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LIÇÃO 03
ÉTICA CRISTÃ E
DIREITOS HUMANOS 15 de abril de 2018
Professor Alberto
TEXTO ÁUREO
“O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois estrangeiros
fostes na terra do Egito” (Êx 22.21).
VERDADE PRÁTICA
Os direitos do ser humano revelados na Palavra de Deus têm como
fundamento o amor.
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COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO
“O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois estrangeiros
fostes na terra do Egito” (Êx 22.21).
Nosso texto áureo está inserido no capítulo 22 entre os versículos 16 a 31 onde
estão as orientações acerca da imoralidade e da idolatria. O texto áureo inicia com a
seguinte declaração: “O estrangeiro não afligirás” ou “Não afligirás o forasteiro”.
Temos aqui destacados os direitos dos estrangeiros em Israel. As pessoas receiam as
coisas diferentes. O temor inspira a perseguição contra as pessoas e coisas que
parecem diferentes. Os estrangeiros têm costumes diferentes, e isso os assinala como
alvos da perseguição. Está especificamente em pauta aqui o residente permanente
que veio do estrangeiro, alguém que não é natural ao lugar, e nem está ligado à
população por laços étnicos.
Em Êxodo 23.9 declara: “Também não oprimirás o estrangeiro; porque vós
conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito”,
essa passagem também fala quanto à mesma proibição, instrutiva porque o povo de
Israel é assim lembrado que foi estrangeiro residente no Egito, onde os descendentes
de Abraão foram tão cruelmente perseguidos. “Não faças a outros o que os egípcios
fizeram contra ti”. Presumivelmente o forasteiro, alguém que apenas estava de
passagem em Israel, deveria receber tratamento igualmente humano.
O povo de Israel deveria mostrar-se misericordioso para com os estrangeiros, as
viúvas, etc. (Êx 22.21-27), testifica acerca das condições de miséria em que viviam os
fracos e os incapazes em Israel. A base para essa caridade é de natureza religiosa, o
que também sucedia em muitos códigos antigos, o que sugere que é historicamente
verdadeiro que mais bem tem sido feito no mundo por aqueles que amam Deus do
que por aqueles que amam somente o homem. Conforme dizia o filósofo
Kierkegaard: “contemplamos a Deus que tudo quanto é humano torna-se realmente
humano”. Søren Kierkegaard (1813-1855) foi um filósofo dinamarquês e pai do
Existencialismo, uma vertente da filosofia que discute propósitos, causas e
consequências das ações humanas no âmbito da realidade individual.
No versículo 27 do capítulo do nosso texto áureo o SENHOR protesta: “Porque
aquele é a sua cobertura e a veste da sua pele; em que se deitaria? Será, pois, que
quando clamar a mim eu o ouvirei, porque sou misericordioso”. Assim sendo, Ele
requeria compaixão da parte do povo de Israel. (CHAMPLIN, Norman, O Novo
Testamento Interpretado – Versículo por Versículo – Volume 4 – pag. 162 –
1995 – Adaptado).
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Isaías 58.6-12 (o capítulo possui 14 versículos)
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. - Mostrar a origem dos Direitos Humanos;
II.- Correlacionar a Bíblia com os Direitos Humanos;
III.- Comparar a ação da Igreja com a realidade social.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO Grande parte da história da humanidade demonstra que os direitos foram
prerrogativas de uma minoria privilegiada.
Em tempos modernos foi que surgiu o conceito de direitos fundamentais inerentes à
dignidade humana: os Direitos Humanos.
Apesar desses conceitos florescerem em tempos atuais, desde a criação do homem,
as Escrituras Sagradas revelam a vontade de Deus acerca do que é direito e dever nas
relações humanas.
PONTO CENTRAL A ideia de Direitos Humanos brota do mandamento de amor
revelado nas Escrituras.
I. O ORIGEM DOS DIREITOS HUMANOS 1. Definição de Direito.
A raiz da palavra "direito" tem origem no latim rectus, que significa "aquilo que é
reto, correto, justo".
Na perspectiva da Ética, o que é direito torna-se modelo do que é bom e correto.
Assim, a ética, ou a moral, comum a todas as culturas, pode-se expressar em termos
de direitos do indivíduo.
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Esses direitos refletem a dignidade do ser humano, como por exemplo: a proteção à
vida, a liberdade individual e a igualdade.
