revista de campinas

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www.cidadeecultura.com.br edição 01 Convivência perfeita entre a modernidade e a tradição história | arte| turismo | arquitetura | gastronomia Campinas Nº17 - R$ 10,00 - BRASIL 17 Campinas

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Page 1: Revista de Campinas

www.cidadeecultura.com.br

edição 01

Convivência perfeita entre a modernidade e a tradição

história | arte| turismo | arquitetura | gastronomia

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Conselho Executivo Ana Lucia F. dos Santos, Eduardo Hentschel, Luigi Longo, Márcio Masulino, Mário Zelic e Thabata AlvesEditora Renata Weber NeivaReportagem Alice Neiva e Nathália WeberAssistente de produção Evellyn AlvesRevisão Silvia Mourãodiretor Comercial Paulo Zuppa

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Produção Gráfica Celso Andrade e Rogério Callamari MacaduraProdução digital Strawberry Web DesignProdução Audiovisual Leo LongoFotografias Marcio Masulino, Thabata Alves, Evellyn Alves, André Prata, Thiago Andrade e Ricardo LimaFoto Capa Márcio AlvesImpressão Gráfica Silvamarts

CIdAdE & CULTURA CAmPInAs é uma publicação anual da KM Marketing CulturalPARA AnUnCIAR (11) 97540-8331

COnHEÇA O nOssO sITEwww.cidadeecultura.com.br

QuANDo CHEGAMoS A CAMPiNAS, deparamos com as inúmeras possibilidades que a cidade oferece. São muitas as opções de passeios históricos, rurais e no âmbito tecnológico. É um centro urbano, porém com todo o charme rural. A cidade é cosmopolita, mas com um povo acolhedor e solícito. Nesta edição, você poderá desfrutar um pouco dos encantos de Campinas e da capacidade de superação e inovação deste lugar com clima agradável e belas paisagens. Sem dúvida, surpreendente.

Editorial

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www.cidadeecultura.art.br facebook.com/cidadeecultura

10 Linha do Tempo Passo a passo das datas marcantes

12 HistóricoMuitas lutas, altos e baixos na conquista do progresso

20 BiografiasFiguras ilustres que mudaram a história

26 ReligiosidadeA fé que sempre perdura

32 Estradas de FerroCaminhos do desenvolvimento

38 ImigraçãoMãos que construíram a cidade

52 MuseusAcervos que resgatam nosso passado

56 Revolução ConstitucionalistaA luta por um ideal

58 LendasVerdade ou mentira?

Índice62 ArquiteturaMarcas de épocas que compõem a paisagem urbana

70 Artes Expressão sincera da qualidade campineira

84 Meio AmbientePreservação e consciência à mostra

94 Educação e TecnologiaA qualidade fez a diferença

104 Turismo RuralO prazer do simples e ao mesmo tempo sofisticado

116 GastronomiaVariedade brasileira e internacional

124 EsportesTradição e modernidade

134 DesenvolvimentoFruto de perseverança e qualidade

138 Dados Estatísticos Uma radiografia da cidade

140 AeroportosFronteiras desbravadas

142 Não deixe de visitar Pontos históricos e interessantes

digital

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1737 1774 1807 1889 1898 19321842

Bandeirantes começam a povoar Campinas do Mato Grosso

Construção da Catedral de Campinas

Devastadora epidemia de febre amarela

Manoel Ferraz de Campos Salles foi o segundo presidente civil da República eleito

Revolução Constitucionalista de 1932

A Vila de São Carlos é elevada a cidade e passa a se chamar Campinas

Em 14 de julho, ocorre a Fundação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso de Jundiaí

Cronologia

10 Cidade&Cultura

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1938

Início do Plano de Melhoramentos Urbanos de Campinas – Plano Prestes Maia

1948

Término da construção da Rodovia Anhanguera

2000

Criação da Região Metropolitana de Campinas

1966

Fundação da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

1960

Inaugurado o Aeroporto Internacional de Viracopos

2015

Maior centro de pesquisas tecnológicas do país

1958

Campinas é elevada a Arquidiocese

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Linha do tempoCampinas

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12 Cidade&Cultura

Histórico

Panorâmica da cidade de 1880

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Campinas 13

Modernização como lema

marcoSuperação como

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14 Cidade&Cultura

Nascimento do povoadoDesDe a DesCoberta Da lenDária montanha De prata potosí, no peru, espanhóis e portugueses tra-varam uma luta sem fim para descobrir caminhos de acesso a tal tesouro. os espanhóis navegavam pelo rio da prata e os portugueses tentavam por terra. em uma dessas buscas pelo metal precioso, foram descobertas minas de ouro, primeiro em minas Gerais e, no início do século XVii, em Goiás, por bartolomeu bueno da sil-va (primeiro anhanguera). em 1722, outro bartolomeu bueno da silva (o segundo anhanguera), segue pelo caminho aberto até Goiás por luís pedroso de barros e, com sua bandeira, explora a estradas dos Goiases. ao longo da busca desenfreada e da descoberta de ouro, vários locais no interior do estado de são paulo formaram pequenos povoados que mantinham pousos e armazéns com mantimentos para abastecer as ex-pedições e também os comerciantes (tropeiros) que, em lombo de burros, iam e vinham com mercadorias de todos os tipos. Campinas surge desse cenário onde

Histórico

três povoados (Campinas Velhas, tanquinho e santa Cruz) tinham sido instalados e cuja principal fonte de renda eram o pouso e a venda de artigos aos viajantes. aliás, o nome “Campinas” está relacionado justamente à geografia do local: os campos eram extensos, planos e desprovidos de grande quantidade de árvores. o pri-meiro sesmeiro a se estabelecer no local foi antônio da Cunha abreu, em 1728.

pelos préstimos prestados ao povoado, o sesmeiro Francisco barreto leme do prado foi nomeado pelo en-tão governador da província de são paulo, luís antônio de sousa botelho Galvão (quarto morgado de matheus), fundador e diretor da Freguesia de nossa senhora da Conceição das Campinas de mato Grosso, em 14 de julho de 1774.

Cana-de-açúcarrepresentando um dos principais ciclos econômicos

do brasil, o cultivo da cana-de-açúcar foi matéria-prima para a ocupação do território nacional. Com medo de

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Campinas 15

Ilustração de escravos trabalhando em um engenho e

Casa de Câmara e Cadeia

invasões, principalmente dos franceses que aqui apor-tavam em busca do pau-brasil, a Coroa Portuguesa constatou que em nossas terras o plantio da cana era viável e investiu em doações de sesmarias para que pudessem ser cultivadas e assim fixar colonos. Na Ilha da Madeira, a cana já era cultivada com muito sucesso e as primeiras mudas foram trazidas por Martim Afonso de Sousa.

No início, os locais de cultivo em Campinas fica-vam onde atualmente está a estrada entre Campinas e Mogi- Mirim. Campinas já não podia mais depender somente da venda de secos e molhados e suas terras apresentavam muito potencial para o cultivo da cana--de-açúcar, produto de grande valia comercial para a Co-roa Portuguesa. Muitas pessoas foram atraídas pela cidade, principalmente mineiros que, com a queda da produção de ouro em seu Estado, migraram em busca de novas oportunidades. Com o aumento da procura dos derivados da cana, mais mão de obra era necessá-ria, então escravos africanos foram a solução mais rá-

pida e econômica. Muitas fazendas chegaram a possuir mais de 100 escravos. Foi graças a essa produção que Campinas foi elevada a Vila de São Carlos, em 1797. Ali surgiu a primeira elite brasileira. Os donos de enge-nho ditavam as regras e angariavam força econômica. As terras que margeavam o ribeirão Anhumas – onde não havia escassez de solo – eram perfeitas para o plantio e exibiam alta produtividade. O Coronel de Milí-cias Luís Antônio era, em 1818, o maior produtor e so-mente em Campinas era dono de dezesseis engenhos. Outros também se destacaram nesse ciclo: o Coronel Francisco Antônio de Souza, o Sargento Mor Floriano de Camargo Penteado e o Capitão Theodoro Ferraz Leite. O ano de 1836 registrou o auge da produção: havia 93 engenhos e 93 destilarias em plena atividade.

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16 Cidade&Cultura

Histórico

O algodãoConsiderada a mais importante fibra têxtil, o algodão

já era utilizado muitos séculos antes de Cristo. No Bra-sil, indícios confirmam a utilização dessa malvácea por índios na confecção de roupas e redes, além de seu caroço e o sumo de suas folhas servirem de alimen-to. No período da colonização portuguesa, os jesuítas incentivavam o cultivo do algodão pelos índios e, dado o excesso da produção, alguns quilos eram levados à Europa. Aqui, os colonos usavam-no mais como maté-ria-prima no artesanato feito por mulheres que se ocu-pavam das pequenas roças em torno das habitações. Somente em 1760 é que esse cultivo conseguiu desta-que com a exportação feita pelo Estado do Maranhão. A competitividade norte-americana chegou com a Revolu-ção Industrial, ultrapassando de longe nossa produção.

Com isso, a cotonicultura entrou em decadência e pas-samos a ser apenas produtores para o mercado inter-no; nessa época, porém, é mais valorizado o cultivo do café. Com a Guerra da Secessão nos EUA, o Brasil volta ao cenário do comércio internacional e recebe um novo impulso para o cultivo, agora do algodão herbáceo. São Paulo se destaca na produção. E, novamente, a paz na terra do Tio Sam é restaurada e aqui perdemos o fôle-go. Em 1924, o Instituo Agronômico de Campinas tra-balhou exaustivamente no aprimoramento genético do algodão e como resultado, associado à queda do café na década de 1930, a cotonicultura cresce no Estado de São Paulo que se torna grande produtor desse bem no país. Em qualquer lavoura havia a semente paulista. Chegamos a 463 mil toneladas em 1944.

Na realidade, Campinas foi a grande impulsionadora do cultivo de algodão e, com as fábricas de melhora-mentos e têxteis, muitas fazendas aqui localizadas fize-ram parte dos experimentos do Instituto Agronômico de Campinas – IAC, que contribuiu para o desenvolvimento de uma das maiores culturas exportadoras do Brasil.

Colheita de algodão com os escravos e o feitor vigilante

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18 Cidade&Cultura

Histórico

O café Com a saturação do mercado externo do açúcar, o café vindo ao Brasil,

em 1727, foi gradualmente tomando conta da infraestrutura já existente dos engenhos de cana-de-açúcar, da mão de obra escrava e das vias aber-tas até a capital e o porto de Santos. Tanto é que, em 1860, já existiam 189 fazendas de café contra apenas vinte de cana-de-açúcar. Os lucros obtidos com o café eram tão grandes que o grão foi apelidado de “ouro negro”. Os intitulados “Barões do Café” formavam verdadeiras microvilas em suas fazendas. E, com o advento desse lucro, as cidades em geral se tornaram um espelho da Europa, com teatros, escolas, desenvolvimento das artes, modernização arquitetônica, armazéns com gêneros importados e uma série de itens que trouxeram grande progresso para a população rural do Estado. O novo panorama se potenciali-zou com a inauguração das estradas de ferro que formavam verdadeiras artérias de transporte do produto.

Campinas, em especial, chegou a ser a maior cidade exportadora do produto no país devido ao solo plano e mais rico. Os Barões do Café que se perpetuaram nesse ciclo incluem Joaquim Antônio de Arruda – Barão de Atibaia; Joaquim Policarpo Aranha – Barão de Itapura; Joaquim Ferreira Penteado – Barão de Itatiba; Joa-quim Ferreira de Camargo – Barão de Ibitinga; Geraldo Ribeiro de Souza Rezende – Barão Geraldo; Joaquim Egídio de Sousa Aranha – Marquês de Três Rios; Joaquim Celestino de Abreu Soares – Barão de Paranapa-nema; Anna Carolina de Melo Oliveira de Arruda Botelho – Baronesa e Viscondessa e Condessa do Pinhal; Manuel Carlos Aranha – Barão de Anhumas, e João de Ataliba Nogueira – Barão de Ataliba Nogueira.

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Barão de Itatiba(Joaquim Ferreira Penteado)

Plano de Melhoramentos Urbanos de Campinas – Plano Prestes Maia

Em 1929, após a queda da Bolsa de Nova York, o preço da saca de café despencou e com ela enormes fortunas cafeeiras. As terras des-tinadas a essa cultura foram paulatinamente desvalorizadas e, nesse período, Campinas já mostrava seu potencial para o desenvolvimento técnico e científico. A área urbana não refletia os sentimentos da popu-lação, que queria ter uma cidade mais avançada, sem ruas tão estrei-tas, e “ventilada” por avenidas largas que ligassem os pontos mais dis-tantes ao centro, organizada em setores para estimular o dinamismo. Era uma maneira de atrair novas indústrias e valorizar imóveis e terras.

Então, em 1934, Francisco Prestes Maia, engenheiro urbanista, foi contratado pela Prefeitura para criar o Plano de Melhoramentos Urbanos de Campinas. Esse plano ousado demorou de 1938 a 1960 para ser finalizado. Como sabemos, a expansão da cidade tinha ocorrido com os grandes loteamentos promovidos em antigas fazendas de café, onde a Prefeitura proporcionava incentivos aos proprietários. Um exemplo clás-sico é a construção da caixa d’água no Jardim Chapadão, local da antiga fazenda do mesmo nome e onde hoje a “Torre do Castelo”, como é conhecida, se tornou um dos símbolos da nova estruturação urbana.

Outro ponto interessante da nova realidade da cidade foi a proporção de pessoas que saíram do campo e se ins-talaram na área urbana. Em 1940, 60% da população economicamente ativa já vivia na cidade. No restante do país, esse fenômeno de inversão demográfica só aconteceria nos anos 1970. A verticalização das edificações chegou nas décadas de 1950 e 1960, principalmente no centro, onde o setor de serviços aumentou significativamente e largas avenidas foram implantadas, compondo assim o tão desejado visual de modernidade.

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7a das 7 Maravilhas de Campinas,

Torre do Castelo

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Campinas 19

Positivismo e o Partido Republicano Paulista

No contexto mundial da metade do século XIX, surge o positivismo de Auguste Comte, uma nova forma de pensar o mundo, segundo a qual a Teologia e a Metafísica são colocadas de lado e de fora da base de estudos científicos. As únicas verdades estabelecidas são aquelas que pode-mos observar e comprovar. Suas ideias sobre a ciência balançaram os alicerces da filosofia não só na Europa, mas também no Brasil, onde surgiu a Religião da Humanidade, defendendo o aperfeiçoamento humano. Ainda temos no país templos que cultuam não santos, mas grandes cientistas que fizeram nossa civilização progredir.

E, falando em progresso, é graças aos ideais positivistas que hoje carregamos em nossa bandeira o lema “Ordem e Progresso”. Neste momento, não há espaço para detalharmos a importância desse movimento, mas podemos mencionar que foi a pedra fundamental em nosso país para a proclamação da República e também um polo aglutinador de nossas principais cabeças pensantes, em sua maioria representadas pelo Partido Republicano Paulista – PRP , fundado na Con-venção de Itu de 1873, quando vários artistas, militares, cafeicultores e intelectuais se reuniram para formar um partido de oposição ao Império. Todos com vocações positivistas e republicanas, que revolucionaram a política e a economia brasileira. Entre as figuras notáveis dessa reunião estão: Américo de Campos, Rangel Pestana, Bernardino de Campos, Campos Salles e Prudente de Morais. O PRP ganhou força principalmente porque houve adesão dos cafeicultores e dos estudantes da Fa-culdade de Direito de São Paulo que queriam a descentralização do poder, tornando o Brasil uma federação. Como Campinas era praticamente a sede econômica do café, não foi surpresa que ali se houvesse constelado o centro da efervescência republicana que inclusive conseguiu eleger um presidente da República: Campos Salles. No entanto, o novo partido não se comprometia abertamente com a luta contra a escravidão. Com a culminância da queda do Império e a implantação da República, o PRP deixa de existir como oposição e só retoma suas atividades após 1930, quando se opôs a Getúlio Vargas. O PRP foi extinto em 1937, quando Vargas fechou o Congresso no período denominado Estado Novo.

Campos Salles e correligionários do Partido

Republicano Paulista

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Febre amarelaEra o ano de 1889 e a “peste”, como era chamada a febre amarela, chegou

a Campinas pela primeira vez. A vacina antiamarílica, descoberta por Domin-gos Freire, foi aplicada em 651 pessoas. Quase não havia médicos suficientes para atendimento dos doentes. O próprio Adolpho Lutz ficou na cidade no auge da epidemia. A conclusão a que se chegou sobre a origem desse surto – que vi-timou uma média de 40 pessoas por dia, chegando a dois mil óbitos no total –, é que a doença se alastrava pelas estradas de ferro que traziam os mosquitos infectados. O verão de 1889 foi atípico, pois quase não choveu e as tempera-turas foram muito altas. A cidade quase sucumbiu devido às mortes e aos que vinham em busca de refúgio. Uma calamidade pública que, com o esforço de muitos munícipes, mas principalmente do Dr. Antônio Pinheiro de Ulhôa Cintra (Barão de Jaguara) e de Bento Quirino dos Santos (comerciante), pôde ser combatida com empréstimos do governo estadual que chegaram para o traba-lho de saneamento da cidade a fim de prevenir outro surto da febre amarela.

Para saber mais sobre essa epidemia: O ovo da serpente, de Jorge Alves de Lima. Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.

Capela Nossa Senhora da Boa Morte na Santa Casa de Misericórdia de Campinas

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20 Cidade&Cultura

Imortais

Eles abriram o caminho

Personalidades históricas

Francisco Barreto Leme do PradoFundador da Cidade de Campinas, FranCisCo Barre-to Leme do prado nasceu em Caçapava Velha (atualmente taubaté), em 1704. era filho de pedro Leme do prado e Fran-cisca de arruda Cabral (descendente de pedro Álvares Ca-bral). sua história não começa com a fixação em Campinas do mato Grosso. na realidade, a história de sua família vem de três séculos anteriores à sua chegada por essas bandas. seus antepassados foram grandes prestadores de serviços à Coroa portuguesa. oriundos de Bruges, na Bélgica, os ricos comerciantes que tinham migrado para Lisboa e a ilha da madeira partiram para colonizar o Brasil. outros tantos fize-ram incursões na Índia e na África. aqui, se estabeleceram principalmente com o cultivo de cana-de-açúcar no primeiro engenho do Brasil, instalado na cidade de santos (engenho são Jorge dos erasmos). mais tarde, Fernão dias paes Leme tornou-se um dos mais conhecidos bandeirantes com suas viagens de reconhecimento do interior do estado de são pau-

lo, e estados vizinhos, em busca de ouro. pe-dro Leme, pai de Francis-co, se estabeleceu no Vale do paraíba de onde Francisco veio para Campinas ao receber a sesmaria. Com sua esposa, rosa maria de Gusmão, ajudou imen-samente no desenvol-vimento do povoado, elevado a Freguesia em 1774. Francisco Barreto Leme do pra-do faleceu em 1782 e está enterrado na Basílica de nossa se-nhora do Carmo.

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Bento Quirino Campineiro nasCido em 1837, Bento Quirino dos santos era filho do major Joaquim Quirino dos santos e desde tenra idade trabalhou no comércio. Quando a febre amarela chegou em 1889 a Campinas, Bento dedicou-se a ajudar na erradicação do mal. Fundou a santa Casa de misericórdia de Campinas, foi diretor da Companhia de iluminação a Gás, fundador do Colégio Culto à Ciência e da Cia. Campineira de Água, presidente da Companhia mogiana, além de participar de todas as associações campineiras. após seu falecimento em 1914, sua fortuna foi doada a várias instituições, como a atual escola técnica “Bento Quirino”, fundada em 1917 como associação profissional Bento Quirino, que formou vários mecânicos e marceneiros, assim como costureiras e profissionais de prendas domésticas. a preocupação de Bento com o desenvolvimento social de sua cidade natal foi um marco de solicitude e gratidão.

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Campinas 21

Campos SallesManuel Ferraz de CaMpos salles nasCeu eM CaMpinas no ano de 1841. além de vários cargos políticos, foi presidente do estado de são paulo e, em 1898, presidente do Brasil. ao longo de sua carreira política, deu início ao partido republicano paulista (prp), em 1873. em 1875, fundou o Jornal província de são paulo, o atual o estado de são paulo, junto com américo Brasiliense. advogado, formado pela Faculdade de direito de são paulo, en-quanto serviu como ministro da Justiça do presidente Marechal deodoro instituiu o casamento civil, o Código Civil e substituiu o Código Criminal do império (1830) pelo Código penal da república (1890). no governo do estado de são paulo, enfrentou muitas cri-ses, como a epidemia de febre amarela e a revolta dos imigrantes italianos na cidade de araraquara. Já como quarto presidente da república (1898-1902), sucessor de prudente de Moraes, fez um governo independente de vertentes políticas, afastou os milita-res e formou a república oligárquica (política dos Governadores) também chamada pacto oligárquico. Com problemas sérios na economia do país, principalmente diante da produção excessiva de café e a política do encilhamento, salles tomou como meta a redução da dívida externa brasileira. para tanto, negociou com os credores ingleses (Casa rothschild) uma trégua de 13 anos de pagamento da dívida (funding loan) e hipotecou as receitas da alfândega do rio de Janeiro como garantia dos pagamentos futuros. Combateu a inflação reduzindo o volume de papel-moeda circulante, cortou despesas do governo, aumentou os impostos, pincipalmente os de con-sumo e do selo, e lutou pela valorização da moeda. após 1902, deixou no cargo seu sucessor, Francisco de paula rodrigues alves, tornou-se senador e posteriormente ministro plenipotenciário do Brasil na argentina. Faleceu em 1913, aos 72 anos de idade, na cidade de santos.

Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho nasCeu eM CaMpinas eM 1867 e se ForMou eM 1888 pela Faculdade de Medicina do rio de Janeiro. Foi consultor e assistente da santa Casa de Misericórdia de são paulo; médico responsável pela Hospedaria dos imigrantes e, em 1889, médico adjunto, cirurgião e vice-diretor clínico da santa Casa. atuou como diretor do instituto Vacinogênico até 1913 e foi diretor clínico do Hospital da santa Casa de Misericórdia de são paulo. em 1895, fundou a sociedade de Medicina e Cirurgia de são paulo. Foi um dos fundadores, em 1913, da Faculdade de Medicina e Cirurgia de são paulo, da qual foi diretor até 1920 e responsável pelo lançamento da

pedra fundamental do edifício próprio na estrada do araçá. nesse ínterim, teve de enfrentar a gripe espanhola, um desafio de enormes proporções. em 1920, morreu devido a uma infecção.

