novembro/dezembro 2012 Água e meio ambiente subterrÂneo · ... em pleno processo de expansão ......

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1 NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012 9 772238 088006 0 3

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

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2 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 3NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

EDITORIAL

ÍNDICE

FALAR SOBRE ÁGUA ÉPENSAR NO FUTURORICOS DEBATES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA

ÁGUA COMO INDUTORA DO DESENVOLVI-

MENTO E MOMENTOS MARCANTES COM

JOÃO MANOEL FILHO FICARÃO PARA A HIS-

TÓRIA DO XVII CABAS, EM BONITO (MS)

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CA

PA

Água e desenvolvimento caminham juntos. Sem águanão há crescimento econômico, qualidade de vida, saú-de e alimentação. E no atual cenário em que o Brasilvive, em pleno processo de expansão econômica epopulacional, discutir sobre a preservação desse recur-so natural tão valioso é fundamental para traçarmos asdiretrizes do futuro. Esse foi um dos objetivos do XVIICongresso Brasileiro de Águas Subterrâneas (CABAS),realizado em outubro na cidade de Bonito (MS), que tevecomo tema central “A água subterrânea como indutorade desenvolvimento”. Paralelamente ao Congresso ocor-reram a VII Feira Nacional da Água (FENÁGUA) e o XVIIIEncontro Nacional de Perfuradores de Poços, eventospromovidos pela Associação Brasileira de Águas Sub-terrâneas (ABAS).

Palco de importantes discussões como gestão e pre-servação das águas subterrâneas, o Congresso promo-veu uma intensa troca de conhecimentos e interaçãoentre os participantes. Não podemos deixar de destacaro número recorde de trabalhos técnicos inscritos nestaedição: foram mais de 230 trabalhos de qualidade sub-metidos, o que demonstra uma evolução técnica dos

estudantes, pesquisadores e demais participantes.Ainda durante o Congresso, a ABAS elegeu a nova

diretoria para a gestão 2013/2014, que terá a missãode conciliar a preservação da água subterrânea com afase de desenvolvimento e expansão econômica queo país está vivendo, especialmente por conta dos gran-des eventos esportivos que são esperados para os pró-ximos anos. Waldir Duarte Costa Filho, hidrogeólogodo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), ex-presidenteda ABAS Núcleo Pernambuco, foi eleito o novo presi-dente da Associação e, com toda a certeza, continuaráa luta pelo reconhecimento da importância das águassubterrâneas pela sociedade. Nós, da ABAS, agrade-cemos a todos os que participaram e possibilitaram arealização deste grande evento.

Um forte abraço e uma ótima leitura,

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4 Agenda

6 ABAS Informa

8 Hidronotícias

30 Perfuração

32 Remediação

34 Opinião

ÁGUAS PARA O FUTURO

CONFERÊNCIASCONFERÊNCIAS REÚNEM ESPECIALISTAS NA DISCUS-

SÃO SOBRE GESTÃO E GOVERNABILIDADE DAS ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS

MESAS REDONDAS E TALK SHOWSDECISÕES PARA O PRESENTE E O FUTURO DAS ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS ESTIVERAM NO CENTRO DOS DEBATES

Humberto José Tavares Rabelo AlbuquerquePresidente da ABAS

Marlene Simarelli, editora

4 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

AGENDA

EXPEDIENTE

EVENTOS PROMOVIDOS PELA ABASIII CONGRESSO INTERNACIONALDE MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEOData: 01 a 06 de outubro de 2013Local: Centro FECOMERCIO de Eventos, São Paulo – SPInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]: [email protected]

EVENTOS APOIADOS PELA ABASFEIRA NACIONAL DE SANEAMENTO E MEIO AM-BIENTE ( FENASAN)Data: 30 de julho a 01 de agosto de 2013Local: Expo Center Norte - Pavilhão Azul, São Paulo – SPInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]: www.fenasan.com.br

DIRETORIAPresidente: Humberto José T. R. de Albuquerque1º Vice-Presidente: Mário Fracalossi Junior2º Vice-Presidente: Amin KatbehSecretária Geral: Maria Antonieta Alcântara MourãoSecretário Executivo: Everton de OliveiraTesoureiro: Álvaro Magalhães Junior

CONSELHO DELIBERATIVOHelena Magalhães Porto Lira, Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues,Francisco de Assis M. De Abreu, Carlos Augusto de Azevedo, Carlos AlvinHeine, Francis Priscila Vargas Hager, Mário Kondo

CONSELHEIROS VITALÍCIOS/EX-PRESIDENTESAldo da Cunha Rebouças (in memorian), Antonio Tarcisio de Las Casas,Arnaldo Correa Ribeiro, Carlos Eduardo Q. Giampá, Ernani Francisco daRosa Filho, Euclydes Cavallari (in memorian), Everton de Oliveira, EvertonLuiz da Costa Souza, Itabaraci Nazareno Cavalcante, João Carlos Simankede Souza, Joel Felipe Soares, Marcílio Tavares Nicolau, Uriel Duarte, WaldirDuarte Costa

CONSELHO FISCALTitulares: Arnoldo Giardin, João Manoel Filho, Egmont CapucciSuplentes: Nédio C. Pinheiro, Carlos A. Martins, Carlos José B. de Aguiar

NÚCLEOS ABAS – DIRETORESBahia: Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues - [email protected] -(71) 9611-7222Ceará: Carlos Borromeu de Passos Vale - [email protected] - (98)3227-1069 / (98) 8896-3595Centro-Oeste: Nédio Carlos Pinheiro - [email protected] - (65) 9222-7374Minas Gerais: Carlos Alberto de Freitas - [email protected] -(31) 3250-1657 / (31) 3309-8000Paraná: Jurandir Boz Filho - [email protected] - (41) 3213-4744Pernambuco: Fernando Feitosa - [email protected] - (21) 9415-5727Rio de Janeiro: Gerson Cardoso da Silva Junior - [email protected] -(21) 2598-9481 / (21) 2590-8091Santa Catarina: Heloisa Helena Leal Gonçalves [email protected] - (47) 3341-7821/2103-5000Rio Grande do Sul: Mario Wrege – [email protected] – (51) 3406-7330

CONSELHO EDITORIALEverton de Oliveira, Gustavo Alves da Silva e Rodrigo Cordeiro

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMarlene Simarelli (Mtb 13.593)

DIREÇÃO E PRODUÇÃO EDITORIALArtCom Assessoria de Comunicação – Campinas/SP(19) 3237-2099 - [email protected]

REDAÇÃOGabriela Padovani, Larissa Stracci e Marlene Simarelli

COLABORADORESCarlos Eduardo Q. Giampá, Juliana Freitas e Marcelo Sousa

SECRETARIA E [email protected] - (11) 3868-0723

COMERCIALIZAÇÃO DE ANÚNCIOSSandra Neves e Bruno Amadeu - [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica Mundo

CIRCULAÇÃOA revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo é distribuída gratuitamente pelaAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) a profissionais ligados ao setor.

Distribuição: nacional e internacionalTiragem: 5 mil exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem,necessariamente, a opinião da ABAS.Para a reprodução total ou parcial de artigos técnicos e de opinião énecessário solicitar autorização prévia dos autores. É permitida areprodução das demais matérias publicadas neste veículo, desde quecitados os autores, a fonte e a data da edição.

Conexão InternacionalDeixamos de publicar somente nessa edição a seção Co-nexão Internacional, assinada por Juliana G. Freitas - Uni-versidade Federal de São Paulo (UNIFESP – Diadema), Bra-sil e Marcelo R. Sousa - Universidade de Waterloo, Canadá.Na próxima edição, aguarde importante entrevista sobreMicroorganismos e águas subterrâneas com o professorRaymond Flynn, da Queens University Belfast, na Irlandado Norte, falando sobre sua experiência em contaminaçãodos recursos hídricos subterrâneos.

Acompanhe os detalhes no site:www.abas.org/cursos.php

•As Novas Legislações que Restringem o Uso de ÁguasSubterrâneas - Impactos para Sociedade e para SetorEconômico•Capacitação sobre o Tema Água para Imprensa•Contaminação e remediação de Solos e Águas Sub-terrâneas com Contaminadas Orgânicos•Instrumentos de Gestão de Águas Subterrâneas - Im-portância e Aplicação Prática•Legislação para Captação e Gestão das ÁguasSubterrâneas•Recarga Artificial de Aquíferos•Hidrogeologia para Não Geólogos•Avaliação de Risco Toxicológico•Hidrogeologia Avançada•Classificação, Enquadramento e Monitoramento deÁguas Subterrâneas•Introdução ao Geoprocessamento - Curso Básico deARC GIS•Interpretação de Testes de Vazão e Dimensionamentode Bombas•Formação de Preços para Empresas Perfuradoras de Poços•Hidrogeologia Isotópica de Contaminantes•O Setor de Águas Subterrâneas no Ano 2013

Importante: os temas estão sujeitos a alteração.

CURSOS ABAS PREVISTOS PARA 2013

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 5NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

6 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

ABAS INFORMA

(MG); Secretário Geral, Débora Perozzo(MT/CO); Secretário Executivo, Evertonde Oliveira (SP) e pelo Tesoureiro, JoséLázaro Gomes (SP).

De acordo com o presidente eleito, en-tre os planos para a próxima gestão daassociação estão o fortalecimento dosNúcleos e a valorização do setor comer-cial. “Planejamos também implementaruma assessoria parlamentar, além de umaassessoria de comunicação. Quero quea sociedade esteja junto com a ABAS, co-nheça e valorize a associação”, ressaltaCosta Filho. A cerimônia de posse da novadiretoria será realizada em 1º de feverei-ro de 2013, na cidade de São Paulo(SP).

Eleita diretoria da ABAS para gestão 2013/2014

Sede do XVIII Congresso ainda será definida

Abrão Hausman, grande nome da hidrogeologiabrasileira, falece em Porto Alegre

A nova diretoria da ABAS, eleita naAssembleia Ordinária realizada no dia26 de outubro, durante o XVII Congres-so Brasileiro de Águas Subterrâneas(CABAS), em Bonito (MS) iniciará suagestão em 1° de janeiro do próximoano, para o biênio 2013/2014. WaldirDuarte Costa Filho, hidrogeólogo doServiço Geológico do Brasil (CPRM)em Recife (PE), ex-presidente da ABASNúcleo Pernambuco, foi eleito comonovo presidente da ABAS nacional. Anova diretoria é composta tambémpelo 1º Vice-Presidente, Cláudio Perei-ra Oliveira (RS); 2º Vice-Presidente,Maria Antonieta Alcântara Mourão

Waldir Duarte Costa Filho tema aproximação com asociedade entre os planos

Após reunião com os expositores da VII FENÁGUA, al-gumas sugestões de possíveis locais para a realizaçãodo próximo congresso foram apresentadas durante aAssembleia Ordinária realizada no dia 26 de outubro,em Bonito (MS). São elas: as cidades paulistas Campi-nas e São Paulo e a mineira Belo Horizonte. A principalexigência da próxima sede para o evento, solicitada pe-los participantes, é ter estrutura aeroportuária próximaao local de realização, assim como estradas de fácil aces-so. Na ocasião, a cidade doRio de Janeiro (RJ) secandidatou antecipadamen-te para o XIX Congresso,que será realizado em 2016.

