história social e política contemporânea

12
Evolução Política e Social Contemporânea 2015 Patrícia Filipa Martins Silva Leiria, Setembro de 2015 Escola Superior de Educação e Ciências Sociais RHCO (EaD)

Upload: patricia-silva

Post on 06-Dec-2015

21 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Uma visão sobre o Absolutismo, Liberalismo, Democracia

TRANSCRIPT

Page 1: História Social e Política Contemporânea

[Escrever texto]

Página 1 de 12

Evolução Política e

Social Contemporânea

2015

Patrícia Filipa Martins Silva Leiria, Setembro de 2015

Escola Superior de Educação e Ciências Sociais

RHCO (EaD)

Page 2: História Social e Política Contemporânea

Escola Superior de Educação e Ciências Sociais

Unidade de Ensino a Distância (ued)

RHCO (EaD)

Evolução política e

social contemporânea

Trabalho de análise crítico-reflexiva

Autor: Patrícia Filipa Martins Silva

Unidade Curricular: História Social e Política Contemporânea

Professor(a) Orientador(a): Dina Alves

Leiria, Setembro de 2015

Page 3: História Social e Política Contemporânea

Índice

Introdução ....................................................................................... 4

Absolutismo na Europa ................................................................... 5

Filosofia das Luzes .......................................................................... 6

O Despotismo Iluminado em Portugal ...................................................................... 7

Revoluções Liberais ........................................................................ 7

Liberalismo ...................................................................................... 8

Liberalismo e Democracia ............................................................... 9

Conclusão ..................................................................................... 11

Referências Bibliográficas ............................................................. 12

Page 4: História Social e Política Contemporânea

Introdução

O presente trabalho consiste no tratamento do tema "Evolução Política e Social

Contemporânea", sendo ao longo do mesmo aprofundados os conceitos e os

princípios do Absolutismo, do Liberalismo e da Democracia bem como as suas

diferenças e/ou relações.

Com base nos textos fornecidos pela professora Dina Alves, apresentarei a

evolução política e social desde o século XVI, com o surgimento do Absolutismo, até

à Época Contemporânea.

Nas considerações finais, farei menção às implicações que essas transformações

tiveram no mundo atual, comentando brevemente qual a visão que temos do regime

atual.

Igualdade, liberdade, fraternidade

Ridículo, provisório, aleatório

Page 5: História Social e Política Contemporânea

Absolutismo na Europa

No fim da Idade Média, a Europa passava por diversas e impactantes

transformações. Entre elas, estava a centralização do poder político e militar nas

mãos do monarca soberano, rompendo, assim, a soberania piramidal e parcelada

que caracterizava o vasto conjunto de domínios dos senhores feudais no período

precedente (feudalismo). Assim nasceu, no transcurso do século XVI, na França, o

absolutismo. Inspirando-se no sistema do Império Romano e, posteriormente na

teoria de Maquiavel1 , o absolutismo afirma o poder ilimitado dos monarcas, que não

é moderado por nenhuma fiscalização nem mesmo por lei alguma.

Esse sistema político, económico e social prevaleceu na Europa entre o século

XVI e o fim do século XVIII, época que os historiadores designam, vulgarmente, por

Antigo Regime (época da História europeia compreendida entre o Renascimento e

as grandes revoluções liberais que corresponde, grosso modo, à Idade Moderna).

Além de corresponder, politicamente, às monarquias absolutas, o Antigo Regime

corresponde, economicamente, ao desenvolvimento do capitalismo comercial e

caracteriza-se, socialmente, por uma sociedade fortemente hierarquizada em

ordens, conhecida como Sociedade de Ordens. São três as ordens em que se divide

a sociedade do Antigo Regime, sendo elas o clero, que ocupava o primeiro lugar na

estrutura social, a nobreza, segundo grupo privilegiado claramente minoritário na

totalidade social, e o Terceiro Estado (povo), que constituía o grupo dos

trabalhadores e, por isso, era a base de toda a estrutura social. Herdada da Idade

Média, esta estratificação social mantém vivos muitos privilégios e atributos que,

nessa época, se atribuíam às ordens.