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22 Cidade&Cultura

Imortais

Francisco GlicérioFranCisCo GliCério de Cerqueira leite nasCeu em Campinas em 1846. após sua infância humilde, tornou-se tipógrafo, fotógrafo, escrevente de cartório, professor primário, solicitador e advogado. quando jovem, já era maçom e participava das reuniões pró-república promovidas pelo partido republicano paulista (prp), do qual foi pre-sidente. no Brasil, os republicanos ainda eram insignificantes nas ur-nas por conta da lei eleitoral em vigor na época. porém, em 1888, na cidade de são Borja, rio Grande do sul, um requerimento da Câmara municipal propôs um plebiscito à nação quando da morte de dom pe-dro ii, pois um terceiro reinado estaria fora de questão, principalmen-te diante da desconfiança da maçonaria em relação à princesa isabel e ao Conde d’eu. esse requerimento repercutiu em outras lojas ma-çônicas, como a independência e a regeneração iii, de Campinas. Como lemos em 1889, de laurentino Gomes, “na manhã de 7 de novembro de 1889, uma quinta-feira, o advogado Francisco Glicé-rio de Cerqueira leite recebeu pelo telégrafo em seu escritório em Campinas, interior paulista, um curta mensagem: Venha já! o reme-tente era manuel Ferraz de Campos salles, advogado provincial de são paulo e futuro presidente da república”. esse chamado nada mais era do que a iminência de um golpe para derrubar o império. assim, Glicério partiu para são paulo onde se reuniu com Bernardino de Campos e Campos salles, que lhe expli-caram a gravidade do momento. no dia seguinte chegou ao rio de Janeiro, e, junto com aristides lobo, quintino Bocaiúva, rui Barbosa, Benjamin Constant, entre outros, participou de várias reuniões na casa do marechal deodoro, onde ficaram definidas as condições e as funções de cada participante na tomada do poder após a queda do imperador dom pedro ii. os militares se ocupariam da revolução

armada e os civis, da organi-zação do futuro governo provi-sório da república. após todos os episódios do golpe e da implantação da república provisória em 1889, Francisco Glicério foi nomeado ministro da agricultura (1890) e também recebeu a patente de general. em 1893, Glicério fundou e presidiu o partido re-publicano Federal (prF) cujo ob-jetivo era colocar na presidên-cia da república um civil. esse intento foi atingido em 1894 com prudente de moraes. Fran-cisco Glicério faleceu na então Capital Federal, a cidade do rio de Janeiro, no ano de 1916.

Heitor PenteadoCampineiro, nasCido em 1878, Heitor teixeira penteado foi advogado formado pela Faculdade de direito de são paulo; foi prefeito de Campinas pelo partido republicano paulista em dois mandatos consecutivos; foi o responsável pela recuperação financeira da estrada de Ferro sorocabana e pela construção de diversas estradas rodoviárias no estado; e presidente interino do estado de são paulo. sua participação maior no cenário político brasileiro ocorreu no contexto de seu cargo de presidente de são paulo, quando substituiu Júlio prestes, eleito presidente da república. Com a revolução de 1930, o golpe de Getúlio Vargas, que destituiu Washington luiz da presidência e impediu a posse de Júlio prestes, tornou conturbada a cena política nacional. Heitor penteado foi deposto pelo governo federal e o tenente João alberto foi empossado em seu lugar. desgostoso com os acontecimentos e com o exílio de Júlio prestes e Washington luiz, Heitor voltou para sua cidade natal e se dedicou à política local e à diretoria do partido republicano paulista. em 1938, foi diretor do Banco do estado de são paulo. Faleceu em 1947, na cidade onde nasceu.

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26 Cidade&Cultura

Religião

muitas histórias e apenas uma Muitos templos,

féNo começo apenas uma capela

Page 27: Revista de Campinas

Campinas 27

Campinas, assim Como a maioria dos povoados brasileiros, tem em sua for-mação a marca da religião católica apostólica romana. Foram nossos colonizadores portugueses que trouxeram na bagagem a fé fervorosa à qual se apegavam com todas as forças para enfrentar as agruras de terras a serem desbravadas. e, sobre esse pilar divino, foram erigidas capelas sob a invocação de algum santo protetor daqueles que ousaram emigrar em busca de novos locais e de uma nova vida. em Campinas, nossa senhora da imaculada Conceição foi a escolhida como refúgio espiritual dos corações esperançosos. mas como tudo aumenta ou muda, novas igrejas foram se instalando na vida brasileira, e aqui, uma cidade cosmopolita, não poderia deixar de abrigar essas mudanças. muitos templos chegaram, mas a intenção continua sendo a mesma: a es-perança em um mundo melhor e a busca da paz interior para cada um de nós.

Catedral Metropolitana de Campinasa partir de 1807, começou a ser construída, mas foi terminada somente em 1883. em taipa de pilão, com interior no estilo barroco baiano e fachada neoclássica, a Catedral metropolitana de Campinas, tombada em 1988, é o maior edifício do mundo construído em taipa de pilão com 4 mil m². seu altar-mor foi feito pelo escultor baiano vitoriano dos anjos em cedro vermelho, com entalhes que representam os períodos barroco e rococó. a nave foi realizada por bernardino de sena. a fachada, de Cristóvão bonini, foi concluída por ramos de azevedo. a Catedral também inclui o maC – museu arquidiocesano de Campinas, com um acervo formado desde 1964 com peças e objetos litúrgicos obtidos em peregrinações de dom paulo. Um espetáculo a parte, que deve ser conhecido por todos. Onde: Rua Regente Feijó, 1013 – Centro

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Catedral Metropolitana

Capela de Santa Cruzanterior ao ano de 1773, essa é a primeira edificação religiosa da cidade de Campinas. Toda em taipa de pilão, foi tombada em 1999 por seu valor histórico, religioso e arquitetônico. Onde: Praça XV de Novembro

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Basílica Nossa Senhora do CarmoEm 1773, Francisco Barreto Leme ergueu uma capela às margens do Caminho dos Goiases, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, pois ali já havia um povoado com mais de 350 moradores. Feita de taipa, re-curso de construção da época, hoje a antigamente sin-gela Matriz Velha tornou-se a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, instalada em 1870, quando se desvinculou da paróquia Nossa Senhora da Conceição, transferida para o Rosário. Onde: Praça Bento Quirino, s/n° – Centro

Nossa Senhora da Imaculada Conceição Padroeira da cidade de Campinas, Nossa Se-

nhora da Imaculada Conceição é a concepção da Virgem Maria sem manchas, pura e casta, preservada por Deus desde sua infância para receber seu Filho. Segundo os dogmas cristãos, Nossa Senhora viveu longe dos peca-dos e por isso ascendeu aos céus e está ao lado de Jesus Cristo para interceder pelos que a chamam.

Capela Nossa Senhora da Boa Morte Fundada em 1876, faz parte do patrimônio arquitetônico e histórico da cidade. Localizada no complexo da Santa Casa de Misericórdia de Campinas, datada do mesmo ano, foi construí-da por mãos escravas em taipa de pilão e, mais tarde, aderiu ao estilo neoclássico. Em 1988 foi tombada. Onde: R. Benjamin Constant, 165

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Campinas foi a terceira cidade do Brasil a acolher um Centro de Dharma da Nova Tradição Kadampa. Em 1996, quando foi realizado um curso sobre os Oito Versos do Treino da Mente, esforços de diversos discípulos do Ve-nerável Geshe Kelsang Gyatso permitiram que, em 1998, fosse fundado o Centro de Dharma, que recebeu o nome de Avalokiteshvara, o nome do Buda da Compaixão. Des-de então, o Centro tem beneficiado diversas pessoas da região. O professor residente do Centro Budista Kadampa Avalokiteshvara é o monge Gen Kelsang Geden, que foi or-denado em 2004 e estuda o budismo Kadampa há cator-ze anos. Sua função principal é ser professor de Dharma Kadam na região de Campinas. Onde: Rua Camargo Pimentel, 620 – Jardim Guanabara Fonte: budismocampinas.org.br

Santuário Nossa Senhora Desatadora dos NósDenis Bourgerie e Suzel Frem Bourgerie, em 1999, trouxeram para Campinas a devoção à Nossa Senhora Desatadora de nós. Em um lugar simples, porém muito bonito no qual a paz é sentida já na entrada, muitos devotos procuram ajuda em suas dificuldades. São muitos relatos que envolvem o local e, por isso, atraem mais e mais pessoas do Brasil e países vizinhos. Esta crença começou nos idos 1700, em Ausburgo, Alemanha, quando um quadro inspi-rado na meditação de São Irineu (ano de 202) que dizia: “Eva, por sua desobediência, atou o nó da desgraça para o gênero humano; ao contrário, Maria, por sua obediência, o destaou”. Onde: Rua Estácio de Sá, 466 – Jardim Santa Genebra

Igreja São BeneditoTito de Camargo Andrade, conhecido como Mestre Tito, dos idos de 1860, com sua alta popularidade, era um idoso escravo liberto, curandeiro, conhecedor das plantas medicinais e perito na aplicação de sanguessugas, e foi quem escolheu o local para a construção da Igreja de São Benedito, no local onde havia um “cemitério” em que estavam enterrados o Cônego Melchior Fernandes Nunes de Camargo, o proprietário das fazendas “Saltinho”, Antônio Manoel Teixeira, e outros tantos que viviam nas redondezas. Quando da morte de Mestre Tito, em 1882, Dona Ana de Campos Gonzaga assumiu o término da construção da igreja. Foi convidado para concluir a obra o então jovem engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo. O intento de Mestre Tito foi concretizado em 1885 e em 1998 a edificação foi tombada. Onde: Rua Cônego Cipião, 772 – Centro

Centro Budista Kadampa Avalokiteshvara

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30 Cidade&Cultura

Religião

Os Santos dos Últimos Dias, como são considerados os cristãos que seguem A Igreja de Jesus Cristo dos San-tos dos Últimos Dias, levam em consideração o “Terceiro Testamento”, decodificado por Mórmon (religioso) e pas-sado a seu filho Morôni por volta de 421 d.C. Em suas pesquisas, Mórmon foi guiado para encontrar placas de ouro que teriam sido escritas em egípcio antigo e conside-radas sagradas, pois são um relato de Deus ao povo an-tigo da América do Norte (o povo de Néfi e os Lamanitas, remanescentes de Israel que chegaram à América antes da queda de Jerusalém). Em 21 de setembro de 1823, Morôni, então “um ser ressurreto e glorificado, apareceu ao Profeta Joseph Smith Jr. e instruiu-o a respeito do an-tigo registro e da tradução que seria feita para o inglês”.

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A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Gradativamente, ele foi traduzindo as placas pelo dom e o poder de Deus. O Livro de Mórmon está baseado nas “Placas de Néfi”, “Placas de Mórmon”, “Placas de Éter” e “Placas de Latão”. Seu conteúdo é definido por Joseph Smith Jr. nos seguintes termos: “Eu disse aos irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto de todos os livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que, se-guindo seus preceitos, o homem se aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro”. O prin-cipal pilar dos seguidores está na família. Seus adeptos são amparados espiritualmente pelo princípio em Cristo e pela união eterna dos casais.

Em Campinas há um dos 144 templos instalados no mundo. Com 9.214 m² de área construída em um terreno de 93.779 m², essa magnífica construção oferece uma vista panorâmica da cidade. Uma curiosidade de extrema importância é o Centro de Genealogia da Igreja, que con-segue fornecer os nomes e o local de origem dos antepas-sados, uma mostra do respeito à família.

Fomos recebidos calorosamente pelo Líder Eclesiásti-co da Região de Campinas, sr. Wilson Takaki, que nos ex-plicou detalhadamente todos os aspectos da Igreja e suas instalações. Com simplicidade e solicitude, demonstrou com sabedoria o trabalho missionário dos seguidores do caminho ao Maior. Onde: R. James Esdras Faust, 400 – Notre Damem

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Caminhosabertos

Companhia Mogiana, 1a das 7 Maravilhas de Campinas,Estação Cultura

Em 1o dE julho dE 1872, pelas mãos da família Silva Prado e de Antônio de Queirós, josé Estanislau do Amaral e josé manuel da Silva (Barão do Tietê), foi assinado em Campinas o documento de fundação da sociedade que daria origem à Companhia mogiana de Estradas de Ferro, cujas obras começaram em dezem-bro do mesmo ano. Em 1875 ficou pronta a primeira etapa do trajeto: Campinas/jaguariúna com um trecho

Integração e comunicação

Ferrovias

de 34 km. Três meses depois chegou a mogi-mirim, totalizando 41 km. Sua inauguração teve a presença ilustre do Imperador dom Pedro II. Nesse mesmo ano a ferrovia chegou a Amparo, acrescentando mais 30 km. Em 1878, alcançou a cidade de Casa Branca, perfazendo um total de 172 km. mais tarde, a Cia. mogiana conseguiu estender seus trilhos até Ribeirão Preto e depois ao Triângulo mineiro e ao Sul de minas

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Gerais, chegando a Poços de Caldas e, de volta ao Estado, Franca.

Em 1888, a ferrovia transpôs o rio Grande e então passou a se chamar Companhia Mogiana de Estra-das de Ferro e Navegação, pois faria o modal no pró-prio rio. Ainda adquiriu as Companhias Ramal Férreo do Rio Pardo, Agrícola Santos Dumont e Estrada de Ferro Funilense.

Um verdadeiro império sobre rodas de ferro que con-quistou o Oeste e atingiu vias importantes e ricas de Minas Gerais, integrando quase dois mil quilômetros de extensão. Porém, com a queda da Bolsa de 1929 e depois a Segunda Guerra Mundial, e o declínio, não só da Mogiana, mas de todas as outras ferrovias, ela passou a ser controlada pelo governo do Estado de São Paulo, precisamente em 1952, sendo incorporada pela FEPASA em 1971.

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Interior Estação Mogiana

Estação ferroviáriaCom todo o esplendor do auge da época cafeeira, essa que é a estação principal foi construída em 1872 em estilo inglês. É considerada uma das mais antigas do Estado de São Paulo e encontra-se desativada desde 2001. Seu conjunto arquitetônico impressiona por seus ricos detalhes. Atualmente abriga a Estação Cultura – Prefeito Antônio da Costa Santos.

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34 Cidade&Cultura

Ferrovias

Vila Industrial“A Vila Industrial surgiu como um bairro proletário no final do século XIX, diretamente

associado à instalação das Companhias de Estrada de Ferro Paulista (1872) e Mogia-na (1874). Localizada em uma área ocupada originalmente por um conjunto de cemi-térios ao lado dos trilhos da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, a vila marcou o surgimento do primeiro bairro de trabalhadores da cidade. Nas origens desta ocupação, instalaram-se prédios da imigração (entre as atuais ruas Sales de Oliveira e Pereira Lima) - prédios que seriam utilizados pela companhia Mac Hardy e posteriormente pela Companhia Mogiana; além da construção de vários conjuntos de casas para os funcionários da “Paulista” (de propriedade desta Companhia). No final do século XIX, a região passou também a receber outras instituições como o Matadouro Municipal, a Companhia Curtidora Campineira de Calçados (1890), o Cortume Campineiro, o La-zareto dos Morféticos, o Lazareto dos Varilosos e a Indústria Fabril, de propriedade de Antônio Correa de Lemos, e no início do século XX, o Cortume Cantusio (1911), o túnel de ligação entre a Vila Industrial e o centro (1915), além da transformação de vários edifícios em oficinas da Companhia Mogiana. Datam das duas primeiras décadas do século, ainda, a construção (pela iniciativa privada) das travessas Manoel Dias (1908) e Travessa Manoel Freire (1918) para venda aos ferroviários da Companhia Mogiana. Em sua trajetória urbanística, o bairro evoluiu no sentido leste-oeste e seguiu o mesmo traçado urbano (em forma de tabuleiro de xadrez) já utilizado na cidade de Campinas desde sua origem”. Fonte: site Secretaria de Turismo/PMC.

Palácio da MogianaEm estilo eclético com influências neoclássicas, numa

área com mais de 2 mil m², esse edifício foi construído em 1891 pelos irmãos Massini e abrigou a sede da Com-panhia Mogiana de Estradas de Ferro até 1926. Com o requinte e o luxo que o trabalho com o café oferecia, seu saguão e suas escadarias são revestidos em mármore de Carrara, o madeiramento é de pinho-de-riga, e detalhes em cobre estão salpicados por seu interior com motivos como ramos de café e rodas de locomotivas com asas. Hoje, esse magnífico edifício está tombado e sob a guar-da do poder público, oferecendo serviços sociais. Onde: Rua Visconde do Rio Branco, 468 / Avenida Dr. Campos Sales, 427 – Centro.

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Ferrovias

Estação AnhumasConstruída em 1875, junto ao rio Anhumas e na divisa das fazendas dos Quirino e da viúva Rocha, servia para embarque de gado. Partindo dessa estação, podemos fazer um passeio de trem puxado pela “Maria Fuma-ça” até Jaguariúna. São 24 km de extensão através de fazendas tradicionais de café. Os passeios são realizados aos finais de semana. A locomotiva é uma Baldwin, datada de 1912. O passeio é monitorado e re-cebe alunos onde os mesmos têm aula sobre o funcio-namento das linhas férreas. O percurso passa por seis estações: Anhumas, Pedro Américo, Tanquinho, De-sembargador Furtado e Carlos Gomes, até Jaguariúna. O passeio é uma volta ao passado, sobre os trilhos as Cia. Mogiana. Aberto aos sábado, domingos e feriados.Onde: R. Dr. Antonio Duarte da Conceição, 1.500.

Estação Desembargador FurtadoAberta em 1901, recebeu esse nome em homenagem ao seu construtor e proprietário da Fazenda Duas Pontes, a maior produtora de café na época.

Datada de 1893, era uma das mais movi-mentadas por sua localização central. Em 1920 foi ampliada e passou a abrigar alguns escritórios da Cia. Mogiana. Atualmente é um espaço cultural.

Vem de 1875, na Estrada dos Fazendeiros, nas terras do comendador Manoel Carlos Arantes ou Aranha. Atualmente pertence à Fazenda Santa Maria, uma propriedade particular.

Inaugurada em 1926 para substituir a Estação Tanquinho, foi desativada em 1973. Hoje essa estação é o centro do passeio entre a Estação Anhumas e a de Jaguariúna.

Estação Guanabara

Estação Tanquinho

Estação Tanquinho-nova

Ferrovia Bragantina - Estação Atibaia

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Marcas centenáriasOs africanosPor Alessandra Ribeiro Martins

Os tRês séCulOs de esCRAvidãO AfRiCAnA eM nOs-sO PAís acabaram por se revelar fundamentais e mar-cantes na própria constituição da sociedade e da cultura brasileira. Os navios que atravessavam o Atlântico, cheios de vítimas da violência da escravização, não traziam ape-nas escravizados, mão de obra para trabalhos forçados, mas pessoas com costumes e crenças próprias, com hábitos culinários, danças e músicas, tradições, manei-

ras de compreender o mundo e de se relacionar com os demais, com ideias próprias sobre o que era belo e feio, enfim, as mais diversas manifestações culturais.

A população de Campinas guarda marcas centenárias da presença africana. Os afrodescendentes cumpriram e continuam a cumprir um papel na formação, no desenvol-vimento e no funcionamento da cidade. Poderíamos dizer que, em grande medida, foram responsáveis pela forma de ser dos campineiros, por seus costumes e preferên-cias, e pela vida urbana que se constituía.

Reduzir a presença e o legado de origem africana aos

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horrores da escravidão é negligenciar e ocultar grande par-te da trajetória de Campinas, uma vez que os caminhos históricos que permitiram alcançar os atuais níveis de de-senvolvimento e qualidade de vida passaram e continuam a passar pela presença e pela contribuição cotidiana des-sas populações.

RegistrosA indústria açucareira se instalou em Campinas entre

1790 e 1795, mas já no final dos anos 1770 uma peque-na população de escravos, inferior a 50 pessoas, é regis-trada em Campinas. Quando a Freguesia se torna Vila de São Carlos, em 1797, os registros paroquiais apontam 2.107 pessoas, sendo 700 africanos, 330 agricultores, 550 mulheres brancas, 400 mulatas livres, 14 tropeiros, 9 comerciantes, 4 padres e 12 mendigos (Bergó, 1952, p.23). Esse é um momento importante de transformação econômica e demográfica para Campinas, pois notamos

uma relativa autonomização econômica da cidade, e tam-bém um significativo crescimento populacional.

Na década de 1830, cerca de um terço da produção açucareira de São Paulo se devia a Campinas, e em ra-zão de o açúcar ser sustentado pelo trabalho escravo nesse mesmo período, a população escrava de Campi-nas representava 5% da população escrava total da Pro-víncia de São Paulo, o que fazia da cidade o maior mer-cado comprador e distribuidor de escravos do Estado.

Com a intensificação do movimento abolicionista, a política de distribuição e doação de terras, que antes variava de acordo com o poder econômico e construtivo do proprietário, se modificou. Os lotes não eram mais doados a quem quisesse construir, mas sim vendidos. Essa nova configuração iria impedir que os negros recém libertos e os imigrantes pobres tivessem acesso à terra, obrigando-os a permanecer como mão de obra barata nas fazendas.

Hoje somos todos brasileiros, filhos, netos e bisnetos dos que aqui chegaram oriundos da África, Europa e Ásia. Mas, nem sempre foi assim, os que vieram tiveram muitos problemas de adaptação, de convivência e até de perspectiva. Com o espírito de luta dos imigrantes conseguimos transpor as dificuldades e chegamos enfim na condição de nação.

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Imigrantes

Os escravizados que conseguiam fugiam para os qui-lombos para tentar reconstruir um coletivo familiar e dar continuidade ao uso da terra livre e à produção coletiva. Aos que ficavam na cidade nada restava além de corti-ços, favelas e outras modalidades de moradias periféri-cas, sem auxílio dos governantes.

Do trabalho escravo ao trabalho livre, foram desen-volvidas diferentes forças produtivas e as modificações desses espaços introduziram alternâncias cada vez mais rápidas e profundas, gerando reconfigurações de produção do espaço urbano. À desigualdade espacial incorporou-se a desigualdade social. No espaço urba-no, fundamentam-se os interesses do capital, a ação do Estado e a luta dos seus ocupantes como tática de resistência contra a segregação e pelo direito à cidade, composta de seus diferentes bairros, cada um com es-trutura própria, particularidades e histórias que reúnem diversidades, numa vida coletiva com atividades cotidia-nas que criam e moldam as dinâmicas do fenômeno do contexto urbano.

Em Campinas, ao longo dos últimos vinte anos, vem ocorrendo uma crescente visibilidade das ações culturais da comunidade negra em regiões e espaços antes res-tritos a práticas de outras culturas, o que nos inspira a refletir sobre esses novos atores no fortalecimento de ati-vidades culturais de matrizes africanas, criando um novo contexto e possibilitando novas reflexões sobre os territó-rios negros e as práticas sobrepostas nessas localidades.

Fazenda Roseira

Casa de Cultura Fazenda Roseira É uma das importantes fazendas de café de Campinas, e um ponto de observação referencial para compreendermos a história da ocupação urbana da região sudoeste. Atualmente, o que restou da Fazenda Roseira compreende uma área que tem como vizinhos os bairros Jd. Ipaussurama, Jd. Perceu, Jd. Roseira e Jd Tropical. Tem como missão estabelecer diálogos, dar visibilidade e acesso a todas as formas de expressão relacionadas com a cultura negra e africana, de modo a possibilitar o fortalecimento desse segmento em todos os meios da sociedade, tendo como pilares a cultura, a educação, o meio ambiente e o patrimônio cultural imaterial e material.