O hidrogeólogo Abrão Hausman, um dos pioneiros dahidrogeologia no Brasil, faleceu no último dia 3 de no-vembro, em Porto Alegre (RS). Hausman graduou-se em1950 pela Universidade de São Paulo (USP) em CiênciasNaturais, e iniciou a carreira profissional na CompanhiaEstadual de Energia Elétrica (CEEE) do Rio Grande doSul, no mesmo ano. Passou pela Secretaria de ObrasPúblicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano (SOPS-RS)e, em 1967, ingressou na Companhia Riograndense deSaneamento (CORSAN), onde permaneceu até 1985, ano

de sua aposentadoria. Dr. Abrão, como era conhecido,teve inúmeras obras publicadas na área dehidrogeologia, entre elas, o Glossário Hidrogeológico(1963). Hausman foi responsável também pela publica-ção do primeiro mapa hidrogeológico do estado gaú-cho (1995) na revista Acta Geológica Leopoldensia, como título “Províncias Hidrogeológicas do Estado do RioGrande do Sul”, um dos mais importantes estudos dehidrogeologia do estado, que serviu de base para mui-tos novos estudos.

Ao lado, expositoresindicam preferência por

locais com estruturaaeroportuária e fácil acesso

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 7NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

ABAS INFORMA

Título de sócio honorário da ABAS

Emílio Custódio Gimena, hidrogeólogo daUniversidade Politécnica da Catalunha (Espanha)

Foi aprovado, por unanimidade, na Assembleia Ordiná-ria da ABAS realizada durante o XVII CABAS, a entregado título de associado honorário para o professor EmílioCustódio Gimena, hidrogeólogo da Universidade Poli-técnica da Catalunha (Espanha), por suas relevantescontribuições para a hidrogeologia. A indicação foi feitapela ABAS Núcleo MG.

Carlos Freitas, presidente do Núcleo, afirmou que “oprofessor Custódio dispensa apresentações. É umapessoa muito agradável, profissional competente, au-tor de vários livros e grande colaborador dos nossoseventos. Então, a ABAS-MG resolveu prestar essa ho-menagem”. O título de sócio honorário é concedido aprofissionais com serviços relevantes no campo daságuas subterrâneas.

Lançamentos ABASCom o objetivo de levar conhecimento por meio de informações atualizadas para o setor, a ABAS lançou duaspublicações durante a solenidade de abertura do XVII CABAS. A primeira é o Caderno Técnico 5 sobre o tema“Águas Subterrâneas, Fontes Legais e Seguras de Abastecimento”, de autoria do diretor da ABAS Núcleo RioGrande do Sul, Cláudio Pereira de Oliveira. O segundo lançamento é o Guia de Compras 2012/2013, que reúne asprincipais empresas fabricantes de equipamentos e prestadoras de serviços da área de produção, qualidade econsultoria de água. O guia conta também com a versão online no site da associação: www.abas.org.

8 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

HIDRONOTÍCIAS

Carlos Eduardo Quaglia Giampá,Diretor da DH Perfuração de Poços

A seção Hidronotícias/Recordar é Viver é de responsabilidade do autor.

ÁGUA FÓSSIL FAZPAÍSES FLORESCEREM

A Líbia, localizada no Norte da África, realizou um dosmaiores projetos de engenharia hidrogeológica do pla-neta, captando e aduzindo água subterrânea através de3.700 quilômetros de dutos provenientes dos quatroprincipais aquíferos existentes no sul do país. É conhe-cido como Grande Rio.

Esse projeto, já com 28 anos, custou US$19,5 bilhõese além de propiciar o uso agrícola, abastece as duasprincipais cidades ao norte: Tripoli e Bengazhi. Estãotambém desenvolvendo projetos de irrigação para 160mil hectares. Essa água provém principalmente da For-mação Aquífera Núbio (arenitos), que estende-se pela

Líbia, Egito, Chade e Sudão. Atualmente são extraídos2,5 milhões de m3 diários, com expectativa de se che-gar a 6,5 milhões.

Os cálculos do governo informam que os poços com600 metros de profundidade captam água em quatrobacias e o volume estocado seria de 10 a 12 mil Km3,estimando em 4.625 anos sua vida útil.

Porém o Professor Stephen Longhorn, da Universida-de de Vitória, no Canadá, calcula que essas reservasdurarão entre 60 e 100 anos.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Sarah A. Topol – The ChristianScience Monitor

SUPEREXPLORAÇÃODAS ÁGUAS SUBTERRÂNEASA exploração (termo técnico correto é explotação) daságuas subterrâneas em nosso Planeta vem crescendosignificativamente em muitas partes do mundo. Estima-se (Universidade de Ultrech – Holanda – www.uu.nl ) queo volume captado tenha dobrado nos últimos 50 anos.

Em 1960, o nível de retirada dessa água seria de 312Km3 por ano, tendo passado para 734 Km3 em 2000.Nesse período a quantidade de água não renovada nos

aquíferos passou de 126 km3 para 283 Km3 por ano.Essa situação é mais frequente no Noroeste da Chi-

na, Meio Oeste Americano, Oriente Médio e Índia. Osresultados práticos já se fazem sentir pelos grandesrebaixamentos dos níveis d’água, alguns da ordem de1 metro/ano.

Fonte: Bionet – Revista BIO –ABES

ÁGUA RADIOATIVA AMEAÇAPAÍSES DO ORIENTE MÉDIOMilhões de m3 de água potável proveniente dos aquíferosancestrais do Norte da África e do Oriente Médio sãobombeados há décadas.

Especialistas em radioatividade têm alertado para o

risco invisível que ela pode representar, após terem ana-lisado amostras desses locais, com níveis de radiaçãomaiores do que os considerados seguros.Fonte: Spiegel Online

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 9NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

HIDRONOTÍCIAS

RECORDAR É VIVER

10 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

FALAR SOBRE ÁGUA É PENSA água é a principal fonte de geração de rendaem Bonito (MS), por meio da exploração doturismo da cidade, que é formado basicamen-

te por atividades que envolvem esse bem tão precioso.Nesse belíssimo cenário que atrai pessoas do Brasil e domundo inteiro, a Associação Brasileira de Águas Subter-râneas (ABAS) promoveu o XVII Congresso Brasileiro deÁguas Subterrâneas (CABAS), o XVIII Encontro Nacionalde Perfuradores de Poços e a VII FENÁGUA – Feira Naci-onal da Água – entre os dias 23 e 26 de outubro de 2012.

O Centro de Convenções local sediou os eventosque foram palco de intensa troca de conhecimentopor meio de mesas redondas, talk shows, conferênci-as, sessões técnicas, exposição de trabalhos e con-tato entre os participantes, estabelecendo uma redeprofissional única no setor.

A solenidade de abertura contou com a presença dasprincipais autoridades nacionais do setor de recursoshídricos subterrâneos. Compuseram a mesa: PauloLopes Varella Neto, diretor de gestão da Agência Nacio-

A

XVII CABAS – ABERTURA

nal de Águas (ANA); Antônio Carlos Barcelar Nunes, di-retor da Diretoria de Relações Institucionais e Desenvol-vimento (DRI) do Serviço Geológico do Brasil (CPRM);Jary de Carvalho Castro, presidente do Conselho Regi-onal de Engenharia e Agronomia do Mato Grosso doSul (CREA-MS); Humberto Albuquerque, presidente daAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS);Nédio Pinheiro, presidente da ABAS Núcleo Centro-Oes-te e Everton de Oliveira, presidente da ComissãoOrganizadora do Congresso.

Para Humberto Albuquerque, a participação do públi-co especializado na discussão de soluções que possamser aplicadas na prática é muito importante, além da redede contatos para fechamento de negócios, propiciada pelaFENÁGUA. “Essa troca possibilita um intercâmbio deideias entre pessoas de todos os estados e faz com quea água subterrânea ganhe dimensão e espaço para dis-cussão fora dos ambientes especializados e finalmenteatinja aqueles que a utilizam o tempo todo, a própria po-pulação”, comenta o presidente.

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 11NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

XVII CongressoBrasileiro de ÁguasSubterrâneas tevecomo tema central“Água Subterrâneacomo Indutor deDesenvolvimento”e discutiu aimportância dessebem para todos osaspectos da vida ea sua preservaçãopara as geraçõesfuturas

R NO FUTUROAcima, público marcou presença durante a

cerimônia de abertura do XVII Congresso Brasileirode Águas Subterrâneas. Abaixo, à partir da esq.:

Nédio Pinheiro, Paulo Varella Neto, HumbertoAlbuquerque, Antônio Carlos Barcelar Nunes, Jary

de Carvalho Castro e Everton de Oliveira

XVII CABAS – ABERTURA

DESPERDÍCIO CONTINUASENDO O GRANDE VILÃOAs considerações feitas pelos componentes da mesa so-bre a água subterrânea deram enfoque ao desperdício deágua nos inúmeros setores de atividade bem como a faltade saneamento no país. Humberto Albuquerque destacouque o cenário nacional ainda não reconhece a importânciada água subterrânea como indutor de desenvolvimento.“Existem leis, decretos e portarias ministeriais que acabamimpedindo seu uso para consumo humano e os órgãosgestores têm imensa dificuldade em tomar uma atitude emudar essa realidade. É preciso planejar o desenvolvimentoe assim evitar que a água seja usada como instrumento decompra de votos. A responsabilidade em manter a quali-dade e o uso da água é justamente da sociedade”, alertouAlbuquerque na abertura.

Varella Neto comentou que o desenvolvimento susten-tável é um esforço que exige dimensões nacionais a par-tir do uso de aparatos modernos. Segundo ele, hoje ape-nas 54% do território brasileiro opera com planos de baci-as, um dos principais instrumentos de planejamento paraque os recursos hídricos sejam administrados como umtodo. “Nos próximos anos, a população mundial cresceráe isso implicará numa demanda de atividades sociais eeconômicas cada vez maiores, que pressionarão cada vezmais os recursos hídricos. A disponibilidade deles na far-tura é vetor, fator e indutor de desenvolvimento; já, suafalta é causadora de conflitos. Não existe desenvolvimen-to sem água, porém o desenvolvimento afeta esse recur-so. Então, a luta por essa equação é realmente o grandedesafio que nós temos”, complementa Varella.

Everton de Oliveira ressaltou a submissão recorde de230 artigos científicos recebidos nessa edição doCongresso.”Gostaria de agradecer a todos que submete-ram os trabalhos e a todos que tiveram a dedicação vo-luntária de revisar esses artigos. É sempre um trabalhomuito importante promover a interação entre os produto-res de conhecimento da geologia no país”.

