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Revista do Tribunal de Contas - PR | Curitiba, Fevereiro a Maio de 2007 | nº 160 | Ano 37 Revista do Tribunal de Contas PR Revista do Tribunal de Contas PR Revista do Tribunal de Contas PR Cur Cur Cur Cur Curitiba, F itiba, F itiba, F itiba, F itiba, Fevereiro a Maio de 200 evereiro a Maio de 200 evereiro a Maio de 200 evereiro a Maio de 200 evereiro a Maio de 2007 | nº 16 7 | nº 16 7 | nº 16 7 | nº 16 7 | nº 160 | Ano 3 0 | Ano 3 0 | Ano 3 0 | Ano 3 0 | Ano 37 Olhar para o futuro O Museu Oscar Niemeyer, que embeleza o Centro Cívico, em Curitiba, é um dos bons exemplos da projeção do Paraná além de suas fronteiras. Hoje, o Museu Oscar Niemeyer cumpre duas funções distintas, mas complementares. É um dos maiores e mais importantes museus sul- americanos. Por seus quase 18 mil metros quadrados de área expositiva já passaram exposições como “Eternos Tesouros do Japão”, reunindo peças que resgatam um milênio da civilização nipônica; obras do dadaísmo e surrealismo, além de coleções dos principais artistas brasileiros e paranaenses. Além disso, a edificação em si virou atração turística. Projetados por um dos maiores expoentes mundiais da arquitetura moderna, o prédio principal (que até 2002 abrigava secretarias estaduais) e seu anexo, conhecido como “Olho”, são mais o novo, mas já um dos mais difundidos cartões postais paranaenses. Uma justa homenagem a Niemeyer, que completa um século de vida em dezembro próximo.

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37

Revista doTribunal de Contas PRRevista doTribunal de Contas PRRevista doTribunal de Contas PR

CurCurCurCurCuritiba, Fitiba, Fitiba, Fitiba, Fitiba, Fevereiro a Maio de 200evereiro a Maio de 200evereiro a Maio de 200evereiro a Maio de 200evereiro a Maio de 2007 | nº 167 | nº 167 | nº 167 | nº 167 | nº 160 | Ano 30 | Ano 30 | Ano 30 | Ano 30 | Ano 377777

Olhar para o futuroO Museu Oscar Niemeyer, que embeleza o Centro Cívico, em Curitiba, é

um dos bons exemplos da projeção do Paraná além de suas fronteiras.Hoje, o Museu Oscar Niemeyer cumpre duas funções distintas, mas

complementares. É um dos maiores e mais importantes museus sul-americanos. Por seus quase 18 mil metros quadrados de área expositiva jápassaram exposições como “Eternos Tesouros do Japão”, reunindo peçasque resgatam um milênio da civilização nipônica; obras do dadaísmo esurrealismo, além de coleções dos principais artistas brasileiros eparanaenses.

Além disso, a edificação em si virou atração turística. Projetados por umdos maiores expoentes mundiais da arquitetura moderna, o prédioprincipal (que até 2002 abrigava secretarias estaduais) e seu anexo,conhecido como “Olho”, são mais o novo, mas já um dos mais difundidoscartões postais paranaenses. Uma justa homenagem a Niemeyer, quecompleta um século de vida em dezembro próximo.

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Solicita-se permuta. Exchange is solicited.Pide-se canje. On demande l’échange.Man Bittet um Austausch. Si rechiede lo scambio.

NOTA: É permitida a reprodução, desde que citada afonte. Os conceitos emitidos em trabalhos assinados sãode inteira responsabilidade de seus autores.

Ficha Catalográfica, elaborada pela Biblioteca do Tribunal de Contas do Estado do Paraná

Revista do Tribunal de Contas – Estado do Paraná. N. 1(1970-).

Curitiba: Tribunal de Contas do Estado doParaná, 1970-

Título antigo: Decisões do Tribunal Pleno e doConselho Superior (1970-73)Periodicidade irregular (1970-91)Quadrimenstral (1992-93)Trimestral (1994-)ISSN 0101 – 7160Tribunal de Contas – Paraná – Periódicos. 2.Paraná.Tribunal de Contas – Periódicos. I. Tribunal de Contasdo Estado do Paraná.

CDU 336.126.55(816.2)(05)

ISSN 0101 - 7160

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CORPOESPECIAL

Auditores

Roberto MacedoGuimarãesAuditor-Geral

Cláudio AugustoCanha

Eduardo de SousaLemos

Ivens ZschoerperLinhares

Jaime TadeuLechinski

Sérgio RicardoValadares Fonseca

Thiago BarbosaCordeiro

MINISTÉRIOPÚBLICOJUNTO AOTRIBUNALDE CONTAS

Procuradora-GeralAngela CassiaCostaldello

Procuradores

Célia RosanaMoro Kansou

Gabriel Guy Léger

Eliza Ana ZenedinKongo Langner

Elizeu de MoraesCorrea

Flávio de AzambujaBerti

Juliana SternadtReiner

Kátia ReginaPuchaski

Laerzio ChiesorinJunior

Michael RichardReiner

Valéria Borba

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ

CORPO DELIBERATIVO

FERNANDO A. MELLO GUIMARÃESCorregedor-Geral

ANGELA CASSIA COSTALDELLOProcuradora-Geral do Ministério Públicojunto ao TC/PR

HEINZ GEORG HERWIGConselheiro

NESTOR BAPTISTAPresidente

HENRIQUE NAIGEBORENVice-Presidente

CAIO MÁRCIO NOGUEIRA SOARESConselheiro

ARTAGÃO DE MATTOS LEÃOConselheiro

HERMAS BRANDÃOConselheiro

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CORPO INSTRUTIVODIRETORIA-GERAL - DGAgileu Carlos Bittencourt

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO DOMATERIAL E PATRIMÔNIO - DAMPJosé Alberto Reimann

DIRETORIA DE ANÁLISE DETRANSFERÊNCIAS - DATIvana Maria Pierin Furiati

DIRETORIA DE CONTASESTADUAIS – DCESérgio de Jesus Vieira

DIRETORIA DE CONTASMUNICIPAIS - DCMLuciane Maria Gonçalves Franco

DIRETORIA ECONÔMICO-FINANCEIRA - DEFCélia Cristina Arruda

DIRETORIA DE EXECUÇÕES - DEXLuiz Fernando Stumpf do Amaral

DIRETORIA JURÍDICA – DIJURMaria Cristina Figueiredo Rocha

DIRETORIA DE PROTOCOLO - DPCleuza Bais Leal

DIRETORIA DE RECURSOSHUMANOS - DRHGrácia Maria de Medeiros Iatauro

DIRETORIA DE TECNOLOGIA DAINFORMAÇÃO - DTIDjalma Riesemberg Junior

2ª INSPETORIA DE CONTROLEEXTERNOAngelo José Bizineli

3ª INSPETORIA DE CONTROLEEXTERNOMario de Jesus Simioni

4ª INSPETORIA DE CONTROLEEXTERNODesirée do Rocio Vidal

REVISTA DO TRIBUNAL DECONTAS DO ESTADO DOPARANÁ Nº 160

COORDENAÇÃO GERALPedro Ribeiro

REDAÇÃOPedro RibeiroCaroline Gasparin LichtensztejnGrace Maria Mazza MattosValmir José Denardin

EMENTAS – SUPERVISÃOLígia Maria Hauer Rüppel

EMENTASArthur Luiz Hatum NetoLígia Maria Hauer Rüppel

REVISÃOArthur Luiz Hatum NetoCaroline Gasparin LichtensztejnDoralice XavierLígia Maria Hauer RüppelMaria Augusta C. de Oliveira FrancoSigmar Deeke Júnior

Publicação Oficial do Tribunal deContas do Estado do Paraná

(Coordenadoria de Jurisprudência eBiblioteca – CJB)Praça Nossa Senhora de Salete s/nCentro Cívico – 80530-180Curitiba – ParanáFax (41) 3350-1605/3350-1665

Endereço na Internet:www.tce.pr.gov.brE-mail: [email protected]

EDIÇÃO ESPECIAL 60 ANOS TC

REPORTAGENS E TEXTOS:Pedro Ribeiro, Valmir Denardin,Carlos Marassi, Caroline Lichtensztejn,Gabriela Gatti.EDIÇÃO:Pedro Ribeiro e Valmir DenardinPESQUISA:Grace Mazza e Maria AugustaOliveira FrancoPROJETO E EDIÇÃO GRÁFICA:Marco MedeirosCAPA:Mônica KaranFOTOS:Júlio César Souza e Brenna AzevedoFOTOLITO E IMPRESSÃO:Total Editora Gráfica

Tiragem: 2.500 exemplaresDistribuição: gratuita

2 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

5ª INSPETORIA DE CONTROLEEXTERNOPaulo Cesar Sdroiewski

6ª INSPETORIA DE CONTROLEEXTERNOTatianna Cruz Bove

7ª INSPETORIA DE CONTROLEEXTERNOSolange Sá Fortes Ferreira Isfer

COORDENADORIA DE APOIOADMINISTRATIVO - CAAJosé Siebert

COORDENADORIA DEAUDITORIA - CADValter Luiz Demenech

COORDENADORIA DECOMUNICAÇÃO SOCIAL – CCSWagner Jorge Araújo Nogueira

COORDENADORIA DE ENGENHARIA EARQUITETURA – CEAAdhemar Zaparolli

COORDENADORIA DEJURISPRUDÊNCIA EBIBLIOTECA – CJBPedro Domingos Ribeiro

COORDENADORIA DEPLANEJAMENTO – COPLANClaudio Henrique de Castro

COMISSÃO PERMANENTE DELICITAÇÃO - CPLMario Gabriel Choinski

CORREGEDORIA-GERALCristina Teresa Iwersen

SECRETARIA DA 1ª CÂMARAVera Lúcia Amaro

SECRETARIA DA 2ª CÂMARAClaúdia Maria Derviche

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ÍNDICE

Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007 3

5 EditorialNosso papel fiscalizador

6 HistóriaAjudamos a fazer

o Paraná

16 EntrevistaPresidente Nestor Baptista

18 AtualidadeUm Paraná de contrastes

20Poder CentralOs Três Poderes no

Paraná

22AgriculturaCampo retoma

crescimento

24a29 TecnologiaTudo passa pela

informatização

30Saneamento básicoTarifa Social beneficia carentes

32Saúde“Força-tarefa”

fiscaliza setor

36Meio ambienteComo frear o aquecimento

global

40EducaçãoEstado investe em

universidades

44MunicípiosTCE atua em todo o Estado

50 Estrutura internaConheça o Tribunal

por dentro

52 FiscalizaçãoAs linhas diretas com o

cidadão

56 ArtigoAs atribuições do

Ministério Público

59 Recursos humanosQualificação que

dá retorno

61 Lei OrgânicaCâmaras agilizam

julgamentos

62PossesTCE ganha Conselheiro

e Auditor

65 MensagensAutoridades cumprimentam

Tribunal

76 TurismoO Paraná que encanta

o mundo

83Jurisprudência

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Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007 5

A trajetória do Tribunal de Contas do Paraná, nos últimos 60anos, se confunde com a própria história do Estado, numa formi-dável construção de trabalho, seriedade, ética e compromisso coma verdade.

No exercício de sua missão fiscalizadora, o Tribunal de Contasjamais se afastou de seu desiderato, cumprindo com exação, efici-ência e resultados seu papel na ordem constitucional, subordinadoaos elementos fundamentais do Estado Democrático de Direito.

Nesse contexto, firmou-se no cenário nacional e internacional,alargou seu horizonte controlador, foi ao interior, preveniu, fisca-lizou, consagrou o diálogo e defendeu os princípios da moralidadee legalidade, num ritmo compatível com uma sociedade vinculada àvelocidade e à cidadania.

De outro lado, é preciso reconhecer que sua respeitabilidadefoi construída pela tenacidade, visão futurista, medidas concretase interesse administrativo legítimo de gerações de homens e mu-lheres de talento e erudição, que, com ousadia e dedicação, lan-çaram as bases sólidas de um Tribunal de Contas forte, indepen-dente, respeitado, ausente de velhos paradigmas e legitimado pelacredibilidade.

Por essa razão, na passagem dos seus 60 anos, sinto-me privile-giado e orgulhoso por presidir o Tribunal de Contas do Paraná e depoder reafirmar o meu compromisso e o de todos os seus integran-tes ao esforço de encaminhamento do órgão para o seu devido lu-gar no concerto das instituições superiores de fiscalização.

Nestor BaptistaPresidente

60 ANOSEDITORIAL

Tribunal de Contasdo Estado do Paraná

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6 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

Muitos séculosem 6 décadas

HISTÓRIA

Paraná que o Tribunal de Contas ajudou a construir éum Estado urbanizado e industrializado, mas mantém otítulo de principal produtor agropecuário do País

Para os historiadores, acostumadosa medir os fatos pela régua dos séculos,60 anos é um tempo extremamente cur-to. No Paraná, no entanto, esse períodofoi o suficiente para mudar completa-mente a fisionomia do Estado. Da eco-nomia à distribuição populacional, dainfra-estrutura à exploração fundiária,o Paraná que o Tribunal de Contas aju-dou a construir guarda pouca relaçãocom a realidade de seis décadas atrás.

Em 1947, quando se preparava paracomemorar seu primeiro centenáriocomo unidade da Federação – até 1853seu território formara a Quinta Comar-ca da Província de São Paulo –, o Pa-raná era um Estado agrário, com gran-des vazios demográficos, poucos muni-cípios e carente de infra-estrutura. Qua-se tudo estava por fazer, num períodocruelmente marcado pela SegundaGuerra Mundial, encerrada em 1945.

Havia por aqui um agravante queameaçava a unidade estadual. O presi-dente Getúlio Vargas e o interventorparanaense, Manoel Ribas, tentaram em1943, criar o Território Federal do Igua-çu, agregando as porções oeste do Pa-raná e de Santa Catarina. A iniciativasó fracassou após a queda de Vargas eRibas. O Território do Iguaçu foi extin-to, por emenda constitucional, em 1946.

Um ano depois, quando foi instala-do o Tribunal de Contas do Estado, du-rante o governo de Moysés Lupion, oParaná contava com apenas 63 muni-cípios. A maior parte deles concentra-da na porção do Estado que se esten-

de do Litoral à região Centro-Sul. Todaa vasta área que engloba o Norte, oNoroeste, o Oeste e o Sudoeste expe-rimentava na época o início do proces-so de colonização.

Algumas das atuais maiores cidadesdo Estado ainda nem haviam sido ele-vadas à categoria de município. Eramos casos de Maringá, Cascavel, Para-navaí, Francisco Beltrão e Toledo(emancipadas em 1951) e Umuarama,tornada município em 1960. Além deCuritiba, as cidades mais importanteseram Paranaguá, Jacarezinho, Castro,Palmas, Ponta Grossa, Guarapuava eFoz do Iguaçu (mais por ser base defronteira do Exército do que por razõesturísticas). Londrina, emancipada em1934, começava a se destacar, sob apujança das lavouras de café.

Era um Paraná rural, com mais dedois terços de sua população vivendono campo. O ciclo econômico do café,no auge, consolidava o Estado comomaior produtor nacional desse que erao principal produto de exportação. Ariqueza verde saída das lavouras for-çava a demanda por infra-estrutura.O café foi o principal responsável pelaestruturação do Porto de Paranaguáe a abertura da Estrada do Cerne (PR-090, Curitiba-Londrina), a primeira ro-dovia ligando o norte agrícola a Curi-tiba. A Rodovia do Café (BR-376,Curitiba-Paranavaí) só viria a ser inau-gurada em 1965.

Já no ano de instalação, o Tribunalde Contas viu crescer a demanda por

Governar é abrir estradas: uma das principais transfo

medida que possibilitou a ocupação do território, o s

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Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007 7

ormações sofridas pelo Paraná nos últimos 60 anos foi a construção de rodovias,...

urgimento de cidades e o escoamento da sempre crescente produção agropecuária.

seus serviços. Somente em 1947 foramcriados 17 municípios. A maior partedeles na área de expansão da cafeicul-tura, como Arapongas, Cambé, Porecatue Campo Mourão. Novas ondas de cri-ação de municípios – processo só con-cluído em 1995 – dariam o atual forma-to político ao mapa paranaense, com 399municípios.

O Tribunal de Contas do Paraná,portanto, é parte do processo de desen-volvimento do Estado.

Urbanização - Dennison de Olivei-ra, professor de História do Paraná naUniversidade Federal do Paraná(UFPR), aponta duas datas como fun-damentais na transformação do perfil doEstado nos últimos 60 anos: 1976, quan-do o valor da produção industrial ultra-passa o valor da produção agrícola, e adécada de 1980, em que a parcela dapopulação vivendo nas cidades final-mente supera a fatia que habita as áre-as rurais.

Esses dois processos, explica Olivei-ra, estão ligados ao mesmo fenômeno:a derrocada da cafeicultura, provocadapela “geada negra” de 1975, que ani-quilou as lavouras, e o “cansaço” daterra após anos de cultivo ininterrupto.A cafeicultura era grande empregado-ra de mão-de-obra braçal. O fim dessemodelo gerou um processo de êxodorural até então inédito no Paraná. Partedo contingente de trabalhadores desem-pregados migra para áreas rurais deoutros Estados, principalmente do Cen-tro-Oeste.

A maioria, no entanto, vê como úni-ca opção mudar-se para as principaiscidades paranaenses, fenômeno queresultaria nos bolsões de pobreza e fa-velas que hoje sufocam os centros ur-banos de médio e grande porte. Umexemplo claro desse processo é a Re-gião Metropolitana de Curitiba que, en-tre 1950 e 1980, teve sua populaçãoaumentada de 317 mil para 1,44 milhãode habitantes. Hoje, a Capital e os 25municípios que a cercam somam 3,26milhões de moradores. A taxa de cres-cimento populacional da região atinge

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8 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

espantosos 3,4% ao ano.Com o fim do ciclo econômico do

café, o Paraná buscou um novo perfilagrícola. A resposta foi dada pela soja,cultura que viria a substituir o café napauta de exportações, mas responsávelpor um grande problema social. Ao con-trário de seu antecessor, a soja só é vi-ável comercialmente em grandes árease com o uso intensivo de tecnologia,como maquinário, adubos e agrotóxicosmodernos. Nesse cenário, a possibilida-de de permanência da população nocampo se reduziu ainda mais.

Os resultados negativos do avançoda soja foram um processo ainda maisdrástico de esvaziamento do campo einchaço das cidades e o agravamentodas tensões e conflitos fundiários, como surgimento dos movimentos de traba-lhadores rurais sem terra. O resultadopositivo foi a consolidação do Paraná

como o maior produtor agropecuário doPaís, embora tenha um dos menores ter-ritórios – apenas 201.203 quilômetrosquadrados.

A abundância de soja e milho pos-sibilitou ao Estado implantar um sólidoparque industrial de produção de car-nes e alimentos de origem vegetal. Or-

ganizado principalmente em torno decooperativas, esse complexo produti-vo é considerado modelo nacional eprincipal responsável pelas exporta-ções do Estado, que somaram US$ 10bilhões em 2005 (quase 10% do totalbrasileiro).

Na década de 1990, o governo esta-dual induziu um novo ciclo industrial,com a atração de montadoras e fábri-cas de autopeças para atender o seg-mento. Na “guerra fiscal” com outrosEstados, o Paraná pagou um alto preçopara abrigar multinacionais como Re-nault e Volkswagen/Audi. Além dosatrativos de boa infra-estrutrura, quali-dade de vida e mão-de-obra mais bara-ta que São Paulo, por exemplo, o Esta-do ofereceu benefícios fiscais, tributá-rios e doações de áreas. O resultadoforam R$ 23 bilhões de investimentosestrangeiros entre 1995 e 1999.

O ano de criação do Tribunal de Con-tas do Estado do Paraná –1947 – mar-cou grandes transformações no mundo,e mais ainda no Brasil. Mudanças quecomeçaram em 1945, com o fim da Se-gunda Guerra Mundial. Ao lutar na guer-ra com os aliados contra o regime dita-torial nazi-facista, o Brasil colocou emconflito a existência de uma ditadura nopaís. O “Estado Novo” entrou em crisee teve seu fim em outubro de 1945, coma saída de Getúlio Vargas.

Segue-se um período de redemocra-tização, que culmina com a promulga-ção, em setembro, da Constituição de1946, durante o governo Eurico GasparDutra, que reduziu as atribuições doPoder Executivo e restabeleceu o equi-líbrio entre os três poderes. A novaConstituição legitima também o manda-do de segurança para proteger direitolíquido e certo não amparado por habe-as corpus, e condiciona a propriedadeà sua função social, possibilitando suadesapropriação por interesse público.

É sob o efeito deste clima de rede-mocratização que todo o país respira-

va, que toma posse, em 12 de marçode 1947, o novo governador do Para-ná Moysés Lupion, eleito com 91.059votos. Seu governo notabilizou-se peloplanejamento, pela ocupação do terri-tório e pela integração geo-econômi-ca. Lupion fundou a Bolsa de Valorese a Bolsa do Café, lançou a constru-ção da estrada de ferro Central doParaná, executou ambicioso progra-ma rodoviário e contribuiu para a fe-deralização da Universidade do Para-ná. Também ajudou na instalação doColégio Militar do Paraná e doou áreano Guabirotuba, em Curitiba, para quefosse edificada a Universidade Cató-lica. Criou a Casa do Trabalhador, aCaixa de Habitação Popular, a Casado Estudante Universitário, e outrasentidades similares.

Criou o Tribunal de Contas do Para-ná, em 2 de junho de 1947, inspirado naonda de redemocratização que conta-minava todo o País, após o fim a ditadu-ra Vargas e do Estado Novo.

Nesta época, o Paraná tinha umapopulação de cerca de 2 milhões de ha-

bitantes, dos quais apenas 25% viviamnas cidades e quase 50% eram analfa-betos. A Universidade do Paraná, aindanão federalizada, oferecia apenas seiscursos: Medicina, Engenharia Civil, Di-reito, Filosofia, Ciência e Letras, Odon-tologia e Farmácia. Em todo o Paranáhavia 376.070 alunos matriculados nasescolas de primeiro e segundo graus, eapenas 2.600 no terceiro grau.

Hoje, 60 anos depois, o Paraná tem10,5 milhões de habitantes, a maioriavivendo nas cidades, e uma taxa deanalfabetismo inferior a 9%. As 112 ins-tituições de ensino superior – duas fe-derais, 16 estaduais, quatro municipaise 90 privadas – têm 208.382 alunos ma-triculados, em 978 cursos. Todos osanos, essa gigantesca estrutura do en-sino de ensino superior oferece 97.738vagas que são disputadas em concur-sos vestibulares. Já a educação básicadispõe hoje no Paraná de 9.292 esta-belecimentos de ensino – 9 federais,2.082 estaduais, 5.137 municipais e2.064 privados, com 2.789.527 alunosmatriculados.

Redemocratização inspirou criação do TCE

Dennison de Oliveira: dinheiro estatalinduziu o desenvolvimento.

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Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007 9

Poder estatalinduziucrescimento

Com 10,5 milhões de habitantes, oParaná de hoje enfrenta o vácuo deixa-do pela sucessão de dois modelos degestão pública e suas falhas. Essa é aavaliação do professor Dennison deOliveira, autor de dois livros sobre oassunto.

Até a década de 1980, o poder es-tatal – tanto federal quanto estadual –teve papel fundamental como indutordo desenvolvimento. Empresas públi-cas, como Copel, Telepar, Banestado,Banco de Desenvolvimento (Badep),Companhia de Desenvolvimento (Co-depar) e Sanepar, ajudaram a levar in-fra-estrutura para todas as regiões doEstado.

Com a adoção do modelo neolibe-ral de gestão, a maior parte dessas es-tatais foi privatizada, e o mercado nãoconseguiu absorver a função de pro-motor do crescimento.

“É importante um novo projeto dedesenvolvimento para o Estado, masnão vejo articulação entre os Poderespara que isso aconteça”, analisa Oli-veira. “Hoje o Paraná está marcadopor desequilíbrios regionais, com o es-vaziamento cada vez maior dos peque-nos municípios.” Para ele, a políticaindustrial adotada na década de 1990foi nociva ao Estado, porque só atraiufábricas, em vez de desenvolver tec-nologia e conhecimento.

ESTADO URBANOPopulação paranaense vivendo nocampo (em %)

1940 ........................................ 75,51960 ........................................ 69,01970 ........................................ 63,81980 ........................................ 41,31990 ........................................ 26,72000 ........................................ 18,6

Fonte: IBGE

Nasce uma cidade: A Avenida Paraná, hoje principal via do centro de Londrina, antes do asfalto.

Onde tudo começou: Paranaguá, no Litoral, foi a primeira cidade paranaense, fundada em 1648.

Depois dasoja: atraídasporbenefíciosfiscais,montadorasde veículos,como aRenault,lideraramnovo cicloindustrial, nadécada de1990.

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10 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

Da Grécia ao Século XXI,a evolução dostribunais de contas

HISTÓRIA

Embora iniciativas decontrole sobre a gestão dodinheiro públicoremontem à antiguidade,o modelo atual, adotadono Paraná, surgiu com osEstados modernos

1 Magistrado da Grécia antiga, primeiramente com poder de legislar e, depois de Sólon (cerca de 559 a.C.), mero executor de leis.

Desde que o homem começou a seorganizar em comunidades, seja em vi-las, aldeias ou cidades, ele percebeu anecessidade de dar poderes a certosmembros de seus grupos para que elesrepresentassem e administrassem osinteresses da coletividade.

Tão logo isso aconteceu, veio a ne-cessidade de controlar os recursos ge-ridos por esses representantes. Nasceaí, o primeiro esboço do Tribunal deContas. Existem registros de iniciativasde controle da administração pública queremontam à antiguidade.

No Egito, 3.200 anos antes de Cris-to, como na Pérsia e na Fenícia, a ar-recadação de tributos já era controla-da por escribas. O código de Manu,na Índia, já trazia normas de adminis-tração financeira, de fiscalização e re-gulamentação da coleta das rendaspúblicas, 1.300 anos antes de Cristo.Na China de Confúcio, as rendas pú-blicas não podiam ser consideradasbens de uso privativo dos reis, comotambém estavam submetidas a umarigorosa fiscalização para não sofre-rem desvios. Na Grécia, com os de-nominados legisperitos, surgiria ogerme dos atuais tribunais de contas.Especialmente em Atenas, as contasdos administradores públicos eram jul-gadas por uma corte composta por dezlojistas, os hellenotamiai, escolhidospelo povo, com jurisdição sobre todosque atuavam em funções administra-

tivas. Arcontes1 , senadores, embaixa-dores, sacerdotes e comandantes degalera prestavam contas do dinheirorecebido e gasto, justificando suas des-pesas. Gravava-se tudo em pedrapara registro perene das contas. Aris-tóteles, em “A Política”, cita o tribu-nal que julga agentes devedores e quedecide sobre delitos públicos. EmRoma, o Senado, com o auxílio dosgestores, fiscalizava a utilização dosrecursos do Tesouro. Na França, porvolta de 1256, os fraudadores do Te-souro eram condenados à morte.

Através do tempo, foram sendo cri-ados mecanismos e instrumentos decontrole, na busca do equilíbrio da so-ciedade.

Mas é com o surgimento dos esta-dos modernos que o controle das fi-nanças públicas passa a ser feito demaneira sistemática e com os contor-nos dos atuais tribunais de contas. Issoem razão da instituição de órgãos es-pecializados, como a Chambre de

Comptes e a Cour des Compter, cri-adas por Napoleão Bonaparte comprivilégios da magistratura e a Cortedei Conti, na Itália, criada em 1864para controlar e fiscalizar a FazendaPública.

Atualmente, todos os Estados demo-cráticos de direito do mundo, tanto par-lamentos como governos, contam comum órgão especializado para poderemfiscalizar adequadamente a atuação doPoder Público.

Os primeiros passos brasilei-ros - No Brasil, a idéia da criação deuma instituição fiscalizadora já era de-fendida por alguns representantes da so-ciedade desde o Império. Durante o pri-meiro reinado, os senadores Viscondede Barbacena, Felisberto Caldeira Brante José Inácio Borges eram grandes de-fensores da criação de um órgão con-trolador. Contudo, em razão da firmeoposição do Visconde de Baependi, nadaaconteceu.

No Segundo Reinado, buscava-se acriação de um “tribunal administrativo”,com a função de julgar as contas de to-dos os responsáveis pelo manuseio dodinheiro público. A proposta também foirejeitada.

Foram vários os defensores da insti-tuição Tribunal de Contas durante o im-pério. Merecem destaque Pimenta Bu-eno, José de Alencar, Gaspar da Silvei-ra Martins e Visconde de Ouro Preto.

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O primeiro Tribunal de Contasdo Brasil - Apesar de terem aconteci-do vários movimentos a favor da cria-ção de uma instituição controladora decontas durante todo o período imperial,isso só aconteceu após a Proclamaçãoda República. Pela iniciativa do entãoministro da Fazenda, o aclamado RuiBarbosa, é criado o Tribunal de Contasda União, em sete de novembro de1890, pelo Decreto nº 966-A.

Este decreto, entretanto, em razãoda inexistência de sua executoriedade,não institui a Corte no País, que só éefetivamente estabelecida com o De-creto nº 1.166, de 16 de dezembro de1892.

Sediado na Capital Federal, o Tribu-nal de Contas da União tinha seus mem-bros nomeados pelo presidente da Re-pública, com aprovação do Senado. Seuprimeiro presidente foi Manoel FranciscoCorreia, paranaense, de Paranaguá. Ir-

mão do Barão do Serro Azul, Correiafoi nomeado por ser considerado “o ho-mem mais honrado da República”.

Adotou-se o sistema belga, com fis-calização prévia não absoluta, onde, pordeterminação do Executivo, com refe-rendo do Legislativo, a despesa poderiaser executada mesmo sem ser exami-nada pelo Tribunal. A instituição ficararesponsável pela fiscalização da recei-ta e despesa, sem prejuízo de analisartodos os demais atos que pudessem ori-ginar despesas ou mesmo que interes-sassem às finanças da República, inclu-indo todos os responsáveis, independen-temente do ministério a que estivessemvinculados. Esse foi o sistema vigenteaté a Constituição de 1967.

Desde então, o órgão está presenteem todas as constituições brasileiras,tendo suas competências alargadas ourestringidas de acordo com o momentopolítico do País.

O Tribunal de Contas brasilei-ro de hoje - Atualmente, o modelo deTribunal de Contas adotado no Brasil éúnico no mundo. Não corresponde aomodelo tradicional de Tribunal de Con-tas, por assumir funções fiscalizadorastípicas de controladoria, além de abran-ger funções de ouvidoria e órgão con-sultivo. Suas estruturas organizacionaise seus processos decisórios são um mis-to dos processos e formas de decidir doLegislativo e do Judiciário.

A ele cabe a verificação da contabi-lidade de receitas e despesas, da exe-cução orçamentária, dos resultados ope-racionais e das variações patrimoniaisdo Estado, sob os aspectos da legalida-de, compatibilidade com o interesse pú-blico, economia, eficiência, eficácia eefetividade.

Neste pouco mais de um século decriação, o Tribunal de Contas veio am-pliando sua missão. Em 1988, com a

O corpo funcional em 1997, sob a presidência do conselheiro Artagão de Mattos Leão, nas comemorações do cinquentenário do Tribunal deContas: órgão possui pessoal preparado para suas atribuições de fiscalização sobre a correta aplicação dos recursos públicos no Estado.

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edição do texto constitucional atual, pas-sou não só a exercer o controle contá-bil, financeiro e orçamentário somentesob a ótica da legalidade, mas a fiscali-zar aspectos operacionais e patrimoni-ais, inclusive no tocante à legitimidadee à economicidade das despesas reali-zadas.

Nunca os tribunais de contas brasi-leiros dispuseram de competênciasconstitucionais tão amplas e incisivaspara o desempenho de sua missão. Otexto constitucional possui listagem ta-xativa de sua competência.

A criação e os primeiros pas-sos do Tribunal de Contas doEstado do Paraná - Em 2 de junhode 1947 nascia o Tribunal de Contas doEstado do Paraná. Criado através doDecreto-Lei estadual nº 627, foi institu-ído pelo então governador do Estado,Moysés Lupion (que seguiu a atribui-ção do artigo 6º, inciso V, do Decreto-Lei Federal nº 1202, de 8 de abril de1939) e substituiu o Conselho Adminis-trativo do Estado.

Instalado à Rua Ermelino de Leão,nº 513, em imóvel ocupado hoje por umdos segmentos da Polícia Civil do Esta-do do Paraná, teve sua primeira com-posição formada por Corpo Deliberati-vo, composto por cinco juízes, CorpoInstrutivo - formado por Secretaria, Di-retoria de Fiscalização da Execução doOrçamento e Diretoria Revisora deContas – e uma Representação da Fa-zenda.

Seu primeiro regulamento, feito peloDecreto-Lei nº 673, de 9 de julho de1947, definiu a estrutura e competênciada Corte, estabelecendo, entre outrasatribuições, poderes para ordenar o se-qüestro de bens dos responsáveis ouseus fiadores e a prisão dos que procu-rassem fugir à responsabilidade.

Em 12 de agosto de 1947 é apro-vado o primeiro Regimento Interno daCasa, versando sobre sua constitui-ção e estabelecendo procedimentosde trabalho a serem adotados. Com74 artigos, foi assinado por todos osjuízes do Tribunal: Raul Vaz, Daniel

Borges dos Reis, Brasil PinheiroMachado, Raul Viana e Caio Grac-cho Machado Lima.

A eleição de seus primeiros dirigen-tes ocorreu em 14 de julho de 1947, le-vando Raul Vaz à presidência (fato quese repetiria por mais 15 vezes em suacarreira) e Daniel Borges dos Reis àvice-presidência.

Nesses primeiros anos da Corte, agrande preocupação de seus membrosfoi a de provê-la e aparelhá-la para exer-cer seu papel fiscalizador. Vêm destaépoca as primeiras instruções essenci-ais para a fiel análise dos processos detomada de contas perante a FazendaEstadual e para a organização das atri-buições do Tribunal de Contas.

Décadas de 50 e 60 – anos deestruturação - Nas décadas de 50 e60, o Tribunal passa por alterações emsua organização e competência. Seusjuízes passam a ser denominados deministros e agora são sete efetivos,contando, ainda, com mais sete minis-tros substitutos. Os auditores passama ser sete. É instituído o Conselho Su-perior para o julgamento de matériasadministrativas da Casa. Em 68 é cri-ada a Corregedoria, sendo o ministroLeônidas Hey de Oliveira o primeirocorregedor.

O ano de 1969 é marcado pela apro-vação do segundo Regimento Interno,que vigorou até 2005. O documento foiassinado pelos então ministros João Fe-der, presidente, Leônidas Hey de Oli-veira, vice-presidente, Raul Viana, JoséIsfer, Antônio Ferreira Rüppel, NacimBacilla Neto e Rafael Iatauro.

Anos 70 – nova sede e novasatribuições - A década de 70 foi umprenúncio das grandes responsabilida-des que o Tribunal de Contas viria aassumir. Com a Emenda Constitucio-nal 01/69, a Corte passa a ter a atri-buição de fiscalizar os municípios doEstado. Logo, através do Provimento01/70, os procedimentos para as pres-tações de contas municipais são re-gulamentados.

A origem: o Provimento Número 1 doTribunal, que foi criado pelo Decreto-Lei 627,assinado pelo governador Moysés Lupionem 2 de junho de 1947, em substituição aoConselho Administrativo do Estado.

Reportagem sobre o TCE em jornal: a partirda década de 50, a Corte sofre mudanças nofuncionamento e julgadores passam a serchamados de “ministros”.

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Em 19 de dezembro de 1972, ano emque a Corte completou seu 25º aniver-sário, o Tribunal de Contas do Paranápassa a exercer suas atividades em suanova sede, ao lado do Palácio Iguaçu.Em 29 de maio de 1971, a ConstituiçãoEstadual passa a intitular os então mi-nistros de conselheiros.

São criadas as Inspetorias de Con-trole Externo para auditoria e fiscaliza-ção orçamentária e financeira dos ór-gãos da administração direta e indiretado Paraná e das entidades públicas compersonalidade jurídica de direito priva-do pertencentes, exclusiva ou majorita-riamente, ao Estado e municípios.

Década de 80 – um Tribunal deContas em expansão - Os anos 80foram anos de crescimento, treinamen-to e incremento das ações desenvolvi-das pelo Tribunal de Contas. Em 1982 éiniciada a construção do prédio anexo àsede, inaugurada em 9 de março de1987, com o propósito de atender àscrescentes necessidades físicas e ope-racionais da Corte.

É implementado programa de desen-volvimento funcional para aperfeiçoar

o Corpo Instrutivo nas áreas de DireitoPúblico e Constitucional, Contabilidadee Orçamento, Prestação de Contas eOrganização e Métodos – todos comênfase em auditoria, tema fundamentalpara o processo de crescimento que aCorte atravessava.

O Tribunal de Contas também sevolta cada vez mais à orientação dosmunicípios, passando a realizar diversostreinamentos para técnicos das prefei-turas e câmaras municipais.

Em 1983 a Corte é responsável pelaorganização do XII Congresso dos Tri-bunais de Contas do Brasil, realizado emFoz do Iguaçu, sob o comando do entãopresidente, conselheiro Cândido Martinsde Oliveira.

Anos 90 – uma Corte em sin-tonia com o mundo - Nos anos 90,com o advento da Constituição de 1988,que institui o direito de denúncia, o Tri-bunal de Contas passa a exercer seupapel social, incentivando a comunida-de a participar ativamente do controleda administração pública. Para tanto,estabelece as normas para a aplicabili-dade da denúncia e cria padrões para

tramitação e julgamento da mesma atra-vés do Provimento 01/91.

Em 1992 é criada a Coordenadoriade Auditoria de Operações de CréditoInternacionais – CAOCI (intitulada, atu-almente, de Coordenadoria de Audito-ria – CAD).

A partir deste ano, a Corte tambémdá início ao processo de informatizaçãode seus setores face aos avanços tec-nológicos e à ampliação constante desuas delegações. Para que todo o Cor-po Instrutivo esteja adequado à nova era,são intensificados os esforços para ca-pacitação e reciclagem de seus funcio-nários, com a promoção de cursos e trei-namentos na área de informática, audi-toria financeira, economia do setor pú-blico, contabilidade geral e pública, or-ganização e controle de almoxarifado,entre outros.

Um fato muito importante marca oano de 1994. Pela primeira vez é pro-movido concurso para procurador juntoao Tribunal de Contas. A solenidade deposse conjunta de nove procuradores éfestiva e denota uma grande renovaçãopara a Casa.

No ano de 1995 é inaugurada a rede

Democracia interna: a primeira votação realizada pela Associação Beneficente e Recreativa doTribunal de Contas do Paraná, entidade fundada em 1960 e que congrega os servidores da Casa.

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de informática. É o primeiro passo paraa integração entre todos os setores daCorte. A partir desse ponto, vários pro-gramas são desenvolvidos para interli-gar e agilizar os trabalhos.

No mesmo ano, o Tribunal de Con-tas recebe credenciamento do BancoInteramericano de Desenvolvimento –(BID) para realizar auditoria em proje-tos e programas co-financiados pela en-tidade. Com a autorização, o TCE tor-na-se um dos primeiros organismos su-periores de fiscalização no continente arealizar auditorias em projetos co-finan-ciados pelo BID.

Objetivando aproximar os tribunaisde contas e as cortes fiscalizadoras dospaíses membros do Mercosul, o TCEpromove em 1995, sob a presidência doconselheiro Nestor Baptista, o I Encon-tro Internacional de Fiscalização doMercosul, na cidade de Foz do Iguaçu,com a presença de representantes devários estados brasileiros e países sul-americanos.

Num mundo cada vez mais globali-zado, o Tribunal de Contas do Paranáintera-se e troca experiências com or-ganismos de controle de várias partesdo mundo, celebrando convênio de co-operação técnica com o Tribunal deContas da Espanha, Tribunal de Contas

de Portugal e Corte dei Conti (da Itá-lia), além dos tribunais de contas da Pro-víncia de Salta e da Província del Cha-co, ambos na Argentina. Em 1996, filia-se à Organização Latinoamericana y delCaribe de Entidades Fiscalizadoras Su-periores – OLACEFS e, em 1997, àEuropean Organization of Regional AuditInstitutions – EURORAI.

Tribunal de Contas do Paranáno novo milênio - O Tribunal de Con-tas inicia o novo milênio diante de umnovo desafio: a Lei de Responsabilida-de Fiscal, de 4 de maio de 2000.

A LRF faz uma verdadeira revolu-ção na administração pública, trazendonovos princípios de aplicabilidade, con-trole, programação e receita pública,além de prever punições fiscais e pe-nais. A regra é não gastar mais do quese arrecada. No âmbito das prestaçõesde contas, traz novos aspectos pontuaisvoltados ao limites, procedimentos e pra-zos.

Como primeira medida, a Corte criauma comissão especial, comandadapelo então procurador e atual conselhei-ro Fernando Augusto Mello Guimarães,para estudos e reflexos da LRF nos es-tados e municípios. São avaliadas asprioridades nos que diz respeito aos tra-

balhos de orientação.Diante desse novo panorama, o TCE

lança, em 2001, o Sistema de Informa-ções Municipais – Lei de Responsabili-dade Fiscal para o envio, através da viamagnética, das informações exigidaspela LRF. Com esse grande passo, onúmero de documentos enviados empapel diminui drasticamente e agiliza aanálise das contas.

No mesmo ano, é lançada a IntranetTC, sistema web privativo do Tribunalde Contas para a publicação de infor-mações com conteúdo de interesse ex-clusivamente interno. Também é feitolevantamento das obras inacabadas noParaná, que revela, em seu relatório, aexistência de cerca de 1.100 obras semconclusão.

Face a essas informações e à ne-cessidade crescente de padronizaçãodos dados enviados pelo município, afamília do Sistema de Informações Mu-nicipais aumenta, com o lançamento doSIM – Prestação de Contas Anual e doSIM – Acompanhamento Mensal, esteúltimo com os sub-módulos “Obras Pú-blicas” e “Contabilidade”.

Os novos sistemas, seguindo o prin-cípio da auditoria sem papel, aperfeiço-am a fiscalização e revelam ao Tribunalde Contas um quadro exato da adminis-tração pública municipal paranaense.Suas informações exatas mostram comoo município está aplicando os recursos.

Estimulando a participação efetiva dasociedade na administração pública, aCorte institui, em 2002, com uma atitu-de pioneira no País, o Programa de Con-trole Social. Através desse mecanismo,a população denuncia o mau uso do di-nheiro público e exerce sua cidadania.Esse ano também é marcado pela no-meação da primeira procuradora-geraldo Tribunal de Contas. A posse de Ká-tia Regina Puchaski confirma a presen-ça cada vez mais forte da mulher naadministração pública.

