revista citrusbr - edição 2 - agosto/2014

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DE BRAÇOS ABERTOS PARA O SUCO O BRITÂNICO ANDREW BILES JÁ FOI UM GRANDE COMPRADOR DE SUCO DE LARANJA DO BRASIL. HOJE ELE PRESIDE A ASSOCIAÇÃO EUROPEIA DE SUCOS DE FRUTA E LIDERA, NA EUROPA, UM INOVADOR PROJETO DE COMUNICAÇÃO QUE, EM PARCERIA COM A CITRUSBR PRETENDE DEFENDER A BEBIDA E ALAVANCAR O SEU CONSUMO NESTA EDIÇÃO: CADERNO ESPECIAL TRAZ OS DADOS DE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA NO MUNDO WWW.CITRUSBR.COM ANO 1 NÚMERO 2 AGOSTO 2014

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Page 1: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

DE BRAÇOS ABERTOS PARA O SUCO

O BRITÂNICO ANDREW BILES JÁ FOI UM GRANDE COMPRADOR DE SUCO DE LARANJA DO BRASIL. HOJE ELE PRESIDE A ASSOCIAÇÃO EUROPEIA DE SUCOS DE FRUTA E LIDERA, NA EUROPA, UM INOVADOR PROJETO DE COMUNICAÇÃO QUE, EM PARCERIA COM A CITRUSBR PRETENDE

DEFENDER A BEBIDA E ALAVANCAR O SEU CONSUMO

NESTA EDIÇÃO: CADERNO ESPECIAL TRAZ OS DADOS DE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA NO MUNDO

WWW.CITRUSBR.COMANO 1

NÚMERO 2 AGOSTO 2014

Page 2: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

CITRUSBR agosto 2014 | 3

Informação para consumir“Para todo problema complexo existe uma solução clara, simples e errada”, escreveu certa

vez o prêmio Nobel de literatura e cofundador da London School of Economics, George Bernard Saw. Cunhada ainda no começo do século XX, a expressão ganhou fama e mostra que para certos problemas não há solução fácil. Esse é o caso, por exemplo, do consumo de suco de laranja no mundo, que enfrenta sérios problemas. Qualquer solução simples seria certamente fadada ao fracasso. Por essa razão, a CitrusBR tem trabalhado desde a sua funda-ção para entender melhor o problema, propor soluções e, acima de tudo, tentar virar o jogo.

Na capa desta edição, trazemos o britânico Andrew Biles, presidente da Associação Europeia de Sucos de Frutas, a AIJN, com que a CitrusBR acaba de fechar um projeto para promoção de suco de laranja. Durante 15 anos, Biles esteve à frente da Gerber-Emig, gran-de compradora de suco do Brasil. No ano passado, a empresa se juntou à Refresco, outra gigante europeia, e dessa união nasceu a maior compradora de suco de laranja do Brasil – que “puxa” cerca de 15% de toda a produção nacional. Biles deixou a empresa para se dedicar justamente à promoção das categorias de sucos integrais que, segundo relatório recém-publicado pela própria AIJN, encolheu 4% no Velho Continente. Assim como tem acontecido nos últimos anos, os dados da AIJN vêm em linha com os da CitrusBR, que para o mesmo período, e para sabor laranja, mostra uma queda de 3%.

Para mudar essa história, a CitrusBR e a AIJN firmaram um compromisso de financiar um projeto de comunicação e mídia, cujo foco está na divulgação dos benefícios do suco de laranja para os chamados públicos prioritários, como médicos, nutricionistas e profis-sionais de saúde em geral. Em 2014, serão investidos um milhão de euros, ou cerca de R$ 3 milhões, dos quais 50% são financiados pelas empresas associadas à CitrusBR. Esses inves-timentos constituem um primeiro passo de um setor que precisa reinventar a forma como se posiciona.

Também no assunto consumo, conforme prometido na primeira edição da revista CitrusBR, começamos a nossa série de detalhamento do estudo da Markestrat. Em 20 pági-nas, o professor Marcos Fava Neves faz um apanhado geral do comportamento do merca-do mundial em diferentes aspectos. Sem dúvida vale a leitura.

Também mostraremos nesta edição como algumas prefeituras colaboram com o con-sumo de suco incentivando projetos seja para o consumo da fruta, seja do suco. E ainda trazemos uma reportagem com um projeto pioneiro do Fundecitrus, liderado pelo pesqui-sador espanhol Leandro Peña para comprovar os benefícios da laranja.

Para quem gosta de acompanhar o desempenho da bolsa, trazemos uma série histórica com médias mensais das últimas 20 safras e periodicamente vamos atualizar esses dados.

Saindo um pouco do consumo, trazemos uma reportagem de como a China está lutando contra o greening e quais soluções aquele país tem encontrado para superar o problema. A exemplo da primeira frase que ilustra este editorial, não há nada de simples. É ver para crer.

Para quem gosta de novas tecnologias, também apresentamos reportagem sobre novi-dades no mundo da pulverização. Uma delas é decorrente de pesquisa da prestigiosa Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).

Como se vê, assuntos e desafios não faltam. Que venham as soluções e muito trabalho.

Ibiapaba Netto Diretor-executivo CitrusBR

Carta ao leitor Índice

CAPA

TODOS PELOS SUCOS

ESPECIALO TREM DO CONSUMO

PROJETO LARANJA

O DOCE SABOR DA FRUTA

CLIMA

TEMPO SECO CONTINUA

CHINA

O COMBATE AO GREENING

ESPANHA

O MAPA DA PRODUÇÃO

EVENTOS

FRUTA EM DEBATE

Como uma inovadora parceria entre AIJN e CitrusBR pretende colocar de pé um arrojado projeto de comunicação voltado para a defesa e retomada do consumo de suco de laranja. Pág. 4

Veja o detalhamento do estudo que analisa a

demanda por suco de laranja nos 40 principais mercados

da bebida e entenda por que isso mexe com toda a cadeia.

Pág. 29

Cidades do interior de São Paulo colocam a laranja no cardápio das crianças e promovem o suco. Pág. 16

Previsões climáticas indicam que chuvas só devem voltar a cair nos pomares no mês de outubro. Pág. 13

Com tecnologia e manejo diferenciados, o país consegue controlar a doença e aumentar seus pomares. Pág. 14

Os principais países produtores de citrus da Europa registram queda na colheita da fruta. Pág. 22

Eventos discutem a cadeia produtiva e fazem de Cordeirópolis a "capital da citricultura".Pág. 23

ENTREVISTA

ANDREW BILES

PULVERIZAÇÃO LASER E RAIO X

BENEFÍCIOS

ALÉM DA VITAMINA C

Nosso personagem de capa fala sobre o mercado de

sucos de frutas na Europa e as preocupações com a queda no consumo da bebida. Pág. 8

Pesquisa da Esalq coloca a agricultura de precisão nos

pomares e promete um novo modelo para aplicação de

agroquimicos. Pág. 26

O pesquisador Leandro Peña realiza estudo para desvendar

todos os fitonutrientes da laranja. Pág. 24

Equipe CitrusBR Diretor-executivo Ibiapaba NettoDiretora de Relações internacionais Larissa Popp Coordenadora de projetos Isabela CostaCoordenadora administrativa Debora DezanAssistente administrativo Tamires Pereira Ribeiro

Revista CitrusBR Editor Eduardo SavanachiColaboraram nesta edição: Juliana Ribeiro, Erica Polo (texto) e Julio Vilela (fotos) Direção/Produção/Revisão Typodigital Agradecimentos Fundecitrus, Markestrat, AIJN e ESALQ

expediente

4 | CITRUSBR agosto 2014

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obesidade. Tais acusações vêm refletin-do diretamente na queda de consumo de sucos nos principais mercados. De acordo com o último relatório publica-do neste ano pela AIJN, o consumo de suco de fruta na Europa havia recuado 4,2%, número, aliás, em linha com o publicado pela CitrusBR, com queda de 3% para o sabor laranja. O estudo de consumo feito pela consultoria Markestrat, utilizando dados da TetraPak e Euromonitor, demonstrou que em 2013 o consumo de suco de laranja no mundo despencou 10,8% (veja mais no Caderno Consumo na página 29)

Para tentar barrar essa onda e recolocar o suco no “hall” dos alimentos saudá-veis e impulsionar as vendas novamente, Biles está coor-denando um arrojado projeto global de comunicação cuja maior parceira é justamente a CitrusBR. “Pre-cisamos criar mensagens-chave basea-das em dados científicos, destacando a grande quantidade de vitaminas e nutrientes e os benefícios dos sucos.

Seu consumo é uma forma saborosa e conveniente de aumentar a ingestão de frutas”, revelou Biles em entrevista exclusiva disponível na página 8.

A ideia é elaborar uma campanha de relações públicas proativa e po-sitiva, atuando diretamente junto a formadores de opinião, comunidade cientifica, nutricionistas e a mídia em geral, levando informações concretas

sobre os benefícios do suco. Prepara-da pela conhecida agência europeia Porter Novelli, essa campanha mul-timilionária deverá ter duração mí-nima de pelo menos três anos e será supervisionada por um comitê diretor

CITRUSBR agosto 2014 | 5

A maioria dos citricultores pode não conhecer o senhor que ilustra a capa desta edição da Revista Citrus-BR, mas Andrew Biles é um velho conhecido do mercado de sucos no Brasil e no mundo. Durante 15 anos, esse cidadão inglês esteve à frente de uma das maiores fabricantes de su-cos de frutas do mundo, a britânica Gerber Emig. A companhia se uniu à outra gigante, a Refresco, para juntas formarem a terceira maior envasadora de sucos do mundo, responsável pela compra de nada menos do que 15% do suco de laranja produzido no Brasil. Hoje Biles não possui mais atividades executivas na nova empresa, porém, seu trabalho no mercado de sucos continua muito importante.

Presidente da Associação Europeia de Sucos de Frutas (AIJN, na sigla em inglês), ele tem focado seus esforços para unir toda a cadeia produtora de sucos de fruta em torno do objetivo de resgatar a boa reputação do produto, que sofre com uma avalanche de in-formações equivocadas que colocam os sucos como um dos vilões da saúde, principalmente no que diz respeito à

Associação Europeia une forças com CitrusBR para iniciar uma inovadora campanha de comunicação que pretende defender o suco de laranja e fazer com que os consumidores redescubram a bebida

o sucoEm busca

de uma novaimagem para

ESTUDO DEMONSTRA

QUE CONSUMO DE SUCOS

DE FRUTAS NA

EUROPA RECUOU

4,2% EM 2013

capa | Por Eduardo SAVANACHI

Page 4: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

50 DAS MAIS importantes companhias

do setor participaram com uma ou mais

entrevistas

Cerca de

135.000 KM percorridos

Mais de

400 HORAS de entrevistas com

especialistas

Mais de

80 HORAS de apresentações para

mostrar as anålises dos países

chapéu

sênior formado por representantes de diversos elos, incluindo a CitrusBR. “Isso é inédito na nossa indústria”, afirma Biles.

Para 2014, 500 mil euros (R$ 1,5 milhão) serão destinados para os primeiros passos. Esse montante será aportado pelas empresas asso-ciadas à CitrusBR. Nos próximos três anos, serão investidos R$ 6 milhões ao ano divididos entre CitrusBR e AIJN“A categoria de sucos de frutas vem sofrendo ataques constantes e isso, obviamente, afeta diretamente o sabor laranja, que acaba sendo um dos mais visados. É hora de nos unirmos para tentar reverter esse quadro”, res-salta o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

A ideia de uma campanha global pró-sucos de frutas não é algo novo. No ano passado, durante o Juice Sum-mit, evento que reuniu em Bruxelas cerca de 90% do mercado de bebidas, a CitrusBR apresentou o resultado de

um amplo estudo, finalizado em 2012 que analisou 10 paí-ses-chaves, cujo objetivo era fazer um diagnóstico sobre as

razões da queda do consumo de suco de laranja. Com investimentos de US$ 1 milhão, o estudo foi realizado pela agência especializada em marke-ting Concreto Brasil. Nesse período, a empresa visitou oito países prioritários: Alemanha, Rússia, França, Reino Uni-

do, Estados Unidos, Polônia, Japão e China e dois mercados de referência em que o consumo de suco cresce de forma consistente: Canadá e Noruega. “Nesses países conversamos com va-rejistas, engarrafadores, produtores, antropólogos e todo tipo de gente que pudesse nos ajudar a levantar os prin-cipais pontos em relação ao consumo de suco de laranja”, revela Juan Mares-ca, sócio-diretor da empresa. “Ao todo foram mais de 400 horas de entrevistas e visitas à 50 mais importantes compa-nhias de suco do mundo”, diz.

O diagnóstico apresentado pelo estudo revelou que as novas gerações não sabem mais por que devem beber suco de laranja ou mesmo qualquer suco de frutas. “Gerações mais antigas foram educadas sobre benefícios como

"AS MARCAS POSICIONARAM O SUCO DE LARANJA CONCORRENDO COM REFRIGERANTES E ENERGÉTICOS, UM ERRO". GUSTAVO PINTO, DA CONCRETO BRASIL

O DIAGNÓSTICO em torno de

8 MESES de duração Mais de

1.700 CHARTS apenas para apresentar os resultados das análises dos

países e posição final

Mais de

100 ENTREVISTAS com especialistas de

marcas globais e regionais, supermercados,

varejo, engarrafadores, associações e analistas

culturais, além de associados à CitrusBR, no Brasil

e no exterior

DE OLHO para desvendar queda no

consumo, CitrusBR investiu US$ 1 milhão num amplo

estudo que investigou o mercado de suco de laranja

em 10 países

capa | Por Eduardo SAVANACHI

"DESCOBRIMOS QUE AS GERAÇÕES MAIS NOVAS NÃO CONHECEM MAIS OS BENEFÍCIOS DO SUCO DE LARANJA". JUAN MARESCA, DA CONCRETO BRASIL

vitaminas e nutrientes, mas hoje em dia as marcas não comunicam mais esses atributos”, explica o Gustavo Pinto, que também é sóciodiretor da Concreto Brasil. “Isso acontece porque as marcas, que são responsáveis pelas propagandas, acabaram posicionando o suco de laranja como uma bebida que oferece refrescância e energia, con-correndo com refrigerantes e enérgi-cos. No entanto, são outros os atributos que o produto entrega”, ressalta.

O estudo foi bem aceito durante o encontro de Bruxelas em 2013 e criou o ambiente para que forne-cedores de suco representados pela CitrusBR começassem uma conversa formal com as empresas envasadoras interessadas em fazer o mercado de suco voltar a crescer . “O setor como

um todo precisa reagir e acreditamos que usar parte dessa inteligência que adquirimos com esse estudo, somada à experiência de outros agentes da cadeia, pode gerar um trabalho de comunicação muito bem elaborado”, pondera Ibiapaba Netto, da CitrusBR. A expectativa é de que a campanha comece a ser colocada em prática já nos próximos meses e, quem sabe, logo mais consiga fazer as pessoas redescobrirem o saboroso mundo dos sucos de frutas. l

Entenda como foi feito o estudo que apontou motivos da queda de consumo

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“Temos que sair em defesa do

suco de frutas” Nos últimos anos, o consumo de suco de frutas vem caindo em todo o mundo. Uma das principais razões para esse fenômeno é onda de ataques que essas bebidas vem sofrendo. Alegações que colocam o suco como um dos vilões da obesidade. Para reverter esse qua-dro, o presidente da AIJN, Andrew Biles, vem costurando uma campanha global, envol-vendo vários elos da cadeia produtiva de suco espalhados pelo mundo, entre eles a Citrus-BR. A ideia é preparar uma ampla campanha de comunicação e mídia para divulgar os benefícios dessas bebidas e defender a imagem do suco de frutas. Em entrevista exclusiva à Revista CitrusBR, Biles explica como irá funcionar essa parceria e quais as perspectivas para o mercado mundial de sucos de frutas

entrevista | Andrew Biles,

CitrusBR – Nos últimos anos, observamos a indústria de sucos sendo alvo de ataques constantes, em que o produto é muitas vezes acusado de ter alto teor calórico, excesso de açúcares e, portanto, levar à obesidade, a problemas dentários, etc. Qual é a sua opinião sobre esse cenário de não se poder falar dos benefícios à saúde (especialmente após a nova regulamentação sobre alegações de saúde), quando esses benefícios são justamente uma das razões pelas quais as pessoas devem beber mais suco? Andrew Biles – Poucos produtos alimentares têm autori-zação para alegar efetivamente que são benéficos à saúde. Hoje, as agências reguladoras não enxergam as alegações de saúde como uma ferramenta de incentivo ao consumo, em geral, que leve as pessoas a ter uma dieta mais saudável. Ainda não existem alegações de saúde permitidas para su-cos. No entanto, não devemos nos esquecer de que também existe um regulamento sobre alegações nutricionais na União Europeia que nos permite fazer alegações nutricio-nais sobre os sucos. Essas alegações referem-se ao conteúdo de vitaminas e minerais (magnésio, folato, cálcio). Pode-mos, portanto, facilmente rotular um suco de laranja como sendo uma "fonte de vitamina C" ou como "rico em vitami-

na C". Não devemos superestimar o impacto potencial de uma alegação de saúde direta, especificamente tratando-se de frutas cítricas. Mas devemos continuar buscando es-tudos sobres os benefícios à saúde que possam, ao menos, corroborar essas alegações nutricionais positivas.

CitrusBR – No Reino Unido, o governo parece se preo-cupar com quantidades de sal, açúcares e gorduras e por isso tem aprovado regulamentações que alertam os consumidores sobre a quantidade de açúcar e limi-tam a quantidade de sucos nas escolas - e até sugerem acrescentar água a ele. O senhor acredita haver espe-rança para a indústria de suco de frutas perante esse cenário? Outros países devem seguir o exemplo do Reino Unido?Biles – No Reino Unido e em outros países, há muita dis-cussão sobre o consumo de sal, açúcar e gordura e o papel deles na epidemia de obesidade. Certas recomendações estão sendo feitas especialmente para crianças e escolas. Por enquanto são apenas ideias, geralmente sem aplicação nem transformadas em regulamentação. Até o momento, nenhum outro país apoia tais medidas. Existe, sim, espe-

rança para a indústria de suco de frutas, mas precisamos continuar cautelosos e ser próativos nesta área. Devemos lembrar que a rotulagem que pode afetar nossos produtos é, em essência, de competência dos legisladores da União Europeia e não de um país específico. CitrusBR – Falando especificamente sobre benefícios à saúde, o senhor vê a possibilidade de os sucos de frutas serem retirados das campanhas que recomendam cinco porções diárias de frutas e vegetais?Biles – Até agora o que há são incertezas sobre a necessi-dade e como regular sucos com os "legisladores". Porém, há um sério risco de os sucos serem tirados das recomen-dações nutricionais, das orientações alimentares e de recomendações de porções diárias, como nos programas que estimulam o consumo de cinco porções diárias de frutas e verduras nas escolas, etc.

