história da igreja contemporânea - aula 01

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Introdução à história da Igreja

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Apresentao do PowerPoint

CURSO DE HISTRIA DA IGREJA

Histria da Igreja Contempornea

Professor Mauro Srgio

1Histria da Igreja ContemporneaO curso aprofundar o estudo da Histria da Igreja Contempornea do sculo XVIII ao sculo XX em seu crescimento interno e externo e em seu relacionamento com o mundo contemporneo, especialmente, na Europa e na Amrica Latina.EMENTA:OBJETIVOS:Propiciar aos acadmicos o conhecimento cientfico e aprofundamento da Igreja Catlica enquanto instituio humana e divina e seu relacionamento com o mundo contemporneo.Identificar os desafios que se impem para a Igreja na atualidade. CONTEDOS:A Revoluo Francesa, o fim do antigo regime e o empobrecimento da Igreja.Pio VII e seu relacionamento com o Imperador Bonaparte.Congresso de Viena e a Restaurao.Igreja e Estado na idade do Liberalismo.A Igreja e as Revolues Liberais na Europa.O Conclio Vaticano I: Resposta religiosa aos problemas do sculo XIX.A Igreja e Sociedade no Magistrio de Leo XIII: Rerum Novarum e a Questo Social.Aula:018. A Igreja no sculo XX e a Primeira Guerra Mundial.9. A Igreja, a Segunda Guerra Mundial e os Regimes Totalitrios.10. Joo XXIII e Paulo VI e o Vaticano II.11. A Igreja na Amrica Latina no sculo XX: Medeln e Puebla.12. A Igreja Rumo ao Terceiro Milnio e as Conferncias de Santo Domingo e de Aparecida.13. A Igreja e os desafios na atualidade.

2Histria da Igreja ContemporneaZAGHENI, Guido. A idade contempornea: curso de histria da Igreja, v. IV. So Paulo: Paulus, 1999. PIERRARD, Pierre. Histria da Igreja. So Paulo, Paulus, 1999.FRLICH, Roland. Curso bsico de histria da Igreja. 4 ed. So Paulo: Paulus, 2005. [3x]COMBY, Jean. Histria da Igreja, t. II: do sculo XV ao sculo XX. So Paulo: Loyola 1996.RATZINGER, Joseph. Compreender a Igreja hoje: vocao para a comunho. 2 ed. Petrpolis: Vozes, 2005. [4x]

BIBLIOGRAFIAS:PLANOS DE AULAS:Aulas Expositivas PresenciaisApresentaes de seminrios e leituras e anlises de textos propostos.Aula para aplicao de avaliao (prova)AVALIAO:Prova aplicada em sala: 5,0 pontos.Trabalhos: - Leituras, interpretaes e discusses de textos propostos pelo professor acerca dos contedos estudados, bem como anlise e resolues de questes de pesquisas (2,0 pontos).- Apresentao dos seminrios sobre os temas de pesquisas (3,0 pontos).

Aula:013Aula:01Introduo Histria da Igreja Contempornea:A vida da Igreja na Idade Contempornea foi dominada pelo problema da sua relao com o mundo: findo o ancien rgime e concluda a longa fase de simbiose com os poderes polticos, a Igreja teve que enfrentar o problema da sua presena no mundo. No se tratava s do relacionamento poltico, destinado a afirmar o direito de a Igreja existir como sociedade pblica; o confronto ocorreu num plano mais profundo, em torno dos valores fundamentais do cristianismo.Nos fins do sculo XVIII (Iluminismo e Revoluo Francesa) e durante todo o sculo XIX, esse confronto se deu em relao aos regimes liberais: foi um embate duro, destinado a afirmar os valores sobrenaturais que a sociedade do sculo XIX tendia a limitar e a negar.