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Comunidade Jongo Dito Ribeiro O jongo ou caxambu é um patrimônio imaterial cultural

afrobrasileiro, registrado pelo IPHAN como Patrimônio Cul-tural Nacional, presente na região sudeste, predominante-mente no Rio de Janeiro. A prática do jongo consiste em uma manifestação cultural em que três elementos são essenciais: os pontos, a dança e os tambores. Os pon-tos concentram todos os saberes do jongo e, ao misturar metáforas e dialetos da língua banto, possibilitaram uma comunicação entre os negros escravizados, numa expres-são de origem mista, persistente até os dias atuais. A dança, ao animar as rodas de jongo, torna-se um desafio à parte entre o casal que dança, e/ou o dançarino que se insere com passo solto no meio da roda. Os tambores, fabricados na maioria das vezes pelas próprias comuni-dades, ainda de modo artesanal, carregam um grande significado de vínculo com os ancestrais. Em Campinas, a Comunidade Jongo Dito Ribeiro é formada por um gru-po de pessoas e familiares que reconstituem e vivem a cultura do jongo através da memória de Benedito Ribeiro, festeiro de São João e devoto de São Benedito. Em sua homenagem foi batizada a Comunidade Jongo Dito Ribeiro que, desde o ano de 2000, sob a liderança de sua neta, realiza trabalhos de reconstituição e composição voltados ao jongo, além de encontros abertos no Jardim Roseira. Esse bairro marca o reinício do jongo na cidade e é onde a Comunidade Jongo Dito Ribeiro busca fortalecer suas raízes junto a outras organizações parceiras, construindo um novo espaço de encontro, educação, meio ambiente e cultura: a Casa de Cultura Fazenda Roseira.

Simbolicamente, a Casa de Cultura Fazenda Roseira remonta à ancestralidade das matrizes africanas. Entre suas principais atividades estão: a “Feijoada das Marias do Jongo” no terceiro domingo de março; o “Arraial Afro Julino da Comunidade Jongo Dito Ribeiro” em julho; a “Roda da Mãe Preta” em novembro, realizada em frente à Igreja de São Benedito no entorno na imagem da Mãe Preta; “Sou África em Todos os Sentidos”, de novembro a dezembro, quando a Comunidade Jongo Dito Ribeiro evidencia a diversidade de suas parcerias em exposi-ções, debates, exibição de filmes e trocas de saberes en-tre público geral, acadêmicos e estudantes, e comemora a consolidação do primeiro Centro de Referência do Jongo do Sudeste do Estado de São Paulo.

Casa de Cultura Tainã Traz em sua história a marca de ser a primeira ocupa-

ção cultural afro na cidade de Campinas, do século XX. Reúne os seguintes projetos: Nação Tainá, Fábrica de Música, Lidas e Letras, Projeto Tambor Menino, Projeto

Orquestra Tambores de Aço e a Rede Mocambos, gran-de articuladora dos quilombos no Brasil e na América Latina, tendo como símbolo o plantio da árvore sagrada baobá, na “rota dos baobás”.

Centro Cultural Recreativo Benedito Carlos Machado – Machadinho (70 anos).

Em 1945, cinco soldados negros campineiros, ex-comba-tentes da FEB, construíram um clube para negros. Embora tivessem retornado da II Guerra como heróis mundiais, não podiam se associar aos clubes da aristocracia campineira por absoluto preconceito racial. Indignados pela exclusão ra-cial, os pracinhas compraram uma gleba na Chácara Árvore Grande, nas proximidades da Vila Industrial, e fundaram o Clube Cultural e Recreativo Luís Machado, que ficou mais conhecido como “Machadinho” em homenagem ao seu primeiro presidente, Benedito Carlos Machado. A sede do Machadinho ainda é um espaço de tradição e resistência, ponto de encontro e palco dos anseios e sonhos de várias gerações de famílias negras de Campinas e região, onde se divertem e participam de festas, almoços e reuniões.

Lavagem das Escadarias de Campinas O ritual organizado há 30 anos pelas religiosas de

candomblé Mãe Dango e Mãe Corajacy, com a participa-ção de umbandistas e grupos culturais afro, usa água de cheiro com essência de alfazema e flores para lavar os degraus da Catedral Metropolitana de Campinas e molhar os participantes que acompanham anualmente, no Sábado de Aleluia, esse importante ato. O cortejo se reúne em frente à Estação Cultural e desce pela Rua 13 de Maio, marcando a diversidade religiosa e a resistên-cia negra na cidade.

Comunidade Jongo Dito Ribeiro

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Marcha Zumbi dos Palmares Idealizada pela militante e referência negra da cida-

de, Edna Lourenço, mas com a participação de diversos segmentos atuantes nas questões étnico-raciais, é reali-zada anualmente no dia 20 de novembro com o objetivo de exaltar a memória de Zumbi dos Palmares, além de evidenciar as pautas persistentes da comunidade negra.

Instituto Baobá de Cultura e Arte (IBAÔ) O espaço cultural IBAÔ favorece o acesso da população

ao contato e à experimentação das diversas linguagens da cultura e da arte, reconhecendo a diversidade cultural como fator de desenvolvimento pessoal e coletivo.

Pagode da Vó Tiana “Samba de Verdade, Raiz e Saudade”

O nome foi escolhido em homenagem a avó Sebastia-na, uma senhora muito querida que viveu 91 anos e gosta-va de reunir os amigos para fazer um samba no quintal de sua casa. Considerado referência regional, o movimento tem como característica o uso de instrumentos pouco uti-lizados hoje como balde, repique de anel, frigideira, prato e até tacos, além dos outros tradicionais, como surdo, ca-vaco, violão de seis cordas, banjo, pandeiro, rebolo, violão de sete cordas, repique e percussão. Além de cantarem composições de outros mestres da música, os integran-tes se reúnem para compor músicas próprias.

O Largo de São Benedito, onde estão a Igreja de São

Benedito e a imagem da Mãe Preta, guarda lembranças do antigo cemitério dos pretos, o “Cemitério Bento”. O antigo cemitério foi renomeado “Cemitério dos Cativos” e, a partir de 1848, passou a se chamar “Campo da Alegria” e a abrigar a forca, então transferida do Largo Santa Cruz. O Largo de São Benedito se transformou em logradouro público no ano de 1913, quando foi ajardinado e arbori-

Urucungus, Puítas e Quijengues Fundado em 1988, o grupo tem como missão principal resgatar, preservar e divulgar a cultura popular brasileira, tal como se manifesta em suas origens, apresentando-a ao público em forma de arte. É o grupo detentor do tradicional samba de bumbo e sua sede está localizada na Vila Teixeira, com importante atuação no resgate da participação negra nos espaços ferroviários.

zado. A igreja foi construída por iniciativa de Mestre Tito, importante personagem de referência negra do século XIX por ser curandeiro e escravo liberto, assim como prota-gonista da criação da Irmandade de São Benedito e da construção inicial da própria Igreja de São Benedito.

O Monumento Mãe Preta, inaugurado em 1984, é uma réplica da estátua do Largo Paissandu, em São Paulo. Seu autor é o mesmo, o artista plástico Júlio Guerra, que fez a obra esculpida em bronze, sobre pedestal de granito.

Largo da Santa Cruz Seu nome se deve a uma capelinha, chamada Capela

de Santa Cruz, construída em taipa, por escravos, sen-do que, por volta de 1814, surgiram nas imediações as primeiras residências. Esse largo se situa em uma das principais entradas da cidade, denominada “Caminho dos Pousos”, pois ali os tropeiros e os viajantes se refa-ziam de suas longas viagens em direção a Goiás. Foi no Largo da Santa Cruz que se construiu a primeira forca da cidade, em 1835, o que lhe deu a alcunha de “Largo da Forca”. Um marco desse local foi a execução do escravo Elesbão, em dezembro de 1835, acusado de matar o capitão Luiz José de Oliveira junto com outro escravo, Narciso, após cortejo saído da Cadeia Velha (atual Pra-ça Bento Quirino) composto das autoridades públicas, o réu, o vigário, o sacristão, o carrasco, a Infantaria da Guarda Nacional e os Soldados da Cavalaria. A popula-ção local também estava presente, além de vários escra-vizados enviados por seus senhores para assistirem à execução no Largo da Santa Cruz. Elesbão foi enforcado, desmembrado e colocado em exposição como exemplo de alerta e ameaça aos quilombolas e libertadores. Para os que lutam por igualdade e justiça, Elesbão tornou-se um símbolo de resistência.

Fonte: POSURB – Pontifícia Universidade Católica de Campinas – SP – BRASIL - [email protected]

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Os italianosCom a unificação da Itália e os conflitos subsequen-

tes entre 1860 e 1870, a economia se agravou muito, principalmente na área rural com a fome em todos os lares. Então, a saída foi procurar novos locais que ab-sorvessem mão de obra e possibilitassem algum ren-dimento de futuro. O Ciclo do Café no Brasil foi um dos grandes motivadores da vinda de italianos, cuja imigra-ção foi a maior de todos os que chegaram. Mas, como em todos os casos, também não foi nada fácil para eles a vida nos primeiros tempos. As promessas feitas pelo governo federal brasileiro não foram cumpridas e os que chegavam eram alojados em precários. Os ca-feicultores foram aos poucos se adaptando para rece-ber esse contingente. Com a Queda da Bolsa de 1929 nos Estados Unidos e a queda do preço do café, mui-tas fazendas foram obrigadas a vender suas terras ou compartilhá-las com os imigrantes. Foi nesse momento que muitos compraram seu sonhado pedaço de chão e puderam cultivar aquilo que já traziam em seu san-gue: a uva. Com essa cultura, os italianos conseguiram se destacar no cenário econômico. Uma grande parte também se fixou nos centros urbanos, onde partiram para o comércio, principalmente de secos e molhados, trabalharam em fábricas e na indústria têxtil. Para se ter uma ideia, só entre 1898 e 1903 chegaram a Cam-pinas mais de quatro mil italianos vindos de regiões tão diversas como Vêneto, Lombardia, Campania, Basi-licata, Calábria, Sicília, Abruzzo, Molise, Lazio e Umbria.

Ex-Círculo Italiano: famílias italianas de Sousas fundaram, em 1894, um serviço para prestar ajuda à colônia ali instalada e monumento ao imigrante em Sousas

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Imigrantes

Os italianosCom a unificação da Itália e os conflitos subsequen-

tes entre 1860 e 1870, a economia se agravou muito, principalmente na área rural com a fome em todos os lares. Então, a saída foi procurar novos locais que ab-sorvessem mão de obra e possibilitassem algum ren-dimento de futuro. O Ciclo do Café no Brasil foi um dos grandes motivadores da vinda de italianos, cuja imigra-ção foi a maior de todos os que chegaram. Mas, como em todos os casos, também não foi nada fácil para eles a vida nos primeiros tempos. As promessas feitas pelo governo federal brasileiro não foram cumpridas e os que chegavam eram alojados em precários. Os ca-feicultores foram aos poucos se adaptando para rece-ber esse contingente. Com a Queda da Bolsa de 1929 nos Estados Unidos e a queda do preço do café, mui-tas fazendas foram obrigadas a vender suas terras ou compartilhá-las com os imigrantes. Foi nesse momento que muitos compraram seu sonhado pedaço de chão e puderam cultivar aquilo que já traziam em seu san-gue: a uva. Com essa cultura, os italianos conseguiram se destacar no cenário econômico. Uma grande parte também se fixou nos centros urbanos, onde partiram para o comércio, principalmente de secos e molhados, trabalharam em fábricas e na indústria têxtil. Para se ter uma ideia, só entre 1898 e 1903 chegaram a Cam-pinas mais de quatro mil italianos vindos de regiões tão diversas como Vêneto, Lombardia, Campania, Basi-licata, Calábria, Sicília, Abruzzo, Molise, Lazio e Umbria.

Ex-Círculo Italiano: famílias italianas de Sousas fundaram, em 1894, um serviço para prestar ajuda à colônia ali instalada e monumento ao imigrante em Sousas

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colônias fechadas, é que muitos permaneceram e decidiram criar raízes no Brasil. Em 1891, os esta-dos germânicos da Alsácia-Lorena e de Luxemburgo, Suíça, Áustria, Hungria, Romênia, Polônia, Rússia e as Províncias Bálticas foram unificados. Portanto, quando da imigração desses cidadãos, todos eram considerados alemães na época. Depois da mudan-ça de fronteiras após a Segunda Guerra Mundial, os descendentes são considerados teuto-brasileiros. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra, os imi-grantes alemães sofreram com a proibição do uso de sua língua nativa e o confisco dos bens. Com essas intervenções, as colônias, antes fechadas, passaram a socializar e promover casamentos com imigrantes italianos. Em Campinas, com a pujança do café, vieram os primeiros imigrantes. Frederich Tamerua comprou 800 alqueires entre Campinas, Indaiatuba e Monte Mor. Mais tarde, mudaram-se para a região os irmãos Krähenbühl, e a seguir os Steffen, Jürs, Klement, Armbrust, Quitzau, Wulf, Ulit-zka, Albrecht, Schröder, Dobner, Skupien e Schäfer, perfazendo um total de 34 famílias. Surgiu então o bairro Friburgo (Friedburg – Castelo da Paz). Como

na maioria das colônias alemãs, havia o incentivo à educação em língua alemã, atendimento médico e a solidariedade dos compatriotas. Em 1879, funda-ram a Sociedade Escolar do Bairro Friburgo (Schul-verein zu Friedburg), mantenedora da Escola Alemã de Friburgo (Deutsche Schule zu Friedburg) que teve de mudar seu nome durante a guerra para Socieda-de Escolar do Bairro Friburgo.

Colônia Alemã - Bairro Friburgo

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Imigrantes

Os japonesesOs primeiro japoneses a imigrarem ao Brasil vieram

no navio Kasatu Maru que atracou no porto de Santos, em 1908. A maioria vinha fugida da fome e da falta de oportunidade em sua terra natal. Dirigidos ao interior para trabalhar nas lavouras, muitos não sobreviveram pelas condições extremas que passaram. Diferente-mente dos imigrantes europeus, os japoneses sofreram deveras com o clima, a comida e os costumes dos que aqui habitavam e a maioria dos que sobreviveram ainda tinha em seus corações a esperança de um dia voltar ao Japão. Porém, com a derrota na Segunda Guerra Mundial, estas foram destruídas e assim, os que ain-da alentavam o sonho de uma volta tiveram que fincar suas raízes definitivamente no Brasil.

Em Campinas, o primeiro japonês que se fixou foi Takeji Morita, nascido em Kagoshima, era marceneiro e trabalhou na expansão da rede ferroviária da Soroca-bana e Paulista. Foi inventor e criou várias ferramentas agrícolas e trabalhou na Fazenda Monte D’Este (Tozan). Casou-se com Tamayo Sakamoto e juntos tiveram San-cho Morita, o primeiro filho de japoneses registrado em Campinas em 1927.

Segundo a historiadora Maria Katsuko Takahara Kobayashi, em seu livro “A comunidade japonesa de Campinas”, o imigrantes japoneses aqui estabelecidos foram divididos em 4 grupos distintos de acordo com suas características, são eles: 1° Grupo de Okinawa que chegaram no Brasil no navio Sanuki Maru em 1918 vieram diretamente para Campinas para trabalhar na

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Terreiro de café Fazenda Tozan e Festival do Japão

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Sede Fazenda Tozan

lavoura, sob a liderança de Teimatsu Gusikuda ou Teisho Shirota (formas diferentes de ler o mesmo nome escrito em ideogramas japoneses) na Fazenda Itaoca entre Cam-pinas e Indaiatuba num total de 56 pessoas; 2° Grupo da Fazenda Monte D’Este (Fazenda Tozan); 3° Grupo dos Comerciantes que chegaram do interior do estado e se instalaram na cidade, trabalhando com pequeno comér-cio e iniciando pequenos negócios como Ijiro Aoki que é considerado o primeiro empresário japonês de Campinas com a Fábrica de Balas Aoki; e o 4° Grupo dos lavradores formado por imigrantes que vieram diretamente do Japão como lavradores contratados e japoneses do interior do estado de São Paulo que vieram trabalhar nas lavouras de Campinas e região, principalmente na Fazenda Chapadão.

Os bairros Samambaia e Tapera foram os primeiros a terem núcleos japoneses no ano de 1946. Oito anos mais tarde, em 1954 surge a colônia Macuco, na divisa com a cidade de Valinhos. Em 1956 a Colônia Pedra Branca entre o rio Capivari e a estrada velha de Campi-nas – Indaiatuba. E, em 1957, a Colônia Tozan.

Fazenda TozanEm 1798, fundou-se a Fazenda Ponte Alta originária

de uma sesmaria, por Floriano de Camargo Penteado, tinha como base o plantio de cana-de-açúcar, desta

forma, constitui-se um engenho produtor de 1550 ar-robas de açúcar e neste mesmo ano era apontada no recenseamento como a fazenda que mais produzia. Devido aos problemas enfrentados pelos primeiros imigrantes japoneses, descobriu-se a necessidade de um lugar onde esses imigrantes pudessem fazer uma aclimatação tanto para estudo do solo e das espécies da flora, como no idioma. Hisaya Iwasaki, membro da família fundadora do conglomerado Grupo Mitsubishi, resolveu comprar terras no Brasil. Não havia inicialmen-te nenhum interesse financeiro, sendo que as terras serviriam como ponto de confluência para imigrantes japoneses, constituindo-se uma fazenda - modelo, onde se pudesse aprender um pouco do novo mundo.

Em 1927, a família Iwasaki adquire a Fazenda Ponte Alta com 3700 hectares, mudando seu nome para Fa-zenda Monte D’ este, agora Tozan e em 1934, trouxe ao Brasil um representante incumbido da instalação de uma fábrica de produtos para culinária japonesa, a Indústria Agrícola Tozan Ltda, assim como, a pro-dução do Saquê Azuma Kirin que até os dias de hoje é sinônimo de pioneirismo, pois é a única indústria no seu seguimento que produz esse tipo de bebida na América do Sul e o primeiro investimento industrial japonês no Brasil.

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Durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a fazenda foi desapropriada pelo governo brasileiro e ocupada pelo exército, pois pertencia a uma família japonesa. Este período foi de extrema opressão aos japoneses da Fazenda Tozan. As terras ficaram pra-ticamente abandonadas, pois, não podiam ser cultiva-das. Após o término da guerra a fazenda passava por dificuldades financeiras, pelo fato de seu abandono. A solução encontrada foi a venda de partes da fazenda. Amenizado o problema, a fazenda passava de 3700 hectares para 900 hectares, os quais se mantêm até os dias de hoje. A Fazenda Tozan do Brasil é a precurso-ra do Grupo Tozan do Brasil que se constitui em um dos mais importantes grupos japoneses instalados no país.

Atualmente a Fazenda Tozan possui aproximadamen-te 900 hectares de terra, com 1,3 milhões de cafeeiros e produção anual de 8.000 sacas de café beneficiadas, sendo seu principal produto de cultivo e comercializa-ção. A busca pela melhor qualidade, faz com que seu café seja reconhecido internacionalmente. Por sua im-pecável organização, sempre foi admirada pelos milha-res de visitantes que passaram por suas terras e dessa forma conheceram um pouco mais sobre a cultura do café e sua história, assim como a cultura japonesa. Entre estes visitantes, estiveram pessoas influentes no meio político de alguns países, como China, Itália, Coreia, França, do Brasil e do próprio Japão. Estiveram também muitos outros visitantes, sem influência políti-ca de diversos outros países, como EUA (Hawaii), Índia,

Imigrantes

Austrália, Rússia, Bulgária, Canadá, Alemanha, Suíça, Polônia, Suécia, Marrocos, Iugoslávia e entre diversas outras nacionalidades que ajudaram a construir o seu respeito fora do Brasil.

O estudo do meio na Fazenda Tozan busca recuperar aspectos importantes da história do Brasil, conhecer uma Fazenda de Café bicentenária e seu funciona-mento, assim como, a escravidão, o período cafeeiro, a imigração japonesa e a imigração italiana. Podemos vivenciar estes aspectos históricos por meio do Museu, viveiro de mudas, cafezal, despolpador, terreiro e torre-fação, Casa Sede, senzala, sistema de parceria com co-lonos italianos, mirante para observações de curvas de nível do cafezal, acervo da Revolução de 1932, vídeos sobre a cultura japonesa em terras estrangeiras. Visi-tas somente por agendamento: das 9:00h as 17:00h pelo telefone (19)3257-2269 ou pelo e-mail [email protected].

