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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1 ABRIL / MAIO 2011

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1ABRIL / MAIO 2011

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 3ABRIL / MAIO 2011

EDITORIAL

Embora imprescindível e vital, a água é tão utilizada pornós no dia-a-dia nas mais diversas finalidades, que, porvezes, sua importância passa despercebida. Mas a ilusãode sua abundância inesgotável é um dos principais pro-blemas vividos hoje pela humanidade. A matéria AcessoRestrito alerta que a explotação desordenada, sem pla-nejamento e feita, na maioria das vezes, sem obedecer àsnormas técnicas de exploração e proteção ambiental dosrecursos hídricos subterrâneos, aumenta os riscos de con-taminação da água subterrânea, diminuindo a eficiência evida útil do poço. Desde sempre consciente do valor ines-timável do recurso hídrico, o renomado hidrogeólogo, AldoRebouças, que faleceu recentemente, deixa comopatrimônio para o país valiosos estudos e grandes proje-tos, especialmente no que se refere à qualidade e preser-vação das águas subterrâneas. Iniciou seus trabalhos numprograma de mapeamento hidrogeológico do Nordeste,em Recife (PE), e ao acompanhar o crescimento de SãoPaulo (SP) lutou para que o recurso hídrico subterrâneofosse reconhecido em sua inegável importância: “o ho-mem pisou na Lua e não sabe o que se encontra sobseus pés”. Engajado, participou como fundador da Asso-ciação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), tendosido seu presidente por duas gestões distintas. Como ho-menagem, a Revista traz um especial sobre a trajetóriadeste homem à frente de seu tempo, que sempre traba-

lhou para a preservação das águas, visando o bem co-mum. Neste sentido, projetos como as Iniciativas de Pa-gamento por Serviços Ambientais (PSA) – que auxiliam apreservar a bacia hidrográfica, garantindo qualidade dosolo e das águas superficiais e subterrâneas, bem comoseu abastecimento, conforme aborda a matéria de meioambiente – tem contribuído de forma significativa para obem da humanidade e do planeta. Outro exemplo é oprojeto “Sede Zero”, tema da matéria produção de água.Elaborado pela ABAS em 2003, o projeto está sendo re-tomado com a finalidade de colaborar com aminimização da seca no Nordeste, incentivando a per-furação de poços tubulares para uso do potencial hídricosubterrâneo local. Também outros órgãos e instituiçõesdos setor, nacionais e internacionais, tem se articuladoem prol da preservação da disponibilidade dos recursoshídricos, a exemplo do importante acordo de coopera-ção para a realização de pesquisas conjuntas em conta-minação do solo e águas subterrâneas, assinado recen-temente pelo Centro Helmholtz, da Alemanha, CETESB,ABAS e UNESP.

Desejo a todos uma ótima leitura, inspirada em inici-ativas que fizeram e fazem a diferença.

Até mais,

Humberto José Tavares Rabelo AlbuquerquePresidente da ABAS

INICIATIVAS QUE FAZEM DIFERENÇA

ÍNDICE

4 Agenda

5 Pergunte ao Hidrogeólogo

6 Hidronotícias

25 Núcleos Regionais

26 ABAS Informa

28 Conexão Internacional

30 Espaço Empresarial

32 Remediação

34 Opinião

ESPECIALÀ FRENTE DE SEU TEMPOMORRE EM SÃO PAULO, ALDO REBOUÇAS,O HIDROGEÓLOGO QUE DEU VISIBILIDADEÀS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E UM DOSFUNDADORES DA ABAS

88888

1414141414 PRODUÇÃO DE ÁGUAACESSO RESTRITOA RESTRIÇÃO DE PERFURAÇÕES É REALI-DADE E CIDADES ADOTAM ESTUDOS PARADEFINIR PRIORIDADES PARA EXPLORAÇÃODO AQUÍFERO

MEIO AMBIENTE INVESTIR PARA PROTEGER

INICIATIVASEDE ZERO1010101010 2020202020

CA

PA

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AGENDA

DIRETORIAPresidente: Humberto José T. R. de Albuquerque1º Vice-Presidente: Mário Fracalossi Junior2º Presidente: Amin KatbehSecretária Geral: Maria Antonieta Alcântara MourãoSecretário Executivo: Everton de OliveiraTesoureiro: Álvaro Magalhães Junior

CONSELHO DELIBERATIVOHelena Magalhães Porto Lira, Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues,Francisco de Assis M. De Abreu, Carlos Augusto de Azevedo, Carlos AlvinHeine, Francis Priscila Vargas Hager, Mário Kondo

CONSELHEIROS VITALÍCIOS/EX-PRESIDENTESAldo da Cunha Rebouças, Antonio Tarcisio de Las Casas, Arnaldo CorreaRibeiro, Carlos Eduardo Q. Giampá, Ernani Francisco da Rosa Filho,Euclydes Cavallari (in memorian), Everton de Oliveira, Everton Luiz daCosta Souza, Itabaraci Nazareno Cavalcante, João Carlos Simanke deSouza, Joel Felipe Soares, Marcílio Tavares Nicolau, Uriel Duarte, WaldirDuarte Costa

CONSELHO FISCALTitulares: Arnoldo Giardin, João Manoel Filho, Egmont CapucciSuplentes: Nédio C. Pinheiro, Carlos A. Martins, Carlos José B. de Aguiar

NÚCLEOS ABAS – DIRETORESAmazonas: Daniel Benzecry Serruya - [email protected] -(92) 2123-0800Bahia: Iara Brandão de Oliveira- [email protected] - (71) 3283-9795Ceará: Francisco Said Gonçalves - [email protected] - (85) 3218-1557Centro-Oeste: Antonio Brandt Vecchiato - [email protected] - (65) 3615-8764Minas Gerais: Carlos Alberto de Freitas - [email protected] -(31) 3250-1657 / (31) 3309-8000Pará: Manfredo Ximenes Ponte - [email protected] - (91) 3277-0245Paraná: Jurandir Boz Filho - [email protected] - (41) 3213-4744Pernambuco: Waldir Duarte Costa Filho - [email protected] - (81) 9997.8848Rio de Janeiro: Gerson Cardoso da Silva Junior - [email protected] -(21) 2598-9481 / (21) 2590-8091Santa Catarina: Heloisa Helena Leal Gonçalves [email protected] - (47) 3341-7821/2103-5000Rio Grande do Sul: Mario Wrege – [email protected] - (51) 3259-7642

CONSELHO EDITORIALEverton de Oliveira e Rodrigo Cordeiro

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMarlene Simarelli (Mtb 13.593)

DIREÇÃO E PRODUÇÃO EDITORIALArtcom Assessoria de Comunicação – Campinas/SP(19) 3237-2099 - [email protected]

REDAÇÃOFernanda Faustino, Isabella Monteiro, Larissa Stracci e Marlene Simarelli

COLABORADORESCarlos Eduardo Q. Giampá, Everton de Oliveira, Juliana Freitas e Marcelo Sousa

SECRETARIA E [email protected] - (11) 3868-0723

COMERCIALIZAÇÃO DE ANÚNCIOSSandra Neves e Bruno Amadeu - [email protected]

DIREÇÃO DE ARTE E PRODUÇÃO GRÁFICAbe.érre design - São Paulo – SP(11) 3532-5510 - [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica Mundo

CIRCULAÇÃOA revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo é distribuída gratuitamente pelaAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) a profissionais ligados ao setor.Distribuição: nacional e internacionalTiragem: 5 mil exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem,necessariamente, a opinião da ABAS.

Para a reprodução total ou parcial de artigos técnicos e de opinião énecessário solicitar autorização prévia dos autores. É permitida areprodução das demais matérias publicadas neste veículo, desde quecitados os autores, a fonte e a data da edição.

EXPEDIENTE

EVENTOS PROMOVIDOS PELA ABAS

II CONGRESSO INTERNACIONAL DEMEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEOPromoção: ABASData: 4 a 6 de outubro de 2011Local: Centro FECOMERCIO de Eventos /São Paulo - SPInformações: (11) 3868-0726 /[email protected]: www.abas.org/cimas

EVENTOS APOIADOS PELA ABAS

2º CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIREITOE ADMINISTRAÇÃO DE ÁGUASPromoção: Acqua ConsultoriaData: 9 a 11 de agosto de 2011Local: São Paulo - SPInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]: www.acquacon.com.br/direitodeaguas

XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DERECURSOS HÍDRICOSPromoção: ABRHData: 27 de novembro a 01 dedezembro de 2011Local: Maceió - ALInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868 0726Email: [email protected]: www.abrh.org.br

OUTROS EVENTOS

XIV WORLD WATER CONGRESSPromoção: IWRA e Governo do Estado doPernambucoData: 25 a 29 de setembro de 2011Local: Porto de Galinhas - PEInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]: www.worldwatercongress.com

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PERGUNTE AO HIDROGEÓLOGO

QUAIS SÃO OSCUIDADOS QUE OUSUÁRIODEVIDAMENTEOUTORGADO PARAA CAPTAÇÃO ECONSUMO DAÁGUA SUBTERRÂNEADEVE ADOTAR COMO POÇO TUBULARPROFUNDO?

A proteção das águas subterrâneas deve estar re-lacionada diretamente à eliminação dos riscos à saú-de humana e de possíveis impactos negativos ao meioambiente. Previamente à perfuração e à captação deum poço tubular profundo, deve-se conhecer e obe-decer às leis vigentes, essencialmente no que se re-fere à proteção e ao uso dos recursos hídricos.

Em ato contínuo, deve-se certificar se o local preten-dido para a instalação do poço tubular não se encon-tra inserido em uma área de restrição e controle para acaptação e o uso da água subterrânea. Deve-se veri-ficar também se não está nas proximidades de áreascontaminadas ou com potencial de contaminação.

Após a instalação do poço tubular profundo,construído de forma adequada, com proteção sani-tária, laje de concreto e devidamente cercado, se-guindo as normas técnicas vigentes, uma das prin-cipais medidas para sua proteção consiste em suaconservação, manutenção e operação correta.

É recomendável realizar a limpeza e desinfecçãodo poço, anualmente, seguida da análise físico-quí-mica e microbiológica da água. Estes cuidados sãonecessários para constatar a potabilidade da águapara consumo.

Gustavo Alves da Silva, gerente da Hidroplan

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HIDRONOTÍCIAS

2º CURSO DE ATUALIZAÇÃOEM DIREITO E ADMINISTRAÇÃO

DE ÁGUAS NO BRASILO 2º Curso de Atualização em Direito e Administra-

ção de Águas no Brasil acontecerá nos dias 09, 10 e11 de agosto no Hotel Paulista Classic, em São Paulo(SP), das 08h às 12h e das 14h às 18h. O ministranteé o especialista em Teoria do Estado e Direito Admi-nistrativo pela Faculdade de Direito da Universidadede São Paulo (USP), Cid Tomanik Pompeu. O objeti-

vo do evento é apresentar noções fundamentais arespeito do Direito e do Direito das Águas, com atua-lizações dirigidas a engenheiros, advogados, admi-nistradores, economistas, geólogos, agrônomos ediversos outros profissionais. Confira a programaçãocompleta e realize sua inscrição no site:www.acquacon.com.br/direitodeaguas.

MAPAS A PARTIR DO CHÃOAviões e satélites deixaram mais fácil um antigo

trabalho da humanidade, a cartografia. Ao mesmotempo, essas tecnologias também encareceram aatividade. Por conta disso, cientistas norte-america-nos desenvolveram na década de 1980 um meio detraçar mapas a partir de veículos terrestres.

