revista confef 77

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Ano XVII | n° 77 | 2021 ISSN 2238-8656 janeiro/março Órgão Oficial do CONFEF MANIFESTO PARA PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NO PÓS-COVID-19 RECEBE ADESÃO DE CENTENAS DE ENTIDADES AUTORES PROMOVEM DIÁLOGO SOBRE DOCUMENTO

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MANIFESTO PARA PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NO PÓS-COVID-19 RECEBE ADESÃO DE CENTENAS DE ENTIDADES

AUTORES PROMOVEM DIÁLOGO SOBRE DOCUMENTO

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PALAVRA DO

PRESIDENTE

MENSAGEM DE AGRADECIMENTO

É com imenso sentimento de gratidão que me pronuncio, por meio desta mensagem, para agradecer a todos aqueles que fi zeram parte do Colégio Eleitoral do CONFEF como Pro-fi ssional de Educação Física votante. Agradeço a todos que apoiaram e torceram para que a vitória da Chapa 1 – “Expe-riência, Renovação e Compromisso Profi ssional” fosse pos-sível. Agradeço também aos membros e eleitores da chapa concorrente que proporcionaram discussões de qualidade e engrandeceram o processo eleitoral.

Atribuo o protagonismo dessa conquista a todos que não mediram esforços para que a ética, o respeito, a harmonia e o labor incessante pela valorização e enobrecimento da Educação Física permanecessem como um elo de integra-ção entre os entes do Sistema CONFEF/CREFs. Afi nal, juntos somos muito mais.

E com esse pensamento, ao fi m do processo eleitoral, nos unimos novamente para lutar pelo que mais prezamos: a defesa da sociedade ser atendida por Profi ssionais de Edu-cação Física, e a valorização da profi ssão e do Profi ssional de Educação Física.

Reafi rmo o compromisso assumido em nossa proposta eleitoral, na certeza única de que a afi nidade de ideais que uniram nossos caminhos é o leme que nos conduz nesta luta diária de superar desafi os e avançar rumo a ganhos pe-renes em prol da categoria e da sociedade.

Espero chegar ao fi nal de nossa gestão convicto de que o nosso comprometimento e empenho tenham valido a pena e estejam registrados como uma parte fecunda dos anais do Sistema CONFEF/CREFs, o que nos faz parafrasear o escritor mineiro Rubem Alves: “O que valeu a pena está destinado à eternidade”.

Peço licença para me despedir com o lema da nossa Cha-pa, com votos auspiciosos de profícuas realizações, e certo de que “Vamos juntos. Fortes e coesos”!

Claudio Augusto BoschiPresidente

CREF 000003-G/MG

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www.confef.org.br

Conselho EditorialAntônio Ricardo Catunda de OliveiraJoão Batista Andreotti Gomes TojalLaércio Elias PereiraLamartine Pereira DaCostaSérgio Kudsi Sartori

Jornalista responsável — Enila Bruno - DRT/RJ 35889Redação — Juliana RecheProjeto gráfico e editoração — Jorge Ney

Presidente — Claudio Augusto Boschi 1º Vice-Presidente — Jorge Henrique Monteiro 2º Vice-Presidente — Carlos Alberto Eilert1º Secretário — Carlos Eduardo Lima Rocha de Oliveira2º Secretário — Elisabete Laurindo de Souza1º Tesoureiro — Teófilo Jacir de Faria2º Tesoureiro — Tharcísio Anchieta da Silva

ConselheirosAdailton Eustáquio de MagalhãesAlfredo Telino Leal de LacerdaAngelo Luís de Souza VargasAntônio Ricardo Catunda de OliveiraBiratan dos Santos PalmeiraCarlos Alberto Camilo NacimentoCláudio Renato Costa FranzenDébora Rios GarciaDenise Martins de AraújoEduardo Silveira NettoHeitor Prates de Azevedo JúniorJorge SteinhilberJulimar Luiz PereiraMarcelo Ferreira MirandaMárcio Tadashi IshizakiMarcos Lopes de OliveiraNilo Montenegro NettoNilza Maria do Valle Pires MartinovicRinaldo Bernardelli JúniorRoberto Jerônimo dos Santos SilvaWagner Domingos Fernandes GomesYula Pires da Silveira Fontenele de Meneses

CONFEF

Av. República do Chile, 230 – 19º andarCEP: 20031-170 - Rio de Janeiro – RJTels.: (21) 22423670 / 2215-6100 / 3852-6355 / [email protected]

Periodicidade: trimestralDistribuição gratuitaTiragem: 319.000

Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus respectivos autores, não expressando necessariamente a opinião da revista e do CONFEF.

Todas as matérias dessa edição estão disponíveis para leitura no portal eletrônico do CONFEF.

EDUCAÇÃO FÍSICA

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SUMÁRIO

Relatos que inspiram

Perspectivas da profissão de Educação Física durante e após crise sanitária

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8Gestão do CONFEF é renovada após eleições

ESPAÇO DO LEITOR ........... 37

PANORAMAS ......................... 38

AGENDA ................................. 40

12MEC disponibiliza planos de aula de Educação Física para o Ensino Médio

36MOVIMENTO NA REDE

16Profissional de Educação Física éreferência no combate à pandemia

20CREFs divulgam balanço de fiscalização em 2020

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Maranhão ganha primeira seccional em Imperatriz

32Entrevista:Jorge Steinhilber

Perspectivas da profissão de Educação Física durante e após crise sanitária

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RE: Relatos que inspiram

A pandemia do coronavírus mudou a rotina de muita gente. Mesmo com a aprovação de leis que reconhecem a prática de atividade física e do exercício físico como serviços essenciais, os Profissionais de Educação Física tiveram – muitas vezes – que se reinventar para seguir levando qualidade de vida e bem-estar à população. A Kátia Ramos [CREF 015491-G/SP] é um exemplo. A pro-

fissional de São Paulo transformou desafio em oportu-nidade e realizou um sonho antigo de trabalhar total-mente a distância. Do Piauí, também conheceremos um projeto que devido à pandemia está sendo oferecido de forma online. Em comum, os dois relatos demonstram a criatividade e qualidade dos Profissionais de Educação Física para driblar as adversidades.

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COM PANDEMIA, PROFISSIONAL SE ADAPTA E REFORMULA ATUAÇÃO

A academia em que Kátia Ramos trabalhava suspendeu as atividades em março de 2020, pouco tempo depois da confi rmação dos primeiros casos de Covid-19 em solo brasileiro. Mas engana-se quem pensa que Kátia fi cou parada. Muito pelo contrário, ela colocou em prática seu plano B já no dia seguinte: “Ofereci aulas gravadas às alunas, que sugeriram a transmissão ao vivo. Preparei tudo, pesquisei como isso poderia ser feito e já na semana seguinte começamos os testes”. Deu certo! “Aí iniciei minha atuação remota, orientando aulas de dança e cobrando por aula”.

No mês seguinte, Kátia já tinha a agenda cheia: “Criei uma grade, com aulas de segunda a sexta, e passei a cobrar por semana”. Deu tão certo que hoje Kátia tem um site com três serviços: aulas gravadas, aulas coletivas ao vivo, com nove modalidades e planos mensais, semestrais e anuais, além de personal training online para quem deseja atenção particular.

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Quem vê Kátia hoje estruturada, com a agenda cheia, nem imagina que ela já pensou que o negócio poderia não dar certo. “O sentimento inicial foi de medo. Medo da doença, medo das consequências físicas, emocionais e fi -nanceiras. Mas a vontade dos meus alunos de dar continuidade às atividades mesmo online, me fortaleceu e não me deixou abater. Arregacei as mangas e imediatamente dei início ao que hoje me sustenta e é motivo de muito orgulho e motivação”.

“O sentimento inicial foi de medo. Medo da doença, medo das consequências físicas, emocionais e fi nanceiras. Mas a vontade dos meus alunos de dar continuidade às atividades mesmo online, me fortaleceu e não me deixou abater"

Kátia Ramos [CREF 015491-G/SP]

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A motivação também foi sufi ciente para que Kátia aprendesse, na prática, a empreender. A partir daí, começou a fi rmar parcerias, que fi zeram com que seu negócio se desenvolvesse. “Com nutricionistas, terapeutas e outros pro-fi ssionais, não só de São Paulo, mas de todo Brasil. Graças a essa estratégia, hoje atendo alunos do país inteiro”.

A atuação não signifi cou para Kátia perda de alunos nem fi nanceira. Muito pelo contrário: “Atualmente, tenho em média 47 alunos, que atendo de for-ma totalmente online, entre todos os serviços que ofereço. Desse número, aproximadamente 40% são novos e 60% são antigos, que migraram para o novo formato”, conta Kátia, realizada, assim como tantos outros profi ssionais que transformaram desafi o em oportunidade.

PROJETO LEVA BEM-ESTAR A PROFESSORES E COMUNIDADE Quando a pandemia ainda não era uma realidade no país, um projeto

desenvolvido em José de Freitas, cidade do interior do Piauí com menos de 50 mil habitantes, vinha fazendo sucesso com os moradores da região. Desde 2012, as atividades físicas eram oferecidas ao ar livre sob coman-do do Profi ssional de Educação Física Veridiano Aguiar da Rocha [CREF 001459 G/PI].

De acordo com Veridiano, que criou o projeto com a ajuda de mais dois profi ssionais, a ideia inicial era diminuir o nível de estresse dos professores da rede municipal de ensino para contribuir positivamente com o ensino--aprendizagem. “Por meio de testes de condição física, detectamos a pre-

“Atualmente, tenho em média 47 alunos, que atendo de forma totalmente online, entre todos os serviços que ofereço. Desse

número, aproximadamente 40% são novos e 60% são antigos, que migraram para o novo formato”

Veridiano Aguiar da Rocha [CREF 001459 G/PI]

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sença de muitos problemas de saúde ligados ao sedentarismo e à obesidade dos docentes”, explica.

Durante dois meses, os profi ssionais aplicaram questionários de condição de saúde e testes de anamnese para poder traçar metas e estratégias de atividades físicas para esses professores. Com as informações colhidas e os programas de exercícios planejados, chegou o momento de colocar o proje-to “Agita Professores” em ação.

Assim, foram iniciadas as aulas de alongamentos, fortalecimento de core, danças, cuidado posturais, entre outros. O projeto foi aplicado durante qua-tro meses para professores da rede municipal de ensino e, devido ao su-cesso, precisou ir além. “Após esse período, o projeto ganhou bastante re-percussão no município e achamos por bem oferecer os serviços também à comunidade”, conta Veridiano.

Com a aceitação positiva, as atividades passaram a fazer parte do orçamento da Prefeitura Municipal de José de Freitas. Atualmente, o projeto conta com uma média de 150 alunas, entre 20 e 50 anos, todas mulheres.

De acordo com Veridiano, os feedbacks têm sido positivos e os professores relatam que estão se sentido muito bem no quadro de saúde física, mental e social. “Todos os participantes adoram o trabalho desenvolvido. Muitos afi rmam não conseguir viver sem as atividades, relatam melhorias na saúde, diminuição de dores nas costas e nos joelhos, controle da pressão arterial e diabetes, dentre outros benefícios”.

Com a pandemia, as atividades passaram a ser orientadas via redes sociais, com transmissões ao vivo para os alunos acompanharem de casa.

“Por meio de testes de condição física, detectamos a presença de muitos problemas de saúde ligados ao sedentarismo e à obesidade dos docentes”

ENVIE A SUA EXPERIÊNCIANós queremos conhecer a sua

experiência, seja ela na escola, academia, hospital, clube ou

qualquer outro segmento. Envie o seu relato para o

e-mail [email protected] e teremos o maior prazer em

compartilhá-lo.

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No mês de dezembro, foi realizada a cerimônia de pos-se dos novos Conselheiros do Conselho Federal de Edu-cação Física. Marcado por despedidas e discursos emo-cionantes, o evento foi transmitido ao vivo pelas redes sociais do CONFEF para todo o país.

O processo eleitoral para eleger os membros do Con-selho foi realizado no mesmo mês e a “Chapa 01 - Ex-periência, Renovação e Compromisso Profi ssional - Va-mos Juntos. Fortes e coesos!” obteve a maioria dos votos válidos, sendo proclamada vencedora do pleito eleitoral para exercer o mandato de quatro anos.

A abertura do evento, realizado no Rio de Janei-ro, contou com a apresentação do ex-presidente do CONFEF, Prof. Jorge Steinhilber, que discorreu, entre outros temas, sobre a luta pela regulamentação da profissão, a conquista da Lei 9696/98, desafios e le-gados. Em seguida, discursaram os membros da Dire-toria anterior, Marcelo Ferreira Miranda, Almir Adolfo Gruhn, Sérgio Kudsi Sartori, João Batista Andreotti Gomes Tojal e Iguatemy Maria de Lucena Martins. Representando os ex-Conselheiros Federais, Antô-

nio Ricardo Catunda falou sobre o amadurecimento pessoal e do Sistema CONFEF/CREFs. Para representar os novos Conselheiros, o ex-presidente do CREF19/AL, Carlos Eduardo Lima Rocha de Oliveira, lembrou sobre o juramento da profi ssão.

Após a diplomação dos eleitos, o representante da chapa, Prof. Claudio Boschi, discorreu sobre o histórico da profi ssão e agradeceu a confi ança depositada. No pe-ríodo da tarde, em reunião plenária, Claudio Boschi foi eleito para assumir o comando da entidade pelo próxi-mo mandato (2020-2024). Completam a Diretoria: Jorge Henrique Monteiro (1º Vice-Presidente), Carlos Alberto Eilert (2º Vice-Presidente) Carlos Eduardo Lima Rocha de Oliveira (1º Secretário), Elisabete Laurindo de Souza (2º Secretário), Teófi lo Jacir de Faria (1º Tesoureiro) e Tharcí-sio Anchieta da Silva (2º Tesoureiro).

Os demais Conselheiros Federais eleitos são: Ângelo Luís de Souza Vargas, Antônio Ricardo Catunda de Olivei-ra, Biratan dos Santos Palmeira, Débora Rios Garcia, De-nise Martins de Araújo, Marcelo Ferreira Miranda, Márcio Tadashi Ishizaki, Marcos Lopes de Oliveira, Rinaldo Ber-

Gestão do CONFEF é renovada após eleiçõesCHAPA ELEITA ASSUME COMANDO DA ENTIDADE ATÉ 2024

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nardelli Júnior, Roberto Jerônimo dos Santos Silva, Wagner Domingos Fernandes Gomes, Yula Pires da Silveira Fonte-nele de Meneses, Nilo Montenegro Netto, Cláudio Renato Costa Franzen, Carlos Alberto Camilo Nacimento, Alfredo Telino Leal de Lacerda, Heitor Prates de Azevedo Júnior, Julimar Luiz Pereira, Eduardo Silveira Netto, Nilza Maria do Valle Pires Martinovic e Adailton Eustáquio de Magalhães.

