revista encontro 01 - dezembro de 2011

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Revista da Coordenação Arquidiocesana de Pastoral da Arquidiocese de Campinas. Sobre o Processo do 7º Plano de Pastoral Orgânica.

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Administrador DiocesanoMonsenhor João Luiz Fávero

Coordenador de PastoralPadre Bruno Alencar Alexandroni

Responsáveis pelo EncontroCoordenação Colegiada de PastoralCoordenação Arquidiocesana de Pastoral

AssessoresPadre Luiz Roberto BenedettiPadre João Augusto Piazza

Equipe Dinamizadora do 7º PPOMonsenhor João Luiz FáveroPadre Bruno Alencar AlexandroniCarmem Silvia VenturaDiácono Jamil Cury SawayaPadre João Augusto PiazzaPadre Jonas Barbosa da SilvaMárcia CarvalhoNadir Gonçalves de CastroRosilene MontagnerDiácono Sebastião Roberto de AbreuWanda Conti

Vivência (dinâmicas)Carmem Silvia Ventura

Secretários no EncontroFelipe M. Zangari FlorMaria Aparecida V. Duarte

Liturgia e AnimaçãoComissão Arquidiocesana de Liturgia

CronometristaJosé Alberto Macedo Nogueira

Filmagem e fotosAssessoria de ComunicaçãoMaurício Aoki (voluntário)

Infra estruturaNadir Gonçalves de CastroRosilene MontagnerDiácono Sebastião Roberto de Abreu.

MédicaDrª. Maria Emília S. Oliveira

Secretários e facilitadores nos gruposSem. Adilson José RibeiroSem. Amauri ThomazziSem. André Ulisses da SilvaAntonio Pereira JúniorSem. Antonio Rodrigues AlvesAparecida Palmeira da SilvaCarlos Roberto CecílioSem. Carlos Roberto de Oliveira JesusCícero Palmeira da SilvaClaudemir Batista de CamposSem. Claudiney Ferreira de AlmeidaSem. Cleber Rogerio RosaSem. Diego Fernandes dos SantosSem. Diego Nogueira Scarano

Eliana Carvalho PaesSem. Emerson GinettiSem. Fábio Fernandes dos Santos e SilvaSem. Fábio Luís FernandesSem. Fernando Marçola NevesSem. Jefferson de Oliveira MarquesSem. João Henrique C. StabileSem. João Henrique de Oliveira BentoPadre Leonardo Henrique PiacenteSem. Luan Flávio de OliveiraSem. Marcel Fabiano PradoMárcia CarvalhoMárcia SignorelliMaria Inês GonçalvesMaria Lourdes SantucciSem. Maurício Inácio da SilvaMessias RabettiSem. Nilo C. de Oliveira JúniorSem. Paulo César Nascimento dos SantosSem. Rafael Queiroz PereiraSem. Renato de Moura PetroccoVera Úrsula Gadioli CasarinWanda ContiSem. Wladimir Quintino da Costa

Assessoria de ComunicaçãoAssessor: Padre Rodrigo Catini FlaibamJornalista: Wilson A. Cassanti (MTb 32.422)Apoio: Nathália TrindadeArte: João CostaFotos: Bárbara Beraquet e Maurício Aoki

Editorial

Expediente

Esta é uma publicação especial da Coordenação de Pastoral da Arquidiocese de Campinas,

sobre o Encontro Arquidiocesano realizado no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba.

Esta publicação está disponível no site da Arquidiocese de Campinas, www.arquidiocesecampinas.com.

Prezados irmãos e irmãs.Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

No dia 1º de abril de 2010, Quinta-feira Santa, naMissa do Crisma celebrada na Catedral Metropolitana,Dom Bruno Gamberini, nosso Arcebispo, entregou àArquidiocese a publicação do 7º Plano de PastoralOrgânica. Na apresentação, Dom Bruno nos dizia que“unidos ao Bispo desta Igreja trabalharemos numavinha fértil e abençoada, desejosos de evangelizar eimplantar neste chão a justiça, a verdade, o amor e apaz do Reino de Deus”.

Pouco mais de um ano após a promulgação doPlano, Dom Bruno partiu para a Casa do Pai.Conscientes da nossa missão, continuamos unidos notrabalho que nos foi confiado de construir a sociedadesonhada por Deus e anunciada por Jesus.

Essa revista que publicamos hoje, na Festa de NossaSenhora da Conceição, Padroeira da Arquidiocese deCampinas, é mais um instrumento valioso no processode implementação do nosso Plano de Pastoral.

Aqui está contida toda a riqueza que foi o Encontrode Formação realizado no Mosteiro de Itaici, na cidadede Indaiatuba, nos dias 16 a 18 de setembro passado.

Participaram repre-sentantes de todas asforças vivas de nossaIgreja Arquidiocesanaque, na convivênciafraterna de irmãos eirmãs em Cristo Jesus,partilharam experiênciasnesse processo deimplantação do Plano, na busca de concretizar a missãode anunciar o Evangelho como autênticos discípulosmissionários.

Nosso objetivo, com essa primeira publicação, éque toda a Arquidiocese partilhe das indicações denossos assessores e dos trabalhos dos grupos e a usemcomo mais uma luz que ajuda a iluminar os nossoscaminhos na concretização do 7º PPO.

Que Deus Pai, Filho e Espírito Santo continue anos abençoar, sob a proteção materna de Nossa Senhorada Conceição.

Padre Bruno Alencar AlexandroniCoordenador de Pastoral08 de dezembro de 2011

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A realização de um evento

como o EncontroArquidiocesano que aconteceu

no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba,no período de 16 a 18 de setembro de2011, foi o resultado de um longoperíodo de preparação. É importantedestacar que este Encontro não foi umacontecimento isolado, mas parte doprocesso de implementação do 7ºPlano de Pastoral Orgânica, emvigência na Arquidiocese de Campinas.

Sentiu-se a necessidade derefletirmos sobre como estamosvivendo a missionariedade da Igreja.Foi uma oportunidade para conhecer epartilhar experiências.

Considerando esse contexto, foiimportante a proposição do Objetivodo Encontro, que refletido e aprovadopela Coordenação Colegiada dePastoral - CCP, ficou assim definido:“Aprofundar e comparti lhar asexperiências pastorais, na vivência do7º PPO, na perspectiva de uma IgrejaDiscípula, Missionária e Profética,alimentada pela Palavra e Eucaristia”.O tema escolhido foi DiscípulosMissionários de Jesus Cristo.

Uma vez definido o Objetivo, foinecessário pensar que estratégias usarque favorecessem sua concretização.A Equipe Dinamizadora do 7º PPOpropôs então que o Encontro seorganizasse em torno de Assessorias,trabalho em grupos, miniplenários eplenário, intermeados e sustentadospelos momentos de Espiritualidade,Adoração do Santíssimo e Eucaristia.

As Assessorias estiveram a cargodos Padres Luiz Roberto Benedetti eJoão Augusto Piazza que abordaram atemática do Discipulado e daMissionariedade, levando em conta arealidade urbana onde acontece, defato, a ação evangelizadora.

A propósito do trabalho nosgrupos, vale destacar que foramorganizados em torno dos três eixos

Apresentação

do 7º PPO: Acolhimento, Renovação eServiço, com 10 diferentes temas:

a Palavra de Deus: o nascer dacomunidade;

a Acolher para ser Igreja. Povo deDeus;

a Eucaristia: comunhão com Deus,com o próximo e partilha com todos;

a Rede de Comunidades / IgrejaComunhão / Partilha;

a Missão / Discipulado em uma Igrejatoda Ministerial;

a Formação / Itinerário Catequético =uma nova atitude;

a Comunicação: realidade e desafios;a Pobre: Opção Evangélica e Solidária

da Igreja;a Ecologia: Vivência, Educação,

Profecia;a Misericórdia: Vida em abundância

para todos, em especial as situaçõesde sofrimento.

Nos grupos foi solicitado aosparticipantes que respondessem a duasquestões:

1. Que experiência pastoral temos paracomparti lhar e como ela estáacontecendo?

2. Como aprofundar o nosso viver e anossa ação evangelizadora?

Para esta atividade houve aindicação de que fossem levados emconta o subsídio enviado previamenteaos inscritos no Encontro (DiretrizesGerais da Ação Evangelizadora 2011-2015, de 30 a 36) e a reflexão dosassessores.

Os frutos do trabalho referente àsegunda questão foram partilhados nosminiplenários organizados por Eixo e areflexão foi então apresentada noPlenário, assessorado pelo MonsenhorJoão Luiz Fávero, no domingo, dia 18de setembro, pela manhã.

Durante a realização do Encontroforam propostas algumas vivênciascom o objetivo de favorecer oentrosamento entre os participantes ehouve a exibição do filme “Homens eDeuses”, após o momento de Adoraçãodo Santíssimo.

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O nosso encontro tem como

objetivo analisar oandamento do 7º Plano dePastoral e, ao mesmo tempo,

buscar novos passos, criar novasenergias, abrir perspectivas e corrigirpossíveis erros de rota.

Lembro-me de ter colocado, notexto preparatório, que um planodificilmente pode ser elaborado nosseus mínimos detalhes, em razão dacomplexidade crescente da situaçãoem que vivemos como região metro-politana. E mais, que era necessáriocriar linhas de força, ideias-progra-máticas a serem operacionalizadas nosvários níveis institucionais.

Gostaria que todos tivessempresente esta afirmação por duasrazões. De um lado, a exigência deação conjunta em torno de desafioscomuns, de um objetivo comum, o que,aliás, o 7º Plano contempla; de outro,há que se ter claro, que há uma perdacrescente e incessante da capacidadepor parte das instituições de forjareme imporem aos indivíduos padrões deconduta, visões de mundo, de dar aeles uma identidade.

Há tempos que a identidade dosindivíduos não é dada pela religião e,

hoje, nem mesmo pelo trabalho, pelaprofissão, como no tempo docapitalismo industrial. Isso pode sersentido até no linguajar cotidiano daspessoas, constituído de pequenasnarrativas ligadas a fatos como acasinha em que se mora, a vida dosfi lhos, suas conquistas maissignificativas, as suas aquisições, quesão referências ao que se tem e não

discutido nos vários níveis. Existemconstatações comuns, como adificuldade de se confrontar com onovo religioso-cultural, o cansaço doscristãos engajados (quase sempre osmesmos há muito tempo) e a ausênciade perspectivas, de horizontes novos,a repetição do mesmo, a persistentevolta ao passado e o apego a umpassado-modernizado.

Nessa realidade há uma grandeideia-força, a missionariedade. Épreciso evangelizar, ser discípulomissionário num mundo que se tornouterra de missão. A expressão discípulomissionário, que pode acabar sendoesvaziada se repetida e transformadanum bordão, vem acompanhada deoutra, a mudança de época.

