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ivemos um momento não apenas de

instabilidade econômica, mas também

dos ajustes que este cenário tornaram

inevitáveis. Diante disso, saltam a cada

dia novas regras, normas, regulamenta-

ções. Uma infinidade de novas realida-

des em diferentes itens sobre os quais

empresários e executivos precisam buscar adaptação em

tempo hábil para evitar maiores problemas.

Em meio a inúmeras modificações das regras, ajuste

fiscal e correções de direção do governo federal, uma

delas merece especial atenção pelo que representa. O

entrevistado de capa desta edição, Fabio Giambiagi, ao

falar sobre as novas regras de aposentadoria, apresenta

um ponto de vista que torna a Previdência Social um desafio

preocupante para o futuro.

Esta edição está recheada de atualizações sobre novas

regras em diferentes âmbitos. Mas também não nos deixa

esquecer que existem campos que pedem novidades, como

é o exemplo da Educação. Na matéria de Administração,

mostramos como um sistema de ensino retrógrado cria

lacunas entre o que oferece a escola e o que pede o mer-

cado. Está mais do que na hora de corrigirmos as direções.

Boa leitura!

Antonio Carlos MachadoPresidente da ANEFAC

“esta edição está recheada

de atualizações sobre novas

regras em diferentes

âmbitos. Mas também não

nos deixa esquecer

que existem campos

que pedem novidades”

Corrigir as direções

Carta aO LeitOr

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6 eNtrevistaFabio Giambiagi fala sobre as soluções que deveriam estar sendo tomadas para tornar os desafios da Previ-dência menos preocupantes

10 Giro Diretor

11 Giro anefac

12 Pesquisa anefac

14 evento

18 esPecial

22 Panorama

24 finanças

28 aDministração

Jornalista responsável: Suzamara Bastos (Mtb 45.822)

Editora: Carolina Bridi

Repórter: Jennifer Almeida

Design: Patricia Barboni

Projeto gráfico:

Revista ANEFACUma publicação da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e ContabilidadeRua 7 de Abril, 125 - 4º andar - Cj. 405CEP 01043-000 - Centro - São Paulo/SPFone: 11 2808-3200 / Fax: 11 [email protected]

Presidente: Antonio Carlos Machado

Conselho Editorial: Renato Zuccari (Diretor Responsável), Andrew F. Storfer, José Ronoel Piccin, Louis Frankenberg, João Carlos Castilho Garcia, Roberto Vertamatti e Roberto Müller

Conselho de Administração: Amador Alonso Rodriguez (Presidente), Andrew F. Storfer, Carlos Roberto Matavelli, Charles Barnsley Holland, Clóvis Ailton Ma-deira, Gennaro Oddone, José Ronoel Piccin, Luis Cláudio Fontes, Pedro Lucio Siqueira Farah, João Carlos Castilho Garcia, Roberto Vertamatti e Rubens Lopes da Silva

Sede:Superintendente: Carlos RibeiroAssociados: Luciana LimaComercial: Talita Dias Comunicação: Suzamara BastosEventos: Juliana Spalding e Juci Santana Financeiro: Maria Penha Costa

Vertical de Finanças: Ailton Leite (Vice-Presidente)Vertical de Administração: Roberto Fragoso (Vice-Presidente)Vertical de Contabilidade: Edmir Lopes de Carvalho (Vice-Presidente)Eventos: Andréia Fernandez (Vice-Presidente)Mídias Sociais e Comunicação:Sidney Matos (Vice-Presidente)ANEFAC Campinas:Ari Torres (Vice-Presidente)ANEFAC Curitiba:Leandro Camilo (Vice-Presidente)ANEFAC Rio de Janeiro:Ana Cristina França (Vice-Presidente)ANEFAC Salvador:Leandro Ardito (Vice-Presidente)Administração e Finanças: Carlos Aragaki (Vice-Presidente)Relações Institucionais: Maria Helena Pettersson (Vice-Presidente)Associados e Parcerias Comerciais: Lívio Giosa (Vice-Presidente)

As opiniões expressas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

322818

32 contabiliDaDe

36 carreira

40 Perfil

42 Hobby

44 reuniões técnicas

48 artiGo

50 fazenDo contas

suM

áriO

Web: Cinthya Araújo

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Quando o lo ngo prazo chegar

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“Revista ANEFAC: A recente mudança nas regras de aposentadoria torna os desafios da Previdência menos preocupantes?Fabio Giambiagi: Na verdade, é exata-mente o contrário. Eu faço a seguinte analogia. É como se antes estivésse-mos num espaço onde a sociedade estava com a água até o nível da bar-riga e com a perspectiva clara de haver um risco sério diante da tendência que no futuro a água chegasse ao nível do pescoço. O projeto 85/95 elevaria a água até cobrir a cabeça toda e o que o projeto do governo faz é levar o nível futuro da água “apenas” até o nível do nariz. Há quem queira ficar contente porque é melhor do que ser totalmente coberto pela água, mas o fato é que o nível da água chegará acima do que se esperava antes desse imbróglio ter sido criado. Eu entendo o projeto do governo da MP 676 politicamente como uma reação em momentos em que o governo está em córner, mas o fato objetivo é que ele eleva a perspectiva de gasto futuro. Diante disso, o ganho

EspEcialista nas árEas dE finanças públicas E prEvidência social, o Economista fabio GiambiaGi fala sobrE as soluçõEs quE dEvEriam Estar sEndo tomadas para tornar os dEsafios da prEvidência mEnos prEocupantEs. nEsta EntrEvista, ElE aponta os impactos futuros das novas rEGras dE aposEntadoria E avisa: “não havErá um ano EspEcífico Em quE a situação sE tornará insustEntávEl, mas tEmos quE tEr consciência dE quE um dia o lonGo prazo chEGa.”

propiciado pela redução da pensão das viúvas jovens é ínfimo.

R.A.: A MP aprovada em junho deve ser vista como uma solução momentânea? F.G.: Não é uma solução porque a prin-cipal medida, que era a redução das futuras pensões para 50% do benefício original mais 10% por dependente, caiu na primeira negociação política devido à postura antirreformista do relator. Dian-te disso, o que restou tinha um efeito pequeno e ainda por cima esse efeito foi anulado pela aprovação da Emenda dos 85/95 e o fato que se seguiu, que foi a MP 676, que na prática acaba com o fator para uma parcela do contingente de futuros aposentados.

R.A.: Qual seria a solução definitiva para as contas da Previdência Social?F.G.: A solução é adotar uma proposta integral e não um conjunto de remendos. Essa proposta integral deve envolver um conjunto de dispositivos: elevação da idade de aposentadoria, definição

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de idade mínima, extensão do período contributivo para os novos entrantes, adoção de regra de transição para os ativos, diminuição da diferença por gênero e retomada da ideia de reduzir o valor das futuras pensões em relação às atuais.

R.A.: O senhor afirmou que a Pre-vidência Social é o lado grego da economia brasileira e, mais recen-temente, reafirmou que estamos em uma trajetória grega. Poderia falar mais a respeito?F.G.: Disse isso e os fatos, infelizmente, estão me dando a razão. Eu venho utili-zando essa expressão há alguns anos, quando a crise da Grécia começou. Eu dizia que os gregos, ao longo de duas ou três décadas, tinham sido profunda-mente irresponsáveis na administração das suas finanças públicas. Já o Brasil, depois de 1999, teve uma condução fiscal que melhorou muito em relação ao passado, mas ao longo dos anos dava sinais de irreponsabilidade no tratamento hipergeneroso das questões previdenciárias. Dessa forma, conviviam lado a lado um regime de metas fiscais que funcionava razoavelmente e com boa dose de responsabilidade, e um regime previdenciário de concessão de benefícios muito pouco preocupado com o custeio. Assim, a equação fiscal tinha um lado austero e um “lado grego”. Com o tempo, o lado austero se tornou menos austero e o lado grego se tornou mais grego. O resultado é um déficit público de 8 % do PIB, próprio de um país irresponsável.

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R.A.: Então, no futuro haverá impac-tos ainda mais negativos nas contas da Previdência?F.G.: Estamos convivendo com esses impactos há mais de 25 anos. Em 1988 a despesa do INSS era de 2,5% do PIB, e no ano em curso ameaça ficar perto de 7,5% do PIB. E, ao invés de tomar providências sobre o tema, o Executivo e o Legislativo competem para saber quem vai aumentar mais esse gasto futuro. O que estou tentando alertar há anos - re-conheço, com enorme frustração, sem qualquer sucesso - é que essa conta não fecha e que se continuarmos assim vamos ter um final de filme muito ruim.

R.A.: Como estes impactos afetarão as contas públicas e a economia brasileira como um todo quando o problema explodir?F.G.: A analogia não é com uma explosão e sim com um problema que vai se agra-vando gradualmente. Por isso, eu costu-mo fazer um paralelo entre o problema previdenciário e a questão ambiental. O aumento da temperatura média da Terra não é um problema em 2015 em com-paração com 2014, mas sim em 2015 em comparação com 1965, e em 2065 em comparação com 2015. Da mesma forma, analogamente, um país, demogra-ficamente, não é muito diferente um ano em relação ao anterior, mas em 50 anos as mudanças podem ser dramáticas. Não haverá “um” ano específico em que a situação se tornará insustentável, mas temos que ter consciência de que um dia o longo prazo chega. É como disse Paul McCartney, “yesterday came suddenly...”

O Brasil, depois de 1999, teve uma condução fiscal que melhorou muito em relação ao passado, mas ao longo dos anos dava sinais de irreponsabilidade no tratamento hipergeneroso das questões previdenciárias

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“R.A.: Tendo em vista estes impactos futuros, qual deveria ser, então, a postura da oposição no momento atual em relação ao tema?F.G.: Pode-se entender a luta política que leva a oposição a rejeitar aumen-to de impostos que cabe ao governo aprovar. Isso é do jogo. O que não se pode entender é que a oposição enterre instrumentos que ela criou no passado, como o fator previdenciário. Isso é incompreensível aos olhos da popula-ção. A população tem que ter claro que governo é uma coisa e oposição é outra, mas ela precisa também saber distinguir quem defende o quê, e nesse sentido, que o PSDB faça exatamente o mesmo tipo de oposição incendiária que o PT fazia a ele até 2002 é algo que desbota um pouco a nossa democracia.

R.A.: A polarização política e a guerra de partidos torna situação e oposi-ção responsáveis por alimentarem a intensidade dos desequilíbrios nas contas públicas?F.G.: Não exatamente. Há graus de responsabilidade. Eu, como cidadão, posso não estar satisfeito com a pos-tura da oposição, mas a responsabili-dade de governar é de quem governa. E o que está ocorrendo é responsabi-lidade do governo. Os espanhóis têm um ditado que diz: “Cría cuervos y te comerán los ojos”. O governo ficou anos alimentando seus “corvos”, ou seja, os parlamentares que ficavam o tempo todo dizendo disparates, como que a Previdência era superavitária, combatendo o fator previdenciário com

O que não se pode entender é que a oposição enterre instrumentos que ela criou no passado, como o fator previdenciário. isso é incompreensível aos olhos da população

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uma permanente guerra de guerrilhas e ameaçando aprovar uma proposta mais maluca do que a outra, sem chamar esses parlamentares à responsabili-dade. Mais ainda, o governo incentivou o fim do fator previdenciário com uma entrevista absurda do próprio Ministro da Previdência há três meses defen-dendo exatamente o Projeto 85/95. Não dá para, quando o caldo entorna, se considerar surpreso com o que acon-teceu. O que ocorreu é consequência direta da postura irresponsável de muita gente, alimentada anos a fio pelo PT e pelo ex-presidente Lula. E na economia, como na política, fatos têm consequências. O governo hoje colhe o que plantou. Acho a postura da oposição errada, mas a res-ponsabilidade pelo que está acontecendo é do governo.

