dezembro / janeiro 2012 Água e meio ambiente subterrÂneo - abas.org · ce a cada dia e...

32
ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1 DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Upload: vantruc

Post on 10-Nov-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Page 2: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

2 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Page 3: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 3DEZEMBRO / JANEIRO 2012

EDITORIAL

ÍNDICE

ESPECIAL POÇOSREGULARIZAÇÃO:POR QUE O SETOR RESISTE?MERCADO DE PERFURAÇÃO DE POÇOS APRESENTACRESCIMENTO COM ALTOS ÍNDICES DE CLANDESTINI-DADE E PROJETO DE LEI, EM TRÂMITE NA CÂMARAFEDERAL, PREVÊ PUNIÇÕES LEGAIS PARA ISSO

1010101010

MEIO AMBIENTEPROJETOS IMPLEMENTADOS EM ESCOLAS ESTIMULAM APROTEÇÃO DAS ÁGUAS POR MEIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

2020202020

CA

PA

A importância das questões que envolvem a água cres-ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre otema com abrangência que vai de tragédias a políticaspúblicas, num cenário bem diferente do existente quan-do houve a fundação da Associação Brasileira de ÁguasSubterrâneas, em 1978. Nesse período, a ABAS tam-bém cresceu e assumiu novos e importantes espaços,como a presença em comitês de bacias hidrográficas enas comissões técnicas de águas subterrâneas. Desdeentão, um problema persiste: a resistência à regulari-zação de poços. Mas afinal, por que o setor ainda re-siste à regularização? Altos custos para atender às de-mandas da legislação, burocracia e morosidade dosórgãos competentes, falta de fiscalização e a própriapostura dos usuários e das empresas de perfuração.Estes são alguns fatores que incentivam a clandestini-dade, conforme apontam os especialistas entrevistadospara o Especial Poços, que traz ainda o viés da legisla-ção necessário à boa gestão. E inclui a discussão so-bre o novo projeto de lei em trâmite na Câmara Fede-ral, de autoria do deputado federal Cleber Verde (PRB/MA), que dispõe sobre a criminalização de condutasenvolvendo recursos hídricos. Serão necessárias no-

vas leis ou o que se precisa é de conscientização sobrea importância da regularização para a preservação daqualidade e da quantidade das águas subterrâneas, im-prescindíveis para a sobrevivência do setor? E, por fa-lar em preservação, a educação ambiental para os re-cursos hídricos é o foco da seção meio ambiente, quemostra boas e bem sucedidas iniciativas naconscientização da sociedade para cuidar das águas.Uma tarefa que tem sido motivo de luta constante doatual presidente da Rede Brasil de Organismos de Ba-cia (REBOB), Lupercio Ziroldo Antonio, que assina apágina Opinião, com uma interessante análise intituladaMeio Ambiente, Meio Água. Acompanhe estas e outrasinformações que preparamos especialmente para vocêna primeira edição de 2012, que desejamos seja umano repleto de conquistas, com muita paz.

Boa leitura e até a próxima,

NOVO ANO, MUITOS DESAFIOS

CONEXÃO INTERNACIONALRENOMADOS GEÓLOGOS E HIDROGEÓLOGOS, DEDIVERSOS PAÍSES, DÃO DICAS PARA OS PROFISSI-ONAIS INICIANTES NO RAMO

2424242424

REMEDIAÇÃOARTIGO ESCLARECE ALGUNS PONTOS CONTRO-VERSOS E EQUIVOCADOS SOBRE A REMEDIAÇÃO

2828282828

4 Agenda

5 Abas Informa

6 Núcleos Regionais

8 Hidronotícias

26 Perfuração

30 Opinião

Humberto José Tavares Rabelo AlbuquerquePresidente da ABAS

Marlene Simarelli, editora

Page 4: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

4 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

AGENDA

DIRETORIAPresidente: Humberto José T. R. de Albuquerque1º Vice-Presidente: Mário Fracalossi Junior2º Presidente: Amin KatbehSecretária Geral: Maria Antonieta Alcântara MourãoSecretário Executivo: Everton de OliveiraTesoureiro: Álvaro Magalhães Junior

CONSELHO DELIBERATIVOHelena Magalhães Porto Lira, Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues,Francisco de Assis M. De Abreu, Carlos Augusto de Azevedo, Carlos AlvinHeine, Francis Priscila Vargas Hager, Mário Kondo

CONSELHEIROS VITALÍCIOS/EX-PRESIDENTESAldo da Cunha Rebouças (in memorian), Antonio Tarcisio de Las Casas,Arnaldo Correa Ribeiro, Carlos Eduardo Q. Giampá, Ernani Francisco daRosa Filho, Euclydes Cavallari (in memorian), Everton de Oliveira, EvertonLuiz da Costa Souza, Itabaraci Nazareno Cavalcante, João Carlos Simankede Souza, Joel Felipe Soares, Marcílio Tavares Nicolau, Uriel Duarte, WaldirDuarte Costa

CONSELHO FISCALTitulares: Arnoldo Giardin, João Manoel Filho, Egmont CapucciSuplentes: Nédio C. Pinheiro, Carlos A. Martins, Carlos José B. de Aguiar

NÚCLEOS ABAS – DIRETORESAmazonas: Daniel Benzecry Serruya - [email protected] -(92) 2123-0800Bahia: Iara Brandão de Oliveira- [email protected] - (71) 3283-9795Ceará: Francisco Said Gonçalves - [email protected] - (85) 3218-1557Centro-Oeste: Antonio Brandt Vecchiato - [email protected] - (65) 3615-8764Minas Gerais: Carlos Alberto de Freitas - [email protected] -(31) 3250-1657 / (31) 3309-8000Pará: Manfredo Ximenes Ponte - [email protected] - (91) 3277-0245Paraná: Jurandir Boz Filho - [email protected] - (41) 3213-4744Pernambuco: Waldir Duarte Costa Filho - [email protected] - (81) 9997.8848Rio de Janeiro: Gerson Cardoso da Silva Junior - [email protected] -(21) 2598-9481 / (21) 2590-8091Santa Catarina: Heloisa Helena Leal Gonçalves [email protected] - (47) 3341-7821/2103-5000Rio Grande do Sul: Mario Wrege – [email protected] - (51) 3259-7642

CONSELHO EDITORIALEverton de Oliveira e Rodrigo Cordeiro

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMarlene Simarelli (Mtb 13.593)

DIREÇÃO E PRODUÇÃO EDITORIALArtCom Assessoria de Comunicação – Campinas/SP(19) 3237-2099 - [email protected]

REDAÇÃOIsabella Monteiro, Larissa Straci e Marlene Simarelli

COLABORADORESCarlos Eduardo Q. Giampá, Everton de Oliveira, Juliana Freitas e Marcelo Sousa

SECRETARIA E [email protected] - (11) 3868-0723

COMERCIALIZAÇÃO DE ANÚNCIOSSandra Neves e Bruno Amadeu - [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica Mundo

CIRCULAÇÃOA revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo é distribuída gratuitamente pelaAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) a profissionais ligados ao setor.Distribuição: nacional e internacionalTiragem: 5 mil exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem,necessariamente, a opinião da ABAS.Para a reprodução total ou parcial de artigos técnicos e de opinião énecessário solicitar autorização prévia dos autores. É permitida areprodução das demais matérias publicadas neste veículo, desde quecitados os autores, a fonte e a data da edição.

EXPEDIENTE

EVENTOS PROMOVIDOS PELA ABAS

22º SALT WATER INTRUSION MEETING

Data: 17 a 21 de junho de 2012

Local: Armação dos Búzios – RJ

Informações: Gerson Cardoso

Telefone: (21) 2220-2097

Email: [email protected]

Promoção: ABAS - Núcleo Rio de Janeiro

XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS – XVIII ENCONTRO NACIONAL

DE PERFURADORES DE POÇOS E VII FEIRA

NACIONAL DE ÁGUAS

Data: 23 a 26 de outubro de 2012

Local: Centro de Convenções de Bonito – MS

Informações: Acqua Consultoria

Telefone: (11) 3868-0726

Email: [email protected]

Promoção: ABAS – Associação Brasileira

de Águas Subterrâneas

EVENTOS APOIADOS PELA ABAS

FEIRA NACIONAL DE SANEAMENTO E MEIO

AMBIENTE (FENASAN)

Data: 06 a 08 de agosto de 2012

Local: Expo Center Norte – Pavilhão Branco, Vila

Guilherme, São Paulo – SP

Informações: Acqua Consultoria

Telefone: (11) 3868-0726

Email: [email protected]

Site: www.fenasan.com.br

46º CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA

Data: 30 de setembro a 05 de outubro de 2012

Local: Santos - SP

Informações: Acqua Consultoria

Telefone: (11) 3868-0726

Email: [email protected]

Page 5: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 5DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ABAS INFORMA

Definidos novos valores deanuidade e credenciamentoNa última reunião da diretoria da Associação Bra-sileira de Águas Subterrâneas (ABAS), realizadano dia 8 de dezembro, em São Paulo (SP), foramdefinidos os novos valores do credenciamento deempresas e das anuidades dos novos sócios e jáassociados, para 2012. O valor da anuidade paraassociados ficou estipulado em R$ 100,00 paraestudantes, R$ 200,00 para pessoa física e R$400,00 para pessoa jurídica, até o dia 29 de feve-reiro. Após está data haverá um acréscimo de 10%no valor da anuidade, para todas as categorias.Os valores para novos associados, tanto parapessoas físicas e jurídicas como para estudantes,são alterados dependendo do mês da adesão.

O valor total do credenciamento de 2012 ficoudefinido em R$ 1.814,00 para microempresas,R$ 2.740,00 para pequenas empresas, R$3.241,00 para médias empresas e R$ 4.079,00para grandes empresas.

Revista Águas Subterrâneas convida para submissão de artigos científicos

ABAS assina protocolo decolaboração com associaçãoportuguesa, APEMETAA Associação Brasileira de Águas Subterrâneas(ABAS) assinou, no final de 2011, um protocolo decolaboração com a Associação Portuguesa de Em-presas de Tecnologias Ambientais (APEMETA), como objetivo de estabelecer procedimentoscolaborativos entre as entidades e, assim, proporci-onar o desenvolvimento dos países por meio de opor-tunidades de negócios criadas entre empresas por-tuguesas e brasileiras.

As cláusulas do acordo determinam a detecção e acomunicação de oportunidades entre ambos os países,o incentivo à exportação e à internacionalização dasempresas, à organização de ações que visem o reforçoda competitividade internacional, além do incentivo aoaumento do número de contatos internacionais. O pro-tocolo de colaboração foi assinado por HumbertoAlbuquerque, presidente da ABAS, e tem validade de12 meses.

A revista Águas Subterrâneas, principal revista científi-ca brasileira voltada para assuntos relacionados à águasubterrânea, agora atualizada, convida os profissionaisdo setor para submeterem seus artigos científicos parapublicação. Editada pela Associação Brasileira de ÁguasSubterrâneas (ABAS), a revista disponibiliza publicaçõesque são de acesso livre aos leitores. A submissão deartigos científicos é gratuita e deve ser feita através dapágina da ABAS na Internet.

