revista eletrônica - história contemporânea

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HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA: História contemporânea Edição:nº01 26defevereirode2009 CONTEMPORÂNEA: O mundo em guerra Nessa edição:o estado de saúde de José de Alencar Guerra na palestina. 15/3/2009 1

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Modelo de Revista Eletrônica. Neste caso esta revista foi produzida pelos alunos da FTC - ead Ueles e Itamar.

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Page 1: Revista Eletrônica - História Contemporânea

HISTÓRIA

CONTEMPORÂNEA:

História contemporâneaEdição:nº 0126 de fevereiro de 2009

CONTEMPORÂNEA:

O mundo em guerra

Nessa edição:o estado de saúde de José de Alencar

Guerra na palestina.

15/3/2009 1

Page 2: Revista Eletrônica - História Contemporânea

editorial

� Entrevista: Franklin Delano Roosevelt pag 14 arquivo VEJA, Junho de 1944

� Nacional: estado de saúde de José de Alencar. Pag. 11

� Internacional: OIT mostra que desemprego deve aumentar na América Latina neste ano pag. 14

� Colunas pag. 30

� Gente pag. 34

� moda

� Guerra no oriente médio.

� Culinária medieval e brasileira pag. 54

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ENTREVISTA: Franklin Delano

Roosevelt

� ENTREVISTA: Franklin Delano Roosevelt VEJA, Junho de 1944 O presidente americano comemora os avanços naNormandia e a conquista de Roma, mas avisa: o caminho até a vitória ainda é longo. Com confiança nos aliadossoviéticos e chineses, FDR não cogita a derrota - mas é cauteloso ao discutir as datas. 'Será bem difícil e custoso,como já alertara antes', diz. o assumir a presidência dos Estados Unidos, em 4 de março de 1933, FranklinRoosevelt proclamou sua frase mais famosa: "A única coisa que devemos temer é o próprio medo". A frase serefereia aos tempos da Grande Depressão, o atoleiro econômico em que vivia a nação até a posse do novopresidente. Agora, com o país novamente de pé - e mais rico do que antes -, o bordão pode muito bem seraplicado à participação americana na guerra. Após muita resistência, os EUA subiram ao ringue e, com seu pesoaplicado à participação americana na guerra. Após muita resistência, os EUA subiram ao ringue e, com seu pesodecisivo, inverteram a balança de forças. A posição da maioria dos americanos mudou da água para o vinho: ahesitação isolacionista ficou para trás, dando lugar a uma forte disposição de vencer. A guinada não foi obra só dosjaponeses, que atacaram Pearl Harbor e inflamaram o povo - Roosevelt, político habilíssimo e espetacular orador,vendeu como ninguém a causa dos Aliados, fazendo o país enfim superar seus temores. Craque também nasurnas, FDR deverá tentar um inédito quarto mandato como presidente no fim deste ano. Nos dois últimos pleitos,em 1936 e 1940, foi reeleito vencendo de lavada. Por causa da guerra, é quase impossível que não ganhe outra vez- apesar dos sinais cada vez mais preocupantes de problemas com sua frágil saúde, sobre a qual a imprensaamericana reluta em falar. Se o físico de Roosevelt aparenta desgaste, seu impressionante intelecto parece afiadocomo sempre. Nesta entrevista, ele explica com brilho e franqueza como vencerá a guerra e revela que ajudaráaté os países derrotados: "Estabelecer um padrão de vida decente em todas as nações é um fator essencial para apaz permanente". ...

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� o assumir a presidência dos Estados Unidos, em 4 de março de 1933, Franklin Roosevelt proclamousua frase mais famosa: "A única coisa que devemos temer é o próprio medo". A frase se refereia aostempos da Grande Depressão, o atoleiro econômico em que vivia a nação até a posse do novopresidente. Agora, com o país novamente de pé - e mais rico do que antes -, o bordão pode muitobem ser aplicado à participação americana na guerra. Após muita resistência, os EUA subiram aoringue e, com seu peso decisivo, inverteram a balança de forças. A posição da maioria dosamericanos mudou da água para o vinho: a hesitação isolacionista ficou para trás, dando lugar auma forte disposição de vencer. A guinada não foi obra só dos japoneses, que atacaram PearlHarbor e inflamaram o povo - Roosevelt, político habilíssimo e espetacular orador, vendeu comoninguém a causa dos Aliados, fazendo o país enfim superar seus temores. Craque também nasurnas, FDR deverá tentar um inédito quarto mandato como presidente no fim deste ano. Nos doisúltimos pleitos, em 1936 e 1940, foi reeleito vencendo de lavada. Por causa da guerra, é quaseimpossível que não ganhe outra vez - apesar dos sinais cada vez mais preocupantes de problemascom sua frágil saúde, sobre a qual a imprensa americana reluta em falar. Se o físico de Rooseveltcom sua frágil saúde, sobre a qual a imprensa americana reluta em falar. Se o físico de Rooseveltaparenta desgaste, seu impressionante intelecto parece afiado como sempre. Nesta entrevista, eleexplica com brilho e franqueza como vencerá a guerra e revela que ajudará até os paísesderrotados: "Estabelecer um padrão de vida decente em todas as nações é um fator essencial paraa paz permanente".

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Prisão e execução de Mussolini

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VEJA - Como país mais rico do mundo, os Estados Unidos vêm pagando parte substancial da conta dacampanha aliada. Seu país terá fôlego econômico para custear a guerra até o fim sem comprometer seu

futuro?Roosevelt - Acredito que sim. Além do recolhimento dos impostos comuns, reuniremos os fundosnecessários para lutar através da venda de Títulos de Guerra. A compra desses papéis é um ato de livreescolha, que todo cidadão faz de acordo com sua própria consciência. E fico feliz em informar quequase todos os americanos fizeram isso. O país tem cerca de 67 milhões de pessoas com alguma renda,mas 81 milhões já compraram Títulos de Guerra. Foram mais de 600 milhões de títulos comprados, quesomaram mais de 32 bilhões de dólares. Se há alguns anos alguém dissesse que isso ocorreria, seriachamado de lunático.

VEJA - Mas o apoio popular ao esforço de guerra ainda tem algumas exceções.Roosevelt - Confesso que fico desapontado quando noto isso. A esmagadora maioria da populaçãorecebeu as demandas da guerra com magnífica coragem e muita compreensão. Aceitaramrecebeu as demandas da guerra com magnífica coragem e muita compreensão. Aceitaraminconveniências, aceitaram dificuldades, aceitaram sacrifícios. Mas, enquanto a maioria trabalha semreclamar, uma minoria barulhenta continua rosnando por favores especiais. São pestes que infestamos lobbies do Congresso e os bares de Washington e enxergam na guerra uma chance de obter lucropróprio. Talvez nem estejam tentando sabotar o esforço de guerra, mas se iludem ao achar que acaboua hora de fazer sacrifícios, que a guerra já está ganha e podemos relaxar. Mas esse tipo de atitude sóprolonga a guerra.

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VEJA - Nota-se também a preocupação de muitos americanos com o dinheiro que o senhor

reservará para reconstruir os países arrasados pela guerra.

Roosevelt - Mas estabelecer um padrão de vida decente para homens, mulheres e crianças em todas as nações é um fator essencial para uma paz permanente. A real liberdade individual não pode existir sem segurança econômica. Pessoas famintas e desempregadas são a matéria-prima das ditaduras. Há pessoas que se entocaiam como toupeiras e tentam espalhar pelo país a suspeita de que, se outras nações forem ajudadas a elevar seu padrão de vida, o padrão de vida dos americanos será depreciado. Na verdade, é o contrário. Já ficou provado que, se o padrão de vida de um país cresce, cresce também seu poder de compra. E essa alta estimula o aumento do padrão de vida de vizinhos com quem faz comércio. É pura questão de bom senso.

VEJA - Há mais uma queixa em seu país: a de que as medidas adotadas por causa do esforço de

guerra são excessivas. A seu pedido, o Congresso proibiu, por exemplo, a realização de greves, guerra são excessivas. A seu pedido, o Congresso proibiu, por exemplo, a realização de greves,

algo que se costuma ver em regimes totalitários...