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Giro DiretorCarlos Matavelli, diretor executivo de Parcerias institucionais e membro do Conselho de administração da aNeFaC, representou o presidente antonio Carlos Machado na homenagem à classe contábil, realizada na assembleia Legislativa de são Paulo no dia 4 de maio.

No dia 7 de maio, o presidente da aNeFaC, antonio Carlos Machado, discorreu sobre “transparência e o Prêmio aNeFaC” durante a ii semana João Marino Junior de Contabilidade, promovida pela Fea rP/usP.

Marta Pelucio, diretora executiva de Normas internacionais de Contabilidade da aNeFaC e sócia da Praesum, participou como palestrante no painel “Liderança Feminina - a importância da Participação das Mulheres em Cargos de Destaque”, no dia 16 de junho, na 24ª Convecon (Convenção dos Profissionais da Contabilidade do estado de são Paulo), realizada em santos.

Marta Pelucio representou a aNeFaC na iFrs Conference, realizada nos dias 22 e 23 de junho, em são Paulo. a diretora executiva de Normas internacionais de Contabilidade da aNeFaC palestrou no painel “Compliance e iFrs”.

Diretores e vice-presidentes da aNeFaC reuniram-se no dia 25 de junho no prédio da Gs1 Brasil - associação Brasileira de automação, em são Paulo. Durante o encontro, foram discutidas as ações da aNeFaC e dos seus Comitês técnicos. após a reunião, o grupo fez uma visita técnica ao Centro de inovação e tecnologia da Gs1 Brasil, onde foram apresentados os padrões de identificação que podem contribuir com o controle na cadeia de suprimentos. ao final do dia, as atividades foram encerradas com happy hour.

O presidente da aNeFaC, antonio Carlos Machado, prestigiou o evento de comemoração do Dia do Contabilista, realizado pelo CrC sP (Conselho regional de Contabilidade do estado de são Paulo) em sua sede, no dia 11 de maio, em são Paulo.

antonio Carlos Machado, presidente da aNeFaC, foi paraninfo de formatura da 51ª turma do sescon solidário, que aconteceu no dia 15 de julho, em são Paulo.

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24 Troféu Transparência 2015

23Seminários de Encerramento das Demonstrações Financeiras 2015

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@anefac_brasil

aGenDaConfira a programação de eventos e reuniões técnicas da ANEFAC para os próximos meses:

Agenda sujeita a alteraçõeswww.anefac.com.br

18 e 19São Paulo e Rio de Janeiro: CPC-25: A avaliação de riscos: terceirizados e processos jurídicos, Reunião Técnica do Provisionamento do Risco Jurídico

19Café da Manhã Crédito no Brasil - Quais são as perspectivas e como sua empresa será afetada

20Gestão sustentável de fornecedores: quais os principais cuidados, Reunião Técnica de Crédito Corporativo

25Fundamentos de um Programa de Compliance, Reunião Técnica de Processos e Riscos

27Rio de Janeiro Ten-dências do mercado de M&A para o 2º semestre de 2015

agosto setembro

novembroGi

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momento econÔmicoNo programa “Momento Econômico”, produzido pela ANEFAC, veicula-do ao vivo na TV Geração Z e armazenado no Portal UOL, Roberto Ver-tamatti entrevistou Ricardo Bonfá, sócio-diretor da KPMG, no dia 18 de maio sobre os principais tópicos da ECF. No dia 25 de maio, o impacto da crise nas finanças pessoais foi o tema da entrevista com o sócio da AG & Associados, Silvio Paixão. Em junho, o vice-presidente da ANEFAC, Lívio Giosa, falou sobre a lei da terceirização e planejamento estratégico público no dia 1º; no dia 8 a diretora da MVI Bank, Márcia Vieira, abordou o tema inovação em tempos de crise; no dia 15, Ailton Leite entrevistou José Augusto Minarelli, diretor-presidente da Lens e Minarelli, sobre carreiras em tempos de crise; no dia 22, Vertamatti conversou sobre neurociência na tomada de decisões com a doutora em administração pela FEA-USP, Ana Maria Roux César; e no dia 29, panorama da educação corporativa no Brasil foi o tema da entrevista com o diretor da Deloitte, Marcos Braga, e o professional coach, Laudio Nogues Filho. Em julho, Ailton Leite entrevistou a diretora do Stanton Chase, Eline Kullock, sobre conflito de gerações dentro das organizações no dia 6; e no dia 13 o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, falou sobre a crise na economia brasileira. Acompanhe o programa ao vivo toda segunda-feira, às 10h, em www.tvgeracaoz.com.br, ou assista as edições anteriores em www.tvuol.com.br e www.anefac.com.br.

Debate na reDeAcompanhe a ANEFAC nas

redes sociais e fique por dentro

dos principais temas presentes

na rotina dos profissionais de

Finanças, Administração e Con-

tabilidade. No grupo da ANE-

FAC no LinkedIn, você pode es-

tar em contato com seus pares

em debates sobre temas como:

“ANEFAC e Deloitte realizam

pesquisa inédita: Um panorama

da educação corporativa no

Brasil”; e “Taxa de juros para

PF sobe e alcança 121,96% ao

ano, aponta pesquisa de juros

da ANEFAC”. Siga a ANEFAC

e acompanhe as principais

discussões do mercado.

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Selic13,75%Junho/15

as taxas De juros Das oPerações De créDito voltaram a ser elevaDas em junHo De 2015, senDo esta a sexta elevação no ano e nona elevação consecutiva.estas elevações PoDem ser atribuíDas aos seGuintes fatores:ínDices De inflação elevaDos, aumento De imPostos e juros maiores reDuzem a renDa Das famílias, enquanto o baixo crescimento econÔmico Deve Promover crescimento Dos ínDices De DesemPreGo. com exPectativas neGativas Para 2015, as instituições financeiras aumentam suas taxas De juros Para comPensar Prováveis PerDas com a elevação Da inaDimPlência;elevação Da taxa básica De juros (selic) PromoviDa Pelo banco central em sua última reunião Do coPom;elevação Da carGa tributária Para o sistema financeiro no Pacote fiscal que aumentou a csll (contribuição social sobre o lucro líquiDo) De 15% Para 20%, elevanDo assim a cunHa fiscal Das instituições financeiras, o que inevitavelmente reflete no rePasse Para as taxas De juros Das oPerações De créDito; exPectativa De novas elevações Da selic.

taxa de juros x selicConsiderando todas as elevações da Selic promovi-das pelo BC desde março de 2013, tivemos até junho de 2015 uma elevação de 6,50 pontos percentuais (elevação de 89,66%), de 7,25% ao ano em março de 2013 para 13,75% ao ano em junho de 2015.Neste período a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 35,74 pontos percentuais (elevação de 40,63%), de 87,97% ao ano em março de 2013 para 123,71% ao ano em junho de 2015. Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma elevação de 17,08 pontos percentuais (elevação de 39,19%), de 43,58% ao ano em março de 2013 para 60,66% ao ano em junho de 2015.

PersPectivas Para os PrÓximos mesestenDo em vista o cenário econÔmico atual, que aumenta o risco De elevação Dos ínDices De inaDimPlência, bem como as Prováveis novas elevações Da taxa básica De juros frente a uma inflação mais elevaDa, a tenDência é De que as taxas De juros Das oPerações De créDito voltem a subir nos PrÓximos meses.

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Pessoa físicaDas seis linhas de crédito pesquisadas, todas tiveram suas taxas de juros eleva-das no mês. A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou elevação de 0,07 ponto percentual no mês (1,75 pontos percentuais no ano), correspondente a uma elevação de 1,02% no mês (1,43% em 12 meses), passando de 6,87% ao mês (121,96% ao ano) em maio para 6,94% ao mês (123,71% ao ano) em junho. Esta é a maior taxa de juros desde novembro de 2009.

Pessoa jurídicaDas três linhas de crédito pesquisadas, todas foram ele-vadas no mês. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica apresentou elevação de 0,03 ponto percentual no mês (0,56 ponto percentual em 12 meses), corresponden-te a uma elevação de 0,75% no mês (0,93% em 12 me-ses), passando a mesma de 4% ao mês (60,10% ao ano) em maio para 4,03% ao mês (60,66% ao ano) em junho. Esta é a maior taxa de juros desde julho de 2011.

Taxa Mês PJ • Junho/15

Taxa Mês PF • Junho/15

Evolução de taxas mensais pJ

Evolução de taxas mensais pf

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*Miguel Oliveira é sócio-diretor da Ribeiro de Oliveira Consultores Associados e diretor executivo de Estudos Financeiros da ANEFAC

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pequenas alterações em determinados blocos de um ano para outro. No entan-to, em 2014 a Receita Federal do Brasil criou a ECF (Escrituração Contábil Fis-cal), obrigação que reúne informações da ECD (Escrituração Contábil Digital), DIPJ, Lalur (Livro de Apuração do Lucro Real) e ajustes decorrentes das novas normas contábeis (anteriormente con-trolado no FCont).

“O documento ficou mais completo,

com informações mais amarradas, e ao mesmo tempo mais trabalhoso, pois o trabalho prévio ao preenchimento será muito maior”, definiu Roberto Puoço, sócio-diretor de Consultoria Tributária da KPMG, durante o seminário “Escri-turação Contábil Fiscal: Como entender e preencher os blocos de informação e novas regras contábeis”, realizado pela ANEFAC e pela KPMG no dia 11 de junho, em São Paulo, e replicado

No quesito obrigações aces-sórias, o ano de 2015 será ainda mais desafiador para as empresas tributadas pelo Lucro Real, Presumi-do e Arbitrado. Até o ano passado, elas estavam

acostumadas com a DIPJ (Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica), onde os campos de preenchimento já es-tavam determinados e havia, no máximo,

ECF intenso trabalHo

Prévio Para elaborar a obriGação e cuiDaDo

com o cruzamento De informações são

PrinciPais PreocuPações Das emPresas

Por Jennifer Almeida

exige elevado nível de detalhamento das informações

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nas cidades de Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Campinas, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro entre os dias 9 e 18 de junho.

De acordo com Puoço, com a ECF será preciso adotar o plano de contas da Receita Federal, o que antes não era obrigatório. O plano de contas, conforme esclareceu, é a forma como a empresa registra sua contabilidade. Filiais de empresas norte-americanas, por exem-

plo, têm o costume de adotar plano de contas americano. A partir desse ano, as empresas deverão adaptar seus planos de conta ao layout da Receita. “Isto é um pouco trabalhoso, dependendo do porte da empresa, porque ela terá que analisar todas as contas do balanço e classificá-las dentro do plano de contas da Receita”, justificou.