Totalmente atualizado, o site da Revista Águas Subter-râneas incorporou todos os artigos produzidos apresen-tados em eventos realizados pela ABAS ao longo dosseus mais de 32 anos de existência. Incorporou ainda

todas as edições anteriores que circularam impressas.Mais de 2.500 artigos científicos foram disponibilizadosgratuitamente, o que potencializou a visitação ao site,declara o secretário executivo da ABAS e diretor daHidroplan, Everton de Oliveira, que coordenou o pro-cesso de atualização. Segundo ele, a meta agora étransformar a revista na maior referência nacional e umadas maiores internacionais sobre águas subterrâneas.

A ABAS está trabalhando para aumentar ainda maisa visibilidade da revista, colaborando para o aumentodo impacto dos artigos nela publicados. Para mais in-formações sobre a submissão de artigos, visite o site:www.abas.org/revistaaguassub.

Grupo Imdex Limited compra System MudGrupo Imdex Limited compra System MudGrupo Imdex Limited compra System MudGrupo Imdex Limited compra System MudGrupo Imdex Limited compra System Mude aumenta participação na América Le aumenta participação na América Le aumenta participação na América Le aumenta participação na América Le aumenta participação na América LatinaatinaatinaatinaatinaEm dezembro de 2011 foi assinado o contrato que consolidou a venda da System Mud para a Imdex Limited, empresasediada na Austrália com 30 anos de atuação no mercado global na área de fluidos de perfuração: Mineração, Óleo & Gáse Tecnologia. O interesse do grupo na System Mud surgiu após um estudo de mercado que apontou a empresa como oprincipal fabricante independente, genuinamente brasileiro, de fluidos de perfuração e produtos para manutenção depoços no Brasil. Atuando nas áreas de mineração, sondagem, HDD, fundação, petróleo e poços de água, desde 1999, aSystem Mud destacou-se por seu constante crescimento e aumento de sua participação no mercado nacional. Os negóci-os da System Mud devem se expandir ainda mais devido à natureza complementar às operações já existentes da Imdex nomundo. Com a aquisição, a Imdex Limited torna-se um dos principais players da América Latina na produção e venda defluidos de perfuração.

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 5DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Page 6: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

6 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

NÚCLEOS REGIONAIS

ABAS Núcleo-RJ promoveseminário para discussãosobre águas subterrâneas“Panorama das Águas Subterrâneas no Estado do Rio deJaneiro”, seminário sobre a situação atual e as perspecti-vas do setor de águas subterrâneas no estado, foi o even-to que o Núcleo ABAS Rio de Janeiro realizou no últimodia 17 de novembro de 2011. O evento, realizado na Uni-versidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), em Cam-pos dos Goytacazes (RJ), contou com a presença de maisde 70 participantes, entre técnicos de órgãos ambientais,prefeituras da região, acadêmicos e estudantes.

O seminário foi aberto pela professora da UENF, Ma-ria da Glória Alves, que também faz parte da diretoriada ABAS-RJ. Os demais palestrantes do evento foram:o geólogo Egmont Capucci, da Companhia Estadualde Águas e Esgoto (CEDAE), a geóloga Elisa de SouzaBento do Departamento de Recursos Minerais do Esta-do do Rio de Janeiro (DRM-RJ), o professor RodrigoRaposo, da Universidade Federal Fluminense (UFF) eo professor Lúcio Carramillo, da Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ). Após as palestras, ocorreuum debate entre os participantes.

Segundo Gerson Cardoso, presidente da ABAS Nú-cleo Rio de Janeiro, “a ideia da atual gestão do Núcleo-RJ é levar o conhecimento hidrogeológico para o interi-or do estado, de modo a estimular o interesse pelo usoe gestão adequadas do precioso recurso que representaa água subterrânea”.

ABAS Núcleo BA-SErealiza curso de MétodosPráticos de InvestigaçãoHidrogeoquímicaAo todo 23 alunos, entre estudantes univer-sitários e profissionais de empresas públi-cas e privadas do estado baiano participa-ram do curso “Métodos Práticos de Investi-gação Hidrogeoquímica”, promovido peloNúcleo Bahia-Sergipe. O evento aconteceudias 2 e 3 de dezembro de 2011 na EscolaPolitécnica da Universidade Federal daBahia (UFBA).

Ministrado pelo professor Sérgio de MoraesNascimento, do Instituto de Geociências (IG-UFBA), o curso foi realizado em parceria coma Associação Brasileira de Química (ABQ) –Regional Bahia.

Geólogo da ABAS Núcleo BA-SE publica artigo em livro daUniversidade de SalamancaO geólogo Francisco Inácio Negrão, membro do Con-selho Fiscal da ABAS Núcleo Bahia/Sergipe e do De-partamento de Hidrogeologia da Companhia de Enge-nharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (CERB),teve seu artigo científico publicado pela Universidadede Salamanca, na Espanha. O artigo “Variabilidade es-pacial das características da água subterrânea do Es-tado da Bahia, Brasil” foi publicado no livro “Estudiosem la zona no saturada del solo”, no último mês deoutubro de 2011.

Negrão utilizou dados de 3.322 poços do cadastroda CERB para analisar a variabilidade de parâmetroscomo pH, sólidos totais dissolvidos (TDS), cloretos, ni-tratos, dureza, índice de qualidade da água (QI), entreoutros, no Estado da Bahia. O geólogo concluiu quemuitos aquíferos baianos, especialmente na zonasemiárida, contêm água salgada. De acordo com o ín-dice de qualidade das águas subterrâneas elaboradopor ele, 39,8% das águas dos aquíferos da Bahia nãosão potáveis.

ABAS Núcleo Cearápromove curso “VLFcom métodos elétricos”A ABAS Núcleo Ceará promoverá entre 5 e 8 demarço, em Fortaleza (CE), o Curso sobre VLF(very low frequency) com Métodos Elétricos,com o objetivo de marcar a passagem do DiaMundial das Águas (22/03).

A palestra será ministrada por Carlos TadeuCarvalho do Nascimento, professor da Univer-sidade de Brasília. O valor da inscrição é deR$ 400,00 para sócios da ABAS, da Associa-ção Brasileira de Geologia de Engenharia eAmbiental (ABGE) e da Sociedade Brasileira deGeofísica (SBGf); de R$ 300,00 para estudantessócios e de R$ 500,00 para não-sócios. As vagassão limitadas a 20 alunos. Mais informações pe-los telefones: (85)9988-2178 ou (85) 3218-1557.

Page 7: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 7DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Page 8: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

8 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

HIDRONOTÍCIAS

Carlos EduardoQuaglia Giampá,Diretor da DHPerfuração de Poços

O Ministério da Saúde publicou no DOU (Diário Oficialda União), no dia 14 de dezembro de 2011, a Portaria2.914/2011 que dispõe sobre os procedimentos de con-trole e de vigilância da qualidade da água para consu-mo humano e o padrão de potabilidade.

De acordo com o texto, água para consumo humanoé a água potável destinada à ingestão, preparação eprodução de alimentos e à higiene pessoal, indepen-dentemente da sua origem. Água potável é a água queatenda ao padrão de potabilidade estabelecido na Por-taria e que não ofereça riscos à saúde.

Caberá à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) subordinada ao Ministério da Saúde promover eacompanhar a vigilância da qualidade da água paraconsumo humano, em articulação com as Secretariasde Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cípios e respectivos responsáveis pelo controle da qua-lidade da água.

Deverá ainda a SVS estabelecer ações especificadasno Programa Nacional de Vigilância da Qualidade daÁgua para Consumo Humano (VIGIAGUA). Caberá

GOVERNO MUDA ASREGRAS DE CONTROLE

DE QUALIDADE DA ÁGUA

também a Secretaria estabelecer as diretrizes da vigi-lância da qualidade da água para consumo humano aserem implementadas pelos Estados, Distrito Federale Municípios, respeitados os princípios do SUS, entreoutras atividades.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)deverá exercer a vigilância da qualidade da água nasáreas de portos, aeroportos e passagens de fronteirasterrestres, conforme os critérios e parâmetros estabe-lecidos pela Portaria. O texto também estabelece obri-gações para os Estados e Municípios. Ao Distrito Fede-ral compete as atribuições reservadas aos Estados eaos Municípios.

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-pios deverão adotar as medidas necessárias ao fielcumprimento das novas regras, que já estão em vigore revogam a Portaria nº 518/GM/MS, de 25 de marçode 2004.

Fonte: Observatório Eco

MORRENDO DE SEDE

1995 2050

POPULAÇÃO MUNDIAL 5,7 BILHÕES 9,4 BILHÕES

SUFICIÊNCIA 92% 58%

INSUFICIÊNCIA 5% 24%

ESCASSEZ 3% 18%

Fonte: Revista Superinteressante

No ano 2050 quase metade (42%) da população mundial sofrerá com a falta de água, em situação de insuficiência(menos de 1.700 metros cúbicos de água por pessoa ao ano) ou de escassez (menos de 1.000 metros cúbicos).

Page 9: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 9DEZEMBRO / JANEIRO 2012

HIDRONOTÍCIAS

RECORDAR É VIVER

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 9DEZEMBRO / JANEIRO 2012

PROFISSIONAIS DO SETOR

O Instituto Geológico (IG) foi contemplado comR$ 1.050.432,00 na Chamada Pública MCT/FINEP/CT-INFRA – PROINFRA – 02/2010 para a construção do La-boratório Litoteca. Em uma área de 3.350 m² na sede doIG será construído um centro de pesquisa com 1.130 m²que abrigará diversas instalações laboratoriais, salas depesquisa, sala de treinamento para formação e coleções

científicas. Este centro abrigará a “Coleção Científica Ge-ológica do Estado de São Paulo” e a “Coleção CientíficaPetrográfica”, compostas principalmente por amostrase lâminas petrográficas provenientes de pesquisas reali-zadas no Instituto Geológico nos últimos 30 anos. Paramais detalhes acesse www.igeologico.sp.gov.br ou façacontato com [email protected].

INSTITUTO GEOLÓGICO DE SÃO PAULO OBTÉM RECURSOSPARA CONSTRUÇÃO DO LABORATÓRIO LITOTECA

Em novembro, foram eleitos os profissionais que co-mandarão os órgãos que regulam as atividades dasempresas e profissionais que atuam nas áreas relaci-onadas às águas subterrâneas. O Conselho Federalde Engenharia e Agronomia (CONFEA) elegeu, com

15.027 votos, José Tadeu da Silva como presidente.Já, para assumir a presidência do Conselho Regionalde Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo(CREA/SP), o escolhido foi Francisco Kurimori, com11.820 votos.

