revista citino edição 1

71
Volume 1 ׀Número 1 ׀Outubro-Dezembro de 2011 RESVISTA CITNO Periódico da Associação Nacional Hestia de Ciência, Tecnologia, Inovação e Oportunidade Outubro-Dezembro de 2011

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Volume 1׀ Número 1 ׀ Outubro-Dezembro de 2011 RESVISTA CITNO

P e r i ó d i c o d a A s s o c i a ç ã o N a c i o n a l H e s t i a d e C i ê n c i a , T e c n o l o g i a , I n o v a ç ã o e O p o r t u n i d a d e

O u t u b r o - D e z e m b r o d e 2 0 1 1

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Volumes publicados

Edição : Volume 1׀ Número 1 ׀ Outubro-Dezembro de 2011

Neste lançamento, artigos de revisão e textos originais em

bioengenharia, biotecnologia, materiais e educação. A figura

da capa é uma foto de MET – Microscopia Eletrônica de

Transmissão, mostrando um cristal vitrocerâmico, crescendo

a partir de uma matriz vítrea. Esta imagem foi obtida no

Centro de Microscopia Eletrônica, CME – Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, pelos pesquisadores

Prof. Etney Neves e Profa. Ruth Hinrichs.

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Outubro-Dezembro de 2011

Revista aberta,

organizada pela

Associação Nacional

Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia

CITINO - Revista Eletrônica Hestia

Travessa Campo Grande, 138- Bucarein

CEP 89202-202 – Joinville – SC – BRASIL

Fax: 47 4009-9002

e-mail: [email protected]

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CONSELHO EDITORIAL

CORPO EDITORIAL

Prof. Dr. Etney Neves – HESTIA e UNEMAT

Editor

e-mail [email protected]

Profa. Luciana Reginado Dias – UFSC

Revisora da redação em língua portuguesa

Profa. Judith Abi Rached Cruz – UNEMAT

Revisora da redação em língua inglesa

Prof. Marcelo Franco Leão – IFMT e UNEMAT

Assessor de Arte Final em Textos e Ilustrações

Prof. Eng. Marcell Duarte Wanderley - UNEMAT

Assessor de Arte Final em Gráficos e Figuras

CONSULTORES EDITORIAIS

Profa. Dra. Mariana Beraldo Masutti – CPEA

Profa. Dr. Claudia Roberta Gonçalves – UNEMAT

Prof. Dr. Rodrigo Tognotti Zauberas – UNIMONTE

Prof. MSc. Luciano Matheus Tamiozzo – UNEMAT

Prof. MSc. Cristiano José de Andrade – UNEMAT

Esp. Soraia Cristine Lenzi – HESTIA

Eng. Osny do Amaral Filho – HESTIA

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CARTA DO EDITOR

É com grande satisfação que, em nome do Conselho Editorial, dou as boas-vindas a

todos. A Revista CITINO é um periódico para um novo e surpreendente Brasil, inserido

em um mercado mundial e necessitando inovar e ser competitivo a qualquer tempo.

Despertar e integrar pensamentos especializados e empreendedores, faz parte da nossa

proposta e representa boa parte do nosso desejo de resultado social. Para ir é necessário

pensar para onde ir, e a CITINO ousa ser este veículo inspirador responsável em unir

idéia - inovação – conhecimento científico e tecnológico, de uma forma diferenciada.

Aos nossos autores, parabéns por verem onde ninguém viu, por se doarem a um

trabalho de transformação de uma idéia em um futuro bem social. Aos empreendedores,

nos curvamos perante a coragem de abrir um novo caminho, de investir e dominar uma

nova idéia, transformando-a em resultado para um país e para as pessoas que

diretamente as necessitam. Desejo que tenham muito sucesso, que possamos ser

humildemente úteis com a “nossa revista”, que levem saúde aos que dependem de uma

inovação e que levem comida a mesa de muitos brasileiros, através de uma idéia que

virou produto, emprego, renda e qualidade de vida a pais e suas famílias.

ETNEY NEVES

Editor

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GLOSSÁRIO

SEÇÃO BIOENGENHARIA – subdividida em biomateriais, análises de respostas a

tratamentos inovadores e novos fármacos ou aplicações.

SEÇÃO BIOTECNOLOGIA – subdividida em bioprospecção e bioquímica de

alimentos.

SEÇÃO MATERIAIS – subdividida em materiais poliméricos, metálicos e cerâmicos,

tratando em cada subitem das estruturas e processos de obtenção, caracterização ou

aplicação.

SEÇÃO EDUCAÇÃO – manuscritos que direta ou indiretamente auxiliem o

profissional no desenvolvimento de suas atividades pedagógicas, e na valorização das

relações humanas dentro do processo de ensino e aprendizagem. Auxiliará também os

educadores da área técnica na criação e implementação de novas metodologias de

ensino.

OUTRAS SEÇÕES – Novas seções serão abertas, mesmo contendo inicialmente um

único manuscrito, se ficar comprovado o mérito inovador do trabalho, vinculado a um

conteúdo científico ou tecnológico que descreva uma nova oportunidade.

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SUMÁRIO

Pág.

1 - 7 EDITORIAL

ARTIGOS

09 Biocompatibilidade in vivo do BR3G: Vitrocerâmico com cristais de

anortita (CAAL2SI2O8)

18 Biocompatibilidade e Bioatividade do biovidro genérico 45S5 cristalizado

sob condições controladas

27 Extração e avaliação do rendimento de óleo de Baru

33 A produção da cerveja no Brasil

43 Aspectos da produção industrial de enzimas

51 Análise das enzimas peroxidase e fosfatase em amostras de leite cru,

pasteurizado e longa vida

58 Materiais vitrocerâmicos inteligentes

65 A ética profissional exercida na psicanálise e na educação

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SEÇÃO BIOENGENHARIA

BIOENGINEERING SECTION

BIOMATERIAIS

BIOMATERIALS

Pág.

9. BIOCOMPATIBILIDADE IN VIVO DO BR3G: VITROCERÂMICO

COM CRISTAIS DE ANORTITA (CaAl2Si2O8)

18. BIOCOMPATIBILIDADE E BIOATIVIDADE DO BIOVIDRO

GENÉRICO 45S5 CRISTALIZADO SOB CONDIÇÕES CONTROLADAS

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Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ORIGINAL ARTICLE

BR3G IN VIVO BIOCOMPATIBILITY:

VITROCERAMIC WITH ANORTHITE CRYSTALS (CaAl2Si2O8)

Karla Regina Pereira¹, Etney Neves

2,3,

Carlos Alberto Fortulan4, João M. D. de A. Rollo

4

1 Departamento Engenharia Mecânica, Universidade de São Paulo, Rua Dr. Emílio Ribas, 1121,

Araraquara (SP), CEP 14806-055. 2 Professor Visitante do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado

de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 3

Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil. 4Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade de São Paulo, Av. Trabalhador Sãocarlense, 400

São Carlos (SP), CEP 13560 -000.

Abstract

This work evaluated the systemic toxicity of the extracts produced through the material

in test: glass ceramic (Anorthite base). The analysis verified the systemic/biological

behavior of the animals in experimentation, where local or systemic toxicity of the

material in test was not observed. The obtained results indicate the possibility of the

material to be biocompatible, favoring its application as a biomaterial.

Keywords: systemic toxicity, biocompatibility, glass ceramic.

e-mail: [email protected]

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

10

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ARTIGO ORIGINAL

BIOCOMPATIBILIDADE IN VIVO DO BR3G:

VITROCERÂMICO COM CRISTAIS DE ANORTITA

(CaAl2Si2O8)

Karla Regina Pereira¹, Etney Neves

2,3,

Carlos Alberto Fortulan4, João M. D. de A. Rollo

4

1 Departamento Engenharia Mecânica, Universidade de São Paulo, Rua Dr. Emílio Ribas, 1121,

Araraquara (SP), CEP 14806-055. 2 Professor Visitante do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado

de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 3

Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil. 4Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade de São Paulo, Av. Trabalhador Sãocarlense, 400

São Carlos (SP), CEP 13560 -000.

Resumo

Este trabalho avaliou a toxicidade sistêmica dos extratos produzidos através do material

em teste: vitrocerâmico (de base anortita). A análise pôde verificar o funcionamento

biológico/sistêmico das cobaias, onde não foi observada toxicidade local ou sistêmica

do material em teste. Os resultados obtidos indicam a possibilidade do material ser

biocompatível, viabilizando a sua aplicação como um biomaterial.

Palavras-chaves: toxicidade sistêmica, biocompatibilidade, vitrocerâmico.

1. Introdução

O vitrocerâmico com cristais de anortita como fase principal foi a base

experimental para produção e divulgação do artigo “Materiais Vitrocerâmicos

Inteligentes”.1 Esse material foi obtido para testes e estudado anteriormente, através da

cristalização controlada de um vidro.2,3,4

Os estudos de degradação desta nanoestrutura

cerâmica revelou uma potencialidade do uso do material para fins biomédicos.5

Outras possibilidades tecnológicas vêm sendo também discutidas: revestimentos

cerâmicos (pisos), placas para fabricação de pias e balcões, material para fabricação de

componentes especiais para indústria têxtil entre outros e uma possível aplicação como

uma base adequada para produção de lentes especiais. Muitas das aplicações citadas são

alvos de testes iniciais, em outras palavras, esta cerâmica vem apresentando

versatilidade e bons resultados em testes tecnológicos (industriais). Mas no que se refere

e-mail: [email protected]

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ao uso biomédico, foram realizados testes toxicológicos in vitro em amostra deste

vitrocerâmico, a conclusão dessa avaliação foi uma “reatividade citotóxica não

detectada” possibilitando a o material cerâmico ser considerado biocompatível.6

Os

estudos iniciais com cobaias reforçaram os experimentos in vitro, apresentando

resultados favoráveis à continuação dos estudos.7,8,9,10

Em 2006 foi desenvolvida uma

versão sintética de elevada pureza do material vitrocerâmico. 1,11,12,13

Desta forma, esta vitrocerâmica é considerada mais adequada para possíveis

aplicações biomédicas. Dentre os estudos de biocompatibilidade, insere-se a toxicidade

sistêmica, a qual é analisada através dos possíveis efeitos dos componentes químicos

liberados por um material, que podem vir interagir com o organismo vivo,

desestabilizando ou não o funcionamento sistêmico geral ou de certos órgãos-vitais

(fígado, cérebro, intestino, rins), que podem estar distante do local de contato.

O teste de toxicidade sistêmica aguda é determinado pelas normas ISO 10993-

1114

, compreende no efeito adverso, com curta observação de tempo, originado após a

administração de uma dose única. Os resultados do teste estendem-se a uma observação,

do comportamento dos animais, em intervalos pré-determinados contados a partir de

aplicação única. Para o teste de toxicidade sistêmica, pode se utilizar extratos de

aplicação como: salina fisiológica, saliva artificial 15

e óleos vegetais com adições do

material em teste.

A interpretação desses resultados baseia-se nas diferenças apresentadas entre os

grupos de testes e os controles. Neste trabalho, a via de administração escolhida para

aplicação foi a via intraperitoneal, devido a importância anato-fisiológica da cavidade e

do líquido peritoneal. Essa região é muito vascularizada e liga-se ao sistema fisiológico

(ao qual está localizada) como um todo. Os ensaios in vivo toxicidade sistêmica seguem

a ISO 10993-11 Tests for systemic toxicity. 14

2. Materiais e Métodos

O veículo de extração utilizado foi saliva artificial fórmula de Fusayama

conforme demonstra a Tabela 1.

Para a confecção dos extratos seguiu-se a norma ISO 10993-11 Tests for

systemic toxicity, onde para cada 20 mL de veículo de extração usa-se 2-4 g de

material. Esse experimento tem a intenção de demonstrar o comportamento do material,

quando em contato direto a um fluido biológico. A saliva artificial foi filtrada em filtros

puradisc dentro da capela de fluxo laminar. Após filtrar a saliva artificial, adicionou-se à

mesma, as amostras do material em teste (também estéreis). Os frascos contendo os

veículos com e sem as amostras do material foram condicionados a 37 °C (± 2 °C) por

72 horas (± 2 h). Esse procedimento também foi realizado dentro da capela de fluxo

laminar.

Dividiu-se as amostras em 4 frascos estéreis, identificados na Tabela 2 abaixo:

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Para o teste foram utilizados 20 ratos - Wistar com peso médio de 250 g, divididos

em 4 grupos, sendo cada grupo com 5 animais. Os animais foram condicionados em

gaiolas próprias, com alimentação e água ad libitum. Este teste avaliou sistemicamente a

resposta do organismo dos animais frente ao extrato do material em teste e dos

controles. Cada grupo específico entrou em contato com o inóculo demonstrado na

Tabela 2 acima. Após separação dos animais em grupos, realizou-se tricotomia

abdominal e identificação em todos os animais. Foi realizada a primeira pesagem, os

animais foram pesados também nos momentos 24, 48 e 72 horas pós inoculação.

Concluída a tricotomia e pesagem deu-se início a inoculação intraperitoneal dos extratos

nos animais. A inoculação foi feita através de uma injeção na região da linha média

abdominal (Figura 1). A dose de aplicação foi de 50 mL/Kg de peso corpóreo do

animal. Os animais foram observados a partir do momento de inoculação dos extratos,

no momento 0, 24, 48 e 72 horas. As reações são avaliadas segundo Tabela 3 a seguir:

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Figura 1. Aplicação dos extratos na linha média abdominal (intraperitoneal) do rato.

Todos os resultados obtidos através das reações que os animais tiveram após

inoculação dos extratos em teste (período de 72 horas) foram anotados e comparados

aos controles. Finalizado o período de observação de 72 horas, foi realizada a última

pesagem, cada animal individualmente foi sedado e anestesiado. Confirmado o estado

de anestesia do animal, usando um bisturi de lâmina, foi feita uma incisão na linha

média abdominal, objetivando a região peritoneal. Injetou-se 5 mL de salina fisiológica

dentro da cavidade peritônio-abdominal e em seguida foi feita a aspiração do líquido. O

líquido aspirado de cada animal foi analisado no aparelho Coulter T-890. A intenção de

analisar o lavado peritoneal é de verificar se houve, durante o tempo de contato do

animal com o extrato, migração celular na área de inoculação. A contagem celular

global do lavado peritoneal, sinaliza possível reação tóxica local ou sistêmica que possa

ter gerado um processo inflamatório. Como valor de referência usou-se os indicativos

da Tabela 4 abaixo baseada na contagem celular global do Grupo 4, pois as cavidades

peritoneais dos animais desse grupo não tiveram quaisquer tipos de inóculos a elas

inseridos.

3. Resultados e discussões

A Tabela 5 demonstra os resultados de comparação entre os animais e os

respectivos índices de observação após inoculação dos extratos (composição dos

extratos, vide Tabela 2). Observou-se, que para o grupos 1 (inoculados com Extrato A)

e o grupo 4 (sem inóculo), não houve nenhuma reação adversa notada em qualquer das

observações, sendo considerada, portanto, como normalidade para os testes, ou seja, o

grupo 1 é o controle para a inoculação da saliva artificial e o grupo 4 controle total do

teste, o grupo 3 é um controle em relação a utilização de material cerâmico ( no caso

alumina) e o grupo 2 é o do material em teste. Para a avaliação geral dos grupos, o nível

sérico é igual a 0 – NORMAL, com ganho de peso dos animais ensaiados (Tabela 6).

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Os animais chegaram ao final das 72 horas de experimentação sem anormalidades,

significando que o extrato inoculado não causou qualquer tipo de disfunção nos órgãos

adjacentes à inoculação ou de nível sistêmico. Os resultados observados em relação ao

índice de toxicidade no grupo 2 (Tabelas 5 e 6), demonstraram que o extrato B não

causa toxicidade aos animais. O resultado obtido no grupo 3, também são semelhantes

aos dos grupo 1 e 2, como controle total, os animais (grupo 4) sem qualquer tipo de

inóculo na cavidade intraperitoneal, também foram observados e os resultados obtidos

nesse grupo, validam as afirmações acima citadas, conforme demonstram as Tabelas 5 e

6.

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O resultado do teste sobre o lavado peritoneal foi obtido através de análise de

contagem celular global no aparelho Coulter T-890. As análises macroscópicas do

lavado peritoneal de todos as amostras coletadas, foram negativas, pois não

apresentaram turbidez e estavam inodoras. Essa observação indica que não houve

processo inflamatório local devido aos extratos injetados (Tabela 7). Como confirmação

de que não houve migração celular excessiva devido à reação dos extratos inoculados,

usou-se a contagem celular global do lavado peritoneal, como controle utilizou-se o

lavado obtido do Grupo 4 (sem inoculação de extrato).