Seria muita pretensão de minhaparte analisar tão brevemente essamudança de época. Mesmo porque asanálises seriam conflitantes entre si.O sociólogo polonês Zygmunt Bauman,um arguto observador da realidadeatual, nos fala em tempo líquido, amorlíquido, modernidade líquida, medoslíquidos. Para ele, acontece a quebrade qualquer solidez, firmeza, coesão,fidelidade e as relações se tornampassageiras, efêmeras, vagando aosabor do gosto pessoal. Todas as insti-tuições estão em crise, a começar pelafamília. Mas, ao mesmo tempo, há abusca da comunidade, lugar de refúgio,de salvação e perigo ao mesmo tempo.O perigo é claro com as comunidadesvirtuais ou fundamentalistas e fechadassobre si mesmas, constituídas porindivíduos desnorteados que buscamno apego ao mundo “pronto” e muradouma fortaleza que é preciso defender,e não importa como.

O fi lósofo francês Gil lesLipovetsky, no livro A sociedade dadecepção, diz que “Numa era deracionalização, de descrença e dedesinstitucionalização da religiosidade,nada mais normal que o aparecimentode seitas, movimentos de fanatismo,fundamentalismo e integrismo. A faltageral de referência levaria uma partedas populações de todos os cantos domundo a apostar em referênciasextremas e dogmáticas. Faz sentido.O medo do vazio quase sempre leva àbusca do excesso de presença”.

Discipulado

Há tempos que a

identidade dos indivíduos

não é dada pela religião.

ao que se é, mesmo profissionalmente.Isso é um sintoma das mudanças pelasquais passamos. Na época em queestamos, a do capitalismo financeiro,as identidades mudam e podemosdizer, de maneira radical, que oconsumo condiciona e, até certo ponto,determina a identidade dos indivíduos.

Procuro acompanhar a vida daIgreja e, no caso específico deCampinas, todo o material enviado e

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Como não dá para analisar essamudança exaustivamente, apontoalgumas características e chamo aatenção para as chances que tornamurgente, amplo e inclusivo o apelomissionário. O evangelizador é,também, um destinatário da missão eexperimenta na carne esse mundo. Épreciso dizer sem subterfúgios que opróprio evangelizador está em crise etende a se refugiar na instituição, nafórmula pronta e na receita.

A decisão pessoalem um mundo pronto

Começo com uma citação doCardeal Karl Lehmann, até poucotempo Presidente da ConferênciaEpiscopal da Alemanha, em umaentrevista publicada no site IHU. Diz oCardeal que “...na situação atual,convergem desdobramentos que estãoem curso há anos. A ‘Igreja do povo’como existia até agora, está mudandoe adquire novas dimensões. A fé seapresenta sempre mais como umarealidade baseada na decisão doindivíduo. Algumas das dificuldades sedevem ao fato de que se esfacelaramos ambientes religiosos e culturaisdentro dos quais foi possível viver atéagora a própria fé”.

Ele falava, é claro, da situação decrise da Igreja europeia. Concluíadizendo que a crise de confiança, naIgreja, é uma crise de fé. O Cardealfalava, então, que a fé se apresentasempre mais como uma realidadebaseada na decisão do indivíduo.

O historiador francês LucienFebvre, em seu livro O problema daincredulidade no século XVI - a religiãode Rabelais, após descrever comminúcias o universo religioso medieval,diz que “tudo isso mostra a Igrejaestabelecida em pleno coração da vidados homens, de sua vida sentimental,de sua vida profissional, de sua vidaestética, se se pode empregar estagrande palavra: de tudo o que osultrapassa e de tudo o que os liga, desuas grandes paixões, de seuspequenos interesses, de suasesperanças e de seus sonhos... Tudoisso se faz sem que se pense. Sem queninguém nem sequer levante a questãode saber se é possível, se deve ser deoutra maneira. As coisas são assim.Desde tempos imemoriais”.

Então, o Cardeal Lehmanndiz que “a fé se apresentasempre mais como umarealidade baseada nadecisão do indivíduo” eLucien Febvre contrapõe-se àsituação do século XVI,quando “tudo isso se fazsem que se pense”.

As Diretrizes Gerais daAção Evangelizadora daIgreja no Brasil mencionamesta mudança radical edizem no nº 88: “As pessoas,hoje, ciosas de sua liberdadee autonomia, querem seconvencer pessoalmente,desejam discutir, refletir,avaliar, ponderar osargumentos a favor e contradeterminada visão, doutrina ou norma”.

Esta passagem não afeta apenasa religião católica. Pouca gente se deuconta da pesquisa do IBGE, ainda nãopublicada oficialmente, que apresentaum dado novo, o do surgimento deevangélicos não praticantes, de cercade 4 milhões de pessoas, em umpercentual que subiu de 0,7 para 2,9%.Isso só é possível porque o universo

em uma única direção, dizendo quesomos consumistas, individualistas,indiferentes, fundamentalistas e sairtirando conclusões de cunho moralistaou exortações piedosas.

O indivíduo é livre para fazer o quequiser, como nunca antes teve estaliberdade. Mas, ao mesmo tempo, eleestá frustrado. Nós somos sempre omais e o menos ao mesmo tempo.Cada um é livre mais que antes paraexpressar desejos e nunca houve tantadepressão. Nunca se buscou tanto oprazer e nunca se sofreu tanto por nãose conseguir uma vida feliz. Nunca noscomunicamos tanto e nunca nossentimos tão sós. Criamos blogs paracontar nossa vida, interagir sobrecoisas que antes só falávamos àfamília, amigos, vizinhos e mesmo aopadre.

É preciso ser bem sucedido e feliz.Mas não temos mais a obrigação debuscar o paraíso e fugir do inferno. Opesadelo do pecado e das imposiçõesmorais cada vez nos atormentam menos.

A grande infelicidade, hoje, é aimposição de ser feliz, em um mundono qual a decepção é diretamenteproporcional ao desejo. É preciso serfeliz aqui e agora, esquecendo opassado e não vivendo em função dofuturo. É viver o presente, o agora, o“instante eterno”, título de um livro dosociólogo francês Michel Maffesoli, quenos diz que é viver o “instante eterno”é “Empunhar a vida, o que ela nosoferece, o que se apresenta.Exuberância pagã que se aproxima dosgozos do presente, levando a uma vidaaudaz, intrépida, a uma vida

Não temos mais a

obrigação de buscar o paraíso

e fugir do inferno.

espiritual está tomado por gente queconstrói sua fé sem seguir a cartilhada denominação religiosa. Se outrorao padre ou pastor produziam sentido àvida das pessoas de muitascomunidades, atualmente celebri-dades, empresários e esportistas, sópara citar três exemplos, dividem esseespaço com essas lideranças.

A pergunta que surge para nós é:onde as pessoas buscam sentido paraa sua vida e, ainda, como isso afeta areligião?

Antes de responder a estaquestão, é preciso olhar o mundo eentender as suas contradições nocotidiano da vida. As grandes teoriasexplicativas da realidade, da história,deram lugar a análises do cotidianovivido. Não podemos ver a realidade

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atravessada pela frescura do instante,no que este tem de provisório, deprecário e, portanto, de intenso”.

Ser feliz aqui e agora! Esquecer a“sociedade do adiamento”! Esquecer o“adiamento do gozo”, da fruição dafelicidade. Adiamentos presentes na açãopolítica, ou mesmo, no projetoprofissional. A felicidade é, num certosentido, substituída pela “arte de viver”.A própria ideia de liberdade se minimaliza,pois é preciso ser livre nas pequenasliberdades, presentes nas brechas dasimposições sociais; relativas, efêmeras,expressas em verbos como surfar,marolar, “ficar”, zapear...

Fica claro que tudo isso implica,ou caracteriza, duas marcas dasociedade que estão na raiz da urgênciado empenho do discípulo missionário:o individualismo e o consumismo.Duas faces da mesma moeda, doisaspectos da mesma realidade social eindividual. Para entender isso é precisovoltar um pouco atrás no tempo.

Individualismo e Consumismo

As contradições a que me referiocorrem em uma sociedade cujadesigualdade social e econômicagritante ameaça destrui-la. Umasociedade na qual grupos financeirosvivem de produzir dívida e ganhar comela, no dizer do sociólogo espanholManuel Castells. Quem falará pelospobres quando sobrevivem e crescemos especuladores financeiros e o mundose ordena em função deles, ou melhor,eles “ordenam” o mundo de acordocom seus interesses e sua força sesobrepõe a todas as instituiçõespolíticas, mesmo o Estado?

É esta sociedade que nos põe faceàs exigências evangélicas. E é bomlembrar disso quando falar dos pobresna Igreja é quase heresia ou motivode troça ou ocasião para desencargode consciência... Nessa sociedade,mais que nunca, a Igreja encontra oseu lugar e deve buscar como exercersua missão específica, que é clara em

termos bíblico-teológicos, mas difícilem termos operacionais.

Feita esta lembrança voltemos aotema do individualismo consumista.

Quanto mais as sociedadesenriquecem, mais aparecem novas“vontades” de consumir. Podemosconsumir para viver ou, no outroextremo, viver para consumir. Hoje,quanto mais se consome mais se querconsumir. A esfera das satisfações sealarga cada vez mais e a saturação levaa novas procuras.

A explicação do consumo tevecomo modelo as ideias do crítico socialThorstein Veblen, presentes no livro “Ateoria da classe ociosa”. Ele procuravamostrar como o consumo sedesprendia cada vez mais danecessidade do uso, dautilidade dos produtos paratornar-se sinal de distinçãosocial. Servia para mostrara superioridade enquantoclasse social. Os “carrões”americanos, cheios de itensde gosto duvidoso, nãotinham “util idade”. Suafunção era mostrar umstatus superior, um lugarsocial distinto. Um consumoostentatório. Segundo ele,as pessoas que se livram dalinha de subsistência nãobuscam propósitos úteis,expandir sua vida, viver commais sabedoria, compre-ensão, mas querem impres-sionar as outras pessoasmostrando que tem esseexcesso, que tem mais queos outros. Dava como exem-plo o fato de famílias que seprivavam do leite para ascrianças a fim de comprargasolina para o carro.

Mas os anos 60-70puseram em cheque essateoria. Consumia-se para teruma vida melhor. Buscava-se conforto, prazer, satis-fação, facilidade, como-

didade. E isso, para os críticos dasociedade de consumo, anulavaqualquer ímpeto transformador darealidade. Acomodava, anestesiava,entorpecia. A própria classe operáriaamericana aderia a esse sistema e oreforçava, no dizer do sociólogo efilósofo alemão, naturalizado norte-americano, Herbert Marcuse. O con-forto, garantido pelo consumo, geravaacomodação. Havia a contestação, masnão era orientada por um projetopolítico claro. A defesa das drogas, o“faça amor não faça a guerra” ligavam-se à liberação de direitos individuais.

Então, há uma fase em que seconsome o necessário para viver, ondedá-se importância aos objetos quedevem ser úteis e duráveis. Numsegundo momento, eles devem sersinais distintivos de classe social.