CitrusBR – Qual seria o impacto no consumo se isso acontecer? A AIJN e a indústria estão tomando alguma medida para evitar que isso aconteça?Biles – Essas medidas teriam um impacto enorme na indús-

tria de sucos pela simples razão de que não haveria qualquer "recomendação oficial" para o consumo de suco de frutas como parte de uma dieta saudável. Estudos sobre saúde e uma campanha positiva de relações públicas podem ajudar a manter o suco como parte da recomendação de cinco por-ções diárias de frutas e verduras para uma dieta equilibrada.

CitrusBR – Como a parceria entre AIJN e a CitrusBR planeja neutralizar essas tendências negativas na indús-tria de sucos, como os ataques ao produto e a concor-rência de outros tipos de bebidas? Biles– Teremos de envolver os formadores de opinião, ou seja, a comunidade científica, os divulgadores de nutrição e, por último, a mídia em geral. Para isso, precisamos criar uma narrativa para a elaboração de mensagens--chave baseadas em dados científicos sobre a composição (grande quantidade de vitaminas e nutrientes) e os be-nefícios dos sucos (uma forma saborosa e conveniente de aumentar a ingestão de frutas).

CitrusBR – É preciso mostrar as qualidades do suco?Biles – No momento, a mídia tem se posicionado de modo

Presidente da Associação Europeia de Sucos de Frutas (AIJN)

FOTO: ERIK LUNTANG

HOJE HÁ UM SÉRIO RISCO DE OS SUCOS

SEREM TIRADOS DAS RECOMENDAÇÕES

NUTRICIONAIS DE PORÇÕES DIÁRIAS DE

ALGUNS PROGRAMAS QUE

ESTIMULAM O CONSUMO

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10 | CITRUSBR agosto 2014 CITRUSBR agosto 2014 | 11

gária, Hungria, Romênia, Rússia, Polônia ou Ucrânia, compense um consumo menor nos mercados da Europa Ocidental? O senhor acredita que isso seja provável? Biles – Esses países não podem ser comparados entre si. A situação econômica e, portanto, o poder de compra da po-pulação é muito baixo na Bielorrússia e na Ucrânia, mesmo quando comparado com Romênia e Bulgária, que são os mais pobres dos países da União Europeia. É provável que os dois países ainda levem um tempo para recuperar essa defasagem em relação aos países orientais da União Euro-peia. E mesmo entre os países orientais da União Europeia, ou seja, Polônia comparado a Bulgária e Romênia, há uma grande defasagem. A Polônia responde por um consumo per capita de 17,5 litros de sucos e néctares (dos quais 11,4 litros são suco de fruta), que é um pouco abaixo da média de 19,6 litros per capita (dos quais 12,7 litros são suco de fruta) da União Europeia. A Bulgária tem um consumo per capita de apenas 2 litros de suco de frutas, enquanto a Romênia nem chega a 1 litro. Então, claramente, deve demorar um bom tempo até que esses países compensem a redução do consumo na Europa Ocidental.

CitrusBR – Quais países da Europa registram um consu-mo maior de suco não concentrado (NFC) de laranja em relação ao consumo de suco de laranja reconstituído?Biles – Os países que respondem por mais de 20% do con-sumo total de suco não concentrado NFC são: França (60%), Países Baixos (20,2%), Espanha (22,6%) e Reino Unido (40,2%). Os países com consumo de NFC entre 10% e 20% do consumo total de suco são: Áustria (11%), Alemanha (15%), Polônia (14,9%) e Suécia (14,75%). A Finlândia e a Di-namarca têm cada um entre 8% e 9% de consumo de NFC. CitrusBR – E de onde o senhor prevê que virá o cresci-mento do consumo de suco não concentrado (NFC) de laranja na próxima década?

Biles – O crescimento nos próximos anos provavelmente virá do noroeste da Europa (Holanda, Bélgica, Dinamar-ca, Finlândia, Suécia e Alemanha), países em que os con-sumidores tendem mais a comprar suco não concentrado (NFC), percebido como mais natural. Em geral, sucos não concentrados (NFC) serão o segmento de preferência dos consumidores que podem se dar ao luxo de adquiri-los.

CitrusBR – Em quais mercados e formatos e em que nível o suco de laranja espanhol compete com o suco de laranja brasileiro?Biles – Com a melhoria da qualidade do suco não concen-trado (NFC) de laranja da Espanha, ele sempre terá seu lugar no mercado europeu de NFC, em todos os formatos, refrigerados ou em embalagem longa vida, PET ou em garrafas de vidro. Por causa da demanda total e crescen-te, o Brasil ainda deve dominar o mercado de NFC. E, em vista da sua estrutura de custos, a Espanha é incapaz de competir com o Brasil em concentrados cítricos.

CitrusBR – Qual é a vantagem em termos de custo que o suco não concentrado (NFC) de tangerina espanhol tem em relação ao NFC de laranja também espanhol e brasileiro?Biles – Estes são dois produtos diferentes, com diferentes bases de custos das frutas. A produção de tangerina é um dos pilares da citricultura espanhola, seja para frutas fres-cas, seja para o setor de conservas de frutas ou suco.

CitrusBR – Por que o concentrado de suco de maçã (AJC), em diversos momentos da história, representou uma ameaça direta ao suco de laranja brasileiro? Biles – Os preços globais do suco de laranja e do suco de maçã nem sempre aumentam e abaixar da mesma forma e ao mesmo tempo. Em termos de volume do mercado de suco concentrado, o consumidor pode escolher entre um suco de maçã e um suco de laranja com base no preço. Se o suco de maçã for mais em conta, as vendas de suco de laranja podem sofrer no curto prazo. Atualmente, o preço da maçã está em baixa em relação ao da laranja.

CitrusBR – Quanto da distribuição de suco na Europa é realizada pelas marcas de suco comparado aos dis-tribuidores de marcas próprias e por que as marcas de sucos europeias não se desenvolveram no mesmo grau como nos EUA? O senhor acredita que esse cenário contribui para atrapalhar a imagem dos sucos de frutas

tendencioso contra o nosso setor. Mas não existe consenso na comunidade científica e nutricional sobre o assunto. Para dizer a verdade, uma parte influente dessa comunidade entende os benefícios dos sucos e está disposta a apoiar a indústria. Precisamos envolver essas pessoas e ajudá-las a divulgar mensagens positivas sobre os sucos para assegurar um debate equilibrado e objetivo. A AIJN, financiada pela CitrusBR e por protagonistas da indústria de suco num sentido mais amplo, está prestes a lançar uma campanha

de comunicação e mídia próativa e positiva. Preparada pela conhecida agência Porter Novelli, essa campanha multimi-lionária deverá ter duração mínima de pelo menos três anos e será supervisionada por um comitê diretor sênior formado por líderes da indústria, incluindo a CitrusBR. Isso é "inédi-to" na nossa indústria.

CirusBR – Quais são os objetivos almejados por essa par-ceria da AIJN com a CitrusBR, em médio e longo prazo? Biles – Em suma, nosso objetivo principal é equilibrar o debate em torno dos sucos de frutas, que atualmente é unilateral e até mesmo tendendo a uma cobertura impar-cial, tendenciosa e negativa da mídia, que acaba tendo um impacto dramático não só na percepção dos consumido-res de sucos, mas também na esfera política. O que que-remos é que os sucos de frutas sejam mais uma vez vistos como parte da nutrição sustentável e também de uma dieta saudável e um estilo de vida ativo.

CitrusBR – Na sua opinião, como a cadeia de forneci-mento de sucos poderia estabelecer um sistema de au-tofinanciamento que gerasse fundos para a expansão e continuidade dessa iniciativa conjunta da AIJN com a CitrusBR?

Biles – É premente a necessidade de toda a cadeia de forne-cimento de sucos assumir a responsabilidade de disponi-bilizar os meios financeiros para reforçar e garantir a con-tinuidade da ação de comunicação e mídia da AIJN com a CitrusBR. Não se trata apenas de suco de laranja, mas de todos os tipos de sucos que estão sendo atacados sistema-ticamente quando dizem para o consumidor que nenhum suco faz necessariamente bem à saúde. Ficará claro para os participantes do setor de sucos que engajamento e apoio financeiros são necessários quando eles entenderem do que se trata o nosso plano de ação. A primeira oportunidade de mostrar à comunidade do suco que essa medida conjunta é necessária e gratificante será no Juice Summit, que aconte-ce em outubro na Antuérpia, na Bélgica, onde apresentare-mos os detalhes da estratégia e o conteúdo do plano, além dos primeiros resultados.

CitrusBR – A Alemanha foi o mercado menos afetado pela crise econômica mundial e mesmo, assim registrou uma queda de 34% no consumo de suco de laranja na última década, passando de 253 mil toneladas equiva-lente de suco congelado e concentrado (FCOJ) em 2003 para 167 mil toneladas em 2013. Quais são as principais razões para essa queda contínua? Biles – Devemos lembrar que a Alemanha ainda tem um consumo per capita de suco bastante elevado. Segundo a Canadean, que elaborou o último Relatório de Mercado de Néctares e Sucos de Frutas da AIJN, as seguintes ra-zões contribuíram para a redução do consumo: aumento dos preços dos concentrados; mudanças no comporta-mento do consumidor, como o café da manhã tradicional, que não é mais tão popular; a preferência por "refrescos mais leves", que têm 50% de suco e 50% de água mineral; e o apelo de produtos regionais que levam ao desenvol-vimento de variações de sucos com sabores baseados em frutas locais tradicionais.

CitrusBR – Então existe uma concorrência acirrada nesse mercado...Biles – Sem dúvida. É preciso reconhecer que há muitos mais produtos alimentares e bebidas novas no mercado hoje que competem pelo dinheiro do consumidor. E o suco precisa reter o consumidor.

CitrusBR – Na sua opinião, quanto tempo levaria até que o aumento do consumo de suco de laranja nos mercados do Leste Europeu, como a Bielorrússia, Bul-

HÁ MUITO PRODUTOS ALIMENTARES E BEBIDAS NOVAS COMPETINDO COM O SUCO PELOS MESMOS CONSUMIDORES

AINDA DEVE DEMORAR UM BOM TEMPO PARA QUE OUTROS PAÍSES COMPENSEM A REDUÇÃO DE CONSUMO NA EUROPA

entrevista | Andrew Biles

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12 | CITRUSBR agosto 2014

ao passo que os investimentos em marketing possam ter sido reduzidos por uma questão de manutenção das margens de lucro?Biles – Eu gostaria de responder à pergunta dizendo que, historicamente, o crescimento do consumo de suco foi proporcionado por varejistas de marca própria, como Aldi, Lidl e Tesco, que também atenderam à indústria brasileira. Em 2013, o consumo de marcas próprias na União Européia foi de 45% contra 55% do total para sucos de marca. No entanto, toda a categoria de suco de frutas sofreu queda de 4,6% na comparação com 2012; e obser-vamos, pela primeira vez em muitos anos, que a redução de 6,4% em marca própria superou a redução média, com queda de 3% em produtos de marca. Independentemente do segmento de venda do suco, a eficiência de custos se faz necessária. Atualmente, a maioria dos varejistas quer ter a mesma margem de lucro tanto com produtos de marca quanto marca própria. Mais uma vez, a campanha de comunicação e mídia do suco é necessária para manter o suco no carrinho de compras do consumidor.

CitrusBR – O que está alavancando o consumo de novas categorias, como bebidas energéticas, isotônicos e águas aromatizadas, que estão substituindo os produtos mais saudáveis, como sucos 100% naturais? O senhor acre-dita que os sucos vão continuar a perder participação para essas bebidas e outras novas que são lançadas no mercado a cada mês?Biles – O consumidor moderno tem cada vez mais curio-sidade por novidades. Viajam o mundo e abraçam novas experiências em comida e bebida. Os sucos terão de brigar por sua participação de mercado da mesma forma que os setores tradicionais das indústrias de laticínios e de cerve-ja. O suco também pode ser ingrediente de novas formu-lações de bebidas.

CitrusBR – Na última década, vimos uma significativa consolidação na indústria de envase, distribuição e de marcas de sucos, tendo sua empresa Refresco-Gerber como um exemplo importante. O que está levando tan-tas empresas a se afastar dessa categoria, decidindo pelo fechamento, pela liquidação ou pela fusão com outras? Biles – A consolidação, em todas as etapas da cadeia de abastecimento, é o modo de fazer negócio da maioria das grandes categorias de alimentos e bebidas. Econo-mias de escala são necessárias para permitir que as em-presas reduzam custos e invistam em novas tecnologias. E a nossa indústria não pode ficar parada. Os varejistas se juntaram. Indústrias de suco de maçã e de laranja se fundiram. Empresas de embalagens e de equipamentos se concentraram. É normal e saudável que as engarrafa-doras façam o mesmo.

CitrusBR – Você acredita que as grandes redes varejis-tas algum dia, finalmente, passem a se preocupar com a sustentabilidade econômica das cadeias de abasteci-mento de alimentos, permitindo preços e margens mais justos, em contraponto a suas estratégias de maximiza-ção de lucro e de preços baixos todos os dias (EDLP)?Biles – É claro que os grandes varejistas já estão preocu-pados com as questões de sustentabilidade, que também incluem preços justos. A segunda diz respeito á indústria, no nosso caso, às empresas de processamento de frutas, começando a pagar salários mais justos tanto para o pro-dutor quanto para quem participa da colheita. Se isso se traduzirá em margens melhores para o setor de envase é esperar para ver. Obviamente, é paradoxal que os varejistas queiram que salários justos sejam pagos aos agricultores e colhedores de frutas e, ao mesmo tempo, oferecer preços baixos ao consumidor final, seus clientes. Isso não é apenas um problema para alimentos procedentes de fora da UE, mas também se aplica aos agricultores europeus. Um ele-mento fundamental neste debate é o próprio consumidor, que deve perceber que existe uma ligação direta entre o que ele quer pagar por seu alimento e o preço que o agricultor recebe por ele. Desse modo, as organizações tradicionais de consumidores deviam sensibilizar seus membros. Sempre haverá tensão competitiva em qualquer cadeia de abasteci-mento. Trata-se da própria natureza da relação de oferta e demanda. Porém, sendo a natureza humana o que parece ser, será preciso escassez de verdade para a gente apren-der a lição. Por ora, nos países desenvolvidos, temos uma abundância de produtos para escolher. l

A CAMPANHA É NECESSÁRIA PARA MANTER O SUCO DE FRUTAS NO CARRINHO DE COMPRAS DO CONSUMIDOR

entrevista | Andrew Biles

Page 8: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

13 | CITRUSBR Mês 2014

Previsões indicam tempo seco nas principais regiões citrícolas de São Paulo, onde os pomares só devem receber chuvas significativas a partir de outubro

1

5

10

15

30

60

90

A seca está no horizonte

O clima seco que persiste nos pomares paulistas deve continuar nos próximos meses. Essa é a análise feita pelos principais órgãos de monitoramento climático do País. Uma das principais razões para a escassez de água é a ocorrência do El Niño, fenômeno de anomalia climática, já bem conhecido por quem acompanha, e depende, das mudanças do vento. De acordo com a avaliação da empresa De Olho no Clima, que usa dados da Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), historicamente, em anos de El Niño chove em demasia no Sul e falta água nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e nordeste, além de temperaturas bem

mais elevadas que o comum.No atual prognóstico, os modelos

meteorológicos indicaram pouca chuva para as principais regiões da citricultura, até o mês de outubro. Dessa forma, novas pancadas de chuvas devem ocorrer apenas no início de outubro.

O principal efeito desse cenário é a falta de umidade nos solos. Como é normal nesta época do ano, o ressecamento do solo ocorre de forma agressiva e instantânea sobre boa parte do Brasil, pela falta de chuva e pela grande amplitude térmica. Os dias são mais quentes e as noites mais frias e isso acaba eliminando a pouca umidade presente na superfície.

Segundo o monitoramento feito

pelo CPTEC/Inpe, apenas em parte do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e sul de Mato Grosso do Sul, as taxas de umidade seguem elevadas, principalmente por conta das chuvas torrenciais registradas no início de junho. Nas demais áreas agrícolas de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, a estiagem agrícola já passa de 30 dias, o que reduziu consideravelmente o nível de umidade no solo até uma profundidade de 37,5 centímetros.

Segundo o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, outro aspecto de anomalia que deve ser causada pelo El Niño são as altas temperaturas. “Embora não devemos ter uma seca igual ao do ano passado, devemos ter um ou dois graus acima do normal para os próximos meses. Não há expectativa de frio intenso para esse inverno”, explica. l

clima

Page 9: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

mercado

Como a China está lutando contra o

Greening

Berço da citricultura, país investe em novos tratos culturais e controle rigoroso para controlar a doença, aumentar a produtividade e expandir sua produção

CITRUSBR agosto 2014 | 15

Há pouco mais de dez anos, o cultivo comercial de frutas cítricas era praticamente inexistente na Chi-na. O país, berço da laranja, tinha sérios problemas para avançar seus pomares. Limitações de área, baixa produtividade e principalmente a alta incidência de greening devastavam as plantações que tentavam sobreviver por lá. Uma realidade que esta mu-dando no já conhecido ritmo chinês. Nos últimos anos, o país implementou

14 | CITRUSBR agosto 2014

SALTO com tecnologia e manejos diferenciados, país consegue controlar doença e alcança bom nível de produção

uma verdadeira “cruzada” contra o greening. Com investimentos em tra-tos culturais diferenciados e seguindo um rígido programa de controle e monitoramento do Psilídeo, mosquito responsável por transmitir a doença, a China está conseguindo reduzir a presença da doença. “A China deu um salto de qualidade na citricultura em oito anos. Há ainda muita coisa a fa-zer, mas eles estão fazendo uma revo-lução na forma de produzir”, conta o

gerente do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Fundecitrus, Juliano Ayres, que recentemente foi até o outro lado do mundo ver de per-to a citricultura chinesa. Atualmente a área plantada com citrus já ocupa nada menos do que 2,1 milhões de hectares. Por lá, são produzidas 648 milhões de caixas de citrus, numa produtividade média de 308,5 caixas por hectare. A maior produção é de mandarina com 233,3 milhões de

caixas. A segunda é tangerina com 207,4 milhões de caixas, seguida da laranja com 123,1 milhões de caixas. O pomelo aparece na seqüência com 7,3

milhões de caixas. Outras variedades ainda produzem 13 milhões de caixas.

Uma das alternativas encontradas pelos produtores chineses para a ma-nutenção da produção é a busca por regiões livres do HLB, já que dez das 19 províncias citrícolas ainda não detectaram a doença.

