revista balô - edição 01

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www.revistabalo.com.br 1 edição #01 - Maio de 2013

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Revista de divulgação artistica-cultural do Vale do Itajaí/SC

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A ideia de colocar uma revista de arte no mercado de Blumenau e re-gião surgiu há cinco anos nos ban-cos da universidade e entre conver-sas de bar. O desejo e a vontade de estar envolvido com o mundo da arte persistiu por todos esses anos. O projeto foi feito em 2007, quando eu, Aline e Giulia queríamos apoiar e fomentar a arte na cidade de Blu-menau. Na verdade, não sabíamos nem o que queríamos e qual seria a nossa proposta. Só pensávamos em trabalhar com arte. Encontra-vam-se ali três universitários apai-xonados pelo meio, mas, cada qual com seu gosto artístico peculiar. No fim das contas, entre idas e vindas, todos seguiram rumos diferentes, e hoje, com o consentimento de Aline e Giulia, acabei tornando-me o res-ponsável pelo projeto. Mas, sozinho, não conseguiria levar essa proposta para frente. Con-fesso que foi complicado encon-trar pessoas que acreditassem na ideia e que de certa forma, em mim. Mas, num bate-papo no chat

Sejam bem-vindos!

Editorialdo Facebook com a estudante de jornalismo Manoella Back, após co-mentar sobre o projeto, resolvemos nos encontrar no dia seguinte para discutirmos sobre o assunto. E por incrível que pareça, no encontro se-guinte, ela já trouxe o amigo publi-citário, Thiago Martins, e juntos, os três, começamos a esboçar e pla-nejar os primeiros traços. E, duran-te essa caminhada, encontramos uma pessoa que além de acreditar em mim, na Manu e no Thiago, veio toda empolgada. Depois de uma longa conversa, ela, Nane Perei-ra, nos dá conselhos e aceita ser a editora-chefe dessa primeira edi-ção. Como diz o ditado, ela foi um anjo que caiu do céu, e junto dela, penso que vieram uns quatro anjos a mais. Para completar o time, ga-nhou mais um adepto: Leo Kufner. Ele que além de ator, é webdesigner e veio com tudo! A partir daí eu já não estava mais só. Juntos começamos a criar, planejar e discutir como seria a revista Balô, e de como levaríamos ela ao nosso público. Aí estava o grande desafio!

Ítalo MongconãnnDiretor de Comunicação e DesenvolvimentoBalô Comunicação & Entretenimento

pois, nossa proposta é uma revis-ta voltada à cultura entre todos os segmentos da arte e entretenimen-to. Com visual simples, mas arroja-do, traz reportagens e artigos que instigam o pensamento do nosso leitor. E para isso, contamos com al-gumas pessoas engajadas no meio artístico. Pois, queremos oferecer, a você leitor, o melhor. O desafio foi lançado!”. Nós da equipe Balô e todos os en-volvidos, direta ou indiretamente, esperamos fazer uma pequena di-ferença, se não toda, no mercado artístico da região. O desafio foi lançado, estamos aí para apoiar o crescimento da arte na cidade. Que venham as críticas, as opiniões e sugestões, afinal, sabemos que não existe perfeição, e que o importante é estar em movimento, aprendendo sempre.

Ítalo MongconãnnComunicação eDesenvolvimento

Thiago MartinsArte eDiagramação

Léo KufnerWebDesigner

Manoella BackProdutoraCultural

Colaboradores dessa ediçãoExpediente Balô

Camila Iara Marcos , Carlos Odilon da Costa, Carlos

Schrubbe, Ernesto Jacob Keim, Márcio José

Cubiak, Nane Pereira, Sabrina Marthendal.

Central de atendimento ao leitor e [email protected]

REDAÇÃ[email protected]

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O outro ladoda sétima arteConheça o CineArte, projeto da Fundação Cultural de Blumenau que oferece sessões de cinema gra-tuitas ao público da região.

Carta do leitorMande sua carta..

#FICAADICAAs melhores dicas de filmes, eventos culturais,peças de teatro e muito mais.

POLÍTICAS PÚBLICAS Captação de patrocínio para projetos.

