revista Ética cristã

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Revista do segmento evangélico, com conteúdo parao ministério

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OZIEL ALVES, EDITOR

eDitOriaL

Como jornalistas, estamos sempre à pro-cura de novidades. Abordar temas de um viés diferente e perspectiva inovadora, enxergar por prismas que outros ainda não viram e trazer ao público a notícia como um pão novo e quente, que alimenta, instrui e informa com prazer, torna a arte de informar um grande de-safio para nós.

Quando buscamos trazer à tona nomes e histórias de gente que gastaram suas vidas pavimentando a estrada da fé que recebemos para trilhar, nos sentimos motivados a apre-sentar o novo que está por trás do velho. não se pode admitir que simplesmente, requente-mos o pão de ontem, compartilhando um ali-mento que não nos serve para o hoje, tal como a conhecida história do maná do Deserto. mas falamos das coisas do passado quase que como uma tradição.

tradição significa “entregar” e em sua acepção religiosa, ela expressa a transmissão das práticas e dos valores espirituais de uma geração para a outra. naturalmente, fazemos uso das tradições para que possamos solidi-ficar conceitos, experiências e práticas nas quais acreditamos. e aqui nesta edição de Éti-ca Cristã não poderia ser diferente.

Diferentemente do tradicionalismo, que é a tendência de supervalorizarmos a tradição (um ato que por vezes nos conduz à hipocrisia), aqui a tradição é tratada da mesma forma que o apóstolo Paulo, costumava tratar. Paulo em sua carta aos tessalonicenses convocou-os a serem seus imitadores. Da mesma forma, es-tes grandes homens que fizeram a história da Igreja evangélica no Brasil, também deixam rastros fáceis de serem seguidos.

o professor americano jaroslav Pelikan, que escreveu diversos volumes sobre a tradi-ção cristã, diferenciou muito bem esses dois conceitos declarando que “tradição é a fé viva dos que já morreram e tradicionalismo é a fé morta dos que ainda vivem”.

Pois foi buscando compartilhar esta “fé viva”, que publicamos nesta edição, a história de pessoas que viveram e vivem ainda hoje, de maneira intensa a fé que receberam, e que tornaram-se modelos a serem imitados.

Contamos, por exemplo, um pequeno, mas precioso fragmento dos 60 anos da história da Igreja do evangelho Quadrangular no Brasil; abordamos as experiências de homens e mu-lheres que transpuseram barreiras continen-tais para trazer o evangelho e revolucionar a nação brasileira. Passeamos pelo movimento pentecostal que teve nas “ondas do rádio” uma explosão de crescimento nas décadas de 60, 70 e 80, dentre os quais, destaca-se o pionei-rismo da igreja o Brasil para Cristo. entrevista-mos o líder nacional desta denominação, Pas-tor Ivan nunes que pela quarta vez é reeleito a presidência da denominação. Abordamos, assuntos novos como a necessidade que as igrejas têm de se atualizarem investindo em novas tecnologias e em pessoas capacitadas para executarem serviços diferenciados, como o design direcionado à comunidade cristã; mas também assuntos recorrentes, sempre em voga no coração dos líderes, que é o desafio constante da “plantação de novas igrejas”.

Por fim, na editoria Administração de Igre-jas, trouxemos uma reportagem especial cujo título é “o Sucesso do modelo mDA no Brasil”, escrito por heston Delgado, Ivanildo Gomes e Sandro oliveira que tratam do método de disci-pulado estabelecido na Igreja da Paz que alcan-çou êxito sob a liderança de Abe huber lá no nordeste. na editoria missões, rafael Cardoso apresenta a “A Grande comissão na Copa do mundo”, revelando as estratégias que têm sido projetadas pela Igreja evangélica Brasileira para a Copa do mundo de 2014.

uma edição pra lá de especial que convida você a um mergulho nas páginas da história da Igreja no Brasil.

Que Deus abençoe sua vida!

um povo de tradição, não de tradicionalismo!

Filiada à Associação de Editores Cristãos (Asec)

PRESIDENTE

Eduardo Berzin Filho

DIRETOR DE LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO

Márcio Luiz Sabadini

DIRETOR DE OPERAÇÕES

Eurico W. Berzin

DIRETOR EXECUTIVO

Alexandre de Avilez

EDITOR

Oziel Alves • MTB 14794/[email protected]

EQUIPE EDITORIAL

Alex Fajardo, Celso de Carvalho, Fernando Garros, Heston Delgado, Ivanildo Gomes, Marcos

Stefano, Rafael Cardoso, Ricardo Regener, Robson Morais, Rogério Nascimento,

Sandro Oliveira e Vinícius Cintra.

COLUNISTAS COLABORADORES

Asaph Borba, Gerson Garros, Fabrício Cunha, Lourenço Stelio Regga, Pedro

Luís Baldoni, Roberto Azevedo

FOTÓGRAFO

Getúlio Camargo

DIAGRAMAÇÃO

Luis Teodoro [email protected]

DEPARTAMENTO COMERCIAL

(11) [email protected]

KEY ACCOUNT

Paulo Eduardo [email protected]

SUPERVISOR COMERCIAL

Douglas Balmant [email protected]

EXECUTIVOS DE CONTAS

Adriana Andrade [email protected]

Marco Antônio [email protected]

Davi Silva [email protected]

SECRETÁRIA EXECUTIVA

Ana Paula Giovanelli [email protected]

ASSESSORIA DE IMPRENSA

Celso de Carvalho [email protected]

GERENTE DE MARKETING

Priscila Móra [email protected]

MARKETING / MÍDIA

Joice Camargo [email protected]

DESIGNER GRÁFICO

Luís Carlos [email protected]

ASSINATURAS

NOVAS E RENOVAÇÕES

[email protected] www.indiqueigreja.com.br

TIRAGEM

30 mil

GRÁFICA BANGRAF

DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA

BANCAS DE TODO BRASIL

FC Comercial e Distribuidora S/ARua Teodoro da Silva, 907 – Parte Vila Isabel.

CEP 20563-900 - Rio de Janeiro - RJTel.: (0xx11) 2195.3200 (0xx21) 2195.3200

ÉTICA CRISTÃ

é uma publicação da EBF Comunicações em coedição com a Editora Minuano. A EBF Comunicações criou, produziu e realizou este projeto tendo inteira responsabilidade sobre a originalidade e autenticidade de seu conteúdo.

EDIÇÃO Nº 37 DE 2012

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:

Rua Otavio Passos, 190, 2º andarAtibaia, SP - CEP: 12942-590

Telefones: (11) [email protected]

ÉTICA CRISTÃ

não se responsabiliza pelo conteúdo e pelos conceitos emitidos nos artigos assinados que não representam necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução, total ou

parcial, do material editorial publicado em ÉTICA CRISTÃ sem autorização prévia e documentada pela EBF Comunicações. do material editorial publicado em ÉTICA CRISTÃ sem autorização

prévia e documentada pela EBF Comunicações.

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43 ADMINISTRAÇÃO:O Sucesso do Modelo de Discipulado Apostólico no Brasil

16 ASAPH BORBA /Cruzeiro DT

36 GERSON GARROS / Não basta estar lá

42 LOuRENÇO STELIO REGA / Nem tudo que dá certo é certo!

58 FABRíCIO CuNHA / Gritos de fora do portão

52 FILME: Graça e Perdão

54 LIVROS: Lançamentos

56 LIVRO DESTAQuE: O enigma da Bíblia de Guttemberg

57 CDs & DVDs: Recomendamos

04 EDITORIAL06 EMAILS07 GIRO NEWSrubem alves: retorno do fi lho pródigo?

GIRO NEWS BRASIL

GIRO NEWS MuNDO

REPORTAGENS

NOSSOS COLuNISTAS

CuLTuRA

CADERNO EQuIPAR

08 POLíTICANova ministra se diz a favor do aborto

14 APOIOrede social cristã acompanhou de perto a ocupação da Cracolândia

47 MISSÕESA grande comissão da Copa do Mundo

28 ESPECIALPlantação de novas igrejas

60 TECNOLOGIA À SERVIÇO DO REINOÉ cada vez maior o número de Igrejas aderindo a transmissão de cultos e reuniões online

62 DESIGNERS CRISTÃOSSua Igreja ainda vai precisar de um deles

E D i Ç ã O 37 / 201232 CAPAIGREJA DO EVANGELHO QuADRANGuLAR60 anos de missão no Brasil e a história de um de seus maiores ícones: Mário de Oliveira

PR. IVAN NuNES: Lealdade a fé pentecostal e ao pioneirismo histórico da igreja O Brasil para cristo

20 ENTREVISTA

18 ESPORTE:Na onda de Cristo: Evangelizar e integrar o surfi sta em alguma comunidade local, é o principal desafi o há mais de 20 anos da Missão surfi stas de cristo

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09 POLíCIAO roubo dos dízimos na Igreja Maranata

10 POLÊMICABancada evangélica se revolta com declarações de Gilberto carvalho

11 DOAÇÕESCarnê da multiplicação alavanca a arrecadação da Igreja Mundial

15 ATEíSMOEstudo aponta que metade dos britânicos não tem religião

49 HISTÓRIAO evangelho nas ondas do rádio

38 ESTRATÉGIAMinistérios trazem show de humor para dentro das igrejas

15 VIOLÊNCIACristãos sob ataque na Nigéria

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e-mails

Para fazer comentários sobre o conteúdo editorial, oferecer sugestões, fazer críticas às ma-térias ou solicitar informações relacionadas às reportagens envie e-mail para:[email protected]: @eticacrista

• As mensagens devem ter nome completo, endereço e telefone.

• Por razão de espaço e clareza, seus textos podem ser publicados resumidamente.

FALE COM AREVISTAÉTICA CRISTÃ

Uma revista atual e relevante. serve de grande auxílio aos cristãos que querem se manter informados por uma fonte confi ável e cristã. estou satisfeito com a assinatura da revista.

pr. ademir r. soares Jr.congregação Batista

Nova campina, sp

“eu gosto muito das reportagens da revista ética cristã e aprecio muito os assuntos abordados. a revista se torna melhor ainda, principalmente porque trata de assuntos que dizem respeito as mais variadas denominações.”

pr. tamar camargoo Brasil para cristo são paulo, sp

“ética cristã é uma boa revista, pois traz matérias atuais sobre os principais acontecimentos no segment evangélico no Brasil e no mundo. é realmente uma publicação de excelência.”

pastor Josivan martins dantasigreja presbiteriana Boa vista, pa

soBre a matéria a soliDão Do pastor (capa ed. 36)

tadeu camargo

“isto é a realidade de nossos dias. sou pastor Batista de uma comunidade pequena e muitas vezes me sinto só. fiz muitos amigos, mas não tenho com quem esvaziar meu emocional. Não tenho um mentor.”

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notÍCIAS SoBre o

BrASIL e munDo

vejA mAIS notÍCIAS

no PortAL CreIo

WWW.CREIO.COM.BR

notícias

GIRO

Rubem Alves: Retorno do filho pródigo?Com um público de mais de 1.500 pessoas, o ex-pastor rubem Alves relança livro com suas principais ideias teológicas na Igreja Betesda em são Paulo

aleX faJarDo

eDUarDo silva

Já ouviu falar em ex-pastor? Rubem Alves foi um pastor presbiteriano e teólogo que in-fl uenciou e ainda infl uencia muitos semina-ristas conhecidos como “liberais e progres-sistas”. Faz décadas que Rubem Alves, que é psicanalista, mestre em teologia e doutor em fi losofi a rompeu com a teologia e a igreja pro-testante. Na ditadura militar, se refugiou nos EUA onde realizou seu doutorado. Retornou para o Brasil e por muitos anos foi professor na UNICAMP onde conseguiu o título de livre docente, sendo hoje autor de mais de 100 li-vros, com títulos que passam pela teologia, pedagogia, até poesia e livro infantis.

Considerado o pai da teologia da liberta-ção entre os protestantes, hoje com 78 anos, Rubem Alves já deu diversas declarações de seu rompimento com a teologia e inclusive com Deus. Em entrevista concedida ao jornal Valor Econômico, no inicio de 2011, questio-nou onde estava Deus por ocasião dos desa-bamentos da serra fl uminense: “Se é onipo-tente, onisciente e onipresente, por que nada fez? Estava dormindo? Se Deus amasse real-mente o mundo, Ele tomaria uma providência [contra as catástrofes naturais]. Em primeiro lugar, mataria as pessoas certas. Ele está com a pontaria péssima. Se fosse meu empregado, já estaria demitido há muito tempo por in-competência administrativa.”

As afi rmações do escritor causam pavor entre os evangélicos tradicionais que la-

mentam os questionamentos do ex-pastor. Alguns o chamam de herege e apóstata. Ru-bem Alves causa tanta polêmica que até Caio Fabio já escreveu sobre ele em seu site. “Se o Rubem [Alves] fosse um agnóstico que es-crevesse artigos no Jornal e fosse também poeta, pedagogo e psicanalista, sinceramen-te eu acharia o Rubem o máximo. O problema para mim é que não consigo transferir toda essa alegria para um homem que teve toda a chance humana, intelectual, espiritual, rela-cional, e experiencial de sorver o Evangelho, mas que, ao contrário disso, mostrou não ter provado nada disso para si mesmo, tendo deixado que a ‘decepção religiosa’ o afastasse de qualquer paixão explicita por Jesus e pelo Evangelho!”

O que muitos não compreendem é o que retorno que Rubem Alves tem feito entre al-guns setores do protestantismo. No início de fevereiro ele esteve relançando o seu livro “Por uma teologia da libertação”. Título ori-ginal da sua tese de doutorado em 1968, pu-blicada nos EUA, em 1969 como “Por uma teologia da esperança humana”, por decisão do editor; e publicado no Brasil, em 1987, com o título “Teologia da esperança”. O relança-mento ocorreu na Igreja Betesda, pastoreada por Ricardo Gondim. Mais de 1.500 pessoas, entre eles muitos jovens, que nem eram nas-cidos quando o livro foi escrito, estiveram na igreja para ouvir Rubem Alves falar sobre esperança.

Como inter-pretar este encon-tro? Alguns o cha-mam de momento histórico, outros de um início de um novo ciclo na car-reira do ex-pastor, outro ainda dizem ser um retorno do fi lho pródigo. Pelo visto o retorno de Rubem Alves não ira se limitar a este evento de relançamento do livro. Em Maio ele já é presença confi r-mada em um Congresso de uma grande fa-culdade teológica que debaterá os 50 anos do congresso “Cristo e o processo revolucio-nário” de 1962, época em que Rubem Alves era um dos protagonistas ideológicos de uma geração de protestantes que buscavam espe-rança e libertação para os oprimidos da so-ciedade.

� Rubem Alves com Ricardo Gondim: Relançamento de livro após 40 anos, leva mais de 1.500 pessoas na Igreja Betesda.

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» POLÍTICA

Após escândalos, BBB já perdeu 25% de merchandising

A audiência não foi tão impactada, mas as fi nanças do “Big Brother Brasil 12” (Globo) parecem ter sido atingidas com a suspeita de crime sexual envol-vendo um participante da atração.

Segundo levantamento da Con-trole da Concorrência, que monitora inserções comerciais para o mercado, o reality sofreu queda de 25,3% em ações de merchandising em relação ao “BBB 11”.

De 10 de janeiro a 2 de fevereiro, o “BBB 12” teve 50 ações de produtos dentro da casa, ante 67 do “BBB 11” no mesmo período.

A queda impressiona uma vez que o formato é conhecido por fa-turar milhões com merchandising, batendo recorde de demanda a cada edição. O “BBB 11”, um dos piores em audiência na Globo, passou da casa dos 20 produtos anunciados em

merchandising e faturou cerca de R$ 380 milhões.

A Folha apurou que os anuncian-tes do “BBB 12” estão preocupados com a polêmica que culminou na ex-pulsão do modelo Daniel Echaniz, e que muitos não querem mais ter sua imagem associada ao programa. Os patrocinadores não quiseram se ma-nifestar ofi cialmente.

Procurada, a Globo diz que do “BBB 1” para o “BBB 12” houve um aumento de 25% no volume de mer-chandising e que ainda há dois me-ses de programa pela frente.Fonte: FOLhA DE sÃO PAuLO

Nova ministra se diz a favor do aborto

Antes mesmo de ter tomado posse na Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, 67, já criou discórdia e polêmica no Congresso. A nova ministra desa-gradou a bancada evangélica, com a afi rmação de que o aborto é uma questão de saúde pública e que lutará para a liberação do procedimento no país.

No Twitter, o deputado Eduar-do Cunha (PMDB-RJ) convocou os evangélicos para ação. “Não se ilu-dam, a bancada de evangélicos se unirá para combater a abortista que nomearam ministra. Sua posse é sintomática para todos nós e deve-mos mostrar de forma contundente a nossa revolta. Aborto não”, bradou o parlamentar.

Amiga de Dilma nos anos de chumbo do Brasil e integrante do grupo de estudos sobre aborto, Me-nicucci diz ter se submetido pesso-almente ao aborto em duas ocasiões

e que está disposta a levar sua convic-ção e militância na causa para o Governo. “Minha luta pelos direitos reprodutivos e se-xuais das mulheres e a minha luta para que nenhuma mu-lher neste país morra por morte ma-terna só me fortalece”, disse.

A nova ministra anunciou que fará uma gestão de continuidade. Citou como prioridades o combate à violência contra a mulher, à “femi-nilização da pobreza” e a preparação das feministas para a conferência Rio+20.Eleonora, que é socióloga e professora titular de saúde coletiva da Universidade Federal de São Pau-lo (Unifesp) é fi liada ao Partido dos Trabalhadores (PT) e entra na vaga de outra petista, Iriny Lopes, que deixou o cargo para concorrer a pre-

feitura de Vitória (ES).cristãos da atualidade. Entre

eles, Russel Shedd, Augustus Nico-demus e Stenio Marcius. Além des-tes, o evento contará também com a presença de Norman Geisler, pro-fessor e apologista cristão, Ph.D. em Filosofi a. Ele é conhecido por suas contribuições em assuntos acadêmi-cos de  apologética cristã,  fi losofi a  e calvinismo, sendo autor, co-autor, ou editor de mais de sessenta livros e centenas de artigos.

Inscrições podem ser feitas pelo site: www.conscienciacrista.net

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A cada dez dias uma nova igreja evangélica abre as portas na França. É o que aponta o Conselho Nacional dos Evangélicos da França – CNEF, que ainda afi rma que a corrente religiosa é a que mais cresce no país. O apelo otimista do discurso evangélico em um país onde o pessimismo é grande, além do contexto de crise que atinge a sociedade francesa, são os fatores apontados pelo sociólogo das religiões, Sébastien Fath para o cresci-mento explosivo.

Pastor de grande igreja americana decidiu usar suas férias para conhecer a rotina e a dor dos moradores de rua. Tho-mas Keinath, pastor da “Calvary Temple” (Templo do Calvário), passou uma semana morando nas ruas em meio a dezenas de mendigos e usuários de drogas e álcool. “Eu precisava entender o que eles es-tavam passando, precisava sentir a sua dor”, disse o pastor. Keinath, sensibiliza-do, quer agora mobilizar toda sua congre-gação e também igrejas de outras cidades a montar uma estratégia de ajuda aos moradores de rua.

O procurador substituto do Ministé-rio Público Federal em São Paulo, Pedro Antonio de Oliveira, quer que a frase “Deus seja louvado” seja retirada das cédulas de Real.

Ele pede que o Banco Central não imprima mais “Deus seja louvado” nas cédulas de dinheiro, por entender que a frase “ofende à laicidade da República Federativa do Brasil”.

O Banco Central já iniciou um procedi-mento interno para tratar do caso. Em res-posta ao procurador, o banco lembra que, a exemplo da moeda, até a Constituição foi promulgada “sob a proteção de Deus”.

VAPT-VUPTS

» POLÍCIA

O roubo dos dízimos na Igreja Maranata

Ex-membros da Igreja Maranata no Espírito Santo estão proces-sando três pastores e um contador, suspeitos do desvio de mais de R$ 20 milhões em dízimos pagos por fi éis, compras superfaturadas e caixa dois. Entre os acusados, está um ex-vice-presidente da de-nominação criada há 43 anos no Estado e que possui 5,5 mil templos no Brasil e outros países.

A ação corre na 8ª Vara Cível de Vitória e o Ministério Público do Espírito Santo informou que as denúncias apontam ainda para ou-tras irregularidades. O contador suspeito de participar do desvio é Leonardo Meirelles de Alvarenga. Ele disse, em nota, que só se pro-nunciará sobre a ação por meio de seus advogados.

Um inquérito policial foi aberto para apurar as denúncias e, já no início das investigações, o presidente da igreja foi intimado a dar de-poimento na Delegacia de Defraudações e Falsifi cações (Defa), em Vitória.

Segundo o titular da Defa, Gilson Gomes, o inquérito foi moti-vado pela repercussão pública do caso e também por ligações tele-fônicas feitas por fi eis para a delegacia. “Nós temos a prerrogativa de instaurar inquéritos quando tomamos conhecimento de fatos deli-tuosos. Com base nos fatos expostos pela mídia, além das denúncias feitas por diversos membros da Maranata, resolvemos instaurar o inquérito. A justiça também nos mandou um ofício solicitando nos-sa participação no caso”, disse o delegado.

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A boa relação vivida entre o Par-tido dos Trabalhadores e a bancada evangélica na câmara dos deputa-dos sofreu um duro golpe. Com uma declaração um tanto infeliz sobre os evangélicos, Gilberto Carvalho, se-cretário geral da presidência, desen-cadeou uma forte reação do grupo parlamentar cristão, em Brasília.

Ele disse no Fórum Social Mun-dial que “seu partido (PT) precisa se preparar para o “enfrentamento” com os evangélicos”.

Não demorou muito para que o senador Magno Malta utilizasse o ple-nário e chamasse o ministro de ‘sa-fado’, mandando o secretário ‘lavar a boca para falar dos evangélicos’.

O pastor Silas Malafaia, que não é deputado, mas tem infl uência so-bre o grupo, já gravou vídeo (que será exibido em seu programa em mar-ço) e, pelo twitter, adiantou: “O PT está dando um tiro no pé atacando os evangélicos. Eles vão se ferrar”, criti-cando a postura do partido.

A presidenta Dilma colocou sua artilharia em ação para acalmar os ânimos e o Planalto já publicou uma nota afi rmando que a declaração do Secretário “não é uma posição do go-verno, mas uma opinião pessoal, que na verdade estava fazendo uma análi-se política”.

Segundo informações da revista Veja, Carvalho passou uma tarde in-teira tentando falar com o senador evangélico Malta para explicar o mal entendido.

Já o deputado Anthony Garotinho (PR), em protesto, travou a sessão da Câmara e bateu boca com deputado Paulo Teixeira, afi rmando “não que-remos que ele volte atrás, porque não fi caria bem, mas ele precisa explicar o que disse”, afi rmou o deputado a Veja, contando com o apoio de colegas da bancada evangélica.

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Novembro de 2011 fi cou marcado pela ocupação da Roci-nha, principal favela do Rio de Janeiro e uma das maiores do mundo. A operação, realizada com sucesso e a surpreendente marca de nenhum tiro disparado, reuniu 3 mil agentes e cul-minou com a prisão de Antônio Bonfi m Lopes, o Nem, líder do tráfi co de drogas no morro.

Um dos criminosos mais temidos é também um ho-mem temente a Deus, segundo confi rma o evangélico Ro-gério Menezes, que esteve com o trafi cante momentos an-tes de sua prisão.

“Leio a Bíblia sempre. Faço cultos na minha casa, cha-mo pastores. Mas, não tenho ligação com nenhuma igreja. Acho que Deus tem algum plano pra mim, Ele vai abrir al-

guma porta. Não vou para o inferno” disse Nem. “Eu estive meia hora antes com ele (Nem) antes de ser preso, tentan-do convencê-lo a se entregar. Ele fazia visita em algumas igrejas de lá” contou Menezes.