Para manter o trabalho em evo-lução constante, o país tem estu-dado algumas formas e estratégias de controle adotados em outras re-giões, como no Brasil. Algumas das medidas inspiradas na citricultura paulista consistem na instalação de viveiros protegidos e o monito-ramento do Psilídeo por meio de armadilhas adesivas e o controle intensivo/regional do inseto. Essa medida faz parte da política fi-tossanitária do Estado chinês que também estimula o plantio de novas áreas a eliminação das plantas doen-tes após a colheita. l

Controle sanitário tem mostrado resultados e país avança na produção de citros

O POMAR VERMELHO

123,12milhõesde caixas de laranja

71,28milhõesde caixas de pomelo

12,96 milhõesde caixas de outras frutas

é a produção total de citrus

648 milhões de caixas

233,28 milhõesde caixas de mandarina

207,36milhões

de caixas de tangerinas

2,1 milhõesde hectares é a

atual área plantada com citrus na China

308 caixas

por hectare foi a produtividade

alcançada em 2013.

2%

11%

19% 32%

36%

Page 10: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

CITRUSBR agosto 2014 | 17

estrutura de qualquer setor. Porém, problemas como impostos elevados sobre sucos integrais indicavam que o crescimento da venda de suco indus-trializado no Brasil não seria algo tão fácil. Mesmo que sejam grandes os esforços para desonerar essa categoria de bebidas, um incremento mais ro-busto só seria possível mediante o in-teresse de marcas em desenvolver esse mercado. Para o curto prazo, resta-ram apenas projetos públicos em que a distribuição de fruta e de suco é am-parada por políticas de Estado. Nesse sentido, a Revista CitrusBR procurou prefeituras de importantes cidades citrícolas com o objetivo de saber se

havia projetos dessa natureza, qual o tamanho desses empreendimentos e, acima de tudo, que o potencial de consumo de fruta e suco que há nes-ses municípios. Em muitos casos a solução mora ao lado. Cooperativas e produtores trabalham de forma orga-nizada e encontram maneiras criati-vas de vender seus produtos.

Ensinar desde cedo para as crianças os benefícios, as qualidades e o gosto pela laranja. O que pode parecer uma utopia, já faz parte da realidade de diversos municípios es-palhados pelo interior do Estado de São Paulo. Ainda de forma tímida, al-gumas prefeituras começam a dar os primeiros passo na implementação de

projetos experimentais que in-serem a fruta e o suco de la-ranja no cardápio dos alunos

da rede municipal de ensino. Uma aposta que pode ajudar a

cultivar desde já os consumidores do futuro e que tem potencial para,

no longo prazo, criar um novo canal de distribuição para a laranja produ-zida nos arredores dessas cidades. Um dos pioneiros nesse tipo de iniciativa é o município de Bebedouro. Desde o ano passado, o suco de laranja passou a ser distribuído nas escolas munici-pais e estaduais da cidade na hora da merenda. “A vantagem é a valorização dos produtores citrícolas porque, ao tomar iniciativas desse tipo, os prefei-tos e secretários de educação podem deixar o dinheiro em seus próprios municípios”, afirma o prefeito de Be-bedouro, Fernando Galvão. Segundo o prefeito, é importante despertar o hábito do consumo nas crianças desde bebês. “Se elas começam a con-sumir desde os primeiros anos, vão desenvolver o hábito e deixar de lado bebidas que não são saudáveis.”

Quando o projeto teve início, 13 mil alunos das redes municipais e

16 | CITRUSBR agosto 2014

Desde que a CitrusBR começou a divulgar em 2010 os primeiros dados que mostravam que o consu-mo mundial de suco não ia bem, os olhos se voltaram para o mercado interno como uma possível oportu-nidade para a cadeia citrícola. Fazia sentido, afinal, o Brasil surgia como uma potência emergente, com renda crescente e um contingente de novos consumidores capazes de balançar a

Laranja na boca da

Municípios do interior de São Paulo apostam em programas que colocam a laranja e seu suco na merenda das escolas e mostram que a iniciativa pode trazer vantagens para quem consome e para quem produz a fruta

criançada

FOTOS: JULIO VILELA

mercado | por Érica Polo

MAIS SABOR NA ESCOLA: crianças da rede municpal de ensino de Bebedouro recebem diariamente a fruta como parte da merenda escolar

Page 11: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

estaduais recebiam o suco de laranja. Ao todo a prefeitura banca a distri-buição diária de 8,5 mil saquinhos de 200 ml da bebida. Um dos fornecedo-res é a Delta Citrus, que comercializa o suco concentrado, posteriormente diluído em água. Outra parte vem da Cooperativa Orgânica Agrícola Fa-miliar (Coaf), de Bebedouro. Além da entrega do suco, a prefeitura também fechou uma parceria com a empresa Jacobs Citrus e iniciou o projeto “La-ranja Descascada”, que coloca a fruta in natura, já descascada, na merenda das crianças. Ao todo são distribuídos por mês cerca de 250 mil saquinhos de suco de laranja de 200 ml cada um e mais 120 mil laranjas in natura. “Nosso objetivo agora é expandir es-ses programas para a rede de saúde, levando o suco de laranja para os pos-tos e hospitais”, revela Galvão.

A poucos quilômetros de Bebe-douro, o município de Barretos tam-bém mantém uma iniciativa no mes-mo molde. “Começamos em 2013 em um processo de melhoria da merenda

SUCO NO CARDÁPIOCONHEÇA AS CIDADES QUE MANTÊM PROGRAMAS QUE INCENTIVAM O CONSUMO DE SUCO DE LARANJA

Cidade: BebedouroProjeto: Laranja Descascada Criado em: 2013O que faz: distribui suco de laranja e fruta in natura para alunos da rede municipal de ensino

Cidade: Araraquara Projeto: Distribuição de Suco

Criado em: 2001O que faz: distribui suco de laranja semanalmente para cerca de 23 mil

crianças de 54 unidades escolares

Cidade: Barretos Projeto: Laranja na merenda Criado em: 2013O que faz: distribui fruta in natura e suco para cerca de 21 mil crianças da rede municipal escolar

Cidade: São José do Rio Preto Projeto: Laranja no cardápio das escolas

Criado em: 2013O que faz: os 36 mil alunos que integram a

rede municipal recebem a fruta e o suco pelo menos 1 vez por semana

Cidade: UberabaProjeto: suco concentrado nas escolasCriado em: 2005O que faz: distribui semanalmente suco concentrado para cerca de 29 mil crianças da rede escolar

Cidade: Itápolis Projeto: Laranja na salada de fruta

Criado em: 2014O que faz: 2 mil quilos da fruta farão parte de saladas de frutas

distribuídas para as crianças

MINAS GERAIS

SÃO PAULO

escolar. E a laranja é uma vocação da nossa região”, diz o secretário de Educação do município, Aparecido Cipriano. A prefeitura adquire suco e a fruta da Cooperativa de Produtores Rurais de Barretos e Região (Coo-pbar), que reúne cerca de 79 produ-tores. A bebida é distribuída para 21 mil alunos da rede municipal de ensi-no. “Fazemos um investimento de R$ 220 mil na compra desses produtos”, diz o secretário.

Já em Itápolis serão distribuídos, em neste ano, 2 toneladas de laranja em saladas de fruta para 12 escolas do ensino infantil e fundamental. Os for-

necedores são os 67 produtores agríco-las ligados à Associação dos Produtores de Hortifrútis de Itápolis (APHI), que participam do projeto desde 2011.“Já fornecemos suco, mas, em razão de algumas mudanças na unidade respon-sável pela alimentação, a laranja passou a ser distribuída na salada de frutas”, diz o secretário de Desenvolvimento Ambiental, Nestor Dias Filho. “A ideia é que o suco volte para as mesas.”

No município de Araraquara há um programa bem mais antigo. Ele que existe desde 2001 com patrocínio da Cutrale. Em números atuais, 23 mil crianças de 54 creches e escolas de en-sino fundamental da rede municipal bebem o suco durante o lanche. Ao longo de 2013 foram distribuídos 1,7 mil quilos de suco concentrado – ou 6,6 mil litros – mensais, de acordo com Jansem Mercaldi, gerente de abastecimento da merenda escolar do município. São iniciativas ainda pequenas, mas que, dão o exemplo de com criatividade e disposição, há ain-da muito campo para o suco crescer. l

mercado

FERNANDO GALVÃO: prefeito de Bebedouro planeja

expandir programa e distribuir o suco também nos postos de saúde

do município

Page 12: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

Os estoques de passagem de suco de laranja equivalente a FCOJ 66º Brix em poder das empresas associadas à Ci-trusBR no Brasil e no mundo em 30 de junho de 2014 somaram 534 mil tone-ladas e são suficientes para 23 semanas de consumo, considerando uma média anualizada de 90 mil toneladas exporta-das por mês. Nessa contagem está con-tido apenas suco de laranja produzido no Brasil (ver matéria página 20).

A redução de 232 mil toneladas equivale a mais do que o consumo anual da Alemanha, segundo maior destino brasileiro. No mesmo período do ano passado, os estoques somavam 766 mil toneladas e a queda chega 30,3%. “Essa redução já era esperada, diante de um processamento estimado de apenas 851 mil toneladas na safra passada, com vendas na ordem de 1,135 milhão de toneladas, considerando os mercados

economia

CitrusBR confirma redução de estoques

interno e externo”, explica Ibiapaba Net-to, diretor-executivo da CitrusBR.

Para o próximo ano, a entidade acredita que os estoques devem chegar em 30 de junho de 2015 com cerca 364 mil toneladas, bem próximo ao limite técnico de 350 mil toneladas. Para tanto, a CitrusBR estima que a safra 2014/15 será de 308,8 milhões de caixas de 40,8 quilos para o cinturão citrícola que compreende São Paulo e sul de Minas Gerais. Desse total, 50 milhões de caixas devem ser destinadas ao mercado inter-no e 259 milhões de caixas poderão ser processadas por empresas associadas e não associadas à CitrusBR. A produção total de suco deve ser de 973 mil tonela-das, considerando um rendimento in-dustrial de 265 caixas necessárias para a produção de uma tonelada de FCOJ. As exportações devem se manter nos mes-mos níveis de 1,080 milhão de toneladas

Levantamento aponta redução de 30,3% em relação ao mesmo período do ano passado

e o mercado interno de 55 mil toneladas.O dado confirma a tendência de que-

da nos estoques, que nos últimos anos se acumularam em função de dois períodos de superoferta nas safras 2011/12, com 428 milhões de caixas e na 2012/2013, com 385 milhões de caixas.

O levantamento de estoques é realiza-do por auditorias externas independentes em cada uma das empresas associadas e, posteriormente, consolidado por audito-ria externa independente. Para se calcular o volume de suco brasileiro disponível para comercialização, as auditorias reali-zam a medição do suco físico em metros cúbicos e/ou por painel de controle. Tam-bém são calculados e somados os totais de suco em movimento, seja em caminhões no Brasil ou navios. “É importante desta-car que quando o Consecitrus estiver em operação, o acompanhamento de dados será semanal, a exemplo do que acon-tece na Flórida por meio da Associação dos Processadores de Citrus da Flórida (FCPA), inclusive com informações de subprodutos”, avalia Netto. l

HISTÓRICO DE ESTOQUES 1200

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* Estimativas

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277 307

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279

417473

289

511

403

468

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439

249214

498

582

359

ESTOQUE CITRUSBREstoque de passagem de suco de laranja brasileiro em poder das empresas associadas à CitrusBR no Brasil e no mundo em 30/06 de cada ano

Soma dos estoques de passagem CitrusBR+FCPA

ESTOQUE FCPAEstoque de passagem de suco de laranja na Flórida em 30/09 de cada ano Disponível até 30/09/2014

Page 13: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

suco?CitrusBR promove encontro com entidades de pesquisa e governos para explicar metodologia de contagem de estoques

Onde está o

economia

AUDITORES PELO MUNDOPara se realizar a contagem de estoque de suco de laranja, são necessárias checagens em diversas partes do planeta

PELOS QUATRO CANTOSAuditorias levam em consideração toda a armazanegem de suco brasileiro em qualquer parte do globo

No último dia 21 de julho, a Citrus-BR recebeu em sua sede, entidades de pesquisa e do governo interessadas em conhecer a metodologia de contagem de estoques físicos de suco de laranja. Estiveram presentes representantes da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (SAA), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Companhia Nacional de Abastecimen-to (Conab), Departamento de Agricul-tura dos Estados Unidos (USDA) e Ins-tituto de Economia Agrícola. A única instituição convidada que não enviou nenhum representante foi o Centro de Pesquisa em Economia Aplicada (Cepea/USP), alegando não possuir ninguém disponível no departamento para aquele dia. Por parte da CitrusBR participaram o diretor financeiro da Cutrale, José Luiz Cervato; o diretor de controladoria da Citrosuco, Sérgio Canassa; e da Louis Dreyfus Commo-dities, Pedro Feitosa, do departamento

tributário. Também acompanharam a reunião o sócio-diretor da empresa de auditoria PWC, Maurício Moraes e o auditor Tiago Pauli. “Esse é um assun-to bastante sensível, que muitas vezes gera incompreensão por parte dos ato-res da cadeia citrícola e entendemos ser importante sanar todas as dúvidas que possam existir sobre como esse proces-so acontece, bem como sua segurança”, explica o diretor-executivo da Citrus-BR, explicou Ibiapaba Netto.

MetodologiaA medição do estoque físico de

suco acontece em duas fases. A pri-meira é presencial, com os auditores se deslocando para todos os pontos onde haja suco brasileiro armazenado. Suco embarcado e faturado ao cliente final, não faz parte da contagem.

O suco concentrado é medido levando-se em consideração o peso e a “cubicagem”, que nada mais é do que a medida dos tanques que arma-zenam suco concentrado. No caso do NFC, cujos tanques são fechados hermeticamente, a medição acontece via painel eletrônico e todo volume de suco aferido, para efeito de cálcu-lo, é convertido para 66º Brix. “Mas essa é apenas uma pequena parte da medição”, afirmou Moraes, da PWC. Segundo ele, existem diferentes pon-tos de checagem ao longo do processo e todos têm de bater.

Esse tipo de operação envolve números superlativos. Ao todo, são checados mais de 110 pontos, em sete países. Cerca de 40 auditores participam do processo, auxiliados por mais de 70 funcionários das empresas. O custo total de cada ope-

ração passa dos R$ 500 mil e nas sete medições realizadas na CitrusBR, o investimento acumulado ultrapassa R$ 3,5 milhões.

Quando o suco sai da fábrica ele é pesado, operação que se repete na chegada aos terminais no Brasil e fora dele. “Tudo isso acontece de forma eletrônica e automática, não há inter-ferência humana no sistema e todas as balanças são aferidas regularmente para tirar eventuais diferenças”, que comenta. “Caso haja qualquer tipo de intervenção manual no sistema, isso fica registrado e novos protocolos são adotados para se certificar a veracidade dos dados”, quem completa. “Esses dados são utilizados para os balanços das empresas e é muito importante que todos os números estejam batendo do começo ao fim, caso contrário todo o sistema fica em xeque”, explica Canas-sa, da Citrosuco.

De acordo com José Luiz Cervato, da Cutrale, o avanço dos sistemas per-mite um controle rígido da movimen-tação dos estoques. “Qualquer erro é detectado pela auditoria, o que sem sombra de dúvidas ajuda na melhora dos processos dentro da própria com-panhia, que está o tempo todo mo-vimentando suco de um lado para o outro”, diz. Pedro Feitosa, da Dreyfus, avalia que a contagem de estoques e sua conferência são assuntos bastante sensíveis nas companhias e fazem parte do acompanhamento diário das empresas. l

PRESENÇAS: (da esq. p/ dir.) José Luiz Cervato,

da Cutrale; Pedro Feitosa, da LDC; Tiago Pauli, da PWC; Sergio Barros, do USDA; Denise Caser, do IEA; Claudio Lobo; Antônio

Amaro; Ibiapaba Netto, da CitrusBR; Sérgio Canassa, da

Citrosuco; Adriana Verti, da APTA e Mauricio Moraes, da PWC;

Vagner Martins do IEA

CITRUSBR agosto 2014 | 21

12

5 4

36

7

110 PONTOS

são checados em sete países

R$3,5MILHOES é o investimento total após sete levantamentos

realizados

R$ 500 MIL

é o custo estimado de cada

levantamento

OS NÚMEROSConheça o que envolve as operações de checagem dos estoques

34 localidades

110 PESSOAS trabalham no

levantamento, sendo 40 auditores e 70 funcionários de

auxilio

Citrosuco Cutrale LDCTotal

Auditado

Fábricas, entrepostos de

armazenagem, em trânsito

terrestre, terminais marítimos

auditados no Brasil

7 unidades 9 Unidades 4 Unidades 20 unidades

Em trânsito marítimo e terminais

marítimos auditados no exterior10 unidades 12 Unidades 5 Unidades 27 unidades

Total 17 unidades 21 unidades 10 unidades 47 unidades

Page 14: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

2 | CITRUSBR Mês 2014

internacional

sofridos com a seca e as altas tempera-turas. Essas condições climáticas, além de desfavoráveis, têm contribuído para o surgimento de doenças e problemas fisiológicos com má qualidade dos frutos. O estudo aponta ainda que o cenário impactou no preço da fruta, que não conseguiu atingir bons valores no mercado, chegando a registrar uma redução de 50%.

Os problemas climáticos ainda provocaram aumento nos custos de produção, com a necessidade de maior irrigação e mais gastos com energia. Além disso, os níveis de con-sumo permanecem baixos.

A colheita de laranja nos principais países produtores da Europa não deve-rá ser tão farta. De acordo com um re-latório de oferta e demanda divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de frutos cítricos no Velho Continente deve somar 148 milhões de caixas de

40,8 kg. Esse volume representa uma redução de 8% em relação ùltima estimativa. De acordo com o rela-

tório, a queda tem sido puxada pela redução da produção na Espanha, principal produtor

europeu da fruta. Os pomares espanhóis têm

EUROPA

Após muitos anos consecutivos de crise econômica no setor, produtores de laranja da região de Valência de-cidiram substituir sua produção por outras mais rentáveis como a de kiwi.

Apesar do clima complicado, em outros países, como a Itália, há crescimento na produção. Os pomares italianos devem colher 44 milhões de caixas, aumento de 4%, em relação ao último levantamento. Na Grécia e no Chipre, a estimativa é de que a colheita cresça 4,3% e 15%, respectivamente. Já em Portugal a produção permanece nos mesmos níveis de anos anteriores, com frutos de boa qualidade. l

Para onde vão os pomares da EuropaSofrendo com problemas climáticos e de sanidade, USDA diminui estimativa de safra no Velho Continente

Page 15: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

eventos

o diretor do centro de citricultura, Marcos Machado.