BASTIDORESTrifásico Teatral

COMPORTAMENTOVale-Cultura

pág 24

pág 11

pág 08

pág 16

pág 18

pág 20

pág 12

SUMÁRIO

MÚSICABoa e má ao mesmo tempo

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FOTOGRAFIAEncantos e Descobertas – África

FILOSOFIAE PENSAMENTO Tempo que passa, vida que vai

pág 34

pág 27

SUMÁRIO

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Carta do leitor

Quer comentar, falar suas sugestões, opiniões sobre a arte na cidade de Blumenau ou região, este espaço foi criado para você.

Envie seu texto para [email protected] acompanhe as edições para ver seu texto publicado

aqui.

Participe!

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#FIC

AADICAO filme “A Ponte de San Luis Rey” dirigido por Mary McGu-ckian, com Gabriel Byrne, Robert De Niro, Harvey Keitel, Gênero: Drama-histórico, foi lançado em 2003 e apresentou um orçamen-to de US$ 24 milhões.

Em 20 de julho de 1714, no Peru, a corda de sustentação de uma ponte se parte, causando a mor-te de cinco pessoas na queda. O frei Juniper (Gabriel Byrne) es-creve um livro sobre o caso, nar-rando a vida de cada uma das pessoas que morreram de forma a provar que Deus as uniu por uma razão e não por acaso.

O livro gera polêmica, fazendo com que o frei seja acusado pela Igreja Católica de cometer here-sia. O drama se estende por diá-logos e memórias contadas pelo

frei, que tenta convencer o Tribu-nal Eclesiástico que o amor (não importado se é profano/munda-no ou sagrado), levará as pes-soas se aproximarem de Deus, nessa busca de informações re-ferente a vida cotidiana das pes-soas envolvidas com o acidente e tentativas de defesa de suas ideias, o padre trará para dentro do filme por meio dos seus dis-cursos, belas cenas ao misturar religião, arte, política, cultura e economia da época.

Com um final empolgante no sentido da contemplação de nossa condição humana frente às adversidades produzidas pelo próprio ser humano(cultura) as-sim o filme termina de forma trá-gica.

ProfessorCarlos Odilon da Costa.

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Segunda-feira, sete e meia da noite. Saindo do trabalho, a publicitária Raquel Moritz se pre-para para assistir a um de seus filmes favoritos - Luzes da Cidade, estrelado pelo inesquecível Charles Chaplin - na companhia do namorado. Para ela, relaxar e contemplar os letreiros ini-ciais daquela obra-prima é um grande prazer. Afinal, começar a semana em clima de cinema é para poucos, não é mesmo? Pois não precisa ser.

Em 2003 a Fundação Cultural de Blumenau fundou o CineArte, um projeto que oferece ses-sões de cinema gratuitos ao público da região. Sempre às segundas-feiras, por volta das 20h, quem passa pela Rua XV de Novembro pode notar um pequeno grupo de pessoas se diri-gindo às escadarias da entidade. Nomes como Audrey Hepburn, Marilyn Monroe e James Dean compõem o grupo de estrelas que tornam es-sas noites mais iluminadas.

Raquel frequenta o local há pouco tempo, mas acredita que encontrou um motivo a mais para se divertir na cidade em que nasceu, cresceu e aprendeu a amar: “Vejo o CineArte com os olhos de quem é apaixonado por cinema, pela magia de construir um significado com a mon-tagem das cenas. O projeto só traz experiên-cias boas para os blumenauenses, que têm a oportunidade de cultivar um bom hábito em um ambiente histórico como a Fundação.”

O acervo do CineArte é disponibilizado pelo cinéfilo blumenauense Herbert Holetz - uma verdadeira enciclopédia ambulante quando o

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O outro lado da sétima arte

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O outro lado da sétima arte

Luz, câmera, valorização!

Até hoje, mais de 500 obras nacionais e in-ternacionais foram exibidas no CineArte. Se-gundo Ricardo Pimenta, diretor de cultura da Fundação Cultural de Blumenau, o critério para a escolha dos filmes é simples: “Em alguns mo-mentos a programação segue uma temática, mas a proposta geral é oferecer títulos diferen-ciados, que nem sempre estão disponíveis nos canais abertos ou nos cinemas”, explica.

Um dos principais motes de qualquer entidade dedicada à cultura, o estímulo às mais diferen-tes manifestações artístico-culturais é priorida-de também na Fundação Cultural de Blumenau. Pimenta destaca que o CineArte é uma das ini-ciativas responsáveis por cumprir esta missão na cidade: “Queremos valorizar e também for-mar o público de produção audiovisual”, diz.

