revista do seminário itinerários culturais: criação e gestão de percursos no cone sul

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TÍTULO DA SEÇÃO Itinerários Revista do Seminário criação e gestão de percursos no cone sul mestrado em memória social e bens culturais - unilasalle/canoas Culturais Caminhos de Pedra preservando o patrimônio histórico e cultural através do turismo Potenciais itinerários culturais na Serra das belezas naturais de Nova Roma do Sul à vinícola hi-tec de Flores da Cunha Itinerários Culturais o que são e de que forma podem contribuir para a preservação do patrimônio histórico e cultural ue e o qu a pr e

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Esta revista é uma criação dos alunos Airton Jordani, Letícia de Cássia e Miriam Porciúncula, do curso de Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais, do Unilasalle Canoas, para o Seminário Itinerários Culturais: Criação e Gestão de Percursos no Cone Sul, turma do primeiro semestre de 2011, sob orientação da Prof. Dra. Underléa Bruscato.

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REVISTA DO SEMINÁRIO ITINERÁRIOS CULTURAIS - 2

Itinerários

Revista do Seminário

criação e gestão de percursos no cone sul

Culturais

Esta revista é uma criação de alunos do curso de Mestrado Profi ssional em Memória Social e Bens Culturais, do Unilasalle Canoas, para o Seminário Itinerários Culturais: Criação e Gestão de Percursos no Cone Sul, turma do primeiro semestre de 2011, sob orientação da Prof. Dra. Underléa Bruscato.

Sobre os alunos deste projeto

Participam deste projeto os alunos

Airton Jordani Jardim FilhoGraduado em Licenciatura em Ed. Artística - Hab. em Artes Visuais pela UFRGS. Especialista em Artes Visuais: Cultura e Criação, pelo SENAC EAD/RS. Designer Visual Sênior da PROCERGS. Membro do Grupo de Pesquisa CNPq/UDESC “Arte e Educação”. Tem experiência na área de Artes e Design Visual, atuando principalmente nos seguintes temas: imagens digitais, webdesign, design visual, gravura e arte-educação.

Letícia de Cassia OliveiraPossui graduação em Comunicação Social Relações Públicas pela PUCRS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e especialização em Projetos Culturais pela UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é consultora da Fundacine - Fundação de Cinema do Rio Grande do Sul na área de promoção internacional de produto audiovisual. Atua principalmente nos seguintes temas: difusão cultural, cinema, artes plásticas, cultura, comunicação, identidade, fronteira.

Miriam Quaresma da PorciúnculaAtualmente é técnica em computação da Companhia de Processamento de Dados do RS na área de Sistemas de Informações Educacionais, formada em Licenciatura e Bacharelado em Artes Visuais na UFRGS e em Administração de Empresas - ênfase em Análise de Sistemas pela PUC. Possui especialização em Gestão Cultural pelo SENAC EAD/RS.

Sobre a professora

Underléa Miotto BruscatoDoutorado em Arquitetura na área Comunicação Visual em Arquitetura e Design pela Universidade Politécnica da Catalunha, Barcelona, Espanha.

Docente permanente no Mestrado Profi ssional em Memória Social e Bens Culturais, investigando Itinerários Culturais e coordenadora do curso Superior de Tecnologia em Design de Produto do Unilasalle. Experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase na representação gráfi ca digital e analógica, análise e desenvolvimento de novas linguagens, fabricação digital, plataformas virtuais, técnicas de visualização adequadas para comunicação e interação dos processos inovativos de projeto de arquitetura e design.

Sobre a disciplina

Propõe refl exão sobre conceito “Itinerário Cultural” através do reconhecimento de indicadores que integrem por meio de um sistema dinâmico as relações históricas e os bens culturais associados à sua existência. Apresentação de estudos de caso de Itinerários Culturais, atendendo às demandas de planejamento sustentáveis no Brasil e no exterior. Visitas em rotas culturais com a fi nalidade de identifi car novas potencialidades visando à criação e à gestão dos projetos, ampliando o conhecimento social e motivando novos fl uxos turísticos.