Hoje, estaríamos vivendo umterceiro momento, que é o doconsumo privatizado. As neces-sidades obedecem a fins, gostos e

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critérios individuais. Uma lógicadesinstitucionalizada, subjetiva eemocional. Quero ser eu mesmo. Queroviver, não me exibir. Olhemos as frases“tô na minha”; “ele se acha”... Oconsumo obedece a uma lógica de“felicidades privadas, otimização denossos recursos corporais e relacionais,a saúde ilimitada, a conquista deespaços-tempos personalizados”, dizLipovetsky.

A dinâmica do consumo é asatisfação subjetiva, pessoal eindividual. Ela sobrepuja a necessidadede competir com os outros. Buscamosalgo “que tenha nossa cara”, que separeça conosco. Castells diz que omodelo consumista busca o sentido davida, comprando-a a prestações.

Os objetos são padronizados, osgostos são criados, há a moda, massempre em nome da satisfação e desentir sendo “eu mesmo”. O filósofo esociólogo francês Jean Baudrillard dizque a sociedade de consumo é aquelana qual na vitrine o individuo secontempla a si mesmo. Mas mesmo osobjetos padronizados da moda tem queter um toque pessoal, ser“customizados”, isto é, afirmar oindivíduo enquanto indivíduo, namedida que o padronizado deve serpersonalizado, adaptado ao gosto ecaracterísticas individuais. Tem que terum registro de “diferencialidade”. Eutenho que sentir que eu sou eu,mesmo quando obedeço à últimamoda.

As lojas, mais do que oferecerobjetos úteis, devem provocar umaexperiência sensorial total, umaemoção diferente, ter uma cenografiaprópria. Fazer o indivíduo viver o gostode uma aventura pessoal, de ter umaimagem positiva de si mesmo,gostando cada vez mais de si que dosoutros.

Eu exagerei um pouco paraenfatizar que o novo individualismoconsumista é radical: o outro não contanem para competir. Amar: sim, massem compromisso.

E a religião?

A religião permanece, com doisaspectos principais.

Primeiro, ela permanece comosubstrato profundo da cultura. Ela éevocada até para aquilo que atransgride, até para sua profanação.Uma propaganda de motel ilustra bem.O outdoor, presente nas entradas dacidade de Campinas e em pontosestratégicos, como entrada deuniversidades, começa com umapergunta: Pecado? E mostra doisjovens seminus, corpos perfeitos,altamente erotizados. Depois de passaros olhos pelos corpos vemos aresposta: Pecado é não conhecer omotel X.

O segundo aspecto é que a religiãosofre uma mutação interna, nãoapenas na escolha individual, mas nasraízes da escolha. Ela se situa no que

O enfraquecimento das instituiçõesreligiosas, de suas capacidadesorganizativas com estruturas pesadas,imóveis e imobilizadoras, levam a umaindividualização crescente do crer e doagir. É a relativização das crenças.

Naturalmente, crer não éconsumir. Há toda uma tradição vivida,uma busca do essencial, do divino, dosentido profundo do mundo e dahistória que marca o espírito de fé eisso nada tem a ver com o espírito doconsumismo. Mas isso não pode noscegar para o fato de que o renascerreligioso contemporâneo não deve sermarcado pelos sinais doturboconsumidor experiencial, descritopor Lipovetsky: “participaçãotemporária, incorporação comunitárialivre, comportamentos a la carte,primado do bem-estar subjetivo e daexperiência emocional”.

A Comunidade

Um manifesto de 240 professoresde teologia da Alemanha, publicado nosite IHU, fala sobre o assunto: “Ascomunidades cristãs devem ser espaçosnos quais as pessoas partilham bensespirituais e materiais. Mas atualmentea vida das comunidades se desfaz. Soba pressão da escassez de sacerdotes,constroem-se unidades administrativascada vez maiores - paróquias nas quaisjá não se pode experimentar aproximidade e a pertença. Identidadeshistóricas e redes sociais construídassão abandonadas”.

Causa espanto pensar que umaexperiência pioneira como as das VilasPlanejadas, aqui em Campinas nadécada de 80, tendo como marca ocolégio presbiteral, o envolvimento dasreligiosas(os), leigos em clima deigualdade e respeito à própria vocaçãoe função ministerial na vida da Igreja,nunca tenha sido objeto de umaavaliação de toda a Igreja local.Absorvidas pelas paróquias, asreligiosas(os) voltaram para seusconventos, ou equivalentes, os leigos

A religião sofre uma

mutação interna, não apenas

na escolha individual, mas

nas raízes da escolha.

Lipovetsky chama de “mercado daalma” e “farmácia da felicidade”. Menosque propor um ideal, um projeto devida, um sistema expressivo (crer,viver, celebrar) a religião busca darrespostas às decepções com relação àspromessas não cumpridas pelasociedade secular ou, então, deproporcionar elementos e experiênciasque possibilitem o desabrochar doindivíduo, na forma de autoajuda. Elanão se contrapõe à sociedade deconsumo. Amolda-se a ela. Pode-segostar de paramentos luxuosos... demissa em latim! Ainda mais, atémesmo a espiritualidade é comprada evendida.

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e sua missão no mundo cada vez maisentregues a ministérios em torno doaltar. É um retrato impressionista,talvez subjetivo demais, mas, dequalquer forma, é expressão de umaperda. Passados mais de trinta anos,os laços comunitários criados sãorevividos, por nós que participamos,em jubileus, hospitais, velórios,aniversários. Ao encontrar pessoas,distantes umas das outras no tempo eno espaço, unidas novamente pelasolidariedade de alegrias e dores, aoparticipar de celebrações coletivas emplano diocesano, como não pensar emchances perdidas?

Talvez pensemos em comunicaçãoquando falamos da missionariedade daIgreja. Comunicar necessariamentenão significa envolver. Pode setransformar em pura forma de expandire dar a conhecer atos e medidasadministrativas. Chamou-me muito aatenção uma entrevista do pensadorRegis Debray. Ele estabelece umaoposição entre transmissão ecomunicação.

A comunidade brota e necessitade uma transmissão. A comunicaçãoconsiste em fazer circular umainformação no espaço em ummomento. A transmissão é portar umainformação no tempo, isto é, construiruma duração, uma tradição, umamemória... Além disso, umacomunidade humana sempre supõe umponto de coerência, um ponto criadorde laços, que pode ser um texto, umafigura heroica, um evento, enfim algoque reúne vivencialmente. E o quereúne é chamado de sagrado. Nãoresisto à tentação de citar o tríduopascal “aqui nos reuniu o amor deCristo, alegremo-nos e n´Elerejubilemos... E amemo-nos nalealdade do coração”. Aliás, quedistância entre essas maravilhas e ossentimentalismos modernosos pós-comunhão. Intermináveis!!!

Sim, há perigos e aqui sociólogos epastoralistas convergem. O risco denossas comunidades se transformaremem guetos, de caráter étnico, religioso,ou duas coisas juntas. As Diretrizesalertam: “Contradiz profundamente adinâmica do Reino de Deus e de umaIgreja em estado permanente de missãoa existência de comunidades cristãsfechadas em torno de si mesmas, semrelacionamento com a sociedade emgeral” (nº 80). “Comunidade implicanecessariamente convívio, vínculosprofundos, afetividade, interessescomuns, estabilidade e solidariedade nossonhos, nas alegrias e nas dores” (nº 59).

O Padre Benedito Ferraroapresentou números, dolorosos, quecorroboram o que foi apenas acenadopor mim na questão da desigualdade.Além desse enriquecimento lembrouque os “pied noirs”, assim chamados demaneira discriminatória, não sãoviolentos. Respondem, sim, a umaviolência de que são vitimas.Realmente, o termo violência para mereferir a eles, foi mal empregado. Narealidade, o que quis dizer, nesseexemplo que me ocorreu durante acomunicação, foi que a ação dos “pésnegros” (descendentes de imigrantesafricanos das ex-colônias francesas) era

Alguém se referiu ao movimentocarismático. Eu disse que o risco era quese ficasse num plano puramenteemocional e que com o fim da emoçãotudo acabasse. É preciso reconhecer,entretanto, que para muitos foi o iníciode uma caminhada de fé cada vez maisconsciente e participante. E é precisoreconhecer que nas paróquias ecomunidades são generosos ededicados nas tarefas que lhe sãopedidas. E, mais ainda, emoção énecessária como componente dehumanidade. Eu falei, também, de riscoscomo tantos que valorizam o grupo deoração, que gostam, sentem-se bem,

Questões dos participantes

uma reação instintiva. Na realidade,queria contrapô-la às formas de reaçãoorganizada e com certo patamar depermanência. Quanto à explicação dadesigualdade, concordamos. Sua raiz éeconômica (a sociedade de classes). Ogrande drama é que a teoria das classessociais já não dá conta dacomplexidade da situação atual. Semperder validade, ela não dispõe deinstrumentos analíticos que permitamoperacionalizar uma ação organizadaem níveis cada vez mais abrangentes.Os próprios especuladores (sob oeufemismo de investidores), comoGeorge Soros, dizem que semmecanismos de controle é a sociedadetoda que corre riscos. Estão naquelasituação de dar os anéis para nãoperder os dedos. Quanto à organizaçãoda classe operária, é, sim, indispensávele necessária. Só que mais difícil quenunca, face à situação.

porém a missa é obrigação a que muitosse desobrigam.

O Padre Eugênio Pessato apresentoudados de uma pesquisa, limitada ao seuterritório de atuação paroquial, quecomprova o que foi dito na colocação.Aqui, é necessária uma referência ao valordesse gesto: é parte da ação missionáriao conhecimento da realidade.

O Padre José Arlindo de Nadaipergunta sobre a conveniência de dividir aparóquia por setores. Acredito que atentativa de criar grupos, de animarconvivência e partilha, é necessária noambiente burocrático-administrativoparoquial. Mas se o critério for puramentegeográfico, ainda ficamos na mesma.Grupos em torno de “interesses”, nosentido sociológico do termo, que vai muitoalém do campo puramente material. Incluiaspirações, desejos, emoções, estilos devida, numa palavra, modo de“experimentar” o mundo e viver a História.

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Assessoria: Quais são as mudanças sociais

que desafiam hoje a Igreja?

Padre Benedetti: Primeiro é constatar que aIgreja enfatiza quase que em todas as linhas,palavras e momentos, públicos e particulares,a necessidade da evangelização, traduzidaagora como ser discípulo missionário. Hojenós não vivemos mais em uma sociedadecristã, no sentido que as estruturas moldavamo cristão e pertencer à sociedade e à religiãodessa sociedade era a mesma coisa. Hoje areligião, como tudo, é uma escolha individual.Mas é uma escolha feita por um indivíduo quese redefine. Não é um indivíduo que se pensacomo indivíduo a partir de esquema de mundo,de sentido, visões da história, teorias sobre omundo, religiosas ou não. É um indivíduo quebusca sentir-se bem consigo mesmo. Issoatinge diretamente a religião, porque se elanão responde a essa necessidade individualou se o questiona, o indivíduo vai buscar outraque dê a resposta que ele espera ou, também,uma religião que o ajude a ser rico, como tem,por exemplo, alguns grupos evangélicos, ou,ainda, como grupos que se defendem dessemundo, são fieis e firmes, como aCongregação Cristã do Brasil. Temos esseuniverso do mundo que precisa serevangelizado desde as raízes porque ohomem, hoje, é outro. Não há uma mudançaextemporânea dentro de uma situação depermanência, mas é uma mudança de épocae não uma época que ocorre mudança.