Page 10: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

10 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ESPECIAL POÇOS

REGULARIZAÇÃO

Alta demanda por abastecimento de água, qualidade da água subterrânea,morosidade do poder público e falta de fiscalização tornam o mercado deperfuração de poços bastante atrativo e incentivam a clandestinidadeIsabella Monteiro

DE POÇOSPOR QUE O SETOR RESISTE?

10 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

O desenvolvimento econômico e o aumento populacionalresultam, entre outros, em maior demanda no abastecimen-to de água, sendo necessário recorrer cada vez mais àságuas subterrâneas para atender às necessidades de con-sumo. Em consequência, a atividade de perfuração e cons-trução de poços tubulares tem crescido vertiginosamente.Segundo dados publicados no Projeto Ambiental Estraté-gico Aquíferos (Síntese das Atividades 2007 – 2010), noEstado de São Paulo estima-se que existam cerca de 50 milpoços tubulares ativos e mais de 200 empresas perfurado-ras de grande, médio e pequeno portes.

O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE)possui 36.261 poços cadastrados ou outorgados e sãoemitidas em torno de 70 licenças de perfuração mensal-mente. Até 30 de novembro de 2011, foram publicadas 810

novas perfurações e a regularização de cerca de 80 poçospor mês. Já no Estado de Minas Gerais, o Instituto Mineirode Gestão das Águas (IGAM) calcula que no período de2001 a 2008 foram emitidas 5.232 outorgas e no períodode 2009 a 2011, 3.760 outorgas; dados que refletem o au-mento considerável das solicitações para perfuração. As-sociados a isso, a degradação dos recursos hídricos su-perficiais e o baixo custo de obtenção do recurso subterrâ-neo são grandes atrativos que têm estimulado a prática deempresas clandestinas em todo país, que executam servi-ços sem critérios técnicos, sem profissionais adequados e/ou documentação e licenças necessárias.

Os planos de recursos hídricos de bacias hidrográficaspaulistas estimam a existência de 60 mil poços clandesti-nos no estado, a maior parte localizada em área rural, ou

Page 11: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 11DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ESPECIAL POÇOS

seja, são poços rasos, usados para consumo humano,dessedentação de animais e irrigação de pequenas áre-as. Desde a publicação da Portaria DAEE 2.292/06, quetrata de usuários isentos de outorga, mas sujeitos a ca-dastro, uma grande quantidade deles tem saído daclandestinidade. Para Leila de Carvalho Gomes, dire-tora de Procedimentos de Outorga e Fiscalização deRecursos Hídricos do DAEE, a situação de perfura-ção de poços no estado em si não é alarmante, mas“é preocupante a existência de perfuração clandesti-na de poços, em vista de muitas vezes serem vendi-dos, por empresas, projetos inadequados ao tipo deaquífero a ser explorado e em localização inadequa-da: em áreas com contaminação de solo ou água”.Segundo ela, onde as perfurações causam rebaixa-mento de aquíferos de forma significativa, o ConselhoEstadual estabelece áreas de controle e restrição deuso, como em Ribeirão Preto (SP).

Carlos Eduardo Quaglia Giampá, diretor da DH Per-furação de Poços, analisa o cenário do mercado deperfuração de poços tubulares profundos, em todo

o país, como “delicado e desanimador”. Isto porque, “aconcorrência tem sido desleal, pois as empresas maiscapacitadas e habilitadas vêm sendo prejudicadas poraquelas que atuam de alguma forma irregular, devido à

falta de fiscalização”. Segundoele, esse quadro vem depre-ciando os preços dos principaisitens de perfuração, cujos valo-res não sofrem acréscimos hámais de quatro anos. “Nas lici-tações públicas, muitos dos pre-ços dos materiais (tubos e filtros)estão aquém dos seus preçosde custos. Porém, mesmo assimesses processos são realizadose há muitos casos em que hou-ve ainda uma redução de até50% nos preços-bases. Isso re-almente tem ocasionado umgrande impacto na qualidadedesses serviços”, relata.

Carlos Eduardo QuagliaGiampá, diretor da DHPerfuração de Poços

Art

Com

A.C

.

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 11DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Perspectivas da clandestinidade: situação atual e tendênciasMas afinal, por que o setor ainda resiste à regularizaçãode poços? Altos custos para atender às demandas dalegislação, a burocracia e a morosidade dos órgãos com-petentes, parecem ser alguns fatores que incentivam aclandestinidade. Segundo o DAEE, a média de prazopara emissão de outorga é de seis meses; algumas sãoanalisadas e publicadas em até um mês, mas a maiorparte ocorre em três meses. De acordo com Leila Go-mes, os custos impostos pelo Departamento são baixos– de 5 a 20 UFESP’s (Unidades Fiscais do Estado deSão Paulo) – “o que fica custoso é o que as empresascobram para elaborar a documentação para o usuário.Outra reclamação é o valor das análises de água para aOutorga de Direito de Uso, mas é impossível o DAEEnão exigi-las. Acreditamos que o próprio mercado de la-boratórios reduzirá estes custos”, salienta.

Entretanto, para Giampá, o que se nota ainda é quenão é apenas o setor que resiste à regularização dospoços, mas o próprio consumidor/contratante dasobras, que busca sempre o menor preço, sem outraspreocupações, como qualidade da obra, licenciamentosambientais e proteção ao meio ambiente. É também oque pensa Joel Felipe Soares, diretor da Trionic: “essaresistência está basicamente no desconhecimento desuas implicações pelo consumidor do recurso hídrico.Assim, temos de um lado empresas que não podemesperar a burocracia estadual e, por outro, o consumi-dor que desconhece a legislação”. Em Minas Gerais,por exemplo, “há o atrelamento da regularização de

poços a outros tipos de regularização ambiental, já queno estado esse processo é integrado. No entanto, omaior empecilho para a regularização é aconscientização do usuário para a importância da mes-ma”, afirmam Thiago Figueiredo Santana, gerente dePesquisa e Desenvolvimento de Recursos Hídricos eMaricene Menezes de Oliveira Mattos Paixão, geólogaanalista Ambiental do IGAM.

Para Leila Gomes, o que existe é a desinformação dosfuturos usuários de água quanto ao risco à saúde de umaperfuração de poço sem projeto adequado, aí incluída alocalização, que pode comprometer a qualidade da água.De outro lado, “há a falta de ética profissional de empre-sas perfuradoras que oferecem ao futuro usuário dois ‘pa-cotes’ com preços distintos: perfuração com e sem a do-cumentação, para o pedido de outorga. Isso sem falar emempresas que não possuem geólogos em seus quadros,portanto nem oferecem projeto ao cidadão”, indigna-se.

Os desdobramentos desta situação atingem diretamen-te a saúde humana e, por isso, são motivos de grandepreocupação dos órgãos responsáveis e de profissio-nais sérios ligados ao setor. A contaminação do lençolfreático com presença de coliformes fecais e a falta decontrole sobre a qualidade físico-química e bacteriológicada água são, para Soares, grandes riscos à população,que poderá ser abastecida com água contaminada, eficará suscetível às doenças de veiculação hídrica. Con-siderando o fato, a Resolução Conjunta SMA/SERHS/SES nº 3 de 2006 estabeleceu procedimentos para a

Page 12: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

12 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ESPECIAL POÇOS

inclusão formal da Vigilância Sa-nitária, no controle da qualida-de da água para poços outorga-dos, com finalidade de uso emsoluções alternativas coletivasde abastecimento.

Entretanto, as consequênciasdesta ilegalidade vão além, comgraves e inevitáveis reflexos tam-bém ao meio ambiente, já queos processos de remediaçãonem sempre são eficazes e sufi-cientes para sanar o problema.Giampá alerta para a poluiçãodos aquíferos pela presença de

substâncias tóxicas lixiviadas pela chuva, que pe-netram nos poços carentes de proteção sanitária;além da interferência com outros poços outorga-dos e da produção de volumes excessivos d’águapara o aquífero no local. Segundo ele, há aindaprejuízos de ordem econômica, uma vez que avida útil do poço é reduzida pela qualidade dosmateriais e dos serviços executados, bem comopela presença excessiva de areia queimando bom-bas; alto custo de manutenção dos poços e dereposição de bombas. “Outro problema é a ob-tenção de água sem conhecimento da concessi-onária local, evitando a cobrança do esgoto e semrespeito ao volume que seria autorizado num pro-cesso de outorga.”

Joel Felipe Soares,diretor da Trionic

Arq

uivo

pes

soal

Uma questão de ética e conscientizaçãoSe para muitos a palavra de ordem é fiscalização, paraoutros, é educação ambiental. “O estado não tem estruturapara exercer qualquer tipo de fiscalização, pois poços hojesão perfurados em três ou cinco dias. Insisto em dizer queo estado deve criar uma campanha educacional,esclarecedora dos benefícios e dos riscos, direcionada aoconsumidor do recurso, pois ele terá condições ple-nas de exigir que sua obra esteja regularizada e den-tro da lei”, argumenta Soares. O sistema de parceri-as foi uma forma encontrada pelo DAEE para otimizara fiscalização, por meio de termos de cooperaçãocom as prefeituras e com os serviços e departamen-tos de água e esgoto, que realizam vistorias e repas-sam as informações sobre poços clandestinos. Alémdisso, já deixam no local um documento que funcio-na como um pedido de outorga a ser protocoladono DAEE. “A articulação com outros atores ligadosao setor, como os Conselhos Regionais de Enge-nharia, Arquitetura e Agronomia (CREAs) e as asso-ciações ou os sindicatos de usuários, para troca deinformações é fundamental, pois a linha educativa émuito mais produtiva que a punitiva”, acredita Leila.

Neste sentido, a articulação do setor em prol dadisseminação de informações sobre a importância de pro-cedimentos legais de perfuração pode contribuir para re-verter este quadro. Giampá lembra que a ABAS participacomo membro titular do Conselho Estadual de RecursosHídricos (CRH) e da Câmara Técnica de Água Subterrânea(CTAS), composta por profissionais ligados ao estado, aosmunicípios e à sociedade civil, que discutem e aprovammedidas para a melhoria das políticas públicas para o as-sunto. Além disso, editou, junto com a DH Perfuração dePoços, o Manual de Orientação às Perfurações de Poçosno Estado de São Paulo, impresso pela Federação das In-dústrias do Estado de São Paulo (FIESP), que deverá ter

novas tiragens em 2012. O manual está disponível no siteda ABAS, em www.abas.org/arquivos/aguasf.pdf

A ABAS lançará ainda outro manual, que está em fasede revisão, com o objetivo de combater os ataques desetores contrários à utilização da água captada por po-ços de casas, prédios e estabelecimentos comerciais e

industriais. Este se baseia noparecer elaborado pelo advoga-do contratado pela ABAS, peloSindicato das Empresas deTransportes de Carga de SãoPaulo e Região (SETCESP),pela Associação Paulista dasEmpresas Perfuradoras dePoços Profundos (APEPP),entre outros, para combater oitem na Lei do SaneamentoBásico (Lei 11.445/2007), cujavitória se deu na gestão do ex-presidente da ABAS, EvertonLuiz da Costa Souza.