Com objetivo de se aproximar ainda mais do setor produtivo, a CitrusBR marcou presença no evento. Pela primeira vez a entidade teve um estande próprio, em que recebeu citricultores, apresentou os estudos publicados nas últimas sa-fras, explicou um pouco do trabalho realizado, além de distribuir suco de laranja para os visitantes. “É impor-tante esse contato direto com os pro-dutores para que eles saibam o que estamos fazendo e para que nós tam-bém possamos saber o ponto de vista

deles”, afirma o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba

Netto, que também exi-bindo uma palestra sobre o estudo que demonstra a queda no consumo mundial de

O Centro Sylvio Moreira, em Cordeirópolis, promove eventos para discutir a cadeia produtiva da laranja

Nos últimos meses a cidade de Cordeirópolis se tornou a capital da "citricultura". Isso porque a cidade sediou dois eventos importantes, que reuniram representantes dos diversos elos da cadeia produtiva para debater os desafios que o setor enfrenta. O primeiro deles foi a tradicional Se-mana de Citricultura, organizada pelo Centro de Citricultura Sylvio Moreira. O evento, que aconteceu entre os dias 2 e 5 de junho, fez o local se trans-formar numa verdadeira mostra de tecnologias, com a presença de várias empresas e entidades demonstrando suas inovações voltadas para a produ-ção de laranja. “A semana é uma oportunidade de o produtor ver de perto as últimas novidades. Acreditamos que cerca de 8 mil pro-dutores tenham passa-do pelo evento”, revela

suco de laranja. “Esse é um dos gran-des desafios do setor e é importante que os produtores estejam cientes desse problema”, diz.

Já no mês de agosto, o Centro de Citricultura reuniu um outro segmen-to da citricultura, com um evento vol-tado para a fruta in natura. Trata-se do Citrus de Mesa: da produção à comer-cialização. Um fórum com uma série de debates e palestras, no qual os pro-dutores puderam ver questões técnicas e de mercado, importantes para quem pretende vender sua fruta diretamente para o consumidor. “Precisamos nos organizar para sermos mais eficientes”, ressaltou o presidente da Alfa Citrus, Emílio Fávero, que está à frente da for-mação da Associação de Fruta de Mesa.

O evento ainda marcou o lançamen-to do livro “Colheita e pós-colheita do Citrus”, de autoria dos pesquisadores Lenice M. do Nascimento Abramo, Ri-cardo A. Kluge e Juan S. Del Aguila. l

O palco da Citricultura

NO INTERIOR: CitrusBR recebeu produtores em seu estande durante a Semana de Citricultura e acompanhou os debates realizado no fórum Citrus de Mesa

FOTO: JULIO VILELA CITRUSBR agosto 2014 | 23

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Responda rápido: qual benefício da laranja você conhece? A resposta mais óbvia e que vem à mente de 99% da população é, sem dúvida, que ela tem vitamina C. Afinal, a associação entre a fruta e esse componente é tão forte que eles são quase sinônimos. No entanto, a resposta já não é assim tão certeira se a pergunta for direcionada ao pesquisador espanhol Leandro Peña. Não que ele não reconheça a presença e a importância da vitamina C nesse cítrico. É que Peña garante que algumas variedades de laranja pos-suem uma série de outros nutrientes tão ou até mais benéficos e que rara-mente são encontrados juntos num mesmo alimento. Potássio, Magnésio, Cálcio, Ferro, Zinco, Acido Fólico, Flavonóides, Caratenóides e mais

uma série de compostos integram a lista dos chamados fitonutrientes

muito bem-vindos ao nosso organismo e que apenas

Uma inédita pesquisa pretende desvendar os fitonutrientes presentes na laranja e tentar provar que ela é um dos alimentos mais importantes para a nossa saúde

CITRUSBR Junho 2014 | 19

benefíciospresentes nessa fruta. Doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade Autônoma de Madrid, Peña trabalha há mais de 20 anos com melhorias bio-tecnológicas em citrus e é atualmente uma das principais autoridades no assunto. Há pouco mais de oito meses ele desembarcou no Brasil para atuar no Fundecitrus. Além de todo trabalho envolvendo a busca por o controle das principais doenças dos pomares, ele tem uma missão especial: provar cien-tificamente que a laranja é a verdadeira superfruta. “Queremos provar em laboratório, com bases científicas, uma série de benefícios que a laranja pode possuir e como os fitonutrientes intera-gem com o nosso organismo”, explica o pesquisador.

Para isso, o especialista está colaborando em uma pesquisa pionei-ra realizada em parceria com a univer-sidade de São Paulo, e que tem como objetivo selecionar frutas, mapear a

quantidade presente de determinados compostos e depois analisar seus bene-fícios para a saúde. “Nós estamos inte-ressando em observar os fitonutrientes da laranja. Quando você consome esses suplementos em forma de pílula, eles são rapidamente metabolizados pelo intestino e não são absorvidos tão bem pelo corpo como são quando consumidos na forma de fruta ou do suco. Queremos comprovar que não é a mesmo coisa tomar um remédio ou suco. O suco é melhor”, afirma Peña.

De acordo com o pesquisador, no primeiro momento o estudo será focado nos benefícios que a laranja pode trazer na prevenção de doenças cardiovasculares. “Algumas varieda-des de laranja possuem compostos antioxidantes que podem ajudar no tratamento desse tipo de doenças. Va-mos fazer uma série de estudos para demonstrar isso de forma cientifica”, pondera o pesquisador. A expectativa é que em dois anos já seja possível obser-var os primeiros resultados concretos da pesquisa, que ele garante ser inédita em todo o mundo. “Há pouquíssimas pesquisas voltadas para os benefícios da laranja ou do suco de laranja. O que é intrigante, visto que é uma das bebi-das mais apreciadas do mundo, com grande potencial de salubridade”. l

Vitamina C – antioxidanteÁcido Fólico – ajuda a prevenir a anemiaZinco – ajuda o sistema imunológicoFlavonoides – previne inflamaçõesPotássio – ajuda a regular pressão arterialCarotenoides – antioxidanteTerpenóides  –  previne doenças arterial

benefícios | por Eduardo Savanachi

Um viva para os

FOTOMONTAGEM SOBRE FOTO DE JULIO VILELA

O ESPANHOL LEANDRO PEÑA É UM DOS PESQUISADORES

QUE IRÁ DESENVOLVER O ESTUDO NOS PRÓXIMOS ANOS

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A Bolsa de Nova Iorque é uma das mais visíveis referências para as cotações de suco de laranja, isso todo mundo sabe. Porém, são raras as vezes em que analistas de merca-do levam em consideração impostos pagos ao governo americano, distor-cendo assim a ordem de grandeza dos números. De forma geral, o suco bra-sileiro paga 415 dólares por tonelada de FCOJ para acessar aquele mercado. Durante os anos de 2005 e 2011, hou-ve um aumento médio de desconto de 3% no valor do produto graças a uma prática irregular adotada pelos americanos que cobravam uma espécie de “taxa anti-dumping”, o zeroing, que foi derrubado

finanças

A cotação do suco na bolsa e o

líquido no bolsoComo transformar dólar por libra de sólido solúvel em dólar por tonelada de FCOJ

CITRUSBR agosto 2014 | 27

SafraDólares por Libra de Sólido Solúvel (Incluso Imposto de Importação Americano e Taxas Anti-Dumping) Média

daSafra

Média doAno CalendárioJul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

1994-95 $0.8999 $0.9412 $0.9025 $1.0012 $1.0899 $1.1121 $1.0333 $1.0268 $1.0098 $1.0701 $1.0465 $1.0090 $1.0119 1994 $1.0080

1995-96 $0.9782 $1.0500 $1.1161 $1.1596 $1.2327 $1.2090 $1.1793 $1.2416 $1.3278 $1.3207 $1.2323 $1.2217 $1.1891 1995 $1.0784

1996-97 $1.1640 $1.1720 $1.1014 $1.1150 $1.0159 $0.8870 $0.8356 $0.8036 $0.8298 $0.7513 $0.7864 $0.7595 $0.9351 1996 $1.1649

1997-98 $0.7486 $0.7221 $0.6999 $0.6982 $0.7802 $0.8411 $0.9098 $0.9767 $1.0594 $0.9707 $1.0996 $1.0373 $0.8786 1997 $0.7714

1998-99 $1.0401 $1.1018 $1.0818 $1.1524 $1.1772 $1.0857 $0.9966 $0.9300 $0.8348 $0.8447 $0.8542 $0.8923 $0.9993 1998 $1.0577

1999-00 $0.816 $0.9255 $0.9297 $0.8852 $0.9485 $0.9319 $0.8437 $0.8466 $0.8482 $0.8249 $0.8177 $0.8444 $0.8707 1999 $0.8979

2000-01 $0.7965 $0.7407 $0.7142 $0.7003 $0.7399 $0.8042 $0.7601 $0.7569 $0.7480 $0.7425 $0.7833 $0.7702 $0.7547 2000 $0.7934

2001-02 $0.8136 $0.7768 $0.8081 $0.8526 $0.9376 $0.9167 $0.8941 $0.8964 $0.9268 $0.8961 $0.9117 $0.9140 $0.8787 2001 $0.8055

2002-03 $0.9542 $1.0093 $1.0030 $0.9514 $1.0053 $0.9736 $0.9204 $0.8708 $0.8468 $0.8549 $0.8574 $0.8530 $0.9250 2002 $0.9447

2003-04 $0.8131 $0.7866 $0.7717 $0.7077 $0.7011 $0.6701 $0.6295 $0.6097 $0.6121 $0.5945 $0.5611 $0.5766 $0.6695 2003 $0.8045

2004-05 $0.6674 $0.6727 $0.7999 $0.8249 $0.7499 $0.8346 $0.8211 $0.8502 $0.9484 $0.9529 $0.9371 $0.9624 $0.8351 2004 $0.6777

2005-06 $0.9988 $0.9159 $0.9572 $1.0803 $1.1995 $1.2506 $1.2307 $1.3018 $1.3994 $1.4484 $1.5509 $1.5823 $1.2430 2005 $0.9895

2006-07 $1.6304 $1.7749 $1.7478 $1.8462 $1.9772 $2.0123 $2.0033 $1.9562 $1.9998 $1.7173 $1.6503 $1.3836 $1.8083 2006 $1.6252

2007-08 $1.3310 $1.2960 $1.2506 $1.4253 $1.3643 $1.4436 $1.3692 $1.2823 $1.1880 $1.1573 $1.1230 $1.1200 $1.2792 2007 $1.5684

2008-09 $1.2163 $1.0360 $0.9476 $0.8141 $0.7981 $0.7382 $0.7440 $0.6925 $0.7372 $0.8055 $0.9074 $0.8195 $0.8547 2008 $1.0658

2009-10 $0.9366 $0.9776 $0.9361 $1.0796 $1.1327 $1.2883 $1.3747 $1.3738 $1.4630 $1.3312 $1.4029 $1.4105 $1.2256 2009 $0.9214

2010-11 $1.4351 $1.3888 $1.5029 $1.5068 $1.5648 $1.6316 $1.7551 $1.7342 $1.6812 $1.6887 $1.8006 $1.8799 $1.6308 2010 $1.4488

2011-12 $1.9806 $1.7465 $1.6365 $1.7000 $1.7988 $1.7023 $1.9766 $1.9043 $1.8192 $1.4918 $1.1439 $1.1613 $1.6718 2011 $1.7587

2012-13 $1.1826 $1.2199 $1.2617 $1.1254 $1.1581 $1.3044 $1.1323 $1.2522 $1.3400 $1.4390 $1.4665 $1.4378 $1.2767 2012 $1.3958

2013-14 $1.4090 $1.3635 $1.3168 $1.2312 $1.3348 $1.3989 $1.4238 $1.4574 $1.5277 $1.6010 $1.5785 $1.5777 $1.4350 2013 $1.3435

Safra

Dólares por Tonelada de FCOJ 66 Brix (Livre de Imposto de Importação Americano e Taxas Anti-Dumping)

Média da

Safra

Média doAno Calendário

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

1994-95 $820 $880 $824 $968 $1,097 $1,129 $1,014 $1,005 $980 $1,068 $1,034 $979 $983 1994 $978

1995-96 $947 $1,051 $1,147 $1,211 $1,317 $1,283 $1,239 $1,330 $1,455 $1,445 $1,316 $1,301 $1,254 1995 $1,093

1996-97 $1,230 $1,241 $1,139 $1,158 $1,014 $827 $752 $705 $743 $629 $680 $641 $897 1996 $1,231

1997-98 $638 $599 $567 $564 $684 $772 $872 $969 $1,090 $961 $1,148 $1,058 $827 1997 $671

1998-99 $1,074 $1,164 $1,135 $1,238 $1,274 $1,141 $1,011 $914 $776 $790 $804 $859 $1,015 1998 $1,100

1999-00 $740 $920 $926 $862 $954 $929 $801 $805 $808 $774 $763 $802 $840 1999 $880

2000-01 $739 $657 $619 $599 $656 $750 $686 $681 $668 $660 $719 $700 $678 2000 $734

2001-02 $763 $710 $755 $820 $944 $913 $881 $884 $928 $883 $906 $910 $858 2001 $752

2002-03 $968 $1,048 $1,039 $964 $1,042 $996 $919 $847 $812 $824 $827 $821 $926 2002 $954

2003-04 $763 $724 $702 $609 $600 $555 $496 $467 $470 $445 $396 $419 $554 2003 $750

2004-05 $551 $558 $744 $780 $671 $794 $774 $817 $960 $966 $943 $980 $795 2004 $566

2005-06 $1,033 $885 $943 $1,117 $1,285 $1,357 $1,329 $1,430 $1,567 $1,636 $1,781 $1,825 $1,349 2005 $1,005

2006-07 $1,893 $2,097 $2,059 $2,198 $2,383 $2,432 $2,420 $2,353 $2,415 $2,016 $1,921 $1,545 $2,144 2006 $1,886

2007-08 $1,471 $1,421 $1,357 $1,604 $1,518 $1,630 $1,525 $1,402 $1,269 $1,226 $1,177 $1,173 $1,398 2007 $1,806

2008-09 $1,309 $1,054 $930 $741 $719 $634 $642 $570 $633 $729 $873 $749 $799 2008 $1,097

2009-10 $914 $972 $913 $1,116 $1,191 $1,411 $1,532 $1,531 $1,657 $1,471 $1,572 $1,583 $1,322 2009 $893

2010-11 $1,618 $1,552 $1,713 $1,719 $1,801 $1,895 $2,069 $2,040 $2,026 $2,037 $2,200 $2,315 $1,915 2010 $1,637

2011-12 $2,461 $2,121 $1,961 $2,053 $2,197 $2,056 $2,456 $2,350 $2,227 $1,750 $1,244 $1,269 $2,012 2011 $2,128

2012-13 $1,305 $1,359 $1,420 $1,222 $1,269 $1,482 $1,232 $1,406 $1,534 $1,678 $1,718 $1,676 $1,442 2012 $1,615

2013-14 $1,634 $1,568 $1,500 $1,376 $1,526 $1,620 $1,656 $1,705 $1,807 $1,914 $1,881 $1,880 $1,672 2013 $1,525

Preço médio mensal do fechamento diário das cotações do FCOJ na Bolsa de Nova Iorque nas últimas 20 safras

US$ 1,5777

– US$ 0,2854

= US$ 1,2923

x 1.455

= US$ 1.880,30

Média de cotação da Bolsa de Nova Iorque em dólar por libra de sólidos solúveis em junho de 2014

Desconto do imposto de importação norte

americano em dólar por libra de sólidos solúveis/

equivalente a US$ 415 por tonelada

de FCOJ 66º Brix

Média de cotação da Bolsa de Nova Iorque em dólar por libra de sólidos solúveis em junho de 2014, livre de imposto de importação norte americano Média de cotação da Bolsa

de Nova Iorque em dólar por tonelada de FCOJ 66º

Brix em junho de 2014, livre de imposto de

importação norte americano

Quantidade de sólidos solúveis existente em 1 tonelada de FCOJ 66º Brix

na OMC. Mas como, então, podemos calcular o preço? O exemplo nesta página, explica o raciocínio.

Ler os preços da bolsa de forma adequada ajuda a compreender me-lhor alguns fenômenos de mercado. Um deles, diz respeito às próprias im-portações de suco no mercado ameri-cano. Por conta de acordos bilaterais no ambiente da Aliança Comercial do Atlântico Norte (Nafta, sigla em inglês), os Estados Unidos passaram a comprar suco livres de impostos do México, Costa Rica e outros países

na América Central. Como resultado, a participação de suco brasileiro nas importações americanas caiu de 88% em 2003 para 56% em 2013.

Veja ao lado o histórico, safra a safra, dos preços médios cotados na Bolsa de Nova Iorque, das últimas 20 safras. A Revista CitrusBR irá trazer periodicamente atualizações a respeito.

Mas acima de tudo, fazer as devi-das deduções de impostos incidentes e respectivas conversões ajuda a levar

a informação correta aos citricul-tores que muitas vezes recebem dados imprecisos de institutos de pesquisa que acabam repercu-tindo na mídia e desinforman-do todo o setor.

Page 18: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

sem considerar as di-ferenças existentes den-tro dele. “Esse projeto visa quebrar esse paradigma, ou seja, cada planta deve receber a quantia exata necessária de acordo com me-dições precisas por sensores”, explica André Colaço, que conta também com a orientação do coordenador do LAP, professor José Paulo Molin.

Nesta fase inicial do trabalho, Colaço revela que a pesquisa está fo-cada em medir de forma detalhada

Pesquisa da Esalq usa laser e ultrassom para controlar a aplicação de insumos nos pomares. Uma nova tecnologia que pode reduzir em até 50% o custo dessa operação na citricultura

CITRUSBR agosto 2014 | 2928 | CITRUSBR agosto 2014

Imagine se fosse possível iden-tificar a necessidade de cada planta do pomar em tempo real e calcular a quantidade de insumos necessária para que cada uma delas cresça com todo o potencial? Esse é justamente o foco de uma tecnologia que já está em fase de testes no Laboratório de Agricultura de Precisão da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (LAP) ESALQ/USP. Com o uso extensivo de alta tecnologia embarcada, a ideia é levar para a citricultura conceitos que já fazem sucesso no cultivo de outras culturas, como soja e milho. Trata-se de um modelo arrojado que pode aumentar a eficiência das pulverizações, aju-dando no controle de doenças e pro-movendo uma redução de custo que pode chegar até a 50%.

O projeto, que tem apoio da Fun-dação de Amparo à Pesquisa do Es-tado de São Paulo (Fapesp), consiste

Pulverização

controlesob

tecnologia | por Juliana RIBEIRO

em um sensor acoplado às máquinas que fazem a aplicação de fertilizantes e defensivos nos pomares de citrus. Equipado com sensores a laser e ultrassom, o equipamento mede em tempo real o volume da copa das la-ranjeiras. A partir disso, a máquina faz as medições e guia a aplicação de insumo com base na estrutura e no tamanho de cada planta. Ou seja, cada planta recebe exatamente a quantidade de insumo que necessita, nem mais, nem menos. Segu-dno André Colaço, en-genheiro agrônomo responsável pelo estudo, atual-mente qual-quer operação de manejo dentro de um pomar é con-duzida de ma-neira uniforme

a variabilidade das plantas existentes nos pomares comerciais, com o obje-tivo de estimar o potencial benefício dessa tecnologia. “Se o foco é tratar planta a planta de forma diferencia-da, quanto maior a variabilidade dos pomares maior é o potencial bene-fício da tecnologia”, revela Colaço. De acordo com o pesquisador, o que se espera nas medições é justamente

encontrar variações entre plantas, mesmo em curtas distâncias. “Isso se dá por causa da disseminação cada vez maior de doenças”, afirma.