Tantas prisões e reviravoltas em torno da ocupação da Rocinha abriram o leque de refl exão para a infl uência da espiritualidade no morro carioca. Esperançoso com a har-monia entre policiais e moradores, Menezes acredita num trabalho intensifi cado das Igrejas evangélicas espalhadas pela Rocinha. “Com certeza todos lá são de muita oração e continuarão evangelizando a todos como sempre fi zeram”. Sem um número preciso, estima-se que exista atualmen-te na Rocinha, uma igreja ativa a cada três esquinas. “Deus está na frente, pois sem ele não somos nada e temos a es-perança de dias melhores para a cidade do Rio de Janeiro” projeta Menezes, também coordenador na entidade Afro Reggae.

FONtE: POrtAL CrEIO

» POLÊMICA

Relação entre PT e Bancada dos Evangélicos estremeceBancada evangélica se revolta com declarações de Gilberto Carvalho e parte para o ataque

» MISSÕES

Trafi cante Nem e a ampliação do Evangelho das favelas do Rio

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em ALtA

De acordo com todd Johnson, diretor do Centro para o Estudo do Cristianismo global do seminário teológico gordon-Conwell, que estuda o avanço do cristianismo, o Brasil já se tornou o segundo país que mais envia missionários para o exterior. Dos 400.000 missionários globais enviados para países estrangeiros em 2010, o Brasil enviou 34.000. Ficou atrás apenas dos Estados unidos, que enviou 127.000. O crescimento no envolvimento missionário do Brasil está relacionado com a “explosão” dos evangélicos nos últimos 30 anos. O país tem a segunda maior população protestante do mundo e também abriga um grande número de organizações missionárias.

em BAIXA

Fiscais da receita Federal apreenderam em fevereiro, no aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas (sP), um avião tipo Citation X da Igreja universal, com grande soma em dinheiro. É a segunda vez que autoridades federais apreendem dinheiro da igreja de Edir Macedo em um aeroporto. Em julho de 2005, em um hangar da tAM em Brasília, a Polícia Federal fl agrou o bispo João Batista ramos silva, então deputado pelo PFL-sP, com cerca de r$ 10 milhões em dez malas.

em baixaem alta

Com objetivo de expandir o seu vasto império, a Igreja Mundial do Poder de Deus possui vários instru-mentos de arrecadação de fundos fi -nanceiros e um dos que se destaca é o Carnê da Multiplicação. Um talão, diversas folhas com contribuições mensais e um número de conta ban-cária pertencente à Igreja onde po-dem ser depositadas as ofertas.

A Igreja Mundial do Poder de Deus, que é conhecida por ser uma das igrejas que mais crescem no Brasil, possui templos em três con-tinentes, programas televisivos em vários canais e emissoras de rádio, todos fi nanciados por uma multidão de fi éis ávidos por obter as bênçãos do Senhor em troca de doações à de-nominação.

Um exemplo de como a estraté-gia vem dando certo, foi uma vigília no novo templo da Igreja localizado em Guarulhos, realizada no dia 13 de janeiro. Cerca de 50 mil pesso-as se aglomeraram das 23h às 4h da madrugada, no evento cujo tema foi “Reencontro com Deus”.

Na ocasião, o apóstolo Valde-miro Santiago pregou, com base no Livro de Lucas, sobre perseguição, difi culdades fi nanceiras e de como as pessoas, sob pressão, enfrentam com coragem os problemas.

Os presentes na ocasião gritavam “carnê multiplicação, Jesus está por perto”, batendo palmas. “Aleluia”, diziam outros, mexendo as mãos para o alto.

A realização de cultos neste tem-plo chegou a ser proibida pela justiça depois que as estradas próximas ao local fi caram congestionadas pela multidão, durante a inauguração do espaço realizada na primeira sema-na de janeiro, causando transtornos a quem tentava chegar ao aeroporto de Guarulhos.

O apóstolo Valdemiro, entretan-to, não se abala e é convicto de que está salvando almas por meio de seus cultos e estratégias para o cres-cimento e manutenção dos templos.

“Estamos investindo em almas. Transformando vidas”, disse o líder religioso.

A Mundial foi fundada no in-terior de São Paulo há 13 anos. Val-demiro é dissidente e ex-bispo da Igreja Universal e sua igreja parece seguir o mesmo ritmo de cresci-mento da organização de Edir Ma-cedo.

A denominação já se tornou a igreja com mais tempo na TV aberta brasileira.

Fonte: POrtAL CrEIO

Carnê da Multiplicação alavanca a arrecadação da Igreja Mundial

» DOAÇÕES

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12 O Ministério da Saúde determinou

a retirada de vídeo direcionado ao pú-blico gay do site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, segundo foi divulgado pela Agência Estado.

O vídeo mostrava um casal gay se encontrando e dava a entender que es-tavam prestes a iniciar uma relação se-

xual. A princípio, o conteúdo do vídeo teria sido feito apenas para apresen-tações em locais fechados, segundo o ministro da saúde, Alexandre Padilha, e por isso era necessária sua retirada do site.

No entanto, a assessoria do Gover-no afi rmou que o material é o mesmo

do que estava programado para ser vei-culado em canais de TV aberta, como campanha de prevenção para as festi-vidades do carnaval. A única alteração seria no tempo de duração, com uma versão mais curta para a televisão.

A decisão do ministro pode ter sido motivada pelos sucessivos problemas de comoção pública que o Governo en-frenta nas campanhas que envolvem homossexualismo. Um dos mais famo-sos deles foi o “Kit Gay”, material com informações sobre diferentes opções sexuais que seria distribuído nas esco-las públicas.

Fonte: POrtAL CrEIO

Uma operação policial violenta, que promete se estender por mais seis me-ses. Essa foi, desde a segunda semana de janeiro, e ainda tem sido a rotina de uma das regiões mais devastadas pelas drogas no Brasil: a Cracolândia, em São Paulo. Mobilizados, grupos evangélicos acompanharam a medida militar, am-parados não na agressão, mas sim no evangelismo. Integradas a Rede Social do Centro, entidades reforçaram o time de voluntários e intensifi caram os tra-balhos de apoio e encaminhamento das vítimas do crack.

O uso do ataque direto às vítimas do crack, sempre reunidos em torno da praça Júlio Prestes e a truculência mi-

litar fez com que a medida beire o fra-casso. O primeiro erro das autoridades foi combater usuários e não o tráfi co de drogas. O segundo foi a falta de assis-tência aos que procuravam a reabilita-ção. A invasão ocorreu antes da monta-gem de um centro de atendimento dos dependentes, não houve ampliação dos serviços de apoio ou suporte às casas já existentes. “Toda essa força policial tem servido apenas para uma verdadei-ra debandada dos que freqüentavam a Cracolândia” é o que diz a fundadora do Ministério Jeame, Suzanne Duppong, que atua no encaminhamento dos vi-ciados aos locais de tratamento. Além da Jeame, a Junta de Missões e o projeto

Cristolândia estiveram envolvidos no projeto Dia do Bem, realizado no dia 25 de janeiro. A Cristolândia, um misto de igreja e centro comunitário foi o mais procurado. “Fazíamos uma média de 40 por mês. Já chegamos ao dobro disso e em dez dias e vamos abrir novas 200 vagas”, disse Humberto, em entrevis-ta ao jornal Folha de São Paulo. Com a presença ostensiva da PM na região, a missão Batista passou a funcionar em esquema de plantão, com suas portas abertas 24 horas. O projeto encami-nhou nos últimos 22 meses cerca de mil usuários para internação e centros de formação evangélica.

Fonte: POrtAL CrEIO

Rede Social Cristã acompanhou de perto ocupação da Cracolândia em SP

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» APOIO

» GOVERNO

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Visando aprimorar o atendimento ao segmento, a EBF COMUNICAÇÕES promove mudança em sua estrutura organizacional. Com mais de dez anos de experiência no fomento de produ-tos e serviços para cristãos, a EBF CO-MUNICAÇÕES hoje é referência neste meio que, segundo projeções da Sepal, irá chegar a 109 milhões de adeptos em 2020.

De acordo com presidente da EBF COMUNICAÇÕES, Eduardo Berzin Fi-lho, o pioneirismo em oferecer soluções ao segmento cristão é a marca da empre-sa. “A EBF COMUNICAÇÕES sempre se esforçou ao máximo para trazer soluções

em comunicação para que os ministé-rios tivessem maior visibilidade. Fomos pioneiros, há 10 anos, ao desenvolver a EXPOCRISTÃ e estamos na vanguar-da ao criar publicações que falam di-retamente com o canal de distribuição e lideranças”, destaca Berzin. Além de organizar a EXPOCRISTÃ, a EBF CO-MUNICAÇÕES publica as revistas CON-SUMIDOR CRISTÃO, ÉTICA CRISTÃ, MÚSICA CRISTÃ E SONORIZAÇÃO, portal CREIO e gerencia a TV CRISTÃ, a primeira TV interdenominacional do Brasil.

O diretor executivo da EBF COMU-NICAÇÕES, Alexandre Avilez, acredita em um bom momento para o cresci-mento da Igreja Brasileira. “Somos um grupo inovador e que busca, a cada dia, desenvolver um trabalho sério sem es-quecer da sua essência: ser uma empresa de comunicação integrada e segmentada que propaga a Palavra”, frisa.

Visando melhor atendimento, a EBF promoveu uma reestruturação dentro

de seu organograma. Paulo Eduardo Oliveira cuida das Key Accounts e Dou-glas Balmant responde pela supervisão comercial. “Temos um mercado po-tencial chegando com muita força para o consumo de produtos e serviços rela-cionados. Com certeza as empresas que atuam neste segmento e aquelas que pretendem se inserir terão que se pro-fi ssionalizar, fortalecendo suas ações de comunicação, segmentando seus meios de atuação e se especializando em falar a linguagem deste mercado”, enfatiza Pau-lo Eduardo. Douglas Balmant defende o posicionamento das empresas e relacio-namento com os canais de distribuição. “Posicionar-se com produtos e serviços de qualidade é o primeiro passo para uma empresa de sucesso. Mas isto não é sufi ciente. Hoje, mais do que nunca, é necessário estar presente, desenvolver ações junto aos Lojistas, Pastores e Pú-blico fi nal. Só é lembrado quem é visto.”

Fonte: POrtAL CrEIO

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» RENOVAÇÃO

EBF COMUNICAÇÕES investe em equipe e gestão

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Pastor prega sobre morte e morre logo após o sermão

O bispo Barnett K. Thoroughgood terminou de pregar o sermão de do-mingo em sua igreja, intitulado “Estou aqui para batalhar”, sentou na cadeira que fi cava na plataforma e caiu morto.

Os membros Igreja de Deus em Cristo Nova Jerusalém oravam e cho-ravam ao perceber a situação e viram os paramédicos tentarem reanimar o

pastor de 62 anos, sem sucesso.“Ele morreu fazendo o que mais

amava”, disse Mable Beckett, membro da igreja. Ela conhecia bem o pastor e disse ainda: “Ele viveu para o seu cha-mado até o fi nal”.

Thoroughgood fundou a igreja Nova Jerusalém há 42 anos e hoje ela possui mais de 2.000 membros.

O bispo era conhecido por suas mensagens de fogo, cheias de energia. O último sermão de Thoroughgood foi baseado em 2 Crônicas 20:12, exortan-do os fi éis a manter os olhos em Deus e a invocá-lo em momentos de neces-sidade.

“Você deve viver e não morrer”, disse ele no encerramento da men-sagem.

Desde sua morte, centenas de mensagens foram enviadas para a pá-gina da igreja no Facebook. Emmanuel, fi lho do pastor, comentou que “este não é um tempo para chorar ou fi car chateado”, mas em vez disso “devemos louvar”.

As circunstâncias da morte de Thoroughgood chamaram a atenção de várias pessoas, incluindo artis-tas. Cantores de hip-hop como Missy Elliot, Pharrell Williams e Timbaland freqüentam a Nova Jerusalém.

Timbaland twittou às centenas de milhares de seguidores, “Descanse em paz meu pastor, um verdadeiro anjo: Bispo Barnett K Thoroughgood.” Até o cantor Justin Bieber, conhecido pela sua fé, comentou o ocorrido.

Pastores norte-americanos se negam a falar sobre meio ambiente

Segundo The National Religious Partnership for the Environment - NRPE (Parceria Nacional da Religião para o Meio Ambiente), uma organi-zação inter-religiosa norte-americana e sem fi m lucrativo, existe uma ética evangélica em cuidar do meio ambien-te, baseada em ensinamentos bíblicos como: “Honrar a Deus como Criador e respeitar Seu trabalho (Salmo 19, 121, Job 38, Job 39);” “Obedecer o chama-do de Deus para amar nossos vizinhos, particularmente aqueles que são po-bres e menos poderosos (Deuteronô-mio 6, Lucas 10, Mateus 22, Marcos 120);” e “Avançar o trabalho de Cristo (Colisseus 1, Romanos 8).

Contudo, os pastores estaduni-denses parecem passar muito pouco tempo lidando com esse tipo de as-sunto em suas igrejas. Alguns críticos acreditam que o tópico está faltando no púlpito da igreja porque muitos asso-ciam o “verde” ou o pró meio ambiente como uma classifi cação de “liberalis-

mo”, considerando temas como os do meio ambiente como político, optan-do por manter este contexto a parte dos assuntos da igreja.

Contudo, existem os líderes que defendem com garra o assunto. Existe até mesmo uma na “Declaração Evan-gélica Sobre o Cuidado Com a Criação”, da Rede Evangélica do Meio Ambiente

(EEN), um ministério “dedicado ao cuidado da criação de Deus”, que agre-ga entusiasmados pastores e demais líderes cristãos ligados à causa verde.

O Reverendo Canon Sally G. Bin-gham, do Projeto Regeneração, grupo dedicado ao aprofundamento da co-nexão entre ecologia e fé, disse ao The Christian Post que não queria que seu ministério tratasse sobre o tema como “assunto político.”

Para Bingham, estes medos são desnecessários, já que a terra é um tó-pico Bíblico e não político.

O Reverendo afi rma que “quando você fala sobre amar seu vizinho como a você mesmo, isso signifi ca que você não polui o ar e a água de seu vizinho. É uma mensagem tão simples, mas pes-soas se aproximam e dizem: ‘Eu nun-ca pensei assim antes’”. Além disso, completou, “eu acho que faremos um grande impacto se conseguirmos mais religiosos pensando sobre o meio am-biente como um assunto de fé.”

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» MOBILIZAÇÃO

» DESTINO

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governo da Coreia do norte anuncia libertação de prisioneiros. situação que representa uma ameaça a cristãos

A Coreia do Norte anunciou que irá libertar um número não especifi cado de pessoas que estavam presas. O que pre-ocupa é que, com a libertação deles, cristãos podem ocupar o lugar deles nas prisões.

A anistia que a ditadura comunista está realizando é em homenagem à memória dos ex-líderes falecidos, Kim Il--Sung e Kim Jong-Il, que iriam completar 100 e 70 anos de idade, respectivamente, em 2012.

Fontes dizem que não é incomum na Coreia do Norte a

libertação de prisioneiros no aniversário do ex-líder. As anistias gerais costumavam ser concedidas duas vezes por ano até 2005. Depois disso, ocasionalmente prisioneiros são libertados antes de cumprirem suas penas.

Ainda não se sabe ao certo quantos prisioneiros serão li-bertados, mas certamente serão libertados somente aqueles que forem considerados como “pessoas reeducadas”, ou seja, pessoas que mudaram sua forma de pensar e suas atitudes.

É quase certo que prisioneiros cristãos não conseguirão a anistia. Pessoas presas em campos de trabalhos políticos também não serão libertadas, pois são consideradas como “incuráveis”.

A notícia da libertação de presos é também motivo de medo para muitas pessoas, pois os prisioneiros formam uma grande mão de obra barata para trabalhar para o governo nos campos de trabalho forçado. Muito provavelmente, mais cristãos serão presos.

estudo aponta que metade dos britânicos não tem religião

Metade da população britânica não tem reli-gião, apurou a mais recente pesquisa da série Bri-tish Social Attitudes, da organização independen-te NatCen Social Research.

Pela pesquisa, os anglicanos constituem o maior grupo de religiosos do país, com 20% da população. Em seguida vem a categoria de “ou-tros cristãos” (15%), católicos (9%) e não cristãos (6%).

Os índices confi rmam as previsões de que a secularização continuará avançando na Grã-Bre-tanha nos próximos anos, na avaliação dos analis-tas do NatCen.

De acordo com eles, não há nenhuma evidên-cia de que o ciclo de vida dos britânicos tenha in-fl uenciado nos resultados da pesquisa.

O relatório afi rma que, além da geração mais velha de não religiosos estar sendo substituída pela mais nova, os jovens pais estão mantendo seus fi lhos longe de qualquer crença.

Para os analistas da NatCen, esses dados indi-cam que, cada vez mais, a sociedade britânica ado-tará decisões liberais em questões que têm a forte oposição dos religiosos, como o casamento gay, aborto e eutanásia.

Em contrapartida, segundo os analistas, os jo-vens religiosos tendem a fi car isolados na socieda-de, podendo haver entre eles, em consequência, atitude radicais de contestação ao statu quo.

Cristãos sob ataque na nigéria unem-se para não perder a fé

O aumento da violência na Nigéria só fortaleceu a fé dos cristãos, chegando até mesmo a provocar um avivamento na Igreja Deeper Life Bible, em Gombe, onde nove cristãos foram martirizados no dia 05 de janeiro, quando houve um ataque à igreja.

Chorando e cantando ajoelhados, um coro de quase seiscentos cristãos reuniu-se para a cerimônia fúnebre. Parentes dos cristãos mortos e outros dignitários, incluindo o vice-governador, falaram so-bre cada cristão que havia sido assassinado.

O culto fúnebre, que durou quatro horas, transformou-se num grande clamor e intercessão pela Igreja na Nigéria, pelos muçulmanos que moram no país e pelo grupo extremistas que tanto tem atacado os cristãos, o Boko Haram.

Em 5 de janeiro, Godwin Odoh, um professor de 36 anos de idade, foi à uma reunião de oração. Quando a igreja foi atacada, Godwin levou um tiro na cabeça, no tórax e nas pernas morrendo instantaneamente.

Oito outros participantes também foram mortos, incluindo crian-ças a partir dos 10 anos e a esposa de um pastor.

Dez dias depois, Yahaya Wuro Buntu, 72 anos, pastor na Igreja De-eper Life Bible foi brutalmente assassinado por um grupo de homens que vieram até a sua casa questionando sobre a sua fé cristã.

Não é a primeira vez que muçulmanos o procuravam para falar so-bre fé. Eles o levaram para um prédio em construção que fi cava perto de sua casa e o mataram. Sua vida dedicada ao Senhor foi celebrada junto à dos outros nove cristãos que também foram assassinados.

Desde que Boko Haram publicou um ultimato no dia 3 de janei-ro de 2012 ameaçando com violência os cristãos que não deixarem o norte da Nigéria, o grupo extremista assumiu a responsabilidade pelo assassinato de, pelo menos, 44 cristãos.

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» COMUNISMO

» ATEÍSMO » VIOLÊNCIA

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Asaph BorbaConsiderado o pai do

canto congregacio-nal brasileiro, Asaph é ministro de louvor há 35 anos, tem 70

discos gravados, mais de 2 milhões

de cópias vendidas e viaja o Brasil e

o mundo pregan-do o evangelho

através do louvor.

Louvor: ontem e hoje

Asaph Borba

Cruzeiro DT Competência e unção

Algumas semanas atrás, tive a alegria de estar com minha família no Cruzeiro

Diante do Trono, convidado por minha que-rida amiga Ana Paula Valadão Bessa, líder desse ministério.

No passado, tive dificuldades em estar em qualquer tipo de evento que congrega a Igre-ja em um lugar diferente das quatro paredes convencionais, principalmente quando este visa algo tão “irrelevante” como por exemplo descanso. Mas afirmo, que, depois desta se-mana dentro de um navio com 1500 irmãos, navegando por parte da costa brasileira, em co-munhão e adoração, e muito repouso e diver-são com minha família, este paradigma foi de vez rompido.

Muitas coisas eu poderia pontuar como des-taques do evento, mas peço licença à Ana Paula para realçar duas das suas qualidades que tem feito deste ministério, um dos mais bem geridos e queridos do país: competência e unção.

A competência, não é um produto isolado na vida de alguém, mas o fruto de uma con-juntura formada por pessoas, estruturas e de-cisões. Creio que isto esta mulher de 1,5m, 35 anos e com sorriso de menina tem tido de so-

bra. O sucesso do cruzeiro deixou isto bem claro. Seus assessores diretos, a empresa contratada, montaram uma estrutura que deu conforto e bem es-tar a todos. Estar com um contingente deste porte e não ouvir uma reclamação sequer é algo raro. A competência tam-bém se reflete no serviço (ministério), que Ana presta ao Senhor. Junto com seu esposo, filhos e pais, a mineirinha está sempre pronta para louvar a Deus com seu grupo no qual a cantora impri-me as mesmas características, fazendo de cada noite um verdadeiro evento de louvor a Deus. Para a professora gaúcha

Dora Blauth da Rocha, o evento foi marcante pois atingiu com intensidade e graça, todas as idades. “Tudo foi perfeito, e estou saindo daqui edificada”, afirmou. O estudante gaúcho, Mar-co Antônio Hanh realçou que o cruzeiro marcou

para sempre sua vida, e recomenda ser este, um lugar ideal de descanso e edificação para quem ama a Jesus. A competência do projeto foi vista também, na manutenção constante do foco do cruzeiro: Edificação e louvor a Deus. O cruzeiro no quesito competência foi nivelado por cima, a imagem e potencial de pessoas e ministérios não são desperdiçados, até mesmo as fotos tira-das por Ana Valadão pelos fotógrafos do navio, são direcionados em parte para obras sociais. O advogado Jurandy Monteiro Jr, coordenador geral do evento afirma que tudo é programado para abençoar, até mesmo eventuais lucros. “Tudo é feito para que as pessoas, possam estar ali, usufruindo da presença de Deus e um dos nossos objetivos é também levar a Igreja a um lugar inusitado”.

Quando o assunto é unção, fala-se de algo que não se pode medir com critérios huma-nos, pois é um valor espiritual que vem do alto. Sempre que Deus encontra um coração que possa ter os subsídios para tal, ali derrama un-ção. O coração da Ana, foi encontrado por Deus assim. Em poucas pessoas vê-se unção com tanta força e pureza. Poderia falar dessa mes-ma forma sobre muitos ministros que conhe-ço, que também tem este fluir, mas tenho que reconhecer que nesta querida irmã, e em tudo que tem feito para Deus, tem a marca da unção. Até as pequenas falhas no decorrer de seu mi-nistério que podem ter gerado críticas por par-te de alguns líderes no país, foram plenamente cobertos pela graça e pela maturidade gerada pela unção.

Neste ano tive muitos contatos com Ana e o DT, e vi de perto a seriedade com que tudo é fei-to. Ana foi minha convidada no DVD de 35 anos de ministério, e eu fui o seu no Sol da Justiça - DT – 14, estivemos juntos em Nova York e em BH e em outros eventos, e agora no também no Cruzeiro. Pude ver de perto estas duas caracte-rísticas e por isso posso realça-las, principal-mente em uma época em que nossa irmã tem sido alvo de acusações. Pude ver de perto que assim como a competência e unção me edifica-ram, a outros incomodam.

“ Quando o assunto é unção, fala-se de algo que não se pode medir com critérios humanos, pois é um valor espiritual que vem do alto.”

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por viNiciUs mariaNo

Com arrebentação* forte no inside* o surfi sta pode se afogar entre um caldo* e outro, mas para não deixar muitos dessa tribo alternativa levar vacas*... Calma aí, você deve estar se perguntando que lin-guagem é essa e o que o surfe tem a ver com evangelismo, não é mesmo? Devido à falta de conhecimento e até mesmo inte-resse em alcançar esse grupo minoritário é que a Missão Surfi sta de Cristo (MSC), criada em 1989, realiza um trabalho dife-renciado de integração do atleta com uma igreja local.