Outro exemplo de mobilizaçãodo setor é uma proposta elabo-

rada para compor o Projeto Ambiental Estratégico Aquíferos,que é um dos 21 Projetos Ambientais Estratégicos (PAEs)do governo paulista, sob coordenação da Secretaria de MeioAmbiente (SMA), que tem como objetivo a “Implantaçãodo Cadastro Estadual das Empresas de Perfuração de Po-ços no Estado de São Paulo” para consultas online. Apre-sentada em 2011 na CTAS do Conselho Estadual de Re-cursos Hídricos (CERH), tem o intuito de identificar as em-presas regularmente registradas e habilitadas para exercera atividade, com capacitação técnica para construir poçosseguindo as especificações do órgão outorgante.

Dividida em quatro fases sucessivas: Registro;

Man

oel A

nton

io d

a S

ilva-

DA

EE

Leila Gomes, do DAEE

Page 13: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Perfuração de poços sob o olhar da leiSegundo a Lei Federal nº 9.433/1997, em seu Artigo 49,constitui infração das normas de utilização de recursoshídricos: “V – perfurar poços para extração de água sub-terrânea ou operá-los sem a devida autorização”.

A Resolução nº 15, de 11/1/2001, do Conselho Naci-onal de Recursos Hídricos, estabelece no Artigo 9, que“toda empresa que execute perfuração de poço tubularprofundo deverá ser cadastrada junto aos ConselhosRegionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia eaos órgãos estaduais de gestão de recursos hídricos eapresentar as informações técnicas necessárias, semes-tralmente e sempre que solicitado”.

Segundo o Decreto Estadual nº 32.955, de 7/2/1991,que regulamenta a Lei Estadual nº 6.134/88, as águassubterrâneas deverão ter programa permanente de pro-teção, visando o seu melhor aproveitamento, sendo queuma das ações para o seu gerenciamento é a aplica-

ção de medidas relativas à conservação dos recursoshídricos subterrâneos.

A proteção e o aproveitamento racional deste recur-so incluem a obediência às normas técnicas para cons-trução de obras de captação de água subterrânea e,para tanto, devem ser realizadas por profissional, em-presa ou instituição legalmente habilitados, como dis-põe o Artigo 27 do referido decreto.

Além disso, pelo Artigo 11 da Lei nº 7.663/1991, “cons-titui infração às normas de utilização dos recursos hídricossuperficiais e subterrâneos: “V – executar a perfuração depoços profundos para extração de água subterrânea ouoperá-los sem a devida autorização expedida pelo órgãogestor”. O infrator estará sujeito a sanções e penalidades.

Fonte: Projeto Ambiental Estratégico Aquíferos - Sínte-se das Atividades 2007 – 2010

ESPECIAL POÇOS

Cadastramento das Empresas de Perfuração de Poços;Fiscalização e Divulgação; Certificação – a proposta estádisponível, na íntegra, no site do Instituto Geológico, atra-vés do link: www.igeologico.sp.gov.br/downloads/li-vros/Sintese%20Aquiferos.pdf. José Eduardo Campos,

geólogo do DAEE e membro integrante da CTAS, afirmaque a proposta, de caráter jurídico e técnico, foi encami-nhada para as secretarias de Recursos Hídricos e para aSMA. Segundo ele, a Câmara Técnica aguarda parecersobre implementação e respectivos investimentos.

Page 14: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

14 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ESPECIAL POÇOS

Distintamente da linearidade das ocorrências daságuas de superfície, a compreensão e a gestão dos ma-nanciais subterrâneos necessitam de informações eanálises complexas, além de bastante rigor técnico.Neste sentido, a legislação tem um papel fundamental.Quando comparada a outros países, a legislação brasi-leira voltada à regulamentação do uso dos recursoshídricos é ainda recente, mas, para especialistas, aten-de bem às necessidades impostas pelas particularida-des do cenário hídrico do país. “É suficientementeabrangente e incorpora algumas ferramentas moder-nas que merecem destaque, como: a participação doEstado e da sociedade civil, incluindo os usuários, noprocesso decisório; e também a gestão por baciashidrográficas, que permite manejar e ver o recurso deforma integrada”, analisa Ricardo Hirata, professor doInstituto de Geociências da Universidade de São Paulo(USP) e diretor do Centro de Pesquisas de Água Sub-terrâneas (CEPAS).

O domínio do recurso é da união e dos estados, en-tretanto, segundo Claudio Oliveira, diretor da HidrogeoPerfurações, deve ser entendido como o domínio pú-blico eminente, não correspondendo a uma proprieda-de do Estado, mas sim a um poder político e soberanode regular os bens pertencentes a seu território. Noexercício desta prerrogativa, “o poder público deve atuarapenas como um gestor, administrando a água no inte-resse e em nome de toda a coletividade, garantindoseu acesso e distribuição a todos, privando pelaracionalidade em seu uso, além de implementar medi-das de conservação e recuperação da qualidade equantidade dos recursos hídricos”.

Humberto José Tavares Rabelo de Albuquerque, pre-sidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâne-as (ABAS) lembra que, à exceção de Roraima, todos os

INSTRUMENTOS LEGAISPARA A BOA GESTÃO DAS ÁGUAS

A água – superficial e subterrânea – exige da sociedade o cumprimento plenodas previsões legais referentes à sua administração e uso, a fim de preservá-la

em sua qualidade e quantidade

Isabella Monteiro

estados brasileiros e o Distrito Federal possuem legis-lação que possibilita a adequada gestão dos recursoshídricos. Alguns, inclusive, têm legislação específicapara águas subterrâneas. Porém, nem todos possuemregulamentação, normas e procedimentos,infraestruturas adequadas e principalmente especialis-tas capacitados em recursos hídricos subterrâneos.Assim, apesar dos dispositivos legais suficientes, a ges-tão ainda não acontece de forma efetiva, ficandoestancada na falta de objetividade e de uniformidadedos processos: “infelizmente os organismos estaduaisresponsáveis por fazer a gestão dos RH, perdem-se emprocedimentos burocráticos que em nada contribuempara a real gestão”, lembra Oliveira. Considerando que“a lei é nova e a nossa experiência em sua aplicação (ede outros dispositivos correlatos) é ainda limitada,estamos aprendendo. Os comitês de bacia ainda estãosendo instalados. A cobrança mal começou. É um lon-go caminho e obviamente há muitos entraves, incluin-do excessos burocráticos em procedimentos muito sim-ples, como o registro da maioria dos poços tubulares”,pondera Hirata.

Albuquerque aponta algumas medidas plausíveis paraotimizar a gestão: “estrutura apropriada, técnicosespecializados, conselhos estaduais, comitês e agênci-as de bacias implantadas e funcionando. Fiscalizar ade-quadamente o funcionamento do setor a fim de inibir aclandestinidade na perfuração e no uso das águas sub-terrâneas; elaborar planos estaduais e de bacias de re-cursos hídricos. Criar cadastro de empresas de perfura-ção e o respectivo credenciamento. Iniciar um amplo pro-grama de capacitação e incentivar os programas de pós-graduação na área de recursos hídricos subterrâneos.Implementar um programa de cartografia e pesquisahidrogeológica dos nossos aquíferos”, entre outros.

Page 15: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Exemplos internacionaisPara Hirata, o sucesso do manejo está associado àcapacidade dos órgãos estatais, mas, principalmen-te, ao comprometimento da sociedade civil e do se-tor privado na obediência às leis e aos regulamen-tos. “O controle, através de licenças de explotação,tem sido o modelo utilizado na Europa e na Américado Norte para o disciplinamento douso do recurso. Nestes casos, éclara a tradição e o respeito peloórgão fiscalizador e a presença doestado não é meramente formal.Em países em desenvolvimento, osórgãos estatais estão seestruturando e a imposição por leide mecanismos de controle tradi-cional não tem surtido efeito ou temsido muito limitada. O grande nú-mero de poços ilegais, geralmente

Ricardo Hirata,professor da USP

Arq

uivo

pes

soal

entre 70% e 80% das captações, onde há legisla-ção, é um reflexo disso”.

Experiências recentes na gestão das águas subterrâ-neas no mundo têm indicado que o gerenciamento des-se recurso terá mais sucesso quanto maior for a partici-pação do usuário. E somado a isso, outro importante

aspecto é que esse usuário tenha tambémacesso à informação adequada dirigida a ele.Hirata exemplifica citando Guanajato, no Mé-xico, onde associações de usuários, os CO-TAS, participam das decisões de uso daságuas subterrâneas. Na Espanha, exemplossimilares também são relatados, assim comona China, Índia e outros países asiáticos. Fran-ça, Espanha, Portugal, Canadá, Austrália, Es-tados Unidos, Finlândia, Noruega, entre ou-tros países, são outros modelos de excelentecontrole de suas águas subterrâneas.

Page 16: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

16 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ESPECIAL POÇOS

Projeto de Lei 7.915/2010Imprescindível para a sobrevivência, a água é constan-temente alvo de fóruns, congressos e debates, nacio-nais e internacionais, que se estendem por toda a soci-edade. Atualmente o Projeto de Lei (PL) de autoria dodeputado federal Cleber Verde (PRB/MA) tramita naCâmara Federal e “dispõe sobre a criminalização decondutas envolvendo recursos hídricos, através de in-clusão de tipos penais na Lei 9.433, de 1997, e dá ou-tras providências”.

De acordo com o texto do PL, passam a ser ilícitospenais: perfurar poços sem licença ambiental; extrair

água de poços sem outorga; lançar efluentes líquidossem tratamento em mananciais; deixar de tamponar po-ços quando esgotada a autorização para exploração;deixar o proprietário de imóvel urbano de se conectaràs redes de abastecimento de água e de esgoto sanitá-rio postas à sua disposição; adotar o agente públicoprovidência contrária à deliberação do Comitê de Ba-cia ou do Conselho de Recursos Hídricos. As penasvariam de detenção mínima de seis meses até cincoanos de reclusão, e multa. Confira alguns pontos do PLdiscutidos pelos entrevistados nesta reportagem:“A ESPECIFICIDADE DA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS EXIGE

O ESTABELECIMENTO DE DELITOS PRÓPRIOS, A FIM DE QUE

HAJA TIPICIDADE NAS CONDUTAS HUMANAS QUE MAIS

COMUMENTE ATENTAM, AINDA QUE POTENCIALMENTE, CONTRA

AS ÁGUAS BRASILEIRAS, TANTO SUPERFICIAIS QUANTO E ESPE-CIALMENTE AS SUBTERRÂNEAS.” (P. 4).

Hirata analisa que para inibir a clandestinidade o Es-tado tem que cumprir o seu papel, “mas não acreditoque somente ele, usando de seu poder de polícia, con-siga disciplinar o setor. Não podemos prescindir dele,mas acredito na gestão participativa. Precisamos mu-dar o paradigma. Todos têm a ganhar com odisciplinamento da explotação de água subterrânea, acomeçar pelo usuário, passando pelo perfurador e pelacompanhia de água”.