Novidades à vistaO CineArte segue firme e forte em 2013. De-pois de homenagear o aniversário de Charles Chaplin, em abril, com uma seleção dos maio-res filmes do artista, as obras selecionadas a dedo por Holetz continuarão a alegrar o públi-co pelo resto do ano. Além disso, uma parceria com o CineSesc deve se firmar em breve.

Em maio, adianta Pimenta, a programação se es-tende para outros dias da semana: “Faremos as sessões nos mesmos dias da Temporada Blume-nauense de Teatro. Desta forma, a comunidade tem a oportunidade de tornar seu programa cultural mais completo: assistir a um filme e, na sequência, uma peça de teatro, um show musical, uma exposi-ção de arte, entre outros”, comenta.

assunto é cinema. A vendedora Elaine da Silva destaca sua admiração pela iniciativa: “Já que os bons filmes andam meio esquecidos, temos então o Seu Holetz exibindo sua coleção mara-vilhosa e totalmente acessível para quem qui-ser ver, conhecer e aprender”, diz. “Já vi muita coisa boa por lá - uns pela primeira vez, outros já pela segunda ou terceira -, como Jules and Jim, Tempos Modernos, Os Incompreendidos, A Pequena Loja de Horrores, e por aí vai”, com-plementa

Por Camila Iara Marcos

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Captação de patrocínio para projetos culturais

Muitos projetos são aprovados pela Lei Rou-anet, porém poucos são aqueles que conse-guem captar todos os recursos demandados. Isto geralmente acontece porque os produ-tores culturais desconhecem a realidade do mercado (das empresas patrocinadoras) e não planejam seus projetos, considerando que o patrocínio será condição básica da realização de suas ideias.

É fundamental iniciar o planejamento do proje-to pensando que será necessário ter empresas que o financiem. Às vezes, isso pode significar planejar um caráter itinerante, ou permitir que o projeto circule no interior (quem sabe nas ci-

dades onde o patrocinador possui suas fábri-cas!). Outras vezes pode significar incluir de-terminados públicos (portadores de deficiência física, crianças, adolescentes, populações em situação de vulnerabilidade social...) ou ainda permitir a interação dos colaboradores no pro-jeto.

Cada empresa patrocinadora terá sua política, diretrizes de marketing e/ou política de res-ponsabilidade social. Cada empresa irá gostar mais de um determinado projeto, ou segmento da cultura, como música, dança, artes ou au-diovisual. Algumas podem optar por patrocinar apenas festivais, que reúnem mais artistas. Outras podem dar preferência àqueles proje-

tos que lhe permitam o relacionamento di-reto com seu público-alvo e em alguns ca-sos, até mesmo a venda direta de produtos. Algumas, por fim, podem não ter política nenhuma definida, e patrocinar de acordo

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com os gostos pessoais do dono da empresa ou do diretor de marketing.

Conhecer as diretrizes e políticas das empre-sas é o primeiro passo para captar patrocínio para projetos culturais.

Infelizmente, não existe uma regra comum a todas. Não existe uma receita de bolo. Captar patrocínio é uma atividade eminentemente es-tratégica, que demanda um trabalho focado e eficiente, pois é necessário apresentar o pro-jeto somente para as empresas que tenham perfil de patrociná-lo. Ao oferecer para todas, sem critério, perde-se credibilidade, tempo e também dinheiro, sem dúvida.

Uma boa dica é pedir ajuda ao grande oráculo do universo – Sr. Google, que poderá mape-ar rapidamente as empresas patrocinadoras e levar o produtor cultural a poucos cliques de suas políticas de patrocínio. Recomenda-se que o primeiro mês da captação de patrocí-nio seja de puro exercício estratégico, mape-amento de possíveis patrocinadores, elabora-ção de material comercial, plano de patrocínio e estudo das políticas de marketing.

Com base nesses dados e informações, pode--se iniciar a captação aumentando as chances de sucesso.Algumas empresas brasileiras lançam editais ao longo do ano para a seleção dos projetos que irão patrocinar. Geralmente essa seleção é feita no ano anterior para projetos a serem realizados no ano seguinte. É prudente fazer uma pesquisa prévia destes editais antes do planejamento do projeto, pois os editais tra-çam detalhadamente o perfil dos projetos que serão apoiados. Alguns produtores não se atentam a este detalhe estratégico e elaboram livremente seus projetos. Ao ler o edital (após projeto aprovado e apto a captação) desco-brem que o edital não contempla exatamente o que está proposto... Perdeu-se a oportuni-dade.