� primeiras remaDasA missão nasceu no coração do sur-

fi sta e pastor pernambucano Dario Fraga enquanto caminhava pela praia em Olin-da (PE) e, hoje se espalha por toda a cos-ta brasileira. Com um único objetivo em todos os 25 núcleos que banham a costa litorânea brasileira, é que a MSC busca aqueles de bermuda, com pele e cabelos queimados e prancha debaixo do braço, para apresentar Jesus de forma relevante. O evangelismo neste caso é baseado em um relacionamento de amizade e con-

fi ança, para que o surfi sta conheça grada-tivamente o evangelho.

Nas igrejas nunca existiu um mé-todo para alcançar e integrar esta tribo a comunidade cristã. Nem sequer uma Bíblia especial, como a Bíblia do Sur-fi sta, para que a linguagem cristã tivesse fácil compreensão por eles. Mesmo as-sim, Dario não desistiu e fez do chama-do uma grande missão, que atualmente conta com quase mil surfi stas e já faz parte da ‘Surfi stas de Cristo Mundial’ (Christian Surfers Internacional – CSI), criada em 2001, posteriormente à MSC.

De sua fundação aos dias atuais, a direção nacional da MSC mudou apenas uma vez. Dario, que fi cou 15 anos na lide-rança, decidiu orar para a sucessão e como resposta Sérgio Busatto, 40, o substituiu.

� gestão com visão De reiNoDiretor Nacional da missão desde

2004, Busatto sentiu desejo de trabalhar com surfi stas em 2002, já que era um de-les. Apoiado pela igreja Cristo Salva, da qual é pastor, Busatto com 20 anos pas-sou por uma experiência real com Deus em 1992. Em seguida passou a realizar reuniões em seu lar. Com alguns anos de trabalho e experiência, Busatto conta que o maior desafi o desde que assumiu a MSC é integrar o surfi sta na igreja. Inúmeros fatores contribuem para essa defi ciência. “A gente capacita igrejas e líderes para falar com esse surfi sta integrado, mas por inúmeras razões ele (surfi sta) não dá continuidade. Às vezes por que não tem atenção necessária da igreja que é muito grande, o perfi l dele não combina com o da denominação ou então a MSC falha nessa inserção do surfi sta. Mas temos tido bons resultados. É como a parábola da se-

mente, alguns caem em meio à terra boa, outros não”.

O diretor destaca o fato de integrar o surfi sta convertido em ministérios com visão de reino e que apóiam o ministério sem interesse próprio. “Por não levan-tar bandeira de nenhuma denominação, muitas delas não dão atenção ao evange-lismo de praia. No Brasil o trabalho mis-sionário é um grande desafi o e fazer mis-são com surfi sta é ainda mais. Creio que se levantássemos alguma bandeira teríamos muito mais apoio. Muitos pensam que evangelizar na praia é tirar férias, entregar uma bíblia e depois voltar pra casa, mas o evangelismo da Missão Surfi stas de Cristo não é desse jeito que ocorre”.

Qualquer um pode participar das reu-niões semanais em alguns dos núcleos, mas Busatto destaca a importância daque-les que entram para a Missão Surfi stas de Cristo com objetivo de ser voluntário, com algumas condições e responsabilidades

Na onda de CristoEvangelizar e integrar o surfi sta em alguma comunidade local é o principal desafi o, há mais de 20 anos, da Missão surfi stas de Cristo

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� Marcos Santos, 34, é quem coordena todo o circuito nordestino de surfe como capelão.

� Sérgio Busatto, 40 é surfi sta e diretor nacional da MSC

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impostas. A missão tem encontros semanais em alguns núcleos, e o voluntariado é o destaque dado pelo pastor. “Esses são os caras que fazem a missão acontecer. Pra você se fi liar a missão ofi cialmente tem que ter com-prometimento e congregar em uma igreja. O ministério desses voluntários é a missão. A gente tem lá o compro-misso voluntário de ofertar sem valor estipulado”.

� capelaNia Do sUrfA missão é reconhecida no circuito do surfe na-

cional, por conta do projeto de capelania oferecido ao surfi sta. Com o apoio da Associação Brasileira de Surf Profi ssional (Abrasp), hoje o projeto, que já existia no circuito mundial, é uma realidade no cenário brasileiro.

A capelania busca contribuir para o crescimento e desenvolvimento do surfi sta. Atualmente, Marcos San-tos, 34, conhecido como Marquito, é quem coordena todo o circuito nordestino de surfe como capelão. O surfi sta que já foi campeão brasileiro e nordestino em 2008, está sempre competindo, mas entre uma bateria* e outra a dedicação é voltada nas conversas e orações com surfi stas e Staff *. “Procuro ser a presença cristã no circuito. Faço oração e fi co atento aos atletas para sa-ber se necessitam de uma palavra” conta Marquito, que também lamenta o fato de não haver apoio sufi ciente das igrejas com a MSC. “As igrejas estão preocupadas em implantar novas igrejas. O reino não se resume so-mente a Jerusalém, mas também aos confi ns da terra”.

DiCiOnÁriO DO sUrF*• arrebentação: Local ou momento onde as ondas quebram• Bateria: sessões onde os surfistas são divididos para com-

petir e quem vencer a bateria passa para a próxima• Big rider: surfista de onda grande• Brother: irmão (tradução literal), amigo, parceiro• Caldo: Quando se cai da prancha• Drop: Descer a onda da crista até a base• Flat: mar sem ondas• inside: Qualquer lugar dentro da arrebentação das ondas• Pipeline: sequência de ondas gigantes em uma determi-

nada época do ano no Havaí• staff: equipe de apoio envolvida no campeonato• swell: Ondulação• trip: viagem• vaca: Queda, tombo

BÍBLia DO sUrFista

A Bíblia do surfi sta surgiu na Austrália como projeto da CSI em parceria com a Socie-dade Bíblia Mundial. Depois de publicada em cinco idio-mas, incluindo o português do Brasil, é que Sérgio manteve contato com gráfi cas, pediu para amigos traduzir a versão em inglês do livro, mas tudo em vão. O diretor da Christian Surfers Inter-nacional, Bratt Davis, não aprovou a ideia por se tratar de um livro sagrado.

O sonho foi concretizado apenas em 2007, em parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que imprimiu 20 mil exemplares da Bíblia do Surfi sta. Em 2010, a segunda edição já estava sendo distribuída en-tre os brothers, que, alcançavam outros surfi stas du-rante as trips* com amigos.

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� MARCOS SANTOS

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entrevista

Líder uma das maiores denominações evangélicas do Brasil, Pr. Ivan Nunes, eleito pela quarta vez Presidente Nacional da Igreja O Brasil para Cristo, fala sobre a história da denominação e do legado que gostaria de deixar para os futuros líderes

Lealdade a fé pentecostal e ao pioneirismo histórico de sua igreja

Eleito, recentemente, para seu quarto mandato - o segundo consecutivo – na

presidência da Igreja O Brasil para Cristo - OBPC, o pastor Ivan Nunes possui uma história de vida que se con-funde com a da própria de-nominação que viu nascer, crescer e consolidar-se como uma das maiores e mais consistentes do país.

Filho de Olavo Nunes, pastor já falecido e que foi um dos ícones do movi-mento liderado por Mano-el de Mello, o pastor Ivan tem 69 anos e vem recen-temente de uma dura, mas vitoriosa batalha contra um câncer. Extremamente ze-loso com o tema da cober-tura espiritual, presta con-tas de sua vida a Pr. Russell Shedd, conceituadíssimo teólogo batista e seu amigo particular.

Sua Igreja, “O Brasil para Cristo” - nome oficializado em 1985, em um de seus

mandatos como presidente – conta hoje com cerca de 300 mil membros em todo o país, 2.250 igrejas plantadas em cada Esta-do da Federação, 2.000 pastores e dezenas

de missionários em diversos países da América Latina, a qual sonha alcançar completamente.

Nesta entrevista, o pastor Ivan Nunes fala de sua visão ministerial, seus planos e pro-jetos na presidência nacional da OBPC e ainda sobre o mo-mento atual da igreja evangélica brasileira. Contará também um pouco sobre as origens de uma denominação que tem em sua raiz um histórico de persegui-ções políticas em uma das fases mais controvertidas do Brasil, o regime militar. Revelando a trajetória de fé e ousadia de uma Igreja pioneira em sua forma de pregar o Evangelho, seja no rá-dio ou na realização de grandes

reuniões de milagres que arrastavam mul-tidões a teatros, estádios e casas de espetá-culos pelo Brasil.

“ A OBPC tem histórico de perseguições políticas em uma das fases mais controvertidas do Brasil, o regime militar. Manoel de Mello foi detido 27 vezes, sem qualquer condenação.”

por rogério NascimeNto

“ Fundada em 1956 pelo missionário Manoel de Mello, a Instituição – que começou como um ‘movimento itinerante de evangelismo, cura e libertação’ – quebrou paradigmas religiosos, enfrentou a censura do regime militar e por fim se notabilizou como uma das maiores denominações evangélicas do país.”

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“As denominações podem sofrer oscilações de

crescimento, mas como Igreja de

Cristo ela segue ascendente

segundo o propósito Divino”

Ivan Nunes

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entrevista Pr. Ivan Nunes

EC - No inicio a denominação não era propriamente uma igreja, era mais um mo-vimento de evangelização, que se estendeu irresistivelmente para todo o país. como se deu a origem da igreja o Brasil para cristo e que impacto causou na sociedade da época?

Este ministério denominado O Brasil Para Cristo surgiu sob a liderança do mis-sionário Manoel de Melo no ano de 1956, como um movimento evangelístico ins-pirado pelo Espírito Santo e marcado por muitas curas e milagres. Enquanto mul-tidões abraçavam o Evangelho, as igre-jas tradicionais e a católica, que naquele momento, predominava neste cenário, se opunham contra a forma peculiar e liberal que só ele tinha para pregar o Evangelho, a ponto de persegui-lo instigando a im-prensa e alguns políticos contra eles.

EC - se tem notícia de que os primeiros anos da denominação foram trabalhosos, inclusive com muitas perseguições. Quais os principais desafios, dificuldades que surgiram naquele período e quais as principais conquistas?

O grande desafio da igreja foi sobre-viver às crises por conta das sanções im-postas pelo sistema religioso e governista, predominantes na época. As principais conquistas vieram com o gigantesco cres-cimento da obra, consolidado com a fun-dação de muitas igrejas em todo o país e o reconhecimento deste ministério no Brasil e no exterior, resultado do brilhante trabalho do missionário e outros líderes que aderiram ao movimento.

EC - muitos pastores, pregadores, evangelistas e líderes contribuíram para o surgimento e o crescimento da obra, po-rém, dois líderes, manoel de mello e olavo Nunes se destacaram como pioneiros desta obra. como cada um deles contribui para o avanço do movimento em seu surgimento e crescimento?

A parceria foi fundamental para o cres-cimento da obra. A partir de 1958 o pastor Olavo Nunes sensibilizado pelo ministério do missionário, tornou-se um amigo ín-timo e conselheiro dele, culminando com a adesão da igreja em Porto Alegre RS. Ao movimento de evangelização O Brasil Para

Cristo, cumprindo o ministério pastoral que agregado a grande visão ministerial do Missionário Manoel de Mello fortaleceu e consolidou a denominação.

EC - Nos anos 50 e 60 as igrejas no Brasil ainda eram divididas fortemente entre tradicionais e pentecostais. as tradicionais com forte ênfase no ensino, enquanto as pentecostais, mesmo não desprezando o ensino focaram em sinais e maravilhas, não é mesmo? sabemos que os sinais, maravilhas e milagres foram marcos para o notável crescimento deste ministério. Hoje, ainda há estas ênfases?

Hoje somos uma igreja estabelecida e, como tal, os sinais continuam acontecen-do, não mais focados em uma ou raras li-deranças, mas distribuído em toda a esfera ministerial da igreja, o que se comprova pelo avanço do crescimento nos dias atu-ais.

EC - as igrejas da época, com algumas exceções, viviam em certa onda de forma-lismos e divisões, atravessando certa crise de identidade. De que forma esta realidade contribuiu para o surgimento desta obra primeiro como movimento, depois evoluin-do para se tornar uma denominação?

Num momento em que o país vivia uma crise espiritual e social, Deus conferiu ao missionário Manoel de Melo uma nova vi-são evangelística que resultou na fundação de muitas igrejas e, por conta disso, foi preciso consagrar novos pastores e obrei-ros. Acrescente-se também o fato de ter atraído outros ministérios, houve a neces-sidade de tornar-se uma denominação, com suas áreas de administração eclesiás-tica e departamentos setorizados.

EC - Nas duas últimas décadas, vimos o surgimento e crescimento do neo--pentecostalismo. a igreja o Brasil para cristo, pode ser considerada uma terceira via entre o pentecostalismo clássico e o movimento neo - pentecostal?

Não cremos que somos uma terceira via, porém como todas as igrejas pentecos-tais, nos distinguimos por nossas caracte-rísticas fundamentadas nas doutrinas e princípios basilares que deram origem as igrejas pentecostais que chegaram ao país

“Ao longo de nossa trajetória como instituição, temos sido cuidadosos em não abrir mão de nossos princípios, mas não nos furtamos em agregar métodos que resultem no crescimento saudável e sustentável com absoluto fundamento bíblico”.

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no início do século passado.

EC - o impactante crescimento dos pri-meiros vinte anos não manteve o mesmo ritmo. muitas igrejas surgidas bem depois cresceram mais e têm mais impacto hoje. o que aconteceu?

Nada. Cometeríamos um grande equí-voco ao afirmar que a igreja tenha parado de crescer, pois em Mt 16.18 Jesus afirma o seguinte: “E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalece-rão contra ela.” Diante disto eu posso con-cordar que as denominações podem sofrer oscilações de crescimento mas como igreja de Cristo ela segue ascendente segundo o propósito Divino.

EC - manoel de mello foi pioneiro no uso do rádio, a mídia mais evidente e importante da época. Que impacto este fato causava? a igreja andou para traz no uso da mídia ou foi uma coisa de época?

Primeiro nós não fomos os pioneiros no uso da mídia falada, mas a usamos dando um for-mato mais agressivo na difusão do Evangelho. Este fenômeno não era apenas mais uma fala, mas a evi-dente prática da libertação e cura de todos quantos o ouviam e o assistiam. Não cremos que este foi o resultado obtido, mas contrariamente cremos que nos foi e nos é útil, porque nunca a abandonamos, somente desenvolvemos outras ferramentas para esta difusão tento amplo sucesso.

EC - a igreja o Brasil para cristo tem em sua filosofia de ministério certa liberdade litúrgica e eclesiológica, ou seja, há uma padronização de estilo. Uma possível mudança nesta questão, se é que há esta possibilidade, não descaracterizaria a obra e também não negaria sua própria trajetória?

Ao longo de nossa trajetória como instituição,

temos sido cuidadosos em não abrir mão de nossos princípios, mas não nos furtamos em agregar mé-todos que resultem no crescimento saudável e sus-tentável com absoluto fundamento bíblico.

EC- o senhor exerceu a presidência da obra em dois mandatos na década de oitenta. agora, trinta anos depois, o senhor foi eleito recentemente para um novo segundo mandato. o que mudou na denomina-ção neste período?

Até a década de 1980 a igreja era conhecida como apenas movimento, a despeito de já termos nossas instituições administrativas e eclesiásticas em funcionamento. A partir de 1981 novos líderes preocupados com a consolidação do movimento trabalharam incansavelmente para a consolidação da igreja como um todo. Neste novo momento que

“ O programa de rádio “A Voz do Brasil para Cristo” veiculado internacionalmente pela Rádio Tupi, permaneceu no topo das pesquisas de audiência por 34 anos consecutivos.”

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“Queremos Implantar novas igrejas com discípulos bem consolidados na palavra de Deus, a fim de enfrentar todas as intempéries do sistema mundano e cultural que contraria as Escrituras”.

estamos vivendo cremos que aquele cresci-mento está sendo restaurado, pois apren-demos a fechar a porta dos fundos por onde saiu uma grande parte de nossa membresia para outras denominações. Pois nunca dei-xamos de ganhar almas como no passado, mas hoje retemos o nosso fruto.

EC - ainda sobre a pergunta anterior, o que mudou no cenário evangélico no mesmo período?

Mudou muito, pois muitas igrejas pen-tecostais históricas se blindaram, e outras neo-pentecostais surgiram como a propos-ta da prosperidade, na fé e na estratégia de fidelizá-los como patrocinadores de seus mega projetos, permitindo que continuem membros de suas igreja de origem.

EC - Quais os principais alvos de sua administração e como a igreja o Brasil para cristo está se preparando para as demandas do futuro com o ateísmo, a secularização, ética e moralidade?

Por objetivo temos: 1º Adequação dos estatutos as novas realidades jurídicas e so-ciais. 2º Ampliação nos Investimentos na formação de novos ministros e obreiros, no ensino e na formação infanto-juvenil, em missão cultural e transcultural. 3º Con-tinuaremos nesta luta cotidiana sem medir esforços, contra estas tendências que histo-ricamente tem se contraposto aos princípios bíblicos, porque cremos ser esta a única via combatente contra estes e outros males con-temporâneos.

EC – a igreja o Brasil para cristo causou impacto, principalmente pela originalidade de seus métodos. atualmente, com a importação de modelos, há um sinal que esta originalida-de foi perdida?

Jamais! A nossa conduta e orientação histórica é a de manter nossas origens, sem-pre melhorando e adequando as práticas do Novo Testamento. Não obstante, continuar-mos a fazer evangelismo em massa, porém vimos a necessidade de evitarmos a evasão dos novos convertidos, daí a necessidade de estarmos organizados como instituição.

EC –igrejas que eram consideradas supe-radas a um tempo atrás, como a Batista e a presbiteriana, experimentam uma espécie de

ressurgência. Há algum projeto para que a denominação volte a ocupar seu papel de protagonista no cenário evangélico?

Nossa visão sempre prescindiu o individualismo e prezou pelo cresci-mento do reino. Aplaudirmos a ex-pansão e êxito de nossos co-irmãos e continuamos o nosso trabalho que tem garantindo um crescimento saudável, sem falar que muitas novas denomina-ções foram gestadas em nosso ventre.

EC – o senhor já esteve à frente de um importante projeto de radio difusão nos anos noventa. existe algum projeto em andamento nesta área? a mídia ainda ocupa um lugar de importância atualmente na denominação?

Com certeza. Estamos trabalhando pesado nesta área, em conjunto com muitas de nossas igrejas e lideranças amantes tanto da mídia falada como televisada.

EC – o senhor antes de se dispor a ocupar outra vez a presidência nacio-nal da denominação, enfrentou graves problemas de saúde. o que o motivou a este novo desafio depois de tantos anos?

Meu retorno a presidência foi a convite da liderança nacional da deno-minação. Submeti isto a Deus e a minha família para então depois aceitar tão grande e honrosa responsabilidade.

Pr. Ivan Nunes entrevista

� “Não creio que a igreja esteja dividida, pois ela é indivisível. São nas denominações onde encontramos todas as discrepâncias”.

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EC – após a sua primeira gestão de dois mandatos, a obra teve um período de dez anos no qual o pastor orlando silva foi presidente. o mesmo exerceu mais um mandato recentemente. a sua volta e este revezamento, é sinal de falta do surgimento de novas lideranças capazes de estar à frente da denominação?

Não. Jamais nos faltaram com-petentes lideranças. Porém ora-mos para que a despeito de nosso regime de eleição ser democrático, Deus seja sempre soberano nestas escolhas, alias o Pr. Roberto Alves de Lucena exerceu dois mandatos compreendidos entre 2001 e 2006 antecedendo o último mandato do Pr. Orlando Silva.

EC – a igreja evangélica brasileira está dividida em várias frentes, ideologias, modelos eclesiológicos e teológicos. Qual a leitura que o senhor faz desse momento?

Não creio que a igreja esteja di-vidida, pois ela é indivisível. São nas denominações onde encontra-mos todas as discrepâncias citadas, quem sabe são para satisfazer as várias correntes existentes, a fim de abrigar os alinhados com tais pensamentos. No entanto creio que a posição correta seria seguir o conselho de Gamaliel expresso em

Atos 5.38-39, que diz: “Por isso vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os, pois se este conselho ou esta obra é de homens, se desfa-rá, mas se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes também achados comba-tendo contra Deus.” Este tem sido o nosso comportamento.

EC – recentemente a rede globo, promoveu um importante evento gospel. a seu ver o movimento gospel é positivo ou é como alguns disseram, mais um passo na secularização da igreja?

Jesus em certa ocasião disse aos seus discípulos: “pois quem não é contra nós está a nosso favor.” Creio que esta resposta de Jesus na época nos esclarece hoje esta questão. Não sabemos a verdadei-ra intenção do homem em questão do referido texto, mas a resposta

de Jesus foi incisiva: “Não o impe-çais...”. Quanto a secularização, ela só se instalará nas igrejas onde en-contrar ambiente propício, e isto só será possível com o consentimento ministerial da mesma.

EC – Quais os desafios que a igreja tem pela frente, e como distinguir e discernir o falso do verdadeiro?

Implantar novas igrejas com discípulos bem consolidados na palavra de Deus, a fim de enfren-tar todas as intempéries do sistema mundano e cultural que contraria as escrituras. Novamente creio que a palavra de Deus responde a ques-tão de distinguir o falso do verda-deiro: Mt 7.16 “Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abro-lhos?” Não nos é dado outra forma de identificar o falso do verdadeiro.

EC – Qual sua palavra para a nova geração de líderes e Novos pregado-res que estão surgindo e, quem sabe em busca de referenciais?

Novamente gostaria de usar as escrituras como base de minha resposta. O Apóstolo Paulo em sua prédica aos Coríntios diz: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” Todos nós devemos procurar mentores que procurem imitar a Cristo em todo o seu viver, pois o que encontramos nos dias de hoje são novos pregadores queren-do imitar os bem sucedidos e não os que vivem Cristo.

“ A OBPC conta hoje com cerca de 300 mil membros em todo o país, 2.250 igrejas plantadas em cada Estado da Federação, 2.000 pastores e dezenas de missionários em diversos países da América Latina.”

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Gerson Garros é pastor, formado

em Jornalismo pela PUC-RS, em Teologia

pelo Seminário Ba-tista do RS e Mestre

em Divindade pelo Seminário de Sioux

Falls, South Dakota, (EUA). Atualmente mora no estado de

Wisconsin (EUA), onde trabalha como Capelão

Hospitalar, cursa Clinica Pastoral e

conclui o Doutorado em Ministério.

AConSeLhAmento PAStorAL

Gerson Garros

Não basta estar láSua maior contribuição pastoral é a presença não ansiosa

Estava em minha sala preenchendo re-latórios durante um plantão quando ouvi no corredor este diálogo entre um paciente em cadeira de rodas e seu familiar:

- Você nem imagina: o pastor fulano de tal veio aqui! Viu só que maravilha?

O ministério da igreja envolve uma série de funções como adoração, ensino, prega-ção, serviço, administração, evangelismo. Há o sufi ciente para preencher as 24 horas do dia de um líder, especialmente se elenão aprendeu a delegar e multiplicar liderança. Mas não tenho dúvidas que uma das tarefas que Deus e a congregação mais espera de seus líderes espirituais é a de estar presente na hora da crise.

Confesso que no início de meu minis-tério, quando descobria que alguém estava enfrentando uma dor emocional, enfren-tando crise conjugal, diante de decisões di-fíceis pela frente ou algo assim, tinha uma-certa relutância em ir logo atender. “Não sei o que dizer. Não sei o quanto posso de fato ajudar,” era o que me fazia procrastinar

a visita. Mais tarde fui descobrir que o que melhor posso oferecer ao outro é a minha presença. Sentar ao lado da cama de alguém, ouvir pais descreverem seus temores quanto ao fi lho adolescente; explorar alternativas com quem quer sair de um aperto, é o meu melhor pre-sente como ministro de Deus.