Larissa Stracci e Gabriela PadovaniFotos: Messias Ferreira (ABAS) eArtCom AC

12 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

XVII CABAS – ABERTURA

PRÊMIO MAIS QUE ESPECIALDurante a solenidade de abertura ocorreu ainda a entre-ga do 2º Prêmio ABAS Aldo da Cunha Rebouças, edição2012-2013. Os agraciados foram os geólogos que se for-maram na então Escola de Geologia de Recife (atual Cur-so de Geologia do Centro de Tecnologia e Geociênciasda Universidade Federal de Pernambuco - UFPE), em1962, turma da qual o próprio Aldo Rebouças fez parte,que completam 50 anos de formatura. O prêmio foi entre-gue a Waldir Duarte Costa, que representou o grupo nasolenidade. Esta turma foi a que mais diplomou, em todoo Brasil, geólogos dedicados à hidrogeologia, com 60%dos seus técnicos ainda atuantes nessa área de conheci-mento. Rodrigo Cordeiro, diretor da Acqua Consultoria e

idealizador do prêmio, salientou que essa é“uma turma sem igual, até hoje muito atu-

ante no país, especialmente na região Nordeste. Foi comenorme satisfação que a ABAS dedicou o prêmio a pro-fissionais desta importância”.

Criado em 2009, o prêmio tem a finalidade de reconhe-cer e homenagear profissionais, técnicos, pesquisado-res e gestores que se destacam por contribuições signifi-cativas no avanço da gestão de recursos hídricos subter-râneos. “Aldo Rebouças, que hoje confere o prestígio deseu nome ao prêmio, dizia que o problema das águas

subterrâneas é que não são fotogêni-cas e, por isso, as pessoas não lhes dãoo devido valor”, relembra Cordeiro.Suzana Marcelino Rebouças, viúva dohidrogeólogo, afirma que para toda afamília o prêmio é motivo de muito or-gulho e um reconhecimento por todasua dedicação às águas subterrâneas.

Waldir DuarteCosta recebe dopresidente daABAS, HumbertoALbuquerque, oPrêmio AldoRebouças

Participantes e patrocinadoresParticiparam do evento geólogos, hidrogeólogos, enge-nheiros de diversas especialidades, biólogos, empresá-rios, consultores, prestadores de serviços, professores,entre outros profissionais, e estudantes das áreasambiental e geológica.

O XVII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâ-neas foi patrocinado pelas seguintes empresas einstituições:

• Agência Nacional de Águas (ANA)• Analytical Technology• Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal deNível Superior (CAPES)• Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico (CNPq)• DTH Perfuratriz• Geosol

• Governo do Estado de São Paulo• Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação• Ministério da Educação• Ministério do Meio Ambiente• MMX do Grupo EBX• SABESP• Secretaria de Geologia, Mineração e TransformaçãoMineral do Ministério de Minas e Energias (SGM/MME)• Serviço Geológico do Brasil (CPRM)• VALE S.A.

O evento contou com o apoio institucional daHidroplan, Governo do Mato Grosso do Sul, Secretariado Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção,da Indústria, do Comércio e do Turismo (SEPROTUR),Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul e BonitoConvention and Visitors Bureau.

O prêmio reconhece ehomenageia profissionais,técnicos, pesquisadores e gestoresque se destacam por contribuiçõessignificativas no avanço da gestãode recursos hídricos subterrâneos

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 13NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

CONFERÊNCIAS

Conferência Magna proferida porThales de Queiroz Sampaio, di-

retor de Hidrologia e Gestão Territorialdo Serviço Geológico do Brasil (CPRM),que ocorreu no dia 23 de outubro, tevecomo tema central “A Água Subterrâneano Desenvolvimento SócioeconômicoBrasileiro”. Sampaio destacou que oprincipal objetivo do congresso seriadiscutir porque a água potável do pla-neta está sendo poluída, degradadae contaminada.

Utilizando ilustrações de fácil enten-dimento, Sampaio demonstrou aquantidade de água potável quepode ser consumida no planeta.“Se colocarmos toda a água domundo em uma garrafa de umlitro e tirarmos tudo aquilo que atorna imprópria para o consumo,teremos apenas seis gotas quepodem ser usadas pela popula-ção mundial”, exemplificou.

O geólogo também falou danecessidade da integração entreagentes públicos, responsáveispela gestão das águas no Brasil,para que sejam valorizadascomo merecem. “Já não é possí-vel pensar em processos de ges-tão que não sejam integradosentre água superficial e subter-rânea”, frisou. Segundo ele, essetipo de medida é fundamentalpara manter o planeta “azul”.

Em um terceiro momento,Sampaio destacou o trabalho doServiço Geológico do Brasil(CPRM) em relação às águasbrasileiras, especialmente assubterrâneas, que envolve:cadastramento de poços, Redede Monitoramento de ÁguasSubterrâneas, elaboração dascartografias hidrogeológicas,

Aplausos calorososPrimeira palestra proferida durante o eventosurpreende participantes e retoma discussão sobre aimportância da água no desenvolvimento do país

A Atlas Digitais em Sistema de InformaçãoGeográficas (SIG), relatórios municipais,Rede Integrada de Monitoramento dasÁguas Subterrâneas (RIMAS), estudosde avaliação dos aluviões no Nordeste,entre outras ações. O maior desafio doórgão, segundo ele, é lidar com as di-versidades dentro do país, que possuiabundância de água em certos locais eescassez em outros. Ao final, frisou aimportância do reconhecimento do tra-balho desenvolvido na CPRM pela pre-sidência da República.

Thales de Queiroz Sampaio, que proferiu aConferência Magna do Congresso

NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

14 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

Diferentes e relevantes assuntos foram temas das conferências realizadas durante o XVII CongressoBrasileiro de Águas Subterrâneas. A primeira delas foi proferida por Neil Thompson, pesquisador daUniversidade de Waterloo, no Canadá, em que relatou sua própria trajetória no mundo da hidrogeologia.Já a palestra do professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Rubem La LainaPorto, abordou as dificuldades em criar o sistema integrado de gestão de recursos hídricos. Para finalizar,João Manoel Filho, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), contou um pouco dahistória da hidrogeologia no Brasil, que ele também ajudou a construir.

CONFERÊNCIAS

Aprendendo na engenharia e aplicando na hidrogeologiaso, com a alta tecnologia disponível, muitos pensam queé necessário apenas colocar os dados no computadore se terá o resultado, mas é preciso ter os dois pés notrabalho, um no campo e outro na frente do computa-dor, para coletar e usar os dados certos”, explicouThompson. Ele diz que quando se trabalha em campo énecessário apreciar a complexidade que é pegar umaamostra de água subterrânea para análise. Também énecessário ser paciente. “Se você tiver paciência, coi-sas boas talvez aconteçam.”

Thompson citou a importância de se estar atento efrisou que problemas podem surgir tanto no campo detrabalho como no laboratório. Concluindo sua fala, oengenheiro que se tornou hidrogeólogo agradeceu àspessoas que fizeram parte de seu aprendizado. “Eu nãopoderia ter feito tudo isso sem ter muitos estudantes degraduação que ao longo do caminho cometeram mui-tos erros. E não há problemas em cometer erros, só nãoo faça duas vezes!”

Em entrevista à revista, Thompson citou a necessidadede simplificar o conhecimento sobre água subterrânea,para que as pessoas que estão na rua possam entenderde onde vem a água que bebem e assim poder protegê-la da melhor maneira possível. “As pessoas têm dificulda-de em entender a água subterrânea, pois não conseguemvê-la, como a do mar ou a de um lago”, frisou.

eil Thompson, da Universidade de Waterloo, des-tacou o que pôde aprender sendo engenheiro,

tornando-se mais tarde, um hidrogeólogo de sucesso.“Estive no campo de pesquisas por 25 anos e não te-

nho medo de dizer que estraguei coi-sas e cometi erros, pois são oserros que nos fazem humildes. Édessa maneira que aprendemosmelhor”, salientou.

O hidrogeólogo separou suafala em lições que aprendeu erran-do na engenharia, durante traba-

lho realizado em campo. A pri-meira delas diz respeito à suaprimeira publicação em um jor-nal científico, que lhe ensinouque as experiências em cam-po nem sempre lhe darão asrespostas procuradas. Ou seja,o crescimento natural é com-plexo e não há como preverseu comportamento. Além dis-

N

Neil Thopmson, Universidadede Waterloo (Canadá)

O desafio da gestão integrada dos recursos hídricoságua é uma só”. Com essa expressão, Rubem LaLaina Porto, professor da Escola Politécnica da Uni-

versidade de São Paulo (USP), começou sua conferên-cia no dia 25 de outubro. De acordo com ele, a água nãovai acabar, pois o número de moléculas existentes no pla-neta continua o mesmo há milhões de anos e o que podeacontecer é essas moléculas se apresentarem de manei-ra diferente de como as conhecemos hoje.

A grande meta a ser alcançada é a gestão eficiente eintegrada dos recursos hídricos no país. As definiçõespara o gerenciamento de recursos, mesmo de forma in-

“A dependente, são semelhantes. Exigem harmonia entredisponibilidades e demandas, em quantidade e qualida-de, no espaço e no tempo, e de forma social. Na teoria, adefinição é boa, mas os problemas começam a surgirquando certos questionamentos aparecem: quem deter-mina as necessidades hídricas do país? Quem diz qualdeve ser a satisfação apropriada das funções ambientais?Porto afirma que “o assunto é complexo. Por mais essen-cial que seja discuti-lo, as respostas não são simples ouúnicas. Atitudes isoladas dentro da sociedade não levama lugar nenhum, é preciso mais do que isso”.

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 15NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

CONFERÊNCIAS

O professor ressalta:“Não existem receitasprontas. A sociedade pre-cisa ser conquistada aparticipar efetivamente dogerenciamento dos recur-sos hídricos. Não adianta falar sempre para os converti-dos à causa; ainda é preciso conquistar corações ementes na sociedade como um todo. Aí, sim, vamospoder elaborar um plano eficiente na prática.”

Porto também destacou que pela diversidade dos re-cursos hídricos no país, as leis não são detalhadas quan-to o aproveitamento específico de cada um. Apesar dis-so, considera os progressos notáveis e as “dimensões-chave” que fazem parte desse tipo de gerenciamentosão: controle da água, maximização dos benefíciosambientais, econômicos e sociais. Além de tudo é pre-ciso enxergar a água como um recurso, um bem econô-mico e um bem social.

Em busca de um caminho para o Sistema Integrado deGerenciamento de Recursos Hídricos, a Lei 9.433/1997consagrou o tripé: participação, descentralização eintegração. Sendo que este último permeia o sistema esua efetividade depende unicamente da sua implantação.“Os maiores desafios da integração gera muitos questio-

namentos. Ainda temos que descobrir como superar es-sas dificuldades. Precisamos de capacitação técnica, mo-dernização institucional e mudanças normativas, mas ain-da faltam, infelizmente, lideranças, maior e melhor partici-pação de profissionais e da sociedade, determinação eenergia. Precisamos estar cientes que integração é um pro-cesso de parcerias que exige tempo, trabalho e persistên-cia”, finalizou o professor.

Rubem La Laina Porto,da Escola Politécnica da

Universidade de SãoPaulo (USP)

16 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

CONFERÊNCIAS

moção. A palavra descreve o que tanto especta-dores como palestrante sentiram na conferência

de encerramento do XVII Congresso Brasileiro de ÁguasSubterrâneas. João Manoel Filho, professor da Univer-sidade Federal de Pernambuco (UFPE), um dos primei-ros hidrogeólogos brasileiros, contou sobre a trajetóriado curso de hidrogeologia no país. Manoel Filho traba-lhou com Aldo da Cunha Rebouças, ex-presidente daABAS e um dos membros fundadores da associação.