O primeiro concurso para auditoresrealizado pelo Tribunal de Contas, em

Momento de descontração: representantedo TCE participa de concurso de belezaentre servidoras estaduais.

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2003, também traz renovação ao CorpoEspecial da Casa. Atualmente, são qua-tro os auditores empossados pelo con-curso.

Nesta esteira de inovações, é implan-tado o Analisador Eletrônico de Contas,que verifica todos os dados enviadospela prefeitura em tempo recorde eemite instrução técnica a respeito. Aprimeira análise das contas das prefei-turas referentes ao exercício adminis-trativo de 2003 é feita em 60 dias.

Importante destacar a implantação,em 2004, de dois sistemas novos. Omódulo Atos de Pessoal, novo integran-te do SIM – Acompanhamento Mensal,mapeia toda a estrutura de cargos domunicípio, acompanhando admissões,evolução das carreiras dos servidores,aposentadorias e, sobretudo, salários,inclusive de agentes políticos. Já o SEI(Sistema Estadual de Informações) temcomo meta exercer a fiscalização daadministração direta do Estado com maisrapidez e eficiência, exigindo que os res-ponsáveis pelos órgãos estaduais infor-mem mensalmente as movimentaçõesfinanceiras.

No ano seguinte, o Tribunal de Con-tas dá mais transparência aos seus tra-balhos ao editar, em parceria com De-partamento de Imprensa Oficial, o jor-nal “Atos Oficiais”. A publicação divul-ga, semanalmente, todos os atos do Tri-bunal de Contas, englobando ata dassessões do Tribunal Pleno, votos redigi-dos, editais de intimação, atos de alerta,decisões do Conselho Superior, atos nor-mativos emitidos pela Corregedoria-Ge-ral, despachos, atos normativos do Mi-nistério Público, portarias baixadas pelaPresidência, entre outros.

O ano de 2005 é marcante para oTribunal de Contas. Neste ano, é apro-vada a nova a nova Lei Orgânica daCasa e o novo Regimento Interno, esteinalterado desde 1969. A Corte ganhanovas atribuições e passa a julgar osprocessos através de duas câmaras,cada uma composta por três conselhei-ros. O Tribunal Pleno fica responsávelpor responder às consultas e julgar de-núncias. As diretorias são renomeadas

e é criada a Inspetoria de Controle Ex-terno da Capital, que fiscaliza, exclusi-vamente, o município de Curitiba. Osnovos procedimentos transformam aanálise dos processos dentro da Cortee exigem adequações dos municípios.

No mesmo período a Corte cria suaOuvidoria, aproximando-se mais aindado cidadão paranaense. O novo setor éresponsável por receber denúncias, crí-ticas, queixas e sugestões sobre todosos gestores públicos do Paraná, inclusi-ve do próprio Tribunal.

Ao final desse mesmo ano, o Tribu-nal promove, em Foz do Iguaçu, o XISINAOP – Simpósio Nacional de Au-ditoria de Obras Públicas. O encontromobiliza profissionais de diversas áreasna busca de um caminho que leve aocombate da corrupção em obras públi-cas no País. Como resultado, é divulga-da a “Carta de Foz”, que aponta o pro-jeto básico da obra e o controle socialcomo principais ferramentas de contro-le dessas obras.

Metas para 2007 - O Tribunal deContas inicia o ano de 2007, quandocompleta seu 60º aniversário, como uma

das melhores cortes de contas do país.Presidido pelo conselheiro Nestor Bap-tista, é detentor das técnicas mais mo-dernas de controle, inspeção e auditoriae tem um corpo técnico qualificado epreparado para a grande responsabili-dade que tem em mãos.

Ciente das urgências do novo milê-nio, a Corte tem como prioridade paraesse ano controlar as ações ambientaisdo Estado. O acompanhamento das ati-vidades de planejamento, preservaçãoe recuperação ambiental e, sobretudo,as auditorias ambientais, fazem parte desua lista de trabalho.

A fiscalização rigorosa sobre o ter-ceiro setor também é uma de suas me-tas. A Corte quer preservar as boas ins-tituições e combater aquelas com des-vio de finalidade.

Sem esquecer de treinar os municí-pios na correta prestação de contas, oTribunal de Contas lançou, no início doano, o programa “Passo-a-Passo como Município”. Sua proposta é orientaros representantes das prefeituras, deforma individualizada, a inserir correta-mente as informações solicitadas peloSIM – Acompanhamento Mensal.

O ex-governador Paulo Pimentel é homenageado nas comemorações dos 47 anos do Tribunal.

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ENTREVISTA

Nestor Baptista destacapapel do TCE namodernização doParaná, especialmentecom a nova Lei Orgânicada instituição

“Somos modelo para ostribunais brasileiros”

O advogado e jornalista Nestor Bap-tista conhece o Paraná como poucos.No exercício dessa segunda profissão,viveu a realidade na prática, quandoatuou nas coberturas política e esporti-va em alguns dos principais veículos decomunicação do Estado. Depois, depu-tado estadual por três mandatos, ajudoua escrever a atual Constituição do Pa-raná, em vigor desde 1989.

Nomeado conselheiro do Tribunalde Contas do Estado, em 1989, Bap-tista ampliou o contato com a realida-de paranaense. Foi corregedor-geralda instituição no biênio 90/91 e de2000 a 2002, presidente da Corte en-tre 1994 e 1995 e vice-presidente de2003 até o ano passado. Na presidên-cia, ao mesmo tempo em que busca-va estreitar o vínculo com os agentespúblicos de todo o Estado, desde osmenores municípios, voltou-se para oque havia de mais moderno no exteri-or em termos de gestão pública, fir-mando convênios com tribunais decontas europeus. Em janeiro, Baptis-ta assumiu novamente a presidênciado TCE, para um mandato de doisanos, conforme determina a nova LeiOrgânica do Tribunal. Na entrevistaa seguir, ele analisa o papel da insti-tuição e os avanços por ela obtidos.

Na sua avaliação, qual é a contri-buição dada pelo Tribunal de Con-tas à construção do Paraná nos últi-mos 60 anos?

Ao longo dessas seis décadas, o Tri-bunal de Contas do Paraná se transfor-mou numa das instituições mais prepa-radas e respeitadas do País, referênciae modelo nacional entre os órgãos decontrole externo da administração pú-blica. Tivemos contribuição fundamen-

tal na transformação do Paraná, de umestado agrário e subpovoado, em umadas mais ricas e importantes unidadesda federação brasileira. Conseguimosnos equipar de material técnico e hu-mano para fazer frente à grande deman-da provocada pela intensa urbanizaçãodo Estado nesses 60 anos, com a cria-ção de municípios e o crescimento damáquina estadual. Para se ter uma idéia,o Paraná passou de 63 municípios, em1947, para os atuais 399.

Uma das principais conquistas quequero destacar nesse processo de mo-dernização foi o advento da nova LeiOrgânica do Tribunal, em vigor desdeo início do ano passado. A lei orgânicaanterior era de 1967 e estava totalmen-te superada pela Constituição de 1988,pela Lei de Licitações e a Lei de Res-ponsabilidade Fiscal. Esse novo instru-mento legal nos dá condições de exe-cutar nossa missão, que é de orientare fiscalizar, com mais qualidade, rapi-dez e transparência. Hoje, temos con-dições de dar à sociedade paranaenseuma resposta mais rápida sobre a ges-tão do dinheiro público. Na era da ve-locidade, isso é fundamental, porque osmaus administradores são punidos commais agilidade e os bons recebem o me-recido reconhecimento do cidadão edas instituições.

Quais são as prioridades de suagestão?

O país e as instituições experimen-tam reconhecido processo de trans-formação. Coerente com essa cons-tatação, considero necessário dar agi-lidade às decisões do Tribunal, pois ademora acaba por incentivar a impu-nidade. A auditoria ambiental, pela pri-meira vez, será desenvolvida, comoforma de contribuir para o maior equa-cionamento desse importante setor.As ONGs e as OSCIPs, integrantesdo terceiro setor, serão auditadas parase avaliar o resultado de suas açõesna utilização de recursos públicos. Otreinamento dos agentes políticos e dostécnicos do tribunal constituirá etapaimportante para o aperfeiçoamentodos serviços.

Como podem ser avaliadas, hoje,em termos de regularidade, as con-tas dos municípios paranaenses e doEstado do Paraná? Elas estão avan-çando em transparência ou aindaexistem obstáculos a serem supe-rados?

A estruturação das contas públicas,no Brasil, é complexa e demanda umemaranhado de regras contábeis e jurí-dicas. Por isso mesmo, as contas dosmunicípios –pela carência de profissio-nais especializados– apresentam maisirregularidades técnicas, sem que issorepresente, necessariamente, desvios derecursos. Já as do Estado, pela disponi-bilidade de representativo arsenal téc-nico, apresentam melhor qualidade. Dequalquer maneira, após o advento da Leide Responsabilidade Fiscal, houve ex-pressivo avanço do padrão técnico, datransparência, da gestão fiscal respon-sável e, sobretudo, do planejamento,

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dentro do pressuposto básico, nuclear,de que só é possível gastar o que forarrecadado.

Quais são as irregularidadesmais comuns encontradas pelo TCEem seu trabalho de fiscalização?

Historicamente, as irregularidadesfazem parte da gestão pública, tanto porinexperiência de parte dos responsáveisquanto por certas espertezas condená-veis. As irregularidades mais comunsestão relacionadas à formalização daslicitações, dos aditivos contratuais, não-cumprimento de aplicação percentualindicada pela Constituição em gastoscom educação e saúde, contratações derecursos humanos ilegais, desvio de ob-jeto de gastos, registros contábeis atra-sados e ausência de controle interno dasatividades.

No caso de gestores públicosque cometem faltas graves e atémesmo crimes, o que faz o TCE?

O Tribunal de Contas do Paraná éextremamente rigoroso no controle dascontas públicas, do Estado e dos muni-cípios. Na realização desse controle, háa separação entre erros formais e do-cumentais, dos que envolvem crime deresponsabilidade, estes de natureza gra-

ve. No primeiro caso, aponta-se a cor-reção das anomalias. No segundo, oTribunal desaprova as contas, exige adevolução dos recursos desviados ecomunica a falta ao Ministério Público,para a ação indicada pela lei.

Já houve caso de prisão, no Pa-raná, de administrador público quecometeu alguma falta grave comodesvio ou uso indevido de recur-sos? E, neste caso, ele foi obrigadoa devolver os recursos?

Vários administradores públicos, noParaná, já foram presos, afastados doscargos e responsabilizados por ações ile-gais ou desvio de recursos públicos.Nesses casos, são obrigados a ressar-cir o erário e, por decisão judicial, têmdecretada a indisponibilidade de seusbens e a sua inelegibilidade. As compli-cações são grandes e o gestor geral-mente sofre grave abalo moral e temsua vida pública seriamente prejudica-da. Tanto o Tribunal de Contas, quantoo Ministério Público e o Poder Judiciá-rio, são extremamente rigorosos na san-ção a gestores que desviam recursospúblicos.

Dizem que os TCs fazem umafiscalização excessivamente formal.

Isto é: em clima de papéis, deixan-do de flagrar irregularidades in loco.Essa informação é verdadeira?

A fiscalização exercida pelos Tri-bunais de Contas abrange um aspectoformal, materializado na Prestação deContas, e outro quando realiza audito-rias e inspeções in loco. No caso doTribunal de Contas do Paraná, sua açãona administração do Estado é conco-mitante à realização do ato e feita per-manentemente por meio de Inspetori-as de Controle Externo, em todos ospoderes e órgãos governamentais. Nosmunicípios, em face da existência demais de 1.215 unidades administrativas,a cada ano são selecionados órgãos eentidades a serem auditadas, por regi-ões, o que permite à corte ter exatadimensão do comportamento dos ges-tores. Além disso, a captação de todosos dados de gestão fiscal, através deprograma de informática, permite aoTribunal, a tempo, acompanhar todosos passos de arrecadação e realizaçãode despesas.

Os tribunais de contas têm sidoacusados também de tolerantes de-mais na aplicação da LRF.

Trata-se de afirmação injusta e to-talmente fora da realidade. Após o ad-vento da Lei de Responsabilidade Fis-cal, todos os tribunais de contas alte-raram seu modelo fiscalizador. Nocaso do Paraná, o TCE implantou doisavançados sistemas, denominadosSIM (Sistema de Informações Muni-cipais) e SEI (Sistema Estadual de In-formações), alimentados por dadosoriginários dos municípios e do Esta-do, envolvendo todos os componentesde gestão fiscal relativos às partes or-çamentária, financeira, patrimonial,operacional e administrativa. Essessistemas, inclusive, implicaram emgrandes transformações na contabili-dade e nos controles dos órgãos pú-blicos. As informações são rigorosa-mente analisadas, os erros constata-dos devidamente apontados e é exigi-da a sua correção. Portanto, nada detolerância com as exigências da Leide Responsabilidade Fiscal.

NESTOR BAPTISTANascido em Ponta Grossa • 58 anos • É casado com Maria Lubiana Baptista • Advogado,formado pela Universidade Federal do Paraná • Jornalista profissional, atuou nas áreasesportiva e política, em rádio, TV e jornal • Deputado estadual por três legislaturas (1979-82,1983-86 e 1987-90) • Foi nomeado conselheiro do TCE em 1989.

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ATUALIDADE

Estado amarga o pior IDH da região Sul e, ao longo de décadas, não conseguiuamenizar as desigualdades regionais que derrubam seus indicadores

Paraná moderno e ricocontrasta com bolsõessubdesenvolvidos

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É verdade que o estilo de vida pre-dominante da população rotula o povoque vive dentro daquelas fronteiras.Quem não conhece a fama dos cario-cas como povo alegre, ou dos paulistascom sua preocupação excessiva com otrabalho? A indolência baiana, as proe-zas e exageros dos gaúchos, a capaci-dade de negociar dos mineiros?

Os paranaenses são vistos pelosbrasileiros como frios e sisudos, masreconhecidos como cultos, organiza-dos, de hábitos europeus. Esta ima-gem não nasceu por acaso. Foi culti-vada anos a fio. Curitiba, a capital dosparanaenses, era conhecida com “ci-dade universitária”. Os curitibanos“venderam” a imagem de um povoeducado, elegante, e Curitiba uma ci-dade moderna, inovadora, de excelentequalidade de vida.

A pergunta é: fazemos jus a estafama? Talvez sejamos mesmo sisudosdemais. Mas modernos, educados, comexcelente qualidade de vida? Dependede como se olha. Temos o pior Índicede Desenvolvimento Humano (IDH)dentre os três Estados do Sul – o IDH éum índice criado pela Organização dasNações Unidas (ONU) para medir aqualidade de vida da população a partirde indicadores como educação, longe-vidade e renda.

Mas, se olharmos por outro lado, oSul é, dentre as cinco regiões geoeco-nômicas brasileiras, a que tem o IDHmais alto (0,807). Tem também a se-gunda maior renda per capita brasilei-ra – R$ 10.703,60, perdendo apenaspara a Região Sudeste.

Mas, no Paraná, tudo é relativo. Osul do Estado foi colonizado por imigran-tes europeus – ucranianos, poloneses,holandeses, alemães e italianos, princi-palmente. Já o oeste e o sudoeste rece-beram migração de gaúchos, descen-dentes de europeus, enquanto toda aregião norte foi ocupada por paulistas emineiros, que trouxeram depois mão-de-obra do Nordeste. Um caldeirão cultu-ral extraordinário, que aos poucos vaise misturando, compondo um tipo comjeito paranaense.

O fato é que essa característica ét-nica e as condições da economia lo-cal forjaram regiões completamentedíspares. É notório o vigor da econo-mia no Oeste ou no Norte Novo doParaná, contrastando com a pobrezado Vale do Rio Ribeira e do Litoral,ou o modesto crescimento do chama-do Norte Velho de Jacarezinho. O re-sultado é um Estado dividido pelos in-dicadores. Mesmo cidades como Cu-ritiba, Londrina, Maringá, Cianorte,Cascavel e Toledo exibem índices dedesenvolvimento humano abaixo deoutros Estados, até mesmo menos ri-cos que o Paraná.

Poucos governantes atacaram defrente o problema das desigualdades re-gionais ao longo da história. Prova dis-so é que só recentemente, em 2005, osmunicípios de Adrianópolis e Tunas do

Paraná, no Vale do Ribeira, foram liga-dos por asfalto ao resto do Estado, pelaBR-476. O número de propriedades ru-rais sem eletricidade na região do AltoRibeira é digno de estatísticas do Nor-deste brasileiro.

No Litoral, cidades como Pontal doParaná, Morretes, Antonina e Guara-queçaba, apesar de turísticas, têm ín-dices de tratamento de esgoto próxi-mos de zero. A Ilha do Mel, paraísoturístico, até hoje não tem um eficientesistema de abastecimento com água docontinente. A coleta e o tratamento deesgoto praticamente não existem nafaixa litorânea.

Exemplos como os apresentadosnesta reportagem mostram o atual es-tágio de desenvolvimento e as desigual-dades regionais que ainda permanecemno Paraná.

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PODER CENTRAL

Estrutura pública paranaense gere orçamentoanual superior a R$ 17 bilhões, paraatender necessidades de uma populaçãoque já supera os 10 milhões de habitantes

Três Poderes,um só Estado

Quando foi instalada a Província doParaná, em 19 de dezembro de 1853,Zacarias de Góis e Vasconcelos, nome-ado primeiro presidente da nova unida-de federativa, logo deixou explícita suamaior preocupação como governante:como povoar um território de 200 milquilômetros quadrados que contava comapenas 60.626 habitantes? Passados 154anos, o Paraná é um Estado completa-mente povoado.

As duas cidades existentes em me-ados do século XIX –Curitiba e Para-naguá– multiplicaram-se, e hoje são399. A população passa dos 10,5 milhõesde habitantes.

O Paraná é hoje um Estado moder-no, organizado, com um orçamento anu-al de mais de R$ 17 bilhões. Conheça aestrutura do poder estatal paranaense,sua divisão e o tamanho dessa máquinaque organiza e dá suporte a todas asatividades econômicas, além de suprirnecessidades básicas da população,como educação, saúde, saneamento esegurança.

Poder Executivo - O Poder Exe-cutivo está organizado em uma estrutu-ra que tem à frente o governador e ovice-governador. Abaixo estão, na ad-ministração direta, 21 secretarias deEstado, sete secretarias especiais, 21autarquias, sete universidades estadu-ais e 12 faculdades. Uma gigantescamáquina que consome mais de R$ 16bilhões anuais.

Também estão diretamente subordi-nados ao governador os chamados ór-gãos da administração indireta. São, aotodo, 13 empresas públicas e socieda-des de economia mista –Copel, Sane-par, Cohapar, Compagás, Ferroeste,Claspar, Tecpar, entre outras– e cincoentidades de serviço social autônomo –Paraná Previdência, Paranacidade, Eco-paraná, Paranaeducação e Paraná Tec-nologia.

Apesar do grande número de se-cretarias, empresas e autarquias, amaior parte das despesas está concen-trada nas secretarias de Educação,Saúde, Segurança, Administração eFinanças. Juntas, elas consomem R$12 bilhões, quase três quartos do or-çamento do Estado.

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Poder Judiciário - Cabe ao Judi-ciário a distribuição da justiça. No Pa-raná é composto por vários órgãos, sen-do os mais importantes o Tribunal deJustiça e o Ministério Público. O Tribu-nal de Justiça é integrado por 120 de-sembargadores. Sob sua coordenaçãotrabalham em todo o Estado 304 juízesde entrância final, 143 juízes de entrân-cia intermediária, 85 juízes de entrânciainicial e 41 juízes substitutos.

Poder Legislativo - O PoderLegislativo é representado pela As-sembléia Legislativa, que tem comoórgão de assessoramento o Tribunalde Contas do Estado. Na estrutura depoder, a Assembléia é uma casa derepresentantes, na qual cada cidadãoestá simbolicamente presente, pormeio de seu deputado. A principal ta-refa da Assembléia é produzir leis queordenem a vida do Estado. Cabe-lhetambém as tarefas de centralizar asreivindicações dos cidadãos e de fis-calizar os atos do Poder Executivo.

A Assembléia do Paraná tem umplenário composto por 54 deputadosestaduais, eleitos por voto direto e pro-porcional. Os parlamentares estão reu-nidos em blocos partidários de diver-sas tendências que, por sua vez, seunem em dois grandes blocos – situa-ção e oposição. É esta correlação deforças que dá vida ao parlamento,apoiando ou reprovando os atos doExecutivo, legitimando ou questionan-do os governantes.

As sedes dos Três Poderes no Paraná:Palácio Iguaçu, que abriga o Executivo

(acima), Assembléia Legislativa eTribunal de Justiça (fotos abaixo); todos

esses prédios estão concentrados noCentro Cívico, em Curitiba.

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AGRICULTURA

Agronegócio retomacrescimento erecupera renda

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Melhora no clima e nos preços internacionais de milho esoja e até a nova demanda por combustíveis renováveispodem levar o Paraná a uma nova safra recorde

Após dois anos em queda, a produ-ção agrícola do Paraná retoma o cres-cimento e volta a aquecer a economiado estado, que tem 1/3 de seu ProdutoInterno Bruto (PIB) escorado no desem-penho do agronegócio. Soja e milho de-vem produzir, juntos, mais de 25 milhõesde toneladas. As duas culturas, que noano passado não atingiram 20 milhõesde toneladas, respondem por 90% dasafra agrícola paranaense.

Técnicos da Organização das Co-operativas do Paraná (Ocepar) des-tacam, no entanto, que o resultado ob-tido em 2006 foi prejudicado pela es-tiagem que castigou o campo. Ou seja,houve um incremento positivo, mas éimportante salientar que o aumento sedeu em cima de uma base pequena.Ainda assim, os números mostram queo setor retoma uma linha ascendente.Em volume, a atual safra deve supe-rar ou então ficar muito próxima donúmero recorde verificado em 2003,quando o estado colheu 11,01 milhõesde toneladas de soja e 14,3 milhõesde toneladas de milho. Para este anosão estimadas 12 milhões de tonela-das de soja e de 13 a 14 milhões tone-ladas de milho.

Além do bom resultado no campo,proporcionado em grande parte pelocomportamento do clima, os preços in-ternacionais das principais commoditi-es agrícolas se mantém acima das mé-dias históricas, cenário que colaborapara a recomposição da renda do pro-dutor rural. Com isso, empresas de in-sumos, que nos últimos dois anos redu-ziram o quadro de pessoal por causa dacrise, voltam a contratar. Isso acontececom fábricas de máquinas e implemen-tos e agroindústrias, mas também sereflete no comércio, na prestação deserviço e até nas prefeituras dos peque-nos municípios que têm, muitas vezes, aagricultura como principal fonte de ar-recadação.

O clima foi determinante, mas o viésde alta no segmento também se deve àdemanda por combustíveis renováveis,produzidos a partir de milho e soja. En-quanto no Brasil a soja está virando bi-odiesel, nos Estados Unidos o milho co-meça a ser utilizado em larga escala paraa produção de etanol (álcool combustí-vel). Ou seja, novas demandas, para finsespecíficos, que ajudam a sustentar pre-ço e dar vazão ao aumento na ofertamundial de grãos.

O peso das dívidasA Federação da Agricultura do Paraná (Faep) alerta que o período é de

recuperação, porém não de euforia, pois a conta ainda não fecha. É certoque o dinheiro do agronegócio volta a circular no Estado, mas as dívidasacumuladas nos anos de crise ainda comprometem a renda do produtor.Somente no Paraná, o Banco do Brasil renegociou R$ 1,8 bilhão em com-promissos financeiros vencidos em 2005 e 2006. E as repactuações, comcarência até 2011, começam a vencer neste ano e somam-se à dívida decusteio da atual safra.

Em todo o País, as entidades do agronegócio calculam que a dívida total,com agentes financeiros, tradings e cooperativas ultrapasse R$ 20 bilhões.Mas o real tamanho do endividamento e a capacidade de pagamento do agri-cultor ainda é uma incógnita.

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TECNOLOGIA

País economizará R$ 90 milhões anuais ao deixar decomprar no exterior medicamentos de alta complexidadeque é obrigado a fornecer a pacientes do SUS

Uma parceria entre o governo para-naense e o do Canadá para desenvolvi-mento, transferência de tecnologia eprodução de medicamentos de alta com-plexidade, que hoje são totalmente im-portados, vai atender à demanda doMinistério da Saúde. Com o convêniofirmado pelo Instituto de Tecnologia doParaná (Tecpar) – ligado à Secretariade Estado da Ciência, Tecnologia e En-sino Superior – com a empresa Prome-tic Life Sciences do Canadá, o Estadofica autorizado a fabricar biofármacoscomplexos na planta de produção deinsumos da instituição, na Cidade Indus-trial de Curitiba, visando atender aomercado nacional.

“Essa interação é benéfica, não sópara o Paraná, mas para o Brasil, jáque o Ministério da Saúde vai econo-mizar cerca de R$ 90 milhões por anocom a importação de medicamentos”,assegura o diretor-presidente do Te-cpar, Mariano de Matos Macedo. Parase ter uma idéia do que representa afabricação de medicamentos de altacomplexidade no país, o Ministério daSaúde gastou cerca de R$ 1 bilhão nofornecimento de 14 medicamentos dedispensação obrigatória, ou seja, pro-dutos que o SUS (Sistema Único deSaúde) é obrigado a ter em seu balcãopara fornecimento aos pacientes. Com

a importação de apenas um remédiopara atender 500 pacientes, o Ministé-rio gastou, em 2005, R$ 180 milhões.“Quanto mais rara a doença, mais caroé o medicamento. Daí o interesse”,observa Mariano.

É trabalho para três anos, entre as-sinatura do contrato de parceria, refor-mas necessárias no prédio e treinamentode pessoal. O Governo do Estado deveinvestir cerca de R$ 30 milhões nessaempreitada. “É um custo relativamentepequeno se considerarmos o benefícioque esse laboratório trará”, assinalaMacedo.

Estrutura própria - De acordocom Renato Rau, do Tecpar, o que cha-mou a atenção dos canadenses foi ofato de o Paraná já possuir estruturaprópria para a produção do medica-mento, faltando apenas algumas adap-tações. “Com isso teremos vantagens,como menor tempo na execução dasobras e aquisição de apenas algunsequipamentos necessários para a pro-dução em larga escala”, observa. “Obenefício é muito grande para o paíse principalmente porque colocaremosem funcionamento um laboratório queestava inoperante há mais de dezanos”, resume.

Renato Rau conta que havia preo-

cupação com a utilização do labora-tório, já que, ali, estavam equipamen-tos avaliados em mais de R$ 10 mi-lhões, sem uso. “Isso nos angustiava.Agora, temos a oportunidade de res-gatar esse complexo, com a nova plan-ta”, avalia. Enquanto o local é refor-mado, o pessoal que vai trabalhar nolaboratório passará por treinamentoespecífico, com técnicos pesquisado-res canadenses.

Fundo - A discussão para a instala-ção de um laboratório para desenvolvi-mento de plataforma de alta tecnologiateve início numa viagem que o gover-nador Roberto Requião fez ao Canadá,em 2004. “A intenção do governador éfazer um programa de governo com de-senvolvimento de tecnologia avançada.E estamos bem próximos de conquistaresse destaque, que será bom não só parao Paraná, que será pioneiro no país, mastambém para o Ministério da Saúde”,comemora a secretária de Estado daCiência, Tecnologia e Ensino Superior,Lygia Pupatto. “Esse é um programa degrande porte, e os recursos para viabili-zação dessa plataforma de biotecnolo-gia virão do Fundo de Ciência e Tecno-logia do Estado, que vai investir R$ 14milhões, e da contrapartida do Ministé-rio da Saúde”, completa.

Tecpar nacionalizafabricação de remédiode alto custo

Tecpar nacionalizafabricação de remédiode alto custo

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O Instituto de Tecnologia do Para-ná (Tecpar) é uma empresa pública vin-culada à Secretaria de Estado da Ci-ência, Tecnologia e Ensino Superior. Éuma instituição de pesquisa, desenvol-vimento, produção e prestação de ser-viços.

Com 60 anos de existência, o Tecpartem uma trajetória de conquistas no Pa-raná e no Brasil. Originado do Labora-tório de Análises e Pesquisas, fundadoem 1940, e embrião do Instituto de Bio-logia e Pesquisas Tecnológicas (IBPT),o Instituto de Tecnologia do Paraná éhoje reconhecido como um centro dereferência nacional.

Atua nas áreas de produção de imu-nobiológicos e antígenos, química fina eprestação de serviços atendendo às de-mandas da sociedade. Ocupa posiçãode destaque entre os principais forne-cedores de vacinas para o Governo Fe-deral. Uma completa estrutura de labo-ratórios e uma equipe de profissionaiscapacitados no Brasil e no exterior via-bilizam a produção de imunobiológicosde qualidade.

Referência nacional, há 60 anosÉ o maior produtor nacional de vaci-

na anti-rábica de uso veterinário, comprodução anual de mais de 30 milhõesde doses para serem distribuídas peloMinistério da Saúde e começa a produ-zir vacinas com base em cultivo celular,cumprindo a meta de melhoria do pa-drão tecnológico.

Uma das áreas mais tradicionais doTecpar, a área técnica, presta cerca dedez mil serviços especializados por ano,entre análises e ensaios, para diversossetores econômicos. É um importanteapoio a órgãos e empresas no registrode novos produtos, controle da qualida-de, inspeção, pesquisa de contaminan-tes e realização de testes exigidos pelalegislação para importação e exporta-ção de produtos.

Dentre as atividades prestadas pelaárea técnica estão também a pesqui-sa e o desenvolvimento de projetos deInteligência Artificial, os programasde extensão, que têm por finalidade oapoio às soluções de problemas tec-nológicos para empresas e comunida-de, visando à modernização e à ino-

vação tecnológicas principalmente demicro, pequenas e médias empresas,e uma unidade de certificação, queatesta se produtos, processos e/ouserviços estão em conformidade comnormas nacionais, estrangeiras ou in-ternacionais.

O Tecpar mantém ainda na sua es-trutura a Incubadora Tecnológica deCuritiba (Intec), a Agência Paranaensede Propriedade Industrial (APPI), o Ins-tituto de Biologia Molecular do Paraná(IBMP) e o Centro Brasileiro de Refe-rência em Biocombustíveis (Cerbio). Étambém um dos executores do Progra-ma Nacional de Produção e Uso do Bi-odiesel, além de participar do Progra-ma Paranaense de Bioenergia e Bio-combustíveis.

A sua sede é na Cidade Industrialde Curitiba, mas possui outras quatrounidades: Produção de Vacinas e Antí-genos e o Laboratório de Química Fina,no bairro do Juvevê; um Biotério (Gran-ja Maria Luiza) em Araucária; um Bio-tério em Jacarezinho; e uma Unidadede Serviços em Maringá.

Sede do Tecpar, na Cidade Industrial de Curitiba: reconhecida como centro de referência nacional, instituição investirá mais de R$ 30 milhões para retomar produção de medicamentos.

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Tecnologia de ponta epessoalespecialmentetreinado farão partedo centro deprodução.

Equipamentos modernos,avaliados em R$ 10milhões, estavamparados e agora serãousados no novo projetodo Tecpar.

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Toda a produção brasileira de sorocontra a picada da aranha marrom saide um laboratório pertencente ao gover-no paranaense localizado em Piraquara(Região Metropolitana de Curitiba). OCentro de Produção e Pesquisa de Imu-nobiológicos (CPPI), ligado à Secreta-ria de Estado da Saúde, desenvolveu eobteve registro do produto na AgênciaNacional de Vigilância Sanitária (Anvi-sa) e hoje produz 5 mil doses por ano,distribuídas na rede pública de saúde detodo o país.

A busca por um medicamentomais eficaz contra a aranha marrom(Loxosceles) se intensificou a partirda década de 1990, com o aumentoda ocorrência de ataques desse ani-mal, especialmente em Curitiba. Atéentão, somente o Instituto Butantan,de São Paulo, produzia um soro ge-nérico, para a picada de todas as es-pécies de aranha e escorpiões. Onovo medicamento começou a serusado no Paraná em 1996 e, em 2003,passou a ser distribuído em todo oBrasil, por meio de um convênio como Ministério da Saúde.

Uma solução paranaensecontra a aranha marrom

A aranha marrom mede entre 3 e 4centímetros e uma das mais comunsentre as espécies de aranhas existentesno Brasil. Sua picada causa ulceraçõesna pele, com dor semelhante à de umaqueimadura, e pode levar à morte, porinsuficiência renal aguda. Ela possui há-bitos noturnos e sua pica-da é imperceptível, o queatrasa o tratamento.

Curitiba é a cidadebrasileira com a maior in-cidência desse aracnídeo.Nos últimos anos, tem re-gistrado uma média de 3mil casos. A última morteocorreu em 1995. Suaproliferação está ligadaao desmatamento e à re-dução dos predadores na-turais, como lagartixa,sapo e galinha. Além dosoro desenvolvido peloCPPI, o tratamento utili-za o soro antiaracnídico eoutros medicamentos.

Curitibalidera casos

“A principal vantagem do nossosoro é de que ele garante uma prote-ção maior contra as lesões renais pro-vocadas pelo veneno da aranha mar-rom, a principal causa de morte nessetipo de envenenamento”, explica o ve-terinário Rubens Gusso, diretor doCCPI. Para ter eficácia, o medica-mento deve ser aplicado até 48 horasapós a picada.

Além do soro contra a aranha mar-rom, o CPPI produz também soro paraa picada de cinco espécies de cobrasdo gênero Bothrops, conhecidas comojararacas – cuja produção atinge 5 mildoses anuais –, o Antígeno de Monte-negro, usado no diagnóstico da leish-maniose (do qual também é o único pro-dutor nacional) e o esteriteste, um in-dicador biológico para o controle doprocesso de esterilização de materiaiscirúrgicos.

A obtenção dos dois tipos de soroutiliza cavalos, doados pela Polícia Mi-litar do Paraná. Os animais recebempequenas doses de veneno e desen-volvem anticorpos para proteger seusorganismos do ataque. Parte do san-gue dos cavalos é coletada, para a fa-bricação do soro, que utilizará os an-ticorpos. Algumas etapas da produçãodos soros são realizadas em animaisde laboratório, como coelhos e camun-dongos.

O CPPI está completando 20 anosem 2007. O centro foi instalado em umaárea de 20 alqueires, que pertencia aoHospital São Roque, que atendia paci-entes com hanseníase e foi desativadocom a mudança de terapêutica para essadoença. A partir deste ano, o centrodeverá receber investimentos do gover-no paranaense para ampliar sua capa-cidade de produção.

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TECNOLOGIA

Processo ganhou impulso a partir dos anos 90e hoje integra todas as divisões do Tribunal

No TCE,informáticaavança e açõessão interligadas

O diretor de Tecnologia da Informa-ção, Djalma Riesemberg Júnior, lembraque a informatização no Tribunal deContas do Estado começou a avançarno início dos anos 90. Hoje, comenta ele,o processo está presente desde a emis-são de protocolo de uma prestação decontas até a publicação da decisão co-legiada definida nos Atos Oficiais. Querdizer: tudo passa pela tecnologia da in-formação.

Cada unidade administrativa utilizaos recursos tecnológicos para emissãode pareceres e instruções técnicas, con-sulta ao acervo, jurisprudência e legis-lação, acompanhamento processual edisponibiliza informações ao público ex-terno através da internet. “Estamos evo-luindo. Começamos, em 1993, com ape-nas um computador para serviços inter-nos – folha de pagamento, pauta e trâ-mite processual – e hoje a realidade ébem diferente.”

Os microcomputadores foram che-gando e sendo ligados em rede, com in-vestimentos em hardware e ampliaçãoda capacidade de armazenamento dedados. Riesemberg Júnior conta queneste ano o Tribunal de Contas está vi-

abilizando o Termo de Cooperação Téc-nica com a Celepar (Companhia de In-formática do Paraná), para a incorpo-ração da tecnologia de software livrenas suas aplicações.

Lei Fiscal - No âmbito da presta-ção de contas, a informatização tevesua evolução a partir da Lei de Res-ponsabilidade Fiscal, em 2001. Deacordo com os princípios da lei, foilançada a primeira versão do Sistemade Informações Municipais – SIMLRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).Houve, em seguida, a incorporaçãodo SIM AM (Acompanhamento Men-sal) e o SIM PCA (Prestação de Con-tas Anual).

O SIM é um banco de dados cominformações mensais dos sistemasorçamentário e financeiro das ges-tões das finanças públicas dos muni-cípios. Compõe a prestação de con-tas anual e auxilia no planejamentoda realização das auditorias, além dedisponibilizar informações para ospúblicos externo, interno e serviçospela internet.

“Em termos de prestação de contas,

Diretor Djalma Riesemberg Júnior:avançamos, mas ainda estamos no começo.

a informatização trouxe padronização daanálise, rapidez e agilidade”, comentaRiesemberg Júnior. Segundo ele, o SIMfacilita a organização da contabilidadepara o município e o acesso de infor-mações online, inibindo falhas na pres-

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Prestação de Contas Online• As prestações de contas municipais e demais informações sãoencaminhadas pelos jurisdicionados através do SIM ao Tribunal de Contaspela internet.

• Cada município possui uma senha de acesso.

• Só há interferência da DTI no processo de prestação de contas se algumaentidade municipal estiver com problemas de envio ou recebimento deinformações.

• Uma vez de posse dos dados enviados pelas entidades municipais aanálise é automática.

• Levam-se em média 30 dias para a análise das contas das 399 prefeiturasdo Estado.

• Cerca de 10 documentos são requeridos pelo TC, em papel, para ser feitaa verificação e complementação da análise.

vo acerca da regularidade ou nãodestas contas”, explica RiesembergJúnior.

Hoje e amanhã - Já o SIM-AMaborda as informações a respeito deconvênios, obras públicas, licitações econtratos de administração indireta, exe-cução orçamentária, financeira e patri-monial das entidades municipais a cadabimestre. Ao lado do SIM-PCA consti-tuem a base de dados para a análise dascontas anuais dos municípios.

Em conjunto com este sistema deprestação e análise de contas munici-pais foram lançados, com a mesma fi-losofia, outros dois: O SEI (Sistema Es-tadual de Informações) criado em 2003,que faz o acompanhamento total dasgestões orçamentária, contábil, financei-ra e patrimonial pública do Estado, bemcomo a prestação de contas anuais dogoverno paranaense.

“O SEI é uma ferramenta que captadados para compor os Relatórios Qua-drimestrais das Inspetorias de ControleExterno, mas ainda não é 100% eletrô-nica”, diz o diretor da TI.

No final de 2004, o SINTE (SistemaIntegrado de Transferências Voluntári-as Estaduais) começou a dar os primei-ros passos. O projeto capta dados rela-tivos às transferências voluntárias rea-lizadas pelo Estado a entidades munici-pais com contas informatizadas. Ao con-trário da prestação de contas, este pro-cedimento é feito em papel.

Embora o Tribunal de Contas estejacomemorando 60 anos, Riesemberg Jú-nior já pensa na instituição no futuro: “Oque fomos até aqui diz muito do passa-do autoritário, policialesco e burocráti-co do Estado. O que somos hoje, de-monstra evolução, para alguns, inimagi-nável. O que poderemos ser está na mãode cada um dos seus membros e cola-boradores: transparência, efetividade econtrole social. São os valores que pre-tendemos desenvolver para uma socie-dade realmente melhor. Que o Estado,do qual fazemos duplamente parte, façao que precisa, da melhor forma, no tem-po certo e de maneira justa.”

Novos equipamentos e estações de trabalho fazem parte da Diretoria de Tecnologia da Informação.

tação de contas.O Sistema de Informações Muni-

cipais – Prestação de Contas Anualé responsável pelo recebimento e aná-lise das prestações de contas das en-tidades. Ocorre a cada exercício fi-

nanceiro e os administradores têmprazo de envio até o dia 31 de marçode cada ano. “Através do SIM-PCAé efetuada a análise das prestaçõesdos prefeitos e demais gestores e, aofinal, é emitido um parecer conclusi-

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SANEAMENTO BÁSICO

Estado subsidia fornecimento para famílias carentes;Tarifa Social da Sanepar já beneficia 1,46 milhão depessoas, ou 12% da população paranaense

No Paraná, a Companhia de Sa-neamento do Estado, Sanepar, optoupelo atendimento às famílias caren-tes, pelo qual já beneficiou mais de1,46 milhão de pessoas, ou cerca de362,5 mil famílias. Ampliada em ja-neiro de 2004, a Tarifa Social da Sa-nepar beneficia mais de 12% da po-pulação do Estado.

A Tarifa Social é o programa daempresa que garante o acesso à águatratada e de qualidade para as famíliascarentes do Estado. Com o cadastra-mento no programa, as famílias pagamsomente R$ 5,00 pela água e R$ 2,50pelos serviços de esgoto.

O presidente da companhia, StênioJacob, explica que a Tarifa Social daSanepar está levando às pessoas me-nos favorecidas muito mais do que água.“Estamos garantindo mais saúde e qua-lidade de vida para todas as famílias doParaná que não tinham condições depagar por esse serviço”.

“A tarifa diferenciada é um dosmaiores instrumentos de justiça socialpraticada pelo governo Requião”, afir-ma Jacob. Ele sustenta que a econo-mia com o pagamento dos serviços desaneamento auxilia as pessoas que en-frentavam situações difíceis e que ago-ra têm acesso a serviços de qualidadee que eliminam os riscos de contrairdoenças transmitidas pela água conta-minada. “O valor que deixa de ser pagoà empresa está sendo usado pelas fa-mílias pobres para suprir outras neces-

sidades essenciais”, comenta Jacob.Em Curitiba, no período de 2003 a

2006, a empresa abriu mão de cercade R$ 23 milhões em faturamento,“para cumprir sua responsabilidadesocial de dar acesso à água tratada aoscuritibanos de menor renda”, ressaltaJacob.

Por meio da Tarifa Social, por exem-plo, 52.238 famílias curitibanas passa-ram a ter acesso aos serviços de águae esgoto, pagando preço diferenciado.Em janeiro de 2003 apenas 4.279 famí-lias estavam cadastradas.

Investimentos - Dados da empre-sa mostram que no período de 2003 a2006, os investimentos da Sanepar vãoalém de R$ 1 bilhão e 400 milhões. Ape-nas no ano passado, a cifra atingiu omontante de R$ 500 milhões.

As novas obras aumentaram em27% o total das ligações de esgoto sa-nitário e em 12% as de água. A infra-estrutura instalada permite atender 8,4milhões de paranaenses com água tra-tada e 4,3 milhões com coleta e trata-mento do esgoto doméstico.

“Os investimentos em saneamen-to têm contribuído para diminuir as do-enças de veiculação hídrica no Para-ná”, afirma o presidente da compa-nhia, Stênio Jacob. Ele lembra que asobras nos sistemas de esgoto apresen-tam como valor agregado melhoriasdas condições ambientais das viaspúblicas – com a eliminação de valas

onde o esgoto corria a céu aberto – edos rios.