Acredito que muitos que ainda se lembram de chamar o pastor (seu dis-cipulador ou líder de célula) não o fazem por que esperam dele a cura, a resposta certa, a solução mágica. Chamam por que precisam da presença amorosa e não ansiosa de alguém.Talvez até por que estão cansados de ouvir palpites,

exortações e julgamentos que os deixaram mais perdidos e confusos. Nas palavras de Maya Angelou, as pessoas não se lembram

tanto do que dissemos mas de como as fi -zemos sentir.

Mas estar presente pode não ser tão simples assim. Como referia cima, o que-precisamos oferecer primeiro é a presença não ansiosa. Já estive em encontros em que o pastor era o mais agitado na sala. Achava que seu papel era oferecer explicações teo-lógicas, dar uma solução ao problema, ou que tinha que dizer o verso bíblico ou con-selho mais apropriado para a ocasião. Não permitiu silencio, não chorou junto. Não teve tempo para ouvir e já veio com o dis-curso pronto e com o texto escolhido. Orou sem antes perguntar sobre o que a sua ove-lha queria que orasse – aliás, a coisa mais importante a fazer antes de se orar por al-guém, do ponto de vista do aconselhamento pastoral. Enfi m, gerou até mais tensão na sala.

A propósito, alguém já comparou a pre-sença não ansiosa como um transformador, que recebe toda uma carga forte de energia e a transforma – com a graça de Deus –, reduzindo a tensão e diminuindo seu efei-to destrutivo. Para isso, é preciso que você esteja totalmente presente com seu irmão como se não houvesse nada mais aconte-cendo naquela hora; como se não soubesse nada além do que ele esta lhe relatando no momento, procurando entender o que ele está sentindo não só o que está narrando. E ao mesmo tempo se deixando ser um sím-bolo da presença de Deus naquele encon-tro. Afi nal, Deus de fato está ali, em você e naquele com quem está interagindo.

Não sei o que aquele pastor da história referida acima fez. Mas ele (ou ela) esteve lá. E isto foi o sufi ciente para acalmar e ale-grar o dia de quem teria que passar mais um fi m de semana no ambiente frio e incerto de um quarto de hospital. Valeu o exemplo.

“ Já estive em visitas pastorais em que o pastor não permitiu silêncio, não chorou junto. Não teve tempo para ouvir e já veio com o discurso pronto e com o texto escolhido. ”

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Modelos e estratégias para cumprir o “ide e pregai o Evangelho a toda criatura”

por rogério NascimeNto

Centenas de igrejas são registradas ou abrem a cada mês. No entanto, poucas destas prosperam, crescem, se consolidam e causam impacto

no local onde são formadas.A realidade mostra que plantar uma igreja não é somente, ou a mes-

ma coisa que “abrir uma igreja.” Grande parte destas instituições, são ini-ciadas sem o mínimo planejamento estratégico, mas, unicamente para atender a insatisfação de um grupo ou a ambição de um líder.

Outro fator digno de nota, é que muitas destas novas igrejas são plan-tadas em regiões onde já existem dezenas ou até centenas de outras.

Estabelece-se, então, nestas localidades uma corrida em busca de membros e a concorrência se torna uma cultura a que todos os crentes têm conhecimento. Cada uma oferecendo algo diferente e se dizendo melhor do que as outras, objetivando, com isso, atrair mais e mais pes-soas.

Nestas regiões, as igrejas sobrevivem como o mercadinho do meio do quarteirão, pois oferecem aquilo que as pessoas buscam ou necessitam com mais urgência. Ganha quem oferece o resultado mais satisfatório. O que faz efeito mais rápido se sobressai.

Eventos como louvorzões, campanhas de cura e prosperidade, festi-vais de louvores, e, claro, cantores com ou em busca de nome se tornam rotina.

O grande problema hoje, não é iniciar uma igreja para alcançar um bairro na periferia de alguma cidade grande, mas um grupo social que ainda não foi ou que tenha sido pouco alcançado. É este o fator que deter-mina a exigência do processo de plantação de uma igreja.

Uma pergunta que se faz, é se ao abrir uma igreja, o Evangelho vai ser pregado de maneira autêntica. O problema não é quantidade de templos, eles estão em todos os lugares. Nas periferias existem ruas onde há um ao lado ou em frente ao outro. Nas cidades entre 200 e 1 milhão de habitan-tes, consideradas médias, geralmente as igrejas se concentram na região mais central, enquanto nas regiões periféricas multiplicam-se pequenas congregações.

Em cidades entre 50 e 100 mil habitantes, a media de pessoas que se identifi cam como evangélicas, diminui bastante. Nestas, geralmente não há grandes igrejas, pois praticamente as regiões mais pobres são quase irrelevantes. Predominam denominações tradicionais e algumas das mais fortes neopentecostais, geralmente próximas à região central.

A primeira vista, o percentual mostra que o evangelicalismo é um fe-nômeno, principalmente das grandes cidades. A realidade, porém, é que

Plantaçãode novas igrejas

esPeCiaLesPeCiaL

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O grUPO Base • traDiCiOnaL – A congregação é

formada a partir da definição do local do

culto, tendo como grupo base membros

da matriz que moram no local.

• neOPenteCOstaL – A congrega-

ção é formada para alcançar um novo

grupo de frequentadores e adeptos.

• nOvOs mODeLOs – o grupo

base é formado antes de iniciar

a congregação e do estabeleci-

mento de um local de culto.

a QUestÃO CULtUraL• traDiCiOnaL – há um confronto

cultural e as pessoas são desafiadas

a abandonar sua herança e ligações

culturais para abraçar a cultura

da linha doutrinária da igreja.

• neOPenteCOstaL – há um

confronto espiritual, mas não

cultural. Alguns elementos da

cultura local são até assimilados.

• nOvOs mODeLOs – não há um

confronto cultural, a igreja está ali

para influenciar a mudança e não

impor a transformação da cultura.

metODOLOgia estratégiCa• traDiCiOnaL – A nova

congregação vai reproduzir na

integra o modelo da matriz.

• neOPenteCOstaL – A nova

congregação surge com o aluguel de

um salão, anuncio na mídia e grandes

atrações como; pregadores e cantores

para promover o local e atrair o público.

• nOvOs mODeLOs – A nova

congregação vai surgindo aos poucos

em encontros de pequenos grupos.

a neCessiDaDe• traDiCiOnaL – A nova congrega-

ção surge como meta de crescimento

ou para atender demandas do próprio

crescimento da igreja matriz.

• neOPenteCOstaL – A

nova congregação surge,

como meta de expansão.

• nOvOs mODeLOs – A nova con-

gregação vai surgir a partir da visão da

necessidade de um público específico

ou cultura a serem alcançados.

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a maioria das igrejas procuram investir seus melhores talentos e desenvolver seus projetos onde existe maior núme-ro de habitantes e onde há mais chan-ces de crescimento.

Para Peter Wagner, do Famoso Se-minário Fuller (EUA), grande teórico da plantação de igrejas, “a melhor ma-neira de evangelizar e cumprir a grande comissão é plantar igrejas.” Isto, é pre-ciso salientar, já tem sido feito. O Brasil foi evangelizado desta forma, pois as ci-dades estão cheias de igrejas. De todos os tipos, formatos, para todos os gostos. Quem negar esta fato, está indo contra o que é evidente.

Cada denominação têm seus méto-dos e estudá-los, pode contribuir para quem está envolvido ou quer se envol-ver no processo.

Igrejas mais históricas desenvol-vem métodos consistentes e aprovados pelo tempo, continuam fazendo surgir mais novas e dinâmicas congregações, ao contrário do que muitos pensam. O que os novos métodos podem fazer é questionar não a efi cácia, mas a lingua-gem. O mesmo se pode dizer em rela-ção aos novos teóricos, que criticam a metodologia tradicional.

Pode-se perguntar se os modelos antigos serão efi cazes no futuro, por-que em termos de Brasil até agora têm sido.

A maior denominação do pais, A Assembleia de Deus, cresceu através da plantação de igrejas e continua cres-cendo, sem indícios de que o modelo tenha se esgotado. Geraldino Silva,

pastor da Igreja Assembleia de Deus, em Erechim RS, questionado sobre qual o segredo de tanto crescimento da denominação ele diz: “Entendo que a Igreja Assembleia de Deus tem usado de um método ensinado por Je-sus, em que cada discípulo é motivado a ser um ganhador de almas, começando em sua casa e familiares. A maioria das igrejas que foram plantadas iniciaram em casas de pessoas que foram alvos da pregação do evangelho e que rece-beram a salvação, curas e o batismo no Espírito Santo, iniciando em suas casas uma pequena congregação.”

Na década de 70, estudiosos do Se-minário Fuller, no EUA, desenvolve-ram importantes estudos sobre o que foi chamada de “Crescimento da Igreja. Teólogos como Donald McGgravan e Peter Wagner, trouxeram contribui-ções nesta área que infl uenciaram e mudaram muitos conceitos e trazendo também, novas visões para novas igre-jas. Outra contribuição e infl uência foi o Movimento de Revitalização de Igre-jas, onde sobressaem-se os nomes de Christian Schartz com o conhecido método O Desenvolvento Natural da Igreja, e Robert Linthicum, autor do famoso livro A cidade de Deus, cidade de Satanás. Estes movimentos acres-centaram ferramentas práticas para os novos plantadores de igrejas.

Um modelo que tem se dissemi-nado e alcançado grandes resultados é o das igrejas Neo-pentecostais. Neste sistema, a plantação de novas igrejas se dá de forma mais pragmática possível.

� Pastor Jorge Fontoura “ ter um grupo base é fundamental para o processo de plantação de novas igrejas.”

fotos: arquivo pessoal

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esPeCiaL

Aluga-se um salão em lugar estraté-gico, convoca-se o povo através da mí-dia, marca-se um grande encontro, com um pregador conhecido e artistas de re-nome e, pronto, uma nova igreja sugere.

Recentemente temos como maior destaque, o que pode ser considerado um novo método, que visa alcançar as gerações emergentes ou pós-moder-nas. Nos EUA uma das vertentes desta tendência é o Movimento Missional que tem como foco alcançar as cultu-ras emergentes. Esta abordagem tem se mostrado efi caz e milhares de novas igrejas estão sendo plantadas, procuran-do alcançar não uma região, mas cultu-ras. O braço forte deste grupo é Atos 29 que divulga esta ideia pelo mundo sendo uma das organizações que mais plantam igrejas ultimamente, inclusive no Brasil.

O pastor Ricardo Agreste diz que dentro desta mentalidade”a igreja redescobre o seu valor bíblico, pois não existe razão de ser igreja se na missão.”

O que os métodos tanto antigos, quanto modernos têm em comum são: a necessidade de um grupo base , a ques-tão cultural e o perfi l do plantador de igrejas.

Segundo Jorge Fontoura, pastor em Porto Alegre, e vice-presidente da Con-venção Estadual da Igreja o Brasil para Cristo no Rio Grande do Sul, ter um pú-blico alvo é importantíssimo, “ Ter um grupo base, é fundamental e de extrema importância para o processo, pois é ele que vai dar sustentação necessária para o plantador de igrejas.” O tamanho deste grupo depende do tamanho do projeto que vai ser desenvolvido.

Para Ricardo Costa, pastor da Comu-nidade Presbiteriana de Vinhedo “deve--se trabalhar na formação de um grupo base que esteja com o plantador envol-vido na missão de estabelecer a nova co-munidade. É a partir do grupo base que se terá uma defi nição de qual grupo irão alcançar com a nova igreja.”

A cultura é outra questão importan-te, pois segundo Ricardo Agreste “ela jamais pode ser encarada de maneira simplista pela igreja. Ela não é totalmen-te amiga, mas também não é inimiga.” A igreja quando chega em determinada região, vai necessariamente confrontar e entrar em choque com a cultura local. Ricardo Costa diz que “entender a cul-tura é importante porque isto dará ao plantador as condições de comunicar o conteúdo do Evangelho com relevância.”

Para Jorge Fontoura, mudar a cul-tura é um dos alvos da igreja, “A cultura

religiosa deve ser mudada, o ateu, o

espírita, o umbandista, o budista etc., vão se converter a Jesus, e a vida cultural também será mudada, da mesma forma a cultura comportamental, moral e so-cial.”

É de fundamental importância, des-tacar que o plantador de igrejas precisa ter certos requisitos, para que tenha su-cesso. Ricardo Costa destaca que “o plan-tador necessita entre outras coisas, ter uma boa noção de interpretação bíblica, ser um bom pregador, com condições de se comunicar com uma linguagem que as pessoas que não estão habituadas com a igreja entendam.”

Jorge Fontoura esclarece que “ter uma percepção social é importante, ten-do em vista que ele vai interagir com todo tipo de pessoas, do mais pobre ao abas-tado , do culto ao que não possui conhe-cimento algum, pessoas de diferentes etnias etc.”

O pastor Geraldino, é enfático “O perfi l exigido é ser salvo, chamado para esta missão e ser cheio do Espírito Santo. Independe de ter ou não títulos acadê-micos, mas sim de um coração cheio de amor pelas almas.”

Ricardo Costa mostra como é o plantador de igrejas com perfi l mis-sional, “Precisa estar aberto para o re-lacionamento com pessoas de fora da igreja, gostar de estar com não cristãos, entender a mentalidade do grupo que irá alcançar e saber compartilhar o Evange-lho.”

� Pastor Geraldino Silva : “A Igreja Assembleia de Deus tem usado de um método ensinado por Jesus, em que cada discípulo é motivado a ser um ganhador de almas, começando em sua casa e familiares.”

� Pastor Ricardo Costa: “ O plantador de igrejas precisa gostar de estar com não cristãos.”

a visÃO na PrÁtiCa

1 – receber a visão de Deus ;2 – Desenvolver um plano de oração, envol-vendo pessoas na ação;3 – Formar um grupo base, desenvolvendo neles paixão pela visão;4 – treinar o grupo base;5 – estabelecer o tipo de igrejas e suas formas;6 – Focar em estratégias práticas para alcançar o público alvo ou a cul-tura a ser alcançada.

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A história missionária da denominação – liderada há 16 anos pelo Pastor Mário de Oliveira - que chegou a ser conhecida como “o povo das tendas”

por marcos coUto lUÍs teoDoro

Montada em um terreno vazio na Avenida Francisco Matarazzo, bairro da Água Branca, na Zona

Oeste da cidade de São Paulo, a enorme lona chamava a atenção de quem pas-sava por perto naquele início dos anos 1950. Parecia ser um novo circo, mas bastava chegar perto para perceber que não havia picadeiro, palhaços ou show de animais. Com Bíblias nas mãos e lá-grimas nos rostos, três mil pessoas ora-vam em voz alta, cantavam animadas canções ao som de guitarras elétricas e ouviam as palavras do efusivo pregador. Ao lado, pilhas de muletas e cadeiras de rodas lembravam a todos: Jesus Cristo salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará. Não que milagres e curas divinas fossem exatamente uma novidade na época. Eram elementos importantes desde 1910, quando o mo-vimento pentecostal teve início no Bra-sil. Mas agora algo novo estava aconte-cendo. Naquelas inusitadas reuniões, o fogo do Espírito parecia arder com re-novado vigor. Mas era apenas o começo de um avivamento que alcançaria o país inteiro, transformando-o, seis décadas depois, na maior nação pentecostal do

planeta. Era também o começo do tra-balho da Igreja do Evangelho Quadran-gular, uma das maiores denominações evangélicas da atualidade e que conta, segundo seus dados, com mais de 3 mi-lhões de membros, 40 mil obreiros e ministros espalhados em 15 mil pontos de pregação Brasil afora.

Os 60 anos da Quadrangular foram celebrados ofi cialmente no último dia 15 de novembro. Mas a festa começou antes, na 60ª Convenção Nacional da Igreja, realizada na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, reunindo, entre pas-tores e convidados, mais de 7 mil pes-soas. Depois, no dia 8 de novembro, a Câmara dos Deputados realizou uma sessão solene para lembrar a data. Além disso, as diversas igrejas da denomina-ção promoveram durante todo o mês congressos, apresentações de música e encontros especiais para festejar as seis décadas da presença da IEQ no Brasil. As belas comemorações, contudo, dão apenas um pequeno vislumbre da im-portância histórica da Igreja que ajudou a mudar a espiritualidade brasileira, contribuindo com a transformação da nação que ruma para tornar-se um país de maioria evangélica, já na próxima década.

É quase inacreditável que todo esse movimento se iniciou aqui no Brasil de uma maneira muito simples e hu-milde, com a vinda de um “caubói” americano, chamado Harold Edwin Willians. Chamá-lo assim não é mera força de expressão! Nascido em 1913, em Hollywood, a capital mundial do cinema, Harold Willians, como fi cou conhecido, começou a vida como ator de fi lmes de faroeste, até que um dia a fé e a chama missionária falaram mais alto. Batizado pela própria Aimeé Sem-ple McPherson, fundadora do minis-tério Quadrangular internacional, ele estudou teologia, foi ordenado pastor e se tornou líder de jovens. Em 1945, na companhia da esposa, a também pastora Mary Elisabeth, desembarcou na Bolívia, comissionado para pregar o Evangelho na América do Sul.

Na cidade de Puerto Sucre, encon-traram outro missionário, o peruano Jesus Hermírio Vasquez. O plano era trabalharem juntos para levantar a obra na Bolívia e na Colômbia, mas por uma decisão do governo local, foram impe-didos. Nesse momento, a postura de Vasquez foi decisiva para o futuro da obra. “Ele agiu como um Calebe do sé-culo XX. Durante o tempo que trabalhou

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mÁriO De OLiveira um dos grandes responsáveis pelo crescimento de uma das maiores denominações evangélicas do país, a igreja do evangelho Quadrangular.

O pastor Mário de Oliveira possui uma história de entre-ga intensa ao ministério do Senhor e ao serviço à Obra.

A determinação, o trabalho e o esforço dedicados à Igreja Quadrangular, fizeram com que sua vida se tornasse uma verdadeira “cruzada”.

No ano de 1965, quando tinha apenas 19 anos, ingres-sou ao ministério dando início a uma carreira extraordina-riamente frutífera. Em alguns anos, o jovem missionário abriu dezesseis igrejas em três estados do Brasil, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, plantando pessoalmen-te a IEQ nas cidades de Assis, Lençóis Paulista, Uruguaia-na, Itaqui, Pelotas, Canoas, Porto Alegre, Juiz de Fora, Be-tim, Ipatinga, Corinto, Pará de Minas e Belo Horizonte.

Com uma visão empreendedora e evangelística, se tor-

nou referência para milhares de pessoas, levando por todo Brasil, além da bandeira de sua denominação, uma men-sagem séria e edificante.

Atualmente, ele está em seu 6° mandato como De-putado Federal pelo PSC-MG (Partido Social Cristão), do qual é também presidente e há 16 anos vem atuando como principal líder da Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil.

na Companhia Americana de Borracha, teve contato com diversos brasileiros e chegou à conclusão de que o país receberia a Palavra de Deus mais facilmente que os hispânicos. Assim, cruzou a fronteira e ‘espiou a terra’, passando por Porto Velho, em Rondônia e Belém, no Pará, conversando com batistas e assembleianos, chegando até a substituir temporariamente um pastor da Assembleia de Deus”, conta a pastora Marli de Jesus, Di-retora do Departamento Histórico e criadora do Museu Histórico da Igreja do Evangelho Quadrangular.

Não se tratava apenas de convicção es-tratégica. Era um tipo de discernimento so-brenatural. Em oração, Vasquez teve a visão de uma multidão e da bandeira brasileira. Uma confi rmação que, para o casal Willians, soou “como água fresca para o sedento”. Com a autorização da igreja internacional, as duas famílias cruzaram a fronteira em direção a Guajará-Mirim, no dia 30 de junho de 1946, depois desceram o rio Amazonas até Belém. Ali, embarcaram num navio com destino a Santos, no litoral paulista e, em seguida, se estabeleceram na cidade mineira de Poços de Caldas.

É bem verdade que os missionários ten-taram abrir um salão para os cultos, mas a difi culdade maior era com o idioma. Assim, nos primeiros tempos, enquanto davam au-

las de inglês, eles procuravam aprender o português e os costumes locais. Em 1948, o casal Willians deixou Vasquez em Poços de Caldas e se mudou para São João da Boa Vista (SP). Começaram realizando cultos na sala de sua residência e atendendo convites para pregar em igrejas tradicionais da cidade. Em 1951, com mais recursos, compraram dois terrenos na cidade. Em um, começaram a construir a casa pastoral. No outro, o templo. Enquanto isso, eles alugaram um salão na Rua Benedito Araújo, onde antes funcionava uma leiteria, começando a realizar cultos re-gulares, dando início à denominação, ainda chamada Igreja Evangélica do Brasil. Pare-cia promissor, mas algo ainda preocupava e frustrava Harold Willians: pouca gente vinha participar das reuniões.

�milagres No camBUciEm 1952, com a pequena frequência da

população local às reuniões, Harold Willians decidiu encarar o assunto como uma batalha espiritual. Para tanto, orou e jejuou durante 40 dias, em que bebeu apenas água. Quem trabalhava com ele na construção do novo templo, começou a se preocupar. Apesar de parar em alguns momentos para seus pe-ríodos de oração, não fazia corpo mole no batente. Foi no fi m desse período de consa-gração que decidiu realizar uma campanha

� Mário de Oliveira, plantador de igrejas, parlamentar de sucesso e presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular.

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evangelística. Para ajudá-lo, lembrou-se de um colega dos tempos de seminário teológico Life, um homem carismático, que costumava usar um grande chapéu branco e, naquela altura, já era um res-peitado evangelista nos Estados Unidos: Raymond Levi Boatright.

Slim, como era chamado, estava numa de suas campanhas quando rece-beu a carta de Willians. Sem muitos re-

cursos, resolveu fazer uma prova com Deus antes de dar sua resposta. No fi nal do culto, falou com os presentes sobre o convite e pediu àqueles que pudessem ajudar para que colocassem suas ofer-tas no case de sua guitarra, que deixara aberto no chão, ao lado do púlpito. Em uma única oportu-nidade, conseguiu recursos mais que sufi cientes para a viagem.

As curas e os milagres mexeram com a ci-dade de São João da Boa Vista. Dizem que, certa vez, Boatright estava pedindo um avivamento a Deus durante uma oração e o Senhor lhe disse: “O avivamento está na esquina”. Curioso, ele saiu do salão e encontrou a fi lha do prefeito da cida-

de no lugar, endemoninhada. Expulsou o mal e a menina foi curada. No dia seguinte, a cidade toda estava na porta do salão para ouvir a Palavra de Deus. O fato é que, logo que a campanha co-meçou, a procura foi tanta, que os missionários começaram a fazer as reuniões do lado de fora, na rua. Essa fama cruzou o Estado e chegou à capital. Em seu templo, que fi cava na Rua Barão de Jaguará, a Primeira Igreja Presbiteriana do Cambuci realizava há tempos reuniões de oração pedindo um avivamento. Após ouvir a série de relatos sobre o que estava ocorrendo no interior, o pastor Silas Dias procurou o líder da organiza-ção Juventude para Cristo, Don Phillips. Juntos, fi zeram o convite aos missionários. Assim, em março de 1953, em nova visita de Boatright ao Brasil, a dupla foi para São Paulo.

Ali também o sucesso foi imediato. Além de curas impressionantes, milagres e exorcismos, as pessoas começaram a receber o batismo com o Espírito Santo e a vir às centenas entregar suas vidas a Cristo. Todo esse movimento acabou atraindo também a imprensa. “Pastor veio dos EUA fazer milagres no Cambuci. Necessitados

� Raymond Boatright

� Harold Willians

� George Faulkner

as QUatrO FaCes DO evangeLHO

Visões geralmente têm o poder de mudar vidas. Com Aimee Semple McPherson, a

mulher que iniciou a obra quadrangular, não foi diferente. Há 90 anos, enquanto fazia uma pregação na cidade de Oakland, nos Estados Unidos, sobre a passagem de Ezequiel 1:1 a 28, ela teve a inspiração divina que mudaria de vez sua vida e a de milhões de pessoas. O texto narra a experiência do profeta Ezequiel, que fala sobre um ser semelhante ao homem, com quatro cabeças de diferentes criaturas e pés de bezerro. “Os dedos do Espírito arre-bataram as cordas da harpa eólica do meu co-ração e evocaram uma sublime e maravilhosa melodia semelhante ao som de um grande amém”, contou depois Aimee.