Ele relembra que o ano de 1962 é considerado um mar-co nas transformações em várias áreas da economia eda cultura nacional. Para a geologia e a hidrogeologia, asdecisões tomadas no governo de Juscelino Kubitschek,de fazer o país crescer 50 anos em cinco, influenciaramdiretamente a tomada de rumo dos cursos. A primeiradelas foi o desenvolvimento da indústria do petróleo que

A história da hidrogeologia no Brasilalavancou a necessidade de profissionais para a área.Além disso, havia a necessidade de enfrentar as desigual-dades regionais, especialmente o problema de faltad’água no Semiárido nos períodos de estiagem. Assim,formulou-se uma série de diretrizes para uma política deaproveitamento de solos e águas na região.

O grande marco para o início da hidrogeologia no paísse dá com o Grupo de Estudos do Vale do Jaguaribe(GEVJ), uma missão acompanhada por profissionaisfranceses da Cooperação Técnica Francesa, da qualManoel Filho e Aldo Rebouças fizeram parte. Com a cres-cente necessidade e urgência de hidrogeólogos na épo-ca, foi criado um programa de especialização de curtaduração, para que a demanda pudesse ser atendida deimediato. Após 1988, houve uma continuidade da espe-cialização, mas nas universidades.

Em meio às fotos antigas do trabalho realizado na Supe-rintendência para o Desenvolvimento do Nordeste(SUDENE), Manoel Filho conclui dizendo que: “A ABAStem um papel importante nessas conquistas, pois paraavançar é preciso contar com recursos, não só financei-ros, mas técnicos e intelectuais.”

E

Participantes do Congresso e Manoel Filho,história viva da hidrogeologia brasileira

16 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO

Abaixo, da esq. para a dir., João Manoel Filho, um dosmaiores hidrogeólogos do Brasil, autografando seu livro erecebendo o certificado de participação do Presidente do

Congresso, Everton de Oliveira. Ao lado, durante suapalestra na conferência que emocionou os participantes

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 17NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

Uma extensa programação foi preparada para atender aos diferentes perfis de profissionais e participantespresentes no XVII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas. Nas mesas-redondas e talk shows foramdebatidos temas de importância ímpar para a sociedade e seu desenvolvimento. Acompanhe a coberturasobre alguns dos temas em pauta durante o evento.

Restringir para preservar. É necessário?s leis brasileiras insistem em restringir a utilizaçãodas águas subterrâneas, principal recurso de água

doce disponível do planeta. Para debater essa questãoo talk show ”Restrições de uso de águas subterrâneas –É a solução?” reuniu diversos especialistas. A discus-são teve como moderador o diretor geral do Institutodas Águas do Paraná (IAP) e ex-presidente da ABAS,Everton Luiz da Costa Souza, além dos palestrantesWladimir Ribeiro, advogado da Manesco, Ramires, Perez,Azevedo Marques Sociedade de Advogados; CláudioPereira de Oliveira, diretor da Hidrogeo; Maria de LourdesPereira dos Santos, engenheira civil da VALE; JoãoAlberto Oliveira Diniz, pesquisador em Geociências daSuperintendência de Recife da CPRM; e Luciana MartinRodrigues Ferreira, coordenadora da Secretaria do MeioAmbiente (SMA) do Estado de São Paulo.

De acordo com Everton Souza, a Lei do SaneamentoBásico (Lei no.11.445/2007) causou diversas interpreta-ções nos diferentes estados brasileiros. “Entendo quesão decorrentes dessa Lei os problemas que têm acon-tecido. O decreto regulamentador (Dec. no.7.217/10) trou-xe um esclarecimento em relação ao uso das águas sub-terrâneas pelo usuário que conta com a rede públicaabastecendo aquele ponto. Entendíamos que dessa for-ma a questão estava pacificada. No entanto, com a Por-taria 2914 do Ministério da Saúde (Portaria MS no.2914 -12/12/2011), estamos novamente enfrentando esse pro-blema e vamos trabalhar para esclarecer que esse é maisum instrumento de restrição ao uso das águas subterrâ-neas”, garante Souza.

Wladimir Ribeiro, advogado e consultor especial paraa elaboração e regulamentação da Lei Nacional de Sa-neamento Básico, explica que as normas nem sempresão neutras. “Pode se perceber que os interesses da-queles que enxergam a água subterrânea como recur-so valioso têm sido diminuído em razão de outros inte-resses. São normas que, muitas vezes, tem mais preo-cupação em atender o interesse comercial do que a saú-de da população e o meio ambiente.” Ribeiro comentaque uma das normas da Lei Nacional de SaneamentoBásico diz que onde houver rede pública, o usuário tema obrigatoriedade de conexão com essa rede, mas nãoproíbe que ele tenha fonte alternativa de água. “Mas outra

norma dessa mesma lei diz que a instalação hidráulicapredial conectada à rede pública não pode ser aplicadapor outras fontes. Então, para o usuário ter fonte alter-nativa tem que ter duas redes de instalação hidráulicapredial, uma da rede pública e outra da fonte alternati-va? Isso está equivocado”, garante o advogado.

Cláudio Pereira de Oliveira, da Hidrogeo, explicou queé possível ter restrição legal do uso das águas subterrâ-neas como a falta de licença para utilizar, o uso demasi-ado que poderia provocar o esgotamento do aquíferoou até mesmo uma obra mal executada, com poucasmanutenções periódicas, que de alguma forma afetari-am a qualidade da água. “Mas a maioria dos outros ti-pos de restrições tem base ambiental e de saúde públi-ca. Na ambiental, utilizam-se preceitos de que a águasubterrânea tem que ser preservada para o futuro. En-tão preservar é igual a não utilizar?”, questiona.

Representando o setor usuário, Maria de Lourdes Pe-reira dos Santos, da VALE, provocou os debatedores.“Geralmente quando vem provocação do setor usuário

TALK SHOWS

A

Acima, à esq.,Cláudio Pereira, daHidrogeo e à dir., omoderador do talk

show, Everton daCosta Souza, do IAP.

Ao lado, Maria deLourdes, da Vale

18 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

TALK SHOWS

co, como se a superficial não fosse. “Para o setor usuá-rio, qualquer água é estratégica. Sem ela não se faz nada,não se produz nada. E essa história de recurso estratégi-co leva à ideia de que a água subterrânea deve ter o usorestringido, controlado”, complementa a engenheira.

João Alberto Oliveira Diniz, da CPRM, comentou sobreo direito das águas. “Dentro do direito de todos os povosse encaixa a questão dos recursos naturais, como a água.Partimos, então, de um pressuposto que a água é umdireito de todo mundo e não de ninguém em particular”.Diniz afirma que o Brasil caiu num alarmismo constante,pois “os órgãos gestores partem do princípio de que proi-bir é o caminho. Mas de maneira geral, se proíbe maispor ignorância do que por conhecimento técnico”.

Luciana Martin Rodrigues Ferreira, da SMA/SP, comen-tou sobre as restrições nos aquíferos do estado paulista.“O decreto estadual que regulamenta a Lei de ÁguasSubterrâneas definiu algumas áreas de proteção e umadelas é a área de restrição e controle. Então, em São Paulo,temos algumas áreas definidas como de restrição e decontrole. É o caso de Jurubatuba, bairro da cidade deSão Paulo, que tem restrição de uso por conta de umaquestão química, e também o caso de Ribeirão Preto,que passa por exploração intensiva das águas do AquíferoGuarani”, comenta Luciana.

Acima, à esq., LucianaFerreira, da SecretariaMeio Ambiente e à dir.,João Alberto OliveiraDiniz, da CPRM. Aolado, Wladmir Ribeiro,advogado

todo mundo já diz: o setor usuário quer usurpar recursosnaturais da sociedade, como se esse setor não estivesseincluído na sociedade”. Para Maria de Lourdes, a águasubterrânea sempre foi rotulada como recurso estratégi-

Ainda há o que desenvolver em Hidrogeologia?residida por Neil Thompson, hidrogeólogo e pro-fessor da Universidade de Waterloo no Canadá,

com a part icipação de Jim Baker, tambémhidrogeólogo e professor da mesma universidade ca-nadense, e de Everton de Oliveira, professorda UNESP-Rio Claro, diretor da Hidroplan epresidente do evento, a mesa-redonda “Ain-da Existem Grandes Descobertas a Seremfeitas nas Ciências Hidrogeológicas?” tevecomo principal característica a exposição desituações opostas, que ocorrem no Brasil eno Canadá.

Baker afirma que os praticantes dessa ciên-cia não leem publicações acerca dehidrogeologia, publicadas em jornaisespecializados, devido ao pouco impacto naprática. Ele diz que esses profissionais estãoestagnados e é necessário encontrar grandestemas que possam salvar a pesquisahidrogeológica. “Al-guns dos desafiossão complexos, comofazer com que a soci-

P edade no geral reconheça esse campo de trabalho epotencial para que nós, hidrogeólogos, possamos com-preender quais desses grandes temas são mais impor-tantes”, mencionou o hidrogeólogo.

Jim Baker, EvertonOliveira e Neil

Thompson

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 19NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

MESA REDONDA

Os possíveis grandes temas citados por Baker são:contaminação hidrogeológica; suprimento de água;interação entre as águas superficial e subterrânea e ogerenciamento integrado de qualidade da água. Nesseponto, o hidrogeólogo aponta que a qualidade é maisimportante que a quantidade captada. Portanto, o gran-de tema é o Gerenciamento Integrado da Qualidade deÁgua. “Em Waterloo, estamos investindo em suportepara pesquisa e educação; procuramos nos manter aber-tos às oportunidades; respeitamos as necessidades in-dustriais; estamos recrutando profissionais com alto ní-vel de conhecimento e desenvolvendo programasmultidisciplinares reais”, explica Baker.

O canadense ainda citou vários programas instala-dos para estudo e gerenciamento das águas subterrâ-neas no Canadá, como a criação do Instituto da Água,que reúne 125 pesquisadores da área em temas inte-grados e também o Southern Ontario Water Consort(SOWC), uma plataforma de inovação de água, quepretende fazer com que Ontario se torne líder globalno assunto, com exemplos que possam ser aplicadosno mundo todo.

Já Oliveira acredita que é preciso aplicar as desco-bertas no uso do conhecimento e das ideias. “É preciso

trabalhar no sentido de melhorar a hidrogeologia, poisainda há muita deficiência na transmissão do conheci-mento de alto nível. Há informação, o problema ainda écomo utilizá-la”, completou.

A água subterrânea corresponde a 97% da águadoce disponível para uso humano. O mundo todo usaessa água, mesmo sem saber. Partindo dessa afirma-ção, o contato com a hidrogeologia se faz presenteno dia a dia das pessoas. “A grande questão é comosimplificar tudo isso para a dona de casa, por exem-plo”, observou Oliveira.