Sobre o curso de mestrado

O Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais-PPGMSBC do Unilasalle possui curso de Mestrado Profi ssional interdisciplinar, recomendado pela Capes, atuando a partir de temas como gestão cultural, indústrias criativas, economia da cultura, patrimônio cultural, memória social, linguagens culturais, projetos culturais e sociais e instituições culturais. Possui excelente infraestrutura com espaços próprios para estudo e laboratórios para desenvolvimento de pesquisas. Conta com recursos informacionais modernos e bibliotecas em rede, com acervos atualizados de obras bibliográfi cas e periódicos científi cos das mais renomadas instituições de ensino superior. Seu quadro docente passa por qualifi cação permanente e é renovado de acordo com a demanda do campo da cultura e do corpo discente.

Todas as imagens utilizadas neste trabalho são de propriedade de Airton Jordani Jardim Filho - Todos os direitos reservados.

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Por Letícia de Cássia Oliveira

Segundo o Ministério da Cultura, “o conceito de Itinerário Cultural se refere a caminhos que exerceram infl uência cultural mediante a transculturação, e que produziram outros meios de expressão aos que na sua origem existiram em cada lugar.” (REZENDE, 2009)

Em outras palavras, pode-se dizer que a criação de um itinerário cultural é baseada em determinados critérios culturais, geográfi cos, históricos e/ou etnológicos com o intuito de promover a preservação daquele patrimônico histórico e cultural através de seu estudo e promoção devidamente alavancados pela força econômica do turismo.

Isso fi ca ainda mais claro na defi nição proposta por CIST apud PEREIRO (2002), onde um itinerário cultural é “...um circuito marcado por sítios e etapas relacionados com um tema. Este tema deverá ser representativo de uma identidade regional própria, para favorecer um sentimento de pertença, de reconhecimento ancorado na memória colectiva. O conjunto organizado formado pelos sítios e etapas tem um valor emblemático e simbólico para a população local e, para o conjunto de pessoas externas, denominadas de visitantes. O tema designado pode dar-se a conhecer a volta de diferentes valores culturais: o vínculo histórico, o vínculo etnográfi co, o vínculo social, uma corrente artística, uma identidade geográfi ca, uma identidade geográfi ca, uma identidade arquitectónica, as actividades tradicionais, as actividades artísticas, as produções artísticas”.

Uma parte importante na criação de um itinerário cultural é a chamada educação patrimonial. Fundamental para que a população local possa compreender a importäncia de sua cultura e a necessidade de preservá-la, a educação patrimonial se dá, entre outras formas, “através da potencialização das ações para fora dos

limites edilícios, com a recuperação do espaço de vivência da cidade como um espaço comunicacional e museológico, permitindo um trabalho permanente e sistemático centrado no patrimônio cultural como fonte primária de conhecimento, colaborando na recuperação da memória coletiva, no resgate da auto-estima e desenvolvimento local, inovando na preservação do patrimônio cultural tendo o conhecimento crítico e a apropriação consciente como fatores fundamentais no processo de preservação sustentável e fortalecimento do sentimento de identidade e de cidadania” (HORTA apud MAGALHÃES, 2010).

Basta uma rápida visita ao interior da serra gaúcha para que possamos perceber que, dentro de uma mesma região podemos encontrar itinerários culturais já bastante estabelecidos e enraizados localizados a poucos quilômetros de comunidades seriamente ameaçadas pela perda de sua identidade cultural em razão da não existência de qualquer ação de educação patrimonial ou projeto para

preservação daquela cultura. A criação de itinerários culturais pode ser, nestes casos, uma excelente oportunidade para reverter tal situação, trazendo um desenvolvimento econômico, que chega de mãos dadas com a preservação dos bens culturais da região.

REFERÊNCIAS

MAGALHÃES, Sérgio Ferraz; PINTO, André Luiz Oliveira. Museu-Cidade: O Bairro-Escola e a Educação Patrimonial. Actas do I Seminário de Investigação em Museologia dos Países de Língua Portuguesa e Espanhola, Volume 2, pp. 266-273. 2010.

PEREIRO, Xerardo. Itinerários Turístico-Culturais: Análise de uma experiência na cidade de Chaves. Actas do III Congresso de Trás-os-Montes: Bragança (Portugal). 2002.

REZENDE, Sheila. Itinerários Culturais. Ministério da Cultura. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/site/2009/05/22/itinerarios-culturais-2/>. Acesso em: junho/2011.

A criação de itinerários culturais pode ser uma excelente oportunidade

para trazer o desenvolvimento

econômico, que chega de mãos dadas com a preservação dos bens

culturais da região.