Desta diferenciação da condição de cada ordem resultaram como principiais

características da sociedade do Antigo Regime a desigualdade da condição social

1 Maquiavel confessou sua preferência pelo absolutismo como sendo necessário para consolidar e

fortalecer o Estado e expressou o mais profundo desprezo pela ideia medieval de uma lei moral a

limitar a autoridade do governante. A suprema obrigação do governante é manter o poder e a

segurança do país que governa, adotando as medidas necessárias para cumpri-la. A frase que

resume suas ideias é: “Os fins justificam os meios”.

Page 6: História Social e Política Contemporânea

dos súbditos perante a lei; a rígida divisão da sociedade em privilegiados e não

privilegiados e a difícil mobilidade.

Com Luís XIV (1661-1715), em França, o absolutismo atinge a sua expressão

mais eminente na identificação do monarca com o próprio Estado. O Estado, em sua

plena conceção, passa a ser o próprio rei (l´État c´est moi). Isto é, não existe

nenhuma autoridade político-administrativa que não provenha única e

exclusivamente do rei. Além disso, o rei simboliza os limites físicos do Estado.

Em Portugal, o absolutismo monárquico atinge o seu

momento de apogeu no reinado de D. João V, que

procurou imitar, no campo político, Luís XVI, rei de

França. O ouro proveniente do Brasil possibilitava o

desafogo financeiro para que o Rei-Sol português

afirmasse a riqueza e, com ela, a encenação do poder

da sua corte.

Exceções a esta Europa absolutista e nobiliárquica, a

Holanda e a Inglaterra procuram outras formas de

governo e outro equilíbrio social.

Filosofia das Luzes

Ao dealbar do século XVIII, rasgam-se novos horizontes ao pensamento europeu.

A ciência envereda pelo experimentalismo, destruindo crenças antigas sobre a

Natureza e o Homem. A elite intelectual europeia, devido muito aos brilhantes

resultados obtidos pelo experimentalismo, tinha absoluta convicção de que o

raciocínio humano era um dom prodigioso com potencialidades ilimitadas. Em suma,

a Razão era a luz que guiaria a Humanidade.

Século das Luzes foi o nome dado a este período da História e Iluminismo ou

Luzes foi o nome dado ao movimento cultural que se caracterizou pela crítica à

autoridade política e religiosa, pela afirmação da liberdade e pela confiança na

Razão, como meios de atingir a felicidade humana.

Luís XVI de França, o Rei Sol

Page 7: História Social e Política Contemporânea

Admitindo que todos os homens nascem livres e iguais, os filósofos iluministas

destroem os fundamentos do Antigo Regime tais como a origem divina do poder, a

rígida hierarquização social e a uniformização religiosa. Erguem, em contrapartida,

as ideias de "contrato social", do valor do individuo, da liberdade de crença e

pensamento.

Originárias da Inglaterra e da Holanda, as "Luzes" fizeram da França o seu

principal centro e irradiaram pra a Europa e para o Mundo.

O Despotismo Iluminado em Portugal

Sobretudo em países periféricos ou de vida intelectual pouco intensa, como é o

caso de Portugal, desenvolveu-se o que se denomina de despotismo iluminado,

uma espécie de absolutismo "esclarecido" pela Razão. O despotismo iluminado ou

esclarecido foi uma forma reformista de governar apoiada por princípios iluminista

que visava acelerar o processo de modernização do país e assim aumentar o seu

poder e prestígio.

Em Portugal, esta filosofia de governo materializou-se na ação governativa do

Marquês de Pombal, ministro todo-poderoso do rei D. José I. Assumindo um

absolutismo que pretende iluminado pela clarividência da Razão, D. José I delega

em Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, toda a autoridade necessária à

modernização do país. Pombal implementou um conjunto vasto de medidas,

abrangendo as mais diversas áreas, como a economia e finanças, as instituições

governativas, o ensino, entre outras.

Revoluções Liberais

Entre aproximadamente 1770 e 1850, foram muitos os movimentos de político-

sociais que se espalharam pela Europa e as Américas em virtude dos ideais

libertários das Luzes. Constituem as chamadas Revoluções Liberais.

Page 8: História Social e Política Contemporânea

Partindo de insurreições armadas e prolongando-se em reformas institucionais,

tornaram possíveis a eliminação do absolutismo e da sociedade de ordens,

determinada pela condição de nascimento, que deu lugar à sociedade de classes,

determinada pela condição financeira dos indivíduos, uma sociedade tripartida em

Burguesia, Classe Média e Proletariado; a consagração dos direitos naturais do

Homem, da soberania popular e da divisão dos poderes; a instauração da livre

iniciativa em matéria económica e a libertação das nações do jugo colonial e

estrangeiro.