Roosevelt - Nosso sistema de serviço nacional é a forma mais democrática de se lutar uma guerra. É a obrigação do cidadão servir à nação ao máximo onde ele for mais bem qualificado. E isso não significa redução de salários, perda de benefícios previdenciários, prejuízo aos empregos. Estou convicto de que o povo americano receberá bem as medidas, baseadas no princípio do "justo para um, justo para todos". É assim que se luta e se ganha uma guerra. Ainda que ache que os Aliados podem vencer sem tais medidas, estou certo de que nada menos do que a mobilização total da mão-de-obra e do capital garantirá a vitória antecipada.

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VEJA - O senhor acredita que o isolacionismo, posição majoritária no país até o ataque a Pearl

Harbor, voltará a existir depois da guerra?

Roosevelt - Creio que não. Vivemos por tempo demais sob a esperança de que as naçõesagressoras e belicistas aprenderiam e entenderiam a doutrina da paz puramente voluntária. Erauma posição bem-intencionada, mas fracassada. Espero que não a adotemos de novo. Bem,esperar é pouco: na verdade, farei tudo o que for humanamente possível como presidente paraevitar que esses trágicos erros não sejam cometidos outra vez. Sempre existiram os idiotas queacreditavam que não haveria guerras se todos entrassem em casa e trancassem suas portas. Elesnão estavam dispostos a encarar os fatos. Mas, se estamos lutando pela paz agora, não é lógicoque no futuro usemos a força, se necessário, para manter essa paz?

VEJA - Além do espetacular progresso obtido depois do Dia D, as últimas semanas foram

marcadas também pela libertação de Roma. Como o senhor recebeu essa notícia?marcadas também pela libertação de Roma. Como o senhor recebeu essa notícia?

Roosevelt - Como foi a primeira das capitais do Eixo a estar em nossas mãos, pensei: uma já foi,agora faltam duas, Berlim e Tóquio. Talvez seja significativo que a primeira capital a cair tenha amais longa história entre todas elas. Ali ainda vemos os monumentos do tempo em que osromanos controlavam todo o mundo. Isso também é significativo, já que queremos que, no futuro,nenhum povo seja capaz de governar o planeta inteiro. Além dos monumentos antigos, tambémvemos em Roma o grande símbolo do cristianismo. Fico satisfeito que a liberdade do papa e doVaticano tenha sido garantida por nós. Também é simbólico que Roma tenha sido libertada porforças de várias nações juntas. E, se Roma foi poupada da devastação que assolou outrascidades, não é aos alemães que devemos agradecer. Afinal, manobramos com tamanha períciaque, se ficassem em Roma para destruir a cidade, os nazistas perderiam exércitos inteiros. MasRoma é, obviamente, mais que um simples objetivo militar.

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VEJA - E como será a vida dos italianos agora?

Roosevelt - Eventualmente a Itália conseguirá se reconstruir. Mas será seu próprio povo que fará isso, escolhendo seu próprio governo democrático. Enquanto isso, não seguiremos o padrão adotado por Mussolini e Hitler nos países ocupados, de pilhagem e fome. Já estamos ajudando. Com a cordial cooperação dos italianos, estamos estabelecendo a ordem, dissolvendo as organizações fascistas, suprindo as necessidades cotidianas até que eles possam cuidar deles mesmos. Os italianos viveram por tanto tempo sob o regime corrupto de Mussolini que sua condição piorou muito. Encontramos fome, miséria, doença, educação e saúde pública pioradas. São subprodutos do fascismo. A tarefa aliada na ocupação é gigantesca.

VEJA - O senhor sabe estimar quanto essa operação custará?

Roosevelt - Veja, alguns podem pensar nisso só pelo aspecto financeiro. Mas esperamos que a ajuda seja um investimento no futuro, que pague dividendos ao acabar com o desejo italiano de iniciar outra guerra. Não perdemos de vista suas virtudes como nação pacífica. Lembramos dos iniciar outra guerra. Não perdemos de vista suas virtudes como nação pacífica. Lembramos dos muitos séculos em que os italianos brilhavam nas artes e ciências. Lembramos de seus grandes filhos, como Galileu e Marconi, Michelangelo e Dante. No passado, milhões deles chegaram aos EUA. Foram bem recebidos, prosperaram, se tornaram bons cidadãos. O mesmo ocorreu em outros países, como no Brasil, por exemplo. A Itália deve continuar sendo uma grande nação-mãe, contribuindo para o progresso e preservando sua herança cultural e histórica. Todas as nações contrárias ao fascismo devem ajudar a Itália a ter outra chance

VEJA - Antes do Dia D, surgiram relatos de que americanos e britânicos brigaram para decidir

quem comandaria essa monumental ofensiva. Essa informação procede?

Roosevelt - É evidente que não. Você pode até ter ouvido de algumas pessoas que britânicos e americanos não se dão bem, que a cooperação entre nós é difícil. Nossas recentes vitórias desmentem

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VEJA - E os russos e chineses? Há alguma rivalidade ou atrito com eles?

Roosevelt - As recentes conferências do Cairo e Teerã deram-me a primeira oportunidade de conhecer o generalíssimo Chiang Kai-shek e o marechal Josef Stalin, de sentar à mesa com eles e conversar frente a frente. Confiávamos uns nos outros, mas precisávamos do contato pessoal. Agora, além de confiar neles, os conheço bem. Valeu a pena viajar milhares de quilômetros para ver que concordamos em todos os objetivos e em todos os meios de obtê-los. Encontrei no generalíssimo Chiang um homem de grande visão, de um entendimento agudo dos problemas atuais e futuros. E me relacionei muito bem com o marechal Stalin, homem que combina tremenda determinação com um eterno bom humor. Acredito que ele seja um legítimo representante da alma e coração dos soviéticos, com quem, creio, teremos uma ótima relação.

VEJA - Então os Aliados já definiram o que fazer quando a guerra terminar?

Roosevelt - Concordamos substancialmente nos objetivos gerais para o mundo no pós-guerra. Roosevelt - Concordamos substancialmente nos objetivos gerais para o mundo no pós-guerra. Discutimos as relações globais sob o ponto de vista das metas amplas, não de detalhes. Mas, depois desses debates, posso dizer que não creio no surgimento de diferenças indissolúveis entre URSS, Grã-Bretanha e EUA. De qualquer forma, não é hora de iniciar a discussão sobre termos de paz. Primeiro precisamos ganhar a guerra. Não podemos aliviar nossa pressão sobre o inimigo perdendo tempo com discussões sobre fronteiras e controvérsias políticas. Ainda não é hora de festejar. A vitória ainda está a alguma distância de nós. Essa distância será percorrida no tempo devido. Mas isso será difícil e custoso, como já alertara antes. E suspeito que, quando essa guerra enfim terminar, não estaremos em clima de festa. Acho que nossa maior emoção será uma grave determinação para que isso jamais volte a acontecer.

Entrevista retirada da revista veja: Junho de 1944

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Médico diz que primeiras 24 horas após cirurgia de Alencar foram 'satisfatórias'Vice se recupera de cirurgia para retirada de tumores.Segundo médico, evolução de quadro clínico está dentro do esperado

O cardiologista Roberto Kalil Filho, que acompanha o vice-presidente José Alencar, internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, disse nesta terça-feira (27) que as primeiras 24 horas de recuperação foram "satisfatórias".

"Agora temos até amanhã para tentar que ele respire sem a ajuda de aparelhos", disse o médico. Segundo ele, a sedação já foi suspensa. "Foi suspensa com o objetivo de tirá-lo dos aparelhos."aparelhos."

"Cada paciente responde de uma maneira [a uma cirurgia]. O vice-presidente está respondendo muito bem, está estável e dentro da nossa programação", afirmou o médico.

Alencar está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para se recuperar de uma cirurgia realizada no domingo (25) que retirou tumores da região abdominal. O procedimento durou mais de 17 horas.

Boletim médico divulgado nesta terça informou que ele respira por aparelhos e que "mantém todos os sinais vitais normais, inclusive com bom funcionamento do rim".

José de Alencar

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Visita de LulaO presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no hospitalno início da tarde. Em entrevista após a visita, eledestacou a “fortaleza” do vice e disse que “a mão deDeus está cada vez mais presente nas cirurgias” de

Alencar.

