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DOCUMENTO RESERVADO #60 | Mai/13 | www.documentoreservado.com.br | Ano 5 | R$ 10,00 Rede sociais nas eleições. Pág. 12 PEC 137 tira o sono do MP. Pág. 30 Stephanes: O Paraná tem um norte, mas tem também heranças malditas. Pág. 6 Com mais de sete bilhões de pessoas no mundo, é preciso pensar, seriamente, no potencial e consumo da água do planeta. Documento Reservado traz material completo sobre o assunto. Página 22

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Edição nº 60

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Page 1: Revista Documento Reservado

DOCUMENTORESERVADO#60 | Mai/13 | www.documentoreservado.com.br | Ano 5 | R$ 10,00

Rede sociais nas eleições. Pág. 12PEC 137 tira o sono do MP. Pág. 30

Stephanes: O Paraná tem um norte, mas tem também heranças malditas. Pág. 6

Com mais de sete bilhões de pessoas no mundo, é preciso pensar, seriamente, no potencial e consumo da água do planeta. Documento Reservado traz material completo sobre o assunto.

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2 1 DOCUMENTO RESERVADO

documentoreservado

Editorial

A água do planeta terraO biólogo paranaense, José Roberto Bor­

ghetti, chama a atenção para um assunto que será dominado pelos noticiários no mun­do nos próximos anos: a água. “Nosso plane­ta está coberto 70,7% pelas águas, sendo que 97,5% constitui­se de água salgada e apenas 2,5% de água doce, utilizáveis para o abasteci­mento da população e outros fins”.

A situação fica mais crítica, pois a maior parte do volume total de água doce não está disponível, por se encontrar concentrada nas calotas polares e em aquíferos profundos, ou seja, somente 0,3% da água doce total dispo­nível está nos rios e lagos, constituindo, por­tanto, o volume passível de ser utilizado pelo homem para suprir suas necessidades. Este vo­lume equivale somente a 0, 008% do total de água no mundo”, revela o biólogo.

Nossa reportagem foi às ruas para saber co­mo a população vê as ações dos políticos e re­corda que dois milhões de mesários e 3 mil juí­zes estavam de plantão nas últimas eleições em que quase 500 mil cidadãos se candidataram a prefeito e a vereador e algo em torno de 7,7 milhões de eleitores puderam testar a grande novidade da ocasião: o sistema biométrico de votação. No entanto, num sinal de desinteres­se ou decepção com a prática política, mais de 15% optaram por não votar e, assim, engrossar a estatística da abstenção. Além disso, quase 10% anularam o voto ou votaram em branco.

As redes sociais serão as principais ferra­mentas dos marqueteiros e políticos nas pró­ximas eleições.

O secretário chefe da Casa Civil, Reinhold Stephanes, conta para a revista Documento Reservado como o Paraná pensa no futuro e as dificuldades encontradas pelo governo, com armadilhas deixadas por antecessores.

Boa leitura

DOCUMENTORESERVADO#60 | Mai/13 | www.documentoreservado.com.br | Ano 5 | R$ 10,00

Rede sociais nas eleições. Pág. 12PEC 137 tira o sono do MP. Pág. 30

Stephanes: O Paraná tem um norte, mas tem também heranças malditas. Pág. 6

Com mais de sete bilhões de pessoas no mundo, é preciso pensar, seriamente, no potencial e consumo da água do planeta. Documento Reservado traz material completo sobre o assunto.

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expediente

Jornalista responsável e editor-chefePedro Ribeiro

RedaçãoPedro Ribeiro e Leilane Dalla Benetta

RevisãoNilza Ferreira

ComercialEdmundo Inagaki

[email protected]

FotosShutterstock e Agência Brasil

Projeto Gráfico e DiagramaçãoAdriano Valenga Carneiro

ImpressãoIdealiza Gráfica e Editora

Tiragem10.000 exemplares

Impresso em papel couché fosco LD 150g com verniz UV (capa) e couché fosco LD

90g (miolo)

EndereçoRua João Negrão, nº 731 – Cond. New

York Building – 12º andar – sl. 1205 – CEP 80010­200 – Curitiba – PR

Telefones(41) 3022­4822

[email protected]

Page 3: Revista Documento Reservado

DOCUMENTO RESERVADO I 3

Índice

O secretário chefe da Casa Civil, Reinhold Ste-phanes, relaciona projetos do governo e con-

ta tudo sobre as armadilhas deixadas pelos antecessores de Beto Richa.

O governador Beto Richa continua indignado com a postura do governo federal em relação ao Paraná e pede apoio das lideranças políti-

cas e da sociedade para busca de recursos.

O prefeito de Londrina, Alexandre Kireef, pouco fala em dívidas do município e não es-tá nem aí para retaliações. Seu negócio é fa-

zer a cidade crescer com qualidade de vida.

No Paraná, o governador Beto Richa e o pre-sidente do partido, Valdir Rossoni, fecharam

questão nos nomes de Aécio Neves para pre-sidente e Alvaro Dias ao Senado.

Eleitores estão cada vez mais rigorosos na es-colha dos políticos e pesam, sobre seus om-

bros, a responsabilidade de eleger um candi-dato em tempos de descrédito.

Políticos e marqueteiros já estão de olhos bem abertos nas redes sociais com vistas às próximas eleições. Quem não estiver nas re-

des sociais vai dançar.

A água está cada vez mais escassa no mundo e especialistas no assunto analisam como se-rá o futuro da humanidade com o crescimen-

to populacional e a demanda pela água.

Acendeu luz vermelha no Ministério Públi-co com a chamada PEC 37 que tira os poderes

de investigação do PM e passa para a Polícia Civil. A discussão é grande.

Com o aumento do número de menores infratores, o governo já pensa em alterar o Estatuto do Menor impondo penas mais pesadas aos jovens criminosos.

Virou CPI o caso de doações de crianças no Paraná. Parlamentares querem explicações sobre a saída de bebês do Brasil para os Esta-dos Unidos sem autorização judicial.

Agora vai ficar mais fácil tirar o alvará na Prefeitura de Curitiba. A criação de um conselho multidisciplinar permitirá di-visão de responsabilidades e agilização nesse processo.

Ela voltou. A inflação está rondando a ca-sa dos 6% ao ano e já vem tirando o sono da presidente Dilma Rousseff em plena campanha para a reeleição.

Analistas do mercado econômico alertam as autoridades do governo central sobre a possibilidade do país mergulhar em pro-funda crise econômica.

O engenheiro e administrador de empre-sas, Renato Folador, dá sete dicas para o cidadão investir seu dinheiro, visando ter uma aposentadoria sem dores de cabeça.

No Paraná, a Delegacia da Mulher não perdoa. No ano passado foi responsável pelo maior número de prisões na capital e região metropolitana. As delegadas pe-gam pesado.

Foz do Iguaçu recebeu milhares de esporti-vas na edição do X Games. O público esteve presente e vibrou com as manobras radicais.

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S I NTON I A FI NA AgENDA CUlTURAl

ARTIgOS

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pito

A disputa da vaga de Hermas Brandão no Tribu-nal de Contas do Estado (TCE) ainda vai dar mui-to o que falar. Há informações correndo nos bas-tidores do centro cívico, de que o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Clayton Camargo, entrou na parada e teria dito para o Palácio Igua-çu não se meter nesta empreitada. Concorrem à vaga os deputados Plauto Miró Guimarães e Fá-bio Camargo.

eu vou

“Eu já coloquei meu nome duas vezes (ao Governo) e respeito muito a decisão que a população tomou. A população me elegeu duas vezes senador e nenhuma governador. Creio que a popula-ção gosta mais de me ver no Se-nado”. Com esta declaração, o vi-ce-presidente do banco do Brasil, Osmar Dias (PDT) deixa clara sua intenção de concorrer ao Senado em 2014.

Quem sabe

O deputado federal, André Vargas (PT), disse à revista Documento Re-servado que não fugiu ao compromis-so e reafirmou sua posição de que só será candidato ao Senado se o ex-se-nador, Osmar Dias (PDT) não concor-rer. “Não vamos dividir, se nossa pro-posta para 2014 é somar, com Glei-si Hoffmann ao governo”, ponderou o petista.

também vou

O senador Alvaro Dias (PSDB) também se-rá candidato à reeleição e disputará vaga contra o irmão, Osmar Dias. Já se nota uma integração do ex-governador junto ao gru-po de Beto Richa, que poderá sinalizar com apoio em 2014. Quem está torcendo o na-riz é o presidente da Assembleia Legislati-va, Valdir Rossoni (PSDB) que pleiteia a dis-puta ao Senado pelo partido.

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DOCUMENTO RESERVADO I 5

Corruptor

O deputado federal João Arruda (PMDB-PR), quer porque quer a aprovação, rapidamen-te, do PL 6.826/10, que cria a chamada Lei Anticorrupção, para o Brasil ter um mecanis-mo eficaz no combate ao crime. As penali-dades previstas em crimes de corrupção atin-gem basicamente servidores e agentes públi-cos. Para combater a corrupção, precisa com-bater o corruptor, fulmina João Arruda.

bom sinal

A quantidade de computadores em uso no Brasil, somados os corporativos e os do-mésticos, chega a 118 milhões, aponta pesquisa do Centro de Tecnologia de Infor-mação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Isso significa que existem, no país, três computadores para ca-da cinco habitantes. O estudo mostrou também que o número de computadores do-brou no período de quatro anos. Para este ano, a FGV estima que serão comercializa-dos 22,6 milhões de unidades, o que equivale a uma unidade por segundo.

bolso vazio

O percentual de famílias endividadas no país chegou a 62,9% em abril, com alta em relação a março, quando o percentual foi 61,2%, e também a abril de 2012, quando o endividamento alcançou 56,8%. Esse é o maior patamar desde julho de 2011, de acordo com o estudo. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Endividamento e Ina-dimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Na-cional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

banho de sol

Um programa aprovado pelo corregedor geral do Tri-bunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, permite que 30 dias de leitura reduzam quatro dias de pena. A proposta é uma mudança no artigo 126 da Lei 7.210/84, que antes permitia a remição da pe-na somente por horas trabalhadas. A ideia é permi-tir que o detento acesse uma obra literária ou cien-tífica e faça um resumo. A cada empréstimo, ele terá 30 dias para ler o livro e dez para entregar seu texto. Sempre que possível, os autores da obra estarão en-volvidos nos trabalhos. Desde 2011, os condenados criminalmente de todo País têm o direito de descon-tar um dia de pena para cada 12 horas de escola.

o CalCanhar

Ao fazer um balanço de seus 100 dias à frente da Prefeitura da La-pa, a petista Leila Kleink disse que um dos maiores problemas do município está na área da saú-de. Falta estrutura em várias uni-dades básicas de saúde, o número de médicos é reduzido, veículos e ambulâncias sucateadas e possui reduzido estoque de medicamen-tos. Para resolver esses impas-ses, a atual gestão está elaboran-do projetos de construção e am-pliação de unidades de saúde nas áreas urbana e rural, adotando medidas para recompor o quadro de médicos, providenciando con-sertos e iniciando licitações para aquisição de automóveis, ambu-lâncias e remédios.

olho vivo

Lideranças do PT estão de olho nos afagos e elogios recebidos pe-lo governador Beto Richa de pre-feitos petistas. Primeiro foi Pedro Ilkiv (União da Vitória), depois Ti-de Balzanelo (Sertanópolis) e agora é Lessir Bortoli, prefeito de Renascença, que disse nada me-nos, nada mais que Richa vai en-trar na história pelo forte apoio aos municípios paranaenses.

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Entrevista

O Estado do Paraná tem um rumo e o fo­

co do governo Beto Ri­cha (PSDB), está na edu­cação, infraestrutura e lo­gística. Mas tem, tam­bém, dois pontos cruciais que emperram a engrena­gem da máquina, forçan­do o atraso no seu cresci­mento e desenvolvimen­to e que precisam ser cor­rigidos. Um desses entra­ves, o maior deles, é o go­verno federal que, além de ter virado às costas na li­beração de recursos finan­ceiros, ainda conta com o famigerado marco regu­latório, que impõe difi­culdades a tudo e a todos, além de um emaranhado de fios que desandam na teia burocrática. O outro embaraço, infelizmente, está dentro do próprio go­verno, onde alguns secre­tários “cinco estrelas” pu­xam para o lado contrá­rio, lamenta o secretário­­chefe da Casa Civil, Rei­nhold Stephanes (PSD), afirmando que também precisam acertar o prumo.

Um terceiro estorvo pa­ra que o estado, quinta ar­recadação e sexto PIB do

país, não se deslanche es­tá no próprio erro dos úl­timos governantes, que permitiram mais de 40 re­gistros no Serviço Auxi­liar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC). Este órgão con­trola registros de informa­ções disponíveis nos cadas­tros de inadimplência ou sistemas de informações fi­nanceiras, contábeis e fis­cais, geridos pelo Gover­no Federal. Segundo Ste­phanes, o Paraná é líder em inadimplência e esse vergo­nhoso título vem das déca­das de 90 e 2000, com pres­tações de contas não reali­zadas e, portanto, penaliza­do pelo Tesouro Nacional.

Para atrapalhar ainda mais a vontade, o desejo e o esforço para crescer, o governo estadual não consegue se enquadrar no limite de gastos com pes­soal na Lei de Respon­sabilidade Fiscal (LRF), porque é, também, o úni­co estado que sustenta os gastos de pessoal de sete universidades. Pelo siste­ma prudencial do Tribu­nal de Contas do Estado (TCE), o governo gasta

49% das receitas com pes­soal, enquanto pelo crité­rio federal os gastos che­gam a 54%, o que impe­de liberação de recursos financeiros. “O Paraná não recebe financiamen­to externo e interno há 10 anos”, revela o secretário­­chefe da Casa Civil.

Em entrevista à revis­ta Documento Reserva­do, Stephanes fala de tu­do um pouco, inclusive, do legado de Dilma Rous­seff ao povo brasileiro que se chama Petrobrás. Diz que o Brasil caminha er­rado e que a inflação vai continuar a tirar o sono não só do governo petis­ta, mas também da popu­lação. Acompanhe a en­trevista com o economis­ta e deputado federal pe­lo PSD do Paraná, Rei­nhold Stephanes, que já exerceu o cargo de minis­tro da Agricultura, Pecuá­ria e Abastecimento, mi­nistro da Previdência So­cial, foi secretário de esta­do da Agricultura e se ele­geu, por seis vezes, depu­tado federal pelo Estado do Paraná entre março de 2007 e março de 2010.

Pedro Ribeiro

Desarmando armadilhas paraprojetar crescimento do estado

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DR - O senhor aceitou convi-te para fazer parte do gover-no de Beto Richa (PSDB), rom-pendo, historicamente, com sua ideologia peemedebista, embora hoje esteja nos qua-dros do PSD. Qual seu efetivo papel no governo tucano?

RS ­ Bem. Historicamen­te, como citado, eu esti­ve em praticamente todos os governos, não só esta­dual, como federal e sem­pre exercendo função ad­ministrativa e técnica. Ti­ve, sim, vários conflitos nessa longa jornada como homem público, mas to­dos dentro do debate de­mocrático e de ideias. E já disse, lá atrás: antes de ser ministro de partido do governo, sou ministro da Nação. É dentro des­se comportamento pro­fissional que aceitei, tam­bém, missão no governo Richa. Minha missão não é partidária e sim, para acompanhar e coordenar programas de governo.

DR - Que programas são esses?

RS ­ São mais de 40 pro­jetos, entre eles, o Porto de Pontal do Paraná, que deverá se transformar no maior e mais estratégico porto do país. O projeto já está pronto, depois de to­dos os trâmites burocráti­cos e que envolvem, tam­bém, questões ambientais, indígenas, infraestrutura rodoviária­ duplicação da estrada até Pontal ­ e por­tuária, iniciativa privada, além do próprio Porto de

Paranaguá, integração en­tre mar e terra e indústria para exportação, cabos subterrâneos para petró­leo, terminal de contêine­res e calado. A única difi­culdade, para que o proje­to seja efetivado é o mar­co regulatório do governo federal.

DR - O senhor falou no Porto de Paranaguá. Como estrate-gista do governo, como o se-nhor avalia, hoje, a situação daquele porto?

RS ­ O Porto de Pontal

tem que ficar fora do po­ligonal do Porto de Para­naguá que, apesar do pla­nejamento que vem sendo realizado pela atual dire­ção, ainda precisa se mo­dernizar, fazer dragagens desde o berço até o canal de entrada; tem que dotar de novas tecnologias to­do o sistema de carrega­mento e descarregamen­to, pois quando chove o porto para. E para tam­bém quando os fiscais não aparecem. É um absurdo, além de alto custo, um navio esperar 10 a 20 dias

para ser carregado. Mais uma vez, repito, o marco regulatório emperra o sis­tema portuário.

DR - Além da questão do Por-to de Pontal, o senhor tam-bém está coordenando as ne-gociações com as concessioná-rias que administram as rodo-vias pedagiadas?

RS ­ Sim, mas do pon­to de vista da negociação empresarial, entre gover­no e concessionárias, não na questão jurídica, já que existem mais de 200 ações entre as partes. Podere­mos e vamos chegar a um bom senso e a um acor­do. As empresas aceleram as obras, duplicando todo o anel de integração e, em contrapartida, poderão ter prorrogado seus con­tratos de concessão. Não

"De um lado, o governo federal nos virou as costas e, do outro, algumas estrelas no governo estadual remam contra".

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estou sozinho nesta em­preitada e contamos com o apoio da Agência Re­guladora das Concessões, DER e Procuradoria Ge­ral do Estado.

DR - O senhor assumiu o go-verno para ajudar o governa-dor Beto Richa a reorganizar o partido ou para conquistar prefeituras, com vistas às elei-ções de 2014?

RS ­ Não. Não estou no go­verno para tratar de assun­tos de pessoal ou mesmo junto a prefeituras. Não fui indicado por nenhum par­tido. Estou no governo co­mo um técnico, um profis­sional, que poderá auxiliar o governador na missão que busca dotar o estado de infraestrutura e logísti­ca. Procuro, também, ne­gociar internamente, jun­to com outros secretários, o melhor caminho para o nosso estado.

DR - Embora tenha sido de-putado federal por seis ges-tões, o senhor também exer-ceu funções executivas como ministro da Previdência Social e da Agricultura. Fazer políti-ca é sua vontade?

RS ­ Não mudei. Em to­dos esses anos, sou a mes­ma pessoa, com um pou­co mais de aprendizado e minha linha básica de ação não mudou. Quando fui candidato, pela primei­ra vez, o então governa­dor Jayme Canet Junior e o então prefeito de Curiti­ba, Saul Raiz, me disseram que eu não levava jeito pa­ra a coisa, por ser um téc­nico. Teimei, fui candida­to e o segundo mais vota­do no estado, mesmo não sabendo fazer política. Sei

Entrevista

que se fizer um bom tra­balho no governo Richa, também serei reconhecido e, consequentemente, terei votos. Não vou transfor­mar meu órgão e minha missão em política. O vo­to é consequência.

DR - Como o senhor avalia, ho-je, politicamente, o governo de Beto Richa?

RS ­ Muito bem. Acom­panho as pesquisas e seu comportamento junto a população no interior

do estado e acho que es­tá bem avaliado. Circula com desenvoltura, é pa­ciente, conversa com to­do mundo e possui um discurso adequado. A so­ciedade ainda não teve a percepção de suas ações, o que vem com o tempo. Mas, na educação e área de transportes, suas ações são bem vistas no estado. Só os professores tiveram 35% de aumento em dois anos e perto de dois mil colégios foram recupera­dos. Ao lado do governa­

dor, também a secretária Fernanda Richa tem feito um excelente trabalho.