Pode-se observar através da Tabela 8, a presença de raras hemácias na contagem

celular dos lavados peritoneais de todos os grupos em teste. Essa presença celular é

devido à incisão cirúrgica abdominal (com bisturi de lâmina) realizada para se fazer e

coletar o lavado peritoneal. Como confirmação da presença celular não ser decorrente

de processo inflamatório, devido a presença dos extratos, tem-se os resultados obtidos

do controle total do ensaio (Grupo 4 - sem inóculo). A quantidade de leucócitos global

do lavado em todos os grupos esteve dentro dos padrões de normalidade (Tabela 8).

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4. Conclusão

Após os extratos do vitrocerâmico com cristais de anortita (CaAl2Si2O8) serem

absorvidos pelo sistema biológico (cobaias), intraperitonealmente, não foi observado

indícios de toxicidade. Os ensaios preliminares de biocompatibilidade, representados

pelo teste de toxicidade sistêmica e análise do lavado peritoneal, demonstraram que o

material em teste é um material com fatores biocompatíveis, pois não causa efeitos

destrutivos quando absorvidos sistemicamente. Salienta-se assim, a possibilidade do

BR3G, em usos biomédicos.

5. Referências [1] NEVES, Etney and SPILLER, Andre. Intelligent Glass Ceramic Materials. GLASS

ODISSEY: 6th European Congress on Glass. Montpellier – France. June, 168p, 2002.

[2] NEVES, Etney, SPILLER, A. L., TRIDAPALLI, D., RIELLA, H. G.,

“Desenvolvimento de Cristais de Anortita em Vidros”, Simpósio Brasileiro de

Estruturologia, Tiradentes / MG, Setembro 2001.

[3] TOROPOV, N. A., TIGONEN, G. V., “Investigation of the Linear Rate of Growth

of Anorthite Crystals in Glass at 1000C”, Neorganicheskie Materialy, v. 1, n. 5, p. 775-

779, 1965a.

[4] TOROPOV, N. A., TIGONEN, G. V., “The Influence of Primary Heat Treatment on

the Crystallization of Anorthite-Wollastonite Glasses Containing Chromic Oxide”,

Neorganicheskie Materialy, v. 1, n. 11, p. 2014-2019, 1965b.

[5] FERNANDES, B. L., NEVES, Etney, “In vitro Degradation Analysis of Intelligent

Glass Ceramic”, CLAEB – III Congresso Latino - Americano de Engenharia Biomédica

– João Pessoa – João Pessoa – PB, 2004.

[6] TECPAR, “Laudo Técnico 05008607”, Laboratório de Microbiologia e Toxicologia,

Paraná, 2005.

[7] CAVALHEIRO, L. B. B. H., FERNANDES, B. L., NEVES, Etney, “Anorthite

Glass Ceramic To Biomaterial”, 3rd International Symposium on non-crystalline solids

and the 7th Brazilian Symposium on glass and related materials - Maringá, PR - Brazil -

November 2005.

[8] CAVALHEIRO, L. B. B. H., “Estudo da Biocompatibilidade e da Degradacão do

Vitrocerâmico de Anortita”, Mestrado, PUCPR, 2005.

[9] SILVEIRA, J. C. C. da, “Proposta de Utilização do Vitrocerâmico anortita como um

Sistema de Liberação Controlada de Fármacos”, Mestrado, PUCPR, 2006.

[10] HISAO SATOH, et. all., In-situ measurement of dissolution of anorthite in Na-Cl-

OH solutions at 22°C using phase-shift interferometry, American Mineralogist;92:503-

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

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509, 2007.

[11] NEVES, Etney. Obtenção de Material Vitrocerâmico a Partir de Cinza Pesada de

Carvão Mineral. Tese UFSC. junho 2002.

[12 ]NEVES, Etney e SPILLER, Andre. Produção e Utilização da Fase Mineralógica

anortita (CaAl2Si2O8), a partir da Cristalização Controlada de Vidros, para Utilização

como Material Inteligente. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Patente de

Invenção: PI02022410-9 de 4 de junho de 2002.

[13] NEVES, E., BERGMANN, C. P., BUENO, L. A., PEVZNER, B. “Synthesis of

Ca2+ Aluminosilicates Crystals – Part 1”, V Encontro da SBPMat – Sociedade

Brasileira de Pesquisa em Materiais, Florianópolis, outubro 2006.

[14] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 10993-

11. Tests for systemic toxicity:. biological evaluation of medical devices, Switzerland,

ISO,1992.

[15] FUSAYAMA,T.; KATAYORI, T.; NOMOTO, S. Corrosion of gold and amalgam

placed in contact with each other. Journal Dentistic Research,v. 42, p.1183-1197, 1963.

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Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ORIGINAL ARTICLE

BIOCOMPATIBILITY AND BIOACTIVITY

THE GENERIC 45S5 BIOGLASS

CRYSTALLIZED UNDER CONTROLLED CONDITIONS

*Emiliano Rodrigo de Barros Arruda

1,

João Manoel Domingos de Almeida Rollo2, Paulo Sergio Pizani

3 e Etney Neves

4,5

1Programa de Pós Graduação Interunidades em Bioengenharia EESC/FMRP/IQSC-USP

2Professor do Engenharia Mecânica USP São Carlos

3Professor do Física da UFSCar

4Professor Visitante do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado

de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT 5Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Abstract

The present study evaluated the effects caused by low level laser therapy, on the

glass-ceramic osteoconductor behavior drafted from generic bioglass in bone drillings

of rats’ tibia. Drillings were made below the tuberosity of the right tibia of 32 males,

Wistar rats (Rattus Norvericus Albinus), in adult age. They were randomly divided into

2 groups: a control and another submitted to implant and low level laser radiation

experimental procedure. The birefringence values showed a better tissue organization of

irradiated groups with or without glass-ceramic implant. The glass-ceramic group

showed a more diffuse tissue, even in the injury most central area on the thirteenth day.

The glass-ceramic stimulated the osteoblast proliferation as well as laser radiation. Thus

it is possible to conclude that the glass-ceramic has osteoconductive capacity and that

laser radiation accelerated the repairing process in the presence or not of glass-ceramic.

Keywords: low-level laser, bioglass, glass ceramic, bone repair, rats.

* e-mail: [email protected]

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Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ARTIGO ORIGINAL

BIOCOMPATIBILIDADE E BIOATIVIDADE

DO BIOVIDRO GENÉRICO 45S5

CRISTALIZADO SOB CONDIÇÕES CONTROLADAS

*Emiliano Rodrigo de Barros Arruda

1,

João Manoel Domingos de Almeida Rollo2, Paulo Sergio Pizani

3 e Etney Neves

4,5

1Programa de Pós Graduação Interunidades em Bioengenharia EESC/FMRP/IQSC-USP

2Professor do Engenharia Mecânica USP São Carlos

3Professor do Física da UFSCar

4Professor Visitante do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado

de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT 5Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Resumo

O presente trabalho avaliou os efeitos provocados pela laserterapia de baixa intensidade,

sobre o comportamento osteocondutor do vitrocerâmico derivado de um biovidro

genérico, em perfurações ósseas em tíbias de ratos. Foram realizadas perfurações abaixo

da tuberosidade da tíbia direita de 32 machos, de ratos da raça Wistar (Rattus

norvegicus albinus), na idade adulta. Os mesmos foram divididos aleatoriamente em

dois grupos, sendo eles: um controle e um submetido a procedimento experimental de

implante e irradiação a laser de baixa intensidade. Os valores de birrefringência

demonstraram uma melhor organização tecidual do grupo irradiado, com ou sem o

implante de vitrocerâmico. O grupo com vitrocerâmico apresentou o tecido mais difuso,

até mesmo nas regiões mais centrais da lesão aos 13 dias. O vitrocerâmico estimulou a

proliferação osteoblástica, assim como a radiação laser. Pode-se concluir que o

vitrocerâmico utilizado apresenta capacidade osteocondutora e que a radiação laser

acelerou o processo de reparo na presença ou não do vitrocerâmico.

Palavras-chaves: laser de baixa intensidade, vitrocerâmico, reparo ósseo, ratos.

1. Introdução

A busca por novos materiais sintéticos para o tratamento de alterações ósseas,

incentiva o estudo de uma técnica apoiada no desenvolvimento tecnológico, ainda

pouco explorado, de implantação de biomateriais. Estes materiais são desenvolvidos

para uso em áreas da saúde, com a finalidade de substituir a matéria viva que teve a

* e-mail: [email protected]

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20

função perdida, neste caso o tecido ósseo. Um biomaterial é então, qualquer substância

sintética ou natural que possa ser utilizada para substituição total ou parcial de qualquer

tecido, ou órgão do organismo. Excluem-se aqui os fármacos 1.

Para que os materiais possam realizar suas funções, precisam possuir pelo menos

duas propriedades: a biocompatibilidade e biofuncionalidade. A primeira é a capacidade

de um material desencadear uma resposta apropriada do hospedeiro, em uma aplicação

específica e, a segunda está relacionada ao conjunto de propriedades, que dá a um

determinado dispositivo a capacidade de desempenhar uma função semelhante a qual

está substituindo. Os materiais sintéticos atualmente considerados bioativos, são o

biovidro e os compostos da família dos fosfatos de cálcio como a hidroxiapatita 2

.

O biovidro genérico mostrou ser um biomaterial não tóxico e biocompatível,

com características de um material osteocondutor 3

. As propriedades mecânicas dos

biovidros, podem ser fortemente afetadas por fases de transformação (nucleação e

crescimento da fase cristalina), causada por tratamento térmico 4. O vitrocerâmico

utilizado no presente estudo, foi obtido a partir do biovidro 45S5 Genérico por suas

propriedades osteocondutoras teoricamente previstas. As cerâmicas, como alumina

(Al2O3) e zircônia (ZrO2), dopada com ítrio (Y), são biomateriais com aplicações

clássicas na bioengenharia. Podem ser utilizadas, por exemplo, como revestimento para

próteses metálicas, melhorando assim, a interação da superfície do implante com o

organismo 5

, o que torna ainda mais importante o estudo de materiais bioativos como o

biovidro e seus derivados.

2. Materiais e Métodos

2.1. Caracterização de biomateriais

Inicialmente, o Biovidro 45S5 Genérico, foi planejado usando NaPO3 como

fonte exclusiva de fósforo. Uma mistura de matérias-primas P.A., foi fundida em

cadinho de platina a 1340ºC. Um vidro homogêneo foi obtido e conformado em uma

base de inox. Buscando a cristalização do vidro, um tratamento térmico foi realizado

acima de sua temperatura de transição vítrea, a 620ºC por 30 minutos e,

subsequentemente, mantido à 790ºC por 60 minutos. O resultado foi um

biovitrocerâmico, chamado de Biovitrocerâmico 45S5 Genérico.

A análise térmica diferencial traz informações sobre o comportamento térmico

do biovidro, revelando informações úteis para a realização do tratamento térmico. Este

material foi projetado para ser um biomaterial de preenchimento em perfurações ósseas,

com propriedades osteocondutoras.

Figura 1. Análise térmica diferencial do biovidro 45S5.

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

21

Para caracterizar o biovitrocerâmico, foi utilizada a técnica de Micro Raman e

Difração de Raios-X.

Os picos formados no gráfico da amostra cristalizada, estão presentes apenas em

materiais que apresentam um grau de cristalinidade. Na amostra vítrea os picos não

aparecem, o que caracteriza um material amorfo.

Figura 2. Espectroscopia Raman comparando as amostras antes

e após o tratamento térmico: vítrea = vidro ou material amorfo;

cristalizada = aumento da ordem de longe alcance do material

com surgimento de picos indicando a formação de cristais.

No espectro da Figura 3, é visível a formação de picos que indicam o estado

semicristalino e a formação de fases compatíveis com cristais de Silicato de Sódio e

Cálcio, enquanto na amostra vítrea os picos estão ausentes, o que é característica de um

material amorfo, confirmando a espectroscopia Raman.

Figura 3. A DRX evidencia picos de cristalinidade na amostra do vitrocerâmico (A), já a amostra

vítrea (B) não apresenta picos de cristalinidade. Destacando a eficiência do tratamento térmico

empregado.

2.2. Animais Experimentais

Foram utilizados 32 ratos, machos da raça Wistar (Rattus norvegicus albinus),

na idade adulta pesando entre 280 e 320 gramas. Estes permaneceram em gaiolas de

polipropileno, agrupados em quatro indivíduos por gaiola, mantidos em ambiente

higienizado a cada dois dias, com iluminação ciclo claro/escuro de 12 horas, recebendo

água e ração balanceada ad libitum.

INT

EN

SID

AD

E

2-Theta (°)

(b) (a)

INT

EN

SID

AD

E

2-Theta (°)

Page 22: Revista Citino Edição 1

Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

22

2.3. Grupos Experimentais

Os animais, com suas tíbias direitas perfuradas cirurgicamente, foram divididos

aleatoriamente em dois subgrupos, dos quais um foi utilizado como controle e um

submetido a procedimento experimental de implante e irradiação laser de baixa

intensidade. Os grupos utilizaram 16 animais. Posteriormente, os animais de cada grupo

foram subdivididos em dois subgrupos cada, de acordo com o tempo de vida antes da

eutanásia, que ocorreu com 7 e 13 dias P.O..

Grupo Experimental 1 (n=16) - Os animais não foram submetidos a nenhum

procedimento após a cirurgia, permanecendo em suas gaiolas durante todo o período

experimental, desta forma o reparo ósseo ocorreu sem interferências. Grupo

representado pela sigla GC.

Grupo Experimental 2 (n=16) - Os animais tiveram a lesão submetida à aplicação de

vitrocerâmico. Grupo representado pela sigla GV.

2.4. Procedimento Experimental

Todo o procedimento foi realizado de acordo com as normas para a prática

didático-científica da vivissecção de animais (lei 6638/08 de maio de 1979) e com os

princípios éticos na experimentação animal (COBEA 1991) sob condições padrão de

assepsia e sob anestesia geral, e foi aprovado pelo comitê de ética de experimentação

animal da Universidade Federal de São Carlos – CCEA/UFSCAR através do parecer

006/2007.

Antes do procedimento cirúrgico foi realizada a pesagem dos animais e

determinada a dose de anestésicos. Esta composta da combinação de cloridrato de

Ketamina 10% e cloridrato de Xilazina 2%, com dose proporcional ao peso do animal e

utilizada em cada indivíduo de todos os grupos com aplicação intraperitoneal.

A pele circunjacente à tuberosidade da tíbia da pata direita foi previamente

tricotomizada e limpa com álcool etílico iodado. Foi realizada uma pequena incisão

longitudinal sobre a pele, e uma incisão na musculatura tornando possível a perfuração

da tíbia.

Para facilitar a colocação do vitrocerâmico na perfuração confeccionada, foi

necessário utilizar um veículo líquido. No caso, o sangue do animal, o que permitiu

apossibilidade do uso de um portal-amálgama.

O fio utilizado para sutura interna foi escolhido como sendo não reabsorvível,

pelo motivo do fio absorvível causar um processo inflamatório inicial mais intenso, o

que poderia prejudicar a avaliação das características da lesão, e então a pele foi limpa

com solução de álcool iodado, proporcionando desta forma higienização local.

3. Resultados

Abaixo estão dispostas imagens submetidas à coloração de Picro Sirius,

utilizadas para uma descrição qualitativa do padrão dos grupos aos 7 e aos 13 dias. O

grupo controle apresenta pouca anisotropia, porém o colágeno depositado já se encontra

numa fase de reorganização.

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23

Figura 4. O grupo controle no 7º dia apresentou pouco brilho em

comparação com o grupo irradiado (A); no 13º dia, o grupo controle

apresentou brilho moderado e as fibras localizam-se às margens da lesão

(B). O grupo irradiado, no 7º dia, apresentou brilho moderado (C) e no

13º diaapresentou um brilho mais intenso e difuso pelo sítio de lesão (D).

A Figura 5 mostra os referidos dados quantitativos da organização estrutural

do tecido.

Para a análise quantitativa da anisotropia, a diferença foi estatisticamente

significativa (p <0,005) na comparação entre os grupos.