O presidente afirmou que deixava o hospital feliz com ootimismo dos médicos e da família. “Tenho certeza deque a hora que ele puder falar, a primeira coisa vai dizeré que é preciso reduzir a taxa de juros”, brincou.é que é preciso reduzir a taxa de juros”, brincou.

Lula disse que acredita numa recuperação mais rápidade Alencar agora, em comparação com as cirurgiasanteriores. O presidente contou que conversou comAlencar na sexta (23) sobre a cirurgia. “Fiquei pensandose teria coragem de fazer a cirurgia se estivesse nolugar dele”, disse aos jornalistas.Presidente lula

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A cirurgiaA cirurgia, considerada de alta complexidade pelos médicos, é a mais delicada realizadanos dez anos em que José Alencar luta contra o câncer.

Durante o procedimento, foram retirados nove tumores. Para remover o maior deles, com12 centímetros de diâmetro, foi preciso remover também parte dos intestinos grosso edelgado. Foi necessário ainda retirar dois terços do canal que liga o rim esquerdo à bexiga;os médicos usaram parte do intestino para reconstruir o canal.

Também foram removidos pelos menos outros oito tumores menores na regiãoabdominal. No final da operação, os médicos também aplicaram uma injeção com umasolução de quimioterapia para que fossem eliminadas possíveis células cancerígenas.solução de quimioterapia para que fossem eliminadas possíveis células cancerígenas.

A cirurgia foi conduzida pelo cirurgião-oncologista Ademar Lopes. “O Vice-Presidente eseus familiares foram avisados sobre a complexidade do procedimento, bem como, sobreos riscos trans e pós-operatórios, estando todos de perfeito acordo”, frisou o cirurgião-

oncologista Ademar Lopes.

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OIT mostra que desemprego deve aumentar na América Latina neste anoRegião pode perder até 2,4 milhões de empregos por conta da crise.Índice deve chegar a 8,3%, semelhante ao de 2007.

A Organização Internacional do Trabalho(OIT) divulgou, nesta terça-feira (27), que ataxa de desemprego na América Latina e noCaribe deve aumentar para 8,3% em 2009,por conta da crise financeira internacional.

Segundo a estimativa da Organização,podem ser fechadas entre 1,5 milhão e 2,4milhões de vagas formais no meio urbanoneste ano. A expectativa da OIT é de que2009 produza um aumento do desempregopara uma taxa semelhante à registrada em2007 (8,3%) na América Latina e Caribe.

Em 2008, a taxa ficou em 7,5%, completando um ciclo de cinco anos de redução. Para aOIT, parte do avanço conseguido em 2008 será perdido devido à crise financeirainternacional.

O destino do currículo

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No Brasil, segundo o estudo da OIT, entre janeiro e novembro do ano passado, odesemprego ficou em 8%. Em 2007, essa taxa foi de 9,5%. O levantamento daOrganização usa os dados da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), que pesquisa as seis principais regiões metropolitanas do

país.

O diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, Jean Maninat, disse que os governosprecisam encontrar fórmulas urgentes para evitar uma retração muito grande doemprego na região.

“Estes prognósticos mostram a necessidade de que sejam tomadas medidas para reduziro impacto laboral da crise com políticas anticíclicas e inovadoras, com programas deinvestimento, apoio a empresas produtivas e proteção à população mais vulnerável.investimento, apoio a empresas produtivas e proteção à população mais vulnerável.Depois de anos de resultados positivos, a região está melhor preparada para estedesafio”, disse Maninat

SaláriosO Panorama Laboral mostra ainda que os trabalhadores estão recebendo reajustes salariaisinferiores ao que receberam em 2007. O aumento das remunerações foi, em média, de 3,2%na América Latina e Caribe em 2008. Em 2007, essa média era de 3,7%. No Brasil, o reajustemédio das remunerações em 2008 foi de 1,6%.

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Segundo a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, a média da região é elevada porque, na Argentina, os salários na iniciativa privada tiveram reajustes muito elevados, em torno de 8,4%. Se os dados argentinos forem excluídos do relatório, o reajuste médio dos salários na região fica em 0,6%.

Previsões para 2009A OIT usa cálculos da ComissãoEconômica para América Latina e Caribe(Cepal) para projetar o crescimento doProduto Interno Bruto (PIB). Essaprevisão aponta que a região crescerá,no máximo, 1,9% em 2009. Segundo

Realidade do trabalhador.

no máximo, 1,9% em 2009. Segundoesses prognósticos, a economia brasileiradeve crescer 2,1% neste ano.

“Se isso se confirmar realmenteentraremos num processo muito fortede redução do crescimento econseqüente aumento do desemprego”,afirmou a diretora da OIT no Brasil.

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internacional

A guerra dos quatro diasMas que pode durar muito mais: Israel ataca os radicaisdo Hamas na Faixa de Gaza, com terríveis conseqüênciaspara a população civil. É mais uma prova de comoé necessário – e difícil – um acordo de paz.

Hatem Omar/AP

CHOQUE E ESPANTOFamília palestina foge de bombardeio: mais de 370 mortos, dos quais sessenta civis

A lógica tribal tem regras simples: se você me ataca, eu ataco de volta. Se quiser me destruir, eu o destruo primeiro.

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Se eu puder, uso dez vezes maisviolência. Ou cem. Ou mil. Sei quevocê vai querer se vingar, mas estareipreparado, à espera. Eternamente,se for preciso. Essa é a lógica daguerra dos quatro dias, mas que podese estender, desfechada por Israelcontra um dos lugares maisdesgraçados do mundo, a Faixa deGaza.Tentativa pacífica de resolver a situação, em 13 de setembro de 1993.

O pedaço estreito de terra desértica e superpovoada ficou ainda mais perigoso depoisO pedaço estreito de terra desértica e superpovoada ficou ainda mais perigoso depoisque o Hamas, uma organização nacionalista permeada pela ideologia dos radicaismuçulmanos, o transformou numa espécie de segundo estado palestino – o primeiro ficano território conhecido como Cisjordânia e é governado pelo Fatah; os dirigentes de cadaum dos pedaços de uma futura e já tão alquebrada nação palestina se odeiam.

Desde que o Hamas tomou o poder em Gaza, Israel bloqueia o território, com as tristes eprevisíveis conseqüências para a população civil, privada de quase tudo. Houve umatrégua nos últimos meses, mas ela acabou quando o Hamas voltou a disparar foguetes,toscos embora perigosos, contra cidadezinhas israelenses fronteiriças.

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Invocando o direito degarantir a segurança dosmoradores da região, nosábado 27 Israel lançouuma série arrasadora debombardeios contraGaza.Os alvos visavam àestrutura de poder doHamas – a central doaparato de segurança, oquartel da polícia,depósitos de armas,

1973: o general Moshe Dayan (e) com Ariel Sharon na Guerra do Yom Kippur.O conflito

é de muito tempo.

depósitos de armas,lugares onde dirigentesda organizaçãotrabalham e vivem.

Prédios inteiros foram, literalmente, evaporados. Bombardear cidades só pode terresultados terríveis. Dos mais de 370 mortos em quatro dias, cerca de sessentaeram civis, inclusive crianças, nas mais desoladoras das cenas. Cinco irmãs, todasmenores, morreram numa mesma casa. Em outra, vizinha de um dirigente doHamas, mais três meninos pereceram. Os foguetes vindos de Gaza persistiram.Morreram quatro israelenses, incluindo uma mulher beduína.

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Na linguagem diplomática, esse tipo de reação é chamado deuso desproporcional da força. Na lógica tribal, é autodefesaperfeitamente admissível e moralmente justificável, tanto que

Massacre de inocentes

perfeitamente admissível e moralmente justificável, tanto quea maioria dos israelenses apoiou os ataques. Evidentemente,existem motivos estratégicos que vão além do direito deproteção às localidades alvejadas pelo Hamas: Israel quisdesfechar um golpe estrondoso contra seu inimigo maispróximo e reafirmar aos mais distantes que continua a terpoder bélico incontestável, dissipando a imagem dúbiadeixada pela última operação de grandes proporções, contra oHezbollah, no Líbano, em 2006.