Segundo ele, a Receita vai intensificar a amarração de informações de forma

eletrônica, pois seu objetivo é ter como buscar essas informações em diversas declarações e automaticamente efetuar os cruzamentos. Outra novidade da ECF é o Lalur, que agora passa a ser eletrônico. Segundo Puoço, antes da ECF algumas empresas não o preenchiam corretamen-te, não tinham controle e ajustavam con-forme as necessidades surgiam. “Agora, as empresas devem ter o Lalur, tanto do passado, para conseguir preencher a

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ECF, quanto manter esses arquivos ele-trônicos atualizados”, enfatizou.

Altair Toledo, sócio de Tax da KPMG e palestrante do evento em Porto Alegre, mencionou que a maioria dos clientes da região Sul foram solicitados pela Receita a entregar o Lalur. “Entendemos que o objetivo é comparar se as informações do Lalur até 2013 serão refletidas nas informações da ECF de 2015”, ressaltou.

Na Aché Laboratórios, o processo de elaboração está bem estruturado e adian-tado, especialmente com relação ao plano de contas. “Meu plano de contas referen-cial teve quase 200 mudanças, então, foi um processo diferente da nossa rotina”, mencionou Fernando de Assis Matias, gerente contábil e fiscal da empresa. Ele contou que foi preciso quase um mês para identificar as contas e abrir novas.

Principais preocupações Para Marcos Rogério Grigoleto, sócio-diretor de Tax da KPMG e palestrante do evento em Ribeirão Preto, neste momento as principais preocupações das empresas são o tempo e a penalidade. Com en-trega prevista para 30 de setembro de 2015 (ano base 2014) no ambiente do Sped (Sistema Público de Escrituração Digital), há poucos meses para as em-presas se adequarem. “A penalidade também é um ponto super relevante, pois a empresa que não entregar o documento no prazo ou remetê-lo com atraso fica sujeita a multa equivalente a 0,25%, por mês-calendário ou fração, do lucro líquido antes da incidência do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, no período a que se refere a apuração, limitada a 10%”, esclareceu.

Palestrante em Curitiba, Marcus Souza, diretor da área de impostos da KPMG, diz que tem conversado com administradores de diversas empresas e cita duas das principais preocupações que a maioria dos executivos tem mencionado em relação

à ECF. “A primeira é a falta de integração entre a área contábil e a área tributária das empresas, e a segunda é não possuir um sistema de informática para preencher o arquivo da ECF”, apontou. Com relação à falta de integração, ele entende que as empresas, de forma geral, já tiveram tempo suficiente para promovê-la.

De acordo com Souza, desde 2007, quando entrou em vigor a ECD - o pri-meiro arquivo eletrônico transmitido no ambiente Sped, as empresas tiveram a oportunidade de iniciar o processo de mudança de cultura em relação ao tratamento dado ao registro das informa-ções contábeis e fiscais. “Quem não teve sucesso nesta mudança de cultura deve estar passando por tempos difíceis, uma vez que um arquivo da ECD bem elabo-rado é fundamental para a geração de um arquivo da ECF com mais qualidade e tranquilidade”, argumenta.

Quanto à necessidade de ter um sistema de informática para geração do arquivo da ECF, ele não considera imprescindível. De acordo com Souza, a ECF poderá ser preenchida com parte das informações importadas au-

a eCF poderá ser preenchida com parte das informações importadas automaticamente do arquivo da eCD, e os demais blocos e registros poderão ser preenchidos manualmente, como já se fazia na antiga DiPJ

Rodrigo Oliveira, Grupo Bolognesi Energia; Roberto Puoço, KPMG;

Bergson de Oliveira Pereira, KPMG Salvador; e Vilma Andrade, KPMG BH

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tomaticamente do arquivo da ECD, e os demais blocos e registros poderão ser preenchidos manualmente, como já se fazia na antiga DIPJ.

Outra preocupação apontada por Carlos Cypriano, sócio da KPMG e pa-lestrante no Rio de Janeiro, é que a Re-ceita Federal não quer receber apenas a informação com o cálculo dos seus tributos, mas também saber de onde as empresas extraem a informação sem precisar visitá-las. “Essa facilidade é o que tenho notado ser a maior preocupação das empresas hoje”, acrescenta. Esse movimento da Receita também foi percebido por Ro-drigo Oliveira, gerente fiscal do Grupo Bolognesi Energia. Em sua análise, cada vez mais o Fisco está cercando todas as informações prestadas pelas empresas para, assim, poder fiscalizar à distância. “Estamos lendo muito e participando de eventos para compartilhar conhecimento”, comentou, ao citar suas dúvidas com re-lação aos campos de cruzamentos com Sped Contábil.

Para as empresas que optaram por antecipar os efeitos da Lei 12.973/14, que revogou o RTT (Regime Tributário de

Preenchimento sem erros “As expectativas com a ECF são mui-tas por conta das novidades. Estamos terminando o ECD porque temos que recuperar os dados dele para incluir na ECF e logo em seguida iniciaremos o preenchimento da ECF”, comentou Alexandra Silva, analista sênior fiscal do GRU Airport. Para ela, as principais dú-vidas estão nos novos blocos que fazem a apuração do Lalur e também no plano de contas referencial.

A preparação deve iniciar com a leitura do “Manual de Orientação do Leiaute da ECF” para afastar o risco de pesadas multas por conta de informa-ções inexatas, incompletas ou omitidas, como aponta João Henrique Neto, gerente sênior de impostos da KPMG e palestrante em Curitiba. Altair Toledo sugere às empresas atenção redobrada no “De-Para”, mapeamento do plano de contas societário com o referencial da ECF, com o objetivo de alinhar as informações da contabilidade com a ECF e fazer um diagnóstico para entender o que ainda precisa ser feito para entregar a ECF com qualidade.

Para Walter Alberto Timoteo, gerente de Tax da KPMG e palestrante em São Paulo, é importante ter controles das contas contábeis, pois se determinadas informações forem divulgadas de ma-neira incorreta, o arquivo vai emitir um alerta. Segundo Grigoleto, é necessário repassar bloco a bloco da ECF, ver o que está sendo exigido em cada um deles e comparar com a atual situação do con-tribuinte em relação ao Sped Contábil, sendo que esse mapeamento deve ser feito com o intuito de identificar as difi-culdades que a empresa terá em fazer a referida rastreabilidade. “As empresas não estão totalmente preparadas, mas a culpa não é exclusivamente delas porque o layout demorou para sair. Aparente-mente já temos o definitivo, mas pode mudar”, alertou Roberto Puoço.

Da esq. para a dir., Fernando de Assis Matias, Aché; Altair Toledo, KPMG Porto Alegre; Alexandra Silva, GRU Airport; e Cristiano Garcia, KPMG Campinas

Transição) e integrou a legislação tributá-ria às normas societária/contábil, Cypria-no considera que houve tempo bastante reduzido para se preparar e estar apto a entregar a ECF. Como os detalhamentos dos controles necessários surgiram com a publicação da Instrução Normativa 1515 em novembro de 2014, ele lembra que as empresas tiveram menos de um ano para adequação à Lei e mapea-mento do seu ambiente de tecnologia para atendimento da nova ferramenta. “Levando-se em consideração a com-plexidade do sistema tributário brasileiro, a implementação desses ajustes pode se tornar um trabalho hercúleo”, opinou.

Já as empresas não optantes pela antecipação continuam no RTT durante o exercício de 2014 e estão obrigadas à aplicação do mesmo tratamento fiscal a partir de 1º de janeiro de 2015. “Vale res-saltar que as mudanças estabelecidas na lei exigem uma adequação de controles e procedimentos fiscais/contábeis com impacto significativo nas empresas”, ex-plicou Felipe Maceno, gerente sênior da área de Impostos da KPMG e palestrante em Curitiba.

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em uma de suas reflexões, o economista Carlos Hilsdorf diz: “Não basta apenas querer. Não basta apenas decidir... Promessas são apenas pa-lavras. É preciso ter atitude! Atitude é o que define, que

abre os caminhos, que faz a diferença! Muitas pessoas decidem, mas não pra-ticam o que decidiram. Não agem, ficam paralisadas apenas na teoria. Vida não é teoria, é pratica”. A reflexão aplica-se, e muito, no mundo corporativo, ambiente onde é preciso ter atitude para mudar, corrigir as metas e estabelecer novos planejamentos, especialmente em mo-mentos difíceis, como este que estamos vivendo em 2015.

executivos De GranDes emPresas mostram os melHores caminHos Para encarar momentos turbulentos com foco no crescimento e no futuro

Para ter uma atitude eficaz, é preciso eleger prioridades e ajustá-las à realida-de da organização e do setor em que ela está inserida. Por isso, a Revista ANEFAC procurou entender como as grandes empresas estão trabalhando suas priori-dades, tendo em vista a necessidade de superar as dificuldades do atual cenário. A Cemig, por exemplo, tem em sua es-tratégia ser uma consolidadora de ativos no setor de energia elétrica, sempre analisando eventuais oportunidades de investimento, segundo Leonardo George de Magalhães, superintendente de Con-troladoria da companhia. “Considerando o atual cenário econômico, sempre é importante estar atento às novas opor-tunidades de negócio”, considera.

ajuste de processos e prioridades ajudam a superar

cenário difícil

No cenário atual, onde os custos de alavancagem financeira são muito altos, ele relata que os desafios são ainda maiores, sendo fundamental que a empresa também busque de forma concomitante a gestão eficiente de seu caixa, a administração conservadora do seu perfil de endividamento e o equilíbrio em seu portfólio de investimentos.

Na Vale, a prioridade continua sendo a segurança dos colaborado-res nas minas, obras e escritórios, como aponta Murilo Muller, diretor de Controladoria e Contabilidade da em-presa. “Adicionalmente, temos focado nos últimos anos na simplificação da estrutura, incluindo a redução dos níveis hierárquicos, foco em ativos de

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classe mundial e disciplina na gestão de custos”, revela.

Ele observa que os principais concor-rentes da empresa estão geograficamen-te melhor localizados do ponto de vista dos principais mercados de destino dos produtos da Vale. Consequentemente, a companhia tem que ser absolutamente focada na gestão de custos para asse-gurar a competitividade.

Para Ana Cláudia Alves da Costa, gerente de Processos Corporativos da Taesa, o objetivo principal de toda empresa é garantir a continuidade dos negócios e a Taesa pretende alcançar este objetivo por meio da prestação de um serviço e atendimento aos sharehol-ders e stakeholders com excelência de qualidade. Segundo ela, a empresa está atenta às necessidades de mudança e às oportunidades de mercado para um crescimento sustentável.

“Ao firmarmos esse compromisso de acompanhar de forma contínua as necessidades de mudança em conjunto com a cultura de melhoria contínua dos processos, atuaremos em parceria com nossos clientes e fornecedores, para que juntos possamos superar novos desafios”, comenta a executiva.

ajustando os processos Segundo Ana Cláudia, a Taesa anteci-pou-se ao atual cenário econômico ao revisar todos os seus processos e recur-sos com o objetivo de determinar cada processo dentro da empresa, garantir o entendimento, o comprometimento e a co-laboração de todas as partes envolvidas, além de determinar o impacto de cada processo na prestação de serviços aos clientes internos e externos da companhia.