LaicismoA Sociedade deixa de se inspirar em princpios Religiosos.O Estado tem a sua prpria noo de bem e de mal e no se preocupa em confrontar essa noo com a Igreja.As leis civis no tm em conta as Leis Cannicas. ( da Igreja).4A Revoluo Francesa e o Empobrecimento da IgrejaAula:01

"Igualdade, Liberdade, Fraternidade5I. A Revoluo Francesa: o acontecimentoAula:01Durante um quarto de sculo 1789 a 1814 -, a histria do mundo esteve ligada histria a Frana: consequetemente, toda a Igreja Romana viveu problemas da Igreja da Frana. Sem dvida, a Revoluo Francesa prolongada pelo Consulado e o Imprio Napolenico representou, o cume de uma revoluo europia produzida pela burguesia enriquecida e inspirada nos ideais iluministas. Frana coube naturalmente orientar aquela enorme movimentao de foras: foco da filosofia das luzes, nao jovem, estruturada e dinmica, seus exrcitos iriam semear atravs da Europa ideias que, a longo prazo, dariam seus frutos.Os papas a Idade Mdia haviam conseguido fazer a unidade da Europa na cristandade; a Frana revolucionria agruparia os espritos em torno de algumas idias generosas liberdade, igualdade e fraternidade que, embora se liguem ao Evangelho da religio natural, no se inscrevem verdadeiramente num contexto cristo: o triunfo da burguesia que marcaria o sculo XIX se faria acompanhar de uma profunda laicizao das mentalidades. Pode-se dizer que embora tenha sido a condenao implcita dos antigos abusos, a Declarao dos Direitos do Homem (26 de agosto de 1789) foi sobretudo o catecismo filosfico da nova ordem.

697%2%1%1 ESTADO: CLERO2 ESTADO: NOBREZA3 ESTADO: BURGUESIA + CAMPONESES + SANS CULOTES: obrigaes e impostos.Terras, cargos prestgio, privilgios, e iseno fiscal20 % DAS TERRAS35 % DAS TERRAS45 % DAS TERRAS

1.1. Os motivos que promoveram a revoluo: Aula:01a) As injustias sociais: 7Aula:01b)Autoritarismo: O absolutismo dos Bourbons.Ascenso da Burguesia: do enriquecimento ao poder poltico - questionamento dos privilgios feudais oriundos do Antigo Regime (os membros da nobreza e do clero no pagavam impostos).d) Crise Financeira: Gastos com guerras - descontentamento popular (gastava-se mais do que se arrecadava).e)Influncia dos filsofos Iluministas: influncia do Liberalismo Poltico e Econmico. * O Iluminismo foi a mentalidade conforme a qual o ser humano est em condies de tornar este mundo um lugar melhor.

Representao das trs ordens na poca da convocao dos Estados Gerais."O Iluminismo representa a sada dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados so aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da prpria razo independentemente da direo de outrem. -se culpado da prpria tutelagem quando esta resulta no de uma deficincia do entendimento mas da falta de resoluo e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direo de outrem. Sapere aude (ouse saber)! Tem coragem para fazer uso da tua prpria razo! - esse o lema do Iluminismo". (Immanuel Kant)8FASECARACTERSTICASOBJETIVOSASSEMBLIA NACIONAL CONSTITUINTE (1789-1791)Tentativa de aliana entre a alta burguesia e a aristocraciaPrincpios burgueses do Iluminismo. Soluo da criseEconmica. MONARQUIA CONSTITUCIONAL (1791- 1792)Decadncia do Antigo Regime. Reao absolutista europia contra os revolucionrios.Manuteno daRealeza. Conquistas burguesas.CONVENONACIONAL(1792-1795)Radicalizao da revoluo. Participao popular. Implantao do terror.Unidade nacional. Guerra contra as potncias absolutistas.DIRETRIO(1795-1799)Conquista do poder.Expanso das idias revolucionrias para outros pases.1.2. As Fases da Revoluo Francesa: Aula:019Aula:011.3. Cronologia dos principais fatos da Revoluo Francesa: 1789: 24 de Janeiro: Instabilidade geral converge para a convocao dos tats Gnraux pela primeira vez, desde 1614 (aberto em 05 de maio). Apesar do incio prometedor, os Estados Gerais fracassaram: no chegaram a um consenso.

17 de Junho: O Terceiro Estado proclama-se "Assemblia Nacional" - o incio da Revoluo poltica.

9 de Julho: A Assemblia Nacional proclama-se "Assemblia Nacional Constituinte".

14 de Julho: Tomada da Bastilha

15 de Julho: A "jornada sinistra" estende-se aos campos, com pilhagens de igrejas, queima de colheitas, casas, etc..