Segundo ela, a passagem é uma mensa-gem de Deus sobre o caráter do Evangelho de Cristo. O rosto de homem lembra que, se o pecado entrou no mundo por um homem, a redenção, também. Esse homem puro é o próprio Cordeiro de Deus. O rosto de leão evoca a força e o poder de Cristo e do Espírito Santo, enviado para revestir os salvos. O rosto de águia, a rainha dos céus, é outra fi gura de Jesus. Assim como a ave se renova e ressur-ge em novidade de vida, o Mestre voltará em

glória e majestade para buscar sua Igreja. Por fi m, o rosto de boi, lembra a força do animal, mas também sua ação servil.

Em sua própria vida, Aimee viveu essas várias faces da experiência cristã. Nascida em uma pequena fazenda próxima a Ingersoll, em Ontário, Canadá, no dia 9 de outubro de 1890, ela frequentou a Igreja Metodista em sua infância. Mas chegando a adolescência e o tempo de colégio, afastou-se dos caminhos de Deus e se envolveu com outras atividades como cinema, patinação no gelo, romances e bailes.

Chegou a ponto de duvidar de vez da fé quando estudou a teoria da evolução de Char-les Darwin e não encontrou uma resposta à altura de seus pastores. A situação só mudou quando participou de um culto pentecostal promovido por seu futuro marido, o evange-lista Robert Semple. A princípio, lutou con-tra. Depois, reconheceu que Deus falara com ela e entregou sua vida.

Já cheia do Espírito e com o chamado missionário, ela e o esposo foram pregar o Evangelho na China. Mas os sonhos ruíram e o clima de aventura deu lugar à desilusão quando o casal foi acometido por uma forte

� Harold Willians

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de todos os recantos da capital ban-deirante procuram a Igreja Presbite-riana Independente do Cambuci para participar de reuniões comandadas por pastor que era vaqueiro em sua terra natal e que costumava cantar no rádio”, estampava um jornal da épo-ca. Outro informava que “as fi las se estendem no bairro do Cambuci. São necessitados de todos os quadrantes da Pauliceia, que procuram Raymond para mitigarem seus males, faça chuva ou faça sol”. Um terceiro ainda afi r-mava que “enquanto a igreja estava apinhada de gente, lá fora, duas fi las duplas se prolongavam por mais de dois quilômetros”.

Pela primeira vez, os evangélicos ocupavam espaço expressivo na mídia e a publicidade atraiu ainda mais gen-te. A cada reunião, as autoridades pre-cisavam interditar as ruas próximas para proteger a multidão que se aglo-merava no local. O mesmo fenômeno

se repetiu em seguida, dessa vez em outro templo presbiteriano, no bair-ro do Brás. A solução encontrada para que mais gente pudesse participar foi reduzir cada culto a 40 minutos de du-ração e fazer reuniões durante todo o dia. De lá, a campanha ainda seguiria para outras igrejas em bairros como Vila Mazzei e Vila Carrão. Começava o avivamento!

� crUzaDa e teNDasCertamente, não havia lugar me-

lhor para o despertamento espiritual que a São Paulo dos anos 50. Vivia--se o tempo da industrialização e da explosão urbana, com milhões que deixavam o campo para tentar a sorte nos grandes centros, especialmente a rica capital paulista. Na nova vida enfrentavam difi culdades, carências, falta de emprego, doenças, separa-ções familiares. Mas também tinham outras possibilidades religiosas, já

que as tradições haviam fi cado para trás. Era o ambiente e o público ideal para as igrejas. Ainda assim, apesar dos resultados expressivos, a verdade é que não havia somente milagres e curas nos cultos. Havia também ba-tismos com o Espírito Santo e línguas estranhas. E mesmo com grandes expectativas, por causa deles, muitas igrejas tradicionais começaram a fe-char as portas para o avivamento. A saída para superar esse impedimento apareceu quando um grupo de crentes norte-americanos doou ao trabalho brasileiro uma lona de circo capaz de abrigar três mil pessoas. O presente foi trazido pelo próprio Boatright e reuniões ainda maiores passaram a ser realizadas.

Armada de janeiro a março de 1954 no Cambuci, o bairro onde o avivamento começou, a tenda era mantida por um movimento inter-denominacional. Quem se convertia nas reuniões era encaminhado para uma das igrejas participantes desse movimento, que recebeu o nome de Cruzada Nacional de Evangelização. “Assim como no restante do movi-mento pentecostal, o batismo com o Espírito Santo continuou a ser prega-do. Mas o que realmente caracterizou o novo movimento foi a ênfase dada às curas e aos milagres. Dessa maneira, a Cruzada foi uma escola para o pen-tecostalismo, levando ao surgimento de grandes denominações e impor-tantes líderes”, explica o pastor pres-biteriano Leonildo Silveira Campos, professor de Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo e estudioso do movimento pentecos-tal brasileiro.

Ao fi nal de março, Boatright vol-tou aos Estados Unidos e uma for-te tempestade derrubou a tenda no Cambuci. Junto com seus cooperado-res brasileiros, Harold Willians arru-mou a lona e a levou, em maio, até a Água Branca. Ela fi cou ali até novem-bro, quando uma nova e importante mudança ocorreu. Com a necessidade de organizar melhor o trabalho, foi alugado um salão na Rua Brigadeiro Galvão, no bairro da Barra Funda, em

malária. Robert faleceu e Aimee vol-tou aos Estados Unidos com a fi lha recém-nascida e um monte de incer-tezas.

Por conta delas e com o desejo de ter uma nova família, em 1912, acei-tou o pedido de casamento de Harold Stewart McPherson, com quem teve mais um fi lho. As responsabilidades do lar, no entanto, tomaram seu tem-po e a afastaram do chamado divino. Assim, enfrentou problemas de saú-de, depressão e estresse, só superan-do a tribulação com uma nova dedica-ção de sua vida à obra divina.

Voltou a pregar em 1915 e come-çou a realizar campanhas em tendas, que se tornariam marca do ministério no Brasil. Logo começaram as curas e milagres, mas o ministério se conso-lidou internacionalmente em 1922, com a visão de Ezequiel. Com convic-ção do novo chamado, ela fundou, em janeiro de 1923, o Angelus Temple, em Los Angeles, e a Cruzada Internacio-nal do Evangelho Quadrangular. Com intenso trabalho social, alimentou e vestiu mais de meio milhão de pessoas durante a Grande Depressão, publi-cou revistas, escreveu livros, compôs

hinos e óperas sacras, além de criar o seminário Life Bible College, a Torre de Oração, com um clamor ininter-rupto a Deus, e a emissora de rádio KFSG, a terceira da cidade. Dessa for-ma, transformou-se em uma estrela da mídia.

Até sua morte, em 1944, Aimee Semple McPherson continuou pre-gando a mensagem que hoje é um lema seguido por mais de oito milhões de pessoas em todo o mundo: Jesus Cristo é o Salvador, mas também é o Batizador que reveste seu povo com o Espírito Santo, o Médico, que cura toda enfermidade, e o Rei que muito em breve voltará.

� Aimee

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São Paulo, que se tornou a sede da Igreja do Evangelho Quadrangular, na época, ainda com o nome de Igreja Evangélica do Brasil. Já a Cruzada deixou de ser um movimento interdenominacional e se tornou o departamento evangelístico da igreja.

Isso apenas aumentou o ímpeto de levar a mensagem da salvação e do Evangelho pleno a lugares mais distan-tes. Da Água Branca, a tenda seguiu para Sorocaba, Piracicaba e Campinas, lide-rada pelo obreiro Julio de Oliveira Rosa. Enquanto isso, uma segunda tenda se-guia para Americana, com Antonio Lan-di. A princípio, elas fi cavam dois ou três meses em cada local e as pessoas eram encaminhadas para igrejas já existen-tes. Como o sistema não funcionou, já que os convertidos no informal trabalho pentecostal das tendas não se adapta-vam às denominações tradicionais, um obreiro passou a ser deixado na cidade, estabelecendo a nova obra. Dessa for-ma, chegou a Curitiba (PR), em 1955; a Florianópolis (SC), Juiz de Fora (MG) e a então capital federal, o Rio de Janeiro, em 1956, a Ponta Grossa (PR), em 1958; e a Anápolis (GO) e Manaus (AM), em 1959. Sem falar nas outras denomina-ções que apareceram com esse traba-lho. Vindo da Cruzada, Manoel de Mello iniciou, em 1955, a Igreja O Brasil para Cristo. David Miranda começou, em 1962, a Deus é Amor. Já Doriel de Oli-veira, ex-pastor de O Brasil para Cristo, abriu as portas, em 1964, na cidade de Belo Horizonte, do Tabernáculo Evan-gélico de Jesus, mais conhecido como Casa da Bênção.

� Dos templos Às rUas e ao mUNDoDefesa da doutrina pentecostal e

ênfase na cura divina, mas sem a pre-ocupação de usos e costumes. Cultos bastante informais, com a introdução de um instrumento muito comum nas igrejas hoje, mas que naquele tempo beirava a heresia: a guitarra elétrica. Um trabalho que saiu dos templos para as ruas. O trabalho quadrangular repre-sentou não somente um sopro de reno-vação no protestantismo nacional, mas também moldou seu futuro. “Uma das consequências diretas foi o avivamento que as igrejas históricas, como batistas,

metodistas e presbiterianos, ex-perimentaram pouco tempo de-pois”, destaca o pastor e escritor Pedro Liash. Mas não somente isso. As reuniões que começaram a ga-nhar o país por meio de tendas deram condições para o surgimento, já nos anos 1970, dos grupos neopentecostais, a chamada terceira onda do Espírito em terras brasileiras.

Por sua vez, a Igreja do Evangelho Quadrangular passou a investir não somente no crescimento, mas na con-solidação de seu trabalho. Em 1957, ad-quiriu o terreno em que foi construída e funciona até hoje a sede nacional da denominação, no bairro de Santa Cecí-lia, também na capital paulista. Naquele mesmo ano, foi aberto o Instituto Bíbli-co Quadrangular, então Instituto Fours-quare Gospel, dirigido pela missionária Doris Stuart, e que deu origem a toda uma tradição de investimento da igreja em educação. Tradição que continua até hoje com escolas, seminários e cursos ministrados em todo o país.

Harold Willians não acompanhou toda essa história de perto. Então pre-sidente da denominação, participou da Convenção Nacional em 1962 e saiu de férias, indo para os Estados Unidos. Nesse período, foi chamado com ur-gência para prestar esclarecimentos no Gabinete de Missões, em Los Angeles. O motivo seria uma reclamação feita pela pastor Geraldino dos Santos, então secretário executivo, de que Willians es-tava ensinando “coisas novas” no Brasil. Tudo por conta de seu caráter inovador e espiritualidade espontânea. Sentindo--se humilhado por seus colegas de mi-nistério, o missionário decidiu pedir demissão. “Se você pegasse uma faca e cortasse meu coração, não me feriria mais do que o que está fazendo”, disse ele a Geraldino.

Apesar do incidente, o carinho e o reconhecimento quadrangulares nunca faltaram. Tanto que Willians voltou no-vamente ao país posteriormente, inclu-sive, a convite de seu amigo e sucessor na presidência do Conselho Nacional de Diretores, o pastor George Russell Faulkner. Foi sob sua liderança, exer-cida durante 26 anos, que a igreja se consolidou, atingindo todas as capitais

brasileiras.E não parou mais. Atualmente, a

denominação está presente, com seu trabalho missionário, em 16 nações. São alguns dos países mais carentes do mundo em termos de presença do Evangelho, vários deles da América Latina, Europa, África, Japão, China, Tadquistão e Turquia, além das tribos indígenas brasileiras. Outras frentes são realizadas por aqui mesmo, com os trabalhos sociais. Projetos como o Lu-cas, realizado em parceria com a Secre-taria de Missões, e que leva um ônibus equipado até periferias carentes e cida-des pequenas, promovem atendimento médico e odontológico às populações de baixa renda. Outro é o Projeto Retorno, uma base instalada em um dos pontos mais críticos de São Paulo, a temida cra-colândia, e que oferece treinamento te-órico e práticos para novos missionários no auxílio a moradores de rua, viciados em drogas e garotas de programa. “Nos-so propósito não é somente realizar, é multiplicar os realizadores. Hoje, a Quadrangular é uma igreja moderna, mas que mantém a mesma pregação do Evangelho e da cura espiritual de suas origens. O foco é a restauração do ser humano como um todo. Esse é o verda-deiro avivamento de que precisamos”, disse o deputado federal e pastor Mario de Oliveira, atual presidente do CND, durante as comemorações dos 60 anos do ministério.

Diante das muitas especulações sobre uma possível maioria evangélica no Brasil daqui alguns anos e de tantas discussões que a religião vem provando no mundo contemporâneo, a história de igrejas como a do Evangelho Qua-drangular trazem um grande alento. Se é preciso uma profunda refl exão para o futuro, é encorajador saber que, diante das difi culdades humanas, Cristo con-tinua sendo o mesmo ontem, hoje e eternamente, como garante a Palavra de Deus e apregoa um dos mais conhecidos lemas quadrangulares. Diante dessa perspectiva, mais do que nunca, a cru-zada continua.

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Quem disse que o sagrado tem que ser carrancudo?

por ricarDo régeNer

Imagine só Saul, vestido de roupas reais, pa-rando em uma caverna e agachando-se para

“aliviar o ventre”, enquanto procurava Davi, para matá-lo. “A Bíblia possui momentos de grande humor”, diz o pastor Dennys Ricardo, da Comunidade Apostólica Livre, de São Paulo. “Há coisas lá que podem ser extremamente en-graçadas, tudo depende do clima que você cria na hora de contar a história”, explica.

Nos últimos anos, surgiram no Brasil al-guns ministérios que têm o objetivo de levar a palavra de Deus através do humor. Dennys Ri-cardo, da Comunidade Apostólica Livre, é um dos pioneiros do movimento. Ainda nos anos 90, destacou-se no quadro de funcionários da rádio Manchete Gospel, e acabou tornando-se locutor de um programa chamado “Careta Rio”, uma espécie de Pânico evangélico. Entre outras peripécias, Dennys incentivava o público a pas-sar trote para outras rádios e imitava Silvio San-tos falando jargões evangélicos. Após deixar as funções de radialista e pastor da Igreja Renas-cer em Cristo, Dennys nunca mais fez nenhum trabalho especificamente de humor, apesar de

ser conhecido em sua comunidade local pela maneira leve e espontâ-nea com a qual conduz os seus sermões.

Foi apenas no ano de 2009 que, sem nenhu-ma ambição, o pastor de 35 anos resolveu promover um show de stand-upcomedy em uma reunião de amigos. Deu tão certo que Dennysresolveu t r a n s f o r m a r isso em um espetáculo pra ser apresen-tado em igrejas e teatros. Nasceu assim a parceria com o produtor artís-tico e amigo Alfredo Castro, que empresaria o comediante.

As esquetes e paródias do Stand Up Gospel Comedysão escritas pelo

Ministérios trazem shows de humor para dentro das igrejas

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próprio pastor Dennys, que se baseia na bíblia, em experiências pessoais e de pessoas próximas. “Meu humor é pra fazer rir, sem ofender e sem fazer apelo sexual ou falar palavrão. É muito mais difícil fazer humor assim, sem apelar para ferramentas fáceis”, diz o pastor humorista, que apesar de nunca ter fei-to artes cênicas, inspira-se em grandes nomes do humor

c o m o J e r r y L e w i s , Jô Soa-res, Os

Trapalhões, e artistas mais jovens como o

grupo “Os Barbixas”.

� HUmor comprometiDo com o evaNgelHo Não é só

pra fazer rirDe 2009 pra cá, o

Stand Up Gospel Co-medy ganhou, além de profissionalismo,um elevado senso de mis-são: “Há pessoas que ouvem uma pregação e resistem, mas rin-do elas ficam abertas para receber a men-sagem do evange-

lho”, diz o pastor, que no final

de todos os seus

s h o w s faz um

apelo a c o n v e r s ã o

ou reconcilia-ção com Deus.

“ C o n h e c e m o s pessoas que, de-

pois de rir tanto, levantaram a mão

e foram lá na fren-te se reconciliar com

Deus”.O jovem cearen-

se Thiago Matsuo, de 23

anos, também acredita que o humor é uma grande fer-ramenta a serviço do evangelho. Apesar de ser forma-do em história e publicidade, há dois anos ele está à frente da companhia teatral “Os bênçãos“, uma equi-pe que apresenta peças próprias, recheadas de tiradas engraçadas sobre a bíblia e os evangélicos: “hoje só falamos em água, terra e fogo nos cultos, parece que estamos adorando ao Capitão Planeta”, brinca Thiago, que é um autor teatral e diretor auto-didata: “adoro te-atro, resolvi começar a companhia porque dá sono ver teatro dentro das igrejas, os enredos são ruins, sempre com Jesus, o diabo e um monte de anjos”.

Através da experiência com o teatro, o jovem fã de Chico Anysio aprendeu que é possível sim fazer um humor que, além de fazer rir, também fale sobre Jesus. No entanto, Matsotambém aprendeu que é necessá-rio muito cuidado para fazer isso: “temos que ter um limite, um dos principais é não expor ninguém, nem ofender. No passado já citei diretamente algum pastor ou ministério, e não foi legal, não trouxe edificação”, recorda Thiago. “Hoje não faço mais isso, mas também não deixo de brincar com aquilo que está errado, não estou ofendendo ninguém desse jeito”, pondera. “Eu coloco a piada ali pras pessoas analisarem, pra algumas pessoas a carapuça vai servir”.

O pastor Dennys Ricardo tem opinião semelhante. “Nosso humor não pode ferir à Deus, nem às pessoas”, diz. “Mas nós temos uma voz profética, e não podemos calar isso, mas antes de qualquer piada, é preciso sa-ber muito bem o que você está falando”. Dennysadora ironizar em seus shows o excesso de títulos no meio cristão: “as pessoas hoje quando vão cumprimentar umas às outras dizem ‘oi, eu sou o apóstolo bispo pri-maz doutor em divindade físico quântico boa noite! E você?’” brinca, provocando risos no público. “Há pessoas que não têm um título, mas gostam de dizer que são ‘coluna na obra’, todo mundo quer ser coluna,

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foto: getúlio camargo

� Em entrevista ao repórter Ricardo Régener, pastor Dennys Ricardo diz que “Há coisas na Bíblia que podem ser extremamente engraçadas, tudo depende do clima que você cria na hora de contar a história”.

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mas ninguém quer ser pé, unha...”.

Apesar do preconceito de alguns, fazer rir é coisa séria pra essa galera. O processo criativo de Thiago Matsuo começa com oração e leitura da bíblia: “pergunto a Deus o que ele quer falar através da-quela piada”. Dennys Ricar-do policia-se para manter a seriedade quando a sua fun-ção de pastor pede. “Acima de tudo, procuro ser a mes-

ma pessoa sempre, no dia a dia, pregando no púlpito ou fazendo show de humor, as pessoas têm sido muito mais abertas ao meu humor do que eu imaginava”. Na abertura do espetáculo, no entanto, o pastor avisa:“Isso aqui é um espetáculo de comédia, então não fi que ofendido, a gente brinca mas somos le-gais. E também, se você não me perdoar você tá lascado!”

O Crente realista...-sabe que se não for fiel a Deus não terá salvação... mas pensa que no último dia Deus vai dar um jeitinho.-agradece a Deus pelo feriado de terça... mas tá pensando em pegar aquele atestado falso para enforcar a segunda.-vai a igreja e se enche do espírito santo... sai da igreja e o esquece lá-Ora antes de dormir... Pai nosso que está no zzzzzzzz....-reclama que a igreja tá fria e precisa de oração... o pastor começa a orar e vai pro banheiro esperar terminar

Fonte: PrOFEtIrANDO – By thIAgO MAtsuO

Sites de humor evangélicoGenizah “apologética com humor” www.genizahvirtual.comTurma da Bléia “um humor cristãorelevantemente saudável” www.turmadableia.comLoucos por Cristo “as loucuras do mundo cristão” www.loucosporcristo.com

Sites de Stand Up GospelStand Up Gospel Comedy www.standupgospelcomedy.com.brCompanhia de Teatro “Os Bençãos” www.profetirando.com.brCompanhia “Tempo de Rir” www.tempoderir.com.br

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Fonte: PrOFEtIrANDO – By thIAgO MAtsuO41

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Lourenço Stelio Rega

é teólogo, licenciado em

Filosofi a, especia-lista em Ética Teo-lógica, mestre em Educação, doutor

em Ciência da Religião e diretor

geral da Facul-dade Batista de

São Paulo/SP

ÉtICA

Lourenço Stelio Rega

Nem tudo que dá certo é certo!Uma afi rmação que se aplica não só as esferas do poder, mas à igreja de modo geral

É normal pensarmos que tudo que dá certo é bom. Nos dias de hoje, o sucesso é tido como paradigma de aprovação.

Assim, se a sala de aula está cheia, é sinal de que o professor é competente. Se a empresa está lucrando, signifi ca que Tudo está certo. Igreja lotada é sinônimo de ministério aben-çoado. Mas, será mesmo?

O problema é quando aplicamos esta mesma lógica para o campo da ética. O caso do famigerado mensalão é típico. Para que projetos de leis ou interesses de grupos fos-sem aprovados em Brasília, descobriu-se que valores eram generosamente distribu-

ídos a parlamentares para que votassem favoravelmente. Ve-jam que coisa: para que as leis fossem aprovadas, era preciso descobrir meios que eliminas-sem as chances de derrota no plenário. Enquanto o esquema funcionou, tudo era “correto” – as leis eram aprovadas e cada um recebia a sua parte. Mas al-guém entrou em prejuízo – no caso, o ex-deputado Roberto Jeff erson –, então houve a de-núncia e o efeito dominó acon-teceu. Caíram parlamentares, empresários e assessores pala-cianos. A mesma lógica funcio-nou no caso do ex-presidente Collor, do ex-juiz Lalau e de tantos outros que ainda estão caindo em Brasíllia (aliás, daria um grande e extenso “etecéte-ra”). Cabe a pergunta: será que as coisas, no Brasil, só vêm à

tona quando alguém deixa de receber algo?A situação não se aplica apenas nas altas

esferas do poder, na nossa vidinha comum, são inúmeros casos de gente pega com a “mão na botija”. Quem nunca ouviu falar do funcionário que apresenta notas fi scais mais altas do que as despesas que fez para reem-bolso? Nos restaurantes e nas corridas de táxi, ele pede comprovantes de valores mais altos; afi nal, os tempos estão bicudos e é preciso encontrar maneiras para sair do su-foco. Ele vai se dando bem, até o dia em que é descoberto e vai para o olho da rua com a fi cha suja. E o marido ou esposa que vive um caso extraconjugal, escondendo a situação da família durante anos a fi o? Um belo dia, um telefonema indiscreto ou um bilhete perdido no paletó põem a farsa por água abaixo. Ou o casal de namorados que esconde dos pais que já têm vida sexual até o dia que a menina aparece grávida?

Todas são situações em que tudo parecia dar certo, apesar das fl agrantes transgres-sões e da falta de sustentação ética cristã dos envolvidos. Logo, nem tudo que dá certo ou que funciona por um tempo é correto. Aqui estamos falando da fonte ética adotada e, neste caso, a visão ética é fundada no prag-matismo, no utilitarismo – se funciona ou dá certo é porque é certo!