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E quis fazê-lo antes da posse de Barack Obama, que se tornará presidente dosEstados Unidos com um fato consumado: os inimigos de Israel estarão mais raivososdo que nunca, tanto na retórica quanto, se conseguirem, nos atos. E nesse caldeirãode raiva ficará mais difícil para os americanos obter dos israelenses as concessõesnecessárias para um cada vez mais complicado acordo de paz.

É tortuoso, mas quem conhece o Oriente Médio não fica mais espantado com nada. O fulcro do problema é que dois direitos à existência nacional se sobrepõem, criando uma situação em que os dois lados estão certos quando lutam pela própria sobrevivência e erram quando vão a limites extremos para defendê-la. As razões de cada um são conhecidas. A criação de Israel decorreu da perseguição aos judeus na Europa e foi legitimada pelo mais hediondo dos crimes, o genocídio cometido pela Alemanha nazista. Quem pode negar aos judeus o direito de ter um país forte e Alemanha nazista. Quem pode negar aos judeus o direito de ter um país forte e protegido, e, numa espécie de justiça histórica, no mesmo lugar onde havia existido dois milênios antes? Ao ser erigido, no entanto, o estado de Israel desencadeou a privação dos habitantes árabes, que perderam casas, terras e identidade. Quem pode negar a injustiça histórica cometida contra os palestinos? Ou a sua legítima aspiração a um estado independente?

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ATAQUE AO QG FUNDAMENTALISTAPrédios usados pelo aparato de segurança evaporaramPrédios usados pelo aparato de segurança evaporaram

Já naturalmente difícil de resolver, o confronto entre Israel e palestinos ganhounovas camadas de complicação com a ascensão do Hamas, uma organização deinspiração religiosa (veja quadro). Hoje, existem duas "entidades" palestinas. Umacomandada pelos herdeiros de Yasser Arafat, que fez o longo percurso rumo àaceitação de Israel e está baseada no território conhecido como Cisjordânia. E outraem Gaza, comandada pelos fundamentalistas e rejeicionistas – o nome que se dáaos que pregam a destruição do estado judeu.

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Para complicar, Israel ainda tem a sua própria população árabe, com cidadania, masnenhuma empatia com o país que habita. Todos os líderes de Israel, de qualquer filiaçãopolítica, vivem sob o choque das forças tectônicas decorrentes daí: o compromisso deusar todos os recursos, necessários ou excessivos, para defender a nação judaica e acompreensão, até quando não querem, de que Israel não pode dominar indefinidamenteuma população tão hostil que mães aplaudem quando seus filhos, ou filhas, setransformam em bombas humanas. Yitzhak Rabin, o general "quebra-ossos", aceitou oretorno à Cisjordânia de Arafat e seus seguidores (foi assassinado por um judeu que oconsiderou traidor). Ariel Sharon, o mais duro entre os duros, tirou as tropas israelensesde ocupação e desmontou assentamentos judeus em Gaza (também foi chamado detraidor; vive em estado vegetativo desde o derrame que sofreu em 2006).

Todas as vezes que Israel faz o que considera supremas concessões aos palestinos, masTodas as vezes que Israel faz o que considera supremas concessões aos palestinos, mascontinua a sofrer violência, reverte ao papel de vítima – e revida com força infinitamentemaior, num ciclo que parece não acabar nunca. Nos últimos anos, a convivênciaincômoda com os líderes da Cisjordânia não produziu nenhum acordo de paz, masestabilizou a situação. A ajuda americana e o comércio relativamente livre melhoraram asituação econômica da população palestina nesse território. Mas a ideia de mostrar queos "bons" (na Cisjordânia) prosperariam e os "maus" (em Gaza) seriam castigados nãotem dado certo.

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Movimentos extremistas como o Hamas funcionam melhor justamente numambiente de desgraças. Nos últimos seis meses, houve um cessar-fogo entre aspartes, mediado pelo Egito. Israel manteve o bloqueio a Gaza, que certamenteaumenta sua segurança ao impedir atentados terroristas, mas inferniza a vida daspessoas comuns. Há quinze dias, o Hamas voltou a disparar foguetes contra aslocalidades israelenses. O raio de alcance aumentou e atinge cidades como Ahskelon,antes preservadas. "Nossa vida mudou muito neste ano. Quando toca a sirene, aspessoas têm quinze segundos para se esconder", conta Roberta Krauss, brasileira de22 anos que mora lá. Desde março, por instrução do Exército, os jovens de Ashkelonnão ouvem mais seus iPods nem nenhum outro aparelho com fones de ouvido –precisam ficar atentos aos alarmes. Na segunda-feira 29, Roberta viu com os própriosolhos o que pode acontecer: um foguete do Hamas caiu na rua onde mora; umapessoa morreu e oito sofreram ferimentos. "Quando a poeira baixou, vimos os corpospessoa morreu e oito sofreram ferimentos. "Quando a poeira baixou, vimos os corposno chão."

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DOS DOIS LADOSPrisioneiro palestino escapa de escombros de cadeia bombardeada e israelenses se protegem de foguete vindo de Gaza. "Quando a poeira baixou, vimos corpos no chão", conta a brasileira

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Não é justo comparar o sofrimento de jovens privados de iPods, ou o baixo número de vítimas, com o que acontece em Gaza: atingir civis por qualquer tipo de ataque exige a mesma e unânime condenação. É legítimo, portanto, contestar como Israel usa sua incomparável superioridade militar. "A situação é horrível, horrível", descreveu outro brasileiro residente na região, do lado de Gaza, José Raed Aziz. "De repente, começam as explosões. Quando dá para sair de casa, percebemos que alguns prédios desapareceram. Botei uma bandeira do Brasil no telhado de casa para ver se os israelenses não nos bombardeiam." Os ataques aéreos foram seguidos de uma concentração de tanques na fronteira, o que faz antever, se não a reocupação de Gaza por Israel, pelo menos incursões em larga escala por terra. O próprio ministro da Defesa, Ehud Barak, comandante das operações, usou os termos mais extremos: "Estamos em guerra total contra o Hamas". Ele sabe muito bem que, depois da "guerra total" contra o Hezbollah, o contra o Hamas". Ele sabe muito bem que, depois da "guerra total" contra o Hezbollah, o grupo extremista libanês, com seus resultados ambíguos, nenhum líder israelense pode repetir a mesma ameaça e não cumpri-la. Barak faria tudo exatamente da mesma maneira se fosse se aposentar na semana que vem, mas não vai. Ele já foi primeiro-ministro e quer voltar a sê-lo – o sucesso ou o fracasso, do ponto de vista israelense, dos ataques a Gaza está assim inevitavelmente atrelado a sua, por enquanto, fraca campanha política. Outra candidata, integrante do atual governo como ministra das Relações Exteriores, é Tzipi Livni, que da ótica eleitoral também precisa mostrar serviço como linha duríssima no trato com os que atacam Israel.

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Todo mundo com um mínimo de juízo concorda sobre o que é preciso fazer para que haja um acordo de paz: criar um estado palestino, garantir a segurança de Israel, devolver a metade árabe de Jerusalém e estender a distensão aos vizinhos ainda conflagrados. O problema, evidentemente, é como chegar lá. Muitos tentaram, nenhum conseguiu. A partir do dia 20, o presidente Barack Obama terá a sua chance. Os israelenses ficaram ressabiados de início, mas já fizeram suas contas: a imprensa enumera com satisfação os "amigos de Israel" no próximo governo, incluindo Hillary Clinton, a nova secretária de Estado, e Rahm Emanuel, o mais íntimo operador político de Obama, filho de um médico israelense. Quem deseja que a justiça e a paz prevaleçam torce para que todos se mostrem amigos de verdade e apresentem uma maneira nova de resolver um problema antigo. A qual terá de romper a lógica tribal de um olho por dez. Ou cem. Ou mil. um olho por dez. Ou cem. Ou mil.

Com o apoio de um em cada três palestinos, o Hamas se candidata naturalmente a ser parte de qualquer acordo de paz com Israel. A história e a natureza desse grupo são obstáculos tremendos a que isso venha a acontecer. Desde que foi criado, em 1987, o Hamas tem assumido as posições mais extremadas, similares às defendidas no início pela antiga Organização para a Libertação da Palestina de Yasser Arafat –com a diferença de que a ideologia fundada no extremismo religioso é mais impermeável às adaptações ao mundo real.