26 de Agosto - "Declarao dos direitos do Homem e do Cidado: Igualdade civil contra os privilgios feudais do Antigo Regime.

Tomada da Bastilha: smbolo do absolutismo monrquico.10Aula:011790:19 de Abril: Publicao do Decreto que colocava a disposio da nao todos os bens eclesisticos. Foi um acontecimento decisivo, pois no somente era desmantelado um imenso e antiqussimo patrimnio como tambm era operada uma gigantesca transferncia de bens em proveito de centenas de milhares de aquisidores de bens nacionais, cujos interesses passaro a se ligar a uma poltica anticlerical. O Estado nacionaliza e passa a administrar todos os bens da Igreja Catlica.

12 de Julho: Aprovada a Constituio Civil do Clero (assinado por Lus XVI):Captulo I:Art. 4. Nenhuma igreja ou parquia da Frana e nenhum cidado francs, pode, em qualquer circunstncia ou sob qualquer pretexto qualquer, reconhecer a autoridade de um bispo ordinrio ou Arcebispo cuja S estabelecida sob o nome de uma potncia estrangeira. Art. 8 A parquia no ter nenhum outro pastor imediata do que o bispo. Todos os sacerdotes a estabelecidos sero seus vigrios e execuo as funes respectivas.

11Aula:01Captulo II: Art. 1 Desde o dia da publicao do presente decreto, nomeaes para bispados e curas devem ser feitas por eleio s. Captulo IV:Art. 2 Nenhum bispo pode se ausentar da sua diocese por mais de quinze dias consecutivos durante qualquer ano, exceto em caso de real necessidade e com o consentimento do diretrio do departamento no qual seu ver est localizado.

Com a publicao deste documento, sem a consulta Roma, a Assemblia Nacional aprovou este documento que reorganizava a Igreja na Frana: no somente as circunscries eclesisticas passavam a ser calcadas na organizao administrativa do pas como tambm o clero tornava-se um corpo de funcionrios remunerados pelo Estado ou pelas comunas, eleitos pelo povo e inteiramente submetidos autoridade civil.

29 de Novembro: Sob proposta do protestante Barnave, a Assemblia decide que todos os eclesisticos catlicos que se mantivessem em funes teriam que jurar manter a Constituio Civil do Clero. Com o juramento o clero tornava-se inteiramente submetidos ao Estado Francs. Da surgiram as expresses clero juramentados (clrigos aceitavam a nova realidade eclesial e nacional) ou clero refratrios ou suspeitos = contra-revolucionrios (aqueles que se opunham nova ordem estabelecida, procurando manter-se fiis Roma). Muitos desses clrigos pereceram devido as perseguies do novo governo francs.

12Aula:011791:Setembro e 1791 foi promulgada a nova Constituio Francesa. Essa nova Constituio estabelecia os seguintes decises: estabelecimento da monarquia constitucional; igualdade civil; eliminao dos obstculos economia de livre mercado; liberdade de expresso e pensamento; abolio das associaes patronais e de trabalhadores em nome da liberdade de contrato.Em relao as questes religiosas a nova Constituio Francesa de 1791 estabelecia, dentre outras, as seguintes decises: - A lei no reconhece os votos religiosos, nem qualquer outro compromisso que seja contrrio aos direitos naturais, ou Constituio. - A lei considera o casamento como sendo um contrato civil. (Artigo 7 do Titulo II da Constituio Francesa de 1791).

Nota-se, portanto, a poltica anticlerical promovidas pelos deputados que elaboraram a nova Constituio Francesa, sobretudo dos girondinos - grandes burgueses e seguidores de Voltaire e de Rousseau, maiores representantes do Iluminismo Francs.13Aula:011792: instaurada a Conveno Nacional (1792-1795): Fase da Radicalizao ou fase do terror jacobino (radicais)10 a13 de Agosto: Ataque ao Palcio das Tulherias. Lus XVI preso, juntamente com a famlia.11 de Dezembro: Incio do julgamento de Lus XVI.