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Atividades culinárias e haikai no Festival do Japão

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Museus

Memórias resgatadas

Museu de Arte Contemporânea “José Pancetti”Em 1965, é fundado o MACC por iniciativa do Grupo Vanguarda e pela Secretaria de Educação e Cultura do município. Foi original-mente instalado no antigo prédio da CPFL onde ficou até o ano de 1976. Após doação de Roque Melillo, o novo prédio que abriga o museu batizado de “José Pancetti”, em homenagem ao grande ar-tista da cidade. Este museu tem como objetivo promover eventos, palestras e cursos tendo como alvo a arte contemporânea, e atin-gir todos os tipos de público. Seu acervo é composto de 660 obras de artistas como Cláudio Tozzi, Antônio Henrique do Amaral, José Roberto Aguilar, Mira Schendell, Amélia Toledo, Cândido Portinari, Luís Paulo Baravelli, Lasar Segall, Roberto Burle Marx, Ivald Grana-to, Bassano Vaccarini, Odila Mestriner, Emanoel Araújo, Waldomiro de Deus, Cildo Meireles, Ana Maria Maiolino e Waltércio de Caldas. Onde: Rua Benjamin Constant, 1.633 – Centro

o tempo não apaga

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Museu da Imagem e do SomFotógrafos, cineclubistas e cineastas da região, junto com Henrique de Oliveira Júnior e Dayz Peixoto Fonseca, fundaram o MIS – Museu da Imagem e do Som, em 1975. Atualmente, esse magnífico museu funciona no Palácio dos Azulejos. O acervo fotográfico é composto de 35 mil imagens datadas de 1870 até os dias atuais. O acervo musical “Discoteca Rynaldo Ciasca” possui 600 CDs, 900 fitas de rolo e 20 mil discos com exemplares variados de música clássica a edições especiais de interesse cultural, além de inúmeros aparelhos que contam a evolução tecnológica da arte visual. Vários programas educativos são proporcionados para o desenvolvimento cultural local, como o “Pedagogia da Imagem”.Onde: Rua Regente Feijó, 859 – Centro

o tempo não apaga

Museu do CaféConstruído em 1972, o prédio que abriga o Museu do Café é uma réplica da antiga sede da Fazenda Taquaral durante a existência do Instituto Brasileiro do Café. A Fazenda Taquaral pertenceu a Barreto Leme (fundador de Campinas) e, após a fazenda passar para as mãos de Francisco de Paula Bueno, houve o início do cultivo da cana-de-açúcar e, posteriormente, o cultivo de café. Em 1961, o Governo Federal confiscou as terras para a instalação do Instituto Brasileiro do Café. Após seu fechamento pelo presidente Fernando Collor, essas terras foram para o Município, que montou o Museu do Café. Além de toda a história cafeeira brasileira, podemos fazer cursos, oficinas e seminários, participar de lançamentos de livros, apresentações de teatro e saraus. Em seu acervo encontramos documentos históricos, recursos iconográficos e peças da mobília da antiga Fazenda Taquaral. Onde: Av. Heitor Penteado, 2145 – Taquaral

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Museu de História Natural Aberto à visitação em 1939, pelo colecionador e taxidermista Max Wünsche, teve como colaborador outro taxidermista, Mário Lotufo. Com peças da fauna brasileira, em 1987 o museu foi modernizado, com apoio do Departamento de Zoologia da Unicamp. Atualmente, 100 mil visitantes passam por aqui a cada ano e recebem conhecimentos em Educação Ambiental sobre extinção animal, botânica, animais peçonhentos, predação, evolução e visualizações de ecossistemas por meio de dioramas sobre o Pantanal Mato-grossense, o Cerrado, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Litoral Paulista, além de poderem explorar um acervo com 2 mil peças entre mamíferos, aves, peixes, répteis, insetos e invertebrados. Há também animais vivos em terrários, um aquário, cursos, oficinas, treinamentos para professores, encontros e palestras. Onde: Rua Cel. Quirino, 2 – Bosque dos Jequitibás

Museus

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Museu Dinâmico de Ciências de Campinaso Museu Dinâmico de Ciências de Campinas – MDCC possui organização própria com caráter pedagógico e, por meio de diversas atividades, atende instituições, escolas e estudantes dos diferentes níveis de ensino. Em 1982, foi firmado convênio entre a Prefeitura Municipal de Campinas (PMC), a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), a Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (FUNCAMP) e a Academia de Ciências do Estado de são Paulo (ACIEsP), com o propósito de levar o conhecimento científico ao maior número de pessoas possível, a estudantes e a pro-fessores, tendo como preocupação constante a pareceria com as escolas. A existência desse museu deve muito ao Prof. Dr. Carlos Alfredo Argüello, um de seus idealizadores. o MDCC divide-se em duas unidades que ocupam prédios distintos, adaptados a seus respectivos usos:UNIDADE 1 – Planetário Municipal de Campinas. Esse que é o primeiro setor do MDCC, e foi inaugurado em 1987, possui um equipamento Zeiss skymaster ZKP2, sala de projeção para 60 pessoas e cúpula de 8 m de diâmetro. oferece duas atividades: “Descobrindo o sis-tema solar” e “Descobrindo o Universo”. UNIDADE 2 – Espaço Ciência-Escola: além do prédio principal, há o anexo com os laboratórios didáticos nas áreas de Química, Física e Biologia. seu principal objeti-vo é oferecer propostas educacionais que estimulem a produção do conhecimento científico. Onde: Avenida Heitor Penteado s/nº – Parque Taquaral(Fonte: www.campinas.sp.gov.br)

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Revolução

Instalada a dItadura por GetúlIo VarGas, com a revolução de 1930 – que derrubou a hegemonia do eixo “Café com leite” (são paulo e Minas Gerais) no panorama político nacional –, seguida do fechamento do Congresso nacional e a destituição dos poderes dos estados brasileiros com a imposição de interventores

e liberdadeDemocracia

nos gabinetes, estavam reunidas as condições para a revolução Constitucionalista de 1932. declarada na cidade de são paulo em um grande comício na praça da sé, em 25 de janeiro de 1932 e amplamente di-vulgada pela rádio record, o estopim do movimento revoltoso foi a morte ultrajante de quatro manifestantes

Cemitério da Saudade – Monumento aos

Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932

Sentimento coletivo

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Campinas 57

(Euclides Miragaia, Mário Martins, Dráuzio Marcondes e Antônio Camargo). MMDC é o acrônimo pelo qual se tornou conhecido o levante revolucionário paulista, em virtude das iniciais dos nomes dos paulistas mortos pelas tropas federais no confronto ocorrido em 23 de maio de 1932, que antecedeu e originou a Revolução Constitucionalista de 1932.

São Paulo, assim como vários Estados brasileiros, queria a promulgação de eleições presidenciais, o fim da escancarada ditadura getulista e uma nova Consti-tuição. Nesse cenário propício a uma revolução, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul exibem acintosa insatisfação, corroborada até mesmo por altas patentes cariocas. Então, em 9 de julho, os paulistas tomaram os quartéis da cidade. Todos se en-gajaram na luta armada: sociedades civis, mulheres, crianças, idosos, ou seja, toda a população paulista fez o que hoje é considerado o maior movimento revolucio-nário do século XX no Brasil. Getúlio conseguiu abafar o intento dos aliados de São Paulo e transformou o Estado em uma ilha cercada por todos os lados de ba-talhões vindos do país inteiro. Com os portos bloque-ados, não havia como trazer armas, mantimentos ou qualquer coisa para o abastecimento do povo. Na falta de munição, inventaram artefatos como a matraca, que imitava o som de metralhadora, e até, quando um sol-dado atirava, ele buscava o cartucho para poder enchê--lo de pólvora de novo. As frentes de batalha ocuparam o Vale do Paraíba, a Serra da Mantiqueira e a fronteira com o Paraná. Após 85 dias de conflito, em 22 de outu-bro, São Paulo foi derrotado e calcula-se que houve de 600 a 800 paulistas mortos.

Campinas na RevoluçãoO prefeito da época, Orozimbo Maia, foi um aliado

de peso na revolução, pois, por sua localização estra-tégica, Campinas era a primeira guarnição dos bata-lhões e um tronco ferroviário importante da Mogiana para o abastecimento das tropas nas fronteiras. Tanto esse tronco era fundamental que existe uma casamata próxima da estação onde hoje funciona a Estação Cul-tura. Por isso mesmo, foi bombardeada pelos aviões chamados “vermelhinhos” entre 15 e 29 de setembro de 1932, causando a morte do menino Aldo Chioratto, hoje enterrado no Memorial da Revolução, na cidade de São Paulo. Havia sinais de alerta quando as aeronaves se aproximavam, sinal que era dado pelo jornal Correio Popular. Campinas enviou dois mil soldados e, destes,

Combatentes mortos Tenente Luiz Mariano Bueno, Waldomiro Gonzaga da Silva, Dario Ferreira Martins, Moacyr Simões Rocha, Aristides Xavier de Brito, José Fonseca de Arruda, Aguinaldo de Macedo, Sandoval Meirelles, Nicola Rosselli, Antônio de Oliveira Fernandes, Fausto Feijó, Francisco Prado Filho, Francisco Duprat Coelho, Nabor de Moraes, José Pedro dos Santos e Edmundo Plácido Chiavegatto.

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26 morreram. Com o avanço das tropas inimigas, a cidade se tornou fronteira e foi atingida em setembro pelas tropas inimigas que desfecharam um ataque que durou um dia e uma noite.

Em 2 de outubro do mesmo ano é assinado o ar-mistício e, como consequência, em maio de 1933 foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte. As mu-lheres tiveram direito a voto, criou-se a Justiça Federal, eliminando assim as fraudes eleitorais e, finalmente, em 1934, foi promulgada a nova Constituição.

Mesmo tendo sido derrotados na revolução, o episódio – que entrou para a história do Brasil – é motivo de orgu-lho para o povo paulista, visto que suas reivindicações foram atendidas. A Revolução Constitucionalista de 1932 também comprova o poder popular quando age motivado pela comunhão de ideias sustentadas pela coletividade. A grande maioria desses heróis que lutou em condições paupérrimas já partiu, mas, em monumentos e museus, deixa às novas gerações um legado de força e de capaci-

dade de luta por propósitos nobres.

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Lendas

A cura da alma

Memórias e milagresCheios de mistérios e impressões sombrias, os cemitérios retratam a vida de um povo. é lá que geral-mente são enterradas as pessoas que fizeram história e, de alguma maneira, mudaram os rumos de uma so-ciedade. do mais singelo ao mais ilustre, todos estão no mesmo lugar e, aqui em Campinas, há um verdadei-ro reduto de histórias marcantes não só sobre a cidade,

mas também sobre o brasil. o Cemitério da saudade, construído em 1880, recebeu originalmente o nome de Cemitério do Fundão. Foi tombado em 2003 por sua magnitude histórica, serviu de cenário para o filme me-mórias póstumas de brás Cubas, e é um lugar de vene-ração dos muitos que se tornaram lenda no imaginário campineiro, como maria Jandira e toninho.

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o bonde da morteNo aNo de 1931, Foi implaNtada a liNha do boNde 11 que chegava até a porta do Cemité-rio, mas os condutores, cobradores e passageiros se negavam a trafegar até o local, pois tinham medo constante de assombrações. obviamente o percurso foi desativado. então, surgiu a ideia de criar uma linha especial para o trans-porte dos “defuntos” ao cemité-rio, apelidada de bonde da morte. Nunca foi implantada.

58 Cidade&Cultura

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Graças ao amorMaria Jandira dos santos

foi uMa prostituta nascida em 1911 que conseguiu ficar noiva. porém,

seu noivo não resistiu às pressões sociais e desfez o noivado. desesperada, Jandira se suicidou,

ateando fogo ao corpo em 1934. Hoje, os que sofrem por amor, os que têm seus casamentos abalados, buscam

um milagre por seu intermédio. sua sepultura está repleta de placas de agradecimento por graças alcançadas.

Cruzeiro da saudadeEM frEntE à Entrada do CEMitério da sauda-dE tEMos o CruzEiro. Esse marco totalmente de ferro foi instalado em 1910 no lugar do antigo, de madeira, em homenagem a um escravo que se per-deu ao tentar achar o endereço de entrega de uma carta. ao perguntar a um transeunte sobre o local, este lhe informou e acrescentou que, ao entregar a carta, tomaria como castigo muitas chibatadas. aterrorizado, o escravo se matou. porém, tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto.

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boi falôna fazEnda santa GEnEbra, CuJo dono Era o barão GE-raldo ribEiro dE souza rEzEndE, na sexta-feira santa de 1888, um dos escravos da lida da cana e do açúcar teve de ir ao pasto atrelar um boi para o arado. toninho era miúdo, porém obedien-te, e foi enfrentar o animal que estava descansando sob a sombra de uma árvore. o boi não queria nada com nada. depois de muita in-sistência de toninho, o boi mugiu alto e disse: “Hoje é dia santo, é dia do senhor, não é dia de trabalho”. o escravo saiu correndo para a sede da fazenda, gritando: “o boi falô, o boi falô!”. apesar de não ter cumprido a tarefa, o escravo não foi castigado e relatou o fato ao barão, que concordou com o boi, e ninguém mais trabalhou nesse dia. Com o fato, toninho passou a trabalhar nas tarefas da casa do barão e parece que viraram bons companheiros, pois ele foi enterrado junto ao túmulo do barão, no Cemitério da saudade. no dia de finados, toninho é muito visitado por graças concedidas à população. Há quinze anos existe a festa do boi falô que mantém viva a lenda por meio de encenações do acontecimento de 1888, no distrito de barão Geraldo.

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Registros de riquezaNo iNíCio, a Cidade de CampiNas era formada por pouCos armazéNs e pequenas casas que abri-gavam seus donos. Com a vinda da cultura da cana--de-açúcar, foram surgindo fazendas em terras de ses-marias e, com isso, despontou uma nova arquitetura: a dos engenhos de cana-de-açúcar. rudimentares e com construções térreas edificadas com taipa, essas estruturas eram feitas apenas com fins funcionais de-vido à escassez de materiais de construção diferentes dos encontrados no meio em que viviam. o barro era a fonte primária de todas as edificações e, com ele, sua técnica construtiva entrou em todos os imóveis

Marcos históricos

Arquitetura

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da época. Com a chegada do café e o aumento de sua produtividade, as antigas sedes das fazendas foram aumentadas, principalmente na vertical, acrescidas com mais um andar, este para moradias, e o térreo passou então a ser o lugar para guardar mantimentos e instrumentos agrícolas. além disso, toda a área ao redor das sedes foi modificada para a implantação de terreiros para secagem do café, tulhas e, com o au-mento da mão de obra escrava, mais senzalas. outra grande modificação nas fazendas foi a construção de muros para protegê-las e também para manter vigilân-cia contra a fuga de escravos.

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Campinas 63

4a das 7 Maravilhas de Campinas,

Jockey Club

Jockey Club Campineiro em estilo eclético e com elementos do art nouveau e neorrenascença. Datado e 1925, é considerado uma das Sete Maravilhas de Campinas. Com uma área de 1.370 m² e três pavimentos, foi palco das grandes festas da sociedade campineira, assim como movimentou muito dinheiro com as apostas das corridas de cavalo. Praça Antônio Pompeu

Senzalas Na maioria das fazendas de Campinas, as senzalas eram pequenas em relação ao número de escravos; tinham telhado único em duas águas, chão batido e eram mantidas fechadas para maior controle dos capatazes.

Fazenda Roseira

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64 Cidade&Cultura

Arquitetura

Casa Grande

Casa Grande e Tulha Construídos entre 1790 e 1795, esse conjunto arquitetônico é um símbolo máximo do ciclo da cana-de-açúcar brasileiro. Segundo dados, a Casa Grande foi erguida já na década de 1830, no ciclo do café, ou seja, bem no início do cultivo do grão. Esse complexo foi moradia de um dos pioneiros de Campinas, Cláudio Fernandes de Sampaio e tombado em 1992. Rua Arlindo Joaquim de Lemos, 1300 - Jardim Proença

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Casa-grande Se fizermos um comparativo entre a ar-quitetura das casas-grandes do período da cana-de-açúcar com a do ciclo do café vamos notar pequenas diferenças na di-visão dos cômodos. As salas ficavam na frente, as alcovas e os quartos, no centro, e a varanda e a cozinha ao fundo, em um prolongamento. Porém, após a chegada das linhas férreas, em 1870, houve uma grande mudança na ampliação dos espa-ços internos, principalmente nas salas. A taipa de pilão e a pedra foram soberanas nessas edificações. Porém, no período republicano, já era comum haver con-struções de alvenaria (tijolo), criando um ambiente arquitetônico mais urbano.

Tulhas Geralmente situadas ao lado da casa de máqui-nas, as tulhas eram grandes galpões que serviam para armazenar o café que deveria ficar longe da umidade. As primeiras construções, de taipa, fo-ram depois substituídas pelas de tijolos.

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Casas de máquinas

ColôniasCom a substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes, surge um novo elemento na paisagem urbanística das fazendas: as casas destinadas aos trabalhadores assalariados. A maioria das colônias foi implantada fora do contexto arquitetônico secular. As novas casas, geminadas de duas em duas, eram de alvenaria de tijolo.

Essas construções eram primordiais ao ciclo produtivo, pois era ali que se dava o beneficiamento do café, fosse usando força animal ou hidráulica e, um século depois, elétrica. Esse também era um local para descascar, ventilar, escolher e classificar os grãos. O café era socado em monjolos, pilões ou por meio do carretão (atrito). Mais uma vez, esses maquinários foram gradativamente se modernizando e levaram, na cidade, à criação de fábricas de implementos agrícolas.

Palácio dos Azulejos Antiga propriedade de Joaquim Ferreira Penteado, o Barão de Itatiba, construído em 1878. Atualmente abriga o Museu da Imagem e do Som e parte do Arquivo Municipal. Está em processo de restauração de seu interior, onde pinturas murais artísticas foram encobertas por sucessivas camadas de tinta moderna. Rua Regente Feijó.

Fazenda das Cabras

Terreiros Essas áreas introduziram um novo elemento arquitetônico nas fazendas de café. Serviam e ainda servem para a lavagem e a secagem dos grãos. Poderiam ficar em terrenos planos ou em patamares. Antes eram dispostos sobre a terra batida, mas, para melhorar a qualidade do café, passaram a ter chão de tijolos, o que representou um incremento para a indústria da olaria que, em Campinas, no ano de 1873, chegou a ter doze em funcionamento.

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1 - Imóvel da Rua José Paulino, 898 - Centro, 2 - Solar do Barão de Ataliba Nogueira - Rua Regente Feijó, 1087 - Centro - tombado em 1990, 3 - Imóvel da Rua Padre Vieira, 1277 - Cambuí - Antiga Santa Casa - tombado em 1991 4 - Solar do Barão de Itapura - Rua Marechal Deodoro, 1099 - Centro - tombado em 1988

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3Casarões e palacetes dos barões do café e da elite política Com o aumento da produção, a geração de produtos necessários ao cultivo do café não mais se restringia aos domínios das fazendas. Os cafeicultores da época tinham de sair de seu isolamento e ter contato com com-pradores, exportadores e as novas tecnologias. Por isso, ter uma casa no centro da cidade era condição sine qua non à prosperidade. Surgem assim os grandes casarões e palacetes, demonstrando toda a riqueza que o “ouro negro” poderia oferecer. Tudo relacionado ao café criava condições para um maior envolvimento dos formadores de opinião na política nacional. Ilustres campineiros se destacavam, assim como a cidade em geral, por conta dos recursos adquiridos com a exportação. Com isso, não é de se admirar que o centro de Campinas seja uma nítida demonstração dessa força motriz e de seu desenvolvimento. Com materiais diversificados, os casa-rões conseguem se destacar pela criatividade no uso de elementos como ferro, azulejo e vidro. Brasões são ins-talados nas fachadas, os portões são imponentes e os cômodos, maiores. As janelas recebem vidros franceses e a decoração ostenta mosaicos italianos. O mobiliário também era importado. Afrescos eram comuns nos am-bientes internos. Porcelanas, vestidos de veludo, tudo respirava o continente europeu. Requinte e elegância eram o símbolo da prosperidade.

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Cultura democratizadafronteiras

transpondoO poder da criação

A Arte é umA ArmA poderosA pArA trAnsmitir nossos vAlores, nos-sas impressões, nossa realidade e nossa fantasia. é por meio dela que conseguimos discutir, transgredir, unir e quebrar paradigmas. sem a arte o mundo é preto e branco e sem brilho. mas, para podermos incentivá-la, de-vemos dar suporte e a devida valori-zação a todos os que se empenham em produzi-la e levar entretenimento ao público. Campinas é uma das cida-des que mais valorizam os artistas, e já levou vários nomes ao estrelato e ao exterior. seja por meio de uma po-lítica de educação voltada a todos os segmentos, seja pelo talento natural incentivado por seus conterrâneos, o que não falta nesta terra é a tradição da cultura democratizada.

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O CampineirO nhô TOniCO, COmO era graCiOsamenTe ChamadO, conseguiu com seu dom esplendoroso elevar a música brasileira a um patamar mais alto e respeitado na europa. antônio Carlos gomes nasceu na rua da Catedral metropolitana de Campinas, em 11 de julho de 1839, e é considerado o mais importante compositor de ópera do Bra-sil. Filho de manuel José gomes e de Fabiana Jaguari gomes , quando criança Carlos gomes perdeu sua mãe - assassinada quando tinha 28 anos; então, seu pai teve de arcar com os cuidados de seus irmãos. Com eles formou uma banda musical, na qual Carlos deu os pri-meiros passos na música, e aprendeu a tocar vários instrumentos. seu irmão mais velho, José pedro de sant’ana gomes, percebeu o dom de Carlos e o incentivou. Juntos trilharam um longo caminho em apresentações em bai-les e concertos. para aumentar a renda fami-liar, Carlos trabalhava em uma alfaiataria.

desde os 15 anos já compunha valsas, polcas e quadrilhas e, aos 18, compôs sua primeira missa [música sacra ligada às tra-dições e ao rito das cerimônias da igreja Católica]: a missa de são sebastião, em homenagem a seu pai. em 1857, compôs a modinha [canção de origem brasileira, senti-mental e marcada pela influência da ópera italiana] suspiro d’alma. passou a lecionar piano e canto e dedicou-se ao estudo das óperas. Ultrapassou os limites de Campinas e, em 1859, ficou conhecido em são paulo onde compôs o hino acadêmico, até hoje cantado pelos estudantes de direito assim como outra modinha Quem sabe?.

recebeu muitos incentivos, mas contra-riando o pai (fato que atormentou o compo-sitor a vida inteira), tomou o rumo da Cor-te no rio de Janeiro para aperfeiçoar seus estudos no conservatório da cidade. ao ter conhecimento do talento de Carlos gomes, dom pedro ii tornou-se seu admirador. Outor-

Carlos Gomesgou-lhe a “imperial Ordem da rosa” e pas-sou a ser seu mecenas enviando-o a milão, em 1863. então, em 1870, no Teatro alla scalla, Carlos gomes apresentou a ópera O guarani com sucesso total. essa ópera foi encenada em todos os palcos mais impor-tantes do mundo.

adelina Conte peri, italiana, pianista, pro-fessora e colega de sala de conservatório de Carlos, conquistou seu coração e, em 1871, casaram-se e tiveram cinco filhos, po-rém quatro deles morreram; restou apenas sua filha, Ítala gomes Vaz de Carvalho. Con-tudo, com a morte do filho mário, de 5 anos de idade, Carlos gomes entrou em profunda depressão. Foi morar em gênova, começou a ter problemas financeiros, viciou-se em ópio e se separou de adelina em 1885.

depois de muitas idas e vindas ao Brasil, para apresentações magníficas, Carlos so-freu outros baques: o exílio de dom pedro ii e um câncer na língua e na garganta. em 1895, mesmo doente, aceitou o convite do governador do pará, Lauro sodré, para or-ganizar e dirigir o Conservatório musical do estado. porém ficou no cargo apenas três meses e, com aclamações populares fervo-rosas em homenagem ao amado composi-tor, Carlos vem a falecer um ano depois, em 16 de setembro de 1860, aos 60 anos.

Tratado como herói, seu corpo foi embal-samado e só em seu cortejo fúnebre havia mais de 70 mil pessoas. Campos salles pediu que o ídolo brasileiro fosse enterra-do em sua cidade natal, e hoje podemos visitá-lo em seu glorioso monumento Túmu-lo na praça antônio pompeo, no centro de Campinas. suas óperas: a noite do Cas-telo (1861); Joanna de Flandres (1863); O guarani (1870); Fosca (1873); salvador rosa (1874); maria Tudor (1879); O escravo (1889); Condor (1891); Colombo (1892) e minha Campinas (s/d).

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Maria Monteiro

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Nascida em 1870, e carinhosamente chamada Zica Monteiro, era filha de José Francisco Monteiro (professor de música) e Joaquina Leopoldina Andrade Monteiro. Es-tudou música em Jundiaí com Romã do Prado e mais tar-de em Campinas, e canto com Emílio Giorgetti. Com sua apresentação na inauguração da Matriz, onde cantou Ave Maria e outra para o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina, Maria Monteiro saiu do anonimato e caiu nas graças da imperatriz que a convidou para estudar no Real Conservatório de Milão onde foi acolhida por Carlos Gomes e Alberto Giannini.

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Sua bolsa de estudos foi cortada com a queda do Im-pério, mas, mesmo assim, Maria conseguiu terminar seus estudos e ainda obteve a Medalha de Prata e o título de “Maestra e Artista di Canto”, tornando-se a primeira can-tora lírica da América cujo trabalho é reconhecido mundial-mente, principalmente na Áustria, na Itália e na Alemanha.

Infelizmente, sua carreira foi curta devido a uma infec-ção pulmonar e a artista morreu em Gênova, em 1897, aos 27 anos. A gratidão de Campinas a sua filha ilustre está demonstrada no Monumento Túmulo de Carlos Gomes com sua efígie feita por Rodolfo Bernardelli, em 1905.

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Antoine Hercule Romuald Florence nasceu em Nice, na França, em 1804. Chegou ao Brasil em 1824 e junto com Georg Heinrich von Langsdorff e Aimé-Adrien Taunay embarcou em uma aventura pelo interior do país, onde percorreram 13 mil quilôme-tros registrando por meio de desenhos e mapas os animais, as florestas e os índios brasileiros. Essa coletânea de dados ainda hoje serve de parâmetro para estudiosos. Ao retornarem, em 1829, Florence se casou com Maria Angélica A. M. Vasconcelos e se fixou na cidade de Campinas.