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"Eles se recusam a negociar. Para isso, seria preciso que renunciassem ao terrorismo ereconhecessem o direito de Israel a existir, o que é totalmente improvável", disse a VEJAo canadense Mark Heller, pesquisador do Instituto de Estudos da Segurança Nacional daUniversidade Tel-Aviv.O Hamas descende das mesmas fontes que influenciaram a Al Qaeda de Osama binLaden. A base ideológica provém da Irmandade Muçulmana, grupo fundamentalistaegípcio que surgiu no começo do século passado e hoje está na origem de todas ascorrentes radicais existentes entre os sunitas, a vertente majoritária do Islã. Seu objetivodeclarado é a destruição de Israel e a criação de um estado islâmico em que todopalestino tenha o dever religioso de ingressar na guerra santa. Atentados suicidas,quando conseguiam se infiltrar em Israel, e agora foguetes são as armas dessa guerraassimétrica, mas brutal. Apesar da retórica intransigente, o Hamas concordou com umaassimétrica, mas brutal. Apesar da retórica intransigente, o Hamas concordou com umatrégua que vigorou por seis meses ao longo de 2008, mediada pelo Egito. Em dezembro,quando o cessar-fogo expirou, Israel facilitou a entrada de alimentos, combustíveis eremédios na Faixa de Gaza para tentar estender a trégua. O Hamas preferiu retomar ashostilidades abertas e aumentou o número de foguetes disparados contra localidades dosul de Israel.

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O mais perto que o Hamas chegou de uma solução conciliadora foi após as eleiçõeslegislativas de 2006 nos territórios palestinos, vencidas com 44% dos votos. No anoseguinte, o grupo montou um governo de coalizão com o partido laico Fatah. O cargode primeiro-ministro da Autoridade Palestina passou a ser ocupado por IsmailHaniyeh, o incendiário líder aparente do Hamas, enquanto a Presidência ficou comMahmoud Abbas, do Fatah. A experiência acabou três meses depois de nascer,quando soldados do Hamas desfecharam um golpe interno e executaram a sangue-frio mais de 100 membros do Fatah. Prédios públicos e delegacias foram incendiadosou implodidos em questão de horas. Se só se faz a paz com inimigos, como reza omantra dos negociadores acostumados a problemas complicados, haja inimigo que secompare ao Hamas.

Duda Teixeira

Com reportagem de Gabriela Carelli e Leandro Narloch

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Colunas

Por FERNANDA MAYER

(22.mar.2003)A História costuma ser uma rica fonte deinspiração para a moda. Muitas coleçõesreinventaram roupas e cortes do passado,restaurando estilos, recuperando tradições. Hoje,vemos a moda se debruçar sobre sua própria

ANOS 80 - EM BUSCA DA DÉCADA PERDIDA

vemos a moda se debruçar sobre sua própriahistória, recriando tendências de um passado bem

recente.

Na última São Paulo Fashion Week, AlexandreHerchcovitch trouxe referências dos anos 50 nasua coleção com cara de "Bonequinha de Luxo" e aCavalera, a Londres dos anos 60.Já a Triton, André Lima e Ricardo Almeida, noBrasil, e Dolce & Gabanna e Gucci, na Itália,fizeram interessantes releituras dos anos 80 emalgumas de suas mais recentes coleções.

Desfile de André Lima totalmente anos 80

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Claro, recordar é viver, e nós, que ainda nem tínhamos nascidoem 1950 e éramos ainda bebês ou simples criancinhas nos 60,resolvemos mergulhar de cabeça na década de 80, quando jápodíamos nos considerar participantes desta história.Passados já 20 anos da "new wave", do surgimento dosyuppies (young urban professionals), da geração saúde e dafebre da ginástica aeróbica, devemos agora fazer umaressalva: nem tudo nos anos 80 foi um mar de rosas, por isso,vamos procurar submeter nossas lembranças ao filtro damemória, trazendo de volta apenas o que ainda parecersignificativo aos nossos dias.

Gucci usoureferências dofilme "BladeRunner"

Para os economistas, os anos 80 no Brasil são considerados a"década perdida". Paradoxalmente, as roupas procuraramexpressar justamente o contrário: alegre, esportiva, versátil,divertida e ao mesmo tempo, sofisticada, sensual e ousada,reflexo, talvez, da abertura democrática.A ambiguidade foi um traço marcante desta moda: estampasde oncinha, cores cítricas, ombros largos, pernas longas,cortes de cabelo assimétricos e acessórios "fake" conviviamcom discretos tailleurs e com roupas de moletom e cotton-lycra recém-saídas das academias.

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O surgimento de novos tecidos, como o stretch, dava um ar futurista às roupas, mas,ao mesmo tempo, muitas de nós voltaram ao armário da vovó, promovendo a ondados brechós.Tudo é experimentação, inovação e transformação. Até na alta-costura, em que sedestacaram Christian Lacroix, Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier, com suas criaçõesarrojadas, tudo era meio barroco, exuberante e dramático.O outro lado da moeda foram os estilistas japoneses - Yohji Yamamoto e ReiKawakubo - com roupas de uma simplicidade lírica e desconcertante perto de tanto

exagero.Já o estilista italiano Giorgio Armani, que em 1981 lançou a sua grife EmporioArmani, garantiu com seus cortes sóbrios e impecáveis a elegância de homens emulheres de negócios nos anos vindouros.mulheres de negócios nos anos vindouros.

No universo musical, uma infinidade de bandas surgiram na década, com as maisdiversas tendências: new romantics, darks, góticos, metaleiros e rastafaris. Ao contráriodas passarelas, o tom da música pop era mais melancólico, representado por bandascomo Joy Division, Echo and The Bunnyman, The Smiths e The Cure, entre outras.A música, assim como o cinema, foi um importante meio para a difusão das modas,especialmente pela transmissão dos videoclipes, unindo o som à imagem. Filmes como"Blade Runner" (1982) reafirmaram e divulgaram algumas das tendências mais fortes damoda, servindo também de trampolim para astros da música, como Madonna em"Procura-se Susan Desesperadamente" (1985).

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A afirmação da idéia da imagem como meio de comunicação se cristalizou nos 80, quando o corpo se tornou uma vitrine de tudo o que viesse à própria cabeça. A partir de então, quando alguém nos perguntava a respeito de moda, o que começamos a responder foi: "sou eu que faço a minha moda".

Este conceito está presente até hoje, na costumização-mania, na mistura de estilose até na própria negação da moda enquanto norma, presente em movimentoscomo o "grunge", no início dos anos 90.A releitura de antigos clichês, a exploração das ambiguidades, a reflexão sobreconceitos como bom gosto e mau gosto, assim como a mistura de tendências apartir dos anos 80, provaram que todos os limites são relativos e que a moda não émais que a projeção de nossos sonhos, idéias e aspirações, e que, afinal, tudo émais que a projeção de nossos sonhos, idéias e aspirações, e que, afinal, tudo émesmo possível no mundo da criação.

Não resistimos e fizemos uma lista de algumas coisas ótimas e outras nem tantoque são a cara dos 80. Esperamos que os que viveram a "década perdida" etambém os que nunca compraram um vinil na vida se divirtam conosco. Boasrecordações!!!

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QUEM NÃO SE LEMBRA?

-Calça baggy e semi-baggy

-Ombreiras (tinha até sutiã de ombreira)

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Gente:FILOSOFIAFelicidadeComo os grandes sábios podem nos ajudar a viver melhorPaulo Nogueira

Esse episódio foi assim narrado por um historiador: "Demóstenes invejou a glóriade Calistrato ao ver a multidão escoltá-lo e felicitá-lo, mas ficou ainda maisimpressionado com o poder da palavra, que parecia capaz de levar tudo devencida". Ele entrou numa escola de oratória. Assim que pôde, processou seusvencida". Ele entrou numa escola de oratória. Assim que pôde, processou seustutores. Ganhou a causa. Mas estava ainda longe de ser notável. Um dia,desanimado, desabafou com um amigo ator. Gente bem menos preparada que eleprovocava melhor impressão nas pessoas. O amigo pediu-lhe que recitasse umtrecho de Eurípedes ou de Sófocles, dois gigantes do teatro grego. Demóstenesrecitou. Em seguida, o amigo leu o mesmo trecho, com o tom dramático de umator. Era a mesma coisa, e ao mesmo tempo era tudo inteiramente diferente.