O ponto convergente na fala dos dois especialistas ésobre a gestão da água em função da qualidade. NoCanadá e no Brasil ainda há uma lacuna nesse aspecto,que precisa ser preenchida de maneira a trazer benefí-cios à população, que é a principal consumidora. Paraisso, é preciso que os hidrogeólogos pensem ‘grande’e juntem os pedaços do mercado fragmentado que existehoje, concordam.

“Há recursos, mas não há bons alunos ficando nasuniversidades”, justifica Oliveira, quando questionadosobre a falta de aprofundamento nas pesquisas no Bra-sil. “As pessoas parecem não se interessar por sair damesmice e começar a pesquisar novas coisas.”

20 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

ESPECIAL POÇOSTALK SHOWS

Como será o amanhã?talk show “Sistema Nacional de Gestão de Re-cursos Hídricos – Como será o amanhã?” discu-

tiu porquê, apesar dos visíveis avanços na gestão daságuas no Brasil nos últimos anos, o setor de recursoshídricos ainda necessita que essa questão evolua deacordo com a aceleração econômica do país. O deba-te moderado por Patrícia Helena G. Boson, secretária-executiva do Conselho de Empresários para o Meio Am-biente da Federação das Indústrias do Estado de Mi-nas Gerais (FIEMG), contou com a participação de Fran-cisco de Assis de Souza Filho, professor da Universi-dade Federal do Ceará (UFC); António Chambel, doInternational Association of Hydrogeologists (IAH) e pro-fessor da Universidade de Évora, ambos em Portugal;Percy Soares, coordenador da Rede de RecursosHídricos na Confederação Nacional da Indústria (CNI);Thales de Queiroz Sampaio, diretor de Hidrologia e

rante muitos anos, este tema encontrou a gestão de re-cursos hídricos como lugar para ser discutido, financia-do e isso tem misturado as pautas”, completa ela.

Para Thales de Queiroz Sampaio, da CPRM, “os esta-dos estão extremamente mal aparelhados para tratar dequalquer problema de gestão, seja de água subterrâ-nea ou superficial”. Segundo ele, o principal item paragerir e entender a integração é não separar os especia-listas em recursos hídricos “superficiais” e “subterrâne-os”. Devido a essa fragmentação, diz Sampaio, a ges-tão é feita em partes: a parte da gestão superficial e aparte da gestão subterrânea. “A gente acaba não con-seguindo pensar juntos”, complementa.

António Chambel, de Portugal, falou sobre o diálogoentre a agenda de saneamento e a de recursos hídricosem seu país. Na visão dele, em seu país, a gestão é feitapelos próprios municípios, na maior parte dos casos.“Há alguns anos, havia uma disparidade entre a gestãodas diversas formas do uso da água, porém com a atu-ação dos instituitos e órgãos de defesa da água e doambiente, a situação melhorou”, relata Chambel.

Paulo Varella, da ANA, defendeu que é preciso termosuma gestão absolutamente compartilhada, harmonizadae que se atenha ao fato de que uma afeta a outra. A soci-edade deve entender – diz Varella - que existem duas di-mensões da água: a dimensão ecológica, da água comonatureza, e a dimensão dos recursos hídricos, que sãoas águas destinadas ao uso da população. “Usar a águacomo recursos hídricos, mas ao mesmo tempo, manterviva a água ecológica. Esse é o nosso grande desafio epara isso temos que usar de todos os instrumentos aonosso alcance”, confirma Varella.

Francisco de Assis de Souza Filho, da UFC, colocaque quando a água deixa de viver na natureza e passa aser apropriada pela sociedade, passa a ser causadorade conflitos. “Conflitos de alocação de risco, de disputade setores e, foi por isso, inclusive, que houve uma mu-dança de foco do gerenciamento dos recursos hídricos”,argumenta ele.

Para o representante do setor industrial, Percy Soa-res, da CNI, devemos esquecer um pouco os modelosde gestão e partir para soluções mais concretas. Istoporque os objetivos do setor industrial e dos usuáriossão diferentes e isso deve ser considerado pelos órgãosgestores. “Temos que ter habilidade para não confundiressas questões”. Soares defendeu que “a ciência for-nece a informação com a melhor qualidade técnica pos-sível para que o usuário consiga se apropriar da infor-mação, fazer uma discussão política e tomar a decisão,mas isso ainda é muito ignorado.”

O

Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil(CPRM) e Paulo Lopes Varella Neto, diretor da AgênciaNacional de Águas (ANA).

A moderadora do talk show, Patrícia Helena G. Boson,provocou os participantes do debate inserindo três te-mas recorrentes na gestão. O primeiro deles é a ques-tão da dominialidade. “Não raro se coloca a culpa dopouco avanço que se tem na dupla dominialidade, quea água subterrânea não possui. Então, se o problemafosse esse, não teríamos problemas com a gestão derecursos hídricos subterrâneos ou, pelo menos, eles es-tariam mais bem monitorados. No entanto, não é oque temos”, coloca. Outras questões inseridas por Pa-trícia referem-se ao meio ambiente e ao saneamento.“Talvez porque o país não investiu em saneamento du-

Da esq. para a dir.: Percy Soares, da CNI, Francisco deAssis de Souza Filho, da UFC, Patrícia Helena G. Boson,da FIEMG, Thales de Queiroz Sampaio, da CPRM, PauloLopes Varella Neto, da ANA e António Chambel, do IAH

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 21NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

TALK SHOWS

Da promessa à concretizaçãourante as campanhas políticas, os candidatos fa-zem mil promessas à população. A de saneamen-

to básico é uma delas e acaba sendo a primeira a seresquecida. O talk show “Saneamento Ambiental: O queFalta para Passar de Planos em Anos Eleitorais para umPlano de Governo?”, presidido por Carlos EduardoGiampá, diretor da DH Águas, contou com a presençados debatedores Hiroshi Ietsugu, presidente da Associ-ação dos Engenheiros da SABESP (AESABESP); JoséCarlos Barbosa, diretor-presidente da Empresa de Sa-neamento do Estado do Mato Grosso do Sul (SANESUL)e João Carlos Simanke de Souza, diretor da CHSHidrogeologia. Os participantes foram unânimes: faltavontade política para que os planos em anos eleitoraisse transformem em Planos de Governo.

Barbosa expôs que hoje 50% dos domicílios brasilei-ros não têm esgoto tratado e foi o Programa de Acelera-ção do Crescimento (PAC) que trouxe o saneamento devolta à discussão. “Há, inclusive, pesquisas indicandoque a população está mais preocupada com o sanea-mento e já é o quinto item mais reivindicado”, completa.Para ele, a grande questão é que os políticos não têminteresse em realizar esse tipo de obras, pois não sãovistosas como escolas e postos de saúde. “Também te-mos a integração do gerenciamento dos recursos. Di-

D versos órgãos cuidam de um mesmo assunto e, mes-mo sendo poucos, os recursos estão aí e podem serusados”, frisou.

Nessa mesma linha de pensamento, Ietsugo afirma quehá um abismo entre a necessidade e a execução de sa-neamento. “Mesmo com o dinheiro liberado pelo PAC,na prática não existem projetos completos que possamser utilizados. Muitas vezes eles são tão antigos que aca-bam sendo descartados. Só a cobrança real da socieda-de vai fazer os políticos começarem a colocar em práticaas suas promessas”, ponderou o engenheiro.

Giampá também acusa a falta de investimento nauniversalização dos recursos como principal vilão parauma solução prática do saneamento. “Hoje a quantidadede água subterrânea utilizada no Brasil ultrapassa 40%. Agrande questão ainda é como resolver problemas distin-tos em regiões diferentes do país”, acrescentou.

Já Simanke de Souza acredita que para chegar aomodelo dos países mais desenvolvidos, é necessárioelaborar planos de longo prazo para o saneamento e abusca de resultados deve ser constante, comcapacitação e desoneração de recursos. “Uma opçãoviável seria o governo deixar de cobrar certas tarifas dasempresas privadas, já que não há planos elaborados ehá dinheiro público para ser usado”, opinou.

Especialistas concordamque a falta de vontade

política é a principal barreirapara realização dos planos

de saneamento

22 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

MEIO AMBIENTE

O

MESA REDONDA

Águas e problemas compartilhadosBrasil compartilha aquíferos com todos os paí-ses da América do Sul, exceto Chile e Equador.

Mas quais as maiores dificuldades de gerenciar essaimensa quantidade de águas transfronteiriças? Essa foiuma das principais discussões da mesa-redonda“Aquíferos Transfronteiriços: Gestão e Uso da Água”,que teve como presidente a pesquisadora do Centrode Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN),Stela Cota. A primeira palestrante foi a representanteda Associação Brasileira de Recursos Hídricos do MatoGrosso do Sul (ABRH – MS), Synara Olendzky Broch.Ela explicou que o direito internacional aplicado aossistemas hídricos e corpos d’água transfronteiriços nãotêm nenhum regulamento jurídico único para todos ospaíses. “Diante disso, as necessidades e prioridadesde uso da água estão sempre em função das caracte-rísticas sociais, geográficas, econômicas, culturais e dopróprio sistema hídrico de cada país e, por isso, o avan-ço fica bastante complexo”, observa.

Synara comentou que o Brasil não depende das deci-sões dos governos externos para gerir suas águas. “Adiplomacia brasileira adota a soberania absoluta, ou seja,a água que é do Brasil se gerencia aqui e cada país quegerencie sua água conforme sua capacidadeinstitucional”. Segundo a Constituição brasileira de 1988,

as águas superficiais fronteiriças ou transfronteiriças sãode domínio da União e as águas subterrâneas, compar-tilhadas ou não, sempre são do domínio do estado. “OAquífero Guarani, por exemplo, compartilhamos entrequatro países e aqui dentro de casa compartilhamosentre oito estados. Isso deixa a questão um pouco maiscomplexa”, explicou.

Segundo a palestrante, dois terços da população doplaneta vivem em bacias hidrográficas transfronteiriças.“Tem toda uma situação muito delicada nessas relaçõesgeopolíticas porque a jurisdição do gerenciamentohídrico de qualquer país estará em conformidade comos limites político-geográficos. A água não pede passa-porte para ir de um lado para o outro. As questões daságuas compartilhadas não estão ‘nem aí’ para saber sena metade do rio é um tipo de jurisdição e na outra me-tade é outro tipo”.

O Brasil possui 74 cursos com água fronteiriços outransfronteiriços compartilhados. Na região de Bonito(MS), Synara citou a Bacia do Prata, que compartilhaágua entre Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolí-via. “Nela, há um potencial existente de conflito, justa-mente pela falta de capacidade institucional para cui-darmos dessa grande riqueza. No contexto da água parauso, os conflitos em termos de cenário mundial efetiva-mente são cada vez mais potencializados e comuns emmais de um país”, comenta ela.

O segundo palestrante da mesa-redonda, Luiz Amore,representante da International Association ofHydrogeologists (IAH) e assessor da ANA em programasde coordenação internacional, falou sobre a exploraçãodos aquíferos, o paradigma ‘água e água subterrânea’,instrumentos de gestão, soberania nacional, gestão locale sobre a articulação institucional. Para ele, “estamos vi-vendo uma realidade de rápido incremento na perfura-ção de poços e nos usos das águas, mas esses elemen-tos não têm sido internalizados pelo governo. A socieda-de está usando mais águas, tem feito mais poços e, emtermos de gestão de governo, sabemos muito pouco so-bre isso”. Amore mostrou que, segundo estudos realiza-dos, foram identificados 73 sistemas de aquíferostransfronteiriços em 24 países no continente americano.