Foi um dos precursores da fotografia mundial, da zoofonia, da pulvografia e da poligrafia. Destacou-se na invenção do typo-silábica que ajudou em muito a taquigrafia. Foi fundador em 1842 do primeiro jornal da Província de São Paulo intitulado O Paulista. Mor-reu em 1879. Em homenagem ao brilhante inventor, foi criado “o Festival Hercule Florence” pelo inesti-mável valor que deu à fotografia brasileira e pelo in-centivo ao povo campineiro de trilhar os caminhos da arte fotográfica, tendo assim promovido a criação de diversos grupos de amantes e praticantes dessa arte. A cidade inteira na época do Festival respira fotografia, cores e muita sensibilidade, entre exposi-ções, workshops e palestras realizados em diversos locais por toda Campinas.

Hercule Florence

Rhelga Westin.ce e Anchieta - Festival Hercule Florence

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Um amante da cultura e dos livros, esse grande doador de recursos para a preservação de conheci-mento foi um dos responsáveis pela construção da biblioteca que está no prédio do Museu de Arte Con-temporânea de Campinas. Trabalhador desde os 8 anos de idade, foi assistente de bibliotecário. Do que ganhava, doava metade para seu pai poder susten-tar seus sete irmãos. Estudou Engenharia e depois se tornou bibliotecário. Agora com um salário bom, Melillo investiu em ações do Banco do Brasil e com isso conseguiu ficar milionário. Com sua capacidade

Roque Melillo econômica, doou 4 milhões de cruzeiros (na déca-da de 1970) à Prefeitura para que esta construís-se uma biblioteca. Pedido aceito, construiu-se um edifício junto ao Palácio dos Jequitibás. Além disso, foi jornalista, tradutor, dublador, pianista e falava mais quatro idiomas. Doou também para a Biblio-teca Municipal de Nova York, ao Lincoln Center, ao Metropolitan Opera House e aos países do Terceiro Mundo. Morreu em Nova York em 1976 com 87 anos e está enterrado no Cemitério da Saudade em sua cidade natal.

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Giuseppe Giannini Pancetti (José Pancetti)Campineiro, nascido em 1902, passou por muitas

revoluções em sua vida até se identificar com a pintura modernista. Aos 11 anos de idade, foi para a Itália e em 1919 tornou-se marinheiro. De volta ao Brasil, chega a Santos onde trabalhou até como faxineiro de hotel. Em 1921, na cidade de São Paulo, conheceu a Oficina Beppe e começou a pintar paredes e servir como ajudante do pintor Adolfo Fonzari.

Entrou para a Marinha de Guerra brasileira e alcan-çou o posto de segundo-tenente que manteve até 1946. Dentro da Marinha, José esboçou seus primeiros traços e participou do quadro de pintores da Companhia de Prati-cantes e Especialistas em Convés.

Depois, já no Núcleo Bernardelli, recebeu orientações de Manoel Santiago, Edson Motta, Rescála e Bruno Le-chowski. Esse Núcleo era uma escola independente den-tro das dependências da Escola de Belas-Artes. Com a experiência adquirida, Pancetti criou sua personalidade

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artística e obras com paisagens, retratos, autorretratos, naturezas-mortas e principalmente marinhas, que se tor-naram sua marca.

Em 1941, mudou-se para Campos do Jordão em busca de cura para a tuberculose. Faleceu em 1958 na cidade do Rio de Janeiro, reconhecido como um dos grandes pin-tores modernistas brasileiro.

Algumas obras: Autorretrato – Almirante; Anita; Barco de Pescadores (1933); Arsenal de Marinha (1936); Pin-tura do Navio (1937); Marinha (1938); Navios Oficinas (1940); O Chão (1941); Interior com Anita e Bebê (1942); Campos do Jordão (1943); Marinha (1944); São João Del Rey (1945); Mangaratiba, “toca da velha” (1946); Paisa-gem com Dunas (1947); Arraial do Cabo (1948); Praça Clóvis Bevilacqua (1949); Marinha – Série Bahia – Museu da Paz (1950); Mar Grande (1951); Farol da Barra (1952); Paisagem de Itapoã (1953); Praia da Gávea (1955) e La-goa de Abaeté (1957).

Inaugurado em 2013 pela Prefeitura Municipal de Campinas, no Distrito de Joaquim Egídio, o Centro de Cultura Caipira e Arte Popular teve nesse evento as famílias da dupla sertaneja mais inspiradora do país: Tonico e Tinoco, uma justa homenagem do local que abriga o acervo referente a eles. O lugar escolhido para o Centro é perfeito, pois está na área rural da cidade, cujos moradores refletem a cultura caipira. “O objetivo da Secretaria de Cultura é fortalecer e

Centro de Cultura Caipira e Arte Popular apoiar a cultura caipira na região, além de ofere-cer um amplo conjunto de ações culturais, como cursos e oficinas, apresentações de espetáculos e promoções de eventos. Também está prevista a criação de uma linha editorial voltada aos estudos, à divulgação e à preservação do patrimônio cultural classificado como cultura caipira”. Onde: Rua José Ignácio, 14Fonte: Secretaria de Cultura de Campinas

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Com sua tendência artística, Campinas sempre foi ro-teiro de grandes peças e orquestras sinfônicas. Por isso não tardou a formação de sua orquestra, coisa rara, pois nessa época apenas as grandes capitais possuíam um corpo sinfônico. Em 1975 foi criado um grupo sólido de músicos. “A presença de grandes regentes e prestigia-dos solistas da cena erudita brasileira e internacional junto à OSMC constata seu indiscutível valor e potencial artístico. Atualmente tem como diretor administrativo o compositor e arranjador Rodrigo Morte e como regente titular e diretor artístico o maestro Victor Hugo Toro”. Fonte: www.osmc.com.br

A OSMC é composta de 10 primeiros violinos; 10 segundos violinos; 7 violas; 7 violoncelos; 4 contra-baixos; 5 flautas; 4 oboés; 3 clarinetas; 3 fagotes; 6 trompas; 4 trompetes; 4 trombones; 1 tuba; 1 harpa, tímpanos e percussão.

Discografia – 1° LP com obras de Almeida Prado e Antônio Carlos Gomes (1978); 2° LP – Edição de

Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas

LP brinde para a Transbrasil (1982); 3° LP da OSMC, um álbum com 4 LPs (1984); 4° LP com a Sinfonia dos Orixás de Almeida Prado (1985); 5° LP com gra-vações de músicas de Carlos Gomes (1986); 1° CD com o regente Benito Juarez (1993); 2° CD – Epi-sódio Sinfônico e 3° CD com coletâneas de OSMC.

Rodrigo Morte é compositor, arranjador, produtor, pianista e educador. Já trabalhou com as seguin-tes orquestras: Orchestre National d’Île de France, Hollywood Orchestra, Filarmônica de Bruxelas, Wes-tchester Jazz Orchestra, Greensboro Symphonic Or-chestra, SoundScape Big-Band, Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Jazz Sinfônica e Aspen Festival Ochestra. Escreveu arranjos para Dave Liebman, Maria Rita, Gal Costa, João Bosco, Dori Caymmi, Arnaldo Antunes, Lulu Santos, Ed Motta, César Ca-margo Mariano, Leo Gandelman, Luís Melodia, Chico Pinheiro, Daniela Mercury, Ted Nash, Ben Alison, Mi-chael Blake e o Collective Jazz Composers, Paulinho da Viola, entre outros.

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Inaugurado em 1924, atualmente é uma referência nacional no tratamento de saúde mental, reco-nhecido pela Organização Mundial da Saúde. Seu Diferencial está na forma de lidar com os usuá-rios que recebem um tratamento de “desospita-lização”, ou seja, o paciente é integrado na vida social por meio de Núcleos de Oficinas (Jornal

Cândido Ferreira Candura, Radio no Programa Maluco Beleza e Letramento Digital), que, reconhecidas pelo Mi-nistério da Cultura, receberam a bandeira de Pon-to de Cultura. Um projeto exemplar com resulta-dos tangíveis e de uma humanidade única. Saiba mais no site: www.armazemoficinas.com.br. Onde: Rua Antônio Prado, 430 – Sousas.

Fundado por um grupo de cientistas, artista e inte-lectuais, o Centro de Ciências Letras e Artes promove, desde 1901, o estudo e a produção de atividades cientí-ficas e artísticas. O CCLA foi um retrato dos ideais positi-vistas e republicanos da época e da importância política de Campinas. Sem fins lucrativos, esta entidade cultural tem sob seu gerenciamento: Biblioteca Bierrenbach com mais de 150 mil volumes; pinacoteca com quadro de

Centro de Ciências, Letras e Artes Lasar Segall doado quando da sua exposição; Museu Campos Salles com documentos e objetos doados pelo próprio Presidente da República; Museu Carlos Gomes com partituras originais do compositor e maestro; ga-leria de arte ; sala de leitura; vitrine cultural e auditório para 220 pessoas. Na década de 1950, o CCLA fundou também o primeiro Cineclube de Campinas. Onde: R. Bernardino de Campos, 989 – Centro.

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A primeira exibição de um filme no Brasil ocorreu em 1896, no Rio de Janeiro, pelo exibidor belga itinerante, Henri Paillie. Em 19 de junho de 1898, foi feito o primeiro filme nacional, Uma Vista da Baía de Guanabara, data que é considerada o Dia do Cinema Brasileiro. Campinas entra nesse segmento a partir do século XX, quando os filmes ainda eram exibidos nas ruas. Porém dada a ampla re-percussão dos filmes entre os campineiros, logo o Teatro Carlos Gomes passou a abrigar exibições da Sétima Arte, esse fenômeno transformador da cultura e motor de apro-ximação do mundo exterior.

E mais uma forma de expressão artística abraçou os campineiros que entraram a fundo na Sétima Arte. O filme mudo “João da Mata”, de 1923, dirigido por Amilar Alves, é considerado o primeiro longa-metragem brasileiro que conquistou São Paulo e Rio de Janeiro com excelente re-torno. Autor de muitas peças teatrais, Amilar conseguiu em “João da Mata” a expressão pura das agruras do homem do campo da época. Com o sucesso, outras produções vie-ram a seguir e, com isso, Campinas recebe o epíteto de “Hollywood Brasileira”. Produtores vinham aqui para reali-zar seus sonhos, criaram-se escolas como a Escola Cine-matográfica Campineira de Felipe Ricci e Tomás de Túlio com o diretor Eugênio Kerrigan que dirigiu o mudo “Sofrer para Gozar”, de 1923, “A Carne”, de 1925 e “Mocidade Louca”, de 1927, eram os famosos “posados”, como era na época os filmes de ficção. Podemos citar também o “Segredo do Corcunda”, de 1924, de Alberto Traversa. Já Alfredo Roberto Alves, filho de Amilar, em 1954, cria a Cine Produtora Campineira e se destacou com os filmes “Fernão Dias” (primeiro longa sonoro) e “Os Falsários”.

Ciclo de Cinema Campineiro

O amor a arte cinematográfica campineira também foi marcada pela quantidade de salas espalhadas por toda a cidade: o Teatro São Carlos (1850); o Casa Livro Azul (1876); o Rink Campineiro (1878); o Cine Bijou (1909); o Cine Recreio, que se tornaria o Éden Variedades e pos-teriormente o Cine Radium (1909); o Cine do Externato São João (1909); o Cinema Salão Caritas (1910); o Cine Coliseu (1916);o Cine São Carlos, o primeiro sonorizado (1924); o Cine República, cujo filme de estreia foi Moci-dade Louca, de Felipe Ricci, uma produção campineira (1926); o Cine Carlos Gomes (1947); o Cine Voga (1941); o Cine Jequitibá (1969) e o Cine Volta; o Cine Santo Antô-nio, fundado por Henrique de Oliveira Júnior (1939); o Cine Santa Maria (1949); o Cine Rádio (1950); o Cine Windsor, com seu saguão em mármore e carpete vermelho, um dos mais concorridos (na década de 1950); o Cine Real, que iniciou suas atividades com o filme Coração de Mãe (1953); o Cine Rex, que estreou com com Duas Garotas e um Marujo (1953); o Cine Casablanca, cujo filme de estreia foi A Serpente do Nilo (1953); o Cine São Jorge (1954); o Ouro Verde, em um edifício faraônico (1955); o Cine Regente (na década de 1950); o Cine Bristol (na década de 1950); o Cine São José, com o filme Uma Ame-ricana na Itália (1958); o Cine Paradiso (1983); o Cen-tro Cultural Evolução (2000) e o Espaço Cultural Casa do Lago, que ainda apresenta eventualmente algumas ses-sões em um espaço com 72 lugares (2002).

Com o fechamento do Cine Paradiso, foi virada mais uma página histórica da cidade, cujo glamour cedeu espa-ço para a definitiva modernidade com salas em shoppin-gs. O ato de ir ao cinema perdeu muito do seu charme, principalmente com a chegada da televisão e mais tarde com o videocassete e o DVD. Hoje, temos produções para grandes multidões enchendo as salas de cinema, mas como um passeio trivial, não como um grande espetáculo, ansiosamente aguardado. O que fica desse período é o grande número de locais e a grande plateia existente em uma cidade do interior. Isso é uma mostra da valorização cultural que Campinas sempre enfatizou e que ficou regis-trada em depoimentos saudosos da charmosa era dos Cinemas de Rua campineiros.FO

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O espaço cultural e ateliê da artista, com sede no distrito de Joaquim Egídio há 15 anos, já é parte in-tegrante do cenário local da cidade, sob a coordena-ção da artista plástica Natasha Faria, pesquisadora e apaixonada pela técnica milenar do papel machê. As criações são vivas, coloridas, poéticas e lúdicas; objetos, quadros, esculturas e bonecos surgem em diversas cores, formatos e tamanhos. No ateliê, dia-riamente nascem vidas e movimento das mãos da artista. Desde quadros em papel machê e teatro de bonecos, até miniaturas de brinquedos e gigantes da dedicação e do amor às crianças. Pesquisadora da arte brasileira, a artista desenvolve seus trabalhos com muita dedicação ao universo infantil e à criança,

Ateliê Natasha Faria

estudando a cultura infantil e os brinquedos brasilei-ros. Com suas oficinas, viaja para vários lugares até fora do Brasil, levando a arte de brincar e encantar as crianças do mundo numa dedicação ao fazer manual, valorizando na criança a importância criar com suas mãos . Em outubro de 2014, estreou com muito su-cesso o Espetáculo de Bonecos em Miniatura “Cida-de Imaginária”, espetáculo curto que utiliza bonecos ou objetos em escala reduzida e é apresentado a um público reduzido e intimista em formatos que propi-ciam diferentes maneiras de se aproximar e interagir com o público. O ateliê fica aberto à visitação em horário comercial durante a semana e nos finais de semana das 10h às 17h.

Teatro de Bonecos Todo último sábado do mês tem apresentação de

“Cidade Imaginária” com o Teatro de Bonecos em Mi-niatura. Ótima programação para a família e crianças a partir de 2 anos, com público limitado de 25 pessoas e direito a um cafezinho de coador e bolo de fubá. É necessário reserva antecipada pelo telefone. Duração do espetáculo: 30 minutos. Horário: 17h.

Brinqueda-ria!Oficinas de Brinquedos Brasileiros. Todo penúltimo

sábado do mês, para toda a família e crianças a partir de 4 anos. Horário: das 9h às 11h. Necessário fazer reserva antecipada.

Contato Ateliê Natasha FariaEndereço: r. Valentin dos Santos Carvalho, 63 Joaquim Egídio, CampinasTel.: (19) 99538-6396 / 3203-6841Visitem a página no facebook: https://www.facebook.com/AtelieNatashaFariae-mail: [email protected]

Vida feita a mão

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Acontece sempre no primeiro domingo de cada mês das 9:00h as 14:00h, em Sousas, na Praça Bei-ra Rio. A “Vila” surgiu em 1998 com um grupo de artistas que expõem seus trabalhos. O sucesso foi

Vila das Artes tanto que virou uma atração turística. Podemos en-contrar peças decorativas em porcelana e madeira, bijuterias em prata e pedras naturais, cerâmica, pa-tchwork e muitos trabalhos elaborados.

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Campinas se desenvolveu muito rapidamente e com ela os aparelhos culturais. De magníficas obras de arquitetura clássica ou moderna à construção mais simples e funcional, podemos desfrutar desses locais com boa música, peças teatrais fantásticas e acervos surpreendentes.

Teatro Municipal “José de Castro Mendes” – com 770 lu-gares, a boca de cena tem 14 metros de largura por 5,95 metros de altura com 14,90 m metros de profundidade. Onde: Praça Corrêa de Lemos, s/nº – Vila Industrial.

Espaço Cultural “Maria Monteiro” – com 176 lugares, mais 500 no salão social, a boca de cena mede 8 metros de lar-gura por 3,5 metros de altura e 8 metros de profundidade. Onde: Rua Dom Gilberto Pereira Lopes, s/nº.

Aparelhamento

Teatro Municipal José Castro

Teatro Infantil Carlos Maia

Centro de Convivência Carlos Gomes

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Teatro Infantil “Carlos Maia” – com 160 lugares, a boca de cena mede 6 metros de largura por 2,5 metros de altu-ra por 4 metros de profundidade. Onde: Rua Coronel Quirino, 02 – Bosque dos Jequitibás.

Auditório Beethoven – também conhecido como Concha Acústica do Taquaral, possui capacidade para 2 mil pessoas. Onde: Av. Dr. Heitor Penteado, s/nº – Taquaral.

Centro de Convivência Cultural de Campinas “Carlos Gomes”“Um espaço multiuso, que possibilita a realização de espetá-culos de teatro e dança, palestras, simpósios, conferências, exposições artísticas e das demais áreas do conhecimento. Para isso, conta com o Teatro de Arena “Teotônio Vilela”, a Sala de Espetáculos “Luís Otávio Burnier”, a Sala “Carlos Go-mes” e as Galerias “Aldo Cardarelli”, “Bernardo Caro” e “C””. Onde: Praça Imprensa Fluminense, s/nº – Cambuí.Fonte: www.campinas.sp.gov.br

O LUME Teatro (Prêmio Shell 2013) é um núcleo de pesquisa da arte do ator formado por sete atores--criadores, e possui repertório diversificado de teatro físico, espetáculos em grupo, solos e intervenções de grandes dimensões ao ar livre com a participação da comunidade. Fundado em 1985 pelo ator Luís Otavio Burnier (que viria a falecer em 1995) em parceria com o ator Carlos Simioni, o LUME é um núcleo de pesqui-sa da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas. Em 2015, o grupo completa 30 anos de continuidade dos trabalhos com o mesmo núcleo de pesquisadores e mais de duas décadas em sua sede fixa, localizada em Barão Geraldo, distrito de Campinas-SP. O mês de julho de 2014 marcou o início das comemorações dos 30 anos, com a realização da grande intervenção ao ar livre “Perch: uma celebração de voos e quedas”, par-ceria internacional do LUME Teatro com grupos da Aus-trália e da Escócia, que reuniu mais de 200 artistas

Lume Teatroem cena e trouxe para o centro de Campinas um público de mais de 20 mil pessoas. Ao longo destes 30 anos, tornou-se conhecido em 27 países, tendo atra-vessado quatro continentes, desenvolvendo parcerias especiais com mestres da cena artística mundial. O grupo estreou em 2012 o espetáculo Os Bem-Inten-cionados, atualmente em turnê pelos maiores festivais do país. Em 2015 estreou o espetáculo Pupik – Fuga em 2, dueto cênico de Naomi Silman em parceria com a atriz israelense Yael Karavan. O grupo tem atual-mente 15 espetáculos em cartaz e difunde sua arte por meio de oficinas, demonstrações técnicas, inter-câmbios de trabalho, trocas culturais, assessorias, re-flexões teóricas e projetos itinerantes, que celebram o teatro como a arte do encontro. Visite: https://www.facebook.com/lume.teatro e www.lumeteatro.com.br

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Meio ambiente

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preservação

ApesAr de CAmpinAs ser umA CidAde AmplAmente industriAl, isso não compromete a preocupação de preservar suas matas nativas. muitos lugares revelam esse “acordo” entre o desenvolvimento e a conservação. Há também, salpicados pela cidade, muitos bosques que dão a seus munícipes e visitantes uma sensação de frescor e convívio com a natureza. Aliás, Campinas está entre as cidades brasileiras mais arborizadas.

Começando pelo centro urbano, vamos descrever os bosques e suas dimensões para termos uma ideia de sua importância para a qualidade de vida do campineiro:

3a das 7 Maravilhas de Campinas, Lagoa do Taquaral

Lagoa do Taquaral Parque Portugal

A área popularmente conhecida como lagoa do taquaral constitui um dos mais importantes espaços de lazer da cidade de Campinas. integrada no passado à histórica Fazenda taquaral, os 33 alqueires que compõem a área foram transformados em parque no ano de 1972, após a prefeitura municipal adquirir as terras da família Alves de lima. destinada ao lazer, a lagoa do taquaral reúne uma grande variedade de espaços recreativos e culturais, a começar pela lagoa isaura telles Alves de lima (com pesca permitida nos finais de sema-na e feriados), que oferece o uso de pedalinhos, visita a uma réplica exata da caravela Anunciação (nau que trouxe pedro Alvares Cabral às terras brasileiras, com 29,65 m de comprimento por 8,64 de al-tura e 6 velas de tecido com a cruz da Ordem de Cristo ao centro) e espetáculo de “águas dançantes” lançadas por uma fonte sonora (nos finais de semana). Já na extensa área verde que rodeia a lagoa principal, encontram-se bosques destinados a piquenique; viveiros de pássaros; área com aparelhos de ginástica; dois playgrounds, lancho-nete, sanitários e um percurso de 3 km de bondinhos (os mesmos que serviram Campinas até 1968). entre os equipamentos culturais, o parque portugal–lagoa do taquaral oferece a concha acústica – Au-ditório Beethoven (com capacidade para 2.000 pessoas); o museu di-nâmico de Ciências; o planetário; o relógio solar; o Centro de Vivência dos idosos (no antigo Ginásio de Bocha) e a esplanada das Bandeiras (praça destinada a eventos cívicos e culturais). entre os equipamen-tos esportivos, encontram-se o Ginásio de esportes “Alberto Jorda-no ribeiro” (com quadra de vôlei e basquete); o Balneário municipal (com três piscinas abertas ao público), uma pista de corrida com extensão de 2.800 m; o cartódromo “Afrânio Ferreira Jr.” (com pista de 800 m e curvas sinuosas que atendem às exigências da Federa-ção paulista de Automobilismo); uma pista de aeromodelismo; uma ciclovia de aproximadamente 5 km; uma pista de patinação (também usada para aulas gratuitas de aeróbica) e 16 quadras poliesportivas.