A inovação levou o professor João Fernando Cus-tódio da Silva, do Departamento de Cartografia daUniversidade Estadual Paulista (Unesp), campus dePresidente Prudente, a um pós-doutorado na Uni-versidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos,na década de 1990.

De volta ao Brasil, Custódio ajudou a criar, em 1997,o Laboratório de Mapeamento Móvel (Lammov), afim de desenvolver uma tecnologia nacional do tipo.O sistema de mapeamento móvel consiste, basica-mente, em equipamentos de localização e de capta-ção de imagens acoplados a um automóvel.

Duas câmeras fotográficas digitais são utilizadascomo filmadoras e afixadas em cima do veículo,apontadas para a frente. Entre elas, um GPS regis-tra as coordenadas geográficas, e um terceiro equi-pamento, o sistema de navegação inercial (INS),estabelece o referencial da posição das câmeras emrelação a um ponto fixo.

São necessárias duas câmeras para que possibili-tar os cálculos de triangulação, que posicionam edimensionam os objetos filmados. No veículo aindavão dispositivos de conexão dos aparelhos e umcomputador portátil para rodar os softwares quecoordenam a operação.

“Parte do nosso trabalho foi desenvolver asinterfaces entre esses aparelhos”, contou Custódio,que também criou com a sua equipe os softwaresde interpretação e de processamento dos dados. Ogrupo da Unesp mapeou um bairro de PresidentePrudente com a tecnologia.

Atualmente, o desenvolvimento do trabalho estásendo feito dentro da empresa Cartovias, criadapor um ex-orientando de Custódio, o engenheirocartógrafo Rodrigo Bezerra de Araújo Gallis. Oprojeto tem apoio da FAPESP por meio do Pro-grama Pesquisa Inovativa em Pequenas Empre-sas (PIPE) e colaboração de Custódio e de suaequipe na Unesp.

A Cartovias nasceu do envolvimento de Gallis como mapeamento móvel. O engenheiro começou apesquisar essa tecnologia em 1999, durante suainiciação científica, na qual contou com Bolsa daFAPESP. Os estudos continuaram na pós-gradua-ção e, após o doutorado, ele decidiu aprimorar oprojeto. A Cartovias é uma das empresas residen-tes da Incubadora Tecnológica de Presidente Pru-dente (Intepp), mantida pela Unesp com outras ins-tituições parceiras.

O projeto agora espera a chegada de duascâmeras fotográficas digitais profissionais, que es-tão em processo de importação. Elas serão utiliza-das como filmadoras acopladas no teto de um auto-móvel. “Usaremos resolução de cerca de 12megapixels. Acima disso, as imagens saem com tre-pidação”, explicou Gallis.

Carlos EduardoQuaglia Giampá,Diretor da DHPerfuração de Poços

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HIDRONOTÍCIAS

A aquisição de equipamentos, de acordo com o pro-fessor Custódio, é mais fácil em outros países devidoà participação mais ativa das empresas de eletrôni-cos. “Nos Estados Unidos, por exemplo, a fabricanteda máquina fotográfica leva o seu novo produto paraa universidade testar. Aqui isso não ocorre”, lamenta.

Instaladas no carro, as câmeras do projeto Siste-ma de Mapeamento Móvel (Simmov) coletarão da-dos cartográficos que depois serão transformadosem mapas no laboratório. “A diferença básica entre

o levantamento aéreo e o terrestre é a perspectivadas imagens”, disse Gallis, destacando que ambospermitem precisão de centímetros.

Custódio explica que os processos são comple-mentares. “Em imagens aéreas não dá para saber oque está embaixo da copa de uma árvore, assimcomo não dá para ver o interior de um quarteirãosomente com o mapeamento móvel”, disse.

Fonte: Agência FAPESP

RECORDAR É VIVER

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Universidades não são berços naturais para em-presários, mas foi em uma delas, na Universidadede São Paulo (USP), que o cearense natural dePeixe Gordo, Aldo Rebouças, usou suas qualida-des para levar adiante seus grandes projetos paraas águas subterrâneas do Brasil. Sua empresa eraa organização do mercado de hidrogeologia, cujovasto potencial ele divisara quando iniciou seus tra-balhos num programa de mapeamentohidrogeológico do Nordeste na antiga Sudene, emRecife (PE), onde se formou em geologia. Especi-alizou-se em hidrogeologia em Strasbourg, naFrança, e tornou-se pesquisador e professor do Ins-tituto de Geociências da USP, nos anos de 1970.Ao acompanhar o crescimento de São Paulo (SP),cidade que adotou — embora fosse um cidadão

do mundo —, lutou para que o recurso hídricosubterrâneo fosse reconhecido e tivesse a im-portância que merece. Dotado de um talentonatural para o marketing do tema que lhe foitão caro ao longo da vida, criava boutades (jar-gões) inesquecíveis, como ao comentar os re-sultados de um balanço hídrico do planeta in-

dicando que mais de 95% da água doce disponí-vel para consumo humano era subterrânea: “o ho-mem pisou na Lua e não sabe o que se encontrasob seus pés”. Sobre a prevalência nacional douso das águas superficiais em detrimento da sub-terrânea dizia: “a água subterrânea não é fotogêni-ca”. Em relação à situação hídrica do Nordeste:“O problema de água no Nordeste não é de seca,é de cerca”, afirmava com propriedade, afinal suatese de doutoramento, de 1973, intitula-se “O pro-blema da água no Nordeste do Brasil”.

Aldo era aquela figura rara nas universidades, ca-paz de vender ideias excelentes e transformá-lasem projetos onde se concentravam recursos de fon-tes distintas para sua execução. Montou um Cen-tro de Pesquisas de Águas Subterrâneas dentro da

ESPECIAL

Everton de Oliveira

(1937-2011)ALDO REBOUÇAS

Aldo Rebouças (à dir, com terno branco) no 1º Congresso da ABAS,em Recife (PE), em 1980. Ao centro, Marco Maciel, governador doestado, e Euclydes Cavalari, presidente da ABAS, naquele ano. Fotogentilmente cedida por Carlos Eduardo Quaglia Giampá

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 9ABRIL / MAIO 2011

ESPECIAL

USP, que teve seu apogeu em suas próprias mãos,quando alunos de várias partes daqui e de outrospaíses trabalhavam em pesquisas que contavamcom a estrutura de campo e oficinas com pessoaltreinado. Muitos colaboradores desfrutaram de suacapacidade promocional. Universidades não sãoempresas, por isso, montar e continuar grupos en-volvidos com o tema não é tarefa simples. Aldo teve a contribuição de pesquisadores nacionais e

presas de perfuração para a realização de traba-lhos de qualidade, afinal “um poço não é um bura-co no solo”, refletem as preocupações do país emdesenvolvimento na época. Uma dificuldade signi-ficativa dentro de uma instituição de geólogos derocha dura (rochas ígneas e metamórficas), onde“geólogos de rocha mole (sedimentar) já não erambem vistos, geólogos que cuidam de água então...”.Foi acompanhado de perto por uma geração de

Trabalhou para o bemcomum dentro daságuas subterrâneas,com a sabedoria de

que só setem a ganhar onde

todos ganham

internacionais, mas não conse-guiu arregimentar novos talen-tos empresários para continu-ação de seu modelo, que aca-bou passando, congeladoapós sua ausência. Embora cri-ticado por muitos como pes-quisador dentro das própriasuniversidades, sua capacidadede gerar instrumentos para arealização de pesquisas poroutros pesquisadores deveser enaltecida como exemplo,para que as universidades es-timulem talentos empresariaisna área de pesquisa e não somente pesquisado-res individuais talentosos.

Participou como fundador da Associação Brasi-leira de Águas Subterrâneas, tendo sido seu presi-dente por duas gestões distintas, emprestando seuprestígio pessoal para a consolidação da ABAS,cuja reputação e evolução ele sempre cuidou deperto. A produção de água, a capacitação de em-

talentos que participam da vida daágua subterrânea nacional e dosnossos recursos hídricos comoum todo, levando adiante essabandeira comum. Viu em vida asemente da preocupação com aságuas subterrâneas finalmentebrotar na Agência Nacional deÁguas (ANA). Estimulou a área dehidrogeologia de contaminação,que não era especialista, atestan-do sua dedicação através da for-mação de seu filho André,hidrogeólogo atuante nessa área.

Com seu talento natural, sem-pre trabalhou para o bem comum dentro das águassubterrâneas, com a sabedoria de que só se tem aganhar onde todos ganham.

Aldo Rebouças foi casado com Suzana por 45anos. Teve três filhos e dois netos. Faleceu dia 19de abril, aos 73 anos. A seu pedido, suas cinzasforam lançadas “ao mar para onde corre todo rio”,segundo suas próprias palavras.

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INICIATIVA

ÁGUAPARA TODOSO PROJETO “SEDE ZERO” PODE COLABORAR COM A MINIMIZAÇÃO DA SECANO NORDESTE, INCENTIVANDO A PERFURAÇÃO DE POÇOS TUBULARES PARAUSO DO POTENCIAL HÍDRICO SUBTERRÂNEO LOCAL

Larissa Stracci

O projeto “Água Subterrânea – Minimização dasConsequências da seca no Nordeste”, também co-nhecido como “Sede Zero”, elaborado pela Associ-ação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), em2003, está sendo retomado com a finalidade de cons-tituir-se num marco histórico ao apontar rumos téc-nicos e científicos para solução do problema da secano Nordeste. O estudo propõe subsídios para umprograma racional de perfuração de poços tubularespara o abastecimento de cidades de pequeno, mé-dio e grande porte. De acordo com o presidente daAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas(ABAS), Humberto José Tavares Rabelo deAlbuquerque, “além da melhor distribuição dos re-cursos hídricos, o programa pretende alavancar aregião economicamente, por meio de uma maior ofer-

ta de empregos, de perfurações e de consultorias,proporcionando um total aproveitamento e cresci-mento financeiro para os estados”.

Elaborado após uma avaliação potencial dos re-cursos hídricos subterrâneos locais, o programa pro-põe ao governo um maior desenvolvimento de ativi-dades ligadas ao aproveitamento da água em duasfundamentais diretrizes: a utilização mais intensivados mananciais subterrâneos, mediante a perfura-ção sistemática de novos poços, em conformidadecom as condições hidrogeológicas dominantes emcada área e a adoção de medidas necessárias parao aproveitamento racional das águas subterrâneas,ou seja, a utilização de uma metodologia adequadaque permita o conhecimento aprofundado do funci-onamento hidráulico dos aquíferos. “Estas diretrizes

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INICIATIVA

básicas têm a finalidade de nortear a explotação daságuas subterrâneas e definir campos de produçãode água que, por intermédio de aquadutos, levaria oprecioso líquido para onde se fizer necessário”, ex-plica Albuquerque.

Segundo o Professor da Universidade dePernambuco, Albert Mente, hidrogeólogo responsá-vel pela coordenação do projeto “Sede Zero”, o pro-grama foi precursor do projeto do governo de trans-posição do Rio São Francisco. Segundo Mente, o pro-jeto de transposição é voltado para uma pequenaparcela da população do Semiárido e muitas cidadesnão serão beneficiadas com esta iniciativa. “Portanto,o programa da ABAS continua válido, e por isso, apósuma reavaliação, poderá beneficiar grande parcela dapopulação nordestina”, explica Mente.