Assessoria: O princípio das religiões não é

buscar a felicidade? Que mal há nisso?

Padre Benedetti: A felicidade é aquilo quemove toda a ação humana. Aristóteles tem atéa afirmação clara, a da harmonia, a felicidadecomo a razão de ser de toda a ação humana.O problema é que se busca a felicidaderefugiando-se em si mesmo, desconhecendoa sociedade e os outros. Quando você desejaser feliz de uma maneira que não correspondeà humanidade da qual você faz parte, vocêse transforma em um sujeito que, quanto maisbusca a felicidade, mais se decepciona. Euleio muito o filósofo francês Lipovetsky, quediz que não podemos ser negativos quandoanalisamos a sociedade, mas temos que veras contradições. E ele deixa isso muito claro.Você tem, sim, que buscar a felicidade, queprocurar um nível de consumo que respondaàs suas necessidades, mas, ao mesmo tempo,você tem que pensar que tudo isso convivecom possibilidades de decepção. Quando

Entr evista

coloca a felicidade como obrigação, ela setorna uma imposição a mais porque ela nãotolera a decepção.

Assessoria: Como podemos conviver com a

realidade do consumismo desenfreado?

Padre Benedetti: Há a necessidade deconviver, mas tendo o senso e o timing dahistória pessoal de cada um e, principalmente,quanto às crianças, tem que ter o exemplo dospais. Se o pai e a mãe alimentam oconsumismo, não tem saída. Eles têm que tera capacidade de perceber e colocar umquestionamento no meio, sem imposição,sobre a real necessidade disso ou daquilo. Umexemplo. Uma criança vai a um supermercadoe faz birra, quer a coisa mais cara. Cabe aospais mostrarem que não têm condições decomprar o mais caro, mas que pode comprar,por exemplo, dois mais baratos e dar um paraquem não tem possibilidade de comprar nemo mais barato. Desde pequena, a criança vaiaprendendo a ter algo mais simples e estásendo questionada sobre a situação queestamos vivendo. Mas existirão momentos queisso vai ser fonte de frustração e vai levantarnovas perguntas. Por isso é preciso ter otiming do momento e não moralizar ou impor,mas ter sensibilidade para questionar.

Assessoria: A nossa Igreja, muitas vezes,

falha no acolhimento ao ter respostas prontas

para muitas solicitações dos fieis, deixando

de atender com a caridade. Isso também é

uma realidade que estamos vivendo?

Padre Benedetti: Eu não posso afirmar ougeneralizar esta afirmação, primeiro porquenunca estudei ou pesquisei sobre isso, e,

depois, porque eu seria injusto com muitaspessoas e comunidades. Mas eu não possonegar que, pessoas que me procuram, sequeixam porque foram apresentar algum tipode problema e o padre disse que a Igrejadetermina isso e acabou e se não quiseraceitar, que vá buscar outra religião. Isso,evidentemente, não é resposta e isso existe.Dizer que a Igreja diz isso ou aquilo é fácil,mas ela o faz com alguma finalidade buscandoa vivência do evangelho, assim como oevangelho questiona o que a Igreja diz.

Assessoria: O que deve ser feito a partir

dessa realidade que o senhor apresenta?

Padre Benedetti: Eu penso que, primeiro, nóstemos que pensar as estruturas da Igreja, quesão pesadas e impõem pesos, são imóveis eimobilizam. As estruturas de formação dosseminaristas se reproduzem depois nasparóquias. Esse eixo estruturado e estruturanteprecisa começar a mudar em uma perspectiva,por exemplo, de repensar a questão ministerial.Não no sentido de desaparecer o padre queeu sou ou o tipo de padres que nós somos,mas começar a pensar em uma forma de padrediferente. Segundo, é bom setorizar, criarrelações, porque a situação que estamosvivendo não preocupa só os cristãos. A imagemde que os jovens são felizes, por exemplo, éfalsa, porque eles estão em uma cultura quefavorece os grupos econômicos, mas háfrustrações pessoais, há buscas pessoais... Ea Igreja tem que se preparar para dar umaresposta a essa ansiedade da juventude, nãouma resposta em nível de padre somente,apenas, mas em uma discussão coletiva, emgrupos dentro da paróquia.

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F oi com grande alegria que acolhio convite para refletir nesteencontro de estudos da nossaArquidiocese de Campinas,

compartilhando um pouco daquilo quetenho lido e estudado junto àComunidade que presido.

A Igreja tem sempre uma palavra,uma direção, um chamado e um desejode posicionar-se, de não se esconderou se acomodar, mas de ser e estarpresente no mundo para realizar a suamissão.

É assim que o documento deAparecida deve ser visto por nós, comoIgreja, como um momento em que osnossos pastores da América Latina, soba luz do Espírito Santo, orientaram acaminhada da Igreja, inspirando oObjetivo Geral da Ação Evangelizadorada Igreja no Brasil, que traz, na suaintrodução, a razão de ser da Igreja,que é Evangelizar a partir doencontro com Jesus Cristo.

Nós, em Campinas, assumimos oObjetivo Geral da Igreja do Brasil, quetêm a sua riqueza desenvolvida aolongo do 7º Plano de Pastoral Orgânica,com preciosas orientações, aos moldesdo Documento de Aparecida. Além doencontro com a pessoa de Jesus Cristo,o próprio objetivo já determina amaneira como devemos nos colocar.Somos chamados a estar constan-

Missionariedade

a ação de Deus já está acontecendo. Atransmissão da fé nos lança não apenaspara a ação presente, mas comperspectiva de futuro. É essa a razãopela qual esta verdade precisa serresgatada na nossa vivênciaevangelizadora.

Ser Missionária é a grande marcada Igreja nesses dois mil anos, que foise enfraquecendo com oscontratempos e as acomodações dostempos. E nós temos a tentação defazer as outras pessoas iguais a nós,de fazer o quê e da forma que fazemos,de se organizarem como estamosorganizados. Tudo está pronto eacomodado e vai se repetindo, sereproduzindo e se mantendo, porqueesta é a nossa segurança.

A Conferência de Aparecida e anossa caminhada pastoral a partir do7º PPO, nos interpelam a uma novapostura. Para entender esse processo,peço que vocês prestem atenção emcomo se forma um paradigma (modelo,padrão ou exemplo a ser seguido) paratermos como referência na nossareflexão.

Um grupo de cientistas colocoucinco macacos em uma gaiola e nomeio dela uma escada com bananasno alto. Cada vez que um dos macacos

começava a subir a escada, umdispositivo automático fazia jogar águagelada sobre os outros macacos.Passado certo tempo, toda vez quequalquer um dos macacos esboçavasubir a escada, os demais oespancavam, evitando, assim, a águagelada. Obviamente, após certo temponenhum dos macacos se arriscava asubir a escada, apesar da tentação. Oscientistas, então, substituíram um dosmacacos. A primeira coisa que o novomacaco fez, foi tentar subir a escada.Imediatamente os demais começarama espancá-lo e, após várias surras, onovo membro aprendeu a não subir aescada, embora jamais soubesse arazão. Um segundo macaco foisubstituído e ocorreu com ele o mesmoque com o primeiro, que tambémparticipou com os demais doespancamento. Um terceiro macaco foitrocado, e o mesmo aconteceu. Assim,foram todos substituídos, um de cadavez, e a cada troca repetia-se oespancamento dos novatos, quandofaziam suas tentativas de subir aescada. No final, o grupo de cincomacacos, que embora nunca tivessemrecebido uma ducha fria, continuava aespancar todo macaco que tentassesubir a escada. Se fosse possível

A razão de ser da Igreja

é Evangelizar a partir do

encontro com Jesus Cristo.

temente em processo de diálogo, comoquem quer aprender, em uma relaçãopermanente de interlocução.

Já o Documento do DiretórioNacional de Catequese, no seu capítulosexto, trabalha este sentido novo quedeve estar na relação catequética, narelação evangelizadora. O destinatárioé um interlocutor, não é alguém quesó recebe, porque antes mesmo dechegarmos à relação evangelizadora ecatequética, o Espírito Santo já chegou,

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conversar com os macacos eperguntar-lhes porque espancavam osque tentavam subir a escada,certamente não saberiam dizer a razão.

Em muitas circunstâncias é assimque procedemos em nossascomunidades. E as pessoas podemestar se questionando sobre a razãode continuarmos a fazer o que semprefizemos da mesma maneira, se existemoutras formas para isso. Por isso,somos convidados a ter presente apossibilidade de “romper paradigmas”não nos enganando com as aparênciasde normalidade. Tudo parece estarbem: a Paróquia, a Comunidade, aPastoral... Sempre está tudo muitobem... Nós continuamos participandoporque está tudo bem, e vamosmantendo o que fazemos porqueolhamos para nós mesmos.

Diante desta constatação, oDocumento de Aparecida, no número11, faz um chamado para a Igreja“repensar profundamente e a relançarcom fidelidade e audácia sua missãonas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais”.

É um chamado feito para todo oPovo de Deus, para todos nós, padres,leigos, representantes das Paróquias,das Comunidades, lideranças dosdiversos Organismos eclesiais. Omomento que estamos vivendo exige

repensar a nossa prática e nãosimplesmente fazer coisas. O PadreBenedetti nos disse que a religião temtudo organizado, está tudo pronto, oslivros, os esquemas estãoestabelecidos e é só continuar aprática. Mas o mistério da Igreja temuma outra referência e não ésimplesmente uma entidadeorganizada onde os fieis vão fazendocoisas.

Repensar exige a capacidade deenvolver-se e de questionar, commaturidade, não simplesmente derepetir, manter e fazer algo. Aparecidadiz que a Pastoral deve ser repensadacom audácia para que seja umapresença de qualidade, que faz adiferença onde está presente, ondeatua, e não para adequar-se àsconveniências. Nesse momento difícile conturbado somos chamados a seraudaciosos, fieis ao evangelho, com aaudácia do discípulo que segue JesusCristo e que é capaz de criar novascoisas, pois o Espírito faz novas todasas coisas. Por isso, o nosso 7º Plano

não é simplesmente mais um plano quea gente faz, mas é uma grandeoportunidade para repensarmos anossa ação evangelizadora.

É arrepiante imaginarmos quemuita coisa na nossa Igreja funcionacom plano ou sem plano, com padreou sem padre, com leigo ou sem leigo,enfim, caminha por si mesma. Nós, deprotagonistas passamos a merosreprodutores das coisas. O nosso Planode Pastoral, no Espírito de Aparecida,é uma riquíssima oportunidade que oSenhor nos dá para repensarmos erelançarmos as nossas ações. O nossoPlano não é de resultados, mas degrandes indicações e pistas a seremconstruídas. Nada está pronto, mas sãoindicações que orientam e direcionama nossa atenção para aspectosfundamentais da vida da Igreja, queprecisamos ter presentes para que anossa missão se realize neste contextoe momento.