Onde: Av. Heitor Penteado, 1.671 – TaquaralFonte: www.campinas.sp.gov.br

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Meio ambiente

Bosque dos GuarantãsUm dos maiores bos-ques da cidade com uma área de 87.016 m², possui lago com queda d’água e os demais aparelhos de lazer como churrasqueira e área destinada a piquenique Onde: Rua Vera Cruz, s/n. – Jardim Nova Europa

Bosque Augusto RuschiCom 26 mil m², esse bosque é um recanto para o lazer de um dia inteiro, pois possui playgrounds, queda d’água natural, lagoa com patos, pista de circulação de pedestres, sanitários, minizoológico, equipamentos para ginástica e área para piquenique. Sua flora é rica, com várias espécies, como ipê-roxo, jequitibá, acácia e sibipiruna. Onde: Rua Carlos Roberto Gallo

Bosque dos AlemãesA San Paulo Land Company Limited doou, em 1928, a área 20.580 m² desse bosque quando começava a ser formado o bairro Jardim Guanabara. Na década de 1970, o bosque foi reestruturado e cercado para sua preservação. Foi aparelhado com equipamentos de lazer e passarelas para observação da mata que possui exemplares nativos de guaporuvu, pau-de-óleo e jequitibá, entre outros. Onde: Praça João Lech Jr., ou nas quatro entradas nas ruas Albano de Almeida Lima, Barros Monteiro,R. Rocha Camargo e João José Tangerino

Bosque dos ItalianosDo loteamento do bairro Jardim Chapadão, em 1927, surgiu um espaço de 14.411 m² que seria destinado à formação de um parque, porém só em 1960 o espaço foi chamado de parque com o nome de “Parque I” e abrigava o Recanto Infantil I, fechado em 1977. Então, o município reurbanizou o espaço nos moldes do Bosque Alemão, com espaço para o lazer, uma biblioteca e a preservação da mata nativa com sistema de drenagem. Desde então, foi denominado “Bosque dos Italianos”. Onde: Praça Samuel Wainer ou Rua Dr. Miguel Penteado, s/n. – Jardim Guanabara

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Bosque dos ArtistasUma curiosidade sobre esse local está na sua denominação: “Bosque dos Artistas”. O local recebeu esse nome porque muitos artistas que passavam por aqui plantavam árvores e marcavam suas mãos em cimento. Sua área é de 7.773 m². Muito emblemático e romântico.Onde: Av. Augusto Figueiredo, s/n

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Bosque Chico MendesRecebeu o nome em homenagem a Chico Mendes e foi inaugurado em 1995. Com 34 mil m² possui, além de aparelhamento para os visitantes, canteiros de flores ornamentais e árvores como o jatobá. Onde: Rua Moscou – Pq. São Quirino Bosque São José

Desde 1972, este bosque com 33.600 m² proporciona aos moradores atrativos de lazerem meio a mata nativa. Onde: Rua Capistrano de Abreu, s/n. – Vila Lemos

Bosque Yitzhak RabinSão 65 mil m² em meio à vegetação com espaços para a prática de esportes, jogos de tabuleiro e futebol. Lago com queda d’água. Onde: Rua Prof. Ary Monteiro Galvão e Rua José Strazzacappa – Jardim Madalena

Bosque dos CambarásSão 58.300 m² de mata nativa, remanescente de terreno arenoso. Para compor a paisagem e também a condição do solo, foram plantadas árvores do cerrado como o cambará. Também é aparelhado com parque infantil, quadras poliesportivas, campos de futebol e pista de corrida. Onde: Rua 15/Rua 23/Rua 13 – DIC V Bosque Valença

Propício ao lazer e à prática esportiva, conta também com um campo de futebol com arquibancada. Onde: Rua Olindo Gardelin, Rua 15, Rua 16 – Parque Valença

Bosque dos Jequitibás Em 1915, a município adquiriu de Francisco Bueno Miranda uma área que atualmente possui dez hectares. Esse local é considerado um dos mais antigos pontos de lazer da cidade. Por sua grande extensão, o bosque tem capacidade de abrigar muitos elementos como um zoológico (tombado em 1970) com leões, tigres, panteras, suricatos, lobos-guará, cachorros-vinagre, hipopótamos, araras-azuis, onças-pintadas. Abriga também uma réplica de casa de caboclo, o Museu de História Natural, o Aquário Municipal e o Teatro Carlos Maia. Ou seja, um espaço dedicado ao lazer e à cultura que, pelo conjunto de serviços prestados à cidade foi tombado em 1995. Onde: Rua Cel Quirino, 2 – Bosque

Aquário e Casa do Cabolclo, datada de 1997

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Meio ambiente

Casarão Fazenda Mato Dentro

Parque Ecológico Monsenhor José SalimÁrea da antiga fazenda Mato Dentro, depois incorporada à Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo como Estação Experimental do Instituto Biológico (1937), mais recentemente foi integrada à Secretaria do Estado do Meio Ambiente. O Parque Ecológico nasceu de um de-creto do governo estadual de 1987 com o propósito de preservar e recuperar valores arquitetônicos e paisagís-ticos da região. Com uma área de 110 hectares e pro-jeto paisagístico de Roberto Burle Marx, a implantação do Parque Ecológico visou a recuperação e o repovoa-mento vegetal de uma área de 2.850.000 m2 dos quais 1.100.000 m2 abertos ao público, com espécies da flo-ra brasileira, espécies nativas da região da bacia do rio Piracicaba e algumas espécies exóticas, em especial as palmeiras. O Parque Ecológico abriga também exempla-res tombados e restaurados da arquitetura campineira do século XIX, entre eles o casarão, a tulha e a capela da antiga Fazenda Mato Dentro, espaços que integram um Museu Histórico Ambiental, com seus diversos pro-gramas de educação ambiental. O parque possui ainda sete quadras poliesportivas (equipadas com vestiários), campos de futebol de salão, quadras de bocha e malha, trilhas para caminhada, pista de corrida, playground, áre-as para piquenique, anfiteatro e dois estacionamentos com capacidade para 1.000 carros. Onde: Rodovia Heitor Penteado, altura do km 3,2 Vila BrandinaFonte: www.campinas.sp.gov.br

Lago do CaféA área do Lago do Café é remanescente da antiga sesmaria de Francisco Barreto Leme, fundador oficial da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas. Em meados do século XIX, as terras foram integradas à Fazenda Taquaral. Na década de 1940, a crise cafeeira levaria a incorporação de parte da Fazenda Taquaral ao patrimônio da União, e mais particularmente ao Instituto Brasileiro do Café (IBC), permanecendo essas terras por cerca de cinquenta anos destinadas a pesquisas agrícolas. No início da década de 1990, enfim, a extinção do IBC permitiu um novo repasse: agora na forma de doação (inicialmente em regime de comodato e posteriormente em caráter definitivo) para o Poder Público Municipal, sendo constituído em 1992 o Lago do Café como um dos mais recentes espaços de lazer da cidade. Na atualidade, com área de 330 mil m2, abriga importantes instituições culturais como o Museu do Café, o Arquivo Público Municipal e o Espaço Permanente de Artesanato. Av. Heitor Penteado, 2.145 – Parque TaquaralFonte: www.campinas.sp.gov.br

Parque Municipal Luciano do Valle Inaugurado em 2014, com 87 mil m², com recuperação da original, plantio de 8 mil mudas de árvores como o jacarandá, cambará e ingá e todos os aparelhamentos, o parque recebeu o nome de Luciano do Valle em uma homenagem ao ilustre locutor esportivo campineiro que, de certa forma, é uma motivação para a prática de esportes. Onde: Vila União

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Meio ambiente

Mata Santa GenebraA Mata Santa Genebra faz parte das terras da antiga Fazenda Santa Genebra, de propriedade do Barão Ge-raldo Resende. Como sempre, o visionário Barão inovou em tecnologia na produção do café, mas infelizmente foi à falência e suas terras, leiloadas. A família Oliveira que comprou parte da fazenda manteve preservada a mata, pois José Pedro de Oliveira era tísico e acreditava que, com o ar puro da floresta, poderia se curar mais rapidamente. Com a morte de José, sua esposa doou

Parque Linear Ribeirão das CabrasNo antigo caminho da Cia. Ramal Férreo Campineiro, que ligava o centro de Campinas aos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, foi instalado este parque que fica na Área de Proteção Ambiental Municipal cujo objetivo é a recuperação da mata ciliar do Ribeirão das Cabras.

a mata ao município em 1981, com a condição de que esta fosse preservada. Foi criada então a Fundação José Pedro de Oliveira cujo objetivo é o uso do local para fins científicos e culturais. Em 1983 foi tombada e, em 1985, declarada Área de Relevante Interesse Eco-lógico. Hoje a mata está subordinada ao Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Pesquisas da flora local foram feitas sob orientação do Departamento de Botânica do IAC, por meio de coletas durante vistorias de campo, e resultaram em 236 exsi-catas (amostras de planta prensada e em seguida seca numa estufa [herborizada], fixada em uma cartolina de tamanho padrão e acompanhada de etiqueta ou rótu-lo contendo informações sobre o vegetal e o local de coleta; as amostras são normalmente guardadas num herbário), identificadas e acondicionadas em sala com controle de temperatura. Em relação à fauna local, o manejo é feito pelo Grupo de Manejo e Proteção de Animais Silvestres – GMPAS, que monitora a fauna exó-tica, silvestre e o borboletário. Possui várias espécies de vertebrados, como macaco-prego e bugio; mais de 150 espécies de aves; 21 espécies de serpentes, entre elas a cobra-cipó, a dormideira, a coral-verdadeira e a jararaca; muitos artrópodes, como vespas, abelhas, be-souros, formigas, borboletas (700 espécies, entre elas olho-de-coruja e castanheira) e mariposas; aranhas, centopeias, escorpiões e lacraias. Onde: Rua Mata Atlântica, 447 – Barão Geraldo

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APA Municipal de CampinasUma área de 225 km² ou 28% da área total do município de Campinas está preservada na região denominada APA, abrangendo os distritos de Sousas e Joaquim Egídio. Com topografia acidentada e altitudes que variam entre 550 e 1.079 metros, os afloramentos graníticos são comuns. Um local muito aprazível de se percorrer é a Serra das Cabras que se encontra dentro da APA e vai até o município de Morungaba. Aqui está o Observatório Astronômico Municipal de Campinas Jean Nicolini, inaugurado em 1977, instalado no monte Urânia, com seus 1.033 metros de altitude. Na área também há duas bacias hidrográficas importantes para o abastecimento e a geração de energia do município: a do Rio Atibaia e do Rio Jaguari. A flora tem destaque com 183 espécies arbóreas, incluindo a peroba (rara), 250 espécies de aves, 68 de mamíferos, 45 de anfíbios e 40 de répteis.

Parque Ecológico Hermógenes Leitão FilhoCom uma área de 13,44 hectares, este parque está localizado nos limites entre a Unicamp e o bairro Cidade Universitária. Em seu interior está a lagoa Chico Mendes, um espetáculo à parte, que ocupa 74% da área total do local. Também possui vegetação nativa de floresta brejosa. O nome do parque foi uma homenagem ao professor de Biologia e pró-reitor de pós-graduação da Unicamp, defensor da preservação ambiental.

Parque Linear Ribeirão das PedrasUm parque que segue o curso do Ribeirão das Pedras cuja nascente fica no Alto Taquaral e deságua no Ribeirão Anhumas. Sua mata ciliar foi reflorestada e, ao longo dos oito quilômetros de percurso, recebeu aparelhamentos de lazer. Foram replantadas 50 mil mudas de árvores, entre elas jequitibá, ingá, ipê-roxo e jatobá. Conta com monitoração de suas 122 espécies de aves. Em 2010, recebeu o Prêmio Nacional de Melhor Prática em Gestão Ambiental e Urbana do Ministério do Meio Ambiente.

Jardim BotânicoNa década de 1920, foram criadas as Seções de Botânica Econômica e de Intercâmbio de Plantas – SBE, restabelecidas em 1935, época do início do Herbário do Instituto de Agronomia de Campinas (IAC). Esse acervo conta atualmente com 45 mil espécimes botânicos para fins científicos nacionais e internacionais. Reconhecido como o único Jardim Botânico com proposta agrícola do Brasil, possui uma coleção de 5.100 espécies exóticas e nativas, além das coleções de arroz, trigo, feijão, café, algodão, hortaliças, seringueira, milho, cana-de-açúcar e frutas. Também está classificado na mesma categoria do famoso Jardim Botânico do Rio de Janeiro e faz parte da Rede Brasileira de Jardins Botânicos. Onde: Av. Barão de Itapura, 1.481 – Botafogo

Parque Ecológico Bosque Hermógenes de Freitas LeiDesde 1996, com área de 135 mil m², além de todo o aparelhamento para esportes e lazer, oferece um magnífico pôr do sol aos apreciadores de belas paisagens.Onde: Av. Luiz de Tella s/n., Cidade Universitária – Barão Geraldo

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Meio ambiente

Hidrografia“Quanto à hidrografia, Campinas está localizada inte-gralmente na Bacia do Rio Tietê, receptor das águas dos seus afluentes de margem direta, o Rio Piracica-ba e o Rio Capivari. Na sua parte Norte, Campinas é atravessada pelos Rios Jaguari e Atibaia, formadores do Rio Piracicaba, a partir das suas confluências no município de Americana. Na parte Oeste de Campi-nas, destaca-se o Ribeirão Quilombo, cujas nascen-tes se encontram entre os bairros do Chapadão e dos Amarais, indo desaguar na margem esquerda do Rio Piracicaba após atravessar os municípios de Sumaré, Nova Odessa e Americana. Na parte Sul, Campinas é atravessada pelo Rio Capivari, afluente direto do Rio Tietê, após se desenvolver pelos municípios de Monte Mor, Capivari, Rafard e Mombuca. A rede de drenagem interna do município, compos-ta por córregos e ribeirões, é bastante densa, toda convergente para as 3 grandes sub-bacias (Atibaia/Jaguari, Quilombo, Capivari), e responsável pelo esgo-tamento e transporte das águas pluviais e servidas”. Fonte: http://www.sanasa.com.br

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rio Atibaia - Bairro Carlos Gomes

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Parque Pedreira do Chapadão Com 130 mil m², o Parque Jardim Chapadão, possui área para espetáculos, pistas de cooper, skate e ciclismo, quadra poliesportiva, quiosques, playground, entre outros. Onde: jardim Chapadão

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Educação

Torre Duque de Caxias Símbolo em homenagem ao Patrono do Exército, Duque de Caxias.

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Desenvolvimentoacima detudo

A arte do saber

Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx)Em 1944, o Exército Brasileiro fundou a EsPCEx com o objetivo de formar soldados para a Academia Militar das Agulhas Negras. Situado na área da centenária Fazenda Chapadão, o projeto da edificação, em estilo colonial es-panhol, é de autoria do engenheiro-arquiteto Hernani do Val Penteado. Com infraestrutura completa, atualmente ela é a única desse porte no país. Onde: Avenida Papa Pio XII, 350 – Jardim Chapadão

CoNHECiMENto E PESquiSA São PArtES dA PErSoNAlidAdE dA CidAdE dE CAMPiNAS, e não é à toa a quantidade de escolas tradi-cionais que resistem até os dias atuais e de universidades como a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a instituição Faculdades de Campinas (FACAMP), a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a universidade Presbiteriana Mackenzie e a Pontifícia universidade Ca-tólica de Campinas (PuC), que intensificam a qualidade imensurável do saber. Além dessas instituições, ainda há institutos de pesqui-sa como o Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), o Centro de tecnologia da informação “renato Ascher” (Cti), o Centro de Pesquisas Avançadas “Werner von Braun”, o Centro de Pesquisa e desenvolvimento em telecomunicações (CPqd), a Em-presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBrAPA), entre outros. Segundo dados de 2010 do instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (iBGE), a cidade de Campinas é o terceiro maior polo de pesquisa do país, representando 15% da produção científica nacional.

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Instituto Agronômico de Campinas Fundado em 1887 pelo Imperador Dom Pedro II, era voltado ao desenvolvimento agrícola e à qualidade da produção, do campo à mesa. Realiza pesquisas na área de fitotecnia, melhoramento de culturas, solo, clima, produção de bens, prestação de serviços e difusão do conhecimento adquirido. O conjunto arquitetônico local foi tombado em 2003. Onde: Av. Barão de Itapura, 1.481

E.E.P.G. Francisco Glicério Projetado por Ramos de Azevedo, o primeiro Grupo Escolar de Campinas foi fundado em 1897. Sua concepção foi elaborada segundo as diretrizes da República recém-instaurada, com a difusão do conhecimento em várias salas de aulas e múltiplos professores. Tombado em 1995. Onde: Av. Dr. Moraes Sales – Centro

Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora O colégio foi fundado em 1897 por Maria Umbelina Alves Couto e Dom João Batista Correia Néri, mais tarde o primeiro bispo de Campinas. Ambos junta-ram esforços no sentido de erigir uma instituição que pudesse abrigar os órfãos das epidemias de febre amarela que assolaram a cidade de Campinas no final do século XIX. O prédio foi construído em terras doadas pelo barão Geraldo de Resende e por Francisco e Amélia Bueno de Miranda. A construção foi tombada em 1999. Onde: R. Baronesa Geraldo de Resende, 330 – Guanabara(Fonte: www.liceu.com.br)

Educação

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Educação

UnicampFundada em 1966, apesar de ser jovem, hoje é responsável por 10% de pesquisa acadêmica feita no país e lidera os números de patentes e artigos publicados. “O projeto de instalação da Unicamp veio responder à crescente demanda por pessoal qualificado numa região do País, o Estado de São Paulo, que já na década de 1960 detinha 40% da capacidade industrial brasileira e 24% de sua população economicamente ativa.” Compreende 22 unidades de ensino e pesquisa, duas unidades hospitalares, e 23 núcleos e centros interdisciplinares. São cerca de 55 mil pessoas envolvidas nesse grande projeto. Onde: Cidade Universitária Zeferino Vaz – Barão Geraldo(Fonte: www.unicamp.br)

Museu Exploratório de CiênciasDesde 2005, é um espaço acessível de edu-cação, lazer e convívio social. Atua na dis-seminação da cultura científica, estimulando a curiosidade e a construção do pensamen-to crítico. Trabalha conteúdos científicos de maneira lúdico-pedagógica. Oferece seminá-rios, oficinas, palestras, videoconferências e fóruns com temas como nanotecnologia, meteorologia, astronomia, entre outros. Em 2006, foi criada a “Oficina Desafio”, que é ambulante e instalada em um caminhão equi-pado com diversas ferramentas e materiais, cujo objetivo é estimular o desenvolvimento de soluções simples e inovadoras para pro-blemas reais. Dessa ação, surgiu o “Grande Desafio” que é um evento anual com mais de 600 estudantes que, divididos em equipes, têm como objetivo resolver um grande desa-fio. Em 2009, o Museu Exploratório ganhou o Prêmio Internacional de Melhor Projeto de Popularização da Ciência e da Tecnologia da América Latina e do Caribe. Onde: Unicamp(Fonte: Museu Exploratório de Ciências) FO

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Colégio Sagrado Coração de JesusHá 103 anos, quando um grupo de Irmãs Calvarianas chamadas por sua vocação propuseram-se a deixar a França, seu país de origem, trazendo os princípios educacionais idealizados pelo Padre Pierre Bo-nhomme, jamais imaginariam a proporção da obra educacional a que estariam dando início. A instalação, em 2 de fevereiro de 1909, deu--se devido aos esforços do monsenhor Francisco de Campos Barreto, que muito desejava abrir uma escola para a educação de crianças e jovens pertencentes às classes média e alta da sociedade campinei-ra, sendo fundadoras as Irmãs Mère Pierre Du Sauveur, Madeleine du Sauveur, Marie Saint Antoine, Jean de Jesus, Françoise Marie e Agnes du Sauveur. Prédio tombado em 1996. Onde: R. José Paulino, 1.359 – Centro(Fonte: www.sagrado.com.br)

Barão GeraldoEm 1779, o Conselho Ultramarino doou a última sesmaria local para a família do brigadeiro Luís Antônio de Sousa Queirós, onde ele fundou o Engenho Nossa Senhora do Carmo do Morro Alto, localizado entre o Ribei-rão Quilombo e a Estrada de Goiás (atual Rodovia Campinas-Mogi-Mirim). Herdeiras do Brigadeiro, suas netas, Genebra Miquelina e Isabel Augusta, dão origem às duas grandes fazendas da região, Santa Genebra e Rio das Pedras. O nome “Barão Geraldo” vem do herdeiro de Genebra Miquelina, Geraldo Ribeiro de Sousa Resende, que recebeu o título de barão em 1889 e que também comprou a Fazenda Rio das Pedras (atualmente a Cidade Universitária), compondo as terras que hoje compreendem o Dis-trito. Com a inauguração da Estrada de Ferro Funilense, inaugurada em 1899, financiada pelo Barão, o bairro começou a crescer. No entorno já existia a capela de Santa Isabel (1896) e um pequeno armazém. A partir de 1940, a indústria tomou fôlego e o antigo local rural é elevado em 1953 a Distrito e começa então a receber empresas de grande porte. Atualmente o Distrito é sinônimo de polo tecnológico, abrigando a maioria dos centros de pesquisas da cidade.

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E.E.P.S.G. Carlos GomesInaugurada em 1903, era a Escola Complementar de Campinas. Em 1911, seu nome passou a ser Escola Normal Primária e, de 1920 a 1936, Escola Normal de Campinas. A edificação foi arquitetada por Cesar Marchisio, no estilo neoclássico. O prédio foi tombado em 1997. Onde: Av. Anchieta, 60 – Centro

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Educação

Laboratório Nacional de Luz Síncroton – LNLS

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Desde 1997 o Laboratório Nacional de Luz Síncontron – LNLS atua na promoção de ferramentas únicas na América Latina na manipulação de matéria em escala atômica. Possui o acelerador de elétrons, indispensável à realização de experimentos sofisticados. “É importante ressaltar que o objetivo final do LNLS é prover – por meio da fonte de luz síncrotron – raios X e raios ultravioleta, em diferentes faixas do espectro de energia, para a rea-lização de experimentos em diversas áreas do conheci-mento, como física de superfícies, análise de proteínas e cristalografia. Isso exige uma complexa instrumentação científica, chamada “linhas de luz”, que simplificadamen-te podem ser descritas como equipamentos que permi-tem guiar e selecionar a faixa do espectro eletromagné-tico apropriado para a execução dos experimentos. Esse conjunto de linhas de luz requer o contínuo desenvolvi-mento de instrumentação específica, e a participação de um corpo de cientistas e técnicos altamente qualificado,

os quais são fundamentais para que os pesquisadores--usuários possam realizar com sucesso seus experimen-tos. Ao ano, acorrem às linhas de luz instaladas na Fon-te, um contingente de 1.400 a 1.600 pesquisadores, originários de dezenas de instituições localizadas no Brasil e no exterior, que produzem, em média, de 500 a 600 diferentes experimentos, posteriormente relata-dos em periódicos científicos especializados.