Por fim, é preciso dizer que o projeto precisa oferecer contrapartidas ao patrocinador. Pa-rece óbvio à primeira vista. Entretanto, pou-quíssimos projetos sabem o que isso significa na ótica do patrocinador. Oferecer veiculação de logomarca no folder ou cartaz do projeto não tem valor nenhum. Até mesmo porque o patrocinador provavelmente gasta milhões em publicidade nacional para veicular sua logo-marca na TV.

Oferecer contrapartidas é uma arte, assim como fazer música, dançar ou produzir um audiovisual... Arte esta, muito apreciada pe-los patrocinadores, às vezes, até mais que a própria música, dança ou audiovisual, infeliz-mente.Entender o mercado e seu funcionamento é fundamental para esta atividade de captação. A palavra-chave é “diversidade” – teremos de tudo, desde os patrocinadores mecenas que entendem das artes e patrocinam a cultura por si só, até àqueles que veem o projeto ape-nas como um meio de vender mais produtos. Neste mix de possibilidades e diversidades, pensar estrategicamente é a chave para o su-cesso na captação de patrocínio.

CLARISSA ISERÉ diretora criativa da PROJETA Planejamento e Marketing, em-presa especializada na captação de recursos para projetos de cultura, esporte e turismo. Administradora e Turismóloga, é Mestre em Administração Pública e parecerista da Lei Rouanet contratada pelo Ministério da Cultura.

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O texto de Caio Fernando Abreu foi escolhi-do por se tratar de um assunto contemporâneo, cujo assunto é defendido pelos jovens atores que compõe o Trifásico Teatral. Apontar o individua-lismo e o descaso entre a sociedade, e tocar na humanização dos seres, foi o ponto principal para a escolha do texto. Foram feitos estudos sobre as ideologias sugeridas por Guy Debord em “A So-ciedade do Espetáculo” e também estudos sobre o mito grego de Narciso.

Além disto, a dramaturgia do espetáculo contou com inserções de trechos do texto “Descrição de Uma Imagem” de Heiner Müller. O grupo de ato-res que compõe o Trifásico Teatral, sob a orienta-ção do Prof. Me. Roberto Murphy, construiu uma dramaturgia provocadora e poética para o diálogo intimista com seu público, que teve limitação má-xima de 100 pessoas.

O grupo se apresentou em abril na Fundação Cul-tural de Blumenau.

Atores: Cintia Daniela Galz, Jeh Volles, Lenna Za-nin, Renan Angeli, Sidney Dietrich, Timóteo Elias

Direção: Roberto Murphy

BASTIDORESBastidores de Trifásico Teatral, durante o ensaio da peça – Pode ser que seja só o leiteiro lá fora - Obra baseada no texto de Caio Fernando Abreu adapta-da por Roberto Murphy.

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Vale uma

cessão de cinema

Cultura e consumo cultural:

O Governo Federal, através do Ministério da Cultura, sancionou a Lei do Vale-Cultura, benefício ao trabalhador para gastos mensais com arte e cultura. Até 2017, poderá injetar 11 bilhões de reais, trazendo desafios para o financiamento de artistas, produtores culturais, empresas e para a Indús-tria Cultural.

O Vale-Cultura (Lei 5.798/2012) representa um benefício complementar ao salário do trabalhador que recebe até cinco salários mí-nimos para consumo cultural – ir ao teatro, cinema, museu ou a um show, comprar livros ou CDs. Através de um cartão magnético, de caráter cumulativo, o trabalhador receberá R$ 50,00 reais mensais com o objetivo de es-timular o seu acesso a produtos, bens, ser-viços e equipamentos culturais. Aproximada-mente 21 milhões de trabalhadores poderão usufruir desta modalidade de bolsa.