Para isso, o Documento deAparecida, no número doze, nos diz:“A todos nos toca recomeçar a partirde Cristo, reconhecendo que ‘não secomeça a ser cristão por uma decisãoética ou uma grande ideia, mas peloencontro com um acontecimento, comuma Pessoa, que dá um novo horizonteà vida e, com isso, uma direçãodecisiva’”.

Parece óbvio que Cristo é o pontode partida, mas a maioria de nossasações não partem dessa experiência deencontro com o Senhor, mas sim deregras que temos estabelecidas, noscostumes enraizados, que vamossimplesmente repetindo. Penso queessa é uma das razões, não única,porque muitos de nós estamoscansados e saturados. As inúmerasexigências e “coisas” para fazer vãopesando no nosso cotidiano e nãotemos mais a alegria de dar a vida, demorrer, de carregar a cruz, de se cansarpor causa do Reino. Faz-se muito, masnão saímos do lugar.

Aparecida chama a atenção parao que parece óbvio. É preciso recolocar

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esse recomeço a partir de Cristo, apartir do encontro com o Ressuscitado,razão fundamental de sermos cristãos.Nós não podemos ser cristãos porqueé bonito ser cristão, nem porque aIgreja tem valores éticos e morais. Anossa experiência de fé é de encontro,que sempre se renova e que precisarecomeçar constantemente. ODocumento de Aparecida, portanto,trata a fé como evento existencial, aexperiência de encontro com Deus ecom o irmão. “Ele está no meio de nós”é o que proclamamos solenemente,não como um refrão decorado, mascomo expressão dessa experiência quequalifica e determina todo modo de serda Igreja e da Comunidade.

A fé, entendida dessa maneira, éuma descoberta decisiva daConferência de Aparecida, que,aparentemente, parece óbvio. Éjustamente a partir desse sentido daexperiência existencial da fé, que nóssuperamos a ideia dela como aceitação,opção ética ou mera tradição cultural,como é em grande parte do nossocatolicismo. É a partir dessaexperiência que compreendemos anossa missão, não como tarefa queprecisamos realizar, mas como modode organizar a nossa vida a partir dessaexperiência, dessa espiritualidade quedetermina as nossas relações, a nossapostura e também os nossos costumes.

O nosso grande referencial é JesusCristo, portanto, partir sempre e em

tudo de Jesus Cristo. O caminho queos bispos em Aparecida nos indicarampara relançar a missão evangelizadorano nosso Continente é a iniciação à vidacristã, com a inspiração do processocatecumenal.

As estruturas que temos hoje emnossas Comunidades são baseadasdemasiadamente no discurso. Temoscursos para todas as necessidades:batismo, comunhão, casamento... Ecursos dentro de uma pedagogiaterrível, onde as pessoas vão, pornecessidade, “aguentar” osprofissionais que ministram os cursos,que ensinam e você aprende e repete.Pouco importa se esses cursos trazemalgo para vida das pessoas, o queimporta é que você faça o discursoadequado. O padre quer assim, oprofessor ensinou isso e nós vamosrepetindo e reproduzindo essasfórmulas.

Os Bispos, em Aparecida, noschamam para uma nova postura eapontam o caminho da iniciação cristãcomo método e processo catecumenal,onde somos chamados a aprender. ODocumento constata que na Igrejamuitos agentes atuam sem consciênciada sua missão, com a identidade cristãfraca e vulnerável. Isso nos desafia aorganizar e imaginar novas formas deaproximação de tantos irmãos e irmãsbatizados e não evangelizados. Quandose fala em missão, temos umapreocupação moral, com a doutrina e

não com a pessoa, com o mistério queé dado na nossa relação. Por isso amissão começa a partir de cada um denós.

Não devemos nos preocupar coma diminuição percentual dos católicos,mas sim com o que temos oferecidopara os que nos procuram e para anossa sociedade, que está confusa,cheia de outras referências. A Igrejanão é lugar onde se consome, masonde se faz uma experiência que mudaa vida. Na Iniciação Cristã, uma dasexigências é a disposição para aconversão, para a mudança de vida.

O documento aponta que oprocesso de iniciação cristã, no modelodo catecumenato, seja assumido emtodo continente, como uma maneiraordinária de formação dos discípulosmissionários. A Igreja assume umapostura desafiadora que faz repensara ação pastoral e convida a nosrelançarmos em missão.

A nossa postura é de acolheraquilo que o Espírito vai apontandoatravés da Igreja.

Para concretizar este processo deiniciação em nossa prática catequética,somos ajudados pelo Diretório Nacionalde Catequese que aponta para a“catequese por idades”, isto é, aCatequese deve respeitar a idade doscatequizandos; com crianças, conversade criança; com adolescente, conversade adolescente; com jovens, conversade jovens; com adultos, conversa deadultos.

Não se começa a ser cristão por uma decisão ética

ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um

acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo

horizonte à vida e, com isso, uma direção decisiva.

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Assessoria: A Missão da Igreja sempre foi

a de anunciar Jesus Cristo. Qual a diferença

para os dias de hoje?

Padre Piazza: A missão é exatamente a deAnunciar Jesus Cristo. Porém hoje seredescobre que esse Jesus Cristo quedevemos anunciar precisa ser a base e oponto de partida da nossa ação, que não estáreduzida à instituição. O objetivo não éagregar pessoas para o nosso grupo, masanunciar Jesus para que a Vida, em plenitude,que Ele nos dá, esteja presente na vida daspessoas. Para isso é preciso que nóstenhamos a experiência dessa vida plena.Hoje nós somos uma Igreja cansada, cheiade pessoas que estão buscando outrasformas, um pouco no espírito do tempo quevivemos, do individualismo, daquilo que éconveniente, gostoso, interessante, e nãouma busca do evangelho. Quando se fala decruz, ninguém quer. Mas o próprio Jesus disseque quem quiser segui-lo, deve tomar aprópria cruz, a cada dia, e segui-lo. A grandediferença e redescoberta do Documento deAparecida é recolocar essa base, fundamentoe ponto de partida. A Missão já não é maisuma tarefa, entre outras, que temos a fazer,mas o nosso próprio ser é missionário. Porisso o discipulado não é apenas uma relaçãode aprendizado, mas é uma relação detestemunho, de anúncio, de manifestar paraos outros a razão da própria esperança, e porisso o discipulado é missionário.

Assessoria: Como nós vamos fazer essa

mudança, já que vivemos uma pastoral mais

de manutenção, de cursos?

Padre Piazza: Foi o que os Bisposapontaram em Aparecida, ou seja, retomaro processo da iniciação cristã. Refazer!Inclusive nós! A iniciação cristã não é umprocesso que foi feito no passado, mas algoque se repete e se renova constantementeem nossa vida. É um processo que nos levaa uma experiência de encontro com oSenhor, uma experiência que não se fechaem uma vivência, mas que está aberta amuitas vivências. Cada momento éoportunidade para uma nova experiência,para um crescimento maior. A fé é umprocesso permanente de crescimento, deamadurecimento, que nos coloca nessadinâmica de crescimento permanente; nãoé algo isolado, acabado e pronto. Então, éretomar, através da iniciação cristã, esseprocesso de crescimento que não pode serdado por acabado. O discípulo de Jesus

Entr evista

não é aluno de um curso e a Igreja não é osegmento do Ministério da Educação, que dácurso e depois um certificado, mas é o lugarda experiência permanente de encontro, deaprofundamento do Cristo Senhor parachegarmos, como diz São Paulo, à largura,comprimento, altura e à profundidade doCristo Senhor (Ef 3,18).

Assessoria: Qual é o Jesus Cristo que nós

vamos anunciar?

Padre Piazza: É aquele de quem fiz umaexperiência de encontro que modificou aminha vida. Não anunciamos uma teoria sobrealguém, mas alguém que dá todo o sentido àminha vida. Portanto, a primeira experiênciade Jesus é na relação de encontro com apessoa. Jesus está onde dois ou maisestiverem reunidos em seu nome. Por isso, oanúncio de Jesus parte de uma relação deencontro e isso se dá na comunidade, quevai discernir constantemente o que é e o quenão é fiel ao evangelho. A Comunidade seabre para a universalidade da Igreja, que temo Papa como a visibilidade, o carisma daunidade, da comunhão e da fidelidade aoevangelho. A comunidade não é apenas umagregamento social, mas é essa experiênciade comunhão de vida. Por isso é o Jesus quenos leva à comunhão com as pessoas, quenão se reduz aos nossos maneirismos elimitações, mas que se abre para a grandecomunhão universal. Desse modo, nãoanuncio o meu Jesus, o seu Jesus, ou outroqualquer, mas aquele que é experimentadopela Igreja como seu Senhor, sua cabeça;aquele que nos congrega e nos envia: “Ide...”.

Hoje, o grande desafio que oDiretório aponta é a catequese paraadultos, não apenas como umapreparação para o sacramento, maspara um chamado à caminhada da fé.São tantos batizados nãoevangelizados!

A Missão da Igreja é anunciarJesus, ajudando as pessoas a conhecê-Lo e a fascinarem-se por Ele e fazer alivre opção por segui-Lo. A primeiramissão é o anúncio do querigma:aquele que morreu, está vivo em nossomeio; ressuscitou! O anúncio vai alémdo discurso, pois é preciso testemunharo mistério do Cristo vivo para osiniciantes, orientando-os a olhar paraa Comunidade, os trabalhos, arealidade, as pessoas e descobrir naspequenas coisas e nos momentosvivenciados, os sinais de Deus. Amissão tem esse grande sentido dedespertar a pessoa para algo mais, comprofundas implicações para a sua vida.

A Conferência de Aparecida suscitaatitudes práticas. A primeira é aconversão pessoal. Somos nós oschamados a uma mudança dementalidade, não nos esquecendo queo cristão é o discípulo que estáaprendendo sempre e, portanto, vaifazendo essa transformação da vida.Depois, a renovação de nossasestruturas eclesiais, que tambémnecessitam de uma conversão,principalmente as estruturasparoquiais. O documento fala que aParóquia deve passar por um processode renovação e reestruturação, paraque seja um lugar da experiência dainiciação cristã, um lugar do encontrocom Deus. O Documento de Aparecidaaponta treze lugares de encontro como Senhor.

O 7º Plano de Pastoral Orgânica éa oportunidade que temos para tentarnovas experiências, partilhar, dividir...É preciso arriscar e compartilhar. Elenão é um Plano fechado e delimitado,mas tem as referências que nosajudam nessa ousadia, na audácia derelançar a ação evangelizadora naArquidiocese de Campinas.

Lembremo-nos sempre que:“Conhecer a Jesus Cristo pela fé énossa alegria; segui-lo é uma graça, etransmitir este tesouro aos demais éuma tarefa que o Senhor nos confiouao nos chamar e nos escolher” (DA 18).

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Esta pergunta teve como objetivo fazer uma avaliação daimplementação do 7º PPO e servir de motivação para todos.

As respostas mostram os esforços comuns na implementaçãodo 7º PPO e nos impulsionam com os resultados positivos jáobtidos. Foram apresentadas, também, algumas dificuldades.