A Revolução Francesa (1789) foi a que teve

maior impacto, tendo, além de por fim ao Antigo

Regime, produzido uma série de experiências

políticas com repercussões no mundo

contemporâneo. Foi nela, que o Liberalismo teve a

sua máxima expressão.

Liberalismo

Em consequência da ideologia das Luzes e das Revoluções Liberais que, em

cadeia, deflagraram por toda a Europa, a partir do último quartel do século XVIII, o

século XIX confirma o fim do Antigo Regime e a transição para um novo tempo

marcado pela ideologia liberal, que ficou conhecida na História como Idade

Contemporânea. O século XIX foi, deste modo, o século do triunfo do Liberalismo,

com repercussões na implantação da nova ordem social, política, económica,

cultural e mental preconizada pelos pensadores iluministas.

De uma forma muito genérica, podemos dizer que o liberalismo opõe-se ao

absolutismo e a qualquer forma de tirania política. Defende, antes de mais, a

liberdade individual, a igualdade perante a lei e a propriedade privada, entendendo

caber ao Estado a preservação destes direitos. Para tal, o poder político,

progressivamente secularizado, funcionaria na base da separação de poderes e da

soberania nacional, garantidas, bem como os direitos do indivíduo, em textos

constitucionais.

Revolução Francesa (1789-1799)

Page 9: História Social e Política Contemporânea

Sob o posto de vista económico, o liberalismo defende a livre iniciativa, a abolição

dos monopólios, considerando a livre concorrência como o garante da ordem, da

justiça e do progresso da sociedade.

Liberalismo e Democracia

O ideal democrático se expande, assim como o

liberalismo, após a derrocada do Antigo Regime. Muitas

vezes considerado um prolongamento do liberalismo,

como um herdeiro, a democracia irá, com frequência, se

opor ao ideal liberal.

O texto Liberalismo e Democracia, de Norberto Bobbio,

procura relacionar os conceitos de liberalismo e

democracia dentro dos diversos períodos da sociedade.

Para ele, esses dois conceitos não são iguais pois eles

possuem diferentes lógicas de formação, apesar de

ambos estarem presentes na atual formação do Estado

democrático atual.

Por “liberalismo”, entende-se uma conceção de Estado onde este tem os seus

poderes e funções limitados, contrariando as ideias de Estado absoluto e Estado

social e fundamentando o Estado de Direito e o Estado mínimo. Já por “democracia”

entende-se uma das várias formas de governo onde o poder está concentrado nas

mãos do povo, e não de poucos.

Esses dois objetivos estão em contraste entre si. O filósofo liberal Benjamin

Constant fundamentou essa contraposição através dos conceitos de liberdade dos

modernos (liberais) e liberdade dos antigos (democratas). Para ele “o objetivo dos

antigos era a distribuição do poder político entre todos os cidadãos de uma mesma

pátria de forma direta, enquanto o objetivo dos modernos é a segurança das fruições

privadas”. Assim, ele concluiu que não podemos usufruir da liberdade dos antigos,

que era constituída pela participação ativa e constante no poder coletivo.

Page 10: História Social e Política Contemporânea

De que forma, sabendo que conceitualmente democracia e liberalismo são tão

ímpares, a democracia pode ser considerada como o prosseguimento e o

aperfeiçoamento do Estado Liberal?

No que diz respeito às relações entre o liberalismo e a democracia, há na obra de

Norberto Bobbio Liberalismo e Democracia, uma tendência a assumir ambos os

conceitos como estreita e auspiciosamente interligados. Sistematizador e defensor

da "fórmula democrático-liberal", o autor acredita que o que caracterizaria o regime

político moderno como democrático seria a garantia dos direitos individuais. Desse

ângulo, tal regime configuraria o natural prosseguimento do Estado liberal,

acolhendo, em sua própria estrutura, os clássicos direitos de liberdade civis e

políticos habitualmente associados ao pensamento liberal. O liberalismo, tido por

Bobbio (1997, p. 219) como superior historicamente às outras formas políticas,

opera como fundamento e condição necessária do governo democrático moderno.