Estes são pressupostos fundamentais acerca da dignidade humana.
2. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Promulgada pela primeira vez em 26 de agosto de 1789, em Paris, na França, essa
declaração foi resultado da Revolução Francesa, que inspirada pelo Iluminismo,
elaborou 17 artigos proclamando a liberdade e a igualdade entre os indivíduos.
Estes são os artigos tratados na declaração original de 1789:
Art.1.º Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem
fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a
resistência à opressão.
Art. 3.º O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhum corpo, nenhum
indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício
dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros
membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados
pela lei.
Art. 5.º A lei proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode
ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
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Art. 6.º A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer,
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos,
seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente
admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem
outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de
acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam
executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em
virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer apenas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode
ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente
aplicada.
Art. 9.º Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável
prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido
pela lei.
Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que
sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do
homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia,
pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta
força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é
confiada.
Art. 13.º Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável
uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas
possibilidades.
Art. 14.º Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da
necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe
fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.
Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a
separação dos poderes não tem Constituição.
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a
não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e
prévia indenização.
Esses direitos passaram a ser considerados "universais", ou seja, válidos para todos
os homens em qualquer época ou lugar.
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3. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Foi adotada em 10 de dezembro de 1948, após a 2ª Guerra Mundial, pela
Organização das Nações Unidas (ONU).
A Assembleia Geral proclama
A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por
todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade,
tendo sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, em
promover o respeito a esses direitos e liberdades e, pela adoção de medidas progressivas de
caráter nacional e internacional, em assegurar o seu reconhecimento e a sua observância
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-membros quanto entre os povos
dos territórios sob a sua jurisdição.
Artigo I – Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo II – 1. Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.
Não será tampouco feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania.
Artigo III – Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV – Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de
escravos serão proibidos em todas as suas formas.
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Artigo V – Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
Artigo VI – Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa
perante a lei.
Artigo VII – Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção
da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII – Toda pessoa tem o direito de receber dos Tribunais nacionais competentes recurso
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
Constituição ou pela lei.
Artigo IX – Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X – Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por
parte de um Tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do
fundamento de qualquer acusação criminal contra ela.
Artigo XI – 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente,
até que a sua culpa tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituam
delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do
que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo XII – Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar
ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à
proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII – 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das
fronteiras de cada Estado.
Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer pais, inclusive o próprio, e a ele regressar.
Artigo XIV – 1. Toda pessoa vítima de perseguição tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países.
Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de
direito comum ou por atos contrários aos propósitos ou princípios das Nações Unidas.
Artigo XV – 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.
Artigo XVI – 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,
nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de
iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
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A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do
Estado.
Artigo XVII – 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo XVIII – Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião
ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em
público ou em particular.
Artigo XIX – Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a
liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e
ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo XX – 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacificas.
Ninguém poderá ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo XXI – 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou
por intermédio de representantes livremente escolhidos.
Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
assegure a liberdade de voto.
Artigo XXII – Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à
realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua
dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.
Artigo XXIII – 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure,
assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus
interesses.
Artigo XXIV – Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas
de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
Artigo XXV – 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua
família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis, o direito à segurança, em caso de desemprego, doença, invalidez,
viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu
controle.
A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças,
nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
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Artigo XXVI – 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos
graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito.
A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento e do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus
filhos.
Artigo XXVII – 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer
produção científica, literária ou artística da qual seja autora.
Artigo XXVIII – Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e
liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo XXIX – 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível.
No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
dos direitos e liberdades de outrem, e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem
pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos
propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX – Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou
praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui
estabelecidos.”
A declaração, contendo 30 artigos, reconhece os direitos "fundamentais" e
"universais" do ser humano como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e
nações sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.
4. Direitos Humanos no Brasil.
Em nosso país, a expressão "direitos humanos" foi popularizada durante a década de
1980.
Nessa época militantes políticos de esquerda passaram a usar a expressão em
oposição ao regime militar.
Hoje, após a redemocratização do Brasil e a concessão de amplos direitos ao cidadão,
a expressão "direitos humanos" tem sido associada constantemente a "direitos de
bandidos".
Discute-se, por exemplo, que os "direitos humanos" deveriam valer unicamente para
os "humanos direitos".