“Ao eliminarmos o lançamento decarga orgânica em rios e córregos es-tamos criando um ambiente melhor paratodos”, enfatiza o presidente da com-panhia. Graças à eficiência do tratamen-to, o efluente – parte líquida do esgototratado – é lançado nos rios, sem apre-sentar riscos ambientais.

Nos municípios onde a empresa éresponsável pelos serviços, 99% da po-pulação urbana é atendida com águatratada e 48,7% com esgoto sanitário.Dos 399 municípios do Estado, a Sane-par atua em 344 fornecendo água em622 localidades. O serviço de coleta ede tratamento do esgoto está implanta-do em 147 cidades.

Justiça social comágua mais barata

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Na capital paranaense, 99,9% dapopulação conta com o serviço de águae 80,9% com serviço de esgotos sanitá-rios. De 2003 a 2006, a Sanepar inves-tiu no município de Curitiba R$ 297 mi-lhões. Para o período de 2007 a 2010, aprevisão é investir mais R$ 235 milhões.

“O governo do Estado e a Saneparestão investindo pesado no município deCuritiba. Estas obras têm reflexo diretona qualidade de vida das pessoas”, en-fatiza o presidente da empresa.

O impacto positivo das obras exe-cutadas pela Sanepar pode ser aferidopela variação dos principais indicadores.O número de ligações de água, que era

Curitiba amplia sistema de captaçãode 378.453 em janeiro de 2003 passoupara 415.095 em dezembro de 2006.

Quanto às ligações de esgoto, segun-do Jacob, “ocorreu um salto expressivono nível de atendimento, pois cerca de210 mil curitibanos passaram a ter aces-so ao serviço”. O total de ligações, queera de 247.283, passou, no final de 2006,para 300.933. Com isso, o índice de co-leta, que no início de 2003 era de 74,6%,aumentou para 80,9%.

Entre os principais empreendimentosque beneficiam Curitiba, está a constru-ção da barragem Miringuava, que vai con-tribuir para ampliar as condições de abas-tecimento com água tratada. Outras obras

que se destacam é a construção da bar-ragem Piraquara II, que consumiu maisde R$ 18 milhões e vai armazenar maisde 20 milhões de m³ de água. Nos próxi-mos dois anos, serão investidos R$ 83,2milhões na implantação de mais 486.814metros de rede coletora de esgoto, cercade 27 mil novas ligações de esgoto e, ain-da, o sistema de pós-tratamento nas esta-ções Santa Quitéria e Atuba Sul.

Segundo Stênio Jacob, a Sanepardesembolsou mais de R$ 14 milhões, derecursos próprios, apenas no pagamen-to de desapropriações a antigos propri-etários da área a ser alagada pela obraPiraquara II.

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SAÚDE

Tribunal de Contas, Ministério Público econselhos estadual e municipais farão umcompleto “raio x” dos programas, políticase até da aplicação de recursos na área

A fiscalização dosistema é omelhor remédio

O conselheiro Fernando AugustoMello Guimarães criou duas frentesde trabalho para atuar na área de saú-de do Estado. Uma equipe dará aten-ção às avaliações institucionais e ou-tra atuará especificamente nos progra-mas de governo visando o efetivo re-torno à sociedade. “Nosso trabalhocomeça pela estrutura organizacionalda Secretaria de Estado da Saúde paraidentificar se, realmente, está aten-dendo as necessidades de saúde à po-pulação paranaense”, explica PauloCésar Sdroiewski, da 5ª Inspetoria deControle Externo.

As equipes vão avaliar, em doisanos, 23 programas na área da saúdepara ver se eles estão, efetivamente,cumprindo com suas políticas públicasde saúde. Além da esfera estadual, otrabalho contempla também os gover-nos federal e municipais, numa intera-ção e integração, buscando informa-ções desde a origem até a aplicaçãodos recursos públicos. “Vamos atuarjunto a hospitais e obras públicas naárea”, disse Sdroiewski.

Segundo o chefe da inspetoria, cadaobra na área da saúde será avaliadadesde seu projeto, sua construção, re-forma ou manutenção. “Queremos veros recursos aplicados, equipamentos,

O secretário estadual de Saúde, Cláudio Xavier: inve

recursos humanos e capacitação técni-ca”, observou. Este trabalho, explicaSdroiewski, tem como parceiros o Mi-nistério Público estadual, os ConselhosEstadual e Municipais de Saúde e o pró-prio Ministério da Saúde.

A assessora jurídica, Simone Ma-nasses Guimarães, explica que o focodo trabalho está voltado ao desenvol-vimento de projetos para capacitaçãode conselheiros de saúde. “É precisoque os conselhos exerçam o controlena despesa e receitas da área de saú-de. A responsabilidade do Fundo deSaúde, que vai gerir os recursos dosetor, passa a ser do secretário – esta-dual ou municipal – da saúde e nãomais do prefeito”, disse.

O secretário estadual da Saúde,médico Cláudio Xavier, sustenta queo governo cumpre a Lei de Respon-sabilidade Fiscal, que determina gas-tos de 12% no setor. Segundo ele, em2003 foram investidos R$ 311,7 mi-lhões, em 2004 passou para R$ 437,66milhões e em 2005 chegou a R$525,68 milhões.

Xavier revela que os recursos cana-lizados para a área de saúde envolvema soma de R$ 140 milhões na constru-ção, reforma ou ampliação de 24 hospi-tais em todo o Estado.

Enquanto o governo estadual anun-cia a construção de novos hospitais nosetor público, na iniciativa privada o pa-pel é inverso. De janeiro de 2006 a maiode 2007, pelo menos 50 empresas desaúde foram fechadas no Paraná, inclu-indo 17 hospitais. Somente na últimadécada, perto de 300 estabelecimentosfecharam as portas, provocando o de-saparecimento de mais de 10 mil leitoshospitalares, cerca de um quarto delesda área de psiquiatria.

Cenário sombrio - A informaçãofoi dada à Revista do Tribunal deContas pela Federação dos Hospitaisdo Estado do Paraná (Fehospar), queafirma que o cenário sombrio tem ori-gem principalmente no contido inves-timento do setor público em saúde, jáque a falta de regulamentação daEmenda Constitucional 29 deixa bre-chas para que a União, Estados emunicípios não apliquem os percentu-ais estabelecidos.

Com poucos recursos, explica a en-tidade empresarial, o que se observa éuma remuneração não compatível comos custos, considerando que a maioriados procedimentos não é reajustadadevidamente desde a edição do PlanoReal, há quase 13 anos.

As perspectivas são ainda mais pes-

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simistas considerando que a avalanchede hospitais fechados ou que se desli-gam do sistema público tende a conti-nuar. Levantamento recente feito pelaFehospar indica que há pelo menos ou-tros 50 hospitais com poucas chancesde sobrevivência, em diferentes regiõesdo Estado.

Entre os hospitais que tendem ao fe-chamento, vários são filantrópicos, semfins lucrativos, que vêm resistindo prin-cipalmente com a ajuda da comunida-de. A estimativa da entidade represen-tativa é de que o setor de saúde, quegera mais de 50 mil empregos diretosno Paraná, tenha uma dívida de R$ 2bilhões, principalmente com fornecedo-res, previdência e outros encargos pú-blicos.

História da assistência - Nos

anos 70, em pleno ciclo desenvolvi-mentista do Estado com a multiplica-ção de municípios, o processo de im-plantação dos hospitais seguiu o mes-mo entusiasmo. Muitos jovens médi-cos lançaram-se em iniciar suas ativi-dades em pequenos centros urbanos.Os tempos eram outros.

O sistema público era outro, tímido,ligado à Previdência Social, mas a pros-peridade agropecuária, mesmo como os

reveses na produção cafeeira, era acerteza de que a remuneração àquelesque prestavam serviços médico-hospi-talares era sempre muito compensado-ra e absorvia facilmente as ações be-neficentes.

A iniciativa privada continuou inves-tindo recursos em assistência mesmonos anos 80, apesar de, a esta altura,ter havido o desmembramento da Pre-vidência, ascensão do Ministério da Saú-de e com ele a famigerada GIH (Guiade Internação Hospitalar), mais tardesucedida pela AIH, mas que dividia opi-niões entre ser um “cheque em bran-co” e fator de estímulo a fraudes, ouum “mico” para os prestadores.

A Constituição Federal de 1988 veioconsagrar o acesso à saúde como umdireito de todo brasileiro. O que era Sudsvirou SUS, mas assistência não se fazpor leis ou decretos, mas com políticasde ação e fontes de financiamento, ex-plica a Fehospar.

A saúde virou moeda de troca políti-ca. Sentindo-se desprestigiada e já sema mesma eficiência econômica, a inici-ativa privada baixou a guarda. E come-çou a encolher de forma acentuada epreocupante.

Novo filão - A gana tributária do po-der público, contrastando com uma po-lítica cambaleante e pouco atraente emtermos de remuneração à rede conve-niada de serviços, acabou decretandouma verdadeira revolução na área desaúde. A iniciativa privada tratou de seconcentrar nos maiores centros, bus-cando principalmente o que aparentavaser o novo filão – a assistência supleti-va com as operadoras de saúde – e pre-feitos trataram de colher os dividendosdo que era para ser a municipalizaçãoda saúde, mas que virou a “prefeituri-zação” da saúde.

O que se seguiu foi um “pool” dehospitais municipais surgindo, na mes-ma proporção em que outros tantoseram fechados. O interesse de cons-truir um hospital, desconhecendo queo grande custo é a sua manutenção efuncionalidade, fez com que muitas

prefeituras menores chegassem a di-vidir, por determinado momento, umainstituição pública e outra privada,com ou sem fins lucrativos – caso dassantas casas.

Com o gestor municipal detendo ocontrole do teto financeiro, determi-nado pelo número de habitantes, o fe-nômeno que se seguiu foi de uma ava-lanche de hospitais particulares cer-rando as portas num primeiro momen-to. Depois, já nesta década, com aimposição dos percentuais mínimos eminvestimentos em saúde pelas trêsesferas do governo, o que se extraiufoi de que a atividade hospitalar tam-bém passou a ser um mau negóciopara prefeituras.

Na época áurea da saúde, a déca-da de 80, o Paraná chegou a ter pertode 700 unidades com leito hospitalar, aquase totalidade mantendo estreita re-lação com o sistema público. Cerca de20 anos depois, mesmo a populaçãotendo dobrado, o número de unidadesbaixou para 540 (incluindo 120 munici-pais ou estaduais), ainda assim cercade uma centena delas abominandoqualquer relação com o setor público.Não é para menos.

Dívida supera R$ 1 bi - A princi-pal entidade representativa do setor hos-pitalar do Paraná, a Fehospar, estimaque seja superior a R$ 1 bilhão a dívidados prestadores de serviços de saúde,principalmente com fornecedores, ban-cos e encargos. O endividamento alcan-ça, quase que totalmente, os estabele-cimentos que continuam ligados ao sis-tema público, que praticamente não re-ajusta os procedimentos desde a ediçãodo Plano Real, há quase 13 anos.

A gravidade da situação pode sermedida pela análise feita pelos própriosdiretores da entidade hospitalar, em re-cente visita feita aos empresários detodas as regiões do Estado: se a Previ-dência Social e a Receita Federal ado-tassem medidas rígidas para cobrançaimediata dos impostos a receber, pelomenos a metade estaria “nas mãos” doGoverno. Não que não queiram.

estimento de R$ 140 milhões em hospitais.

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Muitos donos ou administradoresde hospitais, sobretudo os relaciona-dos à área psiquiátrica, só não fechamporque não têm os recursos necessá-rios para indenizar os funcionários.Ou, como preferem dizer, hoje, noParaná, a maioria dos hospitais está àvenda. Seja o governo estadual ou osmunicipais, a aquisição das estruturasprontas é vista como uma alternativamuito mais viável para economizarrecursos públicos.

O governo estadual vem investindoem mais de 20 novas unidades, algumasem regiões bem providas de serviços,mas observa que outras tantas em fun-cionamento estão fechando ou parali-sando serviços por falta de recursos oumão-de-obra.

O grande problema da saúde no Paíshoje decorre da falta de investimentospúblicos. Até os anos 90, o sistema pú-blico investia até 70% dos recursos.Hoje não gasta nem 50%, o que signifi-ca que a própria população, com inves-timentos diretos, em operadoras de saú-de ou empresas, estão custeando a mai-or parte, o que significa uma contradi-ção constitucional face à garantia deacesso universal e igualitário.

Orçamento de R$ 44 bi - O orça-mento da União para este ano em saú-de estava orçado em R$ 44 bilhões, masfoi colocado sob o risco de contingenci-amento de R$ 5,8 bilhões.

A estratégia do governo federal emmudar o cálculo do PIB pode lhe cus-tar a obrigatoriedade de elevar de novoo investimento em saúde. Algo quenão precisaria, e nem mesmo Estadose municípios, se a Emenda Constitu-cional n.º 29, aprovada em setembrode 2001, já tivesse sido finalmente re-gulamentada.

O projeto que determina o que sãoações de saúde continua em “banho-maria” no Congresso. Para deleite deEstados e municípios que, assim, podemcontinuar maquiando seus orçamentoscom aplicações em ações que não sãoreconhecidas como de saúde. O Para-ná encaixa-se neste perfil.

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Muito mais do que ter sido o Estadoa liderar recente mobilização para re-formular o projeto que tramita na Câ-mara, reduzindo de 12% para 10% osinvestimentos em saúde do total orça-mentário e ainda incluir gastos comosaneamento básico e meio ambiente, oParaná apresenta-se como um dos pio-res no ranking de aplicação em saúde.

Iniciativas do Ministério Público ecom recepção no Tribunal de Contasindicam que o Estado estaria investindoa metade do percentual constitucionale, por isso, vem sendo cobrado judicial-mente. Desde 2002, mais de R$ 1,2 bi-lhão já deixaram de ser aplicados emações efetivas de saúde, o que pode serrecuperado no futuro mas que, segundoos prestadores de serviços, jamais iráreparar os danos causados, quer em ter-mos de desassistência, com pessoasmorrendo à espera de atendimento emcorredores de hospitais, ou pela própriaprecariedade da estrutura de serviços.

Investimento per capita - O im-passe da regulamentação faz com queo Brasil invista o equivalente a menosde U$ 150 per capita em saúde, a me-tade de nossos vizinhos Argentina eUruguai e, ainda, o Chile. O teto fi-nanceiro para o Paraná, para açõesde média e alta complexidade, que sãoos que mais recursos consomem noSUS, é de R$ 82,81 per capita esteano, o que significa que em agosto ousetembro, de acordo com fontes doConselho Estadual de Saúde, devecomeçar a haver dificuldades pararepasse de recursos.

Em 2006, por conta do problema doteto extrapolado, o governo estadual fi-cou devendo para 2007 cerca de R$ 30milhões, sendo que R$ 9 milhões teriamsido pagos no novo exercício. Para apopulação, o problema se refletiu em di-ficuldades em acesso a serviços, o quevale principalmente para os 386 muni-cípios em regime de gestão-plena, querecebem os recursos via Estado (osoutros 13 são de gestão plena e rece-bem os recursos federais direto do Mi-nistério da Saúde).

Números• O Ministério da Saúde pagou no ano passado, de janeiro a dezembro,743.752 AIHs (Autorização de Informação Hospitalar)• O Paraná teve no ano passado 134.920.811 procedimentosambulatoriais, sendo 31.167.390 em Curitiba.• No ano passado, inteiro, foram pagos no Paraná com internações R$516.734.991,07• No Brasil todo, em 2006, o valor gasto com internações foi R$6.982.469.091,84• O Paraná tem 15.286 pessoas jurídicas de saúde cadastradas noMinistério da Saúde, incluindo consultórios odontológicos, postos desaúde etc. São 4.087 em Curitiba.• O teto financeiro para média e alta complexidade no Paraná é de R$860.138.844 , dezembro de 2006, considerando população de 10.387.378habitantes, o que dá R$ 82,81 per capita.• O teto nacional é de R$ 13.964.896.696, com média per capita de74,77 (186.770.562 habitantes). • Valor gasto com internações: R$ 6,581 bilhões• Número de consultas médicas por habitante: 2,45/ano• Número de internações por habitante: 6,33/ano• Gasto com atendimento ambulatorial (2000): R$ 1,583 bilhão• Outros serviços pagos pelo SUS: Programa Saúde da Família,Programa de Atendimento por Ambulâncias, SAMU, Transplante deÓrgãos, Distribuição de Medicamentos Contra Aids e Programa devacinação:• O que é o SUS: Criado pela Constituição de 1988, o Sistema Único deSaúde (SUS) prevê o atendimento médico e hospitalar a toda apopulação e ainda custeia as mais variadas ações de saúde. O sistemaé descentralizado, com governos estaduais e municipais tendoautonomia para administrar seus serviços. Os recursos são repassadospelo governo federal, de acordo com volume de atendimentos etamanho da população.

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MEIO AMBIENTE

Especialistas apontam saídas para a eduçãodos danos causados pelo aquecimentoglobal e as previsões pessimistas de extinçãoda vida no planeta

Ainda dátempo de salvara Terra?

A espécie humana tende a desa-parecer do planeta em um século. Oanúncio antecipado da catástrofe éfeito por mais de 600 cientistas de 60países que, pela primeira vez, respon-sabilizam o próprio homem como o cul-pado pelo seu próprio fim. São fórmu-las e modelos matemáticos que cal-culam um aumento da temperatura daTerra – em 100 anos – entre dois aseis graus em média.

Luiz Eduardo Cheida, deputado es-tadual e presidente da Comissão deMeio Ambiente da Assembléia Legis-lativa do Paraná assina embaixo dasprevisões científicas. “Sim, pela pri-meira vez a ciência admite que atitu-des humanas contribuem pela altera-ção do clima na terra”. Até hoje, lem-bra, legisladores, governantes e a so-ciedade sempre fizeram “pouco caso”das agressões ambientais.

O aquecimento é causado pelos ga-ses de efeito estufa, principalmente odióxido de carbono, que contaminama atmosfera. Segundo o pesquisadoramericano Bjarne Andresen, “todo odebate sobre o aquecimento global éuma fantasia”. O método utilizado paradeterminar o aquecimento global esuas conseqüências “é mais político do

que científico”, dispara.Em artigo publicado na revista

“Journal of Non-Equilibrium Thermo-dynamics”, Andresen —do InstitutoNiels Bohr, da Universidade de Co-penhague— afirma que o conceito de“temperatura global” é uma impossi-bilidade termodinâmica e matemática.

Furacões e tufões - O cientistarefere-se aos estudos que afirmamque, como conseqüência do aumentodas temperaturas, o planeta sofreráperdas de massas de gelo polar, au-mento dos níveis dos oceanos, aumen-to das chuvas em algumas regiões esecas em outras, além do aumento daintensidade de furacões e tufões.

A elevação do nível dos oceanosem até 1 metro poderá acabar comtodas as cidades costeiras, adverteCheida. Estima-se, também, que 40%das espécies conhecidas tendem a de-saparecer, causando um enorme im-pacto na biodiversidade.

Como conseqüência ainda dessaelevação, haverá uma redução brutaldas safras agrícolas – alimentos – pelaaridez das regiões semi-áridas e oNordeste brasileiro pode se transfor-mar em deserto. Por fim, o desapare-

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cimento da espécie humana da faceda Terra.

Segundo pesquisadores do Institu-to Carnegie e do Laboratório Nacio-nal Lawrence Livermore, entre 1981e 2002, o aquecimento diminuiu a pro-dução de trigo, milho e cevada emcerca de 40 bilhões de toneladas aoano. Para os cientistas, este estudomostra que a redução é originada noaquecimento causado pela atividadehumana no planeta e que seus efeitossão imediatos.

Rasca Rodrigues, secretário deEstado do Meio Ambiente, não acre-dita na extinção da raça humana, masacredita que o aquecimento globalterá grande impacto no processo mi-gratório da população e comprome-terá muitos países. Na sua avaliação,a migração por razões hídricas seráperversa, porque ninguém vive semágua e terá de buscar o produto ondeele estiver.

Refugiados do clima - O impac-to da elevação do nível do mar deve-rá projetar cenários desconfortáveis.Na melhor das hipóteses, 1% da po-pulação do planeta sofrerá algum efei-to com o encolhimento das faixas lito-râneas. Na pior, 2% da populaçãomundial terá de procurar outro lugarpara morar, o que poderá tornar tan-gível a figura dos refugiados do clima,alerta estudo feito pelo IPCC (PainelIntergovernamental de Mudanças Cli-máticas).

“O Planeta está despreparadopara enfrentar os problemas de de-gradação do meio ambiente, especi-almente o desmatamento, que temtudo a ver com o clima, criados poruma de sua espécies: a humanidade”,alerta Cheida.

Se o ser humano é o responsávelpor tudo isso, o que o ser humano temque fazer para que a estabilidade doclima volte ao normal? Pergunta aoespecialista, a Revista do Tribunalde Contas. “Temos de enfrentar o

problema com ações de forma coleti-va, pois o reequilíbrio do clima tem queser prioridade absoluta”, responde oparlamentar.

O secretário do Meio Ambientediz que é preciso, com urgência, com-bater as emissões atmosféricas paraevitar o aquecimento da camada deozônio. Dos 100% de emissões, 85%estão nas queimadas de floresta,principalmente em áreas já desmata-das e “precisamos agir neste impac-to”, alerta.

Camada de Ozônio - Em volta daTerra há uma frágil camada de um gáschamado ozônio (O3), que protegeanimais, plantas e seres humanos dosraios ultravioleta emitidos pelo Sol. Nasuperfície terrestre, o ozônio contri-bui para agravar a poluição do ar dascidades e a chuva ácida. Mas, nas al-turas da estratosfera (entre 25 e 30km acima da superfície), é um filtro afavor da vida. Sem ele, os raios ultra-violeta poderiam aniquilar todas asformas de vida no planeta. Na atmos-fera, a presença da radiação ultravio-leta desencadeia um processo naturalque leva à contínua formação e frag-mentação do ozônio.

Aquecimento global - O aqueci-mento global é resultado do lançamen-to excessivo de gases de efeito estu-fa (GEEs), sobretudo o dióxido de car-bono (CO2), na atmosfera. Esses ga-ses formam uma espécie de cobertorcada dia mais espesso que torna o pla-neta cada vez mais quente e não per-mite a saída de radiação solar.

Efeito estufa - O efeito estufa éum fenômeno natural para manter oplaneta aquecido. Desta forma é pos-sível a vida na Terra. O problema éque, ao lançar muitos gases de efeitoestufa (GEEs) na atmosfera, o pla-neta se torna cada vez mais quente,podendo levar à extinção da vida naTerra.

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País viverá falta de água

VOLUME DE ÁGUA

A quantidade total de água naTerra é distribuída da seguintemaneira:

• 97,5% de oceanos e mares;

• 2,5% de água doce;

• 68,9% (da quantidade geral deágua doce) formam as calotas deáguas polares, geleiras e neveseternas que cobrem os cumes dasmontanhas altas da Terra;

• 29,9% restantes da água doceconstituem as águas subterrâneas;

• 0,9% responde pela umidade dosolo e pela água dos pântanos;

No meio ambiente, o ano de 2007deverá ficar marcado na História comoo ano das previsões catastróficas. Amais recente bomba vem da Organiza-ção das Nações Unidas (ONU), quealerta: em 20 anos faltará água em 60%do planeta e o Brasil estará neste de-serto. Com 12% das reservas de águadoce do mundo, o Brasil está sujeito aodesabastecimento, afirma o diretor daFAO no Brasil, José Tubino.

Dados do International HydrologicalProgramme, mostram que 97,5% detoda a água disponível no planeta é sal-gada. A água doce, que só representa2,5% do total, está em sua maior partenas calotas polares. O ser humano con-ta com apenas 0,3% de água disponívelem lagos, rios e lençóis subterrâneospouco profundos. Há 2 mil anos, a po-pulação mundial correspondia a 3%da população atual e a disponibilidadede água era a mesma.

Pasquale Steduto, diretor dos Recur-sos Hídricos da ONU, diz que poucomais de 1 bilhão de pessoas em todo omundo já não têm acesso a água limpasuficiente para suprir as suas necessi-dades básicas diárias. “Em 20 anos, doisterços da população enfrentarão totalescassez”, sustenta o pesquisador.

A água só fica escassa por duas ra-zões, explica o deputado paranaense,Luiz Eduardo Cheida: quando ela sai da

superfície e fica inacessível, ou por es-tar poluída. Mas existem outras razões,alertam especialistas. Apesar dos 12%de água doce disponível, o Brasil enfren-ta má distribuição e falta de conscienti-zação de preservação por parte de go-vernantes e da população.

Distribuição da água - “Pouco adi-anta a quantidade abundante de água,se não houver uma preocupação per-manente das autoridades e dos consu-midores com a sua qualidade”, diz o re-presentante da FAO no Brasil, JoséTubino. Segundo ele, o Brasil sofre coma má distribuição geográfica dos recur-sos hídricos disponíveis.

José Machado, presidente daAgência Nacional de Águas (ANA)explica que a Amazônia abriga 74%da disponibilidade de água doce dopaís, mas vivem nela menos de 5%dos habitantes. As interferências dohomem nas demais regiões só agra-vam este quadro, alerta.

Machado disse, no encontro sobre“Um Pacto Nacional pela Conservaçãodas Águas no Brasil”, realizado emmarço, em Foz do Iguaçu, que “há águaem abundância em locais pouco habita-dos, enquanto os grandes centros urba-nos agridem o ecossistema, interferemno ciclo hídrico e provocam a falta deágua no solo”.

Represa quase seca naregião de Curitiba: alémda escassez provocadapelas secas e o aumentopopulacional, poluiçãodificulta captação deágua para o consumonas grandes cidades.

Clóvis Borges, da SPVS: além de reporvegetação ciliar, governo deve conservarmata nativa.

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No programa governamental deplantio de 60 milhões de mudas de ár-vores nativas – Mata Ciliar – com in-vestimentos de US$ 32 milhões, sen-do US$ 24 do governo estadual e US$8 milhões do Banco Mundial – existeuma ação direta de fiscalização doTribunal de Contas do Estado do Pa-raná. As auditorias nos convêniosobservam metas asseguradas e com-posição das florestas.

O plantio de 60 milhões de mudasde árvores nativas e frutíferas para con-tribuir com a cobertura vegetal e flo-restal pode não representar muita coisapara críticos dos programas governa-mentais ao meio ambiente, mas trata-se de uma ação. Para o secretário deEstado do Meio Ambiente, Rasca Ro-drigues, “é um programa que atinge 2milhões de hectares de remanescentesflorestais”.

Esse programa de Mata Ciliar é con-siderado “o maior programa mundial decobertura florestal e a meta é chegarao plantio de 90 milhões de mudas nabeira de rios, córregos e mananciais deabastecimento público de água”, obser-va Rodrigues. O diretor da Sociedadede Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS),Clóvis Borges, diz que “a restauraçãonão é ruim, mas deveria se investir naconservação das matas nativas”.

A queda-de-braço entre o governoestadual e a SPVS em relação ao meioambiente tem lances estressantes dosdois lados mas, no fundo, converge parauma preocupação única: a preservaçãoambiental. “Não conseguimos sensibili-zar os políticos para a conservação dasáreas nativas”, queixa-se Borges. “Es-tou há 25 anos vendendo geladeiras parapingüins”, lamenta.

Luiz Eduardo Cheida, como ex-se-cretário estadual do meio ambiente, en-tra na discussão. “O Paraná é rico embiodiversidade, mas é tão menor quan-do invadem o habitat natural”. Segun-do ele, o Estado do Paraná possui 20milhões de hectares, sendo que 60%são ocupados pela agricultura, pecuá-ria e reflorestamentos exóticos. ParaBorges, o Estado adota situações per-versas em termos de conservação dabiodiversidade.

Segundo o dirigente ambientalista,“o pouco dinheiro que se investe na pre-servação está errado”. Explica: “o mauuso do dinheiro desprofissionaliza omeio ambiente e deseduca a popula-ção”. Na sua visão, a questão ambien-tal no Paraná está na última fila dasquestões sociais.

Rasca Rodrigues informa que o Go-verno do Estado já investiu perto de R$200 milhões em programas de meio

ambiente nos últimos quatro anos. Osrecursos foram canalizados para a exe-cução de programas nas áreas de resí-duos sólidos, recomposição da cobertu-ra florestal, proteção à fauna e biodi-versidade, zoneamento ecológico doestado, gestão de bacias hidrográficase fiscalização ambiental.

O secretário estadual do Meio Am-biente revela que a Fundação SOSMata Atlântica divulgou levantamen-to, em dezembro de 2006, que apon-tou uma redução de 88% no índice dedesmatamento no bioma mata atlânti-ca do Paraná. “Dos oito estados ava-liados, o Paraná foi o segundo quemais trabalhou para reduzir o desma-tamento nestes últimos cinco anos”,diz Rasca Rodrigues.

A reserva de áreas naturais do Pa-raná é de 3%, sendo que 1% está noParque Nacional do Iguaçu e 2% naSerra do Mar. Segundo levantamento daSPVS, 10% do território estadual é na-tivo e em mau estado de conservação.

Clóvis Borges tem, na ponta da lín-gua, cinco razões para a perda da biodi-versidade no Planeta: 1) destruição deáreas naturais, 2) fragmentação de áreas(ilhamento), 3) contaminação biológica(introdução de espécies exóticas), 4)colheita seletiva, e 5) poluição do ar(mudança climática).

Reflorestar margens de rios é pouco

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40 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

O Paraná possui 9.292 estabeleci-mentos voltados à educação básica, sen-do nove federais, 2.082 estaduais, 5.137municipais e 2.064 privados. Segundo aSecretaria Estadual da Educação, o to-tal de alunos matriculados é de2.789.527, dos quais 359.855 estão napré-escola, 1.659.903 no ensino funda-mental (1ª a 8ª séries), 480.527 no ensi-no médio, 5.205 na educação especial,189.977 no EJA (Educação de Jovense Adultos) e 48.030 na educação pro-fissional.

Só para a educação básica –quecompreende a educação infantil, o en-sino fundamental, o ensino médio, a edu-cação especial, a educação de jovens eadultos e a educação profissionalizantede nível médio– o orçamento de 2007do Governo do Paraná prevê gastos deR$ 2,54 bilhões, o que corresponde a25% da receita. Um aumento de R$ 490milhões em relação aos gastos do anopassado.

Para o ensino superior, a previsão éinvestir, em 2007, R$ 1,1 bilhão, corres-pondendo a quase 9% do Imposto so-bre a Circulação de Mercadorias e Ser-viços (ICMS) que será arrecadado. Issotorna o Paraná, proporcionalmente, oEstado que mais gasta com educaçãode terceiro grau, superando inclusive opoderoso Estado de São Paulo.

Somados, educação básica e ensinosuperior, o Paraná atingirá a cifra de R$3,64 bilhões em despesas com educa-ção, ou mais de 30% da receita. A Leide Responsabilidade Fiscal exige que osEstados gastem 25%, no mínimo, de seuorçamento, no item educação. Em 2006,a Assembléia Legislativa aprovouemenda à Constituição proposta pelopróprio governador Roberto Requião,elevando o gasto obrigatório em educa-ção de 25% para 30% da receita brutado Estado.

Nos últimos anos, o Paraná conquis-tou avanços na educação. O governo

EDUCAÇÃO

Universidades estaduais consumirão em 20079% de todo o ICMS arrecadado. Avaliação dosistema aponta avanços nos últimos anos,como aumento para professores e distribuiçãogratuita de livros didáticos no ensino médio

Paraná investe9% do ICMSarrecadado noensino superior

Ensino fundamental: Estado tem 1,66 milhão de estu

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estadual aprovou o Plano de Cargos eSalários dos professores, com aumentomédio de 33% em sua remuneração.Também promoveu concursos públicospara contratar 36 mil novos professo-res, acabando com os celetistas. Hoje oEstado possui um total de 63.987 pro-fessores, sendo 57.687 estatutários e6.300 temporários.

O Paraná foi o primeiro Estado bra-sileiro a distribuir livros didáticos gratui-tamente para os alunos do ensino mé-dio. Também ampliou significativamen-te o número de computadores nas es-colas estaduais, todos ligados à Internetpor banda larga. O governo retomou osJogos Colegiais e criou o Festival deArte da Rede Infantil, chamado de Pro-jeto Fera, envolvendo milhares de alu-nos, professores e artistas.

Segundo o se-cretário de Educa-ção, Maurício Re-quião, os encargosmensais com a fo-lha de pagamentosaltaram, nos últi-mos quatro anos,de R$ 60 milhõespara R$ 110 mi-lhões. “O resultadode tudo isso é que52% dos aprova-dos no vestibular 2007 da Universi-dade Federal do Paraná (UFPR)eram egressos de escolas públicas”,lembra o secretário.

Segundo o governo, os investimen-tos na educação cresceram de R$ 99,4milhões, em 2006, para R$ 223 milhõesneste ano, um aumento de 124%. Alémda manutenção corriqueira, os recursospermitirão construir 27 novos colégios,ampliação de 40 escolas e reparos emoutros 610 estabelecimentos, além daaquisição de mobiliário. Colégios Agrí-colas receberão R$ 50 milhões para re-forma e ampliação dos prédios e aquisi-ção de material.

Universalização - “No Paraná, aeducação está muito acima da média

nacional”, garante Ramiro Wahrhaftig,ex-secretário de Educação durante o pri-meiro governo Jaime Lerner (1995-1998).

Para ele, o Paraná é um dos poucosEstados no Brasil onde a educação éorganizada, “embora não seja excepci-onal”, ressalva. Isto porque o Estadotem tradição de investir muito em edu-cação.

Prova disso é que no final dos anos90 apenas três Estados brasileiros ti-nham o ensino médio universalizado: SãoPaulo, Santa Catarina e Paraná. Esta-dos importantes como Rio de Janeiro,Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Mi-nas Gerais ainda não davam conta deabrigar na escola de segundo grau to-dos os adolescentes. No Norte, Nordes-te, Centro-Oeste, e até na região Su-

deste, a mais rica doPaís, há Estados queaté hoje ainda nãoconseguiram a uni-versalização, diz oex-secretário.

Um dos cami-nhos para melhorara qualidade da edu-cação paranaensefoi estimular a par-ticipação da comu-nidade nas escolas,

multiplicando as Associações de Pais eMestres (APMs). “A partir do final de98, todas as escolas tinham sua APMsparticipando e discutindo a formaçãodos alunos”, conta Wahrhaftig.

Para ele, essas associações foramimportantes no desenvolvimento doPrograma de Apoio à Educação Fun-damental, financiado pelo Banco Mun-dial (BIRD), e do Programa de Ex-pansão do Ensino Médio, financiadopelo Banco Interamericano de Desen-volvimento (BID). Estes programaspossibilitaram investimentos em infra-estrutura, laboratórios e equipamen-tos, capacitação de professores e de-senvolvimento institucional, num totalde US$ 250 milhões nos oito anos dogoverno Lerner.

udantes entre a 1ª e a 8ª séries.

“O resultado [do aumentode verbas para a educação]é que 52% dos aprovados

no vestibular 2007 daUFPR eram egressos de

escolas públicas”

Maurício Requião,secretário estadual

de Educação.

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Até hoje, o Brasil não conseguiu uni-versalizar o acesso da população aoensino médio, o que significa que nãohá escolas para todos os brasileiros de15 a 17 anos que queiram cursar o se-gundo grau. As universidades públicasainda selecionam os alunos por meio dovestibular, disputado indistintamente porpobres e ricos. A única ressalva é raci-al, com o sistema de cotas que privile-gia afro-descendentes, criado pelo go-verno Lula.

Sem convencer a comunidade aca-dêmica das universidades federais so-bre a necessidade de rever a gratuida-de indistinta, o governo criou o Progra-ma Universidade para Todos (ProUni),que compra vagas de universidades pri-vadas e as oferece a alunos carentes,medida que o governo de Santa Catari-na adota há muito tempo em universi-dades sem fins lucrativos, com grandesucesso e economia.

No País, faltam vagas e oensino precisa melhorar

Além da falta de vagas, a quali-dade do ensino no Brasil é ruim. Da-dos do Exame Nacional do EnsinoMédio (Enem) mostram que muitosjovens terminam o ensino básico semo domínio da leitura compreensiva.Isto é: não sabem ler e compreendero que lêem. “A maioria dos alunosfracassa na hora de ler e responderobjetivamente às questões de múlti-pla escolha, e não apresentam tam-bém boa argumentação na hora deredigir temas banais, como, porexemplo, o direito de votar”, revelao professor Vicente Martins, da Uni-versidade de Sobral, no Ceará. “Nos-so ensino é uma fábrica de maus lei-tores”, acusa.

Sem saber ler e entender o que lê, oaluno está condenado a ser um cidadãode segunda classe. Ele perde a vontadede estudar e vai engrossar as estatísti-cas dos analfabetos funcionais.

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Alterações nas prestaçõesde contas de transferências

voluntárias são temasde treinamento

promovido pelo TC

CURSO

Face à nova sistemática de presta-ção de contas das entidades públicas eprivadas, o Tribunal de Contas do Esta-do promoveu, durante todo o mês demarço, o treinamento “Procedimentosna execução e prestação de contas detransferências voluntárias à luz da Re-solução 03/06, Regimento Interno e LeiComplementar 113/05”. Ao todo, os téc-nicos do TCE estiveram em 11 municí-pios paranaenses, orientando integran-tes de todas as associações de municí-pios do Paraná.

Durante o evento ocorrido em Curi-tiba, o diretor-geral do TCE, Agileu Car-los Bittencourt, afirmou que a Corte tevesuas atribuições aumentadas com o novoRegimento Interno e a nova Lei Orgâ-nica. “Podemos, agora, conceder limi-nar e suspender licitações. Temos no-vas e grandes responsabilidades. Masa missão será encarada com todo o es-forço possível”, anunciou.

Na mesma oportunidade, a diretorade Análise de Transferências da Casa,Ivana Furiati, informou que sua direto-ria recebe prestações de contas dos 399municípios paranaenses e de cerca de5.000 entidades sociais. “Temos muitotrabalho a fazer. É necessário que mu-nicípios e entidades sociais cumpram suaparte”, afirmou.

Nova normatização - O técnico decontrole contábil Mario Garib orientouos participantes sobre os reflexos daResolução 03/06-TC nas prestações decontas de transferências voluntárias. Eleexplicou que a fiscalização do Tribunalde Contas compreende o exame da for-malização, liberação e execução detransferências voluntárias, a qualquertítulo, inclusive transferência de recur-

sos para execução de programas emparceria. “O TCE adota os procedimen-tos estipulados pelo Regimento Internonos casos de irregularidades na forma-lização e execução dessas transferên-cias”, destacou.

Com relação à certidão liberatória,único documento que permite a liberaçãode recursos, Garib esclarece que a enti-dade com prestação de contas irregular,ou não cumpridora das diligências e deci-sões do TCE, não receberá o documento.

Preenchendo as planilhas - Fre-derico Bettega, programador analista daDiretoria de Análise de Transferências,foi o responsável pelas orientações re-lativas ao preenchimento das planilhasenviadas por meio eletrônico. Segundoo programador, as prestações de con-tas das transferências voluntárias estãoem fase de transição, com metade dasinformações enviadas por meio eletrô-nico e outra parte apresentada ainda empapel. Num segundo momento, toda aprestação de contas será feita pelo sis-

tema informatizado. “O grande diferen-cial desta primeira fase é a diminuiçãoda quantidade de papéis. Muitas vezesum processo tinha cerca de 200 volu-mes. Agora, a parte das prestações decontas realizada em papel é feita atra-vés do preenchimento de relatórios, tor-nando, já neste momento, mais ágil aanálise das contas”, revela.

Bettega explica que a intenção des-sa fase de transição é preparar as enti-dades para, no futuro, apresentarem to-das as prestações de contas por meioeletrônico. “Quando isso acontecer, osprocedimentos serão racionalizados,com foco nos resultados e nos progra-mas governamentais. Com toda essaagilidade, haverá mais tempo para asinspeções in loco”, antecipou.

A diretora de Análise de Transfe-rências do Tribunal de Contas sugeriuaos responsáveis pelas prestações decontas de transferências voluntáriasa consulta freqüente ao site do TCEpara o acompanhamento de qualquermudança.

Da esquerda para a direita: Mário Garib, técnico de Controle Contábil, Ivana Furiati,diretora de Análise de Transferências e Agileu Carlos Bittencourt, diretor-geral, todosdo Tribunal de Contas, durante o treinamento ocorrido em Curitiba.

Entidades sociaisrecebem treinamento

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MUNICÍPIOS

Atuação do Tribunal de Contas é elo entre os 399 municípiosparanaenses, da metrópole Curitiba a Nova Aliança do Ivaí,núcleo agropecuário com menos de 1,5 mil moradores

Da gigante Curitibaà pequena Nova Aliançado Ivaí, o TCE é um só

Secretário de Finanças de Curitiba,Luiz Eduardo Sebastiani, tem os

mesmos deveres que o administradorda pequena cidade de Nova Aliança

do Ivaí na prestação de contas.

César Brustol in/SMCS

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Em Nova Aliança, o prefeito Schmitz tem um orçamento que representa menos de 0,2% do de Curitiba.

Quinhentos e dezesseis quilôme-tros separam Curitiba de Nova Alian-ça do Ivaí. Mas a distância entre osdois extremos populacionais do Para-ná pode ser medida por outros indica-dores.

Sétima maior metrópole brasileira,com quase 1,8 milhão de habitantes,Curitiba é internacionalmente reconhe-cida por sua estrutura urbana, de trans-portes, preservação de áreas verdes(51 metros quadrados por habitante) epor ter sido pioneira no Brasil na reci-clagem do lixo. O prefeito Beto Richa(PSDB) maneja uma máquina adminis-trativa formada por 30,5 mil servidorese administra em 2007 um orçamentode R$ 3,058 bilhões.

Localizada no Noroeste do Esta-do, numa região conhecida como Are-nito Caiuá (devido à constituição are-nosa do solo), Nova Aliança do Ivaíabriga menos de 1.500 moradores.Segundo a mais recente estimativa doInstituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), em julho de 2006eram exatos 1.436 habitantes – me-nos que as 1.678 funcionárias de cre-ches contratadas pela prefeitura daCapital. Na eleição de 2004, o verea-dor menos votado conseguiu se ele-ger com apenas 42 votos.

Sem agência bancária, escolas deensino médio e até posto de gasolina,Nova Aliança do Ivaí é um municípiode economia rural, onde predominama pecuária de corte e a produção decana-de-açúcar, mandioca e laranja.Possui apenas duas indústrias de pe-queno porte: um laticínio e uma con-fecção. Sua sede urbana é formadapor uma avenida – a Francisco Piresde Lemos –, cortada por exatas oitoruas. Para comparação: Curitiba tem8 mil ruas.

Neste ano, o prefeito de Nova Ali-ança do Ivaí, Adir Schmitz (PP), tra-balha com um orçamento de R$ 5,285milhões (menos de 0,2% do de Curiti-ba). Maior empregadora do município,

a prefeitura tem pouco mais de 130funcionários.