Por enquanto, o sistema está em fase final de ajustes ainda no labo-ratório e a previsão é de que os pri-meiros testes com a leitura de cam-po comecem nos próximos meses e sejam concluídos até 2016. Colaço explica que esse estudo é pioneiro no Brasil, embora já existam siste-mas similares mais desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos. Ele cita como exemplo o caso da Espa-nha, país que está na dianteira na pesquisa e no desenvolvimento de sistemas de agricultura de precisão

para aumento da produção em cul-turas como a uva, a oliveira, a maçã e até de citrus. “Nessas regiões, rela-tos de uso da prática já são observa-dos e a redução no uso de agroquí-micos pode atingir 50%”, afirma.

De acordo com o pesquisador, na prática, o equipamento poderá ser utilizado para fazer adubações e pulverizações. O objetivo do sistema é que as aplicações e a variação de doses sejam guiadas em tempo real, sem qualquer interferência do opera-dor. “O objetivo é que o equipamento gere equações que traduzam as leitu-ras dos sensores em recomendações agronômicas, ajudando a melhorar o manejo dos pomares”, conclui. l

1 - UM SENSOR a laser acoplado nas máquinas agrícola escaneia as árvores do pomar

2 - EQUIPADOS com ultrassom, esses aparelhos medem o volume da copa das árvores

3 - AS INFORMAÇÕES são analisadas e enviadas em tempo real para um computador de bordo

4 - COM OS DADOS, a máquina faz a análise automaticamente e guia a aplicação de insumos com base na necessidade de cada planta

ANDRÉ COLAÇO Pesquisa com agricultrua de precisão em citrus pode elevar a eficiência dos pomares

LARANJA HIGH TECHComo funciona o sistema que usa laser e ultrassom para melhorar a pulverização

FOTOS: JULIO VILELA E ARQUIVO

Page 19: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

Uma novidade mundial, lançada qua-se simultaneamente no Brasil, Estados Unidos e Europa”, destaca o gerente de produtos e mercados HF da Arysta, Eduardo Figueiredo. De acordo com a empresa, a nova molécula afeta a respi-ração celular dos ácaros. Isso prolon-garia o efeito do produto, aumentando a proteção as plantas. “Trata-se de um novo conceito de manejo de ácaros”, garante Figueiredo.

Outra companhia que investiu em um novo ingrediente ativo no com-bate de pragas é a Ihara. A empresa desenvolveu um acaricida que utiliza uma substância chamada Cyflumeto-fen, que controla o ácaro da leprose.  “Esse produto tem um mecanismo que confere ação de choque sobre áca-ros, eliminando a praga por contato”, diz o consultor de Desenvolvimento de Mercado, Rodrigo Naime.

Já a multinacional alemã, Bayer, aposta em um novo inseticida foca-do no combate ao greening. A gran-de novidade do produto está no mo-delo de aplicação diferenciado, feito via tronco. Sistema testado durante quatro anos. “Se comparado ao tra-tamento convencional de inseticidas do produtor, tivemos um aumento médio de 7% em produtividade, uma redução de 40% no número de

aplicações de inseticidas e 29% menos de plantas

com sintomas de HLB”, revela o

gerente de Cul-tura Citrus da Bayer CropS-cience, Ricardo Baldassari. l

pomarUma nova geração de moléculas e princípios ativos chega ao campo para  revolucionar o controle sanitário dos pomares

Poucas culturas sofrem tanto com a incidência de pragas e doen-ças como a citricultura. São insetos, vírus e bactérias que atrapalham o desenvolvimento das plantas, afetam a qualidade dos frutos e, principal-mente, podem devorar uma boa parte dos ganhos da produção. Nos últimos anos, algumas das principais empresas agroquímicas que atuam no País desenvolveram uma nova geração de produtos, criados a partir de novas moléculas e diferentes prin-cípios ativos, que prometem revolu-cionar a sanidade nos pomares.

Um exemplo disso é a multina-cional japonesa Arysta, que acaba de lançar no mercado brasileiro um novo acaricida feito a partir de uma mo-lécula desenvolvida para ter ação de choque. “Trata-se de um novo grupo químico e novo ingrediente ativo.

Novas armas para proteger seu

tecnologia

30 | CITRUSBR agosto 2014

RICARDO BALDASSARI:

Em testes, modelo da Bayer reduziu em 29% o número de plantas com

sintomas do greening

SEM DOENÇAS: empresas investem em novas tecnologias voltadas para a citricultura

Page 20: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

Consumoa nossa

locomotiva NUMA SÉRIE DE ARTIGOS QUE COMEÇA

NESTA EDIÇÃO, O PROFESSOR MARCOS FAVA NEVES, TITULAR DA FEA/USP DE RIBEIRÃO

PRETO E SÓCIO DA CONSULTORIA MARKESTRAT, ANALISA O COMPORTAMENTO

DO CONSUMO DE SUCO DE LARANJA NO MUNDO E MOSTRA AS PRINCIPAIS

TENDÊNCIAS DO MERCADO MUNDIAL

ESPECIAL

Por Marcos Fava Neves, Vinicius Gustavo Trombin e Rafael Bordonal Kalaki

Page 21: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

A força que puxa a

laranjaO consumo mundial, responsável por 98% das vendas de suco de laranja do Brasil, é a principal locomotiva da citricultura. Entenda os desdobramentos das constantes quedas nas vendas e o que isso significa para todo o setor

Começamos com este texto uma contribuição periódica ao informativo da CitrusBR, um radar sobre o consumo mundial do suco e de seus concorrentes e um laboratório de hipóteses. Consideramos esta análise de grande impor-tância à cadeia produtiva da laranja no Brasil, que é basicamente exportadora, pois deixaremos dados que muitas vezes ficam escondidos em diversas fontes à disposição de industriais, produtores, empresas de insumos e todos que fa-zem parte desta importante cadeia produtiva do agronegócio brasileiro.

Na última década, a população dos 40 principais mercados consumidores de suco de laranja, que representam quase 100% do consumo mundial, aumentou 8,7%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) desses países registrou um crescimento de 67,3%. Do ponto de vista per capita, esse aumento na produção de riquezas foi de 53,9%, associado a um ganho líquido de renda de 56,8%. Em contrapar-tida, o consumo de suco de laranja sofreu uma retração de 11,1% (Tabela 1, página 40) em valores absolutos e de 18,2% em consumo por pessoa, sempre considerando os 40 países. É importante destacar, em se tratando de de-manda, que o Brasil como pulmão de suco de mundo tem suas vantagens e desvantagens. A tabela 02 (página 42), que cruza os dados de exportações da Secex com os dados de con-sumo, mostra grande aderência entre a queda apontada na na demanda mundial e a retração das exporta-ções via porto de Santos.

Série consumo mundial de suco de laranja

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Isso acende um sinal amarelo: enquanto a demanda recuou 11,1% as exportações diminuíram 17,8% no mesmo período, entre os anos de 2004 e 2013. Isso pode ser explicado pelo fato de que os países sempre priorizam consumir suas produções locais. No caso da Europa, Espanha e Itália são exemplos, enquanto nos Es-tados a Flórida é a referência. O resul-tado final é que, quando a demanda cai, o primeiro a sofrer é o fornecedor de fora, no caso o Brasil. E quando a demanda se recupera o último a se beneficiar também é o fornecedor de fora, mais uma vez o Brasil, sempre em posição caudatária.

Os dados acima fazem parte de um trabalho de monitoramento que realizamos, via Markestrat, nos últimos quatro anos e lança mão de grande número de fontes dispo-níveis para se analisar o mercado mundial de bebidas e o de laranja em particular. São dados que rece-bemos de diversas organi-zações com grande apoio

de entidades e empresas como As-sociação Europeia de Sucos de Fruta (AIJN), CitrusBR, Concreto Brasil, Euromonitor, Florida Citrus Com-mission, Florida Department of Citrus, IRI, Nielsen, Planet Retail, Tetra Pak (que possui um dos maio-res bancos de dados de bebidas do mundo) USDA, World Bank, e pro-fissionais que trabalham em indús-trias de envasamento e distribuição de suco e organizações varejistas.

Em termos de consumo, muitas informações têm sido analisadas. Do comportamento sociocultural desses mercados até o ambiente de negócios, da competição do suco de laranja com outras bebidas não al-coólicas dentro das próprias empre-sas envasadoras ao efeito das marcas próprias (Private Labels) frente às grandes marcas e no varejo.

Com essas diversas fontes é pos-sível cruzar informações e fazer raio X do consumo mundial de suco de

laranja sob diversas ópticas. E é isso que veremos a

seguir e nos próximos artigos desta série, que depois se transformarão em um livro de tendências de consu-mo e do consumidor de suco.

Ao se comparar o consumo total de suco de laranja entre os anos de 2004 e 2013, nota-se que 267 mil to-neladas de FCOJ equivalente 66º brix deixaram de ser tomadas anualmen-te. Isso representa uma diminuição no volume de vendas das envasa-doras, elo da cadeia imediatamente seguinte à indústria brasileira e an-terior ao varejo, que resultou numa perda de quase 75 milhões de caixas de laranja (Tabela 3, página 42) de 40,8 kg que deixaram de ser vendidas ao ano na forma de suco. Para esse cálculo, admitimos como base o ren-dimento industrial apurado em São Paulo na safra 2013/14.

Nos últimos 10 anos, caso o con-sumo mundial tivesse se mantido nos mesmos 2,4 milhões toneladas de FCOJ equivalente a 66º brix obser-vados em 2004, a soma total do con-sumo no período teria sido de 24,1

milhões de toneladas. Porém, devido à queda na demanda, o mundo con-sumiu apenas 22,7 milhões de tone-ladas. Com tal retração, a citricultura mundial perdeu um consumo de 1,4 milhão de toneladas acumuladas no período. Hoje, as exportações brasi-leiras ocorrem a um ritmo anual de 1,08 milhão de toneladas.

No fim das contas, em dez anos, o mundo deixou de beber mais de uma safra brasileira, considerando-se um rendimento industrial anual médio de 260 caixas para a produção de uma tonelada de FCOJ Equivalente 66º brix. Este exercício pode ser feito com outros rendimentos também, aliviando ou até piorando os resulta-dos. E para o produtor ter mais claro o que isso significa, é possível afir-mar que, caso a demanda tivesse se mantido estável desde 2004, teriam sido necessários mais 363 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg para abastecer esse mercado.

Uma das regiões que mais sofrem com a queda de demanda é a região

da América do Norte, com Estados Unidos e Canadá. Apesar de na safra passada ter apresentado ligeira recu-peração, voltou a cair e é consenso em todos os estudos disponíveis que os mercados tradicionais sofrem mais em do que o mundo emergente, que até cresce, ainda que sobre bases de vendas muito pequenas. A preocu-pante situação nos Estados Unidos será alvo de análise na próxima edi-ção desta revista CitrusBR.

Em decorrência de todas essas transformações que vêm aconte-cendo nos mercados consumidores percebemos um nítido deslocamento no eixo central de consumo do suco de laranja e com isso a participação do consumo da América do Norte por nós compreendida entre EUA e Canadá em relação ao consumo total mundial caiu em 10 anos de 48% para 39% (Tabela 4, página 43).

Da mesma forma que os Estados Unidos passam a representar uma parcela menor do consumo total mundial, o Brasil também diminui

sua representatividade no volume total consumido pelos americanos. Enquanto na safra 1992/93 represen-távamos 88,5% das remessas recebi-das pelos Estados Unidos, na safra 2002/03 caímos para 78,4% e em 2012/13 ficamos com apenas 56,4% (Tabela 5, página 43).

Essa perda de participação acon-teceu principalmente para o México e Costa Rica que devido ao acordo de isenção tributária do NAFTA aden-tram com seu suco de laranja nos Estados Unidos com alíquota zero de imposto de importação. Já o suco brasileiro paga hoje US$ 407 por to-nelada de FCOJ ou U$1,60 por caixa de laranja. Em outras palavras, as indústrias mexicana e costa-riquenha crescem atreladas aos Estados Unidos e em cima do produto brasileiro. No fim do dia, o suco de laranja brasileiro participa cada vez menos da oferta total na America do Norte compreen-dida por EUA e Canadá, ficando com apenas 18,4% de tudo o que se consu-miu por lá no último ano-safra. l

Série consumo mundial de suco de laranja

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Na década de 1980, o Brasil chegou a importar carne para seu consumo. Hoje, somos os maiores exportadores de proteína animal do mundo, num show de desempenho das cadeias produtivas bovina, aví-cola e suinícola. Em 1980, o Cerrado brasileiro engatinhava na produção de soja. Hoje rivalizamos com os Estados Unidos o posto de maior

produtor mundial, falta pouco para que os passemos, mas encabeçamos a lista de maior exportador em diver-sas oportunidades.

O Brasil se transformou numa verdadeira máquina exportadora no agronegócio. Veja que o agro no primeiro semestre de 2014 escapou do percalços da economia brasileira e do fiasco da seleção do Felipão. As exportações de junho (US$ 9,61 bi-lhões), se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 9,18 bi), au-mentaram 4,7%. O saldo na balança

do agro foi de US$ 8,40 bilhões, um crescimento de 6,3% em relação a junho de 2013, graças também às importações brasileiras, que dimi-nuíram 3,8% no mês. Os demais pro-dutos brasileiros fora do agro tiveram uma expressiva e preocupante queda de 9,2% nas exportações (US$ 11,9 bilhões em 2013, para US$ 10,8 bilhões em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas exportações a alcançar incrí-veis 47% em relação às exportações totais do

Brasil, ou seja, o agro foi responsável em mais um mês por quase metade de tudo que o Brasil exportou. Se não fosse o agronegócio, a balança comer-cial brasileira teria um déficit de US$ 43,3 bilhões acumulados no ano.

Um dos pioneiros e até inspirador deste desempenho foi o suco de la-ranja nacional, que ganhou o mundo muito antes de a maioria desses “no-vos” produtos terem ingressado no radar de nossas exportações.

A FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimen-tação estima que até o ano de 2050 seremos 9 bilhões de habitantes, 2 bilhões a mais do que hoje. E, para alimentar toda essa gente, apenas o Brasil terá de incrementar sua produ-ção em pelo menos 40%. E uma das perguntas que façam é: conseguirá o suco de laranja surfar nessa onda?

Diferentemente do que tem acontecido com outras commodities agrícolas, o suco de laranja não tem se beneficiado da crescente demanda mundial por alimentos. Há questões ligadas a preço, hábitos de consumo e até mesmo do interesse de algumas empresas em ofertarem um produto

cuja margem pode ficar mais apertada dependendo das variações do merca-do internacional. Nos países “ricos”, a exemplo do publicado na primeira edição da Revista CitrusBR, campa-nhas contra obesidade e o consumo de açúcar colocam os sucos de fruta, independentemente do sabor, numa posição delicada. Por outro lado, nota-se que, quanto maior a renda líquida per capita de um país, maior é o consumo de suco 100% e menor o de néctares e refrescos – campeões de venda em regiões com menor poder aquisitivo justamente por serem mais baratos (Gráfico 1, tabelas 6, 7 e 8, pá-ginas 44, 45 e 46).

Embora os americanos tenham alcançado uma renda per capita mé-dia de US$ 39.901 em 2013, a categoria de Refrescos foi responsável por 51% de tudo que por aquelas bandas. Uma das razões é a preferência de uma parcela dos consumidores a outros sabores de frutas nas modalidades

Punches e Ades. Nos Ponches de Multifrutas, destacam-se sabores como Berry, Cranberys, Uva, Moran-go, Grapefruit e Limão, com caracte-rísticas exóticas de paladar, que não se adéquam na forma de suco 100%.

Diferentes também são os hábitos no Japão. Lá, a carne de preferência é a de peixe e a bebida não alcoólica mais consumida é um mix de vegetais com forte predominância de cenou-ra. E esse é um mercado cuja renda líquida per capita é foi de US$24.785 em 2013. E, mesmo assim, mostra um baixíssimo consumo per capito de suco de laranja - da ordem de 2,7 litros por habitante. A Itália, que possui abundância de laranja e limão de produção local, também mostra um baixo consumo de 2,4 litros por habitante. Isso porque, a exemplo do Brasil, a fruta espremida está mais disponível em restaurantes, hotéis ou residências. Vai entender... É por isto que gosto... não se discute. l

Gosto se discute ou não se discute?O crescimento populacional impulsiona outras commodities, mas não o suco de laranja. Preço, hábitos de consumo e produtos exóticos são explicações para as mudanças que afetaram o passado, afetam o presente e afetarão o futuro deste mercado mundial

Série consumo mundial de suco de laranja

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Não são apenas os fatores ex-ternos que complicaram a vida da cadeia produtiva da laranja no Brasil. Doenças como o greening cuja cura ainda não é conhecida ou o contro-le do cancro elevam os custos nos pomares. E, a cada nova operação que se coloca no campo, menos com-petitivo fica o produto na prateleira e menos renda sobra no campo. Também podemos destacar a valo-rização do real frente ao dólar, fato que, aliás, atinge todo o agronegócio e é tema de análises constantes da Markestrat. Os custos com mão de obra também vêm subindo de forma acelerada nos últimos anos, assim como o preço dos insumos agrícolas. Mas não foi isso o que se observou. Mesmo em dólar, muitos produtos são mais caros hoje do que em tem-pos de moeda brasileira mais fraca.

Outro aspecto importante e um pouco menos conhecido é a

diminuição do conteúdo de suco na fruta brasi-

leira. Ou, como se diz

no mercado, a piora do rendimento industrial. Ainda assim, esse assunto tem sido relatado em diversas pu-blicações recentes, seja por nós, pela MB Agro e ou por diversos grupos de consultores que atuam no mercado cítrico. Todos esses aspectos somados também contribuem para a queda do consumo mundial, uma vez que ele-vam os custos de produção em toda a cadeia e tornam o produto menos competitivo no universo de bebidas à disposição dos consumidores.