Para Oliveira, o que o PL 7.519 pretende tutelar, jáse encontra devidamenteregulamentado: “tanto aperfuração como o uso,sem as devidas autoriza-ções, deverão gerar infra-ção administrativa punidapela Lei 9.433/97 e, se foro caso, pela Lei de CrimesAmbientais de 1998 e peloCódigo Penal. Além disso,o PL criminaliza tambémusos de recursos hídricosconsiderados insignifican-tes, individuais e para ascomunidades distribuídasno meio rural ignorando asisenções previstas na Lei

9.433/97 para estes casos. Na mesma linha, propõecriminalizar, estabelecendo punição excessiva parauma infração de pequena monta como a não conexãoàs redes públicas, desprezando o que propõe a LeiNacional do Saneamento nº 11.445”, argumenta. Oli-veira explica ainda que, segundo a legislação de re-cursos hídricos, os poços não necessitam de licença

Claudio Oliveira, diretorda Hidrogeo Perfurações

Arq

uivo

pes

soal

Page 17: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ESPECIAL POÇOS

ambiental e sim de uma autorização para perfurar ede outra de uso, a outorga. Isto porque a Lei Federal9.433/97 é de caráter administrativo, não possuindo,portanto, normas penais.“... A ÁGUA DE POÇOS HÁ DE SER ENCARADA COMO FONTE DE

RESERVA, PARA USO QUANDO NECESSÁRIO, SENDO QUE O PRIN-CÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRECAUÇÃO E SEU REGRAMENTO

LEGAL CORRELATO PERMITEM A ADOÇÃO DE PROVIDÊNCIAS PARA

COIBIR A PERFURAÇÃO DE POÇOS E O USO DA ÁGUA DOS

AQUÍFEROS.” (P. 8).Considerando a realidade do abastecimento públi-

co no país – onde 39% dos municípios (2.153) são in-tegralmente abastecidos por água subterrânea e ou-tros 14% são abastecidos por águas superficial e sub-terrânea (Agência Nacional de Águas, 2010) –, Hirataacredita que é pouco realista a simples proibição douso do recurso subterrâneo e merece uma avaliaçãotécnica mais profunda. “Entendo as motivações dodeputado Cleber Verde ao propor a lei: o recurso éimportante, merece proteção e pouco está sendo fei-to por ele. Mas há outras formas para estedisciplinamento. É necessária uma ação mais positivae integrada do Estado, que realmente subsidie a ges-

tão e crie instrumentos que permitam a real avaliação(ou risco) da superexplotação de aquíferos”.

Ainda de acordo com ele, o banimento do uso daágua subterrânea de forma genérica, mesmo os poçosilegais, é passível de críticas, porque: implementadosem critérios e especificidade do local, pode causarrestrições intoleráveis aos serviços de abastecimentopúblicos de água – causando o caos em muitas cida-des; não considera o importante papel econômico ede dependência da água subterrânea em atividades pro-dutivas, sobretudo industriais, e de serviços; não levaem consideração a recuperação das perdas físicas deágua dos vazamentos da rede pública, que são geral-mente bastante altas; e não considera o risco que oabandono de poços privados possa criar na elevaçãodo nível freático de aquíferos e problemas geotécnicosassociados. Fato que tem ocorrido em várias cidades,como Buenos Aires e Barcelona, por exemplo, onde oabandono de poços fez com que os níveis recuperas-sem e causassem sérios problemas de alagamento deobras subterrâneas.

Oliveira argumenta que ao sugerir que as águas sub-terrâneas sejam uma reserva que não deve ser utiliza-

Page 18: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

18 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ESPECIAL POÇOS

Os crimes e infrações referentes ao uso predatório dosrecursos hídricos encontram-se tipificados nos seguin-tes diplomas legais:• Código Penal (CP): artigo 163 (destruir, inutilizar ou de-teriorar coisa alheia); 166 (altera sem licença da autori-dade competente o aspecto de local especialmente pro-tegido); 271 (corrupção ou poluição de água potável);• Lei de Crimes Ambientais (LCA): artigo 54 (po-luição de qualquer natureza incluída a hídrica); 60

Previsões legais das transgressões contra as águas

Humberto José TavaresRabelo de Albuquerque,presidente da ABAS

ção de poços do país é equiparável às melhores domundo”, afirma.

O problema, segundo ele, são as perfurações malexecutadas, por isso, o disciplinamento do setor vaimuito além do simples controle da perfuração do poço,passa por estudos de reconhecimento hidrogeológicos,e também pela adoção de bons métodos para a defini-ção dos limites da extração sustentável em uma baciahidrográfica. “É preocupante como o usuário desconhe-ce os problemas afeitos à explotação das águas sub-terrâneas. Poucos são aqueles que fazem análises quí-micas completas das águas rotineiramente (ou mesmosabem que devam ser feitas e para que parâmetros) e,

quando são feitas, não sabeminterpretá-las. É inquietante saber queo usuário, os administradores públi-cos e mesmo os perfuradores nãotêm a ciência dos mecanismos bási-cos dos fenômenos hidrogeológicos”.

Humberto Albuquerque, afirmaque a ABAS ainda não possui umposicionamento oficial sobre o pro-jeto de lei em questão, mas acredi-ta que o país não necessita de maisuma lei, mas sim, de fazer cumpriras existentes.

Até o momento, o PL obteve pa-recer favorável à sua aprovação, emmaio de 2011, pelo então relator, odeputado federal Stefano Aguiar(PSC/MG). Trecho extraído do rela-

tório coloca que: “O problema, portanto, é da maiorgravidade e demanda solução legislativa adequada.A despeito dos avanços recentemente alcançadoscom a aprovação da Lei nº 9.433, de 1997, o ilustreDeputado Cleber Verde está coberto de razão quan-do afirma que a ausência, na legislação em vigor, de

da com o objetivo de preservação para o futuro, “o PLdesconsidera o fato de os aquíferos subterrâneos se-rem uma fase do ciclo hidrológico, que além de reser-vatórios naturais, são meios de transmissão”. Portanto,conforme explica, não podem ser compreendidos comomassas isoladas e sem comunicação, mas ao contrá-rio, recebem constante alimentação pelas chuvas, emregiões denominadas de zonas de recargas. “Ao jun-tar-se à massa de água subterrânea, continua se movi-mentando através da porosidade das rochas aquíferas,por dias, semanas, anos ou milênios até surgirem natu-ralmente em áreas denominadas de zonas de descar-gas – nascentes, rios, lagos e oceanos – e as artificiais,que são os poços”.“NÃO SE SABE, PELO ESTADO DA TÉCNICA, QUAL

O IMPACTO AMBIENTAL DO CONSUMO EXCESSI-VO DE ÁGUA DE POÇOS. OS RISCOS PELO CON-SUMO DE ÁGUA DE FONTES ALTERNATIVAS COMO

DE POÇOS ARTESIANOS SÃO ELEVADOS, E

ABRANGEM A SAÚDE PÚBLICA E O MEIO AMBI-ENTE. PORTANTO, COM BASE NO PRINCÍPIO DA

PRECAUÇÃO, DEVE SER COMBATIDO O USO DE

ÁGUA SUBTERRÂNEA QUANDO SEU USUÁRIO (OU

PRETENDENTE DO USO) FOR ABASTECIDO POR

REDE GERAL.” (P. 5). “EM TODO ESSE CONTEX-TO, A ATIVIDADE DE PERFURAÇÃO DE POÇOS É

POTENCIALMENTE DANOSA AO MEIO AMBIENTE

(POR ISSO EXIGE LICENÇA AMBIENTAL) E AO

PRÓPRIO HOMEM.” (P. 9).Para Ricardo Hirata tais afirmações se

referem a procedimentos inadequados deexplotação da água subterrânea, mas não proíbe aperfuração de poços tubulares, desde que se respei-te a lei. “A extração de água de um aquífero, quandomanejada de forma correta, com obras que seguemas normas técnicas, e precedida de estudo de suasustentabilidade, é segura. A tecnologia de perfura-

(promoção de construção, reforma, instalaçãoe funcionamento de obras ou serviços poten-cialmente poluidores);• Código Civil (CV): artigo 186 (obrigação de indenizar quan-do da causa do dano); 927(reparação de dano);• Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH):artigo 49 (infrações administrativas).

Fonte: Relatório do Deputado Federal Márcio Macedo (PT/SE)sobre o PL Nº 7.915/10.

Art

Com

A.C

.

Page 19: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

DEZEMBRO / JANEIRO 2012

ESPECIAL POÇOS

SERVIÇO:•DAEE: www.daee.sp.gov.br•IGAM: www.igam.mg.gov.br•Instituto Geológico: www.igeologico.sp.gov.br•Projeto de Lei 7.915/2010:www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=486909

t ipos penais adequadamente formulados, quetipifiquem de forma inequívoca condutas que causema degradação de um recurso tão valioso quanto aágua, dificultam ou, mesmo, impedem a efetiva apli-cação da lei, anulando os avanços acima referidos.É dever desta Casa, portanto, resolver esta lacuna...Diante do exposto, votamos pela aprovação do Pro-jeto de Lei”.

Mas em junho de 2011, o deputado federal MárcioMacedo (PT/SE) votou em separado contra a aprova-ção do PL, como mostra o trecho extraído de seu rela-tório: “Assim, postas estas premissas orientamos o pe-dido de vista, pois entendemos que o PL em questãoem nada colabora com a melhoria da gestão dos recur-sos hídricos superficiais e subterrâneos e cria condi-ção desfavorável às pequenas comunidades rurais noacesso aos recursos hídricos, sendo certo que estePL deve ser rejeitado. Assim conclamo os nobrespares a seguir e meu voto em separa pela rejeição des-te projeto de Lei”.

Atualmente o Projeto de Lei PL 7.915/2010, está sob aavaliação do designado relator, deputado federal GiovaniCherini (PDT/RS). Após passar pelos membros designa-

dos da Comissão de Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável (CMADS), o texto seguirá para análise dasComissões de Minas e Energia (CME) e de Constitui-ção e Justiça e de Cidadania (CCJC), na Câmara Fede-ral. Procurada pela Revista Água e Meio Ambiente Sub-terrâneo, a assessoria de imprensa de Giovani Cheriniafirmou que “o deputado está em fase de estudo do re-ferido projeto e, portanto, não tem uma posição definidasobre o mesmo. Segundo o deputado, o relatório pode-rá ser finalizado em breve e, quando concluído, deveráser apresentado no retorno aos trabalhos das comissõesda Câmara, no início de 2012”.