Na opinião do palestrante, como no Brasil ‘o copod’água está bem cheio’, a temática água não está dentrodas preocupações do brasileiro. “A questão cultural dafalta de pensar a longo prazo se junta com outros aspec-tos da água subterrânea, que é o planejamento de mer-cado. Não podemos ser só parte, temos que ser parteatuante. Temos que discutir a sustentabilidade, o esgota-mento dos aquíferos e o investimento em políticas públi-cas baseados em conhecimento”, aconselha Amore.

Acima, apalestranteSynara OlendzkyBroch, da ABRH – MS. Aolado, Luiz Amore,da IAH

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 23NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

MESA REDONDA

Estado: vilão ou amigo?artindo do pressuposto que a legis-lação sobre recursos hídricos pre-

vê orientações para o padrão de quali-dade da água, Zoltan Romero Cavalcan-te Rodrigues, da Ingá e presidente daABAS Núcleo Bahia, um dosdebatedores na mesa-redonda “O Esta-do como Indutor do Manejo de Recur-sos Hídricos Subterrâneos”, presididapor Waldir Duarte Costa Filho, geólogoda CPRM, em Recife (PE), coloca empauta mais indagações sobre o papel doEstado no manejo dos recursos hídricos.Na visão dele, o grande problema hojeé que a gestão está dividida nas mãosdos estados e da União. Os municípios,que determinam o uso e a ocupação dosolo, têm pouco – ou nenhum – poderem relação a como a água de seuterrítório deve ser administrada.

“O estado é, sim, um indutor decisivono desenvolvimento humano, econômicoe integrador do desenvolvimento regional, porque a águaé um elemento essencial para todos esses itens. O es-tado também está atuando redefinindo políticas públi-cas. E pode se elogiar, mas o fato é que no contexto dedemocracia e justiça social, o estado tem mexido bas-tante, seja em esfera estadual ou federal, nas regras enormas estabelecidas para os recursos hídricos”, expli-ca Rodrigues.

É importante frisar que o plano de gestão de recursoshídricos trouxe várias ferramentas de participação soci-al. É uma política que desde seu nascimento já previa acriação dos comitês de bacias e dos seus usuários in-terferindo na gestão.”Quando a constituição federal dizque as águas são bens e domínio público, diz clara-mente que não pertencem ao estado. O estado tem adominialidade, mas os recursos hídricos são de todosnós. A questão se resume a como gerir e o que se pre-tende fomentar”, completou Rodrigues.

Já Fernando Roberto Oliveira, da Agência Nacionalde Água (ANA), acredita que “a maior falha nos planosde gestão de recursos hídricos está no fato de que omesmo está sendo absorvido pela veia ambiental e estásendo deixado de lado.” A população brasileira está todaconcentrada nas metrópoles e suas regiões periféricas.Olhando por esse lado, seria mais fácil resolver os pro-blemas dos recursos hídricos, principalmente com sa-neamento básico, que é uma das garantias fundamen-tais para saúde”, disse. Com a Lei no. 9.433/1997, há adescrição do que deve exatamente ser feito em relação

P

Fernando Roberto Oliveira (ANA), Waldir Duarte Costa Filho (CPRM)e Zoltan Rodrigues (Ingá)

a água subterrânea, mas isso ainda não é visto na práti-ca. “Falta participação dos munícipios; falta fazer comque as pessoas entendam de onde vem a água que elasusam”, finalizou Oliveira.

24 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

MESA REDONDA

Outrosda programação

programação do XVII Congresso Brasileiro deÁguas Subterrâneas teve ainda três outras me-

sas-redondas.”Classificação e Enquadramento: Porqueesperamos o Governo?” com moderação de JulianaGardenalli de Freitas, pesquisadora da UniversidadeFederal de São Paulo (UNIFESP). Realizada no dia 24,contou com a participação dos palestrantes José Luizde Albuquerque, pesquisador do Instituto de PesquisasTecnológicas (IPT); Suely S. P. Mestrinho, diretora daQuali_Água Consultores Associados e Maricene Paixão,analista ambiental do Instituto Mineiro de Gestão dasÁguas (IGAM). José Luiz de Albuquerque (IPT); Juliana Gardenalli de

Freitas (UNIFESP), Maricene Paixão (IGAM) e Suely S. P.Mestrinho (Quali_Água)

A

“Poços Tubulares – Você sabe formar o seu preço devenda?” foi presidida por Rodrigo Cordeiro, diretor daAcqua Consultoria e empresa responsável pela secreta-ria da ABAS. A mesa-redonda, realizada no dia 25, con-tou com os palestrantes, John W. Pitz, presidente doNational Ground Water Association (NGWA) e JoséCarlos da Silva, Gerente de Hidrologia e Gestão Territorialdo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

“Valor Econômico da Água”, tema da mesa redondado dia 26, teve como moderador Humberto Albuquerque,presidente da ABAS. Participaram como palestrantes:Wilson Cabral de Sousa Jr., pesquisador do Departa-mento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambientaldo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e GustavoAlves da Silva, sócio-diretor da Hidroplan.

Acima, Gustavo Alvesda Silva (Hidroplan),

Humberto Albuquerque(ABAS) e Wilson Cabral

de Sousa Jr (ITA). Aolado, Rodrigo Cordeiro(Acqua/ABAS) e John

W. Pitz (NGWA)

destaques

24 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 25NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

26 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

FENÁGUA

BOMBAS LEÃO“A Bombas Leão é o maior fabri-cante de equipamentos e bombaspara poços artesianos da Américado Sul. Somos líderes de mercadohá 47 anos. Estamos participandocomo expositores e trazendo algu-mas novidades para 2013. São al-guns equipamentos 100% inox etambém uma nova linha de produ-tos que atenderá as companhiasde saneamento.”Paulo Nicolas, gerente comercial

VI Feira Nacional da Água, a FENÁGUA 2012, teve uma de suas maiores edições com a participação de 32expositores que marcaram presença com produtos, lançamentos e muita tecnologia nos estandes. Eventoparalelo ao XVII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, a feira reuniu 800 visitantes, de 23 a 26 de

outubro, entre geólogos, estudantes, clientes e perfuradores de poços. Confira as novidades e lançamentos dasempresas expositoras:

Lançando tecnologiaA

DANCOR S. A.“A Dancor S. A. atua no segmento debombas hidráulicas, bombas submersas,filtros para piscinas e sistemas dedespressurização. Entre os lançamen-tos na feira temos um sistema degerenciador de comando para bombassubmersas e alguns novos modelos debombas para saneamento, embora nãofaçam parte do segmento.”Edmar Lima, Marketing

CRI TUBOS EDUTORES EBOMBAS SUBMERSAS“A CRI é fabricante de bombas de até 450cavalos de potência de 3” até 12" e tubosedutores para bombas submersas. Nos-so lançamento é o conjunto motobombasolar que funciona com até 115 watts depotência e duas placas solares. Os ou-tros produtos são a linha de bombas emaço inox e também a linha dos tubosedutores com até 5.”Walter Brajão, vendedor

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 27NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

SIDERMETAL“A Sidermetal é uma empresa genu-inamente brasileira que atua no seg-mento de ferramentas de perfuração,tanto no sistema de percussão, hojepouco utilizado, mas principalmen-te em bits para martelo de fundo,nossa ferramenta mais fabricada emais comercializada. Trouxemospara a feira um bit escalonado queperfura simultaneamente em dois di-âmetros, uma ferramenta modernaque tem a Sidermetal como única fa-bricante no país.”Rogério Pons da Silva, diretor

FRANKLIN ELECTRIC –SCHNEIDER MOTOBOMBAS“A Franklin Electric é uma multinacionalamericana que atua na transferência ebombeamento de água. Apresenta-mos na feira produtos para poços pro-fundos que são as bombas submersasda nossa linha Sub. Também estamosfazendo o pré-lançamento das bom-bas de 6”. A empresa já tem um nomeconhecido no mercado de poçosartesianos e, através da marcaSchneider, trazemos os bombeadorespara uso no segmento.”Consuelo Albert, coordenadorade Marketing

FENÁGUA

DRILLMINE“A Drillmine é uma importadora eexportadora que atua na área devendas de equipamentos e ferra-mentas de perfuração. Trabalha-mos com b i t s , mar te los ,tricônicas e ferramentas de per-furação. Estamos fazendo na fei-ra do is l ançamentos : umabsorvedor de vibração que evitaque a passagem da vibração parao cabeçote da máquina e tambémuma ferramenta chamada SuperJaws, da empresa Numa, paraperfurar em solos que desmoro-nam, que é similar ao tubex.”Márcio Fatori, área Comercial/Vendas

28 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

CORPLAB“A Corplab é o maior laboratório deanálises químicas e ambientais daAmérica do Sul. Viemos para a feiradivulgar uma das matrizes que faze-mos: análise de água, controle depotabilidade e controle de qualida-de de água. Fazemos essemonitoramento para indústrias,autarquias municipais, estaduais efederais. A empresa possui todos osparâmetros acreditados na ISO17025, uma exigência nacional dosórgãos ambientais.”Michel Tognoli, gerente de Vendas

FENÁGUA

produtos para reabilitação de poçosna condição de reestabelecimento devazão da melhoria da qualidade daágua bombeada, para o tratamento daágua de distribuição e para o contro-le de cor e turbidez.”Rogério Joroski, diretor técnico

AÇOFILTRO“A Açofiltro atua principalmente no se-tor de água subterrânea, mas tem ou-tras atuações como em usina de açú-car, setor de laranja, minério em geral.Como lançamentos para a FENÁGUA,temos filtros especiais para poços pro-fundos e a reapresentação dos filtrospara acoplamento em plástico, um lan-çamento do ano passado.”José Carlos Barros, diretor

MOJAVE“A Mojave produz produtos químicospara tratamento de águas superficiale subterrânea. Estamos partindo ago-ra para um novo segmento que é aregeneração de solos contaminadoscom hidrocarbonetos. Temos também

PROMINAS“A Prominas é a principal fabricantede perfuratrizes para poços artesianosno Brasil. Atuamos na área há 60anos. Temos os equipamentos maismodernos e investimos constante-mente em modernização. Nossos pro-dutos são padrão, mas ano a ano so-frem alterações para facilitar o traba-lho em campo dos perfuradores. Por-tanto, os modelos vão se atualizandoao longo do tempo.”Ubiraci Corrêa, diretor

DRILL CENTER“A Drill Center é uma central de abas-tecimento das empresas de perfura-ção. Vendemos praticamente tudopara a construção de poços tubularesprofundos, desde os materiais essen-ciais para a construção, perfuração,revestimento, instalação e para manu-tenção. Nosso lançamento na feira éuma câmera portátil, que filma até 400m e 1300 pés. Possui gravador deDVD, monitor de LCD de 7” e umabateria de 12 volts.”Apolo Oliva Neto, diretor