MINEIRO, PRESIDENTE DO CONFEF É ADVOGADO E EX-PRESIDENTE DO CREF6/MG

Formado em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Claudio Boschi possui Pós-Gra-duação em Administração Pública, Legislação Tributária e Treinamento Desportivo. Além de Profissional de Educa-ção Física, o novo gestor do CONFEF é formado em Direi-to pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC), com Doutorado em Desporto pela Universidade do Porto. Boschi é ainda empresário, consultor em ad-ministração esportiva, consultor em legislação esportiva, professor universitário e editor de publicações técnico--científicas na área de Educação Física, Esportes e Lazer.

Conheça a seguir a visão e os principais projetos do gestor para a entidade que representa mais de 500 mil profissionais.

Como o senhor analisa o panorama da Educação Fí-sica no país?

Claudio Boschi – Podemos dividir o cenário da profis-são em dois momentos: um antes e outro pós-pandemia. O panorama que considero anterior e também atual car-rega todas as conquistas que a categoria logrou até aqui, a ampliação do campo de intervenção, o reconhecimento profissional e as oportunidades que surgiram para o pro-fissional depois da regulamentação e da criação do Siste-ma CONFEF/CREFs. É evidente que a partir do momento que a profissão passou a ser regulamentada e fiscalizada, ela passou a ser vista com outros olhos. A credibilidade pelos serviços prestados é muito maior, as pessoas pas-saram a enxergar os profissionais com mais valor e como essenciais para a promoção do bem-estar e da qualidade de vida.

Neste momento pós-pandemia, não apenas os Profis-sionais de Educação Física, mas toda a sociedade atra-vessa um momento atípico. Devido à Covid-19, a catego-ria precisou modificar a forma de prestar seus serviços, utilizando a tecnologia para continuar o trabalho de promoção da saúde, por meio de aulas online, contato telefônico, vídeos de orientação e consultorias por meio da internet. As consequências da pandemia refletiram no trabalho da nossa categoria, já que a presença, o contato e a proximidade são a essência da Educação Física. Diante desse novo contexto, podemos ver que nossa profissão

tem demonstrado superação e resistência diante de de-safios e mudanças.

O Sistema CONFEF/CREFs não está medindo esforços para proteger e valorizar os profissionais, estabeleci-mentos e todos os entes relacionados à Educação Física neste período. Tempos melhores virão, e o protagonis-mo da Educação Física na promoção da saúde vai con-tinuar.

Já é possível destacar ações tomadas pela nova gestão?

Claudio Boschi - Assumimos a diretoria recentemen-te e, com responsabilidade e serenidade, estamos pro-movendo uma reestruturação dos processos. Estamos realizando uma transição da gestão anterior para a nos-sa, e, tão logo esta fase seja concluída, colocaremos em prática as propostas idealizadas na plataforma eleitoral (veja tópico a seguir). Daremos ênfase na unicidade das ações e integralidade do Sistema CONFEF/CREFs em prol do crescimento e valorização da profissão, estrei-tando os nossos laços com os diversos segmentos da sociedade, para somar ideias e esforços visando uma atuação efetiva.

Quais as perspectivas de projetos futuros?Claudio Boschi - As propostas para a gestão estão

divididas em três blocos com ramificações. São eles: Defender o cumprimento da Lei Federal 9.696/1998, fortalecendo e consolidando o Sistema CONFEF/CREFs; Aprimorar e aperfeiçoar a integralidade do Sistema CONFEF/CREFs; Investir na valorização e re-conhecimento da Profissão e dos Profissionais de Educação Física.

Tendo esses objetivos como alvo, a expectativa é que a profissão e o Profissional de Educação Física se-jam cada vez mais valorizados e reconhecidos. Temos a perspectiva que o futuro nos reserva muito trabalho e dedicação, muitas lutas ainda serão superadas, e no que depender do Sistema CONFEF/CREFs estaremos sempre em vigilância para que tanto os direitos da ca-tegoria quanto da sociedade sejam incondicionalmen-te preservados.

“As consequências da pandemia refletiram no trabalho da nossa categoria, já que a

presença, o contato e a proximidade são a essência da Educação Física. Diante desse novo contexto, podemos ver que nossa profissão tem demonstrado superação e resistência diante de

desafios e mudanças”

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EXPERIÊNCIA, RENOVAÇÃO E COMPROMISSO PROFISSIONAL É LEMA DA NOVA GESTÃO

Conheça a seguir as propostas da nova gestão.

1 - Defender o cumprimento da Lei Federal Nº 9696/1998, fortalecendo e consolidando o Sistema CONFEF/CREFs

• Difundir a Missão, os Valores e os Objetivos do Sis-tema CONFEF/CREFs.• Aperfeiçoar, atualizar e unificar padrões normativos do Sistema, do exercício profissional e da aplicação do Código de Ética.• Ampliar a comunicação e promover o diálogo com o Poder Executivo, Poder Judiciário, Poder Legisla-tivo, Ministério Público e outros órgãos de contro-le e representação da sociedade, com o objetivo de esclarecer e aprimorar a fiscalização do exercício da Profissão.• Defender a importância da Profissão e a efetividade de suas demandas nas Políticas Nacionais de Educa-ção, Saúde, Esporte e Lazer.• Fortalecer o diálogo com Conselhos Profissionais de outras áreas, a fim de compartilhar conhecimen-tos, experiências e interesses comuns.• Aprimorar os mecanismos de comunicação com a so-ciedade brasileira, com o objetivo de esclarecer e valo-rizar a Profissão e os Profissionais de Educação Física.• Estimular a presença dos Profissionais de Educação Física nas gestões esportivas, educacionais e de saú-de nos setores públicos e privados.• Defender o direito da sociedade aos serviços em atividades físicas e esportivas prestados exclusiva-mente por Profissional de Educação Física.

2 – Aprimorar e aperfeiçoar a integralidade do Sis-tema CONFEF/CREFs

• Ampliar e aprimorar o sistema de informação e co-municação interna do Sistema CONFEF/CREFs.• Investir na Gestão de Qualidade cooperativa, inte-grada, eficaz, transparente e compartilhada do Siste-ma CONFEF/CREFs.• Promover o desenvolvimento e aprimoramento dos procedimentos e estratégias de gestão e governança dos CREFs.• Promover o desenvolvimento e aprimoramento de procedimentos e estratégias efetivas para as ações de controle e fiscalização do exercício ilegal da pro-fissão pelos CREFs.• Promover o desenvolvimento e aprimoramento das estratégias de comunicação institucional junto aos profissionais e da sociedade, sobre a importância do

Sistema CONFEF/CREFs para a defesa da Profissão e do Profissional de Educação Física.• Apoiar os CREFs no aprimoramento das estratégias de comunicação com os profissionais e as entidades prestadoras de serviços na área da Atividade Física, Esporte, Educação e Saúde.• Reconhecer a relevância social do Sistema CONFEF/CREFs e suas respectivas comissões, promovendo a valorização e capacitação dos Conselheiros Federais e Regionais, para o desenvolvimento de competên-cias relacionadas às suas atribuições.

3 – Investir na valorização e reconhecimento da Profissão e dos Profissionais de Educação Física

• Promover a qualificação didática, pedagógica, téc-nica, científica e de gestão profissional, nas áreas da Atividade Física, Esporte, Educação e Saúde.• Ampliar e normatizar o campo das Especialidades Profissionais.• Defender a atuação profissional no campo da Edu-cação Física Escolar, em toda a Educação Básica.• Defender a atuação profissional da Educação Física qualificada nos níveis da Atenção à Saúde.• Ampliar e investir na defesa da categoria no campo do Esporte.• Fomentar parcerias institucionais em defesa da qualidade, da formação profissional no bacharela-do e na licenciatura, com o objetivo de desenvolver competências para o exercício da profissão.• Fomentar parcerias institucionais, nas esferas pú-blica e privada, para promover, valorizar e consolidar a prática profissional nas áreas da Atividade Física, Esporte, Educação e Saúde.

SOB NOVA DIRETORIA: CONHEÇA OS MEMBROSA chapa eleita para dirigir o Sistema CONFEF/CREFs é

composta por 28 Conselheiros, entre efetivos e suplentes. Eles elegem, na primeira reunião plenária, a Diretoria do CONFEF, que é composta por dois vice-presidentes, dois tesoureiros, dois secretários, além do presidente. Eles são os responsáveis por garantir que Estatuto e Regimento sejam cumpridos, e apresentar ao plenário relatório das atividades administrativas, por exemplo. Conheça cada um dos membros da diretoria a seguir.

Jorge Henrique Monteiro - 1º Vice-PresidentePossuidor de pós-graduações em Ciência e técnica

do futebol e futsal, e em Treinamento Desportivo, Jorge Henrique [CREF 000077-G/CE] é Coordenador do De-partamento de Futsal do Ideal Clube (CE) desde 1984. Coordena também o Departamento de Educação Física e Esporte do Colégio Antares (CE) desde 2007 e é mem-

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bro do Conselho do Desporto do estado do Ceará. Ele pretende utilizar toda essa experiência na diretoria do CONFEF: “Coloco minha atuação profissional, enquanto gestor por mais de 30 anos de escolas e clubes esporti-vos que dirigi à disposição do CONFEF para o engrande-cimento da Educação Física Brasileira”.

Carlos Alberto Eilert - 2º Vice-PresidenteMestre em Educação Física pela Unicamp, professor da

Universidade Federal de Mato Grosso, ex-Presidente do CREF17/MT, do Sindicato dos Profissionais de Educação Física de Mato Grosso, do Conselho Estadual de Saúde de MT, entre outros órgãos, Eilert [CREF 000015-G/MT], que participou da criação do curso de Educação Física da UFMT, considera que a experiência na diretoria do CONFEF será de muito aprendizado. “Tenho certeza que muito ainda podemos contribuir com a profissão, em de-fesa de uma Educação Física nacional transformadora, que olhe para o ser humano como forma de atingir a sua plenitude. Tudo em defesa da promoção da saúde e de bons hábitos na pratica da atividade física. Defender a Educação Física sempre foi o nosso maior objetivo. Pre-cisamos estar atentos aos perigos que a assolam para que possamos enfrentá-los”.

Carlos Eduardo Lima Rocha de Oliveira - 1º SecretárioMestrando em Saúde Pública em Portugal e espe-

cialista em Educação Física, Carlos Eduardo [CREF 000745-G/AL] é professor do município de Anadia e de Maceió, em Alagoas. E também ensina a ensinar: é docente na Faculdade de Ensino Regional Alter-nativa-FERA, ministrando disciplinas voltadas para o esporte e primeiros socorros. Com bagagem em instituições de ensino públicas e privadas, Carlos Eduardo ajudará o CONFEF a se relacionar com ou-tras entidades: “Tive uma boa experiência de ges-tão no serviço público, pretendo potencializar a atuação do Sistema CONFEF/CREFs no trabalho em parceria com outros órgãos públicos e entidades privadas do Brasil".

Elisabete Laurindo de Souza - 2º SecretáriaMestre e especialista em gestão, Elisabete [CREF

002036-G/SC] é docente na Faculdade Avantis e diretora de Assistência ao Educando, na Secretaria Municipal de Educação de Itajaí/SC. Além disso, a Conselheira tem ex-periência em Educação Física Escolar e Esporte e Políticas Públicas, Elaboração de Projetos e Captação de Recursos, tendo elaborado o Plano Municipal de Educação, Itajaí. Para ela, a defesa da profissão é sua missão na diretoria do CONFEF: “Pretendo utilizar minha experiência profis-sional na Educação Física Escolar, no Esporte, na Gestão Desportiva, com o intuito de defender a profissão e repre-sentar os Profissionais de Educação Física do Brasil”.

Teófilo Jacir de Faria [CREF 000017-G/MG] - 1º TesoureiroGraduado pela Escola de Educação Física e Desporto

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pós-Gradu-ado em Didática da Educação Física pela Faculdade São Luís de Jaboticabal, Teófilo [CREF 000017-G/MG] atuou como Conselheiro Regional do CREF6/MG desde a sua criação e Conselheiro Federal desde 2012. Também foi professor de várias escolas públicas de Patos de Minas e Diretor de Esportes da Prefeitura de Patos de Minas – cargo exercido por 18 anos.

Tharcísio Anchieta da Silva - 2º TesoureiroMestre em Gestão Desportiva, especialista em Fut-

sal, Administração e Marketing Esportivo, Tharcísio [CREF 000900-G/AM] é presidente da Federação Amazonense de Futsal. Também é professor de Pós-Graduação e na Se-cretaria de Educação de Manaus. Para ele, o incentivo ao esporte é fundamental. “Eu sou um profissional do esporte e tenho vivência em todas as suas áreas. Não acredito, de forma alguma, no esporte desvinculado dos valores axioló-gicos. Desde que me tornei Conselheiro Federal, luto pela profissão, sempre pautado em valores do esporte, como resiliência, espírito de equipe e disposição para dar sempre seu melhor. Nessa nova caminhada, como membro da di-retoria, me sinto preparado para contribuir com uma ges-tão eficiente e adequada ao contexto que vivemos”.

Saiba mais sobre o processo eleitoral emwww.confef.com/451

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O Ministério da Educação (MEC) e o Conselheiro Federal e professor doutor da Universidade Estadual do Ceará, Ricardo Catunda [CREF 000001-G/CE], oferecem um material exclusivo com planos de aula para o Ensino Médio. O conteúdo está disponível gratuitamente e pode ser utilizado em aulas on-line ou presenciais.

Todas as atividades sugeridas seguem o conceito das metodologias ativas, na qual os estudantes se tornam protagonistas do processo de aprendizagem. Os temas incluem, por exemplo, formas diferentes de se alongar, circuito adaptado de parkour, desafi os de ginástica e capoeira. Não é necessária nenhuma estrutura especial na escola ou em casa para a execução dos planos de aula.

Além dos planos de aula, o material apresenta um modelo de autoavaliação ou avaliação entre pares pelos estudantes. Se-gundo Renato de Oliveira Brito, Diretor de Formação Docente e Valorização dos Profi ssionais da Educação do MEC, muitas vezes é difícil convencer os estudantes mais velhos a se exercitarem. “Esse material traz ideias divertidas e criativas, que vão chamar a atenção dos jovens”, conta ele.