DR - A mídia comenta que Be-to Richa não tem um plano de governo. O que o senhor tem a dizer?

RS ­ Não concordo. Beto Richa tem, sim, um plano de governo e projetos cla­ros, já definidos. Ele vem encontrando dificuldades em arrumar recursos, a exemplo dos demais esta­dos. Como fazer se não há

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dinheiro? Somente atra­vés de recursos do gover­no federal ou PPPs.

DR - Qual, na sua opinião, é o grande foco do governo Richa?

RS ­ Ele está focado na educação, infraestrutura e logística. Está duplican­do rodovias como Mauá da Serra ­ Londrina, Ma­ringá ­ Cianorte, Curi­tiba­Piraquara, Campo Largo, duplicação do anel de integração, contorno de Mandaguari, Londri­na Cambé, Umuarama, Medianeira, entre outras, além da manutenção de perto de 12 mil quilôme­tros de rodovias a um cus­to de R$ 800 milhões.

DR - Por que países como Chi-le, Peru, México e outros da América latina estão crescen-do mais que o Brasil?

RS ­ O Brasil está no ca­minho errado. Geografi­camente é o melhor de to­dos os citados, mas o go­verno se limita a ficar se queixando da economia internamente, enquanto os outros países avançam. Perdemos a competiti­vidade e só estamos for­tes na agricultura, porque não temos concorrentes.

DR - O senhor acha que a crise econômica vai pegar o Brasil pelo pé, a exemplo de países da Europa?

RS ­ Não podemos nos comparar com países eu­ropeus como, por exem­plo, a Alemanha, que pos­sui uma renda per capi­ta muito superior a nos­sa. Alguns países europeus chegaram ao limite de ma­turidade e vão sair da cri­

se porque eles se tornarão mais eficientes do que já são e vão procurar merca­dos no mundo, enquanto o Brasil terá mais dificul­dades pela frente, princi­palmente na competição, pois ainda não caminha nessa direção. A Europa sairá do buraco, a exemplo dos Estados Unidos.

DR - A inflação, que ultrapas-sou 2.5 pontos percentuais nas metas do governo, vai in-comodar a reeleição de Dil-ma?

RS ­ Vai incomodar e vai se manter firme, porque o governo gasta muito e mal. O estranho é que ninguém fala que um dos nossos maiores problemas, hoje, é a Petrobrás e foi gerado pela própria Dilma, quan­do ministra das Minas e Energia. Ela é, também, a responsável por esta gran­de confusão nos portos.

DR - O Paraná passou de um estado essencialmente agrí-cola para uma economia bem diversificada, com uma indús-tria de peso e um setor de ser-viços bastante fortalecido. Pa-ra onde vai o estado. Seremos mais agrícola, mais industrial ou temos perspectivas de se-tores de ponta?

RS ­ A nossa força econô­mica ainda está na agroin­dústria, no campo, onde 80% dos municípios de­pendem dela. Os estoques mundiais estão baixíssi­mos e o consumo está au­mentando. Aí que entra­mos, gerando riquezas e lembramos que o Paraná foi o estado que mais cres­ceu no ano passado justa­mente por força da econo­mia agroindustrial.

"Marco regulatório, inadimplência e gastos com pessoal, as peças que emperram a máquina"

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Pedro Ribeiro com AENEconomia

O governo paranaense precisa de R$ 15 bi­

lhões em recursos fede­rais ou em parcerias públi­co­privadas para obras de infraestrutura em gargalos como rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Pa­ra isso, o governador Be­to Richa (PSDB), invoca o apoio da sociedade e prin­cipalmente dos políticos e empresários paranaenses para trabalhar junto nes­ta empreitada. “A dedica­ção está presente, mesmo com todas as dificuldades que encontramos pelo ca­minho, como é o caso da barreira criada pelo gover­no federal”, disse Richa na reunião do Fórum Perma­nente de Desenvolvimen­to, realizada no Palácio Iguaçu.

José Richa Filho, se­cretário de Infraestrutura lembrou que, nos últimos dois anos, o governo in­vestiu mais de R$ 100 mi­lhões na elaboração dos projetos. Richa Filho des­tacou que o Estado já in­

Paraná precisa e quer

R$ 15 bipara investir em infraestrutura

vestiu nos quatro modais mais de R$ 2 bilhões em melhorias e em obras. Outra ação é a ampliação dos investimentos de obras no Anel de Integração, que já che­gam a R$ 1,5 bilhão.

O Estado está fazendo projetos execu­tivos, no valor de R$ 62 milhões, para a criação de corredores rodoviários, para duplicar e implantar terceiras faixas em rodovias com grande fluxo de veículos, como a PR 445, PR 317, PR 323, PR 280 e PR 180, além de outros trechos rodoviá­rios, disse Richa. A estimativa é que os investimentos nestes corredores somem R$ 3 bilhões.

Ainda na melhoria da infraestrutura, estão programados mais R$ 34 milhões em investimentos nos aeroportos regio­nais e aplicação de recursos estaduais na desapropriação de área para a ampliação de aeroportos gerenciados pela Infraero,

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como o Afonso Pena, o de Londrina, Foz do Iguaçu e de Cascavel.

Na ADVBO governador Beto Ri­

cha (PSDB) deu um reca­do curto e grosso aos em­presários paranaenses du­rante palestra no dia 16 de abril, na Associação dos Dirigentes de vendas do Brasil (ADVB­PR), ao sugerir que a Parceria Pú­blico­Privada (PPP) é um instrumento importan­te para ampliar as ações da administração públi­ca e promover desenvol­vimento socioeconômico de municípios, estados e países.

Para o governador, que falou para 180 líderes de vendas, as PPPs são sau­dáveis principalmente se tratando de infraestrutu­ra, “um setor carente de recursos no Brasil”, em ra­zão da baixa capacidade de investimento do poder público. “Todos sabem que está exaurida a capa­cidade dos Estados. Mais do que nunca, é necessá­ria a parceria com a ini­ciativa privada, de forma transparente, para pro­mover o desenvolvimen­to socioeconômico”, disse o governador.

Richa disse que o go­verno estadual anali­sa propostas de PPPs pa­ra a realização de impor­tantes obras rodoviárias. São três projetos de dupli­cação e melhorias em es­

“Apesar da barreira criada pelo governo federal, a dedicação dos paranaenses está presente em toda parte” Beto Richa

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tradas: PR­323, na região Noroeste, com cerca de 250 quilômetros; PR­445, entre Londrina e Mauá da Serra, numa extensão de 80 quilômetros; PR­092, entre Jaguariaíva e Santo Antonio da Platina.

O governador também citou outros projetos de modernização da infraes­trutura que estão aconte­cendo graças ao entendi­mento entre Estado e ini­ciativa privada. Entre os exemplos estão obras nas rodovias concessionadas, com destaque para a du­plicação da BR­376, en­tre Ponta Grossa e Apu­carana, no valor de R$ 1,2 bilhão, e os R$ 5,5 bilhões

em investimentos progra­mados nos portos do Pa­raná. “Demandas histó­ricas atendidas graças ao diálogo, ponto forte do nosso governo”, declarou.

Ao falar sobre o tema da palestra, o Programa Paraná Competitivo, Ri­cha disse que trata­se de “um plano ousado para a retomada da industriali­zação do Estado”. Ele sin­tetizou os resultados da iniciativa, informando que em apenas dois anos mais de R$ 20 bilhões em investimentos produtivos foram atraídos ao Estado, gerando aproximadamen­te 120 mil empregos.

O governador para­

Economia

naense explicou que um dos objetivos do programa é reduzir as desigualdades e criar novas oportunidades em cidades e regiões com baixo Índice de Desenvol­vimento Humano (IDH). Como exemplo deste pro­cesso, ressaltou o investi­mento de R$ 6,8 bilhões da Klabin, em Ortigueira. A nova planta da empresa de papel e celulose beneficiará 12 municípios dos Campos Gerais e da região Central do Estado.

EmpregosEle lembrou que, de

acordo com o Ministé­rio do Trabalho, o Paraná foi responsável por 15,6% dos empregos líquidos da indústria de transforma­ção gerados no país, fi­cando em terceiro lugar no ranking nacional na abertura de vagas do se­tor. “Não somos uma ilha no país, mas nossos indi­cadores de crescimento são mais expressivos que a média nacional”, disse.

O desenvolvimento so­cioeconômico só é com­pleto com a atenção do Estado em todas as áreas, observou Richa. Por is­so, disse, o governo tem investido fortemente em educação básica. Ele res­saltou o reajuste de 35% concedido ao magistério, as 1.800 obras em escolas, contratação de 17 mil ser­vidores, ampliação de re­cursos para transporte e merenda escolar.

No ensino superior, Ri­

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cha afirmou que o Estado investe aproximadamen­te R$ 1,4 bilhão por ano na manutenção de sete univer­sidades estaduais e promo­veu a valorização dos ser­vidores das instituições. Ele disse que o fortalecimen­to do ensino superior man­tido pelo Estado ganha re­forço com a criação da Lei de Inovação, que amplia a cooperação entre os setores público e privado.

SegurançaRicha também deta­

lhou as ações na área de Segurança Pública, que estão permitindo ao Es­tado ampliar as opera­ções de combate à cri­minalidade. Neste se­tor, Richa exemplificou a ação do governo com a maior contratação de po­liciais da história do Pa­raná, com a incorporação de 3.127 policiais aos efe­tivos da Polícia Militar e Polícia Civil, a compra de cerca de 31.500 novas via­turas, instalação do Bata­lhão de Fronteira, cons­trução de novos presídios e delegacias.

Na saúde, Richa desta­cou a contratação de 1,3 mil profissionais e quali­ficação de outros 30 mil para atuar na rede básica. Ele também disse que, em cumprimento ao plano de governo apresentado à so­ciedade paranaense, o Pa­raná atende a Emenda 29, que determina a aplicação de 12% das receitas em Saúde.

“Nos últimos dois anos o governo investiu mais de R$ 100 milhões em projetos” José Richa Filho

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Política

Alexandre Kireef: investimentos em infraestrutura urbana e habitação.

Da redação

Com projetos e ações voltados à ges­tão técnica, desenvolvimento econô­

mico e formação de ambientes saudáveis para serviços públicos com qualidade, o prefeito de Londrina, Alexandre Kireef (PSD), já obtém um alto índice de apro­vação nos 100 primeiros dias de gover­no. Pesquisa feita pelo Instituto Portina­ri, que ouviu 600 pessoas, apontou que 77% da população de Londrina aprovam a administração municipal.

Embora revele que ainda está envolvi­do em dificuldades para acertar as contas públicas do município, o prefeito destaca que, a médio e longo prazo, vai recupe­rar o processo de planejamento da cida­de. Hoje, a estratégia de desenvolvimento econômico está centrada em três pontos: investimentos em infraestrutura, plano de melhorias urbanas, com investimentos de R$ 174 milhões e plano habitacional, com aplicação de R$ 720 milhões.

Na iniciativa privada, Kireef explica que a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Londrina está desenvol­vendo ações para atração de indústrias e prestadores de serviços, com marco re­gulatório específico com vantagens para empresas investidoras. Segundo o prefei­to, a Compagás já está na cidade, bem co­mo a multinacional francesa ATOS, em­presa especializada em Tecnologia da In­formação, instalada em 40 países e com faturamento anual de R$ 8,3 bilhões.

Londrina também está investindo no agronegócio, através de seu parque in­dustrial com potencial competitivo na área de insumos e indústria química.

Em relação à pesquisa, encomendada pela Rádio Paiquerê, dos 600 entrevista­dos, entre os dias 2 e 5 de abril, apenas 15% disseram que não aprovam a admi­nistração e 8% não souberam responder. A pesquisa mostrou também que Kireeff, embora bem avaliado, terá muitos desa­fios pela frente: 41% indicaram a saúde e 34% apontaram a segurança como prin­cipais problemas da cidade. A limpeza pública foi avaliada como “péssima” por 48% dos entrevistados.

77% aprovam Kireef em Londrina

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Política Da redação

No Paraná, como não poderia ser di­ferente, o PSDB fechou questão com

apoio a Aécio Neves para a Presidência da República e Alvaro Dias ao Senado. A confirmação foi feita dia 28, pelo gover­nador Beto Richa, durante convenção es­tadual do PSDB em Curitiba. “Vamos apoiá­lo porque Aécio (Neves) tem to­das as condições de implantar neste país um governo ético, sintonizado com to­dos os brasileiros. Ele é o candidato com as melhores propostas, que darão opções de avanço para este país, que tem regre­dido constantemente nos últimos anos”, disse Richa.

“Será uma eleição de renovação e de mudanças. O povo está cansado de cor­rupção. Toda semana uma demonstra­ção do dinheiro público jogado fora.

Com Aécio, teremos surpresas agradá­veis que estão nascendo no seio da so­ciedade”, afirmou Valdir Rossoni, eleito novo presidente do PSDB­PR, ao referir­­se a Aécio Neves.

Na convenção estadual do PSDB, as li­deranças tucanas fizeram questão de des­tacar que a vaga da candidatura ao Sena­do é do atual senador Alvaro Dias. “É o mais combativo parlamentar no Congres­so nacional. É a voz da oposição no Se­nado e vaga (da candidatura em 2014) é dele. Tenho certeza que estaremos juntos em 2014”, disse o governador Beto Richa. “Nós reconhecemos sua liderança e por dever moral, o senador será mais uma vez candidato à reeleição pelo PSDB do Para­ná”, disse o presidente eleito do PSB, de­putado Valdir Rossoni.

Tucanos vão de Aécio e Alvaro “Precisamos de um governo ético, sintonizado com os brasileiros”. “Pela liderança e dever moral, Alvaro Dias será nosso candidato”.

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Política

País onde o voto é obri­gatório, o Brasil dispõe

de uma estrutura eleito­ral à altura de suas propor­ções continentais. No ano passado, quando os brasi­leiros elegeram prefeitos e vereadores, estavam aptas a votar cerca de 138, 5 mi­lhões de pessoas maiores de 16 anos – perto de 4,8 mi­lhões a mais que no plei­to anterior ­ para escolher deputados estaduais e fede­rais, senadores, governado­res e presidente da repúbli­ca. Dois milhões de mesá­rios e 3 mil juízes estavam

de plantão no evento, em que quase 500 mil cidadãos se candidataram a prefeito e a vereador e algo em tor­no de 7,7 milhões de eleito­res puderam testar a gran­de novidade da ocasião: o sistema biométrico de vo­tação. No entanto, num si­nal de desinteresse ou de­cepção com a prática polí­tica, mais de 15% optaram por não votar e, assim, en­grossar a estatística da abs­tenção. Além disso, qua­se 10% anularam o voto ou votaram em branco.

Foi o que aconteceu em

2006 com a professora Ma­risa Cortiano, que há cerca de 20 anos dá aulas de His­tória em instituições parti­culares de ensino de Curiti­ba. “Como sempre faço, an­tes daquela eleição busquei o máximo de informações sobre os candidatos mas não consegui me conven­cer. Então, pela primeira e única vez até agora, anulei meu voto”, relembra a edu­cadora.

Para quem aprecia par­ticipar como cidadã dos processos eleitorais e es­timula a discussão do te­

No voto, insatisfação é com o agente eleito

Num sinal de desinteresse ou decepção com a prática política, mais de 15% optaram por não votar nas últimas eleições e, assim, engrossar a estatística da abstenção.

ma em sala de aula, a expe­riência foi desconfortável não apenas no campo pes­soal. Marisa diz ter se senti­do mal também com o que viu na fila de votação da sua seção eleitoral: a poucos metros da urna eletrôni­ca, num claro sinal de que não haviam refletido ante­riormente sobre o processo eleitoral, diversas pessoas buscavam ao acaso, nas lis­tas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) coladas nas paredes, sugestões de no­mes de candidatos.

Processo contínuo ­ Pa­ra o secretário de educa­ção da Associação Brasilei­ra de Lésbicas, Gays, Bisse­xuais, Travestis e Transse­xuais (ABGLT), Toni Reis, o motivo do aparente de­sinteresse de um segmento da população pelas eleições é complexo. Não pode, por

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isso, ser visto apenas a par­tir da repercussão causa­da na opinião pública pelos desvios de conduta dos re­presentantes eleitos, como corrupção e falta de ética, e repercutidos à exaustão pe­las mídias. “A grande ques­tão é que não se leva em conta que o dia da eleição não é o fim de um proces­so. Ao contrário, é o início de uma relação de cidada­nia que implica também se­guir os passos dos candida­tos vitoriosos ­ mesmo que eles não sejam os nossos es­colhidos”, resume.

A militância de Reis e da ABGLT no caso do pastor e deputado federal Marco Feliciano, eleito para presi­dir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados mesmo tendo opiniões discriminatórias a respeito de homossexuais e pessoas de origem africa­na, é um exemplo. “Ele (Fe­liciano) tem que rever suas posições porque, apesar de ter sido eleito por um seg­mento religioso da popula­ção, precisa levar em conta que faz parte do seu papel dialogar com outros setores da sociedade. Se ele não for pressionado, fica por isso mesmo. E é dessa pressão que, em nome da cidada­nia, as pessoas não podem

abrir mão”, afirma. Ao contrário dessa pos­

tura, o eleitor comum cos­tuma ver o processo eleito­ral como obrigação que se encerra ao digitar os núme­ros na urna para escolher ou não candidatos de sua preferência. Esse homem médio, na sua concepção, escolheria cidadãos ideais, sem máculas, para agir em seu nome. Deslizes poste­riores já não seriam da al­çada desse eleitor. Ocorre porém, como lembra Toni Reis, que os candidatos são pessoas tão falíveis quanto qualquer outra e, por isso, precisam ser monitorados e cobrados pela sociedade por seus atos e omissões.

O eleitor médio ­ Es­se agir descomprometido do cidadão médio brasi­leiro com relação às elei­ções, argumenta o cien­tista social Émerson Uriz­zi Cervi, da Universida­de Federal do Paraná, va­ria de acordo com o con­ceito que a sociedade for­ma acerca do comporta­mento pontual dos políti­cos quando estão em pau­ta assuntos do seu interes­se. Estudioso do papel da opinião pública na demo­cracia, tema de sua tese de doutorado em Ciência Po­lítica, Cervi explica esse

modo de pensar e agir. Ele estaria relacionado ao sen­so de pertença que orienta o cidadão, a partir de valo­res majoritários apreendi­dos dos meios de comuni­cação. “Ele se sente bem, compartilhando a opinião geral, veiculada nos meios de comunicação e que mu­da ao longo do tempo”, diz.

Assim, explica Cer­vi, em diferentes momen­tos o cidadão­eleitor pode se mostrar satisfeito ou in­satisfeito, decepcionado ou positivamente surpreendi­do por um mesmo político com relação a situações di­ferentes. O lado bom desse comportamento volátil pa­ra a consolidação do pro­cesso democrático, argu­menta, é que o alvo prin­cipalmente da insatisfa­ção não é o poder Legisla­tivo nem o Executivo, mas o agente eleito – resultado possível de ser modifica­do com o refinamento des­se mesmo processo. “Votar é importante. Porém, não é sinônimo de qualidade do resultado. Somente à medi­da que participa ativamen­te, além das eleições, é que o cidadão­eleitor poderá ele­ger cidadãos­representan­tes melhor preparados pa­ra desempenhar esse papel”, conclui.