1793:21 de Janeiro: Execuo de Lus XVI (16 de outubro a vez da Rainha Maria).10 de maro: criado o Tribunal Revolucionrio Fase do terror jacobino.10 de novembro: Abolio do culto a Deus. Agora cultua-se Razo.Execuo do rei Lus XVIaprovada pela Conveno em 21 de janeiro de 1793

Culto deusa rao14Aula:01A Conveno( 1792-1795), dominada pelos clubes, pelas sees parisienses, pela imprensa de Marat e Herbert e sobretudo pela Comuna Insurrecta de Robespierre e Danton, engaja-se em uma poltica de descristianizao que degenera em perseguio. Muitos padres e religiosos foram levados guilhotina durante a fase jacobina, denominada de fase do terror (1794). De 1795-1799 Fase do Diretrio, aps o golpe do 9 Termidor, os jacobinos so tirados do poder pelos membros da alta burguesia. Caem Danton, Marat e Robespierre que foram guilhotinados. Os polticos que lideraram o Diretrio (1795-1799), tambm imbudos de filosofismo ou de atesmo, preferiram a indiferena perseguio, permitiram o catolicismo sair da clandestinidade.Na Itlia, Napoleo Bonaparte em 1796-1797, aps vencer na Lombardia, recusou-se a obedecer ao Diretrio, que queria destruir a Santa S: assim , o Papa Pio VI permanece em Roma, ocupada pelos franceses. No dia 09/11/1799, Napoleo apoiado pelos membros da alta burguesia, promove o Golpe do 18 Brumrio, tomando o poder na Frana. A chegada de Napoleo ao poder colocava em questo toda a poltica religiosa da Frana.

1 Cnsul (1799-1802), Consul vitalcio(1802-1804)Imperador em 1804-1814)

15Aula:011.4. Os impactos da Revoluo Francesa na histria da Igreja:Em nome da Revoluo levou-se a cabo na Frana um verdadeiro extermnio, especialmente de catlicos, sobretudo no oeste e em La Vende. No caso de La Vende, foi dada a ordem de eliminar as mulheres para que no pudessem trazer filhos ao mundo e mutilar os meninos para que quando maiores no se tornassem guerrilheiros. A Revoluo suprimiu, sem cerimnia, o papel da Igreja na ordem social dos sculos XVIII e XIX: com o desaparecimento dos conventos e execuo de milhares de sacerdotes.(CRUZ, Juan. Filosofia da Histria. So Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Cincia Raimundo Llio, 2007, p. 190) A Revoluo no foi simplesmente anticlerical, porm algo mais grave: foi anticrist, anticatlica. Pretendeu descristianizar o pas, extirpando um dos fundamentos culturais do homem. Seguiu as pautas do Iluminismo com seu modelo de homem sem viso transcendente.(CRUZ, Juan. Filosofia da Histria. So Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Cincia Raimundo Llio, 2007, p. 179) Se, em 1789, a maioria dos franceses era catlica praticante, quinze anos mais tarde, um tero dos catlicos no cumpriam sequer o preceito dominical ou o pascal. A Revoluo levou a cabo a descristianizao macia da Frana.(CRUZ, Juan. Filosofia da Histria. So Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Cincia Raimundo Llio, 2007, p.179-180) 161.5. A Revoluo Francesa: os problemas gerados na vida da IgrejaAula:01Em sntese podemos dizer que dois problemas sobressaem da Revoluo Francesa na vida e na histria da Igreja Contempornea: o problema do clero constitucional (= membros do clero juramentados que aceitaram seguir as orientaes do governo francs mantendo o cisma em relao Igreja Romana) e o problema da descristianizao.

Sobre o primeiro problema, pode-se afirmar que a Igreja Oficial ou Constitucional (= criada a partir do processo revolucionrio), merece algo melhor que o desprezo, como escreveu Bernard Plongeron, ao se referir aos padres abdicantes.

Em 1793 foi aprovado o decreto que permitia o casamento de padres da igreja constitucional. Muito dos padres juramentados se casaram. Segundo Consalvi, dez mil.

Diante disso tudo, erguiam-se os padres refratrios. Esses celebravam a missa s escondidas, socorriam os doentes e moribundos e prosseguiam, na pobreza e muitas vezes na misria. Centenas foram martirizados pelo governo revolucionrio, alguns fugiram e se refugiaram em outras cidades europias.