Figura 5. Médias (em pixels) da intensidade da coloração dada pela

Picro Sirius Red; O grupo GC apresenta uma melhor

organização tecidual, em comparação com o GV em ambos os

períodos analisados, e aumenta a anisotropia com o passar do tempo,

demonstrando a substituição do vitrocerâmico por um tecido anisotrópico.

4. Discussão

A avaliação das lâminas tem como objetivo quantificar a organização da matriz

extracelular, e verificar qualitativamente a disposição da deposição de tecido

BRILHO DE BIRREFRIGÊNCIA

INT

EN

SID

AD

E (

EM

PIX

EL

S)

GRUPOS EXPERIMENTAIS

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

24

anisotrópico no foco de lesão. Na avaliação qualitativa do brilho de birrefringência,

nota-se que no período de sete dias o tecido anisotrópico está presente em menor

quantidade no grupo com vitrocerâmico, se comparados com o grupo controle, e que a

radiação laser fornece um estímulo positivo na organização da matriz extracelular.

Os resultados quantitativos obtidos com sete dias demonstram um retardo inicial

na organização do tecido formado no grupo que recebeu o implante em relação ao

controle, possivelmente, pelo fato das partículas do vitrocerâmico não terem sido

reabsorvidas numa taxa que permitisse uma formação de lamelas mais espessas e

anisotrópicas.

Na avaliação quantitativa do período de 13 dias, os resultados demonstraram que

houve um aumento na maturação do tecido em todos os grupos em relação aos de sete

dias, porém, o grupo que recebeu o implante apresentou menor brilho de birrefringência

que o controle, o motivo parece ser que o tempo para a ocorrência da reabsorção das

partículas de vitrocerâmico não tenha ocorrido numa taxa suficiente para permitir maior

maturação tecidual.

Em termos de aplicações clínicas, o biovidro mais utilizado é o biovidro

genérico® 45S5 6

, que mostrou promover uma rápida formação óssea, quando

comparado a Hidroxiapatita.

Os resultados obtidos com esta análise no presente estudo demonstram tendência

a uma maior neoformação óssea sob a influência da radiação laser nos dois períodos

avaliados (7 e 13 dias).

5. Conclusão

O vitrocerâmico empregado apresentou potencial osteocondutor estimulando os

osteoblastos e favorecendo a deposição de tecido nas regiões mais centrais da lesão com

aumento na formação de tecido ósseo no período de 13 dias, apesar da anisotropia um

pouco inferior neste período inicial, explicada pelo fato do curto período disponível para

a reabsorção das partículas, e corroborado por vários estudos 1,7,8,9,10

.

A partir dos resultados parciais apresentados, é possível concluir que o biovidro

genérico 45S5, após ser recozido em cuba de inox acima de sua temperatura de

transição vítrea, a 620ºC por 30 minutos e mantido a 790ºC por 60 minutos, apresenta

características de material de preenchimento e potencial osteocondutor.

A laserterapia de baixa intensidade mostrou-se um eficiente meio bioestimulante

e que quando o tecido é irradiado com laser na presença do biomaterial em estudo, a

interação é otimizada melhorando a qualidade do tecido ósseo neoformado e sua

interação com o material.

6. Referências [1] Guastaldi, A.C. (2004) Biomaterial– ponderações sobre as publicações científicas.

Rev. assoc. paul. Cir. Dent., São Paulo, v.58, n.3, p.205-206.

[2] BOSCHI, A.O., O que é necessário para que um material seja considerado

biomaterial? In: Seminário Regional de Biomateriais, Santa Catarina (1996) Anais.

Santa Catarina, UDESC. p.4-16 1996.

[3] Reyes, L. C. V. (2000) Aplicação de um vidro bioativo em tíbias de coelho. 70p.

Dissertação de Mestrado UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - São Carlos - SP.

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71(6):1015-25, 2000.

[10] LIMEIRA JÚNIOR FA. Estudo do reparo de defeitos ósseos irradiados com laser

830nm submetidos ou não a implante de hidroxiapatita sintética e/ou membrana de

osso bovino. [Tese]. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2004.

Page 26: Revista Citino Edição 1

Volume 1׀ Número 1 ׀ Outubro-Dezembro de 2011 RESVISTA CITNO

Ou

tub

ro -

Dez

emb

ro d

e 2

011

SEÇÃO BIOTECNOLOGIA

BIOTECHNOLOGY SECTION

BIOPROSPECÇÃO: SUBSTRATO E PROCESSO

BIOPROSPECTING: SUBSTRATE AND PROCESS

Pág.

27. EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO DE ÓLEO DE BARU

BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS

FOOD BIOCHEMISTRY

Pág.

33. A PRODUÇÃO DA CERVEJA NO BRASIL

43. ASPECTOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE ENZIMAS

51. ANÁLISE DAS ENZIMAS PEROXIDASE E FOSFATASE EM

AMOSTRAS DE LEITE CRU, PASTEURIZADO E LONGA VIDA

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Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ORIGINAL ARTICLE

STUDY OF BARU OIL EXTRACTION

Lizandra Carla Pereira de Oliveira

1, Marcell Duarte Wanderley

1,

Alexandre Gonçalves Porto2, Fabrício Schwanz da Silva

2,

Flávio Teles Carvalho da Silva 2 e Etney Neves

3,4

¹ Acadêmica do Curso de Engenharia de Alimentos, UNEMAT - Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres – MT, Brasil. Rua Florianópolis, JD Elite II, CEP 78390000. 2

Professor do Departamento de Engenharia de Produção Agroindustrial, UNEMAT.- Universidade do

Estado de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres – MT; 3

Professor Visitante do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado

de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT 4

Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Abstract

The Brazilian biodiversity holds many opportunities. For example, the possibility of

obtaining new raw material and manufactured materials. Fruits of native trees in the

Brazilian Cerrado, are a huge variety of species. The baru, Dipteryx alata, was selected

as a palm for these studies. A review was conducted, indicating that the oil extracted

from baru is very thin, its composition has α-tocopherol and high content of unsaturated

lipids. The use of this oil has many industrial and medical applications. This work is the

first step of a new research group, which seeks to understand the baru, the extraction of

its oil and has a goal, innovate conceptually by modifying the structure of natural oil.

Key word: oil baru, dipteryx alata, extraction.

e-mail: [email protected]

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 28

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ARTIGO ORIGINAL

ESTUDO DA EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO DO

RENDIMENTO DE ÓLEO DE BARU

*Lizandra Carla Pereira de Oliveira1, Marcell Duarte Wanderley

1,

Alexandre Gonçalves Porto2, Fabrício Schwanz da Silva

2,

Flávio Teles Carvalho da Silva2 e Etney Neves

3,4

¹ Acadêmica do Curso de Engenharia de Alimentos, UNEMAT - Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres – MT, Brasil. Rua Florianópolis, JD Elite II, CEP 78390000. 2

Professor do Departamento de Engenharia de Produção Agroindustrial, UNEMAT.- Universidade do

Estado de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres – MT; 3

Professor Visitante do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado

de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT 4

Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Resumo

A biodiversidade brasileira reserva muitas oportunidades, por exemplo, a possibilidade

de obtenção de novos insumos e materiais. Frutos de árvores nativas do cerrado

brasileiro, constituem uma gigantesca variedade de espécies. O baru, Dipteryx alata, foi

selecionado como palmeira de interesse para estudos. Uma revisão foi inicialmente

realizada, indicando que o óleo extraído do baru é muito fino, sua composição apresenta

α-tocoferol e elevado teor de lipídios insaturados. A utilização deste óleo tem aplicações

medicinais e industriais consolidadas (produtos). Este trabalho é o primeiro passo de um

novo grupo de pesquisa, que busca entender o baru, a extração de seu óleo e que tem

como meta, inovar conceitualmente através da modificação da estrutura do óleo natural.

Palavras-chaves: óleo de baru, dipteryx alata, extração.1

1. Introdução

A biodiversidade brasileira reserva muitas possibilidades, para estudos e

desenvolvimento de novos insumos, materiais e oportunidades. Frutos de árvores

nativas da região cerrado, ecossistema característico do centro-oeste do Brasil, por si só,

constituem uma gigantesca variedade de espécies para observações e desenvolvimento

de novos produtos inovadores conceitualmente.

O baru, Dipteryx alata, também conhecido como barujó, cumaru, cumbaru,

castanha-de-ferro, coco-feijão, cumarurana, cumbary, emburena-brava, feijão-coco,

pau-cumaru, meriparajé1, é uma árvore pertencente à família Leguminosae, com altura

média de 15 m, podendo alcançar mais de 25 m em solos férteis. Sua floração ocorre de

* e-mail: [email protected]

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novembro a fevereiro, sendo que a formação dos frutos inicia-se em dezembro. ² O fruto

se constitui por amêndoa e polpa, comestíveis, ricas em carboidratos, proteína e óleo

possuindo assim um alto valor nutricional. 1,2,3

Em cada fruto há apenas uma semente,

de comprimento e largura variando de 1,0 a 3,5 cm e de 0,9 a 1,3 cm, respectivamente. 4

O óleo extraído do baru é muito fino, possuindo em sua composição α-tocoferol

e 81 % de lipídios insaturados, se comparado com o azeite de oliva. 2,4

O óleo extraído é

muito utilizado em fins medicinais e industriais como: anti-reumático, regulador de

menstruação, lubrificante para equipamentos e cosméticos. 2

Existem vários métodos para extração do azeite de vegetais. Os principais são

por prensagem mecânica, fermentação, extração por Soxhlet e Goldfish. A extração por

prensagem é a mais comum, sendo seguida por extrações com solventes. 5 Estas duas

vias são utilizadas, por exemplo, em conjunto na produção do azeite de oliva. O azeite

extravirgem é originário da primeira extração, por prensagem mecânica, originando um

produto com acidez mínima. Um azeite com maior acidez é, posteriormente, obtido da

torta de prensagem utilizando solventes.

Uma revisão da literatura foi realizada. Frutos foram colhidos como amostras e

as morfologias avaliadas. As partes dos frutos foram separadas para o estudo

experimental. A literatura e os resultados experimentais são comparados e comentados.

O mesocarpo com a semente e a semente isolada, foram avaliados em seus teores de

óleo. Dois tipos de solventes foram utilizados e as eficiências discutidas

comparativamente.

2. Óleos Vegetais

Os óleos vegetais são constituídos em sua maioria de triglicerídeos. 4,5

Geralmente os óleos vegetais são obtidos por sementes oleaginosas, de polpa de frutas e

germe de cereais. A extração dos óleos ocorre principalmente por destilação e extração

por solventes. 5

Os óleos vegetais são alternativas naturais e renováveis. Eles podem ser

utilizados na produção de resinas, plastificantes, produção de combustíveis, entre outros

insumos e produtos. 4

2.1. O Óleo de Baru

A polpa do baru produz óleo, mas é na amêndoa que se encontra uma quantidade

significativa do mesmo. 4 O óleo extraído da amêndoa é fino, possui um elevado grau de

insaturação, alto teor de ácido oléico e linoléico. 2

O óleo de baru é utilizado nas áreas medicinais e industriais como: anti-

reumático e regulador de menstruação. Devido ao ácido oléico presente no óleo, o

mesmo é utilizado como lubrificante para equipamentos, cosméticos e intermediários

químicos.

2.2. Extrações de óleos por Sohxlet

O extrator de Soxhlet é usado para extração de substâncias sólidas por solventes

quentes. 6 Nessa extração, o sistema permite que certa quantidade de solvente, puro,

passe várias vezes na amostra formando um ciclo. Cada ciclo corresponde a uma

lavagem, teoricamente total da amostra sólida. A vantagem desse extrator, é que as

substâncias da amostra entram em contato com o solvente a elevada temperatura. A

temperatura do processo na câmara de extração é constante e, dependente das

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propriedades do solvente. 7 Este método é muito utilizado para extrair óleos vegetais em

pesquisas científicas.

Os lipídeos são biomoléculas composta principalmente por carbono, hidrogênio

e oxigênio. São normalmente insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. 8,9

Dentre os solventes utilizados para extração de óleos, podem ser citados os éteres, pois

são pouco reativos. 6,8

O éter de petróleo e éter etílico são, geralmente, os solventes

usados nas práticas de extração com Soxhlet.

O éter de petróleo é uma mistura de diversos hidrocarbonetos, dentre eles o

pentano, que é o composto mais apolar com ponto de ebulição de 65-70°C. 10

Neste

solvente, os carboidratos são insolúveis, sendo possível a extração dos lipídeos e da

clorofila. 8

O éter etílico ou etoxi-etano é usado como solventes de resinas e óleos (são

pouco polares) e na extração de óleos, gorduras e essências. Na extração de óleos

vegetais o éter etílico é eficaz, mas sua venda e seu uso são controlados rigorosamente

por ser muito volátil e inflamável. 9

Figura 1. Ilustração do equipamento Extrator Soxhlet, destacando

o ponto de posicionamento da amostra e os três pontos principais

do fluxo do solvente.

3. Extração Experimental do Óleo de Baru

Os frutos do Baru são classificados como do tipo dupra, com comprimento

aproximado de 4,5 cm. Os frutos foram divididos nas frações mesocarpo, endocarpo e

semente. O endocarpo é lenhoso e uma retífica, com disco cerâmico de corte, foi

utilizada para liberar a semente. As sementes são elipsóides e tinham aproximadamente

2,3 cm de comprimento. Mesocarpos e sementes foram cominuídos, misturados e

homogeneizados (MS), formando a massa para o experimento de extração de óleo,

Tabela 1.

As seis massas MS foram utilizadas separadamente, Tabela 2. As colunas de

extração receberam dois tipos de solventes. Três colunas do extrator Soxhlet foram

preparadas, com o solvente éter etílico e as outras três com éter de petróleo. As amostras

foram lavadas em ciclos contínuos por 8 horas. O rendimento de óleo das misturas MS é

apresentado na Tabela 2. Durante o experimento de extração, constatou-se uma

mudança de cor dos solventes, devido à formação de uma mistura homogênea solvente-

óleo. A mudança dos líquidos, de incolor para amarelo, foi mais intensa nas amostras 4,

5 e 6. Isso se deve a uma reação mais eficiente de extração do éter etílico, em função de

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Tabela 1. Massas dos frutos do baru e das frações respectivas do mesocarpo, endocarpo,

semente e mistura MS.

Fruto

Massa

total*

(gramas)

Endocarpo

Endocarpo

+

Semente

Mesocarpo Massa da semente

1 24,3 9,8 10,6 13,5 0,9

2 20,7 9,7 11,1 9,4 1,4

3 26,4 11,6 11.6 14,7 1,1

4 27,8 11,7 12,9 14,7 1,2

5 17,6 7,7 8,8 8,6 1,1

6 22,3 8,3 9,5 12,7 1,2

Média Desvio Padrão

23,2

3,8

9,8

1,6

10,7

1,5

12,3

2,6

1,1

0,2 *Massa em gramas.

sua reatividade superior para liberação de substâncias, comparativamente ao éter de

petróleo.

Após as 8 horas de ciclo e lavagem contínua das amostras, as misturas líquidas

resultantes foram levadas a uma estufa, com temperatura de aproximadamente 60°C,

para uma remoção total do solvente e separação dos óleos.

Tabela 2. Massas das amostras MS, com rendimentos da extração de óleo

respectivos para cada amostra, em função do tipo de solvente.

Amostras Amostras

Utilizadas (MS)*

Rendimento

do Óleo

Solventes

Utilizados

1 11,929 0,109 Éter de Petróleo

2 9,987 0,107 Éter de Petróleo

3 10,014 0,062 Éter de Petróleo

4 12,14 0,189 Éter Etílico

5 9,706 0,169 Éter Etílico

6 11,295 0,121 Éter Etílico

*Massa em gramas.

O rendimento de cada amostra de óleo e o desvio padrão foram calculados, logo

após as amostras terem resfriado em dessecador (Tabela 3). A extração do óleo,

utilizando o éter de petróleo como solvente, foi 29,5% menos eficiente que com éter

etílico.

É necessário considerar que este resultado, é para um mesmo tempo de extração

para ambos os solventes (padrão = 8 horas). Em uma primeira análise, duas hipóteses

são consideradas como responsáveis por esta diferença: (a) cinética de extração das

substâncias diferentes para cada solvente; (b) seletividade do solvente na remoção de

espécies químicas.

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 32

Tabela 3. Rendimento e desvio padrão do óleo em função da natureza do solvente.