“Votar é importante. Porém, não é sinônimo de qualidade do resultado”.Émerson Urizzi Cervi, cientista social da UFPR

O manobrista Mateus Luiz Moraes, de 19 anos, morador em Colombo (Região Metropolitana de Curitiba) votou pela primeira vez no ano pas-sado. “Podia ter votado antes, mas, como não era obrigado, acabei não indo. Os mais velhos falam tão mal dos políticos que a gente acaba desa-nimando”, relembra o trabalhador. Para ele, no Brasil o cidadão se torna eleitor “muito cedo, quando ainda está mais preocupado com outras coi-sas” e acaba não valorizando a importância de uma eleição na vida das pessoas – exatamente o que se passou com ele, frisa.

A diarista Wanderleya Tonon, de 36 anos, de Almirante Tamandaré, nunca deixou de votar. “Tanta coisa na vida a gente faz por obriga-ção... E essa é muito séria porque, se a gente escolhe mal, não prejudi-ca só você: prejudica a cidade, o estado, o Brasil”, argumenta . Ela diz que gostaria de acompanhar o trabalho dos candidatos que ajudou a eleger com seu voto mas alega não ter tempo “Trabalho todos os dias e, quando chego em casa, mal vejo meus filhos. Fico mais ligada em época de eleição”, revela.

Política e políticos: o que as pessoas estão pensando

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Política José Santafé

O new journalism acontece imbricado nas redes sociais. Até os jornais de

papel diz­se, vão acabar ou vão se enco­lher. E as eleições de 2014 prometem ser marcantes nas mídias sociais, e exigirão bastante dos candidatos e de suas equi­pes de campanha.

E então? Você já se conectou hoje? Você, governador? Você, ex­governa­dor? Vocês todos, políticos, parlamen­tares, candidatos a líderes, vereadores e presidentes? E o povo, já está conectado?

Sim, é preciso que a mensagem se di­vulgue e se difunda, que se popularize, que se cristalize, e não se interaja em pa­lanques de banhado.

Em pauta, o marketing político. No facebook, o marketing é uma ta­

refa desafiadora e surpreendente.Vamos que vamos, conectados pela web, nave­gando por mares nunca navegados para além da Taprobana, eheheh

A presença dos políticos nas prin­cipais redes sociais é uma realidade. A vantagem é a instantaneidade da comu­nicação com o eleitorado, com o resto do país e do mundo.

É uma maneira de os políticos esta­rem em contato direto com o eleitor, per­mitindo que ele participe do seu man­dato com sugestões e idéias que contri­buam às decisões de governo ou do le­gislativo.

Cada postagem, senhores políticos e candidatos, tem capacidade de alcançar

muitas dezenas ou milha­res de pessoas ao mesmo tempo, permitindo com isso, prestar contas ao se­guidor ­ ou o eleitor ­ que passa a conhecer seu tra­balho de perto, aproxi­mando as pessoas inde­pendente da distância. Elas se sentirão partícipes do processo de definição, consolidação das ações de governo. A opinião públi­ca. E tudo tem a ver com a propaganda eleitoral e o resultado das urnas.

Top of mindLembremos que no

ano que vem têm eleição e Copa do Mundo. E daí, senhores candidatos?, se­nhores eleitores? Quem ganha com as campanhas que prometem ser bastan­te acirradas, com o uso da internet?

Para se ter uma idéia corriqueira... alguns par­tidos querem tirar o PT do governo – que já vem comandando o país des­de a primeira eleição do ex­presidente Luiz Iná­cio Lula da Silva. Dilma Rousseff, atual presiden­

te do Brasil, terá concor­rentes de peso. Há infor­mações de que o ex­pre­sidente Lula tente se ele­ger novamente em 2014, o que não será tão difícil, visto que é tido como um presidente popular. Será?

E aqui, no Paraná?A política, deveras, é

um jogo de xadrez, de ar­timanhas difíceis de pre­ver ou de explicar. Agora mesmo, diz pelo twitter, o governador Beto Richa, está viajando por cidades do interior do estado, pa­ra uma série de inaugu­rações. O seu PSDB, com certeza, está no páreo com candidato próprio. O pró­prio Beto vai à reeleição.

Mas vem aí o PT da Gleisi Hoffmann, a dana­da da “Polaca” não é de matar à unha, já pertur­ba o sono e os sonhos de outros candidatos. Ainda mais com o apoio da ‘má­quina federal’, em cuja en­grenagem ocupa o cargo de Ministra da Casa Ci­vil. Se a Presidente Dilma quiser, ela sai candidata. E o páreo fica mais difícil.

O ex­governador Ro­berto Requião, apostem suas fichas!, também en­saia com minúsculos dis­cursos via twitter, que vai à desforra, solo ou não, em momento de comple­to esfrangalho de seu par­tido, o PMDB, que faz alianças ‘esquisitas’ com o governo de Beto Richa.

Sim. O PMDB cedeu à revelia do cacique mor, aliados de peso, como Luiz Cláudio Romanelli, Reinhold Stephanes, Ale­xandre Curi, entre outros, ao ‘gabinete’ do governa­

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dor do Paraná. Imagina agora uma outra hipóte­se, caso não saia candida­ta a Gleisi, de o PT apoiar o Requião? Outra hipóte­se: o apoio de Requião a Gleisi?

À parte os papos e co­mentários pipocados na web, o certo é que Re­quião não abre mão do twitter pra lançar suas far­pas, com muitos que o se­guem re­twittando. O go­vernador Beto Richa tam­bém não sai de casa an­tes de twitar. Gleisi Hoff­mann envia mensagens a cada cinco ou dez minu­tos, o mesmo acontecen­do com Paulo Bernardo. Hoje o miniblog caiu no gosto de praticamente to­dos os políticos.

Claro está que as pró­ximas eleições serão al­vo de intensas polêmicas, discussões e propagan­das apelativas, ainda mais com o uso maciço das re­des sociais, ferramentas tão importantes quanto os palanques eleitorais, e tão imprescindíveis quanto as pesquisas de intenções de votos.

Marketing x mídia digital

A campanha política na web envolve e repica­rá ações específicas e es­tratégicas para essa mídia, unindo ferramentas de marketing on­line e ações tradicionais de marketing político. A Internet possui meios e técnicas próprias de divulgação e até mes­mo de abordagem.

Preparem­se... Não bas­ta simplesmente criar um perfil no twitter ou página no facebook e já achar que está diante de uma campa­nha de marketing político digital. Com as mídias on­­line, é necessário envol­vimento, engajamento e participação dos políticos nesse novo ambiente, cujo alvo a abordar é o leitor di­gital. Tudo deve ser adap­tado e remodelado para esse novo ambiente da disputa eleito­ral que é a web. E os can­didatos q u e n ã o

derem a devida aten­ção para suas campanhas na internet podem pagar mais caro.

Boca malditaÉ bochicho corriquei­

ro na linguaruda Boca Maldita de Curitiba, onde se reúnem a elite e o po­pulacho, e onde se encon­tram pessoas do métier, fofoqueiros e fuxiqueiros de plantão, que um polí­tico moderno tem que ter uma conta no facebook e no twitter. Um blog tam­bém é bom. Ótimo!

Ficar fora deste pal­co, o ambiente político digital, será um erro fa­

tal, pois os elei­tores esperam

ver os candi­datos expli­cando suas p l a t a f o r ­

mas. Portan­to, políticos e

coordenadores de campanha te­

rão que repensar

com mais carinho na in­corporação das redes so­ciais ao arsenal do marke­ting político digital.

DicaA sugestão é de que

uma campanha de mar­keting político eleitoral no facebook deve assu­mir o formato de Fan Pa­ge e nunca de perfil pes­soal, haja vista que encon­traria uma série de restri­ções técnicas neste forma­to. Outro ponto a ser ob­servado são os aplicativos usados na administração dessa página. É necessário analisar detalhadamente as necessidades de campa­nha para determinar quais aplicativos deverão ser usados e em que situação.

A estratégia de marke­ting político eleitoral exi­ge, igualmente, conteúdo exclusivo para essa mídia. E conteúdo de boa quali­dade para conseguir acei­tação e uma boa reper­cussão da mensagem.

Política

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Você já se conectou hoje?

O tomate e a inflação

O nó górdio

É possível imaginar um cenário mais propício, que não os palanques tradicionais, para as campanhas políticas? Certamente. A política, ainda mais hoje, tão em evidência, faz parte da vida das pessoas, as-sim como os programas de televisão ou as novelas! Mais pessoas estão se conectando e se inteirando uns com os outros. O uso de internet vem crescendo ex-ponencialmente e não há tendência de declínio em nenhuma parte do globo. As pessoas estão passando mais tempo conectadas pela internet, porque usam outras formas para ficar on-line que não somente o computador: celulares, smartphones, tablets e afins. Arrisca-se a dizer que é cada vez mais antiquado dizer mundo virtual, uma vez que o digital já faz parte do cotidiano concreto das pessoas, de modo que é im-possível dissociar os “dois mundos”. Recorda-se que nas eleições americanas, a foto mais compartilhada e twitada de todos os tempos pertence ao presiden-te Obama, num pico de discussão que levou o perío-do eleitoral dos EUA ao topo entre os eventos mais discutidos.

No Brasil o cenário não é diferente ao que aconteceu nas eleições americanas. Os eventos, fotos e fatos re-lacionados à política são publicados constantemen-te ad infinitum, curtidos, comentados, discutidos e compartilhados. Vejam por exemplo o falatório que se deu em torno do tomate, a alta do preço do pro-duto, super curtido, comentado e compartilhado. E o tomate se transformou num ícone da malfadada volta da inflação e aumento dos juros. Pois há, tam-bém, um grande número de pessoas que assiste TV ao mesmo tempo em que conversa em redes sociais. E se há um assunto agendado na mídia de massa, o mensalão é um deles. Questiona-se, pelas redes so-ciais, por que os mensaleiros, ainda que condenados pelo Supremo Tribunal Federal - STF, ainda não fo-ram presos. E pasmem, dois deles, os mensaleiros Jo-sé Genoíno e Paulo Cunha, não bastante a condena, assumiram como deputados e membros da Comissão de Justiça da Câmara Federal. Assuntos dos mais co-mentados, no momento, no facebook.

Da importância das redes sociais, não mais se discute, visto que são baseadas em círculos de amizade pré--programados, que levam em consideração família, amigos do trabalho, amigos da faculdade etc.. E vo-cê está inevitavelmente exposto a posicionamentos políticos, não raro, aleatórios. As conexões, ainda que não sigam um padrão de pensamento igual ao seu, te “obrigam” a ser amigo de seu colega de trabalho ou faculdade e, consequentemente, você é exposto a conteúdos políticos dos mais diversos. Aí é que está o nó górdio... Se quiser seguidores, tem que produzir mensagens formatadas para essa mídia, mensagens com conteúdo, como já dito.

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Meio Ambiente

7 Bilhões de habitantes no

planeta...

Da redação

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Teremos água para o futuro?

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O biólogo José Rober­to Borghetti, um dos

autores da obra “A Inte­gração das Águas”, on­de mostra o verdadei­ro Aquífero Guarani, co­loca em discussão a dis­torção, pela ação do ho­mem, a conexão entre os elementos ar, água e solo. Borghetti, que também é consultor da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimen­tação – FAO ­ entende, ao lado de seus parceiros, que o maior problema pa­ra a preservação dos re­cursos hídricos nos dias atuais, seja a falta de cons­ciência da sociedade em relação à vulnerabilidade desse recurso, alimenta­da pelo descaso de muitos governantes em relação aos problemas referentes à gestão dos recursos hí­dricos.

Borghetti faz um aler­ta à população sobre uma possível crise de água. Se­gundo ele, através de uma campanha permanente de educação ambiental, “po­deremos contribuir pa­ra evitar a escassez des­ses recursos num futuro próximo”. O presidente da Fundação Roberto Mari­nho, José Roberto Mari­nho, também observa que a água é um recurso natu­ral em crescente proces­so de escassez e deteriora­ção, e está cada vez mais caro e mais difícil dispo­nibilizá­la para consumo, seja nas torneiras de nos­sas casas, seja na agricul­tura ou na indústria. “Ho­je já temos fontes alterna­tivas de energia, que não o combustível fóssil (pe­tróleo), mas a água será sempre insubstituível pa­ra a humanidade e para o

Meio Ambiente

meio ambiente”.Jorge Samek, diretor­geral da

Itaipu Binacional, lamenta a fal­ta de consciência da socieda­de em relação à vulnerabilidade dos recursos hídricos, aliada, se­guramente, à má gestão dos mes­mos, o que dificulta sua preser­vação. Para o professor José Ga­lizia Tundisi, da USP São Carlos, a distribuição, os usos múltiplos e a disponibilidade da água per ca­pita e por regiões são problemas fundamentais que sempre afeta­ram a história da humanidade e de todos os seres vivos do plane­ta, e continuarão afetando e de­finindo os rumos ou para o de­senvolvimento sustentável ou pa­ra uma crise de recursos sem pre­cedentes na história do homo sa­piens na sua curta existência no planeta Terra.

Numa análise completa sobre a integração das águas e a neces­sidade de sua preservação, o bió­logo José Roberto Borghetti faz um questionamento e nos brin­da com sua pesquisa: “somos se­te bilhões de habitantes no plane­ta...teremos água para o futuro?”.

“Nosso planeta está cober­

to 70,7% pelas águas, sendo que 97,5% constitui­se de água sal­gada e apenas 2,5% de água do­ce utilizáveis para o abastecimen­to da população ou outros fins. A situação fica mais crítica, pois a maior parte do volume total de água doce não está disponí­vel, por se encontrar concentrada nas calotas polares e em aquíferos profundos, ou seja, somente 0,3% da água doce total disponível es­tá nos rios e lagos, constituindo, portanto, o volume passível de ser utilizado pelo homem para suprir suas necessidades. Este vo­lume equivale somente a 0,008% do total de água no mundo”, reve­la o biólogo. É o próprio biólogo quem responde:

Quantidade de Água no Planeta: Área e Volume

A disponibilidade hídrica de­pende do fluxo de água renová­vel, que é determinado pela dife­rença entre as precipitações e as evaporações médias anuais. Al­gumas zonas contam com enor­mes quantidades de água, en­quanto que em outras sua dispo­nibilidade é praticamente nula.

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José Roberto Borghetti reve-la que o Brasil é o país mais rico em água do mundo, possuindo a rede hidrográfica mais extensa do pla-neta, com 55.457 km2 de rios, equi-valentes a 1,66% da superfície da Terra. O potencial hídrico superficial brasileiro repre-senta 12,4% de toda a água doce do planeta.

Países com disponibi­lidade de água renovável abaixo de 1.700 m3/hab./ano estariam propensos a sofrer periódicos ou regu­larmente ciclos de “estres­se hídrico”, afetando o de­senvolvimento econômi­co, social e ambiental.

Devido ao rápido cres­cimento populacional, por exemplo, no perío­do de 1970 a 1994, o po­tencial de disponibilidade de água per capita dimi­nuiu de 12.900 para 7.600 km3/hab./ano.

Os recursos hídricos têm sido afetados por im­pactos antrópicos (irriga­ção, uso do solo, agrotóxi­cos, erosão, desmatamen­tos, poluição industrial, agrícola e doméstica, des­perdício, etc.).

Segundo dados da FAO a América do Sul e a Ásia concentram os maio­res potenciais de recur­sos hídricos do mundo. África, Oceania, Améri­ca Central e Caribe são os

continentes com os menores po­tenciais.

A disponibilidade de água em todos os continentes tende a di­minuir cada vez mais, demons­trando a real necessidade de se rever o sistema de consumo e a solução do problema de disponi­bilidade em curto prazo. A cons­cientização da sociedade e sua participação na preservação dos recursos hídricos, associadas ao controle do crescimento popula­cional, poderiam representar, em curto prazo, medidas prioritárias para evitar a escassez de água nos próximos anos.

O consumo de água estimado até o ano de 2025 indica que ha­verá um crescimento de captação de água de 4.360 km3 em 2010 e 5.187 km3 em 2025, e as perdas constituirão cerca de 45% do vo­lume derivado dos mananciais. Portanto, a água que evaporará ou será consumida corresponde­rá a 55% daquela que será capta­da dos mananciais. Mudanças cli­máticas poderão contribuir com aproximadamente 20% no agra­vamento da escassez de água no mundo. A percentagem de água restante (45%) retornará aos sis­temas naturais de drenagem, po­rém, em geral, em classes de qua­lidade inferior, devido ao cresci­mento dos níveis de poluição e aumento da temperatura da água.

Segundo estimativas, em 2025, cerca de 3,3 bilhões de pessoas da população mundial poderá viver sob condições de disponibilidade hídrica social abaixo de 1.500m3/hab./ano. A grande maioria esta­rá na África e no sul da Ásia, on­de se localizam os maiores bol­sões de pobreza e fome. Em 2050, o número de pessoas, vivendo sob condições de disponibilidade hídrica social abaixo de 1.500m3/hab./ano, poderá atingir cerca de 6,3 bilhões (50% da população mundial) em 66 países, princi­palmente na África e na Ásia in­cluindo todo o Oriente Médio.

Tais estimativas despertaram a

atenção e preocupação de diver­sas comunidades científicas e po­líticas, empresariais e ambientais em nível mundial, para a escassez da água já vivenciada em várias regiões, e muitos ainda não com­preendem porque razão o desper­dício e a degradação dos manan­ciais hídricos constituem um pro­blema, se do ponto de vista glo­bal, existe água mais do que sufi­ciente para todos, e para satisfa­zer todas as necessidades da hu­manidade. Porém, é fácil com­preender tal preocupação, quan­do levamos em consideração que a água encontra­se desigualmen­te distribuída entre os países e no interior dos mesmos; que o aces­so à água enquanto recurso pro­dutivo exige o acesso a infraestru­tura e que em muitos países a es­cassez é produto de políticas pú­blicas que têm encorajado a utili­zação abusiva de água, exercendo a pressão sobre os recursos hídri­cos que se reflete no estresse eco­lógico.

Os sintomas mais visíveis des­sa pressão hídrica são o declínio de sistemas fluviais que já não conseguem atingir o mar, a redu­ção dos lagos e a queda dos len­çóis freáticos. Rios como O In­du e o Ganges mal atingem o mar durante a estação seca. Pouca água do Nilo chega ao Mediterrâ­neo, em qualquer época do ano, e o Egito, onde as chuvas são muito escassas, é totalmente dependen­te do Nilo. O Jordão, que flui do Líbano para Israel, onde se jun­ta ao Mar da Galiléia e posterior­mente desemboca no Mar Morto, está sendo pressionado, e conse­quentemente, o nível de água do Mar da Galiléia está caindo gra­dativamente, e o Mar Morto está encolhendo.

O mar de Aral já foi o quarto maior lago interiorano do mun­do e uma das regiões mais férteis do planeta. Os dois rios que o ali­mentam, foram desviados para o cultivo de algodão. Desde então o mar recuou 12 metros; sua área

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encolheu 40% e seu volu­me 66%. Cidades outro­ra costeiras, hoje distam 50 km da água. À medi­da que o mar encolheu, a concentração salina das suas águas aumentou im­pedindo a sobrevivência dos peixes. Consequen­temente, a produção pes­queira que já produziu um total de 60 mil tonela­das por ano na década de 60, não existe mais.