SYSTEM MUD“A System Mud trabalha com fluidosde perfuração. Trouxemos para aFENÁGUA um produto altamentetecnológico, um polímero extrema-mente eficiente para compor fluido deperfuração. É o Goma Gel, um pro-duto da base de um polímero chama-do goma xantana, um biopolímeroproduzido por bactérias em um pro-cesso natural. A bentonita, produtousado na perfuração desde osprimórdios, pode ser substituída poreste polímero.”Eugênio Pereira, diretor técnico

SIDRASUL“A Sidrasul é uma empresa importa-dora e distribuidora de produtospara a área de perfuração ebombeamento. Atuamos na área debombeamento de água, petróleo, defluidos em geral. Uma bombasubmersa com funcionamento porenergia solar é o produto quetrouxemos para a feira. É um siste-ma italiano, resultado de uma par-ceria nova da empresa.”Álvaro Magalhães Jr., diretor

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 29NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

FENÁGUA

KELLER AG“A Keller é uma empresa suíça que traba-lha com sensores de pressão e tempera-tura. Para esse segmento de água, poços,perfuração e monitoramento de nível deágua em poços, nós temos uma linha deprodutos, de loggers e também demodens GPRS para monitoramento de ní-vel e de temperatura em poços. Este anolançamos o GSM2 que permite a supervi-são da temperatura e do nível de um poçoe a transmissão de dados via GPRS parauma central.”Helmut Bösiger, consultor internacional

CLEAN ENVIRONMENT“A Clean Environment é uma empresa devenda de equipamentos e tecnologias paraas áreas de meio ambiente, saúde e segu-rança ocupacional. As áreas de remediaçãoe investigação ambiental trabalham comsolos e águas subterrâneas contaminadase a área de hidrologia trabalha commonitoramento poli-quantitativo de recursoshídricos superficiais e subterrâneos. Para aFENÁGUA, nós trouxemos alguns equipa-mentos já consagrados no mercado.”Rogério Oliveira Andrade, diretor

CAIMEX“A Caimex é uma empresa de comérciointernacional que atua nas áreas de mi-neração, construção civil, saneamento edemolição, representando com exclusi-

vidade no Brasil fabricantes de diversos ti-pos de equipamentos. Entre os principaisprodutos estão carretas, jumbos, perfura-trizes hidráulicas e ferramentas para per-furação de rochas, como martelos, bits,brocas, hastes, punhos e luvas.”Hernandes Barreto Santos, supervisorde Vendas

CHICAGO PNEUMATIC“A Chicago Pneumatic atua no setor deindústria, na parte de poços artesianose perfuração. A grande vedete da feiraé o 950 D1H de alta pressão. Além dis-so, temos dois novos modelos, o 770de 21 bar e o 820 por 17. Aproveita-mos a FENÁGUA para divulgação dosnovos equipamentos e dos já existen-tes também, que já são bem conceitua-dos no mercado.”Agostinho Grilli Júnior, gerentede Vendas

SAMPLA BELTING DO BRASIL“A Sampla Belting do Brasil trabalha commangueiras para saneamento, correias

30 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

transportadoras e máquinas, mas ocarro-chefe são as mangueiras, quetêm crescimento de 20% a 30% aoano. A maior novidade que trouxemossão as tubulações flexíveis para po-ços, que apresentam mais facilidadede instalação que as rígidas, não pos-suem emenda, tem menor perda decarga, não tem corrosão, são maisfáceis de transportar, tem vida útilmaior e menor consumo de energia.”Moisés Macen, gerentede Produtos

FENÁGUA

EBARA INDÚSTRIAS MECÂNICASE COMÉRCIO“A EBARA Indústrias Mecânicas e Co-mércio é uma subsidiária da EBARACorporation, com sede no Japão, quefabrica equipamentos para água, ar emeio ambiente. No Brasil, o principalmercado é o de motores e bombaspara poços artesianos e bombas sub-

GEOSOL“A GEOSOL trabalha com perfuraçãopara pesquisa mineral e de poçospara monitoramento de água. Nosso

GIULLI BOMBAS SUBMERSAS“Atuamos com bombas submersaspara poços artesianos. A GiulliBombas fornece para perfuradorese revendas de poços artesianos.Hoje atuamos praticamente sozi-nhos com as bombas de 3”, a gran-de novidade que trouxemos para afeira. Esse é o primeiro ano que par-ticipamos da FENÁGUA e a divul-gação da empresa aqui é bem inte-ressante, pois encontramos pesso-as de norte a sul do país.”Márcio Souza, gerente de Vendas

mersíveis para efluentes. A tecnologiaé japonesa, mas a fabricação e a apli-cação são brasileiras. Nossos produ-tos mais conceituados são os moto-res de até 450 hp, que entram em po-ços de até 12”.”Nelson Reginato do Canto Júnior,vice presidente executivo

produto mais conhecido é o nome daempresa, pois atendemos grandescompanhias no Brasil. Trouxemosfolderes e banners para mostrar aosclientes nosso trabalho. A FENÁGUAestá extremamente bem organizada eé uma ótima oportunidade para fazercontatos.”Humberto Martins Gomes, gerenteda Divisão Sondagem

MI SWACO DO BRASIL -SCHLUMBERGER“A Mi Swaco do Brasil é uma empresaque fornece fluidos para perfuração,que é a base do nosso negócio. Nóstrabalhamos continuamente para de-senvolver soluções para a perfuraçãoque ajudem os clientes a maximizartaxa de penetração, eliminar o temponão produtivo, atingir os objetivos dedesempenho de QSMS e obter dadosde qualidade do poço.”Carla Salomão, representantede Vendas

AR BRASIL COMPRESSORES“Atuando no segmento de ar compri-mido, a Ar Brasil Compressores ofe-rece as soluções mais eficazes nestesegmento. Vendemos e alugamoscompressores de ar para perfuração,como compressores de estágio úni-co, duplo estágio e com reservatório.Como nossos equipamentos sãograndes, trabalhamos apenas combanners e folderes para demonstra-ção dos produtos.”Gilson Macedo Santana, diretor

ANALYTICALTECHNOLOGY“A Analytical Technology é um laborató-rio de análises químicas que oferece pro-dutos e soluções desenvolvidas com di-ferenciado padrão analítico, atendimentoespecializado, equipe altamente qualifica-da, foco permanente no cliente, além deoutros serviços. A empresa oferece solu-ções especialmente para monitoramentoambiental, higiene ocupacional, emissõesatmosféricas, dioxinas, furanos, combus-tíveis e biocombustíveis”.Luciane Kutinskas, gerenteTécnico-Comercial

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 31NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

Adriana Niemeyer Pires Ferreira,superintendente de Implementaçãode Programas e Projetos da ANA“Esse é o principal evento sobre águassubterrâneas hoje no Brasil. É a oportu-nidade de reunir os Estados, os Municí-pios, a União, os usuários e os perfura-dores para discutir a importância daagua subterrânea e como podemos ge-rir isso de forma conjunta.”

Alan Peterson Lopes, Departamen-to de Águas e Energia Elétrica doEstado de São Paulo (DAEE)/UNESP Rio Claro“O evento foi dinâmico, com discus-sões interessantes. A água subterrâ-nea é um tema muito importante parao país que está vivendo um grandeavanço da fronteira agrícola. A utili-zação da água subterrânea tem au-mentado muito e por isso as novas for-mas de gestão devem ser discutidas,pois ainda deixam muito a desejar ese não discutirmos, esse recurso queé considerado abundante, pode setornar escasso.”

Antônio Carlos Barcelar Nunes,diretor da DRI/CPRMÉ um evento muito importante, que dis-cute o aproveitamento racional dos re-cursos subterrâneos. Aqui se congre-ga a comunidade científica, pesquisa-dores, perfuradores de poços, nacio-nais e internacionais. Essa é uma reu-nião essencial para troca de informa-ções e para o planejamento de cami-nhos e rumos.”

Fátima Ferreira do Rosário,PETROBRAS/Centro de Pesquisas eDesenvolvimento Leopoldo AméricoMiguez de Mello (CENPES)“O evento é importante principalmente pelaintegração dos profissionais que atuam noBrasil e também alguns convidados do ex-terior. E foi muito bem comandado. Paramim, a organização e o local estão de para-béns. Espero que os próximos eventos man-tenham o mesmo padrão e até se elevem.”

Frederico Cláudio Peixinho, chefe doDepartamento de Hidrologia da CPRM“A importância desse evento é inegável, éum ambiente que vem sendo construídoao longo de vários anos em que a ABASpromove o Congresso. É o fórum idealonde se reúnem os geocientistas da áreade águas para discutir problemas, políti-cas e soluções para o país nesse campode atividade.”

GIRO NO CONGRESSOJosana de Melo Dantas, Universi-dade Federal de Sergipe e da Uni-versidade Federal da Bahia“O Congresso é muito produtivo, commuitas sessões técnicas e debates im-portantíssimos para as águas subterrâ-neas, que ainda são muito excluídas dosmeios de discussão. Elas dependemmuito desse tipo de discussão para quea legislação realmente tenha eficácia.”

Nédio Pinheiro, Presidente do Nú-cleo ABAS Centro-OesteAs discussões foram de extrema impor-tância para o Mato Grosso do Sul, queé abastecido pelo Aquífero Guarani.Nossa expectativa é que realmente secrie uma nova visão a respeito da águasubterrânea no Centro-Oeste do Brasil,que recebeu o evento.”

Paulo Varella, diretor da ANAEsse Congresso é muito importante por-que ele traz um assunto de crucial impor-tância: gestão de recursos hídricos e de-senvolvimento, e um não existe sem o ou-tro. Nós não temos indústrias, comércio,turismo, agricultura e nem saúde, se nãotivermos um gerenciamento correto.”

Renato Perez, UNESP/Geosaga“O Congresso é muito interessante pelofato de unir as empresas, os universitári-os e os órgãos públicos e privados. E pordar oportunidade de termos um intercâm-bio de ideias, contatos, estudos e pes-quisas. Isso é bastante importante parao desenvolvimento do trabalho de todos.”

Thales de Queiroz Sampaio, diretor deHidrologia e Gestão Territorial da CPRMEsse evento é importantíssimo especi-almente para que formatemos uma es-tratégia de conscientização sobre a im-portância da água subterrânea. Daquisairão muitas recomendações para opaís sob ponto de vista de gestão derecursos hídricos e não se pode fazergestão sem considerar a importância daágua subterrânea.”

Vitor Santos, representando a Agen-cia Reguladora de Água, Energia eSaneamento Básico do Distrito Fe-deral (ADASA)“Esse evento é importante para trocarexperiências sobre o manejo de recur-sos hídricos subterrâneos, para que nóspossamos saber o que os outros esta-dos estão fazendo e para que possamosmostrar o nosso trabalho também, alémde adquirir conhecimento.”