À parte todas as diferenças, algu-mas semelhanças unem esses doismunicípios. Além de estarem localiza-dos no mesmo Estado, Curitiba e NovaAliança do Ivaí exibem, por exemplo,um PIB per capita (a soma de todaa riqueza gerada dividida pelo núme-ro de habitantes) maior que a médiaparanaense. Neste quesito, o municí-pio menos populoso do Paraná superaa capital, com R$ 11.180 contra R$11.065, segundo os últimos cálculosdisponíveis, de 2004. A média estadu-al, naquele ano, foi de R$ 10.725 porhabitante.

A atuação do Tribunal de Contas do

Estado é outro elo entre as duas reali-dades. A fiscalização exercida sobre aaplicação dos recursos públicos e tam-bém a orientação e o treinamento pro-movidos pela Corte de Contas atingem,da mesma forma, os 399 municípios pa-ranaenses, independente do tamanho decada um. “Não importa se você traba-lha para um ente público grande ou pe-queno. O grau de exigência e as obri-gações perante o TCE são as mesmas”,resume Nívea Alves de Lisboa, conta-dora da Câmara Municipal de NovaAliança do Ivaí.

Nas próximas páginas, a Revista doTribunal de Contas do Paraná deta-lha as relações do Tribunal com essesdois municípios do Estado.

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Pelo tamanho e a complexidade desuas contas, a Prefeitura de Curitiba foium parceiro fundamental do Tribunal deContas do Estado na consolidação doSistema de Informações Municipais/Acompanhamento Mensal (SIM/AM),que revolucionou o acompanhamento daexecução orçamentária nos entes pú-blicos. Um mutirão de técnicos e dire-tores dos dois órgãos, a partir de 2005,possibilitou o funcionamento pleno domecanismo eletrônico.

“Os profissionais da Prefeitura e doTCE passaram madrugadas ajustandoo sistema, para possibilitar o ‘diálogo’entre o SGP (Sistema de Gestão Públi-ca), que utilizamos, e o sistema de in-formática do tribunal. O objetivo eramelhorar o fluxo e a qualidade das in-formações repassadas”, lembra o se-cretário municipal de Finanças, LuizEduardo Sebastiani, que coordenou oprocesso na Prefeitura de Curitiba. “Tí-nhamos a determinação política de fa-zer e encontramos as portas abertas naDiretoria de Contas Municipais para queisso acontecesse”. Segundo a atual di-retora da DCM, Luciane Maria Gon-çalves Franco, a implantação do SIM/AM em Curitiba foi a base para que oprograma funcionasse plenamente nosoutros 398 municípios do Estado.

As dimensões da estrutura públicana Capital são realmente um teste defogo para qualquer sistema. Com qua-se 1,8 milhão de habitantes, Curitiba temmais de 30,5 mil servidores na ativa eoutros 5,6 mil aposentados. O orçamen-to municipal de 2007 está estimado emR$ 3,058 bilhões – dos quais R$ 337,5milhões deverão ser investidos emobras. Algumas categorias específicasde servidores formam contingentesmaiores que a população total de mui-tos municípios do interior. Dois exem-plos: a Prefeitura emprega 1.678 edu-cadores de creches e 1.054 médicos.

Uma significativa parcela desse ba-talhão está direcionada diretamente aoscompromissos da Prefeitura com o Tri-bunal de Contas. Nas áreas adminis-trativa e jurídica são 600 servidores en-volvidos no processo, além de um gran-de número de técnicos que atuam noInstituto Curitiba de Informática (ICI),uma organização social sem fins lucra-tivos que presta serviços ao Municípionesta área.

Educação e saúde - O economistaSebastiani, que fez carreira no InstitutoParanaense de Desenvolvimento Econô-mico e Social (Ipardes), considera 2005um marco da gestão financeira em Curi-tiba. Por dois motivos: foi o ano em quea Prefeitura promoveu a migração dosseus dados para o SIM/AM e, com isso,a administração municipal conseguiucumprir os índices constitucionais de in-vestimento mínimo em educação (25%da receita corrente líquida) e saúde(15%). “O sistema eletrônico nos apon-ta automaticamente os índices mínimosnessas duas áreas”, afirma o secretário.

A partir de sua integração ao SIM/AM, a Prefeitura de Curitiba passou areceber do TCE as certidões liberatóri-as, que permitem, entre outros procedi-mentos fundamentais da administraçãopública, a obtenção de recursos e finan-ciamentos externos, para obras e pro-gramas. “Isso nos deu maior tranqüili-dade. A partir de 2005, passamos a ob-ter a certidão liberatória por meios téc-nicos e administrativos”, diz Sebastiani.

Para o secretário, o SIM/AM é hojeum sistema “culturalmente aceito, masem constante processo de construção”.Hoje, a alimentação do sistema é feitapor todas as secretarias municipais, soba coordenação da Secretaria de Finan-ças. Na avaliação de Sebastiani, ele setornou um instrumento auxiliar de con-trole externo das contas públicas.

Curitiba aprova prestaçãode contas eletrônica

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CURITIBAData de instalação: 29/03/1693

Área: 430,9 km2

População (2006): 1.788.559

Eleitores (2006): 1.217.263

Número de domicílios: 542.310

PIB per capita (2004): R$ 11.065

Índice de urbanização: 100%

Número de servidores: 30.563

Orçamento da prefeitura(2007): R$ 3,058 bilhões

Número de vereadores: 35

Controleinterno é apróximameta

A próxima meta da Prefeiturade Curitiba é a implantação de umsistema de controle interno da ges-tão orçamentária, uma exigênciaprevista na nova Lei Orgânica doTribunal de Contas do Estado. Se-gundo o secretário municipal de Fi-nanças, Luiz Eduardo Sebastiani,o modelo do novo organismo seráa Controladoria, já implantada naadministração municipal e vincu-lada à secretaria.

A Controladoria acompanha osprocessos licitatórios e zela peloequilíbrio econômico e financeirodos contratos. Também realiza ocontrole prévio dos pagamentos eanalisa alterações contratuais e li-citações em curso. “A Controla-doria tem atuação independente eserá o embrião do novo sistemade controle interno”, informa Se-bastiani.

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A contabilidade pública em NovaAliança do Ivaí está na mão das mulhe-res. E funciona muito bem. O municípioestá no seleto grupo dos que recebe-ram em 2006 elogios do Tribunal deContas do Estado por cumprir integral-mente a agenda de compromissos.

Na prefeitura, o trabalho é realizadopor quatro mulheres: a diretora do De-partamento de Finanças, RosângelaMaria Freire Costa, a tesoureira MariaTereza da Silva Schmitz, e as contado-ras Nelcy Nogueira Rena e Mirian Es-trada. O prefeito, Adir Schmitz, acom-panha a execução orçamentária de per-to, da mesma forma que faz com a ges-tão dos demais setores.

“Num município pequeno como onosso, os recursos são poucos. Por isso,tem que levar tudo 100% controlado”,ensina o prefeito, que em 2007 trabalhacom um orçamento de R$ 5,285 milhões.Mais de 70% desses recursos são re-passados pelo governo federal, por meiodo Fundo de Participação dos Municí-pios (FPM). “Aqui ninguém faz com-pras acima de R$ 200 sem a minha au-torização”, completa Schmitz. Quando

Mulheres comandam contabilidadepública em Nova Aliança do Ivaí

O prefeito com as quatro servidoras da contabilidade: elogios do Tribunal de Contas do Estado em 2006.

recebeu a reportagem da Revista doTribunal de Contas PR, o prefeito acu-mulava sobre sua mesa 37 processosde licitação em curso.

O controle rigoroso dos gastos exer-cido pelo prefeito, um método que eletambém utiliza na gestão de suas trêsfazendas, onde cria gado e planta soja,facilita o trabalho da equipe contábil.Outra contribuição fundamental veio dostreinamentos promovidos pelo TCE tan-to em Curitiba como em Paranavaí eMaringá, as cidades-pólo próximas aNova Aliança.

Os treinamentos ajudaram a equipea se atualizar para atender as obriga-ções junto ao tribunal, como as adequa-ções ao Sistema de Informações Muni-cipais/Acompanhamento Mensal (SIM/AM), que monitora a execução orça-mentária; a Prestação de Contas Anu-al (PCA), e a prestação de contas detransferências de recursos do Estado eda União. A principal reivindicação daequipe é a padronização de um progra-ma de computador para a contabilida-de, que possa ser usado por todos osmunicípios paranaenses. Atualmente, a

maioria paga aluguel desses softwares,que são fornecidos por empresas priva-das e com diferenças entre si.

Na Câmara Municipal, a contadoraNívea Alves de Lisboa se considerauma “faz tudo”. Além da contabilidadee das obrigações com o TCE, cuida dagestão de pessoal — os nove vereado-res e quatro funcionários – e das lici-tações. O orçamento da Casa em 2007é de R$ 375 mil. Nívea considera quea implantação do SIM/AM “melhorouem 100%” o trabalho do contador naadministração pública. “A adaptação aosistema informatizado foi difícil, mashoje ele nos dá condições de acompa-nhar a execução orçamentária em tem-po real e o volume de papéis utilizadoscaiu drasticamente. Antes, as presta-ções de contas tinham que ser levadasa Curitiba em uma Kombi”, compara,com exagero.

Em breve, Nova Aliança do Ivaí darámais um exemplo em gestão pública.Será um dos primeiros municípios para-naenses a implantar um sistema de con-trole interno, uma exigência da nova LeiOrgânica do TCE.

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Cidadepequena,grandesproblemas

Mesmo sendo a menor cidade pa-ranaense, Nova Aliança do Ivaí en-frenta problemas típicos de cidadegrande. O prefeito, Adir Schmitz,aponta a falta de emprego e de mora-dia como os principais problemas queenfrenta. Um levantamento realizadoem 2006 constatou um déficit de maisde 100 casas, situação que está sen-do amenizada com a construção de 29unidades, com recursos da Cohapar eda Caixa Econômica Federal.

Boa parte dos moradores da cida-de é de bóias-frias, que atuam no cor-te de cana e ficam sem emprego du-rante pelo menos quatro meses doano. Para amenizar o problema, a pre-feitura está construindo, com recur-sos próprios, dois barracões. Neles, oprefeito pretende instalar uma lavan-deria industrial e uma confecção deroupas, com a geração de até 100empregos.

O maior empregador privado domunicípio é a RH Confecções, que fa-brica calças, saias e jaquetas jeanspara várias marcas. A empresa, quetem 62 funcionários e produz entre 15e 19 mil peças por mês, se instalouem Nova Aliança há cinco anos, comapoio da prefeitura. Antes de se ins-talar no atual barracão, funcionou du-rante um ano e meio no salão da Igre-ja Católica.

Izabel de Oliveira Galvão, atualdona da empresa, reclama da falta dequalificação da mão-de-obra. “Eumesma tenho que treinar os novos fun-cionários”, conta. Metade das máqui-nas de costura é operada por homens.

NOVA ALIANÇA DO IVAÍ

Data de instalação: 11/11/1961

Área: 132,1 km2

População (2006): 1.436

Eleitores (2007): 1.139

Número de domicílios: 460

PIB per capita (2004): R$ 11.180

Índice de urbanização: 67,6%

Número de servidores: 134

Orçamento da prefeitura em2007: R$ 5,285 milhões

Número de vereadores: 9

Educação: alunos da Escola Municipal Professora Irma Boletta, a única escola do município.

Emprego: costureira trabalha na RH Confecções, que produz jeans para várias marcas.

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ESTRUTURA INTERNA

Conheça o funcionamento do TCE, órgãoque fiscaliza a correta aplicação dos recursospúblicos nos Três Poderes em todo o Paraná

O TCE POR DENTROO Tribunal de Contas do Estado é

o órgão responsável por fiscalizar acorreta aplicação do dinheiro públiconos poderes Executivo, Legislativo eJudiciário do Paraná. Só no Executi-vo, esse conjunto de entes públicos éformado por 18 secretarias de Esta-do, 399 prefeituras, 399 câmaras mu-nicipais, 136 entidades estaduais eoutras 450 municipais (fundos, funda-ções, autarquias, empresas públicas,sociedades de economia mista, con-sórcios intermunicipais, serviços au-tônomos de água e esgoto e entidadesprevidenciárias).

Nas prestações de contas que anali-sa anualmente, o TCE avalia a gestãoorçamentária, contábil, financeira, patri-monial e operacional de cada ente sobsua jurisdição. O órgão tem hoje cercade 650 funcionários efetivos e recebeanualmente 1,9% do Orçamento do Es-tado. O volume anual de recursos cujaaplicação é analisada pelo TCE superaos R$ 20 bilhões.

Hoje um modelo nacional de con-trole externo entre as cortes de contasde todo o País, o TCE-PR tem comometa desenvolver e manter procedi-mentos de fiscalização que promovama atuação preventiva contra a utiliza-ção ilegal, antieconômica ou ineficazdos recursos públicos. Esse papel setornou ainda mais efetivo a partir daimplantação da nova Lei Orgânica dotribunal.

Aprovada no final de 2005 pela As-sembléia Legislativa paranaense, a LeiComplementar 113/05 começou a vigo-rar em 2006, junto com o novo Regi-mento Interno do TCE, composto por540 artigos. Esses dois instrumentos –que substituíram uma legislação ultra-passada, elaborada havia quase 40 anos– mudaram a estrutura administrativada Casa e possibilitaram que as deci-sões da Corte possam ser mais rápidase efetivas.

CORPO DELIBERATIVO

Conselheiros: O colegiado é for-mado por sete conselheiros, nomeadospelo governo do Estado, obedecendo aseguinte composição: quatro são esco-lhidos pela Assembléia Legislativa e trêspelo governo estadual, sendo um delesde livre escolha e dois, alternadamente,entre auditores e membros do MinistérioPúblico junto ao Tribunal de Contas. Acada dois anos, são eleitos o presidente,o vice-presidente e o corregedor-geral.

Auditores: Em número de sete, sãoos substitutos legais dos conselheiros emsuas faltas ou impedimentos, e podempraticar todos os atos atribuídos àque-les. O provimento do cargo ocorre pormeio de concurso público.

Ministério Público junto ao Tri-bunal de Contas: Composto por 11 pro-curadores, sob a coordenação do pro-curador-geral, tem como principal mis-são o cumprimento da lei em todas asdecisões tomadas pelo Tribunal, além dadefesa da ordem jurídica e do regimedemocrático. O MPjTC participa de to-das as sessões do Tribunal. O provimen-to do cargo de procurador é feito pormeio de concurso público.

Presidência: Órgão responsávelpela representação e direção do Tribu-nal e de seus serviços.

Corregedoria-Geral: É o órgãoresponsável pela inspeção e correiçãopermanente dos serviços do Tribunal etambém por instaurar processo adminis-trativo disciplinar contra servidores da

Casa. Também é responsável pelo ser-viço de Ouvidoria.

JULGAMENTOS DE PROCESSOS

Câmaras: A nova Lei Orgânica im-plantou o sistema de câmaras, respon-sáveis pela análise e julgamento dascontas das prefeituras e câmaras muni-cipais, administração pública indireta, noâmbito estadual, e da direita e indiretados municípios. As câmaras também sãoresponsáveis pela análise e julgamentodas prestações de contas de transferên-cias voluntárias de entidades públicas eprivadas. As sessões da Primeira Câ-mara são realizadas às terças-feiras eàs da Segunda Câmara, às quartas-fei-ras.

Tribunal Pleno: Órgão máximo doTribunal É responsável pelo julgamentodas contas do governador do Estado,Assembléia Legislativa, Judiciário, Mi-nistério Público e secretarias de Esta-do. Também cabe ao Pleno respondera consultas e julgar denúncias, repre-sentações e recursos – ou seja, reveras decisões das câmaras quando emgrau de recurso. Tem ainda a exclusivi-dade de usar instrumentos de jurispru-dência, como o prejulgado, a uniformi-zação de jurisprudência e a súmula, parafacilitar e padronizar suas decisões. Assessões, com a participação de todos osconselheiros, ocorrem às quintas-feiras.

CORPO INSTRUTIVO

Diretoria Geral: Coordena as ati-vidades de natureza operacional, técni-ca e administrativa. Sua função essen-

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cial é a de secretariar o Pleno e dar cum-primento às suas decisões, mantendo oacompanhamento e controle sobre oandamento das medidas tomadas.

Diretoria de Contas Estaduais(DCE): Responde pela instrução nosprocessos de prestação de contas dasentidades do Executivo Estadual, in-cluindo as contas do governador, dosPoderes Legislativo e Judiciário e doMinistério Público, através da conso-lidação dos trabalhos de fiscalizaçãorealizados pelas Inspetorias de Con-trole Externo.

Inspetorias de Controle Externo(ICE): São seis, coordenadas pelos con-selheiros, à exceção do presidente. Atu-am na fiscalização direta dos órgãos eentes estaduais, por sistema rotativo bi-enal e sorteio realizado pelo Pleno. Têmcomo principais atividades realizar au-ditorias e inspeções in loco, propor im-pugnação dos atos ou fatos administra-tivos irregulares e emitir relatórios qua-drimestrais à DCE sobre os examesrealizados.

Diretoria de Execuções (DEX):Criada pela Lei Complementar 113/2005,fiscaliza a arrecadação e receita doEstado, realiza a instrução do processode homologação das cotas do ICMS eelabora os cálculos sobre o recolhimen-to de valores contidos nas decisões dasCâmaras e do Pleno. Também é res-ponsável pela fiscalização da efetivaaplicação das sanções impostas peloTribunal.

Diretoria de Análise de Transfe-rências (DAT): Atua na instrução dosprocessos de prestação de contas detransferências voluntárias de recursosestaduais e municipais, a entidades pú-blicas e privadas, por meio de convêni-os, subvenções sociais e auxílios.

Coordenadoria de Auditorias(CAD): Realiza as auditorias, de con-formidade e operacional, nos projetose programas estaduais e municipais

co-financiados por organismos inter-nacionais. Desenvolve também audi-torias especiais determinadas pelaDiretoria Geral. Unidade é certifica-da com a ISO 9001.

Diretoria de Contas Municipais(DCM): Unidade responsável peloexame das contas dos 399 municípiosparanaenses, incluindo o Executivo, aCâmara Municipal, os fundos, funda-ções, autarquias, empresas públicas, so-ciedades de economia mista e consór-cios intermunicipais.

Diretoria Jurídica (Dijur): Emiteparecer de natureza jurídica sobre osprocessos que serão submetidos às Câ-maras e ao Pleno para julgamento, sub-sidiando as decisões proferidas.

Coordenaria de Engenharia e Ar-quitetura (CEA): Subsidia e realizaauditorias em obras públicas, prestandoapoio a todas as unidades das áreas es-tadual e municipal. É responsável pelamanutenção do sistema de cadastra-mento e acompanhamento das obras noEstado. Responde, internamente, pelamanutenção e conservação do prédio doTribunal.

Coordenadoria de Planejamento(Coplan): Fornece subsídios à direçãoda Casa na formulação de suas diretri-zes, elaborando os planos de ação anu-ais, consolidando os relatórios de ativi-dades das unidades e acompanhando ostrabalhos.

Diretoria Econômico-Financeira(DEF): Executa o processo contábil-financeiro-orçamentário, elaborando ocontrole interno, o acompanhamento dagestão fiscal e o planejamento da pro-posta e da execução orçamentária.

Diretoria de Recursos Humanos(DRH): Unidade responsável pelas in-formações, registros e controles dosatos e fatos relacionados à vida funcio-nal dos servidores do Tribunal. Atua,também, nas áreas de treinamento e

capacitação para os públicos interno eexterno, e na coordenação do atendi-mento médico-odontológico, psicológicoe assistencial aos servidores.

Diretoria de Tecnologia da Infor-mação (DTI): Coordena e executa asatividades de análise e programação desistemas, segurança da informação e su-porte para aquisição e manutenção deequipamentos de informática. Subsidiae realiza auditorias em sistemas, pres-tando apoio para todas as unidades dasáreas estadual e municipal.

Diretoria de Protocolo (DP):Tem como atribuições o recebimento,emissão de protocolo e autuação de do-cumentos, a expedição e o arquivo ge-ral de documentos de interesse do Tri-bunal.

Diretoria de Administração doMaterial e Patrimônio (DAMP):Responde pelo uso, manutenção e se-gurança dos bens móveis e da instala-ção predial do Tribunal, e requisita, es-critura e controla os materiais de con-sumo e permanente.

Coordenadoria de Apoio Admi-nistrativo (CAA): Responde pelaguarda, manutenção e controle de usodos veículos; limpeza, manutenção e vi-gilância do prédio do Tribunal.

Coordenadoria de Jurisprudên-cia e Biblioteca (CJB): Tem comoatribuição o serviço de biblioteca e a or-ganização da jurisprudência das deci-sões do Tribunal. A divulgação dessasdecisões é feita por meio da Revistado Tribunal de Contas do Paraná,publicação oficial da Casa, editada pelaCBJ.

Coordenadoria de ComunicaçãoSocial (CCS): Sua atribuição principalé tornar públicas, por meio dos veículosde comunicação, as principais decisõestomadas pelo Tribunal. Também atua norelacionamento institucional do TCEcom a mídia.

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Em um regime democrático, ondeé evidente a participação da comuni-dade na gestão das políticas públicas,o que vem se destacando é a figura doControle Social. Para o Tribunal deContas do Estado do Paraná, o Con-trole Social é um instrumento de inte-ração popular na gestão dos municípi-os, com viés para orçamento partici-pativo, plebiscito e iniciativa popular nacontribuição para fiscalização do di-nheiro público.

A advogada Simone Manassés Gui-marães foi uma das precursoras doControle Social no Tribunal de Contas,onde saiu a campo mostrando para a

FISCALIZAÇÃO

População ajuda a definiras políticas públicasControle Social, criado pelo TCE, incentiva a participação dos cidadãos na gestãodos municípios, com mecanismos como o orçamento participativo e os plebiscitos

sociedade quais são seus direitos, quaisos limites do administrador público e aimportância da participação efetiva dasdecisões onde o cidadão vive e traba-lha, num verdadeiro exercício da demo-cracia.

Foram dezenas de viagens ao inte-rior, com palestras a gestores públicose comunidade em geral, conscientizan-do a população da participação da so-ciedade nas funções de planejamento,monitoramento, acompanhamento eavaliação de resultados das políticaspúblicas.

“O Tribunal de Contas, conscientede sua missão de salvaguardar os prin-

cípios de moralidade e legalidade dopoder público, tem como compromissoo trabalho para uma ação realizadora,competente, perseverante e que vá aoencontro dos interesses do cidadão.”Esta tem sido a tônica de suas palestrasem torno do Controle Social.

Entre os principais enfoques sobre oControle Social, levados pelo Tribunalde Contas à comunidade paranaense –capital e interior – estão as determina-ções contidas na Lei de Responsabili-dade Fiscal em relação à participaçãopopular na gestão pública; o papel e osfeitos do Tribunal de Contas na munici-palidade, como parecer prévio na pres-

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tação de contas, registro dos atos depessoal, emissão de alertas e auditorianas obras públicas.

Interação - Foi fundamental ain-da a participação de Simone Manas-ses Guimarães na missão de dar ciên-cia dos meios de informações à dis-posição dos munícipes: governo ele-trônico, publicação dos relatórios, siteBrasil Transparente; conscientizarsobre a necessidade e importância doenvolvimento na gestão municipal,além de estimular a participação po-pular nas audiências públicas para aelaboração das leis orçamentárias –orçamento participativo, onde se des-taca a interação entre o governo e apopulação.

“Não podemos fechar os olhos paraas dificuldades práticas que enfrenta-mos na aplicação efetiva do instituto damoralidade e ética pública, como prin-cípio superior de conformação da con-duta estatal e dos agentes públicos”, ob-serva Simone Guimarães. Segundo ela,o Tribunal de Contas do Estado do Pa-raná “se preocupa com o fato inegávelde, muitas vezes, a sociedade ficar mar-ginalizada sobre as tarefas e responsa-bilidades dos órgãos de controle do po-der público, seja qual for a fase de suaexecução”.

Não se nega, nos campos doutriná-rio e teórico, a importância da partici-pação da sociedade na formulação daspolíticas públicas e no necessário con-trole da sua execução, salienta a advo-

gada. “Muitas vezes nos esquecemosque qualquer conceito sobre ética e mo-ralidade administrativa parte, como to-dos os institutos democráticos, da von-tade popular e da sua noção sobre es-ses valores, que conforma e efetiva ochamado ‘interesse público’.

“É neste caminho que pretendemosapontar um novo rumo para o contro-le da administração pública: a efetivae concreta participação popular na atu-ação das cortes de contas, pois a fi-nalidade deste instituição nada mais édo que tutelar a gerência, a adminis-tração dos interesses e necessidadedesta mesma sociedade”, sustenta Si-mone, que é diretora de Gabinete doconselheiro Fernando Augusto MelloGuimarães.

O cidadão fiscaliza seu dinheiroO direito à informação so-

bre a forma como os gestoresgastam o dinheiro público é umdos pilares da democracia e estáprevisto na Constituição Fede-ral, no artigo 37. Mas o cidadãosó conseguirá acompanhar e fis-calizar a aplicação dos recursosse as informações estiveremacessíveis e organizadas de for-ma clara e didática. Esse é oprincípio do Portal do ControleSocial, mantido pelo Tribunal deContas do Estado, com o obje-tivo de dar instrumentos para que asociedade ajude a instituição a fazercom que os recursos sejam bem em-pregados.

Implantando em 2005, o portal tor-na disponíveis na internet informa-ções atualizadas sobre os 399 muni-cípios paranaenses e oferece linkspara o Portal da Transparência (man-tido pela Controladoria Geral daUnião e com informações sobre ogoverno federal) e o Portal Gestãodo Dinheiro Público, (mantido pelogoverno paranaense). Essa ferra-

menta eletrônica permite que o cidadãoacompanhe a aplicação dos recursos.

Os dados dos municípios paranaen-ses são atualizados mensalmente, comas informações recebidas do Sistema deInformações Municipais (SIM), pormeio do qual o TCE acompanha a ges-tão orçamentária dos entes que fiscali-za. No portal, o internauta tem acesso adados sobre gestão orçamentária, lici-tações, obras em andamento e contra-tos realizados pelas prefeituras, câma-ras, fundos e empresas municipais. Osrelatórios de gastos são realizados to-

mando-se por base a Lei deResponsabilidade Fiscal (LeiComplementar 101/2000), quepromoveu uma revolução naadministração pública em todasas esferas.

O Portal do Controle Socialtambém oferece ao cidadão in-formações sobre a atuação dosconselhos municipais – responsá-veis pela definição, gestão e fis-calização de políticas públicas emáreas como saúde e educação. Épossível ainda encontrar no por-

tal um perfil de cada município parana-ense e um resumo da atuação do TCE.

Segundo o diretor de Tecnologiada Informação do Tribunal, DjalmaRiesemberg Júnior, as próximas me-tas são incluir no portal as informa-ções de gestão orçamentária do go-verno do Estado e a prestação decontas dos convênios, pelos quais ogoverno estadual ou os municípiosrepassam dinheiro para entidades.

Serviço - www.controlesocial.pr.gov.br

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FISCALIZAÇÃO

Trabalho implantado pela nova Lei Orgânica dá maior rapidez à devolução derecursos aos cofres públicos; processos de restituição já somam R$ 222 milhões

DEX torna efetivas asdecisões tomadas pelo TCE

Uma das maiores inovações institu-ídas pela nova Lei Orgânica do Tribu-nal de Contas do Paraná foi a criaçãoda Diretoria de Execuções (DEX). Suaprincipal missão é tornar efetivas asdecisões tomadas pelo Tribunal. É elaque acompanha, por exemplo, se as san-ções pecuniárias aplicadas pelo Pleno eas Câmaras estão sendo cumpridas, naprática, pelos gestores públicos parana-enses.

Em parceria com a Diretoria de Tec-nologia da Informação (DTI), a DEXdesenvolveu o Sistema Eletrônico deRegistro e Controle de Sanções, quepermite a emissão automática de docu-mentos e o acompanhamento da inscri-ção em dívida ativa e a execução judi-cial das sanções. O resultado desse tra-balho é uma maior rapidez no retornode recursos aos cofres públicos, pormotivos como a restituição de valoresdesviados ou usados irregularmente pe-los gestores, além de multas adminis-trativas, por dano ao erário e por infra-ção à Lei de Responsabilidade Fiscal.A possibilidade de aplicação dessasmultas é outra inovação da Lei Orgâni-ca em vigor.

Desde sua criação, em 15 de de-zembro de 2005, a DEX acompanha aexecução, junto aos municípios para-naenses e ao governo estadual, deaproximadamente R$ 222 milhões, fru-to de decisões do TCE para as quaisnão cabe mais recurso. A maior partedeste valor – R$ 221milhões – é relati-va à restituição de valores. “Nosso ob-jetivo é dar efetividade às decisões do

Tribunal e torná-lo uma referência na-cional na área de execuções”, afirmao diretor da DEX, Luiz FernandoStumpf do Amaral.

Várias medidas adotadas em 2007ajudam a alcançar esse objetivo. Juntocom procuradores estaduais e promo-tores de justiça, a DEX está realizandouma série de visitas técnicas e seminá-rios com servidores municipais e esta-duais encarregados da execução fiscaldos débitos encaminhados pelo TCE. Adiretoria também promove visitas a ór-gãos fazendários municipais, procurado-

rias regionais do Estado, varas da fa-zenda pública e comarcas para acom-panhar o andamento das execuções ju-diciais e a inscrição em dívida ativa.

No biênio 2007/2008, as principaismetas da DEX são a elaboração deum manual de orientação aos municí-pios para a inscrição e execução emdívida ativa dos valores a serem res-tituídos e o desenvolvimento de umaferramenta eletrônica que possibilitea solicitação on line de inscrição emdívida ativa dos valores a serem de-volvidos ao tesouro estadual.

• Manter o registro e o controle indi-vidualizado das decisões do Pleno edas Câmaras sobre multas, restitui-ções de valores, declarações de ini-doneidade, inabilitação para o exer-cício de cargos em comissão, proibi-ção para a contratação com o PoderPúblico estadual e municipal e susta-ção de ato impugnado;• Elaborar os cálculos em acórdãosque estipulam multa ou restituição devalores;• Emitir certidões de débito para ins-crição em dívida ativa pelo órgão cre-dor;• Acompanhar o parcelamento demultas;• Realizar intimações;• Registrar baixas de responsabilidade;

• Informar processos de certidão li-beratória;• Elaborar lista de agentes públicoscom contas julgadas irregulares paraencaminhamento ao Tribunal Regio-nal Eleitoral;• Monitorar as execuções pecuniári-as e os processos encaminhados aoMinistério Público Estadual para aabertura de inquérito civil.

RESTITUIÇÃO DE RECURSOSValores em processode execução, em R$*Restituição de valores: 221,01 milhõesMulta proporcional ao dano: 771,1 milMulta administrativa: 136,6 milMulta por infração fiscal: 29,9 mil* de 15/12/05 a 11/04/07

As atribuições da DEX

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FISCALIZAÇÃO

Corregedoria e Ouvidoria ajudam TCE a obter retorno da população sobre a aplicaçãodo dinheiro público e avaliar sua própria atuação e a dos seus servidores

Linha direta com o cidadãoabre diálogo e tira dúvidas

COMO ENCAMINHAR DEMANDAS• Atendimento pessoal, na sala da Ouvidoria, nasede do TCE• Telefone 0800 6450645• Internet: www.tce.pr.gov.br• Carta• Urnas disponíveis na sede do TCE

O Tribunal de Contas do Estado doParaná conta hoje com dois eficazesinstrumentos para ouvir o cidadão etambém avaliar a qualidade dos ser-viços que presta e a forma de atua-ção de seus servidores. Previstas nanova Lei Orgânica do Tribunal, a Ou-vidoria e a Corregedoria-Geral funci-onam plenamente, com ótimos resul-tados.

A Ouvidoria foi implantada em ou-tubro do ano passado, para receber de-núncias, reclamações e informaçõessobre a atuação dos entes públicos queo TCE fiscaliza e também sobre suaprópria atuação. É um canal de comu-nicação direta, que pode ser acionadopor telefone, carta, pela internet ou pes-soalmente (veja os detalhes no qua-dro nesta página).

Segundo o conselheiro FernandoAugusto Mello Guimarães, que coorde-na as duas estruturas, a aceitação daOuvidoria superou a expectativa. “Elase tornou um canal informal de comuni-cação com o cidadão, na medida em quenão exige a abertura de um processono Tribunal. A demanda nos surpreen-deu, tanto em volume quanto na quali-dade das informações recebidas”, ana-lisa Guimarães.

Na avaliação do conselheiro, o fun-cionamento da Ouvidoria está contri-buindo para que o TCE monte um pla-nejamento estratégico mais focado nosproblemas apontados pelos cidadãos.Um levantamento concluído em mar-ço apontou, por exemplo, que a esferamunicipal é responsável por quase 90%

da demanda do órgão, contra apenas6,5% da esfera estadual e 5,6% inter-nas do Tribunal.

Corregedoria - A Corregedoria doTCE, à qual a Ouvidoria está ligada, éanterior à Lei Orgânica, mas o novoinstrumento legal reforçou o seu papel.Ela se transformou em um canal de dis-tribuição de informações sobre as ati-vidades e processos do Tribunal parao próprio órgão, o Poder Legislativo ea sociedade. Segundo Guimarães, aampliação do papel da Corregedoria

retira dela aquela idéia de que se trataapenas de um órgão punitivo, para oencaminhamento de processos discipli-nares internos.

Na avaliação de Guimarães, Cor-regedoria e Ouvidoria estão em pro-cesso de estruturação, embora jáapresentem bons resultados. “Muitacoisa ainda precisa ser feita, mas jáposso afirmar que o Tribunal de Con-tas do Paraná está entre os mais mo-dernos e atualizados no que se refereao relacionamento da instituição coma sociedade.”

A Ouvidoriado TCENATUREZA DASDEMANDAS

Reclamações ........ 73%

Dúvidas ................. 13%

Informações ............ 9%

Críticas .................... 3%

Sugestões ................ 1%

Elogios .................... 1%

PROCEDÊNCIADAS DEMANDAS

Municípios ...........87,9%

Esfera estadual .... 6,5%

Internas ................ 5,6%

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ARTIGO

Olhos voltados paraum horizonte dedemocracia e deconcretização plenados direitos do cidadão

A estrutura e as funçõesdo MP junto ao TCEAngela Cassia Costaldello

O Ministério Público tornou-se, nacontemporaneidade, uma instituição es-sencial para a harmonização dos inte-resses sociais. Embora integre a estru-tura estatal, ele não se volta prioritaria-mente à defesa dos interesses particu-lares do Estado. Mais ampla, a sua fun-ção compreende a salvaguarda dos va-lores, direitos e interesses atinentes àsociedade civil, ainda que eventualmenteantagônicos às chamadas “razões” deEstado.

Com a Constituição da República de1988, o Ministério Público recebeu aconformação estrutural e funcional atu-al, sendo incumbido, de modo definitivo,da defesa da Ordem Jurídica, do Regi-me Democrático e dos Interesses Soci-ais e Individuais Indisponíveis, além deoutras importantes funções institucionaisdelineadas pelo art. 129 do texto mag-no. Até 1988, para exemplificar, cabiaao Ministério Público Federal uma du-pla ocupação, como fiscal da lei (cus-tos legis) e como advogado dos inte-resses da Fazenda Federal.

O elenco de atribuições e de funçõessocialmente relevantes conferidos aoMinistério Público pela Constituição seampliou ainda mais com a institucionali-zação do Ministério Público junto aosTribunais de Contas1 . A partir dessacircunstância, tornou-se possível susten-tar que ao Ministério Público junto aoTribunal de Contas foram atribuídos fun-damento e status constitucional, aindaque com funções mais específicas e cir-cunscritas que as típicas do MinistérioPúblico em geral.

No Estado do Paraná, a Lei n°5.615/1967 dispôs sobre a constitui-

ção, competência e assuntos afins ati-nentes ao Tribunal de Contas Estadu-al. Neste instrumento normativo, jáhavia a previsão de membros do Par-quet integrando a Corte de Contas2 .De acordo com o artigo 12, o Minis-tério Público era representado pelaProcuradoria da Fazenda junto aoTribunal, como órgão auxiliar da fis-calização orçamentária e financeira,representando a Fazenda Pública pe-rante o Tribunal. Naquela época, osprocuradores atuavam tal como o Mi-nistério Público Federal, isto é, tantocomo representantes da Fazenda,quanto como fiscais da aplicação cor-reta da legislação.

Na década de 80, por meio de provi-mentos internos do TCE/PR, a nomen-clatura Procuradoria da Fazenda jun-to ao Tribunal de Contas foi substitu-ída pela terminologia Procuradoria doEstado junto ao Tribunal de Contas,a qual, novamente, já no final da déca-da de 90, acompanhando expressão debase constitucional, passou a receber adesignação de Ministério Público juntoao Tribunal de Contas.

O desenho institucional deste Minis-tério Público é peculiar, como consta naementa do Acórdão da ADIn 789, pro-ferido pelo Supremo Tribunal Federal,segundo o qual “o Ministério Públicojunto ao TCU é instituição que não inte-gra o Ministério Público da União”. Essa

decisão deu ensejo ao reconhecimentodos Ministérios Públicos junto às Cor-tes de Contas estaduais, em substitui-ção às antigas procuradorias do Estadojunto a esses tribunais especiais.

Pela dicção e sentido da Constitui-ção da República, o Ministério Públi-co junto ao Tribunal de Contas é umainstituição autônoma em face do Minis-tério Público comum, da União ou dosEstados, ou seja, possui uma configura-ção jurídico-institucional própria, de for-ma que o ingresso nos seus quadros sefaz por concurso público específico e asua organização, aparelhamento e dire-ção lhe são próprios.

Assim sendo, a sua estrutura deri-va das funções específicas desse Mi-nistério Público, que, no Estado do Pa-raná é integrado por onze procurado-res, sendo chefiado por procurador-geral escolhido pelo governador doEstado em lista tríplice formada entreseus membros, para mandato de doisanos. Dentre outras, competem aoMinistério Público junto ao Tribunal deContas, em sua missão de guarda dalei e fiscal de sua execução, as seguin-tes atribuições:

(i) promover a defesa da ordemjurídica, do regime democrático edos interesses sociais e individuaisindisponíveis, requerendo as medi-das de interesse da Justiça, da Ad-ministração e do Erário; (ii) com-parecer às sessões do Tribunal edizer do direito, verbalmente ou porescrito, em todos os processos su-jeitos à deliberação do Tribunal,sendo obrigatória a sua manifesta-ção sobre preliminares e sobre omérito, nos processos de consulta,incidentes, prestação e tomada de

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contas, nos concernentes à fiscali-zação de atos e contratos e de apre-ciação dos atos de admissão depessoal e de concessão de aposen-tadorias, reformas e pensões, bemcomo nas denúncias e representa-ções; (iii) manifestar-se em recur-sos e pedidos de rescisão de julga-do, bem como nos incidentes de uni-formização de jurisprudência, in-

cidente de inconstitucionalidade ena formação de prejulgados e en-tendimentos sumulados; (iv) velarsupletivamente pela execução dasdecisões do Tribunal, promovendoas diligências e atos necessáriosjunto às autoridades competentes,para que a Fazenda Pública rece-ba importâncias atinentes às mul-tas, alcance, restituição de quanti-

as e outras imposições legais, ob-jeto de decisão do Tribunal.

Eis, portanto, os papéis essenciaiscominados aos membros do Parquet deContas, aos quais se acrescentam, paraalém das funções de custos legis, dedefesa dos princípios republicanos, dosprincípios regentes da AdministraçãoPública e de preservação dos interes-ses públicos, a promoção dos direitosfundamentais sociais.

Na atualidade, os Tribunais de Con-tas e, por conseguinte, os MinistériosPúblicos junto a eles, detêm papel im-prescindível para a concretização dosdireitos fundamentais sociais pela Ad-ministração Pública, uma vez que estesdireitos, para serem efetivados, depen-dem da alocação de grande quantidadede recursos e o controle da sua aplica-ção constitucionalmente adequada re-presenta atribuição característica des-tas instituições.

Vê-se, portanto, neste curto trecho,a ainda breve, mas já profícua traje-tória percorrida pelo Ministério Pú-blico junto ao Tribunal de Contas.Vislumbra-se, igualmente, o longo ca-minho ainda a ser trilhado, com osolhos voltados para um horizonte dedemocracia e de concretização plenados direitos do cidadão.

No Estado do Paraná, a marchadeste Ministério Público em direção àrealização da sua missão institucionalencontra norte e orientação no per-curso histórico do próprio Tribunal deContas, que, neste ano, completa 60anos de atuação na preservação doordenamento jurídico, no qual a lega-lidade e a justiça caminham juntas,lado a lado, tal qual o Ministério Pú-blico e o Tribunal de Contas.

Angela Cassia Costaldello éprocuradora-geral do Ministério Públicojunto ao Tribunal de Contas do Paraná.

1 A institucionalização do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas ocorreu pelo artigo 130 da CF/88.2 É de se notar que, desde o Decreto 2.409, de 23 de dezembro de 1896, em seu art. 81, estão prescritas as funções e o campo das atribuições dos integrantes do MinistérioPúblico que atuavam junto ao Conselho e Tribunal de Contas da União, nos seguintes termos: “O Representante do Ministério Público é o guarda da observância das leis fiscaise dos interesses da Fazenda perante o Tribunal de Contas. Conquanto represente os interesses da Pública Administração, não é todavia delegado especial e limitado desta,antes tem personalidade própria e no interesse da lei, da justiça e da Fazenda Pública tem inteira liberdade de ação”.

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RECURSOS HUMANOS

Seminário orienta servidores sobre as novas leisestaduais para as micro e pequenas empresas e paralicitações, contratos administrativos e convênios

A nova ordem jurídicadas licitações no Paraná

Orientar os servidores da esfera es-tadual sobre as alterações ocorridas nasleis que direcionarão os processos lici-tatórios no Paraná. Este foi o objetivodo seminário “A nova ordem jurídica daslicitações do Estado do Paraná”, pro-movido pelo Tribunal de Contas, no dia5 de março. Na abertura do evento, opresidente do TCE, conselheiro NestorBaptista, declarou que o seminário erao primeiro evento de sua gestão. Mas oprimeiro de muitos. “Este ano o Tribu-nal de Contas completa 60 anos. Seráum aniversário comemorado com mui-tos treinamentos”, antecipou.

A nova lei das microempresas eempresas de pequeno porte - O con-sultor jurídico da Casa, Edgar AntonioChiuratto Guimarães, mestre em Direi-to Administrativo, falou sobre as mudan-ças ocorridas com a Lei Complementarnº 123, de 14 de dezembro de 2006, queinstitui tratamento diferenciado às mi-croempresas e empresas de pequenoporte. Em sua opinião, a lei provocou,em apenas sete de seus artigos (do 42ao 49), verdadeiros estragos no proces-so licitatório. “As benesses concedidasa estas categorias de empresa não res-peitaram os princípios da isonomia e daigualdade”, acredita.