A utilização abusiva da água para a irrigação e para as cidades leva igual­mente ao esgotamento das águas, representando uma grave ameaça para a segurança alimentar e os sistemas agrícolas. Em al­gumas bacias hidrográfi­cas na China, a extração de águas constitui 140% de abastecimento renová­vel – fato que explica a rá­pida diminuição dos prin­cipais sistemas fluviais e a redução das águas dispo­níveis, o que afeta drasti­camente a produção ali­mentar nestas regiões.

Como se não bastas­se o uso insustentável dos recursos hídricos, a ne­gligência dos governos, principalmente nas gran­

des cidades, na manuten­ção das tubulações e adu­toras das redes de abas­tecimento de água para a população, e na identifi­cação e fiscalização de co­nexões ilegais e contabi­lidade falha, podem ge­rar uma perda de água que chega a 75% quando o índice aceitável de per­das, pelo padrão interna­cional, seria em torno de 20%.

Disponibilidade de Água no Brasil

Somos o país mais rico em água do mundo, pos­suindo a rede hidrográ­fica mais extensa do pla­neta, com 55.457 km2 de rios, equivalentes a 1,66% da superfície da Terra. O potencial hídrico superfi­cial brasileiro representa 12,4% de toda a água do­ce do planeta.

Apesar da abundân­cia de águas, a distribui­ção varia muito de acor­do com as diferentes re­giões do país. Quase 70% da água disponível para o uso no Brasil está con­centrada na Região Nor­te, onde se situa a Amazô­nia, o lugar mais rico em

água potável superficial de todo o planeta e, tam­bém, onde ocorre a me­nor densidade demográ­fica do país com apenas 8% da população brasilei­ra vivendo sobre seu terri­tório. Já as regiões onde o consumo hídrico é maior (Sul, Sudeste e Nordes­te) devido à alta densida­de demográfica, produção agrícola, comercial e in­dustrial, a disponibilidade é de apenas 15,5%.

O Brasil convive com contrastes marcantes no que se refere ao poten­cial hídrico, com a abun­dância na Bacia Amazô­nica e a escassez no Nor­deste semiárido. A Região Norte, com a maior re­serva de água potável do país, é a que detém os pio­res índices de ineficiência e precariedade no abaste­cimento de água e sanea­mento à população.

O clima semiárido da Região Nordeste e norte de Minas Gerais impõe a escassez dos recursos hí­dricos de superfície, que tem influenciado direta­mente no desenvolvimen­to econômico e social da região. As chuvas espar­

sas, as secas periódicas e a predominância de rochas metamórficas com baixa capacidade de armazena­mento de águas subterrâ­neas e manutenção da va­zão de base, durante a es­tiagem, ocasionam uma grande quantidade de rios temporários ou intermi­tentes.

Uso de Água De acordo com os da­

dos da FAO cerca de 70% do consumo mundial de água é destinado ao setor agrícola, 20% ao setor in­dustrial e apenas 10 ao se­tor doméstico (consumo humano, uso sanitário, serviços urbanos munici­pais).

Distribuição relati-va do uso da água no planeta

A irrigação consome a maior quantidade de água em nível mundial respon­dendo por mais de 80% da utilização nos países em desenvolvimento. Até 2050, a água do mundo te­rá de sustentar os sistemas agrícolas que alimentarão e constituirão o meio de subsistência de mais 2,7

Meio Ambiente

“Hoje já temos fontes alternativas de energia, que não o combustível fóssil (petróleo), mas a água será sempre insubstituível para a humanidade e para o meio ambiente”.

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bilhões de pessoas. Entre­tanto, o setor industrial, e não a agricultura será res­ponsável pelo maior au­mento previsto na utiliza­ção de água até 2025.

O Brasil segue a ten­dência mundial de gas­

tar o maior percentual de água na agricultura, cor­respondendo à quase me­tade das demandas, po­rém gasta mais água no abastecimento doméstico do que no abastecimento industrial.

Aquífero guaraniNos últimos anos, di­

vulgou­se que o Aquífe­ro Guarani era a maior re­serva subterrânea de água doce do mundo ­ um imenso mar de água doce sob o solo, compartilha­do de forma contínua e homogênea pelos quatro países do Mercosul ­ com capacidade para abastecer a população mundial por 2.500 anos, despertando um grande interesse em relação a esta reserva e gerando muitas informa­ções falsas a respeito da mesma. Na realidade, ele não é um lençol de água e sim uma rocha, cuja ex­tensão o coloca na posi­ção de 3º maior do mun­do, sendo que, na maio­ria das regiões do aquífe­ro, as suas águas não são potáveis.

O Guarani é um aquífe­ro do tipo poroso (a água armazena­se nos poros de suas rochas) e encontra­se recoberto pelas espessas camadas de rochas basálti­cas da Formação Serra Ge­ral. Portanto, apenas 12,5% da sua área total encontra­­se rente à superfície, o res­tante fica confinado.

Com uma superfície de quase 1,2 milhão de km2 está inserido na Ba­cia Geológica Sedimen­tar do Paraná, abrangen­do parte do Brasil, Para­guai, Uruguai e Argenti­na. Sua área de ocorrên­cia congrega uma popu­lação aproximada de 34,3 milhões de habitantes e caracteriza­se por con­centrar as zonas agrope­cuárias mais importan­tes de cada país com ter­ras férteis e solos com al­tos índices de produtivi­dade onde são desenvol­vidas as culturas de soja, milho, trigo, cevada, su­cro­alcooleira, etc., e com excelente potencial de de­senvolvimento da pecuá­ria de corte, além de uma indústria bastante diversi­ficada.

O Brasil é o país com a maior área do Guara­ni (69,8%), o que equi­vale a 9,6% da área to­tal do território nacio­nal, seguido pela Argen­tina com 19,2%, Paraguai com 6,1% e Uruguai com 5,0% representando a me­nor área do Guarani, mas que equivale a 33,4% do seu território.

O diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek, la-menta a falta de consciência em relação aos recur-sos hídricos

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A composição quími­ca das águas do Guarani é muito variável, principal­mente nas zonas confina­das e até o presente mo­mento, pode­se dizer que as águas do Guarani são potáveis em 20 a 30% da sua área, desmistificando a afirmação de que o Aquífe­ro Guarani é a maior reser­va de água subterrânea po­tável do mundo. Normal­mente quando as águas do aquífero são muito quen­tes, elas não são adequadas ao consumo humano pela alta salinidade.

As águas do Aquífe­ro Guarani podem atin­gir temperaturas relativa­mente elevadas, em ge­ral entre 30 e 68°C, com temperatura média de 25 a 30°C. A energia geotér­mica do sistema Aquífero Guarani, estimada em 280 MW ano/km2, representa um potencial de aprovei­tamento energético signi­ficativo.

A estimativa da área do Guarani, com poten­cial de produção de águas termais superiores a 38°C, atinge 45% da área de sua ocorrência no Brasil. Nas regiões de maior confina­mento é que estão locali­zadas as principais estân­cias hidrotermais naturais, com temperaturas predo­minantes de até 43°C, fo­mentando o turismo.

O Aquífero Guarani é um sistema comparti­mentado e a quantidade e qualidade de suas águas variam de região para re­gião. Estudos recentes re­velaram que este aquífe­ro apresenta falhas geoló­gicas expressivas que fun­cionam como barreiras hidráulicas (diques), seg­mentando e afetando o fluxo subterrâneo e a qua­lidade da água.

Essa compartimenta­ção é determinante inclu­sive na condição de aquí­fero transfronteiriço im­

posta ao Guarani, ou seja, além de sua descontinui­dade estrutural, este sis­tema não apresenta as ca­racterísticas típicas de um aquífero com fluxos de água transfronteiriços.

Em relação à sustenta­bilidade, o maior proble­ma pode ocorrer nas zo­nas aflorantes (quando a água se encontra na su­perfície ou próximo de­la), onde não existe sanea­mento e se utiliza o recur­so para o abastecimento da população.

Estudos têm revelado que as águas do aquífero Guarani ainda estão livres de contaminação. Con­tudo, considerando que a área de recarga coinci­de com importantes áreas agrícolas brasileiras, onde se tem usado intensamen­te herbicidas, é de se espe­rar que sejam necessárias medidas urgentes de con­trole, monitoramento e redução da carga de agro­

tóxicos. O principal fator de

risco da utilização das águas subterrâneas resul­ta do grande número de poços rasos e profundos que são construídos, ope­rados e abandonados sem tecnologia adequada, de­vido à falta de controle e fiscalização nas esferas fe­deral, estaduais e munici­pais.

Outro fator de risco é o seu uso descontrolado e excessivo, principalmen­te nos locais que apresen­tam artesianismo, sendo necessário um rígido con­trole para se evitar o des­perdício de água e con­sequente diminuição da pressão interna do siste­ma, o que viria a prejudi­car os outros usuários das redondezas do poço jor­rante.

Entre os vários usos das águas captadas des­te Aquífero e as possibili­dades de incrementar ou­

PAíS

Área do Guarani Área total do país

Área do país onde ocorre o Aquífero

Área de Afloramento

População estimada

km² % km² % km² %

Brasil 820.618 69,8 8.514.877 9,6 97.142 66,3 28.671.307

Argentina 225.500 19,2 2.780.400 8,1 - 0,0 2.630.312

Paraguai 71.700 6,1 406.752 17,6 46.211 31,5 2.393.423

Uruguai 58.500 5,0 175.016 33,4 3.197 2,2 578.698

Total 1.176.318 100,0 - - 146.550 100,0 34.273.740

ÁREA E POPULAÇÃO DO AQUÍFERO GUARANI NOS PAÍSES DE SUA ABRANGÊNCIAFONTE: Boscardin Borghetti et al. (2011) a partir de Araújo et al. (1995); ANA (2001); INDEC(2001); DGEEC (2002); INE(2002); IBGE (2009)

Meio Ambiente

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tras modalidades que fa­voreçam a implantação de empreendimentos na re­gião, tem­se basicamen­te o abastecimento públi­co, o desenvolvimento de atividades industriais e agroindustriais e o desen­volvimento do turismo com a instalação de estân­cias hidrotermais.

O uso principal das águas do Guarani, no Bra­sil, é destinado ao abas­tecimento da população (70%), seguido do uso no setor industrial (25%), e para fins de irrigação, hi­drotermalismo recreati­vo e terapêutico, com 5%. Como exemplo de utiliza­ção das águas para o abas­tecimento público, pode ser citado a cidade de Ri­beirão Preto (São Paulo) e os complexos hidroter­mais localizados nos es­tados de São Paulo, Para­ná e Santa Catarina, cujas águas possuem proprie­dades medicinais.

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Política

NO Pé DO MP

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A aprovação da PEC 37 seria a apoteose para os marginais

e quadrilheiros de todas as estirpes, para os mensaleiros,

sanguessugas, para os gafanhotos, enfim, para aqueles

que são chupins da República e assaltam o dinheiro público

todos os dias”. Alvaro Dias

NO Pé DO MP

Se a PEC 37 for aprovada, impedirá que órgãos como o Ministério Público, a Receita Federal e o Tribunal de Contas da União, realizem investigações criminais, que ficariam restritas à polícia civil. Só três países no mundo proíbem investigações criminais feitas pelo MP: Quênia, Uganda e Indonésia.

Pedro Ribeiro

O Ministério Público está sentindo na carne seus próprios erros e exces­

sos. A armadilha armada pelos políticos chama­se Proposta de Emenda Consti­tucional (PEC) nº 37, que reserva a fun­ção de Polícia Judiciária às Polícias Fede­ral e Civil, retirando do Ministério Públi­co a competência para promover investi­gações criminais. “A proposição é um re­trocesso para a persecução penal e para o combate à corrupção”, afirma o procura­dor­geral da República, Roberto Gurgel. Ao defender o poder investigatório da instituição ­ MP­ está se reafirmando “a impostergável garantia de que a democra­cia brasileira está consolidada, não mais aceitando golpes contra o povo”, e que di­zer nâo à PEC 37 “é dever ético da cida­dania digna brasileira tão heroicamente conquistada”, sustenta o procurador­ge­ral de Justiça do Paraná, Gilberto Giacóia.

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Política

“Um retrocesso para a persecução penal e para o combate à corrupção”Roberto Gurgel

“Dizer nâo à PEC 37 é dever ético da cidadania digna brasileira tão heroicamente conquistada”Gilberto Giacóia

Embora a maioria da bancada paranaense no Congresso Nacional ten-de a rejeitar a PEC 37, batizada de “impunida-de”, o deputado federal André Vargas (PT), ob-serva que os excessos e os equívocos cometidos pelos Ministérios Públi-cos, ao jogar na lama no-mes de pessoas e empre-sas, através de inquéritos mal formulados e assoda-dos, exige-se uma discus-são mais criteriosa sobre o papel do MP. Já o depu-tado federal, João Arruda (PMDB), disse ser a fa-

vor das investigações, po-rém, contra os abusos co-metidos pelos MPs. “Te-mos casos absurdos, onde prefeitos são presos e ex-postos na mídia por pou-ca coisa e como se fos-sem responsáveis por tu-do que acontece de ruim em uma cidade ou muni-cípio. Conheço prefeitos que não conseguem tra-balhar, pois, diariamente chegam ofícios de promo-tores questionando até ca-so de criança que se ma-chuca na escola e respon-sabilizando o prefeito”. No Paraná, um ex-pre-feito (Lapa) foi preso por causa de R$ 9 mil.

MutirãoDe repente, aflorou no

Brasil, um mutirão em de­fesa do Ministério Público e querem crucificar o de­putado alagoano Arthur Lira (PP), autor da PEC 37. O Ministério Público está mobilizando a sociedade no sentido de mostrar que o que se deseja com a pro­posta é concentrar as in­vestigações na Polícia Ci­vil. O mutirão, no Paraná, teve longo alcance, embo­ra a sociedade ­ ou gran­de parte dela ­ não sabe que, efetivamente e cons­titucionalmente, a investi­gação criminal sempre foi, por princípio, atividade de polícia e ao MP não com­pete investir, mas, sim, de­terminar a abertura da in­vestigação.

Para o procurador de justiça e coordenador es­tadual do Grupo de Atua­ção Especial de Comba­te ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, se a PEC 37 for aprovada, o MP não poderá mais ini­

ciar investigações crimi­nais e ficará na dependên­cia do trabalho da polícia e a investigação de crimes contra a administração pública ficará comprome­tida. Isso aconteceria, se­gundo ele, porque a po­lícia está subordinada ao Poder Executivo, enquan­to que o Ministério Públi­co é um órgão indepen­dente. Já o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná, Jai­ro Estorílio, a PEC 37 pre­serva o sistema de investi­gação criminal brasileiro, como reza a Constituição.

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“MP comete erros e equívocos que jogam nomes de pessoas e empresas na lama”André Vargas

Ato em repúdioTanto representante da

Polícia Civil, como um grande número de parla­mentares, querem a apro­vação da PEC 37 porque há, nas mãos do Ministé­rio Público vários inqué­ritos que investigam ações da própria polícia e de po­líticos. No caso da polí­cia, seus representantes apostam na competência das corregedorias que es­tão equipadas no sentido de cumprir sua função de corrigir desvios de condu­ta interna. O procurador de justiça, Gilberto Gia­cóia lembra que ao se de­fender a manutenção do poder de investigar do MP não se está, pois, a adotar postura meramente cor­porativa, nem apenas a se invocar o que há de mais avançado nas democra­cias modernas, onde nos países mais desenvolvidos, o MP não só detém, e sim comanda a atividade in­vestigatória que é organi­zada de seu gabinete, pois é a instituição a destinatá­

ria imediata dela, como ti­tular exclusiva da ação pe­nal pública, afastando de modelos políticos não tão democráticos (hoje limita­dos a três, Uganda, Indo­nésia e Quênia, que vedam a investigação ministerial).

Dia 12 de abril, o Mi-nistério Público do Para-ná promoveu ato público em repúdio a PEC 37 com a presença de representan-tes e autoridades dos três poderes, dos diversos ra-mos do MP, representan-tes da advocacia e da aca-demia, igreja, setor produ-tivo e da sociedade civil organizada. O presiden-te do Tribunal de Justiça do Paraná, Clayton Couti-nho de Camargo manifes-tou sua repulsa à PEC 37 e disse que a possível in-clusão da proposta na Or-dem do Dia para votação na Câmara dos Deputados “acende, sem dúvidas, um alerta contra a impunidade e a competência para a in-vestigação penal, que não pode ser, a nosso ver, mo-nopólio da polícia”.

GaecosO secretário de Segu­

rança Pública do Paraná, Cid Vasques, disse que é necessário ter uma visão mais precisa da estrutura dos Gaecos e de seu fun­cionamento: são 56 poli­ciais civis e militares, coo­perando com a ativida­de do Ministério Público, mas vinculados aos seus respectivos comandos. “E isso nem poderia ser dife­rente. O trabalho, portan­to, é sempre conjunto, e tem um objetivo comum, ou seja, o aperfeiçoamen­to da polícia estadual de segurança pública”.

Para o senador Álva­ro Dias (PSDB), é preci­so saber por que querem retirar do Ministério Pú­blico o poder de inves­tigação criminal? quem são aqueles que desejam retirar do Ministério Pú­blico essa prerrogativa? questiona o senador pa­ranaense. Segundo ele, a aprovação da PEC 37 se­ria a apoteose para os marginais e quadrilheiros de todas as estirpes, para os mensaleiros, sangues­sugas, para os gafanho­tos, enfim, para aqueles que são chupins da Repú­blica e assaltam o dinhei­ro público todos os dias.

EscândaloJosé Lucio Glomb, con­

selheiro federal da OAB, disse que a Ordem dos ad­vogados também está enga­jada na luta, julgando abso­lutamente inoportuna qual­quer discussão à respeito da PEC 37, inclusive quando o Supremo Tribunal Fede­ral está analisando a com­petência do Ministério Pú­blico para proceder essas investigações, com julga­mento adiantado, inclusive já com absoluta maioria, o que indica que o Supremo Tribunal Federal considera absolutamente legal esse ti­po de investigação.

Ao participar do ato, co­mo presidente do Grupo RPC e representante tam­bém do Movimento Paraná sem Corrupção, o empre­sário Guilherme Cunha Pe­reira, observou: “aqui só me cabe trazer­lhes a garantia do compromisso do grupo GRpcom, da imprensa sé­ria deste estado e de todo o movimento contra a cor­rupção, porque é absoluta­mente de uma inoportuni­dade escandalosa a propos­ta dessa emenda. Unimo­­nos a todos que estão en­gajados nessa batalha e sa­bemos que ao fazer isso re­petimos, de fato, os anseios de toda a sociedade”.

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A morte do universitário pau­lista, Victor Hugo Depp­

man (19 ), por um menor (17), que tentou roubar seu telefo­ne celular, foi a gota d´água pa­ra que o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, encaminhasse ao Congresso Na­cional, proposta que prevê a in­ternação de menor por até oito anos, dependendo da gravidade do caso. Na proposta, menores envolvidos em crimes de homi­cídio, roubo seguido de morte, sequestro e estupro, poderão fi­car internados até oito anos.

Pela lei em vigor, autores de delitos que tenham menos de 18 anos, devem cumprir me­didas sócioeducativas por um prazo máximo de três anos. Pela proposta nova que mu­da o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a punição será estendida por mais cinco anos. Caso atinja 18 anos du­rante a internação, o infrator será transferido para o Regi­me Especial de Atendimento, com acompanhamento de psi­cólogos e assistentes sociais.