Ela explica que a empresa está em fase de crescimento contínuo e tem como meta alcançar o maior nível de acuraci-dade, confiabilidade e transparência nas informações fornecidas interna e externa-mente, o que, consequentemente, trará maior valor para o acionista.

“O cenário macroeconômico atual de inflação prevista para o ano de 9% e a expectativa de redução do PIB cer-tamente trazem impactos para o setor elétrico e para a Cemig, com reflexos no mercado de energia elétrica e nos níveis de inadimplência, considerando também os reajustes tarifários que ocorreram neste ano”, analisa Leonardo, da Cemig. Neste cenário, ele afirma que a utilização eficiente dos recursos e uma gestão de caixa mais refinada, com análise cons-tante de cenários, são instrumentos de gestão indispensáveis.

Muller observa que a indústria da mineração está vivendo um momento de excesso de oferta de produtos, o que consequentemente tem deprimido o preço das commodities comercializa-das pela Vale. “Alguns analistas falam do fim do super ciclo da mineração, e que esse será um cenário duradouro. Como competidores globais, temos que permanentemente revisar processos e recursos de forma a assegurar a nossa competitividade no mercado internacio-nal”, opina.

“O momento requer foco nos processos, envolvimento ainda maior na revisão de informações e conhecimento profundo dos assuntos que estão na pauta prioritária da organização.” Murilo Muller, vale

Da esq. para a dir., Murilo Muller, Vale;

Leonardo George de Magalhães, Cemig; e Ana Cláudia Alves da

Costa, Taesa

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Em períodos turbulentos, “fazer mais com menos” é um lema comum que norteia o comportamento das empresas, e uma das áreas que suporta essa mu-dança é a Controladoria. “A Controladoria tem papel-chave, provendo informações precisas e tempestivas sobre a perfor-mance dos negócios e das áreas. Atribuir responsabilidades e atuar no “check and balance” das informações que chegam aos tomadores de decisão da compa-nhia são atribuições críticas no desafio de fazer mais com menos”, define Muller.

Para Magalhães, a área provê a ad-ministração de informações e análises quantitativas e qualitativas de cenários que possam ser efetivamente úteis para a tomada de decisões estratégi-cas e também de curto prazo. Além de considerar a volatilidade do mercado,

buscando sempre a gestão mais efi-ciente, com redução de custos de forma sustentável e constante. Na visão de Ana Cláudia, a Controladoria pode gerar informações em um menor tempo, com eficiência e eficácia, possibilitando a perfeita gestão de seus fluxos financeiro, contábil e fiscal.

superar os desafios Muller e Ana Cláudia acreditam que foco deve ser o direcionador dos profissionais para enfrentar períodos de crise. “O momento requer foco nos processos, envolvimento ainda maior na revisão de informações e conhecimento profundo dos assuntos que estão na pauta prio-ritária da organização”, comenta o exe-cutivo da Vale. A gerente de Processos

Corporativos da Taesa sugere ainda foco nos objetivos estratégicos da empresa, qualificação do time e visão do futuro.

Magalhães acredita na importância da comunicação efetiva, praticada pela empresa e principalmente pela alta administração, para que todos os colaboradores tenham a percepção e consciência adequados do cenário atual, seus reflexos sobre a companhia e como cada pessoa individualmente e de forma coletiva, em cada área, pode contribuir para que os desafios sejam superados. “Nos momentos mais difíceis, também é importante uma gestão mais conserva-dora da companhia, com análise cons-tante de cenários. Sempre vale a pena destacar que liquidez e gestão eficiente de caixa nesses momentos deve ser uma prioridade”, conclui.

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PresiDente Da anefac fala sobre as noviDaDes Da 19ª eDição Do Prêmio e as exPectativas De aPlicação Do ocPc 07

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em 2015 o Prêmio ANEFAC- FIPECAFI-SERASA EXPERIAN chega à 19ª edição com a expectativa de ver demons-trações financeiras mais cla-ras, concisas e eficientes. Este será o primeiro ano em

que as empresas estarão aplicando o OCPC 07 – Evidenciação na divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros de Propósito Geral, orientação emitida no ano passado pelo CPC (Comitê de Pro-nunciamentos Contábeis).

A norma trata das melhorias nas notas explicativas das demonstrações financeiras das empresas. Antonio Car-los Machado, presidente da ANEFAC, afirma que isso impacta diretamente nos conceitos de relevância e evidenciação na divulgação das notas explicativas, o que ele considera a essência da transparência da informação financeiro-contábil. Segun-do ele, as expectativas com relação à premiação são muito grandes, pois cada ano supera o ano anterior. “Não temos dúvidas de que o Troféu Transparência de 2015 superará em termos de qualida-de e transparência de informações, o de 2014”, acrescenta.

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Troféu Transparência de olho nas notas explicativas

No que diz respeito às regras do Prê-mio, Machado explica que elas continuam as mesmas, com destaque, apenas, para a expectativa em relação ao impacto da OCPC 07. Continua-se premiando as em-presas mais transparentes nas categorias de capital aberto acima de cinco bilhões de reais e até cinco bilhões de reais e as de capital fechado.

A cada ano a comissão julgadora do Prêmio tem o desafio de escolher as em-presas mais transparentes do Brasil em um processo nada simples, visto que a cada ano as empresas têm se dedicado mais, tornando a disputa mais acirrada. “Como a premiação já é madura, perce-bemos muitas mudanças. As empresas investiram na melhoria de layouts, na melhoria da comunicação com o usuário e no detalhamento das informações re-queridas pelos pronunciamentos contá-beis”, aponta Machado. De acordo com ele, atualmente há maior foco em relação ao item: atingir o objetivo final de bem informar, de forma clara, por meio de um modelo de comunicação inteligível pelos usuários gerais das demonstrações financeiras. Este objetivo final também vem respeitando os diversos grupos de

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destinatários: investidores, mercado de crédito, fornecedores, etc.

O presidente da ANEFAC diz que a partir de 2007, com a emissão dos pronunciamentos contábeis pelo CPC, as empresas passaram a ter referências sobre o que é requerido na elaboração de suas demonstrações financeiras. Sendo assim, houve uma notória me-

transparência em tempos difíceis Em momentos de instabilidade eco-nômica, a transparência deve imperar, pois são em momentos de crise que analistas, investidores e demais públicos costumam avaliar como as empresas estão se comunicando com o mercado. “Costumo classificar a transparência como um axioma, que são aquelas verdades que não precisam ser com-provadas, questionadas”, compara. Para ele, a transparência é o alicerce de todo código de conduta e de todo processo de prestação de contas de uma boa prática de governança corporativa. “O momento político e econômico atual cobra das empresas as práticas deste tipo a fim de garantir confiança e rein-vestimentos”, complementa.

Do ponto de vista de melhorias, Ma-chado acredita que é sempre possível investir em processos de comunicação adequados aos usuários que utilizarão as demonstrações financeiras. “Evo-luímos muito, saindo da ideia de que produzíamos algo fechado em si para o entendimento de que a contabilidade é uma base de dados dinâmica que permite a geração de informações com diferentes propósitos de decisão, sempre fidedignas, consistentes e íntegras”, afir-ma. Para ele, é preciso transformar estas informações em notícias. Neste sentido, a teoria da comunicação é importante e as empresas precisam investir mais nisso.

Para as empresas que desejam estar entre as ganhadoras do Troféu Trans-parência, Machado sugere que tomem como referência as empresas que já ganharam este Prêmio e invistam em modelos de comunicação simples e objetivos. “Dêem notícia, e não só infor-mem”, sugere.

lhoria nos relatórios publicados. “A comissão passou a ter o desafio, então, de identificar aquelas empresas que se destacaram no mercado ao ir além do que foi requerido, sem excesso, ou seja, sem comprometer a relevância e a evidenciação, já que informação em excesso não necessariamente significa transparência”, comenta.

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É consenso que o Brasil não atravessa uma boa fase, tanto política, quanto economica-mente. O quadro recessivo com inflação alta, queda no PIB, desemprego, inadim-plência e ajuste fiscal indicam

que, no curto prazo, os empresários te-rão de vencer muitos desafios. “O Brasil é resiliente e tem uma capacidade muito grande de resistir a malefícios”, desta-cou o presidente da Serasa Experian, José Luiz Rossi, durante jantar palestra realizado pela ANEFAC no dia 2 de julho, em São Paulo.

Hora de olhar para dentro de casa e

em jantar Palestrasobre o atual momento

econÔmico, PresiDente Da serasa exPerian, josé

luiz rossi, e emPresários aPontam caminHos Para

enfrentar a crise

ganhar eficiência

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Hora de olhar para dentro de casa e

ganhar eficiênciaPara ele, a atual situação econômica

brasileira teve início com o pacote anti-crise de 2008, com foco no consumo. Em sua avaliação, o pacote foi muito bom naquele momento, pois enquanto muitos países se davam mal, o Brasil parecia estar na contramão. O erro foi persistir naquela política sem nenhum ajuste posterior àquele primeiro momen-to. Segundo ele, o governo incorreu no erro durante todo o mandato e a conse-quência foi o desarranjo da economia. “Quando isso acontece, demora-se muito para corrigir”, lamentou.

Em sua análise, o ano de 2015 será muito difícil. Os ajustes começaram a ser feitos, no entanto, os resultados só devem começar a aparecer a partir do próximo ano. “Hoje a expectativa do mercado é que o crescimento da economia só passe de 2% ao ano após 2018, o que é lento demais para um país como o Brasil”, opinou. Em sua visão, se o país não aumentar a taxa de

investimento da economia, continuará tendo uma recuperação lenta. Para aumentar a taxa de investimentos, ele acredita na estratégia do governo com os projetos de concessões e na ace-leração do processo de investimentos e infraestrutura com portos, rodovias e ferrovias.

Para o economista da Serasa Ex-perian, Luiz Rabi, se o governo não conseguir aprovar todas as medidas do pacote fiscal, o risco de uma não recuperação da economia é maior. “O Brasil seria rebaixado pelas agências de rating e o ajuste fiscal seria insuficiente para estancar o crescimento da nossa dívida pública”, analisa. Ele acredita que um governo mais forte e com apoio político efetivo teria conseguido passar as medidas do pacote fiscal de maneira mais tranquila, ou seja, sem enfraqueci-mento, como ocorrido.

“O atual governo teve uma mudança radical de atuação. No primeiro man-

dato, a presidente teve uma postura em relação à economia que mudou radicalmente agora. Podemos até dis-cordar da velocidade, mas as ações que estão sendo tomadas são todas em linha para recuperar a estabilidade econômica”, avaliou.

Nádia Lanny Lopes, gerente de operações financeiras da Whirlpool, acredita que este é o momento de olhar para dentro de casa e ajustar as contas para se preparar para o novo cenário de crescimento que, em sua opinião, deve acontecer a partir do segundo semestre do próximo ano. Antonio Carlos Macha-do, presidente da ANEFAC, observou que as empresas devem acompanhar a situação financeira e seu desempenho no dia a dia. “Termos como orçamento, planejamento, acompanhamento de custos, eficiência, melhoria na qualidade da receita nunca foram tão importantes na administração das empresas como agora”, afirmou.