A sua conduta ética é orientada pela fun-cionalidade, por resultados ou por princí-pios e ideais bíblicos que sinalizam se nos-sos atos estão certos ou não? Deixemos de lado esse tipo de pragmatismo e sigamos os princípios éticos da Palavra de Deus. So-mente assim nossas atitudes e decisões se-rão essencialmente certas.

“ Quem nunca ouviu falar do funcionário que apresenta notas fi scais mais altas do que as despesas que fez para reembolso? Nos restaurantes e nas corridas de táxi, ele pede comprovantes de valores mais altos; afi nal, os tempos estão bicudos e é preciso encontrar maneiras para sair do sufoco. Ele vai se dando bem, até o dia em que é descoberto e vai para o olho da rua com a fi cha suja.”

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Modelo de Discipulado Apostólico gerado e aplicado pela Igreja da Paz explica o rápido crescimento das comunidades supervisionadas pelo pastor Abe huber em todo o país

O Sucessodo mDa no Brasil

por HestoN DelgaDo, ivaNilDo gomes e saNDro oliveira

Os últimos 60 anos viram surgir um novo paradigma de igreja em todo o mundo. O chamado modelo de igreja em células,

cuja proposta é baseada num retorno à prá-tica da igreja primitiva de se reunir nos lares para evangelismo, ensino, comunhão, ado-ração, oração e obediência aos mandamentos da Grande Comissão de Jesus, deu certo, e ganhou boa parte das igrejas evangélicas em todos os estados do país. No entanto, de todos os modelos conhecidos, um em especial tem sido destacado entre a liderança cristã bra-

sileira. Trata-se do Modelo de Discipulado Apostólico, gerado e aplicado pela Igreja da Paz, uma denominação liderada pelo pastor Abe Huber com base no norte e nordeste do país, que além de catapultar a Igreja a uma po-sição de destaque, devido ao seu crescimento, tem treinado líderes de outras denominações para que consigam fazer uma aplicação sólida desta visão.

� o pastor aBe HUBerTudo começou com o pastor Abe Huber,

um verdadeiro instrumento humano usado por Deus para fazer surgir o MDA. Filho de missionários norte-americanos, ele nasceu em Belo Horizonte, foi cursar universidade nos Estados Unidos, de onde voltou formado em teologia e especializado em missiologia e música.

A volta do jovem Abe dos Estados Unidos, em 1981, foi para a cidade de Santarém, Pará, onde seu irmão Lucas havia fundado a Missão Projeto Amazônia em 1976, e onde muitas igrejas estavam surgindo nas cidades e nas vilas ribeirinhas. Em 1982, Abe começou a pastorear a Igreja da Paz Central de Santarém, posição que assumiu por vinte e quatro anos. Durante esse período, assumiu também a li-derança da Base Regional das Igrejas da Paz naquela parte do Pará, dando cobertura e su-pervisão para centenas de igrejas. Sob a sua gestão a Igreja da Paz cresceu de um punhado de crentes para mais de vinte mil membros, quando ele deixou a cidade.

Em 2005 o Pastor e sua família mudaram--se para Fortaleza, Ceará. Junto com ele foi 43

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do mDa no Brasil

� igreja da paz em Fortaleza, CE

fotos: arquivo pessoal

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uma grande equipe, formada por pas-tores, obreiros e muitos voluntários. Eram ao todo umas cem pessoas.

Hoje, o pastor Abe continua a su-pervisionar a Base Regional de Santa-rém das Igrejas da Paz, onde há mais de 400 igrejas. Além de conferencista nacional e internacional sobre células, discipulado e crescimento da igreja, ele é também autor de vários livros, dentre eles Discipulado Um a Um, O Fator Bar-nabé e O Purê de Batatas.

� a igreJa Da pazSão mais de 500 igrejas, a maior

parte delas localizadas nos estados do Norte do Brasil, especialmente entre as vilas e povoados espalhados ao longo do Rio Amazonas e seus afl uentes. As maiores igrejas estão nas cidades gran-des e médias do Norte, mas ela está se espalhando rapidamente para os esta-dos do Nordeste, Sudeste e Centro Oes-te. A Igreja da Paz está presente hoje em 18 estados do Brasil, além de Japão, Itália e Estados Unidos. O alvo, como sonhado e transmitido pelo seu funda-dor, Lucas Huber, é implantar 100 mil igrejas na Bacia Amazônica, no Brasil e no Mundo. Somente em Santarém, a meta é fazer 120 mil discípulos de Jesus dentre os 300 mil moradores do muni-cípio.

A Igreja da Paz Sede, em Santarém, conta hoje com quase 7.000 células,

espalhadas por toda a área urbana da cidade. São mais de 25.000 microcé-lulas MDAs (cada MDA equivale a duas pessoas em discipulado, uma cuidando individualmente da outra). Além des-sas, há mais de 8.000 GEs (Grupos de Evangelismo). A igreja possui cerca de 62.000 membros que se reúnem em 54 cultos de celebração ao domingos, em 26 prédios.

O crescimento da Igreja da Paz em Santarém é contínuo e acelerado, e por isso está em fase de construção um pré-dio que será chamado de Catedral do Amor, santuário este que irá compor-tar mais de 10 mil pessoas sentadas. A construção já se iniciou e está em avan-çado estágio de edifi cação, numa das avenidas mais estratégicas da cidade.

� o coraÇão Do mDaHumilde e tranquilo, o pastor Abe

dá testemunho sobre o surgimento do MDA: “Este modelo nasceu no coração de Deus. Um grande sonho começou a brotar em mim”, ele lembra.“Por que não plantar enormes igrejas nas maio-res cidades do mundo?”, pergunta ele.

Pastor Abe defende a ideia de leva-ruma equipe grande para uma cidade, com pessoas bem preparadas,e que vão encher essa cidade com células. Aque-las células, por sua vez, servirão como redes para cuidar dos “peixes”. Daí, quando você realizar grandes eventos

de colheita, já haverá “redes” e “depósi-tos” adequados para segurar os peixes. A ideia é ter poderosas celebrações aos domingos e/ou eventos especiais, res-paldadas por centenas e milhares de células que cuidam mais intimamente de cada pessoa durante a semana. Ele diz que melhor do que plantar uma se-mente é plantar uma muda. Melhor do que plantar uma muda é plantar uma árvore. Mas melhor do que plantar uma árvore é plantar um bosque.

A proposta do bosque foi testada inicialmente em Boa Vista, Roraima, para onde foram mandados cinco ca-sais, com suas famílias e vários volun-tários solteiros, em 1999. Cinco anos depois, o trabalho ali começado já era a maior igreja local do estado. Em segui-da, a estratégia do bosque foi aplicada mais fortemente na cidade de Fortale-za, para onde o próprio pastor Abe se mudou em 2005, com a grande equipe mencionada acima.

� célUlas e DiscipUlaDo No cearÁSegundo o pastor Abe (citando

pesquisas e dados estatísticos, tanto cristãos como seculares), o Nordeste é a parte menos evangelizada do Brasil. A região tem a menor porcentagem de evangélicos do Brasil, sendo que Ceará e Fortaleza são o terceiro estado e ter-ceira capital menos evangelizados do país.

Diferentemente dos 200 mil ha-bitantes da Santarém urbana, a equipe que de lá saiu tinha agora diante de si uma metrópole de quase dois milhões e meio de habitantes, que passam de três milhões quando se leva em conta a re-gião metropolitana.

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� Em 2005, Pastor Abe Huber e sua família mudaram para Fortaleza, onde assumiram o trabalho na Igreja da Paz

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O pastor Abe aconselhou a equipe de pastores e obreiros a que descansassem. Deviam conhecer a cida-de, fazer amizades, aproveitar as praias, e não ter pressa para começar a igreja. Deviam esperar até um ano, se ne-cessário, antes de começar a realizar o trabalho pra valer. Eles fi zeram tudo isso, menos a última parte. Em pouco tempo começaram a evangelizar, a ganhar almas, e já foram iniciando muitas células. Assim, antes mesmoda igreja ser ofi cialmente inaugurada, já havia dezenas de células e centenas de pessoas sendo cuidadas.

As reuniões iniciaram-se na garagem de um dos obreiros. Meses depois, a equipe passou a reunir-se aos domingos na quadra emprestada de uma escola. Pouco a pouco as células foram se multiplicando. Pessoas come-çaram a se converter nos quatro cantos da cidade. Come-çou o mesmo movimento reprodutivo já dantes experi-mentado em Santarém.

A inauguração ofi cial da Igreja se deu em 12 de março de 2006. O prédio sede está estrategicamente localizado numa das principais avenidas da cidade. No início de 2012, em pouco menos de seis anos, a Igreja da Paz Forta-leza já conta com quase de 5.000 membros, reunindo-se emtrês santuários. Já com mais de 600 células e quase 3.000 MDAs. Além disso, há 41 Igrejas da Paz implanta-das no Estado do Ceará.

O pastor Abe diz que muitos têm fi cado impressio-nados com o crescimento. Eles querem saber como é possível plantar e cuidar de tantas igrejas em tão pouco tempo, no caso do Ceará. Ele responde: “É porque Deus nos deu a seguinte visão: cada rede de células pode estar envolvida em missões. Não é preciso ter um ‘pastor de missões’ e um ‘Departamento de Missões’. Não. Missões é algo natural, para todo crente fazer”.

O pastor Abe ensina mais: “Alguns irmãos têmpa-rentes lá no interior. Assim como ele multiplica células dentro da cidade, ele pode multiplicar células também lá para o interior. Aí o pastor de rede (ou o próprio irmão que ajudou a começar aquela célula) pode ajudar a super-visioná-la, quandoo trabalho já está consolidado. E nós supervisionamos a todos”.

� a propagaÇão Do mDaDe acordo com o pastor Abe, a visão do discipulado

um a um está provocando uma verdadeira revolução no meio evangélico brasileiro e também no exterior. Hoje, milhares de igrejas no Brasil já estão praticando o disci-pulado um a um, ou estão em fase de implantá-lo.

O pastor Abe explica: “O MDA não é um modelo rígi-do onde pessoas precisam necessariamente seguir todos os detalhes. Muito pelo contrário, a nossa ênfase está em compartilhar princípios bíblicos que são transferíveis e que ajudarão o pastor a adaptá-los a sua situação individual, trazendo re-sultados de crescimento com qualidade”. 45

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Ele continua dizendo: “Por muitos anos acreditou-se que para ter uma igreja grande era necessário sacrifi -car a sua qualidade. Hoje, pela graça de Deus, o MDA tem demonstrado, na prática, que é possível ganhar as mul-tidões e cuidar bem delas”. Ele diz que outro mito que está sendo desfeito é que nem todo pastor é chamado para cuidar de uma igreja crescente. Ele afi rma: “Os princípios bíblicos que regem o cresci-mento com qualidade e quantidade são transferíveis. A família MDA tem expe-rimentado esta realidade vez após vez”.

Além das Igrejas da Paz, grupos como a Igreja Batista Shalon, de Curiti-ba-PR, a Comunidade Evangélica Cris-tã, de Manaus-AM e tantas outras, têm experimentado uma explosão de cres-cimento e multiplicação. Em todas elas o MDA está sendo fator determinante para um crescimento exponencial em quantidade e qualidade. Através do dis-cipulado um a um cada membro é bem cuidado e líderes são treinados para realizar a tarefa do ministério, tanto no contexto das células de crescimento e multiplicação, como nas grandes cele-brações, e em missões.

O pastor Abe ressalta que “não é ne-cessário você ter dezenas de discípulos. Um crente obediente pode ter apenas dois ou três discípulos, de acordo com sua disponibilidade, mas eles precisam

ser bem cuidados, individualmente, toda semana, e treinados para ajudá-lo a cuidar de outros. O próprio pastor Abe tem um número limitado de discípulos. E ele, por sua vez, é também discipu-lado, servindo como exemplo de que o modelo funciona.

O que podemos esperar do futuro? Como será a cara da igreja de Jesus nos próximos anos? O pastor Abe se en-tusiasma com as possibilidades, indo na contramão daqueles que vaticinam problemas e difi culdades. “O que Deus fez aqui em Fortaleza Ele pode fazer em todas as grandes cidades do Brasil e do mundo. E nós cremos que Ele vai fazer”. Seus planos e de sua equipe são de em breve mandar enormes equipes para muitas cidades –bastante gente ao mesmo tempo –, para começar grandes igrejas aliançadas com outras igrejas que partilham da mesma visão e sonho, porque Abe e seus pastores compreen-dem que o MDA não é uma propriedade da Igreja da Paz, mas do Reino. Capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte já estão nos alvos para a implantação de novas bases da Igreja da Paz.

� eveNtos De treiNameNto e celeBraÇãoAnualmente a Conferência da Visão

do MDA para Pastores e Líderes tem

atraído milhares de pessoas de todo o Brasil e de diversas partes do mundo. Esta conferência acontece a cada mês de outubro, na cidade de Santarém, Pará. Também todo mês de junho a Base Cea-rá da Igreja da Paz realiza a Conferência Nordeste da Visão do MDA, igualmen-te concorrida. Além dessas, dezenas de conferências regionais e locais têm acontecido em muitas cidades brasilei-ras durante o ano todo, como no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Manaus, Belém, Goiânia, etc. A maior parte de-las são promovidas por comunidades que não são Igrejas da Paz.

Durante a Conferência Nacional em Santarém acontece a famosa Festa da Multiplicação. Nessa noite todas as células da cidade se reúnem ao mesmo tempo. Todas as células posicionam um aparelho de TV ligado no local da reu-nião. Como a igreja tem um canal de televisão na cidade, os pastores entram ao vivo, e fazem uma contagem regres-siva: três, dois, um! Nessa hora todas as células soltam fogos ao mesmo tempo. Quase sete mil células queimando fogos simultaneamente. São uns dez minutos de barulho e luzes iluminando os céus por toda a cidade. Santarém inteira pára para ouvir, ver e comentar o que está acontecendo. E Jesus é glorifi cado.

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� Durante a Conferência Nacional em Santarém acontece a famosa Festa da Multiplicação. Nessa noite todas as células da cidade se reúnem ao mesmo tempo.

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por rafael carDoso

A menos de trinta meses para o início da segunda edição brasileira da Copa do Mundo

de Futebol (a anterior aconteceu em 1950), instituições cristãs do Brasil e do exterior buscam unir suas forçasna criação de movimentos para dissemi-nação da mensagem bíblica e de seus princípios.

Mostrando-se antenadas diante das oportunidades evangelísticas que a Copa do Mundo vai oferecer, algu-mas ações já têm sido lançadas pelo Brasil.

Uma que chama atenção é o Movi-mento Joga Limpo Brasil (MJLB), que teve seu pré-lançamento emsetem-bro, na Universidade Mackenzie, de São Paulo. Coordenado pela Coalizão Brasileira de Esportes (CBE), o pro-jeto tem a participação da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) e da AMME Evangelizar e pretende preparar Igre-

jas e organizações cristãs para a chega-da da Copa.

O nome “Joga Limpo Brasil” é alusivo à expressão inglesa “fair play” (jogo limpo), usada no meio esporti-vo para tratar da questão da ética, do cumprimento das regras e da impor-tância do respeito entre os compe-tidores. Utilizando essa metáfora, o movimento pretende chamar a aten-ção para a importância de se praticar os princípios bíblicos no dia a dia, contribuindo, para uma sociedade mais justa, pacífi ca e harmônica.

Os desafi os para a realização de projetos dessa grandeza, bem se sabe, vão muito além do discurso e depen-dem de grandes esforços para alcançar resultados. Uma das barreiras mais complexas a ser ultrapassada, segun-do oPr. José Bernardo é a da unidade entre as instituições. O pastor, que é fundador da AMME Evangelizar e foi um dos preletores no 6° Congresso Brasileiro de Missões, realizado em

outubro, em Caldas Novas, Goiás, de-clarou no evento que “enquanto todos falam de unidade, cada missão trata de lançar sua iniciativa particular, que-rendo a adesão de todos os outros para o seu próprio projeto”.

Sabendo da criação de tantos pro-jetos cristãos para a Copa e dapouca interação entre eles, o Pr. Robson Pereira, da Igreja Cristã Evangélica de São José dos Campos, SP, fundou o Movimento 2014 para Cristo. Através dele, busca uma estratégia direcio-nada a reunire apoiar o máximo de agências missionárias, denomina-ções, editoras e seminários. “Nosso principal alvo éser uma ponte entre todos os envolvidos: igrejas, agências missionárias, voluntários e os con-vertidos (que precisarão de uma igreja para congregar)”, declarou.

O 2014 para Cristo já conta com um grupo de mais de 700 voluntários, entre estudantes, artistas, pastores, líderes de organizações missionárias 47

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Faltando cerca de dois anos e meio para o início da Copa do Mundo no Brasil, instituições cristãs unem-se em torno de projetos evangelísticos

A Grande Comissão na Copa do mundo

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eirmãos de diversas denominações. Uma reunião de oração online é realiza-da todo dia 12 de cada mês e conta com a participação de gente de todos os luga-res do Brasil.

Mas a unidade está longe de ser o único desafio a ser vencido. Durante competições esportivas promovidas pela FIFA, COI e outras organizações internacionais, em torno dos locais de competição, um cinturão de segurança é formado e determinadas atividades, inclusive o proselitismo, são proibidos.

Com a experiência de quem esteve presente em todas as Copas do Mundo desde 1990, desenvolvendo capelania junto aos atletas da seleção brasileira, além de ter realizado ações evangelísti-cas semelhantes em Copas passadas, os “Atletas de Cristo” são grande autorida-de nesse assunto.

Aliados ao MJLB, através da Co-alizão Brasileira de Esportes – CBE, da qual são membros-fundadores, os Atletas ajudaram a desenvolver o con-junto de ações do Movimento com base em experiências bem sucedidas nos últimos Jogos Olímpicos, Pan America-nos e Copas.

Vice-presidente dos Atletas de Cristo no Brasil, Marcos Grava explica

que “não é necessário estar em volta dos estádios para atingir estes públicos.Há outros locais onde podemos encon-trá-los e com liberdade abordá-los de forma individual ou coletiva, usando atividades artísticas, musicais, espor-tivas etc”.

Entusiasmado com o projeto, Grava vê na Copa uma grande oportunidade de tocar um ambiente e um público que dificilmente são atingidos pela igreja. “Por isso, Atletas de Cristo é um minis-tério tão estratégico”, disseele.

O pastor Robson Pereira também crê que a Copa de 2014 tem o potencial de unir as igrejas e salienta que “preci-samos entender a dimensão espiritual desse evento missionário. Imagine al-cançar centenas de chineses, africanos e muçulmanos que virão ao Brasil para ver os jogos!”

Danilo Fernandes faz coro a um sem número de blogueiros dizendo que as iniciativas evangélicasdeveriam envol-ver esforços na área social e algum tipo de ação criativa no apoio aos turistas. O blogueiro entende que “ações que encontrem a simpatia da população e reflitam objetivos do Reino, seriam óti-mas oportunidades de favorecer a ima-gem dos evangélicos junto à população

em geral”.Para os mais fervorosos, a velha má-

xima evangélica de que o Brasil é, neste tempo, o celeiro de missionários para as nações, pode significar que a Copa do Mundo de 2014 representa uma espécie de Pentecostes moderno. Outros prefe-rem dividir com o mundo a mensagem e a visão de que o Evangelho pode ser a resposta real para uma sociedade me-lhor e mais justa.

O que se sabe é que a Copa do Mun-do de 2014 e, posteriormente as Olim-píadas do Rio, em 2016, representam grandes oportunidades para a socieda-de em geral, o que inclui as igrejas. Os debates são obviamente fundamentais para lançar conceitos e traçar metas e, assim como todas as esferas governa-mentais têm investido na estrutura das cidades que sediarão a Copa, as insti-tuições cristãs estão conscientes de que um evento dessa proporção deve ser muito bem planejado, sobretudo, com o esforço conjunto de igrejas localiza-das nas cidades sedes.

Todos os olhos da mídia internacio-nal estarão voltados para a nação bra-sileiranos próximos três anos e “qual” Brasil será visto pelo mundo? O famoso Brasil das favelas, das injustiças sociais, da corrupção política, do samba? Estará a igreja evangélica brasileira preparada para repartir uma mensagem relevante e contextualizada de Jesus, diante de to-dos os olhos do mundo?

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missões

� “Nosso principal alvo é ser uma ponte entre todos os envolvidos: igrejas, agências missionárias, voluntários e os coNvertidos (que precisarão de uma igreja para congregar)”, declarou Pr. Robson Pereira, da Igreja Cristã Evangélica de São José dos Campos, SP, fundador do Movimento 2014 para Cristo.

� Apresentação do Projeto Joga Limpo Brasil

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O pentecostalismo teve sua expansão ligada diretamente ao rádio nas décadas de 60, 70 e 80. Igrejas nasceram a partir de programas rádiofônicos e seu crescimento foi além dos evangélicos tradicionais históricos

por aleX faJarDo

Pode fazer o teste. Basta girar o dial de seu aparelho de rádio e certamente você vai encontrar alguma pregação, músi-

ca gospel ou debate teológico acontecendo em alguma rádio evangélica ou não. Ao longo dos anos, os evangélicos, prin-cipalmente sua vertente pentecostal,tem recebido destaque por ser aquela que mais se utiliza deste meio de comunicação de massa para anunciar o evangelho. Entretanto, o início dos evangélicos no rádio foi complicado. Cercado por perseguição religiosa, amadorismo e difi culdade de manter os programas por conta dos valores dos espaços vendidos, muitos deles so-freram para que o Brasil, fosse o que é hoje.

A primeira inserção de um programa organizado pelos evangélicosfoi iniciativa da extinta Confederação Evangélica do Brasil (CEB) que em maio de 1938 na cidade do Rio de Ja-neiro, organizou o programa A Voz Evangélica do Brasil, pela Rádio Transmissora Brasileira - PRE3, um programa sema-nal de 30 minutos que era irradiado todo domingo às 22:00h. Cada programa dominical era de responsabilidade de uma igreja, sendo o primeiro domingo coordenado pelos Presbite-rianos Synodais, o segundo domingo pelos Congregacionais, o terceiro domingo pelos Metodistas e o quarto domingo pelos

Evangelho nas ondas do rádio

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Batistas. Quando o mês possuía cinco domin-gos, o quinto programa mensal era realizado em conjunto pelos presbiterianos independentes e os episcopais. O programa durou anos e foi uma espécie de laboratório para que futuramente cada igreja investisse em sua própria programação. A programação naquela época sofria com a perse-guição do clero católico. Um dos exemplos vem do pastor batista Sebastião Angélico de Souza que em 1942 iniciou o programa Quarto de hora batista. Seu programa mantinha boa audiência, entretanto ele relata em seu livro “Radiogramas Evangélicos” com o conteúdo de suas mensagens pregadas no programa, que “a Igreja Católica fez pressão sobre esta emissora, causa efi ciente do cancelamento do contrato com a Igreja Batista de S. Januário”.

Porém, foi a partir da década de 50, com a en-trada dos pentecostais no rádio, que os evangé-licos se ampliam neste veículo de comunicação. Igreja do Evangelho Quadrangular, O Brasil Para Cristo e Igreja Pentecostal Deus é Amor tiveram no rádio sua principal alavanca de expansão de suas igrejas, principalmente nas décadas de 60 e 70. A Igreja O Brasil Para Cristo surgiu a partir do programa de rádio A Voz do Brasil Para Cristo em janeiro de 1956, iniciado pelo missionário Mano-el de Mello, recém saído da Igreja do Evangelho Quadrangular.Com o programa, em março da-quele ano o missionário viria a fundar sua igreja. Segundo o cientista político Valdemar Figueredo Filho, “o pentecostalismo brasileiro é por nature-za radiofônico”. Isto não quer dizer que o pente-costalismo se expandiu exclusivamente, graças ao uso do rádio, porém, sua penetração nas camadas populares da sociedade por meio do rádio contri-buiu para sua ampliação nas décadas de 60, 70 e 80.