Complemento importante para cidades

O programa aponta a existência de mais de 60 milpoços tubulares no Nordeste e conclui que houve umnotável incremento na exploração de águas subterrâ-neas. Estes poços tubulares, que estão ativos, forne-cem água principalmente para o abastecimento públi-co, destacando-se cidades como Recife (PE), Maceió(AL), Natal (RN) e São Luís (MA), onde parte das ne-cessidades hídricas é atendida com recursos de ori-gem subterrânea. Apesar disso, o projeto defende umautilização em maior escala destes recursos, já que háespaço para que isso ocorra. O Presidente da ABAS,Humberto Albuquerque ressalta que “a frequenteinexistência de estudos hidrogeológicos na região paracaracterização dos aquíferos, o mau dimensionamentodas obras de captação e a locação indiscriminada depoços, sem consistência técnica, colaboram para odescrédito da utilização de recursos hídricos subterrâ-neos na região do Semiárido”.

O hidrogeólogo da ABAS Núcleo Bahia/Sergipe,Arnaldo Correia Ribeiro, explica que o abastecimen-to das grandes cidades com água subterrânea é umcomplemento importante ao abastecimento huma-no e industrial. Segundo Ribeiro, “um exemplo des-te abastecimento é o Polo Petroquímico de Camaçarí,na Bahia, complexo industrial que possui em seuperímetro mais de uma centena de poços tubularesprofundos, alguns com vazões que chegam a 300m³/hora para atendimento às suas unidades indus-triais”. Para Ribeiro, “a implementação do projeto po-derá viabilizar inúmeros empreendimentos industri-ais, agroindustriais, agropecuários, entre outros, queirão alavancar a região economicamente”.

Potencial da ÁguaSubterrânea no Nordeste

O estudo para o projeto “Sede Zero” relata que doponto de vista hidrogeológico, pode-se distinguir doisgrandes grupos de terrenos que se diferenciam am-plamente. São eles: as áreas de ocorrência de ro-chas cristalinas e os terrenos sedimentares. As áre-as de ocorrência de rochas cristalinas apresentam,em geral, poucas possibilidades de exploração emfunção das condições de armazenamento. Já nosterrenos sedimentares, as perspectivas para a ex-ploração dos recursos hídricos subterrâneos sãomaiores. O estudo mostra ainda que os terrenos cris-talinos ocupam a maior parte da região Nordeste doBrasil (cerca de 515.000 Km2, ou seja, 55% da su-perfície do Polígono das Secas – onde o balançohídrico é acentuadamente negativo). Os depósitossedimentares abrangem o restante da região, comestruturas geológicas diversas e extensões variadas.As zonas sedimentares estão localizadas em maiorextensão na periferia do Polígono das Secas, ondeo problema de falta de água é menos grave, masonde prevalecem as condições precárias de abas-tecimento público. O Polígono das Secas compre-ende 1.133 municípios nos estados de Alagoas,Paraíba, Pernambuco, Bahia, Ceará, Piauí, Sergipe,Rio Grande do Norte e Minas Gerais.

Albuquerque observa que “o aumento do uso, es-pecialmente dos aquíferos sedimentares, decorredas vantagens sobre os recursos de superfície e doavanço nos últimos anos de um maior conhecimen-to das condições de ocorrência e das tecnologiasde perfuração e captação”. A captação das águassubterrâneas apresenta vantagens em relação àságuas superficiais. Entre elas, destacam-se: os in-vestimentos, que serão inferiores aos da captaçãode recursos superficiais, com possibilidades deescalonamento por etapas; os prazos mais curtosde execução das obras; e o fato dos mananciaissubterrâneos serem mais protegidos da poluição eda contaminação, reduzindo custos de tratamento,pois requerem apenas uma cloração preventiva.Outras vantagens importantes da exploração daságuas subterrâneas são relativas às questõesambientais, pois provocam baixíssimos impactos,além de não alterar o potencial energético dos rios,ao contrário de projetos que usam as águas superfi-ciais. A disposição geográfica dos poços tubularesprofundos também é um recurso benéfico para aimplantação de diversos projetos de irrigação, quebeneficiarão o desenvolvimento da agricultura local.

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O Estado do Piauí, que possui 100% de sua áreaem constante estado de calamidade pela falta deágua, abrange um potencial hídrico subterrâneoimenso. “Isto faz com que o estado possa ter todasas suas necessidades de água atendidas com a uti-lização de campos de produção de água”, comentaAlbuquerque.

Para implantar o programa “Sede Zero”, será ne-cessário fazer a seleção das cidades e estados, combase nos dados disponíveis para o sistema de abas-tecimento já em vigor. “Análises das condiçõeshidrogeológicas dos mananciais utilizados, bem comoos critérios adotados na locação, estrutura e técnicasde perfuração empregadas nos poços e suas atuaiscondições de funcionamento estão previstos como oponto de partida para a inserção do projeto. Serãoidentificados os aquíferos explotados assim como ascondições operacionais no que diz respeito às vazõesde bombeamento, níveis d’água, qualidade e eficiên-cia dos poços. Com base neste diagnóstico prelimi-nar, serão locados poços a serem utilizados experi-mentalmente, posteriormente, se confirmados os re-sultados, a área será transformada em campo de pro-dução de água”, detalha Albuquerque.

Os vários tipos de reservas caracterizadas na re-gião foram: as reservas temporárias, que equivalemaos volumes d’água periodicamente renováveis,correspondem as vazões de escoamento natural dosaquíferos e assim sendo, poderiam ser exploradasinteiramente; as reservas permanentes, que são ar-mazenadas nos diversos aquíferos, representando asreservas subterrâneas ou reservas geológicas semparticipação do ciclo hidrogeológico; e as reservastemporárias, que correspondem às vazões de basedos rios das diversas bacias hidrográficas do Nordeste

e foram determinadas a partir dos registros dos diver-sos postos de medição de água existentes. O estudoapresenta para cada estado, estimativas do potencialde aproveitamento da água subterrânea, nas áreassedimentares (exploráveis), visando o abastecimen-to público dos municípios abrangidos.

Recursos e resultados

Através da radiografia das reservas temporárias, dasreservas permanentes e das reservas explotáveis, aconclusão do estudo é que a utilização adequada dasbacias sedimentares no Nordeste apresenta inúme-ros pontos positivos. Conforme explica o coordena-dor do estudo, Albert Mente: “Considerando que oconsumo de água é em média 125 litros de água pordia para cada habitante, o uso das águas subterrâne-as naquela região do país, por meio da implantaçãodo programa, beneficiará cerca de 16 milhões de pes-soas”. O Presidente da Associação Brasileira de ÁguasSubterrâneas, Humberto Albuquerque comenta que“o abastecimento de grande parcela da populaçãonordestina com água subterrânea seria possível. Pormeio do projeto, cerca de 3.000 poços devem serconstruídos nos nove estados da região Nordeste. Oaproveitamento dos recursos hídricos subterrâneospoderia atingir até 668 m3/s”.

O valor total previsto para implantação do projetoé de mais de R$ 600 milhões, um investimento decerca de R$ 120 milhões por ano, considerando umprazo de cinco anos para implantação. Os custosincluem estudos e projetos, perfurações dos poçose instalações dos equipamentos de bombeamento.De acordo com o professor Albert Mente, cerca de10% do valor total do projeto seria destinado a pré-estudos hidrogeológicos que avaliem a possibilida-de da instalação dos poços: “Deve-se estudar comque profundidade o poço será construído, com quediâmetro deve ser perfurado, o material coletadodeve ser analisado, ou seja, os poços não podemser instalados aleatoriamente”.

Histórico do projeto

O Professor Doutor Albert Mente, hidrogeólogo quecoordenou o projeto, explica que a ideia do “SedeZero” surgiu em reunião do Conselho de Perfurado-res da ABAS, em Recife (PE), onde a questão daminimização das consequências da seca havia sidodiscutida. Segundo ele, “a avaliação do potencial da

INICIATIVA

Humberto Albuquerque, presidente da ABAS

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água subterrânea no Nordeste já foi feita no passa-do. O que o projeto trouxe de inovador foi a criaçãode um programa específico de perfuração, com pos-sibilidades de auxiliar a população nordestina noabastecimento de cidades e no crescimentosocioeconômico dos estados beneficiados”.

De acordo com Joel Felipe Soares, presidente daABAS no período da elaboração do estudo, “esseprojeto foi criado pela associação com o objetivo defornecer subsídios ao Governo Lula, que se iniciava,com aplicação de recursos no FOME ZERO. Portan-to achamos oportuno, na época, a apresentação deuma alternativa também para o SEDE ZERO”. JoelSoares afirma que o projeto não era importante ape-nas para a Associação, mas também para a regiãode sua abrangência. Segundo ele, “pelos dados dosestudos realizados, teríamos um grande passo nasolução do problema da seca no Nordeste”.

Na ocasião, a Associação Brasileira de ÁguasSubterrâneas declarou o interesse em estabeleceruma parceria com o Governo para o desenvolvi-mento de projetos que solucionem o problema dafalta da água no Nordeste. Conforme explica Soa-res, “apesar das solicitações da ABAS em Brasília,

através do Ministério da Integração, do Ministériodas Cidades e da Secretaria da Presidência, nãoconseguimos sensibilizar os políticos em exercíciona época, para pelo menos avaliarem a possibili-dade da aplicação do projeto”.

Joel Felipe Soares, presidenteda ABAS na época do projeto

INICIATIVA

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PRODUÇÃO DE ÁGUA

ACESSORESTRITO

A SUPEREXPLOTAÇÃO AFETA A DEMANDA, RESTRINGINDONOVAS PERFURAÇÕES EM VÁRIAS CIDADES BRASILEIRAS, QUE ADOTAM

ESTUDOS PARA DEFINIR PRIORIDADESFernanda Faustino e Marlene Simarelli

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A quantidade de água subterrânea que podeser bombeada ano após ano com segurança –sem danificar o aquífero –, depende da capaci-dade do reservatório natural, bem como das con-dições climáticas e geológicas que possibilitemsua recuperação. O bombeamento de água podecontinuar indefinidamente, se o volume extraídodo poço for menor que a quantidade recuperadapor meio da inf i l t ração. Entretanto, se obombeamento for maior que a recarga, poderáhaver, em longo prazo, redução da capacidadeou até o esgotamento do aquífero, como aconte-ce em algumas regiões do país.

Um exemplo é a cidade de Recife (PE). SegundoHélio de Oliveira André, gerente de Outorga e Co-brança da Agência Pernambucana de Águas e Cli-ma (APAC), existem regiões onde não é mais per-mitido perfurar novos poços por causa dos baixosníveis de capacidade atingidos pelo aquífero. Comonos bairros de Boa Viagem, parte de Setubal e par-te do Pina, onde os níveis potenciométricos dospoços estão muito baixos. Ele explica que para ha-ver concessão da outorga para utilização de águasubterrânea no estado, é preciso atender às exi-gências do órgão licenciador: a Agência Estadualde Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH); edo órgão gestor, a APAC. “Apesar desse trabalho,temos 1.500 poços legalizados. Em média, existemmais de 10 mil poços. A maior densidade encon-tra-se na bacia sedimentar costeira, entre os muni-cípios de Olinda e Recife”, esclarece.

Suzana Maria Gico Lima Montenegro, direto-ra de Regulação e Monitoramento da APAC, expli-ca que a agência possui uma Gerência de Fiscali-zação e Monitoramento que tem como uma de suasfunções exercer a fiscalização desses poços, masatualmente o qua-dro de funcionári-os da agênciapernambucanaestá reduzido, di-ficultando o cum-primento dessafunção. “A APACrealizou concursopúblico recente-mente para ab-sorver técnicospara compor oseu quadro efeti-vo e o processode contrataçãoestá em curso”,salienta.

Estudo para disciplinar o uso

Incertezas no conhecimento das característicastécnicas dos poços; mau dimensionamento noequipamento de bombeamento; imprecisões naestimativa de vazão de exploração; avaliaçãoincipiente da qualidade físico-química da água;inexistência de um serviço permanente de opera-ção e manutenção capaz de detectar a tempo ascausas de deteriorização dos poços e aplicar assoluções adequadas.