17Aula:01No fim do Diretrio (1797-1799), representa o fundo do abismo para a Igreja Catlica, sobretudo na Frana: o Papa Pio VI de oitenta e trs anos, prisioneiro em Roma; as igrejas esvaziadas e vendidas; o vandalismo no patrimnio da Igreja; as abadias transformadas em prises; igrejas tornadas ferrarias, estrebarias ou depsitos; a proliferao de cultos substitutivos (o culto deusa razo); paganismo nos povoados e a devassido e a especulao eclodindo, face a misria, nas cidades ... Ento que o advento quase simultneo de Napoleo Bonaparte (dezembro de 1799) e do novo Papa Pio VII (maro de 1800) faz renascer a esperana sobre a Frana devastada e em seu clero dizimado.

Papa Pio VII

Confessionrio transformado em oratrio em homenagem a Rousseau18Aula:01O segundo problema essencial colocado pela Revoluo Francesa o da descristianizao, devido ao fato de que extremamente difcil colocar uma realidade sob a palavra descristianizao, ainda mais que frequentemente a maior preocupao com as aes descristianizantes do que com o resultado dessas aes. A descristianizao ocorrida entre 1793-1799 no foi um fenmeno passageiro e superficial. A longa cessao do culto em muito lugares, a destruio dos sinais do culto e a abdicao de padres no foram fatos episdicos cujos os efeitos tenham desaparecido logo que as igrejas foram reabertas. Como ressalta o general Lacue falando sobre a regio de Orles, onde estava em misso da poca do golpe de estado de Brumrio: Ir missa, ao sermo, s vsperas, ainda est bem; mas confessar, comungar, jejuar e fazer penitncia incomum em muitos lugares, sendo praticados por um nmero excessivamente pequeno de pessoas... Nos campos, preferem-se sinos sem padres e padres sem sinos.A est o fato sintomtico e grave. ao nvel da vida sacramental que o cristianismo, abalado h muito tempo por hbitos comodistas e viciosos, sofreu uma grave perda em virtude da Revoluo Francesa, que neste domnio tambm desempenha um papel de reveladora. A descristianizao era algo que deveria ser enfrentado e combatido! 192.1. Napoleo e a Igreja Concordatria2. O CAMINHO DE ROMA REENCONTRADO

Com o golpe do 18 Brumrio, inicia-se na Frana a Era Napolenica (1799-1815):a) Consulado (1799-1804)b) Imperial (1804-1814)c) Governo dos Cem Dias (1815)Napoleo ao tornar-se 1 Cnsul, assumiu a misso de acabar com a anarquia religiosa, no porque obedecesse a uma inspirao de f, mas sim porque possua uma forte noo da influncia da Igreja sobre as massas populares. Napoleo considerava que a Religio um instrumento indispensvel para o governo de um Estado e sua pacificao.Como o catolicismo mostrava-se uma religio qual, apesar de dez anos de convules, a maioria dos franceses permanecia ligada, concluiu que era-lhe necessrio restabelecer a qualquer custo o culto catlico. A Igreja Constitucional, muito ativa no incio do Consulado, poderia ter-lhe fornecido condies para uma ressurreio da religiosidade nacional. Mas o entendimento com o catolicismo romano, com o papado - formidvel formador de opinio no resto do mundo -, apresenta-lhe muitas outras vantagens, sobretudo poltica: querendo construir uma Frana e um Imprio slidos, colocou a religio em sua base.20Aula:01A partir de 7 de janeiro de 1800, Napoleo criou trs decretos consulares que garantiam a liberdade de culto aos cristos, era o preldio da paz religiosa.No dia 15 de julho de 1801, Napoleo e o Papa Pio VII assinam a Concordata para regular as relaes entre o Pontificado e a Repblica francesa que se transformaria em Imprio. A Igreja atravs do Papa Pio VII foi a que mais cedu e como! Vejamos os principais pontos definitos neste documento:a) O Catolicismo seria "a religio da grande maioria dos franceses", porm no a religio oficial, em respeito ao Protestantismo;b) O Imperador nomearia os bispos, mas o Papa teria o poder de expuls-los;c) Restabeleceu a hierarquia eclesistica;d) Livre exerccio do culto, mais exatamente dos cultos;e) O Estado iria arcar com as despesas e subsdios do clero;f) Os monges (religiosos) foram tolerados somente aqueles ou aquelas que podiam ser teis ao povo nas escolas e hospitais; g) A Igreja renunciaria a todos as reivindicaes dos territrios tomados pela Frana desde 1790;h) Estabelecimento do Calendrio Gregoriano em detrimento do Calendrio Republicano ...21Em reao a assinatura da Concordata, comearam a se formar pequenas Igrejas cismticas, hostis aos bispos nomeados por Napoleo. E a surpresa chegou ao ponto culminante quando o Papa Pio VII, cumprindo um gesto nico na Histria, foi pessoalmente a Paris dar ao Novo Carlos Magno as unes rituais (2 de dezembro de 1804).Carlos Magno fora o Imperador dos Francos (742-814), preocupado em introduzir os valores evanglicos no sangue do jovem Ocidente. Napoleo teve, sem dvida, o mrito de reviver a Igreja, mas para ele a religio no passa de uma engrenagem, embora essencial, da enorme mquina imperial. O clero concordatrio, controlado, vigiado, rigidamente hierarquizado, submetido a um bispo que era verdadeiro prefeito de sotaina (sotaina = batina) e senhor absoluto de sua diocese, era o guardio dos costumes e da ordem.De fato, o Estado era leigo. Pior ainda: a atmosfera no era crist. O crculo do imperador, sob a couraa solene imposta pelo seu senhor, permanecia jacobino.