Page 20: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

20 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

MEIO AMBIENTE

EDUCARPARA TRANSFORMARA educação ambiental é ferramenta imprescindível na preservação dos recursoshídricos e comprovadamente dá resultados, principalmente com iniciativas apartir de escolas, mas ainda há muito a ser feitoMarlene Simarelli e Larissa Stracci

Projeto Manejo da Águatem participação ativa

da comunidade nasvárias atividades como

o plantio de árvores

IPE

SA

A educação ambiental foi a primeira solução apontadapara as questões ambientais na Conferência de Estocolmo(Suécia, 1972) e na Eco 92 ( RJ/Brasil) quando se concluiuque sua principal missão é formar uma sociedade susten-tável. Mas como implementar? A pesquisadora Valéria S.Hammes, da Embrapa Meio Ambiente, aponta três premis-sas para viabilização: “adotar metodologias eficazes queenvolvam a todos, pois precisamos nos conscientizar, nostransformar e participar da mudança de paradigma da so-ciedade para, então, mudar o paradigma dos modelos dedesenvolvimento; adotar metodologias eficientes, com tem-po de resposta rápida; e adotar metodologias efetivas, que

realizem transformações e mudanças rápidas: de hábitos,de investimentos, de produção, de relações, pois o proble-ma torna-se uma oportunidade de qualidade de vida, denegócio, de bem-estar”.

Neste sentido, Valéria relata que a Embrapa Meio Am-biente desenvolveu a Macroeducação, que formamultiplicadores do “Presente” e do “Futuro”, em em-presas e redes de ensino para atuarem na transforma-ção socioambiental de suas cidades. “Poderia apontarvárias iniciativas, projetos, incentivos para promover aproteção dos recursos hídricos, mas considero maispoderosas, aquelas ações que atendem a estas pre-

Page 21: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 21DEZEMBRO / JANEIRO 2012

MEIO AMBIENTE

missas e ainda mais importante, porque vem das crianças, demonstrando o podertransformador das escolas”, diz. Entre os 200 projetos desenvolvidos na Campa-nha Meio Ambiente e a Escola, em 2005, ela destaca o desenvolvido pela E.M.E.F.Prefeito Ederaldo Rosseti, de Artur Nogueira (SP), para “Revegetação do CórregoCotrins”, integrando outros projetos como “educação alimentar”, “consciência eco-lógica”, “visita da Bíblia”, etc. Ela afirma que “em termos conceituais, tomam amicrobacia hidrográfica como unidade de gestão ambiental, que deve considerartoda a comunidade e as formas de uso e exploração desse espaço, para buscar oequilíbrio e a sustentabilidade.” E conclui: “Portanto, a educação ambiental promo-ve o envolvimento de todos, segundo a responsabilidade ou co-responsabilidadepara a conservação dos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos).

Outra iniciativa individual também mostra o poder transformador da educação.Em Santo André (SP), a professora Lenice Delmolin, da E.M.E.I.E.F. Elizabete deLeonardi, deu início ao projeto “Água. Água? Água!” a partir da pergunta de umaaluna que a questionou sobre os estragos feitos pela chuva no início de 2011, nobairro Vila Guarani e na própria escola que foi vítima de uma enchente. Lenicepercebeu que poderia iniciar um projeto que abrangesse a utilidade e preservaçãoda água, a importância na manutenção da vida e seu consumo consciente. “A águaera culpada? Como? Por quê? A pergunta de minha aluna merecia mais do queuma simples resposta, merecia estudos, pesquisas e envolvimento”, explica. Lenicecomenta que “a questão das enchentes foi o disparador para o interesse econsequentemente para a continuação dos estudos, pois grande parte de nossosalunos mora à margem do Córrego Cassaquera e presencia cenas de como o lixoque é jogado sem maiores preocupações pelos próprios moradores”.

O projeto abrange cerca de cem alunos com idade entre oito e dez anos. Proporci-ona aos participantes uma rotina permanente com os recursos hídricos, através deduas aulas semanais sobre o tema água, leituras e discussões, atividades em grupoe pesquisas sobre temas relacionados como algas, corais, lençóis freáticos, fauna eflora, entre outros. Além disso, foram realizadas, em parceria com o Serviço Munici-pal de Saneamento Ambiental de Santo André, visitas pedagógicas às nascentes emananciais da cidade e à Estação de Tratamento de Água (ETA), com o acompanha-mento de monitores esclarecendo as principais dúvidas das crianças. Para Lenice,“a oportunidade de mostrar que é possível e necessário trabalhar conceitos e atitu-des com nossas crianças e contar com elas para a sensibilização e conscientizaçãode seus familiares e vizinhança é necessária em qualquer espaço educacional”.

Um diálogo interbaciasA Educação Ambiental com foco na Gestão dos Recursos Hídricos começou a sedestacar, em São Paulo, em 2003 quando quatro comitês de bacias hidrográficas searticularam para realizar o primeiro Diálogo Interbacias de Educação Ambiental emRecursos Hídricos. Concebido para criar oportunidade para parcerias, diálogos, tro-ca de experiências e capacitação da sociedade civil, em especial dos educadores,que participam dos comitês de bacias, em 2011, passou a ter abrangência estadualcom o envolvimento direto dos 21 Comitês e das 92 diretorias de ensino paulistas.

Fruto de uma demanda e da articulação dos Diálogos Interbacias, em 2012, os 21Comitês de Bacias do Estado já estarão com suas câmaras técnicas de EducaçãoAmbiental instaladas, como espaço legítimo e específico para o desenvolvimento deprojetos e ações de educação ambiental em apoio aos trabalhos desenvolvidos peloscomitês, relata Suraya Modaelli, diretora técnica do Departamento de Águas e EnergiaElétrica do Estado de São Paulo (DAEE) e secretária executiva adjunta do Comitê daBacia Hidrográfica do Médio Paranapanema. Segundo ela, a parceria com a Secreta-ria de Estado da Educação é um dos maiores avanços promovidos pelos DiálogosInterbacias e um marco para a organização dos Diálogos, em 2011, ano em que se

Page 22: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

22 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

MEIO AMBIENTE

não governamental (ONG) “Projeto Água”, emPetrópolis (RJ), uma iniciativa da empresaCarbografite, responsável pela ONG em parceriacom outras empresas. Segundo Patricia Carva-lho, presidente da organização, o principal obje-tivo é “promover a conscientização e a instruçãoda sociedade sobre a importância de preserva-ção e recuperação dos recursos hídricos eambientais, através do exercício da educação”.Atividades educativas relacionadas ao meio am-biente e de lazer são realizadas na “Fazenda doProjeto Água”, que conta com 32 nascentes deáguas catalogadas, cinco lagos e um centro deestudos, com laboratórios para o desenvolvimentode pesquisas ambientais, entre outros.

O “Projeto Água” consiste na realização de três pro-gramas. O “Programa Água é Vida” busca instruir a po-pulação sobre a importância dos recursos hídricos pormeio de palestras e dinâmicas em grupo. O “Programade Reflorestamento” proporciona uma maior aproxima-ção com o ambiente por meio do plantio de árvoresnativas da Mata Atlântica. Dele, já participaram mais de150 escolas que ao todo plantaram cerca de 6.500mudas. Por fim, o “Programa Água para Todos” visaconscientizar a sociedade através da distribuição de ma-terial informativo em locais estratégicos, sites na internet,mala direta, entre outros.

Embora destinado a um público que abrange de crian-ças a idosos, o projeto foca o público infanto-juvenil, poissegundo Patricia, “o público adulto também é atingido,uma vez que as crianças e os jovens estão ainda em fasede desenvolvimento dos seus conceitos e convicções.Quando os jovens se conscientizam, seus hábitos mu-dam e, por sua vez, eles passam a cobrar essa posturaecologicamente correta também de seus parentes e ami-gos”. Desde sua criação em 2004, o projeto recebeu maisde 38 mil visitantes; distribuiu mais de 20 mil cartilhas pe-dagógicas e reflorestou mais de 80 mil m² da fazenda.

Ação imediata e papel da mídiaA dificuldade das pessoas compreenderem a importân-cia de fazer educação ambiental continuamente é, emparte, por tratarem as coisas de forma dissociada - asquestões ambientais dissociadas das pessoas, na opi-nião da pesquisadora Valéria Hammes. Para ela, o con-flito entre o ambiental e todo o resto do mundo é anti-go, isto porque é um “meio”, ou seja, trata das inter-relações de todas as relações, trata de conflitos. Entreos quais, a relação de uso e conservação das águas.“É urgente a necessidade de proteger e recuperar nos-sas águas!”, destaca.

Suraya Modaelli ressalta que “a Educação Ambientalsurge como um instrumento valioso no processo

comemorou os 20 anos da Lei dasÁguas Paulistas 7663/91. “Váriasreuniões estão sendo realizadas noEstado, entre os representantesdos comitês e da Secretaria daEducação para ampliar a participa-ção da Secretaria nos colegiadose nas câmaras técnicas”, afirmaSuraya, cuja trajetória em educa-ção ambiental começou em 1997.

Envolvimento com acomunidadeUm exemplo de projeto educaci-onal sustentável com participaçãoativa da comunidade é o desenvolvido na cidade deIbiúna (SP). A ideia do projeto “Tecnologias Sociais noEspaço Comunitário do Verava: Manejo da Água paraum Rio Limpo e Comunidade Integrada” surgiu em 2009pelo Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais(IPESA), porém seu lançamento aconteceu somente emjunho de 2011. O principal objetivo do projeto é apre-sentar aos moradores modelos para o manejo adequa-do da água e espalhar esse conhecimento. De acordocom Paola Samora, presidente do Instituto, “para alcan-çar esse objetivo, as ações desenvolvidas foram: implan-tação de um sistema de aproveitamento da água da chu-va, cursos de educação ambiental para o manejo ade-quado da água, cursos e apresentações de teatro comartes integradas e educação ambiental, documentário ecartilha sobre manejo apropriado da água e termo dereferência para tratamento de esgoto”.

Como sede do projeto, o IPESA localizou uma esco-la no bairro do Verava que ficou desativada por algunsanos, devido ao uso ineficiente do sistema de esgoto eabastecimento de água. A Prefeitura concedeu esteespaço, hoje denominado ECOSVerava (espaço comu-nitário Verava). A implantação de sistema de aproveita-mento de água das chuvas que abastece a sede é umdos diferenciais do projeto, do qual participam estudan-tes, agricultores, moradores e líderes comunitários dobairro, além de técnicos municipais e profissionais querealizam ações socioambientais na região.

Para Paloma Samora, a educação ambiental é um pro-cesso realizado a longo prazo, “por isso incentivamosações que além de teóricas valorizem a prática, pois aose envolver e perceber a transformação de um espaçoou construir algo, as pessoas se transformam com elestambém e absorvem mais facilmente o conhecimento”.

Água e reflorestamentoA escassez e o uso abusivo da água doce foram algunsdos fatores que motivaram a criação da organização

Suraya Modaelli, DAEE

Div

ulga

ção

Page 23: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 23DEZEMBRO / JANEIRO 2012

MEIO AMBIENTE

Valéria S. Hammes,Embrapa Meio Ambiente

educativo, o qual deve estar voltado ao desenvolvimentode uma nova filosofia de vida, ética e moral, de respeitocom a natureza e entre os homens, bem como à constru-ção de conhecimentos e ao exercício da cidadania, parauma atuação crítica dos indivíduos e grupos, visando àreversão do atual quadro de degradação socioambiental”.Ela aponta que “a proposta de desenvolver trabalhoseducativos em bacias hidrográficas, de preferência ondese localiza a escola ou a comunidade, é chamar a aten-ção para a valorização da localidade”.