A parceria com o MEC ocorreu por meio do Instituto Impusiona, como explica o Professor Catunda. Ele, que se intitula um “experi-mentador” inquieto das estratégias de ensino, fez questão de testar as ferramentas desenvolvidas durante todo o processo, sempre dialogan-do com outros professores. “Estudo inovação disruptiva na educação, ou seja, não insisto em modelos de ensino que não apresentam resultados educativos na aprendizagem. Nesse sentido, pensei ser preciso modifi car os modos de aprender e ensinar na Educação Física, que corria o risco de fi car fora da escola durante a pandemia”.

Para evitar que isso ocorra, o professor defende que é preciso inovar, além de dar autonomia aos alunos. “Para ser inovadora, não há como ensinar aos nativos digitais de forma ancorada no pas-sado, quando professores eram os únicos trans-missores do conhecimento e os alunos recepto-res passivos do que era ensinado”.

Entenda a importância da Educação Física Escolar e como ela é fundamental até mesmo para a aprendizagem em outras disciplinas, na entrevista a seguir, com Ricardo Catunda.

MEC disponibiliza planos de aula de Educação Física para o Ensino Médio

MATERIAL FOI ELABORADO EM PARCERIA COM CONSELHEIRO FEDERAL

um material exclusivo com planos de aula para o Ensino Médio. O conteúdo está disponível gratuitamente e pode ser utilizado em aulas on-line ou

de se alongar, circuito adaptado de parkour, desafi os de ginástica e capoeira. Não é necessária nenhuma estrutura especial na escola

Além dos planos de aula, o material apresenta um modelo de autoavaliação ou avaliação entre pares pelos estudantes. Se-gundo Renato de Oliveira Brito, Diretor de Formação Docente e Valorização dos Profi ssionais da Educação do MEC, muitas vezes é difícil convencer os estudantes mais velhos a se exercitarem. “Esse material traz ideias divertidas e criativas, que vão chamar a

ou seja, não insisto em modelos de ensino que não apresentam resultados educativos na aprendizagem. Nesse sentido, pensei ser preciso modifi car os modos de aprender e ensinar na Educação Física, que corria o risco de fi car fora da

Para evitar que isso ocorra, o professor defende que é preciso inovar, além de dar autonomia aos alunos. “Para ser inovadora, não há como ensinar aos nativos digitais de forma ancorada no pas-sado, quando professores eram os únicos trans-missores do conhecimento e os alunos recepto-

Entenda a importância da Educação Física Escolar e como ela é fundamental até mesmo para a aprendizagem em outras disciplinas, na

Ricardo Catunda [CREF 000001-G/CE]

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Revista Educação Física: Qual a importância da inovação dentro da Educação Física?

Ricardo Catunda: A Educação Física é a única disciplina escolar a promo-ver circunstâncias socioeducativas para a formação de alunos fi sicamente cultos. Isso envolve diretamente: gestores da educação, professores, alunos e família. Para ser inovadora, não há como ensinar aos nativos digitais de for-ma ancorada no passado, quando professores eram os únicos transmissores do conhecimento e os alunos receptores passivos. Precisamos, como profes-sores, experimentar mais e arriscar estratégias que possam trazer resultados surpreendentes, diretamente conectados com o que é aplicável na vida do aluno, para a formação de uma cidadania ativa.

Devemos estar envolvidos com atividades educativas e prazerosas, capazes de gerar competências para uma cultura de paz, para o mundo do trabalho e para um estilo de vida ativo e saudável. Como toda prática que visa à educa-ção, a Educação Física deve ter intencionalidade, carecendo de planejamento e sistematização, clareza do que se pretende ensinar e dos resultados espera-dos, sendo seu caráter inovador um processo permanente.

Revista Educação Física: Como o senhor vê a aplicação da Educação Física no ensino remoto, por conta da situação que vivemos? Ela tem cum-prido sua função?

Ricardo Catunda: Para pensar o ensino remoto da Educação Física, é in-dispensável refl etir sobre as mudanças que já estavam em curso e que os professores não deram muita importância, o que aumentou o sentimento de incerteza. Em princípio, ocorreu o processo de aceleração e uso das Tec-nologias Digitais da Informação e Comunicação, provocando a necessária inovação na ministração das aulas. Agora não mais teríamos a presença física dos alunos e dos espaços de prática, sendo necessária uma conexão virtual que impacte todo o processo interativo.

Professores que ministravam aulas em um modelo transmissivo e inefi caz, agora podem refl etir sobre as metodologias ativas propondo a inversão da sala de aula, antecipando conteúdos por meio virtual e utilizando a apren-dizagem por pares, times e projetos. É uma oportunidade para tornar os

“O ensino remoto promoveu mudanças na prática pedagógica e, certamente, impactos nos resultados no que se refere à aprendizagem”

Ricardo Catunda [CREF 000001-G/CE]

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alunos protagonistas do seu aprendizado, buscando os conhecimentos bá-sicos e intermediários nos diversos portais disponíveis na internet, para um melhor aproveitamento do tempo de prática pela experimentação. Dessa forma, os professores ampliariam os saberes e avaliariam a ocorrência da aprendizagem. Nas aulas atuais por meio remoto, no geral, os professores estão se preparando e se saindo bem com atividades criativas e adaptadas.

Para que a Educação Física cumpra sua função são necessários alguns esforços (veja lista ao fim da entrevista). E para o êxito desse esforço, os gestores da educação devem assumir o compromisso da capacitação dos professores para o uso de metodologias que utilizem as tecnologias digitais como ferramenta. Devem também oferecer condições de acesso e conexão de qualidade aos professores e alunos, além de assumir conjuntamente a responsabilidade para que a Educação Física cumpra a importante função de manter os alunos fisicamente ativos.

Revista Educação Física: Por que as aulas de Educação Física são tão importantes para a formação dos alunos e também para o aprendizado das outras disciplinas?

Ricardo Catunda: As aulas de Educação Física de qualidade promovem interações necessárias para a formação integral dos mais jovens. Os conhe-cimentos e experiências práticas, quando ensinados tendo os alunos como protagonistas criativos e autônomos, são capazes de contribuir significativa-mente para adoção de um comportamento positivo relativamente aos níveis de aprendizagem acadêmica e ao estilo de vida ativo.

Quando o valor educativo é compreendido, aprendido e praticado desde os primeiros anos de ensino, torna-se parte de uma rotina ativa combatendo o comportamento sedentário, que hoje assola com agravos à saúde aproxi-madamente 80% da população nessa faixa etária. O ensino remoto promo-veu mudanças na prática pedagógica e, certamente, impactos nos resulta-dos no que se refere à aprendizagem. No entanto, professores atualizados e qualificados, estão aptos para estar à frente da tarefa de promover uma Educação Física que cumpra sua função na formação de jovens fisicamente cultos, com pleno desenvolvimento de seu potencial para a literacia física e cidadania ativa.

“Para produzir efeitos positivos, as aulas de

Educação Física devem oferecer níveis de

atividade física entre moderada e vigorosa,

acima de 50% do total do tempo de aula”

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A aprendizagem é ativa! Desde que nascemos aprendemos de forma ati-va e todo comportamento contrário compromete essa experiência. Esses aspectos estão explícitos na pirâmide da aprendizagem de Glasser, onde a base explica que “quando fazemos” o nível de aprendizagem chega a 80% e “quando ensinamos uns aos outros” chegamos a 95% do potencial, caracte-rística do ensino ativo independente da disciplina. Para produzir esses efei-tos positivos, as aulas de Educação Física devem oferecer níveis de atividade física entre moderada e vigorosa, acima de 50% do total do tempo de aula.

Revista Educação Física: Como os planos liberados pelo MEC podem ajudar nesses objetivos?

Ricardo Catunda: Somente com a experimentação das atividades! O professor passa a ser coautor juntamente com seus alunos, experimentando, adaptando, recriando, movimentando os níveis de complexidade reiteradas ve-zes e de maneiras diferentes. Mesmo de forma remota, a proposta remete ao ensino ativo, o que possibilita aos professores e alunos experiências com aplicação e signifi-cado à vida. O objetivo atual da Educação Física extrapola a aplicação dos conteúdos e tem foco no desenvolvimento das habilidades. Realizado em um processo de interação poderá gerar uma conexão com as competências, opor-tunizando aos alunos que se mantenham ativos durante a ausência das aulas presenciais.

PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA CUMPRIR SUA FUNÇÃO É NECESSÁRIO:

• Planejamento para a proposição das atividades que os alunos irão realizar sozinhos, com familiares ou em cone-xão de grupos por meio virtual.

• Capacitação dos professores na prática para desenvol-ver conteúdos de interação online.

• Aceitação das mudanças, flexibilidade e adaptabilida-de para o trabalho docente de qualidade.

• Atualização dos conhecimentos incluindo uso das tec-nologias.

• Criatividade na elaboração das aulas, motivando os alunos à participação por meio remoto.

• Entender e resolver a ausência da interação presencial,

buscando a proposição de atividades desafiadoras e não convencionais.

• Envolver os alunos rompendo com o distanciamento, criando ambiente de empatia e corresponsabilidade com a aprendizagem, sugerindo formação de duplas perma-nentes que se ajudam mutuamente.

• Desafiar os alunos ao trabalho coletivo envolvendo a formação de grupos por meio remoto, incentivando a recriação das atividades e a apresentação de propostas autorais.

• Conhecimento robusto do que é ensinado para argu-mentar com os alunos sobre o valor educativo da Edu-cação Física e a importância de se manterem ativos na pandemia.

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Profissional de Educação Física éreferência no combate à pandemia

PEDRO HALLAL FALA SOBRE EXPERIÊNCIA NA COORDENAÇÃO DE UM DOS MAIORES ESTUDOS SOBRE COVID-19 DO MUNDO

Números ofi ciais e a realidade: quão distante um está do outro? Quando se fala de Covid-19, mapear essa dimensão torna-se cru-cial para a adoção de políticas públicas de enfrentamento à pan-demia. Para responder a essa e a outras perguntas, foi realizado o mais amplo estudo sobre a prevalência de infecção pelo co-ronavírus do país.

O EPICOVID-19 tem como objetivo estimar o percentual de brasileiros infectados com o Sars-CoV-2 por idade, gênero, condição econômica, município e região geográfi ca; deter-minar o percentual de assintomáticos; avaliar sintomas e letalidade, além de oferecer subsídio para políticas públi-cas e medidas de isolamento social.

O trabalho teve como coordenador o Profi ssional de Educação Física e ex-reitor da Universidade de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal [CREF 024120-G/RS], que se tornou autoridade no assunto a nível nacional. Na entrevista a seguir, Hallal fala sobre a experiência de coordenar o Epicovid, conta os principais desafi os que sua equipe enfrentou e lembra do seu percurso profi ssional, da graduação em Educação Fí-sica à Epidemiologia.

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Revista Educação Física - Pode falar um pouco sobre a experiência de coordenar uma pesquisa do porte da Epicovid19-BR?

Pedro Hallal - Coordenar projetos de pesquisa do porte do EPICOVID-19 já é uma tarefa desafi adora em tempos normais. Só para que se tenha uma ideia, a equi-pe de coletadores de dados do projeto incluía mais de 2 mil pessoas. Coletar, em quatro dias, dados de 33.250 pessoas em 133 cidades espalhadas por todos os estados do Brasil é muito desafi ador. Agora, fazer isso durante uma pandemia é ainda mais complicado. Em primeiro lugar, porque os prazos são outros: um planejamento que demoraria um ano foi todo feito em um mês, em decorrência da emergência sanitária. Além disso, toda a logística da pesquisa foi afetada pela pandemia: trans-porte, hospedagem, alimentação. No meio disso tudo, tínhamos que garantir a segurança dos entrevistadores e dos entrevistados, com o uso de Equipamentos de Prote-ção Individual (EPIs), testagem de todos os entrevistado-res, etc. Como se não bastasse, a pesquisa foi conduzida num cenário de extrema polarização e ataques à ciência. Enfi m, uma experiência única.

Revista Educação Física - Trata-se do estudo epide-miológico com maior número de indivíduos testados do mundo para o coronavírus, correto? Ao todo, foram realizadas cinco etapas? Pode falar um pouco delas?

Pedro Hallal - Desde o princípio, o EPICOVID-19 foi inovador. Ao lado de uma pesquisa espanhola, é o maior estudo epidemiológico do mundo sobre corona-vírus. As diferentes etapas possuem, em linhas gerais, os mesmos objetivos. A justifi cativa para as várias fases é que tirar uma “fotografi a” do status do coronavírus no país não seria tão informativo quanto tirar várias “fo-tografi as”, construindo um “fi lme”. A grande mudança metodológica foi implementada agora na quinta fase, quando mudamos o teste usado para diagnosticar a infecção por SARS-CoV-2. A escolha pelo novo teste, baseado no método ELISA (detecção de anticorpos), justifi ca-se pela capacidade de identifi car não apenas infecções recentes, mas também aquelas ocorridas há vários meses.

Revista Educação Física - Como os resultados da pesquisa podem auxiliar os gestores no desenvolvi-mento de políticas de saúde?

Pedro Hallal - Eles já auxiliaram. No dia 09 de maio de 2020, o Rio Grande do Sul lançou o Modelo de Distancia-mento Controlado, que usa, entre outras informações, os da-dos do EPICOVID-19, para determinar o grau de isolamento a ser cumprido em cada região do estado. Muitos prefeitos e governadores também utilizaram os dados da pesquisa para embasar suas decisões. É um exemplo clássico de pesquisa que afetou diretamente as políticas de saúde.

Revista Educação Física - Com mais de um ano des-de o primeiro caso de Covid-19 no país, em 2021 en-frentamos o pior momento da pandemia. A que fatores o senhor atribui esse panorama?

Pedro Hallal - A Covid-19 está em todos os luga-res do mundo, ou seja, era inevitável que chegasse ao Brasil. O que existe de único no caso brasileiro é o fra-casso no enfrentamento da pandemia. Como consequ-ência, temos a estatística de que 3 em cada 4 mortes ocorridas até hoje poderiam ter sido evitadas se o país tivesse um desempenho igual a média mundial no en-frentamento da pandemia. Não estou falando nem em se comparar com Nova Zelândia, Coréia do Sul, Cin-gapura. Estou falando apenas em ser igual a média. O fracasso é decorrente de uma agenda negacionista, da baixa testagem, do não rastreamento de contatos, do desestímulo governamental ao distanciamento social e da lerdeza da campanha de vacinação. O Brasil recen-temente foi listado por um instituto australiano como o pior modelo de enfrentamento à pandemia. É uma situação muito triste.