Diante de um cenário externo cada vez mais desafiador, muitas atenções se voltam para o mercado interno como uma possível saída para a citricultura brasileira. Hoje, o País consome cerca de 120 milhões de caixas de laranja na forma in natura, sendo quase metade vindos dos po-mares paulistas e o restante de Bahia, Sergipe, Paraná e Rio Grande do Sul. Do ponto de vista de suco industria-lizado, é o décimo mercado consumi-dor mais importante, com cerca de 55 mil toneladas consumidas ao ano e

um enorme potencial de crescimento. Essa é a maior janela de oportu-

nidade para que no médio prazo se desenvolva um novo polo capaz de trazer de volta a expansão do plantio de fruta ao invés da retração de área e produção que se tem observado nos últimos anos, principalmente entre citricultores com menor produtividade e por consequência maior custo de produção. Para que essa oportunidade se torne realidade, serão necessários esforços coletivos que passam pelas indústrias processadoras, envasadores de suco, grandes marcas, varejistas e governos. A Markestrat ajudou recen-temente a estruturar um projeto de redução de tarifas que foi apresentado pela Câmara Setorial e a CitrusBR a membros do governo em diversas esfe-ras e que, dependendo da boa vontade, pode culminar numa redução de im-postos que seria capaz de impulsionar toda a cadeia. Isso representa pouco para o governo, ou quase nada, pois hoje é um mercado irrelevante, que quase não contribui com impostos. l

Suco gostoso e saudável, do Brasil e para o Brasil

Série consumo mundial de suco de laranja

Fatores como o aumento de custos de produção e a valorização do real diminuem a competitividade do suco de laranja brasileiro no exterior e fazem com que o mercado interno seja uma nova opção a ser explorada, algo que defendemos com unhas e dentes

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Há em um curso uma mudança no eixo do consumo. Ao se debruçar sobre os dados de 2013, é possível notar uma altíssima concentração no consumo de suco de laranja nos cinco primeiros países, que representam nada menos do que 61% do consumo total (Tabela 9, página 47). Ao se esti-car a régua um pouco mais, é possível concluir que os dez maiores consu-midores representam juntos 77% do total. Ou seja, a concentração nessa cadeia começa no mapa geográfico do consumo antes mesmo do varejo,

das engarrafadoras, indústrias ou dos produtores de fruta.

Tal comportamento de mercado faz com se crie uma linha direta entre os consumidores de Estados Unidos, Alemanha, França, China, Rússia, Reino Unido, entre outros, com pro-dutores de fruta no interior de São Paulo, separados às vezes por mais de 15 mil quilômetros e menos de um gole de suco. Ou seja, o poder de com-pra, humor e vontades desses consu-midores afetam diretamente a vida de quem se dedica à citricultura no Bra-

sil. É como se fosse um grande duto que leva suco do Brasil para outros países. Se nesses destinos "fecha-se a torneira", sobra fruta e suco no Brasil.

Nos 40 principais mercados, o consumo de suco de laranja caiu 10,8% de 2003 a 2013, vindo de um consumo mundial de 2,4 milhões de toneladas de FCOJ Equivalente a 66º Brix para 2,1 milhões de toneladas, o que mostra as dificuldades enfren-tadas por esta cadeia produtiva na questão de mercados, principalmente devido à concorrência com outras

bebidas, sejam elas a base de frutas, chás, águas com sabor, água de coco, energéticos e outras categorias.

Por representar quase 40% do consumo mundial, os Estados Unidos são o mercado mais importante a ser analisado. Apesar do consumo de suco de laranja ter caído 34% desde o recorde de 1,1 milhão de tonela-das estabelecido na safra 2000 até as 729 mil toneladas observadas na safra 2013, o fato interessante é que o consumo para de cair e cresce 25 mil toneladas de 2012 para 2013, mas vol-ta a cair novamente nos dados mais recentes que recebemos.

Após analisar os Estados Unidos EUA, que representam 40% do consu-mo mundial, para facilitar o entendi-mento, agrupando cinco países que fi-cam com porcentagens entre 5 e 7,5%, têm-se um grupo que representa 32% do consumo mundial. Ele é formado por Alemanha, França, China, Reino Unido e Canadá. Destes, a Alemanha, segundo mercado mais importante, com 7,5% do consumo, também viu o consumo cair 34% nos últimos 10 anos, porém ficou estável na análise comparativa dos dois últimos anos. O Canadá também ficou estável. Quem teve incríveis 6% de queda em apenas um ano foram a França e o Reino

Unido, quase 4% de queda. Já a China cresceu de

quase 10% em um ano, um consu-

mo adicional de 12.000 tonela-das. Na década, a China cresce 171%, sendo o único dos seis grandes a apre-

sentar resultados animadores em

termos de consumo.Tirando estes seis

países principais, todos os demais representam menos de 5% do consu-mo mundial, volume abaixo das 70 mil toneladas/ano. Mas o agregado destes países torna-se interessante para uma análise mais aprofundada e a principal mensagem que fica é que o mercado de suco invariavelmente, na comparação entre 2012 e 2013, cai em países desenvolvidos e em alguns emergentes em estágios mais eleva-dos (Austrália, Espanha, Coreia do Sul, Rússia, Holanda, Itália, Bélgica, Suécia, entre outros) e o consumo aumenta nos países em desenvolvi-mento, como o Brasil, África do Sul, Argentina, Indonésia, Polônia. Mas vale a ressalva que são mercados rela-tivamente pequenos quando compa-rados aos grandes e onde o consumo vem sendo puxado pelos néctares, que usam menos suco na composição.

Outro ponto importante para análise dos principais mercados é a participação do sabor laranja dentro da categoria de sucos 100%. Dos 40 maio-res consumidores, 15 aumentaram sua participação no sabor laranja, seis se mantiveram estáveis enquanto 19 re-gistraram diminuição de participação no sabor laranja para outras frutas.

Ao nos debruçarmos nos néctares, 14 países aumentaram sua partici-pação, dois se mantiveram estáveis e 23 países registraram diminuição de participação no sabor laranja, cedendo espaço para outras frutas (Tábela 10, página 48). Um detalhe interessante: no ano de 2004 não havia registro de vendas de néctar sabor laranja nos Es-tados Unidos, enquanto em 2013 esse sabor já representou 5% do volume total de néctares vendidos em terri-tório americano. A introdução dessa categoria aconteceu via Tropicana, que lançou o Trop 50, cujo conteúdo é 40% NFC e o restante de água. O apelo é para um produto com sabor próximo

ao suco 100% e metade das calorias. Contudo, para o mercado, a PepsiCo relatou que a decisão de reduzir o conteúdo de suco, com o lançamento do Trop 50, partira da necessidade de aumento de margens de lucro.

Obviamente não se pode atribuir ao mercado todos os problemas na cadeia. Há também questões relacio-nadas a mudanças nos hábitos de con-sumo das diferentes populações que consomem o suco de laranja brasileiro.

A frequência no café da manhã em família é uma delas. Cerca de 75% do consumo de suco de laranja acontece nessa ocasião. Outro aspecto é a prefe-rência de jovens por embalagens me-nores para bebidas “on the go”, ou seja, que se consome em trânsito. A busca do consumidor por produtos com maior quantidade de benefícios pelo menor preço também deve ser levada em consideração. E, claro, o desinteres-se do varejo, com as chamadas private labels, cujo único interesse é vender um produto mais barato do que as marcas de referência, independentemente da origem, sabor ou benefício. Em anos de alta de suco de laranja, dentro dessa ló-gica de mercado, o varejo impulsiona a venda de outros sabores cujas margens sejam mais elevadas.

A essa lista ainda podemos acres-centar o fato de que muitas empresas focam na diminuição das embala-gens com preço proporcional mais elevado, cujo impacto é direto no consumo porque literalmente se paga mais por menos. E, fechando esse quadro, podemos adicionar a dimi-nuição da quantidade de suco em refrigerantes como Fanta e refrescos tipo Sunny Delight. E quando junta-mos todos esse fatores num período só, no caso, esta última década, te-mos a chamada tempestade perfeita. Nosso desafio é sair dela e é para isso que estamos trabalhando. l

A concentração no consumo mundial de

suco de laranjaCada vez menos países são responsaveis pela maior parte da demanda pela bebida. Com isso, qualquer mudança no padrão de consumo desses mercados afeta diretamente tanto a indústria quanto os produtores

Série consumo mundial de suco de laranja

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ÍNDICES DEMOGRÁFICOS E DE CONSUMO

POPULAÇÃO EM1º DE JANEIRO

PIBANUAL

PIBPER CAPITA

RENDIMENTO ANUAL LÍQUIDO PER CAPITA

CONSUMO TOTALDE SUCO DE LARANJA

CONSUMO PER CAPITA DEDE SUCO DE LARANJA

MILHÕES DE HABITANTES BILHÕES DE DÓLARES DÓLARES POR HABITANTE DÓLARES POR HABITANTE MILHARES TONS FCOJ EQUIV. LITROS POR HABITANTE

2004 2013 VAR. 2004 2013 VAR. 2004 2013 VAR. 2004 2013 VAR. 2004 2013 VAR. 2004 2013 VAR.

MUNDO 6.389,1 7.095,2 11,1% U$ 4.290 U$ 6.475 50,9%

40 MERCADOS SELECIONADOS 4.416,8 4.800,8 8,7% $ 39.370 $ 65.863 67,3% $ 8.914 $ 13.719 53,9% $ 5.787 $ 9.072 56,8% 2.412 2.145 -11,1% 2,99 2,44 -18,2%

1º ESTADOS UNIDOS 292,9 316,4 8% $ 12.277 $ 16.800 37% $ 41.917 $ 53.104 27% $ 29.232 $ 39.901 36% 1.028 729 -29% 18,7 12,3 -34%

2º ALEMANHA 82,5 81,8 -1% $ 2.746 $ 3.635 32% $ 33.273 $ 44.413 33% $ 22.428 $ 29.150 30% 228 167 -27% 15,6 11,5 -26%

3º FRANÇA 60,5 63,8 6% $ 2.062 $ 2.734 33% $ 34.104 $ 42.850 26% $ 22.380 $ 28.212 26% 147 149 1% 13,7 13,1 -4%

4º CHINA 1.292,3 1.354,0 5% $ 1.937 $ 9.128 371% $ 1.499 $ 6.741 350% $ 873 $ 4.130 373% 49 136 178% 0,2 0,5 165%

5º REINO UNIDO 59,7 63,9 7% $ 2.202 $ 2.540 15% $ 36.893 $ 39.754 8% $ 23.250 $ 26.550 14% 139 123 -12% 13,1 10,8 -17%

6º CANADÁ 32,0 35,2 10% $ 992 $ 1.825 84% $ 30.994 $ 51.859 67% $ 17.886 $ 29.774 66% 119 110 -7% 19,8 16,7 -16%

7º JAPÃO 127,8 127,3 -0% $ 4.606 $ 4.902 6% $ 36.044 $ 38.497 7% $ 22.440 $ 24.785 10% 97 65 -33% 4,0 2,7 -33%

8º RÚSSIA 144,2 143,4 -1% $ 592 $ 2.094 254% $ 4.104 $ 14.604 256% $ 2.315 $ 8.723 277% 59 64 8% 2,3 2,5 8%

9º BRASIL 181,6 200,4 10% $ 664 $ 2.243 238% $ 3.655 $ 11.197 206% $ 2.278 $ 7.250 218% 37 61 63% 1,1 1,6 48%

10º AUSTRÁLIA 20,3 23,1 14% $ 657 $ 1.496 128% $ 32.455 $ 64.773 100% $ 19.938 $ 42.077 111% 55 51 -7% 17,2 14,0 -18%

11º ESPANHA 42,3 46,7 10% $ 1.045 $ 1.358 30% $ 24.669 $ 29.087 18% $ 15.849 $ 18.707 18% 45 38 -16% 6,0 4,6 -24%

12º COREIA DO SUL 48,0 50,2 5% $ 722 $ 1.207 67% $ 15.029 $ 24.040 60% $ 9.579 $ 13.505 41% 43 36 -16% 4,8 3,9 -19%

13º POLÔNIA 38,2 38,5 1% $ 253 $ 516 104% $ 6.619 $ 13.398 102% $ 4.494 $ 8.147 81% 33 32 -4% 4,9 4,6 -5%

14º ÁFRICA DO SUL 46,5 52,8 14% $ 219 $ 351 60% $ 4.716 $ 6.644 41% $ 2.856 $ 4.187 47% 21 31 49% 2,4 3,1 31%

15º MÉXICO 103,0 117,5 14% $ 758 $ 1.259 66% $ 7.361 $ 10.719 46% $ 4.950 $ 7.550 53% 29 30 3% 1,5 1,4 -10%

16º HOLANDA 16,3 16,8 3% $ 610 $ 802 31% $ 37.525 $ 47.732 27% $ 19.209 $ 22.607 18% 37 30 -19% 12,8 10,0 -22%

17º ARÁBIA SAUDITA 23,1 29,3 27% $ 250 $ 776 210% $ 10.856 $ 26.458 144% $ 3.689 $ 7.682 108% 16 29 82% 3,6 5,2 43%

18º ARGENTINA 38,4 41,5 8% $ 153 $ 489 219% $ 3.991 $ 11.781 195% $ 2.542 $ 6.962 174% 5 27 479% 0,6 3,5 436%

19º ITÁLIA 57,9 61,1 5% $ 1.728 $ 2.069 20% $ 29.856 $ 33.883 13% $ 20.561 $ 22.806 11% 33 26 -20% 3,2 2,4 -24%

20º BÉLGICA 10,4 11,1 7% $ 361 $ 507 40% $ 34.746 $ 45.510 31% $ 20.548 $ 27.515 34% 22 21 -4% 12,0 10,8 -10%

21º SUÉCIA 9,0 9,6 6% $ 362 $ 554 53% $ 40.340 $ 57.974 44% $ 20.028 $ 29.970 50% 24 19 -21% 14,8 11,0 -26%

22º NORUEGA 4,6 5,1 10% $ 259 $ 511 98% $ 56.492 $ 101.136 79% $ 27.148 $ 44.789 65% 13 17 31% 16,2 19,2 19%

23º ÁUSTRIA 8,1 8,5 4% $ 289 $ 416 44% $ 35.519 $ 49.033 38% $ 20.399 $ 29.947 47% 18 17 -4% 12,3 11,3 -8%

24º CHILE 16,1 17,6 9% $ 96 $ 282 195% $ 5.931 $ 16.044 170% $ 3.689 $ 10.572 187% 6 15 147% 2,1 4,7 126%

25º SUÍÇA 7,4 8,0 9% $ 363 $ 652 80% $ 49.286 $ 81.153 65% $ 31.901 $ 50.898 60% 14 14 -3% 10,9 9,7 -11%

26º TURQUIA 67,2 75,6 12% $ 392 $ 817 108% $ 5.837 $ 10.813 85% $ 4.190 $ 7.992 91% 4 11 203% 0,3 0,8 170%

27º UCRÂNIA 47,4 45,4 -4% $ 65 $ 181 179% $ 1.368 $ 3.985 191% $ 842 $ 3.258 287% 10 10 6% 1,2 1,3 10%

28º INDONÉSIA 216,4 247,2 14% $ 257 $ 868 238% $ 1.188 $ 3.513 196% $ 808 $ 2.057 154% 3 10 249% 0,1 0,2 206%

29º FINLÂNDIA 5,2 5,4 4% $ 189 $ 257 36% $ 36.202 $ 47.350 31% $ 19.441 $ 27.966 44% 13 10 -27% 14,5 10,2 -29%

30º DINAMARCA 5,4 5,6 4% $ 245 $ 332 35% $ 45.363 $ 59.176 30% $ 20.845 $ 28.536 37% 12 10 -22% 12,7 9,6 -25%

31º IRLANDA 4,0 4,6 14% $ 185 $ 219 18% $ 45.986 $ 47.692 4% $ 22.595 $ 23.306 3% 13 9 -32% 18,8 11,2 -40%

32º GRÉCIA 11,0 11,4 3% $ 231 $ 241 5% $ 20.905 $ 21.231 2% $ 14.670 $ 14.579 -1% 11 8 -29% 5,8 4,0 -31%

33º ÍNDIA 1.086,1 1.246,0 15% $ 715 $ 1.900 166% $ 658 $ 1.525 132% $ 528 $ 1.253 137% 1 8 701% 0,0 0,0 598%

34º MARROCOS 30,2 32,9 9% $ 57 $ 105 84% $ 1.889 $ 3.178 68% $ 1.366 $ 2.217 62% 1 7 846% 0,1 1,2 766%

35º NOVA ZELÂNDIA 4,1 4,5 10% $ 88 $ 174 98% $ 21.471 $ 38.526 79% $ 12.524 $ 23.109 85% 6 6 -5% 9,7 8,3 -14%

36º COLÔMBIA 42,4 48,3 14% $ 114 $ 377 231% $ 2.684 $ 7.798 191% $ 1.907 $ 5.044 165% 3 4 29% 0,4 0,5 13%

37º TAIWAN 22,6 23,3 3% $ 340 $ 489 44% $ 15.042 $ 20.980 39% $ 8.358 $ 13.937 67% 6 4 -28% 1,4 1,0 -30%

38º ISRAEL 6,8 8,0 18% $ 127 $ 292 130% $ 18.629 $ 36.337 95% $ 10.387 $ 21.922 111% 5 4 -20% 4,3 2,9 -32%

39º FILIPINAS 83,3 98,4 18% $ 87 $ 277 218% $ 1.044 $ 2.812 169% $ 728 $ 2.150 196% 3 4 30% 0,2 0,2 10%

40º ROMÊNIA 21,7 20,7 -5% $ 76 $ 188 148% $ 3.491 $ 9.101 161% $ 2.206 $ 5.302 140% 3 3 3% 0,9 0,9 8%

DEMAIS PAÍSES 1.972,3 2.294,4 16% U$ 939 U$ 1.042 11%

Cruzamento de dados demográficos com a demanda de suco de laranja

Série Consumo de Suco de Laranja

Tabela 1

Page 27: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

CITRUSBR agosto 2014 | 4544 | CITRUSBR agosto 2014

Série Consumo de Suco de Laranja

CONSUMO TOTALDE SUCO DE LARANJA

NOS 40 PAÍSES SELECIONADOSFONTE: MARKESTRAT

EXPORTAÇÕES TOTAISDE SUCO DE LARANJA

VIA PORTO DE SANTOSFONTE: SECEX

ANO CALENDÁRIOMil Tonsde FCOJ

Equiv. 66ºB

Taxa deCresc.Anual

ANO SAFRAMil Tonsde FCOJ

Equiv. 66ºB

Taxa deCresc.Anual

2004 2.412 0,3% 2004/05 1.324 9,3%

2005 2.397 -0,6% 2005/06 1.269 -4,2%

2006 2.346 -2,1% 2006/07 1.357 6,9%

2007 2.298 -2,1% 2007/08 1.254 -7,6%

2008 2.246 -2,3% 2008/09 1.147 -8,5%

2009 2.272 1,2% 2009/10 1.206 5,1%

2010 2.255 -0,8% 2010/11 1.100 -8,7%

2011 2.228 -1,2% 2011/12 1.095 -0,5%

2012 2.123 -4,7% 2012/13 1.092 -0,3%

2013 2.145 1,1% 2013/14* 1.088 -0,3%

2013 Vs 2004 -267 -11,1% 13/14 Vs 04/05 -236 -17,8%

Consumo de FCOJ equivalente a 66° Brix não inclui suco de laranja utilizado em carbonatados

Ano Safra compreendido entre Julho e Junho *Última estimativa da CitrusBR (junho/14)

OSCILAÇÃO DE CONSUMOPOR REGIÃO

2004 2013 VARIAÇÃO ENTRE 2004 E 2013

Mil Tonsde FCOJ

Equiv. 66ºB

Mil Tonsde FCOJ

Equiv. 66ºB

Mil Tonsde FCOJ

Equiv. 66ºBPercentual

Milhões deCaixas de

Laranja Equiv.