As empresas que quiserem disponibilizar este benefício aos seus trabalhadores te-rão que se cadastrar no Programa Cultura do Trabalhador. Para isso, precisam ser tri-butadas no sistema com base em lucro real ou presumidas. Essas empresas receberão incentivos fiscais através do abatimento no Imposto de Renda. A adesão será voluntária. O benefício já foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff, com estimativa de vigorar no segundo semestre de 2013. Falta sua regula-mentação. Não faz muito tempo, lá no século XVIII, cul-tura era um conceito geograficamente locali-zado em alguns países da Europa Ocidental. E por quê? Como produto de uma realida-de histórica, estes povos tinham o poder de

vem aí o Vale-CulturaVale umshow

Vale umapeça teatral

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nomear o que era civilizado, pois eles próprios representavam a “civilização”. O outro (o restan-te do planeta) existia enquanto exótico distante e selvagem. No topo da evolução, modelos de racionalidade oriundos da Grã-Bretanha, França ou Alemanha. A cultura lhes pertencia.

Tudo isso mudou. O discurso cultural penetrou em todas as esferas da vida social. Comprar um carro, vestir uma roupa, decidir onde almoçar, por exemplo, apresenta-se impregnado de sen-tidos culturais, em consonância com um discur-so pró-diversidade de bens e de pessoas. Os avanços da Indústria Cultural e da Economia Criativa para a esfera pública e privada da so-ciedade multiplicaram os trabalhos e profissões na área cultural que transformaram a condição do “artista” na contemporaneidade; é aquele que cria, comercializa e tem que distribuir sua obra.

O Vale-Cultura ainda está rodeado de incertezas e críticas. Alguns apontam que o vale fortale-cerá apenas a indústria cultural; outros, de que

reduzirá investimentos governamentais no Mi-nistério. A própria livre escolha do trabalhador sobre o que consumir é questionada, baseada em preconceitos antigos de que “nem todos têm cultura”. Mas, o maior deles, e que re-presenta enormes desafios para o conjunto dos governos, empresas e empreendedores é a distribuição desigual dos equipamentos e políticas culturais no país. É um limite fun-damental. Como incentivar o consumo do au-diovisual se 91% dos municípios brasileiros não possuem cinema? Ou quase 71% dos municípios não possuem um centro de cultu-ra e 45% não tem cobertura de provedores de internet. É um quadro desolador de exclusão social que precisa ser enfrentado.

Porém, o Vale-Cultura se apresenta como uma importante e inovadora Política Pública que dialoga com essa ampliação do que é cultural, ao mesmo tempo em que fortalece a cultura como direito de todos. Se o consumo serve para pensar, o benefício é uma interes-sante ação que poderá articular consumo e cidadania.

Márcio José CubiakCientista Social

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Boa e má ao mesmo tempo

Quando recebi o convite dos organizadores desse periódico, fui incumbido de escrever sobre os dife-rentes formatos de música existentes hoje e a aces-sibilidade que os mesmos têm. Em reflexão, decidi dissertar sobre a dicotomia gerada pelo advento da tecnologia, ou seja, posso defini-la com boa e má ao

mesmo tempo. Para iniciar, prefiro expor uma síntese ao que compreendo como

música, sugerindo ainda que você lei-tor também reflita rapidamente sobre

o que entende, antes de continuar a leitura desse texto.

Há várias formas de entendi-mento que definem o que é

música como: divertir as pessoas, marcar momentos

da vida, ritos religiosos,

bandas e cantores de sucesso, mercado fonográfi-co, entre outros. Não conhecemos nenhum tipo de civilização que não use sons para expressar coisas, alertas, sentimentos, ritos e também para fins artísti-cos. Podemos afirmar que a música está diretamen-te ligada ao dia a dia de nossas vidas. Indo mais longe é possível entender a música como uma forma de linguagem inerente à humanidade – à vida terrena em geral.

Usando essa assertiva, podemos equiparar essa lin-guagem com a fala e também com a imprescindível importância para a formação humana. A educadora Teca Alencar de Brito em seu livro intitulado “Ko-ellreutter” educador comenta sobre as palavras do grande professor de música Hans-Joachim Koell-reutter:

O professor acredita que o aspecto mais importante a ser desenvolvido por meio da música é um raciocínio globalizante e integrador, consequente ao des-pertar da consciência de interdependência de sentimento e racionalidade, de tecnologia e estética. (BRITO, 2001. p, 42).