Além da fonte de luz síncrotron que tem operado no LNLS, destaca-se o projeto Sirius, iniciado em 2009, cujo objetivo é o desenho, o desenvolvimento e a cons-trução de uma nova fonte de luz síncrotron de terceira geração. Essa nova fonte terá mais de quarenta linhas de luz, praticamente triplicando a capacidade do atual síncrotron brasileiro. Onde: Rua Giuseppe Máximo Scolfaro, 10.000 – Polo II de Alta TecnologiaFonte: http://www.cnpem.br

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Zeferino Vaz Graduado em Medicina pela USP, especializou--se em Parasitologia e Doenças Parasitárias, Biologia Geral e Genéti-ca e Zoologia Geral e, de 1936 a 1947, foi diretor da Faculdade de Medi-cina Veterinária da USP. Nos anos seguintes foi secretário de Estado da Saúde Pú-blica e Assistência Social (1963), diretor-fundador da Facul-dade de Medicina de Ribeirão Preto (1951-1964), primeiro presidente do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo (1964-1965) e reitor da Universidade de Brasília (1964-1965). Em 1965 foi designado presidente da Comis-são Organizadora da Unicamp, tendo assumido em 21 de dezembro de 1966 sua Reitoria, posto no qual permaneceu até 1978, quando se aposentou compulsoriamente aos 70 anos. Continuou, entretanto, na presidência da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) até 1981, quando morreu vítima de problemas coronarianos. O período de doze anos em que esteve à frente da universidade foi con-siderado o de sua instalação. Seguindo sua ideologia de que, para funcionar, uma universidade precisa primeiro de homens, segundo de homens, terceiro de homens, depois bibliotecas, depois equipamento e finalmente edifícios, o professor Zeferino preocupou-se primeiramente com a con-tratação de pessoas capazes intelectualmente e determina-das a transmitir conhecimento. Convidou cientistas brasilei-ros que atuavam nos Estados Unidos e na Europa e trouxe também professores estrangeiros. Não descuidou, porém, dos outros itens, pois dedicou-se a construir o campus uni-versitário em meio ao canavial que constituía o terreno a ele dedicado e, em 1968, inaugurou nele o primeiro edifício. Ao final de sua gestão, a Unicamp contava com sete institu-tos, seis faculdades, dois colégios técnicos e dez unidades de serviço; cursos de graduação, pós-graduação, especiali-zação e aperfeiçoamento, e extensão. Na vida acadêmica participou de vários congressos científicos, destacando-se como convidado da Quarta Conferência Internacional de Educação, em Washington. Publicou 65 trabalhos de investi-gação científica, no campo da Parasitologia (Helmintologia), em revistas americanas, inglesas, francesas e brasileiras.

Fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/a-unicamp/historia/ex-rei-tores/zeferino-vaz.

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Colégio Culto à Ciência Fundado em 1873, sob o nome de Sociedade Culto à Ciência, a maioria dos estudantes era de filhos de maçons da loja Maçônica Independência, composta de fazendeiros, intelectuais e comerciantes. Grandes nomes estão ligados diretamente a essa escola, como Santos Dumont, Francisco Glicério e Campos Sales. Com diretrizes positivistas, fica claro seu cunho republicano. Seu prédio foi tombado em 1992. Onde: Rua Culto à Ciência, 442 – Botafogo

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Educação

Instituto Penido Burnier“Em 1907, Dr. João Penido Burnier, fazia sua primei-

ra viagem de estudo à Paris, onde já formado, idealizava seu Instituto no Brasil. Em 1910, ao se estabelecer em Campinas, como médico da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, vislumbrou a aproximação de seu grande sonho - o Instituto Oftálmico de Campinas, que fundou em 1920, e que recebe o nome de Instituto Penido Burnier desde 1923. Já em 1927, foi fundada a Associação Médica do Instituto Penido Burnier, com o intuito de se promover o encontro entre as ativida-des médicas e científicas do Hospital. Data de 1932 a primeira publicação dos Arquivos do Instituto Penido Burnier, uma das mais antigas e respeitadas revistas da especialidade. O Instituto também participou na criação da Faculdade de Ciências Médicas de Campi-nas... A Fundação Dr. João Penido Burnier, foi criada

em 1965 para possibilitar o atendimento dos carentes, bem como a formação de médicos residentes”. Onde: R. Dr. Mascarenhas, 249 e Av. Andrade Neves, 683.Fonte: www.penidoburnier.com.br.

Foi em Campinas que se confeccionou pela primeira vez no país a revolucionária lente acrílica, em 1966, pela Ótica Mário. Fundada em 1957 por Mário Natali Ferreira, atualmente pertence ao seu neto Mário Natali Neto.

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Muita história

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Bosque dos Jequitibás Casa do Cabolclo, datada de 1997

Com o aumento da população de Campinas, a maior parte das antigas fazendas de café deu lu-gar a bairros enormes com edificações modernas e centros comerciais pujantes. outras proprieda-des, que conservaram seus aspectos originais e mantiveram suas tradições, são verdadeiros refúgios. apesar de Campinas ser um centro al-tamente industrializado, a cidade é salpicada por grandes fazendas com produtividade agrícola de monta. muitas são fechadas a visitações públi-cas e em outras podemos desfrutar do ambiente rural. são vários lugares a serem visitados, entre restaurantes, lojas de artesanato, igrejas cente-nárias, antigas estações ferroviárias, além da paisagem bucólica do campo. os bairros rurais dão ao visitante um banquete de opções gosto-sas e pitorescas.

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Igreja Matriz de Sant’Ana Também tombada em 2003, a Igreja Matriz de Sant’Ana representa um marco histórico no Distrito de Sousas, pois foi construída em 1894, sob a invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho, e em 1903 passou a ser denominada Igreja Matriz de Sant’Ana. Não podemos nos esquecer de ressaltar a Casa Paroquial que compõe um conjunto arquitetônico inestimável. Onde: Largo de Santana, s/n.

SousasCom a distribuição das sesmarias, Sousas se constituiu nas terras da Fazenda Atibaia de propriedade da família de Joaquim Monteiro, em 1833, onde foi construída uma capela em louvor a São Sebastião.

Subprefeitura de Sousas Também uma das edificações do ciclo cafeeiro, este prédio possui os elementos do ferro, do vidro, da madeira e do barro, e é um dos primeiros edifícios a utilizá-los em sua construção. Tombado em 2003. Onde: Rua Maneco Rosa, 32.

Igreja de São SebastiãoDatada de 1889, essa igreja é o marco da evolução do povoado, tendo atraído novos moradores e elevado Sousas a Arraial. Em 2003, a igreja foi tombada. Onde: R. Maneco Rosa – Largo de São Sebastião.

Tranquilidade do bairro de Sousas com a Igreja de São Sebastião

Rural

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Joaquim Egídio Localizado na antiga Fazenda Laranjal, do latifúndio do capitão mor Floriano de Camargo Penteado, este Distrito é herança da mistura dos povos que imigraram para o país na época das grandes fazendas. São afri-canos e europeus que se estabeleceram e fincaram suas raízes. Sua arquitetura é tipicamente colonial. Antes da construção da Rodovia Heitor Penteado em 1958, a ligação até o centro de Campinas era feita pelo Ramal Férreo Campineiro, com a locomotiva ape-lidada de “Cabrita”, que conseguia subir a Serra das Cabras para escoar a produção cafeeira local.

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Capela de São Joaquim e São Roque As terras para a construção da capela foram doadas pelo proprietário da Fazenda Sertão, Joaquim Egídio de Souza Aranha, em 1870. Também tombada em 2003. Onde: R. José Ignácio, 89.

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Casarão de Joaquim Egídio A edificação, datada de 1898, abrigou a família Nalin que trabalhava no ramo da alfaiataria. Atualmente o prédio abriga a Subprefeitura de Joaquim Egídio. Onde: R. Heitor Penteado, 1.172

Estação Ambiental de Joaquim Egídio Está onde antigamente foi a Estação Ferroviária Joaquim Egydio que funcionou entre 1894 e 1911 para o transporte de café. Atualmente é um centro de conscientização sobre temas focados em aspectos históricos, culturais e socioambientais.

Bairro Carlos Gomes Um dos maiores produtores de café do Brasil, o Bairro Carlos

Gomes surge da Sesmaria Mato Dentro do Jaguari, onde

era cultivada a cana-de-açúcar. O nome “Mato Dentro” se

deu pela distância desse engenho em relação ao centro da

cidade de Campinas e também por estar localizado em mata

de grande exuberância. No Engenho formou-se um povoado

cuja atividade era a agricultura de subsistência. Oriundo da

economia cafeeira com casas de taipa de pilão e pau-a-pique,

seu grande patrimônio histórico e arquitetônico ainda está à

vista. No povoado existiam dezesseis casas e a capela de

Santa Rita. A Estação Carlos Gomes da antiga Cia. Mogiana

ainda funciona com passeios turísticos.

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Fazenda São João Floresta Park “Inicialmente pertenceu ao capitão mor Floria-no de Camargo Penteado, depois ao Barão de Itatiba e depois, ao seu filho, José Ferreira Pen-teado e mais tarde foi desmembrada. Sérgio Pissolato e sua esposa, Amélia Pissolato, eram donos do antigo Hotel Floresta, que funciona-va na Rua 13 de Maio, localizada então no distrito de Sousas. Como era a única hospedaria da região, sua expansão foi necessária e o casal alugou e posterior-mente comprou, por volta do ano de 1830, o casarão de Antônio Carlos Couto de Barros, situado na Fazenda São João, no bairro dos Lima. Recebendo hóspedes, em especial nos períodos de veraneio, o hotel permane-cia lotado, principalmente por famílias de classe média alta do Rio de Janeiro, de Atibaia e de São Paulo. Entre

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seus clientes estavam médicos, advogados e barões, que admiravam a forma caseira, acolhedora e típica de fazenda com que os anfitriões os recebiam. Atualmente, o casarão abriga o restaurante “Casa da Fazenda”, que mantém o mesmo acolhimento e o preparo da comida caseira, típica de fazenda, oferecidos pelos fundadores do Hotel Floresta aos seus visitantes”.Onde: CAM 365Fonte: florestapark.com.br

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“Ir às frutas” uma tradição que ainda resiste no Bairro Pedra Branca é o costume dos moradores, quando seus pomares estão carregados de frutas suculentas, irem à casa de seus vizinhos desfrutar dessas delícias. Então, para “desfrutarmos” desse banquete natural, podemos ir aos sítios abertos ao público, como o Sítio Kumagai, onde criaram em 1967 a variedade da goiaba branca kumagai que recebeu o Prêmio Yamamoto Sho; o Sítio Ouro Verde, um dos pioneiros da irrigação por microaspersão, e o Sítio Renato Camargo, produtor de bananas orgânicas das variedades nanica, maçã, prata e marmelo. Onde: Rodovia SP – 73, km 6, Estrada Velha de Indaiatuba

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Bairro Pedra Branca Na região sul de Campinas, situa-se outro atra-tivo rural. O Bairro da Pedra Branca origina-se do Latifúndio Sete Quedas, antigo produtor de cana-de-açúcar, de propriedade de José Rodri-gues Ferraz do Amaral. Seu filho e herdeiro, José Bonifácio do Amaral, o Visconde de Indaiatuba, foi um dos primeiros fazendeiros a introduzir a mão de obra livre na lavoura. Desse latifúndio surgiram as fazendas Cachoeira, Jambeiro e Pe-dra Branca. Esta última, produtora de café e al-godão, era propriedade de Francisco Pompeu do Amaral e Gertrudes Egídio Pompeu do Amaral. Depois de desmembrada em 1956, os colonos italianos e japoneses puderam adquirir parte de suas terras. Aqui, imigrantes transformaram a monocultura em diversas espécies cultiváveis, principalmente de frutas, entre laranja, kikan (co-nhecida como laranja-ouro, de tamanho peque-no, é excelente para doces, geleias e reduções para pratos salgados), pêssego, banana, caram-bola, acerola, figo roxo e goiaba. um lugar típico para a compra de doces.

Fazenda das Cabras“A Fazenda das Cabras surgiu em 1820, da divisão da Sesmaria do Sertão. Inicialmente destinada à criação de gado, a fazenda transformou-se em produtora de café no século XIX. Em 1877, foram construídos o núcleo industrial e outras edificações vinculadas à produção cafeeira: tulhas, casa das máquinas e armazéns. A casa-sede foi erguida em 1883 e seu requinte colonial perdura até os dias de hoje. Os proprietários decidiram aproveitar o ótimo estado de conservação dos prédios do polo industrial e a paisagem natural privilegiada para dar função, a partir de 2007, a espaço para eventos, tais como casamentos, reuniões corporativas e ecopedagógicas”. Onde: Rodovia SP -81 – José Bonifácio Coutinho Moreira, km 14(Fonte: fazendadascabras-px.rtrk.com.br/portal/a-fazenda/historia/)

Charme histórico

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Pesqueiros uma prática muito agradável para desfrutar o dia com a família ou com amigos é uma bela pescaria. Em Campinas podemos encontrar bons pesqueiros com farto plantel de peixes apetitosos, como tucunaré, tilápia, pacu, corimba, bagre e muitos outros de tipos água doce.

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Hotel Fazenda Solardas Andorinhas“O Governo Português concedeu Sesmarias, em 6 de outubro de 1796, ao Capitão Mor Inácio Ferreira de Sá e em 20 de outubro de 1798, ao Capitão Mor da Vila de São Carlos Floriano Camargo Penteado. O Capitão Mor Inácio teve um filho chamado Joaquim Ferreira Penteado, que se tornou comendador e recebeu o títu-lo de Barão de Itatiba. O Capitão Mor Floriano, que era tio-avô de Joaquim, teve uma filha chamada Francisca de Paula Camargo, conhecida como Dona Francisca. O Barão de Itatiba casou-se com sua prima Dona Fran-cisca, em 15 de maio de 1830, unindo assim parte das sesmarias e fundando a Fazenda Duas Pontes.

O décimo terceiro filho do casal, Inácio de Ferreira Camargo Andrade casou-se com Dona Brandina Emilia Leite Penteado e foi o herdeiro da Fazenda Duas Pontes. Porém, em uma das viagens para a Europa, o Sr. Inácio contraiu uma doença e faleceu ainda jovem. O casal não teve filhos e D. Brandina, ainda moça, ficou viúva e muito rica. D. Brandina casou-se com Artur Furtado Albuquerque Cavalcanti, que possuía o título de Desem-bargador Furtado. Ele passou a ser o novo proprietário da Fazenda. Artur Furtado procurou beneficiar a fazenda com melhoramentos e muitas obras suntuosas, ainda hoje existentes, tais como a Roda D’Água, a Serraria e o Moinho de Fubá. Ele fazia questão de colocar as ini-ciais de seu nome “AF” em suas obras, inclusive nos ti-jolos, feito este que ainda hoje podemos observar. Para tantas obras, Artur Furtado gastou desordenadamente,

contraindo enormes dívidas e acabou sendo executado por credores. A fazenda foi levada a leilão e arrematada pelo Coronel Cristiano Osório de Oliveira por aproxima-damente 600 contos de réis. Admirável administrador, o novo dono transformou a fazenda numa das principais propriedades agrícolas de Campinas, com magníficas lavouras, criações de animais de raça e belas instala-ções. Chegou a produzir cerca de 100.000 sacas de café por ano, escoando a produção pela estação de trem de nome Tanquinho e pela Estação de Carlos Go-mes, pertencentes à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, cujos trilhos correm até hoje nas proximidades do Hotel. Com a morte do Coronel, a fazenda ficou para seus herdeiros, que decidiram dividir as terras e vender a área de aproximadamente dez alqueires onde se loca-liza a casa-grande. A fazenda ficou abandonada por dez anos. Finalmente em 1971, o engenheiro Dr. Roberto Ceccarelli, empresário de extraordinária visão, e sua es-posa, Lúcia Fanele Ceccarelli, compram a Fazenda Duas Pontes e juntos a transformaram em um hotel-fazenda, batizado como “Hotel Fazenda Solar das Andorinhas” que hoje é o mais completo do Brasil, preservando seu estilo colonial e sua história, com base no Projeto Solar das Andorinhas, Preservando a História (PAPH).” Onde: Rua Ivan de Abreu Azevedo, 333.(Fonte: www.hotelfazendasolardasandorinhas.com)

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Fazenda Pau D’Alho“A Fazenda Pau d´Alho iniciou suas atividades como engenho de açúcar, fazendo parte de uma sesmaria doada em 1788 a vários donatários. Passou a produzir café em meados do século XIX, tornando-se grande produtora. No final da-quele século, Manoel Carlos Aranha, o Barão de Anhumas, então proprietário da fazenda, contra-tou o arquiteto Ramos de Azevedo, projetista do Teatro Municipal de São Paulo e da Catedral de Campinas, para reforma e ampliação da sede da fazen-da. Com a crise do café no início do século XX, a área foi bastante reduzida. Em 1948, o neto do Barão de Anhumas vendeu a sede e seu entorno, então com 78 alqueires, para os atuais proprietários, que a transfor-maram em produtora de leite e gado holandês. Come-çaram com o gado disponível na época, que foi sendo aperfeiçoado intensamente com cruzamentos com tou-ros selecionados. Utilizaram sempre as melhores téc-nicas de manejo e reprodução do gado, contando para isso com diversos veterinários e com uma parceria com a Faculdade de Veterinária da USP. Também foram apli-cadas as mais modernas técnicas para recuperação e conservação do solo, com o apoio de técnicos da CATI, IAC, ESALQ. Com tudo isso, a fazenda se tornou refe-rência em termos de produtividade leiteira. Em 2004, a sede abrigou a mostra de decoração Campinas De-cor, passando por uma revitalização. Após o evento, o casarão e seus jardins foram adaptados para acolher eventos sociais, culturais e comerciais.” Onde: Rodovia Adhemar Pereira de Barros, km 118,5 (Fonte: www.espacopaudalho.com.br)

Atual sede, Fazenda Pau D’Alho na dé cada de 1920 e capela

Rural

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Gastronomia

variedadeComer bem e com

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De CaraCterístiCa Cosmopolita, Campinas ofereCe uma boa mesa a todos os que a visitam ou aqui residem. Da comida típica do interior até a chegada de chefs internacionais renomados, muita história e evolução acon-teceram. a gastronomia campineira atual é um reflexo das gradativas interfe-rências do progresso e da abertura para novidades vindas de todos os cantos do mundo, porém, para que isso fosse possível, foi necessário que sua popu-lação tivesse uma mente aberta e inovadora.

Bares e botecosanterior aos restaurantes, os bares (da palavra original em inglês bar que significa barra e era usada para impedir que os clientes incomodassem o barman) já existiam na época dos babilônios em 1772 a.C. na realidade, eram tavernas que hospedavam viajantes. a bebida alcoólica, prostitutas e jogos eram um complemento ao serviço prestado. Com o passar dos anos, os balcões dessas tavernas foram abertos ao público. podemos afirmar que muitas revoluções que transformaram o mundo surgiram nesses recintos. no brasil, os bares surgem com a vinda da família real em 1808, com o nome de “botequim” ou “boteco”. ficaram conhecidos como um local de encontro de boêmios, com muitas bebidas alcoólicas e porções de petiscos baratos. mas a sofisticação e o aprimoramento são típicos dos humanos, que sempre querem melhorar tudo, aprimorar técnicas e democratizar os espaços. a figura da mulher entre os frequentadores dos botecos ou bares dá início a uma revo-lução no comportamento dos clientes e a um rebuscamento no atendimento e nas instalações. atualmente, a palavra “bar” significa um lugar agradável para quem quer se divertir com um bom e elaborado petisco, uma boa conversa e uma bebida que leve a tristeza embora.

Delícias inusitadas

Maharaja butter Chicken – frango tandoori com molho de tomate, garam massala e manteiga.sorvete rosa – artesanal com essências de rosas e mix de frutas secas

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polvo na chapa servido com batatas rústicas e

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Gastronomia

Campinas está repleta de bares estilizados, temáticos e com uma variedade imensa de petiscos saborosos e até com diferentes cortes de sanduíches que são conhe-cidos como típicos de Campinas. Os bares campineiros alegram as noites, recheando-as com músicas e risos.

Origem dos restaurantesAntes do século XIX, o restaurante era um local aon-

de as pessoas iam para “restaurar” ou “revigorar” sua saúde. Não existiam pratos e sim o consommé, uma espécie de sopa, normalmente indicada por médicos. Alguns continham até pedras preciosas de acordo com a receita médica.

A culinária era praticada nas casas mais nobres, com festejos culturais e reuniões políticas. As tabernas e os hotéis pequenos eram os lugares onde se serviam refei-ções, em geral para a classe menos abastada. Apenas no século XX é que o conceito de restaurante como o conhecemos hoje tomou forma como um espaço social urbano, superando sua ligação original com a medicina. Após a Revolução Francesa esses locais foram legaliza-dos pela liberação comercial da época e com a queda do regime monárquico. Virou febre e atraiu uma nova cama-da de emergentes. O primeiro restaurante de que se tem notícia foi o Grande Taverne, em Londres (1782).

No Brasil a prática de sair para comer foi trazida pela Família Real em 1808. Antes disso, eram os pousos que forneciam alimento geralmente a tropeiros e passantes, também necessitados de restaurar suas energias. Porém, com a abertura dos portos e a importação de novos ele-mentos culinários, foram muitos os curiosos que, na me-dida do possível, se transformaram nos verdadeiros chefs da época. No Rio de Janeiro, eram as famosas leiterias ou confeitarias que davam o tom à nova moda introduzida.

Bar do Alemão Eisbein com Chucrute

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Matisse Tornedo à maturini

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Bellini Ristorante Costela de boi assada em baixa

temperatura servida com mil folhas de mandioca com queijo meia cura

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Gastronomia

Após a abolição da escravatura e a chegada dos imi-grantes, nossa mesa ficou mais farta. Nas malas e nas mentes, muitos ingredientes, outras misturas, novos gostos e sabores transformavam receitas. Os italianos chegaram com os embutidos e as massas; os japone-ses, com seus pratos mais leves à base de raízes e pescados; os alemães, com chouriços e vegetais; os franceses, com molhos elaborados, tudo isso adaptado à matéria-prima brasileira. Uma profusão de ideias, de opções e criatividade. Surge então a figura do imigrante urbano, quando toda essa capacidade de criação é colo-cada à prova nos locais abertos para o simples degustar de alimentos inovadores e diferentes. Nascem cantinas, pastelarias, bares mais acolhedores, restaurantes com comidas regionais e, assim, a palavra “saborear” ganha um novo charme. E como tudo se desenvolve, a gastro-nomia se tornou uma ciência e se encheu ainda mais de novidades e possibilidades com a globalização. O mundo ficou menor e os alimentos mais próximos. Surgem os grandes chefs de fato e diploma. O alimento não só res-taura, como cria amizades e socializa.

Campinas segue à risca as tendências mundiais, com restaurantes tradicionais e também contemporâneos. Em todos os bairros encontramos a alta gastronomia e também a simplicidade. Opções para todos os gostos, bolsos e disponibilidade.

Nosotros Paella de Mariscos

La Palette Magret de pato ao mel de alecrim e abóbora assada

El MercadoPateta de Cordeiro

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Grainne’s Irish PubCheyenne burger

Ca`di MattoneSpaghett Al Mare

Pobre JuanLong Island 481 Steak - corte especial de bife de chorizo

KindaiSushis mistos, niguiri, sashimis de salmão e atum

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Esporte

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Se arrisque

O que vale é a emoção

Rafting no Rio Atibaia promovido pelo Centro de Ação e Aventura do Hotel Fazenda Solar das Andorinhas

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Esporte

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Se voCê quer aliar a tranquilidade do Campo à adrenalina da aventura, o Hotel Fazenda Solar das andorinhas reúne tudo isso. em parceria com grandes empresas especializadas em cada modalidade de esporte radical, o visitante poderá praticar rafting, paintball, freestyle motocross, parede de escalada, arvorismo, balonismo e outras tantas aventuras.

diversidade em esportes radicais

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Esporte

O anO era 1900 e, na Cidade de Campinas, um grupo de alunos do Colégio Culto à Ciência passava suas tardes jogando bola em campos improvisados em um bairro de nome curioso: ponte preta. a vizi-nhança fora assim batizada em virtude de uma ponte de madeira feita pela ferrovia e que, para ser mais bem conservada, havia sido tratada com piche.