Revista Educação Física - O que é possível fazer para mudar esse cenário?

Pedro Hallal - Ouvir a ciência e implementar medi-das baseadas em evidências. Basicamente, testagem em larga escala, rastreamento de contatos, distanciamento social e vacinação rápida. Enfi m, bastaria o Brasil fazer o básico e 3 em cada 4 mortes teriam sido evitadas. São quase 200 mil famílias que perderam seus entes queridos para o negacionismo.

Revista Educação Física - Como o Profi ssional de Educação Física, enquanto profi ssional da área da saú-de, pode ajudar na disseminação de boas práticas?

Pedro Hallal - A inatividade física causa 5,3 milhões de mortes por ano no mundo. Pessoas fi sicamente ativas tendem a apresentar casos mais leves de Covid-19 em comparação aos inativos, e se recuperam mais rápido pós-infecção, especialmente quando se mantém ativas. Em resumo, incentivar a atividade física é importante

"O que existe de único no caso brasileiro é o fracasso no enfrentamento da pandemia. Como consequência, temos a estatística de que 3 em

cada 4 mortes ocorridas até hoje poderiam ter sido evitadas se o país tivesse um desempenho igual a média mundial no enfrentamento da pandemia"

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tanto por seus benefícios conhecidos quanto por seus benefícios recém-des-cobertos contra a Covid-19. Nosso papel crucial nesse momento é estimular a sua prática.

Revista Educação Física - Qual é a orientação para a prática de ativi-dades físicas neste momento? Como os estabelecimentos e os usuários desses serviços deverão se adequar?

Pedro Hallal - A primeira questão é que não podemos confundir a necessidade da atividade física com a quebra do distanciamento social. Os espaços para a prática de atividade física e os profissionais devem se adaptar ao estágio da pandemia em cada local, prescrevendo treinos com a devida segurança. Felizmente, depois dos primeiros meses de muita reclamação e pouca ação, a nossa área conseguiu se adaptar e hoje pra-ticar atividade física na maioria dos espaços é muito seguro. Combinando a necessária segurança com os já mencionados benefícios da atividade física, temos um momento perfeito para o estímulo à prática de atividade física no Brasil.

“Combinando a necessária segurança com os já mencionados benefícios da atividade física, temos um momento perfeito para o

estímulo à prática de atividade física no Brasil”

Revista Educação Física - Com as taxas de vacinação crescendo, ainda que timidamente, já é possível projetar uma redução nos casos?

Pedro Hallal - Pelos dados internacionais, a redução de casos já começa a ser observada quando atingirmos 40% da população imunizada. Infelizmen-te, estamos muito lentos até agora, mas espero que o ritmo da vacinação melhore nas próximas semanas. E quando chegarmos a 70% da população vacinada, a circulação do vírus reduzirá muito e chegaremos na tão desejada imunidade coletiva.

Revista Educação Física - Mesmo com a vacina, muitos cuidados deve-rão ser mantidos, correto? Quais práticas deverão permanecer pelos pró-ximos anos?

Pedro Hallal - No momento, é necessário manter todas as medidas de cuidado, como uso de máscaras, higienização constante das mãos e evitar aglomerações. Passada a pandemia, o uso de máscaras provavelmente só será recomendado em caso de sintomas gripais e as aglomerações voltarão a ser liberadas. A higienização das mãos, no entanto, acho que veio para ficar, felizmente.

Revista Educação Física - O senhor pode contar um pouco sobre a sua trajetória profissional? Quando e como a área da Epidemiologia passou a fazer parte da sua carreira?

Pedro Hallal - Cursei a graduação em Educação Física na Universidade Federal de Pelotas entre 1997 e 2000. Entrei na Faculdade querendo ser trei-nador de futebol. Ao longo do curso, me envolvi com o trabalho em aca-demia de ginástica e com esportes, mas ao fim da graduação, notei que o meu caminho era a vida acadêmica. Realizei então mestrado e doutorado em Epidemiologia, entre 2001 e 2005. Nos anos seguintes, segui minha vida profissional sempre conciliando o trabalho na Educação Física e na Epidemio-logia. É um casamento que deu certo.

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O EPICOVID-19

Conduzido por um grupo de pesquisadores da UFPel e coordenado pelo epidemiologista Pedro Hallal, o EPICOVID-2019 é o primeiro estudo brasileiro a investigar o número de infectados pelo novo coronavírus. O levantamento teve início no Rio Grande do Sul e contou com a parceria de outras universidades gaúchas. Tra-ta-se de uma iniciativa do governo do estado com a participação do Ministério da Saúde para sua replicação em nível nacional.

*MAS POR QUE “TEORIA DO ICEBERG”?

Quando a Covid-19 se aproximava do Brasil, enxergávamos na Europa e no resto do mundo um número de ca-sos ofi ciais. Este conjunto de casos representam a ponta do iceberg, ou seja, uma pequena fatia visível. O objeti-vo do Epicovid foi viabilizar a visão do iceberg como um todo, ou seja, compreender a real dimensão da doença.

AS DESCOBERTAS DO EPICOVID-19

1. O vírus afeta tanto crianças quanto adultos, diferentemente do que se pensava no início da pande-mia. Felizmente, a gravidade das in-fecções tende a ser menor nas crian-ças, mas elas têm o mesmo risco de infecção que os adultos.

2. O repetido argumento de que a maioria das infecções é assintomática é equivocado. A maioria dos pacien-tes apresenta sintomas leves, mas não são assintomáticos. Por exemplo, 60% das pessoas com coronavírus relatam perda ou alteração de olfato e paladar, confi rmando a relevância desse sinto-ma no diagnóstico da doença.

6 x3. Até o meio de 2020, havia

seis vezes mais pessoas infecta-das pela Covid-19 no Brasil do que mostravam as estatísticas ofi ciais, confi rmando a teoria do iceberg*, que aliás é o logotipo do projeto.

4. Há marcantes desigualdades re-gionais na Covid-19 no Brasil. A pande-mia afetou primeiro e com mais inten-sidade a região norte do Brasil. Existem múltiplas curvas epidêmicas em um mesmo país.

5. As pessoas indígenas apresentam risco eleva-do de contaminação por SARS-CoV-2. $

6. Foram observadas marcantes desigualdades socioeconômicas na distribuição do coronavírus no país. O risco de infecção foi o dobro entre os 20% mais pobres da população em comparação aos 20% mais ricos.

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Para seguir garantindo que a sociedade fosse aten-dida com qualidade e segurança durante a prática de atividades físicas, foi necessário que os CREFs se rein-ventassem em 2020. As fiscalizações precisaram, mais do que nunca, estar presentes no ambiente online, ga-rantindo a segurança dos beneficiários, principalmen-te, nas redes sociais. Mas com o reconhecimento da atividade física como essencial em diversos estados e municípios e a reabertura das academias, as fiscaliza-ções presenciais também aconteceram. Confira a seguir o balanço de fiscalização de cada região do país, divul-gado pelos próprios CREFs.

Em Santa Catarina, o CREF3/SC realizou 3.845 fisca-lizações, instaurando 136 processos de exercício ilegal da profissão, sendo 62 realizados pelas redes sociais. Do total de fiscalizações, 1.033 processos foram julgados. Foram ainda verificadas mais de 1000 denúncias.

Já na Paraíba, foram 1.408 ações de fiscalização desen-volvidas pelo CREF10/PB em 108 municípios. No total, 1.632 pessoas foram fiscalizadas, sendo 170 notificadas por apresentarem uma ou mais irregularidades, entre elas o exercício ilegal da profissão (72% dos casos).

Para o presidente do CREF, Francisco Martins da Silva [CREF 000009-G/PB], o balanço é positivo: “Os números

CREFs divulgam balançode fiscalização em 2020COM FISCALIZAÇÕES PRESENCIAIS E ONLINE, CONSELHOS PRECISARAM SE ADAPTAR DURANTE PANDEMIA

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mostram que, mesmo diante da pandemia, conseguimos manter um ritmo de trabalho que corrobora com a importância da nossa profissão. Passamos quatro meses sem fiscalização presencial, mas isso não impediu que estivés-semos de olho na internet e retomássemos o foco assim que fomos autori-zados pelos órgãos de saúde”, declarou.

Nos estados de Goiás e Tocantins, o CREF14/GO-TO fiscalizou 910 pro-fissionais, além de 759 estabelecimentos e 14 autônomos. No total, foram encontradas 339 pessoas e 217 estabelecimentos sem registro. Foram proto-coladas 277 denúncias, das quais 270 foram finalizadas.

O CREF7/DF visitou 17 instituições de ensino, além de 703 estabeleci-mentos que prestam serviços de atividade de condicionamento, dos quais 159 foram notificados por apresentarem irregularidades. Foram fiscalizadas 991 pessoas físicas, das quais 161 foram notificadas. Também foram regis-tradas 129 denúncias, sendo 41 arquivadas por tratarem de assuntos que não são de competência do CREF7/DF, como não pagamento de salários, por exemplo.

Em Sergipe, o CREF20/SE fechou o ano com 337 visitas a estabelecimen-tos e 481 pessoas fiscalizadas, além de outras 47 pessoas flagradas nas re-des sociais por exercício ilegal da profissão. De acordo com o supervisor de orientação e fiscalização, Diego Vidal [CREF 001363-G/SE], foi preciso intensificar o trabalho online: “Com as academias fechadas e as pessoas dentro de casa, as redes sociais foram bastante utilizadas para prescrever exercícios físicos e dar au-las, tanto por profissionais como por pessoas sem formação na área. Por isso, foram autuados por meio de flagrantes on-line 47 pessoas por exercício ilegal, sendo todos os autos en-caminhados ao Ministério Público”.

No Mato Grosso, o CREF17/MT realizou, em 2020, 408 fis-calizações, visitando 15 cidades, 1.432 pessoas físicas e 559 jurídicas. Foram emitidos 380 autos de infração e 89 autos de intimação. Foram encontradas 46 pessoas físicas e 66 jurídicas sem registro. No total, foram encaminhadas 184 denúncias ao Ministério Público.

O CREF12/PE esteve presente em 168 municípios, fiscali-zando 1.590 academias, 68 escolas, 7 clubes, 42 estúdios e

"Os números mostram que, mesmo diante da pandemia,

conseguimos manter um ritmo de trabalho que corrobora

com a importância da nossa profissão. Passamos quatro

meses sem fiscalização presencial, mas isso não

impediu que estivéssemos de olho na internet e

retomássemos o foco assim que fomos autorizados pelos

órgãos de saúde"

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119 espaços de treinamento funcional. Foram fiscalizados também 1.723 profissionais, além de 56 graduados sem registro, 186 leigos no exercício ilegal da profissão e 411 estudantes.

No Norte, o CREF8 realizou 890 visitas de fiscalização, nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. No total, foram flagrados 63 casos de exercício ilegal da profissão, além de 153 denúncias atendidas. Foram autua-das 137 pessoas físicas e 537 jurídicas. Nas 19 cidades visitadas, ainda foram encontradas 858 pessoas físicas e 45 pessoas jurídicas registradas, além de 439 estabelecimentos regulares no momento da visita.

No Rio Grande do Norte, o CREF16/RN realizou 1.041 fiscalizações. Nas visitas, os fiscais encontraram 108 academias irregulares, sendo 18 delas notificadas e interditadas por problemas como falta de re-gistro e de Profissionais de Educação Física, além de 113 pessoas em exercício ilegal da profissão, que também foram notificadas. Foram realizadas ainda 98 fiscalizações de perfis em redes sociais, por meio de denúncias, com pessoas em exercício ilegal vendendo orienta-ções e pacotes de treino. Todas foram identificadas e notificadas.

Segundo o presidente da Comissão de Orientação e Fiscalização do CREF16/RN, Franklin Deweksley Soares [CREF 001.228-G/RN], o departamento de orientação e fiscalização também auxiliou nas

dúvidas sobre os protocolos de biossegurança exigidos pelas autoridades de saúde. “O ano de 2020 registrou um número elevado de fiscalizações realizadas pelo departamento de orientação e fiscalização do CREF. Foi um ano de trabalho e muito empenho, apesar dos quase quatro meses sem ação presencial”.

O CREF15/PI visitou 109 municípios, 398 estabe-lecimentos, fechando e multando 72 deles. Além disso, 49 escolas foram fiscalizadas, além das 42 fiscalizações virtuais. No total, 77 pessoas foram flagradas no exercício ilegal da profissão e 27 de-núncias foram encaminhadas ao Ministério Públi-co. O CREF15/PI ainda contou com a contribuição do PROCON/MP em 31 fiscalizações.

Em Minas Gerais, o CREF6/MG visitou 76 cidades. Durante as ações de fiscalização, encontrou 415 pes-soas exercendo a profissão de forma ilegal, além de 530 estabelecimentos sem registro.

O CREF19/AL também passou a intensificar as ações de fiscalização nas redes sociais, normatizan-do, por meio de Resoluções e Portarias a fiscalização on-line. Em 2020, foram fiscalizadas 332 pessoas em redes sociais e 472 presencialmente. Também foram

visitadas 187 empresas registradas e 110 sem registro, além de 13 outras instituições. No total, foram 1.213 ações de fiscalização no ano.

Em São Paulo, o CREF4/SP criou um perfil para fiscalização no Instagram e iniciou sua atuação online. No último ano, foram recebidas 262 notifi-cações, sendo 174 destas por exercício ilegal da profissão. O número de profissionais fiscalizados em ambiente online foi de 4.726, sendo 2.483 profissionais contatados via telefone (até novembro), que não se identifi-cavam por meio de seu número de registro profissional para orientações e 2.243 profissionais que não atenderam aos telefonemas e foram orien-tados via e-mail.

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No Mato Grosso do Sul, o CREF11/MS realizou um total de 1.358 fiscaliza-ções, entre proativas e reativas. No total, foram fiscalizados 3.724 profissio-nais e 129 estagiários. Foram encontradas 28 pessoas físicas e 178 estabe-lecimentos sem registro. As denúncias recebidas e analisadas somaram 78. Além disso, foram emitidos 1.358 termos de visita e 546 autos de infração.

Mais para o Sul, no Paraná, o CREF9/PR realizou 1.635 visitas, emitindo 279 notificações de pessoa física e 420 de jurídica, além das 72 realizadas em am-biente online. No total, foram recebidas 598 denúncias, das quais 143 foram online. Foram encaminhados ao Ministério Público 146 processos.