Solventes (%) Média Desvio Padrão

Éter Petróleo 0,91 1,07 1,1 1,03 0,10

Éter de Etílico 1,74 1,56 1,07 1,46 0,35

4. Conclusão

A massa média de um fruto Baru, com comprimento aproximado de 4,5 cm, é de

23,2 3,8 gramas.

Segundo a literatura, o óleo extraído do baru deve ser rico em α-tocoferol e

possuir elevados teores de lipídios insaturados.

Quantidades de óleos diferentes foram obtidas, em função do tipo de solvente

utilizado, com tempo de extração padrão de 8 horas para ambos os solventes.

A extração do óleo, utilizando o éter de petróleo como solvente, foi 29,5%

menos eficiente que com éter etílico. Duas hipóteses foram propostas como

responsáveis por este resultado: (a) cinética de extração diferente dos solventes; (b)

maior seletividade do éter de petróleo, na remoção de espécies químicas.

5. Referências bibliográficas

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[7] BRUM, A. A. S.; ARRUDA, L. F.; REGITANO-D’ARCE, M. A. B.; Métodos de

extração e qualidade da fração lipídica de matérias-primas de origem vegetal e

animal. Piracicaba – SP, 2009.

[8] PARK, K. J.; ANTONIO, G. C.; Análises de materiais biológicos. Campinas – SP,

2006.

[9] FARIAS, F. M. C.; Funções Orgânicas. Disponível em: < http://web.ccead.puc-

rio.br/condigital/mvsl/Sala%20de%20Leitura/conteudos/SL_funcoes_organicas.pdf >

Acesso 10/08/2011.

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 33

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

REVIEW

BEER PRODUCTION IN BRAZIL

Jéssica Francieli Mega

1, Etney Neves

2,3 e Cristiano José de Andrade

2,3

¹ Acadêmica do curso de engenharia de alimentos, UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso,

Campus Barra do Bugres – MT, Brasil. Rua Florianópolis, JD Elite II, CEP 78390000. 2

Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 3Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Abstract

Beer is a beverage which wide production and consumption worldwide, it has known

since the ancient times in many countries. During the late antiquity was widespread

among the peoples of Sumer, Babylon and Egypt. This beverage was brought to Brazil

for the Portuguese Real-Family at 1808. Currently, the sensory profile of beer produced

in the country has been changed gradually. That result is a beer more smooth and

refresh, low bodied and bitter. Beer can be defined as a beverage of low alcohol content.

This beverage is produced by fermentative way, using the genus Saccharomyces and

culture medium, which is composed by lupulus, water and malted cereals such as:

barley, wheat and rice. This review has concepts and technology aspects of beer and its

production process, types and consumption at Brazil.

Keywords: beer, fermentation, yeast, malt, hops.

e-mail: [email protected]

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 34

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

REVISÃO

A PRODUÇÃO DA CERVEJA NO BRASIL

*Jéssica Francieli Mega1, Etney Neves

2,3 e Cristiano José de Andrade

2,3

¹ Acadêmica do Curso de Engenharia de Alimentos, UNEMAT - Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres – MT, Brasil. Rua Florianópolis, JD Elite II, CEP 78390000. 2

Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 3Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Resumo

A cerveja é uma bebida de ampla produção e consumo no mundo, conhecida desde os

tempos remotos em diversos países. Na antiguidade difundiu-se entre os povos da

Suméria, Babilônia e Egito. A bebida chegou ao Brasil, trazida pela família real

Portuguesa em 1808. Atualmente, o perfil sensorial da cerveja produzida no país tem

sido gradualmente modificado. O resultado é uma cerveja mais leve e mais refrescante,

menos encorpada e amarga. A cerveja pode ser definida como uma bebida de baixo teor

alcoólico. Esta bebida é preparada via fermentativa, usando o gênero Saccharomyces e o

mosto, composto por lúpulo, água e cereais malteados tais como: cevada, trigo e arroz.

Esta revisão aborda conceitos e aspectos tecnológicos da cerveja e do seu processo de

fabricação, tipos e consumo no Brasil.

Palavras-chaves: cerveja, fermentação, leveduras, malte, lúpulo.

1. Introdução

Estima-se que o homem começou a utilizar bebidas fermentadas há 30 mil anos.

Estudos indicam que a produção da cerveja teve seu início por volta de 8000 a.C. Esta

bebida foi desenvolvida paralelamente aos processos de fermentação de cereais. Na

Antiguidade, difundiu-se lado a lado com as culturas de milho, centeio e cevado, entre

os povos da Suméria, Babilônia e Egito. Também foi produzida por gregos e romanos

durante o apogeu destas civilizações. 1

Dentre os povos bárbaros que ocuparam a Europa durante o Império Romano, os

de origem germânica destacaram-se na arte de fabricar a cerveja. Na Idade Média,

século XIII, os cervejeiros germânicos foram os primeiros a empregar o lúpulo na

cerveja, conferindo as características básicas da bebida atual. 1

Com a Revolução Industrial, o modo de produção e distribuição sofreu

mudanças decisivas. Estabeleceram-se, então, fábricas cada vez maiores na Inglaterra,

Alemanha e no Império Austro-Húngaro. 1

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 35

A cerveja chegou ao Brasil em 1808, trazida pela família real portuguesa de

mudança para o então Brasil colônia. Com a abertura dos portos às nações amigas de

Portugal, a Inglaterra foi a primeira a introduzir a cerveja na antiga colônia. 2

A legislação brasileira vigente define cerveja como sendo a bebida obtida pela

fermentação alcoólica de mosto, oriundo de malte de cevada e água potável, por ação de

levedura, com adição de lúpulo. Parte do malte da cevada poderá ser substituído por

adjuntos (arroz, trigo, centeio, milho, aveia e sorgo, todos integrais, em flocos ou a sua

parte amilácea) e por carboidratos de origem vegetal, transformados ou não. 3 Os

principais tipos de cervejas existentes são: Altbier, Barley Wine, Belgian Ale, Bitter,

Brown, Ale, Pale Ale, Porter, Stout, Scottish, Abadia, Bock Doppelbock, Münchener e

Pilsen.

De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, o Brasil ocupa o

quarto lugar no ranking mundial de produção da bebida, com mais de 10,34 bilhões de

litros por ano, perdendo apenas, em volume, para a China (35 bilhões de litros/ano),

Estados Unidos (23,6 bilhões de litros/ano) e Alemanha (10,7 bilhões de litros/ano) .

4

2. Consumo de cerveja no Brasil

O perfil sensorial da cerveja no Brasil tem sido gradualmente modificado. O

resultado é uma cerveja mais leve e mais refrescante, menos encorpada, menos amarga

e com menor teor alcoólico. Essa medida foi adotada como tendência pelas principais

cervejarias no Brasil, fazendo uma combinação entre o perfil da cerveja européia e

americana. 5

A idéia do “padrão de cerveja” deve ser mantida uma vez que esse perfil

representa 94% do mercado nacional. A variação no consumo de cervejas Standard e

Premium, em diferentes regiões do país, reflete aspectos de renda disponível,

distribuição e informação. Geralmente, cervejas Premium são mais consumidas nas

regiões Sul e Sudeste. Já a cerveja em barril ou chopp (cerveja não pasteurizada), tem

50% do consumo concentrado nessas duas regiões, devido à distribuição e aos

investimentos nos pontos de venda. 5

É previsto que as cervejas especiais (importadas ou artesanais) no Brasil tenham

uma taxa de crescimento maior, se comparada às taxas previstas para o mercado da

tradicional Pilsen. Em 2007, cervejas especiais cresceram 12%, enquanto cervejas em

geral apenas 6,7%. Algumas cervejarias já promovem planos de marketing relacionados

à sofisticação do consumo de cerveja. Basicamente, o foco é a promoção da cultura

cervejeira e a apresentação de diferentes estilos, com a finalidade de atrair novos nichos

de mercado. 5

O mercado brasileiro de cerveja é caracterizado por ter um público alvo jovem

(61% entre 25 a 44 anos), mas, em virtude do baixo poder aquisitivo deste grupo, o

consumo per capita (por volta de 51,9 litros/habitante em 2006) ainda é considerado

relativamente baixo, se comparado a outros países (por exemplo, o consumo per capita

do Reino Unido chega a ser de 97 litros/ano), principalmente levando-se em conta sua

tropicalidade7. As classes C e D são responsáveis por 72% das vendas erca de 56% do

público consumidor de cervejas é do sexo masculino. O segmento de cervejas sem

álcool responde por 1% do mercado, mas apresenta um crescimento de cerca de 5% ao

ano, mais que o dobro da tradicional (2%), e movimenta mais de R$ 110 milhões por

ano. A marca líder do segmento é a Kronenbier da Ambev. 8

O aumento do consumo de cerveja no Brasil esta atribuída em grande parte a

inovação nas embalagens. 9

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 36

3. Produção de cerveja

Todo o processo começa com a adição de água ao malte e adjuntos já moídos.

Normalmente os adjuntos são produtos do beneficiamento de cereais ou de outros

vegetais ricos em carboidratos. Esta mistura é então cozida e, durante o processo, o

amido do malte é transformado em açúcar. O resultado é um líquido turvo e grosso,

chamado de mosto. O mosto é filtrado e novamente fervido. Neste momento é

adicionado o lúpulo, o responsável pelo sabor amargo da cerveja. Para seguir para seu

próximo estágio, o mosto é resfriado.

Em quantidade, a água é o principal componente da cerveja e suas propriedades

é um dos fatores mais significativos na qualidade final do produto. A atual disposição

tecnológica, favorece a possibilidade do uso de água com teor de pureza e sais minerais

adequado a produção de cerveja. A AmBev, por exemplo, realiza tratamento físico-

químicos na água a ser utilizadas na produção de algumas cervejas, objetivando torná-la

identica a encontrada na região de Pilsen, na República Tcheca. O malte usado em

cervejarias é obtido a partir de cevadas de variedades selecionadas, especificamente

para essa finalidade. A cevada é uma planta da família das gramíneas e é nativa de

climas temperados. No Brasil, é produzida em algumas partes do Rio Grande do Sul. Na

América do Sul, a Argentina é grande produtora. 11

Após a colheita, os grãos de cevada são enviados para maltarias, onde são

submetidos à germinação controlada. Este processo, induz os vegetais a produzirem um

arsenal enzimático, entre os quais as amilases. Estas enzimas, são responsáveis por

reduzir o amido em açúcares fermentecíveis e consequente desenvolvimento

microbiano, portanto são fundamentais para para o processo de fabricação de cerveja. 10

O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma trepadeira perene originária de climas

temperados. Na fabricação da cerveja são usadas apenas as flores fêmeas. Suas resinas e

óleos essenciais conferem à bebida o sabor amargo e o aroma característico. O lúpulo é

considerado o “tempero da cerveja” e um dos mais significativos componentes na

produção de cerveja, que os mestres cervejeiros dispõem para diferenciar seus produtos,

sendo a quantidade e o tipo do mesmo um parâmetro dificilmente revelado. No Brasil

não existem condições climáticas adequadas à produção de lúpulo. Por isso, todo o

suprimento nacional é importado da Europa e Estados Unidos. A forma mais comum de

utilização do lúpulo é em pellets, pequenas pelotas de flores prensadas. Assim, é

possível reduzir o volume de lúpulo a transportar e, ao mesmo tempo, manter suas

características originais. Mas, nada impede que a flor seja adicionada à cerveja na sua

forma original, conforme colhida na lavoura. 12

As figuras 1 e 2 apresentam o lúpulo na sua forma original e em pellets.

A descrição tradicional do processo de fermentação em cervejarias é a conversão

processada pela levedura (fermento) de glicose, em etanol e gás carbônico, sob

condições anaeróbicas. Esta conversão se dá com a liberação de calor 12

, como ilustrado

pela equação descrita abaixo.

C6H12O6 2C2H5OH + 2CO2 + calor

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Figura 1. Trepadeira da flor de lúpulo. Fonte: RAINHAS DO

LAR (2010).

Figura 2. Flores de lúpulo após serem prensadas, no formato de

pellets. Fonte: WE Consultoria (2010).

Para a elaboração de uma cerveja de boa qualidade, vários aspectos podem ser

citados dentro da fase fermentativa, tais como: a seleção do micro-organismo, inoculum,

cinética fermentativa 12

, contaminção, temperatura, bioreatores, volume de mosto, etc.

Neste âmbito, o metabolismo de cada linhagem microbiana é responsável por conferir

sabor e aroma característicos ao produto final.

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 38

Figura 3. Levedura Saccharomyces Cerevisiae. Fonte:

COOPER (2007).

O desempenho das leveduras cervejeiras na fermentação é influenciado e

controlado por vários fatores tais como:

• Características Genéticas: a escolha da cepa de levedura empregada.

• Fisiologia Celular: a tolerância ao stress pelas células de levedura, a

viabilidade e a vitalidade das células e a concentração celular do inóculo.

• Disponibilidade Nutricional: a qualidade e concentração dos macronutrientes

fermentecíveis, bem como, a presença de íons metálicos no mosto.

• Condições Físicas: temperatura, pH, oxigênio dissolvido e a densidade do

mosto. 13

4. Tipos de cerveja

As cervejas podem ser classificadas de acordo com seu processo fermentativo

em dois grandes grupos, de alta fermentação e de baixa fermentação. A primeira é

referênte as cervejas tradicionais (Ale), em que o micro-organismo utilizado é o da

espécie Sacaromices cerevisae e a fermentação ocorre em temperaturas ao redor de 18 oC durante 4 ou 5 dias. As cervejas de baixa fermentação são referêntes ao tipo (Lager)

e a espécie utilizada, neste caso, é a Sacaromices uvarum, a uma temperatura ao redor

de 12 oC durante 8 ou 9 dias.

14

A Figura 4 ilustra um fluxograma das principais etapas do processo cervejeiro,

com suas respectivas entradas (matérias-primas, insumos) e saídas (produtos e resíduos

gerados).

Os principais tipos de cerveja são: 15

Altbier – De aroma leve, com um toque de cacau proveniente do malte torrado. A

receita da Altbier caracteriza-se pela grande quantidade de lúpulo. A cor tende para os

tons mais escuros.

3 µm

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 39

Cevada

Limpeza/Seleção

Embebeção

Germinação

Secagem Moagem/Maceração

Caldeira Mostura

Resfriamento

Peneira

Caldeira de fervura

Clarificação

Resfriamento

Dornas de Fermentação

Filtro

Tanque de Maturação

Filtro

Tanque de Pressurizão

Embarilamento Engarafamento

Pasteurização

Gritz

Caldeira Caldas

Maltaria

Malte

Preparo do

Mosto

Lúpulo

Levedura

Fermentação

Envase

CO2

Chopp Ceveja

Bagaço de

Malte

Tub Grosso

Tub Fino

Rotulos

Perdas de

Vasilha

Perdas de

Produtos

Figura 4. Fluxograma de processo genérico da produção de cerveja. Fonte: Cervejas e

Refrigerantes (CETESB, 2005).

Barley Wine – A tradução literal do nome dessa cerveja é “vinho de cevada” porque

pode, ao contrário da maioria das cervejas, ser guardada por muitos anos. É forte e tem

sabor intenso de malte e de lúpulo.

Belgian Ale – É a designação genérica das cervejas produzidas na Bélgica, geralmente

por processos artesanais. Têm cores e sabores variados e dividem-se em vários tipos,

das Witbier, suaves e temperadas com especiarias, às Lambic, à base de trigo e

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 40

fermentadas com leveduras selvagens. As Lambic podem ser estocadas por até três

anos.

Bitter – O nome já indica a principal característica desta cerveja: bitter, em inglês, quer

dizer acre, amargo. Essa característica fica mais acentuada à medida que aumenta a

quantidade de lúpulo na receita. A cor vai do âmbar ao cobre.

Brown Ale – Foi à primeira cerveja fabricada na Inglaterra. É escura, tem pouco teor de

lúpulo (sendo, portanto, de baixo amargor) e sabor adocicado de nozes.

Pale Ale – Era o termo utilizado na Inglaterra para descrever as cervejas mais claras do

que as Brown Ale. Tem cor de cobre. Atualmente, vários tipos de cerveja se abrigam

sob a designação Pale Ale. Elas podem ser Mild Ale, mais suaves, ou mais amargas

como a Indian Pale Ale e a American Pale Ale.

Porter – É feito com malte torrado, o que pode transferir para a cerveja aromas de

chocolate e de café. A cor varia do castanho ao preto.