Comportamento Da redação

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Os profissionais farão um laudo e encaminharão a um juiz para decidir se a internação ainda é neces­sária.

Uma pesquisa Datafo­lha mostra que 93% dos moradores da capital pau­lista concordam com a diminuição da idade em que uma pessoa deve res­ponder criminalmente por seus atos. Outros 6% são contra, e 1% não sou­be responder. Os pesqui­sadores ouviram anteon­tem 600 pessoas. A mar­gem de erro é de quatro pontos (para mais ou me­nos). Em consultas ante­riores, em 2003 e 2006, a aprovação à medida pelos moradores da cidade foi de 83% e 88%, respectiva­mente ­ a margem de erro era de dois pontos.

Sobre a idade a par­tir da qual um adolescen­te deveria passar a ser res­ponsabilizado criminal­mente, parte dos entre­

vistados, em respostas espontâneas (sem haver opções no questionário), defende que menores de 16 anos sejam enqua­drados. Para 35%, jovens de 13 a 15 anos deveriam ser considerados pela lei como adultos. Para 9%, até menores de 13 anos deveriam ter esse tratamento. Quando é dada a opção de escolher o que seria mais eficaz para reduzir a criminalida­de, há divisão: 42% dizem que seria ideal criar políticas públicas mais eficientes para jovens.

Outros 52% afirmam que a redução da maioridade penal já implicaria na melhoria dos índices criminais. Há ain­da 5% que acreditam que ambas as medi­das são necessárias."A demonstração de apoio à redução da maioridade penal re­vela um apoio a uma solução mais ime­diatista, mas a população também mos­tra que tem consciência de que é preciso que haja políticas públicas mais eficien­tes", afirmou Mauro Paulino, diretor­ge­ral do Datafolha.

Um levantamento da Secretaria Espe­cial de Direitos Humanos da Presidência da República em 53 países aponta que 42 adotam a maioridade penal a partir dos 18 anos. Entre os que responsabilizam os mais jovens ainda estão os EUA ­­ a par­tir dos 12 anos, dependendo do Estado.

Contraponto

1. O relatório de 2007 da Unicef "Porque dizer não à redução da idade penal" mostra que crimes de homicídio são exceção: furtos, roubos e porte de arma totalizam 58,7% das acusações. Já o ho-micídio não chega a representar nem 2% dos atos imputados aos adolescentes, o equivalen-te a 1,4 % dos casos.

2. A redução da maioridade penal não resolve nem ameniza o problema da violência. "Toda a teoria científica demonstra que ela não representa be-nefícios em termos de segurança para a popula-ção", afirmou em fevereiro Marcos Vinícius Fur-tado, presidente da OAB. A discussão em torno da maioridade penal só desvia o foco das verda-deiras causas da violência.

3. Temos no Brasil mais de 527 mil presos e um dé-ficit de pelo menos 181 mil vagas. A inclusão de adolescentes infratores nesse sistema não só tornaria mais caótico o sistema carcerário como tenderia a aumentar o número de reincidentes. Para o advogado Walter Ceneviva, colunista da Folha, a medida pode tornar os jovens crimino-sos ainda mais perigosos: "Colocar menores in-fratores na prisão será uma forma de aumentar o número de criminosos reincidentes, com pre-juízo para a sociedade. A redução da maioridade penal é um erro."

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faltou esse título Leilane Benetta

ONG Limiar intermediou 355 adoções em 29 cidades do Paraná e seis de Santa Catarina; entidade cobraria nove mil dólares por criança

CPI vem ao Paraná para investigar

A Organização Não Go­vernamental (ONG)

Limiar começou a atuar na década de 80 para fa­cilitar a adoção de crian­ças brasileiras por estran­geiros. Por essa interme­diação seria cobrado no­ve mil dólares ­ valor por criança. Desde 1999 a ONG está proibida de atuar, mas, ainda assim, continuou com as ativida­des. Somente no Paraná e em Santa Catarina a orga­nização intermediou 355 adoções em 20 anos.

A Comissão Parlamen­tar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, desen­volvida na Câmara dos Deputados, esteve na As­sembleia Legislativa em abril para apurar as de­núncias sobre essa orga­nização e ouvir testemu­nhas também em outros casos. O representante da ONG Limiar, no Bra­sil, Audelino de Souza, foi ouvido, e negou a cobran­ça pelas adoções.

Em depoimento, Sou­za disse nunca ter rece­

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bido dinheiro além do seu salá­rio como representante da ONG no Brasil. Segundo ele, os nove mil dólares eram recebidos pe­lo presidente da Limiar nos Esta­dos Unidos. O representante afir­mou ainda que nenhuma família era obrigada a fazer a doação da quantia – seria uma doação es­pontânea.

O caso mais dramático é de uma família de São João do Triunfo, no interior do Estado. Os sete filhos do casal Antônio e Rivonete dos Santos foram leva­dos para outros países. Eles tam­bém estiveram na Assembleia.

A relatora da CPI do Tráfico de Pessoas, deputada Flávia Mo­rais (PDT­GO), criticou que as autoridades brasileiras tenham aprovado os processos de adoção por casais no exterior. “O que nos intriga é a quantidade de adoções num mesmo local, ou seja, no município de São João do Triun­fo. Parece­me que a adoção inter­nacional que é a exceção da exce­ção, virou regra. Foram 12 crian­ças de lá enviadas para o exte­rior”, comenta.

Mudanças na LegislaçãoO deputado federal Fernando

Francischini (PEN­PR), segundo vice­presidente da CPI, afirma que a intenção da comissão não é investigar o Ministério Público, nem o Poder Judiciário; mas a or­

ganização que teria benefícios fi­nanceiros através da intermedia­ção das adoções. Segundo ele se­rão verificadas as situações das crianças que foram levadas ao ex­terior, caso a caso.

O primeiro vice­presidente da CPI, deputado federal Luiz Cou­to (PT/PB), diz que a intenção da comissão é levar sugestões ao Go­verno Federal para mudanças na legislação. “Hoje apenas a explo­ração sexual é punida e devem ser punidos desde intermediadores até as quadrilhas internacionais que ganham dinheiro às custas das dores de muita gente”, declara.

Outras modalidadesA deputada federal Flávia Mo­

rais explica que a adoção irregu­lar de crianças é apenas uma das modalidades do tráfico de pes­soas. “Existe o tráfico de órgãos, a exploração sexual, que seria o trabalho escravo, e as escolinhas de futebol, onde traficantes estão entrando e levando crianças para tráfico”, conta.

A deputada afirma que há di­ficuldade em precisar a quanti­dade de casos de tráfico de pes­soas. “É um crime que acontece de uma forma muito velada. A ví­tima não se sente vítima. A mãe entrega o filho na ilusão de que vai viver em uma família rica”, comenta. “O traficante vende so­nhos”, complementa.

ONG que intermediava adoções

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Serviços Pedro Ribeiro

Alvarás em Prefeitura de Curitiba garante que alvarás sairão em apenas 10 dias10 dias

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A via crucis para con­seguir um alvará na

Prefeitura de Curitiba es­tá próxima do fim. O Al­vará, que tira o empresá­rio da informalidade, faz mover a economia, atra­vés da construção de no­vos empreendimentos, que hoje leva perto de seis meses para ser libera­do, será entregue em ape­nas dez dias. A afirmação é do secretário de Gover­no do Município de Curi­tiba, Ricardo Macdonald, ao anunciar a criação de duas câmaras ­ Comér­cio e da Construção Civil ­ no Conselho Municipal de Urbanismo para agili­zar a tramitação nos pedi­dos de alvarás.

Com a simplificação da tramitação dos documen­tos e a participação das li­deranças do comércio e indústria, o empresário re­ceberá o alvará em 10 dias. Macdonald revela que existem, hoje, várias em­presas com grandes em­preendimentos na espera de alvará para construção e andamento nos seus ne­gócios. Em Curitiba, mais três grandes shopping cen­ters ­ na Linha Verde, na Tuiuti Champagnat e no Jockey Club ­ estão aguar­dando alvarás para cons­trução, o que representaria mais seis mil empregos di­retos na cidade. Também dependem de licença, ho­téis e antigos cinemas, que pretendem diversificar o ramo de atuação, disse o secretário municipal de Governo.

Hoje, 80% da eco­

nomia do município de Curitiba está centrada na área de serviços, segui­da de 19% na indústria e apenas 1% na agricultura. “O que o prefeito Gustavo Fruet está fazendo, com a simplificação do alvará, é uma revolução sem gasto e só com inteligência. As­sim, fluirá mais dinheiro e geração de empregos na cidade”, observou Mac­donald.

A partir de agora, ca­da câmara terá represen­tantes, com direito a voto, no Conselho Municipal de Urbanismo, atendendo uma demanda de campa­nha, explica Macdonald. Segundo ele, com a cria­ção das câmaras, o pro­cesso para se obter um al­vará fica mais simples e os representantes do comér­cio e da indústria tam­bém serão responsabili­zados em caso de atraso. Na construção civil, por exemplo, o engenheiro re­presentante terá um pra­zo e, no final do habite­se, se não conseguir a docu­mentação, será penaliza­do pelo Conselho Regio­nal de Engenharia e Ar­quitetura­CREA.

O mesmo acontece­rá com representantes da área comercial, onde a Associação Comercial do Paraná (ACP), tam­bém será responsável du­rante toda a tramitação do processo. Caso a lide­rança comercial indicada não consiga obter o alvará a seu filiado no prazo de 10 dias, também será res­ponsabilizada.

“Com a simplificação e participação dos interessados, novos empreendimentos fluirão no mercado”.

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Economia

Inflação, pesadelo de Dilma

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A presidente Dilma Rousseff terá que le­

vantar o tapete e varrer para fora o que ali fora co­locado em relação à eco­nomia brasileira. Pode até custar a reeleição. Com 6,59% acumulados em 12 meses, a inflação acendeu luz vermelha e superou o limite da margem de tole­rância, ficando 2,5 pontos acima da meta oficial, de 4,5%, colocando em xe­que o Banco Central que está sofrendo desgaste também de credibilidade internacionalmente. Sur­fando nessa arriscada on­da, o ministro da Fazen­da, Guido Mantega, insis­te em mostrar otimismo.

Com inflação alta, o Banco Central não teve outra alternativa a não ser a de aumentar a taxa de juros. O Comitê de Polí­tica Monetária (Copom) do Banco Central decidiu subir a taxa básica de ju­ros em 0,25 ponto percen­tual, para 7,5% ao ano. A medida, no entanto, não teve agrado unânime. No

mercado, a avaliação é de que a decisão não vai sur­tir efeito ­­ e poderia ter sido maior. Já as entida­des criticam o uso dos ju­ros como remédio para a alta dos preços. Até então, a Selic estava fixa Dilma lembrou que o combate à inflação foi uma conquis­ta dos últimos dez anos, e que é preciso criar um ambiente em que se valo­rize a inovação. Para ela, “a hora do Brasil é agora”.

Diante desse quadro e em meio a críticas, a pre­sidente Dilma garantiu que jamais “voltaremos a ter aqueles juros, que a qualquer necessidade de mexida, elevava os ju­ros para 15%, isto porque a taxa de juros estava em 12% e hoje em 7%. Hoje, nós temos uma taxa de ju­ros real bem baixa. Qual­quer necessidade, para combate à inflação, será possível fazer num pata­mar bem menor. Nós não negociaremos com a in­flação. Nós não teremos o menor problema em ata­

cá­la sistematicamente. Nós queremos que esse país se mantenha estável”, afirmou.

Danos à produtividade

A Confederação Nacio­nal da Indústria (CNI) re­conhece a importância do controle da inflação, mas lamenta que ao “elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual o Copom te­nha optado pelo caminho de combate à alta inflacio­nária com maiores danos à atividade produtiva. O no­vo ciclo de alta dos juros iniciado nesta quarta­fei­ra irá afetar a confiança do empresário e comprome­ter os investimentos, cuja elevação considera essen­cial para reativar a econo­mia.”

Para o professor José Kobori, do Ibmec, a me­dida do Copom “não vai fazer efeito. Se analisar tecnicamente, a alta já de­via ter ocorrido porque o BC está atrasado em re­lação ao combate à infla­

ção. O governo acreditou que as medidas um pou­co heterodoxas iam surtir efeito: tentar controlar in­flação mexendo na cesta básica, tarifa de energia. Mas se mostraram inefi­cazes. Não são medidas cosméticas que vão con­trolar a inflação.”

Paulo Skaf, presiden­te da Federação e do Cen­tro das Indústrias do Es­tado de São Paulo (FIESP e CIESP), disse que “da mesma forma que nin­guém quer o aumento da inflação, o Brasil não pre­cisa de aumento de juros, mas de aumento de pro­dução. O Brasil não po­de abrir mão do controle da inflação, mas devemos superar a política econô­mica do uso exclusivo da taxa de juros. Claramen­te, aqueles que neste mo­mento e com essa conjun­tura econômica buscam restringir o debate à taxa de juros estão defendendo seus próprios interesses e não o desenvolvimento do Brasil.”

Dilma Rousseff: “não negociaremos com a inflação”.

Da redação

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Economia Da redação

Crescimento de 4,5% em 2014 e salário de R$ 719Pelo Projeto de Lei de

Diretrizes Orçamentá ­rias (PLDO) de 2014, en­tregues pelo governo ao Congresso Nacional, o Bra sil vai crescer 4,5% em 2014; o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA – (indicador ofi­cial da inflação) ficará em 4,5% e o salário mínimo para o próximo ano foi fi­xado em R$ 719,48 – um reajuste de 6,12% em re­

lação ao atual que é de R$ 670,00.

Os dados, pelo Minis­tério do Planejamento, in­dicam também que a taxa Selic será de 7,25% em de­zembro de 2014, e o dó­lar (taxa de câmbio) pre­visto será de R$ 2,04 no fim de 2014. O PLDO ti­ra, também, a obrigação legal do governo federal de compen sar os resulta­dos a menor dos entes da federação.

O PLDO fixou em R$ 167,4 bilhões (3,1% do PIB) o valor do superávit

primário do setor público consolidado para o próxi­mo ano. O governo esta­beleceu ainda que podem ser abatidos da meta até R$ 67 bilhões com gastos com o Programa de Ace­leração do Crescimento (PAC) e com desonera­ções tributárias.

Para lideranças do PT no Congresso Nacional, a LDO – 2014 ­ traça um cenário positivo e realista não só para 2014, uma vez que o projeto apresenta pa­

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râmetros macroeconômi­cos projetados pelo gover­no para o período de 2013 a 2016. O governo Dilma tem agido corretamen­te para manter o País em crescimento, mesmo com a crise financeira interna­cional. Essas diretrizes or­çamentárias apresentadas mantêm a inflação em ro­ta de declínio, preservam o nível de emprego e trazem uma combinação de prio­ridades para reduzir a desi­gualdade social e estimular o crescimento com quali­dade, afirmou um deputa­do do PT.

Para o deputado Ri­cardo Berzoini (PT­SP), que também integra a Co­missão de Orçamento, o governo sinaliza com a LDO­2014 que vai traba­lhar muito para cumprir uma meta de crescimen­to do PIB (Produto Inter­no Bruto) fixada em 4,5%. “É uma proposta positiva, sem fugir da nossa reali­

dade e da realidade eco­nômica mundial em que há uma estagnação nos Estados Unidos, recuo na Europa e declínio na Ásia”. Berzoini acrescentou que para crescer 4,5% e man­ter a inflação sob controle, nesse índice, é necessário, além da vigilância do Par­lamento, o trabalho firme do governo e da socieda­de e a articulação da clas­se empresarial.

Prioridades As prioridades e me­

tas fiscais da Administra­ção Pública Federal para o exercício de 2014 corres­pondem às ações do PAC; do programa “Minha Ca­sa, Minha Vida” e do Pla­no Brasil Sem Miséria. “São prioridades que con­firmam a disposição do governo Dilma de man­ter as obras estruturantes de infraestrutura, cresci­mento com sustentabili­dade e qualidade e elimi­

nação integral da misé­ria no País”, afirmou Jor­ge Bittar.

Regras O PLDO também

traz regras para a execu­ção orçamentária em ca­so de não aprovação do Orçamento de 2014 até o dia 31 de dezembro des­te ano. Até a aprovação do Orçamento da União, ha­verá liberação integral pa­ra as despesas obrigató­rias; bolsas de estudo; for­mação de estoques públi­cos (programa de garan­tia de preços mínimos); ações de prevenção a de­sastres (Defesa Civil); fi­nanciamento ao estudan­te; despesas do TSE com eleições; aplicação míni­ma em Saúde; e investi­mentos do PAC. Para as demais despesas de cus­teio e investimento dos órgãos, permanece a li­beração por duodécimos mensais.

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Economia

dicas para garantir o futuro

Pedro Ribeiro

Ao acender luz amare­la, a economia brasi­

leira começa a preocupar a população como um to­do, em especial às pessoas que pretendem ter uma vida mais confortável no futuro e que não precisam depender, apenas, do par­co dinheiro da aposenta­doria. O engenheiro e ad­ministrador, com MBA em Alta Direção de Em­presas no Esade, de Bar­

celona, Espanha, Renato Folador, mostra como se preparar para enfrentar não apenas a velhice, mas ter qualidade de vida com previdência privada.

Em sua coluna diária na CBN Curitiba, Folador vem orientando as pes­soas sobre aposentadoria e como aplicar seu dinhei­ro. E pergunta: "você está preparado para a velhice ou para deixar sua família

amparada?". Se você e sua família puder garantir que terão uma renda equiva­lente a 70% do seu salário para sempre, em qualquer situação, você está de pa­rabéns. Já, se essa garan­tia não existir, é melhor começar a se mexer en­quanto ainda é tempo e não esqueça que a pregui­ça caminha tão lentamen­te que a pobreza não pre­cisa esforçar­se muito pa­

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DOCUMENTO RESERVADO I 45

ra alcançá­la, alerta.Nada é de graçaO consultor e presi­

dente da JMalucelli Previ­dência faz, também, algu­mas avaliações de cunho pessoal, onde diz que "na vida não há prêmios nem castigos. Há somen­te consequências". Segun­do ele, "somos o resulta­do de nossas decisões. E o sucesso ou fracasso em nossas lutas dependem

da verdadeira intensida­de de nossos propósitos. Se olharmos para o lado, vamos ver gente que cai e não se levanta mais e gen­te que se cair sete vezes, vai levantar oito".

A observação de Fo­lador tem fundamento, a partir do momento em que é solicitado para orienta­ções de como organizar a vida financeira e seu futu­ro, mas que não estão dis­postos a nenhum sacrifí­cio. É claro, que tudo tem um preço, diz. Ele cita o economista Milton Fried­man: "não tem almoço de graça. Ninguém vai colo­car cobertura no seu sor­vete se você não pagar. Até um pouco mais de maio­nese no King Burguer cus­ta extra". Por isso, não se iluda, alerta: "se quiser ter sempre um bom padrão de vida, poupe, guarde, invis­ta parte do que ganha, para não se lamentar no futuro, dizendo por aí que a vida foi injusta com você. Ensi­ne seu filho a fazer o mes­mo, para não condená­lo à escravidão financeira e à renúncia a seus sonhos".

Segundo Renato Fo­lador, "poupar e gastar se conjugam da mesma for­ma, mas conduzem por caminhos muito diferen­tes na vida. Poupar é tei­mar em não gastar".

dicas para garantir o futuro

"poupar e gastar se conjugam da mesma forma, mas conduzem por caminhos muito diferentes na vida. Poupar é teimar em não gastar".