O CREF5/CE realizou 1543 fiscalizações em 91 cidades do Ceará. Presencial-mente, foram encontrados 286 leigos exercendo ilegal da profissão, além de 249 profissionais irregulares, atuando fora de sua categoria de habilitação. Das 161 denúncias atendidas, 117 ocorreram na região metropolitana de For-taleza e 44 no interior. Já no ambiente online, foram recebidas 146 denún-cias, flagrados 45 casos de exercício ilegal e 31 notícias-crime protocoladas. Além disso, foram encontradas 31 academias descumprindo decreto.

Em 25 municípios maranhenses, o CREF21/MA visitou 616 pessoas jurídi-cas, fiscalizando 679 profissionais e encontrando 130 leigos no exercício ile-gal da profissão, que foram autuados. Foram emitidos 211 autos de infração e 405 termos de visita. Das 119 denúncias recebidas, 81 foram averiguadas.

Nos estados do Pará e Amapá, o CREF18/PA-AP encontrou 47 pessoas jurídicas sem registro, e 36 sem responsável técnico, além de 37 permi-tindo a atuação de pessoas sem registro. Foram oficializados 38 casos de exercício ilegal da profissão e 6 de profissionais exercendo atividade fora de sua habilitação.

O CREF13/BA realizou 1.033 visitas a locais que desenvolvem atividades esportivas, em 97 municípios diferentes. Foram enviadas 20 notificações por meio das redes sociais e 184 pessoas foram flagradas no exercício ilegal da profissão. No total, oito academias foram interditadas por decisão judicial.

Os CREFs fiscalizam, regularmente, as pessoas físicas e jurídicas. Fazem parcerias com outros órgãos, notificam e interditam academias. Tudo para garantir que os serviços em atividade física sejam prestados exclusiva-mente por Profissionais de Educação Física devidamente habilitados. No entanto, sua ajuda é fundamental. Por isso, não deixe de realizar denún-cias, caso tenha conhecimento de irregularidades na sua região. Acesse: www.confef.org.br/confef/crefs/ e registre sua denúncia diretamente ao CREF do seu estado.

"Os CREFs fiscalizam, regularmente, as pessoas físicas e jurídicas. Fazem

parcerias com outros órgãos, notificam e interditam academias. Tudo para

garantir que os serviços em atividade física sejam prestados exclusivamente

por Profissionais de Educação Física devidamente

habilitados"

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O Manifesto Internacional para a Promoção da Atividade Física no Pós-Covid-19 veio a público em outubro de 2020, fruto de um trabalho coletivo de profissionais e pesquisadores do Brasil e do exterior, sob liderança do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS). O conjunto de recomendações pretende sensibilizar e mobilizar os mais distintos grupos populacionais, órgãos governamentais, não governamentais e ini-ciativa privada sobre a promoção de uma vida mais ativa, considerando os efeitos imunológicos e pre-

ventivos da prática da atividade física no enfrenta-mento da pandemia.

A fim de aprofundar o debate, convidamos quatro dos dez autores do documento para apresentarem in-terpretações do Manifesto, segundo as perspectivas da profissão de Educação Física. Iniciamos o diálogo com Lamartine DaCosta [CREF 000118 - G/RJ], do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e Luis Carlos de Oliveira [CREF 0001182-G/SP], diretor do CELAFISCS / Agita São Paulo.

Perspectivas da profissão de Educação Física durante e após crise sanitária

AUTORES DO MANIFESTO INTERNACIONAL PARA A PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NO PÓS-COVID-19 DIALOGAM SOBRE DOCUMENTO

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Luis Carlos Oliveira (LCO) - Seis meses após seu lançamento, o manifesto continua obtendo um grande número de adesões de instituições com relação direta ou indireta com as atividades físicas. Os números atuais assinalam 442 entidades, sendo 188 (42,6%) estrangeiras, confirmando o sentido global e de múltiplas profissões. Em 2021, trabalhamos no CELAFISCS com a expectativa de um envolvimento crescente dos Profissionais de Edu-cação Física diante das diretivas do Manifesto e em face à previsível expansão das Atividades Físicas (AF) durante e após a pandemia. Afinal, essa crise sanitária tem solici-tado novas perspectivas.

Lamartine DaCosta - Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Luis Carlos de Oliveira - Diretor do CELAFISCS / Agita São Paulo

LCO – Essas interpretações são válidas, pois derivam de estudos em progresso. Por isso, as bases científicas visando uma vida saudável como defesa contra a atu-al pandemia e posterior preservação da saúde foram o ponto de partida do Manifesto. Ao longo de 2020, o grupo elaborador coletou e analisou produção científi-ca internacional sobre o tema AF x Covid-19 para fun-damentar as 12 recomendações listadas no documento. Este procedimento explica, em princípio, a imediata ade-são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Co-légio Americano de Medicina do Esporte (CAME), como também as centenas de outros apoios de instituições na-cionais e internacionais formalizados junto ao CELAFISC. Entre as entidades avalizadoras, a maioria tem relações diretas ou indiretas com a Educação Física.

LD – Não é surpreendente a vinculação da Educação Física e áreas congêneres a uma grande mobilização vol-tada para a saúde. É histórica a integração progressiva das AF com a saúde e os profissionais da Medicina e áre-as afins. No Brasil, temos o exemplo do SUS que atua com Profissionais de Educação Física nas equipes multi-disciplinares há anos. Mas na nossa própria carreira, cen-trada nas AF, há uma tradição a ser invocada neste mo-mento. Em 1968, o livro “Introdução à Moderna Ciência do Treinamento Desportivo” contou com cinco autores médicos e quatro Profissionais de Educação Física, uma parceria até então inédita no Brasil. Consequentemen-te, a obra criou uma nova identidade para a nossa pro-fissão, que até hoje revela-se tanto na formação como na atuação profissional. De fato, a ciência foi a razão e o propósito dos avanços da Educação Física após 1968, uma tendência que sugere estar sendo reforçada agora tendo a saúde como um elo. Ou seja, a saúde é o objeto principal para a atual definição da Educação Física como atividade científica. Enfim, o Manifesto para a Promoção da Atividade Física é, na essência, um projeto de todos os profissionais relacionados à Educação Física, ao Esporte e à Recreação Ativa, sempre em cooperação com médicos, enfermeiras, fisioterapeutas e outras profissões de objeti-vos similares. Aliás, o próprio CELAFISCS – base originária do documento - foi criado em 1974 por médicos e Profis-sionais de Educação Física, mantendo até hoje a tradição de trabalho em conjunto.

LCO – Sem dúvidas, o Manifesto deve ser considerado como um instrumento integrador de todas as profissões citadas. E mais: foram elaboradas referências operacio-nais a serem assumidas e manejadas pelas mais diversas entidades da sociedade civil, isto é, entidades de gover-no, empresas, grupos societários, entidades educacio-nais, grupos vulneráveis, partidos políticos, religiões e cidadãos em geral. Como tal, o grupo elaborador harmo-nizou-se aos preceitos da OMS e foi coerente ao adotar

Lamartine DaCosta (LD) – Concordo com sua previ-são, pois nos dias de hoje já existem dados de pesquisa na literatura médica e em áreas congêneres, identifican-do uma expansão das AF no transcorrer da ocorrência global da Covid-19. Aliás, o Manifesto na versão com-pleta inclui 41 referências de fontes científicas, as quais têm sido renovadas de modo rotineiro. Entretanto, este conjunto de evidências – agora atentando para aconte-cimentos correntes no Brasil – não têm apresentado da-dos que garantem igualdade entre setores. Por exemplo, as academias têm tido seu funcionamento limitado em muitas cidades. Também a Educação Física Escolar e os clubes esportivos passam por perdas das condições de atendimento. No entanto, as AF realizadas em residên-cias e espaços públicos abertos aparentam estar em ex-pansão, uma ocorrência comprovada em diversos países. Aliás, como toda crise gera oportunidades, os Profissio-nais de Educação Física podem estar diante de uma nova onda de adesões às práticas de AF em escala mundial.

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recomendações divulgadas pelo Manifesto em 2020. Aqui, nesta troca de opiniões, podemos reexaminar o Manifesto à luz de sua aplicação por Pro-fissionais de Educação Física. Acompanhando as 12 recomendações, pode-se abordar primeiramente aquelas que partem do geral para as possibilidades de participação da Educação Física, Esporte e Recreação Ativa e, numa se-gunda rodada, aquelas que partem de conteúdos típicos da Educação Física para orientações específicas sobre as AF.

LD – Percorrendo o Manifesto do geral para o particular, cabe-me então convidar meus congêneres profissionais a ter atenção às recomendações do item 1, que se liga naturalmente e em épocas distintas à responsabili-dade dos poderes e dos formadores de opinião pública. Ou seja, as pro-posições voltaram-se para a sociedade como um todo e não apenas para grupos específicos, sobretudo profissionais. Falando em nome de meus co-legas elaboradores do Manifesto, assumimos que em se tratando de saúde pública, deve-se evitar posições corporativas, ideológicas ou partidárias. Hoje, a referência maior das profissões referenciadas à saúde é a ciência, o que não nos resguarda de enfrentarmos contradições. Uma delas, aponta-da recentemente pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte, é a do “remédio secreto” que identifica as AF como solução para a pandemia da inatividade física (5,3 milhões de mortes/ano), embora negligenciada pelos governos e opinião pública em escala mundial. Em outras palavras, há um negacionismo “oculto” em face às diversas formas de sedentarismo e outro “explícito”, ora revivido na Covid-19 por atores políticos em várias partes do mundo. Assim, a abertura do Manifesto, ao recomendar uma vida mais ativa e saudável, partiu necessariamente da responsabilidade individual e social (profissionais, instituições públicas e governo) na busca de uma atitude an-tinegacionista, coletiva e solidária.

LCO – Se me permite, eu colocaria na mesma linha de raciocínio o uso das vacinas, pois tem havido rejeições e tentativas de politização. Mas se nosso en-foque é o profissional, podemos então considerar que já foi disponibilizado em publicação científica o efeito imunizante das AF. Portanto, o nosso “remédio secreto” potencializa favoravelmente o organismo humano, embora não seja uma alternativa à vacinação. Trata-se de um complemento visando uma vida saudável. Em outras palavras, tanto a vacina como as AF são exemplos de po-líticas públicas, foco da recomendação 2 do Manifesto, a qual também solicita atenção para as desigualdades de várias naturezas. Em resumo, se o foco é a profissionalização e a ciência, vacina e AF devem ser igualmente para todos.

LD – Seu argumento permite-me apreciar as recomendações 3 e 4. A primeira orienta as intervenções para o acesso dos grupos alvo das políticas públicas e a segunda para a adoção de “estratégias inovadoras” partindo de indicações OMS. Nestas duas abordagens, o Manifesto segue caminhos similares aos documentos internacionais, pois o problema da democratização do acesso é a condição pri-meira para o sucesso de qualquer projeto social, sobretudo com foco na saúde. Isso porque não basta a existência de meios e de vontade política se o alcance

“O Manifesto deve ser considerado como um instrumento integrador de todas as profissões citadas. E mais: foram elaboradas referências operacionais a serem assumidas e manejadas pelas mais

diversas entidades da sociedade civil“

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aos indivíduos e grupos é difícil ou inatingível. Por isso, o Manifesto enfatizou caminhos dos serviços essenciais de saúde pública, saneamento básico e na universalização da educação de qualidade. Esses três alvos continuam priori-tários, mas tanto a OMS como o Manifesto incorporam no conjunto as AF. E para a efetiva realização desta integração “sustentável” - como indica a OMS – sugere-se a adoção de inovações para se obter sentido operacional ao conjunto, ou partes dele, de modo reformador e progressivo. Neste ponto reside o grande desafi o da área de Educação Física e áreas correspondentes, pois nas atividades de AF, como em outras áreas profi ssionais, há múltiplas mudanças em andamento. Antes, em razão dos avanços da era digital, e, na atualidade, devido às crescentes opções híbridas no trabalho e na vida relacional. Em outras palavras, na maior parte das atividades de trabalho e dos relacionamentos hu-manos, em qualquer país, as rotinas de antes, durante e projetadas para a fase pós-Covid-19 estão se misturando, como constatou a famosa e recente pesquisa internacional McKinsey Report (www.confef.com/459).

LCO – É compreensível a busca de inovações ao le-var esse diálogo para o desenvolvimento das AF. Um exemplo brasileiro a ser lembrado é o Agita São Paulo, movimento de promoção de AF, criado e dirigido pelo CELAFISCS há 24 anos. Trata-se de uma iniciativa des-centralizada em que a entidade líder orienta as ativida-des e organiza o treinamento dos dirigentes locais. Des-te modo, as AF no Agita são ações comunitárias com participantes locais dirigindo e recriando as AF. Esse pa-drão de funcionamento tem sido estimulado também pela OMS, que denomina de “glocal” a combinação de orientações globais com iniciativas autônomas locais. Esta diretriz é historicamente assumida pelo Agita, que publica a cada ano um volume de “Boas Práticas” com relatos de promoções e reinvenções de cada ente mu-nicipal associado ao movimento.

“O nosso remédio secreto potencializa favoravelmente o organismo humano, embora não seja uma alternativa à vacinação. Trata-

se de um complemento visando uma vida saudável. Em outras palavras, tanto a vacina

como as AF são exemplos de políticas públicas, foco da recomendação 2 do Manifesto, a qual

também solicita atenção para as desigualdades de várias naturezas. Em resumo, se o foco é a profi ssionalização e a ciência, vacina e AF

devem ser igualmente para todos”

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LD – Bem lembrado o exemplo do Agita, mas soluções para combinar os conhecimentos profissionais relacionados às AF com as circunstâncias pro-duzidas pela pandemia da Covid-19 podem ser também potencializadas por tecnologias digitais, como recomenda o item 10 do Manifesto. Cabe mencio-nar um estudo de revisão de práticas nas condições brasileiras e por iniciati-vas locais criadoras de “misturas” de rotinas tradicionais de AF com manejos da tríade Ciência-Tecnologia-Inovação. Esse levantamento contou com 23 autores e organização de Miragaya, DaCosta, Turini & Gomes (2020), dispo-nível para acesso livre em www.confef.com/456. Abriu-se, no caso, espaço para “startups” atuantes nas AF, ou seja, um novo dispositivo organizacional voltado para a geração de inovações a baixo custo, modelo que tem tido excepcional sucesso no Brasil, tanto na Agroindústria, na Medicina, nas Fi-nanças como em várias outras áreas profissionais. Por esse estudo, torna-se perceptível que a tecnologia e a inovação são, hoje, um “remédio universal”, mas com sucesso nas AF dependendo do “ecossistema” que surge de uma mistura híbrida ou de procedimentos até então pouco conhecidos ou consi-derados. Ou seja, a reinvenção das AF inclui as condições de entorno e con-texto da criação, sejam elas materiais, socioculturais, econômicas ou valora-tivas da profissão que lidera as adaptações. Trata-se, portanto, da adoção da sustentabilidade nas “estratégias inovadoras”, recomendadas pelo Manifesto e pela OMS, ora convocadas em face da pandemia, mas antes já correntes nas atualizações da era digital.