Particularmente, eu tenho essa definição como pilar de todas as atividades que realizo, desde o âmbito artístico até o pedagógico. Todos têm o direito de raciocinar

de forma globalizada e conhecer a linguagem mu-sical e os seus benefícios para a vida. Quem tem contato com a música desenvolve: consciência, racionalidade, respeito, concentração, atenção, disciplina, criatividade, serenidade, sensibilidade, coordenação motora, saber ouvir, tem qualidade de vida, entre outras vantagens que o fazer musical dispõem. Fazer música solo, ou em grupo, exige

as competências citadas acima que faz o indivíduo ser uma pessoa mais ativa, crítica e feliz. A cultura geral também é trabalhada de forma muito intensa propondo novos caminhos para quem realiza uma atividade artística.

Como apreciador assíduo da música antiga, há mo-mentos em que paro e me pergunto: – Em pleno sé-culo XXI, o que me faz tocar e ouvir esse repertório? Refletindo um pouco posso levantar algumas res-postas:• Eu vivo em um meio social – de músicos –

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Carlos Schrubbe

É formado pela Universidade Regional de Blumenau - FURB - Li-cenciatura em Música. Iniciou seus estudos de violão aos oito anos de idade e em 1999 começou a estudar guitarra. Em 2004 começou a dar aulas. Foi professor de violão por dois anos na Escola de Música do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau. Foi Professor/diretor do Centro Cultural da Vila Itoupava onde apli-cou projetos educacionais de música, dança e teatro, em um es-paço musicológico. Hoje atua como professor de violão na comu-nidade da Vila Itoupava, no Bairro da Velha e Centro, em Blumenau. Dedica-se à pesquisa dos períodos barroco e clássico ao violão, e é músico integrante do grupo Vila Bossa Jazz.

que tem um gosto musical semelhante ao meu e que me influencia;• A cultura musical do instrumento que eu estu-do – violão – e das cordas dedilhadas perpassa pela época da música antiga;• Com a intensidade de sons indefinidos que encontramos nos dias de hoje na cidade produzidos por carros, fábricas e aglomerados de pessoas me dá vontade de ouvir música antiga buscando uma sensação de serenidade.

Posso continuar especulando mais respostas, mas não posso deixar de fora o meio em que eu estou inserido. Tenho que mencionar um fator que não pa-rece tão importante para a contribuição do meu gos-to musical, mas é fundamental: a tecnologia. Seria muito difícil, em todos os aspectos, eu ter acesso à música escrita no séc XIV – tendo noção da maneira que a obra era executada na época – sem a ajuda da tecnologia. Defino aqui tecnologia como todas as ferramentas usadas de forma racio-nal a fim de um propósito: musicológico, histó-rico, teórico, fonográfico, entre outros. O exemplo do meu gosto pessoal pode servir para qualquer pessoa e gosto. É o lado bom do advento tecno-lógico. Parando de escrever sobre o que eu gosto musi-calmente, vamos voltar para o início do texto. Você fez a reflexão que eu sugeri? Qual é o seu enten-dimento sobre a música? Você ouve música de que forma? Qual música? São perguntas relati-vamente simples e com respostas que vão citar algo tecnológico. A influência da tecnologia está presente nas redes de compartilhamento musical, nas composições, nos instrumen-tos, nas gravações e na maneira que apre-ciamos as obras – aparelhos de som.

O lado mau desse advento é a falta de profundidade com que lidamos com as coisas. Não paramos to-talmente para apreciar uma obra musical, ler sobre ela, se aprofundar sobre o compositor e saber que músicos gravaram. Talvez, pelo volume de estímu-los que temos nos dias de hoje, não conseguimos administrar essa maravilhosa ferramenta. Se você leu até aqui é porque está começando a aproveitar o lado bom da tecnologia. Continue assim.

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Encantos, Descobertas e Fotografia

Em dezembro de 2012, embarquei rumo a uma viagem que eu não havia dedicado muito tempo para planejar. Em um impulso comprei as passagens aéreas e somente depois avisei meus amigos e família que eu passaria 90 dias com a mochila nas costas e câmera no pescoço perambulando por países dos quais até então eu só havia lido a respeito.

Encantada com o roteiro, consegui férias prolongadas na escola de teatro em que trabalho (obrigada, pessoal!), estreitei con-tato com meus conhecidos de fora do Bra-sil (uma xícara de café e uma noite no sofá do amiguinho não se nega a ninguém, cer-to?), organizei a “trouxinha” e fui. Passei por alguns países no caminho, dentre eles Espanha, Israel, Etiópia, Suazilândia e Áfri-ca do Sul.