Itinerários culturais? Como assim?Através de uma breve abordagem, entenda um pouco mais sobre o que são e de que forma podem contribuir para a preservação do patrimônio histórico e cultural nacional.

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Histórico“Caminhos de Pedra” é um itinerário cultural em Bento Gonçalves/RS, Idealizado pelo Eng. Tarcísio Vasco Michelon e pelo Arq. Júlio Posenato, com o propósito de resgatar a cultura que os imigrantes italianos trouxeram à serra gaúcha desde 1875.

Em 1987 é realizado um levantamento arquitetônico na região localizada no interior da cidade.

O Distrito de São Pedro, composto por 7 comunidades, (São Pedro, São Miguel, Barracão, São José da Busa, Cruzeiro, Santo Antonio e Santo Antoninho) possuía um grande número de casas antigas. Estas, por sua vez, conservavam sua cultura e história, tinham acesso relativamente facilitado e, por consequência, um grande potencial turístico.

No entanto, durante as décadas de 1960 e 1970, essa região passou por um período de decadência e abandono, com a mudança de traçado da rodovia que ligava Porto Alegre ao norte do estado.

Caminhos de Pedra: o “Museu Vivo” de Bento Gonçalves“A preocupação com o resgate e preservação da cultura como um todo, que tem rendido aos Caminhos de Pedra o qualifi cativo de ‘museu vivo’, transformando-o em patrimônio histórico e cultural do RS, fez com que se desencadeasse nas comunidades que o compõem um movimento cultural que permitiu o surgimento de várias iniciativas que visam preservar não só o patrimônio material, mas também o imaterial.”

A partir do projeto de Michelon e Posenato e contando com recursos do Hotel Dall’Onder (um dos maiores da região), algumas casas foram restauradas e passaram a receber visitação. O primeiro grupo de turistas proveniente de São Paulo, trazidos pela CVC foi recebido na Cantina Strapazzon, em 30 de maio de 1992.

Devido ao sucesso na própria comunidade, em 10 de julho de 1997 foi fundada a Associação Caminhos de Pedra, congregando empreendedores, moradores da região e simpatizantes. Montou-se então um projeto abrangente que contemplava o resgate de todo o patrimônio cultural, não só o arquitetônico, envolvendo língua, folclore, arte, habilidades manuais, etc. O projeto foi aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura no ano 1998 passando a partir de então a

captar recursos das empresas locais através do Sistema LIC (Lei de Incentivo à Cultura do Estado do RS). Atualmente a Associação Caminhos de Pedra conta com cerca de 60 associados e o projeto, considerado pioneiro no Brasil em termos de turismo rural e cultural, está recebendo uma visitação média anual de 50.000 turistas.

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Restaurante Nona Ludia - Caminhos de Pedra (Bento Gonçalves/RS)

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Casa da Ovelha - Caminhos de Pedra (Bento Gonçalves/RS)

Como funcionaEm se tratando de estrutura física, o itinerário cultural “Caminhos de Pedra” tem, basicamente, dois tipos de pontos turísticos. Existem os chamados “pontos receptivos” (ou de visitação) e os “pontos de observação”.

Os pontos receptivos são propriedades com a devida estrutura para recepcionar turistas, contando com atrações, demonstrações, degustações e demais serviços turísticos. Atualmente estão em número de 13. São eles: Casa dos Doces Predebon, Casa de Pedra, Restaurante Nona Ludia, João Bez Batti, Casa do Tomate, Casa da Ovelha - Hotel Cavalet, Casa do Artesanato, Casa da Tecelagem, Restaurante Casa Vanni, Cantina e Casa Strapazzon, Vinícola Salvati & Sirena, Casa da Erva-Mate e Lovara Vinhos Finos.

Os Caminhos de Pedra contam com mais de 50 pontos de Observação Externa do patrimônio

arquitetônico e da paisagem, espalhados pela região.

Ambos os tipos de pontos turísticos estão presentes no

mapa turístico distribuído nos principais hotéis

e balcões de informações da

cidade de Bento

Gonçalves. Além disso, a preocupação com o resgate da cultura como um todo que tem rendido aos Caminhos de Pedra o qualifi cativo de “museu vivo”. O projeto desencadeou nas comunidades locais todo um movimento cultural que permitiu o surgimento de várias iniciativas e grupos artísticos-culturais.