“Certamente o ponto culminante do Manifesto é a recomendação 12, que se apoia no lema ‘Mover-se mais e sentar-se menos, acumulando 150 minutos ou mais por semana de atividade física

moderada’. Essa orientação genérica é o nexo síntese que traduz quaisquer e todas as formas de exercício físico para uma vida saudável. A partir dela, múltiplas experiências profissionais em

Educação Física e intervenções congêneres se definem e se desdobram”

LCO – Seus esclarecimentos são subprodutos do Manifesto, pois as inter-venções profissionais no instrumento em pauta são implícitas, embora indis-pensáveis. De outro modo, as demandas citadas permaneceriam convocadas, mas não operacionalizadas. Por esta razão, o grupo do Manifesto e o CELA-FISCS permanecem acompanhando os efeitos do documento junto às ade-sões. Aliás, a publicação deste Diálogo na Revista Educação Física pretende confirmar a adesão do CONFEF e de vários CREFs ao Manifesto, dirigindo-se agora aos profissionais com propostas de mobilização. Afinal, são eles e elas, nas posições finais junto aos públicos e grupos-alvo, que estão fazendo as “misturas” híbridas como acontece com todas as profissões.

LD – Se no lugar de priorizar a sociedade civil, o Manifesto colocasse em maior destaque os interesses profissionais da Educação Física, teríamos um manifesto corporativo, algo contraditório à Ciência, base atual da nossa pro-fissão. E note-se que a recomendação 12, a última a ser examinada, focaliza as AF pelo viés da aplicação – suporte da identidade do Profissional de Educa-ção Física – cujos antecedentes referem-se às evidências científicas recentes com diversidade de comprovações.

LCO – Certamente o ponto culminante do Manifesto é a recomendação 12, que se apoia no lema “Mover-se mais e sentar-se menos, acumulando 150 minutos ou mais por semana de atividade física moderada”. Essa orien-

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tação genérica é o nexo síntese que traduz quaisquer e todas as formas de exercício físico para uma vida saudável. A partir dela, múltiplas experiências profissionais em Educação Física e intervenções congêneres se definem e se desdobram. Daí a frase complementar do lema síntese: “Todo o movimento conta”, uma recomendação que reforça a procura de soluções híbridas para as AF de hoje e de amanhã.

Para dar continuidade ao debate sobre o documento, os autores Francisco José Gondim Pitanga [CREF 000108-G/BA], da Universidade Federal da Bahia, e Victor Matsudo, médico e Diretor científico do CELAFISCS / Agita São Pau-lo, fazem seus apontamentos.

FP – Proponho iniciar nosso diálogo pela recomendação nº 5 do Mani-festo. Existe um consenso entre os pesquisadores da atividade física, tanto nacionais quanto internacionais, sobre a grande importância da promoção das AF no ambiente escolar. No contexto da pandemia, bem como no pós--pandemia, provavelmente teremos que nos reinventar no que diz respeito à intervenção profissional na escola. Além do incentivo à prática nas aulas de Educação Física, teremos que buscar intervenções para que as crianças e adolescentes reduzam o comportamento sedentário, principalmente frente às telas de TV, dos celulares e etc.

VM – A verdade é que além das crianças e adolescentes estarem fazendo menos atividades físicas na vida diária, na escola ou fora dela, elas estão gastando mais tempo frente às TVs, videogames, celulares, tablets e smar-tphones. O CELAFISCS participou de um estudo multicêntrico com 12 países, alguns bem desenvolvidos como EUA, Canadá, Austrália e Finlândia, outros nem tanto, como Portugal e China, e outros ainda menos desenvolvidos, como Quênia e Colômbia. Ao todo, chegou-se a uma amostra de 6 mil esco-lares, de 10 e 11 anos de idade. O estudo mostrou que as crianças dos países mais vulneráveis são as que passam mais tempo em frente das telas.

Victor Matsudo, médico e Diretor científico do CELAFISCS / Agita São Paulo

Francisco José Gondim Pitanga, da Universidade Federal da Bahia

“No contexto da pandemia, bem como no pós-pandemia, provavelmente teremos que nos reinventar no que diz respeito à intervenção profissional na escola. Além do incentivo à prática nas aulas de Educação Física, teremos que buscar intervenções para que as crianças e adolescentes reduzam o comportamento sedentário, principalmente frente às telas de TV, dos celulares e etc”

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FP – Na teoria e na prática da Educação Física as AF devem ser enfatizadas para todos, o que implica no atual estágio criar estratégias, sobretudo inovadoras, como indica a re-comendação nº 6. Os grupos específicos, tais como idosos, mulheres, portadores de deficiências, entre outros, devem ter políticas de promoção da atividade física mais enfáticas, de tal forma que a adesão aos programas de atividade física seja feita com garantia de permanência ao longo da vida. Ou seja, desde a infância, passando pela adolescência, ida-de adulta e também durante o processo do envelhecimento. Por isso, o Manifesto traz relevância às AF em casa e ambien-tes abertos, visando mais facilidade nos acessos.

VM – Se por um lado a prática da atividade física ao longo da vida seja a proposta do Agita São Paulo e de outros programas de promoção de atividade física, por outro lado a motivação para que a criança, adulto ou idoso se mantenham ativos por todo esse período é a pergunta de um milhão de dólares! Em nossa experiên-cia, os programas não devem estar centrados apenas em contagem de passos, de minutos, de frequência cardía-ca, mas sim focados no prazer. Qual o prazer que uma determinada atividade esportiva traria para a pessoa? De nada adianta ficarmos explicando que, por exemplo, a natação melhora a potência aeróbica, se a pessoa não gostar de nadar, como se diz hoje em dia, não vai rolar.

Educação Física. A convocação, no caso e de acordo com a recomendação nº 11, refere-se aos políticos e autori-dades de governo, aos quais cabe “Investir fortemente em políticas e ações que promovam a caminhada, o uso da bicicleta, a prática de esporte, jogos e recreação mais ativa nos espaços públicos”.

VM – A abordagem da supervisão profissional é im-prescindível, sobretudo se cogitarmos as pessoas recu-peradas da Covid-19. A tragédia da pandemia no Brasil é, na maioria das vezes, medida pelo número de conta-giados e de mortes. Os órgãos de comunicação e as au-toridades de saúde pouco mencionam os recuperados, que são a maioria. No momento que estamos escreven-do esta comunicação, aproximadamente 11 milhões de brasileiros se recuperaram da Covid-19, dos quais 80% apresentam alguma sequela nos primeiros seis meses. Ou seja, temos mais de 9,5 milhões de brasileiros que precisariam de alguma assistência, mas infelizmente com a demanda que a fase aguda da Covid-19 exige, pouca ou quase nenhuma atenção é dedicada a esse enorme contingente. Estamos no CELAFISCS propondo o Agita Pós-Covid, em que a orientação central está nas ativida-des domiciliares, não só pela facilidade e baixo custo de execução, mas também pela limitação dos serviços de saúde em atender a essa expressiva faixa da população.

FP – Se estamos focalizando abordagens fundamentais do Manifesto, trago à nossa troca de posições a recomen-dação nº 8. Durante a pandemia, a prática da atividade física na intensidade moderada foi sugerida em função dos benefícios associados aos sistemas cardiovascular, metabólico, imunológico, bem como para a saúde men-tal. A atividade física na intensidade vigorosa, principal-mente para aqueles que não estão acostumados, deve ser evitada em função da possibilidade da imunossupressão causada após sua prática, o que poderia deixar o nosso organismo mais susceptível ao processo da infecção viral.

VM – É um tema relevante. Trabalhos realizados com atletas olímpicos mostraram que a incidência de infecções de vias aéreas superiores era maior que a população em períodos de grandes competições, como os Jogos Olímpi-cos. Uma das maiores autoridades em imunologia espor-tiva, Dr. David Nieman, demonstrou que pequenas doses de exercícios vigorosos poderiam melhorar a resposta imunológica, mas quando realizados em longa duração levariam a uma depressão do sistema imune, chamada de janela imunológica. E isso seria ainda mais evidente na-quelas pessoas que não estavam envolvidas com treina-mento físico. Por isso, o Manifesto não incentiva a prática de atividades físicas intensas, porque a depressão imuno-lógica facilitaria o comprometimento viral.

FP – O Manifesto também chama atenção para a re-dução do comportamento sedentário, ou seja, sentar-se

FP – Concordo com as limitações apontadas, entretan-to a busca de soluções no contexto da pandemia criou espaço para práticas em casa. Os benefícios dessas prá-ticas estão cada vez mais consolidados, principalmente quando orientadas por Profissionais de Educação Físi-ca, tanto de forma presencial, quanto de forma remota. Além disso, a prática da atividade física ao ar livre, bem como em centros de condicionamento físico deve aten-der rigorosamente aos protocolos de biossegurança de-terminados pelas autoridades sanitárias. Neste contex-to, o Manifesto chama atenção sobre a importância da atividade física residencial, principalmente para grupos de risco, em áreas públicas ou centros de condiciona-mento físico. Em todas estas possibilidades de ação é de fundamental importância a orientação do Profissional de

“Neste contexto, o Manifesto chama atenção sobre a importância da atividade física residencial, principalmente para grupos de risco, em áreas públicas ou centros de

condicionamento físico”

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menos e substituir o tempo sentado por qualquer tipo de movimento, mes-mo que seja em intensidade leve, como indica a recomendação nº 9. Além disso, recomendamos, sobretudo, a prática de pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Com esses dois comportamentos, atividade física e redução do comportamento sedentário, pode-se maximizar os benefícios para a saúde cardiovascular, metabólica e mental, além de aumentar os be-nefícios para o sistema imunológico. Note que no diálogo Luis de Oliveira x Lamartine DaCosta este tema surgiu como fundamental.

VM – Cabe-me então reforçar essa orientação, destacando que evidências científicas mais recentes têm apontado para benefícios à saúde que a ativi-dade física leve promove, com melhora de indicadores cárdio-metabólicos assim como da mortalidade por todas as causas. Estudo recente que publi-camos na Revista Brasileira da Atividade Física e Saúde (Porto L. et al, 2020) apontou que com 30% do volume recomendado de atividade física mode-rada (ou seja, 50 minutos por semana) já se conseguiria 51% dos benefícios auferidos pela recomendação total (150 minutos por semana). Assim, na luta para que os sedentários passem a ser ativos, não deveríamos “fechar a porta” para aqueles que não alcançassem estritamente os 150 minutos, uma vez que eles estariam no caminho certo e já conseguindo grandes benefícios. Por isso, o Manifesto conclui com ênfase que “Todo Movimento Conta”.

Fazem parte do Comitê Editorial do documento: Antonio Carlos Bramante - Coordenador do Laboratório de Gestão das Experiências de Lazer - LAGEL/GESPORTE/FEF-UnB, Douglas Roque Andrade - GEPAF - EACH – USP, Francisco José Gondim Pitanga - Universidade Federal da Bahia, Lamartine Pereira da Costa - Programa de Pós Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte – UERJ, Luis Carlos de Oliveira - CELAFISCS / Agita São Paulo / Diretor, Luiz Guilherme Grossi Porto - Grupo de Estudos em Fisiologia e Epidemiologia do Exercício e da Atividade Física - GEAFS / FEF / UnB, Maria Beatriz Rocha Ferreira - Grupo de pesquisa NGIME-UFJF - Vice Presidente IAPES-GW, Markus Vinicius Nahas - Professor- UFSC (Aposentado), Maurício Santos - CELAFISCS / Agita São Paulo, Victor Keihan Rodrigues Matsudo - CELAFISCS / Agita São Paulo / Diretor científico.

FP – Concordando com seus destaques no tema das AF, temos que falar também sobre o modo de praticá-las. Com a chegada da pandemia, as ativi-dades feitas de forma remota ganharam força. Surgiram diferentes platafor-mas a serem utilizadas pelos Profissionais de Educação Física para fazer com que as pessoas permanecessem ativas fisicamente com orientação adequada. Na nossa opinião, essa maneira de promover as AF estará em alta no cenário pós-pandemia. E, assim sendo, repito que em todas essas possibilidades de ação é de fundamental importância a orientação do Profissional de Educação Física, quer seja presencialmente como por meios digitais.

VM – Sem dúvida, estamos numa verdadeira guerra contra o sedentarismo e contra outra epidemia, a do coronavírus, ou seja, numa sindemia que ocor-re quando temos pelo menos duas epidemias ocorrendo ao mesmo tempo. Assim, os aplicativos e as plataformas são aliados nessa luta. Em resumo, no nosso mundo em transformação precisamos ser criativos para não perder-mos o bonde da história. Acredito firmemente que os Profissionais de Educa-ção Física saberão construir a resposta adequada a mais esse desafio.

“Sem dúvida, estamos numa verdadeira guerra contra o sedentarismo e contra outra epidemia, a do coronavírus, ou seja, numa sindemia que ocorre quando temos pelo menos duas epidemias ocorrendo ao mesmo tempo”

Confira a íntegra do Manifesto da Atividade Física no Pós-Covid em:celafiscs.org.br/manifesto-da-atividade-fisica

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Ao concluir o curso de Educação Física, ainda na década de 60, Jorge Stei-nhilber pôs em prática os planos para realizar um sonho antigo: colocar a Educação Física no mesmo patamar das demais profi ssões. Por décadas, atuou disseminando a proposta de regulamentação por onde passou. Sua articulação uniu profi ssionais, entidades e chegou ao Congresso Nacional, que estabeleceu a Lei 9696/98. Em 2020, após 22 anos da conquista, Stei-nhilber deixou o comando do CONFEF, mas os sonhos de tornar a profi ssão cada vez mais forte estão mais vivos do que nunca. Em entrevista à Revista Educação Física, o gestor conta sua experiência no comando da entidade e suas expectativas de futuro da profi ssão.

Revista Educação Física - O senhor foi o regente da conquista da Lei 9.696/98 e da edifi cação do Sistema CONFEF/CREFs. Como se sente ao pas-sar o bastão?