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SÍNTESE DO TÓPICO (I) Os direitos humanos são os direitos universais de todo o ser
humano.
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
Caro professor, prezada professora, quando se estuda o Direito deparamos com o
conceito de "direito natural".
Esse aspecto dos estudos jurídicos remonta à ideia de direito inerente à natureza
humana.
Nesse sentido, os direitos humanos são considerados direitos inerentes a todos os
seres humanos, independente de raça, sexo, nacionalidade, etnia e religião.
Esses direitos estabelecem a vida, a liberdade de opinião e de expressão, o direito
ao trabalho e à educação.
São direitos inalienáveis à pessoa.
Neste tópico, é importante fazer uma reflexão sobre a importância da liberdade
religiosa que desfrutamos em nosso país, mas que em muitos outros, infelizmente,
irmãos nossos padecem perseguições sistemáticas e intensas praticadas pelo
Estado ou religião dominante.
Nessa oportunidade, a fim de enriquecer a sua exposição, traga dados atualizados
sobre essas perseguições.
O site da missão Portos-Abertas traz informações atualizadas, pois trata-se de um
movimento de auxílio aos cristãos perseguidos.
https://www.portasabertas.org.br/
Como seguidores de Jesus, precisamos ter a consciência de que neste momento
há milhares de irmãos em Cristo que são (serão) violados em seus direitos
inalienáveis.
Oremos pelos cristãos perseguidos!
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II. A BÍBLIA E OS DIREITOS HUMANOS
1. Direitos Humanos no Pentateuco.
Os cinco Livros de Moisés revelam o código divino e indicam a maneira de viver de
seu povo (Dt 6.1-9).
Nesses escritos há um arcabouço de concepções libertárias e igualitárias que
antecedem a muitos direitos que vão aparecer na Modernidade.
No texto do Pentateuco, Deus requer do povo de Israel:
- que o estrangeiro não seja maltratado (Êx 22.21),
- que a viúva e o órfão sejam protegidos (Êx 22.22} e
- que o pobre não seja explorado (Êx 22.25-26).
Tais preceitos eram estranhos ao Mundo Antigo e constitui-se numa espécie de
síntese da Tora: o cuidado divino para com os menos favorecidos e o valor da
dignidade humana.
2. Direitos Humanos nos Evangelhos.
A mensagem de Cristo presente nos Evangelhos resume-se na prática do amor a
Deus e ao próximo (Mt 22.37-40).
Durante o seu ministério Jesus quebrou vários paradigmas da cultura dominante.
Ao curar no sábado, Cristo colocou a dignidade humana acima do Legalismo (Mt
12.10-13).
Ao conversar com a Samaritana, Cristo se opôs ao preconceito étnico (Jo 4.9,10).
Ao jantar em casa de Levi, o publicano, Cristo rechaçou atitudes discriminatórias
(Mc 2.14-17).
Ao receber e abençoar os meninos, Cristo defendeu os direitos das crianças (Lc 18.15-
16).
Assim, a Palavra de Deus mostra que a fé cristã não está dissociada das necessidades
humanas.
3. Direitos Humanos em Paulo.
Em suas cartas, o apóstolo dos gentios reconhece o direito de igualdade entre as
raças, as classes sociais e o género (Gl 3.28).
O apóstolo também legitimou o uso dos direitos civis ao ser preso em Jerusalém,
quando ele evocou sua cidadania romana para não ser açoitado (At 22.25-29).
E ao perceber as manobras dos judeus para condená-lo sumariamente, o apóstolo
reivindicou o direito de um julgamento justo e apelou para César (At 25.9-12).
Assim, as Escrituras nos estimulam à defesa de nossos direitos e de nossa cidadania.
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SÍNTESE DO TÓPICO (II) Ao longo das Sagradas Escrituras, os fundamentos dos
direitos humanos são desenvolvidos.
SUBSÍDIO BÍBLICO-PEDAGÓGICO
Uma das narrativas mais tensas da Bíblia encontra-se em Atos 22.25-29, onde ela
descreve o momento em que romano.
O apóstolo estava prestes a ser açoitado por um centurião, quando decidida e
corajosamente perguntou: "É-vos lícito açoitar um romano, sem ser
condenado?"
O centurião não podia dar aquele tratamento ao apóstolo, pois este estava
investido da cidadania romana.
À Luz desse relato bíblico, reflita com os alunos a respeito da consciência dos
direitos do cidadão.