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Demóstenes montou então uma sala subterrânea na qual se enfiava todo dia pordemoradas horas para treinar, treinar e ainda treinar. Chegava a raspar um doslados da cabeça para não poder sair de casa e, assim, praticar sem parar. Paraaperfeiçoar a dicção, Demóstenes punha pequenas pedras na boca enquantofalava. Fazia também parte de seu treinamento declamar em plena corrida.Olhava-se num grande espelho para ver se sua expressão causava impacto.Treinamento. Hábito. As recomendações de Aristóteles fizeram de Demóstenesum dos maiores oradores da História da Humanidade. sOutra etapa crucial para a vida feliz, e nisso concordam todas as escolas filosóficas,é lidar bem com a idéia da morte. Montaigne disse que quando queria lidar com omedo da morte recorria a Sêneca. Não por acaso. Ninguém se deteve de forma tãoprofunda e brilhante sobre a maior das aflições humanas: o medo da morte.profunda e brilhante sobre a maior das aflições humanas: o medo da morte.Sêneca, numa carta a um discípulo, escreveu uma frase célebre: "E por mais que teespantes, aprender a viver não é mais que aprender a morrer". Sêneca pregava odesprezo pela morte. Não por morbidez ou por pessimismo. É que quem desprezaa morte vive, paradoxalmente, melhor. Sobre sua alma não pesa o terror supremoda humanidade: o fim da vida. "Parece inacreditável, mas muita gente morre domedo de morrer", escreveu Sêneca. "Imagine que cada dia vai ser o último, e assimvocê aceitará com gratidão aquilo que não mais esperava", disse outro sábio daAntiguidade.

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Pensar na morte, regularmente, é a primeira e maior recomendação de Sêneca. Os romanos tinham o seguinte provérbio: "Memento mori". Que quer dizer: lembre-se de que vai morrer. Não há como escapar. E no entanto nos atormentamos o tempo todo por algo que com certeza, um dia, se realizará. Esse tormento contínuo nos impede de viver bem. Outro romano, Lucrécio (c. 98 a.C.-55 a.C.), escreveu: "Onde a morte está, não estou. Onde estou, a morte não está". Encontramos uma maneira similar de lidar com a morte nas filosofias orientais. O asceta Milarepa, uma das maiores figuras do budismo, vivia perto de um cemitério para jamais esquecer que um dia iria morrer. "O remédio do homem vulgar consiste em não pensar na morte", escreveu Montaigne. "Isso é uma demonstração de cegueira e de estupidez." Fato: quanto menos pensamos na morte, mais somos assombrados por ela. Sêneca evocou com freqüência a bravura de personalidades históricas diante da morte. Sócrates, perante a perspectiva de tomar cicuta, manteve a calma e o humor. Consolou Sócrates, perante a perspectiva de tomar cicuta, manteve a calma e o humor. Consolou os discípulos em vez de ser consolado, episódio que Platão, o maior deles, registrou em sua obra-prima, Fédon. "Chegou a hora de partir, vocês para a vida, eu para a morte", disse Sócrates na hora da execução de sua sentença, segundo Platão. "Qual dos dois destinos é melhor, ninguém sabe." Sêneca mostrou a mesma bravura das pessoas que tanto citou. Acusado de conspiração, recebeu do tirano romano Nero, de quem tinha sido preceptor, a sentença de se matar. Na perpétua instabilidade da sorte, Sêneca passara de homem forte do reinado de Nero (antes que este ficasse louco) a renegado. Como Sócrates, confortou os amigos e familiares que o cercavam desesperados no momento derradeiro. Cortou os punhos e se deixou levar serenamente.

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Sêneca (4 a.C.-65 d.C.)

Seguidor do estoicismo, pregava o desprezo pela morte. Para ele, assim se vivia melhor. Evocava a bravura de personalidades históricas diante da morte, como fez Sócrates, que serenamente bebeu cicuta para cumprir sua sentença. Também cicuta para cumprir sua sentença. Também ele recebeu a sentença de se matar, do imperador Nero

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Aprenda a lidar com a idéia da morte

Uma pessoa afetada na maneira de falar é afetada em outras coisas. Fale com simplicidade. Silêncio também é bom. "A palavra expõe-nos aos mais pesados castigos", disse um sábio."Mas o silêncio jamais tem contas a dar. Não só não causa sede como confere um traço causa sede como confere um traço de nobreza"

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• Reportagem especial:O regime decapitado

Jaime Klintowitz

As democracias têm peculiaridadese gradações. Os regimestotalitários são iguais. Incluemculto à personalidade, perseguiçãoaos opositores, supressão daaos opositores, supressão daliberdade de expressão,inexistência de imprensa livre e,muitas vezes, falta de liberdadereligiosa. As ditaduras tambémtorturam e matam.

SÍMBOLO CAÍDOEstátua destruída de Saddam Hussein numa avenida de Bagdá

E, no fim, terminam quase sempre da mesma forma.

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O tirano foge, e seu povo enrola cordas em torno das estátuas do líder caído epromove a derrubada simbólica de sua imagem – espalhada sempre por todo opaís, como se ele fosse o amantíssimo pai da pátria. Foi o que se viu em Bagdá naquarta-feira da semana passada, em transmissão direta pela televisão para todo oplaneta. Um gigantesco Saddam Hussein feito de bronze, com 6 metros de altura,caiu ao chão numa praça central da capital iraquiana. Um iraquiano pegou umcartaz gigante com uma foto do ditador e deu chineladas na cara de Saddam.Cuspiram sobre seus símbolos, dançaram sobre seus restos. Pela primeira vez nahistória, viu-se uma população árabe festejar a derrubada de um tirano árabe portropas ocidentais. O governo do presidente George W. Bush fez o que prometeufazer para depor o ditador, e com a rapidez que disse que faria.

Americanos e ingleses precisaram de apenas 21 dias para pôr fim aos 24 anos deAmericanos e ingleses precisaram de apenas 21 dias para pôr fim aos 24 anos detirania de Saddam. A disparidade do confronto entre a assombrosa tecnologia bélicada superpotência e um país do Terceiro Mundo é atestada pela quantidade mínima debaixas entre as forças invasoras.

O número de soldados ingleses e americanos mortos em combate nessas três semanas foi inferior ao de homicídios registrados no mesmo período na cidade de São Paulo. Como a Casa Branca previa, a vitória fulminante valeu mais que qualquer resolução das Nações Unidas para dar legitimidade à guerra.

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A imagem dos iraquianos pisoteando a estátua derrubada de Saddam teve valor maiordo que mil palavras a respeito do governo que ele chefiava.Isso tudo eclipsa mas não dilui o aspecto agressivo e arrogante com que americanos eingleses resolveram invadir uma nação, o Iraque, sob o pretexto de anular atos futurosde terrorismo que Saddam Hussein viria a patrocinar mais cedo ou mais tarde, conformea suspeita dos EUA. Será melhor para a imagem externa dos americanos que seusmilitares venham a encontrar as armas químicas e biológicas que serviram inicialmentede pretexto para a derrubada do regime de Saddam Hussein. Isso pode parecerdramaticamente relevante para a opinião pública internacional. Não o é, ao que tudoindica, para os neoconservadores que se aninham em torno do presidente americanoGeorge W. Bush. Com a invasão do Afeganistão e do Iraque, seguida da deposição deambos os governos em tempo recorde, os americanos deram um sinal claro do que osambos os governos em tempo recorde, os americanos deram um sinal claro do que osimpulsiona hoje em dia. Querem fazer saber aos países inimigos que correm riscosenormes se vierem a praticar atos hostis contra os EUA. A derrubada de duas torres emNova York e de uma ala do Pentágono em Washington, além das suspeitas a respeito dorisco representado por Saddam, bastou-lhes como justificativa para promover duasguerras e duas deposições de ditadores.

Há riscos na estratégia. Um deles é a persistência de focos armados leais a Saddam e prontos a atacar de surpresa no formato de guerrilha urbana. Outro risco está no surgimento de centenas de Bin Laden em cada país islâmico.