O que ainda pode melhorarApesar de já estar muito bem estruturado e consolidade como itinerário cultural, o “Caminhos de Pedra” ainda carece de alguns pequenos ajustes para se qualifi car ainda mais.

Uma melhor sinalização da região como um todo, faz-se urgente. Tanto a sinalização dos pontos, quanto as indicações de como chegar ao Caminhos de Pedra para quem vem de carro do centro da cidade de Bento Gonçalves são fundamentais. Tais placas deveriam, pelo menos, apresentar as informações em português, espanhol, inglês e italiano. Desta forma atenderiam ainda melhor os clientes que visitam o local. Neste sentido, o arquiteto Fernando Oltramari, que trabalha com a Associação, relata que já está sendo montado projeto para, através das leis de incentivo a cultura, poder captar recursos para providenciar uma nova sinalização, atualizada e condizente com a importância dos Caminhos de Pedra.

Um bom exemploAinda que necessite de alguns ajustes e investimentos, o Caminhos de Pedra é, sem

nenhuma dúvida, um belo exemplo a ser seguido, tanto na serra gaúcha, quanto em

qualquer lugar do Brasil.

Este case nos mostra que com a mobilização da comunidade -

através de esforço coletivo e empreendedorismo - é

possível recuperar e alavancar o

desenvolvimento socio-economico e cultural das comunidades gaúchas e brasileiras

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Restaurante Nona Ludia - Caminhos de Pedra (Bento Gonçalves/RS)

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Por Miriam Quarema da Porciúncula

Saimos de Canoas às 8 horas do dia 9 de abril, sábado, de 2011. A proposta do passeio seria visitar o Itinerario e conversar com as pessoas que fazem parte do projeto. Como o projeto não está concluído existe a possibilidade de nos integrarmos ao trabalho, de uma forma voluntária, (foi como entendi), colaborando com sua ampliação através de sugestões e projetos. Éramos cerca de 14 pessoas na Van.

O primeiro ponto de parada foi a Casa da Ovelha onde já estava lá o arquiteto e agitador cultural Fernando Oltramari e que vai nos acompanhar por todo o percurso. Dois agentes de turismo nos receberam identifi cados com uniformes pretos com logotipo do Caminhos.

A degustação foi muito timida, somente 3 tipos de queijo pequeninhos, nenhum pãozinho. Podiam ser degustados para mais de 30 tipos fosse pelas embalagens em exposição nas prateleiras, os queijos eram de preço maior do que o mercado e o balcão era muito pequeno para o grupo de 14 pessoas, era um balcão para 3 pessoas no máximo, sem ter onde sentar em frente ao balcao. O balcao não tinha uma madeira antiga como o resto da decoração e os palitos todos espalhados num cesto sem condições higiênicas, sugiro usar o palito embalado individualmente.

Um vídeo de 10 minutos nos foi mostrado e fotos nas paredes contam a história da região e da criacão de ovelhas. A sala de produção dos queijos é mostrada por uma abetura envidraçada, mas o processo da fabricacao sem lactose nao é mostrado nem explicado. O mobiliário e as informações estavam muito apropriados com exceção do tampo do balcão e a cesta de lixo do local que era um plastico ordinario. Poderia ser colocado uma antiguidade ou uma cópia de acordo com os demais acessórios como o

telefone antigo, etc. Logo após fomos às compras de souvenirs e produtos alimenticios no andar de baixo , caros mas de boa qualidade quase todos. Saindo da casa fomos aos fundos da propriedade. Gostei muito da demonstração do cão de pastoreio de raça Border-Coly de nome Fly e de saber que tem campeonato de pastoreio em 14 de maio, pois só tinha conhecimento deste esporte na Europa.

O almoço foi no restaurante Nona Ludia, uma casa de pedra restaurada. O nosso engano foi que esquecemos de pedir o preço diferenciado como o combinado previamente e pagamos todos R$26 por um galeto típico com acompanhamentos. Antes do almoço subimos a um piso reservado especialmente para nós e o sr. Oltramari apresentou um ppt. com o projeto desde sua concepção até os problemas que ainda hoje enfrenta o projeto. Ganhamos de cortesia umas garrafas de suco de uva muito bom para nos refrescarmos antes da apresentação. Se juntou ao nosso grupo a Juliana, que é uma gestora cultural da região e seu sócio e ambos já conhecíamos de uma apresentação em sala de aula. Sua empresa é a www.plenaurbanismo.com.br. A conclusão da palestra foi que os moradores próximos e de Porto Alegre são os visitantes mais