Os jovens alunos que, naquele dia 11 de agosto, resolveram fundar um clube não tiveram dúvidas ao nomeá-lo com o mesmo nome do bairro. ali surgia a associação atlética ponte preta, o primeiro clube do Brasil em funcionamento ininterrupto e dono da maior torcida do interior do país.

ao longo do tempo, a ponte preta fortaleceu o fu-tebol regional e se tornou um dos grandes clubes brasileiros, gozando de reconhecimento internacional pela formação de atletas que marcaram época, di-versos deles convocados para a seleção Brasileira de Futebol. atualmente, a ponte – cujo maior feito

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foi o segundo lugar da Copa sul-americana de 2013, tornando-se o único time do interior a disputar uma final continental – é considerada a quinta força do estado de são paulo (atrás apenas dos chamados “quatro grandes”) e é o único time de Campinas na elite das competições que disputa: está na série a1 do paulista e na série a do Brasileiro, além de atuar também na Copa do Brasil.

associação atlética Ponte Preta

Alguns de seus títulosde 1912 a 1951, foi 10 vezes campeã da Liga Campineira de Futebol1923 – Campeã da Zona paulista1925 – Campeã da 4ª região do Campeonato paulista1927/1951 – Campeã paulista do interior1930 – Campeã da 4ª região do Campeonato paulista1947 – Campeã do Torneio de Verão da Federação paulista de Futebol1969 – Campeã da séria a2 (time apelidado de “expresso da Vitória”)1970 – Taça dos invictos1970/1977/1979/1981/2008 – Vice-campeã paulista da primeira divisão1978 – Troféu “Governador do estado”2009/2013 – Campeã paulista do interior

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1º registro fotográfico do time - 1912, Estádio Moisés Lucarelli e Vice Campeão do Campeonato Paulista - 1977 P

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Democracia RacialEm 20 de novembro é comemorado o Dia da Cons-

ciência Negra e a Associação Atlética Ponte Preta se orgulha de, além de ser o primeiro time de futebol fundado no Brasil em atividade ininterrupta, ser tam-bém a primeira democracia racial no futebol brasilei-ro. Tanto dentro dos campos como fora deles, a “Ma-caca” foi pioneira em ter cidadãos afrodescendentes em seus quadros, sem nenhum tipo de preconceito, desde a fundação do time em 11 de agosto de 1900.

Entre os fundadores da Ponte estavam negros e mulatos, como Benedito Aranha, por exemplo, que fez parte da primeira diretoria alvinegra. Já Miguel “Mi-gué” do Carmo tornou-se jogador titular do primeiro elenco pontepretano, ainda no ano de sua fundação. Há quem pense que os primeiros times nacionais a aceitar negros e afrodescendentes foram os cario-cas, como o Bangu que, em 1905, escalou Francisco Carregal. No entanto, quando isso ocorreu, já fazia cinco anos que Migué do Carmo tinha entrado em campo com a camisa alvinegra pela primeira vez.

A torcida do clube sempre foi entusiasmada e acompanhava o time em todos os jogos pelo interior do Estado de São Paulo. Por ter na torcida uma base

popular e operária, e por ter muitos negros tanto em campo como fora dele torcendo pelo sucesso do time, muitas vezes os jogadores eram recebidos nos está-dios adversários de maneira hostil. Os rivais falavam que a torcida era formada por “macacos”, que o time era uma “macacada”. Em vez de brigar, a torcida trans-formou hostilidade em bom-humor e assumiu o apeli-do: a Ponte tem orgulho desde sempre de ser a “Ma-caca”. Todos os seus torcedores amam a Macaquinha e fazem questão de ser os macacos do alambrado. Fonte: pontepreta.com.br

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Esporte

Em 1911, os adolEsCEntEs PomPEo dE Vito, Vin-cenzo (Vicente) matallo e seu primo Hernani Felippo matallo, pediram a amigos e parentes que compare-cessem em uma reunião marcada no dia 1° de abril na Praça Carlos Gomes com o intuito de fundarem um time de futebol (porém, por ser o dia da mentira,

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guarani Futebol Clube

Linda comemoração de gol com a torcida ovacionando o feito

a data oficial ficou 2 de abril), denomionado “Guara-ni Foot-Ball [sic] Club” (“Guarani” foi escolhido em homenagem à obra de Carlos Gomes). Estavam pre-sentes, além dos citados acima, antônio de lucca, Pompeo de Vito, Romeo antonio de Vito, angelo Pa-nattoni, José trani, luiz Bertoni, José Giardini, miguel Grecco, Julio Palmieri e alfredo seiffert Jaboby Junior. a cor verde foi escolhida por causa da praça e o bran-co por causa da luz que irradiava no local da reunião. Estabeleceu-se uma taxa mensal de 500 réis e Vi-cente matallo foi eleito presidente. o primeiro terre-no concedido para seu local de treino situava-se na confluência das ruas Francisco teodoro e dr. salles de oliveira, na Vila industrial.

Estádio Brinco de OuroQuando a Federação Paulista de Futebol profission-

alizou o “Campeonato do interior”, o Guarani percebeu a importância de construir um estádio que valorizasse mais o clube. Então, em 1948, o Guarani recebeu uma

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área de 50 mil m² na “Baixada do Proença”, no bairro Gua-nabara. Como Campinas era conhecida também como Princesa D’Oeste, assim que todos viram a maquete em formato circular da nova instalação, o jornalista João Caetano Monteiro Filho, apelidou o estádio de “Brinco de Ouro para a Princesa”. Todos gostaram e o apelido ficou definitivamente como “Brinco de Ouro da Princesa”.

Para a construção foram necessárias várias cam-panhas, como a do Cimento, a do Tijolo, a da Boa Von-tade, além de outras doações vindas dos amantes do futebol. A inauguração ocorreu em 1953 com muita simbologia, pois o estádio foi batizado com águas cap-tadas do Rio Paraíba em Taubaté onde nasceu o fun-dador de Campinas, Francisco Barreto Leme, e da Cas-cata Guarani, em Teresópolis, onde foi desenvolvido o enredo do livro O guarani de José de Alencar. Nesse dia 31 de maio, também foram disputadas duas partidas, uma contra o Palmeiras e outra contra o Fluminense.Fonte: http://www.guaranifc.com.br/portal

Alguns de seus títulos1912 – Vice-campeão Campineiro – (Liga Operária de Foot-Ball [sic] Campineira)1916/1920 – Campeão Campineiro – AFC (Associação de Foot-Ball [sic] Campineira)1926 – Campeão Regional (2ª Região) – APEA1928 – Vice-campeão do Torneio deInício do Campeonato Paulista – APEA1939 – Bicampeão Campineiro – LCF1943 – Tricampeão Campineiro – LCF1943 – Vice-campeão Amador do Interior – FPF (Federação Paulista de Futebol)1944 – Campeão Amador do Estado – FPF1949 – Campeão Paulista da 2ª Divisão de Profissionais – FPF1954 – Bicampeão do Torneio de Início do Campeonato Paulista – FPF1970 – Detentor em definitivo da “III Taça dos Invictos” d’ A Gazeta Esportiva1970 – Campeão – Torneio de Classificação para 1970 (Paulistinha) – FPF1970 – Bicampeão – Torneio de Classificação para 1971 (Paulistinha) – FPF1973 – Bicampeão do Interior – FPF (II Troféu “Folha de São Paulo”)1974 – Tricampeão do Interior – FPF (Detentor em definitivo do II Troféu “Folha de São Paulo”)1975 – Tetracampeão do Interior – FPF (III Troféu “Folha de São Paulo”)1976 – Campeão do 1º turno do Campeonato Paulista (Taça “Almirante Heleno Nunes”)1978 – Campeão Brasileiro – CBD1981 – Campeão Brasileiro da Taça de Prata – CBF1982 – Vice-campeão do Torneio dos Campeões do Brasil – CBF1986 – Vice-campeão Brasileiro – CBF1987 – Vice-campeão Brasileiro – CBF (Houve em paralelo a “Copa União”, promovida pelo “Clube dos 13”)1988 – Vice-campeão Paulista – FPF1994 – Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior2004 – Vice-campeão da Copa Estado de São Paulo – FPF2011 – Vice-campeão Paulista Série A2 – FPF2012 – Vice-campeão Paulista Série A1 – FPF

Time de 1978

Campeonato Paulista

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Desenvolvimento

Quando falamos em desenvolvimento, pouCas são as Cidades brasileiras que conseguiram marcas como as que Campinas conquistou. des-de seu nascimento, nos idos de 1774, esta cida-

econômicode sempre deu provas de que não seria apenas um reduto agrícola, mas também um local de grandes pessoas visionárias que colocaram seus projetos em prática na política, na educação, na indústria,

primeiro mundo

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Sabemos que não foi fácil chegar a esse patamar de desenvolvimento, pois várias foram as situações difíceis vividas por seus munícipes. Mas o desafio da superação sempre fez bater forte o coração campineiro e o senso coletivo foi decisivo para encarar e resolver todos os problemas que tiveram pela frente.

nas inovações tecnológicas agrícolas, em tecnolo-gia de ponta. Graças a esse espírito empreendedor, hoje Campinas é a maior cidade do interior do Bra-sil. Mais do que argumentar, vamos aos dados: • Maior centro de tecnologia e pesquisa de bioetanol do Brasil.• renda per capita de r$ 41 mil.• 50 das 500 maiores empresas do mundo têm filiais em sua região metropolitana.• O PIB de Campinas é de R$ 52 bilhões e historicamente cresce a uma taxa de 4% ao ano• Cidade-centro de uma região metropolitana composta de 20 municípios, somando mais de 2,6 milhões de habitantes.• Concentra algumas das maiores empresas instaladas no país.• A Região Metropolitana de Campinas (RMC) responde por cerca de 3% do PIB brasileiro.• Extensa malha ferroviária.• Aeroporto internacional.• Estradas de rodagem que interligam toda a Região Sudeste do país.• 15° maior parque industrial do Brasil.• 5ª maior praça financeira do Brasil.• 5ª melhor cidade em infraestrutura.• Referência nacional em segurança por monitoramento eletrônico.• 96% de água encanada e tratamento de esgoto.• Rede de saúde mais completa do país, com destaque para os hospitais Instituto “Penido Burnier” (oftalmologia e otorrinolaringologia), Centro Corsini (tratamento do HIV) e Centro Boldrini (tratamento do câncer infantil), além do Complexo Hospitalar Ouro Verde.• Consulados: Chile, França, Espanha, Itália, Guiné-Bissau, Equador, Haiti e Portugal.• Câmara de Comércio dos Estados Unidos e da Itália.

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EXPO DOM PEDRO – Centro de Convenções e Exposições de Campinas Localizado no prédio anexo ao Parque D. Pedro Shopping, disponibiliza ao mercado de eventos o maior e mais moderno Centro de Convenções e Exposições do interior paulista e um dos melhores do país. Conta com 7 mil m², em um só nível, todo climatizado, sendo atendido por docas de cargas e descargas. O edifício possui 8 metros de pé direito, facilitando a montagem dos mais diversos e sofisticados estandes em feiras e exposições. O piso é preparado para suportar até 1 ton/m², permitindo a exposição de maquinários mais robustos. A acústica apresenta isolamento ideal para a realização de shows e uma enorme gama de eventos sociais. Conta com 5 mil m² de salas moduláveis em até sete auditórios, podendo, quando todo aberto, atender eventos para mais de 2.000 pessoas. Mais sete salas de apoio, que podem ser utilizadas para sessões de trabalho, apoio a secretarias, imprensa, depósito, sala VIP e camarins. Circundando os auditórios, o local dispõe de 2.500m² de foyers para pequenas exposições, bem como serviços de coquetel e coffee breaks. Uma cozinha, com 100m², devidamente equipada, poderá servir eventos de diversos formatos e dimensões. Acessado facilmente de todas as rodovias que servem Campinas, está localizado a 30 minutos de Viracopos e a 5 minutos do aeroporto dos Amarais; conta com 8.000 vagas do estacionamento, contando ainda com terminal de ônibus urbano, serviço de taxis e heliponto.

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Desenvolvimento

Capacitação empresarial A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo possui vários projetos de apoio à exportação e capacitação empresarial em inovação. Graças às ações da Secretaria, são atendidas cerca de 200 empresas por ano e, no ano passado, 5 empresas exportaram em razão deste suporte direto. Além disso, foram também capacitados entre 2013 e 2014 cerca de 220 agentes de inovação de forma gratuita.

Crescendo sempre 200 mil veículos por dia

Rodovia D. Pedro I – SP 065ConSiDErADA A TErCEirA mElhor rodovia do Brasil, a SP-65 possui um fluxo, na área de Campinas, de 120 mil veículos diários, mas, como Campinas não para de crescer, uma obra de ampliação complexa aumentará esse fluxo para 200 mil veículos/dia. Um desafio a ser vencido: a construção de pistas marginais do km 129 até o km 145,5.

Anel Viário Magalhães Teixeira – SP-83Uma construção nos moldes mais modernos, realizada pela rota das Bandeiras, é o prolongamento do Anel Viá-rio magalhães Teixeira – SP-83, com um aumento de 5,8 km que fará ligação com as rodovias D. Pedro i (SP-65), Anhanguera (SP-330), Bandeirantes (SP-348) e miguel melhado Campos (SP-324). Essa obra facilitará o acesso ao Aeroporto internacional de Viracopos. Comportará tam-bém um fluxo de 48 mil veículos por dia. Fonte: www.rotadasbandeiras.com.br

Marginal D. Pedro I (SP-065)

Trecho II - Entregue

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Data de fundação14 de julho de 1774

GentílicoCampineiro

Cidades-LimiteJaguariúna, Pedreira, Morungaba, Valinhos, Indaiatuba,

Itupeva, Monte Mor, Sumaré, Hortolândia e Paulínia.

Coordenadas geográficasLongitude: 47° 03’ 59” O

Latitude: 22° 54’ 21” S

Altitude: 654 m

Área total796 km²

Residentes1.154.617

ClimaTropical de altitude; temperatura média anual de 21,6 °C

Densidade demográfica (habitantes/km²)1.359,60

Hospitais32 e 4,8 médicos por 1.000 habitantes

Indústria e tecnologiaPossui 5 parques tecnológicos, 15 institutos de pesquisa

e 18 universidades e faculdades, correspondendo ao Vale

do Silício Brasileiro

Localização geográficaRegião Metropolitana de Campinas, com a 10 a

maior aglomeração urbana do país, representando

1,5% da população brasileira, 2,7% do Produto In-

terno Bruto Nacional e 7,83% do Produto Interno

Bruto do Estado de São Paulo. A cidade também

pertence ao Complexo Metropolitano Expandido

que, junto com São Paulo, formam a primeira me-

galópole do Hemisfério Sul, com 12% da popula-

ção brasileira.

Estatísticas

Rodovias de acessoSP-330 – Anhanguera

SP-348 – Bandeirantes

SP-65 – Dom Pedro I

SP-75 – Santos Dumont

SP-83 – Magalhães Teixeira

SP-340/342 – Governador Doutor Adhemar Pereira de Barros

SP-332 – Professor Zeferino Vaz

SP-101 – Jornalista Francisco Aguirre Proença

SPI-102 – Adalberto Panzan

SP-91 – Francisco Von Zuben

SP-324 – Miguel Melhado Campos

SP-342 – Heitor Penteado

SP-332 – Visconde de Porto Seguro

SP-73 – Lix da Cunha

Empresas72.287

Turismo de Compras20 centros de compras entre shoppings,

galerias, mercados e malls

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Aviação

Importante divisa brasileira

Uma vocação

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Fonte: www.viracopos.com.br

Aeroporto Internacional de ViracoposO CampO de pOusO de Campinas ficou desativado com o fim da Revolução Constitucionalista de 1932. em 1946, o então prefeito Castro Tibiriçá, que já havia desa-propriado quase 200 alqueires no bairro de Vira-Copos e montado a infraestrutura do aeroporto, pousou a aero-nave douglas dC-3 da empresa Central aérea Ltda. ain-da rudimentar, a instalação local não tinha água potável nem telefone e o terminal de passageiros era apenas um barracão de madeira.

em 1963, foram incrementadas obras para atender a demanda de Congonhas e, em 1980, passou a ser deno-minado aeroporto internacional de Viracopos.

Hoje, com uma infraestrutura entre as melhores do Brasil, atende a várias demandas e já colocou a cidade de Campinas como uma das maiores exportadoras do país. em 2014, a movimentação de aeronaves entre pou-sos e decolagens chegou a 131.531; a movimentação de passageiros entre voos domésticos e internacionais totalizou 9.846.853 assentos; a movimentação de carga atingiu 217.519 toneladas; e a movimentação de mala postal somou 5.761 toneladas.Onde: Rodovia Santos Dumont, km 66

Vira-copos (escrita antiga) recebeu este nome por conta de um padre que entrou em desentendimento com os festeiros numa quermesse da igreja onde houve brigas e pancadarias, destruindo todas as barracas; daí o nome “vira os copos”. Outra versão é a de que o local tinha um bar de parada de tropeiros que muito bebiam. e outra, onde aqui era uma zona de meretrício, lugar de “arruaça e baderna”.

Fonte: www.viracopos.com.br

Viracopos

Centro histórico - Museu do Aeroclube de Campinas Campos dos Amarais e Década de 1950 do hangar hoje denominado Hangar Comendador Aladino Selmi - contribuição de Alcindo de Olvieira (Bimbo)

Aeroclube de Campinas Fundado em 1939 e um dos primeiros aeroportos do país, o Campos dos amarais formou até os dias de hoje mais de 1.300 pilotos desportivos e comerciais. em 1938, o governo alemão doou o hangar construído em ipê, com uma área de 400 m², que ainda está em atividade. a partir de 2010, foram autorizados os voos noturnos. Hoje sua estrutura é composta de três hangares, uma lanchonete e centro histórico cujo acervo contém várias peças pertencentes à história do local. O aeroclube oferece cursos de piloto privado, piloto Comercial, instrutor de Voo, multimotor, iFR – Voos por instrumentos, e piloto Leve esportivo. aeronaves: paulistinha p56, Cessna 150/152, aero/Boero aB – 115, embraer Corisco iFR, piper Twin Comanche multimotor, Cessna 172 e Conquest 180 Lsa.Onde: Rua Sylvia da Silva Braga, 415Jardim Santa Mônica

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Caravela Anunciação Inaugurada em 1972, esta é uma réplica de uma das naus que trouxe Pedro Álvares Cabral ao Brasil. Tem 29 metros de comprimento, 8 de altura e velas de tecido com a Cruz da Ordem de Cristo.

Praça Ulisses GuimarãesTambém conhecida como antiga Pedreira do Chapadão, oferece 130 mil m² de puro lazer. Pista de corrida, espaço para shows, espelho d’água e uma escultura de 2,5 toneladas e 13 metros de altura feita pelo escultor Fábio Penteado em homenagem a Ulisses Guimarães.

Mercado MunicipalConsiderada uma das maravilhas de Campinas, o Mercado Municipal foi construído em 1908, pelo prefeito Orosimbo Maia e projetado por Ramos de Azevedo em arquitetura mourisca. O local era um entreposto principalmente de açúcar da Estrada de Ferro Funilense que ia até o Porto de Santos. Um dos primeiros pontos de comércio do século XX, o Mercado era local de encontro da elite artística e intelectual campineira. Foi tombado em 1983. Onde: Praça Carlos Botelho – Centro

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Roteiro

deixe de Não

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5a das 7 Maravilhas de Campinas, Mercadão

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Observatório Municipal de Campinas “Jean Nicolini”Inaugurado em 1977, o Observatório Municipal foi o primeiro dessa categoria no país. Integra atividades educativas com a divulgação de trabalhos e a pesquisa astronômica. Onde: Estrada CAM, 245 – Pico das Cabras Joaquim Egídio.

BondinhoNo Parque Portugal, no Taquaral, está uma atração imperdível: o passeio de bondinho que, desde 1972, faz a alegria de crianças e adultos em um circuito de 3 km e duas estações.

Mercado de Flores – CEAGESP No Ceasa Campinas funciona o maior Mercado Permanente de Flores e Plantas Ornamentais da América Latina. É responsável pela distribuição de 40% das flores e plantas ornamentais do setor atacadista do país. São 100 mil m2 com infraestrutura completa; movimenta uma média de 6 mil toneladas por mês; tem mais de 11 mil clientes cadastrados entre paisagistas, arquitetos, hotéis, decoradores, empresários, supermercados, floriculturas etc.; recebe mais de 30 mil pessoas por mês, abastecendo as cinco regiões do país; mais de 20 mil itens de flores cortadas e em vasos; plantas ornamentais, forrações, mudas diversas e frutíferas, além de outros cinco mil produtos em acessórios para decoração, eventos, paisagismo e acabamento de arranjos e cestas.Onde: Rodovia Dom Pedro, km 140,5 – Ceasa.(Fonte: www.ceasacampinas.com.br)

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Roteiro

Museu da Torre do CasteloSó o local em si já é merece longa contemplação. Este museu, no interior da Torre do Castelo, uma caixa d’água em estilo art déco com 27 metros de altura, construída entre 1936 e 1940, é um dos pontos mais altos dentro do perímetro urbano, um marco geodésico e possui no topo um mirante que permite avistar vários bairros da cidade. O museu abriga objetos ligados à distribuição de água das empresas que sempre a forneceram para a cidade. Onde: Praça 23 de Outubro – Jardim Chapadão.

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Feira de Artes e Antiguidades Desde a década de 1970, esta feira inicialmente formada por hippies, começou na Praça do Largo das Andorinhas. Após sua oficialização, em 1989, passou em definitivo para o Centro de Convivência Cultural de Campinas. Podemos encontrar uma gama de objetos como: peças de decoração, vestuários, LPs entre outros, além de saborear uma boa comida típica brasileira. Onde: Praça Imprensa Fluminense, s/n°.

Praça Carlos GomesLocalizada no centro da cidade, Ramos de Azevedo mais uma vez deixa sua marca na Praça Carlos Gomes que recebeu este nome em 1880 e, em 1883, ganhou 100 palmeiras imperiais, muitas delas ainda vivas. Na praça podemos encontrar um verdadeiro acervo histórico como o coreto de 1914, os monumentos de Rui Barbosa e de Tomás Alves (médico que lutou para salvar muitas vidas quando da epidemia de febre amarela em 1889) e, ao seu redor, o Edifício Itatiaia, de Oscar Niemeyer.

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Depoimento

Toda a TrajeTória hisTóriCa de Cam-pinas sempre foi marCada pelo que atualmente se chama “símbolo da moder-nidade”. repetidamente, a cidade superou com rapidez o declínio dos ciclos econômi-cos e se adaptou a essas mudanças com noções vanguardistas. dos antigos pousos de tropeiros aos mais modernos centros de pesquisa tecnológica, Campinas se desta-ca pela ousadia e por uma personalidade marcante. Uma cidade ao mesmo tempo vi-sionária e que também preserva suas tradi-ções e seu patrimônio. Cosmopolita, porém com um povo acolhedor e com forte partici-pação nos anseios coletivos. Uma postura que mudou os rumos não só do estado de são paulo, mas também do Brasil.

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