1. Primeiro, fuja de instituições sem tradição e com mau his-tórico no mercado;

2. Não aceite taxa de administração do patrimônio superior a 2,5%. Mesmo abaixo disso, olhe com muita atenção a rentabilidade do plano. Não adianta pagar taxas baixas se o plano rende pouco;

3. Não faça projeções de que o dinheiro vai render mais que a inflação mais 8%. Você pode se frustrar na frente com o valor da aposentadoria;

4. Não aplique só em renda fixa. Diversifique e, no longo pra-zo, fundo de ações rende mais;

5. Não resgate o dinheiro por nenhum motivo e opte por uma renda vitalícia na hora de receber. A aposentadoria será um pouco menor, mas o risco de você viver mais fica com a seguradora;

6. Não confie em quem não saiba responder a segunda per-gunta sobre previdência. Entregue seu futuro a quem en-tende do assunto;

7. Consulte um especialista para escolher a tabela de impos-to de renda.

Folador nos brinda com sete dicas

para fazer uma previdência privada.

Acompanhe:

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46 1 DOCUMENTO RESERVADO

Segurança Leilane Benetta

A Delegacia da Mulher de Curitiba efetuou

618 detenções ao longo do ano passado, o maior número entre todas as delegacias da cidade, se­gundo a delegada Maritza Haini. Maritza está, ago­ra, à frente da Coorde­nação das Delegacias da Mulher (Codem) do Pa­raná, órgão criado com o objetivo de universalizar e melhorar o atendimento no Estado, devido à gran­de demanda.

A necessidade de um órgão para gerir e univer­salizar as ações das dele­gacias foi apontada após uma reunião no ano pas­sado. “A reunião foi uma iniciativa do delegado­ge­ral, Marcus Vinícius Mi­chelotto; foi a primeira re­união de delegadas de que se tem notícia no Estado”, afirma Maritza.

Entre as funções da Codem, segundo Maritza, estão gerir e sugerir polí­ticas de enfrentamento à violência contra a mulher no âmbito da Polícia Ci­vil; universalizar as ações das delegacias no Paraná; dar apoio e assessoramen­to às 16 unidades; e for­mar um banco de dados de violência de gênero.

Sabe­se que, no Brasil, dez relatos de violência contra mulheres são rece­bidos por hora, através da Central de Atendimento à Mulher. Ligue 180 em to­do o país. Mas ainda fal­

tam estatísticas específi­cas sobre a violência con­tra a mulher no Paraná, “por isso estamos promo­vendo modificações nos boletins de ocorrência”, explica Maritza.

Outro desafio que a Codem tem pela frente é aumentar o número de unidades no Paraná. De acordo com levantamen­to do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a 2012, o Estado está na 17ª co­locação brasileira na pro­porção entre o número de mulheres e o número de delegacias especializa­das. São só 16 em todo o Estado. “Cerca de 55% da população não é atendida pelas delegacias existen­tes, por isso vamos viabi­lizar a implantação de no­vas unidades”, diz a coor­denadora.

Avanços na áreaCom 20 anos atuan­

do como delegada, Marit­za tem grande experiên­cia e vivenciou grandes mudanças nas políticas de combate à violência con­tra as mulheres. Em 1985 foi criada a primeira De­legacia da Mulher, mas Maritza conta que o único diferencial era que “mu­lheres atendiam mulhe­res, não se tinha experiên­cia nessa área”. Além dis­so, as mesmas penas eram aplicadas para homens e mulheres.

Em 1995 foram cria­dos os juizados especiais criminais, com o objetivo de processar e julgar cri­mes com pena máxima de até um ano de detenção, os chamados “crimes de menor potencial ofensi­vo”. Grande parte dos cri­mes de violência contra as mulheres acabou en­quadrando­se nessa cate­goria, a ponto de alguns homens até comentarem, conta a delegada, que era “muito barato bater em mulher, basta pagar uma cesta básica”.

Maritza relata que as delegacias da mulher pas­saram a exercer então um trabalho mais voltado à área psicossocial, uma vez que a função policial esta­va limitada. “Por conta e risco tomávamos algumas atitudes como, por exem­plo, pedir que um poli­cial acompanhasse a víti­ma até sua casa para pe­gar suas coisas, mas não tínhamos respaldo da lei”, lembra.

Maria da PenhaNo ano passado mais

de 37 mil boletins de ocorrência foram regis­trados nas delegacias da mulher no Paraná. Ape­sar de ainda não existir a especificação dos crimes, a experiência da delega­da faz com que ela estime: “eu diria que pelo menos 80% são de violência do­méstica e familiar”.

Delegacia da mulher é a queDesafios da Codem é ampliar unidades no Paraná para atender toda a demanda.

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DOCUMENTO RESERVADO I 47

“Se houver redução na violência contra as mulheres, com certeza vai diminuir, também, o número de menores infratores, o número de homicídios – porque é um crime que afeta toda a família”Delegada Maritza Haini

Em 2006 foi promulga­da a lei que garantiu puni­ções mais severas a esse ti­po de agressores: a Lei Ma­ria da Penha. “As prisões têm sido decretadas e cum­pridas; e acaba funcionan­do também como um viés preventivo, pois os agresso­res sabem que vão ser pu­nidos e as mulheres têm mais segurança para fazer a denúncia”, destaca Maritza.

Outra mudança pa­ra proteger as mulhe­res aconteceu em feverei­ro de 2012, quando o Su­premo Tribunal Federal (STF) definiu que os pro­cessos contra os agresso­res teriam prosseguimento mesmo sem a manutenção da denúncia por parte da vítima, no caso das lesões

de natureza leve ou culpo­sa (acidentais). “A inten­ção era proteger as víti­mas, porque acreditava­se que, quando ela desistia da denúncia era constran­gida a isso”, conta Marit­za. Na prática, o que acon­teceu foi uma redução no registro de ocorrências. “Tivemos uma redução de quase 100 boletins de ocorrência por mês, por­que essa determinação foi mal compreendida e aca­bou gerando insegurança”, acredita.

DesafiosA coordenadora das

delegacias do Estado ain­da vê obstáculos nas po­líticas de enfrentamento à violência contra a mu­

lher. “O grande desafio é a efetivação, não sob o pon­to de vista policial, mas, por exemplo, a decreta­ção das prisões preventi­vas e o desenvolvimento de programas de reabili­tação dos agressores, para que eles tenham uma real mudança no comporta­mento”, avalia.

“Esta é uma matéria ainda muito mal entendi­da. Muitas coisas podem e devem ser feitas frente a es­sa violência”, diz Maritza. “Se houver redução na vio­lência contra as mulheres com certeza vai diminuir também o número de me­nores infratores, o núme­ro de homicídios – porque é um crime que afeta toda a família”, complementa.

mais prende no Paraná

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48 1 DOCUMENTO RESERVADO

Esporte

Fora do eixo Rio-São Paulo, os

X Games surpreendem pela

organização e sucesso

Da redação

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DOCUMENTO RESERVADO I 49

Os X Games de Foz do Iguaçu confir­

maram duas coisas. Primeiro, que os

grandes eventos esportivos não precisam

se limitar ao eixo Rio­São Paulo ou às ca­

pitais; segundo, que o interesse do brasi­

leiro por esportes radicais é bem maior

do que pensam os fãs de esportes tradi­

cionais. Não é à toa, aliás, que o Brasil foi

escolhido para sediar os jogos – no país,

o skate é o segundo esporte mais pratica­

do, atrás apenas do futebol.

Foz do Iguaçu foi a primeira cidade

a sediar os X Games de Verão fora dos

Estados Unidos. As competições reuni­

ram, entre 18 e 21 de abril, 178 atletas de

24 países, dos quais 25 do Brasil, segun­

do país em número de medalhas, depois

dos Estados Unidos. O evento teve 27 horas de transmis­

são ao vivo para 184 países, atingindo

cerca de 430 milhões de lares, pela ESPN

Internacional, criadora e organizado­

ra dos X Games. A etapa de Foz, “em ta­

manho, quantidade de provas e organi­

zação, não deve nada a Los Angeles”, se­

de americana dos jogos, segundo Ardi

Dwornik, da ESPN. Com recorde de público local (quase

40 mil ingressos vendidos) e de audiên­

cia internacional da ESPN, já está confir­

mado que os jogos voltam a Foz do Igua­

çu em 2014 e 2015, praticamente nos

mesmos moldes – este ano, foram dispu­

tadas 15 modalidades de quatro espor­

tes – skate, ciclismo, rali de carro e mo­

to BMX.

O diferencialAlém das disputas em si, o que mais

chamou a atenção da imprensa especiali­

zada foi o grande diferencial da região de

fronteira em relação às outras cidades­

­sede dos X Games, nos Estados Unidos

e no mundo – a paisagem ímpar. Uma

das arenas foi montada no Parque Na­

cional do Iguaçu, bem em frente às Ca­

taratas, eleita uma das novas sete mara­

vilhas da natureza. Um “cenário de so­

nho”, segundo definição do site francês

e­adrenaline. A outra arena, o Parque

Infraero, também fica cercada de vege­

tação nativa.

Era com essa repercussão positiva que contava a empresa Brunoro Sport Business (BSB), de São Paulo, organi­zadora dos jogos no Brasil, quando in­dicou Foz do Iguaçu à ESPN para a dis­puta internacional entre as cidades que seriam sedes dos X Games fora dos Es­tados Unidos. O presidente da BSB, Jo­sé Carlos Brunoro, disse que o que pare­cia uma “loucura” era bem lógico, prin­cipalmente porque a BSB contava com o apoio do Ministério do Esporte, que simpatizava com a ideia de tirar a com­petição do eixo Rio­São Paulo. O Minis­tério do Esporte foi um dos maiores pa­trocinadores dos jogos, tendo investido quase R$ 6 milhões na etapa de Foz do Iguaçu.“É importante que o Brasil saiba que existem outras regiões que podem com­portar grandes eventos, desde que te­nham as características para aquele even­to”, avaliou Brunoro. A favor de Foz, es­tá sua localização, no “coração” do Mer­cosul – faz fronteira com dois dos países sócios, Brasil e Paraguai ­, e está a ape­nas uma hora e meia de voo da capital paulista. Mais importante ainda, a cida­de conta com uma rede hoteleira invejá­vel e infraestrutura favorável.

InfraestruturaMas, é claro, nem tudo foi positivo nesta primeira edição dos X Games em Foz. A BR­469, Rodovia das Cataratas, único acesso para as duas arenas, tem pista única, insuficiente para dar a vazão necessária ao fluxo de veículos nos horá­rios das disputas de maior público. A du­plicação, antiga reivindicação do muni­cípio, ainda vai demorar. Em abril deste ano, o Fundo de Desenvolvimento Econômico e Pro­moção Turística do Iguaçu, o Fundo Iguaçu, assinou um convênio com o Departamento Nacional de Infraes­trutura Terrestre (DNIT), pelo qual se compromete a fazer os projetos de duplicação e outras benfeitorias no trecho de 15 quilômetros da rodo­via, gratuitamente, cabendo ao ór­gão federal executar as obras ne­cessárias. Numa visão otimista, é provável que as obras comecem antes da terceira etapa dos jogos, em meados de 2015.

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50 1 DOCUMENTO RESERVADO

Já no ano que vem, contudo, pode

ocorrer o que estava inicialmente previs­

to para a edição dos X Games de 2013:

uma das arenas seria construída na usi­

na de Itaipu, o que contribuiria para

atrair ainda mais público, pela facilidade

de acesso e por garantir às competições

mais um cenário exuberante. A abertura

dos jogos, este ano, foi no Mirante Cen­

tral de Itaipu, merecendo muitos elogios

dos jornalistas e dos atletas que partici­

param da solenidade.

País dos esportesOs X Games, como lembrou o pre­

sidente da BSB, se somam à Copa do

Mundo e às Olimpíadas, consolidando

o Brasil “como o país mundial dos es­

portes”. A etapa de Foz do Iguaçu, “em

tamanho, quantidade de provas e orga­

nização, não deve nada a Los Angeles”,

sede americana dos jogos, segundo Ar­

di Dwornik, da ESPN. O resultado pode

ser avaliado pela opinião do adolescente

Nícolas Konig, que viajou recentemente

aos Estados Unidos e, fã de esportes ra­

dicais, pôde comparar, quando foi à are­

na do Parque Infraero: “É tudo tão orga­

nizado que dá a impressão de que a gente

está numa cidade americana”.

O governador Beto Richa, que assis­

tiu aos jogos com a primeira dama, Fer­

nanda Richa, no final de semana (20 e

21), disse que os X Games “mostram a

capacidade do Estado em sediar grandes

eventos”. E o prefeito de Foz do Iguaçu,

Reni Pereira, afirmou que, se o sucesso

dos jogos “foi bom para Foz, com certe­

za, foi ainda melhor para a ESPN e para

o país inteiro”. Ele destacou que a reali­

zação só foi possível pela parceria entre

a prefeitura e os governos federal e esta­

dual e o apoio da Itaipu Binacional. “Foz

mostrou união, organização e capacida­

de de realização”. O superintendente de Comunica­

ção Social da Itaipu Binacional, Gil­

mar Piolla, que também preside o Fun­

do Iguaçu, disse que Foz “está preparada

para as próximas edições dos X Games.

Segundo ele, os jogos, “diferentemen­

te da Copa do Mundo e das olimpíadas,

representam mais que um evento de es­

portes. Os X Games são um movimento

mundial. Indicam tendência de com­

portamento e atitudes e conectaram Foz

com esse movimento”.

Esporte

Público localEste ano, cerca de dois terços dos in­gressos foram vendidos para moradores da Foz do Iguaçu e região, segundo Mar­celo Valente, da Loumar Turismo, em­presa oficial responsável pela venda de ingressos dos X Games na cidade. A ten­dência é que esta relação se inverta nas próximas edições, quando o público será formado basicamente por visitantes.Para Valente, os espectadores igua­çuenses, em sua maioria, “desconhe­ciam a dimensão da competição e se sur­preenderam positivamente”, enquanto os turistas eram “pessoas que realmen­te gostam de esportes de ação, um perfil diferente do que a cidade está acostuma­da a receber”.

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DOCUMENTO RESERVADO I 51

DiversidadeA marca dos X Games em Foz do

Iguaçu – além da beleza do cenário – foi

a diversidade, destacada por vários jor­

nalistas. Boa parte das 70 etnias que con­

vivem pacificamente na cidade estava re­

presentada nas arenas e nas arquibanca­

das. “A diversidade no pódio foi uma vi­

são adequada do início ao fim”, afirmou

a ESPN no site que mantém sobre os X

Games, lembrando que atletas de 16 paí­

ses conquistaram medalhas.

“Os melhores eventos esportivos são

resultado da união de tipo de talento,

cultura e língua internacional”, comple­

tou o site e­adrenaline, que também des­

tacou o crescimento dos esportes radi­

cais no Brasil, o segundo em número de

medalhas, depois dos Estados Unidos.

Skate do BrasilO Brasil conquistou seis medalhas,

três de ouro, todas no skate. Bob Burn­

quist levou ouro no Skate Big Air, Leticia

Bufoni no Skate Street Feminino e Pedro

Barros no Skate Park.

Na disputa do Vertical, Burnquist era

o favorito para o título, mas uma contu­

são logo no começo o tirou da disputa.

O Brasil ganhou prata com Sandro Dias

e bronze com Marcelo Bastos. Jéssica

Florêncio ficou com o bronze no Street

Feminino.

Números e curiosidades A organização dos jogos trabalhou durante três meses para mon-tar o evento em Foz do Iguaçu, com a criação de duas arenas de disputas: no Parque Infraero e no Parque Nacional do Iguaçu, em frente às Cataratas.

Os atletas disputaram 15 modalidades em quatro esportes: ska-te, BMX, moto-X e rali.

Os X Games de Foz do Iguaçu, pela primeira vez, incluíram uma competição on-line de surfe. Os atletas participaram enviando vídeos. Especialistas e público selecionaram o vencedor, que le-vou US$ 50 mil.

Foi distribuído US$ 1,8 milhão (R$ 3,5 milhões) em prêmios para os vencedores dos jogos de Foz do Iguaçu, o maior valor já colo-cado em disputa esportiva no Brasil.

Mais de 2,5 mil pessoas trabalharam no evento, incluindo-se 350 voluntários.

A megarrampa Big Air tem 23 metros de altura e 107 de largura. Nela, a maior velocidade atingida foi de 74 quilômetros por hora.

O atleta mais jovem que participou dos jogos em Foz foi o skatis-ta Tommy Schaar (13 anos); o mais velho, o ciclista Dennis McCoy (46 anos).

No RallyCross, a maior velocidade alcançada foi de 177 quilôme-tros por hora. Os carros que participam da prova têm 600 cavalos (HP) de potência.

Fora os brasileiros, outros três atletas sul-americanos participa-ram dos jogos em Foz: o ciclista chileno Coco Zurita, o skatista co-lombiano David González e o ciclista venezuelano Daniel Dhers.

Os X Games terão seis eventos em 2013. Os primeiros foram os jo-gos de inverno em Aspen, nos Estados Unidos, e Tignes, na Fran-ça. Depois de Foz do Iguaçu, os X Games de Verão prosseguem em Barcelona (Espanha), entre 16 e 19 de maio; Munique (Ale-manha), entre 27 e 30 de junho; e terminam em Los Angeles (Es-tados Unidos), entre 1 e 4 de agosto.

Os X Games foram criados em 1995, na cidade americana de Newport, com o nome de Extreme Games. Depois, foram para as cidades de Providence, San Diego, San Francisco, Filadélfia e Los Angeles, onde se estabeleceram em 2003.

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52 1 DOCUMENTO RESERVADO

Esporte

skate big air

1) Bob Burnquist

2) Elliot Sloan

3) Jake Brown

skate vertiCal

1) Bucky Lasek

2) Sandro Dias

3) Marcelo Bastos

street league skateboarding

1) Nyjah Huston

2) Sean Malto

3) Torey Pudwill

skate park masCulino

1) Pedro Barros

2) Rune Glifberg

3) Ben Hatchell

skate street Feminino

1) Leticia Bufoni

2) Lacey Baker

3) Jéssica Florêncio

bmx big air

1) Zack Warden

2) Chad Kagy

3) Morgan Wade

bmx parx

1) Kyle Baldock

2) Pat Casey

3) Dennis Enarson

bmx vertiCal

1) Jamie Bestwick

2) Coco Zurita

3) Steve McCann

bmx dirt

1) Kyle Baldock

2) Brandon Dosch

3) Ryan Nyquist

moto enduro x masCulino

1) Taddy Blazusiak

2) Cody Webb

3) David Knight

moto enduro x Feminino

1) Laia Sanz

2) Maria Forsberg

3) Tarah Gieger

moto x step-up

1) Bryce Hudson

2) Ronnie Renner

3) Libor Podmol

Os vencedores dos X Games de Foz do Iguaçu:

moto x speed & style

1) Lance Coury

2) Andre Villa

3) Mat Rebeaud

moto x Freestyle

1) Taka Higashino

2) Rob Adelberg

3) Wes Agee

rally Cross

1) Scott Speed

2) Toomas Heikkinen

3) Patrik Sandell

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DOCUMENTO RESERVADO I 53

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54 1 DOCUMENTO RESERVADO

Artigo

Sustentabilidade é um conceito sistêmico que o físico Fritjof Capra descre­ve como consequência de um complexo padrão de organização dos ecossis­temas e que possuem cin­co características básicas: interdependência, recicla­gem, parceria, flexibilida­de e diversidade. Segundo Capra, existe um elo de li­gação entre a comunidade humana e as comunidades ecológicas, e a observação dos princípios de sustenta­bilidade dos ecossistemas pode ensinar muito à co­munidade humana. Para este estudioso: “Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológi­cas ligadas umas às outras numa rede de interdepen­dência.”