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Até sexta-feira passada, no entanto, o que se via eram iraquianos sorridentes junto aosocupantes americanos. Grupos de habitantes de Bagdá adaptaram o chavão preferidode Saddam às novas circunstâncias. "Com nosso sangue, com nossa alma, nós vamosdefender você, Bush! Bush! Bush!"

TERRA DE NINGUÉMOs saques explodiram com a queda do regime: saqueadores levam tapetes do hotel Sheraton, que teve o saguão destruído, em Basra. À esquerda, o roubo na casa de Tariq Aziz, ministro de Saddam em Bagdá

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O regime de Saddam desmoronou quase sem lutar em sua capital. A queda rápida deBagdá não deixa dúvidas quanto à impopularidade do homem que durante mais de duasdécadas impôs com mão de ferro sua vontade sobre o Iraque. Também pôs em evidênciaa dura tarefa de reconstrução de um país dilacerado por um governo corrupto,sanguinário, megalomaníaco e por mais de uma década de sanções internacionais. E oIraque piorou muito durante a guerra. Na semana passada, as grandes cidades viviam emabsoluta anarquia. Os soldados invasores deixaram a população à solta e ela, em delírioou desespero, promoveu um saque a tudo o que pudesse ser carregado em caminhões,tratores, carrinhos de mão ou na cabeça

Os saques ocorreram em todas as cidades tão logo o poder do Estado sumiu das ruas. Nacapital, a roubalheira começou pelos prédios estatais e pelas residências abandonadascapital, a roubalheira começou pelos prédios estatais e pelas residências abandonadaspelos manda-chuvas em fuga – até os cavalos árabes foram levados do palácio de Udai, oprimogênito do ditador. Logo a multidão assaltou lojas, bancos, universidades e até oshospitais. A maioria dos saqueadores era de moradores vindos de Cidade Saddam, aenorme favela em que vivem 2 milhões de muçulmanos da vertente xiita. O governo deSaddam, representante da minoria sunita, tratava essa gente como cidadãos de segundaclasse. É natural que o colapso do regime seja seguido por um período de caos. O Iraqueera um país engessado por uma das ditaduras mais perversas da atualidade. Nos regimesde força, quando se retira a tampa da repressão, a sociedade muitas vezes é tomada peloclima de bagunça até o estabelecimento de uma nova ordem.

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No caso iraquiano, o fim da ditadura foi imposto por uma invasão militar estrangeira.Não é um fim inusitado para um regime totalitário. Sobretudo para aqueles, como oiraquiano, que incluíram entre seus desatinos duas tentativas de conquistarterritórios vizinhos em guerras malsucedidas. Nesse aspecto Saddam foi um ditadortípico. Quando vira a esquina da insensatez e se dispõe a fazer a maldade que fornecessária para manter o comando da situação, esse tipo de governante só saimorto do poder. O soviético Josef Stalin e o chinês Mao Tsé-tung, responsável cadaum deles pela morte de milhões de concidadãos, morreram na cama. Adolf Hitler sóse matou quando as tropas soviéticas estavam às portas de seu bunker, depois de terdestruído Berlim e matado milhares de seus habitantes. O romeno NicolaeCeausescu foi executado pela multidão enfurecida que saiu em sua perseguição, em1989. Pol Pot, que numa alucinada experiência de reengenharia social trucidou um1989. Pol Pot, que numa alucinada experiência de reengenharia social trucidou umquarto da população do Camboja, foi deposto por tropas vietnamitas, que invadiramo país sob o aplauso dos cambojanos. Morreu numa choupana na selva, anos depois.Até a madrugada de sábado, ignorava-se o paradeiro de Saddam Hussein. Seudestino, porém, é uma questão resolvida. Ele não vai retornar ao poder.

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Há, no horizonte, a possibilidade de um Iraque democrático prometido pelos Estados Unidos. Isso pode ser uma boa notícia num Oriente Médio congestionado por regimes teocráticos e ditaduras brutais. A promessa não é suficiente, no entanto, para mascarar a dor deixada pelos ataques a vítimas inocentes como o menino Ali Ismail Abbas, de 12 anos, que perdeu os dois braços e toda a família sob bombas americanas. Para ele e para muitos outros, gente mutilada pelos bombardeios, que teve parentes ou casas destruídas, o preço pessoal pago pela vitória americana e pela queda de Saddam não faz nenhum sentido. A dolorosa foto do menino mutilado numa cama transmite uma mensagem dramática do horror da guerra. Tem, para a guerra do Iraque, o simbolismo que uma foto anterior, de 1972, teve para a Guerra do Vietnã: mostrava uma menina de 9 anos, chamada Phan Thi Kim Phuc, correndo nua numa estrada, com o corpo queimado por bombas incendiárias lançadas por aviões americanos sobre sua aldeia.

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VÍTIMA DA GUERRAAli Ismail Abbas, de 12 anos, perdeu os pais e o irmão e teve os braços amputados pelo míssil americano que destruiu sua casa, em Bagdá; o drama do garoto pode se tornar o símbolo desta guerra, como aconteceu com a foto da vietnamita Phan Thi Kim Phuc, em 1972 (abaixo). A menina de 9 anos, queimada por bombas incendiárias, simbolizou os horrores da Guerra do Vietnã 15/3/2009 47

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Como toda guerra, a invasão do Iraque foi cruel. Ainda assim, devido ao cuidadoamericano em evitar atingir os não-combatentes iraquianos e à própria brevidade doconflito, o número de baixas civis – estimado em 2.000 – é relativamente baixo paraum conflito dessas proporções. Acredita-se que 100.000 iraquianos (200.000 emoutras estimativas) tenham sido assassinados pelo regime de Saddam Hussein. Eoutros 500.000 foram mortos nas guerras iniciadas pelo ditador, contra o Irã e oKuwait. Talvez nunca se venha a saber com certeza quantos soldados iraquianostombaram desta vez. Divisões inteiras foram dizimadas pelos bombardeirosamericanos, e os corpos de muitos soldados foram de tal forma pulverizados quetornam impossível a contagem. Também não se sabe quantos deles simplesmenteabandonaram armas e uniformes e desertaram para não morrer.

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Nos Estados Unidos, a repercussão da guerra é surpreendentemente favorável: 71% dapopulação apóia Bush, 13% a mais que no início da guerra, de acordo com o InstitutoGallup. Nos demais países, a imagem dos americanos só piora. Nove em cada dezfranceses são contra a invasão do Iraque e desconfiam que os Estados Unidos só seinteressam pelo petróleo iraquiano. Na Itália, na Alemanha e no Japão, a oposição àguerra passa dos 80%. É natural que o uso da força para projetar o poder americano nomundo – a estratégia ideológica defendida pelos neoconservadores que cercam einfluenciam o presidente George W. Bush – não seja a melhor maneira de conquistaramigos no exterior.

O governo Bush realizou o que chama de "ataque preventivo" contra Saddam Hussein. A intenção era golpear o ditador antes que ele viesse eventualmente a usar seu arsenal A intenção era golpear o ditador antes que ele viesse eventualmente a usar seu arsenal de armas químicas e biológicas que os governantes americanos dizem que tinha em seu poder. Washington nunca exibiu uma prova convincente de ligação direta entre o regime iraquiano e o terrorismo em nome de Alá. Os inspetores da ONU, mandados ao Iraque para procurar vestígios de armas químicas e biológicas, nada acharam. Isso não significa que as armas não existam, mesmo porque Saddam já as havia usado antes.

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E agora? O que farão os Estados Unidos a partir de agora? Em que direção apontarão os canhões dos tanques Abrams na próxima vez em que cismarem que um governante esconde um plano terrorista contra os cidadãos americanos? Há indícios de que Washington não exclui a possibilidade de recorrer à força de novo, desta vez contra a Síria. Advertências explícitas foram feitas ao governo de Damasco, que já aparecia na lista americana dos países patrocinadores de terrorismo e, agora, está praticamente sendo tratado como um novo membro do "eixo do mal" (os integrantes originais são o Iraque, o Irã e a Coréia do Norte). Talvez não seja o caso de uma guerra imediata. Em artigo publicado no The New York Times, o jornalista David Sanger diz que a Casa Branca conta com o chamado "efeito demonstração" da vitória acachapante sobre os outros governos árabes. A idéia é que, pelo menos nos próximos tempos, enquanto os Estados Unidos estiverem ocupados na reconstrução próximos tempos, enquanto os Estados Unidos estiverem ocupados na reconstrução do Iraque, as pressões políticas sejam suficientes para obrigar os caciques do Oriente Médio a pesar com cuidado cada um de seus passos. É de imaginar que nenhum deles esteja dormindo muito bem nos últimos dias.