José Almir Cirilo, secretário executivo de RecursosHídricos do estado, explica que em Pernambuco nãohá limite de explotação. O que rege este limite são ascondições hidrogeológicas locais dos mananciais. En-tretanto, o governo estadual, através da Secretaria deRecursos Hídricos, em 2002, contratou o EstudoHidrogeológico do Recife, Aldeia, Olinda e Jaboatãodos Guararapes, denominado Hidrorec II. “Este estu-do deu origem a um Mapa de Zoneamento Explotáveldos aquíferos Beberibe, Cabo e Barreiras. O objetivoprincipal desse trabalho é sua utilização como instru-mento para disciplinar a perfuração de poços, a con-servação e a proteção das águas subterrâneas”, es-clarece o secretário.

Os mananciais subterrâneos pernambucanos en-contrados são do tipo costeiros – representados pelabacia sedimentar de Pernambuco e Paraíba, queocupa todo o litoral norte do estado e estende-sedesde a cidade do Recife, até o vale do rioCamaratuba, ao norte de João Pessoa (PB). Eles têmcomo características uma espessura média de 200metros, onde os poços construídos apresentam águade boa qualidade química e vazão da ordem de 72m3/h; e bacias interiores – dentro desse contexto,estão inseridas as bacias do Araripe, Cedro, São Josédo Belmonte, Mirandiba e Jatobá. Por serem meno-res, são consideradas como manchas sedimentaresas bacias de Betânia, Fátima e Carnaubeira da Pe-nha. Em todas essas unidades sedimentares se ob-tém água de boa qualidade química e as vazões va-riam de 5 m3/h até 140 m3/h.

Crescimento limitado pelo aquífero

A região de Ribeirão Preto (SP) tem seu abasteci-mento público integralmente feito através daexplotação de água do Aquífero Guarani – são maisde 100 poços tubulares profundos atualmente emoperação e mais de 400 outorgados na regionaldo Departamento de Águas e Energia Elétrica

Suzana Maria Gico LimaMontenegro, diretora de

Regulação e Monitoramentoda APAC

PRODUÇÃO DE ÁGUA

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(DAEE), para usos diversoscomo hotéis, escolas, hospi-tais, postos de combustíveis,condomínios, entre outros. Deacordo com Carlos EduardoNascimento Alencastre, dire-tor do DAEE de Ribeirão Pre-to, essa demanda leva a umaextração de cerca de 134 bi-lhões de litros de água porano. O grande consumidor, noentanto, é o serviço de abas-tecimento municipal, Departa-mento de Água e Esgoto deRibeirão Preto (DAERP), queusa aproximadamente 111 bi-lhões de litros/ano. “Por teruma reposição de água limi-tada e lenta, estudos têm mostrado que estamos ex-traindo 13 vezes mais água que a capacidade de re-posição do Aquífero Guarani, o que se torna um usoinsustentável”, alerta.

O diretor relata que hoje estão outorgados no DAEEcerca de 30 mil poços em todo Estado de São Pau-lo. Estima-se que haja outros 30 mil operando ilegal-mente. “Esses poços, até pela dificuldade de fiscali-zação, encontram-se em grande parte nas zonasrurais dos municípios. O controle dessas outorgas,na sua maioria, provém de denúncias recebidas, queno caso são todas apuradas e, se provenientes, de-vidamente enquadradas”, salienta. Segun-do Alencastre, para concessão de outor-ga para extração de água subterrânea, alei estabelece que preliminarmente o per-furador solicite o Estudo de Viabilidade deImplantação (EVI) com os dados do pro-jeto que se pretende executar. O DAEE,então, avalia esse pedido e, caso não exis-ta nenhum impedimento para a perfuraçãosolicitada, é autorizado. Após a execuçãodo poço, o solicitante retorna ao DAEE comas informações necessárias para a obtençãoda outorga como, por exemplo, nível estáti-co e dinâmico, teste de bombeamento, ne-cessidade de cercamento, laje sanitária, tubode boca, tubo para medir nível e hidrômetro.Além das especificidades a respeito do poçotubular profundo, deverá haver cadastro navigilância sanitária e, se a água for para usohumano, deverá ter também análise que aten-da a Portaria 518, do Ministério da Saúde,sobre padrão de potabilidade.

Cultura equivocadana perfuração

“O limite para a explotação de água sub-terrânea deve se ater ao uso sustentável, ouseja, não se pode extrair mais água que acapacidade de recuperação do aquífero”,alerta Alencastre. De acordo com ele, existeuma cultura equivocada de que o poçotubular profundo deve ser perfurado para for-necer o máximo de água possível, quandoele deve produzir água para atender as ne-cessidades para as quais ele foi construído.“Essa cultura leva ao raciocínio tambémequivocado que a água subterrânea é fartae podemos utilizá-la à vontade”, ressalta.Para Alencastre, não existe uma regra quesolucione a superexplotação de um aquífero.

“É preciso estudar cada caso, como foi feito nacidade de Ribeirão Preto.”

A Câmara Técnica de Saneamento e Águas Sub-terrâneas, órgão ligado ao Comitê de BaciaHidrográfica (CBH) do Rio Pardo, propôs para o Co-mitê um zoneamento (veja mapa) tendo como limiteexterno a linha da expansão urbana. A Zona 1 envol-ve a área central da cidade onde já foi constatadoum abaixamento do nível do lençol em mais de 60metros. A perfuração de novos poços nesta zona épermitida somente para abastecimento público edeve, ainda, ser desativado um poço existente para

Carlos EduardoNascimento Alencastre,presidente do DAEE de

Ribeirão Preto

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cada um que for criado, o que impede o aumentodo número de poços existentes nessa área. A Zona2, que envolve todo o anel viário da cidade, tambémrestringe a perfuração de novos poços ao abasteci-mento público. E a Zona 3, área compreendida pelalinha de expansão urbana – protegida pela Lei Muni-cipal – permite perfurações para usos diversos, des-de que a distância de poços existentes esteja há, nomínimo, 1.200 metros distantes de corposd´água, de áreas contaminadas ou com sus-peita de contaminação.

Essa proposta aprovada pelo CBH-Pardo foireferendada pelo Conselho Estadual de Re-cursos Hídricos (CRH) e terá validade até 2012.“Com isso, já notamos uma queda sensível nademanda por novos poços e também umagrande procura dos usuários com poços exis-tentes para regularizar suas situações”, obser-va Alencastre. Assim como no caso doAquífero Guarani, os diversos aquíferos exis-tentes no Estado de São Paulo preocupam ba-sicamente pela superexplotação ou pela con-taminação. “No caso dos aquíferos livres, ouseja, quando se apresentam expostos à atmos-

Antônio José TavaresRanzani, superintendentedo Semae

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fera, os cuidados devem ser redobrados com rela-ção à contaminação”, conclui ele.

Fonte própria de abastecimento

Outra cidade paulista com restrições de aberturade poços tubulares é São José do Rio Preto, onde

se encontram os AquíferosBauru, Serra Geral eGuarani. De acordo comAntonio José TavaresRanzani, superintendentedo Serviço Municipal Autô-nomo de Água e Esgoto(SEMAE), estima-se quehaja cerca de 3.500 poçosexploratórios do AquíferoBauru por particulares,como fonte própria deabastecimento. Desse to-tal, apenas 17% estão re-gularizados ou em proces-so de regularização junto

PRODUÇÃO DE ÁGUA

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ao DAEE. “Este cenário é resultado da década de1970, quando houve um estímulo para a utilizaçãode água subterrânea como fonte própria de abaste-cimento. Isto ocasionou uma explotaçãodesordenada, sem planejamento e feita, na maioriadas vezes, sem obedecer às normas técnicas de ex-ploração e proteção ambiental dos recursos hídricossubterrâneos” relata.

Ranzani explica que por conta disso aumentam osriscos de contaminação da água subterrânea, bemcomo as possibilidades de interferência entre os po-ços, diminuindo sua eficiência e sua vida útil. “Comrelação ao limite de exploração dos aquíferos emSão José do Rio Preto, isso só poderá ser avaliadopor meio de estudos que contemplem o balançohídrico dessas unidades hidrogeológicas, ou seja,mensurando o volume explotado e o volume derecarga”, esclarece. Segundo ele, o SEMAEtem uma equipe incumbida de acompanhar aprodução dos poços e observar sua capaci-dade de explotação. “Esta equipe tem comoprerrogativa a preservação do aquífero paraque não seja explorado acima de sua capaci-dade de produção”.

Entretanto, já existem regiões na cidade comproibição para a perfuração de novos poços.O Comitê da Bacia do Turvo-Grande, atravésdo DAEE, contratou um estudo para identifi-car zonas de saturação e contaminação doAquífero Bauru. O estudo, de acordo comRanzani, visa buscar subsídios para a defini-ção de critérios técnicos para odisciplinamento da perfuração de poços nomunicípio, com a delimitação da Área de Restriçãoe Controle para a captação e uso da água subterrâ-nea, a exemplo do que foi realizado em Ribeirão Pretopara a explotação de água no Aquífero Guarani. “Valeressaltar que a Política de Recursos Hídricos priorizao uso da água para o consumo humano, portanto,em caso de restrição, a prioridade será o uso para oabastecimento público”, conclui.

Estudos para estabelecer limites

Estudos sobre disponibilidade hídrica têm sidoconduzidos pelo Instituto Mineiro de Gestão dasÁguas (IGAM), em Minas Gerais para avaliar o com-prometimento da disponibilidade hídrica subterrânea.Um exemplo disso é o Projeto Águas do Norte deMinas. O estudo, que começa a ser realizado em

parceria com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM),a Fundação Universidade de Ouro Preto, a Funda-ção de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Ge-rais (FAPEMIG) e a Secretaria Especial para Desen-volvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, temcomo objetivo a determinação da disponibilidadehídrica na região norte do estado. Mas de maneirageral, de acordo com Maricene Menezes de OliveiraMattos Paixão, analista ambiental do IGAM, atualmen-te não existe determinação para a explotação deágua subterrânea. O limite se dá na análise do testede bombeamento do poço apresentado na solicita-ção de outorga. Ela afirma que ainda não foram cons-tatadas situações no estado onde o aquífero se en-contra sem capacidade para atender a demanda. “Severificamos que essa possibilidade existe, as outor-gas na região ficam condicionadas ao

monitoramento dos níveis deágua do aquífero – nível estáti-co e dinâmico, além domonitoramento habitual da va-zão captada e tempo debombeamento”. Mas, caso sejaverificado o comprometimentodo aquífero, “ações de maiordisciplinamento da explotaçãoserão adotadas, podendo atémesmo haver suspensão de ou-torgas e proibição de novas per-furações”, ressalta.

Maria Luiza Silva Ramos, ge-rente de Desenvolvimento deRecursos Hídricos do Instituto,

explica que os principais pontos verificados na aná-lise do pedido de outorga para poços tubulares es-tão relacionados com as características construtivasdos poços: sua capacidade produtiva, bem como apotencialidade de interferência em outras captaçõesexistentes nas proximidades, e ainda naadequabilidade de condição de operação às neces-sidades da demanda apresentada. Apesar da preo-cupação com relação à demanda, atenta à disponi-bilidade hídrica do aquífero, também existem regi-ões onde já é proibido perfurar novos poços. De acor-do com Maria Luiza, “com base em um Termo deCompromisso assinado entre o município de SeteLagoas, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto(SAEE) do município e o IGAM, estão suspensasnovas perfurações na área urbana de Sete Lagoasaté que sejam finalizados os estudos hidrogeológicosrealizados em escala local para orientar a explotaçãoda água subterrânea na região”.