Stout – É uma cerveja muito escura, preta. Pode ser do tipo Dry Irish (cerveja de origem

irlandesa, seca, encorpada e cremosa, com sabores de caramelo e café); Foreign Style

Stout (semelhante à Dry Irish, com maior teor alcoólico) e a Imperial Stout (alto teor

alcoólico e sabor frutado, doce ou semidoce). No Brasil, a referência de Stout é a

Caracu.

Scottish Ale – A cor vai do ouro ao castanho e o sabor pode ser doce, maltado ou até

mesmo defumado.

Abadia – É uma cerveja de alta fermentação. Tem sabor surpreendente, resultado do

equilíbrio ideal entre o amargor, a doçura e o teor alcoólico. Outra característica

marcante é seu aroma de especiarias.

De origem alemã, a cerveja Lager tem como principal característica o fato de sua

fermentação se dar a baixas temperaturas – de até 2º C – em contraste com a Ale, na

qual esse processo pode ocorrer até mesmo à temperatura ambiente. Os principais tipos

são:

Bock – É uma cerveja escura, originária do norte da Alemanha, de sabor mais para o

doce do que para o amargo, e alto teor alcoólico. Uma variedade conhecida como

Doppelbock (bock duplo) tem gradação alcoólica de até 7,5o. Outra, ainda mais forte –

de até 14o – é a Eisbock. Essas cervejas são congeladas e depois o gelo é retirado, o que

aumenta a gradação alcoólica.

Münchener – O nome significa “de Munique”. É uma cerveja escura ou preta e pode

ser bem leve. Tem um sabor forte, de malte, puxado para o café.

Pilsen – Cerveja originária da região da Boêmia, hoje parte da República Tcheca. Sua

principal característica é a cor dourada e translúcida. Em sua fórmula original, tem

sabor suave e um aroma acentuado de flores, com presença acentuada do lúpulo.

Comparada com a cerveja do tipo Pilsen, mais popular no Brasil, a variedade tcheca tem

sabor ligeiramente mais amargo.

Mazernbier – O termo “Marzenbier” pode ser traduzido para o português como “cerveja

de março”. A tradicional Marzenbier é produzida a partir de malte tipo Viena, que

confere à bebida a coloração âmbar avermelhada. Utiliza-se levedura de baixa

fermentação, sendo o processo fermentativo derivado do método vienense de produção

de cerveja. Sua maturação é extremamente longa, chegando a mais de três meses de

armazenamento. 15

Cervejas sem álcool – A tecnologia de fabricação da cerveja sem álcool difere das

demais na fase de fermentação, devido a utilização de micro-organismos específicos,

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com características de baixa metabolização de álcool, sem no entanto alterar as

características das cervejas tradicionais, além disso, para reduzir o teor de álcool, o

mosto as vezes por ser filtrado por membranas (osmose reversa), destilado ou a

fermentação pode ser interrompida quando é atingido o teor de álcool limite. A Liber,

produzida pela Ambev, é um exemplo de marca brasileira de cerveja sem álcool. 15

5. Conclusão

A cerveja é uma das principais bebidas alcoólicas do mundo. Este líquido

fermentado chegou ao país em 1808, trazido pela família real Portuguesa. Atualmente, se

comparado a países como a Alemanha e Republica Tcheca, o Brasil apresenta baixo

consumo per capita. Porém, o consumo per capita tem aumentado nos últimos anos.

Em função das condições climáticas brasileiras, não serem favoráveis a

agricultura do lúpulo, todo o suprimento utilizado no país é importado da Europa e

Estados Unidos, o que resulta em uma dependência e consequente fragilidade do

segmento cervejeiro. Duas possíveis soluções ao problema supracitado estão na

realização de pesquisas exploratórias na flora brasileira objetivando um vegetal que

forneça características semelhantes ao lúpulo na produção cervejeira ou mudanças

genéticas no lúpulo, de maneira a torná-lo agricultável em solo brasileiro.

Para se obter uma cerveja de boa qualidade, as indústrias cervejeiras devem

analisar com atenção três itens principais: matéria-prima (composição química da água,

tipo de malte, proporção malte/adjunto, variedade, quantidade, forma e pontos de adição

de lúpulo); assiduidade da higiênica dos equipamentos e os parâmetros fermentativos.

6. Referências bibliográficas

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Industrial. 4 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2001. P.91-143.

[2] CERVESIA <http://www.cervesia.com.br/historia-da-cerveja/411-a-historia-da-

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[3] CURI, R.A.; VENTURINI, W.G.F.; DUCTTI, C.; NOJIMOTO, T. Produção de

cerveja utilizando cevada e maltose de milho como adjunto de malte: análises

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[4] CARVALHO et al. (2006) Disponível em:

<http//www.pg.cefetpr.br/setal/docs/artigos/2008/a2/013.pdf>.Acesso em: 05/06/2010.

[5] BEERLIFE (2010) Disponível em:

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[6] SENAD (2010) Disponível em: <http://www.senad.gov.br/releases/

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[7] SINDICERV (2007) Disponível < http://www.sindicerv.com.br/mercado.php>

Acesso em: 05/06/2010.

[8] FERRARI, V. Mercado De Cervejas No Brasil. Pontifícia Universidade Católica

Do Rio Grande Do Sul. Face: Faculdade De Administração, Contabilidade E Economia,

Porto Alegre 2008.

[9] TAPA NA CARA (2010) Disponível em: <http://tapanacara.com.br/blog/2010/01/

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[10] SOCIEDADE DA CERVEJA (2010) Disponível em:

<http://www.maverick.com.br/historia-cerveja2.html>. Acesso em: 07/07/2010.

[11] ZUPPARDO, B. Uso de goma Oenogum para estabilização coloidal e de

espuma em cerveja. Universidade de São Paulo, Piracicaba 2010.

Page 42: Revista Citino Edição 1

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[12] Venturini Filho, Waldemar G (2000) < http://www.ebah.com.br/processo-de-

fabricacao-de-cerveja-doc-a44521.html>Acesso em: 10/07/2010.

[13] CARVALHO, B.M.; BENTO,C.V.;SILVA,J.B.A. Elementos Biotecnológicos

Fundamentais No Processo Cervejeiro: 1º Parte – As Leveduras. Artigo

Universidade de São Paulo. Departamento de Biotecnologia 2006.

[14] (Cervesia, 2007).Disponível em:<http://www.ebah.com.br/processo-de-fabricacao-

de-cerveja-doc-a44521.html> Acesso em: 10/07/2010.

[15] AMBEV. Cervejas. Disponível em: <http://www.ambev.com.br/Sociedade_.aspx>

Acesso em: 15/07/2010.

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 43

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

REVIEW

ASPECTS OF INDUSTRIAL PRODUCTION ENZYMES

*Marcel Duarte Wanderley

1, Etney Neves

2,3 e Cristiano José de Andrade

2,3

¹ Engenheiro de Alimentos e Professor na UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus

Barra do Bugres – MT, Brasil. Rua A, s/nº - Cohab São Raimundo- Barra do Bugres, MT. CEP

78390000. 2

Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 3Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Abstract

Enzymes are products with high aggregated value, largely used for many industries.

Among its obtainment source, stands out itself from microbial way, due to its selectivity

on the substrates used and products formed. The main way for the obtainment, in

industrial scale, is the submerged fermentation, due to it has advantages when compared

with semisolid fermentation, such as: higher control of fermentative process and

consequent possibility of reproduction of microbial kinetic, besides higher yields.

Therefore, the aim of this work is describe about the main consideration in enzymology,

besides the way for enzyme production in industrial scale.

Key word: enzyme, microorganism and submersed ferment.

e-mail: [email protected]

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

44

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

REVISÃO

ASPECTOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE ENZIMAS

Marcel Duarte Wanderley

1 e Etney Neves

2,3, Cristiano José de Andrade

2,3

¹ Engenheiro de Alimentos e Professor na UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus

Barra do Bugres – MT, Brasil. Rua A, s/nº - Cohab São Raimundo- Barra do Bugres, MT. CEP

78390000. 2

Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 3Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Resumo

Enzimas são produtos de alto valor agregados, amplamente empregadas em uma gama

de indústrias. Entre as fontes para sua obtenção, destacam-se as de origem microbiana,

principalmente, devido a elevada seletividades dos substratos utilizados e produtos

formados. A principal forma de obtenção de enzimas, em escala industrial, é a

fermentação submersa, por esta apresentar vantagens em relação a fermentação

semisólida, como: maior controle do proceso fermentativo e consequente reprodução da

cinética microbiana, além de maiores rendimentos. Portanto, o objetivo deste trabalho é

decorrer sobre as principais considerações em enzimologia, bem como as diferenças

entre as formas de produção de enzimas em escala industrial.

Palavras-chave: enzima, micro-organismo e fermentação submersa.

1. Introdução

Desde os primórdios da civilização, o homem vem explorando de forma natural

a utilização de enzimas para a produção de alimentos e bebidas. A produção de bebidas

alcoólicas pela fermentação de grãos de cereias já era conhecida pelos sumérios e

babilônios antes do ano 6.000 a.C. Por volta do ano 2.000 a.C. os egípcios passaram

empregá-la também na fabricação de pão.

Estas aplicações se davam de forma meramente práticas, sem nenhum

conhecimento das reações enzimáticas envolvidas. Estes processos só foram

esclarecidos quando se fez necessário conhecer os mecanismos e reações químicas. Esta

evolução dos conhecimentos técnicos e científicos propiciou a utilização de enzimas em

diversos ramos de atuação da atividade humana.

Van Helmont, no século XVII, considerava a transformação dos alimentos um

processo químico mediado por “fermentos”. 1 Em 1814, Kirchoff demonstrou a

e-mail: [email protected]

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

45

conversão do amido em glicose utilizando as enzimas presentes no extrato de trigo.

Johan Kjeldahl em 1833 desenvolveu um método analítico para detectar nitrogênio no

estado trinegativo em certos compostos orgânicos. Este método é utilizado amplamente

na determinação da proteína em alimentos já que a proteína é uma macromolécula feita

de nitrogênio, contendo aminoácidos ligados uns aos outros. O método foi à base para o

desenvolvimento da enzimologia quantitativa e biotecnologia geral. 3

Em 1836, ao investigar processos digestivos, o fisiologista alemão Theodor

Schwann isolou uma substância responsável presente no estômago humano e

denominou-a pepsina, a primeira enzima isolada a partir de tecido animal.

Por volta de 1860 o cientista Von Liebig defendia a idéia de que a fermentação

resultasse de um processo químico comum, no qual os “fermentos” fossem materiais

não vivos. Já Pasteur defendia a idéia de que a fermentação só ocorreria na presença de

organismos viáveis. 1

Em 1876 William Kuhne propôs a utilização do termo enzima para denotar as

substâncias anteriormente conhecidas como “fermentos”. A palavra em si, significa 'na

levedura’ sendo derivada do grego en que significa em, e zyme que significa levedura ou

fermento. 4

Somente em 1897 com o trabalho dos irmãos Buchner, que demonstraram que o

extrato de levedura livre de células podia converter glicose em etanol e dióxido de

carbono exatamente como células de levedura vivas, o impasse entre Liebig e Pasteur

foi resolvido. 2

No mesmo ano, o botânico, micologista e microbiólogo Emil Chr. Hansen

descobriu e desenvolveu um método para propagar levedura que tornou possível

produzir culturas de levedura pura para uso industrial. Seus métodos foram utilizados

sempre desde então na incrementação do processo industrial de fermentações. 3

Em 1894, Emil Fisher descobriu que as enzimas da via glicolítica podem

distinguir enantiómeros (formas D de L), propondo assim ao modelo “chave e

fechadura” para explicar a interação entre enzima e substrato. 5

Em 1926, provou-se pela primeira vez que as enzimas eram proteínas, depois de

se isolar uréase de extratos de feijão. Posteriormente, também se isolaram a pepsina e a

tripsina, que se revelaram proteínas, e a partir daí centenas de enzimas foram

classificadas, purificadas e isoladas. 7

A natureza protéica das enzimas só foi definitivamente aceita em meados de

1930, na sequência dos trabalhos de James Summer e de John Northrop e Moses Kunitz

que demonstraram correlação direta entre a atividade catalítica de preparações

purificadas de enzimas digestivas e o seu conteúdo protéico. 8

Koshland, em 1959, propôs um modelo diferente a que podemos chamar de

“encaixe induzido”. 6

Apenas em meados dos anos de 1950 se deram grandes avanços na tecnologia

das enzimas. O progresso da bioquímica deu origem a uma compreensão mais ampla da

grande variedade de enzimas presentes nas células vivas e de seu modo de ação. 7

Desde o início da década de 1980, as empresas que produzem enzimas vêm

empregando técnicas de modificação genética para aprimorar a eficiência e a qualidade

da produção e para desenvolver novos produtos.

A quimosina recombinante foi à primeira enzima derivada de fonte

geneticamente modificada a receber aprovação para uso alimentar na Suíça em 1988 e

nos Estados Unidos em 1990. 7

Durante os últimos 25 anos a utilização de enzimas em processos industriais

vem se expandindo consideravelmente, embora este campo ainda possa crescer muito

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mais devido à implementação de novas enzimas em outros ramos das indústrias, o que

permite a oportunidade de desenvolvimento de novas tecnologias.

O desenvolvimento do mercado de enzimas é um bom exemplo de aplicação da

biotecnologia em nosso cotidiano. Os principais produtores são oriundos da Europa: a

Novo Nordisk (Dinamarca), Gist-Brocades (Holanda) e Genecor International

(Finlândia). Destas, o Novo Nordisk detém uma percentagem de aproximadamente 50%

do mercado mundial de enzimas industriais. 9

Para o desenvolvimento do presente artigo foi realizada uma pesquisa

exploratória em livros, revistas eletrônicas e sites de busca a qual teve como objetivo

reunir o máximo de informações pertinentes, para um maior entendimento e

familiarização com o tema. A partir desta base foram selecionados como fontes

literárias artigos, livros, trabalhos, dissertações e teses indexadas produzidas por

entidades confiáveis, e que apresentassem os tópicos que se desejava abordar no

trabalho. Com relação à exclusão não foram utilizados como literaturas informações

provenientes de artigos ou partes de artigos, dissertações e teses que não se informa um

autor ou entidade responsável pela vinculação da mesma.

2. Enzimas

Enzimas são moléculas majoritariamente de carácter protéico, embora,

compostos tais como: ribozimas e abzimas, também sejam assim definidos São

biocatalisadores, logo, possuem a capacidade de de diminuir a energia de ativação

requerida para formar um complexo de transição ativado, este por sua vez, que dará

origem a um produto 9, portanto, aceleram a reação por um fator de 10

8 a 10

10 em baixa

concentração. Reações químicas podem ocorrer sem enzimas, porém, no caso das

células, estas reações seriam tão lentas, que certamente seria impossível, a vida sem

enzimas. 10

. Portanto, em células, sua função é viabilizar o metabolismo celular

(catabólico e anabólico), logo se trata de um composto de suma importância para o

desenvolvimento microbiano.

A principal vantagem da reações enzimáticas, se deve a elevada especificidade

(regio, quimio e enatiosseletividade) dos substratos utilizados e produtos gerados. Em

relação ao catalisadores inorgânicos apresentam, baixa formação de produtos

secundários, alta sensibilida à temperatura e pH, alto custo, natureza complexa e

principalmente alta eficiência.

Enzimas, são compostos amplamente utilizadas por uma gama de industria tais

como: farmacêutica, saponácea, láctea, etc.

Atualmente, uma das linhas de pesquisa mais atuante em enzimologia, é

referênte imobilização de enzimas. Esse processo, objetiva a utilização contínua das

enzimas (produtos de alto valor agregado), já que as mesmas normalmente são

descartadas durante as estapas de purificação (downstream), sendo que, a maior

dificuldade é de manter os rendimentos catalíticos ou seja não alterar o sítio ativo da

enzima.