FENÁGUA

Confira as impressões dos participantes dos eventos, promovidos pela ABAS:

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 31

PRD RIGS BRASIL“A PRD é uma empresa indiana quechega ao país com investimentos deR$1,5 milhão para 2013. Atua nasáreas de perfuração de poços e mi-neração. Na feira, estamos trazen-do como lançamentos, equipamen-tos para perfuração de poços de atémil metros.”José Roberto Campos, diretor

PERFURATRIZ DTH“A Perfuratriz DTH é uma empresaque trabalha com equipamentospara perfuração de poços. Nós tra-balhamos com toda linha de exten-são, desde haste, martelo, bits, quefabricamos. Para a FENÁGUA des-te ano trouxemos toda a nossa li-nha de martelos para perfuração depoços, em especial a linha de mar-telos turbinados, o martelo quemais está sendo aceito no merca-do atualmente.”Ricardo Magnusson,Departamento de Compras

32 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

PERFURAÇÃO

O

Eduardo Benedini Damian (à esq.),diretor de Importação da PRD RigsBrasil e Krishnamurthy Ramadoss(à dir.), gerente de Desenvolvimento deNegócios – América Latina

PERFURAÇÃO,UM MERCADOEM EVOLUÇÃO

Brasil passa por uma das melhores fases da per-furação de poços, com uma concretização bené-

fica para o segmento de água potável. O que podemosver é uma melhoria das empresas prestadoras desseserviço, que estão investindo forte em equipamentos etecnologia de ponta.

No mercado brasileiro os maquinários evoluíram osuficiente para atender à demanda, com alta tecnologia,oferecendo uma melhor qualidade e precisão na perfu-ração. As fábricas de perfuratrizes rotativas pneumáti-cas e de compressores estão se adequando para a qua-lidade dos produtos e não para a quantidade e são umexemplo dessa evolução.

Anos atrás se investia mais em equipamentos usadosem grande proporção, mas, hoje em dia, a concepçãode investimento do perfurador está mudando, pois gran-de porcentagem das empresas está investindo em equi-pamentos novos e de alta tecnologia, nos quais se en-contra uma maior e melhor performace na hora de exe-cutar o serviço. Os números de nossa pesquisa feitadurante a FENÁGUA, em Bonito (MS), mostram que asempresas de pequeno e médio porte estão se equipan-do com máquinas, compressores e caminhões novos eestão aderindo às novas tecnologias com o objetivo deatender à demanda de perfuração de poços, que vemcrescendo consideravelmente nos últimos anos.

Assim, a tecnologia disponibiliza atualmente sondastotalmente compactas, seguras e de fácil manejo. Equi-pamentos modernos trabalham integrados reunindosonda, compressor e suporte para hastes em um únicocaminhão, otimizando custos, pois precisa apenas umtransporte, diferentemente do que é o usual no país. Alémde aumentar a qualidade nos serviços oferecidos, atecnologia traz uma grande economia nos custosoperacionais, permitindo que a empresa repasse ao seucliente final.

A modernização dos equipamentos das empresaspode, portanto, trazer vantagens competitivas, mas é

preciso investimentos. Em nossa visão, o governo doBrasil possui algumas linhas de crédito para equipamen-tos importados. Acreditamos, porém, que poderiadisponibilizar e facilitar mais recursos para investimentona área de perfuração e projetos para exploração deágua potável, principalmente para algumas regiões comoo Nordeste do país que têm há muitos anos um sérioproblema de falta de água potável.

Por fim, gostaríamos de destacar o belo trabalho que aABAS desenvolve e proporciona aos associados, e agra-decer o apoio e credibilidade que nos vem sendo dado.

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 33NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

A

REMEDIAÇÃO

Leandro Antunes Mendes,químico, e Maria Olímpia deOliveira Rezende, professora

Testes foram conduzidos no laboratório da USP São Carlos(SP) para testar a eficácia da técnica

s atividades industriais e de mineração, juntamentecom o uso inadequado de fertilizantes e pesticidas,

têm contribuído para o aumento da contaminação dosolo, cursos d’água e lençol freático por elementos tóxi-cos. A procura pelo desenvolvimento de soluçõestecnológicas tem aumentado para atender à legislaçãoambiental. Vários métodos de remediação de solos con-taminados são conhecidos, entre eles estão: isolamen-to, imobilização, redução da toxicidade, separação físi-ca e extração. Neste contexto, destaca-se avermicompostagem que é o processo realizado a partirda decomposição de resíduos orgânicos por minhocas,o que dá origem ao vermicomposto (ou húmus), materi-al comumente utilizado como fertilizante. Dentre outrosbenefícios dessa técnica, destacam-se a manutençãoda fertilidade do solo e a grande aceitação pública porser uma tecnologia verde.

No Instituto de Química de São Carlos (IQSC- USP),pesquisa realizada pelo químico Leandro Antunes Men-des mostrou que a vermicompostagem é eficiente pararemediar solos contaminados por cromo, cobre e chum-bo. “Quando foi incorporada uma pequena quantidadedo material, 2,5 gramas de vermicomposto em 7,5 gra-mas de solo, observamos que 100% das espécies metá-licas ficaram retidas, tanto no solo arenoso como no argi-loso, comprovando que o vermicomposto também é efi-caz como descontaminante”, diz o pesquisador, que tevea orientação da professora Maria Olímpia de OliveiraRezende, do Laboratório de Química Ambiental.

Foi avaliada a adição do material adsorvente aos so-los com o intuito de conhecer a capacidade de retençãodeste material para posterior descontaminação de so-los contaminados. Propriedades químicas, como: pH,teor de matéria orgânica, capacidade de troca catiônica,carbono orgânico total; e físicas: umidade egranulometria foram estudadas.

O pesquisador trabalhou com dois tipos de solo: are-noso e argiloso. O uso de cromo foi escolhido por setratar de um produto muito utilizado em curtumes. Já ocobre e o chumbo, apesar de serem contaminantes, tam-

bém são essenciais para as plantas, mas em pequenasquantidades. Os solos utilizados para o estudo (arenoso eargiloso) foram retirados do campus II da USP, em SãoCarlos (SP), em área livre de contaminação. No laborató-rio, Mendes lixiviou uma solução contendo os metais nosdois tipos de solo. O vermicomposto usado foi comercial.Apesar do solo argiloso apresentar uma maior capacida-de de retenção (quando comparado ao solo arenoso), aproporção de vermicomposto usada foi eficaz para reme-diar os dois solos, retendo 100% das espécies estudadas.

“A partir dos resultados obtidos, podemos sugerir ou-tros estudos como aplicação in situ em áreas degrada-das, o processo de dessorção e também pesquisas li-gadas à fitotoxicidade, para analisar se os contaminanteschegam a atingir a parte aérea da planta prejudicandoseu desenvolvimento”, aponta.

O pesquisador ressalta que os testes realizados em la-boratório tiveram o objetivo de testar a eficácia da técnica,e não sua aplicação, pois já se sabia que o vermicompostoapresenta a propriedade de reter espécies metálicas. Ostestes mostraram também outra vantagem: com a incor-poração do vermicomposto, os metais não ficam disponí-veis no solo e não correm risco de serem lixiviados.

HÚMUS PARA SOLOSCONTAMINADOSPesquisa conduzida no Instituto de Química deSão Carlos (IQSC), da Universidade de SãoPaulo, apontou eficácia na remediação de soloscontaminados por cromo, cobre e chumbo

34 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

OPINIÃO

Q

Sustentabilidade,do nome aos projetos

uando nominamos a nossa chapa deSustentabilidade, referimo-nos, não só a um tema

tão discutido nos dias de hoje, mas, principalmente, àreafirmação de nossa entidade, no sentido de fortalecê-la internamente e em todos os campos de nossa socie-dade e no âmbito do meio ambiente.

Temos consciência de que a Associação Brasileira deÁguas Subterrâneas (ABAS) está bem estruturada inter-namente, fruto de mais de 30 anos de dedicação de seusdirigentes, dos seus associados e de nossa secretariaexecutiva. Contudo, muita coisa ainda pode ser desen-volvida, tanto internamente (Núcleos e Associados) quan-to externamente (Sociedade). Temos uma falta de partici-pação de 76% dos associados, além de uma sociedademuito leiga no tocante às águas subterrâneas.

Nosso objetivo principal será trabalhar em prol daintegração entre ABAS, seus associados e a sociedade,permeando-se os setores empresariais, governamentais,educativos, de pesquisas, organizações não governa-mentais e diversos outros.

O fortalecimento do projeto de capacitação junto aosNúcleos contribuirá para a qualificação e a valorizaçãoprofissional não só dos associados como da sociedadedos profissionais do setor. Ações como intercâmbios,parcerias e convênios com entidades congêneres, ór-gãos governamentais e empresas do ramo oxigenarãoa nossa associação.

Assumiremos o nosso papel no meio ambiente, prin-cipalmente o subterrâneo, por meio da realização deeventos de porte com a parceria dos nossos Núcleose de entidades congêneres nacionais (ABRH, ABESetc.) e internacionais (ALSHUD, IAH etc.). Também re-alizaremos e/ou participaremos de outros tipos deeventos, de mesmo cunho, nas diversas áreas dahidrogeologia básica e aplicada, como a perfuraçãode poços – comercial e aplicada.

Divulgaremos mais as águas subterrâneas aos nos-sos associados e estaremos na mídia para expor nossaentidade e suas ações, contribuindo com a educaçãohidroambiental sustentável no país e, por fim, entrare-

mos em integração com a sociedade em seus mais di-versos setores.

Teremos uma assessoria parlamentar para nos sub-sidiar com os trâmites do nosso Poder Legislativo e,assim, podermos impedir os constantes normativoscontrários ao nosso setor ou mesmo lutar pelos inte-resses da nossa área, sem corporativismos. Teremos,também, uma assessoria de imprensa para inserçãode nossa entidade na mídia brasileira e abastecimen-to de notícias e matérias sobre recursos hídricos esobre meio ambiente, que serão repassadas direta-mente aos nossos associados.

Internamente, pretendemos ampliar o quadro de as-sociados, abrindo o leque de atividades, participandomais de eventos da área e dando maiorsustentabilidade financeira à nossa associação e aosseus Núcleos. A valorização dos Núcleos também fazparte dos nossos planos. Assim, conseguiremos res-gatar os associados, trazê-los para junto de nossaassociação, de forma participativa.

Nossas linhas de ação destacam as macrodiretrizessupracitadas e, apesar de audaciosas, representam onosso esforço em trabalhar em prol da ABAS, de seusassociados, da sociedade e do meio ambiente.

Os votos que recebemos dos associados, represen-tando 98% de aprovação, nos deram mais ânimo paraconduzirmos nossa entidade. A nossa responsabilidadeaumentou muito com a confiança a nós hipotecada. Ovoto de cada um foi, para nós, uma procuração formalpara trabalharmos em prol das águas subterrâneas, domeio ambiente, da ABAS e da sociedade. E isso fare-mos! Em nome de toda a chapa Sustentabilidade, obri-gado a todos que participaram do processo eleitoral.

Waldir Duarte Costa Filho é hidrogeólogo, M.Sc. pelaUniversidade Federal de Pernambuco (UFPE), pesquisador emGeociências e coordenador executivo do Departamento deHidrologia do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), presidenteda Câmara Técnica de Águas Subterrâneas do ConselhoEstadual de Recursos Hídricos de Pernambuco e diretor emoutras entidades sociais e sindicais.

Waldir Duarte Costa Filho,presidente eleito da ABAS –gestão 2013/2014

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 35NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

36 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012