Maricene Menezes deOliveira Mattos Paixão,analista ambiental do IGAM

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Conscientização paracontrolar demanda

Em Cuiabá, a unidadeaquífera é o Grupo Cuiabá,onde há grande variação naprodução dos poços perfura-dos, pois a água se concen-tra confinada nas fraturas dasrochas. Segundo o geólogoNédio Carlos Pinheiros, coor-denador de Controle de Re-cursos Hídricos da Secreta-ria do Meio Ambiente (SEMA/MT), o estado tem um gran-de potencial de águas subter-râneas, com destaque para oAquífero Parecis, na regiãoAmazônica, e o AquíferoFurnas, na bacia do Paraná. Nessas regiões, o abas-tecimento público e, inclusive, de indústrias eagropecuárias, se dá pela explotação desses ma-nanciais. “Os nossos problemas acontecem exclu-sivamente na Grande Cuiabá, que compreende osmunicípios de Cuiabá e Várzea Grande, em razãoda maior concentração da ocupação populacional.Ali, o aquífero é totalmente fraturado, por isso, arecarga é lenta, mas o volume explotado égrande, ocorrendo o que comumente chama-mos de estresse hídrico”, salienta.

O geólogo explica ainda que entre as medi-das tomadas para conter a demanda está aconscientização. “Orientamos o empreende-dor que a melhor opção de uso é a água su-perficial em detrimento da explotação por poçotubular. Principalmente na área urbana deCuiabá, onde temos indisponibilidade de águasubterrânea para atender o ano todo e, emespecial, nos meses de déficit de chuva, quan-do há um rebaixamento de água considerávelna região”, relata. Uma das alternativas parasolucionar o problema de explotação doaquífero, que possui baixa disponibilidadehídrica, segundo Pinheiros, é a ampliação dosistema de captação, tratamento e distribuição deágua superficial.

Exploração em áreas instáveis

A instabilidade geotécnica também pode levar a re-dução de abertura de novos poços, como aconteceu

Nédio Carlos Pinheiros,coordenador de Controle deRecursos Hídricos da SEMA

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Jurandir Boz Filhogeólogo do Instituto dasÁguas do Paraná

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no estado do Paraná, no início da exploração doAquífero Karst. De acordo com Jurandir Boz Filho,

geólogo do Instituto das Águas do Paraná e pre-sidente do Núcleo ABAS no estado, por não seter conhecimento técnico da melhor forma deexploração deste tipo de aquífero, ocorreu a ace-leração dos processos de dissolução das dolinas,resultados da superexplotação dos poços, cau-sando problemas nas residências. Dolina é umadepressão no solo, característica de relevoscársticos, formada pela dissolução química derochas calcárias abaixo da superfície. “Após oconhecimento da melhor forma de exploração,fazendo o controle de vazão e, principalmen-te, do nível dinâmico dos poços, o Instituto vemrenovando a outorga deste poços, com omonitoramento destas informações apresen-tadas pela Sanepar”, salienta. O geólogo ex-plica que, por se tratar de uma área natural-

mente instável, existem ainda casos isolados de ocor-rências, principalmente onde obras – residências, es-cola, ruas, etc. – foram construídas próximas ou emcima de dolinas, não tendo conexão direta com obombeamento dos poços. “Nos últimos anos, não setêm notícias da ocorrência de problemas geotécnicoscausados pela exploração dos poços, a não ser porprocessos naturais que ocorrem neste tipo de terreno

cárstico, com a presença dedolinas”, afirma.

Quanto à demanda, Bozexplica que não se tem uni-dades aquíferas no estadodo Paraná, com restrições deexploração. “Temos, em pon-tos específicos, uma grandeconcentração de poços, maseles não são inviabilizadospara exploração. A demandaé gerida pelo Instituto dasÁguas do Paraná, que visaatender a todos. Além dessademanda, outra preocupa-ção é com a possível conta-minação dos aquíferos, mas

ainda não temos áreas restringidas por este motivo”,avalia. O Paraná registra hoje 10 mil poços tubularesoutorgados no estado e cerca de 50% estão situadosno Aquífero Serra Geral. Atualmente, está sendofeito trabalho de conscientização dos usuários paraque os não outorgados venham a ser legalizadosvisando o aprimoramento da gestão dos recursoshídricos paranaenses.

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MEIO AMBIENTE

INVESTIR PARA

INICIATIVAS DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA) AUXILIAM A PRE-SERVAR A BACIA HIDROGRÁFICA, GARANTINDO QUALIDADE DO SOLO E DASÁGUAS – SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS – BEM COMO SEU ABASTECIMENTO

Isabella Monteiro

No Brasil, as regiões mais críticas em poluição edegradação dos mananciais são aquelas que pos-suem alta concentração populacional, com grandedemanda por recursos naturais, principalmente deágua e aumento da geração de efluentes e lixo. Já,as áreas que apresentam maior índice de preserva-ção, encontram-se na região amazônica, onde hámenos de 7% da população brasileira, conformeexplica Devanir Garcia dos Santos, gerente de UsoSustentável da Água e do Solo da Agência Nacionalde Águas (ANA).

Diante deste cenário, uma medida que tem alcan-çado bons resultados, cuja prática tem se dissemi-

nado nacionalmente, é o sistema de Pagamento porServiços Ambientais (PSA). A medida representa um instrumento econômico de incentivo a proprietáriosde terras para que conservem e restaurem osecossistemas, ao adotarem práticas agrícolasambientalmente sustentáveis. De acordo com aengenheira agrônoma e especialista ambiental daSecretaria de Estado do Meio Ambiente do Estadode São Paulo (SMA/SP), Araci Kamiyama, estasações contribuem para preservar e recuperar a di-versidade biológica, mitigar efeitos nocivos das mu-danças climáticas através do sequestro de carbonoatmosférico e garantir maior proteção dos solosminimizando perdas por erosão e reduzindo o aportede poluição difusa aos cursos d’água.

PROTEGER

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 21ABRIL / MAIO 2011

MEIO AMBIENTE

Programa Produtor de Água

A Agência Nacional de Águas (ANA), entidade respon-sável pela implementação da Política Nacional de Recur-sos Hídricos e pela organização do Sistema Nacional deGerenciamento dos Recursos Hídricos, desenvolve pro-gramas e projetos com vistas à conservação e ao uso efi-ciente e racional da água. O Programa de Despoluição deBacias Hidrográficas (PRODES) – também conhecidocomo “Programa de Compra de Esgoto Tratado” – criadoem 2001, concede estímulo financeiro a prestadores deserviço de saneamento que in-vestem na implantação e ope-ração de Estações de Trata-mento de Esgotos (ETEs).

O sucesso alcançado com oPRODES estimulou o desenvol-vimento de outro programa em2002, o Programa Produtor deÁgua. Segundo Devanir dosSantos, “o Produtor de Águaé uma ferramenta de articula-ção com o setor rural, comfoco no estímulo à política dePagamento por ServiçosAmbientais, para proteção dosrecursos hídricos”. Para tanto,“apoia, orienta e certifica pro-jetos que visem à redução daerosão e do assoreamento demananciais no meio rural, pro-piciando a melhoria da qualida-de, a ampliação e a regulariza-ção da oferta de água em bacias hidrográficas de impor-tância estratégica para o País”.

De adesão voluntária, o programa destina-se a produto-res rurais que se proponham a adotar práticas e manejosconservacionistas em suas propriedades com vistas à con-servação da água e do solo, como construção de terraçose de bacias de infiltração, recuperação e proteção de nas-centes, reflorestamento das áreas de proteção permanen-te e de reserva legal, saneamento ambiental, entre outros.De acordo com Santos, como os benefícios se estendemaos demais usuários da bacia, a remuneração é previstacom base nos melhoramentos gerados. “O PSA consideraque fontes de recursos provenientes de fundos estaduais efederais devam ser utilizadas apenas na equalização do mer-cado, ou seja, quando fica clara a necessidade de comprados serviços, mas seus custos extrapolam a capacidadede pagamento da sociedade local. Por outro lado, os re-cursos externos, para apoiar e financiar a execução deações que gerem serviços ambientais são muito benquis-

Devanir dos Santos, gerente de UsoSustentável de Água e Solo da ANA

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22 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO ABRIL / MAIO 2011

tos. Na verdade, são de fundamental importânciapara o sucesso da iniciativa”, explica ele.

Benefícios às águas

Além de estimular a conservação e recuperaçãoda vegetação natural das áreas de proteção perma-nente, reserva legal e outros remanescentes flores-tais, promovendo assim a adequação e proteção daszonas de recarga com efeitos positivos na proteçãodas águas subterrâneas, o Programa contribui parao abastecimento público de água. “São muitos oscasos em que a pequena quantidade ou a qualida-de inferior da água tem colocado em risco o abaste-cimento humano e a dessedentação animal – usosprotegidos pela legislação brasileira”, observa o ge-rente de Uso Sustentável da Água e do Solo da ANA,Devanir dos Santos.

Pioneiro, o Projeto das Bacias Hidrográficas dosRios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), em Ex-trema (MG), foi o primeiro a ser implantado, condu-zido pela Prefeitura Municipal de Extrema com apoioda ANA, Instituto Estadual de Florestas (IEF), TheNature Conservancy (TNC), SOS Mata Atlântica ePCJ. Monitorado desde 2006, os resultados são con-siderados excelentes, com mais de 120 proprietári-os recebendo por serviços ambientais e todos comsuas propriedades adequadas ambientalmente. Oprograma apresentou altos índices de eficiência tam-bém em outras regiões do país: no Espírito Santo,são mais de 100 participantes; em Guandu (BA) eno Projeto Oásis de Apucarana (PR) cerca de 50 eno Projeto PCJ, em Nazaré Paulista e Joanópolis(SP), são seis.

“Um dos objetivos da ANA é transferir tecnologiae apoiar sua implementação, principalmente para es-tados e municípios. Espírito Santo, São Paulo, San-ta Catarina e Rio de Janeiro já têm ou estão em pro-cesso de desenvolvimento de legislação específicapara o desenvolvimento de programas nos moldesdo Programa Produtor de Água. Também Goiás,Mato Grosso do Sul e Paraná abrigam projetos nes-ta linha”, destaca Santos.

Lei em São Paulo

A recém-aprovada Lei 271/2010 alterou a lei11.160/2002, que cria o Fundo Estadual de Preven-ção e Controle da Poluição (FECOP), para possibili-tar pagamentos não reembolsáveis a proprietários

rurais. O que viabilizou a implantação do Projeto MinaD’Água, o primeiro projeto de Pagamento por Servi-ços Ambientais, como base na Política Estadual deMudanças Climáticas (PEMC), no Programa Rema-nescentes Florestais. De acordo com a engenheiraAraci Kamiyama, responsável por gerenciar a implan-tação do projeto nos municípios, “o Mina D’Água visaa proteção de nascentes em mananciais de abaste-cimento público e está sendo desenvolvido em 21municípios paulistas. As condições paraimplementação estão definidas na Resolução SMA123/2010. A primeira fase do Projeto Mina D’Águaconsiste em uma etapa piloto, destinada à aferiçãode metodologias e estratégias de implantação”.