As enzimas são codificadas (números) inicialmente em grupos, definidos em

função do tipo de reação em que atuam, sendo: (1) oxidorredutases, (2) transferases, (3)

hidrolases, (4) liases, (5) isomerases e (6) ligases, como determinado pela International

Union of Biochemistry. A nomenclatura é definidade, adicionando-se a terminação ase

ao nome do substrato com o qual realizam reações, como por exemplo, A enzima que

controla a decomposição da uréia recebe o nome de uréase; aquelas que controlam a

hidrólise de proteínas denominam-se proteases assim como as que hidrolisam o amido

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são chamadas de amilases. Algumas enzimas como as proteases tripsina e pepsina,

conservaram os nomes utilizados antes que se adotasse esta nomenclatura. 12

Devido ser extremamente sensíveis as enzimas necessitam de condições

especificas para atuarem corretamente. Os fatores que influem sobre a eficiência da

ação enzimática são a concentração de substrato, o pH e a temperatura. Devido a suas

características as enzimas são ativas em uma faixa estreita de pH e são sensíveis às

mudanças de acidez ou alcalinidade em seu meio. Comparadas a reações químicas,

agem muitas vezes sob condições relativamente brandas em termos de temperatura e de

acidez. 10

As enzimas também podem apresentar efeitos secundários indesejados, como a

deterioração de alimentos. Uma das razões pelas quais processamos alimentos consiste

em impedir que as enzimas os decomponham ou deteriorem. Existem métodos de

processamento como a pasteurização, a esterilização e branqueamento, para destruir

quaisquer microorganismos nocivos e inativar enzimas. O processamento também pode

incluir refrigeração e congelamento, para desacelerar a atividade enzimática.

A enzimologia é uma das bases na tecnologia de alimentos, devido a esta

influenciar desde a matéria prima até o produto alimentício acabado. Com base do

conhecimento da ação enzimática tornou-se possível a eliminação de vários processos

desfavoráveis a manutenção das características sensoriais, e a conservação do tempo de

vida útil dos alimentos. Ela também possibilitou o desenvolvimento e melhoria de

produtos alimentícios, os conferindo qualidades agradáveis e especiais ao consumo. 16

Em muitos processos as enzimas podem substituir substâncias químicas

sintéticas e contribuir para processos de produção ou gerar benefícios para o meio

ambiente, por meio da biodegradabilidade e pelo menor consumo de energia. Elas são

mais específicas em sua ação do que as substâncias químicas sintéticas.

Os processos que empregam enzimas, portanto, produzem menos subprodutos

residuais, propiciando a obtenção de produtos de melhor qualidade e diminuindo a

probabilidade de poluição.

3. Produção industrial

Embora existam diversas fontes para a obtenção de enzimas tais como: células

vegetais, células animais, algas, etc., as de origem microbiana, apresenta algumas

vantagens sobre as demais, entre as quais: alta especificidade, possível facilidade de

purificação (extracelular), produção concomitante, independência da sazonalidade, etc.

Enzimas microbianas podem ser obtidas por cultivo superficial em substratos

sólidos, também conhecida por fermentação semisólida (FSS), sólida (FS) ou em estado

sólido (FES), em que se pode utilizar diversos substratos/suportes, como por exemplo:

farelo de trigo, milho, cascas de algumas frutas, preparados à base de soja, farinha de

trigo, cacau em pó, grãos de cereais, legumes, madeira e palha; ou podem ser obtidas

por fermentação submersa (FS), cuja definição é de que o meio de cultura, apresenta

alto teor de água. Portanto, as principais diferenças entre a FSS e FS é que a primeira

ocorre com a quantidade de água mínima para o desenvolvimento microbiano e

normalmente fungos filamentosos são os micro-organismos utilizados, enquanto que na

FS os nutriente, estão dissolvidos em água, e são utilizados principalmente leveduras,

bactérias e algas. 17

O meio de cultura em geral, deve conter macronutrientes fermentecíveis

(assimilaveis metabólicamente pelo micro-organismos), sendo que as fontes de carbono

(energia) e nitrogênio, as mais significantes, além disso, micronutrientes (ferro,

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manganês, etc.) e fatores de crescimento (vitaminas) são em geral, essênciais ao

desenvolvimento microbiano.

A produção de enzimas em escala industrial se faz, majoritariamente, por

fermentação submersa, embora nos países orientais exista ainda a tradição da utilização

da fermentação semi-sólida.

Por definição, fermentação submersa é aquela na qual o micro-organismo

produtor se desenvolve no interior do meio de fermentação, geralmente agitado. No

caso de fermentações aeróbias, o oxigênio necessário à população em desenvolvimento

é suprido, através de um compressor, por borbulhamento de ar. 19

.

Majoritariamente, a produção de enzimas em escala industrial é realizada por

processo submerso devido a esta possuir relativa facilidade de cultivo, garantir

homogeneidade do meio e facilidade de parâmetros de controle de processo, entretanto

a maior facilidade de contaminação devido à alta atividade de água e consequente

possibilidade de desenvolvimento de bactérias, leveduras e fungos filamentosos. 18

Na FS, além de um melhor controle em geral do processo (pH, temperatura,

porcentagem de oxigênio dissolvido no meio, concentração do produto e substrato), e a

possibilidade da recuperação de enzimas extracelulares, a determinação de biomassa e

consequente cinética de crescimento é facilitada.. Em que uma amostra, pode ser

utilizada para determinação das células viáveis e totais, e o sobrenadante utilizado para

a identificação da atividade enzimática.

Além dos pontos já citados, quando comparada a outros métodos, a FS oferece

uma de vantagens em relação a FSS tais como: 19

• Facilidade no controle de grandes volumes;

• Os micro-organismos são submetidos as mesmas condições (homogeneidade) físico-

químicas, e principalmente o acesso aos nutirente, facilitando a identificação dos

parâmetros ideais de produção;

• A absorção de nutrientes e excreção de metabólitos é executada com maior eficiência

e, consequentemente, maior produtividade;

• Viabilidade econômica de produtos limitados via FS, tais como: álcool etílico, bebidas

alcoólicas, antibióticos, vitaminas, enzimas, insulina, etc.

A escolha da linhagem e o preparo do inóculo são parâmetros significativos em

todos os processos fermentativos. A elaboração de inoculo de maneira adequado

proporcionará, uma igualdade metabólica entre as células, além do controle do números

de células adicionados em um determinado volume de meio de cultura, a escolha da

linhagem por sua vez, implicará em produção de compostos específicos. Além disso, a

presença de compostos específicos no meio de cultura, pode influênciar nos

rendimentos da eznima-alvo.

A fermentação industrial ocorre no interior de fermentadores, geralmente

operados de modo descontínuo e mecanicamente agitados, podendo estes possuírem

capacidade de 10.000 a 100.000 litros. Estes fermentadores, normalmente possuem um

sistema de controle de temperatura, via serpentina interna ou encamisamento do

bioreator, , sendo a duração do processo fermentativo por batelada na ordem de 30 a

150 horas. 19

Após esse período o bioreator é resfriado próximo a 5oC, o que garante a

estabilidade do produto e retarda o desenvolvimento microbiano. Em seguida, o pH é

ajustado para o valor ótimo da enzima-alvo, logo, o meio de cultura segue para o

primeiro processo de purificação (downstream), a clarificação, que pode ser realizada

por filtração ou centrifugação. O sobrenadante, segue para a segunda etapa de

purificação, em que a enzima é concentrada, esse processo é realizado via ultrafiltração

ou evaporação a vácuo. Finalmente, o produto remanescente é estabilizado com aditivos

e comercializado. Alternativa, a etapa de concentração supracitada, a secagem via

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liofilização, ou spray-dry é uma opção viável, desde que não ocorra desnaturação

enzimática 20

, sendo o estado do produto final, um sólido, com maior estabilidade que a

forma em solução. Este produto, deve apresentar baixa granulometria, devendo-se

realizar a peletização ou aglomeração do mesmo em partículas maiores. Quando se

pretende obter uma preparação com maior grau de pureza submete-se a mesma a uma

série de técnicas de fracionamento e purificação. 18

O teor de pureza de enzimas pode ser medido por eletroforese, técnica embasada na

separação de moléculas em função da existência de uma diferença de potencial. O grau

de pureza esta relacionado com à aplicação do produto. No caso de enzimas utilizadas

em indústrias alimentícias este grau de pureza deve ser elevado para que não ocorra

contaminação ou produção de compostos indesejados no produto final. 20

4. Conclusão

Enzimas são biocompostos com capacidade catalítica de alta especificidade.

Podem ser obtidas através de varias fontes, sendo a mais utilizadas industrialmente as

de origem microbiana, e desta por FS em função de diversas vantagens em relação a

FSS.

Quando obtidas através de FSS, podem ser utilizados resíduos agroindustriais

tais como: farelo de trigo, milho, cascas de algumas frutas, cacau em pó, grãos de

cereais e outros, devido seu teor de nutrientes e baixo custo.

Entre os muitos fatores significativos em um processo fermentativo, destacam-se

a escolha do micro-organismo e meio de cultura, o primeiro em função de seu arsenal

enzimático (metabolismo) e consequente capacidade de síntese do produto alvo, o

segundo, por viabilizar e direcionar as via metabólicas, resultando em possíveis

altereações de rendimento.

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50

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Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ORIGINAL ARTICLE

PEROXIDASE AND PHOSPHATASE ENZYME ANALYSIS

IN SAMPLES OF RAW, PASTEURIZED AND LONG LIFE MILK

Bruno Souza Franco ¹,

Susana Rubert Manfio

1,

Cristiano José de Andrade2,5

e Marcelo Franco Leão 2,3,4,5

1

Acadêmicos do sétimo semestre do curso de Engenharia de Alimentos UNEMAT.- Universidade do

Estado de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. Rua Florianópolis, nº 79 Centro

, Barra do Bugres – MT. 2

Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 3 Tutor do Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT/UAB.

4 Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Psicanálise, Educação e Sociedade promovido

pelo Instituto Superior de Educação e Teologia – INSET. 5Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Abstract

Milk is a food which has high content of nutrients such as: sugar (lactose), lipids,

proteins, minerals, organic acids, etc., thereby, due to its chemical composition, there is

a high potential of microbial development. Therefore, is necessary its thermal treatment

(pasteurization), aiming the reduction of microbial content, besides the inactivation of

inherent enzymes of milk, such as: peroxidase and phophatase. Therefore, the aim of

this work is analyze the acidity and enzymes activity of peroxidase and phosphatase on

the following samples: crude milk, milk (HTST), low fat milk (UHT), whole milk

(UHT). The results were satisfactory in all samples, (14 a 15° Dornic). Was not

identified enzyme activity of phosphatase, which indicates the thermal process was

appropriate. However, the peroxidase activity was indicated in milk samples (HTST),

and absent in milk samples (UHT), which confirm the phosphatase results.

Key word: milk, pasteurization, peroxidase, phosphatase.

e-mail: [email protected].

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Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ARTIGO ORIGINAL

ANÁLISE DAS ENZIMAS PEROXIDASE E FOSFATASE EM

AMOSTRAS DE LEITE CRU, PASTEURIZADO E LONGA VIDA

Bruno Souza Franco ¹,

Susana Rubert Manfio

1,

Cristiano José de Andrade2,5

e Marcelo Franco Leão 2,3,4,5

1

Acadêmicos do sétimo semestre do curso de Engenharia de Alimentos UNEMAT.- Universidade do

Estado de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. Rua Florianópolis, nº 79 Centro

, Barra do Bugres – MT. 2

Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 3 Tutor do Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT/UAB.

4 Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Psicanálise, Educação e Sociedade promovido

pelo Instituto Superior de Educação e Teologia – INSET. 5Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Resumo

O leite é um alimento com alto teor de nutrientes tais como: açúcar (lactose), lipídeos,

proteínas, sais minerais, ácidos orgânicos, etc., logo, devido a sua composição química,

há alto potencial de desenvolvimento microbiano. Assim, é necessário que o leite seja

processado termicamente (pasteurização), objetivando a redução da carga microbiana,

além da inativação de enzimas inerentes ao leite, tais como: peroxidase e fosfatase.

Portanto, o objetivo deste trabalho é analisar a acidez e atividades enzimáticas da

peroxidase e fosfatase nas seguintes amostras: leite cru, leite HTST, leite desnatado

(UHT), leite integral (UHT). Os resultados quanto à acidez do leite foram satisfatórios

em todas as amostras, (14 a 17°Dornic). Não foi identificada atividade enzimática da

fosfatase, indicando que o processamento térmico foi adequado. No entanto, a atividade

da peroxidade foi identificada nas amostras de leite (HTST), e ausente nas amostras de

leite (UHT), o que corrobora com os resultados da fosfatase.

Palavras chaves: leite, pasteurização, peroxidase e fosfatase.

1. Introdução

O leite pode ser definido como: produto integral resultante da ordenha total e

ininterrupta de uma fêmea saudável e bem alimentada, devendo ser ordenhado

recolhido de forma adequada. 1 É uma emulsão branca ligeiramente amarelada, com

sabor levemente adocicado, e um odor suave, os principais componentes do leite de

e-mail: [email protected].

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vaca são: água (87,3 %), proteínas (0,32 %), carboidratos (0,46 %), lipídios (0,39 %) e

ácidos orgânicos (0,018 %). ² Portanto, devido a sua composição química, há alto

potencial de desenvolvimento microbiano. Assim, é necessário que o leite seja

processado termicamente (pasteurização), objetivando a redução da carga microbiana,

além da inativação de enzimas inerentes ao leite, tais como: peroxidase e fosfatase. 3

Segundo o Ministério da Agricultura, a pasteurização é um tratamento térmico,

com o objetivo de eliminar os micro-organismos deteriorantes e patogênicos.

Geralmente são empregados três tipos de tratamentos térmicos no leite, normalmente

conhecidos pelos respectivos acrônimos em inglês, que são: (LTLT) baixa temperatura

(62 a 63 oC) por um longo intervalo (30 e 35 minutos); (HTST) alta temperatura (72 a

75 oC) por um curto intervalo (15 a 20 segundos); e (UHT) temperatura ulltra alta (130

a 150 ºC ) por um intervalo muito curto (2 a 4 segundos). Os dois primeiros processos

classificam o leite como pasteurizados, enquanto o último como longa vida. Após a

pasteurização, o leite deve ser resfriado a temperatura de 4 oC ou inferior até o

consumo. O leite longa vida por sua vez, deve ser resfriado e pode ser armazenado à

temperatura ambiente. Neste âmbito, o mercado formal é majoritariamente composto

por leite pasteurizado (HTST) e longa vida. 4

É possível verificar se a pasteurização foi conduzida dentro das temperaturas e

tempos corretos, analisando a atividade enzimática das peroxidases e fosfatase alcalina.

A primeira, é uma das enzimas mais termoresistentes, logo, caso a mesma tenha sido

desnaturada, há indícios de que houve um excessivo tratamento térmico. Por outro lado,

se comprovada a atividade enzimática da fosfatase alcalina no leite pasteurizado, há

indícios de que a pasteurização não foi conduzida corretamente. Para os leites

classificados como longa vida, devido a elevada temperatura empregada, ambas as

atividades enzimáticas devem ser nulas. 5

Portanto, este trabalho tem o propósito de avaliar a qualidade do leite

comercializado no município de Barra do Bugres, onde foram investigadas a acidez e a

atividade das enzimas peroxidase e fosfatase, nas seguintes amostras: leite cru, leite

pasteurizado (HTST), desnatado (UHT), integral (UHT).

2. Materiais e Métodos

2.1. Coleta das amostras

Foram coletadas amostras de leite cru através do mercado informal local, além

disso, foram coletadas amostras de leite pasteurizado (HTST) e longa vida, sendo deste,

um desnatado e dois integrais, na cidade de Barra do Bugres-MT, no mês de novembro

de 2010. Em seguida, as amostras foram levadas ao Laboratório de Ensino de Química

da Universidade Estadual de Mato Grosso, campuns Barra do Bugres e avaliadas quanto

a acidez do leite, atividade enzimática da fosfatase alcalina e peroxidase, e os resultados

comparados com a legislação vigente.

2.2. Análises laboratoriais

2.2.1. Acidez

Foram diluídos 10 mL de leite, em 20 mL de água no erlenmeyer (100 mL) e

adicionadas 3 gotas de solução alcoólica de fenolftaleína. Em seguida, a mistura foi

titulada com solução de soda Dornic, até a mesma adquirir uma coloração rósea por

mais de 1 minuto.

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

54

2.2.2. Fosfatase alcalina

Para a análise de atividade da fosfatase alcalina foram diluídos 2 mL de cada

amostra de leite, em 1 mL do reagente p-nitrofenil-fosfato em tubos de ensaio. Em

seguida, os tubos foram incubando em banho maria por 10 min a 37 °C.

2.2.3. Peroxidase

Para a análise da atividade da peroxidase, 10 mL de amostra de leite foram

adicionados em tubos de ensaio. Em seguida, 3 gotas de de peróxido de hidrogênio e 10

gotas de guaiacol foram adicionadas. Finalmente, os tubos foram mantidos em banho

maria a 35 oC por 15 minutos.