Jorge Steinhilber - Sinto-me bem, pois foi um processo pensado e plane-jado. Em 2016, no período de eleição dos membros do CONFEF, comuniquei que seria minha última candidatura e, assim, me preparei para viver outro momento de vida pessoal e profi ssional. Ao longo desses últimos quatro anos de mandato, garantimos qualidade na governança de todos os setores do CONFEF, nos preparando para a entrega das chaves e passagem do bastão.

Revista Educação Física – Quais foram as principais conquistas? Jorge Steinhilber - O principal legado sem dúvida alguma é a conquista da

Lei 9.696/98, que é o instrumento jurídico regulador de nossa profi ssão; mas também a instalação e desenvolvimento do Sistema CONFEF/CREFs; a legis-lação obrigatória da disciplina Educação Física Escolar em todas as séries da Educação Fundamental; a inserção do Profi ssional de Educação Física na área

Entrevista:Jorge Steinhilber

EX-PRESIDENTE DO CONFEF FALA SOBRE SUA GESTÃO E COMO LUTOU E CONQUISTOU ALGO ATÉ ENTÃO INÉDITO NO MUNDO: A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

“Sou apaixonado pela Profi ssão. Acredito na

relevância da mesma e continuarei batalhando

pelo seu reconhecimento”

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da saúde; a obrigatoriedade dos serviços em atividades físicas e desportivas serem prestados por Profi ssionais de Educação Física; a valorização e reconhe-cimento do Profi ssional de Educação Física e a conquista de sua importância e essencialidade para a promoção da saúde e do desenvolvimento humano.

Praticamente a cada ano surgiam novos desafi os e novas ameaças pre-cisavam ser combatidas. Foram impactos positivos que deixamos registra-dos. Iniciar com zero profi ssionais registrados, zero recursos fi nanceiros, contando apenas com o idealismo e amor à causa de cada um dos dezoito Conselheiros eleitos em 1998, e atingir o patamar de mais de 550 mil profi s-sionais registrados e 21 Conselhos Regionais autossustentáveis é algo que impressiona. Considero um marco fantástico.

Em termos de legados e impactos gastaríamos enorme espaço para enumerar e descrever os mesmos, assim como as respectivas fundamen-tações. Sugiro a leitura do artigo “Conclusão de mandato”, disponível no blog www.jirist.com.

Revista Educação Física - Alguma frustração ou arrependimento?Jorge Steinhilber - Como disse no meu discurso de passagem do bas-

tão, temos que contextualizar sempre. Algumas decisões e posições to-madas no início foram necessárias e fundamentais para o crescimento do Sistema CONFEF/CREFs e reconhecimento da Profi ssão. Se fossem adotadas hoje seriam consideradas retrógradas, razão pela qual é fundamental estar atento às circunstâncias e ao momento atual. Nesse contexto, não há o que falar em frustração. Certamente, se tivesse o mesmo conhecimento e expe-riência adquirida hoje, algumas poucas decisões tomadas ao longo desses anos poderiam ter sido diferentes. Reafi rmo que todas foram adequadas à conjuntura e contribuíram para o desenvolvimento e crescimento do Siste-ma CONFEF/CREFs.

Apenas uma frustração carregarei comigo, a de não ter conseguido evitar confrontos beligerantes entre alguns presidentes de CREFs no plenário do CONFEF. Desde 2018, a disputa por interesses pessoais e de grupos prejudi-cou reformas e avanços necessários. Porém, acredito que essas situações se apresentam em todas as esferas. Basta olharmos nosso país, que deveria ser uma das potências mundiais e demonstra involução em praticamente todas as esferas. Acredito e defendo que foram e são situações pelas quais a enti-dade teve que atravessar para amadurecer e atuar em prol dos Profi ssionais de Educação Física.

Nosso lema desde antes da conquista da regulamentação foi Sonhar, Acre-ditar e Realizar (Conquistar). Estarei sempre fi el a ele.

Revista Educação Física - Quanto à eleição de 2020, algum comentário?Jorge Steinhilber - Foi um período conturbado no plenário do CONFEF.

Um grupo de presidentes lançou um movimento de campanha para eleição e daí em diante me elegeram como alvo, mesmo eu tendo anunciado que não comporia nenhuma chapa na eleição. Em razão da necessidade de se projetarem, passaram a disseminar a ideia de perpetuação do poder do Jorge Steinhilber, divulgando em revistas e nas redes sociais informações inverí-dicas (a ponto de eu ter que requerer direito de resposta e ser atendido). É sempre mais fácil criticar e destruir o que foi realizado por aqueles que estão na direção dos trabalhos do que criar.

Após esse período pré-eleitoral, a eleição em si transcorreu dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Regimento Eleitoral, sendo eleitos os Con-selheiros que a maioria dos eleitores entendeu que estão aptos a lutar pela Profi ssão e pelo Profi ssional de Educação Física.

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Revista Educação Física - Quanto às eleições dos CREFs este ano, algum comentário?

Jorge Steinhilber - Como disse anteriormente, o Sistema CONFEF/CREFs deve estar atento à conjuntura e às circunstâncias. Penso que é um momento ímpar para os profissionais elegerem Conselheiros que estejam alinhados às necessidades e aos avanços da Profissão. O CONFEF fez a sua parte aprovan-do em plenário um instrumento eleitoral robusto, democrático, que possibili-tará aos eleitores exercerem sua cidadania com a entidade. A escolha caberá aos Profissionais.

Por outro lado, estou curioso para acompanhar e identificar como será o comportamento de alguns presidentes que defenderam e lutaram contra o continuísmo, para saber se o discurso irá se transformar em ação, haja vista que alguns estão na presidência de CREF há pelo menos dois mandatos e na diretoria há bem mais tempo.

Revista Educação Física - Para a nova gestão, alguma observação?Jorge Steinhilber - Pelo que conheço dos membros Conselheiros Fede-

rais e da diretoria eleita acredito que tentarão construir pontes e quebrar os muros que foram construídos. Torço para que juntos e fortes possam avançar cada vez mais na valorização da Profissão e na essencialidade do Profissional de Educação Física. Que estejam atentos aos avanços que precisam ser efeti-vados e tenham sempre um olhar prospectivo.

Ao longo desses 22 anos de existência do Sistema CONFEF/CREFs agrega-mos valores, fomos ousados, deixamos de ser coadjuvantes da profissão e passamos a ser protagonistas da mesma. Respeitamos as diferenças regio-nais em todos os aspectos e nos tornamos referência mundial por termos conquistado um instrumento jurídico regulador que estabelece que os servi-ços em atividades físicas e desportivas devam ser prestados por Profissionais de Educação Física. Somos artífices da construção de uma nova realidade, pois existe um antes e um depois do CONFEF.

Revista Educação Física - Gostaria de acrescentar algo mais? Jorge Steinhilber - Aproveito para mais uma vez agradecer aos Profis-

sionais de Educação Física e Conselheiros que nos apoiaram e contribuíram sobejamente para o crescimento do Sistema CONFEF/CREFs. À minha esposa e filha pelo apoio e compreensão ao longo desses anos e a Deus por me proteger e possibilitar saúde para presidir 453 reuniões plenárias.

Sou apaixonado pela Profissão. Acredito na relevância da mesma e continu-arei batalhando pelo seu reconhecimento, participando, onde for convidado, de palestras, seminários, lives e tudo o mais que for necessário e possível para contribuir com os colegas Profissionais.

“Nosso lema desde antes da conquista da

regulamentação foi Sonhar, Acreditar e

Realizar (Conquistar). Estarei sempre fiel a ele”

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21HISTÓRICO

Com a regulamentação da profissão e estabelecimento do Sistema CONFEF/ CREFs, o Maranhão foi inserido no CREF5 que, em 1999, abrangia todos os estados da região Norte e Nordeste. Em 2001, foi efetivada a criação de quatro novos CREFs e o CREF5 passou a abranger apenas os estados do Ceará, Maranhão, Piauí, Bahia, Sergipe, Per-nambuco e Alagoas.

Em razão do desenvolvimento constante do Sistema CONFEF/CREFs, fez-se possível a criação de mais dois novos CREFs no ano de 2003. Sendo eles: CREF12/PE-AL e CREF13/BA-SE. Com isso, o CREF5 passou a ter área de abrangên-cia nos estados do Ceará, Maranhão e Piauí.

Em 2015, com o crescimento da Educação Física em todo o Brasil, houve a necessidade da criação de uma regional do CREF5 no Piauí, quando o Maranhão se tornou Seccional do CREF15/PI-MA. Até que, em 2019, o Maranhão deu um passo em direção ao fortalecimento da profissão no estado, sendo o último CREF criado.

Endereço:A seccional está localizada no prédio do Colégio Santa Luzia: R. Sergipe, 1157 - Santa Rita, Imperatriz - MA, 65919-180.

Maranhão ganha primeira seccional em ImperatrizCRIADO HÁ MENOS DE DOIS ANOS, CREF21/MA INAUGURA UNIDADE FORA DA CAPITAL

A Educação Física maranhense está cada vez mais for-te. Isto porque, desde fevereiro, os profissionais do Ma-ranhão contam com uma atuação ainda mais presente do CREF21/MA no Estado.

Instalada em Imperatriz, a nova unidade será muito útil para os profissionais da região, como explica o pre-sidente da entidade, Ubiracy Campos [CREF 000129-G/MA]. Para ele, a seccional representa uma maior aproxi-mação da Região Tocantina, uma das mais importantes do estado: “A população e os profissionais de Imperatriz e da região se sentirão mais acolhidos e atendidos pelo CREF21/MA, podendo resolver aqui demandas que antes eram resolvidas na capital, São Luís”.

A unidade atenderá os profissionais e pessoas ju-rídicas, com serviços convencionais, além do restan-te da sociedade, no recebimento de denúncias, por exemplo.

A Conselheira Federal e ex presidente do CREF, Denise Araújo [CREF 000080-G/MA], elogiou a ini-ciativa. “O CREF21/MA é um conselho recente, ain-da vai completar dois anos de criação, mas já tem sido pioneiro em vários aspectos desde seu primeiro momento. A seccional de Imperatriz representa um grande passo para que o Conselho esteja cada vez mais perto dos Profissionais de Educação Física e de todos os maranhenses”, pontuou.

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MOVIMENTO NA REDE

A coluna, assinada pelo Doutor em Educação Física pela Unicamp e criador do Centro Esportivo Virtual (CEV), Laércio Elias Pereira, tem como objetivo apresentar os principais portais de conteúdo para o Profi ssional de Educação Física. Tudo que há de mais atualiza-do na área você encontra aqui.

OUVINDO A (NA) FRONTEIRA DO CONHECIMENTOJORNAL.USP.BR/RADIO

São 27 temas de podcasts para ouvir na Rádio USP, com en-trevistas de professores, pesquisadores, cientistas convidados e protagonistas da ciência. Trinta e quatro professores da USP comandam os programas, com os temas: Saúde, Cultura, Tec-nologia e Inovação, Ciência, Política e Democracia, Direito e Ci-dadania, Internacional, Economia, Jornalismo, Meio Ambiente, Cidade e Urbanismo, Corpo e Movimento e Ciência e Esporte.

VIDA DE PROFESSORWWW.CONFEF.COM/458

Humorista, com formação em comunicação e experiência como professor, Diogo Almeida retrata o dia-a-dia dos professores, na sala de aula, na sala dos professores, na Educação Física e no trato agitado com os “capirotos”.

QUALIDADE DE VIDA NO PODCAST DO PROF. BRAMANTECEV.ORG.BR/BIBLIOTECA/BLOG-DO-BRAMANTE-2021/

Semanalmente, o podcast do Prof. Bramante aborda questões sobre gestão da qualidade de vida, atividade física e lazer. Antonio Carlos Bramante [CREF 010243-G/SP] é professor aposentado do então Departamento dos Estudos do Lazer da FEF-Unicamp. Foi Professor Visitante, recentemente, no GESPORTE da FEF-UnB e, atualmente, lidera o Laboratório de Gestão das Experiências de Lazer, uma das três organizações responsáveis pela implementação do Dia Mundial de Lazer.

CENTRO DE REFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO INTEGRALEDUCACAOINTEGRAL.ORG.BR

O CREI tem como “concepção’’ que a proposta de Educação Integral deve ser assumida por todos os agentes envolvidos no processo formativo das crianças, jovens e adultos. Nesse con-texto, a escola se converte em um espaço essencial para assegu-rar que todos e todas tenham garantida uma formação integral. Muitas referências.

CIÊNCIA INFORMA INSTAGRAM.COM/CIENCIAINFORMA

A plataforma, com muitas referências, tem o objetivo de «divulgar ciência na área da saúde à comunidade geral, de modo claro e direto, tratando especialmente das informações sem base científi ca espalhadas nas redes sobre nutrição e atividade física.

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ESPAÇO DO LEITOR

O QUE VOCÊ ACHOU DA EDIÇÃO 76 DA REVISTA EDUCAÇÃO FÍSICA?

Gostei, embora poderiam trazer também alguns artigos de pesquisas sobre obesidade.Neide Sueli [CREF 005831-G/RN]

Conteúdo muito interessante, vocês mandam muito bem!Dalone Mota [CREF 013729-G/DF]

Excelente. Sugiro mais conteúdos sobre empreendedorismo para o Personal Trainer.@aceptofi cial

EXERCÍCIOS FÍSICOS AUXILIAM NA REABILITAÇÃO DE RECUPERADOS DA COVID-19

No Hospital Universitário da UEPG/PR os Profi ssionais de Educação Física já iniciam a Reabilitação na Enfermaria.

Bruno Margueritte [CREF 030068-G/PR]

É disso que a nossa Educação Física precisa: ciência e atitude para alcançarmos um patamar ainda mais alto e podermos ajudar a sociedade. 👏👏👏👏

Everton Lacerda [CREF 146520-G/SP]

Quanto orgulho desse projeto. É assim que a Educação Física vai mostrando sua importância durante esse período tão difícil. 🙌❤

Izabella Cristina

HUMOR

Apesar de muito queridas pelos alunos, as aulas de Educação Física escolar têm importância que vai muito além da di-versão e do entretenimento. Além de ser fundamental para a formação de adultos ativos, saudáveis e com consciência cor-poral, a Educação Física na escola con-tribui inclusive com o aprendizado das outras disciplinas. Isto porque o exercí-cio promove a produção de neurotrofi-nas, levando a uma maior plasticidade cerebral e, portanto, melhor memória e aprendizado. Além disso, o exercício ae-róbico aumenta ainda a frequência cardí-aca e o fluxo sanguíneo para o cérebro. E além de tudo, é a queridinha dos alunos - por que será?