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PAÍS AOS PEDAÇOSJovens choram a perda de três parentes, mortos numa barreira americana

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Regimes democráticos espalharam-se com rapidez desde a queda do Muro deBerlim, há catorze anos. Isso aconteceu na América Latina, na Ásia e até na África– mas não no mundo árabe. Por que é assim? Uma parte da explicação, diz oiraquiano Elie Kedourie, autor do livro Democracia e Cultura Política Árabe, decorredo fato de a tradição política muçulmana não ter chegado ao estágio de separar oEstado da mesquita. O Islã coloca a soberania política em Alá. Em outras palavras,o Estado deve ser totalitário por ser uma emanação da vontade divina. A lógicaprevalece mesmo quando o governante é laico. Outra explicação está nosubdesenvolvimento econômico. A burguesia e a classe média são dependentesdo Estado e, portanto, não têm interesse em lutar pela democracia. "Só umaclasse média esclarecida pode tirar os ditadores do poder", resume o libanêsclasse média esclarecida pode tirar os ditadores do poder", resume o libanêsAhmad Dallal, professor de história do Oriente Médio da Universidade Stanford,na Califórnia. Todos os processos democráticos testados nesses países – como aextensão do voto às mulheres no Catar – foram decisões pessoais de líderesautocráticos.

Por fim, há o peso do conflito com Israel. A solução dos problemas externos é opretexto para adiar o processo democrático doméstico. No Cairo, há liberdadetotal para fazer passeatas contra os israelenses, mas nenhuma para pregar o fimdo governo local. O que mais preocupa os caciques em Damasco, Teerã e Riad é apossibilidade de a libertação dos iraquianos, ainda que involuntária, fomentaridéias similares em seus países.

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O maior risco para essas ditaduras é que dê certo a reconstrução prometida pelos Estados Unidos. Rico e democrático, o Iraque se tornaria um modelo para virar do avesso a tirania no Oriente Médio.

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Culinária medieval e brasileiraLivros e manuscritos da cozinha da Europa medieval, emvárias idiomas, escritos ou publicados entre o século XIIIe a Renascença. Em português, o site faz referência ao OLivro de Cozinha da Infanta D. Maria de Portugal .Numa tradução livre, posso transcrever toscamente umpouco do conteúdo do livro que é dedicado à Infanta. Éuma raridade, além de uma informação curiosa

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"Esse livro de cozinha portuguesa foi encontrado no manuscrito I.E.33 da Biblioteca Nacional de Naples por Alfonso Miola em 1895. O manuscrito reune um certo número de textos pertencentes à família Farnèse. Uma edição integral bilingue (português medieval e moderno) do texto foi publicada em 1967 por Giacinto Manuppela (introdução histórica de Salvador Dias Arnaut), Universidade de Coimbra (Acta Universitatis Conimbrigensis).

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Giacinto Manuppela estima, na introdução, que as receitas de origem desse livro decozinha foram escritas por volta do fim do século XV ou início do século XVI.Entretanto, a data de redação do manuscrito coloca um problema: o manuscrito seapresenta sem página de título, com várias escritas diferentes. Ele é chamado O Livro deCozinha da Infanta D. Maria de Portugal. Na realidade, a Infanta D. Maria de Portugal,esposa de Alexandre Farnèse, viveu entre 1538 e 1577. O manuscrito talvez lhe sejaatribuído porque se trata de um texto em português, que faz parte de um conjunto detextos da família Farnèse. A terceira receita (escrita numa letra diferente) faz referência aoBrasil Vinho de açúcar que se bebe no Brasil, que é muito são e para o fígado é maravilhoso,ouro o Brasil foi colonizado pelos portugueses somente na primeira metade do século XVI.Três receitas são citadas com um nome de autor difícil de identificar: Dona Isabell deVilhana e Dom Luis de Moura. Pode se tratar, portanto, de um manuscrito 'composite', com

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Vilhana e Dom Luis de Moura. Pode se tratar, portanto, de um manuscrito 'composite', comreceitas escritas predominantemente ao fim do século XV e com alguns acréscimos dereceitas posteriores.O Livro de cozinha apresenta-se como uma coletânea/compêndio (talvez incompleta/o?)sem nenhum título nem introdução com 67 receitas. A primeira receita começabruscamente, sem título. Ela é completa?

"A receita II chamada Para se fazer sessenta varas de veludo de pelo miúdo comporta 4linhas. A receita III é a receita de vinho que se bebe no Brasil de que se fala abaixo: umvinho medicinal. Em seguida, encontramos mais 4 capítulos mais coerentes:

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curiosidadesNariz e orelhas nunca param de crescer Otecido cartilaginoso, que forma o nariz e asorelhas, não deixa de crescer nem mesmoquando o indivíduo torna-se adulto. Daí porqueo nariz e as orelhas de um idoso são maiores doque quando era jovem. A face também encolheporque os músculos da mastigação se atrofiamcom a perda dos dentes.

Uma reconstrução de alta tecnologia lançou nova luz sobre a aparência

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Uma reconstrução de alta tecnologia lançou nova luz sobre a aparência do Faraó Tutancâmon, o adolescente que governou o Egito antigo e foi imortalizado por quase um século por sua máscara da morte dourada. Cientistas e artistas de efeitos especiais na Grã-Bretanha e na Nova Zelândia usaram técnicas digitais aplicadas em investigações de crime para fazer um modelo em fibra de vidro que, segundo eles, resulta na aparência mais provável do faraó. A cabeça de Tutancâmon, que entrou em exibição hoje no Museu de Ciência de Londres, lembra pouco a face da máscara dourada. Ao contrário do famoso rosto de traços leves e lábios grossos, o modelo mostra um jovem com o rosto amplo, proeminências abaixo dos olhos e testa pesada.

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"Acho que as pessoas ficarão surpresas, pois é um rosto bem diferente. Mas é bemrealista, por causa da tecnologia usada", disse uma porta-voz do museu.A equipe de reconstrução foi forçada a usar Raios-X tirados em 1968 para fazer omodelo do rosto do rei de 18 anos, pois a cabeça mumificada foi muito modificada paradar dimensões de uma pessoa viva.Robin Richards, especialista em reconstrução facial da Universidade College London,escaneou traços de pessoas da mesma idade, sexo e grupo étnico de Tutancâmon paracriar um tipo de pele, que depois foi adicionado a um crânio digital tridimensional.Artistas de efeitos especiais da Nova Zelândia coloriram o crânio e escultores criaram omolde final em argila, antes da fabricação em fibra de vidro.A tumba do rei Tutancâmon, que governou o Egito no século 14 a.C e morreumisteriosamente ainda jovem, foi descoberta pelo arqueólogo britânico Howard Carter

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misteriosamente ainda jovem, foi descoberta pelo arqueólogo britânico Howard Carterem 1922. O local continha tantos artefatos que foram necessários 10 anos para removê-los.

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Caderno de manjares de carne: 26 receitas de carnes e peixes, de massas. Encontramos 2receitas de galinha 'mourysqua' que fazem pensar na herança árabe-andaluz.Caderno dos manjares de ovos : 4 receitas com ovos.Caderno dos manjares de leite : 7 receitas de laitages, entre os quais manjar-branco.Caderno das cousas de conservas : 27 receitas doces de conservas de frutas (geléias oufrutas em conserva) e de bolos (biscoitos, 'macapaaees' : massepain ?).

Fonte: Old Cook Cuisine Médiévale.

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Faculdade de Tecnologia e Ciências.Unidade Pedagógica: PINHEIROS-ESCurso: HistoriaDisciplina: história da artePeríodo: 6º período Componente: Itamar lemes e Weles de AssisTutor: Udisom Brito

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