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alternativas de resultados“Precisamos entender qual é o ta-manho desse poço e só depois con-seguiremos retomar as questões de investimentos e crescimento com mais clareza”, analisou Jefferson Frauches Viana, presidente da Way Back Recu-peração de Créditos. Ele apontou o crescimento da inadimplência, espe-cialmente no varejo, como impacto direto da desaceleração econômica.

O empresário Alexandre Capitani, da Capitani Solutions, acredita que somente com trabalho, esforço e muita persis-tência é possível obter resultados. Ele enfatizou que as empresas estão se dei-xando invadir pelo medo e criando um cenário que não precisaria existir. “Estou vendo outros empresários fechando suas empresas e isso é reflexo do medo, de não ter confiança”, complementou.

Independente da administração pública do país, Capitani acredita que há muitos caminhos para manter os ne-gócios e buscar alternativas para gerar resultados. “Consegui não só equilibrar a ‘pseudocrise’ de projetos que minha empresa vinha atravessando com novos clientes, como também alavancar mais um pouco o meu budget. Este ano tere-mos um crescimento, sim”, revelou. Na área de crédito e cobrança, Nádia, da Whirlpool, sugere selecionar melhor os clientes e avaliar a capacidade de pa-gamento. De acordo com ela, é preciso ser um pouco mais inteligente porque o processo de cobrança é caro.

Independente da velocidade da recuperação econômica, as empresas devem estar conscientes do seu papel no processo, adotando uma postura pró-ativa a fim de obter ganhos de eficiência e atravessar de forma menos traumática este período recessivo. “Quem está bem posicionado utilizará o momento para se diferenciar dos de-mais”, concluiu José Luiz Rossi.

anefac tem novo PresiDente Do conselHo De aDministração Durante o evento, Antonio Carlos Machado, presidente da ANEFAC, anunciou Amador Alonso Rodriguez, di-retor de Captação de Dados e Serviços a Clientes da Serasa Experian, como novo presidente do Conselho de Administração da Associação para os próximos dois anos, eleito por unanimidade na última reunião do Conselho. Na ANEFAC, ele ocupou o cargo de presidente da Diretoria Executiva em 2013 e 2014, e vice-presidente de Eventos até o final de 2012. O executivo participa também de outras entidades, como CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e MBC (Movimento Brasil Competitivo). Gennaro Oddone, que conduziu o Conselho de Administração nos últimos dois anos, agora passa a integrar o quadro de conselheiros de administração da Associação. “A nossa estimativa é de que, este ano, mesmo com os problemas enfrentados por todos em relação à eco-nomia, teremos um crescimento de 10,2% no quadro de associados da ANEFAC”, anunciou Machado.

Da esq. para a dir., José Luiz Rossi, Serasa Experian; Alexandre Capitani, Capitani Solutions;

e Jefferson Frauches Viana, Way Back

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esPecialistas comentam a melHor forma De atrair estes jovens em curso De GraDuação e esPecialização Para atenDer as lacunas De ensino sentiDas Pelas emPresas

em 1969, o educador norte-ame-ricano Edgard Dale desenvol-veu o cone do aprendizado (cone of learning) e afirmou que, após duas semanas, o cérebro humano retém 10% do que se lê; 20% do que se

ouve; 30% do que se vê, 50% do que é visto e escutado; 70% do que é dito em uma conversa/debate; e 90% do que é vivenciado a partir da prática. Naquela época, educadores e professores já faziam menção à eficácia da aprendi-zagem ativa - aquela em que o aluno é estimulado a pensar e solucionar problemas dentro e fora da sala de aula. Desde então, 46 anos se passa-ram e três gerações surgiram - X, Y e Z, acompanhando as transformações do mundo, inclusive a tecnológica. No entanto, a maneira como estas gera-ções têm sido educadas nas escolas brasileiras, com raras exceções, não acompanha a evolução.

aprendizagem ativa é chave para motivação das

“Houve uma mudança no cenário educacional, mas a sala de aula con-tinua basicamente a mesma de 1969. Ou seja, o professor lá na frente e os alunos olhando para ele e, no máximo, ele intermediando o conhecimento. Além disso, as aulas são muito focadas em conteúdo”, destaca Ronan Delfim Machado, palestrante e professor uni-versitário. Ele defende uma mudança no ensino brasileiro, passando da aborda-gem passiva para a ativa, especialmente agora, em que as gerações Y e Z são acostumadas a lidar com a tecnologia desde muito cedo.

Laudio Nogues, diretor executivo de Educação da ANEFAC e sócio-diretor da Lifeline Coaching & Consulting, acrescenta que, de maneira geral, as escolas brasileiras, especialmente no Ensino Médio, ainda mantêm o mesmo perfil de aprendizado que existia anos atrás, o qual não é compatível com a mentalidade das novas gerações.

“O que vem acontecendo ultimamen-te, e não vejo perspectiva de mudança, é uma alteração cada vez mais intensa, significativa e rápida na questão da tecnologia, o que influencia como as pessoas agem no dia a dia, aprendem as coisas, inclusive a educação formal”, destaca. Surgida em meados da década de 60 e estendendo-se até o final dos anos 1970, a geração X é marcada pela resistência a mudanças e início do uso de recursos tecnológicos. Nasce então, na década de 80, a Geração Y, que em pouco tempo de vida já presenciou os maiores avanços na tecnologia e diver-sas quebras de paradigma no mercado de trabalho. Os nascidos em meados dos anos 1990 formam o conjunto da Geração Z, já com forte influência tec-nológica desde o berço.

Nogues destaca que, em maioria, a geração X está na gestão de empresas e negócios, a Y está na execução, ten-do a Z como novatos. Em sua opinião,

gerações Y e Z

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assim como nos negócios, quem vem pensando hoje a educação são pessoas da geração X, as quais estão em uma etapa mais madura de suas vidas. “O principal problema que vejo é a distância que existe entre o aprendizado na sala de aula e a realidade em que o aluno está inserido, além da maneira como se transmite esse conteúdo”, comenta, ao lamentar o ainda ausente estímulo ao uso de smartphones e tablets como ferramentas de ensino na maioria das salas de aula.

Soma-se a isso o fato do merca-do de trabalho buscar profissionais proativos e solucionadores de proble-mas. É muito comum que nas gerações mais jovens, especialmente na Y, a falta de identificação entre o ensino e as co-branças provenientes do mercado de trabalho gere evasão escolar. De acordo com dados do sexto relatório de moni-toramento das 5 Metas do Todos pela Educação, movimento da sociedade civil formado por educadores, especialistas, pesquisadores, empresários e gestores públicos, os jovens entre 15 e 17 anos – idade em que deveriam estar no Ensino Médio – são maioria entre quem está fora da escola, totalizando mais de 1,6 milhão de indivíduos.

Segundo Ronan Delfim Machado, as principais instituições de ensino no mundo, como Harvard e o MIT (Mas-sachusetts Institute of Technology), já utilizam a aprendizagem ativa, aplicando na prática uma discussão em que os alunos ensinam uns aos outros aquilo que entenderam do conteúdo. Machado faz menção a um consórcio de 120 ins-tituições de ensino brasileiras que estão investindo neste tipo de aprendizagem. O objetivo do consórcio é trazer para o Ensino Médio a solução de problemas do dia a dia para o aluno pensar sobre ele. “É preciso discutir com os colegas e estimular os alunos a terem autonomia de aprendizagem”, acrescenta.

posta correta é revelada. Na Faculdade Única, onde ministra aulas, Machado tem praticado este tipo de ensino e se surpreende sempre com a produtividade.

Nogues acredita que a essência da motivação continua a mesma, mas os caminhos são diferentes. “A tecnologia não pode ficar de fora e o educador precisa ter essa realidade inserida no sistema educacional, tirando proveito disso”, opina.

Considerando a guinada tecnológi-ca acontecida na passagem da gera-ção X para a Y, com prosseguimento exponencial na Z, ele afirma que é ne-cessário observar o fato de que, cada vez mais, veremos a Y influenciando e promovendo mudanças significativas em várias frentes, inclusive na educa-ção. Para Nogues, essa guinada no modelo mental será, certamente, fator fundamental para a quebra de para-digmas e remoção de barreiras que geram as lacunas entre o ensino e as necessidades das empresas.

aprendizagem ativaÉ comum, em uma mesma geração, que o aprendizado aconteça de maneira diferente, segundo Machado. Existem alunos que são mais visuais e outros fixam mais o conteúdo se anotarem, por exemplo. De acordo com ele, exis-tem várias teorias sobre aprendizagem ativa, sendo uma delas a aprendizagem adaptativa, na qual o professor trabalha vários estímulos em sala de aula foca-do na solução de problemas e não no conteúdo. “Coloca-se os alunos para solucionar problemas juntos e com isso todos fixam o mesmo conteúdo, só que cada um de sua forma”, explica.

Outra abordagem apontada por ele é a peer instruction, ou aprendizagem em pares. Neste caso, o professor discute o conteúdo previamente e depois apre-senta um problema do dia a dia para os alunos e, em grupo, eles discutem a solução. Depois da discussão, o profes-sor estimula que os grupos convençam uns aos outros de que sua resposta está certa, e somente no final da aula o res-

Laudio Nogues, Lifeline Coaching

& Consulting e ANEFAC; e Ronan

Delfim Machado, palestrante e professor

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a governança corporativa tende a ganhar ainda mais destaque em tempos de crise por ser uma prática capaz de criar valor. No Brasil, o tema começou a ganhar importância a partir

da criação do Novo Mercado, quando as empresas passaram a fazer uso e debater as melhores práticas. O IFC (International Finance Corporation) do Banco Mundial produziu no ano de 2010 um estudo onde os investidores afirma-ram que a governança corporativa é fator decisivo para investimentos em países emergentes, e que pagariam mais por uma empresa com melhor governança do que por uma companhia com lacunas neste quesito.

No caso das companhias listadas na BM&FBOVESPA, os indicadores de desempenho de um conjunto de ações, como Ibovespa (Índice Bovespa), IGCX (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada) e IBrX (Índice Brasil), demonstram que quanto mais fortes as práticas de governança, maior

área centraliza resultaDos Da comPanHia e fornece informações Para tomaDa De Decisões comPatíveis com estratéGia Da orGanizaçãoPor Jennifer Almeida

tende a ser o potencial de retorno para o investidor. “A governança corporativa se tornou fator de sobrevivência para as empresas. Aquela que não fizer uso das boas práticas de governança terá grandes limitações de investimento e também de credibilidade”, destaca Umberto Tedeschi, conselheiro do CRC SP (Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo).

Neste sentido, a área de Contabilida-de tem o papel de auxiliar todo e qualquer órgão de governança para monitoramen-to e tomadas de decisões estratégicas, pois ela produz índices e indicadores de desempenho, como explica Rogério Andrade, sócio da KPMG. Dentro do

conceito da gestão corporativa, a con-tabilidade passou a ser a ferramenta de maior importância porque é nela que se apuram todos os resultados.