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PANORAMA

CREF8 LANÇA CAMPANHA SOBRE IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA PANDEMIA“Atividade física não é vaidade. É questão de saúde!”. É com essa mensagem que o CREF8/AM-AC-RO-RR quer evidenciar para a sociedade a importância da prática do exercício orientado para a manutenção da saúde mental e física durante e depois da pandemia do novo coronavírus.A campanha está sendo promovida em mídia on e offline, nos quatro estados que o Conselho abrange – Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima. O objetivo é apre-sentar informações sobre como o exercí-cio contribui na prevenção de doenças agravantes da Covid-19, como a obesidade, e no fortalecimento do sistema imunológico.Além de mitigar riscos à saúde do corpo, o exercício físico também promove qualidade de vida e saúde men-tal. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicada na revista científica BMC Public Health, constatou uma relação entre baixos níveis de atividade física durante a pandemia com sintomas de ansiedade e depressão, sendo que 30% dos participantes apresentaram sintomas de depressão de grau mo-derado a grave e 23,3%, sintomas de ansiedade de grau moderado a grave.“Em um momento tão delicado como esse, em que cuidar da saúde é prioridade para todos, estamos trazen-do dados científicos que reforçam a relevância do Profissional de Educação Física, dos espaços de treino e, principalmente, da atividade física orientada, para o bem-estar integral da população”, conclui o presidente do CREF8, Jean Carlo [CREF 000964-G/AM].

CREF5/CE LANÇA CAMPANHA “ATIVIDADE FÍSICA SEGURA” Com o apoio de Sindicatos e Associações, o CREF5/CE lançou, em fevereiro, a campanha ”Atividade Física Se-gura”, no Estado do Ceará. Por meio de um encontro on-line, a presidente do CREF, Andréa Benevides [CREF 000020-G/CE], apresentou para os proprietários de estabelecimentos esportivos e entidades que represen-tam o setor a proposta da campanha que visa mobilizar todo o estado.“O exercício físico é fundamental para garantir saúde, sobretudo num momento de pandemia. Precisamos deixar registrado que ela pode acontecer de maneira segura e para todos, seguindo os protocolos sanitários. Somente juntos poderemos mostrar a importância e a excelência do nosso trabalho, diante desse contexto tão desafiador para saúde”, reforça Benevides.Para participar da campanha, as entidades de prática e assessorias de atividade física em academias, clubes e estabelecimentos similares, precisam enviar um e-mail para [email protected] com logotipo do estabelecimento. No e-mail, é preciso que seja enviada uma foto do espaço, que ilustre bem os cuidados protocolares de saúde.

PANORAMA LEGAL

CREF19/AL E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL TRABALHAM PARA REGULARIZAR ACADEMIAS EM ALAGOASO CREF19/AL, representado pelo Coordenador de Fiscalização Antonio Alves de Melos Neto [CREF 000925-G/AL] e pelo Agente de Fiscalização Raphael Bezerra Pereira Lima [CREF 001397-G/AL], se reuniu com o Mi-nistério Público Estadual e com proprietários de academias dos municípios de Girau do Ponciano e Campo Grande, em Alagoas. No encontro, o representante do MP ressaltou a necessidade de que as academias se adequem aos ditames da legislação, garantindo obrigatoriamente e de imediato a presença de Profissionais de Educação Física durante todo o horário de funcionamento.Também foi estabelecida pela promotoria a necessidade de regularização das academias com o devido re-gistro junto ao CREF19/AL, além de garantir padrões adequados de estrutura e dos aparelhos, se atentando à Resolução CONFEF 052/02. Na oportunidade, foi dado prazo para que sejam feitos os ajustes, com nova fiscalização do CREF com data prevista.

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CREF12/PE DENUNCIA FALSOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICAEm fevereiro, o presidente do CREF12/PE, Lúcio Beltrão [CREF 003574-G/PE], e o 1º secretário, Felipe Lira [CREF 004445-G/PE], protocolaram, na Delegacia de Polícia de Crimes contra o Consumidor e de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DE-CON), uma série de denúncias mapeadas pelas equipes de Orientação e Fiscalização do Conselho, além das denúncias já protocoladas pelo setor jurídico do CREF12/PE.A equipe jurídica do CREF12/PE e representantes do Conse-lho Regional de Nutricionistas da 6ª Região (CRN6) também estiveram presentes na ação. Recepcionados pela Delegada Thaís Galba, a equipe mostrou, por meio de dados e informa-ções precisas, o quanto tem sido perigoso para a sociedade o exercício ilegal da profissão por leigos, influenciadores di-gitais e blogueiros que não possuem qualquer formação em Educação Física nem registro no Conselho. Na ocasião, de-núncias relativas aos falsos profissionais da Nutrição também foram apresentadas pelo CRN6.O Presidente do CREF12/PE destacou que a reunião com a delegada foi de grande importância para que os crimes co-metidos possam ter uma penalidade mais incisiva. “Influenciador digital, estagiário, coach, blogueiro, artista, fisiculturista, estudante universitário, atleta, pedagogo, advogado, médico, nutricionista, engenheiro ou fi-sioterapeuta não podem orientar, dar dicas ou prescrever exercício físico. Apenas o Profissional de Educação Física tem essa prerrogativa. Qualquer outro que faça algo dessa natureza responderá criminalmente”, afir-mou Lúcio Beltrão.

FISCALIZAÇÃO

FISCALIZAÇÃO FLAGRA ESTUDANTE EM EXERCÍCIO ILEGAL NO ESEm averiguação de denúncias, em fevereiro, fiscais do CREF1/RJ-ES flagraram um estudante ministrando aula de Cross Training para 11 clientes em um Box, localizado no Município de Itapemirim. Diante da ausência do registro de Pessoa Jurídica e nomeação de Responsável Técnico junto ao CREF, previsto em Lei Federal 6.839/80 e Lei Estadual 7.696/03, foi lavrado o Auto de Infração ao estabelecimento. O caso será encaminha-do ao Ministério Público para providências.Nas últimas duas semanas, a fiscalização no Espírito Santo já flagrou cinco estudantes ministrando atividades de Musculação e Cross Training sem possuírem a devida supervisão presencial e direta de Profissional de Educação Física habilitado em desacordo com lei Federal 9.696/98 e Lei Federal 11.788/08.

PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS IRREGULARES SÃO NOTIFICADAS NO SERTÃO DA PBAo menos 14 academias de ginástica e cinco pessoas foram notificadas pelo CREF10/PB na Paraíba. De acordo com o CREF, as notificações foram aplicadas após constatação de irregulari-dades, entre os dias 8 e 12 de fevereiro, em sete municípios paraibanos.A fiscalização aconteceu nas cidades de João Pessoa, Campina Grande, Itaporanga, Uiraúna, Conceição, São José de Piranhas, Santa Luzia, São João do Rio do Peixe e Cajazeiras, onde, inclusive, os casos de irregularidade envolviam dois estagiários, dois profissionais e quatro pes-soas jurídicas.A maioria das cidades visitadas fica no Sertão da Paraíba. Segundo o CREF, dos nove municípios visitados, sete apresentaram irregularidades. Os notificados têm até 15 dias, a contar da data da notificação, para prestarem esclarecimentos. Caso não haja manifestação, as multas podem ser convertidas em ação civil.

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AGENDA

41º Congresso Virtual de Cardiologia SOCESPData: 10 a 12 de junhoLocal: onlineInformações: socesp2021.socesp.org.br

17º ENAF BHDatas: 20 de agostoLocal: Belo Horizonte (MG)Informações: portalenaf.com.br

44º Simpósio Internacional de Ciências do EsporteData: 7 a 9 de outubro

Local: onlineInformações: simposiocelafiscs.org.br

34º JOPEF Brasil Datas: 9 a 11 de outubroLocal: Curitiba (PR)Informações: www.korppus.com.br

XIII Congresso Brasileiro de Atividade Física e SaúdeDatas: 16 e 17 de novembroLocal: OnlineInformações: www.cbafs.com.br

XXI Congresso Brasileiro de ErgonomiaData: 24 a 26 de novembroLocal: OnlineInscrições: abergo.org.br/eventos

CONSELHOS REGIONAIS - CREFsCREF1/RJ-ES – Estados do Rio de Janeiro e Espírito SantoRua Adolfo Mota, 104 – Tijuca – Rio de Janeiro – RJCEP 20540-100 – Tel.: (21) 2569-6629 / 2569-7375 / 2569-7611Telefax: (21) 2569-2398 [email protected] – www.cref1.org.br

CREF2/RS – Estado do Rio Grande do SulRua Coronel Genuíno, 421, conj. 401 – Centro – Porto Alegre – RSCEP 90010-350 – Tel.: (51) 3288-0200 - Telefax: (51) [email protected] – www.crefrs.org.br

CREF3/SC – Estado de Santa CatarinaRua Afonso Pena, 625 – Estreito – Florianópolis – SCCEP 88070-650 – Telefax.: (48) [email protected] – www.crefsc.org.br

CREF4/SP – Estado de São PauloRua Líbero Badaró, 377 – 3º andar – Centro – São Paulo – SPCEP 01009-000 – Telefax: (11) [email protected] – www.crefsp.gov.br

CREF5/CE – Estado do CearáRua Tibúrcio Frota, 1363 - São João do Tauape - Fortaleza - CE60130-301 Tels: (85) 3262-2945 / (85) 3231-6793Telefax: (85) 3262-2945 – [email protected] – www.cref5.org.br

CREF6/MG – Estado de Minas GeraisRua Bernardo Guimarães, 2766 – Santo Agostinho – BeloHorizonte – MG – CEP 30140-085 – Telefax: (31) [email protected] – www.cref6.org.br

CREF7/DF – Distrito FederalQS 01, Rua 210, Lotes 19, 21 e 23, Edifício Connect Towers, salas 730 a 738, Pistão Sul, Taguatinga - Brasília - DF - CEP 71950-550 - Tel: (61) [email protected] – www.cref7.org.br

CREF8/AM-AC-RO-RR – Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e RoraimaAv. Maués, 1023 – Cachoeirinha – Manaus - AMCEP 69065-070 – Tels: (92) 3234-8234 / 3234-8324 / [email protected] – www.cref8.org.br

CREF9/PR – Estado do ParanáRua Dr. Faivre, 880, Centro - Curitiba - PRCEP 80060-140 - Tels.: 0800 643 2667 / (41) [email protected] - www.crefpr.org.br

CREF10/PB – Estado da ParaíbaRua Arquiteto Hermenegildo Di Lascio, 36Tambauzinho - João Pessoa - PB - CEP [email protected] – www.cref10.org.br

CREF11/MS –Estado de Mato Grosso do SulRua Joaquim Murtinho, 158 – CentroCampo Grande – MS – CEP 79002-100 – Telefax: (67) [email protected] – www.cref11.org.br

CREF12/PE – Estado de PernambucoRua Carlos de Oliveira Filho, 135 – Prado – Recife – PECEP 50720-230 – Tel.: (81) 3226-0996 Telefax: (81) [email protected] – www.cref12.org.br

CREF13/BA – Estado da BahiaRua Arthur de Azevedo Machado, 289, Ed.Marlim Azul, Térreo – Costa Azul – Salvador - BACEP 41760-000 - Tels.: (71) 3351-7120 / [email protected] - www.cref13.org.br

CREF14/GO-TO – Estados de Goiás e TocantinsAv. T-3, 1855 - Clube Oásis – Setor Bueno – Goiânia – GOCEP 74215-110 – Tel.: (62) 3229-2202 Telefax: (62) [email protected] - www.cref14.org.br

CREF15/PI – Estados do PiauíRua 1º de maio, 2024 - Marquês - PICEP 64002-510 – Tel.: (86) [email protected] – www.cref15.org.br

CREF16/RN – Estado do Rio Grande do NorteRua Desembargador Antônio Soares, 1274 - Tirol – Natal - RNCEP 59022-170 – Tel.: (84) [email protected] – www.cref16.org.br

CREF17/MT – Estado do Mato GrossoRua das Mangueiras, 253, Jardim Shangri-lá - Cuiabá - MT CEP 78070-140 – Tels: (65) 40011452 / 99900-1634 / [email protected] – www.cref17.org.br

CREF18/PA-AP – Estados do Pará e AmapáAv. Generalíssimo Deodoro, 877 – Galeria João & Maria – Sala 11 e 12Nazaré – Belém - PA – CEP 66040-140 – Tel.: (91) [email protected] – www.cref18.org.br

CREF19/AL – Estado de AlagoasRua Dr. José Castro Azevedo, 370 – Pitanguinha – Maceió – ALCEP 57052-240 – Telefax: (82) 3025-5944 / 3025-4739cref19.org.br/site

CREF20/SE – Estado de SergipeRua Dom José Thomaz, 708 – Lojas 2 e 3 - Edifício Galeria – São JoséAracaju - SE - CEP 49015-090 – Telefax: (79) 3214-6184www.cref20.org.br

CREF21/MA - Estado do MaranhãoEd. São Luis Multiempresarial - Avenida Colares Moreira, salas 1008 e 1009, Lote 10, Quadra 23, Jardim Renascença II, São Luís – MA, CEP 65075-441 – Tel.: (98) 3227-8271E-mail: [email protected]

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Se o exercicio

fisico e

essencialo Profissional de

Educacao Fisica

e fundamental

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ELEIÇÕES CREFS 2021: PARTICIPE!

Em 2021, por meio do voto, os Profi ssionais de Educação Física terão a oportunidade de participar dos rumos da Profi ssão em seus respectivos estados. As eleições para eleger os membros dos CREFs serão realizadas entre os dias 27 de setembro e 1º de outubro.

As chapas serão compostas por dez membros efetivos e quatro suplentes, com exceção do CREF21/MA, que elegerá 28 membros Conselheiros, sendo 20 efetivos e oito suplentes. Os Conselheiros serão eleitos para o mandato até 31 de dezembro de 2024.

Como as eleições nos Conselhos Regionais acontecem a cada três anos, metade do quadro é renovada a cada pleito. Na primeira reunião após a eleição, os Conselheiros eleitos, junto aos Conselheiros remanescentes (que ainda têm três anos de mandato a cumprir), elegerão, entre si, a diretoria do CREF, composta por presidente, dois vice-presidentes, dois tesoureiros e dois secretários.

O voto é direto, pessoal e secreto para todos os profi ssionais registrados, em dia com as suas obrigações estatutárias, e que possuam mais de um ano ininterrupto de efetivo registro, podendo ser realizado presencialmente ou por correspondência. Por isso, é muito importante manter os dados cadastrais atualizados. A partir de maio, o Regimento Eleitoral estará disponível nos portais eletrônicos dos CREFs.