Essa consciência só é possível a partir da apreensão do conteúdo de nossa carta
magna: a Constituição Federal.
Neste documento, há um artigo que é considerado o coração de nossa carta: o
artigo 5°.
É o artigo que inaugura o texto constitucional que trata especialmente dos direitos
individuais e coletivos.
Nele, há três itens (VI, VII e VIII) que todo crente deveria ser consciente de sua
existência em nosso país.
São as nossas garantias constitucionais de liberdade de crença, culto e todo valor
religioso que podemos desfrutar em nossa nação.
Aprofunde-se no tema e conscientize sua classe a respeito desses direitos
fundamentais.
III. IGREJA E OS DIREITOS HUMANOS
1. A Igreja e o trabalho escravo.
O trabalho é essencial para o sustento da vida. Desde a Criação o trabalho está
presente na história da raça humana (Gn 2.15).
Sustentar a si mesmo e a família por meio do trabalho é uma dádiva divina e
dignifica o ser humano (Ec 3.13; Ef 4.28).
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No entanto, quando a carga horária é exaustiva, os salários são baixos e as
condições de trabalho são degradantes, a dignidade humana é violada e o trabalho
se torna em escravidão.
A igreja de Cristo não pode ficar insensível diante do trabalho escravo.
Há uma condenação direta e objetiva da Palavra de Deus, segundo Tiago, que
condena a exploração e a injustiça praticada contra os trabalhadores (Tg 5.4-6).
2. A Igreja e os prisioneiros.
Em 2014, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) do Brasil divulgou que a nossa
população carcerária era de 563.526 presos e que estavam encarcerados 206.307
prisioneiros além da capacidade de vagas.
Somado ao problema da superlotação, os presídios públicos também não
oferecem as condições mínimas de dignidade humana, higiene e salubridade.
Nosso índice de reincidência no crime é de 70%, o que demonstra a ineficiência
do Estado na ressocialização dos prisioneiros.
A igreja não pode negligenciar o seu papel de visitar e evangelizar os encarcerados
(Hb 133).
Por meio da ação dos servos de Cristo, os prisioneiros recebem dignidade e,
sobretudo, a salvação (Mt 25.36-40; Lc 4.19).
3. A Igreja e o problema social.
Os principais problemas sociais do Brasil são o desemprego, a precariedade de
moradia, a saúde, a segurança, a educação e outros.
Como resultado da ineficiência do Estado os índices de violência e de
criminalidade aumentam a cada dia.
É consenso que tais problemas são agravados pelo desvio das verbas públicas por
meio da nefasta prática da corrupção.
Habacuque, em sua época, constatou problemas similares: opressão, violência,
Litígio, impunidade, suborno e juízo distorcido (He 1.1-4).
O profeta tinha a consciência de que o mal a ser combatido era o pecado.
Assim como fez Habacuque, e como ensina o cronista, a igreja deve unir forças
para restaurar a nação por meio da confissão sincera e do clamor a Deus (2 Cr
7.14).
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A igreja local está imersa na realidade social de seus
membros.
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SUBSÍDIO DIDÁTICO
Após a exposição deste último tópico, faça uma discussão em classe.
Divida-a em três grupos e maneje cada um de acordo com os temas respectivos:
Grupo 1: igreja e trabalho escravo;
Grupo 2: igreja e prisioneiros;
Grupo 3: igreja e problema social.
Solicite que os grupos discutam os temas a fim de apresentar uma ideia prática de
como a igreja pode contribuir com a sociedade para amenizar esses problemas.
É importante que as propostas tenham fundamentação bíblica.
Ao terminar a discussão em grupo, dê um tempo de no máximo cinco minutos
para que cada grupo exponha as ideias à classe.
Encerre a aula lendo a regra de ouro que se encontra no Sermão do Monte:
"Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também
vós, porque esta é a lei e os profetas" (Mt 7-12).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nenhum outro livro tem enaltecido tanto a dignidade humana como o faz a Bíblia
Sagrada. As Escrituras revelam o amor de Deus sem acepção de pessoas (Jo 3.16; Rm
2.11).
A igreja é advertida em perseverar na prática do bem ao próximo (2 Ts 3.13).
E os que ficam impassíveis diante da violação dos direitos humanos são considerados
pecadores (Tg 4.17).