Segundo ela, os participantes são produtores ru-rais que possuem nascentes em mananciais de abas-tecimento público, localizados nas áreas deabrangência, cuja gestão está sob a responsabilida-de dos municípios, dos produtores e da Secretáriade Meio Ambiente de São Paulo (SMA/SP). “A SMAassinou convênio com os municípios, que selecio-naram as áreas prioritárias e cadastraram asmicrobacias elegíveis. A equipe municipal está ca-dastrando os produtores e as nascentes, fazendoum levantamento sobre a percepção ambiental dosagricultores e a situação das áreas. Com esse diag-nóstico, será feito um projeto de conservação dasnascentes”, revela. A partir disso, as propriedadespassam por vistorias contínuas, com o objetivo deavaliar as condições das nascentes. Há também uma

Araci Kamiyama, especialistaambiental da Secretaria de MeioAmbiente de SP

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MEIO AMBIENTE

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 23ABRIL / MAIO 2011

avaliação do impacto ambiental do projeto, realiza-da com apoio de técnicos especializados da SMA/SP e do Banco Mundial.

O FECOP, agente financeiro responsável pelos re-cursos destinados ao pagamento dos provedores deserviços ambientais, dispõe de um orçamento de maisde R$ 3 milhões. A gestão do projeto envolve tam-bém outros custos, que estão sob a responsabilida-de da SMA, municípios e dospróprios participantes. O incen-tivo financeiro será de R$ 75,00a R$ 300,00 por nascente aoano, sendo permitido o númeromáximo de quatro nascentes porprodutor.

Incentivo noRio de Janeiro

Um mecanismo de incentivopelos serviços ambientais aosque conservam direta ou indi-retamente os recursos naturaise, especificamente, os corposhídricos, o Fundo de Boas Práticas Socioambientaisem Microbacias (FUNBOAS), foi criado pelo Comitêde Bacia Lagos São João, no Rio de Janeiro, em2007. Segundo Natalia Ribeiro, Coordenadora dePrograma do FUNBOAS, a Câmara Técnica Perma-nente de Microbacias (CTPEM) do Comitê é respon-sável pela sua gestão e pelas decisões sobre a apli-cação dos recursos nas microbacias. Já a Resolu-ção nº 23 de 2009 do Comitê, que regulamenta o

Fundo, define a aplicação dos recursos que são uti-lizados para o incentivo às boas práticas, como porexemplo, a recuperação de áreas degradadas, prá-ticas de conservação do solo e da água, entre ou-tros. Podem participar os pequenos e médios agri-cultores, que já desenvolvem ou tem potencial dedesenvolver boas práticas nos territórios dasmicrobacias. Segundo Natalia, até o momento fo-

ram apoiados com recursos doFUNBOAS – que somam R$ 60 mil– um projeto coletivo e seis planosindividuais de desenvolvimento dapropriedade. “Os recursos para opagamento são oriundos da co-brança pelo uso da água, repas-sados pelo estado ao Comitê e, porsua vez, destinados ao FUNBOASanualmente. Porém, por ser umfundo, pode receber recursos deoutras fontes, por meio de doa-ções, compensações ambientais,entre outros”, esclarece ela.

Para orientar a aplicação dos re-cursos foi desenvolvido o Instru-mento de Avaliação do Nível de

Boas Práticas Socioambientais, de uso obrigatóriona propriedade, que define a forma de acesso. “Osinteressados são avaliados e quando alcançam 50%de boas práticas socioambientais podem dispor dosrecursos para melhorar o manejo da paisagem. Aosclassificados acima de 70%, é facultada a utilizaçãode parte dos recursos para aquisição de bens decapital, que contribuam para a melhoria da geraçãode renda e da qualidade de vida. O repasse de re-

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Os recursos para opagamento são

oriundos da cobrançapelo uso da água,

repassados pelo estadoao Comitê e destinados

ao FUNBOAS

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24 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO ABRIL / MAIO 2011

Natalia Ribeiro, Coordenadora do FUNBOAS, em trabalhode campo com os moradores de Cambucaes (RJ)

cursos é feito de forma indireta ao participante, sen-do este executado em conjunto com o técnico”, ex-plica a coordenadora. O valor destinado aos proje-tos coletivos pode variar de acordo com a propos-ta da comunidade. Para os projetos individuais po-dem ser repassados um valor de até R$ 5 mil. Deacordo com Natalia, as ações do FUNBOAS estãocontribuindo para a melhoria da qualidadeambiental da bacia, para a descontaminação do len-çol freático e dos rios – especialmente do Rio SãoJoão –, e para o aumento da cobertura do solo comsistemas agroflorestais, reduzindo processos

erosivos e melhorando a quali-dade do solo.

Em dezembro de 2010, foiaprovada a minuta de Decretopara Pagamento por ServiçosAmbientais, que regulamenta oPrograma Estadual de Conserva-ção e Revitalização de RecursosHídricos (PROHIDRO), a ser co-ordenado pela Secretaria de Es-tado do Ambiente do Rio de Ja-neiro. O Programa Estadual dePagamento por ServiçosAmbientais (PRO-PSA), estabele-cido no âmbito do PROHIDRO,considerada serviços ambientaispassíveis de retribuição, median-te a retribuição direta ou indireta,monetária ou não, as práticas einiciativas prestadas por possui-dores, a qualquer título, de área

rural no Estado do Rio de Janeiro, que favorecem aconservação, a manutenção, a ampliação ou a res-tauração de benefícios propiciados pelosecossistemas. Os investimentos do PRO-PSA deve-rão priorizar as áreas rurais e de mananciais de abas-tecimento público, observados os critérios a seremaprovados pelo Conselho Estadual de RecursosHídricos (CERHI). A adesão a qualquer iniciativa doPRO-PSA será voluntária e formalizada por meio decontrato, convênio ou qualquer outro instrumento ju-rídico cabível, firmado entre o provedor de serviçoambiental e o órgão competente.

As iniciativas de Pagamento por ServiçosAmbientais (PSA) evoluíram de tal forma no Bra-sil, a ponto de impulsionarem a criação de umalegislação nacional. O Projeto de Lei de PSA792/07, de autoria do Deputado FederalAnselmo de Jesus (PT/RO), e relatado pelo tam-bém Deputado Federal, Jorge Khoury (PFL/BA),prevê a criação da Política Nacional de Paga-mento por Serviços Ambientais, e foi aprovadopela Comissão de Meio Ambiente e Desenvol-vimento Sustentável da Câmara dos Deputa-dos, no final de 2010.

O projeto cria um órgão colegiado para gerir

a Política de PSA, a ser regulamentado peloPoder Executivo, e garante a paridade de repre-sentantes do Poder Público e da sociedade civilna sua composição; estabelece também o Pro-grama Federal de Pagamento por ServiçosAmbientais e institui ainda o Fundo Federal dePagamento por Serviços Ambientais, cuja fonteprincipal será os royalties do petróleo destina-dos ao Ministério do Meio Ambiente. O Projetode Lei da PSA segue agora para as comissõesde Constituição e Justiça, e de Finanças. Aaprovação pelo Congresso Nacional está pre-vista para este ano.

Política de PSA pode se tornar nacional

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 25ABRIL / MAIO 2011

NÚCLEOS REGIONAIS

A ABAS Núcleo Minas Gerais re-novou alguns representantes noConselho Estadual de RecursosHídricos de Minas Gerais (CERH -MG). Conforme a DeliberaçãoNormativa n° 269 publicada em 1°de abril de 2011, no segmento deAssociações Civis, com efetivaatuação em Recursos Hídricos, le-galmente constituídas no Estado,no mandato biênio de 2011/2013,a Associação Brasileira de ÁguasSubterrâneas (ABAS) manteve atitularidade com Fernando Mari-

nho de Oliveira e obteve duas no-vas suplências: Fernando AlvesCarneiro, como primeiro suplentee Carlos Alberto de Freitas comosegundo suplente.

Já no Comitê de BaciaHidrográfica do rio Paraopeba(CBH – Paraopeba), instituiçãoda qual a ABAS já participa há 12anos, a titularidade foi mantidacom a geóloga Maria AntonietaAlcântara Mourão da Companhiade Pesquisa de Recursos Mine-rais (CPRM).

ABAS NÚCLEO MINAS GERAISRENOVA REPRESENTANTES NOCONSELHO ESTADUAL DERECURSOS HÍDRICOS

A ABAS Núcleo Minas Geraispromoverá em setembro o Semi-nário Internacional Recarga Arti-ficial de Aquíferos, com o objeti-vo de divulgar experiências naci-onais e internacionais e promo-ver um fórum de debates, quepretende contribuir com a elabo-ração de uma legislação especí-fica. Os Departamentos de Enge-nharia de Minas e de EngenhariaSanitária da Universidade Fede-ral de Minas Gerais (UFMG) par-ticiparão juntamente com a ABASna realização do Seminário.

Um curso pré-evento sobre otema será realizado anteriormen-te, abordando aspectos técnicose legais. Paralelamente ao Semi-nário, haverá uma reunião da Câ-

mara Técnica de Águas Subterrâ-neas do Conselho Nacional de Re-cursos Hídricos (CNRH), que estáelaborando uma norma para regu-lamentar as atividades de recargaartificial de aquíferos no Brasil.

O público alvo será compostopor todos os segmentos da socie-dade envolvidos com as águassubterrâneas, tais como as áreasde saneamento, mineração, indus-trial e agronegócio, bem como ascomunidades acadêmicas e cien-tíficas, órgãos gestores de recur-sos hídricos e ambientais. Mais in-formações podem ser adquiridascom o Diretor da ABAS NúcleoMinas Gerais, Carlos Alberto deFreitas, através do [email protected] .

SEMINÁRIO INTERNACIONALRECARGA ARTIFICIAL DE AQUÍFEROSACONTECE EM SETEMBRO

ABRIL / MAIO 2011

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26 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO ABRIL / MAIO 2011

ABAS INFORMA

PROFISSIONAIS INTERNACIONAIS CONSAGRADOS CONFIRMAM PRESENÇA NO II CIMAS

Uma discussão ampla sobre o uso sustentável dosrecursos ambientais subterrâneos, o II CongressoInternacional de Meio Ambiente Subterrâneo (II CI-MAS), que será realizado pela ABAS, de 04 a 06 deoutubro de 2011, em São Paulo/SP, juntamente coma Feira Nacional da Água, já tem confirmada a pre-sença de nomes consagrados do Brasil e do exteri-or. Um dos maiores especialistas em remediação domundo, hidrogeólogo e pesquisador da Universida-de de Waterloo e professor da Universidade deGuelph, no Canadá, John Cherry, está entre os no-mes confirmados. Também o diretor científico doCentre for Environmental Research HelmholtzInstitute, da Alemanha, Georg Teutsch, anunciou sua

presença no Congresso, logo após a assinatura doacordo entre sua instituição e a CETESB, UNESP ea ABAS. Também confirmaram sua participação oProfessor Christopher Neville (S.S. Papadopulos &Associates, Inc.) e Jim Barker, aclamado professorda Universidade de Waterloo, no Canadá.Christopher Neville ministrará o curso RaciocínioCrítico na Interpretação de Ensaios para Caracteri-zação de Aquíferos. O evento congregará represen-tantes de universidades, legisladores, reguladores,consultores e prestadores de serviço em geral, paramostrarem suas novidades, seus erros e acertos, per-mitindo troca de experiências, atualização técnica enetworking.