Para compreender os padrões de interação dos sistemas vivos é necessá­rio mudar o enfoque do olhar, deixando de ver as partes isoladamente pa­ra olhar para o todo. Dois importantes pressupostos sistêmicos são: pensar o todo e seus contextos em termos de conectividade e relações. E adotar o pen­samento processual, com­preendendo que estrutura e processo sempre cami­nham juntos.

Segundo estas teorias sistêmicas, tanto nas co­munidades ecológicas quanto nas comunidades

humanas, os padrões da vida se reproduzem em contextos e processos. Os sistemas vivos são abertos e necessitam de fluxo cí­clico e contínuo de maté­ria e energia dentro do or­ganismo e através dele pa­ra se manterem em equilí­brio dinâmico.

Nesta perspectiva, os organismos vivos e seus complexos padrões de re­lação, são compreendidos como redes, inseridas em redes mais alargadas, or­ganizadas em sistemas hierárquicos.

Na complexa intera­ção de um sistema vivo com os outros sistemas, a imensa teia da vida en­contra sua sustentação.

Não existe sustenta­bilidade da teia da vida, quando os princípios de interdependência, recicla­gem, parceria, flexibilida­de, diversidades se encon­tram em desequilíbrio.

Em nossa comunidade humana existem inúme­ros aspectos interdepen­dentes e intimamente cor­relacionados ao concei­to de sustentabilidade que estão em desequilíbrio.

Segundo Ignacy Sachs, a sustentabilidade com­porta sete aspectos prin­cipais a serem alcançados: Social, Econômico, Polí­

tico, Cultural, Espacial, Ecológico e Ambiental.

Para Sachs, o Desen­volvimento Sustentável é “um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessi­dades das gerações atuais, sem comprometer a capa­cidade das gerações futu­ras de satisfazer suas pró­prias necessidades”.

Este autor propõe que este conceito de sustenta­bilidade leve a um ques­tionamento do estilo de desenvolvimento até en­tão adotado, pois pode­mos constatar que usa­mos um modelo ecolo­gicamente predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente per­verso, com geração e ma­nutenção de pobreza e desigualdade social, po­liticamente injusto, com concentração e abuso de poder, culturalmente alie­nado em relação aos seus próprios valores e etica­mente censurável no res­peito aos direitos huma­nos e aos das demais es­pécies.

De acordo com Sachs, é imprescindível que se proporcione melhoria na qualidade de vida das pes­soas, através de equidade na distribuição de renda e na diminuição das dife­renças sociais. Melhoria

Sustentabilidade Do Discurso para a Ação

Adriana Maria Bigliardi Docente e Supervisora de Estágios nas disciplinas de Psicologia Social Comunitária, Psicologia e Políticas Públicas e Saúde Mental nos cur-sos de Psicologia e de Medicina na FEPAR- Faculdade Evangélica do Paraná.

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na compatibilidade entre padrões de produção e de consumo e ampliação do acesso à ciência e tecno­logia. Evolução da demo­cracia representativa para sistemas descentralizados e participativos. Respeito aos diferentes valores en­tre os povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especifi­cidades locais. Equilíbrio entre o rural e o urbano, adoção de práticas agrí­colas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sus­tentado das florestas e in­dustrialização descentra­lizada. Minimizando da­nos aos sistemas de sus­tentação da vida no uso dos recursos naturais. Re­dução dos resíduos tóxi­cos e da poluição, recicla­gem de materiais e ener­gia, conservação, tecnolo­gias limpas e de maior efi­ciência. Criação de regras para uma adequada pro­teção ambiental. Conser­vação geográfica, equilí­brio de ecossistemas, er­radicação da pobreza e da exclusão. Respeito aos di­reitos humanos e integra­ção social.

É necessário deixar­mos de transformar bens e relacionamentos em simples mercadorias; de explorar o trabalho para acumular o capital, e de explorar a natureza como fonte inesgotável de re­cursos.

Os valores insustentá­veis de nossa cultura fo­ram transmitidos de gera­ção em geração por famí­lias, escolas, igrejas, em­presas, meios de comuni­cação.

Para que haja Desen­volvimento Sustentável é imprescindível que ocor­ram mudanças profundas em nosso sistema preda­tório de relacionamento, produção e de consumo.

As mudanças necessá­rias para manutenção da vida, só acontecerão atra­vés de conscientização de que a vida da comunidade humana está entrelaçada à vida dos demais ecossis­temas.

É urgente que adote­mos uma prática de edu­cação transformadora em todos os contextos exis­tenciais de convivência humana.

O Estado, empre­sas, instituições de ensi­no, igrejas, famílias e de­mais organizações huma­nas precisam promover a educação para sustenta­bilidade, assim como sus­tentabilidade na educa­ção.

Neste sentido, o bió­logo e filósofo Humberto Maturana traz uma signi­ficativa contribuição pa­ra compreensão da ecolo­gia humana e para com­preensão do fenômeno do conhecimento. Para Ma­turana, o conhecimento é uma construção da lin­guagem configurada pelas emoções e um fenômeno referenciado e construído nas relações humanas, em que as emoções possuem um papel fundamental no desenvolvimento do siste­ma biótico, constituindo o grande referencial do agir humano. Ele formu­lou a ideia de ser vivo co­mo sistema de organiza­

ção circular e inaugurou a concepção de que a auto­nomia do ser vivo ocorre na autopoiese*.

*O termo autopoié­se foi cunhado por Hum­berto Maturana e Francis­co Varela, para designar a capacidade dos seres vi­vos de produzir molécu­las que asseguram a pró­pria vida.

Em sua concepção, ca­da ser é um sistema orga­nizado e autogerido, em que o fator desencadean­te da autopoiese se encon­tra na relação estabeleci­da entre o ser vivo e seu meio.

Propõe que o ser vi­vo age e reage diante das circunstâncias, e organiza seu conhecer a partir do ato de viver. E considera os conceitos de conhecer e viver como sinônimos, em que a aprendizagem é um processo que ocor­re na relação do ser vivo com outros organismos. Seu conceito de viver­co­nhecer vai muito além do processo de adaptação do ser vivo, e está vinculado com o modo do organis­mo relacionar­se e orga­nizar­se na relação. A re­lação proporciona a cria­ção e recriação do espa­ço relacional, e a criação e recriação do sistema em relação.

De acordo com Matu­rana, “A emoção funda­mental que torna possível a história da hominização é o amor”. E o social emer­ge da relação criativa, es­tabelecida entre meio­sis­tema­meio. Entendendo o social como domínio de

condutas relacionais fun­dadas no amor. Em que o amor é elemento estru­turante da fisiologia hu­mana, “O amor é a emo­ção que constitui o domí­nio de condutas em que se dá a operacionalida­de da aceitação do outro como legítimo outro na convivência, e é esse mo­do de convivência que co­notamos quando falamos do social, em que os sen­timentos são disposições corporais dinâmicas que definem os diferentes do­mínios de ação em que nos movemos”.

Em seus postulados, o lugar no tempo e espa­ço de constante criação e recriação da vida é a con­vivência. E é nesta relação viver­conhecer que existe a possibilidade do sistema se atualizar.

Nos espaços educati­vos ocorrem fenômenos sociais fundamentados em emoções que criam realidades, e no constan­te processo de interação, se recriam os indivíduos.

Ainda de acordo com o referido autor, a com­petição não constitui um exercício de caráter bioló­gico natural, mas é um va­lor construído na cultura: “a competição não é nem pode ser sadia, porque se constitui na negação do outro.”

Inúmeras vertentes teó­ricas nos apontam a neces­sidade da reforma do mo­delo de pensamento que hoje predomina em nossa cultura, para que se possa adotar comportamentos mais sustentáveis.

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Artigo

Edgar Morin, figura entre os pontos altos da discussão sobre Educação e Sustentabilidade, com destaque para a sua mais importante concepção epistemológica que é a do Pensamento Complexo.

O Pensamento Com­plexo não comporta o ra­ciocínio fragmentador do modelo mental binário do ou amigo ou inimigo; ou bem ou mal; ou certo ou errado.

Para Morin, uma vi­são de mundo deve nascer da complementaridade, do entrelaçamento e pro­põem que “a educação do futuro deve ser responsá­vel para que a ideia de uni­dade da espécie humana não apague a ideia de di­versidade e que a ideia de diversidade não apague a de unidade. Há uma uni­dade humana. Há uma di­versidade humana. A uni­dade não está apenas nos traços biológicos da es­pécie humana homo sa­piens. A diversidade não está apenas nos traços psi­cológicos, culturais e so­ciais do ser humano. Exis­te também diversidade propriamente biológica no seio da unidade humana; Não apenas existe unidade cerebral, mas mental, psí­quica, afetiva, intelectual; além disso, as mais diver­sas culturas e sociedades têm princípios gerado­res ou organizacionais co­muns. É a unidade huma­na que traz em si os prin­cípios de suas múltiplas di­versidades. Compreender o humano é compreender sua unidade na diversida­

de, sua diversidade na uni­dade. É preciso conceber a unidade do múltiplo, a multiplicidade do uno”.

Se o desequilíbrio na coexistência da comuni­dade humana com os de­mais ecossistemas é oca­sionado pelos padrões disfuncionais de interação do homem com o meio, e estes são aprendidos atra­vés de transmissão cultu­ral, se conclui que é im­prescindível se adotar práticas de educação da comunidade humana pa­ra padrões de comporta­mentos mais sustentáveis.

A transmissão de co­nhecimento, nos mais diferentes espaços, de­ve despertar a consciên­cia para os complexos pa­drões de relação dos quais dependem a sobrevivên­cia humana.

Edgar Morin, em sua obra, Os Sete Saberes Ne­cessários a Educação do Futuro ­ levanta impor­tantes questionamentos e conclama toda a socie­dade e todos os espaços de transmissão da cultu­ra, a repensar seus sabe­res, fundando novos pila­res da educação.

I) As cegueiras do co­nhecimento: o erro e a ilusão: propondo a neces­sidade de se introduzir e desenvolver na educação o estudo das caracterís­ticas cerebrais, mentais, culturais dos conheci­mentos humanos, de seus processos e modalidades, das disposições tanto psí­quicas quanto culturais

que o conduzem ao erro ou à ilusão.

II) Os princípios do conhecimento pertinen­te: que dispõem sobre a necessidade de promover o conhecimento capaz de apreender problemas glo­bais e fundamentais para neles inserir os conheci­mentos parciais e locais.(...) É preciso ensinar os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo.

III) Ensinar a condi­ção humana: o ser huma­no é em um só tempo fí­sico, biológico, psíquico, cultural, social, históri­co (...) Esta unidade com­plexa da natureza humana precisa ser restaurada de modo que cada um, onde quer que se encontre, to­me conhecimento e cons­ciência, ao mesmo tempo, de sua identidade com­plexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos.

IV) Ensinar a identida­de terrena: O destino pla­netário do gênero huma­no é outra realidade cha­ve até agora ignorada pela educação.(...) Será preci­so indicar o complexo de crise planetária que mar­ca o século XX, mostran­do que todos os seres hu­manos, confrontados de agora em diante aos mes­mos problemas de vida e de morte, partilham um destino comum.

V) Enfrentar as incer­

tezas: É preciso aprender a navegar em um oceano de incertezas em meio a ar­quipélagos de certeza. O abandono das concepções deterministas da história humana que acreditavam poder predizer nosso fu­turo, o estudo dos gran­des acontecimentos e de­sastres de nosso século, to­dos inesperados, o caráter doravante desconhecido da aventura humana de­vem nos incitar a preparar as mentes para esperar o inesperado, para enfrentá­­lo. É necessário que todos os que se ocupam da edu­cação constituam a van­guarda ante a incerteza de nossos tempos.

VI) Ensinar a com­preensão: A compreen­são é a um só tempo meio e fim da comunicação hu­mana. Entretanto, a edu­cação para a compreensão está ausente do ensino. O planeta necessita, em to­dos os sentidos, de com­preensão mútua. Consi­derando a importância da educação para a com­preensão, em todos os ní­veis educativos e em to­das as idades, o desenvol­vimento da compreensão pede a reforma das men­talidades. Esta deve ser a obra para a educação do futuro. A compreen­são mútua entre os se­res humanos, quer próxi­mos, quer estranhos, é da­qui para a frente vital para que as relações humanas saiam de seu estado bár­baro de incompreensão.

VII) A ética do gênero humano: A educação de­ve conduzir à “antropoé­

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tica”, levando em conta o caráter ternário da condi­ção humana, que é ser ao mesmo tempo indivíduo/sociedade/espécie. Nesse sentido, a ética indivíduo/espécie necessita do con­trole mútuo da sociedade pelo indivíduo e do indi­víduo pela sociedade, ou seja, a democracia; a éti­ca indivíduo/espécie con­voca, ao século XXI, a ci­dadania terrestre. A ética não poderia ser ensinada por meio de lições de mo­ral. Deve formar­se nas mentes com base na cons­ciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indi­víduo, parte da sociedade, parte da espécie. Carre­gamos em nós esta tripla realidade.

Desse modo, todo de­senvolvimento verdadei­ramente humano deve compreender o desenvol­vimento conjunto das au­tonomias individuais, das participações comunitá­rias e da consciência de pertencer à espécie hu­mana. Partindo disso, es­boçam­se duas grandes fi­nalidades ético­políticas do novo milênio: estabe­lecer uma relação de con­trole mútuo entre a socie­dade e os indivíduos pe­la democracia e conceber a Humanidade como co­munidade planetária. A educação deve contribuir não somente para a toma­da de consciência de nos­sa Terra-Pátria, mas tam­bém permitir que esta consciência se traduza em vontade de realizar a cida­dania terrena.

Quando olhamos pa­

ra o complexo fenômeno da degradação das rela­ções humanas e degrada­ção do planeta, não pode­mos deixar de compreen­der os aspectos subjetivos que constituem a socieda­de capitalista de consumo.

Segundo o Sistema Psi­comotor de Albert Pesso, ao seguir e viver de acor­do com sua natureza ge­nética, o Homem pode alcançar prazer, satisfa­ção, significado e ligação. Ao contrário, se não se­gue e não vive de acordo com sua natureza genéti­ca, experimenta dor, frus­tração, desespero e alie­nação. O Homem pode satisfazer completamen­te sua natureza nas inte­rações com pessoas cer­tas. Durante a vida, pro­cura seletivamente con­textos que prometam sa­tisfazer suas necessida­des básicas, e que ajudem na integração e unificação de suas polaridades, e que apoiem a expansão de sua consciência, aumentando o desenvolvimento de seu piloto, validando e culti­vando sua singularidade e potencialidade.

Segundo Pesso, as ne­cessidades básicas preci­sam ser satisfeitas literal e concretamente pelos pais ou cuidadores que conce­bem, alimentam, condu­zem, defendem e dão li­mites. A seguir, precisam ser satisfeitas simbolica­mente pelos pais ou cui­dadores que dão um lu­gar em seus corações, nu­trindo a autoestima, sus­tentando os esforços, pro­tegendo os direitos e defi­

nindo e dando limites pa­ra nossas fronteiras.

Tendo internalizado os cuidados recebidos, aprendemos a satisfazer nossas próprias necessi­dades. Conquistamos um lugar para nós mesmos nas nossas mentes e cor­pos. Nutrimos a nós mes­mos com nossos próprios esforços, sustentamo­nos, protegemo­nos, e limita­mo­nos em nosso próprio interesse e da comunida­de. As necessidades não supridas não desaparecem e produzem uma pressão interior que influencia e distorce o comportamen­to atual causando atenção seletiva a situações e figu­ras no presente que pare­cem prometer satisfação destas necessidades. Num contexto de insatisfações, em que as necessidades afetivas não são supridas, a comunidade humana vem buscando preencher o vazio existencial, con­sumindo vorazmente pes­soas, objetos e substân­cias; ao que se inclui todas as drogas lícitas ou ilíci­tas; e tem sido consumida vorazmente por elas.

A sociedade huma­na se encontra profunda­mente adoecida. Somos seres gregários, e cons­truímos coletivamente o fenômeno de nossa pró­pria degradação. As solu­ções, certamente só pode­rão ser encontradas num esforço coletivo.

Imagino que a educa­ção para recuperação da comunidade humana é imprescindível. E sem es­

ta recuperação, pouco po­demos contribuir para a recuperação dos ecossis­temas.

Sustentabilidade é um conceito amplo e com­plexo que se refere a fato­res Sociais, Econômicos, Culturais, Espaciais, Po­líticos, Ambientais, Eco­lógicos e da Ecologia Hu­mana, Interdependentes entre si. Mas é através de mudança de atitudes in­dividuais e coletivas que Sustentabilidade encontra a possibilidade de deixar de ser um conceito teó­rico para se tornar uma prática pela preservação da vida de todos nós.

Estamos no momento em que já não se fala em Sustentabilidade como uma forma de preservar o planeta para as futuras ge­rações, mas para a nossa própria preservação.

Já não é mais suficien­te que cada um faça a sua parte, em relação a seus hábitos de consumo e de descarte de resíduos.

Para que possamos vencer o grande desa­fio do mundo contem­porâneo, este debate pre­cisa ser incluído no seio das famílias, nas Igrejas, nas Instituições de Ensi­no, nas Organizações, nas Empresas, para que ações efetivas possam ser adota­das.

É necessário que ca­da pessoa se conscienti­ze, mude seus hábitos e convença aos demais que também precisam mudar.

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Artigo

Se a sua empregada doméstica precisar fazer uma hora extra, lembre­­se de que ela terá de des­cansar 15 minutos antes de começar. Se você pre­cisa de muitas horas ex­tras, atente que ela não pode exceder dez horas por semana. Se dormir ou não no emprego, ela terá de ficar 11 horas sem tra­balhar depois de encerra­da uma jornada. Atenção: ela não pode comer em menos de uma hora em cada refeição. Se ela de­morar mais de dez minu­tos para entrar no servi­ço, trocar de roupa ou to­mar banho na hora da saí­

Domésticas - o que faltou dizer

José Pastoreprofessor de Relações do Trabalho da FEA-USP e membro da Acade-mia Brasileira de Letras

da, esse tempo será con­tado como hora extra. Se ela dorme no quarto com uma criança ou um doen­te, terá de ser remunera­da com adicional notur­no e eventualmente ho­ra extra por estar à dispo­sição daquela pessoa. Se você tiver de compensar em outro dia as horas a mais que ela trabalhou no dia anterior (banco de ho­ras), lembre­se de que is­so tem de ser previamente negociado com o sindica­to das domésticas. Se vo­cê concede à sua empre­gada um plano de saúde e ela se acidentar e for apo­sentada por invalidez, o plano terá de ser mantido pelo resto da vida. Se, pa­ra melhor controle do seu desempenho, você estabe­lecer metas e tarefas diá­rias que sua empregada considere exageradas, ela pode processá­lo por da­nos morais. E se você não pagar a indenização que o juiz determinar, ele pe­nhorará (on­line) o sal­do da sua conta bancária ­ sem prévio aviso.