Uma visita ao Itinerário Caminhos de Pedra São PedroEm um relato informal, extraído de seu diário de viagem, Miriam descreve a experiência de visitar os Caminhos de Pedra com sua turma de Seminário

Visita à Casa da Ovelha, em Bento GonçalvesViVisisitat à Casa da Ovelha, em Bento GonçalvessVisita à Casa da Ovelha, em Bento Gonçalves

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frequentes, que não são pessoas em excursões e sim familias em turismo e que estão retornando pela 3 vez. Do lucro gerado em turismo pelo municipio é dado 2,5% para os operadores do Caminhos para incentivar. Falta asfalto no itinerário porque é um longo caminho percorrido.

O Caminhos de Pedra São Pedro está insufi ciente quanto a sinalização e placas, as placas informativas poderiam ser bilingue, italiano e portugues, assim como os folhetos e mapas. Hoje em dia o custo de gráfi ca é o mesmo do que para um tipo único de impressão. Passamos por Nova Roma do Sul e Nova Pádua. O passeio contemplou poucos locais, somente 4 incluindo o prédio do almoço e uma ponte com uma represa onde passaram ciclistas em grupos e fotografamos. O que mais achei produtivo foi a palestra do sr. Ultramare.

Flores da CunhaO site da vinícola é www.luizargenta.com.br. Deste local gostei da técnica de plantar roseiras com grandes rosas vermelhas no início de cada fi la de videiras , são usadas para detectar em primeira mão a presença de pragas na uva. A visão das videiras em linhas onduladas muito longas até o horizonte próximo é linda. Uma semana depois a esta visita vi o fi lme Cópia Fiel e algo me remeteu ao CP, uma certa incomplitude, uma certo descompasso entre o que buscamos, o que vemos e o que nos é falado do passado e do presente . Este fi lme se passa na Toscana.

Na vinícola as duas pessoas que nos atenderam nos passavam informações superfi ciais que seriam mais adequadas para turistas em passagem relâmpago. Falo isso porque os roteiros dentro de Cantinas que conheço duram mais tempo e explicam com mais amplitude e conhecimento. Mesmo umas das meninas sendo fi lha do dono não me passou conhecimentos de tradição e pareciam mais orientadas ao comércio. A outra menina falou que não era da região e suspendeu a faculdade de administração por falta de condições fi nanceiras(seria melhor contratar

uma pessoa da própria cidade).

O local de degustação não era uma mesa com cadeiras com a visão para muitas garrafas e sim um balcão com 2 ou 3 banquetas, e de costas para a linda vista dos parreirais(modelo fast-food?), sem prévias de sobre como seria

a degustação e sem maiores explicações sofre a safra do produto sendo degustado. As taças não foram sufi cientes para o número de pessaos em degustação.

Existe um grande espaço na entrada, um lounge externo com vista para a plantação, e uma vitrine interna mais profunda que se une ao ambiente interno e contém acessórios e embalagens para vinhos, mas melhor seria se tivesse ali também alguma informação da produção atual e passada com informações decalcadas sobre os vidros. O diferencial da visita foi conhecer

os escritórios, laboratórios e saber que são poucos funcionarios, não chegando a 10 pessoas, que tudo é controlado a distância por um enólogo que acompanha as temperatura dos toneis de inox por celular.

Faltou aquele romantismo na narrativa das guias. Sugiro um curso de narrativa para as atendentes e mais propriedade quanto aos conteúdos a serem passados aos visitantes. O folder indica que a degustação dura 80 minutos para no máximo 15 pessoas e é composta de 4 tipos de vinhos ao custo de r$20. A cantina importa bonitas garrafas para encanar a água do local que é mineral. O prédio é de uma arquiteta da região chamada Vanja e lembra uma obra de Alvaro Sisa como a FIC, com 3 andares subterrâneos, construído rente a pedreira que serve de parede. O prédio respeita a altura defi nida pelo plano diretor mas dá um impacto high-tech a paisagem bucólica.

O motorista do nosso veiculo não conhecia o caminho e perdemos tempo precioso. Não tínhamos uma boa visão da estrada porque a Van não tinha visibilidade aos que estavam atrás devido aos bancos com apoio para o pescoço, e como a viagem era longa, foi cansativo.

Mas fi quei com muita vontade de voltar.