A seu ver, o primeiro aspecto polê-mico da lei é quanto ao seu conceito demicroempresa e empresa de pequenoporte, que conflita com os definidos pelaLei 9.841/99 – conhecida como o esta-

tuto desses grupos, com validade até 01/07/07. “A LC nº 123 define microem-presa aquela com receita bruta anualigual ou inferior R$ 240.000,00 e em-presa de pequeno porte a de receita bru-ta igual ou inferior a R$ 2.400.000,00.Já a Lei 9.841/99 estabelece os parâ-metros de R$ 244.000,00 para micro-empresa e superior a R$ 244.000,00 einferior a R$ 1.200.000,00 para a depequeno porte. As opiniões dos juristasestão divididas sobre qual deve preva-lecer na hora da licitação”, revela.

Outro ponto gerador de controvérsi-as, na opinião de Guimarães, diz respei-to à possibilidade dessas empresas par-ticiparem de certames licitatórios, mes-mo com irregularidades em sua habili-tação fiscal, tendo a prerrogativa desanear o defeito durante o processo.Para ilustrar a situação, citou comoexemplo uma licitação onde, de um lado,tem-se uma grande empresa oferecen-do preço de R$ 100.000,00, mas, porproblemas na habilitação fiscal, já eli-minada. De outro, uma microempresaofertando preço de R$ 120.000,00, tam-bém com problemas na habilitação fis-cal, mas com a possibilidade de saneá-lo prevista na lei. Pelo tratamento dife-renciado oferecido pela LC nº 123, amicroempresa, mesmo com seu preçomaior, será a contratada. “Essas distor-ções farão com que a administraçãopública pague mais em função desta LeiComplementar”, critica Guimarães.

Em sua opinião, não basta haver pre-

visão legal para o tratamento diferenci-ado. Deve haver previsão expressa des-se tratamento, de suas prerrogativas eprocedimentos, nos instrumentos convo-catórios do certame.

Normas para licitações no Es-tado do Paraná - A Lei Estadual nº15.340, de 22 de dezembro de 2006,que fixa critérios para licitações, con-tratos administrativos e convênios noParaná, também foi enfocada noevento. A procuradora-geral junto aoTCE, Angela Cássia Costadello, falousobre as inovações trazidas pela novalei, explicando que ela contempla asmudanças tecnológicas surgidas nosúltimos anos, como a modalidade pre-gão eletrônico, com o estabelecimen-to de regras mais claras e padroniza-das para o seu uso.

Segundo Angela, a principal mu-dança inserida pela Lei Estadual é ainversão das fases para todas as mo-dalidades. Na prática, isso significaque, numa licitação, o primeiro crité-rio para definir as empresas classifi-cadas no processo será o preço porelas apresentado (para venda do pro-duto ou oferta do serviço), e não osdocumentos para habilitação. “Issoeconomiza tempo, já que só as em-presas classificadas passarão pela eta-pa de comprovação de habilitação.Assim, deixa-se de “perder tempo”com a análise de documentos de em-presas que, mais adiante, não apresen-tarão preços competitivos”, destaca.

Angela mencionou, ainda, outrosnovos pontos da lei, como regras pró-prias para pregão eletrônico e a possi-bilidade de leilão público para a vendade bens móveis e imóveis.

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O Tribunal de Contas do Estado doParaná está investindo cada vez maisna capacitação, tanto de seus funcioná-rios quanto dos profissionais que traba-lham para os entes públicos por ele fis-calizados. Os seminários, cursos, trei-namentos e palestras promovidos abran-gem desde as obrigações previstas nanova Lei Orgânica da Corte de Contasaté o aprofundamento sobre aspectosda legislação.

Para o presidente do TCE, conse-lheiro Nestor Baptista, o investimentoem capacitação contribuiu tanto paramelhorar a qualidade da aplicação dosrecursos públicos como para auxiliargestores e técnicos dos entes fiscali-zados a cumprir suas obrigações como tribunal. “Boa parte da desaprova-ção nas prestações de contas é oca-sionado por erros formais. Com ostreinamentos, auxiliamos os gestoresbem intencionados e tornamos maisefetivo nosso papel fiscalizador”, afir-ma Baptista.

Em 2006, o TCE promoveu 55eventos dirigidos a seus jurisdiciona-dos, que atraíram 8.654 profissionais,de todos os municípios paranaenses.Os encontros são promovidos em Cu-ritiba e nas principais cidades-pólo doInterior e têm como público-alvo ser-vidores municipais e estaduais dasáreas financeira, contábil e de infor-mática, além das comissões de licita-ção em órgãos estaduais, prefeiturase câmaras municipais. No mesmoperíodo, foram realizados 19 cursosinternos, que beneficiaram 1.138 ser-

RECURSOS HUMANOS

Treinamento de servidores e público externo torna mais eficaz o trabalho doTribunal e melhora a qualidade da aplicação dos recursos públicos

Investir em qualificaçãotem retorno garantido

vidores – como o tribunal tem 650 fun-cionários, isso significa que muitos pro-fissionais participaram de vários trei-namentos durante o ano. Um total de110 servidores participou de eventosexternos de qualificação em 2006, mui-tos deles fora do Paraná.

Em 2007, o TCE já programou 48eventos. No primeiro trimestre, osprincipais focos dos treinamentos fo-ram a Lei Estadual 15.340/06, que al-terou normas para as licitações noEstado; a implantação do Fundo deManutenção e Desenvolvimento daEducação Básica (Fundeb) pelo go-verno federal e a prestação de contasde convênios, a partir da Resolução03/06. Exigência da nova Lei Orgâni-ca do TCE, essa resolução estabele-ceu uma nova sistemática para a apre-sentação das contas de transferênci-as voluntárias e criou um plano anualde fiscalização de entidades que re-cebem recursos públicos.

O seminário sobre esse tema reali-zado em Cascavel, em 21 de março, éum bom exemplo da aceitação dos pro-gramas de capacitação. O evento atraiumais de 600 participantes, de órgãospúblicos e empresas privadas que, alémda orientação sobre os procedimentospara a prestação de contas de convêni-os, conheceram melhor a Lei Orgânicae o Regimento Interno do TCE.

Outra determinação da direção doTCE neste ano é a intensificação dasvisitas técnicas para orientar funcioná-rios das prefeituras a preencher corre-tamente as prestações de contas ele-trônicas bimestrais por meio do Siste-ma de Informações Municipais – Acom-panhamento Mensal (SIM-AM). Pelosistema, as prefeituras enviam os Rela-tórios de Gestão ao TCE e a ausência,o atraso ou incorreções nos relatóriospodem resultar em multa e até desapro-vação das contas anuais.

Para evitar a ocorrência de errosformais nesse processo, o TCE criouo programa “Passo a Passo com oMunicípio”. Técnicos do tribunal visi-tam os principais municípios do Esta-do, para esclarecer dúvidas sobre osistema. O atendimento é personali-zado, com hora marcada. Segundo adiretora da DCM (Diretoria de Con-tas Municipais), Luciane Maria Gon-çalves Franco, o programa nasceu deforma espontânea. Muitas vezes, ostécnicos do TCE, em visita às prefei-turas, eram convidados a explicar opreenchimento e o envio das informa-ções através do SIM-AM.

Presidente Nestor Baptista: investimentosem capacitação com cursos e seminários.

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OBRAS PÚBLICAS

Recurso externo,fiscalização in loco

O Tribunal de Contas do Paraná éum importante aliado na fiscalização so-bre a correta aplicação dos recursos en-viados ao Estado por organismos inter-nacionais. O TCE está credenciado peloBanco Interamericano de Desenvolvi-mento (BID) para a realização de audi-torias em programas, tanto do governoestadual como dos municípios parana-enses, financiados com dinheiro vindodo exterior.

“A auditoria é uma exigência do or-ganismo financiador, para que ele pos-sa acompanhar o andamento do progra-ma e confirmar a boa aplicação do re-curso”, explica Valter Demenech, co-ordenador de Auditorias do TCE. Ostécnicos da Coordenaria de Auditorias(CAD) receberam treinamento do Ban-co Mundial para executar o trabalho.

Segundo Demenech, os órgãos pú-blicos que recebem financiamento in-ternacional podem optar entre a audi-toria realizada pelo TCE, que é gra-tuita, ou contratar uma empresa pri-vada para realizar o serviço. A cons-tatação de irregularidades pelas audi-torias resulta em questionamento dasdespesas e encaminhamento de rela-tório à Inspetoria respectiva (quandoo ente sob fiscalização é um órgãoestadual) ou à Diretoria de ContasMunicipais (DCM), para a tomada deprovidências.

Atualmente, a CAD é responsávelpela auditoria de seis programas, cincomantidos pelo governo do Paraná e umpela Prefeitura de Curitiba. Os progra-mas estaduais fiscalizados são ParanáUrbano, Paraná 12 Meses, Programa

TCE faz auditoriasem programas querecebem recursos

internacionais

de Expansão, Melhoria e Inovação noEnsino Médio do Paraná (Proem), Pro-atlântica (de conservação da mata atlân-tica) e Paraná Biodiversidade. Essesprogramas recebem recursos do Ban-co Mundial (BID), Banco Interameri-cano de Desenvolvimento (BIRD) e doKFW, uma cooperativa de bancos ale-mães para financiamentos na área am-biental.

A coordenadoria também audita oprograma de transporte urbano da ca-pital, financiado parcialmente pelo BID.De acordo com Demenech, outras pre-feituras paranaenses estão pleiteando fi-nanciamentos junto ao BID. A CAD temuma equipe de 15 funcionários, forma-da por técnicos de controle contábil, eco-nômico e administrativo, assessor jurí-dico e técnicos de nível médio.

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LEI ORGÂNICA

Com as duas Câmaras e o novo Regimento Interno, o Tribunal de Contasdo Paraná dá mais transparência aos processos que tramitam na Casa

TCE cria câmaras paraagilizar julgamentos

Uma das maiores conquistas do Tri-bunal de Contas do Estado do Paranáem sua trajetória de 60 anos foi a apro-vação, em 2006, pela Assembléia Le-gislativa, da nova Lei Orgânica, que dis-ciplina e rege o funcionamento e a es-trutura hierárquica administrativa daCorte de Contas. Com a nova lei, o Tri-bunal de Contas instituiu novo Regimen-to Interno, que agiliza e dá transparên-cia aos processos que tramitam na casae efetividade às suas decisões.

Dentro de um contexto de moderni-zação do Tribunal de Contas e de suaadequação ao modelo constitucional,cuja missão é o julgamento das contasdos gestores da receita do Estado doParaná e de seus 399 municípios, a LeiOrgânica e o Regimento Interno revo-lucionam as ações que reservam suamissão. Um dos pontos de destaque foia criação da Primeira e da Segunda Câ-mara.

A medida garante maior celeridadeao julgamento de processos, passandoo Tribunal de Contas do Paraná a tertrês sessões semanais de julgamento.Tudo com prazo tanto para a atuaçãodo relator dos processos e do Ministé-rio Público junto ao Tribunal. A partir donovo Regimento Interno, passa a serfeito na Diretoria de Protocolo o sorteioeletrônico de relator, que passa efetiva-mente a presidir a instrução dos proces-sos a ele distribuídos.

Sanções e multas - O RegimentoInterno, ao lado da Lei Orgânica, pre-vê a forma de aplicação das sanções e

multas, sua instrumentalização e osmecanismos de controle. Destaca-setambém a disciplina das medidas cau-telares com o objetivo de prevenir da-nos ao erário e garantir a efetividadedo julgamento final, sob a orientaçãojá adotada pelo Tribunal de Contas daUnião, ratificada em decisões do Su-premo Tribunal Federal.

Todos os atos praticados pelo rela-tor, inclusive quanto ao inteiro teor dasdecisões, serão publicados, como for-ma de transparência dos processos. Apartir de agora, a motivação das deci-sões, obrigatória em face de preceitoconstitucional, será parte integrante dosacórdãos e decisões monocráticas, quepassarão a ser publicados, na íntegra,no periódico Atos Oficiais do Tribu-nal de Contas do Estado do Paraná.

Foram criados, a partir da lei Or-gânica e do Regimento Interno, inci-dentes de uniformização de jurispru-dência, prejulgados e súmulas. Essesinstrumentos têm como objetivo darcoerência e consistência aos enten-dimentos reiterados do Tribunal Ple-no e das Câmaras, publicando-os,com benefícios para todos os jurisdi-cionados, que passam a ter conheci-mento prévio da orientação do Tri-bunal de Contas, para direcionamen-tos de suas atividades no âmbito desua gestão.

Ainda como destaque, dentro dosavanços e modernização do Tribunal deContas do Paraná, a Lei Orgânica de-termina que o mandato do presidente,vice-presidente e corregedor-geral, pas-sa a ser de dois anos.

O Plenário do Tribunal de Contas do Paraná em sua atual composição.

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POSSE

Ex-presidente da Assembléia Legislativa, o novo conselheiro diz que daráprioridade à orientação dos entes fiscalizados, para evitar punições desnecessárias

Hermas Brandão assume ecompleta colegiado do TCE

O Corpo Deliberativo do Tribunal deContas do Estado ficou completo coma posse, no dia 5 de março, do deputadoHermas Brandão no cargo de conse-lheiro da Casa.

Depois de prestar juramento, noqual se comprometeu a cumprir e fa-zer cumprir as leis e as constituiçõesEstadual e Federal, Brandão, que pas-sa a integrar a Segunda Câmara de jul-gamento de processos do TCE, rece-beu as vestes talares de sua esposa,Ana Martins Brandão, na presença dasprincipais autoridades dos Três Pode-res do Estado, entre elas: o vice-go-vernador Orlando Pessuti; o presiden-te da Assembléia Legislativa, NelsonJustus; o presidente do Tribunal de Jus-tiça, José Antonio Vidal Coelho; o sub-procurador-geral de Justiça do Esta-do, Luiz Eduardo Trigo Roncaglio; ovice-prefeito de Curitiba, Luciano Duc-ci; além de deputados estaduais, fede-rais, prefeitos e vereadores.

Para Brandão, sua nomeação parao cargo de conselheiro do TCE coroauma carreira de 45 anos como serven-tuário da Justiça e 30 como ocupantede cargos públicos (foi prefeito de An-dirá, no Norte Pioneiro, e deputado es-tadual por seis mandatos). “Já cumpriminha missão como político e serventu-ário da Justiça. Agora encaro esse novodesafio, de servir a corte de contas maisbem preparada do País, com profissio-nais altamente capacitados”, afirmou.Ele ocupa a vaga deixada pela mortedo conselheiro Quiélse Crisóstomo daSilva, ocorrida em fevereiro de 2006.

Ao iniciar sua jornada no TCE, onovo conselheiro declarou que dará pri-oridade à orientação dos entes fiscali-zados pela Corte. “A boa orientaçãopode evitar o mal que a punição apenasremedia”, acredita.

A carreira política e o conhecimentoadministrativo de Brandão foram lem-brados por todos que discursaram du-rante a cerimônia de posse. A procura-dora-geral do Ministério Público juntoao TCE, Angela Cássia Costaldello, afir-mou que “como advogado e legislador,

o novo conselheiro acumula experiên-cia e saberá executar o direito”. O au-ditor Jaime Tadeu Lechinski destacou oconhecimento que Brandão possui so-bre a realidade paranaense. Para o con-selheiro Heinz Georg Herwig, sua mai-or qualidade é a vocação para o diálo-go. Já o vice-governador Orlando Pes-suti lembrou as lutas políticas que con-duziu ao lado de Brandão nas últimasdécadas. “Chegamos juntos à Assem-bléia, em 1983. O Hermas ajudou aconstruir um Paraná melhor.”

O ex-deputado Brandão, durante a solenidade de posse: conhecimento administrativo.

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O discurso de posse deHermas Brandão comoconselheiro do TCE

O caminho se faz aocaminhar.

Há exatos trinta anos, naminha pequena Andirá, eu davao primeiro passo na caminhadaque me traria até aqui.

E hoje, o que meus olhos memostram, nesta Casa que merecebe, são companheiros dessajornada, familiares, amigos,irmãos.

Minha gratidão a cada um devocês!

Minha gratidão profunda emeu reconhecimento a você, Ana,minha esposa, mãe dos meusfilhos, que faz da sua vida umexercício permanente de doaçãoà família!

A vocês, meus filhos, nora egenros, e aos filhos dos meusfilhos, o carinho de um pai e avôcuja vida, de muito trabalho erenúncia pessoal, procurou sersempre uma referência!

Começo, neste dia, uma novaetapa em minha jornada.

Sempre acreditei que otrabalho dá sentido para aexistência humana.

Somos o resultado do quefazemos.

Tenho muito orgulho dasminhas primeiras memórias deinfância, aos sete anos, quandocomecei a ajudar meu pai no seuCartório em Andirá.

Naquelas lidas diárias, queocupavam meu tempo juntamentecom a escola, pude conviver commeu pai, que perdi ainda jovem,e com ele aprendi o valor daética do trabalho.

Anos mais tarde, presteiconcurso e me tornei

serventuário da Justiça, função queme honrou por mais de quatrodécadas.

Fui serventuário da Justiçamuito antes do meu primeiromandato eletivo, como prefeito.Continuei serventuário mesmodepois de encerrado meu últimomandato como deputado.

Ali, no cartório de Andirá, nafunção da qual me retirei poucosdias atrás, eu começava a servir àsociedade.

Tomei gosto pelo trabalho, meenvolvi com a comunidade, ajudeipessoas, deitei raízes, compreendi aforça que a união traz, descobriminha vocação, me encontrei commeu destino.

Prefeito, deputado estadual,secretário de Estado, presidente daAssembléia Legislativa, em cadafunção que exerci, procurei servir.

E servi.E é esse sentimento, o de poder

servir ao bem maior da sociedade,que me trouxe até aqui.

Quero que todos saibam, paraque não reste dúvida, do meuorgulho em assumir esta função.

Fui eleito pelos meus pares,deputados e deputadas estaduais,por unanimidade. Fui confirmadopelo governador Requião, a quemme ligam laços de respeito eprofunda consideração.

Vou honrar a confiança de todosvocês como conselheiro do Tribunalde Contas do Paraná.

Somos sete, apenas sete, o quedá a dimensão da nossaresponsabilidade. Mas somostambém muitos! Auditores, técnicos,profissionais das mais variadascompetências que mantêm elevadaa bandeira da transparência efazem a grandeza desta Casa nosseus 60 anos de existência.

Serei conselheiro, sim! E tomareiao pé da letra o título que antecede

meu nome a partir de agora.Porque aconselhar é colocar

a serviço do bem de todos aexperiência que acumulei.

Mais que punir – o que farei,quando necessário –, vouorientar. Porque a boaorientação pode evitar o mal quea punição apenas remedia.

O que se faz neste Tribunalrepercute em todo o Paraná. OsPoderes, estaduais e municipais,estão sob o crivo das leis queeste Tribunal deve fazer cumprir.

O dinheiro que é de todos, dosimpostos recolhidos dos cidadãose da produção, pede zelo ecorreção.

Apenas isso justificaria anossa existência.

Mas, também por isso, cabelembrar que o bem maior que umhomem possui é o seu nome. Eaqui, quando julgamos contas, oque está em julgamento sãoreputações.

Vou também me aconselhar commeus pares, de cuja experiência,para além da amizade, me servireicom humildade.

Aos que me conhecem, nãopreciso lembrar que a minhaporta estará sempre aberta.

Porque é assim que gosto.Porque não sei trabalhar de

outro modo.Porque acredito que é

conversando que encaramos osdesafios.

Estou certo do quanto há porfazer.

Estou seguro da minhacapacidade em realizar.

O que assumo hoje, mais queo cargo, é uma missão.

Contem comigo, hoje esempre!

E vamos ao trabalho, com asbênçãos do Criador!

Muito obrigado!

“O sentimento de servir me trouxe até aqui”

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POSSE

Cláudio Canha preenche asétima cadeira de auditor

Cláudio Augusto Canha é o novoauditor do Tribunal de Contas do Esta-do. Ele tomou posse no dia 15 de mar-ço, durante sessão plenária dirigida pelopresidente do Tribunal, o conselheiroNestor Baptista. Com a posse de Ca-nha e do Conselheiro Hermas Brandão,esta ocorrida em 5 de março, o corpodeliberativo do TCE chega completo noano em que a corte de contas comemo-ra seis décadas de fundação.

Em número de sete, os auditoressão os substitutos legais dos conse-lheiros em suas faltas ou impedimen-tos, por motivos de férias, licenças ouafastamentos legais. De acordo coma Lei Orgânica do Tribunal, é funçãodo Auditor presidir a instrução dos pro-cessos que lhe são distribuídos, rela-tando-os em plenário, com proposta de

Cláudio Canha, novo auditor do Tribunalde Contas do Estado: aprovado emconcurso em 2003.

Advogado curitibano, aprovado em concurso realizado em 2003, tomou posse em 15de março; ele ocupa vaga criada com a aposentadoria de Marins Alves de Camargo

decisão a ser votada. O provimentono cargo ocorre por meio de concur-so público.

Curitibano, Cláudio Canha formou-se em Direito pela Universidade Uni-plan, de Brasília. Foi funcionário decarreira do Tribunal de Contas daUnião (TCU), sediado no Distrito Fe-deral. Ele havia sido aprovado emquinto lugar no último concurso paraauditor promovido pelo TCE-PR, em2003. Canha ocupa a vaga aberta coma aposentadoria do Auditor MarinsAlves de Camargo.

Com a posse de Canha e HermasBrandão, as sessões do TCE voltama ter quorum completo, o que nãoocorria há algum tempo. O fato foidestacado pelo presidente durante asolenidade.

O papel da Auditoria no Tribunal de ContasAuditoria é o instrumento

de fiscalização utilizado peloTribunal de Contas para oexame objetivo e sistemáticodas operações financeirasadministrativas e operacionais,efetuado posteriormente à suaexecução com a finalidade deverificar, avaliar e elaborar umrelatório que contenhacomentários, conclusões,

recomendações e, no caso deexame das demonstraçõesfinanceiras, a correspondenteopinião.

As auditorias são realizadascom a finalidade de examinar alegalidade e legitimidade dosatos de gestão dos responsáveissujeitos a sua jurisdição quantoao aspecto contábil, financeiroorçamentário operacional e

patrimonial.É de sua responsabilidade

também avaliar o desempenhodos órgãos e entidadesjurisdicionados assim comodos sistemas, programas,projetos e atividadesgovernamentais, quanto aosaspectos de economicidade,eficiência e eficácia dos atospraticados.

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MENSAGENS

ORIENTAR E FISCALIZAR

O Tribunal de Contas do Paraná chega à idade madura, completando 60 anosde existência, com amplo saldo de bons serviços prestados ao Estado e à comu-nidade. É, por isso mesmo, um fato que merece destaque diante da importânciae do relevante papel da Corte de Contas no contexto da administração públicaestadual. Orientar e fiscalizar são tarefas que lhe cabem, no sentido de zelarpelo bom uso do dinheiro público do Estado e dos 399 municípios paranaenses,em complemento ao Poder Legislativo. Se essa já era sua missão precípua, aação fiscalizatória do Tribunal de Contas ganhou ainda maior amplitude com oadvento da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a chamada Lei deResponsabilidade Fiscal.

No Paraná, essa espinhosa tarefa vem sendo cumprida com muito empenhopelo Tribunal de Contas, através de permanente atividade não apenas fiscalizado-ra, mas sobretudo de orientação dos responsáveis pela administração pública. Esempre com o propósito de fazer com que os cerca de R$ 20 bilhões movimenta-dos por ano, no Estado, tenham correta e legal aplicação.

Órgão prestador de serviços por excelência, o Tribunal de Contas do Paranámerece, com certeza, o apoio e a confiança de todos os órgãos e Poderes doEstado, dentre os quais se inclui naturalmente o Tribunal de Justiça.

60 ANOS DE EFICIÊNCIA

Os 60 anos do Tribunal de Contas do Paraná precisam ser comemorados portodos nós. Os paranaenses devem ao TC seis décadas de vigilância com a coisapública. O Tribunal é hoje um dos instrumentos mais eficientes de que dispõe asociedade para controlar a administração estatal. Com que pese o esforço enormedos detratores do Estado, que querem-no ver diminuído e apequenado diante dosinteresses do mercado, nesses últimos 60 anos a administração pública mudoumuito, tornou-se mais complexa, viu ampliada suas responsabilidades. E o nossoTC acompanhou essa evolução, aperfeiçoando as ferramentas de controle.

E essa vigilância não se resume simplesmente em um exercício contábil, emcontas de somar e diminuir. Vai além. O TC se ocupa também em medir a eficiên-cia da ação do administrador público. Afinal, a boa gestão, os bons resultados deprogramas e ações também têm a ver com a ética, com a moralidade, com alegalidade. Aos Conselheiros, aos Auditores, ao conjunto dos funcionários do Tri-bunal de Contas, o cumprimento do Governo do Paraná pelos 60 anos. Às gera-ções sucessivas de profissionais competentes que, ao longo desta história implan-taram e executaram mecanismos eficientes de vigilância da administração pública,os agradecimentos dos paranaenses. Meus votos são para que o Tribunal de Con-tas seja sempre assim, como foi em 60 anos.

Autoridades destacamos 60 anos do TCE

Roberto Requião, governador do Paraná.

José Antonio Vidal Coelho, presidente doTribunal de Justiça do Paraná.

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MODERNO E CAPAZ

O Tribunal de Contas do Estado doParaná é um perfeito “filtro das con-tas públicas do Estado e suas ações deresponsabilidade transmitem seguran-ça aos paranaenses”. A afirmação édo Procurador-Geral do Ministério Pú-blico do Paraná, Milton Riquelme deMacedo, que vê no órgão fiscalizadordo dinheiro público, um instrumento mo-derno e capaz, com respostas rápidasnas análises dos processos das presta-ções de contas.

Para o Procurador-Geral, o Tribu-nal de Contas do Estado do Paraná éum órgão fiscalizador de ponta no Paíse um parceiro do Ministério Público nafiscalização do patrimônio público. “Édas verbas públicas que todas as áre-as de representatividade do estado sãoalimentadas”, disse para destacar quea Corte de Contas é um dos “órgãosque realmente funciona de forma ex-tremamente positiva”.

A manifestação do Procurador-Ge-ral do Ministério Público está relacio-nada às comemorações dos 60 anos deatividades do Tribunal de Contas do Pa-raná. “Nossa parceria com o TC é sau-dável, onde possuímos convênios e par-ticipamos de todos os eventos pro-movidos pela Corte”, completou Ri-quelme de Macedo.

Milton Riquelme de Macedo,Procurador-Geral de Justiça.

ESPAÇO DE REFERÊNCIA

O Tribunal de Contas se transformouem um espaço de referência para a ad-ministração pública paranaense ao longodos seus 60 anos de história. O mérito édo conjunto de profissionais que, uma ge-ração depois da outra, construíram essaimagem sólida. Trabalho árduo é o de fis-calizar as diversas instâncias do poderpúblico estadual. Mas dessa tarefa o Tri-bunal de Contas se desincumbe com anecessária competência. Costumo dizerque o Paraná só avança quando as atitu-des das pessoas públicas que falam emnome das nossas instituições são resulta-do direto do interesse dos paranaenses.É por isso que hoje parabenizo o Tribunalde Contas e sua equipe. Que as atitudesde hoje façam as honras do amanhã.

PLURALIDADE E AVANÇOS

As instituições públicas e a população doParaná têm muito a comemorar neste 2 dejunho, dia em que o Tribunal de Contas do Es-tado completa 60 anos de fundação. NossaCorte de Contas experimenta um amplo pro-grama de modernização de suas metodologi-as de trabalho, todas elas destinadas a aper-feiçoar os sistemas de informação e seu pro-cesso de gestão, naquilo que há de mais con-temporâneo no assunto. Para além dessesavanços institucionais e administrativos ine-quívocos, é bastante significativa uma novaabordagem no exame das contas municipais,em que os conselheiros, auditores, procura-dores e técnicos do TCE, já há algum tempo,enfatizam o valor da orientação prévia a pre-feitos, secretários e demais administradoresdas prefeituras como forma de prevenção con-

tra eventuais equívocos na prestação das contas. Essa inovação, de acordo com o testemunho de observadores especialistas,

reduziu substancialmente a ocorrência de falhas involuntárias, erros de prestaçãodivorciados de má fé, fruto apenas da desinformação. E é implementada semprejuízo dos criteriosos padrões de apreciação das contas da autoridade públicaempregados pelo TCE. Também é digna de registro a atual composição do Tribu-nal de Contas, marcada pela pluralidade de idéias e origens dos conselheiros. Sãohomens, todos eles, com ampla experiência na vida pública – com fecundas passa-gens pelo Executivo, o Legislativo e o Ministério Público –, conhecedores de suascomplexidades e cientes da imensa responsabilidade que lhes recai sobre os om-bros. Vida longa ao Tribunal de Contas do Paraná.

Nelson Justus, presidente daAssembléia Legislativa.

BetoRicha, prefeito de Curitiba.

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APRIMORAMENTOCONTÍNUO

Mais do que por chegar aos 60 anosde existência, o Tribunal de Contas doEstado do Paraná merece cumprimen-tos por estar completando seis décadasde contínua busca pelo aprimoramentoe de permanente empenho no sentidoda modernização.

De Raul Vaz, seu primeiro presiden-te, nos idos de 1947, a Nestor Baptista,a quem cabe a honra de ocupar a presi-dência no ano do sexagésimo aniversá-rio da instituição, a marca que tem fica-do registrada, ao longo dessa história, éa da incansável marcha no rumo dasinovações e do avanço, sempre buscan-do a maior eficiência no cumprimentode sua missão, que é não apenas fisca-lizar as contas dos agentes públicos, mastambém orientá-los sobre os procedi-mentos que podem e devem adotar eaqueles a serem evitados.

Por essa busca permanente e pelosresultados positivos alcançados, mere-cem cumprimentos tanto seus dirigen-tes e integrantes, atuais e passados,como também seus servidores, cuja co-laboração, com certeza, muitocontribuiu para que o Tribunal de Con-tas do Estado do Paraná, hoje, sejaapontado como referência nacional demodernidade e eficiência.

O TCE TEM O RESPEITO DOS PARANAENSES

Ética e Democracia formam um bi-nômio inseparável e a grande tarefa dossistemas de controle governamental éverificar sua interligação nas entidadespúblicas. A sociedade cada vez maisexige uma conduta transparente e ho-nesta dos homens públicos e rigor nocumprimento da lei. A opinião pública,muito mais informada e atenta, exercecada vez mais a prerrogativa de fiscali-zar a ação dos administradores dos va-lores públicos. Aos Tribunais de Contascabe uma das principais missões dassociedades contemporâneas, a fiscaliza-ção e o julgamento dos administradorespúblicos.

É um papel que vem ganhando re-levo e reconhecimento, já que há umconsenso que a corrupção deve ser combatida não apenas porque é reprová-vel do ponto de vista ético mas também em função dos males econômicos esociais que produz. O Tribunal de Contas do Paraná tem o respeito dos para-naenses porque ao longo dos 60 anos de sua existência tem atuado na buscaconstante da moralidade no serviço público. Tornou-se referência e exemplode competência. Aprimorou-se, modernizou-se e é um órgão modelo no país,graças ao trabalho de seus conselheiros, auditores e funcionários. Que essetrabalho seja cada vez melhor.

Senador Álvaro Dias.

Senador Osmar Dias.

RIGOR NA MISSÃO DE FISCALIZAR

“Parabenizo o Tribunal de Contas doEstado do Paraná pelos 60 anos de exis-tência, cumprindo com rigor sua missãode fiscalizar a aplicação dos recursospúblicos em nosso Estado. São seis dé-cadas de trabalho, que renderam ao Tri-bunal de Contas a credibilidade e o res-peito por parte da população paranaen-se que confia na atuação do órgão.

Ressalto a importância do Tribunal deContas como entidade complementar aoPoder Legislativo na função de fiscali-zar as contas públicas e envio meus cum-primentos aos seus funcionários, conse-lheiros e membros diretores pelos 60anos de prestação de serviços ao povoparanaense”.Senador Flávio Arns.

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Conselheiros falam comorgulho das seis décadas

O NOSSO TCE

HENRIQUE NAIGEBOREN

Por ocasiãodos seus 60anos de ativi-dades, o Tribu-nal de Contasdo Paraná, édetentor de res-peito e reco-nhecimento porseu compro-misso com averdade das contas públicas. Ao longodo tempo, pelo trabalho contínuo de seusmembros e do corpo funcional, nuncase descuidou de atuar na preservaçãoda legalidade da gestão, indicar cami-nhos corretivos e, quando necessário,responsabilizar aqueles que se desviamdos princípios da moralidade. Subordi-nado à ética, transparência e à dissemi-nação de seu processo decisório, mo-dernizou sua estrutura, avançou na tec-nologia da informação e introduziu no-vos sistemas de controle.

O Tribunal visitou todas as regiõesdo Estado, para se aproximar dos admi-nistradores públicos, através da realiza-ção de inúmeros seminários, e capaci-tá-los com orientação preventiva visan-do coibir o desperdício e a falta de cri-tério na utilização de recursos. Nessesentido, definiu que tão importante quan-to julgar – e julgar bem – é prevenir oerro. Por isso, tenho orgulho de inte-grar o Tribunal de Contas do Paraná efazer parte de sua história, no momentoem que completa seis décadas de bonsserviços prestados à sociedade e aoPoder Público.

HERMAS BRANDÃO

H e r m a sEurides Bran-dão, um dosmais destaca-dos políticosparanaenses, éo mais novo in-tegrante do co-legiado de Con-selheiros doTribunal deContas do Estado do Paraná. O ex-pre-sidente da Assembléia Legislativa doEstado assumiu dia 5 de março de 2007o cargo de Conselheiro e passa a inte-grar a Segunda Câmara de Julgamentode Processos.

“Minha nomeação ao Tribunal deContas do Estado do Paraná vem coro-ar uma carreira de 45 anos como ser-ventuário da Justiça e 30 anos comoocupante de cargos públicos. Já cumpriminha missão como político e serventu-ário e agora encaro esse novo desafio,de servir a Corte de Contas mais bempreparada do País”, disse Brandão.

O novo conselheiro, que assume jus-tamente no ano em que o Tribunal deContas comemora seu sexagésimo ani-versário, garantiu que dará prioridade àorientação dos entes fiscalizados peloTribunal de Contas e que, na sua opi-nião, “a boa orientação pode evitar o malque a punição apenas remedia”.

Brandão parabeniza os 60 anos doTribunal de Contas e diz ter certeza deque o presidente Nestor Baptista forta-lecerá ainda mais a instituição, que hojeé modelo no País.

CAIO SOARES

Um dosmais novos inte-grantes do Co-legiado do Tri-bunal de Contasdo Estado doParaná, o Con-selheiro CaioSoares falou àRevista doTribunal deContas, mostrando humildade e vonta-de de aprender para ensinar, embora játenha larga experiência como auditor.

“Como conselheiro que assumiu em2006, vindo da Auditoria, me sinto honra-do e gratificado por participar das come-morações dos 60 anos do Tribunal deContas do Estado. Quando tomei posse,tinha consciência de que teria um grandedesafio pela frente na missão de fiscalizaros gestores do dinheiro público. Aos pou-cos fui me integrando ao experiente e com-petente colegiado e hoje posso afirmar queestou contribuindo para que não haja des-vio de recursos nas prefeituras, câmarase órgãos governamentais”.

Caio Soares destaca o crescimentodo Tribunal de Contas do Estado a par-tir da nova Lei Orgânica e do Regimen-to Interno, que ampliou os horizontes daCorte, agilizando as análises e respos-tas dos processos. “Agora, com o con-selheiro Nestor Baptista na presidência,tenho absoluta certeza de que o nossoTribunal dará um impulso ainda maiordentro da sua missão de fiscal do eráriopúblico e solidificará sua credibilidadejunto à sociedade paranaense”, disse.

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FERNANDO GUIMARÃES

“Não possodeixar de reco-nhecer a minhaimensa alegriapor estar come-morando, juntocom minha ins-tituição, maisum aniversário,com a expres-siva marca de60 anos de existência. E porque estaminha indisfarçável satisfação? Porqueestou podendo vivenciar os seguidosperíodos de mudanças que o Tribunaltem passado.

Bem me lembro quando aqui in-gressei, ainda no cargo de assessor ju-rídico e, depois de um ano, no cargode procurador do Ministério Públicode Contas. Passaram-se 14 anos.Neste período, o Tribunal de Contaspassou a ter expressivo relevo em fun-ções fundamentais no controle da Ad-ministração Pública, não só pela con-solidação de sua posição constitucio-nal, mas também pelas várias leis na-cionais que atribuíram especial papelàs Cortes de Contas, a exemplo da le-gislação educacional (LDB e Fundef)e fiscal (LRF). As demandas sociaispassaram a exigir uma maior atuaçãode resultados do Poder Público, con-duzindo os órgãos de controle a umaconstante busca de novo desenho parao controle externo da AdministraçãoPública.

Mas, recentemente, nossa atualLei Orgânica dignificou ainda mais aCorte de Contas elegendo não só me-canismos mais eficientes, mas abrin-do ainda mais os canais de comuni-cação com a sociedade, a exemploda criação da Ouvidoria. Por tudoisso, só tenho a agradecer ao Tribu-nal de Contas do Paraná por fazerparte da minha história.”

HEINZ HERWIG

“ Q u a n d oassumi a ca-deira de con-selheiro do Tri-bunal de Con-tas do Estado,em 2000, ti-nha, comigo,um compro-misso pessoal:queria apren-der, somar, crescer, servir e até ensi-nar. Entendia que somente cumprin-do essas etapas eu poderia, digna-mente, representar os anseios da co-munidade paranaense no compromis-so da gestão do dinheiro público. En-fim, posso afirmar que consegui atin-gir meus objetivos”. Assim conta oinício de sua trajetória no Tribunal deContas o conselheiro Heinz GeorgHerwig.

Os anos foram se passando e o en-genheiro civil, ex-deputado e ex-secre-tário de Estado dos Transportes, foi seconsolidando como integrante do cole-giado de conselheiros, culminando coma presidência da Corte de Contas noexercícios de 2005 e 2006. “Hoje esta-mos preparados para caminharmos jun-tos com o nosso presidente nas jorna-das futuras, buscando novas soluçõesa cada dia”, disse Herwig.

O conselheiro ressalta que o Tri-bunal de Contas é um aprendizadoconstante e oportunidade ímpar paracolaborar com o tão sonhado mundomelhor para todos. “Quero parabeni-zar a nossa Corte de Contas pelos 60anos de atividades e desejar muitasaúde e paz para que nosso presiden-te, conselheiro Nestor Baptista, nosconduza rumo ao tão esperado desejoda sociedade paranaense que é a eli-minação completa dos maus gestoresdo dinheiro público.”

ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO

“A cada diaque entro noTribunal deContas me sin-to renovado eg ra t i f i c ado .Esta satisfaçãopessoal jásoma mais de15 anos e pare-ce que come-cei ontem. Vejo uma trajetória que vemdescortinando um horizonte na busca demecanismos para o cumprimento de suamissão fiscalizadora.” Com essas pa-lavras, o conselheiro Artagão de Mat-tos Leão expressa seu sentimento de or-gulho em fazer parte do colegiado quecomanda os destinos dos homens emulheres que fiscalizam os trabalhos dosgestores do dinheiro público do Paraná.

Aos 60 anos de idade, “Tribunal deContas do Estado do Paraná continuajovem e atualizado. Vem constantemen-te aprimorando e dinamizando suas fun-ções e exercendo atribuições preventi-vas e coercitivas, quando necessário,dentro do bom senso e experiência deseus funcionários, diretores, procurado-res, auditores e conselheiros”, observao conselheiro.

“Desfazendo fronteiras formais,clássicas e conservadoras, esta Cortede Contas assumiu claros compromis-sos com a verdade das finanças públi-cas, entronizando, de forma objetiva eclara, novos padrões de auditoria, comsuporte necessário para adentrar emtoda forma organizacional dos gover-nos”, lembra Mattos Leão.

“Nestes 60 anos, quero parabeni-zar todos os funcionários e dirigentesda Corte, em especial o nosso presi-dente, conselheiro Nestor Baptista,que ao longo de duas décadas vem sededicando de corpo e alma para queesta instituição seja digna de respeitonão apenas no nosso Estado mas, tam-bém, fora dele”.

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Depoimentos deex-conselheiros do TCE

NOSSA CASA

A preocupa-ção com o bem-estar dos servi-dores do Tribu-nal de Contas doParaná foi umadas principaismarcas deixadaspelo ex-conse-lheiro João Cân-dido Ferreira daCunha Pereira.Médico, ele acre-dita que também se baseou nessa preocu-pação – o pilar da profissão que escolheu –no tratamento que dispensou aos entes pú-blicos que prestam contas à corte.

Após ter sido secretário estadual doTrabalho e Assistência Social, Cunha Perei-

ra foi nomeado conselheiro em 1986. Quan-do presidiu o Tribunal, em 1990 e 1991, seudesafio foi orientar as prefeituras, câmarase entidades para que não houvesse puni-ção sem necessidade. “Quando percorri oInterior, era visível a deficiência nos proce-dimentos de prefeituras e câmaras, mascomo não se tinha disseminado a informa-ção, isso era natural”, lembra. Para mudar oquadro, em sua gestão foram realizados, nasprincipais cidades do Interior, dez seminári-os e seis cursos sobre administração muni-cipal, em convênio com a Associação dosMunicípios do Paraná.

No âmbito interno, Cunha Pereira aten-deu reivindicações dos servidores, como areestruturação do quadro de pessoal, queresultou em significativa melhoria de venci-mentos para todas as categorias. Em 1991,

promoveu a construção da capela do Tribu-nal, inaugurada em 20 de dezembro. O pro-jeto foi executado pelas arquitetas LucianaMartins de Oliveira Silva Pinto e HelenaValente Santos. Naquele ano também foiampliado o auditório do Tribunal.

Cunha Pereira aponta avanços trazidospela nova Lei Orgânica e o novo RegimentoInterno do TCE, principalmente com a criaçãodas duas Câmaras de julgamento. Ele acreditaque, com isso, os gabinetes de conselheirosterão ainda mais trabalho e o papel fiscaliza-dor da Corte será ampliado. “O Tribunal tem opoder coercitivo para fiscalizar e pôr as coisasnos eixos”, afirma. “Os conselheiros cum-prem um papel fundamental na solidifica-ção do órgão, demonstrando interesse pelobem do Estado. Acredito que o nosso Tri-bunal está entre os melhores do Brasil.”