Ele afirma que, hoje, muitas decisões de negócios são tomadas levando em conta o impacto na contabilidade. “Te-nho visto nos meus clientes que o diretor de Controladoria senta periodicamente com os órgãos para discutir resultado”, justifica. Segundo Raul Corrêa da Silva, presidente da BDO Brazil, com a estabi-lização da moeda e o desenvolvimento dos sistemas de TI, a Contabilidade passou a contribuir muito no processo de governança. Graças a isso, hoje as empresas podem contar com informa-

O papel estratégico da Contabilidade

nas práticas de governança

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ções mais confiáveis, as quais permitem fazer projeções com uma análise realista do passado.

“Se as empresas analisam e refletem sobre os números gerados dentro da própria companhia, elas evoluem no pro-cesso de governança. O problema é que hoje temos uma série de informações sendo geradas, mas as companhias não estão adequando-as”, analisa. Em sua visão, o volume de informações geradas pelos inúmeros departamentos das empresas é enorme, e estes dados devem sempre ter o viés da Controla-doria e governança, passando por uma análise para só então serem enviadas à alta administração da empresa.

Na análise de José Maria Chapina Alcazar, diretor executivo do Prêmio Profissionais do Ano da ANEFAC e diretor-presidente da Seteco e Asplan Sistemas, a área de Contabilidade deve estar ao lado de toda a estratégia da gestão corporativa. E para que isso aconteça, é preciso haver sensibilização tanto do controller, como da presidência, da diretoria financeira, e dos departa-mentos contábil, fiscal e trabalhista. “Ou seja, todas as áreas devem se completar neste sentido”, afirma.

Para ele, é fundamental que todos participem e partilhem informações, su-gerindo ideias para que o planejamento estratégico da empresa se converta numa gestão corporativa eficiente. “Todo contador, por meio do seu trabalho, permite que os controles financeiros possam ser avaliados com mais eficiên-cia”, acrescenta Erika Suzuki, sócia da Crowe Horwath.

Na avaliação de Jorge Manoel, sócio da PwC Brasil e líder de auditoria, a go-vernança corporativa é um tema amplo e pode ser discutido sob vários prismas, seja no âmbito da estratégia da empresa, dos negócios, da parte operacional, de gestão, questões orçamentárias, risco, entre outros. “A contabilidade é fun-damental como padrão de medida de informação financeira consistente e em

Sempre é possível melhorar”, opina. Jorge Manoel, da PwC, destaca que,

apesar de cada empresa ter seu padrão de negócio, de controle, modelos de tecnologia e eficiência diferentes, o ob-jetivo da governança corporativa é igual para todas. Ou seja, ela deve promover a transparência e a informação clara e precisa. “Se a companhia estiver bem alinhada com a Contabilidade, isso pode gerar melhores resultados dentro da governança”, analisa Erika.

Para haver melhorias, Tedeschi, do CRC SP, acredita que é preciso mudar o paradigma de que a Contabilidade é um custo, especialmente dentro das pequenas e médias empresas e das em-presas familiares. Em sua visão, é muito importante que se tenha uma auditoria externa e se cumpra todas as exigências, inclusive o rodízio. “As maiores fraudes que tivemos no Brasil foram identificadas pela auditoria”, menciona. Segundo ele, as pequenas empresas ainda acham que auditoria representa um custo muito elevado, no entanto, Tedeschi considera o custo da auditoria muito menor do que o da fraude e da corrupção.

Chapina acredita que a consciência para a gestão corporativa ainda está muito restrita às grandes companhias. No entanto, esta cultura começa a ganhar força nas pequenas e médias empresas, e até nas familiares, que estavam distantes desta realidade. De acordo com ele, é muito mais econômico investir na corporação e compartilhar a informação via gestão do que correr inúmeros riscos em caminhos isolados e departamentalizados.

bases que possam refletir os interesses dos stakeholders”, ressalta. Além disso, ele lembra que ao adotar padrões e prin-cípios internacionais de contabilidade, é possível fazer a comparabilidade das empresas sob os mesmos critérios.

Para abastecer a gestão com infor-mações precisas e tempestivas de dife-rentes áreas, os profissionais da área de Contabilidade precisam estar engajados em todos os processos da organização. Em empresas que adotam o modelo de gestão corporativa, onde se privilegia a universalização das informações, Chapi-na conta que a Contabilidade participa do planejamento estratégico. “O con-tador participa desde o nascedouro no planejamento estratégico, na definição dos valores, metas, projetos, etc. E a partir disso desenvolve uma metodolo-gia que identifique esse planejamento estratégico”, esclarece.

melhorias Apesar dos avanços da governança corporativa nas empresas brasileiras, ainda há muito espaço para melhorias. Andrade, da KPMG, destaca que ainda existem práticas de governança não adotadas no Brasil, como, por exemplo, o Comitê de Auditoria, que nos Estados Unidos é obrigatório. De acordo com ele, este comitê só é obrigatório para as empresas brasileiras registradas na SEC (Security Exchange Comission), ór-gão regulador do mercado de capitais norte-americano. “Existe uma série de coisas nos códigos de governança ameri-canos que podemos adotar como exemplo.

Da esq. para a dir., Erika Suzuki, Crowe Horwath; Jorge Manoel, PwC Brasil; José Maria Chapina Alcazar,

ANEFAC, Seteco e Asplan; e Raul Corrêa, BDO

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em períodos recessivos, quando a economia apre-senta fraco desempenho, a taxa de desemprego aumenta e as empresas começam a fazer cortes, desânimo com a carreira

e temor pela perda do emprego são reações naturais. No entanto, algu-mas carreiras estão na contramão deste movimento e costumam ser

ainDa que alGumas funções sejam naturalmente mais DemanDaDas em momentos turbulentos, Profissionais PoDem ser Proativos Para Garantir emPreGabiliDaDe Por Jennifer Almeida

O que fazer para tornar sua carreira

imune à crise

mais requisitadas por estarem dire-tamente ligadas a atividades como planejamento e controle das finanças. O professor George Sales, coordena-dor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuarias e Financeiras), explica que quando há restrição na geração de riqueza, como está acontecendo atualmente, as car-reiras que controlam esse processo tendem a ser mais demandadas.

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“Não é que essas carreiras estão 100% imunes à crise, mas elas são mais demandadas”, detalha. Um exemplo citado por ele são os profissionais das áreas financeira e contábil, que tratam de questões ligadas ao controle de restrição orçamentária. Estes profissionais são mais requeridos para efetivar processos que verifiquem melhor os gastos dos recursos internos das organizações. Em empresas com linha de produção, Sales diz que uma das preocupações é rea-dequar a produção diante da demanda que vem sofrendo quedas. “Neste caso, provavelmente o pessoal de produção teria um risco maior”, complementa.

O profissional da área de vendas também tende a sofrer pressões por conta na queda de demanda. Como as empresas estão com problemas de fluxo de caixa, algumas precisam fazer capta-ção de recursos, portanto, o profissional da área financeira - não apenas aquele que cuida do corte de custos, mas o especialista em captação de recursos e financiamento - também tem maior demanda. Andréa Moura, coordenadora do curso de Administração do Centro Universitário Newton Paiva, acrescenta que em períodos de difícil situação econômica, é baixa a tendência de que executivos das áreas de Administração e Gestão fiquem fora do mercado.

Além das carreiras citadas, existem alguns setores que tendem a sentir me-nos os efeitos da crise, segundo Adriana Saba, sócia da Oficina da Mudança. De acordo com ela, os setores farmacêutico, de luxo e bancos tendem a estar mais imunes à crise, visto que a demanda costuma se manter. Ela lembra que os profissionais estratégicos e da área de Controladoria, responsáveis pela melho-ria da gestão financeira das empresas, também estão em melhores situações por conta de sua função estratégica.

enfrentando crises Ao atuar por mais de 20 anos na Vale e ter enfrentado muitos desafios e momentos de crise, o consultor Marcus Severini acredita que o aprimoramento do profis-sional tende a alavancar a carreira. Em sua visão, dois aspectos são primordiais para enfrentar qualquer momento de crise, seja da economia, do segmento ou da empresa. O primeiro é a base de formação construída pelo profissional ao longo do tempo. “Você tem que ter um processo de autoconhecimento constan-te, além do treinamento formal e busca por novos conhecimentos”, ensina.

Na área de Controladoria, por exem-plo, Severini revela que não basta co-nhecer as questões básicas. É preciso se dedicar a conhecer o negócio e a gestão, ou seja, ser um especialista das generalidades. “É preciso conhecer cada vez mais o negócio e o segmento da empresa, além de se dedicar ao aperfeiçoamento da gestão de pesso-as”, acrescenta. Ele lembra o período de hiperinflação no Brasil, quando as práticas contábeis tiveram que evoluir muito, baseadas nas práticas de países mais desenvolvidos. “Naquele momento, o estudo do US GAAP foi primordial para alavancar a carreira, não só pelo aspecto técnico de conhecer uma prática exigida em outro país, mas também para come-çar a entender o racional por trás daquela prática”, conta.

Da esq. para a dir., Marcus Severini,

consultor; George Sales, Fipecafi;

e Adriana Saba, Oficina da Mudança

Como as empresas estão com problemas de fluxo de caixa, algumas precisam fazer captação de recursos, portanto, o profissional da área financeira também tem maior demanda

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Outro aspecto mencionado por Se-verini é o networking. Ele orienta que os profissionais façam networking de forma natural, fugindo de situações forçadas, especialmente com profissionais respei-tados por quem a pessoa tenha admira-ção. Andréa Moura afirma que o contato com os colegas de trabalho facilita a troca de experiências e a compreensão do quanto o trabalho de um profissional impacta nos demais.

Para manter a empregabilidade em momentos de crise, ela diz que o profis-sional deve ser criativo e oferecer solução para os problemas com planos A, B e C, e claro, “o mais otimizado possível e com

possibilidade do melhor resultado”, com-plementa. Ela afirma que o profissional deve observar as diversas nuances e im-plicações que as decisões podem gerar, procurando enxergar além da sua área.

Para Andréa, formação e conheci-mentos teórico e prático são fundamen-tais para manter a empregabilidade. Além disso, é preciso desenvolver percepção do conjunto da empresa e da área em que atuam. “Mantenha a calma e continue se dedicando, aprendendo e estudando. Todo processo de crise é passageiro e acabamos emergindo um pouco mais fortes e preparados para momentos futuros”, conclui Severini.

Para manter a empregabilidade em momentos de crise deve-se ser criativo e ter solução com planos a, B e C

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uma das principais lições aprendidas por Luiz Henri-que Casarri ao longo de sua carreira foi que nada na vida é fruto da sorte, e sim de muito trabalho e dedicação. “Não espere recompensa

antes de muito trabalho”, adverte. O executivo sempre admirou e procurou transmitir a postura de retidão e respeito, valores que considera fundamentais para quem é ou pretende ser líder.

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Nascido em Catanduva, interior de São Paulo, ele conta que cresceu, desde os dois anos, na capital Paulista, no bair-ro da Vila Mariana. Em 1984, formou-se em Ciências Contábeis pelas Faculda-des Integradas Tibiriçá, em São Paulo, e em 1995 concluiu a pós-graduação em Administração Financeira pelo IBPG (Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão), em Curitiba. “Comecei minha carreira profissional na Deloitte, em São Paulo, passei pela Basf, também na

“Nada na vida é fruto da sorte,

mas sim de muito trabalho e

dedicação”

FELICIDADE:Casarri comemora ao lado da esposa e dos filhos os 30 anos de casado, em Punta Cana

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capital paulista, e depois me mudei para Curitiba, onde atuei como diretor finan-ceiro e controller em pequenas empresas e trabalhei como consultor financeiro independente”, conta.