3. Resultados e Discusão

3.1 Acidez oDornic

Segundo a Instrução Normativa nº 51 de 18/09/2002, o leite pode ser

considerado dentro dos padrões de acidez, quando contiver de 0,14 a 0,18 g de ácido

láctico pra cada 100 mL de leite. Na escala Dornic cada 0,1 g de acido láctico

corresponde a um 1º Dornic. 6

A análise dos dados ilustrados da Tabela 1, indica que os resultados são

condizentes com a instrução normativa, em que ocorreu uma variação de acidez entre 14

a 17 oDornic, onde a acidez encontrada variou de 14 a 15 ºDornic.

Tabela 1. Média das Titulações de acidez

oDornic.

Este resultado esta próximo aos resultados de Mesquita et al., (1996) onde ele

analisou 1038 amostras, de leite pasteurizado no processo lento, ele obteve uma média

de acidez de 15,227 ºD com desvio padrão de 1,251.

3.2 Fosfatase alcalina

A enzima fosfatase é termossensível, ou seja, em leites pasteurizados e longa

vida, não devem apresentar atividade enzimática da mesma, caso contrário, o

processamento térmico pode não ter sido efetuado adequadamente. 7

Tipo de Leite Amostra 1 Amostra 2

Leite Cru 15 °D 15 °D

Pasteurizado (HTST) 15 °D 15 oD

Desnatado (UHT) 15 °D 17 °D

Integral 1 (UHT) 15 °D 15 °D

Integral 2 (UHT) 15 °D 14 °D

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

55

A fosfatase alcalina hidrolisa o p-nitro-fenilfosfato (incolor), formando p-

nitrofenol, este composto tem cor amarelada. 8

A análise dos dados da Tabela 2 indica

ausência de atividade enzimática (ausência da coloração amarela) em todas as amostras

processadas termicamente, o que sugere que os tratamentos foram realizados de maneira

adequada.

Tabela 2. Resultados do comportamento da Fosfatase Alcalina com reagente específico.

Em relação ao leite cru, houve a presença de coloração amarelada, o que é

condizente com o esperado, já que o mesmo não foi tratado termicamente. Portanto, as

amostras coletadas estão de acordo com a Instrução Normativa nº 51 de 18/09/2000 e

os resultados semelhantes aos encontrados em trabalho de avaliação de os leites

comercializados em Carazinho-RS. 9

3.3 Peroxidase

A peroxidase reage condensando moléculas de guaiacol, gerando produtos de

coloração escura, estes compostos diluído no leite resultarão em coloração alaranjada

(salmão), caso as amostras não tenham atividade enzimática da peroxidase, o leite

permanecerá com coloração branca. 10

A análise da Tabela 3 demonstra que o leite cru

e o leite pasteurizado, apresentaram atividade enzimática, enquanto que os leites longa

vida, não apresentaram coloração alaranjada, indicando que ocorreu a desnaturação das

peroxidases. Esses resultados que as amostras analisadas estão de acordo com a

Instrução Normativa nº 51 de 18/09/2002. 6

Tabela 3. Resultados do comportamento da Peroxidase na presença de Guaiacol.

Tipo de Leite Amostra 1 Amostra 2

Leite Cru positivo positivo

Pasteurizado (HTST) negativo negativo

Desnatado (UHT) negativo negativo

Integral 1 (UHT) negativo negativo

Integral 2 (UHT) negativo negativo

Tipo de Leite Amostra 1 Amostra 2

Leite Cru reagiu reagiu

Pasteurizado (HTST) reagiu reagiu

Desnatado (UHT) não reagiu não reagiu

Integral 1 (UHT) não reagiu não reagiu

Integral 2 (UHT) não reagiu não reagiu

Page 56: Revista Citino Edição 1

Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

56

4. Conclusão

De acordo com o Decreto nº66.183, de 5 de fevereiro de 1970, é proibida a

venda de leite cru para consumo direto da população, em todo o território nacional.

Entretanto, como pode ser verificado, na cidade de Barra do Bugres esse comércio

informal é praticado, embora a análise dos resultados seja condizente com o esperado,

ou seja, comprovada atividade enzimática da peroxidase e fosfatase alcalinas.

A análise dos dados encontrados indica que os processamentos térmicos (HTST

e UHT) pelos quais as amostras foram submetidas, foram realizados de maneira

adequada em relação à acidez e as atividades enzimáticas da fosfatase e peroxidase e,

portanto, se enquadram na Instrução Normativa nº 51 de 18/09/2002. 6

5. Referências

[1] MAHAUT, M.; JEANTET, R.; BRULÉ, G.; SCHUCK, P. Les Produi

ts Industriels Lai tiers.Editions Tec & Doc, 1­22. Paris. France, 2000.

[2] BEHMER, M.l. L. A. Tecnologia do leite: leite, queijo, manteiga, caseína, iogurte,

sorvetes e instalações: produção, industrialização, analise. 13ºed. São Paulo: Nobel,

1984.

[3] FRANCO, B. D. G. M.; LANGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo:

Atheneu, 1996

[4] BRASIL, Ministério da Agricultura. Departamento nacional de Inspeção de

Produtos de Origem Animal. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de

Produtos de Origem Animal – Riispoa. aprovado pelo decreto n 30691 de 29 de março

de 1952, alterado pelo decreto 1255 de 25 de junho de 1962. alterado pelo decreto

2244 de 04/06/1997. brasília-df. 1997.

[5] PRATA, L. F. Fundamentos de ciência do leite. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, 2001.

[6] Instrução Normativa n.51 de 18 de setembro de 2002. Regulamento Técnico de

Produção, Identidade e Qualidade de Leite Tipo A, Tipo B, Tipo C e Cru refrigerado.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 29 set. 2002. Seção 1,

p.13.

[7] BEHMER, M.L.A.Tecnologia do Leite. 13ª edição, Livraria Nobel,São Paulo,1999

[9] XAVIER,C.A.; Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Luterana do

Brasil(ULBRA), Brasil, 2008.

[10] TIMM,C.D; BUCLE,J; GONZALEZ,H.L; SCHUSTER,C; atividade das enzimas

fosfatase e peroxidase como instrumento de verificação da eficácia da pasteurização

lenta de leite previamente envasado

[11] < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D66183.htm > Acesso

em novembro de 2011.

Page 57: Revista Citino Edição 1

Volume 1׀ Número 1 ׀ Outubro-Dezembro de 2011 RESVISTA CITNO

Ou

tub

ro -

Dez

emb

ro d

e 2

011

SEÇÃO MATERIAIS

MATERIALS SECTION

CERÂMICOS, VIDROS E VITROCERÂMICOS

SECTION CERAMICS, GLASS AND CERAMICS

Pág.

58 MATERIAIS VITROCERÂMICOS INTELIGENTES

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Vol. 2, No. 4, outubro-dezembro 2012, Página 58

Vol. 2, No. 4,

Outubro-Dezembro de 2012

ARTIGO ORIGINAL

MATERIAIS VITROCERÂMICOS INTELIGENTES

Etney Neves

1,2, C. A. Fortulan

3, B. de M. Purquerio

3

1

Professor Visitante do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado

de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 2Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil. 3LTC - Laboratório de Tribologia e Compósitos/Depto de Eng. Mecânica – EESC-USP

[email protected]

Resumo

As propriedades gerais de um vitrocerâmico de Anortita estão sendo estudadas.

Inicialmente a Anortita esta sendo sugerida para aplicação como biomaterial. As peças

para os testes são conformadas a partir do processamento de um vidro. Os cristais de

anortita são obtidos posteriormente através da cristalização controlada do vidro.

Resultados iniciais descrevem a Anortita como um material inteligente. Esse

vitrocerâmico foi testado em vitro e em vivo (implantado em coelhos). Os resultados

destas pesquisas descrevem um material biocompatível. Testes mecânicos foram

sugeridos e estão sendo realizados na tentativa de ampliar o campo de conhecimento e

conseqüentemente as propostas para aplicação do vitrocerâmico. Resultados

preliminares mostraram que a média aritmética resultante dos ensaios de resistência

mecânica a flexão (3 pontos) foi de 124 N/mm2. A discussão dos resultados será

direcionada para a área da bioengenharia, considerando os dados experimentais de

resistência à compressão, dureza e desgaste.

Palavras chaves: vitrocerâmico inteligente, anortita, bioengenharia.

e-mail: [email protected]

Page 59: Revista Citino Edição 1

Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 59

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

ORIGINAL ARTICLE

INTELLIGENT GLASS CERAMIC MATERIALS

Etney Neves

1,2

1

Professor Visitante do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado

de Mato Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 2Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Abstract

Some specific properties of crystals can make an excellent base for the production of

glass ceramic materials. This paper demonstrates the possibility of making “intelligent

materials” from suitable glasses. Intelligent materials can be defined as materials that

respond to the environmental changes, relatively to the conditions imposed by

environment and have different functions according to these changes. Since there is a

vast possibility of crystallisation in glasses, we demonstrated that controlled

crystallisation could lead to the production of glass ceramics that have the attributes of

the intelligent materials. Our approach uses the benefits of the general properties of the

glass ceramics (for example resistance to pressure and high temperature) to produce

novel intelligent materials, which can be used in many different areas. Experimental

result and possible applications are discussed.

Keywords: intelligent materials, glass, glass ceramics.

1. Introduction

Intelligent materials can be defined as materials that respond to the

environmental changes and manifest their function according to that changes. Studies

correlating ceramic properties with the intelligent functions of material, previously

considered disadvantageous, represent the innovation in the scientific field . They also

suggest the new approach in the use of these properties. Anorthite crystals ((CaAl2Si2)8)

made by controlled crystallisation of the glass is an excellent example. These crystals

have low corrosion resistance when in acid environments. That could be a problem and

it is discussed in his paper together with other useful properties like resistance to high

temperature and pressure, which both can increase the potential for use of this material. X-ray diffraction (RDX) was used to determine the crystalline phases of the

glass ceramic, showing the presence of anorthite and orthoclase. The viscosity

e-mail: [email protected]

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 60

reduction of the base glass due to the addition of a small quantity of potassium caused

the spouting of the orthoclase phase. The orthoclase phase interacts with anorthite

crystals forming a solid solution1. The Scanning Electron Microscopy (SEM), had been

used to evaluate the microstructure morphology. The methodology for evaluation of the chemical resistant of glass ceramics

derived from the ternary system CaO–Al2O3-SiO2 was previously described in

literature and was used to test our system. The behavior of the material in function of

the environment pH changes was analyzed and the discussion and conclusions presented

later in the paper.

2. Intelligent material

The intelligent material is a newly created concept based on the contemporary

materials and computer science3. This concept describes specially designed material

“tailored material”, capable of having several functions. It can be used as a sensor,

processor or, in other words, as a carrier of the feedback/forward functions in the

combination with other material properties. The current interest of this new scientific

field is to assemble smarter structures and achieve high performance systems with

improved discrimination, adjustability etc. The intelligent materials are of interest in the

wide area of research and create interdisplinary filed combining technology and science

(medicine, pharmacy, chemistry). They can also be applied in the production of

biomaterials, polymers, semiconductors, and ceramics). Until now, the intelligent materials entered the filed of medicine, pharmacy and

biomaterials with the development of artificial skin an bones, and delivery systems for

drugs so that they can act in the specific region of the human body. Research has also

been done in the fields of mechanical engineering leading to the production of the

memory alloys. Electronic engineering makes use of the intelligent materials to develop

smaller and more efficient integrated circuits and semiconductors. However, no

attention was yet given to the development o ceramic material to be used as intelligent

materials. This work shows how intelligent materials can be generated form the glass-

controlled crystallisation. For the first time we show that identification of “intelligent

properties” of crystals, that are possible to be achieved, could lead to the development

of the new applications of the glass ceramics.

3. Ternary system and Anorthite

The crystal formation and growth in the glass is only possible if the chemical

composition of the starting mixture has an adequate amount of a glass-forming agent.

That is why the glass based of the ternary system CaO-Al2O3-SiO2 was prepared. That

corresponds to the Anorthite and it was chosen because of the particular features of its

crystals: to reply to the pH environmental changes. Anorthite crystals have triclinic

symmetry (abc, 90o), Figure 1. The crystal has ten planes. However it is

known that it can also crystallize in other symmetries.

The Anorthite physical and chemical properties correspond to that of the

plagioclase. This mineral category can be described as a solid solution between

Anorthite (CaAl2Si2O8 and Albite or Orthoclase with the following theoretical

properties; hardness of 6 to 6.5 Mohrs, b) white, grizzly, bluish reddish or greenish

color, c) glass brightness, d) very good cleavage in 001 and 010, e) density of 2.6

and 2.76 of crystals with prism or plate shapes. The Anorthite has one distinct feature

Page 61: Revista Citino Edição 1

Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 61

that makes it an exception to the other minerals form the plagioclase and that is that it is

sensitive to acid environments.

Figure 1. Typical Anorthite (CaAl2Si2O8) features:

(a) triclinic system unit cell and (b) crystal shape.

4. Experimental procedure

The starting materials have been homogenized and casted in Al2O3 crucible at

1150oC for 2 hours. Rutile (TiO2) was used as nucleating agent. The resulting glass was

quenched in air an subsequently nucleated (at 830oC for 15 minutes and crystallized at

1130oC for 20 min). Glass ceramics powder with particle size less than 45 mm was

prepared for XRD analysis. Other samples were checked for chemical resistance

remaining for 24 hours at 90 oC in acid, basic (both concentrated and diluted) and

neutral solutions. Since it was shown in previous papers that there are different

orientations of the crystallisation the glass, leading to the different unit cell features on

the surface and in the deeper layers, both layers were investigates. Glass ceramics

samples were prepared and evaluated by Scanning Electron Microscopy (SEM).

5. Results

The X-ray diffraction analysis of the glass ceramic showed that Anorthite

crystals had been formed in the glass. Orthoclase crystals and rutille were also detected.

2 0 3 0 4 0 5 0 6 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

C a A l2S i

2O

8

K A lS i3O

8

T iO2

Inte

ns

ida

de

 n g u lo [2 ]

Figure 2. X-ray diffraction identifying the glass ceramic crystalline

peaks.

Figure 3 (a) shows that microstructure morphology of the chemically treated

crystal area (HF, 15 sec), bottom. Figure 3(b) shows a vigorously treated region of the

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 62

superficial and volumetric growth interface, where the clear change of the orientation

can be seen.

Figure 3. Glass ceramic micrograph showing the crystallized area a) mildly treated

and b) superficial and volumetric crystallization interface treated vigorously.

Tables 1 and 2 present the results obtained from the chemical attack resistance

testes of the samples with and without the superficial layer, respectively.

Table 1. Samples with the superficial layer.

Solution Loss of Mass (%) Initial Mass (g) Final Mass (g)

10% H2SO4 9,15 0,0820 0,0745

HNO3 conc. 6,12 0,0572 0,0537

10% HNO3 15,37 0,0735 0,0622

HCl conc. 7,25 0,0676 0,0627

10% HCl 4,64 0,1184 0,1129

NaOH conc. -0,16 0,0645 0,0646

NaOH 5% 0,90 0,0776 0,0769

Na2CO3 10% 0,32 0,0627 0,0625

H2O destilada 0,15 0,0655 0,0654

Table 2. Samples without the superficial layer: volume.

Solution Loss of Mass (%) Inicial Mass (g) Final Mass (g)

10% H2SO4 15,625 0,0320 0,0270

HNO3 conc. 19,362 0,0470 0,0379

10% HNO3 21,543 0,0311 0,0244

HCl conc. 13,65 0,0315 0,0272

10% HCl 12,86 0,0412 0,0359

NaOH conc. 1,26 0,0318 0,0314

NaOH 5% 2,81 0,0320 0,0311

Na2CO3 10% -1,68 0,0417 0,0424

(a) (b)

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 63

H2O destilada 0,63 0,0316 0,0314

6. Discussion

The micrographs reported in the previous papers showed the same

microstructure morphology as seen in our case. Anorthite crystals have been formed in

the glass. KAlSi2O8 and TiO2 were also present.

Low resistance of the material to the acid attack is attributed to the CaAl2Si2O

crystals, as seen in literature. The bigger loss of mass was observed for the samples that

had the superficial layer removed, which indicate a particular difference between

superficial layer and the volume.

The differences in the molding glass can be related to the good pressure

resistance and high temperature resistance of the Anotthite phase, according to

literature. That suggested that glass ceramics rich in this crystal makes the intelligent

material being able for use in the high temperature environments.