Os pentecostais teriam se adaptado melhor ao rádio, por serem herdeiros de uma cultura basea-da na oralidade, em contrapartida os protestantes históricos herdeiros de uma cultura da literalida-de não avançaram por meio do rádio. A literatura foi o meio utilizado pelos protestantes tradicio-nais para expandir sua fé e conseguir adeptos. Esta forte atração dos protestantes pela literatura em suas primeiras décadas no Brasil lhes gerou a designação de “a religião do livro”, pois sempre portavam uma bíblia ou algum tipo de literatura religiosa. Por outro lado, o pentecostal poderia ser analfabeto, mas conseguia transmitir sua men-50

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“ Em 1997, os evangélicos representavam 20% de ocupação no rádio brasileiro. Atualmente o número de emissoras de rádio no Brasil esta alcançando o patamar de dez mil, mantendo as estatísticas passadas, teremos pelo menos duas mil emissoras de rádio nas mãos dos evangélicos no Brasil.”

HistÓria

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45 anOs nO ar LevanDO a mensagem PenteCOstaL

FOTO: ALEX FAJARDO

Um dos mais antigos no país, é do locutor Paulo Fidelis, que em 15 de julho de 1966 iniciou na Rádio Veneza, em Jaboatão dos Guararapes, região metropo-litana do Recife, o programa O Semeador. Na década de 80, o programa teve o nome do próprio apresentador e atualmente se chama Ide e anunciai. Na década de 60, o pastor de Fidélis foi contra o rádio para prega-ção, o apresentador não foi excluído da Igreja, entre-tanto houve boicote contra seu programa. Os membros da Igreja eram orientados a não ouvir o programa. Fidelis não se preocupou, até porque houve uma “voz vinda de Deus”, que lhe dizia para iniciar e manter o programa. Na-quela época, Fidelis estava com pouco mais de 30 anos, foi à emissora, iniciou o programa que seria dirigido por ele nos 45 anos seguintes. O programa já passou por diver-sas emissoras entre elas Rádio Jornal do Comércio, Rádio Evangélica 100.7 FM e Tamandaré AM. Seu programa foi mencionado em uma reportagem da revista Veja (11.11.81)

numa matéria intitulada “Missões Eletrônicas”. Em 2010, quando realizávamos pesquisas em Recife, o seu pro-grama era transmitido pela Rádio Guarani 1.300 AM das 5:00h às 6:00h, emissora que está localizada na cidade de São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife. Fidelis está com 76 anos e atualmente é auxiliado no rádio por sua fi lha Rose Fidelis. Devido à idade, seu desloca-mento ao estúdio é feito uma vez por semana, onde grava os programas da semana toda.

sagem facilmente pelo rádio com espontaneidade, carisma e poder.

Outro exemplo de uma igreja que se iniciou por meio do rádio é a Igreja Nova Vida. Em agosto de 1960 o bispo Robert McAlister inicia o programa na Rádio Copacabana com o nome A Voz da Nova Vida, mas foi só em maio de 1961 que se deu nicio a Cruza-da de Nova Vida, onde o bispo alugou o auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e por muito tempo o utilizou para pregação. Seu livro, “Pergun-tas e respostas sobre a cura divina”, era oferecido gratuitamente ao ouvinte que enviasse uma carta ao programa. No primeiro ano, 12 mil cartas foram en-viadas ao programa solicitando o livro e relatos sobre o conteúdo do programa e testemunhos sobre as ora-ções de McAlister.

Outro capítulo registrado na história dos evan-gélicos e o rádio foram as concessões de emissoras conseguidas por meio de barganhas políticas na épo-

ca do Congresso Constituinte no governo Sarney. O maior exemplo disto foi o deputado assembleiano Mateus Iensen que foi o responsável pela emenda que fi xava em cinco anos o mandato do presidente José Sarney, que foi aprovada por 317 votos sendo que 24 deputados evangélicos votaram a favor. O Gover-no, grato ao deputado Iensen pela ajuda, retribuiu--lhe com uma concessão para instalar em Curitiba a Rádio Novas de Paz.

Até os dias atuais, os evangélicos pentecostais são os que mais investem no rádio. Um veículo com custo barato, se comparado aos programas televisivos. Em cidades do interior, pequenas igrejas mantêm o seu espaço no rádio. Seja com um programa de 15 minu-tos ou de duas horas. O que importa é ter a mensagem do evangelho difundida para que o ouvinte receba as boas novas da salvação, creia e visite uma igreja evan-gélica.

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por ferNaNDo garros

Questão sempre sensível na história dos Estados Unidos, o racismo ainda rende bons enredos no cinema americano.

Junte a ele o Evangelho e o resultado é tocante. “Graça e Perdão” é o mais novo fi lme da pro-dutora Provedent Films, produzido em parce-ria com a revolucionária Sherwood Pictures.

O fi lme traz a história de Mac, um policial branco e racista que vive em Memphis com sua esposa, Sara e seu fi lho, Blake. Mac sem-pre se culpou pela morte de seu outro fi lho, Tyler, quando o menino tinha apenas 5 anos, numa tragédia provocada por fuga em alta ve-

locidade, ocorrida 17 anos antes. Sua frustração, expressa em raiva, triste-

za e fanatismo o conduz por uma conturbada relação com seu fi lho Blake, a quem parece desejar punir emocionalmente. Sua espo-sa, Sara, tenta lidar com tudo isso buscando aconselhamento e ajuda para a família.

O quadro se torna ainda mais complicado quando os comandantes de Mac lhe dão como parceiro um policial negro, Sam Wright (Mi-chael Higgenbottom). Sam é um bom policial, mas sente que sua verdadeira vocação é ser um pastor. Para isto, ele e sua esposa, Debra (Dawntoya Thomason), lutam juntos para

uma história redentora de como a graça pode salvar a mais perdida das almas

BV Filmes lança no Brasil o DVD Graça e Perdão

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DeStAQueS SoBre

FILmeS, LIvroS, CDS,

DvDS e PeÇAS teAtrAIS

Que enrIQueCem o

CenÁrIo DA CuLturA

GoSPeL no BrASIL

e no munDo.

CULT

URA

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manter uma pequena igreja. Colocado num carro de patrulha

durante todos os dias ao lado do com-plicado Mac, o Sam se esforça para cumprir o mandamento de amar o co-lega racista. Afinal, se o Pastor Sam não pode amar seus inimigos, talvez ele não ainda esteja talhado para o clero.

Contudo, após um sermão, o avô de Sam (Louis Gossett Jr.) lhe oferece “o cartão de graça.” Uma carta escrita pelo tataravô de Sam, um escravo que tinha apenas 8 anos de idade. Nela, o garoto se comprometia a orar por seu “dono” todos os dias, pedindo e conceden-do perdão, prometendo ainda ser seu amigo para sempre.

O que se desenrola a seguir é uma sequencia emocionante de vidas se encontrando através do poder da graça curadora e restauradora do Evangelho!

Desesperado por respostas, Mac, finalmente, deixa Sam ministrar a ele e vê que o pastor pode oferecer algo precioso e inesperado a ele e sua fa-mília. Nisso, o próprio Pastor vê tam-bém como Deus está usando Mac para aprimorar seus próprios pensamentos e atitudes.

Abordando grandes e profundas questões, incluindo as conhecidas tensões raciais de Memphis, o filme, em sua essência, concentra-se na cura

de relacionamentos quebrados entre amigos, casais e famílias. É uma pa-rábola moderna sobre um homem fiel que deve amar incondicionalmente a um homem detestável e, ao mes-mo tempo, uma história redentora de como a graça pode salvar a mais perdi-da das almas.

O diretor, David Evans, oftalmo-logista de profissão, faz seu primeiro trabalho cinematográfico com um or-çamento de filme independente, con-tando, claro, com voluntários de igre-jas de Memphis por trás dos bastidores e nas câmeras de apoio.

Sua narrativa comovente foi escrita por Howard Klausner, que é mais co-nhecido por seu roteiro para o filme de Clint Eastwood, Cowboys do Espaço. O talento premiado de Louis Gossett, Jr. é destaque no papel de avô de Sam.

A maioria dos atores secundários são locais, incluindo a professora de escola primária Joy Parmer Moore, que vive a esposa de Mac, Sara; Hod-ge Cindy, como conselheiro familiar; Robert Erickson, como Blake, filho de Mac. A ex-concorrente do American Idol Americano, Dawntoya Thoma-son, interpreta Debra, esposa de Sam. O nível de atuação não é dos melhores, mas os protagonistas entregam a ener-gia emocional necessária, que é o que

verdadeiramente importa. A qualida-de do filme é, em geral, boa, embora não se tenha grandes momentos. Suas fraquezas aparecem em alguns casos específicos de cinematografia como a qualidade de som, edição e alguns “buracos” no enredo. Mas a história supera em muito todos os possíveis deslizes de produção.

No geral, o filme não é dos melho-res da Provident Films e se distancia um pouco dos filmes da Sherwood Pictures, consagrada por sucessos como “A Prova de Fogo”, “A Virada” e “Desafiando Gigantes”. No entanto, é ainda uma impressionante estreia de um novato na direção.

Só não deu para entender porque dois filmes tão próximos um do ou-tro, embora de produtoras diferentes, tenham sido baseados na vida de po-liciais. Lançado em 2010, “Coragem”, também girou em torno de policiais que enfrentam uma tragédia em casa. Coincidência?

Mas vale a dica de mais um bom filme para ser visto por sua igreja, de-batido em retiros e encontros de fa-mílias. Nos Estados Unidos, o DVD é acompanhado de uma bíblia de estudo e um devocional de 30 dias elaborado pela equipe pastoral da Igreja do Cal-vário e realizadora do filme.

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A OBSERVARA maneira como os temas são tratados, com le-veza, riqueza de ilustrações e muitos exemplos que tornam a leitura clara e muito compreensível. estilo característico, tanto dos livros como da pre-gação do autor. É uma leitura que serve tanto de instrução e ensino, como para meditação.

TRECHOmas por que jesus deixou a glória do Paraíso e desceu para viver em meio à sujeira e à corrup-ção da terra? ele veio por uma razão: salvar-nos de nossos pecados. ele veio para limpar a mácula de pecado e culpa que mancha nossa alma e nos reconciliar com nosso Criador”. Pág. 53

AUTORBilly Graham, o pregador mais conhecido e citado em todo o mundo, considerado uma instituição america-na em termos de credibilidade e admiração. nascido em 1918, na Carolina do norte, foi conselheiro de diversos presidentes americanos. um modelo incon-testável de cristão para nosso tempo.

POR QUE LER?Ao ler o livro é possível imaginar a pregação do au-tor, caracterizada pela simplicidade e eloquência, sempre apelando para uma decisão pessoal por jesus. Conhecendo as necessidades do coração das pessoas, Graham trata de problemascomuns na vida de todos os cristãos.

DO QUE TRATA?o livro é uma espécie de guia prático sobre os temas mais relevantes da espiritualidade. os desafios da vida cristã representados em uma grande viagem de muitas etapas,desde adescoberta da fé, oporquêde se frequentar uma igreja e até chegar à compressão da necessidade de perseverar.

a JorNaDaTHOMAS NELSON BRASIL / 311 págs.

recriaBELLO PUBLICAÇÕES / 245 págs.

AUTORron Luce é,ao lado de sua esposa Katie,presidente fundador do ministério teen mania, com o qual busca levantar um exército jovem capaz de mudar o mundo pelo evangelho. Foi membro consultivo da Comissão de Comunidades Livres das Drogas, nos estados unidos.

DO QUE TRATA?o subtítulo revela o que a obra propõe: “edificando em sua casa uma cultura mais forte do que a cultura que está enganando seus filhos.” o livro é um cha-mado aos pais, para discipular seus filhos, através de valores espirituais da Palavra, em contraponto à nociva cultura pop.

POR QUE LER?De acordo com o autor, os pais devem aprender a desenvolver em seus filhos a consciência es-piritual, o amor pela família e por Deus. A cultura pop está devastando os jovens, criando neles uma mentalidade consumista, hedonista e libertina à medida que cultua o estilo de vida de seus ícones.

A OBSERVARA partir de uma análise da cultura pop, o autor mostra que jovens são formados desde crianças de acordo com um estilo de vida de imitação aos ídolos. vestem as mesmas roupas, falam a mesma lingua-gem e pensam de acordo com o que veem e ouvem na mídia. o discipulado dos pais é o caminho!

TRECHO“não gaste “dinheiro de culpa” com seus filhos só porque você nem sempre está presente e constan-temente tenta compensar isso. o dinheiro não vai compensar sua ausência. Assuma o controle da cul-tura que você permite entrar em sua casa por meio das coisas com que gasta seu dinheiro.” Pág. 126

eles gostam De JesUs, mas Não Da igreJaEDITORA VIDA / 271 págs.

AUTORDan Kimball, fundador e pastor da Igreja Fé vintage, na Califórnia. Foi um dos líderes do movimento que originou a Igreja emergente nos estados unidos. É formado pelo multonah Biblical Seminary e Western Seminary. Possui doutorado em liderança pela Geor-ge Fox university.

DO QUE TRATA?o livro trata de um fenômeno crescente na igre-ja americana, chamado pelo autor de “gerações emergentes”. De acordo com sua análise, vive-mos uma era pós-cristã e a mentalidade judaica cristã já não está presente no mundo desenvol-vido.

POR QUE LERÉ uma leitura importante para que novos lideres e pastores desenvolvam na igreja uma postura de evangelização a partir de uma atitude relacional, que vai além da apologética. Ao invés de afirmar a fé ao não convertido, precisa ensiná-la a eles.

A OBSERVARmesmo sendo um dos lideres do movimento da Igre-ja emergente, pregando novas formas de expressar e ser igreja,Kimball conserva a fé e a teologia tradi-cional. Começou a usar a expressão “vintage” como “jesus vintage”, “Fé vintage” etc, visando apontar ao original, histórico e essencial.

TRECHO“Acredito que a vontade de jesus é que as pes-soas que gostam dele perdoem a igreja, caso te-nham sido feridas por ela. mas sei que jesus quer que elas experimentem a igreja e façam parte de sua noiva, uma comunidade sobrenatural.” Pág. 57

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aBra o coraÇão e fecHe a gelaDeiraTHOMAS NELSON BRASIL / 269 págs.

AUTORLysa ter Keurst é presidente do ministério Pro-vérbios 31, organização que influencia milhares de mulheres nos estados unidos. Seus livros são frequentes nas listas de Best Selles do new York times. ela e seu marido moram em Char-lotte, Carolina do norte, euA.

DO QUE TRATA?o livro trata da alma das mulheres, analisando, especificamente, os motivos que levam muitas delasa buscar refúgio nas calorias em momentos de crises e angústias. A autora indica um caminho melhor, apresentando um alimento melhor e que sacia a alma: a intimidade com Deus!

POR QUE LER?Apesar de ter uma abordagem feminina, o livro foi escrito visando ambos os sexos. oferece sabedo-ria prática na luta contra hábitos que não são sau-dáveis na vida de muitas mulheres e uma com-preensão melhor acerca dealgumas crises que pairam sobre o coração feminino, para os homens.

A OBSERVARnão é um livro de dietas ou receitas! Ao invés dis-so, traz insights de sabedoria prática e principal-mente bíblica para a felicidade da mulher, ajudan-do na disciplina pessoal, com práticas espirituais que indicamo caminho que conduz às pazes com a balança, buscando a paz com Deus.

TRECHO“Comida pode encher o estômago, mas nunca a alma. os bens podem encher a casa, mas nunca o coração. o sexo pode encher as noites, mas nunca a fome pelo amor. As crianças podem encher nos-sos dias, mas nunca a nossa identidade. Apenas je-sus pode verdadeiramente nos satisfazer.” Pág. 78

evaNgelismoLAN EDITORA / 240 págs.

AUTORBill hybels, nascido em 1951, é fundador e pas-tor sênior da Willow Creek Community Church, classificada como a igreja mais influente da Amé-rica.

DO QUE TRATA?o livro é um “compartilhar” de experiências do autor sobre como levar o evangelho às pessoas. hybels reparte com o leitor sua ma-neira pessoal de ganhar almas para jesus, sempre priorizando os relacionamentos.

POR QUE LER?esta é uma obra essencial para quem deseja subsídios para o evangelismo pessoal. não dá para desprezar um autor que é considerado um dos maiores especialistas no assunto. narra experiências de como pessoas foram levadas a jesus nos mais diferentes lugares e situações.

A OBSERVARo autor torna simples a maneira de testemu-nhar sobre a salvação. hybels é conhecido em seus escritos pelo pragmatismo, indo direto ao ponto, sem tentar demonstrar intelectualidade. um texto simples que flui e leva o leitor a desejar viver novas experiências levando o evangelho.

TRECHO“Ao permitir que a grande preocupação de sua vida sejam as pessoas, você descobrirá que quando Cristo lhe pedir para atravessar uma rua...seja onde for...você estará pronto.” Pág. 31

traNsforme o seU miNistério pastoralCENTRAL GOSPEL / 230 págs.

AUTORDag heward-mills é fundador e pastor da Igreja Internacional Capela do Farol, com sede em Gana, na África, denominação com milhares de pessoas e que se ramifica em mais de mil igrejas em diver-sas partes do mundo. É também autor de muitos best-sellers, sobre Lealdade e Liderança.

DO QUE TRATA?É um livro sobre a essência e pratica do ministério pastoral. tratando dos temas mais básicos e ne-cessários para que um pastor exerça seu ministério com excelência. Sem aprofundar-se em definições e conceitos, o autor expõe de forma direta aqueles tópicos mais urgentes para a vida pastoral.

POR QUE LER?existem muitos livros sobre teologia pastoral, mas poucos que vão tão direto ao ponto quanto este. não se preocupando em demonstrar intelectuali-dade e profundidade conceituais, esta obra possui a preocupação de transmitir uma mensagem que real de aprendizado e prática no dia a dia do pastor.

A OBSERVARCada capítulo do livro aborda,de forma apaixonada e espiritual, um tema conhecido por qualquer mi-nistro do evangelho. em forma de tópicos, cada as-sunto vai sendo desenvolvido com título, subtítulo e frases marcantes, o que serve também como um excelente recurso homilético.

TRECHO“Como pode ver, você não pode agradar a Deus se não tiver fé. Isto significa que você não pode agradar a Deus no ministério sem oração. você não agrada a Deus sendo um administrador, contador ou gênio no computador. você agrada a Deus orando e demonstrando fé nele.” Pág. 27

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LIvro DeStAQue

O enigma da Bíblia de GuttembergEditora annodomini / 126 págs.

o enigma da Bíblia de Gutem-berg é um livro direcionado ao públi-co jovem e traz uma história cheia de mistérios e ação, com uma nar-rativa cativante e bem escrita que conquistará muitos admiradores.

um evangelista brasileiro, vindo dos estados unidos, representan-te de uma importante universida-de daquele país, é aguardado com grande expectativa por uma igreja local. A igreja está reunida, o pas-tor local está com tudo preparado, e o culto está prestes a começar. o motivo pelo qual o evangelista é tão aguardado, é que vai trazer junto um exemplar raríssimo da famosa Bíblia de Gutemberg, o primeiro livro impresso do mundo. um dos únicos

48 exemplares existentes no mun-do, da famosa Bíblia, está prestes a ser apresentada a uma pequena igreja. Quando chega o momento de tão importante relíquia ser apresen-tada, algo inesperado acontece. em meio ao culto a famosa Bíblia, desa-parece. um jovem, aspirante a jor-nalista, crente dedicado e admirado por sua fé e espiritualidade chama-do Daniel é o principal suspeito. A partir deste acontecimento, a nar-rativa se desenvolve, apresentando uma verdadeira odisséia de quatro dias do personagem principal, como se fosse um ulisses juvenil, dada sua jornada épica. ou um Sherlock holmes adolescente tal a sua Inte-ligência, poder de raciocínio e pers-picácia. A história tem um final sur-preendente e inteligente.

Preenchendo uma lacuna impor-tante, que é falta de bons livros que ofereçam conteúdo e motivos para o público jovem evangélico ler, esta obra, juntamente com toda coleção, tem tudo para agradar a nova gera-ção de leitores. Geralmente os livros direcionados ao público jovem evan-gélico são aqueles derivados de pre-gações, estudos bíblicos e ensaios com linguagem pesada, adulta, doutrinária e teológica. Zágari, pode estar criando um novo conceito de literatura para este público. espera-mos que sim. Com um enredo bem montado, envolvente, personagens fortes e uma história cheia de ação e adrenalina, o autor conquista de vez o leitor, fazendo com que a leitu-ra não seja deixada de lado antes de chegar ao final.

mauricio Zágari, estudou te-ologia no Instituto Bispo roberto mcCalister de estudos Cristãos (IBrmeC), no Instituto Bíblico da Assembleia de Deus na Ilha do Go-vernador e na escola teológica das Assembleias de Deus (eetAD).Autor revelação do ano do prêmio Areté e de melhor Livro de Ficção/romance . outra obra sua 7 enig-mas e um tesourotambém foi fina-lista do prêmio Areté.

O personagem principal do livro, Daniel, é um jovem futuro jornalista. Você era um jovem envolvido na igreja como ele? Há alguma identificação e há realmente jovens assim nas igrejas?

Sim, na minha juventude eu estava envolvido com evangelismo em praças e com o grupo de teatro. orávamos muito e havia um enorme incentivo ao estudo e à leitura bíblica. evidentemente isso me inspirou ao criá-lo.

Ainda há muitos jovens assim, embo-ra algumas denominações só estimulem o oba-oba: louvorzão, rave gospel e ou-tras banalidades inúteis. nesse ponto é preciso tomar cuidado: nem achar que a juventude só precisa de entretenimento, nem que deve estar envolvida num ati-vismo vazio. o que importa é estimular a verdadeira devocionalidade e aí o dom de cada um vai mostrar onde ele se encaixa.

Ao criar esta série de livros ao público, sentiu esta necessidade? Que avaliação você faz da literatura e o que falta em termos de literatura para a juventude evangélica?

A ideia surgiu quando percebi que o jovem cristão gosta tanto quanto o não cristão de livros de ficção, mas não havia nenhuma literatura no Brasil direciona-da, então nossos jovens acabavam lendo “harry Potter” e “Crepúsculo”. Foi quando escrevi “o enigma da Bíblia de Gutem-berg”, uma história de investigação cheia de adrenalina, mas também repleta de temas bíblicos e ligados à vida de fé, que interessam e desafiam o jovem do século 21.

5 PERGuNTAS PARA O AuTOR:

MAuRíCIO ZáGARI

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De início, enviei o texto para todas as editoras evangélicas que você possa imaginar e todas o recusaram. As que se justi-ficaram disseram que “o jovem evangélico não lê ficção cristã” e que “esse tipo de livro não vende”. A Anno Domini foi quem abraçou o livro e sua ideia pioneira e incentivou que ele virasse uma série. Assim, lançamos primeiro este, depois “7 enigmas e um tesouro”, em seguida “o mistério de Cruz das Almas” e em julho próximo sai “o ritual”.

o mais curioso é que todas as editoras estavam erradas. A primeira edição de “o enigma da Bíblia de Gutemberg” esgo-tou e já estamos na segunda. Além disso o livro recebeu dois prêmios Areté (“Autor revelação” e “melhor Livro de Ficção/romance”), sendo que entre os três finalistas estava também o “7 enigmas e um tesouro”, concorrendo com “À beira do Apocalipse”, de tim Lahaye (o consagrado autor da série “Dei-xados para trás”).

Assim, vejo que falta em muitas editoras o que a Anno-Domini teve: ousadia, coragem e pioneirismo. em outras pala-vras: fé numa boa ideia, mesmo que seja inédita.