TOTAL DOS 40 PAÍSES SELECIONADOS 2.412 2.145 -267 -11,1% -75

AMÉRICA DO NORTE (EUA + CANADÁ) 1.146 839 -307 -26,8% -87

EUROPA 880 778 -102 -11,6% -29

ÁSIA 201 263 62 30,6% 17

AMÉRICA LATINA, OCEANIA, ÁFRICA, ORIENTE MÉDIO 184 265 81 43,9% 23

Variação de consumo entre 2004 e 2013 convertido em Milhões de Caixas de Laranja Equiv. base rendimento industrial de 282 caixas de laranja para 1 ton de FCOJ Equiv. apurado em São Paulo na safra 2013/14

Cruzamento de dados de queda de consumo de suco de laranja apontado por Markestrat com a queda das exportações via Santos apontadas pela Secex

Variação de consumo de suco de laranja por região

Tabela 2 Tabela 4

Tabela 5

Tabela 3

SAFRA NOS ESTADOS UNIDOS - OUTUBRO/SETEMBRO 92-93 02-03 12-13

PRODUÇÃO INTERNA DE SUCO DE LARANJA Tons Equiv.66º 644.457 882.864 614.878

Flórida Tons Equiv.66º 596.013 845.240 593.485

Califórnia/Arizona Tons Equiv.66º 48.161 35.785 20.283

Texas Tons Equiv.66º 283 1.839 1.110

IMPORTAÇÃO DE SUCO DE LARANJA Tons Equiv.66º 210.950 100,0% 205.756 100,0% 297.387 100,0%

Brasil Tons Equiv.66º 186.603 88,5% 161.341 78,4% 167.835 56,4%

México Tons Equiv.66º 10.769 5,1% 9.522 4,6% 87.031 29,3%

Costa Rica Tons Equiv.66º 1.703 0,8% 20.329 9,9% 26.153 8,8%

Belize Tons Equiv.66º 6.940 3,3% 5.757 2,8% 8.330 2,8%

Canadá Tons Equiv.66º 524 0,2% 1.795 0,9% 5.975 2,0%

República Dominicana Tons Equiv.66º 235 0,1% 1.092 0,5% 428 0,1%

Honduras Tons Equiv.66º 2.664 1,3% 895 0,4% 329 0,1%

Outros países Tons Equiv.66º 1.512 0,7% 5.024 2,4% 1.304 0,4%

OFERTA TOTAL DE SUCO DE LARANJA: PRODUÇÃO INTERNA + IMPORTAÇÃO

Tons Equiv.66º 855.407 1.088.620 912.265

PARTICIPAÇÃO DO SUCO BRASILEIRO NA OFERTA TOTAL AOS EUA E AO CANADÁ

% Do Total 21,8% 14,8% 18,4%

PERCENTUAL DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DESTINADAS À AMÉRICA DO NORTE (EUA + CANADA)

% Do Total 32,0% 20,0% 19,0%

Fontes: FDOC - Florida Department Of Citrus, Secex

Participação do suco de laranja brasileiro noconsumo total e nas importações norte-americanas

Participação regional no consumo de suco de laranja

2004 2013

Mil Tonsde FCOJ

Equiv. 66ºB

Mil Tonsde FCOJ

Equiv. 66ºB

TOTAL DOS 40 PAÍSES SELECIONADOS

100% 100%

AMÉRICA DO NORTE (EUA + CANADÁ)

48% 39%

EUROPA 36% 36%

ÁSIA 8% 12%

AMÉRICA LATINA, OCEANIA, ÁFRICA, ORIENTE MÉDIO

8% 12%

Page 28: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

CITRUSBR agosto 2014 | 4746 | CITRUSBR agosto 2014

Série Consumo de Suco de Laranja

ÍNDICE UNIDADESU

ÍÇA

NO

RU

EGA

AUST

LIA

ESTA

DO

S U

NID

OS

SUÉC

IA

ÁUST

RIA

CAN

AD

Á

ALE

MA

NH

A

DIN

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AR

CA

FRA

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LÂN

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O

IRLA

ND

A

NO

VA

ZELÂ

ND

IA

ITÁ

LIA

HO

LAN

DA

ISR

AEL

ESPA

NH

A

Renda Líquida per Capita Dólares por Habitante $50.898 $44.789 $42.077 $39.901 $29.970 $29.947 $29.774 $29.150 $28.536 $28.212 $27.966 $27.515 $26.550 $24.785 $23.306 $23.109 $22.806 $22.607 $21.922 $18.707

Consumo de Suco de Laranja per Capita Litros por Habitante 9,7 19,2 14,0 12,3 11,0 11,3 16,7 11,5 9,6 13,1 10,2 10,8 10,8 2,7 11,2 8,3 2,4 10,0 2,9 4,6

Consumo Total - Sucos 100%, Néctares e Refrescos Milhões de Litros 226 161 611 14.139 312 280 1.703 3.646 125 2.092 163 286 2.018 2.973 116 123 866 795 153 1.171

Consumo de Sucos 100% Milhões de Litros 146 144 436 5.957 164 148 1.020 1.916 108 1.362 76 177 1.092 1.296 72 85 136 262 19 399

Consumo de Néctares Milhões de Litros 64 9 174 1.004 54 86 322 650 1 314 19 31 199 289 14 10 625 244 29 348

Consumo de Refrescos Milhões de Litros 15 8 1 7.177 94 47 361 1.080 16 416 68 78 728 1.388 29 28 105 289 104 425

Consumo Total - Sucos 100%, Néctares e Refrescos Participação do Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Consumo de Sucos 100% Participação do Total 65% 90% 71% 42% 53% 53% 60% 53% 86% 65% 47% 62% 54% 44% 62% 69% 16% 33% 12% 34%

Consumo de Néctares Participação do Total 29% 6% 29% 7% 17% 31% 19% 18% 1% 15% 12% 11% 10% 10% 12% 8% 72% 31% 19% 30%

Consumo de Refrescos Participação do Total 7% 5% 0% 51% 30% 17% 21% 30% 13% 20% 42% 27% 36% 47% 25% 23% 12% 36% 68% 36%

Consumo Total de Suco de Laranja - FCOJ 66º Brix Milhares de Toneladas 14 17 51 729 19 17 110 167 10 149 10 21 123 65 9 6 26 30 4 38

ÍNDICE UNIDADE

GR

ÉCIA

TAIW

AN

COR

EIA

DO

SU

L

CHIL

E

SSIA

PO

LÔN

IA

TUR

QU

IA

AR

ÁB

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SU

L

CHIN

A

UCR

ÂN

IA

MA

RR

OCO

S

FILI

PIN

AS

IND

ON

ÉSIA

ÍND

IA

Renda Líquida per Capita Dólares por Habitante $14.579 $13.937 $13.505 $10.572 $8.723 $8.147 $7.992 $7.682 $7.550 $7.250 $6.962 $5.302 $5.044 $4.187 $4.130 $3.258 $2.217 $2.150 $2.057 $1.253

Consumo de Suco de Laranja per Capita Litros por Habitante 4,0 1,0 3,9 4,7 2,5 4,6 0,8 5,2 1,4 1,6 3,5 0,9 0,5 3,1 0,5 1,3 1,2 0,2 0,2 0,03

Consumo Total - Sucos 100%, Nectares e Refrescos Milhões de Litros 175 194 774 525 2.936 1.647 1.073 1.290 3.878 2.346 1.504 143 466 278 18.003 497 93 273 798 1.587

Consumo de Sucos 100% Milhões de Litros 96 48 283 7 893 411 72 195 205 200 46 18 14 188 447 181 3 54 35 38

Consumo de Nectares Milhões de Litros 40 54 203 442 1.662 190 663 346 577 1.205 330 27 47 78 1.178 285 90 9 64 191

Consumo de Refrescos Milhões de Litros 39 91 287 77 382 1.046 337 750 3.096 940 1.128 97 405 11 16.379 31 210 699 1.359

Consumo Total - Sucos 100%, Nectares e Refrescos Participação do Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Consumo de Sucos 100% Participação do Total 55% 25% 37% 1% 30% 25% 7% 15% 5% 9% 3% 13% 3% 68% 2% 36% 3% 20% 4% 2%

Consumo de Nectares Participação do Total 23% 28% 26% 84% 57% 12% 62% 27% 15% 51% 22% 19% 10% 28% 7% 57% 97% 3% 8% 12%

Consumo de Refrescos Participação do Total 22% 47% 37% 15% 13% 64% 31% 58% 80% 40% 75% 68% 87% 4% 91% 6% 0% 77% 88% 86%

Consumo Total de Suco de Laranja - FCOJ 66º Brix Milhares de Toneladas 8 4 36 15 64 32 11 29 30 61 27 3 4 31 136 10 7 4 10 8

Cruzamento de renda líquida per capita e consumo de suco de laranja per capita em 2013

SUÍÇ

AN

ORU

EGA

ESTADO

S

UN

IDO

S

SUÉCIA

AUSTRÁLIA

ÁUSTRIA

CANADÁ

ALEMAN

HA

DINAM

ARCAFRAN

ÇAFIN

LÂNDIA

REINO

UN

IDO

BÉLGIC

A

JAPÃO

IRLAN

DAN

OVA

ZELÂNDIA

ITÁLIA

HO

LANDA

ISRAEL

ESPANH

AGRÉCIA

TAIW

AN

CHIL

E

RÚSSIA

POLÔ

NIA

TURQ

UIA

ARABIA

SAUDIT

A

ARGENTIN

A

ÁFRIA

DO SU

L

FILIP

INAS

INDO

NÊSIA

CORÉIA

DO SU

L

MÉXIC

O

BRASIL

ROM

ÊNIA

COLÔ

MBIA

CHIN

A

ÍNDIA

UCRÂN

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a L

íqu

ida

pe

r C

apit

a

Co

nsu

mo

de

Su

co d

e L

aranja p

er C

apita

US$ 60.000

US$ 50.000

US$ 40.000

US$ 30.000

US$ 20.000

US$ 10.000

U$ 0

20 LITROS

18 LITROS

16 LITROS

14 LITROS

12 LITROS

10 LITROS

8 LITROS

6 LITROS

4 LITROS

2 LITROS

0

Gráfico 1

Tabela 6

Tabela 7

Page 29: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

CITRUSBR agosto 2014 | 4948 | CITRUSBR agosto 2014

PAÍSES ÍNDICES 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 10 ANOSMÉDIA 40 PAÍSES SELECIONADOS

Per Capita 3,0 2,9 2,9 2,8 2,7 2,7 2,7 2,6 2,4 2,4 -0,5

Oscilação Anual -1,5% -2,9% -2,9% -3,1% 0,3% -1,7% -2,1% -5,8% -0,1% -18,2%

1º NORUEGAPer Capita 16,2 17,6 18,3 18,6 19,7 19,9 19,3 19,3 19,3 19,2 3,0

Oscilação Anual 8,6% 4,0% 1,4% 5,8% 1,4% -3,0% -0,2% 0,1% -0,3% 18,6%

2º CANADÁPer Capita 19,8 22,3 18,1 17,2 16,5 17,0 17,1 17,3 16,7 16,7 -3,1

Oscilação Anual 12,6% -18,8% -5,0% -4,1% 3,2% 0,4% 1,3% -3,4% -0,1% -15,6%

3º AUSTRÁLIA Per Capita 17,2 17,3 17,3 17,6 16,8 16,4 16,3 16,1 16,0 14,0 -3,1

Oscilação Anual 0,7% 0,4% 1,6% -4,8% -2,1% -0,7% -1,2% -0,8% -12,2% -18,2%

4º FRANÇA Per Capita 13,7 14,2 14,5 14,9 14,7 15,1 14,8 14,2 14,0 13,1 -0,5

Oscilação Anual 3,6% 2,6% 2,5% -1,0% 2,5% -1,8% -4,1% -1,5% -6,2% -3,9%

5º ESTADOS UNIDOS

Per Capita 18,7 17,8 16,5 15,6 14,5 14,8 13,9 13,5 12,0 12,3 -6,4

Oscilação Anual -4,7% -7,3% -5,5% -7,2% 2,2% -5,9% -2,9% -11,5% 2,7% -34,3%

6º ALEMANHAPer Capita 15,6 14,2 14,3 13,6 13,4 12,7 12,7 12,5 11,5 11,5 -4,1

Oscilação Anual -8,9% 1,0% -5,3% -1,0% -5,6% 0,4% -1,6% -8,2% -0,1% -26,2%

7º ÁUSTRIAPer Capita 12,3 12,3 11,9 11,5 11,2 11,3 11,3 12,0 11,6 11,3 -1,0

Oscilação Anual 0,0% -3,8% -2,8% -2,5% 0,9% 0,0% 5,7% -3,2% -2,6% -8,2%

8º IRLANDAPer Capita 18,8 19,2 18,7 18,7 18,3 16,0 14,4 13,1 11,8 11,2 -7,6

Oscilação Anual 2,3% -2,7% -0,0% -2,2% -12,7% -10,0% -8,9% -10,2% -4,6% -40,4%

9º SUÉCIAPer Capita 14,8 14,8 15,6 15,2 14,8 14,5 14,0 13,4 11,7 11,0 -3,9

Oscilação Anual 0,0% 5,0% -2,4% -3,0% -1,9% -3,3% -4,3% -12,8% -6,3% -26,2%

10º BÉLGICAPer Capita 12,0 12,1 12,7 12,5 12,2 12,1 11,7 11,6 11,1 10,8 -1,2

Oscilação Anual 0,8% 4,8% -1,5% -2,3% -0,6% -3,6% -0,5% -4,2% -3,1% -10,1%

11º REINO UNIDOPer Capita 13,1 12,8 12,9 12,0 12,9 12,4 12,3 12,1 11,4 10,8 -2,3

Oscilação Anual -2,3% 1,2% -7,2% 7,2% -3,3% -1,2% -1,9% -5,8% -4,9% -17,4%

12º FINLÂNDIAPer Capita 14,5 15,5 14,4 12,0 11,0 12,1 11,6 11,5 10,7 10,2 -4,3

Oscilação Anual 7,2% -7,2% -17,0% -7,9% 9,4% -3,9% -0,8% -6,7% -4,7% -29,4%

13º HOLANDAPer Capita 12,8 12,0 12,1 11,1 10,9 11,0 10,9 10,8 10,2 10,0 -2,8

Oscilação Anual -6,4% 1,4% -8,6% -1,8% 0,5% -0,8% -0,9% -5,3% -2,1% -21,8%

14º SUÍÇAPer Capita 10,9 10,7 10,2 10,4 10,4 10,2 10,1 10,0 9,9 9,7 -1,2

Oscilação Anual -1,7% -5,0% 1,6% -0,0% -1,9% -0,4% -0,8% -1,5% -1,6% -10,8%

15º DINAMARCAPer Capita 12,7 12,5 12,2 11,5 11,2 10,9 10,6 10,0 9,5 9,6 -3,1

Oscilação Anual -1,2% -2,7% -6,0% -1,9% -2,9% -3,0% -5,2% -4,9% 0,2% -24,6%

JAPÃOPer Capita 4,0 4,0 4,0 3,8 3,3 3,2 3,2 2,7 2,7 2,7 -1,3

Oscilação Anual -2,1% 0,3% -3,5% -14,9% -2,0% 0,4% -16,7% 2,1% -0,7% -33,0%

BRASILPer Capita 1,09 1,16 1,19 1,05 1,07 1,15 1,25 1,35 1,53 1,62 0,52

Oscilação Anual 6,5% 2,0% -11,4% 2,0% 7,4% 8,8% 7,4% 13,5% 5,8% 48,0%

RÚSSIAPer Capita 2,31 2,47 2,91 3,13 3,10 2,89 2,56 2,55 2,66 2,49 0,19

Oscilação Anual 7,0% 18,1% 7,5% -1,0% -6,9% -11,3% -0,3% 4,2% -6,1% 8,2%

ÍNDIAPer Capita 0,00 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,03 0,03 0,03

Oscilação Anual 28,7% 98,5% 50,5% 0,0% 1,2% 21,6% 25,8% 0,7% 16,5% 597,9%

CHINAPer Capita 0,20 0,23 0,26 0,30 0,34 0,38 0,47 0,50 0,49 0,54 0,33

Oscilação Anual 15,6% 12,0% 16,7% 12,2% 11,1% 23,9% 6,5% -1,8% 8,7% 165,5%

MEXICOPer Capita 1,51 1,55 1,51 1,60 1,49 1,57 1,49 1,47 1,46 1,37 -0,15

Oscilação Anual 2,6% -3,0% 6,2% -7,1% 5,9% -5,0% -1,7% -0,3% -6,8% 9,8%

Per capita baseado na soma de todo FCOJ Equiv. 66º Brix consumido convertido a suco 100% pronto para beber, dividido pela população de cada país

Ranking dos 15 países com maior consumo per capita de suco de laranja em 2013 e importantes economias mundiais com baixo consumo per capita

Série Consumo de Suco de Laranja

Tabela 8 Tabela 9

2013

Mil Tonsde FCOJ

Equiv. 66ºB

Participaçãopor País naDemanda

Total

ParticipaçãoCumulativa da

Demanda Total

TOTAL 40 PÁISES SELECIONADOS 2.145 100% 100,0%

1º ESTADOS UNIDOS 729 34%

61%

2º ALEMANHA 167 8%

3º FRANÇA 149 7%

4º CHINA 136 6%

5º REINO UNIDO 123 6%

6º CANADÁ 110 5%

16%

7º JAPÃO 65 3%

8º RÚSSIA 64 3%

9º BRASIL 61 3%

10º AUSTRÁLIA 51 2%

DEMAIS PAÍSES SELECIONADOS 491 23% 23%

Concentração no consumo de suco de laranja nos 10 maiores países consumidores

Page 30: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

CITRUSBR agosto 2014 | 5150 | CITRUSBR agosto 2014

PARTICIPAÇÃO SABOR LARANJA

SUCO 100%(Contém apenas Suco de Fruta 100% Puro)

NÉCTARES(Contém de 25% a 99,9% de Suco de Fruta)

REFRESCOS(Contém até 24,9% de Suco de Fruta)

PART. LARANJA SABORES PREFERIDOS EM 2013 PART. LARANJA SABORES PREFERIDOS EM 2013 PART. LARANJA SABORES PREFERIDOS EM 2013

2004 2013 1º COLOCADO 2º COLOCADO 3º COLOCADO 2004 2013 1º COLOCADO 2º COLOCADO 3º COLOCADO 2004 2013 1º COLOCADO 2º COLOCADO 3º COLOCADO