7. Conclusions

The glass ceramic material described in the paper is the example of a material

with properties of the intelligent material made by glass crystallization.

8. Bibliographic References

[1] DUD'A, R. and REJL, L., A Grande Enciclopédia dos Minerais (Editorial

Inquérito Ltda, 1994), Portugal, p. 390-392.

[2] STRNAD, Zdenk, Glass-Ceramic Materials: Liquid phase separation,

nucleation and crystallization (Czechoslovakia, 1986).

[3] TAKAGI, T.: A perspective of the Intelligent Materials. in First International

Conference on Intelligent Materials, 1992, edited by Takagi, T; Takahashi, K.;Aizawa,

M.; Miyata, S., (Technomic Publishing Co. Inc., Lancaster, Pennsylvania - USA, 1993),

p. 3-8.

[4] NEVES, E.; SPILLER, A.L.; TRIDAPALLI, D.; RIELLA, H. G.: Development of

Anorthite Crystals in Glasses. in Second Brazilian Symposium on Structurology, 2001,

p. 120.

[5] CALLISTER, W. D. Jr., in Materials Science and Engineering: An Introduction,

edited by John Willey & Sons Inc. (EUA, 2000).

[6] RYU, B. and YASUI, I., Crystallization Behavior of CaO-Al2O3-SiO2 Glass and

Microstructur Dependence of its Thermal Expansion. in Journal of American

Ceramic Society, (1993).

[7] HE, L. et all., Effect of the TiO2-Fraction on the Glass-Ceramic Crystallization

in the System CaO-Al2O3-SiO2. Interceram 47, p. 6 (1998).

[8] TOPOROV, N. A. and TIGONEN, G. V., Neorganicheskie Materialy. 1, p. 775-

779 (1965).

[9] NEVES, E., Universidade Federal de Santa Catarina, Obtenção de Material

Vitrocerâmico a Partir de Cinza Pesada de Carvão Mineral, Tese (2002).

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Volume 1׀ Número 1 ׀ Outubro-Dezembro de 2011 RESVISTA CITNO

Ou

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ro -

Dez

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011

SEÇÃO EDUCAÇÃO

EDUCATION SECTION

Pág.

65. A ÉTICA PROFISSIONAL EXERCIDA NA PSICANÁLISE E NA

EDUCAÇÃO

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Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página 65

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

REVIEW

PROFESSIONAL ETHICS IN

PSYCHOANALYSIS AND EDUCATION

Marcelo Franco Leão

1,2,3,4

1

Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 2 Tutor do Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT/UAB.

3 Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Psicanálise, Educação e Sociedade promovido

pelo Instituto Superior de Educação e Teologia – INSET. 4Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Abstract

This article presents reflections on the Ethics experienced in Psychoanalysis and

Education. It is characterized as a review article discussing the ideas of Freud, Lacan

and Kant about the subject. The study objective was to bring the ways of dealing with

ethics in both proposed areas and the importance of considering the subject's desire in

the process. Ethics in Psychoanalysis is involved in the analyzed person’s

unconsciousness, which is his desire. On the other hand, in education, it is associated

with scientific knowledge rules. Thus, psychoanalysis contributes to understanding

education in the whole of the subject.

Keywords: ethics, psychoanalysis, education.

e-mail: [email protected]

Page 66: Revista Citino Edição 1

Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

66

Vol. 1, No. 1,

Outubro-Dezembro de 2011

REVISÃO

A ÉTICA PROFISSIONAL EXERCIDA

NA PSICANÁLISE E NA EDUCAÇÃO

Marcelo Franco Leão

1,2,3,4

1

Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNEMAT.- Universidade do Estado de Mato

Grosso, Campus Barra do Bugres - MT. 2 Tutor do Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT/UAB.

3 Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Psicanálise, Educação e Sociedade promovido

pelo Instituto Superior de Educação e Teologia – INSET. 4Pesquisador Associado a Associação Nacional Instituto Hestia de Ciência e Tecnologia, HESTIA.-

Brasil.

Resumo

Este artigo apresenta reflexões sobre a Ética, vivenciada na Psicanálise e na Educação.

Caracteriza-se como um artigo de revisão, discutindo as idéias de Freud, Lacan e Kant,

sobre o tema. O objetivo do estudo foi trazer as formas de lidar com a Ética, em ambas

as áreas propostas, e a importância de considerar o desejo do sujeito do processo. Na

Psicanálise, a Ética está implicada ao inconsciente do analisando, que é o seu desejo. Na

Educação, ela está associada ao seguimento de normas do conhecimento científico.

Assim, a Psicanálise vem contribuir na Educação para compreender o todo do sujeito.

Palavras-chaves: ética, psicanálise, educação.1

1. Introdução

A palavra Ética é de origem grega, e significa comportamento ou costume

adotado pelo ser humano. Podemos entendê-la como uma ciência, uma filosofia, que

reflete o comportamento moral desenvolvido pelo homem frente ao conjunto de normas

estabelecidas pela sociedade ou sistema. A Filosofia aristotélica, associa a palavra ética,

representa o conjunto de práticas que rege as ações humanas confrontando com as

próprias regras e normas seguidas pela sociedade. 1

Discutir Ética em Psicanálise e Educação requer ter bem claro quais são suas

perspectivas, finalidades e as possíveis relações existentes para que uma venha a

contribuir no desenvolvimento da outra. A Psicanálise, segundo Freud, tem por

finalidade o sujeito e suas relações com o real, o simbólico e o imaginário, o que é

necessário para a educação. 2

e-mail: [email protected]

Page 67: Revista Citino Edição 1

Vol. 1, No. 1, outubro-dezembro 2011, Página

67

O sentido da educação, bem como sua finalidade, é o próprio sujeito, e esse

processo visa a promoção deste ator. 3

Porém, transferiu-se para a educação um ideal

inatingível, devido à pedagogia buscar alcançar uma condição única onde todos os

desejos pudessem confluir em sua totalidade, o que é impossível por não considerar a

subjetividade do indivíduo. Neste sentido, entender o pensamento ético psicanalítico

enquanto a necessidade de se atingir a subjetividade e o desejo do analisando irá

contribuir na atuação profissional de educadores neste contexto educativo da

modernidade.

2. Materiais e Métodos

Este estudo se caracteriza como uma revisão bibliográfica. A pesquisa

bibliográfica foi útil para entender o tema, além de embasar, pela teoria, fatos

comumente ocorridos no exercício da profissão e visa discutir, através da literatura, a

Ética no âmbito psicanalítico e educacional. Foram utilizadas as seguintes fontes da

literatura: livros da área e artigos científicos de periódicos, alguns destes encontrados

nas bibliotecas públicas e outros consultados na internet. O tipo de análise utilizada foi

o qualitativo, de caráter subjetivo.

3. Aprofundando o entendimento sobre a Ética

A Ética revela-se como uma reflexão, uma teoria sobre a conduta do indivíduo

confrontando suas ações (práxis moral) com as regras de convívio social. O homem é

produto da natureza e da cultura, com isto a ética serve para regular os apetites humanos

e controlar as suas inclinações e instintos mediante o uso da razão. Para Freud, os seres

humanos tendem naturalmente a uma inclinação para a agressividade mútua na

constituição de sua personalidade. Este pensamento de Freud, leva a entender o mal

estar inerente do ser humano, muitas vezes manifestado como agressividade, e que a

ética atua no sentido de refrear para que não venha causar maiores estorvos e

sofrimentos a vida do sujeito. 2

Podemos considerar ética como sendo um freio inibitório da agressividade

condicionada ao ser humano. Sendo assim, a ética passa pela questão subjetiva, pois

amplia e norteia a questão moral servindo como um código da conduta. O

questionamento que surge para avaliar nossa responsabilidade pessoal em relação aos

outros é: Será que agi certo? Isto comprova que reflexão ética é uma atitude

fundamental, pois desenvolve o potencial de ações criativas em contraposição a

tradicional ética dos valores, e permite entender a afirmação de Cotrim ao dizer: “Ética

um estudo do conjunto de costumes e condutas sociais do homem”. 1

Outro aspecto que se evidencia neste sentido é a questão do conflito. Conflitos

são inerentes a convivência humana. Oscilações são oportunidades de se desenvolver

algo em nós, em outras palavras, os problemas surgem como eventos propícios para

reavaliar nossa ética e decidir nosso proceder. Vale ressaltar que os eventos que

ocorrem no convívio social são os mesmos, o que mudam são as pessoas e

principalmente como elas interpretam a estes eventos.

4. A Ética na Psicanálise

A psicanálise entende a Ética como uma Ciência que reflete e investiga o

comportamento humano, ou seja, a ação do sujeito considerando seu desejo. Sobre a

Ética na Psicanálise, Lacan afirma que esta constitui essencialmente um juízo sobre

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nossas ações. O que ele quer evidenciar com essa afirmação é que pela análise o sujeito

revela as causas ou falhas em suas atitudes. 4

Falhas fazem parte da construção psíquica do homem. 1

Em outras palavras o ser

humano está sempre incompleto, sempre lhe falta algo e isso pode causa um mal estar,

sendo assim, sua conduta comportamental está vinculada a um conjunto de objetivos

elegidos para burlar essa falta que denominamos desejo.

A Ética na Psicanálise está atrelada a considerar o inconsciente do sujeito e toda

a verdade que este traz, ou seja, é através do inconsciente do analisando que se chega ao

desejo do mesmo, que, em Psicanálise, é a verdade aceitável. Ultrapassa o campo da

consciência por este não trazer o desejo do sujeito, tão pouco às falhas que são inerentes

da condição humana. O método da associação livre criado por Freud auxilia a

compreensão do psiquismo humano, pois torna conscientes os conteúdos inconscientes,

ou seja, traz o desejo à tona, revela o que falta no ser e lhe causa mal. O sintoma está no

inconsciente e aparece de forma enigmática.

A verdade do sujeito é a de que há um mal-estar inerente à condição humana.

Para Freud, o maior estorvo do homem é o instinto de destruição, pois todos têm a

pulsão, o desejo de vida, mas também a pulsão de morte que é uma força necessária

para a subjetividade humana, mas que induz o sujeito à sua destruição. Ao conceber

essa idéia estaremos acolhendo a natureza do homem e o respeitando, entenderemos

então que a cura do sofrimento psíquico não depende apenas de uma técnica, mas

também de uma ética. 2

Pela análise realizam-se reflexões muito profundas sobre seu próprio eu, nestas

surgirão os problemas subjetivos e as causas do mal-estar. A análise leva o sujeito a um

constante questionamento que contribuirá com descobertas do seu eu e o levará entender

o outro; isto é, pela análise conhecemos o outro não como os idealizamos, mas sim por

seus desejos. Vale salientar que os problemas são subjetivos e que por isso o analista

deve sempre acolher, não julgar e tampouco direcionar, pois a cura vem pela

verbalização, pela linguagem expressada e o ouvinte busca revelar o desejo na palavra e

não no comportamento.

Segundo Lacan, para a Psicanálise, não há outra finalidade senão o acesso ao

desejo do sujeito, ou seja, objetivo da análise é que o desejo do paciente se manifeste. O

que devemos nos ater nestas palavras é que desejo do analista é investigar o desejo do

paciente e para que isso ocorra é necessário seguir a regra da abstinência da livre

associação que dita ao analista o “nunca” poder manifestar o seu próprio desejo, este

deve estar desprovido de qualquer julgamento e juízo de valores com o objetivo de fazer

o encontro do paciente com o seu desejo, conduzindo-o ao seu inconsciente. 4

5. A Ética na Educação

Para entender Ética na Educação é preciso responder ao seguinte

questionamento: Que tipo de homem queremos formar? A finalidade da educação é

ordenar e sistematizar as relações que o homem estabelece com o meio ao qual está

inserido, em outras palavras quer dizer que a educação visa à promoção humana3. Dessa

forma entende-se que, por ser um ato político, a educação tem sempre uma

intencionalidade, ela não é neutra, sendo assim para formar o cidadão serão priorizadas

as necessidades e demandas sociais e deixado para segundo plano o desejo do

indivíduo.

A sociedade moderna atribuiu à educação um ideal inatingível, o de transformar

todos os homens pela racionalidade, visando uma mudança de atitude que os levem à

perfeição, aceitando como verdade universal a razão e sendo a educação o único meio

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de ascensão do homem. Desta forma, o desejo da pedagogia moderna está na ânsia que

busca a perfeição humana. 5

Este pensamento pode ser entendido como o desejo da

pedagogia é a busca da superação das malesas da humanidade que será alcançado pela

transferência de conhecimentos.

Neste sentido, entende-se que na educação a ética está associada ao seguimento

de normas do conhecimento científico sem considerar a subjetividade do sujeito, o que é

inviável. Para Kant, é necessário que a razão aprenda com seus próprios limites internos

em sua busca pelo conhecimento do real. 5

Entende-se com isso que só pelo fato de

existir diversidade no modo de viver dos homens é inviável atingir a uniformidade de

vida tanto menos a perfeição.

Para a Ciência o sujeito nada sabe acerca de si e do mundo necessitando assim

que a educação incuta saberes nele. O sujeito da pedagogia é um ser dependente. Freud

fez algumas reflexões sobre a psicologia escolar e constatou que as relações humanas

estabelecidas na escola estão em jogo nas transferências. Condiciona-se dessa forma que

para haver aprendizagem é necessário que haja transferências de expectativas e de

ideais, o que pode acarretar sérios conflitos. 2

Na concepção de Kant, 5

existe uma diversidade de formas humanas e que

contrastam com o ideário da educação. Neste sentido é necessário que ao exercermos

nossa ética profissional na educação tenhamos uma postura criativa e subvertamos esta

lógica moderna de considerar o homem somente consciente. Temos que oportunizar ao

educando mecanismos para que seu desejo se manifeste, seus anseios e sua vontade

sejam respeitados.

Neste sentido o conhecimento psicanalítico irá contribuir para que educadores

exerçam sua profissão de forma ética, colaborando para os avanças intelectuais, mas

respeitando a subjetividade do sujeito, pois o sentido da educação, conforme

anteriormente citado, é o próprio sujeito no sentido de sua promoção. 3

6. Conclusão

Portanto, a Ética pode ser entendida como uma teoria, uma investigação, um

estudo do comportamento humano, pois estuda cada situação particular se baseando no

todo. Podemos considerá-la como um projeto de nos tornarmos mais humanos e que

visa o bem comum, isto se estabelece quando o plano individual coincide com o plano

coletivo.

Em psicanálise a Ética está implicada ao inconsciente do analisando, que é o seu

desejo; dessa forma ela passa pela questão subjetiva por ampliar e nortear a questão

moral que pode ser entendida como um código de conduta. Para sintetizar, Ética

profissional exercida em Psicanálise requer se ater no desejo do paciente, este por sua

vez está no inconsciente e só será alcançado por meio do discurso falado. Ter

conhecimento do desejo do homem é conhecer-se a si mesmo e dessa forma

alcançaremos promoção humana.

Na educação a Ética está associada ao seguimento de normas do conhecimento

científico sem priorizar a subjetividade do sujeito e o seu desejo. Vale ressaltar que as

frustrações que ocorrem na educação estão ligadas ao fato de que nunca promoverá

todos os homens, que é sua finalidade. Neste sentido, entendo que a psicanálise venha a

contribuir para que a educação considere a diversidade e a complexidade que é o ser

humano e atinja o sujeito dotado de razão, mas impulsionado pelas emoções levando-o

assim ao caráter formal que objetiva.

Desenvolver esse estudo possibilitou entender melhor o comportamento dos

educandos que, assim como todos os seres humanos, praticam suas ações pautadas nos

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seus desejos, muitas vezes desconhecidos, que nem sempre coincide com o desejo

coletivo, gerando os conflitos na convivência escolar.

7. Referências bibliográficas

[1] ROSA, M. I. P. D; ROSA, A. C. A Ética na psicanálise. Akrópolis, Umuarama, v.

17, n. 1, p. 41-44, jan./mar. 2009.

[2] FREUD, S. El malestar en la cultura (1929). Buenos Aires: Amorrortu, 1995.

(Obras Completas de Freud).

[3] SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo:

Cortez, 1980.

[4] LACAN, J. O seminário, livro 7: a ética em psicanálise. Texto estabelecido por

Jacques Alain-Miller. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1997.

[5] SILVA, R. I. . Psicanálise e educação: vias para subversão do sujeito. Inter-ação,

Goiânia, v. 32, p. 128-157, 2007.

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Edição: Volume 1׀ Número 1 ׀ Outubro-Dezembro de 2011

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