O diferencial da visita foi conhecer os escritórios, laboratórios e saber que são poucos

funcionarios (não chegando a 10 pessoas), que tudo é controlado a distância por um

enólogo que acompanha a temperatura dos toneis

por celular.

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Repleta de belezas naturais, Nova Roma do Sul conta ainda com diversas atrações oriundas das tradições trazidas pelos seus imigrantes. Apesar de uma imensa maioria de imigrantes italianos, a cidade recebeu diversas outras etnias, o que colaborou, e muito, para a formação da cultura local.

As travessias pelo Rio da Prata e Rio das Antas, ligando as cidades de Veranópolis e Nova Roma do Sul e as cidades irmãs Nova Roma do Sul e Nova Pádua são um atrativo diferenciado, pois chama a atenção o fato de que o trabalho de travessia é braçal (isso sem falar das belas paisagens que podem ser apreciadas).

A ponte de ferro sobre o Rio das Antas, construída no fi nal da década de 1920, unindo os Municípios de Nova Roma do Sul e Farroupilha (página ao lado) faz parte da história da cidade e tem uma relação afetiva com a cidade muito grande, dadas as condições adversas em que foi erguida, com a ajuda de todos da região.

Até mesmo um local que poderia passar despercebido pela sua funcionalidade estar a frente de sua beleza é a Usina Hidrelétrica Castro Alves. Localizada às margens do Rio das Antas, ela tem capacidade de geração de 130MW de energia eletrica. A usina e a beleza do local onde está instalada pode ser contemplada no mirante às margens da Usina.

No entanto, tais atrações, salvo alguns eventos isolados promovidos pela cidade, não tem uma organização digna do potencial desta comunidade.

Nova Roma do Sul poderia, a exemplo do Caminhos de Pedra, organizar itinerários culturais que valorizassem o seu interior, suas tradições oriundas das diversas etnias imigratórias.

Usina Hidrelétrica Castro AlvesUsina Hidrelétrica Castro AlvesUsina Hidrelétrica Castro Alves

Nova Roma do Sul: uma fusão multicultural às margens do Rio das AntasImigrantes poloneses, suecos, russos e italianos construíram, pouco a pouco, a cidade em meio a vales “encantados, misteriosos, onde o silêncio só é quebrado pelo barulho das cascatas, o murmúrio dos rios ou o canto dos pássaros”, como a população a descreve.

Poderia-se, inclusive, criar um itinerário cultural-gastronomico com os descendentes destas etnias, criando uma verdadeira volta ao mundo sem sair de Nova Roma do Sul. Isso poderia ser feito, ainda nos moldes dos Caminhos de Pedra, com mapas, website e sinalizações nos locais de visitação, em convênio com agências de viagense operadoras de turismo, contando ainda com o apoio de orgãos de turismo municipal, estadual e, porque não, nacional.

Não bastasse isso, as próprias belezas naturais dessa região, cercada por dois importantes rios, seriam ricas o bastante para a criação de roteiros turísticos voltados à preservação e ao ecoturismo, por exemplo.

De qualquer forma, ambas as ideias poderiam servir como um elo de ligação entre a comunidade, empreendedores e turistas, para desenvolver o turismo na região que, se planejado de forma organizada e racional, pode alavancar não apenas a economia local, mas também auxiliar na preservação e cultivo da cultura da comunidade local.

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Ponte de ferro sobre o Rio das Antas (Nova Roma do Sul/RS)

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Quem visita a vinícola Luiz Argenta, em Flores da Cunha/RS, tem a nítida sensação de estar fazendo uma viagem ao futuro. Totalmente automatizada, sua produção de vinhos não depende de mais do que 10 pessoas para funcionar. A vinícola conta com instalações muito bem planejadas que aproveitam a topografi a irregular do terreno e propicionam uma experiência única ao visitante, principalmente se a visita ocorre no horário do pôr-do-sol.

A vinícola, no entanto, poderia estar inserida em um contexto ainda mais completo, em termos de turismo e cultura. A cidade de Flores da Cunha necessita urgentemente repensar sua relação com a produção de derivados da uva, levando em conta sua larga tradição neste tipo de produção.

Criar itinerários culturais que valorizem o fazer vinho, em receitas que vêm de gerações seria uma forma, inclusive, de resgatar a cultura dos antepassados que exerciam essa e tantas outras atividades tipicamente italianas.