33 ANOS DEDICADOS AO TCE

João Féderdedicou 33 anosao Tribunal deContas do Para-ná. “Eu conside-ro minha passa-gem pelo Tribu-nal um dos acon-tecimentos maisimportantes egratificantes daminha vida”, de-clara Féder, quetem grande apreço não somente pelo TCEdo Paraná, mas por todos os outros em quefoi recebido, país afora. Ele presidiu por 10anos o Instituto Rui Barbosa, entidade deestudo e pesquisa dos tribunais de contasbrasileiros. “Foi representando o órgão pa-ranaense que conheci o Brasil”, recorda.

Féder acredita que a instituição é de ex-trema importância para a sociedade porque,por meio de sua fiscalização, é que se podeter o controle dos gastos públicos. “A soci-

edade paga impostos para que o Estadoadministre os bens públicos, mas o Estadotem que ser fiscalizado nessa atribuição”,declara Féder. Nesses 60 anos, o ex-conse-lheiro acredita que o Tribunal de Contas temcontribuição fundamental para que o dinhei-ro público seja administrado de maneira efi-caz. “Assim, é respeitado aquele cidadãosério que paga seus impostos.”

João Feder presidiu o Tribunal de Con-tas nos anos de 1969, 1980 e 1981. Exerceu ocargo de corregedor-geral em 1971, 1974 e1976. Durante sua permanência na Casa, mi-nistrou muitas palestras e participou de de-zenas de congressos. Um dos principaiseventos de que participou foi uma conferên-cia em Berlim, na Alemanha, em maio de 1966,no qual proferiu palestra com o tema: “con-trole do dinheiro público”. “Lembro-me sem-pre com muita emoção daquela ocasião, por-que fui até outra nação transmitir meus co-nhecimentos.” Desde que se aposentou doTCE, em 2000, Féder escreve diariamente umacoluna no jornal “O Estado do Paraná”.

PREOCUPAÇÃO COM O SERVIDOR E O FISCALIZADO

“O Tribunalde Contas do Pa-raná é uma gran-de Instituição ecumpre papel re-levante na fisca-lização do PoderPúblico. Em mi-nha longa pas-sagem pelo ór-gão, pude cons-tatar sua indis-pensabilidade e aabsoluta certeza de que trabalha para o ri-goroso cumprimento da Lei e da preserva-ção da moralidade. Portanto, parabenizo aCorte pelos seus 60 anos de atividade.” Le-ônidas Hey de Oliveira, ex-presidente doTCE. Bacharel em Direito pela UniversidadeFederal do Paraná, Leônidas de Oliveira foio responsável pela elaboração da Lei Orgâ-nica e Regimento Interno do Tribunal deContas em 1967.

TCE: 60 ANOS DEBONS SERVIÇOS

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Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007 71

Cândido Ma-nuel Martins deOliveira iniciousua trajetória noTribunal de Con-tas em 1981, coma experiência deter sido deputa-do estadual eprocurador doEstado por maisde uma década.Para ele, a marcamais expressiva dos 13 anos em que atuoucomo conselheiro foi a luta para consolidaro Tribunal como instituição. “Havia certaindefinição com relação ao papel que o Tri-

O nome Rafa-el Iatauro está in-timamente asso-ciado ao Tribu-nal de Contas doEstado do Para-ná. Foram 40anos de trabalhoe dedicação.Paulista de SãoSimão, Iataurodesemba rcouainda jovem noParaná, fixando residência em Curitiba, ondeestudou e se formou em Direito, Economia eAdministração de Empresas.

Iniciou sua formação profissional comojornalista, atividade que ainda traz na veia,principalmente quando faz uso do microfo-ne para discursos. “Minha paixão semprefoi o rádio e, até hoje, sou ligado à área es-portiva, onde comecei minha carreira”, diz,

com entusiasmo. Entre os muitos títulos ecursos que possui, Iatauro lembra o de So-ciologia Urbana, Moedas e Bancos e Pro-blemas Urbanos, concluído na Ohio StateUniversity, em Columbus Ohio (EUA), em1978, e no GAO – General Accounting Offi-ce, em Washington (EUA), em 1979, Audi-toria Integrada, na Fundação Canadense, emOtawa, Canadá, também em 1979, ControleTransversal, em Berlim, Munique e Frank-furt, na Alemanha, entre outros.

Foi também em sua gestão como presi-dente que efetivou o credenciamento doTribunal de Contas junto ao Banco Mundi-al para auditoria dos projetos co-financia-dos pelo Bird. Rafael Iatauro tomou possecomo juiz substituto no Tribunal de Contasdo Paraná em 19 de agosto de 1966 passoua ministro e então conselheiro e deixou aCorte de Contas 40 anos depois, em 7 demarço de 2006, quando se aposentou. Pre-sidiu o TC paranaense por seis gestões, foi

cinco vezes vice-presidente e 12 vezes cor-regedor-geral.

Portanto, uma história e uma vida dededicação ao controle público no Paraná.Foi Iatauro quem buscou a aproximação doTribunal de Contas com os municípios, quan-do instituiu o programa “Auditagem Esco-la” e foi, também, o responsável direto peloinício da informatização o que resultou noSIM – Sistema de Informações Municipais.

Entre os grandes desafios de seus 40anos na Casa, Rafael Iatauro foi um estudi-oso e o conselheiro-presidente que maisdifundiu a necessidade de os municípios seenquadrarem na Lei de ResponsabilidadeFiscal. Para isso, treinou milhares de agen-tes públicos, estaduais e federais, dentrodo princípio da boa administração do dinhei-ro público. Foi também em sua gestão comopresidente que Iatauro determinou o mape-amento das obras públicas inacabadas noEstado do Paraná.

40 ANOS DE CASA E DEFENSOR DA LRF

bunal exercia”. Na época, foram promovi-das reuniões com contadores, vereadores eprefeitos. “O tribunal atravessava uma fasede prevenir antes de punir”, recorda.

Com a redemocratização do País e o aper-feiçoamento das instituições, Martins deOliveira acredita que a Corte conquistou umalto patamar de respeito perante a socieda-de. As mudanças introduzidas pela nova LeiOrgânica terão, na opinião do ex-conselhei-ro, grande repercussão na administraçãopública nos próximos anos.

Em 1983, primeiro ano em que assumiu apresidência da Casa, Martins de Oliveirapromoveu o 12º Congresso dos Tribunaisde Contas do Brasil, em Foz do Iguaçu. Ostemas do evento, realizado pela primeira vez

no Paraná e que contou com 500 participan-tes, foram a fiscalização das administraçõescentralizadas e o aperfeiçoamento dos tri-bunais da época. “Um evento daquela im-portância contribuiu para a formação que oTribunal tem hoje: uma instituição de juízo,moderna, ágil e informatizada.”

Para o ex-conselheiro, o administradorpúblico tem que ter o bom senso de seu pró-prio controle, o interno, e sempre estar a parde tudo que acontece. “Eu não consigo ima-ginar um governante dizer que algo aconte-ceu sem conhecimento dele.” Já o controleexterno é função dos órgãos de fiscalização.“O Tribunal de Contas é motivo de orgulhopara todos nós. Desde sua fundação, ele seafirma perante os tribunais de todo o país.”

“CONSOLIDAMOS O TRIBUNAL COMO INSTITUIÇÃO”

Ex-presiden-te do Tribunal deContas do Esta-do do Paraná,João Olivir Ga-bardo, que fezparte da históriada Corte, falacom entusiasmodas conquistasdo órgão ao lon-go dos anos. Oconselheiro pre-sidiu o TCE entre os anos 1986-1989 (eleito

“TC SE MODERNIZOU E APRIMOROU ATENDIMENTO”

e reeleito). “O Tribunal de Contas cumpriucom sua função constitucional no Paraná.Foram inúmeras as iniciativas para a suamodernização, favorecendo o cumprimen-to, fiel, do controle das contas do Executi-vo, Legislativo e Judiciário”, disse, acres-centando que, exemplo disso, são os 60anos de trabalho dedicados à fiscalizaçãode contas.

Segundo o ex-presidente, nessa cami-nhada, conselheiros, procuradores e o cor-po funcional têm se aprimorado ano a ano,participando periodicamente de cursos etreinamentos, que oferecem condições de

não só apreciar a legalidade das contas,mas também sugerir o melhor aproveita-mento dos recursos. “O Tribunal de Con-tas tem se esforçado para isso. Tem se mo-dernizado”, avalia. Entre as conquistas, dasua época, Olivir Gabardo cita a constru-ção do anexo, “necessária para desafogaro antigo prédio, dando fôlego para as ins-petorias e aos funcionários do TC”. Tam-bém foi na sua gestão que se instituiu o“rodízio” de presidentes. “Os conselhei-ros são poucos, e essa modalidade permiteque a todos seja dada oportunidade de pre-sidir o órgão”, completa.

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Alterações na Lei de Licitações para o Estado do Paraná,a implantação do Fundeb, a atuação do MinistérioPúblico junto ao Tribunal de Contas e o Sistema deInformações Municipais foram analisados no evento

TCE abordaaspectos da vidaadministrativa deum município

SEMINÁRIO

Com o objetivo de preparar os mu-nicípios para o preenchimento dos da-dos do SIM-Acompanhamento Mensalem 2007 e de discutir as últimas altera-ções na legislação que afetam a admi-nistração pública paranaense, o Tribu-nal de Contas do Estado promoveu, nosmeses de março e abril, seminários portodo o Paraná.

O treinamento abordou as altera-ções na Lei de Licitações para Estadodo Paraná, comentadas pelo consultorjurídico Edgar Chiuratto Guimarães ediscutiu a implantação do Fundo de Ma-nutenção e Desenvolvimento da Edu-cação Básica (Fundeb) descreveu aatuação do Ministério Público junto aoTribunal de Contas e detalhou os as-pectos operacionais do SIM – Sistemade Informações Municipais, tanto comrelação à análise dos dados inseridosem 2006, como às informações exigi-das em 2007.

Ao abrir o evento, realizado em Cu-ritiba, o presidente do Tribunal de Con-tas, conselheiro Nestor Baptista, pediuaos participantes que não deixassem

nenhuma pergunta sem resposta, já queo evento procurou englobar os princi-pais aspectos da vida administrativa deum município. “Às vezes, a perguntamais simples é justamente aquela que oTCE tem mais dificuldade em respon-der. Isso porque fiscalizamos 399 muni-cípios paranaenses, cada um com umarealidade diferente”, avaliou.

Na opinião do presidente, é precisoconhecer as dificuldades enfrentadaspelo município. “O Tribunal de Contasé sensível a estas dificuldades e solida-riza-se com as incertezas enfrentadaspelo gestor público paranaense. A pre-ocupação, mesmo que seja do menormunicípio do Estado, também é nossapreocupação”, frisou.

Orçamento público e a crian-ça - A legalidade e a aplicação dos re-cursos públicos no atendimento à in-fância e à juventude foram o tema daexposição feita pelo procurador de jus-tiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto,que criticou veementemente as admi-nistrações públicas que ignoram a ne-

cessidade de aplicar recursos nas polí-ticas voltadas a esse segmento da po-pulação que ele intitula “seres huma-nos em formação”. “A Constituição de1988, em seu artigo 227, deu priorida-de absoluta à vida, saúde, alimentação,educação e convivência familiar e co-munitária da criança e do adolescente.Não podemos mais ficar perdendo ge-rações e gerações de crianças para aexclusão social e a marginalidade. Acriança precisa estar no orçamentopúblico”, defendeu.

Para Sotto Maior, essa prioridadeabsoluta significa preferência na for-

Seminário promovido por todo o Estado do Paraná ab

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pal responsabilidade zelar pelo cumpri-mento do ordenamento jurídico. “Eleverifica se a instituição fiscalizada cum-pre os estabelecidos nas ConstituiçãoFederal, Constituição Estadual, Lei Or-gânica e legislação do município e, fi-nalmente, se respeita a Lei Orgânica eo Regimento Interno do Tribunal deContas”, disse.

Para facilitar essa fiscalização, in-formou, a Procuradoria dividiu o Esta-do em dez regiões, cada uma delas comseu município-núcleo: Cascavel, Co-lombo, Curitiba, Guarapuava, Foz doIguaçu, Londrina, Maringá, PontaGrossa, Toledo e Paranavaí. Essa clas-sificação, esclarece, não foi feita deacordo com as associações de municí-pios, mas sim segundo critério internoda Procuradoria, para facilitar a exe-cução dos trabalhos. “Cada um dosprocuradores é responsável pela fisca-lização dos processos de uma dessasregiões”, revela.

Com relação ao procurador-geral,Angela relatou que é ele quem chefia oMinistério Público e atende ao TribunalPleno. “O procurador-geral delega atri-buições aos outros procuradores e aosintegrantes do serviço administrativo doMinistério Público junto ao Tribunal deContas, atuando, ainda, em uma rela-ção de coordenação com os demais se-tores da Casa”, completa.

Inserindo dados no SIM/AM2007 - A inserção de dados no SIM -Acompanhamento Mensal 2007 tam-bém foi analisada no seminário, que de-dicou um dia inteiro ao tema. Técnicosda Diretoria de Contas Municipais doTCE falaram sobre as informações or-çamentárias e financeiras que deveri-am ser cadastradas, além de enfocar asregras adotadas pelo Tribunal de Con-tas no recebimento e fechamento des-ses dados. “Reservamos, também, umespaço para o esclarecimento de dúvi-das, seguindo o programa “Passo a Pas-so com o Município”, instituído pelo TCEno início deste ano”, comentou a direto-ra de Contas Municipais da Corte, Lu-ciane Maria Gonçalves Franco.

mulação das políticas econômicas e so-ciais e, mais que isso, significa desti-nação privilegiada de recursos. “Ogrande diferencial entre os países de-senvolvidos e os de Terceiro Mundo sãoos investimentos nas crianças. Os paí-ses de sucesso asseguraram e assegu-ram às suas crianças e adolescentes odireito à saúde, educação, profissiona-lização e à cultura. Os municípios pa-ranaenses precisam fazer o que lhes édevido”, afirmou.

A importância de cumprir o esta-belecido pelo Fundeb também foi defen-dida pelo procurador, para quem o seu

descumprimento é um ato de crueldadecontra a criança. “Essa lei é capaz deconstruir uma sociedade democrática ejusta. São os investimentos na infânciae na juventude que nos trarão uma so-ciedade justa”, enfatizou.

A atuação do Ministério Públi-co - A procuradora-geral junto ao Tri-bunal de Contas, Angela Cássia Cos-taldello, falou sobre a estrutura do Mi-nistério Público junto à Corte. Ela des-creveu as atribuições de um procura-dor, informando que ele atua em todasas sessões do TCE e tem como princi-

bordou vários aspectos da vida administrativa de um município.

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Salão de festas será a próxima benfeitoria entregue pela entidade que reúne os servidores

Associação recreativa TCELAZER

Fundada em 16 de fevereiro de 1960,a Associação Beneficente e Recreati-va do Tribunal de Contas do Paraná(ABRTC) tem o objetivo de prover aosseus associados interação e entreteni-mento. Seu atual presidente é CláudioRoberto Lanzarini. Na qualidade de en-tidade autônoma e representativa dosfuncionários do TCE, vem oferecendo,ao longo desse anos, uma série de van-tagens aos seus afiliados, por meio deconvênios para descontos em lojas, ser-viços e plano de saúde. Através da co-laboração e esforço de todos, construiusua primeira sede social em 1993, numaárea de 18.000 metros quadrados, pró-xima ao Parque Barreirinha, em Curiti-ba. A edificação contava com churras-queira, salão para 60 pessoas e estacio-namento. Atualmente, essa sede contacom 24.000 metros quadrados de áreae engloba um complexo com churras-queira totalmente equipada, salão deboliche, quiosque, campo de futebol,quadra poliesportiva e parquinho infan-til. Um salão de festa com capacidadepara 500 pessoas, em fase de obras, serásua próxima benfeitoria. A atual sede da ABRTC: 24.000 metros quadrados disponíveis aos associados.

Sindicato defende interesses de servidoresDe um anseio conjunto dos servidores por uma entidade que os representasse, nasceu, em 29 de outubro de 2003, o

Sindicato dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (Sindicontas/PR). Composto por Conselho Delibe-rativo, Diretoria Executiva e Conselho Fiscal, o Sindicontas foi constituído para fins de estudo, coordenação, defesa dosdireitos e representação legal da categoria profissional dos funcionários do TCE.

É ele quem retrata os interesses desses servidores perante as autoridades administrativas e judiciárias, e, se neces-sário, celebra convenções e acordos coletivos de trabalho. Através de assembléias gerais, nas quais são tomadas asdecisões, promove discussões sobre a estrutura e o aperfeiçoamento dos afiliados. Buscar a melhoria constante dascondições de trabalho é a sua missão. Para isso, desenvolve atividades voltadas para a conquista, implementação epreservação de direitos e deveres profissionais dos servidores, colaborando com órgãos técnicos e consultivos no estudode soluções das questões que se relacionem com isso.

Em 2007, quando celebra seu quarto ano de existência, o Sindicontas tem como meta a aquisição de uma sedeprópria. A participação em reuniões da Federação Nacional das Entidades dos Servidores dos Tribunais de Contas doBrasil e a modernização de seu site também fazem parte dos objetivos do sindicato para este ano.

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O conceito de Direito éalgo que os estudiosos

estão sempre a formular

O Direito é a artedo bom senso

ARTIGO

Claudio Henrique de Castro*

Na época dos Romanos (149 a.C a305 d.C.), surgiu um conceito bastantesimples: O direito é a arte do bom sen-so, “Ius est ars boni et aequi” (Diges-to, 1, 1, 1).

Mas, o que é “bom senso” ?Ora, o conceito de bom senso pode

ter diversos contornos e definições, obom senso para uns não é bom sensopara outros e assim por diante.

Acontece que em diversos camposdo Direito temos os chamados concei-tos indeterminados, isto é, aqueles quecarecem de determinação em abstrato,que somente no caso concreto poderãoser verificados.

Assim também é como os conceitosde razoabilidade, proporcionalidade,moralidade administrativa, segurançajurídica e boa-fé. Não basta a formula-ção teórica, é necessária uma investi-gação concreta dos conceitos com arealidade.

A percepção da realidade é a con-dição necessária para se encontrar oconceito. Mas daí surge outro desafio,pois cada qual percebe a realidade deacordo com seus valores, sua perso-nalidade, sua condição social. A reali-dade para uns é diferente da realidadede outros.

Neste contexto surge a sabedoria dojulgador, que irá determinar onde está ajusta medida, entre os contornos perfei-tos da regra jurídica e a aspereza darealidade social.

Recente pesquisa neuro-científicacomprovou que a zona do cérebro hu-mano que emite julgamentos racionaisé a mesma que atua nos julgamentos

morais. Ora, disto se pode concluir queo raciocínio, em teoria apenas lógico, estáinfluenciado pelo julgamento de ordemmoral, isto é, dos valores.

Assim, não se pode conceber umadecisão puramente racional, ou melhor,no campo do Direito, puramente jurídi-ca. Atuam diversos fatores na arte dejulgar, dentre eles o mais relevante: aformação moral do julgador, isto é, o seumundo particular sobre o certo e/ou er-rado.

Outro dado é a incrível velocidadecom que as sociedades estão mudando.Daí se alteram os conceitos sociais, oque era imoral em determinadas épo-cas, torna-se banal em outras.

É tempo de mudanças, das altera-ções das regras do Direito, é a denomi-

nada inflação legislativa, em síntese:muitas leis e pouco Direito.

Assim, sejam lá as mudanças queocorram, permanece ao Direito o contí-nuo aprendizado em busca da decisãojusta, equilibrada e imantada pelo bomsenso.

Em conclusão, a técnica jurídica nãopode ser substituída pelo bom senso, massem este não lhe sobra nada: Ius estars boni et aequi.

*Assessor Jurídico no TCE-PR, mestre emDireito das Relações Sociais (UFPR),

especialista em Direito Administrativo eespecializando-se em Direito Penal e

Criminologia. Membro do Instituto dosAdvogados do Paraná. Professor na

Universidade Tuiuti do Paraná.

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A Igreja matriz de Maringá é um dos cartões postais dasatrações turísticas do Norte do Estado. Ao lado (fotomaior) as belezas das Cataratas do Iguaçu e jardimBotânico (Curitiba), Lago Igapó (Londrina), vista deParanaguá (litoral), praias e Vila Velha

Paraná aos olhosdo mundo. Vejao que há de bom

TURISMO

No Paraná, aos olhos do mundo, es-tão as Cataratas do Iguaçu, a visão doespetáculo das águas em 275 quedas,com aproximadamente 100 metros dealtura que se estendem por três quilô-metros. Este é apenas um dos cartõespostais que o Estado do Paraná ofere-ce ao turista. Ao lado das Cataratas doIguaçu está o Parque Nacional do Igua-çu e, nas proximidades, nos deparamoscom a Usina Hidrelétrica de Itaipu, amaior do mundo.

O Paraná tem também Curitiba, ci-dade moderna e cosmopolita que exi-be um dos melhores índices de quali-dade de vida do Brasil. Num passeiopelo Litoral, com 98 quilômetros deextensão, o visitante encontra a histó-

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rica cidade de Paranaguá, os portos deParanaguá e Antonina e, mais ao Sul,a Ilha do Mel.

Para se chegar ao litoral paranaen-se, os turistas têm, à disposição, o aces-so por trem, na centenária ferrovia Cu-ritiba/Paranaguá, via Serra do Mar, oude automóvel, pela florida Estrada daGraciosa, ou ainda pela BR-277. NosCampos Gerais, as esculturas naturaisdo Parque Estadual de Vila Velha e oCânion do Guartelá são ícones do eco-turismo paranaense.

No Norte do Paraná, uma região jo-vem, destacam-se as cidades de Lon-drina e Maringá. Londrina, fundada poringleses, é a segunda maior cidade doEstado, com centro universitário e cul-

tural. É uma cidade bonita, agradável,com muito verde e com interessantescontrastes naturais – antigos sobradosdos tempos dos barões do café convi-vem com edifícios modernos e centrosbudistas.

Celso Caron, secretário estadual doTurismo lembra, além das belezas dasCataratas do Iguaçu, o pôr-do-sol emGuaraqueçaba, santuário ecológico nolitoral norte, os casarões na cidade his-tórica da Lapa, a Ópera de Arame, lo-cal de eventos em Curitiba, a CatedralBasílica Menor de Nossa Senhora daGlória, símbolo de Maringá.

Para conhecer mais roteiros turís-ticos, acesse o site www.pr.gov.br/tu-rismo.

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Conheça e viaje CuritibaAo contabilizar a presença de 2 mi-

lhões de turistas no ano de 2006, núme-ro que supera os visitantes de Foz doIguaçu, um dos ícones do turismo para-naense, Curitiba passa a ser uma dascapitais brasileiras que mais vem cres-cendo no setor turístico. Para o secre-tário municipal de Turismo, Luiz CarlosCarvalho, o volume de visitas tende acrescer e “Curitiba vai se transformarno segundo ou terceiro pólo de visita-ção nos próximos anos.”

A exemplo de viagens internacio-nais, Curitiba também adota o “passa-porte” como cartão de entrada na ci-dade. Não para identificar o cidadão,mas para oferecer ao visitante, descon-tos no setor hoteleiro, gastronômico,bares e shoppings centers. “O passa-porte curitibano visa atrair turistas àcidade nos fins de semana e feriados,quando o visitante terá oportunidade deconhecer os 25 parques, museus, tea-tros, entre eles o consagrado Guaíra, aarquitetura do Largo da Ordem e agastronomia”, enumera o secretáriomunicipal de Turismo.

O prefeito da capital paranaense,Beto Richa, diz que quem chega de foralogo descobre uma cidade limpa e or-ganizada, que encanta e desperta ad-miração. Transporte de massa e pre-servação ambiental são as áreas maisvisíveis de um planejamento urbano pi-oneiro, bem aplicado e até premiadomundialmente, destaca o prefeito. “Sãoiniciativas que fazem parte de uma in-fra-estrutura adequada para receber ovisitante, seja qual for o motivo de suaviagem.”

“Com o passaporte, o visitante de fimde semana terá acesso a uma progra-mação variada, podendo desfrutar dasmelhores opções que a cidade dispõe,além de contar com free pass para des-contos e serviços gratuitos”, observa osecretário Carvalho. O passaporte é uminiciativa da Secretaria Municipal deTurismo e do Curitiba Convention &

Visitors Bureau.A dica para quem visita a cidade e

quer em um único passeio conhecer di-versos parques é a Linha Turismo. Umônibus especial circula por 25 pontosturísticos de Curitiba, oferecendo umpasseio de duas horas em um trajetode 40 quilômetros. O ponto de partidaé a Praça Tiradentes e a linha funcio-na de terça-feira a domingo, das 9h às17h30min. Os ônibus saem a cada 30minutos.

O que o visitante não pode deixarde conhecer é a noite curitibana. É ani-mada e a maioria dos ambientes pos-sui música. Mas não esqueça que apartir da 1 hora da madruga, os barese casas noturnas estão praticamentelotados e se formam filas nos locaismais freqüentados. Para quem nãogosta do agito, das baladas, existembares de happy hour, música ao vivo,e uma agenda local com várias atra-ções culturais.

Conheça a cidade - Curitiba é acapital do Paraná, um dos três Estadosque compõem a Região Sul do Brasil.Sua fundação oficial data de 29 de mar-ço de 1693, quando foi criada a Câma-ra. No século XVII, sua principal ativi-dade econômica era a mineração, alia-da à agricultura de subsistência.

O ciclo seguinte, que perdurou pelosséculos XVIII e XIX, foi o da atividadetropeira, derivada da pecuária. Tropei-ros eram condutores de gado que cir-culavam entre Viamão, no Rio Grandedo Sul, e a Feira de Sorocaba, em SãoPaulo, conduzindo gado cujo destino fi-nal eram as Minas Gerais.

O longo caminho e as intempériesfaziam com que os tropeiros fizesseminvernadas, à espera do fim dos inver-nos rigorosos, em fazendas como as lo-calizadas nos “campos de Curitiba”.

Aos tropeiros se devem costumescomo o fogo de chão para assar acarne e contar “causos”, a fala es-

Das dezenas de parques queCuritiba possui, o Tanguá éum dos mais freqüentadospela população.

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candida - o sotaque leitE quentE –,o chimarrão (erva-mate com águaquente, na cuia, porque os índios autilizavam na forma de tererê, comágua fria), o uso de ponchos de lã, aabertura de caminhos e a formaçãode povoados.

No final do século XIX, com o ci-clo da erva-mate e da madeira em ex-pansão, dois acontecimentos forammarcantes: a chegada em massa deimigrantes europeus e a construção daEstrada de Ferro Paranaguá-Curitiba,ligando o Litoral ao Primeiro Planaltoparanaense.

Os imigrantes – europeus e de ou-tros continentes –, ao longo do séculoXX, deram nova conotação ao cotidia-no de Curitiba. Seus modos de ser ede fazer se incorporaram de tal ma-neira à cidade que hoje são bem curiti-banas festas cívicas e religiosas de di-versas etnias, dança, música, culinária,expressões e a memória dos antepas-sados. Esta é representada nos diver-sos memoriais da imigração, em espa-ços públicos como parques e bosquesmunicipais.

No século XX, no cenário da cidadeplanejada, a indústria se agregou comforça ao perfil econômico antes emba-sado nas atividades comerciais e do se-tor de serviços. A cidade enfrentou, es-pecialmente nos anos 1970, a urbaniza-ção acelerada, em grande parte provo-cada pelas migrações do campo, oriun-

das da substituição da mão-de-obra agrí-cola pelas máquinas.

Curitiba enfrenta agora o desafiode grande metrópole, no qual a ques-tão urbana é repensada sob o enfo-que humanista de que a cidade é pri-mordialmente de quem nela vive. Seupovo, um admirável cadinho que reu-niu estrangeiros de todas as partes domundo e brasileiros de todos os re-cantos, ensina no dia-a-dia a arte doencontro e da convivência. Curitibarenasce a cada dia com a esperançae o trabalho nas veias, como nas al-voradas de seus pioneiros.

DADOS PRINCIPAISÁrea ............................... 430,9 km²

População ...................... 1.788.559

Bairros ....................................... 75

Relevo .......... Levemente ondulado

Área verde por habitante .....51 m²

Extensão Norte-Sul ............. 35 km

Extensão Leste-Oeste ......... 20 km

Altitude média .................. 934,6 m

Latitude .................... 25º25’48'’ Sul

Longitude ............ 49º16’15'’ Oeste

Fuso horário ....................... Brasília

Clima............................Temperado

Pluviosidade ............ 1.500 mm/ano

Temp. média no verão ........... 21ºC

Temp. média no inverno ........ 13ºC

Distância de São Paulo ..... 400 km

Linha TurismoPassando por 25 pontos turísticos de Curitiba, os ônibus especiais da

Linha Turismo oferecem um passeio de 2:30h, em um trajeto de 44 quilô-metros. O ponto de partida pode ser a Praça Tiradentes.A Linha funcionade terça a domingo das 9h às 17:30h, os ônibus saem de 30 em 30 minu-tos. Pagando a tarifa de R$ 15,00, o usuário recebe uma cartela com 5tiquetes que lhe dá direito ao embarque e quatro reembarques, o que per-mite que a pessoa escolha o ponto turístico que quer conhecer melhor,podendo embarcar novamente na Linha Turismo para cumprir o restantedo trajeto. Os veículos são equipados com sistema de som para fornecerinformações gravadas sobre os locais visitados em três idiomas – portu-guês, inglês e espanhol.

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Ópera de ArameUma passarela elevada, sobre um

lago de 7.200 m², dá acesso a esse tea-tro construído em uma pedreira desati-vada, inaugurado em 1992. A Ópera éuma das principais atrações da cidade.São 1.998 lugares, entre platéia e ca-marotes, e 400 m² de palco. Projetadopelo arquiteto Domingos Bongestabs, foitodo construído em aço e coberto compolicarbonato transparente. Completa ocenário uma cascata de dez metros dealtura.

Localização: Rua João Gava, s/nº -Pilarzinho.

Horário de Funcionamento: Ter-ça-feira a domingo, das 08:00 às 22:00.

Torre PanorâmicaSuporte dos serviços de telecomuni-

cações, tem 109,5 metros de altura, oque equivale a um edifício de 40 anda-res. Construída pela Telepar e inaugu-rada em dezembro de 1991, permite domirante uma visão de 360 graus da ci-dade. No térreo há uma exposição detelefones antigos e salas de projeção devídeos. As visitas são coordenadas pelaSecretaria Municipal de Turismo.

Localização: Professor Lycio G. deCastro Velozzo, 191. Fone: 3339-7613.

Horário de Funcionamento: Ter-ça-feira a domingo, das 10:00 às 19:00.

Rua 24 HorasCriada em 1992, é a primeira rua do

País projetada em espaço fechado. Seusrestaurantes, lanchonetes, bares e lojas(são 42) nunca fecham. Nos 120 me-tros de comprimento da Rua 24 horas –com estrutura metálica em arcos e co-bertura de vidro – os turistas e curitiba-nos se divertem e fazem compras. Ogrande relógio na entrada mostra quenão existe hora para um bom bate-papo,regado a chope ou café.

Localização: Rua Coronel MennaBarreto Monclaro s/n.º - Acesso pelasruas Visconde do Rio Branco e Viscon-de de Nácar.

Memorial ÁrabeHomenagem à colônia árabe, inte-

grada à cidade desde o início deste sé-culo, com expressiva contribuição aodesenvolvimento do comércio. Locali-zado na Praça Gibran Khalil Gibran, emfrente ao Passeio Público, o MemorialÁrabe abriga uma biblioteca pública,com significativo acervo universal e es-pecífico da cultura árabe, e conexão coma internet.

Localização: Rua Luiz Leão esqui-na com rua João Gualberto - Centro.

Teatro GuaíraCriado em 1912, o Teatro Guaíra foi

sucessor do primeiro teatro oficial doParaná, o Theatro São Theodoro, cujaconstrução data de 1884. A construçãodo prédio atual do Teatro Guaíra foi ini-ciada em 1952, pelo então governadorBento Munhoz da Rocha Netto, comprojeto do engenheiro Rubens Meister.Foi construído em etapas e inaugurado,finalmente, em 1974.

Este importante espaço cultural, umconjunto arquitetônico majestoso com

12.500 metros quadrados, abriga trêssalas de espetáculos: o auditório BentoMunhoz da Rocha com 2.173 lugares, oauditório Salvador de Ferrante com 504e o auditório Glauco Flores de Sá Britocom 113 lugares.

Localização: Amintas de Barros s/nº - Centro.

Memorial JaponêsEm 1993, a Praça do Japão foi revi-

talizada e ganhou a Casa da Cultura, ummemorial de integração. Nesse pagodeé possível conhecer as minúcias das do-braduras de papel (origami), da arte flo-ral (ikebana) e dos poemas de três ver-sos (hai-kais). O Buda no centro do lagomarca a irmandade entre Curitiba e Hi-meji, e transmite toda a paciência e artedos japoneses, no Brasil desde 1908.

Localização: Avenida Sete de Se-tembro esquina com Francisco Rocha -Batel.

Memorial UcranianoÉ uma homenagem ao centenário da

chegada dos primeiros ucranianos a

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Curitiba. Implantado no Parque Tingüiem 1995, o memorial expõe uma répli-ca da mais antiga igreja ucraniana doBrasil, a de São Miguel da Serra do Ti-gre, em Mallet, interior do Paraná. Astelhas de pinho e a cúpula de bronzeabrigam hoje um museu. No palco aoar livre acontecem apresentações dedanças típicas desse país do leste euro-peu.

Localização: Entre as ruas JoséValle e Fredolin Wolf, no lado direito doRio Barigüi.

Teatro PaiolAntigo depósito de pólvora do Exér-

cito, de construção circular, erguido em1906. Anos depois de desativado, foitransformado pela Prefeitura em espa-ço de artes cênicas e musicais em 27de dezembro de 1971. Mantendo as ca-racterísticas da construção original, oprojeto do arquiteto Abrão Assad adap-tou ao antigo paiol um teatro em forma-to de arena, com 225 lugares. No espe-táculo inaugural, o palco reuniu Viníciusde Moraes, Toquinho, Marília Medalha

e o Trio Mocotó. O poeta batizou a casacom uma dose de uísque e para ela com-pôs a música “Paiol de Pólvora”.

Localização: Largo Professor Gui-do Viaro s/nº - Prado Velho.

Memorial da Imigração Polone-

sa (Bosque do Papa)Verdadeiro museu ao ar livre, é com-

posto de sete casas de troncos encai-xados, sem pregos, transplantados dasantigas colônias de poloneses do entor-no de Curitiba. Fala das lutas e da fédos pioneiros da etnia, aqui estabeleci-da desde 1871. Inaugurado em 1980,logo após a visita do Papa João Paulo IIa Curitiba.

Localização: Centro Cívico, comacesso pela Rua Mateus Leme.

Mercado municipalFundado em 2 de agosto de 1958,

até hoje o Mercado Municipal é o prin-cipal e mais tradicional endereço paracompras de Curitiba. Nas bancas dehortigranjeiros e nas lojas de delicates-sens, o consumidor encontra produtoscomo: bebidas, queijos e vinhos de di-

versas procedências, ervas medicinais,temperos e especiarias, iguarias, con-servas, pescados, embutidos, carnesexóticas e com cortes especiais. Pode-se curtir momentos agradáveis nos res-taurantes étnicos na praça da alimenta-ção, ponto de encontro dos curitibanosde diversas gerações.

Horário de funcionamento: 2ª das6h às 13h , 3ª a sáb. das 6h às 18h e dom.das 7h às 13h (restaurantes até às 15h).

Linhas de ônibus - circular centro,biarticulado Campo Comprido/Centená-rio, inter-hospitais, Cristo Rei e a linhaturismo. Telefone: (41) 3218-2602.

Bosque AlemãoLembra as tradições dos povos de

língua alemã, que fazem parte da histó-ria da cidade desde 1833. Situado noJardim Schaffer, um dos pontos maisaltos de Curitiba, tem a Trilha de João eMaria, dos contos dos irmãos Grimm, aCasa Encantada, o Oratório Bach e aTorre dos Filósofos.

Localização: Jardim Schaffer (BomRetiro), entre as ruas Francisco Scha-ffer, Nicolo Paganini e Franz Schubert.

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Jurisprudência

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Prejulgados

* As Súmulas e os Prejulgados do Tribunal de Contas do Estado do Paraná podem ser encontrados no sitewww.tce.pr.gov.br em “Publicações – Atos Normativos – Súmulas ou Prejulgados” ou “Consulta – Jurispru-dência – Pesquisa – Súmula ou Prejulgado”.

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86 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

PREJULGADO Nº 01

Enunciado: Prejulgado nº 01/TC. Interpretação do art.85 da Lei Com-plementar Estadual nº 113 de 15.12.05. Os membros do Tribunal Plenodecidiram por unanimidade, nos termos do voto do Relator,julgar pelaimpossibilidade de aplicação das sanções previstas no artigo 85 da LeiComplementar Estadual nº113 relativamente a fatos ocorridos antesde 15 de dezembro de 2005, em protocolados posteriores ou não à datade sua vigência.

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Prejulgado

Assunto: Interpretação do artigo 85, a Lei Complementar Estadual nº 113 de 15 de Dezembro de 2005 -Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Paraná . Impossibilidade da aplicação de sanções a fatosocorridos anteriormente a 15.12.2005.

Processo Originário: Protocolo nº82811/01

Autuação do Prejulgado: nos mesmos autos do Processo originário

Relator : Conselheiro Artagão de Mattos Leão

Decisão: Acórdão nº 270/06 - Tribunal Pleno

Sessão: 02/03/06

Publicação: AOTC nº46 de 28/04/06

ACÓRDÃO Nº 270/06 - Tribunal Pleno

PROCESSO N º : 82811/01INTERESSADO : GENTIL PASKE DE FARIAASSUNTO : INCIDENTE PROCESSUAL - PREJULGADORELATOR : CONSELHEIRO ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO

Trata-se de requerimento subscrito pelo Conselheiro Relator Fernando Augusto Mello Guimarães, pormeio do qual solicita pronunciamento desta E. Corte de Contas sobre a correta interpretação do artigo 85, daLei Complementar Estadual nº113 de 15 de dezembro de 2005, nos seguintes termos verbis:

1. Podem ser aplicadas as sanções previstas no artigo 85 da Lei Complementar Estadual 113/2005 relativamente a fatos ocorridos antes de 15 de dezembro de 2005 (data de entrada em vigor domencionado diploma legal)?

2. Podem ser aplicadas as sanções previstas no artigo 85 da Lei Complementar Estadual 113/

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2005 relativamente a fatos ocorridos antes de 15 de dezembro de 2005, mas que sejam trazidos aoconhecimento desta Corte em processos protocolizados após essa data?

Antes de adentrarmos no mérito do pedido, e para entender o deslinde da questão, faz-se necessário tecerainda que resumidamente, alguns comentários acerca da nova Lei Orgânica do Tribunal. Pois bem, a LeiComplementar Estadual nº113/2005 é um conjunto formado, basicamente, por três tipos de normas: a) as decaráter instrumental (definidoras de competência e atribuições), as de caráter processual (definidoras de modosde procedimentos) e as de caráter penal (definidoras de sanção de qualquer natureza).

As primeiras têm aplicação a partir de sua entrada em vigor. As segundas, só podem retroagir, desde queseja para beneficiar a parte interessada, em caso contrário, é de se admitir a ultratividade de Lei anterior.Quanto às últimas, de caráter sancionatório, é regra constitucional a sua irretroatividade.

Acerca do hipotético conflito de leis no tempo, isto é, na limitação da eficácia das normas novas (LeiComplementar Estadual nº113/2005 e do Regimento Interno) em conflito com as anteriores (Lei Estadual n°6515/67), a doutrina pátria e a jurisprudência têm trilhado os seguintes critérios de aplicabilidade dos princípios daretroatividade e irretroatividade, assim sintetizados:

a) A regra geral, no silêncio da lei, é o princípio constitucional da irretroatividade das leis (art.5°,inciso XXXVI da CF);b) Excepcionalmente, poderá haver retroatividade: b.1) se expressa, e não ofender direito adqui-rido, ato jurídico perfeito e coisa julgada (art.6ª, do Decreto-Lei nº4.657/1942, da Lei de Introduçãoao Código Civil); b.2.) ou quando extinguirem ou reduzirem as penas (art.5º, XL, da CF); b.3)proteção do contribuinte contra voracidade do Fisco (art.150, III, da CF).

Salienta-se que a dúvida indagada, disposta no artigo 85, da LC nº113/2005 diz respeito à aplicação desanção ou medidas, isto é, de uma restrição gravosa, a saber:

Art.85. O Tribunal de Contas, em todo e qualquer processo administrativo de sua competência em queconstatar irregularidades poderá, observado o devido processo legal, aplicar as seguintes sanções e medidas:

I- multa administrativa;II - multa por infração fiscal;III - multa proporcional ao dano e sem prejuízo do ressarcimento;IV - restituição de valores;V - impedimento para obtenção de certidão liberatória;VI - inabilitação para o exercício de cargo em comissão;VII - proibição de contratação com o Poder Público estadual ou municipal;VIII - a sustação de ato impugnado, se não sanada a irregularidade no prazo de 30 (trinta) dias.

Por óbvio que a nova Lei Orgânica do Tribunal de Contas só terá aplicação imediata aos fatos ocorridosapós a sua vigência (15.12.2005), ou será retroativa, aos fatos a ela anteriores, desde que se mostre maisfavorável ao interessado, fenômeno este, denominado novatio legis in mellius. A este propósito, no sentido dapossibilidade de retroatividade da lei, em não havendo constatação da agressão, o Supremo Tribunal Federal jáacordou, conforme ementa a seguir mencionada:

ADI 605 MC / DF - DISTRITO FEDERALMEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADERelator (a): Min. CELSO DE MELLOJulgamento: 23/10/1991 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENOPublicação: DJ 05-03-1993 PP-02897 EMENT VOL-01694-02 PP-00252O princípio da irretroatividade “somente” condiciona a atividade jurídica do Estado nas hipótesesexpressamente previstas pela Constituição, em ordem a inibir a ação do Poder Público eventual-mente configuradora de restrição gravosa (a) ao “status libertatis” da pessoa (cf, art. 5. Xl), (b) ao“status subjectionais” do contribuinte em matéria tributaria (cf, art. 150, iii, “a”) e (c) a “seguran-ça” jurídica no domínio das relações sociais (cf, art. 5., xxxvi). - na medida em que a retroprojeçãonormativa da lei “não” gere e “nem” produza os gravames referidos, nada impede que o Estadoedite e prescreva atos normativos com efeito retroativo. - as leis, em face do caráter prospectivode que se revestem, devem, “ordinariamente”, dispor para o futuro. O sistema jurídico- constituci-onal brasileiro, contudo, “não” assentou, como postulado absoluto, incondicional e inderrogável, o

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princípio da irretroatividade - a questão da retroatividade das leis interpretativas. Sendo assim, VOTO pela impossibilidade de aplicação das sanções previstas no artigo 85 da LC nº113

relativamente a fatos ocorridos antes de 15 de dezembro de 2005, em protocolados posteriores ou não à data desua vigência.