Daniel, no livro conhece a Bíblia quase de cor. Como incentivar os jovens, e que se pode fazer para eles leiam e estudem a Bíblia como o personagem do livro?

o problema está nos líderes. o grande erro é que se apre-senta a leitura bíblica como uma obrigação. eu passei a amar a Bíblia porque me ensinaram muito cedo que usufruir dela é um privilégio e uma honra. muitos pastores só levam seus jovens a louvar e fazer atividades, quando é a leitura das escrituras que alimenta. ela é magnífica! Se você desmerece a Bíblia em prol de atividades ou a torna uma obrigação, sua juventude não terá gosto de lê-la e seus jovens serão, espiritualmente, fláci-dos.

Há no livro importantes lições à medida em que a história vai se desenvolvendo. Que valores precisamos ensinar aos jovens e como fazer isso?

os valores bíblicos. Isso se faz por um discipulado sólido. o que não significa meia-dúzia de aulas sobre as bases da fé, mas uma caminhada diária, ombro a ombro. É na vivência com pessoas espiritualmente maduras que você se torna espiritu-almente maduro.

Que livros você recomenda, além dos seus, claro, para que os jovens criem gosto pela leitura?

É como fazer musculação: ninguém começa levantando 50 quilos. Para criar o gosto pela leitura em quem não está habituado recomendo livros leves, como os da coleção vaga--lume, da editora Ática. também “os meninos da rua Paulo”, um lindo livro. e vá aos poucos lendo obras mais polpudas, até que você consiga consumir autores mais profundos, como AlistermcGrath, Dallas Willard e john macArthur. e impor-tante: esqueça os livros anunciados por pastores donos de edi-toras que têm programas na tv. Aquilo é péssima literatura. Busque boas editoras, como a AnnoDomini, a Fiel, a Shedd e a vida nova, por exemplo. e aí é ir passo a passo - ou seja, um livro após o outro.

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RECOMENDAMOS

DAVI SACER no caminho do milagre / somLivre

Com uma carreira de indiscutível sucesso, o can-tor Davi Sacer despertou a atenção da Som Livre. Dono de um timbre de voz único, ele é atualmente um dos nomes mais talentosos e requisitados no meio gospel. o CD “no caminho do milagre” é uma superprodução, gravada ao vivo e que traz belas canções de adoração na grande voz de Sacer.

RACHEL NOVAES ao rei / ivC

Líder do ministério de louvor da Comunidade da Graça em ubatuba, rachel novaes lança o DvD e Blu-ray “Ao rei”. Comemorando 10 anos de carreira da cantora, o projeto da IvC Comunica-ção, possui uma sonoridade contemporânea e requintada e tem direção de Aurélio Gonzales e Sérgio Piacenti.

MINISTÉRIO DECLARAREI Jesus é o senhor / CanZion

Gravado ao vivo na Igreja Batista ebenézer em Ceilândia (DF), “jesus é o Senhor” é o terceiro disco do ministério Declararei. Contém 11 faixas inéditas, versões de “tu mirada” e “Sobrenatural”, de marcos Witt e a regravação de “vai voltar”, de hélvio Sodré. Parte da verba arrecadada com a venda dos CDs é destinada ao projeto “Água viva Para o Sertão”.

ANDRÉ VALADÃO aliança / Oni music

um dos mais importantes ministros de louvor do Brasil decidiu se reinventar. referencia no gospel brasileiro, André valadão, agora independente, lança o álbum Aliança, gravado ao vivo na Lagoi-nha com mais de 6 mil pessoas. A distribuição agora fica a cargo da oni music. Com um pop rock alegre, coeso e ideal para ministrar com a igreja.

PG imagem e semelhança / mK

6º álbum do cantor, “Imagem e Semelhança”, foi gravado ao vivo na Igreja Bíblica da Paz, em São Paulo, diante mais de 5 mil pessoas. Com uma bela performance e acompanhado de uma com-petente banda de apoio, o novo lançamento de PG é de altíssima qualidade. Destaque para as par-ticipações especiais de Fernanda Brum, Celinha Batista, erika ekstein, Gabi Cecon e do Grupo de teatro jeová nissi.

CDS&DVDs

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Fabrício Cunhaé pastor da Comu-

nidade Batista Vida Nova, em São José dos Campos (SP), um dos líderes do Fórum Jovem de Missão Integral,

membro da Frater-nidade Teológica

Latino Americana. Casado com

Miryana, com quem tem tem 3 fi lhos.

“ Como igreja temos respondido a perguntas que não são mais feitas, dado gritos ao relento e nos limitado aos muros dos guetos que construímos para nossa própria defesa.”

PAStorAIS urBAnAS

Fabrício Cunha

Gritos de fora do portãoSaudades traduzida em esperança ou vazio

um de meus compositores favoritos, Sérgio Pimenta, dizia que o homem

vive com uma saudade constante de Deus. Todo homem convive com isso.

Os que conhecem a Deus deleitam-se com a esperança do pleno encontro. Os que não o conhecem têm tal saudade tra-duzida em constante vazio. Preencher o vazio é tarefa do Espírito; anunciar, pro-clamar a possibilidade do preenchimento é tarefa da Igreja.

Ouvi uma história interessan-te sobre minha denominação. Há algum tempo as Igrejas Batistas em São Paulo fi zeram uma campanha tendo como frase tema “Cristo é a resposta”. Fizeram ade-sivos, cartazes, camisetas. Pintaram fa-chadas e muros. Um desses muros foi o do Colégio Batista Brasileiro, em São Paulo. Mas o que verdadeiramente chamou-me a atenção e marcou-me em defi nitivo foi uma pichação que fi zeram no muro alguns dias depois de terem pintado a frase tema. O indivíduo questionou: “Se Cristo é a res-posta, qual é a pergunta???”

Como pessoas, nossas vidas mui-tas vezes não respondem ao sublime e radical chamado de nosso Mestre à adoração pela proclamação, ao amor pela obediência, ao relacionamento pela comunhão, à missão pelo ser-viço. Como igreja temos respondido a perguntas que não são mais feitas, dado gritos ao relento e nos limitado aos muros dos guetos que construí-mos para nossa própria defesa. Nos esquecemos de que quem nos defen-de é o próprio Leão da Tribo de Judá e de que o que o mestre disse é “que as portas do inferno não prevalece-

rão” contra a Igreja. Você já viu alguém se defender com porta? Quem está na porta, está em atitude de ataque. Somos nós que

atacamos as estruturas do inferno nessa terra. Não só não nos submetemos, como vamos até tudo o que é infernal e atacamos. Não ouvimos mais o clamor do mundo, o seus berros inquietos, gritos desespera-dos, gemidos de dor sem cura nem res-posta, os sons que vêm de fora do portão.

Tenho procurado disciplinar meus ouvidos ao grito dos afl itos, os que clamam por um “amor maior” (Jota Quest), aos que dizem que “o que falam na TV sobre o jovem não é sério” (Charlie Brown Jr.), que têm sensibilidade e tempo para perceber “momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incompará-veis” (Fernando Pessoa).

Tenho tentado fazer com que os olhos da minha alma vejam o que Deus vê, os destroços de “La Guernica” (Picasso), o menino que “tá vendendo drops no si-nal para alguém” (Lenine), a ver o rosto de Cristo na escultura perfeita do “imperfei-to” Aleijadinho (Antônio Francisco Lis-boa), a chorar com quem está “à procura da felicidade” (Steve Conrad e Will Smith) sem encontrá-la de fato.

Tenho tentado deixar meu espí-rito ser guiado pela “santa tolice da fé que crê poder mudar o mundo” (São Francisco de Assis), que anseia por ver “para todo mal, a cura” (Lulu Santos), que acredita que “paz sem voz não é paz, é medo” (O Rappa), que contempla a “unimultiplici-dade, onde cada homem é sozinho a casa da humanindade” (Tom Zé).

“A estrada segue, seguindo vou” (Carlinhos Veiga). “Se quiser saber pra onde eu vou, para onde tenha sol, é pra lá que eu vou” (Jota Quest). Um sol que brilha resplandecente sobre todos, e espanta a “noite escura da alma” (São João da Cruz). “O sol que conheci num dia em que a vida ardia sem explicação” (Cássia Eller).

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Designers Cristãos: Sua igreja ainda vai precisar de um deles

IGRE

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Soluções em tecnologia e equipamentos para igrejas

TECNOLOGIA À SERVIÇO DO REINOÀ SERVIÇO DO REINOÉ cada vez maior o número de Igrejas aderindo

a transmissão de cultos e reuniões online

LANÇAMENTOS: os melhores produtos para sua Igreja ou escritório

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Tecnologia à serviço do reino

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por roBsoN morais

D e norte a sul do Brasil, milhares de igrejas estão investindo na compra de equipamentos para

transmissão de cultos online. em tempo real, o culto que é ministrado no púlpito é também acompanhado por pessoas em qualquer lugar do mundo, bastam uma boa câmera filmadora e um computador relati-vamente moderno. nada mais. A onda de pregação virtual se mostra em 2012 familiarizada e bem acei-ta por pastores, líderes e membros que desfrutam da portabilidade para se manter em contato com a Igreja.

Segundo dados do IBeG divulgados em 2009, o número de internautas no Brasil cresceu 12 milhões em relação ao mesmo período em 2008. em 2010, possuía 67,9 milhões de usuários, cerca de 5% da população conectada no mundo, número que cresce paralelo à quantidade de evangélicos no país. Longe da pretensão de substituir a figura física do pastor, fa-zer a transmissão de cultos online nada mais é do que adaptar-se a uma ferramenta nova de evangelização e canal de mensagem. um canal barato e que não exige

vasto conhecimento técnico ainda de início. em São Paulo, o exemplo da igreja sede da Bola

de neve ilustra a praticidade de se realizar uma trans-missão online dentro da Igreja. “tudo começou como uma brincadeira entre alguns membros envolvidos e interessados em tecnologia e áudio, que resolveram experimentar. De repente, o acesso ao culto e alcance da Palavra tornou a ideia algo mais profissionaliza-do”, contam norman Seraidarian, diretor de imagem, e jorge Perez, diretor de áudio na Igreja, que realiza transmissões online desde 2007. no início, Seraida-rian lembra que apenas uma webcam dava conta do recado. A sofisticação só se deu por necessidade após o crescimento e fundação dos demais templos da Bola de neve, que hoje conta com estúdios e cinco trans-missões semanais.

Igrejas relativamente grandes, como a Bola de neve, obviamente necessitam de um equipamento de áudio e vídeo sofisticado. Divididos entre os dois estú-dios estão um sistema de captação em SD (standard definition) em estéreo e transmissão em 640x480px com áudio em mono, estrutura em SD-i FullhD de cap-

É cada vez maior o número de Igrejas aderindo a transmissão de cultos e reuniões online

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tação e transmissão de 1280x720p com áudio em estéreo 128-bits, estrutura PGm de áudio, mesas Yamaha com digital snake roland. no P.A. e no PGm, câmeras e mesa de corte da Sony e o Flash encoder para codificar e transmi-tir os cultos. no estúdio localizado na Lapa (SP), iluminação extra e solução de áudio v-mixer e mesa roland, câmeras Panasonic e gravadores Atomos.

Igrejas que não necessitam de tanta so-fisticação também podem realizar transmis-sões de cultos online sem perder qualidade. na Igreja Batista Central (IBC) de Santo André (SP), cultos online acontecem regularmente e com estrutura mais básica: três câmeras Sony Z1, mesa de edição linear e amplificadores de vídeo. o áudio é captado diretamente da mesa de som profis-sional da igreja para ser adicionado ao equipamento de captura. o passo agora é incrementar apenas com uma boa iluminação, conta o pastor auxiliar Alexandre Pes-soa. “A média para os cultos do domingo a noite é de 100 pessoas assistindo simultaneamente com picos de até 200 pessoas” calcula. na IBC, Pessoa conta que também utiliza ferramentas da rede social twitter para realizar a transmissão de cultos online, por meio do ser-viço twitcam (espécie de videoconferência transmitida aos seguidores do perfil), outra boa dica. A título de co-nhecimento, o Brasil é um dos países com mais adeptos a Facebook, twitter e Youtube em todo o mundo.

Investir com qualidade sem gastar muito também foi o lema da Igreja Batista Betel de umuarama (Pr). Com recursos simples de operar e com gasto quase zero em manutenção, o único investimento pesa-do foi em pesquisa e teste de cada assessó-rio. entender a necessidade real do templo é fundamental na hora de evitar o desper-dício. neste caso, foram adquiridos mesa Yamaha a 01v 96, P.A. Bose, câmeras Pa-nasonic DvC7 e mesa de corte Wj-mX30. Computadores Core i3 e uma placa de captura osprey 210. “o equipamento que temos já é suficiente e tem uma excelente relação custo benefício” diz o pastor rodrigo Gutierrez, que adverte. Para a transmissão, a igreja utiliza o servidor host media, que fornece pacotes especiais para igrejas.

Casos de templos que disponibilizam cultos online comprovam a eficácia deste serviço e aprovação de membros impacta-dos a cada clque. Casos de convertidos após o acesso a uma transmissão também já se tornaram uma realidade nas igrejas brasilei-

ras, além da recapitulação da Palavra a membros que por algum motivo não puderam estar presentes na ministra-ção. É essa a essência da uti-lização da internet em prol do evangelismo. unir o “pastor virtual” ao pastor físico dobra a força tarefa no alcance de almas, sem deixar de lado os já presentes a cada momento de oração. É rápido, práti-co e essencial na era da portabilidade.

Dicas práticas Alguns passos básicos são fundamentais a igrejas que ainda não realizam cultos online, mas estão determinadas a mudar esta realidade:

• Consultar um profissional do segmento ou um membro familiari-zado com equipamentos de tecnologia, ainda que em nível básico.

• mensurar seus gastos; todo desperdício é indesejado. Observe a necessidade real da igreja, quantidade aproximada de membros que acessarão os cultos online e compre apenas o suficiente para suprir a demanda. nada mais.

• saber até onde quer alcançar; aos poucos a iniciativa pode cres-cer. Observe com atenção este crescimento e busque aprimorar aos poucos os equipamentos. invista em iluminação e qualidade na captação de áudio e vídeo.

• inicie transmissões pequenas com recursos gratuitos disponíveis na internet, como o twitcam. simples, prático e bom medidor do potencial de cada transmissão online feita pela igreja. Convide membros a entrarem no microblog e difundir a ideia. Para este serviço, uma webcam e um perfil na rede social são suficientes, mas tome cuidado com o áudio.

• Para transmissão de maior porte não adianta um equipamento adequado sem um bom servidor. Um dos erros mais comuns é o gasto abusivo em equipamento e economia de mais num bom link

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Designers evangélicos espalham-se pelo Brasil produzindo cartazes, capas de livros, CDs, material promocional, e outras soluções profi ssionais para difundir a mensagem do evangelho de forma bonita e atraente

Sua igrejaainda vai precisar de um deles

por ricarDo régeNer

Acabou o tempo em que bastava improvisar uma faixa na porta da igreja para divulgar o congresso

de jovens, ou fazer a capa do CD com uma foto do artista e o título do CD em tipografia básica. As igrejas e ministé-rios têm investido cada vez mais em logotipos, capas de CDs e cartazes pau-tados em conceitos visuais complexos.

há um motivo básico para o fenô-meno. “um estudo da Sepal diz que seremos metade da população em 2020”, afirma eduardo Berzin Filho, fundador da vmA, a primeira agência voltada ao meio evangélico. “ existe uma necessidade de compreender o comportamento do cristão. ele tem uma linguagem e identificação pró-prias. A vmA está apta em comunicar com mais eficiência a este grupo.”

o alagoano jefferson rodrigo, de 24 anos - responsável pela comunica-ção do ministério de jovens da Igreja nacional do Senhor jesus Cristo (Inse-jec)- acredita que não podemos deixar de investir em design. “o mundo ofere-

ce uma comunicação visual bem pre-parada, nesse sentido, precisamos

competir para transmitir nossa mensagem, sem desvirtuar o

evangelho, mas adaptando a linguagem à realidade das

novas gerações”.o designer minei-

ro marcus motta,

28 anos, está a frente desde 2009 da Quartel Design, referência no mundo evangélico. Convertido aos 11 anos, ele começou na área aos 18, em uma edi-tora da família. Após fazer cursos bási-cos e praticar, marcus conseguiu uma oportunidade no ministério de Louvor Diante do trono, aonde atuou como fotógrafo e colaborou com os projetos visuais de grandes sucessos da ban-da, como o CD e o DvD “esperança” (2004).

Da experiência surgiram oportuni-dades para desenvolver projetos para outros ministérios. Foi daí que surgiu a Quartel Design, uma parceria com o de-signer rafael Duarte, também egresso do famoso ministério de louvor. Apenas dois anos depois, a empresa já atendeu clientes como Silas malafaia, Fernandi-nho, Ludmila Ferber e até a rede Globo, que contratou a Quartel para a comu-nicação visual dos recentes troféu e Festival Promessas. Para o profissio-nal, um dos principais desafios de fazer design para evangélicos é ser atrativo sem desvirtuar os valores cristãos..

o designer paulistano Lucas motta, de 26 anos, trabalha para Paulo César Baruk, Leonardo Gonçalves e ed rené Kivitz, e concorda com o colega minei-ro. em projetos de design para CDs e DvDs, Lucas costuma ouvir o trabalho e procura conhecer características do artista que possam ser traduzidas em desenho. “A Daniella Araújo, por exem-plo, é daquelas que gostam de escrever no caderninho. traduzi isso no encarte do seu último trabalho”. A pesquisa mi-nuciosa não é suficiente para um bom design: “sempre tomo cuidado com su-tilezas como evitar decotes ou apelos sexuais, verifico também se alguma mensagem subliminar passou na hora de manipular as imagens”.

Ao produzir a capa do último CD de Paulo César Baruk, Lucas tomou cuidado para que as imagens de bo-binas usadas não parecessem olhos, nem trouxessem qualquer referência

� Aos 24 anos, Jefferson Rodrigo já é responsável por toda a comunicação visual do projeto Joel 2, a rede de jovens da Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo (INSEJEC), ministrada pela apóstola Valnice Milhomens.

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de ocultismo. “Quando manipulamos ima-gens, é normal que algumas mensagens ‘subliminares’ apareçam. trabalhar com coisas cristãs exige atenção redobrada, sempre vai ter pessoas que não perdoam quando encontram alguma coisa estranha no desenho”.

Diante de clientes com necessidades tão específicas, os profissionais e agências de sucesso são justamente aquelas feitas por evangélicos. “Por sermos cristãos, entendemos melhor a profundidade da mensagem que nossos clientes querem transmitir, e isso é essencial para um bom trabalho”, diz marcus motta.

À medida que os evangélicos ganham espaço, a demanda por designers profissio-nais cresce. “Desenhos de pombas brancas e fogo alcançam um certo tipo de gente”, afirma Lucas motta, “mas há pessoas com outros estilos, e é preciso passar a mensa-gem pra elas de uma forma diferente. É por isso que o trabalho de um bom designer é importante. Podemos falar com muito mais gente dessa forma”, completa.

Além do suporte de empresas com gente especializada (como a vmA Comuni-cação ou Quartel Design), e de profissionais liberais, é possível levantar dentro da comu-nidade local uma equipe de comunicação, caso de igrejas como a InSejeC e a Igreja Batista de Água Branca. Além de um bom computador e dos softwares básicos (Pho-toshop, Indesign, Corel Draw), é preciso que o designer iniciante busque referências no trabalho de outros designers. Curiosidade para aprender coisas novas também é es-sencial. “hoje, basta dar um Google para achar muitas dicas excelentes sobre de-sign”, afirma Lucas motta. os ministérios que acordarem para essa realidade do nos-so tempo vão colher muito fruto.

�VMA COMUNICAÇÃO: Nasce como primeira agÊNcia De pUBliciDaDe 100% evaNgélica

Com experiência com mais de 10 anos no setor de comunicação cristã, a eBF ComunICAÇÕeS, visando oferecer ferramentas para líderes, gestores e instituições cristãs, fundou a vmA ComunICAÇÃo. Com apoio da ABD Bu-siness a vmA Comunicação, é uma agência de comunicação de ponta voltada ao público evangélico. A empresa reúne profissionais com ampla experiência no setor de propaganda e marketing e oferece soluções as Igrejas, ministérios e empresas cristãs. “Através da inovação vamos oferecer uma comunicação eficaz e eficiente para nosso tempo. As Igrejas e ministérios se surpreenderão com as estratégias de comunicação”, declara eduardo Ber-zin Filho, gestor.

Além do design de peças impressas, a empresa vai pro-duzir conteúdo pra tv, rádio, e realizar serviços de compra de mídia, promoções, organização de eventos, convenções e panfletagem.

http://www.vmacomunicacao.com.br/

eficaz e eficiente para nosso tempo. As Igrejas e ministérios se surpreenderão

� O designer mineiro Marcus Motta, 28 anos, está a frente desde 2009 da Quartel Design, referência no mundo evangélico.

primeira agÊNcia De pUBliciDaDe 100% evaNgélica

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/Bededouro BDF-300 Projetado para atender à locais com grande fluxo de pessoas e principalmen-te para atender aquelas com necessi-dades especiais. Possui acionamento elétrico através de botões laterais e fron-tais de toque leve e com sistema Brail-le. Serve água gelada, natural ou mista, sendo ideal para igrejas, hospitais e es-colas. Atende até 300 pessoas por hora.

/Projetor Multimida Cinemin SwivelProjetor multimídia de bolso que torna incrivelmente simples mostrar e compartilhar vídeos, fotos e slides em qualquer lugar. Perfeito para grupos pequenos como escolas Bíblicas Dominicais, Palestras, união de jovens, Cultos de oração e redes de ensino em casa. Plug and play. usando o simples Av-In,este projetor se conecta a uma grande variedade de media players pes-soais - incluindo o iPod, iPhone, IPAD, Flip video, PSP, câmeras digitais, DvD players portáteis, os netbooks e os smartphones com a funcionalidade de vídeo.

Lançamentos

/Púlpito em acrílico Modelo 200Produto com finíssimo acaba-mento, disponível nas cores cristal ou azul neon.

/Griffi n

o Griffin é um kit carregador que traz um carregador veicular, um carregador de parede e uma “bateria” so-bressalente – na verdade, um “rabo” que você conecta ao iPhone e ganha mais uma vida.

Por roberto azevedo

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/FRIGOBAR K2 GLASS

Funciona com tecnologia de refrigeração por absorção, sem compressor. uma mistura química, que nunca é trocada, circula numa tubulação selada na parte de trás do frigobar. ela é esquentada por uma resistência elétrica; ferve, evapora, condensa e desce para um pe-queno reservatório onde o ciclo se repete.

Devido ao seu tamanho, o refrigerador compacto possibilita utilização em áreas pe-quenas, como gabinetes pastorais e nichos que dificilmente um frigobar tradicional ca-beria. Silêncio, conveniência, design e dura-bilidade, são os principais diferenciais deste refrigerador compacto que conquista o cliente exigente.

/LOuSA DIGITAL DS10B-TDA DS10B-tD é uma lousa digital intera-

tiva extremamente fácil de instalar e usar. Com ela, o pastor, professor ou palestrante pode operar os programas do computador por toque na tela. todas as funções do mouse do computador estão disponíveis, incluindo bo-tão direito. Dessa forma, pode-se utilizar qual-quer ferramenta já existente no computador, como programas diversos, planilhas, textos, interação com a internet, imagens e apresen-tações, além dos recursos interativos do sof-tware da digiSonic.

/Shofar de Antilope Pequeno50 a 70cm

esse modelo de Shofar tem um som Forte e é fácil de ser tocado, porém não há muitas variações de tons. Ótimo para ser tocado em lugares fechados e em acompanhamentos musicais.

/Shofar de Antilope Medio 70 a 90cm

esse modelo de Shofar tem um som maravilhoso, podendo fazer até 5 va-riações de tons. ele é Ótimo para ser tocado em locais abertos em acompa-nhamentos musicais e adoração.

/Shofar de Antilope Extra Grande 90cm a 1,20 metros

esse modelo de Shofar é o melhor e maior existente no mercado. Seu som é alto, forte e alcança até 6 variações de tons. Possui um som semelhante a uma trombeta. Pode ser escolhido no modelo “Polido ou rústico”

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