1º ESTADOS UNIDOS 57% 56% Laranja Maçã Multifrutas - 5% Multifrutas Damasco Cranberry 28% 23% Laranja Multifrutas Outros

2º ALEMANHA 35% 36% Maçã Laranja Outros 23% 18% Multifrutas Outros Maçã 23% 22% Maçã Laranja Citrus

3º FRANÇA 55% 50% Laranja Multifrutas Maçã 36% 35% Laranja Outros Exóticas 40% 30% Multifrutas Laranja Abacaxi

4º CHINA 50% 48% Laranja Maçã Multifrutas 50% 53% Laranja Maçã Multifrutas 50% 35% Laranja Pera Multifrutas

5º REINO UNIDO 61% 58% Laranja Maçã Multifrutas 13% 13% Cranberry Romã Groselha 31% 34% Laranja Outros Maçã

6º CANADÁ 44% 50% Laranja Maçã Multifrutas 33% 16% Outros Multifrutas Cranberry 26% 38% Laranja Limão Multifrutas

7º JAPÃO 32% 20% Vegetais Laranja Outros 36% 51% Laranja Outros Maçã 38% 11% Outros Maçã Laranja

8º RÚSSIA 15% 20% Maçã Laranja Tomate 16% 13% Outros Maçã Multifrutas 16% 19% Multifrutas Outros Laranja

9º BRASIL 55% 29% Coco Laranja Outros 15% 11% Outros Uva Pêssego 91% 91% Laranja Pêssego Outros

10º AUSTRÁLIA 66% 68% Laranja Outros Maçã 30% 31% Laranja Outros Maçã - - Groselha Outros Multifrutas

11º ESPANHA 29% 33% Laranja Pêssego Tropical 19% 20% Outros Laranja Tropical 65% 62% Laranja Tropical Outros

12º COREIA DO SUL 55% 55% Laranja Uva Outros 11% 24% Tangerina Laranja Uva 15% 26% Laranja Romã Outros

13º POLÔNIA 25% 26% Laranja Maçã Outros 13% 15% Cenoura Multifrutas Laranja 17% 16% Multifrutas Outros Laranja

14º ÁFRICA DO SUL 71% 70% Laranja Maçã Multifrutas 62% 62% Laranja Outros Manga 69% 68% Laranja Maçã Silvestres

15º MÉXICO 51% 48% Laranja Maçã Uva - - Manga Pêssego Maçã 14% 17% Laranja Manga Maçã

16º HOLANDA 40% 34% Laranja Maçã Tropical 15% 6% Tropical Multifrutas Laranja 8% 6% Multifrutas Outros Maçã

17º ARÁBIA SAUDITA 33% 38% Laranja Maçã Damasco 30% 32% Laranja Manga Tropical 32% 34% Laranja Manga Multifrutas

18º ARGENTINA 39% 85% Laranja Maçã Grapefruit 25% 19% Maçã Multifrutas Laranja 51% 46% Laranja Maçã Outros

19º ITÁLIA 28% 28% Laranja Abacaxi Tropical 8% 7% Pera ACE Pêssego 50% 43% Laranja Outros Tropical

20º BÉLGICA 52% 50% Laranja Multifrutas Maçã 45% 39% Laranja Multifrutas Outros 69% 66% Laranja Tropical Mult. + Limão

21º SUÉCIA 57% 44% Laranja Multifrutas Maçã 53% 46% Laranja Tropical Multifrutas 41% 31% Multifrutas Laranja Maçã

22º NORUEGA 61% 65% Laranja Maçã Uva 39% 34% Laranja Maçã Tropical 66% 67% Laranja Maçã Pêssego

23º ÁUSTRIA 40% 42% Laranja Maçã Citrus 36% 40% Laranja Multifrutas Outros 17% 17% Multifrutas Cereja Laranja

24º CHILE 88% 79% Laranja Outros Pêra 33% 27% Laranja Outros Pêssego 55% 45% Laranja Maçã Pêssego

25º SUÍÇA 40% 40% Laranja Maçã Outros 41% 39% Laranja Maçã Multifrutas 41% 40% Laranja Maçã Multifrutas

26º TURQUIA 35% 15% Multifrutas Maçã Laranja 8% 6% Pêssego Multifrutas Cereja 18% 19% Damasco Laranja Outros

27º UCRÂNIA 13% 13% Outros Tropical Tomate 13% 12% Outros Tropical Laranja 2% 2% Multifrutas Frutas Floresta Cranberry

28º INDONÉSIA 35% 37% Laranja Outros Maçã 30% 31% Laranja Goiaba Maçã 22% 43% Laranja Outros Maçã

29º FINLÂNDIA 66% 58% Laranja Maçã Multifrutas 51% 48% Laranja Maçã Multifrutas 61% 57% Laranja Maçã Outros

30º DINAMARCA 47% 41% Laranja Maçã Multifrutas 47% 38% Laranja Maçã Cranberry 47% 41% Laranja Maçã Multifrutas

31º IRLANDA 69% 67% Laranja Maçã Outros 4% 7% Cranberry Outros Laranja 62% 59% Laranja Outros Cranberry

32º GRÉCIA 30% 31% Multifrutas Laranja Pêssego 25% 23% Multifrutas Pêssego Laranja - - Pêssego Multifrutas Outros

33º ÍNDIA 43% 38% Laranja Multifrutas Maçã 35% 39% Laranja Maçã Outros 1% 6% Manga Laranja Outros

34º MARROCOS 67% 69% Laranja Outros Uva 63% 64% Laranja Pêssego Outros - - - - -

35º NOVA ZELÂNDIA 40% 38% Laranja Outros Tropical 25% 19% Tropical Laranja Limão 16% 17% Outros Groselha Laranja

36º COLÔMBIA 93% 97% Laranja Outros Grapefruit 15% 6% Manga Pêssego Maçã 12% 17% Blackberry Manga Laranja

37º TAIWAN 16% 19% Multifrutas Outros Laranja 4% 6% Frutas/Vegetais Tomate Multifrutas 18% 22% Outros Laranja Multifrutas

38º ISRAEL 76% 70% Laranja Maçã Tropical 41% 38% Laranja Maçã Grapefruit 38% 27% Laranja Uva Grapefruit

39º FILIPINAS 11% 11% Abacaxi Outros Laranja 37% 34% Laranja Manga Abacaxi 68% 64% Laranja Abacaxi Outros

40º ROMÊNIA 36% 55% Laranja Maçã Grapefruit 36% 27% Laranja Pêssego Pera 37% 32% Laranja Tropical Fruta Floresta

Participação do sabor laranja nos sucos 100%, néctares e refrescos em 2013

Série Consumo de Suco de Laranja Tabela 10

Page 31: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

52 | CITRUSBR agosto 2014 CITRUSBR agosto 2014 | 53

FlóridaNOVA QUEDA6

MarketingUM NOVO SUPER-HERÓI PARA A LARANJA3

Um projeto da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolvido pela pesquisadora Ljubica Tasic, transforma o bagaço da laranja em etanol. Segundo ela, já existem empresas interessadas em colocar em prática o processo de fabrica-ção, porém, a burocracia ainda é um dos entraves à produção comercial. A pesqui-sadora explica que o processo tenta usar enzimas da bactéria do cancro cítrico para digerir a biomassa, liberar os sacarídeos e, após isolamento dos micro-organismos do próprio bagaço, realizar a produção do etanol. “Conseguimos bons resultados com enzimas baratas e com curtos períodos de fermentação”, garante.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) voltou a rever para baixo sua projeção de produção de laranjas na Flórida para a safra 2013/2014. O levantamento feito pelo órgão aponta que a safra deve ser de 104,3 milhões de caixas. A pre-visão representa uma queda de produção de 6 milhões de caixas de laranja em relação à previ-são feita em maio e de 22% em relação à safra 2012/2013, que teve produção de 133,6 milhões de caixas. Um dos motivos para a redução é a alta incidência de greening nos pomares, que atinge mais de metade das árvores de citrus do estado norte-americano.

O Departamento de Cítricos da Flórida, maior estado produtor de laranjas dos Estados Unidos, está fechando um acordo de US$ 1 milhão com a Marvel Comics, através de seu departamento Marvel Custom Solutions, para que a empresa reformule o design de seu mascote, o Captain Citrus. Criado para estimular o consumo de suco de laranja entre o público infantil, o design atual do personagem tem sido criticado por seu formato arredondado, o que, segundo alguns, estimularia a obesidade entre as crianças, reforçando críticas semelhantes envolvendo o excesso de açúcar usado no suco de laranja americano. Seu novo design lhe daria uma forma humana, mais semelhante à dos super-heróis convencionais.

Um consórcio internacional de pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos, da França, Itália e Espanha finalizou o sequenciamento do geno-ma das dez principais variedades de citrus. Os detalhes foram publicados na última edição da revista Nature Biotechnology. Entre os principais participantes do estudo está um grupo de pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (SP), os quais acreditam que o se-quenciamento é um passo da ciência para buscar a resistência ao greening (huanglongbing - HLB), principal praga da citricultura. O Fundo de Defesa da Citricultura –

Fundecitrus lançou o livro Cancro cítrico: a doença e seu controle. A publicação técnica, escrita pelo pesquisador do Fundecitrus Franklin Behlau e pelo pro-fessor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP) José Belasque Jr. traz uma visão completa sobre o cancro cítrico, uma das princi-pais doenças da citricultura. De acordo com Behlau, o objetivo do livro é auxiliar produtores e pesquisadores com uma abor-dagem completa e atual sobre a doença. O conteúdo contempla, entre outros assuntos, o histórico da doença em São Paulo, o ciclo de de-senvolvimento, as medidas de controle e a legislação. O livro também estará disponível no site do Fundecitrus  www.fundecitrus.com.br.

As vendas de suco de laranja no varejo dos Estados Unidos caíram para o nível mais baixo em 12 anos nas quatro semanas encerradas em 7 de junho, de acordo com dados da Nielsen. Contudo, o volume de suco congelado armazenado em câmaras frias está diminuindo ainda mais. Em maio, o volume armazenado era 17% menor que o do mesmo período de 2013, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). As vendas de suco de laranja nas quatro semanas até 7 de junho, por sua vez, caíram 6,9% na comparação anual. Ou seja, os EUA perdem vendas, mas também possuem menos suco disponível.

Pesquisa II ESSE BAGAÇO PODE VIRAR ETANOL8

Mercado

VENDAS VS ARMAZENAGEM4

PesquisaO CITRUS DECIFRADO5

Publicação O LIVRO DO CANCRO9

A Coca-Cola Enterprises (CCE), distribui-dora da Coca-Cola na Europa, anunciou o lançamento de Coca-Cola Life na Grã-Breta-nha no próximo outono. Lançado de forma experimental na Argentina no ano passado, esta será a primeira vez que o produto estará disponível na Europa. A Coca-Cola Life é um refrigerante de baixa caloria, com um terço a menos de açúcar e calorias do que cola normal. Além disso, a grande novidade do produto é o fato dele ser adoçado com uma mistura de açúcar e extrato de folhas de estévia, um adoçante de origem natural.

ProdutoCOCA PARA ADOÇAR AS VENDAS2

Fale com a redação: [email protected]

MENOS SUCO PARA AS CRIANÇAS

O governo do Reino Unido pretende reduzir o consumo de suco de frutas nas escolas do país. De acordo com a última edição do relatório da Federação dos Produtores de Sucos de Frutas (IFU, na sigla em inglês), a secretaria de Educação daquele país, Michael Gove, anunciou uma revisão do regulamento Nacional de Alimentação Escolar. Com isso, a partir de 2015, as escolas devem limitar o consumo de suco de fruta para um copo de 150 ml por dia. Atualmente, não há limite para o consumo de suco de fruta nas escolas. O novo regimento orienta ainda que seja adicionado água ao suco. De acordo com a secretária, a medida visa restringir o consumo de alimentos considerados “não saudáveis”, categoria à qual os sucos vêm sendo alçados.

1 O Departamento de Agricultura da Flórida irá abrir uma nova unidade de pesquisa destinada a desenvolver novas varieda-des de citrus para os pomares do Estado. O centro terá 20 mil metros quadrados e ficará ao noter de Gainesville. De acordo com o comissário de Agricultura, Adam Putham, o programa de introdução de germoplasma de citrus possibilita introduzir, com segurança, novas variedades cítricas saudáveis. A estimativa é de que o programa apresente 20 novas variedades por ano e ajude a proteger a saúde da indústria de citrus da Flórida, que vem sofrendo com a alta incidência da doença do greening.

Variedades EM BUSCA DE NOVAS PLANTAS7

notas

FOTOS: ARQUIVO, DIVULGAÇÃO E JULIO VILELA

Page 32: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

A citricultura da

Flórida No passado, a Flórida era conside-

rada o maior produtor de laranjas e de suco concentrado do mundo. Depois de impactantes geadas na década de 80, o Brasil expandiu sua citricutura beneficiado pelo aumento da demanda de suco naquela época. Na década de 90, a Flórida recuperou seus pomares e a produção. São Paulo, o maior produtor brasileiro, por apresentar condições muito favo-ráveis para a produção de laranjas, como clima, solo, material genético, e mão de obra, superou seu rival.

Baseado nas grandes produções de ambos os estados, e portanto, devido a maior oferta, os preços internacionais do suco concentrado depreciaram acendendo uma luz amarela de aviso para o setor. Por azar ou sorte, em 2004 e 2005, uma sequência de fura-cões contribuiu para disseminar a doença Cancro Cítrico na Flórida, e em função de uma lei de erradicação, perdeu-se um terço das plantas, “ali-viando” uma situação de crise eminen-te, com o consumo do suco diminuin-do em países desenvolvidos.

Como pouca desgraça é pouco, o psilídeo e o HLB (Greening), alguns anos depois de surgir no Brasil, chega-ram à Flórida. Ainda sob o efeito desastroso da lei que exigia a erradica-ção de plantas com Cancro, os citri-cultores decidiram não aceitar outra lei similar para o caso do HLB. E, diante do fato de não haver ações coletivas no combate à doença por parte dos produtores na época, o HLB se espalhou de forma rápida por todos

os pomares daquele estado. Hoje, acredita-se que mais de 80% dos pomares estejam contaminados.

Apesar das dificuldades enfrentadas na Flórida, o negócio ainda é rentável. A razão é que a citricultura da região está voltada para o suco NFC, destina-do principalmente ao mercado interno. Mas, devido às recentes quedas sucessi-vas da produção por conta do HLB, a indútria floridiana se vê hoje ameaçada de se tornar inviável econômicamente. E, para piorar, não existem alternativas

“O declínio da citricultura americana não é uma vitória” naquela agricultura como ocorre em São Paulo, como culturas da cana de açúcar, cereais, e etc.

No entanto, o povo americano é resiliente e determinado a resolver seus problemas. Não seria surpresa se encontrassem uma solução para o HLB no curto prazo. Mas, embora milhões de dolares sejam destinados às pesquisas todos os anos, providos pelos citricultores e governo, a solu-ção parece estar longe de acontecer.

Enquanto isso, a Flórida vem experimentando o declinio de sua produção ano a ano. O Brasil não está livre deste mau, e vê seus poma-res em algumas regiões, como a

artigo| Por Gilberto TOZATTI

54 | CITRUSBR agosto 2014

Engenheiro Agronomo Consultor do Grupo de Consultores em Citros (GCONCI)

Central e Leste, serem devastados rapidamente impulsionados pela des-capitalização do setor. A vantagem que o Brasil tem sobre a Flórida é o baixo índice de plantas sintomáticas, e a chance de migrar os poamres para outras regiões do estado de SP, onde a pressão da doença é menor. Esta migração não é uma solução definiti-va, pois os pomares se distanciam das indústrias, encarecendo o transporte e/ou diminuindo o rendimento indus-trial da fruta de acordo com a região.

Mas o que pode parecer uma vitó-ria com a inviabilidade da citricultura da Flórida, na verdade é uma derrota. Juntos, São Paulo e Flórida contruí-ram um complexo agroindustrial de extrema importância, colocando o suco de laranja, um produto nobre, saudável e natural, no topo do mundo. Mas com a vulnerabilidade fitossanitária e econômica deste setor nos vemos ameaçados por outros setores de bebidas. A medida que a Flórida perde produção, menor o investimento em propaganda do suco e em pesquisas.

Embora nos países desenvolvidos como os EUA e Europa o consumo de suco de laranja venha declinando ao longo do tempo, um mercado que pode atenuar esta situação são os paí-ses em desenvolvimento, como os BRICS ( Brasil, Russia, India, China, e Africa do Sul), mas principalmente o Brasil. E quando falamos de Brasil estamos falando de mercado interno que potencialmente pode e deve ser explorado. l

Page 33: Revista CitrusBR - Edição 2 -  Agosto/2014

CITRUSBR agosto 2014 | 55

AGENDA

28/08CURSO DE CONTROLE DE CANCRO No próximo dia 28 de agosto, acontece na cidade de Lins o curso de controle estratégico de cancro cítrico. Organizada pelo Fundecitrus, as aulas teóricas tratam da importância da doença e da situação atual de incidência no Estado de São Paulo e no Brasil. O curso é gratuito e com vagas limitadas. Mais informações pelo tel.: (16) 3301-7000 ou no site http://www.fundecitrus.com.br/cursos/inscricao.

05/09SIMPÓSIO MASTERCITRUS Idealizado para tornar ainda mais visível a produção científica e técni-ca gerada pelo mestrado profissional em Controle de Doenças e Pragas, o evento acontece em 5 de setembro, na sede do Fundecitrus em Araraquara. Mais informações no tel.: Mais informações no tel.: (16) 3301-7000 ou no site www.fundecitrus.com.br.

09/09 A 11/09WORLD JUICE Acontece em Barcelona, na Espanha, a edição 2014 do World Juice. O tradicional evento conta com 13 apresentações individuais de representantes da cadeia mundial do suco. Mais informações no site www.worldjuice.com/I858ECBRWB.

AGOSTO

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ASSINE GRATUITAMENTE A REVISTA CITRUSBRPara receber a edição mensal da publicação, você pode ligar no telefone (11) 2769-1205 ou mandar um e-mail para [email protected]. Basta informar nome, telefone, e-mail e endereço e a revista será envida pelos Correios sem nenhum custo.

21/09 A 28/09CHINA JUICEOrganizado pela Câmara de Comércio de Alimentos e Produtos Nativos da China (CFNA, na sigla em inglês), o China Juice 2014 irá debater temas como a emergente produção de FCOJ na China, tendências de consumo, entre outros. Mais informações no site en.chinajuice.org

23/09 A 25/0910º CURSO DE DOENÇAS DOS CITROS E SEU MANEJO O Centro de Citricultura Sylvio Moreira organiza o Curso de Doenças dos Citrus e seu Manejo. O evento acontece de 23 a 25 de setembro, na sede do centro em Cordeirópolis. Mais informações no Tel.: (19) 3546-1399 ou e-mail [email protected].

SETEMBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30