Inobstante o acima enunciado e considerando que o Provimento nº. 36/98, revogado pela Resolução nº.01, de 24 de janeiro de 2006, que a nosso juízo, data máxima venia, foi medida precipitada e não devidamenterefletida, trazendo uma vacatio quanto à possibilidade de aplicação de sanções aos atos e fatos havidos em dataanterior a 15 de dezembro de 2005 pelo administrador público e demais responsáveis por dinheiro, bens e valoresda Administração Direta e Indireta, e, ainda pendentes de julgamento pelo Tribunal de Contas, entende-se comsupedâneo no princípio da segurança das relações jurídicas e pautado por um dever de coerência no posiciona-mento adotado por esta Corte de Contas desde 19 de maio de 1998, ser necessária a retificação do art. 2º daResolução nº. 01/2006-TC, no sentido de ser retirada a menção ao Provimento nº. 36/98-TC. Com isso oTribunal de Contas do Paraná continuará aplicando multas aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesasou irregularidade de seus atos em situações pretéritas ao advento da nova Lei Orgânica, ou publicação de errata,retirando a menção ao Provimento nº 36/98.

VISTO, relatado e discutido, nestes autos de DENÚNCIA, protocolados sob nº 82811/01, oincidente processual – Prejulgado,

ACORDAM

OS MEMBROS DO TRIBUNAL PLENO,

I - Por unanimidade, nos termos do voto do Relator, Conselheiro ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO, julgarpela impossibilidade de aplicação das sanções previstas no artigo 85 da LC nº113 relativamente a fatos ocorridosantes de 15 de dezembro de 2005, em protocolados posteriores ou não à data de sua vigência.

II – Por maioria qualificada, contra o voto do relator, não aceitar a proposta de errata para retirar amenção ao Provimento nº 36/98-TC, do item II da Resolução nº 01/2006.

Participaram da Sessão os Conselheiros RAFAEL IATAURO, NESTOR BAPTISTA, ARTAGÃO DEMATTOS LEÃO e HENRIQUE NAIGEBOREN e os Auditores CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES eSÉRGIO RICARDO VALADARES FONSECA.

Presente o Procurador Geral junto a este Tribunal, GABRIEL GUY LÉGER.

Sala das Sessões, 2 de março de 2006 – Sessão nº 9.

ARTAGÃO DE MATTOS LEÃORelator

HEINZ GEORG HERWIGPresidente

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PREJULGADO Nº 02

Enunciado: Trata-se de PREJULGADO, sobre legalidade de contrata-ção de radiodifusão para a transmissão das sessões ordinárias das Câ-maras Municipais. Designação de relatoria ocorrida na sessão plenárianº 21/06 de 25 de maio de 2006, nos termos do art. 410/RI. Processode Consulta - Relator original Cons. Caio Márcio Nogueira Soares.Decisão vinculante aplicável a todas as ocorrências de consultas paraefeito de considerar regulares as despesas com contratações de Emis-soras de Radiodifusão, de Televisão a cabo ou de sites de internet, ououtros serviços de publicidade e de propaganda pelas Câmaras Muni-cipais dos Municípios Paranaenses, ante as condições estabelecidasno § 1º do art. 37 da CF, da Lei 8666/93 e LC 101/2000.

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Prejulgado

Assunto: Emissora de Rádio - Sessões da Câmara - Transmissão

Processo Originário: Protocolo nº 29980/06

Autuação do Prejulgado: nos mesmos autos do Processo originário

Relator : Conselheiro Nestor Baptista

Decisão: Acórdão nº 1139/06 - Tribunal Pleno

Sessão: 27/07/06

Publicação: AOTC nº63 de 25/08/06

ACÓRDÃO Nº 1139/06 - Tribunal Pleno

PROCESSO N º : 29980/06INTERESSADO : CÂMARA MUNICIPAL DE MATELÂNDIAASSUNTO : PREJULGADO Nº 02/2006RELATOR : CONSELHEIRO NESTOR BAPTISTA

Ementa: Trata-se de PREJULGADO, sobre legalidade de contratação deradiodifusão para a transmissão das sessões ordinárias das CâmarasMunicipais. Designação de relatoria ocorrida na sessão plenária nº 21/06 de 25 de maio de 2006, nos termos do art. 410/RI. Processo de Consul-ta – Relator original Cons. Caio Márcio Nogueira Soares. Decisão vincu-

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lante aplicável a todas as ocorrências de consultas para efeito de conside-rar regulares as despesas com contratações de Emissoras de Radiodifu-são, de Televisão a cabo ou de sites de internet, ou outros serviços depublicidade e de propaganda pelas Câmaras Municipais dos MunicípiosParanaenses, ante as condições estabelecidas no § 1º do Art. 37 da CF,da Lei 8666/93 e LC 101/2000.

RELATÓRIO

O Presidente da Câmara Municipal de Matelândia acima citado formulou consulta sobre a possibilidadede contratação de uma emissora de rádio para a transmissão das sessões ordinárias da respectiva Casa Legis-lativa.

O parecer jurídico anexado sustenta a legalidade da contratação na medida em que as transmissõesteriam a função de orientar, educar e informar a população sobre o que ocorre nos meandros da administraçãopública, nos moldes do que prevê o § 1º do Artigo 37 da CF.

DAS MANIFESTAÇÕES CONSTANTES DA DIRETORIA DE CONTAS MUNICIPAIS

A Diretoria de Contas Municipais – DCM optou por adotar a jurisprudência atual desta Corte, e, peloParecer nº13/06 manifestou-se pela possibilidade de contratação da radiodifusão para os trabalhos da CâmaraMunicipal, corroborando o voto escrito do eminente Conselheiro Artagão de Mattos Leão, que fundamentou aResolução nº 2118/2004.

DAS MANIFESTAÇÕES CONSTANTES DO MINISTÉRIO PÚBLICOJUNTO A ESTE TRIBUNAL

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas - MPjTC pelo Parecer nº 5597/06, da lavra da Drª ElizaAna Zenedin Kondo Langner, ressalta que, inobstante ter sido destacado pela Coordenadoria de Jurisprudênciae Biblioteca decisões no sentido da possibilidade de contratação de emissora de rádio para divulgação dostrabalhos daquela Casa Legislativa, existem inúmeras decisões desta Corte, em sentido contrário, conformesegue:

Relator: Auditor Joaquim Antônio Amazonas Penido MonteiroProtocolo: 21289/97Origem: Município de GoioerêInteressado: Presidente da CâmaraDecisão: 3834/97 Resolução 15/04/97

“Consulta. Contratação pelo Legislativo, de emissora de rádio para divulgação dos atos daCâmara. Impossibilidade, ainda que os nomes dos vereadores não sejam divulgados.”

Relator: Auditor Marins Alves de Camargo NetoProtocolo: 93280/97Origem: Município de Campo MourãoInteressado: Presidente da CâmaraDecisão: 5932/97 Resolução 22/05/1997

“Consulta. Divulgação de atos legislativos por parte da Câmara Municipal. Impossibilida-de por ferir o disposto no §1º do art. 37 da CF/88.”

Relator: Auditor Roberto Macedo GuimarãesProtocolo: 202674/96Origem: Município de ItaipulândiaInteressado: Presidente da Câmara

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Decisão: 9724/96 Resolução 06/08/96“Consulta. Impossibilidade de transmissões por emissoras de rádio e publicações em jor-nais dos atos do Legislativo Municipal, considerando o disposto no § 1º do artigo 37 daCF/88.”

Relator: Conselheiro João Cândido F. da Cunha PereiraProtocolo: 31074/95Origem: Município de PalotinaInteressado: Presidente da CâmaraDecisão: 10949/95 Resolução 30/11/95

“Consulta. Gastos com contratação de empresa de publicidade e propaganda, para a divul-gação dos trabalhos desenvolvidos pelo Legislativo, bem como transmissão das sessões erealização de um programa semanal nas emissoras de rádio locais com a participação aovivo dos vereadores. Impossibilidade por afronta ao parágrafo 1º do art. 37 da CF/88.”

Relator: Conselheiro Cândido Martins de OliveiraProtocolo: 8171/94Origem: Município de MandaguariInteressado: Presidente da CâmaraDecisão: 3688/94 Resolução 03/05/1994

“Consulta. Contratação de órgão de publicidade, quais sejam jornais e emissoras de rádio,para a divulgação de trabalhos realizados pelo Poder Legislativo. Ilegalidade da realiza-ção do referido contrato, por caracterizar-se como promoção pessoal dos envolvidos, por-tanto, ferindo o disposto no art. 37, §1º da Carta Magna.”

Adverte, ainda, que existem neste Tribunal decisões tanto pela possibilidade quanto pela impossibilidadeda contratação de emissora de rádio para divulgação dos trabalhos do Legislativo Municipal, bem ainda, que jámanifestou-se em consulta pela impossibilidade, por entender ferir o §1º do artigo 37, da Carta Magna, queestabelece o seguinte:

“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicosdeverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo cons-tar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades e servi-dores públicos.”

Quanto ao mérito, nos presentes autos, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas manifesta-sepela impossibilidade de contratação de empresa de radiodifusão pela Câmara Municipal, conforme posiciona-mento já expressado anteriormente pelo Douto Plenário. E, quanto à inexigibilidade de licitação, manifesta-sepela sua possibilidade desde que sejam cumpridos os requisitos legais do artigo 26, da Lei nº8666/93, devendo oordenador da despesa juntar no processo de justificativa a prova inequívoca de que em toda a região não háoutra emissora capaz de transmitir o sinal radiofônico.

RAZÕES DO PREJULGADO

Em atendimento à designação feita pelo presidente deste Colegiado, para a apresentação de proposta dePREJULGADO, ocorrida na sessão deste Plenário, sob nº 21, de 25 de maio do corrente ano, cuja necessidadefoi suscitada pelo Conselheiro Fernando Augusto Mello Guimarães, em processo de relatoria do ConselheiroCaio Márcio Nogueira Soares, e considerando que a LC nº 113/2005 contempla a possibilidade de formular-sePREJULGADO como cláusula vinculante, o que também está previsto no atual Regimento Interno no Artigo410, passo aos comentários que seguem, haja vista que a matéria em questão traz divergências substanciais queatacam o andamento de muitos processos em trâmite, sendo necessária a equalização dos entendimentos sobrea matéria em questão.

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TENTATIVA ANTERIOR DE CONSOLIDAÇÃO DO ENTENDIMENTODESTE TRIBUNAL SOBRE O ASSUNTO

Em votos anteriores este RELATOR propugnou para a prioridade dos interesses nos gastos dos recursospúblicos e uma conotação ética que não gere nem comoções sociais de difícil controle e nem exposição indevidados edis que exercem qualquer modalidade de liderança interna nas Câmaras, em prejuízo da isonomia entre ospares nas oportunidades de apresentação dos projetos de lei, e respectivas defesas de acordo com os interessesda população. Lembrando sempre o preceito de que a publicidade não incorpore nomes, símbolos ou imagensidentificadoras de promoção pessoal das autoridades ou dos servidores públicos.

A favor da possibilidade de contratação de Emissoras de Rádio para a divulgação das sessões das CâmarasMunicipais temos a RESOLUÇÃO 2118/04 de lavra do eminente Conselheiro ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO.

Contra a possibilidade de contratação de Emissora para a divulgação das Sessões das Câmaras Munici-pais temos uma série de decisões, quais sejam, Resoluções de nºs 24078/93, 530/95, 7394/97, 14406/98, 10674/98 4456/98, que junto nos autos.

Acrescente-se, destarte, as Consultas trazidas pelo ilustre Conselheiro FERNANDO AUGUSTO DEMELLO GUIMARÃES, na tentativa de unificar o entendimento desta Corte de Contas sobre o assunto: VILAALTA (Protocolo 335700/00); TOLEDO (Protocolo 231363/01); SANTA MARIA DO OESTE (Protocolo 7669/01); PIRAQUARA (protocolo 358363/01) e JAQUARIAIVA (Protocolo 498475) do que resultou a RESOLU-ÇÃO Nº 2059/2003 na qual foram respondidas diversas indagações, entre as quais a matéria da Consulta quesuscitou este PREJULGADO, em cujas Resoluções foram fixadas algumas condicionantes às Câmaras Munici-pais para processar suas despesas de serviços de Radiodifusão audiovisual para a publicidade de suas sessões.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de CONSULTA protocolados sob nº 29980/06, epara unificar entendimento nos julgados sobre a matéria, que fez suscitar este PREJULGADO

ACORDAM

OS MEMBROS DO TRIBUNAL PLENO, nos termos do voto do Relator, Conselheiro CAIO MAR-CIO NOGUEIRA SOARES, por unanimidade em:

Responder a presente Consulta, consoante orientação já expedida por esta Corte através da Resoluçãonº2118/2004, protocolo nº 259524/03, que nos termos do Voto do Conselheiro ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO,opinou pela possibilidade de publicidade na radiodifusão, englobando despesas com transmissões de sessões,divulgação e transmissão de audiências públicas, mensagens alusivas a eventos, serviços, campanhas, progra-mas e homenagens a personalidades, tendo como parâmetros a serem atendidos o planejamento orçamentário efinanceiro da entidade, como também expressas e delimitadas objetivamente na Lei de Diretrizes Orçamentári-as (LDO) e na respectiva Lei Orçamentária (LO), observando-se os princípios constitucionais plasmados nocaput do art. 37 da Magna Carta Federal, não podendo caracterizar promoção pessoal, conforme comandoinsculpido no § 1º, art. 37, da Constituição da República, acrescentando-se, destarte, as normas contidas na Leide Licitações – Lei Federal nº 8666/93, na Lei de Responsabilidade Fiscal e na Lei de Imprensa.

Participaram da Sessão os Conselheiros NESTOR BAPTISTA, HENRIQUE NAIGEBOREN, FER-NANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃES e CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES e os AuditoresJAIME TADEU LECHINSKI e THIAGO BARBOSA CORDEIRO.

Presente a Procuradora do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ELIZA ANA ZENEDINKONDO LANGNER.

Sala das Sessões, 27 de julho de 2006 – Sessão nº 29.

NESTOR BAPTISTAConselheiro Relator

HEINZ GEORG HERWIGPresidente

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PREJULGADO Nº 03

Enunciado: Prejulgado. Pedido de Rescisão. Concessão do efeito sus-pensivo, em caráter excepcional, obedecido o disposto no art. 407-Ado Regimento Interno, devendo ser aprovada com o voto favorável deno mínimo 3 (três) Conselheiros efetivos.

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Prejulgado

Assunto: Pedido de Rescisão - Efeito Suspensivo

Processo Originário: Protocolo nº 214858/06-TC.

Autuação do Prejulgado: Protocolo nº 311810/06

Relator : Conselheiro Henrique Naigeboren

Decisão: Acórdão nº 1115/06-TC. (Unânime)

Sessão: 03/08/06

Publicação: AOTC nº63 de 25/08/06

ACÓRDÃO Nº 1115/06 - Tribunal Pleno

PROCESSO N º : 311810/06INTERESSADO : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁASSUNTO : PREJULGADO Nº 03RELATOR : CONSELHEIRO HENRIQUE NAIGEBOREN

Ementa: Prejulgado. Pedido de Rescisão. Concessão do efeito suspen-sivo, em caráter excepcional, obedecido o disposto no art. 407-A doRegimento Interno, devendo ser aprovada com o voto favorável de nomínimo 3 (três) Conselheiros efetivos.

PREJULGADO

Trata-se de procedimento instaurado pelo Conselheiro Heinz Georg Herwig, Presidente da Corte deContas, em atenção ao contido no protocolo nº 214.858/06, que figura como Relator o Conselheiro FernandoAugusto Mello Guimarães, visando ao estabelecimento de prejulgado com vista à uniformização da jurispru-dência da Corte sobre o tema de concessão de efeito suspensivo em Pedido de Rescisão, postulado combase no art. 77, da Lei Complementar n.° 113/05.

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Sorteado Relator, determinei o encaminhamento dos autos ao MPjTC para pronunciamento na formapreconizada no art. 66, III, do Regimento Interno.

Voltam-me os autos com longo e minudente parecer da lavra da Procuradora Dra. Juliana SternadtReiner, digno de elogio pela profundidade e segurança com que abordou tema tão intrincado.

Ao longo de 36 laudas a parecerista discorre sobre questões pertinentes ao objeto do prejulgado, paraconcluir, com base na doutrina e jurisprudência pátrias, pela possibilidade de concessão, em casos excepci-onais, de liminar com efeito suspensivo em pedidos rescisórios, desde que atendidas plenamente as condiçõesindicadas no estudo referido.

Em linhas gerais concordo com a manifestação do “Parquet” junto à Corte de Contas, sobretudo notocante à possibilidade de atribuição de efeito suspensivo para estancar os efeitos decorrentes da açãorescindenda, porém, divirjo, quanto ao “modus operandi”, da concessão.

Bem se vê, desde logo, que o caráter pétreo da coisa julgada, não se pode manter imutável ante aceleridade das modificações da sociedade, nascendo daí a necessidade de temperar-se regra tão rígida, paraque não restem inviabilizadas as pretensões almejadas pelo instituto da ação rescisória.

Nesta senda, doutrina e jurisprudência foram aperfeiçoando o instituto até deixá-lo apto a produzir osefeitos buscados pela lei, surgindo daí a idéia de efetividade da tutela (art. 5.° LXXVIII, CF) e comoconseqüência desta o princípio do poder geral de cautela, de que são dotados também os Tribunais de Contasconsoante já decidiu o STF (MS. N.° 24.510-7).

Do exposto entendo, na esteira do MPjTC, que deve ser afastada do tema interpretação literal quevenha a afrontar o direito fundamental à tutela efetiva, restando, para mim, certo, que a interpretaçãoconducente à possibilidade de concessão de liminar com efeito suspensivo, em pedidos de rescisão, impõe-secomo conseqüência de interpretação teleológica.

Porém, a sua concessão, por excepcional, deve atender também a situações excepcionais, ou seja, somentepoderá ser concedida desde que atendidas as condições fixadas no prejulgado a ser estabelecido sobre o assunto.

Destas exigências prévias, algumas já estão encartadas na nova versão do Regimento interno,notadamente no artigo 407-A, pelo que me eximo de enumerá-las aqui, porém, devo acrescentar uma, que dizrespeito à composição de quorum e aprovação do pedido de liminar em rescisórias. Refiro-me à necessidadede que o pedido de liminar, para ser concedido deve receber votos favoráveis de, no mínimo, três Conselheirosefetivos, para que o próprio caráter de uniformidade da jurisprudência não reste afetado com eventuaisformações dispares de quorum, que venham gerar decisões conflitantes no seio da Corte de Contas.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de PREJULGADO protocolados sob nº 311810/06,

ACORDAM

OS MEMBROS DO TRIBUNAL PLENO, nos termos do voto do Relator, Conselheiro HENRIQUENAIGEBOREN, por unanimidade em:

I - Poderá ser concedida liminar com efeito suspensivo em Pedidos de Rescisória, desde que atendidasintegralmente as disposições do art. 407-A, do Regimento Interno;

II - A decisão deverá ser proferida com voto favorável de no mínimo 3 (três) Conselheiros efetivos.Participaram da Sessão os Conselheiros NESTOR BAPTISTA, HENRIQUE NAIGEBOREN, FER-

NANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃES e CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES e os AuditoresJAIME TADEU LECHINSKI e THIAGO BARBOSA CORDEIRO.

Presente a Procuradora Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ANGELA CASSIACOSTALDELLO.

Sala das Sessões, 3 de agosto de 2006 – Sessão nº 30.

HENRIQUE NAIGEBORENConselheiro Relator

HEINZ GEORG HERWIGPresidente

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PREJULGADO Nº 04

Ementa: Prejulgado – Pressupostos de cabimento do Pedido Rescisó-rio no âmbito desta Corte de Contas – Inteligência do artigo 77 da LeiComplementar nº. 113 – Necessidade de apreciação restritiva na ad-missibilidade dos Pedidos Rescisórios – Hipóteses taxativas de cabi-mento da rescisória na lei - A decisão deve estar maculada por vício deextrema gravidade – Natureza constitutiva negativa do Pedido Resci-sório - Limitada a legitimidade do Ministério Público junto ao Tribunalde Contas na pessoa do Procurador Geral – Prazo de 02 anos a partirdo trânsito em julgado da decisão rescindenda – Decisão cujo transcur-so do biênio ocorreu antes da entrada da Lei Complementar nº. 113não pode ser objeto de Rescisória - Admissibilidade perante completainstrução do pedido incluindo comprovação do trânsito em julgado dadecisão rescindenda– Faculdade de emenda da inicial no prazo de 15dias a critério do relator – Relação estrita entre a arguição e a funda-mentação legal do pedido – Prevenção do primeiro relator que proferiudespacho quando se tratar de mais de um Pedido Rescisório sobre amesma decisão – Falsidade demonstrada em decisão judicial transitadaem julgado – Documento referente à fato anterior é elemento novo -Convalidação posterior a prestação de contas não é objeto de rescisão– Aceitação do erro de fato incluído no inciso III do artigo 77 da LeiComplementar nº. 113 desde que perceptível no processo anterior in-dependente de produção de prova nova, decorrente da desatenção ouomissão do julgador quanto à prova – Guardado o nexo de causalidadeentre o erro e a decisão rescindenda – da decisão onde tenha havidoparticipação direta do conselheiro impedido na discussão e votação cabeRescisória – Violação de literal disposição comporta lei declarada in-constitucional pelos Tribunais superiores e/ou com decisão denegató-ria da aplicação pelo Tribunal de Contas – Não é possível desconstituiro julgado quando o texto legal comporta interpretação controvertida –Efeito suspensivo nos modes do Prejulgado nº. 03 – em regra o relatordo judicium rescindens é o relator do judicium rescissorium exceto noscasos onde a rescisória entender pela nulidade da decisão onde retorna-se à fase processual anterior a eivada de nulidade – Edição de novo atosujeito a registro no tribunal não enseja pedido rescisório – A admissibi-lidade da rescisória é decisão monocrática sujeita a Recurso de Agravo.

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Prejulgado

Assunto: Pressupostos de cabimento do pedido rescisório no âmbito desta Corte

Autuação do Prejulgado: Protocolo nº 37996/07

Relator : Conselheiro Fernando Augusto Mello Guimarães

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Decisão: Acórdão nº 277/07-TC. (Unânime)

Sessão: 15/03/07

Publicação: AOTC nº 94 de 13/04/07

ACÓRDÃO nº 277/07 – Pleno

PROCESSO N.° : 37996/07INTERESSADO : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁASSUNTO : PREJULGADORELATOR : CONS. FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃES

Ementa: Prejulgado – Pressupostos de cabimento do Pedido Rescisó-rio no âmbito desta Corte de Contas – Inteligência do artigo 77 da LeiComplementar nº. 113 – Necessidade de apreciação restritiva na ad-missibilidade dos Pedidos Rescisórios – Hipóteses taxativas de cabi-mento da rescisória na lei - A decisão deve estar maculada por vício deextrema gravidade – Natureza constitutiva negativa do Pedido Resci-sório - Limitada a legitimidade do Ministério Público junto ao Tribunalde Contas na pessoa do Procurador Geral – Prazo de 02 anos a partirdo trânsito em julgado da decisão rescindenda – Decisão cujo transcur-so do biênio ocorreu antes da entrada da Lei Complementar nº. 113não pode ser objeto de Rescisória - Admissibilidade perante completainstrução do pedido incluindo comprovação do trânsito em julgado dadecisão rescindenda– Faculdade de emenda da inicial no prazo de 15dias a critério do relator – Relação estrita entre a arguição e a funda-mentação legal do pedido – Prevenção do primeiro relator que proferiudespacho quando se tratar de mais de um Pedido Rescisório sobre amesma decisão – Falsidade demonstrada em decisão judicial transitadaem julgado – Documento referente à fato anterior é elemento novo -Convalidação posterior a prestação de contas não é objeto de rescisão– Aceitação do erro de fato incluído no inciso III do artigo 77 da LeiComplementar nº. 113 desde que perceptível no processo anterior in-dependente de produção de prova nova, decorrente da desatenção ouomissão do julgador quanto à prova – Guardado o nexo de causalidadeentre o erro e a decisão rescindenda – da decisão onde tenha havidoparticipação direta do conselheiro impedido na discussão e votação cabeRescisória – Violação de literal disposição comporta lei declarada in-constitucional pelos Tribunais superiores e/ou com decisão denegató-ria da aplicação pelo Tribunal de Contas – Não é possível desconstituiro julgado quando o texto legal comporta interpretação controvertida –Efeito suspensivo nos modes do Prejulgado nº. 03 – em regra o relatordo judicium rescindens é o relator do judicium rescissorium exceto noscasos onde a rescisória entender pela nulidade da decisão onde retorna-se à fase processual anterior a eivada de nulidade – Edição de novo atosujeito a registro no tribunal não enseja pedido rescisório – A admissibi-lidade da rescisória é decisão monocrática sujeita a Recurso de Agravo.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos

RELATÓRIO

Versa o presente expediente acerca de prejulgado suscitado na sessão plenária de 07 de dezembro de2.006 acerca de questões relativas à admissibilidade de pedidos de rescisão (v. atas a folhas 03 e seguintes).

Na ocasião o presente Relator entregou um Estudo acerca da matéria aos demais julgadores, peça estajuntada aos autos pela Procuradora Geral do MPjTC.

Tendo como base o estudo mencionado, o Ministério Público de Contas exarou o Parecer 1.351/2.007(folhas 12/38), apresentando as seguintes conclusões em relação ao tema:

a) O rol do artigo 494, do Regimento Interno é taxativo, vale dizer, o Pedido de Rescisão só tem cabimentoquando tiver por causa de pedir a subsunção integral dos fatos às estritas hipóteses de cabimento previstas peloRI;

b) A Rescisória não detém natureza jurídica recursal, nem pode funcionar como sucedâneo de recursonão interposto, isto é, a mera irresignação da parte com a eventual “injustiça” da decisão não é motivo para ocabimento do Pedido. Igualmente, por sua natureza autônoma, a Rescisória não segue a terminologia e o trâmiterecursal;

c) A parte, o terceiro juridicamente interessado e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas detêmlegitimidade para a propositura do Pedido de Rescisão. Em relação ao MPjTC, a legitimidade não é restrita aoProcurador-Geral, uma vez que tanto o Procurador-Geral, quanto o Procurador que tiver atuado nos autospoderão propor a Rescisória, pois inexistente qualquer restrição legal;

d) O prazo para a proposição da Rescisória é de dois (2) anos após o transito em julgado da decisão quese busca desfazer. Como a legislação aplicável à Rescisória se funda na regra do tempus regit actum, ela nãoretroage e, portanto, não pode ser proposta Rescisória em face de decisões transitadas em julgado anteriormen-te à edição da Lei Orgânica e do RI, exceto àquelas em que, após a edição dos novos instrumentos normativos,ainda possuíam prazo para propositura;

e) O pedido da Rescisória deve ser o desfazimento da decisão “transitada em julgado” e a sua causa depedir deve ser subsumida às seguintes hipóteses: (I) - a decisão se haja fundado em prova cuja falsidade foidemonstrada em sede judicial; (II) - tenha ocorrido a superveniência de novos elementos de prova capazes dedesconstituir os anteriormente produzidos; (III) - erro de cálculo ou material; (IV) - tenha participado do julga-mento do feito Conselheiro ou Auditor alcançado por causa de impedimento ou de suspeição; ou (V) - violarliteral disposição de lei; e

f) Em regra, o pedido Rescisório não possui efeito suspensivo, cuja exceção tem sua forma delimitadapelo Prejulgado n° 3, se presentes os pressupostos formais e materiais, pode ser concedida a liminar.

VOTO E FUNDAMENTAÇÃO

Preliminarmente, manifesto-me com relação às conclusões exaradas pela Procuradora Geral no tocantea parte discordante do estudo, qual seja, a legitimidade de todos os membros do MPjTC proporem Pedidos deRescisão. Aduz a Procuradora que “... e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas detêm legitimi-dade para a propositura do Pedido de Rescisão. Em relação ao MPjTC, a legitimidade não é restrita aoProcurador-Geral, uma vez que tanto o Procurador-Geral, quanto o Procurador que tiver atuado nosautos poderão propor a Rescisória, pois inexistente qualquer restrição legal”.

A Lei Complementar nº. 113/05 outorga legitimação ativa ao MPjTC em todos os casos de cabimento dopedido de rescisão, neste ponto não há discordância, mas o que se quer discutir é se esta legitimidade ativa cabeao membro que oficiou no processo ou apenas ao Procurador Geral.

Em que pese defender a Procuradora Geral, que tal legitimidade recai sobre todos os membros do Par-quet por ausência de restrição legal, a interpretação que faço é que na falta de regramento específico na LeiComplementar, há que se socorrer do disposto na Lei Orgânica do Ministério Público do Paraná, que determinaque nos casos de propositura de ação de competência originária do Tribunal, a legitimação ativa é exclusivamen-te do Procurador Geral de Justiça.

Portanto, de acordo com a interpretação do art. 61 da Lei Orgânica do Ministério Público Estadual, inciso

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V combinado com o artigo 116 da Lei Orgânica desta Corte, conclui-se que a representação do parquet espe-cializado cabe ao Chefe da Instituição para a propositura do Pedido Rescisório.

Como nos demais pontos abordados no estudo não houve controvérsias no Parecer Ministerial, passo aapontá-los de forma direta e resumida, uma vez que, o embasamento legal dos mesmos já foram devidamenteexpostos no estudo realizado e entregue as demais membros do Plenário.

I. Legitimidade para a propositura do Pedido Rescisório:a. A parte,b. O terceiro juridicamente interessado – aquele que não participou do processo originário,mas foi prejudicado do ponto de vista jurídico pela decisão proferida, ainda que indiretamen-te.c. O Procurador Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas – considerando aRescisória ser de competência originária do Pleno e nos moldes da Lei Orgânica do Minis-tério Público Estadual. Não sendo excluída a possibilidade de delegação efetuada pelo Pro-curador Geral.

II. Caberá Pedido Rescisório contra decisão definitiva, ou seja, somente quando a decisão tornar-se imutável e indiscutível pelo decurso do tempo.III. Haverá prevenção do Relator que despachar primeiro no processo quando apresentados maisde um pedido de rescisão da mesma decisão.IV. Nos moldes do Processo Civil, cabe à parte fazer prova do trânsito em julgado da decisãodefinitiva.V. Do trânsito em julgado da decisão definitiva o prazo para propositura do Pedido Rescisório é de02 anos, lembrando que a contagem é feita de acordo com o processo civil, ou seja, computa-se oprazo com a exclusão do dia do trânsito em julgado e inclusão do dia do vencimento.VI. Ressalte-se que as decisões, cujo transcurso do biênio após seu trânsito em julgado ocorreuanteriormente à edição da Lei Complementar nº. 113, não serão objeto de pedido rescisório.VII. É de responsabilidade da parte a correta instrução do pedido rescisório contendo todas aspeças necessárias para a apreciação do pedido, conforme a regulamentação contida no RegimentoInterno, sob pena do mesmo não ser admitido. Sendo expressamente vedado o desentranhamentode documentos constantes no processo que culminou na decisão rescindenda, solicitado por unida-des da Casa ou pelo Relator da mesma.VIII. A causa de pedir deverá sempre estar atrelada a um dos incisos do artigo 77 da Lei Comple-mentar nº. 113 reproduzido no artigo 494 do Regimento Interno.IX. Tendo a decisão rescindenda mais de um fundamento é necessário que todos sejam atacados.1

Excetuando-se neste ponto quando parte da decisão atinge terceiro interessado.X. O embasamento do Pedido Rescisório deve ser claro, ficando facultado ao Relator solicitar aemenda da inicial, no prazo de 15 dias, a fim de esclarecer o ponto em que se funda o Pedido deRescisão. O prazo de 15 dias para a emenda recebeu seis votos a um, o Conselheiro ARTAGÃODE MATTOS LEÃO votou pela concessão do prazo de 30 dias.XI. Fundamentos do Pedido de Rescisão:

a. Decisão que se haja fundado em prova cuja falsidade foi demonstrada em sede judicial. Afalsidade pode ser material ou ideológica e obrigatoriamente a prova viciada deve ter tidoimportância para o deslinde do processo. Ou seja, caso a decisão subsista independentemen-te da prova ser falsa ou não, não há que se cogitar a possibilidade de recebimento do pedidorescisório.b. Tenha ocorrido a superveniência de novos elementos de prova capazes de desconstituir osanteriormente produzidos. Novo elemento de prova deve ser entendido como um documentodesconhecido pelo Tribunal no momento da decisão, mas existente à época dos fatos. Deveser demonstrado ao Tribunal que há uma situação existente na época dos fatos que por

1 Isto se aplica principalmente para os processos de prestação de contas onde a desaprovação se deu por mais de um motivo, para ocorrer a rescisão, todosos motivos da desaprovação devem ser atacados.

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algum motivo não veio ao conhecimento desta Corte antes de proferida a decisão.2 Conva-lidação de ato posterior a prestação de contas não é objeto de rescisória e termo de fatoanterior é elemento novo, pois deveria ter sido emitido à época. Caso ajuizada a respectivaação executiva caberá a aplicação das regras de embargos à execução previstos no Códigode Processo Civil, que contempla a hipótese acima mencionada. Outro ponto importanteaqui é definir que não se trata de argumentação de novos elementos de prova, a alteraçãoposterior de posicionamento do Tribunal em questão análoga, isto posto tratar-se esta argu-mentação de embasamento para o Recurso de Revisão (artigo 486, inciso IV do RegimentoInterno). A alteração de posicionamento do Plenário não tem o condão de desconstituirelementos de prova anteriormente produzidos, visto que a interpretação que embasou adecisão considerou todos os fatos e documentos constantes no processo que foram apreci-ados à luz da interpretação Plenária à época.c. Erro de cálculo ou material. Embora reconhecido neste ponto uma impropriedade naredação do dispositivo legal, uma vez que à luz do processo civil, erro de cálculo é umaespécie de erro material e que este por sua vez deve ser corrigido a qualquer tempo, sendode competência do relator da decisão onde ocorreu o erro; deve ser dada uma interpretaçãoao dispositivo legal da Casa. Inclino-me pela interpretação da possibilidade, mais consentâ-nea com o verdadeiro significado de erro de fato, tal como emprestado da pacífica jurispru-dência e doutrina processual civil; não se desconhece a literalidade da Lei Complementar nº.113/05, ao mencionar expressamente o erro de cálculo e o erro material como objeto darescisória. Todavia, devemos interpretar o real significado da expressão “erro de cálculo eerro material”, ou seja, como erro de fato.d. Considerada, portanto a interpretação de que no inciso III do artigo 77 da Lei Comple-mentar nº. 113 e no inciso III do artigo 494 do Regimento Interno desta Casa comportam arescisória embasada no erro de fato, tal qual apresentado pelo processo civil, além dosrequisitos para a caracterização do mesmo (perceptível no processo anterior independentede nova produção de prova, decorrente da desatenção ou omissão do julgador quanto àprova e não do acerto ou desacerto do julgado em decorrência da apreciação da prova enexo de causalidade entre o erro de fato e a decisão) exige-se ainda que a questão não tenhasido objeto de enfrentamento e discussão na decisão rescindenda, conforme entendimentodoutrinário e jurisprudencial.3

e. Tenha participado no julgamento do feito Conselheiro ou Auditor alcançado por causa deimpedimento ou de suspeição. As causas de impedimento ou de suspeição estão claras nosartigos 128 e 133 da Lei Orgânica do Tribunal, bem como no art. 135 a 137 do CPC. Comoas decisões desta Corte são proferidas por órgão colegiado, ou seja, trata-se de acórdão,para que o mesmo possa ser rescindido com base nesta fundamentação é necessário que ovoto do Conselheiro impedido tenha influído na formação da maioria, caso tenha sido ojulgamento por maioria de votos. Portanto, imprescindível é a avaliação da prejudicialidadedo voto proferido. Portanto, no caso de decisão unânime sem participação na discussão doConselheiro impedido ou suspeito, não há que se falar em rescisão da mesma. Cabe, portan-to, neste ponto rescisão se houver a participação direta do Conselheiro impedido ou suspeitona discussão e/ou na votação da decisão.

2 Neste ponto alerta-se expressamente sobre o tão comum e conhecido Termo de Convalidação expedido pelos órgãos repassadores de recursos. Caso aconvalidação tenha ocorrido à época da decisão do Tribunal, mas esta Corte não tenha tido conhecimento dele, este cabe na expressão “novos elementos deprova”, porém se o Termo de Convalidação foi editado posteriormente a decisão do Tribunal, não cabe a rescisória, mas sim o acerto entre o que teve as contasdesaprovadas e deverá ressarcir ao erário com o próprio executivo que tardiamente convalidou o ato.

3 Esta observação cabe, considerando os inúmeros pedidos rescisórios que ingressam nesta Corte, fundamentados no erro de fato, mas que na verdadebuscam rever a interpretação já consolidada na decisão do processo. Diversas são as intenções de ver rescindidas decisões acerca de Prestações de ContasMunicipais argumentando-se que a decisão não “analisou bem os documentos trazidos”, ora uma vez analisado o documento tal qual foi apresentado, semnenhum erro de fato, ou seja, a decisão não admitiu fato inexistente nem tampouco considerou inexistente fato efetivamente ocorrido, não há que se falar emrescisão da mesma.

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f. Violar literal disposição de lei. Lei aqui há que ser considerada em sentido amplo. Nestefundamento devem ser consideradas duas situações:

1) A primeira diz respeito à decisão pautada em lei declarada inconstitucional, Têmentendido a jurisprudência que quando a Suprema Corte declara a inconstitucionalida-de da lei aplicada pelo acórdão que pretendem ver rescindido é cabível a rescisória.Portanto, na mesma esteira, caso haja alteração de posicionamento do Tribunal deContas baseada em declaração de inconstitucionalidade de Tribunais Superiores, emforma de controle concentrado, caberá rescisória. Reafirme-se que apenas e tão so-mente quando a declaração de inconstitucionalidade ocorrer em ação própria onde sediscute a inconstitucionalidade da lei. No caso de decisão denegatória da aplicação delei ou ato normativo, nos moldes do artigo 78 da Lei Orgânica e do artigo 408 doRegimento Interno também cabe rescisória contra a decisão fundada nesta normati-va.2) A segunda é quando há alteração de entendimento da matéria no âmbito destaCorte. Considerando que, para a caracterização do presente fundamento, a afrontadeve ser tamanha que contrarie a lei em sua literalidade, portanto quando o texto legalcomportar interpretação controvertida não é possível desconstituir o julgado, onde seaplica a Súmula nº. 343 do STF4 .

XII. Efeitos da Rescisória. A simples propositura do pedido rescisório não possui efeito suspensivo,portanto segue a execução da decisão que se pretende rescindir.XIII. Conforme o Prejulgado nº. 03 desta Corte poderá ser concedida liminar com efeito suspensi-vo em pedidos rescisórios desde que cumpridas integralmente as disposições do artigo 407-A doRegimento Interno. Portanto não cabe neste prejulgado rediscutir a matéria.XIV. Natureza do pedido rescisório. Não se trata de espécie recursal, mas sim nova ação autôno-ma. Tem natureza constitutiva negativa, cuja finalidade é a eliminação de pronunciamento jurisdici-onal maculado por vício de extrema gravidade. Não se presta a apreciar justiça ou injustiça dadecisão, a boa ou a má interpretação dos fatos, o reexame da prova produzida.XV. Cabe pedido rescisório contra acórdãos que extinguem o processo com julgamento do mérito,acórdãos proferidos em sede recursal (revista, revisão ou agravo), sendo que aqui o que se quer édesconstituir a decisão proferida no recurso. Também contra decisões monocráticas.XVI. A condicionante da interposição do pedido de rescisão é o decurso do prazo recursal e não oexercício efetivo do direito de recorrer, ou seja, não há necessidade de que todas as instâncias ouvias recursais tenham sido esgotadas, porém não pode haver aberto nenhum prazo recursal.XVII. A propositura do pedido rescisório está limitada à busca pelo saneamento de dois vícios: i.Vício de juízo – error in iudicando e ii. Vício de atividade – error in procedendo.XVIII. As hipóteses de fundamentação para o pedido de rescisão são taxativas, portanto a inter-pretação do artigo 494 do Regimento Interno há que ser restritiva, sob pena de admitir como pedidorescisório argumentação sem qualquer fundamento de direito material ou processual.XIX. Efeitos da rescisória:

a. Em regra o relator do pedido rescisório também é competente para julgamento da açãoque teve sua decisão rescindida. Nos termos do CPC, o juiz que apreciar o pedido rescisório(jus rescindens), uma vez este procedente, ou seja, desconstituída a decisão desta Casa,também apreciará a ação cuja decisão foi rescindida (jus rescissorium) no próprio pedidorescisório.b. Todavia, quando a rescisória entender pela nulidade da decisão do Tribunal, mostra-senecessário o retorno dos autos ao Relator do aresto desconstituído para que examine oprocesso a partir da nulidade do mesmo. Isto porque na apreciação do processo anterior

4 STF – Súmula 343 - Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal deinterpretação controvertida nos Tribunais. (D. Proc. Civ.)

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caberá matéria que não foi discutida na rescisória, uma vez que a rescisória pautou-se tãosomente na ausência de contraditório.5

XX. Rescisórias em decisões de registro no Tribunal.a. Uma vez reconhecido o vício na decisão anterior que negou registro ao ato, a mesma érescindida (judicium rescindens) e na mesma decisão é determinado o registro daquele ato(judicium rescissorium).b. Quando for editado novo ato e este for alegado na rescisória. Não há que se falar emrescisória, pois não há mácula na decisão anterior do Tribunal. O novo ato segue tramitaçãoprópria para seu registro, pois se trata de ato ainda não analisado pelo Tribunal. Isto posto,porque uma vez negado registro a um ato, não quer dizer que após o mesmo estar de acordocom a legislação, não possa, a pretensão do interesse, ser registrada.

XXI. O juízo preliminar de admissibilidade no pedido rescisório é monocrático que deverá verificar:a. Legitimidade do proponente;b. Prazo de 02 anos do trânsito em julgado da decisão que se pretende rescindir;c. Existência de todos os documentos essenciais à instrução da rescisória, inclusive a com-provação do trânsito em julgado da decisão;d. Na admissibilidade não se aprecia o mérito, em regra não há manifestação prévia daunidade técnica instrutiva, cabendo ao Relator analisar a estrita relação entre o alegado e afundamentação legal apontada no pedido.