CENTRO HELMHOLTZ, DA ALEMANHA, CETESB,ABAS E UNESP FECHAM ACORDO DECOOPERAÇÃO EM ÁREAS CONTAMINADAS

O Centro Helmholtz para Pesquisa Ambiental(UFZ), um dos 17 centros integrantes de uma dasmaiores organizações científicas alemãs, a Associa-ção Helmholtz, assinou, em abril, um termo de coo-peração técnica com a CETESB a Universidade Es-tadual Paulista (UNESP) e a Associação Brasileira

de Águas Subterrâneas (ABAS) para a realização depesquisas conjuntas em contaminação do solo eáguas subterrâneas. Entre as atividades previstasestão: projetos técnico-científicos, cursos e treina-mentos, e divulgação dos trabalhos por meio de se-minários e workshops. A ABAS abrirá espaço paradiscussão e divulgação dos trabalhos científicos re-sultantes do acordo, no XVII Congresso Brasileirode Águas Subterrâneas e no II Congresso Internaci-onal de Meio Ambiente Subterrâneo. Localizado emLeipzig, o UFZ é destaque em técnicas de investiga-ção e em novas tecnologias para remediação de áre-as contaminadas, com experiência ampla em gran-des sítios contaminados ainda existentes em áreasda extinta Alemanha Oriental.

O Termo de Cooperação foi assinado por GeorgTeutsch e Andreas Schmidt, diretor científico e dire-tor administrativo da UFZ; Otavio Okano, presidenteda CETESB; Ana Cristina Pasini, diretora deTecnologia, Qualidade e Avaliação Ambiental daCETESB; Júlio Cezar Durigan, vice-reitor da UNESPe Chang Hung Kiang, professor e pesquisador daUNESP; Humberto Rabelo Albuquerque, presidenteda ABAS, e Everton de Oliveira, secretário executivoda ABAS.

Representantes das instituições parceiras assinamcontrato. ABAS foi representada por Everton de Oliveira

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 27ABRIL / MAIO 2011

ABAS INFORMA

CÂMARA TÉCNICA DE ÁGUAS SUBTERRÂNEASCONTA COM NOVA REPRESENTAÇÃO DA ABAS

COMITIVA VISITA CIDADECANDIDATA A SEDIAR OCONGRESSO ABAS 2012

Comitiva da ABAS, composta por HumbertoAlbuquerque, Rodrigo Cordeiro, Araçá Peixoto,Giancarlo Lastoria e Antonio Brandt Vecchiato visi-tou a cidade de Bonito/MS, em abril, para conhecera estrutura da cidade que se candidatou para rece-ber o XVII Congresso ABAS, o XVIII Encontro de Per-furadores e a Feira Nacional da Água (FENÁGUA),que acontecerão em 2012. Foram observados crité-rios de logística, infraestrutura e instalações, comorede hoteleira, restaurantes e atrativos para o turis-mo. Além disso, a comitiva reuniu-se com a Presi-dente da Fundação de Turismo do Estado, NildeBrum. O governo deverá formalizar seu apoio técni-co e financeiro até o final de maio.

Pesquisa medirá satisfação de leituraCom o objetivo de avaliar a qualidade editorial e gráfica da Revista Água e Meio Ambiente Subter-

râneo, a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) realizará uma pesquisa de satisfaçãojunto aos seus leitores. A pesquisa deverá ser respondida por meio do site www.abas.org

GUIA DE COMPRASONLINE DA ABASÉ SUCESSOENTRE USUÁRIOS

Lançado em fevereiro de 2011, o Guia deCompras Online da ABAS já atingiu a marcade 1.280 visitas até abril, tornando-se a prin-cipal fonte de consultas para compras dosusuários de águas subterrâneas do país. Commais de 200 empresas cadastradas, o Guiareúne e divulga de forma ampla os mais vari-ados e tecnológicos produtos, equipamentose serviços do setor. Para acesso e cadastro,visite: www.abas.org/guiasdecompras.

O atual presidente da Associação Brasileira deÁguas Subterrâneas (ABAS), Humberto Albuquerque,é o novo representante da ABAS na Câmara Técnica(CT) de Águas Subterrâneas do Conselho Nacionalde Recursos Hídricos (CNRH), representada anteri-ormente por seus ex-presidentes João Carlos Simankede Souza e Everton Luiz da Costa Souza. Membrointegrante desde sua criação, “a participação da ABASnas Câmaras Técnicas tem sido fundamental na apre-sentação de propostas de Resolução e Moções, queposteriormente foram referendadas pelo CNRH”, afir-ma Albuquerque. Atualmente, estão em discussão naCT a elaboração de uma resolução sobre recarga ar-tificial de aquíferos e, também, a intenção de regula-mentação do uso de águas alternativas nas regiõesmetropolitanas e nas cidades atendidas por conces-

sionárias públicas ou privadas, de acordo com a leido saneamento básico e de sua regulamentação.Como órgão de assessoramento técnico do CNRH, aCâmara Técnica de Águas Subterrâneas possui com-petências específicas, entre outras: discutir e propora inserção da gestão de águas subterrâneas na Polí-tica Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (PNRH);compatibilizar as legislações relativas à exploração eà utilização destes recursos; propor mecanismosinstitucionais de integração da gestão das águas su-perficiais e subterrâneas; analisar, estudar e emitir pa-receres sobre assuntos afins; propor mecanismos deproteção e gerenciamento das águas subterrâneas;propor ações mitigadoras e compensatórias; anali-sar e propor ações visando minimizar ou solucionaros eventuais conflitos.

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28 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO ABRIL / MAIO 2011

CONEXÃO INTERNACIONAL

ELES SAÍRAM NA FRENTE!ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

NA FINLÂNDIAMarcelo Sousa (Universidade de Waterloo - Canadá)

Juliana Freitas (UNIFESP - Brasil)

Nystén Taina, InstitutoAmbiental da Finlândia

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Nessa edição, fomos mais para o norte do conti-nente europeu para conhecer como se lida comáguas subterrâneas na Finlândia. Terra famosa pelavelocidade dos “finlandeses voadores” e de três cam-peões da F-1 (Keke Rosberg, Mika Hakkinen e KimiRäikkönen), os finlandeses também são rápidos emproteger os seus preciosos recursos subterrâneos.

Para falar como é feito o gerenciamento das águassubterrâneas e sobre os problemas enfrentados naFinlândia, entrevistamos a gerente da divisão do Pro-grama para Contaminantes e Riscos do InstitutoAmbiental Finlandês, Nystén Taina. Atualmente,Taina tem projetos de pesquisa relacionados à con-taminação de águas subterrâneas por nitrato e porcompostos químicos utilizados para o degelo de es-tradas, além de pesquisar o uso de barreiras reativaspara remediação.

A.M.A.S.: Quais são as maiores preocupaçõesem relação às águas subterrâneas na Finlândia?Qual é a sua opinião sobre a situação atual?

No total, existem 7.141 áreas potenciais identificadascomo mananciais de água subterrânea na Finlândia,das quais 2.282 são utilizadas para o abastecimentourbano. Metade dessas áreas é cortada por rodovias,onde é feita a aplicação periódica de sal durante oinverno. A ação evita o congelamento de água na pis-ta e promove condições seguras para a circulaçãode veículos. O problema com essa prática é que o salaplicado muitas vezes acaba infiltrando no solo e con-taminando as águas subterrâneas. Outro problemaque temos na Finlândia são nossas tubulações enter-radas de esgoto público e de indústrias. Essas tubu-lações estão ficando velhas e de vez em quando te-mos problemas com vazamentos que levam à conta-minação da água subterrânea. Finalmente, uma pre-ocupação crescente é a presença de produtos far-macêuticos na água subterrânea. Vazamentos em tu-

bulações de esgoto são a principal fonte de contami-nação com esses compostos.

A.M.A.S.: Como as águas subterrâneas sãogerenciadas na Finlândia?

Sessenta por cento do abastecimento municipalde água na Finlândia é feito por água subterrânea. Alei ambiental é rígida e restringe atividades que pos-sam comprometer a qualidade desses mananciais.Milhares de pequenos aquíferos rasos foram classi-ficados em três categorias: áreas classe I, II e III. Asáreas “classe I”, são utilizadas para o abastecimen-to de dez ou mais residências por área - hoje exis-tem 2.282 áreas identificadas como “classe I”. Asáreas “classe II” são as consideradas adequadaspara uso como manancial, mas que atualmente nãosão utilizadas. Finalmente, as áreas “classe III” sãoaquelas que ainda não foram completamente carac-terizadas. Essa classificação é utilizada para direcionarrecursos para melhorar o sistema de abastecimentopúblico. O objetivo é desenvolver um sistema forte-mente baseado no uso de águas subterrâneas.

Temos uma base de dados e de mapas que inclu-em informações tanto sobre quantidade como qua-lidade das águas subterrâneas. Essa base de da-dos é constantemente atualizada por quinze centrosregionais para desenvolvimento econômico, trans-porte e meio ambiente e pelo Instituto Ambiental Fin-landês (SKYE), onde eu trabalho. As informaçõescontidas nessa base de dados são utilizadas para aconfecção de relatórios anuais informativos para apopulação da Finlândia e da União Europeia.

A.M.A.S.: E como as águas subterrâneas paraabastecimento urbano são protegidas?

Nós temos dois métodos diferentes para a prote-ção de áreas de abastecimento de águas subterrâ-neas. No método tradicional, utilizado desde 1.961,

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 29ABRIL / MAIO 2011

CONEXÃO INTERNACIONAL

uma área de proteção é delimitada ao redor dospoços de abastecimento e sujeita a uma legislaçãoespecífica. Essas áreas incluem somente uma partedo aquífero. Desde 1993, nós começamos a desen-volver planos de proteção para o aquífero como umtodo. Esses planos têm como objetivo auxiliar nocontrole e prevenção de contaminações, na gestãode uso do solo e de resíduos e na emissão de outor-gas. Atualmente temos planos de prevenção para1.200 áreas.

A.M.A.S.: Na sua opinião, quais serão as maioresmudanças no campo de hidrogeologia no futuro?

Acho que veremos mais avanços em métodos paraa elaboração de modelos tridimensionais com mai-or fundamentação geológica e também em mode-los de transporte de contaminantes. Acredito queesse desenvolvimento virá principalmente do aumen-to da quantidade e da capacidade de processamentode dados disponíveis.

A.M.A.S.: Qual sua sugestão para um profissio-nal de águas subterrâneas no início da carreira?

Não tenho nenhum conselho específico. Acho que

cada um tem uma trajetória diferente e isso é impor-tante. O que funciona para mim não é necessaria-mente bom para outra pessoa. De qualquer modo,acho que na nossa área temos espaço para profissi-onais com diferentes trajetórias e enfoques. Preci-samos tanto de especialistas quanto de profissionaiscom uma visão geral dos problemas.

Compostos químicos e nitrato utilizados no degelo deestradas podem contaminar as águas subterrâneas

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ESPAÇO EMPRESARIAL

AR BRASIL

Este espaço é reservado para veiculação de notícias relacionadas às empresas que apostamno projeto de disseminação da informação sobre as águas subterrâneas, representado pelaRevista Água e Meio Ambiente. Para obter informações detalhadas, entre em contato com asecretaria da ABAS, pelo e-mail: [email protected] ou Fone/Fax: 11 3868-0723

A Ar Brasil Compressores trabalha com uma ampla linha de compressores e parafusos elétricos e a dieselpara áreas: Industrial, Mineração, Construção, Perfuração de Poços, Jateamento, Hospitalar, Oil & Gas nosistema de venda, locação e manutenção 24 horas. Em 2011 completa 21 anos e está passando por uma fase

de transição. Assim, adotamos um novopadrão visual e apresentamos o novologotipo que representa esta nova eta-pa. Nosso diretor é consultor técnico dear comprimido da ALEC -www.alec.org.br.