Outra forma de valorizar as ações tomadas e ampliar aconscientização é a divulgação de notícias pelamídia, que segundo Valéria deveria dar mais espa-ço às realizações de maior ou menor porte, poistodas são necessárias para dar maior visibilida-de sobre o cumprimento de seu papel na conser-vação dos recursos hídricos. Considerando a pos-sibilidade de inclusão do tema em todos os pro-gramas, mas com um enfoque mais forte.

Valéria salienta que a educação ambiental temsido adotada para aumentar a consciência so-bre o papel da água em nossas vidas, no entan-to, as metodologias utilizadas são boas, mas debaixa eficiência no tempo de resposta, e o mes-mo ocorre em relação à gestão dos recursoshídricos. Para ela, o impedimento para a ado-

ção da educação ambiental de forma mais abrangente“é a visão compartimentada e dissociada por parte detoda a sociedade. Não há como tornar a sociedade bra-sileira sustentável sem um programa amplo de educa-ção ambiental para mudança de paradigma da socie-dade por parte do governo em parceria com os princi-pais setores produtivos, que se reflita num curto ou nomáximo em médio prazo, no estabelecimento de umpacto pela sustentabilidade, com comprometimento detodos, inclusive dos meios de comunicação”.

Suraya chama a atenção para a Resolução CNRH nº.98, aprovada em 2009 pelo Conse-lho Nacional de Recursos Hídricos,que estabeleceu princípios, funda-mentos e diretrizes para a educa-ção, o desenvolvimento de capaci-dades, a mobilização social e a in-formação para a Gestão Integradade Recursos Hídricos no SistemaNacional de Gerenciamento de Re-cursos Hídricos. “A educaçãoambiental deve ser implementadaem todo o país. É urgente uma mu-dança de atitude da sociedade, nãobasta uma mudança de comporta-mento. É hora de agir”.

Div

ulga

ção

Page 24: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

24 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

CONEXÃO INTERNACIONAL

RETROSPECTIVA 2010/2011Juliana G. Freitas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), BrasilMarcelo Sousa, Universidade de Waterloo, Canadá

Alguma sugestão ou recomendação para um profissional de água subterrânea no começo decarreira? A pergunta clássica é marca registrada da seção Conexão Internacional, desde seuinício. Na edição 13, que circulou em janeiro de 2010, fizemos uma retrospectiva dos três anosanteriores. Como o tempo célere voa, já dizia o poeta, dois anos se passaram e é tempo de umanova retrospectiva. Você, que está começando sua carreira pelo mundo fascinante dahidrogeologia ou da geologia, pode relembrar ou ler pela primeira vez as recomendações deprofissionais de diversos países que poderão ser aplicadas em seu cotidiano.

Jiu Jiao, professor da Universidade de HongKong, ChinaHidrogeologia é parte da geologia e a água subterrâ-nea ocorre e circula em sistemas geológicos. Para serum bom hidrogeólogo, uma pessoa precisa ter um bomconhecimento de Geologia. Além disso, Hidrogeologiaé uma área multidisciplinar e exige conhecimentos emHidrologia, Química, Física, Matemática, Biologia etc.Ninguém pode ser um especialista em todos esses tó-picos, mas deve ser bem preparado em pelo menosdois deles e ter conhecimento básico do maior númeropossível das outras áreas. Experiência pode ser acu-mulada durante a vida, mas técnicas e habilidades es-pecíficas são melhor aprendidas quando se é jovem.

Neil R. Thomson, professor do Departamentode Engenharia Civil e Ambiental da Universidadede Waterloo, CanadáMinhas sugestões são: valorize as sutilezas do trabalhode campo, entenda e aprecie a teoria subjacente, reco-nheça que o meio ambiente subterrâneo é um ambientecomplexo, em que a difusão tem um papel importante, econtinue aprendendo durante toda a sua vida.

Chris Neville, hidrogeólogo da empresa S.S.Papadopulos & Associates em Waterloo, CanadáAssocie-se a um hidrogeólogo experiente. Hidrogeologiaé uma atividade colaborativa e devemos evitar situaçõesnas quais somos o único especialista, principalmente noinício da carreira. Seja grato por qualquer orientação re-cebida e seja generoso em compartilhar suas experiên-cias. Acompanhe a literatura e aproveite as oportunida-des de educação continuada, incluindo cursos e confe-rências. Finalmente, lute contra a noção de que ser umintelectual e ser interessado em resolver problemas prá-ticos são mutuamente excludentes.

Nystén Taina, gerente da divisão do Programapara Contaminantes e Riscos do InstitutoAmbiental da FinlândiaNão tenho nenhum conselho específico. Acho que cadaum tem uma trajetória diferente e isso é importante. Oque funciona para mim não é necessariamente bompara outra pessoa. De qualquer modo, acho que nanossa área temos espaço para profissionais com dife-rentes trajetórias e enfoques. Precisamos tanto de es-pecialistas quanto de profissionais com uma visão ge-ral dos problemas.

Marco Pettita, professor da Universidade LaSapienza, ItáliaA minha sugestão é: pense a Hidrogeologia por meiode uma abordagem multidisciplinar. As geociências re-presentam a base fundamental, mas que precisam serintegradas às outras ciências naturais, particularmentecom as ciências ambientais. Todo profissional de águassubterrâneas deve ter um conhecimento básico dosprocessos naturais físicos, químicos e biológicos. Es-sas disciplinas constituem uma plataforma para obterresultados positivos, como na aplicação correta demodelos numéricos, que são poderosas ferramentaspara realizar previsões e mudanças ambientais relacio-nadas tanto a processos naturais como a processosinduzidos pelo homem.

J. Frederick “Rick” Devlin, professor dodepartamento de Geologia da Universidade doKansas, Estados UnidosUma coisa que sempre será necessária e será umbem escasso no futuro é a água. Hidrogeologia é umaprofissão segura e com atuação nas áreas de pes-quisa, regulação, consultoria e gerenciamento. Ape-sar de segurança ser um fator importante para a es-

Page 25: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 25DEZEMBRO / JANEIRO 2012

CONEXÃO INTERNACIONAL

colha de uma carreira, o que sempre considerei par-ticularmente interessante é a abrangência de diver-sas áreas da ciência relacionadas à Hidrogeologia.Se o seu interesse é Geologia, existe um ramo quelida com águas subterrâneas. Se é mais inclinado àFísica, também existe a possibilidade de se trabalharcom Hidrogeologia. Se o interesse é Química, a mes-ma coisa e assim por diante. Engenheiros, biólogose até especialistas em eletrônica integram a comuni-dade dos que dedicam as suas carreiras àHidrogeologia. Num sentido mais amplo, meu con-selho é o seguinte: siga os seus interesses, mas fi-que atento às oportunidades que se estendam alémda sua área. Nas atividades que compõem o dia adia, não há substituto para o trabalho duro. Leia bas-tante, aproveite ao máximo todas as oportunidadesde treinamento, conheça o seu campo e descubraos nichos mais adequados para você.

David Major, empresa Geosyntec ConsultantsInc. e professor nas universidades de Toronto eWaterloo, CanadáLeia muito e fora do seu campo de conhecimento, poisvocê nunca sabe de onde a próxima grande ideia podevir. Alguns dos melhores insights e desenvolvimentosvêm da interface entre disciplinas. Por fim, um bommentor sempre ajuda!

Jon Paul Jones, pesquisador do Centro dePesquisa Canadense Alberta Innovates eprofessor adjunto da Universidade deWaterloo, CanadáConsidero este momento excelente para ser um jo-vem profissional de águas sub-terrâneas no Brasil, que é umpaís que está crescendo continu-amente. Aconselho aos jovensprofissionais que desenvolvamuma base conceitual bem sólidae busquem oportunidades paraexpandirem suas habilidades.Dediquem um tempo ao desen-volvimento de contatos e de umarede de relacionamentos profis-sionais. Nesse sentido, palestrase conferências são bastante im-portantes. Networking é um in-vestimento que dará retornos aolongo de toda a carreira profissi-onal desses jovens, gerandooportunidades muitas vezesinesperadas.

Ramon Aravena, professor da Universidade deWaterloo, no CanadáTente trabalhar com diferentes problemas, em diferen-tes lugares. Se você permanecer no mesmo lugar otempo todo, a sua experiência será limitada. Mante-nha-se atualizado com relação às novas tecnologiasdisponíveis, todo o tempo. Desenvolva um entendimen-to amplo sobre as diferentes áreas relacionadas àHidrogeologia, como Geofísica, Geoquímica... mesmoque você não esteja interessado em ser um especia-lista. Isso ajudará no desenvolvimento de uma visãomais ampla.

Jim Gehrels, hidrogeólogo do Ministério deMeio Ambiente de Ontario, CanadáUma boa forma para começar é com educação econscientização. Ajude a comunidade a entender asdoenças, as suas causas e as vias de transmissão.Coisas simples, como lavar as mãos, beber água maissegura possível, como consegui-la e o que fazer se fi-car doente. Algumas dessas coisas não necessitam demuito dinheiro e esforço inicial. Além disso, incentivar acomunidade para desenvolver um plano para diminuiro risco de contaminação dos seus mananciais e de-pois mobilizar a comunidade para fazer esses planosacontecerem. Também encorajar as pessoas a não sejogarem no que pode ser percebido como a melhorsolução. Não posso lhe dizer qual carro você deve di-rigir, mas se eu aparecer e bater na sua porta e dis-ser: “Estou dando Cadillacs, você precisa de um?”.A resposta da maioria das pessoas será “Claro! Eupreciso!” e eu vou te dar um Cadillac e vou me sentirbem, pois atendi sua necessidade. Mas você talvez

não tenha o dinheiro para man-ter o Cadillac. Quando eu voltardois anos depois, com um sor-riso no rosto esperando ouvir ahistória de como esse carro foia melhor coisa na sua vida, pos-so ficar profundamente desa-pontado ao ver o carro sem usonum canto da sua garagem. Acomunidade tem que assumir aresponsabilidade e o controlesobre o plano de ação de comoela quer proceder. Os profissio-nais podem ter um papel funda-mental na educação e naconscientização, ajudando adesenvolver um plano apropri-ado que fará realmente as coi-sas melhorarem no futuro.

Muita leitura,conhecimentomultidisciplinar,

networking,colaboração na

educação econscientização são

algumas das dicas dosespecialistas

Page 26: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

26 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

O Aquífero Guarani, constituído pelas formaçõesBotucatu e Pirambóia, é um aquífero sedimentar, perme-ável e muito poroso; ocorre em oito estados brasileiros(Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais,Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e em qua-tro países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uru-guai), mas é na sua porção paulista, onde é mais utiliza-do, que o Aquífero Guarani é mais conhecido.

