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CLIQUE E CONFIRA A MATÉRIA ARTE SUSTENTÁVEL

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Arte Sustentável

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Page 1: Revista Alpha Destaque 05

Clique e Confira aMatéria arte sustentável

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arte

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arte sustentávelartesanato, esculturas e até mesmo quadros com o lixo: beleza e consciência ambiental

Por Amauri Eugênio Jr. Fotos: Divulgação

Uma das funções da arte, de modo geral, é causar inquietu-de na pessoa que a vê e, assim, tirá-la da zona de conforto

e fazê-la pensar sobre a mensagem transmitida por ela; logo, dizer que a arte também tem função sociocultural chega a ser um lugar-comum, um clichê, talvez. Não obstante, por esse caráter “perturbador”, além de ela se reinventar de tempos em tempos, não são raros os casos em que causa estranheza para seus apreciadores. Vincent Van Gogh, um dos artistas mais cultuados atualmente, chegou a passar fome em vida pois, sem utilizar eufemismos para descrever sua obra, ele era conside-rado “louco” pelos seus contemporâneos. Os vanguardistas, integrantes da Semana de Arte Moderna, de 1922, não foram

necessariamente bem compreendidos pela sociedade daquele período, por serem “liberais” demais para os padrões até então vigentes (em termos culturais, também).O tempo comprovou que tanto Van Gogh quanto os integrantes da Semana de Arte Moderna, de 1922, estavam “certos” em rela-ção às suas concepções artístico-ideológicas. Há até pouco tempo, obras de arte com lixo e/ou elementos recicláveis não eram vis-tas com bons olhos; no entanto, apesar de algumas pessoas ainda acharem esta forma de expressão um lixo, literalmente, hoje há inúmeros adeptos deste estilo (e mais e mais entusiastas surgem a cada dia). Que tal dar uma olhada em alguns estilos e modalidades de obras de arte (e de artesanato) com elementos recicláveis?

A L P H A A R T E»

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A L P H A A R T E■ 9 7

Vik MunizSe obras de arte com lixo eram inconcebíveis há até pouco tem-po, hoje são veementemente apreciadas (e foram parar tanto na televisão quanto no cinema... Sem contar as galerias de arte mais badaladas do mundo das artes). E tudo isso é made in Brazil.Pois bem, o artista que decidiu fazer obras de arte com o que não pode ser reutilizado pela maioria dos meros mortais foi o brasileiro Vik Muniz. O artista, radicado na “terra de Uncle Sam”, � cou famoso por fazer releituras de quadros e de fotos com geleia, calda de caramelo e elementos que, normalmente, não seriam reaproveitados. Vale ressaltar que, em suas obras, podem ser reconhecidos inúmeros signos e ícones da cultura de massas (Vik Muniz declara-se, inclusive, “� lho” dela). Por aqui, o trabalho do artista chegou ao alcance do grande público (ou do “brasileiro médio”, como preferir) por meio da novela “Passione” (antes que você se questione: as obras que apareciam na abertura eram de autoria dele). De quebra, o projeto do qual ele participou com moradores do Aterro do Jardim Gramacho (RJ) resultou no documentário “Lixo Ex-traordinário” (“Wasted land”, na gringa) e, como se isso não bastasse, ele concorrerá ao Oscar de melhor documentário.

Charles KaufmanNão importa o meio ou a plataforma para fazê-lo, mas qual-quer local pode servir como base para uma obra de arte. Latas de alumínio, há algumas décadas, eram usadas como peças de coleção; e, atualmente, não são raras as “esculturas” feitas com essas mesmas latas, especialmente em feiras de artesanato. No entanto, você já chegou a, pelo menos uma vez na vida, consi-derar a existência de quadros feitos em latas amassadas?Caso não, saiba que essa modalidade existe (e ela é conhecida como Crushed Can Art – Arte em Lata Amassada, em tradu-ção livre, literalmente). O autor desse tipo de obra de arte é o estadunidense Charles Kaufman. As latas pintadas podem re-ceber todo o tipo de gravuras, de acordo com a criatividade do

artista (desde cães e gatos, personagens que lembram a obra do cartunista argentino Liniers, formigas... Tudo pode sair de sua mente genial e inquieta).De quebra, as latas também são emolduradas (o suporte é fei-to em madeira entalhada), e elas podem ser utilizadas perfei-tamente para decoração dos mais variados ambientes. O que você acha de uma lata amassada e pintada, dependurada na sua parede? Ficaria legal, não é mesmo?

Erika Iris SimmonsA não ser que você seja adepto da teoria old school (quanto mais elementos e signos retrôs estiverem presentes, melhor será) ou colecionador de uma � ta K7 (sem trocadilhos) não tem lá muita serventia, não é mesmo? Isso é um fato, a não ser que o seu nome seja Erika Iris Simmons.Você se lembra daquela � ta K7 abandonada em algum canto do seu quarto que, aparentemente, não tem mais serventia? Pois bem, nas mãos da artista estadunidense Erika Iris Simmon, ela pode vi-rar uma obra de arte. Fortemente in� uenciada pela pop art (ou cultura de massas, como preferir), as obras feitas pela artista retra-tam mitos do mundo da música ou ícones de Hollywood (nesse caso, são usados rolos de � lmes para cinema, que já teriam perdido a utilidade básica). Para você ter uma ideia, as personalidades retra-tadas são, por exemplo, Michael Jackson, John Lennon, Jim Morri-son, Jimi Hendrix, Bob Dylan, Janis Joplin e Marilyn Monroe.Para entender a essência da obra de Erika Iris Simmons, nada melhor do que uma explicação dela mesma sobre. “Apenas pen-sei na � ta como representação da mente. (...) Eu também gosto do fato de que, quando você olha para um retrato de Jimi Hen-drix fora do “fantasma na máquina”, por meio de uma � ta cassete, você pode quase ouvir a música em sua cabeça”.

bastasse, ele concorrerá ao Oscar de melhor documentário.bastasse, ele concorrerá ao Oscar de melhor documentário.

Charles Kaufman