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32 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO ABRIL / MAIO 2011

REMEDIAÇÃO

PERFILAGEM GEOFÍSICANO MÉTODO DE REDE DEFRATURAS DISCRETAS

Peeter E. Pehme, Beth L. Parker e John A. CherryCentro de Pesquisas Aplicadas em Águas Subterrâneas

Universidade de Guelph - Canadá

Na abordagem tradicional para investigação decontaminação em rochas fraturadas, métodos deperfilagem geofísica, como imageamento e caliper,são comumente utilizados para a identificação de fra-turas. Estes métodos, entretanto, não conseguemdistinguir entre as fraturas que possuem fluxo naturale aquelas que não possuem. De qualquer modo, sãoum componente importante no método DFN para ainvestigação de locais contaminados em rochas fra-turadas e são utilizados em combinação com outrosmétodos de perfilagem para se distinguir as fraturashidrogeológicas. No DFN, a ênfase da perfilagemgeofísica é um pouco diferente do que nas investiga-ções convencionais de rochas fraturadas. Alguns mé-todos são omitidos em estudos DFN ou minimamen-te utilizados, enquanto outras técnicas são relativa-mente mais importantes. Um objetivo essencial noDFN é a minimização da contaminação cruzada queocorre quando as perfurações são realizadas atravésda zona de contaminação e a perfuração é mantidaaberta (isto é, sem serem seladas integralmente ousem obturadores instalados). Em sondagensmantidas abertas, componentes químicos podem sertransportados na coluna d´água de fraturas contami-nadas por resultado de diferenças de carga hidráulicana rocha, tanto para cima como para baixo no interiordo poço interconectado. Interconexão pode ocasionarum agravamento da contaminação do local e/ou resul-tar na geração de interpretações equivocadas de da-dos na caracterização da distribuição contaminação. Nométodo DFN são instalados liners impermeáveis e flexí-veis (como descrito no artigo publicado na edição nº20)imediatamente após a sondagem ter sido realizada.

Perfilagens geofísicas são conduzidas durante umcurto intervalo de tempo ou imediatamente após a per-furação e o desenvolvimento da sondagem, ou aindaposteriormente, quando o liner foi temporariamente re-movido para permitir a perfilagem e o uso de testes hi-dráulicos utilizando-se obturadores.

A tabela a seguir sumariza as técnicas de perfilagem

geofísicas geralmente disponíveis e indica o tipo de res-posta que cada uma fornece para o contexto (i)mineralógico/litológico, (ii) porosidade da matriz rocho-sa e propriedades físicas, (iii) feições geométricas dasondagem e fraturamento, (iv) fluxo da água subterrâ-nea, (v) química do fluido ou da água subterrânea e (vi)propriedades da sondagem. Há uma sútil, mas impor-tante distinção, entre as propriedades medidas (e.g.,uma mudança abrupta e estreita no diâmetro da son-dagem) e as inferências daquela medição (i.e., a fratu-ra existe) que necessitam de experiência para a corretainterpretação. Algumas ferramentas geofísicas podemser aplicadas em sondagens seladas com liners e ou-tras não. Os diâmetros de algumas das ferramentaspodem impedir seu uso em algumas sondagens. Comopara todas as medições realizadas em sondagens aber-tas em zonas contaminadas, incluindo testes com ob-turadores hidráulicos, há uma compensação entre ovalor da informação obtida e o indesejável potencial decontaminação cruzada vir a ocorrer durante o períodode tempo que a coleta dos dados está sendo conduzida.Um dos métodos indicados na tabela, perfilagem detemperatura de alta resolução, é particularmente bemadequado para aplicações em sondagens seladas comodescrito no artigo anterior. Baseados em nossa experi-ência, aplicando-se a abordagem DFN em áreas conta-minadas, alguns métodos geofísicos onde a utilizaçãode uma sondagem aberta é requerida, mais especifica-mente medição de fluxo em sondagens e medição dediluição salina total (FEC), devem ser evitados ouminimizados. Resultados de perfilagens geofísicas sãoutilizados no método DFN em conjunto com outros ti-pos de informações da sondagem para se desenvolveruma interpretação compreensiva das condiçõeshidrogeológicas da posição da sondagem, onde umexemplo pode ser visto na Figura 1. O grau em quecada um dos vários métodos geofísicos acrescenta va-lor à abordagem DFN pode depender de condiçõesespecíficas para cada local e a avaliação dos métodosgeofísicos é um processo contínuo.

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 33ABRIL / MAIO 2011

REMEDIAÇÃO

NOTA: a ênfase no texto para Regular ou Raro indicaa confiança do grupo de pesquisadores da Universida-de de Guelph na técnica em questão para a abordagemDFN. Outras ferramentas especializadas ou particularesexistem com disponibilidade limitada. A designação de

SUMÁRIO DAS FERRAMENTAS PRIMÁRIAS PARA DETECÇÃO OU INFERIÇÃO DE VÁRIOS PARÂMETROS NA SONDAGEM

sua disponibilidade está baseada numa perspectiva lo-cal, em sua disponibilidade e custo. Ferramentas “espe-ciais” foram assim designadas por requererem licença epela sensibilidade de uso em algumas condições. Algunsmétodos têm restrições para o diâmetro da sondagem.

OBJETIVO

Litologia/Mineralogia

Alteração

Propriedades elásticas

Porosidade

Fraturamento total

Fraturas individuais

Orientação das fraturas

Fluxo de água interconectado

Fluxo de água ambiente

Qualidade da água

Propriedades da sondagem

PRONTA DISPONIBILIDADEFERRAMENTAS PRIMÁRIAS

•Gama•Condutividade/Resistividade•Gama espectral

•Onda sísmica total•Video

•Onda sísmica total

•Temperatura•Imageamento acústico•Video•Imageamento óptico

•Imageamento acústico•Imageamento óptico

•Imageamento acústico•Imageamento óptico

•Medidor de fluxo de pulso de calor•Medidor de fluxo de propulsão

•Temperatura passiva comsondagem selada por liner

•Condutividade, resistividade•Condutividade da água

•Imageamento acústico•Caliper

FERRAMENTASSECUNDÁRIAS

•Imageamento acústico•Video•Imageamento Óptico•Suscetibilidade gama•Onda sísmica total

•Sísmica cruzada•Imageamento acústico•Condutividade, resistividadee gama

•Perfilagem sísmica vertical

•Temperatura ativa•Condutividade, resistividade

•Caliper•Condutividade, resistividade•Onda sísmica total

•Caliper•Temperatura passiva

•Temperatura emsondagem aberta•Video

•Amostrador direto

•Onda sísmica total

ESPECIALIDADECOMUM

•Densidade•Neutron•Perfilagem sísmica vertical

•Suscetibilidade magnética•Densidade•Neutron•GPR

•Sísmica cruzada

•Neutron

•Microrresistividade•Neutron•Densidade•GPR

•Temperatura ALS•GPR

•GPR

•Temperatura ALS

•Temperatura ALS comsondagem selada

•pH, OD, Eh, salinidade

•Desvio magnético

LIMITADA

•Temperatura ALS•Imageamento daresistividade da sondagem•Ressonânciamagnética nuclear

•Perfilagemsísmica vertical

•NMR•Polaridade induzida

•Onda sísmica em tubo

•Onda sísmica em tubo•Microrresistividade

•Medidor de mergulho•Condutividade do fluido

•Condutividade elétricado fluido com diluição•Medidor eletromagnéticode fluxo

•Condutividade elétricado fluido

Artigo traduzido e adaptado por Everton de Oliveira, diretor da Hidroplan e Secretário Executivo da ABAS

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34 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO ABRIL / MAIO 2011

OPINIÃO

As águas subterrâneas, apesar de consideradas nasrecentes legislações, tanto no âmbito federal quanto nosestados - que constitucionalmente tem suadominialidade -, ainda terão que percorrer uma longaestrada para ganhar o realce que faz por merecer. Opaís ainda desconhece o seu valor. Os gestores esta-duais, em sua maioria, carecem de estruturas adequa-das e mais ágeis, profissionais capacitados e o ade-quado conhecimento dos seus sistemas aquíferos.

A diretoria responsável pela gestão da AssociaçãoBrasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), no biênio2011/2012, gostaria de destacar, entre outros, algunstópicos constantes do nosso programa de trabalho.

Obrigações institucionaisA ABAS, em consonância com seus objetivos, deve-

rá estar vigilante e cobrando dos órgãos públicos o cum-primento de suas obrigações institucionais:• à Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urba-no (SRHU/MMA), o estabelecimento de políticas públi-cas adequadas para a gestão, proteção e uso das águassubterrâneas;• à Agência Nacional de Águas (ANA), a implementaçãodessas políticas;• ao Serviço Geológico do Brasil (SGB), os levantamen-tos de informações básicas (sistema de informações,monitoramento dos aquíferos e geração da CartografiaHidrogeológica);• e aos órgãos gestores estaduais, o adequadoengajamento na gestão e uso das águas subterrâneas.

Implantação do Programa NacionalO Programa Nacional de Águas Subterrâneas, parte

integrante do Plano Nacional de Recursos Hídricos(PNRH), e aprovado pelo Conselho Nacional de Recur-sos Hídricos (CNRH), deve ser devidamenteimplementado através dos seus três grandessubprogramas:a) ampliação do conhecimento hidrogeológico; b) desenvolvimento dos aspectos institucionais legais; c) mobilização social, comunicação e capacitação.

Atuação integradaBuscaremos a integração e o engajamento de to-

dos os associados por meio de seus Núcleos, paraque tenhamos uma participação efetiva em todos os

fóruns em que forem tratados assuntos relacionadosà gestão, preservação e uso das águas subterrâneas,ou seja, CNRH, Conselhos Estaduais de RecursosHídricos, Comitês de Bacias Hidrográficas, ConselhosRegionais de Engenharia e Arquitetura (CREAs), eOrganizações Não Governamentais (ONGs), que te-nham como objetivo a defesa do uso sustentável dosrecursos naturais e busquem a melhoria de qualidadede vida dos brasileiros.

Combate à clandestinidadeIncrementaremos ações que minimizem a clandesti-

nidade da perfuração de poços e uso das águas sub-terrâneas, colaborando com órgãos gestores efiscalizadores na busca do aperfeiçoamento e rapidezno cumprimento das exigências legais e na consolida-ção de estruturas técnicas e administrativas qualifica-das nos órgãos gestores.

ProfissionalizaçãoPara consolidação da profissionalização de nossa enti-

dade, buscaremos incrementar novas fontes de renda, pormeio de um novo site e publicações rentáveis, promoçãode cursos e eventos nacionais. Neste sentido, a ABAS,em parceria com a Acqua Consultoria, desenvolverá umaAgenda Regular de Cursos em Águas Subterrâneas. Con-siderando que a Hidrogeologia corresponde a apenas umsemestre da formação do geólogo, tempo muito curto paraque se aprenda todas as suas particularidades, a ABAS,de forma pioneira, montará cursos de capacitação sobrediversos e importantes temas clássicos e atuais visandodisseminar o conhecimento da questão por todo Brasil.Iniciaremos montando uma agenda com cerca de 30 cur-sos, abordando todas as questões. Primeiramente serãocursos presenciais e, em breve, disponibilizaremos tam-bém cursos à distância, via web.

A capacitação destina-se a todos os potenciais inte-ressados em águas subterrâneas, técnicos, acadêmi-cos, professores, estudantes, empresários do ramo esetores usuários. Os cursos podem ser adquiridos porempresas, também chamados in company. Além dapromoção de cursos, promoveremos também eventoscurtos temáticos visando provocar discussões sobreaspectos pontuais. No momento, estamos trabalhandona identificação dos temas e dos professores. Em bre-ve, traremos novidades.

PROGRAMADE TRABALHO

Humberto José TavaresRabelo Albuquerque,Presidente da AssociaçãoBrasileira de ÁguasSubterrâneas (ABAS)

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