentes prantos Suspirar de languidez! Quero em teus lábios beber Os teus amores do céu, Quero em teu seio morrer

No enlevo do seio teu! Quero viver d’esperança, Quero tremer e

Para ouvir a música acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=Tmrp5FtWC30

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sentir! Na tua cheirosa trança Quero sonhar e dormir! Vem, anjo,

minha donzela, Minha’alma, meu coração! Que noite, que noite bela! Como é doce a viração! E entre os suspiros do vento Da noite ao mole

frescor, Quero viver um momento, Morrer contigo de amor!

(Azevedo Álvares de)

Discussão oral:

a. Ao ler o poema Amor de Álvares de Azevedo, que sentimentos o texto lhe

provocou?

b. É possível hoje existir um amor tão grande capaz de levar à morte?

c. Que semelhanças e diferenças há entre os textos lidos ?

d. No contexto atual, como o amor é encarado pelas pessoas?

e. Em relação à linguagem, houve dificuldades para entender?

Vinicius de Moraes em seu poema “Soneto de Fidelidade”, um dos mais

belos poemas da literatura brasileira fala especialmente do amor.

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Análise do poema

Para ouvir a poesia acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=bTaY3noKIpI

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A lírica fala especialmente do amor. É um poema composto de quatorze

versos com dois quartetos e dois tercetos. As rimas ocorrem sempre no final de cada

verso. Os versos são decassílabos. Nos quartetos temos rimas interpoladas e

emparelhadas e nos tercetos, as rimas são misturadas. Quanto à métrica, os versos

são clássicos, pois tem o mesmo número de sílabas em todo o poema. São

decassílabos. O eu-lírico deixa claro que quer aproveitar cada momento ao máximo,

sendo atencioso e zeloso com o seu amor. Quando o poeta começa a falar da morte

e solidão já fica claro que não acredita na eternidade do sentimento. No verso “Eu

possa dizer do amor (que tive)”, o poeta deixa transparecer uma desilusão amorosa,

talvez por isso não acredita no amor eterno. O poeta não espera que o amor seja

imortal visto que é chama visto que chama se extingue e, assim acontece com o

amor. Esta é uma forte característica dos poemas de Vinicius de Moraes, destruir a

eternidade do amor. Porém, ao dizer. “Mas que seja infinito enquanto dure”, confirma

a idéia de aproveitar cada momento com seu amor. A linguagem do poema é muito

clara, não há vocábulos desconhecidos. Porém, é culta. Também não aparece o uso

de figuras de linguagem. Percebe-se uma declaração explícita ao Amor, isto é,

atenção total ao sentimento amoroso e o cuidado que deve prestar a esse

sentimento haja vista o nome do soneto (de fidelidade), no sentido de valorização,

adoração e, que mesmo em vista de outros “encantos” o Amor não deve esmorecer

e sim, fortificar-se em seu pensamento. Ressaltar aos alunos que muitas vezes o eu-

lírico do autor reflete a sua vida pessoal, o seu sofrimento.

Monte Castelo

Renato Russo

Composição: Renato Russo

Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor. Que conhece o que é verdade.

O amor é bom, não quer o mal. Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.

É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente.

É dor que desatina sem doer.

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Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer. É solitário andar por entre a gente...

Análise do poema

Antes de iniciar a análise, o professor explicará sobre Intertextualidade- textos

que dialogam entre si. Neste texto, a construção é bem interessante, pois há dois

textos presentes. No primeiro, a carta de São Paulo aos Coríntios Cap. 13, v.1, 7 e

18. Nele, São Paulo prega o Amor mesmo aos que não são cristãos - O amor é

definido na fé, esperança e caridade sendo este último, o sentimento mais

importante. No segundo, o poema O amor é um fogo que arde sem se ver o

sentimento é mais indefinido, amor paixão, amor de amantes, cheio de antíteses. Os

textos estão distantes no tempo e no espaço, porém eles se relacionam pela visão

de mundo. O título Monte Castelo tem um significado especial, pois é uma região da

Itália que, durante a Segunda Guerra Mundial, os pracinhas da FEB (Força

Expedicionária Brasileira) lutaram contra os alemães. Muitos morreram nesta

batalha, porém foram vencedores. Fazendo um paralelo, o Monte Castelo o monte

em que Jesus Cristo falasse do Monte às pessoas embaixo pregando o evangelho e

o amor entre os homens. No final, nos versos “Estou acordado, mas todos dormem,

o autor alerta, pois as pessoas não estão atentas para o sentimento Amor. A

mensagem da música: O Amor e o seu valor universal.