Pontos mais significativos

Formação, incluindo a iniciação cristã, com crianças eadultos. Houve menção das Escolas da Fé e a formação nosâmbitos da Paróquia, Forania e Arquidiocese, com agentesjá engajados na ação pastoral. Formação foi o item maisapontado como experiência a partilhar. Foi mencionado oesforço para desenvolver o itinerário catequético tendo aparóquia como ponto de referência. A formação deve serentendida em seu sentido amplo e integral.

Outro item bastante mencionado foi a renovação daspastorais e mesmo a criação de outras pastorais e integraçãoentre as pastorais afins como, por exemplo, família e catequese.Um destaque para as pastorais ligadas à administração deSacramentos com a valorização da Iniciação Cristã.

A missão, incluindo visitas e reflexão, teve grandedestaque e está sendo desenvolvida. Houve menção específicada metodologia das visitas populares.

Quanto às questões relacionadas à família, foi mencionadaa necessidade de reestruturação da Pastoral Familiar.Destacou-se também o trabalho com casais de segunda união,com os filhos e mesmo um atendimento às famílias enlutadas.Foi também solicitada uma formação mais aprofundada parao trabalho com as famílias.

O acolhimento foi mencionado como item positivo, mastambém como dificuldade a ser vencida. Ficou evidenciada aimportância de respeito às diferenças e de sair das “portasdo Templo” e ir em busca das pessoas. Necessitamos de umamaior formação nesse item.

Outro ponto que sobressai é a formação de grupos devivência e atividades relacionadas à Ação Social.

Existe também um trabalho com jovens, emboramencionado poucas vezes. Está também como dificuldade.

Houve menção quanto à ação positiva dos Movimentosna implementação do 7º PPO. Uma menção especial ao TLCno acolhimento aos jovens. Foi mencionado também otrabalho dos Pequeninos do Senhor, em várias paróquias.

Foi ressaltada a importância da Comunicação, sendoenfatizado o papel dos informativos paroquiais. Também otrabalho feito pela PASCOM tem ajudado principalmente osjovens. A organização do site foi elogiada e a participaçãoem rádios comunitárias.

Embora pequena, existe a formação de uma consciênciaecológica. Com atividades de reciclagem, existe uma busca deconscientizar as pessoas, sejam da Comunidade ou do bairro.

Foi mencionada a Campanha da Fraternidade (CF) quesempre tem ações de abrangência na Sociedade e foifortalecida com o 7º PPO. Foi lembrada também sua açãoalém do tempo quaresmal.

Uma ajuda foi o trabalho de forma colegiada e a definiçãode pontos comuns na Forania.

Já existe uma experiência de caixa único para as finanças,embora seja apenas um começo.

A presença das capelanias nos hospitais; os agentes dapastoral da saúde foram citados como fator positivo, mas tambémcomo grande dificuldade devido à demanda. Foi mencionado oserviço da Legião de Maria na visita às pessoas enfermas.

A participação dos cristãos leigas e leigos e a pastoral daeducação foram apontados como pontos muito positivos.

Outro item foi a presença da Igreja nas regiões mais distantes,ainda longe do que necessitamos, mas já temos um início.

Para a maioria dos participantes o Plano, no geral, estácaminhando bem, seja nas paróquias e comunidades comonas Foranias.

Dificuldades a serem vencidas

Falta de conhecimento do 7º PPO e, portanto, poucamotivação na implantação. Alguns disseram que não veemna Forania os frutos do 7º PPO.

Temos resistência e pouca abertura ao novo.Falta de formação para atender às necessidades do

acolhimento e da missão.A catequese tem dificuldade na perseverança das crianças

após a primeira Eucaristia.É preciso renovar a formação de agentes, ressaltou-se os

Ministros da Palavra. Também foi apontada a necessidade deuma reestruturação das paróquias. Existem dificuldades naorganização e em ampliar a dimensão do serviço. Foi apontadaa dificuldade no relacionamento entre Comunidades e Matriz.

Precisamos de uma articulação com os jovens, tanto naÁrea como nas Pastorais.

Dificuldade de continuidade nos trabalhos pastorais,quando o pároco é religioso e é transferido.

Indicações e propostas

1. Implantar as sugestões da CF 2011, mudando atitudesda Comunidade em vista do meio ambiente.

2. Buscar uma melhor integração entre as paróquias. Porexemplo, quanto à Administração dos Sacramentos, deve-se estabelecer normas comuns de preparação dossacramentos, principalmente na preparação dos noivos.

3. Elaborar Plano de Pastoral Paroquial. Realizar umareestruturação nas Paróquias e Comunidades.

4. Fortalecer a divulgação do 7ºPPO nas paróquias.5. Aprofundar um estudo sobre a pastoral urbana.6. Incentivar os cristãos e cristãs para a formação de uma

consciência crítica e o comprometimento com atransformação social. Sugerir participação em projetos eAssociações da Sociedade Civil.

7. Publicar os projetos apresentados para a CoordenaçãoArquidiocesana de Pastoral pelos diferentes segmentosda ação pastoral, favorecendo assim a troca deexperiências em todas as ações.

8. A Pastoral Operária fez a sugestão de que toda a igrejalute pelos trabalhadores, nessa realidade de desemprego,sub-emprego e condições precárias de trabalho. Enfatizoua importância da luta pela transformação da Sociedade.

Trabalhos em grupos - pergunta 1

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“Formação, Itinerário Catequético: uma nova atitude”

Sobre uma nova atitude diante da formação, entendidacomo itinerário catequético, foi colocada a pessoa de Jesuscomo ponto de partida, no diálogo com a diversidade delinguagens. Foi frisada a importância de investimento naformação, partilhando as experiências e mantendo os agentesmotivados, testemunhos da alegria do Reino de Deus.

“Comunicação: realidade e desafios”

A pessoa de Jesus é a referência para a Comunicação. Ele éo comunicador do Pai e envia a Igreja para anunciar a Boa Notíciado Reino. Assim, a Comunicação é missão da Igreja. É importantecomunicar com a linguagem que contemple todas as realidades,valorizando o diálogo como uma das melhores expressões decomunicação. Foi destacada a importância da Pastoral Familiar,como “eixo transversal” de evangelização permanente e anecessidade de se implantar e valorizar a Pastoral da ComunicaçãoParoquial como instrumento de evangelização.

Eixo Igreja do Serviço Solidário

“Pobres: Opção Evangélica e Solidária da Igreja”

A Comunidade é convocada para ir ao encontro e acolheras pessoas, sensibilizando-se com o sofrimento do outro, tercompaixão com os presos, dependentes químicos, pessoas comdeficiências, mulheres, migrantes, pessoas em situação de rua.Foi lembrada a fragilidade das políticas públicas e reconhecidaa importância da parceria da Igreja no atendimento aosnecessitados. A vivência do Plano de Pastoral deve motivar aparticipação efetiva na transformação da sociedade, na saúde,educação, cultura, conselhos municipais, etc. A Comunidadedeve ter no seu calendário ações de inclusão dos sofredores.Cabe a ela motivar a criação de Grupos de Vivência, Grupos deFé e Política, Pastorais Sociais em vista da transformação social.Foi dada também a importância da conscientização sobre arealidade social e política. Foi lembrado do cuidado que se deveàs homilias, para que contribuam para uma conversão pessoale de ação pastoral, propondo ações concretas para viver a opçãoevangélica e preferencial pelos pobres.

“Ecologia: Vivência, Educação, Profecia”

O tema foi reconhecido como um olhar alargado de fé daIgreja sobre o mundo, a partir do encontro com Jesus. No dia-a-dia, pequenas ações para promover a Ecologia e, com maiorabragência, a conscientização e condições para a participaçãoem conferências, assembleias, votações, conselhos e demaismanifestações. Que se divulguem as leis sobre o Meio Ambientee Ecologia. É necessário promover coleta seletiva de lixo e deóleo, limpeza dos córregos, visitas monitoradas, utilização demateriais recicláveis e divulgação das cooperativas.

“Misericórdia: Vida em abundância para todos,em especial as situações de sofrimento”

O tema trouxe sugestões de ações para que haja vida paratodos, em especial aos que sofrem. O ponto de partida é Jesusque assumiu nossas dores e desperta o “ser samaritano”, fazendo-se missionário, saindo ao encontro do outro, na atenção àsfamílias, na presença misericordiosa de escuta e de generosidadejunto aos que sofrem. Foi lembrado o sofrimento provocado pelasdrogas e o dos encarcerados e a necessidade de maior presençada Pastoral Carcerária. Esta busca de defesa, promoção etestemunho de vida deve acontecer no diálogo inter-religioso.

Nesta questão, foram distribuídos os dez temas presentesno 7º PPO, em seus três eixos. Cada tema foi trabalhado pordois grupos. Veja as sínteses dos grupos, com os temas emcada um dos eixos.

Eixo Igreja que Acolhe

“A Palavra de Deus: o nascer da Comunidade”

Destacou-se a importância de acolher e promover a Palavrade Deus, que gera a comunidade e ilumina o diálogo com asociedade. A Palavra promove o encontro com Jesus, que provocaa conversão, estimula a formação permanente, na vivência dacomunhão eclesial, tendo em vista o testemunho do Reino.

“Acolher para ser Igreja Povo de Deus”

O Acolhimento foi destaque na discussão sobre o ser Igreja,Povo de Deus. É no encontro pessoal com Jesus que se toma aconsciência do que é ser Igreja, para ir ao encontro do outro,dando testemunho da alegria do Reino. Para isso, o ser cristãopressupõe preparar-se na oração, caminhar juntos, criandovínculos, tendo compaixão e escutando o próximo. Reconheceu-se a graça de ser Igreja acolhedora e testemunhar Jesus Cristo,pois é um despertar para a missão e anúncio da Palavra.

“Eucaristia: comunhão com Deus com o próximoe partilha com todos”

Sobre a Eucaristia no sentido de comunhão com Deus ecom o próximo e partilha com todos, foi levantada a questãosobre o como ela se expressa na prática, já que ela não é ofim da participação, mas é vivência. Sendo um dom, é Pãopartilhado e Vida compartilhada, é a Palavra de Deus que sefaz carne, partilhada com todos. Foi sugerido que, a partir do7º PPO, os grupos de reflexão, onde as famílias e comunidadestrabalham temas, aprofundem as exigências da Eucaristia. Omesmo se aplica aos grupos de rua, às CEBs, através dotrabalho na catequese, liturgia, em mutirões solidários embenefício da sociedade. Os trabalhos da evangelização deadultos têm dado frutos e a dinâmica é crescente, mesmoquando existe uma diferença social econômica.

Eixo Igreja que se Renova

“Rede de Comunidades, Igreja Comunhão, Partilha”

Para consolidar a rede de comunidades eclesiais decomunhão e partilha, foi dada a importância de se retomar apaixão por Jesus Cristo, procurar nele a força para oseguimento na obediência e radicalidade. Assim, é possíveluma Igreja que testemunha vivência fraterna e caridade,contra os padrões que o mundo impõe à vida humana.