De forma taxativa, em "Liberalismo e democracia", Bobbio afirma que "hoje

Estados liberais não-democráticos não seriam mais concebíveis, nem Estados

democráticos que não fossem também liberais" (Bobbio, 2006a, p. 43). Afirmação de

calibre semelhante encontramos algumas páginas mais à frente, nesse mesmo livro,

quando ele sentencia que "a combinação entre liberalismo e democracia não apenas

é possível, como também necessária" (Bobbio, 2006a, p. 47).

Todavia, esta relação de complementaridade entre o liberalismo e a democracia é

forçada. Bobbio reconhece que tanto a compatibilização conceitual entre o

liberalismo e a democracia quanto a compreensão desta como desenvolvimento

natural e auspicioso do Estado liberal só são possíveis "se [a democracia for]

tomada não pelo lado de seu ideal igualitário, mas pelo lado de sua fórmula política,

que é, como se viu, a soberania popular" (Bobbio, 2006a, p. 42-43). Cumpre

esclarecer, todavia, que a invocação da soberania popular não passa de retórica

vazia, pois o próprio Bobbio explica que o liberalismo dos modernos e a democracia

dos antigos foram, com frequência, antitéticos, na medida em que os liberais

historicamente exprimiram uma profunda desconfiança para com toda forma de

governo popular.

Page 11: História Social e Política Contemporânea

Conclusão

A transformação económica e tecnológica e o movimento intelectual que

ocorreram na Europa, no século XVIII, foram responsáveis por profundas mudanças

políticas, institucionais e sociais e, consequentemente, pelo desenvolvimento

histórico dos sistemas representativos nos séculos seguintes no ocidente, onde se

deu à transição da liberal-democracia à social-democracia, apesar de não ter sido

simétrico nem linear. Os países da Europa ocidental foram capazes, por

circunstâncias históricas, de criar, desenvolver e manter, de forma mais ou menos

estável, as principais características desse sistema, ao longo dos últimos duzentos

anos. Contudo, isto não significa que a trajetória tenha sido a mesma. Em primeiro

lugar, devo ressalvar os interregnos dos surtos totalitários que foram, quase sempre,

com maior ou menor intensidade, generalizados entre a Primeira e a Segunda

Guerras Mundiais. Em seguida, apontar que houve, em todos eles, peculiaridades

que quebram essa aparente unidade na transição de um sistema a outro.

Ainda hoje, o mundo ocidental procura uma identidade política capaz de lhe

proporcionar os alicerces necessários ao seu desenvolvimento social e económico e

ao combate às desigualdades. O direito universal à representação, que no passado

foi responsável pelas grandes mudanças políticas e institucionais, parece

enfraquecido e desacreditado pelas “massas”. O desinteresse crescente dos

cidadãos pelo processo eleitoral demonstra isso. O movimento pendular entre a

“democracia liberal”, dedicada quase que exclusivamente à regulação da sociedade

civil, e a “democracia social”, representada por um Estado de Bem-Estar, além da

sempre presente tentação pela solução do Estado totalitário, provavelmente

continuará a ser motivo de disputa ideológica e o paradoxo da civilização no século

XXI.

A grande questão que temos de enfrentar ainda é, portanto, a da aproximação

dos nossos regimes governamentais com a realidade social vivida, logicamente

tomando como base as experiências de outros regimes e países, mas nunca

adotando seus preceitos fielmente.

Page 12: História Social e Política Contemporânea

Referências Bibliográficas

RÉMOND, René - Introdução à História do Nosso Tempo. Do Antigo Regime

aos nossos dias, Gradiva, Lisboa, 1994, pp. 34-67.

VIANNA, Alexander Martins - "´Absolutismo´: os limites de uso de um conceito

liberal", Revista Urutágua - revista académica multidisciplinar, Nº14, Paraná,

2008, pp. 1-14.

CASTRO, Zília Osório de - "Cultura e Ideias do Liberalismo", Lusitania Sacra,

2ª S, 12, Lisboa, 2000, pp. 17-35.

BOBBIO, Norberto - Liberalismo e Democracia, Editora Brasileirense, São

Paulo, 1994, pp. 7-54.

CUNHA, J. da Silva - História Breve das Ideias Políticas (Das Origens à

Revolução Francesa), Lello & Irmão - Editores, Porto, 1981, pp. 243-293.

CARPENTIER, Jean e LEBRUN, François - História da Europa, Editorial

Estampa, Lisboa, 1993, pp. 261-349.

BURDEAU, George - O Liberalismo, Editions du Seuil, Paris, 1979.