Após esta análise, pedir aos alunos que façam novamente uma leitura

silenciosa do texto para verificar o que mudou na visão dos alunos.

Para ouvir a música acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=kY6wjj-phGA

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AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER

Luiz Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Neste soneto, o eu-poético faz uma reflexão sobre as contradições do amor e

sobre os motivos que leva as pessoas a se apaixonarem. Nos dois quartetos e nos

dois tercetos o amor se caracteriza como um sentimento contraditório: Amor é ferida

que dói e não se sente. Essa caracterização é feita através oximoros, figuras de

estilo que introduz o paradoxo. Camões procura definir este sentimento indefinível e

explicar o inexplicável, colocando imensos contrastes para caracterizar este mistério.

Para Camões, o Amor (com “A” maiúsculo) é um tipo ideal, superior, perfeito e único,

pelo qual há o anseio de atingí-lo, mas como somos imperfeitos, somos ao mesmo

tempo incapazes de chegara esse ideal. Existe a dualidade da incerteza do amor

“físico”(com a minúscula) com o Amor ideal, assim o amor é imitação do Amor.Na

verdade, o autor procura compreender e definir o processo amoroso.Conceituando a

Para ouvir a poesia acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=3cdag7YkKL8

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natureza paradoxal do amor, o soneto ressalta em enunciados antitéticos (antíteses)

compondo um todo lógico, o caráter paradoxal do sentimento amoroso. Esclareceu-

se, entretanto, que tais contradições são por vezes, aparentes, pois a segunda pane

de cada verso funciona como complemento da primeira, enfatizando-a por

intermédio da aproximação de realidades distintas. O aspecto material, sensível

“ferida que dói”, “é dor que desatina”,é oposto ao espiritual “ em que se sente”, sem

doer, como se de resto pode-se observar ao longo de todo o soneto, culminando

com a indagação final, a traduzir toda a perplexidade diante da total impossibilidade

de se compreender o próprio amor. Camões parece estar certo ao afirmar que ”tão

contrário a si é o mesmo amor. No terceto final, o eu-lírico encerra com chave de

ouro questionando: Como pode o ser humano “cair na armadilha de se apaixonar se

o amor é um sentimento “ tão contrário”, que vai lhe trazer tanta instabilidade e

confusão, tanta angústia misturada com euforia?

4) Questionamento do horizonte de expectativas

Após terem sido realizadas as atividades propostas com a música de Ivete

Sangalo “Quando a chuva passar” e a leitura dos poemas de Álvares de Azevedo,

Vinicius de Moraes, Luiz Vaz de Camões, todos retratando a mesma temática, será

proporcionado aos alunos, um questionamento dos seus horizontes de

expectativas. (Comentar sobre os autores e a época em que os poemas foram

escritos). Se necessário, pedir uma pesquisa sobre a biografia de cada um. Essa

atividade será realizada através de um debate em que os alunos irão expor as

mudanças que ocorreram através das atividades realizadas. Como passaram a ver a

poesia agora? As atividades corresponderam às suas expectativas? De que forma o

tema foi trabalhado em cada texto?

Após esse momento, o professor conduzirá um debate, pois levará os alunos

a uma reflexão por meio da oralidade. As questões serão as seguintes:

1) O que você acharam de diferente nos textos trabalhados: a letra da música e os

poemas?

2) Como a linguagem foi apresentada na música e nos outros textos em relação a

rimas e o conteúdo? E nos poemas?

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3) A canção pode ser considerada poesia ou não?

4) O que você sentiu ao ouvir a música ? E em relação à letra?

5) Você se identificou em algum dos textos? Qual foi mais difícil para interpretação?

Por quê?

6) Qual você gostou mais?

7) O tema proposto nas atividades chamou a sua atenção? Por quê?

8) Você já conhecia os autores dos textos poéticos? Qual? E qual deles você não

conhecia?

9) O que mais lhe chamou a atenção nos poemas?

10) Quais são parecidos? Por quê?

11) A sua visão sobre poesia mudou ou você a vê da mesma forma como via ante?

Passou a gostar mais?

12) As atividades realizadas foram interessantes? Qual você gostou mais?

Nesta etapa, será proposto a formação de duplas (pode ser também feito

grupos com mais alunos). Nesta atividade cada um fará uma entrevista com o outro.