XXII. Havendo pedido de liminar, o mesmo deve ser apreciado conforme o Prejulgado nº. 03 destaCorte.

a. Análise do “fumus boni juris” e do “periculum in mora”, seguindo o art. 407-A doRegimento Interno. O relator deverá convencer-se da existência de prova inequívoca dodireito alegado e fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. Analisar se aconcessão da liminar para suspender os efeitos da decisão que se pretende ver rescindidanão trará dano ou ônus irreversível ao interesse público ou a terceiros.b. Convencido do cabimento da liminar, o Relator encaminhará o processo a unidade instru-tiva competente e após, ao MPjTC para manifestação acerca da concessão da liminar a qualposteriormente será levada à Plenário para a concessão ou não da liminar.c. Concedida a liminar o pedido de rescisão tramita para enfrentamento do mérito com aexecução suspensa da decisão.d. Não concedida a liminar e execução da decisão prossegue e o pedido de rescisão tramitaquanto ao mérito – unidade instrutiva – MPjTC – Relator para inclusão em Pauta.

Cabem ainda, algumas considerações acerca de alegações contidas em “Pedidos de Rescisão” que in-gressaram nesta Corte desde a edição da Lei Complementar nº. 113 e que na verdade conforme os parâmetrosacima descritos e concluídos em regra não possibilitam uma rescisão da decisão do Tribunal, mas nem por issodeixam de comportar outra ação nesta Corte. Vejamos:

1) Pedido de rescisão em decisão proferida no recurso e na decisão originária domesmo. Claro fica a tentativa recursal, uma vez que a decisão, a qual se pretende verrescindida, deve estar maculada por um vício taxativamente previsto no dispositivolegal, esta a se falar de uma decisão e não em rever posicionamento adotado nosjulgamentos.2) Ausência de oportunização de contraditório: cabe a nulidade de ofício no processooriginal. Mas também pedido rescisório com base na violação literal à disposição delei;3) Anexação de termo de cumprimento dos objetivos do convênio, ou convalidaçãoreferente a fatos posteriores à decisão de desaprovação das contas, mas antes da

5 Esta discussão é imperiosa, no sentido de considerar a alegação de nulidade processual por violação do direito ao contraditório e à ampla defesa, nasrescisórias. É certo que as nulidades podem ser reconhecidas de ofício e revistas a qualquer tempo, mas nem por isso, já que se trata de vício também porviolação ao dispositivo legal, afastável pelo caminho da ação rescisória.

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inscrição do débito em dívida ativa: cabe na fase de execução da decisão o reconhe-cimento da ocorrência de um fato superveniente extintivo da obrigação, uma vez quetais documentos demonstram o desinteresse do órgão repassador em ver o valor de-volvido. Quem conduz a fase de execução é o relator do processo original. Ficandoclaro que a convalidação do ato deverá ser feita na forma da lei4) Alteração de posicionamento do TC acerca de matéria de interpretação controver-tida como já esclarecido acima se trata de Recurso de Revisão e não Pedido Rescisó-rio. Se a interpretação era controvertida à época em que foi proferida a decisão, nãocabe rescisória por ofensa a literal disposição de lei.

Por fim, apenas alerta-se novamente para a necessidade de apreciação restritiva na admissibilidade dosPedidos Rescisórios, seguindo as definições deste Prejulgado, uma vez que a experiência tem nos mostrado queem sua maioria, os Pedidos de Rescisão são na verdade tentativas de rediscussão da matéria já corretamenteapreciada pelo Pleno, depois de findo os prazos recursais. Admitir pedidos rescisórios sem o devido embasa-mento legal adstrito nas hipóteses taxativas da lei é admitir novo recurso, o que não reflete o propósito darescisória. Toda a doutrina processual, assim como a jurisprudência dos Tribunais Superiores restringe a admis-sibilidade das rescisórias aos fundamentos descritos na lei de forma taxativa, haja vista a natureza da rescisóriaque busca retirar do mundo jurídico decisão eivada de vício (prova falsa, erro, violação de lei, parcialidade dojulgador, elemento novo não apreciado) e não reapreciação da matéria.

ACORDAM os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, na conformidade com o votodo Relator e das notas taquigráficas, por unanimidade, determinar as seguintes premissas para análise de pedi-dos de rescisão:

I – Quando a lei estabelece a legitimidade do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas para apropositura do Pedido Rescisório entende-se exclusivamente o Procurador Geral, não sendo excluída a possibi-lidade de delegação.

II – A decisão cujo transcurso do biênio após seu trânsito em julgado ocorreu anteriormente à edição daLei Complementar nº. 113 não será objeto de pedido rescisório.

III – Haverá prevenção do Relator que despachar primeiro no processo quando apresentados mais de umpedido de rescisão da mesma decisão.

IV – Cabe a parte fazer prova do trânsito em julgado da decisão definitiva.V – O autor é responsável pela correta instrução do pedido rescisório contendo todas as peças necessá-

rias para a apreciação do pedido, conforme a regulamentação contida no Regimento Interno, sob pena domesmo não ser admitido. Sendo expressamente vedado o desentranhamento de documentos constantes noprocesso que culminou na decisão rescindenda, solicitado por unidades da Casa ou pelo Relator da mesma.

VI – A causa de pedir deverá estar estritamente fundamentada em um dos incisos do artigo 77 da LeiComplementar nº. 113 reproduzido no artigo 494 do Regimento Interno.

VII – Tendo a decisão rescindenda mais de um fundamento é necessário que todos sejam atacados.Excetuando-se neste ponto quando parte da decisão atinge terceiro interessado.

VIII – O embasamento do Pedido Rescisório deve ser claro, ficando facultado ao Relator solicitar aemenda da inicial, no prazo de 15 dias, a fim de esclarecer o ponto em que se funda o Pedido de Rescisão. OConselheiro ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO votou pela concessão do prazo de 30 dias.

IX – Caso a decisão subsista independentemente da prova ser falsa ou não, não há que se cogitar apossibilidade de recebimento do pedido rescisório.

X - Por superveniência de novos elementos de prova capazes de desconstituir os anteriormente produzi-dos entende-se como um documento desconhecido pelo Tribunal no momento da decisão, mas existente à épocados fatos. E também por aquele que deveria ter sido produzido à época e não foi, mas reflete fato anterior.

XI – Convalidação por fato posterior a decisão da prestação de contas não é objeto de rescisória. Poderávir a ser considerada na fase da execução judicial da decisão se caracterizado o reconhecimento da ocorrênciade um fato superveniente extintivo da obrigação.

XII – A alteração de posicionamento do Plenário não tem o condão de desconstituir elementos de prova

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JURISPRUDÊNCIA

Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007 103

anteriormente produzidos.XIII – Erro de cálculo e erro material tal qual no processo civil deve ser corrigido a qualquer tempo, sendo

de competência do relator da decisão onde ocorreu o erro.XIX – Considera-se que a interpretação do inciso III do artigo 77 da Lei Complementar nº. 113 e do inciso

III do artigo 494 do Regimento Interno desta Casa comportam a rescisória embasada no erro de fato, tal qualapresentado pelo processo civil.

XX – São requisitos para a caracterização do erro de fato: perceptível no processo anterior independentede nova produção de prova, decorrente da desatenção ou omissão do julgador quanto à prova e não do acerto oudesacerto do julgado em decorrência da apreciação da prova e nexo de causalidade entre o erro de fato e adecisão. Exige-se ainda, que a questão não tenha sido objeto de enfrentamento e discussão na decisão rescin-denda.

XXI – Cabe rescisão da decisão onde tenha havido participação direta do Conselheiro impedido oususpeito na discussão e/ou na votação da decisão.

XXII – Admite-se rescisória no caso de haver alteração de posicionamento do Tribunal de Contas base-ada em declaração de inconstitucionalidade de Tribunais Superiores, em forma de controle concentrado.

XXIII – No caso de decisão denegatória da aplicação de lei ou ato normativo, nos moldes do artigo 78 daLei Complementar nº. 113 e do artigo 408 do Regimento Interno também cabe rescisória.

XXIV – Quando o texto legal comportar interpretação controvertida não é possível desconstituir o julga-do, onde se aplica a Súmula nº. 343 do STF6 . A alteração de posicionamento do TC nestes termos comportaRecurso de Revisão.

XXV – A simples propositura do pedido rescisório não possui efeito suspensivo, portanto segue a execu-ção da decisão que se pretende rescindir.

XXVI – Conforme o Prejulgado nº. 03 desta Corte poderá ser concedida liminar com efeito suspensivoem pedido rescisório desde que cumpridas integralmente as disposições do artigo 407-A do Regimento Interno.

XXVII – O Pedido Rescisório tem natureza constitutiva negativa, cuja finalidade é a eliminação depronunciamento jurisdicional maculado por vício de extrema gravidade. Não se presta a apreciar justiça ouinjustiça da decisão, a boa ou a má interpretação dos fatos, o reexame da prova produzida.

XXVIII – As hipóteses de fundamentação para o pedido de rescisão são taxativas, portanto a interpreta-ção do artigo 494 do Regimento Interno há que ser restritiva.

XXIX – Em regra o relator do pedido rescisório também é competente para julgamento da ação que tevesua decisão rescindida. Nos termos do CPC, o juiz que apreciar o pedido rescisório (jus rescindens), uma vezeste procedente, ou seja, desconstituída a decisão desta Casa, também apreciará a ação cuja decisão foi rescin-dida (jus rescissorium) no próprio pedido rescisório.

XXX – Quando a rescisória entender pela nulidade da decisão do Tribunal, mostra-se necessário o retor-no dos autos ao Relator do aresto desconstituído para que examine o processo a partir da nulidade do mesmo.

XXXI – Na apreciação dos atos sujeitos ao registro no Tribunal, caso seja editado novo ato não há que sefalar em rescisória, pois não há mácula na decisão anterior do Tribunal. O novo ato segue tramitação própriapara seu registro, pois se trata de ato ainda não analisado pelo Tribunal.

XXXII – Na admissibilidade não se aprecia o mérito, em regra não há manifestação prévia da unidadetécnica instrutiva, cabendo ao Relator analisar a estrita relação entre o alegado e a fundamentação legal apon-tada no pedido.

XXXIII – Da ausência de oportunização de contraditório cabe a nulidade de ofício no processo original.Mas também pedido rescisório com base na violação literal à disposição de lei.

XXXIV – A admissibilidade das rescisórias restringe-se aos fundamentos descritos na lei de forma taxa-tiva, haja vista a natureza da rescisória que busca retirar do mundo jurídico decisão eivada de vício (prova falsa,erro, violação de lei, parcialidade do julgador, elemento novo não apreciado) e não reapreciação da matéria.

6 STF – Súmula 343 - Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal deinterpretação controvertida nos Tribunais. (D. Proc. Civ.)

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104 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

Votaram, nos termos acima, os Conselheiros NESTOR BAPTISTA, HENRIQUE NAIGEBOREN,ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO, HEINZ GEORG HERWIG, FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMA-RÃES, CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES e HERMAS EURIDES BRANDÃO.

Presente o Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, LAERZIO CHIESORIN JU-NIOR.

Curitiba, 15 de março de 2007.

FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃESConselheiro Relator

NESTOR BAPTISTAPresidente

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Súmulas

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SÚMULA Nº 01

Enunciado: “Preferência pela utilização da Concessão de Direito RealUso, em substituição a maioria das alienações de terrenos públicos, emrazão de sua vantajosidade, visando fomentar à atividade econômica,observada prévia autorização legislativa e licitação na modalidade con-corrência, exceto nos casos previstos no art. 17, inciso I, alínea “f” daLei nº. 8.666/93. Caso o bem não seja utilizado para os fins consignadosno contrato pelo concessionário, deverá reverter ao patrimônio públi-co.”

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Súmula

Assunto: Doação de imóveis urbanos à particulares

Autuação do Projeto de Enunciado de Súmula: Protocolo nº 513170/06

Relator : Conselheiro Artagão de Mattos Leão

Decisão: Acórdão nº 1865/06 - Tribunal Pleno

Sessão: Tribunal Pleno Sessão Ordinária nº 44 de 07/12/06

Publicação no Atos Oficiais do Tribunal de Contas: nº81 de 12/01/07

ACÓRDÃO Nº 1865/06 - Tribunal Pleno

PROCESSO N º : 513170/06INTERESSADO : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁASSUNTO : PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULARELATOR : CONSELHEIRO ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO

RELATÓRIO

Por intermédio do ofício nº. 2324/2006, da lavra de Sua Excelência o Senhor Presidente do Tribunal deContas do Paraná, Conselheiro Heinz Georg Herwig, foi solicitada à Coordenadoria de Jurisprudência e Biblio-teca a elaboração de projeto de enunciado de súmula a respeito da doação de imóveis urbanos à particula-res e sobre a negativa de resposta à consulta em caso concreto.

O presente processo cinge-se ao tema doação de imóveis urbanos à particulares.A solicitação exarada pela presidência da Casa lastreou-se nos arts. 166, XI e 199, ambos do Regimento

Interno da Corte de Contas do Paraná.De posse do presente processo a Coordenadoria em questão elencou os precedentes havidos na Casa,

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adredes a matéria ora em análise, apresentando a seguinte proposta de enunciado:“Possibilidade da Concessão de Direito Real de Uso de imóveis públicos, com a

finalidade de fomento à atividade econômica, desde que haja prévia autorização legal e odevido procedimento licitatório. O imóvel reverterá à administração concedente se ocessionário ou seus sucessores não lhe derem o uso prometido ou se desviarem de suafinalidade contratual”.

De posse da proposta, o senhor presidente exarou despacho de fls. 79 v., no qual determinou que oprocesso fosse autuado como Projeto de Enunciado de Súmula, nos precisos termos do art. 200 do ato normativointerno acima já citado.

Encaminhado à Diretoria Jurídica, esta analisou a matéria, lançando o parecer nº. 15361/06, no qualentendeu que o projeto de súmula apresentado se encontra em consonância com a legislação e, por conseqüên-cia em condições de ser apreciado pelo Tribunal Pleno.

O Ministério Público de Contas exarou o parecer nº. 19617/06, no qual ponderou que o projeto de súmulaapresenta os elementos processuais que lhe concedem fundamento de validade, ou seja, está presente o funda-mento legal; inúmeros precedentes da Corte de Contas e motivos de conveniência e oportunidade para suaemissão, em razão da manifestação do conselheiro Fernando Augusto Mello Guimarães, na sessão ordinária denúmero 35, de 14 de setembro de 2006, razão pela qual opinou pela legalidade do procedimento e apreciação doPlenário.

DO VOTO

Da proposta de enunciado de súmula ora apresentada, acredita-se que o seu ponto nuclear prende-se autilização de bens imóveis públicos pelos particulares.

Inicialmente, importante destacar que a natureza funcional do liame mantido entre a Administração Públi-ca e os bens públicos é que baliza sua utilização.

Marçal Justen Filho assevera que “Em princípio, os bens devem ser utilizados de acordo com as suascaracterísticas, em vista da satisfação das necessidades coletivas atribuídas ao Estado”. E mais, “A regra é queos bens de uso comum do povo sejam utilizáveis por todos do povo, diversamente do que se passa com os bensde uso especial. Quanto a esses, a regra é a utilização exclusiva pela Administração Pública. Por fim, os bensdominicais podem ser utilizados pela Administração inclusive para obtenção de resultados econômicos, o quesupõe a possibilidade de sua fruição pelos particulares”. (Grifou-se).

Dessarte, com a possibilidade dos bens públicos dominicais serem passíveis de fruição por parte departiculares, e considerando a caudalosa e reiterada manifestação do Tribunal Pleno da Corte de Contas doParaná, juntadas aos autos ora em comento, verifica-se que o instituto jurídico eleito e próprio de direito privadoa ser utilizado in casu, objetivando a substituição da alienação do bem público é a concessão de direito realde uso.

Cumpre-se destacar que o art. 7º do Decreto-lei nº. 271/67 previu a possibilidade de instituição de “con-cessão de uso de terrenos públicos ou particulares, remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado,como direito real resolúvel, para fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, ououtra utilização de interesse social”. Por sua vez, o art. 8º autoriza a concessão de uso do espaço aéreo corres-pondente aos terrenos referidos no dispositivo anterior.

Segundo Marçal Justen Filho ‘A peculiaridade reside, então, na configuração de um direito real, subordi-nado aos princípios do direito civil. O aspecto mais significativo se afigura na impossibilidade de resolução daoutorga em virtude de razões de conveniência administrativa (art. 8º, § 3º) e a possibilidade de sua transferênciaa terceiros (art. 8º, § 4º).

Nesse passo cabe-se trazer a lume o disposto no art. 17, § 2º da Lei nº. 8.666/93 que assim disciplina:“A Administração poderá conceder direito real de uso de bens imóveis, dispensada licitação, quando o uso

se destina a outro órgão ou entidade da Administração Pública”.Portanto, a regra para se conceder direito real de uso sobre bem imóvel, é a observância de prévio

procedimento licitatório, na modalidade concorrência, excetuando-se o disposto no parágrafo anterior, comotambém nos casos de bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas

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JURISPRUDÊNCIA

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habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da Administração Pública especificamente criadospara esse fim, conforme bem determina o art. 17, inciso I, alínea “f” da Lei nº. 8.666/93.

Do acima exposto, e considerando o mais que consta dos julgamentos já proferidos por esse Tribunal deContas, apresenta-se a seguinte proposta de enunciado de súmula, em substituição a apresentada pela Coorde-nadoria de Jurisprudência e Biblioteca, a saber:

Preferência pela utilização da Concessão de Direito Real Uso, em substituição amaioria das alienações de terrenos públicos, em razão de sua vantajosidade, visandofomentar à atividade econômica, observada prévia autorização legislativa e licitação namodalidade concorrência, exceto nos casos previstos no art. 17, inciso I, alínea “f” daLei nº. 8.666/93. Caso o bem não seja utilizado para os fins consignados no contrato peloconcessionário, deverá reverter ao patrimônio público.

É a proposta que se submete aos integrantes do Tribunal Pleno.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULAprotocolados sob nº 513170/06,

ACORDAM

OS MEMBROS DO TRIBUNAL PLENO, nos termos do voto do Relator, Conselheiro ARTAGÃO DEMATTOS LEÃO, por unanimidade em:

Aprovar a proposta de enunciado de súmula, em substituição a apresentada pela Coordenadoria de Juris-prudência e Biblioteca, a saber:

“Preferência pela utilização da Concessão de Direito Real Uso, em substituição a maioria dasalienações de terrenos públicos, em razão de sua vantajosidade, visando fomentar à atividade econô-mica, observada prévia autorização legislativa e licitação na modalidade concorrência, exceto noscasos previstos no art. 17, inciso I, alínea “f” da Lei nº. 8.666/93. Caso o bem não seja utilizado paraos fins consignados no contrato pelo concessionário, deverá reverter ao patrimônio público.”

Votaram, nos termos acima, os Conselheiros NESTOR BAPTISTA, ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO,HENRIQUE NAIGEBOREN, FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃES e CAIO MARCIO NO-GUEIRA SOARES e o Auditor JAIME TADEU LECHINSKI.

Presente a Procuradora Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ANGELA CASSIACOSTALDELLO.

Sala das Sessões, 7 de dezembro de 2006 – Sessão nº 44.

ARTAGÃO DE MATTOS LEÃOConselheiro Relator

HEINZ GEORG HERWIGPresidente

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SÚMULA Nº 02

Enunciado: “A ausência de estorno do creditamento realizado pela alí-quota maior do ICMS em operações que envolvam produtos compo-nentes da cesta básica não configura ofensa à Lei Estadual 11.580/1.996,sendo legítimo o aproveitamento do respectivo crédito.”

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Súmula

Assunto: Legitimidade do creditamento integral do ICMS pago nas aquisições de produtos da cesta básica,cujas saídas se deram com redução da base de cálculo.

Autuação do Projeto de Enunciado de Súmula: Protocolo nº 563895/06

Relator : Conselheiro Fernando Augusto Mello Guimarães

Decisão: Acórdão nº 27/07 - Tribunal Pleno

Sessão: Tribunal Pleno Sessão Ordinária nº 02 de 18/01/07

Publicação no Atos Oficiais do Tribunal de Contas: nº83 de 26/01/07

ACÓRDÃO nº 27/07 – Pleno

PROCESSO N.° : 563895/06INTERESSADO : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁASSUNTO : PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULARELATOR : CONS. FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃES

EMENTA: PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULA – Aquisiçãode Produtos da Cesta Básica. Benefício Fiscal. Diferença de Alíquota.Creditamento do ICMS. Estorno Proporcional não Obrigatório. exis-tência de decisão em incidente de Uniformização de Jurisprudência –aprovação do enunciado.

Vistos, relatados e discutidos estes autos

RELATÓRIO

Versa o presente expediente acerca de projeto de enunciado de súmula, apresentado pela Coordenadoriade Jurisprudência e Biblioteca, com fundamento no artigo 155, § 2°, III, da Constituição Federal, na Lei/PR9.870/1.991 e no Decreto/PR 1.262/2.003 e na esteira da decisão proferida no processo de uniformização de

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jurisprudência 302978/2.006 (Acórdão 1.310/2.006), nos seguintes termos:

“Nos julgamentos de recursos fiscais que se envolverem empresas que comercializem produtos dacesta básica, passam a desconstituir os autos de infração lavrados sobre as operações nas quais ocontribuinte deixou de fazer o estorno proporcional ao crédito.”

A Diretoria de Contas Estaduais (Informação 915/2.006 – folhas 22) “ratifica o entendimento confor-me Acórdão 1310/06 – Tribunal Pleno, bem como a proposta de enunciado de súmula constante nosautos”.

A Diretoria Jurídica (Parecer 17.275/2.006 – folhas 23/25) e o Ministério Público de Contas (Parecer22.418/2.006 – folhas 26/28) entendem que a redação do enunciado “mostra-se pertinente e retrata o enten-dimento reiterado dado por este Tribunal de Contas”.

VOTO E FUNDAMENTAÇÃO

Com vênia à orientação esposada pelos órgãos instrutivos, entendo que o enunciado alvitrado pela Coor-denadoria de Ementário e Jurisprudência, ainda que de acordo com a orientação vigente nesta Corte, reclamamaior detalhamento em alguns aspectos, pelo que se propõe redação sensivelmente diferente:

“A ausência de estorno do creditamento realizado pela alíquota maior do ICMS em operações que envol-vam produtos componentes da cesta básica não configura ofensa à Lei Estadual 11.580/1.996, sendo legítimo oaproveitamento do respectivo crédito.”

Uma vez que a questão trata de solução adotada reiteradamente por esta Corte, consoante inclusivedecisão em uniformização de jurisprudência, perfazendo o requisito para a emissão de súmula, nos termos acimaexpostos voto pela aprovação do respectivo enunciado.

ACORDAM os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, na conformidade com o votodo Relator e das notas taquigráficas, por unanimidade, aprovar o projeto de enunciado de súmula.

Votaram, nos termos acima, os Conselheiros HENRIQUE NAIGEBOREN, HEINZ GEORG HERWIG,FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃES e CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES e os AuditoresIVENS ZSCHOERPER LINHARES e JAIME TADEU LECHINSKI.

Presente a Procuradora Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ANGELA CASSIACOSTALDELLO.

Curitiba, 18 de janeiro de 2007.

FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃESConselheiro Relator

NESTOR BAPTISTAPresidente

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SÚMULA Nº 03

Enunciado: “As consultas que versarem sobre caso concreto não se-rão admitidas por este Tribunal, salvo se tratarem de assunto de rele-vante interesse público, devidamente motivado, situação em que delasse poderá conhecer, desde que satisfeitos todos os requisitos para asua admissibilidade, constituindo-se a resposta em apreciação de tese,mas não de caso concreto. ”

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Súmula

Assunto: Admissibilidade de consultas - negativa de conhecimento em caso concreto

Autuação do Projeto de Enunciado de Súmula: Protocolo nº 513162/06

Relator : Auditor Thiago Barbosa Cordeiro

Decisão: Acórdão nº 287/07 - Tribunal Pleno

Sessão: Tribunal Pleno Sessão Ordinária nº 10 de 15/03/07

Publicação no Atos Oficiais do Tribunal de Contas: nº94 de 13/04/07

ACÓRDÃO Nº 287/07 - Tribunal Pleno

PROCESSO N º : 513162/06INTERESSADO : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁASSUNTO : PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULARELATOR : AUDITOR THIAGO BARBOSA CORDEIRO

Ementa: Projeto de Enunciado de Súmula. Admissibilidade de consul-tas: negativa de conhecimento em caso concreto, salvo relevante inte-resse público, devidamente motivado, conforme art. 38 da Lei Com-plementar nº 113/05 e art. 311 do Regimento Interno.

RELATÓRIO

Trata-se de Projeto de Enunciado de Súmula, de iniciativa da Presidência deste Tribunal, referente ànegativa de resposta à consulta em caso concreto.

Atendendo aos termos do art. 199 do Regimento Interno deste Tribunal de Contas, a Coordenadoria deJurisprudência e Biblioteca apresenta, às fls. 03 a 05, sua proposta, nestes termos:

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JURISPRUDÊNCIA

112 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

“As consultas serão respondidas se formuladas em tese, não sendo conhecidas quando versa-rem sobre caso concreto. Excepcionalmente, havendo relevante interesse público, devidamentemotivado, a consulta que versar sobre dúvida quanto à interpretação e aplicação da legislação, emcaso concreto, poderá ser conhecida, mas a resposta oferecida pelo Tribunal de Contas será sempreem tese.”

Quanto às razões de conveniência e oportunidade exigidas pelo § 2º do art. 199 para a edição da Súmula,aduz a referida Coordenadoria que “observamos, através de nosso trabalho de organização da jurispru-dência no âmbito desta Corte de Contas, o grande número de processos que tramitam e têm como resul-tado final não serem conhecidos por tratarem de caso concreto”.

Como precedentes, aquela Unidade cita e anexa os textos de 23 julgamentos exarados em 2006, às fls. 09a 66.

A Diretoria Jurídica, por meio do Parecer nº 15425/06, fls. 71 a 73, de autoria da Assessora JurídicaDaniele Carriel Stradiotto, faz análise detalhada das formalidades e pré-requisitos do projeto, manifestando-sepela conformidade do mesmo à legislação de regência, opinando pela sua submissão à deliberação do TribunalPleno, após o prévio encaminhamento de cópias aos Conselheiros e Auditores para conhecimento prévio damatéria, conforme previsto no Regimento Interno.

Já o Ministério Público de Contas, por meio do Parecer nº 19611/06, fls. 74 a 75, da lavra da i. Procura-dora-Geral Angela Cassia Costaldello, afirma que o projeto de Súmula em exame apresenta os elementosprocessuais que lhe dão suporte de validade: fundamento legal, inúmeros precedentes desta Corte e exposiçãodos motivos de conveniência e oportunidade para sua emissão.

Pondera que a negativa de resposta à consulta em caso concreto é “tema ainda recorrente nosprocedimentos que tramitam nesta Casa e que sobre ele, há muito, e incontáveis vezes, tem decidido esteTribunal”. Opina que, não obstante tal fato, “a necessidade de sumulação do assunto é de importânciainquestionável e, portanto, louvável o trabalho deflagrado pela Coordenadoria de Jurisprudência eBiblioteca que, a par de cumprir sua competência legal (artigo I66, inciso XI, do RI), agilizará sobrema-neira as funções dos demais Setores e norteará a busca de orientação pelos órgãos e entes fiscalizadospelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná”.

Finalmente, entende que a redação do enunciado a ser submetido ao Plenário mostra-se pertinente eretrata o entendimento reiterado dado por este Tribunal de Contas à matéria.

Desta forma, opina pela legalidade do procedimento e apreciação do Plenário, uma vez presentes ospressupostos formais e materiais do procedimento, alertando para o devido cumprimento do art. 201.

Dando atendimento à previsão regimental do art. 191 deste Tribunal, foram enviadas por este Relatorcópias do projeto de súmula a todos os Conselheiros e Auditores deste Tribunal, para conhecimento da matéria,assim como para a Procuradora-Geral do Ministério Público de Contas, Drª Angela Cassia Costaldello, a qual foia única a encaminhar uma sugestão para pequena alteração no texto.

PROPOSTA E FUNDAMENTAÇÃO

Conforme atestam a Diretoria Jurídica e o Ministério Público de Contas, foram satisfatoriamente cumpri-dos os requisitos legais e regimentais que dispõem sobre a iniciativa, justificativa e tramitação de projetos desúmula por este Tribunal de Contas, tendo o procedimento prévio à votação sido ultimado com o encaminhamen-to do projeto de súmula aos julgadores.

Quanto ao enunciado pretendido, entende-se que sua utilidade será limitada, uma vez que, em termos deconteúdo, pouco pode ser acrescentado aos requisitos de admissibilidade previstos na Lei Complementar nº 113/2005 (art. 38) e no Regimento Interno (art. 311).

De fato, não se trata de estabelecer diretriz ou elencar exaustivamente situações capazes de suprir apriori o juízo – exercido monocrática e provisoriamente pelo relator – sobre a necessária abstração temática daconsulta e sobre a incidência eventual de “relevante interesse público” que justificam seu conhecimento quandoatinente a caso concreto.

Cuida-se, no caso, de transmitir claramente aos órgãos e entes fiscalizados o posicionamento reiterado

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deste Tribunal no trato da matéria, de modo a induzir que as futuras indagações e dúvidas sejam formuladas emtermos abstratos, para que sejam conhecidas e respondidas, proporcionando ganhos para todas as partes envol-vidas no processo, em especial para esta Casa, pela diminuição do manejo de protocolados indevidos.

Em relação ao texto, com a honrosa colaboração da Procuradora-Geral do Ministério Público de Con-tas, Drª Angela Cassia Costaldello, propomos pequena modificação na estrutura do Projeto de Súmula apresen-tado, na tentativa de tornar mais direto seu entendimento e apreensão, a fim de evitar eventuais equívocos deinterpretação:

“As consultas que versarem sobre caso concreto não serão admitidas por este Tribunal, salvose tratarem de assunto de relevante interesse público, devidamente motivado, situação em quedelas se poderá conhecer, desde que satisfeitos todos os requisitos para a sua admissibilidade, cons-tituindo-se a resposta em apreciação de tese, mas não de caso concreto. ”

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULAprotocolados sob nº 513162/06,

ACORDAM

OS MEMBROS DO TRIBUNAL PLENO, nos termos do voto do Relator, Auditor THIAGO BARBO-SA CORDEIRO por delegação do Conselheiro FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMARÃES, por unani-midade em:

Aprovar o Projeto de Enunciado de Súmula, e propor pequena modificação na estrutura do Projeto apre-sentado, na tentativa de tornar mais direto seu entendimento e apreensão, a fim de evitar eventuais equívocos deinterpretação:

“As consultas que versarem sobre caso concreto não serão admitidas por este Tribunal, salvo se trataremde assunto de relevante interesse público, devidamente motivado, situação em que delas se poderá conhecer,desde que satisfeitos todos os requisitos para a sua admissibilidade, constituindo-se a resposta em apreciação detese, mas não de caso concreto. ”

Votaram, nos termos acima, os Conselheiros NESTOR BAPTISTA, HENRIQUE NAIGEBOREN,ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO, HEINZ GEORG HERWIG, FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMA-RÃES, CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES e HERMAS EURIDES BRANDÃO .

Presente o Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, LAERZIO CHIESORIN JU-NIOR.

Sala das Sessões, 15 de março de 2007 – Sessão nº 10.

THIAGO BARBOSA CORDEIRORelator

NESTOR BAPTISTAPresidente

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JURISPRUDÊNCIA

114 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

SÚMULA Nº 04

Enunciado: “A comprovação da regularidade fiscal da empresa, na fasede habilitação em processo licitatório, não elide a necessidade de apre-sentação da Certidão Negativa de Débito específica da obra, emitidapelo INSS, para aprovação das contas em processos pendentes de jul-gamento, contratados a partir de 1º de janeiro de 2005. Os demais pro-cessos, anteriores à 1º de janeiro de 2005, em trâmite neste Tribunal,poderão ser aprovados com ressalva”.

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Súmula

Assunto: Certidão Negativa de Débito Específica de Obra, fornecida pelo INSS para aprovação da prestaçãode contas em processos pendentes de julgamento, contratados a partir de 1º de janeiro de 2005.

Autuação do Projeto de Enunciado de Súmula: Protocolo nº 588367/06

Relator : Conselheiro Artagão de Mattos Leão

Decisão: Acórdão nº 337/07 - Tribunal Pleno

Sessão: Tribunal Pleno Sessão Ordinária nº 12 de 29/03/07

Publicação no Atos Oficiais do Tribunal de Contas: nº95 de 20/04/07

ACÓRDÃO Nº 337/07 - Tribunal Pleno

PROCESSO N º : 588367/06INTERESSADO : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁASSUNTO : PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULARELATOR : CONSELHEIRO ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO

Ementa: Projeto de Enunciado de Súmula. Objeto: Certidão Negativa de Débito Específica de Obra,fornecida pelo INSS para aprovação da prestação de contas em processos pendentes de julgamento, contrata-dos a partir de 1º de janeiro de 2005. Legalidade procedimental. Aprovação do Enunciado de Súmula.

RELATÓRIO

Versa o presente expediente sobre Projeto de Enunciado de Súmula apresentado pela Coordenadoriade Jurisprudência e Biblioteca do Tribunal de Contas do Paraná, em decorrência do contido no Acórdão nº.1365/06 do Tribunal Pleno, no qual fui relator, que posicionou-se a respeito de Incidente de Uniformização deJurisprudência, tendo por suposto matéria correlata, considerando que a Súmula decorre da Uniformização.

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JURISPRUDÊNCIA

Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007 115

Com efeito, a matéria tratada na referida Uniformização de Jurisprudência teve a seguinte ementa: Ne-cessidade de apresentação da certidão negativa de débito específica da obra pública emitida pelo INSS, comodocumento indispensável para a aprovação das contas. Fixando-se no acórdão retromencionado que os proces-sos anteriores a 1º de janeiro de 2005, em trâmite na Corte de Contas, poderão ser aprovados com ressalva, casonão possuam a referida certidão.

Pois bem! A matéria seguiu as demarches procedimentais de estilo sofrendo, inicialmente, o crivo daDiretoria Jurídica que exarou o parecer nº. 316/07, no qual propôs pequena alteração a redação apresentadapara o Enunciado, qual seja:

“A certidão negativa de débito específica para obra pública emitida pelo INSS é documento indispensávelpara a aprovação das contas nos processos pendentes de julgamento, contratados a partir de 1º de janeiro de2005”.

Em seqüência opinou que o projeto encontra-se em conformidade com a legislação adrede a matéria e,portanto, podendo ser submetida ao exame do Tribunal Pleno.

O Ministério Público de Contas analisou a matéria lançando o parecer nº. 801/07, no qual ponderou que amelhor redação para o Enunciado de Súmula, tendo em vista o discutido no Incidente de Uniformização deJurisprudência é a seguinte:

“A comprovação da regularidade fiscal da empresa, na fase de habilitação em processo licitatório, nãoelide a necessidade de apresentação da Certidão Negativa de Débito específica da obra, emitida pelo INSS,para aprovação das contas em processos pendentes de julgamento, contratados a partir de 1º de janeiro de 2005.Os demais processos, anteriores à 1º de janeiro de 2005, em trâmite neste Tribunal, poderão ser aprovados comressalva”.

Sendo assim, entendendo presentes os pressupostos formais e materiais deste procedimento opinou pelasua legalidade e apreciação do Plenário.

VOTO

De todo o exposto claro se afigura que a proposta de redação de Enunciado de Súmula apresentadopela ilustre Procuradora-Geral é o que realmente se adequa ao discutido na sessão do Tribunal Pleno queoriginou na edição do Acórdão nº. 1365/06, uniformizando a jurisprudência a respeito da matéria, ou seja,uma coisa é a Administração Pública licitante exigir dos proponentes para a sua habilitação prova deregularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, demons-trando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei (art. 29, IV da Lei nº.8.666/93) e outra coisa é a necessidade de apresentação da Certidão Negativa de Débito específica daobra, emitida pelo INSS, para aprovação das contas em processos pendentes de julgamento, contratados apartir de 1º de janeiro de 2005.

Dessarte, encampa-se a proposta e Enunciado de Súmula apresentado pelo Ministério Público de Contas,razão pela qual VOTO pela sua aprovação.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULAprotocolados sob nº 588367/06,

ACORDAM

OS MEMBROS DO TRIBUNAL PLENO, nos termos do voto do Relator, Conselheiro ARTAGÃO DEMATTOS LEÃO, por unanimidade em:

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JURISPRUDÊNCIA

116 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

Aprovar a proposta e Enunciado de Súmula apresentado pelo Ministério Público junto a este Tribunal.Votaram, nos termos acima, os Conselheiros NESTOR BAPTISTA, HENRIQUE NAIGEBOREN,

ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO, HEINZ GEORG HERWIG, CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES eHERMAS EURIDES BRANDÃO e o Auditor THIAGO BARBOSA CORDEIRO.

Presente a Procuradora Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ANGELA CASSIACOSTALDELLO.

Sala das Sessões, 29 de março de 2007 – Sessão nº 12.

ARTAGÃO DE MATTOS LEÃOConselheiro Relator

NESTOR BAPTISTAPresidente

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SÚMULA Nº 05

Enunciado: “São legais para fins de registro as admissões de pessoal,estaduais e municipais, anteriores ao ano de 2.000, inclusive as relati-vas ao artigo 70 da Lei Estadual nº 10.219/92, em decorrência dos prin-cípios da segurança jurídica e da boa fé.”

Órgão Colegiado de Origem: Tribunal Pleno

Incidente: Súmula

Assunto: Legalidade das admissões de pessoal relativas ao art. 70, da Lei 10.219/92 e das admissões depessoal, estaduais e municipais, anteriores a 2000.

Autuação do Projeto de Enunciado de Súmula: Protocolo nº 563909/06

Relator : Conselheiro Caio Márcio Nogueira Soares

Decisão: Acórdão nº 359/07 - Tribunal Pleno

Sessão: Tribunal Pleno Sessão Ordinária nº 12 de 29/03/07

Publicação no Atos Oficiais do Tribunal de Contas: nº95 de 20/04/07

ACÓRDÃO Nº 359/07 - Tribunal Pleno

PROCESSO N º : 563909/06ORIGEM : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁINTERESSADO : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁASSUNTO : PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULARELATOR : CONSELHEIRO CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES

Projeto de enunciado de súmula. Processo de uniformização de juris-prudência nº 36352-7/06-TC, Acórdão nº 1411/06-Pleno. Questões re-lacionadas a ausência de registro de admissões de pessoal. Aprovaçãodo Projeto.

RELATÓRIO

Tratam os presentes autos, de “Projeto de Enunciado de Súmula”, elaborado pela Coordenadoria deJurisprudência e Biblioteca – CJB -, referente ao processo de Uniformização de Jurisprudência nº 36552-7/06-TC, aprovado pelo Acórdão nº 1411/06-Pleno, relativo a questões relacionadas a ausência de registro de admis-sões de pessoal.

A Coordenadoria apresentou a seguinte proposta de enunciado:Admissões de pessoal relativas ao art. 70, da Lei 10.219/92, são válidas e legais.

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JURISPRUDÊNCIA

118 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

Admissões de pessoal realizadas pela Administração Pública Estadual ou Municipal ( direta ouindireta ) anteriores ao ano de 2000, são válidas e legais, para fins de registro, com fulcro nos princípiosda segurança jurídica e da boa fé.

A Diretoria Jurídica após historiar que os autos obedeceram o trâmite regimental e considerar sobre oquorum especial para decisão da matéria, no que se refere a Proposta formulada, entende como pertinente asua complementação, que deverá constar da mesma que se tratam daquelas admissões não registradas nestaCorte de Contas, mencionando que a análise se dará por ocasião do exame da aposentadoria ou pensão. Assim,o Enunciado teria a seguinte redação:

“Aposentadorias e Pensões de servidores cujas admissões de pessoal, realizadas pela Administra-ção Pública Estadual ou Municipal (direta ou indireta), anteriores ao ano de 2000, não foram registra-das nesta Corte de Contas, são válidas e legais para fins de registro, com fulcro nos princípios dasegurança jurídica e da boa fé.”

Destaca, finalmente, a Diretoria, que as admissões de pessoal cujo registro foi negado por este Tribunal nãoestão contempladas no aludido dispositivo, até por questão de coerência, uma vez que se o Tribunal entendeu pornegar registro a admissão não faria sentido avalizar posteriormente procedimento que entendeu incorreto.

O Ministério Público junto a este Tribunal, como única observação a ser feita, considera que a redação doenunciado apresenta-se demasiado longa e, portanto, inadequada a constituir ementa. Assim, propugna por umaterceira redação, nos seguintes termos:

São legais para fins de registro as admissões de pessoal, estaduais e municipais, anteriores ao anode 2.000, inclusive as relativas ao artigo 70 da Lei Estadual nº 10.219/92, em decorrência dos princípi-os da segurança jurídica e da boa fé.

Ao final, opina pela legalidade do procedimento e apreciação do Plenário.

VOTO

Diante do exposto, obedecidas todas as formalidades legais e regimentais na tramitação dos presentesautos, voto pela aprovação do presente projeto de enunciado de súmula, com a redação apresentada pela nobreProcuradora Geral do Ministério Público de Contas, por explicar, de modo abreviado e apropriado, o conteúdo daUniformização de Jurisprudência em questão.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de PROJETO DE ENUNCIADO DE SÚMULAprotocolados sob nº 563909/06,

ACORDAM

OS MEMBROS DO TRIBUNAL PLENO, nos termos do voto do Relator, Conselheiro CAIO MAR-CIO NOGUEIRA SOARES, por unanimidade em:

Aprovar o presente Projeto de Enunciado de Súmula, com a redação apresentada pela nobre Procurado-ra Geral do Ministério Público junto a este Tribunal, por explicar, de modo abreviado e apropriado, o conteúdo daUniformização de Jurisprudência em questão.

Votaram, nos termos acima, os Conselheiros NESTOR BAPTISTA, HENRIQUE NAIGEBOREN,ARTAGÃO DE MATTOS LEÃO, HEINZ GEORG HERWIG, CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARES eHERMAS EURIDES BRANDÃO e o Auditor THIAGO BARBOSA CORDEIRO.

Presente a Procuradora Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ANGELA CASSIACOSTALDELLO.

Sala das Sessões, 29 de março de 2007 – Sessão nº 12.

CAIO MARCIO NOGUEIRA SOARESConselheiro Relator

NESTOR BAPTISTAPresidente

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120 Revista do Tribunal de Contas - PR | nº 160 | Fevereiro a Maio de 2007

Súmulas e Prejulgados do Tribunal de Contas do Estado do Paraná

Prejulgado nº 01 ........................................................................................................................................................... 86

Prejulgado nº 02 ........................................................................................................................................................... 89

Prejulgado nº 03 ........................................................................................................................................................... 93

Prejulgado nº 04 ........................................................................................................................................................... 95

Súmula nº 01 ............................................................................................................................................................... 106

Súmula nº 02 ............................................................................................................................................................... 109

Súmula nº 03 ................................................................................................................................................................ 111

Súmula nº 04 ................................................................................................................................................................ 114

Súmula nº 05 ................................................................................................................................................................ 117

ÍNDICE