22Em 2 de fevereiro de 1808, as tropas francesas ocuparam Roma e Pio VII responde recusando-se a dar a instituio cannica aos bispos apresentados pelo imperador.Em represlia, no dia 17 de maio de 1809, os Estados do Papa so reunidos ao Imprio Napolenico; em 6 de julho, o Papa arrancado de Roma e instalado em Savona. O imperador tem conscincia do seu poder; nada parece resistir-lhe; em janeiro de 1810, a oficialidade de Paris proclama a nulidade de seu matrimnio com Josefina; trs meses mais tarde, desposando Maria Lusa, ele entre na mais antiga famlia real da Europa; em 1811, nasce-lhe um filho ao qual, orgulhosamente, d o ttulo de rei de Roma.Em 1811, Napoleo convoca para Paris um Conclio do qual esperava arranca os atos de instituio episcopal que o Papa lhe recusava; mas a maioria dos bispos franceses, italianos, belgas e alemes reunidos recusam-se a contrariar a vontade do Pontfice.Napoleo tenta obrigar o Papa a assinar uma Concordata cuja aplicao teria feito do imperador o Senhor da Igreja (25 de janeiro de 1813); mas o Papa se recusa mais uma vez a assinar o documento do imperador.Devido as derrotas do Imprio a partir de 1814, Napoleo libertou o Papa e depois da Guerra dos Cem Dias, acabou sendo exilado na Ilha de Santa Helena, onde veio a falecer em 5 de maio 1821, com 51 anos.23Aula:01 Atividade de assimilao:

Como vimos, a vida da Igreja na Idade Contempornea foi dominada pelo problema da sua relao com o mundo: findo o ancien rgime e concluda a longa fase de simbiose com os poderes polticos, a Igreja teve que enfrentar o problema da sua presena no mundo. Descreva o processo revolucionrio francs abalou os valores fundamentais do cristianismo. Durante o processo revolucionrio francs a Igreja foi durante atacada e quase posta no ostracismo. Destaque os principais medidas tomadas pelos revolucionrios franceses que promoveram as perseguies contra a Igreja. Quais eram os seus principais objetivos? Na Revoluo Francesa dois problemas surgiram na vida e na histria da Igreja Contempornea: o problema do clero constitucional (= membros do clero juramentados que aceitaram seguir as orientaes do governo francs mantendo o cisma em relao Igreja Romana) e o problema da descristianizao. Faa uma sntese descrevendo os fatores que provocaram esses problemas e como eles impactaram na vida da Igreja Contempornea. Descreva um breve comentrio destacando o que Napoleo significou para a Igreja Catlica no incio do sculo XIX.24