Por exemplo: um será Carlos Drummond de Andrade e ou outro será Vinicius de

Moraes. Um entrevistará o eu-lírico do colega com as seguintes perguntas: O que

você estava sentindo no momento em que escreveu o poema? Onde você estava?

Explique para quem você escreveu este poema e por quê?

Na próxima etapa, o grupo escolhe um aluno para declamar o poema de

Camões para a sala.

Após terem respondido às perguntas de forma escrita, trocam as respostas

que deverão ser coerentes com os textos lidos. Cada dupla apresentará para a sala

o resultado das entrevistas.

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Na próxima etapa, o grupo escolherá um aluno para declamar o poema de

Camões para a sala. Antes, o aluno irá se preparar para a apresentação.

Depois terem sido realizadas as atividades com poemas e músicas sobre o

tema Amor, será passado um lindo filme mostrando a intensidade com que o Amor

se manifesta entre as pessoas tendo o poder de transformá-las, humanizá-las.

Filme: Um amor para recordar

Autor(a): Karen Janszen

Direção: Adam Shankman

Gênero: Romance

Duração: 102 min.

Ano: 2002

País de origem: EUA

Classificação etária: Livre

5)Ampliação do horizonte de expectativas

Espera que os alunos tenham ampliado os seus horizontes de expectativas e

que tenham uma atitude diferente com a que tinham no início do método, após terem

passado pelas etapas do método: determinação, atendimento, ruptura,

questionamento e ampliação de horizontes de expectativas. Espera-se que os

alunos percebam as mudanças que tiveram após a realização destas atividades e

que tenham mais consciência da nova forma de olhar a poesia através das

experiências literárias que ele teve.

Assista ao trailer do fi lme:

http://www.youtube.com/watch?v=dHtGnqhp-SM

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Por isso, nesta etapa ocorrerá a apresentação de novos textos com outras

temáticas mais complexas. O aluno nesta etapa se sentirá mais preparado para a

interação com os textos poéticos, devido às várias experiências e informações que

ele traz consigo.

Nesta etapa, haverá dois momentos:

No primeiro momento, o professor pedirá aos alunos que pesquisem poemas.

O professor pode levá-los ao laboratório de informática da escola, à biblioteca para

consultar livros ou revistas com o tema estudado. Irão se preparar em casa para, na

aula seguinte, apresentarem a declamação dos poemas escolhidos. Para esta

atividade, o professor deverá estimular muito os alunos, pois alguns, devido à

timidez, poderão não querer declamar.

No segundo momento, haverá a produção de um texto poético utilizando a

mesma temática dos textos lidos: O amor. Mas antes, o professor colocará uma

música romântica e pedirá aos alunos que selecione palavras da letra da música que

mais chamaram a atenção. Depois, escolherão as que mais agradaram e farão a

produção poética. A seguir, poderão ler seus textos para a sala e expor num painel

ou num varal.

AVALIAÇÃO

A avaliação será fundamentada a partir dos pressupostos teóricos da Estética

da Recepção com o Método Recepcional de Bordini e Aguiar em que o professor e

os próprios alunos deverão perceber sua evolução em termos de aprendizagem

formal, os aspectos literários trabalhados e dos avanços que tiveram em relação à

leitura literária voltada para uma análise e atitude mais crítica. Os alunos farão um

questionamento da sua atuação e dos crescimentos deverão ter durante as

atividades.

O resultado final será a produção de um texto poético. Além desta avaliação

sistematizada, a avaliação será contínua através da observação direta do professor

das contribuições dos alunos e a participação nas atividades orais e nas demais

atividades que serão propostas nas oficinas onde o professor avaliará o crescimento

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intelectual e cognitivo dos alunos. O resultado final será a elaboração de uma

coletânea de textos poéticos produzidos pelos alunos que serão expostos em um

varal de poesias. Logo após, será realizando um evento“ A noite da poesia “ no

Centro Cultural do município para que a comunidade possa ser presenteada com

declamações dos alunos de poesias de autores consagrados e também de poesias

criadas pelos alunos. Neste evento, espero contar com a colaboração de todos os

professores direção, equipe pedagógica e funcionários para que o Projeto feche com

êxito.

RECURSOS

- Sala de informática;

- TV multimídia para apresentação de clipes com as músicas.

- Dicionários;

- Biblioteca;

- Textos impressos com as letras das músicas e dos poemas;

- Lápis, caderno, lápis de cor;

- -Painel.