Em 1998, quando ainda morava em Curitiba, ingressou no grupo CCR. Em 2005 foi transferido para a CCR AutoBAn, na cidade de Jundiaí, onde atuou como gestor administrativo-financeiro. Atual-mente é gestor de Projetos Estratégicos do Grupo CCR. Em mais de 30 anos de carreira nas áreas financeira e contábil, foram muitas as experiências. Mas para ele, o momento atual é seu grande de-safio. “Depois de todo esse tempo na área financeira/contábil, estou, desde o ano passado, comandando um grupo de cerca de 50 técnicos de TI, analistas de

bastante preocupantes, optou por uma cirurgia bariátrica com objetivo de mudar este quadro. “Emagreci 30 quilos e es-tou com todos os indicadores de saúde excelentes”, comemora.

Através de um amigo, o executivo conheceu a ANEFAC em 2000 e, desde então, participou de todos os congres-sos anuais. “A ANEFAC cumpre um im-portante papel ao difundir conhecimento e aproximar os profissionais da área”, observa. E para amenizar a atribulada rotina dos dias de hoje, Casarri passa reconfortantes momentos de lazer aos fins de semana em sua chácara. “Lá recebo familiares e amigos para longas prosas, sempre com boas comidas e uma boa cachaça, que gosto e cole-ciono”, revela.

planejamento e consultores de TI para redesenhar o Sistema de Planejamento do Grupo CCR, utilizando o que existe de mais moderno em sistemas de planeja-mento e consolidação”, explica.

Segundo ele, o Grupo CCR passou por um rápido e diversificado crescimen-to, e tem no planejamento estratégico um de seus diferenciais de mercado. “Estar à frente desse trabalho é um grande desafio e um grande privilégio”, afirma.

Ao avaliar o atual momento de sua vida, ele sente-se agradecido. Casado há 30 anos, Casarri construiu uma família muito unida e hoje orgulha-se de ter ao seu redor os dois filhos, já formados e totalmente independentes, além de muitos amigos de longa data. Há dois anos, com indicadores de saúde

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isso basta para colocar em prática a corrida, uma alternativa saudável de hobby para quem precisa de horários flexíveis. “Sempre gostei de esportes, principalmente futebol. Entretanto, em função da dificuldade por horários, locais e pessoas para formar times,

comecei a praticar corrida. Pode-se praticar sozinho e no horário que tiver disponibilidade”, comenta Rubens Lopes da Silva, membro do Conselho de Administração da ANEFAC e diretor da M/Legate, praticante de corrida há 12 anos.

Inicialmente, foi esta necessidade de fazer algum exercício que proporcionas-se flexibilidade de horários que o levou a correr. Logo que começou, encontrou nos grupos de corrida um incentivo extra e novas amizades com outros praticantes. Tudo isso, aliado à busca por superação e à manutenção da saú-de, fez desta uma prática que também

reúne a família. “Hoje, meu filho e minha filha também correm, e correr com eles é muito prazeroso”, conta.

O bem-estar e a sensação de dever cumprido com seu corpo ao completar um treino ou uma prova de rua é, para o executivo, algo recompensador. Tanto é que, normalmente, ele participa de seis a nove provas por ano. A maioria são provas de dez quilômetros, mas já esteve em algumas meia-maratonas e também na São Silvestre. “Ao longo des-ses anos, apesar de estar envelhecendo, tenho mantido os tempos de prova, num claro sinal que a continuidade dos treinamentos preserva a forma”, indica.

Para ele, aliás, todas as provas são interessantes, mas participar da São Silvestre é algo especial, tanto pela data, pelos “personagens” que encontra durante a prova, quanto pelo público. “Você é incentivado durante todo o per-curso pelas pessoas que ficam na rua esperando a passagem dos corredores, mesmo os meros participantes como eu. A entrada na Avenida Paulista é sempre muito gratificante”, comenta.

Outra prova que lhe traz boas recor-dações é a meia maratona da Disney, da qual participou há alguns anos. A prova ocorre em Orlando, nos Estados Unidos, sempre no início do ano, e

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conta com a participação de pessoas de variadas nacionalidades. Por ser re-alizada na estrada que liga os parques, tem uma passagem por dentro do Magic Kingdom. “A prova é muito bem orga-nizada, com bastante público, muitos corredores fantasiados de personagens da Disney que interrompem a sua corrida para tirar fotos com o público e com os ‘verdadeiros’ personagens da Disney que ficam ao longo do circuito”, conta. “Foi muito divertido, e o melhor é ter a família torcendo e esperando na linha de chegada”, relembra.

A diferença de disposição que per-cebe pelo fato de manter o corpo em constante atividade, visando a manu-tenção da saúde de uma forma geral, é um dos principais benefícios desta prática na opinião de Rubens Lopes da Silva. “A corrida proporciona isso porque também exige treinos complementares para fortalecimento muscular e alonga-mento”, complementa.

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Rubens Lopes da Silva, ANEFAC e

M/Legate

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propriEdadE intElEctual – rio dE JanEiro

lei de Proteção aos Dados PessoaisEstá em fase final de discussão o Ante-projeto de Lei de Proteção aos Dados Pessoais, que tem por objetivo garantir e proteger, no âmbito do tratamento de dados pessoais, a dignidade e os direi-tos fundamentais da pessoa, particular-mente em relação à sua liberdade no meio digital. Este assunto foi discutido no dia 13 de maio durante reunião técni-ca do Comitê de Estudos de Proprieda-de Intelectual da ANEFAC Rio de Janei-ro. “O Brasil, ao tratar da questão, passa a integrar o rol dos países atuantes em prol dos avanços legislativos para a proteção da privacidade dos cidadãos na era digital”, afirmou o diretor executi-vo responsável e advogado na Gouvêa Vieira Advogados, César D. Carvalho.

Estudos tributários – campinas

o que muda com a in 1515/14No dia 12 de maio, a regional Campinas da ANEFAC realizou reunião téc-nica de Estudos Tributários sobre “Pis e Cofins: Modificações tributárias - O que muda com a IN 1515/14”, com objetivo de ajudar as empresas a se adequarem à nova realidade e identificarem os impactos em suas receitas financeiras. A reunião contou com coordenação do diretor execu-tivo responsável, Mauricio Soares, e palestra de José Roberto da Costa, diretor de Tributos na EY.

controladoria

o papel da controladoria na gestão de riscos corporativosO papel da Controladoria na gestão de riscos corporativos e nos controles internos foi tema da reunião técnica do Comitê de Estudos de Controladoria, realizada no dia 29 de maio, em São Paulo, sob coordenação de Marcus Vinícius Biazzin Beszi-le, diretor executivo responsável. Segundo o palestrante Marcos Assi, quando se fala em controles internos, é fundamental promover integração entre as áreas. “As funções precisam estar alinhadas e dissociadas. É necessário entender as áreas antes de impor regras”, apontou.

Estudos tributários – rio dE JanEiro

novo cPc é mais moderno que o anteriorEm 1º de julho foi realizada no Rio de Janeiro reunião técnica do Comitê de Estudos Tributários para debater a respeito dos impactos corporativos sobre as alterações do Código de Processo Civil, com organização do diretor executivo Mauro da Cruz Jacob. Participaram do painel Leonardo Gus-mão, gerente do contencioso tributário de Gaia, Silva, Gaede e Associados e membro da Comissão Especial de As-suntos Tributários da OAB/RJ; e Bruno de Sá Barcelos Cavaco, promotor de justiça no Rio de Janeiro e mestrando em direito processual pela UERJ. Am-bos concordaram com a necessidade da criação do novo código processual, bem mais moderno, com desapego ao formalismo e visando à conciliação e celeridade na solução de conflitos.

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Padrões internacionais de avaliação vigentes: o que muda? Os padrões internacionais de avaliação (IVS) serão em breve reestruturados. O Conselho internacional de padroniza-ção de avaliação (IVSC) lançou minuta com todas as propostas de mudança – que pode ser acessada na página do Conselho. As propostas foram expos-tas pelo professor Carlos Eduardo Car-doso, tradutor das normas IVS em 2011 (IBAPE), na última reunião do CBAN da ANEFAC, que aconteceu em 21 de maio, no Rio de Janeiro, sob coordena-ção da vice-presidente da ANEFAC Rio de Janeiro, Ana Cristina França. Dando continuidade aos debates, o professor Carlos Eduardo Cardoso e Rodrigo Amato, diretor do CBAN de São Paulo, compilaram comentários que represen-tam o ponto de vista e as expectativas do CBAN, e a carta compilando os comentários debatidos na reunião foi enviada ao IVSC.

procEssos E riscos

Gestão de conflitos em empresas familiaresOs conflitos são necessários para que a criatividade tenha espaço nas orga-nizações. De acordo com Sonia Homrich, palestrante na reunião técnica de Processos e Riscos realizada em 25 de maio, em São Paulo, empresas fami-liares necessitam de gestão de conflitos de forma a elevar exponencialmente sua sobrevivência, progresso e sucesso empresarial. “A não gestão (de conflitos) pode destruir relacionamentos empresariais e familiares, congelar o crescimento empresarial e quebrar a riqueza familiar, esgotar recursos em intermináveis processos no sistema judiciário, o qual impõe regras rígidas à administração da empresa em disputa”, disse Eduardo Nunes, diretor exe-cutivo responsável. Para Sonia, na gestão de conflitos é preciso identificar o timing e encarar os conflitos como oportunidades.

pErícias contábEis, EconÔmicas E arbitraGEm

Processo justo, arbitragem justaÉtica na arbitragem foi o assunto abordado pelo Comitê de Estudos de Perícias Contábeis, Econômicas e Arbitragem, em 8 de junho, em São Paulo. “Antes de pensarmos na prática, é importante voltarmos a pensar no conceito da arbitragem. Há muito tempo se fala em desafogar o judiciário. A essência da arbitragem está relacionada com a busca da resolução de conflitos”, explicou o advogado Guilherme de Siqueira Pastore. “A arbitragem está crescendo cada dia mais, e para que tenhamos espa-ço na sociedade é necessário discutir o processo como um todo, sempre levando em conta o desenvolvimento de um proces-so justo, baseado na ética e na responsabilidade dos envolvidos”, afirmou o diretor executivo responsável, Fernando Viana.