No Estado de São Paulo, o Aquífero Guarani afloraem uma faixa, de direção aproximada Norte Sul, na re-gião central do estado em uma área de 16 mil Km², deonde mergulha para oeste, sob os sedimentos do Gru-po Bauru e das rochas basálticas da Formação SerraGeral (Grupo São Bento), se tornando um aquífero comalto grau de confinamento e ocupando uma área de174 mil Km², totalizando 190 mil Km².

A sua espessura máxima atinge valores da ordem de400 metros e poços que exploram este aquífero na re-gião oeste do Estado de São Paulo atingem profundi-dades na faixa de 1.700 metros.

De uma maneira geral, a água subterrânea apresentaboa qualidade para todos os usos, porém em algumasregiões e principalmente em grandes profundidades,apresenta teor elevado de flúor de origem endógena,porém desconhecida, o que inviabiliza a sua exploração.

Para proteger a qualidade das águas subterrâneas, alegislação de recursos hídricos do Estado de São Pau-

A IMPORTÂNCIA DO AQUÍFEROGUARANI NO ESTADO DE SÃO PAULOJosé Luiz Galvão de Mendonça, Osmar José Gualdi e Gustavo Olivieri Lopes, geólogos do Departamento de Águas e EnergiaElétrica do Estado de São Paulo/PTA – Araraquara.

lo exige que os poços possuam um perímetro imediatode proteção sanitária, que consiste em uma cerca com10 metros de raio a partir do ponto de captação. Alémdisso, os projetos de poços tubulares profundos deve-rão seguir todas as exigências da Associação Brasilei-ra de Normas Técnicas (ABNT).

É possível extrair do Aquífero Guarani, vazões daordem de 400 m³/h, o que o torna bastante exploradopara o abastecimento público, atendendo importan-tes cidades do interior paulista, tais como RibeirãoPreto, São José do Rio Preto, Araraquara, São Carlos,Bauru entre outras.

A sua intensa exploração tem provocado um granderebaixamento do seu nível potenciométrico, exigindo aintervenção do Estado, que já decretou área de restriçãoe controle no município de Ribeirão Preto, visando disci-plinar o uso das águas subterrâneas do Aquífero Guarani.

O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE),órgão gestor dos recursos hídricos do Estado de SãoPaulo, emitiu, até o ano de 2011, aproximadamente1.300 outorgas para o Aquífero Guarani, totalizando umvolume de água superior a 500.000.000 m³.

Seja pela qualidade da água, de maneira geral natu-ralmente potável, ou pela quantidade, uma vez que pro-duz vazões elevadas, o Aquífero Guarani é sem dúvida,um fator de desenvolvimento e qualidade de vida parao Estado de São Paulo.

Afloramento do AquíferoGuarani localizado naRodovia SP 255 emAraraquara/SP

Osm

ar J

. Gua

ldiPERFURAÇÃO

Page 27: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 27DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Page 28: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

28 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

REMEDIAÇÃO

Limpeza total é possível sempre: MENTIRA. Em gran-de parte das contaminações importantes, oscontaminantes encontram-se ou adsorvidos (presos porforças elétricas na superfície dos minerais e materiaisformadores dos aquíferos) ou em fase residual (gotasou conjunto de gotas de fase separada imiscível pre-sas por forças capilares). Nesse último caso, a própriafase residual reduz a permeabilidade da região que sequer limpar, tornando a remediação dificultada econsequentemente mais lenta. Eventualmente impos-sível. Por isso o objetivo da remediação é o de atingirmetas aceitáveis.

Remediação pode ser atingida em prazo curto, de uma dois anos: MENTIRA. Somente contaminações muitosimples podem ser remediadas em prazos limitados ouquando se escava e retira-se fisicamente o material dolocal. Em geral, contaminações precisam de prazosmaiores e de muita dedicação para que as metas pos-sam ser atingidas. Muitos dos casos, principalmente comDNAPLs (compostos imiscíveis mais densos do que aágua), os prazos são muito dilatados, chegando facil-mente à ordem das dezenas de anos. Ao se consideraras velocidades da água subterrânea, em locais de baixapermeabilidade, os prazos serão ainda mais dilatados.

Toda contaminação pode ser remediada: VERDADE.Todo tipo de contaminação pode ter seu método espe-cífico de remediação, dependendo das condições dahidrogeologia local e das características doscontaminantes. Ressalva-se que as metas devem seradequadas e os prazos para sua realização sejam rea-listas. Em muitos casos, as limitações físicas ou finan-ceiras podem ser proibitivas (grandes profundidades,volumes muito grandes de área contaminada, comoBiterfeld, na Alemanha). Mas com tempo e dinheiro elaspodem ser remediadas.

REMEDIAÇÃO:VERDADES E MENTIRASPor Everton de Oliveira, HIDROPLAN e UNESP Rio Claro/SP

Atingidas as metas de remediação, o caso está en-cerrado: MENTIRA. Somente o monitoramento podegarantir a manutenção dos valores atingidos. E isso serávalido para o cenário adotado. Alteração de uso do soloimplica na revisão dos valores. Além disso, novas pes-quisas e informações tendem a tornar mais restritivasas metas, podendo ser revisadas após a meta originalter sido atingida.

Grandes contaminações são oriundas de grandesempresas: MENTIRA. Empresas médias ou pequenasque trabalhem com produtos de difícil remediação(exemplo típico: solventes clorados) podem geram gran-des problemas ambientais. Basta lembrar que 5 litrosde um composto com limite de potabilidade de 5 ppb(partes por bilhão) geram uma contaminação potencialde 1 bilhão de litros.

A dificuldade da remediação não implica em deci-sões de não remediação: VERDADE. Por muitos lo-cais apresentarem uma geologia complexa econtaminantes de comportamento complexo que im-pliquem em dificuldades de acesso e investimento ele-vado, existe uma tendência a se optar por medidas pa-liativas. Isto não quer dizer que a manutenção do cená-rio dentro destas medidas vá ser tolerada para sempre,passando-se o problema para futuras gerações. A difi-culdade deve ser enfrentada com mais pesquisas edesenvolvimento.

Uma verdade indiscutível é que, por se tratar de umaatividade onde se trabalha “no escuro”, somente avali-ações com grandes quantidades de dados, chamadasde alta resolução, podem melhorar o desempenho dasremediações. Uma grande mentira é que por não seconseguir limpar completamente um local suaremediação é impossível. Temos, portanto, muito o quefazer diante de nós.

Verdades e mentiras. Muito do que se faz em remediação pode gerar interpretações equivoca-das. Como o nome diz, não se trata de uma limpeza completa ou uma descontaminação doaquífero propriamente ditas, pois o objetivo é sempre atingir valores aceitáveis segundo metaspré-estabelecidas.

Vejam o curso gratuito: www.hidroplan.com.br/Hidroplan/VideoAulas.aspx

Page 29: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 29DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Page 30: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

30 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012

OPINIÃO

MEIO AMBIENTE,MEIO ÁGUA

Lupercio Ziroldo AntonioPresidente da REBOB -Rede Brasil de Organismosde Bacia e SecretárioTécnico Permanente daRELOB - Rede LatinoAmericana de Organismosde Bacia

As discussões e opiniões sobre o novo Código Flo-restal, acaloradas pela vontade de todos para que nãoerremos neste momento importante, amplificou emmuitos de seus cenários, a relação intrínseca entre águae meio ambiente.

Em muitos dos artigos e alíneas amplamente discuti-dos, ficou evidente a importância da água como ele-mento que permeia os interesses dos vários segmen-tos envolvidos sendo que, em alguns casos, quase quepreponderantemente o recurso hídrico se sobressai aoambiente e passa a determinar e definir qual o rumoque se deseja tomar, seja para o desenvolvimento, sejapara a vida em geral.

É o que podemos chamar de Fator Água, que é, alémde ponto estruturante em qualquer política pública, oelemento decisório quando se quer que o desenvolvi-mento se estabeleça sem ferimentos ao meio ambienteou à sustentabilidade.

Dito isto, então por que o “meioágua” é sempre uma parcelatangencial nas efetivas discussõessobre o “meio ambiente”? Por quea água literalmente mergulha naperiferia das discussões que en-volvem condições melhores devida, de desenvolvimento e desustentabilidade?

Atualmente todo o planeta bus-ca soluções para a água. Corren-do contra o tempo, o homem sabeque o combate à fome e à misériatem nome: água. Onde ela existe,seja superficialmente ou de formasubterrânea, há inúmeras possibi-lidades de desenvolvimento e vida.Onde não, a única alternativa seráo êxodo.

Ora, isto não é um retrato, nemum sintoma. Isto é real. Água é si-nônimo de vida. Mas mesmo as-sim, este tesouro líquido não tem

lugar de destaque nas políticas públicas nem tampoucoverificamos sua prioridade justificada na agenda políti-ca do país. Ele aparece sempre de forma tangencial,paralela, periférica.

A água é elemento número um quando discutimossaúde, agricultura, transportes, energia, infraestrutura,turismo. E o Brasil, aos olhos da humanidade, é umapotência hídrica, pois detemos aqui aproximadamente14% da água doce e dois dos maiores aquíferos do pla-neta. Isto é uma tremenda responsabilidade. Nos colo-ca, sem divagar, como um maestro de orquestra sinfô-nica com todos os músicos a mirá-lo e esperar deleuma melodia justa e perfeita.

E nós, como técnicos brasileiros, somos parte desteenredo. Quando discutimos um novo Código Florestal,deveríamos ter a força necessária para incrustar ali aimportância do “meio água”. Deveríamos mobilizar cul-

turalmente as pessoas no senti-do de destacar perante elas anecessária sensibilização paraimpor os recursos hídricos comoelemento principal de debatedentro do “meio ambiente”.

Em tempo: não estamos discu-tindo qual o “meio” é mais impor-tante. Ninguém deve entrar nestaluta pela inclusão dos recursoshídricos de forma clara na agen-da política do país deixando delado nosso “meio ambiente”.

A reflexão deve ser de tal for-ma a compreender que o Siste-ma de Recursos Hídricos devecaminhar ao lado do Sistema deMeio Ambiente. Que não pode-mos ter um “meio aqui, outromeio ali”. Devemos sim ter um sóambiente. E com água em quan-tidade e qualidade para todos.

Assim simples. Um ambientecom água.

A água é elementonúmero um quandodiscutimos saúde,

agricultura,transportes, energia,

infraestrutura eturismo. E o Brasil é

uma potência hídrica,pois detemos aquiaproximadamente

14% da águado planeta

Foto

: Div

ulga

ção

Page 31: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 31DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Page 32: DEZEMBRO / JANEIRO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO - abas.org · ce a cada dia e rotineiramente já se lê notícias sobre o tema com abrangência que vai de tragédias a

32 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO DEZEMBRO / JANEIRO 2012