“Missão, Discipulado em uma Igreja toda Ministerial”

Para formar uma Igreja toda ministerial, foram lembradostrabalhos que podem colaborar, como a formação intensiva dasEscolas da Fé, a Catequese de Adultos com a aplicação do métodocatecumenal de Iniciação Cristã, a Pastoral Familiar. A experiênciade missões poderá ser mais fecunda se puder ser realizada porpequenos grupos. A própria comunidade deve vencer seusobstáculos, buscando o diálogo e integração entre as pastorais,movimentos e foranias. Ao mesmo tempo que forma seusmultiplicadores, ela se apresenta como indicadora de caminhos;daí a importância de ser acolhedora, de promover o sentido deentrega e formar agentes para o anúncio do Evangelho.

Trabalhos em grupos - pergunta 2

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As propostas apresentadas pelossecretários dos miniplenários foram ricasde conteúdo e desafios a seremsuperados. Para esta publicação,obedecemos como método a divisão entreos três grandes eixos de evangelizaçãodo 7º Plano de Pastoral Orgânica.

Igreja que Acolhe

A Igreja de Campinas se comprometeem promover a partilha da Palavra a partirda vida comunitária e do encontro pessoalcom Jesus Cristo, sendo testemunho dacomunhão fraterna e solidária.

Igreja que de Renova

Abastecidos em Cristo, através deuma contínua experiência cristã, somosconvidados a ser uma Igreja missionáriae testemunhal, anunciando Jesus e suamissão salvífica, a partir de uma contínuaconversão pessoal e pastoral.

Com o exemplo das primeirascomunidades, poderemos nos empenharem renovar a comunidade, seguindo osvalores evangélicos, para sermos um povoem constante missão no mundo. AEvangelização deve ser reflexo da unidadeeclesial em prol da construção do Reino.O Missionário não pode se acomodar comas exigências do mundo, mas ser“fermento na massa”, testemunho a partirdo dom que Deus ofereceu a cada um.

Devemos estabelecer e fortalecervínculos com os “batizados nãoevangelizados”, preparando os agentes depastoral para esta árdua “missão dialética”,partilhar recursos humanos e testemunharo aprendizado de verdadeiros discípulosdo Mestre. A alegria manifestada nacomunidade que celebra a Palavra de Deuse partilha o pão da Eucaristia estárelacionada diretamente com ocompromisso da construção do Reino,através de uma pastoral catequética emissionária atenta à realidade de cadacomunidade e aberta ao diálogo entreministros ordenados e agentes de pastoral.

Somos convocados a assumir a missãoevangelizadora, condição fundamentalpara guardar e reviver os frutos do Espíritoem nossas comunidades. Isto animou aIgreja em seu nascimento e em todos osmomentos de sua caminhada histórica.Para isso é importante valorizar aformação contínua, visando o empenhono diálogo e comunhão.

Uma Igreja toda missionária, que levaa Palavra de Deus, principalmente aos queainda não tiveram o encontro pessoal comJesus Cristo, vivo e ressuscitado, contarácom uma Pastoral da Comunicação como

instrumento necessário para ouvir ecomunicar o Evangelho, priorizando odiálogo dos diferentes grupos, realidadese formas de discussão presentes emnossos dias. Valorizar cada vez mais aPastoral Familiar será o grande desafiopara enfrentar o relativismo e oindividualismo presentes na sociedade, demodo especial no campo da moral, criandouma cultura de valorização da vida.

Portanto, é necessário cada vez maisuma conversão pessoal e eclesial,buscando uma Igreja que esteja emconstante renovação das estruturas,para incentivar a missão, superando umavisão só geográfica da evangelização.

Igreja do Serviço Solidário

1. Opção evangélica e preferencialpelos pobres.

Os pobres são sujeitos históricos eeclesiais que contribuem para a transfor-mação da sociedade e da Igreja (Puebla).

Nossa Igreja particular deve valorizara formação de grupos de vivência quese organizem na transformação dasociedade, participando das lutas porpolíticas públicas através dos conselhosde cidadania, como saúde, educação,moradia, transporte e cultura.

Devemos motivar a criação de gruposde Fé e Política em vista de formarcristãos para atuar na transformaçãosocial e fortalecer as pastorais sociaisatravés da área sócio-transformadora,como meta para a construção de umasociedade mais justa e fraterna.

Os ministros ordenados e extra-ordinários da Palavra devem cuidar paraque as homilias contribuam com umasensibilização para com o sofrimento dosoutros: presidiários, dependentes químicos,pessoas com deficiência, mulheresmarginalizadas, migrantes e pessoas emsituação de rua, jovens, etc. A formaçãodos estudantes de filosofia e teologia deveestar atenta à realidade em que vivemospara que possam se preparar melhor parao exercício do ministério ordenado.

2. Ecologia: vivência, educação,profecia.

A preservação da vida em todos osmeios é prioridade de nossa Igreja e,para tal, firmamos o compromisso deeducar na linha da consciência ecológicae planetária na catequese, nas escolas,nos grupos de pastoral e de base.

São importantes ações nesse processode educação ambiental, como visitasmonitoradas às Estações de Tratamento de

Água e Esgoto para se conhecer e entendera real necessidade de evitar o desperdícioda água, bem mais precioso que Deus nosdeu. Todos os cristãos devem estar atentosà criação de projetos que promovam acoleta seletiva nos condomínios, nosprédios, nas ruas, assim como a coleta doóleo. Também será importante incentivarprojetos maiores como a limpeza doscórregos e preservação de matas ciliares.

Como povo de Deus no mundo,construindo a civilização do amor já aquiem nossa querida Mãe Terra, devemosnos comprometer com políticas públicasque promovam a vida em todos os níveise apóiem a edificação e preservação detoda a Obra criada por Deus. Assimpoderemos conhecer e divulgar as leissobre a ecologia e preservação da vida,como as leis sobre resíduos sólidos etóxicos (baterias, componentes doscomputadores), criando uma alternativasocial e pastoral para cada problemacomo a criação de cooperativas dereciclagem.

Misericórdia: vida em abundânciapara todos, em especial nassituações de sofrimento

A opção preferencial pelos pobres nosimpulsiona a procurar caminhos novose criativos, afim de responder aos efeitosda pobreza. Todo cristão deve despertarpara a generosidade e a compaixão juntoàqueles que sofrem, na linha daconstrução de uma Igreja Samaritana.

Será preciso promover o diálogoecumênico e inter-religioso, através deações conjuntas com outras Igrejas eReligiões, que trabalham no atendimentoaos excluídos, principalmente napromoção humana em diversos níveis.

Outras questões

Ao final da apresentação dosminiplenários, foram apresentadasalgumas questões que exigiam respostas.Sobre a divulgação do material produzidono processo de elaboração do 7º PPO, foilembrado que todo o conteúdo já haviasido apresentado em encontros anteriorese disponibilizado no site da Arquidiocese.Sobre a necessidade de se buscar projetoscomuns, diferentemente de como estáelaborado o Plano, foi explicado que oPlano, como se encontra, é fruto dametodologia participativa assumida desdeo início do processo de elaboração. Sobrea destinação da coleta da Campanha daFraternidade, a sugestão foi encaminhadapara a Comissão Arquidiocesana da CF.

Miniplenários

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T endo como material as síntesesdos miniplenários, tentamosfazer uma correlação comaquilo que está contemplado no

7º Plano de Pastoral, na tentativa deajudar na compreensão do nossotrabalho com os aspectos quefortalecem a nossa caminhada.

É importante termos claro que esseencontro foi pensado com o objetivo deaprofundar e compartilhar as nossasexperiências na vivência do nosso planode pastoral, neste período da suavigência, em vista do fortalecimento dacaminhada. Aparecem algumasindicações que se incorporam efortalecem a implementação do plano.Por isso, todo o material produzido nesseencontro será enviado para equipedinamizadora como para a CoordenaçãoColegiada de Pastoral para oencaminhamento da maneira adequada.

Também é importante destacar que,desde o início da elaboração do 7º PPO,optamos por não publicar os diversosprojetos. O plano seria, comoelaboramos, mais sucinto, com asindicações para que cada organismo,cada segmento da nossa Igreja,elaborasse seu próprio plano de trabalho.

Destaco alguns pontos importantesdas contribuições desse encontro.

A Igreja em estado permanente demissão. A missionariedade é pressupostofundamental do processo de conversão,que deve ser pessoal, pastoral e eclesial.

Sem esse pressuposto nãotransformamos as nossas estruturas ea nossa ação. O nosso grande desafio éa renovação eclesial.

A pastoral deve ser marcada,acima de tudo, pela busca do outro, pelaimersão nesta realidade em processoacelerado de mudanças. Nós nãopodemos desconsiderar no modo defazer o nosso trabalho e na nossa açãoevangelizadora.

A Paróquia é ponto de força e lugaronde as ações se concretizam, pois é olugar onde vivemos. A nossa vida eclesial,em sua grande maioria, está enraizadanessa experiência paroquial. Aqui temosum grande clamor e exigência demudança. A proposta de Paróquias comoRede de Comunidades deve ser algo aser assumido e concretizado, a partir deações para que a nossa vivência seaproxime cada dia mais deste projeto.Neste sentido, nós precisamos nos libertardo conceito jurídico e territorial dasParóquias, que são convocadas a seremespaços de vivência da fé, centrosirradiadores da vida, local privilegiado dese fazer o encontro com o Senhor eescola da comunhão. São chamadas aser, também, espaços de iniciação cristãe formação na linha do discipulado e dacelebração da fé. Devem sercomunidades abertas à diversidade decarismas, serviços e ministérios.

A partir dessa experiência dodiscipulado é que nós chegamos à

missionariedade, saindo da comunidadepara o testemunho no mundo.

A ministerialidade é fundamentalpara que esta compreensão sejaassimilada entre nós. As Comunidades,organizadas de forma participativa ecorresponsável, são integradoras dasnovas formas de vivência da fé, osmovimentos e as novas comunidades,abertas à diversidade cultural e aosprojetos supra paroquiais, atentas aodiálogo com a sociedade eestabelecendo parcerias.

Nesse contexto, ganha realce atemática da comunicação. Nosso processodeve alinhar o uso profissional dos meioscom a mística cristã, a reflexão críticasolidária e a transmissão, não apenas acomunicação da lógica do evangelho.

A renovação eclesial implica emassumir e estimular a ministerialidade.Desta questão surge a necessidade deuma formação, a partir do encontro comCristo, aberta ao diálogo, que despertepara a valorização da vida: a dimensãohumana, a cidadania, a inserçãopolítica, o diálogo ecumênico e inter-religioso e a consciência ecológica. Nóstemos feito um grande esforço paraadequar os espaços de formação quenós temos. Principalmente as escolasde formação teológica pastoral dasnossas foranias, para que o conteúdo,a formação ali apresentadas, seaproxime cada vez mais desse desejo,que foi manifestado neste encontro. Nósestamos fazendo um trabalho com umacomissão, para reformular o projeto dasescolas e, também, para programar asescolas da fé nas nossas paróquias.