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Estudos Jurídicos

o impacto corporativo do cPcO Comitê de Estudos Jurídicos realizou, em 18 de junho, em São Paulo, reunião técnica sobre o impacto das alterações trazidas pelo novo Código de Processo Civil (CPC) e alguns efeitos para os contribuintes que discutem questões tributá-rias, passiva ou ativamente. “Devemos estar atentos às alterações do CPC e aos impactos que as empresas sofreram”, explicou Roberto Fragoso, vice-presidente de Administração da ANEFAC. Para a advogada Carolina Sayuri Nagai Calaf, o ponto positivo é que as decisões favoráveis aos contribuintes, proferidas com base em entendimento “pacificado” dos Tribunais Superiores, não devem mais ser revistas pela segunda instância julgadora. Dessa forma, os processos serão solu-cionados mais rapidamente, pois, caso a parte contrária não recorra, o processo será encerrado já na primeira instância.

normas intErnacionais dE contabilidadE

relato integrado nas empresas de médio porte O case de implantação do Relato Integrado da Sanasa foi o tema de reunião técnica de Normas Internacionais da ANEFAC, realizada em 22 de maio, em São Paulo. “Quando me deparei com este caso, entendi que era de extrema importância trazer aos associados o Relato Integrado sob uma outra ótica, a de uma empresa de médio porte”, explicou Marta Pelucio, diretora executiva responsável. Tatiana Gama Ricci, responsável pela implantação do Relato Integrado na Sanasa, afirmou que o documento integra as informações da empresa num relatório único, o qual mostra aos stakeholders o desempenho organizacional como um todo. “Com certeza é um novo modo de negócio com base em seis capitais: manufaturado, humano, financeiro, intelectual, natural e social”, explicou.

sustEntabilidadE

a nova lei anticorrupçãoNo dia 1º de julho, o Comitê de Sustenta-bilidade da ANEFAC realizou reunião téc-nica para tratar dos tópicos contidos na nova regulamentação, conhecida como “Pacote Anticorrupção”, com objetivo de explorar os mecanismos existentes para a implementação da gestão de com-pliance e esclarecer as principais dúvidas relacionadas ao Decreto n.º 8.420, de 18 de março de 2015, que regulamenta a aplicação da Lei 12.846 - Lei da Empresa Limpa e dispõe sobre a responsabiliza-ção administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administra-ção pública, direta ou indireta, nacional ou estrangeira. Sob coordenação da diretora executiva Camila Araújo, a reunião abor-dou, entre outros assuntos, a contextua-lização sobre as práticas anticorrupção e as orientações do regulador.

mErcado dE capitais – rio dE JanEiro

fundos de investimento - instrução 555 da cvmNo dia 10 de julho, o Comitê de Estudos de Mercado de Capitais do ANEFAC Rio de Janeiro realizou reunião técnica sobre a Instrução 555/14, que entrará em vigor a partir de julho de 2015 e prevê a regulação dos fundos de investimen-to, a simplificação do setor de fundos brasileiro e a sua modernização. Com a finalidade de atualização sobre a nova norma e sob coordenação do diretor executivo Miguel Bahury, a reunião técni-ca contou com palestra de Daniel Walter Maeda Bernardo, gerente de Estrutura de Mercado e Sistemas Eletrônicos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

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extratos bancários para demonstrar a situação deficitária pela qual a empresa passava. Então, disse-lhe: “Perdoe-me, mas não posso lhe oferecer nada diante destas circunstâncias. Fique à vontade para lavrar a multa se julgar convenien-te”. Curiosamente, ele foi embora, e a empresa não foi autuada.

Estas são duas situações do universo corporativo, entre tantas outras que eu poderia relatar no decorrer de minha experiência profissional, envolvendo a questão da ética. E a atual conjuntura social, política e econômica nos faz refletir como nunca sobre a relevância deste tema nos dias atuais.

Quando analisamos o setor financeiro, é fácil observar práticas ilícitas. Um exem-plo clássico é o faturamento declarado por uma empresa com o intuito de auferir maior aprovação de crédito. É comum a apresentação de números superes-timados, inclusive referendados pelo respectivo contador. Balanços maquiados são comuns, elevando o risco de inadim-plência e, por conseguinte, encarecendo o custo das operações financeiras.

Os males que nos afligem decorrem de nossa natureza egoísta. Não basta sermos ambiciosos. Precisamos cultivar a ganância. Queremos sempre mais. Mais posses, mais bens, mais exposição. Mais coisas quantificáveis, palpáveis, que pos-sam ornamentar uma parede ou serem vistas sobre um móvel de mármore.

qual sua Por Tom Coelho*

estrela-do-mar?enxotando-o sob o olhar atônito de todos os presentes. Hoje, com mais maturi-dade, talvez não fizesse isso, apenas dizendo-lhe que não aceitaria propina, solicitando sua retirada. Mas, na ocasião, a impulsividade do jovem falou mais alto.

Anos depois eu estava na sede de minha indústria metalúrgica quando recebi a visita de um fiscal do Ministério do Trabalho. Ele deixou uma lista de documentos que deveriam ser apresen-tados num prazo de 72 horas, quando regressaria à empresa para averiguação.

Três dias depois, lá estava o fiscal. Sentamos em uma sala de reuniões e comecei a lhe apresentar os documentos solicitados, desde registro dos mais de 100 funcionários até a comprovação da existência de PPRA (Programa de Pre-venção de Riscos Ambientais) e PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), entre outros. Analisados os documentos, ele vistoriou toda a fábri-ca, retornando à sala de reuniões, onde comentou: “Sua empresa está muito bem organizada, mas você sabe que eu não posso sair de uma fiscalização sem mostrar os resultados de meu trabalho”. Então, sentenciou: “Terei que multá-lo pelo fato de a parede do refeitório estar chapiscada, quando deveria estar rebo-cada. Mas, posso ser flexível...”.

Sua intenção era que eu lhe ofereces-se uma propina. Como eu já esperava por isso, havia separado uma série de

Em 1992 eu gerenciava a filial de uma empresa de exporta-ção de café no sul de Minas Gerais. O trabalho consistia na compra de café cru em grão junto aos produtores para processamento e poste-

rior exportação. As vendas eram interme-diadas por corretores que apresentavam amostras dos lotes à venda, os quais eram analisados e precificados. Uma vez fechado o negócio, o café recebido poste-riormente era confrontado com a amostra para confirmação de sua fidedignidade.

Certa vez, comprei um lote de mil sacas, mas o produto entregue não correspondia à amostra vendida. Até poderíamos ficar com o café entregue, mas o mesmo sofreria uma depreciação da ordem de dez dólares por saca, ou seja, cerca de dez mil dólares. Assim, o produtor tinha duas opções: aceitar o deságio ou resgatar a mercadoria.

Comuniquei a decisão ao corretor e, dois dias depois, recebi uma visita no escritório. Era um representante do produtor, que solicitou uma reunião privada comigo. Em sala fechada, ele propôs que o lote fosse pago pelo preço integral e eu receberia, como compen-sação, uma “gratificação” da ordem de três mil dólares.

Ainda hoje recordo-me de minha reação. Levantei-me e, aos gritos, ex-pulsei o sujeito do escritório, literalmente

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A origem disso reside em nossa educação. O comportamento antiético começa no aluno que “cola” na prova, passa pelo motorista que trafega pelo acostamento e estaciona em vaga pre-ferencial, inclui o profissional que solicita recibo com valor superior ao efetivamente gasto para requerer reembolso na empre-sa em que trabalha.

Acredito que o resgate da moral e a construção de uma nova ética depende de pequenas e constantes iniciativas praticadas no seio familiar e levadas ao ambiente profissional.

Loren Eiseley foi um antropólogo, arqueólogo e escritor norte-americano, co-nhecido por suas obras publicadas acerca da teoria evolucionista do homem. Em um de seus escritos, ele relata que um poeta caminhava pela praia quando encontrou um jovem arremessando estrelas-do-mar

no oceano para salvá-las do forte sol e da maré baixa. O poeta aproximou-se do rapaz, dizendo-lhe que sua atitude era inútil diante da imensidão da costa marítima que acometeria fatalmente a maioria daqueles seres. Portanto, seria impossível que sua ação isolada pudesse fazer alguma diferença. O jo-vem ouviu atentamente seu argumento, inclinou-se em direção à areia, recolheu outra estrela-do-mar e a atirou longe da rebentação. Então, aproximou-se do homem e lhe disse: “Fez diferença para aquela”.

Estou certo de que nos conscientizan-do e agindo em direção a práticas mais nobres e menos superficiais, encontra-remos nossas próprias estrelas-do-mar. E, com elas, a essência, a paz e a calma que tanto merecemos.

* Tom Coelho é educador, palestrante em gestão de pessoas e negócios, escritor com artigos publicados em 17 países e autor de oito livros

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Louis Frankenbergé diretor executivo de finanças pessoais da anEfac e diretor

da personal financial [email protected]

www.seufuturofinanceiro.blogspot.com

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pelos bens e serviços que não tenham sido adquiridos à vista. Pergunto, então: quantos de vocês conhecem o real sig-nificado de estarem sendo debitadas, quantitativa e percentualmente, as taxas de juros decorrentes das aquisições efetuadas através de cartão de crédito, crédito pessoal ou cheque especial? Ar-risco responder: provavelmente poucos!

Independente da data desatualizada, consideremos as taxas citadas na edição de 16 de março de 2015 no Jornal Valor Econômico, as quais já devem ter sido levemente modificadas, para cima ou para baixo. Reflitam, então, a respeito desses percentuais: para os cartões de crédito com juros rotativos, 334% a.a.; para o cheque especial, 208,7% a.a.; para o crédito pessoal, 107,4% a.a.; e para o crédito consignado, 24,6% a.a.

Agora comparem os percentuais aci-ma com o rendimento, por exemplo, que oferece nossa tradicional caderneta de poupança: 6% a.a. + alguma miserável correção monetária. Reflitam a respeito dessa imensa diferença existente entre juros recebidos e pagos, e passem a se questionar o porque dessa enorme desproporcionalidade. Reservei minha artilharia pesada e mais contundente para o seguinte raciocínio: indepen-dente do seu salário mensal (líquido de descontos obrigatórios), pergunto se você já analisou o rombo em percentual e valor que estes juros causam em seu orçamento doméstico.

o real significado de pagarmos juros

Você já levou em conta como as compras à prazo, portanto, diminuem ni-tidamente seu poder aquisitivo de outros itens vitais, como alimentação saudável, melhor educação e mais lazer para si e sua família? É óbvio, devido ao espaço limitado desta crônica, que não posso pormenorizar. Porém, relembro que ao redor de um terço daqueles que ganham mais de dez salários mínimos estão endividados entre 5% e 10% de seus ganhos mensais líquidos. Igualmente, não esqueçam que pessoas assalariadas e autônomas, além da totalidade de juros pagos, deveriam acrescentar aos seus custos globais a alíquota de 27,5% de Imposto de Renda da Pessoa Física que pagaram sobre seus salários.

Considerando, portanto, os elevados juros acima citados, praticados pelo mer-cado, acrescida da atual taxa inflacionária da nossa moeda, provavelmente acima de 8% em 2015 e, não esquecendo o conjunto dos demais tributos indiretos que pagamos, proclamo que a sociedade brasileira é vítima de um surreal e perver-so sistema, o qual dificilmente lhe permi-tirá evoluir para uma vida mais feliz sob todos os aspectos que se queira consi-derar. Este modesto planejador financeiro que vos fala recomenda que façam uma solene promessa a si mesmos: a de que não mais pagarão juros (ocultos ou não) em suas futuras aquisições. Em troca, muito provavelmente, terão maior qua-lidade de vida. Vale a pena considerar!

imagino que a maioria dos leitores da nossa revista é constituída por profis-sionais liberais independentes ou que atuam como assalariados em variadas empresas. Não duvido que todos sai-bam perfeitamente avaliar as absurdas diferenças existentes nas diversas

taxas de juros que nos são cobradas

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