Mas como uma vinícola tão recentemente criada poderia contribuir para este resgate cultural?

Acontece que toda a comparação fi ca mais clara e evidente, quando utilizamos parâmetros consistentes, de fácil assimilação para auxiliar aqueles que comparam.

Imaginemos, então, um itinerário cultural que percorresse os mais

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contemporâneo que reverencia a tradição em Flores da CunhaConhecida por sua tradição e larga capacidade de produção de vinhos e derivados da uva, Flores da Cunha tem, a sua disposição, diveras oportunidades para criar itinerários culturais que mobilizem a cidade e ajudem a preservar suas tradições.

diferentes locais e regiões de Flores da Cunha, passando por diversos locais onde se produz o vinho. O roteiro poderia começar com uma família que ainda produza o vinho da forma mais artesanal e tradicional o possível. Lá poderia inclusive ter contato com a maneira como é feita a coleta da uva, passando pelo preparo e produção do vinho artesanal.

Poderíamos ter, ainda, uma visita a uma produtora de vinho intermediária, onde as novas tecnologias já começam a ser incorporadas ao processo produtivo, por exemplo.

Por fi m, este itinerário poderia se encerrar na própria vinícola Luiz Argenta, onde a tecnologia está um passo a frente, com seu processo produtivo altamente automatizado e

funcional.

Isso faria com que o visitante tomasse contato com toda a história da produção de vinho no munícipio, do mais tradicional ao mais tecnológico, por exemplo.

Com isso, a comunidade toda poderia se engajar em contar esta história de forma coletiva e, por consequencia, muito rica.

Afi nal, por mais tecnologia que possamos ter na produção de vinhos da Luiz Argenta, seus proprietários certamente tem o maior interesse na cultura, na tradição e na história de sua sociedade. Não fosse assim, não teriam batizado sua vinícola com o nome de seu pai, o sr. Luiz Argenta.

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Vinícola Luiz Argenta (Flores da Cunha/RS)

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RIO Avaliação da disciplina

Os três alunos do Mestrado Profi ssional em Memória Social e Bens Culturais responsáveis por esta publicação avaliam sua experiência no Seminário Itinerários Culturais: Criação e Gestão de Percursos no Cone Sul, ministrado pela Profa. Dra. Underléa Bruscato.

“Esta é a primeira disciplina que estou cursando do mestrado em Memória e superou minhas expectativas pelo formato aberto das aulas. Durante o semestre, com a professora Léa, trabalhamos os conceitos de rota e itinerário cultural, em seguida assistimos palestra sobre restauração e coberturas temporárias em eventos culturais por um arquiteto catalão e ouvimos as experiências dos empresários culturais. ”

Miriam Porciúncula, analista de sistemas e gestora cultural.

“Pensar sobre itinerários culturais é uma maneira de prospectarmos um desenvolvimento econômico-cultural local. A disciplina de Itinerários Culturais

é essencial para este entendimento. Estudar no formato de seminário nos deu a oportunidade de democratizar o acesso ao conhecimento, bem como ampliar

nossa rede de contatos.”

Letícia de Cássia, professora e gestora cultural.

“A disciplina foi bastante proveitosa. Se por um lado aquela uma hora em sala de aula era um pouco curta para aprofundar ainda mais os debates e discussões, a saída de campo, por outro, foi uma experiência bastante enriquecedora, capaz de gerar um material como este e servir de subsídio para muita refl exão. A referencia prática, buscada fora dos muros da academia é peça chave para que possamos construir conhecimento e entender de forma real como se dá a gestão dos bens culturais nos dias de hoje.”

Airton Jordani, professor e designer gráfi co.

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Visite os Caminhos de Pedra e conheça um museu da imigração italiana a céu aberto

www.caminhosdepedra.org.br

O visitante que ingressar nos Caminhos de Pedra

estará utilizando a mesma porta de entrada

dos primeiros imigrantes, revivendo as mesmas

sensações dos recém-chegados, através das

histórias contadas pelos seus descendentes.

Não deixe de dar esse mergulho na história da

imigração italiana no Rio Grande do Sul que pela

Lei Estadual 13.177/09 é considerado patrimônio

histórico e cultural do RS.

Page 16: Revista do Seminário Itinerários Culturais: Criação e Gestão de Percursos no Cone Sul

Mestrado Profissional em

Memória Social e Bens Culturais