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CONCLUSÃO: Resultados Esperados

Espera-se que a partir desta proposta do Método Recepcional, os alunos

possam ter mais facilidade na leitura e interpretação dos textos poéticos

Este caderno mostrará que existem alternativas metodológicas eficientes que

poderão auxiliar educadores na tarefa de promover a leitura de poesias por leitores

juvenis.

Dessa forma, espera-se que os resultados possam iluminar professores e

alunos diante dessa prática pedagógica visando a contribuição para a formação de

leitores críticos e reflexivos, especialmente com o gênero poético.

A partir dos Pressupostos Teóricos da Estética da Recepção de Yauss (1994)

e do Método Recepcional de Bordini e Aguiar (1988), o professor terá subsídios

teóricos que o auxilie em sua prática pedagógica em relação a este gênero tornando

as aulas de literatura mais atrativas e interessantes para o aluno.

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REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de e BORDINI, Maria da Glória. Literatura e Formação do

leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

ANDRADE, Carlos Drummond. As sem razões do amor. Disponível em:

<http://letras.terra.com.br/carlos-drummond-de-andrade/983318/> Acesso 10 mar.

2010

CAMÕES, Luis Vaz de. Amor e fogo que arde sem se ver. Disponível em:

<http://www.suapesquisa.com/biografias/amor_e_fogo.htm> Acesso em 16 jun. 2010

CAMPOS, A. F. A Formação do leitor através do Método Recepcional. In:

Cadernos de Ensino e Pesquisa da FAPA – n. 2- Sem, Porto Alegre, 2006.

Disponível em: <WWW.fapa.com.br/cadernosfapa> Acesso em 13/04/2010.

CÃNDIDO, Antônio, A literatura e a formação do homem. Ciência e Cultura, Piauí,

Universidade Federal do Piauí, 1972. P. 803-9.

________Estímulos à criação literária. In:. Literatura e sociedade. 5.ed. São

Paulo:: Nacional, 1976.

CRUZ, Ramón. Quando a Chuva Passar. Disponível em

<http://letras.terra.com.br/ivete-sangalo/330694/> Acesso 10 fev. 2010

D”ONOFRIO, S. Teoria do texto 2 : teoria lírica e drama. São Paulo: Ática, 1995.

EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma introdução. Trad. Waltensir Dutra. São

Paulo: Martins Fontes, 1983.

JOBIM, Tom e MORAES, Vinícius. Eu sei que vou te amar. Disponível em:

<http://letras.terra.com.br/tom-jobim/49040/> Acesso em: 16 fev. 2010

KLEIMAN, Angela B. Texto e Leitor: aspectos cognitivos da leitura. São Paulo, SP:

Pontes, 2002

MORAES, Vinícius. Soneto de Fidelidade. Disponível em:

<http://www.releituras.com/viniciusm_fidelidade.asp > Acesso 23 mar. 2010

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Língua

Portuguesa. Curitiba, 2009.

PAZ, Octávio. O arco e a lira. Trad. Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,

1982.

RUSSO, Renato. Monte Castelo. Disponível em: < http://letras.terra.com.br/legiao-

urbana/22490/ > Acesso em: 28 abr. 2010

SILVA, E. T. A produção de leitura na escola: pesquisas e propostas. São Paulo:

Ática, 1995.

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YAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária.

São Paulo: Ática, 1994.

ZILBERMAN, R. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo: Ática,

1989.

_________A leitura e o ensino da leitura . São Paulo: Contexto, 1991.

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ANEXOS

SUGESTÕES DE LEITURA- TEORIA LITERÁRIA

BORDINI, Maria da Glória e AGUIAR, Vera Teixeira. A literatura e a formação do

leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado aberto, 1993.

Para a elaboração deste caderno, este livro foi umas leituras que fiz. Ele trata da

formação do leitor na sua função social da leitura e pelo papel da escola na

formação literária. Mostra a importância do professor neste processo de formar

leitores sendo ele o mediador de conhecimentos. As autoras apresentam cinco

métodos de ensino na área da literatura e dentre eles o Método Recepcional

baseado nos Pressupostos teóricos da Estética da Recepção.

Zilberman, Regina. Estética da Recepção e História da literatura, São Paulo Ática,

1989.

Regina Zilberman neste livro apresenta o surgimento da Estética da Recepção

dentro da História Literária, seus pressupostos teóricos e práticos. Finaliza a obra

sobre a importância que esta tem dado ao ensino literário na escola ao colocar o

leitor como centro das atenções. Para uma melhor compreensão da Estética da

Recepção esta é uma leitura importante.

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