Foi na África do Sul, em um vilarejo sem nome, energia elétrica ou água encanada, que tive uma das experiências mais boni-

tas da viagem. Localizado entre Port Saint Johns e Pondoland, o povoado era com-posto por cerca de 200 pessoas, das quais conheci apenas duas que falavam inglês.

Eu e meu companheiro de viagem para-mos ali por engano, pois nos perdemos ao tentar encontrar um albergue que tínhamos reservado em outra cidade. Desde o mo-mento em que chegamos fui seduzida pela dura simplicidade, doçura e beleza que via... Por fim o que seria uma passagem de 10 minutos acabou durando três dias.

Tivemos a sorte de contratarmos um guia local super atencioso chamado Enest, que nos levou para trilhas, lugares lindos den-tro da natureza e também para dentro da casa de sua família e amigos, onde pude-mos comer, beber, conversar, rir e entender um pouco mais de tswa (língua não-oficial falada pelos moradores).

África

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Os Filhos de BukekaExposição: 1/400

Abertura do diafragma: F / 4.0Comprimento focal: 44mm

ISO: 250Flash: Desativado.

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A VilaExposição: 1/1000

Abertura do diafragma: F / 4.0Comprimento focal: 24mm

ISO: 100Flash: Desativado.

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O morador mais antigoExposição: 1/160Abertura do diafragma: F / 5.0Comprimento focal: 44mmISO: 100Flash: Desativado.

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Equipamento usado nas fotografias:

Camera DSLR Canon EOS 60DLente Canon Ef-s 18-135mm F3.5-5.6Is

Sabrina MarthendalNasceu em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, em 13 de julho de 1986. Iniciou sua trajetória no teatro aos 12 anos e hoje, residente em Blumenau, atua como atriz-pesquisadora e professora de teatro na Cia Ca-rona de Teatro. Além de teatro, Sabrina é apaixonada por fotografia e viagens.

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Tempo que passa, vida que vai Como nos situamos nesse vai e vem?

Amanhece. Da minha janela tenho a visão de três pré-dios, cada qual com 20 andares, com apartamentos pequenos. São cinco horas e cinqüenta minutos. Nes-sa hora estou encerrando meu primeiro turno diário de trabalho, o da madrugada, no qual conto com o silêncio e a mente repousada como parceiras para meus estu-dos e construções literárias. Às seis horas, ouço o som do relógio despertador de meu vizinho e levanto meu olhar para os prédios fronteiriços. De segunda a sexta se repete o espetáculo do despertar dos trabalhadores com um acender quase ritmado das lâmpadas do que imagino ser, o banheiro dos apartamentos dormitórios, gerando um espetáculo de luminescência interessante. Às seis e trinta, ouço o som do despertador de outro vizinho e nas janelas fronteiriças se repete o mesmo espetáculo do despertar vigoroso/sonolento, animado/irritado de tantos que já saem apressados para vencer o percurso casa/moradia e trabalho com menor trânsi-to. Eles sabem que cinco minutos mais tarde, significa uma demora de muitos mais minutos, portanto devem ser inflexíveis. Não podem ceder algum tempo para a preguiça, ou a conversa num café da manhã descon-traído. A salutar conversa matinal significa no cotidiano do trabalhador, amarguras que o oprimem e o desu-manizam. Assim, levantam ao som do despertador, fa-zem sua higiene matinal com pressa e com pressa se alimentam levemente e se despedem apressadamente com quem passaram a noite.

No trânsito, o trabalhador organiza mentalmente sua rotina diária pensando inicialmente em terminar o que ficou por fazer do dia anterior, para depois organizar a rotina do novo dia com o propósito de chegar ao fim dele sem deixar pendências para o dia seguinte. De-pois em horário estabelecido por outrem e não pelo seu corpo, apressadamente busca o que comer, com preço reduzido para não comprometer ainda mais seu parco orçamento, já que o mês está pela metade e o dinheiro

que resta não cobrirá as despesas até o dia em que re-cebe o pagamento pela troca de seu esforço diário. É a luta permanente para tentar fazer a mágica de driblar os apelos de consumo que o bombardeiam a cada minuto do dia, seja no trabalho, no transporte ou no limitado e restrito espaço para lazer e descanso.