Tudo isso está na lei e na jurisprudência. E há muito mais. Para ser fran­co, o espaço todo deste jornal não seria suficiente para explicar as complica­ções decorrentes dos 922 artigos da CLT e de mi­lhares de normas admi­nistrativas e orientações dos tribunais. Por isso vou parar por aqui, mes­mo porque não quero ser considerado catastrofis­ta. Nem por isso, porém,

posso concordar com a opinião da nobre desem­bargadora Ivani Braman­te, publicada neste cader­no (2/4), segundo a qual os patrões estão com pa­ranóia (sic) em relação à nova lei das domésticas.

O fato é que, no País inteiro, não se fala nou­tra coisa. A apreensão é geral. Os políticos já per­ceberam o desconforto e a irritação causados pelo impensado ato. Muitos já reformulam o seu cálcu­lo eleitoral: se ganharam a simpatia das empregadas, perderam o apoio dos mi­lhões de eleitores que não podem prescindir dos serviços de uma babá ou de um cuidador de idoso. A esse grupo se juntarão as empregadas que serão dispensadas.

Convenhamos, a exe­cução do atual cipoal tra­balhista já é difícil nas empresas. O que dizer das famílias, que não dispõem de contador, departamen­to de pessoal e assessoria jurídica? A nova lei, além de encarecer os serviços (que já estão caros), vai mudar o relacionamento entre empregada e empre­gador, que, de confiável e amistoso, passará a buro­crático e conflituoso.

Os políticos buscam agora colocar uma tranca na porta que acabaram de arrombar. Mas as emen­das poderão sair pior do que os sonetos. E podem ser inúteis, pois, a esta al­

tura, as famílias que po­dem já se puseram a de­senhar a sua vida sem a ajuda das empregadas do­mésticas.

A questão do encareci­mento também é séria. O meu amigo Osmani Tei­xeira de Abreu, conhe­cedor profundo das rela­ções do trabalho no Bra­sil, acredita que, em mé­dio prazo, vai sobrar em­pregada doméstica, por­que muitos empregado­res não terão condições de cumprir a nova lei. Ele argumenta que na empre­sa, quando há um aumen­to de custo, o empresário o repassa ao preço ou o retira do lucro. O empre­gador doméstico não tem como fazer isso, porque geralmente é empregado e vive de salário, que não é elástico.

Ou seja, na pretensão de melhorar a vida das empregadas domésticas, nossos legisladores deixa­ram de lado o que é mais prioritário no momento presente, que é a forma­lização de 5 milhões de brasileiras que não con­tam sequer com as prote­ções atuais. Será que au­mentando os direitos e criando tanta inseguran­ça elas serão protegidas? Penso que não. Muitas se­rão forçadas a trabalhar como diaristas, sem regis­tro em carteira.

Este texto foi extraído do jornal O Estado de S.Paulo

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Artigo

O ritmo de desenvolvi­mento contínuo que vive o nosso país reflete dire­tamente no cotidiano dos nossos municípios. A ca­da dia, podemos obser­var um crescimento acen­tuado das economias em nossas cidades, prove­nientes à forte expansão industrial que atinge di­retamente nosso Estado. Fruto de medidas socioe­conômicas adotadas pe­lo Governo Brasileiro nos últimos anos.

Pude observar esta realidade no evento que

O bom momento econômico refletido em nossos municípios

Luizão GoulartPrefeito de Pinhais e Presidente da Associação dos Municípios da Re-gião Metropolitana de Curitiba

participei na última ter­ça­feira (22). Exatamen­te um dia após comemo­rarmos 513 anos do des­cobrimento do Brasil, vi­mos o município de Qua­tro Barras receber dois importantes investimen­tos que ajudarão a mudar a realidade local. Viva o descobrimento mais uma vez! E, nesta ocasião, as caravelas e as intenções de explorações culturais fo­ram substituídas por tec­nologia e investimentos pesados que trazem novas perspectivas para a popu­lação.

Primeiro o investi­mento de uma Grande Companhia Paranaense, a Compagás, na ordem de R$32 milhões que vai possibilitar a instalação de mais 29 quilômetros de rede de gás natural. Es­ta é mais uma vantagem que os municípios da nos­sa micro­região passam a ter para, inclusive, atrair mais empresas. Tanto é verdade que já no mesmo evento uma grande em­presa do ramo de tecno­logia apresentou suas in­tenções de se instalar em Quatro Barras. Mais um importante avanço à nos­sa região metropolitana.

Quatro Barras é um município importante, que possui uma localiza­ção bastante estratégica, pois está entre as princi­

pais rodovias que ligam a região central do Estado com São Paulo. Fico ex­tremamente feliz de ver este município, que é nos­so vizinho, crescer des­ta forma e a tendência é que novos investimentos venham atender Quatro Barras e as cidades ao seu entorno.

Repito, este é o mo­mento. Li na Gazeta do Povo no final de semana que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econô­mico e Social (BNDES) desembolsou R$ 37,173 bilhões em empréstimos no primeiro trimestre de 2013, crescimento nomi­nal de 52% ante os três primeiros meses de 2012.

Segundo o banco, o nível de desembolso é o mais alto da história pa­ra o primeiro trimestre. O resultado “indica uma re­cuperação expressiva dos investimentos, com des­taque para as liberações destinadas à máquinas e equipamentos e ao setor industrial”.

Inclusive, os desem­bolsos BNDES para mi­cro, pequenas e médias empresas somaram R$ 15,1 bilhões no primei­ro trimestre de 2013, vo­lume recorde. O resulta­do equivale a um aumen­to de 50% em relação ao mesmo período do ano

passado. Isto significa no­vas oportunidades para os empresários e consequen­temente mais investimen­tos para nossos municí­pios.

Diante de toda esta realidade, nosso Estado precisa ter “olhos atentos” à necessidade de melho­rar o escoamento da nos­sa produção. Um exemplo é o Porto de Paranaguá. Na última segunda­feira (22) viajei para São Pau­lo para apresentar os pro­gramas sociais de Pinhais que estão sendo conside­rados referência ao MDS. Durante a viagem, o avião ao qual eu estava, sobre­voou o Porto de Parana­guá e da janela pude ob­servar que havia uma fi­la com pelo menos cin­quenta navios aguardan­do para atracar. Ou seja, uma demora que vai atin­gir diretamente a econo­mia do nosso Estado. Lo­go após, a aeronave sobre­voou o Porto de Santos, que tem um volume de atracações extremamente maior que o nosso Porto e mesmo assim verifiquei que a quantidade de na­vios na fila, embora gran­de, era bem menor com­parado ao porto do Pa­raná. Conclusão: O Bra­sil cresce, os municípios embalam, mas ainda pre­cisamos resolver proble­mas pontuais na infraes­trutura.

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Agenda

Dança

mostra paranaense de dança 2013

Estão abertas as inscrições para as seletivas da Mostra Para-naense de Dança (6°edição), promovida pela Associação de Bailarinos e Apoiadores do Balé Teatro Guaíra (ABABTG). O fes-tival tem o objetivo de valorizar o trabalho de escolas, aca-demias e grupos das mais variadas faixas etárias e estilos de dança do Estado do Paraná e de estados vizinhos.

Em 2013 a final da Mostra acontecerá nos dias 06, 07 e 08 de setembro. Mas antes disso, serão realizadas seletivas nas ci-dades de Curitiba, Francisco Beltrão, União da Vitória, Ponta Grossa e Apucarana. Conforme a organização, cerca de 1.500 artistas são esperados para o evento, além de um público de sete mil pessoas.

Cada município terá um período diferente de inscrição das se-letivas. Confira as datas:

Curitiba: de 22 a 28 de abril

Francisco Beltrão: de 29 de abril a 05 de maio

União da Vitória: de 27 de maio a 02 de junho

Ponta Grossa: de 10 a 16 de junho

Apucarana: de 17 a 23 de junho

As inscrições para as seletivas regionais e o regulamento po-dem ser encontrados no site da ABABTG www.ababtg.org.br. O valor mínimo é de R$ 20,00.

Cinema

Cursos e atividades

ii virada aCadêmiCa de direito

A sua edição pioneira, “I Virada Acadêmica”, contou com mais de 1200 participantes e 50 palestrantes. Na segun-da edição, o evento contará com cerca de 100 palestras em apenas 12 horas, um evento inédito e que promete reunir um público de dois mil estudantes. O objetivo do evento, composto por conferências de prestigiados juris-tas paranaenses e estrangeiros, é a consolidação de um espaço de aprendizado e troca de experiências entre alu-nos, professores e profissionais, das mais diversas áreas do Direito e de distintas instituições de ensino.

Data: 11 de maio de 2013 (sábado) – 08h às 20h.

Local: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Campus São José dos Pinhais (Rodovia BR-376, Km 14, Costeira).

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Cinema

terapia de risCo

A história gira em torno de Emily Hawkins (Rooney Mara), uma jovem mulher que bus-ca a ajuda de medicamentos prescritos para conter a ansiedade pelo fato de que o ma-rido (Channing Tatum) está prestes a ser libertado da prisão. Ela também busca ampa-ro num tratamento psicológico, lidando com dois profissionais (Jude Law e Catherine Zeta-Jones).

Estreia: 03 de maio de 2013.

reino esCondido

A animação se passa no meio da floresta e conta a história de uma batalha entre as forças do bem, que querem manter o reino natural vivo, e as forças do mal, que preten-dem destruí-lo. Quando uma garota adolescente é transportada para este mundo má-gico, ela tem que lutar junto dos homens-folha e outros guardiões da natureza para salvar o mundo que ela conhece.

Estreia:17 de maio de 2013.

Faroeste CaboClo

João do Santo Cristo (Fabrício Boliveira) deixa Salvador em busca de uma vida melhor e parte para Brasília atrás de seu sonho. Lá, ele recebe ajuda de Pablo (César Troncoso), um primo distante, que nasceu no Peru e vende drogas vindas da Bolívia. João logo consegue emprego como carpinteiro, mas não demora muito para se envolver também no tráfico de drogas. É quando conhece Maria Lúcia (Ísis Valverde), filha de um senador (Marcos Paulo), por quem se apaixona perdidamente. Ela retribui o amor de João, mas logo ele se vê envolvido em uma escalada de violência que envolvem o playboy e tam-bém traficante Jeremias (Felipe Abib) seu grande antagonista.

Estreia: 30 de maio de 2013.

se beber, não Case! parte iii

Alan (Zach Galifianakis) está deprimido devido à morte de seu pai. Preocupado com o cunhado, Doug (Justin Bartha) sugere que ele vá até um lugar chamado New Hori-zons, que pode torná-lo um novo homem. Alan apenas aceita a sugestão após Phil (Bra-dley Cooper) e Stu (Ed Helms) concordarem em levá-lo. É o início de uma nova viagem do trio, que acaba sendo interrompida bruscamente pelos capangas de um traficante (John Goodman). O malfeitor está atrás de Chow (Ken Jeong), que lhe aplicou um golpe milio-nário, e acredita que os três amigos ainda possuam contato com ele. Precisando encontrá--lo a todo custo, eles acabam indo parar no México e, mais uma vez, em Las Vegas.

Estreia: 30 de maio de 2013.

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Agenda

Shows

skank

Dia 01 de junho, Curitiba recebe o show da banda Skank com apresentação da turnê “Multishow ao Vivo - Skank no Mineirão”! O show acontece no Teatro Positivo. No show, Samuel Rosa (voz e guitarra), Henrique Portu-gal (teclados), Haroldo Ferretti (bateria) e Lelo Zaneti (baixo) interpretam sucessos da carrei-ra da banda, além do primeiro single do novo álbum, “De Repente”, fruto da parceria de Sa-muel Rosa e Nando Reis, e as inéditas “Presen-ça” (Samuel Rosa/Nando Reis) e “Fotos Na Es-tante” (Samuel Rosa/Rodrigo F. Leão), que aos poucos a banda vai apresentando aos seus fãs. O Skank também interpreta músicas do disco Estandarte (2008), como “Noites de um Verão Qualquer”, “Sutilmente” e “Ainda Gosto Dela”. A banda ainda garante seus grandes hits, co-mo “Vou Deixar”, “É uma Partida de Futebol”, “Acima do Sol”, “Resposta, “Garota Nacional”, dentre outras.

Quando: 01 de junho de 2013 (Sábado)

Onde: Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300)

Informações: http://www.facebook.com/Rw7ProductionEntertainment

oswaldo montenegro

O cantor Oswaldo Montenegro retorna à capi-tal paranaense para lançamento do álbum “De Passagem”, no mês de maio, com seis apresen-tações no Teatro da Caixa, em Curitiba. No re-pertório do artista estão músicas clássicas co-mo “Metade”, “Velhos Amigos” e “A Lista”, além de canções inéditas.

Data: 10, 11, 12, 17, 18 e 19 de maio de 2013.

Local: Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Lau-rindo, 280, Centro).

Valor: R$ 20 (½ entrada: R$ 10).

Informações: www.caixacultural.com.br

milton nasCimento

O cantor Milton Nascimento apresenta novo show “Uma Travessia” no dia 18 de maio de 2013, no Teatro Guaíra, em Curitiba. A turnê acontece em comemoração aos 70 anos de idade e 50 de carreira que o músico e compositor completa em 2013. No repertório estão sucessos como “Cais”, “Nuvem Cigana” e “Morro Velho”, entre outros.

Data: 18 de maio de 2013.

Local: Teatro Guaíra (Rua XV de Novembro, 971, Centro).

Valor: R$ 100 a R$ 180 (½ entrada R$ 50 a R$ 90).

Informações: (41) 3304-7900 ou (41) 3304-7982.

JaCk estripador - a Comédia

A comédia "Jack Estripador" tem apresentações semanais no Teatro Lala, em Curitiba, de 19 de abril a 8 de junho de 2013. A peça reconta a história do “serial killer” mais famoso de to-dos os tempos e se passa em Londres, em 1888. Um louco ho-micida mata cinco prostitutas pobres do bairro de Whitecha-pel. O principal suspeito: Edward Albert, o príncipe herdeiro da coroa.

Local: Teatro Lala Schneider (Rua Treze de Maio, 629 - Centro).

Data: sexta e sábado 23h59, até 08 de junho de 2013.

Valor: R$ 40 (½ entrada: R$ 20).

Informações: (41) 3232-4499 e (41) 3232-8108.

Teatro

haikai

O espetáculo, do diretor e autor Roberto Alvim, reúne obras poéticas que funcionam como um haikai, forma de poesia japonesa que trabalha através de livres interpretações e infinitos significados possíveis pelo público. A pe-ça, que é dividida em três momentos distintos, aborda temas como a mor-te, o crime, a ausência, a presentificação do invisível e a impossibilidade de nos compreendermos.

Data: quinta e sexta, 20h30; sábado e domingo,19h e 20h30 – até 12 de maio de 2013.

Local: Espaço Cênico (Rua Paulo Graeser Sobrinho,305, São Francisco).

Valor: R$ 20 (½ entrada: R$ 10) *sessões de domingo 19h têm entrada gratuita.

Informações: (41) 3338-0450

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Exposições

“desenhos e aQuarelas”

A artista plástica Débora Santiago expõe uma série de desenhos e aquarelas no Ybakatu Espa-ço de Arte, em Curitiba, de 27 de abril a 29 de maio. Nome de destaque nas artes plásticas do Paraná desde os anos 90, Débora Santiago sem-pre teve o desenho como prática fundamental, embora sua obra também inclua outros voca-bulários - escultura, instalação, vídeo-arte, per-formance. Um apanhado de quase todo este trabalho está no catálogo que será lançado jun-tamente com a exposição, com apresentação da crítica de arte Daniela Vicentini.

Data: segunda a sexta, das 10h às 17h, até 29 de maio.

Local: Ybakatu Espaço de Arte – Rua Francisco Rocha, 62 – loja 06.

Informações: (41) 3264-4752.

“imagem do teatro”

A mostra reúne imagens feitas por Milla Jung, Chico Nogueira e Gilson Camargo e que estão no acervo do Museu da Imagem e do Som do Para-ná (MIS-PR). Os trabalhos enfocam a cena teatral curitibana dos anos 1990, com destaque para o

trabalho de importantes atores e diretores do Pa-raná, além de mostrar os primeiros anos do Festi-val de Teatro de Curitiba. A curadoria é do diretor do MIS-PR, Fernando Severo. De acordo com Se-vero, as obras dos fotógrafos documentam a ar-te de grandes atores, expoentes de diversas ge-rações, como Mário Schoemberger e Guilherme Weber, entre tantos outros, e fazem uma expres-siva evocação do trabalho de alguns dos direto-res paranaenses mais atuantes no período, como Marcelo Marchioro, Edson Bueno, Cleon Jacques, João Luiz Fiani e Felipe Hirsch.

Data: de segunda a sexta-feira das 9 às 18 ho-ras, até o dia 05 de julho.

Local: hall da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (Rua Ébano Pereira, 240 – Centro)

Ingresso: entrada gratuita.

exposições na Casa andrade muriCy

Ocidentes e Orientes - Na exposição, Rones Dumke reflete sobre o construtivismo, o sur-realismo e o dadaísmo. O artista utiliza recor-tes de fotos, cartazes, manchetes de jornais e revistas em várias línguas para atualizar os movimentos que deram novos rumos à arte

do século 20.

Under Construction - As pinturas e os dese-nhos de Emerson Persona circunscrevem de maneira sarcástica e poética a existência hu-mana na sua complexa dimensão. Desejos, violência, obsessões obscuras, ataques e deva-neios ganham formas visíveis em corpos hu-manos, animais e máscaras.

Apresentação | Representação - A exposição mostra 10 vertentes da fotografia alemã con-temporânea: Albrecht Fuchs, Claus Goedicke, Heidi Specker, Karin Geiger, Laurenz Berges, Matthias Koch, Nicola Meitzner, Peter Piller, Uschi Huber, Wiebke Loeper. Todos os artistas fazem parte da geração que tem hoje cerca de 40 anos de idade e realizam há mais de dez anos trabalhos artísticos.

Data: de terça a sexta-feira, das 10 às 19h, sába-do e domingo, das 10 às 16h, até 04 de agosto.

Local: Casa Andrade Muricy (Alameda Dr. Mu-ricy, 915 – Centro).

Valor: entrada gratuita.

Informações: (41) 3321-4798 www.cultura.pr.gov.br

Teatro

a entrevista

Baseada no filme homônimo de Theo Van Gogh, a partir do roteiro de Theodor Holman, produzido em 2003, a peça é uma comédia sobre o envolvimento entre Mariah (interpretada por Priscila Fantin), uma bela e famosa atriz de no-velas, e Pedro Pierre (Herson Capri), conceituado jornalista político que foi designado para entrevistá-la. Ele é espe-cialista em política internacional, já foi correspondente de guerra e é influente em Brasília, mas está em decadência. Acostumado com o mundo da política mundial, Pedro Pierre vê-se diante de uma pessoa mais conhecida pelas fofo-cas nos tablóides do que pelo talento, fato que o deixa ofendido. Já ela é exuberante, tem um belo corpo e é conhe-cida pela enorme lista de homens que já namorou. Nesse choque de dois mundos, no entanto, os dois encontram uma conexão mais profunda. Durante a peça, fica evidente a atração entre eles e o que parecia ser apenas mais uma entrevista na vida de ambos, como tantas outras, acaba se tornando um sofisticado jogo de sedução.

Data: 03 e 04 de maio de 2013.

Local: Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300)

Valor: R$ 80 (½ entrada: R$ 40).

Informações: (41) 3315-0808

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