É importante enfatizar que, muitasvezes, uma comissão trabalha meses,em reuniões desgastantes, paraapresentar um projeto com as devidasorientações e, depois, ninguém seorienta por aquele projeto e continuafazendo como fazia antes ou a partir daexperiência pessoal. Por isso, diante dacompreensão de uma igreja em estadopermanente de missão, há a necessidadede uma conversão profunda. Se nós nãomudarmos esta forma de agir, por umaforma mais participativa nas decisões,acabamos fazendo somente aquilo quedesejamos e que nos convém. É lógicoque não existe Igreja sem comunhão,que ninguém é Igreja sozinho, por isso

Síntese final

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nosso Plano de Pastoral foi elaborado apartir da participação de todos. E apósa Assembleia realizada em 07 denovembro de 2009, quando aprovamoso plano, deixou de existir o “se eu quero,eu faço”, passando a ser a nossaorientação, que garante a unidade e acomunhão e a organicidade dos nossostrabalhos na Igreja de Campinas.

Quero destacar, também, a questãoda espiritualidade bíblico-litúrgica, quegera a comunidade acolhedora. Acomunidade nasce e se alimenta daPalavra de Deus e tem como voz daPalavra, a Revelação, aquilo que Deus falapara o seu povo. A Palavra nos dá aconhecer o próprio Cristo, que nos mostracomo vivê-la. A Igreja é a casa ou o lugarda Palavra e da sua experiência, queajuda a concretizá-la na nossa vida e quenos leva a uma ação. A Palavra de Deusnos envolve através do ensinamento, doconhecimento, do aprofundamento e,depois, na experiência da fração do pãona Eucaristia, exige o compromisso comaquilo que celebramos. A oração éfundamental. No início do nosso Encontro,na homenagem que fizemos a DomBruno, citamos uma palavra da sua CartaPastoral, que eu considero o “testamentopastoral” do Pastor que marcou a nossavida, quando ele disse que “sem oraçãoo esforço pastoral se perde”.

É preciso irrigar toda estaexperiência, que nós chamamos pastoral,com a experiência da oração. Nós somoshomens e mulheres que rezam, quebuscam enriquecer a própria vida comesta Palavra revelada, a partir de JesusCristo que nos dá conhece-la e daexperiência do lugar da Palavra, que é aIgreja, a Comunidade, que vai nos levarà comunhão fraterna e, a partir destaexperiência, nos impulsiona na missão.

A comunidade, alimentada pelaPalavra e pela Eucaristia, é acolhedora.A afirmação do recomeçar a partir deJesus Cristo, em uma igrejacomunitária e de comunidades, apontapara uma espiritualidade de comunhãoe participação, comprometida com avida em todas as suas instâncias.

O serviço solidário comotestemunho, na evangélica opçãopreferencial pelos pobres, é expressãoviva e completa da espiritualidade dacomunhão, da vivência comunitária dafé e da prática da caridade e do amor.O amor que encontra na caridade suaexpressão maior. Ela não pode deforma nenhuma ficar em um planoteórico e emotivo e nem estar somentesob a responsabilidade das PastoraisSociais. Não é algo que a gente delega

para um grupo fazer, mas écompromisso de todos. É claro que têmpessoas e serviços organizados que aconcretizam, mas, torno a reforçar, écompromisso de toda a Igreja deCampinas, que sempre abraçou estaquestão e que vem nos iluminando enos orientando na caminhada.

Podemos destacar, também, dotestamento pastoral de Dom Bruno, a suapalavra que nos diz que nós precisamoscolocar o tesouro dessa Igreja, materiale humano, de conhecimento e os recursosque temos, o nosso compromisso, aserviço dos pobres, dos que estão cadadia mais excluídos do nosso meio. Essecaminho está claro para nós. São sujeitosque nos ajudam a compreender cada diamais aquilo que Jesus apontou para nós.Quem não acredita nisso nãocompreendeu o que Jesus ensinou e nãofez a caminhada da nossa Igreja, porquena nossa caminhada é impossível nãocompreender isso.

Uma Igreja servidora é capaz detransformar realidades, de aliviarsofrimentos e de fazer emergir o projetode Jesus na sociedade. Se nós somoscapazes de fazer emergir esse projeto,evidentemente nós vamos provocartransformações na sociedade. Éimpossível que esse fermento, tão bomcomo é e que nós acreditamos, nãoprovoque transformações através depessoas transformadas e conscientes dasua missão na sociedade.

Queremos reafirmar a opçãopreferencial pelos pobres comocompromisso da Arquidiocese e valorizaras Pastorais Sociais, que nos ajudam aconcretizar essa opção. Somos chamadosa ser uma igreja misericordiosa. Alguémneste encontro usou como exemplo o fatode que muitas vezes nós vamos a algumareunião e passamos por uma situação depobreza ou necessidade e, na reunião,nós tratamos de tantas coisas, masaquela situação não nos sensibiliza. Nemsempre nós conversamos sobre isso nosnossos espaços de decisão, deencaminhamentos, de partilha. E qual arazão disso? Qual a razão pela qual osacerdote e o levita não pararam parasocorrer o homem à beira da estrada?Porque não quiseram ver. Quando a gente

atravessa de calçada é porque não querenfrentar e acolher aquela pessoa com ocoração, porque se eu acolher eu tenhoque dizer, minimamente, bom dia, darabertura, estabelecer um diálogo, estardisposto ao serviço.

Então, a primeira atitude é de umaigreja misericordiosa, que deixa tocar oseu coração pela necessidade. É umaigreja samaritana, porque, além damisericórdia, ela precisa ter braços,precisa interromper o seu caminho,descer do cavalo, colocar os seus recursosa serviço. O Samaritano fez isso. Apesarde estar trabalhando, fazendo algumacoisa, assim como os outros tambémestavam, ele parou, desceu, curou,investiu e continuou cuidando.

A nossa Igreja precisa ter, então,coração, braços, atitude e ser,verdadeiramente, profética. Porque aquiloo que ela sente e faz tem que soar comoo seu anúncio, o seu testemunho. Ela temque contribuir para uma formaçãohumana que acredita na força do amor,do evangelho, muito mais do que na forçado poder, do dinheiro, desta lógica quenos assombra. E nós acreditamos nisso.

Deve ser uma igreja libertadora,em ação permanente, que cura, acolhe,impede e restaura a dignidade humana,repetindo, na história, a ação de Jesus,que atende, cura, liberta e expulsa donosso meio os muitos espíritosimpuros, que às vezes montamespaços grandiosos, mesmo dentronós, e que precisam ser eliminados.

E o cuidado com o nosso mundo,com a consciência da ecologia,reconhecendo em tudo o sinal de amorcriador, amando a criação. Somoschamados a garantir uma formação quenos ajude a cuidar e a gerar novoscomportamentos, valorizando iniciativasde preservação ambiental e campanhasde mobilização nesta direção. Tambémo apoio aos trabalhos de reciclagem, emespecial às cooperativas, porque otrabalho que se realiza é importante ea forma como este trabalho se organizaé o motivo de acreditarmos na força dascooperativas.

Cabe a nós pedir a força para quea gente continue fazendo este nossotrabalho.

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A Avaliação é o esforçopermanente de um olhar que procuravoltar-se para a realidade no sentidode vê-la com clareza, profundidade eabrangência. Num trabalho deavaliação busca-se estabelecer umquestionamento contínuo de todos oselementos envolvidos no processoavaliativo, procurando, revendo eampliando seu significado.

Avaliar pressupõe definir princípiose parâmetros em função dos objetivosque se pretende alcançar, verificarconstantemente a caminhada de formacrítica, levando em conta todos oselementos envolvidos.

O 7º Plano de Pastoral Orgânica,no eixo da Igreja que se Renova,valoriza e destaca a metodologia doplanejamento participativo e a culturade avaliação dos processos: “Somosuma Igreja em contínuo processo deconversão. Por isso há uma necessidadeconstante de avaliar para crescer. Aavaliação antes, durante e depois daação pastoral ajuda a verificar se osobjetivos foram alcançados. Contribuipara o aprimoramento dos processos,aprofundando o que deu certo,aproveitando as descobertas feitasdurante o trabalho e identificado errospara que não sejam repetidos. Somoschamados a vivenciar uma mudançaradical de mentalidade, que nos leve aabandonar o amadorismo e aimprovisação das nossas atividades.Essa nova concepção pastoral nosajudará a sair de uma cultura de

eventos para uma cultura de processose estabelece como um de seusobjetivos. “Dar uma atenção especialaos momentos de avaliação” (7º PPO,pg. 27).

No Encontro Arquidiocesano osparticipantes foram convidados a avaliaro Encontro quanto à clareza dosobjetivos previstos, quanto àmetodologia proposta para o trabalhoe quanto à organização do Encontrocomo um todo. Para tanto lhes foisolicitado que destacassem os aspectospositivos (que bom), as dificuldadesencontradas (que pena) e queapresentassem sugestões (que tal) parao aprimoramento de futuros encontrose de nossos processos de trabalho.

Deste Encontro participaram cercade 300 pessoas, 127 das quaiscontribuíram com suas avaliações.

De um modo geral as pessoasindicaram muito mais aspectos positivosdo que dificuldades encontradas.

A clareza dos objetivos, ametodologia proposta, a organização doencontro como um todo, os assessores,os momentos de espiritualidade ecelebração, as dinâmicas vivenciaispropostas estiveram dentre os aspectosmelhor avaliados por um grandenúmero de participantes.

O local de realização do Encontro,a acolhida, a alimentação foramapontados como significativos.Também mereceram destaque aparticipação de todos, o cuidado coma ornamentação e arranjos, bem como

a organização dos participantes nasrefeições, a exibição do filme “Homense Deuses”, o reencontro de muitaspessoas e a equipe de música.

Dentre as dificuldades apontadas,a de maior destaque foi a falta declareza percebida nos miniplenários eo pouco tempo para os assessores.

Outros aspectos relacionados àpouca presença de padres, àdificuldade para interpretar e implantaro 7º PPO, a falta de material concretopara levar às Paróquias e a ausênciade momentos de silêncio durante asorações foram indicados.

A organização das pessoas nasrefeições foi apontada como umadificuldade por alguns participantes.

Com relação às sugestões, aindicação do uso da Tecnologia comoelemento facilitador e favorecedor deuma maior participação foi expressiva.

Outros aspectos sugeridos foram:disponibilização de material dasassessorias durante o Encontro, ou oenvio de material por e-mail, bem comoa divulgação do material relativo aoEncontro e de outros projetos do 7ºPlano de Pastoral Orgânica.

Para as pessoas que participaramdo Encontro em Itaici pela primeira vezfoi feita a sugestão de uma maiororientação sobre o funcionamento eoutras informações a respeito da “casa”.

A organização de uma Festa deconfraternização também foi apontadacomo facilitadora de maior entrosamentoe integração entre os participantes.

Avaliação final

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Rua Lumen Christi, 02 - Jd. das Paineiras13092-320 - Campinas - SPTelefone: (19) 3794.4605E-mail: [email protected]

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