À noite, cansado, bem como todos os demais ocupan-tes da moradia, senta-se à frente do aparelho injetor do social hormônio anestesiante dirigido a todas as pes-soas para que sintam que esse processo é natural e histórico. Natural, ao mostrar que sempre foi assim e que não adianta se enervar, pois ele nada pode fazer, além de incorporar o sonho televisivo de que a vida se repete, num contexto de que alguns naturalmente têm melhores condições que outros. Nas novelas/hor-mônios, assiste impassível à forma como os serviçais, obedientes e leais, sempre risonhos e alegres, servem e compartilham de forma fraterna do conforto da moradia e conformados ao final do dia aceitam passivamente sua modesta moradia e seus parcos recursos. Os ato-res que representam os personagens, heróis e vilões, também se dirigem para suas moradias depois das gravações, sabendo que a ilusão que propagam tem o sabor amargo ao lembrar que ao final haverá felicida-de para os heróis anunciados no primeiro capítulo e o merecido castigo será aplicado ao também anunciado vilão da novela, mas o sabor amargo vem da certeza de não saber o que fazer quando terminar as grava-ções dos últimos capítulos, pois sempre fica a dúvida se terá chance, ou não, de fazer alguma tarefa na pró-xima seqüência de hormônio naturalizante que ajudou a espalhar.

Nesse contexto eu percebo que ao sair da confortável condição de quem assiste ao espetáculo alheio, meu dia será igualmente carregado de obrigações e limita-ções, como pagar contas que vencem nesta data, sem ter o total para fazer o pagamento, o que me obriga a entrar no cheque especial. É a rotina do mês, que insis-te em acabar depois que acaba o dinheiro. É a rotina

Prof. Dr. Ernesto Jacob Keim

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de fazer a lista interminável de tarefas a serem vencidas num dia de trabalho, no meu caso no desgastante ce-nário escolar, no qual sonho poder gerar um processo que seja antídoto ao hormônio naturalizante da publici-dade e dos meios de comunicação, que se reinventam a cada momento em que fica clara a perda de audiên-cia e aderência. É desconcertante a capacidade desses sistemas letais, de se incorporarem e se modificarem conforme as mentes iludíveis dos pobres mortais que lhe são configurados como alvo. Sim, pobres mortais, já moribundos, pois não sabem refletir sobre a historici-dade que os anula e que lhes rouba a condição de hu-manos e se alegram e se conformam com os hormônios paralisantes que recebem e desfrutam diariamente.Bom, até aqui repeti algo chato e que todos temos consciência e nos sentimos impotentes, mas para mu-dar de cenário proponho então uma viagem diferencia-da, utilizando como meio a capacidade de perguntar e refletir historicamente cada um desses fatos:

• Como foi que você aceitou a condição de trabalho que te obriga à rotina diária descrita acima? Por que as coisas se dão desta forma?

• Como é que você a cada dia assiste um programa televisivo que não oferece a mínima possibilidade de se surpreender com algo inesperado? Por que em seu cotidiano o inesperado é evitado?

• Como é que você percebe as forças e poderes que estão presentes e te submetem a todo tempo e em to-dos os espaços e que te levam a cumprir alienadamen-te tarefas com o único sentido da rotina e da obrigação sem propósito pessoal? Por que você não tem consci-ência das forças que sofre e do potencial de forças que tens para interagir com o meio que te desumaniza?

Repare que nas questões acima, em cada situação, tem uma pergunta que se inicia com COMO e outra que se inicia com POR QUE. Essa construção é proposital para que, por meio do COMO, você perceba a condi-ção em que se encontra e, por meio do POR QUE, você se questione para tomar consciência e se sinta encora-jado para debater esses por quês com seus parceiros de vida profissional, familiar e social. Essa consciência e esse debate podem estabelecer ações que possam ampliar o alcance de suas ações e gerar maior bem es-tar para você e para todos à sua volta.

Saiba que o COMO é a identificação sociológica de seu cotidiano e o POR QUE é a condição filosófica com a qual você pode modificar o que te desumaniza. Lembre que a forma significativa de superar a naturalização é a historicidade que se constrói com a conscientização que se caracteriza como meio para superar a alienação. E com essa proposta espero iniciar com você um diálo-go que deverá se repetir nos próximos números desse meio de comunicação. Manifeste-se dando seu parecer e opinião. O propósito dessa coluna é de veicular mo-mentos, pensar e refletir sobre o cotidiano e o sentido da existência humana e, com essa proposição, deixo meu fraterno abraço com a esperança de um até breve.

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